Maquinas 86

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 86 • Ano IX - Junho 09 • ISSN - 1676-0158 Matéria de capa

Nossa capa

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Montagem Cristiano Ceia

Comparativo tratores 75cv

Confira o comparativo entre os tratores de 75cv que integram o Plano Mais Alimentos do MDA e descubra qual se encaixa na sua lavoura

Destaques

Índice

Amazone

Armazenagem

Ficha Técnica

Dicas para regulagens e manutenção de colhedoras de cana e de grãos

Trator Valtra BH 205i para lavouras canavieiras

08 e 28

14

• Editor

Gilvan Quevedo

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

• Expedição

Dianferson Alves Edson Krause

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

• Comercial

Pedro Batistin Sedeli Feijó

• Circulação

Simone Lopes

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• REDAÇÃO

• ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2000 3028.2070

Penetrômetro

06

Manutenção em colhedoras de cana

08

Postos de combustíveis em fazendas

10

Secagem de grãos

12

Ficha Técnica - Valtra BH 205i

14

Comparativo de tratores

18

Plantadoras

24

Regulagem e manutenção de colhedoras

28

Controle de vetores na pulverização aérea

30

Irrigação

34

Coluna Estatística Máquinas

37

Coluna jurídica

38

(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Ângela Oliveira Gonçalves

• Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

04

Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90

• Assinaturas

• Redação

Charles Echer

Rodando por aí

3028.2060 3028.2065

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter Schubert K. Peter Secretária Rosimeri Lisboa Alves www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

GTS

A GTS, tradicional fabricante de plataformas para colheita de milho, destaca-se também no segmento de plainas. Os produtos da empresa estiveram exposto na Agrishow 2009.

Trelleborg

Rafaella e Adriano Toniolo e Juliana Menani, da Trellemborg, apresentaram na Agrishow a linha de pneus Twin Tractor, para tratores acima de 150 cavalos. Segundo o fabricante, o desempenho do produto tem levado montadoras a optarem pela marca.

Agrimec

A Agrimec esteve presente na primeira edição da Expoarroz, realizada em Pelotas (RS), onde apresentou aos produtores a sua linha de plainas niveladoras multilâminas, taipadeira e bombas de irrigação.

Jumil

Fabrício Morais, Controller, e Patrícia Morais Crivelenti, gerente de vendas da Jumil comandaram a equipe da empresa no atendimento aos visitantes da Agrishow. O destaque especial ficou por conta da colhedora de cereais JM 390G.

AGCO

A Cimma, revenda Massey Ferguson na região de Pelotas (RS), apresentou na primeira edição da Expoarroz sua linha de tratores e plantadeiras. José Fernando Jardim Moraes, responsável pelas vendas, destacou os bons resultados obtidos durante o evento.

Lindsay

A Lindsay, presente no Brasil desde 1981, com mais de dois mil pivôs instalados, esteve presente na Agrishow. Wilson Roberto Roma, gerente de vendas, destacou o conceito da correlação Irrigação-Planejamento-Proteção do Solo, além da importância da irrigação em canade-açúcar.

Cycloar

Civemasa

José Luis Bortolucci

04

José Luis Bortolucci e equipe da Civemasa expuseram a tradicional linha de implementos em cana-de-açúcar, além de aproveitarem a feira para o lançamento da grade GALC, de 14 a 28 discos para tratores a partir de 75 cavalos e o sistema de GPS para plantio mecanizado de cana.

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A Cycloar apresentou durante a Expoarroz suas tecnologias de aeração/ventilação em silos de armazenagem que, entre outros benefícios, evita a condensação, o mofo, a deterioração e a germinação dos grãos. Werner Uhlmann, da equipe de vendas, comandou o grupo durante o evento.


John Deere

Cláudio de Mello Xavier, diretor da Trator Green, revenda John Deere para a região sul do Rio Grande do Sul, e sua equipe apresentaram os diversos modelos de tratores oferecidos pela empresa para a região arrozeira do RS durante a Expoarroz. Ele destacou o bom volume de vendas durante o evento.

Internacional

A tecnologia John Deere para o cultivo da cana foi apresentada em um Dia de Campo que fez parte do Agronomy Workshop, congresso com a presença de pesquisadores, produtores e estudantes de vários países na Universidade de Uberlândia (MG). Na fazenda, cinco estações de trabalho demonstravam aspectos diferentes da tecnologia da cana, onde as tecnologias da John Deere para todas as etapas do cultivo foram abordadas por representantes da empresa, entre eles Werner Santos, diretor de Vendas Brasil, Marco Ripoli, Paulo Verdi e Eduardo Martini.

Valtra

A Valtra fez-se presente na primeira edição da Expoarroz, através da revenda Polisul, que atende a região sul do RS. Segundo Marciano Lucchetta, executivo de vendas, os resultados superaram todas as expectativas.

Novo motor

A Valtra apresentou o projeto do motor dual fuel movido a diesel ou biodiesel + etanol. O motor de seis cilindros turbinado, com sistema de injeção eletrônica, foi projetado para uso em tratores de maior porte, exatamente para atender o setor canavieiro. Num primeiro momento, o projeto prevê a substituição de até 70% de diesel por etanol. Nos testes de laboratório que estão em andamento, a substituição chegou a 50%. Os testes de campo devem iniciar nos próximos seis meses

New Holland

A revenda Super Tratores, que comercializa a linha de tratores New Holland para a região do sul e também revende a linha de plantadoras Semeato, expôs a linha de tratores para lavouras arrozeiras na Expoarroz. O destaque ficou por conta da linha T7000.

Primeiro trator

A Agritex, concessionária Case IH em Água Boa (MT), entregou o primeiro Maxxum 110 comercializado no estado do Mato Grosso. O primeiro trator da nova linha vendido pela concessionária irá trabalhar na Fazenda São Luiz, localizada no município de Canarana, de propriedade de Gilberto Dell Osbel, que produz soja, milho e sorgo.

Aviação agrícola

Durante a Exposição Internacional do Arroz em Pelotas (RS) foi confirmada a realização de dois cursos de Executores em Aviação Agrícola, no mês de agosto, através de parceria entre o Conjunto Agrotécnico Visconde da Graça e as empresas Mirim Aviação Agrícola e Schroder Consultoria. Uma reunião no estande da Mirim, com representante do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, confirmou a delegação de competência para as entidades ministrarem os cursos, que se destinam a capacitar técnicos agrícolas para trabalharem em aplicações aéreas.

25 mil

A New Holland comemorou a marca de 25 mil colheitadeiras da linha TC produzidas no Brasil, na fábrica da marca, em Curitiba (PR). Produzida no Brasil há 16 anos, a família de colheitadeiras é composta pelos modelos TC55, TC5070 e TC5090. A TC5090 e a TC5070 são as colheitadeiras mais vendidas no Brasil.

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Fotos Anderson de Toledo

COMPACTAÇÃO

Análise motorizada Penetrógrafo Penetrógrafo eletrônico eletrônico georreferenciado, georreferenciado, acoplado acoplado aa quadriciclo quadriciclo para para medição medição da da resistência resistência mecânica mecânica do do solo solo àà penetração, é nova ferramenta para agilizar as análises penetração, é nova ferramenta para agilizar as análises

150kgf) para medição da força de penetração da haste, motor elétrico 12Vcc para acionamento da haste e sensor indutivo-capacitivo para medição da profundidade de penetração, adquirindo um dado de força a cada centímetro de profundidade, até 55cm. O quadriciclo utilizado para acoplar o penetrógrafo foi da marca Suzuki Motors, modelo LT-F160 Quadrunner, massa seca de 162kg, motor monocilindro com volume total de 158cm3, quatro tempos arrefecido a ar, OHC, movido a gasolina, com sistema elétrico dotado de bateria de 12V, 32,4kC (9Ah) e alternador de corrente alternada trifásico.

SOFTWARE

O

s métodos de avaliação da compactação podem ser divididos em métodos grosseiros, que incluem a análise visual, métodos intermediários, com o uso de penetrógrafos e penetrômetros, e métodos precisos, utilizando-se a análise de densidade do solo, por exemplo. A avaliação da resistência mecânica do solo à penetração (RMSP) com o uso de técnicas de penetrometria é o método que proporciona o equilíbrio entre agilidade e confiabilidade para a indicação da compactação. Com a difusão e aplicação de técnicas de Agricultura de Precisão, cresceu a necessidade de informações detalhadas a respeito das variáveis que interferem no processo produtivo agrícola. Desta forma, rapidez e praticidade na coleta destas informações são fundamentais para a tomada de decisão. Segundo Bianchini e colaboradores (2002) a automação da coleta de dados de RMSP é a opção mais adequada para o levantamento de informações a respeito da compactação de solos, no âmbito da Agricultura de Precisão. Portanto, há a necessidade de difundir meios ágeis e confiáveis de avaliação da compactação ao produtor rural. Com este intuito, surge a necessidade de adaptação de um penetrógrafo a um meio de transporte motorizado e passível de utilização em grandes áreas, que gere uma análise dinâmica e em tempo real.

Agrícola (Lamma) da Unesp/Jaboticabal, em parceria com a DLG Automação, em projeto financiado pelo CNPq, desenvolveu o PNTTitan (Figura 1), que associa o Penetrógrafo Eletrônico Georreferenciado PNT-2000/M da DLG a um quadriciclo, utilizando-se estrutura metálica previamente desenvolvida em projeto de simulação computacional. O penetrógrafo é construído conforme a norma Asae S313.3, possui capacidade de armazenamento de 2.048 amostras, célula de carga com capacidade de 1.500N (aproximadamente

O EQUIPAMENTO

O Laboratório de Máquinas e Mecanização

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O PNT-Titan possui um software de aquisição e análise de dados, denominado PNT-View, desenvolvido pela DLG, utilizado para geração dos gráficos de RMSP em função da profundidade e dos mapas de variabilidade espacial da RMSP, amplamente utilizados em Agricultura de Precisão. O PNT-View é um software que está em constante atualização com base nas avaliações realizadas pela equipe do Lamma, para oferecer ao usuário as melhores condições de avaliação dos dados. Na imagem ao lado pode ser visualizado o PNT-Titan realizando a amostragem de um ponto de RMSP, e na imagem abaixo o detalhe da Interface Homem-Máquina (IHM) e o receptor de sinal GPS utilizado para o georreferenciamento dos pontos amostrais, para a posterior análise geoestatística com o auxílio do software PNT-View (Figuras 2 e 3). O receptor GPS foi conectado via cabo

Figura 1 - Vista geral do Penetrógrafo PNT-Titan


Figura 2 - Posição espacial das amostras (esquerda) e gráfico de RMSP x profundidade (direita)

RS-232 com o sistema de aquisição de dados do PNT-Titan, que realiza a aquisição e o armazenamento automático das coordenadas geográficas em cada ponto, utilizadas para a elaboração dos mapas de RMSP.

SEGURANÇA

O PNT-Titan possui sistema de travamento de segurança, para não permitir que a amostragem seja realizada de maneira incorreta ou o quadriciclo seja movimentado antes do término da aquisição, de modo que possa afetar a integridade física do usuário ou danificar o equipamento. Este sistema é ativado quando a transmissão não estiver na posição neutro e o freio de estacionamento não estiver acionado enquanto a alavanca de posicionamento estiver em “serviço”, fazendo com que o motor seja desligado automaticamente, impossibilitando a amostragem. As instruções de utilização do PNT-Titan estão fixadas no quadriciclo, em área visível ao operador.

TESTES

Para realizar a validação do PNT-Titan, testes de campo foram realizados na Fazenda Santa Izabel, localizada no município de Jaboticabal, São Paulo, coordenadas geográficas

21°18’ S, 48°10’ W, altitude média de 615m. O solo da área avaliada é classificado como latossolo vermelho eutroférrico típico. Anteriormente às avaliações na área de estudo, foi realizada a colheita mecanizada de cana-de-açúcar, variedade SP 90-1638, em 3° corte. Foram avaliados a RMSP e o tempo médio de aquisição de cada amostra com o PNT-Titan. O tráfego de máquinas é altamente influente na compactação do solo, como relatado por diversos pesquisadores. Assim, neste caso, a colheita mecanizada foi realizada com uma colhedora Case IH A7700 e dois conjuntos de tratores Case IH MXM150 tracionando transbordos Case Tracan VTX 10000, e após a colheita foram realizadas operações de cultivo com trator marca Massey Ferguson MF 630 trabalhando com cultivador de discos, e ainda, operações de aplicação de vinhaça e herbicida. A configuração do PNT-Titan é feita diretamente no equipamento por meio da IHM, de fácil entendimento e manuseio. Após a configuração, a amostragem dos pontos é realizada com apenas um comando do usuário em cada ponto. O tempo total de aquisição em cada ponto não foi superior a dois minutos, configurando o equipamento como prático e ágil para medição georreferenciada da compactação do solo. Na

Figura 3 (a) e (b) podem ser visualizados os mapas de Espacialização do IC médio para profundidade de 0 a 55cm gerados pelo software PNT-View, a partir dos dados coletados com o PNT-Titan para a área de estudo. Nota-se que a maior parte da área possui baixa compactação, de dois a 4MPa, em se tratando de cana-de-açúcar. O sistema denominado PNT-Titan atingiu satisfatoriamente os objetivos esperados, tornando-se uma ferramenta de grande importância na análise da compactação do solo em sistemas de Agricultura de Precisão. O PNT-Titan se mostrou ágil na coleta de dados e de fácil operabilidade. Por ser um equipamento motorizado, o PNT-Titan destacou-se para aplicação em grandes áreas para avaliação da compactação do solo. Os dados georreferenciados obtidos permitiram o estudo da variabilidade espacial com o software PNT-View, fornecendo subsídios para a tomada de decisão e amplamente utilizados .M em Agricultura de Precisão. Anderson de Toledo, Carlos Augusto Ribeiro, Carlos Eduardo Angeli Furlani e Rouverson Pereira da Silva, Unesp/Jaboticabal

