Maquinas 63

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Destaques Matéria de capa

Eficiência na aplicação Como escolher a tecnologia correta diante da diversidade de fatores que afetam a pulverização de defensivos

14

Conforto testado

Melhor escolha

Ensaios ergonômicos em tratores e caminhões identificam fatores que causam maior desgaste físico nos operadores e motoristas

O que levar em consideração na hora de optar por trator, implemento e colhedora para sua propriedade

Índice

22 e 26

18

Nossa Capa Claas

Rodando por aí

04 Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

Passo a passo: Calibragem de plataformas 06 Perdas em colheita de amendoim

09

Restos que viram energia

12

Eficiência na aplicação de defensivos

14

www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com

Escolha correta de máquinas e implementos 18 Empresas - John Deere

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Ergonomia em tratores

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Conforto em cabines de caminhões

26

Destaques em Ribeirão Preto

28

Construção de barragens

30

Técnica 4x4 - Cuidados ao rebocar

34

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Planejamento na irrigação

36

Números atrasados: R$ 15,00

Cultivar Máquinas Edição Nº 63 Ano VI - Maio 2007 ISSN - 1676-0158

www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00

Assinatura Internacional: US$ 80,00 • 70,00 • Redação

Gilvan Quevedo Charles Echer • Revisão

Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia • Comercial

Pedro Batistin

Sedeli Feijó • Gerente de Circulação

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Cibele Costa • Assinaturas

Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos • Expedição

Dianferson Alves

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Boa aceitação Gustavo Streiff, diretor comercial da Santiago & Cintra, comentou o aumento na busca por equipamentos de precisão. “O produtor cada vez mais investe em tecnologia para baixar custos”, lembrou.

Plantadora de cana

Em busca da liderança A GSI – Agromarau esteve presente em Ribeirão Preto com força total, disposta a captar as excelentes oportunidades da retomada do agronegócio brasileiro. Líder mundial em equipamentos para secagem, armazenagem e movimentação de grãos, a empresa, com sede nos Estados Unidos e operações em todos os continentes, investe fortemente na sua unidade brasileira para atingir a liderança de mercado na América do Sul.

Tomás e Marina White, dois novos integrantes da equipe ServSpray, deram destaque especial à Tropicana, plantadora automotriz de cana picada, lançada em parceria com a Sermag.

Crescimento

Gustavo Streiff

Colheitadeiras Roberto Ruppenthal Neto, gerente de marketing do produto, destacou a linha de colheitadeiras Massey Ferguson, em especial a MF 32, lançada em Ribeirão Preto, com 24 meses de garantia.

Carlito Eckert, diretor comercial e Fábio Piltcher, diretor de marketing da Massey Ferguson, apresentaram o balanço de vendas do primeiro trimestre de 2007, comparado com o mesmo período de 2006. Segundo os dois executivos, enquanto a comercialização da indústria cresceu 31% em tratores e 58% em colheitadeiras, a montadora alcançou percentuais de Carlito Eckert e Fábio Piltcher 36% e 82%, respectivamente, nos dois segmentos.

Produção intensa Paulo Hermann, diretor de marketing da John Deere, falou sobre a expansão da companhia, com a abertura da nova fábrica em Montenegro, no Rio Grande do Sul. A unidade produzirá até 12 mil tratores por ano, o que representa praticamente o dobro da capacidade atual. Resultado de um investimento de U$$ 250 milhões, a filial gaúcha começa a produzir em escala piloto em julho e a fabricar a partir do próximo ano todos os modelos de tratores da marca.

Paulo Hermann

Adaptadores e conexões A equipe da Gates levou para Ribeirão Preto a linha de adaptadores e conexões hidráulicas. Sérgio Jorge dos Santos, supervisor de aplicações de produto e marketing destacou a durabilidade dos componentes. Roberto Ruppenthal Neto

Chevrolet Paulo Cézar de Souza, gerente de negócios e de vendas da GM Chevrolet e Marcos Roberto Teixeira, representante de vendas do Banco GM AC, levaram para Ribeirão Preto toda a linha de picapes, caminhonetes e utilitários esportivos da marca como Montana, S-10, Blaser e Tracker.

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Presença forte Com os lançamentos da linha TT, a New Holland complementou sua linha de produtos para todos os segmentos do agronegócio. Marcos Arbex, gerente de marketing da empresa, destacou em Ribeirão Preto o slogan usado pela companhia: “Onde há agricultura, há New Holland”.

Robustez A robustez dos tratores Valtra foi demonstrada em Ribeirão Preto através da estrutura de um trator de 125 cavalos mostrada no estande da empresa. Arci Mendes, gerente de marketing de produto, destacou o tanque inteligente, que faz parte do chassi. Em chapa de aço, absorve a torção e evita vazamentos. O sistema Intercooler, que permite economia de combustível e maior potência com apenas quatro cilindros, foi outro destaque.

Marcos Arbex

Arci Mendes

Agricultura familiar Jim Martinez, presidente da John Deere, falou da aposta da companhia na agricultura familiar. Em Ribeirão Preto foram apresentados os modelos 5303 com 57 cv e o 5403 com 65 cv, voltados para pequenos produtores e emprego em atividades como horticultura e fruticultura. “Nosso compromisso com o Brasil vai de trator pequeno a grande”, saliJim Martinez entou.

Visita

Paulo Cézar e Marcos Roberto

Tomás e Marina White

A Trelleborg contou em Ribeirão Preto com a presença do diretor mundial de estratégia de negócios, Stefano Bettinelli, sediado na cidade de Cinisello Balsamo, Itália. Sua presença teve por objetivo conhecer mais o potencial agrícola do Brasil e dar novo impulso aos pneus agrícolas da marca.

Stefano Bettinelli

Eliseu Schaedler

Recomeçar “O setor vive um momento de recomeçar.” Assim Eliseu Schaedler, diretor presidente da Sfil, classificou o atual panorama do agronegócio brasileiro. Em Ribeirão Preto a empresa destacou a linha de plantio e plataforma de milho, bem como a Patrolinha 3650.


Aposta Gislene Pessin, supervisora de marketing da John Deere, lembrou os últimos lançamentos e a nova fábrica de tratores da companhia, em Montenegro, no Rio Grande do Sul. “Mesmo com toda a crise vivida pelo agronegócio, nunca deixamos de investir”, frisou. Hamilton Ramos

Aplique bem O Instituto Agronômico de Campinas (IAC) expôs em Ribeirão Preto o programa Aplique Bem, voltado para o treinamento de aplicadores e análise de pulverizadores, através de um laboratório móvel. Garantir o controle fitossanitário seguro, reduzir os prejuízos com desperdício e não prejudicar o ambiente estão entre os objetivos. “Trata-se de um projeto pioneiro, totalmente subsidiado, sem nenhum custo para o produtor”, informou o coordenador do projeto, Hamilton Ramos. Foram investidos aproximadamente 110 mil dólares no programa. A parte técnica, treinamentos e organização dos dados são de responsabilidade do IAC. Já o investimento financeiro coube à Arysta, parceira do traHamilton Ramos balho.

AGR

Gislene Pessin

Bardahl A Bardahl destacou em Ribeirão Preto a linha atóxica de lubrificantes de grau alimentício, para emprego em indústrias como frigoríficos, produtoras de biscoitos e refrigerantes. Geraldo Odair Tibério, supervisor de novos negócios, lembrou a demanda da linha Kelube junto ao setor sucroalcooleiro, para o processamento de açúcar.

A equipe da AGR esteve presente em Ribeirão Preto com a linha completa de equipamentos para a agricultura de precisão.

Coletiva

Prêmio O Grupo Gerdau lançou a 25ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, voltado para o setor de máquinas e equipamentos agrícolas. O concurso deste ano abrange três categorias: destaque, novidade e pesquisa e desenvolvimento.

Orlando Capelossa, diretor de vendas e pósvendas, e Leandro Marsili, diretor de marketing da Valtra, falaram sobre os lançamentos da empresa, com destaque para os tratores Geração II e os projetos na área de biodiesel. No primeiro trimestre, máquinas para a cultura da cana-de-açúcar representaram 51% do faturamento da montadora.

Cautela “Otimismo dentro da realidade.” Essa é a postura recomendada pelo novo diretor geral da Lindsay no Brasil, Julimar Souza, diante da sinalização de retomada do agronegócio após a grave crise que se abateu sobre o setor. Apesar de reconhecer que o panorama atual é mais favorável que o vivido no ano passado, o executivo lembrou que falta evoluir a solução de problemas como dívidas acumuladas pelos produtores e carência de infra-estrutura.

Motores Orlando Capelossa e Leandro Marsili

Venda do MF 8480

Newton Alves de Oliveira

Julimar Souza

Geraldo Odair Tibério

Newton Alves de Oliveira, 28 anos, aproveitou a presença em Ribeirão Preto para adquirir o MF 8480, da Massey Ferguson. “Escolhi o modelo por causa da tecnologia avançada. É interessante levar um trator desses para a nossa região”, justificou Oliveira, que é proprietário de outros dois tratores da marca e trabalha como prestador de serviços para produtores de batata e tomate, em uma área de 2,5 mil hectares, na região de Chapada Diamantina, em Cascavel (BA).

Tecnologia útil Pedro Soares, Silvio Rigoni e Flávio Crosa, da Agrale, falaram em Ribeirão Preto sobre o lançamento do trator BX 6180, que chega para preencher uma lacuna da empresa em relação aos modelos de médio porte. Os executivos destacaram o que classificam de tecnologia útil, para atender às necessidades do produtor brasileiro, com facilidade de manutenção e economia de combustível. Pedro Soares, Flávio Crosa e Silvio Rigoni

O principal destaque da Cumminis, em Ribeirão Preto, foi a apresentação do mortor B 3.3, disponível com potências de até 110 cavalos, com cárter estrutural. Isso significa que não necessita de chassi, pois já sai da linha de montagem com um sistema de fixação que se adapta a todo tipo de equipamento ou máquina.

Estrutura mantida Luiz Antonio Vizeu, supervisor de marketing de produto da Miac, informou que o objetivo das Indústrias Reunidas Colombo é diversificar a linha de produtos da empresa, com máquinas que não exijam mudanças na estrutura da fábrica. Em Ribeirão Preto o destaque ficou por conta da linha de beneficiamento de grãos e café.

Água Bernhard Kiep, vice-presidente da Valmont Irrigation Internacional, sediado em Omaha, estado de Nebraska, EUA, destacou em Ribeirão Preto a importância do uso racional da água. “O Brasil, pelo fato de ter esse recurso em abundância, tem que explorar e pesquisar mais este assunto”, lembrou. Como exemplo de economia citou o arroz irrigado sob pivô, onde o consumo de água é 50% menor em Bernhard Kiep relação ao sistema de inundação.

Luiz Antonio Vizeu

Maio 07 • 05


passo a passo

Plataforma calibrada

O sistema automático de corte, nas colhedoras mais modernas, é um aliado que permite cortar rente ao solo, reduzir perdas e aumentar a velocidade de deslocamento da máquina. Mas, para aproveitar ao máximo esse benefício, é necessário seguir todos os passos de regulagem antes de começar a colheita

O

sistema de corte automático das colheitadeiras para colheita de grãos pode ser considerado como a principal evolução destas máquinas nos últimos anos. Com a altura de corte e a inclinação da plataforma se ajustando automaticamente, o operador pôde aumentar a velocidade de colheita fazendo com que a produção diária aumentasse consideravelmente. Além disso, devido ao corte mais rente ao solo, as perdas de plataforma caíram bastante, diminuindo o desperdício. Porém, para desfrutar destes benefí-

cios, o sistema tem que ser calibrado corretamente. Na seção passo a passo desta edição mostraremos como se calibra o módulo Ativa, que equipa os modelos Massey Ferguson 5650 Advanced, nas versões para colheita de grãos.

Antes de iniciar qualquer ajuste na plataforma, engate a trava de segurança no cilindro de levante

Essa trava garantirá a sua segurança durante os procedimentos de ajuste sob a plataforma

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PREPARAÇÃO Antes de iniciar o procedimento de calibração devem ser tomadas as seguintes ações:

• Engate a plataforma na máquina e trave a mesma junto ao canal embocador; • Conecte o terminal elétrico da plataforma no da máquina; • Certifique-se que não existam obstáculos próximos ou sob a plataforma; • Posicione a máquina em local plano; • Erga a plataforma e certifique-se que os braços do sistema flexível estejam trabalhando livremente; Para calibração não é necessário conectar as mangueiras hidráulicas nem o eixo cardã.

Ao iniciar a calibragem, desligue a embreagem eletromagnética da plataforma de corte


“Antes de realizar qualquer tipo de trabalho embaixo da plataforma certifique-se que a trava de segurança, localizada na haste do cilindro de levante, esteja engatada” Fotos Gilvan Quevedo

Se as indicações dos potenciômetros estiverem fora do valor indicado, faça o ajuste soltando a borboleta e girando o esticador

Faça estas conexões antes de iniciar a operação. Mas preste atenção. Antes de realizar qualquer tipo de trabalho embaixo da plataforma certifique-se que a trava de segurança, localizada na haste do cilindro de levante, esteja engatada.

ACESSO AO MENU O módulo Ativa possui a função menu, na qual o operador poderá calibrar a plataforma, fazer diagnósticos, checar o tipo de plataforma e escolher o idioma a ser utilizado. Para entrar no menu siga com atenção os seguintes passos: certifique-se que a ignição esteja ligada. Certifique-se, também, que a embreagem eletromagnética da plataforma de corte esteja desligada. Quando o visor apresentar a mensagem “AGCO do Brasil”, pressione simultaneamente as teclas de aumento e diminuição do corte por quatro segundos. Ao aparecer a função menu, solte as teclas. Para navegar no menu basta pressionar as teclas de aumentar e diminuir a altura de corte e para confirmar pressione a tecla de altura automática.

indica a inclinação da plataforma. Para verificar as tensões destes potenciômetros acesse a função menu e encontre, através das teclas de navegação, o menu “diagnóstico” e confirme. A tela de leitura de tensão dos potenciômetros será mostrada, apresentando valores de VD, VA, VE e VI. Com esta tela no módulo, comande a descida da plataforma até que as sapatas do sistema flexível estejam totalmente comprimidas. Nesta condição, as indicações VD (voltagem direita) e VE (voltagem esquerda) devem ficar em 1,5V (+0,1V). Caso o valor esteja diferente, o comprimento da haste que aciona o potenciômetro deve ser alterado até que este valor seja alcançado. Para isto, solte a borboleta e gire o esticador, conforme mostrado na foto. Após a regulagem dos potenciômetros dos dois lados, suba a plataforma até que as sapatas do flexível estejam totalmente no ar e verifique a tensão dos potenciômetros VD e VE. O valor deve estar em 3V (+0,1V). Se a voltagem estiver fora deste valor, altere o comprimento da haste como indicado na foto acima.

