Refrigeração: infraestrutura de armazenagem e transporte Rótulo informa quando alimento estraga
Foto: Depositphotos / Capa: Raphael Inácio
Expediente
Diretora Jussara F. S. Rocha (11) 99970.1584 jussara@editorarocha.com Editor Cauê Vizzaccaro caue@editorarocha.com
Tiragem: 9.000
Gerente de Contas Clécio Laurentino (11) 95557.4355 clecio@editorarocha.com Renan Izidoro (11) 94199.8004 renan@editorarocha.com Administrativo / Financeiro administrativo@editorarocha.com financeiro@editorarocha.com Assinatura/Subscription Brasil: R$ 130,00 USA, Latin America, Europe and Africa: US$ 150,00 Produção Gráfica (11) 9 9804.0962 rr.inacio@uol.com.br 6
Tel.: (11) 5505.2170 5505.2191 2387.6185 2387.6190
Sumário
06 Expediente
32 Mundo: Arábia Saudita
08 Sumário
34 Capa: refrigeração
10 Editorial
52 Empresas: Quimicryl
12 Especial: luvas
54 Especial: Piso MMA
16 Pesquisa: rótulo
56 Eventos: TECA III
20 Economia: Brasil e China
57 Especial: Expectativa
22 Especial: ABVRS
60 Empresas: Spot Light
24 Política: protecionismo
62 Economia: Convênio
26 Mundo: embargo chinês
64 Empresas: Full Gauge
28 Brasil: 20 anos de PNSA
66 Índice de anunciantes
30 Artigo Técnico: fosfatos 8
Editorial
Análise
e planejamento
O
fim de ano é sempre um momento oportuno para fazer avaliações de como transcorreu 2014 e analisar e planejar como será 2015. Partindo disso, perguntamos para profissionais do setor qual é a expectativa para o nosso segmento, já que diversos elementos podem atingir e alterar o humor do mercado. Entre as análises, a influência da exportação, as políticas governamentais, a agitação no mercado acionário entre as indústrias e a falta de mão de obra qualificada foram as mais indicadas. Na reportagem de capa, o tema tratado é sobre refrigeração e a infraestrutura de armazenagem e transporte da cadeia do frio. Escrito por Gerson Brião da Silva, o pesquisador discorre sobre como a segurança alimentar e a integridade dos alimentos e de produtos perecíveis são algumas das maiores preocupações do gestor da cadeia do frio, e por causa do crescimento populacional aumentou a preocupação com o desequilíbrio em termos de acesso a tecnologias capazes de proteger a integridade das propriedades nutricionais dos alimentos. Na editoria Pesquisa, uma estudante inglesa e pesquisadora de design criou uma etiqueta para embalagens que indica quando o produto venceu e está estragado. As etiquetas são produzidas com uma substância bio-reativa, semelhante à gelatina, que se transforma junto ao alimento.
Denominado de o aditivo do futuro para alguns, o fosfato é um importante elemento que está presente na maioria dos sistemas de alimentos por causa dos seus atributos. Ele é muito empregado como ingrediente tecnofuncional (mono, di, tri e polifosfatos) e também é aplicado para o enriquecimento mineral (Ca, Mg, K e Fe-fosfatos). Para completar o ano com chave de ouro foi realizado o TECA III (Tecnologia de Embalagens e Conservação de Alimentos). O evento foi criado para a troca de conhecimento entre frigoríficos e empresas fornecedoras de equipamentos, aditivos e envoltórios, e ocorreu no Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CTC-Ital), em Campinas (SP). Boas festas e leitura!
