Destaques Matéria de capa
Armazenagem A importância dos equipamentos de transporte de grãos
Piloto remoto
Ficha Técnica
Conheça os resultados do Test Drive com o Auto-Guide, piloto automático utilizado em tratores Massey Ferguson
Nesta edição, Cotton Blue 2805 da Montana e trator T3025-4 da Tramontini
Índice
16
08
12 e 24
Nossa Capa Charles Echer
Rodando por aí
04
Compactação de sementes
06
Transportadores de grãos
08
Ficha Técnica - Cotton Blue
12
Test Drive - Auto-Guide
16
Força de tração das semeadoras
21
Ficha Técnica - Trator T3025-4
24
Aviões agrícolas em incêndios
28
Bioenergia
31
Técnica 4x4
34
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br
Cultivar Máquinas Edição Nº 76 Ano VIII - Julho 2008 ISSN - 1676-0158
www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
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• Direção
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Gilvan Queved o Quevedo • Revisão
Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid • Design Gráfico e Diagramação
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• Coordenação Comercial
Charles Ech er Echer • Comercial
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
John Deere O novo trator cafeeiro 5425N foi a grande atração da John Deere e da Minas Verde durante a Expocafé, em Três Pontas, Minas Gerais. A exposição foi realizada na Fazenda Experimental da Epamig
Yanmar Agritech O estande da Yanmar Agritech esteve movimentado durante a 15ª edição da Hortitec. Pedro Cazado Lima Filho, gerente de Pós-vendas e Marketing, destacou a boa participação da marca no segmento produtivo de hortaliças e frutas.
Tramontini A Tramontini Implementos Agrícolas aposta na expansão e no aumento de produção na temporada 2008/2009. Júlio Cercal, gerente comercial da empresa, estima que o Plano Safra Mais Alimentos, lançado pelo governo federal, impulsione entre 50% e 60% as vendas do setor. A fábrica, com sede em Venâncio Aires (RS), tem capacidade instalada para produzir aproximadamente 150 tratores e microtratores por mês. “E estamos investindo mais de R$ 3,5 milhões para a duplicação da oferta”, assinala. Nos últimos 12 meses a empresa comercializou mais de mil unidades de tratores. “Os investimentos para a ampliação, de 5,5 mil para os atuais 8,5 mil metros quadrados, e a projeção de chegarmos a 12 mil metros quadrados no primeiro trimestre de 2009, já estavam ocorrendo antes mesmo do anúncio do novo Plano Safra”, lembra Cercal.
Massey Valtra A Valtra participou da 9ª Feira de Agronegócios Coopercitrus (Feacoop), na Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro, São Paulo. A empresa apresentou toda a linha de tratores, colheitadeiras e plantadeiras da marca. Nas dinâmicas de campo os produtores puderam conferir também as inovações tecnológicas da Valtra e da Challenger para preparo do solo e trabalho em culturas como citrus e cana.
ISO 9001:2000 A Trator Soluções Agrícolas, revenda da Case IH, em Araras, São Paulo, acaba de obter ISO 9001:2000. A certificação, que objetiva o Sistema de Gestão da Qualidade, foi avaliada pela SGS e concedida pela Ukas, após um ano de trabalho para adequação às normas. Cursos, treinamentos e Oziel Oliveira palestras foram realizados durante 12 meses para habilitar os funcionários a realizarem os oito princípios da gestão da qualidade da ISO: focalização no cliente, liderança, envolvimento das pessoas, abordagem por processos, abordagem à gestão, melhoria contínua, tomadas de decisões baseadas em fatos e relação com fornecedores com benefícios mútuos.
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Os motores de todos os tratores e colheitadeiras Massey Ferguson estão aptos a funcionar com biodiesel na proporção de 20% (B20). Desde julho de 2008 a mistura obrigatória é de 3% (B3).
Responsabilidade social A Tuzzi, fabricante de peças automotivas e agrícolas, com sede em São Joaquim da Barra, São Paulo, investe em um moderno centro para tratamento dos efluentes de suas quatro unidades de negócios. A Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) da Tuzzi é modelo na região e orgulho para a empresa, que tem conseguido colocar em prática a minimização dos impactos ambientais através de ações como esta. “Contribuir com o meio ambiente não pode ser apenas um discurso. Para a Tuzzi nunca foi. Por isso, batalhamos muito para que nossa Estação estivesse devidamente de acordo com a Legislação e entrasse logo em funcionamento”, conta Alexandre Tuzzi, diretor industrial. A empresa acaba de adquirir, também, mais dois fornos de indução para a unidade de Forjaria. Ambos utilizam energia limpa e não causam danos ao meio ambiente.
Hortitec A John Deere participou da 15ª Hortitec, a maior feira de horticultura da América Latina, em junho, no município de Holambra, São Paulo. A empresa apresentou sua linha de tratores, com destaque para os modelos voltados à agricultura familiar.
Mais Alimento No dia 3 de julho, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva fez a entrega do primeiro trator do programa Mais Alimento ao produtor Fernando Kubota, de Brazlândia Incra (DF). A primeira unidade foi um trator Agritech 1175, produzido pela Agritech Lavrale, tradicional fabricante de tratores e microtratores para a agricultura familiar.
Agrale A Agrale se prepara para atender ao aumento da demanda que deve ser ocasionada pelo novo plano de incentivo à produção agrícola. A montadora participou, em Brasília, do lançamento do programa Mais Alimentos, com a exposição de seus tratores na Esplanada dos Ministérios. “O aumento no limite do financiamento vai possibilitar que uma parcela maior dos produtores rurais adquira o seu primeiro trator, com ganhos de produtividade e qualidade. A mecanização da agricultura familiar é fundamental para que a produção brasileira cresça e acompanhe a demanda por alimentos”, destaca Hugo Zattera, presidente da Agrale.
New Holland Coleta de solo A GeoTecno Soluções em Automação Agrícola, sediada em Santa Bárbara d’Oeste, São Paulo, acaba de lançar o Saci, equipamento que torna o trabalho de coleta das amostras de solo mais rápido e de maior qualidade. Portátil e alimentado por bateria, realiza a coleta com velocidade até dez vezes maior que a do método convencional, sem requerer grande esforço do operador. A qualidade da amostragem também é superior à obtida convencionalmente. A coleta é realizada sem contato manual com a amostra, os volumes retirados são padronizados e um dispositivo garante a profundidade certa.
A New Holland também participa do programa Mais Alimentos, com cinco modelos de tratores: TT3840 e TT3840F, de 55cv; TL60E, de 62cv; e TL75E e TL3880F, de 75cv. Os descontos negociados pelos fabricantes com o governo para este programa vão até 15% sobre os atuais preços médios das máquinas no mercado.
compactação
Cultivar
Fotos Haroldo Fernandes
Sob pressão Detalhe da unidade de semeadura com estrutura adaptada onde foi instalação da célula de carga
A criação de um ambiente ideal para a semente germinar passa pela escolha do modelo certo de roda compactadora e regulagem de pressão correta na hora do plantio
O
estabelecimento satisfatório das plântulas de uma cultura depende do ambiente proporcionado pelo solo. Inicialmente deve ser adequado à germinação da semente, posteriormente possibilitar a emergência da plântula e, finalmente, fornecer condições ao desenvolvimento da planta. Isso ocorre quando o solo proporciona um ambiente no qual a água, os nutrientes e o oxigênio estarão disponíveis satisfatoriamente. Durante a regulagem da semeadora, devese lembrar que o contato solo-semente é fundamental para a rápida emergência e o estabelecimento de plântulas da cultura, pois proporciona um caminho pelo qual a água e o oxigênio ficam disponíveis à semente. A carga aplicada sobre o solo por meio de
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e emergência. Importantes componentes das semeadoras são as rodas compactadoras e recobridoras que aplicam uma pressão lateral e sobre a linha de semeadura e recobrem o sulco melhorando o contato solo-semente. A leve compressão que deixa o solo sobre as sementes é suficiente, pois busca minimizar a formação de crostas, facilitando a emergência das plântulas. Dentro do contexto apresentado, faz-se necessário, portanto, conhecer os efeitos causados pela compactação do solo sobre o condicionamento do ambiente ao redor das sementes, visando proporcionar uma rápida emergência das plântulas e assegurar uma população adequada de plantas na área. O condicionamento físico do solo em torno das sementes é fundamental para o bom desenvolvimento inicial das culturas anuais e permite o estabelecimento do estande adequado de plantas. Estudos estão sendo realizados com objetivo de avaliar a relação máquina-solo-planta em ensaios de semeadura utilizando rodas compactadoras. Algumas culturas, como o milho, são bastante resistentes à compactação por essas rodas. Por exemplo, testaram combinações na
rodas compactadoras das semeadoras pode ser benéfica à germinação e à emergência das plântulas. Dependerá do nível da pressão, do desenho da roda, do teor de água do solo e das condições climáticas entre o período de semeadura
Célula instalada sobre as rodas compactadoras da semeadora para medir a carga aplicada sobre as mesmas
Wagner e Haroldo realizaram ensaio para avaliar os efeitos das diferentes pressões das rodas compactadoras na operação de plantio
“A leve compressão que deixa o solo sobre as sementes é suficiente, pois busca minimizar a formação de crostas, facilitando a emergência das plântulas”
Molas utilizadas para modificação da carga nas rodas compactadoras da semeadora-adubadora
cultura do milho, de três profundidades de semeadura com quatro níveis de compactação do solo sobre as sementes. Não houve influência desses fatores sobre o número médio de dias para emergência das plântulas, mesmo tendo aumentado a resistência mecânica do solo à penetração com a utilização de maiores pressões sobre a roda compactadora. Diversas pesquisas já concluíram que cargas aplicadas lateralmente e não acima da semente melhoram a emergência das plântulas. Em um determinado teste com um modelo de roda compactadora, alterou-se apenas as pressões de compactação, causando alteração de valores da densidade e temperatura do solo em relação à profundidade, ficando comprovado que a regulagem de pressão da roda compactadora sobre o solo provoca uma modificação do comportamento físico proporcionado à semente e às plântulas. Outros autores avaliaram a produção e a emergência de plântulas de soja para seis tipos de rodas compactadoras de semeadoras de precisão e de fluxo contínuo com diferentes pro-
fundidades de sementes. Para sementes em profundidade de 3,2cm e rodas compactadoras de 7,6 e 5,1cm de largura, utilizadas em semeadoras de fluxo contínuo, a emergência de plântulas foi mais rápida. Nesse estudo também ficou evidente que o tipo de roda compactadora mais estreita (2,5cm) elevou a resistência à penetração do solo, o que pode ter sido motivo para a apresentação de maior tempo para a emergência de plântulas. Observou-se que com rodas das semeadoras de precisão e profundidades de semeadura maiores, houve um maior tempo para a emergência das plântulas. No entanto, a produção da soja não sofreu influência para os tipos de rodas compactadoras avaliadas. Na cultura do feijão foi possível comprovar sensibilidade à compactação do solo. A influência de quatro diferentes modelos de rodas compactadoras na emergência do feijoeiro ficou evidente. Foram aplicados três níveis de compactação no processo de semeadura, que alterou o comportamento hídrico do solo na região de semeação, além de elevar a densidade
e a resistência à penetração no plano vertical da linha de semeadura. A porcentagem e a velocidade de emergência das plântulas de feijoeiro foram afetadas pelas pressões de compactação. À medida que a compactação aumentou, as plântulas tiveram sua emergência diminuída e retardada para todas as rodas testadas. Em outro estudo na cultura do milho testou-se influência da compressão do solo, associada à profundidade de semeadura, sobre o índice de velocidade de emergência e o crescimento inicial na cultura do milho. A compressão do solo pela roda compactadora da semeadora variou de 50 a 150N e a profundidade variou de 3cm a 7cm. Quanto maior a carga aplicada, maior foi o índice de velocidade de emergência à altura de plântulas. Nesse caso, a profundidade de semeadura não influenciou nos resultados. Os níveis de cargas aplicados ao solo pela roda compactadora podem ser conhecidos com fins experimentais, com a utilização de uma célula de carga, devidamente calibrada, acoplada às rodas compactadoras. A célula deve ser adaptada entre a estrutura de fixação da roda compactadora e o chassi da máquina, de modo que a carga aplicada seja transmitida para a célula. A carga quantificada pela célula é conhe.M cida através de um visor. Wagner Santos Gonçalves e Haroldo Carlos Fernandes, UFV Exemplo de roda compactadora de borracha e os principais modelos
Fases do plantio: abertura do sulco, colocação do adubo e da semente, fechamento do sulco e compactação
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transportadores de grãos
Grãos em movimento Divulgação
No sistema de armazenagem, os transportadores de grãos são elementos essenciais para remoção da massa na hora e velocidade certas
P
ara perfeita condução das finalidades de uma unidade armazenadora de grão, esta necessariamente deve contar com os seguintes elementos: (a) estruturas físicas: moegas, silos-pulmões, silos armazenadores ou graneleiros; (b) maquinários: secadores, máquinas de pré-limpeza e de limpeza; (c) transportadores. Assim, é possível operar o sistema conforme o fluxograma apresentado na Figura 1. Em que produtos provenientes das lavouras são recebidos sujos e úmidos e saem limpos e secos. Operacionalmente, para interligar as estruturas físicas e maquinários das unidades armazenadoras, faz-se necessário o emprego dos transportadores de grãos. E a função destes é movimentar a massa de grãos nas direções: vertical, horizontal ou inclinada. Para tanto, conforme representado na Figura 2, podem ser empregados equipamentos como: elevadores de caçamba, correias transportadoras, transportadores helicoidais, transportadores de correntes e transportadores pneumáticos.