Na calibração automática, pode-se escolher entre a rígida ou flexível

Para calibrar o potenciômetro de inclinação, incline a plataforma totalmente para esquerda e verifique se o valor da tensão VI está em 1,5V (+0,1V). Se necessário faça o ajuste alterando o comprimento da haste soltando as porcas indicadas na foto. Em seguida, incline a plataforma totalmente para direita e verifique se a tensão está em 3V (±0,1V). Ajuste se necessário. Para ajustar o potenciômetro de altura, abaixe a plataforma de maneira que ela apenas toque o solo, nesta posição a tensão VA deve ser de 1,5V (±0,1V). Se necessário ajuste alterando o comprimento da haste. Depois, suba a pla-

CALIBRAÇÃO DOS POTENCIÔMETROS O sistema de controle automático de corte da MF5650 Advanced possui quatro potenciômetros, sendo dois localizados nas laterais da plataforma, que indicam a posição da plataforma em relação ao solo, um sob a cabina que indica a altura da plataforma em relação à máquina e um na lateral do canal embocador que

Ao calibrar o potenciômetro de inclinação, se necessário, ajuste o comprimento da haste

Para ajustar o potenciômetro de altura, também pode ser necessário alterar o comprimento da haste

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Fotos Gilvan Quevedo

concluída com sucesso. Se apresentar frase “calibração incompleta”, o sistema considera a calibração como incompleta e também indica qual o sensor que deve ser checado. Para sair da indicação, pressione a tecla durante cinco segundos. Quando o problema for solucionado, repita novamente os passos da calibração.

POSSÍVEIS ERROS NA CALIBRAÇÃO Feito todo o procedimento, basta acionar com um toque a tecla de descida da plataforma

Se, no final, aparecer a mensagem “calibração incompleta”, verifique novamente os itens

taforma até o fim de curso e verifique se a tensão está em 3V (±0,1V), ajustando se necessário. Se, após calibrar o valor de 1,5V em algum dos potenciômetros, não for possível atingir os 3V sem alterar o primeiro, é possível mexer no ângulo do potenciômetro soltando seus parafusos de fixação e girando o mesmo nos furos oblongos.

MENU CALIBRAÇÃO Através deste menu poderá ser feita a calibração automática, a qual dispensa o procedimento manual para calibrar todos os sensores da plataforma. Neste item pode-se escolher o tipo de calibração como rígido ou flexível através das teclas de navegação. Para realizar a calibração siga com atenção os seguintes passos: confirme no menu o item calibração através da tecla . Selecione o tipo de calibração conforme o tipo de colheita. Plataforma Rígida para situações em que a plataforma vai colher sem contato com o solo e Pla-

Após a calibração, acione a embreagem eletromagnética da plataforma

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taforma Flexível para situações em que a plataforma vai colher rente ao solo. Confirme pressionando a tecla de altura automática. Neste momento o sistema aguardará que a plataforma de corte esteja nivelada. Ajuste a nivelação da plataforma de corte através das telas de inclinação manual. Depois confirme pressionando a tecla de altura automática. Aguarde enquanto o sistema calibra a plataforma automaticamente. Neste momento, se realizada a calibração para Plataforma Rígida, o módulo Ativa vai identificar os pontos inferior e superior comandando a descida total da plataforma até o contato com o solo e a elevação até o final de curso dos cilindros de levante. Se a calibração for para o modo Flexível, além dos pontos inferior e superior, o módulo Ativa vai identificar os pontos de inclinação máxima para esquerda e para direita, comandando a inclinação até o fim de curso para os dois lados.

MENSAGENS NA CALIBRAÇÃO Quando apresentar a frase “calibração concluída”, o sistema indica que a calibragem foi

Se ocorrer algum erro durante a calibração, o módulo Ativa indica qual potenciômetro deve ser verificado. As principais causas de erro na calibração são: • Potenciômetros fora da faixa de ajuste de tensão. Para checar os valores de ajuste siga os passos do item 3 – Calibração dos Potenciômetros; • Conectores do circuito elétrico (plataforma, comando hidráulico, módulo) mal conservados ou mal conectados. Verifique os conectores de todos os sensores e limpe-os se necessário.

ENTRADA EM OPERAÇÃO Após a calibração, o sistema de corte automático estará pronto para entrar em operação. Antes de ligar as funções automáticas acione a embreagem eletromagnética da plataforma, depois, acione a tecla de inclinação automática para ligar esta função e, por último, ajuste a altura de corte através das teclas de navegação. Feito isto, com apenas um toque na tecla de descida da plataforma, o sistema Ativa vai comandar a descida desta até a altura de M corte programada. Colaboração Lohar Sistemas Eletrônicos e Massey Ferguson


perdas

Amendoim sem perdas A colheita do amendoim é uma operação que exige a observação de alguns fatores primordiais como umidade do grão e do solo, manuseio no arranquio e regulagem do maquinário. O sucesso na redução de perdas está ligado à observação desses detalhes

A

cultura do amendoim apresenta grande importância econômica e social no mundo. No Brasil, após enfrentar vários períodos de crise, o setor tecnificou seu processo produtivo, alcançando alto padrão de qualidade. Este padrão que tende a melhorar ainda mais, reconquistando o mercado consumidor que tem se alargado seqüencialmente devido à melhor articulação, tanto dos produtores quanto de suas cooperativas e associações. Devido à pouca expressividade que a cultura exerceu durante todo o seu período de crise, poucos estudos têm sido realizados sobre o amendoim, de modo que as referências bibliográficas encontradas sobre o mesmo são escassas, não sendo encontrados muitos trabalhos sobre a ocorrência de perdas na colheita. Desta forma, não se encontram disponíveis informações sobre os limites toleráveis para as perdas na colheita e tampouco sobre o que realmente se perde durante as

operações de arranquio e recolhimento do amendoim. Este panorama não é diferente no estado de São Paulo, tradicional produtor de amendoim, que tem sua produção concentrada principalmente na região da Alta Mogiana (Ribeirão Preto e Jaboticabal), onde o cultivo do amendoim ocorre no período de renovação da cultura da cana-de-açúcar. Além disso, a chamada safra “das águas”, com semeadura em setembro-outubro, assegura cerca de 80% da produção comercial em volume.

MOMENTO DE COLHEITA Os diferentes critérios para determinação do momento de colheita de amendoim, em geral, baseiam-se na aparência da planta, vagens ou sementes e, raramente, estão apoiados em resultados de pesquisa. A colheita no momento inadequado pode proporcionar grande número de sementes imaturas e, quan-

do realizada prematura ou tardiamente, pode acarretar perda de vagens, bem como o início de deterioração dos grãos. Enquanto a semente fica no campo, aguardando a maturação morfológica, cujo grau de umidade permitirá a colheita, tem-se um período de armazenamento a campo. Neste período a ocorrência de condições climáticas adversas pode dar início ao processo de deterioração da semente, com alterações físicas, fisiológicas e sanitárias. A colheita, quando realizada em épocas inadequadas pode levar a consideráveis perdas em quantidade e qualidade de sementes. Colheitas precoces resultam em grande número de sementes imaturas e mal formadas, enquanto que colheitas tardias implicam em aumento das perdas devido à baixa umidade, sendo este fator responsável pela maior facilidade de perda de vagens no momento do arranquio e recolhimento, bem como pela maior quebra de vagens, induzindo ao beneficiaRouverson da Silva

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DICAS PARA MINIMIZAR AS PERDAS

P

ara um bom desempenho da recolhedora, visando sempre a máxima eficiência e o mínimo de perdas, é necessário tomar alguns cuidados, tais como: • Manter uma boa uniformidade da superfície do solo; • Realizar a colheita com umidade do amendoim entre 18 e 24%; • Procurar trabalhar em terrenos com declividade de até 10%; • Verificar o correto posicionamento e uniformidade dos dedos recolhedores; • Trabalhar com a recolhedora em velocidades que variem de 6 a 8 km/h, podendo essa velocidade ser variável e/ou ajustável; • Em leiras volumosas diminuir a velocidade de deslocamento e em leiras pouco volumosas aumentar a velocidade de deslocamento; • Ajustar os pinos do cilindro batedor de acordo com o material a ser trabalhado (mais ou menos produtivo em relação à quantidade de massa seca); • Verificar o tensionamento das correias e caso estejam desgastadas efetuar a troca; • Inspecionar diariamente o interior da máquina removendo eventuais acúmulos de resíduos ou ramas na tela, peneira mento do amendoim sem casca. O amendoim beneficiado sem casca é destinado somente para a produção de óleo, fator este que implica em uma perda de renda do produtor em até 40% do valor pago pelo amendoim em casca. O atraso na colheita pode, ainda, conduzir à maior intensidade de deterioração das sementes, além de elevar o tempo de exposição da mesma aos possíveis ataques de microorganismos, os quais depreciarão seus valores qualitativo e comercial, podendo incorrer em aumento de prejuízos financeiros ao produtor. O elevado grau de umidade do solo, em virtude da ocorrência de possíveis chuvas, pode danificar severamente as sementes, produzindo danos e reduzindo a qualidade, ocorrendo até mesmo sua germinação nas vagens, com a conseqüente deterioração das sementes durante o armazenamento. A velocidade de deslocamento deve ser respeitada, para evitar quebras demasiadas nas sementes

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vibratória, peneira traseira e tela de retenção do elevador; • Manter limpo o ventilador, pois a limpeza do material está diretamente ligada ao seu bom funcionamento; • Verificar a calibragem dos pneus: Rodas traseiras Tipo de pneu 14.9 - 28 R13 Pressão recomendada: (2 bar) 30 libras/pol ² Rodas Dianteiras Tipo de pneu 145/13 Pressão recomendada (2 bar) 30 libras/pol² • Verificar a altura do cilindro recolhedor em relação à superfície do solo; • Não permitir dedos recolhedores raspando o solo, pois aumentará a quantidade de terra jogada para dentro da recolhedora diminuindo a qualidade do material levado para a indústria; • Adequar a posição da chapa reguladora de ar para as condições adequadas com a quantidade e qualidade do material a ser recolhido; • Não exceder o tempo necessário de trilha, podendo causar perdas ou danos mecânicos ao material recolhido; • Manter os pinos batedores na posição e distância adequada com o material trabalhado.

QUANTIFICAÇÃO DAS PERDAS NA COLHEITA Visando quantificar as perdas na colheita mecanizada do amendoim, o Lamma (Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola) da Unesp/Jaboticabal (SP) realizou recentemente, um levantamento em quatro propriedades na região da Alta Mogiana (SP). Estas propriedades contavam com recolhedoras-trilhadoras de amendoim com idade entre um e três anos. A umidade do amendoim foi obtida por meio de aparelho digital portátil, no momento da colheita, situando-se na faixa de 16 a 18%. As perdas foram mensuradas realizando-se a coleta de todos os grãos e vagens caídos no solo, dentro de uma armação de madeira e fios de nylon de 2m2, colocada no sentido transversal ao deslocamento da recolhedora, após as operações mecanizadas de arranquio e recolhimento. Em cada propriedade avaliada foram coletadas dez amostras, distanciadas de 25 metros entre si, que foram acondicionadas em sacos de papel e levadas ao laboratório para pesagem.

RESULTADOS A média de perdas totais (arranquio e recolhimento) nas propriedades avaliadas foi de 188 kg/ha, corrrespondendo a 2,6% do amendoim colhido (Tabela 1). Considerando-se como tolerável o limite de 2% de perdas, adotado para outras culturas, observase, na região da Alta Mogiana (SP), a ocorrência de perdas significativas, mesmo com condições de relevo e sanidade favoráveis ao processo de arranquio e recolhimento. A causa deste nível de perdas pode ser relacionada com o fator relevo, pois as proprieda-


“O elevado grau de umidade do solo, em virtude da ocorrência de possíveis chuvas, pode danificar severamente as sementes” Fotos Rouverson da Silva

Determinação das perdas ocorridas durante o período do arranquio, antes da utilização das máquinas

des avaliadas apresentavam, de modo geral, relevo irregular e declivoso. Observa-se também que, além do alto valor de perdas de vagens durante o recolhimento, as propriedades avaliadas apresentaram alto índice de perdas durante o arranquio, o que pode ser creditado à umidade do solo, que leva a condições adversas àquelas necessárias tanto para o processo de arranquio quanto para o recolhimento. Analisando-se a Figura 1 constata-se que as menores perdas totais e no recolhimento foram verificadas quando da utilização de máquinas mais novas, que possuem melhor tecnologia. Nas propriedades analisadas esta condição foi observada na propriedade 4 (P4), que apresentou menores perdas no recolhimento e totais. Por outro lado, na propriedade 1 (P1), que possuía maquinário mais antigo, foram encontradas as maiores perdas no recolhimento e perdas totais.

tado grande evolução tecnológica, sempre em busca da minimização das perdas. Apesar da existência de trabalhos a respeito de colheita, a mensuração de perdas na colheita da cultura do amendoim não tem sido objeto de preocupação por parte dos pesquisadores brasileiros, tornando-se imprescindível a realização destas, a fim de se obter resultados que possibilitem melhorias nas formas de manejo e tecnológicas proporcionando um produto final de melhor qualidade para o consumidor e também que possa resultar num incremento de receita aos produtores, os quais devem sempre atentar-se para a crescente

concorrência de mercado onde a tecnificação e a incrementação na produtividade M fazem-se imprescindíveis. Cássius Sant’Ana, Rouverson Pereira da Silva e Carlos Eduardo Angeli Furlani, Unesp/Jaboticabal Tabela 1 - Perdas de amendoim em grãos no arranquio, no recolhimento e totais Perdas no Arranquio 60 kg/ha 0,8%

Perdas no Recolhimento Grãos soltos Vagens 13 kg/ha 114 kg/ha 0,2 % 1,6 %

Perdas Totais 188 kg/ha 2,6 %

Figura 1 - Perdas no arranquio e recolhimento de amendoim

CUIDADOS NA COLHEITA MECANIZADA A colheita mecanizada tem experimen-

No final, após a passagem da máquina, é realizada novamente catação para determinação das perdas totais

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madeira

Restos que viram energia Na onda dos biocombustíveis, pesquisas mostram que resíduos de extração florestal podem gerar energia para atender mais de um terço da demanda atual de combustível para transporte

