Maquinas 80

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Destaques Matéria de capa

No piloto automático Uso de sistemas automatizados em tratores agrícolas ganha cada vez mais espaço nas lavouras brasileiras

Busca pela segurança

Ficha Técnica

Pesquisadores e empresas brasileiras buscam alternativas para aumentar a segurança em aplicações de defensivos

Pulverizador Fankhauser 6200 Garça e tratores Landini Technofarm

Índice

20

06

16 e 28

Nossa Capa Claas

Rodando por aí

04

Piloto automático

06

Segurança em tratores

10

Compactação

13

Ficha Técnica - Fankhauser

16

Segurança em pulverização

20

Pulverização em café

24

Ficha Técnica - Landini Technofarm

28

Plantio calculado

32

Coluna jurídica

34

• Editor

Gilvan Queved o Quevedo • Redação

Charles Ech er Echer • Revisão

Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid • Design Gráfico e Diagramação

Cristi an o Cei Cristian ano Ceiaa

• Comercial

Ped edrro Batistin Sed eli Feijó Sedeli • Circulação

Sim on Simon onee Lopes • Assinaturas

Ân gela Oliveir Âng Oliveiraa Gonçalves Tai an ohn Rod ri gues aian anee K Kohn Rodri rigues

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br

Cultivar Máquinas Edição Nº 80 Ano VIII - Novembro 2008 ISSN - 1676-0158 Direção Newton PPeter eter Sch ubert K. PPeter eter Schubert Secretária eri Lisboa Alves Rosimeri Rosim www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 90,00 EUROS 80,00

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Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Di anferson Alves Dianferson Edson Kr ause Krause • Impressão:

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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Canavieiros Representantes dos concessionários das regiões canavieiras e dirigentes da John Deere reuniram-se em Ribeirão Preto (SP), em um encontro para discutir os resultados de 2008 e as perspectivas para o próximo ano. Cerca de 120 pessoas participaram do encontro no dia 10 de novembro e assistiram na abertura a uma palestra do ex-ministro Roberto Rodrigues, que falou sobre as “Tendências e Desafios da Cadeia de Produção Canavieira no Brasil e no Mundo”. A avaliação da safra 2007/2008 e a apresentação da estratégia comercial para o próximo ano foram os temas apresentados em seguida por Werner Santos, diretor comercial da John Deere Brasil, e José Luís Coelho, gerente nacional de Vendas Corporativas.

Fertilizantes Adriano Mallet

Excelência A Agrocult, uma empresa que já surge com experiência de 22 anos em Sistemas de Armazenagem, está oferecendo cursos de armazenagem com o objetivo de treinar para a excelência, levando aos seus clientes as melhores práticas para uma ótima armazenagem, conservação e beneficiamento de grãos. “Saber armazenar corretamente faz parte desse desafio pela liderança mundial no agronegócio, onde a qualidade final das safras deve garantir a competitividade do país no cenário mundial”, explica Adriano Mallet, responsável pela empresa. Os cursos ministrados pela Agrocult englobam a preparação dos grãos para a conservação durante a armazenagem e a operação e manutenção dos equipamentos que integram a unidade armazenadora, com duração de 16 horas em aulas práticas e teóricas. Informações pelo e-mail agrocult@agrocult.com.br.

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A empresa Centro Oeste Agricultura, pertencente a Ariel Destéfano, inovou na produção de fertilizantes naturais biodegradáveis, através do uso do resíduo proveniente da fabricação do biodiesel como matéria-prima. Entre as novidades estão a ausência do emprego de água na composição e o uso adequado da glicerina. A Tecnologia de Hygrogem está baseada na combinação dos mais modernos aditivos que conferem à glicerina maior rapidez de absorção e, por conseqüência, translocação mais rápida do fertilizante dentro das plantas. Absorção imediata pelas plantas em 100% (folhas), não entupir os bicos e a ausência de perdas por lixiviação ou fixação estão entre as vantagens, explica Destéfano. Campo Verde (MT) conta com fábrica com Ariel Destéfano capacidade de produção de 30 mil litros por dia do produto.

Visita O presidente e CEO Mundial da Case IH, Randy Baker, visitou o Brasil no início de novembro. Dentre seus compromissos, o executivo participou de um encontro com clientes, organizado pela concessionária Pivot, na filial de Formosa (GO). Acompanhado por outros membros do corpo diretivo mundial, além do diretor geral da Case IH para América Latina, Sérgio Ferreira, Baker conheceu as instalações da concessionária, conferindo de perto toda a sua estrutura de peças e serviços, além de discutir tendências do agronegócio e Randy Baker (centro) ouvir as expectativas e sugestões quanto aos produtos empresa.

Caravana A revenda Super Tratores de Pelotas (RS) levou a Caravana Mundo New Holland aos produtores da Zona Sul do Rio Grande do Sul na primeira semana de novembro. Na oportunidade, os produtores, principalmente de pequenas propriedades, conheceram toda a linha de tratores que a empresa disponibiliza no programa Mais Alimentos do Governo Federal. Diretores, gerentes e supervisores da Super Tratores, acompanhados por gerentes de marketing e comunicação da New Holland acolheram os produtores durante a Expofeira de Arroio Grande. Homero, Émerson, Michel e Paulo

Errata Ao contrário do que publicamos na edição 79, na matéria Mais Máquinas, página 25, o modelo da Yanmar que aparece na foto é o 1175-4, com tração 4x4, motor de 75cv, TDF de 59cv a 540rpm, transmissão de 12 velocidades à frente e três à ré; e não o modelo 1030D, conforme veiculado. O mesmo ocorre com a foto da página 27, que trata do modelo 1155-4, com tração 4x4, motor de 55cv diesel, TDF de 45,6cv a 540rpm, transmissão de oito velocidades à frente e 2 à ré; e não o modelo 1145-4, conforme veiculado.

Walfner Leitão

Yanmar 1175-4

Yanmar 1155-4

Goodyear correias A Goodyear Engineered Products colocou no ar seu novo site: www.goodyearep.com.br. De fácil acesso, os interessados poderão obter dados sobre correias automotivas, molas pneumáticas, correias industriais, mangueiras e correias transportadoras, além de acessar toda a linha de catálogos.

B100 A Valtra pretende anunciar os resultados dos testes com B100 até o fim do ano. Os testes a campo, na Usina Barralcool, em Barra do Bugres (MT), superaram as quatro mil horas de trabalho previstas. “No próximo mês, os motores serão abertos para avaliação de consumo, desempenho e desgaste de componentes”, conta o coordenador de Marketing de Produto da Valtra, Rogério Zanotto. “Pretendemos completar este ano a última fase de avaliação dos testes com B-100 e liberar o uso deste combustível em 2009”, informa.

Aquisição O grupo Kuhn adquiriu a companhia Blanchard SAS, sediada em Chémeré, Loire Atlantique, França, focada na fabricação de pulverizadores para a agricultura e para a manutenção de áreas. A Kuhn, com sede social em Saverne, emprega aproximadamente três mil pessoas, operando com cinco fábricas, localizadas, respectivamente, em Saverne, Châteubriant e La Copechagnière, na França, Brodheau, nos Estados Unidos e no Brasil, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.



piloto automático

No piloto automático

Os sistemas automatizados, co tomando conta do cená importância pelos benefícios que t

O

posicionamento geográfico com tecnologias de Sistemas de Navegação Global por Satélites (SNGS) (do inglês – Global Navigation Satellite Systems – GNSS) é um recurso que recentemente foi incorporado à agricultura. Dentre outros, é essencial em diversas etapas do processo de agricultura de precisão, na coleta de dados georreferenciados para a elaboração de mapas. Tem se tornado comum o uso de receptores de GPS para coleta de amostras de solo e para a aplicação de insumos em taxa variável, seguindo um mapa de prescrição. Outra aplicação já bastante popular é o uso de GPS para a orientação de máquinas no campo com recursos tipo “barra de luz” ou equivalentes. Já tivemos um período (2002 a 2006) em que esses sistemas de orientação eram o centro de muitas discussões. A recente evolução natural para a orientação em faixas paralelas deu origem aos sistemas de auto-esterçamento ou piloto automáti-

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co. Tem-se registros de que estudos sobre veículos autônomos agrícolas, principalmente relacionados ao desenvolvimento do sistema de piloto automático, surgiram no início da década de 1960. No entanto, apenas mais recentemente, com o surgimento da tecnologia GPS, esses desenvolvimentos têm obtido sucesso. Nesse momento os sistemas automatizados (pilotos automáticos) tomam a cena e adquirem grande importância no cenário nacional. É importante destacar que existem outras opções de orientação para piloto automático, que não o GPS. Existem, no mercado, sistemas que utilizam ultra-som atuando nos rastros do veículo, em culturas em crescimento, como o trigo e semelhantes e outros que utilizam visão artificial, especialmente na colheita dessas mesmas culturas. Nos países de origem, especialmente na América do Norte, Europa e Austrália, o sistema de auto-esterçamento propicia aumento da

capacidade de cultivar áreas com o mesmo maquinário em razão do aumento do número de horas trabalhadas, à maior velocidade alcançada e à redução da sobreposição. Uma pesquisa realizada em 2004 no cinturão do milho norte-americano mostrou que o tamanho ótimo da propriedade com o sistema de piloto automático com base em sinal de GPS é superior ao tamanho ótimo sem o uso da tecnologia. Além disso, essa diferença se deve à economia de tempo, uma vez que a utilização da tecnologia possibilita o aumento da velocidade, a redução da sobreposição e o acréscimo de horas trabalhadas por dia pelo operador. Outra conclusão do trabalho diz respeito às taxas de arrendamento da terra. Com o sistema de piloto automático, foi observado que o produtor está disposto a pagar um valor superior por hectare arrendado até atingir o tamanho ótimo da área produtiva dele. Nesse sentido, a tecnologia gera maior competição por terras e, conse-


