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Editorial 55 anos
Ao leitor,
Uma data assim, não poderia passar em branco.
mostra sua belíssima residência. É
Há 55 anos um homem decidiu se-
entrevistado com exclusividade pela
guir seu sonho e o que era sonho vi-
renomada arquiteta Patrícia Anas-
rou realidade. Não só para ele, mas
tassiadis. Mais adiante, conver-
para muitas pessoas.
sa com o arquiteto João Mansur,
Nada se constroi sem compartilhar
passa pela matéria de Tendências,
e, no caso de Adolpho Lindenberg,
Capa e não para por aí.
pode-se mesmo dizer que compar-
Estamos comemorando 55 anos da
tilhou e está presente na vida de
Construtora Adolpho Lindenberg e
todos aqueles que hoje moram ou
preparamos esta edição especia-
um dia passaram por um empreen-
líssima, desejosos de transmitir aos
dimento feito por ele.
nos sos leitores ao menos um pou-
Dos muitos moradores, parceiros, ami-
quinho de todo o orgulho e satisfa-
gos e clientes, alguns estão nas páginas
ção que temos em também fazer
a seguir, prestigiando-nos com seus
parte desta história.
depoimentos. São nossos convidados.
Esperamos que ao virar a última das
Adolpho Lindenberg, porém, não é
páginas que vêm a seguir você tam-
nosso convidado, mas sim o anfi-
bém tenha a convicção de que tudo
trião desta celebração. Ele abre as
isso só é possível porque você faz
portas da sua casa e da revista.
parte deste sonho.
Marília Rosa
Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar são conselheiros e idealizadores da LDI
Participa da sessão Personna, onde
Adolpho Lindenberg Filho e Flávio Buazar
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A Elgin Cuisine e a Lindenberg se uniram para fazer de sua vida o que ja fazem por sua casa. acesse: www.elgin.com.br/unique ou ligue: 11 3704-0968
Sumário 55 anos
Matéria 55 anos de história Imagem capa Neco Stickel
Neco Stickel é designer, ilustrador e perspectivista e possui uma lista considerável de prêmios em concursos de móveis, além do seu projeto de um microplanador. Convidado para edição comemorativa da L&L, ele ilustra a expansão da construtora nesses últimos 55 anos na cidade de São Paulo.
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Entrevista Um construtor de ideias
Tendências Novas prioridades
Releitura As piscinas suspensas de São Paulo
Filosofia Concepções do Tempo
Filantropia Inteligente Tudo pronto para o grande passo da filantropia
Capa 55 Anos de história
Depoimentos Viver Lindenberg
Arquitetura Poéticas urbanas (Paisagem)
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Nesta edição é uma publicação da Editora Novo Meio Ltda. para a Construtora Adolpho Lindenberg. Gianfranco Vanucci de Blade Runner ao caos urbano atual
Patricia Anastassiadis encontro de gerações em bate papo sobre arquitetura e vida
ano 8 • número 34 • 2010 A tiragem desta edição de 10.000 exemplares é comprovada pela
Conselho editorial: Adolpho Lindenberg Filho, Flávio Buazar, Ricardo Jardim, Rosilene Fontes, Renata Ikeda e Lili Tedde Produção e redação: Novo Meio Comunicação Empresarial Editor: Claudio Milan (MTb 22834) Editora assistente: Perla Rossetti
João Mansur recebe Dr. Adolpho Lindenberg
50
Personna Dr. Adolpho Arquiteto de família
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Personna União entre o eclético e o atemporal
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Reconhecimento Mestres de obras primas
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Urbanas 28 anos depois
Fale com a Lindenberg & Life Opine sobre as reportagens publicadas na revista e sugira temas para as próximas edições. Envie sua mensagem para nossa redação: marketing.institucional@ldisa.com.br
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Jornalismo: Larissa Andrade e Renata Vieira Projeto gráfico e Direção de Arte: Sérgio Parise Jr. Designers: Ivan Ordonha e Jonas Viotto Fotografia: Alberto Guimarães e Mari Vaccaro
Andrew Ritchie discorre sobre o tempo e a uma memória “involuntária”
Angelo Derenze analisa tendências mundiais na decoração
Revisão: Kika Freitas Colaboração e agradecimentos: Fernando Mekitarian, Gisele Selim, Carlos Magno, The Brands’ Company, FASS (Fotógrafos Associados) e WN&P Comunicação Publicidade: (011) 3041 5620 lindenberglife@lindenberg.com.br Redação: Rua São Tomé, 119 o 11 / 12 andar Vila Olímpia 04551 080 São Paulo SP Brasil (011) 3089 0155 jornalismo@novomeio.com.br o
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Filiada à
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Releitura 55 anos
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Reprodução: Revista Manchete (Edição Especial 25 de janeiro de 1970)
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Entrevista 55 anos
um
c onstrutor de ideias Aos 86 anos,
sa arquiteta Patrícia Anastassiadis, que
na casa da avó, dona Gabriela Ribeiro
um dos mais renomados arquitetos
igualmente desenvolveu projetos inter-
dos Santos, o menino Adolpho assistiu
brasileiros do último século, o Dr.
nacionais e já atuou em parceria com
empreiteiros erguerem a Praça Charles
Adolpho Lindenberg é responsável
o arquiteto. Num bate-papo descontra-
Miller e os primeiros prédios do cons-
por construções de estilo neoclássi-
ído, na residência do Dr. Lindenberg,
trutor João Artacho Jurado e da Co-
co no Paraguai, Chile, Nigéria e mais
nos Jardins, Patrícia teve como missão
mercial & Construtora, duas firmas que
de 500 edifícios no Brasil, entre eles
revelar curiosidades sobre a vida desse
disputavam a região nos idos da dé-
o Penthouse, no Morumbi, o luxuoso
construtor de ideias e ideais.
cada de 40. Mesmo assim, presenciar
hotel Tropical, em Manaus, e o Hotel
Nascido na Rua Alagoas em 3 de junho
a efervescência arquitetônica daquele
Casa Grande, no Guarujá.
de 1924, ele morou por muitos anos
momento histórico não influenciou a
Para entrevistá-lo nesta edição espe-
no bairro de Higienópolis. Entre andar
escolha profissional. “Foi quando tra-
cial, convidamos a requisitada e talento-
de bicicleta e aprontar suas travessuras
balhei como engenheiro hidráulico na
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11 Do primeiro casamento com Tereza, o Dr. Adolpho tem quatro filhos. Há 13 anos ele está casado com Analuisa, com quem divide a paixão por cinema, teatro e viagens. Aliás, ele é um viajante inveterado, daquele que se alegra em poder visitar com conforto todo o país, coisa que era impossível com a falta de estrutura turística de 30 anos atrás. À frente dos desenhos e projetos da Lindenberg por toda a sua vida, ele já deixou a rotina na construtora, mas mantém a secretária Bernadete e acom-
Patricia Anastassiadis entrevista o arquiteto Adolpho Lindenberg que transformou uma herança de família na reintrodução do estilo neoclássico no país e numa grife de alto padrão Por Perla Rossetti Fotos Mari Vaccaro
panha seu filho e atual diretor da companhia, Adolpho Lindenberg Filho. Navegador pelas águas da intelectualidade, já se dedicou à tradução de livros favoráveis ao mercado livre, tendo prefaciado até a obra de Friedrich von Hayek, prêmio Nobel de economia de
Light e comecei a fazer as reformas
sa — a Construtora Adolpho Lindenberg
1974. Autor do livro Os católicos e a
em fazendas no interior de São Paulo é
(CAL) e registrou, de vez, seu nome na
economia de mercado: oposição ou
que tomei gosto por construção.”
história da arquitetura brasileira.
colaboração? Considerações do bom
O pai, médico respeitado, não conse-
No início da década de 60, os seus
senso, da editora LTR, ele estudou a
guiu dissuadi-lo da paixão pela arquite-
clientes das casas transformaram-se
valorização da propriedade privada e a
tura, mesmo depois de seis meses em
em clientes dos prédios em estilo ne-
livre iniciativa para uma ordem socioe-
que teve a sua ajuda, na Santa Casa.
oclássico. O primeiro deles, o edifício
conômica próspera e livre.
Depois de se graduar em Engenharia
Princesa Isabel, na Rua Piauí, permitiu
Sonhos de um eterno pensador, que
Civil e Arquitetura pela Universidade Ma-
o reencontro com as calçadas de sua
construiu e deixará para as próximas
ckenzie, em 1949, Adolpho deu asas à
infância. Uma das características que
gerações um legado sem precedentes
sua mente criativa e alma empreende-
mais o agradou na obra foi o acabamen-
na arquitetura contemporânea, nos va-
dora. Em 1954 fundou a própria empre-
to personalizado, inédito para a época.
lores familiares e nos negócios.
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Entrevista
Patricia Anastassiadis – Quan-
vinha de uma viagem a Minas Gerais,
Patricia – Quantos anos o senhor
do recebi o convite, fiquei lisonje-
voltei influenciado pela arquitetura colo-
tinha na época?
ada em saber que o entrevistaria,
nial. O estilo estava presente na deco-
al – Tinha 30 anos e durante os 10
que teríamos um bate-papo. A co-
ração por aqui, graças a um decorador
anos seguintes, na década de 60, só fiz
meçar pela profissão, gostaria de
chamado Ciro Marques. Ele e eu fize-
casa, e na década de 70 partimos para
saber como se deu sua escolha
mos uma dobradinha e começamos a
a construção de prédios.
pela arquitetura e qual caminho
fazer uma casa já meio decorada, com
levou-o a essa área?
sala e pátio meio decorado para a pes-
Patricia – É quando o estilo ne-
Dr. Adolpho Lindenberg – Em
soa ter uma ideia de como ficaria.
oclássico se torna a linguagem Adolpho Lindenberg?
primeiro lugar, quero dizer que estou muito satisfeito por ser entrevistado por
Patricia – Em que década?
al – Foi uma evolução do colonial, que
você. Já trabalhamos juntos e você está
al – Anos 50...
eu trabalhei nas casas. Já havia dois ar-
trilhando uma carreira brilhante. É uma
quitetos, o Alfredo Mathias e o francês
honra podermos conversar um pouco.
Patricia – Olha que moderno e
Jacques Pilon, que tinham começado a
Eu me formei em Engenharia na Univer-
atual!
fazer prédios nesse estilo.
sidade Mackenzie e comecei a trabalhar
al – E teve muito boa aceitação. Aí,
na Light, onde fiquei três anos. Depois,
coincidiu que comecei também a refor-
Patricia – Eu morei a vida inteira
meu pai faleceu e a pequena herança
mar algumas fazendas no interior de São
em um prédio do Alfredo Mathias,
deixada eu usei para construir a primei-
Paulo e acabei por me apaixonar de vez
o edifício Umuarama, em Higienó-
ra casa para
pelo estilo colonial e por essas constru-
polis, com paredes duplas e már-
v e n d e r.
ções que são muito típicas do Brasil, ao
more de Carrara, da Itália. Era uma
Como
contrário do colonial mineiro, que é uma
coisa maravilhosa.
construção autócna, ao passo que o
al – Aqueles prédios atrás do shopping
colonial de Recife, Salvador e Rio de Ja-
Iguatemi também são dele. Os dois já
neiro é português. Então foi um sucesso
eram conhecidos no estilo, aqui na cida-
e construí dezenas de casas. Lembro-
de. Mathias e eu construímos em neo-
me de uma vez que tínhamos 60 casas
clássico e trabalhamos na mesma época
em construção. Era uma coisa maluca.
e, engraçado, eu não cheguei a co-
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nhecê-lo pessoalmente e São Paulo,
a proposta era diferente e eles
estilo neoclássico, quais arquite-
naquela época, era pequenininha, só
não eram considerados como
tos brasileiros admira?
tinha um milhão de habitantes. O su-
tal? Todos os prédios Adolpho
al – Sou filho de médico e, depois
cesso da construtora não foi tanto pelo
Lindenberg são disputados pela
dessa classe, a mais dividida é a dos
neoclássico, mas pelo acabamento
qualidade da construção e aca-
arquitetos. A ciumeira é grande, en-
personalizado. Como eu tinha constru-
bamento.
na
tão, tomo cuidado para falar deles,
ído muitas casas, eu tinha percebido
área, vejo muitos cortes de cus-
mas faço questão de elogiar algumas
que cada família prefere morar em um
tos. Por que se perdeu a qualida-
boas obras. Tenho uma admiração
tipo e que, sendo diferentes entre si,
de nas construções?
grande por Marcos Tomanik, suas ca-
não há uma unidade. Então, na cons-
al – Todo acabamento personaliza-
sas são uma maravilha. Em prédios,
trução da casa era muito fácil adaptar
do é de luxo. Quando uma pessoa
tivemos muito contato com o Oscar
ao estilo do proprietário, mas em um
compra o apartamento standard
Niemeyer, em Brasília, onde também
prédio a tendência era fazer todas as
na planta, como investimento, não
construímos bastante. E o Pauliélio,
unidades iguais. E os engenheiros de-
quer gastar, mas no de uso pes-
um excelente arquiteto, faz questão
testavam e queriam nos crucificar por-
soal, coloca mármore e torneiras,
de acompanhar a obra até o fim. Es-
que dava uma trabalheira....
esquadrias,
tou muito satisfeito com o trabalho do
Como
trabalho
armários
embutidos,
iluminação fantástica. Patricia – Até hoje... al – Assim, tínhamos de vencer essa
Patricia – Mas na própria
resistência, compreensível, e come-
construção, o tamanho dos cai-
çamos a oferecer os acabamentos
xilhos, o pé direito os custos
personalizados. E aí foi uma sensação
têm sido reduzidos.
total. Cheguei a ponto de ter um pré-
al – Fizemos uma previsão sobre o
dio de 25 andares com cinco arqui-
acabamento mais caro que afronta-
tetos trabalhando a personalização e
va a concorrência e oferecemos um
equipes separadas de pintores, eletri-
quarto grande de empregada de,
cistas, para poder ser executado tudo
no mínimo, 6 m2. Então, isso enca-
ao mesmo tempo.
recia a obra, mas dava o diferencial
meu genro, o Sérgio Vandeursen.
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e valia a pena. Patricia – Os projetos sempre foram de alto padrão ou naquele período
Patricia – O senhor, que já foi criticado pela opção do
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Entrevista
Gostaria muito de resolver o problema das favelas. Eu tentei duas vezes, mas não encontrei vontade do poder público em tocar os projetos .