A

busca por fontes renováveis de energia tem motivado sobremaneira a utilização de culturas agrícolas e florestais como opção sustentável em substituição aos combustíveis fósseis. Os Estados Unidos, sendo um dos maiores mercados de consumo de energia do planeta, elaboraram um documento intitulado “Biomassa como estoque de matéria-prima para a indústria de bioenergia e bioprodutos: a disponibilidade técnica de um suprimento anual de um bilhão de toneladas”, como orientação para os futuros investimentos federais em pesquisa e desenvolvimento (P&D), tendo em vista o objetivo de substituir em 30% o consumo atual de petróleo dos EUA por biocombustíveis em 2030. Considerando somente as terras agrícolas e florestais, as duas maiores fontes potenciais de biomassa, o estudo encontrou um potencial superior a 1,3 bilhão de t secas por ano — suficiente para produzir biocombustíveis para atender mais do que um terço da demanda atual de combustíveis para transporte. Isso representa mais do que sete vezes da quantidade de biomassa atualmente consumida para bioenergia e produtos de base biológica. Cerca de 998 milhões de t secas poderiam ser extraídos de áreas agrícolas e 368 milhões de t secas de biomassa poderiam ser produzidos, de maneira sustentável, das terras florestais disponíveis (269 mi-

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lhões de hectares). Esta projeção de 368 milhões de t secas de biomassa florestal inclui 52 milhões de t secas de lenha colhida nas florestas, 145 milhões de t secas de resíduos de indústrias de processamento de madeira e celulose e papel, 47 milhões de t secas de resíduos urbanos de madeira, incluindo construção civil e restos de demolição, 64 milhões de t secas de resíduos de exploração florestal e operações de limpeza de povoamentos, e 60 milhões de t secas de biomassa resultante de operações de manejo para redução do risco de incêndio em florestas. Atualmente, as atividades tradicionais de exploração e demais operações de intervenção nas florestas de produção de madeira geram

O recolhimento e o reboque das toras curtas são feitos com reboques normais, já que os fardos se assemelham à espessura das toras

cerca de 67 milhões de t secas de resíduos. Aproximadamente, 41 milhões de t secas dessa biomassa são potencialmente disponíveis para bioenergia e produtos de base biológica, mas ainda existem algumas considerações sobre limitações técnicas dos equipamentos utilizados na recuperação daqueles resíduos. Uma opção técnica com boas perspectivas foi desenvolvida na Escandinávia, com base nos sistemas de colheita de toras curtas, onde uma enfardadora de biomassa florestal coleta, comprime e amarra resíduos florestais em fardos cilíndricos com aproximadamente 60cm de diâmetro e três metros de comprimento. O manuseio dessa biomassa torna-se bastante simplificado ao compactar e agregar resíduos em forma semelhante a toretes. Com uso já intenso na Escandinávia, esse tipo de equipamento vem sendo introduzido de maneira experimental nos Estados Unidos. Um dos estudos foi desenvolvido por Bob Rummer, Dan Lenand e Obie O’Brien em oito diferentes regiões florestais na região oeste daquele país, mas somente em seis áreas houve a coleta de fardos (Quadro 1). Em alguns locais os resíduos estavam muito espalhados e não compensavam a coleta, em outros havia a exigência, por parte do proprietário da área, da permanência de uma certa quantidade de resíduos. Em aplicações na Europa, o comprimento


“A busca por fontes renováveis de energia tem motivado sobremaneira a utilização de culturas agrícolas e florestais como opção sustentável em substituição aos combustíveis fósseis”

padrão dos fardos é de três metros. Nesse estudo, os comprimentos variaram entre 2,4 e 4,8m, procurando adaptar os fardos aos trailers tradicionais de transporte de madeira. Os fardos menores eram transportados de maneira transversal ao eixo da carreta, enquanto que se esperava que os maiores se adaptassem em reboques padrões com fueiros duplos. Os fardos com material verde tinham uma densidade que era similar à densidade seca das toras (ao redor de 360kg m-3), enquanto que os fardos formados por material seco apresentavam uma densidade menor (265kg m-3 em média), evidenciando o problema de se conseguir atingir a capacidade legal de carga dos reboques convencionais, principalmente no caso de se trabalhar com resíduos secos. Outro problema referiu-se à solidez dos fardos, que eram mantidos rígidos quando produzidos de resíduos com algumas peças com três a seis metros de comprimento e, ao menos, 8cm de diâmetro. Sem esse material mais longo no feixe, alguns fardos tornavam-se flexíveis ou mesmo quebravam-se. Materiais mais curtos e mais largos, como pedaços de tocos, também não enfardavam de maneira adequada. Peças com diâmetros maiores introduzem uma certa descontinuidade nos fardos, que podem produzir pontos mais fracos. A máquina pode se ajustar a materiais mais difíceis aumentando o número de amarras e reduzindo o espaço entre elas, mas isto afetaria a produtividade e o custo da operação. As especificações técnicas para o 1490D indicam uma produtividade entre dez e 30 fardos por hora. Nesse estudo foram registradas produtividades entre cinco e 24 fardos por hora, com a menor produção causada pelo arranjo mais disperso do resíduo, o que aumentou o tempo de alinhamento, coleta e alimentação do material. O arranjo do resíduo era crítico no manuseio de árvores inteiras, com o operador

Fotos Fernando Seixas

Quebra excessiva pode ser prejudicial para a operação de recolhimento e enfardamento

operação de enfardamento. Esse valor não é competitivo atualmente quando comparado com outros preços de combustíveis, como carvão, ao redor de US$ 24.74 por t entregue na fábrica. Contudo, poderá se tornar, caso a operação de enfardamento elimine ou reduza o custo de outras operações, como empilhamento e queima, trituração do material para facilitar o preparo do solo etc. Enfim, trata-se de um sistema de coleta de resíduos que apresenta potencial para o seu desenvolvimento e futura adequação a algumas situações de mercado ávido por fornecimento de energia, ou mesmo a substituição de outras M operações de manejo florestal.

tendo que alinhar as peças de maior comprimento, atividade que poderia ser facilitada se feita na operação anterior de colheita de madeira. Assumindo um rendimento operacional de 20 fardos por hora/máquina (oito toneladas secas), o custo de coleta de biomassa e formação dos fardos seria de US$ 16 por t seca. O custo da extração com forwarder foi estimado em US$ 5 por t seca, baseado em quatro cargas por hora produtiva. Com um custo de transporte entre US$ 0.06 a US$ 0.12/t-km, uma viagem de 80km iria acrescentar mais US$ 5 a Fernando Seixas e US$ 10 por t seca. A produção de cavacos na Robert Rummer, fábrica estaria por volta de US$ 3 por t seca, o Esalq que resultaQuadro 1 - Características dos locais do estudo ria no custo final entre Local Tipo de Tipo de Quantidade combustível (t secas/ha) US$ 29 e floresta resíduo Pré Em fardos US$ 34 por Bonner’s Ferry, ID Coníferas Resíduo quatro anos 54,2 8,8 t seca, com Idaho City, ID Pinus ponderosa Árvores inteiras 97,0 51,0 aproximadaStevensville, MT Pinus ponderosa Resíduos de toras-curtas 27,0 1,5 mente metaMedford, OR Coníferas Galhos grossos, topos 64,8 21,2 de do custo Bend, OR (1) P. lodgepole Pequenas árvores inteiras 90,5 18,2 total corresBend, OR (2) P. lodgepole Pequenas árvores inteiras 60,0 37,0 pondendo à


símbolos tecnologia de aplicação

Aplicação eficiente Existem tecnologias de pulverização adequadas para controlar cada tipo de alvo. Difícil é escolher a opção correta e observar cada um dos diversos detalhes que compõem uma aplicação específica. De um dia para o outro, as regulagens podem mudar completamente, afetadas por fatores como as oscilações climáticas

T

ecnologia de aplicação de produtos fitossanitários é um dos mais multidisciplinares campos dentro da agricultura, uma vez que se reporta ao controle de insetos e ácaros, de plantas daninhas e de agentes pa-

togênicos, considerando aspectos da biologia, da química, da engenharia, da ecologia, da sociologia e da economia. Por isso há uma ampla diversidade de fatores que interferem na aplicação destes produtos.

Pressupõe-se que um bom conhecimento desses fatores seja fundamental para a escolha da correta tecnologia a ser empregada. Porém, muito do conhecimento adquirido nesta área ainda não é praticado no setor produtivo, requerendo maior divulgação dos fundamentos necessários para que a aplicação seja realizada de forma otimizada. Para a correta colocação do produto fitossanitário no alvo é necessário considerarem-se alguns fatores primordiais, como: 1) Qual é a fase de desenvolvimento da cultura a ser tratada? É importante saber em que situação a cultura se encontra, uma vez que em cada fase de desenvolvimento esta apresentará uma quantidade de área a ser Durante as 24 horas do dia, existem diversas variações climáticas. Alguns momentos são mais adequados para aplicação do que outros

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“Se as condições forem adversas, gotas médias ou menores estarão sujeitas à deriva e à evaporação” Fotos Cultivar

As condições meteorológicas influenciam na escolha dos bicos, podendo ser a causa de deriva de produtos

coberta. Desta forma, se a cultura encontra-se em estágio de pré-semeadura ou até logo após a semeadura no campo, a área a ser coberta deverá ser bastante reduzida em relação à área de uma cultura que se encontra em sua maturidade fisiológica, ou plena de estruturas vegetativas e reprodutivas. A presença destas estruturas e o seu estágio de desenvolvimento, além de requerer considerações a respeito da forma de aplicação, também irão requerer critério quanto à seleção do produto a ser utilizado, para que sejam evitados problemas de intoxicação à cultura. 2) Qual é o problema fitossanitário? Pragas, doenças ou plantas daninhas têm particularidades a considerar. Aspectos relacionados à fase de desenvolvimento em que se encontram ou são consideradas pragas, à posição em que ocorrem na cultura (solo, parte aérea – base, meio ou topo das plantas), ao nível de infestação tolerada (nível de dano econômico, nível de ação), aos efeitos do desenvolvimento da cultura e da presença de inimigos naturais, aos efeitos do tratamento fitossanitário sobre a praga e sobre a cultura. 3) Quais as condições meteorológicas no momento da aplicação? No caso de aplicações via pulverização, em condições favoráveis de umidade (com influência significativa na duração das gotas), de temperatura e de ventos, pode-se lançar mão de gotas menores, que proporcionarão, via de regra,

maior cobertura do alvo. Entretanto, se as condições forem adversas, gotas médias ou menores estarão sujeitas à deriva e à evaporação, culminando em perdas da calda aplicada e reduzindo a eficiência do tratamento fitossanitário. Além disso, podem expor os operadores à calda e aos riscos de intoxicação e agravar o problema da poluição ambiental. De maneira geral, são preconizadas algumas condições extremas para temperatura (máxima de 30ºC), umidade relativa do ar (mínima de 55%) e ventos (máximo de 10km/h). Entretanto, tais limites muitas vezes ocorrem durante o ano todo em determinadas regiões, inviabilizando o tratamento fitossanitário via pul-

verização. Com o objetivo de superar estes limites sem se submeter a maiores perdas, a tecnologia de aplicação atua no desenvolvimento de processos, equipamentos, acessórios e formulações capazes de oferecer um certo grau de resistência às intempéries ambientais. Como exemplo, cita-se a produção de gotas grossas por alguns modelos de pontas de pulverização disponíveis e os adjuvantes, com finalidades diversas, desde a proteção química das moléculas até a ação antievaporação. É importante salientar que durante as 24 horas de um dia há momentos com as condições ambientais mais favoráveis, como no final da madrugada, quando a


Divulgação

Marcelo explica quais são os principais fatores que devem ser observados na hora de aplicar produtos fitossanitários

temperatura é amena, a umidade é elevada e os ventos podem ser apenas brisas leves. Porém, deve-se considerar o comportamento do organismo que se pretende controlar, pois este pode simplesmente não estar exposto no momento da aplicação. Também é necessário se considerar as interações físicas e bioquímicas entre o alvo e o produto que está sendo aplicado, uma vez que este pode ter sua ação comprometida se esta não for desencadeada logo após a aplicação e houver algum tipo de degradação enquanto a ação desejada não passa a ocorrer. 4) Qual o produto mais adequado para a situação de aplicação? O registro de produtos fitossanitários é uma exigência legal. No Brasil há uma gama de produtos registrados com indicações para as principais pragas, doenças e plantas daninhas. Determinadas situações exigem estratégias e considerações diferentes para a escolha do produto que pode ter ação tópica ou residual, sistêmica ou de contato, cabendo ao técnico selecionar aquele que mais se ajusta ao momento da aplicação. Nas interações bioquímicas entre o produto e as pragas, podem surgir particularidades que suplantam as características físicas. Nestes casos, nem sempre é possível utilizar as melhores horas do dia ou da noite para a aplicação dos produtos sob pena de não se alcançar a eficácia desejada no controle. Nestas condições novamente crescem as necessidades de conhecimento da melhor tecnologia de aplicação para proporcionar a melhor deposição e cobertura do alvo pela calda aplicada. 5) Qual é o equipamento disponível para a aplicação? Uma aplicação de produtos fitossani-

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tários pode ser realizada de diversas formas e com diversos tipos de equipamentos, desde os mais simples dispositivos manuais até sofisticados veículos autopropelidos de grande porte, apinhados de equipamentos eletrônicos. Em qualquer deles, no entanto, o mesmo objetivo é perseguido: a correta colocação do produto no alvo. Sendo assim, esta é uma etapa crucial, uma vez que de nada valerá ter compreendido os fatores anteriores (cultura, praga, clima e produto) se não se fizer a escolha adequada da tec-

A equipe de trabalho deve ser capacitada. Muitos equipamentos, para serem precisos, exigem conhecimento específico

nologia e do equipamento de aplicação. No caso da aplicação via líquida em que a distribuição do ingrediente ativo se dá através da fragmentação da calda em gotas (processo denominado de pulverização), o circuito hidráulico do pulverizador deverá estar em plenas condições de funcionamento e manutenção, e integrado com a finalidade para qual está sendo destinado. Desta forma, o tamanho do reservatório deverá ser adequado à área a ser tratada para evitar excessivas paradas; o sistema de filtragem deverá ser adequado à vazão do sistema e, sobretudo, à prevenção de entupimentos dos bicos; a bomba deverá proporcionar a vazão e a pressão adequadas à pulverização e ao retorno ao tanque, comandado pelo regulador ou válvula de pressão; o manômetro deverá estar disponível, em boas condições de manutenção e calibrado para informar ao técnico se o sistema hidráulico está operando na faixa de pressão indicada pelo fabricante; a barra deverá estar alinhada e manter-se estável durante o caminhamento para proporcionar uniformidade na distribuição do produto na área; e finalmente, os bicos, a parte mais importante do pulverizador, por serem responsáveis pela produção e distribuição das gotas na área a ser tratada, deverão produzir e distribuir as gotas de forma adequada ao tratamento


“De nada adiantará cada elemento do pulverizador estar rigorosamente escolhido se não for dada atenção especial às pontas de pulverização” Fotos Cultivar

ao qual se destinam. Por sua vez, também de nada adiantará cada elemento do pulverizador estar rigorosamente escolhido e averiguado se não for dada atenção especial às pontas de pulverização. Cada combinação de cultura, praga, clima e produto, demandará por gotas com características de tamanho, uniformidade e velocidade diferentes, e cada ponta poderá oferecer a característica necessária. Para isto, o técnico deverá estar apto a interpretar as condições do momento, como o estágio de desenvolvimento da cultura e da planta daninha, situação da praga, condições meteorológicas, produtos disponíveis, para realizar a indicação do equipamento da maneira mais acertada. Uma análise crítica da conjuntura no momento da aplicação poderá concluir a indicação a contento. A expectativa de uma chuva, liberação de inimigos naturais na vizinhança, queda ou aumento da taxa de juros ou do câmbio, e a mudança nos rumos da exportação, poderão alterar toda a conformação e a decisão de um tratamento fitossanitário. Por isso, é reM comendado manter-se atento.

