Maquinas 91

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 91 • Ano IX - Novembro 09 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

Chuva sob medida

Conheça exemplos de propriedades que passaram a irrigar suas lavouras com sistema de pivô central, quais os custos e as vantagens desta técnica

Destaques

Ficha Técnica

Procedimentos adequados de manutenção para evitar incêndios e explosões em silos

Colhedoras John Deere 1470 e 1570; trator Agrale 5065.4

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12 e 20

• Editor

Gilvan Quevedo Charles Echer

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

Pedro Batistin Sedeli Feijó

• Expedição

Dianferson Alves Edson Krause Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• REDAÇÃO

• ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2000 3028.2070

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Aviação agrícola

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Preparo inicial do solo

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Ficha Técnica - JD 1470/1570

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Irrigação por pivô central

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Ficha Técnica - Agrale 5065.4

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Segurança em silos

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Segurança na armazenagem

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Equipamentos - Cycloar

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Empresas - Lavrale

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Coluna Estatística Máquinas

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Coluna jurídica

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Simone Lopes Alessandra Willrich Nussbaum

• Impressão: • Design Gráfico e Diagramação

Rodando por aí

Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90

• Circulação

• Redação

• Comercial

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Índice

Armazenagem

Cristiano Ceia

Capa: Vera Lucia Ambrozi

Matéria de capa

3028.2060 3028.2065

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter Secretária Rosimeri Lisboa Alves www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Visita

A Agrosul Máquinas, concessionário John Deere no oeste da Bahia, recebeu a visita de uma comitiva da empresa, com a presença de dirigentes globais da área de pulverizadores e plantadeiras. O grupo visitou propriedades do Grupo Horita e do produtor Ademar Marçal, clientes da Agrosul, com o objetivo de levantar problemas e soluções em relação aos equipamentos de plantio e à pulverização.

Walter Horita

Expansão

A Martins e Sobrinhos, concessionário John Deere nos municípios de Rio Verde e Jataí, em Goiás, assinou em outubro contrato para abertura de uma loja John Deere Express, em Montividiu. O objetivo da montadora é de estar mais próxima e agilizar o atendimento aos clientes da marca na região.

Comitiva

No dia 30 de outubro a Agrimec recebeu aproximadamente 20 agricultores e distribuidores da Bolívia, Costa Rica, México e Panamá. O grupo estava acompanhado por Luciano Carmona, coordenador da Flar – Fondo Latinoamericano para Arroz de Riego (Fundo LatinoAmericano para Arroz irrigado). A comitiva conheceu lavouras de arroz nos municípios gaúchos de Passo Fundo, São Borja e São Gabriel. A visita também gerou negociações com interessados em representar produtos Agrimec na Bolívia e no México.

Inauguração

A Valtra comemora a inauguração de mais uma concessionária no Rio Grande do Sul. O terceiro ponto de venda da Razera Agrícola, representante da marca desde 2001, abriu suas portas no dia 22 de outubro, no município gaúcho de Casca. Uma área de 920m² passa a abrigar os departamentos de Serviços, Peças e Comercial.

Caravana MDA

A Valtra participa da Caravana Tecnológica Itinerante do Programa Mais Alimentos em dez municípios da Bahia e do Ceará. A iniciativa é do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) em parceria com os governos dos estados, prefeituras, bancos e parceiros do Programa.

Mais Alimentos

A Agritech também participa da Caravana Mais Alimentos, na região Nordeste. As feiras itinerantes de tecnologia percorrerão cidades da Bahia e do Ceará, em novembro.

Parceria

Expo São Luiz

A Fankhauser participou em outubro, juntamente com a revenda Coxilha Insumos, da Expo São Luiz, feira realizada no município de São Luiz Gonzaga, no Rio Grande do Sul.

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Fenatran

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, visitou o estande da Agrale durante a 17ª Feira Internacional do Transporte (Fenatran 2009). A empresa apresentou no evento a nova versão do caminhão Agrale 13000 com caçamba e o modelo 8500 com nova motorização. O jipe Agrale Marruá atraiu a atenção do presidente por suas características de design e robustez.

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Alunos do curso de Agronomia da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Canoas, no Rio Grande do Sul, foram a campo no dia 5 de novembro para conhecer o funcionamento das máquinas agrícolas. Na disciplina Plantas de Lavoura, ministrada pela professora Vanessa Tedesco, os acadêmicos treinaram as técnicas para preparação do solo em um trator Massey Ferguson. Além disso uma demonstração da barra de luzes System 110 está prevista durante a Semana Acadêmica dos cursos de Agronomia e Engenharia Agrícola da instituição. Dividida em dois temas, sementes e máquinas, a Semana Acadêmica tem participação e apoio da Massey. A programação conta com a presença de profissionais da AGCO. O engenheiro agrônomo Niumar Dutra Aurélio falará sobre as soluções para agricultura de precisão e o engenheiro agrícola Alexandre Souza, sobre sistemas de orientação por satélite.



aviação

Esquadrilha antichamas Uso de aviões agrícolas no combate a incêndios florestais pode ser uma saída inteligente, uma vez que justamente nas estações secas, período em que ocorre a maioria dos focos, as aeronaves encontram-se ociosas e podem ser facilmente utilizadas em operações nas áreas atingidas pelo fogo

A

discussão sobre qual seria o melhor modelo para a gestão do combate aéreo aos incêndios florestais no Brasil surgiu durante o primeiro Aerofogo, em 2006. As opiniões se dividiam e, no primeiro momento, surgiram dúvidas sobre a participação do setor privado na atividade de combate aéreo aos incêndios florestais. De um lado, uma corrente que defendia uma participação forte do Estado, inclusive com a aquisição de aeronaves. De outro lado se posicionavam aqueles que defendiam que a iniciativa privada deveria compor a parte executiva, visto que existia no país uma frota de aeronaves que facilmente poderia ser adaptada para o combate aos incêndios. Estas aeronaves, pertencentes às empresas aeroagrícolas, são utilizadas durante boa parte de ano nas atividades de proteção fitossanitária das lavouras. Na estação da seca, que é quando ocorre a maior parte dos incêndios florestais, tais aeronaves estão ociosas e podem ser facilmente deslocadas para as frentes de trabalho no combate aéreo a incêndios. Este modelo apresenta, de imediato, a vantagem da otimização das questões relativas à manutenção e à depreciação do investimento

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de aquisição das aeronaves. Passados cerca de quatro anos, muita experiência foi adquirida, tanto com a prática, que envolveu diversas equipes com diferentes modelos de aeronaves em diferentes regiões do país, quanto com o desenvolvimento de novas tecnologias e, principalmente, com o treinamento e formação de pilotos através dos cursos de capacitação de pilotos agrícolas para o combate aéreo a incêndios em campos e florestas. Até o momento 83 pilotos agrícolas foram capacitados para estas atividades pela Unesp. Desta forma a parceria entre a Unesp e diversas instituições e empresas, tais como a Associação Brasileira da Ciência Aeroagrícola (ABCAg), o Núcleo de Tecnologia Aeroagrícola (NTA), a Fundação de Estudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais (Fepaf), entre outras, permitiu a consolidação da atividade de combate aéreo a incêndios no Brasil. No Aerofogo 2009, durante o 4º Simpósio Internacional sobre Prevenção e Combate Aéreo a Incêndios em Campos e Florestas no Brasil, realizado em maio deste

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ano, em Botucatu (SP), debatedores trataram da viabilidade dos modelos de gestão do combate aéreo a incêndios florestais no Brasil, discutindo amplamente a participação de cada um dos atores nesta complexa questão. Experiências e contraposição de opiniões foram tratadas abertamente com o público, numa discussão franca e com o objetivo claro de contribuir para alavancar e viabilizar o trabalho árduo de combater os incêndios florestais no Brasil. Sem prejuízo das opiniões contrárias e dos diferentes pontos de vista, ficou claro que todos têm como objetivo comum solucionar o problema dos incêndios, seja através de medidas preventivas, seja através de ações efetivas e eficientes de combate aos incêndios, evitando danos maiores. Algumas experiências foram realçadas, como por exemplo, os casos de Minas Gerais e do Mato Grosso. No estado de Minas Gerais o Instituto Estadual de Florestas (IEF) viabilizou a sedimentação de um amplo programa de combate


aos incêndios florestais, denominado de Força-Tarefa/Previncêndio, através de um conjunto de parcerias público-privadas. Já o caso do Mato Grosso chama a atenção pela peculiaridade de envolver a iniciativa do setor privado no processo. Devido aos prejuízos sofridos em 2008, agricultores da região de Primavera do Leste (MT) se mostraram interessados em contratar o serviço de combate aéreo para evitar danos às suas áreas de lavoura atingidas pelos incêndios. Em ambos os casos provaram-se a eficiência e a viabilidade técnica do uso de aeronaves em ações de combate. Também foi possível testar o efeito do treinamento recebido pelos pilotos durante os cursos de capacitação realizados pela Unesp. Verificou-se claramente a diferença entre pilotos capacitados e não capacitados, assim como a qualidade e a segurança das operações foram reforçadas. É importante ressaltar que após 2006, quando começou a capacitação de pilotos no Aerofogo, nenhum acidente foi registrado nas operações de combate aéreo a incêndios florestais no Brasil.

