Destaques Matéria de capa
Aguce os sentidos Como diagnosticar problemas em seu trator através de ruídos e cheiros
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Sensíveis e decisivos
Ficha Técnica
Sensores remotos se destacam na determinação da necessidade de nitrogênio (N) em culturas como trigo, milho e cana-de-açúcar
Conheça as características e o desempenho dos novos tratores 7715 e 7815 da Jonh Deere
Índice
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Nossa Capa Claas
Rodando por aí
04 Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
Problemas detectados pelo cheiro e ruídos 05 Secadores e fornalhas
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Passo a passo
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Pulverizadores com indutor de ar
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Sensores compactos
18
Colheita mecanizada de café
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Ficha Técnica - John Deere 7715 e 7815
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Diesel na irrigação
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Técnica 4x4 - bagageiros
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Rolo-faca
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www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com
Cultivar Máquinas Edição Nº 65 Ano VI - Julho 2007 ISSN - 1676-0158
www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 80,00 EUROS 70,00
• Redação
Gilvan Quevedo Charles Echer • Revisão
Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia • Comercial
Pedro Batistin
Sedeli Feijó • Gerente de Circulação
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda.
Cibele Costa • Assinaturas
Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa
Raquel Marcos • Expedição
Dianferson Alves
NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• REDAÇÃO
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Executivos com MBA Os primeiros 30 alunos do curso de MBA Executivo Profissional - Gestão Empresarial da Agrale, receberam o diploma de conclusão dia 13 de julho. Conforme Flávio Poletti, diretor de recursos humanos da Agrale, o objetivo do programa é possibilitar a continuidade do processo de formação dos executivos da empresa. “Nosso propósito com a criação desse curso foi focar na capacitação dos profissionais e desenvolver habilidades e competências a fim de melhorar o sistema de gestão da empresa”, explica Poletti.
Guia AP A Fealq e a Esalq lançaram recentemente o Guia AP, um serviço de buscas e de referência para toda a comunidade que atua ou que utiliza recursos diretos ou associados à Agricultura de Precisão no Brasil que tem como objetivo facilitar a vida do usuário que procura por informação para solucionar a sua demanda. O Guia AP é acessado diretamente no endereço www.agriculturadeprecisao.org.br e constam nele fornecedores de produtos como receptores de GPS e sinais de correção diferencial, sistemas de orientação/barras de luz, softwares, controladores, amostradores, monitores, serviços de mapeamento de áreas, coleta de amostras de solo, análise de dados, sensoriamento e utilização de imagens, planejamento de implantação de projetos de AP e outros.
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Parceria A Massey Ferguson entregou quatro tratores à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), dois deles reformados através de parceria com a concessionária Itaimbé, que representa a marca na região, um MF 290 em comodato e um MF 283 novo. A solenidade contou com a presença de professores, alunos e funcionários, além do professor Arlei Rodrigues de Quadros, chefe do Departamento de Zootecnia, do Centro de Ciências Rurais da UFSM; Eduardo Sousa, coordenador de relações institucionais da Massey e Rudney Doeler, diretor da Itaimbé. A Massey mantém convênio de colaboração com a UFSM. Entre as pesquisas desenvolvidas está o Projeto Aquarius, na região de Não-Me-Toque (RS).
Liderança A New Holland liderou o mercado brasileiro de colheitadeiras em junho com 45 máquinas comercializadas, 17 a mais do que a segunda colocada. Com isso, a marca conquistou a maior fatia do mercado, com 44,6% de participação. No primeiro semestre do ano, a empresa vendeu 332 colheitadeiras, mais que o dobro do ano passado no mesmo período. “Conseguimos recuperar parte das posições que tínhamos em 2005, quando fechamos o primeiro semestre com 44,8%”, lembra Milton Rego, diretor da CNH e vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Ação social Os 15 jovens do Projeto Pescar da unidade AGCO Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, criaram a campanha Um Minuto pelo Meio Ambiente, durante o Dia Mundial do Meio Ambiente, em junho. O grupo construiu duas estufas para simular o derretimento de geleiras e a morte de árvores, efeitos causados pelo aquecimento global. Além das estufas foram confeccionadas roupas e máscaras com materiais reciclados, feitas demonstrações de águas poluídas e tratadas na região e distribuídas mudas de árvores frutíferas.
Visita O presidente mundial e CEO da Deere & Company, Robert Lane, esteve no Brasil no dia 10 de julho. O executivo visitou a fábrica de colhedoras de cana em Catalão (GO), participou da cerimônia de inauguração das novas instalações do concessionário Maqnelson, na cidade de Uberlândia (MG) e de uma reunião do Conselho do Movimento Brasil Competitivo, em Brasília.
Jim Martinez
Aposentadoria Após 41 anos de trabalho o vice-presidente de marketing e vendas para a América do Sul e presidente da John Deere Brasil, Jim Martinez, aposentou-se. Nascido em Denver, no estado norte-americano do Colorado, começou a carreira na companhia em junho de 1967, em Moline. Teve presença decisiva na história da empresa na América do Sul e em particular no Brasil, onde foi o iniciador das negociações que levaram à entrada oficial da John Deere no país, através da associação e posterior aquisição da Schneider Logemann e Cia. Ltda (SLC).
Crescimento A Agritech, fabricante dos produtos Yanmar, teve crescimento de 18% nas vendas de tratores de quatro rodas entre janeiro e abril de 2007, se comparado com o mesmo período do ano passado. O número é comemorado pela empresa, que teve um crescimento global de 38% entre 2005 e 2006. O quadro favorável permitiu, inclusive, que a empresa começasse a exportar tratores para outros países da América do Sul, especialmente Venezuela, Paraguai e Argentina. Os números apontam, também, para a maior mecanização dos pequenos e médios agricultores. “O impacto da mecanização em propriedades de pequeno e médio portes é imenso, pois muda a lógica da produção, amplia a capacidade produtiva e melhora as condições de trabalho do agricultor”, afirma Nelson Watanabe, gerente de vendas da Yanmar Agritech.
manutenção
Aguce os sentidos
.M
Pequenos ruídos em seu trator podem ser um pedido de socorro, indicando que algo está errado. Por isso prestar atenção em sons e cheiros diferentes vindos da máquina ajuda a diagnosticar previamente problemas e possibilita solucioná-los antes de causarem estragos maiores
V
ocê pode prevenir muitas dificuldades que ameaçam seu trator ou caminhão pela simples observação, usando o ouvido e o olfato. Avisado a tempo, você poderá agir para impedir inconvenientes, perda de tempo de trabalho e até economizar gastos de consertos, não permitindo que o defeito se agrave a ponto de parar o equipamento. As máquinas em geral, emitem sinais que podem servir de alerta para diagnosticar problemas ainda em tempo de realizar ajustes preventivos ou evitar que ocorram danos maiores. Vejamos alguns sinais que podem alertá-lo a tempo.
RUÍDOS NA BOMBA Usualmente ruídos na bomba hidráulica significam que ela não está recebendo suficiente fluído do depósito. Isso pode ser devido ao baixo nível de fluído ou a uma infiltração de ar, se o trator tiver uma linha
de sucção exposta entre o depósito e a bomba. Pode o fluído ser, também, de um grau muito viscoso para a temperatura em que o trator estiver trabalhando. Se o primeiro ruído ouvido ao arrancar da máquina é como o de um punhado de pedrinhas passando através da bomba hidráulica, esse som é de cavitação (formação de bolhas de ar), caso em que você deve desligar o trator imediatamente. Os engenheiros hidráulicos descrevem informalmente esse som como o de “estertor da morte” da bomba, mas infelizmente muitos agricultores permitem que ela siga funcionando nessas condições. A cavitação contínua corrói as peças móveis da bomba e seus fragmentos metálicos são levados pelo fluído a outras partes do sistema, como para as válvulas, cilindros e motores hidráulicos. A cavitação pode ocorrer por várias causas: canos amassados ou torcidos que inter-
rompem o fluxo livre do líquido, filtro de acesso obstruído, baixo nível de fluído no depósito, ou entrada de ar pela válvula do eixo da bomba ou pelos canos de entrada, quando essa se encontra exposta. Se o trator possui uma linha hidráulica externa, que conecta uma bomba instalada no extremo do virabrequim do motor com um depósito de fluído hidráulico - que faz parte do engate de três pontos - e se o problema surgiu subitamente, você deve verificar se houve algum amassamento. Ele pode estar obstruindo a passagem do líquido nos canos. Se não vê danos nos canos, deve verificar se as conexões estão bem fechadas. Em certos casos a vibração do trator afrouxa as conexões a ponto de permitir a entrada do ar. Nesse caso não se nota vazamento de fluído. Na possibilidade de obstrução de um filtro de acesso, substitua o elemento ou o filtro inteiro, conforme as características do
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estudoaosforam quatro Olhos e ouvidosNo atentos sinaisutilizadas do trator podem gruas de diferentes tamanhos ajudar a prevenir problemas maiores, caso alguns utilizadas no carregamento florestal danos sejam diagnosticados com antecedência
modelo. Se apesar disso a bomba continuar fazendo o ruído, é recomendável revisar o sistema.
PRESENÇA DE CHEIROS Naturalmente o cheiro de diesel indica que há vazamento de um insumo caro e isso representa também risco para a segurança do operador e da equipe. O cheiro de borracha queimada deve ser motivo para uma imediata revisão da fiação elétrica. Se o cheiro persiste e você não detectou um curto-circuito, desconecte um dos pólos da bateria para evitar danos maiores à fiação. O cheiro de borracha pode também originar-se do roçar de algum equipamento instalado no trator com uma das correias. É possível que a instalação esteja com defeito, ou que
a correia seja maior do que a usual, ou que haja peso em excesso no equipamento.
SILVOS E SUSSURROS Quando se ouvem silvos ou sussurros normalmente o problema está no radiador
e indicam que a água ferveu. Certas tampas de radiador silvam, enquanto outras sussurram com suavidade. Os pequenos ruídos são por vezes difíceis de localizar. Se o som persiste com o trator parado e motor funcionando as possíveis causas estão na correia do ventilador, na bomba d´água ou rolamentos do alternador. Nos caminhões há outras fontes de ruídos inusitados. Se o som desaparece com o caminhão rodando em ponto morto a transmissão é a origem. Se persistir mesmo com o uso de embreagem o problema está no motor ou no diferencial. Quando os ruídos surgem apenas em altas velocidades a causa provável está nos rolamentos das rodas ou na correia do ventilador. E se o tom muda quando se usam os freios, devemos suspeitar dos rolamentos das rodas.