Figura 3 - Espacialização do Índice de Cone em duas (a) e três dimensões (b)

Detalhe da IHM e o receptor de sinal GPS utilizado para o georreferenciamento dos pontos amostrais

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COLHEDORAS Gilvan Quevedo

Trabalho pesado

O uso intensivo das colhedoras de cana-de-açúcar, que chegam a trabalhar até três mil horas por ano, exige manutenção e cuidados regulares, indispensáveis para prolongar a vida útil do equipamento e manter a sua eficiência

N

fogo, ocasionando impactos significativos sobre a mecanização e emprego neste setor, o que obrigará alterações diretas na forma de condução das lavouras. Verificando alguns estados produtores, observa-se um crescimento expressivo nas áreas de produção e com os custos atualmente praticados, onde as margens de remuneração aos produtos agrícolas são cada vez mais estreitas. Por isso, é importante que as

manutenções das máquinas sejam realizadas constantemente para que os benefícios de produção sejam alcançados plenamente. Para que esse intenso processo de mecanização possa ser gerido adequadamente, devemos trabalhar visando à manutenção de todo o maquinário. Não é de hoje que conhecemos os benefícios da manutenção em máquinas agrícolas. A manutenção preventiva desses equipamentos, por exemplo, pode ser compre-

Fotos Ismael Branquinho

a safra 2007/08 na região CentroSul, 34% das lavouras de cana-deaçúcar foram colhidas mecanicamente, sendo que no estado de São Paulo esse índice alcançou 41% da área cultivada com cana. Essa expansão é reflexo das vantagens trazidas pela mecanização, principalmente quanto à economia e à operacionalidade, e das leis nº 10.547, de 02 de maio de 2000, que regulamenta os procedimentos da queimada da palhada da cana, e principalmente da Lei 11.241, de 2002, que estabelece o fim das queimadas até 2021 (para áreas planas com declividade máxima de 12%.) e 2031 (para as inclinadas com declividade superior a essa), atingindo assim os 100% de corte sem o emprego do

Uma boa manutenção das máquinas reduz custos durante a colheita

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Em manutenções simples de rotina pode-se diagnosticar possíveis falhas que, mais tarde, podem se tornar um grande problema


Estados São Paulo Paraná Minas Gerais Goiás Mato Grosso do Sul Mato Grosso Rio de Janeiro Espírito Santo Total

Evolução área de cana período 2007 – 2009 2007/08 (ha) 2008/09(ha) 3.961.928 4.445.281 513.965 604.923 462.969 574.990 308.840 432.009 212.551 290.990 217.762 231.060 94.613 100.399 59.231 70.086 5.831.859 6.74.738

Variação % 12,2% 17,7 24,2 39,9 36,9 6,1 6,1 18,3 15,7

Fonte: Canasat (http://www.dsr.inpe.br/canasat).

endida como um conjunto de procedimentos com o objetivo de manter os equipamentos nas melhores condições possíveis de conservação e funcionamento, propiciando uma maior vida útil do equipamento, evitando danos prematuros, além de influenciar diretamente na eficiência e rendimento do equipamento. As máquinas utilizadas no processo produtivo do setor canavieiro apresentam um grande desgaste devido ao seu uso intensivo e, portanto, requerem uma rotina de manutenção. No caso das colhedoras de cana, que chegam a trabalhar até mais de três mil horas/ano, essa rotina de manutenção deve ser aplicada buscando sanar os problemas decorrentes dos desgastes da safra, evitando paradas prolongadas e interferindo o mínimo possível em sua operação. A redução de custos operacionais com o emprego da mecanização, quer na manutenção, quer nas operações de colheita, ocorre, sobretudo, pelo aumento da eficiência da mão de obra empregada. Banchi, A.D. & Lopez, J.R, (Gestão das Operações Agrícolas I - Agromotor) descreve, que para o gerenciamento do planejamento das operações agrícolas e redução das horas paradas, há a necessidade de um programa gerencial que tenha por objetivo efetuar controle dos operadores e dos equipamentos (modelos de equipamentos e grupo de equipamentos) nos seguintes itens: análise das horas trabalhadas para cada operação, cálculo das horas paradas e motivos, determinação das eficiências (operacionais e causadores).

Um plano de manutenção pode ser criado na forma de um check list para ser realizado diariamente, com programação, ou na entressafra, visando antecipar ou corrigir danos no equipamento. Um plano de manutenção diário corresponde a uma lista que contém diversos itens a serem verificados, como, por exemplo, possíveis vazamentos na máquina, instrumentos indicadores, nível de óleo, presença de ruídos, danos à estrutura, dentre outros, e itens a serem executados, por exemplo, abastecimento do equipamento e lubrificação de componentes móveis. Em uma rotina simples podem-se diagnosticar possíveis falhas que mais tarde podem se tornar um grande problema. Já um plano de manutenção programada é aquele que ocorre em intervalos regulares com maior duração, por exemplo, a cada 250 horas de trabalho, e que pode ser executada pelo próprio caminhão-oficina. Essa intervenção também contém itens a serem verificados e trocados, como filtros, óleos e peças desgastadas. A manutenção aqui executada possui caráter tanto preventivo, avaliação de desgaste dos componentes do equipamento, como corretivo, substituição de componentes gastos, tudo dentro de uma parada já preestabelecida.

Colhedoras em processo de reforma na entressafra, em oficina na própria fazenda

ENTRESSAFRA

No caso de um plano de manutenção executado no período de entressafra, a finalidade é avaliar as condições de conservação e funcionamento do equipamento que acaba de completar a safra, e a partir dessa avaliação iniciar uma manutenção de caráter corretivo e preventivo, que consiste em desmontar, avaliar e reparar toda a colhedora, preparando-a para a próxima safra. Dentre os itens de caráter corretivo estão os serviços de caldeiraria, recuperação de rolos, embuchamento de articulações, troca de componentes com problemas, dentre outros. Dentre os itens de caráter preventivo estão a troca de rolamentos, retentores e reparos, além da checagem das pressões de trabalho do sistema hidráulico. Com isso vemos que a grande vantagem de se ter um plano aplicado de manutenção é poder acompanhar de perto o equipamento, realizando constantes diagnósticos que nos forneçam informações valiosas sobre as suas condições e assim tomar decisões importantes na hora certa. Toda essa rotina de manutenção só vem a trazer benefícios desde que bem executada, mas devemos ressaltar a importância de conciliar essas intervenções à rotina operacional Ismael Taveira E. Branquinho e Wellington P.A.Carvalho, Ufla

Veículos como este caminhão são utilizados para manutenção de equipamentos em usinas

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COMBUSTÍVEIS Fotos Marcos Lobo

Posto correto

A presença de postos de combustíveis na fazenda é uma necessidade principalmente em propriedades com maior número de maquinário. Para construí-los e mantê-los seguros, é necessário seguir algumas normas legais e cuidados básicos de segurança

O

s postos de abastecimento de combustíveis, se construídos fora das normas de segurança, constituem-se em focos de contaminação de solo, lençol freático e cursos de água. Muitos produtores rurais, em busca de economia ou por desconhecimento da legislação, possuem em suas propriedades postos de abastecimento em desacordo com as normas técnicas exigidas pelos órgãos estaduais ou municipais de meio ambiente, a quem cabe fiscalizá-los. No ano de 2000 foi publicada a Portaria Conama 273/00 que regulamenta a

construção de postos de abastecimento de combustíveis determinando a necessidade da obtenção da LP - Licença Prévia, LI Licença de Instalação e LO -Licença de Operação para construção e operação dessas instalações. Postos de abastecimento com tancagem aérea abaixo de 15 mil litros são dispensados das LI, LP e LO e os postos cujas tancagens sejam superiores a 15 mil litros devem requerer tais licenças junto aos órgãos ambientais locais. A seguir serão citadas algumas exigências comuns aos órgãos estaduais e municipais de meio ambiente relativas a postos de abastecimento utilizando tanques aéreos para armazenamento de combustíveis (não

Aterramento do tanque é um item obrigatório para evitar acidentes por acúmulo de energia estática

Bacia de contenção instalada na parte externa, ligada a uma caixa separadora de água e óleo

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entraremos em detalhes quanto a tanques subterrâneos, visto que o custo de instalação é muito maior que o de tanques aéreos, têm exigências contra vazamentos muito mais severas e só se justificam em situações de espaço limitado ou por exigências locais específicas, não sendo a opção preferencial em propriedades rurais onde há espaço disponível para instalação de tanques aéreos).

EXIGÊNCIAS

Para viabilizar a instalação de tanques de combustíveis aéreos, sem estar fora das normas, é necessário observar e realizar as seguintes exigências 1) Dique de contenção com volume 10% superior ao volume dos tanques de armazenamento para conter todo o combustível que porventura venha a vazar dos tanques. 2) O tanque de combustível deve ser aterrado para evitar acidentes por acúmulo de eletricidade estática. 3) A bacia de contenção deve ser instalada em sua parte externa, ligada a uma caixa separadora de água e óleo, válvula de drenagem tipo esfera. 4) A válvula de drenagem só deve ser aberta em caso de acúmulo de água e fechada logo em seguida (muitos vazamentos com contaminação de solo e cursos d´água


Placas de advertência, ponto de aterramento para descarga de eletricidade estática dos caminhõestanque e sistemas corta-chamas nos tubos de respiro dos tanques também são itens obrigatórios

acontecem por se esquecer a válvula de drenagem aberta). 5) Instalar sistemas corta-chamas nos tubos de respiro dos tanques de armazenamento de combustíveis. 6) Instalar placas de advertência do tipo: “Não fume”, “Desligue o celular”, “Cuidado, inflamável”. 7) Localizar extintores apropriados (pó químico), em local abrigado e em quantidade suficiente nas proximidades do posto de abastecimento de combustível (para tancagens acima de 120m³ é necessária rede de hidrantes segundo a NBR 17505-4, devendo-se, no entanto, verificar se há legislação estadual sobre o assunto). 8) Instalar caixa separadora de água e óleo para contenção de resíduos oleosos oriundos da bacia de contenção e das pistas de descarga e abastecimento de combustíveis. 9) É necessário o ponto de aterramento para descarga de eletricidade estática dos caminhões-tanque, sendo o aterramento do caminhão-tanque a primeira atitude a ser tomada no processo da descarga do

combustível. 10) Construir plataformas niveladas de concreto, com canaletas periféricas para drenagem de combustível vazado, ligadas à caixa separadora de água e óleo, nas pistas de descarga de caminhões-tanque e de abastecimento de veículos. 11) Instalar reservatórios de contenção de vazamentos de combustível (sumps) sob as bombas de abastecimento e filtros de combustível. 12) Os mangotes dos caminhõestanque devem ser conectados a válvulas de descarga seladas com conexão rápida para evitar vazamentos de combustível. Se houver necessidade de bombas de descarga, elas devem ser instaladas fora da bacia de contenção e cercadas por canaletas de drenagem. Obviamente, o que procuramos abordar neste texto, de forma bastante concisa, são as exigências relativas à construção de postos de combustíveis, devendo o usuário recorrer a profissional especializado no tema para informações mais detalhadas. Porém, temos

Ter sempre extintores de pó químico, ideais para os tipos de materiais inflamáveis existentes nos postos

de nos conscientizar da seguinte questão: a construção de postos de abastecimento de combustível, segundo as normas técnicas vigentes, pode parecer, para muitos, preciosismo ou gasto desnecessário. No entanto, levando-se em conta que a fiscalização sobre essas instalações por parte dos órgãos ambientais está se tornado cada vez mais severa e que o custo de remediação de solo, de descontaminação de cursos d´água e as multas decorrentes são muitíssimo superiores aos de uma instalação segura, não vale a pena correr o risco. A preocupação com o meio ambiente está se tornado tema constante dos noticiários e a poluição por combustíveis é algo que afeta recursos naturais preciosos e vitais ao produtor rural, ou seja, água e solo. Portanto, quaisquer gastos que venham a impedir vazamentos de combustível nunca .M serão demais. Marcos Thadeu Giacomini Lobo Petrobras Distribuidora S.A

Esquema de reservatórios de contenção de vazamento de combustível, sob as bombas

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a çã o Divulg

ARMAZENAGEM

Prática cara

Detalhes técnicos importantes na secagem de grãos nem sempre conseguem sair da prancheta e, na prática, regulagens mal realizadas acabam comprometendo a operação

A

preservação da qualidade dos grãos da colheita à industrialização é fundamental para a manutenção do processo produtivo. Os esforços defendidos na fase de produção podem não ser efetivos, se a qualidade do produto não for mantida quando das operações de secagem e beneficiamento. De modo geral, os problemas relacionados à manutenção da qualidade começam ainda no campo, contudo, são nas operações de pós-colheita que passam a ser mais representativos, visto o valor agregado ao produto. O fato das unidades receberem, em curto espaço de tempo, grandes volumes de produto, compromete o acompanhamento e a eficácia das operações e acabam por potencializar perdas no processo. Ainda que nos últimos anos as unidades brasileiras de recebimento e beneficiamento de grãos tenham sofrido considerável modernização, é possível atribuir boa parte das perdas de pós-colheita aos antigos equipamentos componentes e à falta de conhecimento de causa quando da operacionalização dos mesmos. Neste contexto, levantamos aqui alguns pontos a serem considerados na mais importante das operações de pós-colheita, a secagem de grãos. O processo de secagem de grãos, se malconduzido pode repercutir em grandes perdas econômicas ou mesmo trazer grandes incômodos no processo de armazenagem. Assim, na contramão da racionalidade, comumente encontramos precários sistemas de secagem ainda em operação. No secador em questão podemos identificar sinais evidentes de incêndios anteriores, chapas queimadas, retorcidas, oxidadas e sem proteção. Além da desestabilização estrutural do sistema, chapas com essas características apresentam maior rugosidade e resistem ao

