Destaques Matéria de capa
Colhedoras Saiba como realizar a manutenção adequada do sistema de trilha de sua colhedora
Test Drive
Ficha Técnica
Saiba o que encontramos no RoGator 874, o gigante importado da AGCO
Nesta edição, TM7040 da New Holland
Índice
24
34
20
Nossa Capa Charles Echer
Rodando por aí
06
Inspeção em pulverizadores
08
Amostragem de solo
12
Eficiência em campo
16
Ficha Técnica - TM7040
20
Test Drive - RoGator
24
Gotejamento em cana
30
Manutenção de colhedora
34
Mecanização em cana
38
Segurança da frota
42
Empresas - GSI
44
Técnica 4x4
46
Grupo Cultivar de Publicações Ltda.
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Cultivar Máquinas Edição Nº 77 Ano VIII - Agosto 2008 ISSN - 1676-0158
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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Aplicador seletivo A Embrapa Pecuária Sul apresenta na Expointer 2008, em Esteio, no Rio Grande do Sul, o aplicador seletivo de herbicida “Campo Limpo”, desenvolvido a partir de ações lideradas pelo pesquisador Naylor Bastiani Perez para o combate ao Capim-annoni. A máquina reúne praticidade, por ser leve e móvel, feita de metal, plástico, fibra ou similares, com meios de acoplamento a veículos motorizados. A ferramenta possui a opção de regulagem de altura para que os elementos-alvo sejam impregnados de forma direta, o que torna a execução efetiva em plantas indesejáveis como chirca, mio-mio, caraguatá e o próprio capimannoni. O “Campo Limpo” já foi testado em diferentes modos e apresentou controle de até 90% de invasoras já estabelecidas.
Agrale
Saga Na noite de 30 de julho, na cidade de São Joaquim da Barra (SP), diante de aproximadamente 400 convidados entre eles a prefeita da cidade, Alexandre Tuzzi, diretor industrial da Tuzzi, fez o lançamento do livro Uma bigorna da bagagem, a saga dos Tuzzi no Brasil, escrito pelo jornalista Luis Augusto Michelezzo. A publicação é fruto de uma pesquisa de mais de 12 meses e viagens pela França, Holanda, Alemanha e Itália com o objetivo de resgatar a história da família, com raízes italianas, que chegou ao Brasil em meados de 1924 . A obra, com imagens inéditas, reúne detalhes da trajetória do patriarca Antonio Tuzzi.
Alexandre Tuzzi (esq.)
Mais Alimentos A Valtra participa do Plano Safra 2008/2009 Mais Alimentos, parceria entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). O programa foi criado com o objetivo de incentivar as vendas dos tratores de menor potência, na faixa de 15cv a 75cv, e tornar o pequeno produtor mais eficiente. O diretor de Marketing da empresa, Leandro Marsili, aposta no crescimento firme do setor nos próximos quatro anos, impulsionado pela demanda por alimentos, e Leandro Marsili projeta uma alavancagem de 10% nas vendas de tratores da marca.
Massey FFerguson erguson A Massey Ferguson também participa do Plano Safra Mais Alimentos 2008/2009. A empresa sempre trabalhou com a oferta de tratores na faixa de potência, de 50 a 75 cavalos. O programa tem todo o apoio da marca e da sua rede de concessionárias. “Tão importante quanto uma linha de financiamento é a segurança que os nossos clientes terão por contar com a maior e mais bem estruturada rede de concessionárias. A rede Massey Ferguson lhes dará o suporte técnico fundamental para manutenção e operação dos tratores, com qualidade e eficiência”, promete Fábio Piltcher, diretor de Marketing.
A Agrale lançou na Feira de Logística, Movimentação, Armazenagem e Embalagem de Materiais (Movimat 2008), em São Paulo, o Trator Rebocador 4100 GLP. O modelo foi desenvolvido para aplicações de logística em indústrias, além de serviços de movimentação de carga em aeroportos, condomínios e hospitais. Por emitir baixos níveis de poluentes e ruídos, é ideal também para aviários e locais de criação de animais em geral. Com motor de 16,2cv de potência, tem capacidade para rebocar até 14 toneladas e autonomia para trabalhar 16 horas com cilindro de 20 quilos de gás liquefeito de petróleo (GLP). Equipado com direção hidrostática e câmbio de sete marchas à frente e três à ré, garante ao operador fácil dirigibilidade e manobrabilidade.
Fábio Piltcher
Yanmar Agritech Premiação A Zamprogna, tradicional empresa do setor metalmecânico do país, acaba de receber o Prêmio Paulista de Qualidade da Gestão (PPQG), Nível I – Categoria Médias Empresas, pelo excelente desempenho de suas unidades industriais instaladas em Guarulhos e Campo Limpo Paulista. Já a unidade gaúcha, em Porto Alegre, conquistou o troféu na categoria Bronze do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP). “É motivo de orgulho e satisfação ter o trabalho da nossa equipe reconhecido por um prêmio importante como o PPQG, que reúne empresas que vêm aprimorando a gestão da qualidade dos seus processos, produtos e serviços”, destacou Luiz Eduardo Franco de Abreu, presidente da Zamprogna.
06 • Agosto 08
A concessionária Yamashita, de Jundiaí, São Paulo, reuniu 22 agricultores da região da Grande Campinas para conhecerem as instalações da Agritech, em Indaiatuba, em agosto. Os visitantes puderam conhecer o processo de fabricação dos produtos da marca e conversar com diretores e funcionários. “Prezamos muito pelo contato direto com os nossos concessionários e principalmente com os agricultores. Somente assim conseguiremos entender, cada vez mais, as reais necessidades deles para poder, então, oferecer o melhor produto”, avaliou Pedro Cazado, gerente de Pós-venda.
Convenção Com a presença de 420 representantes da fábrica e dos concessionários da América Latina, a John Deere realizou a Convenção de Pós-vendas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em agosto. Aaron Wetzel, vicepresidente de Marketing, Vendas e Planejamento da John Deere para a América do Sul, Paulo Herrmann, diretor de Vendas para a América do Sul, e Luiz Sartor, gerente de Suporte ao Cliente para a América do Sul, destacaram o objetivo da companhia de desenvolver um pós-venda diferenciado, buscando o reconhecimento dos clientes como o melhor serviço do mercado de equipamentos agrícolas.
Errata Ao contrário do publicado na Cultivar Máquinas, nº 73, a Semeadora Victória não oferece sulcadores de fertilizante tipo guilhotina, conforme descrito na tabela da página 17. Os sulcadores oferecidos para fertilizante são apenas do tipo facão afastado e duplo disco.
Troféu Aaron Wetzel
Cursos Empresas agrícolas, cooperativas e produtores rurais que desejam promover palestras e cursos sobre regulagens de tratores agrícolas, motores diesel, semeadoras, pulverizadores, colhedoras e perdas na colheita, com o especialista em mecanização agrícola Plínio Pacheco Pinheiro, podem contatar pelo telefone (54) 9971-1923 ou pliniopinheiro@click21. com.br. Plinio é consultor técnico na área de Mecanização Agrícola e ministra palestras em todo o Brasil e exterior.
O pulverizador autopropelido Parruda, da Montana, conquistou o troféu de bronze na categoria Produtos Comerciais e Industriais na edição 2008 do Prêmio Idea/Brasil. Trata-se da edição brasileira do maior prêmio de design dos Estados Unidos. Com edição anual a premiação chega ao país quase 30 anos após sua criação, através da Associação Objeto Brasil.
inspeção
Fotos João Paulo e Cleyton
Malcuidado Avaliação de pulverizadores de barra na região do Triângulo Mineiro impressiona pelo elevado número de problemas encontrados nos equipamentos avaliados
T
oda e qualquer forma de aplicação de defensivo representa risco ao ambiente, no entanto, é preciso minimizar esses riscos, por meio do uso de tecnologia e conhecimento adequado, garantindo a produção sustentável de alimentos. Na maioria das vezes, dá-se muita importância ao produto fitossanitário e pouca atenção à técnica de aplicação. Os defensivos, embora desempenhem papel de fundamental importância dentro do sistema de produção agrícola vigente, têm sido alvo de crescente preocupação por parte dos diversos segmentos da sociedade, em virtude de seu potencial de risco ambiental. Tradicionalmente, há na sociedade consenso de que os defensivos são prejudiciais ao homem, devido às notícias de contaminação de animais e seres humanos. No entanto, o seu uso tem contribuído com a prática agrícola, por meio da redução de mão-deobra e aumento da produção, abaixando os custos e melhorando a qualidade dos alimentos. Sua utilização deve ser feita de maneira racional, dentro do contexto mais amplo da proteção integrada de plantas.
08 • Agosto 08
Evita-se, assim, a contaminação do solo e da água, os danos à saúde humana e animal e o aparecimento de pragas, doenças e plantas daninhas mais resistentes. Neste sentido, o conhecimento do estado atual dos pulverizadores agrícolas no Brasil é fundamental, principalmente na região do Cerrado. A agricultura dessa região está entre as mais avançadas do país em termos de produtividade, no entanto, em termos de qualidade de aplicação de defensivos e impacto ambiental, pouca informação se tem a respeito. A partir desse conhecimento, será pos-
sível verificar a necessidade da criação de um programa regional e/ou nacional de inspeção, que tenha como objetivo reduzir o impacto ambiental, melhorar a eficiência das aplicações e colaborar com os programas de certificação. Dessa forma, neste trabalho buscou-se avaliar o estado de pulverizadores de barra, na região do Triângulo Mineiro, durante a safra 2007/2008. Trata-se de uma região do Cerrado bra-
Tabela 1 - Avaliação de pulverizadores de barra na região do Triângulo Mineiro Fatores Porcentagem de pulverizadores avaliados com irregularidade Semelhança de pontas na barra 26,47 Monitoramento de condições climáticas 70,00 Presença de vazamentos 61,76 Nível de ruído 17,65 Erros na taxa de aplicação 64,52 Uniformidade de distribuição da barra 93,33
Vazamentos nas vedações são comuns em máquinas mais antigas e exigem atenção
“O conhecimento do estado atual dos pulverizadores agrícolas no Brasil é fundamental, principalmente na região dos Cerrados”
sileiro, caracterizada por grandes propriedades produtoras de grãos. Foram selecionados inicialmente, de forma aleatória, 26 produtores rurais que possuíam em sua propriedade pulverizadores hidráulicos de barra. Mediante visita a cada uma das propriedades, foi analisado o estado de funcionamento dos pulverizadores. As avaliações consistiram de um questionário respondido pelo operador das máquinas e pela inspeção propriamente dita dos pulverizadores.
