Maquinas 66

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Destaques Matéria de capa

Direto na palhada As vantagens de adotar o plantio direto de soja na palhada de cana-de-açúcar

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Desempenho à altura

Ficha Técnica

Teste Drive Cultivar Máquinas aponta as características que fazem do pequeno Yanmar 1155 DT um dos modelos preferidos pelos horticultores

Conheça em primeira mão a colhedora axial MF 9790 ATR, o mais recente lançamento da Massey Ferguson

Índice

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Nossa Capa Charles Echer

Rodando por aí

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Plantio direto sobre a palhada

06

Grupo Cultivar de Publicações Ltda.

Modelo de colhedoras e qualidade de grãos 10

www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com

Colheita de café

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Teste Drive - Yanmar 1155 DT

18

Pulverização com BVO

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Mulheres e máquinas agrícolas

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Ficha Técnica - MF 9790 ATR

32

Agricultura de precisão em arroz

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Empresas - Yanmar

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Técnica 4x4 - GPS

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Milho em canteiros

40

Números atrasados: R$ 15,00

Cultivar Máquinas Edição Nº 66 Ano VI - Agosto 2007 ISSN - 1676-0158

www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00

Assinatura Internacional: US$ 80,00 EUROS 70,00 • Redação

Gilvan Quevedo Charles Echer • Revisão

Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia • Comercial

Pedro Batistin

Sedeli Feijó • Gerente de Circulação

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Cibele Costa • Assinaturas

Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa

Raquel Marcos • Expedição

Dianferson Alves

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• REDAÇÃO

3028.2000

3028.2060

• ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2070

3028.2065

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Expointer

Dia de Negócios

Parceria

Confiante na reação do mercado e para incentivar os produtores no incremento de tecnologia, a Agrosystem realizou em agosto, em parceria com a revenda Platam, de Lucas do Rio Verde (MT), o primeiro Dia de Negócios. Uma série de eventos está prevista para as principais regiões do Brasil para mostrar aos produtores da região os benefícios que a tecnologia tem trazido ao campo.

A Tramontini, em parceria com a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e outras empresas, realiza projeto para produção e utilização de biodiesel. A Unisc fornecerá o combustível e análises de laboratório, enquanto a empresa irá monitorar agricultores no interior de Venâncio Aires e Santa Cruz do Sul (RS), que utilizarão o biodiesel em seus microtratores. Serão feitos testes nos motores nas partes de injeção de combustível e óleo lubrificante. O resultado final comprovará a utilização de biodiesel em motores ciclodiesel, sem que sofram alterações. Segundo o engenheiro Luiz Fernando Dullius Schaefer, da Tramontini, a pesquisa será concluída até o final do ano. “Até o momento os Luiz Fernando Schaefer resultados se mostraram satisfatórios”, avalia.

Aviação Agrícola O Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça - CAVG, da Universidade Federal de Pelotas, promove o II Curso de Executores em Aviação Agrícola, de 3 a 8 de setembro, nas instalações do próprio CAVG. As inscrições ocorrem no período de 10 a 30 de agosto e podem ser feitas pelo telefone (53) 3277-6700 ramal 244. O investimento é de R$ 550 para técnicos agrícolas e R$ 470 para alunos formandos do CAVG/UFPel.

Conbea 2007 O engenheiro agrônomo Eduardo Sousa, da Massey Ferguson, apresentou palestra sobre o programa Geração Massey, durante o Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola (Conbea), no começo de agosto, em Bonito (MS). A empresa foi uma das patrocinadoras do evento. Em parceria com a concessionária Mosena, de Campo Grande, a marca contou com estande na Exposição Técnica paralela, onde recebeu a visita de autoridades de Mato Grosso do Sul, como o governador André Pucinelli e a secretária da agricultura Tereza Cristina.

Eduardo Sousa (esq.)

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Arroz A Jonh Deere participou do V Congresso Brasileiro de Arroz Irrigado, em agosto, em Pelotas, no Rio Grande do Sul. A empresa foi uma das patrocinadoras do evento. Eduardo Romann Martini, da área de planejamento de produto, destacou o piloto automático e as demais soluções ofereciEduardo Martini (esq.) das pelo Sitema AMS.

Trator 8430 A John Deere apresentou durante o Congresso Brasileiro de Algodão o seu trator 8430 com motor de 310 cv, com tamanho e potência ideais para o trabalho no cultivo de algodão. O gerente de vendas, Rodrigo Bonato, palestrou sobre a qualidade de colheita das colhedoras 9970 e 9986. A John Deere aproveitou também para receber os clientes e apresentar as utilizações do sistema AMS de agricultura de precisão, como o uso do piloto automático.

A Valtra apresenta durante a Expointer, em Esteio (RS), sua linha de tratores Geração II, com design moderno e arrojado, cabines mais confortáveis e funcionais, novo hidráulico eletrônico HiLift e motores turboalimentados com Intercooler e tecnologia Sisu Diesel. Outra novidade que vai ser mostrada na feira é a liberação oficial do uso de B-20, mistura de 20% de biodiesel e 80% de diesel. O B-20 pode ser utilizado nos tratores Valtra com garantia de fábrica. Em Mato Grosso, prosseguem os testes com tratores da marca com o B-100 (100% biodiesel). A linha florestal da empresa também vai merecer destaque no evento.

Cotton Express A Case IH participou do VI Congresso Brasileiro de Algodão onde apresentou sua linha de máquinas para a cultura. Além de expor os tratores da linha Magnum e MXM Maxxum, o pulverizado autopropelido Patriot 350 e as plantadeiras AMS 1200, a empresa aproveitou para mostrar aos participantes as suas duas novas colhedoras de algodão, Cotton Express 420 e Cotton Express 620, de cinco e seis linhas. “São todas máquinas de altíssima performance na lavoura algodoeira”, afirma o gerente de marketing Fábio Borgonhone.

Luto Vitacir Paludo, vice-presidente da Paludo Participações Ltda, estava no vôo 3054 da TAM que se chocou com o prédio da TAM Express no aeroporto de Congonhas, no último dia 17 de julho. Conhecido por cultivar a política de amizade e bom relacionamento com clientes fornecedores, concorrentes e funcionários, em 1972 abriu a primeira filial fora do Rio Grande do Sul, em São Paulo. Introduziu os primeiros conceitos de marketing na empresa, ao criar o departamento de Planejamento Estratégico. Foi o idealizador de parcerias como a Fórmula Truck e o Arrancadão de Tratores. Vitacir realizou, também, a primeira exportação da empresa para o Chile em 1982. Hoje a Vipal conta com escritórios na Argentina, Chile, México, EUA e Europa.

Vitacir Paludo

Pneus em 36x A Pirelli Pneus expandiu sua parceria com o BNDES para a aquisição de pneus, parcelada em até 36 vezes com taxa de juros em torno de 1%. A parceira destina-se a proprietários de ônibus, caminhões e veículos agrícolas que podem adquirir os pneus em mais de 400 revendas da marca, em todo território nacional. “Em quatro meses, a parceria mostrou-se um sucesso, tanto para o consumidor como para o revendedor, visto que tivemos a adesão de praticamente 100% dos pontos-devenda Pirelli”, afirma o gerente de marketing da unidade Truck da Pirelli Pneus, Eduardo Sacco.



plantio direto sobre cana

Massey Ferguson

Direto sobre a palha A adoção do plantio direto de soja sobre a palhada de cana é muito mais vantajosa que o cultivo convencional. No entanto, o sucesso da operação depende muito da plantadora utilizada, que deve ter características que possibilitem o corte da densa camada de palha, sem embuchamentos

A

s vantagens proporcionadas pelo Sistema Plantio Direto (SPD) no cultivo de grãos são inquestionáveis, tanto no âmbito agronômico e econômico, bem como no ambiental. A manutenção da palha sobre a superfície do solo e a mobilização do solo exclusivamente na linha de semeadura, aliadas a um eficiente sistema de rotação de culturas, são os grandes responsáveis pelos excelentes resultados que vêm sendo obtidos pelos produtores de grãos de todo o país. No caso específico do setor sucroalcooleiro do país, em função da legislação vigente onde o decreto nº 45.869 (22/6/01) diz que as queimadas da cana-de-açúcar deverão ser eliminadas de forma gradativa, não podendo a redução ser inferior a 25% a cada período de cinco anos em cada propriedade. A área inicial que é proibida a utilização do fogo, a partir de 2001, O plantio direto sobre a palhada de cana é um desafio que exige força e muita capacidade de corte nas linhas da plantadora

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é de 25% nas áreas mecanizáveis (áreas com declividade inferior a 12%) e de 13,5% nas áreas não-mecanizáveis (áreas com declividades iguais ou superiores a 12%). No ano de 2017, a queima da cana será totalmente proibida nas áreas mecanizáveis. Em função disto, tem se verificado um gran-

de aumento de áreas que estão sendo colhidas mecanicamente. Não existem dados concretos, porém, estima-se que hoje 30% da área total de cana seja colhida através de máquinas colhedoras. A colheita de cana-crua, deixa sobre a superfície do solo uma grande quantidade de pa-


“As vantagens proporcionadas pelo Sistema Plantio Direto (SPD) no cultivo de grãos são inquestionáveis, tanto no âmbito agronômico, econômico bem como no ambiental” Fotos Semeato

Figura 1 - Produtividade de soja cultivada sob Plantio Direto, em quatro anos. (Felício, 2007)

Soja no seu desenvolvimento inicial. É possível perceber a pouca movimentação de terra e palha na linha de plantio

lha, que pode variar de 15 t/ha até 25 t/ha, formando uma camada de aproximadamente 1020cm de espessura. Um verdadeiro colchão de palha. A renovação do canavial geralmente ocorre após o 5º ou 6º corte. No período compreendido entre o último corte e o próximo plantio da cana, é quando se pode implantar culturas de grãos, preferencialmente leguminosas, como por exemplo a soja, para realizar a rotação de culturas. Esta cultura, além de apresentar sistema radicular pivotante, apresenta necessidades nutricionais diferentes da cultura da cana, além de realizar a fixação simbiótica de nitrogênio (N), elemento “consumido” em grande quantidade pela cultura da cana-de-açúcar. Alguns autores afirmam que a soja pode deixar no solo, após a colheita dos grãos, até 260kg/ha de nitrogênio. Já outros autores afirmam que a reciclagem de nutrientes, proporcionada pela rotação de culturas com leguminosas, proporciona aumento na produção da cana na ordem de 22 a 47%, o que representa um acréscimo de até 5,0 t/ha de açúcar. A implantação da cultura da soja, dentro deste sistema, pode ser realizada via plantio direto (PD) ou via plantio convencional (PC), porém, verifica-se que o plantio direto tem inúmeras vantagens sobre o plantio convencional, principalmente no que se refere a custos e produtividades. O custo de uma lavoura de soja implantada sob PD na palhada de cana apresenta uma redução, quando comparado ao PC, na ordem de 30% (Figura 1). Isto se verifica pelo fato de

Detalhe do facão guilhotina usado no plantio sobre a palha de soja. Sem ele, a operação ficaria praticamente inviabilizada

que no PD, todas as operações de preparo de solo para o plantio da soja são substituídas pela destruição química da soqueira da cana e, também, pela redução ou eliminação do uso de herbicidas pré e pós-emergentes devido à manutenção da palhada sobre o solo. Já, com relação à produtividade da soja implantada sob PD, esta pode chegar a rendimentos superiores a 50% quando comparados ao rendimento da cultura obtido no PC. Em média, as produtividades da soja obtidas no PC estão ao redor de 35-40 scs/ha enquanto que no PD tem-se obtido médias, em lavouras comerciais, de até 60 scs/ha (Figura 2). Além destas vantagens relacionadas à redução dos custos e ao aumento da produtividade, outras vantagens, favoráveis ao PD, podem ser citadas: • inicia-se o sistema com grande volume de palha (no mínimo 15 t/ha); • controle total da erosão; • diminuição e estabilização da temperatura do solo; • permite a realização do plantio, sem interrupção, por falta de umidade; • obtenção de melhor stand de lavoura; • dispensa a utilização de herbicidas pré e pós-emergentes; • melhor aproveitamento da frota de tratores da propriedade; • maior vida útil das máquinas (trabalho sem poeira). Para a realização do PD da soja, é ne-

