Revista SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA, do Grupo Literário A ILHA, edição 149, de junho de 2019.

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RÁRIO Florianópolis–SC • Junho / 2019 • N.149 • Edições A ILHA • Ano 39

GRUPO LITERÁRIO A ILHA: 39 ANOS DE LITERATURA

SOS EDUCAÇÃO

por Luiz Carlos Amorim

IMPASSE

2º Capítulo do Conto Inédito de Júlio de Queiroz

LOBATO, O PAI DA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA Portal A ILHA: http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br


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RIO DE VIDA

RECEITA

AMORIM – Lisboa

– Céu dos Poetas

LUIZ CARLOS

Júlio de Queiroz

Eu preciso é de chorar; deixar que um rio me lave; bater com os pés, ranzinzando, rolar no chão da calçada e me negar à caminhada que outros me apontam, sem ir. Mas vou, manso, pelas ruas dando bons dias a todos, sorrindo, vendendo olhares, quando a melhor solução seria dar um gemido que nunca mais se acabasse.

Olho nos olhos de Rio, Pequenino, recém-chegado, Olho nos olhos dele, Profundos olhos de luz, E mergulho neles por inteiro, Um mergulho na vida, Um mergulho no futuro. Invado os olhos de Rio E anseio morar lá, Dentro dos olhos dele, Os redondos olhos negros. Pois eu sou o passado E Rio é o futuro, A divina porção de futuro Que o universo nos deu. O futuro dança Nos grandes olhos de Rio. O futuro acena nos olhos dele. A vida brilha nos olhos de Rio.

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RÁRIO

EDITORIAL QUASE QUATRO SÉCULOS DE LITERATURA E chegamos à edição de número 149, completando 39 anos de circulação ininterrupta da revista SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA e de atividades do Grupo Literário A ILHA, o mais perene do gênero em Santa Catarina e no Sul do Brasil. São quase quatro décadas de cultura e literatura, de abertura de espaços para a literatura de nossos escritores, de persistência e resistência. Para comemorar esse marco, o Grupo Literário A ILHA estará participando da Feira do Livro de Lisboa, levando a literatura dos catarinenses e brasileiros a mais e novos leitores portugueses. Excepionalmente, imprimiremos a revista, que é eletrônica, para que os frequentadores da feira possam conhecer o Suplemento Literário A ILHA e depois continuar acompanhando pela internet. No próximo ano, quando completarmos quarenta anos, o Grupo e a revista, estaremos lançando nova antologia, não com autores só da Grande Florianópolis, mas de todos os pontos do país e até do exterior. Esta edição comemorativa está recheada de muita poesia, muita prosa e informação literária e cultural. Leiam e nos contatem, para dizer o que acharam, pelo e-mail lcaeditor@bol.com.br. O editor.

Visite o Portal PROSA, POESIA & CIA. do Grupo Literário A ILHA, na Internet, http://www.prosapoesiaecia.xpg.com.br 3


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FLÚMEN

ESSÊNCIA DE VIDA

– Joinville, SC

Borges Wiemes

Pedro Albeirice

Rosângela – México

Cheiro de pequi, gosto de bacaba... Na cozinha, mamãe prepara a panelada enquanto a lenha chora no fogão. Ai, esses meninos que não voltam do rio! Cuidado, olha as arraias! Meus olhos, petrificados de terror, ante as histórias de esporadas, ataques de piranhas e abraços de sucuris. A mamãe não atinava o que eu, então, já sabia: suas invenções eram fruto de um amor cuidadoso. A mamãe se encontra ausente. mas o rio segue em frente, com suas alegres arraias e suas afoitas piranhas. Mas, a sucuri que aperta, tem outro nome: saudade.

Trago no peito um amor velho, desbotado Nos lábios, um beijo com cheiro de amor É tanta ternura ardendo em mim, Que eu me perco delirando, Nas noites velhas e mansas. Trago na alma sonhos límpidos, transparentes, Nas cores, vidas-meninas com marcas de tempo. É tanto brilho sorrindo em meus olhos Que eu me encontro cantando Pela vida romântica e tímida. Trago nos sonhos um sabor doce, frágil Nas flores, essências quentes com gosto de sol É tanta melodia invadindo meu jeito Que eu passo tocando Os espaços descoloridos e livres. Trago em mim Amores em forma de canções Sonhos em forma de sorrisos O meu encanto em forma de VIDA! 4


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IMPASSE

(2ª. parte) - Conto inédito de JÚLIO DE QUEIROZ

“A Academia de letras de Pesqueira tem o dever de informar que o acadêmico Adolfo Zimmermann, ocupante da Cadeira 17, faleceu na noite de ontem. O corpo está sendo velado na capela do Cemitério São Pelegrino. O enterro será amanhã, às dez horas da manhã no mesmo local.” O velório, antes do sumiço do corpo teve poucos oradores. Entusiasmado, nenhum. Quatro tardes depois, na sessão ordinária mensal da Academia, num clima de alegre cordialidade revestida de nênias hipócritas, já sem as clássicas, reiteradas e desagradáveis interrupções pelo falecido, tinha ficado combinado que a obrigatória sessão de saudade seria realizada sem pressa a fim de, como comentou o sempre sisudo da Cadeira 8, o distinto corpo acadêmico pudesse se dar conta da inesperada graça recebida.

enquanto preparavam o salão para a cerimônia, Ticiana comentou com a bibliotecária que não convinha disponibilizar mais que umas poucas garrafinhas de água mineral já que não se deveria esperar uma participação numerosa. Avaliação essa que foi confirmada quando o Presidente da Academia, passados os quinze minutos de tolerância além da hora pré-determinada, deu início à, pelo menos no nome, Sessão de Saudade do acadêmico último ocupante da Cadeira 17, e ressaltou a aguda inteligência, que havia marcado sua constante atuação literária e 6 humana com retumbante participação. Chegada a data da As oito pessoas presentes Sessão de Saudade, entreolharam-se. 5

O Presidente leu os e-mails enviados pelos acadêmicos que não tinham podido comparecer e o texto de um telefonema feito pela agora viúva do homenageado, explicando sua ausência por ter sido urgentemente chamada à João Pessoa para visitar um parente gravemente adoentado. Convidado, o orador oficial dirigiu-se à tribuna. De modo comedido, declarou que o Acadêmico falecido havia nascido, estudado na sua cidade natal, frequentado o curso de Medicina, tendo sido eleito para a Academia de Letras de Pesqueira com um brilhante discurso. – E interminável – lembrou-se em voz alta um dos oito presentes. O orador oficial agradeceu a atenção de todos. Foi


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substituído na tribuna pelos ocupantes das Cadeiras 23 e 12. Contrariando as expressões verbais, os três curtos discursos exuberavam um alegre alivio, uma promessa de navegação oratória calma e, por fim, o prever da ancoragem no porto seguro das opiniões dadas sem confrontos. O Presidente tanto declarou vaga a Cadeira 17, até então ocupada pelo acadêmico morto, quanto encerrada a Sessão. Antes de retirarem-se do nobre recinto, ouviram do sempre controlado ocupante da Cadeira 2 o comentário de que o inferno a partir de então teria um castigo a mais. Nenhum dos presentes pediu explicação para essa arguta observação. Ao terminar a tristeza encenada, saindo juntos, o Presidente da Academia num suspiro que ele não esclareceu se era de tristeza ou de alivio, comentou com o da Cadeira 32 que, passado um tempo apropriado, depois da Sessão da Saudade – peça oratória

obrigatória – iria propor que o Estatuto da Academia passasse a incluir um artigo tratando da possibilidade de excluir-se da imortalidade acadêmica alguém ainda em vida. – Será preciso dourar a pílula, mas acho a proposta muito conveniente – sorriu o outro. – Sugiro que o Presidente converse com o 14, mestre em circunlóquios, para submeter a proposta.

pado nos últimos dias. – Caro 26, orgulho-me de termos cimentado uma amizade sólida. Não sei se posso ajudá-lo, mas estou a sua disposição. Quer que nos encontremos amanhã na Academia? – Não, sete, o assunto se refere justamente à Academia. Podemos nos encontrar amanhã num café no centro da cidade? Que tal no do Café das Artes? 7 – Claro, a que horas? – Dez da manhã atrapalha Quando às 22:00 horas, seus afazeres? em sua casa, o da – De modo nenhum. Cadeira 7 atendeu ao Estarei lá. telefone, estranhou que um de seus companheiro 8 da Academia, sempre tão reservado, o procurasse O Café das Artes, na àquela hora da noite. praça VII de Setembro, – Sim, amigo Vinte e Seis é o foco de encontros – cumprimentou ele a voz de pessoas ligadas às reconhecida. atividades culturais de – Sete, o que lhe vou Pesqueira. dizer é muito confiden- Quando o da Cadeira 7 cial. Conto com a sua adentrou o local combidiscrição pois você sabe nado, já lá se encontrava como o estimo e quanto seu colega da Academia. confio em você. Gostaria Cumprimentos curtade ter sua opinião sobre mente afetuosos – o que um assunto que me tem discordava da habitual crescentemente preocu- prolixidade do da Cadeira 6


