Maquinas 94

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 94 • Ano IX - Março 2010 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

BC 6500

Conheça a BC 6500, a colheitadeira axial da Valtra testada por Cultivar Máquinas e descubra por que esta máquina consegue aliar tecnologia e simplicidade

Destaques

Semeadoras

Aprenda a identificar qual o tipo de graxa mais adequado para cada equipamento existente na sua propriedade

Avaliação mostra efeito da velocidade de plantio na germinação das plantas

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• Editor

Gilvan Quevedo Charles Echer

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

Pedro Batistin Sedeli Feijó

• Expedição

Dianferson Alves Edson Krause Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• REDAÇÃO

• ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2000 3028.2070

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Graxas

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Velocidade de semeadura

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Ficha Técnica - System 110

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Semeadoras Mais Alimentos

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Test Drive - BC 6500

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Biodiesel

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Ficha Técnica - HiChopper

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Colheita por varredura

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Expodireto 2010

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Coluna Estatística Máquinas

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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Simone Lopes Alessandra Willrich Nussbaum

• Impressão: • Design Gráfico e Diagramação

Rodando por aí

Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90

• Circulação

• Redação

• Comercial

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Índice

Lubrificantes

Cristiano Ceia

Capa: Charles Echer

Matéria de capa

3028.2060 3028.2065

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter Secretária Rosimeri Lisboa Alves www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Feicana

A Valtra participou em março da Feicana/FeiBio, um dos mais importantes eventos do agronegócio e vitrine da bioenergia no Brasil. A marca mostrou em Araçatuba sua linha completa de tratores, implementos e tecnologia. “Fomos os primeiros a lançar um trator a álcool nos anos 80. Em 2009, saímos na frente na liberação de 100% de biodiesel em todos os nossos produtos, com garantia de fábrica. Em 2010, patrocinamos a primeira equipe a competir no tradicional Rally Dakar com um veículo movido a etanol. Somos verdadeiros parceiros das usinas e a participação na Feicana reforça nossa liderança no setor”, avaliou Jak Torretta Júnior, diretor de Marketing da Valtra.

Novas lojas

A rede de concessionários John Deere está em expansão. No Rio Grande do Sul, o grupo SLC Comercial, com matriz instalada há 26 anos em Horizontina, abre seis novas lojas. Nos últimos dois meses foram instaladas as filiais de Cruz Alta, Santo Ângelo, Ijuí e Tupanciretã. Os municípios de Ibirubá e Três Passos ganharam lojas em formato Express.

Alta potência

Patrocinadora oficial da Feicana/FeiBio, a Massey Ferguson levou para a feira seus tratores com potência entre 150cv e 215cv, da nova Série MF 7000 Dyna-6, indicados para o plantio e manejo de grandes áreas, especialmente na cultura de cana-deaçúcar. Além desse lançamento, em uma área de 800m², a marca mostrou outros modelos voltados para a cultura de cana como os tratores da Série MF 7100. Também estiveram em exposição os modelos MF 283, MF 291 e MF 292 com câmbio lateral, da série MF 200 Advanced.

Copercampos

A 15ª edição da Copercampos, realizada entre os dias 9 e 11 de março, em Campos Novos, Santa Catarina, teve como uma das atrações o caminhão do Programa Evolução em Campo, destaque na área de demonstração da feira, localizada às margens da BR-282 – BR-343. A Case IH participou com estande, organizado em parceria com a concessionária local Meta Comércio de Produtos Agrícolas. Os visitantes puderam conhecer a tecnologia das colheitadeiras de grãos, da linha Axial-Flow, e o pulverizador Patriot 350 e, ainda, a aplicabilidade, a economia e o conforto do Farmall de 95cv, na versão cabinada.

Demonstração

A Agrimec realizou a demonstração de duas carretas graneleiras modelo AGRI-2G7 em sistema tandem a produtores rurais da região de Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Esse sistema foi desenvolvido para atender à capacidade superior de descarga (280 sacas) exigida pelo cliente. Este tipo de apresentação, além de mostrar e testar novos produtos, também aproxima a indústria do cliente final.

Melissa Trevisan Laione

Fankhauser

A Fankhauser, de Tuparendi (RS), sócia da Agrometal da Argentina, participou da Expoagro 2010, que oconteceu entre os dias 03 a 06 de março, em Baradero, Província de Buenos Aires, Argentina, expondo a linha de produtos Agrometal. A empresa que completa sessenta anos de mercado, destacou durante a feira, a nova TX PIVOT, uma semeadora autotransportável de grande porte, com tecnologia pivotante, que permite posicionar a semeadora do trabalho ao transporte em poucos minutos e sem esforço do operador.

Visita

Ucranianos e russos da empresa Agromir conheceram as unidades da Semeato de Passo Fundo, Carazinho e algumas fazendas no Rio Grande do Sul e no Paraná. O grupo de 23 pessoas veio ao Brasil, especialmente para conhecer de perto os processos tecnológicos e as máquinas da Semeato. A comitiva foi acompanhada pelo coordenador técnico para a Europa, Ásia e África, Jonas Rekowsky, e pelos técnicos da Exportação, José Senhiv e André Tognon.

Ampliação

Eduardo Gualberto

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Para reforçar sua atuação no ramo agrícola, a empresa gaúcha Agrimec, de Santa Maria, adquiriu a Idema Peças e Máquinas Agrícolas, indústria de caixas de transmissão e engrenagens módulo e especializada em correntes de transmissão padrão agrícolas ou sob projeto. É sistemista da John Deere e fornece peças de reposição para outras indústrias de maquinário agrícola. Foi fundada em 1972 por um grupo de professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).



Lubrificação exata

A escolha da graxa deve ser meticulosamente pensada. A ideia de que o produto mais barato é o que proporciona maior economia pode levar o produtor a comprometer seriamente o funcionamento dos equipamentos

Charles Echer

lubrificantes

N

ão há nada pior que máquina paralisada para manutenção de forma não esperada. A lubrificação é peça fundamental na prevenção de paradas imprevistas no maquinário e, infelizmente, muitos produtores rurais ainda efetuam esta atividade de forma bastante empírica, o que leva ao desgaste prematuro dos componentes mecânicos e sucateamento precoce de tratores, colhedoras, semeadoras-adubadoras e outros equipamentos agrícolas tão vitais para sua atividade econômica. Em face de desconhecimento sobre qual o melhor tipo de graxa a ser utilizada, a vida útil de muitos equipamentos é reduzida, tendo em vista que, à semelhança dos óleos lubrificantes, as graxas também têm suas aplicações específicas. Para elucidar melhor este assunto vamos entender o que é uma graxa: trata-se de produto cuja consistência vai de sólida a semifluida, composto de um agente espessante e de um líquido lubrificante. Alguns produtos podem ser acrescidos às graxas para lhes conferir algumas propriedades especiais. Alguns fatores como consistência, ponto de gota e agentes que a compõem devem ser considerados na escolha das graxas, pois eles indicam a finalidade de cada tipo.

CONSISTÊNCIA DA GRAXA

É a propriedade que indica quão resistente a graxa é à deformação. É medida por aparelho chamado penetrômetro, sendo a consistência indicada pelo grau NLGI (National Lubricating Grease Institute), conforme apresentado na Tabela 1. A grande maioria das graxas utilizadas tem grau NLGI 2. Mas algumas aplicações específicas exigem graxa com outros graus. Por exemplo, fusos de colhedoras de algodão utilizam graxas NLGI 00. Utilizar graxas com grau NLGI acima do recomendado para o equipamento provoca obstrução das tubulações condutoras de graxa.

PONTO DE GOTA

O ponto de gota é a temperatura na qual a graxa passa do estado sólido ou semissólido ao estado líquido. Porém, a temperatura máxima de trabalho de uma graxa situa-se abaixo do ponto de gota da graxa e é fundamental consultar o fabricante da graxa sobre a temperatura máxima de trabalho suportada pela graxa para que não ocorram danos às partes a serem lubrificadas. Vamos considerar a seguir alguns tipos de graxas e suas aplicações.

BASE DE SABÃO DE CÁLCIO

As graxas à base de sabão de cálcio são resistentes à ação da água, mas devem

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Marcos Thadeu Lobo

ser utilizadas em baixas temperaturas de trabalho, tendo em vista que o ponto de gota deste tipo de graxa fica na ordem de 90ºC a 100ºC. Não devem ser utilizadas em mancais de rolamento e geralmente são usadas para lubrificação de mancais planos (buchas) em baixas temperaturas de operação. Acrescidas de grafite em pó tornam-se muito interessantes para a lubrificação de cabos de aço em pontes rolantes e guinchos ou em pistas e roletes de apoio de secadores de tambor rotativo.

BASE DE SABÃO DE LÍTIO

As graxas à base de sabão de lítio são graxas resistentes à ação da água, com ponto de gota na faixa de 170ºC a 200ºC e são largamente utilizadas na lubrificação de mancais de planos e de rolamento. Quando se adiciona dissulfeto de molibdênio a estas graxas, tornam-se muito práticas ao uso em ambientes poeirentos, tais como os existente em época de plantio e colheita, haja vista que o dissulfeto de molibdênio forma uma película bastante aderente às superfícies metálicas, reduzindo o desgaste abrasivo provocado pela poeira. São muito utilizadas, também, na lubrificação de cruzetas de cardã.

Alguns equipamentos como fusos de colhedoras de algodão, por exemplo, devem utilizar graxas NLGI 00, com consistência menor

BASE DE POLIUREIA

Essas graxas têm elevado ponto de gota e são resistentes à ação da água, mas seu custo é mais elevado. São próprias para uso em locais onde se deseja longos intervalos sem relubrificação, tais como em lubrificação de mancais de rolamento de motores e geradores elétricos.

GRAXAS À BASE DE SABÃO COMPLEXO DE LÍTIO

As graxas à base de sabão complexo de lítio são resistentes à ação da água, têm custo bastante razoável e sua temperatura de trabalho fica na ordem de 250ºC. São excelentes para a lubrificação de mancais


Fotos Marcos Thadeu Lobo

Graxas à base de sabão de cálcio são indicadas para lubrificação de cabos de aço, guinchos e roletes de apoio de secadores de tambor rotativo

planos e de rolamento como os encontrados em cubos de roda e digestores de carne e sangue em frigoríficos. Apesar de seu custo ser pouco superior às graxas de sabão de lítio suportam muito bem regimes severos de operação com maiores intervalos de relubrificação, prolongando a vida útil do equipamento. Se acrescidas de dissulfeto de molibdênio têm sua eficiência muito aumentada e tornam-se excelentes para uso em locais de muita poeira como os em que trabalham os tratores florestais.

GRAXAS À BASE DE ARGILA BENTONITA

Resistentes à ação da água, as graxas à base de argila bentonita suportam temperaturas de trabalho na faixa de 260ºC. Estas graxas não escorrem quando aquecidas e tendem a carbonizar, motivo pelo qual seu uso deve ser criterioso e a relubrificação

frequente. Têm boa aplicação em mancais de rolamento de exaustores de caldeira.

