Maquinas 136

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Cultivar Máquinas • Edição Nº 136 • Ano XII - Dezembro 2013 / Janeiro 2014 • ISSN - 1676-0158

Nossa capa

Test Drive - New Holland T7.205

Capa: Charles Echer

Matéria de capa

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Conheça um dos novos integrantes da série T7 da New Holland, o T7.205 testado pela Revista Cultivar Máquinas e saiba quais são as novidades presentes nesta série

Destaques

Índice

Pulverizadores

Agritechnica 2013

Saiba por que é importante e quais as melhores formas de realizar o monitoramento na pulverização

Veja a cobertura completa da Agritechnica 2013, realizada em novembro na Alemanha

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• Editor

Gilvan Quevedo

• Redação

Charles Echer Karine Gobbi Rocheli Wachholz

• Revisão

Aline Partzsch de Almeida

• Design Gráfico e Diagramação

Cristiano Ceia

NOSSOS TELEFONES: (53) • GERAL

• ASSINATURAS

• REDAÇÃO

• MARKETING

3028.2000 3028.2060

3028.2070 3028.2065

• Comercial

Sedeli Feijó José Luis Alves Rithiéli de Lima Barcelos

• Coordenação Circulação

Simone Lopes

• Assinaturas

Natália Rodrigues Francine Martins Clarissa Cardoso

• Expedição

Edson Krause

• Impressão:

Kunde Indústrias Gráficas Ltda.

C Cultivar Grupo Cultivar de Publicações Ltda. www.revistacultivar.com.br Direção Newton Peter www.revistacultivar.com.br cultivar@revistacultivar.com.br CNPJ : 02783227/0001-86 Insc. Est. 093/0309480

Rodando por aí

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Agricultura de precisão em café

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Saiba qual subsolador usar

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Software para manutenção de frota

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Avaliação do posto de trabalho

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Como monitorar a pulverização

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Test Drive – New Holland T7.205

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Tipos de discos de semeadoras

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Ficha Técnica - PLA H3500F

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Colheita mecanizada de tomate

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Especial Agritechnica 2013

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Ficha Técnica - Trator Stara ST Max 105

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Coluna Mundo Máquinas

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Assinatura anual (11 edições*): R$ 187,90 (*10 edições mensais + 1 edição conjunta em Dez/Jan)

Números atrasados: R$ 17,00 Assinatura Internacional: US$ 160,00 € 150,00 Por falta de espaço, não publicamos as referências bibliográficas citadas pelos autores dos artigos que integram esta edição. Os interessados podem solicitá-las à redação pelo e-mail: cultivar@revistacultivar.com.br

Os artigos em Cultivar não representam nenhum consenso. Não esperamos que todos os leitores simpatizem ou concordem com o que encontrarem aqui. Muitos irão, fatalmente, discordar. Mas todos os colaboradores serão mantidos. Eles foram selecionados entre os melhores do país em cada área. Acreditamos que podemos fazer mais pelo entendimento dos assuntos quando expomos diferentes opiniões, para que o leitor julgue. Não aceitamos a responsabilidade por conceitos emitidos nos artigos. Aceitamos, apenas, a responsabilidade por ter dado aos autores a oportunidade de divulgar seus conhecimentos e expressar suas opiniões.


rodando por aí

Série 500

Os novos tratores das Linhas 500 e 5000 da Agrale já estão à venda na rede de distribuidores da marca no Brasil. O Agrale 5105 4x4 amplia a oferta da Linha 5000. “Os novos tratores foram desenvolvidos mediante exigências do mercado e em parceria com a nossa rede de distribuidores, justamente para atender às necessidades da agricultura moderna”, destaca Silvio Rigoni, gerente de Vendas da Agrale.

Silo 156

A Kepler Weber lançou no início de dezembro, em Primavera do Leste (MT), o Silo 156, considerado o maior silo sem torre central do mundo. Com o novo produto, é possível armazenar até 35 mil toneladas a uma altura de 30 metros. O silo, adquirido pela empresa Uniagro, faz parte de uma nova linha que tem a proposta de atender à necessidade de armazenar quantidades de grãos cada vez maiores garantindo segurança operacional e qualidade do produto.

Premiação

A Case IH recebeu Prêmio da Fenabrave que atesta o crescimento da marca e a preferência entre os concessionários de diversos segmentos. A revelação aconteceu na cerimônia de abertura do 23º Congresso Fenabrave, no Expo Center Norte, em São Paulo (SP). Para Mirco Romagnoli, vice-presidente para a América Latina, “receber essa condecoração é consequência de muito trabalho e da determinação de todas as pessoas envolvidas com a Case IH”, ressalta.

Unimassey

A Associação Nacional dos Distribuidores Massey Ferguson (Unimassey) elegeu em novembro a presidência para o biênio 2013/2015. Carlos Eduardo Paulino da Silva, da Cimma de Pelotas foi eleito presidente da instituição, tendo como vicepresidente Paulo Finger, sócio-diretor da Augustin. Na assembleia esteve presente o vice-presidente sênior da América do Sul, André Carioba, que falou sobre tendências de mercado, cenários mundiais, faturamento global da multinacional AGCO e investimentos na América do Sul.

Paulo Finger

CNH Industrial

A CNH Industrial anunciou recentemente nova estrutura de comunicação para a América Latina. Milton Rego é o novo diretor de Comunicação Corporativa e de Relações Institucionais da companhia e fica responsável pela área de imprensa e comunicação institucional de todas as marcas da empresa. A CNH Industrial controla as marcas Case Construction, Case IH, New Holland Construction, New Holland Milton Rego Agriculture, FPT Industrial e Iveco.

Planeta Massey Ferguson

A Massey Ferguson encerrou na cidade de Pelotas (RS) o evento Planeta Massey Ferguson, que levou os lançamentos do ano em 56 eventos em 13 estados brasileiros e também no Paraguai, totalizando três mil produtores. “Durante os eventos, os produtores puderam conferir soluções completas para as lavouras de arroz, soja e milho”, explica o diretor comercial da Massey Ferguson, Carlito Eckert. Esta iniciativa é uma oportunidade para reforçar a proximidade com os agricultores brasileiros, garante.

Auto-Guide 3000

O piloto automático Auto-Guide 3000, já comercializado para tratores e pulverizadores como uma solução integrada, estará disponível também para colheitadeiras axiais. O sistema traz novos terminais touch screen com 12,1 polegadas, que facilita a utilização de todas as funções, além de novo receptor GNSS, o AGI-4, preparado para receber sinal de GPS, Glonass e Galileo. “O sistema é simples, mas proporcionará ao agricultor alto rendimento no campo”, afirma Gerson Filho, coordenador de Marketing de Soluções em Tecnologia Avançada da Valtra.

Piero Abbondi

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agricultura de precisão Fotos Charles Echer

Sem déficit

Ainda pouco utilizada em cafeeiros, a agricultura de precisão permite avaliar parâmetros químicos do solo, como alterações no pH e no manejo de bases, e assim obter os teores ideais recomendados para as lavouras

A

gricultura de precisão é uma nova tecnologia com uma longa história. Agricultores têm, por longo tempo, procurado maximizar a produção física e a econômica das culturas, variando a aplicação de insumos de acordo com os tipos de solos e performance das culturas. Hoje em dia há a necessidade do aumento da eficiência de todos os setores da economia globalizada para manter a competitividade. Para a agricultura não poderia ser diferente. A evolução da informática, tecnologias em geoprocessamento, sistemas de posicionamento global e muitas outras tecnologias estão proporcionando à agricultura uma nova forma de se enxergar a propriedade, deixando de ser somente uma e sim várias propriedades dentro da mesma, porém, com características específicas. Esta mudança na forma de fazer agricultura está tornando cada vez mais o produtor rural em um empresário rural, por controlar cada vez mais a linha de produção. Esta mudança é necessária

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para que se entenda a propriedade não como homogênea e sim que se trate cada parte conforme as suas necessidades, fazendo com que o produtor tenha o conhecimento detalhado em cada parte da linha de produção ou cada metro quadrado da sua propriedade. Dentre os recursos naturais mais degradados pelo homem, o solo é atualmente o que mais sofre alteração em suas características naturais devido à exploração inadequada. A história do uso do solo mostra que essa alteração nem sempre dá lugar a um novo sistema ecológico sustentável, desse modo, solos utilizados intensamente e de forma inadequada são levados à degradação. A agricultura de precisão vem como uma ferramenta útil ao produtor rural, para suprir a necessidade dos solos de forma sustentável, diminuindo custos e melhorando a qualidade físico-química do solo. A aplicação da agricultura de precisão na cultura do cafeeiro ainda não é uma realidade na agricultura brasileira, uma vez que existem

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poucos trabalhos sendo desenvolvidos nesta área. Nesse sentido, este artigo irá retratar um trabalho realizado no Sul de Minas Gerais, onde objetivou-se através de análises químicas de solo, recomendações de adubação e mapas de fertilidades do solo, avaliar as alterações no pH do solo e no manejo de bases (cálcio e magnésio) fornecidas com o uso da agricultura de precisão. O estudo realizado pela equipe do Laboratório de Solos, Adubos e Corretivos da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com a Hidroferti Tecnologia Agrícola, avaliou parâmetros químicos do solo da Fazenda Estrela, propriedade de Edmundo Otaviano Silva, localizada no município de Três Pontas, Minas Gerais, região do sul de Minas, onde se realiza a prática de agricultura de precisão com aplicação de fontes em taxa variada. Nesse estudo, foram utilizadas análises químicas de solo, recomendações de adubação e mapas de fertilidades do solo dos anos 2009, 2010 e 2011. Considerou-se um talhão conhecido como Novo Alto, dentro do talhão amostrado com 6,64 hectares e gride de amostragem de 1ha. Em cada ponto do gride foram realizadas as coletas de amostra de solo na profundidade de 0-20cm, com cinco pontos de amostragem por gride, para obtenção de uma amostra composta. O solo foi amostrado em 35 pontos representando sete grides de amostragem. Na caracterização química do solo, foram determinados a acidez ativa (pH em H2O) e


os teores de cálcio e magnésio. Os dados foram avaliados com o uso do programa de estatística Sisvar e através de teste de médias (Tukey) foram comparados os teores dos elementos entre os grides de amostragem e entre os anos de amostragem. Observa-se na Figura 1, que no ano de 2009 os teores de cálcio encontravam-se abaixo do ideal somente em 1,89ha. Já em 2010, 1,48ha estava abaixo do teor considerado ideal, que de acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo do estado de Minas Gerais é de 2,40cmolc dm3. Em 2011, obteve-se 100% da área com teor adequado. Na Figura 2, observa-se que, em 2009, os teores de magnésio encontravam-se ideais somente em 0,84ha de acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais e em 5,80ha encontravam-se abaixo do ideal variando entre 0,30 a 0,80cmolc dm3. Em 2010, uma área de 4,93ha encontravase abaixo do ideal com teores variando entre 0,80 e 0,90cmolc dm3, ou seja, muito próximo do ideal. Em 2011, 100% da área já encontravase com teores acima do ideal, variando de 1 a 1,80cmolc dm3, de acordo com a Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. Com relação ao pH, foi convencionado neste estudo avaliar o primeiro (2009) e o último ano (2011) para se analisar as alterações promovidas pela agricultura de precisão. Assim, observa-se na Figura 3, que em 2009, 2,11ha (em torno de 32%) encontravam-se com o pH abaixo do ideal (pH 5,5). Já em 2011, 100% da área encontrava-se com teores ideais. Com este estudo, é possível observar que a agricultura de precisão é uma importante ferramenta de manejo que os produtores dispõem, sendo possível realizar o monitoramento e o incremento dos atributos químicos, promovendo a melhoria dos parâmetros relacionados à acidez do solo e manejo de bases das áreas.

Figura 1 - Variabilidade espacial dos teores de Ca entre os anos de 2009, 2010 e 2011 do talhão Novo Alto, situado na Fazenda Estrela – Três Pontas

2009

2010

2011

Figura 2 - Variabilidade espacial dos teores de Mg entre os anos de 2009, 2010 e 2011 do talhão Novo Alto, situado na Fazenda Estrela – Três Pontas

2009

2010

2011

.M

Dessa forma, é possível obter, através da avaliação de mapas de fertilidade e aplicação da agricultura de precisão, os teores recomendados pelos boletins de recomendação de fertilidade .M do solo de cada estado.

