Maquinas 84

Page 1



Destaques Matéria de capa

Ficha Técnica Trator John Deere 5603 e Semeadora Kuhn SDM Select

16 e 28

Test Drive Farmall 95

Pulverizadores

Acompanhe o desempenho do mais novo integrante da família Case IH no Brasil, o Farmall 95, cabinado, indicado para pequenas e médias propriedades 20

Evolução dos sistemas estabilizadores das barras de pulverização

Índice

25

Nossa Capa Charles Echer

Rodando por aí

04

Colhedoras semimontadas

06

Irrigação localizada

11

Perdas na colheita

14

Ficha Técnica - Kuhn

16

Test Drive - Farmall

20

Sistemas estabilizadores de barra

25

Ficha Técnica - John Deere

28

Adequação de máquinas

32

Operadores de colhedoras de cana

34

Coluna Estatística Máquinas

37

www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90

Coluna jurídica

38

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

• Editor

Gilvan Queved o Quevedo • Redação

Charles Ech er Echer • Revisão

Alin artzsch ddee Alm ei da Alinee PPartzsch Almei eid • Design Gráfico e Diagramação

Cristi an o Cei Cristian ano Ceiaa

• Comercial

Ped edrro Batistin Sed eli Feijó Sedeli • Circulação

Sim on Simon onee Lopes • Assinaturas

Ân gela Oliveir Âng Oliveiraa Gonçalves

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br

Cultivar Máquinas Edição Nº 84 Ano IX - Abril 09 ISSN - 1676-0158 Direção Newton PPeter eter Sch ubert K. PPeter eter Schubert Secretária eri Lisboa Alves Rosimeri Rosim

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00

• Expedição

Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Di anferson Alves Dianferson Edson Kr ause Krause • Impressão:

Kun de In dústri as Gráfi cas Ltd a. und Indústri dústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES TELEFONES:: (53) • GERAL

• RED AÇÃO REDAÇÃO

3028.2000

3028.2060

• ASSINA TURAS ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2070

3028.2065

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


Entrega recorde

Vence T udo Tudo Charles Rui Teixeira é o novo gerente de Marketing da Vence Tudo, empresa que produz plantadeiras e semeadeiras hidráulicas e de arrasto, plataforma para colheita de milho, entre outros produtos. Na Expodireto o destaque ficou por conta do Tankão 6900, lançamento na feira.

Charles Rui Teixeira

A Massey Ferguson entregou 79 tratores através do Programa Mais Alimentos no final de março, na concessionária Itaimbé, em Santa Maria (RS). 75 destas unidades eram do modelo MF 275/4, o trator mais vendido da história da mecanização brasileira, desde que foi lançado em 1975, representando 40,7% das vendas no segmento de 75cv nos últimos 15 anos. Evandro José Bortoluzzi, de 24 anos, é um dos clientes e comemorou a aquisição do primeiro trator novo de sua família, que mora no município de Faxinal do Soturno (RS).

Magno Jet A equipe da Magno Jet apresentou sua tecnologia em bicos para pulverização. Eduardo Gonzaga lembra que a empresa prima por manter sempre alto padrão de qualidade em seus produtos.

Semeato Eduardo Copetti, da Semeato, visitou o estande da Cultivar na Expodireto 2009 e mostrouse entusiasmado com o resultado da feira. No evento a empresa apresentou novidades, como o trator Powersix 280 e a colheitadeira Multi Eduardo Copetti Crop 4100.

Bremen Nicolau Spohr, da Bremen, importadora de equipamentos para lubrificação, participou da Expodireto. Entre as metas da empresa para 2010 está a de tornar-se líder brasileira no mercado de equipamentos para lubrificação.

Stara

Evandro Bortoluzzi

Altek A Altek, empresa especializada em pulverização, representada no Brasil por Marco Luis Oppelt, expôs seus produtos durante a Expodireto, com destaques para o Ultra 821 monitor de pulverização e Ultra 2500C controlador de vazão.

Miguel Tale é o novo gerente de Vendas para o Brasil e América Latina das empresas Comet (que industrializa bombas agrícolas e industriais) e GEO line (especializada na produção de peças e componentes Miguel Tale para pulverização).

Grupo Geta O engenheiro agrônomo Eugênio Passos Schroder foi o moderador do painel sobre tecnologia de aplicação aérea de fungicidas em arroz, soja, milho e trigo, promovido durante a Expodireto 2009 pelo Grupo de Estudos em Tecnologia de Aeroaplicação (Geta), formado por empresas e profissionais ligados ao setor aeroagrícola. O evento contou com apoio da Clínica Fitossanitária da Universidade de Santa Maria, Universidade de Passo Fundo, Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola e com o patrocínio da SchroEugênio Schroder der Consultoria.

A Stara anunciou na Expodireto a construção de uma fábrica de fundição de aço no município de Carazinho (RS). O projeto tem inicialmente o objetivo de atender às necessidades do grupo e, posteriormente, abastecer outras empresas. Gilson Trennepohl falou da aquisição da SPW, empresa responsável pelo projeto inicial do autopropelido Gladiador, lançamento da Stara na feira. Durante o evento foram comercializadas 15 unidades.

Gilson Trennepohl (centro)

Marco Luis Oppelt (esq.)

Nicolau Spohr

Novos rumos

04 • Abril 09

Eduardo Gonzaga (centro)

Uniplastic

Fockink Ragde Venquiarutti Paz assumiu o cargo de gerente de Marketing do Grupo Fockink. Entre os vários segmentos de atuação da empresa está o de sistemas de irrigação e armazenagem de grãos, destaque na Expodireto.

Ragde Paz

Escavadeira A BMC Brasil Máquinas de Construção apresentou em março, duante a Feicana/FeiBio 2009, em Araçatuba, São Paulo, produtos voltados para a lavoura da cana, como o trator de esteiras Bulldozer SD16, da Shantui, as pás carregadeiras HL 740-7 e HL 757-7, da Hyundai, e a vedete da empresa na feira, a escavadeira R210LC-7, também da Hyundai. Com motor de 150HP, a máquina é equipada com sistema para reforço de potência auxiliar, que acionado aumenta em até 10% sua força de escavação. Uma válvula de regeneração do fluxo do braço permite movimento de recolhimento mais suave, de modo que não haja formação de cavitação.

O engenheiro Alexandre Felizari, da Indústria de Peças Plásticas Uniplast, empresa especializada em moldes de injeção de plásticos, corte e dobra de chapas, soprados e injetados, participou da Expodireto 2009.

Alexandre Felizari

Agrojet A Agrojet demonstrou na Expodireto 2009 o Skipper (GPS navegador). O equipamento proporciona aplicação com taxas variáveis, corte automático das seções de barra e/ou válvula geral, registro dos dados de trabalho em memória interna (com possibilidade de transferência para pendrive) entre outras funções.

Carlito Eckert



perdas

Fotos Unesp

Pequenas, mas eficientes

Ensaio com colhedoras semimontadas, indicadas para pequenas e médias lavouras de milho, mostra que esses equipamentos apresentam baixos níveis de perdas e boa resposta mesmo em velocidades de colheita mais elevadas

O

milho é uma das culturas mais importantes do mundo, com produção projetada para a safra 2008/ 2009 de 786 milhões de toneladas (USDA, 2009) e o Brasil é o terceiro produtor mundial com produção estimada em 49,5 milhões de toneladas, depois de EUA e China. A produtividade da cultura está condicionada a diversos fatores e mesmo com os tratos culturais sendo realizados de acordo, pode sofrer redução significativa se a colheita e transporte forem mal conduzidos. A colheita do milho pode ser realizada de forma manual, semi-mecanizada ou mecanizada. A colheita mecanizada ocorre geralmente em médias e grandes propriedades, predominantemente com colhedoras automotrizes. As colhedoras semi-montadas são opções interessantes para uma faixa de pequenas e médias propriedades, pois existem possibilidades de escolha com relação ao número de fileiras de colheita, permitindo a adaptação às mais variadas situações. A colheita semi-mecanizada se caracteriza pela inserção de máquinas em alguma das etapas e nesse caso a etapa mais comumente mecanizada no Brasil é a trilha, quando a retirada das espigas dos pés é feita manualmente. Já a colheita totalmente manual é pouco representativa. Um dos desafios contínuos na colheita

06 • Abril 09

mecanizada são as perdas quantitativas e qualitativas. Os pontos de perdas mais expressivos são a plataforma despigadora e os sistemas internos da colhedora, especialmente o sistema de separação (saca-palhas nas colhedoras mais comuns – de fluxo radial). Essas perdas são altamente influenciadas pela taxa de alimentação da máquina e pelas condições da lavoura no momento da colheita. As perdas qualitativas são representadas pelas impurezas nos grãos colhidos e danos mecânicos aos grãos, importantes quando se trata da colheita de sementes. A umidade dos grãos fora das condições ideais de colheita, as regulagens incorretas e a velocidade inadequada de deslocamento da

colhedora são responsáveis por elevados índices de perdas de grãos. A minimização de perdas na colheita para um patamar aceitável pode ser obtida por meio da eficiente regulagem das máquinas, do treinamento adequado dos operadores, da adequada manutenção das colhedoras, da escolha da correta velocidade de trabalho e da operação da colheita no momento adequado. As colhedoras semi-montadas de milho são conhecidas desde muito tempo e já não são utilizadas em países mais desenvolvidos e em grandes propriedades. No entanto, em sistemas de produção em menor escala, como em propriedades pequenas e médias em várias regiões

Figura 1 – Vista lateral do reservatório de palha da colhedora C2 com detalhes do direcionador de fluxo e das ampliações para a colhedora C1 e C2


“A produtividade da cultura está condicionada a diversos fatores e mesmo com os tratos culturais sendo realizados de acordo, pode sofrer redução significativa se a colheita e transporte forem mal conduzidos” Figura 2 – Perdas de grãos como função da velocidade de deslocamento e do grau de umidade dos grãos, na plataforma (a), separação e limpeza (b) e trilha (c) Colhedora de uma fileira (C 1)

Colhedora de duas fileiras (C 2) Plataforma (a)

Separação e limpeza (b)

Trilha (c)

do país e em condições semelhantes pela América Latina e outras regiões do mundo, essas máquinas ainda têm vida longa. No nosso meio sempre estiveram associadas a elevadas perdas, embora sejam escassos os estudos e avaliações criteriosas nesse sentido. Em se tratando de testes e avaliação de desempenho de colhedoras, existem procedimentos bem estabelecidos para colhedoras autopropelidas. A capacidade de processamentos dessas máquinas é vinculada a um limite de perdas, normalmente pré-estabelecido. As perdas são crescentes com o aumento da taxa de alimentação. Com adaptações pode-se utilizar esse conceito também na caracterização de colhedoras semi-montadas. Foi assim que se desenvolveu um trabalho nesse sentido envolvendo colhedoras semi-montadas de milho, de uma e duas fileiras, para avaliar o desempenho quanto aos aspectos de perdas quantitativas e qualitativas.

Por não existirem normas específicas para testes de colhedora semi-montada, foi adotada como referência a norma NBR 9740 (ABNT, 1987), adaptando-a às condições das colhedoras ensaiadas. Foram utilizadas duas colhedoras Jumil semi-montadas, com sistema de fluxo axial, posicionadas lateralmente em relação ao trator, para uma fileira de plantas (modelo JM – 350) – C1 - e para duas fileiras de plantas (modelo JM – 380) – C2. O trabalho foi recentemente publicado (LIMA, C.M.; MOLIN, J.P.; ARAÚJO, J.C. e DEL PINO, M.A.I.T. Desempenho de colhedoras semimontadas para a colheita direta de milho. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.28, n.4, p.720-729, out./dez. 2008) e é parte da dissertação do primeiro autor. O transporte e acionamento da colhedora C1 foi realizado por um trator Massey Fergusson, modelo MF 275 com Tração Dianteira Auxiliar (TDA), equipado com motor diesel de 56,0 kW de potência. Para a colhedora C2 uti-

lizou-se de um trator Massey Fergusson, MF 283 TDA, com 63,3 kW de potência. Os experimentos foram realizados na Fazenda Experimental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas, Campus Inconfidentes(MG). Foi utilizado um milho híbrido triplo de ciclo superprecoce (DEKALB 455). A semeadura foi realizada em novembro de 2005, no sistema convencional, em uma área de aproximadamente 3 ha, com população final esperada de 55.000 plantas ha, com espaçamento entre fileiras de 0,8 m, com produtividade média de 8.000 kg/ha. Inicialmente as colhedoras foram reguladas por engenheiros da fábrica, designados para acompanhar os testes. As colheitas foram realizadas nos dias 19 e 24 de abril de 2006, a partir do monitoramento do grau de umidade dos grãos na lavoura, respectivamente de 22 e 16%. Foram coletados a palha e os grãos de milho processados pelas colhedo-

Abril 09 • 07


Unesp

Colhedora com um direcionador de fluxo, adaptado entre a saída de palha da colhedora e o reservatório, a fim de evitar estrangulamento e danos

ras, além da coleta manual das espigas que não entraram na máquina. Para facilitar o recolhimento do material foi desenvolvido um sistema que permitiu coletar toda a palha proveniente da saída da colhedora, que consistiu em um reservatório que foi instalado na sua lateral, com dimensões que comportaram e armazenaram um volume de palha correspondente à parcela. Também foi desenvolvido um direcionador de fluxo, fazendo a conexão entre a saída de palha da colhedora e o reservatório, com dimensões que não causavam o estrangulamento do mesmo e não interferiram no processamento (Figura 1). Este mecanismo facilitou a operação de coleta nas parcelas e o descarte nas bordaduras. O reservatório foi revestido com chapa metálica lisa com os cantos arredondados na sua parte infe-

rior e telado na parte superior para permitir a saída do ar. O reservatório de palhas para a colhedora C2 foi ampliado em função da quantidade de massa ser o dobro daquela produzida pela colhedora C1. A ampliação consistiu em um alongamento do reservatório utilizando um saco telado colocado no final do sistema. Antes de iniciar a colheita, uma equipe percorreu as parcelas para coletar as espigas caídas e de plantas tombadas, atribuindo esta a perdas de pré-colheita. Após a passagem da colhedora, as parcelas foram novamente percorridas para coletar as espigas caídas no chão. Já grãos caídos foram mensurados por amostragem com o auxilio de uma armação retangular na largura das plataformas. Dos grãos colhidos foram avaliadas as impurezas, grau de umidade, danos mecânicos e

falhas na germinação. A palha proveniente da colheita de cada parcela foi pesada e abanada manualmente utilizando peneiras. Os grãos presos aos sabugos também foram debulhados manualmente, determinando assim as perdas de trilha, separação e limpeza. Os danos aos grãos foram avaliados a partir de amostras em laboratório. Seguiu-se então o teste de germinação e de impurezas. O experimento foi realizado com três velocidades de deslocamento com as marchas primeira reduzida, segunda reduzida e terceira reduzida, resultando nas velocidades de 0,53 m/s, 0,77 m/s e 1,42 m/s no trator modelo MF 275 e 0,59 m/s, 0,85m/s e 1,52 m/s no trator modelo MF 283, mantendo-se a rotação da TDP em 540 rpm.