GRAXAS À BASE DE SABÃO COMPLEXO DE ALUMÍNIO

Estas graxas são muito utilizadas em indústrias alimentícias onde há o risco de contato ocasional da graxa com produtos alimentícios. São chamadas de graxas “food grade” e bastante demandadas em laticínios, frigoríficos, fábricas de macarrão, esmagadoras de soja, usinas de açúcar etc. Geralmente estas graxas são certificadas por organismos nacionais (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) ou internacionais (National Sanitation Foundation). A escolha da graxa é assunto a ser meticulosamente estudado. Nem sempre a graxa de menor custo é a que proporciona maior economia. Devemos ter em mente que o custo de máquina parada é muito maior que o que se tem ao utilizar uma graxa de melhor desempenho e de maior custo imediato. Desgaste prematuro ocasionado pelo uso de graxas inadequadas não são facilmente perceptíveis e, muitas vezes, a avaria nem

Graxas à base de sabão de lítio são muito utilizadas na lubrificação de cruzetas de cardãs

Tabela 1 Grau Penetração Forma genérica NLGI trabalhada a 25oC de aplicação 000 445 - 475 Semifluida/Sist. centralizados 00 400 - 430 Semifluida/Sist. centralizados 0 355 - 385 Sistemas centralizados 1 310 - 340 Engraxadeira manual/Sist. centralizados 2 265 - 295 Engraxadeira manual/Sist. centralizados 3 200 - 250 Engraxadeira manual 4 175 - 205 Engraxadeira pressurizada 5 130 - 160 Copo graxeiro 6 85 - 115 Graxa em bloco, muito dura/mancais abertos

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Produtos à base de poliureia são próprios para uso em equipamentos com longos intervalos sem relubrificação

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Por resistir a altas temperaturas, graxas à base de argila bentonita são usadas em mancais de rolamento

sempre é associada ao uso de uma graxa imprópria. Este artigo não tem a pretensão de esgotar o assunto sobre a escolha correta de graxas e a intenção é sensibilizar os usuários de graxa a não fazer escolhas sem atentar para as especificações técnicas do produto. Em outro artigo abordaremos os cuidados a serem tomadas no manuseio e .M armazenagem das graxas. Marcos Thadeu G. Lobo Petrobras Distribuidora S.A



semeadoras

Mais veloz

Fotos Fabio Alexandre Chavichioli

Estudo simula trabalho em diferentes velocidades de semeadura e populações de plantas em milho no sistema de plantio direto

O

processo de produção de milho depende diretamente do objetivo do empreendimento: produção de grãos, silagem ou milho verde, reforma de pastagens, de canaviais ou pomares citrícolas. Para cada situação tem-se uma análise econômico-financeira e a opção pelo nível de investimento, com a consequente escolha da cultivar de milho mais adequada. A área semeada de milho totalizou na primeira e segunda safras 14,1 milhões de hectares e na produção de milho total foi de 50,1 milhões de toneladas, com destaque para os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás, Bahia e Tocantins. A semeadura realizada no espaçamento e profundidade ideal torna-se de fundamental importância, pois a produtividade é função do estande e do número de espigas viáveis. Na busca por esse entendimento, os resultados de pesquisas são bastante divergentes, geralmente concluindo que o aumento da velocidade de avanço do conjunto motomecanizado prejudica uma ou mais das variáveis estudadas. De acordo com os resultados

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de trabalhos, conclui-se, não haver um valor de velocidade absoluto como melhor ou pior, mas um valor relativo a ser encontrado para cada situação estudada. Diante disso, este trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de duas velocidades do conjunto trator-semeadora-adubadora e três populações de plantas na cultura do milho. A cultura do milho foi implantada na área da Fazenda de Ensino, Pesquisa

e Produção da Unesp/Jaboticabal (SP). O solo da área experimental é classificado como Latossolo Vermelho Eutroférrico Típico, A moderado, textura argilosa e relevo suave ondulado, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos (Embrapa, 1999). Os fatores avaliados foram duas velocidades de deslocamento do conjunto trator-semeadoraadubadora (4,5km h-1 e 6,5km h-1), definidas em função da potência do trator

O ensaio para avaliar o efeito da velocidade no plantio de milho foi implantado na área da Fazenda de Ensino, Pesquisa e Produção da Unesp, em Jaboticabal (SP)

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As velocidades testadas não interferiram na profundidade de semeadura, no número de dias para emergência e na distribuição longitudinal

utilizado, e três populações de plantas de milho (55.000, 60.000 e 75.000 plantas ha-1), definidas em função do híbrido escolhido, com quatro repetições, perfazendo um total de 24 parcelas. As parcelas ocuparam uma área de 300m2, sendo 25m de comprimento por 12m de largura. Entre as parcelas foram deixados, no sentido longitudinal, 15m, destinados a manobras e estabilização da velocidade de deslocamento do conjunto. Foram utilizadas sementes de milho Zea mays L., híbrido DKB-390, em espaçamento de 0,90m entrelinhas. A adubação de plantio e de cobertura foi realizada em função do resultado da análise química

do solo. A adubação de cobertura foi realizada 30 dias após a emergência e foram aplicados herbicida e inseticidas de acordo com a necessidade da cultura durante seu ciclo. A semeadora-adubadora de precisão utilizada no experimento foi o modelo COP Suprema 7/4, da Marchesan, com disco vertical pneumático para distribuição de sementes, haste sulcadora para abertura do sulco de deposição do adubo e discos duplos para sementes, com profundidade de deposição regulada para 5cm e rodas aterradoras-compactadoras duplas em “V”, operando com quatro fileiras de semeadura. A semeadora-

A semeadora utilizada foi uma COP Suprema 7/4 da Marchesan, com disco vertical pneumático

adubadora foi tracionada por um trator Valtra BM 110 4x2 TDA, com 83,3kW (110cv) de potência no motor. Foram avaliados a profundidade da semeadura, o número médio de dias para a emergência e a distribuição longitudinal de plântulas. A avaliação da profundidade da semeadura foi realizada após a estabilidade de emergência das plântulas, cavando-se ao redor da planta até encontrar a semente, medindo-se em seguida da base da semente até a superfície do solo, sendo realizadas três avaliações por parcela. A avaliação do número médio de dias para a emergência foi realizada com a contagem diária de plântulas emergidas, até a


Fotos Fabio Alexandre Chavichioli

Pesquisadores da Unesp Jaboticabal avaliaram os efeitos da velocidade de plantio na cultura do milho

estabilização (mesma contagem por cinco dias consecutivos), em três metros, nas duas fileiras centrais de cada parcela. A população inicial foi considerada como o número de plântulas resultante das contagens sucessivas na determinação do número médio de dias para emergência, após a estabilização, convertidos em plantas por hectare. A variável população final foi obtida no mesmo local da contagem do número médio de dias para emergência. A regularidade de distribuição longitudinal ou uniformidade de espaçamentos entre plantas na linha de semeadura foi determinada mediante a mensuração da distância entre todas as plantas existentes em uma faixa de três metros, em duas fileiras centrais de cada parcela experimental. Os espaçamentos entre as plantas (Xi) foram analisados mediante

classificação proposta por Kurachi et al (1989) determinando-se o percentual de espaçamentos correspondentes às classes: normais (Xref < Xi < 1,5. Xref), duplos (Xi < 0,5. Xref) e falhos (Xi >1,5. Xref), baseado em espaçamento de referência (Xref) de acordo com a regulagem da semeadora. Para expressar a regularidade dos espaçamentos entre plantas, foi determinado o coeficiente de variação de todos os espaçamentos. Os resultados foram submetidos à análise de variância e quando houve significância, aplicou-se o teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na Tabela 1 são apresentados os resultados obtidos para profundidade de semeadura (PS), número médio de dias para emergência (NDE) e distribuição longitudinal para a cultura do

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Fabio Alexandre Cavichioli, Carlos Eduardo Angeli Furlani, Rafael Scabello Bertonha, Rouverson Pereira da Silva e José Maria do Nascimento, Unesp

Tabela 1 - Profundidade de semeadura (PS), número médio de dias para emergência (NDE) e distribuição longitudinal para a cultura do milho FATORES

Dosador pneumático possibilita maior precisão na deposição de sementes mesmo em velocidades maiores

milho. Pode-se observar que os fatores analisados, bem como a interação entre os mesmos, não afetaram as variáveis estudadas. A profundidade média de semeadura foi de 3,4cm e o número médio de emergência de plântulas foi de 6,6. Com relação à distribuição longitudinal, na média geral, os espaçamentos duplos representaram 21,2% dos espaçamentos avaliados em toda a área, enquanto que 62,5% dos espaçamentos foram normais e 16,2% falhos. Estes valores se aproximam dos obtidos em diversos estudos, que apontam a uniformidade de distribuição longitudinal de sementes como uma das características que mais contribuem para um estande adequado de plantas e, consequentemente, para a melhoria da produtividade da cultura. Os resultados aqui obtidos concordam com trabalhos, que também não encontraram diferenças para espaçamentos normais, falhos e duplos, trabalhando com semeadura de milho em velocidades de 4,4 e 6,1km h -1 . No entanto, segundo os autores, as velocidades de semeadura de 4,4 e 6,1km h -1, com relação à distribuição longitudinal, apresentaram desempenho significativamente melhor ao obtido na velocidade de 8,1km h -1. O maior percentual de distribuição longitudinal foi de espaçamentos normais. As velocidades testadas não interferiram na profundidade de semeadura, número de dias para emergência e na .M distribuição longitudinal.

Velocidades (V) V1 (4,5km h-1) V2 (6,5km h-1) População de plantas (P) P1 (55.000 plantas ha-1) P2 (60.000 plantas ha-1) P3 (75.000 plantas ha-1) Teste F V P VxP CV %

PS (cm)

NDE Duplo

Distribuição longitudinal (%) Normal

Falho

3,3 a 3,4 a

6,6 a 6,7 a

22,7 a 19,8 a

59,8 a 65,2 a

17,5 a 14,9 a

3,5 a 3,3 a 3,2 a

6,7 a 6,7 a 6,5 a

20,7 a 23,9 a 19,4 a

61,0 a 61,4 a 65,2 a

18,3 a 15,0 a 15,3 a

0,51NS 1,07NS 1,61NS 10,18

0,17NS 0,32NS 0,03NS 7,30

0,68NS 0,50NS 0,02NS 39,85

1,32NS 0,32NS 0,11NS 18,40

1,00NS 0,65NS 0,45NS 39,60

NS: não significativo; PS: Profundidade de semeadura; NDE: Número de dias para emergência

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FICHA TÉCNICA

Novo filão Parceria mundial entre a AGCO e a norte-americana Topcon Precision Agriculture projeta a Valtra no mercado de fornecimento de equipamentos de Agricultura de Precisão para produtores brasileiros

• Aumento do rendimento operacional, liberando o operador para que fique focado na máquina já que as válvulas operam automaticamente; • Ganho Ambiental: deixa-se de aplicar defensivos desnecessários e em excesso; • Economia de combustível; • Menor custo da operação; • Relatório da operação gerado em PDF. O ASC-10 pode ser utilizado nas diferentes condições de campo, além de contar com sistema de fácil instalação. O produtor poderá comprar o equipamento já com o chicote elétrico pronto para acoplar ao seu pulverizador. Em 2010 o conjunto System 110 mais ASC 10 estará disponível em todas as con.M cessionárias Valtra do país. Fotos Valtra

D

urante o ano de 2010 a Valtra prepara uma sequência de lançamentos de sua linha de produtos para Agricultura de Precisão, frutos da parceria mundial entre a AGCO e a norte-americana Topcon Precision Agriculture, suportados pela divisão de tecnologia do grupo chamada Advanced Technology Solutions (ATS). O primeiro resultado dessa parceria é o System 110, lançado no final de 2009. Trata-se de um sistema de barra de luzes que tem conquistado mercado e projetado a Valtra como novo fornecedor de produtos de tecnologia para os agricultores brasileiros. Em 2010 o primeiro lançamento foi o ASC-10, sistema de controle de seção automático para o uso em pulverizadores. O

ASC-10 é um produto que pode ser incorporado ao System 110, fazendo com que este conjunto possa controlar automaticamente o desligamento dos bicos de um pulverizador, com capacidade para controlar até dez seções individualmente. O sistema trabalha ligando e desligando as seções do pulverizador (uma seção é um conjunto de bicos controlados por uma válvula elétrica), evitando sobreposições e falhas na aplicação. O conjunto System 110 mais ASC-10 trabalha com tecnologia GPS, marcando as áreas onde as aplicações foram feitas, de modo a evitar que sejam realizadas novamente no mesmo local (sobreposição) e também desligando as seções quando o operador sai da área delimitada para a aplicação. Todo o processamento é feito no System 110, que passa o comando de ligar ou desligar para o ASC-10 (que então assume a função de controlador automático das válvulas).

