Cultivar Máquinas • Edição Nº 92 • Ano IX - Dezembro 09 / Janeiro 10 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
MF 7390 Dyna-6
Testamos em primeira mão o MF 7390, um dos quatro integrantes da família MF 7000 Dyna-6, que vem com transmissão inteligente automática prometendo, além de tecnologia, economia e rentabilidade
Destaques
Ficha Técnica
Ensaio avalia a influência da altura do corte de base nas impurezas da cana-de-açúcar
Valtra Série A, Landini Trekker, Semeato e Montana Boxer
14 • Editor
Gilvan Quevedo
10, 18, 34 e 38
Charles Echer
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida
Pedro Batistin Sedeli Feijó
• Expedição
Dianferson Alves Edson Krause Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• REDAÇÃO
• ASSINATURAS
• MARKETING
3028.2000 3028.2070
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Qualidade no plantio
06
Ficha Técnica - Valtra Série A
10
Colheita de cana
14
Ficha Técnica - Trekker
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Test Drive
22
Ficha Técnica - Reinke
28
Restauração Case LA
30
Ficha Técnica - Semeato
34
Ficha Técnica - Boxer
38
Perspectiva de mecanização
42
Coluna Estatística Máquinas
45
Coluna jurídica
46
(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Simone Lopes Alessandra Willrich Nussbaum
• Impressão: • Design Gráfico e Diagramação
Rodando por aí
Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90
• Circulação
• Redação
• Comercial
22
Índice
Colhedoras
Cristiano Ceia
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
3028.2060 3028.2065
Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter Secretária Rosimeri Lisboa Alves www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br
Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br
Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Marketing
Carlos Eduardo Barioni Martinatti assumiu recentemente o cargo de Analista de marketing de tratores da Massey Ferguson. Com formação em Gestão de Marketing e 11 de experiência no mercado agrícola, Martinatti desempenhará funções ligadas à inteligência competitiva, testes, desenvolvimento e analise de novos produtos e mercados, além de feiras e eventos promocionais. Carlos Eduardo B. Martinattio
100 edições e dois anos
O Programa Marcas e Máquinas, que vai ao ar pelo Canal Rural, completou dois anos no dia 12 de dezembro e já ultrapassou a marca dos 100 programas apresentados neste período. O programa, produzido pela Olivideo Comunicação, leva ao ar demonstrações de máquinas agrícolas em ação no campo e informações sobre tecnologia para os produtores todos os sábados, às 10h, domingos às 18h, terças às 10h e quartas às 16h30min.
Encontro Anual
Concessionários John Deere de todo o Brasil participaram em novembro do Encontro Anual com os representantes da empresa para discutir as metas e a estratégia de atuação para os próximos anos. O encontro teve cerca de 200 participantes e a presença do presidente mundial da Divisão Agrícola e Turf da John Deere, Mark von Pentz, que afirmou que a John Deere está investindo muito no mercado brasileiro e que acredita em crescimento no país e na América Latina nos próximos anos.
Comitiva
A fábrica da Massey Ferguson em Canoas (RS) recebeu distribuidores da África, Oriente Médio e Europa. O grupo de 32 pessoas de 26 países, acompanhado por executivos da AGCO da Inglaterra, teve apresentação e treinamento da Série MF 7100, tratores de alta potência lançados este ano no Brasil, e plantadeiras da marca. As exportações da Massey Ferguson, fábrica Canoas, para esses mercados, somam mais de 60% do total que foi exportado pela marca, até agora, em 2009.
Classe Mundial
Quatro concessionários John Deere foram reconhecidos como Concessionários Classe Mundial no processo de avaliação deste ano. A entrega de seus certificados foi realizada na noite de abertura do Encontro com os Concessionários, em novembro. As concessionárias reconhecidas foram Agro Baggio Máquinas Agrícolas, do Mato Grosso; Agrosul Máquinas, presente na Bahia e no Piauí; Maqnelson Agrícola, com lojas em Minas Gerais e Goiás, e a gaúcha Verdes Vales Sistemas Mecanizados.
Errata
Por um erro de composição publicamos na edição 91 a foto do diretor de Vendas para a América Latina da John Deere, Werner Santos, em local errado na sessão “Rodando por aí”. A imagem se refere à notícia da assinatura, em outubro, de contrato para a abertura de uma loja John Deere Expresses, no município de Montividiu. O empreendimento está a cargo da Martins e Sobrinhos, concessionário da marca nos municípios de Rio Verde e Werner Santos (esq.) Jataí, em Goiás.
Inauguração
A Valtra comemora a inauguração de mais uma concessionária no Rio Grande do Sul. O terceiro ponto de venda da Razera Agrícola, representante da marca desde 2001, abriu suas portas no dia 22 de outubro, no município gaúcho de Casca. Uma área de 920 m² passa a abrigar os departamentos de Serviços, Peças e Comercial.
Adulanço
O Laboratório de Agricultura de Precisão da USP/Esalq está disponibilizando para download o software Adulanço na versão 3.0. Trata-se de um aplicativo para a análise de dados de ensaio de distribuição transversal de fertilizantes e corretivos, agora em planilha de cálculo. A terceira versão do programa, agora elaborada em planilha eletrônica (Excel), tem novas funções como possibilidade de simular as passadas e visualizar o resultado da aplicação. Também acompanha o manual do Adulanço 3.0, com explicações de como proceder para coletar e analisar os dados e também como interpretar os resultados. O software está disponível no endereço http://www.ler.esalq. usp.br/adulanco.htm
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John Deere
armazenagem
Qualidade testada
Avaliação da qualidade da operação de semeadura em lavouras de milho em plantio direto mostra que os padrões estão mais próximos do cultivo convencional por causa da grande remoção de palhada do solo
N
até 10km/h. O aumento da velocidade de semeadura de 5km/h para 10km/h pode implicar em perdas de até 12% na lavoura de milho. O uso de grafite nas semeadoras melhora a distribuição de sementes tratadas, especialmente em sistemas de discos.
AVALIAÇÃO
Trabalho realizado em uma lavoura no Vale do Médio Paranapanema na cidade de Candido Mota, São Paulo, avaliou a qualidade de plantio do milho, conservando a palhada. O estudo foi realizado em oito propriedades rurais, onde foram
Diego de Lima Franco
o Brasil, de todo o milho produzido, a safrinha corresponde cerca de 30%. Vários fatores contribuem para a baixa produtividade, como a utilização de pouca ou nenhuma tecnologia e a utilização inadequada de época e densidade de semeadura (Portella, 1997). A velocidade de semeadura interfere na uniformidade e profundidade, assim como na distribuição das sementes. Para semeadoras a disco a velocidade varia em torno de 4km/h a 6km/h. Para semeadoras a dedo e a vácuo a velocidade pode chegar
Detalhe do solo com a palhada completamente removida pela passagem da plantadeira, o que deixa o sulco semelhante ao que ocorre no plantio convencional
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feitas visitas no momento da semeadura da cultura, 20 dias após a semeadura e aproximadamente 60 dias após a semeadura. Os produtores adquiriram a semente de acordo com o planejamento da fazenda. Foram vistoriados os rótulos das sacarias das sementes e anotado o índice de germinação e de impureza, como também velocidade de plantio, profundidade de deposição da semente, número de sementes por metro, porcentagem de manutenção de cobertura do solo, estande inicial e final da planta e índice de sobrevivência. Todos estes dados foram verificados antes do plantio por
Charles Echer
etapas de regulagem que está no quadro. Os resultados obtidos em cada propriedade foram avaliados visando a importância da preservação da palhada no plantio direto. A Tabela 1 mostra as velocidades médias de trabalho efetuado pelos operadores, bem como o número médio de plantas falhas, duplas e normais, identificando que maiores velocidades geram maior número de plantas falhadas e duplas. A temperatura, a umidade e o tipo de solo são os fatores que condicionam a profundidade de plantio. O fato da semente ser colocada em profundidades diferentes não interfere no sistema radicular definitivo, mas o plantio deve ser superficial ao redor de 3cm a 5cm, deposições profundas podem impedir a emergência das plântulas. Podemos ver isto com mais detalhes na Figura 1. Em relação à distribuição das sementes, quanto ao índice de estande inicial e final das plantas pode-se verificar na Tabela 2 que os dados estão dentro dos padrões recomendados, sendo que sete das oito propriedades se encontram classificadas como boas. A Tabela 3 mostra a variação de cobertura do solo antes e depois da semeadura e, sendo constatado que todas as propriedades estão fora do padrão de qualidade, quando se diz respeito à preservação da palhada no solo, no qual esta não deve ser removida e sim manter ela o máximo possível de preferência que a semeadura seja invisível, o que irá apresentar uma melhor qualidade no plantio. Os dados coletados neste trabalho tiveram por objetivo avaliar a qualidade do plantio, junto aos produtores daquela região. Sendo assim, foi possível verificar que os produtores não estão executando o chamado plantio direto, pois em todas as propriedades avaliadas foi encontrado um padrão de índice de cobertura de solo ruim. E os índices de sobrevivência de plantas e qualidades técnicas das sementes se encontram abaixo dos padrões com uma média de 85%. Todas as práticas realizadas pelos agricultores no plantio estão apresentadas na Tabela 3, sendo avaliadas como: B - Bom; Re - Regular; R – Ruim. Desta maneira foi possível verificar que a cobertura da palhada no solo em todas as propriedades foi classificada como ruim. Isto pode ter ocorrido pela velocidade do plantio e semeadora mal regulada como facas ou botinas que não cortaram a palhada de forma correta para a realização do sistema de plantio direto. Por conta disso, o máximo que os agricultores conseguiram foi o plantio convencional. Na velocidade de plantio a análise mostrou que 75% dos agricultores realizaram velocidade de trabalho boa e apenas 25% velocidade ruim.
Também foi possível avaliar que a maioria dos agricultores apresentou qualidade de sementes, profundidade da semente e índice de sobrevivência, sendo classificada como boa e, apenas uma propriedade teve a população classificada como regular.