REFORÇO

Outro aspecto relevante refere-se à necessidade urgente de solucionar a regulamentação do emprego de formulações

Fotos Paulo Fenner

A utilização de aviões agrícolas para combate a incêndios florestais tem a vantagem da otimização das questões relativas à manutenção e à depreciação do investimento de aquisição das aeronaves

químicas supressantes ou retardantes de fogo no Brasil. Os supressantes são adicionados à água para aumentar a sua eficiência, resultando nos chamados

aceiros molhados. Os retardantes, por sua vez, alteram a flamabilidade do material combustível. Na presença do retardante, a liberação dos gases inflamáveis, os quais


Fotos Paulo Fenner

Até o momento, 83 pilotos receberam treinamento e formação através dos cursos de capacitação de pilotos agrícolas para o combate aéreo a incêndios em campos e florestas ministrados pela Unesp

contribuem com o pré-aquecimento, combustão em chamas e o consequente espalhamento do fogo, não ocorre, pois na presença do produto retardante o material em combustão é transformado diretamente para carvão com liberação de água. A água, ao evaporar, absorve calor, resfriando o combustível e, consequentemente, dificulta a continuação da reação da combustão. O uso destes produtos é premissa básica para o eficiente emprego de aeronaves no combate, porém os órgãos regulamentadores ainda não definiram o seu uso. Em consequência elevam-se os custos operacionais, pois é necessário maior número de horas de voo, e o combate tem sua eficiência limitada pois a água pura evapora rapidamente após a aplicação. A regulamentação do uso de coadjuvantes no combate aéreo a incêndios é uma necessidade imediata. Embora todo piloto agrícola tenha habilitação para atuar em combate a incêndios, devido à própria regulamentação do setor, a preocupação com os acidentes aéreos e com a eficiência no uso dos recursos deve ser constante. Nesse sentido, os pilotos capacitados puderam demonstrar na prática, em diversas ações de combate, a diferença entre o piloto habilitado e o piloto habilitado e capacitado para combate. Economia de recursos e eficiência no combate são

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apenas detalhes numa atividade em que o risco de acidentes é, por natureza, alto. E este fato é ainda mais importante quando em condições de sobrevoo de áreas em chamas. Em suma, a questão não só é performance, mas atinge também a segurança pública. Ficou claro que com o grupo de pilotos agrícolas já capacitados para o combate aos incêndios e considerando a frota de aeronaves disponíveis na entressafra agrícola, que coincide com o período de

incêndios, o combate aéreo poderia ser imediatamente implantado no Brasil. Os investimentos no setor são altos, porém, os benefícios sociais e ambientais são evidentes. Entretanto verificou-se que, embora, as condições logísticas estão razoavelmente solucionadas o mesmo não ocorre com a questão política administrativa, ou seja, ainda não há no Brasil uma definição global quanto ao modelo de gestão a ser adotado pelo governo na efetivação das atividades de combate a incêndios florestais. Resta esperar que as dificuldades sejam superadas e o Brasil saia da incômoda posição de ser um país com uma das maiores emissões de CO 2 decorrentes de incêndios florestais. Trata-se de uma prioridade estratégica para o país, aumentar a sinergia entre parceiros públicos e privados para aumentar a .M eficiência das ações de combate. Paulo Fenner e Ulisses Antuniassi, Unesp/FCA/ABCAg

Simpósio Internacional sobre Prevenção e Combate Aéreo a Incêndios em Campos e Florestas no Brasil discutiu a participação de cada um dos atores na complexa questão do combate a incêndios florestais

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mecanização Fotos Renato Adriane Alves Ruas

Rolo compressor Fotos Valtra

Ensaio avalia eficiência de campo e custos da derrubada de vegetação remanescente usando curiosa ferramenta de trabalho

O

preparo inicial do solo compreende as operações necessárias para criar condições de implantação das culturas, em áreas não utilizadas anteriormente com essa finalidade ou que foram abandonadas. Essas áreas podem estar cobertas de vegetação natural ou de alguma forma de regeneração desta, a qual deverá ser eliminada, e ainda necessitar alguma movimentação de terra, para tornar a superfície regular e facilmente trabalhável. O objetivo básico dessa operação é deixar a área em condições adequadas para a movimentação de máquinas visando o adequado estabelecimento das culturas. As operações que se caracterizam como preparo inicial do solo são principalmente as operações de desmatamento que se iniciam com eliminação da vegetação, comumente conhecida como derrubada. De modo geral, a derrubada demanda alta consumo de energia e por isso, os custos durante a sua execução geralmente são elevados. Em áreas de vegetação remanescente, geralmente empregam-se tratores de esteira equipados com lâminas com larguras de ataques que normalmente estão em torno 3,5m. Entretanto, algumas alternativas podem ser empregadas a fim de se aumentar a eficiência da operação, reduzindo o tempo

e o custo operacional da mesma. Uma alternativa empregada por algumas empresas prestadoras de serviços de máquinas agrícolas e florestais é colocar uma madeira de elevada resistência na frente da lâmina do trator de esteira, a qual é rolada sobre a vegetação, provocando seu acamamento com a quebra das plantas. Depois de seca, o que pode levar de uma a duas semanas, dependendo das condições climáticas, a vegetação é amontoada e retirada da

área. Na região sudoeste do Maranhão, essa operação é comumente conhecida como “quebra de juquira”. A fim de se avaliar o rendimento dessa operação, acompanhou-se o trabalho de um trator de esteira da marca Caterpillar modelo D6D, com lâmina Buldozer equipada com barra frontal, no município de Itinga (MA). A tora de madeira utilizada era de jatobá com 15m de comprimento e 0,50m de diâmetro. A vegetação predominante na área

Madeira de jatobá, colocada à frente da lâmina do trator de esteira, é rolada sobre a vegetação provocando seu acamamento com a quebra das plantas

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o custo

O

custo referente ao consumo de óleo lubrificante foi determinado de acordo com a Equação 1, conforme a Asabe. (1)

Ci = (4,3x10-4)(P + 0,02169) em que: Ci = consumo (L/h-1); P = potência nominal do motor, (cv).

O custo da graxa foi estimado considerando-se um consumo de 0,05kg de graxa, a hora de trabalho (Teixeira et al, 1999). O custo do óleo hidráulico foi calculado segundo a Equação 2:

COH = Vx CT + Cf Tto Ttf (2) era originada sobre pastagem de Brachiaria decumbens, sendo constituída, em geral, por árvores de diâmetro inferior a 0,20m e altura de até 5m, denominada “juquira”. Foram determinados a eficiência de campo e os custos de produção e operacionais da operação. A eficiência de campo foi determinada pela relação entre a capacidade operacional efetiva e capacidade operacional teórica. A capacidade operacional efetiva por sua vez, foi determinada pela relação entre a área trabalhada e o tempo total gasto na realização da operação. A área trabalhada foi medida com GPS Garmim 72, com precisão inferior a 8m. Já a capacidade operacional teórica foi determinada em função da velocidade e largura útil da operação. Foram realizadas dez repetições de tomadas de tempos e distâncias em diferentes locais da área, a fim de se determinar a velocidade da operação. Na determinação dos custos de produção totais, consideraram-se como custo fixo a depreciação e os juros sobre o capital. Para o cálculo da depreciação, foi utilizado o método da depreciação linear. A determinação do valor final do trator foi realizada mediante pesquisa de mercado. Os juros sobre o capital foram calculados levando-se em consideração a taxa de juros de 9% ao ano de acordo com o Finame (informação da agência do Banco do Brasil, em Viçosa (MG), em fevereiro de 2008). Os custos variáveis foram compostos por gastos com combustível, lubrificante, óleo hidráulico, pneus, manutenção e mão de obra. Para a determinação do custo de

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em que: COH = custo com óleo hidráulico (R$ h-1); V = valor do óleo hidráulico (R$ l-1). CT = capacidade do depósito (l). Tto = tempo de troca do óleo (h). Cf = valor do filtro (R$). Ttf = tempo de troca do filtro (h). O custo com o rodado do trator de esteira foi calculado de acordo com a Equação 3:

Cr = Nr x Vr Hr (3) em que: Cr = custo do rodado (R$ h-1); Vr = valor de uma esteira do trator (R$); Nr = número de esteiras da máquina; e Hr = vida útil da esteira, em horas efetivas. combustível, estimou-se o consumo como sendo 10% da potência nominal do trator. A vida útil da esteira foi estimada baseando-se em informações de profissionais em manutenção de tratores e também em dados de literatura (Mialhe, 1974). Considerou-se uma vida útil de 12 mil horas trabalhadas. O custo de manutenção incluiu as manutenções preventiva e corretiva, além da mão de obra necessária para realizá-la. Para determiná-lo, foi estimado valor igual a 135% do investimento inicial do trator (Mialhe, 1974). Os custos operacionais foram determinados pelo produto da capacidade operacional teórica e custos de produção.

A velocidade média de trabalho foi de 1,60km h-1, proporcionando uma capacidade operacional teórica de 2,40ha h–1. A capacidade operacional efetiva foi de 1,93ha h-1, com uma eficiência de campo de 0,80. A perda de eficiência durante a operação ocorre principalmente, devido à dificuldade de condução da madeira na frente da lâmina, uma vez que a mesma deve permanecer perpendicularmente à linha longitudinal do trator durante a operação. Além disso,

Efeito da operação de rolagem de madeira de jatobá sobre vegetação remanescente onde é possível comparar as plantas antes e depois da intervenção

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Fotos Renato Adriane Alves Ruas

quando há necessidade de se realizar manobras de cabeceiras, normalmente se gasta mais tempo para se posicionar a madeira corretamente. Quando possível, realiza-se a operação em círculos, dispensando a realização das manobras de cabeceiras e tornando a operação mais eficiente. Os custos de produção e os custos operacionais verificados foram de R$ 79,17 ha-1 e R$ 190,00 h-1, respectivamente. Como não houve condições operacionais de se avaliar o trator operando apenas com a lâmina derrubando a vegetação, não foi possível fazer comparação entre as duas operações na mesma área. Porém, a operação de rolagem de madeira sobre a vegetação remanescente, justifica-se pelo fato de aumentar a largura de ataque do trator em cerca de quatro vezes, tendo em vista que a largura da lâmina é de apenas 3,6m, o que, possivelmente, resulta .M em maiores custos. Renato Adriane Alves Ruas, Instituto Federal Goiano Luciano Baião Vieira, Heitor Urias Leite Júnior e José Ferreira Cardoso Júnior, UFV Guilherme Campos Lana, Refloresta


FICHA TÉCNICA

1470 e 1570

John Deere apresenta duas novas colhedoras com motorizações de 193cv e 225cv e graneleiros de 5,5 mil litros e seis mil litros para atender produtores de médias e grandes propriedades

A

John Deere lançou recentemente as colheitadeiras 1470 e 1570, projetadas para colher diversos tipos de culturas em condições variadas e com uma ampla gama de plataformas de corte ou de milho, com diversas opções de configurações e acessórios para adequarem-se às diferentes necessidades dos agricultores.

MOTOR AGRÍCOLA

As colheitadeiras 1470 e 1570 são

equipadas com motores John Deere desenvolvidos especificamente para aplicações agrícolas e com as transmissões hidrostáticas e caixa de câmbio de três marchas. Uma das vantagens do motor agrícola está na maior reserva de torque e potência, reduzindo o consumo de combustível e assegurando maior durabilidade. O modelo 1470 tem motor John Deere 6068, turbinado, com 6,8 litros, seis cilindros e 193cv de potência. O 1570 tem motor John Deere 6081, turbinado, com 8,1 litros, seis cilindros e 225cv de potência. Este motor conta ainda com 5% de reserva de potência.

de corte enquanto trabalha e também acesso imediato e constante a um grande número de informações sobre o andamento do serviço.

