Maquinas 59

Page 1



Destaques Matéria de capa

Qualidade total Indicadores de qualidade nas operações mecanizadas do plantio direto podem contribuir para o aumento da produtividade no campo

06

Semimecanização na floresta

Em busca da precisão

Estudo mostra a viabilidade da mecanização parcial na colheita de árvores, principalmente em terras declivosas

O controle refinado da pulverização é capaz de identificar falhas nas dessecações e aumentar a eficácia do controle de ervas daninhas

Índice

12

16

Nossa Capa Valtra

Rodando por aí

04

Técnica 4x4

05

Indicadores de qualidade

06

Variabilidade de rendimento no feijão

09

Colheita florestal semimecanizada

12

Controle de falhas na pulverização

16

Manutenção terceirizada de frota

21

Manutenção passo a passo

24

Esporte trator

26

Aplicação aérea contra cárie no arroz

28

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com

Cultivar Máquinas Edição Nº 59 Ano VI - Dezembro 06 / Janeiro 2007 ISSN - 1676-0158

www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00

• Editor

Gilvan Quevedo • Redação

Vilso Júnior Santi • Revisão

Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

• Comercial

Pedro Batistin Sedeli Feijó • Gerente de Circulação

• Expedição

Dianferson Alves • Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Cibele Costa • Assinaturas

Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• REDAÇÃO

3028.2000

3028.2060

• ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2070

3028.2065

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Schroder A Schroder Consultoria ministrou recentemente o curso de Tecnologia de Pulverização com Equipamentos Costais. O evento destinou-se ao segmento de controle de plantas daninhas em canais de irrigação de arroz e pátios de instalações industriais, além de combate a pragas com produtos domissanitários. O curso foi oferecido aos técnicos da empresa APAW Deseinfestações, em Pelotas (RS). O programa é apresentado em aulas teóricas com modernos recursos audiovisuais, além de práticas com monitoramento das pulverizações com traçantes fluorescentes. A empresa organizará novas edições deste curso em 2007.

Valtra Pioneira no Brasil nas pesquisas e no desenvolvimento de tratores a biodiesel, a Valtra se lançou em novembro à mais um desafio nessa área. Em Barra do Bugres (MT), dois tratores Valtra BH 180 vão se integrar ao trabalho nas lavouras de cana da Usina Barralcool para testar durante 18 meses (quatro mil horas de trabalho), a performance dos combustíveis B-50 (50% de biodiesel e 50% de diesel) e B-100 (100 biodiesel). Um terceiro Valtra BH 180, abastecido com 100% de diesel, servirá de espelho do projeto. Com isso a Valtra se associa a um projeto inovador. Trata-se da primeira unidade de produção de biodiesel no mundo, integrada a uma indústria sucroalcooleira, capaz de produzir biodiesel etílico em processo contínuo. A produção inicial será em torno de 60% da capacidade produtiva da nova unidade, que é de 57 milhões de litros de biodiesel/ano.

John Deere Marco Lorenzzo Cunali Ripoli, coordenador de vendas John Deere Brasil viaja para a cidade de Khon Kaen na Tailândia. Com suporte da Fapesp, Marco irá apresentar dois trabalhos científicos no 2007 International Conference on ASABE Annual International Meeting. O primeiro sobre energia de biomassa e o segundo sobre plantio mecanizado de cana-de-açúcar. Ele será o único brasileiro presente no evento a apresentar trabalhos científicos. A conferência contará com aproximadamente 700 particiMarco Lorenzzo C. Ripoli pantes representantes de 28 países.

Gerdau André Bier Johannpeter é o sucessor de Jorge Gerdau Johannpeter na presidência do grupo siderúrgico. O anúncio foi feito na sede da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs). André, que é filho de Jorge, tem formação em Administração pela PUCRS, fez especialização em Administração no Canadá e em Marketing na Inglaterra. Como principal executivo da Gerdau Ameristeel, tornou a empresa a segunda maior produtora de aços longos dos Estados Unidos. Seu primo, Claudio Gerdau Johannpeter, que também era cotado para a presidência, será o novo Diretor Geral de Operações da companhia – cargo definido para a coordenação operacional dos negócios e a busAndré Johannpeter ca de sinergia entre as diversas operações da empresa.

Yanmar Segundo a Anfavea, o mercado total de tratores produzidos no Brasil cresceu 9,2% entre janeiro e outubro de 2006, se comparado ao mesmo período de 2005. Dentro desse mercado, o segmento de tratores com até 55 cv de potência cresceu 49,2%, com a comercialização no período de 1.873 máquinas. Só a Yanmar Agritech, fabricante de tratores e microtratores voltados à agricultura familiar, comercializou 962 máquinas (51,4% do total). O crescimento da empresa no período foi de 28,3%. Para o gerente nacional de vendas da Yanmar Agritech, Nelson Watanabe, essa expansão nas vendas de tratores de pequeno porte se deve a uma junção de fatores positivos como a liberação dos recursos do Pronaf.

Fundação MT Durante o Fundação MT em Campo: É Hora de Cuidar, evento promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso, Ulisses Antuniassi apresentou os principais erros e acertos no que se refere à tecnologia de aplicação de defensivos. Antuniassi mostrou as novidades sobre novas tecnologias de aplicação com validação da pesquisa e os fatores relevantes para uma aplicação de sucesso. Segundo o pesquisador, a próxima safra representará a consolidação das técnicas de baixo volume para a aplicação de fungicidas na soja, tanto para sistemas aéreos como para terrestres.

Ulisses Antuniassi

New Holland O tratorista Claudinei Henrique de Souza, funcionário da Usina Debrasa, da região de Brasilândia (MS), enfeitou o trator que utiliza para trabalhar, um TM165 da New Holland. Claudinei colocou carpetes, protetor de banco e instalou um aparelho de som dentro do trator. “Passo, em média, 14 horas por dia transportando cana em épocas de safra. Na entressafra fico 12 horas preparando o solo para o plantio. Por isso procuro deixar o trator mais confortável possível”, justificou. Em 1999, o operador trabalhava no engate das carretas transportadas pelos caminhões e não sabia nem ligar um trator. Em 2000 fez seu primeiro curso ofertado pela NH e não parou mais. Este ano, Claudinei concluiu o curso sobre tratores da linha TM.

John Deere A John Deere lança mais dois produtos do sistema AMS – soluções em gerenciamento agrícola - para aumentar a precisão e a produtividade das operações agrícolas. O GS2 (GreenStar2) é um display com tela colorida e toque direto na tela - um novo conceito de terminal virtual que facilita as operações com direcionamento via satélite (piloto automático), mapeamento e documentação em campo. O APEX é um novo software para gerenciamento agrícola que permite controlar vários aspectos das operações da propriedade a partir do escritório.

04 • Dezembro 06 / Janeiro 07

Misturador A FMC e a Grazmec apresentaram durante o 1º Curso de Capacitação de Aplicadores de Granulados para Aplicação Aérea, no município de Capão do Leão, Rio Grande do Sul, o misturador de Furadan com uréia, projetado para o abastecimento de aviões. Segundo o coordenador de desenvolvimento de produto e mercado da FMC, Luiz Felipe Thomaz, entre as vantagens do equipamento está a diminuição do emprego de mão-de-obra e menor tempo de permanência da aeronave no solo para carregamento.

Massey Ferguson A Massey Ferguson é a marca de máquinas agrícolas mais lembrada no estado do Paraná, de acordo com o resultado da pesquisa Top of Mind 2006. Em sua 12ª edição, o concurso é o maior levantamento regional de lembrança espontânea de marcas pelos consumidores. Esta é a oitava vez que a Massey Ferguson é Top of Mind no Paraná. As outras indicações ocorreram nos anos de 1995, 1996, 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004. Entre os entrevistados, 12,9% lembraram da marca na categoria Máquinas Agrícolas. “Nossa principal estratégia é ficar próximo do cliente”, afirma Fábio Piltcher, diretor de marketing da Massey Ferguson. “Isso é o que possibilita uma sintonia perfeita entre as necessidades do mercado e o desenvolvimento de nossos produtos e serviços”, argumenta.


Aclives

Ancoragem segura servar o veículo de um acidente e manter o caminho livre para seguir adiante.

ANCORAGEM EM ÁRVORES

Desencalhar um veículo nem sempre é tarefa fácil. Para tanto, é fundamental dispor de um kit adequado de resgate, o qual pode ter diferentes configurações, e dominar convenientemente as técnicas de ancoragem

P

ara resgatar um veículo encalhado é certo que você precisará usar equipamentos diversos para tirá-lo dali, e nestas ocasiões é necessário ancorar o cabo de aço, a corda ou corrente, em algum ponto de apoio. Para uma boa ancoragem são necessários alguns apetrechos que podem ser reunidos em um “Kit de resgate”, e a configuração pode ser ampliada de acordo com as necessidades de cada um: • cinta de nylon curta (no mínimo com dois metros de comprimento e para sete toneladas); • cinta de nylon comprida (no mínimo com cinco metros e para sete toneladas); • patesca;

ANCORAGEM EM UM PONTO FIXO

• corrente ou extensão de cabo de aço com 20 metros e pontas em anel; • manilhas; • luvas de couro; • pá escavadeira.

TIPOS DE ANCORAGEM Com o equipamento mínimo necessário, você pode fazer o resgate a partir de algumas possibilidades como: ancoragem em um ponto fixo e ancoragem no próprio veículo.

ANCORAGEM EM ROCHAS Monitore o comportamento da rocha durante a operação. Se ela apresentar algum movimento com a carga aplicada pelo guincho, o resgate deverá ser suspenso e o problema contornado de outra maneira. Não há uma regra específica para essas situações, a capacidade para improvisar é que conta, mas o importante é manter a integridade física dos presentes, pre-

P

ode ser uma rocha ou árvore, mas deverá ser forte para agüentar o esforço a ser exigido. Ao fixar o cabo de aço, jamais prenda o gancho no próprio cabo, pois o ponto onde ele se apóia para formar a argola será amassado durante a operação, causando a ruptura do cabo em médio prazo. O equipamento ideal é a cinta de nylon com argolas ou ganchos nas pontas. Também pode se utilizar cabos de aço ou correntes, desde que em rochas ou em outros veículos.

Pontos de ancoragem montados no chassi de um Land Rover Defender

Escolha uma que tenha boa fixação no solo. Evite danos à árvore, pois é ela que irá lhe ajudar a sair do enrosco. Outro aspecto é quanto ao porte da árvore, sim, porque se for pequena há uma grande chance do guincho arrancá-la na primeira puxada. Portanto, é recomendável procurar por uma árvore grande e firme. A cinta de ancoragem deverá ser posicionada na parte mais baixa do tronco e próxima ao solo. Nunca use cabos de aço ou corrente para “abraçar” a árvore, você pode matá-la ao danificar a casca.