CONCLUSÃO
Tabela 1 - Velocidade média de trabalho na semeadura de milho Propriedades 1 2 3 4 5 6 7 8 Média
Velocidades (km/h) 5,0 5,1 4,1 5,6 5,8 4,1 4,6 6,2 5,1
Plantas falhas 0 0 0 1 0 0 0 1 0,3
Plantas duplas 2 0 1 2 2 1 1 2 1,4
Plantas normais 4 5 4 2 3 4 4 2 3,5
Pode-se concluir neste estudo que as velocidades estão de acordo com o considerado como boas para a realização da semeadura de milho, apenas 25% dos produtores apresentaram falhas na semeadura, sendo que estes realizaram velocidade de semeadura acima de 5km/h. Com relação à profundidade de semeadura, todos apresentaram bons Tabela 2 - Distribuição técnica de sementes índices, mesmo aquele que realizou ΔΔ Nível de Real a uma profundidade de 3cm onde Propriedades Recomendação % tolerância (%) Sementes/m Estande Semente/m Estande o esperado era 5cm. A distribuição de sementes também está dentro do 10 1 5,0 55556 4,5 50000 -10 padrão e foi considerada como nível 10 2 5,0 55556 4,5 50000 -10 bom. 10 3 4,0 44444 4,0 44444 0 Os resultados em relação ao índice 10 4 6,0 66667 5,0 55556 -17 de cobertura do solo antes da seme10 5 6,0 66667 6,0 66667 0 adura e após a semeadura mostram 10 6 4,0 44444 4,0 44444 0 que 75% das lavouras apresentaram 10 7 5,0 55556 4,5 50000 -10 índices Ruim e apenas 25% Regular no -8 10 8 6,0 66667 5,5 61111 que se diz respeito de plantio direto. -7 10 Média 5,1 56944 4,8 52778 Este dado está longe do esperado, Tabela 3 - Índice de cobertura de solo após semeadura Propriedades 1 2 3 4 5 6 7 8 Média
Cob. Antes semeadura (%) 48 63 59 64 65 70 57 88 64
Cob. Após semeadura (%) 30 43 38 46 33 50 32 56 41
Δ Δ(%) -37 -32 -35 -29 -50 -29 -43 -37 -36
Tabela 4 - Classificação das operações nas avaliações Propriedades Qualidade vel. Prof. população cob. solo (%) sementes Trabalho semeadura r 1 b b b b r 2 b b b b r 3 b re b b r 4 b b b re r 5 b b b b r 6 b re b b r 7 b b b b r 8 b b b b
is (%) b b b b b b b b
O – Ótima; B – Bom; Re - Regular; R – Ruim
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ETAPAS PARA AVALIAR A QUALIDADE DO PLANTIO Características técnicas de qualidade das sementes O produtor adquiriu a semente de acordo com o planejamento da propriedade e, no momento da realização do questionário, foram vistoriados os rótulos das sacarias das sementes e foram anotados o índice de germinação e o índice de impureza de acordo com as especificações técnicas da empresa sobre a qualidade da semente. Velocidade de trabalho No momento em que o produtor efetuou a semeadura da cultura, foram marcados 50 metros na própria área de plantio e foi coletado o tempo que a máquina gastou para percorrer, depois foi utilizada a seguinte expressão: Vel (km/h)= Δs x 3,6 = km/h Δt Em que: Vel= velocidade do deslocamento do conjunto trator-semeadora Δs= variação de deslocamento (50m) Δt= variação de tempo (s) 3,6= fator de conversão
Profundidade de deposição de sementes A regularidade da profundidade de semeadura ou deposição de sementes foi determinada 21 dias após a semeadura, através do corte da parte aérea das plantas rente ao solo, com o uso de uma faca serrilhada, coletando-se com uso de um enxadão a semente com o mesocótilo. Utilizando-se de régua graduada em milímetros determinaram-se a distância entre a parte inferior da semente e a superfície onde se efetuou o corte, a qual correspondeu à profundidade de deposição de sementes. Número de sementes/m Para verificar o número de sementes por metro, foi feito o fechamento do duto que deposita a semente no solo, o operador percorreu 20 metros, depois foram feitas a coleta e a contagem das sementes, elaborando assim o ajuste de acordo com o número de sementes coletadas, dividindo-se pelo espaço percorrido pela máquina. Cobertura do solo Para determinação da porcentagem de
cobertura seguiu-se a metodologia descrita por Laflen et al (1981) fazendo-se a contagem nas direções diagonais de cada área experimental, antes e após a semeadura. Para se obter o percentual de cobertura vegetal, fez-se a contagem dos pontos sem cobertura vegetal e subtraiu-se de 100. Essa percentagem será obtida pela equação: PMC= PCds *100 PCas Em que: PMC= percentagem de manutenção de cobertura na superfície do solo (%); PCds = percentagem de cobertura na superfície do solo depois da semeadura (%); PCas = percentagem de cobertura na superfície do solo antes da semeadura (%); Distribuição longitudinal das plantas Com auxílio de uma trena foram medidos três metros na linha de semeadura e verificada a quantidade de plântulas que emergiram após a semeadura e certificado o espaçamento médio entre as
Diego de Lima Franco
plântulas. Estande inicial e final de plantas Com o auxílio de uma trena foram medidos 20 metros na linha de semeadura e contadas as plantas que emergiram, onde se constatou o estande inicial de plantas existentes em um hectare. Índice de sobrevivência IS (%) O índice de sobrevivência médio correspondeu à proporção média de plantas que atingiram sua maturação, em relação ao estande médio de plantas, foi obtido pela equação: IS= Pf *100 Pi Em que: IS = índice de sobrevivência médio de plantas de milho (%); Pf = estande médio final de plantas de milho (plantas ha-1); Pi = estande médio inicial de plantas de milho (plantas ha-1);
PARÂMETROS PARA AVALIAÇÃO DA OPERAÇÃO DE PLANTIO Velocidade de trabalho: BOM: velocidade maior que 4,5km/h REGULAR: velocidade entre 4,0km/h e 4,5km/h RUIM: velocidade menor que 4,0km/h Profundidade de sementes: BOM: entre 4cm e 5cm REGULAR: 3cm e 4cm ou 5cm RUIM: menores que 3cm e maiores que 6cm Qualidade de cobertura com palha: BOM: menos que 15% de redução REGULAR: entre 15% e 30% de redução RUIM: mais de 30% de redução Dosagem de sementes: Bom: menor que 10% da recomendação Regular: entre 10% e 20% da recomendação Ruim: maior que 20% da recomendação
sendo que o ideal é retirar apenas 15% da palha. Sendo assim, foi possível concluir, através da classificação das operações agrícolas avaliadas neste estudo, que os itens qualidade da semente, velocidade de trabalho, profundidade de semeadura e população de plantas foram classificados como bons e regulares. Porém, os mesmos resultados não
A cobertura de solo em todos os casos foi considerada ruim, por não preservar palhada sobre o sulco
foram confirmados em relação à cobertura do solo, sendo classificada em todos os ensaios como “Ruim”. .M Diego de Lima Franco, Prefeitura Pedrinhas Paulista Patrick P. Sant´Ana e Edson Massao Tanaka, ESAPP
FICHA TÉCNICA
Série A
Com motorizações de 73cv, 85cv e 95cv, a nova série da Valtra traz tratores com design renovado e mais opcionais do que seus antecessores
A
série A lançada há poucos meses pela Valtra é composta por três modelos: A750 (73cv), A850 (85cv) e A950 (95cv). Os três modelos vêm equipados com motores agrícolas AGCO Sisu Power turboalimentados, de construção robusta, com apoio intermediário da camisa úmida removível, o que evita cavitação e deformação das camisas. Como trabalha em baixa rotação (1.800rpm a 2.000rpm), o baixo consumo e o alto desempenho são características deste motor, além do alto torque,
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Modelo vem equipado com motores agrícolas AGCO Sisu Power turboalimentados
que garante uma grande capacidade de recuperação e conforto operacional com baixo nível de ruído.
TRANSMISSÃO
A série possui quatro opções de transmissão totalmente sincronizadas (Normal 8F+4R, Redutor 12F+8R, Multiplicador
Fotos Valtra
Nononononononononon
Com designer novo e mais bem equipados, modelos prometem se destacar também pelo baixo consumo de combustível e bom desempenho
16F+8R e Reversor 12F+12R). Estes modelos são versáteis e atendem às aplicações e aos clientes mais exigentes. Facilidade nas mudanças de marchas, alto desempenho, baixo nível de ruído e excelente escalonamento de velocidades são detalhes que fazem a diferença no campo, proporcionando ao operador uma velocidade para cada tipo de operação. As engrenagens possuem dentes helicoidais e garfos seletores
com teflon, que garantem alta durabilidade e baixo custo de manutenção.
SISTEMA HIDRÁULICO
Os três modelos da série possuem alta capacidade de levante do hidráulico. Os modelos A750 e A850 têm capacidade de levante de 2.340kg, com opcional de 3.794kg. Já no modelo A950, a capacidade é de 3.794kg. As configurações do sistema hidráulico tornam as operações mais precisas e rápidas durante as manobras. Existe a possibilidade de ser configurado com até três válvulas de dupla
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Fotos Valtra
A plataforma possui comandos ergonomicamente posicionados, de modo a facilitar as operações e proporcionar mais conforto ao operador
ação no controle remoto, o que garante versatilidade para as mais diversas aplicações de campo.
TDP INDEPENDENTE
Até três opções de velocidades de TDP podem ser escolhidas (540rpm ou 540rpm + 540rpm Econômica ou 540rpm + 1.000rpm). A TDP Independente é de fácil operação, proporcionando maior conforto operacional, pois durante as operações evita paradas em manobras garantindo aumento da produtividade e economia nas aplicações de insumos. Essa opção garante também economia de combustível por área trabalhada, porque não há necessidade de parar o trator para ligar ou desligar o implemento durante as manobras. É possível parar o trator sem parar a TDP, importante para desembuchar forrageiras proporcionando maior rendimento.
PLATAFORMA DE OPERAÇÃO
A plataforma de operação plana proporciona um ótimo conforto operacional, amplo espaço para o operador e facilidade para as manutenções. O suporte do painel é mais elevado, facilitando a manutenção. O acelerador manual está posicionado do lado direito do operador, garantindo uma boa ergonomia e facilidade nas operações. Todos os comandos e alavancas foram redimensionados e estão localizados de forma que garantem um acionamento preciso e suave. Os paralamas possuem regulagens para diferentes dimensões de pneus. Tudo isso faz com que a Plataforma forneça um conforto operacional .M com excelente ergonomia de trabalho. Modelo Marca Número de cilindros Potência (cv) Torque máximo (Nm)
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A 750 A 850 A 950 AGCO SISU POWER (Turbo) 3 3 4 78 85 95 296 316 337
colhedoras
Olho na pureza Altura do corte da cana pode influenciar na qualidade da pureza do produto colhido. Estudo avalia os níveis de impureza em diferentes alturas da base de corte da colhedora
C
navialis e outros. A preocupação com a qualidade da cana colhida, iniciada na fase de melhoramento genético de obtenção da cultivar, deve prosseguir nas fases seguintes, como o plantio ou reforma, nos tratos culturais, colheita, recepção na usina e processamento. A qualidade tecnológica da cana significa que para o processamento industrial os colmos devem se apresentar maduros, isto é, ter atingido o seu máximo potencial de acúmulo de sacarose, sadios e limpos. A qualidade tecnológica da cana também pode ser definida, segundo Stupiello e Fernandes, como o conjunto de parâmetros que definem o seu potencial como matéria-prima para fabricação de açúcar e álcool. Para o Consecana, o Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo, entende-se por qualidade da cana-de-açúcar a concentração total de açúcares (sacarose, glicose e frutose) recuperáveis no processo industrial, expressa em quilogramas por tonelada de cana. Durante o encontro da entidade australiana International Society of Sugarcane Technologists, que ocorreu em São Paulo em 1977, Fernandes, Oliveira e Queiroz destacaram que a introdução do sistema de colheita mecanizada trouxe alguns inconvenientes, como o aumento do índice de impurezas na carga de cana encaminhada à usina, o que
Cultivar
ana-de-açúcar é um termo que tende ao desaparecimento. Antes a cana era uma cultura destinada a produzir o açúcar e uma cachacinha, o que resultou na origem de grandes grupos agroindustriais do estado de São Paulo, como os grupos São Martinho, Nardini, Santa Isabel, Della Coletta e outros. Nos dias atuais, a cana produz, além de diversos tipos de açúcar e de álcoois, energias térmica, mecânica e elétrica, leveduras, bagaço, etanol, energia, MDF, plásticos (polietileno verde, por emitir menos carbono em seu processo de fabricação), vinhaça (fertilizante potássico), torta de filtro (adubo nitrogenado), as cinzas de caldeiras (usada no preparo do solo) e ainda solventes. Assim, a expressão “sucroalcooleiro” está sendo substituída por “sucroenergético”, como se vê em notas recentes. Para que esse considerável volume de reaproveitamento agrícola e industrial aconteça, é necessário atentar para a qualidade da matéria-prima que dá origem a toda essa cadeia de processamento industrial: a cana. Como ponto de partida, diversos órgãos se encarregam de pesquisar o melhoramento genético da cana para os diversos fins para os quais a matéria-prima se destina: nesse leque de entidades de pesquisa temos o IAC (Instituto Agronômico de Campinas), em sua base de Ribeirão Preto, o CTC (Centro Tecnológico da Cana), de Piracicaba, a Ca-
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implica na redução da qualidade tecnológica da matéria-prima. Na fase de preparo do solo para plantio, a sulcação deve ser efetuada na forma mais alinhada possível e, em razão disso, atualmente tem sido empregada a agricultura de precisão, onde o piloto automático orienta o conjunto trator+sulcador, em qualquer classe de terreno, com base no sinal orientador fornecido por satélite. Nesse caso, são admissíveis desvios de alinhamento de apenas 2cm a 3cm. Sem a automatização de alinhamento da lavoura, que é o caso geral da canavicultura no Brasil, é mais fácil fugir do traçado desejado, especialmente em curvas de nível. Essa rigidez no alinhamento da cultura resulta que na fase de colheita mecanizada seja minimizado o pisoteio das máquinas sobre as linhas de cultura, influindo na qualidade do produto colhido e principalmente, na produtividade. Em razão de tais argumentos, a agricultura de precisão deve ser adotada também no plantio mecanizado. Utilizando a agricultura de precisão ou quando não se emprega essa tecnologia, um cuidado fundamental a ser observado durante o planejamento das operações agrícolas é a adequada conjugação entre as bitolas dos tratores, das plantadoras com o espaçamento de sulcação, para evitar ou reduzir a possibilidade de pisoteio das linhas de plantio. Impureza é toda matéria estranha ao processamento industrial da cana-de-açúcar,
