Maquinas 75

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Destaques Matéria de capa

Pulverização Como calcular o espaçamento correto entre os bicos

Potente e acessível

Ficha Técnica

Confira o desempenho do trator BX 6180, o maior integrante da Agrale

Nesta edição, colhedora Valtra BC 7500

Índice

26

16

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Nossa Capa Charles Echer

Rodando por aí

04

Profundidade de adubação

06

Plantio de café

10

Adjuvantes

12

Espaçamento entre bicos

16

Como afiar roçadeiras

20

Ficha Técnica - Valtra BC 7500

22

Test Drive - Agrale BX 6180

26

Farm Show Bahia 2008

32

Tecnologia de aplicação

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Terceiro ponto e tração

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Técnica 4x4

38

Números atrasados: R$ 15,00

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br

Cultivar Máquinas Edição Nº 75 Ano VIII - Junho 2008 ISSN - 1676-0158

www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00

Assinatura Internacional: US$ 90,00 EUROS 80,00 • Direção

Newton PPeter eter Sch ubert K. PPeter eter Schubert • Redação

Gilvan Queved o Quevedo Charles Echer • Revisão

Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid

• Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

• Impressão:

Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda.

• Comercial

Ped edrro Batistin Sed eli Feijó Sedeli • Assinaturas

Simone Lopes • Expedição

Di anferson Alves Dianferson

NOSSOS TELEFONES TELEFONES:: (53) • GERAL

• RED AÇÃO REDAÇÃO

3028.2000

3028.2060

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• MARKETING

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Civemasa A Civemasa apresentou suas máquinas para cultivo de cana-de-açúcar. Rafael Caetano, representante na região de Luis Eduardo, José Luis Bortolucci, encarregado do marketing, e Luis Fernando dos Santos, supervisor de vendas da empresa, representaram a Civemasa no evento.

Rafael Caetano, José Luis e Luis Fernando

Agrale Humberto Santa Cruz

Sucesso Humberto Santa Cruz Filho, presidente do Bahia Farm Show, fez questão de destacar que a Feira “é apenas um detalhe”. No local está sendo construído o Complexo Bahia Farm, o maior e mais moderno complexo do agronegócio da Bahia, com previsão de conclusão das obras ainda para este ano, com escola técnica profissionalizante, laboratórios, refeitórios e aposentos, concentrando os campos experimentais que estão espalhados em diversas regiões.

Segundo Alencar de Almeida Filho, diretor comercial da Missioneira Comércio e Representações, concessionária da Agrale, o lançamento do trator BX 6180 superou as expectativas de vendas. E as perspectivas daqui pra frente são animadoras. Jacir Samiotto, supervisor de vendas de Alencar Filho e Jacir Samiotto tratores, representou a matriz no evento.

Agronegócio

Plá do Brasil Equipe da D'Agro Maqs e Equipamento, revenda exclusiva dos autopropelidos e de arrasto Plá para o oeste baiano, marcou presença no Bahia Farm Show, com apresentações estáticas dos principais equipamentos da empresa. Os diretores Gilmar Denardini e Milton Hentges, além do supervisor de vendas, Sérgio Braun, e de pósvendas, Leandro............ acolheram o público no estande.

Case Felix Antônio Lima, gerente comercial da Maxum Máquinas e Equipamentos Ltda, e o gerente regional da Case, Ramiro Figueiredo, comemoraram o lançamento da Module Express 625, colhedora autopropelida de algodão que, além de colher, enfarda o produto na própria máquina. Eles estão otimistas em relação ao sucesso da máquina no oeste baiano, já que os produtores daFelix Antônio Lima quela região são altamente tecnificados.

Jusmari Oliveira A deputada federal Jusmari Oliveira, mostrando seu contentamento com o sucesso do Bahia Farm Show, fez questão de destacar que o evento é estadual, totalmente para os baianos. E que a feira é a prova da pujança do agronegócio baiano.

Ramiro Figueiredo

Valtra A equipe da Lavrobras, concessionária da Valtra de Luis Eduardo Magalhães, destacou a colhedora BC 7500, o trator BM 125i e trator de esteira, o Chanlleger. Segundo o gerente comercial, Antônio Adão Ricci, os objetivos da empresa, em função do bom momento do agronegócio, estão sendo alcançados. Eduardo Yamashita

Lançamento Oziel Oliveira

Reconhecimento O prefeito de Luis Eduardo Magalhães, Oziel Oliveira, credenciou o sucesso absoluto da primeira edição do Bahia Farm Show a todos os envolvidos no processo, às lideranças locais e aos demais nomes que auxiliaram na organização e elaboração do evento.

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Green Horse Equipe da Agrivendas, concessionária da Green Horse, com o diretor da empresa ao centro, Valdecir Schlosser, por ocasião do Bahia Farm Show. Satisfação com os resultados obtidos.

O secretário da Agricultura de Luis Eduardo Magalhães, Eduardo Yamashita, destacou o lançamento mundial da primeira usina móvel de biodiesel do Brasil, a Bio Compact, que ajudará no desenvolvimento dos produtores regionais, já que a Petrobras irá colaborar na implantação da usina e na distribuição do produto final.


Presença Diretores da John Deere marcaram presença no estande da empresa durante o Bahia Farm Show. Este ano, como já aconteceu em outras feiras, a equipe de vendas instalou um sino no estande para comemorar cada venda feita durante o evento.

Paulo Herrmann

Vendas

Nury Jafar Abboud

Correntão Nury Jafar Abboud apresentou o Correntão Nivelador, utilizado para incorporação de cobertura, como palhadas e forrageiras, além de ser usado também para nivelamento de lavouras. O equipamento está há menos de um ano no mercado e já está fazendo sucesso entre os produtores.

Cotton Blue Depois da lançamento na Agrishow Ribeirão, agora foi a vez do oeste Baiano conhecer a primeira colhedora de algodão, a Cotton Blue 2805. Carlos Magnum, diretor comercial da empresa, está bastante otimista com a receptividade dos produtores. “Sem dúvida a Cotton Blue 2805 vai surpreender os produtores que ainda não tiveram oportunidade de operar a máquina”, garante.

Piloto automático Rodrigo Tamani, Guillermo PerezIturbe e equipe apresentaram aos visitantes da primeira edição do Bahia Farm Show a sua linha de produtos, com destaque para o piloto automático, que já foi sucesso em outros eventos este ano.

Meio ambiente A Tuzzi, fabricante de peças automotivas e agrícolas de São Joaquim da Barra, interior do estado de São Paulo, inaugurou recentemente um moderno centro para tratamento dos efluentes de suas quatro unidades de negócios. Um investimento aproximado de R$ 600 mil, cada Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) tem capacidade para 27 mil litros/dia, e é um modelo na região. “Batalhamos muito para que nossa Estação estivesse devidamente de acordo com a legislação e entrasse logo em funcionamento”, conta Alexandre Tuzzi, diretor industrial.

Treinamento A Van de Treinamento da Case IH continua visitando as usinas pelo interior do Brasil. Uma das últimas paradas foi na cidade de Itapagipe (MG), na Usina de Itapagipe, dia 9 de junho. A concessionária responsável pelo treinamento foi a Agro New Máquinas. O curso aconteceu dentro da usina e contou com a presença de 12 funcionários. A van, que comporta até 20 pessoas, se transforma em uma sala de aula equipada para treinamentos teórico e prático. O calendário dos treinamentos é organizado de acordo com os pedidos das concessionárias. No final de junho a Case IH colocou mais uma van para agilizar os treinamentos.

Reabertura

Carlos Magnum

Paulo Herrmann ocupa agora o novo cargo de diretor de Vendas e Experiência do Cliente para a América do Sul. Além de dirigir toda a organização de Vendas na América do Sul, também será responsável pelas áreas relacionadas às fases da Experiência do Cliente, como o Desenvolvimento de Concessionários, Planejamento de Vendas e Suporte ao Cliente. Herrmann era diretor de Marketing para a América do Sul.

A Case IH e a Case Construction, empresas pertencentes à holding CNH Global N.V. (NYSE: CNH), subsidiária do Grupo Fiat (FIA.MI), reabriram a fábrica de Sorocaba (SP), gerando 1,2 mil empregos diretos. O objetivo da companhia é aumentar a produção de máquinas agrícolas e de construção, hoje realizadas nas unidades de Curitiba (PR), Piracicaba (SP) e Contagem (MG), respectivamente, e ainda fabricar componentes usados em outras máquinas Case e Case IH. O projeto é resultado de um investimento de quase R$ 1 bilhão, que faz parte do plano de investimentos do Grupo Fiat para o período 2007-2010.

Travis Becton

Marketing Travis Becton é o novo diretor de Marketing para a América do Sul. Sua missão será fortalecer o foco no cliente nos processos de marketing, implementar e executar um programa integrado de marketing para o continente, identificando novas oportunidades e desenvolvendo o entendimento sobre o mercado e os clientes.

Junho 08 • 05


qualidade de plantio

Profundidade certa Estudo avalia eficiência da deposição de fertilizantes em diferentes profundidades e conclui que apenas 5cm de diferença podem significar um acréscimo de 13% na produtividade final

A

cultura do feijão já foi considerada de subsistência. Entretanto, devido à crescente evolução da tecnificação e aos avanços da pesquisa, tem despertado o interesse de grandes produtores. O Brasil se destaca como o maior produtor e consumidor de feijão do mundo, evi-

denciando-se a importância da pesquisa para essa cultura. Porém, para obter sucesso na implantação de determinada cultura com o mínimo revolvimento do solo, temse utilizado o sistema de plantio direto, em que a semeadora-adubadora realiza o corte adequado dos restos culturais na superfície do solo e coloca a semente e o adubo nas

profundidades adequadas. Quando se trata de plantio direto, acentua-se a importância do desempenho de uma semeadora-adubadora, pois esta deve atender a alguns preceitos, como a utilização de elementos segadores apropriados para efetuar o corte da cobertura vegetal e proporcionar a correta deposição da semente e do adubo no solo. A aplicação do adubo junto ou próximo à semente constitui uma das principais causas da baixa eficiência do adubo, danos às sementes e plântulas, ocasionando redução na população final de plantas. O sulcador de adubo, tipo haste, promove maior mobilização do solo, demanda maior esforço de tração e, conseqüentemente, pode induzir maior patinagem dos rodados do trator, quando comparado com os sulcadores de discos duplos. Isso pode ser comprovado com os trabalhos de pesquisa, onde se comparou o sulcador de adubo, tipo haste, atuando nas profundidades de 0,06 a 0,12m. Os resultados demonstraram um acréscimo em volume mobilizado de solo de 53% e um aumento na força de tração de 70 para 130% quando o sulcador atuou na profundidade 0,12m em comparação a A semeadora utilizada foi montada no sistema de levante do trator, dotada de mecanismos dosadores de sementes tipo disco perfurado horizontal de duas fileiras Massey Ferguson

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“ O trabalho de pesquisa teve por objetivo avaliar a influência da profundidade de adubação em relação a alguns fatores importantes na rentabilidade de uma lavoura de feijão” Fotos Haroldo Fernandes

Detalhe dos elementos de corte liso com 0,4064m de diâmetro, sulcadores para distribuição de sementes e rodas compactadoras em “V”

0,06m. Alguns autores, avaliando a cultura do milho, afirmam ter observado maior população de plantas, maior número de espigas por metro linear e maior produtividade de grãos na profundidade de adubação a 0,10m do solo. Com relação à cultura do feijão, pesquisas apontam melhor desenvolvimento radicular do feijoeiro na adubação mais profunda, em torno de 0,10m. Diante da importância de se avaliar o desempenho das semeadoras-adubadoras e tendo em vista a carência de pesquisas com relação à profundidade de adubação, realizou-se na Universidade Federal de Viçosa um trabalho de pesquisa que teve por objetivo avaliar a influência da profundidade de adubação em relação a alguns fatores importantes na rentabilidade de uma lavoura de feijão. Utilizou-se para isso um conjunto trator-semeadora-adubadora atuando em duas profundidades de deposição do adubo (0,05 e 0,10m) em um sistema de plantio direto. A semeadora-adubadora foi montada no