“O piloto automático é um enorme salto em direção à melhor qualidade das operações, com maior regularidade e uniformidade de espaçamentos ” espaçamentos” John Deere Fotos José Paulo Molin

mo pilotos automáticos, estão rio agrícola e adquirem grande razem às operações em campo qüentemente, maior taxa de arrendamento. Mas isso é verdade na condição deles, onde o proprietário é o operador. Por aqui os argumentos e os benefícios serão outros. Essa automação, ligada à orientação e ao auto-esterçamento de veículos, tem um significado muito expressivo para a agricultura porque provavelmente marca o início de uma jornada que não se sabe exatamente onde vai chegar, mas certamente vai fomentar definitivamente a robótica aplicada à agricultura. Com a automação dos comandos de entrada e saída da lavoura, já incorporada em muitos modelos de tratores, especialmente na Europa, só nos faltam a programação de manobra de cabeceiras e a solução de problemas de segurança ao longo dos percursos. No entanto, teremos uma longa caminhada até definir o traçado ideal dos talhões e a sistematização das lavouras para essa nova realidade. Por enquanto, vamos nos ater ao piloto

automático, que já é um enorme salto em direção à melhor qualidade das operações, com maior regularidade e uniformidade de espaçamentos, velocidade maior e mais constante, indiscutivelmente maior conforto ao operador, autonomia entre máquinas num mesmo talhão e outros aspectos que ainda poderão ser indicados como potenciais vantagens dessa tecnologia. Existem basicamente duas opções de piloto automático no mercado. Uma delas consiste de um atuador que é instalado na coluna da direção do trator ou diretamente no seu volante, e esse atuador, normalmente de motor elétrico, faz o esterçamento. A outra consiste de um circuito hidráulico dedicado e integrado ao sistema de direção do trator. Dessas formas construtivas distintas surgem as diferenças de desempenho. É esperado que os dispositivos que atuam diretamente no volante tenham menor resposta que aqueles que atuam diretamente na direção hidráulica, incorporando inclusive problemas de folgas ou mesmo pequenos defeitos de alinhamento e simetria do sistema de direção do trator. Por outro lado, um sistema de volante é de fácil e rápida instalação, sendo, portanto, facilmente intercambiável entre as máquinas, enquanto que o outro exige um longo trabalho de montagem. Associado ao atuador existe um aparato ele-

trônico composto basicamente por um processador, alimentado por sinais de GPS e de sensores que medem mudança brusca de posição em diferentes eixos (acelerômetros ou giroscópio). Quanto ao sinal de GPS, é necessário que seja corrigido para redução do erro a valores compatíveis com as aplicações de piloto automático. Normalmente os equipamentos trabalham com correção diferencial RTK (Real time Kinematic), via rádio, e que garantem acurácia estática com erro médio em torno de 1cm a 2cm e as correções enviadas por sinal via satélite, de diferentes categorias, com erros médios que variam de 10cm a 50cm. Uma das vantagens do piloto automático é

Estação de referência de GPS RTK, que fornece a correção via rádio UHF para reduzir drasticamente os erros de posicionamento

Sistema piloto automático que utiliza um motor elétrico atuando diretamente na coluna da direção do trator

Novembro 08 • 07


Fotos José Paulo Molin

Pesquisador José Paulo Molin coordenou a equipe da Esalq na avaliação do piloto automático em tratores agrícolas

Tabela 1 - Erros médios de desalinhamento para a condição de piloto automático ATI com correção RTK e para a operação manual envolvendo percursos retos e curvos Trator

Sistema Sinal de GPS

JD 7815 ATI BH 180 manual

RTK -

Percurso Reto Curvo Erro médio (m) 0,034 0,059 0,147 0,196

a facilidade e o conforto que proporciona ao operador da máquina durante a jornada de trabalho, diminuindo o estresse e melhorando a qualidade do serviço. Inicialmente, o operador precisará gerar uma passada de referência (linha A-B) com percurso reto ou curvo; automaticamente o software do equipamento replica infinitas linhas virtuais à direita e à esquerda da linha referência. A partir daí o operador aciona o piloto automático que irá corrigir o posicionamento da máquina automaticamente nas passadas seguintes, seguindo sempre passadas paralelas à referência. A manobra de cabeceira é realizada manualmente, bastando que para isso ele toque no volante e o controle passa de volta às suas mãos. Vamos focar especificamente a produção de cana-de-açúcar, que consiste em diversas operações mecanizadas, empregadas desde a implantação da cultura com o preparo do solo e plantio, passando pelos tratos culturais durante o seu desenvolvimento até chegar à colheita. Por ser uma cultura semiperene, a qualidade do plantio é fundamental, pois erros durante a demarcação das fileiras de plantio e na manutenção do paralelismo entre as fileiras podem causar discrepância no espaçamento desejado, podendo gerar dificuldades no manejo da cultura em todos os ciclos e cortes realizados. Os espaçamentos inadequados e a ausência de paralelismo entre as fileiras podem resultar em redução do número de metros de sulco por hectare, no caso de espaçamentos maiores do que o planejado. Da mesma forma, vai ocorrer diminuição da eficiência de aplicação de fertilizantes, corretivos e do controle fitossanitário. Mas, acima de tudo, vai ocorrer o tráfego inadvertido sobre as soqueiras, conhecido como pisoteio, que prejudica o sistema radicular das soqueiras devido à compactação do solo, morte dos brotos por esmagamento, atraso na emissão de novas raízes e da própria brotação, configurando-se na destruição parcial ou total das soqueiras, falhas na brotação e redução da população de colmos, que ao longo dos cortes irá reduzir a longevidade do canavial. Percebe-se que é hora de se dispor de sistemas de direcionamento mais eficientes que os sistemas utili-

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zados tradicionalmente como riscadores de solo. Assim, nas últimas safras, as usinas vêm investindo no auto-esterçamento ou piloto automático para as atividades que exigem algum tipo de orientação, principalmente no plantio mecanizado e na colheita. A equipe do Projeto AP da USP/Esalq vem realizando uma série de trabalhos envolvendo as tecnologias de sistemas de orientação e piloto automático e recentemente realizou uma ampla avaliação dos sistemas de piloto automático da John Deere®, envolvendo as suas duas versões: o Auto Track Integrado (ATI), que atua diretamente na direção hidráulica, e o Auto Track Universal (ATU), que utiliza um motor elétrico atuando diretamente na coluna da direção de praticamente qualquer trator de mercado. O trabalho, realizado na Usina Guaíra, no município com o mesmo nome, no noroeste de São Paulo, foi conduzindo tendo como referência a operação de abertura de sulcos para o plantio semimecanizado de cana-de-açúcar. Para tanto, foi utilizado um sulcador de duas linhas montado no engate de três pontos e foram utilizados um trator John Deere 7815 e um trator Valtra BH 180. O procedimento consistiu de trajetos em

linhas retas e em linhas curvas em uma área com declividade de aproximadamente 4%. Para cada combinação avaliada foram realizadas cinco passadas com aproximadamente 300m de comprimento, com três repetições para cada combinação. As combinações consistiram de sistemas (ATI ou ATU) e de sinais de correção de GPS. Nesse caso foram utilizados o RTK, que é a correção via rádio a partir de uma estação de referência, ao lado da área de trabalho, e o sinal StarFire 2 (SF2), via satélite. Os mesmos percursos foram executados sem nenhum dispositivo auxiliar ao operador, servindo como testemunho. Para a mensuração dos erros de paralelismo foram coletados pontos ao longo das repetições, com uma freqüência de um ponto por segundo, e esses foram armazenados em um computador portátil conectado ao sistema. Posteriormente esses dados foram tratados e transformados para coordenadas geográficas. Para os trajetos em linha reta, foi utilizada uma metodologia desenvolvida internamente (Povh et al, 2007) para mensuração dos erros. Na Figura 1 são apresentados exemplos de gráficos do erro de desalinhamento em função do tempo de coleta durante todo o percurso de

VANTAGENS DO USO DE PILOTO AUTOMÁTICO

D

e uma forma mais ampla, as vantagens do uso de piloto automático poderiam ser resumidas desta maneira: • permite a redução da compactação do solo e danos às soqueiras de cana por meio do controle de tráfego; • permite velocidades operacionais maiores; • reduz a fadiga do operador; • permite a operação mesmo com falta de visibilidade (24 horas por dia); • otimiza o raio de manobras; • minimiza os erros de paralelismo; • aumenta o rendimento operacional; • permite a operação com mais do que um conjunto na mesma área;

• a operação pode iniciar em qualquer ponto da lavoura; • permite a integração das operações automatizadas sob uma mesma base de dados – plantio, tratos culturais e colheita (percursos gravados). Se observarmos atentamente, alguns dos itens são facilmente suportados pelo que foi mensurado em campo nessa oportunidade. No entanto, outros itens deverão merecer estudos para comprovação e quantificação, especialmente considerando-se os inúmeros sistemas de produção, não apenas para a cana-de-açúcar, mas para grãos, citros, florestas implantadas, hortigranjeiros e tantas outras culturas.


“Uma das vantagens do piloto automático é a facilidade e o conforto que proporciona ao operador da máquina durante a jornada de trabalho, diminuindo o estresse e melhorando a qualidade do serviço ” serviço”

Figura 1 - Exemplos de gráficos do erro de desalinhamento em função do tempo de coleta durante todo o percurso de cinco passadas, com três e duas repetições, para os percursos com piloto automático (ATI com RTK) e operação manual, respectivamente.

cinco passadas. Observa-se nitidamente a capacidade que o piloto automático teve de manter-se mais estabilizado ao longo do deslocamento em relação ao percurso com operador sem nenhum sistema de apoio ao direcionamento. A Tabela 1 sintetiza os resultados de erro médio de paralelismo apenas para as combinações ATI versus operação manual. É importante salientar que esses números expressam sempre valores médios, ou seja, os erros médios de desalinhamento, tanto à esquerda como à direita do trator. Observa-se que os erros de desalinhamen-

to obtidos com o sistema ATI são sensivelmente menores que aqueles com o operador dirigindo o trator. Outro fato que deve ser destacado é que o erro médio de desalinhamentos em percursos curvos apresenta valores superiores aos erros do percurso em reta, neste caso, na ordem de 73% para o piloto automático. No percurso sem piloto automático, executado por um operador experiente, da própria usina, os erros médios de desalinhamento foram bem maiores (de 15cm a 20cm) e a diferença entre percursos retos e curvos foi da ordem de 0,05m (33%), superior para os trajetos curvos.

Nesse caso avaliou-se a abertura de sulcos, mas a prática do plantio mecanizado expande rapidamente e o uso de plantadoras altera sensivelmente a relação entre o trator, onde está atuando o piloto automático e a máquina rebocada. A tecnologia está disponível e as discussões sobre o assunto estão apenas no seu início. . M

José Paulo Molin, Tiago Carletti A. de Oliveira, Fabrício Pinheiro Povh e José Vitor Salvi, USP/Esalq


segurança

Fotos Paulo Rinaldi

Sob risco A segurança em tratores agrícolas deve merecer atenção especial, uma vez que o operador está sempre atento a outras operações além de dirigir a máquina. Avaliação feita com 29 tratores mostra que os mais antigos estão longe de oferecer condições adequadas à atividade

A

intensificação do uso de máquinas agrícolas no Brasil começou a partir da década de 60, em decorrência da modernização da agricultura. O trator destaca-se entre estas máquinas, sendo considerado como a base da moderna mecanização agrícola. A operação de tratores agrícolas engloba basicamente o operador e a máquina, constituindo assim a relação homem-máquina. Quando esta relação é ineficiente o operador pode estar exposto a uma elevada carga de trabalho, podendo ocasionar, além de uma perda na produtividade e na qualidade do trabalho, a ocorrência de acidentes e o desenvolvimento de doenças ocupacionais. A ergonomia e a segurança no posto de operação buscam a eficiência da realização do trabalho com o menor risco possível ao traba-

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lhador. A grande parte dos acidentes envolvendo tratores poderia ser evitada com a incorporação de dispositivos de segurança, com a utilização dos equipamentos de proteção pelos operadores e respeitando as regras de segurança na realização das atividades durante a jornada de trabalho. Com este trabalho objetivou-se avaliar as condições de segurança de 29 tratores agrícolas de diversas marcas, modelos e anos de fabricação, pertencentes à Universidade Federal de Viçosa, todos eles em condições normais de trabalho. Os itens verificados nos tratores foram observados em conformidade com as normas ISO 4253 (1993) e ABNT NBR ISO 4254-1 (1999). Requisitos para segurança e necessários para o tráfego em rodovias, não especificados nas normas anteriormente mencionadas, foram analisados pelo Código Brasileiro de

Trânsito (Lei 9.503, de 23/9/1997). Os 29 tratores em uso pela instituição apresentavam a seguinte distribuição por idade: menos de dez anos: 31,03%; de 11 a 20 anos: 13,80% e acima de 20 anos: 55,17%.