RESULTADOS As perdas de plataforma foram mínimas (Figura 2). Observou-se que a colhedora C1 não apresentou esse tipo de perdas, enquanto a colhedora C2 demonstrou maiores perdas quando a colheita foi realizada com maior umidade dos grãos (22 %) na maior velocidade (1,52 m/s). Na colheita realizada com grãos menos úmidos (16%) houve o inverso em relação à velocidade de deslocamento.

Figura 3 – Perdas como função da velocidade de deslocamento e do grau de umidade dos grãos, na separação e limpeza mais trilha (a) e perdas totais (b) Colhedora de uma fileira (C 1)

Colhedora de duas fileiras (C 2) Separação e limpeza mais trilha (a)

Perdas totais (b)

08 • Abril 09


“Estas colhedoras apresentam como pontos positivos o baixo custo de aquisição e de manutenção se comparado com as automotrizes, são adequada para pequenas e médias propriedades ” propriedades”

Figura 4 – Indicadores de qualidade como função da velocidade de deslocamento e do grau de umidade dos grãos: impureza nos grãos (a); danos mecânicos (b) e falhas na germinação (c) Colhedora de uma fileira (C 1)

Colhedora de duas fileiras (C 2) Impureza nos grãos (a)

Danos mecânicos nos grãos (b)

Falhas na germinação (c)


Fotos Unesp

Com relação às perdas nos sistemas de separação e limpeza, os diferentes graus de umidade dos grãos e as velocidades de deslocamento ensaiadas não apresentaram diferenças expressivas para a colhedora C1. Contudo, para a colhedora C2 foi observado que o aumento da velocidade de deslocamento promoveu redução dessas perdas. A colhedora C1, com grãos menos úmidos (16%) não apresentou perdas expressivas na trilha. Contudo, com o milho mais úmido (22%) e na maior velocidade de deslocamento (1,42 m/s) foram observadas as maiores perdas. A colhedora C2 apresentou tendências semelhantes, porém com valores maiores. Quanto ao total de perdas, na colhedora C1 os valores observados foram pouco acima 2 % nas velocidades baixa e alta e um tanto menores na velocidade intermediária, para grãos mais úmidos, enquanto que para grãos menos úmidos as perdas totais mantiveram-se praticamente constantes, em torno de 1% (Figura 3). Com a colhedora C2 foram verificadas diferenças expressivas nas perdas totais de grãos quando comparadas as condições de trabalho, porém os valores foram bastante elevados se comparados a aqueles da colhedora C1. As perdas caíram sensivelmente com os aumentos na velocidade de trabalho nas duas condições de umidade de grãos e o melhor desempenho foi obtido com a maior velocidade de deslocamento e com os grãos menos úmidos. Com os grãos mais úmidos (22%), as perdas foram maiores do que 2 % em todas as velocidades de deslocamento. A colhedora C1 apresentou uma maior porcentagem de impurezas com grãos mais úmidos na medida em que a velocidade de trabalho foi aumentada; o mesmo não ocorreu com os grãos menos úmidos (Figura 4). A colhedora C2 não apresentou diferenças expressivas nas condições de trabalho, porém apresentou melhor desempenho do que a colhedora C1. Quan-

Funcionários da empresa fizeram todas as regulagens necessárias para calibrar a colhedora da melhor maneira possível

Equipe de campo fazendo coleta da palha para verificar as perdas no sistema de trilha

to aos danos mecânicos, ambas as colhedoras não apresentaram diferenças expressivas entre as condições de trabalho. Para a colhedora C1, as falhas na germinação dos grãos de milho ocorreram de forma crescente com as velocidades de trabalho para grãos menos úmidos e de forma decrescente para grãos mais úmidos. Na colhedora C2 não se observam tendências. Os testes realizados comprovado o fato de que o aumento da velocidade de colheita, nos limites testados, é benéfico em relação à diminuição de perdas, diferentemente do que era esperado, com base no comportamento comum entre as colhedoras autopropelidas. Em contrapartida, com o aumento da velocidade de colheita, cresceram as porcentagens de impurezas nos grãos, para ambos os graus de umidade dos grãos, confirmando o efeito de ausência de um sistema integral de limpeza nas máquinas testadas. Os graus de umidade, também proporcionaram níveis diferentes de perdas; com 16 %, obtiveram-se resultados mais satisfatórios do que com 22 %. Ambas as colhedoras não apresentaram perdas na plataforma, relacionando este fato às boas condições da lavoura, como a ausência de acamamento de plantas e baixa declividade do terreno. O baixo índice de perdas na trilha obtido no teste com-

prova a eficiência na debulha das colhedoras, ambas com trilha de fluxo axial. A colhedora de uma fileira apresentou maior eficiência no quesito perdas totais. Já nos indicadores de qualidade, impureza nos grãos, danos mecânicos e falhas na germinação, a colhedora de duas fileiras foi a mais eficiente. O desempenho das colhedoras foi satisfatório nas velocidades de deslocamento e graus de umidades testadas. Observa-se, com base nos resultados apresentados, que no grau de umidade de 16 % é possível executar a colheita com velocidades de deslocamento superiores às testadas, ampliando a capacidade operacional das mesmas, tendo como principal fator limitante a ocorrência de embuchamentos. Além disso, outros desafios são esperados como a trafegabilidade relacionada com a declividade da área e os elevados intervalos na escala de velocidade de deslocamento dos tratores. Os resultados obtidos foram com regulagens especificas para as condições do teste, executadas pelo fabricante. Para outras condições de declividade, umidade dos grãos, variedades, produtividade, sugere-se regulagens específicas, sempre buscando a maior eficiência e produtividade da colhedora. Estas colhedoras apresentam como pontos positivos o baixo custo de aquisição e de manutenção se comparado com as automotrizes, são adequada para pequenas e médias propriedades, apresentam pouca complexidade e poucas regulagens, a fonte de potência (o trator) pode executar outras tarefas na propriedade e operaram em declividades maiores que as automotrizes e com níveis aceitáveis de perdas. Como pontos negativos destacam-se a sua baixa capacidade operacional e as limitações de percurso por estarem sempre do .M mesmo lado do trator. José Paulo Molin, USP/Esalq Carlos Magno de Lima João Célio de Araújo Miguel Angel Isaac T. del Pino, Ifect Sul de Minas

10 • Abril 09


gotejamento

Água uniforme Estabelecer uma determinada vazão de água e conseguir mantê-la constante é um fator importante na irrigação localizada. Mas, para isso, é necessário tomar cuidados básicos e fazer alguns cálculos

mento é, sem dúvida, uma das principais causas dos problemas relacionados à má distribuição de nutrientes e de água pelo sistema. Este presente trabalho foi realizado com a finalidade de somar conhecimentos ao grandioso e valioso tema (manejo de fertirrigação), fornecendo informações, que foram moldadas da forma mais simples possível, para um melhor entendimento do presente tema, revelando os principais parâmetros que devem ser considerados na uniformidade de aplicação de água e nutrientes pelo sistema de irrigação.

INTERFERÊNCIA NA UNIFORMIDADE DE APLICAÇÃO DE ÁGUA E NUTRIENTES Alguns fatores podem interferir na uniformidade da aplicação de água ou nutrientes na irrigação localizada. Entupimento dos emissores Segundo Resende (1999), na irrigação por gotejamento, o problema mais comumente encontrado em campo é o entupimento parcial ou completo dos emissores, apresentando o inconveniente adicional de não ser perceptível visualmente, dificultando a resolução do problema. Este aspecto ressalta a grande importância de avaliações periódicas no sistema, principalmente se a água de irrigação for de baixa qualidade ou o fertilizante utilizado apresentar impurezas. Em se tratando de impurezas, o fertilizante empregado na fertirrigação deverá ser

A

irrigação vem ganhando cada vez mais espaço no cenário agrícola bra sileiro e mundial. De forma unânime, tem-se dado preferência ao sistema de irrigação localizada, entre outros motivos, pela economia de água, mas também pela facilidade de aplicação de nutrientes via sistema de irrigação, ou seja, fertirrigação. O conhecimento do desempenho do sistema de irrigação localizada é de fundamental importância, principalmen-

te na utilização da técnica de fertirrigação. A uniformidade de emissão de água pelo sistema de irrigação é uma informação importante, tanto na fase de projeto, como no acompanhamento do desempenho após a implantação. Em geral, os produtores não dispõem de tempo e informações necessárias para avaliar os equipamentos de irrigação, que são utilizados durante anos sem que haja revisão ou reposição das peças danificadas. Este comporta-

Conhecer o desempenho do sistema de irrigação localizada é fundamental, principalmente na utilização da técnica de fertirrigação

Abril 09 • 11


Fatores com entupimento dos emissores, reguladores de pressão com defeito e sistemas de filtragem mal dimensionados, pode interferir na uniformidade da aplicação

o mais concentrado possível, ou seja, a diluição no tanque de misturas deve ser bem precisa de modo a não haver elevada quantidade de resíduos no tanque de mistura, evitando, assim, o entupimento dos emissores pela entrada destes resíduos no sistema de irrigação. Reguladores de pressão com defeito Muitas vezes os produtores não dão atenção especial aos reguladores de pressão, visto que estes podem apresentar vida útil reduzida. Estes aparelhos permitem a aferição da pressão no sistema e devem ser instalados nos pontos onde o controle de pressão é fundamental, ou seja, saídas de bombas, cabeçais de controle, início de linhas alimentadoras do sistema. Portanto, se os reguladores apresentam defeito e não são substituídos, os emissores podem estar trabalhando fora da faixa ideal de pressão fornecida pelo fabricante, reduzindo drasticamente sua uniformidade (Salomão, 2008). Mesmo com o avanço da tecnologia em equipamentos de irrigação, como no desenvolvimento de emissores autocompensantes, a aferição de pressão ao longo da linha lateral continua sendo de grande importância, visto que mesmo os emissores autocompensados que trabalham em uma ampla faixa de pressão e manEquação 1 - Determinação do tempo de fertirrigação

Em que: Tf: Tempo de fertirrigação; H: Tempo para estabilização do sistema; Ti: Tempo de operação do injetor de fertilizante; C: Tempo para a concentração alcançar o extremo do sistema; TL: Tempo necessário para a lavagem do sistema.

12 • Abril 09

têm a vazão praticamente constate necessitam de avaliação e que pressões abaixo ou acima da recomendada pelo fabricante podem resultar em grandes problemas na distribuição de água e nutrientes pelo sistema de irrigação. Sistemas de filtragem mal dimensionados É importante que os sistemas de filtragem da água de irrigação estejam bem dimensionados, normalmente o seu dimensionamento é em função da qualidade da água de irrigação e vazão utilizada no sistema de irrigação. Segundo Keller & Bliesner (1990), no dimensionamento do sistema de filtragem, um dos parâmetros levados em consideração é não permitir a passagem de partículas com diâmetros maiores que 1/10 e 1/15 ao do orifício do emissor, para gotejadores e microaspersores, respectivamente. Tempo de fertirrigação x uniformidade de distribuição dos nutrientes Para o êxito na aplicação de nutrientes via água de irrigação e necessário que o tempo de fertirrigação seja determinado e respeitado, garantindo, assim, a distribuição uniforme da solução nutritiva para as plantas. O tempo para estabilização do sistema é o tempo necessário que a água gasta para percorrer todo o setor de irrigação até o ponto mais distante, ou seja, começa no acionamento do sistema de bombeamento e termina quando a água chegar ao extremo do sistema, ocorrendo assim a estabilização da carga hidráulica. O segundo tempo é o de operação do injetor de fer-

tilizante, sendo o tempo gasto para que toda concentração seja injetada no sistema de irrigação. De fundamental importância, vem o tempo de lavagem do sistema de irrigação após a injeção de fertilizantes, para garantir a uniformidade de aplicação dos nutrientes via água de irrigação, o tempo de lavagem, deverá ser o dobro do tempo de operação do injetor de fertilizante. Com o auxílio de um condutivímetro portátil de fácil acessibilidade, devido ser um instrumento simples e barato, o tempo de fertirrigação poderá ser determinado com precisão satisfatória pela seguinte equação 1. Sampaio et al, (1997), constataram que no início da fertirrigação as concentrações de fertilizantes foram maiores nos primeiros emissores, o que se atribui ao tempo que a solução nutritiva gasta para chegar aos emissores finais e estabilizar a concentração. Assim, na fertirrigação, a uniformidade de distribuição do nutriente é diretamente proporcional ao tempo de injeção e lavagem do sistema após a fertirrigação. A importância do tempo de fertirrigação em relação à uniformidade de distribuição de fertilizantes pode ser observada na Tabela 1, nesta, a uniformidade foi determinada em uma linha lateral de 150m, com emissores instalados a intervalos de 1,5m, sendo que o tempo necessário para a água ou solução percorrer toda a tubulação foi de 25 minutos.