Patricia - Quando a gente pensa
tempos do presidente Geisel, eu cheguei
a revitalização da Rua dos Estu-
no papel do arquiteto, senti, por
a fazer um projeto de soluções, inclusive
dantes, na baixada do Glicério. Lá
exemplo, em Portugal, uma defe-
abrindo capital brasileiro, pois há grandes
há um serviço bonito das pessoas
rência grande pela profissão, que
empresas e fundos públicos nos Estados
para a retirada das ruas de usuá-
aqui não é valorizada. Como o se-
Unidos e Europa que aplicam todo o capital
rios de drogas e requalificação dos
nhor se sente a respeito?
em residências para as classes C e D. Na
moradores. Fiz o projeto, consegui
al – O arquiteto deveria exigir uma va-
Europa, essas classes não são proprietá-
patrocínio para fachadas e recal-
lorização de seu projeto e até já sugeri
rias dos imóveis, que são alugados. Então,
çamento de vias e parcerias com
isso a vários deles. Por que não tornar
o projeto foi jogado no lixo três dias depois
grandes empresas. Mas o PCC me
obrigatória a colocação de uma placa in-
de ter sido apresentado. O presidente infor-
ameaçou porque estávamos me-
formando que a obra é sua? Por que só
mou que o enviaria para a diretoria do BNH.
xendo no ponto que era distribui-
tem placa do engenheiro? Para um ar-
Eu disse: “‘Senhor presidente, eu sou con-
ção de drogas. E você fica sem sa-
quiteto novo, é importante esse tipo de
trário à política do BNH, que é nacionalista”.
ber, então, por onde ajudar.
registro. Mas acho que os profissionais
Ele respondeu: “Você não acredita no es-
al - Um desinteresse total. Também
não procuram se valorizar como classe.
pírito patriótico do BNH”. Eu fiquei quieto e,
tentei uma solução para as cadeias
realmente, nunca mais soube do projeto.
e o problema prisional no Brasil. Não
Patricia - E em relação a São Paulo,
tive resposta nem muito obrigado. Re-
o que o senhor mudaria na cidade?
Patricia - É uma vergonha. Eu já
construímos a Capela do Pátio do Co-
al – Gostaria muito de resolver o problema
tentei fazer algumas ações meno-
légio e não cobramos um tostão, e não
das favelas. Eu tentei duas vezes, mas não
res e o desinteresse é total. Duran-
fui convidado nem para a inauguração.
encontrei vontade do poder público em
te um ano trabalhei para a prefei-
São dois exemplos, mas eu poderia
tocar os projetos. Lembro-me de que nos
tura, de graça, em um projeto para
discorrer longamente sobre o tema.
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15 Patricia - E o lado pessoal?
PATRiCIA - E viagens?
Patricia - O senhor frequenta
Quantos filhos o senhor teve?
AL – É meu segundo hobby. Para es-
muitos restaurantes?
al – Tinha quatro filhos, três moças
colher o lugar, minha esposa precisa
AL – Sim, adoramos, inclusive porque a
e um rapaz. Uma delas faleceu há
gostar do destino. E ela gosta de viajar
quantidade de restaurantes que abrem
dois anos. Eles são casados, e tenho
mais ainda do que eu. Depois, também
em São Paulo é fantástica. Gosto de
nove netos.
viajamos com amigos. Temos grupos
todas as culinárias, até grega, embora
pequenos de amigos, vamos a poucos
tenha poucos restaurantes...
Patricia - Algum é arquiteto?
lugares na cidade, mas sempre com os
al – Não, mas uma filha é casada
bons e velhos amigos.
Patricia - É por isso que comida grega é na Grécia ou na casa da
com um arquiteto, e a outra, com um Patricia - O senhor tem paixão
minha avó (risos).
também por carros?
AL – E você, sabe fazer?
Patricia - E quais são seus ho-
AL – Sim, eu gosto muito de correr
Não... Assim, dá para arriscar, mas
bbies?
um pouco. Antes, ia muito para o Rio
lógico que ninguém bate a comida
al – Agora que me aposentei tenho um
de Janeiro de carro. Apesar de ser uma
da minha avó... Não pode, se não
grande hobby que é ler. Sou um leitor
viagem meio cansativa, eu gosto. Ago-
perde a graça e tem a questão da
inveterado, e leio de três a quatro livros,
ra, quero fazer o percurso do Rodoanel,
tradição, os traços culturais que
ao mesmo tempo.
está bonito lá?
passamos através da culinária.
Patricia - Tem alguma boa dica?
Patricia - E teatro? Parece que o
Patricia - O senhor é um aprecia-
al – Gostei muito do Guia politicamen-
senhor é um espectador assíduo.
dor do universo das artes. Como o
te incorreto da história do Brasil.
AL – Sim, gosto muito.
senhor vê a produção artística de
engenheiro.
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Entrevista
hoje que influencia tanto o
tetura alemã Bauhaus, na
a influência internacional de
estilo de vida e até a casa
década de 50?
hoje, que tem a internet e re-
das pessoas?
AL – Sim, o apogeu foi a
ferências mundiais. E quando
AL – Depende do status eco-
construção de Brasília. Inclusi-
você atende um cliente, ele
nômico do país. Até há pouco
ve nós, que fizemos o primeiro
chega com uma bagagem
tempo, não tínhamos um pa-
prédio da iniciativa privada lá, o
bem maior.
drão de vida que permitisse
edifício JK. Ainda está na con-
a compra de obras de arte.
fluência dos dois eixos e teve
Patricia - O senhor sem-
Quando as pessoas iam para
projeto do Niemeyer.
Nessa
pre criou um laço de ami-
a Europa podiam comprar.
época também fizemos o Ho-
zade com seus colabo-
Hoje as opções aumentaram
tel Tropical, em Manaus, uma
radores
e é comum que a casa tenha
construção que para mim tem
especialmente os mestres
quadros e coleções importan-
muito significado. Foi uma ex-
de obra. Como era a rela-
tes. Eu consigo diferenciar obra
periência sociológica. Nunca
ção com eles?
de arte da produção em arqui-
vi um atraso tão grande entre
AL – Uma das características
tetura, mas não entendo bem
a população, em 1960. Está-
que eu trouxe para a cons-
algumas pinturas. Visitei um
vamos em plena obra quan-
trutora, e que permanece até
colecionador de peças de arte
do vimos uma onça preta. Os
hoje, é o relacionamento com
chinesa fantástica e percebi
operários, que eram de Brasí-
os mestres de obra, ao qual
que não vejo isso há 40 anos,
lia, ficaram apavorados e os de
ninguém dá muita importância,
aqui no Brasil.
Manaus fizeram um círculo ao
mas eles são fundamentais. E
redor da onça, cantaram e a
me orgulho de sempre ter tido
Patricia - Acho que, hoje,
mataram a pauladas. Foi uma
os melhores de São Paulo e de
a arte contemporânea cho-
cena... Foi primitivo. E à noite
pagar a mais para eles. Com
ca demais. Você vai à Bie-
eles ainda fizeram churrasco...
um bom mestre não temos re-
nal de Arte de Veneza e se
Aquele dia eles não trabalha-
clamação de obras. Outro dia,
assusta. Já não são mais
ram, dado o acontecimento.
li que uma empresa tem 200
obras, são instalações...
na
construtora,
processos. Mas eu sempre
Meu filho disse: “Mãe, isso
Patricia - O perfil das fa-
tive uma relação pessoal com
não é arte! Isso eu faço!”.
mílias e o estilo de vida
eles. Era padrinho, se fica-
Era um pingo vermelho
eram diferentes, há 55 anos.
vam doentes eu ia visitar... Um
na parede. Muitas vezes,
Quais desejos dos clientes,
deles é um caso curioso. Ele
só quando você escuta a
quanto à arquitetura dos la-
era de Pernambuco, era meio
história do artista enten-
res, chama mais a atenção
cangaceiro, muito severo, mas
de a obra. E, falando de
do senhor, atualmente?
excepcional. Ele tinha uma fi-
movimentos artísticos, o
AL – Hoje o cliente é mais
lha doente e eu arrumei um
senhor sentia no Brasil a
exigente e é mais comum as
hospital e médico para ela. En-
influência vanguardista da
pessoas viajarem para a Euro-
tão, ele passou a ter uma de-
escola de design e arqui-
pa. Naquela época, não havia
dicação feudal a mim. O que
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Entrevista
... me interesso pelas pessoas. Todos têm seus dramas e problemas. Já tive tantos em minha vida...
eu falava, ele dizia amém. Um
todos têm contato. Mesmo
Patricia - De onde vem tan-
dia, em uma obra, um vizinho
o relacionamento em certas
to jovialidade? Dá a receita?
reclamou à polícia e foi agres-
empresas é assim. Vi o nasci-
AL – Da medicina ortomole-
sivo conosco. Ele chegou a
mento do Secovi (Sindicato do
cular. Você é muito criança,
mim e disse: “Doutor Adolpho,
Mercado Imobiliário) no meu
não precisa. Tenho paixão
estou aqui para qualquer coi-
escritório. Todas as empresas
pela vida e gosto de produzir,
sa”, e eu respondi: “Pois muito
de engenharia se davam muito
sempre. E de manter os rela-
bem, mas no momento não
bem, hoje, não.
cionamentos com funcionários
estou precisando de reforma”.
e familiares. Vejo que vivemos
E ele retrucou: “O senhor não
Patricia - Muitos empre-
numa época em que as famí-
entendeu, é para qualquer
sários são líderes que ins-
lias estão desagregadas.
coisa mesmo”. Veja se pode!
piram
Certa vez, fiquei doente, de
como o senhor. Quais são
Patricia - E o senhor é
cama, e todos os dias ele
os seus atributos pessoais
religioso?
acordava a empregada às seis
e profissionais que o torna-
AL – Sim, inclusive escrevi um
da manhã para saber se eu ti-
ram um agregador?
livro, A economia de mercado
nha passado bem a noite. Era
AL – Eu gosto de conversar e
em uma sociedade cristã em
uma dedicação incrível! Tenho
me interesso pelas pessoas.
que mostro que a característi-
outro mestre com o qual tra-
Todos têm seus dramas e pro-
ca principal da economia cris-
balhei mais de 60 anos.
blemas. Já tive tantos em mi-
tã é o relacionamento familiar.
nha vida e, quanto mais se vive,
Na Idade Média ela deu ori-
Patricia - O senhor acom-
se vê que existem mais. Co-
gem ao feudalismo, que não é
panhou o crescimento de
nheci um homem casado com
uma estrutura jurídica, mas de
São Paulo nas últimas cin-
uma mulher muito bonita, os
relacionamento das famílias,
co décadas. Do que sente
dois eram ricos e tinham filhas
os nobres e seus suseranos.
saudades?
lindas. Comentei com minha
Então, sempre procurei criar
AL – Eu assisti a mudança de
mulher: “Eles têm tudo na vida”.
um ambiente familiar na cons-
São Paulo de um milhão de
E no dia seguinte ele tentou se
trutora. Primeiro, com poucas
habitantes para 10 milhões.
suicidar. Essa foi a maior lição
trocas de funcionários. Prova
É uma mudança de ambien-
de vida que tive, pois embora
disso é que temos alguns que
te total. Ter relacionamentos
o cenário fosse perfeito, de fato
passaram a vida toda conos-
pessoais fica difícil. Mas es-
o homem estava quebrado, era
co. Segundo, temos um rela-
ses são os inconvenientes da
só imagem. Tinha dado uma
cionamento de amizade, que
cidade grande tão cantada e
grande festa, convidou todos
não é só profissional. Fomos
decantada em filmes. Tanto é
os banqueiros de São Paulo
a primeira empresa a ter clube
que Nova York é uma cidade
para tentar adiar o pagamento
próprio, com time de futebol e
fria para quem mora lá e todos
de suas dívidas. De modo que
excursões. Eles são mais ami-
são estranhos entre si. Ao pas-
é muito importante, na verdade,
gos do que funcionários. A es-
so que em cidades menores,
os relacionamentos pessoais.
sência da empresa.
os
colaboradores,
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A Feira do Móvel de Milão apresentou uma conexão entre tecnologia, design moderno e ideias simples que funcionam, além de renovar conceitos valorizados no passado
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Luciano Russotti
Novas priori dades
Fernanda Marques
Saverio Lombardi Vallauri
André Bomfim
55 anos
Saverio Lombardi Vallauri
Vitra Fair Stand Salone del Mobile 2010, Eduardo Perez
Tendências
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Luciano Pascali
Saverio Lombardi Vallauri
Saverio Lombardi Vallauri Saverio Lombardi Vallauri
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Arquitetura e design globalizados atendem as novas demandas sociais, culturais e compatibilizam diferentes estilos de vida
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Saveno Rombardi Vallauri
Saveno Rombardi Vallauri
Por Larissa Andrade
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Débora Aguiar
Tendências
Tecnologia, sustentabilidade, conforto, família e individualidade.
Percebe-se nas grandes metrópoles que começam a se criar novas centralidades urbanas: morar, trabalhar, consumir e ter lazer num mesmo lugar
criar novas centralidades urbanas: morar, trabalhar, consumir e ter lazer num mesmo lugar, ou perto uma coisa da outra. Isso é uma busca, é
Atributos presentes ou buscados nas residên-
uma ideia do bairro-dormitório, em que pegar o
cias por pessoas que passam cada vez menos
carro para trabalhar vai cair em desuso.”
tempo em casa e, exatamente por isso, espe-
Driblar o trânsito com o objetivo de passar
ram que a vivência seja extremamente praze-
mais tempo em casa tem mudado a maneira
rosa e proporcione momentos de descanso e
como as pessoas pensam a forma de morar.
descontração, sem abrir mão da conexão all
E a cidade vem lidando com esse desafio,
time com o mundo lá fora.
adotando novos padrões e formatos, em que
Mais do que nunca, engenheiros, arquitetos e
residências térreas passam a dar espaço a
designers estão atentos às mudanças no per-
edifícios para suprir o déficit habitacional e,
fil e na personalidade dos indivíduos para não
com isso, vão mudando a paisagem. “Vai ser
apenas satisfazer as suas necessidades, mas
cada vez mais difícil morar em casas nas me-
também surpreendê-los. Especialmente em
trópoles. O terreno urbano está muito valori-
grandes cidades, os moradores passam por
zado para conseguir colocar uma casa num
uma constante transformação que se reflete
centro, tanto que elas estão sendo demoli-
nas residências, conforme explica Gianfranco
das para dar lugar a edifícios. Para viver em
Vannucchi, do escritório Königsberger Vannuc-
casas, as pessoas terão de morar cada vez
chi Arquitetos Associados. “A gente percebe
mais longe, como em Alphaville”, exemplifi-
nas grandes metrópoles, e em uma cidade
ca Vannucchi. Assim como já acontece nos
maluca como São Paulo, que começam a se
Estados Unidos, onde as famílias costumam
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habitar os subúrbios, que oferecem mais espaço e
do Patrimônio) mostram que esse mercado está re-
qualidade de vida, e os centros financeiros abrigam
almente aquecido na capital paulista, onde o número
principalmente jovens profissionais, já que os empre-
total de lançamentos no primeiro quadrimestre do
endimentos são menores e de preço elevado.
ano foi de 18.789, o que representa um crescimento
de 198% em relação a 2006 e de 11% na compara-
Angelo Derenze, presidente da Casa Cor: lofts são um nicho de mercado, metragens mudam ao ritmo dos momentos da vida e sustentabilidade está na ordem do dia
Modernidade
ção com 2008. Os apartamentos de dois dormitórios
Marcos Casado, da Green Building Brasil, explica como a sustentabilidade já é assimilada em prédios comerciais e quais são as economias possíveis
são a maioria (54%), mas são os de apenas um dorA escolha pelo apartamento, no entanto, não significa
mitório que se destacam: o número de lançamentos
abrir mão de conforto ou bom gosto. “Eu posso mo-
entre 2006 e 2008 saltou 785%, passando de 172
rar num lugar pequeno, mas morar bem, com design,
para 1.489 unidades.
uma marca, um projeto forte. A classe média terá de
Devido ao interesse crescente por apartamentos me-
escolher entre um apartamento menor, mais próximo
nores – atraentes principalmente para a parcela soltei-
do centro, ou maior e um pouco mais longe. Hoje já
ra da população, que em São Paulo chega a 33%, se-
há lançamentos nos Jardins com um ou dois dormitó-
gundo levantamento do Instituto Ipsos/Marplan/EGM
rios, porque o metro quadrado está muito caro”, res-
–, são cada vez mais frequentes os lançamentos de
salta. Essa também é a opinião do presidente da Casa
edifícios com apartamentos de metragens diferentes,
Cor, Angelo Derenze. “Na Casa Cor, procuramos ilus-
que permitem receber desde os solteiros convictos
trar o mercado e temos, nesse ano, lofts como o do
até casais ou famílias maiores.
investidor imobiliário, e do jovem executivo, por ser
Para Angelo Derenze, o tamanho do apartamento
uma tendência das pessoas nas grandes metrópoles,
costuma mudar de acordo com os momentos da
um novo jeito de viver. Seja porque saíram da casa
vida. “As pessoas não querem ser iguais, elas que-
dos pais, seja porque acabaram descasando, o loft é
rem ter, no mesmo prédio, espaços diferentes e for-
um abrigo importante para quem mora sozinho, mas
matações diferentes. Essa tendência veio para ficar e
quando se recebe os amigos tem um espaço agradá-
quem apostar nisso vai sair ganhando”, diz. Segundo
vel. É e um nicho importante também.”
ele, a maneira de ver e usar a casa também mudou.
Dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos
“O conforto definitivamente está mais valorizado dentro
Lançamentos no primeiro quadrimestre do ano cresceram 198% em relação a 2006 e 11% na comparação com 2008 24
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An每每ncio Lindenberg 06.07.10 ter每每a-feira, 6 de julho de 2010 09:34:13
Tendências
Inconsciente coletivo Se conforto e praticidade tornaram-se palavras-chaves para o estilo de vida atual, a decoração tem papel
de casa porque as pesso-
fundamental nesse sentido e as feiras de decoração
as estão ficando mais em
mundiais, como o Salão Internacional do Móvel de
casa por prazer. Ao mesmo
Milão e a Casa Cor São Paulo, corroboram tais con-
tempo em que elas saem
ceitos. Para o diretor da JB2 Arquitetura Construída,
mais, elas ficam mais. E, quan-
André Bomfim, um dos destaques do salão italiano
do ficam, usam mais a casa do
foi a Eurocucina, uma programação paralela focada
que no passado, quando alguns
no ambiente. “Vi a cozinha-gourmet como espaço
Saveri
o Lom
bardi V allauri
espaços eram utilizados apenas
agregador, cada vez mais integrada. Antes era aque-
para receber visitas. Aí o item con-
la coisa de casa grande e senzala, mas hoje o uso
forto é bastante levado em conside-
da cozinha é familiar”, conta.
ração porque quando você usa é que
Bomfim diz que os pavilhões mais contemporâne-
você valoriza. Além de bonito, o sofá
os apresentaram produtos que unem os benefícios
deve ser confortável; o banheiro deve
proporcionados pela tecnologia a ideias simples que
ser agradável porque é onde começa-
funcionam, como o caso da Chairless, da Vitra, defi-
mos o dia”, exemplifica Derenze.
nida pela própria marca como o assento do nômade moderno. “É um cinto que se coloca em volta das
Formatos
pernas e foi desenvolvido com uma tribo do Paraguai,
Vannucchi diz que a tendência de diferentes metragens num mesmo edifício deve se solidificar. “Já existe em um mesmo edifício de apartamentos com 50 m2 e outro com 150 m2. Isso já está acontecendo e com o tempo a expectativa é de que tenham até diferenças maiores de área.” Além disso, o arquiteto aponta que devem surgir mais empreendimentos que reúnem residência, lazer, trabalho e comércio num único lugar. “A gente viu isso acontecer em Nova York há 30 anos, no TrumpTower, onde foi construído um shopping no pavimento térreo. No Brasil, a gente já sente essa possibilidade de junções, principalmente em edifícios comerciais, onde tem conjunto comercial de 40 até 570 m2 e você pode ir somando”, explica.
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é como uma posição de ioga, você pode se sen-
Atemporais
tar bem confortável, comer, usar o laptop”, explica
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Bomfim. Ele diz, ainda, que o impacto do intercâmbio
Se não lança tantas tendências quanto a moda, a deco-
cultural pôde ser percebido, de maneira positiva, em
ração, todavia, tem em comum com a indústria têxtil a
Milão. “O design é aquela coisa bem italiana, mas
capacidade de inovar e se renovar, com base em tudo o
hoje você tem uma casa aqui e uma na Itália e não
que era usado há décadas. Nesse aspecto, o continen-
sabe onde está, porque houve uma globalização do
te europeu é vanguardista, já que história e modernismo
desenho. Na feira, você vê os irmãos Campana, es-
andam de mãos dadas na arquitetura e no design e,
panhola Patricia Urquiola, designers japoneses. Mas
para provar isso, foi promovido o evento Hóspede Ines-
ainda que tenha globalização, estão evocando coisas
perado, em quatro Palazzos de Milão, cada um com um
de raízes, como é o caso da própria Chairless, que
estilo, como medieval, neoclássico, etc. “Você entrava
veio do Paraguai”. Bomfim cita também o estande
e era um jogo de sete erros. Eles decoravam a sala e
dos irmãos Campana, feito em fibra e que faz men-
colocavam nela um objeto moderno e você tinha de
ção aos “caras que dançam maracatu, e isso remete
identificar qual era. Depois, você podia consultar o mapa
ao lugar onde você nasceu”; e tapetes com impres-
que mostrava onde essa peça estava. Então, tem essa
sões tradicionais das peças persas.
atemporalidade: o que é bom vai ficar.”
Para o arquiteto Vannucchi, foi notável a volta do
Vannucchi diz que não deve haver preocupação quando
preto e os trabalhos customizados. “É um design
se vive num apartamento cuja arquitetura é neoclássica
que tem sempre um detalhe, um bordado ou um
e a decoração, mais contemporânea. “Independente-
couro manchado que traz algo diferente entre uma
mente do que está fora do edifício, as decorações tran-
peça e outra.”
sadas mesmo misturam uma série de coisas. Não se
Ambiente da arquiteta Débora Aguiar na Casa Cor traz sustentabilidade no piso de madeira de reaproveitamento e reforça a proposta de maior integração no espaço gourmet (à esquerda). Já Patrícia Anastassiadis apresentou o spa de luxo da Deca com um toque retrô
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Tendências
deve seguir o mesmo estilo da fachada. A partir do
espaços, dessa vez com um conceito in e out,
momento em que você abre a porta do seu apar-
em ambientes que se sobrepõem uns aos outros.
tamento, é seu campo, sua vida. É uma tendência
“Procurei atender a duas premissas e ser coeren-
misturar coisas da sua avó com objetos dos irmãos
te com a própria ideia da sustentabilidade, uma
Campana, que são supermodernos”, brinca.
vez que uma construção menor implica utilizar menos recursos e consumo de energia”, explica.
Ecológico
Sua preocupação já toma os profissionais, dada a proximidade do tema à vida e ao cotidiano das
A sustentabilidade já é uma realidade nas feiras
pessoas. Angelo Derenze abriu o evento esse ano,
de móveis e decoração – e também nas novas
comentando um possível adiamento da mostra em
construções, sejam elas residenciais, sejam co-
função do vulcão na Europa, que parou o mundo.
merciais. Na Casa Cor 2010, o Prêmio de Sus-
“Estávamos presos lá e não podíamos voltar. A na-
tentabilidade foi concedido à arquiteta Fernanda
tureza nos pregou uma peça, esse ano”, ressalta.
Marques, que apresentou um ambiente com
Daí o fato de a sustentabilidade deixar de ser um
revestimento e mobiliário totalmente em madei-
conceito idealizado para ser posta em prática.
ra reciclada, e iluminação à base de LEDs. Além
Para Derenze, “os produtos sustentáveis já estão
disso, Fernanda também aderiu aos pequenos
com diferenciação de design e as pessoas não
Na vanguarda
Divulgação
Por Rosilene Fontes
A concepção das plantas da Construtora Adolpho Lindenberg sempre foi atual, levando em conta o conforto, o convívio social e íntimo, privilegiando o contato entre as pessoas. Nos anos 70 e 80, época em que não havia tanta preocupação com segurança e as pessoas tinham mais tempo para o convívio familiar, a Lindenberg já oferecia salas amplas, divididas por grandes portas, em plantas clássicas: no centro, uma sala com dois ambientes e, de ambos os lados, uma porta de correr que dava para a sala de jantar. Do outro lado, mais uma porta de correr levava à biblioteca com lareira. Nessa época, a sala de jantar só era aberta na hora da refeição, sempre servida à francesa, em festas elegantes. Havia, na entrada, uma chapeleira e um espaçoso lavabo e, ainda, ambientes para louças, entre as salas de jantar e de almoço. E isto era o que havia de mais refinado no estilo de vida das pessoas que privilegiavam receber bem e dispunham de tempo para o convívio familiar. Para elas, era importante ter um carro confortável para levar todos nos passeios ou contar com um motorista particular.
Por essa visão clássica da Lindenberg, não no sentido antigo, mas no de conforto e da moradia como lugar de convívio humano, é possível transformar um imóvel de outra década em outro mais moderno, seguindo as tendências atuais. Basta retirar as portas da sala de jantar e da biblioteca e criar um único ambiente. Pois hoje, no lugar da biblioteca, está o home theater, o home office. E como sempre houve preocupação com a iluminação, a abertura de grandes janelas e portabalcão integram o exterior aos ambientes. Nunca a CAL seguiu modismo com plantas chanfradas, mas sempre seguiu tendências, correspondendo às expectativas do morador, mantendo a elegância e o conforto. Fizemos o primeiro apartamento com sala duplex, nos anos 80. Construímos o primeiro flat de São Paulo. O Cal Center, precursor dos shoppings centers, foi construído em 1975 na Avenida Faria Lima – o primeiro shopping center só surgiu em 1979. Acompanhar o modo de vida urbano, suas
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André Bomfim
têm dúvida de que precisam colocar isso em pauta, na vida. As pessoas estão se adequando a isso e daqui a algum tempo não será um diferencial, será uma commodity”, explica. Na feira de Milão, o tema foi discutido exaustivamente, tanto pelo que foi apresentado quanto pelo vulcão. Em relação aos produtos, Bomfim conta que os destaques ficaram por conta dos estandes de iluminação, já que as pessoas passam mais tempo em casa, à noite. Então, houve um foco no uso adequado da energia. Esse, aliás, é um dos pilares da sustentabilidade em empreendimentos, conforme explica o gerente técnico da Green Building Brasil, Marcos Casado. “Esse conceito da sustentabilidade baseia-se em cinco grandes critérios: site, ou seja, o entorno, onde esse edifício será construído; impactos do canteiro no trânsito;
mudanças, em uma cidade cosmopolita, sem esquecer o ser humano que o habita, é o principal. Aqui não copiamos plantas do mercado, cada casa é um caso, cada planta nasce de um estudo apurado do terreno e do local onde está inserido. Por isso, as plantas são tão diferentes umas das outras. Podemos ter uma sala que, ao invés de se voltar para a rua, inclina-se para uma vista dos jardins, como o edifício Melo Alves. Na planta do Joaquim Macedo, a sala é aberta em arco para que quase todo o ambiente tenha uma boa insolação (leia-se brilho do sol) e uma vista magnífica. No edifício Le Grand Art, na Rua Caconde, a fachada principal está voltada para os fundos do terreno de onde se tem um bonito panorama de São Paulo. E a fachada para a rua também reflete a preocupação com a estética, com suas janelas em ângulo de 90 graus. Não importa mais o tamanho do apartamento, e sim o que ele oferece de conforto, qualidade e praticidade. Nos anos 90, a CAL foi a primeira a adotar a personalização, quando sentiu a mudança do perfil do comprador – o solteiro, o yuppie, a mulher
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independente –, e as mudanças de estilo de vida. A cozinha, que antes era dedicada exclusivamente ao preparo de refeições, hoje está integrada ao ambiente social. Os terraços tornaram-se local de lazer e contemplação. Assim, são integrados às salas através de amplas portas de vidro. Terraços gourmets com churrasqueira, pia e cooktop, próximos à área social e até mesmo à cozinha, além da lareira e sala de estar. Nas garagens, a previsão do maior número de carros e a oferta de tamanhos confortáveis, já que hoje cada membro da família tem seu carro. E cada um tem a sua vida, mesmos aqueles de sobrenomes tradicionais. E atender tais demandas sempre foi um compromisso da Construtora Adolpho Lindenberg, que se antecipa às tendências de arquitetura e comportamento.
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Tendências
o uso racional da água; eficiência energética; qualidade am-
mostram que mais de 85% dos moradores já se preocupam
biental interna, o que significa o uso de materiais que não
com a questão ambiental, sabem que isso vai afetar seu dia a
tenham composto volátil, tudo o que faz mal à saúde das
dia, mas isso ainda é pouco, pois apenas 9% fizeram alguma
pessoas; e materiais e tecnologias usadas na certificação.”
coisa pra mudar. Em outro levantamento de uma construtora
Em operação no Brasil desde 2007, a Green Building pro-
de prédios residenciais, mais de 30% já começaram a per-
move a construção sustentável e, para isso, desenvolve di-
guntar quais são as preocupações ambientais na obra.”
versas ações, como um programa educacional que busca
Preocupação gradual e natural, afinal, é no lar que as pessoas
qualificar os profissionais do setor. De acordo com Casado,
tornam possíveis certas manifestações humanas. E, se eco-
a maioria dos edifícios verdes atualmente é comercial. “O
logia, sustentabilidade e o futuro entram na esfera dos pensa-
público comercial entende que paga um pouco mais, mas
mentos individuais e coletivos, o lar é o primeiro a refleti-los.
depois há uma economia.” E os valores são significativos:
Uma seara rica para a antropologia que reconhece a interfa-
o custo da obra pode ser de 1 a 7% mais alto se seguir
ce com a arquitetura em teses essenciais, como as de Lévi-
os parâmetros de certificação, mas os custos operacionais
Strauss, Pierre Verger, e das contemporâneas Fraya Frehse
diminuem de 8 a 9%. No consumo de água, pode chegar a
e Eunice Durham, que ao lado de Ruth Cardoso analisaram
50%, no de energia, a 35%.
as estruturas do morar e do bem viver nos últimos cem anos.