CABINE

O motor que equipa os dois modelos é John Deere de 193cv no modelo 1470 e 225cv no modelo 1570

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As cabines dos dois modelos foram projetadas para minimizar qualquer ruído externo e vibrações durante a colheita, com o objetivo de oferecer conforto e as melhores condições de trabalho para o operador. A visibilidade e a facilidade de operação foram outras características buscadas pelos projetistas. A alavanca multifunção, que comanda várias funções da plataforma e do deslocamento da colheitadeira, garante conforto e segurança no trabalho do operador. Ele tem visão sem obstrução da plataforma

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A cabine foi projetada para minimizar ruídos exter de oferecer conforto, melhores condições de tr


Fotos John Deere

tadeiras 1470 podem utilizar as plataformas 618R e 620R, além das plataformas flexíveis 618F, 620F e 622F. Já para o modelo 1570, a plataforma 625F oferece o máximo rendimento. Para melhorar o desempenho das plataformas de corte 600F cilindros hidráulicos foram colocados em todos os braços de flutuação e a barra de corte foi posicionada 50mm à frente, com promessas de alimentação mais contínua e corte mais limpo.

NOVAS PLATAFORMAS

Os monitores da coluna direita, dentro do campo de visão periférica do operador, possibilitam a visualização de informações sobre o rendimento da máquina sem desviar a atenção da operação de colheita. O monitor de performance e o hectarímetro, que registra o rendimento diário do trabalho, são itens de linha em ambos os modelos. Já o monitor digital InfoTrak mostra simultaneamente duas funções operacionais escolhidas pelo operador entre diversas opções: RPM do motor, RPM do cilindro, RPM do ventilador de limpeza, velocidade de avanço, abertura do côncavo e horas do motor ou de trilha.

rnos e vibrações durante a colheita, com o objetivo rabalho e maior visibilidade para o operador

ALIMENTADOR e PLATAFORMAS

O alimentador das novas colheitadeiras foi projetado para suportar maiores cargas de trabalho e plataformas mais pesadas. Ele é alongado e tem ângulo mais suave de inclinação da subida do material. Com largura igual à do sistema de trilha, ele garante alimentação contínua em todas as condições. Em terrenos inclinados ou ondulados, por exemplo, ele trabalha de modo a copiar o solo, para facilitar o trabalho do operador. As novas travessas do alimentador com formato em “U” são mais resistentes e contribuem para uma alimentação eficaz, sem dano aos grãos. O projeto do alimentador foi pensado para melhorar a visibilidade para o operador durante a colheita e suas novas janelas de inspeção permitem fácil acesso para limpezas e regulagens. Também são oferecidos para os dois modelos grande gama de tamanhos de plataformas de corte para garantir a correta adequação da colheitadeira a cada tipo de cultura e condição de trabalho. As colhei-

As novas plataformas de milho 600C prometem baixo nível de perdas e durabilidade. A John Deere desenvolveu plataformas com diferentes espaçamentos de quatro a 17 linhas, além de diversos itens como sem-fim de maior diâmetro, raspadores reguláveis, capôs de material especial Perma-Glide, transmissão selada com lubrificação banhada a óleo, raspadores de proteção do bico divisor e correntes recolhedoras mais largas. Essas características têm o objetivo de atingir melhores resultados na colheita, com produtividade elevada mesmo em lavouras com condições de milho acamado e alta incidência de plantas daninhas. Com os diferentes espaçamentos entre 45 e 90 centímetros e opções de seis a 17 linhas de plantio, são possíveis ao todo 47 configurações diferentes. Todas contam com o exclusivo sistema de controle automático de altura e regulagem hidráulica, a partir da cabine, da abertura e fechamento das chapas despigadoras.

TRILHA E SEPARAÇÃO

Várias opções de unidades de trilha preparam a máquina para os diferentes tipos de cultura e condições de colheita. O cilindro de trilha (com 610mm em todas

A alavanca multifunção comanda várias funções da plataforma e do deslocamento da colheitadeira

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cilindro da trilha operar em duas faixas de rotação (de 150rpm a 410rpm e de 420rpm a 1.100rpm) para adequar-se aos diversos tipos e condições das culturas. A área de separação das duas colheitadeiras atinge 5,61m2 no modelo 1470 e 6,81m2 no 1570, com cinco e seis saca-palhas, respectivamente. Essas colheitadeiras separam os grãos com total eficácia, assegurando também reduzidos índices de perdas. A amplitude de movimento dos saca-palhas aumenta a capacidade de separação, reduzindo as perdas na colheitadeira. O ventilador de oito pás e possui ajuste de rotação, a partir da cabine, que pode ser controlada no monitor InfoTrak, mesmo com a máquina em movimento.

DESCARGA

O alimentador foi projetado com largura igual à do sistema de trilha, para garantir alimentação contínua

as versões), juntamente com ângulo dos 112 graus de envolvimento do côncavo, proporciona uma trilha suave e eficiente, com baixo índice de dano ao grão. O cilindro de trilha é acionado por sistema PosiTorq, que tensiona automaticamente a correia e proporciona maior capacidade de transmissão, otimizando o uso da potência do motor, sem patinagem da correia, e prolongando a vida útil da mesma. Um mecanismo de acionamento opcional que complementa o PosiTorq possibilita ao

Monitor InfoTrak mostra até duas funções simultâneas e o hectarímetro registra o rendimento da máquina

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A descarga pode ser feita em qualquer posição, mesmo com a máquina em colheita. O tubo de descarga abre um ângulo de 110 graus, facilitando a distribuição dos grãos na carreta ou no caminhão, o que reduz a necessidade de manobras. O tanque de grãos


Fotos John Deere

O sistema PosiTorq (esquerda) tensiona automaticamente a correia para aumentar a capacidade de transmissão e otimizar o uso da potência do motor. O ventilador de oito pás (direita) possui ajuste de rotação, a partir da cabine

permite armazenar 5.500 litros, no modelo 1470, e seis mil litros, no 1570, que podem ser descarregados com uma vazão de aproximadamente 53 litros por segundo, mesmo com a máquina em colheita. Uma janela permite a total visualização

do tanque graneleiro a partir do assento do operador. Em operações noturnas, um sistema de iluminação interna facilita a visibilidade do tanque. Um painel articulável permite obter amostras dos grãos armazenados no tanque graneleiro a partir

da plataforma de acesso à cabine.

DIRECIONAMENTO POR SATÉLITE

Os faróis dos dois modelos foram redesenhados para melhorar a visibilidade, e a iluminação traseira pode ser acionada durante a colheita. Os dois modelos contam também com um novo sistema hidráulico que possibilitou configurar o sistema de direção com dois cilindros hidráulicos. Este sistema permite também a instalação do Piloto Automático Universal John Deere, de direcionamento por satélite com a utilização do sistema AMS de Agricultura de Precisão. .M

As peneiras e o bandejão formam uma das maiores áreas de limpeza da categoria

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capa

Fazendo chover Embalados Embalados pelo pelo acesso acesso aa financiamentos, financiamentos, agricultores agricultores gaúchos gaúchos encontram encontram na na irrigação irrigação por por pivô pivô central central uma uma saída saída para para enfrentar enfrentar problemas problemas com com estiagem estiagem ee maximizar maximizar aa produtividade produtividade

D

esde a década de 1980 instituições financeiras como o Banco Regional de Desenvolvimento Econômico do Extremo Sul (BRDE) realizam estudos nas lavouras do Rio Grande do Sul para avaliar a viabilidade técnico-econômico-financeira do uso da irrigação por aspersão, tipo pivô central. Nestas pesquisas foram constatadas as vantagens técnicas relativas aos ganhos de produtividade, a garantia da produção nos anos de estiagem e a possibilidade de dois cultivos em sequência em lavoura irrigada, em uma mesma

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estação (safra/safrinha) envolvendo, principalmente, culturas como soja, milho e feijão. Inicialmente o custo da instalação deste sistema de irrigação, por hectare, era bastante elevado em relação ao preço da terra, o que levou o produtor a optar pelo aumento de sua área. Nos últimos anos, porém, foram observadas vantagens competitivas do custo da instalação de pivô central por unidade de área, em relação ao valor do hectare de terra, incentivando a instalação dos sistemas de irrigação. Atualmente os projetos já em funcionamen-

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to somam aproximadamente 12 mil hectares, espalhados em diversas regiões do estado. Dois “cases” demonstram a eficiência destes equipamentos, através do aumento de produtividade obtido nas culturas irrigadas, com consequente aumento e garantia de receitas.

FAZENDA TARUMÃ

A Fazenda Tarumã, no município gaúcho de Jóia, a 450 quilômetros de Porto Alegre, tem em seu histórico produção agropecuária com espírito empreendedor nas mais diversas


Fotos Vera Lucia Ambrozi

O PRIMEIRO PASSO

Em janeiro de 2000 foi tomada a decisão de usar a técnica e o sistema de irrigação. Com isso, o primeiro passo foi procurar os órgãos competentes para obter autorização para a construção de uma barragem, pois armazenar água era de vital importância. Feito isto, foi desenvolvido projeto para aquisição e implantação de quatro pivôs centrais em um período de quatro anos. Após a aquisição do primeiro sistema, para irrigação de 112 hectares, foi iniciado processo de mudança de atitudes e ações em relação ao conhecido até então sobre agricultura. Muitas dificuldades foram encontradas na busca de soluções de manejo para aumento de produtividade, já que o histórico na colheita de milho era de 3.420kg/ha (57sc/ha). No primeiro ano de cultivo da área irrigada a produtividade chegou a 7.620kg/ha de milho (127sc/ ha). Este resultado mostrou que a empresa estava no caminho certo. Em 2005, o estado teve a maior estiagem dos últimos 50 anos e irrigar as culturas passou a ser obrigatório, se a propriedade quisesse manter ou aumentar a produtividade. Surgiu então a criação de uma área de pesquisa permanente na propriedade para gerar conhecimento a respeito das culturas produzidas na área irrigada e sobre o microclima. Foi desenvolvido, também, um centro de custos bem elaborado e com participação de toda a equipe para a busca de maior eficácia.

