Destaques Matéria de capa
Dois em um A aplicação de defensivos em toletes de cana já no plantio graças à implantação de pulverizador em plantadoras
10
Aéreo ou terrestre?
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Experimento avalia custos e mostra o que considerar na hora de optar por avião ou pulverizador terrestre para aplicações em soja
Gruas maiores podem significar aumento de rendimento de até três vezes no carregamento florestal
Índice
20
18
Nossa Capa Eugênio Schröder
Rodando por aí
04
Colheita de batata
06
Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
Plantio e pulverização de toletes de cana 10 Compactação de solo em usinas
14
Eficiência em carregamento florestal
18
www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com
Aviação ou pulverizador terrestre em soja 20 Tráfego e infiltração de água no solo
23
Mapeamento de lavouras com GPS
26
Eventos - Sindag 2007
31
Unidade móvel avalia tração de tratores
32
Biodiesel em máquinas agrícolas
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Norma Regulamentadora no meio rural
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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Técnica 4x4 - Faróis auxiliares
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Números atrasados: R$ 15,00
Cultivar Máquinas Edição Nº 64 Ano VI - Junho 2007 ISSN - 1676-0158
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Novidade
Novo comando
Erino Tonon
Exportação A empresa Randon, de Caxias do Sul (RS), recebeu o Prêmio Exportação da Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB) 2007, na categoria Master, pelo seu desempenho nas exportações que, em 2006, chegaram a US$ 206,9 milhões, representando um crescimento de 21,3% sobre 2005. Para o diretor corporativo e de operações das Empresas Randon, Erino Tonon, a performance positiva se deve a uma série de medidas, entre elas, a ampliação dos canais de distribuição.
Errata Ao contrário do que publicamos na seção Passo a Passo, da edição 63, o nome correto da empresa de sistemas eletrônicos é Lohr, e não Lohar, como veiculado.
Expocafé A concessionária da New Holland Trama Tratores, da cidade de Varginha (MG), participou em junho da 10ª edição da Expocafé. No evento foi apresentado o trator TT versão estreito específico para cafeicultura, além do TL75E e do TT Standard nacional.
Paulo Cézar e Marcos Roberto
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Aaron Wetzel, substituto de Jim Martinez na presidência da Jonh Deere falou em nome da empresa pela primeira vez no Brasil durante a inauguração da Terraverde, novo concessionário da marca na região de Jaú, no centro do estado de São Paulo. Vice-presidente de marketing, vendas e planejamento da Divisão de Equipamentos Agrícolas para a América do Sul, Wetzel passa a ocupar o cargo de Martinez que se aposentou no final de junho. Durante a cerimônia, além de homenagens a clientes, foi efetuado sorteio de uma viagem aos Estados Unidos com direito à visita ao Farm Progress Show, a mais importante exposição agrícola norte-americana, e à fábrica da John Deere em Moline, no estado de Illinois. O contemplado foi Edvaldo Dias Ferraz, produtor de laranja e eucalipto no município de Brotas (SP).
Eixos A Dana passou a fornecer eixos diferenciais dianteiros para a Deere & Company, que vão equipar os novos tratores agrícolas 7020 série Small-Frame e os modelos 7515. Para atender a essa demanda, a empresa inaugurou uma nova linha em seu complexo industrial de Gravataí (RS), que dobrará o volume de produção de eixos do Grupo de Sistemas Fora-de-Estrada da Dana, na América do Sul, em 2007. Cerca de 75% dos eixos Spicer serão exportados para as fábricas da Deere no México e nos Estados Unidos. Antes, essas unidades eram abastecidas pela operação fora-de-estrada da Dana, na Itália. O restante dos eixos será fornecido à fábrica da Deere, em Horizontina (RS).
Carrossel Tecnológico A Dom Design, com sede em Porto Alegre, é a responsável pela criação do estande da Massey Ferguson que estará presente na Expointer, em agosto, em Esteio (RS). A agência também foi a responsável pelo espaço onde a montadora expôs suas máquinas em Ribeirão Preto (SP), no mês de maio. Chamado de Carrossel Tecnológico, o estande possui 135 metros quadrados e seis metros de altura em estrutura de aço com lona tencionada e piso de madeira revestido com chapa de alumínio. O pilar central sustenta a cobertura em formato de “carrossel” que na parte posterior recebeu uma lona de proteção contra intempéries e na parte interna estão expostas imagens digitalizadas em lona dos produtos e serviços de alta tecnologia que a Massey apresentará na feira.
A Tracbel apresenta ao mercado brasileiro a quinta geração de carregadeiras sobre rodas da Volvo Construction Equipment, oferecida nos modelos L60F, L70F e L90F. As máquinas são destinadas a diferentes setores econômicos como construção civil, mineração e a agricultura, além de serem equipadas com motor D6E/Tier 3, um dos primeiros do mercado em conformidade com as recentes legislações ambientais.
Presença A Yanmar levou para a Hortitec, em junho, em Holambra, São Paulo, sua vasta gama de máquinas e implementos para a agricultura familiar. Pedro Cazado Filho, gerente de pós-vendas e marketing, lembrou que a empresa é líder em clientes na região.
Pneus A Michelin lançou em maio, durante a feira agríciola de Ribeirão Preto (SP) a gama Y3, linha de pneus de uso misto para aplicação em caminhões e ônibus. Desenvolvidos com base nas severas condições das estradas brasileiras, X Force XDY3, XZY3 e XZH3 podem alternar a rodagem entre rodovias asfaltadas e estradas de terra, com buracos e pedras.
Para o café A Massey Ferguson mostrou na Expocafé 2007, em Três Pontas (MG), o modelo MF 275 Compacto, com tração auxiliar, 75 cv de potência. Uma das principais características da máquina é sua largura externa reduzida que permite o trabalho dentro de cafezais, passando entre as plantas sem danificá-las ou arrancar frutos. Para isso, os paralamas foram configurados com polainas, por onde deslizam frutas e galhos sem agressões. A marca participou do evento através de seus concessionários Mátria e Luchini Tratores, que atuam em Minas Gerais.
Incremento Um novo componente de pulverização foi adicionado à linha TeeJet. A ponta de Indução de Ar “XR” de jato plano (AIXR), produz gotas de menor deriva em alta pressão se comparada aos demais produtos do mercado e proporciona excelente controle de deriva sem comprometer a cobertura. A ponta tem o projeto diferenciado de indução de ar para produzir gotas maiores, cheias de ar, que atingirão o alvo correto e cobrirão a planta toda. O AIXR é ideal para herbicidas de superfície pré-emergentes, herbicidas sistêmicos pós-emergentes e herbicidas de contato pós-emergentes.
Pedro Cazado Filho
Congresso De 3 a 7 de julho ocorre o IV Congresso Brasileiro de Plantas Oleaginosas, Óleos, Gorduras e Biodiesel, em Varginha, Minas Gerais. O congresso, tradicionalmente promovido pela Universidade Federal de Lavras e Prefeitura Municipal de Varginha, em sua quarta edição já se constituiu numa referência nacional para as áreas de produção de plantas oleaginosas, óleos, gorduras e biodiesel. Informações e inscrições pelo site: http://oleo.ufla.br
desempenho
Fotos Jaime Alberti Gomes
Como colher batatas
A colheita da batata é uma das etapas mais onerosas do processo produtivo, pois exige análise detalhada dos principais fatores que determinam a diminuição ou aumento dos custos da operação
T
endo em vista que a cultura da batata é considerada uma das principais hortaliças cultivadas no Brasil, tanto em área plantada quanto em preferência alimentar, e ainda que o processo de colheita seja considerado uma das etapas mais onerosas do processo produtivo, a importação de colhedoras mecânicas foi uma alternativa encontrada pelos bataticultores das principais regiões produtoras do país para facilitar o processo de colheita. Com a utilização destas máquinas, a operação de colheita é realizada de maneira mais rápida, atendendo muitas vezes a necessidade e exigência dos mercados consumidores e da indústria de beneficiamento de batata, sendo estes, os principais fatores que causaram a utilização de colhedoras de batata no Brasil. Um estudo realizado na região Norte Na operação mecanizada, apenas o operador do conjunto trator-colhedora participa do processo até o momento do transporte
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do estado de São Paulo avaliou o desempenho operacional de cinco diferentes colhedoras de batata, todas importadas e que já são utilizadas há cerca de dez anos
nas maiores regiões produtoras do nosso país. Os resultados mostraram que o desempenho operacional das colhedoras foi
“Um dos pontos mais polêmicos da mecanização da colheita da cultura de batata é o desemprego, pois uma colhedora pode executar o trabalho de vários homens”
Tabela 1 – Eficiência operacional das colhedoras de batata Colhedora 1 2 3 4 5
Eficiência de Campo (%) 73,18 69,79 69,59 70,50 76,92
Tabela 2 – Dados para realização de cálculo de custo da colheita semimecanizada da cultura da batata Descrição
Valor inicial Valor Residual Vida Útil Uso Anual (R$) (R$) (Horas) (Horas) Trator 75cv 65.000,00 19.500,00 10.000 1.000 Arrancadora 3.100,00 930,00 10.000 240
Tabela 3 - Custos variáveis da colheita semimecanizada da cultura da batata Descrição R$/hora Mão-de-obra operador 2,00 Mão-de-obra “catador”(1) Conservação e reparos do trator 3,90 Conservação e reparos da arrancadora 0,155 Subtotal
O fator mão-de-obra é o custo mais alto no processo de colheita da batata
de 70% aproximadamente, considerando a média das cinco colhedoras estudadas. Um dos pontos mais polêmicos da mecanização da colheita da cultura de batata é o desemprego, pois uma colhedora pode executar o trabalho de vários homens. No mesmo trabalho, foi realizado o estudo econômico da colheita semimecanizada e colheita mecanizada da cultura da batata, para que posteriormente realizem-se comparações entre o processo já utilizado e o processo de colheita mecanizada que vêm entrando aos poucos nos últimos anos nas lavouras brasileiras. Primeiramente estão apresentados os custos de operação para a colheita semimecanizada (trator + arrancadora de batata). Nessa situação são utilizados o trator e uma arrancadora de batatas (“esteirinha” ou disco rotativo), que são acoplados no engate de três pontos do trator e acionados pela tomada de potência para acionamento da esteira ou do disco. Posteriormente faz-se necessário a coleta manual dos tubérculos que ficam sobre o solo. As imagens a seguir apresentam o processo de colheita semimecanizada da cultura da batata, que é uma das mais utilizadas atualmente no Brasil. Na Tabela 2 estão apresentados os dados necessários para as realizações de cál-
R$/ha 3,12 221,00 6,08 0,24 230,44
Para o cálculo de mão-de-obra para coleta da batata, considerou-se a produção encontrada na área em estudo que foi de 32.500 kg/ha, ou seja, 650 sacos de 50 kg, sendo que o custo para a coleta e carregamento da batata é de R$ 0,34 por saco, totalizando nessa situação R$ 221. Os dados referentes ao custo da mão-de-obra foram adquiridos junto a Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul, São Paulo (1)
A colheita mecanizada envolve máquinas desde o processo de arranquio até a classificação final e ensacamento
culos para determinação de custo da colheita semimecanizada da cultura da batata. A Tabela 3 apresenta os valores de custos variáveis para a colheita semimecanizada da cultura da batata. Pode-se observar através dos resultados que o fator mão-de-obra é o mais alto custo entre os demais fatores para esse
Tabela 4 - Custos fixos da colheita semimecanizada da cultura da batata Descrição Depreciação do trator Depreciação da arrancadora Juro do trator Juro da arrancadora Seguro do trator Seguro da arrancadora Subtotal
R$/hora 4,55 0,217 2,535 0,121 0,422 0,020
R$/ha 7,10 0,34 3,95 0,19 0,66 0,03 12,27
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Tabela 5 - Dados para realização de cálculo da colheita mecanizada da cultura da batata Descrição
Valor inicial Valor Residual Vida Útil Uso Anual (R$) (R$) (Horas) (Horas) Trator 100cv 100.000,00 30.000,00 10.000 1.000 Colhedora 200.000,00 60.000,00 10.000 240
Tabela 6 - Custos variáveis da colheita mecanizada da cultura da batata Descrição Mão-de-obra operador Mão-de-obra na colhedora (1) Conservação e reparos do trator Conservação e reparos da colhedora Combustível Subtotal
R$/hora 2,00 8,00 6,00 10,00 27,45
R$/ha 3,12 12,48 9,36 15,60 42,82 83,38
(1) Normalmente trabalham sobre uma colhedora de batata cerca de quatro homens para a separação de torrão, plantas daninhas, entre outros, com custos semelhantes ao do operador.
