Destaques Matéria de capa
Terra descompactada O uso do penetrógrafo eletrônico no diagnóstico do grau de resistência do solo à penetração
Distribuição avaliada
Ficha Técnica
Distribuidor Hércules 10.000, da Stara, é testado por Cultivar Máquinas com diferentes produtos e em diversas condições de velocidades e regulagens
As características do BM 125i, o trator da Valtra com quatro cilindros e 125 cavalos de potência
Índice
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Nossa Capa Stara
Rodando por aí
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Penetrógrafo eletrônico e compactação
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Técnica 4x4 - Uso da prancha
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Visão “raio x” no acamamento do arroz
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Manutenção de roçadeiras
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Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
www.cultivar.inf.br www.grupocultivar.com
Passo-a-passo - Cuidados com tratores novos 16 Teste Drive - Hércules 10.000
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Ficha Técnica - Valtra BM 125i
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Semeadora Prima
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Empresas - Toyota na Expointer
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Farm Progress Show 2007
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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Prêmio Melhores da Terra
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Números atrasados: R$ 15,00
Cultivar Máquinas Edição Nº 67 Ano VI - Setembro 2007 ISSN - 1676-0158
www.cultivar.inf.br cultivar@cultivar.inf.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00
Assinatura Internacional: US$ 80,00 EUROS 70,00 • Redação
Gilvan Quevedo Charles Echer • Revisão
Aline Partzsch de Almeida • Design Gráfico e Diagramação
Cristiano Ceia • Comercial
Pedro Batistin
Sedeli Feijó • Gerente de Circulação
• Impressão:
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Cibele Costa • Assinaturas
Simone Lopes • Gerente de Assinaturas Externa
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@cultivar.inf.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Agrale
Massey Ferguson A Massey Ferguson levou novidades à Expointer. O evento marcou o lançamento da colheitadeira axial MF 9790 ATR, cuja ficha técnica foi mostrada com exclusividade por Cultivar Máquinas, na edição de agosto. A feira serviu ainda para a montadora apresentar o trator MF 8480, com 290 cavalos.
Sílvio Rigoni, gerente de vendas de tratores, comandou o estande da Agrale na Expointer. A empresa apresentou a linha movida a biodiesel B5, com modelos de pequeno, médio e grande portes. Um dos destaques foi o 5085.4 Arrozeiro com motor de 85 cv de potência e transmissão de 10 velocidades à frente, com sistema reversor, que permite a inversão de todas as marchas à ré.
KO A KO também participou da Expointer, com sua linha de produtos voltada para a aplicação de defensivos e insumos. Instalada em Jaboticabal, estado de São Paulo, a empresa produz pulverizadores e atomizadores para os mais diversos tipos de cultura, atendendo as principais regiões brasileiras e países da América do Sul, América Central e Ásia.
Falker A Falker apresentou o ClorofiLog, medidor eletrônico de clorofila nas folhas das plantas. O equipamento permite o acompanhamento do estado nutricional e oferece elementos para o emprego racional da adubação.
Eduardo Martini (esq.)
Agritech Lavrale Na Expointer 2007 a Agritech Lavrale destacou, entre outros produtos, seu recente lançamento, o trator compacto 1175, com 70 cavalos de potência e o primeiro do mercado com 16 válvulas, projetado para o trabalho em culturas perenes, como maçã, manga, uva e nectarina; lavouras de citros, café e cereais; além do manejo nutricional para gado leiteiro e de corte, em sistemas de confinamento.
John Deere Quatro novos modelos de tratores foram destaques da John Deere na Expointer 2007. O 7715, com motor de 182 cv, e o 7815, de 202 cv, são os primeiros produzidos no município gaúcho de Montenegro. Já o 5303, de 57 cv, e o 5403, de 65 cv, com motores de três cilindros, reforçam a presença da marca na faixa de tratores de baixa potência. “Temos tecnologia disponível para todos os segmentos, do pequeno ao grande produtor”, lembra o gerente de vendas Paulo Kowalski.
Sílvio Rigoni
Logimatec Arlete De Cesaro, do Departamento de Marketing e Comercial da Logimatec, apresentou durante a Expointer a linha de empilhadeiras e acessórios da empresa. Entre os produtos em destaque estiveram a empilhadeira hidráulica para tratores, a prensa caixas, a prensa bins, o tombador de bins e a empilhadeira manual elétrica.
Arlete De Cesaro
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Usinas
New Holland
Cristiane Becker
Kuhn Metasa
Luiz Feijó, diretor comercial, e Marcos Arbex, gerente de marketing da New Holland América Latina, apresentaram durante a Expointer os números da retomada do mercado de máquinas agrícolas após a crise do segmento de grãos em 2005 e 2006 e os lançamentos da empresa na feira. No evento a montadora lançou a colheitadeira TC 5090 e dois modelos de tratores da Série 30, o 8030 e o 7630. Só em 2007 a empresa já realizou mais de 30 eventos, denominados caravanas de lançamentos regionais, para que o agricultor possa conhecer melhor os Marcos Arbex e Luiz Feijó novos produtos.
A Kuhn Metasa também participou da Expointer. Cristiane Becker, assistente de Marketing da empresa, destacou o pulverizador hidráulico rebocado Trainer 2200.
Santiago & Cintra Eduardo Martini (esq.)
Bons negócios A Massey Ferguson encerrou sua participação na Expointer 2007 com bons resultados. Segundo Fábio Piltcher, diretor de marketing da empresa, o desempenho na feira confirmou a tendência de aumento da demanda por colheitadeiras e por tratores de maior porte, acima de 150 cavalos de potência. A rápida recuperação do setor, com o aumento do preço das commodities, e a abertura do Finame são dois fatores que contribuíram para o cenário. De janeiro a julho, a Massey vendeu 5.260 máquinas no país, 50% a mais do que no mesmo período de 2006.
Fábio Piltcher
Rodrigo Pellegrini Tamani e Rinaldo Lorenzi
A Santiago & Cintra também marcou presença na Expointer. Rodrigo Pellegrini Tamani, gerente comercial, e Rinaldo L orenzi, promotor de vendas, deram ênfase ao piloto automático elétrico Ag500 Drive.
Tramontini A Tramontini também mostrou sua linha de tratores. Entre eles, o T50454, com motor de quatro cilindros, 50 cavalos, 2.545 cilindradas, bloqueio no diferencial traseiro, tomada hidráulica auxiliar, embreagem duplo estágio, TDP 540 – 1.000 rpm, direção hidrostática e tração 4x4.
Montana Carlos Magno Benfeita, diretor comercial da Montana, mostrou o Landini Mistral, de 50 cavalos, para o segmento da agricultura familiar. O trator foi um dos destaques no estande da empresa durante a Expointer, em setembro, em Esteio, no Rio Grande do Sul. O modelo conta com motor Yanmar de injeção direta (euro2/ tier2).
A LB de Sertãozinho, SP, deu início a um novo formato de trabalho caracterizado pelos projetos Turnkeys. Com isso, a implantação de usinas dos setores de açúcar e álcool, papel e celulose e alimentício, ganha cara nova, já que a empresa fica responsável por todos os processos de instalação e montagem do empreendimento, desde a base civil finalizada até a entrega em funcionamento.
Usibiosul A Usibiosul, especializada em projetos de pequeno e médio portes para produção de usinas de biodiesel também esteve presente na Expointer. A empresa já conta com oito usinas instaladas com capacidade total de produção 91,5 mil litros de biodiesel por dia e apresentou aos visitantes as diversas possibilidades de construção de usinas em fazendas e cooperativas de produtores.
Valtra A Valtra mostrou sua linha de tratores Geração II. Entre os destaques esteve o BH185i Intercooler, com 190 cavalos de potência, nova cabine e design diferenciado.
Carlos Magno Benfeita
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compactação
Massey Ferguson
Terra macia A antiga e difícil tarefa de lidar com a compactação ganha novas ferramentas como o penetrógrafo eletrônico, que auxilia no diagnóstico do grau de resistência do solo à penetração, a fim de facilitar a escolha das operações agrícolas a serem implementadas
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a agricultura atual, as técnicas de preparo do solo, semeadura, manejo e colheita são altamente mecanizadas para praticamente todas as culturas, o que envolve o tráfego de máquinas consideravelmente pesadas sobre o solo agrícola. Nos sistemas conservacionistas, apesar da eliminação de algumas operações de preparo do solo, ainda permanecem as movimentações de máquinas para a realização das demais operações que, aliadas ao não-revolvimento do solo, contribuem para formação de camadas compactadas. A compactação leva ao aumento dos danos físicos, químicos e biológicos ao solo, exercendo influência direta na sua degradação, ocasionando redução de produtividade, aumento da erosão e do escoamento superficial do solo. Obviamente, a compactação não é fator isolado em relação às perdas de produtividade das culturas, pois, diversos fatores agem conjuntamente para que essa redução venha a ocorrer, como por exemplo, as condições climáticas, teor de água no solo e disponibilidade de nutrientes durante o desenvolvimento das culturas. Para a escolha das operações agrícolas ser corretamente empregada nos sistemas produtivos, bem como para avaliar os efeitos das téc-
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nicas empregadas, faz-se necessário saber o grau de compactação das camadas superficiais. Definir o grau de compactação do solo que permita o desenvolvimento das plantas não é tarefa fácil, pois envolve características físicas, químicas e biológicas do solo, que possuem variabilidade em função do perfil do solo e ainda, cada
cultura possui uma necessidade diferente e, portanto, o grau de compactação tolerável depende do objetivo pretendido.
AGRICULTURA DE PRECISÃO Na agricultura tradicional, as áreas produtivas são tomadas como homogêneas em suas
Gráfico de resistência mecânica do solo à penetração versus profundidade, gerado pelo programa do penetrógrafo: PNTView
“A compactação leva ao aumento dos danos físicos, químicos e biológicos ao solo, exercendo influência direta na sua degradação, ocasionando redução de produtividade”
características, levando ao conceito da necessidade média da aplicação dos insumos e realização de operações para toda a área, o que faz com que, no caso específico da compactação do solo, toda a área seja descompactada, quando essa necessidade pode estar somente localizada em uma região menor. Em outras palavras, o agricultor acaba por realizar o que não precisava onde não deveria, e não faz completamente e no local correto, o que realmente seria necessário. Dessa forma atendem-se apenas às necessidades médias, e não são consideradas as necessidades específicas de cada parte do campo. O mesmo acontece para as demais operações, causando como resultado a produtividade desuniforme, o aumento de custos de produção e até o aumento dos impactos ambientais. A agricultura de precisão (AP) é uma técnica que emprega a utilização de informações exatas e precisas, complementada com decisões exatas. O princípio básico da AP é identificar espacialmente quais as necessidades no campo produtivo e gerenciá-lo localmente, considerando pequenas áreas e suas exigências específicas. Os mapas de atributos são ferramentas de avaliação inseridos na AP, obtidos com o auxílio de outra importante ferramenta, o GPS – Global Positioning System (Sistema de posicionamento global). Esses mapas estão sendo
amplamente utilizados para predizer espacialmente as características e necessidades do solo e da cultura. A geração desses mapas envolve a determinação desses atributos utilizando distintas técnicas para os diversos atributos envolvidos no processo agrícola.