ELEVADORES DE CAÇAMBAS O emprego dos elevadores de canevas aplica-se quando da necessidade de transportar a massa de grãos de uma cota inferior para uma cota superior, como é o caso de abastecimento de silos e secadores. Sob aspecto construtivo, os elevadores são dotados de caçambas fixadas sobre uma correia estendida entre duas polias posicionadas na vertical. As caçambas são fabricadas em formatos diferenciados a partir de materiais metálicos ou plásticos ou, ainda, metálicos com revestimento plástico. O uso de material plástico, polietileno, objetiva reduzir a ocorrência de danos mecânicos em grãos e sementes, como também da ocorrência de atrito entre as canecas e a estrutura de revestimento do equipamento. A minimização dos danos mecânicos traz por benefícios menores índices de grãos quebrados e trincados, o que propicia menor ocorrência de pó e de infestação de insetos e fungos durante a armazenagem. A polia superior dos elevadores, também denominada polia motora ou tambor motriz, tem por função tracionar a
Figura 1 – Fluxograma operacional básico de unidades armazenadoras de grãos
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“Operacionalmente, para interligar as estruturas físicas e maquinários das unidades armazenadoras, faz -se necessário o emprego dos transportadores de grãos ” faz-se grãos” Figura 2 – Modalidades de equipamentos transportadores de grãos
tenção preventiva, principalmente dos elevadores mais utilizados, por exemplo, os que abastecem e descarregam o secador. Cuidado especial deve ser tomado quando da necessidade de proceder soldagem. Isto devido ao riso de explosão. Portanto, antes de iniciar o procedimento abrir todas as janelas de inspeção para saída do pó acumulado.
CORREIAS TRANSPORTADORAS Correias transportadoras ou fitas transportadoras são equipamentos projetados para movimentar produtos no sentido horizontal. Mas, podem operar com inclinação de até 12o, o que afeta a Pino de regulagem do elevador Comil
Caçambas de polietileno GSI
correia com as canecas. O acionamento é feito por um motor elétrico que é acoplado por meio de correias ou um motor-redutor. Geralmente, junto ao tambor motriz, é montado um sistema de freio. Este tem por função evitar o retrocesso da correia de canecas cheias de produto. Isto pode ocorrer, por exemplo, na falta de energia elétrica. Assim, ocorre acúmulo de grãos ao pé do elevador, o que pode impossibilitar uma nova partida. Os sistemas de freios mais simples são o de catraca e o de cinta. A polia inferior, denominada polia tipo gaiolo, é montada em mancais deslizantes acoplados em parafusos, o que permite esticar e alinhar a correia, Figura 3. Durante a operação é importante inspecionar a ocorrência de manchas de aquecimento devido ao atrito das canecas ou da correia com as chapas de revestimento e observar a ocorrência de barulhos relativos ao atrito das canecas com a estrutura do transportador ou de parafusos soltos. Estes problemas podem gerar faíscas, que são causas de explosões ou incêndios. Os cuidados operacionais mais importantes são manter a correia adequadamente esticada; alinhar as canecas e a correia em relação às polias de acionamento e às do tipo gaiola, situadas ao pé do elevador; verificar o estado das canecas e substituir as danificadas; apertar os parafusos frouxos; limpar os pés dos elevadores, pois, o acúmulo de pó ou restos de produtos podem gerar gases tóxicos, como, também, propiciar a proliferação de pragas; ajustar as correias e verificar o estado delas e proceder à manu-
eficiência operacional. Estes equipamentos são constituídos por uma correia estendida entre o tambor motriz e o de retorno, e é apoiada sobre vários roletes. Para fins agrícolas são comercializados no Brasil equipamentos com capacidade de 30 a 320t/h. Junto ao tambor motriz é montado o motor elétrico, que é acoplado por meio de correias ou um motor-redutor; e o sistema mecânico para esticar a correia. Este sistema atua sobre os mancais que suportam o tambor de retorno, por meio de parafusos, ou um contrapeso atado a trilhos sobre os quais estão os mancais. A carga das correias transportadoras pode ser feita por meio de tremonhas ou calhas e estas podem ser fixas ou móveis. Assim, é possível receber o fluxo de grãos em várias posições ao longo do transportador. Quanto à descarga, esta pode ser na extremidade final ou em pontos intermediários por meio do carro de despejo. As correias transportadoras são apresentadas em diferentes configurações: (a) simples - conduz produto em único sentido; (b) reversível - transporta produtos em dois sentidos; (c) dupla – conduz produto em dois sentidos ao mesmo tempo; (d) blindada – quando a correia é montada envolta por caixa metálica. Na manutenção são recomendados: (a) verificar o estado da correia quanto a danos e cortes, nestes casos procure identificar a causa e reparar; (b) proceder ao alinhamento; (c) verificar o estado de rolamentos e mancais; (d) proceder à reposição de roletes danificados; (f) ajustar a tensão da correia. Pois, caso a correia esteja muito esticada, a vida útil é reduzida e danos ocorrem, principalmente, nos mancais e rolamentos dos tambores.
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Gran Finale
Transportador de corrente em duto circular (circuito fechado transportador de corrente (“granduto” Gran Finale))
Correia transportadora e transportador helicoidal
TRANSPORTADORES DE CORRENTE Transportador de corrente, também denominado redler, é aplicado ao transporte de produtos na horizontal ou em inclinações de até 40o, no entanto, a capacidade operacional decresce em 33%. Geralmente, nestes equipamentos, as correntes são montadas em calhas metálicas com formado retangular ou em “U”. Quanto aos tipos de palhetas fixadas à corrente, estas podem ser
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Fotos Comil
TRANSPORTADOR HELICOIDAL Transportador helicoidal, rosca sem-fim ou caracol, é utilizado nos transportes horizontal, vertical e inclinado. São freqüentemente empregados em descargas de: silos, máquinas de pré-limpeza e secadores. Podem apresentar sem revestimento ou instalados em calhas abertas e tubulares. Podem, ainda, ser fixos ou móveis quando são montados sobre rodas. Operacionalmente, são equipamentos muito versáteis, no entanto, não devem ser empregados em unidades de beneficiamento de sementes devido à alta probabilidade de ocorrência de danos mecânicos. Quando da manutenção preventiva devem ser verificados: estado dos rolamentos, alinhamento e estados do helicóide e da calha. Cuidados especiais devem ser dados na operação dos transportadores helicoidais, empregados na descarga final de silos com o fundo chato, chamada de rosca varredora. Em hipótese alguma o operador deve adentrar no silo quando este equipamento estiver operando. Isto para prevenir a ocorrência de acidentes como afogamento na massa de grãos e ferimentos pelo contato direto com o helicóide.
de madeira, metal ou polietileno. Estes equipamentos são empregados quando se deseja automatizar a abertura de registros e direcionamento de fluxos. O que pode ser feito por comandos elétricos a distância. Operacionalmente estes transportadores são empregados quando se quer movimentar o produto em pequenas diferenças de nível que não justificam o uso de elevadores. Quanto à manutenção, devem ser verificados o estado dos rolamentos, o alinhamento da corrente, o estado das palhetas e a vedação da calha. Uma outra modalidade de transportador de corrente, disponível no mercado brasileiro, é o transportador de corrente em duto circular, lançado com o nome comercial “Granduto”. Este transportador pode movimentar até 120 toneladas/hora e conduz produto nas direções vertical e horizontal. Assim, como
.M
“Em hipótese alguma o operador deve adentrar no silo quando este equipamento estiver operando”
meio de energia elétrica ou pela tomada de potência dos tratores, o que dá maior versatilidade, pois o equipamento pode ser empregado em vários locais. Outro tipo de emprego desse equipamento é na descarga de navios graneleiros. As principais desvantagens no uso dos transportadores pneumáticos são: alta potência de acionamento e ocorrência danos mecânicos aos produtos.
Elevadores de caçamba Divulgação
Comil
Transportador de corrente - Redler
CONSIDERAÇÕES FINAIS A seleção de qual é a melhor opção de transportador está atrelada aos seguintes quesitos: o leiaute da unidade armazenadora; a intensidade dos fluxos de produto, o que é normalmente determinado pelos secadores, e a qualidade do material empregado na fabricação. Na atualidade prima-se também por questões como: a facilidade de autolimpeza interna, ou seja, depois de processado um tipo de produto, o equipamento pode ser empregado para o transporte de outro produto sem a ocorrência de mistura, e a adoção de configuração externa que evite o acúmulo de pó em posições de difícil acesso. Isto é importante na prevenção de ocorrência de explosões e na condução das práticas de Manejo Integrado de Pragas – MIP que estão fundamentadas na sanitização de ambientes de tal forma a evitar a proliferação de insetos e fungos. Por fim, pelo fato de os transportadores serem equipamentos eletromecânicos, é imprescindível a adoção de programas de manutenção preventiva para que, no momento da safra, uma simples correia ou um rolamento venha trazer transtornos que causem desperdícios de tempo e dinheiro, bem como .M estresse em operadores e usuários.
demonstrado na figura abaixo um mesmo equipamento substitui o emprego de outros dois: o elevador de caçambas e a correia transportadora.