A presença da agricultura de precisão em lavouras cafeeiras ainda é bastante tímida no Brasil

Figura 3 - Variabilidade espacial do pH entre os anos de 2009 e 2011 do talhão Novo Alto, situado na Fazenda Estrela – Três Pontas

2009

2011

Thiago Prudente Siqueira, Ana Carolina P. de Vasconcelos, Regina Maria Quintão Lana e Adriane de Andrade Silva, Univ. Federal de Uberlândia (UFU) Laura Ferreira Bomtempo, Hidroferti Tecnologia Agrícola

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implementos

Difícil decisão

O uso do plantio direto tem reduzido custos e trazido benefícios para as lavouras. No entanto, a subsolagem é uma operação fundamental nestas áreas e escolher o subsolador ideal impacta diretamente nas condições do solo, na absorção de água e na produtividade da lavoura

O

uso do sistema de manejo de plantio direto (SPD) que surgiu no Brasil na década de 1970, atualmente predomina no território brasileiro. Segundo a Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, em 2006 o Brasil passou para 25,5 milhões de hectares, atualmente, já deve ter passado os 30 milhões de hectares. Através da semeadura, sem preparo de solo e sobre a palha da cultura anterior, o SPD é reconhecido como a maior revolução na agricultura de regiões tropicais e surge como uma das maiores tecnologias no meio científico na área da ciência agrária, pois reduziu operações e custos com máquinas agrícolas, sendo também um grande benefício para os problemas de erosão provocados pela remoção do solo. Os benefícios são inúmeros, pois quando se mantém a palha das culturas anteriores há maior retenção da umidade. Como não tem incidência direta do sol, a temperatura do solo se mantém inferior, consequentemente possibilita a maior resistência da cultura

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em períodos de seca, redução da erosão e perdas de fertilizantes, aumento da matéria orgânica e melhorias nas estruturas física e química contribuindo para maior produtividade das culturas. Contudo, após anos que este sistema está implantado, o solo vem apresentando alguns problemas de compactação, os quais se agravam pelo não revolvimento de solo e pelo seu uso intensivo. O aumento no tamanho de tratores, semeadoras e distribuidores de fertilizantes, resultado da demanda de alta capacidade operacional ao longo do tempo, aumentou a carga ao solo, e isso, combinado à inflação inadequada dos pneus e às operações em condições elevadas de umidade do solo, potencializa o problema. O solo quando compactado tem redução de macroporosidade, que é a quantidade disponível de ar que o solo proporciona às plantas, sendo que abaixo de 10% o desenvolvimento da planta começa a ser comprometido pela falta do mesmo. A infiltração de água diminui, acarretando um

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Charles Echer

maior escorrimento de água sobre o solo, gerando erosão e, principalmente, diminuição de armazenagem de água, fazendo com que os problemas de estiagem sejam cada vez mais agravados e perceptíveis ao longo do tempo. Nas operações, sob ponto de vista da máquina, a compactação gera: aumento da exigência de potência do trator para tracionar um implemento; aumento do índice de patinagem e desgastes nos seus mecanismos, aumentando significamente o consumo de combustível e de custos de manutenção; diTabela 1 - Quantidade em toneladas e incorporação de palha em relação ao tipo de subsolador utilizado comparado ao plantio direto IP % Plantio direto Subsolador convencional 75,13 a* Subsolador com disco de corte 35,75 b 15,87 Coeficiente Variação (%) Tratamento1

Palha t/ha 4,88 a 2,57 c 3,50 b 14,67

Produtividade kg.ha-1 4196 a 4030 a 4052 a 20,37


Fotos David Peres da Rosa

Subsolador com disco de corte e rolo nivelador/ destorroador (esquerda) e subsolador convencional (direita)

Detalhe de embuchamento do subsolador convencional (esquerda) e o resultado que ocorre na lavoura devido à ausência de discos de corte no implemento

minuição na profundidade e corte irregular da palhada no plantio. Frente a isso tem-se duas alternativas para resolver o problema da compactação: a primeira é o uso de plantas ditas como “descompactadoras”, pois essas plantas possuem o sistema radicular agressivo que consegue romper algumas camadas melhorando a estrutura física. Mas o uso desta técnica

requer tempo e bom manejo, algumas vezes pode ser inviável, pois algumas culturas são semeadas exclusivamente para esta finalidade e não trazem retorno econômico direto, apenas indireto. A segunda alternativa é escarificação ou subsolagem, que resolve o problema de imediato, contudo, há dúvidas sobre quando fazer e o tempo de duração dos seus efeitos no solo.

Com uso de escarificadores em solo sob semeadura direta tem-se o chamado cultivo reduzido ou cultivo mínimo, nomeação comumente empregada por pesquisadores da área das ciências agrárias. Tal processo consiste em mobilizações de até 30cm de profundidade. Vale ressaltar a diferença entre escarificador e subsolador, o subsolador possui os mesmos mecanismos do escarifi-


Figura 1 - Resistência do solo ao redor da área explorada pela raiz

Plantio direto

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hastes abaixo é similar, as diferenças estão acima. Tal constatação feita acima pode ser vista na Figura 1, em que há um gráfico que demonstra uma espécie de raio X do solo sobre a resistência na área ao redor das raízes. A linha de plantio estaria bem no meio de cada figura, é visível que no solo sob plantio direto as cores ficam mais claras logo nos 8cm, ou seja, maiores resistências, já nos subsolados não. Pegando como base 2.000kPa como restritivo para a planta, é visível que nos subsolados ela ocorre entre 15cm e 30cm, já no plantio direto está nos 8cm. Comparando as resistências entre os subsoladores não há uma diferença visível, comprovando que o trabalho das hastes é similar. O trabalho na descompactação do solo pelos subsoladores é esperado ser similar, pois o que ocorre entre eles é que os torreões de solo que subirem pela ação da ponteira

Subsolador convencional subsoladora irão encontrar o rolo nivelador/ destorroador, o qual irá realizar a quebra desses e, com a ação do disco na frente da haste, além de cortar a palha já irá realizar um “rasgo” no solo, ou seja, uma leve ruptura que facilitará a ação da haste. Cuidados devem ser tomados no uso de subsolador, pois, embora o que se busca na prática é aumentar a produção, precisa-se pensar na proteção do solo, pois frente a regimes pluviométricos, áreas com maior rugosidade na superfície sofrerão processos erosivos mais intensos, bem como maior cobertura de palha auxilia na manutenção da temperatura do solo, importante parâmetro na germinação de sementes e na manuten.M ção de processos que há no solo. David Peres da Rosa, Felipe Pesini, Matias Leocadio Bruinsma e Diego Fincatto, IFRS Campus Sertão

Charles Echer

cador, porém, são mais robustos, uma vez que este implemento atua a profundidades de até 60cm. O subsolador convencional possui alguns problemas operacionais como alteração da rugosidade superficial do solo, incorporação de palha e embuchamento. Quem nunca subsolou uma área com uma boa palhada e teve que parar a operação para desembuchar? Frente a esses problemas, uma pesquisa realizada no IFRS - Campus Sertão, buscou comparar a eficiência entre esses subsoladores, na porcentagem de palha sobre a superfície, quantidade de palha incorporada e a resistência do solo (para ver como foi o trabalho no solo). Em uma lavoura com palha de centeio, aproximadamente 4,9t/ha, o subsolador convencional manteve apenas 35,75% da palha sobre a superfície, contra 75,13% do subsolador com disco de corte, conforme é visualizado na Tabela 1, ou seja, o disco de corte deixou 2/3 da palha acima do solo, já o outro foi quase que o contrário, colocou quase que 2/3 abaixo. Na prática, operacionalmente o subsolador convencional gerou vários embuchamentos, o que em nenhum momento foi encontrado no subsolador com disco de corte. Outro ponto relevante foi a alteração da rugosidade superficial do solo, que em operações realizadas com subsolador dotado de disco de corte alterou minimamente a palhada superficial. Olhando para os dados de cobertura, palha sobre a superfície, o subsolador convencional deixou 2,57t/ha contra 3,5t/ha do outro, isto só comprova a incorporação que foi realizada pelo primeiro. Embora o subsolador com disco de corte tenha apresentado esses benefícios na manutenção de palha e na rugosidade superficial do solo bem como os operacionais, não refletiram na produção do milho, pois tiveram as produções próximas. Isto é atribuído às características físicas do solo, pois ambos deixaram a resistência do solo similar, ou seja, o trabalho realizado pelas

Subsolador com disco

Subsoladores com disco de corte frontal e rodas finalizadoras que proporcionam melhor acabamento na linha escarificada

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Charles Echer

mecanização

Frota virtual Pesquisadores da USP desenvolvem software para controle da manutenção de máquinas agrícolas, que pretende descomplicar os diversos processos desde a identificação de peças até a sua cotação e disponibilidade nas concessionárias

A

automação na agricultura brasileira, ocorrida nas últimas décadas, proporcionou algumas mudanças na estrutura dos custos dos produtos das organizações rurais. Houve uma significativa redução dos custos com mão de obra e a evolução dos custos com depreciação e manutenção de máquinas. Para especialistas, os chamados custos de mecanização passaram a representar o segundo principal componente do custo de produção na atividade rural, perdendo apenas para os insumos. Desta forma, a monitoração do trabalho realizado por máquinas e implementos agrícolas merece grande atenção nas propriedades que tenham algum tipo de

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mecanização. A manutenção preventiva deve ser uma variável a ser considerada durante o planejamento das operações que envolvam máquinas agrícolas. Máquinas que, porventura, encontram-se paradas devido a problemas de manutenção podem resultar em gastos não previstos ao empresário rural, além de poderem prejudicar diretamente o andamento das atividades agrícolas desenvolvidas naquele momento, devido ao tempo gasto com reparos e a um número inferior de máquinas disponíveis em operação do que foi planejado. O uso de sistemas computacionais vem conquistando cada vez mais espaço no setor

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agrícola. A adoção de técnicas administrativas clássicas não atende mais às condições de sustentabilidade impostas pelo mercado. A gestão da informação passou a ser considerada mais uma atividade essencial, como qualquer outro tipo de trabalho desenvolvido nas organizações, tornando-se fundamental para a exploração das oportunidades de investimentos, tomadas de decisões e, ainda, no desenvolvimento do todo o planejamento da atividade industrial. A tecnologia da informação oferece inúmeras vantagens neste processo, como ganhos de produtividade, auxílio na coleta, armazenamento e processamento de dados e informações de maneira mais eficiente nos mais variados processos produtivos. Assim, a informação passa a ser extremamente valiosa e deve ser considerada como mais um insumo no processo produtivo. Um software que identifique a necessidade de eventuais trocas de peças e máquinas ou, ainda, suas manutenções, tende a facilitar o processo de gestão de frotas agrícolas, propiciando ao empresário conhecimentos antecipados sobre certos eventos, otimizando o processo. Com base neste cenário, pesquisadores do Laboratório de Máquinas Agrícolas e Agricultura de Precisão (Lamap) e Laboratório de Física


Tela inicial do software onde estão todas as funções disponíveis

Aplicada Computacional (Lafac), da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da USP, em Pirassununga (SP), desenvolveram um sistema para gestão da manutenção de máquinas agrícolas. A ideia surgiu a partir de uma dificuldade recorrente encontrada no campus que, por se tratar de uma instituição pública, sofre com as burocracias e sente um atraso para a compra de peças. Os pesquisadores buscaram reunir todas as informações possíveis sobre as máquinas agrícolas disponíveis no campus, tais como: tipo,

marca, modelo, ano de fabricação, atividades realizadas e número de horas trabalhadas por período, manutenções previstas, levantamento dos valores comerciais atuais via concessionárias, dentre outros. Em posse dessas informações, foi criado um banco de dados em MySQL para possibilidade de acesso do gestor aos dados via internet, além de uma interface programada na linguagem Java para uma comunicação dinâmica com o usuário. Os custos de operação com as máquinas foram divididos entre fixos e variáveis, calculados com base em informações cedidas pelo usuário, visto que tais cálculos podem ser utilizados para compra, venda e averiguação de gastos com maquinário. É possível ainda gerar relatórios no software e fazer análises comparativas por período. Tais informações serão distribuídas para os diversos setores responsáveis pelo uso das máquinas, seção de manutenção e de compras da Faculdade. O software possui uma tela inicial que

dá acesso a todas suas funções, permitindo cadastrar os tratores e implementos, como também as respectivas peças e à máquina a qual pertencem. Os trabalhos estão em fase de validação no sistema da Faculdade e resultados preliminares já apontam uma grande mudança no sistema de gestão da frota. O controle que antes era feito em planilhas manuais e sem diálogo entre os setores responsáveis, já encontra maior facilidade e interação com os responsáveis. Os autores acreditam que em breve o software estará finalizado e disponível para ser comercializado, surgindo como uma excelente ferramenta que poderá ser adquiri.M da pelos produtores rurais. Matheus Hansen Paes, Natalia Fernanda da C. Gregório, Murilo Mesquita Baesso e Adriano Rogério Bruno Tech, FZEA/USP

Exemplo de telas do programa que possibilitam cadastrar as máquinas e controlar manutenções e custos envolvidos em todas as operações

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tratores

Esforço medido Valtra

Avaliação do posto de trabalho do operador de tratores agrícolas na operação de preparo do solo mostra as diferenças de esforço físico do operador

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o aproveitamento da janela de plantio, aperfeiçoando o tempo e a qualidade dos trabalhos no campo, levando o operador, por

muitas vezes, a elevados ritmos operacionais e a prolongadas jornadas de trabalho. Esse tempo de exposição tem feito com que o

Fotos Mara Alice dos Santos

A

demanda por alimento vem crescendo constantemente nos últimos anos, em paralelo ao crescimento populacional, e nesse contexto surge a necessidade de aumentar a produção de alimentos e melhorar as tecnologias existentes, sem esquecer o bem-estar e a saúde do trabalhador rural. O avanço da tecnologia e da mecanização ao longo do tempo vem substituindo o trabalho manual por trabalhos mecanizados. Exemplo disso são as atividades exercidas com máquinas agrícolas, onde a capacidade de produção é elevada em relação às outras fontes de potência, gerando uma série de benefícios como o aumento da produção agrícola, a redução dos esforços físicos do operário, entre outras. Contudo, o aumento da produção tem impulsionado o setor agrícola a melhorar

Subsolador utilizado no experimento que avaliou o esforço do operador trabalhando com diferentes implementos

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Tabela 1 - Classificação da carga física de trabalho através da frequência cardíaca de trabalho Carga Física de Trabalho Muito leve Leve Moderadamente pesada Pesada Pesadíssima Extremamente pesada

Frequência Cardíaca em bpm <75 75-100 100-125 125-150 150-175 >175

Fonte: Couto (1996).

operário permaneça exposto a altos níveis de calor e radiação solar e, associado aos esforços físicos operacionais, pode causar desconforto térmico, podendo provocar acidentes e danos à saúde do operador e, em alguns casos, levá-los à morte. Neste sentido, o Laboratório de Investigação de Acidentes com Máquinas Agrícolas (Lima) avaliou os batimentos cardíacos de um operador tendo em vista que a pulsação cardíaca relaciona-se com o esforço de trabalho de diversas formas, sendo este um bom método para avaliar a carga de trabalho. O trabalho foi realizado na área experimental do Lima, na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Para esta avaliação utilizou-se um trator da marca Valtra BM 125i, de 92kW de potência, em operação de preparo do solo com dois tipos de implementos: arado de aivecas e subsolador. Foram analisadas as condições de operação na plataforma de operação do trator operando com a capota e sem a capota nas operações de aração e subsolagem. A metodologia empregada para a avaliação seguiu as especificações do anexo IV da portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, do Ministério do Trabalho, que classifica as jornadas de trabalho prolongadas como um risco ocupacional do tipo ergonômico, podendo ocasionar lesões musculares e afetar a saúde cardiovascular do operário. O experimento foi realizado entre os