O ANO AGRÍCOLA 2007/08

A consolidação da técnica de irrigação ocorreu na safra 2007/08 devido aos resultados

técnicas de manejo. No verão de 2000, um período de grande déficit hídrico fez da agricultura refém de desenvolvimento de produtividade, dada a importância da água no sistema produtivo. Há 13 anos a fazenda já desenvolvia o plantio direto na palha com sistema de rotação de culturas, mas a falta de água ocasionou grandes quebras em 511 hectares cultivados com a cultura do milho. Foi a partir deste evento que os proprietários decidiram buscar novas técnicas para dar continuidade ao processo produtivo.

de produtividade obtidos. Na cultura do milho foi alcançada a produtividade de 13.080kg/ha (218sc/ha) e em soja, 4.518kg/ha (75,30sc/ha). O caminho estava traçado, solidificado na permanência da prática da atividade na região. Novamente a infraestrutura da propriedade sofreu novas mudanças. O primeiro passo foi para realização do georreferenciamento da propriedade. Com a obtenção dos dados foi mapeada a capacidade da área a ser irrigada. Normas ambientais foram obedecidas conforme fiscalização dos órgãos competentes, tendo sido adquiridos dois novos sistemas de irrigação, o que possibilitou atingir 25,51% da área agricultável com irrigação.

O MOMENTO ATUAL

Com os níveis de produtividade mantidos e de posse de dados de custos confiáveis, a cadeia produtiva da Fazenda Tarumã passou a ser referência para a região. Sua área de pesquisa ficou reconhecida como pioneira na colheita de milho transgênico do Brasil e, atualmente, a fazenda adquiriu mais sistemas de pivô central, somando então 11 pivôs na propriedade, que totalizam uma área irrigada de 918ha, representando 35,11% de sua área agricultável. As transformações não param na Fazenda Tarumã, que atualmente tem reserva hídrica de 3.200.000m³ de água, garantindo autossuficiência para as culturas de milho, de trigo e de soja. Os investimentos na implantação das culturas também tiveram considerável aceleração, com tecnologia de produção de alto nível. O equilíbrio entre investimento e rentabilidade sempre esteve alicerçado nas orientações técnicas da área de pesquisa e do centro gerador de

Produção de feijão safrinha sob pivô central na Agropecuária Sobradinho, no Rio Grande do Sul, propriedade que passará a irrigar 1.167ha com dez conjuntos de irrigação em 2010

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QUADRO 1 RESULTADOS NA SAFRA 2008/2009 FAZENDA SOBRADINHO SOJA SEQUEIRO Receita: R$ 1,376,00 (32sc/ha x R$ 43,00/sc) Custo: R$ 1.183,00 Receita líquida: R$ 195,00 SOJA IRRIGADO Receita: R$ 2.881,00 (67sc/ha x R$ 43,00/sc) Custo: R$ 1.631,00 Receita líquida: R$ 1.250,00 MILHO SEQUEIRO Receita: R$ 1.540,00 (79sc/ha x R$ 19,50/sc) Custo: R$ 1.516,00 Receita líquida: R$ 34,00 MILHO IRRIGADO Receita: R$ 2.726,00 (139,80sc/ha x R$ 19,50/sc) Custo: R$ 2.364,00 Receita líquida: R$ 362,00 FEIJÃO Receita: R$ 2.720,00 (R$ 34sc/ha x R$ 80,00/sc) Custo: R$ 1.657,00 Receita líquida: R$ 1.063,00 A soja neste ano teve um preço elevado, mas os custos da lavoura também estavam altos devido aos preços dos insumos (adubos e herbicidas). Já a cultura do milho teve os custos elevados e um preço de comercialização deprimido (no plantio estava a R$ 24,00 e quando da colheita, a R$ 17,00).

custos da propriedade. Hoje, sabe-se que 1mm de água tem custo de energia, por hectare, de R$ 0,90 para a cultura do milho, de R$ 0,67 para a soja e de R$ 1,08 para o trigo. A evolução constante é um desafio na Fazenda Tarumã, que tem metas bastante claras para os próximos cinco anos. A ideia é alcançar índices de produtividade na casa

das 18t/ha de milho, 6t/ha de soja e 5t/ha de trigo

AGROPECUÁRIA SOBRADINHO

Estabelecida na Fronteira Oeste, a 550km de Porto Alegre e 630km do Porto de Rio Grande, a Agropecuária de Sobradinho foi criada em 1988. Nos últimos dez anos, a região registrou apenas um ano de supersafra, três safras normais e seis quebras de safras de verão devido à insuficiência hídrica. Além disto, é característica desta região a ocorrência de veranico, caracterizado por temperatura elevada e por deficiência hídrica, que começa em fins de novembro e se estende até os primeiros dias de janeiro, prejudicando o plantio e o desenvolvimento das lavouras de soja e o enchimento de grãos das lavouras de milho. O volume médio de chuvas na região durante o ano ocorre dentro da normalidade, somando em torno de 1.850mm, porém, de forma mal distribuída. Enquanto em alguns meses o índice pluviométrico fica abaixo de 40mm, em outros acumula mais de 350mm, sendo que, em alguns anos, superou os 480mm em outubro. Nestas condições, é impossível para o produtor da região obter renda estável e apresentar desenvolvimento sustentável. A terra passou a ser um dos fatores necessários para a produção agrícola, mas não mais garantia de renda. Prevenir passou a ser um conceito econômico primordial na rentabilidade da agricultura, adotado para corrigir o provável déficit hídrico. A saída é a irrigação das lavouras. Se, por um lado, a região é prejudicada pela irregularidade das chuvas, por outro,

Na Fazenda Tarumã, no Rio Grande do Sul, o cultivo de milho sob pivô alcançou a produtividade de 13.080kg/ha ou 218sc/ha

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o relevo é extremamente favorável para a construção de barragens que irão acumular a água das chuvas nos meses de farta precipitação, formando reserva hídrica para os meses de seca, proporcionando assim a implantação de pivôs de irrigação que têm se mostrado a melhor solução para a região. Foi este o caminho trilhado pelos produtores Omar e Giseli Wenning, proprietários da Agropecuária Sobradinho. Cansados de acumular prejuízos, ano após ano, e de engrossarem as estatísticas de produtores negociando dívidas (pois a média de produtividade da soja em dez anos ficou em 27,81 sacas/ha, valor abaixo do custo de produção), em 2006 resolveram mudar a realidade da região. Com o apoio financeiro do BRDE começaram a implantar seu projeto de irrigação. Em 2007/08 implantaram três sistemas de irrigação por pivôs, irrigando uma área de 356ha, o que representa 10% da área cultivada. Os resultados positivos alcançados e a estabilidade da produtividade da área irrigada foram o estopim para um projeto audacioso que pretende irrigar três mil hectares até 2018, que será implantado em várias etapas. Em 2008/2009 a área irrigada atingiu 648ha e na terceira etapa do projeto, que será implantada na safra 2009/2010, a propriedade passará a irrigar 1.167ha, com dez conjuntos de irrigação, atingindo mais de 30% de sua área total já na safra 2009/2010.

CUSTOS X RECEITAS

Os custos para implantação de todo sistema de irrigação incluem a construção ou reforma de barragem, a implantação de rede elétrica e a aquisição do pivô. Considerando o financiamento pela linha Moderinfra, sem carência, com juros fixos de 6,75% a.a. e amortização em oito anos, resulta em uma parcela média anual de R$ 679,00 por hectare. Enquanto o investimento deverá ser pago no período de oito anos, a vida útil do equipamento é de no mínimo 20 anos. Projetando, para os próximos anos o preço da soja a R$ 35,00/saca, necessita-se de 19,4 sacos de soja por hectare para pagar o investimento. Na safra 2008/2009 a produtividade alcançada na lavoura de soja irrigada foi de 67 sacas por hectare. O custo de desembolso total por hectare foi de R$ 1.631,00 e a receita R$ 2.881,00 (soja comercializada a R$ 43,00/saca). O lucro por hectare sem a amortização da parcela do investimento foi de R$ 1.250,00. Considerando um valor de amortização por hectare de R$ 679,00 e, descontando-o da receita, sobram R$ 571,00 por hectare. Quando resta deste valor em uma lavoura de sequeiro?


Fotos Vera Lucia Ambrozi

QUADRO 2 RECEITA LÍQUIDA COM DUAS CULTURAS ANUAIS (2008/2009) Milho e soja safrinha: R$ 362,00 + R$ 1.125,00 = R$ 1.487,00 Feijão e soja safrinha: R$ 1.063,00 + R$ 1.125,00 = R$ 2.125,00 Milho e feijão safrinha: R$ 362,00 + 1.000,00 = R$ 1.362,00

QUADRO 3

Soja irrigada pronta para colheita e, ao fundo, feijão irrigado safrinha, em dois pivôs

VANTAGENS DA IRRIGAÇÃO

A conta fica melhor ainda quando se fazem duas culturas (uma safra e uma safrinha). A dobradinha de milho e soja ou de milho e feijão torna o investimento em irrigação mais atraente. (Quadro 2). E mais vantajoso ainda, quando se integra lavoura e pecuária, usando o pivô para formação de pastagem e terminação de novilhos precoces na rotação de verão, colocando milheto ou sorgo forrageiro. Isto

possibilita, numa lotação de dez novilhos jovens equivalentes a 8U.A. (400kg cada), a produção de 10kg de boi vivo/ha/dia, sem suplementação, numa pastagem de 150 dias (novembro a março). (Quadro 3) Os sistemas de irrigação podem mudar a realidade da metade sul, trazendo produtividade e desenvolvimento sustentável, proporcionando renda e estabilidade aos produtores rurais. Irrigação por aspersão, através de pivô, com água da chuva armazenada em barragens, é

RECEITA LÍQUIDA COM INTEGRAÇÃO LAVOURA/PECUÁRIA Dez novilhos/ha x ganho por dia de 1kg = 10kg/dia (10kg x 150 dias x R$ 2,70/kg) – 5% = R$ 3.847,00 Custo (pastagem, mão de obra e irrigação) = R$ 1.300,00 Receita líquida = R$ 2.547,00

ecologicamente correto, pois a água distribuída sobre as plantas é devolvida para a atmosfera através da evapotranspiração, em perfeito .M estado de pureza. José Domingos Lemos Teixeira, Fazenda Tarumã Giseli Wenning, Agropecuária Sobradinho Vera Lucia Ambrozi, BRDE