PONTOS INSPECIONADOS Após a descrição completa do equipamento, do ponto de vista qualitativo, foi feita uma avaliação dos aspectos quantitativos. Dentre as avaliações realizadas, tem-se: Monitoramento de condições climáticas: com relação às condições climáticas, foi perguntado aos operadores qual procedimento seguem para iniciar a aplicação quando se deparam com uma situação onde velocidade do vento, umidade do ar e temperatura possam interferir na aplicação. Presença de vazamentos: quando ocorreram vazamentos, os mesmos foram identificados e localizados. Nível de ruído na cabine: o nível de ruído emitido pelo conjunto trator-pulverizador foi determinado através de um decibelímetro. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através da norma NBR10152 (ABNT, 1987), estabeleceu os níveis de ruído para o conforto acústico, e a norma regulamentadora NR-15 da Portaria Detalhe do vazamento em um dos filtros, provocado por entupimento ou má vedação
3214/78, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2008), estabeleceu o nível máximo de ruído permitido para oito horas de exposição diária em 85 dB. Taxa de aplicação: aferição da taxa de aplicação, na máquina que estava calibrada pelo operador, os técnicos fizeram a checagem da taxa de aplicação real. Os valores de taxa de aplicação determinados pelos usuários foram comparados com o valor encontrado pelos técnicos. Uniformidade de distribuição na barra: a determinação da uniformidade de distribuição foi obtida utilizando-se provetas dispostas sob a barra e posterior cálculo do coeficiente de variação. Também foram determinados: estado de
filtros, rotação da tomada de potência, estado de mangueiras e exatidão de manômetros. Na Tabela 1, é apresentado o resultado de algumas das características qualitativas e quantitativas encontradas nos pulverizadores do Triângulo Mineiro. Foram avaliados, nesta etapa, 34 pulverizadores de barra, sendo 55,8% de arrasto, 11,8% montados e 32,4% autopropelidos. Todos eles operavam principalmente em lavouras de soja e milho. Verificou-se que um número elevado de pulverizadores encontrava-se inadequadamente funcionando, e que os operadores desconheciam O estado do equipamento. Muitos deles demonstraram não ter recebido treinamento para realizar uma ope-
.M
Fotos João Paulo e Cleyton
ração de pulverização de defensivos. Muitos operadores não fazem uma observação prévia das condições do equipamento antes de iniciar as atividades, o que poderia resolver boa parte dos problemas encontrados, como por exemplo, vazamentos. Com relação à semelhança de pontas na barra, dos 34 pulverizadores avaliados, 26% apresentavam pontas diferentes durante as aplicações. O uso de pontas diferentes na barra foi um dos fatores que influenciaram na taxa de aplicação e uniformidade de distribuição da barra. Essa variação pode interferir na eficácia da aplicação porque a sobreposição dos jatos não estava ocorrendo corretamente, visto que foram encontradas pontas com ângulos de 80 e 110 graus. Nesse tipo de situação, é comum que fiquem faixas na lavoura sem receber defensivo e ocorra uma reinfestação mais rápida de agentes patogênicos em função de falhas na cobertura do alvo. A aplicação de defensivos está diretamente ligada a características do produto, como solubilidade, volatilidade e formulação e a características do pulverizador, como pressão e ponta, e do ambiente, como temperatura, umidade e velocidade do vento. Levando em conta estes aspectos, constatou-se que 70% das máquinas operavam sem que fosse feito qualquer acompanhamento das condições climáticas. A distribuição do volume de calda sofre interferência direta do estado de conservação dos componentes do pulverizador que levam o produto químico até o ponto de saída na barra e faz com que este atinja o alvo. Dentre os fatores que interferem na taxa de
aplicação, no sucesso do controle e que oneram a aplicação de agroquímicos está a presença de vazamentos. A avaliação dos pulverizadores mostrou que 62% dos pulverizadores apresentavam algum tipo de vazamento. Este valor é muito alto, visto que vazamentos são, na maioria das vezes, fáceis de serem percebidos. Essa informação reafirma o problema da falta de treinamento de operadores, pois simplesmente colocando o pulverizador em funcionamento e fazendo uma vistoria rápida do mesmo seria possível constatar os vazamentos e tomar providências para repará-los. Um dos motivos para a implantação de programas de avaliação do estado de funcionamento de pulverizadores agrícolas é, sem dúvida, atender às exigências de consumidores mais preocupados com os níveis de contaminação ambiental e com a qualidade dos alimentos. Outro aspecto é a preocupação com as condições de trabalho a que são expostos os operadores, ou seja, bem-estar durante a execução do trabalho. Nesse sentido, o nível de ruído produzido pelos pulverizadores pode afetar a audição dos trabalhadores, pois 18% dos conjuntos pulverizadores (trator+pulverizador) estavam acima de 85dB, comprometendo a saúde dos operadores. Importante destacar que a atenção dentro do processo de pulverização é despendida principalmente para o uso de Equipamentos de Proteção Individual voltados à proteção contra aplicação de defensivo (EPI). Já o nível de ruído não é observado por produtores e operadores, que desconhecem a existência de uma lei determinando níveis máximos de
João Paulo e Cleyton são responsáveis pela inspeção de 26 máquinas no Triângulo Mineiro durante a safra 2007/08
exposição e os riscos à saúde a que estão expostos. Quanto ao volume de pulverização aplicado, 65% estavam aplicando fora dos 5% de variação aceitáveis para erro na taxa de aplicação. Desse total, 42% e 23% das máquinas estavam aplicando volume 5% abaixo e acima do informado, respectivamente. Isso mostra que os operadores precisam receber maior treinamento. A aplicação eficiente de defensivos também está ligada a uma boa uniformidade de aplicação na barra. De acordo com os resultados, foi possível analisar 30 pulverizadores, dos quais 93% apresentaram coeficiente de variação (CV) na barra acima de 15%. Não se pode afirmar que essa desuniformidade ocorreu exclusivamente devido a pontas desgastadas, pois foram encontrados pulverizadores com mais de um tipo de ponta na barra e também com vazamentos, contribuindo com essa desuniformidade. a inspeção dos pulverizadores mostrou a necessidade da implantação de um programa de avaliação freqüente desses equipamentos para atender às exigências de mercados consumidores mais preocupados com ambiente e bem-estar dos trabalhadores. Todos os pulverizadores avaliados apresentaram algum tipo de problema, sendo os mais freqüentes: falta de uniformidade de distribuição, falta de monitoramento climático e erro na taxa de aplicação. Muitos ajustes de incompatibilidades encontrados são, em muitos casos, simples de serem realizados e também apresentam baixo custo, não justificando .M sua não-realização. Cleyton B. de Alvarenga, João Paulo A. R. da Cunha e Universidade Federal de Uberlândia Exemplo de rachadura, sem reparo, no tanque da calda principal que, além de desperdiçar produto, prejudica o ambiente
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amostragem de solo
John Deere
Amostragem em malha
Técnica empregada para detectar a variabilidade da fertilidade do solo através do georreferenciamento das amostras com o uso de receptores de sinais do GPS, a amostragem em malha já é amplamente utilizada na correção de solos
A amostragem de solo por malhas permite homogeneizar a nutrição do solo e aumentar a produtividade safra a safra
12 • Agosto 08
nômico. A amostragem de solo em malha é uma técnica que está sendo utilizada com sucesso para detectar a variabilidade da fertilidade do solo, através do georreferenciamento das amostras com o uso de receptores de sinais do Sistema de Posicionamento Global (GPS), gerando, assim, diferentes mapas de fertilidade da lavoura. Os mapas de fertilidade, associados a mapas de produtividade da cultura, são úteis para identificar fatores limitantes à produção, fornecendo importantes Reges Durigon
N
a agricultura tradicional, o produtor geralmente não considera a variabilidade espacial da fertilidade do solo durante a amostragem. Através da coleta e análise de amostras de solo que representam áreas relativamente grandes e heterogêneas, faz-se a recomendação de adubação e calagem de maneira uniforme, não levando em conta as variações de fertilidade dentro de uma mesma lavoura. Dentre os fatores de variabilidade, podemos citar o tipo de solo, o relevo, a cultura anterior e as práticas de manejo como as principais causas de variação na fertilidade do solo. A prática de adubação de solos é considerada uma das principais etapas no processo de produção agrícola. A sua determinação deve ser feita baseada em dados de análise química de solo, de forma a representar de maneira mais fiel possível a fertilidade da área, mas nunca esquecendo do critério eco-
informações agronômicas para a tomada de decisão sobre o manejo da lavoura, permitindo ao produtor aumentar a eficiência do gerenciamento agrícola. Para analisar a variabilidade da fertilidade do solo em áreas de várzeas, foi realizado um trabalho em uma lavoura comercial de arroz irrigado, situada no município de São Francisco de Assis (RS). A área utilizada foi de 70 hectares, mapeada com um GPS de navegação, e a malha de amostragem de solo utilizada foi de um ponto por hectare (Figu-
“A leve compressão que deixa o solo sobre as sementes é suficiente, pois busca minimizar a formação de crostas, facilitando a emergência das plântulas”
Figura 1 - Mapa da área da lavoura e malha de amostragem com os pontos georreferenciados
Quadro 1 - Fertilidade do solo na safra 2004/05 Atributo Argila (%) pH água (1:1) Índice SMP Fósforo – Mehlich (mg/dm3) Potássio (mg/dm3) Matéria orgânica (%) Alumínio trocável (cmol c/dm3) Cálcio (cmolc/dm3) Magnésio (cmolc/dm3) Saturação alumínio (%) Saturação bases (%)
Valor mínimo 15 4,5 5,1 1 48 0,5 0,2 0,7 0,1 3 25
Valor máximo 44 5,2 6,4 24 124 2 1,7 5,2 1,9 30 71
Valor médio 26 4,8 6,1 5,5 72 1,4 0,7 3 1 14 56
Coeficiente de variação (%) 21 4 4 75 20 20 48 33 41 48 17
Quadro 2 - Fertilidade do solo na safra 2005/06
ra 1). Para gerar a malha de amostragem e os mapas de fertilidade do solo foi utilizado o Software Campeiro 6, desenvolvido pelo Setor de Geomática do Departamento de Engenharia Rural, pertencente ao Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria. Este software está sendo amplamente utilizado por produtores para o gerenciamento de dados na propriedade. A amostragem do solo em malha para análise da fertilidade pode ser realizada de forma manual (trado, pá etc) ou de forma mecânica, através do uso de um quadriciclo equipado com GPS para localização dos pontos e de um mecanismo (braço) para a retirada das amostras de solo. Neste trabalho, foram analisados os dados de fertilidade do solo em duas safras de arroz. Na safra 2004/05, a coleta de amostras de solo ocorreu na primeira quinzena de outubro e na safra 2005/06 a coleta ocorreu na primeira quinzena de setembro. A amostragem do solo para análise química foi reali-
Atributo Argila (%) pH água (1:1) Índice SMP Fósforo - Mehlich (mg/dm3) Potássio (mg/dm3) Matéria orgânica (%) Alumínio trocável (cmolc/dm3) Cálcio (cmolc/dm3) Magnésio (cmolc/dm3) Saturação alumínio (%) Saturação bases (%)
Valor mínimo 10 4,5 4,9 1,5 24 0,6 0,3 0,6 0,2 6 12
Valor máximo 42 5,6 6,5 18,9 92 1,7 2,4 5,7 2 53 67
zada através da coleta de cinco subamostras em cada ponto da malha (hectare), por meio de trado calador, na profundidade de 20cm, para compor a amostra a ser enviada ao Laboratório de Análises de Solos/UFSM, integrante da Rede Oficial de Laboratórios de Análises de Solos (Rolas). Os resultados da análise de solo foram usados para elaborar os mapas de fertilidade do solo. Um aspecto importante a ser destacado refere-se ao custo na amostragem em malha.