POSTO DE OPERAÇÃO As classificações utilizadas para a identificação do posto de operação foram: “acavalado”, atribuída quando o monobloco do trator ficava entre as pernas do operador, ficando os pés apoiados em estribos colocados lateralmente

O trabalho avaliou as condições de segurança em 29 tratores agrícolas de diversos modelos e anos de fabricação


“A ergonomia e a segurança no posto de operação buscam a eficiência da realização do trabalho com o menor risco possível ao trabalhador ” trabalhador”

Marca Agrale Deutz Ford John Deere Massey Ferguson New Holland Valmet Valtra

% de presença 6,90 3,45 10,34 6,90 34,48 6,90 20,69 10,34

Item avaliado Características do posto de operação e seu acesso TIPO DO POSTO DE OPERAÇÃO - Plataforma - Acavalado - Superfície antiderrapante ACESSO AO POSTO DE OPERAÇÃO Existência de degrau Altura do 1° degrau = 550 mm(1) Largura do 1° degrau = 200 mm(1) Superfície antiderrapante(1) Apoio para acesso ao posto de operação(1) Características dos comandos do posto de operação e do assento Regulagem do volante de direção ACIONAMENTO/DESLIGAMENTO DA TDP(2) - Luz no painel - Sem necessidade de esforço auxiliar - Acessibilidade Indicador do bloqueio do diferencial ASSENTO DO OPERADOR - Regulagem horizontal - Regulagem vertical - Regulagem do encosto - Apoio para os braços Outras características do posto de operação Proteção contra sol/intempéries Proteção contra calor do motor Direcionamento do escape acima do toldo solar TIPO DE ESTRUTURA DE PROTEÇÃO - Cabine de segurança - EPCC de 4 pontos - EPCC de 2 pontos - Ausente Certificação da estrutura de proteção(3)

% presença -------34,48 65,52 88,66 -------65,52 100,00 90,00 65,00 40,00

a esse monobloco; “plataforma”, quando o posto de operação era totalmente horizontal e montado sobre o monobloco; e a superfície do piso do posto de operação foi considerada como antiderrapante quando apresentava orifícios ou possuía material emborrachado. A porcentagem de presença de acesso, comandos, assento, toldo solar, isolamento térmico do motor e direcionamento dos gases de escape foi realizada baseando-se à norma ABNT NBR ISO 4254-1 (1999). A norma estabelece que os acessos com mono ou multidegraus devam ter largura igual ou superior a 200mm e altura do primeiro degrau de no máximo 550mm. A superfície dos degraus foi considerada como antiderrapante quando era constatada a presença de rugosidades. Os gases de escape devem estar acima da cabine e no caso dos tratores não-cabinados, estes devem estar direcionados em posição superior ao toldo solar. Foram analisados os percentuais de presença dos tratores que apresentaram estrutura de proteção do tipo cabine de segurança, EPCC de quatro pontos e EPCC de dois pontos e ausência de estrutura de proteção. A classificação de “dois ou quatro pontos” foi analisada de acordo com a fixação no chassi do trator. A altura e a largura dos degraus enquadraram nos padrões da ABNT NBR 4254-1 (1999), sendo que a média da altura do primeiro degrau nos tratores foi de 494,75mm (desvio padrão: 46,65mm), enquanto que a largura média dos degraus foi de 329mm (desvio padrão: 90,74mm). De acordo com a norma ISO 4253 (1993),

as regulagens horizontal e vertical são obrigatórias. Os resultados descritos na tabela a seguir mostraram a regulagem horizontal bastante satisfatória, 96,55%, mas as regulagens vertical e do encosto insatisfatórias, com 6,90% e 3,45%, respectivamente. Dos tratores analisados, 82,76% possuíam

estrutura de proteção contra sol e intempéries. Esta estrutura não garante a proteção do operador, para a completa segurança seria necessária a presença da estrutura de proteção contra capotamento (EPCC), que no presente estudo representou 40,83% nos tratores. O direcionamento dos gases de escape aci-

Dos tratores avaliados, 82,7% possuíam estrutura de proteção contra sol e chuva, mas apenas 40,8% tinham arco de segurança certificado

Dos modelos testados, mais de 96% apresentaram faróis dianteiros, mas nenhum deles possuía a luz para a marcha ré

Menos de 40% dos tratores apresentaram os itens de segurança necessários

10,34 -------27,59 65,52 62,07 17,24 -------96,55 6,90 3,45 31,03 82,76 13,79 44,83 -------0,00 6,90 37,93 55,17 0,00

(1) em relação ao total de tratores com degraus (2) TDP: Tomada de potência (3) em relação aos tratores que apresentavam estrutura de proteção

Novembro 08 • 11


Fotos Paulo Rinaldi

34% dos tratores testados eram plataformados, enquanto 65% eram do tipo acavalado

ma do toldo solar representou 44,83% de presença nos tratores.

PROTEÇÃO DAS PARTES MÓVEIS A presença de estruturas que impeçam o contato direto do operador com partes móveis do trator, como polia do motor, pás do ventilador e eixo da tomada de potência, diminui o risco de acidentes. Para especificação dos tipos de proteção da tomada de potência (TDP), foram considerados os definidos na norma ABNT NBR ISO 4254-1 (1999). A denominação “caixa ou invólucro” é atribuída quando todos os lados próximos à TDP são protegidos, e “escudo ou tampa”, quando pelo menos um dos lados é protegido. Também foi verificado o percentual de presença de um invólucro adicional,

Os pesquisadores Paula e Haroldo conduziram a avaliação com os tratores da Universidade Federal de Viçosa

12 • Novembro 08

normalmente constituído de uma capa rosqueável, e seu uso é recomendável quando a TDP não estiver acionada. Dos tratores analisados, a proteção escudo ou tampa apresentou 13,79% de presença, já o tipo invólucro, 24,14%, e 55,17% vieram de fábrica com a proteção tipo invólucro adicional e apenas 3,45% desse total haviam perdido esta proteção, já que não existe um local para o mesmo ser fixado quando a tomada de potência não estiver sendo utilizada.

AVISOS DE ADVERTÊNCIA E REQUISITOS PARA TRÁFEGO EM RODOVIA Além dos avisos em forma de texto, figuras ou símbolos que informem sobre o risco de tombamento, risco de giro da tomada de potência (TDP), partida do motor e orientação quanto ao acoplamento de implementos agrícolas, também foram inspecionados a presença de farol dianteiro, luz de freio, luz de advertência, luz de direção, luz de ré, buzina, cinto de seguranItem avaliado PROTEÇÃO DE PARTES MÓVEIS - Polia do motor - Pás do ventilador - Tomada de potência TIPO DE PROTEÇÃO DA TDP(1) - Escudo ou tampa - Invólucro Invólucro adicional (1) TDP: tomada de potência

% de presença -------86,21 86,21 79,31 -------13,79 24,14 55,17

ça e espelho retrovisor. Os baixos níveis de presença de avisos em todos os itens avaliados nos tratores indicam que este aspecto de prevenção não recebeu merecida atenção por parte dos projetistas e fabricantes. Os itens, risco de tombamento e orientação sobre acoplamento apresentaram 6,90% de presença, enquanto os demais somaram 20,68%. Pode-se observar que, com exceção do farol dianteiro, 96,55%, os demais dispositivos apresentaram baixo índice de presença. Com relação ao item luz de ré, nenhum dos tratores em estudo apresentava esse dispositivo em seus componentes. Alguns dispositivos, mesmo existindo nos tratores em estudo, encontravam-se inoperantes por falta de manutenção corretiva e tempo de uso. Os percentuais dos itens inoperantes para o trafegabilidade em rodovias encontram-se na tabela a seguir. Observa-se na mesma que o item que apresentou o maior percentual, 13,79%, foi para a buzina. A maior parte dos tratores avaliados apresentou menos de 40% de presença dos itens requisitos de segurança. No Brasil, existe um grande número de tratores agrícolas antigos em operação e possivelmente, muitos desses, como no estudo realizado, não apresentam requisitos básicos de segurança para o operador, tornando, assim, uma atividade de alto risco e potencialmente cau.M sadora de acidentes de trabalho. Paula Cristina Natalino Rinaldi, Haroldo Carlos Fernandes UFV Avisos de advertência Item avaliado % de presença Risco de tombamento 6,90 Risco de giro da TDP(1) 10,34 Partida do motor 10,34 Orientação sobre acoplamento 6,90 Características dos requisitos para tráfego em rodovias % de presença % de inoperante Farol dianteiro 96,55 6,90 Luz de direção 20,69 3,45 Luz de advertência 20,69 0,00 Luz de freio 44,83 3,45 Luz de ré 0,00 0,00 Buzina 27,59 13,79 Espelho retrovisor 6,90 0,00 Cinto de segurança 24,14 6,90 (1) TDP: Tomada de potência


compactação

Fotos Valtra

Compactado Avaliação mostra o grau de compactação do solo com diferentes tipos de manejo e implementos usados para a operação