FICHA TÉCNICA

5065.4 Compacto Novo integrante da família 5000, o trator 5065.4 da Agrale foi projetado com largura total de 1,30 metro para operar em lugares estreitos

A

família 5000 da Agrale tem mais um integrante. É o trator 5065.4 Compact, que possui largura menor que os modelos convencionais, com 1.125mm de bitola dianteira – o mais estreito do seu segmento. Ele é um modelo desenvolvido para trabalho em áreas com espaçamentos reduzidos, como cafezais, parreirais e pomares, trafegando sem danificar as culturas. Um dos principais atributos deste modelo são as dimensões, com 3.705mm de comprimento, 2.025mm de distância entre os eixos. Ele vem equipado com motor

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MWM International 229 EC – 3, que promete mais economia e durabilidade, além do baixo custo de manutenção e facilidade na reposição de peças. A distância entre-eixos menor também aumenta a manobrabilidade e permite realizar manobras sem mudança de torque e rotação do motor. Outro ponto destacado pela Agrale no modelo 5065-4 Compact é a ergonomia. A posição do operador é segura e confortável e atende diversos portes físicos. As alavancas de comando para o sistema hidráulico estão dispostas ao alcance da mão, do lado direito do operador, que pode acioná-las sem tirar o corpo da posição de conforto. Essas

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características permitem longas jornadas de trabalho com menor desgaste físico. Os tratores compactos servem para o trabalho em culturas que exigem menores dimensões, possuem uma largura reduzida, o que os torna aptos ao trabalho em áreas com espaçamentos menores. Os estreitos podem ser utilizados para tracionar roçadeiras, pulverizadores, carretas e trinchas nas culturas de café e frutas ou até mesmo tracionar colhedoras de café.

MOTORIZAÇÃO E TRANSMISSÃO

O 5065-4 Compact possui motor MWM D229-3 com três cilindros e sistema de injeção direta com bomba rotativa,


Fotos Agrale

O motor MWM D229-3 que equipa o 5065.4 tem três cilindros e sistema de injeção direta com bomba rotativa, conferindo-lhe uma potência de 65cv a 2.400rpm

conferindo-lhe uma potência de 65cv a 2.400rpm. A transmissão é do tipo Side Shift, com alavanca de câmbio localizada na lateral, que facilita as trocas de marchas e proporciona maior conforto ao operador. Sua caixa de câmbio possui 12 velocidades à frente e três à ré, transmissão com engrenamento principal, sistema Collar Shift. Como opcionais, a transmissão dispõe de recurso super-redutor. A versão com redutor de marchas, que proporciona 24 velocidades à frente e seis à ré, é ideal para o uso em aplicações que exijam baixas velocidades e uma grande gama de velocidades para inúmeras aplicações, como cafezais, fruticultura etc.

TDP

Outro atributo deste equipamento é a tomada de potência independente, com uma rotação nominal de 540rpm a 2.000rpm do

motor, o acoplamento da TDP é com seis estrias, Ø35mm (1 3/8”), e o acionamento mecânico.

SISTEMA HIDRÁULICO

O sistema hidráulico é categoria II e possui controles de posição, esforço, mista, flutuação e reação. A capacidade de levante é de 2.000kg, possui uma vazão máxima de 44l/min e o controle remoto é de série com engate rápido, com uma linha de pressão de serviço a 180kgf/cm². Como opcional há um kit comando duplo, além do controle remoto de série. O sistema de direção é hidráulica hidrostática e os freios são a disco em banho de óleo, com acionamento mecânico.

TRAÇÃO DIANTEIRA

A tração dianteira é com eixo dianteiro com diferencial central. Permite uma carga

As dimensões reduzidas permitem o trabalho em pequenas áreas. Ele possui 3.705mm de comprimento, 2.025mm de distância entre eixos e 1.125mm de bitola dianteira

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Fotos Agrale

dinâmica de 2.400kgs, estática 6.000kgs e a largura do eixo é de 1.060mm, o que, por sua vez, torna-se um atributo diferenciado dos demais tratores da mesma categoria.

PNEUS

O trator apresenta várias possibilidades de bitolas de pneus, o Standard 4x4, na dianteira usa o modelo 700-18.4 R1 e na traseira 14.9x24 R1, tendo a possibilidade dos seguintes modelos como opcionais: pneus dianteira 8.00-18R1, traseira 14.924R2 ou 8.00-18R1/14.9-28R1 ou 7.0018R1/12.4-28R1

LASTRAGEM

A capacidade de levante é de 2.000kg. A tomada de potência é independente, com rotação nominal de 540rpm a 2.000rpm do motor e acoplamento com seis estrias

O posto do operador possui estrutura em material antiderrapante e tem acesso facilitado pelos dois lados do trator

Os contrapesos são metálicos e a base suporta até oito malotes de 28kgs cada. O novo design encurta o balanço dianteiro, diminuindo, assim, o raio de giro

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A lastragem é metálica com até oito malotes de 28kgs cada, os contrapesos possuem novo designer que “abraça” o berço, encurtando o balanço dianteiro, diminuindo, assim, o raio de giro. .M


As alavancas de comando do sistema hidráulico estão dispostas ao alcance da mão à direita do operador

O painel de instrumentos é simplificado e de fácil visualização. O acionamento do acelerador, tanto manual quanto de pedal, é feito por meio de hastes em vez de cabos

Detalhes dos sistemas de regulagens de distribuição de semente e adubo, da troca rápida de engrenagens e caixa de câmbio, e dispositivo para agricultura de precisão

Detalhes dos distribuidores de fertilizantes com rotores helicoidais para cereais (acima), caixa de pastagem e discos horizontais para grãos graúdos (direita)

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armazenagem

Cuidado extremo Unidades armazenadoras são equipamentos complexos em relação à segurança. Cuidados com manutenções e operações de rotina devem ser tomados para evitar danos aos silos e riscos para os trabalhadores

O

Importantes investimentos em novas instalações e melhoramentos foram feitos no México, Índia, Ásia e Europa Oriental, para atendimento de demandas específicas. No Brasil, a capacidade estática de armazenagem tem aumentado ano após ano, sobretudo nas propriedades rurais, mas sua capacidade de armazenamento ainda está muito aquém da produção de grãos. O elevado custo dos empréstimos, porém, tem contido os investimentos (Análises e Indicadores do Agronegócio, 2008).

O RISCO DAS EXPLOSÕES

Os silos e os armazéns são estruturas complexas que podem propiciar condições favoráveis a graves acidentes como, por exemplo, explosões. Nas Unidades Armazenadoras os acidentes ocorrem pelos mais diversos motivos, principalmente pelas falhas humanas ou de operação, podem ocorrer também em função de riscos ambientais especialmente a poluição, poeiras, aerossóis e gases venenosos e explosivos. As indústrias processadoras de produtos alimentícios e as unidades armazenadoras de grãos correm grandes riscos de incêndios e explosões, devido a apresentarem grande acúmulo de poeiras geradas pelo recebimento, armazenamento, transporte e descarrega dos produtos. Os riscos têm início com a chegada dos caminhões graneleiros nas unidades armazenadoras, quando o produto é descarregado nas moegas, gerando grande nuvem de poeira. Os incêndios ocorrem com todas as poeiras

Cultivar

s silos e os armazéns são estruturas indispensáveis ao armazenamento da produção agrícola e têm participação direta e decisiva no preço e na qualidade final do produto. Em países como Estados Unidos e França o armazenamento na fazenda é bastante difundido, enquanto que no Brasil ainda é pouco expressivo, principalmente, devido a questões econômicas. Enquanto que nesses países o sistema de armazenagem começa na fazenda e segue em direção aos armazéns coletores, intermediários e terminais de exportação, no Brasil isto não ocorre: os grãos, depois de colhidos são enviados para cooperativas ou unidades oficiais e particulares de beneficiamento e armazenamento. Dados do Instituto de Economia Agrícola, em 2008, apontam que em 2005 só a capacidade de armazenagem de grãos de capital privado nos EUA é da ordem de 120 milhões de toneladas. A capacidade total chega a quase 500 milhões de toneladas para uma produção de grãos estimada em 400 milhões, sendo que desta, cerca de 65% está localizada na zona rural. Por sua vez, no Brasil a capacidade estática atual soma 123,3 milhões de toneladas, para uma produção de grãos, segundo levantamento da Conab de abril de 2008, em 140,8 milhões de toneladas. Apenas 15% localizam-se nas propriedades agrícolas, sobrecarregando o transporte e a armazenagem intermediária em época de colheita. A safra de grãos 2008/2009, segundo a Conab, deve alcançar 134,1 milhões de toneladas, de acordo com o novo levantamento realizado.

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combustíveis, porém, é necessário que a quantidade de material combustível seja muito grande e as partículas tenham pouco espaço entre si, impedindo um contato direto e abundante com o oxigênio do ambiente. O acúmulo de poeiras nestas unidades armazenadoras pode propiciar o incêndio quando uma superfície de poeira de grãos é aquecida até o ponto de liberação de gases de combustão que, com o auxílio de uma fonte de ignição com energia, dá início ao incêndio. A poeira acumulada com o decorrer do tempo em vários lugares, quando é movimentada e entra em suspensão, se entrar em contato com uma fonte de ignição pode provocar a primeira explosão, que movimenta ainda mais poeira e ocasiona explosões subsequentes, causando danos ao patrimônio e podendo causar morte de funcionários. Os parâmetros que exigem cuidado no controle de poeiras e seus limites estabelecidos estão representados na Tabela 1. A incidência de um raio sobre as estruturas dos silos representa grandes riscos. No ponto de impacto do raio há a formação de um ponto superaquecido que pode dar início à combustão do material combustível no interior do silo. A formação de uma atmosfera explosiva se deve ao processamento dos grãos para o armazenamento, onde grandes quantidades de pó orgânico são geradas pelo atrito dos grãos, e são postos em suspensão. O pó orgânico é um combustível altamente eficaz devido a sua grande superfície


Figura 1 - Afogamento devido ao arraste do funcionário pela massa de grãos em movimento