Jussara F. S. Rocha Diretora
Fotos: Divulgação
Especial
Proteja
a evolução O polegar não é apenas um dedo entre os outros quatro da mão humana. O homem possui o polegar opositor e tem a possibilidade de agarrar com precisão objetos, algo que nenhum animal que não o tenha pode fazer. Historicamente a mão humana transformou-se para permitir um melhor manejo de objetos pequenos – por exemplo, a operação de enfiar uma linha em uma agulha é muito mais difícil para os grandes primatas do que para o ser humano. Isso ocorre pelo fato do polegar opositor, na espécie humana, estar um pouco mais próximo dos outros dedos. Quando surgiram os australopitecos, o primei-
ro Hominidae a abandonar o ambiente arborícola e a andar de forma ereta, a mão ficou mais livre para manipular objetos. E a partir de então, a modificação na mão humana permitiu um maior universo de invenções e criações de ferramentas e por fim, equipamentos. Devido à importância da mão para diversas funções, a proteção dela na indústria é essencial, seja pela qualidade de trabalho ou normativas impostas. Nem sempre o produto mais barato é o melhor. Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de boa qualidade, apesar de mais caros, são mais confortáveis e permitem maior tangibilidade e proteção aos usuários,
Especial
além de terem maior durabilidade. Desse modo, apesar de um custo inicial maior, os funcionários renderão mais para o frigorífico. Como os trabalhos em frigoríficos são muito complexos e com particularidades bem distintas ao compararmos o abate bovino com o de ave, por exemplo. Há uma prioridade e necessidade maior nos EPIs para proteção das mãos, uma vez que, em média, mais de 60% dos acidentes nesse tipo de ambiente ocorrem nas mãos e membros superiores. Assim, entre os modelos de luvas, os principais são os resistentes ao corte e direcionados para os ambientes climatizados e refrigerados. Como o mercado frigorifico está crescendo cada vez mais e com toda a tecnologia que está sendo investida em EPIs, a tendência é só continuar a crescer, tanto para a melhoria dos produtos fornecidos para essa área quanto para
o próprio mercado frigorifico, pois, o aumento da população abre novas oportunidades para os investidores desse ramo. Para frigoríficos e abatedouros, a empresa Danny possui luvas da linha Suprema, que segundo a empresa são de alto desempenho e tecnologia excelente para o mercado. Dentro da linha Suprema Danny, os produtos para o mercado frigorífico são a Açoflex, tricotada em misto de fibras de Dyneema, que oferece excelente resistência ao corte por lâminas de facas, estiletes; e a Polarflex, forrada internamente com lã térmica ideal para ambientes refrigerados. Como lançamento deste ano, a empresa apresentou a LátexSilver, que possui excelente flexibilidade e aderência. Essas luvas são especialmente projetadas para manuseio seguro de objetos e recebem tratamento bactericida e fungicida para segurança do usuário.
Pesquisa Por Cauê Vizzaccaro
Rótulo indica
quando alimento estraga Etiquetas produzidas com substância bio-reativa se decompõe junto com o alimento
A
estudante inglesa e pesquisadora de design, Solveiga Pakstaite, inventou uma etiqueta para embalagens de alimentos que sugere quando o produto passou da validade e está estragado. A inovação utiliza uma substância bio-reativa, composta por gelatina, nas etiquetas e que desaparecem com o passar do tempo para acompanhar o processo de decomposição do alimento. Como o rótulo reproduz o processo pelo qual o alimento está passando, hipoteticamente seria muito mais preciso do que a data de validade impressa na embalagem. Denominadas como “Bump Marks”, são compostas por gelatina e se degradam na mesma velocidade que a carne ou outros alimentos. Assim, para descobrir se o alimento está deteriorado, só é necessário passar o dedo sobre o rótulo. A inspiração Segundo Solveig, a ideia era criar uma solução que permitesse para os consumidores com deficiência visual a obtenção de informa-
Pesquisa “Eu queria criar um rótulo que mudaria a textura ao longo do tempo, e a maneira mais lógica que eu poderia pensar em fazer isso era empregando uma substância biológica para modelar o processo de decomposição dos alimentos. O projeto da etiqueta passou por mais de 20 alterações e cada uma delas foram testadas para a percepção do usuário e desempenho técnico, ambos igualmente importantes”, afirmou Solveig.