TRANSPORTADORES PNEUMÁTICOS
Luís César da Silva, Ufes
Gran Finale
São equipamentos versáteis que pos-
Detalhe da palheta do transportador de corrente em duto circular
sibilitam o transporte de produto nas direções vertical, horizontal e inclinada. O princípio de funcionamento está no emprego de um fluxo de ar de alto valor, que possibilita o arraste da massa de grãos. Desta forma, o equipamento conta com ventilador responsável pela manutenção do fluxo de ar. De tal forma que no local de alimentação o fluxo de ar tem pressão negativa, a modelo do aspirador de pó doméstico. E no ponto de descarga é empregado um ciclone. Os transportadores pneumáticos em nível de fazenda podem ser acionados por
Auger Vac
Transportador pneumático
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Cotton Blue 2805
Cotton Blue 2805 A primeira colhedora de algodão da Montana, é também a primeira do gênero projetada e fabricada no Brasil. Com cinco unidades de colheita e motor de 280cv a Cotton Blue 2805 já está trabalhando nas lavouras brasileiras
A
colhedora de algodão Cotton Blue 2805 é o mais novo lançamento da Montana, empresa tradicional na área de pulverizadores agrícolas, que agora ingressa no segmento de colheita de algodão. A idéia surgiu em meados de 2004, com o objetivo de desenvolver e produzir a primeira colhedora de algodão fabricada no Brasil, tornandose o terceiro fabricante mundial desse tipo de equipamento. O projeto foi bastante ambicioso principalmente do ponto de vista da engenharia. O projeto levou quatro anos para ser concluído. O lançamento oficial da Cotton Blue 2805 aconteceu na Agrishow Ribeirão Preto 2008. A primeira colhedora de algodão nacional chegou ao mercado brasileiro com características de boa distribuição de peso e facilidade de manutenção. Apresentamos a seguir as ca-
racterísticas técnicas de cada subsistema.
UNIDADES DE COLHEITA São cinco unidades de colheita dispostas em duas plataformas independentes. Uma com três corpos e outra com dois. As unidades são do tipo fusos e desfibradores, compostas por dois rotores em linha, com 12 barras de 18 fusos cada. Os rotores contêm colunas de umidificação articuláveis, compostas por escovas de poliuretano, bem como os desfibradores. Os fusos possuem camada de cromo de 90 mícrons, que assegura a durabilidade em colheitas prolongadas como as do Brasil. O movimento lateral das unidades é feito de forma manual. O sistema copiador de terreno é composto por sensores eletrônicos de ângulo e válvulas de comando proporcionais, que garantem um
movimento preciso e bastante suave ao conjunto, reduzindo consideravelmente os impactos na estrutura do equipamento. Além disso, o sistema com sensores eletrônicos reduz consideravelmente o número de mangueiras e válvulas hidráulicas, diminuindo a probabilidade de falhas. O sistema ainda conta com regulagens de altura e sensibilidade do copiador de dentro da cabine. O equipamento conta com monitores individuais de embuchamento e limitadores de torque. A colhedora possui a bordo um sistema de lubrificação das unidades de colheita com memória elétrica. As placas de pressão possuem um desenho exclusivo que permite reduzir significativamente as perdas de algodão no campo.
TRANSPORTE DO ALGODÃO O algodão é transportado das unidades de colheita para o cesto de armazenagem através
As unidades de linha são do tipo fusos e desfibradores, compostas por dois rotores em linha, com 12 barras de 18 fusos cada
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“A idéia surgiu em meados de 2004, com o objetivo de desenvolver e produzir a primeira colhedora de algodão fabricada no Brasil, tornando -se o terceiro fabricante mundial desse tipo de equipamento. ” tornando-se equipamento.” Fotos Montana
de um sistema de fluxo de ar induzido, por meio de uma turbina centrífuga única. Os dutos das unidades 1, 4 e 5 são de polietileno e os dutos 2 e 3 são de chapa de aço. O sistema de ar possui uma alta eficiência devido à descarga da turbina estar localizada próxima às entradas dos dutos de transporte e em posição bastante favorável, reduzindo consideravelmente as perdas de carga do sistema. A tubulação de sopro é fabricada em polietileno e possui formato aerodinâmico, de forma a aumentar a sua eficiência. Cada unidade conta ainda com um sistema de sopro frontal, que auxilia no transporte do algodão colhido no rotor dianteiro para os dutos de transporte. A turbina é montada com seu eixo na posição transversal e possui rotor de dupla aspiração de diâmetro 560mm, fundido em alumínio. O acionamento da turbina é dado por correias e a embreagem composta por uma polia esticadora, acionada por um pistão hidráulico. A rotação nominal é de 3.900rpm.
CESTO DE ARMAZENAGEM O cesto de armazenagem possui capacidade para 34m3 e é do tipo telescópico. Possui um exclusivo sistema de descarga controlada, que não prejudica a estabilidade lateral do equipamento durante o descarregamento. É possível descarregar a carga até uma altura de 4,2m com
A turbina centrífuga do sistema de fluxo de ar induzido é montada na transversal
Os dutos de ar 1,4 e 5 são de polietileno e os dutos 2 e 3 são de chapa de aço
uma boa margem de alcance lateral, não sendo necessário posicionar o transbordo muito próximo à colhedora. O cesto possui um exclusivo sistema de limpeza do algodão, composto por peneiras em toda a extensão da face superior do cesto. Esse sistema permite ganhar de um a dois tipos na classificação do algodão descaroçado e aumentar o intervalo de limpeza do cesto em aproximadamente duas vezes, em relação aos sistemas convencionais. O sistema de compactação de carga é dado por três compactadores do tipo rosca sem-fim. A máquina conta com espelhos de inspeção do cesto, que permitem ao operador
visualizar o carregamento do cesto sem sair da cabine ou olhar para trás, comandando de forma manual os compactadores. O projeto foi concebido de forma a eliminar mangueiras hidráulicas no interior do cesto, reduzindo o risco de rompimento do sistema hidráulico de descarga no caso de incêndio e conseqüente perda da máquina. O sistema elétrico da colhedora é equipado com botão de pânico para o caso de incêndio na carga de algodão, o qual desliga a turbina, pisca as luzes e descarrega o cesto, ficando a cargo do operador somente posicionar a máquina em local seguro, com a descarga a favor do vento e aguardar
Julho 08 • 13
Fotos Montana
O motor é Cummins série C de 8.3L turbo e intercooler, com potência máxima de 280cv a 2.200rpm
a chegada do bombeiro.
MOTOR DIESEL A Cotton Blue 2805 é equipada com motor Cummins série C de 8.3L turbo e intercooler. O motor tem potência máxima de 280cv a 2.200rpm, a maior potência da categoria. O intercooler aumenta a eficiência do motor e reduz o consumo de combustível. O motor é transversal, localizado entre os dois eixos e próximo ao eixo traseiro, ajudando a aumentar a porcentagem de peso no eixo traseiro. O motor transversal também facilita a manutenção, já que os radiadores ficam localizados em um compartimento lateral, de fácil acesso. As bombas, os filtros e os tanques hidráulicos ficam localizados em compartimento do lado oposto, também de fácil acesso. O motor é montado sobre coxins em um chassi independente, que permite retirá-lo por baixo da máquina de uma forma bastante simples.
TRANSMISSÃO HIDROSTÁTICA O sistema hidrostático da Cotton Blue 2805 é responsável por dois movimentos: deslocamento da colhedora e rotação das unidades de colheita. O sistema é composto por duas bombas hidráulicas montadas em tandem e dois motores hidráulicos Sauer Danfoss, todos de pistões axiais. Um para acionamento da transmissão mecânica e outro para acionamento das unidades de colheita. É a única máquina no mercado que possui reservatório de óleo exclusivo para a hidrostática, o que impede a entra-
O cesto de armazenagem tem capacidade para 34m3 e possibilita descarregar a carga até uma altura de 4,2m
da de contaminantes provenientes de outros componentes como cilindros hidráulicos, bombas de engrenagem etc. A transmissão mecânica é composta por uma caixa de câmbio de duas velocidades. A primeira velocidade é destinada à colheita (07,5km/h) e a segunda para transporte (0-18km/ h), com freios a disco integrados e dois redutores de roda, todos fabricados pela ZF do Brasil. O motor hidráulico de acionamento das unidades de colheita é acoplado a um jogo de polias e cardans que transferem potência para cada uma das cinco unidades. Como cada bomba hidráulica é responsável pelo acionamento de um dos movimentos, o seu deslocamento volumétrico é reduzido, porém com alta capacidade de transmissão de potência por serem independentes. A Cotton Blue 2805 possui um sistema de ajuste de relação de velocidades entre transmissão e unidades de colheita, através de um mecanismo ajustável. Com isso, é possível trabalhar com somente uma marcha para colheita, adequando as velocidades de deslocamento e das unidades de colheita de acordo com as condições de produtividade do algodão colhido. A máxima velocidade de deslocamento possível é de 7,5km/h.
SISTEMA HIDRÁULICO
A transmissão é composta por duas bombas hidráulicas montadas em tandem e dois motores hidráulicos
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O sistema hidráulico é do tipo centro aberto, composto por uma bomba dupla de engrenagens acionada pela tomada de força do motor, blocos de válvulas tipo cartucho, cilindros e motores hidráulicos. O sistema é responsável pelo acionamento de direção, compactador, movimentação do cesto, acionamento da turbina, bomba de graxa e cilin-
dros de controle da plataforma de colheita. O reservatório de óleo é independente do óleo hidrostático e conta com um filtro de retorno com indicador de saturação.
TANQUES Os tanques de água, diesel e graxa são fabricados em polietileno pelo processo de rotomoldagem, possibilitando boa resistência mecânica, boa resistência a intempéries e a ataque de produtos químicos. Os três tanques localizam-se na parte traseira da máquina, colaborando com a distribuição de peso da máquina. Seus bocais de abastecimento e dreno estão posicionados nas laterais para facilitar a operação e manutenção. O tanque de diesel tem uma capacidade de aproximadamente 690 litros e está localizado abaixo do chassi. O tanque é protegido por chapas de proteção que também têm a função de pára-choque traseiro. O reservatório de água para umidificação das unidades de colheita está localizado acima do tanque de diesel e possui capacidade de aproximadamente 1.100 litros. O tanque conta com mostrador de nível próximo ao bocal de abastecimento. A colhedora conta ainda com um tanque de graxa para a lubrificação das unidades de colheita. A forma do tanque de graxa acompanha a do tanque de água, harmonizando o desenho da traseira da máquina. Para facilitar a identificação do nível de graxa, o reservatório é fabricado na cor branca translúcida. Sua capacidade é de aproximadamente 200 litros.
SISTEMA DE UMIDIFICAÇÃO O sistema de umidificação é composto por
“A Cotton Blue 2805 possui um sistema de ajuste de relação de velocidades ” ajustável” entre transmissão e unidades de colheita, através de um mecanismo ajustável
uma bomba elétrica de diafragma, válvula reguladora de pressão proporcional, bloco distribuidor, manômetro e bicos de pulverização, localizados nos rotores das unidades de colheita. O acionamento da bomba de diafragma está condicionado eletricamente com a rotação das unidades de colheita, pulverizando a solução umidificadora somente quando necessário. Tal fato reduz o consumo de solução e aumenta a autonomia do tanque. A verificação da pressão do sistema é feita por um manômetro localizado dentro da cabine de forma muito simples. O ajuste da pressão é realizado através do painel de controle, que possibilita operar com pressões de 0 a 40 PSI.
Baseada nos modelos dos pulverizadores autopropelidos Parruda da Montana, a cabine da Cotton Blue 2805 tem um ótimo espaço interno, podendo acomodar até duas pessoas confortavelmente. O banco do operador proporciona regulagens de inclinação e altura do assento, inclinação do encosto, além de contar com uma suspensão mecânica, possibilitando uma jornada de trabalho com total conforto ao operador. Visando uma melhor ergonomia, a coluna de direção possui regulagem de inclinação e altura do volante. A cabine conta com uma grande área envidraçada, proporcionando ao operador total visão da operação. Os vidros curvos, tanto o di-
anteiro como o traseiro, são laminados e os laterais, temperados. O acesso da cabine é bastante amplo, com abertura da porta de 90º em relação à lateral da cabine. O conjunto de iluminação dianteiro da colhedora tem quatro faróis principais no teto da cabine e mais quatro faróis auxiliares na plataforma, proporcionando uma excelente visibilidade em operação noturna. O sistema ainda conta com dois faróis de iluminação do cesto, um farol de descarga e um farol de inspeção do compartimento do chassi. O sistema de ar-condicionado com termostato está localizado no teto da cabine e utiliza um filtro de ar externo de alta capacidade, além de um filtro de recirculação. Os comandos de operação da Cotton Blue 2805 são elétricos e estão concentrados num painel de controle lateral, com exceção dos pedais de freio de serviço, estacionamento e da alavanca de marchas, os quais são acionamentos mecânicos e localizam-se no piso da cabine. O painel de controle é fixado junto com o banco do operador acompanhando os movimentos da suspensão do assento. Os indicadores da Cotton Blue 2805 são totalmente digitais e exibidos em uma tela de cristal líquido, onde são encontradas todas as informações sobre motor diesel, unidades de colheita e turbina, além de um contador de distância e hectares colhidos. O acionamento das unidades de colheita e do ventilador é elétrico, através de um seletor de modos de operação. O sistema conta também com um módulo de diagnóstico de todas as entradas e saídas dos módulos ele.M trônicos de forma muito simples.
