Felicidade

FELICIDADE

FELICIDADE A Única Prosperidade Verdadeira S

Tradução

Denise de Carvalho Rocha

Título original: Happiness – The Only True Prosperity

Copyright © 2022 OSHO International Foundation, www.osho.com/copyrights.

Copyright da edição brasileira © 2023 Editora Pensamento-Cultrix Ltda.

1a edição 2023.

Os trechos citados neste livro foram selecionados a partir de várias palestras feitas por Osho para uma plateia ao vivo. Todas as palestras de Osho foram publicadas na íntegra em livros e estão disponíveis para o público em forma de arquivos de áudio. Os arquivos de áudio e texto podem ser encontrados on-line na biblioteca do site www.osho.com.

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Editor: Adilson Silva Ramachandra

Gerente editorial: Roseli de S. Ferraz

Produção editorial: Indiara Faria Kayo

Editoração eletrônica: Join Bureau

Revisão: Claudete Agua de Melo

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Osho

Felicidade: a única prosperidade verdadeira / Osho; tradução Denise de Carvalho Rocha. – 1. ed. –São Paulo: Editora Cultrix, 2023.

Título original: Happiness: the only true prosperity

ISBN 978-65-5736-248-8

1. Autoajuda 2.

23-152427

Índices para catálogo sistemático:

1. Felicidade: Conduta de vida: Filosofia de vida 181

Aline Graziele Benitez – Bibliotecária – CRB-1/3129

Direitos de tradução para o Brasil adquiridos com exclusividade pela EDITORA PENSAMENTO-CULTRIX LTDA., que se reserva a propriedade literária desta tradução.

Rua Dr. Mário Vicente, 368 — 04270-000 — São Paulo, SP — Fone: (11) 2066-9000 http://www.editoracultrix.com.br

E-mail: atendimento@editoracultrix.com.br

Foi feito o depósito legal.

CDD-181

Conduta de vida 3. Desenvolvimento pessoal 4. Felicidade 5. Filosofia de vida I. Título.

Em algum lugar há um medo que me deixa fechado e endurecido, triste e desesperado, zangado e sem esperança. Esse sentimento parece tão sutil que eu nem entro em contato com ele. Como posso vê-lo com mais clareza?

Como posso ser eu mesmo?

Como uma pessoa pode ser feliz?

Por que sempre crio infelicidade ao meu redor? Estou começando a ver que eu sempre acabo escolhendo esse mesmo círculo vicioso. Seria essa própria escolha a infelicidade?

Num sentido mais mundano, sou feliz em todos os sentidos. Mas ainda assim não estou feliz e não consigo descobrir o motivo da minha infelicidade. Por favor me oriente.

Muitas vezes chego a um ponto em que não vejo mais sentido, valor e significado na minha vida. Tudo o que eu começo me leva a esse ponto. E os rios e oceanos que eu conheço são rios e oceanos de ilusões, sonhos e fantasias, não têm nada a ver com o Tao. Por favor, você poderia me ajudar a entender todos esses círculos ilusórios?

Eu não tenho interesse em nada. Tudo parece sem sentido. Nada me empolga, nem me provoca ou desafia. Nada tem vida ou entusiasmo. Eu me senti assim durante toda a minha vida. Por que devo fazer isso ou aquilo se nada me satisfaz no final? Estou sempre tentando ficar alegre, fingindo sentir, parecendo animado, interessado e vivo. Estou sempre tentando ser corajoso, para superar alguns dos meus medos. Mas para quê? Estou cansado, sinto que “não estou aqui”, e nem mesmo isso eu realmente sinto. Osho, onde estou?

Você poderia explicar sobre o caminho do coração e sobre como manter o equilíbrio, porque, quando estou no coração, às vezes me sinto feliz e às vezes me sinto triste.

Então não consigo ver muito bem como posso seguir o caminho do coração e ficar centrado.

Nos últimos dez dias, eu me senti extremamente feliz, como nunca antes. Apenas sendo eu mesmo e me aceitando como sou eu me senti muito bem. Às vezes, essa sensação incrivelmente boa é perturbada por dois pensamentos.

Primeiro: isso vai continuar assim? Será que eu consigo manter esse sentimento no futuro? E segundo: por que só cheguei a esse estado agora que já estou ficando velho? Eu não consigo me esquecer e ainda lamento por todos esses anos em que simplesmente não vivi. Por favor, explique como me livrar dessas perturbações à minha felicidade.