A

lgumas práticas de manejo do solo e das culturas provocam alterações nas propriedades físicas do solo, as quais podem ser permanentes ou temporárias. Assim, o interesse em avaliar a qualidade física do solo tem sido incrementado por considerálo como um componente fundamental na manutenção e/ou sustentabilidade dos sistemas de produção agrícola (Lima, 2004). Com a modernização da agricultura, as máquinas agrícolas aumentaram sua massa, como também a intensidade de uso do solo. Este processo não foi acompanhado pelo aumento do tamanho e largura dos pneus, o que resulta em alterações nas propriedades físicas do solo. Assim, o tráfego contínuo de máquinas dentro da área tem provocado alterações no solo, a compactação. Normalmente, as operações mecanizadas não seguem as corretas regulagens, o que causa problemas, principalmente quando se fala em preparo periódico do solo, pois ocorre a cada ano. Desse modo, o uso dos equipamentos de

preparo do solo, pela ação de seus órgãos ativos, mobiliza o solo a determinada profundidade, causando pressão sobre o mesmo, o que resulta na sua compactação, ou seja, na formação de camadas compactadas. Aliado a esse fato temse a questão da irrigação, muito utilizada no semi-árido, pois se sabe que o solo na capacidade de campo está sujeito a deformações e quando as máquinas operam nessas condições os problemas da compactação são agravados. Para as culturas anuais, com sistemas de preparo do solo, quando os equipamentos trabalham a mesma profundidade, agrava-se o problema da compactação pela ação dos órgãos ativos. Para as culturas perenes, esse problema é ainda maior, pois não há mobilização do solo na entrelinha, e com a constante movimentação de máquinas a compactação é agravada a cada operação. Assim, o diagnóstico da compactação e recomendações de manejo para as culturas anuais e perenes podem propiciar melhores produtividades, como também melhorar a dinâmica

da água no solo. O termo compactação do solo refere-se à nova estrutura originada do processo de compressão que o mesmo recebe, seja por meio do tráfego de máquinas como também dos equipamentos de preparo do solo. Embora a compactação mais profunda seja dita como permanente, ela causa menos prejuízos às culturas quando comparada com uma camada compactada a 0,25m de profundidade. Entretanto, quando há veranicos e as raízes estão presas até 0,40m, podem ocorrer prejuízos quanto ao desenvolvimento das raízes e das plantas (Camargo e Alleoni, 1997). Os solos compactados podem contribuir também para o aquecimento global, por aumentarem a emissão de CO2, CH4 e N2O do solo (Horn et al, 1995). A compactação dos solos tem sido motivo de preocupações e estudos, especialmente quando se trata da sua ocorrência em solos agrícolas. Os sistemas de manejo do solo objetivam favorecer o crescimento e o desenvolvimento das culturas; todavia, o desrespeito às condições mais favoráveis ao preparo do solo, bem como o uso excessivo de máquinas cada vez mais pesadas, podem levar a modificações na estrutura do solo, causando maior compactação. Atualmente, o emprego de máquinas agrícolas e implementos de grande porte, na busca de maior capacidade operacional, tem proporcionado problemas de compactação. Em geral, os solos arenosos são mais suscetíveis à compactação pelo tráfego de máquinas do que os mais argilosos, devido à menor porosidade total e à menor capacidade de armazenamento de água nos microporos dos solos arenosos. Isto faz com que o solo arenoso retenha menos umidade e por período menor, requerendo maiores cuidados com a umidade do solo no tráfego de máquinas para reduzir os riscos de compactação. A compactação do solo pode facilitar a erosão, pois em locais onde a água não penetra, ocorre o carreamento da fração mineral e de fertilizantes presentes. Um fator que interfere na erosão é a granulometria, assim, solos arenosos são mais suscetíveis à erosão do que solos argilosos.

O tráfego contínuo de máquinas dentro da mesma área provoca alterações nas propriedades físicas do solo

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Massey Ferguson

No sistema de preparo convencional do solo, a grade aradora tem sido o equipamento mais utilizado. Normalmente, a grade trabalha o solo a pouca profundidade e apresenta alto rendimento de campo, porém, o uso contínuo desse implemento pode levar à formação de camadas compactadas, chamadas “pé-de-grade” (Silva, 1992).

PESQUISA Com trabalho realizado no Campus de Ciências Agrárias na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) em Petrolina (PE), a uma altitude de 376m e clima tropical semiárido, seco e quente, caracterizado pela escassez e irregularidade das precipitações com chuvas no verão e forte evaporação em conseqüência das altas temperaturas, visou-se avaliar os sistemas de preparo em Argissolo. A área de estudo estava equipada com sistema linear de irrigação. Os sistemas de preparo do solo são operações simples, que são indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas e compreendem um conjunto de técnicas que, se utilizadas racionalmente, proporcionam alta produtividade, mas, se mal utilizadas, podem levar à des-

A compactação do solo pode facilitar a erosão, pois onde a água não penetra ocorre o carreamento da fração mineral e de fertilizantes presentes

truição dos solos em curto prazo, podendo chegar à desertificação de áreas extensas. As grades são utilizadas em operações secundárias nos sistemas de preparo do solo, a fim de fazer o acabamento do solo para a semeadura. No entanto, grades com discos grandes são consideradas como “aradoras”, pois apresentam maior profundidade de penetração no solo, permitindo operações similares às dos arados. Desta forma, os sistemas de preparo do solo foram realizados com grade média em tandem, com sete discos (quatro seções), sendo recortados na dianteira de 20” (50,8cm) e lisos na traseira; grade média Off-set, com oito discos em

cada seção (duas), sendo recortados de 22” (55,8cm); grade pesada Off-set, com sete discos em cada seção (duas), com discos recortados de 24” (60,9cm) e escarificador com três hastes e ponteira estreita de 5cm. Após as operações de preparo avaliou-se a compactação do solo por meio do penetrômetro de impacto, que está diretamente relacionado com a elongação radicular, densidade, infiltração de água e a porosidade no solo. Os resultados são apresentados nos gráficos e verifica-se que após a passagem de equipamento de preparo do solo a pressão modifica suaa estrutura física. Pode-se verificar que mesmo em agrisolo onde há camada de maior concentração de argila em 40cm a 50cm de profundidade, há aumento da compactação. O aumento da compactação ocorre principalmente na camada de 30cm a 40cm (Figuras 1, 2 e 3), a que suporta o tráfego de máquinas e a pressão dos discos das grades. O escarificador é um equipamento de preparo do solo que consiste em revolve-lo de baixo para cima, sem inverter camadas, com a finalidade de evitar a formação de crostas mais duras que impedem as sementes de germinar ou de criar raízes. Pela Figura 4 observa-se que

Figura 1 - Compactação no preparo do solo com grade média off-set

Figura 2 - Compactação no preparo do solo com grade pesada off-set

Figura 3 - Compactação no preparo do solo com grade média em tandem

Figura 4 - Compactação no preparo do solo com escarificador

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“Atualmente, o emprego de máquinas agrícolas e implementos de grande porte, na busca de maior capacidade operacional, tem proporcionado problemas de compactação” John Deere

ocorreu aumento da resistência à penetração (compactação) após 35cm de profundidade, área em que não ocorreu ação da haste escarificadora. Nas áreas onde ocorreu ação da haste escarificadora os resultados foram similares às áreas de pousio. Este equipamento é considerado como um sistema de preparo reduzido, por diminuir o número de operações na área, e se manter a cobertura do solo superior a 30% pode ser caracterizado como preparo conservacionista.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A recuperação de solos compactados pelo cultivo pode ser obtida por meio de práticas culturais e mecânicas. As práticas culturais consistem no emprego de plantas, que possuem o sistema radicular com capacidade de recuperação da estrutura e penetração em camadas compactadas do solo. Dentre as práticas mecânicas a subsolagem/escarificação, que consiste na remoção da camada compactada por meio de hastes. As principais formas de prevenção da compactação seriam o uso de equipamentos combinados que diminuíssem o trânsito de máquinas sobre o solo, o controle deste tráfego e que as operações de preparo do solo não sejam realizadas quando o este se encontra próximo à

capacidade de campo, pois é quando o solo se encontra mais suscetível à compactação. Portanto, a compactação do solo pelo tráfego de máquinas agrícolas tem sido preocupação desde o início da mecanização na agricultura brasileira, pois é um dos fatores que mais influenciam a sustentabilidade dos solos agrícolas, em virtude das modificações ocasionadas em algumas propriedades físicas do solo. As principais modificações nas propriedades físicas do solo ocasionadas pela compactação comprometem a infiltração de água e a penetração das raízes no perfil do solo, o qual se torna mais suscetível à erosão. Desta forma, a utilização da mecanização na agricultura deve vir acompanhada de técnicas que possibilitem

a menor alteração possível nas características físicas dos solos, permitindo a sustentabilidade dessas áreas e evitando sua degradação. Com a adoção dessas técnicas por parte dos agricultores, os efeitos da compactação do solo poderão ser minimizados, melhorando assim o ambiente para desenvolvimento do sistema de raízes das culturas e possibilitando a sustentabilidade da agricultura. .M Jorge Wilson Cortez, Bernardo José Marques Ferreira, Aline Dantas da Silva Alves, Marcelo Rubens Dias de Moura e Hideo de Jesus Nagahama, Univasf


6200 Garça

6200 Garça Indicado para terrenos irregulares, o pulverizador 6200 Garça da Fankhauser possui tanque de 2,2 mil litros e barras de 14 metros

A

ficha técnica desta edição é do pulverizador 6200 Garça, da Fankhauser, indicado para aplicações de defensivos em lavouras arrozeiras, projetada para atuar em terrenos acidentados que exijam equipamentos com capacidade de estabilização das barras. O pulverizador 6200 Garça apresenta características especiais para o trabalho na cultura do arroz, pois o rodado tandem auxilia no equilíbrio quando forem transpassadas as taipas. Ele possui barras de 14 metros re-

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forçadas e acionadas através do comando hidráulico triplo de acionamento manual (semi-hidráulico) próprias para estas condições de terreno, pois o sistema de braços pantográficos por meio de um cilindro hidráulico central permite manter sempre a verticalidade das barras e o controle imediato da altura. O Comando regulador de vazão manual CRV para duas seções de barras, garante constante da pressão/vazão ao produto. Ele vem equipado com tanque de 2.200 litros e

tanque de rinsagem de 220 litros que também serve como escada para subir até na escotilha do tanque principal, ambos confeccionados em polietileno de alta resistência. Seu chassi em aço perfilado é reforçado, o que é imprescindível na cultura do arroz.

FILTROS E VÁLVULAS Um conjunto de filtros equipa o pulverizador, junto com um conjunto de válvulas. O filtro principal tem duas finalidades. A primeira é filtrar a impureza da calda antes de passar pelos comandos de pressão, bomba de água e os filtros de linha até chegar aos bicos de pulverização, que também são equipados com um pequeno filtro cada um deles. Na hora de fazer o abastecimento, entra a segunda funçaõ, quando a mangueira, que também tem um filtro de malha grossa em sua extremidade, é acoplada no orifício que está protegido pela“tampa amarela” na qual o mesmo também faz a filtragem da água do reservatório em que o pulverizador foi reabastecido. Dentro do filtro existe um meca-


“O pulverizador 6200 Garça apresenta características especiais para o trabalho na cultura do arroz, pois o rodado tandem auxilia no equilíbrio quando forem transpassadas as taipas ” taipas” Fotos Fankhauser

Marcador de linha é um dos itens opcionais do 6200 Garça

nismo no qual evita que a água contaminada retorne à fonte, fazendo o que é chamado de reabastecimento ecológico. Já o conjunto de válvulas é composto por três válvulas principais das quais desempenham varias funções. Com um simples giro de seus manípulos, se consegue lavar o frasco do produto, deslocar o produto que ficou no reservatório do lava frascos até o tanque

O conjunto de válvulas é composto por três válvulas principais que desempenham varias funções

principal, deslocar água limpa do tanque de rinsagem de 200 litros até o tanque principal de 2.200 litros e reabastecer o pulverizador. Para abastecer e para pulverizar não é necessário girar nenhum manipulo, deste conjunto de válvulas.

