Destaques Matéria de capa
Reguladas para o arroz Os passos indispensáveis para ajustar corretamente as colhedoras e maximizar os resultados
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Desempenho máximo
Semeadura eficiente
O sucesso na aplicação de defensivos em pomares depende de detalhes que vão da escolha do equipamento ao volume de calda necessária
Como eliminar bolsões de ar para garantir excelente germinação e emergência das plântulas
Índice
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Nossa Capa Jacto
Rodando por aí
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Ajuste de colhedoras para o arroz
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Eliminação de bolsões de ar no plantio
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Manutenção do sistema de irrigação
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Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com
Regulagem de pulverizadores para citrus 16 Passo a passo
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Ensaio de tratores
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Show Rural Coopavel
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Empresas - Teejet + FAG
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Empresas - Goodyear + Syngenta
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Técnica 4x4
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Cultivar Máquinas Edição Nº 60 Ano VI - Fevereiro 2007 ISSN - 1676-0158
www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00
• Redação
Gilvan Quevedo Charles Echer • Revisão
Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia • Comercial
Pedro Batistin
Sedeli Feijó • Gerente de Circulação
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Cibele Costa • Assinaturas
Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa
Raquel Marcos • Expedição
Dianferson Alves
NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• REDAÇÃO
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• MARKETING
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Massa menor A Frontale foi o grande destaque da Sfil. Segundo o gerente de Marketing da empresa, Jones Eduardo Escobar, o grande diferencial em relação a outros modelos é que o equipamento possui menor massa, o que reduz a utilização de elevados contrapesos na traseira do trator. Além da Frontale, foi mostrada a semeadora adubadora Soberana, para culturas de verão e inverno.
Cenário animador Paulo Kowalski, gerente regional de Vendas da John Deere, está otimista com os rumos do agronegócio no Brasil em 2007. “O cliente está plantando com custo mais baixo, o preço internacional melhorou, a produtividade cresceu por conta do clima e o milho e a soja voltaram a ser rentáveis. Isso tudo mudou o astral e o ânimo do produtor”, avalia. Mesmo assim, as despesas represadas têm levado os agricultores a uma postura de cautela em relação a novos investimentos. Para alavancar a comercialização, a companhia aposta na venda antecipada para os meses de maio, junho e julho, com manutenção dos preços cobrados atualmente. “Com isso, quem ganha é o cliente. Independentemente de quanto aumentar o valor dos grãos, irá pagar exatamente o que praticamos hoje”, comPaulo Kowalski pletou Kowalski .
Viagem grátis
Pé no plantio
O engenheiro agrônomo Márcio Cruzetta é o assinante felizardo que viajará ao Farm Progress Show nos Estados Unidos com tudo pago pelo Grupo Cultivar e pela Agritours Brasil. A viagem é fruto de uma promoção realizada durante o Show Rural Coopavel, na semana passada (5 a 9/02), em Cascavel (PR), através de parceria entre o Grupo Cultivar e a Agritours Brasil, agência de turismo especializada em viagens técnicas com enfoque na agropecuária.
Vendas aquecidas
Eduardo Escobar
Bons ventos O gerente de Vendas da Semeato, Carlos Dolci, aposta que 2007 será o ano da recuperação do setor de máquinas agrícolas. A expectativa otimista se justifica pela grande procura de produtores por plantadoras durante o Show Rural da Coopavel. As vendas de janeiro também foram animadoras. “Tivemos um aumento de 200% em relação a 2005 e 2006”, informou.
Márcio Kilpp
Silvio Rigoni e Nauri Ribeiro
O gerente de Tratores, Silvio Rigoni, e o analista de Marketing, Nauri Ribeiro, divulgaram no Show Rural o balanço de vendas da Agrale em 2006. A comercialização da empresa cresceu 27% em relação a 2005. O maior aumento foi verificado nos modelos destinados à agricultura familiar e para os segmentos de laranja, café, reflorestamento e horticultura.
Garantia longa A Firestone destacou dois modelos de pneus, ambos com diferencial de mercado de oito anos de garantia. O Super All Traction possui ângulo de 23º e barras contínuas e iguais, o que previne o desgaste desparelho. Já o Ulisses Antuniassi Champion Ground Grip, para colhedoras de arroz, tem entre seis e 14 lonas. “Os implementos estão cada vez mais pesados, por isso projetamos pneus capazes de resistir ao trabalho nessas condições”, explicou o analista de Marketing Agrícola da Firestone, Rafael Ferrari.
A Stara prepara-se para ingressar no mercado de plantadoras. Segundo o assistente de Marketing da empresa, Márcio Kilpp, a apresentação visual deste novo produto já estará disponível na Expodireto, em março, no Rio Grande do Sul. No Show Rural, a Stara destacou o pulverizador Campeiro 500, compacto, de fácil transporte e locomoção.
Fé no futuro O vice-presidente sênior e diretor geral para a América do Sul do Grupo AGCO, André Carioba, acredita na recuperação da agricultura brasileira e na retomada do crescimento das vendas de máquinas agrícolas. “O Brasil terá um ano bastante melhor pela frente”, projeta. A expectativa do executivo é de que com o aumento da safra e caixa mais saudável, o produtor volte a investir no setor. “Janeiro já nos mostra números bem acima do ano passado”, lembrou.
Pulverização eficiente
Carlos Dolci
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A Pla deu destaque ao pulverizador H 3500 F, com movimentação independente nas quatro rodas, rodado adaptado para cultura da cana-de-açúcar, computador integrado e vantagens como a menor compactação do solo durante as operações de pulverização. Produzido no Brasil, possui motor de 215 HP, seis cilindros e barras de 22 a 27 metros, com Mario Rojas (esq.) e Magali Patrícia Alvanoz opção de instalação traseira ou dianteira.
André Carioba
Câmara de ar A Maggion acaba de lançar a câmara de ar agrícola, medida 14.9R24 para aplicação em pneus radiais e diagonais traseiros de tratores. Fabricada com composto especial à base de borracha butílica, garante resistência a elevadas temperaturas, impermeabilidade capaz de evitar perda de pressão, maior resistência a furos e rompimento, performance em todos os tipos de terreno e alto desempenho na aplicação de lastro. Possui garantia de três anos contra defeitos de fabricação e garantia de reposição do conjunto rodante.
Pneus em destaque
Marco Lorenzzo C. Ripoli
José Eduardo dos Santos
A Goodyear apresentou no Show Rural o pneu Superflot +, criado para atender às necessidades do setor sucroalcooleiro. Trata-se de uma modificação do Superflot, antes usado em eixos livres de implementos de arraste e que agora foi reforçado para aplicação também em equipamentos com eixos de tração, como os autopropelidos. “Mesmo com todas as alterações conseguimos manter o mesmo preço”, destacou o gerente de Produtos de Pneus Agrícolas da empresa, José Eduardo dos Santos. Outro destaque foi o Super Traction R 1, importado da Europa, indicado para microtratores, cultivadores mecanizados e tratores de baixa potência.
Assis Strasser
Cartão postal
Cana e algodão A Landini apresentou sua linha de tratores com motorização de 140 cv e 165cv produzidos no Brasil, além das máquinas com motorização a partir de 200cv importados. O foco da empresa está no mercado canavieiro, com os modelos até 165cv, e no mercado de algodão e Centro-Oeste, com os modelos acima de 200cv. Todos os modelos possuem transmissão com 36 marchas à frente e 36 à ré.
Suspensão diferenciada O destaque da Jacto foi o Uniport 2500/24 Star, com suspensão pneumática automática, que proporciona maior estabilidade à máquina porque amortece os impactos e desníveis do terreno e reduz o esforço sobre a estrutura do conjunto.
“Um dos melhores eventos do país em difusão de tecnologia. Cartão postal para o mundo”. Assim, o diretor comercial da GTS do Brasil, Assis Strasser, definiu o Show Rural da Coopavel. O momento favorável, embalado pelo clima, aquecimento dos valores das comodites e o atual cenário do mercado internacional, se refletiu diretamente nas vendas da empresa durante a feira, que foram 15% superiores à comercialização do ano passado.
Aquisição
Precisão O engenheiro Rodrigo Pellegrini Tamani, gerente comercial da Santiago & Cintra, e equipe, destacaram no Show Rural 2007 sua linha de produtos de agricultura de precisão. A empresa trabalha, também, em novos projetos que serão apresentados ao longo do ano.
Ulisses Antuniassi
Com gás A Agrale expôs suas linhas 4000 e 5000, de pequeno e médio portes, como os modelos 5075 e 5085, além dos modelos 6000 e 4230.4 Cargo Compactador. Também chamou a atenção à parceria feita entre a empresa e a Coopavel para a utilização do trator 4100, movido a gás GLP, no recolhimento de lixo.
A KO acaba de contratar o consultor executivo, Edmur Vieira Júnior, para ampliar e fortalecer sua rede de distribuição dos produtos. Ronaldo Nogueira da Cruz, diretor presidente da empresa, está entusiasmado com o atual cenário de recuperação da agricultura. Destacou no entanto, que o momento ainda é de cautela.
Correção
Rodrigo Pellegrine
Tabela 2 – Grandezas médias verificadas Por um erro de composição, na tabela 2 do artigo de capa da edição anterior, página 13, Teóricas Efetivas os valores de grandezas efetivas foram repem3/h mst/h m3/dia mst/dia m3/h mst/h m3/dia mst/dia tidos na coluna das grandezas teóricas. SePinus sp. 8,44 12,41 67,52 99,26 5,75 8,45 45,98 67,59 gue ao lado a tabela corrigida.
Edmur Jr. e Ronaldo da Cruz
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como regular
Fotos John Deere
Ajustadas para o arroz
A correta correta regulagem regulagem de de velocidade velocidade de de trabalho trabalho da da colheitadeira, colheitadeira, rotação rotação ee posição do molinete, aferição periódica dos ajustes dos mecanismos de trilha e retrilha, limpeza diária do bandejão e saca-palha, além do controle controle de de fluxo fluxo de de ar ar do do ventilador, ventilador, são são tarefas tarefas indispensáveis indispensáveis para para melhorar o rendimento rendimento ee evitar evitar perdas perdas na na colheita colheita do do arroz arroz
O
arroz é uma cultura que tem grande abrasividade, por isto as regulagens são fundamentais para redução de perdas de grãos. Todos os anos perdemos toneladas de grãos nas lavouras, mas grande parte destas perdas podem ser evitadas com uma série de cuidados como, regulagens e ajustes nas colheitadeiras, regulagens estas que também têm uma grande importância no aspecto de melhorar o rendimento e a produtividade da máquina. Algumas regulagens são muito importantes e não podemos esquecê-las como: velocidade de trabalho da colheitadeira, rotação do molinete, posição do molinete, aferição periódica dos ajustes dos mecanismos de trilha e retrilha, limpeza diária do bandejão e saca-palha e regulagens do fluxo de ar do ventilador.
TIPOS DE PERDAS Pré-colheita É o primeiro tipo de perda que ocorre no campo. É uma perda que ocorre sem a inter-
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venção ou toque da máquina, pode ser ocasionada pelas características da cultura, intempéries no campo ou mesmo pela elevada produtividade da cultura. Esta perda deve ser analisada antes de iniciar a colheita. Plataforma As perdas na plataforma são as que mais interferem na perda total, e representam a maior parte das perdas. É um importante item a ser analisado e deve ser bem regulada para evitar perdas posteriores a esta. As regulagens da plataforma dependem da cultura, condição e produtividade, para proporcionar uma melhor uniformização do fluxo no interior da colheitadeira. As regulagens estão relacionadas com a velocidade de deslocamento, altura da plataforma e distância entre molinete e barra de corte. Grãos soltos Os grãos soltos no solo, excluindo as perdas de pré-colheita e plataforma, são causados pelos sistemas de separação (rotores ou saca-palhas) e limpeza (peneiras). Podem ser
ocasionados por peneiras muito fechadas, alta rotação do ventilador ou sobrecarga, tanto no sistema de separação quanto no sistema de limpeza. Grãos no cacho Esta perda está relacionada com a regulagem do cilindro e côncavo, faltando agressividade na trilha. Pode ser causada pela abertura excessiva entre cilindro e côncavo, baixa rotação do cilindro trilha, desgastes na barras do cilindro e côncavo ou até mesmo a velocidade excessiva da máquina Para analisarmos as perdas de colheita, podemos dividir uma colheitadeira em 2 grupos: mecanismo de corte e alimentação, responsáveis por até 80% das perdas, e mecanismos de trilha, separação e limpeza com 20% das perdas. Vejamos algumas dicas de regulagens e ajustes para melhorar o rendimento e evitar perdas: Ponto chave para redução de perdas está em proporcionar fluxo de material Suave E Distribuição Homogênea da palha dentro da
“O arroz é uma cultura que tem grande abrasividade, por isto as regulagens são fundamentais para redução de perdas de grãos”
forma está correto e ajustar, se necessário; Importante: Em condições extremas, como arroz ou trigo de alta produtividade com talos verdes, o aumento da velocidade da esteira do alimentador ajuda a “fatiar” as buchas;
colheitadeira, de modo a usar toda a largura disponível do corpo separador e peneiras.
