Compostador CR
Solução inteligente para suprir a escassez de fertilizantes químicos, o Compostador de Resíduos Orgânicos modelo CRO 5.0, da Civemasa, padroniza e tecnifica o processo tradicional de compostagem, transformando-o em um método quase industrial
Muitas vezes ouvimos dizer que “as cri ses geram soluções”. Nada mais apropria do para o que conhecemos em Piraju ba, Minas Gerais, quando fomos tes tar o Compostador de Resíduos Orgâ nicos modelo CRO 5.0, da Civemasa.
A compostagem é um processo biológico, bastante antigo, de recicla gem e tratamento de resíduos orgâni cos que utiliza rota aeróbica. Portanto, visa diminuir a quantidade de resídu os produzidos e, consequentemente,
reduzir a contaminação ambiental.
Hoje em dia, a compostagem em larga escala é um processo que está em crescente adoção, principalmente nos últimos quatro ou cinco anos, im pulsionada por dois grandes proble mas. O primeiro é o descarte dos resí duos provenientes das diferentes eta pas de produção dentro dos sistemas agrícolas. O segundo caracteriza-se pela alta do preço e pela indisponibi lidade de matéria-prima para a elabo ração dos tradicionais adubos comer ciais.
Desta forma, várias redes associa tivas e cooperativas estão surgindo, tanto para o fornecimento da matéria -prima utilizada na compostagem e re alização dos processos inerentes à ela boração do composto, como para a
utilização direta desse como fertilizan te ou corretivo. Logo, as usinas de ca na-de-açúcar, com seus resíduos como a torta filtro, a vinhaça e o bagaci nho, podem ser fornecedoras da ma téria-prima, assim como a cafeicultura e a pecuária intensiva, tanto de con finamento para a produção de carne como para a produção de leite, além de resíduos de aviários e granjas de
suínos.
O processo de compostagem neste nível de intensidade assume aspectos de industrialização com fases e etapas altamente organizadas e dependen tes de rigorosa análise técnica. Ao lon go do processo, a matéria-prima pas sa por fases de maturação e adição de componentes de enriquecimento, a fim de corrigir e diminuir determina dos desequilíbrios ou deficiências nu tricionais de potássio, fósforo, cálcio e micronutrientes, por exemplo.
Todo esse processo se desenvol ve em um local denominado pátio de compostagem, que geralmente se lo caliza o mais próximo possível dos centros de geração e obtenção de re síduos. O material que chega ao pá
tio de compostagem é enleirado por caminhões e máquinas transportado ras. O layout do pátio e a forma de tra balho seguem o padrão determina do por empresas de consultoria espe cializadas nesse tema, empresas cada vez mais presentes no País nos últi mos anos.
Diante do que observamos em Pi rajuba, a execução de um bom com posto é dependente da qualidade da consultoria prestada e da análise téc nica das modificações do composto ao longo do processo. Além disso, está relacionada ao trabalho mecanizado de movimentação da massa de resídu os que vai se modificando com o pas sar do tempo. O processo de aeração é de vital importância para os micro
-organismos que realizam a decom posição dos resíduos orgânicos. Uma vez que a decomposição é um proces so de oxidação biológica das molécu las ricas em carbono, com liberação de energia que é consumida pelos orga nismos. Logo, a simples adição de pó de rocha para corrigir deficiências de componentes minerais não é suficien te, pois o produto é uma matéria viva dependente da ação de micro-orga nismos que devem ser acompanhados quase diariamente. Além disso, é pre ciso ter cuidado com umidade, tempe ratura, relação C/N, tamanho de partí culas e presença de sementes, patóge nos ou metais pesados.
Embora não haja receita básica ou generalizada para o processo de com postagem, a finalização do composto, em vias de ser aplicado nas lavouras, dura de quatro a seis meses. E o tra balho da máquina compostadora de resíduos orgânicos, modelo CRO 5.0, da Civemasa, abrange de quatro a seis intervenções, conhecidas no campo e na prática por batidas.