O controle de profundidade foi feito através da mola específica para essa regulagem, localizada na lateral da semeadora

sistema de levante hidráulico do trator. Os mecanismos dosadores de sementes escolhidos foram do tipo disco perfurado horizontal de duas fileiras, com 44 furos de 0,00889m de diâmetro. Os elementos de corte, sulcadores e rodas compactadoras utilizados foram: disco de corte liso com 0,4064m de diâmetro; sulcadores, para distribuição de sementes, de discos duplos defasados com 0,356m de diâmetro e sulcadores de fertilizantes do tipo discos duplos defasados com 0,356m de diâmetro e rodas compactadoras em “V”. A regulagem da profundidade de adu-

Parâmetros Espaçamento entre plântulas (m) Espaçamentos aceitáveis (%) Espaçamentos falhos (%) Espaçamentos múltiplos (%) Emergência das plântulas (%) Índice de velocidade (admensinal) Tempo de emergência (dias) Estande final (número de plantas) Número de vagens por planta Número de grãos por vagem Massa de 100 grãos (g) Produtividade (kg ha-1)

Profundidade (m) 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10 0,05 0,10

Média 0,1096 0,1077 52,81 54,00 27,93 27,56 19,00 18,68 87,50 81,59 9,75 9,19 8,61 9,00 104,18 104,37 13,38 14,91 5,82 6,15 21,37 21,44 3991,63 4534,47

bação foi feita ajustando-se a mola, conforme ilustrado na figura. Entretanto, é importante salientar que essa regulagem é específica para cada marca e modelo de semeadora-adubadora que se está utilizando, fazendo-se assim, necessária a consulta do manual do operador da máquina em questão. As características analisadas para verificar a influência da profundidade de adubação foram: uniformidade de distribuição longitudinal de plântulas, emergência das plântulas (porcentual de emergência de


Haroldo Fernandes

Divulgação

A profundidade de adubação a 10cm teve um ganho sobre a profundidade de 5cm de R$ 1.809,50 por hectare

Haroldo e Paula conduziram o experimento e mostram que detalhes no plantio podem gerar diferenças significativas na produtividade final

Valtra

plântulas, índice de velocidade de emergência e tempo médio de emergência de plântulas), estande final, rendimento e seus componentes. Dentre as características relacionadas à cultura analisada, a produtividade dos grãos foi o parâmetro que mais se destacou, pois percebe-se uma diferença de 542,84kg ha-1 quando o mecanismo sulcador atuou na profundidade de 0,10m em relação à profundidade de 0,05m. Para melhor visualização do quanto representa em rentabilidade essa diferença na produção, basta fazer um cálculo simples e rápido. Como exemplo serão

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considerados uma área de 20ha e o preço da saca do feijão, no dia em que o produtor decidiu vender sua produção, de R$ 200,00. 542,84 kg - 1ha x(kg) - 20ha x = 10.856,8 kg em 20ha 10.856,8kg = 180,95 sacas em 20ha 60kg/saca 180,95 sacas x R$ 200,00/saca = R$ 36.190,00

Pelos cálculos, pode-se perceber que o produtor, ao regular o sulcador de adubo para a profundidade de 0,05m, deixou de ganhar R$ 36.190,00, ou seja, R$ 1.809,50/

ha. Sendo assim, evidencia-se a importância da correta regulagem da profundidade que o sulcador de adubo deve atuar. Porém, deve-se sempre levar em consideração as condições do solo, tipo da máquina, cultura, qualidade da semente e outros fatores que envolvam o processo produtivo, pois esses resultados foram de acordo com as condições em que o traba.M lho foi desenvolvido. Paula Cristina Natalino Rinaldi e Haroldo Carlos Fernandes, UFV



transplantio

Espaçamento avaliado

Estudo avalia a variabilidade do espaçamento no plantio de mudas de café em operação semimecanizada

D

entro de uma propriedade agrícola, o sistema mecanizado agrícola conjunto trator-equipamento visa à agilidade nas tarefas, conforto ao operador, aumento da capacidade de trabalho e produtividade. Devido à crescente demanda de máquinas no campo os operários passaram, na maioria dos casos, de mão-de-obra de campo para operadores de máquinas, principalmente quando se fala de culturas como soja, milho, cana-deaçúcar. Já a cultura do café, em algumas condições, é necessário uso de mão-de-obra para realizar determinadas operações, como o transplantio. Primeiramente deve-se distinguir o que é semeadura, plantio e transplantio. A semeadu-

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ra é uma determinação utilizada quando se faz a distribuição de sementes, seja realizada manual ou mecanizada; o plantio refere-se à distribuição de partes vegetativas, como da cultura da cana-de-açúcar e da mandioca e, por fim, o transplantio refere-se à distribuição no campo de plântulas, ou seja, culturas que necessitam de um período inicial de desenvolvimento em viveiros, com condições ambientais controladas, como o café, eucalipto e fumo. As máquinas que normalmente fazem essas operações são chamadas de semeadoras, quando depositam sementes no solo, e semeadoras-adubadoras, quando depositam sementes e adubo no solo; plantadora, quando distribuem partes vegetativas, e transplantadoras para a distribuição de mudas.

A maioria das máquinas para transplantio é alimentada por processo manual, o que pode gerar erros de distribuição e também, como o trator é direcionado pelo operador, pode acontecer de as fileiras ficarem com distâncias fora das recomendadas. Para pequenos produtores, os processos de controle do maquinário são de forma manual, mas para grande produtores, normalmente se utiliza dispositivos associados à agricultura de precisão, onde se pode se destacar o piloto automático. É um mecanismo ligado a satélites e bombas hidráulicas que fazem o direcionamento automático do trator sem a intervenção do operador, que vira mero espectador. Mas esse não é o assunto principal desse trabalho. Assim, vamos dar ênfase na avaliação do transplantio, seja pela distribuição das mudas, seja pela distância entre as fileiras. Desse modo, várias técnicas podem ser utilizadas para avaliar a operação de transplantio, nesse trabalho vamos comentar sobre o controle estatístico do processo (CEP), ferramenta que trata da qualidade da operação, ou seja, por ser padrão não pode haver oscilação durante a operação. Vários autores já utilizaram essa técnica, Lopes et al. (1995), ao utilizarem o controle estatístico no controle da qualidade do espaçamento entressulcos na cultura de cana-de-açúcar (Saccharum spp.), concluíram que os índices de variação encontrados nas áreas analisadas foram muito elevados, e que a variação entre os diversos grupos estudados estava fora de controle, apesar da média estar próxima da desejada para a operação, sugerindo problemas de má regulagem do implemento ou erros na operação por parte do operador. Santos e Maciel (2006), ao avaliarem a qua-

Plataforma utilizada no plantio de mudas de café, acoplada no sistema de levante do trator


“Verificou-se que a distribuição de mudas e o espaçamento entreplantas foram de boa qualidade, sendo o mínimo de 80% das plantas com espaçamentos normais, com pequena amplitude” Figura 1 - Distribuição dos espaçamentos normais entreplantas

Legenda: LSC – Limite Superior de Controle; LIC – Limite Inferior de Controle.

lidade da pulverização com técnicas de controle estatístico do processo, verificaram que a metodologia proposta permitiu identificar quais fatores envolvidos no processo precisam ser melhorados, e que após o treinamento, a metodologia pode ser aplicada pelos cooperados nas propriedades para avaliar os fatores e corrigir as falhas antes que o processo de pulverização seja executado. Resumidamente, o Controle Estatístico do Processo (CEP) é uma metodologia que potencialmente permite conhecer o processo, manter o mesmo em estado de controle estatístico e melhorar a capacidade do mesmo. Tudo isto se resume à redução de variabilidade do processo (Schissatti, 1998). Assim, foi realizado na Fazenda Marrecos, no município de Romaria (MG), o transplantio de mudas de café, onde foi utilizado um trator Massey Ferguson 290, ano 1986, com 67,1kW (90cv) de potência no motor. Acoplada ao trator no sistema hidráulico de três pontos foi utilizada uma plataforma específica para o transplantio, com largura de 2,5m e comprimento de 3m, apresentando no centro um sulcador. As mudas de café Mundo Novo foram acomodadas em caixas plásticas e colocadas na plataforma de transplantio. Para distribuição das mudas utilizou-se uma roda odométrica que, a cada 0,80m, emitia um sinal para que o operador depositasse a muda no sulco. Após a deposição da muda no sulco funcionários de campo faziam a retirada do saco plástico e colocação de solo ao redor da mesma. Foram avaliados os espaçamentos entreplantas, que objetiva avaliar a operação de deposição da muda, e o espaçamento entrefileiras de café, que objetiva avaliar o operador do trator, quanto à uniformidade da largura das fileiras, que foi de 4m. O espaçamento entreplantas foi obtido em comprimento de 5m na fileira de plantio e tomados os respectivos espaçamentos em 20 pon-

Figura 2 - Distribuição dos espaçamentos entrefileiras

Legenda: LSC – Limite Superior de Controle; LIC – Limite Inferior de Controle.

tos da área, esses, por sua vez, foram analisados segundo as normas da ABNT (1984) e Kurachi et al. (1989), considerando-se porcentagens de espaçamentos: “duplos” (D): <0,75 o Xref., “normais” (A): 0,75< Xref.< 1,25, e “falhas” (F): > 1,25 o Xref. Em que, o espaçamento médio esperado (Xref.) foi de 0,80m. O espaçamento entrefileiras foi avaliado determinando-se a distância entre duas plantas em fileiras diferentes em 20 pontos da área. Na Figura 1 são apresentadas as cartas de controle para a média e amplitude para a distribuição dos espaçamentos normais no transplantio de mudas de café. Observa-se que a utilização de roda odométrica com emissão de sinal sonoro para o ajudante de transplantio permitiu que as mudas fossem colocadas dentro de um padrão de distribuição satisfatório, pois a maioria dos espaçamentos esteve com 100% dentro do permitido, apresentando mínimo de 80% em alguns pontos. Isso é demons-

trado na carta de amplitude com variação próxima de 20% com amplitude média de 6,15%. Na Figura 2 são apresentadas as cartas de controle da média e da amplitude para o espaçamento entrefileiras de café. Observa-se que ocorre pouca variação na distância entre as fileiras, o que considera o operador de boa condução da operação de transplantio, pois ocorreu variação de apenas 7,9% nos espaçamentos, com média de 3,98m. A carta da amplitude apresenta média de 0,42m, ou seja, as fileiras poderiam oscilar entre 3,58 e 4,42m. Verificou-se que a distribuição de mudas e o espaçamento entreplantas foram de boa qualidade, sendo o mínimo de 80% das plantas com espaçamentos normais, com pequena amplitude. Nos demais espaçamentos, pela pequena presença de pontos, não foi possível apresentar as cartas de controle. Para o espaçamento entrefileiras, observou-se que a operação esteve dentro do padrão com variação apenas de 7,9%, .M e média geral de 3,98m. Jorge Wilson Cortez Univasf Rouverson Pereira Da Silva e Carlos Eduardo Angeli Furlani, Unesp

Para facilitar o controle de espaçamento, foi utilizada uma roda odométrica que emite sinais no momento de depositar a muda no solo

Além do espaçamento entreplantas na linha, também foi avaliado o espaçamento nas entrelinhas

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adjuvantes

Coadjuvante na aplicação Além de bicos certos e máquinas bem reguladas, existem outros fatores que ajudam a aumentar a eficácia nas aplicações de produtos fitossanitários, como os adjuvantes. Mas você sabe diferenciá-los e qual usar em cada situação?