ANO AGRÍCOLA 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 ÁREA CULT. 1080,0 has 980,0 has 750,0 has 600,0 has VARIEDADES PRODUTIVIDADE (scs/ha) M-SOY 6101 52 56 45 50 M-SOY 7901 47 CONQUISTA 54 60 46 VENCEDORA 72 68 47 64 MÉDIA 56,3 61 46 * 57 * - Estiagem de 18 dias no período de floração da cultura

Figura 2 - Custos de Produção da Soja: Plantio Direto x Plantio Convencional. (CATI/SP) SISTEMA DE PLANTIO PLANTIO CONVENCIONAL PLANTIO DIRETO ESPECIFICAÇÕES VALOR (R$) VALOR (R$) OPERAÇÕES 351,90 156,77 Preparo do Solo 215,00 26,62 Plantio+Trat. Sementes 26,25 26,25 Tratos Culturais 20,25 13,50 Colheita 64,00 64,00 Transporte 26,40 26,40 INSUMOS 645,26 555,26 Corretivos 54,00 54,00 Sementes 56,00 56,00 Fertilizantes 147,84 147,84 Defensivos 185,82 85,82 Outros 201,60 201,60 TOTAL 997,16 712,03 Redução Custos 0 30,20%

cessário que haja um planejamento da colheita da cana, onde, as áreas que serão destinadas à renovação, deverão ser colhidas primeiro. As colhedoras de cana que apresentam esteira e exaustor móveis, proporcionam melhor distribuição da palha sobre a superfície do solo. A distribuição uniforme da palha sobre o solo faz com que seja dispensada a utilização de herbicidas pré e pós-emergentes. A dessecação do rebrote é uma operação de grande importância para a obtenção de melhores resultados com a cultura da soja. Deve-se observar o desenvolvimento do rebrote, e quando este se encontrar com uma altura ao redor


Fotos Semeato

As linhas de adubo e sementes são defasadas, para facilitar o fluxo e evitar embuchamentos com os restos de palha

de 50-60 cm é quando se deve realizar a dessecação. A dessecação pode ser realizada através de herbicidas sistêmicos, como o glifosato, na dose de 5-6 litros/ha. É importante sempre observar as condições ambientais no momento da aplicação para que se obtenha melhor eficiência do produto. As variedades de soja mais indicadas para o plantio, são aquelas que possuem sistema radicular agressivo, inserção mais alta das primeiras vagens para facilitar a colheita e de ciclo precoce ou semiprecoce para não atrasar o plantio da cana. A população de plantas a ser implantada depende das recomendações de cada uma das variedades. É importante destacar que as sementes devem ser inoculadas, por ocasião do plantio. Tendo em vista o longo período de permanência da cultura da cana sobre as áreas, recomenda-se, por ocasião da inoculação, a utilização do dobro da dose recomendada de inoculante. A semeadura da soja sobre o intenso “colchão” de palha existente sobre solo é o grande desafio do sistema. É imprescindível a utilização de semeadoras apropriadas que sejam capazes de cortar a espessa camada de palha e, ao mesmo tempo, abrir o sulco para a deposição das sementes e fertilizantes, em profundidades adequadas. As máquinas devem apresentar, em função do grande volume de palha, um eficiente sistema de corte, uma boa altura do chassi em relação ao nível do solo, além disso, é de fundamental importância que as linhas tanto de adubo como de semente apresentem defasagem longitudinal. Estes três fatores são indispensáveis em uma semeadora para realizar o plantio da soja sobre a palhada da cana, sem a ocorrência de embuchamentos. Pode-se afirmar que, devido ao intenso trânsito de máquinas pesadas durante a colheita da cana (colhedoras + transbordos) ocorre a compactação do solo nas camadas superficiais, portanto, torna-se obrigatória a utilização, na semeadora, de sulcadores do tipo facão. A utilização de sulcadores do tipo discos duplos desencontrados ou defasados não O plantio direto sobre palhada de cana-de-açúcar deve ser feito com semeadoras projetadas para a operação

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é recomendada, visto que, este tipo de sulcador não tem condições de “quebrar” as camadas superficiais compactadas, o que resultará em um desenvolvimento insatisfatório da soja e, conseqüentemente, baixas produtividades. Já a utilização de sulcadores, do tipo facão afastado, provoca com alta freqüência a ocorrência de embuchamentos da palhada, fazendo com que o rendimento operacional seja extremamente baixo. O emprego do facão guilhotina, com disco de 20”, promove o corte total da palhada da cana, sem a ocorrência de embuchamentos, ao mesmo tempo que o facão guilhotina efetua o corte da palhada, realiza também o rompimento das camadas superficiais compactadas, fazendo uma espécie de “preparo do solo” exclusivamente na linha de semeadura, proporcionando condições ideais para o desenvolvimento da cultura. O sucesso da implantação da soja sobre esta palhada depende do sistema de corte utilizado pela semeadora, uma vez que, para que ocorra a germinação das sementes, as mesmas devem estar em íntimo contato com o solo. A palha deve ser cortada em sua totalidade para evitar o efeito de “encestamento” das sementes, ou seja, deve-se evitar que as sementes sejam depositadas sobre a palha, o que provocaria baixo índice de germinação das sementes e conseqüentemente um stand de lavoura muito abaixo daquele desejado. As experiências de campo têm demonstra-

do que para melhorar ainda mais o desempenho das semeadoras na implantação da cultura, o plantio da soja deve ser realizado, sempre que possível, cortando a soqueira da cana em mais ou menos 45º, ou seja, o plantio da soja deve ser realizado em diagonal às linhas da soqueira da cana. É importante destacar que a maior dificuldade para a implantação da soja sobre a palhada da cana-crua é a semeadura. O grande volume de palha existente na superfície do solo é a barreira a ser vencida, para isto, a semeadora deverá apresentar características próprias para trabalhar nestas condições, caso contrário, não serão obtidos os resultados esperados. O sucesso do sistema depende da implantação da cultura, portanto, pode-se afirmar que o sucesso do plantio direto na palhada de cana-crua, depende do desempenho da semeadora nas condições as quais será submetida a trabalhar. De modo geral, pode-se afirmar que o plantio direto de soja sobre a palhada da cana, utilizado na rotação de culturas, é técnica e economicamente viável, visto que proporciona resultados superiores aos obtidos com o plantio convencional, ou seja, aumento da produtividade tanto da soja como da cana, além de proporcionar a diminuição dos custos de formação do novo canavial, uma vez que, após a colheita da soja, pode-se realizar somente um mínimo cultivo para preparar o solo para o plantio da cana. Além disso, se as condições forem favoráveis durante o ciclo da soja, o lucro obtido com a colheita dos grãos poderá subsidiar as operaM ções do plantio da cana. Eduardo Copetti, Semeato S.A.



comparativo

Tudo pela qualidade Ensaio compara três modelos de colhedoras e avalia as qualidades física e fisiológica dos grãos colhidos. Além da parte mecânica, velocidades e regulagens interferem diretamente na apresentação do produto final

A

colheita mecanizada de soja pode acarretar perdas quantitativas de sementes e também perdas qualitativas, principalmente em virtude da energia de impacto envolvida no processo de trilha. O conhecimento dos tipos de perdas e onde elas ocorrem é indispensável para adotar regulagens menos prejudiciais às sementes e seleção adequada das máquinas. As perdas qualitativas e os danos mecânicos compreendem as sementes quebradas, trincadas, rachadas e a redução na germinação e vigor. Os danos mecânicos se manifestam não só pela aparência física das sementes afetadas, como também pelas conseqüências provocadas pelos danos sobre a qualidade fisiológica das mesmas. Na soja, o eixo embrionário se loca-

liza logo abaixo do tegumento, tornandoa muito sensível a danos de natureza mecânica; entretanto, o problema pode ser um pouco amenizado desde que as máquinas estejam perfeitamente reguladas e o teor de umidade adequado. Diversos estudos têm apontado que a colheita mecanizada da soja é considerada uma etapa crítica quanto à obtenção de um produto de alta qualidade. Na maioria dos casos, tem ocorrido grande variabilidade da qualidade de sementes colhidas, não só em função da manutenção deficiente e da operação e ajustes inadequados das colhedoras e dos seus sistemas de trilha, retrilha e transporte de grãos, como também das oscilações freqüentes de temperatura, associadas às chuvas durante o período de maturidade.

O mercado dispõe de colhedoras com sistema de trilha com cilindro e côncavo transversais (convencionais), e as de fluxo axial, que podem produzir efeitos diferenciados na qualidade fisiológica do material a ser utilizado como semente. Dentre as máquinas de fluxo axial, existem ainda as de rotor simples e as de rotor duplo, estas últimas muito pouco estudadas a nível mundial. Geralmente, o que se espera de um mecanismo de trilha é a diminuição das perdas de sementes durante o processo, a redução dos danos mecânicos transmitidos às sementes e a separação correta dos grãos. As colhedoras com sistema de trilha axial, em que o material entra no sentido do eixo do cilindro (conhecido como rotor), apresentam como diferencial a posMassey Ferguson

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“O conhecimento dos tipos de perdas e onde elas ocorrem é indispensável para adotar regulagens menos prejudiciais às sementes e seleção adequada das máquinas” New Holland

sibilidade de redução dos índices de danos mecânicos, principalmente na colheita de sementes, em relação às colhedoras com sistema de trilha com alimentação tangencial. Todavia, os custos de aquisição desses modelos de colhedoras ainda são elevados para muitos produtores. Outro fator que interfere muito na qualidade das sementes é a sua umidade durante a colheita. Recomenda-se a colheita da soja com teor de água entre 13% e 15%, o que minimiza o problema de

danos mecânicos e perdas. Sementes colhidas com teor de água superior a 15% estão sujeitas a maior incidência de danos mecânicos latentes e, quando colhidas com teor abaixo de 12%, estão suscetíveis ao dano mecânico imediato, ou seja, à quebra. O presente trabalho teve como objetivo avaliar as qualidades física e fisiológica de sementes de soja colhidas mecanicamente por sistemas axial e convencional de trilha, em diferentes velocidades de

Case IH

O ensaio com as três colhedoras foi realizado na Fazenda Pampa, no município de Presidente Olegário (MG)

avanço das colhedoras e rotações do cilindro trilhador. O estudo foi realizado na Fazenda Pampa, localizada no município de Presidente Olegário (MG). Foram avaliados a germinação, o vigor e a injúria mecânica de sementes de soja (variedade vencedora - BRS MG 68 - com umidade média,


New Holland

Os modelos utilizados no comparativo foram as New Holland TC 59 e TR 98, além da 2388 Extreme da Case IH

Divulgação

uniforme para todos os lotes, de 13,1%) colhidas por três diferentes colhedoras (cilindro convencional, rotor axial e rotor axial duplo), em duas velocidades de avanço (6,0 e 7,0 km/h) e duas rotações do cilindro trilhador. A colhedora de cilindro convencional (TC 59) trabalhou com rotação do cilindro de 500 e 600 rpm, a de rotor axial (2388 Extreme), com 450 e 500 rpm, e a de rotor axial duplo (TR98), com

800 e 900 rpm. A coleta das sementes foi realizada diretamente na rosca sem fim, que abastece o tanque graneleiro das colhedoras, depois de estabilizada a alimentação do tanque para cada condição testada. Depois de coletadas as amostras, estas foram conduzidas ao laboratório para realização das análises de qualidade das sementes. Nas condições em que o experimento foi conduzido, pode-se concluir que tanto a colhedora de cilindro de trilha radial, como as axiais, desde que convenientemente reguladas, não provocaram diferenças significativas na germinação e no vigor das sementes de soja. Com relação à injúria mecânica, as máquinas de fluxo axial mostraram-se superiores, promovendo menor percentagem de injúrias. A colhedora de duplo rotor axial apresentou comportamento similar à de rotor simples.