Todo esse processo, que se intensi ficou durante a crise de fornecimento de fertilizantes minerais, baseia-se em
dois pontos principais, a necessidade de promover o descarte por via legal e ecológica de um resíduo, em prol da sustentabilidade do sistema, e a ne cessidade de produzir um fertilizante eficiente e com condições de ser apli cado individualmente ou em conjunto com fertilizantes minerais de uso co mum e tradicional.
Porém, é importante considerar as particularidades do sistema, que vão desde a logística de recebimento da matéria-prima, o processamento e o transporte final até o local de aplica ção do fertilizante, bem como a dispo nibilidade de equipamentos.
Para a aplicação, a Civemasa dis põe de soluções na forma de cin co modelos de distribuidores de fer tilizantes. Portanto, estão disponíveis equipamentos que podem ser utiliza dos durante todo o ciclo, desde a pro dução do composto orgânico até a sua aplicação na lavoura.
BRUNOZZI AGROPECUÁRIA
Durante a visita ao pátio de com postagem da Brunozzi Agropecuária, com sede em Pirajuba, estado de Mi
nas Gerais, observamos várias fases do processo de compostagem, inician do com o depósito do material em lei ras, algumas delas em diferentes es tágios de preparação, inclusive em es tágio final de composição, e sendo transportadas para a aplicação.
A Brunozzi Agropecuária é uma empresa fundada em 2015 que pro duz carne, cana-de-açúcar e soja, uti lizando sistemas avançados de fertili zação orgânica. O uso do produto pro veniente da compostagem no siste ma produtivo da agropecuária possi bilitou a redução de aproximadamen te 70% de adubo químico, que, aliado ao plantio direto da soja sobre palha da de braquiária, rende altas produti vidades ao sistema.
COMPOSTADOR CRO 5.0
O compostador CRO 5.0 é um pro duto da evolução e do aperfeiçoamen to de outros modelos comerciais pre cedentes da marca Civemasa, que fa brica produtos similares desde 1993. Por sua vez, a Civemasa é uma empre sa tradicional no estado de São Paulo, produtora de máquinas e implemen
tos agrícolas, inicialmente voltados ao cultivo da cana-de-açúcar e posterior mente com uma linha de produtos para todas as culturas agrícolas. Desde 1999 constitui-se uma marca individual den tro do Grupo Marchesan.
Para enfrentar o problema ecológi co mundial de tratamento de resíduos e transformá-los em fertilizante, a Cive masa desenvolveu o compostador CRO 5.0, a fim de padronizar e tecnificar o processo tradicional de compostagem, transformando-o em um método qua se industrial.
O compostador CRO 5.0 é conside rado uma biofábrica de adubo. Em pri meiro lugar, ele realiza o processo de fragmentação do material, que vem na forma de grumos e partes sólidas, pas sando a homogeneizá-lo. Além disso, promove a aeração por meio do levan tamento do material das leiras. Tam bém, realiza a padronização de medi das durante a etapa de formação da lei ra, proporcionando um aspecto mais uniforme. Como função importante da máquina, ela pode acrescentar outros materiais à leira, líquidos, através do seu depósito ou pelo acoplamento de uma carreta bombeiro.