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26 – diante de uma média e um pão de queijo trazidos por um atencioso garçom, não houve os habituais intróitos sociais. – Ainda que eu esteja academicamente aliviado, não estou intelectivamente satisfeito com a morte do Cadeira 17 – suspirou o da Cadeira 26. – É bem verdade que ele mais que tumultuar, desordenava nossas sessões, tanto as literárias quanto as para os encontros sociais. Ele tinha o malfadado dom de transformar cada encontro num verdadeiro sacrifício, muito além de testes de paciência. Mas tenho pensado e repensado sobre as causas reais de sua morte. Para ser de uma franqueza rude, convenci-me de que o Dezessete foi assassinado. – Assassinado? – o da Cadeira 7 quase abortou o pedaço do pão de queijo que estava mastigando – Você tem alguma razão fundamentada para imaginar isto? Afinal de contas, mesmo que o falecido tenha sido – o do da Cadeira 7 hesitou

em empregar a palavra assassinado – por sua mulher – eles estão separados há muito tempo – ainda assim isto reverberaria no bom nome da Academia. – Mais que bom, um nome impoluto! – garantiu-lhe o companheiro de café. – E “reverberar” é de uma debilidade estrondosa; enxovalharia a honra da Academia por muitos anos. – Há o Atestado de Óbito – garantiu o da Cadeira 7 – não o vi, mas sem ele ninguém é enterrado. – No caso do Dezessete, escondido. E praticamente sem velório. – Bem, não estranhei tanto assim o pingo de pessoas que compareceu à cerimônia. O Dezessete era mestre em ser desagradável. Pelo, digamos assim, desprazer que ele espalhava de modo enfático e antipático até que a maioria dos acadêmicos teve a cortesia de enviar telegramas e e-mails desculpando-se por não comparecer ao velório. O discurso de despedida não passou 7

da leitura do currículo da vida do morto e até poderia ter entrado para a categoria de telegrama. – Tudo isto é a absoluta verdade. Só que se o foi, não deveria ter sido assassinado. Se sairmos assassinando todos os desagradáveis de Pesqueira, acabaríamos com metade da população – enfatizou o da Cadeira 26. – Uma solução que merece ser avaliada – brincou o da Cadeira 7. – Tenciono ir até o fundo disto – asseverou o da Cadeira 26. Minha mulher é amiga e companheira da mulher do Secretario de Segurança. São ambas voluntárias em hospitais. Elas intermediarão meu encontro com ele. Com a experiência que tem – além de que somos do mesmo partido – poderá desmanchar minhas suspeitas e, caso contrário, determinar uma verificação em caráter sigiloso.

9 O Presidente da Academia de Letras de Pesqueira empertigou-se


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e, tocando na medalha pendente da fita tricolor, símbolo da ALP, dirigiu-se aos trinta e dois acadêmicos seus colegas por ele convocados: – Esta reunião tem um escopo lamentável e inusitado. Alguns dos senhores devem ter tomado conhecimento dos fatos que se seguiram à morte do acadêmico Ocupante da Cadeira 17. Entretanto, houve alguns acadêmicos que não aceitaram, não o fato, mas o modo pelo qual nosso acadêmico deixou de comparecer aos nossos encontros. Para aqueles que ficaram alheios aos procedimentos legais; mais que legais, policiais, a presidência sentiu-se na obrigação de desvendar tudo cujo resultado lhes é de direito, convocando-os para esta reunião,

da qual não haverá nem anotações nem ata. Houve movimentos inquietos em um bom número de assentos e olhares mutuamente interrogadores na platéia. O Presidente esperou alguns segundos. – Irei, portanto, lhes apresentar a autoridade policial da Secretaria de Segurança, o Delegado Soares, que lhes detalhará os procedimentos envolvidos durante as verificações bem como sua conclusão. Aumentando o tom de voz: – Delegado Soares, por favor.

para o corredor que levava aos banheiros, agilmente caminhou de modo seguro, mas sem arrogância, até perto da tribuna. Não a ocupou. – Senhor Presidente, Senhores acadêmicos, estive nos últimos setenta dias inteiramente dedicado a uma tarefa da qual fui encarregado pelo Senhor Secretário de Segurança do Estado. Posso lhes garantir que não me sinto orgulhoso do resultado que lhes vou apresentar. Mas também posso lhes garantir a existência de provas concludentes para o que vou afirmar: O acadêmico 10 ocupante da Cadeira 17 foi assassinado por Convocado, jovem, sim- envenenamento! pático, de terno e gravata discretos, o Delegado (Continua na próxima Soares levantou-se da edição) Cadeira junto à saída

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INSPIRAÇÃO

RETRATOS

Erna Pidner –

José Godoy – Joinville, SC

Ipatinga, MG

O dia se fez tarde, se fez noite. Arderam sol e lua em poesia. Em retratos três por quatro, em preto e branco, a terra se fez nua ao efeito da magia. Mostrou-se aos olhos do céu, que em posse sublime seu véu estendeu e cobriu-a, à luz da estrela vespertina.

Por que te evades, inspiração? Em que refúgio vou te encontrar? Te afugenta a vã razão O imediatismo incomoda tanto Franco conflito te esvazia Não mais motivo para teu canto Será ternura e nostalgia? Dormes no topo dessas montanhas Na verde relva, entre os duendes Pelos caminhos não percorridos Nos corpos suados, adormecidos, Na vida mansa, lá na fazenda Na indagação de homens ateus Em reencontros, num triste adeus? Se retornares, eu te prometo Farei poemas, lindo soneto Sem macular tua nobre essência. Na tarde calma, ao longe, a aragem Há de espalhar suave mensagem! Volta depressa, eis o movimento: Te espera, livre, meu pensamento. 9


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MONTEIRO LOBATO, O PAI DA LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA

Anderson Medeiros – Ananindeua, PA

O dia 18 de abril foi dedicado ao livro nacional infantil, por uma fazão simples e significativa: naquele dia nasceu em Taubaté, interior paulista, o maior nome da literatura infantil brasileira: José Bento de Monteiro Lobato. Monteiro Lobato veio ao mundo em 1882.

Com dezoito anos, ingressou na faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, começando a participar de grupos e jornais literários. Retornou a sua terra natal aos vinte e dois anos, logo após diplomar-se. Foi nomeado promotor público de Areias, interior paulista, onde se dedicou também a traduções. É muito difícil encontrar um brasileiro que não tenha ao menos ouvido falar em Monteiro Lobato, ou que não tenha acompanhado pela televisão alguns inesquecíveis capitulos de O Sítio do Picapau Amarelo. A história narra as travessuras de Narizinho, seu irmão Pedrinho,

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Visconde de Sabugosa, dona Benta, tia Anastácia e Emília, a boneca de pano que era uma personificação de seu criador. A extensa obra de Lobato representa o seu amor pelo Brasil e os bons motivos que o levaram a tornar-se um homem público, ferrenho inimigo dos maus políticos. A carta que endereçou ao presidente Getúlio Vargas, insistindo no fato de que o Brasil tinha petróleo e que os benefícios de sua industrialização e comércio deveriam ser revertidos em melhorias ao povo brasileiro causou-lhe perseguições implacáveis por parte do governo. A briga pelo petróleo foi dolorosa para o escritor. Getúlio Vargas não acreditou e mandou prender Lobato. No cárcere, o pai de Narizinho recebeu a solidariedade de centenas de pessoas que vinham


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visitá-lo e dizer-lhe que foi uma injustiça a sua reclusão.

O UNIVERSO INFANTIL A obra de Lobato é a mais abrangente, original e rica da literatura infanto-juvenil brasileira. Lobato não teria feito uma perfeita fusão entre pedagogia e fantasia e muito menos recriava seus contos a partir da obra de outrem, como acusaram alguns críticos. Inveja do sucesso do talentoso escritor? Ele teria, isto sim, inventado todo um universo para os pequenos, tendo em vista que sua inspiração foi a própria criança, sua

vivência, seus sonhos e seus brinquedos, como bem lembrou a estudiosa Bárbara V. de Carvalho. O leitor mirim tinha toda liberdade para ser criança. O Sítio do Picapau Amarelo era cenário da brincadeira e do aprendizado, da beleza e da poesia, temperado com uma atmosfera mítica e real de um mundo exclusivo e colorido feito para o encanto próprio das crianças. O “ofensor” na obra lobatiana é a estupidez, o desconhecimento, contra os quais as personagens do sítio lutam em conjunto com o intuito de alcançar os bons valores que poderão s er c on quis t ad os pelos perseverantes e destemidos, haja vista que a infância não é “uma fase de estágio mental, mas uma inteligência em desenvolvimento”. A obra de Lobato motiva as crianças à pesquisa, ao conhe11

cimento, à curiosidade e ao desenvolvimento mental. Lobato não subestimou a capacidade delas, nem as empurrou para o desinteresse. A obra lobatiana remete a criança à auto-realização, dando a oportunidade de descobrir por si só o significado das palavras (consultando o dicionário) e a pesquisar em livros de História as personagens tão marcantes que visitaram o sítio. No dia 4 de julho de 1948 um acidente vascular c erebral fez o Brasil chorar a morte desse escritor que dedicou sua vida à literatura infantil. Milhares de pessoas estiveram no cemiterio


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da Consolação para dar adeus ao criador de O Sítio do Picapau Amarelo. A estrela maior da literatura infanto-juvenil tem seu posto cativo no coração de cada criança que mora dentro de nós.