AQUECIMENTO DO MOTOR Se o motor superaquecer, antes de tudo deve-se verificar se não está havendo sobrecarga pelo uso de uma engrenagem (velocidade ou câmbio) da transmissão muito alta. Às vezes elimina-se o problema simplesmente reduzindo a carga pelo uso de velocidade mais baixa. Somente uma fração da energia do combustível é aproveitada pela máquina na forma de trabalho útil; o resto se perde através do escapamento e do sistema de resfriamento. Os tratores são desenhados com sistemas de resfriamento capazes de eliminar esse excesso de calor. E o superaquecimento se deve a uma de duas condições: há produção de calor excessivo no motor em relação ao trabalho obtido, ou se reduziu a capacidade de resfriamento. Normalmente se encontra a causa rapidamente, mas às vezes é necessária uma busca detalhada. Veja como fazer: A correia do ventilador, que normalmente também aciona a bomba de circu-
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“O superaquecimento se deve a uma de duas condições: há produção de calor excessivo no motor em relação ao trabalho obtido, ou se reduziu a capacidade de resfriamento”
No estudoA foram utilizadas quatro manutenção preventiva gruas diferentes tamanhos node motor é a prática mais utilizadasindicada no carregamento florestal para evitar danos
lação de água, deve estar bem ajustada para transmitir a carga necessária. Evite, no entanto, estirá-la como corda de violino, pois a pressão exercida sobre os rolamentos do eixo da bomba os desgastará em excesso. As mangueiras do radiador descascam por dentro e enfraquecem com o tempo. Devem ser substituídas antes que se rompam. A tampa do radiador age como válvula de escape para manter a pressão correta no sistema de resfriamento. Anéis de vedação defeituosos e outras condições que impedem a manutenção da pressão reduzem a capacidade do sistema. Ao substituir a tampa certifique-se que está usando o modelo apropriado para a pressão especificada. A colméia do radiador deve ser limpa para que o ar flua através do núcleo. Caso a colméia seja difícil de limpar, sempre é possível instalar uma tela dianteira que evite a acumulação de lixo. O nível de líquido no radiador deve estar correto. Ao procurar causas possivelmente mais complexas, por vezes se passa por coisas bem simples. Quando há necessidade freqüente de repor o líquido pode haver vazamentos no sistema. O silenciador não deve reduzir excessivamente a saída do escapamento. Após um tempo prolongado de trabalho a ferrugem pode causar o colapso das peças internas do silenciador e bloquear parcialmente os condutos. Para verificar isso faça o trator funcionar com o silenciador desconectado e
observe a diferença.
CUIDADO NA LUBRIFICAÇÃO A viscosidade excessiva do óleo lubrificante não se manifesta com sinais imediatamente aparentes, mas deve manter-se de acordo com o manual do proprietário, pois causa desgaste desnecessário nas peças móveis do motor. Retire o óleo do cárter, substituindo por outro com a viscosidade adequada às temperaturas ambientes. O nível do óleo lubrificante deve estar correto, tanto para lubrificar como para auxiliar no resfriamento. Verifique o nível do óleo (na vareta) antes de acionar o motor, aproveitando que se encontra todo
no cárter. Os condutos do radiador devem permitir que o líquido de resfriamento flua sem obstáculos. Se estiverem parcialmente obstruídos podem ser tratados com um composto especial de limpeza. Siga atentamente as instruções que acompanham esses compostos e se não produzirem resultado recorra a um profissional. O chacoalhar de um motor diesel normalmente indica problemas no filtro de óleo, bomba injetora desregulada ou motor pouco aquecido. .M Melvin E. Long, Agricultura de las Américas
símbolos secadores
Secos e limpos Existem diversas maneiras de secar e limpar os grãos armazenados, mas cada opção requer regulagens específicas e cuidados importantes para evitar que a operação não alcance o resultado almejado
O
setor de secagem em uma unidade armazenadora deve receber especial atenção quanto ao gerenciamento. Pois, é o setor que consome anualmente de 20 a 30% da energia elétrica fornecida à unidade, além de consumir energia calorífica com a queima de gás ou lenha para o aquecimento do ar de secagem. Portanto o setor de secagem é o que define os maiores
custos operacionais. Outro fator relevante, associado à operação do setor de secagem, é o aumento dos índices de grãos quebrados e trincados. Essas ocorrências: promovem a desvalorização comercial dos produtos, dificultam a operação de aeração da massa de grãos quando da armazenagem e fazem demandar maiores despesas no uso de defensivos para controle de insetos. Pois, grãos trincados e/ ou quebrados favorecem a proliferação de insetos. Os secadores das unidades armazenadoras comerciais são empregados com o objetivo de reduzir o teor de
umidade dos produtos a níveis que atendam aos padrões de comercialização e possibilitem a conservação. Para tanto, os secadores são equipados com três sistemas para promover o aquecimento do ar de secagem, a movimentação do ar e a movimentação dos grãos. A maior parte dos secadores presentes em unidades armazenadoras brasileiras é do tipo fluxo misto, também denominado, secador cascata, que estruturalmente apresenta uma torre central montada pela superposição de caixa dutos. A torre de um secador de 40 t/h possui cerca de setenta caixas dutos. E é por entre os dutos que circula a massa de grãos em movimento semelhante à de pequenas cascatas. Conforme a Figura 1, dois terços da altura da torre correspondem à câmara de secagem. Sendo que pelo lado esquerdo entra o ar de secagem com temperaturas entre 80 a 100oC. E do lado direito é procedida a sucção do ar exausto. A câmara de resfriamento, localizada na base do secador, tem por objetivo retirar calor da massa de grãos, deixando-a com temperatura próxima à ideal para a armazenagem. Os secadores esquematizados na Figura 1 apresentam-se classificados como convencional e com reaproveitamento. Em que no segundo, o ar que sai da câmara de resfriamento é reaproveitado ao ser misturado ao ar de secagem. Este conceito passou a ser empregado no Brasil a partir dos anos 90. Já, a partir do ano 2000 surgiram os secadores com circuitos duplos de reaproveitamento.
AQUECIMENTO DO AR DE SECAGEM Os equipamentos para aquecimento do ar são projetados para promoverem a queima de combustíveis como gás ou lenha com intuito de aumentar o potencial de secagem do ar, o que se traduz em aumento da temperatura e redução da umidade relativa. Assim, quando o ar de secagem desloca pela massa de grãos, este cede calor ao produto e em contrapartida recebe água na forma de vapor. Feito isto o ar de secagem passará ser
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“O setor de secagem em uma unidade armazenadora deve receber especial atenção quanto ao gerenciamento”
Em um sistema de armazenagem, a parte de secagem e limpeza de grãos é responsável pelo consumo de pelo menos 20% a 30% da energia elétrica
denominado ar de exaustão, que deve apresentar temperatura em no máximo 7oC acima da temperatura ambiente e umidade relativa acima de 70%. Tradicionalmente no Brasil, para secagem de grãos têm sido empregadas fornalhas para queima de lenha, conforme o desenho esquemático representado na Figura 2. Na elaboração do projeto de uma fornalha especial a atenção deve ser dada na definição das dimensões da: (a) câmara de combustão; (b) área da grelha; e (c) entradas de ar primário. A câmara de combustão deve ter dimensões que propiciem a combustão da lenha e gases voláteis gerados. Conforme é demonstrado na Figura 2, normalmente, a câmara de combustão é dividida em três estágios. O primeiro estágio, que corresponde a 50% do volume da câmara, é utilizado para combustão da lenha. O segundo e terceiro estágios são utilizados para queima dos gases voláteis gerados no primeiro. A grelha corresponde a uma grade metálica localizada na câmara de combustão com a função de manter a lenha suspensa. Isto facilita o envolvimento da lenha pelo ar. Para um secador de 40 t/h, a área de grelha deve ser próxima a 4,5 m2. As entradas de ar primário são aberturas abaixo da linha da grelha, situada geralmente na parte frontal das fornalhas. Estas aberturas têm por função propiciar a entrada da vazão de ar necessária para combus-
tão. Cerca de 10% do volume de ar sugado pelo sistema de ventilação do secador deve passar pelas entradas de ar primário, Assim, por exemplo, em um secador com reaproveitamento de 40 t/h, cerca de 10.000 m3 de ar/h devem passar pelas entradas de ar primário. Geralmente a fornalha de um secador de 40 t/h, possui seis entradas de ar primário na dimensão de 0,40 x 0,40 m. Isto implica que a velocidade do ar por estas entradas deva ser em torno de 5 m/s.
MOVIMENTAÇÃO DO AR DE SECAGEM Para movimentação do ar de secagem os secadores dispõem de ventiladores. Os secadores fabricados antes da década de 90
Figura 1 – Desenho esquemático dos secadores de fluxos mistos
utilizavam ventiladores centrífugos de grande porte instalados na base do secador (Figura 1). Para os secadores mais novos são empregados ventiladores axiais, que podem estar dispostos na parte superior na lateral ou junto à base. A função dos ventiladores é garantir a vazão de ar necessária à secagem. Em um secador cascata convencional, o ventilador suga as vazões de ar que passam pela câmara de secagem e resfriamento, respectivamente, conforme é representado na Figura 3. Ao considerar, por exemplo, um secador de 40 t/h, que possui um ventilador centrífugo de 50 cavalos, este suga a vazão de 135.000 m3 de ar /h. Desta vazão: 45.000 m3 de ar/h provem da vazão de ar ambiente utilizada na câmara de resfriamento e 90.000 m3/h correspondem ao ar de secagem. A vazão do ar de secagem é formada a partir da vazão de ar que passa pela grelha da fornalha, cerca de 13.500 m3/h; e mais 76.500 m3/h que são introduzidos por meio das aberturas do misturador tangencial, também denominado, ciclone ou quebrachamas. Deste modo, é tido que da vazão total: 10% passa pela grelha da fornalha, 57% pelo ciclone e 33% pela câmara de resfriamento. Estes valores percentuais devem ser obtidos para que o secador opere de forma eficiente. Para um secador cascata com reaproveitamento e capacidade de secagem de 40 t/ h, são empregados dois ventiladores axiais de 15 cavalos e a vazão de ar total é de 100.000 m3 de ar/h, Figura 4. Este valor é 26% menor do que o utilizado no secador convencional da mesma capacidade. Quanto
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à potência do motor utilizado, é 20 cavalos menor. E quanto à composição da vazão do ar de secagem, corresponde a seguinte soma: 50.000 m3/h – provenientes da câmara de resfriamento; 10.000 m3/h - provenientes da fornalha; e 40.000 m3/h – provenientes das entradas de ar no corpo do ciclone. Desta forma, para que os secadores com reaproveitamento operem eficientemente, a vazão de ar total deve ser constituída na seguinte proporção: 50% pela câmara de resfriamento; 10% passando pela grelha da fornalha e 40 % pelo ciclone. Como pode ser observado, para os dois tipos de secadores é importante garantir um valor razoável de vazão de ar pelas entradas instaladas na estrutura do ciclone. Isto desde que seja garantida a temperatura do ar de secagem e mantidas as condições de eficiência do secador. O maior volume de ar introduzido pelo ciclone sustenta a vazão de ar necessária para conduzir a secagem e evita a ocorrência de fagulhas na torre de secagem que podem promover incêndios. É importante ressaltar que quando se fecham as entradas de ar da fornalha e do ciclone pode ser atingida a temperatura de secagem desejada. No entanto, o rendimento do secador é afetado negativamente, uma vez que não são obtidas as vazões de ar de secagem especificadas nas Figuras 3 e 4.