O incremento da velocidade de deslocamento de 6,0 para 7,0 km/h promoveu aumento da injúria mecânica, bem como redução do vigor das sementes, nas menores rotações do cilindro trilhador. Variações da ordem de 100 rpm na rotação do cilindro, dentro das faixas recomendadas pelos fabricantes das máquinas, pouco influenciaram na qualidade da semente colhida. A colhedora com duplo rotor axial apresenta dois rotores de menor diâmetro, quando comparada às máquinas de um único rotor, que somados a maior rotação, conferem grande força centrífuga. Além disso, o material alimentado é dividido para os dois rotores, resultando em menor quantidade de material a ser trilhada por rotor. Apesar destas diferenças construtivas, estas máquinas não se mostraram diferentes quanto à qualidade da semente colhida. Ressalta-se que a colhedora 2388 Extreme apresenta um rotor axial de segunda geração, desenvolvido a partir de alterações dos rotores axiais originais, incluindo aletas para condução do material de forma mais homogênea para o interior do rotor. Destaca-se ainda que a umidade das sementes durante a colheita estava dentro da faixa ideal, o que minimiza a influência na germinação e no vigor. Resultados diferentes poderiam ocorrer em condições mais adversas de umidade na colheita, principalmente em favor das colhedoras axiais. Além disso, danos latentes, após o armazenamento, poderiam ser verificados em M virtude da injúria mecânica. João Paulo Rodrigues da Cunha, UFU Guilherme Piva, Sementes Ouro Verde

Tabela 1 - Efeito do sistema de trilha e da velocidade de avanço das colhedoras na germinação, vigor e injúria mecânica de sementes de soja, colhidas mecanicamente em duas rotações do cilindro trilhador Colhedora TR98 2388 Extreme TC59 Velocidade

João Paulo da Cunha, responsável pelo ensaio, mostra quais as vantagens de cada máquina testada

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6 km/h 7 km/h

Germinação (%) Rotação 1** Rotação 2 85,9a 88,1a 89,0a 91,5a 90,5a 90,4a Germinação (%) Rotação 1 Rotação 2 89,0a 89,9a 87,9a 90,1a

Vigor (%) Rotação 1 Rotação 2 72,3a 78,4a 72,4a 77,4a 75,0a 74,5a Vigor (%) Rotação 1 Rotação 2 75,2a 75,8a 71,3b 77,7a

Injúria (%) Rotação 1 Rotação 2 9,0b 9,0b 6,1c 9,6b 13,4a 12,5a Injúria (%) Rotação 1 Rotação 2 8,5b 9,8b 10,5a 10,9a

* Médias seguidas por letras minúsculas distintas, nas colunas, diferem significativamente entre si, a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. ** Rotação 1: TR98 (rotor duplo) = 800 rpm, 2388 Extreme (rotor simples) = 450 rpm e TC59 (cilindro convencional) = 500 rpm. Rotação 2: TR98 = 900 rpm, 2388 Extreme = 500 rpm e TC59 = 600 rpm



regulagens

Vibração em teste Cultivar

de aplicação da vibração pela máquina. Tempos médios de dez, 20 e acima de 40 segundos poderiam ocasionar danos em vários níveis ao cafeeiro, podendo ser leves, médios e graves, respectivamente. Um dos principais danos causados ao cafeeiro pela ação de colhedoras é a desfolha que, na maioria das vezes, é superior à desfolha causada pela colheita manual. Com a desfolha, a planta produzirá menos no ano seguinte, uma vez que utilizará suas reservas para a recomposição da vegetação e, por conseguinte, terá uma menor frutificação. A ocorrência freqüente de tal fato proporcionará o estresse da planta e a redução de sua longevidade. Estudos analisando a influência da vibração das hastes e velocidade de deslocamento da colhedora no processo de colheita mecanizada ainda são pouco freqüentes. Sendo assim, este trabalho teve por objetivo analisar a influência da variação de vibração e da velocidade de deslocamento no processo de derriça dos grãos com o uso de duas passadas da colhedora de café. O presente trabalho foi conduzido na Fazenda Capetinga, localizada no município de Boa Esperança, sul de Minas Gerais, na safra de 2004/2005, em uma área de três hectares de lavoura da cultivar acaiá, com seis anos de idade, plantada no espaçamento de 4 m entre linhas e 0,9 m entre plantas, totalizando 2.777 plantas/ha. Para a colheita mecanizada do café foi utilizada a colhedora Jacto, modelo KTR. Esta é uma colhedora tracionada, que opera acoplada ao sistema hidráulico de três pontos de um trator tipo cafeeiro de 75 cv, dotado de redutor de velocidade e tração dianteira auxiliar, cujo funcionamento se faz por meio da tomada de potência (TDP), a 540 rpm. A colhedora, por possuir uma estrutura tipo pórtico, trabalha montada sobre as plantas e na linha do cafeeiro, possuindo dois cilindros derriçadores dotados de hastes vibratórias que en-

A

colheita do café é uma operação complexa, pois se constitui de uma série de operações, tais como arruação, derriça, varrição, recolhimento, abanação e transporte, devendo ser iniciada quando a maior parte dos frutos estiver madura e antes que se inicie a queda dos frutos secos. Comparativamente a outras culturas, a colheita do café é mais difícil de ser executada, em razão do formato da planta, da desuniformidade de maturação e do elevado teor de umidade dos frutos, o que prejudica a mecanização das operações. A colheita é de fundamental importância no processo produtivo, uma vez que é o mo-

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mento de colher o fruto dos investimentos realizados. Assim, a mecanização do processo de colheita torna-se ponto de vital importância, tendo em vista a possibilidade de otimização das operações de campo e redução de custos. O processo de colheita mecanizada, prática que visa à retirada dos frutos da planta com o uso de colhedoras que utilizam a vibração das hastes como principio de derriça, tem passado por grandes avanços nas duas últimas décadas, graças ao desenvolvimento tecnológico e melhorias no processo de colheita. Em 1975, estudos já tinham demonstrado que os níveis de danos provocados à estrutura arbórea do cafeeiro são proporcionais ao tempo

Fábio Moreira da Silva

O desempenho da colheita mecanizada de café está diretamente ligado ao aumento da vibração das hastes derriçadoras da colhedora. Quanto maior a vibração, mais eficiente a operação, no entanto, o aumento de velocidade de deslocamento da máquina não tem o mesmo efeito

Detalhe do café colhido durante os testes feitos com diferentes variações de velocidades de vibração e velocidade de deslocamento da colhedora


“Um dos principais danos causados ao cafeeiro pela ação de colhedoras é a desfolha que, na maioria das vezes, é superior à desfolha causada pela colheita manual”

FIGURA 1 - Volume de café colhido em função da variação de vibração

FIGURA 2 - Eficiência de colheita em função da variação da vibração

FIGURA 3 - Volume de café caído no chão em função da variação da vibração

FIGURA 4 - Processo de desfolha em função da variação da vibração

volvem os cafeeiros lateralmente, derriçando os frutos pelo efeito da vibração das hastes, os quais caem no sistema de recolhimento que, depois de ventilados, são ensacados. Os ensaios foram realizados com duas passadas da colhedora, sempre no mesmo sentido de deslocamento, definidos em função do índi-

ce de verdes na planta. A primeira passada foi realizada com média de 30% de verde, e velocidade de deslocamento de 1.640 m/h, variando-se as vibrações de 650; 750; 850 a 900 ciclos/min, para os tratamentos T1, T2, T3 e T4, respectivamente. A segunda passada, realizada 28 dias após, foi feita com média de 10% de

verdes, e vibração de 1.000 ciclos/min, variando-se as velocidades de 2.160; 2.600; 1.000 a 1.640 m/h, para os tratamentos T1, T2, T3 e T4, respectivamente. Em todos os tratamentos foram utilizadas todas as hastes da colhedora. A quantidade de café colhido em cada parcela foi medida em volume (L/planta). A efi-


Divulgação

ciência de colheita foi determinada dividindo-se o volume de café colhido em cada passada pela carga pendente do cafeeiro, sendo esta uma porcentagem da carga total. Para a determinação das perdas de colheita e desfolha, o chão sob a copa de cinco plantas de cada parcela foi forrado. A desfolha foi quantificada em peso de folhas e ramos, (kg/planta) e a quantidade de café caído no chão foi medida em volume (l/planta), sendo consideradas perdas de colheita.

RESULTADOS

Fotos Fábio Moreira da Silva

A carga pendente média da lavoura foi determinada por amostragem, no dia 3/6/2005, resultando 11 l/planta. Os dados de colheita foram avaliados separadamente, ou seja, a vibração das hastes na primeira passada e velocidade de deslocamento da colhedora na segunda passada. Com relação à influência da vibração das hastes no processo de colheita, pode-se observar na Figura 1 que, na primeira passada, quanto mais se aumentou a vibração das hastes, maior foi o volume de café colhido, isso ocorreu devido ao efeito da maior ação ou intensidade da vibração das hastes nos cafeeiros. O acréscimo no volume colhido na maior vibração foi de 29,25% em relação à menor. O gráfico da Figura 2 demonstra, na primeira passada, a influência da vibração das hastes na eficiência de colheita, sendo que a eficiência de colheita é a quantidade de café colhido dividida pela carga pendente, ou seja, uma constante. Portanto, apresenta o mesmo comportamento do café colhi-

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O comparativo mostrou que o volume de café colhido e a eficiência de colheita sofrem influência inversa da variação de velocidade

do. O aumento na eficiência de colheita também pode ser explicado pela maior intensidade de aplicação da vibração das hastes aos cafeeiros. O incremento na eficiência de colheita foi de 29,25%, da menor para a maior vibração. Com relação ao volume de café caído no chão observou-se (Figura 3) que, na primeira passada, não houve influência direta da vibração das hastes. Para o modelo em questão, os dados não estão bem ajustados à curva, pois proporcionaram um coeficiente de determinação de 73,08%, indicando que somente parte dos dados está ajustada ao modelo. Analisando-se na primeira passada da colhedora, a influência da vibração das hastes no processo de desfolha (Figura 4), observouse que o aumento da desfolha está diretamente ligado ao aumento da intensidade da vi-

Fábio Moreira e Ezequiel Oliveira conduziram os ensaios na Fazenda Capetinga, localizada no município de Boa Esperança (MG)

bração das hastes. Este maior desfolhamento pode ser reflexo da maior intensidade de vibração causada pela ação das hastes durante o processo de derriça dos grãos. Na maior vibração, a desfolha foi 31,12% superior em relação à menor. Levando-se em consideração que a eficiência de derriça é a soma do volume de café colhido mais o volume de café caído no chão, dividido pela carga pendente, verificou-se que o aumento da eficiência de derriça na primeira passada, está diretamente ligado ao aumento da vibração, pois, analisando-se a Figura 5, notase que a eficiência de derriça aumentou com o aumento da intensidade de vibração. O incremento na eficiência de derriça na maior vibração foi de 31,85% em relação à menor. Analisando-se os resultados da segunda passada, observou-se que o volume de café colhido diminuiu na medida em que se aumentou a velocidade operacional de colheita (Figura 6). A redução do volume colhido da menor para a maior velocidade foi de 14,28%. O mesmo comportamento pôde ser observado com relação à influência da velocidade na eficiência de colheita (Figura 7). Tanto a redução no volume colhido quanto na eficiência de colheita pode ser explicada pelo menor tempo de exposição do cafeeiro à ação vibratória das hastes e também pela menor quantidade de café presente na planta, já que se trata da segunda passada. Na segunda passada, o volume de café caído no chão sofreu influência direta da variação de velocidade pois, o aumento de velocidade ocasionou maiores volumes de café caído no chão, (Figura 8). O volume de café caído no chão sofreu um incremento de 61,2% para a maior velocidade em relação a menor velocidade. Porém, pode-se dizer que a desfolha não está diretamente ligada ao aumento de velocidade de colheita na segunda passada. Analisando-se os dados de velocidade na segunda passada e sua influência no processo de derriça, observou-se que a velocidade não afetou a eficiência de derriça, isso indica que não existem diferenças entre as várias velocidades utilizadas durante a colheita e a variação


“O aumento na eficiência de colheita também pode ser explicado pela maior intensidade de aplicação da vibração das hastes aos cafeeiros”

FIGURA 5 - Eficiência de derriça em função da variação da vibração

FIGURA 6 - Volume de café colhido em função da variação da velocidade

FIGURA 7 - Eficiência de colheita em função da variação da velocidade

FIGURA 8 - Volume de café caído no chão em função da variação da velocidade

no processo de derriça dos frutos. A queda na velocidade indicou apenas uma tendência de aumento na eficiência de derriça.