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Fotos Alcir Modolo

A chegada de grandes volumes de produtos em curto espaço de tempo potencializa as chances de erros

Secador de fluxo misto tipo cascata, com sinais evidentes de incêndios anteriores, chapas queimadas, retorcidas, oxidadas e sem proteção, e detalhe de entrada falsa de ar no sistema

deslizamento normal do produto, potencializando novos incêndios pela retenção de resíduos no local e, por vezes, contribuindo com desuniformidades de secagem. A caixa de controle de alimentação do secador é pequena e, quando do regime de rodízio (caracterizada pela repassagem do produto pelo secador), pode favorecer a fuga do ar de secagem por não receber complementação de carga, comprometendo o rendimento do sistema. Cuidado especial deve ser tomado quando das entradas de ar falso, ou seja, aquele que é contabilizado na operação de secagem, mas que não passa pela torre de secagem. No detalhe da Figura 1, temos um exemplo dessa inconformidade. Para o modelo de secador em questão, o ar capturado pelas aberturas do sistema de transmissão entre o motor e o exaustor entra na câmara de saída do fluxo de ar e automaticamente é descartado pelo sistema. As entradas falsas de ar comprometem o rendimento e a eficiência do sistema, visto que o exaustor gastou energia para capturar ar que não será aproveitado na secagem. Logicamente, nem sempre temos recursos para alcançar total vedação, no entanto, devemos buscar o melhor isolamento possível. Para o caso em questão, associados ao secador têm-se a fornalha a lenha para aquecimento do ar e o ciclone para adequação do volume de fluxo e temperatura do ar empregado na secagem, conforme Figura 2. Em operação, a alimentação da fornalha é caso sério em todas as unidades, sem a devida responsabilidade e compromisso do

operador é comum a distribuição irregular da lenha na grade da fornalha. O fato pode dar preferência à passagem do ar, diminuindo sua eficiência e potencializando o carregamento de partículas e/ou faíscas para a torre de secagem. Em observação à Figura 2, verifica-se que o ciclone apresenta aberturas inferiores desprotegidas, possibilitando a entrada de sujeira, potencializando incêndios. Não existe controle do fluxo de ar nas aberturas do ciclone, ou seja, a quantidade de ar que entra por ele é constante e independe do produto, umidade ou fase de secagem. Além disso, a comum obstrução das entradas de ar, tanto na fornalha quanto no ciclone, compromete a eficácia do sistema. Além dos fatores mencionados, vale lembrar que as atuais demandas de recebimento exigem que as unidades sequem o produto

em diferentes turnos de trabalho, incluindo a noite. Isso faz com que o processo de secagem, além de dependente dos parâmetros normais de operação, fique sujeito à troca de informações entre os operadores, conforme verificado na unidade. As informações são geralmente anotadas em planilhas de controle e, muitas vezes, além de receberem interpretações diversas, não apresentam detalhes ou acontecimentos que garantam a racionalidade do processo. Desta forma, deve ser previsto um tempo de encontro entre os trabalhadores de diferentes turnos, a fim de que todas as informações referentes ao andamento do processo sejam repassadas com segurança. Ressaltamos que a discussão aqui iniciada restringe-se a apenas uma das fases de pós-colheita executada pelas unidades de recebimento, secagem, limpeza e armazenamento de produtos agrícolas. A busca pela racionalização da atividade deve passar por uma análise criteriosa de todos os equipamentos envolvidos, visto que o mal resultado de uma etapa, por conta do equipamento, componente ou da operação do mesmo, repercute resultados negativos .M em todas as demais. Evandro Marcos Kolling e Alcir José Modolo, UTFPR - Pato Branco

Fornalha (direita) e ciclone (esquerda) apresentando aberturas inferiores desprotegidas que possibilitam a entrada de sujeira e potencializam o perigo de incêndio

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FICHA TÉCNICA

BH 205i Novo modelo da Linha BH Geração II, o trator BH 250i tem motor com 210cv, desenvolvido para atuar principalmente em lavouras canavieiras

N

esta edição, apresentamos a Ficha Técnica do trator Valtra BH 205i. Motor seis cilindros Turbo Intercooler de 210 cavalos e 720Nm de torque, transmissão de 12 velocidades, acionamento hidráulico da embreagem e o hidráulico eletrônico HiLift, são algumas características deste modelo. O modelo é o mais novo lançamento da Valtra na sua Linha BH Geração II, que é composta por modelos de 145, 165, 180, 190 e 210 cavalos.

MOTOR

O motor que equipa este modelo é o AGCO Sisu Power 620 DSA, de 210cv, com um torque máximo de 720Nm a 1.400rpm, projetado para aplicações agrícolas, o que garante características de alta robustez, economia, longevidade e baixo custo de manutenção. Além disso, os motores Sisu Power 620 das são os primeiros motores brasileiros preparados para trabalhar com diesel ou biodiesel B100, ou seja, até 100% de biodiesel no tanque (o biodiesel a ser utilizado deve seguir a especificação segundo a

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resolução da ANP 42/2004). O BH 205i utiliza em seu motor um Turbo Intercooler, que tem como principal função baixar a temperatura do ar de admissão e com isso obter melhor eficiência na combustão, resultando em melhor desempenho, economia no consumo de combustível e baixos níveis de emissões de poluentes. O Intercooler, também denominado Aftercooler ar/ar, é um sistema que utiliza um trocador de calor (radiador), localizado na dianteira do trator, que reduz a temperatura do ar admitido depois de ser comprimido. Mais denso, o ar frio ocupa menos espaço e, com isso, uma quantidade maior de ar pode ser comprimida dentro de cada pistão, o que se traduz em aumento de eficiência de combustão do motor, gerando, assim, maior potência. Além dos benefícios econômicos de redução de con-

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Controles de operação, localizados ao lado do braço do condutor, facilitam a operação

sumo de combustíveis, o sistema prolonga a vida útil dos componentes do motor e reduz significativamente as taxas de emissões de gases, ajudando a preservar o meio ambiente. O motor Turbo Intercooler aplicado no trator BH 205i consegue atingir uma potência maior com menor consumo de combustível. Como a combustão é mais eficiente e a tempe-


Fotos Valtra

Cano de escape, localizado ao lado da cabine, tem proteção para evitar queimaduras

ratura de escape é mais baixa, a carga térmica do motor também é menor, prolongando a vida útil do motor e reduzindo os custos operacionais que você teria com outros sistemas.

O 205i já faz parte da Geração II, com frente inclinada, escape lateral e posição elevada da cabine, que garantem melhor visibilidade ao operador

TRANSMISSÃO

A transmissão é a Heavy Duty (transmissão para serviços pesados) com 12 marchas para frente e quatro à ré, com excelente escalonamento de marchas da caixa de câmbio. O BH 205i oferece oito opções de marchas na faixa de trabalho das principais operações agrícolas que variam de quatro a 12Km/h. Este modelo também é equipado com acionamento hidráulico da embreagem, o que proporciona maior vida útil da embreagem nas mais severas aplicações. A facilidade e

a simplicidade de manutenção e/ou troca do disco dessa embreagem, sem a necessidade de abrir o trator ao meio, fazem com que a disponibilidade ao trabalho seja alta e os custos de manutenção baixos, pontos importantes para tratores desta categoria. Este modelo oferece duas opções de TDP: 540rpm + 1.000rpm em sua versão standard ou somente 1.000rpm como opcional.

SISTEMA HIDRÁULICO

O BH 205i possui sistema de levante de

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Fotos Valtra

Visão frontal e traseira do BH 205i, que tem opções de rodagens como 30.5-32, 24.5-32 duplada e Trelleborg

três pontos categoria II, com capacidade de levante de 5.300Kg a 610mm dos olhais. O controle de posição, a sensibilidade e a profundidade são facilitados por meio de um sistema eletrônico denominado de HiLift, posicionado nos braços inferiores, proporcionando a este modelo grande desempenho e qualidade no preparo do solo. O controle remoto pode ser oferecido com até quatro válvulas de dupla ação com vazão de 51,8l/min, o que garante grande versatilidade na utilização de implementos nas diversas culturas. Ele possui ainda uma completa gama de opcionais de sistemas hidráulicos para atender a diferentes operações e adaptados a cada tipo de cultura.

OPCIONAIS ADICIONAIS

Com relação aos sistemas hidráulicos, o BH 205i tem, ainda, como opcional o kit Hi-Flow, um sistema especialmente desenvolvido para o setor canavieiro. Este sistema é o único capaz de trabalhar com todas as operações do processo agrícola como transbordo, tríplice operação, cultivo, plantio de cana inteira ou picada e com carreta distribuidora de torta de filtro. O BH 205i equipado com este sistema poderá contar com até três saídas de fluxo controlado de até 75l/min total. Com o acionamento de um único botão no console de operação, somam-se as vazões das bombas, podendo chegar a 126l/ min disponíveis para o transbordo (a maior vazão da categoria). Outros opcionais estão disponíveis para esta versão, como o kit freio pneumático, engates específicos para o setor canavieiro e opção de fábrica sem tomada de potência; kit semeadora de alta vazão, com 74l/min a 2.300rpm no motor para semeadoras de grãos com mais de um motor hidráulico; kit semeadora de média vazão, com 55l/min a 2.300rpm no motor para semeadoras com apenas um motor hidráulico e baixa necessidade de vazão.

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Para transbordamento também estão disponíveis dois kits: kit transbordo, com 83l/min a 2.300rpm no motor para trabalhar com implementos de transbordamento que pedem rapidez e agilidade no descarregamento e kit transbordo com fluxo constante com 83l/min a 2.300rpm no motor para operações de transbordo e mais 37l/min exclusivos para operações de fluxo contínuo, como por exemplo a tríplice operação para o setor canavieiro.

CABINE

O modelo BH 250i já tem o design exclusivo da Geração II com frente inclinada, escape lateral e a posição elevada da cabine garante melhor visibilidade ao operador quando comparada à de outros modelos. A cabine mais ampla oferece fácil acesso às alavancas de acionamento e controles, melhorando a ergonomia e o conforto da posição de operação, com isso, diminui a fadiga do operador, favorecendo as

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Este modelo opera com sistema de três pontos categoria II, com capacidade de levante de 5.300Kg

longas jornadas de trabalho. O acabamento interno possui boa vedação, o que reduz o nível de ruído da cabine, que com sua estrutura mais reforçada oferece também maior segurança em caso de acidentes de trabalho. As opções de rodagens como 30.5-32, 24.5-32 duplada e Trelleborg, favorecem a esse trator alto desempenho e versatilidade nas diversas operações agrícolas. Como características deste modelo, a Valtra destaca a facilidade de acesso para manutenção, a disponibilidade de peças de reposição e o baixo custo de manutenção, como fatores importantes que implicam diretamente na disponibilidade do trator para o trabalho e .M no baixo custo operacional.



capa

Os grandões do MDA Comparamos os tratores Massey Ferguson 275 A, Agrale 5075, John Deere 5603, New Holland TL 75 E, Valtra 785 e Yanmar 1175-4, todos de porte médio, com 75cv de potência, mas também os maiores modelos oferecidos pelo programa Mais Alimentos, do MDA

A

e informar à comunidade em geral das diferenças existentes entre os modelos escolhidos para o comparativo. É claro que, além das características técnicas de cada máquina abordada aqui, questões como diferenças no padrão de trator vendido por cada uma das companhias, diferenças na oferta de opcionais, além de algumas características de marcas como pós-venda, exigência de manutenção e rede de concessionários, também devem

ser levadas em conta na hora de adquirir qualquer equipamento. Para este início de trabalho optamos por apresentar um comparativo entre modelos de tratores médios pequenos, com potência de 75cv, fabricados no Brasil. Estes modelos testados são recomendados pela cartilha do programa Mais Alimentos, do Governo Federal, maior fonte de financiamento para o setor de máquinas e implementos agrícolas no momento. Está John Deere

Agrale

partir desta edição, além dos tradicionais testes e fichas técnicas, publicaremos também comparativos técnicos, que auxiliarão os leitores, usuários e técnicos envolvidos no processo de seleção de tratores agrícolas e outras máquinas que venhamos a comparar. O objetivo desta nova modalidade de comparação é principalmente apoiar os leitores nas suas decisões de compra

O modelo 5075 da Agrale, com motor MWM, aposta na melhoria dos quesitos ergonomia e acessibilidade promovida em toda a linha 5000

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O John Deere 5603 destaca a acessibilidade aos comandos como um dos pontos positivos e também apresenta uma gama de equipamentos de segurança de série


Montagem Cristian

o Ceia

mecanização envolvida na atividade. Este programa tem como meta financiar a aquisição de cerca de oito mil tratores, em cada um dos três anos em que o mesmo atuará. De acordo com dados apresentados pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o setor em questão registrou, apenas no último ano, um aumento em torno de 45% nas vendas de tratores, da linha destinada à agricultura familiar (categoria até 75cv). Foram 12.160 unidades no ano de 2007 e 17.630 unidades em 2008.

