Destaques Matéria de capa
O preço para irrigar As melhores tarifas de energia elétrica para grandes jornadas de irrigação nas diversas regiões do Brasil
Bico certo
Prova do corte
Inúmeros detalhes caracterizam cada modelo de ponta de aplicação e fazem dela única e adequada para situações específicas
Estudo avalia aproveitamento do tempo e eficiência operacional de três empresas prestadoras de serviço em colheita florestal
Índice
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06
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Nossa Capa Charles Echer
Rodando por aí
04 Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
O preço das tarifas de irrigação no Brasil 06 Viabilidade de pivô central em hortaliças 08 GPS na determinação de eficiência
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Ensaio de tratores
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Um bico para cada aplicação
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Passo a passo - manutenção de baterias
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Prova do corte em colheita florestal
22
Cobertura total contra ferrugem na soja
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Cobertura Expodireto 2007
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Mecanização na colheita de tomate
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Técnica 4x4
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Cultivar Máquinas Edição Nº 61 Ano VI - Março 2007 ISSN - 1676-0158
www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00
• Redação
Gilvan Quevedo Charles Echer • Revisão
Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia • Comercial
Pedro Batistin
Sedeli Feijó • Gerente de Circulação
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Cibele Costa • Assinaturas
Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa
Raquel Marcos • Expedição
Dianferson Alves
NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
De olho na cana A Agrosystem também marcou presença na Expodireto. Luciano Lima, coordenador de marketing, informou que a empresa aposta na oferta de produtos para atender à cultura da cana-de-açúcar.
Ânimo renovado A GTS esteve na Expodireto com equipe completa. César Jairo Keller, gerente comercial da empresa, comentou o ânimo renovado do produtor durante o evento. “O cenário é outro. O agricultor tem nos procurado para fazer proposta, com a intenção de investir durante o ano, situação que não existia anteriormente.”
Presença A Gates esteve focada no trabalho de divulgação da marca durante a 7ª edição da Expodireto. A equipe, comandada por Márcio Afonso, da área de aplicação do produto e marketing industrial, demonstrou a qualidade das linhas de correias agrícolas e mangueiras hidráulicas oferecidas pela empresa. Luciano Lima
Novos tempos Gilson Lari Trennepohl, diretor presidente da Stara, comentou o sentimento de otimismo que tomou conta do mercado agrícola. “O agricultor vem feliz para a feira, porque está produzindo. Mostra-se motivado, entusiasmado. Não há como comparar com o cenário que tínhamos no ano passado.”
Expansão Confiante no potencial da região Sul, a Lindsay América do Sul apresentou na Expodireto sua linha de produtos para a irrigação. Segundo o supervisor de vendas, Luciano Carneiro Spíndola, a empresa já conta com equipamentos instalados nesta região, quatro revendas, equipe treinada e um gerente regional.
Marketing Pedro Estevão Bastos de Oliveira, funcionário há mais de trinta anos da empresa, é o novo diretor de marketing e vendas da Jacto.
Pedro Estevão B. de Oliveira
04 • Fevereiro 07
Novos Rumos Cristiano de Mello assumiu como gerente de vendas da Fankhauser disposto a alavancar as vendas de pulverizadores. “Estamos nessa área há aproximadamente sete anos. Já está na hora de pegar um pouco mais essa fatia de mercado”, avaliou.
Novo gerente Em fase de expansão, a Incomagri, empresa paulista do segmento de máquinas agrícolas, participou da Expodireto Cotrijal 2007 com volume de negócios dentro das expectativas. O novo gerente de Vendas e Marketing, engenheiro agrônomo Antonio Guilherme de Lacerda Mezzena, afirmou que seu desafio principal é fortalecer a linha de produtos e a distribuição, com vistas a ampliar a participação de mercado da empresa e os serviços aos clientes. Com experiência na gestão de negócios em empresas de insumos e máquinas agrícolas, Mezzena destaca as perspetivas de aumento de negócios da linha de produtos, em função da retomada do crescimento da agropecuária Antonio Guilherme em todas as regiões.
Agricultura familiar Gilson Lari Trennepohl
Cristiano de Mello
A Yanmar Agritech, tradicional fabricante de produtos para a agricultura familiar, apresentou toda sua linha de tratores e microtratores na Expodireto 2007. Pedro Cazado Filho, gerente de Pós Vendas e Marketing, aposta em um significativo aumento de vendas no segundo semestre de 2007.
Tecnologia de aplicação A Teejet, juntamente com outras empresas e a UPF, apresentou na Expodireto o projeto TA (Tecnologia de Aplicação). Os produtores puderam conhecer todas as etapas e a forma correta de aplicação de defensivos. Uso do produto inadequado; equipamento desregulado; dose incorreta (sub e superdosagens); momento ou estádio de aplicação incorreto; aplicação com condições climáticas inadequadas; água usada para mistura do agroquímico no tanque de má qualidade (excesso de partículas em suspensão, pH incompatível com produtos entre outros); paradas com equipamento ligado; escorrimento, gotejamento e sobreposição de aplicação estiveram entre os alertas de como práticas equivocadas podem ser prejudiciais. Sérgio Santos e Helder Zuchinni destacaram o caráter social da iniciativa. “Nosso objetivo no evento não é a venda propriamente dita, mas sim transmitir conhecimentos de como operar de forma correta e de como preSergio Santos (esq.) e Helder Zuchinni (centro) venir acidentes através do uso correto de EPI’s”.
Osvaldo Milan
Mercado Osvaldo Milan, supervisor de vendas da Jumil, está otimista com a atual conjuntura do mercado de máquinas agrícolas. Entre os sinalizadores positivos, despontam os negócios realizados durante a Expodireto. “Bem acima da expectativa”, avaliou. Entre os produtos mais procurados no evento, a plantadeira Guerra se destacou. “O produtor tem buscado equipamentos que ofereçam mais tecnologia”, lembrou.
Inovação tecnológica
Luiz Feijó
Médio porte Luiz Feijó, diretor comercial da New Holand no Brasil, destacou o crescimento do processo de mecanização da agricultura familiar nos últimos anos. “No Rio Grande do Sul, em 2006, tratores de até três cilindros dominaram 70% de todo o mercado”, lembrou.
“Trabalhamos continuamente para apresentar produtos com tecnologia inovadora”, assim o engenheiro agrônomo José Tonon Júnior, gerente de produtos da Jacto, resumiu a parceria da empresa para a próxima edição do Agrishow Ribeirão Preto. “Oferecer ao cliente máquinas confiáveis e de alto rendimento operacional é o nosso grande desafio”, enfatizou.
Valter Luis Todeschini José Tonon Júnior
Plantio eficiente Jalsomir Brunetto, gerente de assistência técnica e Eliane Brock, do Departamento de Marketing, ambos da Semeato, destacaram durante a Expodireto a plantadora TDNG 300 E, desenvolvida nos moldes da Europa, com 17 linhas e 2,89 metros. “Possui rodado por trás da máquina e usa o mesmo espaço do transporte para o plantio, com aproveitamento total”, destacou Brunetto. Ideal para grãos finos como aveia, azevém e arroz, tem como merJalsomir Brunetto e Eliane Brock cado principal a Espanha.
Armazenamento
Marcus Van Den Mosselaar
Novo gerente A Grazmec, tradicional empresa fabricante de produtos no segmento de tratamento de grãos, conta com novo gerente comercial. Marcus Van Den Mosselaar assumiu o posto em janeiro.
Luís César Pio
Precisão O diretor da Herbicat, Luís César Pio, aproveitou a Expodireto para expor o trabalho da empresa na busca pela qualidade em pulverização. Entre os enfoques abordados durante a feira estiveram a escolha correta de bicos para aplicação, GPS para orientação e controlador de precisão, além de Rodrigo Pellegrine bombas de pulverização.
A equipe da GSI, liderada por Ricardo Col de Bella, analista de marketing e Ivo Oltramari Júnior, gerente de vendas, apresentou na Expodireto a linha completa para a área de grãos, com silos secadores, transportadores, pré-limpeza e armazenadores.
Entusiasmo “Se percebe um brilho diferente nos olhos do cliente”, assim o coordenador regional de vendas da Jonh Deere, Valter Luis Todeschini, definiu o entusiasmo dos agricultores que visitaram a Expodireto. As ótimas perspectivas para a safra de grãos, preços mais justos e a atual conjuntura do mercado favorecem o clima de otimismo, que se reflete também nos negócios. Colhedoras para entrega futura, tratores e plantadoras estão entre os equipamentos mais procurados. O pulverizador 4720, exposto na feira, também despertou o interesse dos produtores.
Pulverização
Venda à vista Os bons ventos que sopram a favor da agricultura se refletiram também nas vendas de máquinas agrícolas. Amarildo Menegaz, 40 anos, produtor de soja, milho e trigo em uma área de 200 hectares, no município de Tapejara, no Rio Grande do Sul, aproveitou a Expodireto para trocar sua colheitadeira MF 3640, adquirida em 2004, por uma MF 5650, com sensor de perdas e equipada com a plataforma Powerflex, lançada no evento. O pagamento foi feito à vista. “A gente tem que melhorar, buscar mais conforto e se atualizar com a tecnologia”, justificou Menegaz, que é cliente da Massey Ferguson desde 2002.
A ServSpray destacou o pulverizador gafanhoto 4x4. “Entre os diferenciais está o menor gasto de combustível devido às características de operação do equipamento, com motor MWM 180 HP, considerado um dos mais econômicos do mercado. Possui ainda facilidade operacional, com barras de aplicação na parte frontal, o que permite ao operador melhor visualização do trabalho. Outro diferencial é que tem dois anos de garantia”, frisou Osmar Santos, supervisor de vendas da ServSpray.
Lançamentos a caminho A Industrial KF, de Cândido Godói, tradicional fabricante de plantadoras de grãos, juntamente com sua rede de distribuição, apresentou na Expodireto 2007 a linha de produtos da empresa. Na avaliação do diretor comercial, Ademir Kelm, o mercado esboçou a partir da Coopavel, uma sensível reação. Confiante na retomada do crescimento no agronegócio, a meta agora é apresentar novos produtos nos Ademir Kelm e Erni Birk próximos eventos.