Tabela 7 - Custos fixos da colheita mecanizada da cultura da batata Descrição Depreciação do trator Depreciação da colhedora Juro do trator Juro da colhedora Seguro do trator Seguro da colhedora Subtotal
R$/hora 7,00 46,67 3,90 32,50 0,65 5,42
R$/ha 10,92 72,80 6,08 50,70 1,01 8,45 149,96
tipo de colheita. A Tabela 4 apresenta os valores de custos fixos para a colheita semimecanizada da cultura da batata. Observa-se que o custo total geral da colheita semimecanizada da cultura da batata é de R$ 242,71 por hectare. A seguir serão apresentados os estudos para determinação do custo de operação para a colheita mecanizada (trator + colhedora de batata). Nesta situação são utilizados o trator e uma colhedora de batatas, que são acoplados pela barra de tração, tomada de potência e comandos hidráulicos para acionamento dos componentes da colhedora. As imagens abaixo apresentam o processo de colheita mecanizada da cultura da batata. A Tabela 5 Apresenta os dados necessários para realização dos cálculos para determinação do custo da colheita mecanizada da cultura da batata. A Tabela 6 apresenta os valores obtidos para os custos variáveis da colheita Na colheita semimecanizada, são utilizados o trator e uma arrancadora acoplada no engate de três pontos, acionada pela tomada de potência
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Jaime avalia os diferentes tipos de colheita da batata e mostra todos os custos que envolvem a operação
mecanizada da cultura da batata. A Tabela 7 apresenta os valores de custos fixos para a colheita mecanizada
da cultura da batata. Assim, o total geral do custo de colheita mecanizada da cultura da batata é de aproximadamente R$ 233,34 por hectare. Vale ressaltar que esse valor é para uma colhedora de duas linhas com descarga dos tubérculos durante a colheita. Dependendo da marca da colhedora, modelo, número de linhas, sistema de descarga, entre outros, esse valor de aquisição pode variar, mas o valor utilizado para o cálculo é a média para os tipos de colhedoras de batata utilizadas neste trabalho. Existem colhedoras de batata autopropelidas, mas estas máquinas podem chegar a um valor duas vezes maior ou até mais do que as colhedoras utilizadas neste trabalho. Verifica-se através dos cálculos realizados que a colheita semimecanizada apresenta um custo de R$ 276,32 por hectare e o processo de colheita mecanizada, um custo de R$ 233,34 por hectare, ou seja, a colheita semimecanizada apresenta um valor de R$ 42,98 a mais por hectare. Para realização deste estudo compa-
“Um dos pontos mais polêmicos da mecanização da colheita da cultura de batata é o desemprego, pois uma colhedora pode executar o trabalho de vários homens” Fotos Jaime Alberti Gomes
De acordo com estudos, seriam necessários 47 homens para realizar o trabalho de uma colhedora de batatas
rativo entre a colheita semimecanizada e colheita mecanizada, considerou-se um dia de trabalho de oito horas e ainda que o valor de desempenho operacional médio encontrado entre as máquinas estudadas neste trabalho de 70%. Dessa maneira, tem-se ao final de um dia de trabalho 5,6 horas efetivas de trabalho, sendo necessários 1,56 hora para colher um hectare. No final do dia tem-se aproximadamente uma área colhida de 3,6 hectares. Considerando que o rendimento médio de tubérculos das áreas estudadas neste trabalho foi de 32.500 kg por hectare, ou seja, 650 sacos de 50 kg, terão um total de 2.350 sacos colhidos ao final do dia. Considerando dados adquiridos junto à Associação dos Bataticultores de Vargem Grande do Sul, São Paulo, local de realização deste trabalho, um homem colhe 50 sacos de batata por dia, dessa forma, seriam necessários 47 homens para realizar o mesmo trabalho de uma
colhedora. Considerando ainda que é necessário cerca de quatro homens sobre a colhedora para retirada de torrão, ramas de batata e planta daninha, uma colhedora de batata faz o trabalho de aproxi.M madamente 43 homens.
Jaime Alberti Gomes, Cescage Antonio José da Silva Maciel, Unicamp Afonso Peche Filho, IAC
pulverização
Valtra
Dois em um Implantação de sistema de pulverização em máquina de plantar cana-de-açúcar garante aplicação de defensivos nos toletes, no momento do plantio
N
as áreas de plantio de canade-açúcar, no Brasil, predomina o plantio manual. Porém, vem aumentando a utilização do plantio mecanizado, técnica recentemente implantada e em desenvolvimento nos canaviais paulistas, que possibilita aumentar o desempenho desta operação. No ano agrícola 2003/04, o plantio mecanizado atingiu área em torno de três mil hectares, ainda com máquinas em testes. Já em 2007, diversos fabricantes apresentaram versões comerciais de plantadoras, com tendência de investimentos futuros para ampliação do sistema nos próximos anos. No plantio da cultura, mecanizado ou não, há necessidade de tratamentos fitossanitários para controle de pragas e doenças que ocorrem nos toletes da cana-de-açúcar. Como a plantadora é um equipamento de grande porte há possibilidade de realização conjunta de plantio e tratamento dos toletes com economia de recursos operacionais e financeiros. Neste contexto, foi realizado trabalho com o objetivo de elaborar um modelo de sistema de pulverização capaz de proporcionar cobertura pela calda em toletes de cana-de-açúcar para controle de pragas e doenças, no sistema de plantio mecanizado.
ADAPTAÇÃO NA MÁQUINA Para adequado controle dos problemas fitossanitários, é importante a cobertura das duas extremidades dos toletes de cana-de-açúcar pela calda, por ser a principal porta de entrada dos patógenos. Testes preliminares foram realizados com corantes pulverizados sobre toletes, numa vala de alvenaria do Departamento de Fitossanidade da Unesp Campus Jaboticabal. O corante que permitiu melhor visualização da deposição foi o azul de maxilon, definido para utilização nos Tabela 1 - Média das notas e porcentagem de cobertura das caldas nas regiões de corte dos toletes de cana-deaçúcar pela calda aplicada em máquina de plantio Entrada
Saída
Bicos FL 8 8004E TJ60 11004 8003E 8004E FL 8 8003E TJ60 11004
Notas de cobertura 4,85 a 4,30 ab 3,85 abc 3,80 abc 3,45 abc 3,25 abc 2,25 bc 2,00 c
Cobertura (%)1 59,9 55,5 65,8 62,8 44,5 40,1 37,2 34,2
F = 3,89 **, Desvio Padrão = 2,2; Media Geral = 3,5; Coeficiente de Variação = 63,2; DMS (Tukey) = 2,1. 1 Refere-se à porcentagem de cobertura da calda nos toletes, sendo que a soma das porcentagens nas posições de entrada e saída dos toletes, para cada modelo de bico, é igual a 100%.
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“No plantio mecanizado faz-se a colheita mecanizada de toletes de cana-de-açúcar, normalmente em área adjacente àquela onde será realizado o novo plantio” Marcelo da Costa Ferreira
Máquina de plantio mecanizado da cana-de-açúcar e algumas de suas partes constituintes, onde foi instalado o sistema de pulverização
demais experimentos. Foram feitas visitas às áreas de plantio mecanizado da cana-de-açúcar para reconhecimento da máquina, a fim de entender o seu funcionamento e realizar as medições necessárias para a construção de um modelo em laboratório capaz de simular suas condições de operacão. No plantio mecanizado faz-se a colheita mecanizada de toletes de cana-de-açúcar, normalmente em área adjacente àquela onde será realizado o novo plantio. Do transbordo, os toletes são transferidos diretamente para o reservatório da plantadora que possui um fundo móvel e empurra os toletes para um cocho de onde estes são retirados por um elevador e despejados em uma calha por onde deslizam até o sulco de plantio, sendo recobertos com terra imediatamente após a sua chegada. Nestas condições, a calha é a região mais adequada à instalação do sistema de pulverização. Foram analisados modelos de
ponta de pulverização a serem utilizados, o ângulo do jato e as vazões necessárias para cobrir adequadamente os toletes com a calda, durante sua passagem pela calha. O experimento foi instalado em área produtiva no município de Pradópolis (SP). Próximo à cabine de comando da plantadora, instalou-se um pulverizador para ensaio, munido de um tanque de dez litros, pressurizado com CO2. Foram utilizados os bicos 8003 e 8004 de jato pla-
no contínuo (TP E – “even”), 11004 de jato plano duplo (TJ 60) e um de jato cônico cheio freqüentemente utilizado para aplicação de herbicidas na cultura da cana (FL 8), todos da marca TeeJet ®. A pressão de trabalho foi de 4 kgf/cm2 para todos os modelos de bico. Os bicos foram instalados de tal forma que a extremidade posterior dos jatos ficassem a 30° da superfície de instalação. Para a visualização da deposição das gotas da calda em suas extremidades, uti-
Massey Ferguson
Fotos Marcelo da Costa Ferreira
O controle de doenças e pragas através do tratamento fitossanitário dos toletes é uma prática que está crescendo
lizou-se uma lente portátil de 10x de aumento. Para comparação dos resultados, estabeleceu-se uma escala de notas de 1 a 10, significando 1, de 0 a 10%, e 10, de 91 a 100% de cobertura das extremidades dos toletes. Os resultados foram analisados no delineamento inteiramente casualizado e as médias foram comparadas pelo teste Tukey (P = 0,05).
DESEMPENHO Da aplicação da calda com o corante azul de maxilon resultou uma cobertura sucessivamente maior da posição na entrada do tolete (parte do tolete que atravessou primeiro o jato de calda) em relação à posição de saída (Tabela 1). As maiores coberturas na entrada foram proporcionadas pelo bico FL8 e na saída pelo bico 8004E. Houve diferença significa-
tiva na cobertura proporcionada na posição de entrada do tolete pelo bico FL8 em relação aos bicos 8003E e TJ60 11004 na posição de saída. Também houve diferença entre o bico 8004E na posição de entrada do tolete, que proporcionou cobertura maior que a proporcionada pelo bico TJ60 11004 na posição de saída. Na soma das médias das notas de cobertura de ambas as extremidades dos toletes (Figura 1), verifica-se uma ligeira vantagem para o bico FL8. A distribuição da calda nas posições de entrada e saída dos toletes, foi melhor para o bico 8004E, ficando ambas as posições com coberturas semelhantes,
Aspectos do sistema de pulverização experimental instalado no equipamento de plantio mecanizado
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“O sistema de pulverização desenvolvido para aplicação de produtos fitossanitários em toletes durante o plantio mecanizado proporciona cobertura suficiente”
Notas máxima e mínima atribuídas à cobertura dos toletes de cana-de-açúcar para calda pulverizada com o corante azul de maxilon
Tabela 2 - Vazões dos bicos e equivalência em volume de aplicação para as condições operacionais do plantio mecanizado, distribuições porcentuais e coberturas totais verificadas nos experimentos. Jaboticabal, 2004 Bicos
Vazões Volume* de (l/min) aplicação (l/ha) 8003E 1,36 90,67 8004E 1,82 121,33 FL 8 3,64 242,67 TJ60 11004 1,82 121,33
Notas de Saída Cobertura ( )** 37,2 6,1 44,5 7,8 40,1 8,2 34,2 5,9
Posição no tolete
Entrada 62,8 55,5 59,9 65,8
*Velocidade de caminhamento: 6 km/h; Espaçamento entre linhas: 1,5 m. **Soma das notas das duas extremidades dos toletes.
ou seja, com distribuição da calda próxima de 50% em cada região de corte, o que seria a situação ideal (Tabela 1). A distribuição mais irregular foi proporcionada pelo bico TJ60 11004, cuja cobertura na entrada do tolete foi quase o dobro da verificada na posição de saída. Destacam-se, portanto, os bicos FL8 e 8004E como os mais promissores para a utilização em pulverização conjugada à máquina de plantio da cana-de-açúcar. Porém, o volume aplicado pelo bico FL8 é duas vezes maior do que o aplicado pelo bico 8004E (Tabela 2). Desta forma, o dispêndio de energia e água pelo modelo FL8 é muito maior do que o 8004E, com um resultado apenas ligeiramente melhor para a cobertura e ainda pior para a distribuição. Sendo assim, dentre os modelos avaliados, o TP 8004E é o mais adequado ao sistema de plantio mecanizado, sobretudo pela melhor distribuição da calda em ambas as extremidades dos toletes de cana-deaçúcar e melhor possibilidade de econo-
mia dos recursos e da operacionalização do tratamento fitossanitário. De posse desses dados é possível concluir que o sistema de pulverização desenvolvido para aplicação de produtos fitossanitários em toletes durante o plantio mecanizado proporciona cobertura
suficiente, sendo o modelo de ponta de pulverização TP 8004E o mais adequa.M do dentre os avaliados. Marcelo da Costa Ferreira, Carolina F. Werneck e Gilson J. Leite, UNESP Jaboticabal Silvio Furuhashi, Ishihara Brasil
Figura 1 - Média das notas de cobertura das extremidades de corte dos toletes proporcionadas pelos diferentes bicos de pulverização conjugados ao sistema de plantio mecanizado
rerrefino de óleo compactação
Solo duro A cultura da cana-de-açúcar é extremamente dependente da extração de água e nutrientes explorados pelo sistema radicular nos primeiros 50 cm do perfil do solo. Por isso, a análise de solo, a fim de detectar a compactação, é uma medida que deve ser feita regularmente
O
O intenso tráfego de máquinas pesadas em lavouras de cana exige um monitoramento constante das condições de compactação do solo
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implementos ao longo das safras.