Solveiga Pakstaite, estudante inglesa e pesquisadora de design
ções de validade sobre o seu alimento sem que corram o risco de ter de prová-lo, já que atualmente a única indicação é a data impressa. “Desde o início, eu sabia que a solução deveria servir para as pessoas que enxergam também, porque a triste realidade é que as novas soluções só são implantadas pelas empresas se os benefícios são úteis para a maioria”, afirma a pesquisadora de design. Desse modo, a inovação deveria possuir um custo baixo, e em cima disso foi criado o projeto. “É por isso que eu trabalhava para criar uma solução barata que poderia ser aplicada para as embalagens de alimentos existentes e também que fornecesse informações para as pessoas que enxergam, mas que não tinham tido acesso antes. Assim, trouxemos a inovação com informação sobre o estado real do alimento”, relata Solveig. Estágios de desenvolvimento A pesquisadora, em um primeiro momento, fez testes e experimentou diversas maneiras diferentes para resolver o problema, e isso não se resumiu apenas à área de embalagens. Foram testados produtos utilizados no lar e em supermercados, mas após uma pesquisa com consumidores com deficiência visual foi definido que o foco da solução seria direcionado para a embalagem.
Função Na solução, a gelatina é depositada em uma folha de plástico irregular. Com o produto em prefeitas condições, a gelatina permanece sólida. Assim, as irregularidades não podem ser sentidas em um primeiro momento. Quando a validade do alimento expira, a gelatina se deteriora e se torna líquida. Desse modo, as irregularidades podem ser sentidas com o tato, permitindo que o consumidor saiba que o produto expirou. Por que a gelatina? Como a gelatina é uma proteína, ela se deteriora na mesma velocidade dos gêneros alimentícios à base de proteínas. Portanto, a etiqueta simplesmente copia o que ocorre com a carne na embalagem. Dessa forma, a informação de validade pode ser muito mais precisa do que a data impressa. A inovação ainda não está sendo vendida, mas diversas empresas de tecnologia e varejistas iniciaram tratativas com a pesquisadora, que ainda não obteve a patente para o produto. “A solução é simples: a etiqueta dá informação tátil. Por isso, quando é bom, a comida é fresca. Se você começar a sentir solavancos quando passar o dedo, então é hora de jogá-la no lixo.”, conclui a pesquisadora.
Economia
Iniciativas privadas do
Brasil e China assinam acordo de
cooperação comercial
A
Associação de Inspeção e Quarentena da China (CIQA), órgão vinculado à Administração de Supervisão de Qualidade Inspeção e Quarentena (AQSIQ) – equivalente à Secretaria de Defesa Agropecuária brasileira – e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) assinaram no dia 14 de novembro, em Pequim (China), um acordo de cooperação sobre o comércio de carne suína e de frango. O vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, representou a entidade na assinatura do acordo, que contou com a presença do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento brasileiro, Neri Geller, e do Secretário de Relações Internacionais do ministério, Marcelo Junqueira. Com o objetivo de estimular o comércio de produtos avícolas e suinícolas entre os dois países, o acordo estabelece parâmetros de coope-
ração em negócios. Por meio dele, brasileiros e chineses colaborarão com a troca de informações que contribuam para a ampliação do comércio entre os dois países – como legislações, requerimentos técnicos e outros. Além da troca de informações, o acordo envolve programas de treinamento, realização de conferências conjuntas periódicas, consultorias, visitas, intercâmbio de estatísticas e medidas de combate a fraudes nas exportações. “A China é um mercado consolidado para a carne de frango brasileira e está aumentando sua importância para as agroindústrias de carne suína. Por meio deste acordo de cooperação, queremos intensificar nossas relações e fortalecer a confiança chinesa nas relações comerciais com o setor exportador de aves e suínos do Brasil”, destaca o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra. A CIQA detém acordos semelhantes com entidades das cadeias produtoras de aves, suínos e bovinos da Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Europa. No encontro, a ABPA também buscou acelerar a habilitação de novas plantas avícolas e suinícolas para exportação. Atualmente são 29 plantas habilitadas para embarcar carne de frango ao território chinês.
Especial
Sistema
ABVRS O sistema ABVRS (Agricultural Byproduct Value Recovery System) consiste em um rápido e eficiente processo de renderização ambientalmente correto
U
m novo processo desenvolvido e patenteado pela Universidade de Auburn no estado de Alabama, nos Estados Unidos, fez a sua estreia comercial ano passado na unidade processadora de resíduos Kyser Farm´s, situado no condado de Hale. A empresa Alabama Protein Products LLC utiliza o sistema ABVRS (Agricultural Byproduct Value Recovery System), que consiste em um rápido e eficiente processo de renderização ambientalmente correto que, em oposição aos métodos convencionais de processamento, não produz mau cheiro, nem emissões tóxicas e muito menos água residual. Jesse Chappell, professor da Universidade de Auburn e principal pesquisador do sistema, afirma que o sistema ABVRS difere significativamente do processo convencional de processamento de resíduos.