Introdução S

Eu gostaria de saber se você está satisfeito com as coisas materiais ou se quer desenvolver a sua consciência. Aquele que está satisfeito com o mundo exterior sempre será basicamente infeliz. Esse tipo de vida é simplesmente uma vida de conveniência. Conveniência é apenas ausência de problemas, enquanto a verdadeira satisfação é alcançar a felicidade.

O que diz seu coração? Qual é o maior desejo da sua vida? Você já se fez essas perguntas? Se não fez, deixe-me perguntar agora. Se você me perguntasse, eu responderia que desejo atingir aquele estado em que não resta mais nada a ser alcançado. Não é essa a resposta que pulsa no âmago da sua alma também? Não faço essa pergunta apenas a você, eu já perguntei a mesma coisa a milhares e milhares de pessoas.

Segundo observei, todos os corações humanos são iguais e o maior desejo deles é o mesmo também. A alma quer felicidade, a

felicidade pura e perfeita, porque só assim todos os desejos terão fim. Enquanto existir o desejo, existirá infelicidade, porque com o desejo não é possível haver paz.

A total ausência de desejo traz felicidade. Também traz liberdade e libertação, porque, sempre que algo está faltando, existem limites e dependência. Só quando absolutamente nada está faltando, existe a possibilidade de liberdade total. A liberdade traz felicidade. E a felicidade é a salvação.

O desejo pela felicidade total e pela liberdade suprema é latente em todos nós. Está na forma de uma semente. É como uma semente que contém uma árvore dentro dela. Do mesmo modo, a satisfação do desejo supremo do homem está oculto em sua própria natureza. Em seu estado perfeitamente desenvolvido, está a nossa natureza para ser feliz, para ser livre. Nossa natureza real é a única coisa que é verdadeira e somente aperfeiçoando-a podemos sentir completa satisfação.

Aquele que não procura satisfazer sua própria natureza comete o equívoco de achar que a prosperidade amenizará sua infelicidade. Mas a riqueza material nunca será capaz de preencher o seu vazio interior. Portanto, mesmo que uma pessoa atinja tudo o que é possível neste mundo, ela ainda vai sentir que está faltando alguma coisa. O cerne do seu ser vai continuar vazio. Como Buda uma vez disse: “É difícil satisfazer o desejo”.

É estranho que, por mais que uma pessoa possa conquistar, ela nunca estará satisfeita. Mesmo depois de ter atingido seu objetivo, ela sempre ansiará por realizações maiores. E a pobreza dos

mendigos e dos imperadores é a mesma. Nesse sentido não há diferença alguma entre eles.

Não importa os ganhos que uma pessoa tenha no mundo exterior, eles são instáveis. Podem ser perdidos, destruídos a qualquer momento, e a morte os reivindica. Portanto, não surpreende que o interior do coração de uma pessoa nunca seja preenchido por esse tipo de coisa, por coisas que podem ser tiradas com tamanha facilidade. Esse tipo de prosperidade nunca dará a ela a sensação de segurança, não importa o quanto se esforce para obtê-la. O que realmente acontece é que ela passa a ter de garantir a segurança das coisas que adquiriu.

É preciso entender muito bem que o poder exterior e a prosperidade nunca serão capazes de erradicar a sensação de querer, o sentimento de insegurança ou o medo. Iludir a si mesmo é a única maneira de camuflar esses sentimentos. A prosperidade é inebriante, ela esconde a realidade da vida. E esse tipo de esquecimento é muito pior do que a própria pobreza, porque impede que você faça alguma coisa para se livrar da sua verdadeira pobreza. A pobreza real não é causada pela ausência de nenhum objeto material nem pela falta de poder ou prosperidade, porque, mesmo que alguém se torne rico e poderoso, ela ainda existirá. Você nunca viu a pobreza de quem parece ter tudo? Seus fardos alguma vez já foram aliviados pelas suas posses materiais?