Características do ASC-10

• Economia no uso de defensivos, através da eliminação de sobreposição; • Eliminação das falhas de aplicação na lavoura;

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semeadoras

Mais plantio direto

John Deere

Assim como os tratores de até 75cv, as semeadoras tracionadas por esta faixa de potência também podem ser adquiridas pelo programa Mais Alimentos do Governo Federal. Entre os diversos modelos e marcas disponíveis, algumas características são requisitos básicos para serem financiáveis

O

programa Mais Alimentos do Governo Federal, em pouco mais de um ano comercializou cerca de 20 mil tratores no país. Segundo o Portal do Ministério do Desenvolvimento Agrário, o programa deve se tornar uma linha de crédito permanente do plano safra da agricultura familiar ainda este ano. Além de tratores, o programa se destina ao financiamento, com juros de 2% ao ano, de máquinas e equipamentos agrícolas em projetos de até R$ 100 mil para serem pagos em até dez anos com três de carência. Dentre os equipamentos financiados, estão as semeadoras-adubadoras para o Sistema Plantio Direto; assim, foi realizado o levantamento dos modelos de semeadoras disponíveis no mercado nacional que poderiam ser tracionadas pelos tratores financiados pelo programa devido a sua necessidade de potência. Todas as informações apresentadas foram retiradas de sites, folhetos e informativos com dados dos próprios fabricantes. Os modelos foram classificados de acordo com o número de unidades de semeadura, espaçamento entrelinhas, capacidade de fertilizante e semente (total e por linha), potência do trator

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(total e em cv por linha), tipo de dosador de sementes e fertilizante, mecanismo sulcador, culturas recomendadas e tipo de

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engate. Foram encontradas pelo menos 16 marcas e 90 modelos de semeadoras para tratores de até 75cv de potência.

Acoplamento aos três pontos do sistema hidráulico ainda é maioria nas semeadoras para tratores de até 75cv


Fotos Vilnei Dias

TIPO DE ACOPLAMENTO

Metade dos modelos possui o acoplamento ao trator na forma de três pontos; isso para semeadoras de pequeno porte facilita manobras em áreas demasiadamente pequenas e arremates no momento da semeadura; o modo de acoplamento ao trator na forma de arrasto está disponível na outra metade dos modelos sendo que algumas dessas possibilitam a escolha entre os dois tipos de engate.

CULTURAS RECOMENDADAS

Grande parte dos modelos é apenas para a semeadura de grãos graúdos (verão), mas para aqueles que necessitam de uma máquina que tenha uma ampla capacidade de semear várias culturas, existem alguns modelos múltiplos (inverno/verão). Acredita-se que a gama de modelos para culturas semeadas em precisão ou em fluxo contínuo (múltiplas) poderia ser maior.

DOSADOR DE FERTILIZANTES

Os dosadores com rosca sem-fim equipam mais de 60% das semeadoras amostradas; por ser considerado um dosador de boa precisão, mostra que mesmo sendo máquinas de pequeno porte existe o cuidado com a precisão na dosagem de fertilizantes. Ainda assim, existe uma grande variedade de dosadores de adubo nas semeadoras de pequeno porte estudadas, possibilitando ao produtor uma escolha adequada a sua necessidade.

DOSADOR DE SEMENTES

Todos os modelos são equipados com sistema de dosador horizontal com dis-

Dosador de fertilizantes rosca sem-fim é oferecido em mais de 60% dos modelos

Dosador de sementes pneumático é oferecido em menos de 8% dos modelos

co alveolado, alguns têm com opcional o sistema pneumático, que por ser um sistema de alta precisão na distribuição de sementes demonstra o alto grau tecnológico dessas máquinas. Alguns modelos de inverno/verão são equipados com rotor acanalado, sistema esse que permite boa precisão na semeadura de sementes finas e de fácil regulagem.

função da composição do fertilizante. Pela facilidade de abastecimento, o produtor pode optar pelos modelos de “caixa única”, com os dosadores posicionados no mesmo reservatório. A média de capacidade dos reservatórios foi de 72,2 litros por linha.

CAPACIDADE POR LINHA

A grande maioria dos modelos tem capacidade entre 38kg e 50kg de sementes por linha. Isso demonstra certa padronização no tamanho dos reservatórios. Quanto ao material empregado, a maioria dos reservatórios de sementes é fabricada em polietileno, o que vem sendo observado há algum tempo na indústria de semeadoras. Quanto aos reservatórios de fertilizante, mais da metade dos modelos apresenta capacidade entre 50 e 100 litros por linha, variando é claro, em

SULCADORES

De aproximadamente 90 modelos pesquisados, cerca de 84% dispõem dos dois tipos de sulcadores mais comumente utilizados: disco duplo defasado/desencontrado e ou disco de corte seguido de facão afastado/aproximado. Apenas três marcas apresentam modelos em que o sulcador de fertilizantes é oferecido apenas na versão disco de corte mais facão.

NÚMERO DE LINHAS E ESPAÇAMENTOS

Foram encontrados modelos de duas a 16 linhas para culturas semeadas em precisão e em fluxo contínuo, respectivamente. A capacidade de adequação

Dos 90 modelos pesquisados, cerca de 84% dispõem dos dois tipos de sulcadores mais comumente utilizados: disco duplo defasado/desencontrado e ou disco de corte seguido de facão afastado/aproximado

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Percentual de opções oferecidas com as características: tipo de acoplamento, especificidade de culturas, tipo de dosador de fertilizantes e sementes

de espaçamento, sendo 40cm o menor que pode ser obtido. As semeadoras que apresentam barra porta-ferramentas e sistema de transmissão transversal

Vilnei Dias

do espaçamento entrelinhas variou de 17cm para as múltiplas, até 135cm para as semeadoras de precisão. A maioria dos modelos apresenta restrição na redução

com ampla capacidade de adaptação de transmissão para as linhas saem na frente neste quesito. O produtor deve ficar atento à facilidade de adequação do número de linhas, pois esta regulagem se faz necessária de acordo com as recomendações da cultura. O milho, por exemplo, hoje em dia pode ser semeado em espaçamentos variando de 40cm até mais de 100cm, de acordo com o nível tecnológico do agricultor.

NECESSIDADE DE POTÊNCIA

Barra porta-ferramentas facilita a regulagem do espaçamento entrelinhas e é um item que deve ser observado pelo produtor na hora da compra

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Chama a atenção neste critério que 29% dos modelos pesquisados apresentaram potência específica em cv por linha de semeadura maior que 15. Esperava-se correlação deste item com o critério capacidade de fertilizante por linha, mas isso não ocorreu. De outro modo, 38% dos modelos apresentam necessidade de potência de até 12cv por linha, sendo o menor valor pesquisado de 10cv por linha. O maior valor encontrado foi de 25cv por linha; este valor está bastante acima da média, que é de 14cv, o que talvez seja explicado por uma não criteriosa determinação da potência requerida de algumas marcas. Trabalhos demonstraram também, que a necessidade de potência do implemento está relacionada à geometria da ponteira sulcadora; logo, se cada marca apresenta uma ponteira de configuração própria, a


Percentual de opções oferecidas com as características: capacidade de fertilizante, tipo de sulcador de fertilizante e potência requerida

necessidade de potência também será diferente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O programa Mais Alimentos do Governo Federal apresenta uma importante alternativa para aquisição de máquinas e equipamentos por pequenos produtores rurais. Dentre as semeadorasadubadoras para plantio direto pesquisadas, existe

uma grande diversidade de marcas e modelos, com características comuns ou contrastantes entre si. Cabe ao produtor escolher a que melhor se adapte ao seu trator e sistema de produção, visto que a semeadura representa o passo inicial para .M uma boa safra. Vilnei de Oliveira Dias, Paulo Roberto Bedin, Airton dos Santos Alonço, Ulisses Benedetti Baumhardt e Hendrigo da Silveira, Laserg- UFSM


capa

BC 6500

Testamos em primeira mão a BC 6500, a mais nova integrante da linha axial da Valtra, que mostrou que simplicidade, tecnologia e eficiência podem ser encontradas numa mesma máquina

H

á pouco mais de dois anos a Valtra, empresa do grupo AGCO, entrava no disputado mercado de colhedoras no Brasil, aumentando o seu portfólio de máquinas agrícolas. A empresa oferece duas colhedoras bastante distintas, a BC 4500 e a BC 7500 Axial. Desde o lançamento, as máquinas com sistema de fluxo axial de material cresceram no mercado, que passou a aceitar progressivamente este tipo de máquina. As máquinas com fluxo axial de material caracterizam-se pela eficiência e suavidade no processo de trilha e separação de grãos, que resulta em uma menor quantidade de grãos quebrados em comparação ao sistema de fluxo tangencial, o tradicional. Atualmente, as máquinas de fluxo axial correspondem a 45% do mercado de colhedoras no país e 95% das máquinas da classe VI. Com base nesta realidade, a Valtra aposta no sucesso da sua nova colhedora, a BC 6500 Axial, como um modelo intermediário e mais acessível a médios produtores, dentre os ofertados pela empresa.

ESPECIFICIDADES DO TESTE

No último dia 11 de março fomos ao município de Sertaneja, no norte do Paraná,

e tivemos o privilégio de realizar o teste desta máquina na Fazenda Bem-Te-Vi, propriedade da família Barros, que possui uma área de 500ha de soja e milho cultivado em “safrinha”. O local apresenta relevo ondulado, caracterizando-se pela agricultura intensiva com o predomínio da cultura da soja. Fomos assessorados pelas equipes de marketing e comercial da fábrica e da concessionária autorizada Valtra, Tork, que nos acompanharam no teste. O concessionário possui sede na cidade de Cornélio Procópio e atua há mais de 40 anos na região. Avaliamos o trabalho da BC 6500 na colheita da cultivar de soja Brasmax Potência RR, com velocidades de trabalho entre 5,0km/h e 7,0km/h. A lavoura apresentava produtividade ao redor de 3.300kg/ha, com espaçamento entrelinhas de 0,45m. Nestas condições de operação, com umidade da massa de grãos em torno de 11%, não foi possível detectar perdas significativas. Mesmo em terreno ondulado, a colhedora realizou a tarefa com boa estabilidade e eficiência nas manobras, em parte devido a sua distribuição de peso sobre os eixos (motor próximo ao eixo traseiro e tanque de combustível próximo ao eixo dianteiro). Notamos que o vão livre mínimo de 0,41m combinado à reduzida distância entre eixos

Para tarefas simultâneas de colheita e descarga de grãos o motor disponibiliza uma potência extra de 30cv

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(3,71m) possibilita o deslocamento da máquina transversalmente sobre terraços de base larga, sem riscos de danos à parte inferior dos elevadores de grãos e da retrilha e sem provocar o acavalamento e a consequente imobilização.