Lançado em 2022 na Agrishow de Ribeirão Preto (SP), o compostador de resíduos orgânicos, modelo CRO, apre senta-se em dois modelos, o CRO 4.0, de quatro metros de largura e capaci dade volumétrica de 3,45m³ por me tro linear de leira e rendimento médio de 690m³ por hora, e o modelo CRO 5.0 que testamos no campo, com cin co metros de largura de trabalho e ca pacidade volumétrica de 6,35m³ por metro linear de leira e rendimento médio de 1.270m³ por hora. As gran
des vantagens deste novo lançamen to são a maior capacidade de produ ção em relação ao modelo menor e a maior dimensão do pórtico. Por es sas diferenças de características e di mensões, o modelo CRO 4.0 é reco mendado para projetos que proces sam até dez mil toneladas/semestre, enquanto que para projetos de pro cessamento superior recomenda-se o CRO 5.0, principalmente para grandes projetos ou formas associativas de tra balho. Além desses dois compostado
Lançado em 2022 na Agrishow de Ribeirão Preto (SP), o compostador de resíduos orgânicos, modelo CRO, apresenta-se em dois modelos, CRO 4.0 e CRO 5.0
res disponíveis no portfólio de produ tos da Civemasa, há um novo mode lo de menor tamanho em vias de um lançamento.
O equipamento constitui-se de uma estrutura na forma de pórtico, com um engate lateral. Assim, o trator que traciona e aciona o equipamento passa entre duas leiras de composto, e o equipamento trabalha sobre a lei ra. Utiliza um rotor transversal à linha de deslocamento, que trabalha no ní vel horizontal e permite regular a altu ra do rotor, desde 30cm até dois me tros de altura do solo, de acordo com o propósito que se deseja alcançar. Como o peso do equipamento é di ferente em um lado e outro, foi colo cada uma válvula divisora de fluxo de engrenagens de modo que o equipa mento suba de forma equilibrada os dois lados ao mesmo tempo.
Em geral, a altura de trabalho do rotor é a metade da altura da leira, porém, às vezes é necessário trabalhar a inversão de posição das camadas ou apenas mobilizar a superfície superior.
Essa regulagem da posição em altu ra é feita por meio de dois pistões ver ticais controlados hidraulicamente do posto de operação do trator. Ainda so bre o rotor, a equipe de engenharia e marketing do fabricante nos explicou que ele é balanceado dinamicamente de forma a reduzir vibrações durante a ação sobre a leira. Inclusive recomen da-se que quando houver necessida de de substituir as lâminas ou facas, a troca seja de todo o kit, para impedir o desbalanceamento do conjunto.
O compostador CRO 5.0 apresenta a possibilidade de realizar a movimen tação relativa entre o pórtico e o en gate, articulando-se para o transpor te em trajetos curtos ou em prancha para a sua mobilidade. Para colocar o equipamento em modo transpor te, um componente denominado “ro deiro”, que é um suporte das rodas de transporte e colocado na parte supe rior do pórtico, é acionado e suspen de o compostador sobre pneus dedi cados somente para esta operação de transporte.
Além do rotor e de todo o seu acio namento, o compostador CRO 5.0 da Civemasa tem alguns acessórios im
Caixa de transmissão fabricada em inox garante distribuição uniforme do produtoportantes, como um depósito de biocatalisador, colocado na lateral do chassi e utilizado para aplicar inoculante. Esse inoculante é utilizado para acelerar o processo de compos tagem, reduzindo de meses para em torno de 40 a 60 dias. Esse depósito está interligado por meio de tubulações com um conjunto de bicos de pulverização colocados na parte frontal do pórtico. Além desse depósito de sistema de distri buição de inoculante, outros acessórios podem ser conecta dos, como, por exemplo, uma carreta de incêndio, que pode ser usada para molhar o material da leira através de cone xões de água e bicos colocados no centro do pórtico.
Posicionado na linha central do equipamento, portanto, da leira, o projeto do CRO 5.0 previu a colocação de um sul cador, em forma de aiveca dupla, que serve para formar um sulco na parte superior da leira e aplicar água ou outros pro dutos de interesse ao material.
