Cultivar Máquinas • Edição Nº 90 • Ano IX - Outubro 09 • ISSN - 1676-0158
Mais esperança
Nossa capa
Conheça a história de seis diferentes famílias que realizaram o sonho de comprar o primeiro trator e como esta conquista ajudará a mudar a realidade nas suas propriedades
Destaques
Pulverizadores
Saiba como realizar manutenção de colhedoras de arroz na entressafra
Ensaio realizado por equipe da Unesp avalia pulverizador K.O. 2000 Express
06
28
• Editor
• Circulação
• Redação
• Expedição
Gilvan Quevedo Charles Echer Aline Partzsch de Almeida
Dianferson Alves Edson Krause
• Impressão:
Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• REDAÇÃO
• ASSINATURAS
• MARKETING
3028.2000 3028.2070
04
Manutenção de colhedoras
06
Ficha Técnica - Magnum 305
12
Colheita de cana
16
Meu primeiro trator
20
Avaliação do pulverizador K.O.
28
Ficha Técnica - Fankhauser
32
Ficha Técnica - Arag
36
Ficha Técnica - Valtra System 110
37
Escolha de ponta
38
Coluna Estatística Máquinas
41
Coluna jurídica
42
Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90
• Design Gráfico e Diagramação
Pedro Batistin Sedeli Feijó
Rodando por aí
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Simone Lopes
• Revisão
• Comercial
20
Índice
Colhedoras
Cristiano Ceia
Capa: Cultivar
Matéria de capa
3028.2060 3028.2065
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter Secretária Rosimeri Lisboa Alves www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Recorde
A Massey Ferguson registrou em setembro o maior volume de vendas de tratores desde março de 1995, com 1.632 unidades comercializadas no Brasil, aumentando também a participação de mercado no segmento para 35,2%. A empresa também registrou nos três primeiros trimestres do ano aumento de 3,7% nas vendas, com 9.811 unidades comercializadas.
Restauração
A Massey Ferguson foi uma das patrocinadoras da restauração do prédio da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), iniciada em 2000 e entregue à comunidade no início de outubro. O prédio, em estilo Art Nouveau, foi inaugurado em 1913. Na restauração, a fachada foi mantida, além de características originais de sua implantação, destacando-se a paisagem natural e o caráter rústico da edificação, que faz parte do patrimônio histórico e cultural do Estado.
Walter Horita
Canavieiro
A John Deere apresentou uma versão dos tratores 7715 e 7815 com eixo estendido, para trabalho em lavouras canavieiras. Nesta versão, os tratores vêm com um novo eixo dianteiro que permite trabalhar com bitolas de 2,8 ou 3,0 metros, mesma variação da bitola traseira, permitindo o tráfego sem pisotear as soqueiras da cana. Além destas características, a versão vem com sistema FieldCruise, que limita a rotação do motor em operações com carga parcial, como o transbordo de cana.
Advanced Show
Produtores de Ribeirão Preto e região participaram da etapa do projeto Case IH Advanced Show, na Usina Viralcool, no município de Pitangueiras (SP), em parceria com a Tracan. Com foco no setor sucroalcooleiro, a empresa apresentou a nova colhedora de cana A4000 e os tratores das linhas Farmall e Maxxum, além de palestras técnicas sobre mecanização. O gerente comercial da Tracan, Júlio Felipe de Araújo, garante que o evento “foi extremamente positivo e fundamental para o prestígio e fortalecimento da marca na região”.
Frota
Prêmio triplo
A unidade Valtra de Mogi das Cruzes conquistou o reconhecimento para três cases sobre Educação Ambiental, Gerenciamento de Resíduos e Iniciação ao Trabalho, no Prêmio Mogi News de Responsabilidade Social Empresarial do Alto Tietê. Marcelo Matarazzo Araújo, gerente de Segurança e Meio Ambiente da América do Sul do Grupo AGCO, afirmou que “os prêmios conquistados representam a consolidação da estratégia mundial do Grupo AGCO, que tem foco na busca constante da sustentabilidade”.
A concessionária da Yanmar Agritech, Comercial Scardua, de Itarana (ES), promoveu uma das maiores entregas de tratores pelo Programa Mais Alimentos. Foram 44 tratores 1055 da Yanmar Agritech e implementos agrícolas a produtores da região capixaba. A cerimônia, na cidade da região de Jaguaré (ES), contou com a presença de autoridades estaduais e municipais. “Sempre trabalhamos com tratores que buscam se adequar à ideia da agricultura familiar e que facilitem a vida do agricultor”, afirma o gerente de Vendas da Agritech, Nelson Okuda Watanabe.
Fórmula 1
O caminhão médio Agrale 13000 foi escolhido pelo quinto ano consecutivo como o veículo oficial do Driver’s Parade do GP Brasil de Fórmula 1, tradicional desfile dos pilotos no autódromo de Interlagos, em São Paulo. “Para a Agrale é muito importante esta parceria com a FIA e com a Confederação Brasileira de Automobilismo. A escolha do caminhão 13000 para transportar os pilotos no Driver’s Parade do GP Brasil de Fórmula 1 demonstra a confiabilidade e robustez de nossos produtos”, relata Flavio Crosa, diretor de Marketing da empresa.
04
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
Curso de armazenagem
A Agrocult realiza curso de armazenagem e conservação de grãos nos dias 29 e 30 de outubro, no Sindicato Rural de Sorriso (MT). O evento, destinado a gerentes de unidades, produtores rurais, operadores de unidades, estudantes e formadores de opinião, tem como objetivo rentabilizar o segmento armazenador e aumentar a renda no campo, capacitando e proporcionando aos participantes conhecimentos das melhores práticas referentes aos principais processos da armazenagem. Esta etapa é a primeira de uma série de cursos que fazem parte do Circuito da Armazenagem, que pretende percorrer as principais regiões produtoras de grãos do Brasil. Informações pelo email agrocult@agrocult.com.br.
COLHEDORAS
Bem conservadas
Ao contrário do que se possa imaginar, as colhedoras necessitam de armazenagem especial e de manutenções periódicas mesmo nos períodos de ociosidade, para evitar surpresas desagradáveis e gastos desnecessários quando chegar o momento de colher novamente
C
almoxarifado contendo algumas peças e componentes de maior uso e que costumam ser trocadas durante a operação, pois isso reduz a possibilidade de a máquina ficar parada no meio da lavoura. Na entressafra, geralmente as colhedoras ficam paradas, sendo um momento ideal para manutenções planejadas (preventivas, por exemplo) e não planejadas (corretivas, por exemplo) a fim de que a máquina não cause nenhum transtorno durante a operação e trabalhe na sua maior eficiência.
REGULAGEM E MANUTENÇÃO
É possível obter maior rendimento com custo reduzido, se forem seguidas as instruções contidas no manual do operador, que acompanha a colhedora, efetuando a regulagem adequada dos mecanismos externos e internos da máquina. Deve-se atentar, principalmente, para o
John Deere
om cerca de um milhão de hectares sob cultivo, o arroz irrigado se destaca como cultura agrícola no RS. Os custos de produção elevados e a sazonalidade dos preços do produto tornam necessários cuidados para evitar perdas, sendo que uma das principais fontes destas é a colheita mecanizada. A colhedora é uma máquina com diversos sistemas e cada um deles tem particularidades quanto à manutenção. Este artigo visa chamar a atenção para alguns cuidados com as máquinas para colheita antes e após a safra. Para obtermos um bom rendimento nas máquinas colhedoras é necessário, primeiramente, um bom nível de conhecimento dos operadores das máquinas e do pessoal responsável pela manutenção, regulagem e cuidados com as colhedoras. Uma oficina bem organizada e com pessoal capacitado pode ser o diferencial na perfeita operação de colheita. Quando estiver preparando a colhedora para armazenagem, é necessário verificar cuidadosamente todas as peças que sofreram desgaste e que precisam ser substituídas. As peças de reposição devem ser solicitadas nessa ocasião e instaladas antes do início da próxima colheita. Durante a colheita, também é importante ter um
06
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
seu estado de conservação e sua manutenção, verificando se há navalhas defeituosas, falta de peças integrantes do molinete e outras irregularidades nos mecanismos de trilhamento e abanação. A ocorrência de perdas de quantidade e qualidade de grãos é outro fator que pode ser minimizado com a perfeita operação da colhedora. Essas perdas podem ocorrer na plataforma, na unidade de trilha, nas peneiras e no saca-palhas. Estudos anteriores já enfatizam o controle de perdas através de planejamento, regulagens e manutenções prévias na operação de colheita, diminuindo as perdas nas colhedoras e, consequentemente, aumentando os lucros da propriedade rural. Frente a isto, tem-se uma lista de procedimentos importantes para diminuição de perdas na colheita, assim como regulagens e manutenções possíveis e simples de ser realizadas na propriedade agrícola. Optou-se pelos checklists a seguir, sugeridos pela Cooperativa Co-
Cultivar
percampos, por serem de fácil entendimento e aplicação, os quais servem para colhedoras de marcas e modelos diferentes. Inspeções periódicas reduzirão ao máximo a manutenção e os reparos da sua colhedora, além de evitar paradas muito caras durante a colheita. Portanto, é aconselhável revisar a máquina ao término de cada safra, senão na propriedade, confie esse serviço ao seu distribuidor ou representante autorizado.
