Maquinas 98

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 98 • Ano IX - Julho 2010 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

Transmissão de potência Levantamento entre os 169 modelos de tratores fabricados no Brasil traça um perfil do tipo de transmissão utilizada de acordo com as características de cada máquina

Destaques

Menu de autopropelidos

Perdas no corte

Ensaio avalia desempenho de facas lisas e serrilhadas utilizadas em colhedoras de cana-de-açúcar

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• Editor

Gilvan Quevedo

• Circulação

Simone Lopes Alessandra Willrich Nussbaum

• Redação

Charles Echer Lisandra Reis

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

• Expedição

Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br

Edson Krause

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

Pedro Batistin Sedeli Feijó

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• REDAÇÃO

• ASSINATURAS

• MARKETING

3028.2000 3028.2070

C Cultivar

• Design Gráfico e Diagramação

• Comercial

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Índice

Estudo faz levantamento das principais características dos pulverizadores autopropelidos disponíveis no mercado

Cristiano Ceia

Capa: Valtra

Matéria de capa

3028.2060 3028.2065

Direção Newton Peter www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480

Rodando por aí

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Bahia Farm Show 2010

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Pneus agrícolas

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Avaliação em autopropelidos

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Ficha Técnica - Valtra BT

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Colheita de cana

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Pulverizações terrestre e aérea

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Transmissões

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Ficha Técnica - Arvus

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Sima 2011

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Ruído em máquinas agrícolas

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Coluna Estatística Máquinas

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 129,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 15,00 Assinatura Internacional: US$ 130,00 EUROS 110,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Valtra

A Valtra, junto a sua concessionária, Lavrobrás, apresentou na Bahia Farm Show, entre os dia 1° a 5 de junho, os modelos da série BT com transmissão powershift da nova série de tratores pesados. A região é destaque na produção de soja, milho e algodão em grande escala, o que levou a empresa a expor também as colheitadeiras BC6500 e BC7500, os modelos da linha média BM e modelos da Linha BH do portfólio da linha pesada e os implementos agrícolas da marca voltados para estas culturas.

Scarabelott

A Metalúrgica Scarabelott apresentou o Rolo Corrente – Nivelador e Incorporado –, que faz a incorporação de palhadas de milho, forrageira (milheto, crotalária, sorgo), aveia, sementes de pastagens. Segundo Nury Jafar Abboud, presidente da empresa, o rolo substitui grades niveladoras, sem compactar o solo.

Nury Jafar Abboud

Jumil

Equipe da Jumil esteve apresentando a linha de produtos da empresa para os visitantes da Bahia Farm Show. No evento, a linha que mais atraiu os visitantes foi a de plantio direto.

John Deere

A John Deere, através da concessionária Agrosul, apresentou na Bahia Farm Show os novos modelos das colheitadeiras STS, uma ampla amostra da linha de tratores John Deere e as plantadeiras de maior capacidade do mercado. Com a tecnologia STS, do Super-Rotor John Deere, as colheitadeiras garantem alta produtividade. Na área de plantio, a plantadeira 2130 pode plantar 30 linhas com 45cm de espaçamento com rapidez e precisão. A nova Série DB, com Caixa Central de Sementes, inova a tecnologia de plantio sendo capaz de plantar até 180 hectares em uma jornada.

Arvus

Eduardo Martini

Superação

A Bahia Farm Show, que foi realizada no município de Luís Eduardo Magalhães entre os dias 1° a 5 de junho deste ano, é atualmente a maior Feira de Tecnologia Agrícola e Negócios da Bahia. A edição deste ano comercializou R$ 316 milhões, 47,6% a mais que no ano anterior, e o público superou 38 mil, também acima do ano anterior. Segundo Walter Horita, presidente da Bahia Farm Show e da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a tecnologia e a pesquisa científica estão na base do agronegócio da região Oeste da Bahia, a feira hoje é indispensável Walter Horita para o produtor rural.

Reboke 32000

Diferente do que publicamos na última edição, a Stara destacou durante o Agrishow 2010 o Reboke Ninja 32000, com capacidade para 32 mil litros o que equivale a aproximadamente 400 sacos de milho ou soja. Cintia dos Santos Dal Vesco e Roger Baumgratz, da equipe de Marketing da Stara, garantem que as expectativas em relação ao equipamento foram superadas. Cintia dos Santos Dal Vesco e Roger Baumgratz

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A Arvus atua no mercado brasileiro com equipamentos para agricultura de precisão, desde 2004. Na Bahia Farm Show, Márcio Blau e sua equipe, destacaram o Titanium, equipamento com guia virtual, barra de luzes e taxa variável de fertilizantes e corretivos no mesmo equipamento, desligamento automático em áreas já aplicadas, bordaduras e arremates.

Massey Ferguson

Márcio Blau

A Jaraguá, concessionária Massey Ferguson para a região de Luís Eduardo Magalhães, participou da Bahia Farm Show, oportunidade em que apresentou para o Centro-Oeste a nova linha de tratores MF 4200, que conta com oito modelos e que tem como tarefa substituir a Série 200. As colheitadeiras também foram destaque. Roberlaine Ribeiro Jorge, engenheiro de Vendas, Joaquim Ferreia, coodenador comercial de Colheitadeiras, Fernando Bravo, representante regional de Vendas, e Jorge Grazianni, coordenador comercial de Tratores da Massey Ferguson, também integraram a equipe Massey Ferguson na feira.


Implementos

Yanmar

Rubens Sandri de Moura, gerente comercial da linha de Implementos do grupo AGCO, esteve presente na Bahia Farm Show. Os produtos da AGCO são vendidos através de suas marcas principais: Valtra, Challenger, Fendt e Massey Ferguson, que são distribuídos por mais de 2.700 concessionárias e distribuidores independentes em mais de 140 países no mundo.

Rubens Sandri de Moura

GTS

Equipe da GTS, junto ao diretor-presidente, Assis Strasser, participou da Bahia Farm Show, onde a empresa lançou a maior plataforma de milho do mercado, a X-10, de 24 linhas de 50cm. A plataforma possui sistema novo de sem-fim alimentador e é adaptável às diversas marcas de colheitadeiras existentes no mercado brasileiro.

Pedro Hersen, sócio administrativo da concessionária Bamagril, que revende produtos de várias empresas, recentemente passou a comercializar a linha de tratores Yanmar, da Lavrale Agritech, para atender as culturas do café, fruticultura, pequenos e médios produtores da região da Luís Eduardo Magalhães.

Pedro Hersen

Metalfor

A Metalfor fez o lançamento oficial do seu autopropelido Multiple 3000 AB. Ele possui motor Cummins 6B 5.9 de 120Hp refrigerado a água, sistema de transferência mecânica 4x2, sistema de suspensão pneumático nas quatro rodas, bitola variável totalmente hidráulica acionada de dentro da cabine de 2,70 até 3,20m, além de bomba centrífuga de pulverização Ace de 2” e 180Gal/min, acoplada mediante polia em ponta de virabrequim. Guillermo Zegna, gerente geral da Metalfor, acompanhou o lançamento do Multiple 3000 AB.

Semeato

A Semeato S/A apresentou sua linha de plantio aos visitantes da Bahia Farm Show. Segundo Carolina Rossato Hayashida, diretora comercial da empresa, a feira está se tornando uma das principais feiras do país, fazendo com a empresa passe a investir mais na região e adapte sua linha de plantadeiras para as condições do local.

Cycloar

A Cycloar tem novo representante. João Zenato Roeinski, da Silos Peças, empresa representante da Cycloar no Mato Grosso, passa a representar a empresa também no CentroOeste, onde o mercado é João Zenato Roeinski promissor, garante.

Eduardo Sperandio Nicz

Kepler Weber

Segundo João Tadeu Franco Vino, superintendente comercial da Kepler Weber, a região do Centro-Oeste brasileiro está se firmando como a principal fronteira agrícola do país. A empresa apresentou aos visitantes da Bahia Farm Show os diversos modelos de armazenagem oferecidos pela empresa.

Reinke

Esse foi o segundo ano que a Reinke participou da Bahia Farm Show. O objetivo foi divulgar a marca e seus produtos na região. Leandro Luiz Kich, que é vendedor-técnico na região de Luís Eduardo Magalhães (BA) e o diretor da empresa, Hardi Reinke, apresentaram ao público o opcional para fechamento das máquinas de limpeza de grãos da Reinke. Este opcional visa proteção ambiental e segurança dos operadores e evita a emissão de pó ao ambiente, que o processo de limpeza produz, explica Hardi.

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Leandro Luiz Kich

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Santiago e Cintra

A Santiago e Cintra apresentou em Luís Eduardo Magalhães (BA) o Ag 500 EZ-2010, com sistema de aplicação à taxa variável (sólido e líquido) via GPS com abertura automática de seção. O produto pode ser instalado em pulverizador, plantadeira e distribuidor.

Café

Afonso Alves Teixeira e Patrícia, da Hydroagro, concessionário Lindsay para Luís Eduardo Magalhães, receberam seu principal cliente por ocasião da Bahia Farm Show. Fernando Prado administra as fazendas da família, a Santa Colomba Agropecuária e da Santa Colomba Cafés no município de Cocos (BA). As fazendas têm certificação internacional por boas práticas agrícolas, trabalhistas e sociais, e é uma das maiores produtoras de café arábica do oeste da Bahia.

Agrosystem

A equipe da Agrosystem destacou na Bahia Farm Show o RDS Ceres 8000i, equipamento de alta precisão para o acompanhamento da colheita, que permite ver o mapa de rendimento.

Montana

A concessionária Uniparts Comercial Agrícola Ltda que comercializa a linha de pulverização da Montana, passou a comercializar a linha de plantio da Kuhn e linha de beneficiamento de café da Miac (Indústrias Reunidas Colombo). A Uniparts expôs as três linhas de produtos para os visitantes da Bahia Farm Show.

Agrivendas

Agrale

A segunda edição da Bahia Farm Show superou novamente as expectativas, segundo Alencar Almeida Filho, diretor comercial da concessionária Missioneira, revendedora, além de outras marcas, a Agrale. Neste ano, o evento teve o apoio de João Alberto Paim, gerente regional da linha de caminhões, pela primeira vez apresentados na região Centro-Oeste.

A concessionária Agrivendas, de Luís Eduardo Magalhães, apresentou na Bahia Farm Show o autopropelido ServSpray para as grandes propriedades e a linha de tratores Green Horse para pequenos é médios produtores.

Alencar A. Filho e João Alberto Paim

Campoeste

A Campoeste participou pela primeira vez da Bahia Farm Show. A empresa dos sócios Luis Zigliolli Barcelos e Pedro Hersen foi criada para vender com exclusividade a linha de pulverização, plantio e implementos da linha Stara. Situada na cidade Luís Eduardo Magalhães (BA), a Campoeste vai atender toda a região.

Fábio Schavinski

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Case

A Case participou da Bahia Farm Show através do concessionário Maxxum, de Luís Eduardo Magalhães (BA), oportunidade em que destacou toda a linha de produtos. Além dos tratores de grande porte, e a maior colhedora do mercado, o destaque ficou por conta da colhedora de algodão. César Di Luca, diretor comercial para o Brasil, támbém César Di Luca prestigiou o evento.