CONCLUSÕES O volume de café colhido, a eficiência de

colheita e a eficiência de derriça sofrem ação direta da vibração das hastes da colhedora durante a operação de derriça dos grãos. O volume de café colhido e a eficiência de colheita sofrem influência inversa da variação de velocidade. O volume de café caído no chão sofre

influência direta do aumento da velocidade M operacional de colheita. Ezequiel de Oliveira e Fábio Moreira da Silva, Ufla


teste drive - Yanmar 1155 DT

Pequeno e alto Ao operar em áreas de horticultura com o Yanmar 1155 DT foi possível perceber porque o modelo é bastante utilizado pelos produtores de hortaliças. Potência aliada à pequena estatura e grande vão livre são alguns pontos fortes deste trator

D

entro da série de testes que estamos fazendo com os tratores da marca Yanmar, em aplicações especiais, fomos até a cidade de Mogi das Cruzes conhecer o trabalho do modelo 1155 DT em horticultura. Já havíamos testado este trator na cultura do café, em Franca (SP) e em fruticultura, em Caxias do Sul (RS). A cidade de Mogi das Cruzes, assim

como outras cidades vizinhas, fica dentro de uma grande região, produtora de produtos hortícolas, que abastece a grande São Paulo. É colonizada, em grande parte, pela colônia japonesa, quase toda envolvida no processo de produção de folhosas, batata, milho verde etc. Fomos recebidos pelo Jorge Hirano e sua equipe, na empresa Hiramaq Implementos

O capô é basculante, o que facilita muito nas operações de manutenção do sistema de arrefecimento e motor

O modelo 1155-4 SR já está apto a operar com combustível B5, que é a mistura de 5% de biodiesel no diesel comum

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Agrícolas, revendedor autorizado Yanmar e Agritech, que, além da cidade de Mogi das Cruzes, atende toda região. Para conhecer e testar o trabalho diretamente no campo fomos à cidade vizinha de Biritiba Mirim, na fazenda de Fábio Fugi, que é proprietário da marca e cliente do concessionário. Esta fazenda, típica da região, é produtora de milho verde no verão, batata inglesa, que começa a ser plantada nesta época, e repolho, que é plantado o ano inteiro, embora em algumas partes ainda é tentada a produção de alface. Por sinal esta cultura, muitas vezes, precisa ser incorporada ao solo, pelo baixo preço pago, que não compensa a colheita manual. Antes de começar o teste, conversamos um pouco com o produtor tentando descobrir os motivos da escolha da marca e do modelo. As principais vantagens apontadas pelos agricultores que conversamos foram a versatilidade, manobrabilidade e economia de combustível. Baseados na experiência dos agricultores e no que vimos, adicionamos uma outra vantagem deste trator, nesta aplicação, que é o elevado vão livre, utilizando


“As principais vantagens apontadas pelos agricultores que conversamos foram a versatilidade, manobrabilidade e economia de combustível” Fotos Charles Echer

O posto de comando é de fácil acesso e com uma visão bastante ampla e sem muitos obstáculos ao operador

rodados tipo cultivo. O Yanmar 2060 XT, um outro modelo bem comercializado na região, chega a ultrapassar um vão livre de 70 cm sobre as culturas e isso é decisivo quando se trata de folhosas onde a qualidade e a inte-

gridade da folha é valor comercial ou mesmo na batata inglesa. A versatilidade é bem marcada pela grande disponibilidade de implementos à disposição deste modelo de trator, principalmente da linha Agritech. Compatível com este modelo existe diversas opções, como arados de disco, carreta fixa e basculante, distribuidor centrífugo, enxada rotativa, encanteirador, grades, guincho, perfurador, plaina, plantadeiras, retroescavedeira, roçadeiras, segadeira de pastagens, semeadeira de pastagens e subsolador. Fábio nos disse que possui um outro trator Yanmar, do modelo 2060 e em ambos salientou que, para ele, a principal vantagem é a manobrabilidade, pois a pequena distância entre eixos mostra vantagem em relação aos demais modelos de outras marcas, principalmente nas manobras dentro das áreas de can-

A versatilidade nas manobras, necessária em operações nos canteiros, é um dos pontos fortes do trator 1155

teiro. Ressaltou a questão da manutenção, que em seu caso é zero, pois ainda não gastou com seu trator que está há mais de um ano na sua propriedade. Disse também que vê vantagens nestes modelos no que se refere à ergonomia, pois eles possuem comandos muito bem posicionados, o que facilita o acionamento em trabalho.

O TRATOR Como se sabe, a linha Agritech é uma linha de tratores e implementos originários da nova constituição da marca aqui no Brasil, quando aquisição da marca Yanmar pelo Grupo Stédile. Segundo ouvimos naquela região, a nova configuração da empresa só veio a melhorar. A partir de 1996 após uma queda de investimentos da marca na fábrica bra-


Fotos Charles Echer

O eixo dianteiro possui uma chapa em toda a sua extensão que mantém todo o conjunto de transmissão protegido de possíveis choques

condições normais de trabalho. O sistema de lubrificação do motor é por bomba (forçado), mas também utiliza em alguns pontos o salpico de óleo. Cabem 5,3 litros de óleo SAE 15W-40 no cárter e a filtragem se faz por uma malha de tela para as impurezas maiores e um filtro de papel. O sistema de arrefecimento da temperatura do motor é por ar e uma solução líquida com um radiador convencional ligado a um depósito externo. Há, na linha, uma válvula termostática e a pressurização se faz por meio da regulação da tampa do radiador, como é o padrão em tratores agrícolas. Também salientamos uma vantagem deste trator que é a facilidade de acesso ao motor e seus componentes externos, como silencioso, filtro de ar, radiador etc. O capô pode ser basculado, facilitando o acesso e incentivando à manutenção. Por sinal, abrindo o capô se pode ver o enorme silencioso, em relação ao tamanho do motor, exsileira, a nova constituição foi saudada, principalmente pelos revendedores como uma nova fase. E, nesta fase, a principal mudança foi a melhoria de comunicação entre o fabricante e a rede de revendas autorizadas, principalmente a partir da constituição da associação de concessionários. Basicamente os principais produtos que se originaram desta nova fase foram o trator 1155, a super-redução, o inversor e, recentemente, o modelo 1170, que está sendo lançado agora. Tudo isto em pouco mais de cinco anos. Hoje a fábrica e também os seus revendedores vêem como muito importante o bom atendimento em pós-venda, como ferramenta de marketing e vendas.

O sistema de alimentação utiliza uma bomba injetora da marca Yanmar, modelo YDPMP2/4, filtragem de combustível por meio de um decantador com dreno e um filtro com elemento de papel e um outro filtro a seco para a limpeza do ar. O tanque de combustível tem capacidade de 44,5 litros e é suficiente para uma jornada de trabalho diária em

MOTORIZAÇÃO O motor que equipa este modelo é Yanmar referência 4TNV88 – XAT, a diesel, quatro tempos de quatro cilindros, com volume total de 2190 cm3, injeção direta e potência bruta de 55 cv como informa o fabricante. O torque máximo é de 14,8 kgf.m a 1700 rpm.

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O vão livre entre o trator e o solo é outro ponto positivo do 1155-4 SR, já que sua principal aplicação é sobre canteiros

O acesso aos componentes do motor e do sistema de arrefecimento está bem acessível ao operador



O sistema de acionamento da tração dianteira por meio de engrenagens dispensa as tradicionais cruzetas

plicando em parte, a baixa emissão de ruído deste modelo. Como é de esperar, na atualidade, o motor deste trator está preparado para o Biodiesel B5, podendo funcionar perfeitamente com este combustível, sem qualquer necessidade de regulagens e retorno ao concessionário.

TRANSMISSÃO E TDP O câmbio é convencional de engrenagens deslizantes, com oito velocidades agrupadas em dois sistemas: reduzido e simples, com uma superredução para 400 m/h. Afora a super-redução é possível ir de 2 a 32 km/h, para as diferentes operações que se utiliza o trator. Interessante é o sistema de acionamento da tração dianteira por meio de engrenagens, o que dispensa as tradicionais cruzetas. Sob o eixo e alcançando o sistema de direção há um eficiente protetor que impede o choque destas partes com o solo e outros objetos. A tomada de potência pode ser acionada, proporcionando 540 rpm no eixo, com o motor do trator a 2.258 rpm. O sistema hidráulico de três pontos, muito utilizado neste tamanho de trator tem duas alavancas, uma de controle da posição e outra da ondulação e um sistema de controle de velocidade de descida do implemento. Há em local de pior acesso, uma borboleta para travar a regulagem da profundidade, de forma que, após a manobra, o equipamento volta a ser posicionado na mesma profundidade que estava antes da manobra. O trator que estávamos testando tinha oito pesos no pára-choque dianteiro e rodado de cultivo, para encaixar-se na largura de canteiro utilizada pelo agricultor. Os pneus eram Pirelli TM93 12.4-38 na traseira e Firestone 8.3/8-24 na dianteira. Uma das principais aplicações desse modelo de trator é com a encanteiradora, por isso o implemento bastante utilizado durante o teste

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TESTE COM IMPLEMENTOS Para o nosso test drive, na fazenda, encontramos vários conjuntos. O primeiro foi a enxada rotativa encanteiradora, também conhecida como rotoencanteirador, da marca Agritech-Lavrale, modelo ENFR125 Superforte, recomendado para o Trator 1155 DT. Testamos este equipamento com o trator

em 1ª reduzida aproximadamente 2.300 rpm, velocidade de 2,2 km/h. Embora o local utilizado para o teste estivesse coberto por palhada de milho, a montagem do canteiro foi muito bem feita em duas passadas do equipamento. O produtor afirmou que a partir desta condição, com uma passada de enxada rotativa, para cortar os restos o canteiro fica perfeito,


“Notamos uma das vantagens ergonômicas ressaltadas pelo produtor, pois nas manobras a alavanca de posicionamento do sistema hidráulico estava ali, bem próxima da mão direita e de fácil acionamento” Fotos Charles Echer

para o plantio das mudas. Notamos ao operar o trator que ele, mesmo sendo exigido, é bastante silencioso e dá gosto ver um motor reagindo bem com seus 55 cv e uma boa reserva de torque. O único reparo a ser feito é que bem que se poderia estabelecer uma rotação de motor mais baixa, talvez próxima aos 1.900 ou 2.000 rpm para dar 540 rpm na Tomada de Potência, o que poderia provocar mais economia de combustível nas operações em que se exige acionamento pela TDP.

Mesmo estando configurado com pneus de cultivo, o acesso à plataforma de comando é fácil, não exigindo muito esforço do operador

O modelo testado utilizava pneus Pirelli TM93 12.4-38 na traseira e Firestone 8.3/8-24 na dianteira

Continuando o nosso teste, acoplando um escarificador/subsolador marca Agritech de cinco hastes, modelo SSU-5/TL, com 1,20 m de largura a 35 c de profundidade. Fizemos várias passadas utilizando duas marchas, a 1ª a 2ª reduzida, a velocidades de 2,4 e 2,8 km/h, respectivamente, utilizando rotação de 2.700 rpm, de potência máxima. Em ambas as marchas foi possível o trabalho, porém, notamos que em primeira marcha o trator trabalhava tranqüilo e, em segunda, havia certa instabilidade provocada pela transferência de peso, com ligeira perda de direção. Por sinal, o produtor nos disse que seu sistema de plantio compreende uma passada deste equipamento após a colheita da cultura, inclusive do milho, em seguida uma passada de enxa-

da rotativa e finalmente o encanteiramento, com o rotoencanteirador. Reforçamos a informação de que o trator estava com pneus tipo cultivo, não adequados para operações de alta demanda de tração, como esta. Notamos uma das vantagens ergonômicas ressaltadas pelo produtor, pois nas manobras a alavanca de posicionamento do sistema hidráulico estava ali, bem próxima da mão direita e de fácil acionamento. Passamos ao terceiro teste, com uma adubadeira para canteiro, marca Minami, modelo M-90, com duas linhas. Esta máquina passa sobre o canteiro e deposita por gravidade duas faixas de adubo dosadas por um sistema composto de uma esteira metálica de fundo de depósito e uma comporta.