ANCORAGEM NO VEÍCULO Da mesma maneira que o veículo deverá ser ancorado em um ponto fixo e com todas as precauções que foram citadas anteriormente, também ele deverá ser capaz de oferecer um bom ponto de apoio. É comum a fixação de cabos em grampos e furos preparados apenas para fixar o veículo no caminhão cegonha ou no container, na hora do transporte. Estes, porém não servem para uma ancoragem eficiente. Não se deve usar também o pára-choques e/ou componentes da suspensão como amortecedores, barras de direção e torção. Preste atenção ao envolver os diferenciais com uma cinta ou cabo de aço, para evitar danos na tubulação do fluído de freio. Cuidado também com as bolas e pontos de engate de reboque, pois em média suportam até 2,5 toneladas, bem menos do que pode pesar um veículo carregado e completamente encalhado. Uma boa ancoragem deve partir do chassi e daí então servir de apoio para guinchos, cabos e outros apetrechos. Sempre que possível, distribua a força aplicada em dois pontos de M ancoragem. João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br

Ancoragem usando corrente de comprimento adequado, fixada nas extremidades do chassi

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 05


indicadores de qualidade

Baldan

Qualidade total A popularização do uso de indicadores de qualidade nas operações mecanizadas do plantio direto, com o advento da agricultura de precisão, pode contribuir decisivamente para o aumento da produção e da produtividade agrícola no campo

A

tualmente é inegável a importância do plantio direto como siste ma de produção para a agricultura brasileira. A cada ano ocorre um considerável aumento em áreas e também amplia o uso desta técnica para culturas como frutas, café, essências florestais e olerícolas. A produção de grãos ainda é o carro chefe na adoção e desenvolvimento do plantio direto, o que pode ser comprovado pela ampla aceitação dos produtores, sendo consolidada como técnica usual há vários anos em regiões como a dos Campos Gerais do Paraná, as áreas de produção de soja, milho e trigo do Rio Grande do Sul, o Vale do Paranapanema no estado de São Paulo e mais recentemente as enormes glebas no Cerrado Central Brasileiro. Embora nestas áreas a ocorrência da inovação tecnológica seja constante não é difícil

06 • Dezembro 06 / Janeiro 07

encontrar lavouras mal conduzidas, com altos custos, não competitivas e o que é pior, sendo altamente impactantes para o meio ambiente. As questões ligadas à qualidade operacional são objetos de estudo em todos os setores econômicos, principalmente na indústria. Na agricultura programas de melhoria de desempenho com base na filosofia da qualida-

de total já são uma realidade, sendo que, naturalmente os setores administrativos são os mais trabalhados, principalmente em função das semelhanças com diretrizes administrativas da indústria. Nos setores operacionais, as questões ligadas com qualidade são as mais específicas e mais complexas, sendo que estamos evoluindo rapidamente para consolidar estudos e casos de sucesso com desempenho de máquinas e implementos nas diferentes etapas do sistema de produção.

CONTROLE DE QUALIDADE

Figura 1 – Régua perfurada para a determinação do grau de cobertura do solo

Estudos sobre qualidade das operações agrícolas vêm crescendo nos centros de pesquisa e nas universidades, isso torna possível estabelecer algumas premissas básicas para subsidiar ações práticas no campo, como monitoramento da qualidade operacional com base no Controle Estatístico do Processo


“Na mecanização da cobertura de solo podemos afirmar que os indicadores de qualidade são a uniformidade de picagem da fitomassa e a regularidade de sua ocorrência sobre a área” Fotos Afonso Peche Filho

Figura 2 – Detalhe da ação do facão rompedor na mobilização do solo e descobrimento na linha de plantio

CORTE NA PALHA

A

nas em etapas estratégicas. Na mecanização da cobertura de solo podemos afirmar que os indicadores de qualidade são a uniformidade de picagem da fitomassa e a regularidade de sua ocorrência sobre a área, ou seja, para a rolagem (uso de rolo-facas), picagem (uso de picadores/roçadoras) e acamamento do material orgânico de superfície, é fundamental que a operação produza fragmentos uniformes e constantes por toda a área; alta variabilidade de fragmentos ou alta variabilidade de cobertura comprometem a abertura de sulcos e cobertura de grão pela semeadora, causando embuchamento e paradas desnecessárias. Na aplicação de agrotóxicos para o controle químico de mato ou para o controle de pragas e doenças, os principais indicadores de qualidade operacional devem ser a vazão e pressão no momento de aplicação e também a eficiência da cobertura do produto sobre a área aplicada. Na semeadura alguns importantes indicadores de qualidade são: eficiência de corte da palha pelo disco ou rompedor de solo, do-

sagem e posicionamento do fertilizante, dosagem e posicionamento da semente, fechamento e abertura do sulco. Com relação à qualidade da fertilização, pode-se avaliar a regularidade de dosagem bem como a regularidade do posicionamento do fertilizante que sempre deve ficar abaixo e ao lado da semente, normalmente de

Imasa

(CEP), auditorias técnicas e sistemas de inspeção. Um dos pontos fundamentais para buscar qualidade operacional e entender das atividades de monitoramento com base nas premissas do controle estatístico de qualidade é definir parâmetros que possibilitem a coleta e processamento de dados de forma que possam gerar subsídios para tomada de decisões acertadas. Esses parâmetros são chamados de indicadores de qualidade e podem ser quantitativos ou qualitativos – mais subjetivos. Indicadores de qualidade do tipo quantitativos são aqueles que o agricultor ou o engenheiro agrônomo pode medir, ou seja, indicadores cuja medida pode ser tomada em kg, em cm, em reais, em tempo etc. A Figura 1 mostra em detalhe a régua perfurada desenvolvida no IAC para avaliação da porcentagem de cobertura do solo após operações com manejo de fitomassa. Indicadores de qualidade classificados como subjetivos são aqueles que podem ser observados através da constatação de presença ou ausência como é o caso da avaliação quanto a presença de quebras, trincas, mal posicionamento, perdas, desperdícios, etc. Ver Figura 2. Estudos realizados no Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) mostram que para cada operação agrícola é possível determinar suas características de desempenho mediante a análise de indicadores de qualidade em todo o ciclo operacional das culturas, é possível monitorar seus efeitos e diagnosticar a qualidade final de produção.

qualidade de corte da palha é um fator norteador de todo processo de funcionamento da semeadura pois dele depende as condições de atrito da roda motriz bem como a atuação dos posicionadores (sulcadores) de fertilizantes e de sementes e dos mecanismos cobridores, um eficiente corte de palha pode ser analisado pelo grau de afastamento de palha que o disco ou o rompedor/facão (Foto abaixo) provocou, como também pelo número de ocorrências de embuchamentos e de paradas.

INDICADORES OPERACIONAIS Na mecanização do plantio direto podemos elencar alguns indicadores operacionais que condicionam todas as possibilidades de sucesso para utilização otimizada das máquiNa semeadura indicam qualidade, eficiência de corte da palha, dosagem e posicionamento do fertilizante e da semente e abertura/fechamento do sulco

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 07


Afonso Peche Filho

Figura 3 – Detalhe da uniformidade da distribuição da palha picada pela colhedora

uniformidade da deposição da palha que é medida pela percentagem de cobertura do solo (Figura 3).

PERFORMANCE DO SISTEMA

dois a três centímetros abaixo e de dois a três centímetros posicionado ao lado da linha de sementes. A regularidade da quantidade de sementes viáveis, posição delas no solo e distribuição ao longo da linha de plantio são os parâmetros que qualificam o processo da colocação de sementes no solo realizado pela unidade semeadora. Por fim a qualidade de desempenho da roda compactadora pode ser medida pela constância ou não (regularidade) da presença de sementes descobertas ou

08 • Dezembro 06 / Janeiro 07

Afonso Peche Filho, IAC Divulgação

sulco mal fechado (indicadores subjetivos). Para a operação de adubação de cobertura os parâmetros selecionados como indicadores são também a eficiência do disco de corte de palha e a regularidade de vazão e distribuição do fertilizante ao longo da linha. Para a colheita de grãos, os principais indicadores de qualidade operacional são os parâmetros norteadores do controle de perdas, a picagem e distribuição da palha resultante da trilha. É inquestionável que para avaliar a qualidade da operação de coQuadro 1 - Principais Indicadores de Qualidade Operacional para Plantio Direto lheita utilizemos a sugeridos pelo Centro de Engenharia e Automação do IAC determinação de OPERAÇÃO INDICADORES DE QUALIDADE quantidade de grãos 1 – Manejo da cobertura orgânica • picagem uniforme perdidos pela plataforma e ao mesmo - fragmentos uniformes tempo determina• deposição regular mos as quantidades - baixa variabilidade no tipo e quantidade de fragmentos de grãos perdidos 2 – Aplicação de agrotóxicos • regularidade da vazão nos bicos de acordo com o produto pela ação operacio• regularidade da pressão de acordo com o produto nal de elementos • uniformidade de cobertura componentes do sis3 – Semeadura • eficiência de corte da palha tema interno da má• regularidade na dosagem de fertilizante quina que são os • posicionamento do fertilizante mecanismos de tri• regularidade na dosagem de sementes lha, separação e lim• posicionamento da semente peza. Também é fun• regularidade no fechamento e cobertura do sulco damental na avalia4 – Adubação de cobertura • eficiência de corte da palha ção da qualidade • regularidade na dosagem de fertilizante operacional da co• posicionamento do fertilizante lheita que se levan5 – Colheita • perdas na plataforma te parâmetros indi• perdas no sistema interno cadores do desem• picagem uniforme penho do picador/ - fragmentos uniformes esparramador de • deposição uniforme da palha palhas, que são a re- baixa variabilidade no tipo e quantidade de fragmentos gularidade de pica6 – Ciclo operacional • variabilidade da compactação do solo gem medida pelo comprimento dos - resistência a penetração fragmentos e pela - índice de cone

A qualidade do sistema de mecanização como um todo pode ser avaliada pelos efeitos causados pelo tráfego de máquinas ao longo de todo o ciclo operacional de produção e estes efeitos podem ser medidos através de indicadores de compactação do solo cujo parâmetro mais popular é a determinação da variabilidade espacial da resistência à penetração, indicador este que pode ser obtido com o uso de aparelhos denominados penetrômetros que são populares e disponíveis em todo mercado de equipamentos de medição. No Quadro 1, podemos analisar resumidamente o conjunto de indicadores propostos pelo Centro de Engenharia e Automação do IAC para avaliar a qualidade operacional da mecanização no plantio direto. Podemos concluir que a popularização do uso de controle de qualidade nas operações agrícolas é uma questão de tempo e com o advento da agricultura de precisão as análises de desempenho ou performance operacional deverão nortear todas as estratégias e táticas para viabilizar altas produções agrícolas com qualidade, competitividade e contribuindo para a perenidade produtiva dos M solos tropicais.