PONTOS POSITIVOS

particular de cada um em apresentar as informações, pois cada uma das empresas valoriza de maneira diferente os dados que interessa divulgar. Como mecanismo de contenção dos efeitos da crise econômica mundial, várias empresas de máquinas agrícolas começam a investir em nichos alternativos de mercado. Neste contexto, surgem alternativas que se baseiam em máquinas de menor porte, ideia que ganha relativa importância no cenário nacional e se ampara em bases de investimento como o programa Mais Alimentos, lançado recentemente pelo Governo Federal. A agricultura familiar torna-se uma grande aposta, por parte das empresas do setor, visando equilibrar os níveis de produção e ajudar a conter os efeitos negativos da crise. O programa Mais Alimentos tenta manter aquecida a indústria de máquinas agrícolas e favorece os agricultores familiares a ampliarem seus padrões de produção, pelo provável aumento da eficiência nas tarefas agrícolas, proporcionado pela

Fotos Charles Echer

claro que em determinados casos a comparação poderia incluir outros modelos, dentro de uma faixa de potência, com pequena variação de potência de motor, mas o critério de escolha foi este, em função de haver uma boa quantidade de tratores com esta mesma potência declarada. Todas as informações contidas neste comparativo foram baseadas em material disponibilizado pelos fabricantes. Escolhemos os modelos dos tratores Agrale 5000, John Deere 5603, Massey Ferguson 275, New Holland TL75, Valtra 785 e Yanmar 1175-4 para a comparação. É claro que outras comparações poderiam ser feitas, mas achamos que iniciamos bem com estes modelos. Todavia, cabe ressaltar que o comparativo baseou-se em tratores 4x4, uma vez que estes são os tratores contemplados dentro do programa Mais Alimentos. Nesta primeira experiência já detectamos algumas restrições como a necessidade de confiar nos dados apresentados pelos fabricantes e, considerar a forma

Cada uma destas máquinas, atualmente ofertadas no mercado nacional, possui uma série de particularidades. Por meio de uma breve análise de suas fichas técnicas, combinada às informações gerais obtidas, podemos destacar quais são os pontos relevantes que definem o padrão destes tratores, ou seja, é possível indicar alguns dos pontos fortes que caracterizam os tratores deste segmento. O modelo 5075 da Agrale aposta na melhoria dos quesitos ergonomia e acessibilidade em seus modelos da linha 5000. De mesma forma, a Agrale destaca a versatilidade e adaptabilidade do produto, característica esta que visa assegurar a este trator uma fatia de mercado que contemple várias regiões do país. Outro fator que se faz importante é a economia atribuída aos motores MWM que equipam este modelo. A marca John Deere, por sua vez, oferece o modelo 5603, que, além de conforto e segurança característicos dos tratores da marca, destaca também fatores inerentes a uma menor manutenção e maior produtividade da transmissão e da redução final. No que tange aos parâmetros de conforto, o modelo destaca a acessibilidade aos comandos como um dos pontos positivos e também apresenta uma gama de equipamentos de segurança de série, tais como espelhos retrovisores e

Dos modelos comparados, quatro deles apresentam alavancas de câmbio posicionadas nas laterais e dois apresentam as alavancas centralizadas. Os postos de comando possuem características semelhantes entre os modelos

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das verificações de rotina e manutenção em geral, devido às características no projeto do modelo, desenvolvidas para esta finalidade. Além dos pontos já citados, cabe mencionar alguns opcionais, tais como a TDP econômica e a transmissão com super-redutor de velocidade, que confere a este trator a capacidade de desempenhar tarefas a velocidades que se situam em torno de 0,3km/h, como é o caso da utilização de corte e distribuição de silagem. O Valtra 785 C ressalta características de alto desempenho, baixo consumo de combustível e baixo custo operacional, inerentes aos seus modelos que se encaixam na chamada Linha Leve da marca. Como no caso de alguns concorrentes, o 785 C também utiliza o motor MWM International, versátil e com boa economia de combustível. Os modelos da Linha Leve Valtra destacam a geometria diferenciada de seu sistema hidráulico de levante no engate de três pontos. Também faz referência positiva no que tange

MOTOR

Todos os seis tratores avaliados pertencem à mesma classe, dotados de motores quatro cilindros, com aspiração natural, proporcionando 75cv de potência em rotação nominal. Todavia, torna-se importante salientar algumas particularidades inerentes a cada um destes tratores. O motor de maior volume é o da marca John Deere, que equipa o modelo JD 5603, e três modelos utilizam o mesmo motor MWM de 3.922cm 3. O maior torque é o do Massey Ferguson, modelo 275, que é equipado com um modelo de motor MWM, porém, há diferença dos demais que utilizam esta marca, com 4.100cm3. Todos os motores chegam à potência máxima com a rotação de 2.400rpm (rotação noNew Holland

Charles Echer

sinal luminoso e sonoro de marcha à ré. Cabe ressaltar que o John Deere 5603 vem equipado com uma tomada de potência econômica (TDP-E), o que proporciona uma maior economia na execução de tarefas, sem, no entanto, comprometer a produtividade do trator. O Massey Ferguson MF 275 Advanced tem como principal aliada a tradição de mercado, característica marcante nos tratores da linha 200. O reduzido custo de manutenção destes modelos e a disponibilidade de concessionários ainda figuram como um forte fator para a tomada de decisão pelo agricultor no momento da aquisição de um trator desta classe. Da New Holland, selecionamos o modelo TL 75 Exitus, o qual valoriza seus atributos na versatilidade e manutenção deste trator. Este modelo destaca como pontos fortes a economia de combustível e excelente relação torque/potência (alta reserva de torque) proporcionada pelo seu motor MWM International. O TL 75 E é um trator de fácil acesso para a realização

à segurança, acessibilidade à plataforma de operações e aos comandos, com as alavancas de comando do trator localizadas no lado direito do operador, com exceção apenas do freio de estacionamento. A Agritech/Yanmar apresenta um trator que se enquadra perfeitamente no conceito de pequena propriedade rural, o modelo 1175-4. Este modelo é voltado às características de boa produtividade, porém, com dimensões extremamente compactas. O 1175-4 é um trator que apresenta as menores dimensões gerais na comparação com seus concorrentes, fator este, que em alguns casos, pode ser decisivo no momento da escolha de um trator bem dimensionado e que atenda às necessidades de cada produtor rural. Cabe salientar que este modelo tem o menor raio de giro e largura dentre os seis modelos avaliados e uma relação peso/potência que se assemelha ao modelo ofertado pela John Deere (em sua configuração sem lastragem), o que comprova sua vocação para tarefas voltadas à fruticultura e à olericultura.

O MF 275 Advanced tem como principal aliada a tradição de mercado, característica marcante nos tratores da linha 200, e reduzido custo de manutenção destes modelos

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TL 75 Exitus valoriza a versatilidade e manutenção, além da economia de combustível e excelente relação torque/potência proporcionada pelo seu motor MWM International


minal) sob Norma ISO NBR 1585, com exceção do MF 275, que desempenha sua potência máxima a uma rotação nominal de 2.200rpm. O torque máximo é obtido a 1.400rpm em todos os modelos. Neste sentido, o motor de maior torque é o MF 275, que supera os demais em aproximadamente 8%. Para alguns dos modelos não foi possível avaliar a reserva de torque, visto que faltava informação, ora da rotação de torque ou potência, ora do próprio valor de torque. O John Deere 5603 utiliza um motor desenvolvido pela própria marca, o John Deere 4045 D com 4.500cm³ de cilindrada total. Esta motorização proporciona um torque de 265Nm a uma rotação de torque máximo de 1.600rpm. O Massey Ferguson MF 275 Advanced utiliza um motor MWM International A4-4.1 com cilindrada total de 4.100cm³ e torque máximo de 289Nm, o maior torque dentre os seis tratores comparados.

Agrale 5075

JD 5603

MF 275 Advanced

NH TL 75 E

Valtra 785

Yanmar 1175-4

TRATORES Agrale 5075 JD 5603 MF 275 Advanced NH TL 75E Valtra 785C Yanmar 1175

O New Holland TL 75 E também utiliza um motor MWM International D 229-4, com cilindrada total de 3.922cm³, alimentado por uma bomba injetora rotativa Delphi com injeção direta. O conjunto apresenta um torque de 264Nm, semelhante ao de seus concorrentes das marcas Agrale, Valtra e John Deere. Nota-se que dos seis tratores avaliados, quatro deles utilizam motores da marca MWM. O modelo 785 C da Valtra apresenta a mesma motorização do modelo ofertado pela New Holland com um torque de 265Nm. A Yanmar, em seu trator 1175-4, oferta uma motorização própria, com o modelo Yanmar/4TNV 98-xat, de 3.318cm3 e 250Nm de torque máximo a 1.500rpm, com 16 válvulas, quatro por cilindro.

TRANSMISSÃO

No que relaciona às transmissões utilizadas nestes modelos em comparação,

todos os modelos usam caixas de velocidades secas ou sincronizadas, com alavancas laterais na maioria dos casos, e nas marcas Massey Ferguson e Valtra, centralizadas, entre as pernas do operador. O número de marchas varia entre seis e 12, com a particularidade de que o modelo 785 C da marca Valtra possui muitas opções de câmbios entre seis e 12 marchas. O modelo Agrale 5075 apresenta transmissão parcialmente sincronizada, com dez marchas à frente e duas marchas à ré, porém, o mesmo trator é ofertado em uma configuração 12x12 com inversor, visando proporcionar uma maior agilidade e versatilidade ao trator. O posicionamento das alavancas é lateral e a embreagem, do tipo duplo disco seco, tem acionamento hidráulico. O modelo 5603 da John Deere apresenta, por sua vez, uma transmissão sincronizada Partial Synchro, que proporciona maior facilidade em manobras e aumento de desempenho, com nove

TRATORES MOTOR CILINDRADA (cm) POTÊNCIA (cv) TORQUE (Nm) SISTEMA DE INJEÇÃO Agrale 5075 MWM/D229-4 3922 75 265(20%) Bomba rot. CAV Lucas/inj. direta JD 5603 John Deere/4045 D 4500 75 265 MF 275 Advanced MWM/A4 - 4.1 4100 75 289 NH TL 75 E MWM 3922 75 264 Bomba rot. Delphi/ inj. direta Valtra 785 MWM/ D 229-4 VA 3922 75 265(20%) Bomba rot./inj. direta Yanmar 1175-4 Yanmar/4 TNV98-xat 3318 75 Bomba rot./inj. direta

EMBREAGEM TIPO Duplo disco seco Monodisco cerametálico Dupla Disco cerametálico Disco duplo independente Dupla

ACIONAMENTO Hidráulico Mecânico Mecânico Mecânico Mecânico Mecânico

TIPO Parcialmente sincronizada Sincronizada Deslizante Sincronizada Sincronizada Collar shift

TRANSMISSÃO POSIÇÃO DAS ALAVANCAS Lateral Lateral Central Lateral Central Lateral

MARCHAS FRENTE/RÉ 10 / 2 9/3 8/2 12 /4, 12/12 ou 20/12 6 / 2, 9 / 3 ou 12 / 4 12 / 3

TRATORES

EMBREAGEM SISTEMA DE DIREÇÃO SISTEMA HIDRÁULICO Tipo Acionamento Rot. Nom. rpm (TDP/Motor) Tipo Vazão Máx. (l/min) Capacid. Máx. de Levante (kgf) Controle Remoto Agrale 5075 Independ. Mecânico 540/2000 Hidrostática 53 2600 de série JD 5603 Independ. Mecânico 540/1700-2400 Hidrost. c/ bomba independ. 43 2670 2 válvulas MF 275 Advanced Independ. Mecânico 540/1900 Hidrostática 27 2500 2 ou 3 válvulas NH TL75E Independ. Mecânico 540/2199 Hidrost. c/bomba independ. 44,5 3340 opcional Valtra 785 C Independ. Mecânico 540/2040 Hidrostática 38,4 2600 1 ou 2 válvulas Yanmar 1175 Independ. Mecânico 540/2400 Hidrostática 69 2000 DIMENSÕES GERAIS TRATORES Dist. entre eixos (mm) Raio de giro mín.(mm) Bitola Diant. (mín.-máx.)(mm) Bitola Tras. (mín-máx)(mm) Tanque de combustível (l) Agrale 5075 2260 1400 - 1900 1440 - 1840 94 JD 5603 2177 1160 - 1965 1400 - 1800 68 MF 275 Advanced 2370 3550 1317 - 1826 1445 - 2167 100 NH TL 75E 2350 3500 1614 1920 110 Valtra 785C 2373 3170 1500 - 2097 90 Yanmar 1175 1945 3375 1290 1115 67

Pneus Diant./Tras.(“) 12.4-24’’/ 16.9-30’’ R1 12.4-24’’/ 18.4-30’’ R1 12.4-24’’/ 18.4-30’’ R1 12.4-24’’/ 18.4-30’’ R1 12.4-24’’/ 18.4-30’’ R1 12.4-28’’/ 14.9-24’’ R1

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Valtra

marchas à frente e três marchas à ré. As alavancas estão posicionadas lateralmente e a embreagem, do tipo monodisco cerametálico, é acionada mecanicamente. O modelo MF 275 da Massey Ferguson vem equipado com uma transmissão do tipo deslizante e com posicionamento central das alavancas de marchas. Esta configuração permite que o trator tenha oito velocidades à frente e duas velocidades à ré, com uma embreagem do tipo dupla, de acionamento mecânico. A New Holland dota seu modelo TL 75 Exitus de uma transmissão sincronizada com variadas configurações de velocidades: o modelo de partida da linha apresenta 12 marchas à frente e quatro marchas à ré, podendo-se optar pelo modelo com alavanca de reversão que proporciona 12 marchas à frente e à ré ou, ainda, pode-se requisitar o opcional com super-redutor de velocidade, proporcionando 20 marchas à frente e 12 marchas à ré. Este modelo vem com suas alavancas posicionadas na parte lateral da plataforma, com uma embreagem de disco cerametálico e acionamento mecânico. O modelo 785 C da família Valtra tem transmissão sincronizada com várias configurações das relações de velocidades: seis marchas à frente e duas à ré, nove marchas à frente e três à ré ou 12 marchas à frente e quatro marchas à ré. O posicionamento das alavancas é central e a embreagem, do tipo duplo disco independente, é acionada mecanicamente. O Yanmar 1175-4 tem seu engrenamento principal pelo sistema Collar Shift, disponibilizando 12 marchas à frente e três marchas à ré. As alavancas localizam-se na parte lateral do posto de operação e a embreagem do tipo dupla é acionada mecanicamente.