MONITORAMENTO A resistência do solo à penetração (RP) é considerada um parâmetro indicativo da qualidade do solo, podendo identificar zonas adensadas e auxiliar na escolha do método mais adequado para o restabelecimento do estado ideal Agrale
crescimento da cana-de-açúcar na parte aérea é o reflexo da sua capacidade de exploração nos primeiros centímetros do solo. A literatura relata casos de limitações em produtividade nas culturas devido à restrição ao crescimento do sistema radicular causado por formação de camadas compactas no perfil cultural, resultando em dificuldade de aeração do solo e a absorção de água e de nutrientes. Em 1940, as máquinas agrícolas empregadas no Brasil pesavam menos de três t e hoje podem chegar até 15 t, como ocorre com colhedoras e caminhões carregados na cultura da cana-de-açúcar, afetando as propriedades físicas do solo, uma vez que a desagregação do solo pelas operações de preparo potencializa a compactação pelo posterior trânsito intenso de máquinas e implementos. Este problema torna-se mais evidente na cultura da cana, onde as operações de plantio e cultivo exigem maior tráfego de máquinas e
para o desenvolvimento radicular das plantas. Apesar de ser afetado pela textura e umidade do solo, a resistência à penetração é um meio fácil e rápido de se obter e correlacionar sua influência no crescimento radicular das plantas em várias profundidades. Com a finalidade de dimensionar a resistência oferecida pelo solo à penetração, foram
“Apesar de ser afetado pela textura e umidade do solo, a resistência à penetração é um meio fácil e rápido de se obter e correlacionar sua influência no crescimento radicular das plantas em várias profundidades”
Preconiza-se a utilização desses aparelhos para definir estratégias de tratos culturais de soqueira em áreas de colheita mecanizada ou semimecanizada de cana-de-açúcar, onde o tráfego é mais intenso. Os dados obtidos por estes aparelhos podem contribuir na geração de mapas de compactação com a finalidade de auxiliar na análise e definição de estratégias de manejo na área estudada. A praticidade no uso destes equipamentos facilita o trabalho de monitoramento da qualidade do solo, fornecendo subsídios para tomada de decisão de manejo de áreas problemáticas.
Valtra
ESTUDO DE CASO
desenvolvidos aparelhos que quantificam a força exercida sobre uma haste, com pontas padronizadas, para que as mesmas rompam e perfurem o perfil do solo, chamados de penetrômetros.
Em estudo realizado em área cultivada com cana-de-açúcar pela Usina Cocal, município de Paraguaçu Paulista (SP), foram obtidos dados de RP 60 dias após o plantio mecanizado da variedade SP81-3250 de cana-deaçúcar em espaçamento de 1,40 m entre linhas num latossolo vermelho. Os dados referem-se a um talhão com área de 8 ha, de onde foram registrados 80 pontos de amostragens do perfil do solo em profundidade variando de 0,0 m a 0,60 m. Para coleta dos dados, foi utilizado um penetrômetro eletrônico PenetroLOG, marca Falker, modelo PLG1020, acoplado a um aparelho manual de DGPS para registro das coordenadas do local amostrado. O equipamento consiste em uma haste com ponta padronizada pela Asae (tipo 2), e uma base refletora que fornece a leitura exata da profundidade atingida simultaneamente à introdução da haste no solo. Os dados coletados por ponto amostrado são armazenados na memória do equipamento, sendo possível geração de um arquivo de dados que, posteriormente, pode ser transferi-
Tabela 1 - Densidade do solo nos perfis de 0,0 m a 0,40 m Perfis do Solo (m) 0,0 – 0,10 0,10 – 0,20 0,20 – 0,30 0,30 – 0,40
Densidade do solo (média) g.cm-3 1,59 1,67 1,69 1,67
Porosidade total (média) % 42 39 38 39
Tabela 2 - Limites de classes de resistência à penetração e grau de limitação ao crescimento das raízes sugerido por Canarache, 1990 Classes Limites MPa Limitações ao crescimento das raízes Muito baixa < 1,10 Sem limitações Baixa 1,10 a 2,50 Pouca limitação Média 2,60 a 5,0 Algumas limitações Alta 5,10 a 10,0 Sérias limitações Muito alta 10,10 a 15,0 Raízes praticamente não crescem
Tabela 3 - Limites estimados de resistência ao desenvolvimento radicular e percentual do número de pontos encontrados em área de cultivo com cana-de-açúcar na Usina Cocal Profundidade Muito baixa Baixa Média Alta (m) < 1,10 1,10 a 2,50 2,60 a 5,00 > 5,10 0,0 – 0,10 99% 0% 1% 0% 0,10 – 0,20 14% 64% 23% 0% 0,20 – 0,30 0% 1% 83% 16% 0,30 – 0,40 0% 6% 73% 21% 0,40 – 0,50 0% 27% 73% 0% 0,50 – 0,60 2% 76% 22% 0%
do e analisado por um software instalado em um PC. Existem alguns parâmetros que exercem influência direta sobre a resistência à penetração do solo que não foram desconsiderados durante a execução deste trabalho. São eles a textura do solo, densidade e conteúdo de água no momento da coleta dos dados e porosidade. Foram retiradas amostras de solo para ob-
Fotos Edson Massao Tanaka
tenção da textura, pelo método padrão, ensaio de compactação normal (Proctor) e densidade das partículas. Também foram conduzidas amostras indeformadas de solo para o Labora-
Figura 2 - Resistência Média à penetração encontradas na maioria dos pontos amostrados pelo penetrômetro
Figura 1 - Distribuição espacial da resistência à penetração na área de estudo
A densidade do solo foi determinada no perfil de 0,0m a 0,40m, através de coleta de dados com penetrômetro
tório de Solos da Esapp – Escola Superior de Agronomia de Paraguaçu Paulista, para obtenção de densidade do solo, teor de água e umidade pelo método de diferença de pesagem, descrito pela Embrapa (1979). O resultado da análise física do solo em questão apontou se tratar de um solo de textura arenosa com teores de argila 93 g/kg, silte 25 g/kg, areia grossa 309 g/kg e areia fina 573 g/kg. Pelo ensaio de compactação normal (Proctor), foi possível determinar qual estado de umidade este solo encontra-se propenso à maior compactação, ou seja, foi possível atingir sua maior densidade (1,86 g . cm-3) com 10,52% de umidade. A densidade do solo foi determinada no perfil de 0,0 m a 0,40 m e também pode configurar um método indicativo para análise do estado de compactação do solo, pois quanto mais alta a densidade do solo, mais próximas encontram-se suas partículas que ocupam um menor volume. No entanto, esse parâmetro não pode ser interpretado isoladamente, pois varia conforme o solo e em cada faixa de teor de argila, podendo levar a distorções, caso não se atente a esse fato. Alguns autores preconizam que resistência à penetração com valores acima de 2,0 MPa já configura alguns problemas ao desenvolvimento radicular das plantas. Outros relacionam a resistência à penetração do solo a limitações ao
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desenvolvimento do sistema radicular em diferentes níveis estimados em MPa (unidade de força por área). No entanto, o que realmente se observa é que esses valores servem de um referencial para o diagnóstico, ou seja, para detectar e prever eventuais problemas que possam limitar a produtividade das culturas. A cada faixa de 0,10 m do perfil, foram obtidos os valores de resistência à penetração e confrontados aos limites citados na Tabela 2, visando-se obter o número de pontos dentro de cada faixa de compactação. Sendo assim, seria possível a observação de quais perfis encontram-se com maiores números de pontos com possíveis problemas de compactação. Na profundidade de 0,10 m a 0,20 m, 64% das amostragens apresentaram pouca resistência do solo à penetração, já prevista por apresentar uma região mais mobilizada durante o preparo de solo. Na profundidade de 0,20 m a 0,30 m observa-se um aumento nos valores de resistência à penetração. Nas profundidades de 0,20 m a 0,40 m foi observado um aumento significativo no percentual de pontos com valores de resistência à penetração, superiores a 5,0 MPa, o que configura o início do processo de inibição do desenvolvimento do sistema radicular ao longo das safras subseqüentes pelo uso mecânico nas operações de tratos culturais exigidos por essa cultura. A Figura 2 ilustra as faixas do perfil do solo com maior resistência à penetração registrada pelo penetrômetro nas entrelinhas da cultura
“A identificação do perfil e da área compactada pode representar economia nas operações de subsolagem, na medida que o equipamento não precisa ser regulado para maiores profundidades”
O estudo foi realizado num talhão de 8 ha, de onde foram registrados 80 pontos de amostragens do perfil do solo em profundidade variando de 0,0 m a 0,60 m
da cana-de-açúcar. O perfil de 0,20 m a 0,30 m exigiu maior esforço para a penetração da haste do penetrômetro e pode caracterizar um obstáculo ao crescimento das raízes, à infiltração de água e à aeração das camadas subsuperficiais do solo. Talvez os valores encontrados possam indicar uma ineficiência dos equipamentos de preparo de solo utilizados nesta área pela formação de “pé de grade” e ou “pé de arado”, formando uma camada compacta devido à deposição das partículas mais finas de areia nas camadas abaixo de 0,2 m pela desagregação promovida pelos equipamentos. Os resultados também podem ser vistos na forma de mapas, como os presentes na Figura 1.
AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS Uma série de medidas pode e deve ser tomada para a evitar ou amenizar a compactação
do solo. Através do monitoramento da RP é possível a geração de mapas que apontam áreas críticas, que exigem maiores cuidados visando atenuar os impactos causados pelo tráfego excessivo de máquinas bem como recuperar a capacidade produtiva do solo e preservar sua qualidade. Otimizar o tráfego de máquinas sobre a área identificada, utilizar rodados que distribuam melhor a carga sobre o solo, eliminar o tráfego sobre o solo com alta umidade e reduzir o uso de grade aradora constituem medidas preventivas eficazes para manter a compactação sob controle.
A identificação do perfil e da área compactada pode representar economia nas operações de subsolagem, na medida que o equipamento não precisa ser regulado para maiores profundidades, exigindo menor força de tração e conseqüentemente menor consumo de potência, maior rendimento operacional e ainda se torna desnecessário o trabalho em área total, se restringindo somente a talhões onde a compacta.M ção é presente. Edson Massao Tanaka e Waltayl Sansalone Junior, E. S. de Agr. de Paraguaçu Paulista
carregamento florestal
Fotos Leonardo Zanella Giacomolli
Tamanho é documento
Diversos fatores interferem ou colaboram para aumento do rendimento na atividade de carregamento florestal. O uso de gruas maiores pode significar um aumento de mais de três vezes em relação a tamanhos menores
A
preocupação com a relação exis ten-te entre a eficiência operaci onal e o sucesso do negócio florestal tem crescido rapidamente. A redução nos custos das operações florestais é considerada mundialmente como um dos principais requisitos para a indústria florestal manter-se atuante. Neste cenário, torna-se necessária a unificação da produção e a sustentabilidade ambiental, ampliando com isso, a economia regional. Com a modernização do setor florestal, o sistema de carregamento mecanizado tem se despontado como uma boa alternativa buscando a redução de custos de produção, onde é verificado um melhor rendimento operacional levando-se em conta o alto custo do transporte florestal. Com o aumento da produtividade da colheita florestal nos últimos anos e a utilização de caminhões para transporte florestal com capacidade de carga maior, tornou-se necessário o emprego de máquinas com capacidade de carregamento compatível com este novo cenário. Neste panorama as empresas terceirizadas que efetuNo estudo foram utilizadas quatro gruas de diferentes tamanhos utilizadas no carregamento florestal
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am a atividade de carregamento e transporte florestal numa empresa de celulose na região de Guaíba (RS) estão se aperfeiçoando na busca do máximo rendimento operacional, aliando o carregamento ao transporte florestal. Em detrimento a estas questões, que repercutem diretamente no planejamento de
custos e produtividades em operações florestais, o presente estudo teve por objetivo avaliar a produtividade/hora (m³/h) de seis carregadores florestais e um trator agrícola com grua de carregamento acoplado (Tabela 1) para toretes de três metros de comprimento. Ao todo foram avaliadas cinco empre-
“A redução nos custos das operações florestais é considerada mundialmente como um dos principais requisitos para a indústria florestal manter-se atuante”
Figura 1 - Tempo médio de carregamento e descarregamento para caminhões com capacidade média de 34,32m
sas terceirizadas (A, B, C, D e E), sendo avaliado na empresa “A” o tempo médio de descarregamento também. Após a realização da coleta dos dados, o cálculo de volume/hora foi obtido através das tomadas do tempo de acompanhamento das máquinas, onde foram analisados os volumes de madeira de todos os caminhões em que as máquinas realizaram a movimentação. Através da soma de volumes dos caminhões movimentados, divididos pelas horas efetivamente trabalhas obteve-se os valores de volume/hora (em m³) das máquinas. As análises do tempo de descarregamento serão explicadas comparando-se com o tempo de carregamento. Essa mensuração foi realizada apenas com as máquinas Liebherr da empresa “A”, por serem as mesmas responsáveis pela movimentação de madeira nos terminais da empresa. A relação da produtividade média m³/h será explicada conjuntamente relacionando com o tamanho da grua de cada máquina. Em relação às máquinas Liebherr com tamanho de grua de 1,7 m² podemos observar na Figura 1 os tempos médios de carregamento e descarregamento. Estes tempos apresentam pouca diferença, demonstrando que o tamanho da grua para estas duas atividades é bem dimensionado. O volume movimentado por unidade de tempo é dado fundamental para a avaliação do desempenho do equipamento e seu custo de produção. A Tabela 2 apresenta as produtividades médias da movimentação em m³/h realizadas pelas máquinas no período da avaliação. Observa-se por intermédio da Tabela 2 que o melhor rendimento durante a operação de carregamento florestal foi para as máquinas Liebherr, as quais apresentam o mesmo tamanho de grua. Esta alta produtividade em relação as outras máquinas confirma que o tamanho da grua tem relação direta com a produtividade na
Figura 2 - Relação do tamanho da grua com produtividade
operação de carregamento florestal. As gruas com capacidade de carga de (0,4m²) representam a menor produtividade da avaliação, demonstrando que este tipo de equipamento não é viável para operações onde se busca um alto rendimento operacional. Deve ser observado que o tamanho da grua utilizada tem uma relação direta com a capacidade de força disponível do equipamento avaliado. Nas avaliações das gruas com capacidade de carga de (0,8m²), observa-se uma produtividade intermediária em relação às gruas de (0,4m²) para as de (1,7m²) demonstrando ser o equipamento adequado, pois não há necessidade de investimento em um equipamento com disponibilidade de força para gruas de (1,7m²) o qual apresenta maior custo de aquisição. Na visualização da organização das cargas ficou evidente que os caminhões carregados com gruas de (0,8m²) apresentavam também melhor arranjo em relação aos carregados com gruas acima desta área. Outros fatores que podem ser considerados para a melhor organização das cargas, também sendo de grande importância é a irregularidade de comprimento dos toretes, o grau de eficiência do operador e a organização das pilhas de madeira efetuadas pelo baldeio florestal. Como descrito anteriormente a pro-
dutividade da operação de carregamento florestal está relacionada principalmente com o tamanho da grua florestal, esta relação está destacada de forma simplificada na Figura 2. Observou-se que a produtividade (m³/hora) decresce com o tamanho da grua utilizada. A quantificação desses indicadores é uma tentativa de contribuição para as empresas florestais no momento da aquisição de equipamentos de carregamento florestal, para que não ocorra o super ou subdimensionamento, acarretando em desperdício de .M dinheiro. Leonardo Zanella Giacomolli e Edison Rogério Perrando, UFSM José Luiz Bazzo, Engenheiro florestal Tabela 1 – Máquinas avaliadas Máquina Base Liebherr A 924B Liebherr A 924B Caterpillar - 312C Valmet - 985 Komat’su - Pc 200 Volvo - EC 140 Granab
Tamanho da Grua 1,7 m 1,7 m 0,8 m 0,4 m 1,0 m 0,8 m 0,4 m
Ano 2005 2005 2005 2001 2006 -
Base (rodado ou estera) Rodado Rodado Estera Rodado Estera Estera Rodado
Tabela 2 - Produtividade média de carregamento das máquinas em função do volume médio de madeira movimentado e o tempo gasto para realização desta operação Máquina Liebherr 1 Liebherr 2 Komat’su Caterpillar Volvo Valmet 985 Granab
Média Volume Transportado (m) por caminhão 34,32 34,32 41,26 47,55 41,06 44,11 41,46
TMC 00:13:53 00:14:27 00:19:08 00:32:04 00:25:08 00:49:08 00:54:00
Capacidade da Grua 1,7m 1,7m 1,0m 0,8m 0,8m 0,4m 0,4m
Produtividade Média (m/h) 147,37 142,52 130,32 89,21 98,54 54,01 46,06
Onde: TMC = Tempo Médio de Carregamento.