Osmarda Santos Edmur Jr. e Ronaldo Cruz
Fevereiro 07 • 05
motores elétricos
Cultivar
O preço para irrigar Análise detalhada em todas as regiões do Brasil mostra que a adoção das tarifas de energia elétrica verde e azul é a opção mais barata para grandes jornadas de irrigação
06 • Março 07
rigadas, na grande maioria das regiões do país, portanto, se faz com o uso da energia elétrica, compreendendo cerca de 70% dos irrigantes. No entanto, em determinadas regiões, as tarifas elevadas ofertadas pelas concessionárias de eletricidade desmotivam grande parte dos irrigantes. Neste sentido, um estudo detalhado da viabilidade de implantação e operação de motores elétricos, nas regiões do Brasil, diante das variáveis: número de horas de funcionamento por ano e estruturas tarifárias são extremamente necessários para se apontar um caminho mais adequado a ser adotado pelos irrigantes. Para essa avaliação foi considerado um motor elétrico de potência comercial de 100 cv, funcionando nas diferentes regiões do país com número de horas de funcionamento por ano variável e, submetido às tarifas azul, verde e convencional tipo A. A partir das especificações utilizadas para a composição destes custos (Tabela 1), permitiu-se a obtenção dos custos totais anuais e horários para os diferentes cenários estudados. A melhor tarifa para a região Sudeste é a verde. Já para as demais regiões, a tarifa azul mostrou-se como mais atrativa
O levantamento foi realizado para as cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), com dois, quatro, seis e nove meses de irrigaDivulgação
D
iversas são as fontes de energia para acionamento de sistemas de bombeamento, dentre as quais, as da eletricidade, de origem hidráulica, eólica e solar; as dos combustíveis fósseis (diesel, gasolina e gás natural); as dos combustíveis renováveis (metanol, etanol e gases provenientes da fermentação de matérias orgânicas diluídas em água nos biodigestores, que são bastante comuns na Índia e China). Embora existam várias fontes de energia para acionamento dos motores, a hidroeletricidade é a mais utilizada no Brasil e, portanto, mais enfatizada nos trabalhos que envolvem custos de bombeamento em sistemas de irrigação. Pesquisadores compararam os custos da irrigação na cultura do feijão, utilizando-se o sistema de irrigação por aspersão tipo pivô central para uma área de 91,3 ha, acionado à energia elétrica e a diesel. Foram feitas 12 simulações referentes a 12 épocas de semeadura no ano, admitindo o ciclo da cultura de 82 dias, observando com estas simulações que o sistema acionado pelo motor diesel apresentou um custo anual de irrigação 72,5% superior ao sistema acionado à energia elétrica, para 1.218,4 horas de irrigação. O acionamento de bombas em áreas ir-
“Embora existam várias fontes de energia para acionamento dos motores, a hidroeletricidade é a mais utilizada no Brasil”
ção com 21 horas/dia no horário fora de ponta e, posteriormente, com 24 horas/ dia no horário de ponta, nas tarifas azul, verde e convencional tipo A. Foram consideradas, ainda, os respectivos descontos para as diferentes regiões (Tabela 2), conforme a Portaria 105, de dois a oito de outubro de 2002 e a Resolução ANEEL Nº 277 de 19 de julho de 2000. A Tabela 3 mostra as concessionárias representativas de cada região, onde foram obtidas as tarifas de demanda e consumo. O custo anual de energia elétrica para todas as regiões, nas tarifas azul e verde, apresenta a mesma tendência, aumentando com o incremento do tempo de bombeamento, sendo mais evidente esta similaridade entra as tarifas na região Sudeste. A tarifa convencional tipo A detém maior custo anual em todas as regiões, para qualquer tempo de bombeamento, apresentando uma diferença cada vez mais significativa em relação às outras tarifas à medida que se aumenta o período de irrigação. A tarifa verde apresenta-se como melhor opção para os irrigantes da região Sudeste que operam, com no máximo, 21 horas/dia de irrigação (horário fora de ponta). Para as outras regiões, a tarifa azul mostra-se como uma opção mais atrativa, em qualquer tempo de bombeamento. Observa-se que a tarifa azul poderá não ser habilitada pela companhia elétrica em determinadas circunstâncias, quando não se deseja incentivar o consumo elétrico em horários de ponta em um determinado ra-
mal elétrico com elevado índice de demanda. A região Sudeste apresenta um custo horário de energia elétrica superior às demais regiões em qualquer tarifa adotada e em qualquer tempo de irrigação. Já as regiões Sul e Norte são as que apresentam menores valores de custo horário de operação, em qualquer tempo de funcionamento e tarifa de energia elétrica. Caso o irrigante utilize 24 horas/dia a sua estação de bombeamento, o custo horário de energia elétrica terá um aumento, em média, de 65, 100 e 18% para as tarifas azul, verde e convencional tipo A, respectivamente, nas regiões do Brasil.
RESUMO E CONCLUSÕES
Rodrigo O. C. Monteiro, Priscylla Ferraz, Rubens D. Coelho, Esalq/USP Tabela 1 - Valores de entrada para composição do custos total anual e horário Especificações Custo do motor (R$) Potência do motor (cv) Vida útil do motor (anos) Vida útil da rede de energia elétrica (anos) Taxa anual de juros ICMS Cosseno de ϕ Fator de Ajuste
Motor Elétrico 8.600,00 100 15 30 12% 20% 0,86 1,07
Tabela 2 - Descontos noturnos para irrigação A região Sudeste tem como melhor opção a tarifa verde quando se opera, com Desconto (%) no máximo, 21 horas/dia de irrigação Região Grupo A Grupo B (horário fora de ponta). Para as outras (Alta Tensão > 2,3 kv) (Baixa Tensão < 2,3 kv) regiões, a tarifa azul mostra-se como uma NE 90 73 opção mais atrativa, em qualquer tempo N, CO e MG 80 67 de bombeamento. Irrigando no horário S e SE 70 70 de ponta (passando de 21 para 24 horas/dia), o cusTabela 3 - Concessionárias energéticas selecionadas para cada região to horário de energia eléRegião Concessionária Resolução (Nº/ano) trica terá um aumento, N CELPA (Centrais Elétricas do Para S. A.) 192/2004 em média, para as regiões do Brasil, de 65, 100 NE Companhia Energética de Alagoas 219/2003 e 18% para as tarifas CO CELG (Companhia Energética de Goiás) 02/2004 azul, verde e convencioSE CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) 83/2004 nal tipo A, respectivaS CEEE/RS (Companhia Estadual de Energia Elétrica) 242/2004 M mente. Tabela 4 - Custo horário com energia elétrica de um sistema de irrigação, operando com 21 e 24 horas/dia (horário fora de ponta e de ponta, respectivamente), em função do tipo de tarifa e horas de bombeamento nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul Regiões Norte
Nordeste
Centro-Oeste
Sudeste
Sul
Tempo de irrigação anual (21 horas/dia – 24 horas/dia) 1260 – 1440 (2 meses/ano) 2520 – 2880 (4 meses/ano) 3780 – 4320 (6 meses/ano) 5670 – 6480 (9 meses/ano) 1260 – 1440 2520 – 2880 3780 – 4320 5670 – 6480 1260 – 1440 2520 – 2880 3780 – 4320 5670 – 6480 1260 – 1440 2520 – 2880 3780 – 4320 5670 – 6480 1260 – 1440 2520 – 2880 3780 – 4320 5670 – 6480
Custo horário R$/100 cv de potência (21 - 24 horas/dia) Tarifa Azul Tarifa Verde Tarifa Convencional Tipo A 5,80 – 9,60 6,85 – 12,31 9,61 – 10,09 5,57 – 9,30 6,49 – 11,99 9,61 – 10,09 5,40 – 7,94 6,27 – 11,78 9,61 – 10,09 5,32 – 7,73 6,16 – 11,68 9,61 – 10,09 6,61 – 10,20 7,77 – 13,36 12,15 – 12,27 6,39 – 9,41 7,41 – 13,05 11,50 – 11,71 6,20 – 9,02 7,18 – 12,82 11,29 – 11,53 6,12 – 8,81 7,07 – 12,71 11,15 – 11,40 7,06 – 10,40 8,14 – 13,68 12,87 – 13,00 6,85 – 9,67 7,02 – 13,39 12,29 – 12,50 6,66 – 9,29 7,43 – 13,02 12,10 – 12,33 6,57 – 9,08 7,27 – 12,82 11,97 – 12,22 8,64 – 13,11 8,71 – 14,58 15,19 – 15,21 8,32 – 12,05 8,27 – 14,20 14,45 – 14,56 8,07 – 11,54 8,00 – 14,93 14,20 – 14,35 7,95 – 11,25 7,86 – 13,80 14,04 – 14,20 5,30 – 7,55 6,78 – 11,09 10,33 – 10,38 5,19 – 7,09 6,51 – 10,85 9,88 – 9,99 5,08 – 6,86 6,32 – 10,66 9,73 – 9,86 5,03 – 6,73 6,22 – 10,57 9,63 – 9,77
Março 07 • 07
pivô central
Fonte rentável
A implantação de pivô central em áreas destinadas à produção de hortaliças mostra-se uma interessante alternativa de empreendimento para produtores da região Centro-Oeste. Além de ter uma taxa de risco bastante baixa o sistema garante alta produtividade e produtos com mais qualidade e valor agregado
A
Cultivar
s hortaliças têm o desenvolvimento e o rendimento muito influenciados pelas condições de clima e umidade do solo. A deficiência de água é freqüentemente um fator limitante no rendimento e qualidade do produto, sendo a irrigação, portanto, uma prática bastante utilizada. Os sistemas de irrigação têm por objetivo permitir o fornecimento do insumo água, captando, conduzindo e distribuindo água de maneira uniforme e controlada, utilizando o mínimo de energia e preservando o meio ambiente. Devido às suas características favoráveis, o sistema de irrigação tipo pivô central é bastante utilizado na produção de hortaliças como o
alho, a batata, a cenoura e o milho doce, por permitir a irrigação mecanizada de grandes áreas, mesmo de topografia irregular, facilidade de operação e manutenção, elevada uniformidade de aplicação de água, facilidade de utilização de práticas de quimigação, estrutura que não interfere nas operações agrícolas, e em relação ao manejo, possibilita a aplicação de pequenas lâminas em intervalos reduzidos. A grande utilização deste equipamento permitiu a expansão de culturas olerícolas no Brasil Central, como a batata, cebola e alho na região de Cristalina (GO). Devido aos altos custos envolvidos na olericultura, é inadmissível qualquer limitação de produtividade devido ao
funcionamento do sistema de irrigação, que deverá ter os parâmetros hidráulicos e energéticos otimizados para viabilizar sua utilização.
EXEMPLO Um estudo de caso foi realizado na zona rural de Cristalina (GO), na microrregião denominada Entorno do Distrito Federal, localizada no km 20 da rodovia BR 251, a 80 km do centro de Brasília (DF). O solo é classificado na sua maioria como Latossolo Vermelho Amarelo, de textura argilosa. Para o estudo, foi utilizado o sistema de irrigação por pivô central, por permitir a produção de hortaliças em grande escala. O manejo da irrigação proposto, fundamenta-se no conhecimento, em tempo real, das variações da tensão de água no solo, medida por meio dos tubos tensiométricos e do tensímetro digital, para definir o momento da irrigação e, ao mesmo tempo, determinar a quantidade de água necessária para reposição do déficit hídrico. A área dos pivôs foi subdividida em quatro partes (quadrantes) iguais, sendo que, em cada quadrante, instalou-se um conjunto de tensiômetros (três equipamentos) nas profundidades de 10, 20 e 30 cm, representando, respectivamente, as camadas de solo de 0-15 cm, 15-25 cm e 25-35 cm, para que seja feito o monitoramento da deficiência de água no solo. O local de instalação de cada conjunto foi representativo da área do quadrante e as irrigações serão efetuadas sempre que a tensão atingir um valor máximo que não prejudique o desenvolvimento das plantas.
ANÁLISE FINANCEIRA O estudo realizado em Cristalina (GO) mostrou que a implantação de pivô central para produção de hortaliças é viável
08 • Março 07
Na análise financeira, foi considerada a implantação de 303,93 hectares de área irrigada por pivô central destinada à produção de
“Devido às suas características favoráveis, o sistema de irrigação tipo pivô central é bastante utilizado na produção de hortaliças como o alho, a batata, a cenoura e o milho doce, por permitir a irrigação mecanizada de grandes áreas”
hortaliças na zona rural do município. Primeiramente foi feito um levantamento patrimonial de um empreendimento similar existente na região e, com os dados obtidos, foi realizada uma adequação ao trabalho ora proposto, com a finalidade de implantar três pivôs centrais de 101,31 hectares cada, destinados à produção de alho, batata, cenoura e milho doce. A área útil de plantio de cada pivô será de 99,26 hectares. A análise da rentabilidade e viabilidade financeira foi realizada para um período projetado de dez anos (2007 a 2016).