ORDEM DOS AJUSTES Ajuste da plataforma A plataforma é a boca da máquina, portanto está aí um dos pontos mais importantes para uma alimentação uniforme. Regulagem deve iniciar sempre pela plataforma de corte, verificando os seguintes pontos: • Distância entre o sem-fim e o fundo da plataforma; • Distância entre o sem-fim e o raspador fixo; • Distância entre o sem-fim e os raspadores móveis; • Extensão dos raspadores deve estar regulada de acordo com a largura do alimentador. Em caso de colheita em terreno inclinado, podese utilizar as extensões dos raspadores e do semfim para que a palha seja direcionada propositalmente para o centro do alimentador. • Extensões do sem-fim devem estar de acordo com a largura da colheitadeira. Em caso de colheita em terreno inclinado, pode-se utilizar as extensões dos raspadores e do sem-fim para que a palha seja direcionada propositalmente para o centro do alimentador. • Distância entre os dedos retráteis e o fundo da plataforma; • Altura mínima dos dedos do molinete até a barra de corte; A altura do molinete depende muito do bom senso e percepção do operador, se estiver muito perto da navalha, o molinete irá jogar palha para cima, se este estiver muito longe, o molinete não apoiará o material para o corte da navalha. Utilizamos os dedos recolhedores inclinados quando a cultura estiver acamada. Quando o produto estiver em pé deixamos os dedos sem inclinação, ficando na posição vertical. Quando o produto tem menos palha e é menos denso, é utilizado o molinete próximo ao sem-fim e quando o produto for denso ou com muita palha, utilizamos o molinete longe do sem fim. Analisando o ajuste da velocidade de rotação do molinete, se esta estiver muito alta, o molinete irá jogar palha para cima, se estiver muito lenta o molinete não empurrará o produto para dentro da plataforma, fazendo com que as perdas aumentem antes de entrar na plataforma. Nas colheitadeiras John Deere 1450, 1550 e STS, por exemplo, existe um mecanismo que faz o sincronismo automático
O excesso de trilha pode sobrecarregar as peneiras e prejudicar a operação
do molinete com a velocidade da máquina, reduzindo consideravelmente as perdas na plataforma. Alimentador do cilindro Para o alimentador do cilindro o importante é ajustar a altura do rolo central e ajustar a tensão das correntes da esteira transportadora de modo que uma das travessas toque ligeiramente no fundo do alimentador. Para que haja uma alimentação uniforme, se a correia estiver muito solta, o produto embuchará, se estiver muito apertada, ficará uma parte do produto sem ser transportado. • Verificar a posição do rolo flutuador do alimentador do cilindro e ajustar, se necessário; • Em culturas de grãos muito frágeis, como feijão e ervilha, pode-se tentar usar a posição elevada (milho) para minimizar a quebra dos grãos; • Verificar o tensionamento da esteira do alimentador do cilindro e ajustar, se necessário; • Verificar se o alimentador consegue alimentar o cilindro de forma suave, sem buchas; • Verificar se o ângulo de ataque da plata-
Ajuste do sistema de trilha Devemos verificar o paralelismo entre cilindro e côncavo, para a regulagem ser a mais precisa possível. O ajuste da abertura do côncavo é feito de tal forma que a segunda barra do côncavo fique a uma distância entre sete a 8 mm para cilindro de barra e entre 11 a 13 mm para cilindros de dentes. A penúltima barra do côncavo deve ficar a uma distância entre quatro a 5 mm para cilindro de barra e entre oito a 10 mm para cilindro de dentes. A regulagem do cilindro côncavo é uma das mais importantes para a qualidade do grão, se a velocidade de rotação do cilindro for muito alta e com uma abertura pequena, o produto será triturado e quebrará o grão, porém, se a velocidade de rotação do cilindro for baixa e a abertura for muito grande, o produto não será trilhado. • Operar a máquina a uma velocidade aceitável de colheita, de modo a encher de produto o corpo separador; • Verificar se a palha está distribuída homogeneamente em toda a largura do alimentador e côncavo. Se necessário, ajustar a plataforma e/ou o nivelamento do côncavo; • Verificar se existem grãos quebrados no tanque graneleiro ou grãos não trilhados sobre as peneiras e no elevador de retrilha; • Ajustar a velocidade do cilindro em passos de 50 a 100 rpm, de acordo com o necessário; • Caso ainda persistam os problemas, ajus-
A regulagem do cilindro côncavo é uma das mais importantes para a qualidade do grão colhido
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Fotos John Deere
O ajuste correto das peneiras é indispensável para evitar perdas
km/h, e verificar se existem perdas nas peneiras. Caso forem verificadas perdas, baixar a rotação do ventilador em passos de 50 a 100 rpm até desaparecerem as perdas; • Ainda operando a colheitadeira a uma velocidade de 1 km/h, aumentar a velocidade do ventilador em passos de 50 a 100 rpm, até iniciarem as perdas pelas peneiras. Nesse momento, a rotação do ventilador está setada e será a mais adequada para essa cultura e condições.
tar a abertura do côncavo em passos de 2 mm conforme necessário; O excesso de trilha pode sobrecarregar as peneiras. É aconselhável reduzir a trilha, abrindo o côncavo, reduzindo a velocidade do cilindro ou até mesmo sendo retirada uma fileira de dentes do côncavo. Ajuste do sistema de separação • Operar a máquina a uma velocidade aceitável de colheita, de modo a encher de produto o corpo separador; • Verificar se a palha está distribuída homogeneamente em toda a largura dos saca-palhas. Se necessário, verificar extensões do semfim e raspadores da plataforma, e nivelamento do côncavo; • Verificar nível de perdas dos saca-palhas. Em terreno plano, é normal um nível de perdas entre 10-20% maior nos saca-palhas em relação às peneiras em uma velocidade normal de colheita; • Verificar se as peneiras dos saca-palhas estão desobstruídas; • Verificar se existem levantadores faltantes, se o modelo e a inclinação são adequados à cultura; Ajuste do sistema de limpeza O ajuste correto das peneiras é muito importante para evitar perdas. Se a peneira superior estiver muito aberta vai sobrecarregar a retrilha, se estiver muito fechada acarreta em perdas de grãos. Se as peneiras inferiores estiverem muito abertas geram impurezas no tanque graneleiro, se estiverem muito fechadas geram muitos grãos na retrilha e quebradiços. A abertura da peneira inferior deve ser um pouco maior que o grão que está sendo
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colhido, na peneira superior à abertura, deve ser o dobro da inferior. A inclinação da peneira superior pode ser ajustada, de modo a utilizarmos peneiras pouco inclinadas, baixas para terrenos poucos inclinados e de palhas pouco densas, e a peneira inclinada para palhas mais densas e terrenos inclinados, diminuindo assim as perdas de grãos. As peneiras muito abertas, podem também ocasionar perdas, pois travam o palhiço, ocorrendo a sobrecarga nas peneiras. O ajuste da direção e a intensidade do ar devem ser com um direcionamento uniforme do ar para as peneiras. A vazão deve ser ajustada de modo que apenas sopre a palha para fora. • Verificar se as peneiras e divisórias estão limpas e sem obstruções; • Baixar totalmente a extensão da peneira superior (se houver regulagem), de modo a tentar evitar ao máximo a saída de ar pela abertura entre a extensão e a tampa de acesso da peneira inferior; • Ajustar inicialmente as peneiras com a abertura recomendada pelo fabricante para a cultura. Ajustes posteriores podem ser necessários devido a variações da cultura; • Operar a máquina a uma velocidade aceitável de colheita, de modo a encher de produto o corpo separador; • Verificar se a palha está distribuída homogeneamente em toda a largura das peneiras. Se necessário, verificar o pente do bandejão e possíveis obstruções nos saca-palhas; • Ajustar o ventilador para uma rotação em torno de 200 rpm mais baixa do que o sugerido no manual do operador para a cultura; • Operar a máquina a uma velocidade de 1
Verificação do tanque graneleiro • Operar a máquina a uma velocidade aceitável de colheita, de modo a encher de produto o corpo separador; • Verificar se existem muitas impurezas no tanque graneleiro; • Se necessário, fechar a peneira inferior em passos de um “dente” por vez; Verificação do nível de retrilha • Operar a máquina a uma velocidade aceitável de colheita, de modo a encher de produto o corpo separador; • Se o volume de retrilha for elevado, verificar se existem muitos grãos livres no elevador de retrilha. Grão não trilhado/cabeça é um produto normal da retrilha; • Se o número de grãos livres for elevado, abrir a peneira inferior em passos de um “dente” por vez; • Se ainda não resolver, diminuir a velocidade do ventilador em passos de 20 rpm; Para análise das perdas totais, pode-se fazer um quadrado no solo de 30 cm por 30 cm, atrás da área de separação da máquina. Para uma plataforma de 20 pés, se encontrarmos 73 grãos, isto representará uma perda de 50 kg/ha. M Alirio Schuler e Eduardo Martini, John Deere
Alirio Schuler e Eduardo Martini destacam a importância da regulagem das colhedoras
símbolos eliminação de bolsões de ar
Charles Echer
Semeadura eficiente
A eliminação de bolsões de ar durante a abertura e fechamento dos sulcos no plantio direto é tarefa tarefa importante importante para para garantir garantir aa correta correta germinação, germinação, emergência emergência das das plântulas plântulas ee oo bom bom desenvolvimento desenvolvimento na na fase fase inicial inicial da da cultura cultura mento, além de evitar grandes oscilações de temperaturas diurna e noturna do solo, estabelecendo, assim, condições mais favoráveis para a emergência das plântulas. O estabelecimento de uma cultura inicia-se com a semeadura e a subseqüente germinação das sementes e emergência das plântulas. Nessa oportunidade, o comportamento físico do solo ao redor das sementes assume grande importância para o bom desenvolvimento inicial da cultura, assegurando uma população adequada de plantas, capacitando-a a alcançar a produtividade desejada.