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pulverizadores
Por terra ou ar? A aplicação de defensivos com avião agrícola ou pulverizador terrestre tem custos diferentes. Por isso, na hora de escolher qual tecnologia a ser utilizada, deve-se levar em conta todas as variáveis envolvidas, como perdas por amassamento, tempo e cobertura da operação
C
omparar os sistemas aéreo e terrestre de pulverizações em soja foi o objetivo do experimento realizado pela Schroder Consultoria, com apoio das empresas Nitz Aviação Agrícola e Gota Indústria e Comércio. As pulverizações aéreas costumam ser efetuadas por empresas prestadoras de serviço, contratadas como uma atividade terceirizada, pelos agricultores. O valor da aplicação é cobrado por hectare pulverizado, em cifras acordadas previamente entre as partes. Embora varie muito entre lavouras, na safra agrícola 2006/07, os valores no estado do Rio Grande do Sul, situaram-se ao redor de R$ 22 por hectare (U$ 11). Por outro lado, as pulverizações terrestres são efetuadas, via de regra, pelo próprio sojicultor e seus funcionários, utilizando-se de pulverizadores próprios. O custo da aplicação varia em função de vários componentes, entre eles combustível, mão-de-obra do aplicador e auxiliares, equipamentos de proteção individual, depreciação do equipamento, manutenção do pulverizador, encargos etc. O amassamento das plantas da soja, pelo trânsito dos equipamentos de pulverização, pode reduzir a produtividade em níveis entre 0,5 e 4%. Este índice, embora não seja um componente direto do custo da pulverização terrestre,
PARÂMETROS TÉCNICOS Horário Temperatura do ar (oC) Umidade relativa do ar (%) Velocidade do vento (km/h) Equipamento Velocidade (km/h) Largura de faixa (m) Bicos Nr. de bicos Regulagem Pressão (PSI) Altura de aplicação (m) Volume de calda (l/ha) Sistema de aplicação Calda
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deve ser levado em conta pelo sojicultor ao selecionar um tipo de tecnologia de aplicação para sua lavoura.
PADRÃO TECNOLÓGICO O ensaio foi conduzido de modo que cada tratamento, terrestre e aéreo, fosse pulverizado com moderna tecnologia disponível no mercado, seguindo-se o padrão adotado pelo produtor. A aplicação terrestre foi realizada com pulverizador autopropelido, com amplo vão livre, rodado estreito (para causar o mínimo de amassamento possível), sistema hidráulico de acionamento de barras, bicos com pontas duploleque recomendadas para fungicidas em soja, pressão de pulverização indicada pelo fabricante, além do operador possuir dois cursos de operação de pulverizadores. A aplicação aérea foi feita com aeronave agrícola de empresa conceituada na região, operada por seu proprietário, piloto agrícola com larga experiência de vôo, equipada com atomizadores rotativos, sistema de balizamento orientado por sinais de satélites (DGPS) e controlador automático de vazão.
METODOLOGIA O experimento foi instalado em lavoura comercial no município de Rio Pardo (RS), conduzida segundo as recomendações técnicas usuais, quando as plantas estavam com altura de
APLICAÇÃO TERRESTRE 8:45 às 9:20 26,4 83 6,0 Jacto Columbia AD18 sobre autopropelido Metal Busch 6 18 Teejet TTJ 60-02 36 Duplo leque 85 0,5 150 Médio volume terrestre água
APLICAÇÃO AÉREA 10:15 às 11:00 27,0 85 4,5 Cessna 188B matrícula PR-AHJ 181 17 Micronair AU-5000 8 VRU 13, pás 55o 18 4 12 Baixo volume oleoso - BVO Agr’óleo (0,5 l/ha) e água
Na aplicação aérea, foram utilizados atomizadores Micronair AU-5000, e na aplicação terrestre bicos Teejet TTJ 60-02
110 centímetros, em fase de formação de vagens. As plantas daninhas foram manejadas com duas pulverizações terrestres de glifosato; os insetos-praga foram controlados com duas pulverizações terrestres e uma aérea; o controle de doenças foi realizado com duas pulverizações, sendo a primeira com aeronave agrícola. A segunda aplicação de fungicidas constituiu-se na instalação do presente estudo. Parte da lavoura (123 ha) foi tratada por via aérea, e o restante (17 ha) com pulverizador terrestre. Na pulverização terrestre, o carregamento dos fungicidas foi realizado através do tanque incorporador de defensivos com lavagem de embalagens. Na aplicação aérea, o preparo da calda foi executado em tanque de pré-mistura,
“O amassamento das plantas da soja, pelo trânsito dos equipamentos de pulverização, pode reduzir a produtividade em níveis entre 0,5 e 4%” Fotos Eugênio Schröder
A aplicação terrestre foi feita com pulverizador autopropelido com amplo vão livre, para evitar ao máximo o amassamento das plantas
Eugênio Schröder conduziu o experimento comparando a aplicação terrestre e a aérea em uma área de aproximadamente 140 ha em Rio Pardo (RS)
colocando-se inicialmente o Agr’óleo, seguido pelos fungicidas, água de enxágüe das embalagens, completado o volume com água, e procedido o carregamento com moto-bomba. O óleo vegetal apresentou fácil mistura com os defensivos e com a água, ficando a calda com excelente estabilidade. O consumo de água para o preparo das caldas foi de 149,2 e 10,7 l/ha, respectivamente para os tratamentos terrestre e aéreo, ou seja, a aplicação terrestre consumiu 14 vezes mais água.
ANÁLISE DE GOTAS As gotas pulverizadas pelos dois equipamentos foram coletadas em cartões de papel sensível à água, dispostos horizontalmente, no topo e na base das plantas de soja, posterior-
mente, submetidos à análise computadorizada. A densidade de gotas foi maior no tratamento terrestre que no aéreo, tanto no topo, quanto na base das plantas de soja, o que pode indicar uma vantagem para o tratamento terrestre. Porém, mais importante que a densidade de gotas, é a uniformidade de cobertura, que pode ser avaliada pela relação entre a densidade de gotas no topo e na base da soja. Na aplicação terrestre, apenas 12% das gotas que chegaram ao topo da cultura atingiram a sua base, enquanto na aérea este índice foi de 16%, indicando uma maior penetração de gotas no dossel foliar quando foi empregada a aeronave agrícola. O tamanho das gotas, determinado através do Diâmetro Mediano Volumétrico (DMV) foi maior no tratamento terrestre que no aéreo, tanto no topo quanto na base das plantas de soja. A heterogeneidade de gotas deve ser a menor possível em qualquer pulverização, ou seja, as gotas devem ser parecidas entre si, minimizando-se perdas por escorrimento, evaporação e deriva. O tratamento aéreo mostrou excelente similaridade entre os DMV do topo e
da base da soja. Por outro lado, as gotas do tratamento terrestre que se depositaram no topo da cultura eram muito maiores que as da base. Estas gotas contêm volumes muito diferentes, pois uma gota de 541 µm tem 9,2 vezes mais líquido que uma de 258 µm. A estimativa do volume recuperado é uma medida muito importante neste tipo de experimento. No tratamento terrestre, o volume recuperado no topo da soja foi de 104 l/ha, abaixo dos 150 realmente pulverizados. Este fato é freqüentemente observado em volumes superiores a 100 l/ha, devido ao elevado número de gotas por centímetro quadrado dos cartões amostrais, causando a sobreposição de gotas. Por outro lado, na base da soja o volume recuperado foi de 4,1 l/ha, ou seja, apenas 3,9% do volume que chegou ao topo das plantas alcançou a base da cultura. Na aplicação aérea, dos 12 l/ha pulverizados, foram recuperados 9,9 l/ha no topo da soja, similarmente ao que tem sido observado em outros estudos, pois algumas das menores gotas das aplicações aéreas podem não ser “visualizadas” pelo scanner utilizado. Na base da soja foram recuperados 1,4 l/ha, o que indica que 14,2 % da calda coletada no topo chegou até a base da lavoura. Desta forma, proporcionalmen-
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Fotos Eugênio Schröder
RESULTADOS Topo da soja Base da soja Relação base/topo (%) Topo da soja Base da soja Diferença de volume (topo/base)
Para chegar aos resultados, foram feitos cálculos sobre os dados de colheita dos 140 hectares do experimento
te, a aplicação aérea propiciou uma penetração de volume de calda na folhagem 3,6 vezes maior que a pulverização terrestre.
CONTROLE DE DOENÇAS Parcelas testemunhas, com área de 4 x 4 metros, foram cobertas por lonas durante as pulverizações, e demarcadas com estacas, para análise visual do controle de doenças nas semanas seguintes. As doenças observadas na área experimental foram ferrugem asiática e doenças foliares de final de ciclo, e o nível de ataque era moderado. Não ocorreu diferença entre os tratamentos, e a lavoura manteve-se com folhas mais verdes, e por mais tempo, que nas parcelas testemunha. É possível que, sob condições severas de doenças, e com pulverização realizada mais precocemente, ocorresse diferença entre os tratamentos.
PRODUTIVIDADE DE GRÃOS Ao atingir a maturação, a lavoura foi colhida, com maquinário e operadores próprios da fazenda. Para a determinação da pro-
Topo da soja Base da soja % que atingiu a base Diferença aéreo/terrestre Produção (kg) Área colhida (ha) Produtividade (sc/ha) Diferença aéreo-terrestre Pulverização Perda por amassamento Custo total Diferença “terrestre-aéreo” Relação “terrestre/aéreo”
APLICAÇÃO TERRESTRE Densidade de gotas (gt/cm2) 208,6 25,8 12 Tamanho de gotas (m) 541 258 9,2 x maior Volume recuperado (l/ha) 104 4,1 3,9 3,6 x maior Produtividade de grãos 37.074 17,0 36,3 1,7 sc/ha Análise econômica (R$/ha) 11,00 47,60 58,60 36,60
dutividade, colheram-se dois talhões da lavoura, cada um deles tratado com um sistema de pulverização, com áreas, topografia e condições de solo similares. Houve diferença de 4,6 % na produtividade de grãos de soja entre os tratamentos. Como o controle das doenças foi similar nos dois tratamentos, atribuiu-se a diferença de produtividade ao amassamento da soja pelo pulverizador terrestre. Na área de pulverização terrestre, a produtividade foi de 36,3 sc/ha, enquanto no tratamento
APLICAÇÃO AÉREA 52,1 8,2 16 167 155 1,26 x maior 9,9 1,4 14,2 3,6 x maior 62.700 27,5 38,0 1,7 sc/ha 22,00 0 22,00 36,60 2,7 x maior
aéreo foram colhidos 38 sc/ha, uma diferença de 1,7 sc/ha.