Valor médio 26 4,9 5,8 4,6 46 1 0,9 3,2 1 18 41
Coeficiente de variação (%) 23 5 6 76 33 23 54 35 43 50 31
Quando a amostragem de solo é realizada em malha pequena (uma amostra por hectare), a idéia inicial é de um alto custo com a análise das amostras de solo. Na prática, o produtor pode utilizar uma malha de amostragem maior (uma amostra de solo a cada dois, três ou cinco hectares), os quais podem ser delimitados em lavouras de arroz irrigado através dos quadros de irrigação, conforme a variabilidade da área. Neste trabalho, mesmo utilizando uma
Figura 2 - Mapa de fósforo (mg/dm3) no solo
Reges explica quais são as vantagens de adotar práticas de agricultura de precisão
Safra 2004/05
Safra 2005/06
Figura 3 - Mapa de cálcio e magnésio (cmolc/dm3) no solo na safra 2004/05
Cálcio
Fotos Reges Durigon
amostra de solo por hectare, o custo de análise química do solo representou apenas 0,5% do custo de produção/ha de arroz irrigado. Este pequeno custo adicional é facilmente compensado quando o produtor economiza na quantidade de fertilizantes utilizados ou pelo aumento de produtividade da cultura, em função da aplicação da dose necessária
O custo da análise química do solo representou apenas 0,5% do custo de produção
14 • Agosto 08
Magnésio
no local correto da lavoura no momento da semeadura. Dos atributos de fertilidade do solo analisados, o teor de fósforo (P) apresentou o maior coeficiente de variação nas duas safras, com valores de 75% na safra 2004/05 (Quadro 1) e de 76% na safra 2005/06 (Qua-
dro 2). Os teores mínimo e máximo de fósforo encontrados foram de 1 e 24mg/dm3, classificados como baixo e alto, segundo as recomendações técnicas para a cultura do arroz irrigado no Sul do Brasil. A distribuição espacial do teor de fósforo no solo está representada na Figura 2. Outros atributos de fertilidade também apresentaram grande variabilidade na área de estudo. Entre eles, destacamos o baixo pH do solo na maior parte da lavoura, contribuindo para a presença de alumínio trocável e saturação por alumínio. Destaca-se ainda a baixa saturação por bases e baixos teores de cálcio (Ca) e magnésio (Mg) em alguns pontos da área (Figura 3), os quais são atributos de fertilidade do solo utilizados como critérios para definição da necessidade e da quantidade de corretivos da acidez do solo. Desta maneira, fica comprovada a viabilidade de aplicação de insumos em doses variáveis, a qual é uma das principais formas de tratar a variabilida.M de espacial dos atributos do solo. Reges Durigon, José Fernando Schlosser, Alexandre Russini, Marçal Elizandro de C. Dornelles e Eder Dornelles Pinheiro, UFSM
eficiência em campo
John Deere
Eficiência medida Seguir algumas regras simples proporciona conhecer a eficiência do seu conjunto mecanizado, identificar possíveis pontos críticos e ajustá-los para um melhor desempenho
O
s custos da maquinaria em relação aos custos totais da exploração de uma propriedade agrícola normalmente indicam se a sua utilização está sendo feita de forma eficiente ou não. A capacidade operacional e a eficiência de campo do conjunto mecanizado são dois parâmetros utilizados no auxílio da determinação destes custos. Daí o fato do gerenciamento da maquinaria ser cada vez mais importante na execução de operações agrícolas, por estar diretamente relacionado com a capacidade de combinar terra, trabalho e capital para a obtenção de um retorno que signifique lucro satisfatório. Com a produção continuada de máquinas cada vez maiores e mais caras, cada unidade comprada representa despesas substancialmente maiores, assim, as máquinas deverão estar corretamente adequadas ao tamanho da propriedade e às operações a serem realizadas, de modo que no final resulte numa combinação de equipamentos mais econômica possível. As máquinas selecionadas devem ter capacidade satisfatória para completar todas as operações dentro dos períodos críticos de tempo disponíveis. Máquinas usadas em conjunto deverão ser adequadas umas às outras; por exemplo, um trator deverá ser capaz de fornecer a quantidade exata de potência para tracionar ou acionar
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toda a gama de implementos ou máquinas selecionadas para o trabalho na melhor velocidade de operação possível. Deste modo, a capacidade de trabalho da máquina, a eficiência de campo e os requisitos de potência, são fatores fundamentais no gerenciamento da utilização da maquinaria agrícola. Assim, o estudo das operações agrícolas, levando-se em conta a capacidade de trabalho e a eficiência de campo, visa racionalizar o emprego das máquinas, implementos e ferramentas na execução dos trabalhos. Dá-se o nome de desempenho operacional a um complexo conjunto de informações que definem, em termos quali-quantitativos, os atributos da maquinaria agrícola quando executam operações sob determinadas condições (Folle & Franz 1990). Segundo a Sociedade América de Engenheiros Automotivos a capacidade de campo de uma máquina vem a ser a quantidade de trabalho produzida na unidade de tempo. A capacidade de campo pode ser efetiva e teórica. Para Hunt (1974) a eficiência de campo é igual à eficiência de tempo, definida como a razão entre o tempo efetivamente usado e o tempo total disponível, quando são consideradas apenas as operações executadas dentro de campo cultivado. De outro lado, a capacidade teórica de campo (Ct) é o valor de desempenho obtido se a máquina trabalhasse 100% do tempo, na
velocidade ideal para operação, utilizando 100% de sua largura teórica de trabalho. A eficiência de campo (ou fator de campo) diz respeito à percentagem do tempo total realmente utilizado em trabalho efetivo, sendo influenciado principalmente pelos fatores: formato, tamanho e disposição da área: • Terrenos inclinados e plantados em nível = < f • Trabalhando no > comprimento e locais planos = > f Necessidade de paradas: Abastecimento da máquina de plantio, limpeza dos discos dos implementos, descanso do operador etc. Valores médios da eficiência de campo em função de diferentes operações agrícolas: Tipo de operação Aração Gradagem Semeadura e adubação Cultivo Subsolagem Roçagem Colheita Máquinas de colheita e transporte florestal
f (%) 70-80% 70-85% 60-80% 75-90% 75-90% 70-90% 60-80% ~ = 80%
“A capacidade de trabalho da máquina, a eficiência de campo e os requisitos de potência, são fatores fundamentais no gerenciamento da utilização da maquinaria agrícola” Massey Ferguson
O ensaio com arado, por exemplo, mostrou que apenas 75% do tempo disponível foi efetivamente utilizado
3º passo: cálculo da capacidade de campo teórica (Cct) 4º passo: cálculo da capacidade de campo efetiva (Cce) 5º passo: cálculo da eficiência de campo (f)
Capacidade de campo (ou de trabalho) é a unidade ou rendimento, ou seja, é a área total que um conjunto mecanizado (trator e implemento) é capaz de realizar por unidade de tempo. Capacidade de campo efetiva – Cce, obtida por meio de determinações com a máquina em operação, considerando o tempo de produção. Capacidade de campo teórica – Cct, é a razão de desempenho obtida, se a máquina trabalhar 100% do tempo a velocidade nominal, utilizando 100% de sua largura nominal. Eficiência de campo - f, é a razão entre a capacidade de campo efetiva e a teórica.
Conversão 1 ha = 10.000 m2 1 h = 3.600 s 1 km = 1.000 m
SOLUÇÃO 1º passo: determinação da área a ser trabalhada (A)
Cce = área = ha tempo h
A = 10 x 40 = 400m² = 0,04ha
Cct = V * L 10 Cce = f * Cct
2º passo: cálculo da velocidade de deslocamento do conjunto (V)
Cce = f * V * L 10
CASO PRÁTICO Para a determinação da eficiência de campo (f), de um conjunto trator – arado, considerando: • largura de trabalho do arado = 1,25m; • comprimento da área trabalhada = 40m; • tempo = 30 segundos por passada; • tempo total = 320 segundos (tempo do trator arando + manobras); • considerando oito passadas • fatores de conversão de unidades:
Para as condições estabelecidas no exemplo, conclui-se que, dos 100% de tempo disponível para o trabalho de aração, apenas 75% deste tempo é efetivamente utilizado. Esta metodologia pode ser aplicada para todo tipo de conjunto mecanizado: tratorimplemento, trator-semeadora, trator-pulverizador, pulverizador autopropelido, colhedora de grãos etc. As semeadoras-adubadoras apresentam baixa eficiência de campo devido principalmente à necessidade de reabastecimento dos depósitos de adubo e semente. As manobras de cabeceira diminuem a eficiência de campo do conjunto mecanizado. Quanto maior a largura da plataforma de colheita maior será a capacidade de campo da máquina colhedora, ou seja, o número de hectares colhidos por hora de .M trabalho. Haroldo Carlos Fernandes e Edney Leandro da Vitória, UFV
Haroldo Hernandes
f = Cce Cct
CONCLUSÃO
A determinação da eficiência de campo de um conjunto pode ser realizada com qualquer conjunto e tipo de operação
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TM7040
A
Ficha Técnica desta edição é do trator TM7040, da New Holland, que está disponível nas versões Exitus, Plataformado e Cabinado Semi-Powershift. Ele faz parte da linha TM, composta por tratores nas faixas de 140cv a 180cv. Esse modelo possui duas opções de transmissão – 15x12 (transmissão mecânica sincronizada) e 18x6 com marchas Semi-Powershift. Essas transmissões oferecem suavidade de operação e flexibilidade na escolha da velocidade adequada em cada tarefa.
MOTOR
O TM7040 vem com versões de 140 cv e 180 cv, nos modelos Exitus, Plataformado e Cabinado Semi-Powershift
TM7040
O trator TM7040 possui três diferentes versões, nas faixas de 140cv e 180cv, para operações que exigem robustez e força
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O motor que equipa o TM7040 é um New Holland, de seis cilindros, turbo com intercooler, de 6,7 litros, de 180cv com uma rotação nominal de 2.200 rpm, atingindo um torque máximo de 733Nm a 1.400rpm. O sistema de injeção é com bomba rotati-
“Esse modelo possui duas opções de transmissão – 15x12 (transmissão mecânica sincronizada) e 18x6 com marchas SemiPowershift ” Semi-P owershift” Fotos New Holland
va, filtro de ar com elementos duplos e ejetor de pó, além de filtro de óleo com trocador de calor do óleo do cárter, que dá maior eficiência na lubrificação e garante maior durabilidade juntamente com o tanque de expansão, que facilita na manutenção da máquina.
TRANSMISSÃO Esse modelo possui duas opções de transmissão – 15x12 (transmissão mecânica sincronizada) e 18x6 com marchas Semi-Powershift. O modelo TM7040 com transmissão 15x12 foi desenvolvido para aplicações em cana-de-açúcar e grãos. Este modelo é equipado com sistema de embreagem hidráulica, que tem grande vida útil e proporciona robustez e alta resistência para as condições mais severas de uso. O modelo 18x6 Semi-Powershift possui pacotes de discos banhados em óleo que
O sistema hidráulico é tipo Lift-O-Matic, que facilita o trabalho do operador em atividades repetidas
fazem o papel da embreagem para acionamento das marchas onde a operação é feita somente com toque do botão eletro-hidráulico pelo operador da máquina. Neste tipo de câmbio, tem-se um incremento de produtividade nas operações devido à maior agilidade da troca das marchas. Em canade-açúcar ou em grãos tem grande capacidade de produção, diminuindo custos de operação substancialmente.
SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico apresenta recursos do tipo Lift-O-Matic (memória mecânica dos braços do levantador hidráulico) e comandos acionados no painel, o que facilita o trabalho do operador. O sistema hidráulico de alta vazão foi desenvolvido para trabalhar com quaisquer implementos na sua faixa de potência. Na opção de câmbio 15x12 a bomba é de engrenagens com quatro válvulas de controle remoto e controle de fluxo com vazão total de 120 litros/min. Na opção de câmbio 18x6 Semi-Powershift o sistema hidráulico é equipado com bom-
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Fotos New Holland
dependente, eletro-hidráulico, controle eletrônico, embreagem em banho de óleo, velocidades disponíveis de 540/1.000rpm, partida progressiva e sistema de anulação do freio da TDF.
MANUTENÇÃO A linha do novo TM foi projetada para uma manutenção simples e rápida, com possibilidade de abertura total do capô, tanque de expansão para minimizar os tempos de parada, radiadores basculantes e redistribuição dos componentes para fácil acesso.
CABINE
A abertura total do capô facilita a manutenção do motor e dos componentes de arrefecimento. Os radiadores são basculantes para facilitar a limpeza
ba de pistões (sistema PFC) com vazão de 116 litros/min também com controle de fluxo, neste sistema há um menor consumo de potência do motor porque só é exigido quando submetido à demanda de óleo. O levantador hidráulico é classe II, com capacidade de levante para 6.475kg a 610mm do olhal, com dois cilindros auxiliares. Possui sensibilidade eletrônica nos braços inferiores do hidráulico, controle de ondulação, posição, controle de carga, oscilação, luzes de status de posição e controle dinâmico de transporte. Os estabilizadores são telescópicos e os braços possuem ajustes individuais.
EIXOS E TOMADA DE FORÇA O eixo e a tomada de força do
TM7040 foram desenvolvidos para oferecer resistências nas mais diversas aplicações e garantir segurança. O eixo dianteiro é New Holland classe IV, construído em peça única para garantir maior robustez. Possui acionamento eletrohidráulico da tração, eixo cardan sem cruzetas, com ótimo vão livre. O eixo traseiro possui acionamento eletro-hidráulico do bloqueio e diferencial, e é tipo passante de 112 polegadas, possibilitando a colocação de rodado duplo. Os freios de serviço são auto-ajustáveis com acionamento hidráulico e os freios de estacionamento são independentes com acionamento mecânico. A tomada de força tem acionamento in-
A cabine é ampla e as alavancas estão posicionadas estrategicamente visando a melhor ergonomia do operador
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A cabine do operador é confortável e proporciona bem-estar para o condutor da máquina. O painel de fácil leitura, com luzes de advertência, informa o funcionamento do motor, filtros, temperaturas e pressões da máquina. Possui sistema de arcondicionado, assento com regulagem, predisposição para instalar equipamento de som, porta-copos e porta-objetos completam as vantagens da nova máquina. Nela as alavancas estão posicionadas estrategicamente visando melhor ergonomia para o operador.
