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SONHO NO FEMUSC
CRÔNICA
SÔNIA PILLON
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SONHO NO FEMUSC
Me apressei para chegar bem mais cedo na Sociedade Cultura Artística. A movimentação de professores e alunos de música de várias partes do mundo se intensificava pelos corredores. Alguns estudantes ensaiavam ali mesmo, distribuídos entre os acessos dos andares. E, a cada andar, um som diferente tomava conta do ambiente, antecipando o espetáculo grandioso que estava por acontecer, horas depois. Muitos subiam apressados as rampas que conduziam ao Pequeno Teatro e ao Grande Teatro. Outros, menos afoitos, carregavam os instrumentos nas costas e prestavam a atenção a tudo o que se passava à volta, como se quisessem gravar cada instante vivido em um espaço precioso da memória. Os mais tímidos, preferiam ensaiar nas salas disponíveis. O vai e vem de pessoas na secretaria e na sala de imprensa é incessante. O staff se mantém em alerta máximo. Especialmente hoje, no dia da abertura de mais um Festival de Música de Santa Catarina, tudo ao redor fervilha. Todos são unânimes de que nada, absolutamente nada, pode dar errado. Fui levada pelo fluxo enquanto subia as rampas, observando cada detalhe, com uma certa nostalgia. Lembrei de edições anteriores do Femusc, quando entrevistava participantes, organizadores e público. Mesmo para uma jornalista veterana, era impossível não me deixar contagiar pela magia do Festival que traz à tona tantos talentos a cada edição. Finalmente alcanço o Grande Teatro. As portas estão entreabertas
e decido entrar, discretamente. Olho ao redor e constato que sou a única pessoa presente entre os 946 lugares da plateia. O palco já está iluminado. Um homem sai da coxia e entra rapidamente no palco com mais uma cadeira para a apresentação da orquestra e sai rapidamente. Decido me sentar no banco da última fileira próxima à saída. Fico olhando por alguns instantes para a magnificência daquele teatro. Fecho os olhos, buscando memórias. Surgem lembranças de apresentações magistrais, carregadas de lirismo, e de orquestras aplaudidas de pé. Não poderia afirmar quanto tempo permaneci assim, em estado de encantamento. Devo ter permanecido em um estado de semi-sono, entre a realidade e o devaneio. Só sei que em determinado momento vi, nitidamente, a imagem de Yara Fischer Springmann e Fernando Springmann, sorrindo e abanando do palco. Cocei os olhos, incrédula, e em seguida olhei de novo para o palco, mas os dois grandes ícones da cultura jaraguaense não estavam mais lá... Saudoso casal Springmann!...