CORREÇÃO DE REGULAGENS
Inúmeras são as possíveis fontes de problemas que podem acarretar perdas na colheita de arroz. Alonço & Reis (1997) sugerem um roteiro para a correção de eventuais perdas que possam estar ocorrendo durante a colheita de arroz irrigado. A manutenção de uma oficina agrícola adequada à realidade da propriedade também é fundamental para pequenos consertos. É fundamental também que o produtor atente para o motor da colhedora, muitas vezes renegado na manutenção, o que pode também ocasionar quebras e paradas desnecessárias. Além dos cuidados com a máquina, é de fundamental importância atentar para a área e a cultura. Cuidados com o manejo
Trilha e separação devem receber cuidados para verificar possíveis danos e desgastes em seus componentes. As partes que perdem a camada de tinta devem receber a aplicação de uma mistura de óleo lubrificante e combustível
desde a preparação da lavoura, nivelamento do terreno etc podem resultar em plantas com crescimento mais uniforme, o que, por conseguinte, resultará em maturação mais
homogênea. Sabe-se que dependendo do manejo do arroz irrigado a maturação na colheita pode ser bastante irregular. Trabalhos recentes com diversas variedades têm
Cultivar
Antes da safra, deve-se verificar a tensão de todas as correias e correntes, inclusive do elevador de palhas, elevador de grãos e retrilha
MANUTENÇÃO PÓS-SAFRA
inspeção. Em seguida, colocá-la em funcionamento em lugar inclinado por alguns minutos, a fim de eliminar toda água que Massey Ferguson
mostrado resposta do percentual de grãos inteiros ao teor de umidade na colheita, essencial para obtenção de elevada qualidade do grão; cabe ao produtor decidir, se quer ver seu arroz sendo comercializado como tipo 1 ou como quirera para produção de farelo. As colhedoras de arroz necessitam mais atenção do que colhedoras de outros cereais, como milho e soja. Para isso, após a safra, o produtor deve seguir uma revisão completa, semelhante à sugerida pela Cooperativa de Campos Novos, de Santa Catarina, na qual nos baseamos. O primeiro passo é lavar cuidadosamente o exterior e o interior da máquina, removendo todas as tampas de proteção e
08
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
eventualmente tenha permanecido em seu interior. Feita essa lavagem, desacoplar o elevador de palha com a plataforma, verificando todos os locais em que haja possível acúmulo de material. Certificar-se de que a máquina esteja completamente seca. Remova as correntes dos elevadores de grão, palha e retrilha, aplicando-lhes uma mistura de óleo lubrificante e combustível; com a mesma mistura, untar a caixa dos elevadores e reinstalar as correntes, regulando-as à tensão recomendada. Todas as partes de maior uso, tais como as peneiras e o bandejão, perdem a camada de tinta que as protege, o que pode causar a ferrugem, por isso, aplicar a mesma mistura acima mencionada. Acople o elevador de palha e plataforma à máquina. É importante também retocar com uma camada de tinta as partes da plataforma de corte, que devido ao uso sofreram danos na pintura. Isto as protegerá contra a ferrugem. Desmonte a barra de corte para lubrificá-la e também desmonte as catracas de proteção para lubrificá-las. Ao remontá-las, assegurar-se de que todas funcionam nas devidas condições. Lubrifique as hastes dos cilindros hidráulicos, retraia-os completamente e faça uma lubrificação geral na máquina. Coloque a máquina num lugar seco e protegido contra intempéries, em cima de suportes para que os pneus não fiquem carregados; apoiar a plataforma sobre um suporte. Afrouxe todas as correias. Tire as correntes, guardando-as em um recipiente contendo uma mistura de óleo e combustível. Retoque com tinta ou com produto anticorrosivo as superfícies das polias que estão expostas à oxidação. Finalmente voltar a montar todas as tampas de inspeção e proteção.
MOTOR
O motor deve receber atenção especial. Limpe o compartimento do motor e execute a troca dos filtros de ar e óleo diesel de acordo com recomendação do fabricante
ou da manutenção. Utilize uma mangueira de ar ou de água sob pressão para limpar o radiador. Use um jato de ar ou de água a baixa pressão para limpar o condensador do ar condicionado (se equipado). Após, drene, enxágue e reabasteça o sistema de arrefecimento com aditivo próprio. Feito o reabastecimento, verifique se há vazamento nas mangueiras. Nunca armazene a colhedora sem líquido de arrefecimento no sistema. Com o sistema de arrefecimento limpo, faça funcionar o motor para levá-lo à temperatura normal de operação. Drene o óleo e reabasteça com uma mistura de lubrificante e óleo anticorrosivo a 10%. Remova a bateria e execute a sua limpeza e carga antes de armazená-la num lugar arejado e seco, protegido das intempéries. É importante lembrar que a bateria deve ser carregada entre a oitava e a décima semana, por um período de 24 horas. Após guardar a colhedora, a cada três semanas, dê partida no motor e faça-o funcionar a 3/4 da aceleração máxima durante uma hora. Acione a máquina e todos os variadores, do mínimo ao máximo e vice-versa, para garantir uma lubrificação adequada e evitar oxidação. Se a sua colhedora tiver ar-condicionado na cabine, você deve ligá-lo enquanto o motor estiver funcionando, a fim de lubrificar os componentes do compressor e evitar sua .M oxidação.
New Holland
Airton dos Santos Alonço, Hendrigo Alberto T. da Silveira e Vilnei de Oliveira Dias, UFSM
REVISÃO DAS COLHEDORAS DE ARROZ – ANTES DA SAFRA 1) Baixar a máquina dos suportes. Verificar a pressão dos pneus e o aperto das porcas das rodas. 2) Lubrificar a máquina conforme instruções no manual. 3) Verificar a tensão de todas as correias e correntes (inclusive do elevador de palhas, elevador de grãos e retrilha). 4) Reinstalar a navalha. 5) Remover o óleo de proteção das peneiras e instalar as peneiras na máquina. 6) Verificar o nível de óleo dos seguintes componentes:· Caixa de acionamento da navalha.· Caixa de tração. Reservatório do fluido do freio. Reservatório do óleo hidráulico. Óleo do Cárter. 7) Verificar os ajustes da máquina, conforme instruções do manual. 8) Instalar a bateria. 9) Ligar o motor e fazê-lo funcionar até atingir a temperatura normal de operação e, em seguida, drenar a mistura óleo+anticorrosivo anteriormente instalada. Trocar o óleo e o filtro de óleo do motor. 10) Operar o motor a meio acelerador, engatar a trilha e a plataforma e verificar seu funcionamento. 11) Operar o motor em máxima aceleração e verificar a velocidade do eixo do batedor. 12) Movimentar a colhedora e verificar o funcionamento do equipamento hidráulico e dos freios. 13) Parar a máquina e certificar-se de que tudo está em ordem, instalar todas as tampas e coberturas que eventualmente tenham sido removidas. 14) Lubrificar mais uma vez a colhedora, tomando o cuidado de não aplicar graxa em excesso. Fonte: Copercampos, Campos Novos/SC.
Causas e soluções para possíveis problemas PERDAS EXCESSIVAS Na barra de corte
CAUSAS PROVÁVEIS A barra de corte trabalha muito alta O molinete debulha as panículas O material cortado não cai sobre a plataforma O material se enrola no molinete e retorna à lavoura A barra de corte de bulha a panícula e a corta mal
No cilindro
No saca-palhas
Nas peneiras
Falta de rotação no cilindro Distância excessiva entre cilindro e côncavo Lavoura úmida Velocidade do saca-palhas é muito alta ou baixa Sobrecarga Trilha excessiva no cilindro Aberturas do saca-palhas obstruídas Sobrecarga por trilha excessiva
Velocidade das peneiras muito alta ou baixa Corrente de ar do ventilador mal dirigida Corrente de ar muito forte Orifícios das peneiras muito fechados Orifícios das peneiras obstruídos Grão muito sujo Trilha excessiva Sobrecarga Peneiras com orifícios muito grandes Corrente de ar insuficiente Grão partido em excesso Cilindro e côncavo pouco separados Muita rotação no cilindro Muito grão limpo retornando à retrilha Fonte: Reis e Alonço, 1997
10
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
SOLUÇÕES Reduzir a altura de corte Reduzir a velocidade do molinete Colocar o molinete mais abaixo e para trás Aumentar a velocidade do molinete Subir a posição do molinete Diminuir a velocidade do molinete Verificar se falta alguma navalha Reduzir a velocidade de avanço Aumentar a rotação do cilindro Diminuir a distância Esperar para colher em horas que a mesma se apresente mais seca Comprová-la e corrigi-la Cortar menos. Diminuir a velocidade de avanço. Aumentar a distância entre cilindro e côncavo Diminuir a rotação do cilindro Limpá-las Aumentar a distância entre cilindro e côncavo Diminuir a rotação do cilindro Reduzir a velocidade de avanço Comprová-la e corrigi-la Mudar sua direção Reduzi-la Aumentá-los Limpá-los Aumentar a distância entre cilindro e côncavo Diminuir a velocidade de avanço Trocá-la por orifícios menores Aumentá-la Aumentar a distância entre eles Diminuí-la Aumentar o orifício da peneira inferior
FICHA TÉCNICA
Magnum 305
O maior integrante da família Magnum com 305cv de potência chega ao Brasil para trabalhar em grandes áreas e que exigem muita força
A
Case IH ampliou recentemente a família de tratores Magnum no Brasil. Além de ser o mais novo integrante desta família, o Magnum 305 é também o maior trator da série e o maior produzido no país atualmente. Possui motor de 305cv de potência, bomba injetora mecânica, transmissão Full Powershift e sistema hidráulico de alta vazão com capacidade de 166l/min.
MOTORIZAÇÃO
O Magnum 305 vem equipado com motor Cummins 6CTAA de seis cilindros, 8,3 litros turbo-intercooler, que permite uma admissão do ar em temperatura mais baixa, o que aumenta a eficiência do motor, permitindo maior entrada de oxigênio nas câmaras de combustão. O motor não estrutural fica apoiado em coxins sobre chassi Surround™ isolando o motor de cargas estruturais, garantindo maior durabilidade do motor e proporcionando menores níveis de ruídos e vibrações na cabine, além de um raio de giro de apenas 5,3m. A admissão de ar é feita pela lateral do capô à temperatura
ambiente, com turbilhonador periférico e filtro de ar hermeticamente fechado. A extração de pó na pré-limpeza é feita com exaustão pelo cano de escape, o que garante maior vida útil ao motor e maior intervalo entre as manutenções do filtro de ar.
TRANSMISSÃO
O modelo 305 é equipado com transmissão Full Powershift 18X4, que permite que o operador troque de marchas, da 1ª a 18ª, com um simples toque no botão, sem a necessidade
O capô é aberto através de um sistema de acionamento simples, localizado na extremidade esquerda
A manutenção do filtro de ar principal pode ser feita do chão, sem o uso de ferramentas
12
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
do uso do pedal de embreagem, que é usada apenas para acoplar ou desacoplar implementos. O escalonamento entre as marchas, com 14% de variação entre velocidades, garante velocidade ideal de trabalho no campo. Esses tratores são equipados com transmissão que realiza a variação da velocidade automaticamente, de 4 a 40km/h, além de possibilitar nove diferentes velocidades na faixa operacional de 4 a 12,9km/h. Uma unidade de controle de transmissão permite mudanças de velocidade rápidas, precisas e suaves sem qualquer retardo ou dano à transmissão. A alavanca de inversão de direção Power Shuttle permite a inversão de sentido sem o uso de embreagem e está localizada convenientemente na coluna de direção. Possui embreagem mestra montada no centro da transmissão, que suaviza o engate e absorve choques quando o trator se movimenta
Fotos Case IH
O Magnum 305 possui motor de 305cv de potência, bomba injetora mecânica, transmissão Full Powershift e sistema hidráulico de alta vazão com capacidade de 166l/min
lentamente para frente. Engrenagens com dentes helicoidais, localizadas acima do nível do óleo e lubrificadas sob pressão, resultam em uma transferência silenciosa e suave de potência do motor para o solo. O fluxo de óleo de até 42l/min, através da embreagem, oferece resfriamento contínuo, eliminando em grande parte o aquecimento e o desgaste da embreagem mestra e da embreagem de acionamento da tração dianteira.
EIXO DIANTEIRO
que pode ser configurado para acionamento automático. Com a ativação desta configuração, os sistemas do trator detectam condições adversas automaticamente, permitindo máxima tração em tais condições.