O

uso de adjuvantes na agricultura é um tema que desperta interesse, gera dúvidas e controvérsias pelo uso inadequado. No entanto, os benefícios obtidos com esses produtos estão cada vez mais difundidos em todo o mundo, com o crescente número de produtos comerciais disponíveis. Para melhor compreensão do assunto é necessário conceituar o que são esses produtos. Adjuvante é qualquer substância que, adicionada a uma formulação de produto fitossanitário (fase de fabricação) ou à calda de pulverização (produto fitossanitário + diluente, via de regra a água), facilita a aplicação, pode reduzir perdas e ou melhorar o desempenho do agente químico de controle. Os adjuvantes são classificados quanto às suas propriedades químicas em surfatantes de maneira inadequada. A palavra surfatante tem sido comumente usada como adjuvante, ou vice-versa, para se referir a determinados gru-

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pos de substâncias a exemplo de óleos minerais ou vegetais, poliglicóis-éter, entre outros. No entanto, a palavra tem origem na expressão surface-acting agent (agente ativo de superfície) o qual apresenta a função de reduzir a tensão superficial da calda, diminuindo a força de atração entre as moléculas do líquido, em especial da água, possibilitando, assim, maior contato das gotas de pulverização com a superfície vegetal. Essa propriedade promove o efeito espalhante, molhante, espalhante-adesivo etc. No geral, são nomenclaturas distintas encontradas no rótulo dos produtos, mas com finalidades semelhantes. Qualquer composto, ao diminuir a tensão superficial da água, aumenta a superfície de contato da gota e, portanto, produzirá um maior espalhamento do líquido, que terá um maior ou menor grau de espalhamento, dependendo do tipo de surfatante e da superfície foliar à qual foi aplicada a solução. Um agente surfa-

Valtra

Os adjuvantes têm a finalidade de auxiliar na fixação, absorção e no aumento da eficiência do defensivo aplicado sobre as plantas

tante possui em sua estrutura química duas regiões claramente definidas, a primeira é a porção lipofílica (não-polar), que possui afinidade com a maioria dos compostos orgânicos não-solúveis em água; a segunda é a hidrofílica, que tem afinidade com a água. A quantidade de moléculas hidrofílicas e lipofílicas é preponderante no molhamento e espalhamento dos surfatantes. Os surfatantes mais utilizados na agricultura são os não-iônicos (não tendem a alterar o equilíbrio de cargas elétricas nas formulações e nas caldas) e, como exemplo, o grupo dos etoxilados – derivados do óxido de etileno polimerizado; propoxilados – derivados do óxido de propileno polimerizado (fazem menos espuma que os etoxilados); polímeros de bloco – polimerizados de forma a unir molécu-


“A palavra surfatante tem sido comumente usada como adjuvante, ou vice -versa, para se vice-versa, referir a determinados grupos de substâncias a exemplo de óleos minerais ou vegetais” Charles Echer

Os óleos vegetais e minerais, por exemplo, podem ser utilizados tanto na função de produto fitossanitário, como diluentes em aplicações de baixo volume

las heterogêneas, como etoxilados + propoxilados, resultando moléculas muito grandes com múltipla afinidade a compostos orgânicos (lipofílicos) e os organosilicones – sua porção lipofílica é composta por grupos siloxanos que possuem um grupo de silício (Si) em sua estrutura, derivando daí o seu nome de siliconados ou organosilicones.

ÓLEOS No geral, os óleos são classificados em minerais ou vegetais. Possuem um amplo espectro de uso, sendo utilizados tanto na função de produto fitossanitário de forma isolada (para controle de alguns insetos e fungos), como diluentes para aplicações em baixo volume oleoso e como adjuvantes adicionados às caldas de pulverização. Porém, para os diferentes usos podem variar tanto em sua composição, quanto em algum processo da fabricação. Exercendo o papel de adjuvante os óleos podem favorecer o espalhamento e a absorção por apresentarem de 5 a 9% de surfatante em sua composição, reduzindo a taxa de degradação do ingrediente ativo do produto fitossanitário e a tensão superficial da calda. A adição de óleos pouco purificados (degomado) como diluente em pulverizações abaixo volume tornou-se prática usual na agricultura, porém pouco se tem estudado a respeito de sua função como adjuvante.

ADESIONANTES melhoram a adesão do produto fitossanitá-

rio a um alvo, geralmente à superfície foliar. Deixam um filme pouco solúvel sobre as superfícies tratadas, mas esse deve ser permeável a trocas gasosas. Látex e PVA (polivinil acetato) constituem exemplos de adesionantes utilizados em processos de formulação.

ACIDIFICANTES Os acidificantes ou redutores de pH (potencial hidrogeniônico) são produtos capazes de deixar a calda ácida pelo aumento da concentração de íons de hidrogênio (H+), sendo recomendados em mistura a caldas alcalinas, prevenindo a degradação de produtos fitossanitários por hidrólise (quebra da molécula pela água). Porém, o seu uso é bastante controverso, pois pesquisas mostram que produtos ditos

quimicamente instáveis em determinadas faixas de pH, não apresentam diferenças significativas quanto a sua eficácia a campo, quando submetidos a diferentes níveis de pH da calda. Além disso, águas fortemente alcalinas são de baixa ocorrência no território brasileiro, sendo mais freqüente em continentes como a Europa. Considerando que a maioria dos produtos fitossanitários presentes no Brasil já estão difundidos por diversos países, é grande a probabilidade que suas formulações já tenham sido desenvolvidas com a presença de adjuvantes que permitam sua utilização em águas com diferentes valores de pH. Como exemplos de produtos para redução do pH existem diversos ácidos fracos, como o fosfórico, o ortofosfórico e o cítrico. Case IH

Junho 08 • 13


Hamilton Ramos

Gotas de pulverização com ausência de surfatante (A) e presença de surfatante (B) na solução

TAMPONANTES Os tamponantes permitem manter o pH de uma solução em uma determinada faixa; geralmente são usados em conjunto com os acidificantes, para que, com o passar do tempo, o pH da solução não retorne ao seu valor inicial. Apresentam-se, no geral, na forma de sais, a exemplo do fosfato ácido de sódio e do citrato ácido de sódio.

ANTIESPUMANTE Esses adjuvantes reduzem a formação de espuma na calda, evitando que a mesma transborde durante agitação no tanque do pulverizador (diminuindo os riscos de contaminação ambiental e do aplicador), e impede o possível erro de dosagem que a espuma pode acarretar, por atrapalhar a visualização adequada do nível de calda no tanque. Um produto desse tipo comumente usado nos EUA é um polímero de silicone/carbono conhecido como Dimetilpolisiloxano, que pode ser disperso diretamente na espuma. No geral, dificilmente é encontrado esse tipo de produto no comércio e o seu uso tem se limitado aos produtos formulados.

ANTIEVAPORANTE Os antievaporantes reduzem a taxa de evaporação da água. Atualmente, não se conhece no mercado brasileiro de adjuvantes comerciais para pulverizações, nenhum produto que tenha ação comprovada e eficaz com essa propriedade. A substância OED (álcool oxietileno docosanol) já teve essa propriedade comprovada em pesquisas, mas como dito anteriormen-

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te, não se encontra disponível como um adjuvante comercial.

FILTRO SOLAR O filtro solar reduz a decomposição ou desativação de substâncias, devido à ação da radiação solar. Esses adjuvantes têm sido melhor explorados em associação com produtos biológicos. No Chile, protetores utilizados no processo industrial do branqueamento de papel e na prevenção da descoloração de roupas, têm se mostrado promissores em pesquisas nas quais estão sendo usados em conjunto com o fungo patogênico a insetos – Metarhizium anisopliae – reduzindo a inviabilização do fungo quando exposto à radiação ultravioleta.

ESPESSANTES Os espessantes aumentam a viscosidade de

uma solução. Comumente utilizados no tratamento de sementes para melhorar a homogeneização e/ou cobertura do produto sobre as sementes, a exemplo da carboxi-metil celulose ou goma xantana.

QUELETIZANTES Isolam cargas elétricas e suprimem a reatividade de moléculas e íons. Os queletizantes são compostos que impedem que qualquer molécula ou íon venha reagir com o produto fitossanitário na calda. O produto etileno-diamina-tetracético (EDTA ou EDTA-H4) é utilizado para controlar a concentração de íons metálicos em soluções aquosas. Portanto, fica evidente que os adjuvantes são fabricados para melhorar a eficiência da pulverização agrícola, seja por um efeito direto, como aumentar a molhabilidade e retenção do produto fitossanitário no alvo de interesse, ou indireto, reduzindo perdas de produto por evaporação ou deriva. Porém, existem diversos produtos comerciais que são classificados como adjuvantes, mas não cumprem eficientemente a propriedade descrita em seus rótulos. Produtos eficazes como adjuvantes, mas utilizados incorretamente, podem fazer com que os benefícios atribuídos aos adjuvantes, tornem-se malefícios. Por exemplo, o aumento da concentração de um surfatante na calda ou o uso de volume alto de aplicação (litros por hectare ou litros por planta) com adição mínima de surfatante, pode aumentar significativamente as perdas por escorrimen-


“Produtos eficazes como adjuvantes, mas utilizados incorretamente, podem ” malefícios” fazer com que os benefícios atribuídos aos adjuvantes, tornem-se malefícios Charles Echer

Divulgação

Escorrimento da calda provocado pelo uso incorreto de surfactantes, ocasionou perda de produto e contaminação do ambiente

to da calda para o solo, causando importantes prejuízos econômicos ao produtor, deficiência no controle fitossanitário, bem como o aumento da contaminação ambiental. Recomenda-se sempre, que a pessoa que se interessar em utilizar um adjuvante para pulverização verifique se o produto fitossanitário apresenta na bula alguma restrição quanto à mistura com outros produtos; como esse adjuvante se comporta com a tecnologia que vai ser empregada (tipo de pulverizador, ponta de pulverização, volume de pulverização); a interação desse produto e suas dosagens recomenda-

Demétrius e Carlos explicam as características dos principais adjuvantes utilizados na pulverização agrícola

das com o alvo a ser tratado – características da superfície foliar, posicionamento do alvo em relação à pulverização (vertical ou horizontal). Assim, cada caso apresenta suas peculiaridades e, não há receitas para o uso de adjuvantes. Consciente é o agricultor que realiza testes em pequena escala, antes de aplicar o produto em toda sua área, e busca o maior número de informações possíveis perante os que comercializam esses tipos de produtos e profissionais da área, como os engenheiros agrônomos. . M Demétrius de Araújo e Carlos G. Raetano, FCA/Unesp – Botucatu/SP


avaliação de ruídos

Cobertura total

Ensaio avalia os fatores que afetam diretamente a qualidade da pulverização, como a distância máxima possível entre os bicos na barra

E

xistem vários tipos de pulverizadores hidráulicos, que são muito utilizados e vão desde os mais simples, como os do tipo costal manual, até equipamentos maiores e mais sofisticados, como os autopropelidos equipados com controladores eletrônicos. Nesses equipamentos os bicos de pulverização representam um grupo fundamental entre os principais componentes, pois influenciam diretamente na qualidade e na segurança da aplicação. Quando se fala em bicos de pulverização, refere-se ao conjunto de peças colocado no final do circuito hidráulico, através do qual a calda é fragmentada em gotas. Das peças constituintes do bico, a ponta de pulverização é a mais importante delas, sendo a responsável direta pela formação e pela distribuição das gotas. Cada bico possui uma curva característica de distribuição volumétrica e essa curva tem grande importância na determinação da distância do bico em relação ao alvo e no espaçamento entre bicos na barra, requerendo sobreposição de cerca de 30% do jato de cada bico subseqüente, resultando numa distribuição uniforme do líquido pulverizado por bicos hi-

O volume da gota é determinado pelo modelo de bico, tamanho do orifício, pressão de trabalho e formulação do produto

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“Das peças constituintes do bico, a ponta de pulverização é a mais importante delas, sendo a responsável direta pela formação e pela distribuição das gotas” Fotos Charles Echer

O espaçamento correto entre os bicos de pulverização é determinado pela curva de distribuição volumétrica de cada peça

na barra do pulverizador. O trabalho foi realizado em duas etapas: a primeira para determinar a distância entre os bicos na barra e a segunda caracterizando as gotas produzidas.