DETERMINAÇÃO DA UNIFORMIDADE Para determinar a uniformidade de aplicação de água é necessário medir a vazão dos gotejadores ao longo das linhas laterais com o auxílio de uma proveta graduada e um cronômetro. É de fundamental importância que os gotejadores estejam trabalhando dentro da faixa de pressão determinada pelo fabricante, para isto, medidores de pressão devem ser instalados para conferência de pressão. A vazão pode ser determinada pela equação 2. Equação 3 - Determinação da vazão de água aplicada

Equação 2 - Determinação da vazão

Em que: Q: Vazão em L.h-1; V: Volume coletado em ml; T: Tempo de coleta em min.

Em que: UE: Uniformidade de emissão, em percentagem; q 25%: Média de 25% dos menores valores de vazão observados, em L.h-1; q: Média de todos os valores de vazão observados, em L.h-1.


“A procura por um sistema estabilizador bem dimensionado e um bom sistema de desarme de barra se torna indispensável” Figura 1 - Esquema da metodologia de determinação da uniformidade em gotejamento (adaptado de Silva et al, 2005)

TABELA 1 - Tempo de injeção e lavagem Tempo de injeção (min) 50 50 25 25 13 13

Tempo de lavagem (min) 50 0 25 0 25 0

Uniformidade, % 100 25 95 11 81 7

TABELA 2 - Critérios para classificação de UE

Várias metodologias podem ser empregadas na determinação da uniformidade, por conveniência será ilustrada a metodologia de Denículi et al, (1980). Os autores sugeriram a coleta de vazão em oito gotejadores ao longo da linha lateral, ou seja, do primeiro gotejador, dos gotejadores situados a 1/7, 2/7, 3/7, 4/7, 5/7, 6/ 7 e do último gotejador. Em uma linha lateral de 50m, as coletas seriam feitas no primeiro gotejador, nos gotejadores situados a 7m, 14m, 21m, 28m, 35m, 42m e último gotejador. As linhas laterais selecionadas, ao longo da linha de derivação, devem ser a primeira, as situadas a 1/3, 2/3 e a última linha lateral (Figura 1).

A uniformidade de aplicação de água é dada pela divisão entre a média de 25% das menores vazões pela média de todas as vazões observadas, e pode ser determinada pela equação 3. Na Tabela 2 é possível observar os critérios para classificação dos valores de UE.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Não se deve irrigar pelo simples prazer de dizer que está praticando agricultura irrigada, mas sim com o objetivo de aumentar o lucro, obter maior produtividade e qualidade, por isso a uniformidade de distribuição da água de irrigação é fator de fundamental importância e

UE 90% ou maior 80% a 90% 70% a 80% Menor que 70%

Classificação Excelente Bom Regular Ruim

(adaptado de Bralts 1986).

não deve ser negligenciada, sendo que um sistema de irrigação desuniforme na aplicação de água nunca será uniforme na aplicação de fertilizantes e, portanto, os danos podem ser ainda mais drásticos em relação ao uso da técnica de fertirrigação. Leandro Caixeta Salomão, Thais Regina de Sousa e Roberto Lyra Villas Bôas, FCA/Unesp


perdas

Fotos Unesp

Grão a grão Avaliação conduzida com colhedoras axiais em Minas Gerais mostra fatores que contribuem para aumento e diminuição das perdas na colheita de soja

A

produção de soja no Brasil tem aumentado acentuadamente nos últimos anos, tanto pelo crescimento do consumo na alimentação humana quanto animal, em todo o mundo. No entanto, apesar das tecnologias modernas utilizadas durante as etapas de produção, a colheita ainda apresenta índices de perdas praticamente inalteráveis. Durante o processo de colheita, é normal que ocorram algumas perdas, porém é necessário que estas sejam sempre reduzidas a níveis aceitáveis para que o lucro do produtor seja maior. A operação de colheita realizada de forma inadequada é uma das responsáveis pelos danos causados às sementes e o conhecimento do tipo de perdas e de onde elas ocorrem é indispensável para que se possa adotar regulagens menos prejudiciais às sementes. Além das perdas quantitativas, existem as qualitativas, que correspondem aos danos mecânicos, compreendendo alta taxa de sementes quebradas, trincadas e/ou rachadas, além da redução na germinação e vigor das sementes. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de quantificar e qualificar as perdas na colheita mecanizada da soja, comparando os sistemas de trilha axial e tangencial, em função de três velocidades de deslocamento e duas rotações de trabalho do cilindro de trilha. As avaliações foram realizadas em propriedades produtoras de sementes de

14 • Abril 09

soja, variedade M-Soy 8001, no município de Uberlândia (MG), sendo utilizados três modelos de colhedoras axiais (Tabela 1).

AVALIAÇÕES REALIZADAS

As perdas qualitativas foram determinadas apenas para a análise, por se tratar da área de colheita de sementes. Durante a colheita, pequenas amostras (2,0kg) de sementes foram coletadas na saída do elevador de descarga dentro do tanque graneleiro. Após a coleta foram realizados testes para a determinação de sementes quebradas, germinação, velocidade de germinação, emergência e de tretazólio, visando diagnosticar o vigor, a viabilidade e os danos causados pelo mecanismo de trilha da colhedora.

Durante a colheita foram mantidas constantes: a rotação do molinete em 28rpm, a posição dos dedos do molinete (90° a 95°), a altura do caracol ao fundo da barra (0,01m), a abertura de saída entre o côncavo e o cilindro 1,5 x 10-2m, a abertura da peneira superior 1,5 x 10-2m e da inferior 1 x 10-2m e a rotação do ventilador 1.115rpm. A avaliação das perdas de grãos foi realiRESULTADOS zada por meio de determinações no campo, Numa das análises foram comparadas as utilizando-se uma armação retangular com perdas utilizando-se a mesma máquina (M1), área de 2,0m2, colocada transversalmente às com velocidades e rotações diferentes. As perfileiras de semeadura. Após a coleta, os grãos das de sementes soltas e totais foram ligeiraforam separados e pesados, obtendo-se a mente superiores às maiores velocidades e romassa dos grãos perdidos em kg/ha. As per- tações de trabalho do cilindro de trilha. As das foram determinadas antes do início da análises estatísticas para os testes de vigor, colheita (perdas naturais), colocando-se a ar- impurezas, bandinha, emergência em areia e mação em áreas não colhidas e após a passa- índice de velocidade de germinação, não apregem da colhedora (perdas totais). As perdas sentaram diferenças estatísticas para os fatode cada máquina foram obtidas por meio da res velocidade e rotação, bem como para a diferença entre as perdas totais e naturais. Para a obtenção dos valores da rotaTabela 1 - Colhedoras utilizadas ção e velocidade de deslocamento, acompanhou-se o operador num percurso Colhedora Sistema Ano Potência Largura da Capacidade de trilha (kw) (cv) plataforma (m) graneleiro (l) equivalente ao comprimento do talhão M1 Axial 2000 188 240 6,0 6.300 durante a colheita, anotando-se na plaM2 Axial 1998 209 284 6,0 7.400 nilha as leituras realizadas no painel das M3 Axial 2003 209 284 7,6 7.400 máquinas.


“O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de quantificar e qualificar as perdas na colheita mecanizada da soja, comparando os sistemas de trilha axial e tangencial ” tangencial”

interação entre eles (Tabela 2). Como a variação de velocidades de 3,5 a 5,5km/h e rotações de trabalho do cilindro trilhador de 400rpm a 500rpm encontravamse em faixa adequada para a trilha de soja, não causaram danos significativos. De acordo com a bibliografia, rotações do cilindro de trilha superior a 500rpm tornam-se prejudiciais à qualidade das sementes, e velocidades de operação na faixa de 4,0 a 5,0km/h resultam em menores índices de perdas na colheita e consequentemente, em menores danos mecânicos. O aumento da rotação de 400rpm para 500rpm proporcionou maior porcentagem de sementes quebradas. Segundo argumentos de Costa et al, (2002), a colheita realizada com maiores rotações do cilindro de trilha resulta em níveis mais acentuados de danos mecânicos, sementes quebradas e ruptura de tegumento, principalmente quando associado a maiores índices de deterioração por umidade, lesões por percevejos e teor de água das sementes/grãos no momento da colheita. As porcentagens de sementes quebradas foram baixas para todos os fatores estudados. Tal fato deve-se ao maior período de tempo que o material permanece na seção de trilha, bem como devido a esta não ser tão agressiva quanto a do sistema tangencial. Portanto, máquinas dotadas com este tipo de mecanismo são indicadas para a colheita de sementes ou grãos mais sensíveis a danificações mecânicas.

Tabela 2 - Porcentagem de sementes quebradas, tetrazólio (TZ 1-3), impurezas, bandinha, emergência (E) em areia e análise do índice de velocidade de germinação (IVG) de semente de soja colhida sob sistema de trilha axial Tratamento

Semente quebradas

Vigor[Tz (1-3)]

Impureza

V1 V2 V3

6,8 a 8,5 a 7,9 a

92,3 a 82,3 a 92,6 a

% Velocidade (V) 6,0 a 7,1 a 6,0 a

R1 R2

6,8 b 8,7 a

87,7 a 91,1 a

Rotação (R) 7,3 a 5,5 a

atribuído ao maior tempo de uso da colhedora em velocidade menor ou até mesmo pela diferença de idade de utilização, pois, segundo Silva et al, (2004) as máquinas mais novas (com idade até cinco anos) tendem a apresentar menores valores de perdas quando comparadas com colhedoras com mais de seis anos de idade. Diante da avaliação realizada constatouse que a velocidade de deslocamento e a rotação do cilindro não influenciaram as perdas de sementes. As combinações de velocidade de operação e rotações do cilindro de trilha não afetaram as variáveis vigor, impurezas, bandinha, emergência em areia e índice de velocidade de germinação. O aumento da rotação do sistema de trilha axial de 400rpm para 500rpm ocasionou o aumento de sementes quebradas. Não ocorreu diferença significativa entre as máquinas axiais nas diferentes veloci-

Bandinha

E

IVG

10,5 a 11,8 a 11,1 a

47,0 a 73,9 a 75,0 a

11,6 a 10,9 a 11,1 a

10,2 a 12,2 a

67,3 a 64,1 a

11,3 a 11,1 a

Tabela 3 - Desdobramento da interação M x V para as perdas totais Máquinas M2 (Axial - 1998) M3 (Axial - 2003)

Velocidade V1 (3,5km h-1) V2 (4,5km h-1) 1,9 A a 1,5 B a 1,1 A b 1,3 A a

Médias seguidas de mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5% de probabilidade.

dades para as perdas de grãos soltos e grãos na vagem. A colhedora axial apresentou menores perdas de grãos soltos e maiores perdas de grãos na vagem. As colhedoras mais novas apresentaram menores perdas que as .M mais antigas. Edvaldo Pereira dos santos, Rouverson Pereira da Silva e Rafael Henrique de F. Noronha, Unesp/Jaboticabal

MÁQUINAS E VELOCIDADES DIFERENTES Na análise seguinte, utilizando a mesma rotação, mas com velocidade e máquinas diferentes, verificou-se que, para a colhedora M2 (Axial – 1998) foram encontradas maiores perdas totais (Tabela 3), o que pode ser Equipe da Unesp Jaboticabal, que realizou o ensaio de perdas na colheita no município de Uberlândia (MG)

Figura 1 - Perdas de sementes soltas, sementes na vagem e totais, em função: a) da velocidade de deslocamento; b) da rotação do cilindro de trilha

Abril 09 • 15


semeadora SDM Select

SDM Select

Com leveza e grande autonomia, a nova semeadora da Kuhn agrega versatilidade e alto desempenho em diferentes tipos de solos e culturas

A

nova semeadora múltipla da Kuhn do Brasil, SDM Select, foi lançada recentemente com o objetivo de atender tratores de baixa e média potência (entre 65cv e 110cv). Sua funcionalidade é destacada pela versatilidade e facilidade de manuseio, possuindo um conjunto de soluções incorporadas, encontradas atualmente somente em semeadoras de maior porte. A SDM Select sai configurada de fábrica com cabeçalho móvel, que facilita a troca de espaçamentos entrelinhas, e recâmbio de engrenagens nas transmissões de adubo e semente, que permite uma troca rápida nas dosagens sem a necessidade de utilização de ferramentas. Suas linhas de plantio, com grande poder de corte e cobertura do sulco, acompanham com precisão o terreno e contribuem para uma germinação homogênea. Para o melhor aproveitamento de tempo e área, possui dois suportes de semeadura, um dianteiro e um traseiro, sendo o traseiro móvel, possibilitando a montagem de diferentes configurações de linha. Além disso, o sistema apresenta a possibilidade de intercalar as linhas, permitindo o trabalho com o dobro de espaçamentos disponíveis. A semeadora ainda agrega boa relação peso x capacidade de carga, ge-

16 • Abril 09

rando uma maior autonomia e aproveitamento das janelas de plantio, cada vez mais curtas. A versatilidade da SDM Select pode ser avaliada através da mudança de configuração da versão grãos finos (culturas de inverno) para grãos grossos (culturas de verão). A facilidade da troca permite a modificação da configuração de maneira simples, onde se necessita somente da colocação das linhas de adubo e do kit transmissão grãos grossos, não necessitando a troca de linhas de semente, fato ocorrido hoje com as semeadoras normais. A máquina possui dois modelos básicos: 2211/13 (configurada com 11 ou 13 linhas) e 2215/17 (configurada com 15 ou 17 linhas). Os modelos permitem diferentes tipos de espaçamento, que variam de 12,5 a 90 centímetros, englobando os diferentes tipos de plantio, tanto para culturas de inverno como de verão.

