Destaques Matéria de capa
Taxa variável Depois de equipar os pulverizadores terrestres, a tecnologia de aplicação à taxa variável chega aos aviões agrícolas
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Teste MF 7180
Ficha Técnica
Testamos o MF 7180 e conferimos as novidades da nova série da Massey, antes mesmo de chegar às concessionárias
Plataforma 5.000 Mantovani e Motor X-TORQ, da Husqvarna
Índice
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18 e 36
Nossa Capa Charles Echer
Rodando por aí
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Manutenção preventiva
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Aplicação aérea
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Informe empresarial - Massey Ferguson
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Abrigo de máquinas
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Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br
Cultivar Máquinas Edição Nº 81 Ano VIII - Dezembro 08 / Janeiro 09 ISSN - 1676-0158
Ficha Técnica - Plataforma 5.000 Mantovani 18
Direção Newton PPeter eter Sch ubert K. PPeter eter Schubert
Armazenagem de precisão
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Test Drive - Massey Ferguson
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Desempenho de tratores
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Ficha Técnica - Motor X-TORQ Husqvarna
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www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 119,00
Coluna jurídica
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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
• Editor
Gilvan Queved o Quevedo • Redação
Charles Ech er Echer • Revisão
Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid • Design Gráfico e Diagramação
Cristi an o Cei Cristian ano Ceiaa
• Comercial
Ped edrro Batistin Sed eli Feijó Sedeli • Circulação
Sim on Simon onee Lopes • Assinaturas
Ân gela Oliveir Âng Oliveiraa Gonçalves
Secretária eri Lisboa Alves Rosimeri Rosim
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 90,00 EUROS 80,00
• Expedição
Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Di anferson Alves Dianferson Edson Kr ause Krause • Impressão:
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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
Agritech Y anmar Yanmar A Agritech Yanmar participa do Programa Pró-Trator, que tem por objetivo facilitar o acesso de produtores paulistas a tratores com potência entre 50 e 120 cavalos, a agricultores com renda bruta de até R$ 400 mil e que obtenham pelo menos 80% desta receita com o desenvolvimento de atividades rurais. O programa prevê o financiamento de seis mil tratores com desconto médio de 10% no valor de mercado, carência de até três anos e juro zero. O prazo de pagamento é de até cinco anos. “Além de facilitar a questão financeira, o Programa Pró-Trator de São Paulo também é um processo democrático, pois é o produtor quem escolhe o modelo que vai comprar”, acrescenta o gerente de Vendas da empresa, Nelson Watanabe.
Kuhn Metasa A Kuhn Metasa apresentou a Semeadora SDM e o Pulverizador Rebocado Trainer, durante dia de campo no final de novembro, em San Alberto, Alto Parana. A empresa é representada no Paraguai por Rieder e Cia.
Recorde Em coletiva em novembro, Martin Richenhagen, presidente e CEO da AGCO, anunciou recordes de vendas na América do Sul, impulsionadas pela crescente demanda de mercado e pelos preços mais altos das commodities no Brasil. Para André M. Carioba, vice-presidente sênior e gerente geral da AGCO na América do Sul, as vendas das unidades de tratores na América do Sul aumentaram aproximadamente 36% e as vendas das unidades de colheitadeiras aumentaram aproximadamente 87% nos primeiros nove meses de 2008 em comparação com o mesmo período do ano anterior. Colhedora de cana-de-açúcar e pulverizador foram anunciados para os próximos meses.
Assinatura A John Deere participou em novembro da cerimônia de assinatura do Termo de Adesão ao programa Mais Alimentos, durante a 5ª Feira da Agricultura Familiar. O presidente da John Deere Brasil, Aaron Wetzel, e o diretor de Assuntos Corporativos para a América do Sul, Alfredo Miguel Neto, assinaram o termo em nome da montadora. Wetzel encontrou-se com a ministra Dilma Rousseff e comunicou a inauguração em dezembro do Centro de Distribuição de Peças da América do Sul (um investimento de 18 milhões de dólares), em Campinas, São Paulo.
Trator entregue No último dia 3 de dezembro a revenda Massey Ferguson de Fernandópolis, de propriedade do Grupo Arakaki, entregou o primeiro trator dos 250 comercializados desde agosto através do Programa Mais Alimentos. Trata-se de um 275 XE Advanced 4x4, que foi adquirido pelo produtor rural Clair Fortunato Pereira, do sítio Boa Esperança, no município de Ouroeste (SP).
Primeiro no RS A Valtra entregou ao produtor Paulo Roberto Scopel, do município de Ipê, o primeiro trator da marca vendido dentro do programa Mais Alimentos no Rio Grande do Sul . Participaram do ato o gerente do Banco do Brasil de Ipê, Martinho Marson, e o gerente de Vendas da Comércio de Tratores Stella, Adrian Frozi.
Comemoração Carmen Galli, gerente de Comércio Exterior da Semeato, completou em novembro 30 anos na empresa e recebeu a homenagem e o reconhecimento dos colegas de trabalho e de colaboradores.
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Yanmar 1155-4
Agrale A Agrale recebeu o diploma de Destaque Nacional na Área Socioambiental Empresarial, em reconhecimento às ações de responsabilidade social e de preservação do meio ambiente promovidas pela montadora. O título foi concedido pelo Instituto Ambiental Biosfera. As iniciativas ressaltadas foram o lançamento de tratores movidos a biodiesel no Brasil na mistura B5 (5% de biodiesel misturado ao diesel mineral) e a aprovação em 2008 do emprego do B25 em tratores da empresa.
Trator do ano A New Holland foi premiada na competição “Tractor of the Year”, edição 2009. A cerimônia de premiação ocorreu em Bologna (Itália) e coincidiu com a Exposição Internacional de Máquinas para Agricultura (Eima) 2008. O novo trator New Holland T4050F ganhou na categoria “Best of Specialized”, que premia excelência tecnológica e inovação de produto em tratores especializados em pomares e vinhedos. Já o modelo T6080 foi um dos vencedores do prêmio “Golden Tractor for Design”. O trator TK4000 recebeu o prêmio “2008 Technical Innovation” pelo seu patenteado sistema de lagarta silenciosa que reduz os níveis de ruído e vibração.
manutenção preventiva
John Deere
Mecânico virtual
Programa computacional desenvolvido por pesquisadores da Uenf informa o momento exato de realizar manutenções preventivas em tratores
A
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ma avaria ocorrida pela falta de manutenção preventiva, uso de partes ou fluidos não apropriados, ocorrência de acidente, uso indevido do equipamento ou sobrecarga. A manutenção corretiva virá aumentar os custos da utilização da máquina, além de acarretar prejuízos para o proprietário com o tempo parado para a correção do defeito. Valtra
manutenção de tratores agrícolas é o conjunto de procedimentos que visam mantê-los nas melhores condições de funcionamento e prolongar-lhes a vida útil, através de lubrificações, trocas de partes e fluidos, reparos e proteção contra agentes que lhes são nocivos, podendo esta ser preventiva ou corretiva. A manutenção preventiva é composta pelos cuidados realizados em intervalos regulares, sendo determinada pelo número de horas trabalhadas pelo equipamento, antes de surgir o defeito ou avaria visando prolongar a vida útil dos componentes. Esta operação possibilita oferecer à máquina condições satisfatórias de operação, ou seja, deixá-la sempre apta ao trabalho. Os procedimentos de manutenção são agrupados em períodos estabelecidos pelo fabricante, podendo ser chamados, por isso, de manutenção periódica, e utiliza-se para seu controle, em tratores agrícolas, o horímetro – instrumento localizado no painel do trator que registra o número de horas trabalhadas em função da rotação do motor. A manutenção corretiva é realizada com o intuito de reparar algum defeito ou algu-
O acompanhamento do número de horas trabalhadas normalmente é realizado pelo operador através de anotações manuais, podendo ser registrado também em planilhas eletrônicas e aplicativos específicos. Com a finalidade de facilitar o trabalho de acompanhamento dos procedimentos específicos sugeridos pelo fabricante, foi de-
“A manutenção preventiva é composta pelos cuidados realizados em intervalos regulares, sendo determinada pelo número de horas trabalhadas pelo equipamento” New Holland
Figura 1 – Página inicial do programa
Como o produtor fica sabendo com antecedência quais os itens terá que substituir, é possível fazer previsão das peças de reposição
senvolvido um programa computacional com o objetivo de determinar o momento exato da realização da manutenção preventiva em função das horas acumuladas registradas no horímetro do trator agrícola, podendo também calcular o custo dos itens de reposição, como lubrificantes, filtros e outras partes para cada procedimento.
O PROGRAMA O programa, criado no setor de Mecanização Agrícola da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – Uenf, foi idealizado em linguagem PHP utilizando o banco de dados informado pelo fabricante do trator – inicialmente, baseou-se na série 5000 dos tratores John Deere e na série 200 da AGCO. Para a execução do programa, o usuário deverá fornecer o modelo do trator e o tempo acumulado de serviço registrado no horímetro do trator, uma vez que variáveis diferenciam a busca por horas no código fonte do programa. Depois de digitadas as informações iniciais e realizada a busca, o programa analisa o banco de dados e informa os cuidados que devem ser realiza-
dos separados por setores do trator e a periodicidade. O programa disponibiliza uma seção para inserção de dados, onde se pode inserir a periodicidade, ou seja, o número de horas, e a operação de manutenção preventiva que deverá ser realizada. Essa seção de inserção só poderá ser acessada por login e senha definidos previamente pelo administrador do programa. Com a utilização deste programa computacional, busca-se a rapidez na consulta dos cuidados de manutenção, reduzindo o tempo de consultas manuais, quando estes estão disponíveis, permitindo ainda a previsão do custo em peças de reposição. O programa desenvolvido apresenta duas versões de execução. A primeira versão é de uso pela Internet, sem a necessidade da instalação de qualquer aplicativo. O usuário acessa o endereço eletrônico do programa e executa o aplicativo de manutenção preventiva digitando os dados de entrada. Nesta opção, o usuário não tem acesso ao código fonte do programa que está hospedado num provedor de Internet, protegendo o direito autoral contra modificações, ataques ou cópias. Outra opção é fornecida com versão de instalação, para o usuário que não possui Internet em sua propriedade. No exemplo apresentado, o modelo de trator
Figura 2 – Seção de entrada de dados
utilizado é o John Deere JD5705 4x4.