Eventos

Bahia Farm Show

D

e 1º a 5 de junho de 2010, às margens da BR-020/242, a 10km do centro de Luís Eduardo Magalhães, ocorreu mais uma edição da Bahia Farm Show, a maior feira de tecnologia agrícola e negócios do Norte/Nordeste. A feira foi promovida pela Aiba, pela Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), pela Associação dos Revendedores de Máquinas e Implementos Agrícolas do Estado da Bahia (Assomiba), pela Fundação Bahia e pela prefeitura municipal de Luís Eduardo Magalhães. Entre outros fatores, os resultados determinantes do sucesso da feira foram pelos recordes na produção da soja (28% a mais que no ciclo anterior) e do milho, que atingiu 1,5 milhão de toneladas, pela estabilidade na economia e pelo clima. Durante os cinco dias de feira as negociações às vendas somaram R$ 316 milhões, 47,6% a mais que a edição de 2009. O público também foi recorde, ultrapassando os 35 mil visitantes. Foi de consenso, tanto entre os visitantes quanto dos expositores, a melhoria da infraestrutura do parque. A praça de exposição ocupa hoje apenas 100 mil metros quadrados de um total de dois milhões de metros quadrados do Complexo Bahia Farm Show, que abriga o Centro de Pesquisa Fun-

dação Bahia. Devido ao sucesso da edição, muitos expositores mostraram interesse em aumentar a área de seus estandes para os próximos anos. A abertura do evento contou com a presença do governador Jaques Wagner, os secretários da Agricultura, Eduardo Salles; da Casa Civil, Eva Chiavon; de Indústria, Comércio e Mineração, James Correia; o superintendente do Ibama na Bahia, Célio Cos-

Dilvulgação

ta Pinto; entre outros deputados, senadores e políticos de legendas diversas. A organização possibilitou também o encontro dos produtores com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, oportunidade para produtores e empresários da região debaterem os problemas no campo. A próxima edição da Bahia Farm Show já está programada para a semana de 31 de maio a 4 de junho de 2011. .M

Autoridades prestigiaram o evento realizado em Luís Eduardo Magalhães (BA) durante o mês de junho

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Fotos Charles Echer

pneus

Os rastros informam A lastragem dos pneus agrícolas é muito importante para evitar desgastes prematuros, compactação do solo e consumo excessivo de combustível. Uma maneira simples de descobrir se a lastragem está correta é observando os rastros dos pneus deixados no solo

N

o atual patamar de desenvolvimento do agronegócio brasileiro, a busca por sistemas mais eficientes, que possibilitem maior lucratividade, é uma constate – e aproxima-se cada vez mais do estado da arte. Um dos métodos mais acurados, que pode contribuir bastante para aumentar os lucros dos produtores, é a utilização correta dos pneus agrícolas. Isto porque procedimentos corriqueiros podem melhorar o desempenho de tratores e implementos agrícolas, além de estender a vida útil do equipamento. Nesse sentido, um dos pontos mais importantes na busca pela melhor performance é a utilização da tração ideal, que pode ser obtida aplicando-se pesos extras sobre as rodas motrizes. Este procedimento é também chamado de lastração. Pneus agrícolas com pouco lastro ou sem lastro patinam facilmente perdem velocidade, apresentam desgaste rápido da banda de rodagem e consumo excessivo de combustível. Por outro lado, a lastração excessiva aumenta a

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compactação do solo e a resistência ao rolamento, o que exige maior esforço dos pneus e dos componentes mecânicos do

trator, além de contribuir para compactar o solo, prejudicando a produtividade da propriedade agrícola. Pesquisas indicam que a máxima eficiência da tração é obtida quando ocorre um determinado deslizamento dos pneus no solo, que depende do tipo de terreno onde o trator desenvolve seu trabalho. Deslizamentos muito reduzidos representam, em geral, excesso de peso no trator. Nesse caso, deve ser feito um acerto na lastração. No caso de deslizamentos excessivos, deve-se reduzir o esforço de tração ou incrementar a lastração. Existem dois tipos de lastros: metálicos, que são anéis de aço ou ferro fundido parafusados na roda; ou líquido, utilizando água inserida dentro dos pneus a uma altura máxima de até 75%.

LASTRAÇÃO METÁLICA

Um dos tipos de lastração é a metálica, quando pesos em forma de aro são presos às rodas do trator

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Algumas fábricas de tratores disponibilizam lastros metálicos, facilmente aplicáveis às rodas. Eles devem ser empregados somente em trabalhos pesados. Devem ser retirados quando o trator é


Flávio Bettiol Junior

Exemplo de rastros com diferentes cargas: na esquerda o rastro da lastragem ideal, no centro marcas de lastragem com muito peso e à direita marcas de lastragem com pouco peso, onde ocorre o deslizamento do pneu sobre o solo

utilizado em trabalhos mais leves. Na prática, tanto a água (lastro líquido) como os lastros metálicos raramente são retirados do pneu.

LASTRAÇÃO COM ÁGUA

A maneira mais simples de aumentar o peso das rodas é por meio da introdução de água nos pneus. O enchimento com água nos pneus das rodas motrizes apresenta vantagens como baixo custo, realização rápida e fácil e a possibilidade de graduar a lastração. Durante trabalhos leves, a lastração excessiva aumenta o consumo de combustível e o desgaste do trator. Recomendase, portanto, retirar a água ou os lastros metálicos quando o veículo não estiver em trabalho agrícola.

RASTROS INFORMAM

Para identificar se o deslizamento do trator está satisfatório e dentro dos padrões ideais, basta observar as marcas deixadas pelos pneus no solo. Quando a lastragem for de menos ou com pouco peso, as marcas que ficam no

solo são pouco definidas e indicam deslizamento excessivo. Neste caso deve-se aumentar a lastração. Quando há excesso de peso, as marcas no solo são claramente definidas e indicam deslizamento muito reduzido. Neste caso deve-se diminuir a lastração.

O peso da lastração e o deslizamento estarão corretos quando, no centro do rastro, houver sinais de deslizamento e as marcas nas bordas externas estiverem .M bem definidas. Flávio Bettiol Junior, Pirelli


mecanização

Menu completo O

O mercado brasileiro disponibiliza um total de 39 diferentes modelos de pulverizadores autopropelidos. É possível encontrar motorizações de 115cv a 279cv de potência, em versões 4x2 e 4x4, além de barras que vão de 21 a 30 metros de largura registradas mais de 50 características de cada máquina. Devido à quantidade, foram selecionadas algumas entre as de maior relevância para a discussão, sendo elas: relação peso/potência, tipo de tração, vão livre do solo, regulagem da bitola, largura de barra, regulagem da bitola, sistema de amortecimento de impactos, modelos porta-bicos, capacidade do tanque químico e orientação da faixa de aplicação.

RELAÇÃO PESO/POTÊNCIA

Os pulverizadores autopropelidos são máquinas relativamente pesadas, iniciando em 5.000kg para os modelos mais leves e ultrapassando os 10.000kg para os de maior autonomia. Já quanto aos motores, verificou-se que o de menor potência possuía 115cv (85kW) e o de maior 279cv (205kW), dados que possibilitaram uma variação na relação peso/potência de 38,94kg/ cv (52,94kg kW-1) para os modelos mais ágeis, a 58,31kg/cv (79,27kg kW-1) para as máquinas de menor desempenho. Valores estes considerando o pulverizador autopropelido vazio.

TRAÇÃO

Entre os tipos de tração empregados para a propulsão, encontram-se os modelos mais simples com tração 4x2 mecânica que participam em 36% do mercado, a máquinas mais complexas com tração nas quatro rodas proporcionada por motores hidráulicos, característica predominante nos modelos avaliados. Alguns fabricantes chegam a disponibilizar mais de uma bomba hidráulica, além do acionamento das rodas em X, atributos que visam reduzir o patinamento, aumentando a acurácia na velocidade de deslocamento e por consequência a uniformidade da aplicação. Tais máquinas com tração hidrostática 4x4 compreendem 54% do mercado.

VÃO LIVRE E BITOLAS

A distância da parte inferior da máquina até o solo, denominada de vão livre, na maioria dos modelos pode ser ajustável, o que se torna de fundamental importância à medida das necessidades de aplicações em diferentes estágios de desenvolvimento da cultura, de modo a evitar a sua danificação. O intervalo encontrado para esta característica foi de 1,2 a 1,6 metro.

Charles Echer

s pulverizadores autopropelidos podem ser caracterizados pela alta tecnologia utilizada na busca de uma aplicação cada vez mais controlada e precisa, fato que tenta justificar os elevados custos de aquisição. A necessidade do rápido controle de determinadas pragas no momento oportuno (timing) em grandes áreas pode ser o ponto determinante em relação a este custo/benefício. Diante de uma grande e crescente variedade de modelos destas máquinas no mercado nacional, a tarefa de escolha tornase cada vez mais árdua para o agricultor, principalmente pela quantidade de itens a serem analisados. De modo a auxiliar neste procedimento este artigo retrata, através de um estudo comparativo, as principais características disponibilizadas nos pulverizadores autopropelidos. As informações foram coletadas em visitas a feiras com exposição de máquinas agrícolas, folhetos técnicos, manuais e consulta aos próprios fornecedores e, posteriormente, armazenadas em um banco de dados denominado de BDAPA, “Banco de Dados de Pulverizadores Autopropelidos”, idealizado sobre a plataforma do aplicativo “Microsoft Office Access®”. Ao total, 39 modelos fabricados por dez indústrias participaram da avaliação, na qual foram

Case IH

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Vilnei Dias

Dispositivos utilizados nos diferentes modelos para abertura da parte aérea da cultura para a passagem dos pneus

A outra regulagem realizada visando reduzir perdas por amassamento é o ajuste da bitola, que consiste no alinhamento das rodas nas entrelinhas da cultura. Esta regulagem em 43% dos modelos analisados se dá de modo automatizado, através de sistemas hidráulicos, cujos comandos estão disponibilizados na cabine do operador. Porém, na grande maioria das máquinas (49%), é necessário que esta operação seja realizada diretamente em mecanismos presentes na estrutura de sustentação dos rodados. Em alguns modelos são disponibilizados atuadores hidráulicos para facilitar esta tarefa. O emprego de dispositivos para abertura da parte aérea das culturas para a passagem dos pneus é encontrado em praticamente todos os pulverizadores, no entanto, a forma dos mesmos é muito variada.

BARRA DE PULVERIZAÇÃO

A largura das barras de pulverização variou de 21 a 30 metros, prevalecendo o comprimento de 25 metros em aproximadamente 42% dos modelos analisados. A Tabela 1 apresenta algumas capacidades

Alguns dos sistemas empregados para redução de impactos no chassi do pulverizador autopropelido. No Brasil 73% dos sistemas são pneumáticos

operacionais teóricas, simulando-se uma eficiência de trabalho de 100% obtida para os comprimentos de barras disponíveis nos modelos deste estudo, considerando algumas velocidades de trabalho. Normalmente, a velocidade de aplicação é restringida pelo estágio de desenvolvimento das culturas, devido ao fechamento do dossel vegetativo nas entrelinhas juntamente com irregularidades do relevo. Quanto ao posicionamento das barras, a predominância é a instalação na parte posterior da máquina, embora salienta-se que ambos os locais de instalação anterior (frontal) ou posterior (traseira), apresentam pontos positivos e negativos, conforme pode ser visualizado no Quadro 1. Verificou-se que os fabricantes buscam inserir medidas para contornar os aspectos conflitantes citados, como, por exemplo, em máquinas com a barra frontal, o emprego de bicos de pulverização situados atrás das rodas traseiras. Já para os pulverizadores autopropelidos com a barra instalada na parte traseira, o uso de dispositivos para

reter o barro e os detritos “para-lamas”, grandes espelhos retrovisores externos, entre outros.

AMORTECIMENTO DE IMPACTOS

As vibrações transmitidas ao operador é outro fator a ser estudado, a exemplo dos tratores onde as vibrações de baixa frequência (2 a 5Hz), normalmente presentes durante o deslocamento da máquina, podem gerar no início desconforto e, ao longo do tempo, graves danos à saúde do operador. Nos pulverizadores autopropelidos os fabricantes empregam diversos princípios de soluções para propiciar melhores condições e reduzir estes efeitos indesejáveis, entre eles, podemos citar os sistemas de amortecimentos de impacto do chassi, cabine e o assento. Através desta combinação é possível conciliar o bem-estar do usuário, como também preservar uma característica muito importante da máquina que é a estabilidade, pois, se tratando de uma máquina com elevado centro de gravidade, a mesma

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Tabela 1 – Capacidade operacional obtida por diferentes larguras de barra em três velocidades de aplicação Largura da barra (m)

Velocidade de aplicação

Posição da barra de pulverização Frontal

5 km/h 15 km/h 10 km/h Capacidade operacional teórica* (ha/h) 10,5 10,75 12 12,5 13,5 14 15

21 21,5 24 25 27 28 30

Quadro 1 - Posição de instalação da barra de pulverização e algumas vantagens e desvantagens

21 21,5 24 25 27 28 30

≤ 31,5 32,25 36 37,5 40,5 42 45

*(e) eficiência = 100%

não pode contar com uma suspensão muito “macia”. Tal aspecto provocaria facilmente seu tombamento lateral durante determinadas operações, seja de manobra ou de tráfego em inclinações elevadas. Neste estudo comparamos somente o sistema de amortecimento da estrutura de sustentação da máquina (chassi), onde observamos que 73% dos modelos empregam o sistema a ar (pneumático).

BICOS

A predominância na utilização de dispositivos porta-bicos, também denominados de corpos de bicos múltiplos, é generalizada, a diferenciação se dá na quantidade de bicos que podem ser acoplados, a qual varia de dois a cinco. O gráfico abaixo ilustra as porcentagens empregadas de acordo com a quantidade de bicos “suportados”. Esta característica ajuda a reduzir o tempo de preparo da máquina para aplicações diversificadas, considerando que a maioria dos modelos possui mais de 50 bicos.