RESISTÊNCIA MECÂNICA DO SOLO Em se tratando da compactação do solo, um método prático, rápido e eficiente para sua indicação é a avaliação da resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) por meio de penetração de uma haste. A RMSP é propriedade característica de cada tipo de solo e seu teor de água e contribui para representar a condição física do solo. O conceito deste método consiste em medir a força resistiva exercida pelo solo, por unidade de área, à penetração de uma haste de ponteira cônica em velocidade constante, calculando-se assim a pressão exercida sobre o perfil do solo. Essa metodologia parte do princípio de que as raízes das culturas devem imprimir força suficiente para penetrarem no solo e se desenvolver. Portanto, camadas com valores excessivos de RMSP são indesejáveis, pois, dificultam o desenvolvimento das culturas, movimento da água no perfil, entre outras propriedades.
Mapas de resistência mecânica do solo à penetração para as camadas de 0-10, 10-20, 20-30, 30-40 e 40-50 cm de profundidade (kgf/cm 2)
Carlos Furlani
valores de RMSP, por exemplo, uma das medidas que podem ser tomadas é realizar a descompactação dessa área.
DETERMINAÇÕES EM CAMPO Avaliações de campo foram realizadas em área experimental do Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola do Departamento de Engenharia Rural, (Lamma – Unesp/Jaboticabal), em Latossolo Vermelho Escuro eutrofico típico. O teor de água no perfil do solo durante as avaliações foi de 20% para toda a área. A área, destinada à produção de amendoim, foi manejada em preparo convencional, uma aração (arado de discos) e duas gradagens niveladoras. A coleta de dados referentes à RMSP foi realizada em 40 pontos espacializados em malha regular de 4x10 pontos, eqüidistantes em 10 m. Os dados foram obtidos utilizando-se penetrômetro que segue a norma ASAE S313.3, coletando-se dados até a profundidade de 50 cm com intervalo de leituras de um centímetro. Em cada ponto adquiriu-se, com o auxílio de GPS, as coordenadas geodésicas, armazenadas no sistema do próprio penetrógrafo. Esses dados auxiliaram na elaboração dos mapas e espacialização dos valores de RMSP, ferramenta fundamental na agricultura de precisão. Os mapas de RMSP estão dispostos conforme as camadas de profundidade do solo, de cima para baixo: 0-10, 10-20, 20-30, 30-40 e
Penetrógrafo eletrônico em operação em lavoura, onde foi cultivado amendoim
A função básica do penetrógrafo é a aquisição automática de dados de resistência mecânica do solo à penetração, para predizer o nível de compactação do solo por meio de gráficos gerados a partir desses dados, considerando também outros fatores, como umidade e tipo de solo. Conectado ao GPS, o penetrógrafo fornece as informações georreferenciadas de cada ponto analisado, permitindo dessa forma a elaboração dos mapas de atributos de RMSP. Além desta informação, com o sensoriamento por coleta de amostras em campo, fornece os valores de força aplicada ao solo, e em função da haste escolhida, o valor de pressão aplicada a cada centímetro do perfil do solo. Com as informações de localização obtidas pelo GPS e de RMSP diretamente com o penetrógrafo, torna-se passível a elaboração de mapas desse atributo, por meio da manipulação dos dados em programas computacionais específicos. Após a elaboração destes, é possível correlacioná-los com mapas de diferentes propriedades, os de produtividade por exemplo. Realizada esta correlação e identificados os pontos deficientes, podem ser ainda gerados mapas de correção dos atributos que estão interferindo nos objetivos pretendidos. Se investigado e identificado que houve restrição de produtividade em área com altos Com os dados da análise em mãos, é possível planejar a operação de correção nos pontos com maior índice de compactação
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New Holland
PENETRÓGRAFO ELETRÔNICO
40-50 cm, representando o grau de compactação do perfil do solo em kgf/cm². As áreas nas tonalidades de vermelho representam valores de RMSP superiores a 40 kgf cm ² considerados críticos, em se tratando de solo mobilizado e para a cultura do amendoim. Observa-se que logo abaixo de 10 cm de profundidade já se encontram áreas com valores de RMSP acima de 40 kgf/cm², estendendo-se até profundidades de 40 cm no perfil do solo. Estes valores estão dispostos nos mesmos pontos distribuídos na área, indicando que nesses pontos existem camadas compactadas, o que, aliada a outros fatores como umidade do solo, pode ser prejudicial ao desenvolvimento radicular. Com estas avaliações, sugere-se investigar quais os fatores que estão gerando estas camadas compactadas, e se necessário, realizar a descompactação destas áreas, de forma localizada. O penetrógrafo mostrou-se eficiente e prático na aquisição dos dados referentes à RMSP, e com o auxílio do GPS, foi possível a geração de mapas de atributos para essa variável, contribuindo com as técnicas de agricultura de precisão para avaliação da compactação do solo M e tomada de decisões. Anderson de Toledo, Rubens Andre Tabile, Carlos Eduardo Angeli Furlani, Rouverson Pereira da Silva, Unesp Carlos Augusto Ribeiro, DLG Automação
prancha
Fotos Técnica 4x4
Piso firme A prancha, oferecida no mercado em aço, alumínio ou fibra de vidro, é equipamento indispensável para aventuras fora de estrada
C
omo o imprevisto é coisa comum em um deslocamento off-road, estar preparado para o que “der e vier” pode ser bastante aconselhável. Um dos equipamentos indispensáveis é a prancha, encontrada no mercado em aço, alumínio e fibra de vidro. A função da prancha é dar piso firme para o carro, seja em um atoleiro, facão ou para desencalhar o carro na areia. No Brasil, devido ao preço elevado, ainda é pouco usada em trilhas, mas no exterior ela tem grande aceitação e é normal se ver veículos com pares de pranchas em incursões pelo deserto e florestas. Surgida na Segunda Guerra, chamava-se “Marston Mat”, com tamanho de 3 m de comprimento por 40 cm de largura, não foi projetada inicialmente para uso em off-road e sim para se construir rapidamente aeroportos. A conexão de milhares de pranchas deixava uma pista de pouso e decolagem pronta em questão de dias. Depois disto o equipamento caiu nas graças do universo 4x4 e é usado no mundo todo. Sua utilização é muito simples e serve para se montar uma base firme para o veí-
culo atravessar trechos com muito barro, areia e até um facão mais ameaçador. É previsível que as pranchas se dobrem com o peso do carro, mas para colocá-las de novo em ordem basta deitá-las ao chão firme e passar novamente com o carro em cima delas, o material desentorta e fica pronto para ser usado novamente. Ao utilizar a prancha, não acelere com força para sair da encrenca, os pneus vão girar muito rapidamente e a prancha vai sair debaixo do pneu, podendo se chocar contra o chassi, diferenciais e até contra a carroce-
ria, impedindo a manobra e podendo até amassar a carroceria. Use o equipamento com calma e atenção. Em algumas situações é possível se construir uma pequena ponte. A prancha de fibra de vidro não pode ser usada para esta finalidade, mas as pranchas de aço e alumínio quebram um bom galho desde que usadas aos pares ou em jogos de três peças para cada pneu. M
A prancha é um equipamento indispensável para quem gosta de off-road e não pretende ficar atolado
Em algumas situações, as pranchas podem servir para construir pequenas pontes
João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br
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mapas de produtividade
Visão de “raio X” Novas ferramentas na Agricultura de Precisão ajudam a conhecer as deficiências nutricionais da lavoura e até mesmo a prever situações de possíveis acamamentos na cultura do arroz, , sem que o produtor precise colocar os pés na plantação
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eguidamente ouvimos produtores e técnicos se perguntarem: “Estamos usando alta tecnologia, mas nossa produtividade não aumenta como gostaríamos. Onde estão os problemas?”. Este questionamento faz coro com muitos outros, que reconhecem a importância e a necessidade de se ter mais informações que auxiliem na tomada de decisão sobre a lavoura. Que facilitem o diagnóstico dos problemas e a sua correção. Esta pergunta é difícil de responder quando se têm lavouras bastante produtivas, que parecem um padrão único, mas que escondem problemas que muitas vezes não são visualizados facilmente. Agora imagine como seria mais fácil
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se nada escapasse aos seus olhos? Cada parte da lavoura aonde você não iria a menos que tivesse uma boa razão para isto? Onde o olho do dono poderia “engordar o boi”? Na medicina, a exigência por diagnósticos mais precisos e rápidos faz com que os médicos utilizem-se de um arsenal de exames para embasar e direcionar os tratamentos. Dificilmente um diagnóstico é feito somente palpando, auscultando e ouvindo-se as queixas do paciente. Necessita-se de mais informações. Radiografias, tomografias etc. são ferramentas de informação utilizadas para enxergar o paciente “por dentro”. Já na agronomia, carecíamos de uma
ferramenta que nos auxiliasse no planejamento da lavoura e na avaliação da qualidade dos processos, de modo que facilmente pudéssemos detectar onde estão os problemas, identificá-los e corrigi-los, de forma prática e direcionada, e ainda formasse um histórico da lavoura servindo como uma base sólida sobre a qual planejar a safra seguinte. É inegável que quanto mais informações de qualidade tivermos à disposição, melhores serão as decisões. A análise de solo é a informação mais comumente utilizada. Auxilia na tomada de decisão referente à adubação, que embora seja um fator de produção importante, é apenas um dentre muitos outros que contribuirão
“É comum encontrarmos diferenças de mais de 100%, de uma zona menos produtiva para uma mais produtiva numa mesma lavoura”
para o sucesso final da lavoura, como a própria irrigação, fundamental na produção de arroz. É sabido que há uma grande variabilidade de produtividade dentro da lavoura, devido tanto a questões de fertilidade do solo quanto de manejo. É comum encontrarmos diferenças de mais de 100%, de uma zona menos produtiva para uma mais produtiva numa mesma lavoura. Levar em conta esta variabilidade potencializa as possibilidades de ganhos sem que, necessariamente, mais investimentos sejam feitos. Podem-se obter excelentes resultados apenas distribuindo de forma mais inteligente os recursos e corrigindo problemas que muitas vezes passam despercebidos, mas que podem ser facilmente solucionados se diagnosticados e registrados de forma georreferenciada. Além disso, muitas falhas acabam se repetindo pelo fato de ser impossível lembrar de tudo o que precisa ser corrigido em cada canto da lavoura. Se você tiver um mapa mostrando claramente onde você está perdendo dinheiro, a menos que você se sinta confortável com esta situa-
O Mapa de Zonas para Amostragem Inteligente, dividido em 03 classes de potencial de produtividade: Baixo (amarelo claro), Médio (verde), Alto (verde-escuro), facilita o levantamento e o registro de uma série de informações sobre a lavoura
John Deere
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ção, não há porquê não agir para melhorar. Sem um registro, muita coisa fica para trás e oportunidades de ganho são desprezadas. Como posso mapear, então, de forma prática e acessível, as diferenças de produtividade da lavoura, para identificar as causas e corrigir os problemas?