PEQUENA BIOGRAFIA DE LOBATO:

comunhão. Fez o curso secundário em Taubaté. Com 13 anos foi estudar em São Paulo, no Instituto de Ciências e Letras, se preparando para a faculdade de Direito. Registrado com o nome de José Renato M o n te i r o L o b ato, resolve mudar de nome, pois queria usar uma bengala, que era de seu pai,

Monteiro Lobato (1882-1948) nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Era filho de José Bento Marcondes Lobato e Olímpia Monteiro Lobato. Alfabetizado pela mãe, logo despertou o gosto pela leitura, lendo todos os livros infantis da biblioteca de seu avô, o Visconde de Tremembé. Desde menino já mostrava seu temperamento irrequieto: escandalizou a sociedade quando se recusou fa ze r a p r i m e i r a

que havia falecido no dia 13 de junho de 1898. A bengala tinha as iniciais J.B.M.L gravadas no topo do castão, então mudou de nome, passou a se chamar José Bento, assim as suas iniciais ficavam iguais às do pai. 12

Ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco na capital, formando-se em 1904. Na festa de formatura fez um discurso tão agressivo que vários professores, padres e bispos se retiraram da sala. Nesse mesmo ano voltou para Taubaté. Prestou concurso para a Promotoria Pública, assumindo o cargo na cidade de Areias, no Vale do Paraíba, no ano de 1907. Monteiro Lobato casou-se com Maria Pureza da Natividade, em 28 de Junho de 1908. Com ela teve quatro filhos, Marta (1909), Edgar (1910), Guilherme (1912) e Rute (1916). Paralelamente ao cargo de Promotor, escrevia para vários jornais e revistas, fazia desenhos e caricaturas. Ficou em Areias até 1911, quando muda-se para Taubaté, para a fazenda Buquira, deixada como herança pelo seu avô.


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ARCO-ÍRIS DO TEMPO

TERESINKA PEREIRA

Selma Franzoi de

- Estados Unidos

Ayala – Jaraguá do Sul, SC

Pensamentos que percorrem caminhos de sombras olhos silenciosos Mar de lágrimas que se cristalizam sonhos que se apartam de meu sonhar e fogem com o vento deste fim de verão… Entardeceres dentro de minh´alma desguarnecida olhares silenciosos que se perdem na distância… Minha canção era a que cantavas ao meu coração de criança em noites de Natal… Lembranças de nossos belos tempos tardes de chuva e sol quando encantavas meu olhar mostrando-me o arco-íris sob os céus de Nova Trento… Lembranças remanescentes Olhos do tempo, sonhos do tempo arco-íris no céu de todos meus sonhos de todo meu tempo, onde sempre estarás. 13


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SOS EDUCAÇÃO Por Luiz Carlos Amorim - Escritor, editor e revisor, Fundador e presidente do Grupo Literário A ILHA, com 39 anos de trajetória. Cadeira 19 na Academia SulBrasileira de Letras. Http://lcamorim. blogspot.com.br

Tenho alertado a respeito do abandono da educação brasileira há anos. Nos últimos tempos, intensifiquei o foco, escrevi vários artigos sobre o tema, porque a situação tem

se agravado, não só pelo resultado constatado na aprendizagem dos estudantes, mas pelo estado cada vez mais precário das escolas públicas e do descaso para com os professores. Além disso, nos últimos tempos foram feitas modificações no sistema de ensino – alfabetização, ensino da matemática, etc., que ao invés de melhorar a educação, prejudicaram ainda mais os estudantes do ensino fundamental, que estão chegando ao terceiro, quarto ano sem saber ler e escrever. E isso reflete nas etapas seguintes, é claro, no ensino médio e também no superior, pois se a base não é boa, todo o resto estará comprometido.

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A União e os Estados – o Ministério da Educação e as Secretarias de Educação – não estão dando a devida atenção à educação, não estão investindo na educação. Aliás, o governo diminuiu a verba para educação neste ano. Parecem não se dar conta de que um ensino de qualidade é condição sine qua non para que tenhamos, mais adiante, pessoas educadas e qualificadas para trabalhar e ter uma vida digna, para que tenhamos profissionais qualificados e dirigentes preparados, com um mínimo de cultura para desempenharem um bom governo à frente do país, dos estados,dos municípios, das grandes empresas.


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O próprio Mec já admitiu, publicamente, o que temos repetido várias vezes: mais de um terço das crianças do inicio do primeiro grau, com oito anos, nove anos, não aprenderam a ler e escrever, o que compromete, como já dissemos, toda a vida escolar. A verdade é que, com o ensino deficiente, a qualificação para o trabalho e para o ensino superior estará prejudicada, como o próprio ministro da educação conseguiu enxergar. E como isso é uma bola de neve, a formação de professores, como de outros profissionais, também não terá a qualidade desejada, pois o ensino superior é a última etapa da cadeia educacional. Quem

puder seguir adiante, com especialização, mestrado, doutorado, também sentirá essa deficiência. O governo, ou a União, como queiram, sabe o estado deplorável em que se encontra a educação brasileira. E quando digo “educação”, friso sempre, lembro que a instrução, o ensino, estão contidos nela, conforme poderemos ver, se consultarmos o dicionário. O que é precisa fazer é responder todas as perguntas sobre os entraves que jogam a qualidade do nosso ensino cada vez mais para baixo e começar a investir para melhorar a qualificação de nossos professores – e de outros profissionais -, na melhoria das instalações das escolas públicas, 15

assim como equipá-las adequadamente e pagar dignamente os professores. Sempre defendi que os professores dos primeiros anos do Ensino Fundamental devem ser os mais bem pagos – por isso devem ser altamente qualificados – pois a base de tudo é o começo, o inicio da jornada para aquisição de conhecimento, de educação e para a formação de caráter. Não que os outros professores não devam ser reconhecidos, mas se começarmos valorizando aqueles lá do inicio da cadeia, todos os outros serão, consequentemente, bem qualificados e bem pagos. Se o ensino tiver qualidade, os educadores formados com ele também terão qualidade.


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LÁGRIMAS

JORNADA

Adir Pacheco – Florianópolis, SC

Adir Pacheco – Florianópolis, SC

...E vergarás os ombros sobre a terra ultrajada. Olhos obscurecidos ante a caminhada que lenta, desenha a sombra das últimas jornadas no adeus da vitalidade. Ao pó os sonhos, ao pó a carne, ao pó a vaidade. Era desejável toda ironia, onde vozes enclausuradas na récita do gosto amargo da velhice árdua, encontra a própria realidade que o corpo descobre. Em silencioso lamento, Apenas chora.

Uma lágrima na emoção que toca. Lágrimas que a fonte do coração derrama. Lágrimas nos olhos de quem odeia e ama. Lágrimas da fome que o corpo clama. Chora o andarilho a lágrima que não molha. É a lágrima recolhida que no peito chora, pois a lágrima mais doída é a da fome que corrói a vida. São lágrimas da terra do espírito que erra. Lágrimas que se consomem no infortúnio anônimo, retirantes de uma vida, mendigando a soluçar no silêncio sem nome. 16


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39 ANOS DE LETRAS E CULTURA Enéas Athanázio – Baln. Camboriú, SC

"Sei de experiência própria o quanto é difícil editar e manter um periódico dedicado às letras e à cultura. É um dos motivos pelos quais tenho reiterado minha admiração pela dedicação e persistência com que LUIZ CARLOS AMORIM vem man-

tendo o Suplemento Literário A ILHA, cuja história acompanho desde o início, ainda nos tempos em que foi editada em São Francisco do Sul. Num trabalho silencioso e solitário, ele deu início à publicação há quase quatro décadas, dando a público uma revista modesta e com pequeno grupo de colaboradores. Com o tempo ela foi se firmando, tornou-se conhecida, alargou o número de colaboradores e de leitores. Tornou-se um dos periódicos mais conhe-

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cidos do Estado, com muita penetração no restante do país e até no exterior. Tem publicado em prosa e verso autores de todos os recantos brasileiros e muitos de outros países. Respeitada e conhecida, A ILHA é motivo de admiração pela seriedade e pela qualidade de seu conteúdo. Agora, ao completar 39 anos, rendo a ela e seu editor as minhas homenagens de reconhecimento pela contribuição que têm dado à nossa cultura e às letras em particular.