DISTÂNCIA ENTRE OS BICOS

dráulicos convencionais. Uma das formas de quantificar a uniformidade de distribuição numa pulverização é através da análise da deposição do produto na área, expressa pelo coeficiente de variação (C.V.) obtido, sendo que quanto menor esse valor, mais uniforme é a distribuição. O cálculo do C.V. é realizado a partir do padrão de distribuição de bicos individuais, simulando-se a sobreposição desses padrões em bancadas de prova, onde o líquido é coletado em canaletas a distâncias determinadas e depositado em recipientes individuais. A distribuição é quantificada através da determinação do C.V. das leituras dos volumes coletados em cada canaleta da mesa considerando-se as sobreposições. Segundo alguns autores, os padrões adequados de C.V. são de dez a 15%. Valores acima deste limite indicam pontas desgastadas, pontas diferentes na barra, falha na relação entre espaçamento entre bicos e altura da barra

do pulverizador, espaçamento variado entre bicos ou má qualidade das pontas de pulverização. O tamanho da gota formada em bicos hidráulicos é determinado pelo modelo de bico, tamanho do orifício, pressão de trabalho e formulação do produto fitossanitário. O sucesso da pulverização depende de uma distribuição uniforme e de um determinado diâmetro e número de gotas adequadas ao alvo a ser atingido. Assim, cresce a importância de se conhecer qual é a melhor combinação de densidade e diâmetro de gotas e concentração de ingrediente ativo na calda, para as principais pragas, cujo controle é realizado via pulverização. A partir dessas informações, foram realizados trabalhos no Departamento de Fitossanidade da Unesp de Jaboticabal visando caracterizar o diâmetro de gotas produzidas por bicos de pulverização (Teejet XR 110015 VS) e o seu adequado espaçamento

Para a avaliação da distribuição da calda pulverizada pelo bico, foi utilizada uma mesa de deposição. Cada bico avaliado foi posicionado sobre a canaleta central, a 50cm de altura. Após a leitura dos volumes nos tubos graduados, os valores foram utilizados para a obtenção das curvas de deposição e coeficiente de variação. Também foi medido o ângulo dos bicos nas duas pressões. Na Figura 1 estão apresentadas curvas de deposição nas pressões de 200 e 300kPa. A distribuição das gotas em ambas as pressões, resultou em um padrão de distribuição adequado para os bicos, com uma emissão de maior volume de calda no centro do jato, com redução gradativa da quantidade de líquido para as extremidades. O ângulo de pulverização dos bicos foi respectivamente de 110° e 115º para as pressões de 200 e 300kPa, resultando em uma pequena diferença nas larguras de deposição. Contudo, a distribuição dos bicos praticamente não se alterou. Em relação à vazão, as diferentes pressões resultaram em um aumento de 19,4% (de 0,258 para 0,308l/min), respectivamente para as pressões de 200 e 300kPa. Apesar da diferença na vazão, não se verificou alteração significativa na curva de deposição para as pressões analisadas (Figura 1).

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Figura 1 e 2 - Curva de deposição do bico Teejet XR 110015 VS nas pressões de (a) 200 e (b) 300kPa; Coeficientes de variação nas pressões de (C) 200 e (D) 300kPa.

TECNOLOGIA DE APLICAÇÃO

D

entre os vários eventos que constituem o processo de produção agrícola, a tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários é um dos mais importantes, pois uma cultura agrícola somente desenvolverá o máximo do seu potencial produtivo se estiver livre de pragas, doenças e plantas daninhas. A tecnologia de aplicação é diretamente responsável pela correta colocação dos produtos fitossanitários no alvo, cuidando da preservação do ambiente e da saúde do trabalhador, sem descuidar da técnica e da rentabilidade da produção.

A distância máxima calculada para um C.V. aceitável foi de 85cm para as pressões de 200 e 300kPa, com os respectivos valores de C.V. de 9,52 e 9,58% (Figura 2). O fabricante indica uma distância de 50 cm entre bicos na barra, para o modelo avaliado. Isto indica que há uma margem de segurança para as variações a campo, uma vez que a 55cm o C.V. esteve próximo de 5%.

co (DMV) -; Dv0,9 – diâmetro de gota tal que 90% do volume é constituído de gotas de tamanho menor que esse valor – e a amplitude relativa, que representa a uniformidade. As médias referentes ao tamanho de gotas foram comparadas estatisticamente e os resultados estão apresentados na Figura 3. Em relação ao diâmetro de gotas, observase diferença entre as pressões para Dv0,1 e DMV, sendo que a 200kPa os respectivos diâmetros foram maiores. Comparando as pressões, houve diferença significativa para Dv0,1 e DMV, não

O espectro da população de gotas foi determinado de forma direta, utilizando-se um analisador de gotas em tempo real. Esse analisador baseia-se na medição da luz – feixe de raio laser – que sofre difração durante a passagem das gotas pulverizadas pela região de amostragem do aparelho. O desvio que o feixe de laser sofre depende do tamanho das gotas. Quanto menor a gota, maior é o desvio que o raio de luz sofre. Os seguintes parâmetros foram avaliados: Dv0,1 – diâmetro de gota tal que 10% do volume do líquido pulverizado é constituído de gotas de tamanho menor que esse valor -; Dv0,5 – diâmetro de gota tal que 50% do volume do líquido pulverizado é constituído de gotas de tamanho maior ou menor que esse valor, também conhecido como diâmetro mediano volumétriO sucesso da pulverização depende de uma distribuição uniforme, de um determinado diâmetro e de número de gotas adequado ao alvo a ser atingido

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Charles Echer

DIÂMETRO DE GOTAS

havendo diferença para o Dv0,9. Embora o aumento da pressão tenha provocado uma diminuição do tamanho das gotas, não houve diferença significativa de uniformidade entre as duas pressões de trabalho avaliadas (Figura 3). O diâmetro mediano volumétrico das gotas (DMV) verificado neste trabalho indica alto risco de deriva e que esta ponte deve ser usada com critério, evitando-se condições climáticas e meteorológicas adversas. O espaçamento máximo entre bicos na barra deverá ser menor que 85cm e o DMV diminui com o aumento da pressão, porém sem alteração significativa da uniformidade do diâ.M metro das gotas. Ana Paula Fernandes, Renata Souza Parreira, Marcelo da Costa Ferreira e Gustavo de Nobrega Romani, FCAV/Unesp



manutenção

Charles Echer

Fio no ponto A afiação da faca da roçadeira é um processo simples, mas que deve obedecer alguns passos para que a operação seja exitosa

A

s facas das roçadeiras com o passar do tempo e o uso se tornam ruins para o corte, havendo necessidade de afiação ou reparo do corte. As facas novas originais, podem ser de duas ou três pontas e são geralmente

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menores que as facas do mercado paralelo que são maiores (30 ou 33cm) e de apenas duas pontas. Por serem maiores e mais pesadas rendem mais no momento do corte, roçando, em média, ¾ do comprimento da faca, no entanto devem ser

manuseadas com cuidado e com uso de todos os EPIs necessários, pois são mais suscetíveis às quebras ou possíveis acidentes. O protetor da faca não deve ser removido da roçadeira, o operador deve usar calçado com biqueira de aço, cane-


“As facas das roçadeiras com o passar do tempo e o uso se tornam ruins para o corte, havendo necessidade de afiação ou reparo do corte ” corte” Fotos Antonio Donizette de Oliveira

Use a ponta cortada para marcar o corte no outro lado. Após, acerte-o com a lima e instale a faca novamente na máquina Prenda a faca sobre a mesa, marque o local do corte e use a serra cortando apenas para a frente

devido à dureza do material da faca. Assim que o corte atingir ¼ da espessura da faca, a serra deve ser inclinada para dentro, para que o corte fique em forma de bisel e não necessite afiamentos posteriores. Efetuado o corte de um lado, o pedaço removido dever ser usado como medida para o corte do outro lado, para isto basta colocar o pedaço retirado em cima da ponta oposta e marcar com a serra o próximo corte. Terminado o corte da outra ponta, pode-se passar a lima para reparar arestas que ficaram nas pontas. Coloca-se a faca na roçadeira e procede-se ao trabalho normal até a próxima afiação. Devese lembrar que não é necessário afiar as .M laterais da faca. Antônio Donizette de Oliveira, Ufla

leiras e não permitir que pessoas fiquem a menos de 15 metros da faca em movimento. Com o uso, é normal que a faca desgaste na ponta, ficando arredondada e reduzindo sua capacidade de corte. Poucos operadores sabem afiar corretamente, pois afiam ou amolam apenas as laterais da faca, não se importando com as pontas, que é o que realmente corta a vegetação. Para afiar corretamente a faca, primeiro prenda-a com alicate de pressão numa bancada, marque com uma serra o espaço a ser retirado que pode variar de 1 a 2cm, dependendo do desgaste da faca. A serra deve ser de boa qualidade e o corte efetuado somente para frente com a serra, evitando o desgaste da mesma, Faça o procedimento com a faca bem presa, evitando deslocamento e acidentes

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colhedora Axial BC 7500

Axial BC 7500

molinete conferem à plataforma maior desempenho no corte e alimentação nas mais variadas velocidades, culturas e condições de solo.

A BC 7500 é a primeira axial da Valtra, uma colheitadeira classe VII, produzida no Brasil e destinada aos médios e grandes produtores da América Latina

A interface entre plataforma e colheitadeira é feita através do canal alimentador e o acoplamento entre os dois equipamentos deve ser sempre o mais rápido e fácil possível. O engate das funções elétricas e hidráulicas entre a plataforma e a colheitadeira é realizado através de um único conector (single-point), facilitando e agilizando a operação de acoplamento do conjunto. A esteira de transporte de quatro correntes possui barras tripartidas, reforçadas em formato de U e fixadas por parafusos de ½, proporcionando maior robustez ao conjunto. As barras lisas evitam maiores danos aos grãos quando da passagem da cultura pelo alimentador e garantem um fluxo homogêneo de material colhido sem sobressaltos. As correntes que compõem a esteira movem-se em cima de anéis soldados ao rolo frontal em forma de “W”. Isto ajuda a manter o alinhamento e eliminar o desgaste excessivo do contato da corrente com o rolo, reduzindo o tempo e o custo

N

esta edição, apresentamos a colheitadeira de grãos axial BC 7500, produzida na planta da AGCO para a América do Sul em Santa Rosa (RS). Ela conta com motor Sisu Diesel Citius 84 CTA, ecológico, de seis cilindros Turbo intercooler, injeção eletrônica Common Rail de última geração, 355 cavalos de potência, tanque de grãos de 10.570 litros, rotor axial de 3,65m de comprimento e plataforma de 30 pés, características que fazem esta colheitadeira atender as mais diversas expectativas em relação a desempenho e à qualidade de colheita.

A plataforma de corte é da série 500, de 30 pés, o que equivale a 9,10 metros

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PLATAFORMA DE CORTE A BC 7500 axial é equipada com a plataforma de corte série 500, de 30 pés (9,10m). A barra de corte das plataformas série 500 é sustentada por uma estrutura em paralelogramo, que visa manter o ângulo de corte sempre estável, sem oscilações, independentemente das irregularidades do terreno. A barra de navalhas pode ser inclinada em até 5º para baixo, para aproximar o corte mais rente ao solo. A garantia dos cortes é feita pela caixa de navalhas com movimento contínuo, gerando 1.100 cortes/ minuto. O grande diâmetro e as hélices altas do semfim, somados às guias dispostas longitudinalmente, conferem uma maior capacidade de alimentação e transporte do material. Os dedos retráteis localizados no centro do caracol são ajustáveis e fazem o material fluir homogeneamente até o canal alimentador. A rigidez e a resistência do conjunto, mesmo com grandes cargas, são garantidas pela aplicação de uma parede dupla de chapas no centro do caracol. Os controles de altura de corte e a inclinação lateral são automáticos, os deslizadores de poliuretano e a rotação proporcional do

O corte é feito pela caixa de navalhas com movimento contínuo de 1.100 cortes/minuto

CANAL ALIMENTADOR


“O grande diâmetro e as hélices altas do sem-fim os às guias dispostas sem-fim,, somad somado longitudinalmente, conferem uma maior capacidade de alimentação e transporte do material” Fotos Valtra

A esteira de transporte do canal alimentador é de quatro correntes com barras tripartidas

de reparo. A velocidade da esteira e a da plataforma pode ser ajustada através de um conjunto variador (velocidade variável) diferentemente à velocidade de deslocamento da máquina ou da cultura a ser colhida, resultando em ganhos de produtividade e qualidade.

ROLO ALIMENTADOR A BC 7500 axial usa um sistema de alimentação e transição para o rotor composto por um rolo alimentador com guias helicoidais. Este conjunto maximiza e direciona o fluxo de en-

O tanque de grãos tem capacidade para 10.570 litros e o sistema de descarga de 88 litros/segundo permite a descarga total em 2,15 minutos

trada do material para o rotor, oferecendo, ainda, a proteção contra entrada de corpos estranhos, como pedras. O rolo alimentador de guias helicoidais possui três funções principais e básicas, que são acelerar a cultura que sai do canal alimentador para o rotor, separar as pedras da cultura com a ajuda da caixa de pedras e alimentar o rotor em 360°.