SISTEMA HIDRÁULICO
O sistema hidráulico do 305 foi desenvolvido para operar implementos pesados e movimentar grandes cargas, por isso possui alta vazão com controle eletrônico e bomba
de pistão PFC com vazão de até 166l/min. A regulagem do fluxo de vazão e demais funções das válvulas de controle remoto é feita de dentro da cabine. O desarme automático das válvulas de controle remoto pode ser feito com tempo pré-ajustável. O levante hidráulico tem capacidade de erguer até 6.790kg. O terceiro ponto com opção de engate rápido facilita a operação, permitindo que apenas uma pessoa faça o acoplamento e desacoplamento de forma simples e rápida. Ele
Os eixos dianteiros são Heavy Duty (serviço pesado) com acionamento de tração através de um sistema eletro-hidráulico. Além disso, possui sistema de diferencial autoblocante (bloqueio),
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
13
Manutenções como verificação do nível de fluidos da transmissão, nível do óleo, abastecimento do tanque de combustív troca do filtro de ar-condicionado podem ser realizadas do chão e sem a ajuda de ferramentas, mesmo na remoção da b
tem regulagens para oscilação total, parcial e sem oscilação, além de facilitar o ajuste de carga e sensibilidade do sistema de levante hidráulico, que também é feito da cabine. Todas as funções hidráulicas do terceiro ponto estão localizadas sob a tampa do descansa braço direito do assento, fáceis de serem acessados e de ajustes simplificados. Para implementos tracionados, o Magnum 305 possui também a barra de tração Heavy Duty (serviço pesado) que garante maior durabilidade do conjunto.
CHASSI
O chassi Surround™ do trator Magnum foi projetado para absorver as cargas estruturais de maneira a oferecer maior desempenho e estabilidade, melhorando também a distribuição de peso e reduzindo a necessidade de lastramento na parte dianteira. Esse sistema permite que o trator opere de forma mais adequada, proporcionando maior economia de combustível, menor compactação de solo
e permitindo um dos menores raios de giro do mercado – de 5,3m.
CABINE
A cabine do Magnum possui um volume de 2,8m3 e plataforma de acesso de quatro degraus largos e autolimpantes, sendo que um dos degraus foi projetado para facilitar o acesso do operador ao para-brisa dianteiro. A área envidraçada de 6,3m2 proporciona visibilidade de uma grande área de trabalho e dos implementos. Para oferecer maior visão frontal da máquina, o painel central é reduzido. Os painéis com instrumentação estão localizados na coluna dianteira direita, permitindo que o operador verifique todas as funções do trator com um leve movimento dos olhos, sem tirar a atenção da operação de campo. O posto de comando possui assento com suspensão a ar para reduzir as vibrações em terrenos irregulares; controles intuitivos e ergonomicamente dispostos no braço do assento, que se movem junto com o operador;
O escalonamento de marchas tem uma variação de velocidade de no máximo 14% entre uma marcha e outra
14
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
eis e ateria
Fotos Case IH
a cabine possui também um assento adicional para treinamento de operadores, localizado do lado esquerdo do banco do operador; visores coloridos com indicadores de advertência que facilitam a visualização das informações e volante com regulagens de altura e profundidade. A cabine possui ar-condicionado - que também tem sistema de aquecimento - com saídas estrategicamente localizadas para a
melhor distribuição do fluxo de ar. Além disso, um sistema de pressurização evita a entrada de poeira, mantendo o ambiente do operador agradavelmente limpo. Outro ponto importante a ser considerado é que o filtro de ar da cabine se localiza abaixo da mesma, do lado esquerdo (atrás da escada de acesso) e pode ser retirado facilmente, sem uso de ferramentas.
MANUTENÇÃO
Mesmo sendo um trator de grande porte, o Magnum 305 foi projetado para facilitar o acesso do operador às partes que necessitam de inspeção e/ou manutenção diária, como verificação do nível do óleo do cárter e do fluido de transmissão, nível de fluido hidráulico, filtro de ar, filtros de óleo e baterias. A abertura do capô é feita através de um sistema de acionamento simples, localizado na extremidade do capô do lado esquerdo, dando acesso ao radiador, condensador, motor e outras partes da máquina. O tanque de combustível tem capacidade para 682 litros e possibilita o abastecimento a .M partir do nível do solo.
Um degrau autolimpante permite o acesso do operador ao para-brisa dianteiro
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
15
colhedoras
Quando acelerar? Estudo mostra que aumentar a velocidade de colheita em cana-de-açúcar pode aumentar também o volume de perdas e o rendimento no final do processo
P
rognósticos da produção de canade-açúcar para a nova safra que está se iniciando indicam que o volume total a ser processado pelo setor sucroalcooleiro deverá atingir montante de 629,0 milhões de toneladas. Este volume representa aumento de 10% do obtido na safra passada, ou seja, quantidade de 57,2 milhões de toneladas adicionais do produto, segundo dados da Conab. A colheita mecanizada de cana-de-açúcar crua apresenta vantagens e desvantagens sobre a colheita semimecanizada. Dentre as vantagens destaca-se: menor agressão ao meio ambiente, maior acúmulo de material orgânico sobre o solo e redução do quadro de funcionários. As desvantagens estão relacionadas principalmente com a redução na qualidade da matéria-prima (impurezas), necessidade de mão de obra especializada e perdas quali-quantitaivas. Peculiaridades como as perdas quantitativas no campo, as reduções da qualidade da matéria-prima e a longevidade do canavial na colheita mecanizada de cana-de-açúcar têm causado preocupações relevantes. No Brasil, na última década, vem ocorrendo mudanças gradativas na operação de corte de cana-de-açúcar. Em 1950, observava-se que a referida operação era realizada em condições de cana-de-açúcar crua com
16
despalha manual, com os colmos dispostos em eitos formados a partir de três linhas de plantio, no sentido longitudinal do corte, para facilitar o carregamento manual. A vantagem desse sistema era a emissão à unidade industrial de matéria-prima praticamente isenta de impurezas (Ripoli & Ripoli, 2005). Dentro do desempenho operacional de uma colhedora de cana-de-açúcar, o índice de perdas, ou seja, o volume de matéria-prima que não foi colhida ou foi deixada no campo, se posiciona como um aspecto de primordial. Aspectos operacionais, como altura de corte e velocidade de operação, influenciam significativamente na variação dessas perdas. Normalmente ao se aumentar a velocidade
de operação, obtém-se um ganho de rendimento, mas ao mesmo tempo também ocorre um incremento nas perdas. Portanto, a velocidade de operação ideal é aquela que permite a maior produtividade com o menor índice de perdas. Já no final dos anos 90, pesquisadores avaliaram o desempenho de uma colhedora em cana sem queima e concluíram que a eficácia de manipulação e as perdas de matéria-prima no campo não foram influenciadas. Observou-se que desde que não haja limitações como declividade, estado da superfície do terreno e treinamento do operador, que impeçam o deslocamento da máquina em velocidades mais elevadas, é
Experimento sobre perdas foi realizado em áreas da Usina Estivas S/A, localizada no município de Arez, Rio Grande do Norte, com a colhedora operando nas velocidades de 4,5km/h e 6,8km/h
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
Case IH
Fotos Gustavo Reis
A amostragem foi feita logo após a colheita, utilizando-se armação de 30 metros quadrados, em 40 pontos, sendo 20 para cada velocidade
possível esperar aumento da capacidade operacional com diminuição de custos, sugerindo uma capacidade de 110,18 t.h-1. (Ripoli et al, 1999)
PESQUISA
Recentemente, foi realizado experimento em áreas da Usina Estivas, localizada no município de Arez (RN), sob sistema con-
vencional de preparo do solo utilizando-se arado de aivecas e grade de discos média com duas velocidades de deslocamento. A variedade de cana cultivada foi a RB 92-579, em estágio de cana-soca, e a colheita foi realizada por uma colhedora de marca Case IH, modelo A7000. Durante a colheita foram adotadas as velocidades de 4,5 e 6,8km/h-1, V1 e V2, respectivamente. A determinação das perdas foi realizada por meio de amostragem logo após a colheita, utilizando-se armação de 30m2 (7,0 x 4,30m) em 40 pontos, sendo 20 para cada velocidade, escolhidos aleatoriamente,
padronizando a posição das amostras dentro da área amostral. Após a coleta, as perdas visíveis foram separadas de acordo com os tipos (RR: rebolo repicado; CI: cana inteira; CP: canaponta; P: pedaço; L: lasca; T: toco; PT: perdas totais), pesadas e quantificadas, conforme Tabela 1. Os resultados demonstraram que para todos os atributos estudados, com exceção da variável rebolo repicado, ocorreu ligeiro acréscimo nos valores de perdas em V2, indicando certa proporcionalidade entre velocidade e perdas. Não foram constatadas
Fotos Gustavo Reis
Após a coleta, as perdas visíveis foram separadas de acordo com os tipos rebolo repicado, cana inteira, cana-ponta, pedaço, lasca e toco. Posteriormente foram pesadas separadamente e determinadas as perdas totais
diferenças estatísticas entre os valores dos atributos de perdas em ambas as velocidades estabelecidas. Assim, a variável toco apresentou maiores índices de perdas em ambas as velocida-
des, 2,10t/ha e 2,17t/ha para V1 (4,5km/h) e V2 (6,8km/h), respectivamente. As perdas por toco geralmente são ocasionadas por irregularidades no microrrelevo do solo, promovendo maiores tocos deixados no solo
Tabela 1 - Descrições das perdas avaliadas ATRIBUTOS Rebolo repicado Cana inteira Cana-ponta
DESCRIÇÕES Fração do colmo com o corte característico do facão picador ou do corte de base, em ambas as extremidades. Fração de cana com tamanho igual ou superior a 2/3 do comprimento total preso ou solto ao solo, pelas raízes. Fração de colmo deixada no solo e agregada ao ponteiro.
Pedaço
Segmento médio de cana (maior que 0,20 m), preso e/ou solto ao solo.
Lasca
Fração segmentada do rebolo.