MODELOS O TM7040 Exitus é equipado com transmissão mecânica 15x12 e cabine, sendo uma opção com ótima relação custo-benefício para produtores que necessitam de simplicidade de operação e conforto do operador. O modelo plataformado apresenta a mesma transmissão do TM Exitus e possui piso emborrachado e corrimão de segurança lateral com as alavancas ergonomicamente posicionadas para oferecer melhor conforto para o operador. .M
Test Drive - RoGator 874
RoGator 874 Pulverizador autopropelido da AGCO mostra que além de tamanho possui boa qualidade de aplicação, estabilidade das barras e uma riqueza de detalhes que o diferenciam no mercado
E
m mais um test drive da Revista Cultivar Máquinas, fomos até a localidade de Aguapé, município de Tupanciretã (RS), na Agropecuária Quatro Ventos. Fomos recebidos pelos responsáveis técnicos da Revenda MF Redemaq e pelo pessoal da propriedade do senhor Ricardo Lopes de Castro. Por sinal, o treinamento nacional para o RoGator foi realizado em Tupanciretã, sendo
Antena receptora do sinal de satélite, que auxilia o sistema de piloto automático da máquina
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que somente as revendas treinadas podem vender e entregar os produtos. O equipamento que fomos conhecer e testar para informar aos leitores é o pulverizador autopropelido RoGator modelo 874. Este equipamento é fabricado em Jackson, estado de Minesotta, nos Estados Unidos, pela AgChem, sendo fruto de uma evolução de dez anos e comercializado pela AGCO no mercado brasileiro. O equipamento vem completo dos Estados Unidos, apenas recebe aplicação de cera para proteção e é embarcado em navio. Aqui no Brasil a unidade de pulverizadores da AGCO é encarregada de distribuí-lo, treinar os técnicos, mecânicos e operadores, bem como acompanhálos nas primeiras tarefas a campo. A partir de 2009 o modelo 884 substituirá o modelo 874 e completará a disponibilidade com o modelo 1084. Nos Estados Unidos ainda é fabricado o modelo 1286 C que, por enquanto, não virá para o Brasil. Quanto à aplicação deste equipamento, na concepção primeira, pensava-se que abrange-
Tanques de combustível e de óleo do sistema hidráulico. Existe até um termômetro externo, mostrando a temperatura dos líquidos
ria somente o mercado de grandes áreas agrícolas dos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia, porém, atualmente constata-se a possibilidade de ampliação do mercado em várias áreas do Brasil, inclusive em regiões onde não se acreditava ter mercado para este tipo de pulverizador, como o Rio Grande do Sul, que tornou-se um excelente mercado, principalmente em grandes áreas produtoras de grãos, e as áreas de cana-de-açúcar no estado de São Paulo. Inclusive, neste momento, faltam equipamentos para suprir a demanda. Para o mercado da cana-de-açúcar a procura é por equipamentos com uma barra de pulverização menor, com 24 metros, podendo ser diminuída para 18m, fechando-se as ponteiras, enquanto que em áreas de cereais há uma maior demanda para as opções de comprimento de barra de 27 e 30 metros. No modelo 1286 C, que não está sendo comercializado aqui no Brasil, a barra padrão é de 36 metros. A razão desta alteração
“O equipamento que testamos estava com 70 horas de uso, trabalhando em uma área de aproximadamente 1.200 hectares, sobre culturas de inverno” Fotos Charles Echer
O tanque principal, com capacidade para 3.200 litros é todo em inox, garantindo maior vida útil ao equipamento
de expectativa é que, com a desvalorização do dólar em relação ao real e com uma maior disponibilidade de financiamento por meio da financeira da AGCO, a AGCO Finance, este equipamento, que é importado, tornou-se muito competitivo frente aos equipamentos nacionais. E com uma vantagem, a maior qualidade tecnológica. No momento, o RoGator não tem dificuldade em superar seus concorrentes nacionais, pois, mesmo com toda a tecnologia e eletrônica embarcada, ainda chega ao produtor com um preço menor, competindo então com outro concorrente importado. Interessante mencionar que a AGCO se propõe a somente comercializar para os produtores que sejam atendidos por revendedores que tenham recebido treinamento de venda e manutenção. Quanto ao relacionamento do fabricante com os usuários há algumas características interessantes: como era de se esperar, o usuário recebe um manual do equipamento em português, um CD-ROM com demais informações e um livro de peças, para tornar mais fácil o relacionamento do cliente com o revendedor por ocasião das manutenções periódicas ou corretivas. Por sinal, a manutenção do mo-
tor é por conta da Rede Caterpillar, que rastreia o cliente sempre que uma venda é feita e faz uma entrega técnica. Comparando este equipamento com outros métodos de pulverização, principalmente o avião agrícola, pode-se afirmar que, mesmo com menor capacidade operacional (ha/h), a maior vantagem é a qualidade de aplicação, uma vez que, mesmo com a excelente capacidade operacional em relação aos pulverizadores de barra tratorizados, mantém-se o melhor controle do alvo e da tecnologia de aplicação. Também, como vantagem, oferece disponibilidade de diversos recursos de agricultura de precisão, como a possibilidade de gerar mapas de aplicação, e a utilização de piloto automático. O equipamento que testamos estava com 70 horas de uso, trabalhando em uma área de aproximadamente 1.200 hectares, sobre culturas de inverno, como trigo e aveia, com uma capacidade operacional de aproximadamente 300ha/dia, operando a velocidades de 12 a 16km/h em terreno levemente ondulado, com jornadas de oito a dez horas por dia. O operador nos relatava que, ainda sem fazer o abastecimento na lavoura, estava perdendo um pouco de eficiência e que poderia, nas mesmas condições, chegar aos 400ha/dia, caso houvesse uma carreta tanque de água para o reabasteci-
O dispositivo para incorporação de defensivos também é de inox e sua configuração pode mudar, de acordo com a escolha do cliente
mento do tanque. Neste sentido, o fabricante recomenda a colocação de um tanque na lavoura de aproximadamente dez mil litros, o que levaria aproximadamente seis a sete minutos para realizar o abastecimento do tanque, com a própria bomba do sistema que tem vazão aproximada de 450l/minuto.
RECONHECIMENTO DA MÁQUINA No reconhecimento do equipamento ficamos um pouco impressionados pela riqueza de detalhes mecânicos que o fabricante dotou este pulverizador, por exemplo, para o ajuste da bitola, que é feito individualmente em cada roda diretamente do posto do operador, com a máquina em deslocamento a uma velocidade de aproximadamente 8km/h. Para isto há um sistema que permite que a convergência das rodas não seja alterada quando os pistões aumentam ou diminuem a bitola. O motor é Caterpillar, de 250 HP, com injeção eletrônica Tier III, obedecendo aos pa-
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Fotos Charles Echer
Detalhe da suspensão pneumática e do amortecedor da cabine, que garantem um deslocamento suave
Os motores hidráulicos ficam encaixados dentro das rodas para evitar danos às culturas em linha
drões de emissão de poluentes determinados pelo seu país de origem. É equipado também com turbo intercooler que proporciona uma reserva de potência de mais 25 HP, chegando automaticamente aos 275 HP no caso de sobrecarga. Há um interessante sistema de acoplamento de um laptop para o monitoramento e regulagem do motor. O sistema de direcionamento da potência às rodas é feito por meio de motores hidráulicos, acionados por duas bombas hidráulicas, tracionando as rodas de forma cruzada (em “X”). Os motores hidráulicos estão totalmente encaixados dentro do espaço interno das rodas, o que evita maiores danos às culturas em linha. O freio de estacionamento é hidráulico por meio do bloqueio dos motores das rodas. O controle de velocidade de deslocamento é feito por meio de uma transmissão de quatro velocidades com limite de até 52km/ h, em termos operacionais, recomenda-se velocidade máxima de 30km/h. Os pneus são do tipo radial, medidas 380/ 90R46, para os quais se recomenda uma pres-
Vista do sistema de amortecimento do chassi e de abertura de bitolas, realizado eletronicamente do interior da cabine
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Uma válvula colocada na entrada da barra garante sempre a pressão correta da seção
são de 68 libras, sendo utilizados nas culturas em linha e podem ser 23.1-30 de alta flutuação para aplicações em cobertura. O chassi é feito com um perfil em “C”, tornando a estrutura mais flexível, e a suspensão deste modelo é mecânica por meio de feixe de molas, com barras estabilizadoras. Os eixos não são ligados ao chassi e sim à suspensão, assim como o depósito é livre, em relação ao chassi, para evitar a transmissão de vibrações de um ao outro. Existe ainda uma versão SS dos modelos que estão vindo para o Brasil, que também possuem amortecimento das vibrações e oscilações por meio de uma câmara de ar, além do sistema mecânico. A bomba que aciona o sistema de pulverização é acionada por um motor hidráulico e a sua vazão é proporcional à rotação do motor. Para a mistura do produto, coloca-se o mesmo
no adutor químico, sendo que este é retrátil e apresenta capacidade de 20 litros. A mistura pode ser feita diretamente no tanque, o que é desaconselhado e torna a tarefa mais difícil, ou pelo cone do adutor químico, que tem um sistema de mistura com a água do fundo do tanque. Uma vez escolhida esta opção, o operador pode tomar para si o comando do motor e da bomba em um painel de comandos e fazer a operação com maior segurança e precisão. Há ainda um sistema recomendado para volumes muito pequenos, onde o fabricante coloca uma válvula by-pass na entrada da barra, que limita o fluxo da calda na região do fluxômetro, enchendo-o totalmente, o que indica sempre a informação correta para o sistema de agricultura de precisão. No depósito, a agitação é feita por meio de um agitador hidráulico formado por um tubo no fundo do tanque, com orifícios que movimentam a calda. O tanque de combustível é duplo, um de cada lado, com comunicação por meio de uma mangueira, tendo capacidade de 490 litros. Possui também dois bocais de abastecimento, o que facilita a tarefa e reduz o número de ma-
“Comparando este equipamento com outros métodos de pulverização, principalmente o avião agrícola, pode -se pode-se afirmar que, mesmo com menor capacidade operacional (ha/h), a maior vantage m é a qualidade de aplicação ” vantagem aplicação”
nobras. O depósito de calda, em aço inoxidável, é de 3.200 litros neste modelo, apresentando, sobre ele, mais um depósito de água limpa para mais de 400 litros. Um dos opcionais que despertam interesse é o sistema de limpeza de barras denominado “Boom clean out”, sistema esse que evita problemas como fitotoxicidade e resíduos que venham a ser gerados por limpeza ineficiente das barras, e funciona baseado no princípio de injeção de ar dentro das barras de pulverização. A barra é subdivida em cinco seções, podendo chegar até dez seções dependendo do tipo de trabalho, e foi projetada com sistema de desarme físico contra choques em obstáculos e também com sistema hidráulico, que é exclusi-
vo da marca. O sistema de nivelamento da barra é feito por um olhal esférico no centro da estrutura traseira de suporte da barra. Para transporte há um sistema de bloqueio com pino, que mantém a barra na sua altura máxima, recolhida. Ergonomicamente, vimos algumas coisas bem interessantes. Uma escada retrátil, por cilindro hidráulico, bem dimensionada, que se encontra retraída quando o pulverizador está em funcionamento e somente entra em posição de utilização quando o freio de estacionamento hidráulico é acionado. Quanto à acessibilidade, ademais da escada, há boas plataformas e corrimãos ao redor do tanque e comandos superiores. A cabine está apoiada sobre coxins e com câmaras de ar e amortecedores, o
Visão geral da cabine, do console, onde estão localizados os principais comandos, e dos monitores em coluna
que sentimos ser bastante útil para a minimização dos impactos causados pelas ondulações do terreno. O pulverizador movia-se para adequar-se às rugosidades do terreno, e a cabine e a barra corrigiam eficientemente as suas posições. O sistema de filtragem do ar funciona de maneira dupla, podendo ser pressurizado e aberto com duplo filtro, o primeiro com malha de tecido e o outro com carvão ativado, facilmente acessado na lateral do pulverizador, próximo à escada de acesso. O banco é realmente de nível superior, revestido com excelente material e com regulagem de altura e firmeza, além de ótimos, descansa braços. Impressionante é que o banco conta com um interessante sistema de aquecimento superficial, muito utilizado nas estações frias de seu país de origem. Dentro da cabine há vários painéis. O primeiro, centrado a frente do volante, com quatro instrumentos, consta de um termômetro
Na parte externa, próximo ao tanque de incorporação de defensivos, existe um painel onde o operador controla as bombas e os fluxos do defensivo e da água limpa
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Fotos Charles Echer
A escada tem acionamento automático, que baixa quando o freio estacionário é acionado. A altura do chão é próxima aos 25cm
do óleo hidráulico, um manômetro de pressão da bomba e outro da bomba hidro e um manômetro da pressão do freio. No lado esquerdo, um painel Caterpillar comanda o controle do motor, com termômetro da água de arrefecimento, pressão do óleo de lubrificação, um tacômetro com horímetro e várias luzes para o diagnóstico. Na parte superior da cabine, um painel de controle do ar-condicionado, luzes e uma secção de diagnóstico de falhas, para a manutenção. Por último, o quarto painel para controle e informação do sistema de pulverização, com manômetro de barra e de bomba. Para segurança do operador estes medidores e controladores são totalmente elétricos, não sendo necessária a passagem de líquido por dentro da cabine, o que poderia provocar intoxicação em caso de vazamentos. Para o controle do sistema de agricultura de precisão, que compreende o piloto automático e a montagem dos mapas, há um monitor Raven modelo 5000 e um sistema Envizio, este último para a demonstração das rotas e faixas já aplicadas.