BOMBA TIPO MEMBRANAS A bomba que equipa o Garça possui qua-

Opcional, o kit comando a cabo hidráulico/água pode ser instalado no comando de água e no hidráulico

tro cabeçotes e quatro pistões. Com a ajuda das membranas, confeccionadas em material resistente aos diversos tipos de produ-

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A bomba tipo membrana possui quatro cabeçotes e quatro pistões e ajuda a manter a vazão constante

Tanque misturador de produtos e lava-frascos é acoplado junto ao tanque principal por sistema de engate rápido

tos existentes no mercado, utilizados para fins agrícolas (tratamentos em culturas), elas impulsionam a água até os comandos de regulagem de vazão. A bomba possui uma câmara de ar que ajuda a manter o jato sempre constante. A capacidade de vazão é de 160 litros/minuto e a pressão máxima é de 20bar; o óleo utilizado é “SAE 20W 40” e deve ser sempre mantido no nível, mostrado através de um visor. O tanque misturador de produtos e lavafrascos, confeccionado em polietileno de alta

resistência, é acoplado junto ao tanque principal por um sistema de engate rápido. Os filtros de linha são eficazes quanto ao não entupimento das pontas de pulverização, além de ajudar a aumentar a durabilidade dos bicos

BICOS Os pulverizadores 6200 Garça saem de fábrica equipados com dispositivo “D” de pulverização, válvula anti-gotejo “V” e ponta (P) de uso ampliado.

Reservatórios do marcador de linha (acima) e tanque de água limpa (abaixo) também são de polietileno

OPCIONAIS Além dos diversos itens de série, diversos opcionais são oferecidos para personalizar o 6200 Garça de acordo com necessidades específicas de cada propriedade. Um dos opcionais é o comando CRV de quatro seções, que mantém constante a pressão nos bicos, independente do número de segmentos das barras em uso, é de fácil manuseio e possui uma válvula especial (válvula de segurança - verde) que evita sobrecargas no sistema. Seu manômetro é banhado

O comando CRV de quatro seções mantém constante a pressão nos bicos independentemente do número de segmentos das barras em uso

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“Se o produtor preferir or com navegador via satélite. T rata-se de um computador de preferir,, pode equipar o pulverizad pulverizado Trata-se mão, com display luminoso de 4’’, que torna os trabalhos de pulverização no campo muito mais precisos” Fotos Fankhauser

Detalhes do filtro de linha e bicos simples com válvula de antigotejo

em glicerina.

CORPO DE BICOS TRIPLOS Outro opcional é o corpo de bicos triplos. De fácil manejo basta girar e em pouco tempo obter a ponta de bico ideal para o tratamento a ser realizado. Os pulverizadores 6200 Garça saem equipados com dispositivo “D” de pulverização, válvula antigotejo “V” e bicos de pulverização (P) de uso ampliado. Marcadores de linha também são oferecidos como opcionais. Esse equipamento pode ser acionado através de um comando que fica fixado na cabina do trator e ligado à bateria do mesmo. O reservatório para esse produto é confeccionado em polietileno de alta resistência, sua capacidade volumétrica é de 20 litros. Para aplicações que exijam um controle mais criterioso, é oferecido o comando regulador eletrônico, que alia simplicidade para a aplicação computadorizada. Esse comando informa a vazão, tipo de trabalho, quantidade pulverizada, tempo trabalhado, dosagem programada, dosagem média, bico utilizado, data e hora do início do tratamento, volume, pressão, velocidade do pulverizador e superfície já coberta. Também fazem parte do pacote tensão de alimentação de 12 Vcc e placa de memória para registrar os dados de trabalho.

Como item opcional, o produtor pode configurar o pulverizador com corpo de bicos triplos, que facilita o manuseio na hora da aplicação

Se o produtor preferir, pode equipar o pulverizador com navegador via satélite. Trata-se de um computador de mão, com display luminoso de 4’’, que torna os trabalhos de pulverização no campo muito mais precisos. Com o auxílio deste equipamento é possível realizar aplicação com taxas variáveis, corte automático das seções de barra e/ou válvula geral, comunicação sem cabos com outros dispositivos, como por exemplo, o comando regulador eletrônico, fazer o registro de trabalhos em memória interna. Ainda são opcionais o comando regulador elétrico e os comandos a cabo. O regulador elétrico permite o ajuste de pressão pelo simples toque de uma tecla. É possível a abertura e fechamento das secções de barras individual ou totalmente, possui manômetro

banhado em glicerina. Já o kit de comando a cabo hidráulico/ água proporciona maior agilidade e conforto para o operador na aplicação do produto químico com colocação dos comandos dentro da cabina do trator, podem ser instalados no comando de água e no comando hidráulico do pulverizador. .M .M

Como opcionais, também são oferecidos comando regulador eletrônico, GPS e comando regulador elétrico

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segurança

Busca pela segurança Apesar de já existirem diversas iniciativas para conscientizar sobre a segurança na aplicação de defensivos e implementar medidas concretas, a realidade brasileira ainda está distante de índices como os da Europa, por exemplo, que exige a certificação de pulverizadores antes mesmo de saírem da fábrica

O

assunto defensivos tem despertado grande interesse da sociedade, principalmente em função da sua relação direta com alguns aspectos da sustentabilidade da agricultura, tais como a contaminação ambiental, a contaminação dos alimentos, dos trabalhadores e os custos sociais envolvidos. Trabalhar, portanto, a segurança no uso destes produtos, mais do que necessário, pode ser considerada uma necessidade à saúde pública. Entendendo-se que dentro dos princípios básicos, a segurança deve ser trabalhada inicialmente na fonte, posteriormente na trajetória e finalmente no indivíduo, este artigo tenta discutir como a Tecnologia de Aplicação de Defensivos vem auxiliando neste processo. Trabalhar a segurança nos sistemas de aplicação, ou a segurança na fonte, é uma das mais importantes medidas a serem tomadas como busca da segurança na aplicação, uma vez que representa uma medida coletiva de controle. Apesar de ser rotina em países europeus, onde a certificação de pulverizadores novos e em uso é obrigatória, no Brasil tais atividades começam a aparecer não ainda como uma atividade estruturada, mas como iniciativa de pessoas ou instituições preocupadas com a área. Como exemplo, auditores fiscais integrantes do Programa

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Estadual Rural da Delegacia Regional do Trabalho de São Paulo, do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em parceria com empresas-membros da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos) e o Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA/IAC), discutiram durante dois anos (2004-2006), através de reuniões mensais, normas de segurança para pulverizadores. Tais discussões tiveram por objetivo definir padrões mínimos de segurança para pulverizadores novos, fazendo com que itens de segurança deixem de ser opcionais, como forma de redução de custo do equipamento, para serem obrigatórios. Destas discussões, três diferentes conjuntos harmonizados de padrões (pulverizadores automotrizes, montados/tracionados e costais) foram elaborados e hoje encontram-se no MTE em Brasília, integrando as discussões de revisão da Norma Regulamentadora (NR) 12 – Máquinas e Equipamentos. Ao final da revisão, qualquer pulverizador que não atenda aos padrões de segurança ali especificados não poderá ser comercializado no Brasil. Também na área de pulverizadores novos, foi recentemente restabelecida na Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), den-

tro do CB 04 – Comitê Brasileiro de Máquinas e Equipamentos Mecânicos, a CE 04:015.10 – Comissão de Estudos de Máquinas e Implementos para Aplicação de Defensivos. Tal CE, que é aberta a todos os interessados (fabricantes, pesquisadores ou usuários), visa discutir normas de qualidade e segurança para pulverizadores que, depois de elaboradas, discutidas e avaliadas através de consulta pública, tornamse uma Norma Brasileira (ABNT NBR), que tem caráter voluntário mas pode tornar-se obrigatória quando essa condição é estabelecida pelo poder público. Assim, a definição de padrões de qualidade representa um importante primeiro passo na certificação da qualidade dos equipamentos disponibilizados ao agricultor e conseqüentemente da segurança da operação. Não só os equipamentos novos devem ter boas características de segurança, como também se deve certificar de que estes as mantenham durante sua vida útil. Para isso, países europeus desenvolveram padrões específicos de qualidade para pulverizadores em uso e, em alguns deles como Alemanha e Bélgica, os pulverizadores devem ser reavaliados e certificados periodicamente. No Brasil, iniciativas deste tipo começam a acontecer. Projetos como o IPP – Inspeção Periódica de Pulverizadores, coorde-


“Trabalhar a segurança nos sistemas de aplicação, ou a segurança na fonte, é uma das mais importantes medidas a serem tomadas como busca da segurança na aplicação, uma vez que representa uma medida coletiva de controle ” controle” Fotos Claas

Em alguns países como Alemanha e Bélgica, os pulverizadores saem de fábrica certificados e devem ser reavaliados e certificados periodicamente

nado pela Unesp-Botucatu-SP, financiado inicialmente pela Fapesp – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo - e desenvolvido junto a produtores de grãos de diferentes estados; o Sistema de Inspeção de Pulverizadores Epagri, coordenado pela Epagri – Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina S.A. - realizado em parceria com a Basf e desenvolvido junto a produtores de maçã integrantes do sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) nos estados de Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, que já em 2006 atuava em 80% dos produtores integrados ao PIM; e o Programa “Aplique Bem”, coordenado pelo CEA/IAC em parceria com a Arysta LifeScience, que foi iniciado em 2007, trabalha com todos os tipos de pulverizadores e culturas, exceto aeronaves, e também tem atuação em vários estados brasileiros, tendo avaliado em seu primeiro ano 91 pulverizadores em 89 cidades de oito estados, já são realidade na agricultura brasileira. De uma forma geral, observa-se que o nível de entendimento sobre a periculosidade do uso dos pulverizado-

res é bastante baixo. A manutenção inadequada dos equipamentos e o próprio desconhecimento sobre a forma correta de utilização fazem com que os mesmos estejam sujeitos a problemas como vazamentos ou rompimento de mangueiras durante a operação, aumentando assim o risco de contaminação dos aplicadores

por uma exposição acidental à calda de pulverização. Apesar de uma harmonização dos padrões adotados ainda ser necessária para que os dados sejam comparáveis, em todos eles, os padrões iniciais de reprovação foram superiores a 60%, chegando mesmo próximos a 100% para alguns modelos de pulverizadores, o que


Fotos Divulgação

justificaria uma melhor atenção para esta atividade por parte de técnicos e autoridades competentes. Apesar de muito importante, um equipamento de boa qualidade não garante a qualidade da aplicação. Ele deve estar adequado às condições da praga (localização na planta), do produto (capacidade de redistribuição na planta), da cultura (porte e enfolhamento) e das condições ambientais, para proporcionar um controle adequado, ao menor custo possível e com o mínimo de contaminação de outras áreas. Neste sentido, estudos de tecnologia de aplicação são importantes e devem ser estimulados. Como exemplo, pontas de pulverização que produzam gotas muito pequenas, com elevado risco de deriva (carregamento pelo vento), ou mesmo técnicas que promovam a excessiva exposição do aplicador ao produto, elevando os riscos de contaminações tanto crônicas quanto agudas, devem ser legalmente proibidas. Entretanto, tal proibição deve ser precedida de estudos e divulgação em massa de métodos alternativos, que permitam ao produtor continuar sua atividade. Como exemplo, em culturas típicas de pequenas propriedades como a olericultura e a floricultura, segundo dados do Programa de Segurança e Saúde do Trabalhador Rural (PSSTR), convênio entre a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA-SP) e a Fundacentro do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), obtidos no final da década de 90, 85% dos agricultores entrevistados utilizavam pulverizadores costais ou semi-estacionários, onde a distância entre o operador e o bico de pulverização é via de regra bastante curta e o aplicador pulveriza à frente do seu corpo, cortando a nuvem de pulverização ao caminhar, e 55% dos trabalhadores na olericultura e 70% dos trabalhadores na floricultura afirmaram pulverizar durante o ano todo. Tal situação já deveria ser suficiente para alertar de que algo grave possa estar acontecen-