ANÁLISE ECONÔMICA A análise comparativa entre o custo de tratamento aéreo e terrestre foi realizada considerando-se o custo médio da pulverização aérea na região de R$ 22/ha, e no tratamento terrestre de R$ 11/ha. O preço do saco de soja considerado neste estudo foi de R$ 28, e a perda de 1,7 sc/ha correspondeu a R$ 47,6/ha. O custo total da aplicação terrestre (pulverização + amassamento) foi de R$ 58,6, enquanto na aérea, por não ocorrer perda por amassamento, foi apenas o custo de R$ 22 da pulverização. A diferença foi de R$ 36,6. O custo total da terrestre foi 2,7 vezes maior que o valor da pulverização aérea.
CONCLUSÕES A pesquisa mostrou que ambos os sistemas de aplicação controlaram as doenças da soja. A aplicação aérea gerou melhor cobertura das plantas pelas gotas pulverizadas, foi mais rápida, consumiu menos água para o preparo das caldas e foi economicamente .M mais vantajosa. Eugênio Passos Schröder, Schröder Consultoria Houve uma diferença de 4,6% na produtividade de grãos entre os tratamentos, causada pelo amassamento da pulverização terrestre
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compactação
Compacta e lavada Com a entrada das máquinas agrícolas na lavoura a infiltração de água no solo teve uma redução drástica, como a apresentada no Sul do Brasil na década de 70, quando passou de 180 mm/h para 8 mm/h. Com o advento do Plantio Direto, a pesquisa buscou alternativas para aumentar a absorção e, conseqüentemente, evitar a erosão
C
om a redução do armazenamento de água no solo, e os efeitos das sazonalidades, já se prevê um aumento de 20% das áreas irrigadas até 2030. Dentro deste contexto, deve-se utilizar todo o conhecimento científico e tecnológico para reduzir desperdícios, aumentar o armazenamento de água da chuva e otimizar seu uso nas atividades empreendidas pelo homem na produção agrícola. O Brasil é um país rico em água, entretanto, a distribuição não é tão favorável, 81% está na Bacia Amazônia onde se concentram 5% da população e os 19% para o restante do
país onde se concentram 95% da população brasileira. A distribuição do consumo mundial de água é de 69% na agricultura, 23% na indústria e 8% no uso doméstico. Com o aumento populacional as florestas nativas foram derrubadas, para dar lugar à expansão da agricultura mecanizada para a produção de alimentos, deixando o solo desprotegido. Na década de 40 a cobertura florestal nativa do RS era de 46% de sua área. Segundo o Inventário Florestal de 1980 este índice foi reduzido para 5,6 %. Áreas situadas entre 40° Norte e 40° Sul do Equador são particularmente suscetíveis à degradação ambiental quando a
vegetação nativa é removida. No Brasil, semelhantemente ao que ocorreu em praticamente todos os países situados nas regiões tropicais, ocorreu redução das florestas, agricultura intensiva com máquinas de preparo do solo importadas de países de clima frio. A intensa e contínua mobilização do solo pelas máquinas utilizadas no sistema convencional principalmente o arado e a grade degradaram a estrutura, aumentando a densidade do solo (massa de solo por unidade de volume) provocada principalmente por dois processos: (a) compactação (aumento de massa por pressão mecânica) e (b) adensamento Massey Ferguson
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solo, não resolveu o problema. O disco ondulado foi a solução para os países frios resolvendo o problema de germinação, porque, o fator limitante na Europa e EUA era a falta de temperatura no solo úmido e frio após o inverno, e no Brasil, o fator limitante era a falta de água para a semente germinar. Os resultados da pesquisa demonstram que os sulcadores com disco ondulado na velocidade de 5,4 km/h, mobilizam 695 m3/h quando as médias dos demais tipos de sulcadores testados eram de 186 m3/h. Os resultados indicam ainda que quanto menor é a mobilização do solo maior é a percentagem de germinação. A resposta está no fluxo capilar de água do solo para a semente (aplicação da equação de Darcy). Mantendo-se as demais condições constantes o volume de água “Q” absorvido pela semente é inversamente proporcional à distância Z entre a semente e a parede do sulco não-mobilizado. Tecnologias utilizadas na agricultura não podem ser simplesmente copiadas de um país para outro, aí está a importância da pesquisa agrícola brasileira para o desenvolvimento de tecnologias próprias e ecologicamente adaptadas às condições de clima e solo do Brasil.
Áreas sujeitas à degradação ambiental quando a vegetação natural é removida
COMPACTAÇÃO Na região do Planalto do RS em solo Passo Fundo, a macroporosidade nesta camada atingiu valores em torno de 11% em volume, valores próximos aos dos solos de várzeas. Como conseqüência ocorre a redução na taxa de infiltração básica de água no solo e aumento no volume de água por escoamento superficial. Na década de 70 no solo Santo Ângelo após 50 anos de cultivo (trigo–soja) a taxa de infiltração básica de água no solo passou de 180 mm/h em condições de mata nativa para valores em torno de 8 mm/h. Nesta época o RS atingiu o ponto crítico da erosão hídrica. Como técnicas alternativas apareceram os terraceadores de base estreita, logo se verificou que os terraços não suportavam o fluxo de superfície, rebentavam provocando voçorocas nas lavouras. Surgiram outras máquinas como o “Pé-de-Pato”, entretanto, como a ação das hastes não atingia plenamente a camada de impedimento, a técnica não teve êxito satisfatório. Na seqüência, foram utilizadas outras técnicas para reduzir o escoamento superficial e aumentar a infiltração da água no solo como: terraços de base larga, murunduns, no estado do Paraná, subsoladores entre outras práticas mecânicas, muitas vezes limitadas pelo alto custo de implantação.
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PLANTIO DIRETO E SUAS MÁQUINAS A partir de 1973 inicia no RS o uso do sistema plantio direto. O novo sistema enfrentou um grave problema de máquinas usadas na semeadura direta: o percentual de germinação das sementes de soja era muito baixo. A Secretaria de Tecnologia Industrial junto ao Ministério de Ciência e Tecnologia procurou as universidades que desenvolviam pesquisas com máquinas agrícolas no RS para avaliar o comportamento das máquinas de semeadura direta fabricadas na época. Tivemos a oportunidade na UFSM de coordenar o projeto de pesquisa “Inovação Tecnológica de Mecanismos para Semeadura Direta”. Os resultados foram muito importantes e mudaram o foco de desenvolvimento de elementos sulcadores das máquinas de semeadura direta no sistema plantio direto. Praticamente todas as indústrias que produziam semeadoras estavam testando o uso do disco de corte ondulado como solução para aumentar a germinação da soja no sistema plantio direto. Esta tecnologia foi importada da Europa e Estados Unidos como solução para aumentar a percentagem de germinação das sementes de soja no Rio Grande do Sul. Incorporamos no projeto o estudo dos sulcadores com discos ondulados já em escala de produção por empresas de plantadoras. Os dados da pesquisa comprovaram que o disco ondulado ao rodar mobilizava mais o solo reduzindo a densidade e o conteúdo de água, aumentando conseqüentemente a temperatura na superfície do solo e reduzindo mais ainda a germinação das sementes. A tecnologia dos discos ondulados, importada diretamente pelas indústrias sem conhecimento profundo das relações máquina-solo em relação à condutividade hidráulica não-saturada do
Fotos Afonso Almir Righes
(aumento de massa por translocação de partículas, como silte e argila, da camada mobilizada para o local denominado de “pé-de-arado”), além de acelerar o processo de mineralização da matéria orgânica. Esta pequena camada de impedimento “pé-de-arado” situada logo abaixo da camada arável, apresenta baixos valores de macroporosidade (poros grandes) espaço por onde ocorre o fluxo saturado de água no solo.
Máquina terraceadora de base estreita, terraço arrebentado pela enxurrada e escarificador pé-depato faziam parte do dia-a-dia em 1975
“Os sulcadores de duplos discos diferenciados são os que menos mobilizaram o local de semeadura apresentando maior índice de germinação, solucionando assim o problema” Claas
Os sulcadores de duplos discos diferenciados são os que menos mobilizaram o local de semeadura apresentando maior índice de germinação, solucionando assim o problema. Os resultados foram repassados às indústrias de máquinas agrícolas e o sistema plantio direto expandiu-se de forma tão positiva no controle da erosão hídrica que induziu recentemente aos agricultores, à retirada indiscriminadamente dos terraços. Hoje, a perda de água por escoamento superficial em muitas regiões com plantio direto em solos com “pé-de-arado” é até maior do que no sistema de cultivo convencional. Antes da degradação da estrutura do solo, nos taludes das estradas e sarjetas, em épocas de chuva o fluxo de água se mantinha por vários dias. Hoje, minutos após a chuva já não existe mais fluxo de água livre. A análise da distribuição anual da precipitação pluviométrica para o RS não difere estatisticamente dos valores normais. O que indica que a falta de água no RS não é devido à redução da quantidade de chuva e sim à redução na infiltração de água no solo. Obviamente podem ocorrer períodos de estiagens durante o ano, mas o fator preponderante no processo em análise é a grande redução na taxa de infiltração de água no solo.
SOLUÇÃO Assim, aumentar a taxa de infiltração de água no solo, onde ela cai, é a recomendação e a alternativa para minimizar os efeitos das enchentes e das secas, que têm ocorrido tanto em áreas rurais como urbanas. Aumentar a taxa de infiltração não é um processo imediato e não é fácil. Nas áreas rurais, em sistema plantio direto, pode-se usar uma nova tecnologia genuinamente brasileira “o mulching vertical”, Comprovada em solo argiloso (unidade de mapeamento Passo Fundo) que, reduz o escoamento superficial em até 75% com chuvas simuladas de 111 mm/h. Esta técnica consiste em abrir sulcos de 8 cm de largura por 40
cm de profundidade, em nível, espaçados de 5m ou 10m perpendicularmente ao declive, enchendo-os de palha para mantê-los abertos. Enquanto a máquina para implantar o “mulching” vertical em uma única operação não estiver disponível no mercado, não temos outro caminho, em curto prazo, se não, armazenar a água do escoamento superficial em reservatórios. Considerando que, no sistema plantio direto a recuperação física de um solo degradado, especialmente a macroporosidade, não é um processo imediato, deve-se evitar o escoamento superficial da água em períodos de enchentes para disponibilizá-la em épocas de
estiagens. Desta forma, como ação imediata recomenda-se ampliar o armazenamento de água em reservatórios durante o inverno para atender a demanda da irrigação e abastecimento da população no verão. Em médio prazo aumentar a infiltração e o armazenamento de água no solo reduzindo o pico de descarga dos rios e as conseqüentes enchentes. Ao mesmo tempo, minimizar o desperdício de água que, se não for armazenada, chegará rapidamente aos riachos, rios e finalmente perdendo-se .M quando chega ao mar. Afranio Almir Righes, Unifra
Disco de corte ondulado (esq.) e esquema da localização da semente em relação às paredes do sulco com os parâmetros da equação de Darcy (dir.)
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agricultura de símbolos precisão
Controle via satélite O uso de Sistema de Posicionamento Global – GPS - tem permitido aos agricultores conhecer a produtividade e interferir separadamente em cada fração de sua lavoura. Mas isso é apenas uma parte dos benefícios da tecnologia, que vão desde a geração de mapas até a utilização de piloto automático nas máquinas agrícolas Existem diferentes tipos de precisão na utilização de GPS. Os mais precisos são aqueles que contam com uma base fixa instalada em solo, na fazenda
C
om o grande avanço ocorrido na globalização da economia desde a década de 90, a competitividade dos produtores passou a ser medida também em escala global. Na agricultura não é diferente. Um produtor de soja no Brasil compete no mesmo mercado e recebe os mesmos preços que os dos Estados Unidos, Argentina ou China. O que possibilita que um produtor tenha uma propriedade mais lucrativa do que a de outro certamente não é mais o preço do produto, mas sim os custos de produção mais baixos. A tecnologia tem como objetivos principais reduzir custos e proporcionar agilidade e facilidade na operação e, com isto, deixar mais dinheiro no
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bolso do produtor. A mesma globalização que uniformiza os preços ajuda a reduzir os custos, pois hoje os produtores brasileiros contam com as tecnologias mais avançadas empregadas em outros países. A tecnologia de geoprocessamento GPS, ou Sistema de Posicionamento Global, tem proporcionado à agricultura uma nova e melhor forma de enxergar a propriedade, deixando de considerar os talhões como homogêneos e passando a ver a heterogeneidade de cada talhão,
com diversas características diferentes dentro da mesma área, sendo necessário um manejo diferenciado para aumentar a produtividade e reduzir custos. A Agricultura de Precisão é um método de manejo de solo, insumos e culturas da propriedade rural na qual se identifica a variabilidade dentro de um talhão, para então manejá-lo de forma diferenciada com o objetivo de aumentar a produtividade e os lucros. Ela não é apenas uma técnica de manejo, pois engloba também a monitoração e orientação da operação agrícola com o uso de sinais de satélites GPS para o direcionamento dos equipamentos, com o objetivo de aumentar a eficiência da operação e de reduzir os custos com insumos, tornando a atividade agrícola sustentável ecológica e economicamente. Tão importante quanto coletar os dados e operar as máquinas com redução de custos é interpretar os dados coletados através dos mapas de produtividade e das análises de solos,
“Um produtor de soja no Brasil compete no mesmo mercado e recebe os mesmos preços que os dos Estados Unidos, Argentina ou China” Fotos John Deere
A acurácia proporcionada pelos 24 satélites GPS é de 5 a 10 metros. Para a agricultura, os dados precisam de uma correção, para deixá-la abaixo de 30 cm
O Posicionamento Cinemático em Tempo Real (RTK) utiliza uma estação com base fixa na propriedade
pois existem inúmeras variáveis que interferem na produtividade, e também otimizar o rendimento da operação, para que se consiga o máximo retorno sobre o investimento.