ou seja, que não se presta à extração de açúcar ou de álcool. As impurezas presentes na carga de cana oriunda dos sistemas de produção oneram os custos de transporte e de manutenção dos equipamentos industriais, além de reduzir a eficiência de moagem e extração de sacarose. Todos esses cuidados se justificam em razão de ser um dos fatores que influenciam a qualidade da matéria-prima, são os teores de impurezas minerais e vegetais. As impurezas minerais significam a presença de terra, argila, areia, minerais, cascalho e pedaços de metal. Tais agentes exercem ação abrasiva durante o processamento industrial, produzindo desgaste prematuro na fase de esmagamento, em moendas e difusores. A presença dessas impurezas são devidas a distorções entre o preparo/sistematização do solo e à direção da colheita mecanizada, daí a necessidade do direcionamento rigoroso das linhas de sulcação, o funcionamento adequado do sistema eletro-hidráulico de altura do corte de base das colhedoras e a execução do cultivo de nivelamento alguns dias após o plantio, mais conhecido como operação “quebra-lombo”. Levantamentos de campo efetuados em estudos de teses e dissertações realizados pela
Fotos Valtra
As impurezas presentes na cana, oriundas dos sistemas de produção, oneram os custos de transportes e equipamentos industriais. O nívei de impureza aceitável em cana-crua é, em média, de 7% a 9% e em cana queimada, de 4% a 7%
Esalq e Unicamp, registraram taxas de impurezas minerais entre 1% e 2%. Atualmente, o Grupo de Mecanização da Cana (Gmec) traduz que a taxa máxima dessas impurezas tem sido menor que 1%, geralmente avaliada pela sonda oblíqua, e que esse índice tem sido perfeitamente aceito pelo setor industrial. Ex-
ceção a essa regra geral ocorre normalmente em colheita mecanizada realizada em dias de chuva. O CTC, antes citado, classifica as impurezas de origem mineral em baixas, se menores que 0,3%, e altas, se maiores que 0,6%, em peso. A presença de impurezas minerais no
Quadro 1 - Características industriais dos lotes de cana segundo altura de corte de base Alturas de corte (cm) 0,0 2,5 5,0 10,0
Fibra(%) 10,83 11,77 10,90 10,58
Pureza(%) 90,96 91,29 91,55 92,11
Pol do caldo(%) 18,83 19,99 18,86 19,07
maiores teores reduz a densidade das cargas de cana, aumenta os custos de colheita e transporte e ainda interfere no processo de extração do caldo. A operação de limpeza da carga de cana a ser direcionada às usinas ou destilarias é iniciada durante a colheita mecanizada. Nas colhedoras automotrizes a limpeza é efetuada em duas fases operacionais: no extrator primário, localizado após o sistema de seccionamento do colmo em rebolos (picador), e prossegue no extrator secundário, em que a cana é conduzida à carreta de transbordo e daí às composições rodoviárias de grande capacidade de transporte, até o destino final. Ao adentrar na recepção da usina, a matéria-prima é submetida a outro processo de limpeza, que pode ser a seco, com emprego de ventilação, processo mais moderno, ou utilizar água. Para atestar a qualidade de um lote de cana, em um talhão representativo, tomam-se dez amostras de colmos que são conduzidos ao laboratório e são submetidos aos parâmetros de avaliação. Tais parâmetros, representativos da qualidade da cana, quantificados em percentuais, são os seguintes: teor de fibra, pureza, pol do caldo, pol da cana, açúcares
Case IH
setor industrial determina atrito por abrasão nos equipamentos, causando desgaste em peças móveis, podendo ocasionar quebras em seus órgãos ativos e, consequentemente, paradas não previstas, para reparos e manutenções. Resultam em perdas de sacarose e a deposição de resíduos indesejáveis nas caldeiras de produção de vapor, nos processos de co-geração de energia. As impurezas de origem vegetal são principalmente folhas, ponteiros, palhas, palhiço, gravetos, frações de colmo e raízes. Tal tipo de material estranho à usina compreende a maior quantidade de impurezas nas cargas transportadas à usina. Tal grupo de impurezas no Brasil ocorre em torno de 7%. De acordo com Caetano Ripoli, professor da Esalq, essa taxa tem sido bastante variável e dependente de vários fatores, a saber: porte do canavial, variedade, produtividade agrícola, espaçamento de plantio, tipo de colhedoras, regulagem dos exaustores da máquina, se colhida crua ou queimada, índice de ponteiros, de folhas e de palhas da variedade, da idade do canavial, do número de corte, principalmente. Em cana-crua aceita-se, em média, de 7% a 9% e em cana queimada, de 4% a 7%. Na classificação do CTC, as impurezas de origem vegetal são altas de maiores que 7% e baixas, se menores que 3%, em peso. No Exterior, estudos informam que as impurezas de origem vegetal ocorrem na amplitude de 6% a 17%, em função de condições de campo favoráveis ou adversas. A presença de impurezas vegetais em
Segundo os dados do ensaio, a altura do corte de base pode ser feita bem rente ao solo. No entanto, é necessário observar as condições do terreno, para evitar danos nas facas de corte
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Pol da cana (%) 16,27 16,99 16,28 16,55
AR(%) 0,46 0,45 0,45 0,43
ATR(Kg/t) 159,20 165,92 159,10 161,54
redutores (AR) e açúcar total recuperável (ATR). O pol do caldo significa o teor de sacarose percentual do caldo, determinado em sacarímetro digital e automático. A determinação do pol da cana leva em conta esse valor, o teor de fibra e um fator de correção. O cálculo dos açúcares redutores é função dos açúcares redutores do caldo, do teor de fibra e do fator C de correção. O açúcar total recuperável (ATR), finalmente, é calculado com base em todos esses parâmetros descritos e é empregado como fator determinante do pagamento a ser efetuado aos fornecedores de matériaprima.
AVALIAÇÃO
Trabalho de investigação científica efetuado em área experimental do Centro de Pesquisa de Cana do IAC, em Ribeirão Preto, e apresentado no 38º Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, realizado em agosto de 2008 em Petrolina, Pernambuco, pesquisou a influência da altura de corte de base na colheita mecanizada sobre a qualidade da matéria-prima obtida, variando-se essa altura de corte dos colmos de zero a 10cm. Os ensaios tecnológicos relativos às características industriais de qualidade das cargas de cana foram realizados no Laboratório Químico da Cooperativa dos Produtores de Canade-açúcar da Região de Sertãozinho (Copercana), com base nos métodos analíticos padronizados e preconizados pelo Conselho dos Produtores de Cana-de-açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Consecana). O estudo demonstrou não ter ocorrido diferenças quanto à altura de corte de base em relação aos diversos parâmetros relacionados à qualidade industrial da cana-de-açúcar. O Quadro 1 apresenta as características do produto industrial colhido dentro de cada tratamento, segundo as alturas de corte de base da cultivar de cana-de-açúcar IAC SP 93-3046. Conclui-se, portanto, que é factível prosseguir o corte de base rente ao solo, prática comum nas usinas, com a ressalva de observar a entrada na máquina colhedora de impurezas minerais e o desgaste excessivo .M das facas de corte. Jair Rosas da Silva, IAC
FICHA TÉCNICA
Trekker
O trator de esteiras Trekker, da Landini, tem porte pequeno mas potência de máquina grande. Com 1,41m de largura e 83cv de potência, é indicado para trabalhos em terrenos inclinados e espaços reduzidos
O
trator de esteiras Trekker, importado pela Landini, tem centro de gravidade baixo, largura total de 1,41m, esteiras com 31cm de largura e motor de 83cv. Estas características o tornam ideal para trabalhar em locais como em encostas íngremes, em pomares, vinhedos e campo aberto. Aliada a estas características, a empresa destaca aina a baixa compactação do solo, alta segurança e conforto. O conforto do condutor é garantido
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pela plataforma suspensa em silent-bloco (coxins de borrachas), com assento com regulagem de suspensão dotado de diversas configurações para absorver os impactos. Os controles dos equipamentos, alavancas e botões estão ergonomicamente posicionados para facilitar o serviço do operador.
MOTOR
O trator Trekker utiliza a nova série
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de motores Perkins da série 1100, modelo 1104T (turbo), Tier 3, série silencioso e com controle de emissão de poluentes queatende as rigorosas normas europeias. Tem com quatro cilindros, gerando uma potência de 83cv no volante do motor e 77cv na tomada de força. É um motor que, combinado com a transmissão Landini, proporciona baixo consumo de combustível e baixo índice de ruído. O capô é basculante e basta o operador destravá-lo para realizar a abertura, que é facilitada por meio de uma mola a gás. A abertura do capô dará acesso a todos os componentes do motor, principalmente os filtros, facilitando as manutenções diárias e revisões periódicas.
ESTEIRA
A esteira tem seu movimento conduzido por cinco polias com lubrificação permanente, o que impede problemas de desgaste por
Fotos Landini
Modelo com esteiras possui 31cm de largura e motor de 83cv
falta de lubrificação. Sua tensão é regulada por pressão de óleo (regulagem hidráulica), mantendo-a constantemente esticada, o que minimiza o desgaste devido à tensão incorreta. A suspensão dianteira é constituída por
A plataforma, suspensa em silent-bloco (coxin de borracha) , conta com assento com regulagem de suspensão, dotado de diversas configurações para absorver os impactos nas operações
uma estrutura em forma de arco de aço, que acompanha a variação do terreno, dando conforto ao operador em terrenos não homogêneos.
TRANSMISSÃO
A transmissão mecânica sincronizada contém uma alavanca com quatro marchas e outra com dois grupos de engrenagens que propor-
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O capô basculante facilita o acesso durante a manutenção e revisões periódicas. Os modelos contam com direção hidrostática hi-drive, constituída de duas embreagens, comandadas por duas alavancas servo assistidas hidraulicamente
ciona uma grande variedade de marchas. Esta característica dá ao operador a escolha da marcha ideal para cada tipo de trabalho, sendo, 8X8 (oito velocidades à frente mais oito para trás) com reversor mecânico ou com o acionamento do super-redutor fornece 16 à frente mais oito para trás.
DIMENSÕES E PESOS
HIDRÁULICO
Os modelos Trekker possuem direção hidrostática hi-drive, constituída de duas embreagens em banho permanente de óleo, comandadas por duas alavancas servo assistidas hidraulicamente. Estas alavancas estão posicionadas à frente do operador e com ação combinada com os freios, o que oferece ao tratorista a opção de parar o trator com os dois pedais ou com as alavancas. Este mecanismo hidráulico permite uma direção suave e precisa. As alavancas possuem três posições: neutro, posição 1 e posição 2. No estágio neutro, o trator fica parado e não há transmissão de movimento do motor para as esteiras. Na
posição 1, ao puxar a alavanca no primeiro estágio, a transmissão de movimento do motor até a esteira, do mesmo lado da alavanca em questão, é interrompida, mas a esteira continua com movimento. Isso porque a outra esteira continua recebendo o torque do motor e conduzindo o deslocamento do trator. Como só há ação em um lado (lado onde não foi puxada a alavanca), o trator vira para o lado em que foi interrompido o
A = comprimento máximo [mm] B = Comprimento mínimo [mm] C = Altura até o capô [mm] D = Altura até o arco de proteção [mm] E = Distância entre cetro dos pneus [mm] F = Distância entre centro [mm] G = Vão livre [mm] H = largura da esteira STD [mm] Peso do trator sem os contrapesos dianteiros [kg]
3500 1460 1170 2315 1100 1650 320 360 3800
torque do motor para a esteira (lado onde foi puxada a alavanca). Ao direcionar a alavanca para a posição 2, além de cancelar o movimento da esteira, agora ela é freada, com isso o trator faz manobras em pequenos espaços diminuindo seu raio de giro. Seu sistema hidráulico é comandado por uma bomba dupla de engrenagens com vazões de 38,4L/min para o sistema hidráulico (terceiro ponto e controle remoto) e 27L/ min para a direção. A bomba de 38,4L/min abastece o levantador hidráulico e também o controle remoto, que é composto por três válvulas remotas (item de série), com as seguintes funções: duplo efeito, com desarme automático; posição de flutuação e variação de fluxo, para plantadeiras pneumáticas e stander. O levantador hidráulico acionado por controle mecânico é composto por engates de categoria II, sendo sua capacidade de até 2.650kg. .M
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capa
MF 7390 Dyna-6 Testamos em primeira mão o modelo de 190cv da série Dyna-6 da Massey Ferguson, que começa a ser comercializado em janeiro no Brasil. A transmissão inteligente automática é um dos pontos altos dos quatro novos tratores MF 7000 Dyna-6
U
m salto de qualidade. Esta é a frase que melhor expressa o lançamento da série Dyna-6 da Massey Ferguson. Trata-se de uma família de quatro tratores, que inclui o MF 7350 Dyna-6, de 150cv, o MF 7370 Dyna-6, de 170cv, o MF 7390 Dyna-6, de 190cv e o MF 7415 Dyna-6, de 215cv. Em comum, os quatro estão equipados com transmissão automática muito interessante, característica que pretendemos ressaltar neste test drive que fizemos com o modelo de 190cv. Para testá-lo estivemos em Vacaria, no Rio Grande do Sul, com o apoio da concessio-
nária Sotrima, onde por sinal a equipe da Revista Cultivar Máquinas foi muito bem recebida. Mais um detalhe deste teste é que estivemos acompanhados pela equipe do programa de televisão Marcas e Máquinas, veiculado no Canal Rural. A região de Vacaria, para os que não a conhecem, é uma grande produtora de frutas, em especial a maçã gaúcha, que tanto tem conquistado simpatia do consumidor brasileiro nos últimos anos. Além de macieiras, a região é grande produtora de grãos. Estes novos modelos foram apresentados aos parceiros da Massey Ferguson na recente
Durante o teste o MF 7390 tracionou uma plantadeira MF 513, de 13 linhas
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No lado esquerdo do volante modelo conta com comando de avanço e reversão
convenção de concessionários, em dezembro. O grande público terá a oportunidade de vê-los em detalhe no mês de fevereiro, no Show Rural da Coopavel, em Cascavel, mas as vendas já iniciarão em janeiro, quando todos os modelos estarão em plena produção e comercialização pelos concessionários da rede. Os modelos são produzidos na fábrica de Canoas, no Rio Grande do Sul, e a base destes modelos é a linha 7100 já fabricada no Brasil, mas em potência se equivale à linha 7000 francesa. O design destes tratores possui linhas bastante harmônicas e que estão de acordo com o padrão mundial da marca MF. Os motores da família são todos AGCO Sisu Power produzidos no Brasil, em São Paulo. São motores modernos, com fluxo de fluido cruzado, isto é, o ar entra por um lado e os gases queimados saem pelo outro, otimizando o fluxo e diminuindo as perdas.