TRILHA E SEPARAÇÃO AXIAL O coração da BC 7500 é o seu sistema único de trilha e separação axial. O seu rotor é projetado para maximizar todos os benefícios disponíveis da tecnologia de processamento axial. O rotor realiza as operações de trilha e separação, mantendo a integridade e a sanidade dos grãos colhidos com o mínimo de perdas. Com comprimento total de 3,56m e diâmetro de 70cm, o rotor pode ser configurado com bar-

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Engate entre a plataforma e a colheitadeira é realizado através de um único conector (single-point)

dor tipo torre, de 4,37m de altura, e os controles muito bem ajustados, tornam a descarga fácil, sem preocupação, em qualquer lugar, em movimento ou no final do talhão, o sistema de descarga é eficiente e confiável.

CONFORTO OPERACIONAL Detalhes construtivos do sistema de trilha e limpeza

ras, facas e raspadores, permitindo a configuração adequada para cada condição de lavoura. O acionamento do rotor é hidrostático, um sistema de bombas de fluxo variável aciona um motor hidráulico ligado diretamente a uma caixa de duas velocidades. Este projeto buscou maximizar pontos como conforto, versatilidade e confiabilidade operacional, eliminando a necessidade de controles de velocidade variáveis por polias e correias. Em caso de leve sobrecarga, alteração da velocidade e/ou necessidade da reversão da rotação do rotor, a transmissão hidrostática simplifica todas estas operações e torna a operação de colheita muito mais prática e produtiva. O rotor pode operar de 175 a 970rpm na caixa alta, e de 175 a 746rpm na baixa. Os côncavos disponíveis para a BC 7500 oferecem uma trilha suave, porém, com agressividade suficiente para trilhar e manter limpos os grãos colhidos em culturas com alta umidade ou de difícil debulha. As regulagens disponíveis para o côncavo visam prevenir ao máximo as perdas e danos ao grão. As barras e arames dos côncavos são de materiais de grande dureza, aumentando o período de trabalho em condições de colheitas abrasivas.

Detalhe do transportador de grãos para o tanque graneleiro

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A cabine tem dois painéis eletrônicos para monitoramento e alavanca multifunções

SISTEMA DE LIMPEZA O sistema de limpeza da BC 7500 está equalizado com a capacidade de processamento do rotor e dos côncavos. O processo de limpeza em forma de cascata tem início através da bandeja recolhedora de 2,30m². A bandeja, através de movimentos alternados, transporta o material processado até as peneiras para a separação do palhiço dos grãos, não sendo necessário o uso de transportador tipo rosca sem-fim, que aumenta a complexidade e a possibilidade de danos mecânicos aos grãos já trilhados. O ventilador Max flow é de fluxo transversal e opera em uma ampla gama de velocidades (590 a 1.350rpm), as peneiras são de escamas ajustáveis, com área de 2,60m² na inferior e 3,10m² na superior, totalizando 5,70m² de área de limpeza.

SISTEMA DE TRANSPORTE Esta máquina foi projetada para ter uma das maiores capacidades de armazenamento de grãos do mercado na sua categoria. Com um tanque de grãos de 10.570 litros de capacidade, permite que as jornadas de colheita sejam maiores e os tempos de paradas menores. Além disso, as extensões do tanque foram projetadas para suportar a exigência desta capacidade com excelente resistência e robustez. A abertura e o fechamento destas tampas, quando da necessidade de transporte ou armazenamento, são muito fáceis e rápidos, não exigem o uso de ferramentas. O sistema de descarga foi projetado para descarregar o tanque de grãos de uma forma rápida e eficiente, são 88l/s ou 135 segundos para a descarga completa. O tubo descarrega-

A cabine e os controles da BC 7500 axial são projetados para oferecer o melhor conforto e conveniência possível. Banco do operador ajustável a ar e apoio de braço, assento lateral para mais uma pessoa, sistema de ar-condicionado eletrônico, retrovisores com controles elétricos, vidros verdes e um layout de sistema de controle e monitoramento fácil de usar e eficiente visam reduzir de forma significativa a fadiga do operador e melhorar a eficiência de performance do conjunto homem/máquina, assegurando que o local de trabalho é o melhor local da máquina. O monitoramento das funções da colheitadeira é realizado através de dois painéis eletrônicos, um montado na coluna do lado direito da cabine e o outro, chamado de EIP (Electronic Instrument Panel), sobre o pára-brisa frontal. Na coluna são monitoradas perdas e algumas funções do motor e do rotor. O EIP é mais completo, monitora a rotação dos principais eixos da máquina, área colhida, distância percorrida, funções elétricas e hidráulicas, umidade dos grãos, temperaturas e inclui ainda as proteções do motor. O controle operacional da colheitadeira é realizado por uma alavanca multifunção, ergonomicamente incorporada ao console do lado direito do operador. A alavanca multifunção controla o deslocamento e a velocidade da colheitadeira hidrostaticamente, além deste controle, controla ainda as operações de colheita mais comuns como baixar e subir a plataforma e o molinete; controlar a flutuação lateral e altura de corte da plataforma, variar a rotação do alimentador e da plataforma de milho; avanço e recuo do molinete; descarga, abertura e fechamento do tubo de descarregador e, ainda, fazer a navegação nas funções pré-reguladas do painel da coluna lateral da cabine. O conjunto todo da alavanca gira mantendo o braço e a mão do operador em um ângulo desejado reduzindo fadiga operacional. O conjunto de iluminação é composto por


“Esta máquina foi projetada para ter uma das maiores capacidades de armazenamento de grãos do mercado na sua categoria” Fotos Valtra

14 luzes; oito luzes de trabalho, duas dianteiras na soleira, duas de apoio na traseira e mais um farol de entrada/saída da cabine. A iluminação da operação de descarga noturna é acionada automaticamente com a abertura do tubo.

TOMADA DE POTÊNCIA A BC 7500 axial vem equipada com o moderno motor Sisu Citius 84 CTA turbo, intercooler, eletrônico, quatro válvulas por cilindro (24 válvulas) tipo cross-flow (aumenta a circulação de ar pela câmara de combustão), de 355cv a 2.100rpm. Quando em alguma operação ou motivo a rpm do motor diminui para 1.900, o motor disponibiliza uma reserva de potência de mais 25cv, elevando a potência total para 380cv. Quando em rotação de trabalho, a 2.100rpm e em operação de descarga de grãos, o motor automaticamente disponibiliza uma potência extra de 30cv, chegando a 385cv. A capacidade de 600 litros do tanque de combustível é adequada para as longas jornadas de trabalho, diminuindo consideravelmente a necessidade das freqüentes paradas para reabastecimento.

SISTEMA DE TRANSMISSÃO O sistema de transmissão da Valtra BC 7500 axial consiste em uma caixa de marchas de quatro velocidades acionada hidrostaticamente e com reduções finais heavy-duty. O eixo traseiro oferece ajustes de bitola de 3,02m para 3,63m em espaçamentos de 152mm para possibilitar atender uma ampla variedade de culturas, possibilitando a manutenção de força de tração e a versatilidade da colheita em condições adversas, como em terreno úmido. O eixo traseiro conta ainda com a opção da tração 4X4 hidrostática.

SISTEMA HIDRÁULICO A colheitadeira axial da Valtra usa um avançado sistema de controle eletro-hidráulico que simplifica as operações hidráulicas e oferece ainda algumas características não disponíveis em outros sistemas. O sistema hidráulico é de centro fechado com leitura de carga (load sensing) para o controle da força hidráulica, garantindo que cada função tenha um correto fluxo de óleo para o pleno funcionamento. Caso os requisitos de fluxo sejam alterados,

O motor que equipa a BC 7500 axial é Sisu Citius 84 CTA turbo, intercooler, eletrônico, quatro válvulas por cilindro (24 válvulas) tipo cross-flow, de 355cv a 2.100rpm

o sistema load sensing atua nas válvulas de compensação, aumentando ou diminuindo a pressão e fluxo na bomba para atender às novas exigências. Com isto o sistema hidráulico fica carregado e pronto para reagir a uma nova solicitação de carga ou pressão. Com o uso desta tecnologia, o sistema consome menos potência do motor melhorando a produtividade da colheitadeira e eficiência do uso de combustível. O projeto reduz a emissão de calor no sistema hidráulico e aumenta o tempo de vida dos componentes.

AGRICULTURA DE PRECISÃO A colheitadeira axial BC 7500 pode ser equipada com o sistema Fieldstar II, ferramenta de agricultura de precisão da Valtra. Quando equipada com este opcional, a colheitadeira passa a contar com sensores de rendimento e umidade, antena GPS e com um kit de interface com o computador (kit de escritório). Com o Fieldstar II diversos dados de colheita, tais como produtividade (base úmida e base seca), umidade dos grãos, capacidade da colheitadeira, velocidade de avanço, nível do tanque de grãos e outros, ficam disponíveis na tela do monitor. O Fieldstar II também permite, através do kit de escritório, gerar mapas georreferenciados de produtividade, velocidade, perdas entre outros.

SERVICIBILIDADE A simplicidade é uma característica marcante da colheitadeira axial Valtra BC 7500. A colheitadeira foi projetada com o que há de mais novo em tecnologia de colheita com um nível mínimo de complexidade. O projeto procurou usar um número mínimo de correias, correntes, sem-fins, polias e engrenagens, buscando sempre reduzir o número total de partes móveis ou itens que requerem uma manutenção mais complexa, sem prejudicar a performance de colheita. A segurança de operação depende da manutenção e do monitoramento apropriado da máquina. A BC 7500 axial integra eletrônica embarcada à simplicidade em um projeto moderno para reduzir o tempo e a freqüência de manutenção com baixos custos gerais de ope.M ração.

Detalhe construtivo do rotor principal, responsável pela trilha e separação

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Test Drive - BX 6180

Forte e acessível

Testamos o trator BX6180, o maior integrante da Agrale, que mostrou um conceito bastante acessível, prático e com força de sobra para realizar os trabalhos a que se propõe

A

proveitando um dia com tempo ótimo, antes do inverno, realizamos o Test Drive do trator Agrale, modelo 6180, o mais novo porém o maior integrante da família Agrale no momento. Atualmente a Agrale produz e comercializa tratores agrícolas em três linhas ou famílias. A linha 4000 vai até 30cv, a 5000 até 85cv e a 6000 até 168cv. O trator que testamos é o maior da linha 6000, que tem três modelos, 6110 (105cv), 6150 (140cv) e 6180 (168cv), o primeiro com quatro cilindros turbo-aspirado e os dois últimos com seis cilindros turbo. O 6180 foi o maior da família, que foi concebido pela engenharia do fabricante caxiense, para atender às exigências de implementos dimensionados para um mercado canavieiro, de algodão e de grãos que demandam desempenho e robustez.

MERCADO Como referenciamos antes, este modelo é oferecido ao mercado da cana, algodão e grãos em geral. Atualmente o mercado da cana está em expansão, pela predisposição

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ao aumento da área nacional de produção de álcool combustível e açúcar. Esta área agrícola, há poucos anos, era alheia à empresa e exige tratores com maior potência, entre outras características de produto. Também com estes modelos da série 6000, a empresa objetiva atender, principalmente na escala das empresas agrícolas, ou seja, de grandes agricultores e prestadores de serviço. O mercado atual é bastante promissor desde que se resolvam problemas de abastecimento de componentes. Atualmente em todas as linhas há dificuldades para entrega da comercialização, pois há um gargalo mundial, principalmente em materiais fundidos, com a falta de entrega de componentes. Até agora este mercado vinha sendo abastecido com modelos de outros fabricantes, ao qual a empresa deseja compartilhar, aproveitando uma das principais características de projeto que é o melhor custo-benefício. Desde 1980 a fábrica vinha investindo na produção de tratores médios, na tentativa de fidelizar o cliente para todas as faixas,

diversificando a produção. Nos últimos anos, a influência dos produtos chineses estragou o mercado de pequenos, mesmo com um produto de menor qualidade, em relação aos produtos nacionais. Em função desta alteração do perfil do produto Agrale, cada região do país tem um perfil de concessionárias diferente, por exemplo, no Sul é de médios, em Santa Catarina de pequenos e no Centro-Oeste é na faixa dos médios grandes. Atualmente na média de participação da Agrale no Brasil é de 6%, na faixa de médios grandes.