HIDRÁULICO, DIREÇÃO E TDP

veis de serem destacadas, tendo-se como base parâmetros relacionados a estes sistemas, porém, muitas características se assemelham entre os modelos avaliados: todos os modelos possuem sistema de direção do tipo hidrostática, sendo que os modelos ofertados pela New Holland e pela John Deere disponibilizam uma bomba independente para esta função; os seis modelos avaliados são equipados com tomada de potência independente, com acionamento mecânico. O modelo 5075 da Agrale alcança as 540rpm na TDP a uma rotação de 2.000rpm do motor. No que se refere ao seu sistema hidráulico, o mesmo apresenta vazão máxima de 53L/min e capacidade máxima de levante de 2.600kgf, disponibilizando controle remoto de série. O trator 5603 da John Deere desenvolve as 540rpm na TDP a uma rotação que pode ser de 1.700rpm na opção econômica ou de 2.400rpm do motor em seu modo de funcionamento padrão. Seu sistema hidráulico possui vazão máxima de 43L/min e capacidade máxima de levante de 2.670kgf, disponibilizando duas

O 1175-4 da Yanmar características de b

válvulas de controle remoto. O modelo MF 275 Advanced, da Massey Ferguson, necessita de 1.900rpm do motor para desempenhar as 540rpm na TDP do mesmo. No que diz respeito ao seu sistema hidráulico, o MF 275 apresenta vazão máxima de 27L/min, e 2.500kgf de capacidade máxima de levante, valor inferior aos apresentados pelos seus concorrentes, excetuando-se o valor atribuído ao Yanmar 1175-4, o menor dentre os modelos comparados. O modelo comercializado pela Massey Ferguson apresenta controle remoto com duas válvulas de série, contando com o opcional de três válvulas ou, ainda, com uma opção que pode não contar com este item. O modelo TL 75 E da New Holland desempenha 540rpm na TDP a uma rotação do motor de 2.199rpm. Este modelo apresenta vazão máxima do sistema hidráulico na ordem de 44,5L/min e a maior capacidade de levante na comparação com os demais modelos, situando-se em torno de 3.340kgf, oferecendo o sistema de controle remoto como um opcional. O trator Valtra 785 C alcança as

Charles Echer

Algumas particularidades são passí-

O Valtra 785 C, com motor MWM International, ressalta características de alto desempenho, baixo consumo de combustível e baixo custo operacional

Os sistemas hidráulicos possuem características bastante diferenciadas entre os modelos. A capacidade de levante, por exemplo, pode variar de 2.000kg a 3.340kg. No entanto, as TDPs são todas independentes com acionamento mecânico, com variações de Rotação Nominal entre 540/2.400rpm

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Yanmar

se enquadra no conceito de pequena propriedade rural, com oa produtividade e dimensões extremamente compactas

540rpm na TDP a 2.040rpm do motor. O seu sistema hidráulico tem vazão máxima de 38,4L/min e capacidade máxima de levante de 2.600kgf, disponibilizando uma ou duas válvulas no controle remoto do sistema. O Ya nma r 1175-4 necessita de 2.400rpm do motor para desempenhar 540rpm na TDP. Em relação ao sistema hidráulico, a vazão máxima situa-se em torno de 69L/min, a mais elevada dentre os modelos comparados, todavia, sua capacidade máxima de levante é a mais baixa na comparação com os demais tratores, como fora anteriormente citado, com valores na ordem de 2.000kgf. Informações referentes às opções de controle remoto do modelo não foram identificadas, porém, sabe-se que são duas saídas. Quanto à análise da relação peso/ potência, utilizando as informações dos fabricantes, se pôde realizar algumas conclu-

sões. Houve algum prejuízo na análise, pois alguns fabricantes disponibilizam as informações de uma forma diversa do outro. Os tratores John Deere 5603 e Yanmar 1175-4 apresentam uma baixa relação peso/potência, lembrando que esta característica se atribui ao trator sem a presença de qualquer tipo de lastragem. Assim, a situação torna-se facilmente modificável com a adição de pesos dianteiros e traseiros (presença de série nos tratores da linha). No caso do MF 275, a informação é apresentada com os pesos, que equipam o modelo em sua configuração básica, apresentando, assim, a maior relação peso/potência dentro desta comparação de tratores, o que permite ao modelo exercer funções que admitam um maior nível de exigência do trator. Os tratores New Holland TL75 E e o Agrale 5075 possuem uma relação peso/potência semelhante e adequada para múltiplas tarefas, mesmo na sua configuração sem a presença de qualquer tipo de lastragem. Assemelhando-se ao MF 275 Advanced, o Valtra 785 C apresenta uma alta relação peso/potência devido a sua configuração de contrapesos, os quais são itens de série do modelo.

CARACTERÍSTICAS GERAIS

Dentro das generalidades dos demais itens comparados entre os seis modelos avaliados, cabe ressaltar alguns aspectos inerentes a estes tratores: o Valtra 785 C é o trator que apresenta a maior distância entre os eixos dentre os tratores comparados (2.373mm), sendo que o Yanmar 1175-4 é o modelo que apresenta a menor distância entre os eixos (1.945mm), fator que justifica sua maior demanda de mercado nas atividades de olericultura e

fruticultura mecanizada; o modelo 785 C da Valtra apresenta o menor raio de giro mínimo (com o auxílio do freio), na ordem de 3.170mm, sendo que o trator MF 275 da Massey Ferguson demanda 3.550mm de raio de giro mínimo (com o auxílio do freio), o maior dentre os modelos comparados; as menores configurações de bitola são atribuídas aos modelos 1175-4 da Yanmar e 5603 da John Deere; o maior reservatório de combustível é o do New Holland TL 75 E, com 110 litros de capacidade, sendo que o Yanmar 1175-4 e o John Deere 5603 apresentaram as menores capacidades de armazenamento de combustível, respectivamente, com 67l e 68l de capacidade máxima.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A comparação destes modelos serve de subsídio para tomada de decisão por parte dos produtores rurais no momento da aquisição de uma nova máquina, uma vez que estes podem optar pelo modelo que venha a suprir de forma adequada suas possíveis necessidades no exercício das atividades agrícolas. Neste contexto, tanto o produtor quanto a indústria podem contabilizar lucros. Conhecer mais detalhadamente cada trator atualmente ofertado no mercado e, principalmente, ter uma boa noção das reais necessidades dentro de cada propriedade rural, tende a tornar cada vez menos burocrática a relação entre quem oferta o produto e quem deseja adquirir. .M José Fernando Schlosser, Gustavo Heller Nietiedt, André Luis Casali e Ronaldo Carbonari, Nema – UFSM


plantaDORAS

Fora de nível

Cultivar

Ensaio avalia a vazão de fertilizantes por dosadores helicoidais em função do nivelamento longitudinal e mostra variações na dosagem dependendo da inclinação do terreno

A

24

Foram testadas as combinações de cinco inclinações longitudinais do mecanismo dosador (nivelado longitudinalmente, inclinado -5° longitudinalmente, inclinado -10° longitudinalmente, inclinado +5° longitudinalmente e inclinado +10° longitudinalmente), quatro mecanismos dosadores (Figura 1), D1 – gravidade, passo 1 polegada; D2 – transbordo passo 1 polegada; D3 – gravidade passo 2 polegadas; D4 – transbordo

passo 2 polegadas e duas rotações do mecanismo dosador, 55rpm e 73rpm, totalizando 15 tratamentos por dosador, com quatro repetições em delineamento inteiramente ao acaso, em um total de 160 observações. Os mecanismos dosadores permaneceram nivelados transversalmente durante todas as avaliações. A diferença básica entre os dois mecanismos avaliados consiste no fato dos dosadores 2 e 4 (D2 e D4) serem equipados com uma janela transversal ao movimento da helicoide, posicionada ao final desta, com a finalidade de evitar a pulsação na dosagem, daí a denominação de dosador por transbordo, contrastante aos dosadores D1 e D3, que não possuem esta janela, e o fertilizante cai por gravidade no tubo condutor. O passo consiste no comprimento de uma seção da helicoide (mola) do dosador. As inclinações foram obtidas através de um inclinômetro instalado na bancada de avaliação dos mecanismos dosadores. As temperaturas e umidades relativas do ar foram medidas com um higrotermômetro, as rotações nos eixos determinadas com um tacômetro digital e os tempos de coleta tomados com um cronômetro digital. Foram utilizados dois fertilizantes, mistura NPK, sendo um mistura granulada e outro mistura farelada. Em cada observação, foi

Dosadores e helicoides avaliados. Os dois da esquerda são por gravidade e os da direita por transbordo

Bancada de testes (à esquerda), vista frontal; (à direita) inclinação longitudinal simulada

como seria no caso da aplicação em taxa variada, mas não foram estudadas possíveis inclinações do mecanismo dosador. Dentre os principais problemas relatados em avaliações de semeadoras estão: elevada amplitude na razão de distribuição, com coeficientes de variação de até 50%, alteração da vazão com variação da velocidade de deslocamento da máquina. Então, visando avaliar o desempenho de mecanismos dosadores de fertilizante sólidos tipo rotor helicoidal, com dois passos diferentes da helicoide (mola dosadora) e características contrastantes em função do nivelamento longitudinal e da rotação do eixo do mecanismo dosador, foi realizado um experimento em condições de laboratório.

O EXPERIMENTO

Fotos Vilnei Dias

s semeadoras-adubadoras possuem a finalidade de colocar no solo a semente e o fertilizante simultaneamente. Para isso, possuem mecanismos distribuidores chamados de dosadores de sementes e de adubo. Para dosar o fertilizante, os mecanismos diferem, entre si, em sua construção, sendo oferecidas diferentes opções no mercado. Entre estas, existe o mecanismo dosador do tipo helicoidal, também denominado de rosca sem-fim, colocado abaixo do depósito de adubo, na maioria das vezes longitudinalmente ao sentido de deslocamento do conjunto trator-semeadora. Pesquisas demonstram que o mecanismo dosador para fertilizante do tipo rosca sem-fim é oferecido como opção em mais de 65% dos modelos disponíveis no mercado brasileiro. A precisão na dosagem de fertilizante é um dos parâmetros mais importantes da avaliação do desempenho de semeadoras. Diversos trabalhos utilizaram a distribuição de fertilizantes como um indicador de desempenho de semeadoras. A maioria das áreas cultivadas com culturas agrícolas anuais no Planalto do Rio Grande do Sul caracterizouse pelo relevo ondulado, o que pode causar variações no nivelamento da semeadora e, consequentemente, na precisão da dosagem de fertilizantes. Torna-se necessário conhecer o comportamento dos mecanismos dosadores quando submetidos a inclinações, em condições de laboratório preestabelecidas. Estudos avaliando dosadores desta natureza concluíram que esse tipo de mecanismo possui uma característica de fluxo não uniforme que é evidenciada, ainda mais, na aplicação de baixas vazões. De acordo com os autores, isso prejudica a utilização desses dosadores em um sistema de dosagem mais preciso,

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coletada a quantidade de produto distribuído pelos dosadores em um período de tempo de 30 segundos, sendo que, em cada tratamento, o produto foi recolhido em recipientes plásticos e sua massa determinada em balança eletrônica de precisão.