Na ação de abertura e fechamento do sulco, obtêm-se condições diferenciadas de microclima na região próxima à semente, formando os famosos bolsões de ar, que resultarão em uma velocidade maior ou menor de emergência das plântulas. A redução destes bolsões favorece os ambientes térmico e hídrico e o condicionamento físico do solo ao redor das sementes, assegurando uma população adequada de plantas e um bom desenvolvimento inicial da cultura. A movimentação da água até a semente, a transferência de calor, aeração, densidade do solo e a macroporosidade são Fotos Elton Fialho dos Reis
A
utilização das semeadoras em uma propriedade tem por obje tivo a realização do plantio de uma forma rápida e eficiente, dentro de um período pré-estabelecido, de acordo com as exigências das diferentes culturas e diferentes tipos de solo e clima, nas várias regiões agrícolas do país. Nos últimos anos tem ocorrido mudança significativa na visão da sociedade de manter e recuperar os recursos naturais e surgido questionamentos sobre perdas de solo por erosão e a conseqüente poluição hídrica. O plantio direto é uma prática que pode minimizar estes efeitos indesejáveis para uma agricultura sustentável. Tendo a propriedade de evitar a degradação da estrutura do solo, esse sistema bem manejado resulta em uma cobertura do solo com restos de cultura, melhor proteção contra o aqueciFigura 2 – Mecanismo de abertura do sulco e roda compactadora (da esq. para a dir. Disco duplo, roda de borracha e roda lisa em “V”)
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Figura 1 - Semeadoraadubadora de plantio direto utilizada no ensaio
consideravelmente influenciadas pela estrutura do solo próximo à semente. Estas modificações físicas impostas pelos mecanismos de abertura e compactação das sementes exercem uma grande influência no espaço poroso, através do qual se realizam o movimento da água e a troca gasosa no solo, ambos processos de grande importância na germinação e emergência das plantas. Quando se utilizam diferentes mecanismos de abertura e fechamento do sulco, espera-se que ocorram diferenças na relação solo-semente. Entretanto com a grande diversidade de solos encontrados nas diferentes regiões do país, torna-se difícil e até inviável do ponto de vista prático que uma máquina possua todas as características que possibilite uma redução dos bolsões de ar formados próximo à semente, o qual é prejudicial para a germinação das mesmas. Uma condição fundamental para a germinação das sementes é o teor de água do solo. A semente tem que atingir a umidade suficiente para germinar e iniciar o crescimento radicular. Para culturas como a soja (leguminosa), é necessário que as sementes contenham cerca de 50 a 60% de água para iniciar o processo de germinação, enquanto que para o milho (gramíneas), esse teor é menor em torno de 35 a 40%. Para isso, é necessário que não apenas o teor de água do solo seja adequado, mas que a relação solo-águasemente seja favorável. O fluxo de água até a semente é influenciado pela estrutura do solo deixada pelos mecanismos de abertura de sulco e compactação próxima à semente. Após o aterramento, há necessidade de se compactar o solo sobre as semen-
tes, para que estas absorvam água com mais facilidade. São as rodas compactadoras as responsáveis pela compactação do solo sobre as sementes e, conseqüentemente, evitando a ocorrência de bolsões de ar e selamento superficial sobre a linha de semeadura. Existem no mercado modelos de rodas compactadoras que facilitam o fechamento evitando a formação destes bolsões de ar. O desenho e a operação da roda compactadora têm considerável influência sobre o ambiente do solo em torno da semente, esta compactação aplicada sobre o solo pelas rodas pode ou não ser bené-
fica ao ambiente geral da semente, o que dependerá do nível de pressão e desenho da roda, do tipo e umidade do solo e das condições climáticas entre o período de semeadura e a emergência. A formação de bolsões de ar é um fator limitante para o processo de semeadura direta em algumas culturas. Logo algumas providências devem ser tomadas no sentido de minimizar estes bolsões no momento da semeadura. • Regular a pressão de compactação na superfície do solo permitindo uma ligeira pressão próxima às sementes. • Semear a menores profundidades de acordo com as características das sementes. • Realizar a semeadura com o solo na faixa friável, principalmente em solos argilosos. • Utilizar rodas compactadoras que pressionam o solo também nas laterais do sulco de semeadura. Deve ser observado ainda que em sulcos com a semente bem aterrada, maiores são as percentagens de emergência de Figura 3 - Imagem original 0,22 kg/kg e ao lado imagem tratada
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“As “armas” para esse combate são os equipamentos de pulverização em geral, bombas hidráulicas, pontas/bicos de pulverização e a munição bastante variada” Fotos Elton Fialho dos Reis
Figura 4 - Imagem original 0,28 kg/kg e abaixo imagem tratada
Figura 5 - Imagem original 0,34 kg/kg e abaixo imagem tratada
plantas. Assim, a melhoria e a regulagem correta dos componentes de abertura, fechamento e compactação de uma semeadora-adubadora de plantio direto podem melhorar sensivelmente seu desempenho na obtenção de melhores índices de emergência.
mo à semente. Para tanto, foi necessário realizar análise de imagens de seções finas de blocos impregnados, preparados a partir de amostras de solo não deformadas e que continham a semente. Sobre a linha de semeadura, em local representativo, foram coletadas amostras indeformadas de solo cravando uma caixa de metal de dimensões de 0,16 x 0,08 x 0,08 m, a qual, deveria conter pelo menos uma semente. Cada amostra recebeu uma mistura impregnadora, previamente preparada, à base de resina de poliéster, estireno, catalisador da resina e pigmento Uvitex líquido (Ciba-Geigy®), assim que a impregnação foi concluída, foram realizados cortes sucessivos de 0,01 m de espessura ao longo do eixo vertical, nos microperfis impregnados, até que foi identificada a semente (Figura 6). Posteriormente estes microperfis foram fotografados, tratados e quantificados a porosidade em percentual, correspondente à área branca da imagem (Figura 3, 4 e 5).
DETERMINAÇÃO DA ESTRUTURA DO SOLO As imagens foram produzidas em um Latossolo Vermelho Argiloso (43% de argila). Foi utilizada uma semeadora-adubadora, com configuração para semear duas linhas na cultura do milho, com espaçamento de 1 m entre linhas (Figura 1). A máquina apresentava, conjunto rompedor e distribuidor de fertilizantes do tipo disco de corte mais disco duplo defasado para o adubo, distribuidor de sementes tipo disco duplo defasado, mecanismo de compactação tipo roda de borracha e roda lisa, como mostrado na Figura 2. Por meio do estudo da micromorfologia de blocos polidos de solo, possibilitou a quantificação da porosidade e distribuição dos poros no perfil revolvido pelos mecanismos de abertura e fechamento do sulco da semeadora–adubadora, viabilizando o estudo do microambiente próxi-
redução do tamanho de partículas e, conseqüentemente, aumentando a macroporosidade, como mostram as figuras 3 e 3A. Nos maiores teores de água, houve tendência de maior força de adesão entre agregados no sulco, pela natureza caulinítica do solo em condições de umidade favoráveis ao estado plástico, contribuindo para diminuir a macroporosidade, como mostrado nas figuras 5 e 5A. A descrição visual das imagens indica tendência geral de formação de agregados menores de solo e a formação dos bolsões de ar próximos à semente, em todos os níveis de umidade de solo estudados, devido à pulverização do solo provocada pelo mecanismo tipo disco duplo, como mostrado nas figuras 3, 4 e 5. O disco apresentou maior valor de macroporosidade dentro do teor de água de 0,22 kg/kg e 0,28 kg/kg, isso devido ao fato de o disco duplo pulverizar o solo de forma mais eficaz, favorecendo, assim, a redução do tamanho do agregado e, conseqüentemente, aumentando a macroporosidade. Com o teor de água de 0,34 kg/kg houve redução do valor de macroporosidade, estes valores podem prejudicar a semente, aumentando o tempo de emergência, principalmente em caso de falta de água após a semeadura. Possivelmente os valores de macroporosidade do solo dentro dos teores de água estudados, nos diferentes mecanismos compactadores, tenham condicionado um microambiente satisfatório para a emergência das plântulas, pois não houve diferenças significativas nos índices de emergência de plantas. Vale ressaltar que o presente estudo restringiu-se a um tipo de solo, devendo-se tomar cuidado com M as extrapolações. Elton Fialho dos Reis, UEG/Unucet
MACROPOROSIDADE O mecanismo tipo disco duplo fragmentou o solo de forma mais homogênea nos menores teores de água do solo, devido à ação mecânica, favorecendo a
Figura 6 - Foto ilustrativa dos blocos polidos de solo impregnado com a semente de milho
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manutenção programada
Prevenção na entressafra Com o fim da colheita de arroz, é hora do produtor pensar na manutenção do sistema mecanizado de bombeamento de água. Alguns cuidados básicos garantem maior vida útil e previnem paradas indesejadas na safra seguinte
N
a atualidade, uma das atividades mais significativas para fins de composição do custo na produção do arroz é, sem dúvida, a irrigação. Diante deste panorama, é vital a importância das ações de revisão e manutenção programada efetuadas sobre o sistema de bombeamento na época da entressafra, pois, logicamente, de maneira geral, é neste período que o sistema se encontra ocioso ou em hibernação – Sistema Mecanizado de Bombeamento para lavoura de arroz). A introdução de programas e
rotinas de manutenção preventiva nos sistemas e instalações, responsáveis pelo fornecimento de água às lavouras de arroz, diminui os riscos de defeito ou falha e, por conseguinte, paradas indesejadas durante o período de irrigação, minimizando os gastos com reparos de urgência e o desperdício de energia; afinal, “tempo é dinheiro”, e tempo parado é aumento de custo e conseqüentemente perda de lucratividade. Outros problemas a médio e longo prazos podem advir do mau funcionamento do sistema de irrigação, quais sejam, os efeitos ecológicos
danosos, com impactos ambientais praticamente irreversíveis, como extinção da mata ciliar, assoreamento e alterações bioquímicas da água, o que pode resultar em comprometimento da capacidade de regeneração da fauna e da flora, bem como da própria capacidade de armazenagem de água na bacia hidrográfica. Além do enfoque hídrico, tem-se, obrigatoriamente, que focalizar o atendimento às necessidades de demanda de energia que, no período de irrigação, sobrecarregam os sistemas de distribuição e as redes das operadoras e concessionárias de enerCultivar
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“Na atualidade, uma das atividades mais significativas para fins de composição do custo na produção do arroz é, sem dúvida, a irrigação” Fotos Marcelo Melo Soriano
Checklist
gia elétrica, o que, obviamente, reverte em custo de produção.
O conjunto motor-bomba, integra o sistema de bombeamento
SISTEMA DE BOMBEAMENTO É fundamental o conhecimento das partes constituintes do sistema mecanizado de irrigação por parte do proprietário e/ou do operador, pois na grande maioria dos casos, são eles que irão detectar os primeiros sinais de mau funcionamento ou presença de pequenos detalhes indicadores de problemas futuros. Um sistema mecanizado de irrigação compõe-se de: • Tubulação de sucção e seus acessórios – que tem a função de conduzir a água do ponto de captação até a bomba (Tubulações); • Tubulação de recalque e seus acessórios – que transmite o fluxo até a rede de canais de distribuição da lavoura; • A bomba propriamente dita, ou máquina operatriz hidráulica (Bombas Centrífugas Radiais); • O motor e os sistemas de transmissão, acionamento e acoplamento – que transformam energia elétrica (ou energia térmica – motor Diesel) em energia mecânica que irá acionar o eixo e o rotor da bomba (Conjunto Motor-Bomba); • Sistema flutuante ou balsa, quando houver (Balsas – Sistema Flutuante),
as a serem tomadas para que o funcionamento perfeito do sistema não seja prejudicado durante o período de trabalho que, no Rio Grande do Sul, varia entre os meses de setembro e março. Mas, o que podemos apontar como “mau funcionamento” de um sistema de irrigação? Podemos afirmar os que os principais indicadores são: a bomba não bombeia; vazão insuficiente; pressão insuficiente; bomba perde escorva após a partida; bomba sobrecarrega o motor; bomba vibra excessivamente; engaxetamento com vida curta; vazamento excessivo através das gaxetas; rolamentos com vida curta; bomba superaquece e/ou grimpa. Cabe ainda ressaltar que, muitas vezes, o mau funcionamento se dá devido ao baixo nível da lâmina d’água do rio ou do reservatório em relação à plataforma do conjunto motobomba, acarretando grandes alturas de sucção
e afetando o nível de submergência do sistema. Outro tipo de problema comum, corresponde à ação do ambiente sobre o material de construção mecânica, principalmente no que diz respeito às canalizações e tubulações, que podem apresentar pontos e/ou áreas de oxidação (mancha de ferrugem), no caso de componentes fabricados em aço-carbono, que certamente irão evoluir para pontos de corrosão, o que, futuramente, abrirá trincas, buracos e/ou fendas, ou causará a redução da seção transversal dos dutos através de incrustações, provocando variações na linha de pressão do sistema aumentando a perda de carga ou vazamentos (esguichos), ocorrências que influenciam fortemente na perda de rendimento. Dentro de uma visão real, é necessário compreender que todo o sistema técnico é projetado para funcionar plenamente e sem defeitos ou falhas por um tempo de vida determinado. Mas o tempo de vida estimado para o sistema depende de uma manutenção periódica de seus subsistemas, cujos componentes nem sempre
PROBLEMAS, AVARIAS E FALHAS COMUNS Apesar da maioria dos sistemas mecanizados de irrigação serem projetados para resistirem a condições de serviços em ambientes externos, sujeitos a intempéries, umidade, temperatura, vento e poeira, entre outros, alguns indicadores de danos futuros podem tornar evidente a necessidade de algumas providênciSistema mecanizado de bombeamento para lavoura de arroz
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Projeto de Sistema Flutuante e Planta do Sistema de Bombeamento
têm a mesma durabilidade do sistema como um todo; geralmente, as peças ou partes do sistema com vida útil mais curta são aquelas que compõem partes girantes acionadoras ou acionadas, que dependem de lubrificação constante e que suportam um número limitado de ciclos previamente estabelecidos pelos fabricantes destas partes (mancais de rolamentos, correias de transmissão, entre outros); ainda pode-se citar as partes e elementos sujeitos a variações de pressão, vibrações, umidade e pó. Sem uma boa planificação de manutenção preventiva não é possível estabelecer prazos e/ou termos de garantia, que devem ser estabelecidos através de documentação clara e objetiva, ou através de pacotes de serviços pré-determinados de assistência técnica, o que depende da organização e da capacidade de atendimento às necessidades do consumidor e do poder de estratégia da empresa desenvolvedora do produto Sistema Mecanizado de Irrigação.