PONTOS A DESTACAR Na avaliação que fizemos, encontramos um trator bem-acabado e com um novo visual, em que o capô dianteiro termina sobre uma frente com três faroletes quadrados, em harmonia com a logomarca da Agrale em prateado. Na lateral, a marca e o modelo em prata sobre fundo cinza e sobre a cor verde foi uma feliz combinação. Quanto à acessibilidade aos pontos de ma-


“Atualmente a Agrale produz e comercializa tratores agrícolas em três linhas ou famílias” Fotos Charles Echer

O trator que testamos é o maior da linha 6000, o BX 6180 de 168cv, com seis cilindros turbo

nutenção, tivemos uma agradável surpresa, com a facilidade da retirada das duas tampas laterais, com encaixe na parte superior e por pressão na parte inferior, em que de um lado se tem acesso ao filtro de ar e os filtros de combustível e do outro, ao turbo-compressor, à bomba injetora, ao compressor do ar-condicionado e ao filtro e sedimentador do combustível. Ainda em acessibilidade, a posição inferior do tanque, da bateria e da caixa de ferramentas, que estão sobre a plataforma, oferece vantagens e pode incentivar as operações de manutenção periódica. Analisando o projeto, encontramos algumas novidades. A primeira é que este modelo possui longarinas no chassi, similares às que equipam os modelos maiores de outros fabricantes e que, embora aumentem o peso, pro-

porcionam maior rigidez ao conjunto, permitindo a tração de equipamentos maiores, inclusive com as torções dinâmicas que aparecem no trabalho de campo, principalmente

quando se cruzam terraços e outras irregularidades do terreno. Também este modelo está equipado com uma combinação de bombas, cada qual destinada a uma função específica, que tornam disponível uma vazão acima de 100 litros nos dois comandos hidráulicos independentes (um deles apresenta controle de vazão), segundo o fabricante. Finalmente, para adequar-se às exigências do novo mercado, o projeto proporciona condições de uma lastragem mais completa, que se adapte a implementos e operações mais exigentes. No modelo testado podia ser feita com 13 peças de 52kg cada na dianteira e duas peças de 60kg,

Tabela 1 - Principais especificações do trator Agrale 6180 Motor Transmissão Tomada de potência Sistema hidráulico Rodados

Tanque de combustível Dimensões

Opcionais

MWM seis cilindros Turbo de 168cv de potência a 2300rpm, 559Nm de torque máximo a 1.500rpm. Carraro mecânica sincronizada, de 12 velocidades à frente e quatro à ré com eixo dianteiro motriz. 540rpm (seis estrias) e 1.000rpm (21 estrias), independente com embreagem. Três pontos: com posição de transporte e reação, categoria II, Capacidade máxima de 4.000kg. Controle remoto: Duplo 18.4-26 R1 e 24.5-32 (standard) 16.9-30 e 24.5-32 14.9-28 e 23.1-30 18.4-26 e 20.8-38 280 litros Distância entre eixos: 2.770mm Bitola traseira: mínimo 1.650mm e máximo 2.270mm Peso: 8.800kg com lastro metálico e água nos pneus Cabina, ar-condicionado, luz de ré dupla Os tratores são comercializados em diferentes versões, podendo incluir-se outras configurações.

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Figura 1 - Escalonamento de marchas e representação das velocidades (km/h) obtidas do Trator Agrale, modelo 6180, a 2.300rpm com pneus dianteiros 18.4-26 R1 e traseiros 24.5-32 R1

Outro ponto importante, fundamental para a entrada com êxito nestes novos mercados é a autonomia, para o qual foi projetado um tanque de combustível de 280 litros. O trator pode ser vendido em versões, por exemplo, arrozeiro, plantio direto, cana, escolhendo a sua configuração adequada para condições específicas. Na versão arrozeira, o kit arrozeiro prevê a blindagem da transmissão e pneu arrozeiro. Na linha 5000 há possibilidade de inversor, para esta aplicação.

MOTOR

em cada uma das rodas. Mais a água, que se pode colocar no interior das câmaras em cada pneu. Desta forma poder-se-ia chegar aos 1.500kg de lastro. Notamos que os pesos dianteiros estão bem avançados, em relação ao eixo dianteiro, provocando um bom momento de força para equilibrar o trator em trabalho. A plataforma deste trator repousa sobre coxins de borracha, proporcionando o amortecimento das vibrações geradas no motor e transmissão, favorecendo o conforto do operador. Antes de iniciar o teste, nos pusemos a buscar quais seriam os pontos a salientar neste trator. Facilmente encontramos três: primeiro, a simplicidade para a fácil manutenção, pois tudo está preparado para operações simples, com poucas ferramentas e fácil acesso; segundo, ausência de eletrônica embarcada e, terceiro, a fácil operação, com comandos simples e acessíveis. Como forma de crítica construtiva, en-

A plataforma do trator repousa sobre coxins de borracha, proporcionando o amortecimento das vibrações geradas no motor e transmissão

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contramos uma posição inadequada da tomada de ar do filtro de ar, que posicionada sobre o capô dianteiro, em posição central e destacada, dificulta em alguns momentos a visão do operador. Tivemos informação de que já se estão realizando estudos para a utilização de pneus radiais no futuro, para atender mercados mais exigentes como, por exemplo a lavoura canavieira.

O trator que testamos tinha um motor Diesel, marca MWM turbo, modelo TD 229 Ec6 de seis cilindros em linha com 5.883 cm3 e 168cv (kW) de potência máxima com uma rotação nominal de 2.300rpm e um torque de 559Nm a 1.500rpm. Desta forma, aparece uma reserva de torque máxima de 9%. A bomba injetora de combustível que equipa este motor é a tradicional e confiável Bosch em linha.

TRANSMISSÃO A transmissão é um projeto desenvolvido pela marca Carraro para o fabricante de tratores Deutz. O sistema está perfeitamente compatibilizado entre a tração dianteira com diferencial central e a caixa de velocidades. Esta compatibilidade é imprescindível para otimizar o desempenho e evitar o Power hop,


“O trator pode ser vendido em versões, por exemplo, arrozeiro, plantio direto, cana” Fotos Charles Echer

O BX 6180 possui longarinas no chassi, que proporcionam maior rigidez ao conjunto, permitindo tração de cargas mais pesadas

As tampas laterais se deslocam completamente, o que facilita muito a manutenção do motor, dos filtros de ar e de combustível

Do outro lado do motor se tem acesso ao turbocompressor, à bomba injetora, ao compressor do arcondicionado e ao filtro e sedimentador do combustível

que são vibrações em freqüência, comuns nos tratores com eixo dianteiro motriz (TDA). Com este mesmo objetivo, se compatibilizam os “casais” de pneus, que neste trator eram o 24.5-32 R1 na traseira e 18.426 na dianteira, porém há outras opções. Partindo de uma embreagem de disco simples reforçado, apresenta-se uma transmissão de 12 velocidades à frente e quatro à ré, dividida em quatro marchas e três grupos, com sincronização. A distribuição das marchas é bem concentrada até os 14km/h existindo quatro marchas entre 5 e 10km/h, com o trator na rotação nominal.

outra para o restante do sistema. Como novidade, encontramos a possibilidade de que o módulo do sistema hidráulico de três pontos pode ser retirado para uma determinada versão, pois principalmente na região Centro-Oeste há demanda de utilização de tratores só com barra de tração. Vimos que ainda no sistema hidráulico há um interessante sistema de sensibilidade do hidráulico de três pontos mecânico regulável, na parte traseira do trator. O sistema hidráulico de três pontos é de categoria II, com uma capacidade máxima de 4.000kg e possui controles de posição, transporte e reação. O sistema auxiliar (controle remoto) para implementos é duplo, com diferenciação de entrada e saída com diferentes cores, atendendo à tendência mundial normalizada, para evitar equívocos no momento do acoplamento.

1.000rpm (a 2.000rpm do motor), com 6 e 21 estrias, respectivamente, em um eixo de 35 mm de diâmetro. O acionamento é eletro-hidráulico desde o painel do trator. Envolvendo a TDP há uma proteção do tipo escudo, que é altamente recomendada para evitarem-se acidentes, principalmente com membros inferiores dos operadores.

SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico tem uma bomba exclusiva para o sistema de três pontos e

TDP, BARRA DE TRAÇÃO, FREIOS Os discos de freio deste modelo são colocados na carcaça do semi-eixo traseiro e banhados com o mesmo óleo do sistema de transmissão. A regulagem da bitola é feita pelo ajuste da posição do disco e do aro dianteiro e na traseira por uma flange móvel que se ajusta ao eixo. A tomada de potência é de acionamento independente, por uma embreagem multidisco em banho de óleo e duas opções de rotação, 540rpm (a 2.030rpm do motor) e

ADAPTAÇÃO DO TRATOR AO TRABALHO Segundo informações dos técnicos da empresa é meta nos projetos dos tratores grandes não ultrapassar uma relação peso/ potência de 56kg/cv. Neste caso o 6.180 tem 52kg/cv com o trator com lastros suplementares. Especificamente no mercado brasileiro de prestação de serviço, principalmente na cana, os itens de maior importância são: manutenção com economia e baixa freqüência, baixo consumo de combustível e possibilidade de lastragens para adaptação do trator aos trabalhos pesados. O prestador, pelo conhecimento e maior utilização, acaba sendo o usuário que melhor utiliza o trator, pois “arredonda” a máquina de acordo com sua necessidade específica.

ACESSÓRIOS OPCIONAIS O painel, dentro da proposta do projeto, é muito simples, com apenas três instrumentos, tacômetro com horímetro, medidor de nível de combustível e termômetro da água do sistema de arrefecimento da

Tabela 2 - Implementos recomendados para o trator Agrale BX 6180 Semeadoras de soja Semeadoras de algodão Semeadoras de milho Grade Subsolador Subsolador Grade Carreta transbordo

Implementos grãos e algodão 15 linhas com facão (articulada), 13 linhas para PD de soja. Com disco duplo 22 linhas em convencional. 13 linhas de semeadura 11 linhas de milho 20 x 28 ou 16 x 32 (34) 9 hastes. Implementos Cana 4 a 5 hastes 16 x 34 10 toneladas líquidas mais 20 toneladas de carga.

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Fotos Charles Echer

O sistema de transmissão Carraro está perfeitamente compatibilizado entre a tração dianteira com diferencial central e a caixa de velocidades

temperatura. Na lateral deste painel, temos o acelerador manual. Ao lado do assento do operador, um pouco mais à frente, duas alavancas de câmbio, para velocidade e regime de trabalho. Verificamos, neste modelo a montagem de uma cabina, que é opcional, um projeto da empresa Implemaster de Tapejara (RS). Avaliamos como um bom estilo, mas que poderia ser melhorada funcionalmente. Este modelo não é equipado com o arco de proteção contra os efeitos do capotamento (EPCC). Talvez este seja um dos itens a melhorar nestes modelos, pois é reconhecida a vantagem desta estrutura em caso de acidentes, comuns na agricultura. O 6180 é vendido originalmente na cor verde, sendo opcional, o vermelho. Os modelos Standard vêm equipados com teto solar, ferramentas e farol traseiro regulável. Entre tantos os comandos mecânicos destaca-se o estrangulador elétrico, diretamente na chave.

TEST DRIVE O Test Drive foi conduzido com uma plantadeira de nove linhas, com sulcador de

disco e facão e que estava regulada para trabalhar entre 10 e 15cm de profundidade. Fizemos trajetos longos em uma parcela, com as devidas manobras de cabeceiras. Durante o percurso tratamos de provocar um trabalho resistente, deixando a semeadora livre para aprofundar seus sulcadores, o que provocou a imediata resposta do motor MWM, que mesmo com pouco ruído mostrou sua reserva de torque. Foi bastante positiva a nossa avaliação quanto à resposta do conjunto em trabalho. Nas manobras, notamos o bom raio de giro deste trator, a eficiente direção de acionamento hidrostático e a

resposta rápida do sistema hidráulico, durante as elevações dos implementos nas manobras. Enfim, um bom conjunto que poderia inclusive ser incrementado, nas condições testadas com a adição de duas linhas de semeadura, sem problemas.