MOVIMENTAÇÃO DA MASSA DE GRÃOS Para movimentação da massa de grãos, normalmente, é necessário um elevador de caçambas para abastecer o secador e outro para descarga. No entanto, para definir a velocidade de descida do produto pelo secador é necessário regular o sistema de descarga que pode ser de três tipos: sistema
mecânico de bandejas, sistema pneumático de bandejas e sistema de eclusas rotativas. Estes sistemas devem ser regulados de tal forma que a velocidade de descida do pro-
duto seja uniforme pela seção do secador. Isto é importante por garantir a uniformidade do teor de umidade produto armazenado. Caso contrário, grãos mais úmidos poderão favorecer o desenvolvimento de
Figura 2 – Fornalha para lenha com tiragem superior do ar aquecido (Centreinar, 1996)
Luís César chama a atenção para os cuidados necessários na operação de secagem de grãos
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“Quanto às medidas operacionais procure regular adequadamente os secadores e fornalhas e realize pelo menos uma vez por ano a avaliação de rendimento dos secadores”
fungos, o que causará surgimento de focos de aquecimento desencadeando outros processos que levarão à deterioração da massa de grãos.
Figura 3 - Valores de vazão de ar em secadores cascata convencional de 40 t/h.
Figura 4 – Valores de vazão para secadores com reaproveitamento, capacidade de 40 t/h.
PONDERAÇÕES FINAIS A operação de secagem é complexa por envolver diversos fatores de comportamento aleatório, tais como: teor de umidade das cargas, tipo de lenha utilizada, prática do operador e tipo de produto. Isto faz requerer conhecimentos por parte dos gerentes e operadores. A realização da secagem sem a observância de parâmetros técnicos conduz prejuízos, tais como gastos desnecessários com energia elétrica e energia calorífica, gastos desnecessários com inseticidas, pois grãos trincados e quebrados favorecem a proliferação de insetos durante a armazenagem, perda de massa do produto, pois à medida que os grãos se tornam mais quebrados ocorrem perdas nas máquinas de limpeza e sistemas de aspiração de pó, e desvalorização comercial do produto em virtude da queda de padrão na classificação. Para evitar esses prejuízos procure em primeiro lugar promover treinamento dos
operadores e gerentes. Quanto às medidas operacionais procure regular adequadamente os secadores e fornalhas e realize pelo menos uma vez por ano a avaliação de rendimento dos secadores. Para tanto, separe em uma moega uma determinada quantidade de produto e conduza a operação de secagem de tal forma a determinar o tempo de secagem, teor de umidade final do produto, temperatura e umidade relativa do ar de exaustão, índices de grãos trincados e grãos quebrados, consumo de lenha ou gás,
consumo específico de energia (k calorias/ kg de água removida do produto) e consumo de energia elétrica. Realize também as manutenções preventivas dos secadores, fornalhas e demais equipamentos. Estes procedimentos garantem melhoria da performance dos secadores e dos serviços de atendimento aos clientes por .M ocasião das safras. Luís César da Silva, Ufes
passo a passo
Controle eletrônico O desempenho de operações agrícolas que dependem do sistema de levante hidráulico varia bastante de acordo com as regulagens realizadas. Os controles eletrônicos desses sistemas existem para facilitar a vida do operador e aumentar a eficiência de trabalho
A
lguns tratores cabinados possuem sistemas de levante hidráulico de controle eletrônico, que permitem predeterminar todas as variáveis utilizadas em operações do diaa-dia. Esses sistemas facilitam a vida do operador, aumentam o desempenho da máquina e a eficiência das operações realizadas. Como exemplo, pegamos os tratores da linha 600 e 5000 da Massey Ferguson, que possuem esse tipo de sistema. Para realizar as regulagens é necessário, inicialmente, conhecer a função de cada botão existente no painel. A tecla de subida e descida do levante hidráulico desses modelos possui três posições: para cima, levanta o conjunto hidráulico e também é a posição utilizada para transportar implementos. Para baixo, desce o implemento e é a posição de trabalho. Colocada na posição central, imobiliza os braços hidráulicos independentemente da altura que o implemento estiver. O botão de comando da velocidade de descida dos braços possui diversos ajustes. Na posição cadeado, os braços ficam bloqueados. A partir deste ponto, quan-
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to mais para a direita, maior será a velocidade de descida dos braços. Na faixa amarela, a velocidade de descida é controlada em função do peso do implemento. O controle de altura máxima do im-
plemento é feito por outro botão. Posicionado totalmente à esquerda, menor a altura máxima de levante. Quando estiver totalmente à direita, o implemento estará na maior altura possível de levante. Posições intermediárias correspondem
Botão de subida e descida do implemento, serve também para imobilizar os braços hidráulicos
O botão de velocidade controla o tempo de subida e descida do implemento
“Sistemas de levante hidráulico de controle eletrônico facilitam a vida do operador, aumentam o desempenho da máquina e a eficiência das operações realizadas” Fotos Sindag
O botão de altura máxima do implemento define qual será o limite de altura de levante
a alturas intermediárias de levante de implementos. A altura de trabalho do implemento é controlada no maior botão existente no painel. A numeração existente nele é uma referência e quanto maior for o número na escala, maior será a profundidade de trabalho do implemento. Com o comando na posição zero, os braços permanecerão na altura de transporte ou na altura máxima definida no botão de altura máxima do implemento, conforme descrito anteriormente. Posicionando a altura de comando em nove, as barras de levante ficam livres, passando a flutuar pela ação do implemento, ignorando outros ajustes. Posições intermediárias, correspondem a alturas e profundidade intermediárias de trabalho. O botão localizado mais à direita do
painel de comando é responsável pelo controle de mixagem e sensibilidade e é através dele que definimos a reação do implemento ao solo. Esse botão tem duas posições de referência. Totalmente à direita, é a posição de máxima sensibilidade e totalmente à esquerda anula os sinais provenientes dos sensores de tração. É, portanto, a posição quando se trabalha com implementos de superfície ou suspensos. Quanto mais à direita, maior será a reação do implemento. Com o implemento na posição de transporte, e acionando a tecla de amortecimento, o sistema é ativado. Ele ajuda o sistema hidráulico a amortecer os impactos quando o trator estiver transportando o implemento. Uma luz na tecla do sistema de amortecimento indica que o sistema está ativado. Outras luzes localizadas próximas aos demais botões indicam por exemplo se os braços estão descendo ou
O maior botão do painel controla a altura e profundidade de trabalho do implemento
O botão de mixagem e sensibilidade regula a reação do implemento ao solo
de implemento e do solo. A recomendação é a seguinte: quanto mais à direita, mais sensível será a reação do implemento. Mas atenção, se o comando for colocado totalmente à esquerda, o controle de sensibilidade à reação ficará nulo. Após realizar esses ajustes, mova o trator e abaixe o implemento. Vá girando o seletor maior até o implemento atingir a profundidade desejada. Lembre-se, quanto maior for a numeração, maior será a penetração do implemento. Fique atento às lâmpadas existentes no painel. Elas mostram os movimentos realizados pelas barras de levante e orientam o ajuste mais preciso do controle de mixagem. Piscando rapidamente, elas indicam que a sensibilidade está alta. Nesse caso, vá girando lentamente o botão até reduzir a freqüência das piscadas. Dessa maneira, reduzindo a mixagem, o implemento vai trabalhar mais uniforme. Depois de ajustados todos os comandos e quando precisar manobrar o trator, use a tecla de subida e descida para levantar e baixar o implemento. Assim, as regulagens realizadas anteriormente ficarão .M preservadas. subindo e outros sinais indicam alerta. Quando piscar com freqüência igual e constante, indica que o sistema está em modo de espera ou desativado; se piscar com freqüência diferente e alternada, indica códigos de falha que você encontra no manual do operador. No pára-lamas do trator existem também botões que permitem levantar ou baixar os implementos.
