Cultivar Máquinas • Edição Nº 95 • Ano IX - Abril 2010 • ISSN - 1676-0158
Nossa capa
Em primeira mão
Capa: Charles Echer
Matéria de capa
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Testamos a novíssima série MF 4200 da Massey Ferguson antes mesmo de ser lançada. Conheça os novos tratores que vieram para substituir a já consagrada Série 200
Destaques
Índice
Evolução permanente
Colhedoras de café
Entenda os avanços da Agricultura de Precisão no Brasil e quais serão os passos no aprimoramento da técnica
Estudo avalia perdas na operação da colheita mecanizada do café com diferentes velocidades e ajustes
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• Editor
Gilvan Quevedo
• Revisão
Aline Partzsch de Almeida Cristiano Ceia
• Comercial
Pedro Batistin Sedeli Feijó
• Expedição
Dianferson Alves Edson Krause Kunde Indústrias Gráficas Ltda. NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL
• REDAÇÃO
• ASSINATURAS
• MARKETING
3028.2000 3028.2070
Agricultura de precisão
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Colheita de café
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Ficha Técnica - Teejet
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Inauguração de fábrica da CNH
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Test Drive - MF Série 4200
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Esforços repetitivos
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Ficha Técnica - Jumil
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Pulverização aérea
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Ficha Técnica - Tramontini
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Ficha Técnica - Jacto
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Coluna Estatística Máquinas
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(*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)
Simone Lopes Alessandra Willrich Nussbaum
• Impressão: • Design Gráfico e Diagramação
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Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90
• Circulação
• Redação
Charles Echer
Rodando por aí
3028.2060 3028.2065
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Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.
rodando por aí
Jacto
Durante a Expodireto o diretor geral da Jacto, Alexandre Z. Dallaqua Teruaki Mogui, e os promotores de venda Francisley Gasparelli e Adriano Ferreira Leão destacaram a linha Jacto SP de costais manuais nos modelos 12, 16 e 20 litros. A linha atende também à norma internacional ISO 19932 que regulamenta as especificações de um pulverizador costal manual.
Reinke
A Reinke levou até a Expodireto Cotrijal a máquina de limpeza de grãos com a capacidade de limpeza de oito a 300 toneladas de grãos por hora. Para Hardi Reinke, diretor-presidente da empresa, a produção e a experiência aliadas ao trabalho de desenvolvido na área de pesquisa, lançamentos de novos produtos e qualificação de profissionais fazem a Reinke crescer no Brasil e em vários países da América Latina.
Hardi Reinke
Agrimec
Goodyear
O time da Goodyear teve bons motivos para comemorar a Expodireto 2010. Durante a semana do evento, as vendas superaram as expectativas tanto na área de pneus como no setor de correias agrícolas. Frederico Martins, gerente de marketing da linha de correias agrícolas, apresentou aos clientes os lançamentos do setor; Eduardo Gualberto comandou a equipe de vendas junto com Ronaldo D. Rio, gerente de vendas dos pneus fora de estrada, linha agrícola e vendas ao governo,.
A Agrimec Agro Industrial e Mecânica realizou durante a Expodireto diversos lançamentos, entre eles o do Recolhedor de Fardos Cilíndricos de Feno. O equipamento recolhe e carrega fardos cilíndricos de feno, transportado-os e descarregando-os na mesma posição em que estavam no solo. “Isso possibilita maior agilidade no processo de recolhimento, transporte e estocagem”, explica Sendi Chiapinotto Spiazzi, assessora de Sendi Chiapinotto Spiazzi marketing da empresa.
Valtra
O diretor de marketing da Valtra, Jak Torreta Junior, esteve na Expodireto juntamente com sua equipe de vendas. Além da tradicional linha de tratores, a Valtra lançou a Colheitadeira BC 6500 direcionada para médios produtores de grãos. Há dois anos a empresa lançou a BC 4500 e a BC 7500; o principal diferencial da BC 6500 é a tecnologia de colheita axial, aliada ao baixo custo em comparação à classe 7.
Jak Torreta Junior
Semeato
Frederico Martins, Eduardo Gualberto e Ronaldo D. Rio
Pirelli
Com a previsão de crescimento de 2,3% da agroindústria brasileira em 2010, a Pirelli aposta na linha Earth Agro RT:01. Segundo o diretor da unidade de negócios Caminhão e Agro da Pirelli, Flávio Bettiol, a empresa desenvolveu um pneu inovador para atender as novas exigências dos fabricantes de máquinas e insumos agrícolas e grandes produtores rurais. Com o Earth Agro RT:01 a pretensão é suprir o incremento da demanda no setor agrícola e, desta forma, consolidar liderança em toda América Latina.
A Semeato, empresa de máquinas e implementos agrícolas de Passo Fundo, aproveitou a realização da Expodireto para oficializar a venda da primeira colheitadeira 100% brasileira, modelo Multi Crop 4.100. De acordo com o gerente de Desenvolvimento de Mercado e Produto, Eduardo Copetti, o momento foi de extrema importância para a empresa. Segundo ele, o diferencial da colheitadeira é a simplicidade na manutenção, valor acessível e por ser destinada ao pequeno produtor, além de Eduardo Copetti ser um produto 100% brasileiro.
Jumil
João Alves, que atuou durante 15 anos na área comercial da Bayer, assumiu este ano um novo desafio: a gerência nacional de vendas da Jumil Implementos Agrícolas. A empresa conta com uma linha completa de plantio de cereais e de hortaliças, além de distribuidores de fertilizantes, cultivo/adubação, roçadeiras, trituradores de restos culturais e destruidor de soqueira do algodão. Durante a Expodireto, na linha de colheita, o destaque foi a Colhedora JM390 que se adapta à colheita de milho e grãos em geral.
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João Alves
Cycloar
A Cycloar levou para a Expodireto uma solução para reduzir perdas na armazenagem. O prejuízo estimado de grãos colhidos é da ordem de 3% e é causado por mofo, deterioração e germinação dos grãos que ficam no topo dos silos. De acordo com o diretor da empresa, Werner Uhlmann, o produto da Cycloar inibe a proliferação de pragas e fungos e proporciona uma economia de até 50% em energia elétrica.
Teejet
A Teejet também esteve na Expodireto e destacou o produto com tecnologia exclusiva, o Matrix, que inclui FieldPilot (piloto automático), BoomPilot (controle automático de seções de barra, sensor de inclinação, módulo de seleção de vídeo para até oito câmeras e opção de uso de um receptor externo com outras antenas). Paulo Pasinatto, que atuava na Bayer, é o mais novo integrante da equipe de vendas da Teejet, junto com Helder Zucckini, Sérgio Santos e Kleber Colomarte.
Montana
A Montana apresentou na Expodireto toda a linha comercializada pela empresa. A animação entre os vendedores ficou por conta do novo Boxer 1521/2021 M, pulverizador autopropelido 4x2 mecânico, que tem barras de 21 metros e tanque de 1.500 ou 2.000 litros, cabine com ar-condicionado, direção hidrostática, comando eletro-hidráulico de barras, comando elétrico de pulverização, computador de bordo opcional, caixa de câmbio e um diferencial - transmissão 4x2 mecânica e velocidades à frente e uma a ré, além de freios a disco com acionamento hidráulico nas quatro rodas.
New Holland
O especialista de marketing colheitadeiras Brasil da New Holland, João Luiz Szimanski, e sua equipe apresentaram, durante a Expodireto, o grande destaque da empresa: colheitadeira de duplo rotor CR9060 que será nacionalizada este ano. A CR9060 completa a oferta de colheitadeiras para o mercado João Luiz Szimanski brasileiro junto a TC e CS.
Case
BRDE
O Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) atuou na Expodireto 2010 oferecendo financiamento a juros fixos de 4,5% na compra de equipamentos nacionais novos com até dez anos para pagar e prazo de carência de até dois anos. Também negociaram itens financiáveis como conjuntos e sistemas industriais, máquinas-ferramentas, equipamentos para armazenagem e irrigação, tratores, colheitadeiras, implementos agrícolas, máquinas rodoviárias e equipamentos para pavimentação.
A linha Farmall, há 85 anos reconhecida mundialmente, é agora produzida no Brasil e passa a ser mais uma opção para os produtores rurais que se encaixam nos programas governamentais de incentivo à mecanização agrícola. De acordo com Alexandre Meconi Souza, do departamento de Marketing, o Farmall, de 80cv de potência, lançado no Brasil em 2009, agora será produzido na fábrica da marca, em Curitiba, no Paraná.
Alexandre Meconi Souza
Idema
A Idema Peças e Máquinas Agrícolas foi adquirida no final de 2009 pela Agrimec. Com isso, a Agrimec reforçou sua atuação no ramo agrícola, fortalecendo sua contribuição com o desenvolvimento da cidade. A Idema produz caixas de transmissão, engrenagens, módulo e correntes de transmissão padrão, agrícolas ou sob projeto. Segundo o diretor-presidente da Agrimec, Odilo Pedro Marion, a empresa, desde sua aquisição, quaOdilo Pedro Marion druplicou sua produção.
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Tecnologia de Aplicação
De 8 a 10 de junho ocorre o 4º Curso de Atualização em Fitossanidade e Tecnologia de Aplicação, no Auditório do Sesc em Santa Maria (RS). O objetivo do curso é atualizar agricultores, agrônomos e profissionais de assistência técnica sobre os mais recentes avanços na área de manejo fitossanitário e tecnologia de aplicação de agroquímicos, nas culturas de arroz e soja. Em dez palestras serão abordados os mais recentes resultados de pesquisas e as recomendações técnicas a serem adotadas na próxima safra agrícola sobre doenças, insetos-praga e plantas daninhas de arroz e soja, além de pulverização terrestre e aérea, nutrição, fisiologia vegetal e clima. O evento é promovido pela Schroder Consultoria.Inscrições antecipadas e informações complementares podem ser obtidas em www.schroderconsultoria.com.br.
Sortudo
O produtor rural José Lourenço da Luz, morador do distrito de Alto Paredão, em Santa Cruz do Sul (RS), recebeu na segunda-feira, 22, as chaves do trator MF 250/4XE Advanced, ano 2010, sorteado pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). O sorteio do trator Massey Ferguson fez parte das comemorações dos dez anos da Expoagro Afubra, que ocorreu em março, em Rio Pardo (RS). Cerca de 50 mil cupons foram preechidos pelos participantes das diversas atividades do evento.
Nova revenda
A Lavronorte inaugurou em março, sua loja em Imperatriz, no Maranhão. É a 4a loja do concessionário, que já representa a John Deere em Balsas e Alto Parnaíba, no Maranhão, e Uruçuí, no Piauí. A cerimônia contou com a presença do prefeito do município, Sebastião Torres Madeira, e do diretor de Vendas da John Deere para o Brasil, Werner Santos. Imperatriz, no oeste do estado, fica na fronteira com o Tocantins e próxima do estado do Pará.
ASC-10
Um dos destaques no estande da Massey Ferguson na Expodireto foram os equipamentos para agricultura de precisão, que tiveram equipe específica para atender o público. Um dos lançamentos foi o ASC-10, sistema de controle automático de seções da barra para pulverizadores. Ele controla automaticamente a abertura e o fechamento das seções da barra quando o pulverizador entra ou sai de uma área já aplicada. O sistema completo agrega a barra de luzes, controle automático de seção de barra e registro de trabalho.
JD 568
Chamou atenção no estande da John Deere a enfardadora cilíndrica JD 568, lançada para atender as necessidades de pecuaristas e prestadores de serviços. A JD 568 faz parte de uma linha de implementos para pecuária recentemente lançada no Brasil. Ela possui sistema de monitoramento, onde o operador controla da cabine todas as funções da enfardadora.
Parceria garante exclusividade dos produtos Arag Tradicionalmente conhecida como uma empresa que trabalha somente com produtos de alta tecnologia e qualidade, a Agrosystem torna-se parceira da líder no mercado em peças e acessórios para pulverização, a italiana Arag e comercializará toda a linha de produtos Arag no Brasil. A Arag fabrica controladores, sistemas de guia por GPS e acessórios para pulverização. “Todos os produtos são criados com a mais alta tecnologia para satisfazer as variadas exigências e necessidades dos clientes”, explica Carolina Dias, gerente de marketing. A empresa ita-
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liana tem em sua carteira de clientes, todos os fabricantes de pulverização do Brasil. Agrosystem é uma empresa 100% Brasileira, criada em 1989 que manteve um crescimento contínuo durante esses anos e hoje atua em mercados diversificados garantindo a mais alta qualidade nos produtos oferecidos e serviços prestados. Além do escritório central a Agrosystem conta também com uma Unidade Industrial, um completo laboratório para Assistência Técnica e equipe treinada, por nossos fornecedores, em vendas, montagem e assistência técnica em todo o Brasil.
mecanização
Constante evolução Desde os primeiros passos no Brasil em 1997, a Agricultura de Precisão passou por várias fases. Com o avanço na difusão de novas tecnologias, esta técnica continua sendo aprimorada e está se tornando cada vez mais precisa e acessível
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a evolução deste processo no Rio Grande do Sul e traçar metas que precisam ser alcançadas para uma adoção mais ampla dos conceitos da Agricultura de Precisão.