MOTOR E TRANSMISSÃO

A BC 6500 Axial é uma colhedora de fabricação nacional da classe VI, competindo no mercado com a John Deere 9650 STS, a Case 2388 e a Massey Ferguson 9690, e com configurações similares às da BC 7500 Axial, a irmã maior, que está há aproximadamente dois anos no mercado. O motor da BC 6500 é o AGCO Sisu Power Citius, com volume de 8,4 L e 24 válvulas do tipo cross-flow, que aumentam a circulação de ar na câmara, melhorando a combustão. O sistema cross-flow aumenta a circulação de ar na câmara melhorando a combustão. Este motor desenvolve 305cv de potência nominal a 2.100rpm e, em sobrecargas (1.900rpm), disponibiliza uma reserva de potência chegando aos 325cv. Para tarefas simultâneas de colheita e descarga de grãos o motor disponibiliza uma potência extra de 30cv. Destacamos o sistema eletrônico de injeção Bosch, do tipo common-rail, e classificação Tier III, quanto à emissão de poluentes. O reservatório de combustível tem capacidade de 605L e localiza-se entre a cabine e o graneleiro, o que confere maior estabilidade à colhedora. Segundo informações da Valtra, seus motores Sisu Power estão aptos a utilizar biodiesel B100, um diferencial positivo da marca.


Fotos Cultivar

Motor hidráulico é responsável pelo acionamento do rotor de 700mm de diâmetro e 3.556mm de comprimento

O sistema de transmissão constitui-se de uma caixa mecânica Constant Mesh de quatro velocidades, acionada hidrostaticamente por uma bomba Sauer-Danfoss que trabalha em série com a bomba que aciona o rotor. As máximas velocidades são de 5,1km/h na primeira marcha, 10,4km/h na segunda marcha, 16,6km/h na terceira marcha e de 33,7km/h na quarta marcha. A máquina testada estava equipada com pneus diagonais 18.4-26 R1 no eixo traseiro e 30.5R-32 R1 no dianteiro, mas há opção para rodados duplos com pneus 20.8R-38. Esta colhedora tem peso total de 14.325kg com a máquina em vazio e 15.650kg na opção com rodados duplos.

SISTEMA DE COLHEITA

O projeto da plataforma de corte e do canal alimentador é primordial para o correto funcionamento do rotor axial, uma vez que há necessidade de fluxo uniforme do material colhido para que se obtenha maior qualidade na trilha e separação dos grãos. A máquina que testamos operava com uma plataforma de corte com controle automático de altura e flutuação lateral, destinada, entre outros grãos, à colheita da soja. As plataformas Valtra Série 500 apresentam largura de corte de 25 pés (7,63m) ou 30 pés (9,15m). Já para a colheita de milho, a colhedora pode ser equipada com plataforma de no máximo dez linhas com espaçamentos ajustáveis entre 0,45m e 0,90m, reduzindo-se o número de

linhas quanto maior for o espaçamento. Para aumentar a agilidade nas reações às inconformidades do terreno tem-se um acumulador hidráulico, similar a um amortecedor, que proporciona maior velocidade de resposta dos comandos da plataforma. O sem-fim de alimentação da plataforma de corte apresenta diâmetro de 660mm e chapas de parede dupla no centro do caracol que conferem maior resistência ao conjunto. As velocidades são de 153rpm (cereais de inverno e arroz) e de 117rpm (soja e culturas de fácil debulha). A barra de corte apresenta seus dedos duplos em aço forjado e é suportada por um sistema de paralelogramo que mantém o mesmo ângulo de corte da navalha dentro de sua faixa de flutuação (113mm). Para operar com a plataforma rígida (colheita de cereais de inverno e de arroz), o sistema de flutuação da barra de corte pode ser bloqueado. O molinete, que tem braços curvos, é acionado por meio de um sistema de transmissão hidrostática. Apresenta dedos plásticos flexíveis e opera com velocidades que variam entre 0 e 72rpm. Esta plataforma apresenta ainda deslizadores sob a sua estrutura que se conectam a quatro sensores associados a potenciômetros e ligados a um processador, controlando automaticamente a altura de corte e a flutuação lateral. O acoplamento e desacoplamento da plataforma à

máquina pelo sistema single point é bastante prático, uma vez que uma única alavanca de conexão comporta todas as funções elétricas e hidráulicas do sistema. O rolo frontal do elevador de palhas oscila verticalmente de acordo com o volume de material que entra no canal alimentador, com largura de 1,12m. A esteira de transporte é composta por três correntes e barras transversais em formato de “U” fixadas com parafusos e montadas alternadamente. Esta colhedora apresenta ainda um rolo acelerador (alimentador frontal) entre a saída do canal alimentador e a entrada do rotor axial. A função é direcionar a palha para o centro do rotor e proporcionar uma alimentação contínua, além de proteger o rotor de materiais estranhos, direcionando-os à caixa coletora de pedras que se esvazia graças a uma alavanca de descarga.

SISTEMA DE TRILHA E SEPARAÇÃO

Seu rotor de fluxo axial é o maior da categoria, pois apresenta 700mm de diâmetro e 3.556mm de comprimento e é acionado por motor hidráulico, proporcionando velocidade constante sob qualquer regime de rotação do motor. Com o motor a 2.100rpm, o rotor opera em baixa (175-746rpm) ou alta velocidade (175-980rpm). Recomenda-se a faixa de menor velocidade, exceto para cereais de inverno e culturas de difícil debulha,

O motor da BC 6500 é AGCO Sisu Power Citius, com volume de 8,4L e 24 válvulas, gerando 305cv de potência nominal a 2.100rpm e, em sobrecargas (1.900rpm), tem uma reserva de potência chegando aos 325cv

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O sistema de monitoramento permite acompanhamento preciso das múltiplas tarefas realizadas O reservatório de combustível está entre a cabine e o tanque graneleiro, garantindo a estabilidade

e a seleção dá-se de forma simples através do movimento de uma alavanca localizada na lateral esquerda da máquina. Com a trilha desligada, o operador pode acionar da cabine o reversor hidráulico do rotor que permite aliviar possíveis sobrecargas de material colhido. A área de trilha consta de seis fileiras de barras dentadas com um total de 19 barras de fluxo contínuo passíveis de remoção e/ou deslocamento, e duas barras reversoras, que retêm e agitam o material no final da área de trilha e podem ser removidas na colheita de grãos frágeis (feijão). A penúltima seção do rotor é a área de separação de grãos, equipada com três filas de barras raspadoras (cinco barras por fila) que mantêm o fluxo do material em torno do rotor e melhoram o desempenho da separação na presença de material como plantas daninhas ou palha úmida. A última seção do rotor é a área de descarga, onde seis pás direcionam os resíduos para fora, de forma centralizada, sobre um picador ou um espalhador de palha. Até 42 facas removíveis podem ser montadas em torno do rotor, variando a agressividade do mesmo. Para milho, as facas devem ser

Diversos pontos para acoplamento de luzes de serviço podem ser encontrados na máquina

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A área de trilha consta de seis fileiras de barras dentadas e pode ter até 42 facas removíveis

retiradas para evitar a quebra dos sabugos; para soja são montadas 21; para feijão 15 e para trigo até 42 facas. Na parte superior da caixa do rotor encontram-se as aletas, guias de fluxo que auxiliam na trilha e mantêm constante o fluxo de material. A área de trilha apresenta o côncavo dividido em sete seções, com ângulo de envolvimento do rotor de 160º e área total de 1,42m². Existem três modelos de côncavos. Um STD que permite variar o espaçamento de 32 mm para 16 mm com a adição de arames, outro de arames finos exclusivo para trigo de difícil debulha e o terceiro, de barras redondas para feijão e ou sementes. Na área de separação, encontram-se grades fixas que envolvem 180º do rotor com

Tanque graneleiro com as laterais rebatidas para facilitar o transporte da máquina

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arames espaçados em 32mm. Posteriormente, os grãos são conduzidos à bandeja recolhedora através de painéis defletores laterais com inclinação ajustável. A bandeja recolhedora de grãos, posicionada abaixo dos côncavos traseiros e das grades separadoras, recolhe e transporta os grãos e restos de palha resultantes da trilha e da separação para uma bandeja inferior localizada sob o início do rotor. Para prevenir o deslocamento dos grãos para um mesmo lado e evitar a sobrecarga das peneiras em áreas inclinadas, existem divisores verticais ao longo das bandejas e da peneira superior. Este conjunto conta ainda com extensão de ambas as bandejas. Não há peças móveis neste ponto e os grãos migram diretamente as peneiras sem o auxilio de sem fins de transporte. Esta característica garante menor número de paradas para manutenções.

SISTEMA DE LIMPEZA

O material proveniente da trilha e separação segue, por gravidade, para a peneira superior num fluxo em cascata, utilizando o ar e o movimento cíclico oposto à caixa de peneiras para a realização da limpeza. Um dos pontos positivos deste sistema é o ventilador tipo turbina Max Flow que gera uma corrente

Divisores podem ser instalados na área das peneiras para facilitar o trabalho em áreas inclinadas


Fotos Cultivar

O vão livre mínimo de 0,41m combinado à reduzida distância entre eixos de 3,71m possibilita o deslocamento da máquina transversalmente sobre terraços de base larga sem riscos de danos à parte inferior dos elevadores de grãos e da retrilha e sem acavalar ou empinar a máquina

de ar uniforme e visa suspender a palha fina e outros materiais mais leves que os grãos. Mais duas polias tensoras podem ser alteradas em duas posições para auxiliar no ajuste da velocidade que pode variar entre 590rpm a 946rpm (baixa) e entre 882rpm a 1.350rpm (alta). Verificamos que a área de limpeza das peneiras é de 4,84 m², sendo essas aletadas e com um único ponto de ajuste e travamento. As partes das plantas trilhadas e que ainda contêm grãos são retidas pelas peneiras e direcionadas até o início da área de trilha do rotor através de uma rosca transportadora, transversal à caixa das peneiras, e de um elevador com pás de borracha medindo 152mm de largura.

e das laterais de suporte que a compõem. Assim, pode-se reduzir a altura máxima da colhedora de 4,06m para 3,65m e facilitar as operações de transporte da mesma. A descarga dos grãos é realizada por um tubo de descarga tipo torre de 7,2m de alcance e altura máxima de 4,36m. A base do tubo é reforçada por um tubo adicional soldado externamente, o que aumenta a resistência às flexões. A sua capacidade de descarga é de 88L/s e durante o teste a máquina esvaziou todo o seu depósito em aproximadamente 120s. Para a distribuição dos resíduos de

colheita existe um par de distribuidores de palha que promovem uma cobertura homogênea proporcional à largura total de um passe de plataforma. Opcionalmente, podem ser instalados picador/distribuidor de palha e/ou distribuidor de palha fina (palhiço).

OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO

A Valtra BC 6500 vem equipada com uma ampla cabine que proporciona ao operador maior conforto e acessibilidade aos comandos. Os parâmetros de ergonomia e

GRANELEIRO E DESCARGA

Os grãos limpos oriundos da peneira inferior deslocam-se por um sem-fim transversal que se estende do fundo da caixa de peneiras até a entrada do elevador de grãos limpos e é composto por pás de borracha parafusadas a uma corrente. Este conjunto transporta os grãos até uma caixa de transferência no interior do tanque graneleiro, onde um sem-fim nivelador acondiciona-os por todo o depósito, com capacidade de armazenamento de 10.570L, uma das maiores da categoria. Este modelo oferece uma lona para acondicionamento de grãos limpos. Localizada sobre o tanque graneleiro, a estrutura é de fácil montagem e desmontagem, graças a um sistema escamoteável das extensões metálicas

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A BC 6500 tem peso total de 14.325kg com a máquina em vazio e 15.650kg na opção com rodados duplos. Ela é uma colhedora de fabricação nacional da classe VI

segurança são respaldados pela qualidade do assento, pelos descansos de pés, pela ampla área interna e pelo mecanismo de desligamento automático dos sistemas de colheita, trilha e separação em caso de abandono do assento por tempo superior a cinco segundos. Esta máquina possui escada de acesso ao posto de operação com bom espaçamento entre degraus e superfície antiderrapante e pode ser escamoteada lateralmente, sendo pertinente destacar a presença de corrimãos e plataformas de serviço, além de pega-mãos e apoios para acesso à cabine. O assento do operador, modelo Deluxe Grammer, é equipado com suspensão a ar e apoio para o braço esquerdo com seis opções de ajuste e seu banco auxiliar apresenta maiores dimensões, proporcionando conforto também ao acompanhante da tarefa. Esta cabine totaliza 3,4m3 de volume interno e 5,7m2 de visibilidade a partir do centro da máquina, com ampla janela de inspeção do tanque graneleiro posicionada atrás do assento, o que torna bastante conveniente o acompanhamento das tarefas de corte e

armazenamento do produto. Durante o teste o excelente isolamento acústico da cabine nos impressionou, bem como o baixo nível de vibrações transferidas ao local, atributos justificados pelo material utilizado para o revestimento e pelo sistema de apoio da estrutura em coxins de borracha. O ambiente de operação oferece condições de monitoramento das atividades de colheita, das perdas, do funcionamento do motor e da colhedora como um todo, com avisos de alerta sonoros ou luminosos. Tal sistema de monitoramento incorpora a tecnologia CAN BUS e, por meio de dois painéis eletrônicos, garante um acompanhamento preciso das múltiplas tarefas realizadas pela colhedora. Um destes painéis, chamado de EIP (Eletronic Instrument Panel), posicionase logo acima do para-brisa e é responsável pelo monitoramento dos principais eixos de trabalho da máquina (velocidade do ventilador, do rotor, do picador de palhas, entre outros) e por parâmetros como área colhida e umidade dos grãos. Este painel é de fácil visualização e acesso, uma vez que todas as

O sistema de ventilação dos radiadores possui pequenas pás que retiram o pó de grande parte do radiador, facilitando e agilizando a operação de limpeza realizada pelo operador

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funções estão localizadas em um diagrama no formato da silhueta da colhedora, podendo-se escolher quais funções se deseja monitorar. Na coluna direita da cabine visualizam-se os medidores analógicos de perdas de grãos, passíveis de calibração e ajuste de sensibilidade, bem como os medidores de nível de combustível, pressão de óleo e temperatura do motor. Os comandos localizados no console ao lado direito do operador permitem acessar e ajustar tarefas como o controle automático de rotação do molinete, abertura do tubo de descarga de grãos, altura da plataforma e posição do canal alimentador. Além das funções


citadas, sob o console encontram-se alguns comandos como os de velocidade do rotor e do ventilador, abertura do côncavo e reversão do rotor; todavia, as principais tarefas de controle localizam-se na alavanca multifunção incorporada ao console e que permite controlar o deslocamento da colhedora, além de operações de colheita (controle da plataforma, molinete, descarga de grãos e navegação nas funções pré-reguladas no painel). O console é totalmente acoplado ao assento, acompanhando os movimentos do operador. A seleção do regime de marchas dá-se por uma alavanca localizada no lado esquerdo do assento de operação. Esta colhedora também pode ser equipada com o sistema Fieldstar II de agricultura de precisão (acompanham sensores de rendimento, umidade, antena GPS e interface com computador). O número reduzido de engrenagens, polias e correias reduz a complexidade de funcionamento, acesso e manutenção de elementos móveis. Amplos diagramas ilustram os pontos de lubrificação presentes na colhedora. Existem ainda pontos de acoplamento para luz de serviço portátil espalhados em vários locais da estrutura, o que proporciona a manutenção e vistoria de elementos em condições de baixa luminosidade. Já o sistema de iluminação conta com 12 luzes halógenas à frente da cabine, além de luzes de serviço e de entrada e saída da cabine, as quais podem ser utilizadas na facilitação da iluminação lateral da colhedora. Como importante item de segurança, há também duas luzes de alerta, tipo giroflex, que sinalizam automaticamente o

Fotos Cultivar

O teste foi realizado na Fazenda Bem-Te-Vi, propriedade da família Barros, no município de Sertaneja, norte do Paraná, com o apoio da concessionária Tork

enchimento do tanque graneleiro e a necessidade de descarga dos grãos.

IMPRESSÕES FINAIS

Vários pontos positivos ficaram salientes durante a realização deste teste, o que justifica a qualidade do produto avaliado. Cabe ressaltar a servicibilidade e a simplicidade no que tange ao funcionamento e manutenção da colhedora, bem como o equilíbrio do conjunto devido em parte à distribuição de peso diferenciada deste modelo. Nossa equipe também se impressionou positivamente com a quantidade e o padrão da tecnologia embarcada do conjunto e com o ex-

celente ambiente de operação, devido à ausência de ruídos e vibrações. Por fim, destacamos a qualidade de corte da plataforma que equipa esta colhedora, a qual proporciona um corte rente ao solo, sem maiores oscilações e com uma ótima capacidade de resposta, que se torna evidente em terrenos ondulados. Todos estes atributos criam as condições necessárias para que se alcance o máximo em desempenho do sistema, que é o objetivo final do produtor. .M José Fernando Schlosser Gustavo Heller Nietiedt, UFSM Walter Boller, UPF

O acoplamento e o desacoplamento da plataforma são feitos pelo sistema single point, tudo numa única alavanca

Detalhe da barra de corte

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motores Divulgação

Sebo nos motores

Subproduto da carne bovina, o sebo é uma excelente matéria-prima para produção de biodiesel que, além de características favoráveis à produção do combustível, pode ser encontrado com grande facilidade no Brasil

D

epois da soja, o sebo bovino é uma das principais matérias-primas para a produção de biodiesel, o que é favorecido pelo fato de ser um subproduto da carne produzida no Brasil, cujo rebanho tem o maior valor comercial do mundo e baixo custo de comercialização (Mansini et al, 2007). Segundo Donoso e Martinez Fº (2009) a indústria do biodiesel consumiu 43% do sebo bovino disponível no mercado no último trimestre de 2008 e no primeiro de 2009.

CARACTERÍSTICAS

Os óleos e gorduras são substâncias insolúveis em água (hidrofóbicas), de origem animal ou vegetal, formados predominantemente por ésteres de triacilgliceróis, produtos resultantes da esterificação entre o glicerol e ácidos graxos (30). Os triacilgliceróis (Figura 1) são compostos insolúveis em água e à temperatura ambiente possuem uma consistência de líquido para sólido. Quando estão sob forma sólida são chamados de gorduras e quando estão sob forma líquida são chamados de óleos (10,16). As estruturas químicas das gorduras animais são semelhantes às dos óleos vegetais, mas diferem nos tipos e na distribuição dos ácidos graxos em combinação com o glicerol. O sebo bovino é constituído basicamente pelo ácido palmítico (30%), ácido esteárico (20-25%) e ácido oleico (45%). A transesterificação do sebo bovino produz uma mistura de mistura de ésteres, que é mais concentrada nos ácidos graxos saturados. As propriedades físicas destes ésteres são seme-

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lhantes aos ésteres de óleo de soja e, por este método, obtém-se também o glicerol como co-produto da transesterificação (Mansini et al, 2008). Devido à característica de apresentar-se na fase sólida a 45ºC e atingir o ponto de congelamento a cerca de 12ºC o biodiesel de sebo bovino para ser produzido deve estar na fase líquida (SBRT, 2006). Esta mesma fonte diz que o ponto de congelamento pode ser reduzido a 6ºC quando se promove um processo misto com 30% de óleo de soja, por exemplo. Cunha (2008) afirma que a adição de óleo de soja ou outro óleo de menor conteúdo de saturações ao sebo bovino proporciona melhor característica ao produto final. Miller Klein (2006) apresenta como vantagem do biodiesel de sebo bovino número de cetano maior que o biodiesel de óleo vegetal, o que permitiria combustão mais eficiente em motores diesel. Coloca, entretanto, como desvantagem o alto ponto de névoa, pois devido ao elevado nível de gorduras saturadas o biodiesel de sebo bovino tende a cristalizar a temperaturas muito mais altas que o diesel de óleo vegetal. Assim, em países frios o biodiesel de sebo bovino é impróprio para uso, pois congela. No Quadro 1 são apresentadas algumas

Ila e Maziero avaliaram o desempenho de motores utilizando biodiesel à base de sebo bovino

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das características encontradas para o biodiesel de sebo bovino em estudo de Maziero et al (2009).

UTILIZAÇÃO EM MOTORES

Os trabalhos científicos encontrados abordam em geral a avaliação físico-química do sebo bovino (Moura et al, 2007; Mansini et al, 2008, Betto et al, 2008) e não sua aplicação em motores. Daí o interesse em comparar o desempenho de um motor diesel utilizando biodiesel de sebo bovino e mistura de biodiesel de sebo bovino em ensaios dinamométricos. Maziero et al (2009), em estudo financiado pela Fapesp, realizaram testes de curta e longa duração usando biodiesel de sebo bovino em

Situação dos três pistões após 600 horas de utilização com diesel puro, B100 e B5


Fotos Ila Corrêa

Quadro 1 – Características do biodiesel de sebo bovino (B100) Unidade

Característica

Pequenas deposições normais foram encontradas nos cabeçotes dos bicos injetores nos três ensaios

motor diesel MWM D229.3 (46kW/62cv a 2.450rpm). Silva (2006) menciona que a maior complexidade e custos de ensaios de longa duração como o de durabilidade tornam escassos este tipo de publicação. Nos ensaios de curta duração (levantamento das curvas de desempenho e ensaios de duas horas à rotação nominal de potência máxima) foram realizados, primeiramente com o diesel comercial, a seguir com o B100 de sebo bovino e por último com a mistura B5. Nas Figuras 1 e 2 são apresentados os resultados de potência e consumo específico de combustível. O uso da mistura B5 de sebo bovino ao diesel comercial B3 não apresentou alteração no desempenho do motor em relação ao diesel comercial B3, enquanto que o uso de biodiesel de sebo bovino B100 apresentou diferenças significativas em relação ao diesel comercial B3. Nesse caso ocorreu uma redução de 3,9% na potência e aumento de 4,7% no consumo de combustível. Nos ensaios de longa duração, com 600 horas de funcionamento do motor usando a mistura B5 de sebo bovino, observou-se que a variação da potência ao longo do período apresentou uma leve tendência de queda, enquanto que o consumo específico de combustível foi levemente crescente. Foram constatadas pequenas deposições de carvão nos bicos injetores, cabeçotes e pistões, consideradas normais e compatíveis com as deposições que ocorrem com o uso apenas de diesel. As fotos acima ilustram a situação dos

Aspecto Massa específica a 20ºC Viscos. Cinemática a 40ºC Teor de água Contaminação total Ponto de fulgor Teor de éster (metanol) Cinzas sulfatadas Enxofre total Nº de Cetano Índice de acidez Índice de iodo Estabilidade à oxidação

kg/m³ mm²/s mg/kg mg/kg ºC % massa % massa mg/kg mgKOH/g g/100g h

Resultados MEDIDO LCS 874,1 4,87 400 ND 165 93,9 ± 0,5 <0,005 7,9 65,7 ± 4,8 0,41 62,9 ± 0,1 6

FORNEC. LLI 872,6 4,512 430 14 160,0 96,7 0,005 3 NI 0,49 60,8 7,30

Resol. nº 7/2008 LLI 850-900 3,0 - 6,0 500 (máx) 24 (máx) 100 (mín) 96,6 (mín) 0,020 (máx) 50 Anotar 0,50 (máx) Anotar 6 (mín)

Nota: ND = Não determinado; NI = Não informado. LLI = Límpido e livre de impurezas; LCS = Límpido com sedimentos.

pistões e bicos injetores. A análise físico-química do óleo lubrificante ao longo das 600 horas mostrou alterações importantes apenas para a viscosidade cinemática a 40ºC e para insolúveis, embora em níveis aceitáveis. A análise espectrométrica, de modo geral, apontou altas concentrações de sódio (Na), ferro (Fe), alumínio (Al), sugerindo que as trocas de óleo lubrificante devam ser a intervalos menores para evitar possível desgaste do motor. A inspeção visual do motor não detectou desgastes nos seus componentes apesar das indicações sugeridas pela análise espectrométrica.