LINHAS DE PLANTIO A semeadora SDM Select traz, em sua concepção do conjunto chassi/linhas de plantio, a possibilidade de defasagem das linhas, facilitando o fluxo de palha durante o plantio.

Os condutores de semente e adubo foram construídos para evitar o conhecido repique dentro do condutor

Além disso, apresenta grande capacidade de corte devido à construção dos elementos de semeadura, bem como discos e condutores de adubo e semente. Apresenta uma boa flutuação de linha, pois apresenta um conjunto de sistema pantográfico e mola acompanhando todas as imperfeições do solo com a mesma força de corte. Os condutores de semente e adubo foram construídos sob a forma que une velocidade de plantio com flutuação de linha de maneira que venha a evitar o conhecido “repique da semente dentro do condutor”, fazendo com que a distância entre as plantas seja uniforme. As articulações dos pantógrafos possuem um sistema de engraxamento permanente, evitando o atrito das articulações, prolongando a vida útil deste sistema. As garras da linha possuem uma construção que eleva os suportes de semeadura, facilitando a passagem de palha, terra e obstáculos embaixo da


“Suas linhas de plantio, com grande poder de corte e cobertura do sulco sulco,, acompanham com precisão o terreno e contribuem para uma germinação homogênea” Fotos Kuhn

A disposição dos discos e o ângulo de ataque das linhas de plantio aumentam o poder de corte

máquina. O poder de corte da máquina aumenta sensivelmente devido ao ângulo de ataque, ou seja, como a disposição dos discos de corte chega ao solo, onde com uma baixa carga de mola se consegue um bom poder de corte. A linha possui um conjunto de limpadores internos, permitindo o plantio sem problemas em diferentes níveis de umidade e textura do solo, contribuindo para a limpeza permanente dos discos. Possui também uma predisposição para montagens de diferentes tipos de conjuntos de limitadores de profundidade e compactadores de solo.

RESERVATÓRIO Para aproveitar o tempo de plantio, a máquina necessita ter uma grande capacidade de adubo e fertilizante. A SDM Select atende a esta característica através de reservatórios em fibra de vidro, que evita problemas de corrosão, contribuindo para uma maior durabilidade. Pelo fato do reservatório ser em fibra de vidro, este pode ser recuperado em caso de avari-

Os reservatórios de sementes e adubo são construídos em fibra de vidro e possuem tampas com sistema pantográfico, que possibilitam a sua abertura com pequeno movimento

as ou desgastes. Também apresenta boa resistência ao impacto. A construção do reservatório é composta de diversos ângulos de queda de adubo e semente, permitindo que se apresente completamente vazia ao término de produto dentro da mesma, evitando com que permaneça restos de adubo e semente, evitando também que fique uma pessoa sobre a máquina observando se está caindo semente ou não. O reservatório possui também uma defasagem entre os distribuidores de adubo e semente, fazendo com que a manutenção de um distribuidor seja feita de maneira rápida e eficiente, visto que há um bom espaço para o trabalho com os mesmos. A disposição dos distribuidores de semente e adubo permite um alinhamento com os elementos de corte, fazendo com que em diferentes ondulações e posições de linha a distribuição

seja feita de maneira uniforme e sem falhas. Possui também tampas com sistema pantográfico de abertura, onde através de um pequeno movimento obtém-se uma maior abertura da tampa, facilitando o abastecimento de adubo e semente, tanto com sacos de 60kg como com bags. O reservatório é subdividido por uma divisória em fibra que permite uma adequação dos diferentes volumes de adubo e semente solicitados no campo em conformidade com as diferentes dosagens utilizadas.

RODADOS A SDM Select apresenta um conjunto de rodados com uma excelente flutuação, fazendo com que em posição de transporte, a máquina consiga vencer obstáculos na estrada e, na lavoura, em posição de plantio, consiga pre-

Abril 09 • 17


solo através de um fuso regulador.

PLATAFORMA Além de ser resistente e possuir um bom espaço para trânsito, possui um sistema basculante permitindo a livre passagem do operador da máquina por entre as linhas, facilitando o trabalho e a manutenção das mesmas.

TRANSMISSÃO

Os rodados com pneus 700x16 ficam próximos ao chassi e são responsáveis pelos giros dos distribuidores

parar as linhas de plantio para o trabalho. Os conjuntos rodados possuem um conjunto de mola e articulador, fazendo com que no momento do plantio em desníveis o contato do pneu com o solo não seja prejudicado. Possuem pneus 700x16, dez lonas bem próximas ao chassi da máquina e consequentemente da primeira linha de plantio, fazendo com que em pequenas áreas haja total aproveitamento da mesma. Isso evita que as linhas de plantio sejam ocupadas pelo espaço do pneu. Cada conjunto rodado é responsável pelo engrenamento e giro dos distribuidores de metade da máquina, ou seja, há a possibilidade de se desligar a metade dos conjuntos dosadores através de um sistema mecânico instalado próximo ao rodado, facilitando os “arremates” em áreas menores.

CABEÇALHO A semeadora possui um sistema de cabeçalho móvel, permitindo que o tubo onde o mesmo vai preso esteja sempre com espaço disponível para serem colocadas linhas de plantio, fazendo com que diferentes espaçamentos possam ser configurados. Também possui um nivelador da máquina que, uma vez acoplada no trator, esta pode ser aproximada ou afastada do

A SDM Select possui sistema de cabeçalho móvel e nivelador para a aproximação ou afastamento do solo

18 • Abril 09

A transmissão é dotada de um sistema de catracas, fazendo com que em posição de transporte toda a transmissão seja desligada, incluindo os conjuntos dosadores, para que se evite paradas desnecessárias para desligamento dos mesmos. Possuindo este sistema de catracas, o plantio com metade dos distribuidores é facilitado, visto que este sistema trabalha simultaneamente a um conjunto mecânico junto aos rodados, onde o agricultor escolhe qual dos lados da máquina deseja desligar, evitando manobras desnecessárias na área de plantio, proporcionando melhor germinação. Este sistema também possui uma caixa de câmbio de engrenagens, onde através de um esticador, se possa estabelecer uma maior ou menor rotação no eixo de adubo e no eixo de sementes de grãos grossos, fazendo com que diferentes dosagens possam se adequadar à máquina. As engrenagens possuem em sua construção uma distância entre seus dentes, para que o engrenamento entre os dentes e a corrente ocorra de maneira suave e constante, evitando desperdícios ou falhas na distribuição. O sistema de transmissão é protegido por abrigos, tampas e carenagens, para que não ocorra o contato do operador com correntes e engrenagens quando a máquina estiver em movimento. A transmissão possui esticadores ao longo de todo o sistema, com o objetivo de manter as correntes sempre tensionadas e esticadas, impedindo possíveis quedas de corrente, bem com falhas na distribuição.

buição: um para distribuição de semente e outro para adubo. A distribuição de sementes finas (para plantio de inverno) é realizada através de um rotor acanalado helicoidal. O distribuidor encontra-se predisposto a trabalhar com sementes de diferentes tamanhos, pois o mesmo possui uma regulagem onde a passagem da semente seja maior ou menor. A variação de fluxo, ou seja, a saída de semente pode ser realizada através de um regulador volumétrico, que apresenta diferentes posições de acordo com a necessidade de semeadura recomendada. A distribuição de sementes grossas (para plantio de verão) é realizada através de um mecanismo denominado distribuição horizontal, onde possam ser adaptados discos com furações que variam de acordo com o tamanho da semente e quantidade de grãos por metro recomendada para o plantio. A distribuição de adubo é realizada através de dosadores conhecidos como rosca sem-fim, ou seja, uma mola que através do seu giro realiza a dosagem do adubo. Os passos são de ¾”, 1” e 2”. O distribuidor de adubo possui seu exterior em polímero e a rosca possui seu material em aço inoxidável para evitar a corrosão. Existe a possibilidade da chamada superdosagem, onde através da troca de engrenagens obtém-se o dobro de quantidade de fertilizante despejado no solo.

SULCADORES Os sulcadores, ou elementos rompedores do solo, estão disponíveis sob duas formas. Nos modelos predispostos para grãos finos existe o sistema de discos duplos defasados entre si, isto é, um disco maior que o outro. Neste caso 13 ½” e 14”, com um ângulo mínimo entre os mesmos com o objetivo de aumentar o poder de corte.

DISTRIBUIÇÃO A máquina possui dois sistemas de distri-

O sistema de plataforma basculante permite a livre passagem do operador da máquina por entre as linhas

Vista lateral da SDM Select, semeadora bastante compacta e ágil


“A SDM SELECT possui dois modelos que servem para as culturas de inverno e verão. O modelo 2211/13 e o modelo 2215/17” Fotos Kuhn

A máquina possui dois sistemas de distribuição: um para distribuição de semente e outro para adubo

Alavanca posicionada próxima aos rodados possibilita escolher qual dos lados da máquina deseja desligar

Nos modelos predispostos para grãos grossos, esta configuração também se encontra disponível, porém, mais um sistema é acrescentado para o corte do solo e deposição do adubo: o sistema de flutuação limitada. Dotado de um disco reto de 17” e um facão, este sistema, através do trabalho de molas, permite que o facão possa, além de romper o solo, vencer obstáculos e pedras existentes na lavoura, prevenindo paradas desnecessárias durante o plantio.

SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico é composto de dois cilindros de tamanho idêntico e também de uma válvula divisora de fluxo, que tem o objetivo de manter o sincronismo entre os rodados durante a transição das posições de plantio e transporte. Também, através deste sistema, exige-se uma menor vazão da bomba do trator,

Sistema de engrenagens para definição de espaçamentos e dosagens de sementes

tendo movimentos rápidos e precisos.

LIMITADORES DE PROFUNDIDADE Os limitadores de profundidade trabalham sob a forma de pantógrafo e balancim, tendo como finalidade absorver as imperfeições do terreno existentes entre as linhas. Possui duas bandas de rodagem de borracha, posicionadas uma em cada lado dos discos. Também possui uma regulagem de profundidade e uma regulagem angular, evitando acúmulo de terra e palha e o consequente travamento do conjunto.

COMPACTADORES Necessário para a versão de grãos grossos, o conjunto de compactadores é composto de duas rodas estreitas de borracha. Também possui uma regulagem angular e uma regulagem de

pressão de compactação, adaptando-se a diferentes tipos de solo. O conjunto compactador possui um movimento independente ao da linha, fazendo com que este permaneça sempre em contato com o solo, impedindo que fiquem sementes descobertas, bem como bolsões de ar ao redor da semente, facilitando sua germinação.

MODELOS A SDM Select possui dois modelos que servem para as culturas de inverno e verão. O modelo 2211/13 e o modelo 2215/17. A versão 2211/13 poderá ser configurada com 13 linhas com espaçamento de 17cm entrelinhas. Também podem ser montadas seis linhas de grãos grossos com espaçamento de 40cm entre as mesmas. A versão 2215/17 poderá ser configurada com 17 linhas com espaçamento de 17cm entrelinhas. Também podem ser montadas oito linhas de grãos grossos com espaçamento de 40cm entre as mesmas. Como opcionais, estão disponíveis a caixa de pastagem, que é montada junto ao reservatório de adubo, o contador de hectares mecânico ou eletrônico e os marcadores de .M linha acionados hidraulicamente.


Test Drive - Farmall 95

Farmall 95

Testamos o trator Farmall 95, o mais novo integrante da Case IH no Brasil, configurado para atuar em pequenas e médias propriedades, mas com a mesma tecnologia utilizada pelos gigantes da família

C

omo de costume, a revista Cultivar Máquinas realizou um test drive de mais uma novidade no setor de máquinas agrícolas. Estivemos na cidade de Passo Fundo, para a ótima oportunidade de testar e levar informações aos leitores sobre o trator Case IH modelo Farmall 95, que pretende aquecer ainda mais a disputa pelo mercado nacional de tratores de médio porte, na categoria de quatro cilindros turbo e aspirados. O Farmall 95 é um dos modelos da linha Farmall que integram a oferta de novidades da empresa Case IH para o ano de 2009 no Brasil. Os tratores desta linha foram apresentados no hall de lançamentos da Case IH durante o Show Rural Coopavel e, posteriormente, na Expodireto, reforçando a tendência de aumento das vendas, em âmbito nacional, de tratores destinados a pequenas propriedades rurais, contando com dois modelos: o Farmall 80, com motor aspirado de 80cv, e o Farmall 95, com motor também de quatro cilindros turboalimentado de 95cv.