HISTÓRIA
A renovação constante de conceitos é uma característica intrínseca que a nossa geração pós “Google” terá que se adaptar. Uma ideia que levaria na década de 70 mais de 20 anos para ser reconhecida em grande parte do mundo, hoje, com o advento dos recursos de comunicação, principalmente da internet, pode estar desatualizada um ano após o seu surgimento (Friedman, 2007). No caso da AP, já se passou praticamente uma década desde os primeiros trabalhos no RS e muitas ideias originais foram abandonadas no caminho e muitas outras adaptadas à nossa realidade. Atualmente, existem vários conceitos para a definição da Agricultura de Precisão, que vão dos mais bem elaborados como o citado por Molin (2002): “Sistema de gerenciamento da produção agrícola que emprega um conjunto de tecnologias para que os sistemas de produção sejam otimizados, tendo como elemento-chave o manejo da variabilidade da produção e dos fatores envolvidos”, como também dos mais simples resumido em dois
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técnica de mapeamento da fertilidade do solo ou da produtividade denominada, genericamente, de Agricultura de Precisão (AP) tem sido cada vez mais debatida, adotada, pesquisada e adaptada em todo o Brasil. Mesmo que ainda existam muitas dúvidas sobre os procedimentos mais corretos e do retorno econômico da técnica, um grande número de produtores que já adotaram algum tipo de AP afirma que este é o caminho a ser seguido nos próximos anos. Dentro do atual cenário macroeconômico, extremamente competitivo e globalizado, a agricultura moderna tem buscado auxílio nas técnicas de Agricultura de Precisão para uma gestão mais eficiente de seus principais recursos: terra, tempo e dinheiro. Neste sentido, este modelo agrícola com um olhar mais atento às diferenças, na maioria das vezes, imperceptíveis e desprezados no modelo agrícola tradicional, permite aos produtores, no mínimo, utilizar seus recursos de forma mais eficiente e sustentável (Pires et al, 2004). Podemos dizer que adoção plena da Agricultura de Precisão ainda é um paradigma a ser rompido, muito parecido com a história inicial do Sistema Plantio Direto que levou mais de 20 anos para se estabelecer como o principal sistema de manejo do solo no Brasil. O motivo preponderante para tal situação é a forte ligação de ambos os modelos à necessidade de conhecimento aplicado e adaptação de tecnologias a situações de campo. Assim, o principal objetivo deste artigo é descrever
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questionamentos pelos próprios produtores. Primeiro: há variabilidade em minha lavoura? Segundo: como se distribui esta variabilidade? É neste ambiente de complexidade contra simplicidade, de conceito técnico contra operacionalidade, de teoria contra prática e de custo contra retorno, que os conceitos de AP estão se transformando em busca da consolidação. O principal símbolo de difusão da tecnologia de AP foi e tem sido seu ciclo de adoção (Figura 1). Quando a técnica foi introduzida no Brasil em 1997, se preconizava a necessidade de mapas de produtividade como o primeiro passo a ser realizado, seguindo os modelos de adoção norte-americano e europeu, sem grande relevância ao mapeamento da fertilidade do solo. Historicamente, este fato tem origem no desenvolvimento da informática, eletrônica e geoprocessamento de dados voltados aos sensores de produtividade na década de 80, objeto de pesquisa nos primeiros dez anos da AP nos países desenvolvidos. A partir de 1990, com a disponibilização do GPS (Global Position System), houve um considerável incremento nas pesquisas trazendo novos conhecimentos de informática e eletrônica aplicada. Quando chegou ao Brasil, no final da década de 90, a AP encontrou um cenário diferenciado em relação ao seu local de origem. Recursos escassos para elevados investimentos iniciais em mapas de colheita e falta de recursos humanos especializados para o manuseio dos equipamentos de precisão, sendo o primeiro grande entrave na expansão da técnica. Diante desta situação, entra em cena a atuação de projetos pilotos através do suporte de empresas privadas (Stara, Massey Ferguson,
Figura 1 – Representação clássica do ciclo de Agricultura de Precisão
do Sul do Brasil são naturalmente pobres e ácidos, com variabilidade acentuada pelos históricos de manejos (principalmente em função da erosão pretérita, herança do sistema convencional de manejo). Os custos do processo de coleta de solo, análise e geração dos mapas de fertilidade foram outro entrave ao processo, pois os produtores achavam os custos elevados e preferiram fazer grids amostrais de cinco a oito hectares, aplicando insumos por zona de manejo (Figura 2), sendo tecnicamente incorreto e economicamente ineficiente. Os resultados de todas as áreas mapeadas com esta metodologia foram abandonados ou estão sendo reamostrados com grids menores. A partir de 2005, com o surgimento dos primeiros prestadores de serviços, em sua maioria alunos participantes do Projeto Aquarius, houve um aprimoramento dos mapas de fertilidade, principalmente com a redução gradual dos grids para um a três hectares. A
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Bunge, Fazenda Ana) e órgãos de pesquisa pública (Departamento de Solos, Geomática e Núcleo de Ensaios de Máquinas Agrícolas da Universidade Federal de Santa Maria). Assim, em 2000, se deu início ao Projeto Aquarius, em Não-Me-Toque, considerado um dos precursores na adaptação da técnica à realidade brasileira (Amado et al, 2006). O trabalho combinado de pesquisa e difusão tecnológica transformou o projeto em uma referência nacional, além de ter sido a origem de vários profissionais prestadores de serviços e pesquisadores da técnica. Os trabalhos iniciais desenvolvidos no projeto mostraram que os mapas de colheita e a variabilidade dos principais nutrientes não tinham uma relação direta entre si. Porém, mostraram também que a otimização de corretivos e fertilizantes poderia trazer significativos retornos, dependendo da variabilidade de cada lavoura, pois diferentemente dos solos da maioria dos países desenvolvidos, os solos
Gráfico 1 – Prognóstico de adoção da Agricultura de Precisão no Mundo. Adaptado de Bongiovanni, 2003
A utilização da Agricultura de Precisão ajuda a otimizar a produção e tem como elemento-chave o manejo de variabilidade da produção e dos fatores envolvidos
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adoção da AP começou a se expandir até encontrar a terceira grande barreira: tecnologia de aplicação à taxa variável. A grande maioria dos equipamentos de aplicação era importada, cara e de difícil adaptação. As aplicações em zonas de manejo eram mais baratas, mas em raras exceções, eficientes. Somente a partir de 2007 é que surgiram inovações tecnológicas na área de aplicação à taxa variável, com qualidade e escala suficiente para um novo ciclo de expansão em AP no Estado. Hoje se estima que há no Rio Grande do Sul mais de 800 mil hectares com algum tipo de mapeamento de solo e mais 100 equipamentos à taxa variável em uso, mas ainda representa menos de 20% da área potencial (Amado, 2009). Essa estimativa indica que o RS está seguindo a curva de adoção mundial de Agricultura de Precisão sugerida pelo pesquisador Bongiovanni do Inta-Argentina em 2003 (Gráfico 1). A curva mostra o incremento da adoção de AP à medida que os paradigmas vão sendo quebrados e avanços tecnológicos sendo adaptados. História muito semelhante com a adoção do Sistema Plantio Direto há mais de 20 anos. Segundo o pesquisador, no início do processo há um entusiasmo inicial associado às expectativas positivas em relação à adoção da técnica (1999 a 2002 no RS). Entretanto, a falta de conhecimento, precisão e equipamentos específicos levou a resultados pouco expressivos e ao abandono da técnica (2002 a 2005 no RS). Aqueles produtores que investiram no aprimoramento do processo, principalmente na qualidade da amostragem, aquisição de equipamentos específicos e na contração de profissionais especializados para gestão das informações são hoje referências de sucesso e são os principais responsáveis pela crescente adoção da AP no Estado (2005 a 2009 no RS). O pesquisador prevê ainda que entre 2010 e 1014 ocorra uma nova barreira técnica e institucional, principalmente associada à falta de profissionais especializados e a conhecimentos
Fotos Divulgação
Atualmente, além da precisão dos dados ser muito maior, os monitores utilizados nas cabines de tratores, colhedoras e pulverizadores trazem telas com recursos e interfaces cada vez mais fáceis de serem utilizados pelos operadores
específicos que garantam eficiência da técnica para uma adoção mais ampla. Dentro deste processo de adaptação e evolução da AP, da mesma forma que o Sistema Plantio Direto, a concepção das etapas do processo de adoção foi sendo modificada de tal forma que o modelo de um ciclo de Agricultura de Precisão já poderia ser discutido se é o ideal, pois transmite a ideia de sempre retornar ao mesmo local, o que não é uma realidade. A cada barreira vencida, a cada etapa
completada, os produtores e técnicos estão um “degrau” a mais na escada do conhecimento. Assim, podemos dizer que a AP deveria ser difundida atualmente como um conhecimento gradual na forma de uma escada, que busca incrementar a produtividade ou otimizar os recursos a cada nova etapa. As características deste processo é que dificilmente voltaremos ao estado inicial de informação, pois é um processo acumulativo de conhecimento, onde cada degrau precisa de mais informação que o
anterior (Figura 3).
PERSPECTIVAS E DESAFIOS
Os desafios se concentram em várias frentes: primeiro é a que quebra do paradigma de que a AP é uma tecnologia dispensável para os produtores pouco tecnificados, médios e pequenos. Pelo contrário, talvez esses sejam os produtores que mais poderão se beneficiar da técnica, pois a tecnologia de AP não se limita a fazer apenas mapas e sim instalar uma con-
Figura 2 – Aplicação de calcário em zona de manejo em 2006 Figura 3 – Conceito evolutivo do ciclo da Agricultura de Precisão para o crescimento gradual e acumulativo na em função da falta de equipamento a taxa variável forma de uma “escada do conhecimento”
Fonte: Drakkar Solos Consultoria
essa seja uma das principais barreiras para expansão com qualidade da AP. A pesquisa e o desenvolvimento serão o carro-chefe na adoção da Agricultura de Precisão adaptada a cada realidade técnica e econômica. Sendo assim, a renovação de conceitos e tecnologia deverá estar em constante evolução. Para isso, um dos primeiros passos deverá ser a padronização da forma de apresentação das informações, facilitando a comunicação entre os diversos profissionais e permitindo comparações técnicas, além de ferramentas eletrônicas que permitam gerenciar os bancos de dados de forma prática, como, por exemplo, a Lavoura On-line®, que é um sistema de banco de dados via Web desenvolvido pela Drakkar Solos para gerenciar as informações de seus clientes.