Especificamente, o trator que testamos, modelo MF 7390 Dyna-6, é equipado com motor modelo 620DSA de seis cilindros, com 6.600cm3, com turbocompressor e intercooler. A potência máxima deste motor é de 190cv a 2200rpm e um torque máximo de 770 Nm a 1400rpm. Portanto, a reserva de torque deste motor é de 26,7%, considerada bastante boa. Cabe ressaltar que este motor apresenta, a sua curva de potência plana, próximo à rotação nominal. A transmissão é o ponto alto desta nova família, no nosso entender. Trata-se de uma transmissão de 24 marchas à frente e 24 para trás, organizada em quatro grupos de seis marchas, com troca sincronizada e seis velocidades totalmente câmbio em carga. O sistema é formado por pacotes de discos que possibilitam a troca de marchas dentro do grupo de forma totalmente automática, sem o uso da embreagem. Por sinal, o pedal da embreagem teve a sua utilização reduzida ao sistema de segurança para colocar em marcha o motor do trator e para determinadas configurações do sistema. Não há a mínima necessidade do acionamento do pedal da embreagem nem para troca de marchas nem
Fotos Cultivar
O sistema hidráulico tem pistões reforçados, controle de flutuação, sistema de controle remoto de centro fechado com vazão de 162 litros e diversos recursos para melhorar o desempenho
para iniciar o movimento. Este sistema se chama Dynashift, por isso o nome dos modelos é Dyna-6, pelas seis velocidades. No lado esquerdo do volante, ao alcance dos dedos indicador e médio, há um comando de avanço e reversão, semelhante a um sistema tiptronic utilizado em automóveis. Com um simples toque para cima, do neutro para a posição superior, o trator entra em suave movimento, na marcha indicada. Para baixo, a posição de inversor de movimento coloca o trator em ré, quase na mesma velocidade, mas com a mesma suavidade. Também ao lado direito, ao alcance da mão, há uma alavanca de comando, que também pode ser selecionada para a troca sequencial de marchas e para passar de um grupo a outro. Esta transmissão proporciona o trabalho em três modos diferentes, o primeiro é o manual, em que
o operador inicia o trabalho na marcha que quiser e vai trocando-as com um simples toque no comando. Os outros dois modos, campo e transporte, podem ser controlados automaticamente de duas maneiras: speed e autodrive. O modo campo é idealizado para operações com implementos de campo, que exigem uso de reserva de torque e adequação da potência do motor à transmissão, como, por exemplo, uma plantadeira ou uma grade. O operador neste modo escolhe a rotação do motor e a transmissão por meio de sensores optará pela marcha que mais se adapta ao trabalho instantâneo ou, se for possível, a marcha escolhida pelo operador. O último modo, o de transporte, é destinado às operações em que se está utilizando reboques a velocidades mais altas que as empregadas no modo campo. No sistema autodrive é possível programar a velocidade de partida e desaceleração e a velocidade objetivo, que o sistema adotará, se for possível, de acordo com as situações do terreno e as sobrecargas. O sistema hidráulico, além do sistema de três pontos de série, com pistões reforçados, tem capacidade de levante de 8.000 quilos e controle eletrônico de flutuação, completa-se com um sistema de controle remoto de centro fechado, com alta vazão de 162 litros por minuto, com muitos recursos que favorecem o alto desempenho. Este desempenho diferencial deve-se a uma
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Motor Potência (cv) Rotação nominal (rpm) Torque máximo (Nm) Rotação de torque máximo (rpm) Alimentação
MF 7350 Dyna-6 AGCO SISU POWER 150 2200 510 1400 Turbo
MF 7370 Dyna-6 AGCO SISU POWER 170 2200 680 1400 Turbo
bomba de pistões de alta vazão, variável, que permite ajustar a vazão a uma gama extensa de implementos existentes no mercado e que utilizam pistões e motores hidráulicos. Este fator garante maior velocidade de resposta do sistema hidráulico e consequentemente maior rendimento operacional. Já presente na série 7000, este modelo apresenta um reservatório onde é feita a recuperação do óleo, impedindo derrames, o que contribui para a preservação do meio ambiente. Ficamos bastante impressionados com o posto do condutor deste modelo que testamos. Na família inteira, de série, todos os modelos são cabinados. Partindo-se de uma excelente escada e de pega-mãos de acesso, observamos a presença de degraus com boa amplitude, batentes verticais de ambos os lados e superfície antiderrapante, que permite maior aderência do calçado do operador. Em uma excelente alternativa de projeto, a escada está encaixada na parte esquerda do depósito de combustível. Acessando a cabine, a abertura da porta se dá através de maçaneta acionada com a mão direita. Estes detalhes qualificam o produto e permitem maior segurança e estabilidade do operador, tanto para a subida quanto descida do posto de operação. Acessando o posto, um bom banco e os comandos principais colocados
MF 7390 Dyna-6 AGCO SISU POWER 190 2200 770 1400 Turbo intercooler
MF 7415 Dyna-6 AGCO SISU POWER 215 2200 920 1400 Turbo intercooler
à direita do operador. Os comandos de operação são de fácil visualização, ergonomicamente distribuídos e de acionamento através de um simples toque, aparentando conferir conforto ao operador principalmente em longas jornadas de trabalho. Embora não seja comando de uso muito frequente durante o trabalho, encontramos possibilidades de melhora na posição do acelerador de mão, colocado em posição inferior entre as alavancas do controle remoto e o seletor da transmissão. O painel é bastante prático, com sistema de checagem eletrônica que se aciona ao ligar a chave, um tacômetro em posição central, dois indicadores de nível de combustível e temperatura. E em posição lateral, dois visores de cristal líquido. Um para a programação do sistema de transmissão e o outro tela informativa, que apresentam dados como marcha selecionada, velocidade, rotação do motor etc. Quanto à servicibilidade, estes tratores são bastante interessantes. De imediato se nota a forma como o motor se expõe com a abertura do capô dianteiro, com ampla possibilidade de acesso aos radiadores, filtro de ar e o extrator de pó, de série. As laterais podem ser facilmente retiradas e dão acesso integral ao restante do trator que necessita de manutenção. Outro fator positivo, que acrescenta em facilidade de manutenção, é
Comandos de operação são de fácil visualização, ergonomicamente distribuídos e simples de serem acionados
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Modelo oferece acesso facilitado em operações de manutenção e regulagem
o maior vão livre entre o chassi e a cabine, que proporciona acesso e facilidade de manutenção, além de auxiliar na redução do aquecimento do piso da cabine na zona de trabalho do operador. Para facilitar a higienização, principalmente das mãos, o operador pode recorrer a um novo acessório, pois a série inclui na sua configuração um reservatório com água específico para essas condições, acondicionado ao lado direito do trator e com posicionamento em altura que facilita a sua utilização. Entre os opcionais estão o sistema de piloto automático Auto-Guide, de segunda geração. Este sistema de apoio ao operador serve para dirigir o trator dentro da lavoura, sendo que o direcionamento se dá através do sistema de posicionamento por satélites (GPS) oferecido com duas possibilidades de precisão, a centimétrica, de 2cm, e a decimétrica, para até 10cm, escolha do comprador, que depende da operação que se vai realizar, obtendo-se desta forma maior precisão e qualidade do trabalho. O MF 7390 Dyna-6 pesa 10.450kg
O posto do condutor conta com comandos principais à direita do operador
Fotos Cultivar
Trator oferece ampla possibilidade de acesso ao radiador, filtro de ar e extrator de pó, o que agiliza e facilita a sua manutenção
contabilizando a adição de lastros metálicos distribuídos em 200kg por roda traseira, além de apresentar a opção da adição de mais três placas de 50kg cada, por roda, totalizando até 700kg de lastros no eixo traseiro, e lastragem dianteira frontal pesando até 504kg através de 12 placas que pesam 42kg cada uma. Mesmo assim, se necessário, é possível a adição de mais lastros na parte dianteira, pois também existe a possibilidade da colocação de mais lastros, por baixo do suporte principal de pesos. Este modelo, assim como os seus irmãos da série, possui um semichassi, que vai desde o eixo dianteiro até próximo ao eixo traseiro. Nesta estrutura prende-se o bloco motor, por meio de calços de borracha, o que contribui para a diminuição de vibração e ruído, além de outros componentes, conferindo desta forma maior resistência estrutural, pois diminui a tensão sobre a estrutura monobloco do trator. O eixo dianteiro utilizado na série MF 7100 Dyna-6 foi substituído por um da marca Carraro que, como vantagem, oferece um ângulo de alteração da direção de 55° que contribui para facilidade de manobras e, consequentemente, proporciona aumento da eficiência operacional.