20 • Abril 09

Nossa equipe foi recebida por representantes-técnicos da Meta, revenda exclusiva dos tratores Case IH para o estado do Rio Grande do Sul, e teve a oportunidade de contar com o apoio institucional, por meio de representantes do departamento de Marketing da fábrica. A Case IH foi comprada pelo Grupo Fiat, em 1999, e pela qualidade dos seus produtos, permaneceu viva como uma marca dentro do conglomerado de empresas formado pela CNH. Atualmente fabricados em Ankara, na Turquia, os tratores da linha Farmall registram um significativo histórico de comercialização em diversas partes do mundo. O mercado sul-americano é dividido em três regiões, Brasil (desde 2009), Argentina (desde 2008) e a divisão restante da América, que desde 2002 é mercado para estes tratores. No entanto, há mais de dez anos esta linha é utilizada por produtores de países europeus. É importante salientar que o trator chega ao país pronto para uso, desembarcando

no Porto de Santos (SP) e seguindo diretamente para a fábrica da Case IH. Aos interessados em adquirir algum trator desta linha, cabe ressaltar alguns esclarecimentos inerentes a formas de aquisição e suporte técnico. A Case IH possui atualmente 46 pontos de venda no país, dispondo de um estruturado plano de expansão de vendas. Tomando como exemplo, o Rio Grande do Sul deve receber mais duas filiais previstas para 2009, além da Meta, Passo Fundo, que está em pleno funcionamento. Tal plano de expansão ancora-se na atual conjuntura do mercado interno de tratores classificados como de pequeno e médio porte, que se encontra bastante aquecido e já responde por mais de 50% do volume de máquinas comercializadas no país. A empresa possui uma Central de Distribuição de Peças em Itu (SP), sendo que a cidade de Sorocaba, também opera como aporte comercial, com previsão de aumento das atividades nos anos seguintes. Os tratores da linha Farmall não podem fazer parte dos programas Mais Ali-


“O motor utilizado atende os requisitos de T ier II para emissão de poluentes, o que minimiza a poluição e diminui Tier os riscos inerentes ao trabalho e à saúde do operador e também colabora para redução dos impactos ambientais ” ambientais” Fotos Charles Echer

mentos e Finame, devido ao fato de serem importados, porém, a empresa disponibiliza uma linha de crédito com condições que se equivalem ao Finame, facilitando assim a aquisição destas máquinas, com financiamento direto do fabricante e do qual o comprador pode receber informação, diretamente nos revendedores autorizados. Há um

plano da empresa de crescimento e expansão de atendimento para o mercado abaixo de 130cv até o ano 2012.

TESTE O Farmall 95 que testamos é dotado de um motor Case IH diesel, de quatro cilindros, com 3,9 litros de volume, turbocompressor Garrett, bomba injetora rotativa Bosch, resultando em 95cv de potência, com uma reserva de torque de 33%. O outro modelo desta faixa de potência é o Farmall 80, que apresenta um motor com potência de 80cv, em regime de aspiração natural, com reserva de torque em 30%. Na Europa, além dos modelos que começam a ser vendidos aqui, também são fabricados os modelos Farmall 60 e 70, com motor de três cilindros, e o modelo Farmall 90, com motor quatro cilindros, também turbocompri-

Vistas frontal, lateral e traseira do Farmall 95, que apresenta design semelhante ao dos tratores maiores

mido. O motor utilizado atende aos requisitos de Tier II para emissão de poluentes, o que minimiza a poluição e diminui os riscos inerentes ao trabalho e à saúde do operador, colaborando também para redução dos impactos ambientais. Ainda mencionando as características do motor, merece destaque o projeto do cabeçote do cilindro no sistema cross flow visando uma redução no consumo de combustível. Neste sistema a entrada do fluxo de ar para o cilindro situa-se no lado oposto à saída dos gases de escape, o que melhora a eficiência da queima. O Farmall 95 pesa aproximadamente 4.550kg (com cabina) e 3.770kg (sem cabi-

Abril 09 • 21


Fotos Charles Echer

O eixo traseiro tem um sistema inovador de regulagem de altura do vão livre, com ajuste na carcaça do semieixo, já o eixo dianteiro é classe II

na) com distribuição de lastragem metálica traseira de 300kg (três pesos de 50kg cada por roda traseira) e lastragem dianteira pesando 458kg, formada por uma estrutura fixa pesando 88kg e que serve de suporte para seis pesos de 45kg cada, e mais uma estrutura de 100kg que serve como suporte, para que se possa tracionar o trator por outra máquina, em situações adversas. Os modelos da família Farmall que chegam ao Brasil estão dotados de pneus diagonais, nas medidas: traseiros são 18.4 - 30 e os dianteiros 13.6 – 24, sendo que a Case IH progressivamente apresentará os modelos Farmall com mais configurações de pneus. Estes tratores possuem eixo dianteiro marca CNH classe II, com transmissão central. Já o eixo traseiro apresenta um sistema inovador de regulagem da altura do

A caixa de fusíveis automotivos está posicionada dentro da cabine do trator, ao lado do assento, bastante acessível

22 • Abril 09

vão livre, por meio do movimento de ajuste da carcaça do semieixo das rodas traseiras à estrutura central da transmissão. A distância entre eixos é de 2.400 milímetros e no eixo dianteiro nota-se uma angulação de até 50 graus das rodas dianteiras, durante as manobras, o que provoca a diminuição do raio de giro para um mínimo de 4,1 metros. Operar este trator aparentou ser, para nós, uma tarefa agradável e segura, proporcionando uma economia de tempo e uma menor utilização de espaço, fatores essenciais para um aumento da capacidade operacional da máquina em condições de trabalho a campo. Os tratores da linha Farmall possuem transmissão sincronizada Syncromesh, dotada de quatro marchas e três grupos, proporcionando uma relação 12x12, uma vez que o sistema inversor Shuttle Command possibilita que as mesmas configurações de marcha possam ser utilizadas tanto à frente como à ré. No caso de haver necessidade de atender tarefas de velocidades excessivamente reduzidas, estes tratores podem vir dotados de creeper opcional, que possibilita uma super-redução da velocidade de trabalho, alcançando-se velocidades ao redor de 300 metros por hora, com uma relação de marchas 20x12. Assim, o Farmall 95 torna-se bastante versátil na realização de suas tarefas diárias, uma vez que assume funções que vão desde o transporte de variados tipos de reboques, seja em pequenas, médias ou grandes propriedades rurais, até funções de aração, gradagem, semeadura e pulverização, mais voltadas para pequenas e médias propriedades. Cabe ressaltar a facilidade no acionamento do sistema de tração integrado desta máquina. Referindo-se ao sistema

de tomada de potência (TDP), este é de duas velocidades (540 e 540E) com acionamento mecânico. Tal sistema permite que se opte de forma adequada por qual dos dois regimes o operador utilizará, alterando-se de forma fácil em relação à rotação de trabalho, acarretando uma menor rotação do motor, com consequente redução no consumo de combustível em tarefas de menor esforço. Outro fator que pôde ser avaliado durante o test drive foi a boa capacidade de frenagem do Farmall 95, que se dá por um


“P ara a realização de atividades de verificação diária, como o nível de óleo “Para motor,, por exemplo, não é sequer necessário realizar a abertura do capô” do motor

O tanque de abastecimento de combustível é de fácil acesso e tem capacidade de até 92 litros

conjunto de freios a disco banhados a óleo e acionados mecanicamente. Quanto ao sistema hidráulico, estes modelos são alimentados por uma bomba independente com vazão de 52 litros por minuto, e uma bomba de óleo exclusiva para o sistema de direção com capacidade de 26,5 litros por minuto, assim, o Farmall 95 apresenta uma grande capacidade de levante no sistema de engate de três pontos, ao redor de 2.700kg. Todos os tratores da linha Farmall vendidos no Brasil vêm com uma configuração completa, apresentando duas válvulas de controle remoto. Também é dotado de uma tomada elétrica de sete pinos, para uso em reboques. Outros fatores inerentes ao serviço e à manutenção compõem outra característica

A cabine possui acesso pelos dois lados, um diferencial em relação aos modelos concorrentes da mesma categoria

O capô dianteiro bascula completamente, facilitando a manutenção no motor e seus componentes

positiva na linha Farmall. Para a realização de atividades de verificação diária, como o nível de óleo do motor, por exemplo, não é sequer necessário realizar a abertura do capô. Para atividades de manutenção mais complexas este capô apresenta grande facilidade de manuseio e abertura, expondo todos os componentes do motor. A manutenção do filtro de ar externo pode ser realiza-

da de forma simples e sem a necessidade do uso de ferramentas, assim como na parte elétrica, o projeto posiciona uma caixa de fusíveis automotivos facilmente identificáveis e acessíveis que se situam dentro da cabina do trator, ao lado do assento. O tanque de abastecimento de combustível também é de fácil acesso e tem capacidade de até 92 litros. A cabine e o posto de operação situamse mo os principais destaques dos tratores Farmall. Ampla e com fácil acesso pelos dois lados, a cabine proporciona uma ótima visibilidade ao operador, e a primeira impressão que se tem ao sentar-se no posto de operação desta máquina é que os instrumentos e comandos são de fácil acesso e visualização. A cabine encontra-se apoiada em quatro coxins que proporcionam um maior amortecimento das vibrações, e os ruídos, que efetivamente chegam ao ouvido do operador são reduzidos, atestando-se esta ca-

O filtro de ar possui sistema de abertura facilitado, dispensando o uso de ferramentas

Abril 09 • 23


Fotos Charles Echer

O modelo testado estava com pneus traseiros 18.4 - 30 e dianteiros 13.6 - 24

racterística de forma simples: abrindo e fechando a janela traseira depois de selecionada e estabilizada a rotação de trabalho. É opcional o sistema de filtragem com carvão ativado, indicado para as atividades de pulverização. Quando o assunto é segurança, este trator dispõe de uma cabine com arco de proteção certificado, e o acesso a ela também é mais simples e seguro devido ao fato de os degraus serem de material antiderrapante e estarem adequadamente distanciados entre eles e da superfície do solo. No caso da opção sem cabine, esta linha da Case IH também conta com um sistema de proteção contra o capotamento, fabricado em aço de alta resistência e ao qual se soma a uma capota rígida, posicionada sobre a referida estrutura.

DESEMPENHO Depois de conhecer todas as características do modelo que nos ofereceram para o teste, fomos diretamente ao campo para conhecê-lo na prática. O procedimento que utilizamos foi bastante fácil de ser aplicado pela grande quantidade de equipamentos que nos ofereceram. Primeiramente, utilizamos uma grade niveladora de 36 discos, posicionada em seu máximo ângulo de abertura, e posteriormente um escarificador de sete hastes com função de semeadura direta integrada. Durante o test drive do Farmall 95, utilizando estes dois implementos, José Fernando Schlosser, com a equipe do Nema e integrantes da Case IH, durante a realização do teste em Passo Fundo (RS)

24 • Abril 09

Detalhe da placa de identificação na parte traseira do trator

Os tratores Farmall vendidos no Brasil vêm com uma configuração completa, apresentando duas válvulas de controle remoto e uma tomada elétrica de sete pinos

ficou nítida a vocação desta máquina para a realização de múltiplas tarefas. Primeiramente selecionamos uma marcha e um grupo que nos possibilitasse uma velocidade aproximada de seis quilômetros por hora a uma rotação entre 2.000rpm e 2.100rpm, com o escarificador de sete hastes, submetendo por várias vezes o trator a condições que exigissem uma alta carga na barra de tração. E foi alta, pois pela lógica, neste tipo de solo, o número de hastes não deveria passar de cinco, para esta potência de motor. Mas o Farmall 95 não se deu por vencido e fez o trabalho de forma eficiente, mesmo a uma menor profundidade. Em um segundo momento, utilizando a grade de arrasto, foi possível verificar novamente outro ponto positivo, já citado em um primeiro contato com Farmall 95, a facilidade na realização de manobras. Enfim, como conclusão, foi notável a perspectiva inicial confirmada da reduzida emissão de ruídos, o que havíamos inicialmente constatado e depois confirmamos nos testes a campo, atestando a excelente qualidade da cabine e sua vedação. Também, de uma maneira geral, nos impressionou a qualidade geral da cabine e dos acessos aos comandos. Cabe ressaltar

que há entrada pelos dois lados, por meio de portas amplas. A vazão de 52 litros por minuto do sistema hidráulico e a bomba exclusiva para o sistema de direção colocam este trator em uma situação de muita competitividade nesta faixa de potência. Finalmente um dos pontos fortes que confirmamos diz respeito a dirigibilidade, pois foi notável que o Farmall 95 apresenta um excelente comportamento nas manobras, tornando-as mais simples e eficientes. Para os interessados em passar pela mesma oportunidade que tivemos, de testar este modelo, a concessionária Meta, de Passo Fundo, coloca à disposição quatro tratores para demonstração. Basta entrar em contato para agendar a possibilidade de conhecer a campo esta novidade. Nas outras regiões do Brasil, a Case IH, através de seu programa Case IH Advanced Show, irá demonstrar este e outros modelos continuamente duran.M te todo o ano. José Fernando Schlosser, Gustavo Heller Nietiedt e André Luis Casali, Nema CCR - UFSM


barras

Charles Echer

Estabilidade em evolução

Os sistemas estabilizadores de barras atualmente são bastante eficientes e complexos. Graças aos avanços tecnológicos, a estabilidade das barras é cada vez maior, aumentando também a eficiência das operações de pulverização