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O MUNDO DAS SOMBRAS

GÊNESIS

Salvador, BA

Florianópolis, SC

Vera Trindade –

Celestino Sachet –

Foi lá onde vivi os mais emblemáticos sonhos Que em vida eu jamais tivera Vi Hitler plagiando o Dom Quixote Mas mandava torturar a sua Dulcinéia Di Cavalcanti fugia das suas mulatas Allan Poe tingia o pelo do seu black cat Raul Seixas quebrava seus óculos escuros E se escondia detrás dum frasco de colírio

A água é o gênesis chamado Deus Pai Se meteu entre um mar de terras É um continente de águas Água-vida que na água começa Água é tudo que do nada se abre Nuvem água que voa Rio água que anda Lago água que dorme Vinho água poeta que acorda

Vi São Pedro correr atrás de um galo Vi D. João VI beijar a face de Napoleão Enquanto D. Maria (a “Louca”) fugia em seu cavalo O restante, só de lembrar o mundo me enclausura... Ah! Vi a Monalisa romper com o da Vinci E me doía... Doía em mim o triste lamento da sua perfeita criatura: “Chega de prisão. Não dá mais para sorrir”. 18


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CELESTINO SACHET E A LITERATURA DOS CATARINENSES Maura Soares –

Florianópolis, SC

A obra “A Literatura dos Catarinenses—Espaços e caminhos de uma identidade”, do prof. Dr. Celestino Sachet, foi lançada em 2012, pela Editora Unisul. Passados sete anos, quantos escritores, poetas, contistas, cronistas já estão inseridos no cenário literário catarinense e que não constam desta obra! Criadas academias de letras regionais, mais

e mais escritores tiram das gavetas as suas produções para levá-las até o público leitor. A obra do autor homenageado contém, até o ano da edição, 2012, o que de melhor o Prof. Celestino, com critério, extensa pesquisa, muitas páginas manuscritas, produziu. Nas suas 626 páginas, de A a Z, o professor Celestino, de Abreu a Zunino, nos mostra— nesta fonte inesgotável de pesquisa, os autores

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já inseridos de há muito na literatura catarinense e outros não com tanta visibilidade, mas que lutam por seus reconhecimentos, como autores desta terra de sol e mar. Dos mais diversos rincões surgem escritores com seus temas distintos engrandecendo seus locais de origem, levando sua arte além-fronteiras. Respondo a quem me perguntar: Por que só agora, depois de sete anos do lançamento, a homenagem? Respondo que no lançamento, a obra foi citada, só não tinha ainda ganhado o espaço merecido e seu autor a reverência


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como merecia. Na obra distribuída em poema, prosa e teatro, os autores são apresentados com o que produziram no campo das letras, pois ao fim e ao cabo, tudo é literatura e arte. BIOGRAFIA DO PROFESSOR CELESTINO SACHET, POR ELE MESMO: “Nasci em 1930, em Nova Veneza, sul de Santa Catarina, uma vilazinha encostando na Serra Geral, cortada por um rio, título de poema verde-azul, hoje, um esgoto amarelo-escuro, com água de carvão que lhe misturou mau cheiro e morte. Na cidade grande, Criciúma, com-

prei a primeira revista, Seleções do Reader´s Digest, em 1942.Meus pais me enviaram para estudar em Urussanga. Depois, lá por 1945, em Florianópolis, Colégio Catarinense. E aí, quantas janelas se abriram: Latim, Francês, Inglês, Espanhol, Literatura, Filosofia. Sete anos mais tarde, Faculdade de Direito e Faculdade Catarinense de Filosofia, Ciências e Letras, época em que convivi com os professores que eu queria ser: Henrique da Silva Fontes e Aníbal Nunes Pires. Fiz especialização em Lovaina, Bélgica, o doutorado no México e o pós-doutorado em Ponta Delgada, arquipélago dos Açores, Portugal.

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Terminado tudo isso, pelo menos mais meia dúzia de concursos me proclamaram professor titular da UFSC e da Universidade do Estado. Nesta, cheguei a reitor e na Federal, a alguns postozinhos sem real e nenhum brilho. Nas ondas do Magistério acabei professor, visitante da Universidade Nacional de Formosa, Argentina. Adoro sala de aula. O meu reino por uma turma de alunos, por um quadro negro e um pedaço de giz, de preferência de cor branca. (Consegui escapar do computador!) Nos anos 70 escrevi cinco livros didáticos com o José Curi, intitulados Língua Nacional. Muito


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obrigado aos colegas que os adotaram porque esses livros me renderam alguns cruzeiros, como se dizia na época. O programa de televisão Santa Catarina: 100 anos de história, que foi ao ar entre 1º de dezembro de 1996 a 31 de dezembro de de 1999, escrito por mim e pelo mano Sergio Sachet,

ensinou-me a redigir para a mídia: nada de adjetivo e, muito menos, advérbios. Nem pensar em orações subordinadas substantivas ou circunstanciais e outras bobagens gramatiquentas. Uns 20 livros publicados, estou mais do que seguro: ainda há muito que fazer. Pelo menos outros cinco livros, mais

REVISÃO DE TEXTOS E EDIÇÃO DE LIVROS

Revisão e copidesque de livros, jornais, artigos, blogs, etc. Revisado e com a editoração feita, entregamos seu livro pronto para a impressão.

Contato: revisãolca@gmail.com 21

50 palestras, umas 500 obras para pesquisa, mais uns cinco mil sabe Deus quais trabalhos. (...) Casado com Therezinha, dois filhos, quatro netos (até 2012), cumpro a tarefa de ler dois jornais diários, uma revista semanal, dois livros por mês, uma viagem internacional por ano. Escrever, muito e muito! Um segredo! Só consigo escrever à mão. É que as palavras, para mim, funcionam como se fosse barro ao qual preciso dar forma para transformar em tijolo; de tijolo em tijolo, a parede; de parede em parede, a casa. O Livro! (...) “


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as pedras da rua, ri, porque o teu riso será para as minhas mãos como uma espada fresca. À beira do mar, no outono, teu riso deve erguer sua cascata de espuma, e na primavera, amor, quero teu riso como a flor que esperava, a flor azul, a rosa da minha pátria sonora. Ri-te da noite, do dia, da lua, ri-te das ruas tortas da ilha, ri-te deste grosseiro rapaz que te ama, mas quando abro os olhos e os fecho, quando meus passos vão, quando voltam meus passos, nega-me o pão, o ar, a luz, a primavera, mas nunca o teu riso, porque então morreria.

O TEU RISO

Pablo NeRuda

Tira-me o pão, se quiseres, tira-me o ar, mas não me tires o teu riso. Não me tires a rosa, a lança que desfolhas, a água que de súbito brota da tua alegria, a repentina onda de prata que em ti nasce. A minha luta é dura e regresso com os olhos cansados às vezes por ver que a terra não muda, mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me e abre-me todas as portas da vida. Meu amor, nos momentos mais escuros solta o teu riso e se de súbito vires que o meu sangue mancha

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pronto?

A MORTE Rita Marília –

Florianópolis, SC

Veio visitar-me a morte. Entrou sem barulho e, sentada no sofá, aguardou a noite que não tardava. Eu, sem saber, olhava o mundo pelo computador, via facebook, olhando e criticando a vida de tantos e de todos. Não sentindo tristeza pela desgraça, nem alegria pela felicidade alheia e, não sendo instruída em nada, desliguei o computador para ir dormir. Percebi então, no sofá, a presença cândida de alguém que viera me buscar para um longo e longínquo passeio. - Não haverá trevas nem ranger de dentes, disse-me por telepatia. - Não haverá barco em lago sinistro, bruma ou breu da noite, continuou. Neste instante, refletí: o que ainda não estava

minha morte? Não tenho: logo, não haverá fogos de artifício. - Amigos que me carregarão até o carro fúnebre? Tenho o suficiente: 4. Poucos, mas de imenso amor e a eles meu coração e gratidão. Minha mala está pronta.

Comecei uma lista de coisas para a ocasião: - Dívidas além das que estão no cartão de crédito? Não tenho. - Grandes pendências judiciais? Também não tenho. - Herdeiros além dos legalmente constituídos? Deixo amigos queridos, Não possuo. devolvo a casa que tenho chamado de parque de diversão, com meus brinquedinhos, e deixo uma história que voará pelo éter. Uma história “meio mais ou menos”, sem tragédias que possam provocar comoção nacional, sem filosofia para um livro, sem importância para significar uma perda. Saio da história como entrei: anônima. - Desejos deixados para O que fiz durante a vida? trás? Nenhum. Trazer até a velhice os - Esperanças do passado sentimentos deslumbraque ficarão no futuro dos da infância. Um depois? logo saberei. inexistente? Nada. Se nada houver, nunca - Ódio? Não. - Desentendimentos? saberei. Sim, mas nada que não Boa noite. (16.11.2016 caiba dentro do caixão. – 18.11.2016 – - Bens? Sim, para felici21.11.2016 – 24.03.17 dade dos herdeiros. – 03-02-18) - Inimigos que festejarão 23


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ENCONTRO

ASTROLÁBIO

Céu dos Poetas

- Lisboa

Aracely Braz –

Pierre Aderne

Um olhar para o horizonte, uma esperança que brota, algumas folhas que caem, um sorriso de alegria, um pensamento que diz: - Um amor vai apontar. Uma janela que se abre, um sol forte a iluminar; uma ponte a dar passagem, um amanhã a surgir. Uma verdade que fala, uma mentira que cala. Um caminho a se abrir, uma flor a perfumar, um espelho que revela um alguém a te esperar. Uns passos mais adiante, a feliz revelação: uns movimentos, pegadas, um encontro de emoção. Umas palavras, sussurros, uma pausa, uma espera, uma lágrima a rolar. São braços entrelaçados, encontros de lábios ardentes, luz que brilha no poente e uma estrada à frente.