modelo precisaríamos ter “mais precisão na agricultura atual” e teríamos muitos outros procedimentos a serem melhorados ainda. Neste sentido, realmente sabemos que temos muitos pontos a serem melhorados no manejo das lavouras, mas não há dúvida de que precisamos antes identificá-los e quantificá-los melhor. Na prática, temos observado que a adoção de técnicas de precisão tem proporcionado com que os produtores e técnicos reflitam mais sobre suas decisões de manejo e, consequentemente, tenham mais sucesso neste processo, baseado em uma base de dados específica e personalizada, constantemente retroalimentada por novas informações. Sem dúvida, o modelo de uma agricultura com maior precisão ainda está em fase de consolidação de conceitos e procedimentos no Brasil. O que já sabemos é que não existe um modelo único de ação e que o padrão de variabilidade não se repete, assim cada lavoura é um modelo novo e desafiador que precisa ser avaliado .M individualmente.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muitos críticos à adoção da Agricultura de Precisão colocam que antes de adotar tal
Charles Echer
cepção de gestão empresarial, sendo o termo “precisão” somente um pretexto para fazer uma avaliação mais apurada do sistema de manejo como um todo. É claro que os profissionais especializados em AP deverão observar, em primeira mão, qual o estágio tecnológico que o produtor poderá ingressar no primeiro momento e estabelecer metas graduais. A qualificação técnica dos profissionais envolvidos (produtores, técnicos agrícolas, agrônomos, pesquisadores, engenheiros de tecnologia e administradores) no processo é o segundo desafio a ser alcançado, pois a adoção plena e com qualidade da AP depende de equipes e profissionais multidisciplinares, preparados e com elevado grau de acesso à informação. Como ainda praticamente não temos cursos e nem disciplinas específicas sobre o tema nas universidades brasileiras, além de poucos profissionais especializados na área, acreditamos que em um futuro breve,
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José Alan de Almeida Acosta, Claudio Luiz Lemainski, Olavo Gabriel Rossato Santi, Guilherme Londero e Marcelo Busato Drakkar Solos
A adoção da AP proporciona aos produtores uma reflexão maior sobre suas decisões de manejo
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colhedoras
Café derramado
Jacto
Avaliação feita com colhedoras automotrizes de café mostra onde ocorrem os maiores níveis de perdas na colheita e quais cuidados interferem positivamente na operação
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e esperada em países que estão em processo de crescimento, como o Brasil, que segue a mesma trajetória dos países economicamente mais desenvolvidos. A cafeicultura brasileira vem vivenciando um momento importante em sua trajetória histórica, pois está passando por uma grande mudança no processo produtivo, sobretudo na relação de trabalho. Todas as culturas, ao longo dos últimos anos, passaram por fortes transformações no processo produtivo, iniciado pelo plantio, cultivo e por fim a colheita, entre as quais se destaca essencialmente a inserção da mecanização. Na maioria das regiões produtoras de café e onde as lavouras e a topografia são favoráveis,
Sistema recolhedor de lâminas retráteis e transportador horizontal
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a mecanização da colheita vem crescendo rapidamente. Kashima (1990), afirma que a possibilidade de mecanização da colheita é a grande saída para o país continuar com a liderança mundial de café, por meio da competitividade nos custos e na qualidade do produto. A colhedora de café automotriz K-3 é uma máquina que opera a cavaleiro nas linhas das plantas, apoiada sobre quatro rodas, possuindo varetas, ou hastes, vibratórias, sustentadas por dois cilindros laterais que envolvem as plantas. Devido à vibração das varetas, os frutos se soltam e são coletados por um conjunto de lâminas retráteis, os recolhedores, que fecham o Fotos Fábio Moreira
H
istoricamente o Brasil se destaca como maior produtor mundial de café, com produção estimada para 2010, em torno de 47 milhões de sacas (Conab), o que representa mais de 30% da produção mundial, rumando a se tornar também o maior consumidor mundial. Liderando a produção nacional, Minas Gerais responde por aproximadamente 24 milhões de sacas, das quais 12 milhões têm origem na região Sul/ Sudoeste, que conta com um parque cafeeiro da ordem de 500 mil hectares, distribuídos em 80 mil propriedades e gerando 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos. Neste trabalho são empregados em média 60mil trabalhadores ao longo do ano para as operações de cultivo. Somente a colheita do café, que se processa em um período de três meses ou 75 dias úteis, necessita de cerca de 260 mil apanhadores, chegando a 310 mil trabalhadores. O Brasil vive um momento de valorização dos postos de trabalho urbano, a exemplo da construção civil, do aquecimento do comércio e de outras ações do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), instituído pelo governo, cujos reflexos no meio rural têm sido a escassez da oferta de mão de obra. Esta diminuição da oferta de trabalhadores no meio rural é natural
Batedores de folhas do transportador horizontal
espaço sob a saia do cafeeiro. Os frutos colhidos são levados pelos transportadores, horizontais e verticais até o sistema de limpeza, onde as impurezas são separadas por processo de ventilação. Limpos, os frutos são ensacados e retirados por operadores auxiliares ou descarregados a granel em carretas que acompanham a colhedora durante a colheita. Esta ou as demais e similares colhedoras disponíveis no mercado, apresentam um elevado desempenho operacional, colhendo de três mil a 6.500 litros de café por hora, porém dificilmente colhem efetivamente mais que 80% da carga pendente dos cafeeiros, caracterizando as elevadas perdas de frutos que ocorrem no processo de colheita mecanizada. Uma das questões a serem tratadas e analisadas são as perdas de frutos que ocorrem no processo produtivo do café. Estas perdas ocorrem em diferentes etapas, iniciando com a queda natural dos frutos secos antes da colheita, da ordem de 2% a 3%, que pelo contato com a umidade do solo perdem qualidade, razão de se fazer a colheita manual sobre panos ou a operação denominada de arruação. A arruação é a operação de limpeza sob a projeção da saia dos cafeeiros retirando cisco, folhas e principalmente frutos caídos e de baixa qualidade, para não se misturarem com os frutos de boa qualidade que serão colhidos. Na colheita mecanizada, a arruação se faz ainda mais necessária, devido às perdas que ocorrem neste processo. Como na colheita mecanizada a derriça, ou seja, o desprendimento dos frutos se dá pela ação de varetas vibratórias que adentram a copa dos cafeeiros, certa quantidade de frutos é lançada para fora da colhedora ou fica retida na massa de galhos e folhas, caindo ao chão após a passagem da máquina. É difícil quantificar este volume, mas acredita-se ser baixo, não mais que 2%. O restante dos frutos derriçados cai sobre as
Case IH
lâminas recolhedoras e sobre os transportadores horizontais, onde ocorrem os maiores volumes de perdas. Como as colhedoras não conseguem colher a totalidade da carga pendente, resta nos cafeeiros até 15% de frutos, que estarão sujeitos à queda natural, até serem colhidos, em operação denominada de repasse. Em resumo, as perdas se caracterizam por frutos que caem no chão, antes, durante ou após o processo de colheita. Avaliando o desempenho operacional da colheita mecanizada com várias passadas da colhedora de café, no ano 2000, foi possível concluir que é possível dispensar a operação de repasse com duas ou três passadas da colhedora, com eficiência de derriça de até 97%. A possibilidade de fazer a colheita com mais de uma passada da colhedora é uma opção interessante que pode dispensar a operação de repasse. O mesmo estudo apresentou resultados de desempenho operacional com uma passada da colhedora de 55 medidas por hora, tratando-se de medidas de 60 litros, colhendo 85% da carga pendente, restando 15% entre os frutos que não foram derriçados e os que caíram no chão.
DADOS ATUAIS
Sendo assim, este trabalho de pesquisa teve
por objetivo determinar as causas das perdas de frutos pela colhedora de café em diferentes condições operacionais, buscando minimizá-las. O trabalho foi conduzido na Fazenda Conquista, do grupo Ipanema Coffees, localizada no município de Alfenas, sul de Minas Gerais, com altitude média de 830m. Os ensaios foram realizados nas safras 2008 e 2009, em lavoura da cultivar Acaiá, com dez anos de idade, plantada no espaçamento de 3,8m entrelinhas e 0,6m entre plantas, com população média de 4.386 plantas/ha e também em lavoura da cultivar Icatu, com dez anos de idade, plantada no espaçamento de 3,8m entrelinhas e 0,75m entre plantas, totalizando uma população média de 3.508 planta/ha. Ambas as lavouras plantadas em terreno com declividade de 8%. Para os ensaios utilizou-se a colhedora automotriz modelo K3, em que os frutos derriçados são coletados pelo sistema recolhedor. O sistema recolhedor é constituído de lâminas retráteis que estão distribuídas nos dois lados do recolhedor com inclinação para os transportadores horizontais e são mantidas em posição fechada por molas, permitindo abertura e envolvimento dos troncos dos cafeeiros, à medida que a colhedora vai se deslocando. O transportador horizontal é um mecanismo composto por grades
Case IH
Fotos Fábio Moreira da Silva
deslizantes que tem como função transportar os frutos para os transportadores verticais e sistema de limpeza. Como já foi descrito o maior volume de perdas ocorre neste sistema recolhedor, tanto por frutos que caem pelos vãos abertos entre as lâminas retráteis ou no final do transportador horizontal junto com o descarte de folhas e ramos. Para reduzir as perdas nos transportadores horizontais, existem os batedores de folhas, que têm a função de auxiliar a separação dos frutos da massa de folhas e ramos. A colheita foi realizada mantendo a vibração das varetas em 950 ciclos/minuto para as velocidades operacionais de 1.000m/h, 1.600m/h, 2.000m/h e 2.500m/h, tendo forrado o chão sob a linha dos cafeeiros com panos para a determinação das perdas. As perdas foram determinadas medindo-se o volume de frutos caídos sobre os panos em relação ao volume de frutos derriçados, que é a soma do volume colhido mais o volume caído no pano. A Tabela 1 a seguir demonstra os resultados das perdas totais do sistema de recolhimento, seja por frutos que caíram através das lâminas retráteis, como os perdidos nos transportadores horizontais. Observa-se que as perdas aumentaram gradativamente com o aumento da velocidade, variando de 7,5% a 20,5%, com média de 13,5%. As perdas também foram avaliadas, individualmente para os transportadores horizontais variando as velocidades do transportador em: 1.368m/h, 1.692m/h, 3.420m/h e 5.400m/h.
Fábio Moreira da Silva coordenou os trabalhos de pesquisa sobre perdas na colheita de café
mentar ainda mais em lavouras desalinhadas, lavouras com mais de uma planta por cova ou plantas com mais de um ramo principal, que forçam maior abertura das lâminas. Outro fato importante de ser observado é o deslocamento da colhedora mais centralizado possível em relação à linha de plantio. É importante também observar, antes de iniciar a operação diária de colheita, se as lâminas estão fechando corretamente e ao sair da linha de colheita, se tem alguma lâmina quebrada ou enroscada em posição aberta, fazendo a substituição da lâmina e/ou da mola. Com relação ao transportador horizontal, a velocidade de 3.420m/h, que corresponde à leitura de 100rpm no monitor eletrônico, apresentou a menor perda indepen.M dentemente da velocidade operacional. Fábio Moreira da Silva, Júlio Cézar Silva de Souzas e Antonio Carlos da Silva, Ufla Tabela 1 - Perdas totais do sistema de recolhimento Velocidade operacional (m/h) 1000 1600 2000 2500
Acaia 6,97 12,03 15,36 17,93 13,07
Perdas de frutos (%) Icatu 7,91 10,20 14,45 22,92 13,87
Tabela 2 - Perdas com diferentes velocidades do transportador horizontal Velocidade operacional (m/h) 1000 1600 2000 2500 Média (%)
A colhedora utilizada no ensaio foi uma automotriz K3 da Jacto
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Essas velocidades foram determinadas medindo-se o comprimento total do transportador e o tempo que o mesmo leva para dar uma volta completa. Depois de estabelecidas as velocidades do transportador horizontal, as mesmas foram comparadas com a leitura de rotação do monitor eletrônico JSM K-3, estabelecendo correlação das velocidades com as respectivas leituras de 40, 55, 100 e 155rpm no monitor. Verifica-se que as perdas no transportador horizontal em média de 5,26%, também aumentam com o aumento da velocidade operacional. Considerando as perdas médias totais de 13,47%, resulta a perda média das lâminas retráteis de 8,21%, demonstrando onde ocorrem as maiores perdas do sistema de recolhimento. Com relação ao transportador horizontal, a velocidade de 3.420m/h apresentou a menor perda média de 3,62%, considerando as diversas velocidades operacionais. Para a velocidade operacional de 1.000m/h, bastante usual na colheita plena, com uma única passada da colhedora, a perda média total foi de 7,44%, com uma perda mínima de 0,98% no transportador horizontal. Para a velocidade operacional de 1.600 m/h, sendo a mais recomendada para colheita seletiva, com duas passadas da colhedora, a perda média de frutos nos transportadores horizontais foi de 2,86% e a perda média total de 11,12%. Conforme resultados obtidos, pode-se concluir que o maior volume de perdas ocorre nas lâminas retráteis e estas perdas podem au-
1368 2,73 A 3,92 A 7,72 B 12,05C 6,60 c
Velocidade do transportador horizontal (m/h) 1692 3420 Perdas (%) 1,89 A 0,98 A 3,27 A 2,86 B 7,08 B 4,06 B 10,60 C 6,60 C 5,71 b 3,62 a CV (%) = 20,59
5400
Média (%)
1,83 A 3,20 A 5,64 B 9,89 C 5,14 b
1,85 A 3,31 B 6,12 C 9,78 D 5,26
Médias seguidas de mesma letra não diferem significativamente. Letras minúsculas na linha e maiúsculas na coluna
Março Abril 2010 2010• •www.revistacultivar.com.br www.revistacultivar.com.br
Média 7,44 11,12 14,91 20,42 13,47
FICHA TÉCNICA
Matrix Realview
Fotos Teejet
A Teejet Technologies acaba de lançar no mercado o equipamento de orientação via GPS Matrix, com a tecnologia Realview, sistema de monitoramento em tempo real com câmera de vídeo
A
Teejet lançou recentemente o Matrix com a tecnologia Realview, único sistema disponível no mundo e patenteado pela Teejet, que proporciona ao operador visualizar a imagem do campo em tempo real utilizando uma câmera de vídeo voltada para frente da máquina e sobrepor a esta imagem as linhas de orientação geradas pelo GPS. A tecnologia de guia sobre vídeo está disponível nas duas versões do equipamento, Matrix 570G e Matrix 840G, apresentadas pela Teejet pela primeira vez no Brasil durante o Show Rural em Cascavel (PR). Uma das grandes vantagens deste sistema é evitar a fadiga do operador que, em outros sistemas necessita mudar o foco de sua atenção para visualizar os dados de orientação e manter a direção da máquina. Algumas vezes isto pode causar pequenos acidentes como a queda em buracos feitos por pequenos animais no campo ou mesmo o choque das barras de pulverização com obstáculos no campo. Com o novo sistema Matrix o operador tem na tela do equipamento tanto as linhas de orientação como também a imagem do campo em tempo real, o que pode ajudar a evitar tais acidentes.
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O Matrix suporta respectivamente quatro e oito câmeras nas versões 570G e 840G. Assim o usuário pode, além da câmera principal que o auxilia na visualização do que está adiante, ou seja, utilizada na orientação, visualizar pontos de difícil acesso da máquina, sem sair da cabine. As demais câmeras podem ser utilizadas, por exemplo, para visualização das barras e bicos no caso da utilização em pulverização, mas devido à necessidade do campo, as câmeras se tornam uma alternativa para uso nas plantadeiras, para visualização das linhas de plantio
e monitoramento de interrupção das linhas de plantio por excesso de palha ou qualquer outro motivo. Outros pontos de difícil acesso em colhedoras também podem ser monitorados por estas câmeras. Compatível com diversos níveis de correção de sinal existentes, GPS, Clear Path, DGPS, XP e RTK, o equipamento é indicado para os mais diversos usos no campo, de acordo com a precisão necessária para a realização das tarefas, que vão desde a pulverização e distribuição de fertilizantes granulados, até o uso para o plantio e colheita.