CONCEITOS E INDICADORES Para que se calcule a viabilidade financeira de um novo negócio, há que se estimar os custos de capital como investimentos, dívidas e financiamentos e, há que se prever as receitas correspondentes, ou seja, a geração futura de caixa. Para a avaliação deste trabalho, foi realizado um estudo de viabilidade financeira através de projeções e retorno de investimentos, utilizando os seguintes indicadores: Valor Presente Líquido (VPL), Taxa de Mínima Atratividade (TMA), Taxa Interna de Retorno (TIR), Prêmio de Risco (PR), Período de Recuperação do Investimento (Payback), Índice de Lucratividade (IL), Índice Benefício Custo (IBC) e Retorno Adicional sobre o Investimento (ROIA). Realizou-se um levantamento de todas as necessidades da propriedade em relação à aquisição de tratores, pulverizadores, implementos, equipamentos, veículos, benfeitorias e atividades terceirizadas, buscando, assim, uma melhor utilização desses recursos na propriedade, atingindo altas produtividades com redução nos custos de produção. Para a realização dos investimentos, partiu-se de um pressuposto que a barragem que fornecerá a água para o sistema de irrigação já existe na propriedade e a
IRRIGAÇÃO NO BRASIL
A
agricultura é a atividade que demanda maior quantidade total de água, consumindo aproximadamente 70% da água disponível. Em alguns lugares do mundo, o uso da água na agricultura responde por 80% de suas derivações e, no Brasil, esse valor supera os 60%. A maior quantidade da água utilizada na agricultura é pela irrigação, sendo esta um elemento de fundamental importância para prover a produção de alimentos e fibras em escala suficiente. Dentre as vantagens apresentadas pela agricultura irrigada, destacam-se: maior produção (possibilidade de mais de um plantio por ano na mesma área), maior produtividade (melhores condições de desenvolvimento das culturas) e geração de empregos
permanentes (± 1,5 empregos/hectare irrigado) com os menores níveis de investimento comparativamente a outros setores da economia, promovendo o aumento da renda e a diminuição do êxodo rural, melhorando sensivelmente as condições de vida dos produtores e suas famílias. Atualmente, o Brasil ocupa lugar de pouca expressão entre os países que utilizam a irrigação intensivamente. A área total cultivada no Brasil está em torno de 66 milhões de hectares, sendo 71,5% deste total com as 13 principais culturas e, deste total apenas 3,63 milhões de hectares são irrigados (23% com pivô central), correspondendo a 5,5% da área cultivada e representando aproximadamente 35% da produção agrícola nacional.
mesma foi valorizada no preço do item terra e todos os demais itens serão adquiridos (terra, construções civis, tratores, pulverizador, implementos, equipamentos, veículos e itens diversos). Os investimentos totais resultaram em um montante de R$ 7.920.740,00. As receitas anuais foram determinadas de acordo com o que será colhido em cada ano. As estruturas das produtividades foram propostas com base na alta tecnologia e
Divulgação
Março 07 • 09
Marco A. Lucini
Figura 1 - Período de recuperação do investimento
Outra vantagem da produção sob pivô é o baixo risco financeiro que a atividade representa
de do projeto de investimento. O Período de Recuperação do Investimento (Payback), calculado sobre o Valor Presente, está estimado em um ano e 11 meses (Figura 1), em que no 1º ano as receitas cobrem os custos totais oriundos da atividade produtiva, porém os investimentos são cobertos somente a partir do 2º ano.
em resultados práticos alcançados por um empreendimento similar existente na região, que utiliza os parâmetros técnicos recomendados com aplicações otimizadas de insumos agrícolas. Os preços de venda propostos representam 70% (para a cenoura) e 80% (para o alho, a batata e o milho doce) de uma média histórica obtida nos seguintes entrepostos de comercialização: Ceagesp (SP) (2001 a 2005); Ceasa (MG) (2001 a 2005); Ceasa (DF) (2001 a 2005); Ceasa (PE) (2001 a 2005) e Ceasa (GO) (1999 a outubro de 2006). Esses preços de venda propostos têm como referência a propriedade, ou seja, o produtor estará isento de custos com transporte para o local de destino. Para a cenoura considerou-se um percentual menor pelo fato da mesma ser comercializada diretamente na lavoura, isentando o produtor de custos com lavagem e embalagem.
CONCLUSÃO Os métodos de avaliação de projetos permitem estabelecer estudos comparativos entre alternativas de emprego do capital e de outros recursos da propriedade. O investimento no sistema de irrigação por pivô central para a produção de hortaliças no município de Cristalina (GO) numa área de 303,93 hectares apresentou-se financeiramente viável configurando em uma interessante sugestão de empreendimento para produtores da região que buscam novas alternativas para diversificar sua produção e desejam enfrentar o mercado como vendedores.
O fluxo de caixa foi analisado de acordo com os indicadores propostos. Os resultados obtidos mostram uma rentabilidade para a atividade no final de dez anos, com um VPL de R$ 21.646.686,64 a uma TMA de 17,10%, mostrando-se então uma atividade viável, a qual remunera os investimentos e ainda proporciona retorno. A TIR apresentou resultado de 67,90%, sendo maior do que a Taxa de Mínima Atratividade de 17,10%, indicando que o projeto é viável e lucrativo. O PR foi de 50,80%. O IL da atividade por unidade vendida variou entre 24,12% a 55,54% (média de 39,05%) durante os anos analisados. O IBC foi de 3,73, ou seja, para cada R$ 1,00 investido obteve-se retorno de R$ 3,73. O ROIA foi de 14,08% a.a. além da TMA, sendo essa a melhor estimativa de rentabilidaAs hortaliças produzidas sob pivô central têm mais qualidade e maior valor agregado
10 • Março 07
Divulgação
AVALIAÇÃO DOS INVESTIMENTOS
A atividade olerícola vem se destacando nos últimos seis anos na região de Cristalina, principalmente na produção de alho, batata, cenoura e milho doce, indicando que não se pode deixar de investir em tecnologias adequadas para a obtenção de altas produtividades, visando produzir com qualidade e com um maior valor agregado. Recomenda-se sempre buscar atender as exigências do mercado consumidor, estar atento às novas tecnologias que vão surgindo no setor, procurando se manter firme no mercado, que se torna cada vez mais competitivo. É conveniente ressaltar que a atividade apresenta um baixo risco, apresentando uma ampla diferença entre a TIR e a TMA, podendo a mesma ser explorada como uma atividade principal dentro de um estabeleciM mento agrícola. Rafael Weschenfelder, Remidijo Tomazini Neto, Cícero Célio de Figueiredo e Adilson Jayme de Oliveira, Upis
GPS
Gismal Francisco Perin
Eficiência monitorada Uso do GPS para determinação da eficiência operacional é uma realidade acessível, que se paga pela quantidade de informações úteis que gera
A
determinação da capacidade operacional de um conjunto mecanizado (trator e implemento) é de fundamental importância para a definição do custo operacional deste conjunto. O custo da operação agrícola é em torno de 30% do custo total de produção, e seu conhecimento traz vários benefícios, entre eles, a identificação de fatores que não estão sendo viáveis na produção, como por exemplo, um determinado implemento que apresenta custos maiores que benefícios. Tempos atrás, para se saber a capacidade operacional de um conjunto, era necessário realizar medições a campo como, tempo total de trabalho, área trabalhada, da velocidade, do número de passadas, do tempo de reabastecimento, entre outros. Isto era muito trabalhoso e interferia no trabalho do conjunto mecanizado. Conseqüentemente, a determinação desta capacidade e poste-
riormente da eficiência operacional era realizado por poucos agricultores e por projetos de pesquisas.
DEFINIÇÕES A capacidade operacional é o quanto de área trabalhada num determinado tempo, o conjunto mecanizado realiza, o que costumeiramente convencionamos de hectares por hora. Para determinar-se o valor da eficiência operacional utiliza-se o valor da capacidade operacional efetiva juntamente com a capacidade teórica do conjunto mecanizado. A capacidade teórica é obtida através da multiplicação da largura do implemento com o valor do deslocamento médio do trator, também expressa em ha/h. A capacidade teórica corresponde a 100% de eficiência operacional. Então, obtendo-se a capacidade operacional efetiva, pode-se determinar com exatidão a eficiência operaci-
onal do conjunto. Com o valor da eficiência operacional, é possível comparar os diferentes conjuntos existentes na propriedade, no que diz respeito a operadores, às máquinas e também aos custos. Atualmente, através do uso do GPS® (sistema de posicionamento global), esta determinação ficou muito mais fácil de ser executada. Existem vários receptores de sinal GPS, utilizados na agricultura. O mais conhecido é a barra de luzes, que utiliza o sinal GPS com correção diferencial. Entretanto, isto tem um custo aproximado de R$ 20 mil. O receptor GPS utilizado para a determinação da capacidade operacional é denominado de GPS de navegação e seu custo aproximado é de R$ 700. Existem vários aparelhos de navegação no mercado, entretanto o fundamental para a agricultura é que ele possa realizar o cálculo de áreas.
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Fotos Gismal Francisco Perin
Com o valor da eficiência operacional, é possível comparar os diferentes conjuntos existentes na propriedade
TAMANHO DA ÁREA O primeiro passo para a determinação da capacidade operacional é o conhecimento da quantidade total de hectares presentes na área. Isto pode ser realizado com o receptor GPS que tenha capacidade para realizar este cálculo. Percorrendo-se o perímetro da área, pode-se obter este valor de hectares, que serão utilizados em vários planejamentos, como o da mecanização, da produção, da quantidade de insumos, entre outros. O número correto de hectares é fundamental para identificar de forma segura a capacidade operacional do conjunto mecanizado.