Toco
Fração do colmo cortada acima da superfície do solo, presa às raízes não arrancadas, com comprimento menor ou igual a 0,2 m. Total
Case IH
Total
18
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
ILUSTRAÇÃO
Perdas (t ha-1) V1 - 0,61 V2 - 0,49 V1 - 0,07 V2 - 0,28 V1 - 0,00 V2 - 0,00 V1 - 0,55 V2 - 0,77 V1 - 0,67 V2 - 0,79 V1 - 2,10 V2 - 2,17 V1 - 4,00 V2 - 4,50
após o corte. Em ambas as velocidades, não houve diferença estatística entre os atributos. Portanto, a adoção de V2 como velocidade de operação seria a ideal, já que a mesma permite um maior rendimento sem gerar um acréscimo significativo nas perdas. Os dados mostram que o aumento na velocidade eleva também o volume de perdas nos diversos componentes que integram a colheita. Por isso, a decisão de acelerar para diminuir o tempo de colheita deve ser tomada com base em análises feitas com a máquina, evitando excesso de perdas no processo. .M Gustavo N. Reis, Usina Estivas Ana K. G. Barreto, Engenheira Agrônoma Afonso Lopes, Rouverson P. Silva e Carlos E. A. Furlani, UNESP Jorge W. Cortez, Univasf
capa
Rastros de vida
Equipe da Cultivar Máquinas se embrenha nos grotões do Rio Grande do Sul para dar rosto e voz a pequenos agricultores familiares que realizaram o sonho de comprar o trator
Â
ncora das vendas de tratores em 2009 e grande responsável por tornar menos traumático o efeito da crise econômica mundial sobre o setor de máquinas agrícolas, o Programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), conseguiu a façanha de incluir no mercado uma fatia de produtores que até então permanecia à margem dos benefícios da tecnologia e da mecanização. São agricultores familiares, estimados em mais de quatro milhões no Brasil e que se destacam pela intensa produção de alimentos em pequenas propriedades. Para encontrar e contar a história desses personagens, que após anos de labuta realizaram o sonho comprar o trator
20
novo, a equipe de Cultivar Máquinas se embrenhou no interior do Rio Grande do Sul e percorreu quilômetros em busca do que mudou na vida desses heróis anônimos, que fazem do trabalho na terra sua rotina diária. Em Coxilha Alta, a 20 quilômetros de Piratini, 1ª Capital Farroupilha do Rio Grande do Sul, mora um dos agricultores beneficiados pelo Programa Mais Alimentos. Após sair da estrada principal, atravessar córregos, porteiras e abandonar o carro antes de um riacho, encontramos o produtor Jardel de Oliveira Madruga, preparando a terra com seu Valtra A 750, adquirido na revenda Polisul. Ao receber nossa equipe, o sorriso já antecipava a satisfação. “Não tem coisa igual”, apressou-se em responder ao ser questionado sobre a máquina. No terreno que estava sendo
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
arado vai plantar milho para alimentar 50 cabeças de gado de corte. Jardel projeta que em uma mesma área conseguirá cultivar mais graças à tração 4x4 do seu novo trator. “Com o 4x2 que eu tinha não conseguia nem atravessar aquele trecho”, conta, apontando para um pequeno banhado. “Agora com o tracionado consegui lavrar tudo e ainda vou poder plantar onde antes nem conseguia passar.” A história de Jardel é semelhante à de muitos outros jovens produtores que optaram por permanecer na lavoura. O produtor explica que encontrava dificuldades para ampliar o rebanho, por conta das limitações no preparo do solo para pastagens e para cultivo de milho. O trator antigo não era adequado para as tarefas que desempenhava. “Sempre tive trator usado, 4x2, com potência abaixo do ideal.” Se não fosse
o Mais Alimentos, confessa que só conseguiria mudar para um outro trator usado e novamente longe da configuração ideal para a propriedade. “Este é exatamente o que eu precisava e não tenho mais com o que me preocupar. É tracionado, potente e novinho. Dá até para arrumar casamento”, brinca. De toda a extensão de terras, Jardel pretende produzir milho em aproximadamente 15 hectares e deixar o restante para pastagens. Com o dinheiro do trator antigo, planeja investir em implementos como distribuidor de adubos e um novo arado, já que o antigo agora ficou pequeno. “O trator velho trabalhava no limite com um arado de três discos e agora com o novo sobra força mesmo tracionando um de quatro discos”, conta. Com 34 anos, Jardel mora com os pais e um irmão, em uma propriedade de 50 hectares distribuídos entre coxilhas cobertas por gramas e corticeiras, onde pequenos rebanhos de ovelhas pastam tranquilamente. Sobre um dos montes,
NOVA VIDA
O último ano foi de mudanças importantes na vida de Fábio Kerstner, 33 anos. O período entre o casamento e a chegada da filha Roberta, hoje com três meses, coincidiu com a compra do primeiro trator pelo Programa Mais Alimentos, um John Deere 5603, 4x4, adquirido na concessionária Trator Green, em Pelotas, no sul do Rio Grande do Sul. Agricultor desde os 15 anos, Fábio divide uma chácara de 36 hectares com o pai, na Colônia Triunfo, a 60 quilômetros de Pelotas.
Para chegar à propriedade é preciso percorrer 24 quilômetros por estrada de terra, margeada por um complexo de outras pequenas comunidades, povoadas por imigrantes de diversas nacionalidades, que se dedicam a atividades que vão da exploração agrícola ao turismo rural, proporcionado por mata nativa exuberante, cachoeiras, morros, estradas de ferro e velhos moinhos de trigo desativados. A propriedade dos Kerstner é um bom exemplo de sucesso da agricultura familiar. Em 36 hectares mantém um rebanho de 56 bovinos da raça holandesa. Desse total, 26 vacas produzem diariamente uma média de 590 litros de leite. O restante dos animais é para comercialização como gado leiteiro. Além disso a família se dedica à criação de frangos, com a venda de oito mil aves a cada intervalo de 42 dias. Em uma lavoura de 15 hectares os Kerstner cultivam milho, usado exclusivamente para consumo próprio, na produção de silagem. Atualmente, trabalham na propriedade Fábio a Fotos Cultivar
nova
próximos à casa da família, ainda sobrevive um velho casarão cercado por figueiras e alguns pés de pínus, local que serviu para locações da novela Ana Raio e Zé Trovão, exibida no início dos anos 90, na extinta Rede Manchete. Apesar de abandonada, a construção antiga é motivo de orgulho para a família e virou ponto de referência na localidade. “Era propriedade dos meus avós”, explica José Madruga, tio de Jardel, que hoje vive na cidade.
Jardel Madruga, de Piratini (RS), comprou um Valtra A 750 que o auxiliará no aumento de pastagens e plantio de milho para alimentar as 50 cabeças de gado de corte que possui
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
21
Fotos Cultivar
esposa, o pai com 64 anos e a mãe, de 62 anos. A jornada diária é árdua. No inverno a lida começa às 6h, com a ordenha das vacas, e só se encerra por volta das 20h, depois de alimentados os animais. “No verão dá pra estender um pouco mais, até umas 22h”, explica. O primeiro trator adquirido por Fábio vai formar par com um John Deere 5605, 4x2 que o pai já possuía. A chegada do novo veículo, com tração 4x4, facilitou a vida da família, que precisa se deslocar 1,5 quilômetro até a lavoura de milho e a pastagem das vacas, por uma estrada enlamaçada, cortada por riacho e com crateras ao longo do percurso, que exige esforço mesmo quando o veículo é um trator. Preparação da terra, plantio do milho e de pastagens, distribuição de esterco líquido, corte e transporte da silagem são algumas das operações reforçadas com a chegada do 5603. “O tamanho da propriedade não nos permite aumentar mais a produção, mas vou diminuir a dependência com mão de obra de terceiros. Posso fazer sozinho serviços que exigiam até seis pessoas”, comemora. Para Fábio Kerstner o Programa Mais Alimentos chegou em boa hora. “Sem financiamento seria muito difícil adquirir”, conclui.
SONHO DE GURI
Fábio Kerstner, com seus pais (acima), realizou três sonhos há pouco tempo: casou, teve uma filha e agora comprou seu trator John Deere 5603, para auxiliar na leitaria da família
22
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
Na Colônia São Domingos, município de Turuçu, Rio Grande do Sul, encontramos o produtor Vilmar Tavares e o novo integrante da família, um MF 275 adquirido através do Plano Mais Alimentos. Aos 58 anos de idade, o agricultor trabalha com a esposa Vera Lúcia e duas filhas: Mariléia, de 16 anos, e Letícia, de 19 anos, em uma área de 12 hectares próprios e mais duas propriedades arrendadas, uma com 26 hectares e outra com 20 hectares, onde mantém 18 vacas holandesas para a produção de leite. Além da exploração de gado leiteiro, Vilmar cultiva milho para produção de silagem para a alimentação dos animais, planta três hectares de batata-doce e mais dois hectares de cebola e abóbora. Com a chegada do trator, a área cultivada com estes produtos aumentou e agora o agricultor planeja investir em outras culturas. “Vou plantar hortaliças, que serão vendidas para a merenda nos colégios do município”, projeta. Quando Vilmar ficou sabendo do Plano Mais Alimentos não perdeu tempo. “Assisti no jornal da TV à noite sobre esta linha de crédito e no outro dia mesmo fui buscar o financiamento, mas a Emater e o banco ainda não tinham nenhuma informação sobre o assunto”, conta. Mas nas semanas seguintes, a Emater o procurou para auxiliá-lo no encaminhamento do projeto. Entre a aprovação do crédito em setembro de 2008 e a chegada do trator, em abril de 2009, foram aproximadamente sete
que ainda não compraram trator. O MF 275 Advanced foi comprado na concessionária Cimma em Pelotas. “Era um sonho de guri. Eu aprendi a operar num Massey Ferguson e sempre quis ter um destes”, confessa. Nestes cinco meses, o trator já trabalhou 534 horas, tracionando plantadeira, pulverizador, roçadeira, grade e a carreta. “O que eu levava um ano para fazer com os cavalos, consigo fazer em pouco mais de uma semana”, comemora. Vilmar não abriu mão totalmente da tração animal. Mas os cavalos agora só são utilizados para algum serviço rápido e leve.