MANUTENÇÃO PROGRAMADA Alguns exemplos de acessórios e utilitários de apoio capazes de orientar o proprietário e/ou operador do Sistema Mecanizado de Irrigação são aqui apontados, contudo, deve-se esclarecer que são necessários conhecimentos básicos de tecnologia de manutenção e operações mecânicas, bem como noções de informática e desenho técnico, para o manuseio satisfatório do material de suporte aqui apresentado: CD Multimídia e Manuais Impressos • Checklist de Verificação: tem a função de servir como um roteiro de verificação, listando os principais itens a serem observados nas diferentes partes do sistema durante a insBombas centrífugas radiais
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peção; (planilha eletrônica e impressa. Exemplo de Checklist de Verificação para a Manutenção Programada) • Planilha das Causas de Mau Funcionamento da Bomba: orienta a identificação imediata das possíveis causas de funcionamento inadequado, enumerando as partes, componentes e elementos mecânicos relacionados com a ocorrência de um determinado efeito indesejado; (planilha eletrônica e impressa – Planilha das Causas de Mau Funcionamento da Bomba) • Plantas e Desenhos do Sistema e suas partes e, ainda, o Manual Específico do Tipo de Bomba Utilizada: eventualmente, estes desenhos e plantas poderão ser necessários a prestadores de serviços e técnicos que não pertencem ao corpo técnico da empresa desenvolvedora do projeto; (Projeto de Sistema Flutuante e – Planta do Sistema de Bombeamento) • Termo de Garantia (impresso e eletrônico): é o documento que explicita as condições e prazos de garantia de funcionamento
do sistema de irrigação, certificando ao consumidor seus direitos e obrigações relacionados ao bem de consumo em questão; • Manual do Operador da Máquina Operatriz Hidráulica: deve ser apresentado e repassado durante a entrega técnica do sistema na propriedade onde o mesmo irá funcionar, contendo modelo, dados e especificações do sistema, bem como apresentar as condições de uso, os riscos e perigos, alertas, procedimentos fundamentais, entre outros; • Manual de Rotinas Básicas de Manutenção Preventiva: apresenta os procedimentos diários, semanais, quinzenais, mensais, semestrais e/ou anuais que devem ser observados para o perfeito funcionamento do sistema, de forma clara, sistemática, com cronograma simplificado. O cuidado com as rotinas básicas de manutenção é o que endoçará o uso do Termo de Garantia no caso de quaisquer sinistros ou não conformidades durante a operação do sistema que, porventura, venham a ocorrer.
“A obtenção de certos dados referentes ao sistema em funcionamento torna-se muito mais ágil e precisa quando utilizados aparelhos de medição de alta tecnologia” Fotos Marcelo Melo Soriano
MÃO-DE-OBRA, FERRAMENTAS E EQUIPAMENTOS Alguns produtores rurais mantêm em sua equipe de colaboradores um ou mais técnicos em mecânica, responsáveis pela manutenção da frota de máquinas agrícolas e implementos, considerando, sob certo ponto de vista, mais viável a “manutenção em casa” do que a opção pelos serviços técnicos especializados oferecidos pelas empresas do setor. Nestes casos, é aconselhável a realização de um curso básico de manutenção muitas vezes oferecido na própria fábrica pela empresa desenvolvedora do sistema de irrigação, ou então um fast course durante a entrega técnica do equipamento no próprio local de instalação do levante. A partir daí, será possível ao empresário rural disponibilizar os recursos necessários, como software, kit de ferramentas, insumos e equipamento mínimo necessário à execução de reparos e rotinas de manutenção mecânica preventiva. Normalmente, por cláusula contratual, o fabricante exige a realização de um curso por parte do funcionário rural, para a validação do Termo de Garantia, desde que este seja incumbido de emitir relatórios periódicos ao Departamento de Assistência Técnica da empresa, ou forneça informações claras e precisas aos técnicos especializados encarregados de inspecionar em campo os sistemas implantados. A obtenção de certos dados referentes ao sistema em funcionamento torna-se muito mais ágil e precisa quando utilizados aparelhos de medição de alta tecnologia, como manômetro digital, tacômetro ótico digital, multímetro/cossifímetro, medidor de vazão por ultra-som e medidor-analisador de vibrações, termômetro e decibelímetro. Alguns instrumentos de medição tam-
A manutenção das tubulações tem papel importante para o bom funcionamento do sistema
O sistema flutuante é empregado em alguns casos
bém podem ser úteis, tais como: trena, comparador micrométrico, paquímetro, calibrador de folgas e relógio apalpador. (Manômetro digital e Medidor de Vazão Ultrassônico).
• Mantenha os croquis do sistema e plantas de instalação guardados em local seguro, porém de fácil e rápido acesso (diagrama unifilar da instalação elétrica, manual da bomba e do motor, curvas características da bomba, planta baixa das instalações; entre outros); • Mantenha contato com a empresa responsável pela execução do projeto ao sinal de qualquer mau funcionamento; na maioria dos casos, o serviço de assistência técnica da empresa só é acionado depois de tentativas mal sucedidas por parte de pessoal não especializado, o que, geralmente, maximiza o problema crucial, despendendo o dobro ou mais de tempo para a solução correta, ou mascara por certo tempo com medidas paliativas à causa real, convergindo, assim, para uma parada repentina não planejada em época de ultra dependência do bom funcionamento; logicamente, isto implica em perdas e, é óbvio, aumento do custo de produção. É importante solicitar o agendamento periódico de uma visita técnica da empresa responsável pelo seu sistema mecanizado de irrigação sempre no período subseqüente à fase de irrigação do arroz, pois isso garantirá um start seguro e sem imprevistos no próximo M período de trabalho.
CONSELHOS E DICAS ÚTEIS Alguns conselhos e dicas úteis podem facilitar a vida do operador e do proprietário do sistema mecanizado de irrigação, quais sejam: • Conheça o seu sistema de bombeamento (partes constituintes, rendimento, capacidade, vazão e consumo de energia.); • Solicite ao fabricante os manuais de operação e rotinas de manutenção do motor e da bomba no momento da instalação do sistema. A empresa de engenharia responsável pela execução do projeto do sistema de irrigação deve providenciar a entrega técnica do mesmo, fornecendo os manuais, termo de garantia, alternativas e referências para assistência técnica autorizada, métodos e técnicas de armazenagem durante os períodos em que o sistema estiver em hibernação;
Distribuição das lavouras de arroz irrigado no Rio Grande do Sul
Marcelo Melo Soriano, José Carlos Guimarães e Ulisses Benedetti Baumhardt, UFSM
Ulisses Benedetti Baumhardt, Marcelo Melo Soriano e José Carlos Guimarães recomendam a revisão programada e preventiva do sistema de irrigação
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regulagem de pulverizadores
Ajustes indispensáveis A A aplicação aplicação de de defensivos defensivos em em pomares pomares requer requer boa boa dose dose de de cuidados cuidados com com detalhes detalhes desde a escolha do equipamento até o volume de calda utilizado. Esses aspectos desde a escolha do equipamento até o volume de calda utilizado. Esses aspectos definirão definirão oo sucesso sucesso ou fracasso da operação, que em citricultura exige requermaior maior atenção pela quantidade de fatores envolvidos atenção pela quantidade de fatores envolvidos
Q
uando se pensa em pulverização, não raro, ainda se associa a eficácia do controle única e exclusivamente com o volume de calda aplicado, desconsiderando-se todos os demais fatores envolvidos na eficácia da aplicação. No entanto, a utilização de turbopulverizadores na citricultura constitui-se num excelente exemplo de como a adequação e a correta utilização de pulverizadores podem interferir significativamente sobre o custo de produção. Aqui, conceitos empregados nas remotas épocas em que os pulverizadores de pistolas eram os mais utilizados nos tratamentos fitossanitários destes pomares, têm sido repassados ao atuais turbopulverizadores, gerando graves perdas, comprometendo a eficácia de inovações tecnológicas, prejudicando o funcionamento dos pulverizadores e onerando o custo de produção. A baixa eficiência do sistema tem levado a utilização de volumes Regulagem de altura inadequada (direita) impede que a deposição de produtos chegue ao topo das plantas
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de calda cada vez maiores, principalmente no controle do ácaro da leprose, buscando-se compensar tais perdas. Para começar a se entender as diferenças entre os dois sistemas, imagine-se com uma pedra com 10 g em uma das mãos e com 10 g de areia fina na outra. Ao atirar-se as duas para frente, com a mesma força, a pedra irá mais longe pois a areia se espalhará rapidamente, caindo próximo ao ponto de lançamento. Este é o princípio de funcionamento dos pulverizadores de pistola, ou dos pulverizadores ‘jato lançado‘, onde a gota depende de sua massa, e consequente energia cinética, para atingir o alvo. Assim, a pistola de pulverização é
uma ponta de alto volume, com o tamanho das gotas controlado pelo giro da manopla localizado no cabo da mesma. Quanto maior a gota, menor o ângulo do cone de pulverização, maior o alcance do jato e vice-versa. A utilização das pistolas, portanto, pressupõe a utilização de gotas grandes. Nesta situação, normalmente, o controle da praga ou doença é diretamente proporcional ao volume, pois uma grande quantidade de calda pode ser necessária para reduzir os efeitos das falhas (físicas e humanas) inerentes ao sistema. Quando se pensa em turbopulverizadores no entanto, os conceitos devem ser alterados. Imagine a mesma pedra
“Pulverizadores com velocidades de ar visivelmente diferentes ao longo da cortina não devem ser utilizados, em função da desuniformidade de deposição da calda”
Instituto Agronômico (IAC), em parceria com o Fundo Paulista de Defesa da Citricultura (Fundecitrus), Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), citricultores e fabricantes de máquinas e acessórios de pulverização, avaliando a eficácia do controle de pragas e doenças com diferentes formas de uso deste equipamento, têm confirmado que, para este tipo de pulverizador, a eficiência não está diretamente relacionada ao volume de calda mas sim a forma como se realiza a sua regulagem e tentar-se-a aqui explicar o por que. Quando da regulagem de turbopulverizadores, o primeiro passo é verificar a rotação de trabalho do trator. Em função do transporte e da distribuição das gotas na planta serem realizados pela cortina de ar, é importante que esta tenha um volume e velocidade adequados à operação. As turbinas, responsáveis pela geração da cortina, são normalmente acionadas pela tomada de potência (TDP) e estão dimensionadas para trabalhar com 540 rpm na TDP, assim, a rotação de trabalho do trator deve ser sempre aquela que proporcione esta condição. Quanto menor a rotação, menor a velocidade de rotação da turbina, menor o volume e velocidade do ar gerados, mais difícil o transporte e distribuição da pulverização e, consequentemente, menos eficaz a operação. A grande maioria dos tratores trás marcado, em adesivos nos paralamas, painel ou mesmo no próprio marcador de rotações, a rotação do motor necessária para proporcionar 540 rpm na TDP. A velocidade ideal de deslocamento deve ser buscada portanto apenas através da seleção da marcha adequada e nunca da alteração da rotação. Quanto mais interno estiver o alvo a ser atingido (ácaro da leprose por exemplo) ou maior a dificuldade para penetração da calda (planta muito enfolhada por exemplo), menor deve ser a velocidade para que o ar tenha volume e velocidade para carregar as gotas até o interior da planta. Quanto mais externo o alvo (chumbi-
VELOCIDADE DO AR Selecionada a rotação e a velocidade, o passo seguinte será avaliar a velocidade do ar ao longo da cortina. Para isso, um método bastante simples é utilizar-se de uma vara comprida com fitas plásticas, feitas com material bastante fino como o utilizado em sacolas de supermercado por exemplo, amarradas a espaços regulares (50 cm por exemplo). Este acessório, quando posicionado à frente da cortina de ar, próximo às plantas, fornece várias noções importantes tais como a distância mínima entre o pulverizador e a planta para que haja ar na região da saia e a velocidade e direção do ar ao longo do perfil da planta. Pulverizadores com velocidades de ar visivelmente diferentes ao longo da cortina não devem ser utilizados, em função da desuniformidade de deposição da calda que proporcionam na planta. Esta pode ser uma importante ferramenta também na regulagem dos defletores, ou volutas, no sentido de evitar que uma quantidade excessiva de ar seja perdida por sobre a planta. Além de uma velocidade uniforme ao longo da cortina de ar, outro fator a se observar, e que tem grande interferência sobre a eficácia da pulverização, é a distribuição deste ar no perfil vertical da planta. Turbinas baixas, quando utilizadas com árvores altas, fazem com que haja uma concentração da calda aplicada na região da saia em função da maior quantidade de bicos nesta área. Como exemplo, uma turbina com barra de 24 bicos cujo centro esteja a 1,5 m do solo, quando pulverizando um pomar com plantas de 4 m de altura, terá 12 bicos para pulverizar 1,5 m de copa na saia e 12 para 2,5 m na parte superior. Esta desuniformidade de vazão proporcionará uma distribuição irre-
Fotos Hamilton Ramos
Jacto
de 10 g e as mesmas 10 g de areia fina não mais atiradas em direção ao alvo mas sim liberadas à frente de um ventilador. Nesta situação, a areia irá mais longe pois será mais eficientemente transportada pela corrente de ar gerada. Este é o princípio de funcionamento dos turbopulverizadores, ou pulverizadores ‘jato transportados‘, onde a gota deve ter um tamanho adequado para ser transportada pela corrente de ar até o alvo. A utilização de turbopulverizadores, portanto, pressupõe a utilização de gotas mais finas e de um volume de ar adequado ao transporte destas até a parte que se deseja atingir da copa.