REGULANDO
seletor, mais rápida será a descida. Logo em seguida, determine a altura máxima de levante do implemento. Com o botão totalmente para a esquerda, levante o implemento através da tecla de subida e descida. Gire novamente o botão até atingir a altura máxima desejada. É recomendado que, sempre que for possível, o trabalho seja executado com o botão na altura máxima permitida. O ajuste da mixagem depende do tipo
Para utilizar esses comandos deve-se ligar o trator e verificar se a alavanca da válvula desviadora do fluxo combinado está posicionada para trás. Ative o sistema e comece o trabalho. De acordo com o tipo de implemento, selecione a velocidade de descida mais adequada, através do controle de velocidade de descida. Quanto mais para a direita estiver o
Tecla responsável por ativar o sistema de amortecimento das barras
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As luzes existentes no painel servem para mostrar quais sistemas estão operantes ou para alertas
No pára-lamas traseiro existem botões que servem para levantar e baixar os implementos
indução de ar
Um empurrãozinho A pulverização com assistência de ar na barra pode ser uma boa alternativa em determinadas situações. Porém é necessário analisar bem todas as variáveis envolvidas, porque nem sempre essa tecnologia é a melhor opção
A
necessidade de aumento na eficiência nas aplicações de defensivos agrícolas tem sido alvo de vários estudos, que têm levado ao desenvolvimento de novas tecnologias de aplicação, visando redução da contaminação ambiental, redução da deriva, redução do volume de calda, aumento na deposição e melhoria na qualidade da pulverização. Para que a aplicação alcance alta eficiência e atinja o resultado esperado, é necessário que haja uma cobertura adequada em todas as partes da planta. Geralmente a cobertura na parte inferior das plantas acaba sendo prejudicada e os defensivos não alcançam os resultados desejados, ocasionando grandes perdas nas lavouras, além de fa-
vorecer a resistência e a disseminação da praga ou doença para outras áreas. Diante desses problemas, os produtores aumentam o número das pulverizações, aumentando o custo de produção e contribuindo para o aumento da contaminação ambiental. Durante o processo de pulverização, a deposição dos produtos pode ser afetada por fatores inerentes às condições climáticas, às condições operacionais dos pulverizadores e às culturas. Dentre os fatores relacionados às condições climáticas podemos citar a velocidade do vento, temperatura e umidade relativa. Dentre os fatores relativos às condições operacionais dos pulverizadores podemos destacar velocidade do deslocamento do pulverizador, pressão nos bicos e
altura da barra de pulverização. Os fatores relacionados às culturas estão associados ao dossel das plantas. Em estádios avançados, culturas como a soja, batata e feijão podem apresentar maior resistência à penetração do líquido pulverizado. Com a finalidade de melhorar a eficiência das pulverizações, vários fabricantes têm equipado seus pulverizadores com assistência de ar na barra, que consiste em um ventilador, geralmente axial, que injeta um fluxo de ar em um duto inflável, que permite a distribuição uniforme de um jorro de ar, exatamente acima de cada um dos bicos de pulverização, melhorando a penetração do jato pulverizado, melhorando a distribuição e a deposição na parte abaxial das folhas lo-
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Figura 1 - Gotas menores sendo arrastadas para fora do alvo (fonte:HARDI)
Ronaldo e Mauri desenvolveram ensaios para estudar a eficiência da pulverização com indução de ar na barra A indução de ar é uma boa ferramenta, mas quando há rotação excessiva do ventilado, pode provocar falhas na aplicação
calizadas no terço inferior das plantas. Gotas de tamanho reduzido em suspensão no ar atmosférico podem ser arrastadas pelo vento e se depositarem fora do alvo determinado (Figura 1), diminuindo a eficiência da pulverização. Assistência de ar na barra transporta as gotas e evita que sejam arrastadas pelo vento, visto que a assistência de ar forma uma cortina protetora, que sai ao lado dos bicos, em alta velocidade, impulsionando as gotas em direção ao alvo, permitindo assim pulverizar mesmo com velocidades do vento acima das recomendadas nas pulverizações convencionais. A assistência de ar na barra tem como função melhorar o transporte das gotas até as plantas, melhorando sua penetração no dossel da cultura, facilitando, principalmente o controle de doenças como a ferrugem asiática da soja
e mofo-branco do feijoeiro. O aumento do fluxo de ar aumenta de forma significativa à penetração das gotas no dossel das plantas. Por outro lado, o uso de ar na barra em culturas de porte baixo, com baixo índice de área foliar, tende a aumentar a deriva e a evaporação, devido à turbulência do ar quando vai de encontro à superfície do solo. Com o uso de assistência de ar nas barras é possível utilizar volumes mais reduzidos de calda, como por exemplo, de 50 a cem litros de calda por hectare, aumentando o rendimento operacional do pulverizador, conforme gráfico a seguir: O tempo de vida média de uma gota em suspensão depende de alguns fatores, como por exemplo, tamanho da gota, temperatura e umidade relativa, conforme pode ser visto na Tabela 1. O uso da assistência de ar pode aumentar ou diminuir a deriva, dependendo da idade das plantas, do tipo de alvo, do tipo de bicos, tipo de cobertura vegetal existente no solo, da altura das barras, inclusive a velocidade do ar na barra. Altas velocidades
do ar, com altas pressões nas pontas de pulverização podem prejudicar a uniformidade de distribuição de líquidos. Portanto ao usar gotas de tamanhos reduzidos, com altas temperaturas e baixa umidade relativa do ar, conjugadas com altas velocidades do ar na barra, haverá uma grande evaporação das gotas antes que as mesmas atinjam o alvo, diminuindo assim a eficiência da pulverização. Os pulverizadores hidráulicos com assistência de ar na barra possuem um ou dois ventiladores, geralmente axial, posicionado na região central da barra de pulverização, que distribui um grande volume de ar em um canal inflado montado na barra na região acima dos bicos. A velocidade do ar varia de acordo com a variação da rotação do ventilador. A rotação máxima do ventilador pode chegar a aproximadamente 2800 rpm, necessitando de aproximadamente 12 cv para o acionamento. A seleção correta da ponta de pulverização deve levar em conta alguns parâmetros, como por exemplo, o tamanho de gotas e o diâmetro da mediana volumétrica (VMD), para que não ocorra deriva e nem evaporação da gota pulverizada devido ao fluxo de ar. O Gráfico 1 nos dá idéia de como seleciTabela 1- Tempo de vida média das gotas em diferentes condições Condição Condição 1 Condição 2 Temperatura (0C) 20 30 T (0C) 2,2 7,7 U R (%) 80 50 Diâmetro Tempo até Distância de Tempo até Distância de inicial extinção (s) queda (m) extinção (s) queda (m) 4 0,032 50 ( m) 14 0,127 16 1,8 100 ( m) 57 6,7 65 21 200 ( m) 227 81,7 Fonte: Matuo, 1990.
Efeito da assistência de ar na dispersão de gotas pequenas. Lado esquerdo ventilador desligado e lado direito ventilador ligado
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“Altas velocidades do ar, com altas pressões nas pontas de pulverização podem prejudicar a uniformidade de distribuição de líquidos”
Gráfico 1 - Pressão vs DMV ( fonte:Teejet)
onar a ponta de pulverização em função do VMD e da pressão de trabalho. Trabalhos realizados em laboratório na Universidade Federal de Viçosa mostraram que em rotações acima da recomendada pelo fabricante houve mudança no perfil de distribuição de bicos tipo cone, aumentando o coeficiente de variação da distribuição.
Pesquisadores do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Viçosa, juntamente com uma empresa privada, sob coordenação do Professor Mauri Martins, estão desenvolvendo trabalhos com pulverizador com assistência de ar na barra para o controle do mofo-branco do feijoeiro, onde irão avaliar a ação do ar na
barra de pulverização e diferentes volumes .M de calda. Ronaldo Goulart Magno Júnior, Mauri Martins Teixeira, Murilo Mesquita Baesso e Francelino Rodrigues Júnior, UFV
agricultura de precisão
Sensores decisivos A utilização de sensores remotos, que fornecem a análise da planta em tempo real para aplicação de nitrogênio (N), impulsionará ainda mais a agricultura de precisão, ferramenta importante na busca de aumento de produtividade
A
s recomendações atuais para a adubação nitrogenada são realizadas com base em curvas de resposta, histórico da área e produtividade esperada. Entretanto, para tomada de decisão sobre a necessidade de adubação nitrogenada, alguns fatores devem ser considerados, tais como: condições edafoclimáticas, sistema de cultivo (semeadura direta ou convencional), época de semeadura (safra de verão ou safrinha), responsividade do material genético, rotação de culturas, época e modo de aplicação, fontes de nitrogênio, aspectos econômicos e operacionais. Isso enfatiza a regra de que as recomendações de nitrogênio devem ser cada vez mais específicas e não generalizadas. Para isso se faz necessário a utilização de
ferramentas de Agricultura de Precisão, como por exemplo, o uso de sensores capazes de identificar o estado nutricional da cultura e a aplicação de fertilizantes em taxa variada. O uso da cultura como indicador da condição do ambiente de produção pode ser uma alternativa considerável. As plantas são bons indicadores, pois integram o efeito do clima e das práticas de manejo. O sensoriamento remoto é uma técnica de coleta de dados sem contato direto com o alvo, onde a distância entre o sensor e o alvo pode ser desde alguns centímetros (sensores terrestres) até milhares de quilômetros (sensores orbitais). Hoje, os dados obtidos por sensoriamento remoto, nas diversas áreas de sua aplicação, são em sua maioria, imagens aéreas, radares
O DESAFIO DE APLICAR E APROVEITAR BEM O NITROGÊNIO
O
nitrogênio é o nutriente exigido em maior quantidade pelas culturas. Esse fato é refletido no consumo mundial dos fertilizantes nitrogenados, superando as quantidades utilizadas de fósforo (P2O5) ou potássio (K2O). Por ser um elemento afetado por uma dinâmica complexa e que não deixa efeitos residuais diretos das adubações, o manejo adequado da adubação nitrogenada é dos mais difíceis, além da baixa eficiência em sua utilização. As principais causas dessa baixa eficiência são: a falta de sincronia entre o suprimento de nitrogênio e a demanda pela cultura, a aplicação uniforme dos fertilizantes em áreas espacialmente variáveis, a variabilidade temporal das necessidades da cultura e a influ-
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ência do clima. Aplicações uniformes não consideram o fato de que a disponibilidade de nitrogênio no solo, a absorção de N pelas culturas e as respostas às adubações não são as mesmas espacialmente. Portanto, altas doses de N aplicadas no momento da implantação da cultura e as doses uniformes podem ser consideradas um risco com perda do nutriente para o ambiente. Foi justamente esse fato que desencadeou o surgimento do que hoje é conhecido como Agricultura de Precisão, ainda nos anos 1980, na Europa, a partir da legislação ambiental extremamente exigente em termos de níveis de N aplicados nas lavouras e seu risco de contaminação ambiental, especialmente de água do lençol freático.
aéreos ou imagens de satélite. Essas informações não estão sendo utilizadas pelos agricultores devido ao seu alto custo de aquisição, risco de indisponibilidade da imagem no momento necessário e pela necessidade de especialistas para interpretar essas informações para que possam ser úteis ao manejo da propriedade rural. O uso do sensoriamento na agricultura não é recente e há um grande número de possibilidades variando desde o tipo de sensor, passando pela plataforma utilizada, época de realização e parâmetro que se deseja mensurar. Há sensores utilizados para mensurar as características das plantas e do ambiente onde as plantas se desenvolvem. O uso de sensores para a estimativa de área cultivada e até de produtividade das diferentes culturas de grãos é comum e oferece resultados com acurácia dependente da validação dos modelos de predição desenvolvidos pelo usuário. A preservação do ambiente, tão em voga nos últimos anos, deve muito ao uso de sensores remotos, principalmente aqueles que utilizam os satélites como plataforma. Cobrindo grandes áreas e com possibilidade de coletar informações nas mais variadas faixas do espectro eletromagnético, os sensores remotos colocados em satélites permitem obter uma infinidade de informações sobre os recursos naturais. O uso de sensores na produção de grãos ainda apresenta grandes limitações. Talvez a principal seja a periodicidade de coleta das informações que geralmente são obtidas de satélites. Como as culturas anuais se desenvolvem rapidamente, o intervalo de maior interesse para a coleta
“Apesar de todos os esforços o uso comercial do sensoriamento remoto na agricultura ainda está no início, especialmente em relação ao objetivo de transformar os dados em uma recomendação de fertilizantes”
de dados é curto – geralmente um período de poucos dias antes e após o florescimento das mesmas, lembrando que dentro de uma propriedade, esse momento se repete em diferentes momentos para cada talhão – e raramente um satélite consegue coletar uma imagem no melhor momento, havendo ainda a restrição pela presença de nuvens. Além desse fato, a necessidade de processar e eliminar possíveis erros nos dados coletados dificulta o emprego das informações pelo usuário final que geralmente não compreende como utilizar a imagem adquirida. A resolução espacial também é um problema para as imagens obtidas através de satélites, onde quanto maior a resolução, maior o custo. Estudos realizados em condições de laboratório demonstram praticamente infinitas possibilidades de uso do sensoriamento remoto através da combinação entre as mais distintas faixas do espectro e sua relação com os variados aspectos das plantas. A problemática maior reside na capacidade de se obter imagens com a qualidade obtida em laboratório – tão logo isso ocorra devem surgir inúmeras possibilidades de uso. A essa altura você já deve ter percebido que a solução reside simplesmente em obter boas imagens talvez utilizando outras plataformas. Está correto, mas não basta! Ao usuário final, aquele que vai pagar a conta, o que interessa é que a ferramenta seja confiável e que tenha um uso bem definido – o que hoje começa a acontecer.