TANQUE QUÍMICO

Desvantagens •Pode prejudicar a uniformidade da aplicação, alterarando a trajetória das gotas em relação ao alvo, pois a máquina atravessará a cortina de gotas; •Facilidade de visualização •Falha na vedação da cabine ou pressurização insuficiente poderá do travamento da barra. intoxicar o operador sem EPI. •Menor risco de •Em velocidades elevadas de aplicação pode causar um turbilhonacontaminação do operador; mento do ar levando as gotas para a parte central da máquina; •Pode contar com uma maior estrutura para •Não visualização de todos os bicos de pulverização; amortecimento e estabilização da barra sem •Arremeço de pedras e barro às pontas posicionadas atrás prejudicar a visibilidade do operador. das rodas.

os modelos de máquinas de maior autonomia. Fator que, juntamente com a largura da barra e a velocidade de trabalho, influencia diretamente na capacidade operacional, tendo em vista às necessidades de parada para reabastecimento.

FAIXA DE APLICAÇÃO

Entre os tipos de mecanismos e equipamentos disponibilizados para o usuário alinhar o pulverizador autopropelido na posição (faixa) correta de aplicação, evitando a sobreposição ou áreas sem tratamento, tem-se o marcador de espuma, com suas limitações de tempo de duração, no entanto relativamente mais acessível que os demais e os que utilizam o sistema de posicionamento global (GPS). O uso do GPS pode estar conciliado diretamente a um dispositivo de barra de luzes ou em sistemas que agregam um maior número de informações e controles, como, por exemplo, o monitoramento das áreas pulverizadas e o controle da vazão da bomba de pulverização, respectivamente. A maioria destes recursos é tratada como opcional, ficando a cargo do agricultor a escolha que melhor se adapte a sua realidade.

CONCLUSÕES

A diversidade de modelos no mercado nacional de pulverizadores autopropelidos é grande, da mesma forma que a quantidade de fatores e variabilidade entre estes. Enquanto alguns modelos são fabricados quase que artesanalmente, têm-se projetos extremamente bem elaborados trazidos de outros países com elevada tecnologia embarcada. Como exposto no início, tendo em vista a quantidade de fatores que podem ser trabalhados quanto a estas máquinas de aplicação de agroquímicos, foram selecionados apenas alguns dos tópicos para ilustrar ao leitor. Além das características arquivadas no banco de dados, estão sendo desenvolvidos estudos considerando aspectos relacionados à ergonomia, à segurança e ao desempenho operacional. Assim, o agricultor poderá ter uma maior proximidade das reais qualidades e limitações das máquinas antes de adquiri-las, podendo realizar a escolha com melhor custo/benefício de acordo com .M as suas necessidades. Ulisses Benedetti Baumhardt, Airton dos Santos Alonço, Paulo Roberto Bedin e Vilnei de Oliveira Dias, Laserg/UFSM

Fotos Vilnei Dias

A capacidade do tanque químico variou de 1.500L para os “pequenos” a 4.000L para

Traseira

Vantagens •Apresenta uma melhor visibilidade da barra;

Exemplos de diferentes sistemas de tração empregados na propulsão dos autopropelidos: hidrostática (a) e mecânica (b)

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Vilnei de Oliveira Dias, Ulisses Benedetti Baumhardt, Airton dos Santos Alonço e Paulo Roberto Bedin realizaram levantamento dos autopropelidos existentes no Brasil


FICHA TÉCNICA

BT HiSix

Produzidos no Brasil, os novos tratores da série BT da Valtra se destacam pela transmissão HiSix e a quantidade de tecnologia embarcada

N

a Agrishow 2010 a Valtra apresentou ao mercado a nova série de tratores pesados que vem para complementar sua linha de produtos na categoria onde a empresa é líder de mercado e de vendas. A nova série BT HiSix foi desenvolvida para clientes que buscam alta tecnologia e produtividade. Serão quatro novos modelos a integrar o portfólio: BT150 (150cv), BT170 (170cv), BT190 (190cv) e BT210 (215cv). Os lançamentos apresentam novo design de carenagem que, aliado ao capô escamoteável, oferece maior facilidade das manutenções periódicas, além de melhor ângulo de visão para o operador.

TRANSMISSÃO

A série BT apresenta a transmissão HiSix com powershift e shuttle (reversor), que possibilita o uso de 24 velocidades à frente e 24 à ré. São quatro grupos sincronizados (1 a 4) e automatizados com seis marchas (A a F) para cada grupo. Possibilita ainda a reversão automática (frente e ré) acionando apenas uma alavanca posicionada ao lado do volante, sem o acionamento de embreagem. Essa nova transmissão permite fazer programações para cada tipo de operação onde a troca de marchas é realizada automaticamente sem a necessidade do operador fazer a troca das mesmas. Alto desempenho, baixíssimo nível de ruído e excelente escalonamento de

velocidades são resultados que a Valtra promete para esta série.

MODOS DE FUNCIONAMENTO

Essa transmissão permite a sua utilização em diferentes tipos de funcionamento. No modo Manual, por exemplo, o operador faz a troca de marchas e grupos manualmente com um “toque” usando a alavanca de troca de marchas localizada no descansa-braço que fica acoplado à direita do banco do operador. Nesse modo de funcionamento pode-se ainda fazer a troca de marchas usando a alavanca posicionada ao lado esquerdo do volante (mesma alavanca de reversão), para fazer as trocas de marchas (A a F), em qualquer uma das opções

de alavanca não é necessário o uso do pedal da embreagem. No modo Speedmatching, o operador faz a programação das marchas mínimas e máximas de trabalho que ele deverá utilizar para determinada operação no computador do trator. Feita a programação, o operador deverá fazer a troca de marchas manualmente através do uso das alavancas de marcha (no descansa braço e/ ou volante) conforme citado acima, porém, os limites de marchas máximos e mínimos serão os preestabelecidos dentro da faixa de marchas pré-programada. Quando estiver em modo Auto-Drive, o operador faz a programação das marchas mínimas e máximas de trabalho e também seleciona a rotação de trabalho ideal para aquela operação. Depois de realizada a programação no computador do trator, a transmissão faz a troca de marchas automaticamente, sem a atuação do operador, mantendo a rotação de trabalho predeterminada dentro das marchas de trabalho que foram pré-programadas no computador. Assim nessa opção, o operador não se preocupa com a troca de marchas do trator e pode concentrar-se no gerenciamento do implemento e da operação agrícola; faz com que o operador tenha maior conforto e aumente o rendimento do seu trabalho. No Auto-Drive e Speedmatching existe uma segunda configuração referente ao modo de trabalho, que são o modo transporte e o modo arrasto. O modo transporte é utilizado para implemento e equipamentos que necessitam grande torque para sair da inércia e de referentes a operações de transporte, como, por Fotos Valtra

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A grande novidade na Série BT é a nova opção de transmissão HiSix com powershift e shuttle (reversor), que possibilita o uso de 24 velocidades à frente e 24 à ré. São quatro grupos sincronizados (1 a 4) e automatizados com seis marchas (A a F) para cada grupo

exemplo, carretas graneleiras e transbordos. O modo arrasto é utilizado para implementos que exijam grande força de tração durante toda a operação, como, por exemplo, arados, grades, subsoladores, semeadoras etc. Essa transmissão permite a reversão automática (frente e ré) através de uma alavanca localizada ao lado esquerdo do volante, é de simples acionamento e não necessita o acionamento de embreagem para fazer a reversão.

CONTROLE REMOTO

A série BT HiSix conta com um sistema de controle remoto de circuito fechado com o uso de bomba de vazão variável e válvula “load-sensing” de 63cc que permite o melhor aproveitamento e vida útil do sistema, uma vez que só é enviada ao comando a necessidade exata de óleo necessário e pré-regulado, além, é claro, de redução e economia no consumo de combustível. São 162L/min que podem ser direcionados para as quatro saídas do controle remoto, todas possuem a válvula reguladora de fluxo para melhor regulagem e aproveitamento de óleo. A vazão para cada um deles é feita da seguinte forma: na saída 1, até 70 litros/minuto – essa é a válvula de fluxo prioritária; na saída 2, até 92 litros/minuto; na saída 3, até 92 litros/ minuto; e na saída 4, até 92 litros/minuto. É possível fazer a regulagem de cada uma

Comandos do sistema hidráulico posicionados na lateral direita do operador

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delas com a quantidade exata de óleo necessária, sempre respeitando o limite máximo do sistema de 162L/min, a maior vazão disponível no mercado brasileiro.

LEVANTE HIDRÁULICO ELETRÔNICO

O hidráulico eletrônico tem alta capacidade de levante, de 8.000kgf, agilidade e precisão na sensibilidade, que permitem uma fácil regulagem e operação. A facilidade de ajustes e acionamentos do hidráulico de três pontos localizados no painel lateral da cabine permite que o operador faça as regulagens iniciais de forma rápida e precisa. Após feita a regulagem inicial de sensibilidade, profundidade e rapidez de ação, durante a operação. O operador pode baixar e levantar o implemento nas manobras de cabeceira acionando um botão localizado no descansa-braço. Isso evita que ele tenha que se virar para essa operação e pode acioná-lo com o mínimo esforço em manobras de cabeceira ou sempre que seja necessário. Além dos acionamentos e regulagens internas, possui botões de acionamento do levante localizados no para-lamas esquerdo traseiro,

possibilitando que apenas uma pessoa consiga fazer o engate e desengate de implementos no campo sem precisar de mais pessoas para fazer os acoplamentos.

TDP

A TDP (tomada de potência) possui a disponibilidade de uso em 540rpm e 1.000rpm atendendo a todas as operações e implementos agrícolas disponíveis no mercado. A alavanca e os botões de acionamento estão localizados ergonomicamente no console lateral da cabine. A possibilidade de uso de 540rpm e 1.000rpm torna a Série BT a linha mais completa e competitiva do mercado, pois atende a todas as operações e implementos que necessitam de seu uso. É de fácil operação, proporcionando maior conforto operacional, menos paradas em manobras, aumento da produtividade e economia nas aplicações de insumos. Em operações que trabalham durante longos períodos com o uso da TDP, como por exemplo alguns implementos forrageiros, o sistema de TDP da série BT possui um botão que faz a frenagem do eixo da tomada de força

A nova cabine possui vidros mais arredondados, teve ampliada a área de visão e ganhou também mais espaço no interior

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Fotos Valtra

MOTOR

Painel limpo e descomplicado facilita a vida do operador que pode visualizar as funções vitais da máquina sem complicações

de forma a não provocar trancos e assim evitar possíveis quebras e falhas operacionais.

DESIGN E ERGONOMIA

A série BT traz um design reformulado dos já conhecidos produtos Valtra. Com o novo design arrojado e arredondado, possui capô basculante (mais rebaixado) e de conceito inovador oferecendo uma melhor visibilidade de operação (ângulo de visão) e facilidade nas manutenções periódicas. Além do design novo das latarias e fechamentos dianteiros, também está sendo apresentada a nova cabine com vidros mais arredondados, com maior área de visão para

o operador. A nova cabine é mais espaçosa e apresenta um amplo espaço interno que, associado à posição dos comandos de acionamento de marchas, computador de bordo, alavancas de acionamento hidráulico, tomada de força e do hidráulico eletrônico, busca trazer maior conforto e facilidade de operação. Todos os comandos estão ergonomicamente posicionados e garantem acionamentos precisos e suaves que exigem menor esforço e movimentação, isso faz com que o condutor possa concentrar-se na operação e não no controle do trator e assim trazer um melhor resultado.

Os motores AGCO Sisu Power que equipam os tratores da Série BT HiSix têm projeto, pensado exclusivamente para atender as aplicações agrícolas. Esta linha de tratores vem equipada com os modelos 620DS e 620DSA, que permite o uso desde 100% Diesel até 100% de biodiesel, reforçando o pioneirismo da Valtra no uso de combustíveis renováveis e ecológicos. A Valtra destaca como principais características destes modelos a robustez e o dimensionamento para alta durabilidade, além do baixo consumo de combustível, alto desempenho, alto torque em baixa rotação e baixo nível de ruído. Os motores AGCO Sisu Power possuem também apoio de camisas úmidas removíveis. Neste sistema, as camisas do cilindro possuem acabamento interno em Plateau Honing, com característica de baixo desgaste e consumo de óleo. O apoio intermediário proporciona maior estabilidade e rigidez, reduzindo as possibilidades de cavitação e vibração, além de maior refrigeração. As nervuras estruturais garantem alta resistência, sem necessidade de peso excessivo do .M bloco do motor.