CARACTERÍSTICAS
Até oito câmeras de vídeo podem ser acopladas ao Matrix e instaladas em diversas partes da máquina
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O novo equipamento possui várias características que proporcionam maior conforto ao operador e precisão na orientação, como veremos na sequência. Uma tela colorida, com visualização em 2D e 3D de alta intensidade luminosa, permite visualização clara mesmo em situações de dias muito claros. Disponível nos tamanhos 14,5cm (5,7”) e 21,3cm (8,4”) respectivamente nos modelos 570G e 840G. O display “Touch Screen” possibilita que com apenas um toque na tela o operador tenha
Fotos Teejet
Câmera de vídeo e os dois modelos disponíveis: o Matrix 840G com tela de 8,4” e o Matrix 570G com tela de 5,7”
acesso a todas as funções do equipamento e suas configurações. Uma porta USB permite conectar um drive removível e exportar os dados para um computador. O equipamento possui as opções de exportar dados nos seguintes formatos PDF, KML e SHP. No formato PDF é gerado um relatório predefinido contendo as principais informações sobre o trabalho como operador, propriedade, área tratada, hora do início e fim do trabalho, bem como um mapa gerado pelas coordenadas do GPS podem ser visualizados. O formato KML possibilita utilizar este arquivo em um computador em conjunto com o software Google Earth para visualização da área tratada sobre a imagem do satélite. Já o arquivo shape, com extensão SHP, é um formato padrão utilizado pelos principais softwares de mapeamento de área. Na tela principal, durante a orientação podem ser visualizadas diversas informações como velocidade de deslocamento, faixa de aplicação atual, linhas adjacentes e área tratada. Também estão disponíveis durante a orientação as informações sobre o estado do sinal do GPS, seções da barra ativas, além da área aplicada que pode ser visualizada na cor azul, e caso haja sobreposição da aplicação, é mostrada em cores diferenciadas. O equipamento conta com vários modos de guia, que estão disponíveis para a utilização do operador de acordo com a sua conveniência para uma melhor execução do trabalho. É possível dirigir em modo Reta, Curva AB, Pivô central, modo Bordadura e Curva Adaptativa. Este equipamento é de fácil manuseio e possui uma interface agradável com o usuário, utilizando uma linguagem pictográfica simples, clara e de fácil entendimento, o que torna o uso e as configurações do equipamento quase que intuitivos pelo usuário. O texto inserido nos comandos também é simples e torna ainda mais claro seu uso. O Matrix oferece ainda a possibilidade de upgrades em seu sistema.
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Exemplo de tela gerada em formato KML, que pode ser utilizado com o software Google Earth para visualização da área tratada sobre a imagem do satélite
O Controle Automático de seções de barra pode ser integrado ao Matrix de forma simples, bastando apenas conectar o equipamento a um controlador eletrônico de vazão, através de um cabo especial, e pode ser feito em até 15 seções da barra independentes. Ao entrar e sair de áreas aplicadas, o equipamento irá abrir e fechar as seções de forma a evitar os custos desnecessários devido à sobreposição de defensivos e também evitando falhas de aplicação. O piloto automático é outro upgrade disponível, dispositivo que trabalha conectado ao sistema hidráulico da direção do trator e irá atuar utilizando as informações recebidas do sistema GPS mantendo estável a direção do trator. A utilização do piloto automático permite que o operador trabalhe com muito mais conforto, menos estresse, maior precisão na dirigibilidade e ainda permitindo que o operador efetue outras
funções como o monitoramento das pontas de pulverização, das barras e da máquina em geral, ou no caso do plantio, o monitoramento através das câmeras das linhas de plantio. Tanto na versão 570G quanto na 840G, dispõe da tecnologia de guia sobre vídeo Realview, .M produto exclusivo da Teejet.
Telas com menus de trabalho e configurações do sistema
Exemplo de telas com as diversas informações fornecidas sobre o trabalho
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empresas
Incremento de luxo
Case New Holland inaugura novo complexo industrial, o maior investimento da indústria de máquinas em Sorocaba
A
Case New Holland inaugurou recentemente o novo complexo industrial em Sorocaba (SP), um conjunto de uma fábrica da case e um moderno centro de distribuição e logística de peças da CNH, localizado na cidade de Sorocaba (SP). O projeto é resultado de um investimento de R$ 1 bilhão, que faz parte do plano de investimentos do Grupo Fiat para o período 2007-2011, anunciado em novembro de 2006 por Sérgio Marchionne, CEO do Grupo Fiat, em encontro
com investidores.Esse é o maior investimento da indústria de máquinas, realizado num único momento, já feito na história do País. Da fábrica de Sorocaba serão produzidos equipamentos que abastecerão o mercado interno e que também serão exportados para a América Latina e mais de 50 países nos outros continentes. “Sorocaba vai produzir máquinas agrícolas e de construção, que fazem parte da plataforma mundial das duas marcas. Com ela, vamos aumentar nossa produção, atendendo
melhor aos mercados agrícolas e de construção”, informa Valentino Rizzioli, presidente da Case New Holland para a América Latina e vicepresidente executivo do Grupo Fiat. Além de máquinas, a nova planta produzirá componentes para equipamentos feitos em outras unidades da CNH, como a de Piracicaba, onde são fabricadas colhedoras de cana, e também para exportação. O Complexo Industrial contará com uma área total de 160 mil metros quadrados (104 mil da fábrica e 56 mil do CD). Dessa forma, sua capacidade de produção será de oito mil unidades por ano. No mesmo terreno também foi erguido o maior Centro de Distribuição de Peças da CNH na América Latina e um dos mais modernos do Grupo Fiat no mundo, com 56 mil metros quadrados de área construída, equipamentos de movimentação e embalagem de última geração e capacidade de estocagem de 180 mil itens. .M
.M
Também foi inaugurado o maior Centro de Distribuição e Logística de Peças da América Latina
capa
Nova série
Entramos no campo de testes dos novos tratores da Massey Ferguson e adiantamos as novidades dos oito modelos da Série 4200 que substituirão a tradicional Série 200
O
município de Colina, no estado de São Paulo, foi o cenário para a apresentação da nova linha 4200 da Massey Ferguson que será conhecida neste Agrishow, em Ribeirão Preto. O município, com aproximadamente 11 mil habitantes, está situado na região norte do estado de São Paulo, a 400km da capital, próximo a Barretos, e tem a sua economia baseada na agricultura e na pecuária. Na pecuária, principalmente criação de cavalos de raça e bovinos. Na agricultura, principalmente laranja, cana-de-açúcar, soja, café, milho, feijão e amendoim. Com o auxílio do pessoal de marketing da empresa fomos conhecer a grande novidade do semestre, no mercado de máquinas agrícolas, que é o lançamento da série 4200, em substituição da tradicional série 200. Já era esperado, por parte dos usuários, algum movimento deste fabricante, no sentido de modernizar a sua linha, depois das novidades dos últimos anos com a série 6300HD, 7000 Dyna-6, 7100 e o modelo 8480. Na nossa impressão inicial, parece que o que se esperava há algum tempo apareceu da me-
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lhor maneira possível. Ainda que a série 200 tenha sido um absoluto sucesso de vendas e tenha tido uma enorme aceitação, com suas vantagens, que se confundiam muitas vezes com o nome da Massey Ferguson, com qualificações como simplicidade, economia, fácil manutenção, durabilidade, valor de revenda etc, já havia um clamor por parte de usuários e revendedores sobre determinadas carências tecnológicas que foram, ao longo dos tempos, mostrando-se impossíveis de serem incorporadas por um projeto de uma geração anterior, como era o caso. Embora alguns digam que a nova série é uma evolução da série antiga e que se deseja manter vínculo, outros querem que se esqueça a série 200, renovando expectativas. Parece-nos, claro que o que era bom e aceito plenamente foi resguardado, como a distribuição de peso e a relação peso/potência de 55kg/cv, que parece uma convicção da marca. Também o trem de transmissão traseiro foi mantido, pela sua robustez e confiabilidade. O lançamento oficial será em Ribeirão Preto, durante o Agrishow deste ano, mas a rede de concessionários já teve a oportuni-
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O capô do motor bascula completamente com um único toque, como nos modelos importados
dade de conhecer os produtos no último mês de dezembro, na convenção da Massey Ferguson. Durante meses, a empresa conseguiu manter o segredo sobre a configuração final da linha e desde agosto de 2009 até agora foram desenvolvidos testes de engenharia e posteriormente a preparação de material para o marketing. Serão lançados os modelos 4265, 4275, 4283, 4290, 4291, 4292, 4297 e 4299. Como se pode ver, há uma estreita relação entre os modelos anteriores. Parece claro que a lembrança da série 200 vai ser constante, pois na forma de expressar-se, por exemplo,
Fotos Cultivar
Motor hidráulico é responsável pelo acionamento do rotor de 700mm de diâmetro e 3.556mm de comprimento
Um dos modelos testados, o 4291, estava equipado com rodado duplo e tracionando uma semeadora Massey Ferguson, modelo MF 509 M45 de cinco linhas
o modelo que antes era 275 será agora, na nova série, o quatro, duzentos e setenta e cinco. Vimos, no lançamento, somente as versões básicas, mas haverá a mesma oferta de versões especiais, como o cafeeiro, o estreito e o superestreito. Em um primeiro momento a série não incorpora nenhum modelo de 50cv, imaginando-se que o modelo 250, o Brasileirinho, continua na linha 200, ao menos por um curto tempo. Nos modelos apresentados, notamos em comum três alterações, a plataforma completa, que substitui a anterior semiplataforma, nos modelos com alavancas de troca de marcha e regime centrais. A segunda alteração comum à série é opção standard de tomada de potência independente em todos os modelos, mantendo-se como opção a versão básica da TDP. A terceira alteração
O modelo 4299 utiliza motor AGCO Sisu Power de quatro cilindros e tracionou com folga uma semeadora de seis linhas, em sexta marcha a 7km/h
comum é a presença de alavancas laterais em todos os modelos. Analisando o que vimos nos modelos apresentados, notamos uma sensível evolução no que se refere à ergonomia e à segurança. Primeiramente a questão relacionada ao novo posicionamento das alavancas de troca de marchas e regime, que assume a posição lateral, em toda a linha, algo que somente estava disponível em alguns modelos e como opcional para o câmbio de 12 velocidades. Esta transmissão, embora seja bastante simples, utilizando duas alavancas, uma para mudança da marcha e a outra, funcionando em H, para o engate de grupos, projetada para em primeiro lugar que se engate o regime e depois a alta e baixa. Outra evolução importante é o fato de que todos os modelos são equipados com uma
plataforma, bem isolada, piso emborrachado e com opção de cabine, que fica fácil de instalar sobre esta plataforma. Por sinal, foi apresentada a nova cabine, original MF, com a vantagem da incorporação de um arco de segurança, tipo Rops original inserido na estrutura da cabine, que nos pareceu bem superior aos modelos de outros fabricantes, antes oferecida. Como era de se esperar, há uma opção de filtragem do ar para aqueles casos de aplicação de produtos químicos. Por sinal, a partir de agora todos os tratores na nova série vêm originalmente equipados com estrutura de proteção contra o capotamento, mesmo que sem cabine, colocando estes novos em acordo com a Norma Regulamentadora 31 do Ministério de Trabalho e Emprego. Os faróis auxiliares colocados na lateral também podem ser considerados um
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Detalhe da estrutura que sustenta a cabine e absorve as vibrações vindas do trem de força O modelo 4299, que equivale ao antigo 299, teve o motor Perkins de seis cilindros modelo 1006-6 substituído pelo AGCO Sisu Power, de quatro cilindros, com cilindrada de 4.400cm3, turbo cooler, com a potência mantendo-se em 130cv
avanço notável. Finalmente um destaque importante, é que agora, na nova linha, todos os freios têm acionamento hidráulico, o que torna a frenagem mais suave, exigindo menos esforço do operador. Quanto ao desempenho, que tentamos apreciar no teste, vimos que agora toda a linha tem a opção por tração dianteira auxiliar, embora alguns modelos a partir do modelo 4292 só sejam fornecidos na alternativa de tração dianteira. Foi interessante também a opção do fabricante pela transmissão mecânica de 12 velocidades como equipamento básico. Agora, a versão com apenas oito marchas é opção no caso de tratores dotados de inversor, com a configuração de 8x8. A antiga versão de transmissão de oito marchas à frente e duas à ré agora é uma alternativa especial.
A lastragem foi melhorada, dando-se a ela maior importância, com a alteração dos pesos que são agregados às rodas traseiras e ao suporte dianteiro. Também para atender necessidades de adaptação do trabalho está sendo disponibilizado um kit de rodado duplo para o 291 e para o 292, com uma forma rápida de acoplamento e retirada.