EFICIÊNCIA OPERACIONAL Foi realizada determinação da capacidade operacional, numa operação agrícola de semeadura de trigo, em área de 12,6 hectares. O conjunto mecanizado utilizado foi uma semeadora/adubadora marca Semeato modelo SHM 15/17 com espaçamento entre linhas de 20 cm e 17 linhas de semeadura, e um trator marca Massey Ferguson modelo MF 290 com tração dianteira auxiliar. A variedade de trigo semeada foi a BRS 194 e a quantidade de adubo de 210 kg/ha. Para esta determinação, foi instalado um receptor de sinal GPS de marca Garmin modelo Etrex Legend, no bocal de abastecimento de combustível do trator. O receptor GPS foi ativado para coletar
o percurso percorrido pelo trator durante a operação. Além do mais, o operador poderia visualizar alguns dados instantaneamente, como a velocidade atual, a hora do dia, o odômetro do percurso e o deslocamento médio. Com o auxílio do software GPS Track Maker versão 13.0 (versão livre e gratuita, disponível na internet para download, desenvolvida pelo professor Odilon Ferreira, MG - Brasil) é possível realizar o download do registro do trajeto do receptor GPS para dentro do computador pessoal. Este software permite a visualização, armazenagem e edição de alguns dados provenientes
A) Visão da área B) Imagem vertical com limite; C) Mapa de semeadura e D) Sobreposição para rastreabilidade
A)
B)
C)
D)
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do registro do trajeto. Pelo software é possível retirar informações como hora de início e fim da operação, número de abastecimentos, velocidade e hora de cada ponto da lavoura. Do receptor GPS podem-se retirar informações como a distância percorrida, o tempo de paradas, a velocidade média, o deslocamento médio a velocidade atual, a velocidade máxima, a hora do dia, entre outras informações. O primeiro passo para a determinação da eficiência operacional é a obtenção do valor da capacidade teórica. Este valor é obtido através do deslocamento médio do conjunto mecanizado (8,5 km/h) com a largura total da semeadora (3,4 m). Resulta em 2,89 ha/h, para esta operação, e corresponde a 100% de eficiência operacional. A operação teve início às 8h e 55 min do dia 13 de junho de 2006 e terminou às 16h e 17 min do mesmo dia, totalizando 7h e 22 min de operação. Neste período, o conjunto esteve parado por 52 min e 20 seg, perfazendo 6h e 30 min efetivamente trabalhando. O receptor GPS também registrou a quantidade de movimento que o conjunto executou. Nesta área de 12,6 ha, teve um total de 55,2 km, alcançando a velocidade máxima de 14,8 km/h. Através da análise posterior dos dados, pelo software anteriormente citado, pode-se verificar em qual local da área é que houve esta velocidade, solicitando, se preciso for, esclarecimentos do operador. Todas estas informações citadas são úteis para a determinação da capacidade operacional, e foram registradas sem a necessidade de acompanhamento ou interferência no trabalho em questão. Daí a importância do sistema GPS para efetuar estas determinações. Nestes 12,6 ha, o tempo total para reali-
“O número correto de hectares é fundamental para identificar de forma segura a capacidade operacional do conjunto mecanizado”
zar a operação de semeadura de trigo, com este operador foi de 7h e 22 min. Com isso, para a realização de um ha foram necessários 35 min e 5s ou 0,585 h/ha. A mesma informação pode ser expressa de maneira diferente: a cada hora de trabalho foram realizados 1,71 ha/h. Este valor corresponde à capacidade operacional efetiva. A divisão da capacidade operacional efetiva pela capacidade teórica gera como valor a eficiência operacional. Portanto, 1,71 ha/h dividido por 2,89 ha/h resultam em 0, 591 7 ou 59,17%. Este valor será utilizado no gerenciamento do sistema mecanizado da propriedade. Poderá ser comparado com outros conjuntos mecanizados, identificando os fatores que estão gerando esta eficiência. Também poderá ser estudada a viabilidade de troca por um conjunto de maior eficiência, se este for o caso. Nota-se que se o deslocamento médio for menor, o valor da eficiência operacional aumenta. Entretanto, isto jamais deverá ser utilizado como recurso para o aumento da eficiência. Outros dados retirados do receptor GPS e do software também são informações importantes. Duas delas são o número e o tempo de reabastecimentos. Neste caso foram
Gismael mostra as vantagens que um simples GPS pode trazer para as atividades agrícolas
oito paradas para reabastecimento, com um tempo médio de 5 min e 10 s, totalizando 41 min e 20 s de tempo parado para reabastecimento. Quanto menor este tempo, maior será a eficiência operacional. No caso, correspondeu a 9,35% do tempo total de operação.
Entretanto, observou-se neste caso, que os fatores que determinaram a eficiência operacional do conjunto mecanizado foram efetuados durante a movimentação do conjunto. Entre eles, podem ser citados, a troca de talhões (observa-se na figura vertical com limite que a área possui vários talhões e uma estrada cruzando na parte central), a sobreposição das passadas do implemento, o número excessivo de manobras devido ao formato irregular da área, entre outros. Alguns destes fatores como o formato da área e o número de talhões são difíceis de serem amenizados. Com isso, nesta área, o aumento da eficiência operacional é complicado de ser otimizado devido a estes fatores de difícil eliminação. O uso destas tecnologias citadas, como o sistema GPS e programas computacionais, para a determinação da capacidade e eficiência operacional, se tornará uma importante ferramenta para a gerência dos sistemas mecanizados, presentes na fazenda, pois seus custos são acessíveis perante o M custo total da produção agrícola. Gismael Francisco Perin, UFSM
teste de desempenho
Em avaliação
Tratores com configurações parecidas podem ter desempenho e consumo diferentes em situações de trabalhos idênticas
À
Fotos Unesp
primeira vista, não existem muitas diferenças entre os tratores e implementos que são vendidos no mercado nacional, a não ser quanto à cor e à potência de cada modelo. Mas, com certeza, quando se faz um exame detalhado de cada má-
Célula de carga utilizada para verificar a força na tração durante o ensaio dos tratores
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quina em campo, que é chamado ensaio de máquinas, as diferenças começam a aparecer e estas são muitas. Com base nestes ensaios, o produtor poderá escolher qual a melhor máquina para a sua realidade. Existem alguns atributos básicos para serem avaliados em equipamentos agrícolas, tais como: consumo de combustível, patinagem das rodas, capacidade de campo efetiva, entre outros. Saber avaliar estes parâmetros é fundamental para o sucesso operacional e econômi-
Coletor de dados utilizado para registrar o consumo de combustível
co das atividades agrícolas.
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL O custo do consumo de combustível em operações tratorizadas, representa aproximadamente 30 a 35% na composição do custo hora total das operações mecanizadas de uma propriedade agrícola. Dessa forma, a determinação correta de tal parâmetro, é uma ferramenta de grande relevância para comparar os equipamentos, bem como um item técnico fundamental para o monitoramento econômico de empresas que desenvolvem tais operações o ano todo. Fazendo um cálculo rápido, caso um trator apresente uma economia de três litros de diesel por hectare trabalhado, em relação a outro trator de uma mesma faixa de potência, considerando uma área produtiva de 1000 ha e o preço do combustível de R$ 1,80 por litro de diesel, pode-se dizer que apenas nesta operação haverá uma economia de R$ 5.400,00. Nos ensaios de campo realizados por empresas, universidades ou técnicos especializados, que exigem alto grau de precisão, este parâmetro é mensurado por fluxômetros instala-
dos no circuito de alimentação do combustível para o motor, estando ligados a um coletor de dados. Cada um mililitro de combustível que passa pelo aparelho é registrado como um pulso elétrico. Como o coletor registra também o tempo gasto na operação, estes valores são transformados em litros por hora (l/h). Caso seja calculada a capacidade operacional do conjunto, têm-se os dados de consumo em litros por hectare (l/ha), os quais representam quanto o conjunto motomecanizado consumiu de combustível por área. O consumo por área trabalhada é um dado interessante, pois é um parâmetro de comparação entre as máquinas. Existem casos em que uma máquina tem um maior consumo horário comparada com outra na mesma operação, porém ela realiza o trabalho em menor tempo, com isso tem um consumo por área trabalhada menor. Na prática, para se calcular sem instrumentação, um dos métodos mais simples pode ser realizado através do próprio tanque de combustível do equipamento. Após completá-lo até seu limite máximo, realiza-se o trabalho em uma
área de dimensões conhecidas e reTabela 1 - Consumo em diferentes tipos de operação presentativas da área total, abasteTratores Operação Consumo l/h Diferença % Economia em 1000 H* cendo novamente o tanque até seu A Calcáreo 3,4 40% R$ 2.520,00 nível máximo, após o final da opeB 4,8 ração. Desta maneira, é possível coA Grade leve 4,6 36% R$ 2.880,00 nhecer o consumo em litros por hecB 6,2 tare daquela determinada operação. Outra maneira, utilizando este A Grade pesada 7,5 17% R$ 2.340,00 mesmo método, pode ser realizada B 8,8 abastecendo o tanque até seu nível * Considerando preço de R$ 1,80 por litro de óleo diesel máximo após uma jornada compleTabela 2 - Percentual de patinagem nas diversas operações ta de trabalho (por exemplo, oito horas). Neste caso consegue-se levantar o consumo em litros Tratores Operação Patinagem % Diferença % por hora do equipamento. Além de menos preA Calcáreo 8,5 7,6 ciso, uma vez que este método contabiliza o B 7,9 consumo em intervalos, abastecimentos e paA Grade leve 10,2 6,9 radas, para se conhecer o consumo em litros B 10,9 por hectare é necessário conhecer o ritmo opeA Grade pesada 12,8 4,7 racional do trator, tema que será abordado mais B 13,4 adiante. A seguir estão demonstrados alguns resulTabela 3 - Diferenças de capacidade de campo efetiva tados de testes de consumo de combustível comTratores Operação CcE ha/h Diferença % parativos realizados pelo Nempa, Núcleo de A Calcáreo 4,12 4,6 Ensaio de Máquinas Agrícolas do DepartamenB 3,94 to de Engenharia Rural da FCA – Unesp de A Grade leve 3,03 7,1 Botucatu, com o auxílio de um fluxômetro. A tabela1 apresenta o impacto da diferença de B 2,83 consumo de combustível de tratores de mesma A Grade pesada 0,86 6,2 faixa de potência, nos custos de produção conB 0,81 siderando 1000 horas trabalhadas. nos pneus dianteiros e traseiros respectivamenTRATORES UTILIZADOS te. • Trator A com 1583 horas de trabalho, 88 Em cada um dos ensaios apresentados com CV, pneus dianteiros 14.9.24 e pneus traseiros valores expressos em litros/hora, foram utiliza18.4-34, lastrado com 75% de água e 20 psi dos os mesmos implementos para todos os nos pneus dianteiros e traseiros. modelos, mesmas condições de trabalho, las• Trator B com 2630 horas de trabalho, 85 tros recomendados por cada fabricante e a mesCV, pneus dianteiros 12.4-24 e pneus traseiros ma velocidade de trabalho (mesmo ritmo ope18.4-30, lastrado com 75% de água, 18 e 20 psi racional).
Charles Echer
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“O consumo por área trabalhada é um dado interessante, pois é um parâmetro de comparação entre as máquinas”
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Fluxômetro foi instalado no circuito de alimentação do combustível para o motor, a fim de realizar a verificação do combustível gasto
A capacidade de campo teórica é determinada conforme descrição do fabricante para fins de projetos e planejamento, pela equação: Cct = L x V/10 Onde: Cct = capacidade de campo teórica (ha/h); L = largura de trabalho do equipamento (m); V = velocidade média de trabalho (km/h), obtida através da relação entre o espaço e o tempo gasto no percurso. Quando são somados os tempos de parada para reabastecimento, manobras e “desembuchamentos” (os chamados “tempos mortos”), introduz-se o conceito de eficiência da operação e, com isso, determina-se a Capacidade de campo efetiva, pela fórmula:
PATINAGEM DAS RODAS MOTRIZES A patinagem das rodas pode ser calculada a campo por meio de métodos simples com base no número de voltas da roda, sendo necessário somente a marcação com giz, em um ponto de referência no pneu do trator. Percorre-se com o trator sem carga, isto é, sem desenvolver esforço além do que utiliza para o seu deslocamento, uma distância correspondente a dez voltas das rodas motrizes, medindo com auxílio de uma trena, a distância percorrida neste trajeto. Percorre-se outra vez o mesmo trajeto, porém com o trator em condição de trabalho, medindo a distância percorrida com carga em dez voltas da roda motriz. O implemento deve estar na condição de trabalho em que se quer determinar a patinagem. Realizam-se os cálculos com base na seguinte fórmula: Onde: P = patinagem em %; D1 = distância medida sem carga, em metros;
Paulo, Hugo e Denise realizaram ensaio com os tratores no Departamento de Engenharia Rural da Unesp
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D2 = distância medida com carga, em metros.