“Na graxaria tradicional, o cozimento por meio de vapor sob pressão é usado para remover a água e separar os sólidos e as gorduras, e é aí que começa o cheiro forte e grande volume de águas residuais de alta resistência. O sistema ABVRS utiliza uma tecnologia de secagem que elimina o processo de cozimento inteiro e os problemas ambientais que vêm com ele”, diz Chappell. No novo sistema de processamento por flash-dehydrating, subprodutos com alto teor de gordura e umidade provenientes de abatedouros de aves, suinos e bovinos são moídos e transportados para dentro da unidade central de processamento, onde o ar, a aproximadamente 426°C, evapora instantaneamente 90% de umidade e libera para a atmosfera vapor limpo, livre de odores. Do início ao fim, todo o processo de conversão dos subprodutos de origem animal leva cerca de 60 segundos. O conceito ABVRS foi criado, em meados dos anos 2000, pelo empresário Ken Mosley, um ex-aluno de administração de Auburn, designer e fabricante de equipamentos de tratamento de águas residuais. Foi enquanto trabalhava com processadores de catfish do oeste do Alabama para melhorar os métodos para a remoção de poluentes de águas residuais que se teve a ideia de produzir farinha de peixe sem cozinhar visceras, mas por desidratação. Mosley e seu parceiro de negócios, Rick Renninger, construiram um protótipo básico e contactaram Chappell, cuja pesquisa em Auburn se concentrava em melhorar a eficiência e a rentabilidade da indústria no Alabama e que aceitou o convite de Mosley para ver o processo em primeira mão.
“Foi uma ideia nova e em minha opinião é uma tecnologia viável, que justificou ter um grande potencial como uma alternativa ao processo convencional. O processo só precisava ser refinado e testado cientificamente”, diz o professor e pesquisador. Mosley lançou sua invenção para Auburn e foi financiado em grande parte por uma concessão de produtores de catfish do estado do Alabama. Jesse Chappell iniciou sua pesquisa no centro de Auburn EW Shell Fisheries e provou que o sistema era eficaz e eficiente para processar não só visceras de peixes, mas também visceras de aves, aves inteiras, resíduos de incubatórios, entre outros. Em 2010, a universidade de Auburn recebeu a patente sobre o sistema ABVRS e licenciou a tecnologia a Falcon Protein Products Inc., uma empresa de Mosley e Renninger criada para construir, comercializar e instalar o processo e equipamentos ABVRS. Em meados de junho deste ano, Falcon Protein se tornou oficialmente parceira da empresa Grafton, baseada em Illinois, e que até o final do ano estará processando em uma nova planta. No mês passado André Ferracini Campos, ex-aluno da universidade de Auburn, e proprietário da empresa AGTEX Representação e Comércio oficializou a parceria com a Falcon Protein para representar a tecnologia ABVRS no mercado brasileiro. Segundo o empresário e zootecnista, André Campos, a tecnologia ABVRS vem para ficar e ajudar os problemas ambientais de odores e aguás residuais provenientes da indústria de processamento de residuos animais.
Política
Brasil realiza consulta à OMC sobre
protecionismo indonésio A
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que foi apresentado perante a Organização Mundial de Comércio (OMC) o pedido de consultas formais ao governo da Indonésia referente às barreiras mantidas por esse país que afetam as exportações de carne de frango do Brasil. A referida etapa do processo de solução de controvérsias corresponde a um avanço de significativa importância para a associação, tendo em vista que há anos o setor brasileiro vem enfrentando dificuldades com relação ao mercado e a legislação da Indonésia, que é um importante e potencial destino de exportação de frango brasileira. Conforme Francisco Turra, presidente da ABPA, “a Indonésia impõe barreiras injustificadas
ao ingresso de carne de frango em seu mercado, desde 2009, barreiras que são inconsistentes com seus compromissos perante a OMC”. O rol de restrições que afetam a entrada do produto brasileiro no mercado indonésio engloba barreiras de natureza não tarifária, entre as quais se destacam certas exigências sanitárias e diversos procedimentos administrativos que impedem a obtenção de licenças de importação, por parte dos importadores daquele país. A Barral M Jorge Consultores Associados, contratada pela ABPA para cuidar do caso, trabalhará com o Itamaraty em busca de uma solução positiva para a controvérsia, aqui entendida como a efetiva abertura do mercado daquele país para a carne de frango brasileira.