Em residências, Casado afirma que as pessoas estão cada
Prova de que o assunto só evolui e, como tendência, aponta
vez mais conscientes em relação ao assunto. “As pesquisas
para o futuro, já que está longe de conceitos superficiais.
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Filosofia 55 anos
Uma das passagens
da sua própria história. A vivência do tempo já não
mais conhecidas das antologias literárias é aque-
é mais a simples experiência da passagem passiva
la em que o protagonista de Em busca do tempo
e cronológica dos instantes, mas, ao contrário, um
perdido, de Marcel Proust (1871-1922), recorda-se
ato da própria constituição individual. Sob o regime
com surpreendente clareza, a partir da ingestão de
de duração, cada instante abarca toda a história in-
um pedaço de madeleine amolecido em um xíca-
dividual, resgatando, assim, todo o nosso “tempo
ra de chá, de inúmeras memórias esquecidas de
esquecido”.
sua infância. Como bem coloca o protagonista: “De
Quando pensamos no tempo, a primeira ideia que
onde poderia ter vindo essa alegria poderosa? [...]
nos vem à mente são as datas que marcaram os mo-
Que significaria? Onde apreendê-la? [...] É claro que
mentos mais significativos da nossa existência. Sem
a verdade que busco não está nela (bebida), mas
perceber, estamos fragmentando o tempo a partir de
Concepções do Tempo Andrew Ritchie é especialista em finanças pelo IBMEC e graduado em filosofia pela FFLCH – USP
... o conceito de “duração”, que pode ser resumidamente entendido como a sucessão dos vários estados de consciência
em mim”. Os questionamentos do personagem es-
um referencial próprio. Isso fica muito claro quando
tão relacionados à questão da passagem do tempo
pensamos na nossa história passada: elegemos al-
e da possibilidade de acesso a uma memória “invo-
guns marcos para serem lembrados – e até mesmo
luntária” que pudesse recuperar o nosso “tempo per-
louvados –, mas nos esquecemos da maior parte da
dido” – as lembranças mais remotas que constituem
nossa existência. Sem perceber, recortamos a nossa
a nossa própria “história esquecida”. Mas como en-
própria vida de forma parcial e segundo algum critério
tender todo esse complicado processo? Uma das
de conveniência. É claro que os marcos são impor-
teorias mais interessantes a esse respeito foi formu-
tantes, mas o que não podemos é transformar uma
lada pelo filósofo francês Henri Bergson (1859-1941)
existência apenas numa coleção deles. E quando
– aliás, o próprio Proust foi bastante influenciado por
imaginamos o nosso futuro – “como estarei daqui a
suas ideias –, e tem como elemento central o con-
tantos anos”? –, será que não tendemos a cair num
ceito de “duração”, que pode ser resumidamente
processo semelhante, escolhendo novas datas, ob-
entendido como a sucessão dos vários estados de
jetivos, promessas e até mesmo valores alheios, mas
consciência de um indivíduo que se interpenetram
nos esquecendo da integralidade do nosso próprio
através da ação da memória – a maneira pela qual
ser? Por que não dar um “mergulho em nós mes-
o espírito apreende de forma imediata a “passagem
mos” – na nossa própria “duração”– para descobrir
do tempo”. Dessa maneira, os estados de consciên-
quem realmente somos e o que de fato nos importa
cia são incorporados uns aos outros, e isso implica
e, partindo desse “novo” referencial, vislumbrar um
não só a sua preservação, mas também a elimina-
futuro pleno em nós mesmos? Lembremo-nos do
ção de qualquer intervalo entre passado, presente e
significado da resposta do personagem de Proust,
futuro – o “tempo real” como um fluxo contínuo, sem
ou seja, que a verdade que ele buscava não estava
unidades separadas. A duração é um mecanismo
em lugar nenhum, mas nele mesmo. É esse o teor
que tudo conserva, que se atualiza continuamente e
da resposta que também dou a mim mesmo quando
que possibilita o engajamento do indivíduo na criação
me questiono sobre a existência futura.
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Linha Satyrium
Capa 55 anos
de Hist贸ria Mat茅ria de Capa LL55 anos_b.indd 34
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Uma retrospectiva da trajetória de 55 anos da construtora Adolpho Lindenberg, da história do Brasil nesse período e uma análise do futuro econômico, arquitetônico e imobiliário de São Paulo
Por Perla Rossetti fotos reprodução
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O engenheiro e arquiteto Dr. Adolpho Lindenberg dá início à construção de casas e recuperação de fazendas: um legado de décadas
1954, quinta edição
Reprodução revista Banas, 1971, foto de Ulrich Svitek
1954
A Miss Brasil Martha Rocha e Carmem Miranda, ícones da década de 50 em fotos de Jean Manzon, arquivo Fotógrafos Associados (FASS); ao lado, o presidente Juscelino Kubitschek que estimulou a indústria automotiva nacional Reproduções de arquivo Anfavea
1950
Capa
pequeno escritório de engenharia de
que mais influenciaram a evolução da ar-
da Copa do Mundo
2,5m x 5m no centro de São Paulo para
quitetura no país está o do Dr. Adolpho
transformá-lo, depois, numa das mais
Lindenberg. Ele dominou os empreen-
de Futebol, na Suíça. Nos Estados Uni-
celebradas construtoras do país”, como
dimentos neoclássicos de alto padrão e
dos, Audrey Hepburn filma a comédia
relatou reportagem da revista Veja, em 9
foi seguido por muita gente. Se não foi
romântica Sabrina, antes do estrondoso
de março de 1983, durante lançamento
o pioneiro, foi o que mais o divulgou em
sucesso de Breakfast at Tiffany. No Brasil,
do edifício residencial Campos Elíseos,
São Paulo e seu nome era sinônimo de
Manuel Bandeira publica Itinerário de Pa-
o mais luxuoso, até então.
qualidade”, afirma o coordenador do curso de Negócios Imobiliários da Faculdade
sárgada e De Poetas e de Poesia; Getúlio Vargas suicida-se e Martha Rocha é eleita
Expansão
Armando Álvares Penteado (FAAP), Prof. Eduardo Coelho Pinto de Almeida.
Miss Brasil. Em São Paulo, o engenheiro e arquiteto Adolpho Lindenberg constroi
Enquanto o jornalista Assis Chateaubriand
O tempo corria e as tendências concreti-
casas em estilo colonial que dariam início
criava o concurso Miss Brasil e o piloto
zavam-se ao longo dos anos 50. Ao final
a uma construtora cujas obras neoclássi-
Chico Landi consagrava-se favorito nas
da década, surgia o bairro de Higienópo-
cas expandiram-se por quilômetros além-
corridas pelo país com sua Ferrari 166,
lis, onde a Lindenberg construiria muitos
mar e, 55 anos depois, seria responsável
em 1954 o Dr. Adolpho Lindenberg par-
de seus prédios.
por executar mais de 500 projetos para
tia das casas coloniais à recuperação de
O Brasil expandia-se ao ritmo do jargão
mais de cinco mil clientes em todo o Bra-
fazendas no interior paulista e, depois, à
“50 anos em 5” do presidente Juscelino
sil, sobretudo nos melhores bairros da
sociedade de um escritório de engenharia
Kubitschek, e passou de país rural a ur-
cidade de São Paulo.
que, mais tarde, seria consagrado como
bano, já que antes mais de dois terços
Por isso, a história da metrópole paulista
a primeira construtora do Brasil a implantar
da população brasileira vivia no campo.
nesse período e o contexto socioeco-
o conceito de personalização de plantas
A indústria automobilística instalou-se no
nômico do Brasil foram o cenário em
e acabamentos, postos em prática bem
país e o desenvolvimento industrial se
que o Dr. Adolpho Lindenberg atuou
antes, nas simpáticas primeiras casas
dava através dos recursos energéticos
desde que “... recém-formado, abriu um
com a sua assinatura. “Entre os nomes
e naturais, com a criação do Banco Na-
36
Matéria de Capa LL55 anos_b.indd 36
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Fotos: Arquivo CAL
37 Importância
cional de Desenvolvimento Econômico
Em termos arquitetônicos, ele – que
(BNDE), da Companhia Siderúrgica Na-
teve quatro obras recentemente sele-
cional (CSN) e do sistema Eletrobras.
cionadas para integrar o acervo per-
O crescimento econômico e a trans-
Nesse contexto, São Paulo também
manente do Museu Nacional de Arte
formação do espaço via expansão da
crescia exponencialmente e perpetua-
Moderna, no Centro Georges Pom-
construção civil e arquitetônica, a partir
va sua herança econômica, social e ar-
pidou, em Paris – aponta os grandes
da década de 50, estão intimamente re-
quitetônica para as próximas gerações
marcos da segunda metade do século
lacionados, na visão do professor afilia-
com criações de caráter prospectivo
passado. “Obras que já apresentavam
do do Department of Land Economy da
que revelavam as emergências daque-
a escala da arquitetura corresponden-
Universidade de Cambridge e do De-
le momento, como analisa o arquiteto,
te da metrópole e da transformação
partamento de Economia da USP, Dani-
urbanista e ex-professor das faculda-
urbana visando uma nova visão espa-
lo Igliori. “É um processo de duas mãos
des de arquitetura da USP e Macken-
cial. Sob o risco de esquecer alguns
que se retroalimenta. Por um lado, o
zie, Decio Tozzi.
exemplos, eu citaria o Conjunto Na-
crescimento da cidade gera demandas
A segunda metade do século XX corres-
cional, em que a cidade penetra em
para novas construções e arquiteturas
ponde à evolução da província de São
seu interior e estabelece uma relação
específicas. Por outro, a existência de
Paulo à metrópole contemporânea e seu
biunívoca de arquitetura e avança com
uma capacidade imobiliária adequada
aspecto singular de desenvolvimento,
uma solução para todo o eixo da Ave-
contribui para o bom funcionamento de
comum a poucas áreas no mundo. “O
nida Paulista porque tem espaços in-
atividades econômicas e para a acomo-
fenômeno da superurbanização, com
termediários entre as escalas gregária
dação de residentes.”
95% da população urbanizada, carac-
e intimista, de uso individual. Outro
Na década de 60, a nação assiste à
terístico dos países da América Latina,
marco com as mesmas condições
inauguração de Brasília, a nova capital
ocorreu nesse período, sob um quadro
é o Copan, de Oscar Niemeyer, em
da República, sonho do Presidente Jus-
de fortes desequilíbrios regionais, entre
belo conjunto com o edifício Itália, do
celino Kubitschek, com grande parte dos
cidade e campo e no interior das áreas
arquiteto Franz Heep, com as várias
principais edifícios projetados pelo arqui-
urbanas”, afirma Tozzi.
escalas de funções.”
teto Oscar Niemeyer, pioneiro na explo-
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São Paulo moderna: Conjunto Nacional, de David Libeskind, e o Copan, de Oscar Niemeyer, são obras arquitetônicas de escala urbana e nova visão espacial
Arquivo Novo Meio
1960
1956 e 57
Capa
Arquivo Novo Meio
Primeiros prédios da CAL no bairro de Higienópolis. Brasília, de Kubitschek, é inagurada, em projeto primoroso de Oscar Niemyer e Lúcio Costa.
Reproduções de arquivo Anfavea
Reprodução do livro Oscar Niemeyer 360°, de Luiz Claudio Lacerda e Rogério Randolph
ração das possibilidades construtivas e
mundo na Copa de 1962, ganhando
programas musicais ganhavam vida e
plásticas do concreto armado.
da então pequena Argentina. O mun-
se tornavam marcos da música e da TV
Ele já havia projetado em São Paulo o
do assistia aos jovens hippies do fes-
brasileira. O Fino da Bossa destacava
edifício Copan, no centro velho da cida-
tival de música Woodstock, nos Esta-
cantores e compositores da recente
de. Inspirado no Rockefeller Center, de
dos Unidos e, mais tarde, à Tropicália,
Bossa Nova, enquanto o Jovem Guar-
Nova York, a obra, cujo desenho sinuoso
que propunha a mistura da cultura
da satisfazia o público mais jovem, que
e o caráter moderno a tornariam um dos
brasileira a elementos estrangeiros,
apreciava o rock e os ídolos de então.
símbolos da metrópole paulista, é a maior
criticando a ditadura. Enquanto isso,
Em 1967, o cantor Cauby Peixoto, um
estrutura de concreto armado do Brasil e
na maioria dos lares, a introdução do
dos primeiros a gravar rock no Brasil,
o maior edifício residencial da América
videoteipe tornava as telenovelas di-
ainda nos anos 50, curva-se à Jovem
Latina, com 115 metros de altura e 35
árias, em 1963, contribuindo com o
Guarda na canção O Caderninho num
andares (incluindo três comerciais).
registro das transformações tecnoló-
compacto da Philips. No mesmo ano,
Ali perto, no bairro de Higienópolis, o
gicas, políticas, sociais e culturais que
é promulgada nova Constituição, de-
construtor Adolpho Lindenberg tam-
marcavam a história.
pois modificada por Atos Institucionais
bém erguia seu legado e estrearia seus
E São Paulo festejava a recepção, pela
e que, inclusive, modificou a denomi-
empreendimentos em estilo neoclássi-
segunda vez, dos Jogos Pan-Ameri-
nação da República para República
co em edifício na Rua Piauí, revivendo
canos, enquanto nos rincões do país
Federativa do Brasil.
os conceitos estéticos da Antiguidade
a Reforma Agrária tornava-se tema de
O clima nacional se acirra – com o térmi-
Clássica. O coração dos Jardins, bairro
debate político.
no do governo de Juscelino Kubitschek,
que anos antes recebia as casas da Cia
No cenário cultural, a TV levava aos
os problemas econômicos agravaram-
City, agora ganhava da Lindenberg seus
lares brasileiros, dois anos mais tarde,
se, com inflação de 25% ao ano. No
primeiros prédios, na tranquila e arbori-
em 1965, Elis Regina cantando Arras-
ano seguinte, ocorrem os acontecimen-
zada Rua Cristovão Diniz.
tão, de Edu Lobo e Vinicius de Moraes,
tos fatídicos de 1968: a revolução estu-
Tempos de alegria, já 1962, quando
no primeiro Festival de Música Popular
dantil na França e o A.I. 5 no Brasil.
o Brasil consagrava-se bicampeão do
Brasileira exibido pela TV Excelsior. Os
Mas nem só de tristezas vive a história.
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1970
Edifício projetado por Lina Bo Bardi, o MASP é um dos marcos da cidade
Elis Regina no auge na carreira lança disco com Miele; Pelé é o astro e o Brasil ganha a Copa do Mundo. A construtora do Dr. Lindenberg administra até 70 obras ao mesmo tempo
Reprodução revista Banas, 1971, foto de Ulrich Svitek
Reprodução vídeo Águas de Março
The Brands’ Company/Divulg.
Divulgação
1968
Capa
O ano também marca a criação da maior
Copa do Mundo de 1970, e ganha o
estilo mediterrâneo e 850 m2 de área útil
emissora de televisão do país, a Rede
direito de manter a taça Jules Rimet no
– residência de empresários como José
Globo, e a inauguração do Museu de
país, posteriormente roubada e derreti-
Safra e José Ermírio de Moraes. O edifício
Arte Moderna de São Paulo (MASP). Os
da pelos ladrões.