Pelo fato de ser um equipamento agrícola, houve um cui dado muito especial da equipe de projeto para desenvolver uma máquina em conformidade total com a Norma Regula mentadora NR-12 do Ministério do Trabalho e Previdência. São vários itens que foram adequados para a segurança to tal dos operadores e trabalhadores auxiliares. Um sistema completo de proteção contra arremessos de pedras ou ma terial em forma de grumos previu a colocação de lonas sin téticas e linha de correntes na parte traseira da máquina. Para isso, foram dispostos defletores de correia de borracha laminada, com 12 lonas, e por trás delas a linha de corren tes. Para evitar o arremesso para a parte da frente do equi pamento, mais raro de acontecer, foi colocada uma parede
Durante o
de lâminas de borracha com três lonas.
No cabeçalho foi projetado um aco plamento com esfera para auxiliar no movimento de pivot sobre esse ponto, quando da elevação da máquina e para a colocação em posição de transporte. Também, como é exigido, foi colocada uma corrente de segurança para conter a lança em situação de desengate invo luntário.
Como limitadores da faixa de traba lho do equipamento, na frente e atrás do pórtico foram colocadas chapas de fletoras que vão raspando e centrali zando o material que tenha se afastado da leira, ambas com regulagem de po sição.
O sistema hidráulico utilizado para o acionamento da máquina é bastan te criativo e econômico em exigência. Necessitam-se apenas duas válvulas de controle remoto (VCRs) para toda a mo vimentação. Uma serve para levantar o equipamento pelos cilindros verticais e a outra para o nivelamento do cabeça lho. Com o uso de uma chave colocada no interior da cabine do trator, as mes mas podem fazer funções de movimen tação do “rodeiro” e colocação na posi ção de transporte.
A equipe que desenvolveu o proje to do compostador se preocupou em reduzir a necessidade de manutenção, colocando em vários pontos luvas de polímero. No entanto, existem alguns pinos graxeiros que servem mais para retirar materiais que se interponham entre a superfície.
TESTE NO CAMPO
Durante o teste que fizemos, o com postador CRO 5.0 foi acionado sobre uma leira de resíduos a uma velocidade de deslocamento de 200m/h a 300m/h, o que exige que o trator possua um su per-redutor ou creeper que propor cione essas velocidades reduzidas. En quanto o trator se desloca neste rit mo, a tomada de potência (TDP) acio na um conjunto de árvores cardânicas que promovem uma velocidade do ro tor entre 320rpm e 330rpm.
Vimos que o acionamento do rotor
pela TDP passa por árvores cardâni cas e chega a um redutor com embre agem de discos sinterizados, os mes mos utilizados em roçadoras. Além disso, para segurança do componen te, apresenta um pino fusível, que se constitui em uma redundância na se gurança operacional do equipamento.
O trator que acionava o equipa mento era um modelo 6115J da marca John Deere, originalmente com 115cv a 2.300rpm, com reprogramação da injeção de combustível, equipado com uma transmissão PowrQuad de 16 ve locidades para frente e à ré, com su per-redutor, que é um opcional ofe recido pela marca para esse mode lo. É importante destacar que o com postador CRO 5.0 da Civemasa exi ge entre 125cv e 160cv do trator. Du rante o teste vimos em funcionamen to a facilidade com que o operador pode alterar a altura do rotor ao solo e as três ações básicas que ele realiza. Pelo fato de o rotor ter sido projetado com três diferentes seções, as lâminas e pás que estão fixadas a ele fazem di ferentes funções. A primeira, das duas seções mais externas, faz o trabalho de reduzir a dimensão da leira, apro ximando o material da extremidade
para o centro. Já a parte mediana faz o trabalho de levantar o material, ae rando-o e misturando-o.
Estiveram nos acompanhando du rante a realização do teste e esclare cendo dúvidas sobre o equipamen to, além de suas aplicações, os profis sionais da Marchesan e da Civemasa, Luis Fernando Varella, coordenador de Marketing da Marchesan, e Luiz Car
los Datorre, supervisor de Engenha ria de Produto do Segmento Canaviei ro, e Alexandre Luiz Ferreira, coorde nador de Marketing de Produto da Ci vemasa.