Principais Gases Tóxicos

O

específica e baixa umidade. A nuvem de pó, em concentrações adequadas, na presença do agente comburente (oxigênio) e de uma fonte de energia (energia que inicia a combustão), constitui-se como fatores para o desencadeamento de uma explosão ou incêndio. Pesquisas mostram que no ponto de incidência, superaquecido pela grande energia da descarga atmosférica, há energia suficiente para iniciar a combustão do pó, esteja ele em suspensão ou acumulado nas paredes da estrutura. Havendo a combustão em um ponto, a energia calorífera liberada é capaz de inflamar as partículas de pó ao seu redor, estabelecendo uma série de detonações, que podem atingir velocidades de propagação de até 7.000m/s, exercer pressões de até 550KPa e gerar ondas de choque com

velocidades de até 300m/s (Juan, Ravenet). A potência da explosão dependerá da velocidade das detonações, da temperatura e do volume dos gases produzidos (Viola et al, 2003). O pó em unidades armazenadoras, assim como em outros ambientes confinados, tende a depositar-se, originando camadas em superfícies de equipamentos, tubulações ou outros locais propícios a esse acúmulo. Algumas imagens que ilustram este artigo apresentam estragos decorrentes de explosões em silos que podem ter sido ocasionadas devido a diversos fatores, dentre eles o pó em suspensão. De acordo com as características do pó em suspensão no ambiente, além do risco de explosão, pode ocasionar problemas de saúde

s principais gases tóxicos presentes em unidades armazenadoras são: • Monóxido de Carbono (CO) – Gás incolor que se forma quando ocorre combustão incompleta e decomposição de produtos orgânicos. O contato com esse gás pode gerar danos ao sistema nervoso e paralisia de membros. • Gás Carbônico (CO2) – Gerado, principalmente, pela respiração dos grãos armazenados. A exposição ao gás pode ocasionar dores de cabeça, vertigens e em altas concentrações pode causar morte instantânea. • Metano (CH4) – É um gás formado em condições de putrefação e decomposição de matéria orgânica. • Sulfeto de Hidrogênio (H2S) – Gás inflamável e incolor, com cheiro característico de ovo podre e tem origem em processos de decomposição. Em altas concentrações causa asfixia, podendo levar a morte.


Jeferson Cunha da Rocha

Tabela 1 - Parâmetros críticos para explosão de poeiras PARÂMETROS CRÍTICOS Tamanho da partícula: < 0,1 mm; Concentração da poeira: 40 a 4000 g/m3; Teor de umidade do grão: <11%; Índice de oxigênio no ar: >12%; Energia de ignição: > 10 a 100 mJ (mega Joule); e Temperatura de ignição: 410 a 600 °C

Exemplo de acúmulo de pó em um motor elétrico, causando risco de incêndio e de explosões

aos trabalhadores como alergias, ulcerações, entre outros problemas de pele. Na Tabela 2, são apresentadas as características de alguns pós que podem estar presentes em unidades armazenadoras. A decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis, se a umidade do grão for superior a 20%, poderá gerar metanol, propanol ou butanol. Os gases metano e etano, também produzidos pela decomposição de grãos, são igualmente inflamáveis e podem gerar explosões. Também são encontrados gases tóxicos gerados pela reação de produtos orgânicos com a umidade do piso ou água acumulada, além da falta de oxigênio e do pó de grãos. Os gases geralmente mais pesados do que o ar permanecem nas partes mais baixas dos poços dos elevadores, expulsando para cima o oxigênio do ar que é mais leve. O percentual de oxigênio no ar que deveria ser em torno de 21%, pode cair para até 5% ou menos, asfixiando o operador que desce até o local. Os poços de elevadores e galerias devem ser providos de sistema de renovação forçada de ar, o ventilador deverá ser ligado antes da descida de operadores ao fundo dos poços dos PRINCIPAIs FONTES DE IGNIÇÃO

S

egundo dados estatísticos, as principais fontes de ignição causadoras de acidentes em unidades armazenadoras são: • Faíscas mecânicas = 50%; • Eletricidade estática, corte e solda, faíscas a arco = 35%; • Sobreaquecimento = 15%. Os principais equipamentos e/ou locais críticos ao surgimento destes acidentes são: • Moinhos e trituradores = 40%; • Elevadores = 35%; • Transportadores = 35% • Coletores de pó e silos = 15%; • Secadores = 10%.

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elevadores e ao fundo da galeria dos silos, para que remova o pó e os gases, renovando os locais com ar puro. Não existe uma norma específica para a proteção de silos, porém, segue conforme NBR vigente: NBR5419 – (5.1.1.4.2) - “A espessura do elemento metálico pode ser inferior a 2,5mm, quando não for importante prevenir contra perfurações ou ignição de materiais combustíveis no volume a proteger”. Na construção do silo a espessura da chapa diminui nas partes mais altas, podendo chegar a 1mm. A utilização de pequenos aparelhos que indicam a concentração de gases perigosos no interior dos silos é muito eficiente, pois pode promover segurança aos operários que trabalharão nestes ambientes que possuem alto potencial de explosões e incêndios. Medidas preventivas, como o controle de concentração de pó no ambiente, avisos de que é proibido fumar, manutenção de redes elétricas, utilização de protetores para lâmpadas e emprego de motores blindados, são básicos e fundamentais nas unidades armazenadoras. As unidades deverão ter ventiladores fixos em sua parte posterior, ligados ao túnel, devendo estes serem ligados 30 minutos antes da entrada dos operadores e, na extremidade oposta, próximo ao local em que se localizam as moegas, as aberturas deverão ser mantidas abertas para a entrada de ar livre e sua abundante renovação. Quando da varredura das galerias, o ventilador deverá estar ligado mesmo antes do início do trabalho para remover os gases e o pó em suspensão.

AFOGAMENTO E SUFOCAMENTO

Além das explosões, o sufocamento e o afogamento de operários no interior de silos são acidentes que também podem ocorrer em unidades armazenadoras. Quando o funcionário é arrastado, ocorre afogamento, e quando é encoberto pela massa de grãos, caracteriza-se o sufocamento. Durante o período de armazenamento, os grãos estão sujeitos à deterioração decorrente da ação de insetos, fungos e bactérias. Com a falta da adoção de técnicas adequadas, essa deterioração pode progredir a estágios bastante avançados ocasionando a formação de placas

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horizontais e verticais muito instáveis. O rompimento dessas placas ocorre devido à aplicação de forças, que podem ser oriundas do peso do funcionário que caminha sobre a massa de grãos, uso de ferramentas para destruição dessas placas e vibrações no interior de silos. Esses fatores podem arrastar ou encobrir uma pessoa, além disso, durante a descarga e carga dos silos esses acidentes também podem ocorrer.

Afogamento

Para as placas horizontais, podem ocorrer espaços vazios, que quando são pressionados, cedem e arrastam a pessoa que se apoia nessa superfície. Caso não seja socorrido a tempo, ocorrerá o óbito no interior do silo. O afogamento também pode ocorrer em situações de descarga de moegas, graneleiros e silos. Quando for necessário entrar no silo, nunca se deve apoiar diretamente sobre a massa de grãos, uma vez que não é possível prever o lugar em que há espaços vazios encobertos e, ainda, deve-se desligar e bloquear os aparelhos utilizados no transporte de grãos, juntamente com o fechamento dos registros.

Sufocamento

Os casos de sufocamento podem ocorrer quando há formação de placas verticais e o funcionário se localizar abaixo destas então, num determinado momento, essas placas cedem provocando uma avalanche de grãos em cima da pessoa no interior do silo. O sufocamento ocorre, ainda, durante o carregamento de silos quando, equivocadamente, os equipamentos de transporte de grãos são acionados enquanto ainda há um funcionário no interior do silo. São inúmeros os casos de acidentes e muitos com perdas de vidas por explosões, choque elétrico, quedas, afogamento na massa de grãos, morte por asfixia devido à falta de oxigênio em poços de elevadores ou de gases tóxicos. Vários tipos de acidente podem acontecer com os trabalhadores de silos e armazéns, portanto, é de grande imFigura 2 - Sufocamento durante carregamento


Tabela 2 - Propriedades de alguns pós Substância

Pressão máxima Temperatura de ignição [ºC] da explosão [kPa] Nuvem Camada Celulose A 806,7 410 300 Fécula comestível de trigo 689,5 430 Fécula de milho 730,8 400 Serragem 779,1 470 260 Licopódio 517,1 480 310

Energia para ignição LIE - Limite inferior de % de oxigênio da nuvem [Joule] explosividade [g/m3] para evitar ignição 0,040 450 0,025 450 C13 0,040 450 0,040 350 0,040 250 C13

Nota: C13 = diluição até um percentual de oxigênio de 13% com anidro carbônico como gás diluente (Fonte: Rangel Junior, 2008).

portância que os operários façam uso dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), pois estes têm a finalidade de minimizar os acidentes e lesões causadas durante a realização das atividades. Os EPIs básicos que os operários devem usar são: capacete com jugular; luvas (PVC ou raspa); trava-quedas e acessórios; botas de segurança e óculos de segurança. Os operadores precisam identificar situações de risco e saber como evitá-las de maneira que os acidentes não ocorram.