QUESTÃO AMBIENTAL

Recentemente, foi destacada a polêmica em torno do uso do biodiesel de sebo bovino que estaria levando problemas da pecuária à produção de biodiesel. Segundo este relatório, pelo menos oito usinas de biodiesel do país utilizam prioritariamente gordura animal e relaciona o biodiesel de sebo aos graves problemas sociais, ambientais e trabalhistas da pecuária brasileira, criticada pelas altas taxas de desmatamento e casos de trabalho escravo. O relatório sugere

Figura 1 - Curvas de potência na TDP do trator com os diferentes combustíveis

Quadro 2 – Poder calorífico dos combustíveis Poder calorífico Superior Inferior

B3

Combustível B5

B100

45,4 42,34

-- MJ/kg -44,56 41,88

39,84 37,13

que seja respeitado o direito à informação para esclarecer aos cidadãos quais matérias-primas estão, de fato, sendo utilizadas na produção de biodiesel. Que sejam incentivadas práticas promotoras de uma atividade pecuária menos degradante e mais socialmente justa, como a experiência de manejo ecológico de pastagens e a criação de gado bovino em sistema agroflorestal. Polêmica à parte, é inegável que do ponto de vista técnico, o biodiesel de sebo bovino se presta para aplicação de biodiesel, cabendo aos pesquisadores estudar melhores técnicas de aprimoramento da qualidade do mesmo, .M evitando possíveis problemas ao motor. José Valdemar G. Maziero e Ila Maria Corrêa, CEA/IAC

Figura 2 – Curvas de consumo específico com os diferentes combustíveis

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FICHA TÉCNICA

HiChopper

As plataformas de milho Valtra, Série 500, podem variar de quatro a 18 linhas. O projeto contempla o trabalho com três versões disponíveis em seu estrutural: “L”, “M” e “HiChopper

O

projeto iniciado em 2006 e testado por mais de três anos com aprovação em todas as regiões produtoras deste cereal, contempla na versão “L”, limitador de torque lateral, na versão “M”, limitador individual por linha, e a versão “HiChopper” com o inédito sistema de roçadeira individual por linha, sendo a primeira do mundo com esse dispositivo em espaçamento reduzido. O sistema é responsável por cortar os talos do milho e impurezas restantes do processo, proporcionando um perfeito acabamento de colheita, permitindo com isso que seja efetuado um plantio mais uniforme das outras culturas, gerando maior custo benefício, pois realiza duas operações, colheita e preparação dos restos culturais, agregando alto nível de germinação, além de um melhor aproveitamento da janela agronômica. Além desta, o projeto está dotado de uma série de novidades das quais comprovam no campo a segurança na operação aliado a durabilidade de seus componentes devido a sua alta performance de trabalho atingida. O mesmo chassi dispõe da possibilidade de montagem dos três acionamentos, L, M e HiChopper, sendo que esta é montada com embreagem individual por linha, obrigatoriamente. O HiChopper identifica a máquina montada com roçadeira. Este conceito de trabalho visa a montagem do corpo da roçadeira na caixa de transmissão da plataforma de milho, sendo a mesma para os demais acionamentos. Busca-se com este opcional uma otimização nos custos de operação e minimização de processos.

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em polietileno que podem ser basculados para manutenções e limpezas. Os bicos centrais têm novo design, que possibilita melhor recolhimento, principalmente em milho com caule fragilizado, pois os mesmos evitam que as correntes recolhedoras fiquem expostas, diminuindo a possibilidade de quebra dos caules, reduzindo as perdas e a probabilidade de obstrução do canal de alimentação da unidade colhedora.

CARENAGEM LATERAL E PROTETOR

A carenagem lateral, com ângulo suave de ascendência, evita a perda de espigas e garante que elas entrem no canal embocador. Além disso, o sistema articulado permite o transporte seguro, sem a necessidade de desmontar o bico, possibilitando um ângulo de elevação de 43°. Um protetor de corrente lateral permite a montagem de transmissão simples e direta em colheitadeiras com acionamento superior, além de proporcionar mais espaço para a montagem do esticador com mola. Ele possibilita a montagem da mesma carenagem nos espaçamentos de 45cm a 90cm, em todas as configurações, pois o novo desenho permite que a mesma se desloque ao longo do chassi, passando sobre a chapa lateral.

DEFLETOR E CARACOL

ACOPLAMENTO

A plataforma HiChopper possui um ângulo de ataque de 17°, fazendo com que ela recolha os pés mais acamados, aumentando a produtividade e reduzindo a perda de milho. Possibilita também a regulagem do ângulo das plataformas em função dos diferentes rodados de colheitadeiras. A variação total do ângulo é de 4,5°, dividida em quatro posições.

CARENAGEM CENTRAL

A carenagem central é composta por bicos

Os defletores instalados em cada linha evitam que as espigas sejam jogadas para frente, reduzindo perda, garantindo maior produção e lucratividade na colheita. O caracol possui diâmetro externo maior, facilita a entrada do milho e da palha na calha da plataforma, pois o seu centro está mais elevado em relação às carenagens. O passo das helicoides centrais do caracol é maior, proporcionando uma distribuição mais uniforme do milho dentro do canal embocador da colheitadeira. Ela possui sistema exclusivo de serrilha, que auxilia no recolhimento da palha, que é desprendida juntamente com a espiga,

Diferença entre uma resteva de milho colhido com a plataforma convencional (esquerda) e com a HiChopper (direita), onde os restos de cultura estão triturados

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Fotos Valtra

Detalhe do caracol e dos bicos feitos em polietileno, que podem ser basculados

principalmente em milho safrinha.

TRANSMISSÃO

A transmissão é montada com eixo cardã de perfil triangular, que reduz o peso e aumenta a durabilidade. A padronização das rodas dentadas e das correntes, na transmissão lateral entre as plataformas Low, Medium e High, diminui os itens de estoque e aumenta a velocidade de montagem. O esticador de corrente com mola regulável permite acionar a reversão da colheitadeira caso necessário e, ao retornar ao trabalho normal, mantém a pressão constante durante o trabalho.

UNIDADE COLHEDORA

A sua estrutura mais leve e resistente possibilita a montagem de um maior número de linhas na colheitadeira. O deslizador de corrente é de poliamida, o que dá maior velocidade de montagem e redução de peso, conferindo, além disso, menor atrito.

ROÇADEIRA

As roçadeiras são montadas em cada unidade colhedora com a finalidade de triturar o resto do caule e das plantas, proporcionando as condições ideais para o plantio direto a seguir. Isso dispensa qualquer processo de preparação adicional da resteva, como, por exemplo, o uso de roçadeira ou triturador tracionados por trator. As plantas trituradas se decompõem rapidamente e fornecem ótimas condições de recolhimento de culturas de ciclo curto como feijão.

Detalhe da roçadeira montada em cada unidade colhedora com o objetivo de triturar o resto do caule e das plantas existentes na área colhida

dianteira exclusiva e diferenciada, tipo de graxa e eixos entalhados para montagem dos rolos.

ROLOS RECOLHEDORES

O sistema de oito aletas intercambiáveis puxa o caule do milho para a separação da espiga e, por estar constantemente e de maneira regular em contato com o pé de milho, aumenta a velocidade de colheita. Isto faz também com que a entrada de palha no sistema de trilha das colheitadeiras seja menor. Rolos recolhedores de corpo central único proporcionam uma maior velocidade de montagem. O sistema de vedação dos rolos recolhedores, composto por labirintos, feltros e retentores, aumenta a vida útil sem necessidade de lubrificação frequente.

CHAPAS DESTACADORAS

O sistema de regulagem da abertura das chapas destacadoras permite ajustá-las todas de uma única vez, por comando elétrico ou mecânico. Isso traz ganho de tempo de colheita quando da troca de lavoura ou variedade de milho. Integradas à linha, evitam acúmulo de palhada principalmente em espaçamentos reduzidos, pois estão fixas

na parte interna da linha.

REGULAGEM MECÂNICA E ELÉTRICA

Sistema de regulagem coletivo das chapas destacadoras é feito mecanicamente, acionando todas de uma única vez, de forma rápida. O ajuste durante a troca de lavoura ou variedade de milho pode ser feito na extremidade lateral, com acesso e manuseio fáceis. A regulagem elétrica é feita diretamente da cabine da colheitadeira, dando mais praticidade e facilidade ao operador.

CHASSI

Estrutura mais leve possibilita a montagem de um maior número de linhas nas colheitadeiras e é mais resistente devido à utilização de materiais especiais para sua construção.

CHAPAS DE PROTEÇÃO

Uma proteção envolvente impede que as ervas daninhas e os restos provenientes do processo de colheita enrolem no eixo inferior ou no limitador de torque da unidade colhedora, o que acarretaria paradas desnecessárias para limpeza, além de prejudicar o melhor funcio.M namento da máquina.

CAIXA DE TRANSMISSÃO

A caixa de transmissão está mais leve, o que possibilita a montagem de um maior número de linhas nas colheitadeiras. Totalmente rolamentada, possui uma forma construtiva compacta, que possibilita a montagem de espaçamentos reduzidos sem que seja necessário intercalar as correntes recolhedoras. As transmissões dos rolos despigadores e correntes alimentadoras são por engrenamentos internos, livres de correntes acionadoras externas, dessa forma se evita manutenções frequentes de lubrificação da corrente e mesmo a troca por desgaste. A caixa em ferro fundido tem sistema de vedação

A transmissão é montada com eixo cardã de perfil triangular

Detalhes de uma unidade de colheita, com os rolos recolhedores de corpo central único

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colhedoras

Varrendo

Colhedora com sistema de trilha através de varredura é uma alternativa na colheita de sementes para forragens, por colher com menor dano e maior qualidade de grão

A

atividade pecuária de corte realizada no Brasil tem fundamentação quase que exclusivamente em sistema de pastagens cultivadas, isto devido a vastas áreas agricultáveis, ao clima e, principalmente, ao baixo custo de produção. O gênero Brachiaria, por suas características de adaptabilidade e persistência, agrupa as cultivares de gramíneas forrageiras mais importantes para a produção de carne bovina. A região Centro-Oeste do Brasil comporta, na atualidade, aproximadamente 30% do rebanho bovino nacional, com áreas de pastagens em torno de 60 milhões de hectares. As espécies do gênero Brachiaria passaram a ter uma grande importância para a pecuária brasileira a partir da década de 1970, quando se iniciou uma ex-

pressiva implantação de pastagens, tendo como principal veículo de propagação a semente, em substituição ao restrito método de plantio por mudas ocupando, assim, grandes extensões territoriais, sobretudo na região dos cerrados (Laura et al, 2009). Estima-se que o Brasil tenha mais de 120 milhões de hectares de pastagens cultivadas e que mais de 85% da área seja ocupada por braquiárias (Barbosa, 2006). Na produção de sementes de Brachiaria, crescentes estão sendo os avanços tecnológicos que visam suprir a necessidade de sementes de qualidade para formação de pastagens nas regiões produtoras de gado de corte, este avanço vem sendo impulsionado pelo incremento nas exportações de carne bovina. Basicamente a produção de sementes de

forrageiras passa por três etapas: plantio, tratos culturais e colheita, tais etapas são executadas exclusivamente de forma mecanizada. O plantio, em áreas comerciais é realizado por semeadoras-adubadoras, podendo ser realizado de forma direta (Plantio Direto) ou convencional, preparando o solo com uma aração e duas gradagens, buscando assim melhorias nas características físicas e químicas do solo antes do mesmo receber as sementes. Tratos culturais são todas as operações realizadas no período compreendido após o plantio e antes da colheita, ou seja, adubação de cobertura, aplicação de defensivos, capinas, roçadas, entre outros. A colheita, operação chave no sistema produtivo, trata-se do momento de retirada do produto de interesse econômico produzido pela