O VECTIS VISION Uma das ferramentas existentes para auxiliar os produtores e técnicos no serviço de mapeamento de variabilidade de potencial produtivo é o Vision, fabricado pela empresa Vectis, que funciona como se fosse um “raio-x” da lavoura, mostrando onde esta é mais produtiva e onde é menos produtiva. Os mapas são confeccionados através do processamento de imagens especiais da lavoura obtidas por um sensor acoplado em um avião. O imageamento é feito durante o ciclo e mostra diferenças de vigor de plantas e de produtividade. O sensor capta a intensidade do comprimento de onda do infravermelho próximo refletido pelas plantas. Quanto mais vigorosas e produtivas elas estão, mais infravermelho próximo elas refletem. Processando estas imagens, geram-se índices de vegetação que correlacionam com o vigor das plantas e com a sua produtividade. Uma das vantagens da tecnologia é que
ela permite a visualização de estresses não visíveis ao olho nu. É comum vermos lavouras que parecem bastante uniformes, mas que os mapas gerados pelo equipamento mostram diferenças. Quando se vai até os pontos mostrados no mapa, então, constata-se que as diferenças realmente existem, mas não estavam sendo percebidas. Além disso, esses mapas são georreferenciados e medem a área cultivada da lavoura, excluindo valos, condutos, estradas, matos etc. Permitem, também, que o próprio produtor possa medir áreas, delimitar manchas etc, através de programa específico, com o qual a maioria dos produtores que possui GPS de mão está familiarizada. Diogo Ferreira
O mapa Vision de risco de acamamento foi feito dois meses antes da colheita. Na época, não havia acamamento. A parte em verde é a de menor risco, a amarela tem 40% a mais de risco e a vermelha, 100% a mais de risco. As partes em vermelho foram as primeiras a acamar. Note que o acamamento mostrado nas fotos foi perfeitamente delimitado no mapa
Os dados podem ser visualizados no programa TrackMaker, permitindo troca de dados com o GPS
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AMOSTRAGEM INTELIGENTE Conhecendo a variabilidade da lavoura, pode-se dividi-la em zonas de alta, média e baixa produtividade, por exemplo, para se proceder uma amostragem inteligente, a fim de identificar as causas das diferenças, fazendo a mais pura e velha agronomia, só que de forma mais direcionada, eficaz, e objetiva. A amostragem inteligente consiste em ir direto aos pontos onde se enxergam diferenças no mapa, ao invés de andar aleatoriamente, podendo-se realizar um check-list completo da lavoura com amostragem de solo, mostragem de folhas para análise foliar, presença de pragas, doenças e invasoras, densidade de plantas, qualidade da irrigação, desenvolvimento das plantas, componentes do rendimento e a produtividade etc. A divisão da lavoura em zonas também facilita a correção direcionada dos problemas, tenha o agricultor um equipamento para aplicação a taxas variáveis ou não. Até mesmo porque a adubação será apenas um dos fatores a serem corrigidos. As correções de problemas de drenagem, a sistematização do solo etc. serão feitas com os próprios equipamentos já existentes na granja, apenas com o auxílio de um GPS de mão, se necessário.
PREVENÇÃO DO ACAMAMENTO Como o acamamento está diretamen-
“O agronegócio está exigindo, cada vez mais, uma visão multidisciplinar, para agir nos detalhes, aumentando a eficiência diante da redução das margens” New Holland
te relacionado ao vigor de plantas, os mapas gerados pelo Vision ajudam a prever onde há maior chance de haver acamamento, auxiliando no manejo da adubação de cobertura e na redução dos riscos. O Vision arroz pode auxiliar na tomada de decisão em relação à segunda aplicação de uréia. Neste caso, o imageamento da lavoura é feito entre a primeira e a segunda aplicação. Antes da segunda aplicação, o cliente recebe os mapas que mostram onde há maior risco de ocorrer acamamento e o quanto esse risco é maior. De posse desta informação, pode ir a campo, avaliar a lavoura de forma direcionada e decidir por não realizar a aplicação ou por reduzir a dose em determinadas regiões da lavoura, reduzindo as perdas por acamamento. O agronegócio está exigindo, cada vez mais, uma visão multidisciplinar, para agir nos detalhes, aumentando a eficiência diante da redução das margens. Equipamentos como esse permite que colaboradores, sócios e/ou técnicos qualifiquem a discussão sobre a lavoura e possam identificar em conjuntos os problemas de cada zona, planejando também em conjunto, numa discussão muito mais proveitosa. As decisões
Diogo explica as possibilidades de aplicação do sistema Vision nas principais culturas
são tomadas com muito mais propriedade e o planejamento deste grupo que trabalha em cima da área pode ser feito com muito mais adequação, com metas, objetivos e M conferindo seus resultados. Diogo Ferreira e Ledison Roberto Fialho Fagundes, Vectis
manutenção
Charles Echer
Sem paradas A manutenção preventiva nas máquinas roçadeiras é muito importante para prolongar a vida últil do equipamento e evitar surpresas desagradáveis, como quebra de componentes durante a realização do trabalho
A
s roçadeiras motorizadas são máquinas providas de um motor, geralmente a dois tempos, e realizam o trabalho de roçada quando operam com disco ou faca. Podem também receber no lugar da faca outros dispositivos que colhem café, esqueletam e/ou podam os cafeeiros. Devido à variabilidade de atividades que realizam, principalmente nas lavouras cafeeiras, vêm sendo muito usadas pelos produtores. Este texto pretende ajudar a orientar o usuário quanto à manutenção preventiva que deve ser executada nessas máquinas.
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truturas acopladas às costas do operador, possuem além de um cardan rígido um flexível para permitir a movimentação da faca. A desvantagem das máquinas costais é o cabo flexível que danifica com freqüência por ser operado além do ângulo permitido, exigindo trocas freqüentes. Limitam, também a movimentação do operador em terrenos declivosos e com obstáculos, podendo lesar a coluna ou joelhos em caso de quedas. São, no entanto, boas para trabalhos em áreas planas, como parques e jardins. As máquinas laterais podem ser operadas com ou sem alça. No caso do uso com a alça, o peso da máquina ficará sobre os ombros do operador e não nos braços, no entanto para manejo da máquina o operador precisará movimentar o corpo uma vez que a máquina estará presa ao mesmo. Certos operadores preferem segurar e manejar a máquina semente pelas mãos e braços, cansando mais os braços. Por manejarem somente com os braços, não precisam movimentar o corpo, tendo mais liberdade para levarem a máquina onde quiserem, sendo o ideal para áreas declivosas e com muitos obstáculos (tocos, troncos, pedras, valas, barrancos etc).
A MÁQUINA São vários os fabricantes de roçadeiras no mercado, no entanto poucas são as diferenças com relação à constituição e funcionamento das mesmas. Os maiores fabricantes de roçadeiras são Stihl, Shindaiwa, Husqvarna, Honda, Dakimaq, Nakashi etc. No entanto, são basicamente dois os tipos existentes: as laterais e as costais. As laterais são construídas para trabalharem ao lado do operador, possuem cardan rígido e são suportadas por alças colocadas nos ombros ou na cintura, manejadas por guidão ou volante. Já as costais são fixadas em es-
Os filtros de ar são extremamente importantes nesse tipo de equipamento e merecem atenção especial do operador
“Este texto pretende ajudar a orientar o usuário quanto à manutenção preventiva que deve ser executada nessas máquinas” Fotos Antônio Donizette de Oliveira
A vela de ignição deve ser retirada uma vez por semana e limpa com um instrumento que remova o carvão existente na sua base
MANUTENÇÃO
carburador.
Infelizmente os manuais que acompanham as máquinas não esclarecem bem os serviços que devem ser realizados nas mesmas e é grande a confusão entre os operadores, há também diferenças entre os fabricantes quanto aos serviços e periodicidade dos mesmos. O ideal é procurar um técnico que entenda do assunto ou a própria fábrica para cuidar bem da máquina e tirar o máximo proveito da mesma. Insituições como Senar, por exemplo, oferecem treinamentos em operação e manutenção de roçadoeiras.
FILTRO DE AR É o responsável pela filtragem do ar, retirando a poeira que poderia entrar pelo carburador e danificar partes internas do motor como anéis, camisa, rolamentos, etc. Deve ser mantido sempre limpo e bem colocado em seu compartimento. Algumas máquinas da Stihl possuem dois elementos filtrantes, um de feltro e outro de espuma. O de espuma deve ser lavado diariamente com água e detergente neutro, secado com pano limpo, embebido em óleo (cuidar para que o óleo não fique em excesso). O de feltro só deve ser limpo se houver acúmulo de sujeira. Se limpa o de feltro com ar. Cuidado também deve ser observado com o posicionamento do filtro de feltro que possui inscrição mostrando o lado interno, que deve ficar sempre para o lado do carburador.
TANQUE DE COMBUSTÍVEL
VELA DE IGNIÇÃO E responsável pela formação da centelha para que haja a queima do combustível. Devido à mistura do combustível com o óleo dois tempos, há formação de grande quantidade de carvão no pé da vela, o que com-
PONTEIRA A ponteira é a responsável pela transmissão do movimento do motor à faca ou ferramenta de trabalho. É composta por uma caixa com engrenagens que devido ao alto giro do motor, (geralmente em torno de 10.000 rpm) sofre grande desgaste e precisa receber manutenção correta. Na ponteira há um parafuso para colocação de graxa periodicamente. Nas máquinas que não possuem retentor junto ao eixo o fabricante recomenda colocar apenas cinco gramas de graxa a cada 25 horas de serviço. Em máquinas que possuem o retentor (caso da Shindaiwa) deve-se retirar a faca, e colocar graxa até a graxa usada sair pelo eixo da faca. Deve-se evitar o excesso de graxa em máquinas que não possuem o retentor, pois a mesma em excesso vai subir pelo tubo do cardan e lubrificar a embreagem prejudicando seu funcionamento. M Antônio Donizette de Oliveira, Ufla
Charles Echer
Deve merecer atenção principalmente com relação à mistura na proporção correta do combustível com o óleo dois tempos. A Stihl recomenda um lubrificante específico na proporção de 50:1, ou seja, 50 partes de gasolina e uma parte de lubrificante. Usando outro lubrificante a recomendação é que obedeça a proporção de 25:1. Há no mercado um recipiente dosador que facilita a mistura, pois possui a graduação para cada proporção desejada. Outros fabricantes de roçadeiras recomendam a proporção de 25:1 e 30:1, o importante é seguir a recomendação do fabricante e não acreditar em leigos que dizem o que acham sem fundamento técnico. A mistura do lubrificante ao combustível deve ser feita todo dia, não se deve usar o combustível misturado no dia anterior, assim o operador mistura apenas o que vai gastar em cada dia. Outra recomendação com relação ao tanque é o seu completo esvaziamento ao final da jornada de serviço, devendo o operador, após esgotar o tanque deixar o motor funcionando até que todo combustível do carburador seja consumido. O combustível misturado ao óleo 2T que permanece no carburador vai causar, com o tempo, entupimentos nos orifícios e componentes do
promete o seu funcionamento e eficiência, levando o motor a apresentar dificuldades para pegar e funcionamento irregular (rateia). A vela deve ser retirada uma vez por semana e limpa com um instrumento que remova todo o carvão da sua base. (pode ser uma ponta de serra preparada no esmeril). Também deve ser verificada a abertura do eletrodo e regulado se necessário. Não se recomenda trocar a vela se a mesma está funcionando perfeitamente.