Os radiadores ficam localizados em um compartimento lateral, de fácil acesso para verificação e manutenção
A cabine acomoda duas pessoas confortavelmente e possui grande área envidraçada
CABINE
CHASSI O desenvolvimento do chassi foi baseado em dois critérios distintos: facilidade de manutenção e boa distribuição de pesos. Os componentes foram dispostos para facilitar manutenções básicas e diárias. O motor recebeu uma estrutura independente, o que facilita a sua retirada, caso necessário. O fundo do chassi é fechado com chapas de proteção, evitando o contato das plantas e resíduos vegetais com o compartimento central da máquina. As chapas são fixadas com grampos rápidos, de modo a facilitar sua retirada. Como 35% do peso da máquina está à frente do eixo dianteiro, devido às unidades de colheita, outros componentes foram dispostos de forma a compensar esse efeito. O motor é transversal e próximo ao eixo traseiro, o cesto foi posicionado o mais para trás possível e os tanques estão todos na parte traseira, contribuindo para o equilíbrio de massas. O resultado disso é a estabilidade do equipamento em operação, principalmente nos regimes de frenagem e operação em terrenos irregulares.
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Test Drive - Auto-Guide
Sem desvios Testamos o piloto automático “Auto-Guide”, que equipa os tratores da Massey Ferguson. Precisão e dinamismo marcam este equipamento que, apesar de ainda surpreender pela novidade, já está operando em muitas máquinas pelas lavouras brasileiras
N
esta edição apresentamos os resultados do test drive realizado com o sistema de direcionamento automático para máquinas agrícolas Auto-Guide, que utiliza sinais de satélites ou como comumente denominamos
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estes sistemas, um piloto automático. Auto-Guide é uma marca registrada, inserida dentro do Grupo AGCO no que corresponde ao ATS – Soluções avançadas em tecnologia. É um utilitário, den-
tro do contexto amplo do que se convenciona referir-se como Agricultura de Precisão. O Auto-Guide™ pode dirigir o trator ou a máquina em que ele esteja instalado, em trajetos realizados durante o trabalho, com o auxílio do operador somente para as manobras, ocasião nas quais ele interrompe temporariamente o funcionamento. O sistema passa para o modo manual com qualquer toque do operador no volante do trator. Durante o dia de teste vimos que o sistema é bastante prático e pode servir para o estabelecimento de trilhas ou rotas virtuais, dentro das parcelas, e também ser útil para operações especiais como a preparação do solo
em faixas, trabalho em áreas com estruturas de proteção e controle da erosão (terraços, curvas de nível etc). Também em plantios consorciados em fileiras, principalmente quando a data de semeadura é diferente, proporcionando que se entre com uma cultura antes e sem danificá-la poder entrar com a semeadora outra vez, para a implantação da segunda. Também vimos que com este sistema é possível que o operador fique mais concentrado nas manobras e possa fazê-las mais eficientemente, deixando os percursos maiores, retos e curvos para o sistema. No Brasil as maiores possibilidades de aplicação, neste momento, são o plan-
tio direto, pulverização, preparo de solo em faixas, e em operações de sulcação e cultivo de cana. O sistema é baseado no sistema de satélites que emite sinais em aberto e desde alguns anos possibilita a utilização de forma ininterrupta sem custos básicos. Porém, para obterem-se bons resultados, não se recomenda utilizá-lo sem correção diferencial. Neste caso, o sistema obriga a utilização do sinal de correção com outro satélite ou mesmo uma estação base.
TRAJETOS A equipe técnica de campo da Massey Ferguson demonstrou que
o sistema pode trabalhar de três maneiras: direção paralela, direção em contorno e direção em pivô central. No primeiro modo, o de direção paralela que é a forma padrão para o sistema, o operador marca dois pontos, formando uma linha base e, a partir daí, o equipamento passa a funcionar formando linhas paralelas a esta base, com largura ajustável em função da largura de trabalho do implemento. Como o trajeto é reto, admite-se o trabalho a velocidades que podem chegar aos 28km/h, se for necessário para a operação. No segundo modo, um trajeto curvo é marcado e curvas paralelas a este são criadas também respeitando a largura pré-fixada para o implemento. Para que um trajeto curvo seja bem marcado
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Charles Echer
“Durante o dia de teste vimos que o sistema é bastante prático e pode servir para o estabelecimento de trilhas ou rotas virtuais”
pode-se fazer um percurso curvo de configuração marcando um total de até 500 pontos e uma distância máxima recomendada de três quilômetros. No terceiro e último modo, que é o de pivô central, recomendase para aquelas culturas implantadas em círculos dentro de uma área de pivô. Basta salvar um arquivo de configuração do círculo que se quer e registrar a largura da máquina. Como muitas vezes é conveniente, neste tipo de trabalho, se o operador não desejar fazer o círculo completo é possível utilizar-se também em arcos ou parcelas do círculo. Como no segundo e terceiro modos os percursos curvos, há uma limitação de desenvolverem-se velocidades acima de 17km/ h, por questões de segurança.
PRECISÃO A precisão do equipamento depende da versão e da estação base. Formam-se categorias de precisão submétrica (satélite), decimétrica (satélite) e centimétrica (Estação base RTK). A submétrica refere-se a precisões de magnitude inferiores ao metro, ao redor de 20 a 50cm, e servem principalmente às operações de cultivo e aplicações de fertilizantes. Na precisão decimétrica, que
O sistema libera o operador para dar atenção aos demais detalhes da operação, mas, a qualquer toque no volante, o sistema devolve o controle ao operador
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Estação base RTK (Real Time Kinematic) dá maior precisão, chegando próximo de dois centímetros
está entre cinco e 12cm, a recomendação são para as operações de semeadura, aração, preparo em faixas ou plantio. Na melhor precisão, que é a centimétrica, os erros são próximos aos 2cm e, sendo o nível mais rígido, é adequada para as operações que possam justificar um investimento de um link de rádio, condição principal para a operação. Testamos o sistema em um trator MF 680 HD com sulcador DMB de duas hastes. No nosso teste tínhamos um equipamento preparado para a maior precisão e que utilizava uma estação base RTK (Real Time Kinematic). A antena deve ficar localizada em um ponto adequado, de preferência alto, a uma distância máxima de dez quilômetros de onde a máquina está trabalhando e esta pode servir a múltiplas máquinas. No teste, pudemos ver que o funcionamento é bastante simples e possibilita que
com um pequeno treinamento qualquer técnico pode fazê-lo funcionar. A estação base capta os sinais dos satélites e calcula a posição, transmitindo-a ao trator via rádio. Ao mesmo tempo o receptor que está no trator está também recebendo os sinais dos satélites diretamente. Esta triangulação é utilizada para o georeferenciamento
O trator equipado com o Auto-Guide está pronto para o Isobus, sistema que padroniza a agricultura de precisão no Brasil
A antena receptora que fica sobre o trator é pequena e fácil de acoplar à máquina
TESTE
“No teste, pudemos ver que o funcionamento é bastante simples e possibilita que com um pequeno treinamento qualquer técnico pode fazê-lo funcionar ” funcionar” Fotos Charles Echer
Guide ou o terminal GTA, totalmente intercambiável e que, além de ser totalmente compatível com o padrão Isobus, pode ser utilizado para a produção de mapas de colheita e para controle de pulverização. Tanto se pode utilizar o terminal GTA pequeno, como o maior e relacionar-se com o software GTA 300 que possibilita gerar mapas de percurso. Os dados podem ser armazenados utilizando-se um cartão SD, muito comum em telefones celulares e câmeras fotográficas. O kit consta de uma válvula de direção hidráulica e um sensor de ângulo de roda. O sensor de ângulo de roda mede o ângulo de deslocamento do braço. A válvula hidrostática orbital direciona o óleo para o cilindro de direção, ajustada pelo sensor de ângulo de roda. Duas válvulas auxiliares ainda auxiliam na atuação eletrônica do sinal que entra do percurso. O topdock é uma unidade que vai colocada no toldo ou cobertura da cabina do trator e é de fácil transferência de uma máquina para outra. Tem uma antena externa, que recebe os sinais corrigidos ou não, um receptor GPS, uma unidade de medição dinâmica e um receptor de sinais de rádio, para os sinais corrigidos. O receptor GPS é identificado com um número de registro que o autoriza no nível de precisão. A unidade de medição dinâmica mede a inclinação em três direções: inclinação lateral, mudança de direção e a oscilação do trator para frente e para trás.
com a correção. As restrições ao bom funcionamento são aquelas ligadas às faltas temporárias de sinais, provocadas por nebulosidade excessiva, e os obstáculos que possam interferir como árvores, casas, galpões etc. Assim, para a utilização do sistema, primeiro instalam-se os equipamentos ao trator ou à máquina, iniciando o trabalho de configuração. Posteriormente cria-se a linha base. As linhas paralelas serão automaticamente criadas. Alguém pode perguntar-se: serei obrigado a fazer linhas paralelas contínuas uma ao lado da outra? Não, o sistema permite que se falhe uma ou mais linhas, alternando-se posições, pois as linhas são virtuais e sempre estarão lá quando o usuário for buscá-las. A única exigência para encontrá-las é que se chegue a uma distância mínima delas e com um adequado ângulo de ataque à linha que se está procurando. Por questões de segurança e operação o sistema só aceita entrar em uma linha que tenha sido
abordada com um ângulo menor que 60º e com afastamento de menos de um metro da linha que se está abordando. Neste sistema o trator é considerado a base do sistema. Se ele não for capaz de controlar o equipamento, que estiver nele acoplado, o funcionamento pode ficar prejudicado. Também se o implemento estiver descentrado e, isto não informado ao sistema de configuração, poderão ocorrer problemas do tipo sobreposição ou falhas. No caso do implemento “puxar” o trator lateralmente, o Auto-Guide deve ser informado que está se tratando de um implemento do tipo “offset” ou descentrado.