FUNCIONAMENTO O programa para manutenção preventiva desenvolvido possui apresentação de fácil uso, dispensando a necessidade de conhecimentos avançados de informática, e, em função disso, pode ser utilizado por usuários leigos em computação atingindo facilmente o público da área de produção agrícola. Após iniciar o programa pelo acesso do endereço eletrônico ou pela opção de instalação, o usuário faz a escolha do modelo do trator. Em seguida, o usuário deve fornecer o número de horas registrado no horímetro para o programa fazer a busca em seu banco de dados. Após a entrada dos dados, o programa acessa seu banco de dados e retorna numa tela para o usuário os procedimentos periódicos que devem ser realizados. A rapidez na saída de dados é notória permitindo agilidade e fazendo deste aplicativo uma ferramenta facilitadora de consulta a catálogos ou manuais. O projeto con.M tou com o apoio da Uenf e Faperj. Pablo Pereira Corrêa Klaver e Ricardo Ferreira Garcia, Uenf
Figura 3 – Resultado da consulta ao banco de dados
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taxa variável
Precisão aérea
Depois de ganhar espaço na pulverização terrestre, a tecnologia de aplicação em taxa variável passa a ser usada também em aviões agrícolas
A
Fotos Eduardo Araújo
aplicação aérea se caracteriza pela grande velocidade de deslocamento do veículo aplicador. Os aviões envolvidos em aplicações aéreas voam geralmente com velocidade superior a 160km/h. A “taxa de aplicação” também denominada “volume de aplicação”, expressa em “litros/hectare”, é uma função direta da vazão (em litros/minuto), da velocidade (km/h) e da largura de faixa (m). Considerando uma aeronave deslocandose a 160km/h, cobrindo uma faixa de 15 metros de largura e com uma vazão de 120 litros/ minuto, pode-se facilmente determinar a “taxa de aplicação”: hectares/minuto = (160km x 1000m) x 15m / 10.000m2 / 60min = 4,00ha/min Taxa de aplicação (l/ha) = 120l/min / 4,00ha/min = 30,0 litros/hectare Se neste volume de 30 litros estiver contido um produto na proporção de dois litros para cada 30 litros da mistura defensivo + água (a “calda”), então a dose do produto será de dois litros/hectare. É preciso, portanto, ter controle sobre as quatro variáveis acima referidas, para assegurar uma aplicação com dose uniforme. Recapitulando: velocidade, largura de faixa, vazão e proporção de produto na “calda”.
O controlador de vazão, instalado na parte externa da aeronave, recebe os dados da caixa de controle com os mapas da lavoura
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AÉREA COM TAXA CONSTANTE O DGPS (Sistema de Posicionamento Global, Diferencial), ao informar com precisão a velocidade de deslocamento, de forma instantânea, possibilita que o equipamento de pulverização do avião varie a vazão (litros/minuto) proporcionalmente à variação de velocidade, de forma a manter razoavelmente constante a taxa de aplicação (litros/hectare). Ao lado, é mostrado um esquema típico de controlador de vazão acoplado ao DGPS. O funcionamento do sistema basicamente se dá da seguinte forma: uma vez aberta a válvula manual (válvula “by-pass”), o líquido em aplicação passa pelo interior da turbina, fazendo o seu rotor girar, em velocidade proporcional à vazão. A turbina, assim movimentada, gera um sinal constituído por pulsos elétricos, sendo um determinado número de pulsos produzidos a cada unidade de volume (pulsos/litro). Este número é único e característico de cada turbina, sendo determinado na fabricação e nela gravado. O número de pulsos/litro (ou pulsos/galão) é conhecido como “número de calibração da turbina” e é inserido manualmente pelo pilo-
to através do teclado do DGPS. Os sinais produzidos pela turbina são enviados à “caixa de controle” através de um cabo, são processados e enviados à CPU do DGPS, que os remete para apresentação (em litros/minuto ou litros/ hectare) na tela ou mostrador do DGPS. Até aqui, então, o equipamento funciona como um monitor de aplicação. O computador do equipamento, processando o sinal várias vezes por segundo, compara a informação remetida pela turbina (litros/minuto) com a vazão necessária em cada circunstância. Ou seja, calcula a vazão, conforme visto anteriormente, usando os parâmetros largura de faixa, taxa de aplicação e velocidade no solo (VS), sendo esta, medida pelo DGPS. Se a vazão for maior que a necessária (por exemplo, no caso da velocidade diminuir), a caixa de controle envia um comando elétrico para que a válvula elétrica feche, até que a vazão que passa pela turbina seja igual àquela desejada. Se, ao contrário, a vazão for menor que a necessária (por exemplo, no caso da velocidade aumentar), a caixa de controle comanda a maior abertura da válvula elétrica. O quadro a seguir exemplifica as três situa-
“No método de aplicação à taxa variável e diluição fixa é feito automaticamente o ajuste da dose do produto mediante variação da taxa de aplicação”
ções citadas acima, para uma taxa de aplicação de 30 litros/hectare e largura de faixa de 15 metros: Os gráficos a seguir ilustram o funcionamento real de um sistema de controle automático à taxa constante: Ao observar as Figuras 2 e 3, ao longo das duas linhas pontilhadas verticais, vemos um pico no gráfico da velocidade (velocidade mais alta) corresponde também um pico no gráfico da vazão (l/min), ou seja, o equipamento atuou no sentido de compensar o aumento da velocidade, aumentando a vazão. Já quando a velocidade cai (uma depressão no gráfico da velocidade), também a vazão é reduzida, para compensar (depressão no gráfico da vazão). Como resultado, temos o terceiro gráfico (taxa de aplicação, em litros/ha), variando muito pouco em torno da taxa média, de 11,0 litros/ha,
Figura 1 – Controlador automático de vazão “Intelliflow” (HemisphereGPS/Satloc)
AÉREA COM TAXA VARIÁVEL Há situações em que, ao contrário da anterior, é desejado variar a dose de um produto de acordo com a seção da lavoura sobrevoada, sem a necessidade de interromper o vôo, fazer nova carga etc. No entanto, dentro de cada seção, a dose deve ser mantida constante, independentemente das variações de velocidade do avião. Há hoje duas técnicas para atingir tais objetivos: aplicação aérea com taxa variável e dilui-
ção fixa e aplicação aérea com taxa constante e diluição variável. Aplicação aérea com taxa variável e diluição fixa é o método atualmente já disponível em alguns equipamentos DGPS e controles de vazão para aviões. O segundo método, já existente em alguns equipamentos terrestres, está ainda em desenvolvimento para aviões, sendo muito mais complexo. No método de aplicação à taxa variável e diluição fixa, é feito automaticamente o ajuste da dose do produto mediante a variação da taxa de aplicação (daí o nome do sistema). A diluição do produto na calda é fixa. Ao ser necessário um aumento na dose, um comando é envi-
ado para que a válvula elétrica abra, atuando no sentido oposto onde é necessária uma dose menor. Enquanto voando sobre as seções da lavoura correspondentes a cada dose, o sistema se comporta como um sistema de taxa constante, compensando as variações de velocidade, no sentido de manter constante a taxa – e a dose – de aplicação, naquele setor. Para que um avião agrícola possa trabalhar com um sistema de taxa variável ele deverá ter um DGPS, um controlador de vazão e um software, todos com tal capacidade. Um exemplo desta combinação é o sistema DGPS “Airstar
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Figura 2 – Funcionamento do controlador automático de vazão Vazão inicial na turbina 120lpm 120lpm 120lpm
Velocidade (VS) 160km/h 170km/h 150km/h
Taxa de aplicação momentânea 30l/ha 28,2l/ha 32l/ha
M3”, acoplado a um controlador de vazão “Intelliflow” e usando o programa “AirTrac”, todos produzidos pela Hemisphere GPS, mais conhecida no Brasil através de uma de suas marcas (Satloc). Ainda, para que o conjunto possa trabalhar com taxas variáveis, é necessário alimentar o equipamento DGPS com um arquivo de computador denominado “mapa de prescrição”. O mapa de prescrição é um arquivo que numericamente representa o mapa da lavoura a ser tratada, no qual estão identificados como “polígonos” os setores da lavoura e, nestes, as taxas de aplicação necessárias em cada um. Os polígonos são delimitados por coordenadas geográficas. Assim, toda vez que o equipamento DGPS detecta, pelas coordenadas geográficas, que o avião saiu de um polígono e entrou em outro, imediatamente comanda o sistema para alterar a vazão e, conseqüentemente, a taxa de aplicação e a dose de produto. Na verdade, o comando para alterar a dose é enviado ao equipamento um pouco antes de o avião sair de um polígono e entrar em outro. Este intervalo de tempo, da ordem de meio segundo aproximadamente, é ajustável pelo operador de forma a adaptar-se à velocidade do avião e ao tempo de reação do sistema. A Figura 4 é um exemplo simplificado de um mapa de prescrição. Neste exemplo, ao sobrevoar a seção de cor azul-clara (marcada com 30.00), o sistema será ajustado automaticamente para aplicar 30 litros/hectare. Ao entrar na seção (polígono) de cor vermelha, marcada com 35.00, a válvula receberá um comando do DGPS para abrir mais, de forma a aplicar 35 litros/hectare. Ao sobrevoar o polígono de cor
Detalhe do painel controlador de vazão, que está localizado no interior da cabine, junto com os demais comandos da aeronave
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Ação da válvula elétrica Nenhuma Abrir Fechar
verde (25.0) passará a aplicar 25 litros/hectare, e assim sucessivamente. A tabela a seguir mostra as variações da taxa
Vazão resultante corrigida 120lpm 127,5lpm 112,5 lpm
Taxa de aplicação resultante 30l/ha 30l/ha 30l/ha
de aplicação e da dose do produto, considerando que taxa-padrão (taxa de diluição) = 30 litros ha (ou seja, 0,5 litro de produto para cada
Figura 3 – Gráficos de funcionamento do controlador automático de vazão – Taxa constante
“Uma das limitações do sistema em taxa variável está nas eventuais dificuldades impostas pelo equipamento de pulverização (bicos ou atomizadores)” Fotos Eduardo Araújo
Visão geral do painel de controle da cabine, onde está instalado o DGPS M3, que possibilita a aplicação de produtos a taxas variáveis
Variações da taxa de aplicação e da dose do produto, considerando que taxa-padrão (taxa de diluição) = 30 litros ha (ou seja, 0,5 litro de produto para cada 30 litros de calda) Polígono Azul claro (30.0) Vermelho (35.0) Verde (25.0) Azul escuro (27.0) Cinza (32.0)
30 litros de calda) Conforme anteriormente explicado, dentro de cada um dos polígonos o equipamento funcionará como sendo um controlador de taxa constante, isto é, variará a vazão conforme a velocidade do avião, de forma a manter constante a taxa de aplicação. O sistema de aplicação a taxas variáveis tam-
bém pode, opcionalmente, ser dotado de um sistema de fechamento automático de forma a interromper a aplicação quando detectado algum setor do mapa de prescrição marcado como 0 (zero) e nas bordas da área. A estes polígonos aos quais se atribui o valor 0.00 se dá o nome de “polígonos de exclusão” e podem ser constituídos, por exemplo, por açudes, rios e outras
Taxa de aplicação 30.0 litros/ha 35.0 litros/ha 25.0 litros/ha 27.0 litros/ha 32.0 litros/ha
Dose 0,50 litros / ha 0,58 litro/ha 0,42 litro/ha 0,45 litro/ha 0,53 litro/ha
áreas que não podem receber o produto em aplicação. Uma das limitações do sistema em taxa variável está nas eventuais dificuldades impostas pelo equipamento de pulverização (bicos ou atomizadores). Nem todos os tipos de bicos/ atomizadores permitem a variação de taxa de aplicação necessária para atingir os limites necessários, considerando, ainda, a necessidade de aumentar ainda mais a taxa de aplicação em função de variações de velocidade do avião. Outra limitação decorre da influência das variações de taxa de aplicação – e conseqüente-
COMO FUNCIONA A APLICAÇÃO AÉREA EM TAXA VARIÁVEL
A
operação do sistema é bastante simples: a) O piloto introduz, no DGPS, os dados necessários que são: largura de faixa e taxa de aplicação desejada, assegurando-se também de que o número de calibração da turbina esteja correto. b) Com o controlador desativado – apenas monitorando o fluxo - o piloto calibra o avião da forma convencional, com água apenas, de forma a se assegurar que o equipamento, uma vez aberta a válvula manual até atingir o limitador de curso, proporcione uma vazão em torno de 20% a 30% da vazão desejada (ou a percentagem máxima que ele espera possa variar a velocidade durante a aplicação). Por exemplo, desejando 120 litros/minuto (30 litros/hectare no exemplo acima), posiciona o limitador de curso de forma que, a 160km/h, o equipamento aplique 144 litros/minuto (20% a mais) ou 156 litros/minuto (30% a mais). De forma correspondente, as taxas de aplicação seriam respectivamente 36 e 39 litros/hectare. c) Após, o piloto ativa o controlador automático e verifica se, na velocidade normal de aplicação (160km/h, no exemplo), o controlador passa a ajustar taxa de aplicação em 30 litros/hectare, tolerando-se uma variação de aproximadamente 3%. Após, aumenta a velocidade em torno de 10% a 20% e verifica se a taxa de aplicação se mantém estável em torno de 30 litros/hectare. Finalmente, colo-
mente da pressão e vazão – sobre o espectro de gotas. Os bicos hidráulicos, principalmente, têm o espectro de gotas bastante influenciado pela pressão/vazão. Assim, ao aumentar-se a pressão e a vazão para aumentar a dose, estamos
ca a velocidade de vôo em cerca de 10% a 20% abaixo da velocidade normal e, da mesma forma, verifica se o controlador atua no sentido de compensar a variação de velocidade, mantendo constante a taxa de aplicação. O sistema acima descrito atua, portanto, no sentido de manter constante a taxa de aplicação, variando a vazão de acordo com a velocidade. Por isso é conhecido como controlador de vazão à taxa constante, sendo muito útil para manter constantes a taxa de aplicação e a dose em situações de variação de velocidade, comuns na aplicação aérea. As causas mais comuns de variação de velocidade são: a) Ventos - As componentes do vento de proa ou de cauda são uma das maiores causas de variação da velocidade. Ao contrário do que se possa pensar, as bombas “eólicas” não compensam as variações de velocidade devidas a este componente, já que a velocidade aerodinâmica do avião não se altera. b) Topografia - Em terrenos ondulados é praticamente inevitável o aumento de velocidade no declive e sua redução nos aclives. c) Densidade do ar - Em dias ou localidades de ar menos denso (maior altitude), as velocidades em relação ao solo aumentam. d) Carga do avião - Se não houver adequada compensação através de ajuste de potência, a velocidade aumenta à medida que o avião se torna mais leve, pela redução de sua carga.