As ponteiras são diferentes em cada máquina, mas obedecem o mesmo princípio de construção. A lubrificação nesse ponto deve estar sempre em dia
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passo a passo
Fotos Cultivar
Manutenção em novos Ao contrário do que muitas pessoas possam pensar, tratores novos também necessitam de manutenção periódica, que deve ser feita regularmente, a fim de evitar possíveis danos nos sistemas da máquina
O
trator é uma ferramenta de trabalho e sua manutenção é fundamental. Para que ele se mantenha em condições de utilizar todo o seu potencial, você deve seguir as orientações da fábrica. Com alguns minutos dedicados à manutenção você vai perceber que os tratores realmente vão superar as suas expectativas. A execução dos serviços de manutenção dentro dos intervalos previstos proporciona retorno seguro, mas que muitas vezes não é levado em conta pelo operador, que prefere “ganhar tempo”. Essa manutenção, também evita perda de tempo e prejuízos decorrentes de quebras ou desgastes pre-
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Períodos da primeira troca Nº de horas Troca de óleo e filtro de motor 50 Troca de óleo da transmissão, diferencial, freios e 100 sistema hidráulico Troca ou limpeza dos filtros de controle, bomba de direção, bomba isyp e do filtro tela das bombas 100 auxiliares Troca óleo direção – nos tratores com circuito 50 hidráulico exclusivo para direção Troca óleo redutores traseiros 100 Troca óleo redutores finais e diferencial 100
é considerado novo. Nesse período ocorre aquilo que definimos como período de amaciamento, o que exige alguns cuidados extras de manutenção, pois alguns itens de serviço ocorrem com uma freqüência diferenciada dos serviços de período e manutenção posteriores (ver tabela). A principal é com as respectivas trocas de óleo e de filtros. A razão das primeiras trocas de óleo e filtros serem feitas num período menor de trabalho é que nas primeiras horas de uso do trator ocorre o assentamento dos diversos componentes móveis e lubrificáveis do mesmo. E a troca de óleo nada mais é que a remoção de partículas metálicas desprendidas nas primeiras horas de trabalho do trator, fato esse considerado normal, por isso recomendamos que a drenagem dos óleos deve ser feita na temperatura de trabalho do trator. Nas primeiras 100 horas de uso, estes são os períodos de troca recomendados pela fábrica: a cada 50 horas, faça a troca do óleo do motor, filtro do motor e óleo de direção. A cada 100 horas, troque o óleo da transmissão, óleo do diferencial, óleo dos freios, óleo do sistema hidráulico, óleo redutores traseiros, finais e do diferencial. A cada 100 horas também troque ou limpe os filtros de controle, bomba de direção, bomba isyp e filtro tela das bombas auxiliares.
OUTROS SERVIÇOS
maturos. Até as primeiras 100 horas de trabalho, para efeito de manutenção o trator
Nos tratores com folga no pedal da embreagem, verifique a cada dez horas
O filtro de ar deve ser trocado regularmente tanto em máquinas novas quanto nas usadas
Faça o teste de folga nos freios e regule-os sempre que a folga for maior que 4 ou 5 cm
“Até as primeiras 100 horas de trabalho, para efeito de manutenção o trator é considerado novo”
A primeira troca do óleo do cárter deve ser realizada ao completar as primeiras 100 horas de trabalho
de trabalho o curso livre e ajuste se necessário. A cada dez horas de trabalho reaperte as porcas das rodas e verifique a tensão e o estado das correias do ventilador e do compressor do ar-condicionado e ajuste se necessário. Verifique também a cada dez horas de trabalho o curso livre dos pedais dos freios, regule se necessário. Para ajustar, aplique um dos pedais e, com uma régua verifique o deslocamento do mesmo em relação ao outro. Essa diferença é considerada a folga, que deve ser entre 4 e 5 cm. Se for diferente, faça a regulagem através da porca existente junto às trombetas do eixo traseiro. Para diminuir a folga do pedal, gire a porca no sentido horário; para aumentar a folga, gire-a no sentido anti-horário. Proceda da mesma forma com o pedal do outro lado. Feita a regulagem dos
Óleos da transmissão, diferencial e redutores também têm a primeira troca antecipada
A cada dez horas de trabalho, verifique e reaperte todas as porcas das rodas
É comum que o nível de óleo baixe mais rápido no período de amaciamento do motor
dois lados proceda o teste de aplicação simultânea dos freios. Faça também os outros serviços de manutenção conforme a periodicidade recomendada pela fábrica. M
Os filtros devem ser trocados de acordo com especificações do manual de cada máquina
test drive - Stara Hércules 10.000
Distribuição em
Test Drive avalia o desempenho do distribuidor Hércules 10.000, da Stara, com 15 produtos diferentes sob diversas condições de velocidades e regulagens
R
parte de laboratório e estática executada nas dependências do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas (Nema) e a parte de avaliação de pista (dinâmica) no Parque de Exposições da UFSM. É evidente que o desempenho de uma máquina distribuidora está relacionado com as características físicas dos produtos utilizados na avaliação. Segundo os procedimentos recomendados pelas normas mundiais, devem-se utilizar quatro tipos de produtos com diferentes características para realização destas avaliações. São necessárias avaliações com pelo menos um produto em pó (ex.: calcário), um produto granulado (ex.: adubo NPK), um produto perolado (ex.: uréia) e um produto diferente dos de-
Os testes com pó, como calcário, foram realizados com ventos abaixo de 7,2 km/h para evitar distorções na distribuição
Máquina sendo regulada para realização de testes com calcário seco
Fotos José Fernando Schlosser
ecentemente tivemos a oportunidade de avaliar o distribuidor de produtos sólidos, de dois discos, da marca Stara, modelo Hércules 10.000. Este distribuidor é equipado com rodado simples, montado em eixo único. O acoplamento da máquina ao trator se realiza através da barra de tração, sendo o acionamento dos discos distribuidores do produto feito pela tomada de potência (TDP) do trator através de árvore cardânica e o acionamento da esteira alimentadora de produto feito pelo sistema hidráulico auxiliar (controle remoto) ou roda auxiliar. A avaliação foi realizada no Campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no município de Santa Maria (RS), sendo a
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mais em características físicas (ex.: sementes de aveia). Avaliamos este distribuidor com vários produtos de diferentes características como sementes de aveia preta e milheto, calcário seco e úmido, gesso agrícola, adubo NPK 00-20-30 e 00-20-20, adubo NPK no grão, cloreto de potássio, fosmag 567, nitrato de amônia, superfosfato simples e triplo, uréia fina (prill) e grossa (plus).
TESTE DE DISTRIBUIÇÃO Todos os produtos passaram por uma caracterização física realizada em laboratório e que consistiu na determinação do teor de umidade, densidade (peso específico) e granulometria. A umidade é a medida gravimétrica deste fator e representa o peso percentual de água presente na amostra no momento da avaliação. O peso específico representa o peso do volume de um litro do produto expresso em gramas. A granulometria é o resultado da passagem do produto por peneiras de diâmetro conhecido e padronizado. A Norma ISO 5690/1 recomenda utilizar as seguintes malhas de peneiras: 0,125; 0,250; 0,500; 0,710; 1,000; 2,000; 2,800 e 4,000 mm. Não foi possível determinar a granulometria do gesso agrícola devido à formação de grânulos (aglomerados) no momento da agitação
“Segundo os procedimentos recomendados pelas normas mundiais, devem-se utilizar quatro tipos de produtos com diferentes características para realização destas avaliações. Neste teste, foram utilizados 15 produtos.” Stara
teste
das peneiras. Uma boa medida de qualidade de um distribuidor centrífugo é a determinação da vazão média dos produtos que passam pelo seu mecanismo dosador e distribuidor. Esta determinação foi realizada de forma estática, em superfície adequada (horizontal e firme), a qual se constituiu no recolhimento das doses aplicadas (kg/min-1) para cada produto analisado. Para facilitar o recolhimento, foram retirados os discos distribuidores. Com o auxílio de recipientes coletores, foram recolhidas as quantidades de produto aplicadas na rotação padrão da TDP (540 rpm), em 30 ou 60 segundos (dependendo das quantidades aplicadas), para cada posição da alavanca de abertura do mecanismo dosador (comporta). O trator utilizado para acionamento do distribuidor foi o Massey Ferguson modelo MF 275, com rotação do motor de 1.850 rpm, a qual proporcionou uma rotação de 540 rpm na saída para a caixa de acionamento da esteira. Para os produtos granulados (fertilizantes) e sementes foi utilizada a velocidade da esteira 1 e para os produtos em pó (calcário) e farelado (gesso agrícola) foi utilizada a velocidade da esteira 2. Após a coleta, os produtos foram pesados e os valores obtidos tabulados em uma ficha com especificação do equipamento, produto avalia-
do, abertura do mecanismo dosador e particularidades verificadas durante a determinação da vazão. A representação do perfil transversal de distribuição de produto é outra avaliação realizada para determinar a qualidade de um distribuidor centrífugo. Como há uma indicação de outra norma (ISO 500 e UNE 68-003) que estipula que os ensaios com utilização da tomada de potência (TDP) devem ser feitos com uma rotação do motor que proporcione 540 rpm no eixo da TDP, foram feitas algumas avaliações no sentido de encontrar a condição de utilização adequada. A rotação do motor descrita acima foi encontrada com o trator a 1.850 rpm, obtendo-se uma velocidade de deslocamento de 12,4 km/h-1 em 2a marcha do regime direto, porque é esta velocidade em que se obtém 540 rpm na TDP. A velocidade de rotação dos discos foi de 790 rpm. Este ensaio foi realizado em pista horizontal nivelada, condição necessária para evitar saltos e vibrações que pudessem afetar o desempenho do equipamento. Nos ensaios desta natureza não se admite a presença de ventos constantes superiores a 2 m/s-1 (7,2 km/h-1). Neste sentido, foi utilizado um anemômetro portátil, onde foi medida constantemente a velocidade do vento no sentido do eixo da pista e também transversalmente, cancelando-se a realização dos trabalhos sempre que este limite era ultrapassado. Para a avaliação do perfil transversal de distribuição dos produtos foram utilizadas bandejas de polietileno, com medida padronizada de 500 mm de lado e 100 mm de profundidade. Para evitar o rebote dos produtos foram utilizados “favos” no interior das bandejas. Estas bandejas foram distribuídas perpendicularmente ao sentido de deslocamento do conjunto mecanizado, cobrindo a largura total de trabalho. Foram utilizadas 100 bandejas, sendo 50 para cada lado, com o eixo central transversal estando em acordo com o eixo de deslocamento do conjunto. Na avaliação do perfil transversal de distribuição de produtos granulados (fertilizantes) e
Para facilitar a verificação da vazão dos produtos aplicados, foram retirados os discos distribuidores e colocados recipientes coletores
sementes foram avaliados os seguintes discos e aletas: Disco 24-36 com aletas 24-36; Disco 1824 com aletas 10-18 e aletas 18-24. As regulagens quanto à posição de aletas avaliadas e as respectivas posições das mesmas estão descritas abaixo: Na avaliação do perfil transversal de distribuição de produtos em pó (calcário) e farelado (gesso agrícola) foram avaliados os discos e aletas específicos para estes produtos nas seguintes situações: seis aletas fixas; seis aletas variáveis nas posições atrasada, radial e adiantada; três aletas fixas; três aletas variáveis nas posições atrasada, radial e adiantada. A abertura da comporta dosadora, a qual proporcionou doses próximas à recomendação para cada produto avaliado, encontra-se na Tabela 2. Para os produtos granulados (fertilizantes) e sementes foi utilizada a velocidade da esteira 1 e para os produtos em pó (calcário) e farelado (gesso agrícola) foi utilizada a velocidade da esteira 2.