Escada com degraus antiderrapante, encaixada na parte esquerda do tanque de combustível
O tanque de combustível é um reservatório plástico, com capacidade para 500 litros, que acrescenta em autonomia de trabalho, além de ser de fácil acesso. Qualquer um dos modelos da série MF Dyna-6 está dotado de uma ampla lista de pneus compatíveis, inclusive de pneus do tipo radial, diferenciando-se entre os modelos da série pelas suas medidas. O modelo avaliado neste teste apresentava a opção de pneus radiais, marca Trelleborg, traseiros na medida 850/50-38 Twin e os dianteiros 600/60-30.5 Twin, que são opcionais e, sem dúvida, poderão ser quase itens de série na lavoura canavieira, um dos mercados potenciais desta linha, pois a utilização de pneus radiais sobre a palha de cana, em superfície firme, com garras baixas, tem demonstrado bom desempenho em tração. O emprego deste modelo de trator, com estas características, poderá ser capaz de satisfazer
as necessidades de grandes lavouras e de intensa mecanização, como a canavieira e de grãos. Além da servicibilidade e do novo sistema de transmissão pode-se destacar outras inovações que facilitam as operações no campo. Estes tratores possuem uma característica interessante na regulagem da bitola traseira, que permite a adequação do trator ao trabalho de maneira prática e rápida, sendo que a utilização da máxima bitola de 2.943mm também permite a utilização de lastros, porém, colocados na parte interna da roda. Também existe a opção de uso de rodados duplos que se prendem ao eixo do trator através de um adaptador, ao contrário de outros tratores, onde a fixação da sobrerroda ocorre através do aro do pneu interno. Uma das novidades é o sistema importante utilizado nesta série de botões externos localizados no para-lama esquerdo para o
Trator possui chave geral de fácil acesso que ao ser desligada corta a corrente elétrica para a realização da manutenção, evitando danos ao sistema eletrônico
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Fotos Cultivar
concessionária Massey Ferguson, Sotrima, liderada pelo gerente-geral Fábio Mendonça e aos dois engenheiros, Carlos Eduardo Martinatti e Roberlaine Ribeiro Jorge, que nos acompanharam e forneceram as infor.M mações necessárias para a avaliação. Equipe de Cultivar Máquinas viajou ao município gaúcho de Vacaria para testar o MF 7390 Dyna-6
acionamento da TDP e do sistema hidráulico de três pontos, que facilita o trabalho do operador, pela capacidade de acoplar e ajustar sozinho os implementos montados nestes pontos, além de possibilitar ligar e desligar a TDP diretamente, sem a necessidade de subir ao posto de operação. Outra característica do modelo avaliado é a tomada de potência direta (TDP) independente, de acionamento eletro-hidráulico, oferecendo as opções 540rpm e 1.000rpm. Como opção, o modelo pode vir equipado com compressor de ar para ser utilizado no sistema de frenagem, semelhante ao sistema adotado em equipamentos rodoviários, para realizar operações de transporte, principalmente semirreboques de transbordo de cana, onde o operador pode controlar diretamente de dentro da cabine e através de um comando de fácil acesso, situado do lado esquerdo do operador. Por se tratar de um trator que possui alta tecnologia embarcada, com sistema de controladores eletrônicos e sensores, possui uma chave geral de fácil acesso que, ao ser
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desligada, corta a corrente elétrica para a realização da manutenção, principalmente solda em implementos acoplados ao trator, evitando desta forma danos ao sistema eletrônico. Durante o teste, tracionando uma plantadeira Massey Ferguson modelo MF 513, de 13 linhas, aproveitamos para selecionar os três modos de funcionamento da transmissão e, após um pequeno treinamento no modo manual, foi no modo campo que vimos muito da potencialidade deste trator. Selecionamos a 12ª marcha como objetivo e partimos da 6ª marcha. O trator foi subindo marchas automaticamente até chegar àquela que havia sido selecionada por nós e então estabilizou rotação e velocidade. Quando ele enfrenta uma sobrecarga, automaticamente desce uma ou duas marchas, de acordo com a magnitude da exigência, e volta a recuperar a velocidade, uma vez que cessa a dificuldade imposta pelo terreno. Realmente surpreendente. Concluindo, agradecemos ao pessoal da
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José Fernando Schlosser, Alexandre Russini e Paula Machado dos Santos, Equipe do Nema/UFSM Quadro de Especificações Modelo
Marca Nº Tipo Pneus Modelo Marca Traseiro Nº Tipo Modelo Peso máximo sem lastros (kg) Dianteiro
Dianteira Traseira Comprimento total (mm) Altura máxima (mm) Distância entre eixos Dianteira Bitolas Traseira (mínima e máxima) Lastragem
MF 7390 Dyna-6 AGCO SISU POWER 190 Trelleborg 600/60-30.5 R1 Twin Trelleborg 850/50-38 R1 Twin 9.546 12 placas (42 kg/placa) 2 placas (200 kg/roda) 5.365 3.210 2.995 1883 - 1994 1972 - 2943
FICHA TÉCNICA
Grãos limpos
Fotos Rienke
Máquinas oferecidas pela Reinke são capazes de realizar a limpeza de oito a 300 toneladas de grãos por hora
A
Reinke produz equipamentos para armazenagem de grãos desde 1987. Aliados ao trabalho desenvolvido pela empresa na área de pesquisa, lançamentos de novos produtos e qualificação de profissionais vêm crescendo ano após ano como consequência do desenvolvimento do País e da agricultura em particular. Hoje é possível encontrar as máquinas de limpeza de grãos e classificadores de sementes Reinke em todo o território brasileiro e em vários países da América Latina.
A mesma máquina pode operar como pré-limpeza ou limpeza, variando apenas os tipos de peneiras – furações mais abertas ou mais fechadas - e, obviamente, as capacidades de processo.
os equipamentos sejam mais leves, duráveis e mais resistentes aos impactos e vibrações causados pela operação. Na verdade, trata-se de um diferencial que promove economia e qualidade ao equipamento.
LINHA DE MÁQUINAS REINKE
As máquinas da linha Reinke são fabricadas em material alternativo que faz com que
GRAU DE IMPUREZAS
Para analisar o grau de impureza com que o produto sai das lavouras devemos levar em consideração itens como o tipo de produto, região e clima. Mas, podemos fazer uma média, levando em consideração todas essas variáveis, e falar em 4% a 4,5% de impurezas do produto retirado da lavoura. Existe uma diferenciação entre máquinas de pré-limpeza e limpeza. As máquinas de pré-limpeza permitem reduzir o teor de impurezas em 2%. Já as máquinas de limpeza permitem uma redução de 1% ou menos, através da utilização de peneiras com furações adequadas e/ou melhor ventilação.
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Painel de controle Luft Control, utilizado para a automação das máquinas de limpeza
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Filtros de manga e ciclone podem ser instalados para a retenção de resíduos, evitando deposição na natureza
O fechamento das máquinas é feito com fibra de vidro de alta resistência e as janelas de inspeção em plástico rotomoldado, o que ajuda a diminuir as emissões de pó e ruído, além de ser mais seguro para os operadores
São disponibilizadas várias opções de capacidades para atender às necessidades de produtores rurais, cooperativas, armazenadores e indústrias de alimentos de pequeno, médio e grande porte. São adaptáveis a todos os padrões de produção industrial e agrícola. As capacidades das máquinas variam de oito a 300 toneladas por hora e elas podem ser utilizadas para limpeza de grãos como soja, trigo, milho e arroz, com capacidade comprovada.
LUFT CONTROL
O Luft Control é um painel de controle utilizado para a automação das máquinas de limpeza. Ele regula a rotação do exaustor, aumentando ou diminuindo a velocidade do ar dentro do corpo de ventilação. Essa ação influenciará diretamente na quantidade de impurezas que são retiradas quando o produto entra no processo de limpeza. Um sistema programado com alarme avisa quando deve ser feita a manutenção da máquina, com tempo contado a partir do momento em que se liga o inversor de frequência. Também é dotado de um painel frontal com instruções e dois visores, onde num se lê a amperagem consumida pelo motor do ventilador e as horas trabalhadas e, no outro, a rotação em percentual. O Luft Control caracteriza-se pela facilidade de operação e manutenção com segurança, pois é fabricado de acordo com as Normas Brasileiras de Segurança (NBRs).
te. O sistema de limpeza do filtro de mangas pode ser automático, exigindo apenas a troca do recipiente de coleta – tambor ou saco – sempre que estiver cheio, ou manual, onde a limpeza das mangas é feita através das alavancas existentes no filtro.
FECHAMENTO DAS MÁQUINAS
O fechamento das máquinas Reinke foi uma das evoluções da qualidade da empresa. Esse opcional é feito em fibra de vidro de alta resistência e janelas de inspeção em plástico rotomoldado. Essa opção proporciona maior segurança aos operadores e proteção ambiental, pois tem a vantagem de não emitir pó e reduzir o barulho no ambiente de trabalho, com o mesmo desempenho de processo das máquinas sem esse opcional.
Diferentes tipos de peneiras disponíveis nas máquinas de limpeza e de pré-limpeza
Foi projetado em módulos, o que permite a adaptação a qualquer modelo de máquina da marca, sendo nova ou que já tenha sido comprada há mais tempo. .M
MEIO AMBIENTE
Pensando na preservação ambiental a Reinke disponibiliza aos usuários o filtro de mangas e o ciclone. O ciclone é um tubo metálico que recebe o ar da máquina, separando as impurezas leves e devolvendo o ar limpo para o ambiente. Já o filtro de mangas coleta os resíduos de pó que não foram retidos pelo ciclone durante a operação, armazenando-os e impedindo que sejam liberados ao ambien-
A mesma máquina pode operar como pré-limpeza ou limpeza, variando apenas os tipos de peneiras. Elas são disponibilizadas em tamanhos com capacidade de processamento de oito a 300 toneladas por hora
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mecanização Fotos Ulisses Benedetti Baumhardt
Remontando a história
Com mais de meio século desde a sua fabricação, o trator Case LA da família Baumhardt, do interior do Rio Grande do Sul, está sendo restaurado pelos seus proprietários que querem manter viva a memória dos primeiros tratores que chegaram ao Brasil
E
m meio ao crescente e contínuo avanço tecnológico empregado nas modernas máquinas agrícolas, dando ênfase a uma das mais importantes, o trator, este artigo traz uma viagem no tempo, onde é apresentada a história de um trator Case modelo LA fabricado em 1953 e que se encontra na etapa final de um processo de restauração. Este foi um dos primeiros tratores importados para o trabalho na cultura do arroz no Sul do Brasil. De acordo com consulta ao site “antiquefarming” o Case LA está entre os 12 primeiros modelos fabricados pela marca desde o desenvolvimento dos primeiros motores a vapor, conforme mostra a Tabela 1. O primeiro LA foi construído em 1942 e foi considerado o maior trator da companhia por mais de 12 anos. Seu público-alvo foram as indústrias, o uso militar e a cultura de arroz. Ao total foram produzidos mais de 42 mil unidades. Havia também o modelo LAI, que era equipado com sistema de injeção direta de combustível, conhecido como sistema de combustão “Hesselman” devido ao fato de ter sido desenvolvido pelo engenheiro sueco Knut J. E. Hesselman, que idealizou os primeiros modelos deste tipo de sistema. Entre as vantagens estava
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a facilidade com que o motor era iniciado.
CHEGADA AO BRASIL
O trator Case LA saiu dos Estados Unidos e chegou à cidade de Porto Alegre (RS) através de um navio. Após chegar à capital, o mesmo foi deslocado de trem pela Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS) até a estação da localidade de Pertile, próximo à cidade de Cachoeira do Sul, na região central do estado, onde foi descarregado pelo comprador, o produtor Albino Baumhardt. Segundo informações de seu filho, Hiltor Baumhardt, este trator foi
um dos primeiros “Case” da localidade, onde se encontra até os dias de hoje.
CARACTERÍSTICAS
Diante de mais de 55 anos de história, torna-se interessante ressaltar as características e as tecnologias empregadas naquele tempo. Começando com a possibilidade de uma partida manual graças à instalação de uma manivela, que permite a rotação do virabrequim do motor, juntamente com a presença de um magneto, responsável em fornecer energia elétrica para geração da centelha. Quando provido de bateria
Após a primeira fase da restauração, já é possível ver design moderno para a sua época, capô e para-lamas arrendondados
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Detalhe da grade frontal antes e após a restauração e pintura. A manivela que servia para dar a rotação inicial do virabrequim do motor permanece intacta
a sua recarga se dava por meio de um dínamo. O trator também apresenta um design moderno para a sua época, com grade frontal, capô e para-lamas arrendondados. A sua estrutura é praticamente toda fabricada em ferro fundido, onde o fabricante inseriu nos moldes o logotipo da marca e o código de identificação das respectivas peças. Outra peculiaridade é a presença de uma câmara de pré-aquecimento da mistura ar/ combustível que será admitida no motor, aproveitando-se dos gases quentes do escape, o que facilita a entrada no ponto de fulgor do combustível utilizado. Também foi disponibilizada uma caixa porta-ferramentas ao alcance
Detalhe da câmara de pré-aquecimento da mistura ar/combustível que será admitida no motor que aproveita os gases quentes do escape
do usuário. Entre os comandos disponíveis estão a embreagem manual, a caixa de marchas, que se dá pela rotação de uma alavanca, permitindo quatro deslocamentos à frente e um à ré; os freios das rodas traseiras eram acionados por dois pedais de acionamento, que se localizavam à direita do operador, e duas alavancas de aceleração, sendo a da esquerda utilizada para a regulagem da entrada mínima da mistura ar/ combustível “lenta” para o funcionamento do motor e a da direita pela aceleração. O trator possui dois tanques de combustível, um destinado à gasolina e outro ao querosene. Para início do seu funcionamento
se faz necessário a utilização da gasolina, que é selecionada por meio de um registro, já após o seu aquecimento, aproximadamente dez minutos de operação, é possível a troca de combustível, algo que mesmo naquela época poderia ser considerado como uma espécie de “trator flex”. A barra de tração pode ser ajustada quanto ao seu posicionamento no plano transversal do trator, bastando para isto a seleção do furo para fixação da barra. No painel eram disponibilizados três mostradores, o amperímetro que indicava a corrente elétrica gerada pelo dínamo, o medidor de pressão do óleo do motor e a temperatura do motor.
Fotos Ulisses Benedetti Baumhardt
Hiltor Baumhardt, junto ao trator, um dos primeiros da localidade de Pertile, de Cachoeira do Sul
Originalente, o trator veio com rodado de ferro e era utilizado na lavoura, fornecendo energia para trilhadora Após anos parado, o Case de 1953 começa a ganhar vida nova e, quando pronto, será exposto em feiras
A identificação do trator, que atualmente se dá através da gravação do Número de Identificação do Produto (PIN) no chassi ou na estrutura da máquina, naquela época era feita utilizando-se uma placa fabricada em liga de alumínio que era fixada no trator. Entre os opcionais disponíveis estavam a tomada de potência (TDP), partida elétrica, luzes e sistema hidráulico. Essas características mencionadas acima e outras de importância para o conhecimento do trator estão citadas no Quadro 1.