O TESTE Iniciamos o trabalho de teste com uma linha base a partir da metade de uma lavoura, mas o operador comentou que se sente melhor fazendo todo o contorno da área e depois começando a trabalhar em faixas, no sentido do maior comprimento. Os painéis auxiliam nesta tarefa. Fizemos a opção de aplicar em um trajeto de aproximadamente 500m e depois alternar faixas adjacentes ora Equipe que acompanhou o teste, na localidade de Aguapé, em Tupanciretã (RS)
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para direita, ora para a esquerda desta linha base. Para simular o erro de um operador ao escolher uma faixa já aplicada, entramos em uma linha que já havíamos passado antes e o equipamento mostrou a utilidade da tecnologia denominada “Accu boom”: cortou a vazão da calda para a barra e nos avisou através do painel que esta linha já estava pronta. Como estávamos aplicando sobre um rastro anterior, foi impressionante ver a precisão do equipamento, pois os pneus eram direcionados pelo sistema de piloto automático a andar sobre o rastro deixado anteriormente e com muita precisão. Neste sentido vimos uma das qualidades deste equipamento, mesmo na posição sentada, o operador visualiza o eixo dianteiro e as rodas, o que é importante para certas situações, como na cultura da cana-de-açúcar por exemplo. Para a operação basta escolher a rotação do motor no acelerador manual, uma das quatro marchas, neste caso optamos pela se-
gunda marcha, e alterar a velocidade pelo comando principal, que também serve para regular a altura da barra, operamos com velocidades entre 12 e 16km/h, aplicando um volume de 60l/ha. Ao final da cabeceira, trabalhando com a opção AutoGuide, é só assumir a manobra deixando para o sistema encontrar a linha a ser aplicada. Notamos que mesmo a esta velocidade, que está longe da máxima, o solo contém irregularidades que provocam vibrações, as quais são minimizadas pelo controle automático da barra, que corrige as oscilações, pelo sistema particular denominado “auto boom”. Ao final ficou uma excelente impressão do produto testado, pois, além de ótimo nível tecnológico, parece reunir qualidades ergonômicas e de segurança, com altíssima .M produtividade. José Fernando Schlosser, Gustavo Heller Nietiedt e Ulisses Giacomini Frantz, UFSM
gotejamento enterrado
De gota em gota Glauber Gava
O
Detalhe do sistema de filtragem composto por filtro de disco e visão do sistema completo
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hortaliças, apresentando como principais vantagens a redução do total de água requerida; melhor aproveitamento de água e nutrientes devido à aplicação diretamente na zona de maior massa radicular das plantas; redução da evaporação de água, da população de plantas daninhas e do acúmulo de sais na superfície devido à manutenção de solo seco na superfíMarconi Teixeira
sistema de gotejamento subsuperficial (ou enterrado) é uma técnica que está permitindo aumentar a eficiência no manejo da água e intensificar os processos produtivos, sendo uma tecnologia que, em comparação ao sistema de irrigação por gotejamento superficial, apresenta vantagens adicionais, como aplicar água e nutrientes diretamente na zona radicular, reduzir as perdas por evaporação, evitar danos mecânicos e por roedores às linhas de gotejadores, reduzir a umidade na superfície do solo e minimizar a incidência de doenças. A irrigação por gotejamento subsuperficial é utilizada em diversas culturas, tais como canade-açúcar, algodão, melão, batata e numerosas
cie; menor interferência em tratos culturais (capinas, pulverizações etc) e na colheita das culturas; redução de danos mecânicos às mangueiras de polietileno do sistema de irrigação; sistema radicular mais profundo e menores perdas de nitrato abaixo da zona radicular; eliminação do problema de crostas superficiais impermeabilizantes do terreno e de escoamento superficial, com aumento da uniformidade de infiltração; possibilidade de aplicação de água residuária, minimizando riscos de saúde associados ao contato com águas residuárias e odores incômodos. As etapas envolvidas na implantação do projeto em campo são as seguintes: 1) montagem do cavalete, cabeçal de controle, sistema motobombas (estação de controle); 2) abertura dos sulcos; 3) abertura das valas; 4) montagem da linha principal, linhas secundárias e linhas laterais; 5) chicotes; 6) fechamento das valas; 7) plantio; 8) cobertura dos sulcos; 9) conserto de vazamentos e 10) programação. Devido ao tubogotejador, no gotejamento subsuperficial, estar usualmente no meio da região do solo com maior concentração de raízes, há uma potencial vantagem devido ao fato de a água e os fertilizantes poderem ser completamente explorados. Por exemplo, se nutrientes diluídos são freqüentemente aplicados na zona radicular em taxas iguais às que as culturas absorvem, o fertilizante é absorvido eficientemente, a aplicação de fertilizante pode ser reduzida e o potencial de perdas de nutrientes solúveis por lixiviação pode ser controlado (Phene, 1999). Os sistemas de irrigação por gotejamento subsuperficial exigem boa filtragem e é imprescindível o uso de ventosas de duplo efeito em todos os pontos altos do sistema para prevenir sucção e entrada de solo no gotejador, especialmente em declives acentuados. A instalação de tubos secundários de lavagem, que conectam os finais de todas as laterais, facilita a limpeza rápida das mesmas. Existem gotejadores com dispositivos anti-sucção, estes gotejadores são Rubens Coelho
A técnica de gotejamento enterrado é uma alternativa bastante utilizada em diversas culturas no Brasil. Recentemente, estudos mostram que a aplicação desta tecnologia em cana-de-açúcar pode aumentar a produção em até 50%
“Solos profundos, férteis e com alta condutividade hidráulica não -saturada não-saturada permitem maiores profundidades de instalação dos gotejadores”
Figura 1 – Mapeamento da umidade do solo (formação do bulbo molhado). Fonte: Bernardes (2007)
tragem torna-se uma prática essencial ao bom funcionamento do sistema. Os filtros devem ser limpos (retrolavados), quando a perda de carga ultrapassar um valor máximo recomendado pelo fabricante. De acordo com Juan (2000), o entupimento por raízes é bastante desigual e dependente do tipo de solo e do tipo de emissores. Tem-se comprovado que é mais freqüente em solos argilosos que nos franco arenosos, provavelmente porque as raízes buscam no interior do ramal não a água, mas sim o oxigênio dissolvido, que é escasso nesses. A penetração de raízes nos emissores subsuperficiais não é um problema se o sistema for operado freqüentemente, causando uma permanente saturação do solo próximo aos emissores, de modo que as raízes não possam penetrar. A adição de herbicidas à água de irrigação por curtos períodos também pode prevenir o entupimento por raízes (trifluralina: uma aplicação de 0,25ml/gotejador via água de irrigação, no início do ciclo de desenvolvi-
mento, durante 20 a 30 minutos). A profundidade recomendada para a instalação das linhas laterais de gotejadores depende de vários fatores, especialmente daqueles relacionados às características físicas, hídricas e químicas do solo. Assim, solos profundos, férteis e com alta condutividade hidráulica nãosaturada permitem maiores profundidades de instalação dos gotejadores. Como regra geral, sugere-se que a profundidade deve ser suficiente para que não haja afloramento de umidade na superfície do solo e que as operações de preparo possam ser realizadas sem causar danos às tubulações, haja vista que o sistema deve permanecer instalado no campo. Gornat & Nogueira (2003) compararam o desempenho de quatro culturas (banana, mamão papaya, coco e maracujá) utilizando os sistemas de irrigação localizada convencional e subsuperficial em diferentes regiões do Brasil, sendo que em todas as culturas, as laterais de gotejamento foram enterradas em profundida-
Glauber Gava
constituídos de uma esfera que se movimenta dentro do pequeno tubo que compõe o corpo do gotejador, vedando totalmente a entrada de ar e de solução de solo. Diversos tipos de gotejadores estão disponíveis no mercado, apresentando diferentes sensibilidades ao entupimento, de acordo com a qualidade da água, do diâmetro mínimo de passagem, da velocidade do fluxo e das características físicas de construção do emissor (tipos de labirintos, perda de carga localizada na lateral etc). Há modelos que possuem membranas autolimpantes e câmaras de pré-filtragem que os tornam menos suscetíveis ao entupimento. Com relação às tubulações e conexões, os principais problemas na irrigação localizada relacionam-se ao corte ou desligamento provocado por instrumentos de trabalho manual ou mecanizado usados nos tratos culturais. No sistema de gotejamento subsuperficial, esse tipo de problema praticamente não ocorre, pois as linhas de gotejadores estão enterradas. A principal limitação do gotejamento subsuperficial está relacionada ao estabelecimento inicial da cultura. Por não fornecer condições satisfatórias de umidade na superfície do solo para a germinação de sementes ou pegamento de mudas, se faz necessário, muitas vezes, o uso da irrigação por aspersão, o que ocasiona a elevação de custos e reduz o retorno econômico. Outro problema potencial é o entupimento de gotejadores por partículas de solo e de raízes, o que pode ser prevenido pelo uso de válvulas antivácuo, gotejadores especiais, tratamento químico com cloro e ácidos, limpeza periódica do final de linha e injeção de trifluralina. A fil-
Figura 2 – Instalação dos tubos gotejadores nos tratamentos irrigados (T1 e T2). Fonte: Gava (2007)
Detalhe do equipamento acoplado ao trator que é utilizado para fazer o enterrio dos tubos gotejadores
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Fotos Glauber Gava
des entre 20 e 30cm. Os autores observaram que, com o gotejamento subsuperficial, o desenvolvimento de raízes foi mais denso e mais profundo no volume de solo molhado pelos gotejadores e a maior parte das raízes esteve entre 15 e 45cm. No gotejamento subsuperficial não houve desenvolvimento de raízes na camada seca superior de 0 a 15cm. O padrão de umedecimento ao redor do emissor subsuperficial pode ser manejado por meio da freqüência de irrigação. Por exemplo, se o interesse é movimentar a água para maior volume, a freqüência de irrigação deverá ser aumentada. O volume de solo molhado depende da condutividade hidráulica do solo, da vazão do emissor, do total de água aplicada no solo e da variabilidade espacial das propriedades físicas do solo. A Figura 1 mostra como exemplo o mapeamento da umidade do solo (descrição do bulbo molhado) para seis profundidades de instalação de tensiômetros (20, 40, 60, 80, 100 e 150cm) e cinco distâncias da mangueira em relação à planta (10, 30, 50, 90 e 110cm) para mangueira gotejadora instalada a 20cm de profundidade. As principais causas de encharcamento são: vazamentos de água nas tubulações e válvulas de irrigação, baixa uniformidade de distribuição de água (dimensionamento, operação e manutenção inadequada do sistema de irrigação), drenagem deficiente, depressões no solo e áreas compactadas por máquinas e implementos agrícolas. Uma importante limitação do uso da irrigação por gotejamento subsuperficial é seu alto custo inicial. O custo pode variar muito, dependendo da cultura, da quantidade de tubulação necessária, dos equipamentos de filtragem e de injeção de fertilizantes e do grau de automação. Do custo inicial total de um sistema de irrigação por gotejamento, as tubulações representam cerca de 60% a 70%, sendo que os tubos gotejadores podem corresponder de 40 a 50% e o cabeçal de controle entre 10% e 20%. Esse sistema exige alto investimento em obras e aquisição de equipamentos para captação, condução, controle e distribuição da água, devendo ser considerados gastos com energia e mão-de-obra para operação e manejo do siste-
Linhas de derivação conectadas às tubulações que estão interligadas à estação de controle
Estação onde são feitos o controle e a distribuição da vazão para os setores
ma, que representam importantes custos adicionais à produção. A viabilidade econômica é um fator indispensável para sua adoção pelos agricultores, isto é, os custos gerados pelo uso do sistema de irrigação devem ser pagos pelo incremento de produtividade proporcionado pelo fornecimento de água às plantas, permitindo que a recuperação do investimento ocorra também através da extensão da longevidade do canavial. Um detalhe importante é que a irrigação dá maior rentabilidade em cenários de preços maiores da tonelada de cana-de-açúcar (preço da cana em US$/t). Zoldoske et al. (1998) afirmam que os sistemas de gotejamento enterrados, tanto para culturas de ciclo curto quanto para as culturas perenes, poderão ter vida útil igual ou superior a 20 anos. Resende (2003) comentou que a nãoreutilização do material de polietileno ao final de sua vida útil pode resultar em um problema ambiental. Para a realização de um manejo de água e fertirrigação eficiente, é importante que a uniformidade de aplicação de água pelos emissores seja a maior possível, pois, com a prática contínua da fertirrigação, algumas plantas podem estar recebendo quantidades menores de fertilizantes que outras, ocasionando uma variabilidade de produtividade dentro da área.
importante dispor de instrumentos que permitam monitorar problemas de funcionamento após a instalação do equipamento em campo. São indispensáveis: manômetros (entrada e saída da bomba e cabeçal de controle), amperímetro e hidrômetros. É importante dispor também de equipamentos que monitorem o pH, a condutividade elétrica e a temperatura da água. Os medidores de vazão (hidrômetros) complementam a informação, ao permitir a checagem da vazão em cada setor. Estas alterações muitas vezes não são detectadas pelo operador, podendo provocar perdas na produção. A Tabela 1 apresenta as causas de variação de vazão que são registradas no medidor de vazão.