CONCLUSÃO Em forma de conclusão, a nossa avaliação foi altamente positiva. O trator Agrale modelo 6180 atende à proposta para a qual a empresa está trabalhando. É um trator simples, com facilidade de operação e manutenção, com grande acessibilidade aos pontos de manutenção e com comandos simples e, pela nossa observação, bastante eficazes. Não há como negar que haverá um bom mercado para este modelo, entre os agricultores que buscam o que ele oferece e se propõe. Um bom motor, uma transmissão suficiente, enfim, um conjunto harmônico. Os principais pontos fortes que destacamos são: .M acessibilidade e simplicidade. José Fernando Schlosser, Nema/UFSM

O painel é simples e tem três instrumentos, tacômetro com horímetro, medidor de nível de combustível e termômetro da água do sistema de arrefecimento

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Bahia Farm Show

Consolidação Com Com nova nova apresentação, apresentação, Bahia Farm Show consolida a feira de Luis Eduardo Magalhães Magalhães como como oo maior maior evento evento de de tecnologia tecnologia agrícola agrícola da da Bahia Bahia

C

om cenário agrícola novamente favorável, a cidade de Luis Eduardo Magalhães, no oeste baiano, realizou a primeira edição da Bahia Farm Show, Feira de Tecnologia Agrícola e Negócios, promovida pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), Associação Baiana dos produtores de Algodão (Abapa), Fundação Bahia, Associação dos Revendedores de Máquinas e Implementos Agrícolas do Oeste da Bahia (Assomiba) e Prefeitura Municipal de Luis Eduardo Magalhães. Os negócios e propostas da primeira edição foram R$ 250 milhões, ante os R$ 210 milhões da edição anterior, quando a feira estava sob o organização Agrishow. O público de mais de 26 mil visitantes também superou a expectativa dos organizadores. Entre eles, investidores de diversas partes do mundo visitaram a feira em busca de informações, particularmente o cerrado baiano. Entre os investimentos anunciados durante o evento, destaca-se a Conab, a qual investirá R$ 25 milhões para a construção de um complexo de armazenagem com capacidade para estocar 50 mil toneladas de grãos no município, além do Grupo São Braz, da Paraíba, que assinou um protocolo de intenções para a construção de uma fábrica em Luis Eduardo Magalhães. A pecuária também foi responsável por uma grande fatia no volume de negociações, batendo

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na casa dos R$ 2 milhões, superando em 70% a edição anterior. O estande da agricultura familiar teve destaque especial. Além de todo o empenho das lideranças locais em levar tecnologia ao pequeno produtor, foi feito o lançamento mundial da Bio Campact. primeira usina móvel de biodiesel do Brasil. Para Humberto Santa Cruz Filho, Presidente da Bahia Farm Show o evento bateu recorde em todos os sentidos. A comissão organizadora teve seis meses para que “o sonho ganhasse corpo e virasse realidade”, explica. O primeiro veio o desafio foi criar uma nova marca, apresentá-la ao público e convencer o

mercado, os governos e as entidades a apostar no nosso projeto. “De concreto, apenas a certeza de que não partiríamos do zero: uma região que se fez em menos de duas décadas, chegando ao status de grande fronteira agrícola nacional, tem muito o que mostrar e nenhuma vitrine pode ser melhor uma grande feira”, garante Humberto. Ele garante ainda que a feira é apenas um um pequeno detalhe, pois o Complexo Bahia Farm, numa área de 200 hectares está sendo estruturado para concentrar todas as pesquisas e experimentos conduzidos pela Fundação Bahia ao longo do ano, favorecendo o trabalho do pesquisador e a potencialização dos resultados. Estão sendo construídos junto ao parque

Produtores baianos conheceram a Module Express da Case IH, que colhe e enfarda o algodão

Usina Móvel de Biodiesel, da empresa Química Fina, foi um dos destaques da feira


“O público de mais de 26 mil visitantes também superou a expectativa dos organizadores ” organizadores”

O subsolador Stac, para tratores de grande porte, foi a atração no estande Civemasa

um Centro de Pesquisa e Difusão de Tecnologia Agrícola, refeitórios, aposentos e uma escola técnica profissionalizante, com previsão de conclusão das obras ainda neste ano, num valor estimado em R$ 7 milhões.

DESTAQUES DA FEIRA O evento chamou a atenção dos produtores da região por causa do grande número novidades que foram apresentadas no parque.

BIO COMPACT A empresa Química Fina lançou a primeira Usina Móvel de Biodiesel do Brasil, a Bio Compact. De fabricação nacional foi desenvolvida para atender pequena e média produção de biodiesel. Possui baixo custo de manutenção e pode ser operado por um único técnico. O equipamento tem peso inferior a 2,5 mil kg. Sua capacidade de produção é acima de 2 mil litros em oito horas de trabalho.

MODULE EXPRESS 625 A concessionária Max, represente da Case IH em Luis Eduardo Magalhães lançou oficialmente durante a Bahia Farm Show a Module Express 625. É um novo conceito de colhedora, que resumo o processo de colheita do algodão para duas etapas: colheita e transporte para beneficia-

A Green Horse apresentou seus tratores, voltados para a agricultura familiar

A John Deere destacou suas linhas de tratores para agricultura de grande porte e também agricultura familiar

mento, uma vez que a máquina colhe e enfarda o algodão na própria colhedora. Essa redução de etapas siginfica também redução nos custos de produção da cultura.

CIVEMASA A Civemasa lançou na Bahia Farm Show o subsolador Stac, de 15 e 17 hastes para tratores de 300 e mais cv, além dagrade aparadora CAPRC, de 28,30,32 e 34 discos com espaçamento de 360 mm, com disco de 34” para tratores acima de 300 cv. E ainda destacou a GIRC, grade intermediária de 48 a 52 discos de 28” x 7,5 mm, com espaçamento entre discos de 270 mm.

JOHN DEERE A Agrosul, concessionária John Deere na região, com sede em Luis Eduardo Magalhães, e filias em Bom Jesus, Piauí, em Barreiras, Bahia, em Roda Velha na município de São Desidério, Bahia, e Correntina na Bahia, foi um dos mais expressivo estandes da feira, destacando toda a linha de produtos da empresa, para o cultivo de grãos e algodão.

GREEN HORSE A Agrivendas, revenda da Green Hor-

se na região de Luis Eduardo Magalhães, apresentou sua linha de tratores durante o Bahia Farm Show. Segundo o diretor da empresa, Valdecir Schlosser, os tratores apresentaram excelente desempenho nos cafezais, pela potência e economia.

NEW HOLLAND As revendas New Holland, Justi Tratores, Goias, e Gasparetto Tratores, Bahia, destacaram durante o Bahia Farm Show os tratores da linha T 7000, com os modelos T 7060 e T 7040 com potência acima dos 200 cv e específico para grandes extensões de terra, como é o caso da região de Luis Eduardo Magalhães.

MASSEY FERGUSON A Massey Ferguson destacou seus tratores de grande porte, também destinados ao trabalho em grandes jornadas, como o 6360 HD e o MF 8480, ambos com uma grande gama de tecnologia embarcada e muita potência. Os produtores da região puderam conferia as novidades com o pessoal da Jaraguá, revenda regional Massey Ferguson. .M

As linhas pesadas da Massey Ferguson foram os destaques da empresa na feira

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adaptações

Fotos Ulisses Benedetti Baumhardt

Tecnologia agrícola contra a dengue Tecnologia Tecnologia de de aplicação aplicação de de inseticidas inseticidas aa ultrabaixo ultrabaixo volume volume no no combate, combate, geralmente geralmente utilizada utilizada na na agricultura, agricultura, torna-se torna-se opção opção para para controlar controlar oo mosquito mosquito da da dengue dengue nas nas cidades. cidades. Mas Mas pode pode ser ser utilizada utilizada também também nas nas fazendas fazendas ee instalações instalações agrícolas agrícolas para para controle controle de de outros outros insetos insetos

A

tualmente, o Brasil enfrenta sérios problemas na saúde pública, ocasionados pelas doenças transmitidas por mosquitos, como é o caso da dengue. Segundo dados da Secretaria da Vigilância Sanitária, de janeiro a abril deste ano já ocorreram cerca de 130 óbitos, com mais de quatro mil casos confirmados. A necessidade de controle químico da forma adulta dos mosquitos se torna indispensável nas situações de epidemias, quando o desejável é reduzir rapidamente a população destes vetores. Assim sendo, serão abordados os fatores de influência no sucesso deste processo (Figura 1), denominados como aplicação espacial a ultrabaixo volume.

O PRODUTO Os inseticidas utilizados para este tipo de controle dependem da espécie do mosquito alvo. A Organização Mundial de Saúde indica os produtos adequados conforme o modo de aplicação, como também, as suas doses de ingrediente ativo por hectare (Tabela 1). Atualmente são disponibilizados produtos com dois princípios ativos diferentes, os piretróides e os organofosforados. No início das aplicações a ultrabaixo volume no Brasil, o veículo mais utilizado era óleo vegetal refinado, com a mesma qualidade dos óleos para consumo humano, no entanto, houve o aperfeiçoamento dos insetici-

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das, permitindo que hoje seja empregada a água, ainda mais eficaz e segura para a população.

ECOLOGIA DO ALVO A exemplo da pulverização no controle de pragas agrícolas, é muito importante conhecer as características peculiares do alvo que se pretende controlar, assim como a sua interação com o meio em que vive, como os horários de agita-

ção na busca de alimentação, os locais de repouso entre outros. O estudo destes fatores é essencial para a determinação da dimensão ideal de gota a ser gerada, bem como o momento correto da aplicação. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o diâmetro de gota eficiente para o controle de mosquitos situa-se entre 10 e 30 µm, tamanho que permite sua suspensão no ar por um

Figura 1 – Fatores de influência no sucesso da aplicação espacial a ultrabaixo volume – UBV


“O monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar ar,, bem como a velocidade e direção do vento se tornam muito importantes, visto que o tamanho reduzido das gotas facilita a evaporação e a deriva ” deriva” Tabela 1 - Inseticidas utilizados na aplicação espacial em ultrabaixo volume no combate ao mosquito Inseticidas Fenitrothion Malathion Pirimiphos-methyl Bioresmethrin Cyfluthrin Cypermethrin Cyphenothrin d,d-trans-Cyphenothrin Deltamethrin D-Phenothrin Etofenprox Cyhalothrin Permethrin Resmethrin

Grupo químico Organofosforados Organofosforados Organofosforados Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides Piretróides

Doses de ingrediente ativo (g/ha) 250–300 112–600 230–330 5 1–2 1–3 2–5 1–2 0.5–1.0 5-20 10–20 1.0 5 2–4

determinado tempo, em função de seu peso, permitindo que possam flutuar e atingir o corpo dos mosquitos. Para se ter uma idéia, nas aplicações para combate a pragas agrícolas, o tamanho da gota varia de 50 a 200µm. Como Aedes aegypti é ativo durante o período do dia, com picos de atividades de vôo durante a manhã e a tarde, a pulverização deve ser realizada no amanhecer, antes da temperatura se tornar muito elevada, e ao anoitecer, horários que permitem condições climáticas favoráveis ao tratamento do ambiente.

EQUIPAMENTO O equipamento utilizado para o controle químico dos mosquitos adultos é denominado de nebulizador, pois gera gotas abaixo de 50µm de diâmetro, formando uma espécie de “nuvem”. Basicamente, a formação destas gotas ocorre através do contato do líquido com uma corrente de ar, permitindo utilizar um baixo volume de calda (produto formulado) em grandes áreas, fato que nomeia o processo em ultrabaixo volume, mais popularmente conhecido como UBV. Até o momento, são empregados dois tipos de nebulizadores nos planos de controle, o UBV pesado, no qual o equipamento é alocado sobre caminhonetas, e o costal motorizado, que também é utilizado na agricultura para combate a pragas e doenças, mais corretamente chamado de atomizador, pois pode gerar gotas maiores que 50µm. Os UBV’s pesados possuem princípio de funcionamento similar ao dos portáteis, onde uma fonte de potência, geralmente um motor a combustão, fornece energia mecânica a um soprador, que por sua vez, gera uma vazão de ar responsável pela quebra do líquido formulado. Este fluido é previamente conduzido do reservatório por uma bomba dosadora até o

Classificação toxicologica II III III U II II II NA II U U II II III

bocal nebulizador, local onde ocorre o encontro do produto formulado com o ar. A particularidade entre os equipamentos refere-se à capacidade operacional, onde o UBV pesado consegue atingir faixas de aplicação de até 50 metros, enquanto o portátil se limita a dez metros, dependendo das condições climáticas. Além do alcance, é necessário observar a vazão, que deve ser compatível com a velocidade de deslocamento, pois a quantidade de produto aplicado por área deve ser a mesma. É importante ressaltar que alguns equipamentos portáteis dispensam o uso de bomba dosadora, pois o fluido se desloca pela própria ação da gravidade.