CAPACIDADES DE CAMPO TEÓRICA E EFETIVA Trata-se de um parâmetro de suma importância no dimensionamento de máquinas, pois todos os cálculos de rendimento e eficiência das operações agrícolas têm, como base, a Capacidade efetiva do conjunto. Primeiramente calcula-se a capacidade de campo teórica, onde são excluídos os tempos para manobra, reabastecimento etc. Como exemplo, supondo uma área de 100 ha, trabalhando com uma semeadora de capacidade teórica de 2 ha/h, o tempo de semeadura será de 50 horas. Caso se trabalhe dez horas por dia, a área será semeada em cinco dias (teoricamente, sem contar horas paradas, dias com chuva etc).
Cce = L x V x EF/10 Onde: Cce = capacidade de campo efetiva (ha/h); L = largura de trabalho do equipamento (m), V = velocidade média de trabalho (km/h), obtida através da relação entre o espaço e o tempo gasto no percurso. Com a posse destes dados, o produtor pode determinar custos e realizar o planejamento das operações, desde a semeadura M até a colheita. Paulo Roberto Arbex Silva, Denise Mahl e Sérgio Hugo Benez, Unesp Botucatu
pontas de pulverização
Um bico para cada situação Há quem imagine que os bicos de pulverização só diferem no formato e na cor. No entanto, inúmeros são os detalhes que caracterizam cada modelo existente, fazendo de cada ponta única e adequada para uma situação específica
E
xiste uma diversidade razoável de bicos de pulverização capazes de proporcionar diâmetros e velocidades das gotas, adequados à característica da aplicação a ser realizada. O importante é entender que a função deles é produzir gotas. Para se escolher qual o bico adequado para uma determinada situação, deve-se
saber qual é a gota adequada para aquela situação. Nisto consiste o principal desafio da tecnologia de aplicação via pulverização, que é determinar qual é a gota adequada, produzi-la e distribuí-la de maneira uniforme, nas mais variadas situações a campo. Pelas dificuldades em proporcionar esta adequação eficiente são utilizados volumes de calda e quantidade de produtos fitossa-
nitários muito maiores do que seria necessário para o controle das pragas.
QUAL USAR? Algumas perguntas, se bem compreendidas, quando respondidas podem auxiliar na utilização de volumes adequados. São elas: 1) Qual é o tamanho da área a ser trata-
Charles Echer
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Fotos Charles Echer
Cada bico é perfeito para um tipo de aplicação. O segredo está em saber avaliar qual o melhor para cada ocasião
da? 2) Qual é o volume máximo possível de ser colocado exatamente sobre a área a ser tratada? 3) Qual é o volume necessário para controle do problema fitossanitário? 4) Como deve ser a distribuição das gotas na área para que o alvo receba o depósito suficiente em quantidade e qualidade (uniformidade da cobertura) do produto fitossanitário? Courshee (1967), apresentou o seguinte modelo: C = 15(VRK²)/(AD), onde: C = cobertura (% da área); V = volume de aplicação (l/ha); R = taxa de recuperação (% do volume aplicado, captado pelo alvo); K = fator de espalhamento de gotas; A = superfície vegetal existente no hectare;
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D = diâmetro de gotas. Como se observa, aumentando-se o volume de aplicação espera-se um aumento na cobertura do alvo. Entretanto, esta não será a alternativa mais racional do ponto de vista econômico e ambiental, uma vez que estará consumindo maior quantidade de recursos e elevando as possibilidades de desperdício e contaminação.
sobretudo de frutíferas e olerícolas. Sendo a calda bordalesa um fungicida de contato, exigia uma alta cobertura do alvo para o controle das doenças. Como já foi visto, pode-se conseguir elevada cobertura com o aumento do volume de aplicação. A conjuntura da época permitia esta prática. Com isto, tornou-se regra a utilização de quantidades de calda que resultavam em escorrimento de parte do volume aplicado sobre as superfícies tratadas. Em algumas olerícolas, como a batata e o tomate, e em frutíferas como a laranja, ainda se observam práticas como as utilizadas no final do século IXX, mesmo com todo o avanço e desenvolvimento das moléculas e das formulações de produtos fitossanitários atualmente disponíveis no mercado. Outro argumento tem pesado a favor da utilização de volumes maiores que 200 l/ha, como por exemplo, na aplicação de herbicidas em pré-emergência das plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar. Durante tempos foram utilizados volumes superiores a 400 l/ha, sob o argumento de que esta quantidade de calda seria necessária para “molhar” o solo favorecendo a ação do produto. É importante esclarecer que um volume de 800 l/ha, o dobro do sugerido, seria equivalente a uma precipitação de 0,08 mm, algo que certamente não afetaria em nada a umidade do solo (uma precipitação de um milímetro, que igualmente teria pouca influência na umidade do solo, significa um volume de 10 mil l/ha). Assim, se a umidade é importante, o produto deve ser aplicado com o solo úmido ou associado a uma irrigação ou a molécula deverá ter uma es-
VOLUME DE APLICAÇÃO Um fator que contribui para a utilização de elevados volumes de aplicação é a tradição. Com a descoberta das propriedades fungicidas da calda bordalesa, em 1882, os produtores passaram a utilizá-la como alternativa na prevenção a doenças. A situação de utilização daquela época era de culturas produzidas por mão-de-obra familiar ou de subsistência, com água em abundância e sempre próxima às áreas de cultivo,
As pontas de pulverização estão disponíveis nos tipos básicos de jato plano e cônico com uma série de modelos em cada um deles
“Sendo o bico o principal componente do pulverizador a sua correta escolha já contribui para uma aplicação mais eficiente do produto fitossanitário”
tabilidade tal que permaneça disponível e viável no solo até que a umidade alcance níveis apropriados. Desta forma, será necessário apenas que o produto chegue ao solo com uma distribuição adequada ao objetivo do tratamento (área total ou faixas). Para isto, pode-se lançar mão dos bicos que produzem gotas muito grossas ou extremamente grossas como os defletores, os com indução de ar e, mais recentemente, os defletores com indução de ar. Entretanto, com a utilização de gotas maiores, a cobertura ficará ainda menor. No caso de ser necessária uma cobertura mais rica, como a aplicação de fungicidas de contato sobre a folhagem das culturas, uma alternativa também observável pela fórmula de Courshee (1967) é a utilização de gotas menores, com ou sem adjuvantes, que poderão atuar no fator de espalhamento das gotas sobre o alvo, possibilitando também um aumento na cobertura. Todas estas situações devem ser ponderadas no momento de se consolidar uma recomendação, uma vez que estarão ocorrendo simultaneamente.
OUTROS FATORES Sendo o bico o principal componente do pulverizador, a sua correta escolha já contribui para uma aplicação mais eficiente do produto fitossanitário. Entretanto, apenas esta informação não basta. O resultado de deposição deverá estar justificado pelo efeito biológico sobre a praga. Com isto, o sucesso do tratamento fitossanitário será medido pela eficiência na colocação do produto no alvo e pelo respectivo efeito biológico
ENTENDA A CLASSIFICAÇÃO DOS BICOS
O
s bicos podem ser classificados conforme a energia que utilizam para produzir as gotas. Desta forma, há bicos de energia gasosa, centrífuga, térmica, cinética, elétrica e hidráulica, sendo esta última a mais comum. Os bicos de energia hidráulica são amplamente difundidos por todo o mundo. São formados por um conjunto de partes, cuja considerada como a mais importante é a ponta de pulverização por ser responsável direta pala formação e distribuição das gotas. As pontas de pulverização estão disponíveis nos tipos básicos de jato plano e cônico com uma série de modelos em cada um deles. Em geral, há uma denominação binomial apresentada em combinações de números que referem ao ângulo do jato e à sua vadesejado. Reforça-se que o objetivo da tecnologia de aplicação é a correta colocação do produto no alvo. No caso da aplicação em pulverização, será a deposição da gota de diâmetro adequado e uniforme, distribuída e depositada em quantidade e uniformidade suficientes (número de gotas por centímetro quadrado) para proporcionar a eficácia de controle do problema fitossanitário. Neste caso, a melhor recomendação de dosagem para os produtos será por concentração.
zão. Assim, quando se observa uma combinação 11004 (cento e dez – zero quatro) significa um ângulo de abertura do jato de calda de 110º e uma vazão de 0,4 galão por minuto, na nomenclatura americana. Também pode ser encontrada outra nomenclatura para o mesmo modelo de ponta, escrita no sistema internacional que utiliza a unidade de vazão em litros por minuto. Neste caso, a nomenclatura apresentada para o mesmo modelo será 110-1,6-3 (ângulo do jato de 110º e vazão de 1,6 l/min, medida à pressão de 300 kPa). Também é possível observar siglas, como por exemplo: LD (Low Ramal duplicado permite gotas maior Drift), BDmenores, (Baixagarantindo Deriva), DG (Drift uniformidade na deposição Guard) que estão associadas ao modelo do bico e são variáveis de empresa para empresa. O usuário deve buscar informações sobre a concentração recomendada do produto, para a praga que está ocorrendo na cultura e qual é o bico que oferece diâmetro e uniformidade das gotas adequadas à situação. Com isto, acredita-se trilhar o caminho da implementação racional do uso dos conhecimentos científicos materializados através da tecnologia de aplicação.
ATUALIZAÇÃO Mesmo com as inovações em eletrônica embarcada e na metodologia de confecção de equipamentos, de produtos e de análises computadorizadas ou laboratoriais, a função do profissional em ciências agrárias permanece insubstituível e de fundamental importância. Sendo assim, este deve adquirir conhecimentos sobre a sua área de atuação para relacionar estes conhecimentos à situação em que se encontra e propor soluções que contribuam para uma aplicação criteriosa dos produtos fitossanitários com racionalidade na utilização dos recursos naturais e financeiros, respeito à saúde do homem e preservação da natureza. O uso da tecnologia correta estará colaborando para o desenvolvimento sustentável da atividade produtiva e para a preserM vação do homem e sua evolução. Marcelo da Costa Ferreira, Unesp A escolha dos bicos certos é tão importante quanto escolher o produto adequado para cada situação
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passo a passo
Carga mantida A manutenção da bateria vai além de simplesmente monitorar o nível de eletrólito. Limpezas periódicas ajudam a aumentar a vida útil e preservam o sistema elétrico da máquina
A
manutenção do nível correto do eletrólito (solução) é de vital importância para o funcionamento correto do sistema elétrico e para garantir integridade à bateria. Quando as placas do interior dos vasos trabalham secas, ocorre a sulfatação, que em muitos casos inutiliza a bateria. Em
O nível do eletrólito deve estar entre um e dois centímetros acima das placas internas
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Em alguns modelos de baterias, existe um marcador interno, que deve estar submerso
Para proceder a lavagem, deve-se soltar os terminais, começando pelo negativo
“Os bornes perdem o perfeito contato com os terminais e cabos, gerando dificuldade para conduzir a corrente, resultando em descarga e o superaquecimento da bateria” Fotos Charles Echer
Para lavar os bornes externos, utiliza-se água corrente e uma escova de aço
casos extremos, especialmente sob altas temperaturas, as placas podem entrar em curto-circuito, também inutilizando-a. Para evitar esses contratempos, a cada cem horas de trabalho, é necessário verificar o nível de solução. Para proceder a verificação, remova as tampas dos vasos de água e introduza um tubo transparente até encostar nas placas. Feche a parte superior do tubo e retire-o do compartimento de água. Observe a altura do líquido, ela corresponde ao nível da bateria, que deve ser entre um e 2cm. Verifique todos os vasos e complete com água destilada, se necessário. Alguns modelos de baterias possuem um indicador de nível da água, que deve estar submerso para que o nível esteja ideal. Caso não seja possível verificar o nível com nenhum dos dois sistemas, pode-se utilizar uma vareta de madeira, passando giz em sua volta. Insira no compartimento e retire, verificando a marca deixada pela solução. Além do nível de solução, a limpeza externa é responsável pela duração da bateria. Os acúmulos de depósitos externos
Após a lavagem dos bornes, seque-os bem antes de realizar a ligação dos terminais
Com os bornes e os terminais limpos e secos, faça a ligação novamente, começando pelo positivo. Utilize vaselina ou graxa para proteger as peças e evitar a corrosão
corroem a pintura e as partes metálicas em contato ou próximas à bateria. Além disso, as impurezas ajudam a descarregar a bateria, pois funcionam como condutores. Os bornes perdem o perfeito contato com os terminais e cabos, gerando dificuldade para conduzir a corrente, resultando em descarga e o superaquecimento da bateria. Por isso, também, a cada cem horas de trabalho, deve-se fazer a limpeza externa. Para isso, desconecte os terminais, começando pelo negativo e remova a bateria. Com a bateria fora do compartimento, lave-a com água e sabão. Limpe os terminais e bornes usando lixa e escova de aço. Após a limpeza, coloque os terminais começando pelo positivo e
aperte bem as porcas de fixação. No final da operação, proteja os terminais com vaselina, para evitar corrosão.