DADOS DA DISTRIBUIÇÃO Imediatamente após a aplicação, o produto foi recolhido das bandejas e colocado em sacos plásticos com a identificação do produto, da posição (número) da bandeja no perfil e a respectiva regulagem utilizada no equipamento. A pesagem das amostras de produto contidas nos sacos foi feita em laboratório com emprego de balança eletrônica com precisão de 0,1 g para Tabela 1 - Especificações técnicas(1) do distribuidor centrífugo de produtos sólidos utilizado nas avaliações Dimensões Gerais Comprimento máximo 6500 mm Altura total 2500 mm Largura máxima 2600 mm Peso vazio 2000 kg Rotação da TDP 540 RPM Capacidade de carga e volume 10.000 kg e 5 m3 Número de posições de regulagem da alimentação 94 Sistema de transporte e deslocamento Altura do ponto de engate à barra de tração (nivelado) 450 mm Altura mínima sobre o solo 400 mm Mecanismo de dosagem Largura da esteira de alimentação 815 mm Largura da comporta registro 730 mm Altura máxima da abertura 300 mm Mecanismo de distribuição Número de discos 2 Número de aletas por disco Fertilizantes e sementes 2 Produtos em pó 3 ou 6 Número de posições das aletas Variável Altura dos discos ao solo (face superior) 840 mm Distância entre discos (centros) 650 mm (1) Todas as medidas foram obtidas com a máquina nivelada em repouso em superfície firme e plana.
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Fotos José Fernando Schlosser
Regulagens quanto à posição de aletas avaliadas e suas respectivas posições
sada, recobre o lado direito de parte da faixa de deposição da passada anterior, sendo que o mesmo acontece com o lado esquerdo. Para a elaboração dos histogramas de aplicação, determinação do coeficiente de variação e largura de trabalho nos diferentes sistemas de aplicação foi utilizado o programa informático Adulanço, versão 2.0.14 (Molin et al., 1992). A faixa de deposição efetiva (largura de trabalho recomendada na aplicação) é determinada através do ensaio utilizando-se o critério do grau de regularidade de distribuição transversal (perfil) representado pelo Coeficiente de Variação (CV), expresso em porcentagem (%), conforme se estabelece na norma ISO 3534 ou UNE 66-002. Na avaliação da resposta da dose do produto à abertura da comporta que determina a quantidade de produto que cai sobre o disco, este equipamento mostrou bastante qualidade, pois com a maioria dos produtos avaliados a representação deste comportamento era uma linha reta, isto é, quanto mais se abre a comporta mais produto cai sobre o disco e de forma gradual. Principalmente nos produtos Adubo NPK no grão, Fosmag 567, nitrato de amônia, superfosfato simples, superfosfato triplo, uréia fina (prill) e uréia grossa (plus) este comportamento foi linear. Quanto ao perfil transversal de distribuição de produto, em que se analisa a distribuição dos produtos para os dois lados do distribuidor, com as diferentes regulagens e que de certa forma é o parâmetro de determinação da capacidade de trabalho do equipamento, pois nesta avaliação é determinada a largura de trabalho limite, dentro dos padrões estabelecidos de variação, esta máquina teve um comportamento bastante qualificado. Mesmo adotando coeficientes de variação, em relação aos que se aceitam na prática, tivemos larguras de trabalho bastante interessantes e amplas. Para exemplificar colocamos o exemplo do superfosfato simples, em três siste-
0% do curso da aleta (Atrasada) Lateral Interna Aleta: Grande=35; Pequena=5 25% do curso da aleta (Atrasada) Centro da Aleta: Grande=39; Pequena=10 50% do curso da aleta (Radial) Centro da Aleta: Grande=44; Pequena=16 75% do curso da aleta (Adiantada) Centro da Aleta: Grande=49; Pequena=21 100% do curso da aleta (Adiantada) Lateral Interna Aleta: Grande=55Pequena=28
Nos testes com produtos granulados foram distribuídas bandejas para coletar e definir a uniformidade da distribuição transversal
cada dez gramas. A partir dos dados obtidos na coleta e pesagem do produto aplicado no perfil transversal, é realizada a análise dos mesmos para a verificação das características da faixa de deposição. O primeiro passo consiste na elaboração de um histograma de distribuição, tendo como referência a posição de cada coletor e expresso em termos de dosagem ou quantidade coletada. A deposição cumulativa representa a soma da quantidade de produto lançado num mesmo ponto (mesmo coletor), em duas passadas adjacentes da máquina. Trata-se de fazer um recobrimento entre as faixas de deposição de passadas adjacentes, de forma que a deposição cumulativa torne a dosagem de aplicação uniforme para cada ponto de toda a extensão do terreno. A avaliação da deposição cumulativa, em uma aplicação de campo, depende do tipo de percurso adotado no manejo da máquina. No circuito contínuo, o lado esquerdo de parte da faixa de deposição numa passada, recobre o lado direito de parte da faixa de deposição da passada anterior. No circuito alternado, o lado direito de parte da faixa de deposição numa pas-
Detalhe da vazão do gesso agrícola. Para cada produto, foi necessário realizar regulagens diferentes
mas de trabalho, contínuo, alternado esquerdo e alternado direito.
RESULTADOS FINAIS Ao final das avaliações pode-se concluir que o distribuidor apresenta boa distribuição de peso, não sobrecarregando a barra de tração, o que diminui em muito o impacto sobre a barra quando operando em terreno irregular e que há grande praticidade para fazer as regulagens dos discos e de fácil remoção, o que garante uma boa operacionalidade. Quanto ao acoplamento do distribuidor ao trator, este oferece um sistema muito vantajoso, que permite ajustar a altura do cabeçalho do distribuidor à altura da barra de tração, sem o operador realizar o mínimo esforço, com o menor risco de queda devido à existência de outro suporte, o qual somente é recolhido após Tabela 2 - Dose prevista de cada produto para aplicação na avaliação do perfil transversal e respectiva abertura de comporta utilizada Produtos Calcário seco Calcário úmido Gesso agrícola Aveia preta Milheto Uréia fina (Prill) Uréia grossa (Plus) Cloreto de potássio Super fosfato triplo Super fosfato simples Adubo NPK 00-20-20 Adubo NPK 00-20-30 Fosmag 567 Adubo NPK no grão Nitrato de amônia
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Dose Prevista (kg/ha-1) 1890 1890 500 90 25 80 80 100 100 150 300 300 350 300 150
Abertura Comporta 30 30 30 30 4 15 15 10 10 15 30 30 20 30 20
“Este modelo apresenta um sistema alternativo de acionamento da esteira muito interessante, o qual pode acioná-la diretamente na TDP” Superfosfato triplo (50%) Radial disco 24-36
Adubo NPK no grão
esteira e acoplar-se na espera ao lado da árvore cardânica de acionamento dos discos. Quase não encontramos pontos negativos nesta avaliação, a não ser quanto ao redutor de carga (chapéu), quando utilizado com calcário úmido, apresentou um problema muito sério de formação de “túneis”, ou seja, o calcário não descia normalmente à medida que a esteira ia retirando, ficando enormes buracos que necessitavam a todo o momento uma intervenção para que fossem
desfeitos. Embora este problema tenha inexistido com outros produtos, o fabricante, com base nos resultados deste ensaio, já alterou essa peça no projeto, resolvendo compleM tamente esse inconveniente. José Fernando Schlosser, Alexandre Russini, Eder Dornelles Pinheiro, Leonardo Basso Brondani e Reges Durigon, UFSM Cultivar
ter sido realizado o acoplamento. Vimos neste modelo uma solução criativa que é a colocação, na saída da mangueira do controle remoto de acionamento da roda auxiliar que movimenta a esteira, um registro, que interrompe o fluxo do óleo hidráulico, garantindo que não ocorra perda de produto ao longo do deslocamento. Quanto à regulagem da comporta dosadora de produto, concluímos ser bastante fácil para o operador ajustar o volume a ser aplicado conforme a necessidade. Não encontramos dificuldade no acesso à parte superior do distribuidor em função da existência de uma escada lateral, o que garante ao operador subir e descer com bastante facilidade e rapidez. Além deste item ergonômico na parte traseira encontra-se um arco de segurança, que impede a aproximação direta de pessoas aos discos evitando acidentes. Este modelo apresenta um sistema alternativo de acionamento da esteira muito interessante, o qual pode acioná-la diretamente na TDP, sendo de fácil acoplamento apenas com a troca da árvore cardânica de acionamento da
Nos testes com calcário, foi verificada a formação de túneis dentro do tanque, problema que já foi resolvido pelo fabricante
Schlosser e equipe do Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da UFSM realizaram os testes com o Hércules 10.000
Valtra BM 125i
Nova geração Conheça as características técnicas do Valtra BM 125i, o primeiro trator na versão quatro cilindros com motor turbo-intercooler de 125 cavalos
N
esta edição Cultivar Máquinas apresenta a Ficha Técnica do trator Valtra BM 125i, o primeiro na versão quatro cilindros com motor turbo-intercooler de 125 cavalos. O modelo integra a Linha Média de tratores Geração II da montadora e entra numa faixa de potência onde normalmente se trabalha com
motores de 6 cilindros. Trata-se de um trator médio, com potência equilibrada e eficiência de tração, o motor está posicionado exatamente sobre o eixo dianteiro, o que favorece a melhor distribuição de peso e conseqüentemente a transferência de potência do motor transformando potência em força de tração.
O motor vem equipado com intercooler, sistema que usa um trocador de calor (radiador) na dianteira do trator para reduzir a temperatura do ar antes de ser comprimido, resultando em economia de combustível
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O trator vem equipado com motor Sisu Diesel 420 DSRA, de 125 cv com um torque máximo de 450 Nm – 1.400 rpm (norma ISO 1585). Este motor trabalha com diesel ou biodiesel B20, ou seja, 80% de diesel e 20% de biodiesel na mistura, desde que o biodiesel siga a especificação segundo a resolução da ANP 42/2004. Entre os diferenciais do modelo está o intercooler, cuja principal função é a de baixar a temperatura do ar de admissão e com isso obter melhor eficiência na combustão, resultando em economia no consumo e baixos níveis de emissões de poluentes. Segundo o fabricante a redução de consumo de combustível, neste caso, pode chegar a até
“Entre os diferenciais do modelo está o intercooler, cuja principal função é a de baixar a temperatura do ar de admissão e com isso obter melhor eficiência na combustão” Fotos Valtra
5%, além de ampliar a vida útil dos tratores e dotá-los de mais potência, força e torque.
INTERCOOLER O intercooler, também denominado aftercooler ar/ar, é um sistema que utiliza um trocador de calor (radiador) localizado na dianteira do trator que reduz a temperatura do ar admitido antes de ser comprimido. Mais denso, o ar frio ocupa menos espaço. Com isso, uma quantidade duas vezes maior de ar pode ser comprimida dentro de cada pistão, o que se traduz em aumento de eficiência e combustão ao motor, gerando maior potência. Além dos benefícios econômicos o sistema reduz significativamente as taxas de emissões de gases e ajuda a preservar o ambiente. No caso dos motores Sisu Diesel, o intercooler troca calor com o ambiente e, por isso, consegue uma redução de temperatura bem maior que os outros sistemas que utilizam a troca de calor entre ar (admissão) e água (do radiador do motor). Isso se explica pela diferença de temperatura entre o ar ambiente e a temperatura da água num motor,
De fácil acesso, a localização das alavancas de acionamento e de comando favorece o trabalho e aumenta o conforto do operador
que está entre 90 e 100 graus.
VANTAGENS O motor turbo-intercooler aplicado no trator BM 125i consegue atingir uma potência maior com menor consumo de combustível. Além disso, como a combustão é mais eficiente a temperatura de escape é mais baixa, a carga térmica do motor também é menor, preservando assim a vida útil do motor e reduzindo os custos operacionais.