A EQUIPE ESTÁ CAPACITADA AO TRABALHO?

A

capacitação não só dos operadores, mas de toda a equipe técnica é fundamental para o bom andamento do trabalho. Membros da equipe que não estiverem suficientemente habilitados poderão sentir-se inseguros e cometer falhas de naturezas diversas que poderão comprometer seriamente o resultado do tratamento realizado. É imprescindível que o operador esteja consciente de suas atribuições e possibilidades. Isto, além de torná-lo seguro e motivado ao trabalho, também deverá diminuir as possibilidades de falhas técnicas. Assim, como em outras situações, o recurso humano poderá fazer toda a diferença. Marcelo da Costa Ferreira, Unesp


rerrefino de óleo como escolher

Melhor escolha Na hora de escolher implemento, trator ou colhedora, é necessário saber qual é a real necessidade de cada propriedade. Tanto o sub quanto o superdimensionamento da potência requerida, podem acarretar em aumento de custos da produção

A

s freqüentes oscilações da agricultura, com quebra na produção, preços baixos pagos aos produtores tornam o setor instável. Apenas os agricultores que fazem um planejamento detalhado da sua atividade conseguem obter lucro, e com isso pode-se concluir que o planejamento da atividade agrícola é fundamental para um bom andamento da empresa rural. O planejamento não é somente o controle dos custos durante a atividade. Ele compreende a observação do mercado para identificar as melhores oportunidades, a escolha da cultivar a ser plantada, as técnicas de manejo a serem adotadas e a seleção do maquinário para a realização do trabalho. Esse artigo trata de uma forma de seleção de implementos, de tratores e de colhedoras, com o intuito de ajudar os agricultores no planejamento da atividade agrícola. Iniciaremos pela seleção dos implementos agrícolas e das colhedoras, sendo que eles utilizam praticamente a mesma metodologia de cálculo, apenas com pequenas diferenças. Quando iniciamos o processo de seleção das máquinas agrícolas, uma das primeiras informações que devemos obter é a

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quantidade de dias úteis para trabalhar, ou seja, os dias que podem ser utilizados para realizar as tarefas. Em geral, podemos saber quantos dias úteis estudando os mapas meteorológicos que são levantados pelas estações meteorológicas locais, que são dados referentes, na maioria dos casos, aos 30 anos anteriores. Caso não haja esta estação meteorológica no local, deve-se consultar a mais próxima. De posse do número de dias úteis para o trabalho e tendo definidas a área a ser cultivada e a jornada de trabalho (número de horas trabalhadas por dia), podemos determinar o Ritmo Operacional (RO), que nada mais é do que a quantidade de hectares que é preciso realizar em determinado tempo para completar uma operação. O próximo passo é determinar a largura útil do implemento ou da colhedora. Para isso, devemos saber a velocidade de deslocamento médio de trabalho e a Eficiência Operacional (EO) do conjunto mecanizado. Estas variáveis dependem da operação que se está realizando, do operador, do relevo, das condições climáticas etc. A Tabela 1

possui alguns valores médios de velocidade e eficiência operacional que podem ser utilizados no cálculo. Então, a determinação da largura: Largura = RO (ha/h) x 10 = (m) Velocidade (km/h) x EO (%) O valor de largura útil que foi obtida será utilizado para saber qual será o tamanho da plataforma da colhedora. Para colhedoras, estes passos são suficientes para o dimensionamento correto da demanda na propriedade. Todavia, para implementos ou semeadoras, a largura útil é apenas o primeiro passo a ser dado. No caso de semeadoras ou grades para saber sua largura, basta medir no próprio implemento. Porém, no caso de distribuidores centrífugos é necessário realizar um ensaio a campo para sua determinação. Os dados dessa tabela são com valores médios americanos, e para o Brasil estes ainda não estão adaptados. Portanto, a melhor forma de saber estes valores precisos é de-


“Com os implementos selecionados precisamos agora saber a força de tração necessária para puxá-los” Fotos Gismael Perin

Com os dados da largura do implemento em mãos é possível definir a capacidade operacional do conjunto

terminando na própria propriedade ou em áreas semelhantes. Com a determinação da largura útil efetiva, só falta saber a quantidade de órgãos ativos que o implemento vai precisar. Para isso é necessário saber qual o espaçamento entre os órgãos ativos dos implementos. Por exemplo, uma semeadora de arroz, pode ter espaçamento de 12,5cm, 15cm ou 17cm. Sabendo esse valor basta dividir a largura útil do implemento por ele e multiplicar por cem. Como último passo, chegamos na hora de determinar a quantidade de implementos necessários para a propriedade. Vamos raciocinar novamente em uma semeadora. Existem no mercado semeadoras que têm desde uma linha até mais de 20 linhas, apresentando uma grande diversidade de tamanhos e estilos. O número de implementos necessários é dado pela divisão dos órgãos ativos pelas características dos implementos encontrados no mercado. Com os implementos selecionados precisamos agora saber a força de tração necessária para puxá-los. Neste método são utilizados quatro passos para se chegar à potên-

cia bruta do motor, fator que é utilizado para seleção. 1º passo: determinação da força requerida pelo implemento Força de tração requerida é a força total necessária para tracionar o implemento. Os requerimentos típicos de força de tração podem ser calculados da seguinte maneira: D = Fi [A+B+C (S)2] W x T onde:

Equipamentos menores e mais antigos não são sinais de falta de eficiência. A demanda de cada propriedade é que define isso

D é a força de tração requerida pelo implemento, Newton; Fi é um parâmetro adimensional relacionado à textura do solo (Tabela 2), i = 1 para solo arenoso, 2 para solo médio e 3 para solos argilosos; A, B e C são parâmetros específicos para cada tipo de máquina (Tabela 2); S é a velocidade operacional, km/h; W é a largura da máquina, m, ou o número de linhas ou ferramentas (Tabela 2); T é a profundidade de trabalho, cm, para

máquinas e implementos grandes, ou igual a 1 para máquinas de semeadura ou implementos superficiais. 2º passo: determinação da potência requerida pelo implemento A potência requerida pelo implemento é a potência útil necessária na barra de tração do trator para implementos tracionados, ou a potência de propulsão para implementos autopropelidos, e é calculada da seguinte maneira: Prb = (D * S) 3,6

onde:

Prb é a potência requerida pelo implemento, kw; D é a força de tração requerida pelo implemento, kN; S é a velocidade de operação, km/h; 3º passo: determinação da potência líquida do motor:


Fotos Gismael Perin

Case IH

Para implementos como distribuidores a lanço, é necessário fazer alguns ensaios para descobrir a largura efetiva de trabalho

Num trator ideal a potência disponível na barra de tração seria igual à potência líquida do motor, porém, existem perdas durante a transmissão dessa potência, que segundo estudos realizados, podem chegar a 35% de perda. Então para sabermos a potência líquida necessária no motor basta dividirmos a potência disponível na barra de tração por 0,65. 4º passo: determinação da potência bruta do motor: A potência líquida é a que será necessária para tracionar o implemento e movimentar o trator, porém os manuais das máquinas informam apenas a potência bruta do motor ou potência na rotação nominal. Então, temos que encontrar esse valor, para isso basta dividir por 0,85 porque normalmente a potência liquida é 85% da potência bruta. Para obter o valor da potência bruta em cavalos vapor (cv) basta multiplicar o valor obtido em kw por 1,36. É este valor que é utilizado na maioria dos manuais dos tra-

tores agrícolas brasileiros. Para concluir, vamos dar algumas dicas de como manter ou melhorar o desempenho do conjunto implemento e trator. A eficiência operacional, por não gerar custo adicional para o proprietário, deve ser constantemente aumentada. Os principais fatores que influenciam são: formato, tamanho e disposição da área, necessidade de abastecimento, número e velocidade de manobras, paradas para “desembuchar” ou limpeza de discos dos implementos e paradas para descanso do operador. Entretanto, caso o executor do cálculo de dimensionamento do maquinário superestimou a eficiência operacional, poderá o serviço a campo não ser realizado no tempo previsto. Um artifício então é o aumento do ritmo operacional, mas isso irá aumentar o custo operacional para o produtor. Uma forma de aumentar o ritmo operacional é aumentar a jornada de trabalho. Esse aumento do ritmo operacional pode ser utilizado também quando algum imprevisto ocorrer, como por exemplo, a diminuição dos dias trabalháveis em função de uma chuva. O dimensionamento do maquinário é apenas uma ferramenta do planejamento da

produção agrícola e não pode ser realizado isoladamente. Entretanto, é um passo fundamental para que este planejamento seja correto. Caso, na propriedade esteja sobrando potência ou implementos, que é o mais comum em nossas fazendas, com certeza o custo de produção será maior, dificultando a continuidade do agricultor na cadeia produtiva. M Gismael Francisco Perin e Leonardo Basso Brondani, UFSM Tabela 1 - Valores típicos de eficiência e velocidade operacional para algumas operações agrícolas Operação Eficiência de campo (%) Velocidade (km/h) Aração 70 – 90 5,0 – 10,0 Subsolagem 75 – 90 6,0 – 09,0 Gradagem pesada 70 – 90 5,5 – 10,0 Gradagem leve 70 – 90 5,0 – 10,0 Rolagem 70 – 90 7,0 – 12,0 Semeadura direta 50 – 75 3,0 – 06,5 Semeadura 65 – 85 4,0 – 10,0 Colheita 65 – 85 3,0 – 06,5 Distr. centrífugo (lanço) 60 – 70 5,0 – 08,0 Pulverizador de barra 50 – 80 5,0 – 11,5 Fonte: Adaptado de Asae data: Asae D230-4, 1984.

Tabela 2 – Parâmetros de força de tração para máquinas e implementos (Extraído e adaptado da Asae D497) Implemento

Gismael e Leonardo mostram quais os passos necessários para obter o máximo rendimento sem superdimensionar o maquinário

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Arado de Aivecas Escarificador Grade pesada em “V” Grade niveladora em “V” Semeadora - adubadora Fluxo Contínuo Semeadora - adubadora Precisão, plantio direto

Largura unidade m hastes m m linhas linhas

Parâmetros de máquina A B C 652 0,0 5,1 107 5,3 0,0 364 18,8 0,0 254 13,2 0,0 1550 0,0 0,0

F1 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0

1820

1,0

0,0

0,0

Parâmetros de solo F2 F3 0,7 0,45 0,85 0,65 0,88 0,78 0,88 0,78 1,0 1,0 0,96

0,92

Variação % 40 50 50 30 25 25


John Deere

Dez anos e muitas cotas P

ara comemorar o décimo aniver sário do Consórcio Nacional John Deere, a empresa lança novos grupos com mais vantagens e anuncia a ampliação do programa para a Argentina. Desde a sua formação no Brasil, em 1997, já foram contempladas mais de 2,7 mil cotas e comercializadas outras 11,6 mil, totalizando mais de 1,3 bilhões de reais. A resposta para o sucesso do programa pode ser resumida em apenas duas palavras “confiança e credibilidade”, garante diretor de marketing da John Deere, Paulo Hermann. “Para implementar um consórcio, é necessário que o produtor confie plenamente no grupo organizador. Não basta facilitar a compra, é necessário ser transparente e cumprir com as responsabilidades”, destaca. O reconhecimento pelo agricultor das vantagens do consórcio se refletiu em crescimento de vendas no ano passado de 18% em relação a 2005. O aumento se deu também na participação relativa do Consórcio John Deere no mercado de consórcios de equipamentos agrícolas, que passou de 15% para 17%. A expectativa é de que a comercialização de tratores, plantadeiras ou colheitadeiras através do consórcio represente aproximadamente 10% do total das vendas de equipamentos da John Deere. A Randon, administradora do consórcio, ocupa o segundo lugar no ranking nacional do setor e está entre as maiores do mercado no segmento de pesados.

TRATOR A DEZ REAIS POR DIA Para marcar a comemoração dos dez anos de consórcio a John Deere programou a abertura de um novo grupo que oferece uma série de vantagens a seus participantes. O grupo 882

tem prazos e condições especiais para os 300 integrantes, com opção de pagamento de meia parcela até a complementação ou até a 50ª assembléia do grupo (o que ocorrer primeiro) sem cobrança de taxa de inscrição. As vantagens do grupo se aplicam de forma especial aos novos modelos de tratores com motores de três cilindros, que acabam de ser lançados pela John Deere. Com as regras do novo grupo e o pagamento de meia parcela, o produtor poderá ter um desembolso mensal de apenas 290 reais na compra do modelo 5403 4x2, com motor de 65 cv. Esse valor representa um investimento que corresponde a menos de 10 reais por dia para ter acesso a um equipamento de alta tecnologia, capaz de aumentar significativamente o rendimento da propriedade. O modelo 5303, com motor de 57 cv, em versão 4 x 4, outro lançamento da John Deere para a mecanização das pequenas propriedades e da produção de frutas e hortaliças, também está incluído como opção deste grupo especial.

A John Deere comemora uma década do seu consórcio nacional. Foram quase 12 mil cotas comercializadas, que já correspondem a 5% do total de vendas da empresa está previsto para o mês de julho.