Afonso aponta à necessidade da popularização do uso de indicadores de qualidade nas operações mecanizadas do plantio direto


potencial de rendimento

Rendimento mapeado Em áreas de feijão irrigado, os diferentes potenciais de rendimento das unidades de manejo pressupõem que os custos de produção devam ser aplicados de forma variável na lavoura. Isso, permite homogeneizar a produtividade e/ou racionalizar o uso dos insumos, de maneira a aumentar rentabilidade total da cultura

A

eficiência na alocação de recur sos produtivos constitui um ob jetivo natural de todo o indivíduo ou empresa que se envolve na produção de determinado bem, a partir de um dado número de recursos. Contudo, ocorre ineficiência, cuja causa essencial é o fator incerteza, o qual condiciona a tomada de decisão. Tal incerteza, por sua vez, é condicionada pelo volume de informações a que o indivíduo tem acesso durante o processo decisivo. O sistema de produção agrícola está sendo beneficiado pela utilização de ferramentas capazes de fornecer informações ao processo produtivo, de modo que se possa utilizar racionalmente recursos e insumos, tornando a atividade agrícola mais rentável. Para o produtor rural to-

Cláudio Luiz Lemainski

mar sua decisão, ele deve receber as informações necessárias, como por exemplo, a quantidade adequada de determinado insumo necessário à sua produção, de maneira que resulte em maior expectativa de lucro.

UNIDADES DE MANEJO A partir da utilização das ferramentas de Agricultura de Precisão (AP) se passou a adequar à administração, em relação às condições da produção agrícola, nas quais o campo passa a ser visto como um somatório de pequenas subáreas, tratadas individualmente e consideradas as menores unidades gerenciais, a fim de que a rentabilidade econômica de cada uma delas seja incrementada. Estudos que caracterizam a variabilidade do ren-

Figura 1 – Colhedora equipada com sistema AFS® de mapeamento da produtividade

dimento e da rentabilidade das culturas podem ser uma excelente forma de sinalizar e/ou definir unidades de manejo em lavouras, em especial as áreas irrigadas, onde os custos envolvidos são maiores. Essa abordagem considera resultados obtidos em uma lavoura com 51,8 hecCase IH

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 09


Fotos Case IH

AGRICULTURA DE PRECISÃO

A

s técnicas agronômicas das últimas décadas têm sido desenvolvidas e aplicadas negligenciando muitas vezes a variabilidade existente nas lavouras. Porém, nos últimos anos, pesquisadores, técnicos e agricultores vêm demonstrando maior interesse na variabilidade das áreas agrícolas cultivadas. Isso vem sendo facilitado com avanço da informática, possibilitando o estudo da variabilidade espacial das propriedades do solo e da construção de mapas de rendimento através de técnicas de georeferenciamento em tempo real. Estas técnicas de georeferenciamento da produtividade são chamadas de Agricultura de Precisão (AP). A AP tem como principal objetivo a aplicação de insumos necessários à produção agrícola no local e momento corretos e nas quantidades adequadas. tares irrigados por aspersão via pivô central, no município de Trindade do Sul (RS). A colheita foi realizada por uma colhedora Case 2388 (Figura 1), equipada com sistema AFS®. Os dados foram armazenados em um cartão PC ATA flash e posteriormente foram gerados os mapas de produtividade e rentabilidade, utilizando o Software Campeiro 5 – AV3 e Software AFS 2000. A área mapeada foi dividida em seções menores, denominadas células, de 169 m2 contendo latitude, longitude e peso medido. O resultado foi um mapa digital, representando a produtividade do feijão do talhão colhido na safra de 2005/06 e safrinha 2006/06 (Figura 2 e 3). Os dados de produtividade foram registrados com freqüência de três segundos, totalizando 14.957 pontos de colheiFigura 2 - Detalhe dos pontos de colheita

10 • Dezembro 06 / Janeiro 07

Tabela 1 - Isolinhas de produtividade e rentabilidade da cultura do feijão Cor

Área/ha Produtividade kg/ha Rentabilidade R$/ha 1.44 1.170,00 - 318,34 16.18 1.470,00 - 6,66 23.17 1.777,00 339,24 7.98 2.070,00 656,66 3.02 2.570,00 1.198,33

ta perfazendo 289 pontos ha (Figura 2), com umidade média de 12,6%. A produtividade média da área foi de 1.744,70 kg ha com um coeficiente de variação de 15,46 %.

MAPAS DE RENDIMENTO A produtividade média da cultura, considerada até então uma informação importante, passa a ser questionada à medida que identificamos diferentes produtividades através das ferramentas de AP. A geração de mapas de rendimento permite espacializar as produtividades das culturas, tornando excelente fonte de informação para a tomada de decisões. O rendimento do feijão na área estudada se comportou variando de 1.020 a 2.920 kg ha, consolidando-se a heterogeneidade existente, como podemos visualizar na Figura 3. Os custos da implantação e manutenção da lavoura totalizaram R$ 1.585,84 ha, sendo esses

O conjunto de melhorias pode levar à obtenção de maiores índices de rendimento e de rentabilidade da lavoura

gerados de forma homogênea em todo o talhão. Entretanto, não foram eficientes de maneira que a cultura do feijão tivesse a produtividade mais homogênea, culminando assim em uma maior variabilidade de rendimento. De acordo com os dados gerados, a rentabilidade variou de R$ – 318,34 a 1.198,33/ha no campo mapeado, demonstrando que os custos foram fixos, mas a receita gerada foi variável. Ver Tabela 1. Conforme os dados apresentados na Tabela 1, 2,78% da área apresentam um prejuízo de R$ 318,34 ha, pois a produtividade está abaixo do custo de produção. Isso sinaliza que, se o produtor deixasse de produzir ou tratasse esta área,


“A geração de mapas de rendimento permite espacializar as produtividades das culturas, tornando excelente fonte de informação para a tomada de decisões”

Figura 4 - Rendimento de feijão em ton/ha, área acima e abaixo da média de rendimento do talhão.

Figura 5 - Percentagem de rendimento e área em relação à média de produtividade da cultura do feijão

considerando-se a sua variabilidade, estaria economizando R$ 498,41 e/ou racionalizando o uso dos insumos. Em contraponto, temos 5,83 % da área em que a rentabilidade alcança a R$ 1.198,33 ultrapassando 75,56 % acima do custo de produção. Desta maneira o mapa de rendimento se torna um elemento útil, já que fornece informações que podem orientar e sinalizar as áreas com diferentes potenciais de rendimento. Ao considerar a variabilidade, pode-

mos perceber que 56,55 % da área estão abaixo da produtividade média (Figura 4). Caso alguma(s) intervenção(s) no campo consiga elevar as produtividades para a média (1.744,70 kg ha), teremos um incremento de R$ 415,84 ha, R$ 115,84 ha em 2,78 % e 31,24 % da área respectivamente. Neste sentido, a área, por ter diferentes potenciais de rendimento, pressupõe que os custos devam ser aplicados de forma variável na tentativa de homogenizar a produtividade e/ ou racionalizar o uso dos insumos, de maneira a aumentar rentabilidade da lavoura. É possível estabelecer isolinhas de rendimento, onde provavelmente alguns atributos de solo estão favorecendo e/ou limitando o incremento na produtividade, uma vez que as necessidades hídricas estão sendo satisfeitas pela irrigação. Estas isolinhas demonstradas através de percentagem de rendimento das culturas, onde 50 – 75%, 75 – 100%, 100 – 125%, 125 – 150% e 150 – 175% correspondem

a muito baixo, baixo, médio, alto e muito alto, respectivamente (Figura 5). Isso direciona as interferências de manejo do solo para áreas mais críticas, as quais carecem de melhorias de seus atributos. Este conjunto de melhorias pode determinar ganhos graduais em qualidade do solo, potencializando estas áreas à obtenção de melhores índices de rendimentos e conseqüentemente melhorando a renM tabilidade da lavoura.

Divulgação

Figura 3 - Mapa de produtividade do feijão

Cláudio e Telmo tratam da variação da rentabilidade em áreas de feijão irrigado conforme os postulados da agricultura de precisão

Cláudio Luiz Lemainski e Telmo Amado, UFSM

RENTABILIDADE HOMOGÊNEA

P

ortanto, as ferramentas de AP que tratam localizadamente pontos do terreno, permitem identificar e alocar racionalmente os recursos no sistema produtivo, maximizando o uso da terra e insumos agrícolas. Dessa forma, é possível um aumento na produtividade e rentabilidade da cultura, promovendo melhorias na qualidade ambiental do sistema produtivo. Os mapas de rendimento são elementos valiosos no auxílio à tomada de decisões, onde diferentes potenciais de rendimento sinalizam que os custos devem ser aplicados de forma variável, na tentativa de homogenizar a rentabilidade e/ou reduzir custos e permitir, assim, a alocação racional dos recursos no sistema produtivo.

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 11


colheita florestal

Colheita viável

Estudo comprova a viabilidade da semimecanização em colheita florestal, diante dos altos investimentos demandados na mecanização total e da dificuldade de se empregar este sistema em terras declivosas. Diminuir o tempo gasto com arraste e medição das toras são os principais desafios a serem enfrentados

A

12 • Dezembro 06 / Janeiro 07

sentado por maquinários sofisticados tais como Harvesters e Forwarders.

MECANIZAÇÃO PARCIAL Este trabalho avaliou uma equipe de corte florestal que utiliza sistema semimecanizado. Para isso, determinamos os tempos gastos para cada etapa dentro do processo total de extração da madeira e analisamos a viabilidade técnica do uso de sistemas semimecanizados em locais onde o relevo ainda é um entrave para trabalhos com sistemas mecanizados. A avaliação foi realizada em áreas de corte de Pinus sp. dentro de uma área total de 6.700 ha localizada no estado do Paraná, município de Tijucas do Sul, próximo à PR 281, a uma altitude média de 875 m, em local de relevo acidentado. Neste local, a extração é realizada através de um sistema mecanizado, comMarçal Elizandro Dornelles

colheita florestal é realizada em muitas regiões por sistemas con-vencionais rudimentares do ponto de vista ergonômico, porém, eficientes tecnicamente devido a restrições impostas geralmente pelo relevo da região de corte. No Brasil, apesar dos benefícios, principalmente com segurança, do sistema mecanizado, o principal entrave para a sua aplicação é geralmente a questão econômica. Em alguns países, o sistema semimecanizado de corte é considerado ultrapassado, visto que o trabalho nesses locais é baseado na idéia de operar apenas com máquinas e sem operadores se deslocando fora delas de forma a aumentar a produtividade reduzindo riscos e acidentes. Atualmente, o mercado nacional é abastecido por modernas máquinas que na maioria dos casos são importadas vindas principalmente de países como Finlândia e Suécia, máquinas que apresentam alta produtividade e obedecem a rigorosas condições ergonômicas. Contudo, na prática da colheita florestal brasileira ainda há predomínio de processos semimecanizados que em muitos casos apresentam produtividade satisfatória dada às condições topográficas e o alto custo de aquisição e manutenção apre-