EQUAÇÃO 1 CCV= (FCT - FCR) .100 (1) (FCM - FCR) Onde: CCV - Carga cardiovascular, em %; FCT – Frequência cardíaca trabalhando, em bpm; FCR – Frequência cardíaca em repouso, bpm; FCM – Frequência cardíaca máxima (220 – idade em anos), bpm; A frequência cardíaca limite (FCL) em bpm, para a carga cardiovascular de 40%, foi obtida pela equação 2: FCL = 0,40 (FCM – FCR) + FCR (2) Onde: FCL = Frequência cardíaca limite (bpm); FCM = Frequência cardíaca máxima (220 – idade em anos); FCR = Frequência cardíaca de repouso

meses de janeiro e fevereiro de 2013, em quatro condições de operação (tratamentos), com três repetições (dias) cada, onde os tratamentos foram: T1 - operação de subsolagem, com trator com capota; T2 operação de aração, com trator com capota; T3 - operação de aração, com trator sem capota; e T4 - operação de subsolagem, com trator sem capota. Os horários de trabalho e coleta de dados foram estabelecidos dentro dos intervalos de: 6h às 7h, das 12h às 13h, das 16h às 17h e das 19h às 20h. O operador tinha 26 anos de idade e apresentava bom estado de saúde. A coleta de dados da frequência cardíaca foi realizada em intervalos de dez minutos durante toda a sua jornada de trabalho, através do medidor de frequência cardíaca do polar, modelo T31-Coded, composto por um receptor digital, uma fita elástica e um transmissor, colocados na

Gráfico 1 - Variação da frequência cardíaca na subsolagem com o trator com capota

(bpm). O tempo de pausa para cada hora de trabalho foi obtido por intermédio da carga cardiovascular quando esta fosse superior a 40% da carga obtida em repouso. O tempo de repouso pode ser determinado pela equação 3:

Tr = [Ht (FCT - FCL)] (FCT - FCR)

(3)

Onde: Tr = Tempo de repouso, em minutos; Ht = Duração de trabalho, em minutos. FCL = Frequência cardíaca limite (bpm); FCM = Frequência cardíaca máxima (220 – idade em anos); FCR = Frequência cardíaca de repouso (bpm).

altura do peito. Para a carga física de trabalho, foi utilizado o método proposto por Apud (1989), a carga cardiovascular (CCV), foi determinada com base na frequência cardíaca de repouso (FCR), na frequência cardíaca do operador durante o trabalho realizado (FCT) e na idade do operador, definida pela equação 1 (Box). Na classificação da carga física de trabalho foi utilizada a Tabela 1, onde a frequência cardíaca média inferior a 75 batimentos por minuto é considerada “muito leve”, de 75 a 100 como “leve”, de 101 a 125 como “moderadamente pesada”, de 126 a 150 como “pesada”, de 151 a 175 como “pesadíssima” e acima de 175 “extremamente pesada”. Na operação de subsolagem com capota observou-se que apenas em um horário a

Gráfico 2 - Variação da frequência cardíaca na subsolagem com o trator sem capota

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Gráfico 3 – Variação da frequência cardíaca na aração com o trator com capota

frequência cardíaca de trabalho manteve-se menor que 75bpm, sendo considerada como “muito leve”. No entanto, para os demais horários o batimento cardíaco manteve-se dentro do intervalo de 75 a 100bpm sendo considerado como “leve”, foi observado também que para dois dias trabalhados a frequência cardíaca em repouso manteve-se dentro da faixa de 60 a 80 (Gráfico 1). Com a operação de subsolagem sem capota observou-se que em cinco horários a frequência cardíaca de trabalho mantevese menor que 75bpm, sendo considerada, segundo a classificação da carga física de trabalho, como “muito leve”. No entanto, para os demais horários o batimento cardíaco manteve-se dentro do intervalo de 75 a 100bpm sendo considerado como “leve”, foi verificado também que para dois dias trabalhados a frequência cardíaca em repouso manteve-se dentro da faixa de 60 a 80bpm (Gráfico 2). Na operação de aração com capota verificou-se que a frequência cardíaca de trabalho em três horários manteve-se menor que 75bpm, sendo considerada como “muito leve”, e para os demais horários o batimento cardíaco manteve-se dentro do

Gráfico 4 – Variação da frequência cardíaca na aração com o trator sem capota

intervalo de 75 a 100bpm sendo considerado como “leve” (Gráfico 3). Verificou-se na operação de aração sem capota que, em quatro horários a frequência cardíaca de trabalho manteve-se menor que 75bpm, sendo considerada como “muito leve”. No entanto, para os demais horários o batimento cardíaco manteve-se dentro do intervalo de 75 a 100bpm sendo considerado como “leve” (Gráfico 4). Observou-se que a variabilidade da frequência cardíaca durante o trabalho se deu em decorrência da adaptação à atividade e o aumento dessa variabilidade caracteriza uma pessoa saudável com mecanismos autonômicos eficientes. As operações com capota proporcionam um conforto térmico devido a não haver exposição ao calor, mas nenhuma atividade exigiu esforço de modo que a carga cardiovascular ultrapassasse o limite de 40% da frequência cardíaca de trabalho, sendo que se manteve dentro da faixa considerada normal para adultos saudáveis em repouso, evidenciando que as operações não solicitavam grandes exigências físicas por parte do operador, embora em alguns períodos (críticos) do dia tenham influenciado para

O experimento avaliou a reação do trabalhador ao operar diferentes implementos agrícolas

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Dezembro Dezembro 2013 2011 // Janeiro Janeiro 2012 2014 • • www.revistacultivar.com.br www.revistacultivar.com.br

um aumento da frequência cardíaca acima de 80bpm Quanto ao uso de implementos, a operação de aração exigiu do operador maior esforço físico em relação à subsolagem, fato este comprovado através da CCV e da frequência cardíaca nas horas de trabalho. Mesmo com essa diferença de esforço físico entre as operações ambas foram classificadas como carga física de trabalho leve, pois a frequência cardíaca média do operador manteve-se entre 75 e 100bpm. As condições de operação não foram consideradas insalubres quanto à ergonomia, pois as análises feitas de acordo com a frequência cardíaca evidenciaram que os esforços físicos não foram suficientemente altos para o comprometimento da saúde cardiovascular do operador de tratores agrícolas. Portanto, não foi necessário o cálculo do tempo de .M repouso para as atividades. Mara Alice Maciel dos Santos, Leonardo de Almeida Monteiro, José Evanaldo Lima Lopes, Daniel Albiero, Ricardo Bruno C. de Sousa e Maria de Paula Soares da Silva, Universidade Federal do Ceará

Pesquisadores da Universidade Federal do Ceará responsáveis pelo estudo com operadores de tratores


pulverizadores

Papel hidrossensível N

Uma ferramenta indispensável nas aplicações de defensivos com pulverizadores é a utilização do papel hidrossensível, que ajuda, em tempo real, a identificar a qualidade e a deposição das gotas nas plantas

o modelo de agricultura atual a utilização adequada das ferramentas para obter altos níveis de produtividade é fundamental. A proteção de plantas com produtos fitossanitários é cada vez mais de maior necessidade e, junto a isto, cresce a demanda por aplicações mais precisas e rentáveis. Na atualidade, a aplicação dos produtos fitossanitários é realizada 30% por via aérea e 70% via terrestre. Em ambos os casos o alvo a ser tratado é o mesmo e os equipamentos deverão estar providos de alta tecnologia, tanto em eletrônica embarcada como em pontas de pulverização, caso seja almejado utilizar técnicas de aplicação que permitam atingir o alvo com redução de custo e com o mínimo de impacto ambiental.

Técnicas de aplicação como o baixo volume estão se tornando cada vez mais comuns e é por isso que devem ser levados em consideração alguns pontos técnicos para que não ocorram erros na aplicação. Um deles e não menos importante é a avaliação da aplicação e/ou técnica utilizada. A verificação da chegada do produto no alvo é de extrema importância. Para esta avaliação é utilizado o papel hidrossensível, um papel rígido com cobertura especial, de superfície amarela que será manchado de azul pelas gotas aquosas que chegam e se impactam no papel. Com a utilização do papel hidrossensível não será mais necessário utilizar corantes e/ou outro tipo de marcadores para verificar se o produto está chegando ao lugar desejado, apenas é necessário posicionar o papel no lugar onde se pretende atingir com as gotas de

pulverização e após a passagem do pulverizador verificar quantos impactos chegaram à superfície do papel. A literatura mostra que para aplicações de inseticidas e herbicidas sistêmicos é necessário de 20 a 30 gotas/cm2. Para fungicidas sistêmicos e herbicidas de contato 30 a 50 gotas/cm2. Já para fungicidas de contato o ideal é acima de 70 gotas/cm2. Estes valores podem ser levados em consideração apenas como guia, pois com a evolução dos produtos fitossanitários, assim como do comportamento das pragas, é possível que os valores precisem ser alterados. De qualquer forma, é extremamente importante verificar se há chegada do produto no alvo ou não, pois no caso de uma aplicação de fungicida malsucedida, somente será possível verificar que houve erros na aplicação dias depois, tempo

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Teejet


Fotos Teejet

Papel hidrossensível antes de ser exposto à pulverização (esq.) e após a exposição (dir.)

Uma das maneiras de utilizar o papel hidrossensível é instalar um suporte metálico com amostras representando os terços superior, médio e inferior

suficiente para a doença se desenvolver pela cultura e causar danos ainda maiores, podendo ocorrer o mesmo para outras pragas. O posicionamento do papel hidrossensível é outro fator de muita discussão, alguns usuários utilizam estruturas metálicas como suporte, outros preferem grampear o papel direto na folhagem. Com estruturas metálicas a manipulação é mais simples, porém, dependendo de como a estrutura é colocada, pode acarretar resultados não reais. Já grampeando o papel na folha há certa dificuldade na manipulação. Em ambos os casos cabe ao usuário se certificar que o papel hidrossensível está numa posição que represente a real chegada das gotas no alvo.

AVALIAÇÃO

Antes e após a passagem do pulverizador é importante levar em consideração os cuidados com o papel hidrossensível, pois são muito suscetíveis à umidade. Por isto, é indispensável ter uma manipulação correta tanto no posicionamento como na retirada das amostras. Desta forma, evite posicionar os papéis em folhas com

umidade de orvalho ou precipitação, ou se utilizar bases metálicas, evitar posicionar o papel na base metálica úmida. É importante evitar também o contato dos dedos na superfície do papel, o contato entre papéis, assim como qualquer tipo de interferência de umidade, já que isto pode mascarar resultados. Recomenda-se a utilização de luvas de polietileno e/ou borracha, assim como cuidados no armazenamento, utilizando saquinhos de papel ou mesmo a embalagem original. Também é recomendada a utilização da laca acrílica em aerossol, desta forma as manchas criadas pelas gotas ficarão inalteráveis. As avaliações podem ser visuais ou digitais. A avaliação visual pode ser realizada de forma rápida, com uma simples análise visual já é possível verificar onde houve maior ou menor chegada do produto. Se o avaliador precisa analisar quantos impactos chegaram por centímetro quadrado, deverá escolher uma área de 1cm2 ao azar no papel e com ajuda de uma lupa quantificar quantas gotas foram depositadas. Para avaliações digitais, a forma mais

comum de avaliar os papéis na atualidade é utilizando softwares específicos que apresentam uma série de resultados, como cobertura (em porcentagem), densidade de gotas (gotas/cm), parâmetros de tamanho de gota como Dv50, Dv90, Dv10, DMN, amplitude relativa etc. Para realizar estas avaliações é preciso digitalizar os papéis em scanners com alta resolução para obter melhores resultados. O software é de fácil utilização e gera resultados confiáveis de forma muito rápida. Um fator que deve ser levado em consideração é a avaliação do tamanho das gotas com papéis hidrossensíveis. É cada vez mais comum os usuários utilizarem papel hidrossensível e medir as gotas de pontas de pulverização com ajuda do software. Porém, esta técnica de avaliação não representa de forma real o verdadeiro tamanho de gota emitido pela ponta de pulverização, pois as gotas que são medidas são apenas as que foram depositadas ou chegaram no alvo. As pontas de pulverização, principalmente aquelas com mais suscetibilidade à deriva, produzem gotas que após serem pulverizadas podem evaporar ou ser levadas até outras áreas (deriva), e este tipo de avaliação pode representar resultados de Dv50 (DMV) assim como todo parâmetro de gota errôneo.

Outra maneira de utilizar o papel hidrossensível é grampeá-lo nas folhas das plantas que serão pulverizadas, distribuindo-os entre os terços inferior, médio e superior da cultura

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Gustavo e Rodrigo falam sobre a importância do monitoramento na pulverização

Além disso, é importante lembrar que os fatores de espalhamento utilizados pelos softwares consideram caldas à base de água, o que não ocorre em nível de campo. Outro exemplo de por que não é correto avaliar tamanho de gota com uso de papel hidrossensível é quando são feitas aplicações com pontas de pulverização com indução de ar. As pontas com indução de ar, ao impactarem na superfície, podem sofrer ricocheteio e se fragmentarem em gotas menores, fato que pode ser observado com maior frequência na utilização de maiores pressões, já que aumenta a porcentagem de ar na mistura do fluido. Com a utilização da técnica do papel hidrossensível, se a intenção é avaliar o tamanho

das gotas que chegaram ao alvo, o procedimento será correto, mas não é correto catalogar o espectro de gotas de uma ponta avaliada, pois a correta avaliação do espectro de gotas de uma ponta se dá através de equipamentos com princípio de luz laser ou imagem, os quais avaliam todos os tamanhos de gota emitidos (não apenas os

depositados). Desta forma é possível verificar o real DMV, a uniformidade de espectro e os reais riscos de deriva que a ponta apresenta. .M Rodrigo Alandia Roman e Gustavo Casal, TeeJet Technologies


capa

T7.205

Testamos em primeira mão o trator T7.205 e antecipamos as novidades deste modelo que será lançado pela New Holland no Show Rural da Coopavel em fevereiro junto com outros integrantes da família T7

A

Revista Cultivar máquinas teve a oportunidade de testar, para este número, em Castro, no Paraná, o novo modelo T7.205 da New Holland. O lançamento de novos modelos da série T7,

fabricados no Brasil, faz parte do alinhamento global promovido pela marca. No Brasil, já estão em plena produção e venda os modelos T7.240 e T7.245 e este alinhamento com os modelos mundiais será feito na série T7, com os modelos

O motor que equipa o T7.205 é um FPT Industrial, modelo NEF6, de 6.700cm3, com 144kW (195cv) de potência máxima, potência nominal de 134kW (182cv) a 2.200rpm, podendo chegar a 154kW (209cv)

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de potência a partir de 140cv, colocando futuramente no mercado os exemplares T7.140, T7.150, T7.165, T7.180, com injeção mecânica, e os modelos T7.175, T7.190, T7.195 e este T7.205, que testamos, com injeção eletrônica e tecnologia EPM de aumento de potência. Na próxima edição do Show Rural 2014, em Cascavel, Paraná, a New Holland lançará toda a série T7 com potência de motor até 205cv, que compreende os modelos T7.140, T7.150, T7.180, T7.175, T7.190 e este modelo que testamos, o T7.205. Este alinhamento global, além de especificações mecânicas que relataremos no texto, inclui aspecto visual de capô, sinalização e iluminação, onde se destacam os faróis tipo cat eyes e outras características que igualam os tratores fabricados no Brasil com as séries produzidas no exterior.