NOVA FÁBRICA Aproximadamente 350 funcionários já trabalham na nova unidade. A capacidade de produção será de até 20 mil tratores ano, mas no primeiro período o ritmo será ao redor de 7 mil unidades. A fábrica será uma das mais modernas existentes no mundo e destaca-se pela flexibilidade da linha de produção, com capacidade de ajuste tanto para aumentar a produção, como para produzir novos modelos. O número de empregados deverá chegar a 550 e serão criadas outras 1,5 mil vagas indiretas. O investimento na construção da fábrica foi de 80 milhões de dólares e o montante aplicado pela John Deere chega a 250 milhões de dólares, incluídos os gastos na elevação de capital de giro e na alteração do layout da fábrica de Horizontina para aumentar a capacidade de produção de M colheitadeiras e plantadeiras.

PRIMEIROS MODELOS DA NOVA FÁBRICA As vantagens do consórcio não se restringem apenas a modelos de menor porte e custo mais baixo. Todos os tipos de equipamentos John Deere, como colheitadeiras de grãos, colhedoras de cana e plantadeiras, têm sua aquisição facilitada pelo Consórcio Nacional. Uma opção vantajosa também para a compra dos modelos de tratores lançados há poucos dias em Ribeirão Preto pela John Deere, na faixa de motores de potência mais alta, como os modelos 7715 e 7815, com motores de 182 cv e 202 cv respectivamente, os primeiros produzidos na nova fábrica da John Deere em Montenegro (RS). O início da produção, em escala piloto,

Paulo Hermann, diretor de marketing da Jonh Deere, destacou a credibilidade do progama

Maio 07 • 23


Claas

ergonomia

Conforto testado Ensaio ergonômico com postos de comando dos tratores identifica os fatores que proporcionam maior desgaste físico no operador

P

ara melhoria na produtividade do operador de máquinas agrícolas, as condições de trabalho são primordiais, pois durante as operações agrícolas o mesmo está sujeito à ação do calor, poeira e chuva, além dos ruídos, vibração e gases liberados pela máquina. As máquinas agrícolas que anteriormente possuíam projetos voltados para redução de custos, não visando conforto e proteção do operador, atualmente com o avanço da tecnologia e da legislação trabalhista, tornaram-se mais adequadas para minimizar o desgaste físico e psíquico do operador. Desta forma, os projetos de máquinas agrícolas devem contemplar dispositivos e equipamentos que diminuam ou excluam os riscos de fadiga e acidentes.

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Para que possamos executar determinada operação é necessário que parte do corpo esteja firme para dar sustentação. Assim posturas incorretas levaram em maiores esforços e desconforto no posto do operador. Dentre os principais fatores que podem levar ao desconforto do operador destacamse o campo visual que está relacionado à postura corporal, e o calor excessivo, que influencia a percepção e o raciocínio. A postura do operador relacionada às exigências visuais pode levar o mesmo a posições incômodas para melhorar sua visibilidade. Outro fator relacionado ao conforto do operador é a temperatura a que o mesmo está submetido. Diversos pesquisadores citam que a temperatura deve estar entre 19 e 24ºC com umidade relativa do ar entre 40 e 70%.

SEGURANÇA No Brasil, a definição de acidente do trabalho existe desde 1919 como conceito jurídico, mas poucas são as informações sobre os acidentes na agricultura, sendo disponibilizado por algumas secretarias estaduais, como a do estado de São Paulo, que durante o período de 1975/1976 informa a ocorrência de 110.700 acidentes, sendo 28.300 nas propriedades agrícolas, com 13.700 ocorrendo pelo uso de máquinas agrícolas com pelo menos duas mil mortes. Dados de 2000 indicam 6.321 acidentes de trabalho na agricultura e silvicultura, porém os pequenos acidentes não são registrados. Existe no Brasil a lei nº 8.213, que considera como acidente do trabalho todo aquele que ocorre pelo exercício do ofício a ser-


“Os acidentes com trabalhadores, causados por ferramentas de trabalho, representam 49,9%, entre elas pode-se citar o facão e o podão”

New Holland

viço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. Pesquisa realizada por Teixeira e Freitas (2003) nas instituições do INSS levantaram 58.204 acidentes do trabalho, ocorridos em área rural, no período entre 1997 e 1999. De todos os acidentes registrados, 929 eram de trajeto, 5.354 doenças do trabalho e 51.644 pela atividade desenvolvida. Apenas 277 acidentes não puderam ser classificados. O que correspondeu à média de 53,2 acidentes por dia envolvendo os trabalhadores. Os acidentes com trabalhadores, causados por ferramentas de trabalho, representam 49,9%, entre elas pode-se citar o facão e o podão. Os acidentes em função da atividade desenvolvida pelo trabalhador representam, 70,5% dos acidentes e estão associados à agricultura, pecuária, silvicultura e exploração florestal, e deste grande grupo, as atividades do cultivo de cana-de-açúcar representam 40,3% e a produção mista, ou seja, lavoura e pecuária apresenta 39,2%. Schlosser et al (2002), em entrevista com operadores na região do Rio Grande do Sul,

Figura 1 - Principais posições do trator ao SIP nas posições de ótimo e máximo acesso

indicaram que 39% dos operadores de máquinas agrícolas já haviam sofrido algum tipo de acidente. Nesta pesquisa informam que 51,71% dos acidentes graves são por capotamento do trator e os mais leves, 40%, por escorregões. Esses acidentes são causados em 78,78% dos casos por atos inseguros, falta de atenção, cansaço e pressa. De todos os operadores entrevistados 60,74% não fizeram nenhum curso de operação de tratores agrícolas, que pode estar relacionado aos índices de acidentes. Nos países como os Estados Unidos e Espanha, existem estudos mais detalhados sobre acidentes no meio rural. Nos Estados Unidos a agricultura é a terceira atividade com maior índice de fatalidades (1,54: para cada grupo de 10 mil trabalhadores). Field (2000) cita que nos Estados Unidos, dentre as 500 e 600 pessoas que morrem a cada ano em função de acidentes com tratores agrícolas e que a cada pessoa morta, outras 40, no mínimo, são feridas. Na Espanha ocorrem mais de 50 mil acidentes de trabalho nas atividades agrícolas, o que representa mais de 10% dos acidentes, sendo que aproximadamente 40% do total de acidentes ocorridos no setor agrário envolvem máquinas agrícolas e, destes, Isolamento do operador garante maior conforto e diminui riscos de problemas com audição e contaminação por gases tóxicos ou defensivos

Maio 07 • 23


Área de projeção (m) Ângulo 50º 170º 300º Total

55,2 kW 1,608 1,121 0,967 3,722

77,3 kW 2,783 1,424 1,392 5,814

Visibilidade nula (sombra – m) 110 kW 3,569 1,755 2,116 7,679

Temperatura (Co) nas regiões dos pés, peito e cabeça Região Pés Peito Cabeça

55,2 kW 31,8 32,0 27,8

77,3 kW 26,7 26,4 26,3

110 kW 26,9 27,0 26,6

metade são devido ao uso do trator. Na Argentina, dos acidentes com trator, 50% são fatais, destacando-se os principais acidentes por tombamento (58%), queda do trator (13%) e atropelamento (8%), dentre outros de menores efeitos.

AVALIAÇÕES Visando avaliar a ergonomia de tratores agrícolas com potência de 55,2; 77,3 e 110 kW no motor, desenvolveu-se trabalho no Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola (Lamma) do departamento de Engenharia Rural da Unesp de Jaboticabal (SP), utilizando-se para as avaliações ergonométricas as normas ISO 3462 e ABNT NBR 9405, tomando como base o ponto de referência do assento (SIP – Seat Inder Point), que é o ponto situado no plano médio longitudinal central do assento. Foram medidas as distâncias dos principais comandos dos tratores ao SIP verificando se os mesmos encontravam-se nas posições de ótimo ou máximo acesso (Figura 1). A visibilidade foi tomada com divisão de três partes do campo visual (Figura 2), sendo: “A”, coberto efetivamente pela visão periférica; “B”, aquele que são necessários movimentos dos olhos e “C”, aquele que são requeridos movimentos da cabeça. Para determinação do campo visual real foi

55,2 kW 14,75 8,305 10,937 34,106

24 • Maio 07

110 kW 21,933 8,492 14,752 45,381

utilizada uma lâmpada de 250 watts colocada na cabine do trator na altura dos olhos do operador. Assim, com o acendimento da lâmpada ocorreu projeção das sombras no chão (quadriculado de 1 x 1m), que foram demarcadas e desenhadas em escala adequada. A avaliação da temperatura na cabine do operador foi executada após o trator trabalhar no campo e atingir temperatura de 80ºC. Utilizou-se um termômetro com sensor de haste longa com escala de temperatura 0-100ºC, sendo coletadas aos pés, peito e cabeça do operador. Os tratores avaliados no ensaio foram: de 55,2 kW que corresponde a 75 cv de potência no motor dotado de assento montado diretamente sobre o diferencial do trator deixando exposto também a caixa de marchas; 77,3 kW que corresponde a 105 cv de potência no motor e outro de 110 kW correspondendo a 150 cv de potência no motor. Ambos dotados de plataforma que impede o contato direto do operador com o diferencial e caixa de marchas, sendo a mesma dotada de borracha no piso para evitar quedas e minimizar o calor.

RESULTADOS Os órgãos de comando como volante e alavancas devem permitir o controle e manuseio fácil e seguro por um trabalhador em sua posição normal de serviço. De acordo com as normas e resoluções, os órgãos de comando devem permitir o estabelecimento das posições relati-

ERGONOMIA

O

Visibilidade e segurança são itens importantes em qualquer máquina, independente do seu tamanho

77,3 kW 20,531 8,604 14,852 44,247

s principais riscos de acidentes no trabalho podem ser caracterizados em físicos, mecânicos, biológicos e ergonômicos (considerados como as condições de adequação dos instrumentos de trabalho ao homem). A palavra ergonomia vem do grego ergon (= trabalho) e nomos (= lei), e por este motivo é também denominada de “ciência do trabalho”. A ergonomia trata dos conhecimentos científicos relativos ao homem e necessários para a concepção de ferramentas, máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto, segurança e eficácia. Tem por prioridade adequar a máquina ao homem da melhor forma possível.

Os postos de comando podem ter características próprias, mas devem respeitar as exigências de normas específicas que as regulamentam

vas ao assento do trator, os pedais e o volante do veículo, sendo importante deixar espaço para troca de posturas durante o trabalho do operador. Foi observado para o trator de 55,2 kW que a localização dos órgãos de comando não foi adequada, não sendo este trator aprovado pelos operadores com relação ao acesso às partes instrumentais da máquina. Para o trator de 77,3 kW apresentaram-se fora de acesso os comandos: volante, chave, alaFigura 2 - Campos visuais do operador: A – campo visual estacionário, B – campo visual dos olhos e C – campo visual com o movimento da cabeça


“O produtor deve lembrar que o operador com melhores condições de trabalho apresentará menor fadiga, e possivelmente ocorrerá menor número de acidentes por esse motivo” Fotos Charles Echer

Acesso ao posto de trabalho deve ser facilitado. Em alguns casos, a altura do primeiro degrau exige bastante esforço

vanca de bloqueio do diferencial e interruptor do sistema de iluminação. Na avaliação por operadores, mesmo o volante estando fora das normas ISO 4253, foi considerado como de posição confortável de trabalho. O trator de 110 kW apresentou os seguintes comandos dentro dos padrões: alavanca de acionamento da tração dianteira auxiliar, pedal de embreagem, acelerador manual, alavanca de acionamento da TDP e do SHTP. De modo geral o trator de 77,3 kW apresentou as melhores posições dos órgãos de acionamento, seguidas pelo trator de 110 kW e por último o de 55,2 kW. Acrescentando que o último não apresenta cinto de segurança e descanso para os braços, sendo este reprovado na

análise. O campo visual do operador (A - ângulos de 50º) deve ser o mais livre possível de obstáculos que possam interferir prejudicialmente na sua visão. Os demais ângulos B (170º) e C (300º), necessitam de movimentação dos olhos e da cabeça, respectivamente. Pelo observado na tabela para o campo visual, observa-se que o trator de 110 kW apresentou as melhores condições de visibilidade, ao contrário do trator de 55,2 kW que apresentou as piores condições. O primeiro apresenta o posto do operador mais elevado em relação ao capô, fazendo com que tenha a maior área de visibilidade. Na análise de temperatura no posto do

operador observa-se que todos os tratores apresentaram valores acima do recomendado pelas normas. O modelo com 55,2 kW apresenta maiores valores de temperatura na região dos pés e do peito, por não apresentar a plataforma, presente nos outros dois modelos. O calor na região da cabeça foi igual em todos os modelos devido à presença da tubulação do escapamento localizada nas proximidades dessa região. Com relação à temperatura, o uso de tratores com cabinas climatizadas permitiriam amenizar esse problema. O produtor deve lembrar que o operador com melhores condições de trabalho apresentará menor fadiga, e possivelmente ocorrerá menor número de acidentes por esse M motivo. Jorge Wilson Cortez, Carlos Eduardo Angeli Furlani, Rouverson Pereira da Silva, Marcelo Pereira Ribeiro e Aparecido Alves de Oliveira, Lamma - Unesp


Esforço na boléia Veículo essencial para deslocamento de produtos agrícolas dentro ou fora da fazenda, o caminhão faz parte do dia a dia de muitas propriedades rurais. Estudo mostra quais são as requisitos necessários numa cabine para diminuir a fadiga dos motoristas

N

o Brasil, o transporte interno de produtos agrícolas, industrializados, matéria-prima, entre outros, é realizado quase que inteiramente por transportes rodoviários, resultando em uma grande quantidade de caminhões. Ele é também um dos veículos mais utilizados no meio agrícola, destacando-se no transporte de máquinas, animais, madeira e produtos agrícolas de um modo geral. As exigências do trabalho fazem com que o motorista permaneça muito tempo sentado e isolado. A manutenção da postura sentada pode faltar com as condições ergonômicas necessárias, e fatores como o estresse causado em trânsitos congestionados e a poluição, favorecem a caracterização de ser uma profissão fatigante. O motorista está exposto a ruídos, temperaturas elevadas, vibrações, posto de trabalho inadequado às suas condições físicas, suprindo-o do conforto e bem-estar necessários durante a jornada de trabalho. As condições dos postos de trabalho têm grande efeito sobre o rendimento da atividade do motorista de caminhão, o que reforça a necessidade dos estudos ergonômicos, possibilitando que os mesmos exerçam suas atividades com menor risco de acidentes, maior conforto, bem-estar e, conseqüentemente, maior eficiência.