nho por exemplo) ou menor a dificuldade para penetração da calda, menor a quantidade de ar necessária e portanto maior pode ser a velocidade.
REGULAGENS, ROTAÇÃO E VELOCIDADE Trabalhos com turbopulverizadores, realizados no Estado de São Paulo pelo Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Engenharia e Automação (CEA) do A verificação de uma simples estaca com fitas amarradas em intervalos de 50 cm ajudam no ajuste da velocidade do ar
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Exemplo de cortina de ar bem regulada (esq.) e mal regulada (dir.), onde apresenta falhas em algumas faixas e sobreposição em outras
gular de calda, prejudicando o controle na parte superior da planta. Turbinas mais baixas, fazem também com que o último bico da barra se situe a uma distância bastante grande do ponteiro, resultando em sérias implicações. Quanto maior a distância, menor a capacidade do ar em transportar as gotas, maior a probabilidade de evaporação e deriva e maior também o efeito da gravidade sobre elas. Para evitar a evaporação, alguns produtores optam por utilizar pontas de maior vazão na parte superior da barra de bicos, o que via de regra não resolve o problema, pois maiores vazões representam gotas maiores, com menor capacidade de transporte pelo ar e mais sensíveis aos efeitos da gravidade. Por outro lado, turbinas altas, em pomares adensados na rua, podem fazer com que o primeiro bico da barra esteja bastante alto e muito próximo da planta, proporcionando falhas a pulverização da saia. Assim, ao se dimensionar um pulverizador, deve-se levar em consideração as características do pomar onde o mesmo será utilizado e não apenas o custo de aquisição. A altura ideal da turbina será aquela que permita uma distribuição equitativa dos bicos entre a parte alta e baixa da planta, possibilitando que se trabalhe com pontas de mesma vazão em toda a barra, reduzindo a probabilidade de erros na calibração. Estão disponíveis hoje no mercado brasileiro turbopulverizadores com diferentes alturas e formatos de turbina, que atendem plenamente a necessidade dos citricultores. De qualquer forma, a consulta a um engenheiro agrônomo capacitado é aconselhável.
VAZÃO, PRESSÃO E PONTAS Jacto
A seleção do modelo, vazão e pressão de
trabalho da ponta de pulverização a ser utilizada também está diretamente ligada a eficácia da pulverização. Levando-se em consideração que gotas menores são melhor transportadas pela cortina de ar, as pontas de pulverização selecionadas para uso nos turbopulverizadores devem proporcionar um espectro de gotas adequado a esta finalidade. A seleção de gotas muito pequenas (pulverização Muito Fina) potencializa as perdas por evaporação e deriva. Gotas menores que 100 µm (1 µm = 1 mm/1000) possuem alta probabilidade de se evaporar no trajeto entre a barra de bicos e a planta, elevando as perdas e a contaminação do aplicador e do ambiente. Por outro lado, gotas grandes (pulverização Grossa ou Muito Grossa), além de serem menos eficientemente transportadas pelo ar, possuem menor capacidade de penetração na planta, potencializando o escorrimento na parte externa e prejudicando a deposição na parte interna. Nos estudos realizados pelo CEA/ IAC para a cultura de citros, os melhores, e mais seguros, resultados até o momento estão sendo obtidos com a seleção de pontas que proporcionam gotas entre 150 e 200 mm (pulverização Fina). Todo fabricante de pontas no Brasil deve ser capaz de fornecer tabelas que indicam a variação do tamanho de gotas, dos diferentes modelos que produzem, em função da pressão. Além disso, para aqueles mais técnicos, também está disponível pelo menos um software
para análise da pulverização, que permite avaliar o tamanho e concentração de gotas coletadas sobre papel hidrossensível, posicionados diretamente sobre o alvo pulverizado. Tecnicamente este procedimento é mais adequado, uma vez que características da calda podem alterar o tamanho da gota gerada quando comparado à água pura. Algumas vezes, em função da adequação do tamanho de gotas, alterações na barra de bicos podem ser necessárias. Para um mesmo volume aplicado por planta, numa mesma pressão, uma barra com pequeno número de bicos apresenta um maior volume por ponta e, consequentemente, gotas maiores. Dessa forma, ao se utilizar 2 pontas jogando 1,0 L/ min por exemplo, pode-se ganhar em eficiência (cobertura, deposição e controle) quando comparado a 1 ponta aplicando 2,0 L/min, por se estar adequando a pulverização ao equipamento. O aumento do número de bicos na barra pode ser obtido de duas formas: através do uso de duplicadores, que permitem além da duplicação a angulação das pontas, ou através da troca da barra de bicos por outra com número maior de posições, que reduz a resistência do suporte das pontas ao deslocamento do ar. Em ambos os casos, pode-se selecionar a ponta e a pressão de trabalho que proporcionem o tamanho de gota desejável, adequando-se o volume por planta através do número de pontas na barra. Utilizando-se os conceitos acima de distribuição do ar, da calda e de adequação do
Hamilton Ramos destaca o grande número de variáveis que existem na aplicação em pomares
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“Ao se dimensionar um pulverizador, deve-se levar em consideração as características do pomar onde o mesmo será utilizado e não apenas o custo de aquisição” Fotos Hamilton Ramos
tamanho de gotas diretamente sobre a regulagem de turbopulverizadores no campo, em diferentes épocas do ano, pode-se observar que não há uma relação direta entre o volume de calda aplicado e o controle de pragas e doenças. Aliás, o volume de calda adequado será uma interação da regulagem realizada no tubopulverizador com o produto e o alvo a ser atingido pela pulverização, não podendo ser padronizado.
PRODUTOS QUÍMICOS Com relação a produtos, apesar da grande evolução observada nos agrotóxicos, onde princípios ativos específicos e eficazes em baixas dosagens, formulações com alta capacidade de dispersão e suspensibilidade na calda além de embalagens mais seguras ao trabalhador têm sido desenvolvidas, ainda há uma grande falha em se identificar corretamente os alvos químicos e biológicos a serem atingidos por eles. Entende-se por alvo biológico o organismo que se deseja controlar, seja ele um inseto, fungo ou planta daninha. Como com os atuais conhecimentos e equipamentos disponíveis, não é possível atingir somente o alvo biológico, a fixação do alvo deve ser mais abrangente, recaindo sobre outros itens (alvo químico). Dessa forma, enquanto o agente a ser controlado é por exemplo o fungo causador da pinta preta (alvo biológico), botões florais, flores e chumbinhos deverão ser atingidos pela pulverização (alvo químico). Quando da utilização de produtos com ação preventiva, como na aplicação de fungicidas
Ramal normal, apresenta menor número de bicos e conseqüentemente, maior volume por pontas e gotas maiores
Ramal duplicado permite gotas menores, garantindo maior uniformidade na deposição
para controle de doenças na florada e na fase inicial de desenvolvimento dos frutos, o alvo químico deverá ser considerado também com relação à sua modificação após o tratamento. Como exemplo, trabalhos realizados pelo CEA/ IAC com controle da pinta preta dos citros utilizando oxicloreto de cobre, mostram que no período normalmente considerado de 28 dias como intervalo nas aplicações, na fase imediatamente após a florada, os chumbinhos triplicam seu tamanho e a quantidade de cobre so-
bre eles reduz a cerca de 40% da inicial. Assim, muito provavelmente, o baixo controle da doença conseguido nesta fase com a utilização de fungicidas seja função da alteração na cobertura inicial proporcionada pelo crescimento do fruto, aliado à significativa redução do princípio ativo sobre o alvo químico. A redução no intervalo de aplicação ou a utilização de produtos com ação de profundidade (menor lavagem por chuvas), boa redistribuição lateral (redistribuição com o aumento do chumbinho) e não tóxicos a cultura nesta fase podem constituir em excelentes opções na solução do problema. Uma vez regulado o pulverizador e definido o alvo químico, o volume de pulverização deve ser dimensionado para depositar adequadamente o produto fitossanitário sobre o mesmo. Os resultados obtidos pelo CEA/IAC e seus parceiros confirmam que, na utilização de turbopulverizadores, o volume de calda utilizado não possui correlação direta com a eficácia do controle e que, utilizando-se os conceitos básicos da Tecnologia de Aplicação de Produtos Fitossanitários aqui descritos, grandes reduções nos volumes de água hoje utilizados, não raro em porcentagens que ultrapassam os 50%, podem ser possíveis, proporcionando sensível redução no custo do trataM mento fitossanitário.
UMA ESTRATÉGIA PARA CADA ALVO QUÍMICO
M
uitas vezes, a determinação do alvo químico pode ser modificada em função da biologia da praga ou doença a ser controlada, facilitando ou dificultando a operação de controle. Tomemos como exemplo o controle da mariposa (adulto) do bicho-furão. Durante o dia, esta praga fica escondida no interior da planta, fazendo com que a calda de pulverização tenha que atravessar toda a camada de folhas e penetrar na planta para atingi-la, efetuando o controle. Entretanto, ao anoitecer, inicia seu período de revoada, localizando-se fora ou na superfície da planta, facilitando o contato com a calda de pulverização. Dessa forma, volumes de calda consideravelmente menores podem ser utilizados ao anoitecer, quando comparados à aplicação diurna, sem que isso interfira no controle da praga. Outras vezes ainda, a determinação do alvo químico pode ser modificada em função da capacidade e forma de redistribuição do
produto na planta, que é a capacidade ou não do produto fitossanitáro atingir o alvo biológico de forma indireta por meio de redistribuição, que pode ocorrer por translocação sistêmica, movimentação translaminar (mesostêmica) ou pelo deslocamento superficial do depósito inicial do produto. Cabe lembrar que, na hipótese do produto ser sistêmico, devese identificar se o mesmo tem movimentação apenas ascendente (apoplástica ou acrópeta), apenas descendente (simplástica ou basípeta) ou em ambos os sentidos, antes de se identificar o alvo químico. Além disso, deve-se considerar também esse efeito sistêmico em relação ao alvo considerado. Produtos sistêmicos são aqueles com capacidade de movimentação no sistema vascular da planta (xilema e floema), logo, como frutos não possuem sistema vascular, o efeito mesostêmico tende a ser mais importante do que o sistêmico quando estes são os alvos da pulverização.