O estaleiramento é uma das atividades de processo da extração de madeira

posto de um Harvester marca Timbco e um Forwarder marca Valmet modelo 860, utilizado somente em áreas que a declividade permite sua utilização com segurança, e um sistema semimecanizado utilizado nas demais áreas, onde o corte é feito com motosserras e arraste feito com trator equipado (ou não) com guincho. Em um sistema de corte semimecanizado, a equipe de trabalho é composta basicamente por três operários. Neste sistema, o corte é realizado por um operador de motosserra que é encarregado de realizar a limpeza da área ao redor, o corte e o desgalhamento da árvore. Após a área estar limpa inicia-se o processo de corte, sempre tendo como prioridade a segurança do operador e em segundo plano facilitar o processo de arraste e a preservação da tora. Com o corte realizado o operador inicia o desgalhamento. Essa operação inicia com o corte da base da árvore recém derrubada para tornar a tora mais uniforme, depois de totalmente desgalhada o operador secciona a ponteira da mesma. O operador do trator realiza o arraste e estaleiramento das toras. O arraste é feito geralmente através do acionamento do guincho, contudo, sempre que possível este é realizado utilizando a própria barra de tração do trator devido ao mai-


“O arraste é uma atividade perigosa, devido à declividade da área, com riscos de rompimento do cabo de aço e capotamento do trator” Valtra

or rendimento. O arraste é uma atividade perigosa, devido à declividade da área, com riscos de rompimento do cabo de aço e capotamento do trator. A atividade de seccionamento é realizada por outro operador de motosserra chamado de seccionador, o qual, no momento em que o trator chega ao estaleiro arrastando a tora, secciona-a para separar a parte da tora que tenha diâmetro superior ao valor pré-estabelecido (neste caso 30 cm) do restante da mesma, pois este sortimento é estaleirado em local separado. Depois de finalizado o estaleiramento da tora, o motosserrista inicia o seccionamento desta. Outra função do seccionador é a de organizar o estaleiro separando os sortimentos de modo a facilitar o carregamento. Neste trabalho foram utilizadas motosserras de marca Sthil modelo 380, um trator marca Valtra modelo 785 com tração dianteira auxiliar equipado com guincho traseiro marca TMO e um cabo de aço. Todos operadores fizeram usos de EPI´s (capacete, luvas, botas, protetores auriculares etc). O número total de ciclos amostrados foi de 34, onde cada ciclo é composto por todos os processos pelo qual uma árvore passa desde a sua procura no campo para ser cortada até o momento em que o seccionamento da mesma termina.

CICLO DE CORTE

Stihl

A seguir é apresentada a descrição de cada etapa do ciclo de colheita das árvores da área reflorestada: Procura: tempo em que o motosserrista vai em busca de uma nova árvore

Figura 1 – Percentual de participação de cada processo na composição dos tempos puros

Tabela 1 – Grandezas médias verificadas

Tabela 2 – Grandezas médias verificadas

Ponta Ponta Compri- Volume Arraste Dist. fina (m) Grossa (m) mento (m) (m) (m) Procura (m) 0,45 20,30 1,91 134,95 9,7 Pinus 0,18

Teóricas Efetivas m3/h mst/h m3/dia mst/dia m3/h mst/h m3/dia mst/dia Pinus sp. 5,75 8,45 45,98 67,59 5,75 8,45 45,98 67,59

para ser abatida. Inicia no momento em que o mesmo acaba de desgalhar ou derrubar uma árvore e termina no momento em que toca, com o sabre da motosserra, a próxima árvore a ser cortada. Dependendo do sistema de manejo, essa atividade pode variar bastante o tempo gasto; Corte: tempo para o processo de derrubada da árvore em questão. Inicia quando o motosserrista toca a árvore com o sabre da motosserra e termina no momento em que a árvore cai; Desgalha: tempo que o motosserrista demora para seccionar a base, desgalhar e cortar a ponteira da árvore derrubada; Arraste: tempo necessário para o trator arrastar e estaleirar a árvore abatida. O início do arraste se dá quando a árvore inicia o movimento em direção ao estaleiro e termina no momento em que a tora encontra-se estaleirada; Traçar/medir: tempo gasto pelo operador da motosserra encarregado de sec-

cionar as toras, no estaleiro, e traçar completamente uma tora. Ainda foram medidas a distância média de arraste e distância média percorrida para achar a próxima árvore a ser abatida. As tomadas de tempo anteriormente relacionadas foram consideradas como tempos puros, ou seja, é o tempo exatamente necessário para a realização de tal tarefa. Tempos de parada (paradas técnicas e descansos) não estão inclusos

VIABILIDADE COMPROVADA

D

e acordo com os resultados obtidos concluímos que o sistema de colheita semimecanizado prova ser viável, neste caso, devido às condições topográficas apresentadas pelo terreno e pela produtividade efetiva apresentada, dada as dificuldades de se trabalhar com sistemas mecanizados em áreas declivosas e com relevos acidentados. Com o trabalho, percebemos a importância de se ter bom planejamento para que se consiga reduzir os tempos despendidos com paradas técnicas e descansos da equipe no sentido de se ter maior produtividade. Dentro das etapas que compõem um ciclo de corte florestal, entendemos que para elevarmos a produtividade de uma equipe de corte semimecanizado é interessante a busca de alternativas que reduzam o tempo despendido principalmente para o arraste ou medição das toras, por serem estas as etapas que mais absorvem tempo durante um ciclo de corte. Operadores de motosserra tem papel importante dentro do processo de colheita florestal

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 13


Marçal Elizandro Dornelles

Sistemas Manuais Método mais antigo de corte, muito utilizado até a década de 50 e que começou a ser substituído a partir da década de 60. Nesse sistema predomina a utilização da força física e de equipamentos não-motorizados tais como, machados, serras de arco, foices, facões entre outros e geralmente o arraste é realizado com o auxílio de tração animal.

Sistema Semimecanizado Sistema que começou a predominar nas frentes de corte nos anos 60, utiliza equipamentos motorizados tais como motosserras e para o arraste a utilização de tratores agrícolas simples ou equipados com guinchos para facilitar as operações em terrenos declivosos. Sistema predominante atualmente, devido principalmente ao seu baixo custo de aquisição das máquinas e manutenção, satisfatório rendimento e boa aplicabilidade em locais de difícil acesso devido ao relevo.

no tempo puro. Na Figura 1 é apresentado o valor médio de cada etapa referente aos tempos puros. Na Tabela 1 são apresentados os valores médios referentes a outras medidas tomadas, como o diâmetro da árvore na ponta fina, diâmetro da árvore na pontra grossa, comprimento da tora, volume, distância de arraste e distância de procura na área de Pinus sp.

colheita, logo, é onde as principais medidas e esforços para a maximização de resultados devem ser direcionados. A diminuição da distância de arraste mostrase como uma das alternativas para redução no tempo ocupado por esta etapa. O processo de traçar/medir a madeira não sofre grande influência quanto ao diâmetro das toras, mas sim quanto ao número de cortes, que é diretamente proporcional ao comprimento das árvores. Ainda, o comprimento dos sortimentos (toras) definido pelo comprador da madeira no momento do pedido e a quantidade de toretes destinados à lenha, são também, fatores que influenciam diretamente na demora desta operação, pois aumentam a quantidade de cortes que a árvore sofrerá. O desgalhamento é afetado geralmente pelo número e tamanho de galhos presentes nas árvores e é variável de tora para tora, mesmo assim, ocupa o terceiro maior tempo. Já o processo de corte é influenciado principalmente pelo diâmetro e nível de lignificação das árvores. Já a existência de vegetação arbustiva im-

MAXIMIZAÇÃO DOS RESULTADOS O arraste, neste trabalho, respondeu por 51% do tempo total de um ciclo de

PRODUTIVIDADE TEÓRICA E EFETIVA

Estudo conduzido no Paraná mostrou que o arraste responde por 51% do tempo total de um ciclo de colheita

14 • Dezembro 06 / Janeiro 07

Valtra

A

produtividade teórica se refe re à produtividade obtida supondo que não houvessem paradas (tempos técnicos e tempos de descanso da equipe), ou seja, supondo que a equipe trabalhasse naquelas condições sem parar. Já a produtividade efetiva, refere-se à produtividade alcançada pela equipe levando-se em consideração todas as paradas. Para esses cálculos utilizamos a média dos tempos puros e fez-se uma proporção em relação à média dos tempos totais, a partir disso, obteve-se uma percentagem que no caso dos tempos puros foi de 68,09%, ou seja, de todo o tempo gasto num ciclo completo, em torno de 68,09% foi realmente utilizado no processo produtivo restando 31,91% que é referente aos tempos de paradas.

Sistema Mecanizado Sistema-objetivo da maioria das empresas do setor florestal. Apresenta alto rendimento individual, haja visto que isso reduz significativamente o risco de acidentes e permite que se trabalhe em três turnos. Existem desvantagens, tais como, alto investimento inicial, necessidade de mão-de-obra qualificada para operação, e dificuldades para operar em certos terrenos declivosos.

O tempo médio de arraste foi de seis minutos e 55 segundos

pede, muitas vezes, que o operador da motosserra percorra as distâncias de procura em tempos menores. Na Tabela 2, temos dados levantados quanto a produtividades teórica e efetiva demonstradas pela equipe de trabalho avaliada. Para o cálculo da quantidade produzida em metros esteres por hora (mst/h), utilizou-se um fator de cubicação, que é de 1,47. A carga horária utilizada para fins de cálculos foi de 8 horas diárias. O tempo médio observado para cada etapa dentro de um ciclo de corte foi de 29 segundos para a procura; 1 minuto e 12 segundos para o corte; 1 minuto e 49 segundos para o desgalhamento; 6 minutos e 55 segundos para o arraste e 3 minutos e 8 segundos para traçar e medir M as toras. Tobias Scaravelli Edison Bisognin Cantarelli Marçal Elizandro Dornelles UFSM



aplicaçãosímbolos precisa

Em busca da precisão O controle mais refinado das pulverizações pode identificar falhas nas dessecações e aumentar a eficácia do controle de ervas daninhas através da aplicação de herbicidas nas áreas de cultivo

N

esse exato momento, precisase ter plena consciência de que é hora de planejar. Tentamos aqui estabelecer alguns raciocínios sobre a precisão nas pulverizações, os quais não dependem necessariamente de equipamentos mas que têm impacto sobre os custos e resultados das aplicações nas lavouras. Comentaremos inclusive sobre a necessidade de aplicações de defensivos serem realizadas por profissionais capacitados para tanto. Precisamos planejar o que temos certeza de ocorrência - o “plano A”. Esse planejamento contempla a conjugação de raciocínios dos empresários rurais, dos responsáveis técnicos e dos operadores, visando aplicar os defensivos agrícolas corretamente e atender à técnica disponível e utilizável. No caso da soja, por exemplo, a primeira batalha que temos de vencer diz respeito às dessecações e às aplicações de herbicidas. Os inimigos a serem vencidos são todas as ervas daninhas identificadas em levantamento prévio. As lavouras, todas elas, em maior ou

16 • Dezembro 06 / Janeiro 07

menor grau, possuem uma população instalada de ervas daninhas, que, já nas primeiras chuvas, apresentarão o seu arsenal e suas estruturas especializadas para a manutenção de suas espécies (arquitetura de plantas, sistema radicular e sementes). O tempo para vencer essa batalha está ligado à pré e/ou pós-emergência e está limitado à janela de plantio da soja e aos estágios da cultura e das ervas daninhas. Deve-se evitar a indesejável mato-competição, que rouba a fertilidade destinada à lavoura comercial. As condições climáticas na época dessa batalha, que são importantes, são as mais diversas e dependendo do momento, favoráveis para ambos os lados. As “armas” para esse combate são os equipamentos de pulverização em geral, bombas hidráulicas, pontas/bicos de pulverização e a munição bastante variada (gotas de diversos

tamanhos e diferentes tipos de herbicidas). De posse desses elementos se pode traçar a tática e as estratégias para o sucesso na guerra.