26 • Maio 07

A avaliação das condições nesses pos- aplicados aos motoristas. Os dados antropométricos foram obtitos de trabalho é necessária para a identificação do seu perfil antropométrico, das dos por intermédio das medidas diretas do condições e cargas de trabalho. Os fatores corpo do motorista na posição em pé. As físicos e ambientais da cabine, como aces- medidas foram tomadas utilizando-se uma so, assento, projeto e compatibilidade de trena graduada, com precisão de 1mm, forcontroles e instrumentos são essenciais mulários para anotação das medidas e um para o conforto e a saúde do motorista. esquadro para direcionar e facilitar a leitura Esforços musculares para o acionamento na trena. Com a trena fixada na parede e o dos comandos, ruído, calor, iluminação, motorista junto dela, foram feitas as leituvibração no interior das cabines contri- ras com a ajuda do esquadro. As dimensões das cabines, variáveis de buem para o aumento do desgaste físico. Observando uma população compos- acesso e o alcance aos comandos, alavanta de 63 motoristas de caminhões, coleta- ca e pedais foram avaliados quantitativaram-se dados por meio de entrevista in- mente, por meio de medidas diretas para dividual, em que foram avaliados as con- a verificação da adequação das mesmas às dições de trabalho, saúde, treinamento, hi- características antropométricas da população de motoristas amostrada. giene e segurança no trabalho. Foram avaliadas de forma qualitativa O nível de ruído equivalente, ou seja, a dose média de ruído recebida pelo mo- por meio de check-list, a visibilidade do torista durante a jornada de trabalho, foi painel, a parte frontal do veículo, a lumiavaliada por intermédio de um dosímetro nosidade dos faróis, a fim de verificar a instalado no microfone à altura do ouvi- presença de componentes internos e exdo do motorista. Quadro 1 - Variáveis analisadas da iluminação no ambiente de trabalho O conforto térmico, o clima da cabine, níveis de Variáveis analisadas Valores em % iluminação dos instruIluminação interna ideal 95,8 mentos e dos faróis foram Painel de fácil entendimento 100,0 avaliados qualitativamen100,0 te por meio de check–list Iluminação das lâmpadas de advertência do painel ideal Iluminação dos faróis ideal 88,9 previamente elaborados e 65,1 por meio de questionários Iluminação influenciando negativamente no rendimento das atividades

Fotos Scania

ergonomia


“Os fatores físicos e ambientais da cabine, como acesso, assento, projeto e compatibilidade de controles e instrumentos são essenciais para o conforto e a saúde do motorista”

O caminhão é um veículo bastante utilizado para o transporte de colheitas tanto dentro como fora da fazenda

Mercedes

ternos que pudessem limitar a visibilidade dos motoristas. Para a medição das forças exercidas no acionamento da alavanca de câmbio, giro do volante, compressão dos pedais do acelerador, freio e embreagem, foram feitas avaliações quantitativas utilizando uma célula de carga da marca Kratos, modelo IDDK com capacidade para até 2.500 N, acoplada entre as mãos/pés do motorista, e os comandos, por meio de pegas apropriadas e encaixes, desenvolvidos para tal finalidade. Na análise dos exames audiométricos encontrou-se 19% dos motoristas com perda auditiva não ocupacional e nenhum caso de perda auditiva ocupacional. Os problemas relacionados à dor nos últimos 12 meses foram relatados, apresentando os seguintes percentuais, 7,9% no pescoço, 8% nos ombros, 1,6% nos cotovelos, 1,6% na parte superior das costas, 4,8% na parte inferior das costas, 34,9% na coluna, 1,6% nos quadril/coxas e 4,8% nos joelhos. Outros chegaram a impedir a realização normal do trabalho nos últimos 12 meses, sendo 1,6% no pescoço, 9,5% na coluna e os que chegaram a apresentar dor ao final da jornada de trabalho foram 60% no pescoço, 60% nos ombros, 100% nas costas, 72,7% coluna e 66,7% nos joelhos. A iluminação adequada nos ambientes de trabalho é essencial, refletindo efeitos positivos no rendimento do trabalho, na segurança e na saúde do trabalhador. Os efeitos de uma da boa iluminação dos locais de trabalho podem ser observados no aumento da produção, melhor acabamento do trabalho, diminuição dos desperdícios de materiais, redução do número de acidentes do trabalho, maior ordenação e limpeza, melhor aproveitamento do espaço e diminuição da fadiga.

O Quadro 1 refere-se às respostas apresentadas pelos motoristas com relação à luminosidade no ambiente de trabalho. O ruído, presente em qualquer ambiente, quando em níveis elevados, pode causar desconforto, irritabilidade e, em alguns casos, sério danos ao aparelho auditivo, podendo ocasionar uma perda da audição. Os níveis de ruído mínimo, máximo e equivalente registrados nas cabines dos caminhões estão apresentados no Quadro 2. A exposição a níveis de ruído superiores a 85 dB (A), de acordo com o item 1 do anexo 1 da NR-15, não é permitida sem o adequado uso de protetor auricular. O código nacional de trânsito já não permite o uso desta proteção neste caso, logo, o motorista exposto a este nível de ruído durante oito horas, teria que ter a exposição a níveis abaixo de 85 dB (A). A intensidade de força para o acionamento dos comandos do acelerador, embreagem, freio, direção e câmbio, pode ser verificada no Quadro 3. Nos termos apresentados, pode-se concluir que o tempo de profissão é rela-

tivamente longo, a faixa etária dos motoristas é muito variável, a profissão de motorista é cansativa, o esforço físico no acionamento dos freios exige força acima do que determinam as normas e que esta atividade causa cansaço, dores no pescoço, coluna, ombros, costas e joelhos, por ser realizado na posição sentado durante M a jornada de trabalho. Haroldo C. Fernandes, Paula Cristina N. Rinaldi e Renan Kilesse, UFV Quadro 2 - Níveis de ruído, mínimo, máximo e LEQ, no interior das cabines dos caminhões dos modelos avaliados Modelo Mercedes 912 Mercedes 1418 Mercedes 1622 Mercedes 1630 Mercedes 1634 Mercedes 1721 Scania PH 93 A

Mínimo 77,0 69,2 71,8 66,4 73,3 68,6 73,8

Níveis de ruído dB (A) Máximo 89,6 83,7 89,4 93,8 89,9 88,7 92,2

LEQ 79,8 75,3 76,6 75,3 76,3 75,4 79,1

Quadro 3 - Intensidade das forças nos pedais, alavanca e direção

Itens como luminosidade, alcance aos comandos, alavancas, pedais e acesso ao posto de comando foram avaliados

CAMINHÕES MODELOS COMANDOS Acelerador Embreagem Freio Direção Câmbio

Mercedes 912

Mercedes 1418

64 123 223 51 12

52 184 113 82 5

Mercedes Mercedes 1622 1630 18 127 261 74 15

48 107 223 84 13

Mercedes 1634

Mercedes 1721

Scania PH93A

52 118 235 93 17

49 228 137 67 23

25 163 270 71 28

DUPUIS(1959) ISO 3748(1978) VALOR DE REFERENCIA 133 347 133 177 132

Maio 07 • 27


feiras agrícolas

Desfile de máquinas A Incomagri destacou pulverizadores e a semeadeira/adubadeira Sembra

Antes do retorno ao trabalho, lastre adequadamente os pneus dianteiros e traseiros, calibre-os com a pressão indicada no manual de operação e realize o teste de patinagem

A

força e a inovação tecnológica exposta pelas montadoras, os produtos destinados à agricultura de precisão e fornecedores de pneus, roubaram a cena em Ribeirão Preto. Empresas, como a Massey Ferguson, apresentaram um estande repleto de novidades. O principal lançamento da marca foi a colhedora MF 32 Advanced, equipada com instrumentos de precisão, motor de 200 cv e com capacidade para trabalhar com plataforma de 20 pés, o que permite alcançar até 15% a mais de rendimento. Outro destaque foi a nova série MF200 Advanced, que incorporou mais quatro modelos: MF 255, MF 291, MF 298 e MF 292, Carregador de Cana.

JOHN DEERE A John Deere apresentou os modelos 7715 e 7815, os primeiros produzidos pela nova fábrica da empresa em Montenegro, no Rio Gran-

Novos modelos da John Deere já produzidos pela nova fábrica gaúcha

28 • Maio 07

de do Sul. O modelo 7815, com motor de 202 cv, já era vendido no Brasil através de importação. Para a produção nacional, recebeu modificações como troca do eixo dianteiro para se adequar à severidade das condições brasileiras. O trator 7715, com 182 cv, atende às necessidades das lavouras de grãos e de cana. Ainda na linha de tratores, foram apresentados o 5303, com 57 cv, na versão 4x4 e o modelo 5403, com 65 cv, nas versões 4x2 e 4x4, ambos voltados para pequenos agricultores e emprego na horticultura e fruticultura. O 5603 também foi destaque. Na faixa de potência mais alta foi lançado o John Deere 8430, com 310 cv. Estiveram em foco, ainda, a colheitadeira 9750 STC, a colhedora de cana 3510, a série 1100 de plantadeiras e o pulverizador autopropelido 4720.

LANÇAMENTO PARA A CANA A KO mostrou o Herbicana 1.400 litros,

Novo modelo de pulverizador da KO, com 1,4 mil litros e reforço para trabalhar em cana

que nasceu da necessidade de apresentar um equipamento com custo menor e que agregue algumas características idênticas às de um autopropelido. Uma das vantagens do sistema é a liberdade e flexibilidade para operar com velocidades variáveis sem alterar a qualidade da aplicação. A barra de aplicação também é totalmente redimensionada para atender às exigências dos terrenos em que é cultivada a cana.

PULVERIZAÇÃO EM DESTAQUE Entre os destaques da Incomagri esteve a linha de pulverizadores. O Champion, com capacidade para dois mil litros, conta com opções de barras de 12, 14 e 21 metros. Possui bomba com membrana, sistema de abastecimento com anti-retorno (trava) e tanque de polietileno virgem, que não desbota, nem resseca. Já o Attack 800 tem como principais diferenciais a bomba com membrana, vantagem de não oscilar a pressão, trabalha com óleo e aceita a aplicação de produtos como uréia, sal e cal. Destaca-se, ainda, a durabilidade maior com a bomba de baixa pressão (se fechar uma barra não sobrecarrega a outra). A empresa deu ênfase também à semeadeira/adubadeira Sembra 3,5 mil litros, equipada com sistema de agitador horizontal, que não trabalha na rotação do prato e por isso não danifica a semente.

Diretor da Herbicat, Luis César Pio, explica o funcionamento dos equipamentos de precisão


“A lavagem limpa todas as superfícies, o que evita a penetração de impurezas no interior dos compartimentos mecânicos e facilita o serviço”

PIRELLI A Pirelli mostrou três novos modelos de pneus. Fernando Mier, gerente de marketing e Vendas, destacou a linha de alta flutuação para implementos agrícolas, que chega com dois desenhos, RA 28 e HF 75, ambos na medida 400/60-15,5”. Para empilhadeiras e veículos industriais foi apresentado o CI84, nos tamanhos 600-9,7.00-12.650-10,7.50-15 e 8.25-15.

TRELLEBORG A AGR trouxe soluções em equipamentos de precisão

A Montana mostrou o novo integrante da linha Parruda, com o MA-2627-M

PRECISÃO A Herbicat, distribuidora dos produtos TeeJet, expôs o controlador de vazão TeeJet 854, que permite trabalhar com o trator em velocidades variáveis, sem oscilações na aplicação. Já o controlador automático de seções de barra Swath Manager 5 aproveita o sinal da barra de luz para definir os locais onde o defensivo já foi aplicado, o que evita sobreposição. O computador de mão Smartpad II continua aproveitando a tecnologia do GPS, cria trator virtual, mapeia a área aplicada e consegue identificar falhas na aplicação. Registra todo o trabalho realizado e indica, por exemplo, porque uma aplicação não foi eficiente. O cartão de memória pode ser retirado e os dados transportados para um computador convencional. Além de oferecer a linha completa de equipamentos de precisão, a Herbicat presta serviços de consultoria, com profissionais experientes comandados pelo diretor Luis César Pio.

AGR A AGR apresentou o sistema de piloto automático Quicktrax, que se adapta a todos os tipos de direção e permite o uso em qualquer trator. Para a linha de cana a empresa trouxe os controladores de vazão, para adubo sólido e líquido (com baixa e alta vazão). Em pulverizadores, mostrou a linha completa Accuboom, que faz o mapeamento e gera relatórios de atividade além de controle de abertura e fechamento de barras. Com o sistema de injeção direta permite injetar o produto concentrado diretamente na barra de pulverização. GPS, monitores de plantio, controlador de adubo e se-

A Trelleborg trouxe novas medidas de pneus radiais: o tamanho 710/75R32TM2000, para tratores e colhedoras e os modelos 500/ 60R22.5 155 D Twin Radial, 600/55R26.5 165 D Twin Radial, 650/65R30.5 176D Twin Radial, 750/60R30.5 181 D Twin Radial e o 850/ 50R30.5 182 D Twin Radial, para implementos agrícolas. Rafaela Cristina de Sene, da área de Marketing da Trelleborg, destacou o crescimento da empresa no setor agrícola.

NEW HOLLAND A New Holland lançou a linha de tratores Renato Alegre frisou o ingresso da Maggion no mercado de pneus para tratores

mente para plantadeiras, monitores climáticos e o conjunto para taxa variável (Viper) também estiveram entre os destaques da empresa.

PARA OS CAFEICULTORES A Yanmar trouxe a linha de tratores superestreitos e implementos como roçadeiras e trituradores, voltados para o pequeno produtor, principalmente para emprego em café. “Trabalhamos com tecnologia própria, que visa a harmonia entre implemento e trator, nossas máquinas apresentam economia de até 60% de combustível, temos rede de assistência técnica forte para o trabalho pós-venda, máquinas leves que diminuem a compactação do solo, baixo custo de manutenção e linha de financiamento próprio”, destacou Pedro Cazado Filho, gerente de Pós Vendas e Marketing da Yanmar.

PULVERIZADOR A Montana lançou outra novidade da linha Parruda. Trata-se do pulverizador autopropelido MA 2627-M, com capacidade de 2,6 mil litros e barras auto-estáveis de 25 e 27 metros.

Fernando Mier, gerente de Marketing e Vendas da Pirelli Pneus

Rafaela de Sene destacou crescimento da Trelleborg no segmento agrícola

MAGGION

A Yanmar trouxe a sua linha de tratores e implementos para o pequeno produtor

O principal lançamento da Maggion ficou por conta do pneu de alta flutuação Super MHF, ideal para o transbordo de cana. Renato Alegre, analista de marketing, destacou o ingresso recente da empresa, que detém 33% do fornecimento para implementos agrícolas, no mercado de pneus para tratores.