Hamilton Humberto Ramos, Kiyoshi Yanai e Douglas Sampaio R. da Rocha, CEA/IAC Demétrius de Araújo, UNESP Marcel Bellato Spósito e Renato Beozzo Bassanezi, Fundecitrus
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passo a passo
Tarefa diária Existem pontos do trator que devem ser verificados diariamente, a fim de garantir bom desempenho e evitar incidentes causados pela falta de manutenção volume da água em função do aquecimento ou resfriamento. Por isso, o nível de água do reservatório deve estar sempre entre os dois níveis indicados, a fim de garantir o funcionamento correto do sistema. Verifique também o nível do óleo do motor. Para isso, o trator deve estar em local nivelado com motor desligado pelo menos há 15 minutos. O nível deve estar entre as duas marcas indicadas e, se necessário, complete com óleo indicado pela fábrica, cuja especificação é possível encontrar no manual do operador. Antes de dar a partida no motor, drene o sedimentador e o filtro do combustível, a fim de retirar as impurezas, como água ou outros líquidos que estarão depositados próximos ao dreno. É recomendado também antes de dar a partida no motor o acionamento da válvula de descarga do pó do filtro de ar para retirar terra e demais impure-
A
s manutenções diárias são procedimentos simples que evitam transtornos e gastos desnecessários, exigindo apenas alguns minutos antes de iniciarem os trabalhos com o trator. Essa manutenção garante maior vida útil aos componentes, bem como o funcionamento adequando, aumentando o desempenho da máquina e garantindo a tranqüilidade durante a jornada de trabalho. Apesar de serem bastante simples, diversos passos devem ser seguidos para efetuar a manutenção completa e, a não-realização desses procedimentos, pode acabar em danos e até mesmo, perda de garantia de alguns componentes.
PASSO A PASSO O sistema de arrefecimento de alguns modelos de tratores possui reservatório de expansão ou compensação, com o objetivo de compensar o aumento ou diminuição do
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O nível do óleo deve estar sempre entre os sinais de mínimo e o máximo
Caso o nível do óleo esteja baixo, deve-se repor até o nível correto
“As manutenções diárias são procedimentos simples que evitam transtornos e gastos desnecessários, exigindo apenas alguns minutos antes de iniciarem os trabalhos com o trator” Fotos Cultivar
zas acumuladas nos trabalhos do dia anterior. Verifique as presilhas das mangueiras de ar e combustível, certificando-se de que não haja nenhuma folga ou rachaduras, que possam comprometer o funcionamento através de vazamentos ou de entrada de partículas indesejadas nos sistemas. Faça também, todos os dias ou a cada dez horas de trabalho, a lubrificação de todos os pinos graxeiros, de preferência com graxas à base de lítio, que atendam às especificações necessárias para cada máquina. Antes de realizar o procedimento, limpe os pinos e posteriormente bombeie a graxa até ela vazar pelas articulações. A localização dos pontos de lubrificação também pode ser encontrada no manual do operador.
OUTROS PROCEDIMENTOS Verifique a tensão da correia ou correias do ventilador e mantenha os respiros sempre limpos, isso facilita a saída dos gases que se formam naturalmente dentro dos sistemas. Quando necessário, ajuste a tensão
Nas mangueiras de ar e combustível, deve-se checar presilhas e localizar possíveis danos
correta das correias, que não deve ter folga acima de 1,5cm. Reaperte as porcas das rodas. Mas atenção ao realizar este procedimento, pois os torques devem ser de acordo com o especificado no manual do operador, a fim de evitar que torques exagerados danifiquem as roscas de porcas ou parafusos. Após cada jornada de trabalho, é recomendado que se reabasteça o tanque de combustível. Este procedimento elimina os vapores de água que se formam no interior do tanque por causa do aumento da temperatura, ou aqueles que entram pelo respiro, juntamente com o ar.
Confira a folga das correias, que não deve passar de 1,5 cm, e ajuste sempre que necessário
Seguindo diariamente esses passos, você garante o funcionamento perfeito do trator, sem levar sustos com imprevistos. Mas lembre-se de que estas não são as únicas manutenções necessárias. Consulte o manual do operador para verificar as demais M manutenções periódicas. Colaboração Cimma Ltda.
Antes de dar a partida, deve-se drenar o sedimentador e o filtro de combustível
Acione a válvula do pó para liberar as impurezas depositadas no dia anterior
Diariamente, ou a cada dez horas de trabalho, faça a lubrificação de todos os pinos graxeiros
Verifique porcas e reaperte-as diariamente, não exagerando no torque utilizado
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teste de desempenho
Fotos José Paulo Molin
Ensaios limitados A extinção de centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico ligados à mecanização agrícola tem tornado cada vez mais restrito o acesso a resultados dos testes de desempenho de tratores. Particularmente no Brasil, é urgente a organização coletiva para mudar esta realidade e fazer com que as informações cheguem aos consumidores
Q
ualificar e quantificar o desempenho de um trator é algo que pode não parecer tão importante na medida em que não se tem acesso a bons documentos que reportem esse tema na atual conjuntura brasileira, ou seja, não se tem acesso a resultados de ensaios. O assunto já é suficientemente detalhado na literatura e tem uma longa história, que tem como marco importante o ano de 1918, quando uma lei foi aprovada no estado de Nebraska (EUA), dando aos usuários o direito de ter acesso a resultados de ensaios que comprovassem a veracidade das informações emanadas pelos fabricantes de tratores quanto ao desempenho de suas máquinas. Coube à universidade local implementar a forma de fazer a lei ser cumprida e foram criados procedimentos que permitiam o desenvolvimento de ensaios padronizados que caracterizavam o espécime ensaiado e foi em 1919 que se iniciou efetivamente a realização dessas pro-
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vas. Desde então a história é farta de fatos e conquistas e em vários centros pelo mundo afora essa técnica foi desenvolvida e implementada. Criaram-se pacotes normativos que foram sendo aprimorados ao longo dos anos e tiveram forte influência da Engenharia Automotiva, especialmente no ensaio de motores. O Brasil também já teve sua fase áurea no ensaio de tratores. Durante muitos anos tivemos o Centro Nacional de Engenharia Agrícola - Cenea, vinculado diretamente ao então Ministério da Agricultura e que encerrou suas atividades repentina e melancolicamente em março de 1990. Paralelamente ao Cenea, existia a Divisão de Engenharia Agrícola do Instituto Agronômico, hoje Centro de Engenharia e Automação, que ainda mantém uma estrutura mínima para a realização de ensaios de tratores. Nessa época a Associação Brasileira de
Normas Técnicas – ABNT, na sua área de normatização associada a tratores, também tinha uma boa presença e foi assim que foram criadas várias Normas Brasileiras. Porém, foi nesse mesmo período que várias alterações foram sendo desencadeadas ao redor do mundo, em centros de pesquisa e desenvolvimento tecnológico associados à área. Observou-se, especialmente nos últimos 25 anos, um processo de enxugamento e extinção de centros de pesquisa, desenvolvimento tecnológico e mesmo departamentos de universidades que tradicionalmente se dedicavam à mecanização agrícola e que viram reduzidas suas demandas. Na área de ensaios esses fatos foram ainda mais marcantes e o que ocorreu foi a extinção de vários centros de grande prestígio e com pleno domínio das tecnologias e métodos associados a ensaios de tratores e máquinas agrícolas. Alguns exemplos são o “Praire Agricultural Machinery Institute” do Canadá, que não fe-
“Criaram-se pacotes normativos que foram sendo aprimorados ao longo dos anos e tiveram forte influência da Engenharia Automotiva, especialmente no ensaio de motores”
chou, mas alterou profundamente sua missão, bem como o Centro de Ensaios de Upsalla na Suécia. No ano de 2006 encerraram-se as atividades do Silsoe Institute, na Inglaterra, que detinha um conjunto de laboratórios e de pessoal para a realização de toda gama de ensaios de tratores, incluindo os ensaios destrutivos de estruturas de proteção contra capotamento e cabines. Procurando o seu endereço na internet se localiza uma informação, um tanto melancólica, que simplesmente diz que “o centro, que tanta contribuição deu à agricultura e à engenharia agrícola, encerrou suas atividades no último dia 31 de março”. Os tais pacotes normativos tiveram grande contribuição da então “American Society of Agricultural Engineers”, atual ASABE, e depois da “International Organization for Standardization” – ISO, que difundiram normas e métodos utilizados em todos os demais centros de ensaios. Porém, foi em 1959 que a “Organization for Economic Co-operation and Development” – OECD chamou para si a responsabilidade de ditar normas e procedimentos de ensaios de tratores e credenciar centros capacitados a implementá-los. Essas normas estabelecem um padrão mínimo de ensaios a que um espécime é submetido. Por exemplo, o ensaio padrão de um trator de pneus, segundo a OECD, tem como itens compulsórios: • determinação do desempenho do motor medido na TDP • mensuração do desempenho do sistema hidráulico • potência hidráulica • capacidade de levante • determinação do desempenho na barra de tração com o trator lastrado segundo o padrão do fabricante • determinação do raio e espaço de giro • determinação da posição do centro de gravidade • determinação do espaço de frenagem • mensuração do ruído externo
Ensaios de desempenho de tratores na TDP realizados no “Nebraska Tractor Test laboratory”, em Lincoln, Nebraska
sões automáticas de variação contínua. Até então o ensaio de desempenho do trator em pista era feito submetendo-o a cargas progressivas nas diferentes marchas, sempre com a máxima aceleração. Esse ensaio visa caracterizar o desempenho do trator tracionando na sua barra de tração na condição padrão de pista de concreto. Isso permite avaliar o conjunto e em especial a transmissão, rodado, distribuição de peso, lastragem e o próprio motor. Para as modernas caixas de câmbio de infinitas combinações, o procedimento estabelece pontos de velocidades que vão significar posições da alavanca de comando. Para o credenciamento, um centro de ensaios necessita cumprir uma série de critérios rigorosos relativos à instrumentação dos seus laboratórios e capacitação de sua equipe. Para a determinação do desempenho do motor medido na TDP é necessário um conjunto completo de dinamometria de motor, com mensuração de torque, consumo, rotação e de variáveis ambientais. Também é necessária uma ampla instrumentação para ensaios cinemáticos ou de pista, com um veículo de frenagem e itens como
célula de carga, sensores de rotação e de consumo. Para o ensaio de mensuração do desempenho do sistema hidráulico são necessários dispositivos especiais de aplicação de cargas controladas ao engate de três pontos, bem como instrumentação para mensuração de deslocamento, vazão, força e pressão. Também são necessários instrumentos específicos para a mensuração de ruído. Antes do credenciamento de qualquer instituição, há um longo processo de avaliação precedido de um período de aproximação que acontece a partir de convite da própria OECD. A lista atualizada com ao menos um centro credenciado para a execução desses ensaios é de 30 países, sendo quatro não membros da OECD (China, Índia, Federação Russa e Sérvia). Das Américas, só fazem parte desse seleto grupo o Canadá e os Estados Unidos e desde o início das atividades de ensaios sob essas normas, mais de 2000 modelos de tratores ao redor do mundo já foram ensaiados. Um centro de ensaios que tem se destacado pela inovação é o “Deutsche Landwirtschafts-Gesellschaft” – DLG, (Sociedade Alemã de Agricultura), com seu centro de ensaio de tratores. Recentemente eles lançaram a discussão sobre critérios muito mais amplos para a avaliação do desempenho de tratores. A idéia parte do pressuposto básico de que quando se avalia um espécime a partir do ensaio de desempenho do motor medido na TDP, por exemplo, só é possível ter resultados associados a esse item. Isso implica em assumir que um trator, quando acionando uma máquina via TDP, estaria jogando toda a sua potência nela. Ou ainda, quando do ensaio de determinação do desempenho na barra de tração considera-se que o trator está sendo solicitado somente na barra. E se ao mesmo tempo estiver acionando algum dispositivo de acionamento hidráulico, como uma semeadora pneumática com turbi-