Plataformas aéreas como os aviões sempre estiveram disponíveis, desde o momento em que se colocou uma máquina fotográfica – aquelas com verdadeiras “bobinas” de filme – em um avião de reconhecimento, na Primeira Guerra Mundial. A partir de então esta plataforma passou a ser utilizada normalmente para o registro dos mais variados eventos. Aviões apresentam uma série de pontos positivos em relação às imagens coletadas por satélites como, por exemplo, o controle do momento de coleta da imagem e a possibilidade de pronta atualização dos equipamentos. Com a presença de câmeras multiespectrais portáteis e o desenvolvimento dos sistemas de navegação autônomos, hoje é possível programar um aeroplano não tripulado para que este levante vôo, vá até determinado local, colete as imagens desejadas e regresse de modo totalmente automatizado. Existem inclusive empresas no Brasil que fornecem esse tipo de serviço e a popularização do mesmo ocorrerá com a redução de custos, que deve ocorrer quando do aumento na demanda, atrelado ao nível tecnológico dos usuários. Ou seja, apesar de todos os esforços, o uso comercial do sensoriamento remoto na agricultura ainda está no início, especialmente em relação ao objetivo de transformar os dados em uma recomendação de fertilizantes.
Sensor ótico ativo usado em uma lavoura de cana para detectar as deficiências de nitrogênio
Mas o objetivo central desse artigo é demonstrar o que já existe e pelo menos do ponto de vista de um usuário, que seja plausível e que tenha utilidade imediata. É o caso dos sensores comerciais, montados em plataformas terrestres, pouco sensíveis às alterações do ambiente, que “enxergam” especificamente um aspecto das plantas que tem estreita relação com sua produtividade. Tais equipamentos existem há anos, e vêm sendo utilizados com sucesso no exterior e começam a apresentar resultados em âmbito nacional. São sensores ativos, ou seja, têm sua própria fonte de luz e capturam o resultado de sua interação com o alvo, sendo, portanto, insensíveis à condição ambiente de luz. Também conseguem fazer leituras em milésimos de segundo, o que torna a resolução espacial muito superior àquela obtida por outras plataformas. Trabalham com faixas do espec-
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Lavoura de milho sendo escaneada com um sensor ótico, numa fase que ainda é possível a adubação nitrogenada de cobertura
Culturas perenes como o café também podem ser beneficiadas com esta técnica
tro sobre as quais se tem grande volume de informação disponível na literatura e, portanto, aplicações bem definidas. Utilizando comprimentos de onda do infravermelho próximo, vermelho, verde, entre outros, calculam-se os chamados índices de vegetação, que fornecem informações que apresentam íntima relação com a quantidade de biomassa e concentração de clorofila no tecido vegetal. O uso desses sensores requer, sem dúvida, certo grau de compreensão sobre comportamento espectral e exige alguns cuidados com relação ao posicionamento para coleta dos dados e à variabilidade espacial dos parâmetros mensurados. Permitem, entretanto, obter informações claras sobre o potencial produtivo das culturas, o que é sem a menor sombra de dúvida interessante. Numa comparação dimensional, são algumas centenas de vezes mais úteis que algumas informações coletadas e utilizadas no que se denomina Agricultura de Precisão hoje no Brasil. Ensaios realizados na safra de inverno passada demonstraram que as leituras de um desses sensores comerciais apresentaram relação satisfatória com a produção de biomassa, teor de nitrogênio e produtividade de trigo na região dos Campos Gerais no Paraná. O próximo passo, nessa safra, é utilizar tal equipamento na prescrição das doses de nitrogênio a serem aplicadas em áreas comerciais. No caso do milho, cultura que demanda o nitrogênio em volumes altos – que atualmente tem um peso satisfatório no custo de produção – leituras foram realizadas em uma série de ensaios com doses de nitrogênio, população, Leandro, Gustavo, José Vitor, Fabrício e José Molin são responsáveis pelos ensaios realizados com o sensor ótico no Brasil
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híbridos e espaçamento de plantas. Os dados estão sendo processados, mas demonstram comportamento distinto daquele visto no trigo devido a sua maior produção de biomassa, se tornando um desafio maior para o uso satisfatório da ferramenta, sendo necessários ensaios com sensores diferentes. Diversos ensaios realizados também com a cultura da cana-de-açúcar, com diferentes doses de nitrogênio e uma grande quantidade de variedades, mostraram resultados semelhantes aos obtidos com o milho. Esses sensores permitem ainda a realização de sensoriamento em tempo real para governar aplicação de fertilizantes, assunto que já vem sendo discutido há alguns anos, mas a Agricultura de Precisão comercial ainda é em sua maioria, baseada em mapas de aplicação. Nesses, as doses de fertilizantes são determinadas com base em amostragem de solo, produtividade e outras informações espaciais. É um método que leva tempo entre a coleta dos dados e a tomada de decisão. Portanto o uso do sensoriamento para aplicações de fertilizantes em tempo real reduz o tempo no gerenciamento de intervenções localizadas. Na verdade, o processo pode tornar-se automático. Decisões que devem ser tomadas por humanos passam a ser embutidas em controladores gerenciados por sistemas eletrônicos.
Entretanto, deve-se trabalhar para que esta técnica possa ser utilizada independente da região, solo e fatores relacionados ao manejo da área. Fato indiscutível é que em um futuro próximo tais ferramentas serão de uso comum no processo produtivo de nossos concorrentes, mais por questões ambientais que pelo aumento na produtividade, e que teremos de nos adequar a esta nova realidade. Ao que tudo indica a variabilidade espacial e os ganhos advindos de seu entendimento e uso a nosso favor dependerão grandemente do uso de sensores, principalmente daqueles que permitem obter indicativos diretos da produtividade. Um apelo aos fornecedores de novas tecnologias e também aos possíveis usuários é de que deve haver uma mudança de postura em relação ao emprego de novas ferramentas – os ganhos que podiam advir de soluções prontas estão se tornando escassos, e a cada dia haverá maior necessidade de aprimoramento técnico, de visão do sistema e a internalização de riscos, com medidas mais ativas e investimentos. . M Fabrício P. Povh, José V. Salvi, Gustavo C. Faulin, José P. Molin, USP/Esalq Leandro M. Gimenez, FABC
colheita de café
Café expresso O tempo e o custo da colheita do café podem variar em função do tipo de processo utilizado. Calcular os investimentos em máquinas e mão-de-obra, ajudará o produtor a optar entre colheita manual ou semimecanizada
M
inas Gerais é o maior produtor de café do país com mais de 50% da produção nacional, e o Brasil, por sua vez, é o maior produtor mundial com cerca de 43 milhões de sacas (mais de 30% da produção mundial). Assim, há grande interesse mundial nos cafés de Minas Gerais, que são produzidos em 80 mil propriedades rurais de 682 municípios, gerando 1,6 milhão de empregos diretos e
indiretos. Tradicionalmente, os cafés de Minas são de excelente qualidade, porém é possível melhorar essa qualidade e, conseqüentemente, a remuneração ao produtor com a implementação de técnicas simples de manejo, colheita e preparo do café, pois a cada dia o mercado internacional se torna mais exigente. O marco inicial desta transformação do processo produtivo do café foi em 1996, com
os primeiros trabalhos financiados pelo CNPq, através do programa Bioex-Café. Em 1997 com o surgimento do programa de pesquisas do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, foram levantadas as demandas prioritárias junto aos produtores, sendo destacada a colheita como gargalo número um do processo produtivo. Nesse mesmo ano com base em resultados aplicados de pesquisas, foi realizado um dia de campo na Fazenda Beleza, município de Santana da Vargem (MG), organizado pela Universidade Federal de Lavras e a Cooperativa de Produtores Unicoop, coordenado pelo professor Fábio Moreira da Silva e o acadêmico Eric Miranda de Abreu, demonstrando o desempenho operacional de máquinas para as diversas operações de colheita como arruação, derriça, abanação e até mesmo de uma colhedora automotriz. Em 1998 foi criada a Expocafé, com apoio de Cocatrel, Unicoop e Prefeitura Municipal de Três Pontas (MG), município sede do evento por figurar como um dos maiores municípios produtores de café do Brasil. Dentro deste contexto em julho de 1998, na Fazenda São Sebastião, município de Três Pontas, foi realizada a primeira versão da Feira Tecnológica do Agronegócio Café Expocafé, com o propósito de levar aos produtores as inovações tecnológicas de aplicação imediata acessíveis aos diversos níveis de produtores, aproximando as empresas fornecedoras de insumos e máquinas agrícolas dos produtores. O diagnóstico da cadeia produtiva do café do projeto Desafio 2000 no sul de Minas, demonstrou a disposição dos produtores da região, tidos como tradicionais, em adotarem novas tecnologias com relação à colheita, para vencer um dos grandes problemas que são a indisponibilidade de mão-de-obra para a colheita e o custo que representa 30% a 40% do processo de produção. O parque cafeeiro em produção no sul de Minas na safra de 2002/ 03 chegou a 545 mil hectares, com produção de 12 milhões de sacas conforme dados do Anuário Estatístico do Café. Somente a colheita do café que se processa em um período de três meses ou 75 dias úteis necessita de aproximadamente 310 mil trabalhadores, ou seja, mão-de-obra não disponível na região.
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Expocafé, realizada em Três Pontas (MG): responsável por grande parte da adoção de sistemas mecanizados em lavouras de café
PROCESSO DE COLHEITA A forma como as operações de colheita são realizadas, manualmente ou mecanicamente, é que caracteriza o sistema de colheita, como segue: Manual: é o sistema que pode ser considerado, convencional por ser o mais utilizado, onde as diversas operações da colheita são realizadas a partir de trabalho braçal, demandando grande mão-deobra. Semimecanizado: consiste na utilização associada de trabalho braçal e máquinas para a execução da colheita. Este sistema varia muito, podendo ter uma ou quase todas operações realizadas com o auxílio de máquinas. É o sistema que tende a crescer muito, podendo atender pequenos e médios produtores. Mecanizado: neste sistema considera-se o uso das colhedoras que realizam simultaneamente as operações de derriça, recolhimento, abanação e ensaque ou descarga a granel do café colhido, sendo um sistema que se limita às propriedades com topografia favorável. Apesar deste sistema ser chamado de mecanizado, não dispensa totalmente o uso de mão-de-obra, pois as colhedoras não colhem 100% dos frutos das plantas, necessitando a operação manual de repasse. Supermecanizado: este sistema surgiu em 2000 e consta de todas as operações da colheita feitas mecanicamente, iniciando com a arruação mecanizada, seguida de duas passadas da colhedora na lavoura, fazendo colheita seletiva e dispensando a operação de repasse, finalizando com a varrição e recolhimento mecânico do café caído no chão. Este sistema também tem aplicação limitada, dependendo de boa topografia e elevado investimento inicial com máquinas. O tempo utilizado com a abanação na colheita manual é de 15,6% do tempo total de colheita
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A tendência que se verifica no sul de Minas, onde predominam pequenas e médias propriedades, com topografia e arquitetura das lavouras limitantes ao uso das colhedoras, é uma expansão do sistema semimecanizado para as operações de derriça e abanação, com o emprego equilibrado de mão-de-obra e máquinas. Na colheita semimecanizada a derriça é feita com o auxílio das derriçadoras portáteis, manejadas manualmente e acionadas por motores laterais ou costais, que fazem vibrar as varetas em sua extremidade, promovendo a derriça dos frutos. A operação de campo pode ser feita em equipes de dois a cinco pessoas, sendo que uma opera a derriçadora e uma ou duas fazem o repasse e o levantamento do café derriçado sobre panos ou chão, ou duas pessoas operam as derriçadoras de cada lado da linha dos cafeeiros, com duas ou três fazendo o repasse e levantamento.