PRODUÇÃO TRIPLICADA
No município de São Lourenço do Sul, encontramos o produtor Gilvan Leandro Peglow, que mantém 22 vacas leiteiras das raças jersey e holandesa em uma área de 25 hectares, onde reside com a esposa Mili e os filhos Cristiano, de 12 anos, e Andressa, de oito anos. Durante vários anos, Gilvan e a esposa cultivavam feijão, milho, soja e outros cereais,
meses de espera. “Custou para passar, mas valeu a pena”, conta. Até abril de 2009, a única maneira que Vilmar e a família tinham para cultivar as terras era a força de três cavalos, usados para puxar arados e capinadeiras. Sem trator, era obrigado a recorrer aos vizinhos na hora de subsolar ou fazer algum serviço mais pesado. “Agora, além de o trabalho render mais, é possível fazer melhor”, explica. O arado tracionado por cavalos arava muito raso e por isso as plantas encontravam um terreno mais compactado, o que dificultava seu desenvolvimento. Hoje os papéis inverteram. Quando folga na lida de sua propriedade é Vilmar quem presta serviços nas terras de familiares e de vizinhos
além de manter um reduzido número de vacas leiteiras. Como a produção de leite parecia bom negócio, o produtor resolveu apostar todas as fichas na ampliação da leitaria. Para aumentar o rebanho, precisava ampliar a área de pastagem e também produzir mais silagem, o que seria praticamente impossível somente com a força de dois cavalos. “Eu precisava de um trator, mas também não tinha condições de fazer um financiamento, por isso o consórcio foi a alternativa que encontrei”, explica. O plano de 100 meses pouco ajudou. Apesar de ter pago as primeiras 19 prestações rigorosamente em dia, a sorte parecia não estar ao seu lado nos sorteios e a concretização do sonho ainda continuava distante. A angústia de Gilvan e a sua necessidade de substituir os cavalos pela máquina acabaram sensibilizando o proprietário da revenda Bergmann, de São Lourenço do Sul, que emprestou um trator usado para o produtor durante mais de um ano. Em novembro de 2008, Gilvan mudou completamente seus planos quando conheceu
Vilmar Tavares, aos 58 anos, realizou um sonho de infância e comprou um trator Massey Ferguson 275 Advanced. Em cinco meses de uso, já trabalhou 534 horas nas lavouras de batata, abóbora e no preparo de pastagens
Fotos Cultivar
A família de Gilvan Peglow, de São Lourenço do Sul (RS), comprou um Yanmar 1155-4 que será fundamental para atingir a marca dos mil litros diários de leite, projetada para os próximos anos
a linha de financiamento para a agricultura familiar. Após encaminhar os papéis com a ajuda da revenda e aguardar mais sete meses, pode enfim realizar o sonho de ter o seu primeiro trator, um Yanmar 1155-4. Quando substituiu a força animal pelo trator usado em sua propriedade, há mais de um ano, a produção mensal de leite era de aproximadamente quatro mil litros. Após o primeiro ano, a média subiu para 15 mil litros mensais. “Levávamos quase quatro dias para encher o resfriador de 500 litros. Agora enchemos em apenas um dia e, com a chegada do trator novo, queremos chegar aos mil litros diários”, planeja confiante dona Mili. Desde que começou a trabalhar com o trator, muita coisa ficou mais fácil nas tarefas diárias. “Não posso explicar o quanto. Só sei dizer que mudou 100%”, conta. A tendência agora é melhorar ainda mais, porque o novo trator tem tração nas quatro rodas e a tomada de força é independente, característica importante para a operação de silagem, frisa o produtor. Com o dinheiro resgatado no consórcio, Gilvan comprou uma ensiladeira, que completará o conjunto necessário para fazer silagem para o rebanho. Agora sua nova empreitada é outra: convencer o irmão a “criar coragem” para
24
seguir o mesmo caminho e também comprar o próprio trator.
DO ARADO AO TRATOR
No Passo do Vieira, área rural de Cerrito, município com pouco mais de seis mil habitantes, no sul do Rio Grande do Sul, encontramos a família do agricultor Nilton Huck Spern, 38 anos. Distante 30 quilômetros da cidade, 11 deles por estrada de terra acidentada e com estreitos pontilhões de madeira, a propriedade
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
de 16 hectares serve para o cultivo de milho e exploração de gado leiteiro. Há três meses Nilton Spern realizou um sonho antigo. Comprou seu primeiro trator, um TL 75E adquirido na concessionária New Holland Super Tratores, em Pelotas, através do Programa Mais Alimentos. A aquisição veio depois de mais de 20 anos de trabalho na terra. “Aqui na região tem muita gente comprando trator pela facilidade de pagamento. Até então não havia financiamento assim”, explica. A chegada do trator facilitou o trabalho na propriedade, típica de agricultura familiar, de onde Nilton, a esposa e duas filhas menores tiram o sustento. Em uma lavoura de 12 hectares cultivam milho para silagem e alimentação de 20 vacas, responsáveis pela produção diária de 320 litros de leite, comercializados através de uma cooperativa da região. Nilton lembra do esforço e do tempo que gastava para transportar o milho ensilado, em carrinho de mão ou veículo de tração animal. “Mudou a vida totalmente. Imagine quantas viagens era preciso para carregar 80 carretas de silagem.” A alegria dos Spern com o primeiro trator parece ter contagiado até mesmo o “melhor amigo” da família. Quando ligam a máquina o cão “Dog” corre para pegar carona e acompanhar de perto cada operação. “Nunca vi um cachorro tão apaixonado pelo trator”, brinca Nilton. Junto com o pai, Getúlio Spern, de 83 anos, de quem é vizinho e sócio, Nilton pretende aumentar, já na próxima safra, a área plantada com milho para 20 hectares. O cultivo de pastagens também ganha novo alento com a chegada da máquina, responsável ainda por rendimentos com serviços como roçar e arar terras para a vizinhança. Ganhos extras que tendem a ficar cada vez mais escassos, reconhece Nilton. “O pessoal tá começando a comprar seu próprio trator.” De origem alemã, a história da família Spern se confunde com a de muitos outros imigrantes brasileiros, cujos antepassados tiveram de deixar a terra natal e enfrentar meses
A família Spern de Cerrito (RS) com o seu novo trator New Holland TL 75 Exitus
Nilton e Getúlio Spern, com o velho arado Javali, usado por muitos anos como única ferramenta para arar a terra
em alto-mar em busca de um futuro melhor. “Meu bisavô viajou de navio para o Brasil na companhia de um irmão, que morreu no caminho. Conheceu minha bisavó na viagem e já chegou aqui casado”, relata Getúlio. A vocação para a agricultura acompanha a família desde a origem. E como testemunha silenciosa dessa tradição, passada de pai para filho, um bom e velho arado de tração animal, Javali, continua guardado na propriedade. Um dos muitos usados pelos Spern para rasgar o solo em busca do sustento, nos confins do Rio Grande do Sul.
A união da família Menuncin fica evidente quando as filhas descrevem o quanto os pais sofriam para dar conta do trabalho no parreiral. “Eu não tinha coragem de ficar ali parada, vendo meus pais puxarem mangueiras, tratar o
parreiral e acabava ajudando”, conta Cátia, de 16 anos. Para ela, o trator não só diminuiu o esforço do dia-a-dia, como também influenciou as suas perspectivas para o futuro. “Eu até pensava em fazer Enfermagem e ir para a cidade, mas agora vejo que é possível ficar em casa com meus pais, continuar por aqui, onde podemos viver tranquilamente”, planeja. Outros benefícios que a mecanização proporcionou foi a ampliação da área plantada de cinco para seis hectares e a adoção de novas culturas. “Em menos de seis meses já conseguimos ampliar a área do parreiral em aproximadamente 20% e também estamos plantando milho, feijão e cebola. Colhemos 700 quilos de feijão e plantamos 70 mil mudas de cebola”, destaca Jorge Carlos. O produtor acredita que no terceiro ano de produção, quando vence a carência do financiamento, somente a diferença entre o lucro obtido com o aumento do parreiral será suficiente para pagar as prestações. Para Jorge Carlos, a transformação da agricultura familiar e brasileira vai muito além do primeiro trator. Torna o campo viável dos pontos de vista técnico, social e .M econômico.
MAIS VINHO
Há quase um ano, quando decidiu adquirir o seu primeiro trator, o agricultor Jorge Carlos Menuncin, de Farroupilha (RS), não imaginava as mudanças que a aquisição traria para a sua propriedade e vida, dedicadas ao cultivo da uva. O agricultor adquiriu um Agrale 4118.4, uma plaina e um pulverizador de 200 litros da Lavrale e conheceu os efeitos da mecanização na produtividade. A compra permitiu a melhoria na qualidade de vida, com mais tempo para convívio familiar, e possibilitou o melhor aproveitamento de sua propriedade de seis hectares. “O trator mudou a nossa rotina”, conta Jorge Carlos. “O trabalho de preparo, plantio e tratamento das parreiras, que antes envolvia quatro ou cinco pessoas, passou a ser feito por apenas uma e em muito menos tempo. A pulverização, que levávamos entre dois a três dias para realizar, é feita em apenas um dia”, comemora. “Também economizamos nos produtos, pois com o trator o aproveitamento é muito maior e não há desperdício. Isso sem contar o tempo maior que posso passar com a família”, anima-se.
26
Para Jorge Menuncin, de Farroupilha (RS), o Agrale 4118-4 ajudou a aumentar em 20% a área do parreiral, além de possibilitar o plantio de 70 mil mudas de cebola
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
pulverizadores Fotos Marcelo da Costa Ferreira
K.O. 2000 Express O pulverizador de arrasto K.O. 2000 Express, com barras de 17,9 metros de comprimento, traz algumas inovações, como comando de pulverização eletrohidráulico com transmissão via rádio
A
equipe do Lapar (Laboratório de Análise do Tamanho de Partículas e Tecnologia de Aplicação) da Unesp campus de Jaboticabal, realizou uma avaliação do pulverizador de arrasto de barras horizontais K.O. 2000 Express. O trabalho foi realizado em área do Departamento de Fitossanidade da FCAV-Unesp no mês de agosto de 2009. O pulverizador K.O. 2000 Express é um pulverizador de arrasto tratorizado, acionado com tratores de no mínimo 65 HP, que apresenta peso de 1.740kg com o tanque vazio, altura do vão livre de 0,82m, bitola livre de 1,25m com regulagem máxima de 2,20m. A regulagem da bitola é simplificada através da utilização de grampos que permitem a fácil movimentação. A altura total do pulverizador é de 2,95m com largura de 2,35m e comprimento de 5,50m. O acionamento do pulverizador é através de um cardã de cruzetas, ligado a um mancal de semieixo encarregado de transmitir o movimento até a bomba. Estes dois itens encontram-se devidamente protegidos de acordo com as normas de segurança, mas foi observado que a junção entre o cardã e o mancal carece de prolongamento da proteção para evitar riscos ocupacionais. Esta característica,
28
assim como outras que serão apresentadas no texto, foi alertada à K.O. Máquinas Agrícolas que se prontificou imediatamente a realizar os aperfeiçoamentos necessários. Um item que faz o K.O. 2000 Express se destacar entre os pulverizadores de arrasto é a presença de cabeçalho articulado, permitindo e dando flexibilidade de trabalho em áreas com murundus e terrenos escorregadios que sujeitam o pulverizador à derrapagem. A articulação do cabeçalho é feita através de um cilindro hidráulico comandado pelo controle do sistema hidráulico no trator. A articulação do cabeçalho equipada com pistão hidráulico obedece a comandos do operador corrigindo deslocamentos do pulverizador para a esquerda ou para a direita do trator, desta forma visando reduzir efeitos
de derrapagem na qualidade da distribuição das gotas pulverizadas. O pulverizador 2000 Express possui comando de pulverização eletro-hidráulico com transmissão via rádio, da marca Sensor, um diferencial em relação aos demais modelos. O sistema consta de transmissor e receptor, com sensor de velocidade, sirene, uma base carregadora no próprio trator, estrutura de fixação e jogo de cabos para instalação. A base é instalada na cabine do trator e é utilizada como carregador e suporte para o transmissor. O receptor, a sirene e o sensor de roda são instalados no pulverizador. Este sistema possibilita a operação do quadro da barra para abrir as seções separadamente, acionar
Cabeçalho de arrasto articulado e equipado com pistão hidráulico dá maior flexibilidade ao pulverizador
Detalhe do rodado do pulverizador deslocado para a esquerda pelo pistão hidráulico do cabeçalho articulado
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
os marcadores de linha, ajustar a pressão de trabalho, assim como programar e acionar o sistema de pulverização tanto dentro como fora da cabine do trator, o que possibilita a redução de mão de obra na calibração. Por se tratar de um sistema a rádio, a empresa informa que o equipamento possibilita ao operador se movimentar num raio de até 50 metros podendo acionar todas as funções que o sistema proporciona. Além de comando eletro-hidráulico o sistema funciona como controlador de pulverização, com ajuste na taxa de aplicação em função de variações na velocidade de pulverização e sobreposição de áreas tratadas. Como opcional o pulverizador pode receber um receptor de sinal via satélite incorporando acessórios para controle de navegação. O sistema de alarmes do comando é sonorizado por uma sirene localizada na parte posterior do receptor. Uma das funções do sistema de alarme é avistar situações de erro no sistema de pulverização chamadas de “fora da faixa”, ou seja, quando se programa um determinado volume de aplicação a uma determinada vazão nas pontas de pulverização e velocidade de deslocamento. O órgão atuador para manter este volume de aplicação constante é a válvula reguladora de pressão. Quando existe erro entre o valor teórico e o valor real menor a 3% a pulverização está “dentro da faixa”. Se o erro supera os 3% o
Detalhe do transmissor de comandos via ondas de rádio, receptor e sensor de velocidade na roda
regulador de pressão entra em ação até que esse erro seja diminuído para menos de 3%, silenciando a sirene. Caso o regulador atue por mais de quatro segundos e não consiga levar o sistema à faixa, então o alarme é ativado de forma intermitente, indicando “fora de faixa”. A situação “fora de faixa” pode ser dada por fatores como excesso ou falta de velocidade, vazão mínima como entupimento das pontas de pulverização, fluxômetro com defeito, comando da bomba desconectado, TDP (Tomada de Potência) bloqueada ou transmissor fora de alcance. O único detalhe observado que torna o sistema de alarme inadequado é o aviso de transmissor desligado, ou seja, quando é finalizada a jornada de trabalho, se o sistema elétrico não for desconectado o alarme soará uma vez a cada minuto, indicando que o sistema está operante.