impondo grandes modificações no espectro de gotas. Por tal razão, de um modo geral os atomizadores rotativos são mais indicados para este tipo de aplicação, já que o espectro de gotas, neles, é menos influenciado pelo aumento da
Figura 4 – Mapa de prescrição: aplicação aérea com taxa de aplicação variável
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pressão/vazão. Visando minimizar o efeito sobre o espectro de gotas, principalmente quando usando barra e bicos, está sendo desenvolvido, para aviões, o sistema denominado “aplicação com taxa constante e diluição variável”.
TAXA CONSTANTE E DILUIÇÃO VARIÁVEL O sistema de aplicação aérea com taxa constante e diluição variável, ainda não disponível comercialmente para aviões agrícolas, usa um subsistema de taxa constante para aplicar apenas água e um subsistema de taxa variável para dosagem do produto. A diluição é feita no momento da aplicação, mediante injeção direta do produto nas barras, pelas quais está sendo aplicada água à taxa constante. Os mapas de prescrição, semelhantes aos descritos anteriormente, neste sistema informam a dose do produto (e não a taxa de aplicação). Ao passar de uma seção à outra da lavoura (polígono), apenas o subsistema de produto tem sua válvula atuada para modificar a diluição – e a dose – do produto. O subsistema que controla a água atua, apenas, de acordo com as variações de velocidade do avião, de forma a manter constante a taxa de aplicação. Naturalmente, para usar o sistema de taxa constante e dose variável é necessário que o avião disponha de sistemas separados para a água e para o produto (dois tanques, duas válvulas, duas turbinas etc). Este método de aplicação, por complexo e caro, estará limitado a aplicações muito especiais. Ainda, o método estará limitado ao uso de produtos empregados em doses muito baixas, já que o tanque de produtos não pode ter grandes dimensões. A Figura 5 é o esquema de um sistema de controlador automático de taxa constante e dose variável, conforme descrito anteriormente. . M Eduardo Cordeiro de Araújo, Agrotec Tecnologia Agrícola e Industrial Ltda.
Figura 5 – Esquema de um controlador automático de taxa constante/dose variável
Massey Ferguson
Nova série 7100
A
Massey Ferguson apresentou os tratores da nova Série 7100. Projetada no Centro de Tecnologia da montadora no Brasil, já são produzidos na unidade de Canoas, no Rio Grande do Sul. Em 2009 chegam ao mercado com quatro modelos na faixa de potência entre 140cv e 180cv. O desenvolvimento do novo produto durou quase três anos. Foram 21 mil horas de teste de
campo em todas as regiões brasileiras e na América do Sul. Os tratores já foram testados, também, por usuários de diversas regiões agrícolas do Brasil, inclusive nas lavouras de cana do Nordeste. A série 7100 foi projetada para atender à demanda nas lavouras de grãos e nos canaviais, principalmente no plantio e manejo de grandes áreas. Ela vem para substituir a linha 600
que cobria essa categoria até o momento. Os novos tratores estão com design mais moderno e arrojado, seguindo o atual padrão internacional da Massey Ferguson. Os motores que equipam essa série são de seis cilindros turbinados AGCO Sisu Power, que proporcionam mais força e velocidade de trabalho para realizar os serviços na lavoura com alto rendimento e baixo consumo de combustível. Os quatro modelos também têm câmbio sincronizado e estão equipados com controle remoto de alta vazão de centro fechado e sistema de levante de três pontos com nova geometria. O local de trabalho também está diferente, com comandos bem posicionados. Instrumentos que monitoram os sistemas da máquina, cabine com ampla visibilidade, inclusive à noite, e pontos de manutenção mais acessíveis são algumas das vantagens dos tratores da série 7100 apresentados pela empresa. Os modelos cabinados também podem ser configurados com o sistema de direcionamento automático AutoGuide e todos os equipamentos de agricultura de precisão. Confira o test drive exclusivo da Cultivar Máquinas com a nova série na página .M 24 desta edição.
abrigos e oficinas
Charles Echer
A compactação do solo pode facilitar a erosão, pois onde a água não penetra ocorre o carreamento da fração mineral e de fertilizantes presentes
Abrigo modelo
Cuidar das máquinas agrícolas é muito mais do que apenas conduzi-las corretamente e fazer as manutenções necessárias. Proteger e dar segurança adequada quando estão ociosas são cuidados indispensáveis para aumentar a sua vida útil
A
s máquinas e os implementos agrícolas possuem um custo inicial elevado e requerem cuidados especiais, sobretudo quando estão inativas e, nessa situação, elas devem ser guardadas em um abrigo ou galpão. Entretanto, se isso não for possível, precisam, no mínimo, estarem cobertas com uma lona que impeça a ação do sol, da chuva e de outros agentes nocivos. Os motivos que levam o produtor rural à construção de um abrigo são os custos da produção agrícola, onde está embutido o custo da depreciação das máquinas e implementos, que é inversamente proporcional à conservação das mesmas e a possibilidade de organização e controle dos conjuntos mecanizados, principalmente quando se tem um grande número de equipamentos. A partir do momento em que é feita a opção por construir um abrigo ou galpão de máquinas na propriedade, deve-se estar atento e escolher o local mais adequado para a instalação. Os critérios como acesso, centralização, disponibilidade de água e energia, topografia e segurança, devem ser considerados.
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ACESSO Deve ser fácil para todos os pontos de trabalho, tendo estradas largas e de boa qualidade para evitar acidentes e danos aos equipamentos, considerando que para alguns implementos a largura é muito superior à do trator.
CENTRALIZAÇÃO E TOPOGRAFIA O abrigo deverá ser central em relação às áreas mais utilizadas para que se possa movimentar o mínimo possível o trator. O terreno escolhido para a construção do abrigo deve ter uma declividade suave para facilitar o escoa-
“A partir do momento em que é feita a opção por construir um abrigo ou galpão de máquinas na propriedade, deve -se estar atento e escolher o local mais adequado para a instalação ” deve-se instalação” Fotos Paula Rinaldi
TIPOS DE CHAVES NECESSÁRIAS NUMA OFICINA
Em fazendas maiores, os abrigos possuem também oficinas mecânicas, com profissionais qualificados para manutenção das máquinas
mento de água da chuva, facilitando também a construção com uma menor movimentação de terra. O ideal é que esteja localizado em local seguro contra roubos e vandalismo, sendo construído ao redor da sede da propriedade ou perto das casas dos funcionários.
ÁGUA E ENERGIA A disponibilidade de água é necessária para efetuar a limpeza das máquinas e dos implementos, mantendo, assim, um bom estado de manutenção dos mesmos. Algumas ferramentas ou equipamentos necessitam de energia elétrica para realizar a manutenção das máquinas, como o esmeril, aparelhos de solda, furadeiras etc, possibilitando que certos reparos sejam realizados no próprio abrigo.
• Chave de boca fixa não sofre variação de medida, sendo usada para segurar ou apertar porcas e parafusos com cabeças quadradas ou sextavadas; • Chave de estria apresenta a grande vantagem de aplicar esforços em todos os cantos da porca ou parafuso, permitindo um aperto mais adequado e seguro do que a chave fixa; • Chave de mista ou combinada e chave de roda; • Grifo é própria para montagens e desmontagens de tubo; • Chave ajustável, se ajusta aos diversos tipos e tamanhos de porcas e parafusos, pelo ajuste da bitola de sua boca; • Chave de fenda, usada para apertar ou afrouxar parafusos com um rasgo (fen-
da) diametral na cabeça (-); • Chave Phillips, usada para girar parafusos com dois rasgos (fendas) perpendiculares na cabeça (+); • Chave allen é utilizada em parafusos cuja cabeça tem um sextavado interno; • Chave soquete ou cachimbo é chave que necessita, para seu funcionamento, de um cabo de força independente. É usada para apertar porcas e parafusos em local de difícil acesso, sendo que o tamanho do esforço que se pode aplicar à chave está diretamente relacionado com o tamanho do encaixe. Os cabos de força podem ter diferentes tamanhos e formatos, sendo constituídos de junta universal, catraca, haste T, extensão.
universal
pressão
trava externa
trava interna
chave de boca
chave de estria
chave mista
chave de roda
grifo
chave ajustável
chave de fenda
chave phillips
chave Allen
PARTES DE UM ABRIGO Algumas condições técnicas, tais como pédireito respeitando a altura das máquinas pertencentes à propriedade, principalmente se houver colhedoras; um número mínimo de pilares para facilitar a manobra; boa ventilação para a dispersão dos gases lançados pelos motores e formato retangular para facilitar uma provável ampliação do local, devem ser considerados no planejamento da construção do abrigo. É importante também ter um espaço para o escritório, local destinado à organização do uso das máquinas, implementos, controle do pessoal operacional, reuniões e planejamento do trabalho
FERRAMENTAS Este local é utilizado para guardar ferramentas, facilitando a organização e o controle das mesmas. Quando há uma grande variedade e quantidade de ferramentas, é ide-
chave soquete ou cachimbo
al que se tenha no local um quadro de ferramentas, minimamente organizado por tipo e função. Este quadro pode ser adquirido no comércio ou construído na propriedade.