Detalhes do sistema de trilha da colhedora de sementes. Da esquerda para a direita: peneiras vistas da parte traseira da colhedora; vassourão e peneiras vistas pela parte dianteira e vassourão que fica na frente do sistema

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Figura 1. Constituição de uma colhedora de cereais típica. 1) molinete, 2) divisor lateral, 3) barra de corte, 4) transportador helicoidal, 5) elevador de esteira, 6) separador de pedras, 7) cilindro trilhador, 8) côncavo, 9) batedor, 10) separador, 11) peneiras - A (superior) e B (inferior), 12) saca-palha, 13) ventilador, 14) transportador para grãos limpos, 15) elevador de grãos limpos, 16) depósito de grãos, 17) transportador helicoidal de grãos limpos, 18) transportador de grãos para retrilha, 19) transportador de grãos para segunda retrilha, 20) condutor helicoidal alimentador do cilindro da segunda retrilha, 21) motor, 22) cortinas homogenizadoras

cultura. Tal operação merece cuidado especial, pois nela, assim como nas outras operações, tem-se perdas, das quais podemos citar o dano mecânico como a de maior relevância e inevitável dentro deste processo. Dano mecânico pode ser definido como sendo todo tipo de injúria causada à semente por parte da máquina durante o processo de colheita, ou seja, corte, recolhimento, trilha, separação, limpeza, transporte e descarga do produto. Estes danos são gerados por forças externas (estáticas, quando resultantes do atrito das sementes com os órgãos mecânicos responsáveis pelas operações envolvidas na colheita) e internas (dinâmicas, se resultantes as forças causadas por variações na temperatura e no teor de água do produto, além de mudanças biológicas e químicas). Os danos mecânicos causados à semente, entre outros fatores, são responsáveis por influenciar a germinação e vigor destas, características fundamentais para utilização de tais sementes na formação de novas pastagens. Os danos mecânicos ocasionados por pressões de impacto mais baixas só exercem efeitos

danosos à semente dependendo da região atingida durante o impacto, porém, em alta pressão de impacto, os prejuízos ao potencial fisiológico são mais acentuados e aumentam significativamente na medida em que se aumenta o número de impactos da semente (Mondo et al, 2009). O processo de colheita de sementes de forrageiras pode ser realizado utilizando colhedoras combinadas usadas na colheita de cereais ou utilizando colhedoras de arrasto, tracionadas por trator, cujo funcionamento dos órgãos internos ativos é realizado pela transferência de potência da tomada de potência (TDP) do trator. No processo de colheita utilizando colhedoras combinadas, o tempo de permanência ou contato das sementes com os órgãos ativos da máquina é maior. A colhedora realiza as operações de corte, alimentação, trilha, separação, limpeza e transporte ao tanque graneleiro. O corte é feito pela barra de corte, localizada na plataforma de colheita. Depois de cortada, a planta é direcionada para o mecanismo de alimentação pela ação combinada do molinete

e do transportador helicoidal. O mecanismo de alimentação, composto por esteiras transportadoras, conduz a colheita para a parte interna da máquina. Dentro da máquina, a cultura é submetida às ações de trilha, separação, limpeza, retrilha e transporte ao tanque graneleiro. A trilha é realizada pelo conjunto côncavo e cilindro, em sistemas classificados como convencionais (Figura 1), ou, nas máquinas mais modernas, pela ação conjunta do côncavo e do rotor, cujo sistema é conhecido como axial (Figura 2). Ao passarem pela trilha, as sementes entram no sistema de separação e limpeza, composto pelo bandejão, batedor e pente, saca-palha, peneiras e ventilador, mecanismos responsáveis pela retirada das impurezas recolhidas junto com as sementes, como por exemplo palha e palhiço. Partes da planta que não foram debulhadas inicialmente retornam ao sistema de trilha através da ação de um sistema conhecido como retrilha, que conduz este material ao início do processo. As sementes debulhadas e limpas seguem para o tanque graneleiro da máquina, esse

Figura 2 - Máquina de fluxo axial utilizando rotores duplos: 1) rotores, 2) barra de raspagem, 3) côncavo de trilha, 4) côncavo de separação, 5) batedor, 6) grade do batedor, 7) peneiras de limpeza

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Figura 3 - Representação faceada da caixa de peneiras

transporte é realizado por um elevador, que pode ser do tipo rosca sem-fim ou de canecas, assim que o tanque atinge sua capacidade de armazenagem, as sementes são retiradas da máquina pelo sistema de descarga, que nada mais é do que uma rosca sem-fim que realiza o transporte dos grãos do reservatório para o exterior da máquina. Podemos notar que em todas estas operações, independentemente do tipo de sistema da máquina, as sementes são expostas a constantes aplicações de forças, estando, desde o início do processo de colheita até sua conclusão, em contato direto com vários componentes mecânicos,

ocasionando assim danos consideráveis. Na colheita usando o sistema de varredura, embora seja inevitável a presença de danos nas sementes, estes dados são minimizados, primeiramente pelo fato de as sementes permanecerem por um menor tempo em contato com os mecanismos internos da máquina e também pelo fato de que, tal tipo de colheita exige que as plantas estejam em completa maturação fisiológica, ocasionando assim a deiscência das sementes. Neste método, a colheita se inicia quando a planta atinge sua maturação fisiológica e as espiguetas começam a se abrir, deixando as sementes caírem no solo. Primeiramente as plantas são cortadas por uma lâmina segadeira e enleiradas por um enleirador de palha. As sementes depositadas no solo são varridas por um escovão cilíndrico situado na parte frontal da máquina e lançadas para o interior da colhedora junto com grande quantidade de solo, um ventilador localizado entre o escovão e as peneiras é responsável pela retirada do excesso de solo recolhido. Após a ventilação, a massa colhida passa por um conjunto de duas peneiras (Figura 3) e é transportada por um transportador de rosca sem-fim e outro de caçambas até a parte superior da máquina onde as sementes são ensacadas.

Este método de colheita vem sendo muito utilizando por empresas produtoras de sementes de braquiárias, devido a menor quantidade de injúrias causadas na semente, pelo custo da colhedora ser relativamente baixo, quando comparado com colhedoras combinadas de cereais e pela fácil manutenção deste tipo de máquina. Os gráficos abaixo representam resultados de ensaios realizados com o conjunto tratorcolhedora em campo comercial de produção de sementes de forragem, onde avaliaram-se Valor Cultural (%), Pureza (%), Germinação (%) e Vigor (%), variando-se a velocidade de colheita e a rotação na TDP do trator. Observa-se que o valor cultural foi influenciado pela velocidade de deslocamento apenas para a menor rotação. A pureza das sementes variou em função da velocidade de deslocamento e das rotações. A germinação foi influenciada pela velocidade de deslocamento apenas para a maior rotação. O vigor variou em função da rotação na TDP somente para a .M maior velocidade de deslocamento. Eduardo Leonel Bottega, UFV Cristiano Márcio Alves de Souza, Leidy Zulys Leyva Rafull, UFGD

Gráfico 1 - Valor cultural (%) em função da velocidade de colheita e da rotação da TDP do trator

Gráfico 2 - Pureza (%) em função da velocidade de colheita e da rotação da TDP do trator

Gráfico 3 - Germinação (%) em função da velocidade de colheita e da rotação da TDP do trator

Gráfico 4 - Vigor (%) em função da velocidade de colheita e da rotação da TDP do trator

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EVENTOS

Recorde de negócios Fotos Cultivar

Expodireto alcança R$ 512,3 milhões em comercialização e supera 2009 em público e vendas. Feira também se firma como vitrine de lançamentos no setor de máquinas agrícolas

A Case IH destacou a Axial-Flow 8120, a maior colhedora do mundo, com plataforma de 40 pés

A

11ª edição da Expodireto Cotrijal superou as expectativas. O público alcançou 168.520 pessoas e o volume de negócios chegou a R$ 512.326 milhões. Em 2009 a feira contou com 162 mil visitantes e comercializou R$ 357 milhões. Como ocorre todos os anos, as empresas de máquinas agrícolas aproveitaram o evento para apresentar novidades nos diversos setores da mecanização. Separamos, por empresas, alguns dos melhores destaques do evento.

CASE IH

A Case IH destacou a linha de tratores Farmall, recentemente nacionalizada, e a colheitadeira Axial-Flow 8120, equipada com motor eletrônico de 425cv de potência nominal e que atinge a potência máxima de 468cv com Power Boost. A máquina possui tanque graneleiro com capacidade para 12,3 mil litros e o acionamento do rotor é hidráulico-mecânico,

Além da nova série MF 7000 Dyna-6, a Massey Ferguson apresentou sua nova plataforma para colher milho, com roçadeira montada sob a plataforma

o que elimina a necessidade de correias. Já os tratores da linha Farmall são oferecidos nos modelos Farmall 80 e Farmall 95, de 80cv e 95cv de potência, respectivamente, com quatro cilindros e bomba injetora mecânica. A maior novidade nesta linha é a nacionalização e a inserção dos dois modelos no programa Mais Alimentos do Governo Federal.

MASSEY FERGUSON

A Massey Ferguson deu destaque para a série de tratores MF 7000 Dyna-6, que possuem transmissão inteligente, para a colheitadeira axial MF 9690 ATR, e para as novas plataformas de milho Série 300. As três plataformas da série 300 estão disponíveis de quatro linhas a 18 linhas, com espaçamentos variáveis de 45cm a 90cm. O grande diferencial desta série é o sistema Cyclone, caracterizado pela montagem de roçadeiras em espaçamentos reduzidos em cada unidade colhedora, disponível de quatro linhas

A colhedora com dois rotores CR 9060 da New Holland, que era importada, agora terá produção nacionalizada

a 12 linhas. O sistema dispensa o processo de preparação adicional da resteva, triturando o resto do caule e plantas, o que proporciona as condições ideais para o plantio direto. Outro destaque foi o ASC-10, sistema de controle automático de seções de barra para pulverizadores. O equipamento controla automaticamente a abertura e o fechamento das seções da barra quando o pulverizador entra em uma área já aplicada da lavoura, ajudando a diminuir a sobreposição. O sistema completo agrega a barra de luzes, controle automático de seção de barra e registros de trabalho.

NEW HOLLAND

A New Holland destacou a colheitadeira CR 9060, agora com produção nacionalizada. A máquina vem equipada com sistema de duplo rotor, exclusivo da marca, que confere tratamento mais suave do grão em uma área de debulha e separação maior. O modelo tem

Recolhedor de fardos cilíndricos da Agrimec recolhe, transporta e estoca sem auxílio de outros implementos

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Fotos Cultivar

O trator T3230-4 de 50cv da Tramontini pode ser financiado pelo programa Mais Alimentos do Governo Federal

10,2 mil litros de capacidade de carga no tanque graneleiro e plataforma de 30 pés ou 35 pés. O motor é New Holland Cursor, com injeção Common Rail, com potência de 354cv, a uma velocidade nominal de até 2.100rpm. O pico de potência máxima é de 394cv, o que permite descarga em movimento. Esse aumento de potência, de até 40cv, permite a colheita em condições críticas.