Fotos Charles Echer

A série será organizada com modelos de injeção mecânica e eletrônica, sistema EPM com utilização de um booster. Nestes tratores com método de gerenciamento de potência EPM a injeção eletrônica possibilita, por um determinado período de tempo, em que o trator esteja realizando trabalho com sobrecarga (tração, TDP e sistema hidráulico), a adição de 7% a 16% de potência. Este modelo que testamos virá equipado somente com transmissão Semi Powershift de 18 velocidades à frente e seis à ré, com opcional de uma transmissão Creeper de 28 marchas à frente e 12 à ré, com as primeiras marchas bastante lentas para trabalhos especiais.

TESTE

Depois de um encontro na loja de Castro, seguimos para a Fazenda Raul, de propriedade

Acesso aos quatro radiadores, do condicionador de ar, do óleo da transmissão, do intercooler e do motor, encaixados entre si, que abrem-se facilmente por meio de pequenas presilhas, acionadas manualmente

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O modelo T7.205 que testamos apresentava uma transmissão Semi Powershift, Range Command, que possibilita a troca das marchas de forma automática, sem uso da embreagem, que se torna necessária apenas para a troca de um grupo para outro

do senhor Tinnus Rabbers, na localidade Ilha, Colônia Castrolanda. Lá na propriedade, produtora de suínos, grãos e batata, encontramos com o pessoal da New Holland que nos deu suporte para conhecer e entender as novidades deste modelo. Estavam nos auxiliando o engenheiro Geferson Davi Wolf, da Engenharia de suporte técnico, e a engenheira Patrícia Pedroso, especialista em marketing. Durante o teste tivemos apoio do pessoal da revenda, principalmente do engenheiro Paulo Rodrigo Lemos, que é consultor de vendas da Tratornew S/A e que conhecia bem o trator que testamos. Para o teste de campo deste modelo nos deslocamos a uma área destinada ao plantio de batata para uma operação de escarificação pós-colheita. A batata plantada na área havia sido colhida recentemente e a operação de escarificação era necessária para descompactar as estradas provisórias e a área total. Para isto acoplamos um escarificador do fabricante GTS do Brasil, modelo Terrus, com

O motor utilizado neste trator é da marca FPT Industrial, modelo NEF6, fabricado na unidade de Sete Lagoas (MG). É um motor de 6.700cm3, com 144kW (195cv) de potência máxima, potência nominal de 134kW (182cv) a 2.200rpm e com a possibilidade de chegar a 154kW (209cv), com o uso do sistema de gerenciamento da potência do motor (EPM). O torque máximo é de 760Nm (77,5mkgf) a 1.400rpm e pode ser elevado a 800Nm (81,5mkgf) a 1.600rpm, com auxílio do EPM. Com isto, são 7% mais potência e 5% mais torque para suprir necessidades momentâneas decorrentes do uso intenso deste trator.

Os pesos são mais largos na parte frontal para possibilitar que o centro gravitacional fique mais à frente

Faróis do tipo cat eyes proporcionam uma iluminação com maior cobertura de área

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seis hastes, regulado para trabalhar entre 30cm e 40cm. Foram horas de bastante prazer, pois tivemos oportunidade de operar o trator durante muito tempo, fazendo todas as verificações de funcionamento que desejamos.

MOTOR

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A reserva de torque informada pelo fabricante pode chegar a 35%, somente possível de se atingir com o sistema de injeção eletrônica e com o sistema de alimentação commom rail. O sistema de alimentação complementa-se com a adição de um turbocompressor da marca Holset. Estes valores de potência adicional e reserva de torque somente podem ser atingidos em motores de última geração e com sistema de injeção eletrônica.

TRANSMISSÃO

A série T7 apresenta três tipos de transmissão: Mecânica (T7.140, T7.150, T7.165 e T7.180), Semi Powershift, denominada Range Command (T7.175, T7.190, T7.195 e T7.205) e Full Powershift, denominada Power Command (T7.240 e T7.245). O modelo que testamos apresentava uma transmissão Semi Powershift, fabricada na unidade de Curitiba, comercialmente denominada pela New Holland de Range Command, que possibilita a troca das marchas de forma

Escada de acesso à cabine tem cinco degraus e é extremamente confortável ao operador


Fotos Charles Echer

A cabine padrão luxo é a mesma em toda linha powershift, com um sistema de amortecimento das vibrações, visibilidade frontal, lateral e traseira bastante ampla, além de possuir um bom isolamento acústico que aumenta o conforto do operador

automática, sem uso da embreagem, que se torna necessária apenas para a troca de um grupo para outro. São três grupos ou gamas, cada um deles com possibilidade de troca de seis velocidades, formando um arranjo de 18 marchas à frente e seis para a ré. No trator que testamos, com pequenas variações devido à configuração de pneus, pode-se deslocar em trabalho com velocidades que vão de 2,5 a 42km/h. O primeiro grupo (A), destinado às velocidades mais lentas desloca o trator de 2,5 a 6,2km/h; o segundo grupo (B), mais utilizado em operações típicas brasileiras, pode alcançar velocidades progressivas de 5,8 a 14,3km/h e o terceiro grupo (C), principalmente destinado às atividades de transporte, vai de 16,6km/h a 42km/h. Durante o teste fizemos diversas combinações entre rotação de motor e velocidade de deslocamento, trabalhando com este escarificador entre B1 e B4 e acompanhando pelo monitor o nível de patinamento e rotação do motor. Concluímos que o motor utiliza bem o sistema de injeção e sua reserva de torque. Portanto, a troca das seis velocidades, dentro de cada grupo, é feita apenas com um toque de botão no comando central. O robusto eixo dianteiro desta série é da marca CNH, classe IV, com sistema de bloqueio Terralock, que gerencia automaticamente o funcionamento do eixo dianteiro, ativando e desligando o bloqueio e a conexão do eixo

dianteiro em manobras e outras situações em que isto seja necessário. Na coluna de direção há um reversor eletrohidráulico, que possui três posições, à frente, à ré e, no centro, a posição neutra. Para colocar o trator em movimento é só alterar a posição da alavanca de neutro para uma das duas opções, o que pode ser feito apenas com um dos dedos da mão esquerda. Aproveitamos para testá-lo, principalmente nas manobras. Com o simples toque do dedo indicador é possível tirá-lo da sua posição e inverter o sentido, sem movimentos bruscos do trator, nem retardos de resposta. No caso das transmissões Full Powershift esta operação também pode ser feita diretamente na alavanca do comando central. A posição neutra serve como um freio de estacionamento, bloqueando o trator. Outra forma de utilização da potência deste trator, mas que não utilizamos no nosso teste, é através de uma Tomada de Potência (TDP) de duas velocidades, 540 e 1.000rpm que pode ser acionada diretamente da cabine e através de interruptor no para-lamas traseiro direito. O sistema hidráulico do T7.205 é constituído de um sistema de levantamento de implementos nos três pontos e das válvulas VCR. O sistema hidráulico de três pontos é da categoria III, com engate rápido nos braços

Alguns pontos nos chamaram a atenção quanto à mantenabilidade deste modelo testado. Iniciando pelo motor é destaque a colocação de um capô basculante de dois estágios, que possibilita o amplo acesso ao motor e a seus componentes acessórios. Além de facilitar a manutenção, também a ergonomia da operação é facilitada, pois, no primeiro estágio, se expõem os itens de manutenção do motor e, no segundo estágio, abre toda a possibilidade de conforto do operador, que está fazendo a manutenção do trator para as partes superiores do motor e do sistema de controle eletrônico da transmissão. Levantado o capô, primeiramente apresentam-se quatro radiadores, do condicionador de

Painel apresenta tacômetro e marcadores de nível de combustível e arrefecimento do motor

Na lateral direita estão localizados os principais comandos, além do painel de comando central

O eixo dianteiro é classe IV, com sistema de gerenciamento automático de bloqueio Terralock

SISTEMA HIDRÁULICO

inferiores e que utiliza somente dois enormes pistões externos. Não há, neste trator, uso de cilindros internos que, muitas vezes, são de difícil manutenção corretiva. A capacidade de levantamento no olhal é de 6.616kg. Para a utilização de óleo para o acionamento de cilindros e motores hidráulicos o sistema possibilita uma vazão máxima de 113 litros por minuto, por meio de uma bomba de pistão CCLS, de centro fechado, com dispositivo load sensing. Para a tomada de óleo há disponibilidade de quatro válvulas VCR na versão standard, podendo-se dispor opcionalmente de duas ou três, de acordo com a necessidade do cliente.

MANUTENÇÃO

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ar, do óleo da transmissão, do intercooler e do motor, devidamente encaixados entre si. Para a limpeza, abrem-se facilmente por meio de pequenas presilhas, acionadas manualmente. Na lateral direita, sobre o suplemento do depósito de combustível, estão posicionados a bateria e alguns fusíveis do sistema elétrico. Para o abastecimento, um amplo depósito envolve a parte inferior da cabine, com o bocal de abastecimento no lado esquerdo e um volume total de 395 litros, o que deve possibilitar o atendimento de uma enorme jornada de trabalho, considerando o consumo médio de combustível do motor.

ca, com potência máxima do motor entre 153cv e 197cv. Mesmo assim, estes modelos podem vir com posto de operação fechado. A informação do fabricante é de que o nível de ruído no interior da cabine fica em torno de 69dB(A), o que é bem sentido durante a operação. Durante o teste também foi notável

POSTO DO CONDUTOR

Quanto ao acesso à cabine, já se começa a notar o padrão de qualidade. Uma escada de cinco degraus, bem projetada, nos coloca na porta de acesso do lado esquerdo do posto do operador, sem nenhuma dificuldade. O primeiro degrau é bem próximo da superfície, evitando a elevação demasiada do pé, mesmo para pessoas de baixa estatura. A cabine padrão luxo é a mesma em toda linha powershift, com um sistema de amortecimento das vibrações baseado em dois coxins na parte dianteira, com atenuação por um eixo horizontal e dois amortecedores veiculares na sua parte traseira. É um sistema de suspensão bem desenvolvido, que atenua as vibrações que chegam ao piso da cabine, diminuindo o tremor que o corpo inteiro do operador recebe. A saída do posto de operação pode se dar por ambas as portas, do lado direito e do esquerdo, com preferência pelo lado de entrada. A saída de emergência pode ser por meio da janela traseira, que se abre amplamente, ou mesmo pela porta direita, que somente deve ser aberta por dentro. Todos os modelos, com transmissão dos tipos Range Command e Power Command, utilizam a cabine padrão luxo como equipamento standard. Os postos plataformados somente são encontrados nos tratores desta série que utilizam a transmissão mecâni-

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a qualidade desta cabine quanto à visibilidade frontal e lateral. Para a informação do operador, apresentase como opcional um computador de bordo intelliview IV, com monitor único, onde são apresentadas todas as funções, tanto do trator como da operação. De linha, standard, ainda há


Local

A

um console lateral com descansa-braço clássico, com local para copo, controle do acelerador e os controles de profundidade do implemento no sistema hidráulico. No painel lateral direito temos, à frente, o comando central, onde se pode variar a velocidade da operação, para cima e para baixo, a programação de levantamento

e o controle da profundidade de trabalho da máquina ou implemento e a programação de manobra de fim de linha. Um pequeno painel digital informa a marcha acoplada e o grupo utilizado. Mais atrás estão as alavancas de comando das válvulas de controle remoto (VCR) e o acionamento da TDP. Para este

concessionária autorizada da New Holland que nos deu suporte e auxiliou neste teste foi a Tratornew S/A, através da sua loja de Castro, no Paraná. É uma empresa representante da marca, de recente criação, com início das atividades em julho de 1996, mas que já se destaca entre as melhores concessões da New Holland. Está instalada em uma das regiões mais importantes para a produção nacional, nos Campos Gerais e Norte Pioneiro do Paraná, com loja matriz em Ponta Grossa e filiais em Castro, Irati, Arapoti, Cornélio Procópio e Prudentópolis.

acionamento há uma alavanca que coloca em funcionamento a TDP e determina o seu regime de rotações e um interruptor liga e desliga a TDP em manobras. Na frente da posição do operador, sobre o painel frontal, à frente da coluna da

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direção, outro pequeno painel apresenta o tacômetro e os marcadores de nível de combustível e temperatura da água de arrefecimento do motor. Sob estes, um pequeno painel linear tem informações importantes como, por exemplo, o nível de patinamento do trator, que usamos continuamente durante os testes de campo. O banco principal tem amortecimento pneumático standard, amplas possibilidades de regulagem de posição, com descansa-braço e é feito em tecido respirável. O banco de acompanhante colocado à esquerda é bem confortável e útil nesta faixa de potência, para instrução e acompanhamento da operação. Como era de se esperar, o condicionador de ar é standard para todos os tratores com posto fechado. Tanto para auxiliar a entrada do operador ao posto de condição, como para regulagem deste ao porte do operador, há uma regulagem da posição do volante, com ajuste telescópico da altura da coluna da direção e do posicionamento, aproximando-a ou afastando-a do operador. Assim, é possível operar com o volante bem alto e próximo do operador e no outro extremo com o volante afastado e baixo. O sistema Lift-o-matic também foi algo que nos chamou a atenção positivamente durante o teste. Com ele é possível memorizar a posição do levantador hidráulico, ligando e desligando com um toque de botão no interior da cabine, o que possibilita mais agilidade e precisão no fim de linha, já que o implemento volta a posição inicial e pré-determinada. Já localizado no para-lamas traseiro, podemos encontrar o botão de acionamento de subida e descida do levantador hidráulico, somente utilizado para manutenção e ajuste do implemento, o qual ainda tem prioridade de comando, evitando que o operador acione a mesma função de dentro da cabine, o que aumenta a segurança de estiver ajustando o implemento. Também localizado no para-lamas, temos o acionamento da tomada de potência, o que agiliza a operação, evitando que o operador necessite ficar entrando e saindo da cabine.