D. Luiz de Orleans e Bragança marcou a
prédios da construtora Lindenberg estão
Mas no campo da construtora Adolpho
criatividade do Dr. Adolpho Lindenberg,
entre os melhores da cidade, lembrados
Lindenberg as partidas continuavam a
que construiu piscinas individuais alternan-
até mesmo em reportagem do jornalista
todo o vapor, sempre se mantendo fiel à
do o lado, andar por andar. A construtora
Cesar Giobbi, 20 anos mais tarde: “...
filosofia de qualidade e estilo, aliada às ne-
também foi a primeira a trazer o conceito
não há nada mais chic na cidade do que
cessidades da vida moderna e, com isso,
de flats para São Paulo, na Alameda Jaú.
se mudar para um recém-inaugurado
conquistando cada vez mais seguidores.
Versatilidade que pauta seus edifícios
edifício neoclássico de Adolpho Linden-
“É tempo de construir”, dizia uma chama-
comerciais em Brasília – já que a grife
berg ou encomendar ao próprio uma
da na capa da revista Banas, para o se-
construiu o primeiro prédio da iniciativa
casa neocolonial no Morumbi”.
tor industrial e financeiro, em 28 de junho
privada no Distrito Federal. A construto-
No campo das artes, é criada a Embra-
de 1971, com o retrato do Dr. Adolpho
ra atua também no Chile e no Paraguai
filme, organismo estatal que financia,
Lindenberg. Consolidada, a construtora
– e foi a primeira incorporadora a cons-
coproduz e distribui filmes, dando con-
avançava por São Paulo, então tomada
truir um prédio de apartamentos. Hou-
dições para que a produção nacional
por grandes construções e pelas inova-
ve, ainda, projetos na Costa do Marfim
se multiplique e o país chegue ao auge
ções dos prédios comerciais nas aveni-
e na Nigéria. Participa de concorrência
do cinema comercial nos anos 80, pro-
das Paulista e Brigadeiro Faria Lima.
e executa casas populares do BNH e
duzindo até 100 filmes em um ano.
O período é tão profícuo que, em alguns
obras para a Petroquímica União, Ban-
momentos, a construtora Lindenberg ad-
co Mercantil de São Paulo, Finasa e Cia.
ministrava mais de 70 obras ao mesmo
de Cimento Portland Itaú.
tempo e mantinha cinco mil operários,
Enquanto os torcedores de futebol aco-
Nesse contexto de grandes expecta-
com um lançamento por semana. Entre os
tovelavam-se para ver o milésimo gol do
tivas, o Brasil sagra-se campeão da
importantes estavam o Golden Gate, de
rei Pelé, menino pobre que se consa-
Viradas
40
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1980
No Brasil com o 12° parque industrial do mundo e mesmo sob forte inflação, a Lindenberg continuava a crescer. Os apartamentos da grife estão entre os mais valorizados do país
41
Linha de produção Arakatu, divulgação Bosch
Fotos: Arquivo CAL
grou com a camisa do Santos, aquela
tolerável pelo sistema bancário inter-
presário paulista Dilson Funaro assume
geração de brasileiros era a primeira a al-
nacional. Este cenário forçou o Brasil
o ministério da Fazenda e apresenta o
cançar uma escolaridade média de oito
a recorrer ao Fundo Monetário Interna-
Plano Cruzado que, entre outros pontos,
anos, de acordo com o Instituto de Pes-
cional (FMI) para pagar a dívida externa,
previa o congelamento de todos os pre-
quisa Econômica Aplicada (Ipea).
que já chegava a US$ 100 bilhões.
ços por um ano; a substituição do cru-
O país já possuía a oitava indústria auto-
E, mesmo em 1983, quando a inflação
zeiro pelo cruzado, valendo um por mil;
mobilística, era o oitavo PIB e o 12º par-
prevista para 78% saltou para 211%, e
o congelamento dos salários; a extinção
que industrial do mundo – como aponta o
o PIB caiu 3,5%, a construtora sobrevi-
da correção monetária e a introdução do
professor de economia da Universidade
via, forte, enfrentando a concorrência e
Índice de Preços ao Consumidor. Em um
São Judas, Geraldo José Soromenho no
a crise imobiliária.
mês, os preços caíram de uma inflação
livro Panorama da Economia Brasileira.
No ano seguinte começaram os comí-
de 14% para deflação de 1,48%.
Na construtora do Dr. Adolpho Linden-
cios em todo o país, exigindo eleições
Em 1987, com o aumento de capital
berg, os profissionais recuperaram os
“diretas já”. Em São Paulo, no mês de
da construtora com ações na Bolsa
resquícios dos alicerces da igreja do
abril, um milhão de pessoas gritava pelo
de Valores, muitas obras importantes
Pátio do Colégio. Baseada em vasta
direito de votar. Mas ainda não seria
no país são assumidas. Nessa época,
documentação fotográfica, a obra é re-
desta vez. Tancredo Neves é o candi-
valorizava-se a disponibilidade de ga-
construída exatamente como os jesuí-
dato escolhido para a democracia. Elei-
ragem nos prédios, e a Adolpho Lin-
tas a fizeram, em 1553.
to indiretamente em 15 de janeiro de
denberg rapidamente assimilou o novo
Sustentada por excelente desempe-
1985, morre em 21 de abril, sem tomar
interesse às suas construções.
nho, a construtora tem fôlego para
posse. Consternação geral na nação,
Em 1988, os negócios iam tão bem que,
esses e outros projetos, ao mesmo
que tem de se contentar com um novo
ao jornal O Estado de S. Paulo, o Dr. Lin-
tempo em que inúmeras empresas su-
presidente, José Sarney.
denberg declara, em reportagem publica-
cumbem aos problemas de um país em
A política econômica do país continua
da em 20 de julho: “A crise fez com que
que a dívida externa crescia, chegando
mal e a inflação derruba ministros com
trocassem os 1.500 metros quadrados
a 20%, o dobro do limite considerado
o recorde histórico de 255,16%. O em-
da mansão pelos 800 do apartamento,
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1997
A exemplo de outras grandes companhias, sujeitas à emergência do setor financeiro ao longo da década, competência empresarial é o diferencial da construtora para lidar com o Plano Collor e suas consequências no mercado da construção civil
Moeda estável, globalização e expansão territorial da indústria constituem o novo paradigma nacional. Contexto favorável para a sucessão familiar na CAL, quando Adolpho Lindenberg Filho assume a diretoria administrativa Fiat/ Divulgação
Arquivo CAL
1990
Capa
Divulgação FIAT
Arquivo CAL
que hoje custa ao redor de um milhão de
milhares de jovens, “os caras-pintadas”,
rodovias, bancos e o sistema de telefo-
dólares”. Isso porque os apartamentos
sairiam às ruas em protesto para pedir
nia do país. Como resultado da priva-
da grife já estavam entre os mais valori-
a cassação do presidente, acusado de
tização das telecomunicações, o país
zados do país e muita gente lançava-se
montar um forte esquema de corrupção,
vive o boom da informática e da telefo-
no mercado imobiliário, beneficiando-se
junto com o tesoureiro Paulo César Farias.
nia celular.
da conjugação inflação alta e correção
A mobilização da sociedade resultou na
Acompanhando o trabalho do pai des-
monetária baixa, que tornava os imóveis
renúncia de Collor.
de a infância, Adolpho Filho assume a
um investimento atraente.
Nesse meio tempo, foi com a compe-
direção administrativa do negócio, na
tência empresarial de sempre e o olhar
mesma década, em 1997, num dos
atento às tendências de comporta-
melhores exemplos de sucessão fami-
mento da sociedade que a construtora
liar do empresariado brasileiro. A famí-
A eleição direta para presidente final-
Adolpho Lindenberg enfrentou a situa-
lia Lindenberg passa a atuar também
mente viria em 1989, com a consa-
ção. Com o advento da globalização,
como incorporadora e muitos dos anti-
gração do fenômeno político Fernando
a economia, os negócios e os projetos
gos investidores voltam a aplicar capital
Collor de Mello. Nos planos econômico
arquitetônicos residenciais sofrem mu-
na empresa. No entanto, o modelo do
e político, o governo implanta o Plano
danças, mas a construtora mantém-se
negócio, de personalização ao gosto
Brasil Novo, que visava a liberação fiscal
na dianteira.
do cliente, permanece, já que é um dos
e financeira, com o intuito de estabilizar
O mercado imobiliário reflete o movi-
grandes ativos da companhia.
a inflação.
mento das pessoas que estavam sain-
Desde 2004 a empresa atua em estrei-
Como todas as empresas de longa tra-
do do centro expandido da cidade e
ta parceria com a Lindencorp, incorpo-
jetória, a construtora também toma um
mudando-se para áreas próximas aos
radora que empresta a todos os seus
susto com o confisco de capital pro-
rios Pinheiros e Tietê, de acordo com o
empreendimentos de alto padrão os
movido pelo Plano Collor, logo após a
Prof. Eduardo Coelho.
valores da grife Lindenberg. Frente à
posse do presidente. Seu governo seria
Fernando Henrique Cardoso, eleito pre-
realidade cada vez mais competitiva do
tumultuado e, antes do final do mandato,
sidente em 1995, privatiza as principais
mercado imobiliário nacional, a soma de
Desafios
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Qualidade até onde você não vê. Cada detalhe importa na hora de adquirir um imóvel. Por isso, ter em sua estrutura a excelente qualidade dos produtos da Gerdau é fundamental na sua decisão. Eles são certificados com selo ecológico e levam ao empreendimento a segurança, resistência e solidez de uma das marcas mais reconhecidas do mercado. Afinal, a Gerdau está sempre por dentro das melhores obras.
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Foto de Alberto Guimarães
Foto de Alberto Guimarães
A empresa atua em parceria com a incorporadora Lindencorp
Foto de Alberto Guimarães
2004
Capa
diferenciais, como solidez, lastro, capa-
A diversificação e complementarida-
se reciclar, continuando como centro
cidade de inovação, qualidade e um re-
de da atuação da empresa garantem
financeiro e produtivo da nação.”
conhecido padrão de excelência fazem
especial habilidade para o desenvolvi-
O início da transição para uma economia
desse encontro uma oportunidade de
mento de empreendimentos imobiliários
baseada em serviços, com algum declí-
diferenciação genuína.
combinados, que agregam de diferen-
nio das atividades industriais; o surgi-
Em abril de 2008, esta já muito bem
tes maneiras as atividades de cada área
mento de centros de emprego múltiplos,
sucedida parceria é, finalmente, formali-
de negócios da holding.
como a região da Faria Lima e Avenida
zada com a aquisição do controle acionário da construtora por parte da LDI,
Luís Carlos Berrini; e o crescimento po-
Influências
holding controladora da Lindencorp, en-
pulacional na periferia são destacados pelo Prof. Danilo Igliori como as princi-
tre outras empresas.
Para o coordenador da pós-graduação
pais evoluções econômicas e urbanas
Ancorada no histórico de sucesso de
em Economia Urbana e Gestão Públi-
da cidade nos últimos 50 anos.
cada uma das empresas que a com-
ca da PUC-SP, Prof. Dr. Ricardo Car-
Nesse sentido, a construção civil e ar-
põe, a LDI é hoje uma full service real
los Gaspar, São Paulo sempre esteve
quitetura refletem as determinações de
estate developer, capaz de atuar nos
na frente em termos econômicos e de
cada época e a economia condicionou
mais diversos segmentos do mercado
transformações do país. “Embora a ci-
as demais atividades, segundo o Prof.
imobiliário: construção de empreen-
dade tenha sofrido com a crise dos anos
Gaspar. “O mais característico e positi-
dimentos de alto padrão, através da
70 no mundo, e 80 no Brasil, levando
vo é que esse movimento não se dava
Adolpho Lindenberg; incorporações
muitos a prognosticar que entraria em
exclusivamente em empreendimentos
residenciais e comerciais de médio a
decadência, como Detroit, que perdeu
de alto padrão. O auge da construção
altíssimo padrão, por meio da Linden-
toda a sua polaridade, São Paulo con-
civil é historicamente disseminado pela
corp; incorporação de produtos aces-
centrou as mudanças, como a emer-
cidade e abrange faixas mais expressi-
síveis, pela marca Mais Casa; lotea-
gência do setor financeiro, a economia
vas da população.”
mentos, através da Cipasa; e centros
focada em serviços produtivos, informa-
Embora atualmente o centro da cidade
comerciais, por meio da REP.
cionais e assim por diante, e conseguiu
só desfrute de maneira residual da fase
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Fotos: Arquivo CAL
Foto de Alberto Guimarães
45 produtiva da construção civil, no início
revalorização implantados pelo governo,
dos anos 2000 atraiu a administração
se não forem organizados, serão insufi-
pública. “O que é positivo, mas ainda é
cientes”, comenta o Prof. Gaspar.
pouco para recuperar a função de marco
Para o arquiteto e urbanista Tozzi, os in-
de referência em termos de patrimônio
vestimentos públicos e particulares não
histórico e de habitação, já que é dotada
acompanharam, com a visão desejada,
de infraestrutura urbana e isso levará a
o grau de desenvolvimento anômalo do
uma preocupação ordenada e produti-
tecido urbano, que apresenta sérios
va para toda a cidade. Os projetos de
problemas de infraestrutura e, especial-
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LDI adquire controle acionário da construtora, completando a atuação da grife em outros segmentos
Fotos: Alberto Guimarães
2008
Capa
mente, ambientais. “A sucessão de pla-
mercado suportou por ser a causa ou
ambiente, à política habitacional e gera-
nos diretores, propostos a cada gestão,
por culpa das altas de preço do petró-
ção de empregos criem oportunidades
sem a necessária continuidade, não foi
leo, entre outras razões, o Prof. Edu-
à população, que já não cresce tanto.
capaz de prever a situação atual.”
ardo Coelho mantém o otimismo. “A
Assim, a cidade que poderá ordenar
Ele acredita que está na hora de re-
multiplicidade arquitetônica da cidade
seu desenvolvimento urbano, com as
pensar os caminhos da cidade, en-
é uma excelente solução para gran-
regiões do estado estabelecendo pla-
focando a nova realidade. “O grande
des terrenos, que podem não absorver
nos diretores em comum, de transpor-
número, a superpopulação urbana
imóveis residenciais em determinados
te integrado e ocupação de solo que
propondo um novo modelo de urba-
momentos, mas comerciais.”
permita, com menos recursos, atingir
nismo mais condizente com a metró-
Já o Prof. Gaspar vê dois cenários
qualidade de vida à altura do grande
pole e seus aspectos de urbanização,
possíveis para os próximos 50 anos.
espaço urbano que é São Paulo”.
centralização, adensamento e vertica-
“O primeiro seria continuar com as
Uma Metrópole Global, esse é o fu-
lização adequados a uma sociedade
tendências, pois vemos ações econô-
turo que o Prof. Danilo Igliori vê para
pós-industrial e contemporânea. Ur-
micas e recuperação do tema urbano,
a cidade nas próximas décadas. “Te-
gente se faz a união das forças pro-
refutado e refletido de maneira até mais
mos ótimas chances para consolidar
dutivas, públicas e privadas, além da
efetiva, mas há fatores estruturais que
a trajetória de transição para uma eco-
participação da população no sentido
impedem as mudanças, e isso impacta
nomia baseada em serviços especia-
de reverter esse processo e propor
a deterioração de algumas áreas da ci-
lizados, atendendo demandas locais,
um novo urbanismo no redesenho da
dade, com abandono e ocupação pelo
regionais, nacionais e internacionais.
cidade, visando o século XXI.”
crime organizado, e assim por diante. E
Mas grandes desafios permanecem à
a sociedade poderá ter ações que não
nossa frente. Em particular os relacio-
contrabalanceiem esse problema.”
nados à sustentabilidade social e am-
Outra possibilidade, diz ele, “seria avan-
biental. É fundamental uma interação
Com a experiência de quem já passou
çar na identificação de oportunidades,
sistemática entre os setores público
por muitos booms imobiliários que o
fazendo com que a proteção ao meio
e privado na discussão de soluções
Futuro
46
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Arquivo CAL
47 que sejam robustas tecnicamente e
sucesso, e da chegada de novos e
levem em consideração o bem co-
competentes arquitetos, administra-
mum. Não existem dúvidas de que o
dores, mestre de obras e operários,
setor da construção civil tem e terá
que reforçam o seu time, está fadada
um papel importantíssimo nos desti-
a ser a melhor possível. Para o bem
nos de nossa cidade.”
da cidade de São Paulo, da economia
Perspectiva favorável que, se depen-
e da geração de empregos em todo o
der da Construtora Adolpho Linden-
país. Sem falar, é claro, do patrimônio
berg, de sua história de 55 anos de
arquitetônico brasileiro.