Com a derriçadora uma pessoa chega a derriçar de 20 a 40 medidas/dia, que divididas pela equipe de trabalho resultam na média de dez a 13 medidas/homem/dia, considerando medidas volumétricas de 60 litros. Alguns parâmetros da colheita manual podem ser considerados para nortear os produtores na tomada de decisão quanto ao sistema semimecanizado, conforme mostra o Box abaixo.
AVALIAÇÃO DE CUSTOS Os resultados considerados levaram à redução de custos para o sistema semimecanizado da ordem de 26%, devendo-se observar que na colheita manual o custo da diária líquida considerado foi de R$ 25,00, tratando-se da menor diária praticada nesta safra de 2007. No sistema semimecanizado, a diária líquida considerada foi de R$ 30,00, 20% maior que na
“A tendência que se verifica no sul de Minas, é uma expansão do sistema semimecanizado para as operações de derriça e abanação, com o emprego equilibrado de mão-de-obra e máquinas”
COLHEITA MANUAL Desempenho operacional Tempo de derriça 56 min./medida 72,7 % Tempo de varrição 9 min./medida 11,7 % Tempo de abanação 12 min./medida 15,6 % Tempo total 77 min./medida 100 % Desempenho na operação de derriça: 7 med./homem/dia Desempenho na operação de derriça e varrição: 6 med./homem/dia. Desempenho na operação de derriça, varrição e abanação: 5 med./homem/dia Professores Fábio Moreira e Nilson Salvador, da Ufla, desenvolvem trabalhos permanentes para o avanço do café
colheita manual, sendo possível remunerar melhor os trabalhadores e ainda obter redução de custo final, o que demonstra a viabilidade técnica-econômica da utilização das derriçadoras. A colheita semimecanizada do café é atualmente uma alternativa viável e possível de ser implantada na maioria das lavouras cafeeiras, com baixo custo inicial, independentemente do tamanho ou desenvolvimento tecnológico da propriedade. Os trabalhos de pesquisa até então desenvolvidos pelo professor Fábio Moreira da Silva e equipe, bem como a experiência dos produtores que adotaram este sistema, têm comprovado sua viabilidade. A possibilidade de se fazer a colheita semimecanizada do café, associando mãode-obra com máquinas de baixo custo inicial, acessível ao pequeno e médio produtor, é uma realidade técnica e economicamente viável, sendo um caminho socialmente equilibrado para as regiões produtoras, com aumento do desempenho operacional suprindo a falta de pessoal na época da colheita, valorizando o trabalhador rural com qualificação profissional e melhor remuneração, possibilitando à agricultura familiar, maior margem de renda e sustentabilidade do processo produtivo. Este é um exemplo claro de como a Expocafé, que se tornou o maior evento tecnológico do agronegócio de café do país e por conseguinte mundial, em sua décima versão, agora com diversos outros parceiros, como: Emater, Epamig, IMA e com todos seus expositores, vem transformando o processo produtivo do café, levando tecnologia que atende desde ao pequeno produtor, a exemplo do agricultor familiar como aos médios e grandes produtores que adotam sistemas de colheita de maior escala com uso de colhedoras laterais, tracionadas ou automotrizes, com redução de custos que variam de 30 a 60% em relação à colheita ma-
Custo Produtividade da lavoura: 30 sacos/ha. Volume médio a ser colhido: 240 medidas/ha. Desempenho operacional médio: 5 medidas/homem/dia. Quantidade de serviço: 48 homens/ha. Diária líquida mínima para a safra 2007: R$ 25,00/homem. Diária bruta mínima para a safra 2007: R$ 35,00/homem (encargos sociais da 43%). Custo total: R$ 1.680,00/ha. Custo final da medida de 60 litros: R$ 7,00.
COLHEITA SEMIMECANIZADA Desempenho operacional Equipe de trabalho: 3 Homens (1 derriçando e 2 no repasse e levantamento). Desempenho mínimo operacional da equipe: 30 medidas/dia. Volume médio a ser colhido: 240 medidas/ha. Tempo de colheita: 8 dias. Custo horário da derriçadora Custo inicial da derriçadora: R$ 1.900,00. Depreciação (mil horas, com média de 400 horas/ano): D = R$1,70/hora. Remuneração do capital (12% aa. sobre capital médio investido): J = R$ 0,28/hora. Combustível (0,5 litros/hora): C = R$ 1,30/hora. Lubrificantes (16% do combustível): L = R$ 0,20/hora. Custo de manutenção (50% do custo inicial): M = R$ 0,95/hora. Custo total da derriçadora: R$ 4,43/hora (fixos mais variáveis). Custo diário da derriçadora: R$ 26,58 (média de 6 horas-máquina/dia de 8 horas). Custo da mão-de-obra Diária líquida: R$ 30,00/Homem. Diária bruta: R$ 42,90 (encargos sociais de 43%). Custo diário da equipe de três Homens: R$ 128,70. Custo diário da derriçadora: R$ 26,58. Custo diário total: R$ 155,28. Tempo de colheita: 8 dias. Custo total da colheita semimecanizada: R$ 1.242,00/há. Custo final da medida de 60 litros: R$ 5,18 nual. As mudanças tecnológicas não ficam restritas ao processo de colheita, devendo-se considerar ainda, as mudanças no processo de plantio, cultivo, tratamento fitossanitário, um conjunto de conhecimentos que resultaram em poda e condução da lavoura, colheita seletiva, café ce-
reja descascado, descascamento de grãos verdes, tecnologias que surgiram nestes últimos dez anos de pesquisa e desenvol.M vimento tecnológico. Fábio Moreira da Silva, Nilson Salvador, Ufla
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John Deere 7715 e 7815
Made in Brasil Produzidos a partir do lote piloto da nova fábrica em Montenegro os modelos 7715 e 7815 da John Deere trazem novidades ao mercado brasileiro de tratores
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partir desta edição a Cultivar Máquinas inaugura uma nova Seção. Trata-se da Ficha Técnica, espaço onde serão apresentados os principais lançamentos do mercado brasileiro de máquinas e implementos agrícolas. Com enfoque técnico, espera-se contribuir para que você, leitor, possa conhecer melhor o funcionamento e desempenho desses equipamentos.
MOTOR E TRANSMISSÃO Inauguram a Ficha Técnica os tratores 7715 e 7815, da John Deere. O primeiro acaba de ser lançado e o segundo, que só era disponível no Brasil através de im-
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portação, ganhou produção nacional. Ambos integram o lote piloto da nova unidade que a companhia pretende inaugurar no final de 2007 em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Os tratores 7715 e 7815 possuem motores John Deere, Powertch a diesel, 6068H, série 350, com 182 cv e 202 cv de potência, respectivamente, reserva de torque de 35% e mais uma reserva de potência de 6%. Possuem transmissão PowrQuad Plus™ com 16 marchas à frente e 16 marchas a ré, totalmente sincronizadas, o que permite a mudança das quatro marchas em cada grupo sem acionamento da em-
breagem (Powershift por grupo). Frente e ré sem o uso da embreagem (reversor Powershift), sendo que a primeira marcha a ré de cada grupo é 4% mais rápida para diminuir o tempo durante as manobras. Estas marchas são acionadas através de dois botões localizados sobre a alavanca de grupos e um terceiro botão sobre o painel. A mudança dos grupos A – B – C – D, também é totalmente sincronizada, não sendo necessário parar o trator para a troca de grupos, sendo que, quando o operador troca de grupo com o trator em movimento, a transmissão busca automaticamente a marcha mais adequada para
“Os modelos 7715 e 7815 são montados sobre chassi estrutural, o que proporciona maior vida útil aos componentes da transmissão e ao próprio motor”
A troca de marchas dos quatro grupos pode ser feita nos dois botões sobre a alavanca
A reversão de sentido pode ser feita sem o uso de embreagem, em alavanca localizada abaixo do volante
aquela velocidade, a fim de evitar possíveis danos na transmissão devido ao descompasso entre as velocidade dos grupos. Os modelos contam com alavanca de reversão abaixo do volante com posição de neutro, avanço e retrocesso, o que dispensa o uso do pedal de embreagem para inverter o sentido do trator, o uso do pedal de embreagem é necessário apenas na troca de grupo e em pequenas manobras para acoplar e desacoplar implementos. Na distribuição das marchas na faixa de trabalho agrícola, contam com oito marchas na faixa de quatro a 12 km/h.
vido às condições do terreno e evita que sejam transferidos para componentes da transmissão e motor. Tanto o 7715 como o 7815 possui reduções finais com sistema planetário de engrenagens de dentes largos para melhor distribuição da carga, sistema versátil de eixo pinhão e cremalheira com fácil regulagem da bitola, o que possibilita o trabalho em diversos tipos de culturas, além de permitir a montagem de pneus duplos. Os dois modelos são equipados com freio hidráulico acionado através da bomba hidráulica. A TDP (Tomada De Po-
CHASSI ESTRUTURAL Os dois modelos são montados sobre chassi estrutural, o que proporciona maior vida útil aos componentes da transmissão e ao próprio motor, pois o chassi absorve todos os impactos causados de-
Os tratores 7715 e 7815, possuem motores John Deere, Powertch a diesel, 6068H, série 350, com 182 e 202 cv
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Os novos modelos apresentam linhas arrojadas e trazem o design dos tratores importados
tência) conta com sistema independente dotado de discos em banho de óleo com acionamento eletro-hidráulico, com freio hidráulico para paradas rápidas, o que otimiza as operações. Possuem alavanca para troca de velocidades de 540 para 1.000 rpm com simples e rápida inversão da alavanca, localizada na lateral-esquerda de transmissão. O botão de acio-
namento da TDP, com acionamento eletro-hidráulico garante facilidade e agilidade durante o trabalho. O eixo dianteiro possui um ângulo de esterçamento de 38. O sistema Caster Action com 12° de inclinação lateral garante menor raio de giro. O controle eletrônico oferece maior segurança ao operador pois quando o trator estiver acima de 5 km/h, todas as vezes que o freio for acionado a tração dianteira é ligada automaticamente para auxiliar na frenagem. Quando a tração dianteira estiver ligada e o trator ultrapassar os 19 km/h, ela será desligada automaticamente, evitando desgaste prematuro dos pneus. O acionamento da tração dianteira é feito por conjunto de molas e o desacionamento é eletro-hidráulico, com seu diferencial autoblocante. O eixo dianteiro Heavy Duty, exclusivo para o modelo 7815, possibilita a
O botão de acionamento da TDP, eletro-hidráulico, garante facilidade e agilidade durante o trabalho
O eixo dianteiro do modelo 7815 é do tipo Heavy Duty, que suporta maior quantidade de lastro
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“Para medir o desempenho do trator 7815 a John Deere encomendou testes e comparativos de campo, com a utilização de diferentes implementos”
colocação de maior quantidade de lastro, aumentando ainda mais a sua capacidade de tração.