AGRIMEC

A Agrimec apresentou o recolhedor de fardos cilíndricos de feno, que possibilita o recolhimento, transporte e estocagem de fardos cilíndricos com diâmetros de até 1,5m, sem o auxílio de outros equipamentos. Ele vai acoplado ao trator e um único operador consegue realizar as funções de dirigir e ao mesmo tempo operar o implemento. O recolhedor tem 8,5m de comprimento por 3,1m de largura quando em transporte. Possui capacidade para recolher até oito fardos por vez, sendo quatro de cada lado.

TRAMONTINI

A Tramontini destacou o trator T3230-4, de 50cv de potência, que integra a linha de tratores financiáveis pelo programa Mais Alimentos, do Governo Federal. O T3230-4 tem motor de três cilindros com 1.813 cilindradas e aspiração natural. A transmissão é do tipo

deslizante, com oito marchas à frente e duas à ré, com embreagem seca, independente de duplo estágio, com disco de 24cm de diâmetro. A tomada de potência é do tipo dependente, com rotação nominal da TDP de 540rpm a 1.000rpm. Possui direção hidrostática e freios a disco com acionamento mecânico independente e interligado.

LANDINI

A Landini apresentou sua linha de tratores Montana, composta por cinco diferentes modelos, com motorizações de 28cv, 38cv, 41cv, 47cv e 57cv. Os motores trabalham com rotações de 2.600rpm, possuem quatro cilindros em linha indireta gerando de 1.500 cilindradas a 2.505 cilindradas, dependendo do modelo. Todos os modelos possuem tomada de força independente com 540rpm e controle elétrico-hidráulico. A transmissão conta com 12 marchas à frente e 12 à ré nos modelos Montana 30 e Montana 40. Os modelos Montana 45, Montana 50 e Montana 60 possuem transmissão com 16 marchas à frente e 16 à ré. O sistema hidráulico de todos os modelos é composto por controle de esforço, posição e ondulação mecânicos, com capacidade de levante de 1.188kg a 1.250kg.

VALTRA

A Valtra deu destaque para a BC 6500, nova colhedora classe VI. A máquina vem equipada

Trator A650 da Valtra, último lançamento da nova série que está no mercado brasileiro desde o ano passado

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Nova linha da Landini, os tratores Montana 30, 40, 50 e 60 foram destaques no estande da empresa

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com motor Sisu Diesel Citius 84 CTA, ecológico, de seis cilindros turbo intercooler, injeção eletrônica Common Rail de última geração, 305cv, tanque de grãos de 10.570 litros, rotor axial de 3,65m de comprimento e plataforma de 25 pés, para atender médios produtores de grãos . Outro destaque foi a plataforma HiChopper, com espaçamento reduzido e o diferencial de uma roçadeira individual em cada unidade colhedora. O sistema é responsável por cortar os talos de milho e impurezas restantes do processo, o que proporciona melhor acabamento de colheita e permite um plantio mais uniforme das outras culturas. Na linha de tratores, o destaque foi para o A650, mais recente integrante da nova série lançada pela Valtra em 2009.

STARA

A Stara lançou o Reboke Ninja 16.000 com capacidade para 16 metros cúbicos de produtos. O principal diferencial deste modelo é o tubo de descarga de 500mm, que possibilita a descarga completa do equivalente a 200 sacas em apenas um minuto. A maior velocidade na descarga é possível graças ao uso de dois caracóis, sendo um horizontal na base do chassi para realizar o esvaziamento uniforme da carga e outro vertical e dobrável, que realiza a descarga do produto. Possui dois bocais para descarregamento em mogas, com acionamento manual e descarga por gravidade. O acionamento dos caracóis ocorre

Reboke Ninja 16.000 tem capacidade de descarga de até 200 sacas em apenas um minuto


Fotos Cultivar

Múltipla FM 3090 27/11 da Fankhauser pode ser configurada com até 11 linhas para culturas de verão e 27 linhas para culturas de inverno

por cardan, com caixa de transmissão pela TDP do trator e a abertura dos cilindros é feita através do comando hidráulico do trator.

FANKHAUSER

A Fankhauser destacou a semeadora/ plantadora Múltipla FM3090 27/11 com possibilidade de 27 linhas, com espaçamentos de 17cm e 11 linhas para espaçamentos de 45cm. A FM 3090 27/11, tanto na versão semeadoraadubadora quanto na de plantadora-adubadora tem capacidade, no depósito de sementes, para 750kg e 1.800kg para adubo, com sistema de linhas pantográficas. No modelo plantadoraadubadora pode ser configurada com 11 linhas de 45cm e tem peso de aproximadamente cinco mil quilos.

JACTO

A Jacto lançou pulverizadores costais manuais. A linha SP oferece modelos com capacidade para 12 litros, 16 litros e 20 litros. Em todos os modelos apenas o tanque é diferente, mantendo as demais características iguais. O formato do tanque proporciona contato uniforme com as costas do operador, independentemente do volume. Atende à norma internacional ISO

A Semeato inovou na sua linha de produtos e apresentou a sua primeira colheitadeira Multi Crop 4100 que será comercializada a partir de 2011

199932, que regulamenta as especificações de um pulverizador costal manual. Possui bomba de pistão com válvulas de alívio de esferas, cintas com ajuste rápido e mangueiras em PVC, com fios de nylon.

SEMEATO

O destaque da Semeato na Expodireto 2010 foi o lançamento da colheitadeira Multi Crop 4100 e do trator Power Six – 280, que colocam a empresa num segmento diferente do que vinha atuando até o momento. Esses dois produtos ainda estão sendo apresentados como conceitos e a comercialização está prevista para 2011. A colheitadeira Multi Crop 4100 é uma máquina simplificada, mecânica, que requer manutenção menor e mais barata, especial para o pequeno e médio produtor. O foco da Semeato é possibilitar ao pequeno agricultor a compra de uma colheitadeira nova, em substituição às máquinas usadas. O trator Power Six é um modelo de grande porte, de 280cv, com tração 6x6, ideal para médias e grandes propriedades. É capaz de tracionar qualquer sistema, além de plantadeiras e semeadoras, como pulverizador e sistema de distribuição de adubo e fertilizante, inovando com o conceito de trator multiuso.

TEEJET

na folhagem. Estas pontas de pulverização são indicadas para aplicação de fungicidas, inseticidas ou herbicidas, por darem maior intensidade na penetração da folhagem espessa, atingindo altas taxas de cobertura. Possuem dois jatos planos com 60º entre os jatos, sendo um voltado para frente e outro para trás, dando boa cobertura lateral em alvos verticais. São pontas de pulverização padrão com alinhamento automático usando corpo de bico e capas Quick TeeJet. Entre os modelos, estão o as pontas com Indução de Ar Turbo TwinJet AITTJ60 e a Turbo TwinJet TTJ60.

KUHN

O pulverizador atomizador Porter Turbo, apresentado pela Kuhn, é uma máquina destinada à fruticultura, possui tanque principal de 400 litros, tanque de rinsagem de série com 60 litros e bomba de pistão-membrana de 71 litros/ min. Equipado com turbina de 750mm de diâmetro (1.940 rpm e 118 km/h), possui sistema de acionamento sem utilização de correias e comando de pulverização que permite manter o sistema pressurizado, mesmo quando não está pulverizando. O sistema de pulverização conta ainda com bicos que possuem bloqueio .M individual.

A Teejet deu destaque para as pontas de pulverização de jato plano duplo Twinjet, adequadas para pulverização em área total onde é importante obter um índice superior de cobertura das folhas e de uma boa penetração

Pulverizador Costal da Jacto com capacidade para 12, 16 e 20 litros

Pontas de pulverização de jato plano duplo Twinjet são lançamentos da Teejet

Porter Turbo da Kuhn, para aplicações em pomares, possui tanque de 400 litros

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MÁQUINAS EM NÚMEROS

VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2008 2009 2010

JAN 2,9 3,1 4,6

2010 JAN B 4.576 4.512 64 3.545 3.494 51 52 50 2 91 91 0 565 558 7 323 319 4

FEV A 5.329 5.281 48 4.263 4.227 36 77 74 3 90 90 0 547 539 8 352 351 1

Unidades

FEV 4,0 3,6 5,3

MAR 4,3 4,1

ABR 4,5 3,9

2009

JAN-FEV C 9.905 9.793 112 7.808 7.721 87 129 124 5 181 181 0 1.112 1.097 15 675 670 5 MAI 4,7 4,0

JUN 5,1 4,2

FEV D 3.640 3.472 168 2.885 2.795 90 34 19 15 131 131 0 323 309 14 267 218 49 JUL 5,1 4,8

JAN-FEV E 6.719 6.422 297 5.283 5.146 137 64 38 26 252 252 0 638 617 21 482 369 113 AGO 5,1 5,1

SET 5,5 5,4

Variações percentuais A/D 46,4 52,1 -71,4 47,8 51,2 -60,0 126,5 289,5 -80,0 -31,3 -31,3 69,3 74,4 -42,9 31,8 61,0 -98,0

A/B 16,5 17,0 -25,0 20,3 21,0 -29,4 48,1 48,0 50,0 -1,1 -1,1 -3,2 -3,4 14,3 9,0 10,0 -75,0 OUT 5,5 6,2

NOV 4,3 5,3

DEZ 3,7 5,5

C/E 47,4 52,5 -62,3 47,8 50,0 -36,5 101,6 226,3 -80,8 -28,2 -28,2 74,3 77,8 -28,6 40,0 81,6 -95,6 ANO 54,5 55,3 9,9

MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA 2010 JAN B 4.576 3.545 117 60 416 1.115 762 901 174 565 42 266 89 146 22 91 52 323

FEV A 5.329 4.263 157 93 536 1.281 906 1.085 205 547 82 160 86 195 24 90 77 352

Unidades Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)

2009

JAN-FEV C 9.905 7.808 274 153 952 2.396 1.668 1.986 379 1.112 124 426 175 341 46 181 129 675

FEV D 3.640 2.885 79 54 404 927 672 616 133 323 40 113 62 100 8 131 34 267

JAN-FEV E 6.719 5.283 199 112 618 1.606 1.333 1.159 256 638 87 239 102 193 17 252 64 482

Variações percentuais A/D 46,4 47,8 98,7 72,2 32,7 38,2 34,8 76,1 54,1 69,3 105,0 41,6 38,7 95,0 200,0 -31,3 126,5 31,8

A/B 16,5 20,3 34,2 55,0 28,8 14,9 18,9 20,4 17,8 -3,2 95,2 -39,8 -3,4 33,6 9,1 -1,1 48,1 9,0

C/E 47,4 47,8 37,7 36,6 54,0 49,2 25,1 71,4 48,0 74,3 42,5 78,2 71,6 76,7 170,6 -28,2 101,6 40,0

Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).

34

PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2008 2009 2010

JAN 5,9 4,7 5,9

2010 JAN B 5.887 4.483 102 90 779 433

FEV A 6.448 4.991 128 150 731 448 FEV 6,6 4,4 6,4

MAR 6,6 5,6

ABR 7,0 5,2

2009

JAN-FEV C 12.335 9.474 230 240 1.510 881 MAI 6,5 4,5

JUN 7,3 4,1

FEV D 4.407 3.612 79 145 432 139 JUL 7,6 5,6

JAN-FEV E 9.059 7.436 177 277 982 187 AGO 8,0 5,7

Março 2010 • www.revistacultivar.com.br

SET 8,0 6,1

Variações percentuais A/D 46,3 38,2 62,0 3,4 69,2 222,3

A/B 9,5 11,3 25,5 66,7 -6,2 3,5 OUT 8,8 7,0

NOV 7,4 7,3

DEZ 5,4 6,2

C/E 36,2 27,4 29,9 -13,4 53,8 371,1 ANO 85,0 66,2 12,3




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