Fotos Charles Echer

O modelo testado estava equipado com arco de proteção não certificado

No posto de operação salienta-se a existência de dois pega-mãos presos aos pára-lamas que facilitam a movimentação dentro do posto do operador e o bom posicionamento das alavancas de engate da TDP, na esquerda, e do sistema hidráulico de três pontos, na direita. O banco do operador poderia ser de qualidade maior e as alavancas de engate de marchas, do regime de alta e baixa, e da tração dianteira poderiam ser de engate mais suave. Além disso, a informação sobre a função das alavancas poderia estar mais próxima. Embora este modelo tenha a configuração de acavalado, com as alavancas principais entre as pernas do operador, há uma plataforma razoavelmente ampla que proporciona boa movimentação dos pés do operador durante o trabalho. Esteticamente há alguns avanços como as sinaleiras traseiras embutidas nos paralamas, o que facilita a sua preservação. Há um arco de proteção, com ancoragem sobre o eixo traseiro, sem informação de certificação.

Conta-giros marcando 2.300 rpm na operação com a encanteiradora

MODELO 2060 Aproveitamos para conhecer outros modelos de trator da marca como o modelo 2060 que também é bastante utilizado na região. Os tratores médios são também utilizados na região, marcadamente hortícola, com potências entre 70 e 90 cv, porém na maioria dos casos em transporte e operações pesadas de preparo do solo. Mas é inegável a vantagem que levam os tratores pequenos de potência entre 40 e 50 cv, com pequeno raio de giro, úteis nas operações de preparo do solo em áreas encanteiradas. Algumas regiões vizinhas, onde a exploração pecuária é a atividade principal, demandam tratores de, pelo menos, 70 cv de potência bruta no motor e que serão atendidas pelo novo modelo a ser lançado pela fábrica em breve. Sobre trator grande, o concessionário Jorge Hirano nos disse ser impressão sua que alguns agricultores, embora necessitem de tratores pequenos, compram tratores maiores, com sobra de potência, apostando no status que proporciona, principalmente entre os vizinhos.

Esteticamente há alguns avanços como as sinaleiras traseiras embutidas nos pára-lamas, o que facilita a sua preservação

Neste modelo testamos um pulverizador marca Jacto, modelo Condor de 600 litros com uma barra adaptada de 14 metros (28 bicos) a partir de uma original de 12 metros, pois queríamos ver as condições de aplicação em folhosas altas e sensíveis como o repolho. Os danos causados geralmente induzem perdas de valor comercial. Esta adaptação é necessária para a entrada do pulverizador em múltiplas linhas, sempre nos mesmos vãos dos canteiros. Nestas condições é muito importante um pequeno espaço requerido para manobras, portanto, com grande capacidade de esterçamento. Neste tipo de aplicação (horticultura) também é costume utilizar-se a fertirrigação com o pulverizador, trabalhando com uma calda de uréia e água na proporção de 200 litros para 50 kg de uréia. Em conclusão diríamos que o trator Yanmar 1155-4 é uma excelente opção dentro da sua categoria de potência, pois, além de um robusto motor, tem dimensões reduzidas para a operação em espaço reduzido, como geralmente exigem as aplicações especiais. Agradecemos em especial à equipe da Hiramaq e ao pessoal da fazenda pelo apoio, sem o qual seria muito difícil ter realizado M este teste. José Fernando Schlosser, UFSM

Fernando Schlosser realizou o teste drive e contou com o apoio de técnicos das revendas da região

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BVO terrestre

Marcos Vilela Monteiro

Em busca da pe A utilização da técnica de baixo volume oleoso em pulverização terrestre tem permitido avanços na busca pela aplicação perfeita. Resultados mostram que é possível pulverizar com 20 a 40 litros de calda por hectare e conseguir controles superiores aos obtidos através do método convencional

O

aumento contínuo da área cultivada com culturas anuais que necessitam de tratamentos no mesmo período de chuvas intensas e contínuas, faz com que o número de equipamentos aéreos e terrestres seja sempre insuficiente nos períodos de pico, principalmente pela idéia já arraigada entre técnicos e produtores de que os maiores volumes de água são mais eficientes para o controle de pragas e doenças. Esse conceito é válido para as aplicações realizadas com água e bicos hidráulicos e já foi demonstrado por pesquisadores competentes. Hoje esses pesquisadores estão provando que os resultados biológicos obtidos com 20 a 30 litros por hectare com atomizadores rotativos de discos são iguais ou melhores do que os obtidos com bicos hidráulicos com volumes de 120 a 150 litros por hectare. Os produtores contam atualmente com fungicidas eficientes para a proteção de suas lavouras, entretanto a manutenção da ferrugem asiática abaixo do nível de dano econômico, tem se mostrado muito difícil pelo curto intervalo de tempo entre o diagnóstico e a necessidade do controle químico. Este problema

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se apresenta também no controle da maioria das doenças e pragas das culturas anuais. A falta de equipamentos devido ao seu alto custo, o baixo rendimento operacional das tecnologias de aplicação em altos volumes com bicos hidráulicos e a falta de treinamento das equipes encarregadas das aplicações, são os problemas mais sérios dos tratamentos fitossanitários praticados atualmente no Brasil. A eliminação deste gargalo no complexo produtivo agrícola passa pelo aumento da disponibilidade dos equipamentos terrestres e aéreos, pelo aumento da eficiência operacional dos equipamentos, pela introdução de novas tecnologias como o Sistema Baixo Volume Oleoso (BVO) e a pulverização eletrostática e pelo treinamento dos técnicos e dos operadores em tecnologia de aplicação. Por outro lado, a aplicação de defensivos em via líquida, por via aérea ou terrestre, vem sofrendo há algumas décadas uma pressão muito grande dos usuários e da sociedade em geral, no sentido de melhorar a eficiência biológica dos tratamentos, aumentar os rendimentos operacionais, diminuir os volumes de água aplicados, os custos dos tratamentos e a conta-

minação ambiental. Mas os sistemas convencionais para aplicações com altos volumes de calda usam a água como veículo dos defensivos utilizando pressão hidráulica e bicos pulverizadores que produzem neblinas com gotas de tamanhos muito variados entre si. Nestas aplicações é praticamente impossível reduzir os volumes sem comprometer a densidade de gotas (DG) e a porcentagem de área coberta (PAC), parâmetros fundamentais para o controle das doenças das plantas. Os sistemas que aplicam baixos volumes de caldas como o Ultra Baixo Volume (UBV), desenvolvido nos Estados Unidos em 1962, e mais recentemente o sistema Baixo Volume Oleoso (BVO), desenvolvido no Brasil pelo Centro Brasileiro de Bioaeronáutica (CBB) em 1998, usam obrigatoriamente como veículo, os óleos minerais ou vegetais, que reduzem a evaporação das neblinas diminuindo a contaminação ambiental e evitando a perda dos produtos aplicados. Utilizam na produção das gotas os sistemas de atomização rotativa de tela ou de discos com os quais pode-se produzir uma neblina de gotas finas e de espectro homogê-


“A falta de equipamentos devido ao seu alto custo, o baixo rendimento operacional e a falta de treinamento das equipes, são os problemas mais sérios dos tratamentos fitossanitários praticados atualmente no Brasil”

rfeição


neo, com gotas de diâmetros muito próximos entre si. Graças ao uso de veículos não-evaporantes, ao tamanho das gotas e ao espectro homogêneo das neblinas é possível reduzir em cinco vezes os volumes aplicados atualmente, produzindo maior densidade de gotas que são, por sua vez, cinco vezes mais concentradas do que as gotas convencionais e têm maior penetração nas culturas. Todos esses fatores resultam em maior eficiência biológica.

SISTEMA BVO TERRESTRE As aplicações em BVO terrestre se baseiam no princípio de aplicação indireta, no qual o equipamento de pulverização produz uma neblina com uma quantidade muito grande de gotas uniformes, com o diâmetro de maior eficiência biológica para aquele tratamento, com volume de calda baixo ou muito baixo, de acordo com o tipo de alvo, tipo e estágio de desenvolvimento da cultura. Essa neblina é produzida entre 0,5 m e 1 m acima da cultura e atinge os alvos por ação das forças de movimentação do trator, centrifugação das gotas, vento, gravidade e turbulência na copa das culturas. A tecnologia do sistema BVO terrestre, baseia-se nos seguintes parâmetros: • Aplicação de defensivos com volumes de 20 a 40 litros por hectare. • Densidade de gotas entre 50 e 150 gotas por centímetro quadrado. • Tamanho de gota de maior eficiência biológica, controlado entre 80 e 250 micrômetros através de um controlador eletrônico de rotação dos discos. • Amplitude relativa entre 0,6 e 1,0. • Óleo vegetal emulsificado, melaço ou adjuvante antievaporante como veículo do defensivo. • Água para completar o volume de aplicação mais eficiente para um determinado tratamento. • Mistura orientada do óleo emulsificante, defensivos e água, com agitação intensa e contínua produzindo emulsão estável, com baixo índice de evaporação.

FORMULAÇÕES PARA BVO TERRESTRE A ordem de adição dos componentes é fundamental para o sucesso da formulação, devendo ser sempre: óleo + emulsificante + produto + água, com agitação intensa e contínua. Cuidados especiais merecem os produtos de baixa dosagem tipo Nomolt (50 ml/ha) ou Classic (30 g/ha) para que se dissolvam completamente na mistura e não fiquem concentrados em algum ponto da misturadora. Os produtos formulados com pós molháveis (PM) ou grânulos dispersíveis em água (WG) necessitam de hidratação prévia antes de serem incorporados à mistura oleosa. Para conseguir

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uma mistura homogênea necessitamos de agitação intensa e contínua em todo o processo de mistura.

O TURBOTRATOR TT-88B Para desenvolver o sistema BVO terrestre o CBB desenvolveu em 2004 um atomizador rotativo de discos elétrico cujo nome comercial é Turbotrator que pode subdividir até 80% do volume do líquido pulverizado, em gotas de maior eficiência biológica, contra 70% dos atomizadores rotativos de tela e 44% dos bicos hidráulicos. Isso é muito vantajoso porque uma vez determinada a faixa de diâmetros de gotas de maior eficiência biológica para o controle a ser efetuado, o Turbotrator pode ser calibrado para produzir 80% das gotas na faixa adequada, com um desperdício de 20% do volume aplicado. Nas aplicações com bicos hidráulicos a perda é de 56%, apenas nesse item. No Turbotrator o volume de líquido aplicado por hectare é controlado pelo fluxo de líquido injetado no atomizador através de reguladores de vazão, e pela variação da pressão do pulverizador. O tamanho das gotas é controlado com o aumento ou diminuição da rotação dos discos através do controlador de velocidade (CV) instalado na cabine do trator. Quanto

menor for a rotação dos atomizadores, maior será o tamanho das partículas, quanto maior for a rotação, menor será o tamanho das mesmas. Com quatro anos de desenvolvimento, graças ao apoio de seis universidades e dezenas de clientes, o sistema BVO terrestre foi exaustivamente estudado e teve a sua eficiência biológica comprovada em todas as pesquisas científicas e testes de campo realizados. Estudos sobre a estabilidade das misturas mais usadas nas grandes culturas foram realizados pela EsalqUSP, em Piracicaba (SP), para orientar os trabalhos de campo com os diferentes óleos vegetais utilizados. Testes de laboratório e campo foram realizados durante estes anos para minimizar os efeitos dos produtos altamente corrosivos e garantir aos motores elétricos uma operação de 500 horas entre revisões, nas quais um equipamento autopropelido pulveriza cerca de 15 mil hectares no sistema BVO terrestre. Com base nessa experiência vivida no Brasil, nos países do Mercosul e agora no México, acreditamos que estamos realmente no caminho certo em busca da aplicação perfeita. M Marcos Vilela Monteiro, Centro Brasileiro de Bioaeronáutica