OFICINA E ALMOXARIFADO A oficina geralmente é encontrada em propriedades com um maior número de máquinas, a fim de facilitar as manutenções preventiva e corretiva, evitando, assim, o transporte do trator para fora da propriedade, possibilitando que os reparos possam ser realizados no próprio abrigo. A oficina de um abrigo de máquinas deverá conter alguns equipamentos básicos como: esmeril, policorte, esmerilhadeira, furadeira de coAltura do abrigo é um item que deve ser observado com cuidado na hora do projeto, prevendo a possível aquisição de máquinas maiores e mais altas no futuro
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Fotos Paula Rinaldi
OUTRAS FERRAMENTAS FUNDAMENTAIS PARA OFICINAS NA FAZENDA
Instalações menores e mais simples são opções mais acessíveis e cumprem bem a função de proteger os equipamentos
luna, máquina de solda e até mesmo um pequeno torno mecânico. O almoxarifado é o local onde se armazenam as peças de reposição e deve estar sempre muito bem organizado, com as peças e componentes devidamente catalogados e com entrada restrita a um pequeno número de pessoas.
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES Sendo necessário armazenar uma maior quantidade de combustíveis e lubrificantes no abrigo, é aconselhável construir um local apropriado, que deve ser arejado e que facilite o reabastecimento das máquinas.
O martelo é uma ferramenta de impacto, sendo empregado para bater peças, para permitir seu encaixe ou remoção. Os martelos de borracha e de madeira são utilizados em manutenções nas quais não se deseja deformações nas peças a serem trabalhadas. O martelo pena é utilizado em funilaria. A marreta é um martelo maior, com peso superior a 1kg, destinado a bater sobre uma talhadeira ou um ponteiro. Saca-polia, arco de serra, punção, talhadeira e cinta são usados respectivamente para remover polias, serrar, fazer uma marca inicial antes de iniciar a perfuração, retirar talhas de uma peça e montagem de anéis de segmento. Além das ferramentas listadas anteriormente, quando se realizam serviços em uma oficina, pode ser necessário o uso de instrumentos de medição a fim de se obter um resultado eficiente e seguro. Alguns desses instrumentos estão listados a seguir:
• Paquímetro: usado para fazer medidas internas, externas e de profundidade, com rapidez e precisão; • Micrômetro: instrumento com capacidade de aproximação superior ao paquímetro e difere do deste pela possibilidade de fazer apenas leituras de medidas das partes externas das peças; • Torquímetro: instrumento destinado à medição do torque exercido num esforço de tração, geralmente associado a uma chave do tipo soquete. O torquímetro permite apertar porcas e parafusos de maneira uniforme; • Tacômetro: é um aparelho mais eficiente do que o contagiros, pois fornece o número de rotações do eixo ou polia, em função do tempo; • Horímetro: instrumento destinado à medição do número de horas trabalhadas pelo motor da máquina agrícola, o qual está relacionado com o número de rotações efetuadas pelo eixo do motor.
ENCARRETADOR E VALA Utiliza-se o encarretador para a colocação/retirada de máquinas em caminhões ou carretas quando é necessário efetuar o transporte destas para outras propriedades em locais distantes. A manutenção, lubrificação e limpeza das máquinas e implementos são facilitadas quando se tem uma vala na propriedade. Sua construção geralmente é simples e pode ser feita também em forma de rampa, sendo assim também utilizada como encarretador.
PÁTIO O pátio deve ser um local aberto, sendo utilizado para facilitar as manobras, regulagem de implementos, treinamento de novos operadores e para realizar ajustes finais depois de al-
martelo de borracha
martelo de madeira
martelo pena
arco de serra
punção
talhadeira
guma manutenção. As fotos que ilustram este artigo mostram alguns tipos de abrigos para o armazenamento de insumos e conservação das máquinas e implementos. A estrutura desses abrigos não necessita ser sofisticada, apenas deve atender as exigências de cada propriedade.
marreta
saca polia
cinta
FERRAMENTAS Algumas ferramentas são necessárias e imprescindíveis na propriedade para efetuar os reparos e a manutenção dos maquinários na propriedade. Os alicates servem para segurar, apertar, cortar, dobrar, colocar e retirar determinadas peças nas montagens. As chaves de torção (aperto) são ferramentas geralmente de aço vanádio ou aço cromo extraduros, que utilizam o princípio da alavanca para apertar ou desapertar pa.M rafusos e porcas. Haroldo C. Fernandes, Paula Cristina N. Rinaldi e Amanda M. Bernardes, UFV Haroldo, Paula e Amanda mostram a importância dos galpões para abrigar o maquinário agrícola nas fazendas
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Plataforma 5.000
Plataforma 5.000 Com opções de 45cm a 90cm, as plataformas de colher milho Mantovani podem ser configuradas com o número de linhas desejado pelo produtor
A
Mantovani foi a primeira fabricante nacional de plataformas de milho, tendo sua primeira plataforma construída em 1973. Sempre com foco em minimizar as perdas na colheita, a Mantovani desenvolveu plataformas que atendem às diversas condições de cultivo, com excelente recolhimento de plantas caídas ou tombadas, opções de regulagens e facilidade de uso e manutenção. A ficha de hoje destaca as plataformas da Geração 5.000.
CHASSI O projeto da geração 5.000 resultou num chassi versátil, bem estruturado e distribuído, conferindo equilíbrio entre resistência, peso e desempenho. O seu engate é universal, acoplável aos mais variados modelos e marcas de colheitadeiras. Acompanha um kit de acoplamento formado por acessórios de transmissão conforme a colheitadeira (superior, inferior, por cardan, por eixo, apenas de um lado, ambos
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lados) e suporte que dimensiona o tamanho e realiza a fixação da plataforma na garganta da colheitadeira.
TRANSMISSÃO E ROTAÇÃO A rotação padrão de fábrica é, aproximadamente, de 150rpm para a rosca sem-fim, 800rpm para as linhas despigadoras e 360rpm para as correntes coletoras. Saem equipadas com coroas de 20 e 25 dentes, respectivamente para a rosca sem-fim e a transmissão principal das caixas. Contudo, conforme as condições da lavoura ou da colheitadeira, é necessário
ajustar a rotação da plataforma. O ajuste é simples e não necessita modificar os elementos internos da plataforma. Basta trocar as duas coroas externas que tracionam a plataforma. Há as coroas de 19, 22, 25, 27 e 30 dentes para as linhas despigadoras e há as coroas de 20, 22 e 24 den-
“A Mantovani desenvolveu plataformas que atendem às diversas condições de cultivo, com excelente recolhimento de plantas caídas ou tombadas, opções de regulagens e facilidade de uso e manutenção” Fotos Mantovani
Os despigadores são tracionados por eixo estriado e possuem mancal de apoio com pino de aço e bucha de bronze
tes para a rosca sem-fim, sendo que as maiores aumentam a rotação. O mais usual é utilizar as coroas de 25 ou 27 dentes para a transmissão e 20 dentes para a rosca sem-fim. A transmissão das linhas despigadoras é por eixo sextavado, externo às caixas de transmissão, na parte inferior do chassi, afixada neste próprio por flanges e suportes. Tal mecanismo confere maior espaço e facilidade para manutenção e regulagem de espaçamentos e aumenta sua durabilidade. A transmissão da rosca sem-fim é independente da transmissão das linhas, feita diretamente do eixo de tracionamento da colheitadeira, que permite a variação de sua rotação sem interferências.
As linhas são formadas por mesa e contramesa dobradas e soldadas, feitas em aço carbono
ROSCA SEM-FIM A rosca sem-fim é montada em tubo mecânico de 165mm, apoiado em mancais duplos nas duas extremidades, com helicóide com passo de 500mm e extremidade rebitada, o que confere excelente alimentação e uniformidade de espigas para a colheitadeira. Além da possibilidade de alterar a rotação sem interferência na velocidade das linhas e correntes, possui embreagem de disco de fricção, além de que sua estrutura permite o ajuste de altura.
LINHAS DESPIGADORAS A caixa de transmissão é compacta, fundida em ferro nodular, banhada a óleo ou a graxa, composta por engrenagens com tratamento de superfície. É apoiada em tubo quadrado de aço carbono por sistema de alça, que permite seu deslocamento e, conseqüentemente, regulagem de espaçamento.
A plataforma possui embreagem de disco de fricção em cada conjunto mecânico, para evitar sobrecarga
As linhas são formadas por mesa e contramesa dobradas e soldadas, feitas em aço carbono de 3mm e 4,75mm de espessura, respectivamente, que conferem resistência e integridade ao sistema. Os rolos despigadores possuem quatro aletas, são tracionados por eixo estriado e possuem mancal dianteiro com pino de aço e bucha de bronze. O duplo apoio evita a aglomeração de impurezas e confere maior resistência. Com
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As plataformas da linha 5.000 podem ser configuradas com espaçamentos de 45cm a 90cm
comprimento compacto (510mm), evita o efeito alavanca sobre a garganta da colheitadeira. Além disso, entre a caixa e os rolos há duas chapas protetoras contra capins, cipós e acumulação de sujeira. Abaixo dos rolos estão os facões decepadores. Trata-se de conjunto de dois facões maiores e dois facões menores, que devem sempre estar o mais próximo dos rolos despigadores, pois sua função é evitar o acúmulo de sujeiras e facilitar a colheita. Acima dos rolos, encontram-se os aparadores, cuja função é guiar os pés do híbrido até o centro dos rolos e aparar as espigas para que as correntes recolhedoras as levem até a rosca sem-fim. São reguláveis e devem ser ajustados de acordo com a largura dos caules e das espigas. Quanto maior a espessura de ambos, maior deve ser a abertura para melhorar o rendimento da colheita. Saem de fábrica com 35mm de abertura na frente e 40mm atrás. As correntes recolhedoras são tocadas por coroas fundidas e tratadas de sete e oito dentes. São mantidas esticadas por guia e braço tensor, com ajuste de força, e devem estar sempre alinhadas. Saem de fábrica com as canecas alternadas. Para cada corrente há uma corrediça, feita em chapa de aço, que serve de guia da corrente e apoio da carenagem central. Deve ser alinhada com a corrente, a uma distância de 5mm a 6mm. As linhas despigadoras foram projetadas para não deixar espaços vazios acima e abaixo dos rolos. Assim, evita-se o acúmulo de sujeiras e a possibilidade de espigas se prenderem e tombarem as plantas adiante.
No chassi, para facilitar a movimentação das linhas e espaçamentos, existe uma régua com as furações de espaçamentos disponíveis
suem regulagem de altura. Seu comprimento é reduzido para possibilitar o melhor recolhimento de plantas caídas ou tombadas. Na sua extremidade, possui chapa deslizante (skate) para flutuar e recolher melhor as plantas caídas ou tombadas. Juntamente com os capôs centrais, são ajustáveis para diversos espaçamentos. Para tanto, há determinadas peças cambiáveis (fitas de espaçamento e suportes) que conferem alta versatilidade ao produto. São dobráveis para trás, o que facilita o transporte e o
DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA Todas as Plataformas Mantovani possuem embreagem de disco de fricção para cada conjunto mecânico. Trata-se de um dispositivo que limita, através dos discos de fricção, o torque da transmissão para o conjunto e de forma progressiva, não deixando sobrecarregar os componentes. Esse dispositivo de baixo custo operacional e de fácil manutenção contribui significativamente para a alta durabilidade dos conjuntos, bem como para a redução das perdas na colheita. Ademais, há chapas de proteção entre as linhas despigadoras e embaixo do chassi para evitar acúmulo de sujeiras e danos nas transmissões.