RESULTADOS

Os resultados demonstraram que todas as inclinações proporcionaram variação significativa na dosagem em função da inclinação longitudinal de todos os dosadores estudados. A variação da quantidade média de fertilizante, obtida com o uso do dosador do tipo transbordo em função da inclinação longitudinal do dosador foi menor. A dosagem do adubo aumentou em todos os dosadores, quando a inclinação longitudinal aumentou de –10° para +10°, porém, em menores proporções para os dosadores do tipo transbordo em comparação ao dosador por gravidade. O Quadro 1 apresenta a massa média de fertilizante obtida nas quatro repetições, em 30 segundos, em função da inclinação longitudinal dos quatro dosadores avaliados para a rotação de 55rpm. Os maiores desvios padrões ocorreram no passo de duas polegadas para ambas as misturas avaliadas. Os dosadores por transbordo apresentaram menores valores de coeficiente de variação, tendência que se manifestou também na rotação de 73rpm (Quadro 2). Quando considerada a mistura granulada, os coeficientes de variação foram menores na maior rotação, indicando maior estabilidade quando aumentada a rotação do mecanismo dosador. Para o produto avaliado tipo mistura farelada, o comportamento das inclinações foi semelhante nas duas rotações testadas, onde houve elevações significativas na dosagem de fertilizante com o aumento da inclinação longitudinal. Isto evidencia que maiores problemas de dosagem ocorrem em fertilizantes tipo mistura granulada, amplamente utilizados na agricul-

Quadro 1 - Vazão de fertilizante “mistura granulada” obtida por segundo em função da inclinação longitudinal do dosador na rotação de 55rpm Inclinação longitudinal

10° 5° 0° -5° -10° Média Amplitude (g) CV

Passo da helicoide 1 polegada 2 polegadas Transbordo Gravidade Transbordo Gravidade gramas de fertilizante por segundo 57,51 a 21,74 a 24,31 a 42,90 a 54,66 b 18,89 b 22,83 b 37,96 b 51,45 c 17,39 c 22,34 b 35,33 c 50,55 c 16,36 d 20,23 c 33,12 d 48,35 d 15,20 e 19,34 c 30,74 e 52,50 A 17,92 D 21,81 C 36,01B 9,16 6,53 4,97 12,16 6,86 14,12 9,22 13,02

Quadro 2 - Vazão de fertilizante “mistura granulada” obtida por segundo em função da inclinação longitudinal do dosador na rotação de 73rpm Inclinação longitudinal

10° 5° 0° -5° -10° Média Amplitude (g) CV

Passo (mm) 1 polegada 2 polegadas Transbordo Gravidade Transbordo Gravidade gramas de fertilizante por segundo 74,63 a 27,19 a 33,17 a 55,36 a 71,75 b 25,45 ab 31,76 a 48,32 b 69,02 c 24,59 b 29,52 b 46,18 c 66,28 d 21,59 c 28,95 bc 44,36 c 63,60 e 20,36 c 26,81 c 41,61 d 69,06 A 23,84 D 30,04 C 47,16 B 11,03 6,83 6,36 13,75 6,31 11,78 8,26 11,03

tura nacional. Quando avaliados os dois tipos de dosadores de mesmo passo, verificou-se que o dosador por gravidade apresentou dosagem significativamente superior ao por transbordo. Características da helicoide podem ter influenciado neste resultado. As variações percentuais da quantidade de

fertilizante tipo mistura granulada são apresentadas na Figura 1. Os maiores percentuais de variação ocorreram no passo de uma polegada para os quatro dosadores quando considerados estes qualitativamente em combinações de passo e mecanismo de liberação do fertilizante. As inclinações em graus, positivas


Figura 1 - Variações na dosagem de fertilizante mistura granulada

Legenda:Dosador 1: gravidade passo 1 polegada;Dosador 2: transbordo passo 1 polegada;Dosador 3: gravidade, passo 2 polegadas;Dosador 4: transbordo, passo 2 polegadas.

Figura 2 - Variações na dosagem de fertilizante mistura farelada

Legenda:Dosador 1: gravidade passo 1 polegada; Dosador 2: transbordo passo 1 polegada; Dosador 3: gravidade, passo 2 polegadas; Dosador 4: transbordo, passo 2 polegadas.

Vilnei Dias

ao sentido de deslocamento, ocasionaram maiores variações percentuais na quantidade de fertilizante distribuído por cada dosador avaliado, independente do sistema de liberação considerado, por gravidade ou transbordo. A mesma tendência foi identificada no fertilizante tipo mistura farelada, conforme dados visualizados na Figura 2. Os valores de máxima variação foram maiores para a mistura farelada quase que na totalidade das situações consideradas. Os dosadores do tipo gravidade com passo de duas polegadas foram os que apresentaram os resultados mais insatisfatórios quando comparados com os demais avaliados, considerando

as duas rotações (55rpm e 73rpm) e o produto mistura granulada. Para a mistura farelada, o passo de uma polegada apresentou menores valores de desvio padrão e coeficiente de variação quando isolado o fator tipo de dosador. Os problemas identificados na dosagem de fertilizante passam a ser preocupantes quando constatado que mais de 65% das semeadoras disponíveis no mercado nacional estão equipadas com este tipo de dosador. Além das condições de semeaduras em declive serem comuns no estado do Rio Grande do Sul, ilustrando que grande quantidade de fertilizante pode estar sendo depositada de maneira inadequada às expectativas do agricultor. Baseado no fato de que a recomendação é de que se faça o plantio das culturas em nível, ou seja, perpendicular à declividade do terreno, a disposição correta destes dosadores nas semeadoras deve ser longitudinal ao sentido de deslocamento do conjunto trator-semeadora.

CONCLUSÕES

Dois tipos de fertilizantes utilizados nos testes, mistura granulada e mistura farelada

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Do ponto de vista da operação de semeadoras-adubadoras equipadas com este tipo de mecanismo, ficam as seguintes conclusões, que

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podem ser úteis para as indústrias ou usuários dos produtos: • A inclinação longitudinal simulada de dez graus para mais ou para menos do nivelamento longitudinal altera a quantidade média de fertilizante distribuído independente do sistema de liberação do mecanismo dosador. • Os dosadores de fertilizantes helicoidais do tipo transbordo apresentaram melhores desempenhos quando comparados aos do tipo por gravidade nas condições dos testes. • Os dosadores helicoidais do tipo gravidade e do tipo transbordo devem operar com passo de uma polegada, para uma melhor distribuição dos fertilizantes tipos misturas granulada e farelada. • Em maiores rotações, os dosadores helicoidais de fertilizante tipo transbordo apresentam distribuição mais uniforme independente da inclinação longitudinal. . M Mauro F. Ferreira e Adroaldo de Oliveira, Unisc Vilnei de Oliveira Dias, Airton dos Santos Alonço e Gustavo Bonotto, UFSM



COLHEDORAS

Como um relógio

Colhedoras de grãos são feitas para se ajustarem a diferentes condições de lavoura e cultura. No entanto, para atingir o melhor desempenho possível, é preciso realizar as manutenções necessárias e as regulagens adequadas para cada situação

E

CORTE E ALIMENTAÇÃO

xistem fatores que podem influenciar na produtividade da lavoura. A negligência e o desperdício são os piores deles. De nada adianta a terra ser boa e o tempo ajudar, se é no trato e preparo do solo, no plantio, no controle de pragas e, principalmente, no momento da colheita, no transporte e no armazenamento dos grãos que seu rendimento diminui em decorrência de perdas indesejáveis. Além de fazer o plantio de maneira correta e controlar ervas daninhas e pragas, o produtor rural também precisa ser cuidadoso na hora de regular a máquina para colher. E para evitar perdas no transporte, deve inspecionar o estado dos graneleiros, caminhões e carretas. Antes de iniciar a colheita, a máquina deve ser regulada, ajustada e estar com a manutenção em dia. Todas as instruções necessárias estão contidas no Manual de Operação e Manutenção do Produto. Tendo-se estes cuidados com a colheitadeira, evitam-se danos mecânicos, impurezas e/ou desperdício. Para que não haja perdas na lavoura, os cinco sistemas devem ser levados em consideração: corte e alimentação, trilha ou debulha, separação, limpeza, armazenagem e descarga dos grãos.

O primeiro ajuste na área de corte deve ser no molinete. É fundamental que ele esteja com uma rotação adequada, na altura certa e com uma inclinação dos pentes de forma adequada, possibilitando um perfeito apoio para o corte, que não ceife os grãos antes do momento correto e que não jogue fora por debulha antecipada. A velocidade de deslocamento também deve ser adequada e depende do tipo da cultura, maturidade do grão, topografia do terreno, modelo da máquina e largura da plataforma de corte. O molinete com muita rotação ocasiona perdas antes do corte (perdas pré-colheita). O cereal deve ser tombado para dentro da máquina de uma maneira suave, sem debulha. Se a velocidade da máquina estiver muito elevada, o molinete proporcionalmente deverá girar muito rápido e fará a debulha antecipada. Algumas máquinas devem colher entre 5 e 6km/h e outras podem chegar até 8 e 9km/h. Correr não é recomendável, por isso é fundamental um operador bem treinado e capacitado.

A regulagem do fluxo de ar do ventilador deve ser feita de acordo com as características do produto

Muito vento nas peneiras joga grão fora. Pouco vento joga impureza no graneleiro

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É preciso verificar o estado de conservação da navalha de corte para conferir se não há dedos duplos quebrados ou falta de dedos retráteis no caracol. Depois de ajustar a velocidade da máquina, é necessário observar a rotação do caracol da plataforma, alterando a posição das rodas dentadas de acionamento se for o caso. Muito giro provoca debulha e perda de grãos. Por outro lado, em situações de colheita muito densa, pouca rotação pode causar embuchamento e alimentação inadequada da colheitadeira. A altura e a tensão das correntes da esteira do canal alimentador também devem ser reguladas.

TRILHA

É fundamental seguir a orientação da fábrica para o ajuste da rotação do cilindro e da abertura inicial do côncavo. Cada tipo de cultura tem uma rotação adequada em função do volume de palha, da umidade e da maturação do grão. O princípio básico


Fotos Massey Ferguson

O molinete deve estar com rotação adequada, na altura certa e com inclinação dos pentes correta para possibilitar um perfeito apoio para o corte

é: quanto mais aberto o côncavo e menor a rotação do cilindro, melhor será o resultado da colheita e menor será o esforço e desgaste da colheitadeira.

SEPARAÇÃO

Depois do ajuste do corte e da trilha, é a vez dos saca-palhas. Eles não requerem nenhuma regulagem prévia, mas necessitam de manutenção. Mantenha as grelhas limpas para que haja boa vazão do grão, uma boa revolução na palha durante a separação do grão para que ele, já separado, possa fluir novamente para a área de limpeza para ser processado.

LIMPEZA

É preciso regular as peneiras superior e inferior, bem como a seção de

retrilha acoplada à peneira superior para fazer a separação da impureza do grão. Combinado a isso há um fluxo de ar vindo do ventilador, que precisa ser regulado de acordo com a densidade do produto, peso do grão e o nível de impureza. Muito vento joga grão fora. Pouco vento joga impureza no graneleiro. É preciso um sincronismo entre a abertura da peneira, a velocidade e a quantidade do vento. O grão selecionado limpo cai no elevador de grãos e então segue para o graneleiro, enquanto que a retrilha deve retornar para reprocessamento. As impurezas são jogadas para fora da máquina.

ARMAZENAGEM

O descarregamento exige cuidado para evitar quebra do grão. No graneleiro devem ser armazenados somente grãos limpos sem quebra. O excesso de quebra pode ser resultado da regulagem de rotação inadequada do cilindro de trilha e um ajuste de côncavo malfeito, ou até uma abertura de peneira inadequada em relação ao tamanho do grão. Uma peneira inferior muito fechada permite retorno de grãos já trilhados para a seção de retrilha, podendo haver quebra, pois o grão limpo volta desprotegido da palha. É preciso cuidado no descarregamento. No caso do feijão, que é muito sensível, é recomendável descarregar com uma

Quanto mais aberto o côncavo e menor a rotação do cilindro, melhor será o resultado da colheita

Grelhas dos saca-palhas devem estar sempre limpas

rotação menor do que a normal. Detalhes simples na hora de regular a máquina podem ser a diferença entre lucro ou prejuízo na colheita, dependen.M do das condições da lavoura. Omar Zilch, AGCO do Brasil

MANUAL DO OPERADOR

O

Manual do Operador sempre deve ser consultado. Ele é, sem dúvida, a melhor ferramenta de apoio que acompanha a colheitadeira. O hábito de leitura das recomendações de fábrica deve ser estimulado por técnicos e proprietários de máquinas. Geralmente é por falta de conhecimento de princípios básicos que operadores cometem erros que acabam gerando prejuízos significativos que poderiam ser facilmente evitados.

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PULVERIZAÇÃO

Voo urbano Apesar de ser bastante utilizada em diversos países, a tecnologia de aplicação aérea no combate a insetos vetores de doenças, no Brasil, esbarra nas leis que ainda proíbem tal prática em áreas urbanas

O

s principais tipos de insetos transmissores de doenças humanas são os mosquitos, pertencentes à ordem Diptera, família Culicidae. Muitos representantes desta família são transmissores (vetores) de graves doenças humanas como, por exemplo, a malária (transmitida pelo mosquito Anopheles sp.), a febre amarela (cujos vetores são os mosquitos Haemagogus sp e Aedes spp) e uma das principais doenças epidêmicas que hoje aflige o Brasil, a dengue, transmitida por mosquito ou pernilongo cujo nome científico é Aedes aegypti. Também a malária, doença endêmica no Norte do país, assume grande importância em saúde pública. Os mosquitos são insetos de proliferação em áreas urbanas, periféricas e silvestres. Devem ser combatidos utilizando métodos integrados, que combinem ações de prevenção com ações de controle, de forma a manter a infestação daqueles insetos em níveis aceitá-

Forma adulta do Aedes aegypti, vetor da dengue

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veis, seja do ponto de vista de saúde pública, de saúde ocupacional ou simplesmente de bem-estar das populações. Os métodos integrados visam combinar ações de engenharia sanitária (drenagem, canalização de esgotos e águas pluviais); educação sanitária (destino do lixo, eliminação de focos de larvas nas residências) e aplicação de inseticidas para o controle de larvas e insetos adultos. A aplicação de inseticidas - objeto do presente artigo - por sua vez, pode ser feita utilizando produtos químicos ou biológicos e ser dirigida ao controle de insetos adultos e/ou na fase larval. A aplicação de inseticidas - químicos ou biológicos - pode ser feita, como rotineiramente é, por meios manuais ou mecanizados, terrestres ou então - menos comumente no Brasil - por aeronaves (aviões e helicópteros).