Vanguarda, personalidade e qualidade, marcas indiscutíveis dos empreendimentos da grife Adolpho Lindenberg. Hotéis, prédios, hospitais, indústrias, escolas e vilas fazem parte da paisagem de Higienópolis, em São Paulo; da Lagoa Negra, na Amazônia; da Asa Norte, em Brasília; e Santiago, no Chile. HOTEL CASA GRANDE – Um dos melhores hotéis de luxo do litoral paulista, o Casa Grande, na Praia da Enseada, Guarujá, teve arquitetura inspirada nas melhores lembranças do mar, com amplos terraços e redes sob coqueiros. HOTEL TROPICAL DE MANAUS – Cravado na floresta amazônica, na Praia da Ponta Negra, próximo ao rio Negro, o hotel tem aspecto de casa de fazenda e oásis, com minizoo, orquidário e piscina com ondas. CAMPOS ELYSEOS – O imponente edifício neoclássico de 1983, nos Jardins, surpreende pelas dimensões: são 3.400 m2 de área verde, mais
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de 1.000 m2 de cada um dos 25 apartamentos, e 100 metros de pista do Health Club. A marca registrada Lindenberg, que é a personalização da planta interna, é total nessa obra em que banheiros, copas e cozinhas foram modelados ao gosto de cada morador. PENTHOUSE – Uma escultura com 12 coberturas de 500 m2. Depois de complexos cálculos estruturais, o edifício no Morumbi ganhou as lajes-terraço em forma de leque, sem sobreposição, uma das grandes inovações da construtora. VILLA AMERICA – A Belle Époque nos Jardins, com direito a canteiros, pérgulas e cobertura de cristal da piscina aquecida. O preciosismo chega aos muros, com peças forjadas artesanalmente. Biblioteca com lareira, adega refrigerada e quatro suítes o transformam em monumento de luxo e requinte. ACL – O maior apartamento do Brasil expressa toda a excelência e exclusividade da grife Lindenberg.
Cae Oliveira / Divulgação Sotheby´s
Conheça alguns empreendimentos da Lindenberg
Localizado ao lado de uma das grandes reservas da Mata Atlântica, em São Paulo, o projeto neoclássico dispõe de 1.223 m2 em cada um dos 12 apartamentos. São seis suítes com closet, sauna e terraço particular de 230m2. GOLDEN GATE – Em estilo mediterrâneo romano, o prédio no Jardim Europa recebe em abundância a luz nas janelas, tem jardins individuais e um terreno de 4.000 m2.
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Depoimentos 55 anos
Viver LINDENBERG “Meu pai reuniu-se com amigos e chamou o Sr. Adolpho para construir o edifício Milton de Souza Meireles, o primeiro da Rua Cristóvão Diniz. Naquela época, a construtora firmava-se como dona de um estilo neoclássico, os profissionais eram verdadeiros artesãos e os prédios pareciam obras de arte.” Milton Meirelles, engenheiro civil e empresário.
“Quando você compra uma joia de um grande designer, ela continua sendo uma preciosidade com o passar do tempo. Assim acontece com os apartamentos Lindenberg.” Dayse Gasparian, assessora de eventos
“Comprei meu primeiro Lindenberg em 1988, no Jardim América, e foi uma agradável experiência. De lá para cá tive a sorte de adquirir sete imóveis da grife e foram ótimos investimentos.” Sérgio Augusto Rabello, humorista e produtor teatral
“Tenho uma satisfação imensa em morar num Lindenberg desde quando cheguei de Pernambuco, em 1976. É um apartamento excepcionalmente bem construído, sólido, num prédio de ótima localização, com uma vista linda dos Jardins. Por essas salas iluminadas ainda vejo passar grandes momentos de minha vida!” Chica Harley, presidente da Associação Américas Amigas, de combate ao câncer de mama
“Estou muito interessado em um apartamento da construtora, na Mooca. É uma construção que consegue unir perfeitamente beleza, conforto e modernidade.” Carlos Alberto Fernandes, administrador de empresas
“Ainda não sou um morador Lindenberg, mas a confiabilidade da marca, a seriedade no prazo de entrega e o acabamento bem feito me causaram uma ótima impressão.” Torquato Durazzo Filho, empresário
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Personna 55 anos
Arquiteto de
FAMĂ?LIA
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Charme e inspiração multicultural dão o tom de requinte e sofisticação no apartamento do construtor Adolpho Lindenberg. Por Perla Rossetti Fotos Mari Vaccaro
Um delicado biombo vietnamita da década de 60 encanta os visitantes na sala de jantar por sua riqueza de detalhes, talhados em cascas de ovo e nunca retocados. Logo na entrada, na parede, três bustos de Buda esculpidos em pedra e trazidos da China resistem ao tempo, destacados delicadamente por um foco de luz. Entre o living e a sala de jantar, uma escrivaninha austríaca, porcelanas húngaras compradas em Viena, castiçais e sopeiras de prata cinquentenárias e obras dos artistas Diego Riveira (do México) e do brasileiro Clovis Graciano, lembram a cumplicidade das amizades, o amor maternal que gera
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heranças e as riquezas históricas. E nesse clima de aspirações asiáticas, europeias e multifuncionais, criado dentro de um prédio construído há três anos nos Jardins, o casal Lindenberg reúne lembranças de suas viagens, da vida em
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Personna
Escrivaninha no quarto do casal guarda imagens dos filhos de Analuisa e de sua devoção
família e dos antepassados de ambas as partes.
Analuisa nasceu, estão presentes nos ambientes
A esposa, Analuisa, é filha do diplomata Antônio
do apartamento que ainda reserva espaço para os
Roberto de Arruda Botelho, ministro em Viena e
brasões de família do Dr. Adolpho, dispostos no
embaixador de Sion, nome da Tailândia até mea-
hall de entrada. “Um deles é o primeiro Lindenberg
dos de 1960, e de onde vieram muitas das peças
a chegar por aqui, em 1820. Ele fundou a Salinas
de arte da família.
de Cabo Frio, quando o Brasil só importava sal”,
E não é só isso. Suíça, Áustria e Venezuela, onde
conta o construtor.
Dr. Adolpho e a esposa Analuisa: toques pessoais no apartamento da grife
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53 Mudanças Casados há 13 anos, o Dr. Adolpho e Analuisa moravam em um apartamento maior, de 350 m2, em Higienópolis. No novo lar, nos Jardins, a planta foi adaptada a fim de proporcionar mais conveniência às suas necessidades atuais, já que os dois filhos de Analuisa se casaram, saíram de casa e hoje os dois netinhos almoçam com ela todos os dias. As reconfigurações da nova morada ficaram a cargo do próprio Dr. Adolpho, que escolheu materiais e acabamentos de todos os ambientes e planejou a iluminação junto ao projeto de decoração, o que ele explica ser um cuidado essencial em qualquer lar.
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Personna
Transformação Analuisa e o Dr. Adolpho adoram novidades e não gostam
entrada suave da luz, unindo conforto térmico e acústico.
de rotina, decoração sóbria ou sisuda. Assim, os ambientes
E a iluminação também é controlada por comandos de
e mobiliários da casa são funcionais e bonitos.
fácil manuseio e ajustáveis às ocasiões, com seis po-
A planta básica dos 220 m previa três quartos, mas o casal
sições e intensidades. As lâmpadas dicroicas ficam no
optou em transformar um em home theater. A sacada e a
limite da sanca de gesso do teto, nas salas de estar,
sala de estar têm o mesmo piso travertino romano e foram
jantar e home theater.
integradas, garantindo uma iluminação privilegiada, com
Em outra parte do apartamento, uma área de lazer surgiu
amplas janelas e cortinas de lâminas revestidas em poliés-
para aproveitar um espaçoso terraço, que só existe no pri-
ter branco, com proteção UV, em tom claro, que permite a
meiro andar do prédio.
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Acima, inspirações orientais, luminosidade e conforto na sala de estar multifuncional. Ao lado, cristais de várias partes do mundo e o terraço que se transformou no lugar mais descontraído da casa
Assim, o Dr. Adolpho criou uma agradável varanda-terraço
A perspectiva ideal para Analuisa e o Dr. Adolpho, pessoas
para o café da manhã, leituras e até trabalho, quando se dedi-
que gostam da cidade e estão em constante busca por qua-
ca às suas plantas arquitetônicas. A esposa Analuisa recebe
lidade de vida, diversão e referências, inerentes ao estilo ec-
os netos no espaço repleto de peças descontraídas de deco-
lético e de classe do apartamento. Mais uma prova de que,
ração, com motivos de pássaros que lembram um ambiente
independentemente da fase da vida, arquitetura e tradições
de casa de fazenda ou praia, com espreguiçadeiras, esto-
que se carrega, todo lar é único e especial. E, estando sem-
fados, móveis em sisal e brinquedos. “É um canto isolado,
pre em harmonia, estimula criações de requinte, bom gosto e
uma parte gostosa da casa e que eu adoro. Fico aqui direto,
durabilidade, como as que marcaram a história de 55 anos da
parece até um jardim com vista para a piscina.”
Construtora Adolpho Lindenberg.
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Reconhecimento 55 anos
MESTRES DE
OBRAS PRIMAS
Protagonistas na história da Adolpho Lindenberg, profissionais que construíram os empreendimentos da principal grife imobiliária do Brasil relembram suas trajetórias e contam casos dos canteiros de obras
res condições de vida nas grandes capi-
cipais da construção civil brasileira foram
tais do país – e enquanto alguns voltaram
convidados pela reportagem da Linden-
às suas cidades de origem, outros adota-
berg & Life para relembrar suas trajetó-
ram as metrópoles como lar definitivo.
rias, relatar os desafios que enfrentaram e
Atrás de estatísticas e nomes de mi-
contar os sonhos realizados. Assim como
grantes, como Eduardo, Manoel, José,
a própria construtora, eles tiveram de ser
Raimundo e Francisco, escondem-se
capazes de se adaptar às mudanças pro-
momentos de superação, desafios e,
postas pelo mercado e pelo próprio rumo
acima de tudo, vitórias. Em seus 55
de suas vidas, mas se acostumaram a se
anos, a Construtora Adolpho Lindenberg
sentir em casa entre os arranha-céus da
fez parte de muitas dessas histórias de
região da Avenida Paulista, especializando-
conquistas por meio das experiências vi-
se em atender aos clientes mais exigentes
vidas por colaboradores que construíam,
do setor de imóveis residenciais. Nos de-
simultaneamente, empreendimentos e
poimentos a seguir, você vai conhecer um
Milhares de brasileiros saíram das regiões
uma nova trajetória para as suas vidas.
pouco melhor alguns desses grandes bra-
Norte, Nordeste e Centro-Oeste entre as
Há mais de 20, 30 anos atuando nos can-
sileiros – porque o que eles fazem, com
décadas de 60 e 80 em busca de melho-
teiros de obra, esses personagens prin-
excelência, já é sabido há 55 anos.
Por Larissa Andrade Fotos Alberto Guimarães
Mineiros, baianos, mato-grossenses,
paraibanos, maranhenses.
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Dedicação
berg”, ressalta Souza. Qualidade é palavra-
abertura para esclarecer dúvidas com
chave nos empreendimentos da constru-
engenheiros, arquitetos e até mesmo
No caminho entre São Raimundo No-
tora e um lema a ser seguido diariamente
para conversar com o Dr. Adolpho Lin-
nato, cidade do interior do Piauí com 32
por seus colaboradores. “Os imóveis de
denberg. E foi com dedicação e respon-
mil habitantes, e São Paulo, o Sr. Manoel
alto padrão são feitos para clientes mais
sabilidade que ele superou seu maior
Joaquim de Souza ainda passou por Bra-
exigentes, por isso procuramos fazer o
desafio: ser escolhido o mestre de obra
sília, mas percebeu depressa que as me-
trabalho com muito mais cuidado e aten-
da residência do Dr. Adolpho Linden-
lhores oportunidades estavam mesmo na
ção. Nós temos a obrigação de fazer
berg Filho. “Foi uma casa que enrique-
capital paulista. Logo que chegou, come-
nosso serviço com qualidade e, por isso,
ceu muito meu currículo, um imóvel de
çou a trabalhar em empresas que presta-
sempre há clientes que não compram um,
altíssimo padrão! E, antes disso, cons-
vam serviços para a Construtora Adolpho
mas vários Lindenberg”, afirma.
truímos um edifício no qual a cobertura é
Lindenberg. “Atuava como mão de obra
A relação com companheiros de traba-
do Sr. Adolpho”, comemora.
de carpintaria, alvenaria, acabamento. A
lho é um dos pontos mais valorizados
Em todos esses anos, a construtora pas-
empreiteira em que trabalhava me indi-
por Souza nas mais de duas décadas
sou por algumas mudanças, como focar
cou para a Lindenberg, onde estou há
de atuação na construtora. “Toda a mi-
os negócios apenas em edifícios, depois
23 anos. Hoje, executo toda a parte de
nha vida foi dedicada à empresa, desde
de algum tempo construindo também re-
canteiro de obra, desde a fundação até
o começo tivemos o suporte de uma
sidências térreas – Souza, inclusive, par-
o acabamento; entregamos o prédio na
grande equipe, e isso gerou um vínculo
ticipou da construção de dezenas delas.
chave”, conta o mestre de obra.
muito positivo. Tenho mais de 30 anos
Assim como a Lindenberg mudou, tam-
Antes de conquistar o atual e almejado
de experiência, sendo 23 na Linden-
bém mudou a vida do senhor Manoel Jo-
posto, Souza foi contramestre por cerca
berg, mas ainda não penso em parar.
aquim, que hoje é pai de cinco filhos adul-
de sete anos. “Para mim, realizar o sonho
Na minha época, quem trabalhava com
tos, um deles prestador de serviços para
de ser mestre de obra era o maior desa-
empreiteiro já procurava saber como os
a Lindenberg. Uma prova de que, assim
fio, e isso eu consegui com muito trabalho
mestres agiam e eu aprendi muito com
como os mestres anteriores, ele também
e amigos que fiz aqui. Desde que recebi
aqueles mestres que já estavam na
está passando adiante os conhecimen-
essa oportunidade, sempre fui cuidadoso
construtora quando cheguei.”
tos adquiridos em mais de duas décadas
com a preservação dos padrões Linden-
Souza diz sempre ter tido liberdade e
de dedicação e competência.