ESPAÇAMENTOS E COLHEITA
CARENAGEM A carenagem é metálica, com estrutura leve e resistente. Fácil manutenção, alta durabilidade e excelente versatilidade. As ponteiras pos-
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armazenamento. O capô central é fixado integralmente sobre todo o comprimento da corrente recolhedora, inclusive na parte frontal. Dessa forma, não há espaços vazios sobre a corrente, o que evita o acúmulo de sujeira ou que espigas se prendam e conseqüente derrubada das plantas. São abertos para trás, de forma simples, o que facilita o manuseio e a manutenção. Os capôs possuem “orelhas” de borracha, que devem ser retiradas em lavouras sujas. As laterais são elevadas para evitar a perda de espigas nas linhas laterais.
Desenho com detalhes de uma das linhas da plataforma
A Plataforma Mantovani Geração 5.000 foi projetada para oferecer o maior número de opções de espaçamento de 45cm a 90cm. Além da facilidade para movimentar as linhas, o chassi possui uma régua, situada acima das caixas de transmissão, com furações dos espaçamentos disponíveis. O ângulo de ataque da plataforma é reduzido, o que melhora o recolhimento de plantas tombadas, cortando os colmos a partir de 10cm a 12cm do solo. . M
cuidados básicos
Grãos protegidos Evitar perdas em cada um dos processos pós-colheita, desde a recepção dos grãos na unidade até a distribuição final, é passo importante para aumentar a lucratividade e chegar a uma armazenagem precisa
N
Fotos Charles Echer
os últimos anos o Brasil vem demonstrando avanços significativos na tecnologia do agronegócio. Isso vem ocorrendo em todas as etapas, seja em novas variedades de culturas, correções de solo, agricultura de precisão, máquinas e implementos agrícolas, chegando até a comercialização internacional e demais processos dessa cadeia. Porém, em todas estas fases, registramos perdas que implicam na redução da rentabilidade do negócio em que estamos envolvidos. Sempre se comentou que as perdas chegam, em alguns casos e dependendo do tipo de cultura, a valores estimados em 25% no pós-co-
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lheita. Dentro deste percentual, encontramos aquelas decorrentes do processo da armazenagem, que começam na recepção do produto na unidade armazenadora e vai até a expedição, passando por uma limpeza deficiente, secagem inadequada e não-uniforme e falta de monitoramento da massa de grãos armazenada. Todas estas deficiências no processo geram perdas físicas (técnicas) e qualitativas que, potencializadas, resultam na perda de valor do produto. Analisando estes aspectos, podemos afirmar que os percentuais podem ser superiores a 7% na armazenagem. O armazenamento é o último estágio do
produto considerando o que ocorre da porteira para dentro. Desta forma, necessitamos trabalhar para que ele não anule toda a tecnologia aplicada nas etapas anteriores. Em todos os cursos e palestras que a Agrocult ministra reforçamos essa importância e instruímos como fazer para minimizar as perdas. Eis alguns itens que sempre devemos enfatizar no processo de armazenagem: na recepção, sabendo segregar os grãos por percentuais de impureza e umidade, já criamos condições de obter um maior rendimento do sistema de limpeza e secagem. Regular o sistema de limpeza para o produto sair com percentual de
“O armazenamento é o último estágio do produto ” dentro” considerando o que ocorre da porteira para dentro
impureza uniforme, evita problemas na secagem, como, por exemplo, os riscos de incêndio. A boa limpeza da massa de grãos também contribui para não obstruir o fluxo interno das interligações tubulares. Da mesma forma, a secagem uniforme também é um item de extrema importância para garantir uma armazenagem segura, evitando risco de aquecimentos na massa de grãos em pontos localizados. Isso elimina a necessidade de realizar aeração gerando gastos desnecessários com energia; Durante a armazenagem, ter um acompanhamento diário com registros do comportamento dos grãos e promover aeração e recirculação da massa em casos extremos, além de eliminar os focos de aquecimento, contribui para a manutenção da qualidade dos produtos armazenados. São cuidados básicos que obrigatoriamente devemos realizar durante todo o processo de armazenagem, o que demonstra a necessidade que existe em capacitar nossas equipes de trabalho. Estas práticas devem ser continuamente realizadas, visando manter e agregar valor aos produtos colhidos e armazenados. Quando todos os itens acima são observados, é possível ter uma armazenagem de qualidade com perdas bastante reduzidas.
amento da unidade, com maior precisão das máquinas e da própria massa de grãos. Este conjunto de ferramentas viabiliza, além do gerenciamento com maior precisão, a administração de uma ou mais unidades simultaneamente, a uma distância indeterminada. Exemplificando: um silo na lavoura é operacionalizado “in loco” e, ao mesmo tempo, pode também ser monitorado e operacionalizado a partir de um centro urbano. Esse acompanhamento abrange a massa de grãos contida no interior dos silos e armazéns, analisando o volume e a temperatura (termometria) de armazenagem, o acionamento do sistema de aeração e a identificação de situações críticas (riscos), possibilitando as tomadas de decisão mais rápidas e eficazes. Ainda podemos incluir a precisão que temos no processo de secagem, com sistemas que monitoram a
ARMAZENAGEM DE PRECISÃO O tema Armazenagem de Precisão é complexo, mas importante colocar em pauta para criar um conceito. Hoje possuímos a Agricultura de Precisão, a qual está focada no conjunto de técnicas e práticas que permitem o gerenciamento das lavouras considerando sua viabilidade espacial e que podemos chamar de Plantio de Precisão. Analisando esse conceito, a Agricultura de Precisão dentro de uma visão sistêmica, podemos afirmar que também possuímos uma Armazenagem de Precisão, onde existe um conjunto de técnicas que possibilitam ao produtor ou armazenador realizar o gerenci-
A capacitação de pessoal é um investimento que se paga facilmente, pelo aumento da eficiência nos processos e diminuição das perdas
temperatura de secagem (ar e grãos), umidade final da massa de grãos, pressão interna, umidade relativa, fluxo de secagem (tlh) e rendimento do secador, tanto no que diz respeito à capacidade de secagem como também térmico, com todos estes dados registrados através de planilhas e relatórios gráficos. Estes equipamentos detectam as fontes de erros, possibilitando métodos de correção eficazes. São dotados de programas computadorizados para conexão de dados, sensoriamento direto ou remoto para avaliação, coleta de amostragem para análise das características da massa de grãos, mapeamento do rendimento dos equipamentos da unidade armazenadora e viabilidade de calibração imediata, proporcionando tomadas de decisões rápidas, estratégia de ações e novos rumos de operação. Armazenagem de Precisão é ter informações corretas, precisas e se completa com decisões exatas. Dentro dessa mencionada visão sistêmica da cadeia onde estamos envolvidos, consideramos que o Brasil Agrícola também possui uma armazenagem com maior precisão de informações, com menos riscos de erros. Concluímos que Agricultura de Precisão tem um conceito amplo de aplicação, remetendo o foco para maior lucratividade do negócio e deve ser considerada como um círculo contínuo, composto por várias etapas: plantio, armazenagem e outras. O Brasil possui agricultura de precisão, não somente para o plantio das lavouras, mas também para a armazenagem de grãos. Ambos visam contribuir com o produtor para alcançar a melhor rentabilidade, reduzindo a chamada “perda de valor” na safra, que detectamos somente quando fecha o circuito do negócio, na .M hora da comercialização. Adriano Mallet, Agrocult - Consultoria & Treinamento em Armazenagem
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Test Drive - MF 7180
MF 7180
Em primeira mão, testamos o MF 7180, integrante mais potente da nova linha 7100 da Massey Ferguson, que chegará nas concessionárias no início de 2009. Design arrojado e nova motorização são as principais novidades
A
Cultivar Máquinas teve a oportunidade de conhecer em primeira mão a nova série 7100 dos tratores Massey Ferguson e realizar o test drive com o modelo MF 7180. Esta série, que está sendo lançada no mês de janeiro nas concessionárias e depois nas feiras de verão, como Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), e Expodireto, em Não-Me-Toque (RS), já inicia com quatro modelos: MF 7140 de 140cv, MF 7150 com 150cv, MF 7170 com 170cv e o MF 7180 com 180cv. Estes novos tratores substituem de forma permanente e definitiva os tratores da série 600, dos modelos 650, 660 680 que por vários anos formaram a gama alta de tratores MF. Assim, o 7140 substitui o modelo 650, o 7150 substitui o 660, o 7170 substitui o 680, ganhando o mer-
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cado um novo trator de que é o 7180. Estes robustos tratores vêm ao mercado com o objetivo de atender as grandes lavouras de grãos (soja, milho, trigo etc) e a lavoura de canade-açúcar, naturalmente exigente em tratores de maior porte. Os concorrentes diretos do MF 7180 são o John Deere 7715, o Case MXM 180, o New Holland TM 7040 e o Valtra BH 180. Antes, o MF 680, que tinha 173cv, estava em desvantagem na potência de motor e, agora, o 7180 equilibra forças. Inicialmente impressiona a adoção pelo fabricante do padrão de design da linha internacional da Massey Ferguson, comercializada na
Europa e nos Estados Unidos, com algumas características básicas, mas que são bem representadas pela nova grade dianteira envolvente e que aparece abraçando o capô dianteiro, pela frente. A cor da pintura está mais viva com um vermelho puro sem tonalidades de laranja e o chassi, antes pintado de preto, adota agora a cor cinza, acompanhando o padrão tradicional e mundial da marca.
MOTOR O motor escolhido para equipar esta linha, foi o modelo 620 DS produzido pela AGCO Sisu Power. Este motor foi projetado para manter uma potência constante nas rotações próximas à nominal (1.800 a 2.200rpm). Assim, mesmo com uma pequena queda de rotações, a potência se mantém naquela faixa em que, na maioria dos tratores e operações, é necessário o uso da reserva de torque. Este motor, que inicia nesta série, tem fama de econômico e possui uma excelente rede de atendimento em mais de 500 postos em toda a América do Sul e aproximadamente 200 somente no território bra-
“Estes novos tratores substituem de forma permanente e definitiva os tratores da série 600, dos modelos 650, 660 680 que por vários anos formaram a gama alta de tratores MF ” MF” Fotos Charles Echer
Capô do motor bascula com apenas um toque no pino de destravamento; as laterais são removíveis para facilitar a manutenção
sileiro. Portanto, há uma vasta experiência com este motor no uso agrícola. Para uma potência máxima de 180cv, 132,5kW a 2.200rpm e um torque máximo de 720Nm a 1.400rpm, verifica-se uma boa reserva de torque de 25%. O fabricante recomenda um período de amaciamento de 100 horas como mínimo para que se possa obter uma prolongada vida útil.
ESTRUTURA GERAL A estrutura escolhida foi de monobloco, tradicional da marca MF, porém com um projeto mais robusto, em função das exigências que estes modelos irão ser submetidos no trabalho de campo, embora fosse esperado algum movimento da engenharia da fábrica para nesta série ser iniciada a utilização de chassi ou semichassi. O modelo que
testamos tinha 7.800kg de peso lastrado com água, relação peso/potência de 44kg/cv, com a possibilidade de colocação de pesos metálicos de até 1.900kg com 12 placas de 42kg cada, para o suporte dianteiro, e de um a três discos de 95kg presos a cada uma das
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Pára-lamas traseiros ganharam novo projeto. Acima, o modelo que equipa os tratores da linha sem cabine; abaixo, a versão para os cabinados
Visões traseira e frontal do MF 7180: novo design e componentes com materiais diferenciados, como o toldo, que, além de ser ampliado, é de plástico
rodas traseiras. Também há a opção de colocar-se um centro de roda de 540kg e rodas duplas (duplado), chegando a um peso máximo de 9.900kg que dá uma relação de peso/potência de 55kg/cv. No entanto, o fabricante criou várias opções de combinação entre estes lastros em função de qual rodado equipa o trator e, é claro, em função do trabalho que se pretende executar, evitando compactar o solo, porém, diminuindo o patinamento, otimizando a tração e, no final, proporcionando maiores capacidades operacionais.