N

as diferentes culturas onde são utilizados pulverizadores de barras horizontais, a pulverização representa uma parcela significativa dentro dos custos de produção, onde, na aplicação dos produtos fitossanitários, a busca pela otimização da operação vem sendo ano a ano cada vez mais procurada. Nos pulverizadores de barra, os componentes mais importantes do circuito hidráulico são as pontas de pulverização. Estas são as responsáveis pela distribuição final da calda até o alvo predefinido. As pontas encontram-se anexas aos bicos de pulverização e estes são fixados na barra de pulverização. A partir disto a barra de pulverização se torna um aliado e componente importante do pulverizador. Na maioria das aplicações as pontas empregadas com maior frequência são as pontas de jato plano ou

leque, que quando dispostas nas barras horizontais precisam que ocorra sobreposição de cerca de um terço do jato para permitir uma boa uniformidade de distribuição da calda que será função do correto ângulo, espaçamento entre bicos e altura da barra em relação ao alvo. No decorrer da aplicação devido às condições do terreno e ao próprio deslocamento do pulverizador, ocorrem oscilações tanto horizontais como verticais na barra de pulverização. As oscilações horizontais, que são para frente e para trás, são conhecidas como movimentos “Yaw”. Estas oscilações, quando ocorrem, fazem com que a barra se desloque em sentido do avanço do trator e no sentido contrário, resultando em faixas intercaladas de sobre e subdosagens, podendo refletir em falhas de controle (Figura 1). Os movimentos verticais são para cima

e para baixo (Figura 2), são denominados de movimento “Roll”. Quando ocorrem causam desuniformidade de distribuição, quando a barra se encontra mais próxima do solo, além do risco de ter impacto com possíveis quebras da estrutura e entupimento de pontas. Quando o movimento é para cima ocorFigura 1 - Falhas de concentração nas faixas pulverizadas proporcionadas pela oscilação da barra “Yaw”

Abril 09 • 25


Figura 2 - Pulverizador com efeitos negativos causados pelos movimentos “Roll”; Fonte: Hicks (2005)

pois vão anexados aos três pontos do hidráulico do trator. Com isto, os impactos que recebe são maiores, devido ao trator não contar com sistemas de amortecimento provenientes do caminhamento sobre o solo. Além disto, a tecnologia em sistemas estabilizadores de barra é menor quando comparada às outras duas classes de deslocamento de pulverizadores, diante disso, o tamanho da barra não consegue ultrapassar os 18m com velocidades inferiores a 8km/ha. Já em pulverizadores de arrasto, o equipamento se encontra num chassi separado ao trator. Isto permite que o volume do tanque seja maior, a velocidade de deslocamento possa ser incrementada, ao mesmo tempo em que os sistemas estabilizadores são dimensionados de acordo às exigências. Em pulverizadores autopropelidos, onde velocidades médias de deslocamento alcançam de 15 a 20km/h e as barras chegam a atingir 36m, a procura por um siste-

Figura 4 - Sistema estabilizador “Formação em A”

re excesso de sobreposição e aumento dos riscos de deriva e de contaminação tanto do aplicador como do meio ambiente. Na atualidade, esta oscilação de altura de barra tem sido entendida como a principal responsável pela deriva na aplicação de produtos em pulverizadores terrestres. Isto devido à maior exposição do jato de calda em distâncias maiores em relação ao alvo, o que significa expor gotas de menor tamanho e velocidade, consequentemente mais sujeitas ao arrasto pelo ar circundante. Entre as classes de deslocamento dos pulverizadores de barra, podem ser citados os montados, os de arrasto e os autopropelidos. Os pulverizadores montados são mais propensos aos efeitos da oscilação na barra,

Figura 3 - Sistema de estabilização pendular simples; Fonte: Kenncomfg (2008)

ma estabilizador bem dimensionado e um bom sistema de desarme de barra se torna indispensável. Os sistemas estabilizadores partem do princípio da isolação da estrutura da barra de pulverização do chassi do pulverizador, fazendo com que os impactos sejam absorvidos por amortecedores e molas, estes posicionados em lugares estratégicos e com diferentes configurações para melhor aproveitamento do sistema. Estes sistemas estão divididos em dois grupos: os passivos e os ativos. Entre os passivos pode-se citar o sistema de estabilização pendular simples (Figura 3). Este sistema de estabilização foi o pioneiro no que diz respeito a sistemas estabilizadores. O conceito deste sistema está baseado na estrutura da barra de pulverização anexada à estrutura fixada no chassi do pulverizador em forma de “A”, que faz com que as imperfeições do terreno sejam corrigidas devido à independência da barra em relação ao chassi. Este sistema apresenta como principais desvantagens a dependência dos lados da barra, especialmente nos movimentos conhecidos como “Roll”, assim como o

Fotos Marcelo da Costa Ferreira

Figura 5 - Sistemas de estabilização de barras adotados por diferentes fabricantes

26 • Abril 09


“A procura por um sistema estabilizador bem dimensionado e um bom sistema de desarme de barra se torna indispensável”

Figura 6 - Sistema estabilizador utilizado por fabricantes na atualidade

desnível que apresenta a barra quando se trabalha em terrenos declivosos, ocorrendo grande risco de golpes na ponta da barra, que trava o sistema, fazendo com que o efeito de estabilização seja anulado. Trabalhos realizados em 1978 já indicavam as restrições e a baixa eficiência deste sistema. Com isso, foi desenvolvido o projeto em arranjo trapezoidal chamado de “Formação em A” (Figura 4). As ligações são dispostas simetricamente para ambos os lados do centro da barra. Este sistema conseguiu diminuir algumas da falhas do sistema pendular simples, mas ainda continuava com desvantagens, devido à sua precariedade. A partir de 1982, com esforço da pesquisa, o sistema estabilizador deixava de ser apenas um pêndulo ou duas ligações simétricas, onde a estabilidade era dada apenas pela força da gravidade. Porém, apenas os movimentos de “Roll” eram absorvidos, deixando ainda de lado os movimentos de “Yaw”. Naquela época, centros de pesquisa ingleses trabalharam em sistemas de suspensão que teria a tarefa de isolar completamente os impactos, já com utilização de molas e amortecedores localizados em posições que permitiam controlar os efeitos negativos dos

movimentos “Roll” e “Yaw”. Com este sistema de estabilização, as oscilações verticais foram diminuídas em 48% na velocidade de 9km/h e 72% com 16km/ha. Os movimentos horizontais foram diminuídos em 62% e 72% respectivamente. Diante disto, as empresas fabricantes de pulverizadores por todo o mundo desde aquela época já incorporaram na sua linha de fabricação sistemas deste tipo, onde ano a ano, com ajuda da engenharia, tais sistemas vêm sendo aprimorados, procurando cada vez mais diminuir os efeitos causados pela oscilação de barra (Figura 5) Na Figura 6, pode ser observado o posicionamento dos sistemas de amortecimento num sistema estabilizador de barras trapezoidal para absorção de impactos verticais e horizontais. É importante ressaltar a importância de pressão dos amortecedores na diminuição do impacto. A maioria dos pulverizadores trabalha com barras posicionadas na parte posterior, com exceção de alguns fabricantes que utilizam a barra na parte anterior. Em ambos os casos o princípio do sistema estabilizador é o mesmo. No mercado, atualmente, existem pul-

Figura 8 - Função dos sensores de autonivelamento de barras

verizadores montados tratorizados que utilizam as barras na parte central do trator, posicionando um tanque na parte posterior e outro na parte anterior da máquina (Figura 7a). O fato da barra se encontrar no centro da gravidade do trator faz com que os impactos transmitidos por ele sejam reduzidos, além disto, cada barra é independente uma da outra, apresentando em cada um dos lados um amortecedor de impactos, o que faz com que o desempenho do sistema seja melhorado. No que diz respeito a sistemas estabilizadores ativos pode-se citar o uso de sensores, estes podem ser de ultrassom ou de movimento, onde, por meio de cilindros hidráulicos, mantém a barra em posição paralela ao solo, o que permite a utilização de barras cada vez com dimensões maiores ,chegando aos 36m (Figura 8). Entre as diversas configurações de barras, passivas ou ativas, a busca pelo seu aprimoramento se torna o foco principal, fazendo com que dessa forma as aplicações de produtos fitossanitários sejam cada vez mais efetivas com menores riscos de contaminação ao ambiente e preservando sempre a se.M gurança do aplicador. Rodrigo Alberto Alandia Román e Marcelo da Costa Ferreira, Unesp/Jaboticabal

Figura 7 - Barra na posição central do trator. Destaque no botijão de hidrogênio utilizado como amortecedor

Marcelo Ferreira e Rodrigo Román mostram a evolução dos sistemas estabilizadores de barras nos pulverizadores brasileiros

Abril 09 • 27


trator 5603

JD 5603

Trator 5603 John Deere cadastrado no programa Mais Alimentos tem configuração especial para garantir maior produtividade e conforto

O

trator 5603 da John Deere, inscrito no programa Mais Alimentos do Governo Federal, tem uma configuração especial que oferece mais benefícios ao agricultor familiar, como maior segurança e conforto no trabalho, além de mais produtividade e economia. A transmissão parcialmente sincronizada, a tomada de potência econômica, duas válvulas de controle remoto, acionamento hidráulico dos freios, direção hidrostática e um novo banco, mais confortável, são exemplos desses componentes.

MOTOR O trator 5603 é equipado com motor agrícola John Deere de quatro cilindros, com 75cv de potência, aspirado e com 4.500 ci-

28 • Abril 09

lindradas. Os motores John Deere são projetados especialmente para trabalhos agrícolas, o que garante as vantagens da robustez, da maior reserva de torque e da economia de combustível. Desta maneira, o motor John Deere apresenta um excelente rendimento operacional, com respostas rápidas a sobrecargas durante o trabalho e alta durabilidade. O tanque de combustível tem capacidade de 69 litros.

TRANSMISSÃO A transmissão desse trator conta com nove marchas à frente e três à ré, sendo sincronizada à alavanca das velocidades. A embreagem é acionada mecanicamente por pedal. O disco da embreagem é feito de material cerametálico, o qual apresenta uma durabilidade maior do que outros tipos de

discos, como o orgânico, por exemplo. As alavancas estão posicionadas nas laterais do trator, o que proporciona maior conforto ao operador. A alavanca posicionada à esquerda do operador seleciona os grupos e a localizada à direita permite selecionar as três marchas à frente e à ré. As segundas marchas à frente e à ré encontram-se na mesma linha, facilitando a troca de sentido. Isso permite alcançar maior eficiência operacional durante a jornada


“O trator 5603 da John Deere, inscrito no programa Mais Alimento ederal, Alimentoss do Governo FFederal, tem uma configuração especial que oferece mais benefícios ao agricultor familiar ” familiar” Fotos John Deere

de trabalho, principalmente quando a operação requer troca de sentido com frequência.

TOMADA DE POTÊNCIA A TDP trabalha à rotação de 540rpm, com a opção de duas velocidades no motor do trator: a 2.400rpm e a 1.700rpm. Esta última é chamada de TDP Econômica, pois em trabalhos com implementos que não necessitam da potência total do motor, é possível usar a TDP a 1.700rpm, com grande economia de combustível. Seu acionamento independente é realizado por uma alavanca sem a necessidade de parar o trator ou mesmo pisar na embreagem da transmissão.

Plataforma do operador é simples, ampla, proporcionando boa visibilidade, além de ter alavancas com acesso facilitado

Abril 09 • 29


Fotos John Deere

Isso representa melhor controle e maior precisão das operações, resultando em maior rendimento na realização dos tratos culturais. Além disso, a alavanca de acionamento da TDP fica localizada ao lado esquerdo do operador, com fácil acesso. O acionamento suave da mesma permite o aumento progressivo da velocidade, trazendo maior conforto ao operador. Isto também evita sobrecarga sobre o implemento. Uma luz no painel de controle indica ao operador quando a TDP está acionada.

SISTEMA HIDRÁULICO O sistema hidráulico do trator 5603 é

de centro aberto de alta vazão. Este sistema permite operar diferentes tipos de implementos com grande eficiência. Ele é composto por duas bombas que operam em formato “tandem”. Enquanto uma envia vazão hidráulica exclusivamente para o sistema de direção, a outra envia vazão para o levante hidráulico e para a válvula de controle remoto. A vazão máxima do sistema hidráulico é de 27 litros/minuto para a direção e 42 litros/minuto para o sistema de levante hidráulico e controle remoto. O sistema de levante hidráulico pertence à categoria II, com uma excelente capacidade de levante de 1.800kgf a 610mm do

O trator 5603 vem equipado com duas válvulas de controle remoto

30 • Abril 09

A TDP trabalha à rotação de 540rpm com a opção de duas velocidades no motor do trator: a 2.400rpm e a econômica, a 1.700rpm


“Outra vantagem do modelo é o capô basculante, que permite fácil acesso aos principais componentes do trator ” trator,, facilitando a manutenção da máquina máquina”

Este modelo vem equipado com luz e alarme sonoro de ré, buzina, espelho retrovisor e cinto de segurança integrado ao assento

engate, estando apto a operar com diversos tipos de implementos. O sistema de levante hidráulico permite uma regulagem precisa de profundidade do implemento e da sensibilidade, possibilitando que o implemento copie as variações do solo. O sistema de acoplamento rápido permite que as mangueiras sejam acopladas e desacopladas dos implementos sem necessidade de desligar o trator. O trator 5603 vem equipado com duas válvulas de controle remoto.