TRANSMISSÃO Além da transmissão com multitorque de acionamento eletro-hidráulico, o BM 125i possui a super-redução como opção de caixa de câmbio. A velocidade mínima desta caixa é de 297 m/h (0,2 km/h – marcha L1Tartaruga) a 1.860 rpm (rotação da TDP de 540 rpm) com rodagem traseira 18.4-30. Essa caixa é utilizada para trabalhos com valetadoras, forrageiras, colheita de abacaxi
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Fotos Valtra
O acabamento interno possui boa vedação, o que reduz ruídos e poeira
CABINE
Em relação aos modelos anteriores, o novo design, com frente inclinada, garante mais visibilidade ao operador
e melão, compostadoras, trituradores, extratores de turfa etc. A nova caixa de câmbio é alojada no mesmo local onde habitualmente é montado o multitorque, porém a super-redução é acionada mecanicamente, através de uma alavanca do lado esquerdo do operador que faz o engrenamento desta caixa, o que permite contar com uma caixa com 16 marchas à frente e oito para trás. O modelo possui embreagem simples e TDP de acoplamento independente, através de um pacote de discos de acionamento eletro-hidráulico, ou seja, não é necessário parar o trator para ligar ou desligar a TDP, fator importante para desembuchar forrageiras, por exemplo.
SISTEMA HIDRÁULICO Equipado com uma bomba de engrenagem exclusiva para a direção e outra para o sistema hidráulico, que é acionada diretamente pelo motor, o BM 125i possui controle de posição, tração e profundidade, com capacidade de levante de 4.760 quilos no olhal. O controle remoto independente com até três válvulas de dupla ação e fluxo de 51,8 l/min, garante operações simultâneas do sistema de levante de três pontos e das válvulas de dupla ação.
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O design do modelo, com frente inclinada e a posição elevada da cabine garantem mais visibilidade ao operador, em relação aos modelos anteriores, com fácil acesso às alavancas de acionamento e controles. O acabamento interno possui boa
“O modelo possui embreagem simples e TDP de acoplamento independente, através de um pacote de discos de acionamento eletro-hidráulico”
põem a Linha Média, o fabricante oferece como opcional o kit hidráulico com fluxo constante, composto por uma terceira bomba hidráulica (bomba tripla) na lateral do motor, que proporciona vazão adicional de fluxo constante de até 36,8 l/min a 2.300 rpm no motor com a pressão máxima de 130 bar.
Além de oferecer fluxo constante, o “kit fluxo constante” permite a regulagem de fluxo para semeadoras e implementos com motor hidráulico que necessitem de fluxo constante e regulável. O fluxo constante é ligado através de botão, localizado no console da plataM forma ou cabine do operador.
Modelo Versão
Valtra BM 125i 4x4 MOTOR
Modelo Combustível Potência máxima cv-rpm (Norma) Torque máximo N.m - rpm (Norma) Cilindrada (cm³) N. de cilindros – aspiração Sistema de Injeção
Homologada como ROPS, a estrutura da cabine oferece mais segurança em caso de acidentes
Tipo Diâmetro disco (mm) Acionamento
vedação, o que reduz ruídos e a poeira. A estrutura reforçada oferece mais segurança em caso de capotagem e é homologada como ROPS.
Tipo Acionamento Velocidade (rpm) Potência máxima (cv) - rot. motor
OPCIONAL Para este modelo e os demais que com-
Tipo de transmissão Posição das alavancas Número de marchas Rodagem/rpm no motor Pressão Máxima (kgf/cm Vazão de bomba (l/min) Capacidade de levante máx. Olhal (kgf) 610 mm do olhal (kgf) Válvula de controle remoto Opcional Tipo Acionamento Tipo Distância entre eixos (mm) Comprimento total (mm) Altura (Teto) (mm) Raio de giro s/freio (mm) Peso de embarque lastrado (kgf) Bitolas traseira min - Máx (mm) Tanque de combustível (l) Pneus (Standard) Alto vão livre Tipo Cabine
Sisu diesel 420DRSA Diesel ou biodiesel B05 - ANP 42/2004 125 cv - 2300 (ISO/NBR 1585) 132 hp - 2300 (ISO 14396) 450 N.m - 1400 (ISO/NBR 1585) 459 N.m - 1400 (ISO 14396) 4400 4 - Turbo intercooler Bomba rotativa, injeção direta EMBREAGEM Disco simples independente 330 Mecânico TOMADA DE POTÊNCIA Independente Eletro-hidráulico 540 ou 540 + 1000 ou 540 + proporcional 111 – 2300 TRANSMISSÃO Sincronizada com multitorque eletro-hidráulico ou super-redutor Lateral 16F+8R multitorque ou 16F+8R super-redutor VELOCIDADES TEÓRICAS (km/h) 18.4 - 34 R1 / 2300 SISTEMA HIDRÁULICO 180 51,8 4760 2820 1, 2 e 3 válvulas dupla ação Fluxo constante com regulagem de 36,8 l/min de vazão a 2300 rpm no motor FREIOS Multidiscos a banho de óleo Hidráulico DIREÇÃO Hidrostática DIMENSÕES 4x4 c/ Pneus Std 2510 4715 2800 4650 6070 1525 - 2125 CAPACIDADES 180 14.9 - 24 R1 / 18.4 - 34 R1 230/95 R40 + 320/90 R50 PLATAFORMA DO OPERADOR Plataforma integrada Comfort cab
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características
Primeiro olhar
Ensaio avalia a semeadora Prima 3910 com seis tipos de sementes para inverno e verão, e mostra o desempenho da máquina recém-lançada no mercado brasileiro
O
ato de semear é sem dúvida um dos mais importantes processos da atividade agrícola. Com a evolução desta atividade, surgiu a necessidade de mecanizar esta etapa do processo produtivo, desenvolvendo-se máquinas capazes de alocar a semente no leito de semeadura em profundidade adequada, cobri-la com quantidade ideal de solo e promover um contato solo/semente capaz de tornar possível os processos fisiológicos de germinação e emergência. Em busca de competitividade as indústrias lançam constantemente inovações em termos de semeadura, visto que hoje o Brasil tem grande potencial para absorver tais tecnologias. Este relato trata das primeiras impressões técnicas de uma avaliação de desempenho agronômico da semeadora Stara/ Prima 3910, com o objetivo oferecer informações sobre essa máquina disponível no
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mercado brasileiro. O design arrojado da Prima 3910 é o que mais chama atenção logo à primeira vista. Os reservatórios de adubo e semente são em polietileno, o que é desejável principalmente em reservatórios de fertilizante, evitando a oxidação do mesmo pelo adubo, o que pode ocorrer em reservatórios metálicos. O projeto dos reservatórios tem ângulo vertical que visa favorecer o escoamento de fertilizante até o mecanismo dosador. A capacidade do reservatório de sementes, por exemplo, semeando-se em média 50 kg/ha de soja, pode oferecer uma autonomia de 15 hectares. Um trabalho feito recentemente na Universidade de Campinas analisou um universo de 250 modelos nacionais, constatou que a autonomia média de sementes dos modelos foi de 12 hectares. O autor utilizou um parâmetro de comparação que denominou Índice e Adequação
(IA) de semeadoras que leva em consideração itens de catálogo da máquina em relação à média dos exemplares, com IA máximo de 1,80, dado este próximo ao calculado por nós para a Prima 3910 utilizando a mesma metodologia. Simplificando, em comparação com modelos nacionais a Prima 3910 parece estar acima da média em características quanti e qualitativas. Por tratar-se de uma semeadora múltipla, a gama de culturas recomendadas é bastante grande: três culturas de inverno e seis de verão. Os primeiros testes foram conduzidos com trigo e aveia, no município de Vacaria (RS). Os dados de distribuição de sementes foram bastante positivos, mesmo em velocidades de até 12,6 km/h. O mecanismo dosador de sementes finas é o tradicional rotor acanalado helicoidal, que embora historicamente seja bastante criticado, apresentou bons
“Em busca de competitividade as indústrias lançam constantemente inovações em termos de semeadura, visto que hoje o Brasil tem grande potencial para absorver tais tecnologias” Fotos Vilnei de Oliveira Dias
Quadro 1 - Principais características da Stara/Prima 3910 Reservatórios de adubo e semente Culturas recomendadas
Possibilidade de espaçamentos x Número de linhas
Detalhe da pantográfica, que facilita a adequação da linha às irregularidades do terreno
resultados nestes primeiros testes. O trigo, por ser uma gramínea com grande capacidade de perfilhamento, possui uma faixa ampla de populações de plantas, o que de certa forma torna um pouco menos importante a precisão na dosagem de sementes. Mesmo assim, os dados evidenciaram freqüência de quase 70% de uma mesma dose com pequenos desvios padrões da média. Estão na pauta dos pes-
Sistema de distribuição fertilizante Sistema de distribuição de semente Sistema de acoplamento Sistema de rodado Sistema de transmissão Tipo de sulcadores Tipo de linha
Polietileno alta densidade, capacidade de 1.500 kg para fertilizante e 750 kg para semente; Na linha da semente, inclui-se reservatório individual (pipoqueira) com capacidade de 3,5 kg; Soja, milho, feijão, algodão, sorgo, girassol, aveia, trigo e cevada 24 Linhas de 17 cm 23 Linhas de 17,5 cm 12 Linhas de 35 cm 10 Linhas de 40 cm 09 Linhas de 45 cm 08 Linhas de 50 cm 07 Linhas de 60 cm 06 Linhas de 70 cm 05 Linhas de 80 cm 05 Linhas de 90 cm Rosca-sem-fim, montada paralelamente à linha de plantio Grãos finos: rotor acanalado helicoidal Grãos grossos: distribuídos através de disco alveolado (distribuidor horizontal) Cabeçalho articulável com fuso para regulagem de altura, caixa de ferramentas acoplada no mesmo Articulável, com pressão constante no solo e acionado por cilindro, dispensando o uso de alternador Acionada através de correntes de rolos. Possui caixa de transmissão com 50 regulagens para adubo e semente Verão: facão afastado e disco de corte para adubo e disco duplo Inverno: discos duplos defasados e desencontrados de 15,5” e 16” Pantográfica
quisadores, ensaios com culturas de verão, para determinar, entre outras características, a precisão na dosagem de soja e milho, esta última merece atenção especial, pois a densidade de semeadura é bem mais baixa, e uma série de pesquisas tem mostrado a necessidade de se semear milho com precisão. Para culturas de verão, a semeadora vem equipada com dosador de sementes, Os reservatórios de adubo e semente são em polietileno, o que é desejável porque evita a oxidação pelo adubo
Fotos Vilnei de Oliveira Dias
Alonso e Vilnei mostram resultados dos primeiros trabalhos realizados com a semeadora Prima 3910
disco alveolado horizontal com reservatório tipo “pipoqueira”, sendo a alimentação feita diretamente do reservatório principal. O dosador fica próximo ao solo, o que é apontado por diversos estudos ser característica desejável, por diminuir o trajeto da semente até o local no solo. As linhas são do tipo pantográfico, em sistema de paralelogramo para facilitar a adequação da linha às irregularidades do terreno, característica importante em semeadoras de grande porte que poderão trabalhar sobre áreas terraceadas ou de superfície com microrelevo desuniforme. O dosador de adubo que equipa a semeadora é do tipo helicoidal, modelo Fertisytem®, o qual tem se tornado conceito em dosagem de fertilizante. De acordo com os fabricantes, o dosador elimina o efeito pulsante de alguns outros modelos; em tempos de agricultura de manejo localizado, esse tipo de característica é favorável, pois deposita o fertilizante na quantidade certa, no local certo. Uma promessa do modelo é a futura instalação do “kit” de aplicação de fertilizantes e/ou sementes em taxa variável, o que pode ser uma grande inovação no mercado nacional. O sulcador tipo duplo disco defasado vem com o local destinado para que seja acoplado o sensor de sementes. Detalhe das linhas e dos condutores de sementes e fertilizantes
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Quanto a regulagens, somente nas caixas de transmissões dianteiras a Prima oferece 50 diferentes velocidades de mecanismos dosadores, tanto de sementes quanto de adubo. Para culturas de grãos finos, ainda existe a possibilidade de regulagens diretamente no rotor, com maior ou menor abertura da janela de trabalho do mecanismo. Outro aspecto interessante é a altura da máquina quando fora de operação, a Prima é relativamente alta, o que favorece o deslocamento em estradas e manobras em locais fora da lavoura que possam apresentar obstáculos, como tocos e pedras. O raio de giro do conjunto trator-semeadora ficou em 7,40 m, limitado pelo ângulo de giro do trator, e não pelo cabeçalho da máquina.