TÁTICA DE GUERRA Para que a guerra no controle das ervas daninhas tenha êxito e a precisão adequada nas aplicações alcançadas, de imediato, algumas perguntas têm de ser respondidas: Dos inimigos listados, quais combater com prioridade? Essa prioridade permite combater os inimigos secundários satisfatoriamente? Os inimigos possuem cartas na manga através das quais a estratégia possa ser colocada à prova? Quem faz o quê nas linhas inimigas? O quê pode nos causar os maiores insucessos? A estratégia desenhada contempla a utilização de quais tipos de equipamentos? Os resultados poderão ser anotados, gerando dados para tomadas de decisão gerenciais futuras? Quem irá manejar os equipamentos se sente comprometido para utilizar os


“As “armas” para esse combate são os equipamentos de pulverização em geral, bombas hidráulicas, pontas/bicos de pulverização e a munição bastante variada” Fotos Vilso Júnior Santi

Na lavoura a primeira batalha que se tem que vencer diz respeito às dessecações e às aplicações de herbicidas

recursos de maneira eficaz? Somam-se outras tantas perguntas, que, quanto mais debatidas, mais questões levantam, potencializando a obtenção de respostas e, possivelmente, mostrando e demonstrando que há muito o que fazer para se antever os diversos cenários, quando tudo acima for realidade e não apenas simulação. Tratando pontualmente de cada fator da batalha - dessecações e aplicações de herbicidas -, podemos sugerir alguns raciocínios: Os inimigos e/ou ervas daninhas são conhecidos de todas as fazendas, mas os resultados dos controles realizados nos anos anteriores nos deixam à vontade? Se a resposta for positivas podemos seguir para o próximo ponto, caso contrário, vamos nos deter mais um pouco, perguntando-nos se há focos ou áreas significativas com ervas daninhas resistentes aos herbicidas habitualmente empregados. Se há essas áreas, quais as alternativas técnicas para associar ou trocar produtos que, sem prejudicar o controle das demais ervas, possibilitem o eficaz controle das resistentes?

TIPOS DE PONTAS

Estabelecidos esses parâmetros, vamos analisar os tipos de pontas de pulverização que são fornecidas pelos fabricantes e verificar quais nosso mercado oferece, facilitando a aquisição e reposições futuras. Frisamos que, para escolher essas pontas, precisamos nos certificar de que as mesmas produzirão gotas inseridas na recomendação internacio-

nal para herbicidas – Tabela 1. Com a recomendação do número e do tamanho de gotas para uma aplicação de herbicidas, podemos analisar que tipo de gota as pontas deverão produzir – Tabela 2. Seguindo em frente podemos estudar a estratégia para atingir bons resultados nas aplicações, utilizando-se as informações sobre o comportamento de gotas grossas e finas, diante de alguns requisitos para uma boa aplicação – Tabela 3. Um novo questionamento surge a partir de então: essas mesmas pontas atendem às necessidades de formação de gotas tanto nos

trabalhos em condições ideais quanto naqueles realizados onde umidade relativa do ar, temperatura e vento podem ser chamados de inadequados? Tudo isso por que o estudo mais detalhado para a aquisição das pontas de pulverização permite saber se uma mesma opção de ponta “entrega” resultados bons em situações diversas (adequadas e inadequadas). Podemos analisar, por exemplo, nas tabelas abaixo, quais as pontas, em diversas pressões, produziriam o tipo de gota de que necessitamos – Tabela 4. Olhando para a segunda linha da Tabela 4, opção TT 110 015 – cor verde, vemos que

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 17


BUSCA PERMANENTE

E

staremos sempre e cada vez mais buscando a precisão. Os desafios técnicos e financeiros serão sempre maiores e complexos. Vamos ter em mente sempre que grandes soluções podem vir travestidas como grandes dificuldades, de difícil resolução. É justamente ai que entra o espírito vencedor de cada um de nós. O comprometimento dos produtores com ações para vencer esses desafios e estruturar suas empresas fará com que as tarefas de precisão que já comentamos passem a fazer parte, cada vez mais, da rotina de operação da atividade agrícola e possibilitem a adoção de novas práticas e equipamentos com maior tecnologia. Tudo sempre respeitando a sustentabilidade da atividade agrícolas (meio ambiente + pessoas + resultado operacional).

Fotos Charles Echer

esta ponta produz gotas em pressões que variam de 15 libras/pol² até 90 libras/pol². Em 18% dessas pressões (15 libras/pol² e 20 libras/pol²) as gotas produzidas são grossas. Já, em 54% das faixas pré-estabelecidas (de 25 libras/pol² a 60 libras/pol²), produzem-se gotas médias e, finalmente, gotas finas, em 28% das pressões analisadas (de 70 libras/ pol² a 90 libras/pol²). Como sempre, uma pergunta para não perder o hábito: iniciando, com o mesmo raciocínio, a análise das demais pontas na tabela, qual delas produzirá gotas, as mais próximas das requeridas em nossa batalha de dessecações? Como vimos na Tabela 2, as gotas devem estar classificadas entre médias

Tabela 1 – Recomendações sobre número de gotas/ cm² e tamanho de gotas para aplicação de herbicidas Herbicida Pré-emergente Pós-emergente

Gotas/cm2 De 20 a 30 De 30 a 40

Tamanho - µm 400 - 600 200 - 400

Tabela 2 – Tipos de gotas necessários para recomendações sobre tipos de número de gotas/cm² e tamanho de gotas para aplicação de herbicidas Tamanho de gotas - µm De 200 a 600 De 200 a 400

Tipo de gotas Grossas Médias

Tabela 3 – Comportamento de gotas grossas e finas diante de requisitos de eficácia para as pulverizações Requisito Penetração da massa vegetal Cobertura da massa foliar Sensibilidade ao vento Evaporação Velocidade de deposição

Gotas grossas Ruim Ruim Baixa Baixa Alta

Gotas finas Boa Boa Elevada Elevada Baixa

e grossas, além de atender também à taxa de aplicação (quantidade de calda aplicada por hectare), associada à velocidade e às pressões de trabalho desejadas. A mesma análise pode ser realizada para as pontas AI e AIC, estudadas na Tabela 5. Vejamos que, dos nove tipos listados (de AI 110 015 a AI 110 10), o tamanho de gotas concentra-se nas classificações XC = Extremamente grossa e C = Grossa, o que nos permite compará-las com as pontas TT (Tabela 4), planejar com quais munições poderemos contar em nossa batalha e o que delas esperar como resultado de trabalho. De posse das informações contidas nas tabelas, podemos desenhar nossa estratégia de trabalho para as aplicações de dessecantes e herbicidas, tudo isso se analisando somente essas duas pontas, ambas produzidas por esse fabricante, sem contar os demais - cerca

de sete grandes fabricantes nacionais e internacionais que atuam no mercado brasileiro. Melhor assim: quanto mais opções, mais alternativas de escolha. Lembramos que raciocinamos somente sobre o tipo de gota produzido sob diversas pressões para dois tipos de ponta, somente para efeito ilustrativo em uma das fases do planejamento das aplicações. Fica claro que será fundamental ainda buscar mais informações sobre vazões de cada ponta por minuto e sobre que taxas de aplicação elas permitem atingir a diversas velocidades. Essas informações constam em todos os manuais e folhetos comerciais das pontas à venda no mercado.

ANÁLISE DE DESEMPENHO No campo, para analisar os desempenhos das pontas escolhidas, optamos por simular, após a calibração do equipamento de pulverização, uma aplicação tal como seria realizada na lavoura, utilizando papéis sensíveis à água, os quais, em contato com as gotas produzidas pelos equipamentos de pulverização, deixam marcados os impactos das gotas em azul sobre seu fundo amarelo. Então podemos nos lançar a contar quantas gotas/ cm² foram produzidas e comparar este resultado com nossa necessidade. Se a quantidade de gotas/cm² pode até ser analisada no campo, o mesmo não ocorre com o tamanho dessas gotas. Esse trabalho somente poderá ser realizado com o auxílio A busca de precisão implica no controle mais refinado das aplicações o que pode identificar falhas nas dessecações

18 • Dezembro 06 / Janeiro 07


“Nas aplicações de defensivos agrícolas ainda precisamos considerar os resultados do controle biológico e da eficácia agronômica, em contraponto ao retorno dos recursos econômicos comprometidos nessas ações”

de programa de computador específico, que analisa, além do número e tamanho das gotas, outros 14 parâmetros, com resultados comprovadamente precisos e confiáveis. Nas aplicações de defensivos agrícolas

ainda precisamos considerar os resultados do controle biológico e da eficácia agronômica, em contraponto ao retorno dos recursos econômicos comprometidos nessas ações. Atualmente, os controles financeiros, embora

identifiquem o “quanto” foi empregado, pouco nos permitem gerenciar o “quando” e o “como” foi conseguido o gerenciamento. Para essa tarefa, precisamos apurar dados referentes aos principais indicadores de qualidade, que são: propriedade; número do talhão; área do talhão; cultura; área plantada; data de plantio; equipamento de pulverização; nome do operador, do preparador de calda e do técnico encarregado das aplicações; do horário do início e do término da aplicação de cada tanque pulverizado; taxa de aplicação; área pulverizada por tanque; tipo de ponta; temperatura; umidade relativa do ar; velocidade do vento; chuvas após as aplicações; presença de orvalho e número e tamanho de gotas. Todas essas anotações geram uma quantidade de dados para informações de tomada de decisão. Mas para que tanta informação? Simplesmente porque a busca de precisão implica no controle mais refinado das aplicações o que pode identificar falhas nas dessecações nas quais, após uma chuva, a eficácia do controle de ervas pode ser questionada pelo responsável técnico da propriedade. Porém, como havia memória do trabalho, pôde-se identificar a falha e corrigi-la, evitando sua repetição nas aplicações posteriores. De posse dos

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 19


Todavia, quando aplicada no dia-a-dia das lavouras, essa concepção simples exigiu o aprimoramento dos conjuntos, pelos diversos fabricantes. Eles tiveram de desenvolver diversos tamanhos e formas de tanque de calda - chassises dos mais variados onde a resistência e o equilíbrio do conjunto são muito importantes; trazer mais operacionalidade ao conjunto em manobras e deslocamentos; desenvolver bombas de diversos tipos (pistão, pistão-membrana e centrífugas) e com diferentes vazões; intalar nas barras mais de meia centena de bicos, com opções de até cinco pontas instaladas em um carrossel etc. Tudo isso são exemplos do aperfeiçoamento desss sistemas. Todos esses incrementos sofrem os desgastes naturais de uso e são submetidos a esforços consideráveis nas aplicações. Precisamos então estabelecer uma norma para avaliá-los convenientemente. Esssa avaliação deve responder as seguintes indagações: o marcador de nível do tanque está legível? Do total de pontas, quantas estão em funcionamento? Todos os antigotejos estão funcionando corretamente? A pressão indicada no manômetro do comando de pressão ou do master-flow corresponde à mesma pressão dos bicos? A pressão individual de uma seção da barra é a mesma obtida quando toda a barra está operando? As calibrações do computador foram checadas e são confiáveis? O manômetro está operacional? As mangueiras estão íntegras e poderão ser utilizadas sem restrição aparente? Vimos desse modo que há também o que preparar no que diz respeito aos equipamentos, e isto precisa ser realizado num tempo que possibilite a manutenção prévia, evitando transtornos e perdas de temM po na operação.