SISTEMA DE POSICIONAMENTO GLOBAL O Sistema de Posicionamento Global, GPS, é uma tecnologia que tem como objetivo informar a localização de um ponto em qualquer ponto do planeta, contando para isso com os sinais dos 24 satélites GPS que estão em órbita em torno da Terra. Os sinais GPS proporcionam uma acurácia de cinco a dez metros, por isso necessitam de uma correção para obter maior precisão na operação, com acurácia menor que 30 cm, ideal para operações agrícolas. Os tipos de correção que são utilizados no Brasil são três: correção logarítmica, DGPS e RTK. A correção logarítmica é feita por uma equação matemática que simula a correção do sinal, melhorando a acurácia. Este meio, porém, não garante tanta precisão e necessita de paradas freqüentes para atualizar os cálculos matemáticos. No sistema DGPS, a correção é feita por bases fixas georeferenciadas, que efetuam os cálculos do posicionamento dos satélites. Com base na posição das bases, que é conhecida, e na localização instantânea de cada satélite, ele compara os valores calculados com as medições reais. A diferença entre esses valores fornece a correção para cada satélite, a qual vai ser transmitida ao outro receptor de GPS que está no equipa-
mento. O Posicionamento Cinemático em Tempo Real (RTK - Real-Time Kinematic), utiliza uma estação com base fixa na propriedade, para que os dados coletados na estação de referência sejam transmitidos para o receptor móvel através de um link de rádio. Este método é similar ao DGPS, porém a correção é feita com a base fixa na fazenda. O sistema consiste em dois receptores GPS com receptores de rádio de freqüência dupla ou simples, que recebem as correções da base fixa da fazenda. A acurácia deste método é da ordem de 2,5 cm em 95% do tempo, a uma distância de dez quilômetros da estação fixa.
PRECISÃO NA OPERAÇÃO Um equívoco que ocorre freqüentemente é confundir acurácia com precisão na linha de operação. A precisão na linha de operação é influenciada por diversos fatores como: • Acurácia da antena receptora do sinal GPS; • Precisão do software e tipo de Piloto Automático; • Velocidade de operação. Quanto maior a velocidade de trabalho, maior a possibilidade de erro na linha; • Configurações do sistema; • Influência do implemento; • Influência da condição do solo, inclinação, tipo de solo;
• Influência do sistema de direção da máquina, folgas etc; • Modo de trabalho em reta, curva ou pivot. Dependendo das condições, a precisão na linha pode ser maior ou menor do que a acurácia da antena receptora GPS. Para melhorar a precisão na linha de operação, é importante utilizar o sistema de correção de inclinação, ou TCM, que é um sensor colocado na antena receptora que corrige as inclinações do terreno. Caso o receptor GPS não tenha esta correção de inclinação, pode ocorrer um erro na linha de operação quando a máquina passar por um obstáculo inclinado.
MAXIMIZANDO OS LUCROS Com a finalidade de auxiliar os produtores agrícolas a reduzir custos e aumentar a lucratividade, existem vários produtos que tornam a atividade na lavoura mais precisa, de acordo com a necessidade do cliente e da cultura. Piloto Auxiliar O Piloto Auxiliar é um equipamento que orienta o operador da máquina, indicando sua posição relativa a uma linha na cultura. Tem por finalidade manter o equipamento (máquina) em um trajeto previamente programado. Basicamente o Piloto Auxiliar indica ao operador qual o erro relativo à linha programada em que o equipamento se encontra, e para
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Tela do monitor instalado na máquina, que possibilita melhor interface entre o operador e o equipamento
Mapa de produtividade gerado a partir do cartão de dados da máquina
que lado este erro deve ser compensado (direita ou esquerda), e assim manualmente o operador corrige o trajeto da máquina no decorrer das passadas, seguindo a linha previamente feita. Piloto Automático A finalidade do Piloto Automático é a mesma que a do Piloto Auxiliar, ou seja, manter a máquina em um trajeto preestabelecido, porém ele traz uma grande diferença. Ao invés do ope-
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rador ser o agente de correção da máquina, fazendo isso manualmente por todo o tempo de operação, a correção passa a ser feita automaticamente. Baseando-se na posição da máquina naquele momento e na posição real onde esta deveria estar, o equipamento faz as correções automaticamente, sem a interferência do operador. Resta a este somente reposicionar a máquina quando chegar ao final do talhão, e assim começar uma nova passada.
O Piloto Automático pode ser Integrado ou Universal. O Piloto Automático Integrado trabalha integrado aos sistemas elétrico e hidráulico da máquina, sendo que uma vez instalado torna-se dedicado a somente um equipamento. O Piloto Automático Universal, por sua vez, é um equipamento que é acoplado a um equipamento por meio de sua coluna de direção, com a vantagem de poder ser removido e acoplado a outras máquinas de acordo com a necessidade do cliente. Assim, durante a época da colheita, o Piloto Automático Universal pode ser utilizado na colheitadeira, na qual possibilita a colheita de plataforma cheia. Quando começar o plantio ele pode ser transferido para o trator, e da mesma forma se procede em momentos de pulverização, minimizando falhas e sobreposição e, conseqüentemente, reduzindo os custos da propriedade. Monitores mais modernos possibilitam uma melhor interface entre o operador e o equipamento. Minimizando as possíveis falhas de cabeceira e a sobreposição de insumos, eles contribuem para que o operador consiga reduzir ainda mais os custos de sobreposição. Também é possível: • Marcar algum obstáculo no talhão (vala, pedras, árvore); • Marcar os limites da área a ser trabalhada e a área do talhão; • Salvar diferentes talhões no mesmo cartão; • Gerenciar informações do talhão, como cultura e variedade plantada, operador, implemento e equipamento utilizado. Mapa de Produtividade O cliente pode iniciar analisando o desempenho de diferentes variedades e taxas de sementes utilizadas durante o plantio, taxas de fertilizantes, tipos diferentes de defensivos utilizados, variações no preparo do solo, entre outras análises que permitirão tomar melhores decisões na próxima safra. O objetivo é aumentar a lucratividade do cliente e aperfeiçoar o uso de insumos. Com o Mapa de Produtividade é simples gerar relatórios ou mapas coloridos, fáceis de interpretar. Basta transferir os registros armazenados no Cartão de Dados para um computador após a colheita. Os mapas indicam a variabilidade dos talhões e podem ajudar a identificar as causas, além de servir de histórico e base para as novas aplicações da Agricultura de Precisão que estarão disponíveis, como o plantio e a pulverização com taxas variáveis, por exemplo. O Mapa de Produtividade possibilita a visualização instantânea dos dados de umidade e produtividade no monitor e pode ainda gerar mapas a partir de um computador pessoal. Permite rastrear o produto colhido, através do fácil
“Monitores mais modernos possibilitam uma melhor interface entre o operador e o equipamento” John Deere
registro de variedades, talhões, fazendas, descargas e destino dos grãos. Coleta informações sobre as condições do campo, do operador e da máquina. Permite demarcar pontos que serão usados para indicar áreas atingidas por erosão, pragas ou qualquer outra informação que for julgada importante. Permite administrar a variabilidade das culturas, fornecendo informações importantes para controlar os fatores influentes. Permite ainda acumular o histórico de cada área, auxiliando no processo de tomada de decisões. Com tudo isso, o resultado principal é a racionalização do uso de insumos e a redução do impacto ambiental da atividade agrícola. Controlador de Seções da Barra Em operações de pulverização, este controlador permite o controle das barras totalmente independente da ação do operador. O princípio de funcionamento do Controlador de Seções de Barras é baseado nos limites que são dados ao talhão. Esses limites podem ser tanto os externos do talhão como também internos (regiões sem cultivo, riachos etc). O controlador verifica a posição do pulverizador e, conseqüentemente, de suas barras, e assim faz uma “marcação” virtual dos locais nos quais já foram aplicados os defensivos. No caso da máquina ou de qualquer seção da barra de pulverização transpor novamente esta área já pulverizada, ela será desabilitada e não aplicará o produto. Da mesma forma, o desligamento acontece quando a barra de pulverização ou qualquer seção transpõe os limites do talhão, ou áreas internas que não devem ser pulverizadas. Outro ponto importante é que o Controlador de Seções da Barra não somente desliga as seções de acordo com os limites definidos, como determina também que elas
sejam acionadas de novo após a passagem da área que não deveria ser atingida. Por exemplo: quando se atinge o limite no final de um talhão, a barra será desligada pelo controlador, que posteriormente religará as barras quando iniciada a nova passada da máquina, restando ao operador, neste caso, somente conduzir o equipamento. Para ter-se um sistema extremamente confiável recomenda-se que a máquina também tenha o Piloto Automático instalado. Desta forma, restará ao operador
apenas conduzir a máquina nos finais de talhão. Podem ser citadas como vantagens da utilização do Controlador de Seções de Barras a redução dos custos e a minimização dos danos à planta causados pela sobreposição de insumos, e também a redução da agressão ao meio ambiente. O controlador possibilita que o operador fique focado em outras funções do pulverizador, como a vazão e a pressão do sistema, e que operadores com menor experiência consigam bons
resultados em termos de precisão da aplicação. Sua utilização também reduz a fadiga do operador. Benefícios da Agricultura de Precisão para o operador Benefícios com a utilização do Piloto Automático em lavouras de grãos O que se busca com a tecnologia é a redução de custos e o aumento da produtividade. Alguns exemplos que mostram o benefício da tecnologia do Piloto Automático: • Tendo como base que o custo médio dos insumos em uma propriedade fica em torno de 600 reais por hectare, e que se consegue com a utilização do piloto automático entre 5% e 10% de redução de sobreposição (no mínimo, pois em áreas mais dobradas se consegue uma redução maior). Com isto, temos uma redução de custos entre 30 e 60 reais por hectare. • É possível plantar com um número qualquer de linhas, sem se preocupar se o número de linhas da plantadeira é múltiplo do número de linhas da colhedora.
John Deere
Benefícios da utilização do Piloto Automático em grãos Redução com adubação a lanço com Piloto Automático Custo do Super Simples + KCl = R$ 350 por hectare. Considerando uma redução de 15% de sobreposição, teremos uma redução de R$ 52,50 por hectare, com a utilização do Piloto Automático. Redução dos custos de aplicação de calcário com Piloto Automático Aplicando 1 t/ha, com o calcário a um custo de R$ 100 por t. Considerando uma redução de 15% de sobreposição, teremos uma redução de R$ 52,50 por hectare, com a utilização do Piloto Automático. As falhas nas aplicações também devem ser consideradas Uma pulverização mal feita de fungicida contra ferrugem pode resultar numa nova aplicação, o que representa um gasto adicional de cerca de R$ 40 por hectare, apenas
com o fungicida. Isso sem contar gastos com combustível, depreciação de máquina, mãode-obra, compactação etc.
co facilita a operação em condições de baixa visibilidade: à noite, com neblina, sentido leste-oeste etc.