APLICAÇÃO DE LARVICIDAS

A aplicação de larvicidas por via terrestre geralmente utiliza o método manual para a aplicação de produtos larvicidas químicos, na forma granulada (como o Temefós = “Abate” ou produtos biológicos como o Bacillus thuringiensis ou Bacillus sphaericus) ou métodos mecanizados - pulverizadores e nebulizadores. A aplicação terrestre de larvicidas tem como vantagem o fato de poder ser feita na

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forma “dirigida”, aplicando-se o produto apenas nos focos que realmente contenham população ou potencial expressivo de larvas de mosquitos. A aplicação aérea de larvicidas somente se justifica em casos muito especiais, de tratamento de grandes extensões. Como exemplo deste trabalho temos a aplicação aérea de larvicidas biológicos, conduzida pela prefeitura de São Paulo em 2006, sobre o rio Pinheiros, no centro da capital paulista. Outro exemplo de viabilidade da aplicação aérea de larvicidas biológicos é o emprego destes produtos em largas extensões alagadas (como lavouras de arroz irrigado, por exemplo), para o controle de larvas do mosquito Anopheles, transmissor da malária. Trabalho de pesquisa com este objetivo já está sendo planejado pela Embrapa/Cenargen, no Norte do Brasil, em 2009.

APLICAÇÃO DE ADULTICIDAS

O controle de mosquitos adultos, como já referido, necessita a aplicação de inseticidas químicos, especialmente fabricados e registrados para uso em áreas populosas. Infelizmente não foi ainda descoberto um inseticida biológico eficaz para controle de mosquitos adultos, assim, obrigatoriamente devem ser usados produtos químicos como os organofosforados (Malathion, Fenitrothion) e os piretroides (Deltametrina, Cypermetrina, Lambdacialotrina). No emprego de adulticidas, a aplicação terrestre tem grandes limitações, conforme box ao lado.


Fotos Eduardo Araújo

Já a aplicação aérea de inseticidas químicos para controle de mosquitos adultos é praticada há muito tempo em todo o mundo, sendo uma rotina, hoje, em diversos países. Nos Estados Unidos, por exemplo, existem diversas prefeituras que têm frota própria de aeronaves com a finalidade exclusiva de combater mosquitos na área urbana e/ou periférica. Da literatura consultada, tiramos diversas referências sobre o uso da aplicação aérea em todo o mundo.

VANTAGENS

É possível destacar algumas vantagens da aplicação aérea sobre os equipamentos convencionais, no controle de mosquitos adultos, conforme vemos abaixo: a) Rapidez: mais de 500 hectares por

Aplicação aérea de larvicida biológico em São Paulo, 2006

hora de voo, que possibilita um “efeito de choque” sobre a população de mosquitos adultos e ausência do fator “repelente”, o que impossibilita a fuga dos insetos adultos. b) Alcance de áreas de difícil acesso aos equipamentos terrestres (pátios nos fundos das moradias, terrenos baldios cercados, banhados etc); c) Uniformidade de deposição (mesma dose do produto aplicada em todos os pontos da área); d) Poucas pessoas envolvidas no processo de aplicação: atualmente, com os modernos métodos de orientação por satélite, são necessárias apenas duas pessoas (um piloto e um auxiliar) para tratar mais de 500 hectares por hora. e) Emprego de pessoal especializado: por força de lei, o pessoal envolvido na aplica-

ção aérea tem de ser especializado para tal, mediante treinamentos conduzidos ou reconhecidos pelos ministérios da Agricultura e da Aeronáutica. f) Baixíssimas doses de produto por unidade de área: usualmente menos que meio litro de produto por hectare (dez mil metros quadrados). g) Custo reduzido, por hectare aplicado.

OUTRAS CONSIDERAÇÕES

A mais frequente objeção à aplicação aérea tem partido da área ambiental, na crença de que esta possa ser agressiva ao ambiente. Na verdade, a crença carece de fundamento, na medida em que se reflete sobre o assunto, segundo os seguintes enfoques: a) O que potencialmente poderia causar prejuízos ao ambiente seria o produto aplicado e, não, o equipamento utilizado. No entanto, mesmo assim, percebe-se que, utilizando os produtos indicados para tal (inseticidas registrados no Ministério da Saúde, na categoria Saneantes) e nas doses

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Aplicação aérea de inseticida químico para controle de mosquitos adultos. Litoral paulista, 1975

empregadas para controle de mosquitos, muito inferiores às usadas contra pragas agrícolas, os danos às populações, outros animais e ao meio ambiente não ocorrem. Aliás, se ocorressem, a aplicação terrestre de tais produtos (conhecida popularmente como fumacê) não seria permitida e incentivada. b) Quando corretamente empregada, os riscos ao meio ambiente da aplicação aérea são mínimos ou inexistentes, já que, como foi referido, os produtos podem ser os mesmos utilizados nas aplicações terrestres e nas mesmas doses indicadas para o caso específico (aplicação em áreas urbanas, para controle de mosquitos), inclusive sob recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) e do Ministério da Saúde no Brasil. A resistência à aplicação aérea não passa, portanto, de um certo preconceito, principalmente quando parte de pessoas ou setores que aceitam e às vezes até mesmo exigem a aplicação terrestre de inseticidas. c) Mesmo admitindo-se, a título de argumentação, a aplicação de inseticidas espaciais em áreas urbanas ser eventualmente um “mal necessário”, ainda assim seu risco à saúde é muito menor que a alternativa a que normalmente recorrem as populações (aplicações de inseticidas dentro das residências, frequentemente em doses exageradas, diretamente sobre as pessoas em recinto fechado e, o que

é pior, muitas vezes utilizando produtos não específicos para tais situações, por exemplo, o fracionamento do conteúdo de embalagens de produtos de uso agrícola e vendido a populações periféricas de baixa renda, para uso doméstico). Outro aspecto importante a destacar na aplicação aérea é a disponibilidade de equipamentos e pessoal especializado: a frota brasileira de aviões agrícolas é de cerca de 1.300 aeronaves, operadas pela iniciativa privada. É pois, todo um contingente que está plenamente capacitado a integrar-se em um trabalho, coordenado pelo Poder Público, de controle de insetos em áreas urbanas, com grande eficiência e rapidez. Praticamente todas as regiões do país possuem hoje aviões agrícolas operando nelas ou em suas proximidades e que poderiam perfeitamente vir a atuar neste importante segmento da Saúde Pública. Oficialmente, no Brasil, a posição contrária à aplicação aérea para o controle de mosquitos – transmissores da dengue

- parte do Ministério da Saúde, o qual, através da Nota Técnica 75/2007 coloca diversas objeções a esta alternativa. Tais objeções enquadram-se principalmente em três grupos: falta de eficácia, possíveis danos à saúde da população e/ou ao meio ambiente e alto custo. A primeira objeção (falta de eficácia) é claramente contornada pela abundância de relatos mundiais sobre a eficácia no controle de mosquitos adultos mediante aplicação aérea de inseticidas químicos, para várias espécies de mosquitos, inclusive Aedes e Anopheles. A segunda objeção (danos à saúde e ao meio ambiente) também é neutralizada por dois argumentos: • As aplicações feitas em todo o mundo e no Brasil nunca apresentaram qualquer dano colateral às populações ou à fauna e à flora. Comprovadamente; • Os produtos, registrados no Ministério da Saúde para aplicações em áreas urbanas

Limitações da aplicação terrestre

A

aplicação terrestre de adulticidas tem grandes limitações, como: a) O baixo rendimento (produtividade) dos equipamentos; b) A baixa percentagem da área espacial coberta, pela inacessibilidade da maior parte das áreas urbanas; c) A possibilidade, derivada das características anteriores, do efeito repelente, pelo qual os insetos vão afastando-se da área à medida que evolui o tratamento, podendo retornar a ela poucas horas de-

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pois de cessado, pelo pouco ou nenhum efeito residual dos produtos, nas doses aplicadas; d) A desuniformidade de deposição do produto nas superfícies atingidas, fazendo com que algumas áreas recebam subdosagens e outras excesso de produto; e) Em função da desuniformidade acima referida, a possibilidade de maior gasto de produto, para a mesma superfície tratada; f) Elevado custo por área tratada.

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Agilidade na aplicação, disponibilidade de aeronaves e pilotos são pontos que devem ser levados em conta


Fotos Eduardo Araújo

TABELA 1 – Eficiência da aplicação aérea de inseticida malathion UBV sobre mosquitos adultos. Litoral Paulista, Localização das gaiolas 1) Intradomiciliar 2) Peridomiciliar 3) A céu aberto – 1m de altura 4) A céu aberto – 2m de altura 5) A céu aberto – 3m altura 6) Sob vegetação – protegida 7) Entre copa menor que 1,5m (densa) 8) Entre copa maior que 1,5m (pouco densa) TOTAL

Nº. de exemplares 100 57 37 77 100 66 83 62 582

Fonte: Sucen, SP

por empresas especializadas, foram objeto de profundos estudos e exaustivos testes, pelo próprio Ministério, antes de sua liberação. Nunca seriam liberados, caso se mostrassem arriscados. São, ainda, os mesmos produtos ou muito similares aos aplicados por via ter-

restre, inclusive dentro das habitações, por recomendação daquele órgão. Finalmente, a terceira objeção (alto custo), também é minimizada quando se faz o cálculo por área tratada (hectares), quando a aplicação aérea se mostra inclusive mais econômica que a aplicação terrestre (note-se que os equipamentos terrestres normalmente percorrem apenas as ruas de uma cidade, concentrando-se o produto principalmente nas fachadas dos imóveis, enquanto o avião,

Mortalidade observada 1 Hora 2 Horas 3 Horas 12 Horas 24 Horas No. % No. % No. % No. % No. % 0 0 8 8 22 22 74 74 94 94 10 17 19 33 38 67 52 91 52 91 22 59 29 79 37 100 19 25 60 78 69 90 77 100 28 28 83 83 98 98 100 100 0 0 23 35 47 71 64 97 66 100 7 8 33 40 50 60 69 83 83 100 1 2 18 29 48 77 62 100 87 15 273 47 409 70 535 92 571 98 ao sobrevoar os quarteirões, aplica uniformemente, nas ruas, sobre as casas e pátios, frontais ou de fundos). Está, portanto, a saúde da população brasileira na expectativa de que os órgãos responsáveis endossem o uso desta eficiente tecnologia para o combate da dengue e de outras doenças também transmitidas .M por insetos vetores. Eduardo C. De Araújo, Agrotec


irrigação

Antes de irrigar Avaliar, planejar e projetar são passos importantes que devem estar presentes no momento em que o produtor opta pela prática de irrigar sua lavoura

A

prática da irrigação tem sido fundamental para garantir o abastecimento de produtos agrícolas no mundo. As estimativas otimistas sobre a irrigação (FAO, 2002) sugerem que esta será a responsável por 40% da expansão de área agricultável no período de 1995-2030 e entre 50%-60% do crescimento de produção de alimentos. De acordo com os números da FAO, em 2004 a agricultura representava 18% do total da área colhida, que significa 44% do total colhido a nível mundial. Já no Brasil, a proporção é de 5,8% da área para 19% do total colhido. Em várias regiões do Brasil, nas chamadas fronteiras agrícolas, a precipitação média de chuva no ano é superior a 1.200mm, bem acima do que na Califórnia, nos Estados Unidos, que está em torno de 350mm. A área irrigada no Brasil é de 3,5 milhões de hectares e tem potencial para chegar aos 30 milhões de hectares. Do total da água absorvida pelas plantas, quer seja proveniente das chuvas ou da irrigação, mais de 99% volta para a atmosfera e apenas 0,8% fica retido nos grãos, de onde o conceito correto para a agricultura irrigada deveria ser o de “usuária de água” ao invés de “consumidora”. Os irrigantes, por fazerem uso de modernas tecnologias, são adeptos de sistemas

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sustentáveis de produção e são os primeiros beneficiados com o uso racional da água e do solo. A racionalização do uso da água na agricultura irrigada está intrinsecamente relacionada à adequação do manejo de irrigação e ao planejamento relativo às estratégias de produção. Hoje, no Brasil, temos diversos sistemas de irrigação: por aspersão, localizada inundação e outros. Todos podem ter ótima eficiência operacional, cada um com sua aptidão. A irrigação por inundação no Brasil apresenta um dos melhores aproveitamentos de água. Na safra 08/2009, no Rio Grande do Sul, foram produzidos 7.500kg/ha de arroz com uso de 12.000m³, enquanto que na Espanha eles utilizaram para produzir 6.000kg/ha de arroz, 20.000m³ de água (Mello, Ivo. Assoc. dos Arrozeiros de Alegrete, 2009). A eficiência operacional de um pivô central pode ser igual à de uma localizada, lembrando que o sistema de irrigação localizado não é viável para plantio de cereais. Na elaboração do projeto de irrigação, devem ser levados em consideração a cultura a ser irrigada, as condições climáticas da

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região, o solo, o turno de rega, a disponibilidade e qualidade da água, a topografia do terreno, a disponibilidade de mão de obra, a energia elétrica, a assistência técnica e o tamanho da gota. No dia-a-dia a irrigação traz várias vantagens competitivas, pois é possível fazer um planejamento completo da porteira para dentro, que são: Gestão das terras: áreas próprias, arrendadas ou em parceria, permitindo com que maior parte do ano as áreas estejam ocupadas com as culturas de retorno econômico desejado, como também a integração lavoura x pecuária; Gestão de insumos: os insumos chegam a representar até 70% do custo da lavoura e a escolha de semente mais adequada à época de plantio desejado, possibilitando também a compra e entrega programada dos insumos e a maior eficiência no controle de pragas, doenças e ervas daninhas em períodos de