PROJETO Sem dúvida, a Massey Ferguson não gosta-
ria de perder as principais características que marcam há tantos anos esta marca que, talvez devido a isto, esteja se mantendo líder no mercado nacional, que é o baixo custo operacional e a fácil manutenção. E, pelo visto, nos novos tratores a mantenabilidade e a servicibilidade foram fatores primordiais do projeto. Exemplo disto é o capô basculante, que facilita o acesso e incentiva o usuário a fazer a manutenção preventiva. A abertura é feita pela frente com o simples aperto de um botão. De cara, impressiona a dimensão do filtro de ar do sistema de alimentação. Também as tampas laterais, facilmente removíveis, dão acesso fácil no lado direito à correia do alternador e bomba d’água, turbocompressor, alternador, sedimentador, motor de arranque e, pelo lado esquerdo aos filtros, bomba injetora e cárter do motor. No centro e ao alto, facilmente acessível está o reservatório auxiliar de líquido de arrefecimento. Igualmente chama a atenção a criatividade ao montar uma estrutura corrediça que facilita a
Visão do painel lateral onde estão localizados os principais comandos. Acima, a versão do modelo sem cabine; abaixo, o painel da versão cabinada
limpeza da parte frontal do radiador, deslocando-se o radiador do sistema hidráulico. O trator testado tem tanque para 420 litros de combustível e, como todos os outros modelos da série, possui caixa de ferramenta de fácil acesso e um depósito de água limpa. Aliás, como prevê a NR-31 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), vários itens foram incorporados, como chave corta corrente, triângulo de alerta, em material fosforescente, a tomada de eletricidade padronizada e o local para a placa de identificação. Todos os modelos cabinados desta série podem ser equipados com o recurso de piloto automático, já explicado detalhadamente em número anterior da Revista Cultivar Máquinas.
POSTO DE OPERAÇÕES No posto de operação visualizaram-se algumas melhorias feitas pela engenharia, no sentido de melhorar a ergonomia. O acesso foi melhorado e o local do operador está em posição mais elevada, com plataforma e com um melhor posicionamento dos comandos e dos pedais. Para aumentar a agilidade, principalmente nas manobras, foi providenciado um volante de menor diâmetro, que não aumentou o esforço do operador pelo excelente sistema de direção assistida hidraulicamente. Há possibilidade de regulagem da posição do volante e um bom sistema de regulagem de posi-
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“N os novos tratores a mantenabilidade e a servicibilidade foram fatores primordiais do projeto. Exemplo “Nos disto é o capô basculante, que facilita o acesso e incentiva o usuário a fazer a manutenção preventiva ” preventiva” Fotos Charles Echer
O filtro de ar está posicionado na parte frontal do motor, com acesso facilitado para as trocas
Vários itens de segurança previstos na NR-31 do Ministério do Trabalho e Emprego foram incorporados, como chave corta corrente
ção do banco, o que configura posições adequadas para todos os portes de operadores. Os postos podem ser abertos ou cabinados. Os cabinados têm como principais mercados a lavoura de cana-de-açúcar e as de agricultura comercial de grande porte. Os postos abertos, sem cabina, são os preferidos pelos prestadores de serviços e parte da agricultura comercial, principalmente da região Centro-Oeste do país e sul da Bahia. Em todos os modelos a plataforma está montada sobre coxins de borracha, para diminuir as vibrações que chegam ao posto de operação. O painel é simples, embora suficiente, e conta com poucos instrumentos como tacômetro, horímetro, indicador de volume de combustível e termômetro da água de arrefecimento. O arco de segurança é autocertificado pelo seu laboratório, como já acontece normalmente com a marca. É ampla a disponibilização de adesivos indicativos de ações e cuidados. Positivamente chama a atenção um espelho panorâmico, interno ao posto do operador, que possibilita a visão traseira de todo o equipamento que está acoplado. O fabricante também solucionou o problema gerado pelo acúmulo de calor no toldo de chapa utilizado anteriormente, substituindo por de maior tamanho e construído em plástico branco. O banco é convencional com apoio para os braços e boa regulagem de posição (distância ao volante).
co, através de um pedal posicionado entre os pedais de embreagem e freios. O sistema utilizado na transmissão é o sincronizado, com um arranjo de 12 marchas, divididas em regimes de alta e de baixa para cada marcha. Não existe o tradicional sistema de grupos, normalmente utilizado pela Massey Ferguson na linha de pequenos e médios tratores. As alavancas de troca de marchas agora utilizam cabos para a troca e foram reprojetados os trambuladores na caixa. Quanto à tomada de potência (TDP), é independente com duas opções de rotação, 540rpm e 1.000rpm, acionada por alavanca. Todos os tratores da série são fabricados com a tração dianteira auxiliar (TDA). O eixo dianteiro é marca ZF, reconhecidamente robusto e funcional, com um sistema de autoblocante de diferencial e com excelente ângulo de esterçamento de 55°, como informa o fabricante. Este eixo dianteiro é divido em três partes, o que facilita a manutenção corretiva.
Dianteiro 14.9-26R1 14.9-28R2 18.4-26R1 14.9-26R1 16.9-28R1 16.9-28R1 540/65 R28 600/60 R30.5 18.4 – 26R2
Traseiro 23.1-30R1 23.1-30R2 24.5-32R1 18.4-38R1* 20.8-38R1 20.8-38R1 (DUPLO) 680/75 R32 710/65 R38 18.4 – 38R2 (DUPLO)
*PAVT
PNEUS A variedade de pneus oferecidos é bastante ampla, sempre em casais para sincronizar a velocidade dos dois eixos, com possibilidades de oferta em pneus duplados e inclusive em determinadas opções com o sistema bastante utilizado em outras linhas da marca que é o PAVT, que permite o ajuste de bitola de forma automática com o trator parado, somente através do ajuste de pequenas castanhas.
SISTEMA HIDRÁULICO O controle remoto é bastante qualificado, com centro fechado e que permite a utilização simultânea de mais de um equipamento. Tem vazão máxima de 138l/minuto e, dependendo do modelo, pode chegar a quatro módulos com dois corpos para motores hidráulicos e dois para pistões. As alavancas de acionamento do controle remoto estão posicionadas ergonomicamente ao lado direito do operador. Nos terminais de engate dos módulos do controle remoto possui um sistema que retém e armazena o óleo que venha a escorrer durante o acoplamento das mangueiras do implemento ao trator. Nesta gama de tratores passa a ser comum
TRANSMISSÃO DE POTÊNCIA O sistema de transmissão, marca ZF é do tipo sincronizado com 12 velocidades à frente e cinco a ré. A sexta marcha não engata ré, por questões de segurança. O escalonamento parece ser bem adequado para operações pesadas de preparo do solo e semeadura, com sete marchas entre 4 e 12km/h, a faixa de velocidades mais utilizada nestas operações. O bloqueio do diferencial é ainda mecâniVisão do posto do operador do MF 7180 sem cabine: os comandos ficaram mais acessíveis e práticos
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Fotos Charles Echer
Detalhe dos contrapesos na parte interna da roda e dos elementos para acrescentar o segundo jogo de rodas
O acesso ao posto de comando ganhou itens que facilitam o embarque e aumentam a segurança do operador
Em todas as versões da série, o sistema hidráulico de três pontos é um item opcional
o fornecimento de unidades sem sistema hidráulico de três pontos, componente que é fundamental nos modelos de pequeno porte. Assim, o cliente pode solicitar o trator sem sistema hidráulico de três pontos, para reduzir o custo de aquisição. Esta opção será uma versão muito usual em cereais, sob plantio direto, principalmente nas regiões de fronteira de expansão da área agrícola brasileira. O sistema hidráulico mantém as funções existentes em tratores da série 600 com Boschtronic, com um painel fácil de operar, com botões de memorização da regulagem de altura máxima e mínima e, em substituição às famosas duas alavancas do sistema Ferguson, de controle de profundidade e tração, fazendo uso apenas de botões. Como inovação, temos o controle eletrônico no sistema hidráulico, que introduz um componente eletro-hidráulico no sistema Ferguson de controle de profundidade e tração do terceiro ponto, tradicionalmente feito
por meio de uma mola. A capacidade de levantamento está bem adequada à dimensão dos tratores da série, aproximadamente 5.500kg no olhal e 4.500kg a 610mm. O acionamento do sistema hidráulico nesta série deixa de ser por alavancas e está colocado no painel lateral do trator, ao lado direito do operador. Assim mesmo, como já é um critério de qualidade atual, há comandos de hidráulico, por botões, no pára-lama do trator, proporcionando mais segurança ao operador, que nestas condições pode acoplar os implementos sem necessitar de auxílio de outra pessoa.
Equipe testou o MF 7180 na Fazenda Experimental da Ulbra, em Nova Santa Rita (RS)
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O TESTE FINAL Fizemos um teste de campo em uma parcela na Fazenda Experimental da Ulbra, Universidade Luterana do Brasil, na cidade de Nova Santa Rita (RS). Tivemos o auxílio da equipe da fábrica, principalmente do engenheiro agrônomo Daniel de Souza Dias, analista de Marketing de Produto, que nos proporcionou o equipamento e o apoio de campo. Trabalhamos com uma plantadeira Massey Ferguson, MF 512 L45 com 11 linhas de 0,5m de espaçamento entrelinhas, em terceira marcha baixa, a aproximadamente 6km/h. Notamos que é muito interessante a possibi-
lidade da troca sincronizada de marchas entre grupo de alta e baixa, com um escalonamento que só nesta faixa entre 5 a 10km/h há cinco marchas disponíveis. Outro ponto importante é a agilidade no levante da plantadeira nas manobras de cabeceiras, devido à elevada capacidade do sistema hidráulico acionado pelo controle remoto. O ruído do motor é bastante característico e diferente do que estávamos acostumados na linha MF. O trator demonstrou não ter nenhum problema para efetuar este trabalho, mesmo com uma demanda bruta aproximada de 16cv/linha, inclusive sugerindo que com o espaçamento convencional de 45 centímetros desta plantadeira, poderíamos estar perfeitamente tracionando as 12 linhas, que normalmente é utilizado.