Tabela 4 – Tipos de gotas formadas a partir da variação de pressões de trabalho, neste caso apresentadas em libras/pol² (PSI), para bicos tipo TT (Fonte: manual Teejet)

VF = Very fine = muito fina/ F = Fina = fina/ M = Médium = Média/ C = Coarse = Grossa/ VC = Very coarse = Muito grossa/ XC = Extremamente grossa

Tabela 5 – Tipos de gotas formadas a partir da variação de pressões de trabalho, neste caso apresentadas em libras/pol² (PSI), para bicos tipo AI e AIC (Fonte: Manual Teejet)

VF = Very fine = muito fina/ F = Fina = fina/ M = Médium = Média/ C = Coarse = Grossa/ VC = Very coarse = Muito grossa/ XC = Extremamente grossa

simples - é composto por tanque para calda, barras que suportam sistemas de mangueiras e filtros chassis, bomba hidráulica acionada pela TDP (no caso de equipamentos de arrasto) ou movidas pelo próprio motor (quando automotrizes), além de bicos e pontas de pulverização.

REVISÃO DO EQUIPAMENTO Todo o esmero que possamos ter em nosso planejamento e em nossas ações, nas negociações de compra dos insumos e de componentes de precisão para as aplicações de produtos via pulverização, poderá ir pelo ralo se não vier acompanhado de uma boa revisão dos pulverizadores utilizados no trabalho. Uma análise detalhada do conjunto não é difícil já que o equipamento de pulverização tem uma configuração extremamente

20 • Dezembro 06 / Janeiro 07

Ariel Destéfano e Menotti Mattoso Junior, AD Agric. Satelital de Precisão Menotti Mattoso Junior

Charles Echer

dados da memória de pulverização, também podemos planejar como proceder se, por exemplo, nas dessecações, a umidade relativa do ar estiver em torno dos 45%, e a temperatura, por volta dos 35ºC. Planejar as aplicações de defensivos passa sistematicamente por operações matemáticas, por estudos de tabelas, por simulações no papel e no campo e por avaliações de equipamentos e das operações em si. Portanto, convém frisar que a busca pela precisão de procedimentos não pode estar alicerçada somente em equipamentos e programas.

Na escolha das pontas é preciso se certificar que elas produzirão as gotas recomendadas para aplicação de herbicidas

Todos os componentes do sistema de pulverização sofrem desgaste, por isso é necessário estabelecer uma norma para avaliá-los convenientemente


manutenção agrícola

John Deere

Manutenção terceirizada

Na agropecuária, com a terceirização dos serviços de mecânica, todos os envolvidos no processo produtivo tendem a ganhar. A indústria de máquinas estreita o relacionamento com seus clientes, os concessionários aumentam seu faturamento com peças e serviços e os produtores ganham mais tempo para as atividades de plantio, colheita e comercialização da produção

A

crescente pressão no mundo dos negócios, devido à busca de maior participação no mercado ou de mais rentabilidade, tem levado muitas empresas a rever seus métodos de trabalho visando reduzir custos. Neste repensar, estratégias que envolvem terceirização estão normalmente entre as primeiras a serem implementadas. Por que a terceirização merece tanta atenção? Em primeiro lugar, porque ao terceirizar serviços que não estão relacionados com sua atividade fim, a empresa pode focar a atenção naquilo que realmente importa para seu negócio, como produzir e vender. Além disso, a redução de custos obtida com o serviço terceirizado é geralmente fácil de ser percebida, principalmente por empresas que têm sistemas de controle apurado. Outro motivo é que quando o serviço demanda investimento em ativos, sua terceirização contribui para que o retorno sobre o patrimônio líquido da empresa seja maior, gerando maior valor aos acionistas.

CONTRATOS DE MANUTENÇÃO Na mecanização, que pode representar

algo entre 20% e 40% do custo total da produção agrícola, a tendência não é diferente. Um grande número de empresas tem adotado a terceirização aplicada à manutenção da frota de máquinas agrícolas. Atualmente redes de concessionários têm respondido às demandas dos clientes, principalmente do setor sucroalcooleiro, estabelecendo contratos ou acordos informais de manutenção com aqueles que desejam colher os benefícios da terceirização. Em boa parte destes casos, a iniciativa tem sido dos próprios clientes. Nesses contratos ou acordos, os concessionários geralmente se comprometem a assistir os equipamentos incluídos realizando manutenções mediante o pagamento pelo cliente de um valor pré-acordado. Os termos dos contratos ou acordos são definidos entre clientes e concessionários de forma a atender às necessidades de cada cliente. Enquanto alguns preferem contratar serviços para algumas intervenções específicas, outros demandam planos completos, pelos quais delegam ao concessionário todos os trabalhos de manutenção, abrangendo os

serviços periódicos, intervenções preventivas e mesmo as corretivas, além das peças demandadas. Tanto nos planos com poucas intervenções, como nos completos, os clientes contam com a experiência de técnicos treinados nas fábricas, os quais podem utilizar ferramentas especiais e computadores equipados com, por exemplo, o ServiceADVISOR™, um programa utilizado pela John Deere para realizar diagnósticos nas máquinas agrícolas. Nos planos completos também é bastante comum o concessionário alocar na propriedade do cliente o número de técnicos necessários para atender às máquinas contempladas. A utilização de veículos para transporte e atendimento e de ferramentas de comunicação também é prevista nos contratos. Uma prática comum aos concessionários que firmaram contratos ou acordos de manutenção com clientes é oferecer condições especiais nos preços de peças e serviços necessários para o atendimento das máquinas cobertas. A possibilidade de planejar os

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 21


A terceirização da manutenção contribui para que o retorno sobre o patrimônio líquido da empresa agícola seja maior

atendimentos permite ao concessionário utilizar melhor o tempo de seus técnicos e assim reduzir custos e, por conseqüência, os preços praticados. A demanda assegurada e planejada de peças de reposição também permite trabalhar com margens mais reduzidas, que beneficiam os clientes. O benefício das condições especiais de negócio, aliada a outras vantagens, gera a fidelização dos clientes, almejada tanto pelos fabricantes como por sua rede de concessionários.

APLICABILIDADE Os contratos ou acordos de manutenção podem ser celebrados com clientes de qualquer porte, que possuam os mais diversos tipos de equipamentos e que atuem em qualquer tipo de atividade agrícola. Um exemplo: um pequeno agricultor que reconhece a importância da manutenção feita de acordo com os critérios do fabricante pode fazer um tipo de acordo para a assistência técnica de seu equipamento. Mesmo com proprietários de um só equipamento, acordos informais podem ser feitos para garantir que o mesmo receba algumas ou todas as manutenções previstas pela fábrica. Hoje redes de concessionários já contam com programas específicos, como Simulador PowerGard, da Jhon Deere, que elaboram planos de manutenção para tratores, que facilitam o trabalho de estimar os custos das manutenções periódicas de cada um dos modelos da linha de tratores e que oferecem uma boa base para a negociação entre o cliente e o concessionário. Grandes clientes com frotas numerosas são, certamente, os principais interessados em fazer contratos de manutenção. Quanto mais apurado for o controle de custos da mecanização e, portanto, da ma-

22 • Dezembro 06 / Janeiro 07

nutenção do produtor ou da empresa agrícola, maior será a probabilidade de que eles procurem firmar um contrato. A razão é que eles conhecem o custo da indisponibilidade da máquina, causada por falhas inesperadas motivadas por manutenção periódica e preventiva deficiente, e também o investimento necessário para montar e manter uma estrutura própria que, na maioria das vezes, não garante um trabalho de acordo com os critérios do fabricante. Os exemplos mais conhecidos são das usinas sucroalcooleiras. Essas empresas normalmente terceirizam vários tipos de operações e serviços e passaram a recorrer a contratos também para a manutenção da frota. Os contratos acertados com os concessionários podem se referir tanto aos tratores quanto às colhedoras e plantadoras de cana. Em alguns casos, um índice de disponibilidade mínima dos equipamentos, tem que ser garantido pelo concessionário durante toda a safra. A maior parte dos contratos define a presença de funcionários e de uma estrutura de atendimento do concessionário de plantão na

usina para atender aos equipamentos durante todo o dia. Outro tipo de acordo, como o assinado em setembro passado, entre a John Deere e a SLC Agrícola, uma das maiores produtoras de grãos do Brasil, pode definir condições especiais de fornecimento de peças e de prestação de serviços para a frota utilizada nas dez fazendas dos grupos pordutores. Nesse caso, quatro concessionários John Deere se obrigaram a manter técnicos e mecânicos disponíveis nas fazendas, plantão de serviços aos domingos e feriados e ter uma área na concessão para atendimento preferencial dos equipamentos da SLC Agrícola. O grupo Cocal Açúcar e Álcool, do município de Paraguaçu Paulista (SP), é uma das usinas que têm contrato firmado de manutenção com um concessionário John Deere local. Conforme explica o diretor agrícola da empresa, Agnaldo Rigolin, a Cocal está muito focada na produção, vem tendo um crescimento muito grande da moagem nos últimos anos e já prevê inclusive a construção de uma nova usina a ser inaugurada em 2008. Para ele,


“A demanda assegurada e planejada de peças de reposição também permite trabalhar com margens mais reduzidas, que beneficiam os clientes” Fotos John Deere

Os acordos de manutenção podem ser celebrados com clientes de qualquer porte e que possuam os mais diversos tipos de equipamentos

com tudo isso fica difícil manter uma estrutura de manutenção para oferecer assistência com a qualidade necessária e a garantia de uma boa disponibilidade de máquinas. A partir de então a decisão da usina foi propor a realização de contratos de manutenção tanto para os fornecedores de caminhões, como para os de equipamentos agrícolas. A negociação com o concessionário Unimaq, com sede em Assis (SP), começou ainda em 2005 quando a Cocal se preparava para adotar a colheita mecanizada da cana. A falta de experiência com esse tipo de contrato tornou mais complexa a negociação, no qual acabou sendo definido um valor por hora trabalhada dos equipamentos como base do cálculo do pagamento. Atualmente o contrato está em vigência e Rigolin considera que ainda não houve tempo para uma avaliação mais ri-

gorosa dos resultados. Para ele já foi possível, no entanto, sentir uma série de vantagens. O contrato garantiu segurança na opção pela colheita mecanizada e a Cocal pôde manter o foco na produção, tendo a garantia da assistência técnica 24 horas por dia para os tratores e colhedoras de cana, com um caminhão-oficina, mecânicos treinados e rapidez na reposição de peças. O diretor agrícola acredita que, em relação aos tratores incluídos no contrato, um benefício claro será a extensão da vida útil e o aumento no valor da revenda. Segundo ele já é possível ver que um trator

Valter enfatiza que, na agropecuária, com a terceirização da manutenção, todos os envolvidos tendem a ganhar

com 15 mil horas de trabalho, que recebeu os cuidados de manutenção do concessionário, está em estado muito melhor do que outros, com o mesmo tempo de trabalho, que não contaram com o mesM mo tipo de assistência. Valter Henke, John Deere

VANTAGENS MÚTUAS

A

s empresas fabricantes de máquinas agrícolas têm como objetivo ampliar o número de contratos de manutenção celebrados, de forma que os benefícios decorrentes possam ser estendidos a um maior número de clientes e concessionários. As empresas estão empenhadas em fazer com que seus clientes, em todos os segmentos, percebam as vantagens da terceirização que o setor sucroalcooleiro já apreendeu e utiliza. O principal objetivo para a indústria é estreitar o relacionamento com seus clientes e conquistar sua fidelidade. A realização de acordos ou contratos de manutenção é vantajosa para as três partes envolvidas. Os concessionários aumentam o faturamento com peças e serviços e a fábrica assegura maior giro das peças. Já os clientes, além de ter assegurado os benefícios de um trabalho de manutenção de alta qualidade, ganham mais tempo para se concentrar nas atividades de plantio, colheita e comercialização da produção.