chassi sem a necessidade de parafusos. Possui capacidade para armazenar dois mil litros de calda. A agitação de calda é realizada com um
CIRCUITO HIDRÁULICO
O tanque de pulverização é confeccionado em polietileno com filtro para a radiação ultravioleta sem emendas e encaixado no
Saída exclusiva de calda para o agitador hidráulico e interior do tanque em agitação
A tampa do tanque tem sistema de fechamento por pressão
Escada articulada retrátil para acesso à boca do tanque e detalhe do degrau que diminui riscos de derrapagem
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
29
Fotos Marcelo da Costa Ferreira
Bico na ponta da barra para ampliação da faixa de pulverização
Detalhe da conexão do filtro principal e bomba, com tubulação dupla
agitador hidráulico localizado na parte inferior do tanque, sendo alimentado por ramal exclusivo derivado diretamente do cabeçote da bomba do pulverizador. Na boca superior, a tampa do tanque apresenta sistema de fechamento a pressão por meio de um braço e uma alavanca que realizam a função de travamento. O abastecimento do tanque pode ser realizado tanto pela boca superior como pelo sistema de bombeamento por engate rápido. Para abastecimento pela boca superior o pulverizador conta com uma escada articulada retrátil de fácil acesso e manuseio e uma plataforma para posicionamento do operador na hora
do abastecimento. A plataforma é de ferro estampado com formato para evitar derrapagem, o que gera estabilidade e segurança ao operador. Não há um guarda-corpo cuja colocação poderia conferir maior segurança para o abastecimento por este local, entretanto, esta característica atende as normas brasileiras, pois a altura do pulverizador está abaixo daquela em que é exigido o guardacorpo obrigatório. A escada de acesso à plataforma possuía os degraus cilíndricos, o que gerava riscos em sua utilização. Sugeriu-se que os degraus fossem trabalhados de forma a tornarem-se aderentes, diminuindo os riscos de derrapagem. A sugestão foi acatada e já equipará os novos modelos do equipamento, com configuração que diminua o risco de derrapagem. Quando há o abastecimento de água em separado ao produto fitossanitário este é adicionado a um incorporador de agroquímico que, além de incorporar o produto, realiza a lavagem da embalagem com uma ponta de pulverização de jato cônico trabalhando a pressão alta. A altura do incorporador a 1,285m do solo e sua posição se encontram
de forma ergonomicamente favorável à segurança do operador. Como outro item de segurança o pulverizador conta com um tanque de água limpa não potável, de fácil acesso e com capacidade de 15l. O sistema de abastecimento por engate rápido apresenta tubulação de alta pressão com trama de aço, a mesma utilizada em bombeamento de óleo. Este sistema é utilizado para abastecimento de calda pronta, o que gera ganho operacional, diminuindo o tempo de preparo em campo e ganho na velocidade de abastecimento. A bomba de pulverização é de três cilindros com camisa de cerâmica, marca K.O. e modelo 3 PV100 com vazão de 100l.min-1. O filtro principal é da marca K.O. e apresenta dupla filtragem, com telas de aço inoxidável com malhas 30 e 50. Vem equipado com válvula que retém o fluxo da calda automaticamente quando da retirada da tampa para limpeza. A conexão que liga o filtro principal à bomba é feita com duas tubulações. Desta maneira é possível manter a mesma vazão que teria uma única tubulação de diâmetro maior, com menor desgaste tanto do filtro como da camisa da bomba, sem necessidade de aplicar reforços no material. Os comandos de pulverização são da marca Tecnomec e Arag, estes comandam as válvulas das quatro seções de forma elétrica, tudo comandado por meio do transmissor a rádio, desde a abertura das válvulas até a regulagem da pressão. Para conferir a pressão encontra-se do lado das válvulas um manômetro analógico. A barra de pulverização suporta uma
Bico impossibilitado de girar pela estrutura da barra de pulverização
Posição do patim anticolisão dificulta a distribuição volumétrica
30
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
Sistema bloqueador da barra para evitar oscilações no armamento e desarmamento
Sistema estabilizador de barras para correção de rota e amortecedores para correção do ziguezague
tubulação feita em aço inoxidável e apresenta sistema de desarme nas extremidades, para evitar danos decorrentes de colisões. O comprimento da barra é de 17,90m com altura máxima do quadro de 1,7m e altura mínima de 0,58m. A barra está dividida em quatro seções, individualmente dotadas de filtros de linha com malha 50. A barra comporta 36 bicos duplex espaçados em 50cm, ou seja, posiciona duas pontas de pulverização, sendo um engate rápido e outro de rosca, além de um bico em cada ponta da barra com angulação positiva, com finalidade de ampliar a faixa de pulverização quando necessário para arremates, todos com válvulas antigotejamento. Com controlador eletrônico atuante estes bicos permanecem fechados. Foram observados dois itens na barra de pulverização que podem receber modificações. Um deles é a posição de certos bicos que não permite o giro livre do corpo do bico quando é preciso mudar a ponta de pulverização. Outro item é a posição do patim anticolisões. A sua função é correta, mas na posição em que está, comum também em equipamentos de outros fabricantes, intercepta os jatos de calda aspergidos pe-
Equipe da Unesp, coordenada pelo professor Marcelo Ferreira, realizou a avaliação do K.O. 2000 Express
O K.O. 2000 Express possui tanque com capacidade para dois mil litros de calda e barras com 17,9 metros
las pontas de pulverização, resultando em falhas na uniformidade de distribuição da calda, fazendo com que haja gotejamento no decorrer da aplicação. Sugeriu-se alteração na posição ou formato do patim para que a distribuição das gotas não seja alterada. Este aspecto também já deverá estar corrigido nos próximos exemplares do equipamento, como garantiu a empresa fabricante. O quadro da barra é acionado por um comando eletro-hidráulico e apresenta um sistema bloqueador de barra para evitar as excessivas oscilações que ocorrem no momento de armar e desarmar a barra para a pulverização, além de possuir uma válvula de bloqueio no sistema hidráulico como meio de segurança, o que não permite que o quadro da barra desça quando o trator for desligado. O quadro da barra de pulverização está dotado de sistema estabilizador de barras que utiliza amortecedores posicionados em forma de “V” e molas posicionadas em forma de “A”, para efetuar a estabilização da barra em relação aos movimentos horizontais chamados de rotacionais. Para realizar a estabilização contra os movimentos chamados de ziguezague o pulverizador apresenta amortecedores com bucha na haste, localizados na parte inferior do quadro. Este sistema estabilizador atua de forma eficiente, permitindo que o conjunto trator-pulverizador se desloque até a 12km.h-1, o que foi aferido por meio de um teste dinâmico e outro estático. No teste dinâmico o pulverizador se deslocou num
terreno bastante irregular de solo gradeado em pouco tempo. Visualmente o sistema estabilizador trabalhou conforme o esperado, corrigindo as oscilações da barra. Já no teste estático com o pulverizador em repouso, o quadro de barras foi elevado até 1,5m e uma das pontas da barra foi posicionada até que o patim se encostasse ao solo. Então a barra foi liberada cronometrando-se o tempo para que retornasse à posição horizontal. Este tempo foi de dois segundos, demonstrando eficiência na estabilização do sistema.