Nesse mesmo ensaio, apenas a critério do solicitante, podem ser acrescidos os itens: • determinação do desempenho do motor removido do trator • desempenho em alta temperatura ambiente • partida a baixas temperaturas • determinação do desempenho na barra de tração e consumo com o trator sem lastro As atualizações emanadas pela OECD visam acompanhar a evolução da engenharia de tratores. Um exemplo são as recentes transmisInstalações de teste de tratores do “Nebraska Tractor Test laboratory”
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Figura 1 - Esquema do carro de testes da estação de ensaios do DLG, capaz de simular e monitorar distintos ciclos de carga, com variadas proporções, com potência sendo consumida pela barra de tração, TDP e sistema hidráulico, ao mesmo tempo
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se podem obter dados muito interessantes (Figuras 2, 3 e 4) Após exaustiva experimentação em campo e coleta de sugestões de fabricantes, o DLG propôs alguns critérios de mistura de potências “power mix”, sempre buscando atender as características de operações típicas da Alemanha e que denominam de ciclos. Por exemplo, para forças de tração está propondo dois níveis 100% e 60% da máxima do trator - ainda divididos em duas velocidades – 9 km/h e 12 km/h - simulando respectivamente, aração (pesado) e corte de feno (médio). No caso de operações de TDP, ele trabalha, com três condições: operação pesada (100%), média (70%) e leve (40%), também fazendo variar a velocidade, nesse caso de 6 km/h e 16 km/h. Também propõe um conjunto de operações, ao qual denomina de trabalho misto: espalhar esterco a 7 km/h, enfardar a 10 km/h e transportar a altas velocidades. Nesse caso a própria estação de ensaios tem problemas porque a sua pista não José Paulo Molin
na acionada hidraulicamente? Ou ainda, se a turbina é acionada pela TDP e os dosadores de semente e de fertilizante forem acionados por motores hidráulicos e não por roda de terra, que aliás é uma das tendências futuras do mercado? Observa-se que há ainda muito espaço para aprimoramento de critérios e para melhoramento do grau de detalhes que se pode obter na informação advinda de um ensaio. Fala-se hoje em modelagem mais ampla e não apenas de levantamento de parâmetros básicos de desempenho. Foi assim que o DLG recentemente desenvolveu uma nova geração de instrumental para ensaios que contempla a possibilidade de integrar, ao mesmo tempo, a mensuração do desempenho na barra de tração, desempenho do motor medido na TDP e o desempenho do sistema hidráulico, tanto em potência hidráulica como capacidade de levante (Figura 1). A esse sistema estão denominando de “DLG Power Mix”, ou seja, mede-se o desempenho do espécime com a potência sendo consumida em diferentes pontos. Considerando uma condição de uso de múltiplas e concomitantes demandas da potência gerada no motor, condição relativamente comum na lavoura, um ensaio realizado com esse instrumental é realmente algo de inovador. Essa nova geração altera totalmente os critérios de ensaio, pois permite inclusive variação dinâmica de carga, ou seja, permite alterar a demanda de potência em movimento. E essa é outra grande vantagem para a caracterização do desempenho de tratores com as transmissões modernas, semi-automáticas, tipo “full power shift” e automáticas tipo infinitas combinações. A revista Profi, produzida com material do DLG e publicada na Inglaterra, veiculou uma matéria apresentando esses recursos e mostrando alguns gráficos, a título de exemplo, de como
permite velocidade acima de 25 km/h e trator europeu vai, em muitos casos, acima dos 50 km/h. O ensaio acontece com a programação de todos esses ciclos de cargas, os quais o carro de testes é capaz de simular e cada um dura de 250 a 500 segundos. Podem também ser incluídas manobras de cabeceira, como é o caso do exemplo ilustrado nas Figuras 2, 3 e 4. Cada um dos ciclos, oito ao todo, são repetidos três vezes e é reportada a média, após a remoção de qualquer anomalia. Com isso é possível a comparação entre tratores ensaiados porque tudo é igual, o carro de testes, os ciclos e a pista. O termo de comparação mais importante passa a ser o consumo específico médio de cada ciclo, que ao final das contas, é o que interessa. Esse resultado é representado na Figura 5, que sintetiza os consumos de um espécime onde a origem do gráfico de barras é a média da população de tratores ensaiados. O que se observa é que o trator em questão se adapta bem a
“Ao mesmo tempo em que estamos parados, há mais de 15 anos, outros países e suas sociedades organizadas evoluem para modelos bastante avançados de mensuração de desempenho de tratores”
Figura 2 - Ciclo pesado de carga na barra de tração: o gráfico de cima, com a linha em preto, mostra a potência na barra de tração e a depressão representa uma manobra de cabeceira; no gráfico do meio é representada, em preto, a linha do consumo (kg/h) e em vermelho o consumo específico (g/kW.h); no último gráfico, a linha preta representa a velocidade (km/h) e a linha vermelha, a rotação do motor (rpm) (adaptado de Profi, 04/2006)
operações pesadas de tração (ciclo 1) e operações que demandam potência da TDP (cilcos 3 e 4), e teve desempenho no consumo bem abaixo da média para um ciclo de operação na TDP com carga leve (ciclo 5). Na TDP, a linha verde representa o total da potência demandada; a depressão representa uma manobra de cabeceira; no gráfico do meio é representada, em preto, a linha do consumo (kg/h) e em vermelho o consumo específico (g/ kW.h); no último gráfico, a linha preta representa a velocidade (km/h) e a linha vermelha, a rotação do motor (rpm) (adaptado de Profi, 04/ 2006) De tudo isso o que se pode observar é que
Figura 3 - Ciclo pesado de carga na TDP: no gráfico de cima, a linha em preto, mostra a potência na barra de tração, na linha em vermelho, a potência na TDP e a linha verde representa o total da potência demandada; a depressão representa uma manobra de cabeceira; no gráfico do meio é representada, em preto, a linha do consumo (kg/h) e em vermelho o consumo específico (g/kW.h); no último gráfico, a linha preta representa a velocidade (km/h) e a linha vermelha, a rotação do motor (rpm) (adaptado de Profi, 04/2006)
há grupos organizados em alguns locais do mundo, bastante preocupados com o usuário de tratores. É muito importante destacar que o DLG, por exemplo, é uma instituição sem nenhum vínculo com órgãos governamentais, ou seja, é uma organização de usuários. As instituições governamentais vêm sendo atacadas por movimento globalizado de desmanche, o que, por um lado preocupa e por outro, deve incitar as entidades representativas e de organização dos usuários. Nesse contexto o Brasil ficou para trás e já faz tempo. Hoje não temos, sequer um centro de ensaios em condições de pleitear credenciamento junto à OECD. O modelo está exposto – não há muito espaço para recorrer a instituições públicas em busca de soluções. Já é tempo de se buscar a organização coletiva das institui-
Figura 4 - Ciclo de trabalho misto de enfardamento, com demanda de potência na barra de tração, TDP e sistema hidráulico: no gráfico de cima, a linha em preto, mostra a potência na barra de tração, na linha em vermelho, a potência na TDP, na linha em azul, a potência hidráulica e a linha verde representa o total da potência demandada; no gráfico do meio é representada, em preto, a linha do consumo (kg/h) e em vermelho o consumo específico (g/ kW.h); no último gráfico, a linha preta representa a velocidade (km/h) e a linha vermelha, a rotação do motor (rpm) (adaptado de Profi, 04/2006)
ções representativas do setor para propor saídas, afinal somos uma das grandes potências agrícolas mundiais. Ao mesmo tempo em que estamos parados, há mais de 15 anos, outros países e suas sociedades organizadas evoluem para modelos bastante avançados de mensuração de desempenho de tratores. Para nos adequarmos a esses novos modelos nós teríamos que dedicar um grande esforço de organização, seguido de um certo investimento em tecnologia, instrumentação, equipamentos e, obviamente, pessoal e nunca é tarde para M começar. José Paulo Molin, Esalq
Figura 5 - Gráfico de barras (uma para cada condição de trabalho) representando o consumo de um espécime onde a origem é a média da população de tratores ensaiados (adaptado de Profi, 04/2006)
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Coopavel 2007
Fabiano Dallmeyer
O show da virada
A
19ª edição do Show Rural Coopavel, em fevereiro, no Paraná, foi marcada pelo otimismo e confiança de que 2007 será o ano da retomada do desenvolvimento da agricultura no Brasil. Clima favorável, comodites valorizadas e o mercado aquecido, fizeram com que o evento não lembrasse em nada a edição de 2006, quando a estiagem e a grave crise acumulada pelo setor transformaram o cenário da feira. O evento reuniu 143.207 visitantes, 290 expositores, envolveu 3,5 mil profissionais e contou com 4,8 mil parcelas experimentais distribuídas em 72 hectares. As novidades apresentadas pelo segmento de máquinas agrícolas novamente se destacaram durante o show de transferência de tecnologia e informação.
DESTAQUES A Massey Ferguson deu ênfase aos tratores MF 6350 HD, com 190 cavalos e MF 6360,
com 215 cavalos. A principal alteração da série é o controle remoto centro fechado de alta vazão de 127 litros por minuto, com quatro saídas e regulagem total e individual por seção. O sistema é indicado para todas as operações, em especial plantio de cana e grãos e atende a todos fabricantes de plantadoras, independentemente do sistema hidráulico utilizado. Para o setor sucroalcoleiro foram destacados, ainda, os tratores da série MF 600 HD. O modelo MF 650 HD é recomendado para cultivo e transporte e o MF 680 HD para transbordo e preparo de solo. Também mereceu destaque a colheitadeira MF 5650, com plataforma de corte de 17 pés e novo sistema de descarga de grãos. O tubo de descarga está mais comprido e mais alto, o que proporciona desacargas em qualquer posição e maior rapidez. Ainda na linha de colheitadeiras foi apresentada a MF 34 STD, com plataforma de corte de 25 pés, capaz de colher, em
intervalo de uma hora, até 18 toneladas de soja e 34 toneladas de milho. O emprego de biodiesel foi outro destaque. Tratores e colheitadeiras da marca estão aptos a operar com 5% do combustível. Em parceria com a FAG e a Unioeste foram mostrados os resultados de desempenho a campo do trator MF 5285, instrumentado para testes com diferentes mesclas de biodiesel.
LANÇAMENTOS GTS A GTS do Brasil trouxe para o Show Rural mais dois lançamentos, ambos voltados para o trabalho de movimentação de solo em pequenas áreas. A plaina Planner 510 ST possui tecnologia manual, variadas posições de trabalho,
Colhedora MF 5650 com novo sistema de descarga, linha de tratores e o uso de biodisel foram destaques da Massey
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“As novidades apresentadas pelo segmento de máquinas agrícolas novamente se destacaram durante o show de transferência de tecnologia e informação” Fotos Cultivar
Piloto automático universal da John Deere promete reduzir a sobreposição
Trator 5603 com Tomada de Potência Econômica
com operações independentes e os diferenciais de versatilidade, agilidade e robustez. O comprimento total é de 7,95 metros, a lâmina mede 3,65 m, o peso total com lastro é de 2,8 mil quilos, a altura de 2,70 m, a largura externa do rodado de 2,20 m, a potência mínima exigida do trator é de 75 cv e máxima de 120 cv. O modelo Planner 510 HD é hidráulico e também se destaca pela praticidade de operação e robustez presentes na Planner 510 ST. O comprimento total é de 7,95 metros, comprimento de lâmina de 4,24 m, peso com lastro de 3,1 mil quilos, 2,70 metros, largura externa do rodado de 2,25 metros, potência mínima exigida do trator de 80 cv e máxima de 140 cv. Os pneus medem 14.9 -26.