O USO DO TRATOR
Dentre as tarefas executadas pelo trator estava a de tração de arados, grades aradoras e niveladoras, embora, em regime estacionário, também tenha sido empregado para o fornecimento de energia mecânica, por intermédio de uma polia, onde auxiliava no momento da irrigação, acionando uma bomba centrífuga, e no momento da colheita, uma trilhadora de grãos. No ano de 1972, próximo à parada de seu funcionamento, o Case começou a trabalhar somente a gasolina, devido ao menor custo em relação ao querosene e ainda ao melhor rendimento obtido. De acordo com o agricultor, o trator consumia em torno de 100 a 110 litros de querosene em dez horas de funcionamento. Dentre as atividades finais realizadas pelo referido trator estão as de transporte de produtos da lavoura até os depósitos de grãos. Por volta de 1977, devido à alta do preço da gasolina e com a chegada dos tratores diesel que traziam melhor custo/benefício, o trator Case LA foi “aposentado”.
MANUTENÇÃO
O produtor Hiltor relembra que as ma-
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nutenções naquela época eram executadas pelos próprios agricultores, estando entre os procedimentos mais comuns a troca de óleo, filtro, rolamentos das rodas, pistão e camisa do motor. Segundo o agricultor, no ano de 1964 foram retiradas as rodas originais até então de ferro e colocados pneus, período em que se realizou uma pintura a fim de padronização das máquinas da família.
RESTAURAÇÃO
O processo de restauração foi todo desempenhado pelo próprio produtor, que garante ter sido uma tarefa muito difícil, tendo em vista que o motor estava parado há muito tempo e as velas haviam sido retiradas do trator, o que ocasionou entrada de umidade. Após a abertura do motor, verificou-se que seria necessária a troca de algumas peças, entre elas uma camisa de pistão, a junta da tampa do
cabeçote, que teve que ser refeita sob medida devido à ausência de uma similar no mercado, os anéis do pistão e uma válvula, além da necessidade de usinagem de todas as outras sete devido ao desgaste. A embreagem também teve que sofrer reparos devido ao tempo em que ficou sem uso. Como se trata de um trator monobloco, como todos de sua época, a sua recuperação tornou-se mais árdua para o agricultor. O radiador também foi limpo, os retentores da bomba d’água tiveram que ser trocados e o dínamo passou por um processo de limpeza. A câmara de pré-aquecimento da mistura ar/combustível, embora muito danificada, teve de ser reaproveitada, pois o agricultor não encontrou outra para substituição. A restauração está próxima do fim e o plano do agricultor é finalizar o trator até a 16ª Feira Nacional do Arroz (Fenarroz), que será realizada em maio de 2010 na cidade de Cachoeira do Sul, ocasião em que pretende levá-lo para .M exposição ao público. Ulisses Benedetti Baumhardt, Airton dos Santos Alonço, Vilnei de Oliveira Dias, Hendrigo Alberto T. da Silveira e Luciano Bolzan, UFSM/Laserg
Tabela 1 – Sequência de modelos desenvolvidos em função do ano Ano de Fabricação Modelos
1911 30/60
1912 20/40
1914 12/25
1915 10/20
1916 9-18
1929 LeC
1935 RC
1938 R
1941-1942 S e LA
Quadro 1 – Principais características do trator Case LA Motor
Dados gerais
Partida Diâmetro/Curso: Potência Cilindros Válvulas Fabricante Combustível Peso Tração Marchas Direção Rodas Indicadores no Painel
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Manual ou elétrica 4.625x6 polegadas (117 mm x 152 mm) 45 HP Quatro (em linha) Oito Case Gasolina e/ou querosene 4082 kg 4x2 - Traseira Quatro para frente e uma ré Mecânica (Pinhão-Cremalheira) Ferro (Originais) Temperatura do motor, Pressão do óleo, Amperímetro
FICHA TÉCNICA
Semeadora Sol
Projetada para o plantio de grãos graúdos, a semeadora Sol permite a configuração das linhas de sementes pantográficas ou com linhas tubulares e possui opções de sete a 17 linhas
A
s semeadoras Sol Tower/Sol Quadra da Semeato são máquinas projetadas para realizar semeadura direta de grãos graúdos (soja, milho, feijão...) com precisão, com modelos que partem desde sete linhas até 17 linhas de plantio, considerando-se espaçamento nominal de 45cm. Estes modelos de máquina têm como característica principal a possibilidade de configuração montada sobre um único chassi. Esta proposta de máquina foi desenvolvida para apresentar soluções aos produtores, uma vez que esta característica de versatilidade faz com que a semeadora se adapte a diversas situações de trabalho e diversos tipos de solos e palhadas. O mesmo chassi possibilita a montagem tanto de linhas pantográficas como de linhas tubulares. É a única máquina do mercado brasileiro que oferece esta opção. Quando está montada com linhas pantográficas é chamada de Sol Tower, quando está montada com linhas tubulares é chamada de Sol Quadra, portanto, são dois modelos de máquinas disponíveis sobre um único chassi. Cabeçalho, rodados, transmissão, sulcadores de adubo, distribuidores de semente, distribuidores de adubo, limitadores de profundidade e compactadores são os mesmos para as duas configurações de máquina. Muda somente a linha da semente: pantográfica ou tubular. Sobre o mesmo chassi,
é possível montar uma série de alternativas de reservatórios de adubo e semente, tornando a máquina ainda mais versátil.
CHASSI
O chassi das semeadoras Sol é formado por tubos e cantoneiras. Possui dois tubos dianteiros onde são fixadas as linhas de adubo de forma desencontrada, para facilitar a vazão de palha e terra, diminuindo consideravelmente a probabilidade de embuchamentos. Sobre o mesmo chassi é possível realizar as seguintes montagens: Máquina normal: máquina montada com reservatório de adubo e com reservatórios individuais de sementes (bujão); Máquina com “pipoqueira”: montada com reservatório de adubo, reservatório central de sementes e “pipoqueira” sobre as linhas; Máquina Seed: montada sem reservatório de adubo, com reservatório central de sementes e “pipoqueira” sobre as linhas de semeadura. Qualquer uma destas opções pode ser montada independentemente do tipo de linha de semente que está montada na máquina: pantográfica ou tubular.
CABEÇALHO
O cabeçalho é articulável, permitindo posição de operação ou armazenamento. Apresenta regulagem de altura da ponteira através de fuso regulador para facilitar o acoplamento da máquina ao trator. O fuso de regulagem também é utilizado para realizar o nivelamento da máquina quando a mesma estiver em operação.
RODADO
Rodados internos, articulados, de atuação
Máquina Sol Quadra montada com linha tubular (acima) e Sol Tower com linha pantográfica (abaixo)
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instantânea, deslocável ao longo do eixo alternador para ajuste de espaçamentos. É composto por um braço unilateral que possibilita melhor fluxo da palha. A corrente do rodado, responsável por todo o movimento de transmissão, permanece totalmente protegida, para evitar a aderência de terra ou palha, o que poderia provocar a caída da mesma, originando falhas durante o plantio.
SULCADORES DE ADUBO
As semeadoras Sol apresentam uma série de alternativas para cortar a palha, abrir o sulco e depositar o adubo. A opção pelos diferentes sulcadores deve levar em consideração as condições de plantio: tipo de solo, palhada etc. O sulcador tipo Disco Duplo Defasado é composto por dois discos de 15” e 15.1/2” com limpadores internos reguláveis. Pode ser utilizado com ou sem disco de corte; O sulcador tipo Facão Guilhotina possui disco de 17”, com ponteira removível. Pode ser montado com ou sem disco de corte de 18”; Já o sulcador tipo Facão Afastado tem haste sulcadora de 10mm com ponteira removível, montada com disco de corte de 18” ou 20”.
LINHAS DE SEMENTE
Conforme citado anteriormente é possível a utilização de dois tipos de linha de semeadura: linha pantográfica ou linha tubular. A opção Sol Tower, montada com linha pantográfica, tem sistema de paralelogramo que permite copiar com precisão as irregularidades do terreno garantindo melhor uniformidade na profundidade de colocação das sementes. As linhas são desencontradas para facilitar o escoamento de palha e terra, diminuindo a probabilidade da
ocorrência de embuchamentos. Trabalha sob a ação de duas molas que possuem regulagem de pressão, realizada de forma fácil e prática. A transmissão ao distribuidor de sementes é realizada através de eixos e corrente. Uma única corrente que permanece totalmente protegida através de uma carenagem para evitar a aderência de terra e palha. Possui ainda uma união flexível, montada em um eixo sextavado, para absorver impactos durante a movimentação da linha. As linhas pantográficas apresentam uma articulação de 40cm. Na configuração Sol Quadra, com linha tubular, o tipo de linha é similar à linha já utilizada nas máquinas tipo PS. Elas apresentamse desencontradas e com grande flutuação. Trabalham sob a ação de um conjunto de duas molas na vertical com inúmeras possibilidades de regulagens de pressão. Ambas as linhas de semeadura apresentam sulcador do tipo disco duplo defasado de 15” e 15.1/2” de diâmetro, com limpadores internos reguláveis montados com dois rolamentos cônicos em cada disco.
LIMITADORES DE PROFUNDIDADE
Tanto a linha pantográfica como a tubular apresenta o mesmo sistema de limitadores de profundidade da semente. O sistema é formado por duas rodas limitadoras com banda de borracha flexível independente. A regulagem da determinação da profundidade de semeadura é realizada através de um manípulo de maneira fácil e rápida. Os limitadores de profundidade apresentam ainda regulagens de ângulo de trabalho e também de posicionamento em relação ao sulcador de semente. Os limitadores podem ser posicionados junto ao sulcador da semente ou ligeiramente atrás do sulcador.
COMPACTADORES
O sistema de fechamento do sulco e compactação é formado por duas rodas com banda de borracha, montadas em forma de “V”. Os compactadores apresentam regulagens de pressão de compactação realizada através de alavanca e regulagem de ângulo de trabalho realizada através de manípulo, não sendo necessária a utilização de chaves para efetuar estas regulagens.
Fotos Semeato
RESERVATÓRIO DE SEMENTES
Estão disponíveis três tipos de reservatórios de sementes, dependendo da configuração da máquina. Na opção de reservatório individual, tipo bujão, há um reservatório para cada linha, confeccionado em polietileno rotomoldado, com capacidade aproximada de 40kg/linha; A opção com reservatório central com “pipoqueira” é formada por um reservatório central de grande capacidade, confeccionado em polietileno rotomoldado, posicionado na parte de trás da máquina, sobre as linhas de semeadura. Este reservatório abastece as “pipoqueiras”, que são pequenos reservatórios com capacidade aproximada de 3kg, que estão montados nas linhas e alojam o sistema distribuidor de sementes. O sistema com reservatório central na máquina Seed possui um reservatório fabricado em polietileno rotomoldado, com capacidade ainda maior de sementes, que abastece as “pipoqueiras” montadas sobre as linhas.
Sol é confeccionado em polietileno rotomoldado, fabricado a partir de materiais nobres, que conferem à peça excelente qualidade, resistência e durabilidade. Os reservatórios são basculantes, facilitando a limpeza e o acesso aos componentes.
A
B
.M
DISTRIBUIÇÃO DE SEMENTES
A distribuição de sementes é realizada através de discos alveolados. O fabricante disponibiliza uma série de discos com diferentes espessuras, tamanhos de furos e quantidades de furos para que o sistema possa se adaptar aos mais variados tipos e tamanhos de sementes.
C
RESERVATÓRIO DE ADUBO
O reservatório de adubo das semeadoras Opções de sulcadores disco duplo defasado (a), facão afastado com disco de 18” ou 20” (b) e disco gilhotina (c)
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Fotos Semeato
Detalhe da linha tubular Sol Quadra (acima) e linha pantográfica Sol Tower (abaixo)
DISTRIBUIÇÃO DE ADUBO
A distribuição de adubo é realizada através do sistema de rosca sem-fim. A base do distribuidor é confeccionada em material termoplástico, que é de fácil limpeza e evita a corrosão dos componentes. A rosca sem-fim está alojada dentro de uma cápsula de PVC, que diminui a aderência de adubo e também diminui desgaste do sistema. A utilização da cápsula também facilita as operações de manutenção do sistema. Em função da quantidade de adubo que se deseja distribuir, estão disponíveis quatro tipos de roscas sem-fim: Rosca sem-fim 1”.3/4”: para baixas quantidades de adubo;
.M
Os rodados são internos, articulados, de atuação instantânea, deslocáveis ao longo do eixo alternador para ajuste de espaçamentos
Rosca sem-fim de 1”: para média/baixa quantidade de adubo; Rosca sem-fim de 1.1/2”: para média/alta quantidade de adubo; Rosca sem-fim de 2”: para altas quantidades de adubo.