Segundo Welber Barral, sócio da Barral M Jorge Consultores Associados, “o contencioso reforça a forte posição brasileira no âmbito da Organização Mundial de Comércio. O Brasil tem defendido de forma consistente o interesse de seus principais setores exportadores, e este novo caso exemplifica esta tendência”. A Indonésia representa um importante mercado para o Brasil, maior exportador de carne de frango do mundo. O país asiático possui 256 milhões de habitantes e é o quarto país mais populoso do mundo, precedido apenas por China, Índia e Estados Unidos. A indústria doméstica indonésia produz cerca de 900 mil toneladas de carne de frango por ano – número relativamente baixo se relacionado com o número de habitantes. O consumo per capita médio indonésio é de 7,6 quilos de carne
de frango por ano por habitante (enquanto o consumo per capita brasileiro é de 45 quilos). A tentativa brasileira de negociar com a Indonésia a mudança de suas regras, de forma a permitir o ingresso do frango brasileiro, não é recente. Em 2010, o Brasil entregou à Indonésia uma proposta de Certificado Sanitário Internacional para frango in natura, peru e pato. Além das tentativas de entendimento bilaterais, o Brasil apresentou preocupações comerciais específicas no âmbito do Comitê de Medidas Sanitárias e Fitossanitárias (conhecido como Comitê SPS) da OMC entre 2010 e 2011. Com a abertura do contencioso, a ABPA espera que o sistema de solução de controvérsias da OMC decida favoravelmente aos produtores brasileiros, levando a Indonésia a uma solução que seja mutuamente satisfatória.
Mundo
China retira oficialmente embargo à
carne bovina do Brasil
Decisão será acompanhada da aceleração dos processos para a liberação de plantas brasileiras
O
Governo Chinês retirou oficialmente o embargo à carne bovina brasileira. O acerto foi concluído, no dia 15 de novembro, entre o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Neri Geller, e o ministro da Agência de Supervisão da Qualidade, Inspeção e Quarentena da China (AQSIQ), Zhi Shuping, selando anúncio feito em julho deste ano pelo presidente da República Popular da China, Xi Jinping, à presidente Dilma Rousseff, no Brasil. A liberação ocorreu após dois dias de reuniões entre o corpo técnico das duas nações,
quando foram finalizados os ajustes ainda pendentes para a retomada dos embarques do produto para o país asiático. “A reabertura deste enorme mercado é mais uma vitória alcançada a partir da qualidade e da segurança do sistema de defesa sanitária animal e vegetal do Brasil. Somos um dos maiores produtores e exportadores de carne bovina do mundo, certificado pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) com o status de risco insignificante para a Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB). A decisão do go-
verno da China é o reconhecimento ao nosso rigoroso processo de produção e de fiscalização”, declara Geller. Para o ministro, a recuperação desse mercado é resultado também da agilidade do governo brasileiro no repasse de todas as informações e garantias solicitadas pelas autoridades chinesas. “Neste sentido, foi importante a presença da equipe técnica durante as negociações realizadas ao longo dessa semana, especialmente por ter eliminado de imediato qualquer questionamento que pudesse retardar ainda mais o processo”. Zhi Shuping também assegurou que a retirada do embargo será acompanhada da aceleração dos processos para a liberação de plantas brasileiras de carne bovina. Em 2009, quando o Brasil iniciou as exportações, a China importava US$ 44 milhões em
carne bovina do mundo. Desse total, o Brasil respondeu por US$ 2,5 milhões. Em 2012, a China importou de todo o mundo US$ 255 milhões, sendo US$ 37,768 milhões do Brasil. Em 2013, a China importou US$ 1,3 bilhão em carne bovina. Na companhia de Marcelo Junqueira, secretário de Relações Internacionais do Mapa, Geller encerrou no domingo a missão de uma semana pela Arábia Saudita e pela China e trouxe como resultado da viagem a retirada dos embargos à carne bovina brasileira imposto pelos dois países, em razão do caso atípico de EEB registrado no Paraná, em 2012. As negociações com o governo chinês resultaram também na liberação daquele mercado para a exportação de tabaco dos estados de Santa Catarina e do Paraná e de alimentos destinados a animais de estimação (pet food).