A nova Série BT lançada recentemente conta com quatro modelos: BT150 (150cv), BT170 (170cv), BT190 (190cv) e BT210 (215cv)

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armazenagem

Perdas no corte

John Deere

Avaliação dos abalos e danos provocados por facas lisas e serrilhadas, utilizadas no corte de base de colhedoras de canade-açúcar, mostra que avanços ainda são necessários para aumentar a eficiência das lâminas na operação

A

consideração os danos e os abalos na soqueira afetando a produtividade do canavial na safra seguinte, reduzindo drasticamente a produção e aumentando os prejuízos. Visando discutir estes pontos e atendendo a indagações da gerência da usina Alta Mogiana, localizada na região de São Joaquim da Barra (SP), empresa responsável por uma moagem superior a 5,5 milhões de toneladas de canade-açúcar, foi proposta a realização de um estudo sobre danos e abalos provocados pelas Fotos Harris & Melo

s perdas no processo mecânico de colheita crua da cana-de-açúcar ainda encontram-se elevadas, na faixa dos 10% a 15%. Um dos fatores responsáveis por danos na cana colhida e danos ocasionados por abalos na soqueira tem sido atribuído ao corte de base, e que deve ser aprimorado neste processo. Na operação de corte, as colhedoras tendem a cortar a cana em sua base através do impacto, usando discos rotativos com múltiplas lâminas lisas. Atualmente no mercado de facas de corte de base das colhedoras de cana-de-açúcar, existem alguns fabricantes colocando como alternativa facas serrilhadas em substituição às facas lisas, comumente utilizadas, com a justificativa de que facas serrilhadas venham apresentar maior durabilidade do que as lisas e que as mesmas, quando instaladas nas máquinas, causem menores abalos e danos.

TESTES COM FACAS

O principal motivo de estudar facas de corte base é econômico, pois os gastos com facas nas usinas são altos. Como exemplo com o custo das facas, dados levantados na safra de 2008, empregando-se 46 colhedoras, foram consumidas em torno de 55 mil facas, ao preço de R$ 10,00/faca, o que gerou gastos em torno de R$ 505.000,00, sem levar em

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Troca de facas do cortador de base

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facas utilizadas nas colhedoras. As atividades serviram como base para o desenvolvimento de uma monografia de conclusão de curso de Engenharia Agrícola, defendida na Universidade Federal de Lavras (Ufla). Neste trabalho são apresentados os dados obtidos em condições de campo, durante coletas realizadas com máquinas operatrizes nos meses de julho e agosto de 2009. Foi comparado o uso de facas lisas e serrilhadas, novas e com 20 horas de trabalho, em relação a danos e abalos provocados à soqueira. Foram feitas coleta de dados e análise em três áreas de produção em solos argilosos, com canas de terceiro e quarto corte (variedades SP 81 3250 e RB 85 5453). No momento das paradas para a troca de turno, as facas que estavam em uso eram substituídas por facas novas. As avaliações foram feitas em uma frente de colheita, e tiveram o apoio de funcionários da usina. Nos pontos amostrais, eram observados os sinais visíveis da ação das facas sobre a soqueira e dos efeitos de qualidade de corte (danos e abalos provocados). Para a execução dos cortes, utilizou-se uma colhedora John Deere, modelo 3520 com o mesmo grupo de três operadores, para que não houvesse variação no tipo de serviço efetuado. Após a colocação das facas novas, era feita uma avaliação para a coleta de dados e repetida


Vista esquemática de uma colhedora de cana-de-açúcar

após 20 horas de uso, sendo substituídas em seguida. Normalmente, a durabilidade das facas é de dez a 20 horas de trabalho cada lado, dependendo do tipo de solo e das condições de trabalho. O método utilizado na avaliação de abalos e dados foi o método descrito pelo IAC (Instituto Agronômico de Campinas), onde logo após a passagem da colhedora são feitas as análises para que se tenha a certeza de que não houve pisoteamento do transbordo e que estes abalos e danos sejam provocados exclusivamente pela colhedora. Então, após a passagem da colhedora era escolhido aleatoriamente na linha colhida um espaço de 2 metros de comprimento , e então eram realizadas as avaliações, que consistia em analisar os abalos e danos na soqueira ali encontrada. A avaliação de abalo era feita de acordo como estava a fixação do toco no solo, o que era função da sensibilidade do avaliador, o qual foi o mesmo em todas as análises. Então era atribuída uma nota, que quanto menor fosse esta nota, mais fortemente estava fixado o toco no solo (Tabela 1), o que representa menor abalo provocado pela máquina a soqueira. A avaliação de dano era feita de acordo com a comparação a uma tabela construída por Kroes (1997), que também é atribuída uma nota e quanto menor esta nota, menor será o dano provocado (Tabela 2). Durante a troca de facas foi considerada a avaliação utilizando-se apenas um lado destas, lembrando-se de que as facas possuem quatro lados operacionais de trabalho. Foram feitas oito amostras para cada tratamento, obtendo-se a nota média de cada tratamento. Durante os testes, se houvesse quebra das facas a ponto do operador perceber, a máquina era parada, todas as facas eram substituídas e o tratamento era repetido. Neste trabalho não foi levado em consideração o material com que as facas foram produzidas e também não foi feito nenhum acompanhamento de durabilidade, o que será motivo para novas pesquisas. Os fornecedores

Detalhes de facas lisas e serrilhadas utilizadas na avaliação

das facas estudadas foram identificados como fabricante A e fabricante B: Fabricante A 5mm lisa; Fabricante B 5mm serrilhada; Fabricante B 6mm serrilhada. Os discos utilizados foram discos normais (ângulo de ataque de zero grau), resultando em cortes por impacto. O custo de cada faca utilizada era o mesmo, tanto a serrilhada como a lisa, em torno de R$ 10,00 cada.

FACAS E DISCOS

O mercado dispõe de facas lisas e serrilhadas, revestidas ou não com carbeto de tungstênio, característica que amplia sua durabilidade e seu custo. São encontrados discos “normais” (ângulo de ataque de zero grau) que proporcionam o corte por impacto e discos inclinados (ângulo de ataque maior que zero grau) para cortes por deslizamento. Os discos e as facas podem ser parafusados ou de engate rápido.

CORTE DE BASE

O corte de base é um dos itens de maior importância em uma colhedora de cana, pois está diretamente ligado à qualidade da matériaprima e aos níveis de perda de cana na colheita, principalmente quando levam-se em conta o modelo e a forma das facas e discos de corte de base. É um dos responsáveis por danos na cana colhida e danos e abalos na soqueira, causando grande volume de perdas, tanto de massa como por deterioração, além de facilitar o ataque de fungos e doenças na soqueira. O conhecimento das forças envolvidas no processo de corte basal é de grande importância

para a redução de danos e perdas tanto na soqueira como na cana colhida, assim como para o dimensionamento da potência consumida pelas colhedoras. O fato das lâminas adquirirem um formato arredondado após um determinado número de horas trabalhadas, faz com que a cana deslize sobre o perfil da lâmina sem ser cortada adequadamente, forçando o operador a trabalhar com os discos do cortador de base abaixo da superfície do solo, a fim de se evitar problemas na alimentação da máquina. As colhedoras cortam a cana em sua base pelo impacto, usando um disco rotativo com múltiplas lâminas. O rolo defletor empurra a cana para frente antes de cortá-la, para facilitar a alimentação pelos rolos alimentadores (Harris & Mello 2003). O corte de base realiza as funções de corte, varredura e alimentação ao mesmo tempo (Volpato, 2001). Quando a cana é empurrada pelo rolo tombador, ela fica sujeita a um momento fletor, então surgem forças internas de tração e compressão. Este momento fletor pode exceder a resistência da cana fazendo com o que ela quebre. Portando, o ideal é que o corte ocorra antes desta quebra para evitar perdas. Kroes (1997) mostrou que os danos e os abalos causados pelo cortador de base é o maior problema das colhedoras. A deflexão e o corte de base são responsáveis por danos na cana colhida Tabela de Classificação de Danos Classificação de danos (1) sem danos (2) mínimo dano periférico (3) máximo dano periférico (4) mínima rachadura (5) rachado (6) máxima rachadura (7) mínima fragmentação (8) fragmentado

Limite inferior

Limite superior

Fonte: Harris & Melo

Tabela de Classificação de Abalos Detalhe do corte por impacto, captado por Harris e Mello

Intacto 0a3

Semiabalado 3a5

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Abalado 5a7

Arrancado 7 a 10

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Tabela com os resultados finais de abalos e danos de cada faca Classificação de Abalos e Danos - Notas médias finais Faca

Abalos

Fabricante A 5mm lisa Fabricante B 5mm serrilhada Fabricante B 6mm serrilhada

e na soqueira, causando grande volume de perdas, tanto de massa como por deterioração, além de facilitar o ataque de fungos e doenças na soqueira. O trabalho de Kroes (1997) mostrou que, com o presente desenho do cortador de base, é impossível evitar tais perdas e danos. Portanto, os atuais cortadores de base das colhedoras de cana, além de causarem um alto volume de perdas de cana, também provocam redução na produtividade potencial devido aos danos e abalos ocasionados na soqueira merecendo aprimoramento. No corte por impacto, a força normal é predominante, o que causa grandes danos na soqueira e na cana colhida. No corte por deslizamento em que logicamente o perfil está inclinado, há a atuação de duas forças, a força normal e uma força tangencial, melhorando o desempenho do cortador. Segundo Mello (2005), Harris e Mello (1999) sugeriram lâminas serrilhadas e inclinadas para se evitar estes problemas. Havendo um ângulo oblíquo entre a lâmina e o material a ser cortado, ocorrerá um deslizamento e, estando o material aderido à lâmina, ocorrerá o corte por deslizamento (Person, 1987). Segundo Chancellor (1957), nos perfis serrilhados, a ponta do dente inicia o corte com maior facilidade e ajuda a proteger o perfil cortante que se mantém amolado por mais tempo. Segundo Person (1987), se houver um ângulo oblíquo entre a lâmina e o material a ser cortado, ocorrerá também um deslizamento e, estando o material aderido à lâmina, este será rompido por fricção. Kroes (1997) explica que o corte por deslizamento não se aplica a cortadores de base para colhedoras de

Nova 3,14 3,59 2,74

20 horas trabalhadas 3,77 4,42 3,13

Danos Nova 3,08 3,80 3,64

20 horas trabalhadas 3,31 4,47 4,04

cana-de-açúcar, pois estes trabalham rente ou abaixo da superfície do solo, sendo impossível manter o perfil das lâminas amolado e, nestas condições, a cana acaba escorregando ao longo da lâmina sem ser cortada adequadamente.

FATORES QUE INFLUENCIAM NO CORTE BASAL

Alguns itens interferem na qualidade do corte basal. O tipo de preparo de solo, profundidade de plantio, espaçamento de plantio e fechamento do sulco dificultam o trabalho quando os sulcos são muitos fundos e desalinhados, o que leva o cortador de base a ter mais contato com o solo ou mesmo fazer com que a máquina pisoteie a linha lateral, aumentando as perdas. Cada variedade oferece uma diferente resistência ao corte devido à porcentagem de fibras nela existente. A velocidade de trabalho da máquina e a velocidade de rotação do cortador de base devem ser adequadas às condições do canavial, pois se estiverem desreguladas podem levar ao embuchamento da máquina e a perdas. O copiador de solo nivela a máquina de acordo com o terreno, evitando que o corte seja muito alto ou mesmo dentro da terra. Solos arenosos ocasionam um maior desgaste dos equipamentos. No período noturno a visibilidade do operador é muito pequena, o que pode levar o operador a erros durante o processo, além do que, a qualidade de operação da máquina é extremamente importante, podendo evitar altas perdas. Pode ocorrer também o corte parcial, que é quando uma parte da planta é cortada por

Detalhe do corte por impacto (esquerdo), corte por deslizamento (centro) e discos utilizados no corte de base

Sistema de exaustores instalados na parte superior dos silos armazenadores

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Facas inclinadas e serrilhadas, projetadas para minimizar o problema dos impactos

uma lâmina e outra parte cortada por outra lâmina, o que é prejudicial, podendo levar à fragmentação do colmo ocasionando perdas (Mello, 2003).