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Fidelidade
mestre”, relembra ele, que credita a as-
vou continuar”, garante, aos 57 anos.
censão profissional à sua dedicação.
O mestre de obra já esteve presente
São mais de 33 anos como colaborador
“Deram-me oportunidades e eu as abra-
na construção de mais de 20 edifícios,
da Adolpho Lindenberg e, nem diante de
cei com força. Para mim, a Lindenberg
seguindo permanentemente um padrão
uma boa proposta, Eduardo Fortunato
representa tudo o que tenho hoje.”
de qualidade que busca a excelência.
Cândido pensou em mudar de emprego
Entre diversas recordações que guarda
“A construtora sempre construiu com o
– optou pelo ótimo ambiente e a convi-
com carinho, Cândido cita as amizades
mais alto padrão, o Dr. Adolpho exige e
vência saudável com os colegas de tra-
que fez, o aprendizado com os engenhei-
o próprio cliente exige, então, nós, nos
balho. “Afinal, a gente passa mais tempo
ros e a gestão do Dr. Adolpho Linden-
canteiros, sempre fizemos o melhor.”
com esses amigos do que em casa com
berg. “O Dr. Adolpho é uma pessoa que
Hoje um paulistano, Eduardo Cândido
a família”, brinca o mestre de obra.
sempre quis exclusivamente o melhor
conta que é apenas um dos muitos mi-
Nascido na Paraíba, Cândido decidiu vir
em suas construções, é muito exigen-
grantes que adotaram – ou foram adota-
para o Sudeste em busca de emprego e
te, gosta de criar, é uma pessoa muito
dos – pela maior cidade brasileira. Na obra
acabou parando no Rio de Janeiro, onde
dedicada. Quando ele visitava as obras,
em que trabalha atualmente, são cerca de
trabalhou na construção da Ponte Rio
se visse que algo não estava bom, dava
40 colaboradores, todos de outras regi-
– Niterói. Depois de algum tempo, veio
ideias, procurava melhorar”, conta.
ões. Nesse intercâmbio entre migrantes
a São Paulo e começou a trabalhar na
Cândido diz que as mudanças trazidas
e metrópole, todos saem ganhando: no
Lindenberg, em 1977, como carpinteiro.
pelo tempo proporcionaram ainda mais
caso de nosso personagem, ele deixou
“Naquela época, eu já tinha experiência,
benefícios para os colaboradores e,
sua marca em alguns dos edifícios mais
mas não tanto quanto a que obtive aqui.
apesar de já estar aposentado, ele faz
luxuosos da capital e São Paulo lhe pro-
Depois de seis anos como carpinteiro,
questão de continuar na ativa. “É ver-
porcionou criar quatro filhos – um deles,
passei a encarregado de
dade que eu penso em parar, quero
para orgulho do mestre de obra, tornou-
carpinteiro e, então,
descansar um pouco, mas enquanto
se engenheiro civil e deve continuar trans-
fui promovido a
estiver em condições de trabalhar, eu
formando a paisagem da cidade.
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Escalada Para o mestre de obra Raimundo de Oliveira Moreira, os momentos mais marcantes de sua trajetória profissional são aqueles em que assumiu cargos mais altos. E foi assim desde que entrou na Construtora Adolpho Lindenberg, em janeiro de 1972. “Eu já era pedreiro e cheguei aqui para exercer essa função. Depois, fui evoluindo gradativamente. Foi uma escola, de pedreiro para pedreiro de acabamento, pedreiro especializado, encarregado, e desde 1995 estou como mestre de obras”, diz Moreira, ressaltando que esse reconhecimento por parte da construtora funcionou como um motivador para alcançar melhores posições. “A gente se esforçava para isso. Então, marcaram-me muito essas obras em que fui me qualificando.” Nesse período, Moreira esteve ausente por três anos, quando decidiu se aposentar. Surgiu, então, uma proposta de outra empresa e ele foi, mas acabou voltando – desde então, já se passaram 11 anos. Em toda a sua história na empresa, ele participou de quase 20 obras e também teve a oportunidade de ter o acompanhamento do Dr. Adolpho Lindenberg. Diz que, apesar dos 62 anos, não pretende parar enquanto tiver forças e puder ficar. “Enquanto a Lindenberg me quiser, eu fico.” Em quase quatro décadas, a vida de Raimundo de Oliveira Moreira passou por importantes transformações. “Quando entrei na Lindenberg, era casado, mas não tinha filhos – hoje, tenho três. Nasci em Minas Gerais, de onde saí no dia 2 de janeiro de 1972, e no dia 6 já estava trabalhando na Lindenberg, minha primeira experiência em cidade grande.” Questionado se valeu a pena tanto tempo de dedicação, ele é categórico: “São 38 anos aqui, e isso é uma vida. E passar a vida na Lindenberg tem sido muito bom”.
Administrador
“Comecei em 1978, acho que em 18 de maio. Num domingo, eu estava desempregado, lendo o ‘Estadão’, e vi que precisavam de assistente administrativo, entrei na triagem, fui selecionado e comecei a trabalhar.” Relembrando desta forma, em detalhes, seus primeiros dias na Construtora Adolpho Lindenberg, nem parece que o administrador José Antonio Go-
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mes está contando uma história que aconteceu há 32 anos. Assim como muitos de seus colegas, Gomes também é um migrante que percorreu um longo caminho até chegar aqui: nasceu em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, e se mudou ainda criança para Araçatuba, interior de São Paulo. “Quando eu tinha seis anos, mudamos para Araçatuba, uma cidade com mais recursos. E hoje praticamente toda a minha família mora lá, mas eu decidi vir para
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São Paulo no início dos anos 70”, recorda. Atuando na área administrativa desde 1973, ele entrou na construtora como assistente, depois tornou-se auxiliar administrativo de obra, uma função que exige constantes mudanças de escritório – ou melhor, de construção. “Desempenho o trabalho administrativo, como auxílio à contabilidade, financeiro, departamento de compras, RH e até mesmo a própria engenharia, então, faço turnos em obras”, explica. As permanentes mudanças de endereço proporcionam sempre experiências novas a Gomes, e algumas são particularmente marcantes para o profissional. Um dos locais inesquecíveis onde trabalhou foi o Edifício Vila América. “É um edifício de 28 andares, 1.152 metros, uma obra que teve um contingente grande de pessoas e chegou a ter 350, 400 funcionários diários. Fiquei aproximadamente cinco anos nesse empreendimento, fazendo a parte administrativa, também ligada ao RH. A obra começou em 1988 e se estendeu até 1994”, recorda, novamente, com detalhes. Com tantas qualidades, Gomes admite que não é raro receber propostas de emprego, mas nunca teve interesse em mudar de empresa. “Costumo brincar que, nesses anos todos, nunca elaborei um currículo. A equipe, a própria empresa e o tempo de atuação me mantêm aqui. Tenho muito orgulho de fazer parte dessa história.” Próximo de completar 35 anos de trabalho, José Antonio Gomes diz que ainda não sabe se irá descansar ou continuar nos canteiros de obra, mas confessa que já se sente realizado e extremamente orgulhoso por ter conseguido criar os filhos, trabalhando como funcionário da Lindenberg. Se os próximos capítulos de sua vida ainda são desconhecidos, os do passado ele soube construir com sucesso. E guardar com carinho e detalhes na memória.
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Personna 55 anos
União entre o eclético
e o atemporal
O arquiteto João Mansur recebe o Dr. Adolpho Lindenberg e revela detalhes sobre a decoração de sua casa e da reforma do segundo apartamento, também criado pelo experiente construtor Por Perla Rossetti Fotos Mari Vaccaro
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63 “Um retroclássico com toques tecnológicos,
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ma, no edifício neoclássico Passos
te ano. “Sou fã das construções de
de Santarém, nos Jardins. Situado
alto padrão da grife, consagrada
e uma miscelânea cosmopolita”,
no sexto andar do mesmo prédio
pela qualidade e durabilidade.”
assim o renomado arquiteto João
em que mora há 30 anos, na Rua
Já seu primeiro Lindenberg foi ad-
Mansur define o visual de seu novo
Barão de Capanema, a nova unida-
quirido pouco depois de ele che-
apartamento Lindenberg, em refor-
de foi comprada em fevereiro des-
gar do Rio de Janeiro, na déca-
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Personna
da de 80. “Estava descendo a Rua Peixoto Gomide, olhei para o lado e disse ‘esse apartamento é meu’. Três meses depois, era mesmo”, comentou com o Dr. Adolpho Lindenberg, durante a visita do construtor para conhecer detalhes da reforma. A Lindenberg & Life acompanhou o
Arte sacra, reminiscências de viagens e um casamento de mais de 30 anos fazem da decoração de um dos apartamentos de Mansur um lugar muito particular
encontro no qual eles conversaram sobre as peculiaridades do projeto, histórias da vizinhança, tendências e, claro, a excelência das obras da Construtora Adolpho Lindenberg. “Adoro os balaústres da sacada e a estrutura de concreto é perfeita.” Na ocasião, o arquiteto lembrou, ainda, a trajetória de seu pai, o industrial carioca Jaime Mansur, de quem herdou o tino para os negócios, e de sua própria jornada quando chegou,
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jovem, a São Paulo. Em um mês,
guém vende um Lindenberg. Até que
Mansur já tinha em andamento proje-
apareceu um de 240 m2, no sexto an-
tos em três casas, e um de seus pri-
dar. Eu queria comprar o prédio todo e
meiros clientes voltou a ser atendido
fazer um duplex”, revela Mansur.
por ele, recentemente.
No apartamento onde vive com a mu-
Sutilezas
lher Maria Cristina e o filho, há elementos que lembram o lar do próprio Dr. Adolpho Lindenberg, como um
Passadas três décadas morando em
elegante biombo japonês do sécu-
um penthouse da construtora, no 9º
lo XIX, comprado por Mansur duas
andar, Mansur investiu em mais uma
vezes – a primeira para presentear
unidade. “Fazia tempo que queria mais
o irmão e a segunda, em um leilão,
um apartamento no prédio, mas nin-
quando decidiu reaver o bem de fa-
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Personna
Os arquitetos Dr. Adolpho Lindenberg e João Mansur visitam a obra no novo apartamento
mília. A história tocou o Dr. Adolpho,
to mais cosmopolita, para os finais de
A cor é um apelo sensorial. Parte das
que mantém uma raridade oriental
semana, próximo à Avenida Conso-
paredes das salas de estar e de jantar
parecida, uma peça de origem viet-
lação, onde ele continua exercendo
foi espelhada para dar a sensação de
namita, produzida há mais de cinco
sua criatividade e versatilidade.
amplitude. Outras divisórias, incluindo
décadas, sem retoques e em perfeito
Mas é o Lindenberg do 9º andar, com
as do lavabo e do living, variam de tons,
estado de conservação.
seus 180 m , que recebe toques es-
entre vermelho e verde vivos; toques
E as semelhanças entre os apartamen-
peciais e conta a história de um ca-
clássicos em cadeiras francesas de an-
tos dos dois profissionais surpreende-
samento bem sucedido de 33 anos
tiquário; mobiliário de madeira, como a
ram o construtor, que disse se sentir
através de belíssimas fotos, peças
jandaia; porta-retratos de prata; lustres
em Paris, dada a atmosfera francesa
de antiquários, espelhos, porcelanas
e castiçais de cristal.
dos ambientes criados pela decoração
orientais e uma decoração neoclássi-
Tudo é claro, elegantemente iluminado
de Mansur, que também revela traços
ca à altura da arquitetura que imortali-
por cordoalha eletrificada, do bureau ita-
de sua personalidade mística e intuitiva,
zou a grife Lindenberg.
liano de design Cini & Nils.
além do glamour das clássicas e tea-
Nos ambientes, a ascendência liba-
E a arte sacra também tem vez na de-
trais casas do Grand Monde carioca.
nesa também é fortemente evocada
coração do arquiteto, que confessa as
Como criar espaços e experimentar
na mesa de jantar de design sofisti-
suas fortes raízes religiosas e se orgulha
na decoração é o ofício mais prazero-
cado, próprio para as grandes recep-
de reunir um incrível acervo, com peças
so que o arquiteto poderia sonhar, a
ções e refeições típicas da tradição
como uma tela do século XVII, da vir-
família também possui um apartamen-
secular de seu povo.
gem Maria com Jesus.
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67 Na mesa de centro da sala de estar, o
de Mansur, o Professor Antônio Carlos
decidiu se muda para lá ou deixa para
amor de Mansur pelas caixas de prata
Pacheco e Silva, pai da psiquiatria pau-
o filho de 30 anos. O projeto do novo
se faz evidente, e suas esfinges ne-
lista. “Sou colecionador, compro peças
Lindenberg prevê algumas mudanças,
gras protegem os batentes entre as
de arte e decoração desde os 15 anos
como a retirada dos arcos caracterís-
salas de estar e de jantar. Ambos am-
de idade. Hoje tenho um depósito com
ticos da construtora, que dividem as
bientes intimistas e aconchegantes,
tudo catalogado, inclusive minhas pe-
salas de estar e de jantar, para dar um
cuja sacada está separada por gran-
ças pessoais e as que vão para os
toque de modernidade.
des portas de vidro.
projetos de meus clientes”, comenta o
Na sala de jantar, as paredes serão
Paris, Londres e Nova York, onde o ar-
arquiteto sobre a sua alma de merca-
vermelhas, e na de estar, verdes. “Ado-
quiteto mantém sociedade e projetos,
dor das artes e leilões.
ro mexer com cor, é uma coisa do ca-
estão presentes em todos os cantos, nas raridades, como o artesanato es-
rioca. Quando garoto, época em que
Criação
panhol e as cortinas do império fran-
a cidade ainda era a capital federal, a influência portuguesa e colorida esta-
cês que ostentam sanefas de madeira
No novo apartamento do sexto andar,
va presente na arquitetura. Fiquei com
patinadas a ouro, do século XIX, dei-
a reforma corre a todo o vapor e deve
mais essa, entre tantas outras referên-
xadas de herança pelo avô da esposa
terminar em julho. Mansur ainda não
cias”, comenta o arquiteto.