Brasil
Programa de Sanidade Avícola
completa 20 anos Durante a comemoração do evento foi publicado o protocolo de medidas de biosseguridade para Influenza Aviária e Doença de Newcastle
O
Programa Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) completa, em 2014, 20 anos. Para atualizar os técnicos responsáveis pelo PNSA, tanto a nível federal, quanto estadual, o Departamento de Saúde Animal da Secretaria de Defesa Animal do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (DSA/ SDA/Mapa) realizou a reunião técnica “Sanidade Avícola: Fortaleza Nacional”. O evento também teve como objetivo promover a interação entre o Serviço Veterinário Oficial (SVO) e demais atores da cadeia produtiva avícola, além de padronizar e harmonizar procedimentos do Programa entre os técnicos do SVO. Durante o primeiro dia da reunião foi as-
sinada a Instrução Normativa nº 21, de 21 de outubro de 2014, publicada no Diário Oficial da União, que estabelece as normas técnicas de Certificação Sanitária da Compartimentação da Cadeia Produtiva Avícola das granjas de reprodução, de corte e incubatórios, de galinhas ou perus, para a infecção pelos vírus da Influenza Aviária (IA) e da Doença de Newscastle (DNC). Em 2008, o Brasil solicitou à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) apoio para o desenvolvimento de um modelo de compartimentação para a cadeia produtiva avícola brasileira, visando à prevenção na Influenza Aviária e da Doença de Newcastle. Desde então, a equipe do DSA vem desenvolvendo o pro-
jeto em parceria com a Associação Produtiva de Proteína Animal (ABPA), iniciativa privada e agências estaduais de defesa sanitária. Com isso, foi definido um protocolo de medidas de biosseguridade a partir de fatores que estão relacionados ao risco de introdução e disseminação dos vírus de IA e da DNC no plantel avícola nacional, contidos na instrução normativa. A compartimentação é uma forma de certificar uma subpopulação animal com status sanitário diferenciado para uma ou mais doenças específicas, baseado em procedimentos de biosseguridade e não em zonas ou regiões territoriais. Esse sistema de produção oferece garantias adicionais aos outros processos de certificação que já existem, como a regionalização, favorecendo a oferta de produtos avícolas e o comércio seguro entre os países, mesmo havendo eventuais surtos dessas doenças.
PROGRAMA DE SANIDADE AVÍCOLA De acordo com o diretor do Departamento de Saúde Animal, Guilherme Marques, o PNSA vem evoluindo de forma crescente, buscando acompanhar a expansão da cadeia produtiva avícola e os avanços tecnológicos. “Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor e o maior exportador mundial de carne de frango, alcançando mais de 150 mercados consumidores”, disse. O Programa foi criado, em 1994, quando foram instituídas diversas normas e ações que contribuíram para regulamentar a produção avícola e salvaguardar o plantel avícola nacional. Os principais objetivos são prevenir, controlar ou erradicar as principais doenças de interesse em avicultura e saúde pública; definir medidas para a certificação sanitária; e fornecer produtos avícolas seguros para o mercado interno e externo.