RECARGA Quando a bateria estiver descarregada, devido a um longo período inativa, deve ser carregada fora do trator, em aparelho de carga lenta, ou seja, no máximo 7,0 ampères. A elevada corrente induzida pelo alternador (com bateria descarregada) pode danificá-la. Jamais teste a bateria através de curto-circuito entre os bornes. Além de os danificar, há o risco de explosão da bateria. M Colaboração Cimma Ltda.
CUIDADOS NECESSÁRIOS
C
omo a bateria é responsável pela energia de inúmeros elementos, é necessário tomar alguns cuidados simples, mas que garantem a integridade do sistema elétrico da máquina. • Nunca use bateria auxiliar cuja extensão nominal seja maior que 12 volts. • Nunca faça algum reparo no sistema elétrico sem antes desligar o cabo negativo da bateria. • Jamais inverta a polaridade na ligação da bateria do trator ou bateria auxiliar para a partida. Ou seja: cabo negativo (-) com os bornes negativos e cabo positivo (+) com borne positivo. No caso de troca das baterias, identifique a posição de montagem e ligações, para evitar inversões na reinstalação.
• Ao contrário da hora de desconectar, sempre conecte o cabo positivo primeiro e depois o negativo. • Se a bateria consome água em períodos muito curtos (60 a 80 horas de trabalho) ou se fica sem carpa com muita freqüência, mande testar o sistema de carpa (alternador e regulador), além da própria bateria. • No caso dos tratores com sistema de levante eletrônico, a responsabilidade do sistema elétrico é ainda maior. Se a tensão fornecida pelo sistema não estiver dentro de certos limites, o levante hidráulico fica inoperante. • E lembre-se que os vapores ácidos da bateria são letais. Jamais aproxime chama viva para iluminação, pois esses vapores são inflamáveis.
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colheitasímbolos florestal
Prova do corte Estudo avalia o rendimento de três empresas prestadoras de serviços para colheita florestal e encontra diferenças razoáveis de aproveitamento do tempo e eficiência operacional
A
de serviços contratadas. O monitoramento de uma frota composta por este tipo de máquinas torna-se fundamental frente ao elevado custo de aquisição e depreciação do material. Empresas que terceirizam essa operação têm geralmente grandes dificuldades em gerenciar as operações realizadas, por não terem um profissional acompanhando o turno integral de trabalho. A busca pelo máximo desempenho operacional aliado ao cumprimento dos planos de manutenção preventiva do maquinário são imprescindíveis para o bom andamento do processo e obtenção de alto rendimento operacional da frota. A equipe da Universidade Federal de Santa Maria realizou ensaio para avaliar o aproveitamento do tempo disponível para trabalho e a produtividade/hora de uma frota de Harvesters pertencentes a empresas terceirizadas no processamento de toretes de 2,3 metros de comprimento. Ao todo, foram avaliados onze Harvesters (Tabela 1) pertencen-
tes a três empresas terceirizadas (A, B e C) que realizam as operações de abate, descasque e seccionamento de árvores. O sistema de colheita foi de corte raso com abate de quatro linhas de árvores. Após a coleta de dados, o cálculo do volume/hora foi obtido através de tomadas de tempo de 30 minutos, contabilizando-se o número de árvores processadas no período (corte, descasque e traçamento) e com a multiplicação do volume individual por árvore pela média de árvores processadas por hora, chegou-se aos valores de volume médio processado (m³) por hora. O aproveitamento do tempo disponível para o trabalho foi medido através do acompanhamento integral de um turno de trabalho em que foram feitas tomadas de tempo e contabilizados os períodos de interrupções e os efetivamente trabalhados. Por meio destas informações, tornou-se possível medir a quantidade de horas trabalhadas por dia com a frota, disponibilizando dados para cálculos Fotos UFSM
modernização das operações de colheita florestal teve início na década de 70, quando a indústria nacional começou a produzir maquinário de portes leve e médio. Neste período, surgiram as motosserras profissionais, tratores agrícolas equipados com pinça hidráulica traseira, Skidders e os autocarregáveis. Na década de 80, vieram os Feller-bunchers de tesoura e de sabre, montados em triciclos e grade desgalhadora. Todavia, com a abertura das importações em 1994, o aumento do custo da mãode-obra, a necessidade de executar o trabalho de forma mais ergonômica, de se ter maior eficiência e a busca de diminuição nos custos de produção, muitas empresas iniciaram a mecanização da colheita de forma mais intensiva. Neste cenário, a empresa Aracruz Celulose - Unidade Guaíba - implementou, em 2002, um sistema de colheita florestal mecanizada utilizando máquinas do tipo Harvester pertencentes às empresas prestadoras
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“O monitoramento de uma frota composta por este tipo de máquinas torna-se fundamental frente ao elevado custo de aquisição e depreciação do material”
Tabela 1 - Máquinas monitoradas
Figura 1 - Tempo total de acompanhamento e divisão entre as jornadas Máquina base Caterpillar 320CL Caterpillar 320CL Caterpillar 320CL Caterpillar 320CL Caterpillar 320CL Caterpillar 320CL Komatsu PC 200 Volvo Volvo Volvo Volvo
estimativos médios de disponibilidade mecânica, eficiência operacional e volume mensal processado por máquina. Com base nos dados, a relação existente entre o tempo disponível para o trabalho e o efetivamente trabalhado pode ser vista na Figura 1 e Tabela 2. Observa-se que na empresa A, o tempo de jornada disponível foi mais bem aproveitado do que pelas outras empresas, tendo apresentado diferença percentual entre a jornada disponível e a efetivamente trabalhada em 18,07%, enquanto que nas empresas B e C esse número (que representa perdas de tempo) aumentou para 25,76% e 37,31%, respectivamente. As empresas A e B estão dentro do limite considerado tolerável que está em torno de 30%, segundo especialistas da área. A empresa C ficou acima deste limite, refletindo baixa eficiência operacional. Quanto à análise produtiva, o número de árvores cortadas e processadas em um espaço de tempo explica-se principalmente pelas condições de relevo, proximidade de mata nativa na área de corte e volume individual por árvore. Observam-se razoáveis médias de disponibilidade mecânica e eficiência operacional entre as empresas avaliadas de acordo com o mínimo recomendado que é de 70%. O GAP (do inglês, lacuna) representa a diferença entre estes dois parâmetros, somando todas as demais causas de interrupções do trabalho que não sejam de problemas mecânicos. O volume mensal/máquina deveria estar em torno de 7.000 m³ para suprir a demanda da empresa contratante. Apresentando desvio de cota negativo, apenas a empresa C não atingiu este índice. O volume médio processado ficou em 14,4 m³ por hora. A Figura 2 mostra uma relação entre as capacidades de produção teóricas (m³/h) e os respectivos rendimentos operacionais (%) juntamente com o valor de capacidade de produção efetiva de cada empresa, os quais estão destacados no gráfico. Observou-se maior capacidade de produção efetiva para a empresa B (16,52 m³/h), bem como maior resposta quanto à variação de rendimento operacional.
Processador Valmet 965 BR Valmet 965 BR Valmet 965 BR Waratah 260 Waratah 260 Waratah 260 Valmet 965 BR Waratah 260 Valmet 965 BR Waratah 260 Waratah 260
O valor encontrado para aumento da capacidade de produção efetiva para cada 1% de acréscimo no rendimento operacional foi de 0,15, 0,22 e 0,21 m³ por hora, para as empresas A, B e C, respectivamente, conferindo um ganho médio de produção diária por máquina na ordem de 3,1 m³ e mensal de 94 m³. Ou seja, este incremento mensal de produtividade seria obtido com apenas 1% a mais de eficiência operacional, aumentando gradativamente com o melhor aproveitamento do tempo disponível para o trabalho. Para um menor comprometimento da produção com paradas muito longas e com vistas ao aumento da vida útil dos equipamentos, o planejamento e cumprimento dos planos de manutenção das máquinas devem ser respeitados. Fatores como heterogeneidade do volume médio por árvore (0,17 a 0,43 m3), diferenças de produtividade entre operadores, pedregosidade, desigualdades do relevo e tempo de vida útil dos equipamentos, inviabilizaram comparações diretas entre os resultados, porém, o objetivo principal do trabalho de avaliar o apro-
Ano 2002 2003 2003 2002 2003 2003 2003 2005 2003 2005 2005
Início de operação 01/2002 09/2003 10/2003 08/2002 10/2003 12/2003 10/2003 02/2005 10/2003 03/2005 11/2005
Leitura do horímetro 14922,4 11092,5 10132,4 10795,5 9402,9 8765,3 8829,3 2058,5 9147,2 775 —
Tabela 2 - Disponibilidade mecânica e eficiência operacional
Empresa A Empresa B Empresa C Média
Disponibilidade Mecânica 90,9% 85,3% 73,9% 83,4%
Eficiência Operacional 84,1% 73,8% 64,4% 74,1%
GAP 6,8% 11,6% 9,5% 9,3%
Figura 2 - Relação da capacidade de produção com rendimento operacional. Determinamos capacidade de produção efetiva média em 14,4 m3/h, disponibilidade mecânica de 83,4% e a eficiência operacional média em 74,1%
veitamento do tempo disponível para o trabalho e a produtividade por hora da frota de M “Harvesters” foi alcançado. José Luiz Bazzo, Aracruz Fabrício Hoeltz Steffens, Edison Bisognin Cantarelli e Marçal Elizandro Dornelles, UFSM
Soldador realizando reparo em uma das máquinas durante o período de manutenção durante a colheita
Equipe da UFSM, em parceria com a Aracruz, avaliou o desempenho de três empresas terceirizadas
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regulagem
Cobertura total
A deposição deposição uniforme uniforme do do fungicida fungicida éé um um dos dos fatores fatores de de maior maior importância importância no no controle controle da da ferrugem ferrugem da da soja. soja. Mas Mas para para obter obter essa essa uniformidade, uniformidade, diversos diversos aspectos aspectos devem devem ser ser observados observados cuidadosamente cuidadosamente antes antes de de começar começar aa pulverização pulverização
O
PONTAS DE PULVERIZAÇÃO Uma das formas de se obter boa deposição da pulverização sob alvos biológicos é a seleção Na hora de controlar a ferrugem, por exemplo, geralmente são utilizadas pontas que produzam gotas menores
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correta das pontas de pulverização. Essas pontas são os componentes mais significativos dos pulverizadores e apresentam como funções básicas: fragmentar o líquido em pequenas gotas, distribuir as gotas e controlar a saída do líquido por unidade de área. Para a aplicação de fungicidas na soja, pontas muito utilizadas são aquelas que produzem gotas finas, como as de jato plano padrão e as Fotos Jacto
controle químico da ferrugem asiática é uma das principais preocupações dos produtores de soja. Considerando o momento da aplicação, onde em geral as plantas apresentam elevado desenvolvimento vegetativo, com grande fechamento e área foliar, as aplicações de fungicida necessitam de grande capacidade de penetração no dossel das plantas. É preciso que a calda aplicada vença a barreira imposta pela folhagem e recubra a maior área foliar possível. Muitos fungicidas utilizados são caracterizados como de ação sistêmica, no entanto, sua mobilidade na planta é baixa. Trabalhos realizados na Embrapa Soja comprovam que muitos produtos, ditos sistêmicos, conferem proteção primordialmente na área de contato. Isso mostra a necessidade de boa cobertura das folhas, mesmo para fungicidas sistêmicos, para a real proteção da lavoura contra a ferrugem.