Tandem, que serve para acoplar duas máquinas ao mesmo trator. A união das duas máquinas é realizada através dos seus cabeçalhos. Pode-se montar em .M todos os modelos, de sete até 17 linhas.
MARCADOR DE LINHAS
O marcador de linhas é hidráulico, com acionamento automático, através de válvula inversora ou independente, com acionamento isolado, necessitando de trator com comando duplo.
TANDEM
Está disponível para todos os modelos das semeadoras Sol o mecanismo denominado
É possível juntar duas máquinas pelo cabeçalho, através do mecanismo tandem
Quatro tipos de roscas sem-fim para diferentes dosagens de adubo
QUANTIDADE DE RODADOS/MODELO:
O regulador de pressão das molas linha pantográfica pode ser acessado facilmente
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O marcador de linhas é hidráulico, com acionamento automático, através de válvula inversora ou independente
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Máquina 7 Linhas: 2 rodados Máquina 9 Linhas: 2 rodados (Opção: 4 rodados) Máquina 11 Linhas: 4 rodados Máquina 13 Linhas: 6 rodados Máquina 15 Linhas: 6 rodados Máquina 17 Linhas: 8 rodados
FICHA TÉCNICA
Boxer
Fotos Montana
Com motor de 115cv e tanque de calda para dois mil litros, o autopropelido da Montana foi projetado para trabalhar em pequenas e médias propriedades
O
pulverizador autopropelido Boxer é equipado com motor MWM, turbinado, com 4,5 litros, quatro cilindros, gerando 115cv de potência. O motor é específico para uso agrícola, com as vantagens de apresentar maior reserva de torque e potência, o que acarreta em menores índices de consumo de diesel e maior durabilidade. O tanque de combustível tem a capacidade de armazenagem de 140 litros. É uma máquina que tem excelentes rendimentos em terrenos ondulados, devido a possuir um sistema de diferencial autoblocante, sistema de amortecimento pneumático ativo e baixo peso (5.200kg), proporcionando, assim, grande mobilidade e estabilidade em diversos tipos de terrenos.
CABINE
A cabine foi projetada visando o conforto e as melhores condições de trabalho ao operador, priorizando a visibilidade e a facilidade de operação. O Boxer utiliza ar refrigerado com duplo filtro de carvão ativado, garantindo ar mais puro ao operador. O ar refrigerado possui regulagem de velocidade do ar e intensidade de frio. Com estas duas funções do ar
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condicionado, o operador consegue ajustar a temperatura ideal dentro da cabine. A direção é hidrostática, o que facilita as manobras e evita a fadiga. O banco é totalmente ajustável para o pleno conforto do operador. Para isso pode-se ajustar a suspensão, para aumentar ou diminuir a resistência da mola em função do peso do operador, e a regulagem de avanço, que aproxima ou distancia o banco da direção conforme a necessidade do operador. Cinto de segurança com regulagem de tamanho também é item de série. O banco do operador tem apoio de braço para maior conforto durante o trabalho.
DIREÇÃO
A coluna de direção possui alavanca para regulagem, que ajusta a posição mais segura e confortável para o operador, além de um painel de instrumentos, onde são informadas ao operador as condições de uso e de funcionamento do pulverizador como marcador de combustíveis, conta-giros, temperatura e horímetro.
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Cabine foi projetada para oferecer conforto e facilitar a visibilidade durante as operações
O Boxer conta com um acelerador manual permitindo melhores ajustes durante o trabalho, tem uma trava de segurança a qual precisa ser liberada antes do acionamento do mesmo.
CÂMBIO E CAIXA
O Boxer tem transmissão 4x2 mecânica com cinco velocidades à frente e uma à ré, o que possibilita a adequação da velocidade de trabalho desejada. A transmissão é feita através de diferencial autoblocante e de correntes. Os freios utilizados são a disco, com acionamento hidráulico nas quatro rodas, proporcionando estabilidade na frenagem em situações adversas.
SUSPENSÃO
A suspensão é pneumática ativa, feita por quatro molas pneumáticas, que têm função de absorver e corrigir as irregularidades dos terrenos, permitindo maior estabilidade de barras e proporcionando
Modelo possui transmissão 4x2 mecânica, composta por diferencial e correntes, com cinco velocidades à frente e uma à ré
mais conforto ao operador.
SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO
O autopropelido é equipado com bomba de pulverização centrífuga e acionamento hidráulico, que proporciona um grande fluxo de água. A bomba de pulverização possui um sistema de regulagem de fluxo, que mantém constante a vazão da bomba centrífuga num intervalo de rotação do motor de 1.800rpm a 2.000rpm, mantendo a melhor eficiência da bomba de pulverização sem perda de vazão dentro deste intervalo. A agitação de calda é feita através de um agitador hidráulico tipo venturi. Este tipo de equipamento utiliza a própria vazão da bomba de pulverização para agitação da calda. A capacidade do agitador é de até 220L/min a 5bar de pressão. Um filtro pré-bomba, com elemento filtrante de malha 50, retém as impurezas contidas na calda de pulverização, evitando possíveis
danos à bomba de pulverização ou demais componentes do circuito. Os filtros de linha, de malha 80, são responsáveis pela filtragem da calda direcionada para as seções da barra. O porta-bico tem a capacidade de operar com duas pontas de pulverização, isto agiliza no momento da escolha do volume aplicado e na velocidade de aplicação. É dotado de válvula antigotejo, que corta o fluxo de água quando a pressão for inferior a 1bar. O Boxer conta com o computador Bravo 300S para gerenciar a pulverização. A função deste é o controle das seções da barra e corte geral de pulverização, controle do volume automático e manual de aplicação. O computador possui cartão de memória SD, para armazenar informações de trabalho, como área trabalhada, data e hora, distância percorrida, dose aplicada, dose programada, ponta utilizada, tempo de trabalho e volume pulverizado.
MISTURADOR
O lava-frasco tem a função de incorporar defensivo e lavar as embalagens para o melhor aproveitamento do produto químico. O sistema de lava-frasco da Montana é basculante para facilitar o trabalho do operador. A capacidade é de 20 litros para tríplice lavagem e tem sistema de segurança no acionamento do jato pressurizado, proporcionando maior segurança e comodidade ao operador.
TANQUE
O tanque de defensivos é feito de polietileno com capacidade para dois mil litros. O controle de volume no tanque é feito através do visor marcador de nível para auxiliar na operação e de um esgotador na parte inferior do tanque. A máquina possui um tanque de água limpa com 26 litros de capacidade e reservatório de detergente incorporado, para uso do operador.
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Fotos Montana
Tanque de defensivos é composto de polietileno, com capacidade para dois mil litros, equipado com visor marcador de nível
BARRAS
O autopropelido é equipado com uma barra autoestável de 21 metros, com comando de barras eletro-hidráulico, através do qual o operador, dentro da
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cabine, faz todo o acionamento de abertura e de fechamento de barras pela caixa de comando. O Boxer possui regulagem de bitola, permitindo melhor ajuste com os dife-
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A suspensão é feita através de quatro molas pneumáticas, com regulagens individuais
rentes espaçamentos de cultura. Ele sai de fábrica com o espaçamento mínimo de 2,50m e máximo de 2,70m, possibilitando trabalhar nesses dois es.M paçamentos.
mecanização Fotos José Paulo Molin
Tendências do campo
R
ecentemente, a Comissão Internacional de Engenharia Agrícola (CIGR) reuniu 20 profissionais de Mecanização e Engenharia Agrícola de diversas regiões do mundo com a intenção de iniciar um processo de desenvolvimento de novas lideranças para futuras sucessões de seus atuais integrantes. Durante 15 dias, os pesquisadores convidados realizaram visitas a diversas fábricas de máquinas e implementos da Alemanha. O professor da Universidade Técnica de Munich e integrante do CIGR, Hermann Auernhammer, acompanhou as visitas que iniciaram nas instalações da GEA Farm Technologies, fabricante dos produtos Westfalia, dentre outros. A linha de produtos é dedicada à ordenha mecânica e o destaque ficou para o robô de ordenha, sendo produzido em escala e com capacidades de uma a cinco baias cada um. Trata-se de um sistema inovador por ter levado à agricultura o conceito de robótica na sua plenitude. A vaca entra na baia e um braço robotizado instala o conjunto de ordenha após a higienização e enquanto é feita a ordenha a vaca recebe ração personalizada. Uma baia atende até 60 vacas com três ordenhas diárias, em fluxo
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Empresas da Europa dão o tom do futuro da mecanização no mundo. Máquinas inteligentes e cada vez maiores já tomam conta das lavouras europeias e aos poucos atravessam o oceano rumo às fazendas brasileiras
contínuo, sem intervenção humana. A visita à Krone, Amazone e Claas deixou claro o perfil e o estilo de empresas familiares alemãs. As três, com tamanhos distintos, se assemelham em processos industriais e gestão.