Principais alterações por modelos • O 4265 mantém o motor MWM International A4-3.9, assim como o 4275, o 4283 e o 4290 mantêm o motor MWM Internacional A4-4.1, sem alterações. O tanque de combustível passa de 75L para 100L. • No modelo 4275, a capacidade de levante pode ser de 3.200kgf como opção. O modelo 4283 tem aumentada a capacidade de levante de 2.500kgf para 3.200kgf na versão básica. O tanque de combustível passa de 75L para 100L. • No novo modelo 4290 a capacidade de levante passa de 2.500kgf para 3.200kgf na versão básica. No 4291, o motor Perkins 1104C-44T Tier II não muda, exatamente porque é um dos itens mais recentes adotados na linha 200 e tem este diferencial de redução de emissão de poluentes. O tanque de combustível passa de 100L para 175L. • No caso do 4292 há a troca do motor MWM Internacional A4-4.1T para o AGCO Sisu Power, a cilindrada passa de 4.100cm3 para
Os contrapesos foram remodelados e possuem desenhos diferentes, de acordo com cada modelo de trator
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Finalmente, para atender as necessidades de maior autonomia, foram aumentadas as capacidades do tanque de combustível em quase todos os modelos. Como já nos referimos, os modelos MF 4297 e 4299 tiveram os motores alterados de seis para quatro cilindros. Para compensar a diminuição do comprimento do motor e manter as mesmas características de distância entre eixos, característica importante no desempenho em tração do trator, foi
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4.400cm3, a potência passa de 105cv para 110cv e o torque de 402Nm para 420Nm. A partir de agora este modelo, assim como o 4297 e o 4299, somente será comercializado na versão TDA. A capacidade de levante passa de 3.200kgf para 3.800kgf na versão básica. • O modelo 4297 troca o motor Perkins de seis cilindros modelo 1006-6T para o AGCO Sisu Power, de quatro cilindros, com cilindrada de 4.400cm3, turbo, a potência mantém-se em 120cv e o torque de 451Nm para 480Nm. A capacidade de levante aumenta de 3.200kgf para 3.800kgf na versão básica • Finalmente no modelo 4299, também há a substituição do motor Perkins de seis cilindros modelo 1006-6 pelo AGCO Sisu Power, de quatro cilindros, com cilindrada de 4.400cm3, turbo cooler, com a potência mantendo-se em 130cv e o torque de 510Nm passa para 500Nm. A capacidade de levante também aumenta de 3.200kgf para 3.800kgf na versão básica.
Fotos Cultivar
Uma evolução importante na Série é o fato de que todos os modelos são equipados com uma plataforma isolada, com piso emborrachado. As alavancas de câmbio saíram do centro e passaram para a lateral direita do operador. As cabines são novas e originais, com a vantagem da incorporação de um arco de segurança, tipo Rops original inserido na estrutura
colocado um espaçador entre o motor e o acoplamento no trem de transmissão. Para favorecer e resolver problemas de adaptação de diferentes medidas de pneus, o novo projeto inclui um sistema de regulagem da altura dos para-lamas. Como um pequeno trabalho de reposicionamento dos paralamas, com parafusos é possível regulá-lo Às diferentes necessidades, sem a possibilidade de que este fique muito distanciado do pneu ou haja o toque. Por razões lógicas este dispositivo não está presente naquelas versões que forem equipadas com cabine. Em todos os modelos uma bomba hidráulica única em série, para o controle remoto, direção assistida e TDP independente está colocada na lateral do motor, em lugar de fácil acesso. Para o controle remoto há opção para uma, duas ou três válvulas. Entrando diretamente no teste, como seria impossível fazê-lo com todos os modelos, escolhemos por razões diversas o modelo 4275, o 4291 e o 4299. O 4275 porque, sendo sucessor do modelo campeão de vendas no mercado brasileiro, queríamos
saber como havia ficado este, que pretende continuar a ser o sonho de muitos agricultores, principalmente aqueles que possuem somente um trator e pretendem que seja um equipamento versátil e ao mesmo tempo, econômico e durável. Também nos interessamos pelo teste do 4291 porque o trator que estava a nossa disposição estava montado com rodado duplo e possui o motor que atende Tier II e, finalmente com o 4299, porque, sendo o maior da série, havia nos passado uma enorme dúvida de como havia ficado após a substituição do motor de seis cilindros para um de quatro cilindros. Inicialmente testamos o modelo 4275 acoplado com uma semeadora Massey Ferguson modelo 104 L45 de quatro linhas. Notamos que em quinta marcha (7,0km/h) não houve nenhum problema em tracioná-la e verificamos que houve um sensível aumento de conforto na operação deste modelo sem as tradicionais alavancas entre os joelhos, posicionadas agora na lateral e com os pés comodamente apoiados sobre a superfície plana. O acesso também
melhorou. No caso do modelo 4291 que estava equipado com rodado duplo e tracionando uma semeadora Massey Ferguson, modelo MF 509 M45 de cinco linhas, notamos nas condições de trabalho que havia sobra de potência e na velocidade (6,5km/h) e condições do teste haveria possibilidade de se agregar uma linha a mais. Mas a maior curiosidade que tínhamos era a de experimentar, no campo, o novo modelo 4299, que passou a utilizar o motor AGCO Sisu Power de quatro cilindros. Acoplamos a ele uma semeadora Massey Ferguson de seis linhas, modelo MF 511 M45, em sexta marcha (7km/h), o motor não deixou dúvidas, tem torque suficiente. Concluindo, vimos, nestes novos modelos, que uma das características que mais marcaram a equipe da Cultivar Máquinas foi o novo design moderno, marcado por um capô mais largo, muito semelhante ao que monta nas linhas 7000 Dyna-6 e 7100 e com um bom acabamento e adesivação. Também ficaram marcados como pontos positivos
A nova série tem design moderno, marcado por capô mais largo, sinaleiras e faróis arredondados, muito semelhante ao que equipa as linhas 7000 Dyna-6 e 7100, com bom acabamento e adesivação
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Fotos Cultivar
Com o basculamento do capô, as manutenções periódicas podem ser feitas com maior facilidade, já que os componentes podem ser acessados sem interferência
os vários itens em que a servicibilidade foi melhorada, entre eles o capô basculante, que permite um aumento na facilidade do acesso ao tanque, bateria, filtro de ar, bomba injetora etc. A evolução ergonômica, de que anteriormente falamos, marcada pelos melhores degraus de acesso ao posto do condutor, este mesmo, colocado sobre a boa plataforma. Também são marcantes a boa posição dos pega-mãos e a proteção do posto do operador, assim como o assento do operador, que agora é de um melhor padrão que os anteriores, com apoios de braços em todos os modelos. Como questão básica de segurança, o fabricante se preocupou em proteger adequadamente a tomada de potência com um dispositivo do tipo envolvente. Como item de menção especial, também valorizamos o aumento da capacidade de levante do sistema hidráulico de três pontos .M em todos os modelos da nova série. José Fernando Schlosser e Ulisses Giacomini Frantz, UFSM
Protetor da TDP é um item de série em todos os modelos
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O acesso à plataforma exige menos esforço, já que a escada é rebaixada
O teste foi realizado no interior do município de Colina, no estado de São Paulo, e contou com o apoio do pessoal de marketing e engenharia da Massey Ferguson 4265
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Motor MWM International Marca A4-3.9 A4-4.1 A4-4.1 A4-4.1 Modelo 4 4 4 4 Número de cilindros 3900 4100 4100 4100 Cilindrada - cm³ Natural Natural Natural Natural Aspiração Performance Potência do motor na rotação nominal 56 (75) 63 (85) 63 (85) nominal (norma ISO TR 14396) - kW (cv) 48(65) 42 (57) 49,3 (67) 55,5 (75,5) 53 (72) Potência máxima na TDP - kW (cv) 236 279 289 289 Torque máx no motor 1400 rpm Nm Sistema Hidráulico 3200 Capacidade de levante na rótula - kgf 2500 2500/3200(opc.) 3200 17 17 ou 27 17 ou 27 17 ou 27 Vazão máxima - l/min Peso 3940/4517 3960/4567 3950/4829 4555/5410 Peso com lastro - 4x2/4x4 kg
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Perkins AGCO SISU POWER 1104C - 44T A420 A420 A420 4 4 4 4 4400 4400 4400 4400 Turbo Tier II Turbo Turbo Turbo/cooler
74 (100) 81 (110) 88,3 (120) 95,6 (130) 64,7 (88) 74 (100) 81 (110) 88,3 (120) 415 420 480 500 3200 3800 3800 3800 17 ou 27 17 ou 27 17 ou 27 17 ou 27 4970/5446 6.720
6.740
7.040
tratores
Esforço prejudicial
Charles Echer
Estudo mostra o resultado da repetição de esforços realizados em máquinas agrícolas e identifica quais os componentes que mais prejudicam a saúde dos operadores
E
m meio a um cenário de eminentes avanços tecnológicos, relacionados a um padrão mundial de agricultura moderna, o país se depara com uma realidade que nem sempre condiz com este cenário. Ao mesmo tempo em que os setores de engenharia dos fabricantes desenvolvem máquinas cada vez mais modernas que objetivam tornar o trabalho do homem uma atividade simplificada, eficiente e precisa, no campo sobram exemplos
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de transtornos físicos e problemas ergonômicos. A atividade agrícola é recheada de características adversas pelas condições climáticas, topográficas e pelas longas jornadas de trabalho, nas épocas de pico de trabalho, como é o caso dos períodos de semeadura e colheita. Nota-se que enquanto alguns produtores adquiriram um padrão de qualidade em suas empresas rurais, outros ainda convivem diariamente com máquinas inseguras e malprojetadas, provocando lesões relacionadas às operações. Os operadores de máquinas agrícolas acabam sofrendo com problemas osteomusculares em estágios mais avançados de idade. Alguns afirmam que a profissão de operador é uma atividade de gente jovem e forte. É conhecida a
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enfermidade ocupacional típica de tratoristas: artrose de joelho e de terceira vértebra lombar. O próprio sistema nacional de saúde reconhece a alta porcentagem de profissionais rurais com coincidência deste diagnóstico. Por falar em sistema nacional de saúde, ressalta-se a quase inexistência de registros confiáveis de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. Mas o Brasil não é único nesta deficiência, pois, em geral, mesmo países desenvolvidos pecam no registro destas informações. Poderíamos buscar as razões para tal deficiência
e por certo encontraríamos o grande vilão, que é o trabalho informal. É grande a porcentagem de trabalhadores rurais que praticam a atividade sem o registro formal do seu contrato de trabalho.
CONSTATAÇÃO DO PROBLEMA
Analisando-se melhor a situação é possível constatar que as doenças decorrentes do trabalho causam problemas que repercutem na vida social e econômica além de gerar incapacidades e limitações no trabalho e na vida cotidiana. No Brasil, o conhecimento das lesões por esforços repetitivos (LER) é bastante recente, sendo que os primeiros casos diagnosticados como LER foram há pouco mais de dez anos. Atualmente é chamada de distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (Dort), cujo aumento tem se tornado preocupante não somente no Brasil, mas em diversas partes do mundo. As lombalgias correspondem a um percentual que se situa entre 15% a 20% das notificações de doenças, sendo responsáveis por aproximadamente um quarto dos casos de invalidez prematura (Iguti & Hoehne, 2003). A jornada de trabalho comum de um operador de máquinas agrícolas,
em condições inadequadas, remete os mesmos a uma carga de esforços físicos que, com o passar dos anos, pode acarretar em problemas que vão desde a má postura, fadigas, hérnias e lombalgias, podendo gerar até mesmo quadros de problemas circulatórios.
POSTO DE OPERAÇÃO
Um fator que contribui acentuadamente para as lesões decorrentes deste tipo de atividade é o fato de que o trator apresenta características totalmente diferentes de qualquer outro tipo de veículo. Todas as vibrações decorrentes da atividade são transmitidas ao operador, uma vez que o trator não possui um sistema de amortecimento das vibrações de alta e baixa frequência, ou, quando o possui, pouco se minimizam os danos sobre o operador. As condições ergonômicas como posição de pedais, alavancas e demais comandos devem merecer atenção especial no projeto de desenvolvimento de máquinas agrícolas, pois são órgãos acionados frequentemente pelo operador e quando dispostos em locais fora da zona de conforto acabam provocando dores lo-
Figura 1 - Problemas relatados pelos operadores de máquinas agrícolas
Fotos Cultivar
calizadas e, em casos mais graves, lesões que podem impossibilitar o operador de exercer a atividade. No posto de operação, a localização do assento, mãos e pés em vários controles de operação deve acomodar 90% da população de operadores (Yadav & Tewari, 1998). Por isso, o conforto do operador pode ser melhorado com um correto projeto do posto de trabalho do trator, cuja localização dos comandos em relação ao Ponto de Indexação do Assento (Seat Index Point - SIP), possui uma determinada distância baseado na Norma ISO 4253 (1997) que estabelece os padrões a serem seguidos no desenvolvimento de projetos de máquinas agrícolas. O projeto ergonômico de uma máquina agrícola deve considerar as características antropométricas do ser humano bem como a biomecânica, ou seja, fornecer aporte necessário para alcançar patamares mínimos de conforto durante a operação agrícola. Também devem ser considerados aspectos mentais e interações com o ambiente a fim de se evitar lesões decorrentes de movimentos repetitivos em posições desconfortáveis, o que, além de lesões, pode acarretar a ocorrência de acidentes em função do cansaço do operador, devido à exaustiva jornada de trabalho em condições ergonômicas inadequadas.