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New Holland

Independente da quantidade de defensivos e do tipo de equipamento a ser utilizado, é indispensável o uso de EPIs

Flagrantes de trabalhadores sem o uso de nenhum tipo de EPI são comuns nas lavouras brasileiras

Operador usando todos os equipamentos necessários para manuseio de produtos químicos: regra que nem sempre é seguida

do e desencadear linhas de pesquisa que possibilitem a redução dos problemas esperados, mesmo tais culturas ocupando áreas muito menores se comparadas a outras como soja ou milho, onde as aplicações são mecanizadas, concentradas em um curto período do ano e com a fonte de pulverização muito distante do aplicador. Trabalhos realizados pelo CEA/IAC demonstram que, apenas alterando a forma de aplicação, como na seleção de pontas adequadas, ou o sentido de caminhamento ou mesmo desenvolvendo pequenas alterações no equipamento, como o uso da barra às costas ou barras protegidas, é possível reduzir em até 70% o volume de calda aplicada e em mais de 90% o risco de contaminação do aplicador. Tais resultados têm sido corroborados pela pesquisa participativa feita dentro do Programa Aplique Bem, onde alterações simples resultam em enormes benefícios à segurança, além do que, ao contrário do que muitos dizem, os agricultores são ávidos por informações de qualidade, mudando seus hábitos sem muito esforço quando

devidamente convencidos da qualidade da técnica apresentada. Como se pode perceber, trabalhar a segurança e a saúde do trabalho no meio rural não é tarefa simples, depende da integração de diferentes atores e muito há ainda a ser feito. Entretanto, várias ações no sentido de melhorar segurança e a qualidade de vida do aplicador, a segurança ambiental e a segurança alimentar estão sendo observadas. Simplesmente punir os agricultores e trabalhadores não resolverá o problema. Ele só poderá ser solucionado através de uma ação conjunta, envolvendo o setor regulador, a pesquisa, a extensão, a iniciativa privada e, principalmente, os profissionais ligados à segurança e à saúde no trabalho com defensivos. Mais do que acharmos os culpados, .M precisamos buscar as soluções. Kiyoshi Yanai, Hamilton Humberto Ramos e Viviane Corrêa Aguiar, IAC



café

Jacto

Para aplicar

Para cada situação específica, em pequenas ou grandes lavouras de café, existem pulverizadores diferentes, com características e tecnologias apropriadas a cada tipo de manejo

N

Ainda em operação, a pulverização aérea em cafezais teve seu auge na década de 50

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os maiores cuidados durante a aplicação e o uso de pulverizadores mais eficientes, principalmente no que se refere à subdivisão do líquido em gotas. Na cultura do café, a aplicação de defensivos começou a se destacar na década de 50, devido ao aparecimento da broca do cafeeiro, Wellington Oliveira

os últimos anos a tecnologia de aplicação tem sido alvo de vários estudos, sendo os principais o uso de adjuvantes, o uso de pulverizadores com assistência de ar na barra, o uso de pulverização eletrostática, tudo isso visando a redução do volume de calda por hectare, diminuindo assim os desperdícios de defensivos agrícolas e conseqüentemente a contaminação do ambiente. A redução do volume de calda tem vantagens como aumento na capacidade operacional dos pulverizadores, diminuindo o tempo de parada para reabastecimento e também o custo da pulverização, devido à menor quantidade de água que precisa ser transportada para o local da pulverização. Por outro lado, a redução do volume de calda, com a manutenção dos mesmos equipamentos, acarreta uma diminuição na cobertura foliar, sendo necessári-

praga que ameaçava destruir as lavouras existentes naquela época. Mais tarde, no início da década de 70, a tecnologia de aplicação destacou-se ainda mais, devido à descoberta da ferrugem do cafeeiro, praga que também ameaçava a cafeicultura nacional. Como no café existem vários tipos de pra-


“Como no café existem vários tipos de pragas e doenças, é muito ” pulverização” importante que se dê atenção especial à cobertura da pulverização Montana

Coagril

Os pulverizadores pneumáticos possuem canhão superior direcionável, que impulsiona o produto sobre o cafeeiro, atingindo faixas de dez a 40 metros de largura

Pulverizadores de pressão constante trabalham com o líquido pressurizado, mantendo uma vazão constante na hora de aplicar

gas e doenças, é muito importante que se dê atenção especial à cobertura da pulverização, visando sempre uma alta eficácia do tratamento fitossanitário, visando também uma pulverização sem danos ao meio ambiente. No caso da aplicação de alguns fungicidas para o controle de determinadas doenças, onde qualquer área desprotegida é porta de entrada para o patógeno, a cobertura da pulverização tem uma grande influência na eficiência do tratamento, desse modo uma baixa cobertura foliar resulta em uma baixa eficácia de controle. No caso dos inseticidas a cobertura da pulverização não precisa ser exatamente semelhante à cobertura dos fungicidas, pois, além das pragas serem geralmente móveis, os inseticidas agem de diversas formas, como: contato, ingestão, translocação. Portanto, a cobertura da pulverização tem que ser de acordo com o alvo desejado, sempre evitando que ocorra deposição de calda fora do alvo, evitando assim desperdícios de defensivos e também evitando a contaminação ambiental.

APLICAÇÃO DE PRODUTOS VIA FOLHA A aplicação de produtos via folha na cultura do café pode ser realizada por via aérea ou terrestre, sendo a aplicação terrestre predominante na maioria das lavouras. A aplicação aérea em cafezais foi muito usada na década de 50, para o combate à broca do cafeeiro, que ameaçava destruir os cafezais existentes na época. O fato de as lavouras serem implantadas em áreas recém-desmatadas e o de não existir máquinas adequadas para as pulverizações terrestres, tornaram a pulverização aérea uma valiosa ferramenta no combate a essa praga. No que se refere à ferrugem do cafeeiro usando fungicidas cúpricos, trabalhos mostraram que para se conseguir uma deposição e um resultado satisfatório, era necessário realizar duas passadas no mesmo lugar, o que aumentava muito o custo da pulverização. Os aviões usados na época não eram de uso

exclusivamente agrícola, eram aeronaves modificadas e adaptadas para o uso nas lavouras. Atualmente a pulverização aérea não está sendo usada nas lavouras cafeeiras, devido a inúmeros fatores, como, por exemplo, falta de conhecimento desta técnica de aplicação, tanto por parte dos produtores rurais quanto dos responsáveis técnicos. O uso de aplicações aéreas com helicópteros foi no passado, mas, devido ao alto custo operacional, tornou–se excessivamente caro este tipo de aplicação. O helicóptero tem como vantagem a capacidade de poder acompanhar o relevo, mantendo sempre uma altura constante de vôo.

PULVERIZAÇÃO TERRESTRE É o processo mais utilizado na cafeicultura, atualmente, e existem vários equipamentos para esse fim, desde equipamentos de tração


Jacto

Costais de pressão constante também podem ser movidos por motores a gasolina

litros, e possui um grande rendimento operacional. Devido à pressão exercida pelo ventilador podem trabalhar à baixa pressão, diminuindo assim a deriva e a evaporação e propiciando uma boa penetração no dossel do cafeeiro. Este tipo de pulverizador pode ser adaptado para funcionar com o sistema de mangueiras, dependendo do tipo de tratamento e do porte da lavoura.

ção, até acabar a calda.

animal, tração humana e equipamentos motorizados e tratorizados, entre os quais podemos citar os pulverizadores costais manuais, costais motorizados, costais de pressão constante, pulverizadores pneumáticos e hidropneumáticos.

Costais hidráulicos de pressão constante São pulverizadores semelhantes ao costal manual, com a vantagem de não precisar acionar a alavanca. Existem dois tipos disponíveis no mercado: um com o qual o bombeamento é feito com o equipamento ainda no chão, antes de iniciar a pulverização, e a pressão interna é mantida por um sistema de válvulas, e o outro o líquido é carregado sob pressão, oriundo de um depósito com capacidade para 400 a dois mil litros, acionado por trator, bastando o trabalhador carregar o equipamento nas costas e manejar a lança de pulverizaPulverizadores hidráulicos de barra protegida são usados para aplicação de herbicidas, sob a saia do cafeeiro e nas entrelinhas de lavouras formadas

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Ronaldo Goulart

Hidráulicos costais manuais São pulverizadores equipados com tanque de até 20 litros, geralmente de plástico, onde a pressão é obtida através de uma bomba hidráulica acionada por alavanca manual. A pressão varia de acordo com a freqüência de acionamento da alavanca e alguns modelos são equipados com uma válvula reguladora de pressão, onde só ocorre a passagem do líquido quando o mesmo atinge uma determinada pressão. É um equipamento usado desde pequenos até grandes produtores, em lavouras em formação e em lavouras em produção, tanto para aplicação no dossel da cultura, quanto para aplicação de herbicidas nas entrelinhas do cafeeiro. Muito usado em lavouras onde a inclinação do relevo não permite a entrada de pulverizadores tratorizados. O seu rendimento depende do porte das plantas e do volume de calda utilizada.