PERDAS NA COLHEITA

O conhecimento das origens ou causas das perdas na colheita é importante a fim de se efetuar as correções necessárias para reduzir sua incidência. Os registros indicam perdas na colheita mecanizada em torno de 10% a 15% (Harris & Mello 2003). As perdas correspondem a todas as variações físicas úteis da cana que se perdem no campo no ato da colheita. Estas podem ser divididas em duas categorias: visíveis e invisíveis. As perdas visíveis são as variações das canas, as quais podem ser detectadas no campo após a colheita, podendo ser quantitativas ou qualitativas. As perdas quantitativas são aquelas que são possíveis de serem mensuradas através de pesagem, isto é, a quantidade de cana em toneladas por hectare que foi perdida durante a operação de colheita. Pode ser cana inteira, cana picada, lascas, toletes, toco e cana-ponta (cana agregada ao ponteiro). Já as perdas qualitativas (abalos e danos) são aquelas que não são mensuráveis e sim avaliadas de acordo com a qualidade da soqueira, influenciando diretamente na qualidade de rebrota da cana, na produtividade da safra seguinte e também no ataque de pragas logo após a colheita, devido à parte exposta para o ataque destas. As perdas visíveis na colheita mecanizada da cana-de-açúcar estão normalmente condicionadas às características do canavial e à operação da colhedora. O abalo de soqueira é toda agressão sofrida pelo sistema radicular da planta de canade-açúcar que impede a sua total ou parcial rebrota, podendo ser caracterizada de duas formas: perda da estrutura do sistema radicular com o solo, ocasionada pelo atrito do corte de base da colhedora com a base da planta, e quebra do caule subterrâneo onde estão presentes as gemas com maior poder de germinação e que estão mais próximas da superfície devido à altura excessiva do corte de base. O dano de soqueira é toda agressão sofrida


RESULTADOS E DISCUSSÕES

As facas do Fabricante A 5mm lisas obtiveram nota média final de abalo 3,14 quando novas e 3,77 com 20 horas trabalhadas, e nota média de dano de 3,08 quando novas e 3,31 com 20 horas trabalhadas. As facas do Fabricante B 5mm serrilhadas obtiveram nota média final de abalo 3,59 quando novas e 4,42 com 20 horas trabalhadas, e nota média de dano de 3,80 quando novas e 4,47 com 20 horas trabalhadas. As facas do Fabricante B 6mm serrilhadas obtiveram nota média final de abalo 2,74 quando novas e 3,13 com 20 horas trabalhadas, e nota média de dano de 3,64 quando novas e 4,04 com 20 horas trabalhadas. De acordo com resultados (Tabela 3), a faca que se mostrou mais eficiente quando nova em relação a abalos foi a do Fabricante B 6mm serrilhada. A faca que se mostrou mais eficiente com 20 horas trabalhadas em relação a abalos foi a do Fabricante B 6mm serrilhada. A faca que se mostrou mais eficiente quando nova em relação a danos foi a do Fabricante A 5mm lisa. A faca que se mostrou mais eficiente com 20 horas trabalhadas em relação a danos foi a do Fabricante A 5mm lisa. Quando se levam em consideração abalos, a faca do Fabricante B de 6mm serrilhada foi a que apresentou o melhor desempenho. Este resultado ocorrido provavelmente se deu devido ao fato de o perfil ser serrilhado. Porém, o uso do perfil serrilhado ocorreu de forma errada, pois quando se fala em corte com facas serrilhadas, o ideal é que este corte ocorra por deslizamento e não por impacto, como foi o ocorrido devido ao fato de estar-se utilizando discos normais com ângulo de ataque de zero grau, mesmo assim, ela se mostrou mais eficiente em relação aos abalos. Poderia ter-se conseguido um melhor desempenho se tivesse sido usado um disco inclinado com ângulo de ataque maior que zero grau, o que efetuaria o corte por deslizamento considerado ideal pela literatura para os perfis serrilhados. Quando são levados em consideração danos, a faca do Fabricante A de 5mm lisa, foi a que obteve o melhor desempenho. O que se pode dizer em relação a isso é que com esta faca foi feito seu uso correto, pois foram utilizados discos normais com ângulo de ataque de zero grau, portanto, foi efetuado um corte por impacto com lâmina lisa, o que é considerado ideal pela literatura. Com relação à espessura das facas, comparando-se as duas serrilhadas do Fabricante B, era de se esperar que quanto mais fina a faca, melhor seria seu desempenho, e não foi o que

Qualidade da colheita

O

s principais fatores associados ao canavial que interferem na qualidade do corte são: • Produtividade; • Características varietais associadas ao hábito de crescimento das touceiras, tombamento, uniformidade em altura e diâmetro dos colmos, teor de fibra, resistência da casca ao cisalhamento, quantidade de palha aderida e folhas verdes, comprimento do palmito etc; • Presença de sulco remanescente do plantio, depressões nas entrelinhas e torrões junto à base das touceiras; • Dificuldade para visualizar a base das touceiras (à noite é mais crítico); • Padronização do espaçamento entrelinhas de cana;

• Topografia e uniformidade do terreno; • Sistematização do plantio. Quanto aos fatores operacionais, os que mais interferem nas perdas da colheita são: • Perícia e capacitação dos operadores de colhedoras e motoristas (ou tratoristas de reboque); • Sincronismo entre velocidade e distância colhedora/caminhão ou reboque; • Estado e regulagem dos órgãos ativos da colhedora, principalmente facas de corte de base e do rolo picador de toletes, correntes do elevador e hélices dos exaustores; • Velocidade de deslocamento da colhedora compatível com o estado do canavial; • Velocidade (rpm) do exaustor primário da colhedora; • Altura da carga transportada. e deverão ser analisados. O treinamento dos operadores, a observação e o acompanhamento na qualidade de corte, aos possíveis danos à soqueira, associados a uma boa faca de corte, são fundamentais para o sucesso da operação. Com os dados observados, pode-se concluir finalmente que esta área é muito ampla para novos estudos, projetos e idéias, até que se consiga um modelo ideal de cortadores de base .M de colhedoras de cana. Lucas Villela Rosa e Wellington Pereira A. de Carvalho, Ufla

aconteceu. A explicação para este fato é que as facas do Fabricante B de 5mm serrilhadas apresentaram alto nível de quebras e em algumas delas o operador não percebeu, o que caracterizava que o corte de base estava em condições de trabalhar. Portanto, ter-se trabalhado com algumas facas quebradas levou estas a apresentarem pior desempenho. Outro fato observado é de que os perfis serrilhados acumulam mais terra na faca, o que leva a um aumento da espessura prejudicando a qualidade de corte.

CONCLUSÕES

Nas condições específicas em que foram realizados os testes, o que se pode observar é que as facas serrilhadas utilizadas não demonstraram nenhum resultado expressivo de ganho operacional, de qualidade de corte e redução de danos e abalos à soqueira perante as lisas. Ainda há muito que melhorar em se tratando de facas de corte de base para colhedoras de cana, visando aperfeiçoar as qualidades desejadas e diminuir de forma significativa os níveis de abalos e danos. Quanto à escolha de que faca se deve utilizar, muitos estudos ainda precisam ser feitos, para se poder chegar a uma conclusão totalmente precisa, pois gastos com a substituição de facas nas usinas podem chegar a valores altíssimos, sem falar na qualidade da rebrota, fator fundamental para as safras subsequentes. Atenção especial deve ser dada pelos operadores das colhedoras e supervisores quanto aos abalos e danos da soqueira, mesmo a máquina apresentando corte adequado. Os abalos e os danos observados com 20 horas de trabalho podem aumentar significativamente após 40 ou 60 horas trabalhadas. A durabilidade do material e o procedimento industrial com que é feita cada uma delas são muito importantes

Fotos Silva, R. P. III Sincana

pelo colmo da cana onde estão as gemas que irão brotar após a cana ter sido colhida, influenciando na qualidade e na quantidade de plantas que irão nascer.

Diferentes modelos de facas lisas, serrilhadas com revestimento especial

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pulverização

Dúvida eterna C

Como escolher a melhor tecnologia de aplicação fitossanitária: aérea ou terrestre? Que fatores devem ser levados em conta quando é possível optar por uma ou outra tecnologia? e deriva e obter a melhor cobertura são apenas algumas das muitas faces que envolvem a tecnologia de aplicação. Embora a aviação agrícola não seja uma ferramenta nova, um fato recente para o setor de agronegócios, ela ainda é desconhecida tecnicamente pela maioria dos que labutam na atividade e, às vezes, até mesmo pelos próprios operadores aeroagrícolas, que por falta de maior inte-

John Deere

om o aparecimento de novas pragas e doenças na soja, e no milho especialmente, a tecnologia de aplicação de produtos fitossanitários vem se tornando cada vez mais uma “arte” estratégica dentro da condução da lavoura. Aplicar no momento adequado, com as melhores gotas, evitar problemas de escorrimento e/ou perdas por evaporação

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gração com a área de pesquisas agrícolas, demoram a agregar novas metodologias. A aplicação aérea, sem dúvida alguma, traz grandes benefícios para o produtor rural: a possibilidade de operar em seguida das chuvas, mesmo com o solo encharcado; não transfere vetores de uma área para outra; não fere as plantas; não


amassa a cultura nem compacta o solo e por aí vai... Mas, a principal vantagem desta tecnologia está na qualidade da “cobertura”, ou seja, da distribuição uniforme das gotas sobre a planta! Escolher entre a tecnologia aérea ou terrestre tem a ver especialmente com as opções operacionais do agricultor e com as características gerais da sua lavoura. Além, é claro, do tempo e das condições ambientais no momento dos tratamentos. Basicamente, as duas tecnologias quando bem executadas atendem a contento o desejado: cumprem a missão! Talvez, e muito provavelmente, o grande problema quando da opção por uma ou pela outra ferramenta esteja no comprometimento do operador, na capacidade técnica do tratorista ou do piloto, para executar com responsabilidade e qualidade o trabalho.

As tecnologias, aérea e terrestre, na verdade se completam e devem ser usadas em conjunto sempre que possível. Com o advento das doenças nas culturas como a batata, a soja e o milho, a exigência mais do que nunca é aplicar bem, colocando o defensivo exatamente no alvo desejado. E isso depende de gente bem treinada/qualificada, o que infelizmente não é muito comum dentro do segmento terrestre. Ainda existem grandes gargalos técnicos que precisam ser ultrapassados pelas fazendas, como, por exemplo: a manutenção regular dos pulverizadores, a qualificação constante do operador e o respeito às condições mínimas ambientais para a execução do serviço. Já no segmento aéreo, boa parte das empresas de aviação agrícola atua dentro da tecnologia preconizada, muito embora ainda existam alguns casos mais isolados de Operadores displicentes. De qualquer forma, seja por avião ou trator, o importante é que o agricultor e o seu agrônomo observem atentamente as condições operacionais das máquinas e dos operadores, para obter a melhor proteção .M possível para as suas lavouras. Jeferson Luís Rezende, Nata/PR-Unicentro


capa

Transmitindo forças

Basicamente três diferentes tipos de transmissões equipam os tratores agrícolas, de acordo com suas configurações e aplicações para que foram construídos. Levantamento entre os 169 modelos de tratores fabricados no Brasil traça um perfil das aplicações de cada máquina

O

SISTEMA DE TRANSMISSÃO

O sistema de transmissão é um conjunto de elementos que garantem a transmissão de potência do motor para os diferentes mecanismos a se utilizar, como: a barra de tração, o sistema hidráulico, a tomada de potência (TDP) e as rodas motrizes (Márquez, 2004). O conjunto completo de transmissão, com a embreagem, a caixa de velocidades, a redução final do eixo traseiro, o acionamento da TDP e o acionamento do eixo dianteiro, chega a representar um valor que pode superar a faixa de 30% do custo total

Gustavo Heller

trator agrícola é uma das ferramentas mais utilizadas no modelo de agricultura moderna, sendo responsável por boa parte das atividades realizadas dentro de uma empresa rural. Dentro das características de um trator, destaca-se o seu sistema de transmissão, que varia de um modelo para outro, n a s diferentes faixas de potência. Este sistema é o responsável por transferir a potência do motor às rodas e, por sua vez, aos pontos onde a potência em tração pode ser utilizada, como a barra de tração e os três pontos do sistema hidráulico. Aqui apresentamos um estudo sobre a oferta das transmissões de potência montadas nos modelos fabricados no nosso país, com o intuito de se analisar as caixas de câmbio disponibilizadas nos 169 modelos de tratores fabricados atualmente no Brasil, e tendo como objetivo final avaliar a distribuição, nas diferentes faixas de potência dos diferentes tipos de transmissões.

Transmissão mecânica com engrenagens deslizantes, também conhecida como caixa seca, encontrada em tratores mais antigos e de menor porte

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de um trator agrícola. Este mecanismo de transmissão de potência inicia pela embreagem, que depende do seu acionamento para conectar ou desconectar o motor do trator à sua caixa de velocidades. Este dispositivo mecânico, razoavelmente complexo, também chamado de caixa de câmbio ou simplesmente câmbio, é formado por uma série de engrenagens que permitem a seleção da velocidade e do torque mais adequados para uma determinada operação, buscando assim uma maior economia de combustível e o aumento da eficiência mecânica. Pela forma de construção mecânica as transmissões podem ser classificadas, basicamente, em três categorias principais: mecânicas, hidrostáticas e hidrodinâmicas.