CONTROLE DO FUNCIONAMENTO No gotejamento enterrado torna-se muito
GOTEJAMENTO EM CANA Estudos realizados por Gava et al, (2008) na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Jaú (SP), da Apta-Pólo Centro-Oeste/SAA avaliaram a utilização da irrigação por gotejamento subsuperficial, aplicando diferentes doses de nitrogênio na cultura de cana-de-açúcar de primeiro ciclo (cana-planta). O experimento foi conduzido em um Argissolo eutrófico, que apresentou na camada de 0-25cm: pH (CaCl2) 5,2; P (resina), 19,0mg dm-3; K, 0,9mmolc dm-3; Ca, 27,0mmolc dm-3; Mg, 14,0mmolc dm-3; CTC, 105,0mmolc dm3 ; V (%), 66, e uma composição em areia, silte e argila de 660, 70 e 270g kg-1, respectivamente. A cultivar utilizada foi a SP80-3280, e o delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, com quatro repetições e quatro tratamentos: T1 75kg de N ha-1 aplicado em sistema de fertirrigação; T2 150kg de N ha-1 aplicado em sistema de fertirrigação; T3 75kg de N ha-1 aplicado em sistema de sequeiro e T4 150kg de N ha-1 aplicado em sistema de sequeiro. O experimento teve duração de 336 dias. Nesse período, as médias das temperaturas máximas e míGlauber, Marconi, Rubens e Ronaldo mostram os benefícios da irrigação através do gotejamento enterrado em cana-de-açúcar
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“O consumo diário de água pela cana-de -açúcar depende de alguns fatores como o estágio de cana-de-açúcar desenvolvimento da cultura; demanda evapotranspirométrica em função da época e da região” Tabela 1 – Descrição de problemas no equipamento de irrigação que causam variação na vazão real em relação à vazão nominal Vazão real do sistema em relação à vazão nominal Alto Baixo Baixo Baixo Baixo
Causa do problema Ruptura na rede hidráulica e/ou mais de um setor aberto Sucção na bomba obstruída, cavitação, falta de água Filtro de areia sujo Válvula na rede hidráulica fechada (rede hidráulica obstruída) Filtro de tela sujo
Fonte: Ferreyra, R. (2000)
Tubulações que conduzem água da estação de controle às linhas de derivação
nimas foram, respectivamente, de 29,0 e 15,0oC e a precipitação no período totalizou 1.480mm. A lâmina de água aplicada nos tratamentos irrigados foi de 400mm. Os tratamentos receberam uma dose de 180kg de P por ha-1 na forma de superfosfato simples aplicado no plantio e 220kg de K2O na forma de cloreto de potássio. A aplicação de N e K nos tratamentos fertirrigados foi realizada ao longo do crescimento da cultura e nos tratamentos não-irrigados (sequeiro), esta aplicação foi realizada no plantio e 30 dias após o plantio. A fonte de N-fertilizante utilizada foi a uréia. As parcelas constituíram-se de cinco sulcos de 30 metros de comprimento. Em todos os tratamentos, foi utilizado o plantio em linha dupla (plantio “em W” ou plantio em “abacaxi”), com espaçamento de 1,80m entre as linhas duplas. Nos tratamentos irrigados o tubo gotejador foi enterrado a 20cm de profundidade da superfície do solo, no meio da linha dupla conforme a Figura 2. O tubo gotejador utilizado foi o Dripnet PC 22135 FL vazão de
Tabela 2 – Produtividade de colmos (TCH), pol da cana (POL), produtividade de açúcar (TPH) e açúcar total recuperável (ATR), no período de 11 meses (GAVA, 2008) Tratamentos T1 T2 T3 T4 CV (%)
TCH t ha-1 141,2 ( 8,4) a 136,5 ( 9,4) a 88,3 ( 7,9) b 91,3 ( 8,4) b 5,86
POL % 15,9 ( 0,4) b 16,2 ( 1,3) b 17,6 ( 0,8) ab 18,3 ( 0,5) a 4,61
TPH t ha-1 22,5 ( 1,7) a 22,1 ( 1,4) a 15,6 ( 1,7) b 16,8 ( 1,1) b 7,71
TPH t ha-1 22,5 ( 1,7) a 22,1 ( 1,4) a 15,6 ( 1,7) b 16,8 ( 1,1) b 7,71
Médias e desvio-padrão das médias (m se), seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
1.0l h-1 possuindo gotejadores a cada 0,5m. A Tabela 2 apresenta os resultados dos testes de significância e dos coeficientes de variação para as variáveis: tonelada de colmos por hectare (TCH), pol % cana (POL), tonelada de açúcar por hectare (TPH) e açúcar total recuperável (ATR). Observa-se que não houve diferenças significativas entre os tratamentos que receberam diferentes doses de N-fertilizante na cana-planta. As hipóteses formuladas por vários pesquisadores para explicar as variações encontradas nas respostas à adubação nitrogenada em canaplanta são várias, sendo que uma das mais aceitas atualmente é a elevação da taxa de mineralização do N-nativo do solo e dos resíduos vegetais no momento da reforma do canavial
(Sampaio et al, 1995). Verifica-se na Tabela 2 que ocorreram diferenças significativas nas variáveis TCH, POL, TPH e ATR entre os tratamentos irrigados (T1 e T2) e não irrigados (T3 e T4). Nos tratamentos irrigados, a TCH média foi de 139t ha-1 e a TPH foi de 22,0t açúcar ha-1 e para os tratamentos não irrigados a TCH foi de 90t ha-1 e a TPH foi de 16,0t açúcar ha-1. A aplicação de uma lâmina de água de 400mm aumentou a produtividade da cultura em 50%. Resultados semelhantes a estes foram obtidos por Guazzelli & Paes (1997) e Dalri (2004). Nas condições em que este experimento foi realizado concluiu-se que: a irrigação por gotejamento subsuperficial elevou a produtividade da cana-planta em relação à cultura não irrigada, enquanto o aumento da dose de N-fertilizante não elevou a produtividade da cana-planta nos dois sistemas de manejo. O consumo diário de água pela cana-deaçúcar depende de alguns fatores como o estágio de desenvolvimento da cultura; demanda evapotranspirométrica em função da época e da região (de 2,00 a 6,00mm/dia); cultivar utilizada (novas variedades de cana com maior produtividade) e adequação de manejo (N, P, Ca, água e oxigênio, população de plantas). É de grande importância definir os estágios de desenvolvimento da cultura para otimizar a efi.M ciência de aplicação da irrigação. Marconi Batista Teixeira, UEG Glauber José de Castro Gava, Apta Ronaldo Resende Embrapa Tabuleiros Costeiros Rubens Duarte Coelho Esalq/USP
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manutenção
Trilha em dia Conhecer o funcionamento do sistema de trilha, dar a manutenção adequada e realizar as regulagens corretamente são fatores indispensáveis para evitar perdas e quebras de grãos na hora da colheita
Charles Echer
C
om os altos índices de perdas na colheita de grãos, constatados nas últimas safras, torna-se cada vez mais oportuno insistir em treinamento e na consultoria para operadores e proprietários de colheitadeiras. Dando seqüência ao texto divulgado pela Revista Cultivar Máquinas, edição março 2008, sobre manutenção de colheitadeiras com o tema “Corte e captação bem ajustados”, a respeito do sistema de alimentação da colhedora, trataremos agora sobre sistema de trilha. É no sistema de trilha que ocorre a transformação de uma planta em dois produtos: grão e palha, e é também o sistema que determina qual caminho cada um desses produtos deve seguir. Por isso, é importante que sejam dadas condições de manutenção e regulagem à colhedora, para que, no mínimo, 90% da palha acesse o sistema de separação, e que, no mínimo, 90% dos grãos tomem o caminho do sistema de limpeza. Portanto, o sistema de trilha é, sem dúvida, o mais importante da colhedora e, quando este apresentar problemas de manutenção e/ou de regulagem, compromete todo o sistema industrial da máquina e conseqüentemente a qualidade de colheita. É de fun-
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damental importância que o operador conheça a máquina por dentro, ou seja, que consiga visualizar imaginariamente todo o processo que o produto passa neste sistema, que é também onde a qualidade do grão pode ficar comprometida. O que preocupa é que sempre que aparecem problemas nos sistemas de separação e limpeza observa-se a iniciativa de resolvê-los alterando componentes desses sistemas. O que o operador pode não saber é que é neste sistema que aparecem os sintomas, mas que raramente a causa esteja nos mesmos, pois, a grande maioria dos problemas que ocorrem na separação e limpeza é oriunda do sistema de trilha, causada por falta de manutenção e/ou regulagem inadequada. Temos exemplos bem conhecidos como o de sobrecarga nas peneiras, ocasionada pelo excesso de trilha, exigindo com isso maior abertura das peneiras e maior velocidade do ventilador, causando como conseqüência excesso de retrilha, quebra de grãos, impureza, máquina sobrecarregada e perdas pelas peneiras. A não-observância destas condições leva o operador, na tentati-
A altura do côncavo deve ser medida para verificar o estágio de desgaste que se encontra
va de resolver um problema, a provocar outros, pois não estará atacando a causa. A trilha inadequada ocasiona também danos mecânicos nos grãos que não são visíveis, mas quando estes grãos são para semente comprometerão o poder germinativo e vigor da mesma. Com relação à manutenção dos componentes do sistema de trilhas, é necessário observar alguns tópicos, que destacaremos a seguir.
CILINDRO Quando aparecem barras tortas e/ou desgastadas, estas exigem maior rotação do mesmo para executar a trilha, ocasionando quebra de grãos e trituração da palha, fazendo com que a planta triturada, em vez de ir ao saca-palhas, cruze pelo côncavo. Isso provoca sobrecarga nas peneiras, exigindo, então, maior abertura das mesmas e maior volume de ar, causando inevitavelmente quebra de grãos e perdas pelas peneiras. Maior rotação do cilindro aumenta a exigência de potência do motor e, conseqüentemente, causa maior consumo de combustível. Por isso, quando o desgaste das barras for superior a 30% (trinta por cento), justifica a troca, sendo que esse investimento terá retorno imediato. Outra manutenção importante é a limpeza diária de material depositado atrás das barras do cilindro, que ocasiona o desbalanceamento do mesmo, causando sobrecarga no sistema e provocando um balanceamento na máquina, fazendo com que o molinete e o
“O que preocupa é que sempre que aparecem problemas nos sistemas de separação e limpeza observa-se a iniciativa de resolvê-los alterando componentes desses sistemas ” sistemas” Fotos Plinio Pinheiro
O detalhe mostra o desgaste das barras do cilindro que deve ser trocado quando atingir 30% de desgaste
conjunto de corte vibrem em cima da planta, ocasionando a debulha de grãos ainda antes que estes acessem a colheitadeira.
CÔNCAVO Arames tortos ou barras desgastadas também exigem que o côncavo trabalhe mais próximo do cilindro, ocasionando excesso de trilha, gerando aí, os mesmos problemas citados em relação ao cilindro. Por isso, quando as barras estiverem com um desgaste e a sua altura for inferior a 4mm (quatro milímetros), recomenda-se substituição.
É imprescindível que o côncavo não fique sobrecarregado durante o trabalho, pois, além de causar quebra de grãos, possibilita o arrasto do material pelas barras do cilindro pelo sacapalhas, causando perdas de grãos pelos mesmos. Recomenda-se limpeza diária do côncavo antes do início do trabalho e quantas vezes fo-
rem necessárias durante a jornada.