Benefícios do Piloto Automático na cana Redução de custos no preparo de solo, renovação canavial, temos duas operações de grade pesada, duas operações de grade intermediária e duas operações de subsolagem. Considerando sobreposição de 10%, em 1.000 ha teríamos 500 hectares de sobreposição. Redução de custos nas aplicações de corretivos, aplicando 2,5 t/ha calcário e 2,5 t/ha gesso, considerando um valor de R$ 100/t de calcário e R$ 60/t de gesso. Considerando que podemos ter redução de sobreposição de 15% na aplicação a lanço, teríamos uma economia de R$ 60 por ha. Em 1.000 ha seriam R$ 60.000. O plantio com direcionamento automático permite gravar a trajetória das linhas e utilizá-las na colhedora de cana. Isso permite redução do pisoteio nas soqueiras e conseqüente aumento da produtividade e até mesmo da longevidade do canavial. Também é possível aumentar a quantidade de metro linear plantado, pois se mantém sempre o mesmo paralelismo ente as linhas. A colheita com direcionamento automáti-
Benefícios do Piloto Automático no algodão Um dos maiores benefícios é a possibilidade de se plantar com um número qualquer de linhas, sem se preocupar se a quantidade de linhas da plantadeira é múltipla do número de linhas da colhedora de algodão. Redução de custos na adubação a lanço: o custo médio do Super Simples + KCl & Boro = R$ 400 por hectare, considerando uma redução de sobreposição de 15%. Teremos uma economia com o uso do Piloto Automático de R$ 60 por hectare. Em 1.000 ha, a economia seria de R$ 60.000. Depoimentos de clientes usuários do direcionamento automático indicam que a pulverização foi entre 3 a 4 km/h mais rápido e o operador prestou menos atenção na direção sem danificar a planta. Na média observa-se que os pulverizadores ficam entre 15 e 20% mais produtivos. Em função da redução da “linha louca”, ganha-se mais metros lineares por ha. Estima-se que tenhamos entre 5 a 10% a mais de linhas com o direcionamento automático. Para uma produtividade de 300@/ha, isso significa 15 a 30 arrobas por ha. Em 1.000 ha teríamos 15 mil a 30 mil arrobas .M de algodão a mais. Eduardo Martini, Fabio Baio, Marcelo Lehmen e Luciano Rosolem, John Deere A utilização do Piloto Automático facilita a vida do operador, que pode prestar mais atenção à operação realizada do que à condução do trator
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Sindag
Fotos Sindag
De olho no céu Visitantes de toda América do Sul participaram do Sindag. Evento apresentou as novidades da aviação agrícola e discutiu os principais desafios do setor
D
e 06 a 09 de junho, Cachoeira do Sul sediou o foi palco do Congresso Regional de Aviação Agrícola, promovido pelo Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola – Sindag. O encontro reuniu de mais de 700 profissionais da aviação agrícola, que puderam desfrutar de palestras, além da exposição de produtos, máquinas e serviços, demonstrações aéreas e deliciosos jantares, seguidos de shows especiais, que deram o toque final à programação do evento. O evento superou todas as expectativas, dentre pilotos, visitantes, palestrantes, expositores e patrocinadores. Foram três dias de palestras sobre os mais variados temas, ministra-
das nomes de peso dentro do setor aeroagrícola, trazendo informações e profissionalizando todos os presentes, além de debates e a realização da Assembléia Extraordinária do SNA e a Assembléia Geral Ordinária do Sindag, onde foi escolhido, através de votação, Júlio Augusto Kämpf como novo presidente do sindicato. O próximo evento do Sindag já tem data e local marcados: será durante a Camaru 2007, em Uberlândia (MG), uma feira de Agronegócios que há anos movimenta o setor e atrai milhares de empresários e visitantes de todos os lugares do mundo. O Sindag - Congresso Regi-
onal da Aviação Agrícola - Sudeste acontecerá em um pavilhão fechado, dentro da própria feira, e acontecerá de 04 a 06 de setembro de 2007, nos mesmos moldes do evento de Cachoeira do Sul. A intenção é de melhorar ainda mais a grade de palestras e a distribuição das mesmas, no intuito de que os participantes tenham mais tempo para interagir e questionar os palestrantes, debatendo questões de extrema importância para a Aviação Agrícola. Para mais informações e para garantir já sua inscrição para Uberlândia, acesse o site .M www.congressosindag.com.br.
O evento teve a participação de autoridades locais e pesquisadores de todo o Brasil
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símbolos unidade móvel
Fotos Kléber Pereira Lanças
Teste em campo
Unesp lança Unidade Móvel de Ensaio de Barra de Tração, que possibilitará fazer a avaliação da tração de tratores em solos agrícolas, tarefa que só era possível em laboratórios
O
trator é uma das principais fontes de potência utilizadas para realizar as diversas tarefas necessárias nos processos de produção agrícola. Conhecer bem a capacidade de desempenho do trator permite aos fabricantes desenvolverem produtos mais eficientes de maneira que os agricultores obtenham melhor proveito das características operacionais dessa máquina. O ensaio de trator em solo agrícola é uma das maneiras de se obter informações, principalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento da tração. Nesses ensaios buscam-se resultados sobre o desempenho dos rodados, relacionados com as características da interação que ocorre entre eles e o solo. Entretanto, para se realizar o ensaio são necessários equipamentos apropriados que permitam um controle mais uniforme da tração. Nas últimas décadas muitos avanços foram obtidos nos estudos da tração e a avaliação do desempenho do trator realizada com bases nos resultados de ensaios em pista de concreto, contribuíram para melhorar as características ponderais e operacionais dos tratores. Entretanto, é necessário conseguir mais informações para determinar o desem-
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penho nas áreas de agricultura, sendo importante realizar estudos que mostrem os resultados nas reais condições de trabalho do trator. Em vista disto, a FCA-Unesp/Botucatu desenvolveu um equipamento denominado “Unidade Móvel de Ensaio da Barra de Tração – Umeb”, para realizar ensaios de tratores em solo agrícola.
CONSTRUÇÃO DA UMEB A Unidade Móvel de Ensaio da Barra de Tração foi construída a partir de um reboque tipo casa (trailer) adaptado para servir com um carro dinamométrico instrumentado,
utilizado na avaliação do desempenho do trator submetido a ensaio de tração. Na parte externa do “trailer” foram realizados os serviços de funilaria e pintura necessários, e na parte interna foi montada uma bancada de instrumentação para acomodar os painéis de leitura dos dados obtidos com sensores instalados no trator. O piso foi coberto com blocos de concreto para dar maior massa ao equipamento, sendo revestido com borracha antiderrapante. A massa atual da Umeb é de 9.000 kg sustentados por um conjunto de quatro rodados duplos. Para determinar a distância percorrida durante os ensaios, uma roda odométrica foi construída a partir de uma roda de ferro Figura 2 – Representação esquemática do circuito de frenagem da Umeb
Vista lateral do “trailer” utilizado para construção da Umeb
“O ensaio de trator em solo agrícola é uma das maneiras de se obter informações, principalmente no que diz respeito ao seu desenvolvimento da tração”
Sistema de resfriamento das campânulas de frenagem das rodas
Detalhe do cabeçalho da Umeb mostrando a célula de carga
com 0,3 m de diâmetro e pneu maciço de borracha, sendo montada em suporte de aço, com sistema de mola para pressionar a roda sobre o solo, e instalada na traseira da Umeb. No eixo da roda odométrica foi instalado um transdutor (encoder) para determinar a rotação. Esse transdutor é composto por um sensor de pulsos (60 pulsos por volta) alimentado por bateria elétrica e monitorado a uma freqüência de aquisição de 10 Hz. A Umeb possui um sistema de controle do freio através de válvula pneumática e a frenagem é obtida por tambores nas quatro rodas. A forma de acionamento desse freio foi modificada para permitir o comando de dentro da Umeb. Um compressor de ar, uma válvula controladora de pressão e um conjunto de tubulações foram instalados para que o operador possa selecionar a força desejada na barra de tração do trator submetido ao ensaio. A pressão é regulada através de um manômetro com precisão de 3,45 kPa (0,5 psi), acoplado à válvula controladora que tem capacidade para até 413,40 kPa (60 psi). Para evitar o aquecimento excessivo das campânulas das rodas durante a frenagem, foi instalado um sistema de resfriamento composto por um tanque de 1.000 l, uma moto-bomba de 184 W (1/4 cv) e 15 l/min, tubulações e um conjunto de micro-aspersores que pulverizam água.
Para determinar o requerimento de força solicitado na barra de tração, no cabeçalho da Unidade móvel foi instalada uma célula de carga com capacidade para 100 kN e sensibilidade de 2 mV/V. Os sinais emitidos por essa célula de carga foram enviados ao painel eletrônico e ao sistema de aquisição de dados. Os demais sensores utilizados para medir a rotação dos rodados, consumo e temperatura de combustível foram instalados no trator.
ENSAIOS A CAMPO Foram realizados ensaios para verificar se a roda odométrica apresentava boa precisão para medir a distância percorrida; a capacidade de exercer força tração pela Umeb e se a tração exercida era suficiente e uniforme para ensaiar um trator de porte médio. Os resultados mostraram que a Unidade Móvel de Ensaio na Barra de Tração (Umeb) pode ser utilizada para ensaios de trator em condições de solo agrícola, pois apresentou uma boa precisão da roda odométrica para medir a distância percorrida nos ensaios; capacidade de fornecer força de tração chega-
A Unidade possibilita a realização de ensaios com máquinas agrícolas no meio da lavoura
ria a 35 kN (aproximadamente 3500 kgf ); houve pouca variação da tração quando a velocidade variou de 3,5 até 6,0 km/h e a força de tração foi constante nas três condições .M de solo avaliadas. Kléber Pereira Lanças, Antonio Gabriel Filho, Saulo Phelipe Sebastião Guerra, Fabrício Leite, Juan José Bonin, Ricardo de Carvalho Tosin, Cristiano Alberto de Paula, Leonardo de Almeida Monteiro, Paulo Roberto Jesuíno e Fernando Campos, Unesp
INSTRUMENTAÇÃO DA UMEB Foram instalados na Umeb dois painéis eletrônicos com indicadores de força de tração instantânea e integrada, de rotação das quatro rodas do trator, da tomada de potência e da roda odométrica, do consumo e temperatura do combustível. A esses painéis foi acoplado um sistema eletrônico de aquisição de dados com capacidade para armazenar até um milhão de dados. Esses equipamentos permitiram a leitura e o armazenamento dos sinais enviados pelos sensores instalados nos rodados, na tomada de potência, na roda odométrica e no sistema de alimentação do trator.
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símbolos biodiesel
Meio a meio Aplicação de manta de geossintético no talude de jusante. Cada tipo de solo requer uma aplicação específica
O biodiesel já começa a ser utilizado comercialmente em misturas em pequenas proporções. Mas testes mostram que mesmo em misturas de até 50% o desempenho da máquina se mantém estável
A
demanda por produtos ligados ao petróleo cresce assustadoramente e, sabendo que esse é um recurso nãorenovável, há a necessidade de encontrar alternativa para sua substituição. O trabalho do homem ao longo do tempo foi avançando devido à utilização de novas fontes de energia, tornando-se mais eficiente. Porém, com os avanços, a energia necessária para mover as novas máquinas não se tornou mais barata, principalmente desde o primeiro choque do petróleo, em 1973. Atualmente, os biocombustíveis surgem como alternativa, e o biodiesel, que pode ser obtido a partir de óleos residuais ou de culturas oleaginosas, é um ponto importante, pois, utiliza uma fonte renovável, diferentemente do petróleo. Outro ponto importante é que o biodiesel diminui a poluição, reduzindo a emissão de gases causadores do efeito estufa. Uma pesquisa realizada por Rabelo (2001) indicou que o óleo de fritura apresenta características semelhantes ao diesel em termos de viscosidade e poder calorífico. Esse produto, quando adicionado ao diesel, melhora a lubricidade, dispensando aditivos mais poluentes e, por con-
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ter oxigênio (O) na cadeia química, diminui a liberação de monóxido de carbono e de hidrocarbonetos. Resultados indicam que biodiesel tem sido satisfatório por apresentar rendimento e consumo idêntico ao do diesel e ainda com menor formação de resíduos nos motores. Alguns países da Europa e EUA verificaram as combinações de biodiesel no diesel de ate 5%, sem necessitar de qualquer modificação no motor, melhorando a lubricidade e reduzindo o teor de enxofre (S). Vê-se, portanto, que o biodiesel apresenta inúmeras vantagens em relação ao diesel. Mas, o que é o biodiesel? Trata-se de um óleo vegetal que reage com um álcool (metanol ou etanol) na presença de um catalisador, formando éster (éster monoalquilado de ácidos graxos de cadeia longa); os óleos vegetais são misturas de ésteres derivados do glicerol. As diversas oleaginosas produzidas no Brasil apresentam composições químicas diferentes, e a análise de cada uma é o primeiro passo para saber quais as características de cada biocombustível a ser produzido. As principais características benéficas do
biodiesel são: ausência de enxofre, maior viscosidade e maior ponto de fulgor, representando, sem dúvida, um avanço na questão ambiental. No Brasil, em ensaios realizados na Unesp de Jaboticabal (SP), ficou claro que o uso de até 20% de biodiesel no diesel não interfere no rendimento dos tratores. O aumento do biodiesel no diesel em baixas rotações tem demonstrado ganhos de potência e torque. O Laboratório de Maquinas e Mecanização Agrícola da Unesp/Jaboticabal, tem utilizado um Trator Valtra, BM 100, TDA (4x2), com instrumentação adequada para verificação da performance do trator (Figura 1), trabalhando com biodiesel etílico, filtrado e produzido de óleo residual de soja pelo Laboratório de Química da USP de Ribeirão Preto, sendo o óleo coletado no Restaurante Universitário da FCAV – Unesp, Jaboticabal. Em avaliações realizadas na operação de gradagem pesada, com grade de 16 discos recortados de 609,6 mm, os resultados produzidos demonstraram que com o aumento da quantidade de biodiesel acima de 75% no diesel ocorreu diminuição de potência na barra de tração. A capacidade de campo efetiva, em uma
“Com os avanços, a energia necessária para mover as novas máquinas não se tornou mais barata, principalmente desde o primeiro choque do petróleo, em 1973” Valtra
sel, que para a velocidade de 6 km/h um consumo de 15,4 e 16,3 l/h para as mesmas proporções respectivamente. Um dado muito importante na avaliação das proporções de biodiesel no diesel é a potência fornecida na barra de tração (Figura 2). Dessa forma, pode-se observar nessa figura o aumento da potência juntamente com a velocidade de deslocamento. No entanto, se compararmos o aumento da proporção até 100%, nota-se que ocorre diminuição da potência fornecida. Por exemplo: analisando a linha da velocidade de 3 km/h, na proporção B0 (diesel puro), observa-se que ela está na classe de potência de 12 kW, agora, se analisarmos a proporção de 100% nessa mesma linha, observase a potência fornecida na classe de 10 kW. Esse fato é justificado pelo biodiesel ter em média 11% de oxigênio na molécula, que causa menor poder calorífico (poder de combustão menor), pois o oxigênio não gera energia (Beltrão, 2005). Os resultados da pesquisa apontam satisfatório o uso da proporção de 25 a 50% de biodiesel no diesel sem causar diminuição de potência e aumento de consumo. Esse tipo de combustível se torna importante para o Brasil devido à pressão de ONGs ambientais quanto aos impactos causados pela agricultura moderna no acelerado processo de mecanização, e assim os biocombustíveis se tornam a alternativa para melhorar a qualidade ambiental e provavelmente ser a mais nova fonte de energia para as má.M quinas agrícolas.