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O K.O. 2000 Express é um pulverizador que se enquadra nas condições da agricultura brasileira. Os pontos destacados podem ser melhorados tornando o pulverizador mais seguro e eficiente. Alguns itens opcionais não estavam presentes no equipamento avaliado, como o marcador de linhas com espuma, e ainda carecem de avaliação. O comando eletro-hidráulico do pulverizador e seu sistema estabilizador de barras são itens bastante positivos do equipamento que, se bem utilizados pelo usuário, pode atender, no conjunto, ao conceito da tecnologia de aplicação. .M Rodrigo Alberto Alandia Román, Marcelo da Costa Ferreira, Artur Franco Barrêto e Fernando De Pietro F. Zorzenon, Unesp/Campus Jaboticabal
FICHA TÉCNICA
Múltipla FM 3090
Lançada recentemente pela Fankhauser, a FM 3090 Múltipla vem com diversas novidades em relação aos modelos anteriores e pode ser configurada com até 21 linhas
A
FM 3090 é uma máquina que agrega diversas inovações em relação aos modelos anteriores. A Múltipla FM 3090 incorpora toda a tecnologia Fankhauser, com características que tornam o equipamento apto a atender aos requisitos de tecnologia de plantio normal e com a utilização de recursos como o plantio com a utilização da taxa variável. A estrutura que fixa o cabeçalho da
32
FM 3090 é móvel e facilita muito na hora de fazer as trocas de espaçamentos. Chassi com duplo quadro, de porte alto em relação ao solo, permite o fluxo constante da palhada. Com a máquina montada para culturas de inverno como o trigo, por exemplo, suas linhas intercaladas e seus discos duplos 14x15”, que pressionados através da mola do pantógrafo que acompanha as imperfeições do terreno, trabalham em maior harmonia
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
com a palhada. Já para o plantio de grãos graúdos, o modelo possui disco de corte de 20”, com braços duplos de grande capacidade de corte e sulcador para a incorporação de adubo com vários níveis de regulagens verticais e horizontais, com desarme/ pino fusível, podendo optar pelo disco duplo 18x20”. A distribuição da semente é realizada através do sistema cardan e instalado o sistema discos horizontais
Fotos Fankhauser
Detalhes dos sistemas de regulagens de distribuição de semente e adubo, da troca rápida de engrenagens e caixa de câmbio, e dispositivo para agricultura de precisão
de compactação na versão econômica opcionalmente. Os reservatórios de fertilizantes e sementes têm capacidade de carga de 1.450kg e 600kg, respectivamente, e são confeccionados em chapa de aço carbono, que passa por processo de tratamento para maior proteção contra oxidação, contribuindo para uma maior durabilidade. Opcionalmente, pode ser adquirida na versão semi-inox. Seu desenho foi idealizado para evitar que não haja acúmulo
com reservatórios individuais. Estes são interligados por condutores telescópicos apropriados vindos direto da caixa de semente (também usada para grãos finos), que fica na parte superior do equipamento, melhorando, assim, o escoamento dos grãos. Os limitadores de profundidade e compactadores são regulados sem o uso de chaves, através de manoplas, a não ser se forem adquiridos com o sistema
de produto em seu interior. Os rodados possuem grande capacidade de movimentação vertical, sendo movimentados através do auxílio de pistões hidráulicos. Esta característica influencia determinantemente na distribuição dos produtos, evitando falhas, pois o rodado é responsável pelo giro dos distribuidores. Na posição de transporte a máquina trabalha em boa altura em relação ao solo. Os rodados são instalados dentro do chassi, obtendo mais espaço ao passar
Detalhes dos distribuidores de fertilizantes com rotores helicoidais para cereais (acima), caixa de pastagem e discos horizontais para grãos graúdos (direita)
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
33
Fotos Fankhauser
O produtor pode escolher entre as diversas opções de dosadores de fertilizantes oferecidas pela empresa
por pontes e estradas estreitas. Há na máquina uma plataforma basculante que dá acesso livre ao operador aos compartimentos de adubo e semente facilitada pelo auxílio de uma escada. A transmissão é realizada por correntes que vêm do rodado até a catraca, fazendo com que a máquina, ao ser levantada para manobras na lavoura ou
para transporte, se desligue e pare de distribuir os produtos através de seus dosadores. Este sistema tem a proteção de tampas/carenagens, possuindo também tensionadores de correntes que ao longo do sistema mantêm sempre as engrenagens e correntes esticadas, evitando falhas de distribuição. A distribuição dos produtos pode ser
À esquerda, linha pantográfica de grãos graúdos com discos horizontais. À direita, linha pantográfica de grãos miúdos
34
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
Diferentes sistemas de rodas compactadoras limitadoras para grãos graúdos e miúdos
realizada por diferentes tipos de regulagens: a distribuição através do sistema troca rápida de engrenagens (pinheirinho); caixa de câmbio através de mano-
Marcador de linhas é um dos itens opcionais da FM 3090
plas, não utilizando chaves; ou ainda pelo sistema de agricultura de precisão, que possibilita aplicações em taxa variável de adubo e sementes através de um sistema computadorizado com GPS, que controla todas as linhas de plantio e adubação. A
distribuição é movida através de motores hidráulicos, controlados por computador, com regulagens preestabelecidas pelo operador. O conjunto de distribuição de adubo é realizado por meio de dosadores roscas sem-fim (mola) ¾” em aço inoxidável. O tamanho dos passos é variável de acordo com o que se quer aplicar. Existem dois tipos: passo curto 1” para baixas dosagens e passo logo 2” para altas dosagens. O distribuidor é de polímero, material que resiste melhor à abrasividade dos fertilizantes. Na distribuição de adubo é possível optar pelo dosador Fertisys.M tem.
FICHA TÉCNICA FM 3090 MÚLTIPLA DESCRIÇÃO Nº de linhas Capacidade de semente Capacidade de adubo Espaçamento padrão Posição do rodado Sistema de linhas Peso (vazia) Potência do trator Pneus Largura chassi Sistema plantio
SEMEADORA 21 linhas a 170mm 790 litros – 600kg 1280 litros – 1.450kg a partir de 170mm externo dentro do chassi Pantográfico 4.300kg aprox. 105cv 8.00 - 18 4.400mm Direto/Convencional
PLANTADORA 9 linhas até 500mm 790 litros – 600kg 1.280 litros – 1.450kg a partir de 340mm externo – interno dentro do chassi Pantográfico 4.100kg aprox. 105cv 8.00 - 18 4.400mm Direto/Convencional
ficha técnica
Arag
Alfa 310
Monitor da Arag controla até 48 linhas de plantio com adubação dupla ou simples
A
Arag colocou no mercado o monitor de plantio para sementes e adubo Alfa 310 com sistema de conexão entre todos os sensores, feito através de um único cabo, o que facilita a instalação e as manutenções. O monitor pode controlar até 48 linhas de plantio com adubação simples ou dupla, possui cartão de memória SD, que serve para carregar a configuração para outro equipamento e fazer atualizações de software, além de baixar os trabalhos realizados para o computador. O Alfa 310 permite visualizar dados durante o plantio como: velocidade, sementes por metro, sementes por hectare, área parcial semeada e limites de trabalho, além de monitorar o funcionamento de cada sensor, distância percorrida, tempo
36
de trabalho, tempo de deslocamento até a lavoura, data e hora. Todas as informações recolhidas podem ser retiradas através do cartão SD ou visualizadas na tela, como número do lote, data, hora, total da área, população média por hectare ou por metro, distância entre sementes, tempo de trabalho, produtividade em hectares por hora, velocidade média, distância até a lavoura e tempo gasto nas diversas operações.
MENU
O menu do monitor de plantio possui opções de ativação e desativação de cada sensor, tecla de acesso rápido para alternar as informações como população de sementes, trabalhos executados e dados de trabalho, com armazenagem de até
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
19 lotes. Se estiver conectado a um GPS, é possível realizar cálculo de área. Ele informa também a velocidade de deslocamento, que .M é fornecida pelo receptor GPS ou sensor de roda, além de ser configurado para operar em seis diferentes idiomas e duas diferentes unidades de medidas: métrico ou E.U. A conexão Can Bus está pronta para atender futuras expansões. O display gráfico em preto e branco tem 5,7” e é retroiluminado. Além de todas as funções, o Alfa 310 possui alarmes que informam o operador durante o plantio sobre irregularidades no funcionamento do sensor de roda ou em qualquer outro sensor da plantadora, além de informar quando a população está acima ou abaixo dos limites programados, entupimento, falta de sementes, baixa pressão do .M GPS, quando instalado.
ficha técnica
System 110 Fotos Valtra
Nova barra de luz da Valtra chega ao mercado com diversos outros aplicativos de agricultura de precisão
O System 110 foi projetado para utilização em diferentes condições de campo e tem sistema de fácil instalação, permitindo que ele seja transferido de um trator para outro em pouco tempo
A
trabalho em qualquer formato de lavoura. O System 110, além de barra de luz, possui características como mapa de cobertura, que exibe na tela um mapa virtual, preenchendo as áreas já trabalhadas, fazendo com que o operador tenha em tempo real dados de onde já trabalhou. Esta característica permite também identificar áreas de falhas ou de sobreposição. Isto pode ser feito de forma automática ou manual. O Mapa de Perímetro é outra função disponível no aparelho, o que permite que o agricultor conheça o tamanho e o formato de sua área para poder planejar melhor o seu trabalho. O sistema disponibiliza também um relatório de trabalho onde constam dados como: área trabalhada, área faltante, tempo gasto, produtividade em hectares/ hora. Todos esses dados junto com o mapa de cobertura podem ser transferidos para o computador e já são disponibilizados no formato PDF, que pode ser aberto em qualquer computador. Um dos opcionais do System 110 é o corte de até dez seções de barras para pulverizadores, para que ative e desative os bicos do pulverizador automaticamente, evitando sobreposições. Ele também já está preparado para receber diversas atualizações, além de permitir ao usuário migrar para um sistema de piloto automático. O System 110 pode servir como porta de entrada para a prática do sistema de agricultura de precisão, já que tem sua operação .M simplificada.
Divisão de Tecnologia da Valtra em parceria mundial firmada com o Topcon lançou recentemente o System 110, um produto que utiliza tecnologia GPS para direcionar o operador, possibilita maior precisão nas operações agrícolas, racionalização no uso de insumos e otimização no uso do maquinário. Sua utilização indica a direção correta do trajeto da máquina e evita sobreposição e falhas na aplicação de insumos. O equipamento foi projetado para utilização nas diferentes condições de campo e tem um sistema de fácil instalação, o que permite que o sistema seja transferido de um trator para outro em questão de minutos. O sistema possibilita o trabalho em três modos diferentes de orientação: reta, curva adaptativa e pivô. Esta característica permite o
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
37
pulverizadores Fotos Cultivar
Cobertura perfeita A escolha das pontas de pulverização é um quebra-cabeças que exige bastante cuidado por parte do produtor. Numa mesma área, com um mesmo produto é possível que seja necessário usar diferentes pontas, de acordo com as condições climáticas no momento da aplicação
A
38
se realizar uma pulverização são: baixa umidade relativa, alta temperatura e alta velocidade dos ventos. Esses fatores em conjunto ou agindo individualmente podem causar o fenômeno da deriva. A deriva é o movimento físico do produto fitossanitário através do ar no momento
da aplicação, ou logo após ela, para fora do alvo escolhido. Em função disto, pontas que produzem gotas finas, como é o caso de pontas tipo cone e cone vazio, são bastante susceptíveis à deriva, devendo ser utilizadas com cautela em condições ambientais
Michael Silveira Tebhaldi
ponta de pulverização é um dos mais importantes, senão o mais importante, componente de pulverizadores hidráulicos, ditando a forma com que o defensivo chegará ao alvo a ser combatido. A escolha errada da ponta de pulverização prejudicará a eficiência de aplicação, representando perda de produto na lavoura e conseqüente menor produtividade da cultura, livre ao ataque de pragas. Esses fatores aliados resultam em prejuízo financeiro ao agricultor. No mercado podem ser encontrados diversos tipos de pontas, que apresentam características distintas de distribuição volumétrica e tamanho de gotas, sendo indicadas para aplicação de determinados produtos. Em linhas gerais diz-se que pontas que produzem gotas grossas são indicadas para aplicação de herbicidas e pontas de gotas finas são indicadas para inseticidas e fungicidas. Mas será que esta é realmente uma regra? A aplicação de defensivos agrícolas é intimamente afetada pelas condições ambientais. As piores condições para
Acima, impressão da aplicação de uma ponta tipo cone vazio em papel hidrossensível e, abaixo, impressão da aplicação de uma ponta jato plano com indução de ar em papel hidrossensível
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
desfavoráveis e não em qualquer aplicação de produtos ditos específicos para estas pontas. As pontas cônicas possuem boa cobertura e alta densidade de gotas, com isso há uma probabilidade de acertarem o alvo da aplicação, por isso são indicadas em casos de aplicação de inseticidas e fungicidas de contato. A Figura 1 mostra uma impressão da aplicação de uma ponta tipo cone vazio em papel hidrossensível. Em comparação, utilizando mesma altura e pressão de aplicação, a Figura 2 mostra também uma impressão em papel hidrossensível de uma ponta de jato plano com indução de ar, que produz gotas mais grossas. Mesmo sendo uma ponta indicada para aplicação de herbicidas, esta representaria muito bem seu papel se fosse utilizada para aplicação de inseticidas e fungicidas de contato em condições de alta temperatura e baixa umidade relativa do ar, conferindo, neste caso, maior eficiência à aplicação se utilizada uma ponta de gotas finas, que seriam certamente levadas pela deriva.