de jato cônico vazio. No entanto, em virtude do seu espectro de gotas propiciar a deriva, temse tentado utilizar pontas que produzem gotas maiores, como as de jato plano de pré-orifício, jato plano de indução de ar e jato plano duplo de indução de ar. Essas, no entanto, podem comprometer a cobertura das plantas, em razão das gotas serem de maior tamanho. Conseqüentemente, poderá haver menor controle de
“Ao mesmo tempo em que estamos parados, há mais de 15 anos, outros países e suas sociedades organizadas evoluem para modelos bastante avançados de mensuração de desempenho de tratores”
Exemplo de pontas com jato planto duplo João Paulo R. da Cunha
doenças. De forma geral, gotas pequenas são facilmente transportadas pelo vento, porém conferem maior cobertura do alvo. Apesar da cobertura propiciada por distintos tipos de pontas ser diferente, alguns trabalhos de pesquisa têm mostrado resultados semelhantes de produtividade de soja em parcelas tratadas com diferentes pontas, incluindo pontas de indução de ar com espectro de gotas grossas. No entanto, quase todos eles são realizados em “boas” condições de aplicação e climáticas. Como o que se tem visto no campo, em muitos casos, é o emprego de equipamentos mal regulados, operando em condições climáticas inapropriadas, é preciso se ter cuidado na recomendação da ponta ideal, levando-se sempre em consideração a condição específica de cada produtor. Em geral, tem-se buscado trabalhar com pontas que produzam gotas finas a médias, quando se tenta equilibrar segurança operacional e eficácia de controle. Visando unir as vantagens das pontas de jato cônico com as de jato plano simples, os fabricantes de pontas têm investido muito nas pontas de jato plano duplo. As tradicionais, de forma geral, apresentam espectro de gotas finas, e as com indução de ar, grossas a muito grossas (lembrando-se que esse parâmetro varia muito com a vazão nominal e com a pressão). Portanto, o cuidado na seleção deve ser mantido, mesmo com esse tipo de ponta, visando conciliar redução de deriva e cobertura. Vale ressaltar o problema de entupimento dessas pontas com algumas formulações de defensivos, como o pó-molhável.
uniformidade de cobertura do alvo. De maneira geral, a deposição é menor nas partes mais baixas e internas do dossel das culturas. No caso de fungicidas, esta desuniformidade proporciona baixa eficácia no controle de doenças, principalmente no caso de fungicidas que requerem cobertura uniforme de toda a planta.
ADJUVANTES Os adjuvantes são produtos químicos, sem propriedades fitossanitárias, adicionados às formulações dos defensivos ou durante a mistura do defensivo com água no tanque de pulverização, com a finalidade de aumentar sua eficácia e facilitar a aplicação. Existem adjuvantes específicos para várias finalidades. Muitos deles reduzem a tensão superficial das gotas, podendo incrementar a deposição de produto nas folhas. Vale ressaltar que, nos últimos anos, têm surgido no Brasil inúmeras empresas fabrican-
Outra variável importante para incrementar a cobertura das plantas é o volume de calda. Prática comum, na aplicação terrestre, era se aplicar volumes superiores a 200 L ha-1; atualmente, entretanto, existe tendência a se reduzir o volume de calda, visando diminuir os custos de aplicação e aumentar a eficiência da pulverização. O uso de menor volume aumenta a autonomia e a capacidade operacional dos pulverizadores. A redução do volume de calda requer, porém, um aprimoramento da tecnologia de aplicação empregada no campo. Em geral, reduzindo-se o volume de aplicação, para se obter boa cobertura é preciso também reduzir o tamanho das gotas geradas, o que pode ocasionar a deriva. No entanto, novas tecnologias têm surgido no mercado para tentar solucionar esse problema. Os resultados das pulverizações nas lavouras são variáveis. O grau de sucesso geralmente é determinado pela quantidade e uniformidade da cobertura. A eficácia do tratamento depende não somente da quantidade de material depositado sobre a vegetação, mas também da
Divulgação
VOLUME DE CALDA
tes de adjuvantes, sem o devido respaldo científico. O adjuvante é uma importante ferramenta que o agricultor tem a seu favor para melhorar a aplicação do fungicida, contudo seu uso somente deve ocorrer quando realmente for necessário, e com comprovada eficiência do produto.
PULVERIZAÇÃO ELETROSTÁTICA O emprego de equipamentos para energização das gotas na aplicação de fungicidas, em tese, pode conferir grande capacidade de recobrimento da superfície tratada. Atualmente, existem equipamentos tanto para aplicação terrestre, quanto aérea, no entanto seu uso ainda não está muito difundido no Brasil. Com relação à cobertura, testes mostram incremento de deposição na superfície tratada, quando comparada a outras tecnologias. Quanto à deriva, ainda pairam algumas dúvidas no que tange a intensidade de redução do deslocamento de produto para áreas não-alvo.
ASSISTÊNCIA DE AR NA BARRA
João Paulo mostra quais são os fatores que podem auxiliar no controle da ferrugem asiática
A utilização de pulverizadores com assistência de ar na barra tem se mostrado uma das tecnologias mais eficientes para incrementar a deposição de defensivos. Além da movimentação das plantas, que facilita a penetração do produto, a corrente de ar aumenta o alcance da calda pulverizada, melhorando a penetração e a cobertura. O custo e a dificuldade de adaptação da tecnologia às máquinas já existentes nas propriedades impedem a maior proliferação da M tecnologia. João Paulo Rodrigues da Cunha, UFU
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Expodireto 2007
Sucesso de público e negócios Fabiano Dallmeyer
A
7ª edição da Expodireto Cotrijal 2007 refletiu o momento positivo do agronegócio brasileiro . O volume de negócios realizados durante a feira alcançou R$ 145 milhões, percentual 190% maior que os R$ 50 milhões registrados no ano anterior quando a crise enfrentada pelo setor, agravada pela estiagem, inviabilizou a expectativa de investimento dos produtores. Com o novo cenário, o público também cresceu. Foram 131,7 mil visitantes durante os cinco dias de evento, o que representa acréscimo de 9,02% em relação a 2006. No segmento de máquinas agrícolas, os lançamentos e destaques das empresas deram o tom.
definição, com quatro polegadas. “Essa característica facilita o trabalho do operador, que será guiado por display de alta definição”, garante Mauro Busch, técnico comercial da Agrojet. O equipamento conta, ainda, com portas USB, para coleta de dados por pen drive ou compu-
PRECISÃO EM DESTAQUE A Agrojet, filial da Arag no Brasil, aposta na oferta de equipamentos de precisão para facilitar as operações de pulverização. Durante a Expodireto a empresa apresentou o Skipper, Sistema de Guia Via Satélite (GPS) e o controlador de vazão Bravo 300S. O Skipper possui display colorido de alta
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Miguel Tale, gerente comercial da Agrojet, uma das filiais da Arag no Brasil
tador. Outra característica importante é a conexão via rádio e a possibilidade de comunicação com o Bravo 300S sem a necessidade de cabos. Corte automático de sessão e dosagem variável, visualização do traçado a realizar em 2D e 3D, trabalho em modo paralelo contorno ou paralelo curvilínio, capacidade para memorizar vários pontos em um mesmo lote, fornecimento de geração de mapas do serviço executado e diferentes dosagens se somam aos recursos oferecidos. O Bravo 300S conta com amplo display gráfico retro iluminado, possibilidade de comunicação com o Skipper via rádio sem cabos para corte automático de seção, o que evita sobreposição e falhas no tratamento. O equipamento conta ainda com cartão para memorização de dados, atualização de software e importação e exportação da configuração do computador. Na visualização do informe de trabalho, fornece os seguintes dados: tipo de trabalho, superfície tratada, líquido usado, tempo trabalhado, dosagem programada, dosagem média,
“O volume de negócios realizados durante a feira alcançou R$ 145 milhões, percentual 190% maior que os R$ 50 milhões registrados no ano anterior” Fotos Cultivar
A Grazmec destacou o aplicador pneumático de grafite TS2 Spray Sistem
A Prima, lançada pela Stara, marcou o ingresso da empresa no mercado de plantadeiras
bico usado, produtividade, distância percorrida e horário de início e finalização do tratamento. Miguel Tale, gerente comercial da Agrojet, destacou a incorporação da International Spray Jests, líder mundial em pontas de pulverização, ao grupo Arag. No Brasil, além da Agrojet, a Arag MT se soma às filiais do grupo.
STARA A Stara lançou na Expodireto a Prima. A plantadeira permite ajustes manuais que proporcionam agilidade e rapidez na regulagem. Possui a maior capacidade de adubo do mercado, o que aumenta a autonomia diária de plantio. As linhas de semente com sistema pantográfico, juntamente com a distribuição de sementes por sistema de pipoqueira, garantem o plantio nas mais variadas condições de solo. A máquina se destaca pela robustez e simplicidade de manuseio aliadas a um design arrojado, tornando-a uma das sensações do evento. O lançamento está disponível no modelo de 23 linhas para culturas de inverno e nove linhas para cultura de verão.
voltadas para a agricultura familiar e culturas como arroz e grãos. Entre os destaques em tratores, estiveram os modelos MF 250 XE – o Brasileirinho, as séries MF 6300 HD e MF 600 HD, além do MF 291, mostrado pela primeira vez e que atende demandas de lavouras altamente exigentes, especialmente o arroz irrigado. A empresa também ampliou a série de plataformas de corte Powerflex de 16 a 20 pés, para colheitadeiras MF5650 e MF34. Os lançamentos proporcionam o corte mais limpo, alimentação mais uniforme e menor perda de grãos. A Massey Ferguson e seus parceiros aproveitam, ainda, para mostrar os resultados do Projeto Aquarius, iniciado em 2000. Trata-se do primeiro projeto de pesquisa de Agricultura
de Precisão em escala comercial no Brasil – uma parceria da empresa com a Fazenda Anna, Universidade Federal de Santa Maria, Cotrijal e Stara. São 700 hectares cultivados no sistema de plantio direto. O projeto gera tecnologia nacional para o uso do sistema, definindo manejos específicos para cada condição de solo. A partir dos resultados obtidos, os agricultores recebem recomendação de manejo para suas lavouras conduzidas com Agricultura de Precisão.