JONH DEERE A Jonh Deere demonstrou as vantagens de seu piloto automático universal, indicado principalmente para operações de plantio, pulverização e colheita. Um dos pontos fortes do equi-
A colheita florestal também esteve contemplada no evento
pamento é a redução da sobreposição durante a aplicação de defensivos na lavoura. Durante a colheita, o piloto não deixa vão na plataforma, o que aumenta o rendimento e reduz custos. Outro diferencial é a possibilidade de extrair o cartão com as informações e fotos armazenadas pelo equipamento e transportá-las para o computador. O aparelho, que se destaca pela precisão, trabalha com as correções: SF1= 30 cm, SF2 = 10 cm e RTK = 2,5 cm. O piloto automático John Deere utiliza os sinais de satélite GPS para direcionar com alta precisão o trabalho de equipamentos agrícolas. O novo display GS2, com tela colorida, lançado no evento, torna a operação do sistema de direcionamento ainda mais fácil, porque permite ao operador visualizar todas as informações sobre o andamento do trabalho do equipamento. Outra destaque apresentado pela empresa foi o trator 5603, que traz como principal novidade a Tomada de Potência Econômica (TDPE). Essa tecnologia permite a redução do consumo de combustível no trabalho com pulverização e em outras aplicações que utilizam a tomada de potência.
NEW HOLLAND Em meio à sua linha completa, a New Holland deu destaque à colhedora CS 660, com plataforma de 30 pés e tanque graneleiro de 9 mil litros, equipada com sistema Maxitorque, que aumenta a tração da correia em caso de patinamento por excesso de carga, prevenindo perdas. A linha TC também foi apresentada, nas versões TC 57 para arroz de sequeiro e irri-
A GTS apresentou plainas voltadas para movimentação de solo em pequenas áreas
Entre os destaques esteve o TS90 adaptado para cana-de-açúcar
gado, TC 59, com peneiras autonivelantes para compensar perdas em terrenos inclinados, além da versão Exitus, todas com sistema de separação de palha e grãos, Rotary Separator, que age por força centrífuga. Na linha de tratores, foram destacados as séries TM, com motores PowerStar nas potências de 137 a 177 cv. Os tratores da série são equipados com três opções de transmissão: 16x6 de transmissão mecânica xincronizada, 24x12 por transmissão com recursos Dual Command e 18x6, com marchas Powershift. O sistema hidráulico é do tipo Lift-O-Matic e comandos acionados no painel, para facilitar as operações do operador. Além da série TM, a New Holland apresentou a série TS, série 30, série TL Exitus e série TT, vários adaptados especialmente para atividades dsenvolvidas na agricultura paranaense.
PLANTADORA A Imasa investe no conceito de plantadeiras com chassi segmentado, pivotado e articulado. O modelo Plantum DuoFlex, apresentado no Show Rural, incorpora cabeçalho de tração, que permite a total independência na articulação entre as seções do chassi. “Como resultado, o plantio passa a ter uma qualidade superior, mesmo em máquinas com grande número de linhas, pois a articulação individual permite o perfeito acompanhamento das irregularidades do solo, mesmo por sobre terraços”, explica o diretor comercial da Imasa, Breno Eduardo Stelzer. O conceito permite ainda eliminar o uso de máquinas em tandem. Os modelos de uso específico para sementes graúdas, estão disponíveis nos tamanhos de 11 a 24 linhas, a partir de 0,40 m entre linhas, com chassi M de duas ou três seções.
Modelo Plantum Duoflex possui chassi segmentado
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TeeJet, FAG e Massey Ferguson
A
No automático
TeeJet apresentou durante o Show Rural da Coopavel o controlador automático de seções de barra Swath Manager. O equipamento opera via satélite e traz vantagens como economia de defensivo através da diminuição de prejuízos com sobreposição de aplicações, mapeamento eficiente da área, além de oferecer os subsídios necessários para identificação e correção de eventuais falhas durante a operação de pulverização. “Com o controlador automático, o operador não precisa mais ligar e desligar seção por seção. Além disso, o equipamento se desliga quando passa por locais onde o produto já foi aplicado, o que evita sobreposição”, explica o diretor regional da TeeJet, Sergio Santos. Uma outra possibilidade oferecida pelo controlador é a de que o operador possa escolher a área sobreposta. As opções são 0%, 50% ou 100%. Diminuir o cansaço do operador, que antes tinha de executar as tarefas manualmente, é outra vantagem do produto. Uma vez programado o equipamento, é só deixá-lo comandar, pois as seções da barra são ligadas e desligadas automaticamente, de acordo com a configuração ajustada.
Em caso de necessidade de mudança na sobreposição, o controlador é de fácil ativação manual. A operação automática ainda elimina erros nas linhas e assegura a aplicação adequada. O Swath Manager é compatível com o sistema de barra de luzes Centerline e pode con-
Fotos Cultivar
trolar até dez seções de barras. Basta conectar o equipamento à barra de luzes e atualizar o software. O ajuste leva apenas alguns minutos. O Swath Manager pode interagir com a maioria dos sistemas de válvulas solenóides ou válvula de corte de esfera, inclusive com conM troladores de outros fabricantes.
Parceiros da educação
A
Fundação Assis Gurgacz (FAG) inaugurou em fevereiro, em Cascavel (PR), o Centro de Desenvolvimento e Treinamento em Mecanização Agrícola, desenvolvido pelo curso de Agronomia através de uma parceria com as empresas Massey Ferguson, Jacto, Marchesan e a Camagril. O convênio foi assinado na edição de 2006 do Show Rural Coopavel. “Em 2004, quando recebemos os primeiros acadêmicos de Agronomia, dissemos a eles
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que o tempo mostraria qual seria a novidade do nosso curso. A grande maioria dos estudantes são filhos de agricultores que voltarão ao trabalho no campo. Por isso surgiu a idéia de montar esta oficina-escola”, explica Assis Gurgacz, diretor presidente da fundação mantenedora da FAG. O centro de treinamento foi criado ao lado de uma fazenda-escola de 64 hectares e está equipado com simulador de uma colheitadeira MF 34, com computador de bordo. Na unida-
de de tratores, estão disponíveis eixos dianteiros, caixa de câmbio, diferencial e sistemas hidráulicos. Também há ferramentas exclusivas para montagem e desmontagem de tratores e colheitadeiras, bancadas e equipamentos de precisão, ajustes e regulagens das máquinas. Além das aulas do curso de Agronomia, os alunos e agricultores da região poderão participar dos cursos que serão ministrados pelos técnicos da Massey Ferguson. Junto ao cento de treinamento foi montada uma usina-piloto de biodiesel. O vice-presidente sênior e diretor geral para a América do Sul do Grupo AGCO, André Carioba, elogiou a iniciativa. “É disso que o Brasil precisa para ajudar o ensino, tecnologia e educação”, definiu. Fábio Piltcher, diretor de Marketing da Massey Ferguson, ressalta a rapidez na execução do projeto. “Aqui neste centro de treinamento estão as chaves para que o Brasil possa ser aquele país que todos nós queremos”, destacou. A Massey Ferguson mantém ainda uma parceria de pesquisa com a FAG para testar o desempenho dos tratores com M todas as mesclas de biodiesel.
Goodyear e Syngenta
Fotos Cultivar
Acesso facilitado
A
Goodyear do Brasil e a Syngenta aproveitaram o Show Rural da Coopavel para a apresentação oficial da carreta do projeto Saúde e Informação para o Campo, lançado em 2005 e que, entre os meses de setembro e novembro de 2006, já realizou mais de cinco mil atendimentos médicos gratuitos a agricultores dos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. A meta em 2007 é de estender o trabalho itinerante para outras regiões do país. Exames clínico laboratorial, de oftalmologia, fisioterapia e orientação sobre o uso correto de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) estão entre os serviços prestados pelo programa. Além da apresentação oficial do projeto, o Show Rural serviu também para oferecer atendimento aos agricultores participantes da feira.
Gente como o produtor João Paluch, 58 anos, que cultiva soja, milho e fumo em Quedas do Iguaçu, no centro-sul paranaense. O trabalho na lavoura, desde os sete anos, sempre foi prioridade e o cuidado com a saúde ficou em segundo plano. “Faz uns dois anos que não ia ao médico”, confessou. Suspeitas de intoxicação o levaram a procurar o serviço. Em poucos minutos já havia sido atendido, realizado os exames, mostrando-se satisfeito. “É muito importante essa ajuda para gente”, avaliou. O teste piloto do trabalho começou em 2005, inspirado nos programas Caminhoneiro Nota 10 e Agricultor Nota 10, desenvolvidos pela Goodyear. A parceria com a Syngenta surgiu da necessidade de expandir o projeto. “Resolvemos juntar forças para levar esse serviço não só aos pequenos e médios produtores, mas também aos grandes e principalmente aos fun-
cionários de fazendas”, explicou José Carlos Moreno, gerente de Vendas e Marketing de Pneus Agrícolas da Goodyear do Brasil. “Trata-se de um projeto altamente inovador, voltado para as pessoas que não têm acesso a esse tipo de serviço e informação”, orgulha-se o gerente de Marketing da Syngenta, Ricardo Perez. Desde 2006, a companhia é parceira do programa, que realiza até 1,2 mil atendimentos por mês. A carreta transformada em ambulatório médico tem 18 metros de comprimento por três metros de largura e conta com cinco salas, especialmente preparadas para receber os pacientes. A apresentação do projeto no Show Rural contou com as presenças do presidente da Coopavel, Dilvo Grolli, e do superintendente federal do Ministério da Agricultura e AbasteciM mento no Paraná, Valmir Kowalewski.
Dilvo Grolli, da Coopavel, Valmir Kowalewski, do Mapa e José Carlos Moreno da Goodyear
“O projeto é altamente inovador”, Ricardo Perez, gerente de Marketing da Syngenta
“Faz uns dois anos que não ia ao médico”, João Paluch, agricultor
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escolha certa
Fotos Técnica 4x4
Como escolher 4x4 A relação custo x benefício precisa ser levada em conta na hora de optar pelo veículo mais adequado, diante da grande variedade de modelos e tamanhos oferecidos pelo mercado
P
ara escolher seu 4x4 você precisa considerar o custo x benefício que se pretende atingir com a aquisição. Pode-se começar pelo tipo de combustível e perguntando quanto se pretende rodar com ele mensalmente. Se tiver que fazer grandes deslocamentos semanais é provável que o custo de um veículo com motor diesel seja mais compensador. O valor elevado de aquisição se dissipa pela grande durabilidade do motor. Por outro lado, se não há necessidade de grandes deslocamentos semanais e sua média de quilometragem é feita dentro da cidade, um veículo à gasolina é o ideal. Ainda mais que, com o espaço de muitos SUV’s, é fácil adaptar o kit a gás e andar por preço muito baixo no dia-a-dia. A manutenção de um modelo à gasolina também pode ser menor quando comparado a um motor diesel. Resolvida a escolha do tipo de combustível, agora vem a questão do espaço interno. Felizmente o mercado oferece uma variedade muito grande de modelos e tamanhos para escolher. Se você raramente carrega mais que três pessoas no veículo, um modelo pequeno como um Suzuki Samurai, o Troller, o Toyota RAV 4 ou um Land Rover Freelander, seja o ideal. Para quem tem família pequena, a escolha recai sobre os modelos como o Sportage da Kia, a Toyota Hilux ou a X-Terra da Nissan. Mas se você carrega carga freqüentemente e ainda necessita transportar pessoal, considere algumas das pickups cabine dupla como a Defender 130, a Nissan Frontier, a Toyota Bandeirante, ou a Mitsubishi L-200. Não esqueça de levar em conta a estatura média de seus passageiros, já que algumas cabines duplas têm um espaço mise-
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rável entre os bancos traseiro e dianteiro e a coisa pega ali atrás em viagens longas. O número de passageiros é outro item importante, e a melhor configuração, para uma viagem prolongada, deve considerar uma média de 50% de ocupação para o número máximo de lugares do veículo. Isto significa que para uma tripulação de três pessoas, o ideal é que o veículo comporte cinco ou seis, para que elas tenham um mínimo de conforto e espaço interno. Os modelos antigos também merecem seu espaço, e os valentes Jeep da Willys e
da Ford, fabricados até a década de oitenta no Brasil, são encontrados no mercado de usados com muita facilidade e boa forma. Um Jeep bem cuidado, com a manutenção em dia, pode promover anos de bom divertimento e serviços para seu proprietário. As peças de reposição são relativamente fáceis de se encontrar e as lojas especializadas em 4x4 atendem o mercado satisfaM toriamente.
Troller já conquistou seu espaço no off-road nacional
O valente e eterno jeep
Lada Niva, opção barata, com capota de aço e tração 4x4 permanente
Toyota Hilux, modelo para família grande e muito espaço interno
João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br