TECNOLOGIA

Um importante dispositivo que menciona-

O capô é basculante de dois estágios, que possibilita o amplo acesso ao motor e a seus componentes

mos e ressaltamos a importância é aquele que configura a manobra de fim de linha (HTS), fazendo que a cada reinício do trabalho, após a manobra, voltem as configurações pré-estipuladas, fazendo o sequenciamento das atividades de manobras. Com isto, ao aproximar-se da cabeceira, tendo que manobrar, o operador aciona o interruptor colocado no comando central e o trator automaticamente realiza a sequência das atividades memorizadas na cabeceira. Por este sistema, com um simples toque no interruptor ele desacelera a rotação do motor, diminui a velocidade de deslocamento e levanta o implemento, interrompe a rotação da TDP, conforme o caso. Ao final da manobra, acionando o interruptor uma vez mais, o trabalho se reinicia com os parâmetros operacionais prefixados. Além da qualidade deste trator na relação com o operador, outro ponto inquestionável e que merece menção é a presença de detalhes tecnológicos que, por certo, o distinguirão dos demais concorrentes. Durante o teste visualizamos vários destes diferenciais. Na parte traseira este modelo tem uma tomada elétrica

A série T7 pode ser equipada com sistemas de agricultura de precisão e possui conector padrão Isobus para facilitar a comunicação com implementos

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de sete pinos e a tomada Isobus, para conexão de implementos que necessitem energia elétrica e conexão de dados de controle de implementos e máquinas. Em alternativa bastante útil, vimos que o fabricante disponibilizou um local para passar cabos ou mangueiras de máquinas acopladas pela cabine, sem a necessidade de deixar a janela traseira aberta. Todos os tratores desta série estão prontos para instalação do piloto automático, intelliSteer ready, mesmo que não tenham sido adquiridos com este sistema. Mesmo depois de comprado o trator, o usuário poderá instalar facilmente este recurso tecnológico. Antes do teste tivemos uma surpresa positiva que foi a informação de que esta série será toda equipada, na versão standard, com pneus radiais. Este tipo de pneus tem tecnologia construtiva superior à dos pneus convencionais e por certo trará melhor conforto ao operador e um desempenho superior em tração. No modelo que testamos os pneus traseiros eram da medida 710/65-38 e 600/55-30.5 no eixo dianteiro. O ajuste da bitola neste trator é por meio do deslocamento do flange de fixação do aro no eixo. Para modificar a bitola traseira somente é necessário soltar os parafusos que prendem uma castanha ao flange e fazê-la correr sobre o eixo, para dentro ou para fora, e depois fixar novamente os parafusos que a trava. O peso mínimo deste trator é de 6.725kg, sem lastros e sem combustível, e o máximo de 10.500kg, com todas as possibilidades de lastragem metálica e de água. Desta forma, pode-se passar de 34,5kg/cv a 53,8kg/cv entre a configuração de transporte até a máxima recomendada pelo fabricante. No trator que testamos estávamos com 22 pesos frontais de 45kg cada e seis discos de 65kg em cada roda (três internos + três externos cada roda) e considerando ¾ de água nos pneus, aproximadamente 9.700kg de massa, o que era suficiente para tracionar seis hastes de escarificador, em uma operação bastante exigente, em solo bem compactado. O patinamento médio esteve em 16% .M durante o trabalho de campo. José Fernando Schlosser, Nema/UFSM

O teste foi realizado no município de Castro, no interior do Paraná, e contou com o apoio de técnicos e engenheiros da New Holland

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semeadoras

Charles Echer

Para cada ocasião

Na semeadura direta existem vários sistemas de corte de palha, com diferentes níveis de eficiência e demanda de potência por linha

E

xistem diversos sistemas de corte de palha e os mais utilizados para a semeadura direta das principais culturas são o disco e sulcador, disco e disco turbo; disco e disco duplo para sementes graúdas e para sementes miúdas o sistema disco duplo é o mais usual. O sistema disco e sulcador foi, por muitos anos, o mais utilizado nas semeadoras. Essa semeadora é composta por um disco de corte liso com a função de cortar a palha e uma haste sulcadora que assemelha-se à ponteira de um escarificador, usado para abrir o sulco e para deposição de adubo. Este sistema é eficiente para remover camadas compactadas em superfície, mas tem como desvantagem o grande desgaste dos sulcadores e a necessidade de maior potência dos tratores. Um sistema que gradativamente tem seu uso aumentando é o com dois discos na sequência. Este sistema tem variações como disco liso e disco turbo ou disco turbo e disco turbo. O princípio de funcionamento deste sistema é um disco de corte que pode ser liso ou ondulado para realizar o corte da palha acompanhado de um tubo condutor de fertilizante, que fica entre os discos e deposita o fertilizante superficialmente no solo. O segundo disco, que é chamado de

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turbo, faz a incorporação do fertilizante ao solo. O disco turbo tem como característica possuir ondulações em sua confecção. O funcionamento dos sistemas é semelhante, porém há uma deficiência de trabalhos na área. Outro sistema que também vem sendo usado é o disco e duplo disco, este conjunto

Sistema composto por disco liso e disco turbo (acima) e dois discos turbos (abaixo)

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é formado por disco de corte de palha liso ou ondulado e de um par de discos, para incorporação de fertilizante. Este sistema tem uma maior dificuldade de penetração no solo, assim é mais recomendado para semeadura em pequenas profundidades. Para a semeadura de cereais de inverno o sistema usado é o disco duplo, onde as sementes e o fertilizante são depositados pelo

Detalhe do corte na palhada realizado pelos discos da semeadora


solo. A avaliação destas características se torna importante para que os produtores tenham segurança que o equipamento está realizando a atividade de corte de palha de forma precisa e correta. Também é importante observar a quantidade de sementes expostas, a profundidade de semeadura e a distância entre as sementes. No caso de encontrar problemas com estas variáveis se faz necessária uma regulagem no implemento para evitar problemas na formação do estande de plantas e emergência. A velocidade de deslocamento da semeadora é fator importante para o sucesso da semeadura. Recomenda-se entre 3 e 4km/hora para grãos graúdos e de 6 a 8km/hora para grãos miúdos. No momento da escolha do sistema de corte de palha muitos produtores utilizam fatores relacionados à preferência pessoal, pois poucos trabalhos foram desenvolvidos pela pesquisa para auxiliar nesta escolha. Problemas relacionados às características de solo, tipo de cobertura, umidade e regulagem das semeadoras dificultam trabalhos do gênero. No IFRS Campus Ibirubá foram realizados trabalhos para avaliar os sistemas de corte de palha com disco e sulcador e disco liso e disco turbo. No entanto, nas condições de solo e de cobertura em que o trabalho foi realizado não foi encontrada diferença entre os sistemas, assim como para as velocidades (3km, 5km e 7km). Sendo assim, ambos os sistemas utiliza-

dos, desde que regulados de maneira correta, não apresentaram alteração quanto ao seu desempenho. Com relação ao custo de cada sistema de corte de palha e abertura do sulco por linha, o sistema disco sulcador haste apresenta um valor 50% mais barato que os sistemas disco e disco turbo ou disco e duplo disco, fator relacionado ao número de rolamento e material usado para a fabricação do disco ser de maior valor. O mecanismo disco e sulcador, em que o disco é responsável pelo corte da palha (“plantio direto”) e o sulcador pela abertura do sulco e deposição de fertilizantes, é o que necessita maior potência dos tratores no momento da semeadura. Quanto à potência requerida para cada sistema de corte de palha e abertura de sulco, ocorre uma diferenciação. O sistema de disco e sulcador requer uma potência em média de 12cv/linha, enquanto os sistemas disco e disco turbo e disco e duplo disco requerem uma potência de 10cv/linha, gerando menos consumo de combustível e menor desgaste do trator. Já o sistema para grãos miúdos requer, em torno, de 4cv/linha de semeadura. Estes valores alteram pelo tipo de solo, solos mais pesados exigem maior potência do trator. Há semeadoras mais pesadas, o que também afeta a exigência de potência. .M Darlan de Maria Eickstedt e Marcos Paulo Ludwig, IFRS

Fotos Darlan Eickestedt

mesmo par de discos. Com relação ao corte de palha e à abertura do sulco as semeadoras de grãos graúdos possuem alguns mecanismos, como o sistema disco e sulcador haste, disco liso e disco turbo ou disco turbo e disco turbo, ou disco e disco duplo, que são responsáveis pelo corte de palha e pela deposição do fertilizante. Estes sistemas realizam um bom corte de palha por possuírem um disco de corte. Para deposição das sementes há um par de discos desencontrados (disco duplos) que permitem a regulagem na profundidade desejada através de um par de rodas. O sistema de compactação do solo fica localizado na sequência. As semeadoras de grãos miúdos possuem, de maneira geral, apenas o sistema de duplo disco onde as sementes e os fertilizantes são depositados pelo mesmo par de discos. No entanto, esta característica supre a necessidade das culturas de grãos miúdos. As máquinas utilizadas para a semeadura das culturas de inverno ou culturas de grãos miúdos (trigo, aveia, cevada e canola) são denominadas de semeadoras de fluxo contínuo, ou seja, apresentam sistema de distribuição de sementes através de rotores acanalados helicoidais, que distribuem as sementes de forma contínua, diferentemente das semeadoras de grãos graúdos (soja, feijão e milho), que distribuem as sementes de forma mais precisa e individual. Para verificar o desempenho do sistema de corte de palha é preciso observar o corte de palha e manutenção da cobertura do

Detalhe de semeadoras dotadas com diferentes sistemas de corte com discos lisos, duplos, turbo e sulcadores

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Ficha técnica

H3500F

Lançado em novembro, o pulverizador H3500F da PLA do Brasil traz como principal novidade barras de fibra de carbono de 36 metros de largura

A

PLA do Brasil lançou o Pulverizador H3500F, com uma tecnologia totalmente inovadora na agricultura brasileira, uma barra de pulverização feita de fibra de carbono, que permite ultrapassar o limite máximo de 32 metros das barras imposto pelo atual aço carbono. Este aumento na largura da barra possibilita ao produtor aplicar uma maior área diária, comparando com os equipamentos atuais.

MOTOR

O pulverizador H3500F vem equipado com tecnologia do motor Mercedes Benz Tier III de quatro cilindros verticais em linha, turbocooler que desenvolve uma potência máxima de 218cv a 2.200rpm. Aliado a uma unidade injetora controlada eletronicamente, permite que o consumo de combustível seja reduzido mesmo durante as faixas de rotação de trabalho. O motor está homologado para trabalhar com o biodiesel B20, com até 20% na mistura, atendendo as normas mundiais de emissão de poluentes. Ele é disposto de forma central, o que auxilia na distribuição de peso e na visualização da cultura pelo operador.

CABINE

A cabine foi projetada para oferecer mais espaço interno associado à melhor

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visibilidade das barras de pulverização. O console permite que o operador realize manobras com total controle do equipamento, sem a necessidade de regulagens fora da cabine. O assento possui amortecimento pneumático e, assim como a coluna de direção, é ajustável para adequar a ergonomia de quem trabalha. A cabine do operador dispõe de assento de treinamento, ar-condicionado com filtro de carvão ativado, iluminação completa para operação à noite e rádio USB para suprir as necessidades do operador.

PULVERIZAÇÃO

Com um sistema dimensionado para a alta vazão, o H3500F possui uma bomba centrífuga de aço inox de 860L/min, o que permite uma maior regulagem da vazão no bico de pulverização. A barra possui dez seções de corte subdivididas ao longo do circuito e espaçamentos entre bicos de 50 ou 30 centímetros, de acordo com a necessidade do produtor. A capacidade do tanque de produto é de até 3.500 litros e tanque de água limpa de 250 litros. Toda a linha de pulverização das barras é montada com a utilização de aço inox, oferecendo maior durabilidade e resistência.

CHASSI E VÃO LIVRE

Todos os pulverizadores PLA possuem o chassi Power Flex, onde os principais

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Display Trimble CFX-750, com tela de 8” touch screen, que atua junto com o controlador Trimble Field-IQ

componentes são acoplados em três níveis diferentes, possibilitando uma maior estabilidade da máquina e reduzindo o esforço no chassi provocado pelo movimento das barras. A máquina possui o vão livre de trabalho que chega a 1,72 metro, utilizando pneu 14,9 x 46 e bitola variável hidráulica, que varia entre 2,8 metros e 3,2 metros, regulada remotamente da cabine do operador.

TRANSMISSÃO E SUSPENSÃO

A transmissão é hidrostática 4 x 4 cruzada, fornecida pela Sauer Danfoss, com três velocidades. Este sistema traciona a roda dianteira direita em conjunto com a roda traseira esquerda e vice-versa. Essa característica mantém o pulverizador sempre tracionado em qualquer tipo de topografia. Sua suspensão é pneumática ativa, que minimiza significativamente o efeito da patinagem e compactação do solo.