PLATAFORMA E ERGONOMIA

A plataforma de operação do trator 5603 oferece conforto e ampla visibilidade, que também é facilitada pelo design do trator. As alavancas das marchas e todos os comandos estão posicionados nas laterais, proporcionando facilidade e conforto na operação do equipamento, resultando em uma produtividade maior ao longo da jornada de trabalho. Outra vantagem do modelo é o capô basculante, que permite fácil acesso aos

Gator XUV 850D chega como opção de transporte de material dentro das propriedades

principais componentes do trator, facilitando a manutenção da máquina.

SEGURANÇA Este modelo vem equipado com luz e alarme sonoro de ré, buzina e espelho retrovisor. O cinto de segurança é integrado ao assento e o sistema de partida é acionado somente com a alavanca de marcha e com a TDP desengatadas. Discos em banho de óleo e acionamento hidráulico são características do sistema de freios que proporciona segurança e capacidade de frenagem, além de longa vida útil, mesmo sob uso intensivo. Os freios são autoajustáveis e autoequalizáveis, dispensando a necessidade de ajustes periódicos. O freio de estacionamento está incorporado à transmissão e é acionado através da mesma alavanca de seleção de marchas. Todos esses itens contribuem para maior conforto e segurança para o operador. .M


adequação

Fora da medida

Diferenças entre o biótipo geral dos operadores de países mais desenvolvidos e o dos operadores brasileiros fazem com que a ergonomia das máquinas importadas não seja ideal quando utilizadas no Brasil

A

adequação e as melhorias no posto de trabalho do operador têm sido uma das preocupações da ergonomia, com vistas à preservação da integridade física, mental e social do ser humano. A antropometria é definida como o estudo das medidas das características e dimensões do corpo humano e abrange, principalmente, o estudo das dimensões lineares, diâmetros, pesos, centros de gravidade do corpo humano e suas partes. No Brasil são poucos os estudos antropométricos desenvolvidos, sendo alguns realizados por instituições de pesquisas. Existem várias normas, principalmente internacionais, que tratam de dimensões, tanto do posto do condutor do trator como da interação da máquina com o seu operador. Os padrões definidos por estas normas estão de acordo com as medidas antropométricas dos operadores europeus e norte-americanos que, a princípio, podem diferir das medidas dos operadores brasileiros. Assim, um trator agrícola, cujo posto de trabalho esteja dimensionado conforme os padrões das normas internacionais podem proporcionar um ambiente de trabalho inadequado ao operador brasileiro. Diante da importância de se verificar a adequação das máquinas aos operadores e tendo

32 • Abril 09

em vista a carência de informações antropométricas dos operadores brasileiros, realizou-se na Universidade Federal de Viçosa um trabalho de pesquisa que teve por objetivo efetuar uma análise antropométrica de uma amostra de 21 trabalhadores brasileiros que operam três modelos de tratores floretais, “Feller-Buncher”. Os dados foram coletados em uma empresa florestal e para a análise antropométrica dos operadores foram determinadas 33 medidas corporais dos trabalhadores em pé e sentados, sendo essas medidas comparadas aos dados

Os três tratores Feller-Buncher importados foram analisados, levando em conta as medidas corporais dos brasileiros, comparando com os padrões americanos

antropométricos dos operadores norte-americanos (EUA), local de fabricação das máquinas em estudo. As variáveis do levantamento antropométrico foram utilizadas para verificar se as dimensões do acesso, assento, posto de trabalho e alcance dos controles das máquinas operadas pelas mãos e pés eram adequados aos operadores que trabalham atualmente na empresa. Os padrões antropométricos americanos, descritos por Thomas et al., 2001, foram adotados como referência para a comparação com as médias da população dos operadores brasileiros. Os resultados demonstraram que há diferenças entre o biótipo geral dos operadores dos países mais desenvolvidos e o dos operadores da região abrangida por este estudo. Nos operadores analisados foram significativamente menores as medidas da massa, estatura, braço + antebraço + mão, chão-nádegas, largura poplítea, altura sentado, altura até ombros sentado, largura dos ombros, comprimento do cotovelo aos dedos e comprimento do pé descalço. As maiores diferenças ocorreram para a massa (A) (-15,4%), largura poplítea (R) (13,6%), altura até o ombro sentado (U) (11,8%), largura dos ombros (A1) (-10,4%) com-


“Existem várias normas, principalmente internacionais, que tratam de dimensões, tanto do posto do condutor do trator como da interação da máquina com o seu operador ” operador”

primento do pé descalço (F1) (-10,1) e para altura sentado (Q) (-7,0%). A única medida para a qual os operadores brasileiros obtiveram valor maior foi para a largura do pé (G1), com variação de 1,8%. A avaliação ergonômica das cabines dos tratores florestais foi realizada no assento em duas posições distintas classificadas como limites: assento próximo e assento extremo, adotandose como referência o painel das máquinas em estudo, conforme a norma sueca, Skogforsk (1999). Para que a altura livre da cabine seja considerada adequada, a norma sugere um espaço de 180 cm, as medidas de todas as máquinas foram inferiores a recomendada. O espaço para as pernas e pés deve ser de 115 cm. As medidas de todas as máquinas mensuradas foram inferiores a este valor. Para o espaço dos joelhos a norma sugere a utilização de 70 cm, das máquinas analisadas somente uma medida se encontra dentro do recomendado. A largura da cabine é determinada pelo espaço necessário para acomodar o assento juntamente com o descanso de braço e os controles. Uma cabine muito larga reduz a visibilidade nos dois lados. De um modo geral, os operadores brasileiros mensurados no estudo apresentaram medidas menores que os operadores norte-ameri-

Posição Em pé

A. B. C. D. E. F. G. H. I. J. K. L. M. N. O. P. Sentado Q. R. S. T. U. V. W. X. Y. A1 B1 C1 D1 E1 F1 G1 H1 I1

Massa corpórea* Estatura Altura Total Altura dos olhos Altura do ouvido Altura ombro Altura cotovelo Altura joelho Braço + antebraço + mão Tamanho do braço Tam. do antebraço Tamanho da mão Largura mão Largura cabeça Largura tórax, entre axilas Largura quadril Chão nádegas Largura poplítea Altura sentado Altura assento - olhos Alt.até os ombros sentado Altura do cotovelo sentado Altura da coxa Comp.do antebraço Coluna – joelho Largura dos ombros Larg. total costas + braços Altura de pegada sentado Comp. cotovelo ao dedo Comp. pegada - costas Comp. do pé descalço Largura do pé descalço Altura popliteal Altura dos joelhos

Média(cm) 89,8 179,3 ------------------------82,0 ----------------------------46,8 49,9 89,3 75,7 61,6 22,3 ------------47,7 --------50,1 ----30,4 10,9 ---------

EUA** Intervalo90% 60,3 119,3 169,8 188,8 ------------------------------------------------75,0 87,0 --------------------------------------------------------43,2 50,5 44,8 55,01 78,8 99,7 64,6 86,9 56,2 67,0 15,8 18,9 ------------------------40,3 55,01 ----------------46,5 53,7 --------28,4 32,4 9,8 12,01 -----------------

Estudo Média(cm) 75,9 175,0 217,8 166,3 163,3 148,2 113,9 50,6 76,5 57,8 27,5 20,0 11,9 19,8 36,0 35,9 43,5 43,1 84,0 73,5 54,3 20,9 15,8 28,9 58,2 42,7 51,4 117,4 47,8 68,6 27,3 11,1 46,6 56,9

?%

Intervalo90% 54,0 97,7 167,1 182,9 202,8 232,8 158,4 174,3 155,7 170,9 139,1 157,3 100,2 127,5 46,6 54,5 69,9 83,1 52,9 62,7 24,7 30,4 17,8 22,3 10,4 13,4 18,0 21,6 30,9 41,1 31,1 40,7 35,7 51,3 39,3 47,0 78,7 89,2 65,1 81,8 47,9 60,8 12,3 29,5 13,0 18,6 26,4 31,4 53,1 63,3 38,5 47,0 45,3 57,6 107,4 127,5 44,7 50,9 60,8 76,4 25,7 28,9 10,0 12,0 43,5 49,8 52,6 61,2

-15,4 -2,3 -------------------6,7 ----------------------7,0 -13,6 -5,9 -2,9 -11,8 -6,2 -------------10,4 ---------4,6 -----10,1 1,8 ---------

* Massa Corpórea em Kg; ** Thomas et al. (2001); ? %: diferença percentual em relação aos dados antropométricos dos EUA

Medidas em cm Posicionamento assento A – Altura livre B – Painel traseiro à altura da cabeça C – Espaço para as pernas (e pés) D – Espaço para os joelhos E – Painel frontal à altura do descanso dos braços Largura cabine Comprimento cabine Dist. pedais até carcaça Dist.banco até a carcaça

Timberjack 608L Próximo Extremo 162,0 42,0 39,0 98,0 112,0 68,0 73,0 32,0 36,0 86,0 120,0 20,0 21,0d 21,0e

Valmet 425EXL Próximo Extremo 170,0 46,0 40,0 104,0 109,0 86,0 98,0 102,0 108,0 97,0 162,0 26,0 15,0d 25,0e

John Deere 759C Próximo Extremo 177,0 55,0 50,0 100,0 110,0 70,0 75,0 87,0 89,0 100,0 145,0 22,0 26,0d 23,0e

d= direita; e= esquerda

Padrões antropométricos dos trabalhadores americanos são bem diferentes dos padrões dos trabalhadores brasileiros

canos. Com isso, os autores concluíram que há necessidade de se promover um ajustamento das condições do posto de trabalho dos três modelos de “Feller-Buncher” analisados ao grupo de operadores brasileiros em questão, sendo necessária principalmente a adequação das dimensões do assento com relação à possibilidade de regulagens e ajustes. Diante dos resultados encontrados neste trabalho de pesquisa e devido à falta de informações das medidas antropométricas dos operadores brasileiros e das cabines das máquinas,

tanto florestais quanto agrícolas, evidenciamse a importância da realização das medidas antropométricas dos operadores brasileiros e do seu posto de operação, a fim de adequar as máquinas em operação no Brasil, visando o conforto e a segurança dos trabalhadores brasileiros. .M Haroldo Carlos Fernandes, Paula Cristina Natalino Rinaldi e Andréia Bordini de Brito, UFV

Abril 09 • 33


treinamento

Gilvan Quevedo

Abaixo do padrão Pesquisa realizada no estado de São Paulo faz uma radiografia dos operadores de colhedoras de cana-de-açúcar e mostra que a maior parte deles aprendeu a operar a máquina apenas observando colegas de trabalho e raramente consulta o manual do operador

Cursos de operação e manutenção de colhedoras são essenciais para melhor desempenho e maior vida útil das máquinas

34 • Abril 09

te de trabalho na operação da colhedora, como aprendeu operar, onde fica o manual do operador, qual a frequência de utilização etc. Foram entrevistados 173 operadores em 11 cidades (usinas), que já utilizam o sistema mecanizado para colheita, sendo as cidades: Adamantina, Barrinha, Colina, Ibirarema, Lucélia, Monte Aprazível, Novo Horizonte, Pitangueiras,

Quanta, São Manuel e Viradouro. Esta entrevista demonstrou que existem alguns fatores como excesso de confiança, imprudência e treinamento informal dos operadores, presentes na maior parte das propriedades pesquisadas, que contribuem para insucesso da atividade agrícola. A seguir será possível ter uma ideia mais clara dos resultados obtidos

Edson Massao Tanaka

A

tualmente está se falado muito a respeito de colheita mecanizada da cana-de-açúcar. A mudança do sistema convencional, que utiliza a queimada das lavouras, para o sistema mecanizado de colheita ocorreu devido à assinatura do Protocolo Agroambiental, entre a Única, os fornecedores de cana e o governo do estado de São Paulo, em 2007, prevendo a antecipação do fim das queimadas e a introdução da colheita mecanizada para 2014. Por causa das poucas estatísticas relacionadas especificamente aos operadores das colhedoras de cana-de-açúcar, o Departamento de Engenharia Rural, da Esapp, realizou uma pesquisa para avaliar o perfil dos operadores destas máquinas no oeste do estado de São Paulo, onde foi aplicado um questionário com 14 perguntas, como: grau de escolaridade, curso de operador, realiza cursos frequentemente, curso de manutenção, cuidados com a máquina, aciden-


“Esta entrevista demonstrou que existe alguns fatores como excesso de confiança, imprudência e treinamento informal dos operadores, presentes na maior parte das propriedades pesquisadas” Figura 1 - Grau de escolaridade