Esforços repetidos em longas jornadas podem resultar em problemas de saúde permanentes
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Figura 2 - Intensidade dos sintomas relatados
AVALIAÇÃO E RESULTADOS
Adotou-se como procedimento padrão a abordagem a campo de 33 trabalhadores rurais, de faixas etárias distintas e com diferenciados períodos de envolvimento na atividade. Na pesquisa foram avaliados itens como duração da jornada diária de trabalho, reclamações dos operadores, dores no corpo e início dos sintomas, efeito sobre as atividades diárias e determinação da localização e intensidade da ocorrência da dor. Para determinação da intensidade das dores foi utilizada uma escala de zero a dez, onde zero corresponde à inexistência de dores, cinco corresponde a uma dor mediana e dez corresponde a uma dor de máxima intensidade, relacionando-se consequentemente à posição de ocorrência no corpo. Procedeu-se com outra avaliação visando obter a relação entre o número de trabalhadores com problemas de saúde em função do tempo de envolvimento na atividade. Variados foram os problemas relatados pelos operadores relacionados ao exercício de sua atividade como pode ser visualizado na Figura 1. O alvo principal de relatos foi inerente às dores nas costas, as quais atingem 32% dos operadores, devido a configurações ou condições inadequadas do assento, principalmente no que diz respeito ao encosto, fazendo com que o operador desempenhe sua atividade em uma posição desconfortável. Dores na coluna foram relatadas por 23% dos trabalhadores
Operação do trator com o corpo voltado para o lado e olhando para trás é uma posição comum entre tratoristas
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abordados, em decorrência de vibrações de alta e baixa frequência, agravando-se pelo fato de muitos assentos não possuírem um sistema de amortecimento para tais vibrações. Logo, estas vibrações acabam incidindo diretamente na coluna e, consequentemente, provocando sintomas prematuros relacionados a lesões de vértebras lombares. Nos membros inferiores, as dores no joelho apresentam-se em 16% dos casos sendo relatado pelos tratoristas o joelho esquerdo como o mais problemático devido ao constante acionamento do pedal da embreagem. Dores nos ombros e no pescoço (13% e 10%, respectivamente) estão diretamente relacionadas aos movimentos para acionamento dos comandos que muitas vezes ficam fora da zona de conforto, como, por exemplo, as alavancas de levante hidráulico e controle remoto. Apenas 6% dos operadores não apresentaram nenhum sintoma decorrente do trabalho com máquinas agrícolas. Estabeleceu-se a média dos valores de intensidade relatados pelos entrevistados para cada posição do corpo indicada. Pode-se observar, como confirma a Figura 2, que na média a intensidade ficou entre 4,2 e 6,3, sendo estes considerados como valores moderados, dandose enfoque às dores no pescoço (6,3), joelho (5,8) e costas, com (5,6). Embora não sejam valores extremamente altos, a tendência natural é o aumento destas dores em decorrência do acúmulo de tempo no exercício da atividade, fazendo com que o trabalhador diminua seu ritmo de trabalho, ou em casos mais graves, levando o mesmo ao afastamento da atividade. A Figura 3 evidencia que as dores na coluna costumam aparecer a partir de 20 anos na atividade e as dores nos ombros entre 15 e 19 anos. Dores nos joelhos são mais frequentes nos primeiros anos de trabalho, assim como as dores no pescoço. Já as dores nas costas ocorrem em todas as faixas de tempo determinadas na atividade. As principais causas das dores apontadas pelos operadores foram as vibrações, as quais atuam diretamente sobre a coluna do operador, e também os movimentos para o acionamento
Figura 3 - Relação Tempo na atividade (anos) x Sintoma manifestado
O projeto ergonômico da máquina deve considerar características antropométricas e biomecânicas do ser humano
dos comandos. Outro fator mencionado referese ao pedal da embreagem, cujo acionamento constante pelo operador provoca dores de intensidade média a forte no joelho esquerdo do mesmo. Todavia, a maioria dos operadores não apresenta restrições às atividades diárias, executando-as normalmente mesmo sentindo alguma espécie de dor em qualquer parte do corpo. A jornada média diária de trabalho ficou ao redor de 8,3 horas, mas em períodos esporádicos, como em janelas estreitas de semeadura ou de colheita, estes valores podem alcançar até 14 horas por dia, fator que pode contribuir
significativamente para a exaustão do operador. Portanto, a maior parte dos sintomas pode ser minimizada se as condições ergonômicas dos postos de operação forem cada vez mais aperfeiçoadas.
EERGONOMIA
A importância dos fundamentos de ergonomia e segurança vai além do campo que abrange avanços projetuais e a crescente disputa por fatias de mercado no setor de máquinas agrícolas. Estudos desta natureza tornam-se essenciais para demonstrar que
os avanços em engenharia e eletrônica, que atualmente têm uma conotação bastante expressiva, devem vir acompanhados de projetos ergonômicos bem estruturados, visando tornar a máquina um “ambiente de trabalho” em condições adequadas ao bemestar de seus respectivos operadores. .M José Fernando Schlosser, Alexandre Russini, Ulisses Giacomini Frantz e Gustavo Heller Nietiedt, UFSM
FICHA TÉCNICA
JM 390G
Colhedora JM 390G, da Jumil, projetada para atender pequenos produtores, pode trabalhar com três modelos de plataformas para a colheita de milho, cereais ou recolhimento de feijão enleirado
A plataforma de milho permite a colheita nos espaçamentos 45cm e 90cm
trabalho (6ft) para a colheita direta de feijão, sorgo, soja, trigo e arroz. Um outro modelo possibilita o recolhimento de feijão arrancado e enleirado.
A
Colhedora de Cereais JM 390G foi desenvolvida para acoplamento a tratores com potência mínima de 75cv. O projeto desta colhedora tentou aliar tecnologia, eficiência, qualidade e simplicidade. Ela pode ser fornecida com plataformas para colheita de milho de duas linhas com espaçamentos de 45cm a 90cm e colhe milho com até 35% de umidade. A opção ceifadora de cereais tem dois metros de largura de
SISTEMA DE COLHEITA
No sistema de colheita, um atuador hidráulico permite abaixar e levantar as plataformas de milho, cereais ou feijão durante a operação de colheita. Na configuração com a plataforma de
A plataforma de colher cereais tem largura de trabalho de dois metros (2ft), com navalha de corte com 540rpm/minuto
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milho regulável, é possível realizar a colheita de duas linhas de milho nos espaçamentos de 45cm a 90cm. Esta opção possui sistema de acoplamento com engate rápido, bicos escamoteáveis para limpeza e manutenção. Os espigadores recolhem somente as espigas, eliminando as canas de milho, o que evita o acúmulo de massa no sistema de trilhagem e melhora a limpeza. A configuração com plataforma de cereais, possui largura de trabalho de dois metros (2ft), com navalha de corte com 540rpm/minuto. O molinete trabalha com rotação proporcional à barra ceifadora, proporcionando uma alimentação uniforme e contínua para o sistema de trilhagem axial. Embaixo da plataforma existem esquis autodeslizantes que proporcionam um corte de base rente ao solo, ideal para a colheita direta de feijão, sorgo, soja, trigo e arroz. Uma plataforma recolhedora de feijão pode ser acoplada ao sistema de trilhagem axial, permitindo recolher as leiras de feijão através de dedos retráteis e rosca sem-fim de alimentação.
A plataforma recolhedora de feijão enleirado pode ser acoplada ao sistema de trilhagem axial
Fotos Jumil
Um atuador hidráulico permite abaixar e levantar as plataformas durante a colheita
SISTEMA DE TRILHA
O sistema de trilhagem axial da JM 390G proporciona um batimento dos grãos sem quebra com maior limpeza e sua ação conserva os grãos inteiros, o que ajuda a manter o poder germinativo, característica interessante principalmente para quem produz sementes. O
Detalhe da peneira vibratória que efetua a limpeza final dos grãos
Rosca sem-fim do graneleiro evita o acúmulo na área de descarga da bica do cabeçote
projeto da colhedora foi pensado também para aplicação em pequenas propriedades, atendendo produtores que anteriormente terceirizavam a colheita por falta de equipamento adequado para o tamanho de sua propriedade. A JM 390G possui rotor batedor com sistema de trilhagem axial, composto de um rotor sem-fim com pinos batedores reguláveis envolvidos por peneira cilíndrica. Em uma só operação ela despalha, debulha e limpa o produto colhido. O ventilador é montado no mesmo eixo do rotor e possui rotação independente melhorando a eficiência da limpeza dos grãos. Um cabeçote de regulagem de ar permite a
regulagem de entrada de ar para uma melhor qualidade de limpeza do cereal e uma peneira vibratória efetua a limpeza final dos grãos eliminando as impurezas restantes. No graneleiro, com capacidade para 1.300 litros, existe uma rosca sem-fim que conduz os grãos em toda a área do tanque, evitando o acúmulo na área de descarga da bica do cabeçote. A bica de descarga possui dois estágios e rosca sem-fim para a condução dos grãos. O segundo estágio é acionado por sistema hidráulico. A JM 390G possui rodado duplo, permitindo maior estabilidade principalmente em terrenos com alto nível de inclinação. .M
pulverização
Atomizadores rotativos
A utilização de atomizadores rotativos em pulverização aérea pode garantir gotas menores e uniformes, além de uma aplicação mais homogênea do produto
Fotos Eduardo Araújo
O
s atomizadores rotativos são utilizados em substituição às pontas hidráulicas na função de fracionar o líquido em gotas. Há vários modelos de atomizadores rotativos, todos eles com princípio de funcionamento semelhante: o líquido a pulverizar flui através do eixo, do atomizador e através de uma tela ou conjunto de discos rotativos, que fazem a “quebra” das gotas. As gotas são formadas ou pelo impacto contra a tela rotativa ou pela força centrífuga, ou por ambos. Alguns atomizadores têm o giro proporcionado pela ação do deslocamento de ar “eólico” e outros são acionados eletricamente. São utilizados em número variável de dois a 12 atomizadores por avião e proporcionam um melhor controle do diâmetro médio de gota. É mais fácil de regular o tamanho de gota do que usando bicos e o diâmetro médio é geralmente mais uniforme. Nestas características reside sua maior vantagem quando comparado ao sistema com pontas hidráulicas. O tamanho das gotas não depende da pressão de trabalho, o que se constitui em outra vantagem. Por serem utilizados em menor número que os bicos hidráulicos, os orifícios de saída do líquido são maiores e, assim, também é menor a probabilidade de entupimento. Independentemente do tipo/modelo de atomizador rotativo, o controle do diâmetro de gota é efetuado através da velocidade de rotação: quanto maior a rotação, menores as gotas formadas. Os atomizadores rotativos utilizam o mesmo sistema gerador de pressão empregado para os bicos (sistema “fixo”) e, embora a vazão total do sistema seja também regulada pela válvula de controle do produto, cada unidade atomizadora possui sua regulagem individual, o que permite, portanto, que, se desejado, cada
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unidade seja regulada para proporcionar uma vazão diferente, com vistas a melhor uniformizar o perfil de distribuição. Os atomizadores podem ser instalados em suportes próprios para eles, o que inclui novas barras, ou, então, como na maioria dos modelos, podem ser utilizadas as mesmas barras para suporte e condução do líquido. No Brasil, os atomizadores rotativos empregados há mais tempo são os de fabricação inglesa Micronair, dos quais existem dois modelos principais em uso: o AU-3000 (fabricação descontinuada) e o AU-5000. Há ainda dois modelos, de concepção diferente, de fabricação nacional: TurboAero (produzido pela empresa CBB (Centro Brasileiro de Bioaeronáutica) e o Stol (produzido pela empresa de mesmo nome). A Micronair fabrica ainda um outro modelo, o AU-4000, o qual ainda não está em uso no Brasil (Figura 1). Os atomizadores rotativos são constituídos basicamente por um tambor de tela metálica ou um cilindro constituído por discos dentados, acoplado a pás de hélice, plásticas. O tambor
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ou cilindro gira ao redor de um eixo, fixo. As pás têm seu ângulo ajustável, o que influi sobre a velocidade de rotação e, consequentemente, sobre o diâmetro de gota: quanto menor o ângulo das pás, maior a velocidade de rotação e menor o diâmetro de gota. Cada unidade atomizadora tem seu próprio dispositivo para ajuste da vazão. Os atomizadores são providos, também individualmente, de válvulas antigotejamento, que podem ser internas (padrão nos atomizadores Micronair) ou externas (padrão nos demais modelos), ou, ainda, ambas, como ocorre com os AU-5000 e AU-4000. A Figura 2 mostra as partes componentes típicas de um atomizador rotativo, exemplificado pelo Micronair AU-5000.
INSTALAÇÃO DOS ATOMIZADORES
Alguns atomizadores são fornecidos com suas barras e suportes, que podem ser personalizados para cada tipo de avião (caso do modelo AU-3000). Os suportes, geralmente em número de quatro, fixam as barras atrás e na linha do “bordo de fuga” da asa.