EQUIPAMENTO Para a adaptação em um trator devemse instalar três componentes: o terminal, o kit e o topdock. O terminal e o topdock podem ser facilmente transferidos, de uma máquina para outra, enquanto o kit é fixo e de difícil remoção. O terminal pode ser específico do Auto-
Detalhe dos componentes que adaptam o trator comum para funcionar com Auto-Guide
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Fotos Charles Echer
Leandro Crummenauer, da Massey, acompanhou o pesquisador José Schlosser e a equipe da Cultivar Máquinas na realização do test drive
Por último, a estação base, que também pode ser utilizada por outras máquinas. Estivemos durante uma tarde inteira conhecendo o sistema e relacionamos as seguintes vantagens: Precisão: é uma excelente forma de manter o trabalho em linhas retas e curvas, diminuindo os efeitos de irregularidades do terreno e auxiliando o operador. Menores perdas: com o sistema é possível diminuir-se as perdas decorrentes das sobreposições e falhas de execução do trabalho. Com isto, melhora-se a qualidade do trabalho e não se aplicam insumos e operações duas vezes na mesma área. Conforto: é possível diminuir-se o cansaço do operador, a fadiga e conseqüentemente o estresse decorrente do trabalho. Durante os trajetos o operador não necessita estar pendente de manter a linha reta, muitas vezes requerida, assumindo o controle do volante só nas manobras. Segurança: permite que o operador possa preocupar-se com outros aspectos de funcionamento da máquina e possa inclusive operar em condições de baixa visibilidade, como a noite, por exemplo. No caso de ser necessária uma manobra brusca é só assumir o volante, mesmo durante o trajeto. Eficiência: permite melhorar os padrões dos formatos das lavouras, independendo do trabalho manual. Capacidade operacional: auxilia no uso de velocidades de operação mais altas, possibilitando aumentar a capacidade de trabalho, sem riscos excessivos. Enfim, nossa equipe já conhecia o Auto-
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Diferentes telas possibilitam organizar diversas funções da operação num único monitor de cristal líquido
Guide e suas aplicações. De qualquer forma, saímos impressionados com a sua facilidade de operação e com as possibilidades de aplicação. Uma excelente idéia. Talvez a base para que no futuro os tratores possam .M ser controlados a distância. Prof. José Fernando Schlosser, Nema - UFSM
força de tração
Charles Echer
Força no plantio Estudo avalia a operação de semeadura em diferentes tipos de preparo de solo e conclui que a demanda de força e o consumo de combustível são maiores em áreas com preparo reduzido
O
New Holland
preparo do solo tem como finalidade proporcionar condições favoráveis para o desenvolvimento adequado das culturas, porém, a qualidade dos mesmos, além de influenciar nessas culturas, também pode auxiliar ou prejudicar o desempenho das semeadoras-adubadoras. Assim, torna-se fundamental avaliar como essas máquinas trabalham nas diferentes condições de solo. Segundo a norma EP 291.1, existem diversos sistemas de preparo do solo, os quais são enquadrados em categorias definidas como: a) convencional, que é composta pela combinação de duas ou mais operações, b) reduzida, realizada com uma única operação e c) plantio direto, que se constitui na semeadura em solo não- preparado. A semeadura é a operação de implantação
de culturas que utilizam sementes como órgãos de propagação. As sementes graúdas (milho, soja, feijão, amendoim entre outras) devem ser dosadas individualmente em espaçamentos predeterminados de acordo com a recomendação agronômica. A máquina que realiza esse procedimento é denominada de semeadora de precisão. Diversos pesquisadores têm estudado as demandas de força e potência das semeadoras-adubadoras, dentre os quais podemos citar: Siqueira et al. (2001), que trabalhando com semeadora-adubadora (plantio direto) de seis linhas e haste parabólica, obtiveram 13,14kN de exigência de força de tração na barra; Marques (1999), que encontrou valores de 8,47kN de força de tração na barra para semeadora de quatro linhas, com mecanismo de deposição
de adubo tipo disco duplo concêntrico. A força de tração na barra por linha de semeadura deve estar na faixa de 1,1 a 2,0kN segundo a Asae (1996). Marques (2002), encontrou valores médios de 19,53; 22,97 e 20,30kN de exigência de força de tração na operação de semeadura de soja (seis linhas), em preparo convencional, plantio direto e preparo reduzido, respectivamente. Furlani (2000), utilizando semeadora-adubadora com seis linhas (feijão), encontrou valores de 14,8; 9,4 e 6,2% de patinagem das rodas do trator, 9,3; 7,6 e 7,1l/ ha-1 de consumo por área e 13,8, 11,3 e 12,0kW de potência para solo escarificado, arado/gradeado e plantio direto, respectivamente. O ensaio foi conduzido em latossolo vermelho-escuro eutrófico na Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, JabotiFatores
Velocidade Avnom Força de Tração (km h-1) (%) (kN) M1 6,3 c 13,7 b 13,6 a M2 6,9 b 14,8 b 13,8 a M3 8,4 a 20,0 a 12,9 a Convencional 7,4 a 14,9 b 13,0 a Plantio direto 7,4 a 14,9 b 13,6 a Reduzido 7,0 b 19,5 a 13,7 a
Potência (kW) 23,8 26,4 30,1 26,7 27,9 26,6
Ccef (ha h-1) 2,3 c 2,5 b 3,0 a 2,7 a 2,7 a 2,5 b
Utilizando-se as mesmas marchas, no plantio em solos com preparos reduzidos, a velocidade foi 6% inferior em relação ao plantio em solos preparados
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John Deere
A máquina respondeu diferente em cada tipo de solo pesquisado, mostrando que as regulagens devem ser observadas ao mudar de talhões com diferentes preparos
cabal (SP), em área do Departamento de Engenharia Rural. Os sistemas de preparo foram: a) convencional: combinação de uma aração e duas gradagens niveladoras; b) plantio direto: semeadura em solo não-preparado e c) preparo reduzido: escarificador combinado com disco de corte e rolo destorroador. As marchas utilizadas foram definidas em função do conjunto trator-semeadora: a) terceira reduzida alta (M1); b) quarta reduzida baixa (M2) e c) quarta reduzida alta (M3), cujas velocidades teóricas, conforme o fabricante, são: 7,3; 8,1 e 10,5km h-1, respectivamente. No início de cada parcela, as rotações do motor do trator atingiram o valor máximo (próximo a 2.350rpm). A semeadora-adubadora de precisão utilizada foi da marca Marchesan, modelo Cop Suprema, equipada com quatro linhas espaçadas de 0,90m, capacidade de adubo de 1.310kg e de semente de 200kg (durante o experimento, mantiveram-se os depósitos com
aproximadamente meia carga), largura útil de 3,6m e sulcador de adubo tipo facão, sendo a profundidade média de trabalho de 8cm. Para tracionar a semeadora-adubadora, utilizou-se de trator instrumentado da marca Valtra, modelo BM-100, 4x2 TDA com 73,6kW (100cv) de potência no motor. A distribuição de peso do trator instrumentado foi de 40 e 60%, respectivamente, para os eixos dianteiro e traseiro, com lastragem máxima e massa total em ordem de marcha de 5.400kg. A determinação da força de tração na barra foi obtida por meio de célula de carga M. Shimizu, modelo TF 400, colocada entre a barra de tração do trator e o cabeçalho da semeadora-adubadora. A rotação do motor do trator foi obtida de forma indireta, ou seja, determinou-se a rotação da tomada de potência por meio de sensor de rotação marca S&E Instrumentos de Testes e Medições Ltda, modelo GIDP-60-U-12v, e com a rela-
Variação da velocidade teórica, força de tração, potência e capacidade de campo efetiva em função da velocidade de deslocamento
O sucesso da pulverização depende de uma distribuição uniforme, de um determinado diâmetro e de número de gotas adequado ao alvo a ser atingido
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ção de transmissão motor/TDP de 3,47. Determinou-se a diminuição da velocidade real de deslocamento em relação à teórica fornecida pelo fabricante, visando avaliar o aproveitamento da velocidade nominal, em função dos sistemas de preparo do solo e das marchas selecionadas. A capacidade de campo efetiva foi determinada em função da largura útil de trabalho da semeadora e da velocidade real de deslocamento, e a potência na barra de tração pelo consumo horário de combustível foi obtida com auxílio de equipamento desenvolvido por Lopes et al. (2003). O consumo por área e o consumo específico de combustível foram calculados através de equação. Para estimar a patinagem dos rodados do trator, utilizou-se de sensores modelo GIDP-60-12v em cada uma das rodas e obteve-se a média dos giros para o trator, sem e com carga. Pode-se verificar que a velocidade de deslocamento do conjunto trator-semeadora apresentou diferença para as marchas utilizadas, o que era o intuito dessa escolha, porém, observa-se que, na semeadura em solo com preparo reduzido, a velocidade foi menor, cerca de 6%. As três marchas estudadas forneciam velocidades teóricas de 7,3 (M1), 8,1 (M2) e 10,5km h-1 (M3) sem carga, porém, com carga, diminuiu a velocidade, apresentando diferença para as marchas estudadas, sendo maior em M3, o dobro em relação a M1 e M2. Para os preparos, a maior queda de velocidade foi no reduzido, cerca de 20%. A exigência de força de tração na barra não mudou com o preparo do solo. Para a potência observa-se que, nas marchas M1 e M2, o preparo do solo não teve influência, porém, na marcha M3, o preparo convencional exigiu maior potência em relação ao solo escarificado. Isso pode ser explica-
Variação da velocidade teórica, força de tração, potência e capacidade de campo efetiva em função do preparo do solo
“Em preparo convencional e plantio direto, a semeadora-adubadora ” utilizada” apresentou bom desempenho, independentemente da marcha utilizada Massey Ferguson
Nos diferentes preparos, todos os consumos estudados foram maiores em semeadura no solo escarificado, no qual se vê a menor velocidade e a maior patinagem
ponto de vista do desempenho, a M3 seria a marcha indicada para essa operação. O consumo horário de combustível aumentou da marcha M1 para M3, já os consumos por área e específico não foram influenciados pelas marchas, porém, nos diferentes preparos, todos os consumos estudados foram maiores em semeadura no solo escarificado, no qual se observa a menor velocidade e a maior patinagem. Os sistemas de preparo do solo não influNew Holland
do pela maior patinagem e, conseqüentemente, menor velocidade nesse sistema; o plantio direto ficou em posição intermediária. Analisando cada preparo individualmente, observa-se que, no convencional, a menor exigência é na marcha M1 (menor velocidade), o mesmo ocorrendo para o plantio direto, porém, nesse, a marcha M2 foi igual a M1. Na escarificação, a exigência de potência não foi significativa para as marchas, o que se explica pelo fato de que, nesse preparo, ocorreu diminuição de 6% na velocidade de deslocamento. A capacidade de campo efetiva apresentou comportamento igual à variável velocidade, pois a largura útil de trabalho da semeadora foi igual em todas as parcelas. A rotação do motor foi menor na marcha M3, porém, destaca-se que essa rotação é ideal de trabalho para esse trator, portanto, do
enciaram na patinagem média dos rodados do trator para a marcha M1. No entanto, observou-se aumento significativo da patinagem no sistema reduzido para as marchas M2 e M3. No geral, a operação de semeadura apresentou maiores dificuldades no preparo reduzido, pois o solo fica mais solto que no plantio direto e preparo convencional, onde as gradagens niveladoras deixam o mesmo mais consolidado. Diante dos dados apresentados pode-se observar que: no preparo reduzido do solo, a operação de semeadura apresentou maior consumo de combustível, menor velocidade de deslocamento, menor capacidade de campo efetiva e maior patinagem. A semeadora-adubadora apresentou o pior desempenho no solo sob preparo reduzido, usando-se a terceira marcha. Em preparo convencional e plantio direto, a semeadora-adubadora apresentou bom desempenho, independentemente da .M marcha utilizada. Carlos E. A. Furlani, Afonso Lopes, Rouverson P. Da Silva e Anderson de Toledo, Unesp/Jaboticabal
Tramontini T3025-4
Trator T3025-4 O trator T3025-4 da Tramontini foi projetado para uso em cafeicultura, horticultura e fruticultura, tendo como ponto forte a força do seu pequeno motor, aliada a dimensões apropriadas para operações nestas atividades
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esta edição apresentamos a Ficha Técnica do trator T30254, da Tramontini, um trator de 30cv, projetado para trabalhos em pequenas propriedades e operações específicas. Este
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modelo está sendo produzido há dois anos e tem como mercado-alvo a agricultura familiar. O T3025-4 é um trator de pequeno porte, com 3,22 metros de comprimento, 1,5 metro de altura do chão até a direção e distância entre eixos de 1,64 metro, bitola dianteira 1,12 metro e bitola traseira mínima 1,12
metro e máxima de 1,32 metro, com vão livre do solo de 29 centímetros. A Tramontini tem voltado o seu foco para a fruticultura, horticultura e cafeicultura. Por se tratar de um equipamento pequeno, forte e robusto, ele está tendo boa aceitação no mercado, especialmente no de café, onde se exige um equipamento estreito porém com uma potência que responda às necessidades do produtor.