MECÂNICAS

As transmissões mecânicas podem ser subclassificadas, de acordo com o seu engrenamento, em: caixa de câmbio com engrenagens deslizantes e caixa de câmbio sincronizada. Nas transmissões mecânicas com engrenagens deslizantes, também conhecidas como caixas “secas”, a marcha é selecionada antes que se inicie o trabalho, segundo os critérios de escolha do operador, sendo necessária a parada do trator para que se efetue a troca de marchas e convém mencionar que se trata de um sistema em que engrenagens que transferem o movimento se unem (engrenam) umas às outras pelo deslocamento de pelo menos uma delas em eixos com ranhuras, proporcionando o encaixe das mesmas. Em face disto, a velocidade da engrenagem que proporciona a saída do movimento


John Deere

Figura 1 - Faixas de potências e tipos de transmissões (A); distribuição dos diferentes tipos de transmissões dentro de A) B) cada faixa de potência (B)

Transmissão mecânica sincronizada possibilita troca de marchas em movimento

depende da velocidade de entrada, do número de pares engrenados e do número de dentes das engrenagens envolvidas. Já na transmissão mecânica do tipo sincronizada, qualquer marcha pode ser selecionada, mesmo com o trator em movimento, pois anéis sincronizadores ajustam a velocidade de giro entre as engrenagens que estão constantemente acopladas e posicionadas no eixo. Nos dois casos, mas principalmente no primeiro, o conforto na operação é menor e supõe-se uma menor eficiência na operação em campo.

HIDROSTÁTICAS

HIDRODINÂMICAS

As transmissões do tipo hidrodinâmica funcionam sob o princípio de transferência de potência através da energia cinética de um fluido hidráulico. Este tipo de transmissão, no entanto, raramente equipa tratores, pela alta demanda de esforço no trabalho agrícola, sendo de mais comum utilização em automóveis que apresentam transmissão automática. Para

Massey Ferguson

As transmissões hidrostáticas utilizadas em tratores agrícolas baseiam-se em pacotes de discos, com embreagens que direcionam o movimento, de um eixo a outro, segundo um comando hidráulico acionado pelo operador. Diz-se por isto que é hidrostática e não hidráulica e menos ainda hidrodinâmica. Este sistema possibilita a variação da velocidade e em consequência do torque, sem a necessidade de que sejam efetuadas paradas do trator e acionamento da embreagem, o que acarreta em aumento da eficiência operacional e otimização das operações. A este tipo de transmissão se atribui um maior conforto do operador e uma maior possibilidade de alcançar maiores eficiências operacionais.

a realização de operações em que são exigidas maiores demandas de torque e potência (aração, escarificação etc), este sistema tem sua eficiência comprometida, uma vez que com altos esforços ocorreria a parada imediata do trator. É importante ressaltar que cada projeto de transmissão deve contemplar o tipo de atividade a que o trator será submetido, sendo que uma das maiores vantagens de caixas de câmbio que possuam grande número de marchas é o fato de que se torna possível a realização de atividades nas velocidades preconizadas para cada tipo de operação, proporcionando, assim, maior qualidade às tarefas executadas pela máquina. Neste sentido vale lembrar que em 20 anos, a maioria dos tratores vendidos no país, passou de oito para 12 marchas, em média.

DISTRIBUIÇÃO DOS TIPOS DE TRANSMISSÃO

Transmissão do tipo hidrostática possibilita a variação da velocidade e em consequência do torque, sem a necessidade de que sejam efetuadas paradas do trator e acionamento da embreagem

Neste trabalho foram levantadas informações referentes aos diferentes tipos de transmissão disponibilizados por 12 fabricantes, totalizando 169 modelos de tratores fabricados no Brasil, com a finalidade de avaliar a real distribuição destas transmissões dentro das diferentes faixas de potência e estabelecer possíveis relações entre estes parâmetros. Os tratores foram classificados quanto a sua faixa de potência em faixa 1 (menor ou igual a

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Divulgação

Figura 2 - Percentual de tratores com transmissão tipo engrenagem deslizante (A), sincronizada (B), hidrostática (C)

Esquema que ilustra um sistema de transmissão e o sentido do movimento partindo do motor

Valtra

37kW, faixa 2 (entre 38 e 74kW), faixa 3 (entre 75 e 110kW), faixa 4 (entre 111 e 147kW) e faixa 5 (igual ou maior a 148kW). As transmissões foram classificadas em três tipos: mecânicas (engrenagens deslizantes e sincronizadas), hidrostáticas e hidrodinâmicas.

Cabe salientar que o conjunto de dados foi adquirido por meio de informações contidas em folhetos técnicos, impressos e/ou eletrônicos, fornecidos pelos próprios fabricantes de tratores do país. Como resultado, a Figura 1(A) mostra que quanto à potência dos tratores, 65 (38,5%) dos 169 modelos de tratores analisados estão situados na faixa de potência que varia entre 38 e 74kW, 36 (21,3%) modelos situam-se na faixa menor ou igual a 37kW, 35 (20,7%) modelos situam-se na faixa entre 75 e 110kW, 24 (14,2%) modelos situam-se na faixa entre 111 e 147kW e apenas nove (5,4%) modelos de tratores situam-se na faixa de potência maior ou igual a 148kW. Esta participação por faixa de potência pode ser explicada em face de que cada empresa fabricante de tratores deseja ter tratores dentro das faixas mais comercializadas, estabelecendo nichos de mercado preferenciais. Ainda da Figura 1(A), pode-se constatar que dos 169 tratores analisados, o tipo de transmissão sincronizada é predominante nos tratores comercializados no Brasil, estando presente em 67 (39,6%) modelos.

Vista lateral (esquerda) e vista tridimensional de um trator equipado com transmissão hidrostática (direita)

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No Brasil não há tratores, em nenhuma faixa de potência, que utilizem transmissões do tipo hidrodinâmica. Constatamos neste estudo que na faixa de potência menor ou igual a 37kW, o tipo de transmissão com engrenagens deslizantes esteve presente em 83% dos tratores, sendo que apenas 17% dos tratores apresentaram-se equipados com transmissões do tipo sincronizada e nenhum dos tratores situados nesta faixa de potência apresentara-se equipado com transmissões hidrostáticas. Na faixa entre 38 e 74kW há o predomínio do tipo de transmissão sincronizada, a qual está presente em 69% dos tratores, seguido dos tratores que apresentavam transmissões com engrenagens deslizantes, com 25%, e dos tratores equipados com transmissões hidrostáticas, com 6%. Entre 75 e 110kW, a transmissão sincronizada equipa 57% dos modelos de tratores, enquanto as transmissões hidrostáticas já equipam 29% dos tratores e as transmissões com engrenagens deslizantes estão presentes em apenas 14% dos tratores avaliados. Entre 111 e 147kW, a transmissão hidrostática predomina e aparece em 50% dos modelos, a sincronizada está presente em 29% e as trans-


Gustavo Heller

Classificação dos tratores quanto a sua faixa de potência Faixa 1 Faixa 2 Faixa 3 Faixa 4 Faixa 5

Menor ou igual a 37 kW Entre 38 e 74 kW Entre 75 e 110kW Entre 111 e 147 kW Igual ou maior a 148 kW

Charles Echer

missões com engrenagens deslizantes aparecem em 21% dos tratores avaliados. Na faixa que abrange os tratores com potência maior ou igual a 148kW foram encontradas somente transmissões hidrostáticas. Assim, sob uma análise mais abrangente envolvendo todos os modelos de tratores avaliados, pode-se constatar que a transmissão do tipo sincronizada é a mais utilizada e equipa 46% dos modelos de tratores, com a transmissão de engrenagens deslizantes sendo oferecida em 33% dos modelos e a transmissão do tipo hidrostática atingindo 21% da oferta do mercado brasileiro. Cabe considerar que o recurso hidrostático é de recente adoção e cresce rapidamente na faixa de tratores acima de 111kW. Estes resultados, expressos anteriormente em valores percentuais, podem ser visualizados em valores numéricos na Figura 1(B), evidenciando uma forte tendência: tratores agrícolas com potência menor que 111kW são equipados com transmissões do tipo mecânica (engrenagens deslizantes e sincronizadas) e tratores acima de 111kW com transmissões do tipo hidrostática. Tal situação deve-se ao fato de que, em faixas mais elevadas de potência, o custo da transmissão acaba se diluindo no preço total do trator, viabilizando a utilização deste recurso. Na Figura 2 apresentamos em dados percentuais o quanto cada uma das diferentes faixas de potência participa em cada tipo de

Rodrigo, Ulisses, Fernando, Marcelo e Gustavo esclarecem sobre as diferenças existentes entre as transmissões utilizadas em tratores agrícolas

transmissão. É possível constatar uma clara tendência, de que os tratores de maior potência são oferecidos com sistemas de transmissão mais modernos, como as transmissões hidrostáticas, figurando em 100% dos tratores situados na faixa de potência maior ou igual a 148kW. Da mesma forma, percebe-se que, em tratores de menor potência, há o predomínio de sistemas de transmissão mais simples, como as transmissões com engrenagens deslizantes, figurando em cerca de 83% dos tratores situados na faixa de potência menor ou igual a 37kW. Finalmente, nota-se que os tratores pertencentes às faixas intermediárias de potência apresentam-se, em sua maioria, equipados com transmissões sincronizadas, onde cerca de 69%, 57% e 29% dos tratores situados, respectivamente, nas faixas de potência de 38kW a 74kW, 75kW a 110kW e 111kW a 147kW apresentam este tipo de transmissão. Em forma de conclusão podemos deduzir que, pelo custo do projeto e pela importância que uma transmissão tem no preço final de um trator, somente se torna interessante equipar com mecanismos mais modernos as máquinas de maior porte. Por conta disto, o maior preço final dos tratores é alcançado sob condições de utilização de transmissões mais evoluídas e

que proporcionam maior conforto ao operador e eficiência operacional. Aos agricultores que utilizam tratores menores e de menor valor comercial, evidencia-se a seguinte realidade: estas máquinas acabam por ser equipadas com sistemas de transmissões menos eficientes e menos confortáveis no intuito de que se mantenha uma boa relação de custos e benefícios.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um dos fatores que merecem ser salientados refere-se à relação que se estabelece entre a eficiência e o custo, como já mencionado anteriormente, o que faz com que as transmissões do tipo hidrostática venham a equipar apenas tratores de maior porte, enquanto transmissões mecânicas continuam sendo a maioria entre os tratores de baixa e média potência. Assim, torna-se conveniente conhecer de forma mais detalhada as configurações presentes nos diferentes modelos de tratores atualmente ofertados no mercado e, principalmente, ter uma boa noção das reais necessidades dentro de cada .M propriedade rural. Rodrigo Lampert Ribas, Gustavo Heller Nietiedt, José Fernando Schlosser, Ulisses Giacomini Frantz e Marcelo Silveira de Farias, UFSM

Detalhes de trens de transmissão hidrostática completos

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ficha técnica

Titanium

O

Titanium para taxa variável é um equipamento desenvolvido pela Arvus em parceria com agricultores brasileiros. Ele possui interface simples em tela colorida de 7” sensível ao toque, que permite a visualização dos mapas, bem como da localização a máquina dentro talhão. Ainda, gera

O controlador de taxa variável Titanium da Arvus-Saig, que já é comercializado no Brasil, ganhará uma série de novos produtos baseados em sua plataforma multifuncional, que poderão ser usados em todos os processos da Agricultura de Precisão

mapas de pós-aplicação, que podem ser abertos em um software fornecido junto com o equipamento (Arvus-Saig). O Saig permite que mapas e relatórios de aplicação sejam visualizados em detalhes, exportados para arquivos PDF ou impressos. Essa tecnologia é desenvolvida no Brasil e os equipamentos são fabrica-

dos também no país. Isto permite uma rápida e estreita iteração entre cliente e fabricante, não dependendo de intermediários, importações de peças e manuais de procedimentos em inglês. O controlador Titanium é compatível com diversos implementos do mercado, como distribuidores de insumos com esteira e plantadeiras com dosadores por rosca sem-fim. Ele é fornecido com todas as peças necessárias para a adaptação de um implemento convencional, como o conjunto de componentes hidráulicos, mangueiras, cabos elétricos, suportes mecânicos etc. O equipamento possui configurações e uso simplificados. Com poucos toques na tela, já é possível iniciar a aplicação, seja em taxa fixa ou variável. No modo taxa variável, os mapas de recomendação são copiados através de um pen-drive comum e o Titanium lê arquivos Shape (.SHP) diretamente, sem a necessidade de conversão para outros formatos. Na plataforma do Titanium ainda pode ser integrado o guia virtual com barra de luz. Assim, o equipamento, além de auxiliar na aplicação de fertilizantes a lanço, por exemplo, pode ser usado em outras operações, como a pulverização, como suporte à orientação das linhas

Exemplos de telas apresentadas pelo Titanium em aplicações de fertilizantes, com visualização das informações de traçados

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Fotos Arvus

das ao Titanium até julho de 2011, o que fará com que todos os processos tecnológicos para agricultura de precisão, da geração dos mapas até a colheita, estejam disponíveis. Essa abordagem permite ao cliente gerir melhor os recursos de sua propriedade.