rerrefino de óleo operação e manutenção

exigem menos qualificação ou conhecimento técnico. Salvo exceções, raramente a mulher consegue penetrar em áreas onde sejam feitos diagnósticos e tomadas decisões técnicas. Sua atuação é sempre restrita à esfera de execução do que já foi decidido. Mesmo hoje, com as mudanças na organização do processo de trabalho, a mulher ainda não participa do processo decisório. Nas fábricas, ela está na linha de montagem, no comércio, está no balcão, no campo, está na colheita, e assim por diante. É com base nas pesquisas atuais que demonstram claramente a necessidade de treinar a mulher para que a mesma possa, sem exceção, trabalhar nas mesmas áreas que os homens ontem detinham a totalidade na ocupação de cargos. Pensando nessa necessidade é que foi criado um curso de manutenção de tratores agrícolas especialmente montado para a mulher, que tem o objetivo de suprir o conhecimento necessário para que a mulher também possa dedicar-se ao trabalho no campo, tanto em sua propriedade, como operadoras de qualidade e disputadas no mercado por suas qualificações. O curso de Operação Básica e Manutenção Preventiva em Tratores Agrícolas é desenvolvido por uma equipe de Campo Grande (MS), tem carga horária de 72 horas, divididas em duas etapas com intervalos de 15 dias. O objetivo é construir conhecimentos operacionais e aplicativos de manutenção preventiva de tratores e equipamentos agrícolas, participando efetivamente de exercícios teóricos e práticos. Para participar do curso, é necessário ser maior de 18 anos, ser proprietária rural e alfabetizada. Cooperativas, grupos de mulheres ou empresas agrícolas que desejem agendar cursos ou obter mais informações sobre o projeto podem fazer contato pelo telefone (67) 9237-9537 ou M apbrandao@terra.com.br.

Como já ocorre ocorre nos nos demais demais setores setores da da economia, economia, as as mulheres mulheres passam passam aa se se interessar, interessar, também, também, por por operações operações com máquinas agrícolas. De olho no potencial feminino, surgem cursos para aprimorar o conhecimento e capacitálas para o posto, ainda dominado pelos homens

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força de trabalho feminina no Brasil cresceu consideravelmente nos últimos anos. A mulher é maioria em determinadas áreas; profissões que antes eram consideradas exclusivamente masculinas já são exercidas por mulheres. Nos últimos cinqüenta anos, um dos fatos mais marcantes ocorridos na sociedade brasileira, foi a inserção crescente das mulheres na força de trabalho. Este contínuo crescimento da participação feminina é explicado por uma combinação de fatores econômicos e culturais. Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a participação da mulher no mercado de trabalho passou de 43,4%, em média, em 2004, para 43,7%, em 2005, nas seis principais regiões metropolitanas do país, um crescimento de 0,3%. Apesar do crescimento da participação feminina, o homem ainda é maioria entre as pessoas ocu-

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padas, com uma média de 56,3%, em 2005. Em cidades pequenas e médias, a participação da mulher no mercado de trabalho é bastante expressiva, principalmente em empresas familiares, onde ela e o marido, às vezes, têm igual participação na vida da empresa, independentemente da função. Em 2007, podemos observar um crescente aumento na demanda de treinamentos específicos nas áreas agrícolas e afins para as mulheres, vez que as mesmas, até pouco, resistentes na lida agrícola, hoje em dia, estão mais e mais direcionadas para este tipo de trabalho.

Agrôn. Fabrício Candal Gomes Divulgação

Valtra

Mulheres e máquinas

EXCLUSÃO TECNOLÓGICA Pesquisas sobre a utilização de novas tecnologias indicam que as mulheres estão sendo excluídas dos treinamentos que possibilitam o conhecimento das máquinas, suas operações e regulagens, sendo mantidas nas funções que

Fabrício Gomes é um dos organizadores do curso de tratores destinado a mulheres



MF 9790 ATR

Ela é axial...

Depois de apresentar dois novos modelos de colhedoras convencionais, a Massey Ferguson lança a 9790 ATR, a sua primeira axial fabricada no Brasil

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esta edição, apresentaremos em primeiríssima mão a ficha técnica do lançamento mais recente da Massey Ferguson: a Colhedora MF 9790 ATR. Trata-se de uma colhedora da Classe VII, com 355 CV (261 kW) de potência que utiliza a tecnologia Axial. É aqui que está o principal diferencial dessa máquina em relação a todos os demais modelos comercializados pela empresa no Brasil até o momento. O conhecido saca-palhas deu lugar a um rotor que se responsabiliza pela parte mais difícil da colheita. A MF 9790 ATR, que já era produzida nos EUA, passou agora a ser produzida também no Brasil na planta de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, e atenderá um público que já aguardava com expectativa a novidade há algum tempo.

PLATAFORMA DE CORTE A MF 9790 ATR opera com uma plataforma Powerflex de 30 pés (9,15 m). Neste mode-

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lo de plataforma, a barra de corte, que faz 1.100 cortes/minuto, é sustentada por uma estrutura pantográfica e apoiada sobre deslizadores de poliuretano, permitindo copiar todas as irregularidades do terreno sem alterar o ângulo de ataque das navalhas. A barra de navalhas pode ser inclinada em até cinco graus para baixo, possibilitando um corte muito próximo ao solo, apropriado para as variedades que apresentam baixa inserção das primeiras vagens. O caracol possui um grande diâmetro e abas altas conferindo grande capacidade de transporte de material. O molinete tem ajuste horizontal através de atuadores elétricos, e vertical através de cilindros hidráulicos. A rotação pode ser ajustada continuamente devido ao acionamento através de motor hidráulico.

FUNÇÕES DE CORTE Nas operações com corte rente ao solo, como na soja, os controles de altura de corte e de inclinação lateral são feitos de forma automática possibilitando um acompanhamento das irregularidades do terreno em velocidades de avanço mais altas, além disso, a rotação proporcional do molinete também é ajustada automaticamente, a cada variação da velocidade.


“A MF 9790 ATR que já era produzida nos EUA passou agora a ser produzida também no Brasil na planta de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, e atenderá um público que já aguardava com expectativa a novidade há algum tempo” Fotos Massey Ferguson

Rotor ATR - Advanced Technology Rotor, responsável por toda a trilha dos grãos é a principal novidade dessa máquina A conexão da plataforma de corte é single-point, que facilita a vida do operador no acoplamento

ACOPLAMENTO O acoplamento da plataforma é realizado através de um conector múltiplo (single-point) que facilita a vida do operador, pois permite que sejam feitas todas as ligações hidráulicas e elétricas entre a colhei-

tadeira e a plataforma com apenas um engate.

CANAL ALIMENTADOR O canal alimentador da MF 9790 ATR possui travessas tripartidas apoiadas sobre quatro correntes com pinos cromados para resistir ao atrito e garantir longa duração. O material é transportado para o rotor através de um cilindro elevador, construído com hélices centralizadas, para assegurar um transporte suave e deslocamento positivo do material, mantendo a qualidade dos grãos e a integridade da palha.

sendo 1.030 mm de alimentação, 1.390 mm de trilha e 1.140 mm de separação, com um diâmetro de 700 mm.

SISTEMA DE LIMPEZA O sistema de limpeza da MF 9790 ATR é compatível com a grande capacidade dos sistemas de alimentação, trilha e separação. Uma bandeja de 2,30 m², com movimento alternativo inicia o processo de limpeza estratificando e

ROTOR O rotor do tipo ATR™ - Advanced Technology Rotor - pode ser configurado com barras, facas e dentes, permitindo a configuração adequada para cada condição de lavoura. O acionamento do rotor é através de um motor hidráulico, ligado a uma caixa de duas velocidades, que é tocado por uma bomba exclusiva. Isto permite um ajuste contínuo de rotação e ainda evita que eventuais oscilações na rotação do motor sejam transmitidas para o rotor. Na caixa alta, o rotor pode operar de 175 a 970 rpm e na baixa de 175 a 746 rpm. Também devido ao acionamento hidráulico, a rotação do rotor pode ser revertida liberando eventuais bloqueios. O comprimento total é de 3560 mm,

Detalhe do tanque de grãos com 10.570 litros de capacidade

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transportando o material até as peneiras. Este sistema evita o uso de transportadores tipo rosca sem-fim que misturam a moinha com os grãos, aumentam a complexidade e a possibilidade de danos mecânicos. O ventilador é de fluxo transversal e opera em uma ampla gama de velocidades (590 a 1.350 rpm), as peneiras são de escamas ajustáveis com área de 2,60 m² na inferior e 3,10 m² na superior, totalizando 5,70 m² de área de limpeza.

GRANELEIRO E DESCARGA A capacidade do tanque graneleiro é de 10.570 litros, o que representa aproximadamente 130 sacas de soja, considerando uma densidade de 0,75 kg/litro. As exten-

sões superiores podem ser dobradas sem ferramentas para diminuir a altura de transporte. O tubo de descarga é do tipo canhão giratório superior e apresenta uma altura de 4,2 m. A vazão de descarga é de 77,5 litros por segundo, proporcionando a descarga completa do tanque em 135 segundos.

CABINA A cabina possui uma área envidraçada é 5,7 m² e um volume interno de 3,4 m³, com acomodação para o operador e um acompanhante. O console, onde estão os principais comandos, é integrado ao assento do operador que possui suspensão a ar. O monitoramento das funções da colheitadeira é realizado através de dois painéis

O monitoramento de todas as funções é feito em painéis distribuídos em colunas e na parte frontal da cabine

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A cabine é ampla, com 3,4 m³, e uma área envidraçada de 5,7 m2

eletrônicos, um montado na coluna e o outro, chamado de EIP (Electronic Instrument Panel), sobre o pára-brisa frontal. Na coluna são monitoradas perdas e rotações do motor e do rotor. O EIP, muito mais completo, monitora a rotação dos principais eixos da máquina, área colhida, distância percorrida, temperaturas e inclui as proteções do motor.

ILUMINAÇÃO O conjunto de iluminação inclui oito luzes de trabalho, duas luzes dianteiras, duas luzes traseiras de apoio e mais um farol de entrada/ saída da cabina. A iluminação da operação de descarga noturna é acionada automaticamen-

O motor hidráulico do rotor é ligado a uma caixa de duas velocidades, tocado por uma bomba exclusiva


“Com o Fieldstar II diversos dados de colheita tais como produtividade, umidade dos grãos, capacidade da colheitadeira, velocidade de avanço, nível do tanque de grãos e outros ficam disponíveis na tela do monitor” Fotos Massey Ferguson

camento, estão posicionados os controles da plataforma, do molinete e do tubo descarregador. A tração é somente no eixo dianteiro, mas, opcionalmente, a MF 9790 ATR pode ser equipada com tração traseira auxiliar através de motores hidráulicos ligados às rodas traseiras. Esta versão 4 x 4 é indicada para regiões com terrenos inclinados devido a sua maior estabilidade ou terrenos úmidos, de baixa sustentação.

SISTEMA HIDRÁULICO A colheitadeira MF 9790 ATR incorpora tecnologia “Load Sensing” (sensível à carga), no seu sistema hidráulico. Com este sistema, a bomba hidráulica desloca somente a quantidade de óleo que o circuito solicita quando o operador ou alguma função automatizada comanda alguma ação.

AGRICULTURA DE PRECISÃO

te junto com a abertura do tubo.

MOTOR A MF 9790 ATR é equipada com motor Sisu Diesel Citius 84 CTA, de 355 cv de potência nominal a 2.100 rpm, com uma reserva de potência que permite chegar a 380 cv a 1.900 rpm e com uma potência máxima na descarga (boost) de 384 cv, garantida pelo sistema de gerenciamento eletrônico da injeção. Este motor é turbinado, com after-cooler a ar e seu baixo nível de emissões lhe permite a classificação Tier III.

tipo hidrostática, garantindo o conforto necessário para operar um equipamento deste porte. O controle da transmissão é incorporado ao apoio de braço, que é integrado ao assento. No manche hidrostático, além dos comandos de velocidade e sentido de deslo-

A colheitadeira MF 9790 ATR pode ser equipada com o sistema Fieldstar II, a ferramenta de agricultura de precisão da Massey Ferguson. Quando equipada com este opcional, a colheitadeira passa a contar com sensores de rendimento e umidade, antena GPS e com um kit de interface com o computador (Kit de Escritório). Com o Fieldstar II diversos dados de colheita, tais como produtividade (base úmida e base seca), umidade dos grãos, capacidade da colheitadeira, velocidade de avanço, nível do tanque de grãos e outros, ficam disponíveis na tela do monitor. O Fieldstar II também permite, através do Kit de Escritório, gerar mapas georreferenciados de produtividade, M velocidade, perdas entre outros.