Há uma grande diferença entre prosperidade e a ilusão de prosperidade. Toda riqueza, poder e segurança exteriores são apenas sombras das verdadeiras riquezas que existem dentro de você. A razão básica para esse sentimento de pobreza não é o fato de você

não conseguir alguma coisa externa; esse sentimento vem do afastamento de si mesmo. Portanto, ele não pode ser erradicado por nada que seja exterior. Só pode ser eliminado de dentro para fora. A natureza do eu é a felicidade. Essa não é uma qualidade do eu, é a sua própria essência. A felicidade não é um relacionamento consigo mesmo; o eu é a própria felicidade. São apenas dois nomes para a mesma verdade. O que chamamos de eu é a felicidade do ponto de vista experiencial, por isso tenha cuidado para não confundir o que você conhece como felicidade com a felicidade de fato. A verdadeira felicidade é o próprio eu. Quando ela for conquistada, a busca por todo o resto cessa. A conquista de um tipo falso de felicidade apenas intensifica a busca, e o medo de perder essa suposta felicidade perturba a paz de espírito. A água que aumenta a sede não é água de fato. Cristo disse: “Venham, deixem-me conduzi-los ao poço cuja água saciará sua sede para sempre”. Confundimos continuamente prazer com felicidade. O prazer é apenas o reflexo da felicidade. Mas a maioria das pessoas vive na ilusão de que é desse fantasma de felicidade que se trata a vida. E, naturalmente, acabam desiludidas. É como confundir o reflexo da lua com a própria lua e tentar segurá-la. Quanto mais fundo você mergulha num lago para agarrar a lua, mais distante fica da lua de verdade.

E do mesmo modo, na busca pelo prazer, as pessoas se afastam cada vez mais da felicidade. Esse caminho só leva à infelicidade. Você vê a verdade do que estou dizendo? Com certeza a sua vida deve ser um testemunho do fato de que a corrida pelo prazer

só leva à infelicidade. Mas isso é muito natural. Externamente, o reflexo é idêntico à coisa original, mas não é a coisa de verdade.

Todos os prazeres contêm a promessa de felicidade e dão a certeza de eles são a própria felicidade, mas o prazer é só a sombra da felicidade. Aceitar o prazer como felicidade só pode resultar em fracasso e arrependimento. Como eu posso pegar alguém tentando agarrar a sombra dele? E mesmo se eu pegasse a sua sombra, o que eu teria nas mãos?

Deixe-me lembrá-lo também de que o reflexo é sempre contrário ao que está refletindo. Se eu ficar na frente de um espelho, meu reflexo será exatamente o contrário do modo como estou de fato. Isso também vale para o prazer. Ele é apenas o reflexo da felicidade. A felicidade é uma qualidade interior; o prazer é uma manifestação exterior, que só existe no mundo material.

Só a felicidade é bem-aventurança. Continue a sua busca por prazer e você descobrirá por si mesmo a verdade do que estou dizendo.

Todo prazer termina em infelicidade.

Mas aquilo em que algo se torna no final, ele era também no início. Como a sua visão não enxerga as coisas profundamente, o que você deveria ser capaz de perceber logo de início só fica aparente para você no final. Não é possível que aquilo que só tenha se revelado no final também não estivesse presente no início. O fim é apenas um desenrolar do que já existia no início. O que estava oculto no princípio se manifesta no fim.

Mas você vê as coisas na ordem inversa, se é que vê alguma coisa de fato. Repetidamente, você continua seguindo caminhos

que o levam à infelicidade, à dor e ao arrependimento. Por que o homem faz sempre as mesmas coisas se ele toda vez acaba infeliz?

Por quê? Talvez seja porque ele não vê outro caminho diante dele. É por isso que digo que sua visão é turva, distorcida; por isso questiono se você enxerga mesmo alguma coisa.

São muito poucas as pessoas que realmente usam os olhos. Todo mundo tem dois olhos, mas apesar disso, a maioria das pessoas é cega. A pessoa que não vê dentro de si ainda não usou seus olhos. Somente aquela que viu a si mesma pode realmente dizer que usou seus olhos. Se um homem não é capaz de ver a si mesmo, será que ele é mesmo capaz de ver alguma coisa?

Sua capacidade de ver só começa quando você vê o seu próprio eu. Quando uma pessoa vê a si mesma, ela começa a avançar na direção da felicidade. Ela não se volta mais para o prazer. E as outras pessoas podem sentir essa mudança nela. O prazer vai do eu para o mundo; a felicidade vai do mundo para o eu.