Te deixo um abraço, um beijo e um mapa O argumento do livro e o desenho da capa Uma intenção ilícita Uma página não escrita Um presente pro futuro Numa caixa bem bonita Sangue do meu sangue Calor da nossa pele Um segredo bem guardado Até que o filme se revele Um coração mutante Um vulcão protagonista Que esquenta o oceano Em busca de conquista É sempre a saudade O que mais pesa na bagagem E ela só se acomoda no destino da viagem

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CENTELHAS DE VIDA

Urda Alice Klueger – Palhoça, SC

Era uma vez, lá no Paraíso Terrestre, quando Deus criou Adão e Eva e todos os animais, criou Ele, também, um casal de cachorrinhos. Viviam todos, lá, muito felizes, e se não fosse a preocupação de Eva e Adão de provarem dos frutos da Árvore do Bem e do Mal, a festa lá ainda não teria acabado, e ninguém passaria nenhum tipo de privação neste mundo. Bem, o fato é que lá, junto com Adão e Eva, havia um casal de cachorrinhos, e que enquanto Eva era tentada pela Serpente, os cachorrinhos, muito naturalmente, tiveram seus primeiros filhotes, que tiveram outros filhotes, que tiveram outros filhotes, até que um dia, milhares de anos depois, nasceram os dois cachor-

rinhos que vivem na rua do lado da minha casa. Eu comecei a vê-los no começo deste inverno que está tão frio: dois cachorrinhos amarelos, dos mais legítimos vira-latas, a saírem para a entrada da rua, bem na minha esquina, para ficarem ao sol que chega antes na esquina do que na casa deles. Pequenas centelhas de

vida explodindo de inteligência e alegria, eles sabem exatamente a hora em que o sol chega a um pedaço quadrado de asfalto na saída da rua, e lá vêm, lépidos e alegres, a balançarem seus rabinhos na efusão gratuita de viver, para aproveitarem o calor fraco do sol e se aquecerem. Como se divertem os dois 25

bichinhos! Eles ainda são cachorrinhos muito novos, mal e mal deixaram de ser bebês, e a idade adulta deve vir só lá pelo verão. Estão naquela fase em que os cachorrinhos gostam de roer os chinelos das pessoas, e onde a alegria é infinita dentro dos corpinhos peludos e inquietos de tanta vida. Naquele quadrado de sol da esquina da minha rua, eles se aquecem com os focinhos erguidos, e brincam, alternadamente, brincam um com o outro tendo a certeza de que a coisa mais importante deste mundo é brincar. Eles conhecem todas as crianças da redondeza, e todas as crianças os conhecem – quando elas passam, cedinho, em direção da escola, eles interrompem suas brincadeiras para fazerem festa às crianças, e acompanham-nas um bom estirão pelas calçadas, até lembrarem-se que têm seu quadrado de sol no mundo, e voltarem à minha esquina. Conhecem gente grande também: recentemente,


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quis saber mais sobre eles. Minha amiga Margarida contou-me que se chamam Toco e Bilú, e Margarida é uma mulher séria, tesoureira de um banco, o tipo de pessoa que a gente não pensa que sabe o nome de dois cachorrinhos de nada, duas centelhazinhas de vida que surgiram no começo do inverno num quadrado de sol. Depois que Margarida contou-me até o nome deles é que vi o quanto estão populares em toda a vizinhança. Sabedora, agora, dos seus nomes, ontem de manhã fui lá falar com eles. O dia estava nublado, e o pedaço de sol não tinha aparecido na esquina. Os cachorrinhos, porém, sabiam perfeitamente onde ele iria surgir, se surgisse, estavam lá sentados com cara de aborrecidos pela falta

daquele amigo Sol que os tem aquecido desde que se lembram, na sua curta vida. Eles ainda não me conheciam – sempre os observo de longe, de dentro da garagem – e se mostraram indiferentes até que chamei: – Toco! Na hora descobri quem era Toco, pois ele veio pular em mim arrebentando de alegria, e foi só chamar “Bilú”, para que Bilú também entrasse num paroxismo de prazer e de pulos, ambos inteiramente cônscios da sua identidade neste mundo. Nasceram faz pouco tempo: da vida só conhecem o quadrado de sol e as crianças que passam, mas sabem muito bem como cada um se chama, e como ficam gratuitamente felizes quando um adulto se digna dar-lhe o pequeno

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nome que é quase tudo o que possuem! Eles pularam e me lamberam até que eu tive de ir-me. Pelo retrovisor do carro, fiquei vendo como, depois da alegria de terem sido reconhecidos por um adulto, esqueceram-se de que o quadrado de sol não tinha vindo, naquele dia, e passaram a brincar com a mesma alegria de quando se sentiam aquecidos! Se Adão e Eva não tivessem acabado comendo do fruto da Árvore do Bem e do Mal, cachorrinhos como Toco e Bilú nunca sentiriam frio, e nunca precisariam ficar brincando num quadrado de sol na esquina de uma rua, e não haveria na minha vida a luz das suas pequenas centelhas de vida. Até que Adão e Eva não erraram de todo!


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PROTESTO DE UM PASSARINHO Cresci dentro de um ninho Numa mata que era verde O dono da mata me roubou Me pregou com um grampo na parede Passei de pardo a adulto E aprendi a cantar O dono me vendeu bem caro E o dinheiro foi contar Ficou feliz com o preço Que ganhou com minha vida Continuei numa gaiola Para mim, era a despedida Me ensinaram um canto De um parente, gravado Quando aprendi a melodia Fiquei mais valorizado. Me colocaram pra cruzar Com uma fêmea que não conhecia Era bonita e fogosa Mas infelicidade ela sentia Fui vendido novamente Por um preço absurdo Não entendia nada daquilo Com o barulho, fiquei surdo Então resolvi protestar

Gilberto Nogueira de Oliveira - Nazaré, BA

Contra o comércio ilegal O dono ficou zangado E descobriu que sou um animal Ficou zangado e me libertou Da gaiola e do alpiste Soltei cantos para ele Mostrei que a natureza existe. Por não ter experiência Nessa tal de liberdade Fui picado por uma cobra E a culpa foi da insanidade.

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FIM DE PICADA

MINHA VIDA?

José Alberto de Souza – Porto

Ana Esther –

Alegre, RS

Florianópolis, SC

Com essa química que vem dentro de mim Corroendo as sobreviventes entranhas Sem respeitar o ocaso d’amargo fim Para insistir em tão funestas artimanhas É o que me resta dum perdido jardim Agora tomado pelas ervas estranhas Que se espalham e cobrem rasteiras assim O solo inteiro em minúsculas montanhas Ainda mais deixando de possuir ambições De retornar àquela antiga juventude Sempre resistindo em nossos corações Como se fosse a derradeira virtude Conservar as tantas e boas aspirações Numa redoma de nostálgica atitude.

Uma sequência do que poderia ter sido mas não foi de escolhas que não fiz de rumos que tomaram por mim de sonhos que me negaram de desejos que pesadelos viraram. Sim, não posso negar. Mas podes apostar... Minha vida é sempre também um renovar de novos desejos e de lindos sonhos um tomar outros rumos e fazer as minhas escolhas numa sequência do que pode ser... E será.

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FIM DE RUA

Maria Teresa Freire – Curitiba, PR

Levava-me, pela mão, para a escola, todos os dias. Passávamos por aquela rua, observando o casario, as plantas. Éramos atentas ao aconchego do local que abrigava nossa casa. Atentas aos vizinhos que nos cumprimentavam. Aos detalhes que nos circundavam. Às pequenas modificações que, por ventura, fizessem. Atentas à alegria de viver no final daquela rua. Enquanto caminhávamos, contava-me sobre as coisas do crescer e amadurecer. Sobre

ser honesta, sincera, educada e gentil. Sobre apreender os ensinamentos que recebia na escola e das pessoas mais velhas. Sempre me dizia que os idosos mereciam respeito. Aliás, que respeito era um item importante a ser aprimorado durante a trajetória da vida. Respeito pelas pessoas, pela história, pela natureza, pelos animais, pelo amor, pelo casamento. Explicava-me que tentasse conhecer um bom rapaz que pudesse me fazer feliz por ser um homem que me amasse, me protegesse, que fosse trabalhador e que cuidasse da família que tivéssemos. Esclareceu-me que nos relacionamentos, a paciência e 29

o respeito eram importantes. Esses dois componentes fariam o amor perdurar. Também ajudariam a criar bem os filhos, assim como prolongariam as amizades. Ensinou-me a me tornar uma mulher responsável, delicada mas firme; romântica sem perder a realidade; expansiva quando pudesse e quieta quando fosse necessário. Ensinou-me a ser mulher. A ser uma boa amiga, boa esposa, boa mãe e boa profissional. Com os ensinamentos de minha mãe fui para a vida. Firme, altaneira e pronta a aprender, sempre.