MOTOR O motor que equipa o T3025-4 é o modelo TR325, comercializado pela Tramontini, vertical, a diesel, três cilindros, quatro tempos com 1.532 cilindradas e potência de 30cv
“A ergonomia e a praticidade do acesso aos comandos do trator T3025-4 da T ramontini são um diferencial desta categoria ” Tramontini categoria” Fotos Tramontini
a 2.700rpm. O sistema de injeção utiliza bomba injetora em linha, possui calibragem compativel c/padrão Tramontini, propiciando um melhor rendimento e consumo. O tanque de combustível tem capacidade para 25 litros, o filtro de combustível é blindado com elemento filtrante de papel e o filtro de ar é do tipo seco com pré-filtro. A bomba de óleo do sistema de lubrificação é do tipo rotor. O cárter tem capacidade para 5,5 litros de óleo com especificações 15W40, a uma pressão de 4kg/cm2, dotado de filtro de óleo blindado, com elemento filtrante de papel. O sistema de arrefecimento é feito com água (sistema semi-selado), através de radiador com capacidade para dez li-
O terceiro ponto tem engate categoria 1, com capacidade de levante de 450kg
O motor do T3025-4 é o modelo TR325, vertical, a diesel, três cilindros, quatro tempos e 30cv
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A TDA tem acionamento mecânico, feito através de alavanca localizada no posto de comando do operador
SISTEMA ELÉTRICO
Por ser pequeno, forte e robusto, o T3025-4 é indicado para operar em fruticultura, cafeicultura e horticultura
tros, com circulação de água forçada por bomba centrífuga.
SISTEMA HIDRÁULICO A transmissão e o hidráulico têm reservatório com capacidade de 25 litros para óleo SAE 10W30 (caixa de transmissão, diferencial e hidráulico). Já o reservatório do eixo dianteiro utiliza cinco litros de óleo do tipo SAE 90. O sistema hidráulico do controle remoto possui uma bomba montada na caixa de engrenagens, na parte frontal do trator, e sua vazão é de 18 litros/min a 1.800rpm. Ainda compõem o conjunto, filtro blindado de elemento filtrante de metal, válvula de controle provida com sistema de controle de velocidade de descida, parada e segurança. A direção é do tipo hidrostática, composta por uma bomba hidráulica localizada abaixo da caixa da bateria, montada diretamente no eixo virabrequim.
SISTEMA DE LEVANTE 3º PONTO O terceiro ponto tem engate categoria 1, com capacidade de levante de 450kg. A pressão do sistema é de 120kgf/cm2 e a abertura da válvula de segurança ocorre ao atingir 140kgf/cm2. A tomada de força (TDP) tem
acionamento independente, com embreagem dupla de 540 ou 1.000rpm (a 2.350rpms do motor do trator) e potência de 22cv.
TRANSMISSÃO O sistema de transmissão é feito com diferencial formado por conjunto de coroa, pinhão, dois planetários e dois satélites com sistema de bloqueio mecânico com pedal. O câmbio é com engrenagens deslizantes, a transmissão final é por engrenagem cilíndrica direta, com lubrificação única para todo o sistema. A embreagem é seca, independente, de duplo estágio. Já a tração dianteira (TDA) tem acionamento mecânico, feito através de alavanca localizada no posto de comando do operador. A transmissão do eixo traseiro para o dianteiro é feita através de eixo cardã, com sistema de esterçamento através de engrenagens, sem cruzeta (coroa e pinhão).
SISTEMA DE FREIO Acionamento mecânico através de pedais independentes e/ou interligados, com sistema a disco duplo seco e diâmetro externo de 135mm. O trator também possui freio de estacionamento, com acionamento manual e sistema mecânico.
Faróis de trabalho dianteiros e traseiros equipam o T3025-4, além de lanternas indicativas e sinaleiras de freio
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O sistema elétrico que equipa o T3025-4 é composto por motor de partida elétrica de 12V/1,8kw, alternador de 35A, bateria de 12V, com 70A. O sistema de iluminação do trator tem faróis dianteiros de 55W, faróis de trabalho traseiros de 21W, lanternas indicativas (pisca) e lanternas de freio.
POSTO DE COMANDO A ergonomia e a praticidade do acesso aos comandos do trator T3025-4 da Tramontini são um diferencial desta categoria, contendo interruptores, pedais e alavancas de fácil visualização e acesso no posto de comando. O painel do trator é composto de diversos comandos, entre eles, o painel de instrumento, com tacômetro e horímetro, indicadores de combustível, temperatura do sistema de arrefecimento, pressão do óleo do motor e carga da bateria. Também é com-
“Este modelo conta também com uma tela de proteção para o radiador radiador,, que tem o propósito de evitar acúmulo de impurezas nas aletas do mesmo ” mesmo” Fotos Tramontini
Interruptores, pedais e alavancas são de fácil visualização e acesso no posto de comando
O filtro de ar, localizado abaixo do capô dianteiro, é de fácil acesso e manutenção
O cinto de segurança para o operador é um item de série do T3025-4
posto por luzes de advertência, com o freio de estacionamento acionado, bateria, luz baixa, luz alta e piscas. No painel também estão situados o acelerador manual, a buzina e a caixa de fusíveis visível. A caixa de ferramentas que está situada no pára-lamas direito é um item de série, que é utilizada no uso diário em operações. O banco do operador possui regulagem de distância e cinto de segurança com sistema de travamento. O pedal de embreagem tem dois estágios. No primeiro estágio ele interrompe a transmissão do motor com a caixa de marchas, parando o movimento do trator, e no segundo estágio ele interrompe a transmissão para o movimento do implemento. Se no momento da operação do trator uma das rodas patinar devido às condições do terreno (escorregadio ou barro), basta acionar o pedal do bloqueio do diferencial que está posicionado próximo ao banco do ope-
rador. Isso faz com que a força seja transmitida igualmente para as rodas traseiras. Todas as alavancas de acionamento estão dispostas de maneira acessível e ergonomicamente corretas.
peza diária da tela. A verificação do nível diário de água é de fácil visualização, pois o T3025-4 possui um reservatório que auxilia na verificação do nível de água do sistema de arrefecimento semi-selado. Assim, propicia uma não-eliminação do aditivo, pois com este sistema a água não é eliminada quando aquecida, ela retorna ao sistema. A verificação dos níveis de abastecimento é de fácil acesso, pois es.M tão em locais bem visíveis.
ACESSOS PARA MANUTENÇÃO Para um bom funcionamento do trator, é necessário que algumas recomendações diárias de manutenção devem ser seguidas, como limpeza do pré-filtro de ar. O T3025-4 é equipado com sistema de pré-filtro externo, de fácil manutenção e visualização de impurezas, aumentando a vida útil do elemento do filtro interno de ar, que também propicia um fácil acesso pela sua localização logo abaixo do capô. Este modelo conta também com uma tela de proteção para o radiador, que tem o propósito de evitar acúmulo de impurezas nas aletas do mesmo, sendo necessária a lim-
O capô bascula completamente, facilitando o acesso ao motor e a demais componentes da parte dianteira
Tela de proteção do radiador também serve para evitar acúmulo de sujeira no local
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adaptações
Contra o fogo Para auxiliar no combate a incêndios em áreas florestais ou mesmo nas áreas rurais, aviões agrícolas são adaptados e transformam-se numa alternativa econômica e com bom desempenho
D
primeiro êxito operativo no combate a incêndios só veio a ocorrer em 1950, no Canadá, quando uma aeronave Beaver lançou “bombas de água” (bolsas de papel e plástico contendo 14 litros cada, em grupos de seis a oito por vez) sobre um incêndio florestal, conseguindo, assim, retardar a sua propagação, até que as equipes de terra conseguissem sua extinção total. Com os resultados obtidos, houve um aumento desta técnica, graças ao uso de aviões remanescentes da II Guerra, que foram convenientemente transformados e equipados com depósitos e dispositivos especiais para os “bombardeios de água”. No surgimento de novas aeronaves, a empresa Canadair desenvolveu uma aeronave anfíbia com alta capacidade de carga, para o combate a incêndios florestais. As primeiras versões foram então lançadas em 1966 (CL-215), permitindo que o abastecimento pudesse ocorrer em curtos espaços de rios e lagos. Atualmente a versão em operação, produzida desde 1993 é a CL-415T, possuindo quatro tanques no compartimento da fuselagem principal, combina uma capacidade de 6.137 litros, em condições de serem reabastecidos em apenas 12 segundos e está sendo empregada em diversos países. O Brasil possui uma frota estimada de apro-
Canadair
Wellington Carvalho
entre as atribuições de competência dadas pelo Ministério da Agricultura, o aviação agrícola, destaca-se na aplicação de defensivos para o controle de pragas e doenças, na distribuição de fertilizantes, semeadura, no controle de vetores e no combate a incêndios em campos e florestas entre outras. O combate a incêndios florestais com o emprego de aviões agrícolas tem se destacado no cenário nacional nesses últimos anos, permitindo, assim, combates mais precisos e eficazes, devido à rapidez de deslocamento das aeronaves da base operacional até o local do incêndio e também pela possibilidade de lançamentos de água no local exato do incêndio, principalmente em lugares de difícil acesso. Couto, A.G. (1985) ressalta que o trabalho realizado por Soares, R.V. (1982), sobre prevenção e controle de incêndios florestais indica que as primeiras tentativas de combate aéreo a incêndios florestais surgiram em 1930/31 em Spokane, Washington e Sacramento, nos Estados Unidos. Ocasião em que foram usados aviões Hispano-Suisso oriundos da I Guerra Mundial, adaptando-se dois pequenos tanques com água. Ainda os mesmos autores salientam que o
Detalhe do sistema de abastecimento do tanque de água do avião anfíbio, da Canadair. Mais de seis mil litros em 12 segundos
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Modificações no sistema de respiro do tanque dos aviões agrícolas permitem o lançamento da carga mais rapidamente
ximadamente 1.300 aeronaves agrícolas em operação, sendo que algumas delas já operam no combate a incêndios, principalmente no estado de Minas Gerais. Uma das diferenças entre os aviões agrícolas utilizados na agricultura e as aeronaves do tipo anfíbia (Canadair), é a sua capacidade de carga, que é reduzida em relação às aeronaves específicas em combate a incêndio. Enquanto um avião de combate a incêndio tem capacidade de carga de aproximadamente seis mil litros de água, os aviões agrícolas maiores têm capacidade média inferior a 3.200 litros (AT-802), mas esta variação não os deixa de ser interessante, pois devido a sua flexibilidade operacional, permite atender a diferentes necessidades, o que reduz o custo nas operações. Outra vantagem do uso de aeronaves agrícolas no combate a incêndios, além de possibilitar seu emprego num período que geralmente encontram-se com menor utilização, também não são exigidas grandes modificações na sua infra-estrutura operacional, facilitando assim sua atuação nas mais diversas regiões. Nestas aeronaves, basta ao operador retirar parte do equipamento de pulverização para que estejam em condições de serem utilizadas no combate a incêndios. Para melhorar a eficácia destes lançamentos (descarga sobre as áreas), novos compartimentos e tampas apropriadas aos hoppers (tan-
“O Brasil possui uma frota estimada de aproximadamente 1.300 aeronaves agrícolas em operação” Canadair
que) para descarga, têm sido desenvolvidos pela indústria aeronáutica e de equipamentos. Visando aumentar a eficiência operacional das aeronaves agrícolas no desempenho no combate a incêndios, no ano de 2006, a Industria Aeronáutica Neiva, uma subsidiária da Embraer, apresentou algumas modificações na aeronave agrícola Ipanema. Dentre as modificações, estão maior abertura da caixa porta e um eficiente respiro do tanque de produtos. As modificações permitem lançamento de carga mais rápido, resultando em uma dispersão mais eficiente, tornando-a uma ferramenta atrativa ao combate a incêndios. Nos helicópteros a carga armazenada é transportada geralmente fora da aeronave com o auxílio de cabos; já para as aeronaves agrícolas o tanque é o mesmo usado no transporte dos defensivos, localizado na frente da cabine do piloto, próximo ao centro de gravidade da aeronave. Outro aspecto a considerar com o emprego de aeronaves no combate a incêndios é a sua possibilidade em chegar a locais de difícil acesso, com lançamentos onde são criados aceiros hídricos e até a própria extinção direta indicada em caso de focos menores e iniciais distantes, impossíveis de serem alcançados pelas bri-
gadas terrestres num curto espaço de tempo, o que contribui para o rápido controle do incêndio antes que estes se tornem incontroláveis. Apesar do emprego de retardantes ser largamente utilizado em outros países, no Brasil este uso ainda é restrito e não liberado. Aeronaves agrícolas podem proporcionar uma excelente qualidade no combate a incêndios florestais com menor custo de aquisição e custo operacional bem inferiores às aeronaves de combate a incêndio específicas, permitindo que estas sejam empregadas durante o período de entressafra, período onde se concentra a maioria dos incêndios florestais. Para que isso ocorra, é necessário também
que o piloto esteja bem treinado. O treinamento do piloto é de extrema importância, motivado, também, pelo fato de que os vôos de combate a incêndios não são um vôo previamente planejado como em culturas, sendo caracterizado por ser um vôo de planejamento imediato em conjunto com a equipe de solo, motivo em que o piloto precisa tomar decisões rápidas e precisas; decisões estas que podem variar de acordo com cada situação. Caberá ao piloto brigadista, estar atento a cada lançamento, altura, localização e posicionamento, observar o cenário das operações, ocorrência das áreas com relevo montanhoso, verificar outras aeronaves em ação, a presença de fumaça e os níveis de calor.