Pulverizadores hidropneumáticos São pulverizadores dotados de ventilador axial, onde a corrente de ar arrasta as gotas produzidas por bicos hidráulicos. Os bicos são dispostos em dois ramais (semicírculos) e permitem tratar os dois lados da fileira de café, contribuindo para um aumento na capacidade operacional do conjunto trator-pulverizador. São equipamentos recomendados para grandes lavouras, devido ao grande rendimento operacional e eficiência da aplicação. Não são recomendados para lavouras adensadas ou semiadensadas e para lavouras implantadas em terrenos inclinados. Atualmente existem no mercado brasileiro dois tipos de pulverizadores hidropneumáticos. O primeiro tipo é um equipamento acoplado ao sistema de levante hidráulico de três pontos trator, acionado pela TDP, com tanques de 200 a 600 litros. O segundo tipo é um equipamento tracionado pela barra de tração, também acionado pela TDP, com tanque de mil a dois mil

Pulverizadores pneumáticos São equipamentos com tanque de capacidade de 400 a 600 litros, acoplados ao trator e acionados pela TDP. O líquido e o ar saem por um canhão superior direcionável, sendo impulsionados sobre o cafeeiro, atingindo grandes faixas, de dez a 40 metros de largura. A largura da faixa depende da capacidade do ventilador, da direção e velocidade do vento, da temperatura e umidade relativa do ar. Devido ao pequeno tamanho das gotas neste tipo de pulverizador deve-se tomar muito cuidado com a deriva e evaporação das gotas, dando prioridade para o uso somente nas horas mais frescas, como por exemplo no final da tarde e à noite, onde a temperatura é mais baixa e ocorre menos vento. É um equipamento muito usado em áreas de declive acentuado, onde o opera nos carreadores em nível e o líquido pulverizado é lançado morro abaixo, atingindo, de forma irregular, a parte superior dos cafeeiros. Este equipamento aplica-se também em lavouras adensadas e semi-adensadas. Costais pneumáticos motorizados São pulverizadores cuja divisão do líquido


“A aplicação aérea em cafezais foi muito usada na década de 50, para o combate à broca do cafeeiro, que ameaçava destruir os cafezais existentes na época” Divulgação

Ronaldo Goulart

Charles Echer

Para aplicação de produtos líquidos via solo, existem equipamentos especiais, acoplados no trator ou costais As granuladoras tratorizadas são acopladas ao trator através dos três pontos do sistema de levante hidráulico, acionadas pela TDP ou por uma roda motriz

em gotas e o transporte dessas gotas até o alvo são feitos devido à grande corrente de ar, produzida por um ventilador centrífugo, acionado por um motor de dois tempos (2 a 3,5cv). São equipados com tanque de capacidade de dez a 18 litros. Devido ao acionamento do ventilador por um motor de combustão interna, esse tipo de pulverizador apresenta um elevado nível de ruído para o operador, em torno de 100 dB, limite bem acima do permitido para uma jornada de oito horas diárias de trabalho. Alguns modelos possuem bombas centrífugas, o que permite pulverizar com a lança do pulverizador inclinada para cima e, também, para manter a agitação da calda constante. Pulverizadores hidráulicos de barra protegida Equipado com tanque de 200 a 600 litros, montados nos sistema de levante hidráulico de três pontos do trator e acionado pela TDP. São usados para aplicação de herbicida, sob a saia do cafeeiro e nas entrelinhas de lavouras formadas. Apresentam alto rendimento e só po-

dem ser usados em lavouras planas. Aplicação de produtos sólidos Os equipamentos para aplicação de produtos granulados, via solo, podem ser de operação tratorizada (granuladoras), de tração animal ou manual (matraca). As granuladoras tratorizadas são acopladas ao trator através dos três pontos do sistema de levante hidráulico, acionadas pela TDP ou por uma roda motriz, possuindo um depósito superior, que é carregado com os grânulos do produto. O dispositivo dosador, localizado no fundo do depósito, pode ser de discos ou de canaletas. Na parte inferior da máquina existe um sistema de discos sulcadores, que abre um pequeno sulco no solo, atrás do qual fica um tubo por onde fluem os grânulos até o sulco recém-aberto. Logo atrás, vem uma corrente cobrindo o sulco e os grânulos com terra. As granuladoras manuais (matracas) devem ser de modelo especial, de plástico com dispositivo dosador regulável com boa precisão. Existe um modelo novo de matraca no mercado, onde os grânulos ficam armazenados em um depó-

sito costal (mochila) e acoplado à matraca através de uma mangueira flexível. Aplicação de produtos líquidos via solo Nos últimos anos foram lançadas no mercado formulações de inseticidas e fungicidas para o uso no solo, via líquido. São formulações granuladas para serem diluídas na água e os equipamentos usados para essas aplicações podem ser de vários tipos: a matraca líquida, que injeta o produto a 5cm no solo: pulverizador costal manual com dosador universal, que coloca o líquido debaixo e próximo do pé de café, em cobertura no solo, e as adaptações em trator, com tanque e bomba acoplados na mes.M ma plataforma da granuladora. Ronaldo Goulart Magno Júnior Mauri Martins Teixeira e Walter Luís de Castro Mewes, UFV


Technofarm

Technofarm A linha de tratores Technofarm da Landini possui configuração para trabalhar em atividades agrícolas em pequenas ou médias propriedades

O

s tratores da linha Technofarm possuem motor da nova geração Perkins (tier II), que reúne alta potência e economia de combustível, sobretudo, respeitando o meio ambiente. Os quatro modelos desta linha possuem motores de três e quatro cilindros aspirados e turbinados, com potências de 58,5cv a 75cv. São motores Perkins da série 1103C para os três cilindros com 3.300 cilindradas e para os quatro cilindros 1104C com 4.400 cilindradas, possuem uma rotação de trabalho de 2.200rpm e uma rotação de torque máximo de 1.400rpm, com torque de 222Nm a 256Nm. Eles contam com sistema de controle de emissão de gases à camada de ozônio, ou seja, são motores emissionados. Os motores Perkins usados nestes tratores possuem cabeçote de fluxo cruzado e condutores de admissão em aspiral, melhorando, assim, a concentração de oxigênio na câmara de combustão. Possuem sistema de injeção com bomba rotativa Delphi, de última geração. O capô é feito em peça única, agilizando assim a manutenção do motor, filtros de ar e filtro de combustível. O fil-

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tro de ar com elemento duplo filtrante é de fácil acesso, localizado na dianteira do trator, buscando agilidade na hora da manutenção, e toda a linha possui sistema de partida a frio para as regiões de temperaturas mais baixas.

TRANSMISSÃO A linha Technofarm da Landini já sai de fábrica com uma das transmissões mais completas do mercado para a sua categoria, possibilitando 12 velocidades à frente, de 1,3 a 28km/h ou com seis velocidades dentro da faixa de trabalho de 4 a 12km/h, e 12 velocidades à ré com velocidades similares. A sua transmissão busca a máxima eficiência do conjunto, motor e caixa de velocidades, garantindo, assim, que se tenha um ótimo aproveitamento do torque do motor. A transmissão tem engrenagens de dentes helicoidais, buscando engrenamentos constantes com o mínimo de ruído e baixo aquecimento, totalmente sincronizada. Esse mo-

delo traz como item de série um inversor de sentido mecânico sincronizado, ou seja, na marcha que o trator está à frente o operador pode reverter o sentido sem ter a necessidade de modificar a alavanca de marchas, o que facilita os trabalhos que exijam manobras rápidas. Para trabalhos que exijam velocidades super-reduzidas eles podem vir equipados com transmissão de 24 velocidades à frente, com velocidade mínima de 300m/h, e 24 velocidades à ré, com velocidades similares, todas sincronizadas. Possuem como item de série uma embreagem dupla com disco cerametálico de 305mm de espessura, marca Luk.

TOMADA DE FORÇA A tomada de força de acionamento mecânico é totalmente independente, proporciona agilidade e melhor desempenho operacional nas operações que exijam este sistema e uma maior versatilidade em aplicações que utilizam TDP pela sua vasta opção das velocidades de trabalho. A velocidade 540 normal pode ser usada para trabalhos convencionais, como roçadoras, forrageiras etc, com rotação do motor de 1.944rpm. Outra opção é a 540E, utilizada


“Os quatro modelos desta linha possuem motores de três e quatro cilindros aspirados e turbinados, com potências de 65cv a 75cv ” 75cv” Fotos Landini

O capô, feito numa única peça, bascula totalmente, facilitando o acesso ao motor

para trabalhos com motores estacionários, obtendo a mesma rotação de 540 no eixo de saída, mas com uma rotação mais baixa do motor, de 1.392,rpm propiciando assim uma economia de combustível. A linha Technofarm possui também a TDP sincronizada com a roda, onde a rotação do eixo da TDP é proporcional ao giro das rodas do trator em uma proporção de 1 para 11, o que facilita as operações de limpeza nas aplicações que exijam desembuchamento do implemento, na medida em que reverte o eixo de saída ao inverter o sentido do trator, como forrageiras,

A limpeza de filtros e a manutenção das baterias e faróis podem ser feitas com facilidade na parte dianteira do trator

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Painel analógico-digital com funções instrutivas mostra as principais informações da parte de motor e elétrica

zão de 20 l/min.

SISTEMA HIDRÁULICO

O posto do operador possui plataforma com piso antiderrapante e acesso facilitado aos principais comandos do trator

distribuidores de calcário, adubadeiras, pulverizadores etc.

EIXO DIANTEIRO Os tratores da série Technofarm podem vir na versão 4x4 e 4x2. As versões 4x4 possuem acionamento mecânico por uma alavanca localizada ao lado direito do operador. Possuem raio de giro de 52 a 55 graus, ou seja, podem dar um giro de 360 graus

O sistema hidráulico possui comandos duplos de série com duas válvulas de comando de centro aberto e dupla função

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em apenas 4.100mm, graças a seu eixo dianteiro coaxial, ou seja, o cardam de acionamento é central e não lateral, sem juntas universais (cruzetas), sendo acoplado por luvas contrapinadas, diminuindo assim a perda de potência no sistema. Possui um cilindro de direção de efeito duplo e um dos maiores vãos livres da categoria, com 42,5 cm. Toda a linha pode vir com eixo dianteiro da marca Landini, Carraro ou ZF. Para não deixar o volante pesado nas manobras de cabeceira, o trator conta com uma bomba independente, com va-

As alavancas de marchas e comandos estão localizadas à direita e à esquerda do posto do operador

Os tratores Technofarm possuem comandos duplos de série, com duas válvulas de comando de centro aberto de dupla ação. E para agilidade deste sistema está acoplado a uma bomba independente com vazão de 42 l/min, montada externamente no trator. Essa linha possui uma capacidade de levante hidráulico de 2.700kg, com regulagens de sensibilidade mecânica dos braços inferiores do levantador hidráulico. Além disso, conta com estabilizadores telescópicos nos braços de levante, dando mais segurança e estabilidade


“Os tratores T echnofarm possuem comandos duplos de série com Technofarm duas válvulas de comando de centro aberto de dupla ação ” ação” Fotos Landini

Filtro do óleo e vareta para verificação do nível são facilmente acessados pela lateral do motor

nas operações de três pontos.

POSTO DE OPERAÇÃO E SISTEMA ELÉTRICO Os tratores da série Technofarm possuem plataforma plana com piso emborrachado antiderrapante. Contam também com arco de segurança como item de série, respeitando as normas internacionais de segurança. Têm baixo nível de ruído ao nível do operador, acentos com regulagens de peso e altura, alavancas de marchas e comandos ergonomicamente posicionados para melhor conforto do operador. Possuem um capô arredondado, melhorando, assim, o ângulo de visão do operador. As luzes sinalizadoras dão segurança ao transportar o trator sobre

as estradas. A linha Technofarm conta com um painel analógico-digital totalmente instrutivo, com luzes em cores diferentes para instruir o operador, possui bateria localizada na dianteira do trator, com capacidade de 100ah, trazendo confiança em trabalhos noturnos.

FREIOS O sistema de freios tem acionamento

hidráulico auto-ajustável, um sistema a disco em banho de óleo com grafite e dois pacotes com cinco discos cada, que dão segurança e confiabilidade nas frenagens. Os freios de estacionamento têm acionamento mecânico e o bloqueio do diferencial mecânico é acionado por pedal do lado direito do operador e desligado pelo pedal de freio.