BARRAS

O grande diferencial deste pulverizador está nas suas barras


Fotos PLA

O motor do H3500F é um Mercedes Benz Tier III de 4 cilindros verticais em linha, turbocooler que desenvolve uma potência máxima de 218cv a 2.200rpm

de pulverização. Utilizando um sistema totalmente inovador no Brasil, a PLA equipou o H3500F com barra de 36 metros de fibra de carbono, material muito utilizado nos veículos de F-1, pois tem uma maior resistência a impactos, além do peso reduzido, se comparado a barras de aço carbono. Os 36 metros de comprimento permitem um aumento de produtividade de aproximadamente 15% e redução do amassamento de 17% em relação a barras menores. A altura de trabalho da barra varia de 60 centímetros até 2,20 metros. A máquina é equipada com um quadro oscilante que deixa o

Detalhe de um dos lados da barra, feita de fibra de carbono, mais leve e durável, que permite um aumento de 15% no seu tamanho

movimento das barras independente ao resto do chassi, utilizando o princípio de pêndulo, tornando a barra completamente estável, “copiando” a topografia do terreno.

PNEUS

O H3500F é equipado com pneus radiais Michelin nas opções de 13,6 x 46 ou

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Quadro oscilante deixa o movimento das barras independente ao resto do chassi, utilizando o princípio de pêndulo

14,9 x 46, de acordo com a preferência do produtor. Esses pneus proporcionam uma redução no consumo de combustível, aumento da vida útil e menor compactação do solo. A estabilização do piso é obtida através de três ou quatro lonas de aço sobrepostas. Por ser uma carcaça única, não existe fricção entre lonas - apenas flexão - o que evita a elevação da temperatura interna do pneu.

PILOTO AUTOMÁTICO

O Pulverizador H3500F conta com dois sistemas de direcionamento automático que podem ser utilizados, dando assim uma maior flexibilidade de escolha ao cliente. O Trimble AutoPilot consiste em um sistema de piloto automático integrado à máquina. Este sistema atua diretamente no sistema hidráulico de direção, guiando o pulverizador por linhas previamente gravadas, ou ainda projetadas em softwares específicos. Já o Trimble EZ-Pilot é um sistema de direcionamento automático que utiliza um motor elétrico montado na coluna de direção do pulverizador. Este sistema é o mais preciso e de maior torque disponível no mercado de pilotos automáticos elétricos e, por esta razão, permite um direcionamento seguro e preciso. A facilidade de instalação e intercambiabilidade com outras máquinas também é ponto positivo deste sistema.

Os 36 metros de comprimento da barra permitem um aumento de produtividade de aproximadamente 15% e redução do amassamento de 17%

Isso torna o pulverizador capaz de aplicar com controle total, taxas que variam de 30L/min a 500L/min. Além de controlar taxas de aplicação determinadas para todo o talhão, o pulverizador também é capaz de receber prescrições de aplicação e, assim, através do controle espacial, aplicar uma taxa específica para um determinado posicionamento. Além do controle de fluxo, o pulverizador tem controle de dez seções, diminuindo o sobrepasse por áreas que já foram aplicadas ou, ainda, prevenindo

SISTEMA DE CONTROLE DE APLICAÇÃO

O display Trimble CFX-750, com sua tela colorida de oito polegadas touch screen, em conjunto com o controlador Trimble Field-IQ forma a combinação ideal para quem deseja precisão nas taxas de aplicação e sobreposições mínimas.

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que químicos sejam aplicados em áreas fora dos limites do talhão que se deseja aplicar, como estradas ou em canais de escoamento de água.

PRECISÕES DE SINAL GNSS

O display Trimble CFX-750 possui receptor integrado de dupla frequência, que permite a recepção de sinais de correção dos satélites GPS e Glonass. Este equipamento é capaz de trabalhar com vários sinais de correção e de diversas precisões e acurácias. .M


COLHEDORAS Fotos Tulio de Almeida Machado

Configuração acertada

A colheita mecanizada do tomateiro é uma realidade cada vez mais presente, porém, perdas significativas dos frutos podem ser evitadas com diferentes configurações do sistema de trilha

O

tomate (Lycopersicon sculentum Mill.) é uma hortaliça originária da América do Sul, na região dos Andes, e atualmente é considerada a segunda hortaliça em volume de produção e consumo no mundo. Com a crescente importância econômica dessa cultura na área olerícola, a mecanização no processo de colheita do tomate industrial vem proporcionando alguns resultados satisfatórios nas áreas cultivadas, onde há maior redução de custos por unidade que se apoia principalmente na redução dos custos com mão de obra. A colheita mecanizada passa uma maior confiabilidade na realização da operação e, consequentemente, um maior custo-benefício, fazendo com que seja atrativa

para a maioria dos produtores. Nem todas as áreas utilizadas atualmente se mostram propícias para a realização deste tipo de operação, sendo importante ações relacionadas ao preparo do solo e, quando necessário, o processo de enleiramento. Dentre os fatores que se destacam com influência sobre as perdas, não há somente as condições de topografia do solo, mas também condições de clima e limpeza da área. Em um terreno irregular a ação das hastes recolhedoras da plataforma poderá levar uma quantidade grande de impurezas para os diversos mecanismos da máquina, onde o equipamento é danificado e reduz a qualidade do produto colhido. São raros os trabalhos de avaliação nas perdas causadas por uma colhedora de tomate

e seus mecanismos, sendo que essas perdas, quando monitoradas, podem servir como indicadores da qualidade do processo de colheita. Por se tratar de um produto sensível e que envolve um alto custo horário com máquinas e mão de obra, há uma preocupação em mensurar as perdas. Nas colhedoras dotadas de sistemas de trilha utilizadas para diversos produtos agrícolas, a sua regulagem tem se destacado para que haja bom desempenho e efiência no momento da operação. Em culturas mais tradicionais, como a soja e o milho, os estudos realizados sobre o sistema de trilha tornaram-se rotineiros, porém, o mesmo não ocorre com a cultura do tomateiro. Portanto, diante de poucas informações sobre a avaliação das perdas de frutos que não se destacaram das ramas, houve um estudo de diferentes regulagens no sistema de trilha da colhedora de tomate. O estudo foi realizado no município de Morrinhos (GO), em uma área irrigada por sistema de irrigação de pivô central e com o histórico de implantação da cultura do tomateiro. Foi utilizada a cultivar de tomate Heinz 9553, implantada sobre um sistema de plantio direto, onde o processo de colheita aconteceu após 125 dias. A região estudada é considerada uma das maiores zonas produtoras do estado e tem se destacado no cenário nacional como a maior região produtora de tomate no Brasil. Para a avaliação das perdas de frutos presos nas ramas após a trilha foi utilizada uma colhedora autopropelida da marca Guaresi, modelo G-89/93 MS 40”, com motor Fiat-

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Detalhe das ramas do tomateiro antes e após a passagem da colheitadeira

Iveco 175cv, dotada de uma plataforma de corte e recolhimento flutuante e equipada com um selecionador eletrônico de frutos verdes e torrões nas suas esteiras de separação. No momento da colheita o solo se encontrava com teor de água 18,4%, pois a importância de se manter um solo úmido na colheita está baseada no fato de as hastes recolhedoras da plataforma de corte e recolhimento atuarem um pouco abaixo da superfície do solo, evitando perdas por frutos não recolhidos. A colhedora possui um rotor de trilha dotado de hastes de fibra de vidro que, através de movimentos circulares gerados pelo rotor, vibram e golpeiam a massa recolhida (ramas e frutos), realizando assim a operação de trilha. O estudo foi conduzido em um delineamento de blocos casualizados com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas, onde as parcelas foram constituídas por três rotações do mecanismo de trilha (6, 12, 18rpm) e as subparcelas constituídas de três frequências

de vibração do mesmo mecanismo (0,83, 2,5 e 4,17Hz). Foram demarcadas 40 parcelas com 40m de comprimento e 2,5m de largura, onde, em cada parcela, a colhedora operou com as combinações a serem avaliadas. Durante a operação, a colhedora trabalhou com a rotação do motor em 1.900rpm e com velocidade média operacional de 4,1km.h1. Para a quantificação das perdas foi utilizado um gabarito de área interna de 2,5m2, onde após a passagem da colhedora foram coletados em cada um dos pontos os materiais necessários para as avaliações propostas no presente estudo. Após o material ser recolhido, o mesmo foi ensacado, identificado e pesado. As perdas nas ramas foram constituídas pelos frutos que não se destacaram da parte vegetativa (ramas) após a passagem pelo sistema de trilha. As perdas naturais e perdas na plataforma de corte não foram contabilizadas nesse processo, pois tratam-se de frutos soltos não presos às ramas. Os dados obtidos referentes às

Figura 1 - Gráfico de perdas de frutos não destacados em função da vibração do mecanismo de trilha

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perdas no sistema de trilha foram submetidos à análise de variância, o efeito dos fatores de vibração e rotação no mecanismo de trilha foi avaliado por meio de análise de regressão, sendo os modelos escolhidos com base no coeficiente de determinação, na significância dos coeficientes de regressão e na falta de ajustamento dos modelos utilizando-se o teste “T” a 5%. A partir dos resultados, verificou-se que não houve efeito significativo na interação dos fatores estudados. Quando isolados individualmente foi possível verificar que a vibração do mecanismo de trilha influenciou significativamente as perdas de frutos não destacados de suas ramas (Pram). Com base no modelo obtido para avaliar o efeito da frequência de vibração do mecanismo de trilha sobre as perdas na colheita, pode-se verificar que com o aumento da vibração, as perdas de frutos não destacados reduziram linearmente. Esse modelo obteve um coeficiente de variação de 43,95% e um coeficiente de determinação de 83,9%, o que indica uma grande influência da frequência de vibração no destacamento dos frutos. A utilização de frequências de vibração mais altas mostrou-se como um método eficiente para colheita de diversos produtos agrícolas, assim como café, laranja, azeitona etc. Na Figura 1, os valores foram separados em valores estimados e valores observados. Com relação às perdas relacionadas aos frutos não destacados das ramas pela máquina (Pram), verificou-se que os valores estimados para essas perdas foram maiores quando a frequência de vibração foi de 0,83Hz, onde, em média, houve a perda de 7t/ ha1. Os valores observados nas perdas para a frequência de 0,83Hz foram ligeiramente superiores, totalizando em média 7,42t/ha1. Quando a frequência de vibração foi de 2,5Hz, houve a perda estimada de 4,91t/ha1, já com os valores observados, para a mesma frequência, os valores foram inferiores, totalizando em média 4,07t/ha1. Para a frequência de 4,17Hz os valores estimados de perdas foram 2,82t/ha1 e os valores observados foram de 3,24t/ha1. A retirada dos frutos de suas ramas é um

Detalhes do sistema de trilha da colhedora autopropelida


Rotor de trilha da colhedora autopropelida utilizada na colheita do tomate

processo que necessita de vários “golpes” das hastes presas no rotor de trilha, entretanto, esse número de golpes pode ser maior ou menor, pode possuir amplitudes de vibração maiores ou menores. Esses fatores dependem de alguns pontos determinantes, tais como cultivares diferentes e ponto de maturação dos frutos. Há variedades em que os frutos se desprendem com maior facilidade das ramas, necessitando de um menor número de golpes e de uma menor frequência de vibração. Frutos com o ponto de maturação tardio possuem uma tendência a danos mecânicos mais severos quando expostos a grandes vibrações do mecanismo de trilha, diante desse problema,

Para determinação das perdas foi utilizado um gabarito de 2,5m2 de onde, após a passagem da colhedora, foi recolhido todo o material, separado e pesado

é necessário avaliar a rotação e vibração do sistema de trilha. Diante desse cenário, é possível concluir que maiores eficiências do sistema de trilha foram obtidas com a utilização de maiores frequências de vibração, as quais tornaram o destacamento .M mais eficiente.

Túlio de Almeida Machado e Laysla Morais Coelho, UFG João Paulo Barreto Cunha, Ufla Fábio Lúcio Santos UFV


agritechnica

Vitrine mundial

Mais de 450 mil pessoas do mundo inteiro passaram pelos salões da Agritechnica 2013, realizada em Hannover, na Alemanha, evento que antecipa as principais inovações tecnológicas que estarão presentes nas máquinas agrícolas nos próximos anos

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U

ma mostra de novidades tecnológicas em máquinas agrícolas pode reunir uma multidão de 450 mil visitantes durante quatro dias. Foi o que se viu em Hannover, na Alemanha, na edição 2013 da Agritechnica, com 2,9 mil empresas apresentando equipamentos para, além de elevar a produção agrícola, proporcionar redução de mão de obra e conforto aos operadores. A mostra sempre ocorre no parque de exposições ajardinado da cidade de Hannover, com área de 42 hectares, com 35 pavilhões cobertos, onde os visitantes podem se locomover pelas ruas asfaltadas em ônibus que circulam todo o tempo. O aquecimento mundial do agronegócio levou 112 mil estrangeiros este ano à Alemanha, país que venderá em 2013 8,2 bilhões de euros em máquinas agrícolas e tratores, o equivalente a aproximadamente 49% do PIB


DLG

do agronegócio brasileiro. A entrada ainda recente no mercado dos países que integravam o bloco soviético está gerando negócios sem precedentes em equipamentos de pequeno porte, mas também faz aparecer os gigantes para operar nas imensas fazendas que começam a se formar na Rússia, Ucrânia e até na China, coisa inimaginável há poucos anos. Motores no marco de mil HP passam a acionar os grandes tratores que arrastam equipamentos para trabalhar em solos que congelam no inverno, e máquinas colhedoras de batata e beterraba açucareira, que por sua vez incorporam tecnologia avançada, como as que tiram do solo 60 toneladas de batatas por hora e ainda separam pedras e areia. A evolução da eletrônica e de sistemas de sensores determinou em grande parte o grau de inovação de equipamentos e máquinas para tornar os processos mais eficientes, precisos, ambiental-

mente compatíveis e com redução de custos. O progresso se nota na criação de redes de sistemas diferentes nas áreas de gerenciamento de dados, tecnologia de navegação, sensores, controles e instrumentação otimizada. A tendência futura, conclui uma apurada pesquisa efetuada com os visitantes, é de que os fazendeiros sigam investindo pesado em equipamento, mantendo no mínimo estável o nível de vendas da indústria. Boa parcela de empresas, no entanto, também aposta no aumento das vendas para os próximos anos. Aproximadamente 52% dos visitantes têm propriedades de até 300 hectares e 17% trabalham

em áreas entre 500 hectares e três mil hectares. A parcela dos que não pretendem investir em inovações no próximo ano é ínfima, apenas 6%. Todos, porém, demonstraram como foco no evento o desejo de conversar com os fabricantes e de obter informações sobre os produtos e forma de usá-los. Foram também 19 mil os que vieram da Europa Central e Oriental e da Ásia, o mercado emergente do momento para tecnologia agrícola. Os expositores demonstraram interesse direto na atenção e ativação das economias emergentes da África e Ásia, onde os agricultores precisam não só de conhecimento e habilidade de transferência, mas também de tecnologia apropriada. E grupos de trabalho internacionais formados por especialistas, no âmbito da Agritechnica, discutiram a exploração do potencial e avenidas de acesso ao mercado, bem como as condições de financiamento e os requisitos de

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Fotos Newton Peter e DLG

Durante a Agritechnica 2013 duas mil e novecentas empresas apresentaram seus produtos e serviços, em 35 diferentes pavilhões cobertos, distribuídos numa área de 42 hectares na cidade de Hannover, na Alemanha

tecnologia para a China, Índia e países da África Austral. Os resultados dos debates deverão ajudar a acelerar a transferência de conhecimento e levar a estes lugares informações sobre a gestão da água, preparo do solo, semeadura, adubação, proteção vegetal e colheita.