EXTENSÃO DO CÔNCAVO OU PENTE A extensão do côncavo ou pente tem como principal função escorar o material que sai do côncavo para o saca-palhas, a fim de que o material seja atingido pelo batedor traseiro,
Fotos Plinio Pinheiro
É necessário adquirir peças de reposição originais, para garantir que as mesmas tenham bitolas e especificações iguais
Visão de duas lavouras onde a colhedora apresentou problemas no sistema de trilha, jogando fora uma grande quantidade de grãos
auxiliando no acabamento da trilha e na separação de grãos que eventualmente acompanham a palha. Para dar manutenção neste ponto é necessário observar se existem dedos tortos, quebrados ou desalinhados, pois eles permitem que palhas graúdas sejam colocadas pelos saca-palhas no bandejão, o que sobrecarrega as peneiras. Neste caso, procure alinhar os dedos tortos e substituir os quebrados.
como função principal transmitir o movimento do motor para o sistema industrial da colhedora. Além da manutenção das barras do batedor, é importante realizar toda a manutenção recomendada para o motor da máquina, para que este não comprometa a regularidade de rotação de todos os componentes móveis dela. É importante salientar que se o sistema industrial realizar um trabalho fora do padrão recomendado comprometerá toda a atividade no processo de colheita. A manutenção e a regulagem adequadas para que o sistema de alimentação trabalhe dentro de condições satisfatórias se tornam inúteis caso o sistema de trilha estiver fora do padrão de manutenção e regulagem. Tudo o que for feito dali para frente em relação à máquina ficará comprometido e nada adiantará fazer nos demais sistemas pois
será sem sucesso. Portanto, está bem claro de que o sistema mais importante da colhedora é o de trilha, e é ele que merece a maior atenção do operador da colheitadeira. Saliento ainda que os componentes deste sistema não são visualizados pelo operador durante o trabalho, por isso, é necessário que o operador conheça a máquina por dentro, ou seja, o seu sistema industrial. Nas edições futuras, divulgaremos a manutenção dos demais componentes da máquina e suas respectivas regulagens.
CONCLUSÃO A experiência nos deixa claro de que o caminho mais curto para minimizar os problemas ocasionados no processo de colheita e principalmente relacionados a perdas e à qualidade de grãos é através de treinamento para todas as pessoas envolvidas no processo, preferencialmente com assessoramen.M to profissional na prática. Plínio Pacheco Pinheiro, Escola Agrotécnica de Carazinho/RS Senar/RS
BATEDOR TRASEIRO O batedor traseiro ou segundo cilindro tem
Detalhe da medição e manutenção nas barras do batedor traseiro
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Exemplos de sobrecarga nas peneiras por excesso de trilha e possíveis problemas de rotação
Plínio destaca a importância de o operador conhecer o sistema de trilha para realizar o diagnóstico correto quando ocorrerem problemas na colheita
cana-de-açúcar
Vagões do canavial Existem inúmeros modelos de veículos para transbordo de cana-de-açúcar no mercado. Conheça as características dos principais modelos disponíveis e qual situação cada um se adapta melhor
A
mecanização da colheita se iniciou quando surgiram as primeiras carregadoras de cana, montadas sobre tratores agrícolas com a função de carregar a cana cortada e enleirada manualmente no caminhão que a transportaria à usina para ser moída, no final da década de 1950 e início dos anos 1960. Foi só mais tarde, no ano de 1973, que foram introduzidas as primeiras colhedoras automotrizes para a colheita de cana-deaçúcar em escala comercial, importadas da Austrália para o estado de São Paulo, estendendose a seguir ao Rio de Janeiro e Alagoas. Também na década de 1970, a Massey Ferguson começou a fabricar a sua colhedora de cana picada com todos os sistemas de processamento de cana, movidos por elementos mecânicos (correntes de elos), sendo acionados a partir de um motor de oito cilindros em “V”. Desde então observamos um avanço lento do sistema de colheita mecanizada, sendo que as colhedoras Cena comum nos canaviais durante a década de 90, quando a colhedora transferia diretamente a cana colhida para o caminhão
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disponíveis hoje no Brasil apresentam, na sua maioria, as mesmas características, com pequenas variações, dependendo do fabricante, quanto ao sistema de alimentação ou processamento do material no interior da colhedora (Magalhães & Braunbeck, 2007). Estas colhedoras são autopropelidas e dispõem de mecanismo de corte de base, picadores, sistema de limpeza para separação da matéria-prima de parte das impurezas vegetais e minerais e uma esteira eleva-
dora que transfere o produto colhido direto para o veículo que a acompanha, pois esta colhedora não dispõe de sistema de armazenamento. Até o final dos anos 1990 ainda era comum observarmos no campo que a cana colhida era transferida diretamente da colhedora para o caminhão que entrava no talhão. Este veículo, totalmente inadequado para o tráfego em terrenos agrícolas, acabava prejudicando a cultura em muitos aspectos, como a compactação
“Observamos um avanço lento do sistema de colheita mecanizada, sendo que as colhedoras disponíveis hoje no Brasil apresentam, na sua maioria, as mesmas características, com pequenas variações” Tabela 1 - Capacidade de carga dos transbordos comerciais Capacidade de carga (toneladas) Quantidade 4 - 7,5 10 8 - 8,5 14 9,5 - 12 11 12,5 - superior 5 Total de modelos com a informação 40
excessiva do solo e destruição da soqueira, sem considerarmos os aspectos de logística, pois obrigava que, para poder operar a colhedora, era necessário ter um caminhão disponível. Com a expansão da cana e a recuperação dos mercados de açúcar e álcool, e a modernização do sistema de administração das usinas, surgiu também a preocupação com a sustentabilidade do sistema, e a solução, que vinha sendo preconizada há muitos anos, toma corpo e inicia a substituição do caminhão pelo veículo de transbordo. Estes veículos entram no talhão acom-
panhando a colhedora e recebem a carga que sai da esteira elevadora. No instante que a carga é completada, transportam o material colhido até o carreador e transferem para um caminhão ou carreta, para serem levados para a usina. Este tipo de equipamento apresenta uma série de vantagens: foi projetado e construído para trabalhar em terrenos agrícolas; a distribuição de peso por eixo é muito melhor que a do caminhão; utiliza pneus agrícolas causando menor compactação do solo; e pode ter sua bitola acertada para a largura entrelinhas, evitando desta forma, o pisoteio
Percentual 25,00% 35,00% 27,50% 12,50% 100,00%
das soqueiras. Dentre os modelos disponíveis no mercado encontramos uma grande variedade no que se refere às características técnicas e construtivas destes veículos, o que pode dificultar ao responsável pela aquisição deste tipo de equipamento tomar a decisão sobre quais são os aspectos mais relevantes que garantem a melhor relação custo/ benefício e desempenho adequado dentro da safra. Foi com este objetivo que realizamos uma análise técnica sob ponto de vista de engenharia de quais seriam os principais aspectos construtivos que podem interferir no desempenho deste implemento e, concomitantemente, fizemos um levantamento junto à maioria dos fabricantes deste tipo de equipamento para verificar o que está disponível no mercado brasileiro hoje. Os aspectos considerados mais relevantes referem-se a:
Tabela 2 - Alturas de transbordamento e carregamento Altura de transbordamento (mm) 3.800 - 4.000 4.000 - 4.300 4.300 - 4.500 4.500 - 4.700
Quantidade 1 1 13 18 33
Percentual 3,03% 3,03% 39,39% 54,55% 100,00%
Tabela 3 - Bitolas comercias encontradas nos veículos de transbordo Bitola (mm) Quantidade 1.800 - 2.000 10 2.000 - 2.300 3 2.300 - 2.800 10 2.800 - 3.000 11 Total de modelos com a informação 34
Percentual 29,41% 8,82% 29,41% 32,35% 100,00%
CAPACIDADE DE CARGA É a quantidade de cana que os modelos são capazes de carregar. Embora alguns fabricantes informem esse item em unidade de massa, toneladas, deve-se atentar para a capacidade volumétrica, expressa em metros cúbicos, tendo em vista que a densidade da cana colhida varia conforme a situação de colheita. De forma geral, a densidade média é de 420kg/m3. A Tabela 1 mostra como estão divididos os transbordos disponíveis no mercado quanto à capacidade de carga. Esta informação é importante no dimensionamento da frota, pois é fator limitante para se estabelecer o tempo de carga e o tempo de percurso entre a frente de colheita e o ponto de transbordamento.
ALTURA A altura de transbordamento compreende a distância entre o solo e a parte inferior da caçamba na posição de descarga. É altura máxima de descarga atingida pela caçamba durante a operação de transbordo da cana. Por outro lado, a altura de carregamento compreende a distância entre o solo e a parte superior da caçamba, que deve ser inferior à altura de descarga da colhedora nas mais adversas condições de trabalho. A Tabela 2 mostra as alturas de transbordamento e carregamento dos modelos disponíveis no mercado.
BITOLA E PNEUS A bitola corresponde à distância entre o centro das rodas do equipamento e é um fator básico quando se escolhe o transbordo, pois para
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Altura de carregamento (mm) 2.500 - 3.000 3.000 - 3.300 3.300 - 3.500 3.500 - 3.600
Quantidade 1 2 6 21 30
Percentual 3,33% 6,67% 20,00% 70,00% 100,00%
preservar a longevidade dos canaviais, deve-se andar sempre nas entrelinhas e evitar passar sobre as soqueiras. Dessa forma, a escolha da bitola correta passa pelo planejamento do cultivo, Tabela 3. Os pneus devem ser selecionados de forma que dêem estabilidade e segurança ao operador do veículo. No caso do transbordo, também é vital por influenciar na compactação do solo. Não podemos esquecer que estamos trafegando sobre a zona de cultivo e, como se trata de uma cultura semiperene, por vários anos esta área não será preparada. Por isso há maior procura por pneus de alta flutuação, que por características construtivas necessitam de pressões mais baixas de insuflagem e apresentam maior área de contato com o solo, reduzindo, desta forma, a pressão de contato, podem suportar maiores cargas, contudo não são indicados para trabalharem a velocidades superiores a 30km/h. Dos modelos disponíveis no mercado 90% utilizam este tipo de pneu, geralmente na dimensão 600/50-22.5.
COMPRIMENTO TOTAL Na seleção do veículo de transbordo, devese considerar o comprimento total do equipamento. Transbordos com comprimento reduzido possibilitam manobra mais fácil, possibilitando maior disponibilidade operacional, tendo em vista que os tempos de manobra de cabeceira são menores.
PESO O peso em vazio, assim como a relação peso em vazio/capacidade de carga, é outro fator determinante na hora de se dimensionar a frota de veículos de transbordo. O equipamento deve possuir a mais leve estrutura possível sem prejudicar a sua resistência e durabilidade. Veículos cuja relação peso/capacidade de carga é alta, significa que estarão perdendo eficiência e
recursos financeiros transportando peso pelo canavial, que além de requerer maior potência do trator irá contribuir para aumentar o nível de compactação do solo. Nesta avaliação dos veículos de transbordos disponíveis no mercado nacional, observamos que a grande maioria deles não apresenta um projeto otimizado em todas as características técnicas aqui mencionadas, e que seria interessante para o setor sucroalcooleiro, que se encontra em plena expansão e extremamente preocupado em melhorar sua eficiência de campo e com a redução de custo, se entre as diversas opções pudesse encontrar um veículo de transbordo projetado e construído observando aspectos técnicos e de engenharia. É neste ponto que a Agricef Soluções Tecnológicas para Agricultura Ltda, empresa incubada na Unicamp, decidiu por levar para frente o projeto de um transbordo de cana picada para atender às mais severas condições de trabalho durante a colheita mecanizada da cana-de-açúcar, maximizar o aproveitamento do trator, reduzir o consumo de óleo combustível e minimizar o efeito do peso sobre o solo. O projeto foi concebido baseado na otimização das características técnicas mencionadas e aplicando-se recursos de engenharia como cálculo estrutural, além de outras ferramentas computacionais utilizadas. Isto permitiu obter um produto que apresenta uma melhor solução para o mercado em termos de peso e capacidade de carga. O transbordo possui capacidade de carga de 10t (25m3), eixo tipo tandem com pneus de alta flutuação e mancais autolubrificantes, que facilitam a operação de manutenção. Possui cabeçalho de engate regulável, permitindo a utilização com tratores de diferentes bitolas. O projeto foi licenciado para empresa Tecnometal Equipamentos Ltda, a qual está fabricando e co.M mercializando o implemento. Oscar A. Braunbeck e Paulo S. Graziano Magalhães, Feagri/Unicamp Domingos G. P. Cerri, Efraim Albrecht Neto e Guilherme Ribeiro Gray, Agricef Soluções Tecnológicas
segurança
Proteção invisível Security (a sigla DNA significa Distribuição Numérica de Autenticidade), que desenvolve dispositivos inteligentes para rastreabilidade e procedência ao bem automotivo e equipamentos agrícolas. Um deles é o sistema de controle e gravação do número de série das máquinas (no caso de veículos seria o número do chassi), em baixo relevo, em diversas partes e peças do equipamento. Com eficiência comprovada de 60% no combate ao roubo de veículos, aproximadamente 300 mil veículos já possuem o dispositivo, que ainda proporciona descontos na contratação e renovação de seguros.