CONCLUSÃO FINAL Ao final tivemos a impressão de que estamos frente ao um trator com um excelente motor, já comprovado e com tecnologia compatível com a faixa de potência e com a realidade da agricultura brasileira. Notamos que vários problemas antes detectados pelo mercado na linha 600 foram resolvidos e houve uma melhora substancial no projeto, sem acessar demasiadamente itens de tecnologia avan.M çada, que encarecem o produto. José Fernando Schlosser, Gismael Francisco Perin e Ulisses Giacomini Frantz, UFSM
consumo
Desempenho à prova Ensaio desenvolvido por pesquisadores em Santa Catarina avalia performance de tratores em operação de plantio com diferentes tipos de preparos de solo
Alberto Nagaoka
A
demanda mundial por combustíveis renováveis tem se expandido rapidamente nos últimos anos devido à preocupação com a redução do volume de emissões de gases causadores do efeito estufa até 2012, como determina o Protocolo de Kyoto. Essa demanda é verificada também no Brasil, pela necessidade de diminuir a dependência de derivados de petróleo nas matrizes energéticas nacionais e pelo incentivo à agricultura e às indústrias locais (Baldonedo, 1995). O governo federal, em outubro de 2002, lançou o Programa Brasileiro de Biocombustíveis, com o objetivo de viabilizar a utilização do biodiesel. Hoje, aproximadamente, 10% do diesel consumido no Brasil é importado. Esse combustível é o mais utilizado no país, principalmente no transporte de passageiros e de cargas. Anualmente, comercializa-se cerca de 38,2 bilhões de litros, o que corresponde a 57,7% do consumo nacional de combustíveis veiculares. A disponibilidade das fontes agrícolas para a produção do biodiesel varia de acordo com o clima e as condições das regiões de produção. A área plantada necessária para atender ao percentual de mistura de 2% de biodiesel ao diesel de petróleo é
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estimada em 1,5 milhão de hectares, o que equivale a 1% dos 150 milhões de hectares plantados e disponíveis para agricultura no Brasil. Este número não inclui as regiões ocupadas por pastagens e florestas. As regras permitem a produção a partir de diferentes oleaginosas e rotas tecnológicas, possibilitando a participação do agronegócio e da agricultura familiar (Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel PNPB, 2008). Existem várias oleaginosas que podem ser usadas na fabricação de biodiesel. As principais são: mamona, babaçu, colza, dendê, nabo forrageiro, soja, algodão, girassol, amendoim, canola, gergelim, palma etc. Além das oleaginosas, existem outras matérias-primas que podem ser utilizadas, tais como: sebo, óleo de fritura, algas e esgoto. (Miragaya, 1995). Na região Sul do Brasil a cultura que mais se destaca na produção de biocombustível, de acordo com Gontijo (2008), por apresentar tolerância a
baixas temperaturas e até mesmo geada, é o nabo forrageiro: planta herbácea, ereta, muito ramificada, raiz pivotante profunda, às vezes tuberosa, porte de 100cm a 180cm, da família das Crucíferas, espécie utilizada tradicionalmente para a alimentação animal e cobertura vegetal de inverno, com elevada capacidade de reciclagem de nutrientes (principalmente nitrogênio e fósforo), de rápido desenvolvimento e bom desenvolvimento em solos relativamente pobres e ácidos, além de ser conhecida como fornecedora de massa para a adubação verde – de acordo com a Epagri, (1995), produz 20 toneladas de massa verde por hectare. Silva (1996), relatou que o nabo forrageiro, além de suas utilidades tradicionais, possui em seus grãos consideráveis teores de óleo, relativa facilidade de extração (prensagem) e, assim, poderá se tornar matéria-prima de substancial interesse aos produtores rurais. Seu baixo custo em relação às demais culturas de cobertura de inverno, como a ervilhaca e até mesmo a aveia preta, favorece a sua aceitação e utilização pelos produtores rurais (Nicoloso et al). O nabo forrageiro é uma planta muito vigorosa, que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo. Seu florescimento ocorre aos 80 dias após
Conjunto trator e escarificador utilizado para comparar o desempenho no plantio em solos e subsolos e plantio convencional
o plantio, atingindo sua plenitude aos 120 dias. A altura da planta varia de 100cm a 180cm e, devido ao seu rápido crescimento, compete com as ervas daninhas invasoras desde o início, diminuindo os gastos com herbicidas ou capinas, o que facilita a cultura seguinte. Não há ocorrência de pragas ou de doenças que mereçam controle (Pereira, 2008). O manejo do solo se constitui de práticas simples e indispensáveis ao bom desenvolvimento das culturas e compreende um conjunto de técnicas que, utilizadas racionalmente, proporcionam alta produtividade, mas, se mal utilizadas, podem levar à destruição dos solos a curto prazo, podendo chegar à desertificação de áreas extensas (Nicoloso, 2008). Um dos grandes desafios da agricultura moderna, mecanizada, é a compatibilização entre as variáveis de manejo do solo, de mecanização agrícola e de produção. A escolha de um sistema de cultivo é complexa e varia conforme a região, tipo de solo, condições climáticas, entre outros. Assim, métodos de preparo do solo e sistemas de manejo da cobertura vegetal tornam-se ferramentas importantes no auxílio da conservação do solo. O sistema de semeadura direta é um método que visa maior conservação do solo e diminuição do tráfego de máquinas, tendo como princípio a semeadura diretamente em solo não revolvido. (Furlani et al, 2004). Para consolidar a adoção desse sistema há necessidade de solucionar problemas por ocasião da sua instalação, como, por exemplo, os de compactação do solo, baixos teores de matéria orgânica, baixa fertilidade, presença de ervas daninhas e aumento do consumo energético em função de uma seleção inadequada das máquinas existentes.(Casão Júnior et al, 2000). Quanto às operações agrícolas, Mazzeto (2008) destaca que estas devem ser executadas no prazo agronomicamente recomendado. No planejamento tradicional, a seleção e o di-
mensionamento de máquinas têm como objetivo realizar a operação no menor prazo possível, para evitar perdas por atrasos, sobretudo devido ao risco climático e a falhas de equipamentos. Todavia, isso pode exigir elevada capacidade operacional das máquinas, resultando na elevação dos custos da operação. Por outro lado, menor capacidade não permite a conclusão da operação no prazo ótimo, resultando em perdas quantitativas e qualitativas. Por isso, as informações de desempenho operacional e consumo de combustível auxiliam no gerenciamento de sistemas mecanizados agrícolas, permitindo a racionalização do emprego de máquinas e do consumo energético, bem como a otimização das operações de máquinas agrícolas com menores perdas. O preparo convencional provoca inversão da camada arável do solo, mediante o uso de arado; a esta operação seguem outras, secundárias, com grade ou cultivador, para triturar os torrões; 100% da superfície
Os experimentos foram implantados e conduzidos pela UFSC na Fazenda Experimental da Ressacada, localizada no município de Florianópolis
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Fotos Alberto Nagaoka
Solo com manejo no sistema de plantio direto para cultura do nabo forrageiro
é removida por implementos. Este tipo de preparo só deve ser utilizado quando da correção de algumas características na subsuperfície do solo, onde necessite de incorporação de corretivos ou rompimento de camadas compactadas. O preparo vertical consiste no uso de implementos sobre os resíduos da cultura anterior, com o revolvimento mínimo necessário para o cultivo seguinte. Geralmente é utilizado um escarificador a 15cm, suficiente para romper crostas e pé de grade niveladora. O sistema de plantio direto traz vários benefícios para a conservação do solo, principalmente pela menor mobilização do solo e menor remoção da terra. Por outro lado, a ausência da mobilização do solo poderá levar a um aumento ou manutenção de altos níveis de compactação do solo, podendo ser necessário realizar escarificações ou subsolagens a determinados intervalos de tempo (Pérez, 1998 et al apud Nagaoka, 1999). Tendo em vista a importância deste assunto, a Universidade Federal de Santa Catarina (CCA-UFSC), em experimentos implantados e conduzidos na Fazenda Experimental da Ressacada, localizada no município de Florianópolis (SC), está desenvolvendo pesquisas com esta cultura para atender as necessidades dos agricultores e contribuir na produção de biodiesel. A área do experimento localiza-se nas coordenadas geográficas 27º41’ latitude Sul e 48º32’ longitude Oeste, com altitude média de sete metros em uma área que estava há três anos em pousio. O solo da área experimental foi classificado como Neosolo Quartzarênico Hidromórfico Típico, de acordo com o Sis-
Alberto Nagaoka
O desempenho foi testado no plantio de nabo forrageiro, cultura em testes na fazenda para produção de biodiesel
tema Brasileiro de Classificação dos Solos (Embrapa, 1999). Para avaliação do desempenho do trator em função do manejo do solo, a semeadura foi realizada com uma semeadora da marca Vence Tudo, modelo SA7300, numa profundidade média de 3cm. Antes da semeadura da cultura de inverno realizou-se uma dessecação da área com a aplicação de 1 Lha-1 de glifosato (Round-Up), com um pulverizador de 400 litros da marca Jacto. Utilizou-se arado da marca Jan modelo J26, uma grade da marca Massey Fergusson modelo MF2512 e um escarificador da marca Jan modelo Jumbo. Para tracionar os equipamentos, utilizou-se um trator da marca Ford, modelo 6600, com 62,5kW de potência no motor. Os dados foram obtidos com auxílio de um sistema de aquisição de dados fabricado pela Campbell Scientific, Inc. Modelo CR10X Micrologger, cujos sensores (de temperatura, fluxômetro, célula de carga) e componentes eletrônicos (chave liga/desliga, leds e resistores) foram instala-
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dos e programados pelo Núcleo de Ensaio e Pesquisa de Motores e Equipamentos Agrícolas e Automotivos – NEPMEAA/CCA/ UFSC - e pelo Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catariana – Ciram/Epagri. A Figura 1 apresenta os resultados obtidos das principais operações de preparo do solo para implantação da cultura do nabo forrageiro, em diferentes tipos de manejos (plantio convencional e com escarificador). O consumo horário de combustível foi maior no preparo do solo com escarificador (10,27l/h) e seu consumo específico (9,34l/ ha) foi menor, devido a sua maior capacidade operacional nesta operação. Os valores de patinagem no preparo do solo com grade (18,44%) e com o escarificador (16,93%) foram maiores do que o recomendado, sendo o ideal entre 10% a 15% em solos nãomobilizados. Este resultado ocorreu, principalmente, devido ao alto teor de água (30%) no momento do preparo do solo. Na Figura 2, observa-se os dados de con-
sumo horário, capacidade de campo operacional, consumo específico e patinagem na operação de semeadura em cada manejo do solo (convencional, escarificação e plantio direto). Os consumos horário e específico, bem como a patinagem nesta operação, foram menores para o sistema de plantio direto, demonstrando vantagem para este manejo e outros benefícios como menor mobilização do solo, maiores restos vegetais na superfície do solo, redução de custos e recuperação das características físicas, químicas e biológicas do solo. Como mencionado anteriormente, o nabo forrageiro, além de ser utilizado para cobertura e incorporação no solo, pode ser utilizado na produção de biodiesel. Análises iniciais demonstram que as sementes de nabo forrageiro têm grande capacidade para a produção do biodiesel de boa qualidade. Segundo pesquisadores, outra vantagem desta oleaginosa é a facilidade da extração do óleo das sementes e o grande teor (cerca de 35%). Os registros constam que a média de produtividade seria de 500kg a 800kg de sementes por hectare, sendo que uma tonelada de semente tem a capacidade de gerar 280 litros de biodiesel. Ainda não há registros precisos do litro de biodiesel a partir do nabo forrageiro, mas, por ser uma cultura de custos mínimos (quase zero) e o governo ter instituído um programa de pagamento mínimo de R$ 27,00 por saca de 60kg, os produtores poderão ser motivados a produ.M zir essa cultura. Alberto Kazushi Nagaoka, Mariane Abreu Silveira e Djalma Eugenio Schmitt, CCA/UFSC Marilda da Penha T. Nagaoka, FABM/Saber
X-TORQ
X-TORQ
tante significativa. Os motores X-TORQ, também estão diretamente relacionados às questões ambientais, de modo que emitem até 60% menos poluentes (g/kWh). Isto se deve à tecnologia que utiliza o ar de forma pura ao invés de misturado ao combustível, para eliminar os gases resultantes da combustão interna do motor. Cabe ressaltar que todos os equipamentos Husqvarna, dotados de motores com tecnologia X-TORQ, encontram-se de acordo com as mais restritas normas ambientais, estando aptos a serem comercializados além dos padrões mundiais de emissões estabelecidos até 2010.