Figura 1 - Atomizadores rotativos mais empregados no Brasil
Tabela 1 - Larguras de faixa usadas por aeronaves “Ipanema” equipadas com atomizadores AU-5000 (valores de referência) Tipo de Diâmetro Altura de aplicação de gota (m) vôo (m) Inseticida base água 200-250 3-4 m Fungicida base água 200-250 3-4 m Fungicida base óleo 150-200 4-5 m Herbicida 3-4 m 300-350 Inseticidas UBV 4-6 m 100-150
Largura de faixa (m) 18 m 16-17 m 18 m 15-16 m 22-25 m
Fonte: Agrotec
Já os outros modelos citados (AU-5000, AU-4000, TurboAero e Stol) são fornecidos com suportes tipo “abraçadeira”, para serem montados diretamente sobre as barras normalmente usadas para a instalação das pontas de pulverização, não existindo, portanto, suportes adicionais para fixação nas asas. Quando se utiliza tal tipo de equipamento, pode-se variar com mais facilidade o número e a posição dos atomizadores. Cada atomizador obtém o líquido a pulverizar diretamente de um dos orifícios onde são originalmente instalados os bicos, vedando-se os demais orifícios das barras. Mantendo-se uma barra específica para os atomizadores pode-se, com grande facilidade, passar de uma aplicação com atomizadores para uma com bicos, apenas trocando-se o conjunto de barras, o que é feito com grande rapidez. O número de atomizadores instalado em cada aeronave é variável, dependendo do mode-
lo do atomizador, do modelo do avião e da utilização pretendida. Em princípio, para um avião de porte médio como o Ipanema, utilizam-se de dois a quatro atomizadores AU-3000 ou de quatro a oito atomizadores AU-5000, ou, ainda, de dez a 12 atomizadores TurboAero ou Stol. Para aviões de grande porte, como alguns modelos da Air-Tractor ou Thrush, usa-se um número proporcionalmente maior de atomizadores, conforme a envergadura da aeronave. Com relação à posição dos atomizadores, cada fabricante recomenda uma disposição básica de instalação, podendo a mesma ser alterada pelo operador para utilizações específicas.
CALIBRAÇÃO DOS ATOMIZADORES ROTATIVOS
Um dos primeiros passos é o ajuste da taxa de aplicação. Uma vez obtida a vazão total necessária (usando os parâmetros área por minuto e taxa de aplicação), a vazão unitária em litros/
minuto é obtida dividindo-se a vazão total pelo número de atomizadores em uso. O fabricante do atomizador fornece tabelas e gráficos para a escolha do orifício de restrição adequado para a vazão individual, o qual deverá ser posicionado na Unidade de Restrição Variável (VRU). O diâmetro de gotas pode ser facilmente ajustado pelo operador, bastando para tanto alterar a velocidade de rotação dos atomizadores. Considerando-se constante a velocidade de aplicação, a variação da rotação do atomizador – e, portanto, do diâmetro das gotas – é feita apenas pelo ajuste do ângulo das pás. Os limites máximos e mínimos de rotação/diâmetro de gota são variáveis conforme cada modelo, devendo ser consultado o manual do fabricante. A Figura 4 ilustra a forma de ajuste das pás do atomizador AU-5000. A linha de referência é a divisão – horizontal – entre as duas metades do cubo. Os diversos ângulos são representados por ressaltos nas pás. A correlação entre a rotação do atomizador e o diâmetro de gotas e velocidade de rotação pode ser feita de duas maneiras alternativas: através de consulta a um programa de computador elaborado pelo fabricante ou pela consulta aos gráficos contidos no manual de cada equipamento ou mediante o uso de gráficos,
Figura 2 - Componentes típicos de um atomizador rotativo
Figura 3 - Unidade de Restrição Variável (VRU)
Fonte: Catálogo Micronair AU5000
que são mostrados em detalhe nos manuais dos atomizadores. A aplicação de produtos ou caldas com maior risco de evaporação deve ser feita com altura de voo apenas um pouco superior à que geralmente se usa com bicos hidráulicos. Não é recomendada altura de voo inferior a três metros, podendo-se voar acima desta altura em condições climáticas muito favoráveis. A altura típica é de três a quatro metros. Quando da aplicação de produtos ou caldas com menor risco de evaporação (óleos, produtos formulados para UBV), a altura pode ser um pouco maior, entre quatro e seis metros, desde que as condições climáticas permitam e não haja deriva excessiva.
LARGURA DE FAIXA
VELOCIDADE DE APLICAÇÃO
A velocidade de aplicação será sempre determinada pelo piloto, em função da aeronave utilizada. Quanto aos atomizadores rotativos, as seguintes recomendações são importantes: manter a velocidade o mais constante possível, pois assim também se manterão uniformes o diâmetro das gotas e a taxa de aplicação; evitar atingir velocidades tais que incorram no risco de ultrapassar a velocidade máxima de rotação dos atomizadores em uso (consultar o manual). No AU-5000 a rotação máxima é 10.000rpm. Sempre que possível usar controladores automáticos, acoplados a GPS.
VENTOS E AR
A velocidade do vento está mais diretamente relacionada à questão da deriva (arraste horizontal que sofrem as gotas por influência do vento) do que propriamente à qualidade da aplicação. Há, entretanto, consenso de que ventos muito fracos (velocidade zero ou inferior
Fotos Eduardo Araújo
Os atomizadores rotativos, por si sós não fornecem uma largura maior de faixa quando comparados aos outros equipamentos, nas mesmas condições. A largura de faixa em qualquer caso vai depender principalmente dos fatores diâmetro das gotas; características da aeronave (envergadura, peso bruto, velocidade), altura do voo e condições de vento. A Tabela 1 mostra
exemplo de larguras de faixa usadas por aeronaves “Ipanema” equipadas com atomizadores AU-5000.
a 3km/h) são prejudiciais à boa aplicação, especialmente quando trabalhando em condições de temperatura elevada. Por outro lado, ventos fortes (acima de 18km/h) podem ocasionar problemas de deriva. Assim, a melhor faixa de velocidade de vento situa-se entre 3km/h e 18km/h. Naturalmente, à medida que se aproxima o limite máximo, maiores devem que ser o cuidado na seleção do diâmetro de gota e a preocupação com os eventuais destinos da deriva na direção do vento predominante. Temperatura e umidade do ar são dois parâmetros que exercem influência direta sobre a evaporação das gotas sendo muitas vezes responsáveis por grandes perdas de produto e fracasso nas aplicações. Obviamente, o efeito final vai depender da combinação destes dois fatores. Assim, não há como fixar uma temperatura máxima ou uma umidade mínima para trabalho, de forma independente. Muitas vezes será possível trabalhar com temperaturas tão altas como 30oC, se a umidade relativa for alta o bastante (acima de 70%). Por outro lado, se a umidade for de 50% por exemplo, é possível que, dependendo do diâmetro das gotas e de sua volatilidade, seja necessário suspender a operação já com temperaturas de 25oC. Ressalta-se a importância de testes de deposição, especialmente quando os parâmetros acima se aproximam dos valores considerados críticos (Temperatura = 30oC ou U.R. = 50%). .M Eduardo C. de Araújo Agrotec Tecn. Agr. e Indl. Ltda Figura 4 – Ajuste das pás do atomizador
Instalação típica dos atomizadores Micronair AU-5000 em uma aeronave agrícola
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Fonte: Catálogo Micronair AU5000
FICHA TÉCNICA
T5045-4 SB
Fotos Tramontini
O T5045-4 Série Brasil, da Tramontini, projetado para pequenas propriedades, já está no mercado brasileiro há um ano e pode ser adquirido pelos programas de financiamento do Governo Federal
O
trator T5045-4 Série Brasil da Tramontini possui motorização de 50cv e foi projetado para operações específicas em pequenas propriedades. Este modelo, lançado em março de 2009, é um trator com 3,53 metros de comprimento, 1,58 metro de altura do chão até a direção e distância entre eixos de 1,818 metro, rodagem dianteira de 7.50x16 e rodagem traseira de 12.4x24 com vão livre do solo de 0,38 metro. O peso total com lastro é de 2.050kg, dando uma relação peso-potência similar aos tratores de maior porte, com isso um bom desempenho de tração pode ser esperado.
MOTOR
O motor que equipa o T5045-4 SB é o modelo TR450, comercializado pela Tramontini, vertical, a diesel, quatro cilindros, quatro tempos com 2.545 cilindradas e potência de 50cv a 2.700rpm. O sistema de injeção utiliza bomba injetora em linha, possui calibragem compatível com padrão Tramontini, propiciando melhores rendimento e consumo. O tanque de combustível tem capacidade para 28 litros, o filtro de combustível é blindado com elemento filtrante de papel e o filtro de ar é tipo seco com pré-filtro. A bomba de óleo do sistema de lubrificação
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é do tipo rotor. O cárter tem capacidade para 6,5 litros de óleo com especificações 15W40, a uma pressão de 4kg/cm2, dotado de filtro de óleo blindado, com elemento filtrante de papel. O sistema de arrefecimento é feito com água (sistema semisselado), através de radiador com capacidade para 11 litros, com circulação de água forçada por bomba centrífuga.
SISTEMA HIDRÁULICO
A transmissão e o hidráulico têm capacidade de 28 litros para óleo SAE 10W30 (caixa de transmissão, diferencial e hidráulico). Já o eixo dianteiro utiliza 5,5 litros de óleo do tipo SAE 90. O sistema hidráulico do controle remoto possui uma bomba montada na caixa de engrenagens, na parte frontal do trator, e sua vazão é de 28 litros/min a 2.000rpm. Ainda compõem o conjunto filtro blindado de elemento filtrante de metal, válvula de controle provida com sistema de controle de velocidade de descida, parada e segurança. A direção é do tipo hidrostática, composta por uma bomba hidráulica acoplada na caixa de engrenagens do motor.
SISTEMA DE LEVANTE 3º PONTO
O terceiro ponto tem engate categoria I e
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Detalhe do engate do terceiro ponto, com capacidade de levante na rótula de 950kg
diâmetro de rótula categoria II, com capacidade de levante na rótula de 950kgf com controle de ondulação. A pressão do sistema é de 130kgf/ cm2 e a abertura da válvula de segurança ocorre ao atingir 140kgf/cm2. A tomada de força (TDP) tem acionamento dependente, com embreagem dupla e rotação de 540 ou 1.000rpm (a 2.300rpm do motor do trator) e potência de 38cv.
TRANSMISSÃO
O sistema de transmissão é feito com diferencial formado por conjunto de coroa, pinhão, duas planetárias e dois satélites com sistema de bloqueio mecânico por pedal. O câmbio é com engrenagens deslizantes, a transmissão final é por engrenagem cilíndrica direita, com lubrificação única para todo o sistema. A embreagem é seca, independente, de duplo estágio. Já a tração
Faróis de trabalho dianteiros e traseiros equipam o T5045-4, além de lanternas indicativas e sinaleiras de freio
dianteira (TDA) tem acionamento mecânico, feito através de alavanca localizada no posto de comando do operador. A transmissão do eixo traseiro para o dianteiro é feita através do eixo cardã, com sistema de esterçamento através de engrenagens, sem cruzeta (coroa e pinhão).
FREIOS
O sistema de freios atua com acionamento mecânico através de pedais independentes e/ ou interligados, com sistema a disco duplo seco e diâmetro externo de 170mm. O trator também possui freio de estacionamento, com acionamento manual e sistema mecânico.
SISTEMA ELÉTRICO
O sistema elétrico que equipa o T5045-4 SB é composto por motor de partida elétrica de 12V/2,6kw, alternador de 35A, bateria de 12V, com 80A. O sistema de iluminação do trator tem faróis dianteiros de 40/45W, faróis de trabalho traseiros de 21W, lanternas indicativas
(pisca) e lanternas de freio.
POSTO OPERACIONAL
A ergonomia e a praticidade do acesso aos comandos do trator T5045-4 SB da Tramontini são um diferencial desta categoria. Ele possui interruptores, pedais e alavancas de fácil visualização e acesso no posto de comando. O modelo T5045-4 Série Brasil dispõe de uma direção confortável por ser hidrostática e o painel de instrumentos é simples e prático composto de diversos comandos, entre eles, tacômetro e horímetro, indicador de combustível, temperatura do sistema de arrefecimento e um instrumento conjugado com cinco funções: luz alta, pressão do óleo do motor, luz indicativa (pisca), carga da bateria e freio. Também é composto por luzes de advertência (com o freio de estacionamento acionado), bateria, luz baixa, luz alta e piscas. No painel também estão situados o acelerador manual, a buzina e a caixa de fusíveis visível. A caixa de ferramentas que está situada no para-
lamas direito é um item de série, que é utilizada no uso diário em operações. O banco do operador possui regulagem de distância e cinto de segurança com sistema de travamento. O pedal de embreagem tem dois estágios. No primeiro estágio ele interrompe a transmissão do motor com a caixa de marchas, parando o movimento do trator, e no segundo estágio ele interrompe a transmissão para o movimento do implemento. Se no momento da operação do trator uma das rodas patinar devido às condições do terreno (escorregadio ou barro), basta acionar o pedal do bloqueio do diferencial que está posicionado próximo ao banco do operador. Isso faz com que a força seja transmitida igualmente para as rodas traseiras. Todas as alavancas de acionamento estão dispostas de maneira acessível e ergonomicamente corretas.
MANUTENÇÃO
Para um bom funcionamento do trator, é
.M
Fotos Tramontini
Detalhes dos contrapesos e barra frontal reforçada, além do assento ergonômico
necessário que algumas recomendações diárias de manutenção sejam seguidas, como limpeza do pré-filtro de ar. O T5045-4 SB é equipado com sistema de pré-filtro externo, de fácil manutenção e visualização de impurezas, aumen-
tando a vida útil do elemento do filtro interno de ar, que também propicia um fácil acesso pela sua localização logo abaixo do capô. Este modelo conta também com uma tela de proteção para o radiador, que tem o propósito de evitar acúmulo de impurezas nas aletas do mesmo, sendo necessária a limpeza diária da tela. A verificação do nível diário de água é de fácil visualização, pois o T5045-4 SB possui um reservatório que auxilia na verificação do nível de água do sistema de arrefecimento semisselado. Assim, propicia uma não eliminação do aditivo, pois com este sistema a água não é eliminada quando aquecida, ela retorna ao sistema. Também possui filtro sedimentador localizado na lateral do trator que tem a função de eliminar a água do sistema de combustível. A verificação dos níveis de abastecimento é de fácil acesso, pois estão em locais bem visíveis.