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 23


passo a passo

Frenagem eficiente Nos tratores agrícolas, o sistema de freios, quando corretamente conservado e ajustado, proporciona ao operador a garantia de uma frenagem segura, sob as mais diversas condições de tráfego e/ou utilização do conjunto mecânico nagens contínuas durante a operação no campo. Embora sejam os componentes de um sistema de freios rigorosamente projetados e fabricados, o uso contínuo dos freios durante um período longo resultará inevitavelmente em desgaste natural de alguns de seus componentes. Tal fato aponta à necessidade de substituição e/o ajuste de certos componentes depois de determinado tempo de serviço. Os tratores geralmente vêm equipados com freios com banho de óleo de acionamento mecânico ou de acionamento hidráulico.

FREIOS MECÂNICOS Nos tratores que possuem o acionamento mecânico, sempre que a folga for exagerada ou diferente entre os pedais, o curso deles deve ser ajustado. Para tanto aplique força a um dos pedais e usando uma régua você meça o curso do pedal sempre pelo lado de fora. A folga em relação ao outro pedal deve ser de quatro a cinco centímetros. Se for diferente pro-

O

sistema de freios constitui uma das partes mais importantes dos tratores agrícolas. Eles são projetados para oferecer segurança e dar o máximo de rendimento com um mínimo de manutenção. Corretamente conservado e ajustado, o sistema de freios proporciona ao

24 • Dezembro 06 / Janeiro 07

operador a garantia de uma frenagem segura, sob as mais diversas condições de tráfego e/ou utilização. No uso contínuo de um trator, nenhum componente é tão intensamente sujeito a esforços e altas temperaturas quanto o sistema de freios, isto em decorrência das fre-

Para saber a folga aplique força a um dos pedais e usando uma régua meça o curso do mesmo


“Os tratores geralmente vêm equipados com freios com banho de óleo de acionamento mecânico ou de acionamento hidráulico” Fotos Massey Ferguson

O nível do fluído de freios deve ser verificado a cada 50 horas de trabalho

ceda a seguinte regulagem: Gire a porca localizada junto à trombeta do lado direito do eixo traseiro, para a esquerda ou para direita, até conseguir a folga desejada. Girar a porca no sentido horário diminui a folga do pedal; já girar a porca no sentido anti-horário aumenta essa folga. Depois repita o mesmo procedimento para ajustar o outro pedal a fim de que os dois fiquem com a mesma folga.

FREIOS HIDRÁULICOS Nos tratores com freio de acionamento hidráulico, a cada 50 horas de trabalho, você deve verificar o nível do fluido dos freios. Ele sempre deve estar entre as duas marcas - de máximo e de mínimo. Para ajustar a folga dos freios dos tratores com acionamento hidráulico você deve proceder primeiro a sangria do sistema. Para isso complete o nível do reservatório com o fluido recomendado. Depois coloque uma mangueira no bujão de sangria,

A folga nos freios de acionamento hidráulico deve variar de 0,5 a 1 cm

Gire a porca localizada junto a trombeta, para esquerda ou para direita, até conseguir a folga desejada nos tratores que possuem freios de acionamento mecânico

ponha a outra ponta da mangueira no frasco com o fluido, acione o pedal algumas vezes e o mantenha pressionado. Afrouxe o bujão de sangria localizado sobre cada cilindro-servo junto às trombetas e deixe escoar o fluido, cuidando para que este não lhe atinja. Feche-o logo em seguida. Somente depois disso solte o pedal e confira se ele está firme - isso indica uma boa atuação do mesmo. Execute esse procedimento uma, duas ou três vezes. Se fizer a sangria e o pedal não ficar firme, será necessário substituir o reparo dos cilindros-mestres e/ou cilindros-servos. Cuide para que não falte fluido no reservatório durante a sangria, pois isso aumentaria a entrada de ar no circuito.

Para proceder a sangria do sistema primeiro complete o nível do reservatório com fluído

Repita o processo com o outro pedal. Os dois pedais devem possuir uma folga que varia de 0,5 a 1,0 centímetro. Se assim mesmo encontrar uma folga maior do que a especificada, faça ainda o ajuste do pedal. Para tanto solte a contraporca que prende o pedal e gire a haste a te obter a folga recomendada. Finalmente faça o teste de aplicação simultânea dos freios. As duas rodas traseiras M deverão frear ao mesmo tempo. Colaboração Massey Ferguson

USO CORRETO

N

a operação do trator, em manobras de campo, deixe os freios desacoplados (independentes). Eles devem permanecer assim até o final do trabalho. No entanto, quando o trator for operado na estrada, os pedais de freio devem estar unidos. Isso é importante para que a frenagem seja feita com segurança e em menor distância em casos de necessidade. Para travar os freios conjugue os dois pedais através da trava de união. Pise com firmeza nos pedais e depois puxe a trava para que eles permaneçam travados. Para destravar os pedais no caso de operação na lavoura, exerça um esforço sobre os mesmos e empurre a trava que prendia o sistema. Por sua vez, o freio de estacionamento (freio de mão) deve ser acionado sempre que o operador parar e descer do trator.

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 25


Fotos Fabiano e Arno Dallmeyer

Maripá encerra a tempor

D

urante o final de semana do dia 11 de novembro, aconteceu o GP Vipal de Arrancada de Tratores, no Tratoródromo de Maripá, cidade do oeste do Paraná, válido pela quarta edição do Campeonato Brasileiro da categoria. Promoção da HSJ Desenvolvimentos, organização do Automóvel Clube de Maripá, supervisão da Federação Paranaense de Automobilismo (FPrA), apoio da Prefeitura de Maripá e patrocínio da Vipal e da Firestone. A cada ano o Arrancadão de Tratores firma-se mais, como uma das grandes competições automobilísticas do Brasil e agora ganhou status internacional com a participação de três pilotos do Paraguai. Como sempre o evento levou ao local um grande público, que assistiu da arquibancada natural coberta, a pegas emocionantes e também às apresentações do Zerinho Bomba Show, que a cada etapa tem incrementado as suas manobras. Ocorreram também sorteios de brindes e de dois veículos VW Brasília, reformados ao estilo “Lata Velha” e equipados com um kit férias.

carismático Carlinhos, durante o final de semana. Paulo Radetzki, estourou quatro turbinas, fazendo com que a equipe praticamente não tivesse descanso nas madrugadas da cidade. Apesar das dificuldades, sagrou-se campeão brasileiro de Arrancada de Tratores, pilotando o trator da equipe Brutus, equipado com motor MWM. Vice-campeão do ano passado, Paulo venceu o GP Vipal, derrotando na final, numa disputa emocionante, a Ivan Schanoski, também de Maripá, que corre pela equipe Azulão. Os dois simplesmente inverteram o resultado do ano passado, quando Ivan foi o campeão e Paulo o vice. Na terceira colocação se classificou Dorval Conci Júnior, da equipe Conci Motorsport, campeão de 2004, que venceu o Valdecir Ro-

hloff, da equipe Família Wagner. Na quinta colocação ficou David Bretzke, da equipe Metracol, enquanto que o paraguaio Alexandre Poland, da equipe QM, estreou no Brasileiro de Arrancada de Tratores conquistando o sexto lugar. Paulo Radetzki diz que o título brasileiro é a vitória do trabalho. “Desde que vencemos em Não-Me-Toque no ano passado, estamos investindo na equipe e treinando muito. Fomos vice no ano passado e quebras impediram que brigássemos pela vitória em Fraiburgo (SC) e NãoMe-Toque (RS) este ano. Dedico o título aos familiares e a todos os integrantes da equipe”, afirma Paulo.

David Bretzke teve problemas e ficou em quinto lugar

Festa da equipe campeã

PARAGUAIOS

O CAMPEÃO Muito trabalho para o mecânico Daniel e esposa, bem como para o diretor da equipe, o

26 • Dezembro 06 / janeiro 07


por Arno Dallmeyer - arnomaq@yahoo.com.br

rada 2006 de Arrancadão

Zerinho Bomba Show

A competição teve brilho adicional com a presença dos paraguaios Alexandre Poland, da equipe QM; Lívio Foster, da Brutus II e Anderson Lotermann, da equipe Cavalo de Aço. Alexandre Poland conquistou o sexto lugar e deixou Maripá impressionado com a estrutura do Arrancadão de Tratores, destacando o profissionalismo dos organizadores e o interesse da imprensa. “Já competi em outras categorias no Paraguai, mas nada como o que vi em Maripá. Vou trabalhar duro para brigar por vitórias na próxima temporada”, salienta Poland. Lívio destaca que na próxima temporada pretende brigar para estar no pódio em um dos GPs que irá participar. “A estréia sempre é complicada e ainda mais quando você está competindo em outro país. Mas fomos bem recebidos e todas as outras equipes procuraram nos ajudar com informações técnicas.” Já Anderson Lotermann disse que não esperava tanta organização e ficou de queixo caído com a cobertura da imprensa. “Sentimos que a categoria é interessante e vamos estar pre-

Um futuro piloto!

Chegada

sentes, se possível, em todas as provas que serão realizadas no próximo ano”, acentua.