AVIAÇÃO NO BRASIL
O
primeiro vôo agrícola no Brasil ocorreu em agosto de 1947, na cidade de Pelotas-RS, e teve como objetivo controlar uma grande infestação de gafanhotos. Os vôos eram realizados com adaptações em aeronaves remanescentes da 2ª Guerra Mundial. Naquela ocasião foi empregada uma aeronave Muniz M.9, operada pelo comandante Clóvis Candiota, que viria a ser homenageado como o patrono da aviação agrícola no país. Com o surgimento de ataques pela broca ocorrida na cultura do café, na década de 50, praga esta que ameaçava a cafeicultura nacional, o uso das aeronaves através de polvilhamento foi adotado.
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Wellington Carvalho
Os chamados “bombardeios da água”, além de grande capacidade de carga, são muito ágeis no reabastecimento de água
Influência da declividade do terreno na propagação do fogo
No combate a incêndios florestais, a presença de ventos, temperatura, umidade atmosférica, como demais condições climáticas, a intensidade do fogo, a característica do material e o tipo de vegetação, a localização e inclinação do terreno, são fatores importantes a serem analisados pelas equipes no combate. A declividade do terreno pode favorecer de forma bastante ativa a velocidade de propagação e o avanço do fogo, e o seu conhecimento permitirá ações de comando às aeronaves com lançamentos mais rápidos e precisos. Estas operações deverão ocorrer sempre de forma integrada às ações das equipes brigadistas de solo, que, coordenadas, proporcionarão ganhos significativos de eficácia no controle dos incêndios florestais. No Brasil, os treinamentos visando a formação de profissionais nesta área e a preparação de pilotos com especialização em combates a incêndios estão sendo feitos nos últimos três anos, com a realização de cursos de formação e capacitação, associados ao evento denominado Aerofogo, ocorrido nos meses de junho de cada ano, na cidade de Botucatu (SP), promovidos pela FCA/Unesp, período que normalmente antecede a maioria dos incêndios no país. Neste sentido, de 2005 a 2008, foram for-
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Focos de calor registrados pelo INPE no Brasil em 2007
mados e habilitados cerca de 70 pilotos brigadistas, que estão aptos a exercerem função nesta nobre missão de preservação dos recursos naturais. Em 2005 foi criada uma unidade aérea de combate a incêndios no país, a força-tarefa Previncêndio, através de uma parceria entre o governo do estado de Minas Gerais, do Instituto Estadual de Florestas e empresas privadas do setor de aviação agrícola. A sua base operacional principal fica localizada na cidade de Curvelo (MG), considerada um ponto estratégico, por se tratar do centro geográfico do estado de Minas Gerais, permitindo com isto que as equipes possam chegar a qualquer lugar do estado num curto espaço de tempo. Para melhorar ainda mais este atendimento, novas bases foram criadas e algumas encontram-se em fase de estudo e/ou implantação. A força-tarefa conta com o apoio de aeronaves agrícolas e helicópteros que, além de serem usados no lançamento de água nas missões, também auxiliam na detecção de focos de incêndios e no transporte da brigada terrestre. Brasil em Chamas, este poderia ser o título desta matéria, tal o número de ocorrências de focos de calor (80.871) registrado no país somente no ano de 2007, de acordo com dados
do Inpe, fornecidos pelo Modis/RapidResponse Nasa GSFC. Conforme pode ser visto no mapa, onde os pontos em destaque representam uma unidade destes focos. Considerando que muitos dos focos podem ser transformados em queimadas e incêndios florestais, é também importante salientar que os registros de incêndios florestais apontam que a grande maioria tem origem intencional pro.M vocada pelo homem. Ronaldo Goulart Magno Junior, UFV Wellington Pereira A. de Carvalho, Ufla
CONCEITOS
D
e acordo com Ambiente Brasil (2008) é importante diferenciar conceitos sobre focos de calor, incêndio e queimadas, onde: Foco de calor: é qualquer temperatura registrada acima de 47ºC. Um foco de calor não é necessariamente um foco de fogo ou incêndio. Queimada: a queimada é uma antiga prática agropastoril ou florestal que utiliza o fogo de forma controlada para viabilizar a agricultura ou renovar as pastagens. A queimada deve ser feita sob determinadas condições ambientais que permitam que o fogo se mantenha confinado à área que será utilizada para a agricultura ou pecuária. Incêndio florestal: é o fogo sem controle que incide sobre qualquer forma de vegetação, podendo tanto ser provocado pelo homem (intencional ou negligência), quanto por uma causa natural, como os raios solares, por exemplo.
bioenergia
Força limpa A demanda por bioenergia está aumentando em ritmo acelerado. Brasil e Alemanha são referências no cenário mundial, tanto na produção como no consumo dessa energia, que tem como maior fonte o setor agrícola
Case IH
A
modernização da agricultura, o desenvolvimento do parque industrial e o elevado consumo de bens e serviços da população, em geral, são fatores que contribuíram para um aumento expressivo na demanda de energia, o que proporcionou maior exploração das fontes não-renováveis, verificada nos últimos anos. Soma-se a isso as freqüentes oscilações nos preços dos combustíveis derivados dessas fontes, devido à escassez das reservas e instabilidades políticas nos lugares em que grande parte delas se encontra. A preocupação ambiental com os gases de efeito estufa oriundos, principalmente da queima dos derivados de petróleo pelos veículos automotores, aliada aos constantes aumentos no preço do petróleo, reforçam a necessidade de investimentos em energia renovável, a fim de mitigar inúmeros problemas, principalmente os de ordens econômica e ambiental. Inserido nesse contexto, Brasil e Alemanha apresentam grande destaque no uso e produção de bioenergia. No Brasil, destaca-se a biomassa florestal, o etanol a partir da cana-de-açúcar e o biodiesel oriundo de diversas oleaginosas. Já a Alemanha tem importante cultivo de plantas como canola, cereais para energia e um desenvolvido sistema de queimadores para a utilização
de pellets de origens diversas e lenha florestal. A biomassa pode ser obtida a partir de vegetais não lenhosos, de vegetais lenhosos, dos resíduos orgânicos, agrícolas, urbanos e industriais. O uso e a produção dessa fonte renovável possuem vantagens como geração de emprego e renda devido à produção local, maior diversidade dos mercados fornecedores de energia e maior segurança no fornecimento, pois não depende da importação dos combustíveis fósseis. A participação das diversas fontes na oferta interna de energia do Brasil pode ser observada na Figura 1. Como se pode verificar, o Brasil está numa situação confortável em relação aos outros países na utilização de bioenergia: 31% do total de energia consumida no país têm sua origem no campo. A utilização de energias renováveis, em particular, da bioenergia de biomassas diversas, é considerada ecologicamente correta, pois se há emissões de CO2 na sua queima ou queima de seus derivados, há, também, o seqüestro de CO2, pelo processo fotossintético natural no crescimento
das mesmas. Com isso, verifica-se que a utilização de energias renováveis não causa impactos negativos ao meio ambiente, o que é imprescindível para sua permanência na matriz energética dos lugares onde é utilizada, uma vez que a preocupação ambiental é um dos pilares da sustentabilidade tão almejada a nível mundial. O uso da bioenergia é estratégico para um país como o Brasil, que dispõe de inúmeras riquezas naturais e áreas disponíveis para sua produção. Os diversos tipos de biomassa são comumente destinados à produção de biocombustíveis para obtenção de calor, potência e energia elétrica, útil nas mais diversas atividades (Figura 2). A produção de etanol a partir da cana-deaçúcar tem crescido nos últimos anos no Brasil e o seu menor custo de fabricação, em relação ao derivado de outras fontes, favorece a competitividade no mercado mundial (Figura 3). Essa diferença nos custos pode ser explicada pelo fato de os Estados Unidos processarem milho, que necessita passar por um processo de hidrólise para obtenção de açúcares fermentáveis, enquanto que a cana-de-açúcar já contém esses açúcares. O Brasil não só é o maior produtor mundial de etanol, como também o maior exportador. Outros fatores contribuíram para que as empresas brasileiras apresentassem menor custo de produção. Cita-se a evolução tecnológica e gerencial das empresas brasileiras e o menor gasto energético durante a produção do açúcar e do álcool, uma vez que a maioria das usinas brasileiras faz uso de energia elétrica própria que é cogerada a partir da queima do bagaço da cana em caldeiras. Todavia, a competitividade do álcool nacional no mercado mundial de biocombustível ainda é muito comprometida devido aos subsídios americanos e europeus a seus produtores rurais, além das altas tarifas de importação.