CONCLUSÕES

A safra brasileira de grãos, mesmo com alguns problemas climáticos em diversas regiões, apresenta números expressivos de produção a cada ano, porém, o país ainda não possui capacidade

satisfatória de armazenamento de sua produção. É necessário maior investimento em silos, bem como maior conscientização dos armazenadores e treinamento dos trabalhadores das unidades, no sentido de conduzir satisfatoriamente este processo. Isto se deve ao fato do pouco conhecimento que se tem dos riscos de explosões nos silos bem como da possibilidade de afogamento na massa de grãos armazenados, existente por parte dos .M operadores destas unidades. Maria da Conceição T. Bezerra, Svetlana Fialho Soria Galvarro, Jadir Nogueira da Silva e Jofran Luiz de Oliveira, UFV

AÇÕES PREVENTIVAS

P

ara que se promova um menor índice de explosões deve-se realizar uma limpeza regular dos silos fazendo-se uso de um aspirador de pó, limpar diariamente a poeira residual depositada em máquinas e equipamentos, além de fazer ventilação local exaustora para retirada de poeira nos pontos de geração. Manutenções periódicas de todos os equipamentos devem ser realizadas, além de evitar fontes de ignição (solda, fumo, etc.) e fazer uso de instalações elétricas a prova de explosões com o enclausuramento de lâmpadas e tomadas. As peças girantes devem permanecer com total ausência de pó. Deve-se também ter o controle da eletricidade estática fazendo-se uso de um bom sistema de aterramento para os sistemas elétricos, sistema páraraios instalado, sistema de controle de chamas abertas, sistema de controle da umidade relativa do ar, com suspensão das operações quando o teor cai abaixo de 50%; dentre outros cuidados.


armazenagem

Com segurança NR-33 e ISO22000 chegam para tornar mais seguros os processos em unidades de beneficiamento e armazenamento de produtos agrícolas no Brasil

A

Fotos Charles Echer

tualmente o Brasil conta com duas novidades de contextos legal e gerencial, que se relacionam diretamente com as unidades de recebimento, beneficiamento e armazenagem de produtos agrícolas, e que objetivam a segurança. A NR33 trata de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados e a ISO22000 atesta a gestão da Segurança Alimentar. Seja por necessidade legal ou de mercado, ambas merecem atenção e maior discussão a fim de esclarecimento e eficácia de aplicação. Quando da segurança do trabalho, as unidades devem atender às exigências legais, no que diz respeito ao levantamento e ao monitoramento de atividades de risco, assim como fornecer equipamentos, treinamento e tratamento a eventuais incidentes. Quando da segurança alimentar, apesar de não encontrarmos grandes amparos legais, existe o interesse próprio e fundamental das empresas, no que se refere à manutenção da qualidade fisiológica e sanitária do produto de modo a evitar perdas econômicas e assegurar o mercado. Os dois distintos sentidos de “segurança” são provenientes de acontecimentos que motivaram e respaldam suas existências. Explosões de armazéns e silos, devido à presença confinada de gases e poeira, intoxicação e morte de pessoas quando de tratamentos preventivos e curativos de grãos justificam a Norma Regulamentadora NR-33/2006.

ESPAÇO CONFINADO

Segundo a Norma, “espaço confinado é qualquer área ou ambiente não projetado para ocupação humana contínua, que possua meios limitados de entrada e saída, cuja ventilação existente é insuficiente para remover contaminantes ou onde possa existir a deficiência ou enriquecimento de oxigênio”. As unidades beneficiadoras e armazenadoras apresentam diversos locais que podem ser entendidos, pelo menos em algum momento, como espaço confinado.

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Destacam-se moegas, túneis e poços de elevadores, silos etc. A entrada em locais classificados como espaço confinado exigirá uma equipe especialmente treinada para o fim. Esse grupo deverá dispor de equipamentos específicos e, em qualquer que seja a situação, de tempo para investigar e preparar o lugar para posterior entrada e operação. Para tal, a maior dificuldade se dá nos períodos de safra, onde o grande recebimento de produtos, geralmente em mais de um turno, exigirá bom planejamento de trabalho ou a disposição de mais equipes habilitadas a fim de não comprometer a atividade. Além das unidades enquadrarem-se nos aspectos legais de segurança do trabalho, devem também atender às expectativas do mercado quando da qualidade dos serviços e/ou produtos oferecidos. São responsáveis por reunirem produtos como a soja, o milho e o trigo, que, como matéria-prima, posteriormente são processados a fim de alimentação humana e/ ou animal. A elevada oferta de produtos agrícolas, aliada à defasagem e à precariedade das estruturas e equipamentos, assim como a falta de treinamento e a devida responsabilidade do setor, têm contribuído para perda de qualidade e exposição dos produtos a riscos de contaminação.

ISO22000

Com a globalização, a contaminação alimentar apresenta-se como um dos perigos mais evidentes da atualidade. Associada aos mais diversos microrganismos patógenos, pode iniciar-se no campo e prosseguir ou ser potencializada nas operações de pós-colheita. Desta

Programas aplicados a unidades ajudam a organizar o gerenciamento das operações, racionalizando o processo, com vistas ao controle ambiental e de perdas

forma, a necessidade de certificar a matéria-prima fornecida às indústrias de processamento de alimentos, como referenciado por Giordano (1999), deve envolver todos os setores constituintes da cadeia alimentar. Frente à necessidade, encontra-se a ISO22000, traduzida e publicada no Brasil em 2006, que tem como objetivo certificar um sistema de gestão de segurança de alimentos. A Norma é aplicável a todas as organizações, independentemente de tamanho, que estejam envolvidas em qualquer etapa da cadeia alimentar. Contemplando os já conhecidos programas de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) a ISO é perfeitamente aplicada a unidades, com a vantagem implícita de organizar a casa e deter-se no controle gerencial e ope-

racional de todas as fases da atividade, racionalizando o processo, com vistas ao controle ambiental e de perdas. A adoção poderá exigir grande esforço de funcionários e gestores e deve começar pela implantação do sistema BPF ou BPA (Boas Práticas de Armazenagem), do recebimento à armazenagem do produto. O controle documental é vital em todo o processo. A adequação das unidades de recebimento, beneficiamento e armazenagem de produtos agrícolas às exigências condicionadas às indústrias de alimentos é uma questão de tempo e, quanto menor for este intervalo, melhor adequado estará o produto ao mercado. .M Evandro Marcos Kolling e Alcir José Modolo, UTFPR/Pato Branco


EQUIPAMENTOS Divulgação

Cycloar Criado e produzido no Brasil há cinco anos, o Cycloar é um exaustor de aeração intensificada com conceito simples para evitar acúmulo de calor e umidade nos silos

A

perda de grãos dentro de silos e armazéns é causada por mofo, deterioração e germinação dos grãos na camada que fica no topo da pilha de grãos e nas laterais dos equipamento. O fato acontece pois os equipamentos de armazenagem são feitos com chapa de aço, produto que sofre aquecimento e resfriamento, conforme está o clima na região. O efeito que o calor provoca é de forte aumento na temperatura do ar interno dos silos e armazéns. Pela variação climática (noite/temperaturas baixas) a cobertura as e laterais dos silos esfriam, ocorrendo o choque térmico interno com formação da condensação, umedecendo os grãos que estão em contato com a lateral do silo e o gotejamento na camada superior da

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massa de grãos, provocando deterioração, mofo e outros problemas. Depois de pesquisar por vários anos a dinâmica das temperaturas dentro dos silos, Werner Uhlmann criou o Cycloar,

Exaustor Modelo Estático Composto: um cilindro externo e interno com venezianas, tampa e cone adaptador. Exaustão: 4.100m³/hora (vento: 10Km/h). Peso: 2,55kg. Diâmetro: 600mm – Altura: 500mm. Fabricado em alumínio.

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um exaustor natural que é instalado no teto dos silos verticais ou dos armazéns para enfrentar os efeitos causados pelo calor dentro destas instalações.

FUNCIONAMENTO

O Sistema Cycloar tem uma concepção inédita de aeração/ventilação no espaço


entre a superfície dos grãos armazenados e a cobertura do ambiente armazenador. Este modelo de exaustor, com conceito simples e racional, é constituído de dois cilindros estáticos, justapostos entre si, com diâmetros e alturas diferentes e venezianas/ aberturas invertidas - princípio de venturi (ver infográfico). O Cycloar é instalado em qualquer tipo de cobertura e inclinação, através de acessórios adequados para fixação e vedação. Leve, silencioso, não gira (estático) e resiste a fortes ventos, características que aumentam sua vida útil e mantêm seu rendimento estabilizado conforme as variações de intensidade do vento. Pode-se utilizar hélice interna (opcional e de efeito visual), pois sua rotação serve apenas para visualizar o funcionamento do aparelho com a saída da pressão interna do ar mais aquecido e não pela ação direta do vento, o qual não incide no interior do cilindro interno. A aeração natural obtida pelo Sistema Cycloar ocorre pela renovação do ar interno por ar externo. Os aparelhos devem ser instalados próximos ao ponto mais alto da cobertura, obtendo-se a reposição de ar natural pelas portas, aberturas laterais, respiros, elementos vazados ou pelo sistema de aeração elétrico de insuflamento. O vento, ao penetrar pelas aberturas positivas do cilindro externo causa cicloneamento do ar no sentido horário, gerando zonas de baixa pressão nas aberturas negativas do cilindro interno, o que promove a extração do ar com poluentes. A passagem do ar pela abertura superior do cilindro externo também causa zona de baixa pressão no equipamento, ampliando a sua vazão. Na ausência ou escassez de vento, o

Detalhes dos sistemas de regulagens de distribuição de semente e adubo, da troca rápida de engrenagens e caixa de câmbio, e dispositivo para agricultura de precisão

Sistema Cycloar continuará funcionando com menor intensidade, por diferencial de pressão, já que ar com temperaturas maiores fisicamente possuem movimentação vertical para cima – ar quente sobe. Por ser estático, trabalha sem provocar ruídos e vibrações e sua concepção privilegia, também, proteção contra respingos de chuva. Ele preserva a estrutura física do

ambiente, eliminando a corrosão decorrente da umidade dos grãos alojados junto às paredes de silos metálicos. Por ser um exaustor natural, não consome energia elétrica e contribui para a economia de até 50% dessa fonte energética, auxiliando na aeração forçada, além de não exigir manutenção, eventualmente limpeza, nem permitir a .M passagem de pássaros.

armazenagem com e sem cycloar

Detalhes dos distribuidores de fertilizantes com rotores helicoidais para cereais (acima), caixa de pastagem e discos horizontais para grãos graúdos (direita)

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empresas

Arag

40 anos

A

convencional, recebendo, por isso, inclusive, diversas premiações. Em 2001, com o apoio do Grupo Francisco Stedile, que engloba ainda as empresas Agrale, Fazenda Três Rios e Germani Alimentos, a Lavrale adquiriu a Yanmar Indaiatuba, fabricante de tratores e motores. A partir de 2002, a Lavrale e a Yanmar Indaiatuba fundem suas operações e passam a operar sob a denominação de Agritech Lavrale Ltda. Mais tarde, em 2005, alterada para Agritech Lavrale S.A. Maquinário Agrícola e Componentes, mantendo as atividades originais de cada uma das empresas. As linhas de implementos desenvolvidos