RECORDES Destaque para Anildo Schanoski, o Kindy, da equipe 601, que se constitui no piloto mais rápido da competição e quebrou o recorde do Tratoródromo de Maripá por três vezes seguidas nas etapas classificatórias, até estabelecer a marca de 9s381 para os 201 metros da pista. O recorde anterior de 9s489 pertencia a David Bretzke. Quebrando um recorde atrás do outro, Anildo dominou a competição até a última bateria classificatória quando quebrou o eixo-piloto do seu trator. A equipe não conseguiu fazer os reparos a tempo e por isso ele ficou fora da seqüência da competição. Anildo foi homenageado no pódio pelo primo Ivan Schanoski, que lhe ofereceu o troféu de vice-campeão. Os dois têm como preparador Ivanir Lazarin.

Paulo Radeski, o campeão!

DESPEDIDA Não é o que gostaríamos de escrever, mas nesta edição estamos encerrando temporariamente a publicação da coluna Esporte Trator. Estamos à disposição dos amigos e leitores pelo e-mail ou por demais contatos via redação da Cultivar Máquinas, a quem agradecemos a cooperação e o apoio prestados em 29 edições da coluna. Aos leitores, nosso agradecimento.

Podium

Dezembro 06 / janeiro 07 • 27


aplicação de fungicida

Fotos Eugênio Passos Schröder

Contra a cárie

As pulverizações aéreas de fungicidas em arroz são muito utilizadas, em função do não-amassamento das plantas da cultura, rapidez e uniformidade da aplicação, além do custo vantajoso. Alguns cuidados são essenciais para aumentar a eficiência desse tipo de aplicação

N

o caso específico da cárie do arroz, três motivos que têm levado os agricultores a utilizarem as aeronaves são: a oportunidade de pulverizar no momento ideal, pois o intervalo recomendado para o controle efetivo da doença é muito estreito; o fato de não disseminar esporos pela lavoura, como pode ocorrer com o trânsito de pulverizadores terrestres; a lavoura encontrar-se inundada por ocasião da aplicação dos fungicidas, comprometendo o trânsito de máquinas. A terceirização do serviço é uma característica muito vantajosa para o produtor, que não precisa imobilizar recursos com a aquisição de equipamentos e contratação de mão-de-obra, disponibilizando seu capital para outros segmentos da área produtiva. O serviço da aviação agrícola é contratado de acordo com a necessidade do orizicultor, que paga apenas pelas aplicações realizadas em sua propriedade. Conhecer corretamente o alvo a atingir nas pulverizações de fungicidas em arroz é muito importante. Toda a planta deve ser atingida pela pulverização, mas é imprescin-

28 • Dezembro 06 / Janeiro 07

dível que as folhas superiores (folha bandeira) e as panículas que entrarão em floração recebam uma cobertura de gotas muito uniforme. No caso de aplicações seqüenciais, as panículas em floração em todos os afilhos constituem o alvo principal.

um terço delas atinjam a parte inferior das plantas. Deve-se lembrar que a mobilidade destes produtos nas plantas é menor que a de outros agroquímicos, como é o caso de

GOTAS PULVERIZADAS Definida pelo número de gotas por centímetro quadrado, a densidade de gotas varia com o volume de calda aplicado, tamanho das gotas, regulagem dos equipamentos, tipo de formulação do agroquímico, entre outros fatores. A maioria das pulverizações aéreas caracteriza-se por gerar gotas com diâmetro inferior a 300 micrometros (mm), ou seja, 0,3 milímetros. Gotas menores e mais numerosas são ideais para as pulverizações de fungicidas em arroz, devido ao maior recobrimento das diversas partes das plantas e maior penetração no dossel foliar. A experiência tem mostrado que densidades entre 40 e 50 gotas/cm2, no topo da cultura, são suficientes para os fungicidas sistêmicos, sendo desejável que pelo menos

Os bicos cônicos, para a produção das gotas, atuam por energia hidráulica proveniente da bomba de pulverização


“O conhecimento do alvo a atingir nas pulverizações de fungicidas em arroz é muito importante: folhas superiores e, principalmente, as panículas”

CONDIÇÕES AMBIENTAIS

É

Atomizadores rotativos são apropriados para pulverizações aéreas de fungicidas em arroz O preparo das caldas dos fungicidas deve ser realizado em tanque de pré-mistura

alguns herbicidas, o que exige uma cobertura de gotas mais rica. Ainda existe, por parte de profissionais e agricultores, a idéia de que quanto mais água melhor, ou seja, que maiores volumes de calda resultam em melhor controle da doença. Isto não é verdade. É certo que maiores volumes podem resultar em melhor cobertura das plantas, mas também podem proporcionar maior escorrimento e perdas dos fungicidas para o solo quando se utilizam gotas grandes, bem como grande formação de micro-gotas quando o volume é incrementado via aumento de pressão de pulverização, o que resulta em enormes perdas por evaporação e deriva, com sérios riscos de contaminação ambiental. Além disso, altos volumes de pulverização exigem mais carregamentos da aeronave, maior número de pousos e decolagens, translados entre pista e lavoura, gasto de água, o que resulta em elevado custo de tratamento. Tal prática não se enquadra na moderna visão administrativa, onde o objetivo é buscar tratamentos mais baratos, eficientes e seguros.

defletores, que formam jatos planos. Os volumes de aplicação empregados situam-se, na maioria dos casos, entre 20 e 30 l/ha. Devem ser ajustados para formarem gotas com diâmetro mediano volumétrico -DMVao redor de 200 µmm. Atomizadores rotativos são muito apropriados para pulverizações aéreas de fungicidas em arroz. Possuem tambores de tela ou de discos, que giram a altíssima velocidade, fracionando o líquido em gotas muito uniformes, com tamanho entre 100 e 200 µmm, o que é desejável e recomendável. O volume de calda situa-se entre 5 e 20 l/ha. A tecnologia denominada de baixo volume oleoso -BVO- tem sido adotada com sucesso para controle de doenças em arroz. Agrega atomizadores rotativos e adição de óleo na calda dos fungicidas. As gotas geradas são muito pequenas, mas não sofrem tanta evaporação como àquelas apenas com água, tendo “vida mais longa”, ideais para situações de menor umidade relativa do ar.

de fundamental importância o monitoramento das condições ambientais, que deve ser efetuado na lavoura, durante a pulverização. Temperatura inferior a 30 oC e umidade relativa do ar superior a 55% resultam em menor evaporação das gotas aspergidas. O ideal é que as aplicações aéreas sejam realizadas com ventos entre 3 e 10 km/h, pois o vento nulo favorece a formação de correntes ascendentes e velocidades superiores a 10 km/h oferecem maior risco de deriva. Ventos com rajadas são altamente condenáveis. Como nem sempre estes três fatores encontram-se simultaneamente em condições ideais, deve-se buscar realizar as pulverizações de fungicidas em arroz nos períodos do dia mais favoráveis, programando-se para o restante da jornada outras aplicações menos exigentes quanto às condições ambientais, como as adubações com uréia. Em condições teóricas de pulverização, sob parâmetros ambientais ideais, sem perdas por evaporação e deriva, considerandose que o espectro de gotas pudesse ser homogêneo (todas as gotas de cada aplicação do mesmo tamanho), uma pulverização de fungicida com bicos hidráulicos a 30 l/ha,

DISPOSITIVOS DE APLICAÇÃO A calda do fungicida precisa ser transformada em gotas para uma adequada distribuição nas lavouras. A este processo denomina-se pulverização e os dispositivos responsáveis por esta função são os bicos de pulverização e os atomizadores rotativos. Os bicos atuam por energia hidráulica proveniente da bomba de pulverização. Os mais empregados são aqueles que utilizam pontas e difusores para formar um jato tipo cônico, bem como os bicos de impacto com A tecnologia denominada de baixo volume oleoso -BVO- tem sido adotada com sucesso para controle de doenças em arroz

Dezembro 06 / Janeiro 07 • 29


Fotos Eugênio Passos Schröder

Charles Echer

ALTURA DE VÔO

V

ôos muito baixos são extrema mente desaconselháveis. Eles impedem que as gotas distribuam-se na forma de uma esteira uniforme após a passagem da aeronave pela área visada, causam concentração de produto no centro da faixa e, o que é pior, favorecem o movimento ascendente de gotas as quais ficam então sujeitas à evaporação e deriva. Vôos excessivamente baixos comprometem a segurança operacional. A altura média recomendada é de dois a três metros para barra com bicos hidráulicos e de três a quatro metros quando se utilizam atomizadores rotativos. com DMV de 250 µmm, geraria 37 gotas/ cm2 no topo das plantas do arroz, enquanto um volume de 20 l/ha e DMV de 200 µmm resultaria em 48 gotas/cm2. Por outro lado, se os equipamentos selecionados fossem atomizadores rotativos, com volume de calda de 10 L/ha, gotas com 150 µmm, a densidade de gotas seria de 57 gotas/cm2, enquanto que com DMV de 125 µmm seriam obtidas 98 gotas/cm2. Deve-se destacar que estas opções, além de proporcionarem uma cobertura mais rica do alvo, gerariam uma maior penetração das gotas entre as plantas.

Os atomizadores BVO possuem tambores de tela ou de discos, que giram a altíssima velocidade e fracionam o líquido em gotas pequenas e uniformes

PREPARO DA CALDA O preparo das caldas dos fungicidas deve ser realizado em tanque de pré-mistura, agitando-se vigorosamente os produtos com água através de moto-bomba, juntamente com a água de enxágüe das embalagens vazias. Caldas aquosas são preparadas na seguinte ordem: colocar água até a metade do tanque de pré-mistura, acrescentar o fungicida, misturar, completar com água, agitar e bombear para a aeronave. No sistema BVO é imprescindível que a ordem seja a seguinte: colocar óleo no tanque de pré-mistura (se o óleo não for emulsionável, deve ser misturado a um agente emulsificante), acrescentar o fungicida, agitar, só então acrescentar a água, misturar

Eugênio apresenta as vantagens da pulverização aérea de fungicidas nas lavouras de arroz

bem e bombear para a aeronave. A experiência tem demonstrado que óleos vegetais industrializados, prontos para serem misturados na água, proporcionam caldas mais uniformes e de fácil preparo. A operação é realizada enquanto a aeronave está aplicando uma carga para, quando chegar ao aeródromo, ser rapidamente carregada, tornando o serviço bastante dinâmico. Água de qualidade é fundamental para uma boa aplicação. Os fabricantes formulam os fungicidas para serem misturados com água livre de impurezas e problemas de dureza e/ou alcalinidade.

MEIO AMBIENTE A proteção dos trabalhadores envolvidos nas aplicações de agrotóxicos deve ser alvo de atenção dos responsáveis pela assistência técnica nas propriedades rurais, não só pelo fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI), mas, principalmente, pela correta orientação no manuseio dos produtos. Os encarregados do preparo das caldas devem trabalhar sempre de costas para o vento, para que eventuais partículas de pó, gotículas ou vapores não sejam dirigidos para o seu corpo. A tecnologia de aplicação aérea continuará evoluindo, cada vez mais, buscando menor custo e maior segurança ambiental, de modo que a cultura do arroz gere alimento saudável e assegure rentabilidade ao agriM cultor. Eugênio Passos Schröder, Schröder Consultoria Os bicos leque, que podem equipar as aeronaves, também são utilizados para a produção das gotas para pulverização

30 • Dezembro 06 / Janeiro 07




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.