Os primeiros testes para semeadura do trigo foram realizados sobre cobertura de azevém com cerca de 5,7 t de matéria seca por hectare, sendo que a dessecação présemeadura havia sido feita há menos de cinco dias. As condições adversas serviram para realmente por em prova a máquina. Nos dias de teste a umidade do solo era alta (37%), mas mesmo assim não ocorreram embuchamentos. Uma variável importante é cobertura do sulco, sendo que nos dias de teste não foram observadas sementes expostas, e a regularidade de deposição de sementes foi relativamente boa, e mais uniforme na maior velocidade experimentada, de 12,6 km/h. A Prima 3910 mostra-se uma boa opção em termos de semeadura para culturas anuais. Alia simplicidade, robustez e características técnicas desejáveis em uma máquina para semear. Os testes futuros com culturas de verão irão fornecer o subsídio desejado para avaliação final da semeadora, inclusive com avaliações de demanda de tração. Por enquanto, ficam boas impressões e expectativa para a M entrada do modelo no mercado. Vilnei de Oliveira Dias e Airton dos Santos Alonço, UFSM
Toyota
Fotos Toyota
Valentes no barro
Toyota apresenta linha completa, com destaque para picapes e utilitários esportivos, durante aa Expointer, Expointer, no no Rio Rio Grande Grande do do Sul Sul esportivos durante
A
Toyota marcou presença durante a 30ª edição da Expointer, em setembro, no município de Esteio, no Rio Grande do Sul. Em um estande de 700 metros quadrados foi apresentada toda a linha de veículos da marca, com destaque para a picape Hilux SW4, o Corolla e Fielder Flex, os utilitários esportivos Land Cruiser Prado e RAV4, além do sedã de luxo Camry. A empresa também montou, dentro da feira, uma pista off-road, com aclives acentuados e muita lama, onde os visitantes puderam testar, em condições severas de uso, veículos como a picape Hilux SW4 e o utilitário esportivo Land Cruiser Prado. A picape Hilux SW4 vem equipada com transmissão automática com ECT, tração 4x4 permanente e motor turbo diesel intercooler, com 163 cavalos e 3,4 mil rpm de potência. O modelo conta com airbag duplo, freios dianteiros com discos ventilados ABS e nas rodas traseiras tambor e ABS. Já na linha de utilitários esportivos o Land Cruiser Prado 2007 possui motor turbo diesel intercooler 3.0 l, com 131 cavalos e 3,6 mil rpm de potência. A tração é 4x4
permanente, com reduzida e bloqueio do diferencial central, os freios dianteiros possuem discos ventilados e os traseiros discos sólidos, ambos com ABS, EBD e BAS (Brake Assist System). No item segurança o mode-
lo conta, ainda, com airbag frontal de dois estágios para motorista e passageiro, além de airbag lateral e de cortina. O teto solar vem com sistema antiesmagamento e acioM namento com um toque.
O utilitário esportivo Land Cruiser Prado chamou a atenção dos visitantes que puderam realizar teste em condições severas numa pista com muita lama, aclives e obstáculos
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Farm Progress Show 2007
Fotos Arno e Fabiano Dallmeyer
Tecnologia em exposição A 54ª edição do Farm Progress Show esbanja novidades em Decatur, Illinois, nos Estados Unidos
O
Farm Progress Show deste ano ocorreu em Decatur, Illinois, a aproximadamente 300 quilômetros de Chicago, completando sua 54ª edição. Situado em uma sede bianual permanente é promovido por um grupo editorial responsável por revistas com muita credibilidade e circulação dirigida aos produtores por estado. Como toda a agricultura norte-americana atualmente, o principal foco do Farm Progress Show é o milho. A produção desta cultura visando a produção de álcool combustível alavanca os negócios, e mantém a indústria e o comércio em movimento, incrementando os negócios e a oferta de tecnologia e produtos ajustados à demanda local. A par de cerca de 450 expositores de máquinas e equipamentos, o segmento de sementes e sua dependência da genética, fortemente representados por grandes e pequenos fornecedores, uma diversidade de produtos e serviços destinados ao agronegócio trazem mais de 100 mil visitantes – com significativa participação de estrangeiros, especialmente da América Latina - em três dias de evento. Nossas impressões da visita são destacadas a seguir.
menos de 2% da população vivendo no campo. Isto enseja, conforme pode ser verificado nas imagens que colhemos no evento, a fabricação de máquinas cada vez maiores e mais sofisticadas. Quanto menos mão-de-obra envolvida nas operações, melhor. B) existe também uma demanda de máquinas pequenas, menos especificadas, baratas, para servir aos weekend farmers pessoas que têm suas atividades nas cidades, mas que aos finais de semana vão às propriedades para exercer a agricultura em pequena escala. Isto explica tratores e demais máquinas de pequeno porte, bastante numerosos na feira.
TRATORES Algumas das mais conhecidas marcas mundiais estiveram representadas no evento. Destaque para as nossas conhecidas, a família AGCO, com os AGCO, Massey Ferguson, Challenger e Fendt, a John Deere, a Case e New Holland da família CNH, embora em estandes separados. A Challenger (AGCO) mostrou o maior trator do mundo, um articulado de pneus, com 560
HP (MT 965 B). Também um Challenger de esteiras de borracha, pintado de branco, em comemoração aos 25 anos destes tratores. Outra novidade que chamou a atenção no estande da AGCO foram os tratores indianos 2605 e 3645. Embora com a estrutura típica MF, um novo desenho de lataria e habitáculo, indicando a tendência mundial de design desta marca. Certamente mais suaves e bonitos. A John Deere apresentou toda sua linha, mas destacamos o 9630 T, maior modelo da marca, com 530 HP e esteiras de borracha. A Case destaca na nomenclatura a marca Steiger, origem dos articulados 4x4 da marca, com uma série especial comemorando 50 anos. Também nos modelos menores reintroduzindo a submarca Farmall, que veio junto com a aquisição da International-Harvester, há mais de 20 anos. Uma marca não conhecida do grande público, mas sim dos apreciadores de bons tratores, a
O GRANDE E O PEQUENO Já havíamos constatado na edição anterior do FPS: a agricultura norte-americana tem se dividido em duas vertentes nos últimos anos. A) as propriedades vêm se tornando cada vez mais profissionalizadas e crescendo em tamanho com
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A Challenger (AGCO) mostrou o maior trator do mundo, o articulado de pneus MT 965 B
Modelo com esteiras de borracha marcou os 25 anos de tratores Challenger
“Como toda a agricultura norte-americana atualmente, o principal foco do Farm Progress Show é o milho”
viços educacionais, dezenas de produtores de sementes de milho, a maioria apresentando modificação genética para a proteção contra insetos e/ou herbicidas. Visitantes estrangeiros são atendidos em uma tenda específica, com bastante conforto e simpatia.
CONCLUSÃO A John Deere mostrou o 9630 T, com 530 HP e esteiras de borracha
Modelo da Versatile, pouco conhecida do grande público mas familiar aos apreciadores de bons tratores
Versatile, atualmente em mãos da Bühler. Tratores de grande porte, originalmente canadenses. A New Holland com uma ampla gama de modelos, em destaque o belo e funcional design da série TG. Que infelizmente deve demorar a aportar em terras brasileiras...
conhecidas e outras locais disputam avidamente este mercado em crescimento. As caminhonetes, picapes, cabines duplas e minicaminhões também são expostos e oferecem test drives aos visitantes. Aparentemente a preocupação com o aquecimento global, economia de combustível etc. não atingiu estes fabricantes, pois são oferecidas diferentes motorizações, com predominância dos V8 e até V10, beirando os 400 HP. Ah, e com câmbio automático!
COLHEDORAS Os grandes fabricantes locais e internacionais continuam marcando presença com suas maiores e mais sofisticadas máquinas. A Claas com sua marca Lexion, comercializada com a licenciamento e motor Caterpillar, mostrando a 595 R, dita a maior colhedora do mundo, possibilitando o uso de plataformas de até 40 pés de corte (12 m). A Challenger, com cores e identidade de própria marca da AGCO, tem um modelo similar na Massey Ferguson e Gleaner, com rotor longitudinal de trilha, recentemente lançado aqui no Brasil. A John Deere com suas gigantescas STS e a Case IH com suas Axial Flow, sem esquecer das New Holland. Todas as marcas evidenciando a que a tendência da presença dos rotores axiais no mercado está consolidada.
IMPLEMENTOS Não se pode tirar conclusões de uma mostra, mas a tendência ao gigantismo se mantém neste segmento. Vimos semeadoras com distribuição pneumática e até 40 linhas de soja. Pulverizadores com barras de 36 ou 40 metros como os da Hagie já estão presentes, naturalmente com os depósitos de calda equivalentes: 5 mil, 6 mil litros. Em função das condições locais de solos francos, e invernos frios ainda pode-se ver muitos equipamentos, notadamente conjugados de preparo reduzido do solo. Os agricultores utilizam vários níveis de tecnologia, por isto são encontrados desde equipamentos para preparo do solo até as semeadoras de plantio direto.
VEÍCULOS UTILITÁRIOS Parece que uma “febre” acometeu os agricultores e os admiradores da vida rural, pois dezenas de modelos de veículos utilitários de pequeno porte (quadriciclos, carrinhos motorizados, ATVs) podem ser vistos tanto expostos quanto circulando nos caminhos do evento. Marcas
Uma feira que sempre vale a pena ser visitada. As inovações vão estar representadas aí. Podese ter uma radiografia da agricultura norte-americana e a dos países sob sua influência, bem como M as tendências tecnológicas. Arno Dallmeyer, Centro de Tecnologia da UFSM. O autor viajou a convite da Agritours Brasil (www.agritoursbrasil.com.br)
DINÂMICAS DE CAMPO Um dos pontos fortes do Farm Progress Show são as demonstrações de campo, divididas em preparo do solo, semeadura e colheita. Este formato vem sendo aplicado em muitos outros eventos no mundo, sempre com o mesmo sucesso deste precursor. Facilidade de transporte ao campo, demonstrações bem organizadas e honestas, garantem o sucesso.