A Krone é uma empresa que recentemente optou por se dedicar a equipamentos de fenação e forragem, deixando de lado a linha de implementos de preparo de solo e outros, sendo que a medida é hoje vista como muito acertada
67th International Conference on Agricultural Engineering, realizada nos dias que antecedem a Agritechnica no Centro de Convenções, em Hannover, Alemanha
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pelos seus dirigentes. A Amazone tem uma linha que envolve adubadoras, semeadoras, pulverizadores e equipamentos de preparo de solo. A Claas, a maior do setor na Alemanha, é diversificada e muito tecnificada, atuando no segmento de tratores, colhedoras, fenação e forragem. Um fato que marcou é que as três passaram recentemente por mudanças nas suas linhas de pintura, passando a adotar pintura catalítica por imersão. Todas enfatizam que fizeram um grande investimento, mas sempre com o apoio do Ministério do Ambiente, indicando ser esta a opção de menor impacto ambiental no momento. Independentemente disso, a qualidade da pintura das máquinas é insuperável e os fabricantes a destacam. Outro aspecto marcante é o tamanho que as colhedoras de forragem autoproplelidas estão atingindo. A Krone se orgulha de produzir a máquina agrícola de maior potência do mundo, que é a colhedora de forragem autoproplelida com dois motores de 510hp cada (potência total de 750kW). Assim, as demais também seguem a tendência e apresentam máquinas com potências próximas a isso, com um ou dois motores. Todas as empresas apresentam também um forte envolvimento com a inclusão de eletrônica nas suas máquinas. A Claas se destaca tendo
Claas
Máquinas da empresa alemã Claas sempre inovam no quesito tecnologia. A colhedora da foto, por exemplo, possui sistema de nivelamento da cabine para atuação em terrenos com grandes inclinações
adquirido recentemente uma empresa especializada nesse segmento (Claas Agrosystems), com 90 especialistas, para atender a demanda interna no desenvolvimento de componentes e soluções em eletrônica e tecnologia de informação. A última visita do roteiro foi exatamente a uma empresa de eletrônica dedicada ao segmento agrícola. A Müller-Elektronik é reconhecida mundialmente e em especial no Brasil, por seus produtos e pelo intenso envolvimento com a criação da Norma ISO 11783 (Isobus) e no desenvolvimento dos seus aplicativos. Na sequência dos dois dias de visitas foi a
vez da 67th International Conference on Agricultural Engineering (AgEng2009), que foi realizada nos dias que antecedem a Agritechnica e foi realizada no Centro de Convenções, dentro do parque da própria feira, em Hannover. O tema central do evento foi “Inovação para enfrentar os desafios do futuro”. É simplesmente um evento diferente daqueles que somos acostumados a participar, como os congressos Brasileiro e Americano de Engenharia Agrícola. Um público estimado em 700 pessoas, na sua maioria era oriundo da indústria. Segundo os organizadores, 50% das apresentações de trabalhos foram de engenheiros de empresas,
Krone
de máquinas agrícolas do mundo. Não é por nada que a Alemanha detém 20% do mercado internacional do setor, contra 15% para os EUA, 10% para a Itália e 7% para a França, dentre os quatro maiores. O Brasil é o 11o nessa lista, segundo a Organização Alemã das Indústrias (VDMA). Mas o que mais marcou a apresentação de Richenhagen foi o fato de ele ter citado o Brasil por no mínimo seis vezes ao longo da sua preleção, a mais esperada e mais concorrida do evento. A América do Sul representa apenas 18% do mercado global da empresa e, no entanto, desperta uma atenção toda especial. Ele destacou as estratégias e as tendências que a sua empresa vislumbra como desafio para o futuro: veículos híbridos (diesel/elétrico), veículos autônomos e de controle remoto, diagnóstico remoto de falhas em equipamentos no campo e manutenção preventiva, produtos individualizados (personalizados), atendimento a novos limites das legislações ambientais (vibrações ao que o operador é exposto, emissões de carbono e de particulados), aumento das eficiências nos sistemas de produção (otimização no uso de máquinas e sistemas, operações e logística, custo e qualidade de insumos) e plantio e colheita de culturas para fins energéticos. A última etapa da viagem foi na Agritechnica, a maior feira de máquinas agrícolas do mundo, realizada no também maior parque de feiras fechado do mundo. Os destaques da feira ficam por conta da sua magnitude, da diversidade de máquinas e equipamentos e do tamanho que essas máquinas estão tomando. Segundo os organizadores foram 32 hectares de área coberta, ocupando dois terços do parque e com 350 mil visitantes, sendo 77 mil de fora da Alemanha. Nesse evento se percebe claramente
José Paulo Molin, USP/Esalq Daniel Marçal de Queiroz, UFV e Presidente da SBEA
José Paulo Molin
sendo que do total de apresentações 42% foi oriundo de fora da Alemanha. Trata-se de um público totalmente dedicado ao segmento de máquinas agrícolas, o que demonstra um fato não visto em outras partes do mundo, com academia e indústria disputando espaços em um evento muito concorrido. Essa indicação já havia sido dada, ao visitarmos as indústrias e os números de investimentos em P&D giravam em torno de 4% e 6% do faturamento das empresas. Uma empresa familiar como a Krone, com aproximadamente 900 funcionários, tem em torno de 90 engenheiros e 40 funcionários dedicados a testes. Alguns destaques merecem ser apontados de parte dos conferencistas da AgEng2009. O último presidente da Sociedade Europeia de Engenheiros Agrícolas, Aad Jongebreur, em sua apresentação destacou a necessidade de aumento da produção de alimentos no mundo. Em 2050 deveremos produzir o dobro do que produzimos hoje e nos aproximados 100 milhões de hectares de lavouras da Europa não haverá espaço para a produção de energia. Apontou também questões que servem para reflexões, na medida em que na América do Sul se busca a criação de um bloco inspirado na União Europeia (UE). Os fundamentos da criação da UE foram: liberdade para a circulação de produtos, serviços, capital, cidadãos e conhecimento. Os maiores problemas estão justamente no último item, pois o conhecimento ainda se mantém com características nacionais, com insuficiente cooperação internacional e duplicação de esforços. O presidente e CEO da AGCO, Martin Richenhagen, dentre outros, destacou a Alemanha como o maior centro de engenharia
que o mercado alemão está voltado para o leste europeu e demais países da antiga União Soviética. Em torno de 2.300 empresas expuseram seus produtos, sendo que 47% eram de fora da Alemanha, de um universo de 46 países. O Brasil esteve representado com um estande da Abimaq, com várias empresas do setor expondo seus produtos, além de um estande particular de empresa local. Boa parte da mecanização europeia tem pouca relação com a agricultura tropical do Brasil. Eles ainda dedicam um enorme pavilhão para equipamentos de preparo convencional de solo e as semeadoras, predominantemente de sementes miúdas, são menos robustas que as nossas. O destaque são a fenação, forragem e distribuidores de estercos líquido e sólido. O tamanho das máquinas parece não parar de crescer. A potencial expansão de terras no leste europeu, Bielorússia, Ucrânia, Rússia e outros indica a necessidade de máquinas grandes e eficientes. O agricultor familiar europeu também quer máquinas eficientes e confortáveis. As inovações ficam por conta da eletrônica embarcada, automação e robótica. A feira é organizada pela Sociedade Alemã de Agricultura (DLG), que também organiza a premiação aos expositores, com cinco medalhas de ouro e uma série de medalhas de prata. Todas as medalhas de ouro foram concedidas a empresas que estão lançando componentes ou produtos voltados para sistemas de automação em máquinas agrícolas, com ênfase para soluções compatíveis com o padrão Isobus, o que deixa claros a tendência e o caminho a ser percorrido. A viagem, com um programa intenso e a oportunidade de convívio com um grupo de colegas de várias partes do mundo, todos atuando na mesma área, foi uma oportunidade ímpar de renovar as impressões sobre uma boa parte do segmento de máquinas agrícolas do mundo, em especial daquelas regiões que nos influenciam mais intensamente. É esperado que o grupo volte a se reunir para dar continuidade ao intercâmbio, o que para nós é de fundamental .M importância.
Mais de 20 profissionais de Mecanização e Engenharia Agrícola de diversas regiões do mundo viajaram à Alemanha a convite da Comissão Internacional de Engenharia Agrícola (CIGR)
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MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2007 2008 2009
JAN 1,8 2,9 3,1
2009 OUT B 6.160 6.048 112 5.088 4.990 98 83 78 5 112 112 0 438 430 8 439 438 1
NOV A 5.334 5.304 30 4.331 4.305 26 58 53 5 164 164 0 455 456 (-)1 326 326 0
Unidades
FEV 2,4 4,0 3,6
MAR 3,0 4,3 4,1
ABR 2,9 4,5 3,9
2008
JAN-NOV C 49.854 48.282 1.572 41.383 40.181 1.202 568 461 107 1.548 1.548 0 3.026 2.921 105 3.329 3.171 158 MAI 3,2 4,7 4,0
JUN 3,4 5,1 4,2
NOV D 4.303 4.099 204 3.530 3.359 171 51 40 11 154 154 0 326 304 22 242 242 0 JUL 3,5 5,1 4,8
JAN-NOV E 50.764 49.212 1.552 40.520 39.176 1.344 684 630 54 1.722 1.722 0 4.032 3.933 99 3.806 3.751 55 AGO 3,9 5,1 5,1
SET 3,6 5,5 5,5
Variações percentuais A/D 24,0 29,4 -85,3 22,7 28,2 -84,8 13,7 32,5 -54,5 6,5 6,5 39,6 50,0 34,7 34,7 -
A/B -13,4 -12,3 -73,2 -14,9 -13,7 -73,5 -30,1 -32,1 0,0 46,4 46,4 3,9 6,0 -25,7 -25,6 0,0 OUT 4,2 5,5 6,2
NOV 3,7 4,3 5,3
DEZ 2,8 3,7
C/E -1,8 -1,9 1,3 2,1 2,6 -10,6 -17,0 -26,8 98,1 -10,1 -10,1 -25,0 -25,7 6,1 -12,5 -15,5 187,3 ANO 38,3 54,5 49,9
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA 2009 OUT B 6.160 5.088 147 102 838 1.710 1.066 1.024 201 438 52 169 54 141 22 112 83 439
NOV A 5.334 4.331 214 79 564 1.228 1.036 1.026 184 455 87 119 77 153 19 164 58 326
Unidades Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2008
JAN-NOV C 49.854 41.383 1.497 607 6.103 12.749 9.943 8.515 1.969 3.026 433 1.097 437 960 99 1.548 568 3.329
NOV D 4.303 3.530 117 40 345 958 846 1.060 164 326 45 92 65 110 14 154 51 242
JAN-NOV E 50.764 40.520 1.501 646 5.611 11.733 9.201 10.310 1.518 4.032 451 1.445 629 1.419 88 1.722 684 3.806
Variações percentuais A/D 24,0 22,7 82,9 97,5 63,5 28,2 22,5 -3,2 12,2 39,6 93,3 29,3 18,5 39,1 35,7 6,5 13,7 34,7
A/B -13,4 -14,9 45,6 -22,5 -32,7 -28,2 -2,8 0,2 -8,5 3,9 67,3 -29,6 42,6 8,5 -13,6 46,4 -30,1 -25,7
C/E -1,8 2,1 -0,3 -6,0 8,8 8,7 8,1 -17,4 29,7 -25,0 -4,0 -24,1 -30,5 -32,3 12,5 -10,1 -17,0 -12,5
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2007 2008 2009
JAN 3,2 5,9 4,7
2009 OUT B 7.009 5.831 105 151 402 520
NOV A 7.259 5.849 94 195 651 470 FEV 4,1 6,6 4,4
MAR 5,0 6,6 5,6
ABR 5,2 7,0 5,2
2008
JAN-NOV C 60.055 50.280 897 1.732 3.729 3.417 MAI 5,6 6,5 4,5
JUN 5,7 7,3 4,1
NOV D 7.438 5.831 266 130 790 421 JUL 6,5 7,6 5,6
JAN-NOV E 79.630 62.051 3.244 1.651 7.896 4.788 AGO 6,8 8,0 5,7
SET 5,8 8,0 6,1
Dezembro 2009 / Janeiro 2010 • www.revistacultivar.com.br
Variações percentuais A/D -2,4 0,3 -64,7 50,0 -17,6 11,6
A/B 3,6 0,3 -10,5 29,1 61,9 -9,6 OUT 6,8 8,8 7,0
NOV 6,3 7,4 7,3
DEZ 4,1 5,4
C/E -24,6 -19,0 -72,3 4,9 -52,8 -28,6 ANO 65,0 85,0 60,1
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JUSTIÇA EM DEBATE Schubert K. Peter - schubert.peter@revistacultivar.com.br
Lançamento é condição
A
Súmula vinculante editada pelo STF acaba com as controvérsias sobre denúncia antes do lançamento definitivo
tipificação do crime contra a ordem tributária previsto no art. 1º, inciso I, da Lei 8.137/90, depende do lançamento definitivo do tributo. Este enunciado explicita a posição do Supremo Tribunal Federal (STF) que conduziu a Proposta de Súmula Vinculante 29, aprovada pelo plenário no início de dezembro. Foi um passo importante para afastar ações penais injustas contra pessoas com defesa pendente ou em curso. A discussão sobre o assunto consistia na relação entre o lançamento tributário e a tipificação do crime. Lançamento é o ato que confere exigibilidade à obrigação tributária. Simplificando, a partir dele pode o Estado cobrar o tributo, que se torna líquido e certo (com valor sabido e comprovadamente devido).
tários podem nele ser enquadradas. Dito isso, deve-se analisar o aspecto técnico – a lógica do sistema - para entender a decisão do STF. Esse crime pertence aos “materiais”. São condutas que dependem do resultado obtido para sua caracterização. No caso, o início de qualquer procedimento criminal depende da certeza da supressão ou redução de tributo ou acessório. Em linguagem apropriada: o resultado naturalístico integra o tipo penal (sobre tipicidade penal, recomenda-se leitura do artigo do Prof. Fernando Capez, publicado na edição de dezembro da revista Cultivar Justiça). Veja-se ementa de decisão do STF no mesmo sentido:
O lançamento é precedido de mais ou menos formalidades, dependendo da sua natureza, e, dentro de um prazo legal, pode ser questionado pelo sujeito passivo. Tanto administrativamente (na própria Receita Federal do Brasil, no caso de tributos federais) ou junto ao Poder Judiciário. Generalizando, enquanto não terminada a fase onde cabem questionamentos, principalmente a administrativa, descabe ao Estado exigir o pagamento. Isso porque não haveria as já mencionadas liquidez e certeza. Tecnicamente, diz-se que a exigibilidade do crédito está suspensa.
Crime contra a ordem tributária (L. 8.197/90, art. 1º, I): infração material - ao contrário do que sucedia no tipo similar da L. 4.729/65 -, à consumação da qual é essencial que, da omissão da informação devida ou da prestação da informação falsa, haja resultado efetiva supressão ou redução do tributo: circunstância elementar, entretanto, em cuja verificação, duvidosa no caso, não se detiveram as decisões condenatórias: nulidade. (HC 75945, Relator: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 02/12/1997, DJ 13-02-1998).
Todavia, comuns eram os casos em que particularidades induziam ao oferecimento da denúncia criminal quando suspensa a exigibilidade ou, mesmo, antes de constituído o crédito tributário.
Apesar de essa decisão datar de 1998, a controvérsia persistiu. Daí a necessidade de tratar da questão em súmula vinculante.
Veja-se a redação do dispositivo da Lei 8.137/90 em discussão: Art. 1° Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, mediante as seguintes condutas:
Por fim, retornando-se ao lançamento... somente a partir dele, que confere liquidez e certeza ao crédito, pode-se saber se houve supressão ou redução de tributo e qual a sua extensão. Eis a explicação para o enunciado da PSV 29: “Não se tipifica crime material contra a ordem tributária, previsto no artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.137/90, antes do lançamento definitivo do tributo”.
I - omitir informação, ou prestar declaração falsa às autoridades fazendárias; [...] Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa. A redação é ampla. Muitas pessoas com problemas tribu-
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