MOTOR TRADICIONAL A DOIS TEMPOS
s motores Husqvarna, dotados da tecnologia X-TORQ, foram desenvolvidos para oferecer mais força através de uma ampla faixa de revoluções por minutos (rpm). Aumentar produtividade dentro de uma faixa ideal de “rpm”, significa submeter o produto ao uso intensivo e concluir tarefas com maior qualidade e de forma mais rápida. O potencial de ganhos com o emprego da tecnologia X-TORQ vai além, pois com
os preços dos combustíveis sempre estando em evidência e podendo subir a qualquer momento, torna-se essencial encontrar meios de tornar as máquinas mais econômicas sem que haja perda de eficiência durante o trabalho. Essa tecnologia pode oferecer até 20% de economia de combustível. Isto significa mais tempo de trabalho no campo, uma vez que há menos paradas para reabastecimento, sem contar a economia no bolso, que é bas-
Os motores a dois tempos que equipam os produtos portáteis, tais como roçadeiras, motosserras e congêneres, são de combustão interna e destacam-se pela simplicidade de sua construção, baixo peso, além da elevada potência que conseguem desempenhar. Como outros motores do ciclo Otto, realizam as quatro fases (admissão, compressão, expansão e escape) porém, em apenas dois movimentos do pistão e ao longo de uma única volta do virabrequim, motivo pelo qual é possível obter potências mais altas que as encontradas nos motores a quatro tempos, onde ocorre um tempo total de combustão a cada duas voltas do virabrequim. Dentre as grandes vantagens de se empregar motores a dois tempos em máquinas portáteis, pode-se mencionar a alta potência graças à centelha que é liberada pela vela a cada volta completa do virabrequim enquanto nos motores a quatro tempos, a centelha é liberada a cada duas voltas do virabrequim. Eles podem funcionar em qualquer posição de trabalho, uma vez que a lubrificação ocorre através do óleo adicionado proporcionalmente à gasolina. Já a grande maioria dos motores a quatro tempos encontra problemas de falta de lubrificação ao trabalhar de forma inclinada.
Componentes e sistema de construção de um motor X-TORQ
Detalhe do fluxo de ar no motor X-TORQ
Os gases com combustível não detonado são reaproveitados, ao invés de eliminados
Após Após inúmeras inúmeras pesquisas pesquisas ee testes testes de de campo campo ee laboratoriais, laboratoriais, aa Husqvarna Husqvarna desenvolveu desenvolveu em em seus seus novos novos equipamentos equipamentos portáteis, portáteis, os os motores motores X-TORQ, X-TORQ, mais mais econômicos econômicos ee menos menos poluentes poluentes que que os os convencionais convencionais motores motores dois dois tempos tempos
O
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“Aumentar produtividade dentro de uma faixa ideal de ““rpm”, rpm”, significa submeter o ” rápida” produto ao uso intensivo e concluir tarefas com maior qualidade e de forma mais rápida Fotos Husqvarna
Comparação X-TORQ e motor dois tempos convencional
A tecnologia X-TORQ possibilita que o motor emita menores níveis de poluentes
MOTOR A DOIS TEMPOS O motor recebe esse nome por seu ciclo ser constituído por apenas dois tempos. Mecanicamente ele é bastante simples e possui poucas peças móveis. O próprio êmbolo (pistão) funciona como válvula deslizante, abrindo e fechando as janelas de transferência por onde a mistura é admitida de um lado e os gases queimados são expulsos do outro lado. Estes motores não possuem válvulas e fica a cargo das janelas de transferência, efetuarem a comunicação entre a câmara de combustão e o cárter onde se encontra o virabrequim, também conhecido como eixo de manivelas. No tempo de compressão, o pistão comprime a mistura ar e combustível (gasolina + óleo dois tempos) que se encontra na câmara de combustão. Neste momento o próprio pistão encarrega-se de abrir a janela de admissão, permitindo que a mistura (ocorrida no carburador) possa penetrar no cárter onde se formou vácuo oriundo do deslocamento do pistão. Quando o pistão chega ao máximo de seu curso superior (Ponto Morto Superior) a vela emite uma centelha. A mistura comprimida na câmara inicia sua combustão, impulsionando
o pistão para baixo, sendo que no seu curso de retorno ao Ponto Morto Inferior, possibilita a abertura da janela de escape, por onde os gases queimados são conduzidos ao escapamento. Os gases queimados que ainda não saíram para o escapamento são empurrados pela mistura de combustível, sendo comum em motores tradicionais a dois tempos que combustível não detonado seja eliminado juntamente com gases não queimados, o que impacta negativamente no consumo da máquina, além de prejudicar o meio ambiente.
X-TORQ E GASES TÓXICOS A grande maioria dos componentes encontrados no motor a dois tempos tradicional também se faz presente nos motores com tecnologia X-TORQ, eliminando, assim, qualquer complicação durante sua manutenção. Esse motor possui estrutura similar ao modelo convencional, exceto uma entrada adicional de ar além do pistão que possui um desenho diferenciado. A mistura ar e combustível entra no cárter exatamente como ocorre no motor a dois tempos tradicional, contudo, há um fluxo adicional de ar que em um determinado momento, passa através do meio do pistão que possui um recorte lateral. Este fluxo de ar puro torna-se o primeiro elemento a entrar no cilindro e, conse-
Motosserra Husqvarna, um dos equipamentos equipados com motor X-TORQ
qüentemente, acaba empurrando os gases da combustão para fora do motor, característica que difere dos motores a dois tempos tradicionais, que eliminam combustível não detonado juntamente com os gases queimados, favorecendo o aumento de consumo. A tecnologia X-TORQ possibilita que o motor emita menores níveis de poluentes, além de oferecer notória economia de combustível, proporcionando maiores autonomias de trabalho, já que ocorrem menos paradas para reabastecimentos. Ao contrário dos motores a quatro tempos, que possuem diversas partes que se movem e necessitam constantemente de ajustes nas válvulas, esta inovada tecnologia XTORQ utilizada pela Husqvarna em seus novos equipamentos portáteis não oferece nenhuma dificuldade quando o assunto é manutenção. Tão simples quanto os motores tradicionais a dois tempos. É por tudo isto que os motores X-TORQ vieram para oferecer mais força, maior autonomia e menos impactos, tanto ao bolso do con.M sumidor quanto ao meio ambiente!
Justiça em debate
Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br
Justa causa vale a pena?
A
rescisão de contrato de trabalho por justa causa, artigo 482 da CLT (vide ao lado), usualmente atrai empregadores experimentando momentos de fúria. Frente a alguma ação danosa perpetrada pelo empregado, pensam em aplicar-lhe um castigo doloroso. É uma péssima idéia. Mesmo um leitor atento poderá ser induzido ao erro ao analisar o dispositivo sobre rescisão por justa causa decorrente de culpa do empregado. Parece claro. Não é. Desafortunados empregadores já descobriram a enorme distância entre o texto da lei e as interpretações aplicadas pelos tribunais aos casos concretos. Exemplo ocorreu no caso da demissão de motoristas que, provavelmente, agiam em conluio para furtar combustível dos caminhões de uma transportadora. Havia adulteração dos hodômetros dos veículos para simular trajetos superiores aos realizados. O combustível extra-retirado dos tanques era, aparentemente, negociado. A trama foi descoberta por meio de comparações entre os trajetos constantes do sistema de monitoramento e aqueles declarados pelos empregados. Sua demissão por justa causa foi revertida em demissão sem justa causa pelos tribunais do trabalho. Apegaram-se os juízes e desembargadores ao fato de o perito haver dito que era possível manipular os resultados no banco de dados do sistema. Se era possível, então a prova não poderia ser qualificada de irrefutável. Por essa interpretação, poucas provas constantes em computadores poderiam ser válidas, pois passíveis de alterações. Esse exemplo, um dentre vários existentes, demonstra a necessidade de o empregador avaliar a pertinência da utilização desse instituto. Às vezes, melhor uma rescisão sem justa causa para evitar incomodação. Caso o empregador deseje utilizar esse instituto, entre outros aspectos, convém ponderar: a sanção deve ocorrer em seguida à falta, para que não se caracterize o perdão; necessária a proporcionalidade entre a falta e a punição; caracterizam negociação habitual a inexistência de autorização, a concorrência à empresa e, por certo, a habitualidade na conduta; alcoolismo é enfermidade, não causa para demissão; a violação de segredo deve ser grave; não pode haver duas punições pelo mesmo fato.
A
rt. 482 - Constituem justa causa para rescisão do contrato de trabalho pelo empregador: a) ato de improbidade; b) incontinência de conduta ou mau procedimento; c) negociação habitual por conta própria ou alheia sem permissão do empregador, e quando constituir ato de concorrência à empresa para a qual trabalha o empregado, ou for prejudicial ao serviço; d) condenação criminal do empregado, passada em julgado, caso não tenha havido suspensão da execução da pena; e) desídia no desempenho das respectivas funções; f) embriaguez habitual ou em serviço; g) violação de segredo da empresa; h) ato de indisciplina ou de insubordinação; i) abandono de emprego; j) ato lesivo da honra ou da boa fama praticado no serviço contra qualquer pessoa, ou ofensas físicas, nas mesmas condições, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; k) ato lesivo da honra ou da boa fama ou ofensas físicas praticadas contra o empregador e superiores hierárquicos, salvo em caso de legítima defesa, própria ou de outrem; l) prática constante de jogos de azar. Parágrafo único - Constitui igualmente justa causa para dispensa de empregado a prática, devidamente comprovada em inquérito administrativo, de atos atentatórios à segurança nacional.
Em dólar
C
ontratos de compra e venda de moeda estrangeira voltam à discussão no Judiciário por causa das recentes variações cambiais. Na maioria dos casos, consta desses contratos cláusula arbitral (tecnicamente chamada cláusula compromissória), por meio da qual as partes se obrigam a recorrer à arbitragem para solucionar conflitos. Na tentativa de obter provimento rápido ou mais favorável, algumas empresas recorrem ao Judiciário; mas esbarram no reconhecimento da validade da cláusula compromissória. A discussão sobre a obrigatoriedade de decisão arbitral antes da submissão da causa do Judiciário mereceu destaque há alguns anos. Acabou pacificada pelo Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a constitucionalidade da Lei de Arbitragem, embora não em Ação Direta de Inconstitucionalidade. Essa interpretação pode mudar? Pode. Mas por enquanto nada ocorreu. Devem as empresas apostar na via judicial? A idéia de recorrer ao Judiciário antes da decisão arbitral não é absurda, todavia, inegável sua pequena possibilidade de sucesso.
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Depositário infiel
R
ecentes julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) tendem a restringir as hipóteses de prisão por inadimplemento de obrigações em todo o país. Prisão civil por dívida era exceção. Tornou-se mais remota essa possibilidade. Agora, tende a ser decretada apenas em casos de inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentar, embora, na prática, raras vezes um juiz considere uma situação como escusável (nem desemprego é comumente aceito). No caso do depositário infiel, a possibilidade de prisão tornou-se letra morta em decorrência de uma alteração na Constituição. Por ela, foi conferida hierarquia privilegiada, constitucional ou supralegal, a tratados sobre direitos humanos subscritos pelo Brasil. Um desses tratados afasta a possibilidade da prisão civil do depositário infiel. As decisões, por enquanto, valem apenas para os casos analisados, mas seu conteúdo tende a prevalecer em outras situações. Certamente, haverá repercussões econômicas, principalmente quando se fala em alienação fiduciária.