LANÇAMENTOS

Detalhe do monitor, com tela colorida de sete polegadas

aplicadas. Entre as principais características do Titanium estão: • Fazer a aplicação visualizando o Mapa de Recomendação e as linhas virtuais na tela, simultaneamente • Visualizar as áreas já aplicadas (rastros de aplicação), em cima dos Mapas de Recomendação • Auxiliar a navegação da máquina em linhas retas, curvas e pivô central • Controlar as dosagens de acordo com o mapa de recomendação, sem a utilização de driver ou módulo eletrônico adicional • Gerar mapas de pós-aplicação e comparar posteriormente com a recomendação, através do software Arvus Saig também fornecido junto com o equipamento Outras funcionalidades serão acresci-

Nos próximos 18 meses a Arvus lançará um série de novos produtos baseados na plataforma Titanium. O Titanium é um console utilizado inicialmente como controlador para aplicação em taxa variável, porém, o seu projeto foi concebido como uma plataforma multifuncional. Dentro do mesmo equipamento estão contemplados, além do controlador para

taxa variável, guia virtual com barra de luz, controle e corte de seção para pulverizadores, piloto automático, monitor de plantio e monitor de colheita. Todas estas funções serão habilitadas ao longo destes 18 meses, fazendo com que o produtor invista em um único equipamento. No início do ano, durante o Show Rural da Coopavel, foi lançada a barra de luzes Horizon. Ainda este ano serão lançados o módulo de corte de seção de pulverização para Titanium, a Barra de Luzes Horizon com controle de taxa variável e o software para geração de mapas de recomendação Saig v3.1. Estes equipamentos completarão a linha Arvus, que já conta com o controlador de taxa .M variável TxV2010 desde 2004.

Tela com mapa de produtividade e opções para escolha de dosagens, configurações de aplicação e demais funções


Eventos

Sima 2011

A França se prepara e o mundo aguarda com ansiedade o Salão Internacional de Máquinas Agrícolas, que ocorre de 20 a 24 de fevereiro de 2011 em Paris, prometendo soluções inovadoras para o novo cenário agrícola mundial

A

ssim como os eventos de moda de Paris antecipam as tendências mundiais no ramo de vestuário anualmente, o Salão Internacional de Máquinas Agrícolas (Sima), que é realizado a cada dois anos, também é referência para o agronegócio mundial. Faltando pouco mais de seis meses para o início da 74ª edição, a França já se prepara para o evento que ocorre de 20 a 24 de fevereiro de 2011 no Parque de Exposições de Paris-Nord Villpinte, em Paris. Com o tema “No centro da Agricultura Mundial, Performance e Sustentabilidade”, a expectativa é que o Sima assuma definitivamente seu papel de referência numa ótica de agricultura eficiente, tornando-se o único salão no mundo que apresenta ao mesmo tempo

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equipamentos agrícolas, criação e energia sustentável. Para os organizadores, o evento está sendo preparado num contexto agrícola em plena evolução. “Crescimento da população mundial multiplicando a necessidade de alimentos, chegada de novos países emergentes produtores, propriedades que precisam encontrar um novo equilíbrio, volatilidade das taxas de câmbio e a necessidade de inovar para integrar positivamente os critérios ambientais são itens que fazem parte de um contexto que leva a interrogações e questionamentos. Este cenário exige evolução por parte dos profissionais agrícolas no mundo todo”, afirma Martine Dégremont, diretora do Sima-Simagema, que esteve no Brasil em junho para divulgar a feira.

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Por essas razões, Martine acredita que o próximo Sima assumirá seu papel de referência, numa ótica de agricultura eficiente e sustentável, e auxiliará os profissionais a antecipar soluções do amanhã, através de inúmeros eventos de ordem internacional que pontuarão a semana. Para ser coerente com a atualidade e as preocupações do setor, o tema desta edição foi desenvolvido em torno de seis temas transversais que devem estar presentes na agricultura moderna: inovação, genética, energia sustentável, internacional, prospecção e profissões. Um dos pontos altos do Sima é, sem dúvida, o Sima Innovation Awards, premiação que proporciona uma visão concreta das últimas inovações, reconhecida e aguardada pelos profissionais agrícolas


Fotos Newton Peter

no mundo todo e concedida por um júri de especialistas e um colégio de peritos internacionais, também aberto aos utilizadores finais. “Este prêmio mostra as tendências dos equipamentos do futuro”, explica Martine. Num espaço de 25 hectares fechados, com climatização, o principal encontro mundial dos setores envolvidos com a agricultura terá uma dimensão internacional, já que 50% dos expositores não são da França e 25% de todo o público visitante é proveniente de mais de 100 países, o que permite ao evento ser um amplificador de negócios, graças também aos encontros organizados entre os profissionais.

PLATAFORMA DE INOVAÇÕES

A edição de 2011 renovará três de suas iniciativas mais aguardadas. O “Espaço Boas Práticas”, que comemora dez anos, terá seu espaço ampliado, onde estarão reunidos organismos internacionais e parceiros do salão que intervêm na implementação das boas práticas agrícolas. O “Fórum Agrícola Internacional” terá workshops práticos sobre energia sustentável apresentados por instituições conceituadas, visitas técnicas, conferências de especialistas sobre as grandes tendências do setor, além da conferência da Sociedade Europeia de Tecnologia Agrícola. Também acontecerá pela segunda vez o Agri Manager Tour, com grandes agricultores e criadores vindos dos principais países agrícolas que debaterão a agricultura mundial durante três dias do evento.

VOCAÇÃO PARA O TURSIMO

pressionam. Na última edição, realizada em 2009, foram 1.323 expositores e 1.446 marcas. Mais de 200 mil visitantes de 104 países circularam pelos 17 salões do evento e movimentaram um total de 96 milhões de euros. Para a edição 2011 a expectativa é que os números de 2009 sejam superados. A divulgação da feira no Brasil tem como objetivo aumentar a participação do país no Sima. Na mesma visita, Jean-Luc Margot-

Divulgação

Os números do Sima realmente im-

Na edição 2009, mais de 1.300 expositores de 104 países estiveram presentes para atender um público superior a 200 mil pessoas

Comissão francesa divulgou as feiras da região da Grande Paris, entre elas o Sima, que realiza sua 74ª edição em fevereiro de 2011

Duclot, diretor da Agência Regional da Região da Grande Paris, explicou que o Brasil ocupa a sétima posição entre os fornecedores de alimentos para a França e, por isso, há um grande interesse por parte dos organizadores das feiras na região de que esta aproximação seja ampliada. No total, a Região da Grande Paris organiza anualmente 440 feiras principalmente nos setores agrícolas, de alimentação e gastronomia. Em 2008, mais de oito mil brasileiros visitaram estes eventos e 475 empresas daqui participaram como expositores. “ Temos agências especializadas e aguardando os visitantes brasileiros, que serão recebidos por guias que falam português para que eles possam aproveitar o máximo possível a viagem”, explica. Margot-Duclot ressalta também que a França tem uma das maiores e melhores estruturas para os turistas. “Além de termos inúmeros opções de turismo na França, Paris está localizada a menos de três horas de viagem de trem de qualquer capital da Europa, o que facilita o acesso a outros países da União Europeia”, garante. Empresas ou produtores interessados em participar das feiras na Região Grande Paris podem contatar a Promosalons Brasil pelo e-mail brasil@promosalons. .M com.

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colhedoras

Som grave

Agrale

Os ruídos sonoros nas operações agrícolas, principalmente na condução de tratores sem cabine, exigem cuidados por parte dos operadores. No Brasil, nem sempre estes cuidados são levados em conta, deixando de lado a utilização de equipamentos de proteção auricular e expondo o aparelho auditivo a horas consecutivas de barulho intenso

C

om o surgimento da mecanização agrícola, várias atividades agrárias se tornaram mais simples e práticas quando comparadas com o trabalho manual. Entretanto, a inserção de máquinas produz ruídos no campo, os quais geram danos à sensibilidade auditiva do operador, bem como de outros trabalhadores. A partir da década de 60, com o avanço tecnológico e a modernização da agricultura no Brasil, inicia-se um aumento na utilização de máquinas agrícolas com o objetivo de aumentar o desempenho e a produção no campo. Entretanto, esses projetos não incrementavam os fatores conforto e segurança dos operadores em sua concepção. Observa-se atualmente uma tendência nos projetos mais modernos em contemplar melhores condições de ergonomia e segurança do operador, visando diminuir os acidentes de trabalho, combinado com aumento da eficiência e qualidade deste. Estudos envolvendo nível de potência sonora, ruído, nas operações agrícolas, tendo como fonte de potência o trator, em deslocamento sob diferentes velocidades e condições, torna-se de fundamental importância tanto pela contribui-

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ção de novas informações que serviram como parâmetros ergonômicos e de segurança do trabalhador, como para gerar dados em manuais e catálogos do fabricante. De acordo com Iida (2005) existem dois tipos de ruídos: os contínuos e os de impacto. O primeiro ocorre com certa uniformidade ao longo da jornada de trabalho. O segundo se dá por meio de picos de energia de curta duração, chegando a níveis de 110 a 135 decibéis (dB (A)). O autor ainda classifica o ruído quanto a sua duração em ruídos de curta duração e ruídos de longa duração. Os ruídos de curta duração são aqueles que persistem em um ou dois minutos e provocam queda no rendimento, tanto no início como no final do período do ruído. Se o ruído for mantido o desempenho retorna ao estado antes de começar o ruído. Assim, o problema parece ser a intermitência do ruído, e não propriamente o mesmo. Os ruídos de longa duração são os que ocorrem em algumas horas. Ruídos entre 70 e 90dB não causam problemas de ordem intelectual e manual. Entretanto, acima desse limite superior ocorrem, muitas vezes, problemas de

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desconcentração em atividades intelectuais. Além disso, pesquisas mostram que o organismo conseguiu se adaptar a estes tipos de condições adversas. Os efeitos do ruído sobre o aparelho auditivo são os únicos reconhecidos pela legislação brasileira e podem ser divididos em três fases: mudanças temporária ou permanente do limiar auditivo e trauma acústico. A mudança temporária do limiar auditivo é um efeito em curto prazo que representa uma mudança da sensibilidade da audição. Já a mudança permanente do limiar auditivo é decorrente de um acúmulo de exposições ao ruído. Inicia-se com zumbido, cefaleia, fadiga e tontura. A seguir o indivíduo tem dificuldade em escutar sons agudos, além de confundir os sons em ambientes expostos a ruídos. O trauma acústico é definido como uma perda súbita da audição, decorrente de uma única exposição ao ruído muito intenso. No Brasil, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui a Norma Brasileira Reguladora - NBR9999 (ABNT, 1987) – “Medição do Nível de Ruído, no Posto de Operação, de Tratores e Máquinas


Massey Ferguson

Em tratores sem cabine, o uso de tampões de ouvidos deveria ser comum entre os operadores, prática não muito usual no dia a dia

Ergonomia, o conforto auditivo será quando o nível de potência sonora estiver a 65dB (A). Portanto, deve-se avaliar o nível de potência sonora emitida pelos conjuntos, sempre que possível, para assegurar que os operadores estão utilizando os equipamentos de segurança adequados. Nas operações de preparo do solo, como a escarificação e o nivelamento do solo com grade, exige do trator certa potência, como nas operações com roçadora e, neste caso, deve atentar que está se utilizando equipamento acoplado à tomada de potência. Desse modo, aferiu-se o nível de potência sonora, ruído, nos conjuntos trator – grade leve em tandem com discos de 20”; trator – escarificador e trator – roçadora. O trator utilizado apresentava 75cv (55,2kW) de potência no motor, e as velocidades de trabalho selecionadas foram de 3,0; 5,0; 8,7; 10,7 e 13,0km/h-1. O trabalho foi conduzido pelo Laboratório de Máquinas e Mecanização Agrícola da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (PE). O solo foi classificado como Argissolo Amarelo, que apresenta na camada de 0-20cm de profundidade 85,9% de areia, 8,5% de silte e 5,6% de argila.