PADRONIZAÇÃO
Após a seleção da ponta mais adequa-
Para evitar o desgaste prematuro das pontas, deve-se utilizar calda de boa qualidade, com o mínimo de partículas sólidas
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
39
FIGURA 3 – Perfis de distribuição volumétrica de duas pontas tipo cone vazio de mesma marca, porém de diferentes séries, trabalhando com mesma pressão e altura de aplicação.
surizado em seu material constituinte. Esses desgastes provocam alterações na vazão das pontas, acarretando também em desperdício ou falta de produto aplicado. A Figura 4 mostra a vazão de pontas de pulverização instaladas em uma barra com vinte bicos. A maior vazão na oitava ponta evidencia um problema com esta. Para evitar o rápido desgaste das pontas, deve-se procurar utilizar a calda água de boa qualidade, com o mínimo de partículas sólidas presentes possível, além de sempre utilizar filtros de tela no pulverizador e nos bicos de pulverização. A fim de se verificar alterações na vazão das pontas, pode-se ser adotada uma medida simples e rápida, que é a aferição do volume aplicado por cada ponta de tempos em tempos, deixando o pulverizador ligado por trinta segundos, aplicando em recipientes de volumes conhecidos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A escolha da melhor ponta para determinada aplicação é afetada pelo produto a ser aplicado e também pelas condições ambientais presentes no local da aplicação. A utilização da ponta que melhor se adapta ao local aliada ao uso de pontas de mesmo tipo e com condições de trabalho verificadas, acrescenta à pulverização não só eficácia no controle das pragas, mas também eficiência, que rende ao produtor economia de água, energia, horas de trabalho e uma acentuada redução no custo .M da lavoura. da, deve-se utilizar em todos os bicos do pulverizador o mesmo tipo de ponta. Este procedimento irá garantir uma boa uniformidade de aplicação, atingindo mais facilmente uma boa eficiência e eficácia no controle das pragas. O produtor deve ser criterioso neste ponto, já que até pontas do mesmo tipo podem possuir perfis de distribuição volumétrica diferentes. A Figura 3 mostra perfis de distribuição volumétrica de duas pontas tipo cone vazio de mesma marca, porém de diferentes séries, trabalhando com mesma pressão e altura de aplicação. A colocação destas pontas, uma ao lado da outra na barra de pulverização geraria uma faixa com deposição insatisfatória de produto, prejudicando a eficiência e a eficácia da aplicação, ou provocaria uma faixa com super-deposição, que poderia até causar o controle da praga, mas infligiria baixa eficiência de aplicação já que seria aplicada calda em demasia. Nos dois cenários a perda financeira é evidente. Com o passar do tempo e uso frequente das pontas, estas começam a
40
sofre desgastes em função do atrito de possíveis partículas sólidas presentes na calda e também do próprio líquido pres-
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
Michael Silveira Thebaldi, Marcelo Silvestre de Santana e Elton Fialho dos Reis
Figura 4 – Vazões unitárias de 20 pontas instaladas na barra de um pulverizador hidráulico
MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Unidades Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2007 2008 2009
JAN 1,8 2,9 3,1
2009 AGO B 5.049 4.889 160 4.242 4.107 135 68 62 6 156 156 0 249 237 12 334 327 7
SET A 5.446 5.338 108 4.640 4.556 84 51 47 4 118 118 0 349 337 12 288 280 8 FEV 2,4 4,0 3,6
MAR 3,0 4,3 4,1
ABR 2,9 4,5 3,9
2008
JAN-SET C 38.360 36.930 1.430 31.964 30.886 1.078 427 330 97 1.272 1.272 0 2.133 2.035 98 2.564 2.407 157 MAI 3,2 4,7 4,0
JUN 3,4 5,1 4,2
SET D 5.470 5.345 125 4.302 4.209 93 89 79 10 168 168 0 497 497 0 414 392 22 JUL 3,5 5,1 4,8
JAN-SET E 41.004 39.850 1.154 32.694 31.680 1.014 574 541 33 1.382 1.382 0 3.204 3.129 75 3.150 3.118 32 AGO 3,9 5,1 5,0
SET 3,6 5,5 5,4
Variações percentuais A/D -0,4 -0,1 -13,6 7,9 8,2 -9,7 -42,7 -40,5 -60,0 -29,8 -29,8 -29,8 -32,2 -30,4 -28,6 -63,6
A/B 7,9 9,2 -32,5 9,4 10,9 -37,8 -25,0 -24,2 -33,3 -24,4 -24,4 40,2 42,2 0,0 -13,8 -14,4 14,3 OUT 4,2 5,5
NOV 3,7 4,3
DEZ 2,8 3,7
C/E -6,4 -7,3 23,9 -2,2 -2,5 6,3 -25,6 -39,0 193,9 -8,0 -8,0 -33,4 -35,0 30,7 -18,6 -22,8 390,6 ANO 38,3 54,5 38,4
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades
2009 AGO B 5.049 4.242 181 72 577 1.334 1.005 878 195 249 37 109 30 67 6 156 68 334
SET A 5.446 4.640 185 40 571 1.632 949 1.051 212 349 36 130 50 127 6 118 51 288
Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2008
JAN-SET C 38.360 31.964 1.137 426 4.701 9.811 7.841 6.465 1.583 2.133 294 809 302 666 62 1.272 427 2.564
SET D 5.473 4.302 134 58 626 1.302 1.007 1.027 148 497 69 217 65 140 6 168 92 414
JAN-SET E 41.004 32.694 1.215 572 4.528 9.464 7.552 8.187 1.176 3.204 355 1.079 497 1.209 64 1.382 574 3.150
Variações percentuais A/D -0,5 7,9 38,1 -31,0 -8,8 25,3 -5,8 2,3 43,2 -29,8 -47,8 -40,1 -23,1 -9,3 0,0 -29,8 -44,6 -30,4
A/B 7,9 9,4 2,2 -44,4 -1,0 22,3 -5,6 19,7 8,7 40,2 -2,7 19,3 66,7 89,6 0,0 -24,4 -25,0 -13,8
C/E -6,4 -2,2 -6,4 -25,5 3,8 3,7 3,8 -21,0 34,6 -33,4 -17,2 -25,0 -39,2 -44,9 -3,1 -8,0 -25,6 -18,6
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2007 2008 2009
JAN 3,2 5,9 4,7
2009 AGO B 5.695 4.751 96 130 336 382
SET A 6.097 5.125 97 160 386 329 FEV 4,1 6,6 4,4
MAR 5,0 6,6 5,6
ABR 5,2 7,0 5,2
2008
JAN-SET C 45.797 38.610 698 1.386 2.676 2.427 MAI 5,6 6,5 4,5
JUN 5,7 7,3 4,1
SET D 7.952 6.173 290 150 849 490 JUL 6,5 7,6 5,6
JAN-SET E 63.401 49.304 2.698 1.336 6.210 3.853 AGO 6,8 8,0 5,7
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br
SET 5,8 8,0 6,1
Variações percentuais A/D -23,3 -17,0 -66,6 6,7 -54,5 -32,9
A/B 7,1 7,9 1,0 23,1 14,9 -13,9 OUT 6,8 8,8
NOV 6,3 7,4
DEZ 4,1 5,4
C/E -27,8 -21,7 -74,1 3,7 -56,9 -37,0 ANO 65,0 85,0 45,8
41
JUSTIÇA EM DEBATE Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br
Formação acelerada Apesar da vedação legal, há decisões que permitem às pessoas com maior capacidade intelectual a conclusão antecipada de sua educação formal
É
possível a um jovem que estudou sempre no Brasil atingir a universidade precocemente? Em geral, não. Mas há casos onde a capacidade individual e a boa vontade do Judiciário permitem.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: [...] V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; [...]
Em primeiro lugar, deve-se entender a razão da vedação ao acesso para a maioria das pessoas. Determina a Lei 9.394/96, que o Ensino Fundamental será iniciado aos seis anos de idade da criança e terá Assim, sustenta-se a impossibilidade de vedação legal à progresduração de nove anos. O Ensino Médio, por sua vez, terá duração são mais rápida de pessoas com maior capacidade. Recentemente, mínima de três anos. Simples perceber que a pessoa que iniciar sua decidiu de acordo com esse ponto de vista o Tribunal de Justiça do educação aos seis anos, deverá ingressar na universidade após os 18. Distrito Federal. Segue a ementa: A saída dessa situação poderia ser oferecida pelos exames supletivos. Todavia, sobre eles, diz a mesma lei: Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames supletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular. § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maiores de quinze anos; II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores de dezoito anos. [...] Assim, na prática, os supletivos serviriam apenas para pessoas com educação formal atrasada.
MANDADO DE SEGURANÇA. APROVAÇÃO EM VESTIBULAR. CERTIFICADO DE CONCLUSÃO DE ENSINO MÉDIO. ENSINO SUPLETIVO. MENOR DE DEZOITO ANOS. POSSIBILIDADE. Deve ser garantido ao menor de 18 (dezoito) anos com elevada capacidade intelectual o direito de cursar o ensino supletivo, pois a norma constitucional (art. 208, V) afirma ser a “capacidade” o único requisito para o acesso aos níveis mais elevados de ensino. Passados quase dois anos após o deferimento da liminar que concedeu ao estudante o direito de realizar as provas, quando, após ter obtido êxito nos exames, já se encontra devidamente matriculado e em estágio avançado do curso de ensino superior, deve reconhecer-se a situação consolidada, o que impossibilita a anulação dos efeitos da liminar concedida. (RMO 2006.01.1.073517-6, 1a Turma Cível, Rel. Des. Natanael Caetano).
Esse método injustificadamente rígido, contudo, encontra óbice na Constituição Federal, que premia a capacidade individual no Mas fica o alerta: embora existam vários casos como esse, o Supre.M que concerne à educação. Veja-se: mo Tribunal Federal ainda não se manifestou sobre o assunto.
42
Outubro 2009 • www.revistacultivar.com.br