APLICADOR PNEUMÁTICO A Grazmec destacou na Expodireto o TS 2 Spray Sistem, equipamento para aplicação do grafite no momento do plantio. A capacidade de carga é de dois mil litros (2 bags) e o volume de tratamento é de cem quilos por minuto. A dosagem de líquidos é feita através de bombas dosadoras, controladas eletronicamente. Possui tubo descarregador com tampas que facilitam a limpeza no momento da troca de variedades e é acionado pela tomada hidráulica e M pela bateria do trator (12 v).
NOVAS MÁQUINAS E PESQUISA A Massey Ferguson apresentou máquinas
M
O MF 291, mostrado pela primeira vez, é indicado para lavouras exigentes como as de arroz irrigado
A colheitadeira MF 5650 recebeu nova plataforma Powerflex
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mecanização em tomate
Fotos Marcos D. Ferreira
Colheita completa A Unidade Móvel de Auxílio à Colheita permite colher, beneficiar, classificar e embalar tomate de mesa no campo. Aproveitamento da mão-de-obra existente e incremento à qualidade do produto colhido também são vantagens ofercidas pelo equipamento
O
tomate para consumo “in natura” é cultivado com tutoramento, estaqueado ou envarado, caracterizado por colheitas manuais múltiplas, enquanto o tomate para o consumo industrial é cultivado sem tutoramento, em cultivo rasteiro, com colheita única. O manuseio excessivo na colheita tradicional afeta a qualidade dos frutos, com um aumento significativo na porcentagem de danos físicos e perda de massa. Tentativas de colheita mecanizada de tomate de mesa foram realizadas utilizando equipamentos adaptados da colheita de tomate industrial, mas os resultados obtidos não tiveram muito sucesso, principalmente devido à realização de uma colheita única e não múltipla, com conseqüente redução na produtividade. O tomate é uma hortaliça que apresenta demanda crescente por qualidade, ou seja, havendo renda disponível, consome-se maior quantidade de produtos de melhor qualidade a preços mais altos, o que leva os produtores de tomate de mesa a investir em maiores cuidados na colheita, seleção, classificação e embalagem.
MECANIZAÇÃO Equipamentos de auxílio à colheita para frutas e hortaliças são utilizados em países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, aonde a
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escassez e alto custo da mão-de-obra incentivou o desenvolvimento destas máquinas. Esta situação não ocorria no Brasil devido a então abundante oferta de mão-de-obra, inexistindo portanto linhas de pesquisa para equipamen-
tos desta natureza. Atualmente, com a escassez, sazonalidade e aumento dos custos da mãode-obra e competitividade com o mercado externo, surgiu uma nova conjuntura. Em 2002, na Faculdade de Engenharia Agrícola da Uni-
Uma esteira transporta os tomates para a lavagem, classificação e embalagem
Na parte traseira, os operadores aguardam os tomates, já classificados e prontos para a comercialização
M
“O manuseio excessivo na colheita tradicional afeta a qualidade dos frutos, com um aumento significativo na porcentagem de danos físicos e perda de massa”
Figura 1 - Unidade Móvel de Auxílio à Colheita - UNIMAC - para tomates de mesa, observando-se as esteiras com taliscas para abastecimento, esteiras laterais de transporte e seleção e sistema de beneficiamento. O movimento do equipamento ocorre na direção indicada
Figura 2 - Vista lateral com dimensões
Através de roletes e jatos d’água, os frutos são lavados na própria máquina, antes de embalar
versidade Estadual de Campinas, iniciou-se o desenvolvimento de um projeto de auxílio mecânico para a colheita de frutas e hortaliças, tendo como modelo o tomate de mesa. O projeto foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Fapesp, modalidade Jovem Pesquisador. O conceito desta Unidade Móvel de Auxílio à Colheita (Unimac) reformula o sistema tradicional existente desde o campo até o consumidor final, reduzindo significativamente o tempo requerido para a colheita e beneficiamento, diminuindo o manuseio e com isto a incidência de impactos. Engloba também a participação da mão-de-obra sobre condições ergonômicas relativas à postura, vibrações, ruídos, sombra e duração da jornada de trabalho.
EQUIPAMENTO O sistema da Unidade Móvel foi inicialmente desenvolvido para colheita de tomate de mesa no sistema tradicional de plantio com estacas de bambu cruzadas. Porém, em diversas regiões vem ocorrendo mudanças profundas, com o plantio, com tutoramento por espaldeira, com irrigação por gotejamento, sendo este o sistema modelo utilizado atualmente no projeto. O espaçamento utilizado é 1,40 m, sendo esta a distância padrão utilizada (Figura 1). Com a Unimac, colheita, beneficiamento, classificação, embalagem são realizadas em campo, através de uma plataforma móvel autopropelida, com largura de seis metros e altura de 3,60 metros, abrangendo seis linhas de cultivo. A produtividade estimada para este equipamento é de 2 mil kg/h funcionando com 11 operadores e velocidade média de deslocamento de 15m/min. Os colhedores posicionam-se atrás das três esteiras com taliscas para abastecimento da máquina, sendo os frutos descarregados em esteiras de transporte aonde são selecionados e
transportados para a etapa de lavagem e, em seguida, beneficiados, classificados e embalados (Figura 2). A classificação ocorre para as duas cores, sendo esta separação manual, na fase de seleção, com uma divisão central na máquina para as colorações vermelha e verde. Os frutos são classificados em três tamanhos, grande, médio e pequeno, por um sistema de rolos divergentes reguláveis. Após esta etapa, os tomates são embalados em caixas plásticas, empilhados e retirados do campo.
PROJETO A Unidade possui quatro unidades motrizes direcionais, cada uma com liberdade de translação de 130 graus sobre o próprio eixo vertical de batente a batente. Esta configuração permite ao equipamento deslocar-se longitudinalmente quando em operação de colheita e lateralmente quando em operação de transporte, com liberdade para realizar manobras direcionais nestas duas configurações, e ainda realizar um giro sobre o próprio eixo. Cada unidade motriz, possui acionamento independente através de seu próprio motor elétrico de 5 cv de potência. A energia elétrica para os acionamentos dos processos da unidade móvel é feita a partir de um motogerador instalado sobre o equipamento, com capacidade de 25Kva. Para desenvolvimento deste projeto, contou-se com uma equipe multidisciplinar, composta por 13 professores da Unicamp; três colaboradores externos; 27 estudantes do Ensino
Médio e graduação, em um total de 33 bolsas de estudo e oito estudantes de pós-graduação, sendo que até o momento foram publicados 14 artigos científicos em revistas de divulgação nacional e internacional. Inicialmente foram realizados estudos para caracterização do consumidor e atacadista de tomate de mesa, também como avaliação das operações de colheita, beneficiamento e classificação em campo e dimensionamento de cada unidade piloto que compõe o sistema Unimac. Posteriormente, baseando-se nas informações obtidas, foram realizados o projeto e construção do equipamento, por meio de parceria entre a Universidade e a iniciativa privada, através da empresa CTA, Centro Técnico de Automação, Limeira (SP). O equipamento proporciona uma melhor conservação do produto e maior rapidez no processo, levando também condições mais adequadas de trabalho ao campo. Obtém-se também com esta pesquisa, uma maior divulgação sobre a tecnologia de plataformas móveis de colheita, as quais podem ser aplicadas nas diversas áreas agrícolas. Testes em campo serão realizados nos meses de abril/maio de 2007 na região de Mogiguaçu, estado de São Paulo. Para mais informações acesse os sites: www.feagri.unicamp.br/unimac ou www.feagri.unicamp.br/tomates. M Marcos D. Ferreira, Oscar A. Braunbeck, Augusto C. Sanchez, Unicamp
Equipe da Unicamp, responsável pelo desenvolvimento da máquina para colheita de tomates
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estradas de terra
Fotos Técnica 4x4
Sem asfalto
Baixa aderência dos pneus ao solo, trânsito de pedestres e veículos lentos, além de armadilhas como pedras soltas e buracos, tornam indispensável redobrar a atenção ao dirigir em estradas de terra. Mesmo no caso de veículos 4x4, é preciso usar corretamente a tração para minimizar os riscos de acidentes
C
Cultivar
uidado neste tipo de estrada, onde as distâncias podem ser enormes e a tentação da velocidade é grande. Manobras bruscas podem provocar a perda do controle da direção em uma curva mais acentuada. Em estradas de terra o piso pode parecer plano e firme, porém pequenas pedras, terra solta ou areia tiram a aderência dos pneus. No caso de uma freada brusca, você tem grandes chances de passar reto indo de encontro a uma cerca, um barranco ou, pior, um abismo. Outro detalhe a ser levado em conta é o trânsito de moradores, muitas vezes a pé, de bicicleta ou em veículos lentos carregados com maquinário agrícola e produtos oriundos das plantações locais. Não é raro
A tração nas quatro rodas proporciona uma sensível melhora no comportamento em curvas
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encontrar um trator obstruindo a passagem numa estrada estreita ou mesmo gado solto, tudo isto pode dar um resultado perigoso quando somado à alta velocidade. Se precisar correr por algum motivo nobre, atendimento a alguma emergência médica, por exemplo, use a tração nas quatro rodas em velocidade alta – High Range, ou seja, sem passar a alavanca para a reduzida – Low Range. Siga a mesma recomendação caso o piso se apresentar escorregadio, como numa estrada com muito barro, areia em excesso ou pedras soltas. Se estiver com um veículo equipado com diferencial central, poderá usar 4x4 em qualquer situação, mas bloqueie durante trechos arenosos. A tração nas quatro rodas lhe proporcionará uma sensível melhora no comportamento do veículo ao abordar uma curva ou
frear, coisa comum para quem já usa um veículo com tração 4x4 permanente. Novamente devo lembrá-lo para ter cuidado, não basta apenas engatar a tração 4x4 e pensar que o veículo irá “grudar” no chão com unhas e dentes. O comportamento dele mudará muito em relação aos carros normais 4x2 e você só verá que o seu desempenho é melhor, quando se tornar íntimo das suas reações e comandos. Durante deslocamentos por estradas estreitas procure manter o veículo longe de pedras ou buracos nas laterais, pois caso derrape e escorregue para os lados, ele poderá se chocar com pedras, árvores ou até mesmo cair em um buraco mais fundo. Em condução off-road, a falta de aderência com o solo é muito maior em comparação com rodovias asfaltadas, pois os pneus especiais que normalmente são utilizados não possuem a mesma aderência dos pneus para uso rodoviário e o espaço para frenagem sempre é maior. Frear bruscamente o carro em piso pouco aderente pode colocar o veículo sem controle, nesse caso acione o freio de forma cadenciada, imitando o ABS. Use sempre cinto de segurança, fique atento ao trajeto logo à frente e mantenha a prudência em primeiro lugar. M
Em condução off-road, os cuidados devem ser redobrados, por causa da falta de aderência do solo
João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br