Fotos Divulgação

Lavrale, empresa do Grupo Francisco Stedile, está completando 40 anos em 2009. Ela nasceu em 1969, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, e foi criada para ser uma empresa dedicada ao desenvolvimento e fabricação de implementos agrícolas para tratores e à revenda de maquinário agrícola na Serra gaúcha. Rapidamente, a empresa foi ganhando espaço no mercado nacional, obrigando-se a sucessivas expansões de suas instalações de maneira a poder atender a crescente demanda. Foi criada uma vasta gama de implementos agrícolas com sistemas inéditos que permitiam o plantio direto e

pela Divisão Lavrale englobam roçadeiras, enxadas rotativas, segadeiras, trituradores, pulverizadores e outros, totalizando cerca de 40 produtos destinados ao trabalho com tratores de baixa e média potência e adequados às condições brasileiras de agricultura familiar. Atualmente, a Lavrale exporta para mais de 20 países, na América Latina e África, com mais de 320 pontos de venda distribuídos por todo o Brasil, que também prestam serviço de assistência técnica e fornecem peças originais, com unidades móveis de demonstração que levam treinamento e dão suporte às revendas e aos clientes. Agregadas à Divisão Lavrale encontram-se quatro concessionárias de veículos e máquinas agrícolas, três localizadas no Rio Grande do Sul, nas cidades de Caxias do Sul, Porto Alegre e Santa Cruz do Sul, e uma em São Paulo, na cidade de Campinas. A subsidiária Fundituba Indústria Metalúrgica, com atuação independente, atende integralmente as necessidades da linha de tratores da marca Yanmar e fornece peças de ferro fundido para indústrias, do Brasil e do exterior, do setor automobilístico e de máquinas e equipamentos. “Aquisições bem-sucedidas, ganhos de produtividade e um excelente desempenho comercial têm impulsionado fortemente o desenvolvimento da Agritech Lavrale”, explica Alexandre Pedó, gerente comercial da emprsa. A Lavrale comemora seus 40 anos iniciando uma nova fase. “Recebemos investimentos para a ampliação da linha de produtos.” Entre as novidades que devem chegar ao mercado entre o final desse ano e o início do ano que vem, estão plantadeiras, subsoladores, grades de disco, pulverizadores, além da fábrica de cabines .M para tratores.

.M

Fundada em 1969, a Lavrale tinha como missão produzir equipamentos para facilitar a vida dos agricultores. Atualmente, mais de 40 produtos são disponibilizados aos clientes

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.M


MÁQUINAS EM NÚMEROS

VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2007 2008 2009

JAN 1,8 2,9 3,1

2009 SET B 5.451 5.343 108 4.639 4.555 84 51 47 4 118 118 0 355 343 12 288 280 8

OUT A 6.160 6.041 119 5.088 4.983 105 83 78 5 112 112 0 438 430 8 439 438 1

Unidades

FEV 2,4 4,0 3,6

MAR 3,0 4,3 4,1

ABR 2,9 4,5 3,9

2008

JAN-OUT C 44.526 42.977 1.549 37.052 35.869 1.183 510 408 102 1.384 1.384 0 2.577 2.471 106 3.003 2.845 158 MAI 3,2 4,7 4,0

JUN 3,4 5,1 4,2

SET D 5.457 5.263 194 4.296 4.137 159 59 49 10 186 186 0 502 500 2 414 391 23 JUL 3,5 5,1 4,8

JAN-OUT E 46.461 45.113 1.348 36.990 35.817 1.173 633 590 43 1.568 1.568 0 3.706 3.629 77 3.564 3.509 55 AGO 3,9 5,1 5,1

SET 3,6 5,5 5,5

Variações percentuais A/D 12,9 14,8 -38,7 18,4 20,4 -34,0 40,7 59,2 -50,0 -39,8 -39,8 -12,7 -14,0 300,0 6,0 12,0 -95,7

A/B 13,0 13,1 10,2 9,7 9,4 25,0 62,7 66,0 25,0 -5,1 -5,1 23,4 25,4 -33,3 52,4 56,4 -87,5 OUT 4,2 5,5 6,2

NOV 3,7 4,3

DEZ 2,8 3,7

C/E -4,2 -4,7 14,9 0,2 0,1 0,9 -19,4 -30,8 137,2 -11,7 -11,7 -30,5 -31,9 37,7 -15,7 -18,9 187,3 ANO 38,3 54,5 44,5

MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA Unidades

2009 SET B 5.451 4.639 184 40 571 1.632 949 1.051 212 355 36 130 54 127 8 118 51 288

OUT A 6.160 5.088 147 102 838 1.710 1.066 1.024 201 438 52 169 58 141 18 112 83 439

Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)

2008

JAN-OUT C 44.526 37.052 1.283 528 5.539 11.521 8.907 7.489 1.785 2.577 346 978 364 807 82 1.384 510 3.003

OUT D 5.457 4.296 169 34 738 1.311 803 1.063 178 502 51 274 67 100 10 186 59 414

JAN-OUT E 46.461 36.990 1.384 606 5.266 10.775 8.355 9.250 1.354 3.706 406 1.353 564 1.309 74 1.568 633 3.564

Variações percentuais A/D 12,9 18,4 -13,0 200,0 13,6 30,4 32,8 -3,7 12,9 -12,7 2,0 -38,3 -13,4 41,0 80,0 -39,8 40,7 6,0

A/B 13,0 9,7 -20,1 155,0 46,8 4,8 12,3 -2,6 -5,2 23,4 44,4 30,0 7,4 11,0 125,0 -5,1 62,7 52,4

C/E -4,2 0,2 -7,3 -12,9 5,2 6,9 6,6 -19,0 31,8 -30,5 -14,8 -27,7 -35,5 -38,3 10,8 -11,7 -19,4 -15,7

Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).

PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2007 2008 2009

JAN 3,2 5,9 4,7

2009 SET B 6.087 5.115 97 160 386 329

OUT A 7.008 5.830 105 151 402 520 FEV 4,1 6,6 4,4

MAR 5,0 6,6 5,6

ABR 5,2 7,0 5,2

2008

JAN-OUT C 52.795 44.430 803 1.537 3.078 2.947 MAI 5,6 6,5 4,5

JUN 5,7 7,3 4,1

OUT D 8.791 6.916 280 185 896 514 JUL 6,5 7,6 5,6

JAN-OUT E 72.192 56.220 2.978 1.521 7.106 4.367 AGO 6,8 8,0 5,7

SET 5,8 8,0 6,1

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Variações percentuais A/D -20,3 -15,7 -62,5 -18,4 -55,1 1,2

A/B 15,1 14,0 8,2 -5,6 4,1 58,1 OUT 6,8 8,8 7,0

NOV 6,3 7,4

DEZ 4,1 5,4

C/E -26,9 -21,0 -73,0 1,1 -56,7 -32,5 ANO 65,0 85,0 52,8

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JUSTIÇA EM DEBATE Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br

Tributação pacificada Decisão do STJ sobre questão envolvendo ITR garante maior celeridade aos processos

S

ob o rito dos recursos repetitivos, o Superior Tribunal de Justiça decidiu que é devido o ITR sobre as áreas utilizadas para explorações agrícola e pecuária, mesmo que localizadas nas zonas urbanas dos municípios. O entendimento está pacificado também no Supremo Tribunal Federal. A novidade da questão reside no uso do novo rito para o caso (vide quadro). A partir de agora, quando um tribunal estadual decidir no mesmo sentido não caberá recurso para o STJ. Haverá maior velocidade nesses processos, portanto. A questão sobre a incidência de IPTU ou ITR em propriedade localizada em área urbana, mas utilizada para exploração agroindustrial, é bastante curiosa. O artigo 32 do Código Tributário Nacional diz que incidirá IPTU sobre a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel localizado na zona urbana do município. Para efeitos legais, considera urbana a região assim definida em lei municipal e que conte com melhoramentos construídos ou mantidos pelo Poder Público (calçamento, abastecimento de água, iluminação público, escola ou outros).

Todavia, o Decreto-lei 57/66 altera a questão: “o disposto no art. 32 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966, não abrange o imóvel de que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agro-industrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos com o mesmo cobrados”. A validade desse dispositivo foi reconhecida pelo STF. A questão parece simples. Todavia, por duas vezes houve tentativa da modificar esse entendimento. A Lei 5.869/72 restringia a incidência do ITR e ampliava do IPTU. Foi considerada inconstitucional pelo STF. Mais tarde, dispositivos da Lei 9.393/96 foram utilizados contra os contribuintes. Novamente, manifestação do STF garantiu o pagamento do ITR (vide quadro). A recente decisão do STJ, portanto, garante maior celeridade nas decisões de uma questão que já causou diversas discussões.

ementa

Texto de lei

A ementa da decisão do Supremo Tribunal Federal que resolveu o conflito entre leis, garantindo o direito ao pagamento de ITR sobre áreas utilizadas em exploração agropecuárias, tem o seguinte teor:

Veja o que diz o Código de Processo Civil sobre o procedimento a ser adotado no caso em questão: Art. 543-C. Quando houver multiplicidade de recursos com

DIREITO CONSTITUCIONAL, TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. IMPOSTO PREDIAL E TERRITORIAL URBANO (I.P.T.U.). IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (I.T.R.). TAXA DE CONSERVAÇÃO DE VIAS. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. 1. R.E. não conhecido, pela letra “a” do art. 102, III, da C.F., mantida a declaração de inconstitucionalidade da Lei Municipal de Sorocaba, de n 2.200, de 03.06.1983, que acrescentou o parágrafo 4 ao art. 27 da Lei n 1.444, de 13.12.1966. 2. R.E. conhecido, pela letra “b”, mas improvido, mantida a declaração de inconstitucionalidade do art. 12 da Lei federal n 5.868, de 12.12.1972, no ponto em que revogou o art. 15 do Decreto- lei n 57, de 18.11.1966. 3. Plenário. Votação unânime. (RE 140773, Relator(a): Min. SYDNEY SANCHES, Tribunal Pleno, julgado em 08/10/1998, DJ 04-06-1999 PP-00017 EMENT VOL01953-01 PP-00127)

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fundamento em idêntica questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo. [...]

§ 7º Publicado o acórdão do Superior Tribunal de Justiça, os recursos especiais sobrestados na origem: I - terão seguimento denegado na hipótese de o acórdão recorrido coincidir com a orientação do Superior Tribunal de Justiça; ou II - serão novamente examinados pelo tribunal de origem na hipótese de o acórdão recorrido divergir da orientação do Superior Tribunal de Justiça. § 8º Na hipótese prevista no inciso II do § 7º deste artigo, mantida a decisão divergente pelo tribunal de origem, far-se-á o exame de admissibilidade do recurso especial. [...]

Novembro 2009 • www.revistacultivar.com.br

.M




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