PNEUS Os pneus que equipam esta linha são radiais como item de série nos modelos 320/ 70R20 e 480/70R30, que possibilitam trabalhar sem câmara de ar, mantendo uma vida útil de no mínimo o dobro dos pneus convencionais. O modelo radial proporciona também uma economia de consumo relativamente superior à dos pneus convencionais, por sua área de contato ser 20% maior, diminuindo, assim, o patinamento e o aquecimento dos flancos. Para os clientes que realmente sentem a necessidade de pneus diagonais são oferecidos pneus 18.4x30 e 12.4x24. Estes modelos de pneus podemos oferecer nas versões .M R1 e R2 (pneu com garra maior).

Todos os modelos saem de fábrica com arco de segurança certificado

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distribuição de sementes

Plantio calculado Programa computacional para cálculo de engrenagens de semeadoras de precisão é uma ferramenta inédita que auxilia os produtores na hora de fazer os cálculos para o plantio

A

Kuhn Metasa

s modernas semeadoras de precisão estão sendo projetadas para desempenhar várias funções numa única passada, realizando a abertura do sulco, dosagem de uma quantidade de sementes e adubos numa disposição e taxa predeterminada, cobertura do sulco e compactação do solo ao redor das sementes. As semeadoras devem permitir também obter uma regularidade de profundidade e de repartição da semente na linha, alinhamento e espaçamento perfeitos, economia sensível de semente e maior rapidez de trabalho. E para atingir os objetivos mencionados, as semeadoras devem ter polivalência em relação ao tipo de sementes, distribuição regular e fácil regulagem, profundidade constante e possibilidade de trabalho a velocidades elevadas. Atualmente, a semeadora é uma das máquinas agrícolas utilizadas no processo de produção agrícola que mais incorpora tecnologia. A precisão durante a operação de semeadura é garantida por mecanismos bem projetados, eficientes e precisos. Porém, a regulagem adequada de seus mecanismos é o fator mais importante que influencia sua precisão. Durante a regulagem, deve-se estabelecer, inicialmente, para a cultura a ser implantada, a densidade e o espaçamento de semeadura, e em seguida são considerados os fatores relativos à semente utilizada – índices de germinação, pureza e sobrevivência – informados pelo fornecedor de sementes. Finalmente, há que se levar em conta o índice de enchimento do me-

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Figura 1 - Principais funções desempenhadas pelas semeadoras de precisão

canismo dosador de sementes e a patinagem da roda motriz da semeadora. Estes fatores podem interagir e interferir na expressão do potencial produtivo da cultura.

INFORMÁTICA NA AGRICULTURA O uso da informática e programas computacionais no setor agrícola permite atingir objetivos específicos na área. Na mecanização agrícola, por exemplo, a seleção de máquinas e implementos agrícolas adequadas ao sistema de produção é um processo bastante complexo e pode ser auxiliado por meio da informática. Visando facilitar e tornar de maneira mais rápida a regulagem de uma semeadora de precisão, determinando as engrenagens a serem utilizadas pela máquina, foi desenvolvido, no setor de Mecanização Agrícola da Universidade Estadual do Norte Flu-

minense Darcy Ribeiro (UENF), um programa computacional para selecionar a combinação do sistema de transmissão da máquina para regulagem da densidade de sementes recomendada. Utilizou-se a linguagem de programação voltada para internet PHP versão 5.0. Para a execução do programa, o usuário deverá fornecer alguns dados de entrada – modelo de semeadora; população de plantas para a área; índices de germinação, pureza, sobrevivência, patinagem do rodado, enchimento do disco; número de furos do disco dosador; e espaçamento entre linhas. Após a entrada de dados, o programa retornará o resultado das engrenagens a serem utilizadas no sistema de transmissão, de acordo com o mo-


“A ergonomia e a segurança no posto de operação buscam a eficiência da realização do trabalho com o menor risco possível ao trabalhador ” trabalhador” Pablo Klaver

Figura 2 - Esquema do sistema de acionamento do disco de distribuição de sementes da semeadora de precisão SEED-MAX PCR 2226

delo de máquina selecionado. Com a utilização deste programa computacional, busca-se a rapidez na saída de dados combinado com cálculos precisos de regulagens das engrenagens, tornando-se assim uma ferramenta facilitadora de cálculos, reduzindo erros matemáticos e de consultas a tabelas. O programa desenvolvido apresenta duas versões de execução. A primeira versão de uso pela internet, sem a necessidade da instalação de qualquer aplicativo. O usuário acessa o endereço eletrônico do programa e executa através da digitação dos dados de entrada. Outra opção é fornecida com a versão de instalação, para o usuário que não possui internet. No exemplo apresentado, o modelo de semeadora de precisão utilizado é a MAX SEEDMAX PCR 2226, que apresenta mecanismo de dosagem de sementes do tipo disco perfurado horizontal. O sistema de acionamento do disco de distribuição de sementes é composto por engrenagens, correntes e eixos (Figura 2).

FUNCIONAMENTO O programa para regulagem da semeadora desenvolvido é de interface amigável e em função disso pode ser usado por alunos, professores ou produtores, com ou sem experiência. Após iniciar o programa pelo acesso do en-

dereço eletrônico ou pela instalação, o usuário faz a escolha do modelo da máquina que será utilizada na implantação da cultura. Em seguida, o usuário deve fornecer os seguintes dados – população de plantas recomendada para a área (plantas.ha-1); índice de germinação (%), índice de pureza (%); índice de sobrevivência (%); índice de patinagem do rodado da semeadora (%); índice de enchimento do disco dosador (%); número de furos do disco dosador; e espaçamento entre linhas (m). A população de plantas recomendada normalmente é feita em função da variedade utilizada, clima e região. Os índices de germinação, pureza e sobrevivência devem ser informados pelo fornecedor das sementes – em caso da ausência destes dados, recomenda-se fazer testes em laboratório para a determinação destes valores. O índice de patinagem do rodado da semeadora é interferido principalmente pelo tipo de rodado da máquina, seu peso e tipo de cobertura do solo – solo descoberto (plantio convencional) ou com palhada (plantio direto). Na ausência do índice de patinagem, podese fazer a determinação deste índice de forma rápida – Revista Cultivar Máquinas, edição de julho de 2005. Em testes de determinação de patinagem, observou-se índice de 10,7% para semeadura em solo descoberto; e 7,2% em solo com palhada. Estes dados podem ser utilizados pelo programa caso o usuário faça a opção.

Figura 3 - Tela de entrada de dados do programa para regulagem da semeadora

O índice de enchimento de discos, normalmente recomendado para semeadoras do tipo disco perfurado horizontal é de 90%, e para máquinas com sistema de fluxo de ar, considera-se 100%. O usuário pode digitar esta informação se tiver disponível, ou optar pelo dado fornecido pelo programa para cada tipo de sistema de distribuição de sementes. Após a entrada dos dados, o programa calcula o espaçamento entre sementes, e retornará para o usuário os valores de combinação de engrenagens dos eixos da semeadora que deverão ser utilizados para alcançar o valor mais próximo do espaçamento entre sementes calculado. A rapidez na saída de dados é notória e a combinação dos cálculos de espaçamento entre sementes e regulagens das engrenagens da máquina faz do programa uma ferramenta facilitadora de cálculos e consulta a tabelas. Foi observada ainda a capacidade de adaptar a linguagem usada pelo programa e o código fonte para atender a demandas de diversas pesquisas, podendo ser utilizado em diferentes tipos de máquinas agrícolas. O projeto contou com o apoio da UENF, FAPERJ e MAX Implementos Agrícolas. . M Pablo Pereira Corrêa Klaver Ricardo Ferreira Garcia, UENF

Figura 4 - Tela de resultado do programa com valores de engrenagens a serem utilizadas

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Justiça em debate

Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br

O estágio mudou

E

mpresas, administração pública e profissionais liberais de nível superior têm novas obrigações. A Lei 11.788/ 08 foi promulgada com o objetivo de valorizar os estudantes e melhor regular suas relações com aqueles que concedem estágio. Contudo, até o meio de novembro, causou redução de 40% no número de vagas anunciadas, informa o jornal O Estado de São Paulo. A nova lei vigora desde 26 de setembro. Os contratos em andamento continuam regidos pela lei antiga. Todavia, na prorrogação, deverão ser adaptados às atuais disposições. Composta por 22 artigos, a Lei 11.788/08 normatiza estágios em qualquer área. Podem ser obrigatórios ou não. Na segunda hipótese, bolsa (remuneração) e vales-transporte deverão ser fornecidos ao estagiário. Após um ano de duração, haverá recesso de 30 dias. Se o estagiário receber bolsa, terá direito à remuneração durante esse período. Para estágios com duração inferior, o descanso será proporcional. A jornada do estagiário restringe-se a quatro horas diárias e a 20 semanais, para concluintes do Ensino Fundamental. Para estudantes do Ensino Superior, profissionalizante e Médio, seis horas diárias e 30 semanais. Neste caso, recomenda-se intervalo de 15 minutos após a quarta hora trabalhada, nos termos do artigo 71, parágrafo 1º, da CLT. O contrato pode perdurar por dois anos, salvo para portadores de deficiência física, para quem não há prazo estabelecido. Incidem nos períodos de aprendizado as normas sobre saúde e segurança no trabalho. Portanto, os artigos 154 a 201 da CLT devem ser respeitados. Por exemplo, submetem-se os estagiários a exames para avaliar seu estado de saúde nos momentos do início e do término do contrato. Importante frisar que as atividades praticadas pelo aluno devem ser compatíveis com as constantes do termo de compromisso assinado. Desnaturado o estágio, restará uma relação de emprego normal. Mais informações podem ser obtidas na Revista Cultivar Justiça nº 41.

Alimentos

A

Lei 11.804/08 estabelece o direito da gestante à percepção de alimentos. Embora o Judiciário já os deferisse em muitos casos, a nova lei define suas características. As mais temidas resultam das partes do texto vetadas pelo Presidente da República. Na redação original, a lei previa a necessidade de exame pericial para comprovar a paternidade no caso de negativa por parte do réu. Não existindo mais a determinação, aberta está a possibilidade para que alguém preste alimentos sem ser o pai do nascituro. Por semelhante modo, caso o resultado do exame pericial fosse negativo, poderia o réu receber indenização da mulher que ingressou com o processo. Não mais. O Presidente entendeu que essa disposição poderia amedrontar as gestantes.

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Erro médico

A

quantidade de processos baseados em erro médico no Superior Tribunal de Justiça, 3ª instância judiciária, cresceu mais de 200% desde 2002. Existem três tipos de indenização possível nesses casos: Em primeiro lugar, o dano moral. Trata-se de uma compensação pelo sofrimento psicológico experimentado por paciente ou por seus familiares em decorrência de ato médico. Em segundo lugar, tem-se o dano estético, uma reparação pelo prejuízo causado à sua aparência, como cicatrizes e deformidades. Por último, há o dano material. Objetiva repor o valor despendido com o tratamento ineficiente e os valores que eventualmente deixou de ganhar por causa do erro, como dias de trabalho, por exemplo.




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