TRANSMISSÃO A transmissão da MF 9790 ATR é do

O motor da 9790 é Sisu, com 355 cv de potência nominal a 2.100 rpm

O conjunto de iluminação inclui oito luzes de trabalho, duas luzes dianteiras, duas luzes traseiras de apoio e mais um farol de entrada/saída da cabine

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rerrefino dearroz óleo

Fotos Reges Durigon

Eficiência por quadros

O emprego da Agricultura de Precisão em lavouras de arroz irrigado significa um incremento considerável na produtividade. Como o manejo da nutrição é feito por quadros, além de homogeneizar a produção, gera economia de insumos

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a agricultura, em geral, o agricultor trata grandes áreas como se fossem homogêneas, aplicando insumos de acordo com a necessidade média. Este procedimento faz com que a mesma quantidade de insumos seja utilizada para toda a área, atendendo apenas as necessidades médias e não considerando as necessidades específicas de cada parte diferente da lavoura. O conceito de Agricultura de Precisão parte de uma premissa que o gerenciamento agrícola deve levar em conta as informações sobre variabilidade espacial e temporal dos fatores de produção e da própria produtividade para o manejo do sistema soloplanta. Esta forma de manejo propõe-se a aumentar a eficiência do gerenciamento na atividade agrícola, através da utilização de um conjunto de ferramentas que modificam as técnicas existentes, permitindo a identificação da variabilidade dos atributos da lavoura e a sua intervenção de forma específica. O sistema de amostragem de solo em malha é uma técnica que vem sendo utilizada com sucesso para a detecção da variabilidade dos atributos do solo. Nesta amostragem é feito o georreferenciamento das amostras de solo através do uso de recepto-

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res de sinais do Sistema de Posicionamento Global (GPS). A aplicação das técnicas de agricultura de precisão pode gerar um incremento na eficiência de uso dos insumos aplicados, maximizando os lucros e protegendo o meio ambiente pela diminuição do uso indevido. Excesso de fertilizante pode gerar impactos negativos na qualidade do solo e da água e reduzir as margens de lucro, enquanto que a sua falta pode restringir a produtividade e a qualidade da cultura. As técnicas de agricultura de precisão, no Brasil, estão mais difundidas nas culturas de soja, milho e trigo, através da elaboração de mapas de produtividade, de atributos de solo e aplicação de insumos em taxas variáveis. Há um grande número de pesquisadores distribuídos pelo nosso país gerando conhecimentos e aplicando a técnica no campo. Para a cultura do arroz irrigado, estas técnicas ainda foram pouco avaliadas, representando uma área potencial para desenvolvimento desta estratégia de gerenciamento agrícola, pois somente no Rio Grande do Sul são cultivados anualmente aproximadamente um milhão de hectares com esta cultura. A produtividade média de arroz no RS é de 6,8 mil quilos por hectare,

enquanto o potencial produtivo da maioria das cultivares já ultrapassa os 10 mil quilos por hectare. Para avaliar as técnicas de agricultura de precisão, comparativamente ao manejo tradicional, foi realizado um trabalho em lavoura comercial de arroz irrigado instalada na Fazenda Buricaci, município de São Francisco de Assis - RS. A área utilizada para a pesquisa (70 hectares) foi mapeada com Figura 1 - Mapa da área e malha de amostragem com os pontos georreferenciados


“O sistema de amostragem de solo em malha é uma técnica que vem sendo utilizada com sucesso para a detecção da variabilidade dos atributos do solo”

um GPS de navegação e foi utilizada uma malha de amostragem de um ponto por hectare (Figura 1). Para todo o gerenciamento da informação foi utilizado o software Campeiro 6. Este Programa foi desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Rural do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria e é de fácil obtenção, tanto para pesquisa como para a utilização por parte dos produtores. A metodologia utilizada no trabalho consistiu nas seguintes etapas: coleta de amostras de solo para elaboração de mapas de atributos químicos do solo; contagem do número de plantas por área para elaboração do mapa de população de plantas de arroz irrigado; determinação da altura da lâmina de água de irrigação e amostragem manual de plantas de arroz irrigado para estimativa do número de panículas e produtividade de grãos da cultura. As correlações entre estes mapas foram utilizadas para elaborar mapas de aplicação de fertilizantes à taxa variável. A produtividade de arroz irrigado apresentou grande variabilidade espacial e temporal na área estudada (Figura 2). Na safra 2004/05, a produtividade mínima foi de 4.855 kg por hectare, média de 7.711 kg por hectare e máxima de 10.309 kg por hectare. Na safra 2005/06, a produtividade mínima foi de 5.853 kg por hectare, média de 8.628 kg por hectare e máxima de 10.812 kg por hectare. Estes dados indicam um aumento na produtividade de arroz irrigado na segunda safra avaliada, verificando-se um acréscimo de 20% na produtividade mínima, 12% na produtivi-

dade média, 5% na produtividade máxima e 12% na produtividade total. Para concluir sobre a influência de uma variável de produção, atributo de solo e produtividade, utilizou-se o recurso de cruzar diferentes dados georreferenciados, estabelecendo a existência de correlações entre estes pontos. As maiores correlações positivas entre produtividade de arroz e atributos de solo foram verificadas para cálcio (Ca) e magnésio (Mg) e as maiores correlações negativas para alumínio trocável e saturação por alumínio, indicando viabilidade de aplicação de calcário em taxa variável. Esta correção da acidez do solo foi realizada antes da segunda safra, de maneira variável, segundo a indicação das correlações, constituindo-se em importante fator de incremento da produtividade da cultura. A produtividade de arroz irrigado apresentou correlação negativa com a população de plantas e positiva com o número de panículas, indicando que áreas com maiores populações de plantas resultaram em menores produtividades da cultura. A altura da lâmina de água de irrigação apresentou correlação negativa com o número de panículas por área e com a produtividade da cultura. A aplicação de calcário em taxa variável reduziu a quantidade de calcário necessária comparada à aplicação em taxa fixa e incrementou a margem líquida na produção, proporcionando uma lucratividade de 71% com a operação. Estes resultados auxiliaram a demonstrar a viabilidade técnica e econômica da utilização das técni-

Aparelho utilizado para determinação da lâmina de água na lavoura observada

cas de agricultura de precisão na cultura do arroz irrigado. Outros trabalhos e acompanhamento de lavouras comerciais poderão referendar estes dados, criar novas perspectivas e formas de utilização da técnica nesta importante cultura agrícola brasileira, sempre levando em conta a economicidade e a neM cessidade de retorno econômico. Reges Durigon e José Fernando Schlosser, UFSM

Figura 2 - Mapa de produtividade de arroz irrigado (kg por hectare) nas safras 2004/05 (a) e 2005/06 (b)

A)

B)

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Trator 1175

Frota ampliada Trator 1175, da Yanmar, chega ao mercado com a promessa de mostrar versatilidade e economia. Lançamento marca a estréia do fabricante na linha de veículos com motor de 70 cavalos e primeiro do segmento com 16 válvulas Fotos Yanmar

tificativas do presidente da Agritech para as expectativas bastante positivas com este lançamento. “Mesmo quando o setor passou por dificuldades, conseguimos crescer”, diz Hugo Zattera, e acrescenta que a empresa acaba não sofrendo muito com os “humores” do setor de grãos, por atender, principalmente, ao segmento de hortifruti. De acordo com o dirigente, em 2006, a Agritech Lavrale faturou R$ 152 milhões, com crescimento de 32% em vendas. A chegada do 1175 amplia as expectativas. O gerente de marketing e pós-venda, Pedro Cazado Lima Filho, enfatiza que o trator conquistará espaço por suas próprias características, mas a participação de todas as diretorias da empresa no projeto otimiza o atendimento ao mercado. “Estamos envolvidos desde o início”, confirma. Hugo Zattera se mostra muito otimista com o lançamento do 1175, mas, igualmente a grande parte dos industriais do agronegócio – e de outros segmentos – lamenta que os investimentos em tecnologia de ponta e equipamentos que reforcem a eficiência do produtor rural não sejam ainda mais expressivos. A elevada carga tributária do Brasil limita o potencial da indústria. Do lado dos produtores, excesso de burocracia para financiamentos e demora na definição dos planos de safra retardam as decisões. Para o bem do país, a agropecuária nacional ainda é forte o bastante para avançar, em todos os sentidos, independenteM mente dos obstáculos.

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biodiesel. Com tanque de 70 litros, o veículo tem autonomia para uma jornada completa de trabalho, em torno de dez horas. O motor é a única parte do 1175 não fabricada no Brasil (vem da Yanmar, no Japão). A montagem do veículo também foi toda pensada para facilitar a manutenção. Outro exemplo da preocupação com a performance do trator está na composição do eixo dianteiro que, além de blindado, não tem cruzetas, possibilitando ao operador esterçar mais. “Dentro da lavoura, o trator sai de uma rua e já pode entrar na outra. Economiza tempo e combustível”, informa Watanabe.

EXPECTATIVAS “Há um consenso de que a agricultura brasileira está em um ciclo mais virtuoso, seja pelo potencial do país ou pelo interesse do mundo em biocombustíveis. Quando a agricultura vai bem, o Brasil também vai.” Esta é uma das jus-

Novo modelo já está sendo fabricado nas linhas de produção da empresa

Romualdo Venâncio - Especial para a Cultivar Máquinas Romualdo Venâncio

A

pós três anos de pesquisa e desenvolvimento, e investimentos de aproximadamente R$ 9,5 milhões, a Agritech Lavrale apresenta seu primeiro trator agrícola compacto com 70 cavalos de potência, o 1175. Com tradição em veículos de até 55 cavalos, a partir deste lançamento, a empresa atenderá a um leque maior de produtores. O novo trator estará disponível a partir do mês de setembro, com preço sugerido de R$ 70 mil, dependendo da versão. O 1175 é destinado, especialmente, ao trabalho em culturas perenes, como maçã, manga, uva e nectarina; lavouras de citros, café e cereais; além do manejo nutricional para gado leiteiro e de corte, em sistemas de confinamento. Segundo o fabricante, o trator foi elaborado para otimizar a rentabilidade dos clientes. “Nosso usuário quer mesmo é ganhar dinheiro com sua atividade, e nós queremos ajudá-lo”, afirma o diretor-presidente da Agritech Lavrale, Hugo Domingos Zattera. O novo trator tem a missão de combinar alto desempenho com economia, demanda permanente do mercado. A começar pelo motor a diesel, silencioso e limpo, e único do mercado com 16 válvulas. O gerente comercial da Agritech, Nelson Okuda Watanabe, explica que há maior aproveitamento e melhor rentabilidade devido à queima perfeita do combustível, sem deixar resíduos, o que também amplia a durabilidade da máquina, já preparada para utilizar

Para Zattera, os principais mercados agrícolas buscam tratores compactos mais potentes


GPS

Fotos Técnica 4x4

Mapeado pelo céu É preciso estar atento ao instalar e fazer uso de GPS em seu 4x4. O equipamento garante localização geográfica precisa em qualquer ponto do planeta, mas para funcionar com eficiência é necessário que esteja posicionado de forma correta e que o operador saiba manuseá-lo adequadamente