DESIGN
O trator T5045-4 Série Brasil possui linhas
curvas harmoniosas e modernas, com acessórios de segurança obrigatórios para proteção do operador (EPC, espelho retrovisor, buzina, faróis, pisca, lanternas indicativas, sinaleiras de freio, cinto de segurança). O capô bascula completamente, facilitando o acesso aos componentes internos para operações de manutenção ou inspeção. Contrapeso, para-lamas e EPC complementam o visual do trator, protegendo o operador contra acidentes. .M
Painel de instrumentos é nacional e apresenta várias informações da máquina
O T5045-4 SB é um trator com 3,53 metros de comprimento, 1,58 metro de altura do chão até a direção e distância entre eixos de 1,818 metro
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FICHA TÉCNICA
Uniport 2000 Plus O Uniport 2000 Plus é a evolução do Pulverizador Uniport 2000, equipamento utilizado no Brasil desde 1996, e traz uma série de componentes que o tornam mais ágil e preciso
O
Uniport 2000 vem sendo comercializado desde 1996 e tinha como principais características a simplicidade, a robustez e o baixíssimo custo de manutenção. O Uniport 2000 Plus vai manter estas características, mas ao mesmo tempo atualizar tecnologicamente o pulverizador, além de aumentar o nível de conforto e a segurança. O modelo 2000 Plus é o pulverizador automotriz de menor especificação da família Uniport. É um pulverizador para quem tem propriedades de 500 a dois mil hectares, em topografia plana ou levemente ondulada. Tem dois mil litros de capacidade, barras de 21 metros, tração 4x2 mecânica, motor de 128cv e baixo peso: 5.968kg.
CABINE
O acabamento interno é o mesmo das melhores cabines disponíveis no mercado. Possui amplo espaço interno, excelente visibilidade e conforto, que são fundamentais para que o operador possa obter o máximo
O freio de estacionamento é de acionamento hidráulico através de botão
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Quatro filtros de linha com malha do elemento filtrante 80 equipam a máquina. Na barra, podem ser instalados 43 ou 61 porta-bicos bijet ou quádruplo, dependendo do espaçamento utilizado
rendimento do equipamento em longas jornadas de trabalho. A direção possui regulagem de profundidade, permitindo uma excelente ergonomia em conjunto com o banco, que tem regulagens de distância, inclinação do assento e regulagem lombar. Os comandos estão posicionados para fácil acesso, todos ao alcance da mão. É uma grande alteração em relação ao modelo passado em termos de ergonomia. O freio de estacionamento é de acionamento hidráulico através de botão, o que aumenta muito a segurança nas paradas do pulverizador. O ar-condicionado foi reformulado. O modelo atual é específico para uso agrícola, muito mais robusto e eficiente nas situações encontradas pelo produtor (poeira, temperaturas elevadas, terrenos irregulares). Tem quatro saídas de ar, podendo-se optar por somente ventilação ou ar frio. A iluminação também foi reprojetada. São agora 15 faróis contra os nove anteriores. Excelente visualização em trabalhos noturnos. Foram feitas várias modificações em relação ao modelo anterior relacionadas à segurança da ca-
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bine: a caixa evaporadora do ar-condicionado é mais eficiente e melhor vedada, coletando o ar diretamente de um filtro de várias camadas com carvão ativado. As vedações de todos os componentes que entram na cabine como mangueiras e pedais foram aprimoradas. Há um alto nível de isolamento e ótima vedação contra entrada de defensivos. Desta forma a possibilidade de contaminação interna foi muito reduzida.
CHASSI E POWER TRAIN
O chassi do Uniport 2000 Plus foi concebido buscando-se aliar alta durabilidade com baixo peso. Os resultados em 14 anos de utilização deste equipamento nas mais diversas condições de terreno mostram que o objetivo foi alcançado. O conjunto mecânico do Uniport 2000 Plus foi desenvolvido com o objetivo básico de ser robusto, econômico e de fácil manutenção. O motor MWM International 4.1L, quatro cilindros, 128cv, turbo aspirado é bastante
Fotos Jacto
O acabamento interno é o mesmo das melhores cabines disponíveis no mercado. A direção possui regulagem de profundidade e o banco tem regulagens de distância, inclinação do assento e regulagem lombar
robusto e econômico. A transmissão é mecânica com tração nas rodas traseiras, diferencial autoblocante e transmissão final por correntes em banho de óleo. A caixa de câmbio é do modelo Eaton FS-2305C com ótima performance, baixo esforço de engate, baixo nível de ruído, resistente, com construção simples que garante durabilidade. O eixo diferencial Dana 60 conta com um sistema de distribuição de força desenvolvido para aumentar o controle do veículo, enquanto o diferencial Trac-Lok (tm) divide o torque entre as rodas traseiras. Este eixo é robusto e considerado padrão para veículos
de alta performance. A transmissão é mecânica 4x2 e freio a disco nas quatro rodas.
CONJUNTO DE PULVERIZAÇÃO
O conjunto de pulverização do Uniport 2000 Plus foi também aprimorado em relação ao Uniport 2000, com melhorias em tempo de resposta, facilidade de operação (substituição de alavancas no interior da cabine por acionamento elétrico), além de contar agora com todas as conexões em aço inox, permitindo a aplicação de fertilizantes líquidos. O sistema de reabastecimento através de engate rápido (abastecido por
caminhão com motobomba) ou através de abertura sobre o tanque principal em caixas de água. Há a opção também de acoplar o reabastecedor fonte limpa no incorporador de defensivos para succionar a água de algum reservatório específico para este fim. O incorporador de defensivos com lavador de embalagens é de polipropileno com capacidade de 25 litros. O controlador eletrônico de pulverização JSC-5000, junto ao comando eletroeletrônico MF-2000, tem menor tempo de resposta nos ajustes de volume de aplicação em função de alterações de velocidade de trabalho e tem chaves elé-
Fotos Jacto
O chassi do Uniport 2000 Plus é fruto de avanços ocorridos ao longo de 14 anos do Uniport no campo
Controlador Eletrônico de Pulverização JSC-5000 controla o fechamento dos segmentos de barras
tricas que facilitam a abertura e fechamento dos segmentos de barras. O controlador JSC 5000 permite operar em modo manual caso necessário. O tanque de dois mil litros em fibra de vidro tem aletas que evitam a formação excessiva de espuma e agitador mecânico com rotação variável regulada por válvula hidráulica. Um comando de defensivos Masterflow, acionado eletricamente da cabine, mantém o volume de pulverização constante inde-
A caixa de câmbio é uma Eaton FS-2305C que tem como característica o baixo nível de ruído
Detalhes do incorporador de defensivos com capacidade de 25 litros e do filtro de sucção
pendente do número de seções em uso ou da velocidade de trabalho, desde que dentro dos limites dos bicos utilizado. A bomba de defensivos JP-100 ou JP-150 (opcional) tem vazões de 100 ou 150 litros por minuto dependendo do modelo, com pressão máxima de 300Lbf/pol². O filtro de sucção posicionado entre o reservatório e a bomba de defensivo tem a função de reter impurezas antes que as mesmas atinjam a bomba de defensivo. Este filtro tem malha do elemento filtrante 50 (50 furos por polegada linear). A máquina está equipada com
quatro filtros de linha, um para cada segmento da barra. Pressão máxima de trabalho do filtro de 300Lbf/pol², malha do elemento filtrante 80 (80 furos por polegada linear) e vazão máxima por filtro de 150L/min. As barras de 21 metros com quadro fixo têm altura de trabalho de 0,73 a 1,95 metro e o acionamento é hidráulico feito de dentro da cabine. O porta-bicos bijet ou quádruplo (opcional), espaçado em 35cm ou 50cm, dá um total de 61 ou 43 porta-bicos dependendo do espaçamento. O marcador de nível é tipo coluna graduada.
O motor é MWM International 4.1L, quatro cilindros, 128cv, turbo aspirado
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O comando de defensivos Masterflow é acionado eletricamente da cabine e mantém o volume de pulverização constante independente do número de seções em uso ou da velocidade de trabalho
SEGURANÇA
O Uniport 2000 Plus atende aos mais altos padrões de segurança, como a Norma Regulamentadora 31 (NR31) do Ministério do Trabalho (Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura). A NR-31 regulamenta, entre outras coisas, aos fabricantes de máquinas agrícolas, quanto à instalação de dispositivos que reduzam o risco de acidentes dos operadores e ajudantes como proteções nas partes móveis que evitem o contato das mãos, guarda-corpos laterais que evitem a queda do operador ou ajudante, entre outros dispositivos, que deixam o Uniport 2000
Plus plenamente adequado à NR-31.
OPCIONAIS
Como opcionais são disponibilizados sensores de barra, GPS e barra de luzes. São oito sensores de ultrassom que medem a altura das barras em relação ao alvo (solo ou plantas) e ajustam automaticamente as barras para que trabalhem sempre na altura ideal. O GPS e a barra de luzes formam um sistema guiado por informações de satélites que avisa ao operador a direção correta a seguir, orienta para retornar ao ponto de parada (onde, por exemplo, pode ter terminado a calda), além permitir gravar a área tratada. .M
O novo modelo possui proteções nas partes móveis que evitam o contato e riscos de acidentes
MÁQUINAS EM NÚMEROS
VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 2,9 3,1 4,6
2010 FEV B 5.329 5.281 48 4.263 4.227 36 77 74 3 90 90 0 547 539 8 352 351 1
MAR A 6.602 6.527 75 5.432 5.371 61 58 53 5 170 170 0 483 476 7 459 457 2
Unidades
FEV 4,0 3,6 5,3
MAR 4,3 4,1 6,6
ABR 4,5 3,9
2009
JAN-MAR C 16.507 16.320 187 13.240 13.092 148 187 177 10 351 351 0 1.595 1.573 22 1.134 1.127 7 MAI 4,7 4,0
JUN 5,1 4,2
MAR D 4.149 4.033 116 3.408 3.325 83 51 43 8 154 154 0 288 270 18 248 241 7 JUL 5,1 4,8
JAN-MAR E 10.868 10.455 413 8.691 8.471 220 115 81 34 406 406 0 926 887 39 730 610 120 AGO 5,1 5,1
SET 5,5 5,4
Variações percentuais A/D 59,1 61,8 -35,3 59,4 61,5 -26,5 13,7 23,3 -37,5 10,4 10,4 67,7 76,3 -61,1 85,1 89,6 -71,4
A/B 23,9 23,6 56,3 27,4 27,1 69,4 -24,7 -28,4 66,7 88,9 88,9 -11,7 -11,7 -12,5 30,4 30,2 100,0 OUT 5,5 6,2
NOV 4,3 5,3
DEZ 3,7 5,5
C/E 51,9 56,1 -54,7 52,3 54,6 -32,7 62,6 118,5 -70,6 -13,5 -13,5 72,2 77,3 -43,6 55,3 84,8 -94,2 ANO 54,5 55,3 16,5
MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA 2010 FEV B 5.329 4.263 157 93 536 1.281 906 1.085 205 547 82 160 86 195 24 90 77 352
MAR A 6.602 5.432 159 87 658 1.739 1.172 1.404 213 483 62 154 73 169 25 170 58 459
Unidades Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)
2009
JAN-MAR C 16.507 13.240 433 240 1.610 4.135 2.840 3.390 592 1.595 186 580 248 510 71 351 187 1.134
MAR D 4.149 3.408 94 31 449 1.095 761 806 172 288 37 134 62 50 5 154 51 248
JAN-MAR E 10.868 8.691 293 143 1.067 2.701 2.094 1.965 428 926 124 373 164 243 22 406 115 730
Variações percentuais A/D 59,1 59,4 69,1 180,6 46,5 58,8 54,0 74,2 23,8 67,7 67,6 14,9 17,7 238,0 400,0 10,4 13,7 85,1
A/B 23,9 27,4 1,3 -6,5 22,8 35,8 29,4 29,4 3,9 -11,7 -24,4 -3,8 -15,1 -13,3 4,2 88,9 -24,7 30,4
C/E 51,9 52,3 47,8 67,8 50,9 53,1 35,6 72,5 38,3 72,2 50,0 55,5 51,2 109,9 222,7 -13,5 62,6 55,3
Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores
(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).
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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2008 2009 2010
JAN 5,9 4,7 5,9
2010 FEV B 6.460 5.003 128 150 731 448
MAR A 7.903 6.392 168 195 573 575 FEV 6,6 4,4 6,4
MAR 6,6 5,6 7,9
ABR 7,0 5,2
2009
JAN-MAR C 20.250 15.878 398 435 2.083 1.456 MAI 6,5 4,5
JUN 7,3 4,1
MAR D 5.622 4.654 74 168 471 255 JUL 7,6 5,6
JAN-MAR E 14.681 12.090 251 445 1.453 442 AGO 8,0 5,7
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SET 8,0 6,1
Variações percentuais A/D 40,6 37,3 127,0 16,1 21,7 125,5
A/B 22,3 27,8 31,3 30,0 -21,6 28,3 OUT 8,8 7,0
NOV 7,4 7,3
DEZ 5,4 6,2
C/E 37,9 31,3 58,6 -2,2 43,4 229,4 ANO 85,0 66,2 20,3