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O CÉU DA INFÂNCIA

Fátima Cardoso – Joinville, SC

O céu da infância tingiu-se de saudade A galope o frescor do tempo evaporou. Resto de sonho vagueia entre lembranças, Em que a noite antiga cantarola, ao som da harpa angelical. No silêncio íntimo do aconchego a xícara de chá de hortelã exala a nudez do aroma explícito ao tálamo. A Chuva na varanda exorciza água na talha. Busca a linhagem aquática Só as tempestades não envelhecem.

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CASA DE MARIMBONDOS Else Sant’Anna

Brum - Joinville, SC

Pedro Miguel e Gustavo eram primos. Um dia eles estavam brincando no quintal da casa de sua avó Iara, quando viram um menino maior que eles jogando pedras em uma casa de marimbondos num rancho que ficava ao lado. Pegaram bem depressa a irmãzinha Helena que estava dormindo num carrinho de bebê e a levaram para dentro de casa com medo de que algum dos bichinhos viesse mordê-la. - Por que será, disse Pedro Miguel, que meninos gostam de apedrejar casas de marimbondos, sabendo que eles mordem e sua mordida é horrível? Esse não é o primeiro que eu vejo. - Eu não sei, falou Gus-

tavo, mas garanto que vó Iara sabe, porque ela conhece tudo sobre bichos e entende esse mundo como ninguém. Vamos perguntar a ela. A boa avó, além de preparar bons quitutes para os netos, costumava contar histórias e ensiná-los a cuidar da natureza. Indagada pelas crianças, Vó Iara explicou assim: - Diz a lenda que um dia, uma marimbonda velhinha que morava só, pois os filhos já tinham saído de casa, ficou muito doente. Precisava de ajuda, mas como encontrar os filhos se não podia nem sair da

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cama? Neste momento apareceu em sua janela uma linda borboleta e ela lhe pediu que fosse à casa de seus filhos avisar que ela estava muito doente. - Vou com prazer, disse a gentil borboleta. É só me indicar o caminho. - Você passa pelo Lago Azul e bem perto, depois de uma cerejeira grande, tem uma casa branca de janelas verdes. Ali está a casa de meus filhos. A borboleta voou ligeiro até o lago, mas quando viu aquela água cristalina quis molhar suas asas para se refrescar


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e esqueceu de ir à casa dos marimbondos. - Que pena, disse Pedro Miguel. A marimbonda cansada de esperar, viu passar uma libélula. Chamou-a e pediu a mesma coisa. Mas a libélula encontrou no caminho uma amiga, ficou conversando e esqueceu de levar o recado. - Puxa, que azar, falou Gustavo. A marimbonda já estava desiludida, quando viu chegar a sua amiga abelha, que imediata-

mente foi à casa dos filhos da doente e deu o recado. Eles, no entanto, eram ingratos e não vieram atender a mãe, dando mil desculpas. A abelha, sem dizer nada, para não causar desgostos, foi até sua casa, trouxe mel e algumas ervas e fez remédio para a amiga, que logo se restabeleceu. Então a marimbonda disse: - Pode dizer... Meus filhos não quiseram vir, não é? Mas eu lhe

afirmo, sempre que meninos virem uma casa de marimbondo, hão de jogar pedras. Terminada a história, Vó Iara falou para os netos, que estavam pensativos: - Mesmo que sejam marimbondos, os bichos não devem ser maltratados, pois o resultado não é agradável. O mesmo também acontece com a natureza, que está respondendo aos maus tratos que tem recebido. - Sim, vovó, disseram os dois ao mesmo tempo. E perguntaram, com olhinhos sapecas: - Tem bolinho de chuva para o café hoje, vovó? (Else Sant’Anna Brum, escritora e educadora E-mail para contato: elsebrum@gmail.com)

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MEU VOCÊ

CANÇÃO DA FORMOSURA

Célia Biscaia Veiga – Joinville, SC

Cruz e Sousa

Vinho de sol ideal canta e cintila Nos teus olhos, cintila e aos lábios desce, Desce a boca cheirosa e a empurpurece, Cintila e canta após dentre a pupila.

Olho pra você Mas não é você que eu vejo... Pelo menos não o Você Que eu conheço, Ou que eu pensava conhecer... O Você que eu conhecia Era aquele Que você me apresentou (Ou que representou...) E que seria incapaz De algumas atitudes Que vejo você tomar. Não, quem está à minha frente Não é você, Pelo menos, não o meu Você, Pois acabo de descobrir Que esse Você só existiu Na minha imaginação.

Sobe, cantando, a limpidez tranquila Da tu'alma estrelada e resplandece, Canta de novo e na doirada messe Do teu amor, se perpetua e trila... Canta e te alaga e se derrama e alaga... Num rio de ouro, iriante, se propaga Na tua carne alabastrina e pura. Cintila e canta na canção das cores, Na harmonia dos astros sonhadores, A Canção imortal da Formosura! 33


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OTTO

Edltraud Zimmermann Fonseca - Indaial, SC

Otto morreu! Foi a noticia que recebi hoje cedo, pelo telefone. Tatiana estava chorosa. Levei um choque. Otto, nossa querida Otto, morta! Morreu às quatro horas da madrugada em uma clínica da cidade. Se automutilou. Suicidou-se, abrindo a recente operação e devorando as entranhas. Ninguém na clínica havia presenciado coisa tão horrenda! O que teria levado Otto ao suicídio? A procurar a morte de maneira tão brutal? Estaria sentindo saudades de casa, de nós? Seria carência afetiva? Estaria se sentindo abandonada sem a presença das

pessoas amigas de quem recebia tanto carinho? Dera à luz há poucos dias. Mostrara ser mãe dedicadíssima. Alguns dias após o parto, apareceu com o abdômen intumescido e volumoso, quase não podendo andar. Sofreu muito. Levada ao medico veterinário, foi indicada uma operação. Deixamos Otto internada na clinica e a seguir ela foi submetida a uma cirurgia delicada. - Cirrose hepática – foi o diagnostico definitivo. - Como é possível, doutor, se Otto não consome bebida alcoólica? - É proveniente da hepatite que vem se agravando há algum tempo. Foi necessário deixá-la internada na clinica para se recuperar da operação e ficar em observação, pois ainda permanecia um dreno para assepsia do líquido abundante. Hoje, Otto morreu! 34

Eu sei o que levou minha Otto ao suicídio. Muitas coisas antecederam este seu ato de desespero. Otto é filha da Mocinha e nasceu em nossa casa rodeada de carinho. Desde o seu nascimento foi tratada com muito amor. Não foi feliz com seu primeiro parto, porque sua mãe enraivecida e com ciúmes atacou e matou seus lindos filhos. Lembro-me do desespero de Otto ao presenciar tal cena, vindo buscar socorro na cozinha, onde eu fazia o almoço. Otto quase enlouqueceu com a perda dos filhos. Foi difícil acalmá-la. Por isso, redobramos nosso carinho e afeto. Mas em seus olhinhos permaneciam nuvens de tristeza e frustração. O tempo passou e achamos que ela havia se esquecido. Agora deu à luz mais quatro filhotes, dois morreram e dois permanecem vivos. Até


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a sua doença, Otto não se afastava dos filhotes um minuto: amamentando-os, acariciando-os como mãe dedicada que era. Súbito, a doença. O abandono na clinica, longe dos filhotes, da casa, das crianças

que formavam o seu mundo. O que estaria se passando na cabecinha da Otto, o que a teria levado a um ato tão extremo? Fica a pergunta. Será que alguém já tentou estudar o estado emocional e

psicológico de um cão? Otto era nossa cachorrinha de estimação! Só era cão porque não falava. Hoje o “Jornal Nacional” noticiou uma criança recém nascida encontrada num latão de lixo!...

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A PESCA

VIVA

Chris Abreu –

Rita Pea, Portugal

Florianópolis, SC

As batidas na madeira E os gritos das gaivotas Anunciam a chegada Do pescador Disparam os peixes Na esperança de fuga Mas a rede estendida E o súbito pavor Encerram suas vidas O pescador satisfeito Toca a canoa ligeira Trazendo o sustento do mar Corre na praia o menino Esperando abraçar seu pai Feliz que terá alimento E amor, no aconchego do lar.