Figura 2 - Curso operador

Figura 3 - Realizam cursos frequentemente

Figura 4 - Operador cuida da máquina

através desta pesquisa. O primeiro item a ser analisado foi o grau de escolaridade, onde foi possível observar (Figura 1) que os maiores valores de escolaridade são Ensino Fundamental incompleto e Ensino Médio completo, totalizando 117 respostas, o que corresponde a 67% dos entrevistados e apenas 6% deles têm ensino técnico completo, pre-

dominantemente Técnico Agrícola. Apenas 2% dos entrevistados estão cursando Ensino Superior, ainda incompleto, como busca de crescimento profissional. Na Figura 2, que mostra distribuição percentual de operadores que fizeram curso de operador de colhedora, é possível observar que 39% dos entrevistados fizeram curso específico para operar a máquina e que

61% nunca fizeram curso de operador. Pereira e Torrezan (2006), garantem que, dentre os fatores que podem influenciar nas perdas na colheita mecanizada, está a habilidade do operador. Dos 173 entrevistados, apenas 63 pessoas, o que corresponde a 36%, realizam cursos regularmente e 110 pessoas, ou 64%, não realizam. Com isso, é possível observar na Figura 3


Figura 5 - Acidente com colhedora de cana

Figura 6 - Como o operador aprendeu trabalhar colhedora

Figura 7 - Manual fica na colhedora

Figura 8 - Frequência de utilização do manual do operador

a falta de interesse dos operadores de colhedoras de cana-de-açúcar em realizar cursos regulares. Nesta figura está destacada a porcentagem de operadores que realizaram curso de manutenção, onde 53% dos entrevistados fizeram curso de manutenção de trator e 47% não realizaram o curso. Estes treinamentos são realizados para qualificar os operadores repassando noções de manutenção, regulagem e operação das máquinas, a fim de aumentar a chance de sucesso da mecanização nas lavouras de cana. No quesito limpeza de equipamentos, é possível observar, na Figura 4, que apenas 49% dos entrevistados dão manutenção, lavam ou limpam diariamente a colhedora, e que os 51% restantes cuidam quando sobra tempo, eventualmente ou, em alguns casos, em nenhuma ocasião. Com esses dados é possível afirmar que este índice de 49% dos operadores está abaixo do esperado, pois a manutenção das máquinas deveria ser diária. Reis e Lopes (2005), afirmam que a manutenção das máquinas agrícolas pode ser considerada um conjunto de procedimentos que visa a manter o equipamento nas melhores condições de funcionamento, propiciando aumento da vida útil, evitando danos prematuros e auxiliando na segurança do trabalhador. Esta conduta, apesar de simples, exige atenção e cuidado semelhantes ou até maior quando comparado a outro veículo automotor. A Figura 5 mostra o índice de acidente dos operadores, sendo que 66% dos entrevistados afirmam nunca terem sofrido acidentes, enquanto 34% já se envolveram em algum. Acidentes, em atividades de revisão (troca de facas, correias) e preparo de colhedoras, são bastante comuns, mas nem sempre são relatados. A questão sobre a forma como operador aprendeu trabalhar com a colhedora de cana-

36 • Abril 09

de-açúcar (Figura 6), que avalia seu método de aprendizado e não as suas habilidades operacionais, traz dados bastante curiosos. É possível observar que 47% dos entrevistados aprenderam a operar a máquina com pessoas mais experientes e colegas de trabalho, 33% dizem ter aprendido na prática ou operando eventualmente e apenas 20% dos entrevistados aprenderam com profissionais específicos. Esta questão mostra claramente a falta de interesse das usinas ou de profissionais qualificados para realizarem cursos de treinamento aos operadores de colhedoras. O Manual do Operador é um item de grande importância, pois nele se encontram as recomendações de como trabalhar adequadamente, com orientações e dicas de segurança. A Figura 7 mostra que apenas 29% dos entrevistados carregam e utilizam o manual, contra 71% que não utilizam esta ferramenta imprescindível. Quando os operadores foram questionados sobre o motivo de o manual não estar ali na máquina, todos são unânimes em dizer que ela já vem sem o manual, ou seja, provavelmente o manual seja retirado da máquina quando esta chega à unidade, não havendo interesse dos responsáveis em incentivar a utilização deste instrumento de informações. A Figura 8 analisa a frequência com que os entrevistados consultam o manual do operador, sendo possível observar que 36% deles nunca consultam o manual, 17% consultam de vez em quando, e apenas 10% dos operadores consultam o manual diariamente ou sempre que têm dúvidas, o que é um percentual relativamente baixo devido à importância do manual. Podemos observar ainda que 14% dos entrevistados utilizam quando dá tempo, outros 14% consultam uma vez por

semana, e apenas 9% utilizam o manual no início ou final da safra. Soriano (2008), diz que no Brasil a maioria dos manuais de operações peca no que se refere à transmissão eficaz de informações ao operador. O consumidor brasileiro valoriza pouco o manual em geral, provavelmente devido a fatores socioculturais. O operador e o proprietário (comprador da máquina agrícola) não são a mesma pessoa e isto pode provocar ruídos de comunicação interferentes no fluxo da mensagem manual-usuário. O Manual do Operador deveria ser considerado requisito de projeto pelo fabricante, como acessório básico do trator agrícola, bem como ser balizado por normalização regulamentadora oficializada e fiscalizada por competências federais.

CONCLUSÃO Com o desenvolvimento deste trabalho, foi possível concluir que os operadores da colhedora automotriz possuem baixo nível de escolaridade, sendo o Ensino Fundamental incompleto o que obtém um maior índice, atingindo 35%. Observamos também a falta de interesse das usinas e dos operadores em realizar cursos técnicos, que são de extrema importância para a capacitação dos operadores. A sugestão que fica é a criação por parte de usinas e empresas agrícolas de cursos de manutenção, operação da máquina e segurança do trabalho, com assistência de profissionais qualificados para treinar os operadores e capacitá-los, o que garantirá maior retorno e menores perdas e danos na .M colheita. Patrick Sant´Ana e Edson Massao Tanaka, Esapp


VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Unidades Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2007 2008 2009

JAN 1,8 2,9 3,1

2009 FEV B 3.640 3.472 168 2.885 2.795 90 34 19 15 131 131 0 323 309 14 267 218 49

MAR A 4.151 4.042 109 3.408 3.325 83 51 43 8 154 154 0 288 270 18 250 250 0 FEV 2,4 4,0 3,6

MAR 3,0 4,3 4,2

ABR 2,9 4,5

2008 JAN-MAR C 10.870 10.464 406 8.691 8.471 220 115 81 34 406 406 0 926 887 39 732 619 113 MAI 3,2 4,7

JUN 3,4 5,1

MAR D 4.331 4.259 72 3.389 3.328 61 42 42 0 146 146 0 398 387 11 356 356 0 JUL 3,5 5,1

JAN-MAR E 11.170 10.913 257 8.406 8.217 189 114 114 0 420 420 0 1.338 1.270 68 892 892 0 AGO 3,9 5,1

SET 3,6 5,5

Variações percentuais A/D -4,2 -5,1 51,4 0,6 -0,1 36,1 21,4 2,4 5,5 5,5 -27,6 -30,2 63,6 -29,8 -29,8 -

A/B 14,0 16,4 -35,1 18,1 19,0 -7,8 50,0 126,3 -46,7 17,6 17,6 -10,8 -12,6 28,6 -6,4 14,7 0,0 OUT 4,2 5,5

NOV 3,7 4,3

DEZ 2,8 3,7

C/E -2,7 -4,1 58,0 3,4 3,1 16,4 0,9 -28,9 -3,3 -3,3 -30,8 -30,2 -42,6 -17,9 -30,6 ANO 38,3 54,5 10,9

PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2007 2008 2009

JAN 3,2 5,9 4,7

2009 FEV B 4.407 3.612 79 145 432 139

MAR A 5.636 4.654 69 168 471 274 FEV 4,1 6,6 4,4

MAR 5,0 6,6 5,6

ABR 5,2 7,0

2008 JAN-MAR C 14.695 12.090 246 445 1.453 461 MAI 5,6 6,5

JUN 5,7 7,3

MAR D 6.634 5.028 250 125 822 409 JUL 6,5 7,6

JAN-MAR E 19.050 14.265 865 380 2.376 1.164 AGO 6,8 8,0

SET 5,8 8,0

Variações percentuais A/D -15,0 -7,4 -72,4 34,4 -42,7 -33,0

A/B 27,9 28,8 -12,7 15,9 9,0 97,1 OUT 6,8 8,8

NOV 6,3 7,4

DEZ 4,1 5,4

C/E -22,9 -15,2 -71,6 17,1 -38,8 -60,4 ANO 65,0 85,0 14,7

MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)

MAR A 4.151 3.408 94 31 449 1.095 761 806 172 288 37 134 62 50 5 154 51 250

2009 FEV B 3.640 2.885 79 54 404 927 672 616 133 323 40 113 62 100 8 131 34 267

2008 JAN-MAR C 10.870 8.691 293 143 1.067 2.701 2.094 1.965 428 926 124 373 164 243 22 406 115 732

MAR D 4.331 3.389 137 37 402 961 841 876 135 398 34 121 64 173 6 146 42 356

(1) Empresas não associadas à Anfavea. (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu. (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05). Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

JAN-MAR E 11.170 8.406 360 98 917 2.702 1.809 2.175 345 1.338 151 462 232 464 29 420 114 892

A/B 14,0 18,1 19,0 -42,6 11,1 18,1 13,2 30,8 29,3 -10,8 -7,5 18,6 0,0 -50,0 -37,5 17,6 50,0 -6,4

Variações percentuais A/D -4,2 0,6 -31,4 -16,2 11,7 13,9 -9,5 -8,0 27,4 -27,6 8,8 10,7 -3,1 -71,1 -16,7 5,5 21,4 -29,8

C/E -2,7 3,4 -18,6 45,9 16,4 0,0 15,8 -9,7 24,1 -30,8 -17,9 -19,3 -29,3 -47,6 -24,1 -3,3 0,9 -17,9


Justiça em debate

Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br

Quando ocorrem perdas e danos?

D

ano emergente e lucros cessantes são institutos distintos, embora similares filosoficamente e alberga dos sob o mesmo título no Código Civil: perdas e danos. São consequências possíveis do inadimplemento de obrigação. Em ambos, sustenta a doutrina, há o objetivo de indenizar, de tornar a situação indene. O uso corriqueiro das expressões, todavia, induz a entendimento equivocado. Exemplo disso ocorreu com pessoa indevidamente inscrita em cadastro de restrição ao crédito. Decidiu comprar imóvel e carro. Provou que as compras não foram realizadas por problemas creditícios. E acionou a instituição responsável pela restrição. Pediu indenização por “perdas e danos” (na verdade, o substantivo correto seria dano emergente) e lucros cessantes. Não obteve sucesso. Para entender os significados desses institutos, deve-se ter como premissa a ocorrência de um prejuízo mensurável e passível de prova. Diferem, portanto, do conhecidíssimo dano moral, onde a mácula e sua extensão muitas vezes decorrem de presunções. Acrescente-se a irrelevância da intenção do agente. Dolo, culpa ou a ofensividade do ato não interessam à solução da controvérsia. As questões apreciadas são meramente pecuniárias. Decorre daí também a necessidade da existência e da comprovação do prejuízo material. Sem o dano patrimonial comprovado, não há que se cogitar dano emergente. Além dessas características comuns, cada um dos institutos alberga particularidades. No dano emergente busca-se a reparação por uma diminuição efetiva no patrimônio. Exemplo: os estragos resultantes de colisão entre automóveis reduzem o valor do bem. Lucros cessantes, por sua vez, consistem naquilo que o prejudicado razoavelmente deixou de ganhar em virtude do dano. Exemplo: taxista impedido de trabalhar pelo período necessário ao conserto do seu carro (no caso de colisão). O valor de seu crédito será uma média da féria, deduzidos os custos da atividade (gasolina, desgaste do veículo etc.).

Voltando ao exemplo da inscrição no cadastro de restrição ao crédito, inexistiu prova dos prejuízos alegados. Obviamente, a perda da chance de compra não equivale a diminuição patrimonial. A pessoa nada deixou de ganhar, porquanto seu objetivo era comprar bens pelo preço de mercado, não por preço de ocasião. .M

Retenção e aluguel

Disputa com representante

A

lei diz claramente que controvérsias relativas a contratos de representação comercial devem ser dirimidas no foro do domicílio do representante. O Superior Tribunal de Justiça, todavia, tende a decidir pela relatividade dessa competência, que pode ser alterada pela vontade das partes (no contrato). A orientação persiste mesmo no caso de contrato de adesão, desde que não haja hipossuficiência da parte prejudicada. Importante perceber que a hipossuficiência não se define somente pela comparação econômica entre empresas. A empresa de menor porte no litígio pode ou não ser hipossuficiente. Essa conclusão não decorre simplesmente de faturamento inferior.

38 • Abril 09

O

Código Civil prevê a possibilidade de o possuidor de boa-fé exercer o direito de retenção pelas benfeitorias necessárias e úteis que realizar no imóvel. Em outras palavras, pode não devolver o imóvel ao proprietário enquanto não receber indenização por determinadas obras realizadas. Casos onde o proprietário não conta com meios para arcar com a indenização motivam discussões acerca do tempo da retenção. O Superior Tribunal de Justiça, ao decidir caso semelhante, determinou que o possuidor de boa-fé deve indenizar o proprietário pelo tempo que usar o imóvel (como se aluguel fosse). Aplicou ao caso os princípios da vedação ao enriquecimento sem causa e da boa-fé objetiva.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.