MICROPONTOS
A gravação de micropontos em máquinas agrícolas pode ser uma das saídas para prevenir roubo de bens em propriedades rurais
O
aumento dos casos de roubos de máquinas agrícolas preocupa os produtores rurais brasileiros. Em várias regiões do país, esta situação vem se agravando em função da facilidade com que as quadrilhas de assaltantes desmancham e transportam os equipamentos para diferentes locais. As quadrilhas preferem roubar equipamentos novos e são muito bem organizadas. Para o transporte, os criminosos desmancham as máquinas em partes e, quando os equipamentos chegam ao destino, são remontados. Geralmente, os tratores desmanchados são transportados em caminhões-furgão, durante a noite. Uma vez montados nas fazendas, é muito difícil localizá-los em curto prazo. Quando uma quadrilha adquire máquinas de procedência ilícita, substitui as plaquetas de identificação com o número de série, adultera as seqüências identificadoras dos motores e providencia notas fiscais frias para que as má-
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quinas possam ser revendidas como legais, já que os produtores que as adquirem não têm como checá-los, pois no Brasil não é obrigatório o cadastramento de máquinas agrícolas. Como forma de aumentar a segurança dos produtores, e quebrar com este ciclo, surgem algumas opções como a apresentada pela DNA
Esse tipo de proteção está focado na prevenção do roubo, diferente dos outros produtos, que agem no momento ou após a ação criminosa
Já o DNA AutoDot, desenvolvido à base de processos nanotecnológicos, permite a pulverização de milhares de micropontos acondicionados e embalados de forma prática e segura em latas, sendo capaz de marcar, em cerca de 15 minutos, até 15 mil micropontos em todo equipamento. Os micropontos possuem uma numeração única e exclusiva no mundo, garantindo a originalidade do componente gravado e permitindo sua identificação, em caso de roubo e furto ou suspeita de adulteração, receptação e desmanche da máquina. Além disso, são feitos de níquel, mesmo material utilizando em passaportes e em papelmoeda, o que impossibilita sua falsificação. Para visualizar os micropontos, é só utilizar uma lupa sob luz ultravioleta nos locais da marcação. Para completar, ao final do processo de instalação de ambos dispositivos, são colocados na parte dianteira e traseira da máquina dois adesivos de cor predominantemente amarela, que identificam aquele bem como protegido. O beneficiado também recebe um certificado com o nome do proprietário do equipamento
DNA AutoDot, imagem do micro-ponto ampliada 500 vezes
“Para o transporte, os criminosos desmancham as máquinas em partes e, quando os equipamentos chegam ao destino, são remontados ” remontados”
agrícola. Segundo o professor do Centro Universitário Ibero-americano, Alexandre Del Fiori, DNA Security pode ser utilizado no agronegócio, a fim de dificultar o roubo de máquinas e implementos agrícolas. “Com o avanço tecnológico nesse setor, existem tratores e colheitadeiras, por exemplo, com custos chegando ou ultrapassando a casa de um milhão de reais. Se esses equipamentos forem roubados, dificilmente serão rastreados e recuperados e o prejuízo será imenso”, explicou. O deputado estadual e presidente da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, Conte Lopes, concorda com o professor e acrescenta que, com a gravação de peças, o setor poderia obter mais controle para identificar não apenas a máquina, mas também seus componentes. “Temos conhecimento de casos no interior de São Paulo em que o criminoso rouba a máquina agrícola para vendê-la, com nota falsificada, a um preço mais barato para outro empresário, que não desconfia a origem real do produto”, ressaltou. Para convencer os compradores de que as máquinas são legais, as quadrilhas chegam a fornecer, na maioria das vendas, além de notas fiscais, certidões de cartórios informando que não há alienação ou restrições sobre elas, todavia, toda documentação contém a numeração adulterada da máquina, o que permite, inclusive, seu financiamento junto a instituições bancárias. Mas, com esses novos dispositivos, concretizar este tipo de seria quase impossível. Segundo o presidente do DNA Security, Marco Antônio de Lucca, o DNA Autodot pode ser utilizado em qualquer tipo de equipamento agrícola. “Os micropontos gravados possuem uma numeração única e exclusiva, com isso será possível identificar a máquina
em caso de roubo”, afirmou. O principal benefício do sistema, assim como a gravação do número de série ou do motor, é a proteção passiva do cidadão, já que sua atuação está focada no anti-roubo e furto (prevenção), diferentemente de outros produtos que agem no momento ou após a ação criminosa. Outros fatores positivos dos dispositivos DNA Security são: segurança no momento da gravação, não interfere nos sistemas elétricos e de alimentação do maquinário, não precisa de qualquer comando para sua ativação, pode ser aplicado em peças de plástico, alumínio, aço, entre outros materiais. Além de ser aplicado uma única vez, não há necessidade de manutenção. Antes do DNA Security, a localização de equipamentos agrícolas só seria viabilizada cerca de cinco ou seis anos depois do roubo, quando a máquina necessitasse de peças de reposição. Isso se o roubo fosse comunicado para os fabricantes, que têm o número de série dos
equipamentos. Assim, os fabricantes repassariam esse número para todas as concessionárias existentes no Brasil. Quando fossem solicitadas peças para os equipamentos roubados, seria possível fazer a identificação do maquinário porque a revenda é obrigada a comunicar ao fabricante a identidade de quem está comprando a peça. Os produtos DNA Security também facilitam a ação policial, já que com a falta de obrigatoriedade do cadastro de máquinas agrícolas, os policiais teriam que praticamente rastrear o equipamento desde sua saída da fábrica para que conseguissem apurar sua origem, o que demandaria muito tempo. Já com o sistema, basta constatar que a peça do equipamento está gravada, consultar a base de dados da empresa e deter.M minar a procedência do bem.
As máquinas protegidas são identificadas com selo de cor predominante amarela, indicando a proteção do bem
Lata de micropontos que serão usados numa única máquina, dando-lhe uma identidade impossível de ser apagada
GSI
Fotos GSI
Mais silos
O
grupo norte-americano GSI Brasil, fabricante de silos e equipamentos para secagem de grãos, inaugurou no dia 8 de agosto no Vale do Itajaí, município de Brusque (SC), a segunda unidade no país. Serão duas fábricas com foco no mercado nacional e projeção de faturamento de R$ 400 milhões até 2011. O evento contou com a presença do CEO mundial da empresa, Scoth Clawson, e o presidente da empresa no Brasil, Ingo Erhardt. A unidade está sendo construída em um terreno de 52 mil metros quadrados, em duas etapas. A primeira etapa da planta industrial, já concluída e em funcionamento, tem cinco mil metros quadrados de área. Um outro prédio, do mesmo tamanho, será construído nos próximos meses, totalizando investimentos de R$ 20 milhões. Já em 2008 serão gerados 120 empregos diretos com previsão de faturamento de R$ 20 milhões. Até 2011 serão 400 empregos diretos e previsão de faturamento de R$ 200 milhões apenas na fábrica catarinense.
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A unidade de Brusque produzirá sistemas pós-colheita: silos, secadores, transportadores. A matriz, localizada na cidade gaúcha de Marau ficará com os equipamentos para confinamento de aves e suínos, na qual haverá investimento na instalação de um centro de tecnologia, que vai desenvolver produtos para armazenagem e equipamentos para confinamento. Na variada gama de equipamentos produzidos pelo grupo estão comedouros e bebedouros para aves e suínos, aquecedores a gás (GLP, biogás) ou a lenha, sistemas de resfriamento e umidificação, ventiladores, exaustores, controladores eletrônicos de ambiente, linhas de distribuição de ração, ninhos, cortinas e acionadores automáticos, dosificadores, pisos plásticos, elevadores, transportadores, silos armazenadores e secadores de grãos, entre outros. A GSI Holdings Corp é uma empresa do GSI Group - Grain System Inc., companhia norte-americana, sediada em Illinois (EUA). O grupo possui seis fábricas nos Estados Uni-
dos, uma na Malásia, uma na China, além do Brasil. É a maior fabricante mundial de uma ampla linha de equipamentos agrícolas, como silos e equipamentos para armazenagem, secadores e transportadores de grãos, e também um dos maiores provedores mundiais de equipamentos para produção de proteína animal destinado a produtores de aves e suínos. . M
Presidente no Brasil, Ingo Erhardt, e CEO mundial, Scoth Clawson, participaram da solenidade
Mulheres
As mulheres no off-road Fotos Técnica 4x4
E
m nossos cursos Off-Road Dpaschoal, sempre temos mulheres participando. Algumas vezes se inscrevem sozinhas mas, na grande maioria, são trazidas pelos companheiros, que já participaram ou que estão interessados no curso e vêem uma oportunidade para compartilhar o treinamento com a parceira de aventuras. Quem acha que aventura 4x4 é coisa de macho pode colocar as barbas de molho! Elas estão ocupando seu lugar de direito e com grande competência. E não importa a idade, estão sempre com o astral lá em cima e jamais demonstram qualquer dificuldade em preparar um resgate com as grosseiras luvas de couro, cintas e desajeitados cabos de aço. As filhas mais novas vibram com a performance, boa ou às vezes não tão boa, dos pais. Mostram que assim que puderem vão tomar sua posição ao volante e fazer suas próprias aventuras. Quando pergunto a elas o motivo de participarem de um esporte que pode fazê-las retornarem para casa completamente emporcalhadas de lama e pó, ouço justificativas diversas e interessantes. A maioria adora estar junto do companheiro em suas aventuras, podendo compartilhar um final de semana agradável junto com o marido, filhos e amigos. Enfim, adoram a natureza e fazem o possível para estar junto dela. Também encontro mulheres que usam seu veículo 4x4, ou da empresa, para finalidades puramente profissionais, em tarefas realizadas em regiões remotas, seja como geóloga, engenheira florestal ou médica. É incrível a variedade de profissões que usam um 4x4 para se cumprir o trabalho, e é mais comum do que parece você encontrar uma mulher determinada atrás do volante. Não podemos esquecer os raids e as provas de rally, que preenchem o calendário brasileiro anual. Existem provas só para elas, como o Raid do Batom – só para duplas femininas -, e Raid Romeu e Julieta - para casais, que são realiza-
No off-road as mulheres não se limitam a ficar na direção, encaram o barro e a água para seguir em frente
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dos por vários Jipe Clubes no país. No universo do rally muitos pilotos estão mostrando a que vieram, em grandes provas nacionais como o Rally dos Sertões e mesmo lá fora temos todo ano intrépidas pilotos em provas duríssimas como o Rally Paris-Dacar e o extinto Camel Trophy. E os homens, o que pensam delas? Ainda que esteja um pouco fora de moda, tem muito homem que acha as mulheres desajeitadas para off-road. Em um dos cursos off-road que realizamos com a DPaschoal e a Goodyear, um atoleiro respeitável tragou todos os carros pilotados por homens. Chegou a vez da primeira aluna e é claro que os machistas de plantão começaram a preparar cintas e cabos de aço para o resgate. Ela engatou a marcha correta, entrou com firmeza e foi a primeira a passar sem resgate depois que nove marmanjos encalharam com maestria inimitável. Não deixou barato e fez a rapaziada ficar de boca fechada. Outra alegação é a de que as mulheres não conseguem carregar peso e que isto é coisa para a força masculina. Não concordo, depende da limitação física de cada um. Saibam que quando se precisa mesmo aplicar força física em uma trilha, poucos têm condições de ajudar, já que problemas diversos de saúde, verdadeiros ou não (!), são um álibi para desobrigar alguns rapazes a pegarem no pesado. Nestas horas aparece uma mulher da turma para dar uma força a mais e suprir a falta de mão-de-obra ocasionada pelos machos “quebrados”.
O recado para elas é o seguinte: bem-vindas e não tenham nenhum receio, as aventuras 4x4 têm graus de dificuldades para todos os gostos, não é verdade que toda viagem ou trilha tenha que ser radical e complicada. Existem infinitas alternativas de viagem que vocês podem fazer sozinhas se quiserem, tranqüilamente com amigas e filhos e voltar pra casa cheias de histórias e fotos para mostrar. Para quem está começando agora recomendo nosso Curso Off-Road DPaschoal, onde terá contato com as dicas para entrar neste fascinante mun.M do 4x4 com o pé direito. João Roberto de Camargo Gaiotto, www.tecnica4x4.com.br
Há cada vez mais mulheres que mostram interesse pela prática de off-road no Brasil