A Ti, Que me despes de poema em poema E mordes de boca em boca para beber todos os meus silêncios, Aqui tens o meu coração ensanguentado. Guarda-o entre as tuas partituras de Chopin espalhadas em cima do piano E no próximo luar, Vai lavar as mãos na água do rio. Assim, Sentir-me-ás viva, no leito da tua memória. 36


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O TEMPO

ÉBRIAS REFLEXÕES

Adir Pacheco – Florianópolis, SC

Adir Pacheco – Florianópolis, SC

Aqui! A alva ideia. O cintilar da voz responde e ressoa o passo das horas imóvel no silêncio do tempo. Acolá! Na tarde fala das memórias, do eterno das ruínas. No entanto, nestas vestes rotas, cinzas, inclina-se o homem que era ontem e agora em sombra finda.

Quero beber das estrelas, na boêmia noite que me suga. Quero beber do adeus, no abandono dos olhos que se fecham. Beber da luz, na alma poética da noite a inebriar-me o espírito, no incógnito domínio de uma imagem. No enigma das palavras, das frases inacabadas quero beber. Dos versos pronunciados, confidenciados no silêncio ... que és minha amada. 37


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CONSIDERAÇÕES SOBRE RIOS Harry Wiese – Ibirama, SC

Vez ou outra estimulo-me a escrever sobre rios. Rios sempre fascinaram e continuam fascinando os seres humanos. Rios não só fascinam, mas também dão denominação a lugares. De rios também vêm filosofias. O filósofo pré-socrático, Heráclito, é o autor da famosa frase: “ninguém pode tomar banho duas vezes nas águas do mesmo rio, porque o rio está em constante mudança e também o está quem nele mergulha”. Tempos atrás fui entrevistado por uma emissora de televisão sobre a utilidade do Rio Itajaí-açu para os primeiros imigrantes. Penso que a minha fala não era o que a nobre repórter queria ouvir.

Fomos gravar à beira do rio, na localidade de Subida, em Apiúna, para que a matéria se tornasse mais autêntica. Sentado sobre pedras com o rio como imagem de fundo, a conversa fluía: – O que o Rio Itajaí reprentava para os imigrantes? Ela quis que eu falasse da utilidade do rio para aqueles que aqui queriam iniciar uma nova fase de vida. Ela insistia na conveniência dos peixes, da água abundante e coisas do gênero. Que utilidade tinha um rio cheio de pedras e paus, que dificultavam até a navegação de canoas rústicas? Que utilidade tinha o rio que levava construções, pontes, pontilhões, balsas, pessoas e animais em tempos de águas abundantes? Que utilidade tinha o rio que ceifava vidas nos poços traiçoeiros? Então, o rio era mais temido, que elogiado. Mas também é verdade que o rio chega ao mar 38

porque consegue vencer suas dificuldades, entre curvas, paus e pedras. Assim, os rios são exemplos de persistência e perseverança, assim como para aqueles que aqui chegaram com sonhos ousados. Deixei evidente para a repórter que o nosso olhar sobre o rio hoje está muito aquém daquele dos imigrantes no início do século XX. Não há comparação. Eles não vieram para para se inspirar na poética das águas límpidas e fartas como muitas pessoas fazem atualmente. Também não vieram para saciar a fome com os peixes, por mais abundantes que fossem. E se alguém fosse apanhado pescando, logo punham-se à falação: – É melhor trabalhar que se aventurar a fisgar piavas! Eu disse à repórter: – O rio Itajaí-açu e, em especial, o afluente Rio Itajaí do Norte, mais conhecido como Rio Hercílio, significava,


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naqueles tempos, o rio da fartura. Era fonte segura. As águas em abundância significavam a terra boa à disposição para as roças, pastos e edificações. Onde havia água, havia floresta; onde havia floresta, havia umidade; onde havia umidade, havia húmus e onde havia húmus, havia plantas crescendo com vigor e onde havia plantas crescendo com vigor, havia o prenúncio do desenvolvimento desejado. Os rios não eram caminhos, mas indicavam a direção das estradas. As estradas beiravam os rios e os rios eram tão importantes que deram nomes às loca-

lidades: Rio Sellin, Rio Rafael, Rio dos Índios, Rio Krauel, Rio Dennecke, Ribeirão das Pedras, entre tantas outras. Os nomes eram tão fortes que persistem até hoje, nem mesmo a Campanha de Nacionalização com seus rigores conseguiu rebatizar aqueles que continham nomes estrangeiros. Outra questão sobre rios refere-se à medição de lotes. Os rios eram os divisores de terras. As terras eram medidas a partir dos rios: uma colônia para um lado, outra para o outro lado e o rio pertencia as duas. Informações pertinentes sobre o Rio Hercílio

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são encontradas no livro “Erinnerungen aus dem Berufs und Seelenleben eines alten Mannes”, escritas por Alfred Wilhelm Sellin, fundador de Hammonia, hoje Ibirama e cidades vizinhas, em que conta com detalhes a chegada à nova terra. Entre a descrição de pássaros, peixes e natureza, conta as dificuldades que tiveram em conduzir as duas canoas na extensão compreendida entre a foz do Rio Hercílio até o local da fundação de Hammonia, o que confirma minhas declarações nesta crônica. Que o nosso rio seja sempre o rio da contemplação e reflexão!


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VAGA-LUME

CLÁUDIA KALAFATÁS –

A SALA

Cláudia Kalafatás

Florianópolis, SC

Vaga-lume se debate de ciúme por costume, incandesce a noite verde e, se de sua passagem, exalar perfume o imaginário estará imune: a quente serpente, lentamente não devorar-te-á a mente; E assim, rente ao que há de mais benevolente o descrente vê o amor se formar... Difícil imaginar? Tente!

Há uma difícil disciplina afetiva em monitorar os pensamentos para que o convívio desse amor, minha diva, se mantenha sem tormentos... Na grandeza da noite, o silêncio sorrateiramente se apodera de meus medos, muda então, escrevo e sendo para ti, sem segredos. Os gritos internos que a caneta revela paralisam meus dedos. Esta pessoa que te olha, te ama! Meu olhar que te persegue, te chama! E esse amor me embala, chama que anima a vida solitária que resta nesta sala. 40


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A COLECIONADORA DE SAPOS Sônia Pillon –

Jaraguá do Sul, SC

É comum as pessoas se tornarem colecionadores em algum momento da vida. Geralmente essa mania surge ainda na infância. Quem não lembra das coleções de figurinhas da copa do mundo, quando acontece um frenesi em busca deste ou daquele ídolo de futebol? Os pais se desdobram em atender os pedidos dos filhos e até voltam a ser crianças nessa hora. Existem as coleções de carrinhos, de chaveiros, de super-heróis, de Lego, dinossauros de plástico, bonecas, bichos de pelúcia... A imaginação não tem limites para os colecionadores mirins e infanto-juvenis. O tempo vai passando, os aniversários se sucedendo e é comum deixar

de lado antigas coleções. Doam, vendem, trocam, ou simplesmente jogam fora o que lá no passado teve grande importância. Os interesses de ontem já não são os mesmos de hoje, e possivelmente também não serão os mesmos, amanhã. Nem todos são nostálgicos. Quando adultos, existem colecionadores que ganham status de excêntricos: acumulam por compulsão, ou mera ostentação. Roupas, sapatos, joias, moedas, selos, suvenires, obras de arte, artigos de celebridades, automóveis, bicicletas... Quanto mais raros os itens conquistados, melhor é a satisfação de quem coleciona. Há também os que colecionam animais, como cavalos, pássaros, cães, gatos, coelhos, hamsters, e as mais exóticas espécies. Sem esquecer aqueles “colecionadores”

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de casamentos, namorados, paixões... Pois tenho uma amiga que coleciona sapos. Isso mesmo, sapos! Aqueles anfíbios de pele rugosa, que coaxam, costumam dar pulos curtos que assustam alguns e causam pânico em outros? Foi exatamente isso que fiquei imaginando. Visualizei uma lagoa, no fundo de uma propriedade, lotada de sapos coaxando. E me perguntei como seria para dormir à noite, com uma coleção tão inusitada... Mas, pasmem! Quando questionei a minha amiga se conseguia dormir com os coaxos noturnos, ela soltou uma sonora gargalhada. - Ah, não! Não é desse tipo de sapo de que estou falando, mas dos “príncipes” que encontrei até hoje e se transformaram em sapos!, disse ela, com senso de humor. Tive de concordar. Os príncipes encantados das fábulas, eternizados nos livros infantis e nas telas do cinema por Walt Disney, não são reais, mesmo pertencendo “à realeza”.


Florianópolis–SC • Junho / 2019 • N.149 • Edições A ILHA • Ano 39

VOZES DO CORAÇÃO

PARTIDA

ADIR PACHECO

ADIR PACHECO – Florianópolis, SC

Colore a derradeira amarra das sombras do coração. Deixa-me partir no silêncio da alva plenitude. Que minha ausência estenda sobre o teu deserto, o sol que fui e sou no sopro do acaso a florescer entre os mitos. E nossos gestos dentro da noite não se apaguem na memória das sombras. Então minha partida será triunfal, no canto das renúncias dominando o meu destino.