PALAVRA DOS ORGANIZADORES

O presidente da DLG, sigla em alemão de Sociedade Alemã de Agricultura, que organiza a Agritechnica, Carl-Albrecht Bartmer, diz que um evento deste tipo facilita a obtenção do forte intercâmbio para que as interfaces de maquinário sejam consolidadas e compatíveis com qualquer que seja o fabricante, onde quer que esteja no mundo. Este intercâmbio demanda livre comércio de mercadorias e prestação de serviços. Hoje quem restringe o acesso a tecnologias inovadoras está “atirando no próprio pé”, além de prejudicar todo o sistema produtivo, e em especial o consumidor, porque acaba se isolando dos frutos que a divisão internacional do trabalho pode oferecer e da competitividade estimulante para melhores soluções. A ideia dominante atualmente é de que

o progresso técnico acaba sendo transferido ao consumidor completamente pela possibilidade de obtenção de alimentos mais baratos e abundantes. Alimentos a preços baixos em muitos lugares do mundo é o critério para participação econômica ou pode significar a própria existência. A Europa, por exemplo, na opinião de Bartmer, nunca teve alimentos de tão alta qualidade como agora. O progresso técnico multiplicou a produção de alimentos em todo o mundo e nos últimos anos começou a discussão mais importante, a de preservação dos recursos naturais. Mais colheitas com mais eficiência de área trabalhada, com menos energia consumida para cada produto de colheita, menos efeitos negativos externos causados por mercadorias de proteção vegetal, pois o planeta está chegando ao limite de seus recursos. Um dos fatores importantes será o debate direto entre consumidor e produtor não só para melhorar a qualidade do alimento, mas também para avaliar o modo de produzir. Os produtores serão daqui por diante questionados em relação ao tratamento sustentável de recursos escassos. E também há de se mensurar o termo susten-

tabilidade com base em indicadores definidos. O sustentável é mensurável e pode ser comprovado e otimizado, quando hoje o conceito é pouco preciso e serve também para que políticos obtenham popularidade ou ONGs angariem verbas para trabalho pouco precisos. Mas é claro que todo lugar, todo país, tem sua própria lógica de desenvolvimento. Assim não pode haver um plano que organize a mecanização mundial, pois como a demanda é diferenciada, a oferta deve ser também. As regras de mecanização se definem no próprio local e o exemplo do momento são países como a Índia e a China, ou o continente africano. Estes se encontram em meio à profunda transformação estrutural entre a população urbana e a rural. Daí o progresso técnico dever ser implementado de maneira cuidadosa e diversa dos pampas e cinturões de grãos, ou nos solos do Leste europeu ou da Europa Central. Em médio prazo a necessidade não é só de máquinas potentes, pois nos países emergentes a mecanização deve aumentar a área e a produtividade sem que haja demissão de trabalhadores e o consequente deslocamento para bairros pobres de centros

Os principais lançamentos do ano foram apresentados na Agritechnica, que é também vitrine das máquinas mais utilizadas em toda a Europa e Ásia

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urbanos. Por isso a mecanização diferenciada não significa mais a adaptação de tecnologia ultrapassada em estruturas menores. Os avanços tecnológicos devem ser levados rapidamente a todos os programas de produção. Além da exportação de máquinas e de tecnologia avançada, os europeus avaliam cada vez mais o sistema de parcerias, por meio de fábricas nos países interessados, com financiamentos locais, que incorporem as inovações técnicas mediante participação acionária e remuneração específica ao detentor da tecnologia. Também estão tentando incrementar a venda de serviços. Mas há sistemas e barreiras ainda por enfrentar, coisas peculiares a países e regiões, na opinião geral dos empresários alemães, que citam a legislação da China, complexa e de difícil compreensão aos ocidentais, o protecionismo de países como a Rússia ou, até mesmo, o desrespeito a contratos ainda demonstrado em outros.

VELHAS FRONTEIRAS AGRÍCOLAS

O aquecimento mundial do agronegócio impulsionou as vendas de máquinas em 2013 e ajudou a feira a chegar a marca dos 450 mil visitantes, sendo que 120 mil vieram de fora da Alemanha

Se o Brasil tem sido nos últimos anos foco das empresas de tecnologia agrícola, quem esteve este ano na Agritehnica notou que há novas frentes de interesse para as empresas europeias. O mercado europeu está bem aquecido e só a Alemanha exportará em 2013 um total de 8,2 bilhões de euros, a maior parte para os vizinhos, mas também 800 milhões de euros para os Estados Unidos. Mas é a Europa do Leste e a Ásia que ocupam as atenções centrais dos fabricantes e pesquisadores. A alteração da matriz política no Leste da Europa trouxe aos empreendedores tecnológicos infinitas possibilidades de novos negócios em velhas terras de cultivo. E agora Rússia, Ucrânia, Europa Central e China começam a despontar como pontos de maior absorção da moderna tecnologia de mecanização agrícola da Alemanha, o maior centro das inovações. O objetivo, claro, é atender a aquecida demanda

interna nacional e o crescente mercado que começa a abastecer com alimentos a China, cuja classe média em expansão consome cada vez mais. É prudente observar que a competição pelo mercado chinês, mais dia, menos dia, trará reflexos às exportações brasileiras para a Ásia. Além da apresentação maciça de inovações técnicas, a Agritechnica sediou também diversas reuniões de especialistas da Europa e Ásia, que debateram as condições atuais e as tendências a médio e curto prazo. Os encontros serviram para troca de informações e para base de planos e projetos. Num evento específico, por exemplo, empresários chineses lamentaram que seu país dispõe de apenas 15% da sua superfície

Carl-Albrecht Bartmer, presidente da Sociedade Alemã de Agricultura (DLG), organizadora da Agritechnica

Criatividade foi uma das estratégias dos expositores para atrair os olhares disputados dos visitantes

total para a agricultura. Parece pouco, mas significa 144 milhões de hectares, mais do que o dobro da área usada no Brasil. A ainda baixa produtividade é o ponto a corrigir. Terras secas começam a receber moderna irrigação, a colheita de grãos avança e a produção de carne de porco, um dos pilares da dieta nacional, deve avançar 20% nos próximos 20 anos, de acordo com Yu Quian, diretor geral do grupo Dairy, de Xangai. Serão mais de 60 milhões de toneladas, pouco para alimentar tanta gente, mas o início de um processo. Segundo maior país do mundo, a China tem cinturões de grãos com 75% de plantio mecanizado (Shandong, Xinjiang e HeilongJiang), porém outras meridionais com menos de 30%. Apesar de as taxas de crescimento em mecanização quase semelhantes nas diferentes fases de cultivo, ainda há grandes lacunas, com o plantio apresentando 43%, tratamento 70% e colheita com apenas 38%. Em termos de mecanização, os chineses estabeleceram como prioridade a cultura do trigo, seguida pela de soja, milho e arroz. O arroz é ainda a cultura menos mecanizada, com cerca de 20% apenas. Isto tende a reverter, diz Quian, pois um plano de expansão recém-lançado prevê maciços investimentos em colhedoras de milho e algodão e plantadoras mecânicas de arroz. Desde 2011 há um aumento de 100% em colhedoras de milho, por exemplo. O perfil do produtor também está mudando. Surgem grandes fazendas familiares e cooperativas agrícolas. A urbanização dos últimos anos, devido à demanda de braços para a indústria, reduziu a população rural e empresas estão arrendando terras dos vizinhos e apressando a mecanização por falta de mão de obra. Um fazendeiro moderno pode facilmente arrendar mil hectares de vizinhos e, mediante o abundante crédito para lavouras, mecanizar

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todo o processo. Nos últimos cinco anos os investimentos em máquinas saltaram de 2,4 bilhões de euros para 9,8 bilhões no ano passado, ou seja, um aumento de 300%. Mas nem tudo é positivo para quem pretende exportar para o mercado chinês, apesar da enorme demanda por engenharia e sistemas agrícolas, pois a concorrência é acirrada e o sistema jurídico bastante complicado para os padrões ocidentais. O tamanho das propriedades ainda é pequeno e a demanda dominante é por máquinas de pequeno porte, na maior parte. Porém, as vendas de tratores com mais de 100HP au-

mentaram 50% entre 2011 e 2012. Interessante também é constatar que em meio à demanda interna fortemente aquecida, a China encontra espaço para exportar máquinas agrícolas para os países asiáticos, antigas repúblicas soviéticas e para a África. Cerca de 16% da receita da sua indústria de máquinas agrícolas já provém da exportação.

EUROPA CENTRAL

A maioria dos países centrais da Europa atingiu autossuficiência na produção de alimentos e a exportação já é fato. As terras

férteis de Panônia, antiga província do Império Romano, região plana da Hungria e Áustria, de solo profundo, apresentam forte produtividade e estão totalmente mecanizadas. Os grãos ali colhidos se espalham hoje para vários países e a produção leiteira atinge números impressionantes. A indústria alemã trata a região com prioridade, assim como Polônia e República Tcheca, de grande potencial e exportando para a Ásia enormes excedentes. A Polônia e a Hungria somam juntas mais de 17 milhões de hectares de terras aráveis extremamente férteis, que chegam a 22 milhões

Ouro para os melhores Na edição deste ano, dos 37 produtos premiados por apresentarem grandes inovações quatro receberam medalha de ouro e 33 de prata

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Agritechnica deste ano apresentou um show de inovações. E uma comissão de peritos independentes, nomeada pela Sociedade Alemã de Agricultura, selecionou 37 delas para receber quatro medalhas de ouro e 33 de prata. O número de premiados varia a cada evento, de acordo com o grau de inovação do produto e a sua capacidade de beneficiar a lavoura. As vencedoras das medalhas de ouro estão a seguir.

Separador AirSep

A empresa alemã Grimme recebeu medalha de ouro por seu separador pneumático de impurezas, como pedras e torrões de terra em colhedora de batatas. O sistema combina uma base transportadora perfurada e uma corrente de ar que flui de baixo, jogando as batatas para o alto e retirando corpos estranhos. Durante a pas-

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sagem pela área de separação as batatas são mantidas flutuando suavemente acima do transportador vibratório, enquanto pedras e torrões, mais pesados, caem e são retirados através de um bloqueio segmentado de um cinto de remoção. O desempenho de separação pode ser ajustado pelo condutor do trator, alterando a combinação da taxa de fluxo de ar e a inclinação e frequência de vibração da base transportadora. A máquina possui um desempenho extraordinário, com capacidade de colheita de até 60 toneladas por hora.

Axmat - Ajuste automático de distribuidor de adubo

Com o premiado sistema Axmat, a empresa alemã Rauch apresentou ao mundo a primeira solução com medição automática on-line de distribuição de adubo e ajuste simultâneo de adubo segundo o tipo de

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fertilizante no tanque e a largura de trabalho desejada. Pela primeira vez a distribuição de alta precisão de fertilizante é conseguida com o auxílio de sensores de micro-ondas e um sistema de regulação automática do distribuidor de fertilizante. Durante o processo de propagação o padrão de disseminação é monitorado e o ponto de descarga de fertilizante para o disco distribuidor se reajusta conforme a necessidade. A monitoração permanente do ventilador também permite o reajuste automático on-line do sistema de fixação do conjunto de largura de trabalho em resposta às mudanças de lote de fertilizante ou mudanças nas condições meteorológicas.

Simulador para tratores e colhedoras

Desenvolvido pela Claas, o simulador para colhedoras e tratores permite que o


Fotos Newton Peter e DLG

de hectares somando-se à Bielorrússia, ali ao lado. O solo é negro e sua formação remonta a período em que toda a região era mar, daí sua rica composição. A mecanização é facilitada e não há necessidade de grandes e potentes tratores como ocorre com os vizinhos mais ao norte. A adubação também é mínima.

UCRÂNIA

Se há um país que pode se considerar sua vocação agrícola, este é a Ucrânia. Sua população era formada essencialmente por pequenos agricultores até a década de 1920, até que o governo soviético decidiu coletivizar o campo. Milhões de pequenos proprietários tentaram resistir e acabaram eliminados e suas casas arrasadas por tratores. Agora, os restos das construções afloram a terra revolvida pelas potentes máquinas e se tornam problemas para a mecanização. Há edifícios inteiros enterrados no campo, lamentam jornalistas ucranianos. O final da era comunista trouxe uma volta comportamento completo de uma máquina de trabalho, sob grande variedade de condições, seja mapeado de forma dinâmica em uma interface de PC. Operadores de máquinas podem, assim, ser treinados por sistema on-line e de forma interativa no computador. O software, através de telemetria que avalia e processa dados e dispositivos de controle virtuais e elementos de operação, representa em grande parte as condições que o operador encontrará no trabalho. Isto permite aumentar de forma substancial o potencial técnico das máquinas já durante os primeiros dias de uso, por estarem os operadores capacitados a

Pesquisa realizada pela organização com o público presente na feira mostrou que a tendência para os próximos anos é de que os fazendeiros invistam fortemente em novos equipamentos

febril ao campo. Mas já não são pequenos agricultores trabalhando e sim megaempresas, como a Mrya Agroholding, gigantesca corpo-

ração familiar que partiu de uma área de 50 hectares em 1992 para chegar a 300 mil hectares hoje, com seis mil funcionários. Operando

enfrentar quaisquer situações, reduzindo ao mesmo tempo possíveis danos ao equipamento.

tração e carrega ao mesmo tempo a bateria. A potência nominal a diesel pode ser reduzida por meio deste tipo de acionamento, sem sobrecarga. Além disso, é possível efetuar novamente o acionamento elétrico durante as fases de carga baixa ou sem carga que ocorrem sobre as carregadoras extensíveis. Também são reduzidos os custos de combustível e emissões de CO² em até 30%. O possível carregamento dos híbridos plug-in na corrente elétrica ou sistema fotovoltaico reduz ainda mais os custos operacionais.