CABINE A cabine que equipa os dois tratores é climatizada e com todos os comandos projetados ergonomicamente para possibilitar conforto e segurança ao operador. Entre os itens que se destacam estão os comandos localizados ao alcance do operador, banco com suspensão a ar, coluna da direção ajustável, localização dos painéis, visibilidade, espaço interno, ar-condicionado entre outros.
TESTE DE DESEMPENHO Para medir o desempenho do trator 7815 a John Deere encomendou testes e comparativos de campo, com a utilização de diferentes implementos, conforme tabelas. Os tanques de combustíveis foram completados no início e no final do teste, após a operação, e foram coletadas as seguintes informações: Um dos ensaios foi realizado num período de 14,6 horas trabalhadas, tracionando uma grade aradora de 20x43”, onde o trator apresentou um consumo total de 492 litros de óleo diesel. O rendimento foi de 2,35 hectares por hora, numa área de 34,34 hectares, totalizando um consumo de 14,33 litros por hectare. Outro teste comparou o mesmo trator, em 2,1 horas trabalhadas, tracionando uma grade de 16x32”, numa área total de 5,32 hectares, o que apresentou um rendimento de 2,53 hectares por hora trabalhada. O consumo total foi de 66 litros de óleo diesel, dando uma média de 12,4 .M litros por hectare.
Trator Implemento Fabricante Peso do implemento Faixa de corte Marcha trabalhada Velocidade com carga Marcha de trabalho Velocidade real com carga (km/h) Rendimento Consumo (l/h) Consumo (l/ha) Modelo Grade aradora Área trabalhada Horas trabalhadas Consumo em litros Consumo médio por hora Rendimento Litros/hectares
John Deere 7815 grade 16x32" Civemasa 3140 kg 2,5 m 3C 12 km/h 3C 12 2,26 30,2 13,46 7815
20x43” 34,34 ha 14,6 h 492 l 33,70 l/ha 2,35 ha/h 14,33 l
16x32” 5,32 ha 2,1 h 66 l 31,43 l/ha 2,53 ha/h 12,4 1
Ficha técnica Modelo 7715 7815 Número de cilindros 6 Pot. motor (cv) 182 202 Volume (l) 6,8 Rotação (rpm) 2200 Diam/curso (mm) 106,5/127 Tipo aspiração Turbo Pot. TDP (cv) 151 167 Rotação (rpm) 540/1000 Transmissão 16F/16R PowrQuad Plus™ Eixo dianteiro Tração auxiliar Eixo traseiro Pinhão e cremalheira Capacidade de levante nos 3 pontos 6350 Cap. de levante a 610mm 4600 Lastro máximo (kg) 9900 10900
Os dois modelos contam com reduções finais com sistema planetário de engrenagens de dentes largos para melhor distribuição da carga, sistema versátil de eixo pinhão e cremalheira com fácil regulagem da bitola
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motores
Água a diesel Uma das alternativas para acionamento de sistemas de irrigação é o uso de motores a diesel, que já correspondem a aproximadamente 30% dos sistemas de bombeamento no Brasil
A
irrigação representa uma técnica imprescindível na produção agrícola, em muitas regiões do país. Normalmente, nessas regiões, devido ao déficit pluviométrico e, principalmente, a sua distribuição irregular, torna-se necessário o uso desta técnica. Essa tecnologia pode representar tanto um aumento de produtividade como aumento dos custos de produção, independentemente do método utilizado. O percentual do custo total de produção, referente aos custos de aplicação da irrigação na produção agrícola, representa, de maneira geral, a soma dos custos com a mão-de-obra utilizada na irrigação, serviços de manutenção e, principalmente, com
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a energia. Dentro do custo variável da irrigação, a energia representa a maior parcela e, dependendo da fonte optada, poderá chegar a 70%. A escolha do motor para o acionamento da bomba depende de vários fatores, como: potência necessária, disponibilidade e custo da energia, grau de mobilidade desejado ao conjunto motobomba, investimento inicial, entre outros. O conjunto desses fatores define a opção mais adequada, a qual, via de regra, recai nos dois seguintes tipos de motores: elétricos ou a diesel. De uma maneira geral, nas diferentes regiões do país, os motores elétricos apresentam-se mais
vantajosos, economicamente, no acionamento de bombas em áreas irrigadas, o que justifica seu uso por 70% dos irrigantes. Para os casos em que a potência instalada é grande e para as condições de instalações a curta distância da rede de distribuição de energia elétrica, os motores elétricos são mais adequados em detrimento do motor a diesel. No entanto, em determinadas situações não se dispõe nas proximidades de rede elétrica, o que passa a viabilizar outras fontes energéticas, a mais comum é o uso de motor diesel. Neste sentido é interessante encontrar um indicativo de viabilidade de implanta-
“A irrigação pode representar tanto um aumento de produtividade como aumento dos custos de produção, independentemente do método utilizado”
ção do sistema motorizado a diesel em detrimento do elétrico. Portanto, este estudo promoveu a análise da viabilidade econômica de implantação e operação de motores diesel, nas diferentes regiões do Brasil, obtido a partir de uma distância tal de rede elétrica que indica a inviabilidade de motores elétricos, diante das variáveis: número de horas de funcionamento por ano e estruturas tarifárias de energia elétrica. Para essa avaliação, foram considerados um motor diesel e um elétrico, de potência comercial de 50 cv cada. A partir de software desenvolvido pelos autores (Figura 1), foi determinada a distância da rede elétrica que viabiliza o uso de motores diesel, pela obtenção dos custos fixos (implantação da rede de energia e o custo dos motores, elétrico e diesel) e variáveis anuais (custos com a energia e óleo diesel consumidos em função do tempo de funcionamento) para diferentes composições tarifárias, regiões do país e número de horas de funcionamento por ano. O levantamento foi realizado para as cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), com dois, qua-
Tabela 1 - Estimativa do custo de uma linha de transmissão rural (US$), em função do comprimento, em metros Comprimento (m) 50 300 700 1300 1700 2000 3000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000 18000 20000 25000 30000
5 KVA Monofásico 902,00 1.520,00 2.510,00 3.995,00 4.985,00 5.727,00 8.201,00 10.676,00 15.624,00 20.573,00 25.522,00 30.471,00 35.420,00 40.368,00 45.317,00 50.266,00 62.638,10 75.010,10
10 KVA Monofásico 1.060,00 1.679,00 2.669,00 4.153,00 5.143,00 5.885,00 8.360,00 10.834,00 15.783,00 20.732,00 25.681,00 30.629,00 35.578,00 40.527,00 45.476,00 50.425,00 62.796,50 75.168,50
15 KVA Monofásico 1.160,00 1.779,00 2.769,00 4.253,00 5.243,00 5.986,00 8.460,00 10.934,00 15.883,00 20.832,00 25.781,00 30.730,00 35.678,00 40.627,00 45.576,00 50.525,00 62.896,60 75.268,60
37,5 KVA Trifásico 1.605,00 2.224,00 3.214,00 4.698,00 5.688,00 6.430,00 8.905,00 11.379,00 16.328,00 21.277,00 26.226,00 31.174,00 36.123,00 41.072,00 46.021,00 50.970,00 63.341,50 75.713,50
45 KVA Trifásico 2.542,00 3.524,00 5.096,00 7.453,00 9.025,00 10.204,00 14.133,00 18.062,00 25.920,00 33.778,00 41.636,00 49.495,00 57.353,00 65.211,00 73.069,00 80.927,00 100.573,00 120.218,50
75 KVA Trifásico 3.132,00 4.115,00 5.686,00 8.044,00 9.615,00 10.794,00 14.723,00 18.652,00 26.510,00 34.369,00 42.227,00 50.085,00 57.943,00 65.801,00 73.660,00 81.518,00 101.163,30 120.808,80
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Figura 1 – Software desenvolvido pelos autores
Os sistemas elétricos são viáveis em propriedades mais próximas à rede de transmissão
tro, seis e nove meses de irrigação com 21 horas/dia no horário fora de ponta, nas tarifas azul, verde e convencional tipo A. Foram considerados, ainda, os respectivos descontos para as diferentes regiões, conforme a Portaria 105, de 2 a 8 de outubro de 2002 e a Resolução Aneel Nº 277, de 19 de julho de 2000. A estimativa do custo da linha de transmissão rural, em função do comprimento, e da rede elétrica, foi obtida a partir da Tabela 1. A viabilidade de utilização dos motores diesel em relação ao acionamento de motores elétricos foi encontrada a partir de distâncias da rede de transmissão elétrica de 1,32 a 8,71 km (Tabela 2). A condição que mais favorece o uso do motor diesel na irrigação é na região Sudeste, operando dois meses/ano na tarifa convencional, com a rede elétrica de 75 KVA trifásico. Por outro lado, a condi-
ção que menos estimula a adoção do motor diesel nas áreas irrigadas é na região Sul, operando nove meses/ano na tarifa azul. Cabe aqui salientar que, em áreas rurais, linhas de transmissão monofásica são mais utilizadas por terem um custo inferior de instalação, em detrimento da rede trifásica. Outro aspecto é que algumas concessionárias só autorizam, para algumas áreas de sua atuação, a ligação de motores de 10 cv, sem especificar o número permitido de motores acoplados à rede. Para pequenos projetos de irrigação, esta potência é suficiente, entretanto, para o atendimento de áreas maiores e com equipamentos de maior porte, faz-se necessário a existência da rede trifásica.