Do eterno, nossas vozes sob o rasgo da noite calam. Fiel à lua, li a tua ausência inclinando-me ante os mortos. Lentamente arcado, rumo no tempo sob os passos que por instantes amei e por tantos outros reprovei. Em tua ausência, ouço o silêncio e vejo o frágil balé da vida, o horto que corrói, o coração que se cala. 42


Florianópolis–SC • Junho / 2019 • N.149 • Edições A ILHA • Ano 39

A ILHA - 39 ANOS DE LITERATURA Junho de 2019. Estamos comemorando mais um aniversário do Grupo Literário A ILHA, quando ele completa 39 anos de existência e resistência, criando e mantendo espaços para a poesia e a literatura de Santa Catarina e de todo o país, divulgando as nossas letras para o mundo todo. Parece que foi ontem: da vontade de alguns novos escritores em mostrar seu trabalho surgiu a necessidade de uma entidade, uma agremiação que propiciasse a sua reunião. Então o Grupo Literário A ILHA foi fundado, em São Francisco do Sul,

em 1980. Ao mesmo tempo, foi lançada a revista Suplemento Literário A ILHA, cria do jornal do mesmo nome, hoje extinto. O grupo migrou para Joinville em 1982 e, no ano de 2000, transferiu-se para Florianópolis, outra ilha, continuando o trabalho desenvolvido até então. As atividades do grupo, no início, constituiam-se da edição do Suplemento Literário A ILHA, da exibição do Varal da Poesia, do Recital de Poemas, na Feira de Arte e Artesanato, nas escolas e festas e também das Oficinas Literárias, no grupo e nas escolas. Hoje, além da revista, o grupo publica antologias e livros solo, através das Edições A ILHA. São

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quase cem títulos com o selo da editora. O Varal da Poesia transformou-se no Projeto POESIA NO SHOPPING, exibido por todo o estado e novos projetos foram colocados em prática, como o pioneiro POESIA NA RUA - poesia em out-doors pelas principais cidades catarinenses, criado em 1995. Outros projetos foram criados, como PACOTE DE POESIA – na verdade, um livro: a capa é um pacote, as páginas são folhas soltas dentro dele; POESIA CARIMBADA - o suporte da poesia, neste caso, pode ser qualquer superfície; SANFONA POÉTICA - folders com meia dúzia de poemas de um ou mais autores; POESIA NA ESCOLA apresentações de poesia em vídeo e fotos, para uso nas escolas; O SOM DA POESIA - gravação de declamação de poemas -, projetos que vieram dar mais força à divulgação da poesia feita pelo grupo, além é claro, do portal PROSA, POESIA & CIA., o Grupo


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A ILHA na Internet para todo o mundo, em http:// www.prosapoesiaecia. xpg.com.br. O Grupo Literário A ILHA comemorou o seu vigésimo aniversário colocando a poesia de Cruz e Sousa na rua, com uma edição especial do PROJETO POESIA NA RUA, que consistiu-se de três out-doors - dois com trechos de poemas do maior poeta catarinense e um em sua homenagem. No próximo ano, o Projeto Poesia na Rua com os poemas de Cruz e Sousa voltam às ruas do Estado para comemorar os quarenta anos do grupo e da revista. Nestas quase quatro décadas, o Grupo A ILHA promoveu lançamentos de cerca de uma centena de livros pelo Estado de Santa Catarina e também em outros estados. Visitou escolas, festas, bancos, bares, supermercados, museus, etc., levando palestras dos seus escritores, o Varal da Poesia e o Recital de Poemas. O Grupo

Literário A ILHA participou e participa de vários Salões Internacionais do Livro pela Europa, assim como Feiras do Livro em países como Portugal e Espanha, levando a literatura dos brasileiros e portugueses aos quatro cantos do mundo, publicando em antologias, revistas, jornais e portais em vários países. A produção de escritores do grupo já foi traduzida para vários idiomas e publicada em países como India, Russia, Estados Unidos, Itália, França, Cuba, Espanha, Uruguai, México, etc. O Grupo Literário A ILHA é o grupo literário que mais tempo persiste na caminhada, no objetivo

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de popularizar a poesia, através dos mais diversos meios. É o mais perene do género em Santa Catarina e no sul do Brasil, quiçá no país. As novas tecnologias têm ajudado muito nisso: o advento da informática veio ajudar, primeiro, na edição e confecção da revista e das outras publicações, como livros, folders, cartazes - a editoração ficou mais simples e prática, a revista, que começou como um mimeografado dos anos oitenta, hoje é uma revista colorida, com uma apresentação e um conteúdo impecáveis. E a internet, com a comunicação instantânea, faz a disponibilização


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imediata de todo conteúdo em qualquer lugar do mundo, a qualquer tempo. O portal do grupo na internet, PROSA, POESIA & CIA. e a edição on line em e-book das revistas SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA e ESCRITORES DO BRASIL, com milhares de acessos à cada edição, são as maiores audiências do grupo. Também a revista MIRANDUM, da Confraria de Quintana. No portal, em http:// www.prosapoesiaecia.

xpg.com.br, o leitor encontra as edições on-line de dezenas de números da revista Suplemento Literário A ILHA, e várias outras seções, como Grandes mestres da poesia, com nomes como Quintana, Cora Coralina, Cruz e Sousa e outros; Autores Catarinenses; Literatura Infantil, com biobibliografia e trechos da obra destes autores para um público tão exigente; Livros On-Line, com edições virtuais de livros de poemas em inglês,

LEIA

espanhol e português; as antologias "Todos os Poetas" e "O Tema do Poema", já com centenas de poetas publicados. E recém colocadas no ar, as seções "Entrevistas com Escritores" e "Artigos sobre Literatura", "Feira de Contos" e "Crônica da Semana". O GRUPO LITERÁRIO A ILHA é um universo de literatura. Que venham mais quarenta anos de muita cultura e incentivo à leitura.

Para adquirir os livros “MEU PÉ DE JACATIRÃO” – poemas e “PORTUGAL, MINHA SAUDADE”–crônicas, pedir pelo email revisãolca@gmail.com

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ENSAIO POÉTICO!

Há que se atentar às formas multicores, Ao inserir-se ao mundo, com múltiplos colores, Buscando na espiritualidade, entenderes, Que no amanhã, primam por verdades. E em sua essência complementam-se, Ímpares olhares, Emprestando-lhe algures, infinitos cantares.

Lorena Zago

– Presidente Getúlio - SC

Seu olhar angelical encanta, Sua meiguice desencadeia ternura, Que toma forma em suas Manifestações infantojuvenis. Poesia, prosa, expressões culturais, Definem este ensaio de princesa. Na dança impressiona com beleza e graça, Na prosa externa suas leituras de mundo. Determinada, astuta e sagaz, Encanta o Universo com seu cantar. Na escrita demonstra seu mundo imaginário, E a riqueza das fantasias infantis. Ao seu espírito de liderança, soma-se a determinação, Que compartilha com seus grupos e folguedos. Da meninice à pré-adolescência, O caminhar singular e ímpar, Empresta compreensões aos progenitores. 46


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SABIÁ’MANDO Sande Moraes -

Florianópolis, SC

o quanto singela e boa é nossa mãe natureza.

Canta, sabiá! e sobrevoa essas terras assim feliz, feliz por que te quero. Neste cenário de belas cores do azul-anil ao verde-amarelo.

Canta, sabiá! Pois enquanto eu viver cantarei também minha canção, pedindo que não devastem as palmeiras e que haja sempre, sempre, um sabiá cantando em cada canto desse chão.

Canta, sabiá! Que tu és parte do amor que se encerra com a natureza que se vai contigo ao vento fazendo o sussurro da vida e enfrentando as desventuras em tamanha proeza. Canta, sabiá! Que tentarei explicar ao progresso ligeiro que não se deve acabar com a reserva natural, a tua casa ao luar. Canta, sabiá! Pois o teu canto belo e forte mostrará a nossa gente 47


LITERARTE A escritora Else Sant´Anna Brum, poeta e autora de livros infanto-juvenis, lançou o seu mais recente livro em Joinville, recentemente, e vai lançá-lo na Feira do Livro da Manchester Catarinense, uma das mais importantes do Estado. O lançamento de “Cri-Cró e outras histórias”, uma coletânea com 26 histórias para crianças de zero a oitenta anos (ou mais), aconteceu no dia 13 de abril, na Biblioteca Pública Municipal Prof. Rolf Colin, uma manhã de sábado. Estiveram presentes à manhã de autógrafos mais de 200 pessoas, entre adultos e crianças e o livro teve grande aceitação. O segundo lançamento será na Feira do Livro de Joinville, de 07 a 18 de junho próximo.

FEIRA DO LIVRO DE LISBOA

Esta edição da revista SUPLEMENTO LITERÁRIO A ILHA e a edição de maio da revista ESCRITORES DO BRASIL estiveram na Feira do Livro de Lisboa, neste mês de junho. Estivemos também fazendo o lançamento dos livros PORTUGAL, MINHA SAUDADE – crónicas, MEU PÉ DE JACATIRÃO – poemas e A COR DO SOL – poemas em cinco idiomas, em comemoração ao 39º aniversário do Grupo Literário A ILHA e da sua revista, no Stand do Brasil e no Espaço de Escritores.


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