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Urbanas 55 anos
Novas “centralidades urbanas” estão acontecendo e virão cada vez com mais força
Gianfranco Vannucchi é sócioproprietário da Königsberger Vannuchi, especializada em arquitetura, urbanismo, planejamento e design e já ganhou prêmios na III Bienal Internacional de Arquitetura, em Buenos Aires, e no Instituto de Arquitetos do Brasil, entre outros
28 ANOS DEPOIS Céu cinza escuro,
chuva, buzinaço, tudo parado, miríades de he-
novos centros.
licópteros sobrevoando nossas
Céu escuro, poluição, tecnologia, e-mails te
cabeças, sem teto cachimbando crack,
“acessando” em todo o canto?
barraquinha vendendo yakissoba na rua,
Rebatemos com a fuga para o campo em
assalto na esquina da periferia e no shopping
busca do tempo, do espaço e do silêncio da
de luxo,telas de plasma cada vez maiores...
mata e das fragrâncias naturais.
Só faltam os androides.
Para quem mora em apartamentos (cada vez
Quem assistiu Blade Runner, em 1982, não
mais flexíveis para atender as novas tribos
imaginava que Ridley Scott tinha o poder
urbanas), varandas, “pets”, paredes verdes,
de descrever com tanta precisão o que
hortas na área de serviço, madeira reciclada
aconteceria com nossas metrópoles 28 anos
espalhada nos interiores, tapetes indianos,
depois.
bicicletas, patins.
E agora?
Quem quiser estar perto do lado bom da
Agora que os automóveis já não conseguem
“metrópolis”, cinemas, sushi, teatro, “tapas”,
circular teremos de morar, trabalhar, consumir
vernissages, trufas brancas, baladas...vai
e nos divertir em espaços cada vez mais
morar próximo de tudo isto, mas em espaços
próximos.
menores, cada vez menores, mas com design
Novas “centralidades urbanas” estão
extremamente elaborado.
acontecendo e virão cada vez com mais
Tendência?
força, não existe mais “o centro”, mas muitos
Menos ostentação e mais fruição.
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Filantropia Inteligente 55 anos
Tudo pronto para o
Muito foi feito nas últimas décadas pelas questões sociais brasileiras, porém, há ainda um enorme potencial inexplorado que pode ajudar a resolvê-las. Esse é o momento para o amadurecimento da cultura de filantropia no Brasil.
De 1955 até os dias de hoje,
a i p ro
t n ila
f a d
Por Instituto Azzi Ilustração produção Novo Meio Fotos stock.xchng
ao se falar dos problemas sociais brasileiros, muita coisa mu-
econômicos, seja sociais. Em
dou. Levando em conta este período, houve enorme cresci-
outros países, estávamos na épo-
mento no terceiro setor no Brasil, tornando-se este corres-
ca do welfare state, e o Brasil buscava
ponsável pela busca de soluções para os desafios existentes
formas adaptadas deste modelo dentro do
nas mais diversas áreas sociais. Isto, porém, tomou corpo so-
próprio contexto de um país subdesenvolvido, que em 1955
bretudo nas últimas décadas, com o crescimento do número
já ocupava o posto de 11ª maior economia do mundo.
de organizações sociais, o boom da responsabilidade social
As políticas públicas voltadas à solução de problemas sociais,
corporativa, o aumento da participação da sociedade civil, o
no período, desenvolviam-se de forma predominantemente
investimento social privado e assim por diante.
assistencialista e as contribuições do setor privado, por sua
Anteriormente, no entanto, não era assim. Entre as décadas
vez, andavam na mesma direção, através de um modelo de
de 50 e 60, predominava a visão (e a prática) de que o Estado
caridade que canalizava ínfimos recursos para a área social
era o único promotor de desenvolvimento, seja em termos
e de modo ainda pouco efetivo. Havia, desde então, uma
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grande influência da tradição católica
camente à área de assistência social –
O fortalecimento da Responsabilidade
na realização de tais contribuições, que
em práticas pontuais de apoio a asilos,
Social Corporativa – uma vez que as
se baseavam unicamente em valores
abrigos, creches, e através da doação
empresas passaram a ser pressionadas
como solidariedade e misericórdia.
de bens, alimentos, recursos etc. –,
para alocar recursos e se envolver com
passaram a atuar na defesa dos direitos
tais questões sociais – trouxe muito do
e interesses dos cidadãos, no âmbito
mundo e da linguagem empresarial para
dos direitos humanos, na pressão por
as ONGs, na busca por um real e com-
melhores políticas públicas, no fortale-
provado impacto social. Isso se refletiu,
Com a redemocratização, houve grande
cimento da educação, além da questão
também, na utilização de instrumentais,
aumento da participação da sociedade
do meio ambiente, que ganhou notorie-
como o planejamento e a avaliação,
civil, em um processo que teve como
dade a partir da realização da Eco 92.
instrumentais estes que lentamente
marco o fim da ditadura militar e a nova
Hoje temos novas áreas surgindo, liga-
vêm se inserindo no campo do terceiro
constituição federal de 1988. Surgiram
das ao empreendedorismo, aos chama-
setor. Isso tudo, obviamente, não vem
novas formas de articulação entre o Es-
dos negócios sociais, mas há ainda te-
ocorrendo sem conflitos, e não sem
tado e entidades sociais, que de diver-
mas menos populares, como a questão
que tenha se tornado um grande desa-
sos modos aliaram-se na cogestão de
racial, a reintegração de ex-presidiários,
fio para tais organizações a gestão de
políticas voltadas ao social, em busca
a inserção social e profissional de mora-
suas atividades e projetos.
de soluções para os problemas que afli-
dores de rua e assim por diante.
No que diz respeito a esse processo,
Os anos 90 e o boom das ONGs
gem grande parte da população. Seguindo tal fluxo, cresceu imensamente o número de organizações sociais
uma das grandes questões a ser le-
A profissionalização do setor
privadas e sem fins lucrativos. Para se
vada em conta é o grau de formação e profissionalização dos funcionários e colaboradores do setor. Ainda que
ter uma ideia, de acordo com pesquisa
Além da forte expansão e mudança
este empregasse, em 2008, cerca de
publicada em 2005 pelo Instituto Brasi-
de foco, assistimos também ao início
1,8 milhão de brasileiros, há ainda uma
leiro de Geografia e Estatística (IBGE),
de um processo de profissionalização
grande defasagem nesse sentido, pre-
em parceria com a Associação Brasilei-
destas entidades, que acompanha uma
dominando a prática do voluntariado.
ra de Organizações Não Governamen-
mudança na relação entre doadores e
De acordo com a pesquisa do IBGE
tais (Abong) e o Grupo de Institutos,
beneficiários e, portanto, no modo de
de 2005, cerca de 77% das institui-
Fundações e Empresas (Gife), das 338
se fazer filantropia. A doação, inicial-
ções ainda não possuíam funcionários
mil fundações privadas e associações
mente caritativa, tomou ares de inves-
remunerados e o número de voluntá-
sem fins lucrativos então existentes no
timento, e os recursos – na maioria das
rios chegava a superar, em 13 vezes,
Brasil, 67,8% foram criadas após 1990,
vezes vindos de empresas, institutos e
a quantidade de pessoas empregadas
sendo que apenas a década de 90 foi
fundações – passaram a ser alocados,
em fundações privadas e associações
responsável por 41,5% do total (veja o
visando buscar resultados efetivos, exi-
sem fins lucrativos.
gráfico na página seguinte).
gindo das entidades prestação de con-
Hoje, podemos dizer que o terceiro se-
Além do crescimento, transformou-se
tas e realizando o acompanhamento
tor corresponde a uma fatia de 5% do
também o foco de atuação de tais en-
das atividades desenvolvidas, ao invés
PIB brasileiro, mas, ainda assim, está
tidades e das contribuições privadas
da antiga prática que se resumia à sim-
longe de alcançar toda a sua potenciali-
voltadas a fins públicos. De ligados uni-
ples doação do dinheiro.
dade como promotor de grandes trans-
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Filantropia Inteligente
formações sociais. Seu crescimento é
te desde o início da última década.
te último período, com crescente grau
notável e é certamente um dos fatores
Diante deste cenário, é possível notar
de profissionalização, contando hoje
que mais chamam a atenção no cenário
que riqueza há, e que é preciso que
com organizações já bastante qualifica-
das últimas décadas, porém, diante da
esta seja canalizada de forma a bus-
das para promover um trabalho efetivo e
enorme desigualdade social e da insufi-
car soluções para as questões sociais,
transformador. Além disso, o Brasil vem
ciência de políticas públicas, não há dú-
soluções estas que não sejam apenas
despontando como uma potência eco-
vida de que ainda há muito a ser feito.
paliativas, mas que efetivamente pro-
nômica, cercado de expectativas em
movam autonomia e gerem oportuni-
todo o mundo. Falta, porém, um passo
dades à população em situação de
decisivo em um país que vê o número
vulnerabilidade social. Com isso, fica
e a qualidade de suas organizações so-
potencializada a contribuição do setor
ciais crescerem, assim como também
privado e sua responsabilidade dentro
crescem a renda média de sua popula-
Em se tratando do Brasil, especifica-
deste contexto, paralelamente, é claro,
ção e o número de milionários.
mente, e segundo dados do Banco
à responsabilidade governamental.
Junto com essas duas tendências, ve-
Mundial, somos hoje a 8ª maior eco-
O terceiro setor, portanto, explodiu nes-
mos também que praticamente todo
Problemas do tamanho do Brasil e um Brasil do tamanho das soluções
nomia do planeta e, ao mesmo tempo,
o recurso enviado ao Brasil por fun-
o 9º país mais desigual em termos de
dações internacionais que tornava o
distribuição de renda. De acordo com
país – junto com a América Latina – um
140.261
o World Wealth Report da Capgemini e
foco da filantropia mundial, agora está
Merrill Lynch Wealth Management, por
sendo direcionado a outras regiões,
exemplo, existiam em 2008, no Bra-
principalmente a África. Pesquisa rea-
sil, por volta de 131.000 high net
89.166*
worth individuals (pessoas com ativos financeiros acima de 1 milhão de dólares), número
lizada pelo Instituto Fonte, a partir de uma amostra com 41 organizações estrangeiras com atuação no Brasil,
64.388
revela que a redução no fluxo de recur-
este que vem crescen-
sos de organizações estrangeiras para
do substancialmen-
o país pode chegar a 50% neste ano, em comparação com 2009.
33.408
O mundo já percebeu que o Brasil é capaz de solucionar seus próprios problemas. Contudo, parece que a per-
Fonte: IBGE, 2005
10.939
cepção da sociedade brasileira ainda está um passo atrás. É preciso que se crie uma cultura de filantropia e que
Até 1970
1971 a 1980
1981 a 1990
1991 a 2000
2001 a 2005**
Número de Fundações Privadas e Associações sem fins lucrativos existentes em 2005, divididas segundo o ano de fundação *Em 2005, havia um total de 338.162 fundações privadas e associações sem fins lucrativos **A última faixa de dados compreende apenas 5 anos
seja fortalecida sua prática, para que possamos aumentar a quantidade e a efetividade dos recursos direcionados ao terceiro setor, visando qualificar ainda mais suas ações.
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Arquitetura 55 anos
Pensar nesses 55 anos
etnias. O futuro é o que esperamos de melhor
só me faz pensar no presente. Somos fruto de
e, para tal, o presente tem de ser bem feito.
mudanças, experiências e acontecimentos. E
Muita coisa mudou na maneira de viver e, conse-
para senti-los é preciso viver, principalmente a
quentemente, na arquitetura. Se hoje construímos
ambiência, a paisagem em volta que está o tem-
o maior número de garagens para um apartamen-
po todo nos mostrando mudanças. O que é ser
to, ao mesmo tempo é contemporâneo aquele que
contemporâneo?
não tem carro, que anda de bicicleta, à procura de
É ser do nosso tempo. E como ter tal percepção
qualidade de vida. Hoje não há regras. Então, con-
se, a cada momento, surgem coisas novas, e que
temporâneo é ser autêntico.
Poéticas urbanas (paisagem)
Rosilene Fontes é arquiteta da Construtora Adolpho Lindenberg
Os espaços urbanos têm memória e afetos, e as experiências de resgatá-los são diferentes para cada um
a nossa memória reconhece serem do passado?
A arquitetura está se integrando com a natureza, em
A moda dos anos 80, a cadeira da avó na vitrine
espaços abertos e materiais naturais. E ser contem-
de uma loja moderna, uma arquitetura neoclássica
porâneo é, acima de tudo, respeitar a natureza.
ou modernista acaba de ser construída. O tempo
Andar pelas ruas, observar a arquitetura e seus de-
passa, as coisas mudam e a memória é viva, fica o
talhes, olhar uma vitrine de moda, de decoração.
tempo todo nos apontando para o passado.
Olhar, contemplar, observar, resgatar da memória
Ser contemporâneo hoje não se limita a ser ul-
suas experiências, encontrar o inesperado, se en-
tramoderno, não é jogar fora o que é antigo,
cantar. Caminhar e habitar na paisagem urbana,
mas é viver em simbiose, em harmonia, é reju-
afirmar sua presença no mundo, isso é o encontro,
venescer o antigo, é conjugar o presente e criar
é algo contemporâneo.
bases para um futuro melhor. É, acima de tudo,
Os espaços urbanos têm memória e afetos, e as
não ter preconceitos.
experiências de resgatá-los são diferentes para
Uma menina passa, vestindo uma bata dos anos
cada um, mas é aí que se tornam interessantes as
70, mas percebemos na cena algo que pertence
diferentes maneiras de expressá-los. Seja através
ao hoje. Pode ser uma atitude, um detalhe, um
de relações interpessoais, seja através da arte,
sapato, seja o que for, é atual.
das mídias, da arquitetura.
Uma cadeira Luiz XV com um tecido vanguardista
Li uma frase interessante: “A paisagem vem a nós
transforma-se em peça contemporânea. Uma cris-
de todas as direções, de todas as formas”.
taleira antiga ao lado de uma luminária de design
Vejo o melhor para o futuro, se caminharmos.
evoca uma atmosfera atual. Ser contemporâneo
Caminhar e respeitar cada paisagem, pois é
é ser minimalista, mas não precisa ser minimalista
ambiência o que respiramos. Cabe a cada um
para ser contemporâneo. Pode ser íntimo, barroco,
de nós caminhar e deixar rastros, deixar ideias
clean, étnico, sem por isso deixar de ser atual.
a cada passeio, encontro, renovar a cada mo-
A tendência é ter a atmosfera moderna, com
mento e deixar um pouco de nós na paisagem.
visão do futuro, mas sem virar as costas para o
Então, vejo que um futuro melhor é melhorar-
passado, respeitando as diferentes culturas e
mos como seres humanos.
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