CONCLUSÕES O uso de motores diesel em irrigação é
viável em condições de distâncias da rede de transmissão elétrica que podem variar de 1,32 a 8,71 km, sendo a primeira a condição mais favorável e existente na região Sudeste, com a operação de dois meses/ano na tarifa convencional e rede elétrica de 75 .M KVA trifásico. Rodrigo O. C. Monteiro, Priscylla Ferraz e Rubens D. Coelho, Esalq-USP Tabela 2 - Extensão da rede elétrica (75 KVA trifásico), em km, para as regiões do Brasil, com 2, 4, 6 e 9 meses de irrigação (21 h/dia) nas tarifas azul, verde e convencional, que viabiliza o uso do motor diesel Regiões
Tempo de irrigação anual (horas - mês) Norte 1260 – 2 2520 – 4 3780 – 6 5670 – 9 Nordeste 1260 – 2 2520 – 4 3780 – 6 5670 – 9 Centro-Oeste 1260 – 2 2520 – 4 3780 – 6 5670 – 9 Sudeste 1260 – 2 2520 – 4 3780 – 6 5670 – 9 Sul 1260 – 2 2520 – 4 3780 – 6 5670 – 9
Azul 1,92 3,84 5,75 8,63 1,87 3,74 5,60 8,40 1,84 3,69 5,51 8,27 1,74 3,51 5,24 7,88 1,95 3,89 5,81 8,71
A região Sudeste é a que mais favorece o uso de motor a diesel para irrigação de grandes áreas
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Tarifas Verde Convencional 1,85 1,68 3,73 3,31 5,58 4,95 8,39 7,40 1,79 1,52 3,61 3,07 5,41 4,63 8,13 6,97 1,77 1,47 3,59 2,97 5,36 4,78 8,07 6,73 1,73 1,32 3,51 2,70 5,25 4,08 7,90 6,14 1,86 1,63 3,73 3,28 5,58 4,28 8,37 7,40
bagageiros
Espaço adicional Ao instalar bagageiros é preciso estar atento às especificações dos fabricantes do veículo e respeitar o limite de peso sob pena de comprometer a vida útil do teto e a segurança de seu 4x4
O
bagageiro é o espaço adicional que muitos viajantes e aventureiros gostam de instalar no veículo, seja porque o carro fica com “cara de aventura” ou porque precisam mesmo de um lugar a mais para carregar as bagagens. O mercado tem modelos que procuram seguir as especificações dos fabricantes de veículos, estando preparados para carregar o peso limite que o teto da carroceria pode suportar. Mas sempre que surge uma expedição mais prolongada, o bagageiro é usado para armazenar pesos muitas vezes superiores ao limite projetado. Antes de instalar o equipamento você deve se perguntar qual é o peso máximo que pretende carregar. Normalmente os tetos e suas calhas suportam em torno de 50 a 60 quilos, e o bagageiro deve ter uma estrutura que não ocupe este peso sozinho, sob pena de não poder colocar qualquer coisa em cima deles depois de montado, afinal, o limite de peso já foi atingido! Em uma expedição que fiz com uma Toyota Bandeirantes, os pontos de fixação do bagageiro forçaram a calha do teto que rachou devido ao peso e à vibração constante em 14 mil quilômetros de viagem. Não
tive escrúpulos com a quantidade de peso a ser levada e paguei o preço. O manual de seu 4x4 deve conter o peso máximo que pode ser levado no teto. O Land Rover Defender tem no manual o peso máximo de 75 quilos para rodovia e 30 quilos para trilhas. Outra questão é: a sua garagem é alta o suficiente para receber o veículo com o bagageiro? Isto pode ser um problema na hora de garagear, pois muitos estacionamentos são baixos demais para um veículo alto e ainda por cima com um bagageiro. O comportamento do carro também muda após a colocação do bagageiro, o centro de gravidade se desloca um pouco e você sentirá isto na primeira volta que der com o carro. Após colocar peso então, ele ficará ainda mais instável, é preciso se acostumar com o novo comportamento dele e tomar cuidado com curvas fechadas em alta velocidade e trechos inclinados em trilhas. A colocação de faróis auxiliares, assim como antenas de radiocomunicação, neste acessório, exigem a instalação de um cabo que interligue a carcaça do bagageiro com a carcaça do veículo, desta forma se garante o “terra” para faróis e antenas. Mas lembre-
se de que estes componentes ficam em posição perigosa em trilhas fechadas, onde galhos e troncos podem arrancar tudo. Sempre coloque no bagageiro os itens de menor peso e que ocupam espaço dentro do carro. Não esqueça de prender os equipamentos e bagagem com cadeados caso precise se afastar do carro durante o dia, ou em pernoites em cidades e lugare.M jos afastados. João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br
Os bagageiros podem ter outras utilidades, como a instalação de plataforma para filmagens
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rerrefinorolo-faca de óleo
Sobre a cobertura O O uso uso do do rolo-faca rolo-faca para para manejo manejo de de cobertura cobertura antes antes do do plantio plantio ainda ainda éé bastante utilizado e sua eficiência depende, além do tipo bastante utilizado e sua eficiência depende, além do tipo de de cobertura, das características de fabricação do implemento cobertura, das características de fabricação do implemento
O
uso de cultivos de cobertura possibilita modificações nos sistemas de preparo do solo, oportunizando o uso de equipamentos e sistemas de preparo que revolvam menos o solo. O sistema de plantio direto pressupõe a cobertura permanente do solo que, preferencialmente, deve ser de culturas comerciais ou, quando não for possível, por culturas de cobertura do solo. Dentre as plantas que podem ser utilizadas para cultivos de cobertura, no período de inverno, tem-se a aveia-preta (Avena
strigosa), que se destaca como importante planta de cobertura do solo no sistema de plantio direto (Monegat, 1991). O nabo forrageiro (Raphanus sativus) é uma planta muito vigorosa, que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo, seu sistema radicular é pivotante, bastante profundo, atingindo mais de dois metros, possui elevada capacidade de reciclar nutrientes, principalmente nitrogênio (N) e fósforo (P) (Derpesch & Calegari, 1992). A ervilhaca (Vicia sativa) é uma leguminosa que proporciona uma boa cober-
O ensaio com o rolo-faca foi conduzido sobre as culturas de ervilhaca (acima), nabo forrageiro (centro) e aveia-preta (abaixo)
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“O sistema de plantio direto pressupõe a cobertura permanente do solo que, preferencialmente, deve ser de culturas comerciais ou, quando não for possível, por culturas de cobertura do solo”
tura protetora e melhora as características físicas, químicas e biológicas do solo (Derpesch & Calegari, 1991). O manejo dos cultivos de cobertura pode ser realizado com o rolo-faca com o objetivo de reduzir as operações de preparo do solo, pois basta uma passagem do equipamento para que o solo possa receber as sementes da nova cultura a ser implantada. O rolo-faca é um implemento agrícola constituído por tronco de madeira ou cilindro metálico com fileiras de lâminas ao redor e destina-se ao manejo (acamamento e corte) da cobertura vegetal na superfície do solo, a qual é a base para a prática do cultivo mínimo e do plantio direto (Weiss, 1998). Da necessidade de se desenvolver um rolo-faca versátil, fácil de manejar, com manutenção simples, com menor custo e que funcione bem, o Núcleo de Desenvolvimento Integrado de Projetos (NeDIP), do departamento de Engenharia Mecânica da UFSC, juntamente com o departamento de Engenharia Rural do CCA: UFSC, desenvolveu um rolo-faca com 1,2 m de largura, com peso de 300
Tabela 1 - Síntese dos valores de análise de variância e do teste de médias para as variáveis de consumo horário volumétrico, consumo específico, potência e capacidade efetiva Fator
Consumo horário (l/h)
Consumo específico (g/kwh)
Ervilhaca Nabo forrageiro Aveia
2,058 A 2,044 A 1,987 A
2390,36 AB 2498,84 A 2314,33 B
1,5 km/h 3 km/h 5 km/h C V CxV
1,755 C 1,955 B 2,380 A 3,90 NS 148,75 ** 1,14 NS
3340,80 A 2136,88 B 1725,86 C 4,15 NS 247,46 ** 0,47 NS
Potência na barra (kw) Cobertura (C) 0,8267 A 0,7767 B 0,8307 A Velocidade(V) 0,4527 C 0,7907 B 1,1907 A 8,00 * 951,95 ** 1,20 NS
Patinagem das rodas (%)
Capacidade de campo efetiva (ha/h)
3,7367 A 3,5553 A 3,7487 A
0,3740 A 0,3727 A 0,3693 A
3,4167 A 3,5727 A 4,0513 A 0,23 NS 2,96 NS 0,96 NS
0,1873 C 0,3393 B 0,5893 A 2,05 NS 17114,40 ** 0,18 NS
: não significativo (P>0,05); *: significativo (P<0,05); **: significativo (P<0,01).
NS
kgf (lastrado com 140 l de água). Este equipamento pode ser tracionado com animal, trator de rabiças ou trator de rodas. Ele foi construído com facas seccionadas, permitindo melhor corte das plantas, menor impacto com o solo e melhor manutenção e fácil troca de facas. O mesmo equipamento, que atualmente está sendo fabricado pela Iadel, foi submetido
a um ensaio para avaliar o seu desempenho em três coberturas de solo (aveia-preta, nabo forrageiro e ervilhaca) e três velocidades de deslocamento (4,9, 5,9 e 7,9 km/h). O experimento foi realizado na Fazenda Experimental Ressacada, do Centro de Ciências Agrárias (CCA/UFSC), localizado no município de Florianópolis, SC, nas coordenadas geográficas 27º41’ latitude
O trator utilizado para o ensaio foi um Ferg modelo FS 180-3, com 13,9 kW de potência no motor
Dinamômetro acoplado entre o trator e o rolofaca (acima) e trator instrumentado com medidor de consumo de combustível (abaixo)
Sul e 48º32’ longitude Oeste, com altitude média de sete metros em uma área de pastagem natural. O solo da área experi-
mental foi classificado como Neosolo Quartzarênico Hidromórfico Típico, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (Embrapa, 1999). Para tracionar o rolo-faca foi utilizado um trator da marca Feng modelo FS 180-3 com 13,9 kW de potência no motor. Para coletar os dados das características operacionais, utilizou-se um dinamômetro de tração, um cronômetro, um termômetro digital e uma trena de 50 m. Foi instalado no trator um medidor volumétrico, para medir o consumo de combustível. A densidade do combustível foi calculada em função da temperatura na entrada do sistema de alimentação do motor. Durante
a realização do ensaio, foi necessária a participação de cinco alunos (de iniciação científica) do curso de Agronomia e dois técnicos, devidamente treinados, para coleta dos dados. Na Tabela 1, verifica-se que não houve diferença no consumo horário de combustível, na patinagem e na capacidade efetiva entre os cultivos de coberturas. O consumo específico foi maior para o nabo forrageiro do que para a aveia-preta, provavelmente pela menor potência exigida. A patinagem foi inferior ao indicado por Corrêa et al. (1995) que recomenda de 8 a 10% em solos não-mobilizados, o que indica que o trator poderia ser de menor potência, ou o equipamento ser maior. Constatou-se também que a velocidade não influenciou na patinagem. O melhor desempenho do rolo-faca foi para o nabo forrageiro e a velocidade de 5 km/h foi a que apresentou maior economia de combustível e tempo, onde ocorreu maior capacidade efetiva. Os cultivos de cobertura influenciaram apenas no consumo específico de combustível e na potência exigida e a velocidade não influenciou na patinagem. .M Alberto Kazushi Nagaoka, Augusto Weiss, CCA/UFSC O melhor desempenho do rolo-faca foi para nabo forrageiro e a velocidade de 5km/h
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