Nível de ruído – dB(A) 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 98 100 102 104 105 106 108 110 112 115

Máxima exposição diária 8h 7h 6h 5h 4h e 30min 4h 3h e 30min 3h 2h e 40min 2h e 15min 2h 1h e 45min 1h e 15min 1h 45min 35min 30min 25min 20min 15min 10min 7min

Na Figura 1 é apresentado o gráfico contendo as curvas de regressão da potência sonora em função da velocidade de deslocamento e das pistas de ensaio (solo preparado - SP e solo coberto por plantas daninhas - SC). O nível de potência sonora com o trator trafegando em solo coberto apresentou maiores valores em marchas mais curtas (menor velocidade) e longas (maior velocidade), enquanto que as marchas intermediárias apresentaram níveis menores para ambas as pistas. Para o nível de pressão sonora com o trator trafegando em solo preparado, os maiores valores foram encontrados apenas nas marchas mais longas. Diversos autores citam que os níveis de ruídos são maiores nas marchas mais longas, ou seja, velocidades maiores. Na Figura 2 é apresentado o gráfico contendo as curvas de regressão da potência sonora

Jorge Wilson Cortez

Agrícolas”. A legislação referente a atividades e operações insalubres, a NR-15 (Tabela 1) da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), estabelece em 85dB (A) o nível máximo de ruído permitido para oito horas de exposição diária. Segundo a norma, acima deste nível começam a aparecer os riscos para os trabalhadores. A norma ainda estabelece que não é permitida a exposição a um nível de 115dB (A) sem o uso de Equipamento de Proteção Individual, devido a riscos na audição. Os métodos de medição do ruído e a avaliação dos seus danos auditivos fixados pela Consolidação das Leis do Trabalho - C.L.T. são os únicos no Brasil com força de lei. Portanto, se uma empresa for multada por atividades insalubres causadas por excesso de ruído, a fiscalização estará fundamentada nos métodos da C.L.T. O Ministério do Trabalho estabelece normas relativas ao ruído em ambiente de trabalho; a NR-6 relativa ao uso de equipamento de proteção individual (EPI); a NR-7 que define normas sobre a realização de exame médico e a NR-15 que diz respeito a atividades e operações insalubres. De acordo com a norma NR-17-

Tabela 1 - Máxima exposição diária permissível – NR 15

No ensaio foram medidos os ruídos em operações com o trator em operações com grade, escarificador e roçadoras em diferentes velocidades

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Figura 1 - Nível de potência sonora, ruídos, somente para o trator em função da velocidade de deslocamento

Figura 2 - Nível de potência sonora, ruído, do conjunto trator - grade em tandem para solo preparado – SP e solo coberto por plantas daninhas - SC

Figura 3 - Nível de potência sonora, ruído, para o conjunto trator escarificador

Figura 4 - Nível de potência sonora, ruído, do conjunto trator – roçadora

.M

comportamento do nível de potência sonora (Figura 2) nota-se que os valores são maiores nas marchas mais longas, maiores velocidades, para ambas as condições, corroborando resultados encontrados por diversos autores. Além disso, para o solo preparado (SP) verificam-se valores inferiores de potência sonora em todas as velocidades, provavelmente devido à menor

New Holland

em função da velocidade de deslocamento e das pistas de ensaio para o conjunto trator-grade leve em tandem com discos de 20”. Verifica-se que para ambas as pistas (solo preparado - SP e solo coberto por plantas daninhas - SC) os valores de potência sonora são constantes e crescentes, com o aumento da velocidade de deslocamento. Analisando o

Empresas rurais mais organizadas exigem a utilização de equipamentos de proteção para os operadores em qualquer situação de trabalho

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potência requerida, pois a condição de solo solto exige menor esforço do trator. Na Figura 3 é apresentada a curva de regressão da potência sonora em função da velocidade de deslocamento do conjunto trator-escarificador. Verifica-se que nas marchas mais longas, maiores velocidades, ocorreram os maiores níveis de potência sonora, ruídos, concordando com os resultados encontrados por Fernandes (1993), quando em estudo comparativo sobre níveis de potência sonora em tratores de marcas e modelos diferentes, e com potências muito próximas, operando quatro implementos, evidenciaram que em 91% das medições o nível de potência sonora foi maior, nas marchas mais longas. Observa-se que para este estudo a velocidade de deslocamento do conjunto foi um fator significante no aumento do nível de potência sonora. Na Figura 4 são apresentadas as curvas de regressão da potência sonora em função da velocidade de deslocamento conjunto tratorroçadora. Verifica-se, na Figura 4, que ocorreu diminuição do nível de potência sonora, ruído, com o aumento da velocidade, diferente do que aconteceu com os outros conjuntos. Isso pode


Critérios para medições de ruídos

Dilvulgação

M

ialhe (1996) cita os critérios que devem ser observados na medição

Decibelímetro utilizado durante as avaliações realizadas em Petrolina (PE)

ser explicado pela roçadora ser acionada pela tomada de potência e devido à ação das facas sobre as plantas daninhas. Portanto, os níveis de ruídos apresentados em todos os conjuntos foi acima do estabelecido pela legislação brasileira, de 85dB (A), evidenciando que em todas as operações, deve-se utilizar os equipamentos de proteção individual de ruídos, que são tipo concha ou

do ruído: • As medições em operações agrícolas devem ser realizadas em local plano, sem obstáculos, pois os mesmos poderiam ocasionar a reflexão do som. • Os tratores devem estar com os pneus adequados ao trabalho agrícola, não podendo apresentar desgaste superior a 50%. • Em tratores com cabine, a medição deve ser feita com portas e janelas fechadas, com o motor à rotação máxima e o ar condicionado funcionando na regulagem máxima de aquecimento ou resfriamento e ventilação. • Os tratores devem estar em perfeito estado mecânico, principalmente no que diz respeito ao sistema de exaustão de gases. • A velocidade de deslocamento deve estar dentro dos limites da Norma NBR 9999, que estipula entre 4 a 17km/h. pino. Observou-se que com o aumento da velocidade ocorre aumento do nível de potência sonora, exceto para o conjunto com a roçadora, provavelmente devido ao mesmo ser acionado .M pela tomada de potência.

• Caso a velocidade do vento seja superior a 5m/s, deve-se utilizar um protetor de vento para o microfone. • Antes de cada avaliação deve ser medido o nível de ruído de fundo, considerando apenas as medidas em que esse nível esteja 10dB (A) abaixo dos níveis medidos, conforme a Norma NBR 9999. • O microfone do medidor deve ser colocado entre 79cm acima, 15cm à frente e 20cm lateralmente em relação ao ponto de referência do assento - (SIP – Seat Index Point) NBR 5353. De modo prático, o microfone do medidor de ruído deve ser posicionado lateralmente ao ombro do operador. O medidor utilizado em avaliações de campo devem possuir faixas de medição (32-80 dB; 50-100 dB e 80-130 dB) e protetor de vento, que no mínimo atende a norma IEC 651 (International Electrotechnical Commission), tipo 2 (classes de 0 a 3), que define para uso de campo. Salvio Napoleão S. Arcoverde, Jorge Wilson Cortez, Clovis de Oliveira Pitanga Júnior e Hideo de Jesus Nagahama, Univasf


MÁQUINAS EM NÚMEROS

VENDAS INTERNAS DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES NACIONAIS E IMPORTADAS - ATACADO Total Nacionais Importadas Tratores de rodas Nacionais Importados Tratores de esteiras Nacionais Importados Cultivadores motorizados Nacionais Importados Colheitadeiras Nacionais Importadas Retroescavadeiras Nacionais Importadas Mil unidades 2008 2009 2010

JAN 2,9 3,1 4,6

2010 MAI B 6.381 6.350 31 5.549 5.531 18 88 79 9 195 195 0 162 161 1 387 384 3

JUN A 6.059 6.014 45 5.140 5.111 29 110 95 15 175 175 0 189 188 1 445 445 0

Unidades

FEV 4,0 3,6 5,3

MAR 4,3 4,1 6,6

ABR 4,5 3,9 6,0

2009

JAN-JUN C 34.982 34.674 308 29.073 28.837 236 445 410 35 879 879 0 2.157 2.130 27 2.428 2.418 10 MAI 4,7 4,0 6,4

JUN 5,1 4,2 6,1

JUN D 4.244 4.080 164 3.534 3.389 145 47 33 14 163 163 0 115 110 5 385 385 0 JUL 5,1 4,8

JAN-JUN E 23.058 22.048 1.010 18.932 18.198 734 269 190 79 867 867 0 1.372 1.305 67 1.618 1.488 130 AGO 5,1 5,1

SET 5,5 5,4

Variações percentuais A/D 42,8 47,4 -72,6 45,4 50,8 -80,0 134,0 187,9 7,1 7,4 7,4 64,3 70,9 -80,0 15,6 15,6 -

A/B -5,0 -5,3 45,2 -7,4 -7,6 61,1 25,0 20,3 66,7 -10,3 -10,3 16,7 16,8 0,0 15,0 15,9 0,0 OUT 5,5 6,2

NOV 4,3 5,3

DEZ 3,7 5,5

C/E 51,7 57,3 -69,5 53,6 58,5 -67,8 65,4 115,8 -55,7 1,4 1,4 57,2 63,2 -59,7 50,1 62,5 -92,3 ANO 54,5 55,3 35,0

MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES POR EMPRESA 2010 MAI B 6.381 5.549 194 116 661 1.755 1.401 1.199 223 162 40 2 24 86 10 195 88 387

JUN A 6.059 5.140 169 138 655 1.457 1.220 1.296 205 189 45 11 13 117 3 175 110 445

Unidades Total Tratores de rodas Agrale Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Outras Empresas Colheitadeiras Case CNH John Deere Massey Ferguson (AGCO) New Holland CNH Valtra Cultivadores motorizados (1) Tratores de esteiras (2) Retroescavadeiras (3)

2009

JAN-JUN C 34.982 29.073 989 589 3.871 8.890 6.354 7.138 1.242 2.157 302 656 318 784 97 879 445 2.428

JUN D 4.244 3.534 151 18 598 882 986 689 210 115 29 27 17 37 5 163 47 385

JAN-JUN E 23.058 18.932 636 273 2.748 5.643 4.890 3.778 964 1.372 192 523 203 412 42 867 269 1.618

Variações percentuais A/D 42,8 45,4 11,9 666,7 9,5 65,2 23,7 88,1 -2,4 64,3 55,2 -59,3 -23,5 216,2 -40,0 7,4 134,0 15,6

A/B -5,0 -7,4 -12,9 19,0 -0,9 -17,0 -12,9 8,1 -8,1 16,7 12,5 450,0 -45,8 36,0 -70,0 -10,3 25,0 15,0

C/E 51,7 53,6 55,5 115,8 40,9 57,5 29,9 88,9 28,8 57,2 57,3 25,4 56,7 90,3 131,0 1,4 65,4 50,1

Fonte: ANFAVEA - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

(1) Empresas não associadas à Anfavea; (2) Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05), Komatsu; (3) AGCO, Case CNH, Caterpillar, New Holland CNH (sucede Fiatallis CNH a partir de 1º/02/05).

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PRODUÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS AUTOMOTRIZES Unidades Total Tratores de rodas Tratores de esteiras Cultivadores motorizados Colheitadeiras Retroescavadeiras Mil unidades 2008 2009 2010

JAN 5,9 4,7 5,9

2010 MAI B 8.057 6.917 162 180 271 527

JUN A 7.676 6.493 156 170 342 515 FEV 6,6 4,4 6,4

MAR 6,6 5,6 7,9

ABR 7,0 5,2 7,8

2009

JAN-JUN C 43.795 35.806 852 962 3.186 2.989 MAI 6,5 4,5 8,1

JUN 7,3 4,1 7,7

JUN D 4.065 3.464 70 175 5 351 JUL 7,6 5,6

JAN-JUN E 28.419 23.995 417 956 1.716 1.335 AGO 8,0 5,7

Julho 2010 • www.revistacultivar.com.br

SET 8,0 6,1

Variações percentuais A/D 88,8 87,4 122,9 -2,9 6.740,0 46,7

A/B -4,7 -6,1 -3,7 -5,6 26,2 -2,3 OUT 8,8 7,0

NOV 7,4 7,3

DEZ 5,4 6,2

C/E 54,1 49,2 104,3 0,6 85,7 123,9 ANO 85,0 66,2 43,8




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