A New Holland mostrou a linha de tratores TT, indicada para pomares e cafezais

Maio 07 • 29


TT, formada por três modelos, de 55 e 75 cv, dois deles próprios para trabalho em espaçamento reduzido, como pomares e cafezais. No total a marca apresentou 14 máquinas, tratores com potências entre 55 e 177 cv e as colheitadeiras das linhas TC e CS.

bação da soqueira, aplicação de defensivos na forma líquida ou sólida e também de produtos microgranulados. Possui três linhas duplas, com espaçamentos reguláveis, deviador de palha em forma de esqui e capacidade do reservatório de fertilizantes de aproximadamente 900 quilos.

AGRALE A Agrale acaba de lançar o trator BX6180 destinado para médias e grandes propriedades, com foco nos mercados de cana-de-açúcar, grãos e algodão. Com motor de 168 cv de potência máxima e torque de 559 Nm a 1.500 rpm possui câmbio com 12 marchas à frente e quatro à ré, direção hidrostática e tanque de combustível com capacidade para 270 litros. A comercialização começa no segundo semestre de 2007.

GTS A vedete da ServSpray em Ribeirão foi a plantadora automotriz Tropicana

CASE

VALTRA A Valtra trouxe a linha de tratores para as categorias média e pesada, com visual novo que privilegia aspectos como visibilidade e segurança do operador. Outra novidade é o sistema intercooler, que proporciona aumento de eficiência e potência e reduz em até 5% o consumo de combustível. No pacote de novidades Geração II, apresentado pela Valtra, estão os tratores BM 125i, BH185i, BH 145 e o BH 165. A montadora anunciou ainda a liberação de biodiesel B-20 para suas máquinas.

SANTIAGO & CINTRA A Santiago&Cintra destacou o EZ-Boom 2010, sistema de controle automático de pulverização, que controla até dez secções, possibilita maior qualidade na aplicação sem falhas

A GTS deu destaque à Planner 710, canavieira, ideal para atividades como a construção de canais de vinhaça e manutenção de estradas. Variadas posições de trabalho, operações independentes e agilidade estão entre as características do equipamento.

A Branco expôs sua linha de motores movidos a biogás

e sobreposição nas bordaduras e arremates. Foram mostrados também o sistema de guia por barras de luzes, AgGPS 500, o sistema de piloto automático para retas e curvas, utilizado em plantio, AutoPilot RTK, o piloto automático elétrico Ag150 Drive e o Insight, usado no monitoramento da colheita, desligamento automático da secção de pulverização, taxa variável e AutoPilot.

SERVSPRAY

A Case IH lançou a colheitadeira da linha Axial-Flow 8010, fabricada nos Estados Unidos, equipada com motor de 405 cv de potência nominal e potência máxima de 455 cv com Power Boost e tanque graneleiro com capacidade de 12,3 mil litros. A nova máquina possui o mesmo conceito de trilha das Axial-Flow 2388 e 2399, mas seu rotor se diferencia pelo acionamento hidromecânico, eliminando correias e M simplificando a manutenção.

Equipamentos para beneficiar grãos e café foram o foco da Miac em Ribeirão

A Servspray, em parceria com a Sermag lançou a Tropicana, plantadora automotriz de cana picada. Com motor de seis cilindros, turbo 180 cv e tanque de combustível de 210 litros, possui funções de plantio integradas ao conjunto automotriz, chassi único e controle efetivo de produtos através de equipamentos de precisão.

BRANCO MOTORES A Agrale trouxe novidades para a linha de médio porte com o trator BX 6180

A Branco Motores mostrou sua linha movida a biogás, com motores para bombas de água, bomba de chorume (fertilizante orgânico) e gerador de luz. Além da economia, o combustível oferece vantagens também do ponto de vista ambiental.

Cultivador para cana crua e queimada foi lançado pela Semeato

MIAC A Miac destacou a linha de beneficiamento de grãos e café, com equipamentos de prélimpeza, lavadores, classificadores (por tamanho e densidade) e secadores depósitos.

SEMEATO Tratores da Valtra foram apresentados com novo visual

30 • Maio 07

A Semeato lançou o CS3, cultivador para cana crua e queimada, que permite múltiplas tarefas em uma mesma operação, como adu-

A Planer 710 canavieira recebeu destaque no estande da GTS


símbolos construção sólida

Firme e forte A construção de barragens em propriedades rurais requer atenção com a escolha do local e planejamento, até mesmo com o estado das máquinas utilizadas. Se cada detalhe não for cuidadosamente observado, os riscos de ruptura podem ser constantes

B

arragens de terra de pequeno porte são rotineiramente construídas em diversas regiões do Brasil, pois, além do represamento de água, esta estrutura possui ainda diversas finalidades como: formação de lago para recreação e pesca esportiva, contenção de rejeitos, geração de energia etc. Porém, apesar da importância destas construções, muitas vezes seu projeto e execução são realizados de maneira pouco cuidadosa e sem a presença de um profissional capacitado. Ocorrendo assim a construção de barramentos superdimencionados de baixa segurança e vida útil, podendo resultar em casos de ruptura destas estruturas e de perdas em termos econômicos e ambientais.

PLANEJAMENTO No início da etapa de planejamento, já devem estar definidos o tipo de barra-

gem e o local para sua construção. Dessa maneira, deverão ser analisadas alternativas de posição do eixo do aterro, bem como do arranjo das estruturas hidráulicas e esquemas de desvio do rio. A escolha do tipo de seção transversal de uma barragem de terra ou enrocamento depende de fatores hidrológicos, topográficos e geológicos do local onde se pretende construir a obra. Geralmente o fator determinante para a escolha do tipo de barragem é o custo de sua construção. Um fator determinante na escolha do melhor tipo de barragem a ser utilizada, é a disponibilidade de materiais de construção nas proximidades do seu local de implantação. Deve-se dar atenção especial àqueles materiais provenientes de escavações obrigatórias necessárias à construção das obras de desvio, canais de adução, vertedouro etc. A jazida de emprés-

timo de material competente para a construção do aterro não deve estar situada a uma distância superior a 2 km do local do canteiro de obras. Além da distância, deve ser considerado o volume da jazida de material competente, pois o volume de escavação deverá ser o dobro do volume de compactação devido ao fenômeno do “empolamento”. A topografia do local também deve ser levada em conta na escolha do melhor tipo de barragem a ser executada. Um terreno mais plano ou um vale mais aberto certamente sugerirão a construção de uma barragem de terra, em contrapartida a uma região de vales mais apertados e encostas rochosas poderão indicar o uso de uma barragem de concreto. O importante é buscar sempre a correta harmonia entre a barragem escolhida e as condições de relevo do local. Dirceu Gassen

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Aplicação de manta de geossintético no talude de jusante. Cada tipo de solo requer uma aplicação específica

DIMENSIONAMENTO Algumas recomendações que devem ser verificadas durante o dimensionamento de alguns elementos constituintes de uma barragem de terra: a) Borda livre: o transbordamento é o principal fator de ruptura das barragens de terra, sendo esse fator responsável por 40% dos acidentes. Assim, devese atentar para o dimensionamento dos elementos evacuadores de cheias. A altura da borda livre deve ser suficiente para que não haja o galgamento das ondas formadas sobre a crista. Porém, na ausência de dados mais específicos podese recorrer à adoção da borda livre, desde que o valor adotado esteja situado entre 0,60m e 3m. b) Crista: a largura da crista deve ser definida de acordo com a necessidade de tráfego sobre a barragem. Não se devem dimensionar cristas menores que 3m, mesmo que sejam em pequenas barragens, devido a problemas de trafegabilidade e de estabilidade do aterro. Na maioria das barragens a largura da crista deve variar entre seis a 12m. A superfície desta deverá ter inclinação para montante, a fim de drenar as águas pluviais. Quando são previstos recalques diferenciais no aterro, é aconselhável executar a crista com uma sobrelevação para que a borda

livre seja mantida em seus valores de projeto. Dependendo do tipo de solo, esses recalques poderão ser na ordem de 0,2 a 0,4% da altura da barragem. c) Taludes: os taludes de uma barragem de terra correspondem às regiões de maiores solicitações ao cisalhamento. Dessa forma, em sua execução deve-se dar prioridade a materiais com maior resistência. No dimensionamento dos taludes de montante e jusante há necessidade de serem realizadas análises de estabilidade, com o intuito de verificar se a inclinação do talude escolhida é a mais segura para o solo em questão. Taludes de jusante com espaldares de barragens de terra de altura superior a 10m devem vir intercalados por bermas, com o intuito de reduzir a velocidade de escoamento das águas pluviais. Estas bermas devem ser espaçadas a cada 10m e possuírem largura de três a 4m. Para barragens de terra a serem compactadas com solo argiloso, recomenda-se a adoção de in-

clinação de taludes de montante e jusante iguais a 3(h):1(v) e 2,5(h):1(v) respectivamente. Para solos siltosos compactados, recomendam-se inclinações dos taludes de montante e jusante iguais a 3,5(h): 1(v) e 3(h):1(v) respectivamente. Porém estas inclinações devem ser levadas em consideração somente como referenciais de partida, pois devem ser realizadas análises de estabilidade dos taludes de montante e jusante levando em consideração a interação aterro-fundação. d) Fundações: quando um tipo qualquer de barragem é executado, impõe cargas ao solo que, como elemento de fundação, será um dos responsáveis pela sua estabilidade. A escolha do barramento adequado deve estar em sintonia com as condições do solo local. Em outras palavras, uma barragem de enrocamento com taludes íngremes exige uma fundação mais resistente que uma barragem de terra, da mesma forma que uma barragem de concreto requer uma fundação mais resistente que uma barragem de enrocamento.

OPERAÇÃO DE COMPACTAÇÃO Existem diversos processos e equipamentos para executar uma compactação de campo, que variam desde simples soquetes manuais até mesmo grandes equipamentos como rolos compactadores de elevado peso, entre outros. A irrigação é utilizada para auxiliar no processo de compactação, antes da passagem das máquinas pesadas

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“Muitas obras acabam tornando-se mais onerosas e menos seguras simplesmente pela falta de um acompanhamento técnico mais efetivo” Dirceu Gassen

MÁQUINAS UTILIZADAS PARA COMPACTAR

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Máquina utilizada para regularização da camada de solo lançado

O tipo de equipamento a ser utilizado e o número de passadas necessárias dependem do tipo de material e da espessura da camada de solo solto a ser compactada. Os materiais finos, como os solos argilosos, são usualmente compactados por rolos pé de carneiro, enquanto que os materiais permeáveis mais grosseiros, como as areias e os enrocamentos, podem ser compactados por tratores de esteiras, rolos vibratórios ou por jatos de água. Para a execução de um bom aterro, é necessário a correta verificação dos equipamentos a serem utilizados na compactação. Como exemplo: um rolo compac-

tador de patas gastas ou fora das especificações, resultará sempre em um aterro heterogêneo. Um controle de compactação rigoroso deve ser executado durante a fase de construção de um aterro de barragem, pois diversas características geotécnicas do solo como permeabilidade, compressibilidade e resistência ao cisalhamento podem variar com a umidade e o grau de compactação do maciço.

CONCLUSÕES Dessa maneira, sempre ao se pretender construir uma obra do porte de responsabilidade de uma barragem, quer seja o fim para que esta se destine, devese sempre consultar um engenheiro especializado e experiente. Pois grande parte dos problemas originados durante a vida útil destas obras ocorre em função de deficiências grosseiras, tanto de projeto, quanto do processo executivo. Muitas obras acabam tornando-se mais onerosas e menos seguras simplesmente pela Fotos João Alexandre Filho

ara fins de engenharia, os equipamentos de compactação mais utilizados são os seguintes: • Rolos pé de carneiro: são utilizados na compactação de solos argilosos em camadas variando de 0,20 a 0,3cm de espessura e número de passadas entre oito e dez a uma velocidade abaixo de 4km/h • Rolos pneumáticos: são utilizados para siltes arenosos, argilas arenosas e areias com cascalho; a espessura da camada varia entre 0,30 e 0,40m, número de passadas entre quatro e seis e velocidade de avanço do rolo equivalente a 5km/h. • Rolos vibratórios: podem possuir tambor liso ou tipo “tamping”; a espessura das camadas varia entre 0,60 a 1m, número de passadas entre dois e quatro e velocidade de avanço 8km/h. Compactadores manuais: são usados para a compactação de solo em locais adjacentes à fundação em rocha ou às estruturas de concerto, onde geralmente é difícil o acesso aos equipamentos pesados; a espessura das camadas é em torno de 10cm falta de um acompanhamento técnico mais efetivo. Como todo investimento, uma barragem de terra deverá proporcionar ao seu proprietário os benefícios M econômicos por este esperado. João Alexandre Paschoalin Filho, Uninove

Motorscrape realizando operação de deposição do aterro na barragem

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trilhas em florestas

Fotos Técnica 4x4

Rebocar com segurança Transportar seu 4X4 estragado até a oficina exige observar uma série de medidas para garantir a segurança e evitar que o veículo resulte ainda mais danificado

S

e o seu 4x4 pifar durante uma viagem ou no meio de uma trilha, saiba que não dá para simplesmente puxá-lo com outro carro até a oficina mais próxima. É fundamental conhecer um pouco da mecânica de seu veículo para fazer a coisa certa. Veja a seguir as opções de reboque e as considerações para cada tipo: 1) Tow-Bar: consiste de um triângulo, ou “A”, de tubos de aço, com presilhas para fixar no pára-choque do veículo danificado. As dicas são: • O Tow-Bar deve ficar paralelo ao

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chão, ou seja, não pode ficar para cima ou para baixo quando for encaixado ao carro reboque. Isto pode desencaixar o engate da bola; • Use uma corrente de segurança. Ela deverá estar fixada no carro reboque e depois passada pelo triângulo do Tow-Bar, sendo fixada novamente no carro reboque. Isto para evitar que o veículo rebocado escape da traseira do carro rebocador caso o engate escape da bola; • No veículo danificado, gire a chave de partida para a primeira posição e mantenha assim para liberar o conjunto da di-

reção que vai esterçar junto com o veículo principal. Não destravar a direção, certamente vai causar um acidente, já que em uma curva o veículo danificado vai seguir em linha reta; • Se houver algum risco do motor funcionar com a chave na primeira posição, desconecte os cabos da bateria; • O veículo danificado deve sinalizar com suas luzes de freio e setas todas as manobras do rebocador. Use uma régua de metal ou madeira, com as luzes correspondentes, e conecte ao rebocador através de uma tomada para reboque.