Turbofarmer Hybrid

Chega à agricultura, pela italiana Merlo, um veículo carregador híbrido plug-in, em que o acionamento é realizado opcionalmente de modo elétrico ou elétrico a diesel. No modo elétrico, o sistema é alimentado por uma bateria de lítio de 30Kw e trabalha sem ruído e sem emissões. Pode, portanto, ser usado também em edifícios fechados. No sistema híbrido o motor diesel com rotações constantes fornece a energia para o mecanismo de

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Fotos Newton Peter e DLG

Além da exportação de máquinas e de tecnologia avançada, os europeus avaliam cada vez mais o sistema de parcerias, por meio de fábricas nos países interessados, com financiamentos locais

na região do Mar Negro um solo altamente fértil, com alto teor de húmus e em condições climáticas favoráveis, a Mrya está investindo pesado em mecanização e dispõe atualmente de mais de 2.100 máquinas em funcionamento. São dimensões enormes mesmo para quem está acostumado com as grandes propriedades agrícolas brasileiras. A Mrya não é proprietária de toda a terra que cultiva, na sua quase totalidade arrendada de pequenos proprietários, nos moldes da legislação agrária vigente nos países da ex-União Soviética. A Ucrânia é mesmo um país privilegiado em solo. Com uma superfície total de 603.550km² a área de agricultura é de 412.660km² e a de terras aráveis 324.340km², ou 54% da área total do país (a área arável do Brasil é apenas 7% da superfície nacional). Suas empresas agrícolas estão utilizando em larga escala tecnologia de cultivo desenvolvida por empresas alemãs e o país se converteu em um dos maiores importadores de máquinas da Alemanha, bem como de consultoria tecnológica, atividade convertida pelos alemães em vigoroso e rentável produto de exportação.

Logo, arrendou mais 350 e hoje sua fazenda tem dois mil, dos quais 1.600 para cultivo de trigo e o restante de pastagens, com 200 vacas leiteiras. Naturalmente, quando se fala em pastagens russas se fala em feno e milho. Von der Decken fez como os outros atuais grandes fazendeiros russos: arrendou as terras dos vizinhos, somando os cinco hectares de cada um em mais de 200 para formar sua fazenda. Recém-saída de longo período de governo comunista, a Rússia trata com luvas de pelica a questão agrária e a ideia de grandes latifúndios ainda é tabu. Outro paradigma quebrado, os empregados russos estão recebendo bônus de produtividade, algo desconhecido até pouco em um país cujo regime político não estimulava a competitividade e onde a eficiência de um funcionário era vista com desconfiança pelos colegas. Tudo muda e gera trabalho agora. Mas nem só o trigo traz lucros aos fazendeiros russos, que estão desenvolvendo pesquisa de novas culturas. Além do abaste-

cimento interno o governo pretende reduzir as importações e prepara projetos de medidas de longo prazo. Um sonho que acalentam, é o de tornar produtivas vastas áreas de estepe, uma extensão enorme praticamente inaproveitada. “Se o Brasil soube tornar rentável sua zona de cerrados, a Rússia também pode domar a estepe”, opina Vassily Stoikov, veterano jornalista de Moscou com um sorriso maroto, orgulhosamente comentando experiências com soja em seu país. O russo foi um dos idiomas oficiais da Agritechnica este ano, com alemão, inglês e chinês, o que ajuda a entender o interesse alemão. E a afluência de investidores em grandes fazendas e consultores atestou o acerto da medida. Foram quase 20 mil os visitantes da Europa Central e Oriental percorrendo o local. Os 2.900 expositores mantiveram tradutores de russo de .M plantão permanente. Newton Peter viajou a Hannover a convite da DLG

RÚSSIA

Mas é para a Federação Russa que os alemães voltam os olhos com mais atenção. É o maior país do planeta (17.075.400km²) e o total de terras aráveis chega a quase 122 milhões de hectares, o dobro do Brasil. O clima em boa extensão é inóspito e a terra precisa de forte adubação, mas nada que impeça a tecnologia que os alemães estão exportando de tornar mais e mais produtiva. País das grandes corporações e megaempreendimentos, hoje proliferam as fazendas extensas e com números exorbitantes de funcionários, como mostrou na Agritechnica o agricultor alemão Thassilo Von der Decken, casado com Valentina, uma russa que lhe abriu a possibilidade de adquirir as primeiras dezenas de hectares em que trabalhou a partir de 1993.

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Entre os visitantes, aproximadamente 52% têm propriedades de até 300 hectares e 17% trabalham em áreas entre 500 hectares e três mil hectares

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Ficha técnica

ST Max 105

Primeiro integrante da linha de tratores da Stara, o ST Max 105 já está sendo comercializado pela empresa e vem de fábrica com sistema de agricultura de precisão

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entre os lançamentos feitos pela Stara em 2013 está a sua linha de tratores ST Max. Uma parceria com a italiana Landini viabilizou a produção de tratores na fábrica da Stara. Com os tratores incorporados em sua linha de produtos, a Stara consegue fechar uma gama completa de máquinas utilizadas no preparo do solo, plantio, pulverização e diversas outras operações agrícolas.

Os tratores Stara atendem aos índices de nacionalização exigidos pelo BNDES, garantindo que a primeira unidade produzida já seja plausível de financiamento. Esse é mais um ponto positivo de uma nova linha de produtos que estarão disponíveis em 110 revendas exclusivas da marca. O ST Max 105 sai de fábrica equipado com piloto automático de série, permitindo maior precisão em operações na

A cabine do ST Max 105 é denominada total view de 360o, que permite ampla visão para todas as direções

Motor Perkins com quatro cilindros turbo e potência de 105cv

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lavoura, eliminando erros na operação. É equipado com sistema APS (Agricultura de Precisão Stara) que possui conexões de espera para implementos equipados com tecnologia Stara. Seu motor é Perkins com quatro cilindros turbo e potência de 105cv. Seu reservatório de combustível tem capacidade de 120 litros, o que permite longas horas de trabalhos diários, com baixo consumo de combustível. Sua transmissão é sincronizada de 12 velocidades (frente/ré), com câmbio de quatro marchas e três gamas.

TRANSMISSÃO TDF E SISTEMA HIDRÁULICO

O ST Max 105 possui transmissão sincronizada de 12 velocidades, com a alavanca posicionada na lateral direita do operador, câmbio com quatro marchas e eixo dianteiro ZF. Possui inversor (frente/ ré) mecânico sincronizado. A tomada de potência é do tipo independente de acionamento mecânico com embreagem. A rotação nominal da TDP é de 540/1.000 com o motor a 1.900rpm. O sistema de levante de 3º ponto possui capacidade de 2.400kg até 4.350kg (opcional). Seu sistema hidráulico é composto por uma bomba dupla de engrenagem da marca Bosch. Ela trabalha com dois


Fotos Stara

O ST Max 105 possui transmissão sincronizada de 12 velocidades, com a alavanca posicionada na lateral direita do operador, câmbio com quatro marchas e eixo dianteiro ZF

métodos, um para o sistema hidráulico com capacidade de 59L/min e o outro para o sistema de direção com capacidade de 24L/min.

CABINE

A cabine que equipa o ST Max 105 é total view, de 360 graus. Ela permite grande visibilidade e controle do trator por parte do operador. Os vidros traseiro e dianteiro podem ser abertos, suas portas laterais direita e esquerda também podem ser abertas atendendo as normas de segurança, totalizando quatro aberturas. O acabamento do interior é feito com materiais modernos e tem um desenho automobilístico. O assento é estofado com suspensão regulável, possui um dispositivo que permite regular a altura e a

distância dos comandos, tanto na direção vertical como na horizontal, além de ser equipado com cinto de segurança. Os comandos estão colocados de forma ergonômica e intuitiva, tornando mais confortável o trabalho no campo. Possui inversor mecânico sincronizado frente/ré, localizado ao lado da direção, tornando as manobras mais rápidas. É equipado com ar-condicionado (quente e frio) e também com CD player, para um trabalho extremamente confortável e prazeroso.

Alavanca de troca de marchas, localizada à direita do operador

PACOTE APS

O trator ST Max 105 sai de fábrica compatível com o pacote APS (Agricultura de Precisão Stara). Este sistema possui conexões de espera para implementos equipados com tecnologia Topper 4500 que podem ser utilizadas para pulveriza.M ção, plantio e distribuição. Detalhes do chassi do ST Max 105

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mundo máquinas

Inovar-Máquinas: indispensável para o Brasil

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ão é a primeira vez que escrevo sobre a necessidade de uma política industrial que abranja o segmento de máquinas agrícolas e de construção. A indústria de máquinas agrícolas e de construção tem mais de 50 anos no Brasil e se faz representar com fábricas das principais marcas mundiais, produzindo equipamentos com a mesma tecnologia (gestão, produção e inovação) de Europa, EUA e Japão. Além dessas, empresas nacionais como a Agrale e a Randon completam o parque industrial. Somos o único país do hemisfério sul que tem uma indústria desenvolvida e consolidada desses segmentos. Apesar de serem indústrias intensivas em capital, têm também uma importância grande na geração de empregos diretos e indiretos, uma vez que possuem uma cadeia longa que congrega vários produtores de componentes. Como os principais mercados mundiais não têm demonstrado dinamismo nos últimos anos (principalmente após 2008), e existe um enorme estoque, principalmente na Ásia, cresce sistematicamente a presença de produtos importados no Brasil. Pensando nisso, a Anfavea apresentou ao governo, em outubro deste ano, o programa InovarMáquinas. A finalidade, semelhante à do Inovar-Auto, é ganhar competitividade para o setor de máquinas agrícolas e de construção. Destaco que a perspectiva de crescimento desse setor demandante é superior à do PIB total. Sabemos que a nossa indústria enfrenta muitas dificuldades para driblar os problemas que nos afligem e que tiram a competitividade da indústria manufatureira no Brasil, como custos dos fatores de produção em crescimento, sistema tributário bizantino, logística e infraestrutura em frangalhos, serviços públicos de baixa qualidade e por aí vai. Assim, para retomarmos à competitividade industrial no segmento de máquinas, devemos melhorar a produtividade da indústria em toda a cadeia, o que requer infraestrutura, disponibilidade de mão de obra com educação técnica e logística

adequada para exportação. Além disso, é necessário fazer alguma ação com os fornecedores locais que estão sem investimentos e sendo igualmente pressionada por importações. Precisamos privilegiar também investimentos em pesquisa, ciência, inovação, qualidade dos fabricantes e fornecedores (consequentemente com aumento da competição). Enfim, é inegável que precisamos de uma política industrial setorizada e bem estruturada. Basicamente é essa a ideia que está por trás do Inovar-Auto e, agora, do Inovar-Máquinas. E não se trata de uma necessidade menor. A participação das importações na demanda doméstica só aumenta ano após ano. Em 2013, por exemplo, os equipamentos importados representarão algo em torno de 10% das máquinas agrícolas e quase a metade das máquinas de construção. O aumento sistemático dessa fatia de importações traz uma deterioração do parque fornecedor de autopeças no Brasil que, uma vez que a demanda não aumenta, não se sente compelido para investir em pesquisa e desenvolvimento ou em produtividade. Dessa forma, a diferença de competitividade entre o Brasil e outros países produtores só aumenta. E isso, por consequência, afeta a decisão de investimentos das empresas produtoras. É cada vez mais econômico importar componentes do que comprar no mercado doméstico. Dessa forma, não podemos esperar ter competitividade industrial para que a cadeia de fornecedores decida investir. Isso não vai acontecer. Neste momento temos que fazer um programa para inverter essa tendência. Esse foi o objetivo do Inovar-Máquinas – incentivo ao aumento de compras de peças e componentes no Brasil e ao investimento industrial e, também, na compra de máquinas industriais. O País só tem a ganhar com isso. Vou antecipar um debate: talvez o InovarMáquinas seja criticado por aqueles que acham que o governo deveria ter um papel mais passivo na condução da política industrial. Discordo disso. Acho indispensável termos um programa de

É cada vez mais econômico importar componentes do que comprar no mercado doméstico

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Milton Rego é engenheiro mecânico e economista, especialista em gestão. Atua na área de máquinas agrícolas e de construção desde 1988. Atualmente, é diretor de Comunicações e Relações Externas da Case New Holland; vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas Rodoviárias da Abimaq e diretor da Anfavea e Sinfavea. Milton é responsável pelo blog do Milton Rego, que aborda os mercados de máquinas agrícolas e de construção: www.blogdomiltonrego.com.br

desenvolvimento da nossa indústria bem estruturado. A verdade é que, na ausência de um programa de incentivo à produção local, o “Custo Brasil” estimula o atendimento da demanda por peças e produtos com aumento das importações. Temos que alterar a trajetória desse aumento das importações e isso passa pelo Inovar-Máquinas. Nesse ponto, a participação do governo é indispensável. Todos os nossos competidores – Coreia, Japão, China e o próprio Estados Unidos tiveram, em algum momento de sua história recente, ações corretivas para desenvolver o seu parque industrial. Neste momento, a minha torcida é que a análise desse programa pelo governo não seja comprometida pelo calendário eleitoral e que não se passe muito tempo até que comecemos a discutir essa proposta. Vamos esperar! .M




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