APLICAÇÃO A nebulização no controle dos mosquitos segue o princípio básico de qualquer outra, para que o processo se torne eficiente a gota deve atingir o alvo. Desta forma, o local onde se pretende aplicar tem forte influência no controle. Em estudos realizados no estado de Minas

Atomizador costal motorizado, equipamento usado em pomares, que também é utilizado no controle ao Aedes Aegypti

Gerais em 2007, com nebulizadores montados sobre veículos, verificou-se através de ensaios biológicos, que as gaiolas posicionadas em locais abertos apresentaram maiores índices de mortalidade comparadas com as colocadas no interior das casas. Nestas últimas, também foi possível perceber diferenças significativas quanto à presença de janelas e portas fechadas. Estas barreiras físicas podem ser classificadas em dois tipos, as naturais como árvores e jardins, e as artificiais que são muros, paredes, portas, janelas, entre outros obstáculos que se encontram na trajetória da gota ao alvo “mosquito”.

FATORES CLIMÁTICOS Assim como na agricultura, o processo de aplicação espacial de inseticidas para o controle de mosquitos exige as mesmas observâncias dos fatores climáticos. O monitoramento da temperatura e umidade relativa do ar, bem como a velocidade e direção do vento se tornam muito importantes, visto que o tamanho reduzido das gotas facilita a evaporação e a deriva. Esta última é desejável em certos limites, o necessário

Nebulizador alocado sobre caminhonete, popularmente conhecido como UBV pesado

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Figura 3 - Condições ideais de direção do vento em relação ao deslocamento do veículo no processo de nebulização do ambiente

Figura 2 – Componentes dos equipamentos (a) nebulizador “UBV pesado” e do (b) atomizador costal motorizado

Fonte: (WHO, 2003)

dade da aplicação.

EFICIÊNCIA NO PROCESSO

Divulgação

para que elas atinjam a faixa máxima de aplicação do equipamento, indicada pelo fabricante. Para tanto, são préestabelecidos velocidades de vento aceitáveis, compreendendo a faixa entre 3,6 a 15km/h, como também, o ângulo formado pela direção do vento e a faixa de deslocamento do veículo, que não podem ser inferiores a 25° (Figura 3). Normalmente, o combate espacial aos mosquitos é realizado em estações chuvosas, visto que eles necessitam de água para completar o seu ciclo reprodutivo (ovo, larva, pupa e adulto), fato que contribui às melhores condições de aplicação, baixa temperatura, alta umidade relativa do ar e, geralmente, baixa velocidade do vento. O horário de aplicação ideal para a nebulização é na parte da manhã, onde o solo, que é inicialmente aquecido pelo sol, começa a refletir o calor para as camadas mais próximas do ar, formando um gradiente térmico conforme a altitude, porém, ainda proporcionando uma faixa ideal de aplicação, com baixa temperatura do ar. O mesmo ocorre ao anoitecer, quando o solo começa a perder temperatura, conseqüentemente, iniciando o processo de resfriamento

Ulisses, Airton e Vilnei mostram as vantagens do equipamento adaptado para o controle do mosquito da dengue nas cidades

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(1) Tanque químico; (2) Soprador; (3) Motor de combustão interna (2 tempos); (4) Tanque de combustível; (5) Bocal de atomização UBV.

do ar, possibilitando o início da execução do trabalho com eficiência.

TAXA DE APLICAÇÃO A vazão da bomba de formulação deverá ser compatível com a velocidade de deslocamento, a fim de permitir a dose correta de ingrediente ativo por hectare que é fornecida pelo fabricante. No entanto, é necessário ter o cuidado de realizar a regulagem, pois conforme aumenta a vazão, surge a necessidade de ser corrigida a pressão do ar, de modo a gerar o tamanho de gotas ideal. Caso isto não ocorra, a gota ficará maior ou menor, resultando na redução do tempo de flutuação ou em uma rápida evaporação. Para estas regulagens, os fabricantes fornecem tabelas baseadas em testes para o correto ajuste da pressão, observada em um manômetro instalado na tubulação do bocal nebulizador.

Ulisses Benedetti Baumhardt, Airton dos Santos Alonço, e Vilnei de Oliveira Dias, UFSM

OPERADOR O treinamento do operador é crucial para atingir uma melhor qualidade no processo. Atualmente, dois operadores são responsáveis por cada equipamento UBV pesado, sendo um o motorista e o outro o encarregado pela calibração do equipamento, assim como, comandar o acionamento da bomba de formulação. O motorista deve manter a velocidade de deslocamento constante de acordo com a regulagem da bomba de formulação, normalmente em torno de 10km/h para uma vazão de 209ml/min. Como no Brasil ainda não foram adquiridos equipamentos com sensores que realizam este ajuste automaticamente, conforme a velocidade é alterada são empregadas diferentes quantidades de produto químico por área, ficando a cargo do operador a uniformi-

Ulisses Benedetti Baumhardt

(1) Tanque de inseticida; (2) Tanque de líquido de limpeza; (3) Válvula seletora de fluxo; (4) Bomba dosadora (formulação); (5) Bocal nebulizador; (6) Filtro de ar; (7) Soprador (vazão de ar a baixa pressão); (8) Motor de combustão interna (diesel ou gasolina)

A eficiência do processo sugere a necessidade de maiores estudos e incentivos em busca de aperfeiçoamento de equipamentos, produtos e procedimentos operacionais mais técnicos, onde o argumento norteador é a baixa penetração das gotas no interior das casas, fato que viabiliza a utilização do UBV portátil. O ponto contrário ocasiona em uma baixa capacidade operacional (área pulverizada/tempo), necessitando elevar o número de equipamentos para tratar áreas grandes dentro do período recomendável. O mesmo processo de evolução ocorreu com as tecnologias de aplicação focadas às lavouras, que já há algum tempo contam com máquinas específicas para aplicação, como é o caso dos pulverizadores autopropelidos, que proporcionam condições mais favoráveis ao sucesso do processo. Entretanto, sabe-se que para atingir a máxima eficiência foi necessário um entendimento de todos os fatores envolvidos. O mesmo deverá ocorrer no controle ao mosquito, visto que as perspectivas não são positivas e a gravidade se torna evidente, pois abrange um .M fator único, a vida humana.

Caminhonete equipada com nebulizador. Tecnologia para agricultura, aplicada na cidade


sistema hidráulico

Terceiro ponto Saiba exatamente como funciona o sistema de três pontos do trator

Engate de três pontos, com hidráulico, é um dos sistemas mais importantes do trator

sistema hidráulico tem a função de sustentar o implemento, quando o mesmo está elevado para que o trator se desloque e, através dos niveladores (ver item seguinte) abaixar o implemento para dar início à operação. Os braços niveladores ou braços superiores do hidráulico sustentam e permitem a regulagem transversal do implemento. Eles possuem duas posições: uma fixa e outra variável, sendo que a maioria dos implementos utiliza a posição fixa.

SISTEMA DE TRAÇÃO

S

endo um equipamento padrão nos tratores agrícolas de rodas, o Sistema de Engate de Três Pontos com acionamento hidráulico pode ser considerado um dos sistemas mais importantes do trator, pois transmite aos implementos, na maioria dos casos, a potência necessária à execução das tarefas agrícolas. Entenda como o sistema funciona. O terceiro ponto, ou seja, o braço superior do equipamento, faz a ligação da torre do implemento com a viga de controle do sistema

hidráulico. A grande vantagem desse sistema é que com ele o trator pode tirar o máximo proveito da força do solo sobre o implemento e da força da gravidade sobre a massa deste para melhorar a tração. O estabilizador, como o nome já diz, ou conjunto estabilizador telescópico, é o item responsável pela estabilidade lateral do implemento. Ele possui regulagens que ajustam e centralizam o implemento em relação à linha de tração do trator. Já a barra do levante ou braço inferior do

O Sistema de Tração é composto por barra de tração e chassi. A barra de tração é utilizada para tracionar os implementos ou carretas que auxiliam o trabalho no campo. A boa utilização do componente implica em bom desempenho na tração do trator e um ótimo aproveitamento da potência. A variação da potência dos tratores implica na geometria da peça dividida em categorias. O chassi ou suporte do conjunto de tração é constituído por chapas que são unidas por solda, que, agregado ao trator por elementos de fixação, possibilita a ligação da barra de .M tração ao mesmo. Marcelo Abreu, Tuzzi

Componentes do sistema de tração

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pneus

Fotos Técnica 4x4

Cuidando dos pneus Cuidar dos pneus do seu 4x4 é uma exigência, já que os terrenos abordados geralmente são cheios de surpresas

O

s pneus são as botas de seu 4x4, prontas para pisar em qualquer lugar com determinação. O cuidado que você terá com a manutenção destes importantes componentes de seu veículo vai lhe representar segurança e economia, veja algumas recomendações que a DPaschoal e a Goodyear fazem para você: 1) calibre a pressão dos pneus regularmente. Você sabia que pressão pode cair até dez libras em um mês? Portanto faça a aferição com no mínimo 15 dias de intervalo. Os piores inimigos do pneu são a pressão baixa ou em excesso. A baixa pressão causa desgaste nas laterais da banda de rodagem e aumenta o consumo de combustível, isto porque aumenta a resistência de rodagem pelo atrito dos pneus com o pavimento. A pressão excessiva provoca a concentração do peso do carro no centro da banda de rodagem, o que também provoca desgaste irregular além de deixar o carro duro e sacolejante demais em estradas de terra e trilhas. Neste caso a performance em lama vai ser prejudica-

da e o veículo poderá escorregar com mais facilidade; 2) não esqueça de fazer o balanceamento, saiba que a trepidação causa desgaste dos pneus e da suspensão, além de provocar o cansaço desnecessário do motorista. O balanceamento sempre deve ser feito quando o pneu é montado pela primeira vez, após algum reparo ou quando se percebe vibração anormal no volante e pelo menos uma vez ao ano. É possível a perda do balanceamento após a travessia de trilhas com muita lama e pedras. Limpe os pneus retirando a lama após a trilha. O barro tira todo o balanceamento dos pneus; 3) em deslocamento o peso de um veículo não é distribuído regularmente para os quatro pneus, razão pela qual é necessário o rodízio em determinados períodos. Para manter o bom desempenho dos pneus radiais de seu veículo você deve providenciar o rodízio a cada dez mil quilômetros rodados e se o carro faz muita trilha reduza o período para cinco mil quilômetros. Veja o diagrama e aplique as regras conforme seu modelo de veículo. O primeiro rodízio é o mais importante. Verifique o alinhamento de seu 4x4 e as condições dos amortecedores, das buchas de suspensão, das molas e se existe folga na caixa de direção, tudo isto tam-

Após trilhas com barro e pedras, possivelmente será necessário um novo balanceamento dos pneus

bém provoca desgaste irregular dos pneus diminuindo a vida útil; 4) os pneus estão gastos? Para saber se é hora de trocar os pneus de seu 4x4, coloque uma régua entre os sulcos e faça a aferição. Se a altura do sulco for igual ou menor que 1,6mm de altura é hora de trocar os pneus. Nunca negligencie os cuidados com os pneus, são eles que proporcionam o controle do veículo em off-road, nas ruas e estradas. Sua vida pode depender do bom estado deles. . M João Roberto de C. Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br

Esquema de rodízio de pneus radiais. (fonte: Goodyear/DPaschoal)

Um dos principais cuidados com os pneus refere-se à pressão adequada

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