“Sua carteira de habilitação deve autorizar o reboque do conjunto todo, ou seja, o peso do rebocador mais o peso do veículo danificado. Senão poderá ter problemas com o policiamento rodoviário e de trânsito”

cante de diferencial central desligado. Isso é permitido apenas para pequenas distâncias; • Reboque com as duas rodas dianteiras elevadas – retire o cardã traseiro. • Reboque com as duas rodas traseiras elevadas – retire o cardã dianteiro. Coloque a chave de partida na primeira posição para destravar a direção e fixe-a em linha reta.

VEÍCULOS COM CAIXA AUTOMÁTICA

Jipe pronto para ser rebocado com segurança, após terem sido tomadas todas as medidas necessárias para realizar a operação

2) Cambão: montado com uma barra de aço com gancho ou anel nas pontas, para fixação nos dois veículos. As dicas são: • Você deverá ficar no veículo danificado para auxiliar no controle da direção e freio. Se mais pessoas precisarem ir junto, todos devem estar com cintos de segurança; • Gire a chave de partida para a primeira posição e mantenha assim para você poder esterçar junto com o veículo rebocador; • Como o motor está desligado, os sistemas de servo-freio e direção hidráulica, se houver, estarão inoperantes, você precisará pisar com mais força no pedal de freio para ajudar o rebocador em frenagens, além de ter que fazer mais força ao girar o volante. Se for possível manter o motor funcionando, o veículo danificado poderá auxiliar com maior eficiência em frenagens e direção, se for hidráulica. • Em descidas íngremes, ajude o rebocador acionando o freio; • Não use cintas ou cabos de aço. Não são seguros na medida que não podem manter uma distância fixa entre os veículos.

ra posição para destravar a direção. Agora fixe a direção em linha reta usando algum artifício para isso, mas não use em hipótese alguma a trava de direção.

VEÍCULOS 4X4 FULL TIME • Reboque com as quatro rodas no chão – coloque a caixa de marchas e a caixa de transferência em neutro (N), e deixe o blo-

Os carros automáticos não podem ser rebocados sem que antes sejam retirados os cardãs. Se por qualquer motivo não for possível desconectá-los, a única alternativa é imobilizando-o completamente fazendo o transporte para a manutenção com um guincho plataforma. Finalmente veja também se o veículo rebocador terá condições de rebocar o veículo danificado e parar o conjunto quando precisar frear. Sua carteira de habilitação deve autorizar o reboque do conjunto todo, ou seja, o peso do rebocador mais o peso do veículo danificado. Senão poderá ter problemas com o policiamento rodoviário e de trânsito. M João Roberto de Camargo Gaiotto www.tecnica4x4.com.br

VEÍCULOS 4X4 PART TIME • Reboque com as quatro rodas no chão – deixe rodas livres desligadas e a caixa de marchas e transferência em neutro (N); • Reboque com as duas rodas dianteiras elevadas – deixe rodas livres desligadas e a caixa de marchas e transferência em neutro (N); • Reboque com as duas rodas traseiras elevadas - deixe rodas livres desligadas e a caixa de marchas e transferência em neutro (N). Trave a direção em linha reta, para isso coloque a chave de partida na primei-

Para fixar o veículo estragado é preciso alinhar perfeitamente a bola de engate com o Tow-Bar

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planejamento

Irrigação plan

Apesar Apesar de de ser ser uma uma atividade atividade que que exige exige bastante bastante técnica, técnica, muitos muitos projetos projetos de de irrigação irrigação são mal planejados e mal gerenciados, o que gera desperdício de água, desgastes são mal planejados e mal gerenciados, o que gera desperdício de água, desgastes na na terra e subaproveitamento dos equipamentos. Como conseqüência maior, o objetivo terra e subaproveitamento dos equipamentos. Como conseqüência maior, o objetivo final prejuízos final de de incrementar incrementar aa produção produção,poderá poderáse setornar tornarfonte uma de fonte de prejuízos

P

lanejar um sistema de irrigação requer, além da habilidade de dimensionar hidraulicamente um sistema, o uso de experiência e de uma metodologia multidisciplinar que auxilie a reconhecer as diferentes adaptações de cada sistema de irrigação, e oriente a utilização racional dos recursos econômicos, sociais e naturais de cada propriedade. A contratação de engenheiros capacitados e responsáveis permite retirar de bons equipamentos o máximo de rendimento tecnológico para o produtor. O valor do investimento em bons equipamentos pode se tornar prejuízo se o projeto do sistema não atender às demandas das culturas irrigadas e não respeitar as limitações impostas ao seu uso dentro da propriedade. Um projeto dessa dimensão deve passar pelas mãos de profissionais capacitados, que

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aprenderam a utilizar parâmetros requeridos ao bom planejamento do projeto de irrigação, tais como: cultura, solo, clima, topografia, máquinas agrícolas, hidráulica, hidrologia, entre outros. O projeto ideal ou adequado é aquele que seleciona tecnicamente componentes e acessórios compatíveis entre si e, que montados e operando conjuntamente permitirão a aplicação de água sobre a cultura de forma otimizada e apropriada para um determinado local. Desta forma a confecção do projeto mais adequado está condicionada à experiência do projetista, ou seja, este profissional deve atualizar-se constantemente obtendo conhecimentos no campo, na indústria e na escola. Gramolelli Junior et al. (2004) realizaram um diagnóstico do uso da água em culturas irrigadas na Bacia do Rio Jundiaí-Mirim (SP), com a aplicação de um questio-

nário a cem agricultores irrigantes. Quando questionados sobre a existência de projeto para o sistema em funcionamento na propriedade, 71% responderam que não possuíam projetos. Além dessa situação, 85% afirmaram que haviam dimensionado o sistema de bombeamento, enquanto 11% não tinham dimensionado e 4% desconheciam o assunto. Os autores concluíram que, apesar da maioria dos sistemas não terem projetos e a grande parte das bombas terem sido dimensionadas, verificou-se que pelo tipo de cultura e, sobretudo pelo tamanho de área a ser irrigada, os conjuntos motobomba eram superdimensionados. Os produtores agrícolas devem se conscientizar que todo sistema de irrigação corretamente planejado leva ao dimensionamento adequado, ao funcionamento perfeito dos equipamentos e ao potencial para pro-


“A contratação de engenheiros capacitados e responsáveis permite retirar de bons equipamentos o máximo de rendimento tecnológico para o produtor” Cultivar

ejada

duzir pelo menor custo e atingir a maior lucratividade.

MANEJO RACIONAL DA IRRIGAÇÃO O produtor irrigante deve manejar a aplicação da água de forma correta, atendendo às necessidades da cultura e às limitações do solo da propriedade e viabilizando o seu uso racional. As culturas irrigadas exigem conhecimentos específicos sobre questões sanitárias associadas à veiculação hídrica e também sobre demandas diferenciadas de água e de fertilizantes ao longo do seu ciclo. A aplicação da água no momento certo e no volume exato significa garantia de maior produtividade, aumento da eficiência e redução dos custos de operação do sistema. Adicionalmente, a lei que obriga o pagamento pelo uso da água exigirá do produtor um conhecimento ainda mais apro-

fundado das técnicas de manejo de irrigação. A inadequação na distribuição da água pode determinar baixos valores de eficiência de irrigação e levar a efeitos desfavoráveis como: • Baixa produtividade por unidade de área; • Baixa produtividade por unidade de água aplicada; • Diminuição da área total irrigada; • Efeitos prejudiciais ao meio ambiente, e • Lucratividade menor com a agricultura irrigada. O manejo incorreto da irrigação pode levar a aplicações excessivas de água, que acarretarão desperdícios dos recursos hídricos da propriedade e da energia utilizada no bombeamento. Segundo dados fornecidos por Lima et al. (2000), a Companhia Energética de Minas Gerais estimou que a adoção de manejos racionais de irrigação determinaria uma economia de 30% da energia consumida em projetos de irrigação. Deste total, 20% corresponderia a economia devido à aplicação desnecessária de água, e 10% devido ao redimensionamento e otimização dos equipamentos utilizados. Exemplos das conseqüências do manejo de água incorreto podem ser encontrados também na cultura do tomate de mesa que é irrigado por sulcos na maioria das propriedades produtoras no estado de São Paulo, onde a falta de controle no manejo de irrigação caracteriza a condição de uso excessivo de água. A eficiência média de aplicação de água encontrada por Campos e Testezlaf (2003), em uma propriedade produtora de tomate de mesa, foi igual a 32%, demonstrando que a falta de controle adequado da irrigação vem causando impactos ambientais sérios, podendo inviabilizar o êxito da produção. Portanto, uma ação sistemática é necessária junto ao agricultor para a redução do consumo de água, principalmente, considerando-se que a legislação de cobrança pelo uso de água já está em vigor em alguns esta-

dos brasileiros. Algumas empresas e universidades já apresentam programas computacionais de auxílio ao manejo da irrigação que devem permitir um acompanhamento das variações climáticas e edafológicas importantes de forma a poder quantificar a necessidade real de água para as culturas. Contribuindo para a realização de manejos de irrigação, já existem em implantação redes meteorológicas em alguns estados e municípios, devendo se propagar rapidamente por todo o país.

A OPERAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS Em concordância com o manejo de irrigação, a operação dos equipamentos deve atender às especificações de projeto e ser apropriada às técnicas de cultivo irrigado. O uso de pessoal treinado para a operação dos equipamentos de irrigação pode ser um fator crítico para o sucesso da irrigação e para a redução dos custos de manutenção dos sistemas. Quanto mais sofisticado e tecnológico for um sistema, maior deve ser o cuidado e as preocupações com as questões de operação e de segurança pessoal. Neste sentido é importante destacar que a operação dos sistemas está intimamente ligada ao manejo racional de irrigação, sendo, portanto, a qualidade da mão-de-obra utilizada na propriedade fator essencial na operação apropriada do equipamento de irrigação. Entende-se como operação do equipamento ou sistema de irrigação, o conjunto de serviços e ações requeridas para a aplicação de água à cultura, destacando-se as seguintes operações: 1) Funcionamento e manutenção do sistema moto-bomba; 2) Armazenamento, manuseio e manutenção de tubulações utilizadas em linhas adutoras e recalques e também em conexões e acessórios; 3) Operação de sistemas de tratamento da água de irrigação, como filtros, para garantir a qualidade de água aplicada pelo sistema; 4) Avaliação do funcionamento de emissores, aspersores e reguladores de pressão; Roberto Testezlaf

Excesso de água aplicada com pivô central na cultura do cafeeiro. Falta de nivelamento adequado

Outro exemplo de manejo incorreto, na irrigação por sulcos na cultura do tomate de mesa

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Fotos Cultivar

SUCESSO DE UMA BOA IRRIGAÇÃO

D

O manejo de água deve ser realizado racionalmente, atendendo as necessidades da cultura e as limitações da fazenda

5) Programação de controladores de irrigação e calibração de válvulas e acessórios; 6) Manutenção de sistemas elétricos de alta e baixa tensão; 7) Operação do sistema atendendo condições climáticas favoráveis à irrigação. Em uma pesquisa denominada Caracterização de tecnologias de produção agrícola em propriedades rurais na área de concessão da CPFL / Piratininga” (Rossi et al. 2003) foi verificado durante as visitas às propriedades que faziam uso da irrigação a condição precária das instalações elétricas e a falta de mínima manutenção, não sendo raros os casos de motores com partes internas e externas totalmente sujas e chaves sem dispositivos de proteção. No estudo realizado por Gramolelli Júnior et al. (2004), detectou-se que 50% dos agricultores disseram que não existe assistência técnica na área de irrigação, 32% fazem manutenção preventiva e 18% eventualmente.

evido aos inúmeros benefícios que apresenta, a irrigação é uma técnica que deve participar intensamente do processo de produção agrícola. Para o produtor, o sucesso da produção irrigada está diretamente relacionado ao retorno financeiro obtido que compense o investimento realizado, e ele não tem dúvida que esse resultado depende principalmente da rentabilidade da produção, que está altamente subordinada à produtividade alcançada e às regras do mercado (lei da oferta e da procura). Entretanto, além da questão econômica, existem condições técnicas básicas no planejamento e na implantação do sistema de irrigação em uma propriedade agrícola que precisam ser atendidas para garantir o sucesso do retorno socioeconômico e ambiental. São elas: • Os equipamentos de irrigação devem ser projetados e fabricados atendendo normas de qualidade e adaptados às condições brasileiras; • O dimensionamento do sistema de irrigação deve estar adequado às necessiAlém dos aspectos citados anteriormente, a manutenção de valores aceitáveis de eficiência de aplicação de água em sistemas de irrigação é função, não só do conhecimento das características hidráulicas dos sistemas, como vazão e pressão de projeto, ao longo da vida útil dos equipamentos, como também da experiência do técnico em

dades da cultura e às condições físicas e de infra-estrutura da propriedade; • O manejo de água da irrigação deve ser realizado racionalmente, atendendo às necessidades da cultura e às limitações do solo da propriedade; • A operação dos equipamentos deve atender às especificações de projeto e as técnicas de cultivo devem ser apropriadas à lavoura irrigada. O atendimento dessas condições exigirá uma forte formação técnica de todos os profissionais envolvidos no processo de implantação da irrigação, pois é necessário que os conceitos de sustentabilidade sejam respeitados na atividade de produção irrigada. Garantindo-se a aquisição de equipamentos de qualidade, o agricultor deve se preocupar com o planejamento e projeto dos sistemas de irrigação, que devem estar perfeitamente adequados às necessidades da cultura a ser explorada e às condições da sua propriedade. operar sistemas e utilizar técnicas corretas de cultivo, voltadas para os princípios da agricultura irrigada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O conjunto dos fatores apresentados determina em última instância a qualidade da irrigação e, conseqüentemente, o uso racional de água para produção sustentável de alimentos. É importante salientar que os fatores estão interligados de forma que se apenas um deles for mal conduzido pode comprometer toda a sustentabilidade do processo de produção. Desta forma, os esforços dados pela iniciativa privada (empresas e fabricantes de equipamentos), pelos órgãos públicos (universidades, escolas técnicas, centros de pesquisas, prefeituras etc) e, sobretudo, a participação efetiva do agricultor irrigante, tornarão a agricultura irrigada uma atividade sustentável, contribuindo efetivamente pelo aumento da produção e garantindo a maM nutenção do homem no campo. Roberto Testezlaf, Edson Eiji Matsura, Unicamp O armazenamento de tubos de PVC deve respeitar a altura máxima permitida, evitando a deformação dos mesmos

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