Pulverizadores com barras de 36 e 40 metros, como o da Hagie, chamaram a atenção
SEGMENTOS AGREGADOS Objetivando o atendimento de todas as necessidades dos produtores, distintos fornecedores apresentam seus produtos e inovações: instalações para pecuária, galpões, material para fenação e forragem, informática, fertilizantes, ser-
Equipamentos para pulverizações específicas foram mostrados na feira
“Valeu a pena”
M
árcio Cruzetta, engenheiro agrônomo, empresário do interior do Paraná, não escondeu o entusiasmo ao comentar o resultado da viagem que ganhou na promoção Cultivar/ Agritours Brasil realizada durante o Show Rural Coopavel, em fevereiro: “Valeu a pena ter vindo. Ampliei meus conhecimentos, conheci situações e pessoas diferentes. Agora tenho mais elementos para entender a agricultura norte-americana”. Após embarcar na sexta-feira, 24 de agosto Cruzetta
chegou no sábado a Chicago, onde pôde visitar o Navy Píer, alguns monumentos no centro da cidade e a Sears Tower, atualmente o mais imponente edifício dos Estados Unidos e o terceiro mais alto do mundo, construído na década de 1970. A semana de trabalho começou com uma visita à Fair Oaks Dairy, em Indiana, uma empresa de produção de leite com um total de 30 mil vacas. A terça e a quarta-feira foram dedicadas ao Farm Progress Show, em Decatur, Illinois. Ainda na quarta à tarde e na quinta houve visitas na região de Princeton, passando por um centro de pesquisa (melhoramento) de soja e milho, uma empresa de fertilizantes e recuperação biológica de solos, e alguns produtores de médio porte. Na quinta à noite Cruzetta embarcou de volta ao Brasil.
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Melhores da Terra
Divulgação
Mais vencedores Ao chegar à 25ª edição, o Prêmio Gerdau Melhores da Terra contemplou este ano 11 vencedores, entre eles nove máquinas e equipamentos agrícolas e dois trabalhos científicos
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25ª edição do Prêmio Gerdau Melhores da Terra, evento que acontece todos os anos com o intuito de premiar os melhores equipamentos e máquinas desenvolvidos no último ano, apresentou seus 11 vencedores no final de agosto, entre eles nove máquinas e equipamentos agrícolas e dois trabalhos científi-
O pulverizador Tarran, da Stara, foi o grande vencedor da 25ª edição do prêmio
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cos, escolhidos entre os 600 participantes. Nesta edição, a comissão julgadora percorreu mais de 60 mil quilômetros em propriedades rurais do Brasil, Chile e Argentina e entrevistou 592 usuários dos equipamentos, até chegar ao resultado final. O contato direto com os produtores é o principal diferencial do prêmio, segundo o professor Luiz Fernando Coelho de Souza,
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador da comissão julgadora da premiação. “O produtor rural sabe exatamente o que quer. É exigente em termos de máquinas, equipamentos e tecnologias. Suas demandas por conhecimento e assistência técnica, em todos os níveis, é muito grande”, explica. Os vencedores foram divididos em cin-
Plataforma para colheita de milho da GTS do Brasil recebeu o troféu prata na categoria Destaque, pela durabilidade e segurança ao usuário
“Os vencedores foram divididos em cinco categorias, destaque Ouro, destaque Prata, Novidade e Prêmio Especial e Desenvolvimento” Fotos Cultivar
Desempenho no campo deu o troféu prata na categoria Destaque para a SHM 15/17 da Semeato
co categorias, destaque Ouro, destaque Prata, Novidade e Prêmio Especial e Desenvolvimento. Os equipamentos premiados foram selecionados pelo destaque em algumas características de desempenho ou de projeto.
DESTAQUE OURO O troféu ouro foi conferido para o pulverizador arrozeiro Tarran 3000, da Stara S/A Indústria de Implementos Agrícolas, do Rio Grande do Sul. Segundo as avaliações, o equipamento destaca-se pela tecnologia avançada, que proporciona maior proteção ao meio ambiente e segurança ao produtor – o pulverizador é preciso na aplicação de produtos agroquímicos em lavouras de arroz irrigado. Além disso, o equipamento apresenta grande mobilidade, superando as dificuldades do terreno e causando danos mínimos às taipas de contenção de água nas lavouras.
PRÊMIO ESPECIAL Nessa edição, a comissão julgadora da premiação concedeu dois prêmios especiais para as indústrias argentina e chilena, como forma de reconhecer os avanços do setor e incentivar as indústrias de máquinas e equipamentos destes países. O Cabezal para Cosecha de Maiz, modelo 2000, do fabricante Carlos Mainero y Cia. (província de Córdoba), foi o equipamento destaque da indústria argentina. A plataforma para colheita de milho foi destacada pelos usuários pela facilidade de operação, qualidade, alta capacidade operacional, simplicidade e baixa manutenção. O produto também opera de forma eficaz em condições adversas, como, por exemplo, quando há alta incidência de ervas daninhas na lavoura. O equipamento Rodillo Moldeador, fabricado pela empresa familiar do engenheiro agrônomo Jaime Quijada, de Santiago, foi o destaque do Chile. É utilizado para preparar o leito para semear em camalhões, elevações semelhantes a canteiros para plantio de hortaliças e batatas, um sistema muito utilizado no país. O prêmio especial foi concedido pelo empenho da empresa em desenvolver o setor de máquinas e equipamentos agrícolas no Chile.
NOVIDADE Quatro equipamentos mereceram o reconhecimento na categoria Novidade: um com o troféu ouro, dois com o troféu prata e um prêmio especial. A empresa ganhadora do troféu ouro foi a AGCO do Brasil Co-
mércio e Indústria, do Rio Grande do Sul, fabricante da Colhedora Autopropelida de Grãos MF 9790 ATR. O produto conta com inovações consistentes, principalmente na uniformidade do corte, na alimentação e no mecanismo de trilha, movido por um motor hidráulico. O equipamento inclui ainda recursos informatizados de medição da umidade dos grãos e cálculo da produtividade por área colhida e é ambientalmente correto: seus pneus são capazes de minimizar potenciais danos ao solo, em função da compactação proporcionada pelo peso da máquina, e seu motor eletrônico é de baixa emissão, atendendo à legislação internacional de proteção ambiental. Já o Trator Agrícola TT3880F, produzido pela CNH Latin América (Paraná), recebeu um troféu prata. O equipamento apresenta novo design, desenvolvido especialmente para a operação em pomares e lavouras de café. Suas dimensões reduzidas, aliadas à direção hidráulica, resultam num pequeno raio de giro e boa dirigibilidade em áreas restritas. Além disso, o TT3880F pode operar com tração nas quatro rodas, oferecendo mais segurança em áreas em declive, comuns em pomares e cafezais. O veículo opera em velocidades reduzidas (até 0,7 km/hora) e apresenta um baixo consumo para sua faixa de potência. O outro troféu prata da categoria Novidade foi concedido à Colhedora de Forragens de Área Total CAT 1200, da Nogueira Indústria e Comércio de Implementos e Má-
DESTAQUE PRATA Os ganhadores do troféu prata na categoria Destaque foram a Plataforma para Colheita de Milho da GTS do Brasil (Santa Catarina) e a Semeadora Hidráulica Múltipla SHM 15/17, da Semeato Indústria e Comércio (Rio Grande do Sul). O equipamento da GTS foi escolhido pela sua capacidade de aliar segurança para o usuário, durabilidade e desempenho na colheita. A plataforma é leve e sua forma adapta-se a qualquer tipo de colhedora. Suas características operacionais proporcionam alto rendimento para o produtor, evitando perdas no processo de colheita do milho. Já a Semeadora Hidráulica Múltipla SHM 15/17 foi reconhecida pela qualidade na fabricação, desempenho no campo, qualidade das informações prestadas na entrega da máquina e assistência técnica. O equipamento ajudou a consolidar o sistema de plantio direto de culturas de inverno e verão no Mercosul (grãos finos, graúdos e pastagem).
A primeira axial da Massey no Brasil, a MF 9790 ATR, recebeu o troféu ouro na categoria Novidade, pelas inovações no seu sistema de corte e trilha
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Fotos Cultivar
O TT3880F, produzido pela CNH Latin América recebeu um troféu prata na categoria Novidade, pelo novo design, desenvolvido especialmente para a operação em pomares e lavouras de café
quinas Agrícolas (São Paulo). O equipamento adapta-se a diferentes culturas, permitindo a colheita em qualquer sentido nos cultivos em linha (milho, sorgo, cana) e em diferentes espaçamentos, com grande capacidade operacional. A colhedora oferece a possibilidade da reversão do acionamento, o que permite a operação em marcha à ré para a colheita das primeiras linhas da plantação. Isso dispensa o tradicional corte e alimentação manuais. Além disso, ela pode quebrar os grãos na colheita de milho, o que melhora a qualidade da ração fornecida aos animais – essa forragem é muito utilizada para a alimentação do gado. A Balança para Pesagem de Aves Integra-PRO SP-22, da Agromarau Indústria e Comércio (Rio Grande do Sul), foi contemplada com o prêmio especial em razão de sua importância estratégica. Qualquer redução de perdas nesse setor é positiva para a cadeia produtiva – o Brasil produz nove milhões de t de carne de frango por ano. O sistema da Agromarau inova ao pro-
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das para todas as áreas da engenharia agrícola. Isso resultou num recorde de inscrições, com 516 participantes divididos em categorias estudante e profissional. Entre os profissionais, foi escolhido o trabalho Unidade Móvel de Auxílio à Colheita (Unimac) para tomate de mesa, da Faculdade de Engenharia Agrícola da Unicamp (São Paulo), dos autores Marcos David Ferreira, Oscar A. Braunbeck e Augusto César Sanchez. O estudo, já publicado pela Cultivar Máquinas (páginas 28 e 29, edição 61, março/ 07), apresenta o projeto de construção de uma máquina para auxiliar na colheita de tomate, a Unimac. O equipamento realiza as operações de colheita, classificação e embalagem e é capaz de reduzir significativamente as perdas de produto. Além disso, ele diminui em até oito vezes o tempo gasto no processo, quando comparado ao método convencional. Sua capacidade produtiva é estimada em duas t/hora de tomates colhidos, classificados e embalados. O trabalho vencedor entre os estudantes vem da Universidade Federal do Ceará (UFC) e é intitulado Desenvolvimento de sistema de rádio aquisição de dados para sensoriamento de umidade e temperatura do solo e atuação em sistemas de irrigação. O estudo foi elaborado pelo estudante de mestrado Clemilson C. Santos, orientado pelo professor Adunias dos S. Teixeira. Os pesquisadores desenvolveram um sistema de aquisição e controle de dados, via radiofreqüência, para o monitoramento de irrigação pressurizada. O objetivo é otimiM zar o uso da água na agricultura.
porcionar o acompanhamento dos dados de pesagem das aves em tempo real, facilitando a obtenção da uniformidade dos lotes, uma requisição dos mercados internacionais. É um bom exemplo de como a zootecnia de precisão pode otimizar os processos produtivos e aumentar a produtividade da empresa.
PESQUISA E DESENVOLVIMENTO Em 2007, as inscrições para a categoria Pesquisa e Desenvolvimento foram amplia-
O projeto da máquina para colher tomate recebeu o troféu na categoria Pesquisa e Desenvolvimento
A colhedora de forragem CAT 1200, da Nogueira, recebeu o troféu prata na categoria Novidade