Tabela 1 - Características das principais matérias primas para a produção de Biodiesel Matéria-prima Teor de óleo Produtividade - grão Produtividade - óleo (% m/m) (t/ha . ano) (t/ha . ano) Gorduras animais 100 Mamona 50 1,5 0,750 Girassol 42 1,6 0,672 Amendoim 39 1,8 0,702 Gergelim 39 1,0 0,390 Canola 38 1,8 0,684 Dendê 20 10,0 2,000 Soja 18 2,2 0,396 Algodão 15 1,8 0,270 Babaçu 6 15,0 0,900
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Figura 1 – Oferta interna de energia - Brasil 2007 (%)
O Brasil e os Estados Unidos são responsáveis por 70% da produção mundial de etanol. A produção restante está com a China, Índia e União Européia onde é destinada, principalmente, a indústria de bebidas. No mercado interno, deve-se destacar o suprimento da demanda de etanol gerada pelo aumento nas vendas de veículos com motores Flex, isto é, capazes de operar com álcool, gasolina ou a mistura destes, que devem atingir 6,32 milhões de unidades desse carro em 2010. Além disso, a adição de 25% de álcool anidro a gasolina, o que pode gerar uma demanda interna de 20 bilhões de litros de etanol em 2010. A produção doméstica de etanol deve atingir 23 bilhões de litros e a de açúcar deve alcançar 519 milhões de toneladas, o que representaria um acréscimo de dois milhões de hectares no plantio (União da Agroindústria Canavieira (Unica), 2005 e Mapa, 2005). A Figura 4 apresenta uma comparação entre consumo e produção do etanol, nos últimos anos. Há uma tendência no setor sucroalcooleiro de tornar a colheita da cana-de-açúcar mecanizada e de se incorporar novos conceitos da agricultura de precisão, com máquinas e implementos mais eficientes. Nesse contexto, cresce a mecanização da cana-de-açúcar que, além de proporcionar o término do problema histórico das queimadas na pré-colheita, evita, também, o empobrecimento do solo, a morte de animais silvestres e a liberação de gases de efeito estufa. No entanto, a colheita mecanizada apresenta problemas como o elevado preço das máquinas e o menor tamanho de corte da cana devido à altura das lâminas da colhedora. A despeito disto, a meca-
Figura 3 – Custos de produção do etanol a partir de diversas matérias-primas. Fonte: MME
nização vem ganhando espaço devido aos benefícios sociais, econômicos e ambientais que proporciona. Em relação ao consumo e à produção nacional do biodiesel, em 2004 foi criado o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), que proporcionou a inserção desse biocombustível na matriz energética nacional e a partir da Lei no 11.097, de 13 de janeiro de 2005, ficou estabelecida a adição de 2% em cada litro de diesel a partir de 2008 e acréscimo para 5% em 2013. Esse percentual estabelecido proporciona elevado incremento de produção e aumento nas projeções de venda de biodiesel no Brasil, conforme pode ser observado na Figura 5. A cadeia de produção do biodiesel proporciona a geração de empregos e renda para a população nativa de regiões carentes, melhorando a qualidade de vida dessas pessoas e aumentando a chance de fixação do homem no campo. Já há uma política governamental brasileira no sentido de propiciar a fabricação de combustíveis alternativos oriundos de óleos vegetais, sendo que as matérias-primas mais relevantes nessa produção nacional de biodiesel são soja, milho, girassol, amendoim, algodão, babaçu, entre outros. A Tabela 1 apresenta as características destas matérias-primas. Inseridas no contexto de crescente mecanização da agricultura, muitas oleaginosas já têm sua colheita mecanizada, como, por exemplo, a soja no cerrado. Nos últimos anos, tem crescido no Centro- Oeste a cotonicultura competitiva, de produção em larga escala, a partir de uma intensa mecanização na colheita. A Alemanha também vem se destacando no
Figura 2 - processo de aproveitamento da biomassa
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Figura 4 – Brasil: Produção e
uso de fontes renováveis de energia e é um dos maiores produtores e consumidores de biodiesel da União Européia, utilizando para o processo produtivo, principalmente, a canola, que também é cultivada com o objetivo de nitrogenar naturalmente solos desgastados. O biodiesel alemão tem preços baixos, uma vez que toda a cadeia produtiva tem isenção de impostos e representa 2% do diesel consumido no país, tendo por objetivo a substituição de 10% até 2010 do diesel fóssil pelo biodiesel. Há, ainda, na Alemanha, grande produção de plantas energéticas como choupo, salgueiro, colza, triticale, que são cultivadas para os mais diversos fins. O destino delas depende da sua composição predominante, pois as ricas em amido ou açúcar são usadas na produção de etanol, as oleaginosas entram como matéria-prima para o biodiesel e aquelas ricas em materiais lignocelulósicos podem ser usadas em processos de combustão ou gaseificação. A Agência Internacional de Energia (AIE) calcula que dentro de aproximadamente 20 anos, cerca de 30% do total da energia consumida pela humanidade será proveniente das fontes renováveis, que hoje representam 14% da energia produzida no mundo, onde a biomassa tem 11,4% na participação da oferta energética. Dessa forma, o aproveitamento dos resíduos florestais como fonte energética cada vez mais ganha espaço no mercado, devido, principalmente, aos reduzidos custos necessários para utilizar a biomassa de forma eficiente ao desenvolvimento tecnológico. Nesse contexto, uma fonte de energia muito comum na Alemanha são os pellets, que podem
Figura 5 - Projeções do mercado de biodiesel no Brasil. Fonte: Biodiesel.gov.br
“ A cadeia de produção do biodiesel proporciona a geração de empregos e renda para a população nativa de regiões carentes” Consumo de etanol (milhões de litros). Fonte: Mapa e SPA, 2007
ser produzidos a partir de resíduos das florestas e dos desperdícios das indústrias de madeira, carpintarias, entre outros. Para queima dos pellets e da lenha são utilizados modernos queimadores (Figura 6). O uso energético da bioenergia na Alemanha conta com: - Mais de 350 centrais de potência à biomassa, com mais de 1MW - Cerca de dez milhões de caldeiras, lareiras e fornos a lenha - Aproximadamente 70 mil fornalhas a pellets (briquetes) de madeira. A evolução desse mercado na Alemanha pode ser visualizada na Figura 7. Quanto à emissão de gases como o CO2, a preocupação com a incorporação de energias limpas na matriz energética dos países é uma questão bastante discutida e já é objetivo para muitos. Governos e indústrias são constantemente cobrados pela responsabilidade que têm no controle e emissão de gases de efeito estufa, como o CO2. Com isso, se torna necessário o uso de energia de fontes renováveis visando um desenvolvimento sustentável, maior perspectiva de crescimento do setor industrial e alternativas diversas para a demanda crescente. As plantas energéticas, assim como outras fontes alternativas de energia, também emitem CO2 quando utilizadas, porém, os níveis são bem menores quando comparadas às fontes fósseis, como se vê na Figura 8. Figura 7 - Mercado de pellets na Alemanha
CONCLUSÕES O ritmo acelerado do crescimento econômico mundial gera maior demanda de energia e aliar a preocupação ambiental com as mais diversas atividades produtivas é imprescindível na busca da sustentabilidade. Os impactos negativos proporcionados pelo uso dos combustíveis fósseis, reforçados pela escassez de suas reservas, têm incentivado pesquisas no sentido de buscar fontes alternativas que supram a demanda, cada vez maior, e ao mesmo tempo não agridam o meio ambiente. O Brasil entra forte nesse contexto, incrementando gradualmente, nos últimos anos, a bioenergia na sua matriz energética e o país apresenta, ainda, grande potencial de ampliação de uso desses recursos. Potencial esse representado pelo etanol, biomassa e biodiesel derivados de plantas como mamona, dendê, soja, dentre outras. A mecanização cresce cada vez mais na agricultura brasileira em geral, sendo o cultivo da cana-de-açúcar já totalmente realizado com máquinas em muitos locais. Países desenvolvidos como a Alemanha, por exemplo, caminham para melhor aproveitamento dos resíduos agrícolas, transformando parte desses em pellets, visando geração de calor. As denominadas plantas energéticas, como choupo, triticale, colza, dentre outras, são intensamente pesquisadas a fim de torná-las potenciais alternativas energéticas. As mudanças climáticas percebidas, a escassez de recursos essenciais à vida, entre outros desequilíbrios, convergem para a necessidade de mudança de postura da sociedade atual, através do uso racional e inteligente dos recursos naturais. Crescer, alicerçado em ações que propiciem a continuidade de condições adequadas de vida para as gerações futuras, ainda é um grande desafio, e alcançá-lo se torna uma questão de sobrevivência, uma vez que nosso atual
Figura 6 – Queimadores de pellets e lenha
modo de vida, baseado num consumo inconseqüente dos mais diversos bens natu.M rais, é insustentável.
Jadir N. Silva e Svetlana F.S. Galvarro, UFV Volkhard Scholz e Peter Kaulfuss, Leibniz Institut Für Agrartechinik
Figura 8 - Emissões totais da produção e do uso de plantas energéticas e combustíveis fósseis para geração de calor
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Zequinha
O Zequinha no off-road Fotos Técnica 4x4
O Zequinha nada mais é do que o braço direito do motorista no off-road, aquele que encara todos os obstáculos para a aventura não parar
N
ão tem jeito, em qualquer passeio off-road no Brasil, aquele que chega ao lado do motorista de um jipe, ou sentado no banco de trás é o Zequinha! O nome Zequinha foi adotado a partir de um personagem do antigo seriado de TV Speed Racer que era o macaquinho zereta, que sempre dava um jeito de acompanhar o protagonista em todas as suas aventuras. Como no antigo seriado, este ajudante sempre está junto do motorista para auxiliar em absolutamente tudo o que precisar ser feito, e até uma lista bem-humorada de atribuições já foi feita para este quase incansável colaborador: 1) abrir e fechar porteiras e colchetes; 2) dar opinião apenas quando for questionado; 3) não tocar em nenhuma tecla/botão do painel, exceto com autorização do condutor; 4) trocar pneu; 5) achar as ferramentas dentro do jipe, guardar as ferramentas depois de usadas; 6) não reclamar de nada; 7) em caso de roda livre manual, acioná-la quando necessário; 8) procurar água e gelo para colocar na caixa térmica nas paradas durante o passeio ou prova off-road; 9) orientar o condutor em todas as manobras de risco necessárias. Neste ponto o Zequinha leva vantagem porque se ele der uma instrução errada ou se o condutor interpretar er-
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rado, quem se lasca é o condutor, já que o Zequinha estará fora do carro; 10) montar pontos de ancoragem, esticar o cabo do guincho. Guardar toda a tralha depois do resgate; 11) não reclamar de nada; 12) quando estiver entre os jipeiros, elogiar a perícia e ousadia do seu condutor; 13) manter contato pelo rádio com outros veículos; 14) preparar o lanche e depois limpar pratos, copos e talheres; 15) é sempre voluntário para abrir trilhas com picaretas, pás e facões, bem como abrir e fechar todas as porteiras, sem que o condutor precise se desgastar com estas ordens; 16) se houver travessia de rios, entrar e verificar a profundidade; 17) tirar fotos e filmar, de preferência simultaneamente; 18) ceder sua muda de roupa, capa de chuva ou traje de banho ao condutor se preciso for; 19) ir ao posto mais próximo e pagar para lubrificar o jipe, encher o tanque, verificar o radiador e completar o óleo; 20) continuar a não reclamar de coisa alguma. Mas, deixando de lado as brincadeiras, o Zequinha pode ser homem ou mulher, criança ou adulto, o que importa é que sempre está disposto a fazer o que for possível para que tudo dê certo e o dia termine em festa. Aos adultos não há muito que recomendar
a não ser os cuidados de sempre com a segurança pessoal, não ficando em um ponto onde o jipe do amigo possa escorregar e lhe atropelar, ou mesmo na ânsia de orientar o companheiro, se posicionar numa erosão onde o jipe possa cair e lhe atingir. Já com as crianças os cuidados são mais sérios ainda, pois elas não têm o total discernimento para saber o limite de manobra de um 4x4 e cabe ao condutor, pai, mãe, irmão ou amigo, manter a vigilância constante sobre a segurança do entusiasmado neófito. Ainda para as crianças, deve-se prever bons cintos de segurança nos bancos traseiros, calçados adequados para a região onde vai passear, protetor solar e repelente contra insetos. Em provas, o capacete é obrigatório. Muita gente começa no off-road sendo o Zequinha do pai ou amigo, e em nossos cursos na DPaschoal é sempre certo que alguém virá acompanhando o aluno na aula prática. Este carona vai suprir sua possível falta de experiência com o mundo off-road, auxiliando o amigo pelas trilhas. Aos poucos se tornará também um praticante assíduo do bom e saudável offroad, então vai querer seu próprio 4x4 e, é claro, um Zequinha para lhe fazer companhia. E .M daí por diante! João Roberto de C. Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br
Em travessias de rios, por exemplo, o Zequinha vai à frente, para evitar surpresas ruins no caminho
Na hora do trabalho pesado, no barro, o Zequinha é o primeiro a entrar em atividade