Fotos Matheus Zanella

estiagem; Gestão das máquinas e equipamentos: desde a utilização, como também reforma e manutenção. Possibilita também a compra de máquinas em condomínio; Gestão de pessoas: possibilita investimentos maiores na capacitação dos colaboradores, reduzindo o rodízio e aumentando a motivação dos mesmos, além de organizar as férias, horas extras e contratações de terceiros; Gestão financeira: a irrigação é um sistema muito dinâmico, é comum acontecer processos simultâneos de plantio, tratos culturais e colheita, como resultado o fluxo de entrada e saída de recursos financeiros é mais equilibrado. As quebras de safra, que são grandes motivos de preocupação das áreas de sequeiro, agora deixam de existir, sobrando mais tempo para o proprietário buscar novas melhorias dentro e fora da propriedade e fazer investimentos em longo prazo com maior segurança. Gestão da produção: além de se conseguir médias (média brasileira) de produtividade de 55% para o caso do algodão, 140% para o arroz, 189% para o café, 48% para o feijão, 61% para o milho, 16% para a soja e 59% para o trigo em relação a cultivo sem irrigação, é possível fazer estimativas de produção com menor variação, planejando a

A irrigação por inundação no Brasil tem um dos melhores aproveitamentos de água. Na última safra, no RS, foram produzidos 7.500kg/ha de arroz com uso de 12.000m³, na Espanha foram utilizados 20.000m³ para produzir 6.000kg/ha

entrega de mercadoria em armazém próprio ou em terceiros; Gestão de risco: redução significativa nos custos de contratação de seguro agrícola. Como já acontece no sudoeste paulista, as contratações de seguro no verão são feitas para cobertura de granizo a um custo real

da lavoura e no inverno com cobertura para geada. São seguros customizados para cada região, ou seja, o seguro é feito encima do custo que o produtor tem em sua lavoura, de acordo com a sua tecnologia. Os softwares de manejo de irrigação disponíveis no mercado já passaram por


Fotos Matheus Zanella

A eficiência operacional de um pivô central pode ser igual à de uma irrigação localizada, lembrando que o sistema de irrigação localizado não é viável para plantio de cereais

mudanças que facilitam em muito a vida do irrigante. Mas, mesmo assim, para cada região a utilização do software deve ser customizada e adaptada à condição do clima, ao manejo da lavoura e ao projeto de irrigação. A tecnologia do plantio direto (PD) é imprescindível para a sustentabilidade. Além de inúmeros benefícios, com a irrigação o plantio direto auxilia no controle de erosão, principalmente em áreas com pivô central maior que 100 hectares, instalados com emissores inadequados e em solo arenoso com declividade. Mesmo com a utilização do SPD, é importante manter os terraços e fazer o plantio em nível. A cobertura morta ou a palhada aumenta o tempo de armazenagem da água no solo, aumentando os turnos de rega, reduzindo custo de energia e uso da água. Há, também, uma redução ao redor de 6% a 14% no custo, sendo o combustível o principal fator de economia. Diversos países estão repassando aos produtores que praticam o SPD ajuda agroambiental, para que a tecnologia seja adotada com maior rapidez.

ção de galerias e matéria orgânica. Ainda é necessário encontrar alternativas pelas instituições de pesquisa com foco nas opções de espécies economicamente viáveis. Outros problemas como maior ocorrência de doenças em solos compactados, de pouca drenagem e na falta de rotação de culturas; falta de opção de plantio no inverno; geadas em algumas regiões que obrigam o produtor a fazer plantio convencional do feijão no cedo, também ainda são um desafio.

ÁGUA

O calculo do tamanho da barragem para reserva de água, armazenada em período de

DESAFIOS DA IRRIGAÇÃO EM PD

Ainda há vários desafios frente à irrigação com o plantio direto, alguns dos quais podemos abordar neste texto, como: Compactação do solo: normalmente, o solo nas áreas irrigadas encontra condição mais úmida e a movimentação de máquinas é maior do que em áreas de sequeiro. Somando estes fatores, acaba ocorrendo uma maior compactação do solo. Devido à grande concorrência, os agricultores são obrigados a adquirir equipamentos cada vez maiores e, consequentemente, maior será a compactação se estes não estiverem com os lastros e pneus adequadamente projetados. Medida mitigadora: informar e aumentar as opções de rodados agrícolas na hora da compra do trator ou troca de rodados. Processo colher x semear, que seria ter uma planta viva no solo logo após a colheita, pois as raízes são importantíssimas para constru-

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chuva, deve ser feito por pessoal especializado, para que o córrego, ou rio, se mantenha perenizado. Não há nada mais racional e inteligente do que armazenar o excedente de água em períodos de chuva para que seja utilizado em períodos de seca. O uso expressivo de água na irrigação evidencia a importância de estratégias de planejamento, monitoramento e operação, relativas ao uso racional dos recursos hídricos em projetos de irrigação. Estas estratégias devem ser consideradas nas políticas governamentais, voltadas para agricultura irrigada, visando garantir a disponibilidade de água para os múltiplos fins, em termos qualitativos e quantitativos. Os Comitês de Bacias Hidrográficas têm papel fundamental no gerenciamento e uso da água, por isto nós, produtores, temos que participar, depois não adianta chorar o “leite derramado”. O potencial para expansão da agricultura irrigada, praticada de forma sustentável, depende do avanço de geração e difusão de tecnologias nas áreas de irrigação, engenha.M ria, agronomia e meio ambiente. Alfonso Adriano Sleutjes, ASPIPP


MÁQUINAS EM NÚMEROS

VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Unidades Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2007 2008 2009

JAN 1,8 2,9 3,1

2009 ABR B 3.930 3.645 285 3.328 3.072 256 54 35 19 127 127 0 205 195 10 216 216 0

MAI A 4.017 3.868 149 3.375 3.262 113 54 41 13 171 171 0 126 113 13 291 281 10 FEV 2,4 4,0 3,6

MAR 3,0 4,3 4,1

ABR 2,9 4,5 3,9

2008

JAN-MAI C 18.815 17.968 847 15.394 14.805 589 223 157 66 704 704 0 1.257 1.195 62 1.237 1.107 130 MAI 3,2 4,7 4,0

JUN 3,4 5,1

MAI D 4.658 4.443 215 3.857 3.645 212 65 62 3 169 169 0 205 205 0 362 362 0 JUL 3,5 5,1

JAN-MAI E 20.305 19.688 617 15.903 15.364 539 232 225 7 741 741 0 1.830 1.759 71 1.599 1.599 0 AGO 3,9 5,1

SET 3,6 5,5

Variações percentuais A/D -13,8 -12,9 -30,7 -12,5 -10,5 -46,7 -16,9 -33,9 333,3 1,2 1,2 -38,5 -44,9 -19,6 -22,4 -

A/B 2,2 6,1 -47,7 1,4 6,2 -55,9 0,0 17,1 -31,6 34,6 34,6 -38,5 -42,1 30,0 34,7 30,1 OUT 4,2 5,5

NOV 3,7 4,3

DEZ 2,8 3,7

C/E -7,3 -8,7 37,3 -3,2 -3,6 9,3 -3,9 -30,2 842,9 -5,0 -5,0 -31,3 -32,1 -12,7 -22,6 -30,8 ANO 38,3 54,5 18,8

MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades

2009 ABR B 3.930 3.328 92 62 571 986 942 519 156 205 17 90 7 81 10 127 54 216

MAI A 4.017 3.375 100 50 512 1.070 868 605 170 126 22 33 15 51 5 171 54 291

Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)

2008

JAN-MAI C 18.815 15.394 485 255 2.150 4.757 3.904 3.089 754 1.257 163 496 186 375 37 704 223 1.237

MAI D 4.658 3.857 132 115 602 936 1.023 894 155 205 24 21 30 126 4 169 65 362

JAN-MAI E 20.306 15.903 606 275 2.179 4.610 3.722 3.874 637 1.830 216 593 295 688 38 741 233 1.599

Variações percentuais A/D -13,8 -12,5 -24,2 -56,5 -15,0 14,3 -15,2 -32,3 9,7 -38,5 -8,3 57,1 -50,0 -59,5 25,0 1,2 -16,9 -19,6

A/B 2,2 1,4 8,7 -19,4 -10,3 8,5 -7,9 16,6 9,0 -38,5 29,4 -63,3 114,3 -37,0 -50,0 34,6 0,0 34,7

C/E -7,3 -3,2 -20,0 -7,3 -1,3 3,2 4,9 -20,3 18,4 -31,3 -24,5 -16,4 -36,9 -45,5 -2,6 -5,0 -4,3 -22,6

Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).

PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2007 2008 2009

JAN 3,2 5,9 4,7

2009 ABR B 5.214 4.618 49 161 198 188

MAI A 4.457 3.821 47 175 60 354 FEV 4,1 6,6 4,4

MAR 5,0 6,6 5,6

ABR 5,2 7,0 5,2

2008

JAN-MAI C 24.352 20.529 347 781 1.711 984 MAI 5,6 6,5 4,5

JUN 5,7 7,3

MAI D 6.474 5.317 255 170 312 420 JUL 6,5 7,6

JAN-MAI E 32.549 24.942 1.445 700 3.442 2.020 AGO 6,8 8,0

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SET 5,8 8,0

Variações percentuais A/D -31,2 -28,1 -81,6 2,9 -80,8 -15,7

A/B -14,5 -17,3 -4,1 8,7 -69,7 88,3 OUT 6,8 8,8

NOV 6,3 7,4

DEZ 4,1 5,4

C/E -25,2 -17,7 -76,0 11,6 -50,3 -51,3 ANO 65,0 85,0 24,4

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JUSTIÇA EM DEBATE Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br

O

Prévia comunicação

processo para desapropriação para reforma agrária, procedimento que pode afastar um direito fundamental (propriedade), segue diretrizes rígidas. Qualquer distanciamento tende a causar nulidade. Um dos erros ainda comuns é a ausência de notificação válida para a vistoria. Essa notificação é direito do proprietário. Realizada, ele poderá exercer a defesa de seus interesses ao acompanhar a fiscalização e enfatizar pontos importantes à sua tese. As discussões sobre a notificação intensificaram-se nos últimos anos, por ocasião da edição da Medida Provisória 1.577/97 e suas reedições, que culminaram na Medida Provisória 2.027/00. Elas alteraram o parágrafo 2º do artigo 2º da Lei 8.629/93. Essa lei regulamenta dispositivos constitucionais sobre a reforma agrária (art. 184 e seguintes da Constituição).

O Supremo Tribunal Federal manifestou-se, então, pela inconstitucionalidade de parte daquela medida provisória. Mas somente em 2007, quando nem mais vigorava, o Senado emitiu a Resolução nº 4, suspendendo a execução do dispositivo. O Executivo agiu mais rápido do que o Legislativo. Em 2001 editou a Medida Provisória 2.183/01. Novamente alterou o parágrafo 2º do artigo 2º da Lei 8.629/93. Desta vez, simplesmente acrescentou uma palavra no dispositivo: “prévia”. A comunicação, portanto, deve ser prévia! Apesar da atual redação da lei, em diversos casos vê-se a ausência de comunicação prévia e em prazo razoável. Notificação recebida no dia anterior à vistoria pode até ser “prévia”, mas, em muitos casos, .M não se encaixa no preceito legal.

Naquela redação, os agentes estatais eram autorizados a ingressar na propriedade rural para vistoria, mediante comunicação escrita ao proprietário. Ocorria, todavia, que essa comunicação chegava ao interessado quando já não mais poderia acompanhar os agentes. O resultado na prática era a supressão do direito ao devido processo legal. O ato afrontava claramente o texto constitucional: “ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal”.

Safra de 1987

Caminhões e pedágio

L

eitor pergunta sobre o andamento das ações requerendo indenização da União por causa dos prejuízos causados na safra de trigo de 1987... Em breves palavras, a maioria dos processos ajuizados nos últimos anos tem sido julgada improcedente, apesar das boas teses levantadas pelos advogados. O problema reside na prescrição, isto é, no transcurso de um determinado lapso temporal entre o dano e o ajuizamento da ação. Os advogados dos produtores sustentam a aplicação do prazo de 20 anos, previsto no Código Civil de 1916 (em vigor em 1987). Mas, nas decisões, os tribunais utilizam o Decreto 20.910/32. Nele, a prescrição contra a União ocorre em cinco anos a contar da data do ato ou fato que originou a dívida. Esse decreto sofre sérios ataques, em diversas causas. Sem sucesso, até este momento.

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A

estratégia usada por diversos caminhoneiros de suspender um dos eixos para diminuir o desgaste dos pneus e economizar combustível não terá resultado quando se tratar do pagamento do pedágio. O Superior Tribunal de Justiça decidiu que a cobrança deve ser feita pelo número de eixos do veículo, independentemente de quantos estiverem tocando o asfalto. A solução apresentada pelas instâncias inferiores era de desconsiderar o eixo suspenso na fixação do valor do pedágio. O argumento utilizado é que isso criaria uma situação de igualdade. Porém, os ministros acolheram a tese oposta, de que isso acabaria contrariando o próprio princípio da isonomia, pois apenas veículos com a tecnologia de suspensão seriam beneficiados com a redução do pedágio, em detrimento de veículos (possivelmente mais antigos e de menor valor), não equipados com esse dispositivo.

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