ÓLEO DIESEL
S
egundo Sene e Moreira (1999), o petróleo é a principal fonte de energia consumida no mundo (39,8%). Ele é um hidrocarboneto de origem orgânica, encontrado em bacias sedimentares do soterramento de antigos ambientes aquáticos, formados há milhões de anos. Previsões indicam que ele deve esgotar dentro de dois séculos e que o homem deverá substituí-lo por outra fonte de energia. No Brasil, o primeiro poço de petróleo perfurado foi em 1938 no Recôncavo Baiano e, em 1953, foi criada a Petrobras por Getúlio Vargas. Hoje, o Brasil é auto-suficiente no setor, necessitando apenas importar alguns derivados não produzidos. Mas, mesmo assim, as pesquisas estão sendo direcionadas para a busca de combustíveis alternativos, e dentre eles temos o álcool e mais recente o biodiesel. Jorge W. Cortez, Danilo César C. Grotta, Carlos Eduardo A. Furlani, Rouverson P. da Silva e Afonso Lopes, Unesp Joaquim M. Dabdoub, USP
Figura 1 - Trator para ensaios com biodiesel velocidade de 6,7 km/h com proporções de 50%, diminuiu e o melhor resultado ocorreu na proporção de 25%, com capacidade de campo efetiva de 1,20 ha/h. O consumo de combustível específico (gkW/h) apresentou melhores resultados nas proporções de 25 a 50% de biodiesel no diesel. A avaliação do consumo em l/h demonstrou, para diferentes velocidades, consumo maior nas proporções de 75 e 100% de biodiesel no dieFigura 2 - Potência na barra de tração (kw) operando com biodiesel e diferentes velocidades
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legislação
Charles Echer
Na linha
Norma Regulamentadora e Legislação para o Meio Rural impõem algumas exigências de fabricação e condução para aumentar a segurança nas máquinas agrícolas, que deverão ser seguidas por fabricantes e usuários
C
om a entrada em vigor da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura (NR 31), através da Portaria n0 86 do Ministério do Trabalho e Emprego, de 3 de março de 2005, ficaram estabelecidos os preceitos a serem observados na organização e ambiente de trabalho, de forma a tornar compatível o planejamento e o desenvolvimento das atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aqüicultura com a segurança, saúde e ambiente do trabalho. Por outro lado, complementa a NR 31 ou vice-versa, o Decreto Presidencial n0 1.255 de 29 de setembro de 1994, que promulga a Convenção n0 119, da Organização Internacional do Trabalho, sobre proteção das máquinas. Pretendemos neste artigo, sem ter a pretensão de esgotar o assunto, mostrar ao leitor algumas das determinações contidas na NR 31, no Decreto n0 1.255 e algumas de suas implicações e influências nas questões relativas à segurança do trabalhador rural, em especial, do operador e/ou mantenedor de máquinas agrícolas. Na Parte II (venda, locação, cessão a qualquer outro título e exposição), artigo 2 do Decreto 1.255, em seu §1 reza que “a venda e a locação de máquinas cujos elementos perigosos, especificados nos parágrafos três e quatro do presente artigo, estiverem desprovidos de dispositivos de proteção apropriados, deverão ser proibidas pela legislação nacional e/ou impedidas por outras medidas igualmente eficazes”.
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No §2 diz que “a cessão a qualquer outro título e a exposição de máquinas cujos elementos perigosos, especificados nos parágrafos três e quatro do presente artigo, estiverem desprovidos de dispositivos de proteção apropriados, deverão, na medida determinada pela autoridade competente, ser proibidas pela legislação ou impedidas por outras medidas igualmente eficazes. Entretanto, a retirada provisória, durante a exposição de uma máquina, de dispositivos de proteção, para fins de demonstração, não será considerada como uma infração à presente disposição, com a condição que as precauções apropriadas sejam tomadas para proteger as pessoas contra qualquer risco”. No §3, encontramos que “todos os parafusos de meia rosca, parafusos de fixação e chaves, assim como outras peças que formem saliências nas partes móveis das máquinas que forem suscetíveis igualmente de apresentarem perigo para as pessoas que entrarem em contato com as mesmas, quando estiverem em movimento deverão ser projetados embutidos ou protegidos a fim de prevenir esses perigos”. Finalmente no §4, verificamos que é imprescindível que “todos os volantes, engrenagens, cones ou cilindros de fricção, excêntricos, polias, correias, correntes, pinhões, roscas sem fim, bielas e corrediças, assim como os trastes (inclusive as extremidades) e outras peças de transmissão que forem suscetíveis igualmente de apresentar perigo para as pessoas que entrarem em contato com esses elementos quando estes estiverem em movimento deverão ser projetados embutidos ou protegidos a fim de prevenir estes perigos. Os controles das máquinas deverão ser projetados embutidos ou
protegidos a fim de prevenir qualquer perigo”. Somente com estes quatro parágrafos do Decreto, já é possível fazer-se uma série de observações. Ou seja, se formos analisar as máquinas hoje em comercialização sob a visão do que determina o §4, as mesmas não poderiam estar no mercado, visto que “todos os volantes, engrenagens, polias, correias, correntes e outras peças de transmissão que forem suscetíveis de apresentar perigo para as pessoas que entrarem em contato com esses elementos, quando estes estiverem em movimento, deverão ser projetados, embutidos ou protegidos, a
Em alguns equipamentos comercializados no Brasil, correias e engrenagens estão expostas e oferecem riscos aos operadores
“Os controles das máquinas deverão ser projetados, embutidos ou protegidos, a fim de prevenir qualquer perigo” Fotos Airton dos Santos Alonço
fim de prevenir estes perigos”. No mesmo Decreto anteriormente citado, em sua Parte III (utilização), artigo 6, §2, o mesmo garante que “as máquinas deverão ser protegidas de maneira que a regulamentação e as normas nacionais de segurança e de higiene de trabalho sejam respeitadas (no caso, vide NR 31 que é uma Norma de Segurança e Higiene de Trabalho)”. A NR 31 possui muitos preceitos a serem observados. Neste artigo, destacaremos e comentaremos os seguintes: 1) “Só devem ser utilizadas máquinas, equipamentos e implementos móveis motorizados que tenham estrutura de proteção do operador em caso de tombamento e dispor de cinto de segurança”; 2) “É vedado, em qualquer circunstância, o transporte de pessoas em máquinas e equipamentos motorizados e nos seus implementos acoplados”; 3) “O empregador rural ou equiparado se responsabilizará pela capacitação dos operadores de máquinas e equipamentos, visando o manuseio e a operação seguros”; 4) “Só devem ser utilizados máquinas e equipamentos motorizados móveis que possuam faróis, luzes e sinais sonoros de ré acoplados ao sistema de câmbio de marchas, buzina e espelho retrovisor”; 5) “O veículo de transporte coletivo de passageiros deve observar os seguintes requisitos: a) possuir autorização emitida pela autoridade de trânsito competente; b) transportar todos os passageiros sentados; c) ser conduzido por motorista habilitado e devidamente identificado; d) possuir compartimento resistente e fixo para a guarda das ferramentas e materiais, separado dos passageiros. 6) O transporte de trabalhadores em veículos adaptados somente ocorrerá em situações excepcionais, mediante autorização prévia da autoridade competente em matéria de trânsito, devendo o veículo apresentar as seguintes condições mínimas de segurança: a) escada para acesso, com corrimão, posicionada em local de fácil visualização pelo motorista; b) carroceria com cobertura, barras de apoio para as mãos, proteção lateral rígida, com dois metros e dez centímetros de altura livre, de material de boa qualidade e resistência estrutural que evite o esmagamento e a projeção de pessoas em caso de acidente com o veículo; c) cabina e carroceria com sistemas de ventilação, garantida a comunicação entre o motorista e os passageiros; d) assentos revestidos de espuma, com encosto e cinto de segurança; e) compartimento para materiais e ferramentas, mantido fechado e se-
Exemplos de situações de risco envolvendo o transporte inadequado podem ser observados diariamente
parado dos passageiros. 7) Em relação à Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – Cipatr, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, de modo a tornar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida do trabalhador, a NR 31 entre outros determina: a) que o empregador rural ou equiparado, que mantenha vinte ou mais empregados contratados por prazo indeterminado, fica obrigado a manter em funcionamento, por estabelecimento, uma Cipatr; b) que nos estabelecimentos com número de onze a dezenove empregados, nos períodos de safra ou de elevada concentração de empregados por prazo determinado, a assistência em matéria de segurança e saúde no trabalho será garantida pelo empregador diretamente ou através de preposto ou de profissional por ele contratado; 8) A Cipatr será composta por representantes indicados pelo empregador e representantes eleitos pelos empregados de forma paritária, de acordo com a seguinte proporção mínima: Também vale alertar para o fato de que as
Alonço explica quais são as exigências da NR 31 e alerta para os cuidados necessários ao operar máquinas agrícolas
máquinas e equipamentos móveis (item 4) devem se adequar às exigências do Código Nacional de Trânsito, caso sejam equipamentos antigos e, por ventura se fizer necessário o seu tráfego em vias municipais, estaduais e/ou federais. O número de acidentes que ocorrem envolvendo máquinas agrícolas nessas condições é bastante grande no Brasil. Com o objetivo de alertar os produtores rurais, foram expostos os itens sete e oito neste artigo que, entre outros, determinam algumas das obrigações dos mesmos sobre o assunto “Cipatr”. O autor recomenda que todos os envolvidos no processo, desde indústrias até funcionários rurais, interem-se melhor sobre o assunto, que já deveria ser de total domínio público e que, por incrível que pareça, pouco ou quase nada se discute .M sobre o mesmo no meio rural. Airton dos Santos Alonço, UFSM
Nº de trabalhadores 20 a 36 a 71 a 101 a 501 a Acima Nº de Membros 35 70 100 500 1000 de 1000 Repr. dos trabalhadores 1 2 3 4 5 5 Repr. do empregador 1 2 3 4 5 5
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faróis auxiliares
Fotos Técnica 4x4
Iluminação extra Cuidados precisam ser tomados ao lançar mão de faróis auxiliares em seu 4x4. Altura, posição, além de obedecer às exigências legais e à correta instalação elétrica são fatores indispensáveis para evitar dores de cabeça e obter o melhor rendimento desses acessórios
O
s faróis auxiliares são usados basicamente para uma de duas funções: aumentarem o raio de ação dos faróis originais ou incrementar o visual do jipão. Que eles são úteis no offroad ninguém duvida, mas um pouco de cuidado na hora de instalar estes acessórios vai economizar dor de cabeça com a parte elétrica do veículo e mantê-lo dentro da lei. Os faróis de neblina devem ser instalados de preferência na altura do pára-choques, colocá-los na parte de baixo pode ser inútil, na abordagem de rampas eles ficam exatamente junto ao ângulo de ataque, sendo os primeiros a se chocarem com o barranco e se partirem em pedaços. A função deles é espalhar um facho de luz próximo ao solo e por isto devem ficar nesta posição. Para colocar faróis de longo alcance deve-se prever uma posição próxima da altura dos faróis originais do veículo, deixálos montados no pára-choques não vai ajudar muito, já que precisam alcançar a máxima distância e precisam estar mais altos que os de neblina. Finalmente tem-se a clássica instalação na parte superior do carro, junto com o bagageiro. Seja da dianteira, na traseira ou laterais, ajudam a espalhar a luz com grande eficiência mas a fiação elétrica deve prever um bom aterramento do bagageiro ou rack, para que toda a instalação tenha um bom
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contato com o terra geral (negativo da bateria), do veículo. E falando em instalação, seu eletricista precisa fazer a fiação prevendo sobrecargas na parte elétrica. É aconselhável entregar o serviço para um especialista, ou para a concessionária que lhe vendeu o veículo, pois eles têm condições de realizar uma instalação adequada. Os faróis drenam muita corrente e necessitam de fiação e chaves comutadoras que correspondam às necessidades do equipamento. Se estas não forem bem dimensionadas podem literalmente derreter, podendo colocar em curto-circuito partes importantes da fiação, ou até provocar um incêndio. O correto é montar as chaves
A iluminação na parte superior do carro ajuda a espalhar a luz com grande eficiência
interruptoras de forma que acionem relés que por sua vez alimentarão os faróis. Preveja também a colocação de fusíveis para a máxima proteção do circuito. Em deslocamentos noturnos, por trilhas fechadas, os faróis auxiliares são grandes aliados, direcionando corretamente cada farol você conseguirá uma grande cobertura em sua dianteira e laterais, o que vai facilitar a visualização da trilha e dos obstáculos que lhe aguardam no meio da noite. Também é uma boa idéia manter sempre os faróis protegidos por tampas e/ou protetores plásticos, isto evita problemas com a polícia rodoviária quando se está trafegando em ruas ou rodovias, e também salva as lentes dos faróis de pedradas em rodo.M vias e trilhas. João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br
O ideal é proteger os faróis com grades para evitar a quebra