O

GPS é um terminal inteligente que a partir de sinais emitidos de uma rede de 24 satélites, garante localização geográfica precisa em qualquer ponto do planeta. Temos hoje apenas um serviço de GPS que é fornecido pelo governo estadunidense, mas até 2008 deve entrar em operação seu concorrente europeu, o Galileu, que vai oferecer uma alternativa ao sistema único que existe hoje. O uso de qualquer modelo é relativamente simples, mas uma leitura prévia do manual e um pouco de conhecimento de orientação geográfica fazem uma enorme diferença. Se você deseja “pilotar” um GPS, se inscreva em algum curso que existe hoje em algumas cidades no Brasil, ou procure um amigo que tenha algum modelo e saiba lhe ingressar no fascinante mundo da navegação via satélite. O mercado dispõe de vários fabricantes de receptores GPS e todos têm modelos de baixo custo, que podem ser instalados no painel do veículo ou mesmo levados a tiracolo, enquanto mapeiam os caminhos que estiverem sendo percorridos, fornecendo também a altitude e a velocidade com precisão. Alguns modelos possibilitam ainda que você descarregue os dados em um computador, que por sua vez plotará os pontos de navegação denominados way points ou land marks, dependendo do fabricante, em um mapa da região, deixando

tudo perfeitamente sinalizado. Quando programado com antecedência ele ajuda a localizar pontos no mapa, como uma trilha que alguém já percorreu anteriormente e mapeou com outro GPS. Em trabalhos de campo esse equipamento pode marcar a localização de um sítio arqueológico, um local de acidente, áreas ilegais de desmatamento, enfim, qualquer coordenada geográfica que for necessária. Assim como qualquer outro equipamento de rádio, o GPS precisa ver o céu para receber os sinais transmitidos pela malha de satélites. Em trilhas fechadas é previsível que o equipamento não consiga obter sinal suficiente, nestes casos é melhor esperar alguns minutos no local até que as condições para cálculo da posição melhorem. Ou co-

loque seu instinto animal para trabalhar e escale uma árvore ou morro levando o equipamento até um ponto mais elevado! O tempo ruim e nublado também podem atrapalhar modelos mais simples. Para operações mais delicadas, opte por um GPS que possibilite a colocação de uma antena externa, que deve ser instalada na parte mais elevada do veículo, como o teto ou bagageiro. Desta forma a visada é mais aberta para o céu do que se estivesse utilizando a antena interna do aparelho, dentro do veículo. Mas se o modelo não tem opção para antena externa, você deve fixá-lo no painel de forma que a antena fique mais próxima possível do pára-brisa e por conseqüência, mais próxima de uma “janela”, para melhor recepção dos sinais de satélites. M

Existem no mercado vários fabricantes e modelos de GPS, que vão de básicos a muito avançados

O aparelho ajuda a localizar pontos no mapa, como trilhas que alguém já percorreu anteriormente

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cultivo em várzeas

Cultivar

Milho em canteiros Com o uso adequado das máquinas e algumas técnicas de manejo, é possível produzir milho em solos de várzeas onde as únicas alternativas eram cultivo de arroz e atividade pecuária

U

ma das características dos solos de várzea da Metade Sul do RS é a sua utilização para atividades agropecuárias durante apenas parte do ano, em virtude do nível freático permanecer por longos períodos próximo à superfície do solo. Isto dificulta recomendações que viabilizem uma ocupação agrícola mais eficiente destes solos por parte dos agricultores. Desta forma, é necessário testar sistemas e métodos que permitam obter rendimentos compatíveis ao grande potencial agrícola que estes solos possuem. A busca da sustentabilidade da agricultura envolve, entre outras, a prática da rotação de culturas. Assim, a utilização de cultivos alternativos ao arroz em áreas de várzea propicia a utilização mais intensiva do solo, com a otimização do uso da mãode-obra disponível, redução de incidência de arroz vermelho na área, redução de custos de produção com elevação da produtividade do arroz e diversificação de renda na propriedade (Irga, 2001).

IRRIGAÇÃO POR SULCOS Os camalhões consistem basicamente de canais e elevações, paralelos à declividade

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do terreno para facilitar o escoamento da água em períodos de excesso de chuva. Além disso, os camalhões podem ser utilizados para irrigação por sulcos dos cultivos agrícolas em períodos de falta de chuvas. O sistema de irrigação por sulcos consiste, basicamente, na utilização de canais

entre as linhas de cultivo. A declividade dos sulcos deve ser uniforme na direção do escoamento da água. A forma e a dimensão dos sulcos dependem da cultura a ser irrigada, do equipamento sulcador disponível, do comprimento e do espaçamento entre sulcos. A irrigação consiste na aplicação de

Figura 1 - Detalhe das linhas de cultivo do milho sobre os camalhões, e a distância entre os sulcos de irrigação. As dimensões apresentadas na figura estão em centímetros


“A forma e a dimensão dos sulcos dependem da cultura a ser irrigada, do equipamento sulcador disponível, do comprimento e do espaçamento entre sulcos”

Reimar Carlesso

Figura 2 - Detalhes da operação de abertura dos camalhões para o cultivo do milho

uma determinada vazão no início do sulco através de simples aberturas, sifões ou tubos janelados ou perfurados. O deslocamento da água nos sulcos proporciona a infiltração da água vertical e lateralmente no solo. A água não infiltrada ao longo do sulco é perdida do ponto de vista de irrigação e deve ser coletada através de um sistema de drenagem. O comprimento dos sulcos varia de 90 a 400 m, para solos de textura arenosa se recomenda comprimento de 90 a 120 m, solos de textura média de 120 a 250 m e solos argilosos de 250 a 400 m. Os comprimentos mais utilizados variam de 90 a 150 m. O espaçamento entre sulcos varia de 0,90 a 1,80 m. Sulcos com 20 a 30 cm de profundidade facilitam a infiltração da água em solos com baixa capacidade de infiltração. Um exemplo da conformação da superfície do solo para a drenagem superficial do terreno através do sistema de camalhões é apresentado na Figura 1.

ser superior a cem sacas por hectare. No entanto, quando ocorrer excessos de chuvas em algum período do desenvolvimento das plantas, a produtividade é severamente reduzida, em muitos casos para produtividades inferiores a 30 sacas por hectare, inviabilizando economicamente a cultura. Com a utilização do cultivo do milho em camalhões, a produtividade observada em várias regiões do Rio Grande do Sul, em anos com El Niño, foi superior a 80 sacas hectare. Fiorin (2004) obteve um rendimento de 120 sacas por hectare de milho cultivado sobre camalhões, na região de Santa Maria (RS) em um ano com a ocorrência de El Niño (2002/03). Esses resultados viabilizam o cultivo do milho em solos de várzea. Os resultados de dois anos de cultivo do milho (híbrido de milho Pioneer 3041) para silagem em solo de várzea com a utilização de camalhões podem ser observados na Fi-

gura 4. O ano agrícola de 2002/03 foi caracterizado pelo excesso de chuvas, com ocorrência do fenômeno El Niño (Figura 5). Nesse ano, no período de cultivo do milho, a quantidade acumulada de chuva foi de 1.370 mm. Segundo Matzenauer et al. (2002), a média histórica de chuva acumulada para esse período na região de Santa Maria é de 863 mm, ou seja, houve um incremento de 58,7% no volume acumulado de chuva. Dessa forma, os camalhões funcionaram como drenos, o que favoreceu o escoamento da água da lavoura e evitou a falta de oxigenação das raízes das plantas. Isso possibilitou um bom desenvolvimento das plantas e uma produção de 32 Mg/ha de massa fresca e de 13 Mg/ha de massa seca de milho. Mittelmann et al. (2005) utilizando o mesmo híbrido de milho (fora da várzea) no ano agrícola de 2001/02, obteve uma produção de 10 e 12 Mg/ha de massa seca

Figura 3 - Detalhes das linhas de cultivo do milho sobre os camalhões e os sulcos utilizados para irrigação

MILHO EM SOLOS DE VÁRZEA O cultivo do milho em várzeas não-drenadas aumenta muito o risco de perdas parciais ou mesmo total de produtividade em anos com excesso de chuvas, principalmente se as mesmas ocorrem nas primeiras semanas após a semeadura. Levando-se em conta esse cenário, a semeadura do milho em camalhões é uma alternativa interessante para micro, pequenos e médios produtores. Nesse sistema, os camalhões são utilizados como drenos para eliminar o excesso de água do solo, e os sulcos podem conduzir a água de irrigação para suprir as necessidades das plantas (Figuras 2 e 3). O controle da drenagem interfere diretamente na produtividade. Em anos com distribuição normal das chuvas durante o verão, o potencial produtivo do milho pode

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Figura 4 - Massa fresca (a) e seca (b) da espiga, folhas, colmo e total para o milho cultivado em solo de várzea em camalhões, nos anos agrícolas de 2002/03 e 2003/ 04. Santa Maria (RS), 2007

em cultivos realizados em Ijuí, RS e Teutônia, RS, respectivamente. Maggi (2003) utilizando o mesmo híbrido (fora da várzea) em Santa Maria, RS, no ano agrícola de 2001/02, obteve uma produção de 34 Mg/ ha de massa fresca e de 13 Mg/ha de massa seca. A partir dessas comparações é possível afirmar que o crescimento e o desenvolvimento do milho em solo de várzea não foram afetados pelo excesso de água, uma vez que apresentou produtividade de massa (fresca e seca) semelhante ou até mesmo superior, à de cultivos conduzidos em área de terras altas. O ano agrícola de 2003/04 foi caracterizado pelo reduzido volume de chuvas, com ocorrência do fenômeno La Niña (Figura 5). Nesse ano, no período do cultivo do milho, a quantidade acumulada de chuva foi de apenas 145 mm, ou seja, 16,8% da média histórica de chuva esperada para esse período na região de Santa Maria (Matzenauer et al. 2002). Nesse ano, durante o período de desenvolvimento do milho, foram realizadas 14 irrigações, totalizando 420 mm de água, aplicados através da irrigação por sulcos. Os resultados da porcentagem de espiga na massa seca de milho foram de 64 e 58%, para os cultivos realizados em 2002/03 e 2003/04, respectivamente. Estes valores são superiores ao observado por Monteiro et al. (2000), (48%) para o mesmo híbrido cultivado em diferentes locais de Minas Gerais.

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Figura 5 - Distribuição das chuvas e das irrigações durante o período de desenvolvimento da cultura do milho cultivado em camalhões em solo de várzea, nos anos agrícolas de 2002/03 e 2003/04. Santa Maria (RS), 2007

Em relação à massa verde, a porcentagem de espigas foi de 52 e 46%, para os cultivos realizados em 2002/03 e 2003/04, respectivamente. Melo et al. (1999) utilizando o mesmo híbrido em Lavras, Minas Gerais, obteve uma porcentagem de espiga na massa verde inferior (40%) aos resultados observados nos dois anos de cultivo. A utilização da cultura do milho em solos de várzea, viabiliza um sistema de rotação de culturas para a cultura do arroz irrigado por

inundação, reduzindo o banco de sementes de invasoras, interrompendo o ciclo de doenças e redução de pragas e aumentando o reM torno econômico da atividade agrícola. Reimar Carlesso, Tatiana Tasquetto Fiorin, Renato Beppler Spohr, Cleudson Jose Michelon e Cleiton Dalla Santa, UFSM

VÁRZEAS DO RIO GRANDE DO SUL

O

Rio Grande do Sul tem registrado um aumento nas desigualdades regionais, caracterizadas pela concentração cada vez maior de população e de renda em algumas regiões, enquanto que em outras, agravam-se os problemas estruturais da economia, gerando perdas populacionais, empobrecimento e redução da qualidade de vida. Neste contexto, destaca-se negativamente a Metade Sul, região predominantemente agropecuária, onde as principais atividades econômicas são a orizicultura e a pecuária de corte. Essa região vem sofrendo, ao longo das últimas décadas, um profundo processo de perda de dinamismo econômico, de-

frontando-se com dificuldades que têm retardado seu desenvolvimento econômico e social, em comparação com a Metade Norte do estado. As freqüentes crises do arroz colocam os produtores rurais da região em uma difícil situação para viabilizar a produção agropecuária e a geração de divisas para a economia da região. Assim, é importante a viabilização de alternativas para manter a atividade agropecuária viável, integrando a experiência dos agricultores, disponibilidade de máquinas e equipamentos da propriedade, manutenção da atividade agrícola e a redução dos riscos da atividade rural.




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