Artigo Técnico
O aditivo
do futuro C
onhecido por ser uma substância inorgânica que está na composição de organismos vivos e minerais, o fosfato está presente na maioria dos sistemas de alimentos por causa das suas qualidades, já que é muito empregado como ingrediente tecnofuncional (mono, di, tri e polifosfatos) e também é aplicado para o enriquecimento mineral (Ca, Mg, K e Fe-fosfatos). Dentro da cadeia produtiva da carne, os fosfatos são indicados para utilização em diversos produtos e com funções variadas. Utilização em cárneos - Carnes: Presunto, Bacon, Salsichas, Linguiças; - Aves: Peru, Nuggets, Salsichas de Frango, Presunto de Peru; - Qualquer produto cárneo processado; - Carne vermelha: vaca, porco, carneiro; - Carne branca: galinha, peru; - Carnes alternativas: búfalo, avestruz; - Marinados frescos, cozidos ou defumados; - Congelados; - Misturas de temperos secos. Principais funções em cárneos - Mantém a água, deixando a carne macia; - Impede a perda quando cozinhar ou descongelar; - Liga proteína: liga pedaços de carnes – presunto, salsicha e nuggets de frango; - Emulsificador;
- Ajusta o pH para cor, aroma e etc.; - Melhora o rendimento, tendo assim menor perda de produtos, consequentemente maior lucro; - Aumenta o shelf-life; - Protege a gordura de formação de off-flavors; - Aumenta a atração do cliente; - Modifica a textura; - Melhora a aparência. Métodos de adição de fosfatos em cárneos Adição Seca: Usada primeiramente em produtos moídos (linguiças), onde é requerida boa mistura do produto.
Imersão: Processo lento onde a penetração de fosfato ocorre em nível indeterminado.
Tombamento: Distribuição excelente de solução de fosfato, tenderização.
Injeção: Rápido e com controle excelente sobre o nível usado, tendo uma distribuição uniforme.
Na tabela estão as dosagens e métodos indicados para cárneos.
Indicações de dosagem e método da utilização de fosfatos para aves e produtos cárneos Produtos
Método
% por peso
Peru inteiro, Presunto de Peru, Pastrami
Injeção e Tombamento
0.40 -0.50
Hambúrguer, Patês
Adição seca
0.20 -0.40
Linguiça cozida, Salsicha
Adição seca
0.15 -0.35
Presunto, Bacon, Carne salgada em lata, Roast Beef, Pastram
Injeção e Tombamento
0.50
Ave Reestruturada, Patês, Nuggets
Adição seca
0.15 -0.35
Salsicha
Adição seca
0.20 -0.30
Mundo
Brasil e Arábia Saudita
superam barreiras A
suspensão definitiva do embargo imposto pela Arábia Saudita à carne bovina brasileira só depende de visita do corpo técnico do país árabe ao Brasil, o que ocorrerá em breve, e posterior assinatura de decreto pelo rei Abdallah. O sinal positivo foi dado ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, por seu colega de pasta da Arábia Saudita, ministro Fahd bin Abdulrahman Balghunaim, e pelo CEO da Saudi Food and Drug Authority (FDA), Mohammed bin Abdulrahman Al Mishal, autoridade máxima do país para importação de produtos agropecuários. O entendimento vai derrubar um embargo
de mais de dois anos, motivado pelo caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) registrado no Brasil, em dezembro de 2012. Para o ministro Geller, a reabertura desse mercado é um avanço no esforço do governo brasileiro de restabelecer o comércio entre os dois países. “A recuperação deste mercado fortalece ainda mais a posição do país como uma referência no atendimento à crescente demanda mundial por alimentos e reforça a confiança do mercado internacional na robustez do nosso sistema de vigilância sanitária animal”, enfatiza Geller, o primeiro ministro da pasta a cumprir uma agenda oficial na Arábia Saudita.
A decisão Saudita é vista como estratégica para a produção de carnes do Brasil, tanto pelo volume, que pode majorar as vendas do setor quanto pela possibilidade de abertura imediata de outros mercados do Golfo Pérsico como Kuwait, Bahrein, Omã, Emirados Árabes Unidos e Catar, ampliando a pauta atual. Em 2012, antes do embargo, o Brasil exportou cerca de US$ 200 milhões (mais de 33 mil toneladas) em carne bovina para a região do Golfo. De janeiro a outubro deste ano, as vendas do agronegócio do Brasil para o país árabe registram um volume de U$$ 1,75 bilhão, com destaque para a carne de frango, com negociações em torno de US$ 1,04 bilhão – o mercado brasileiro é a origem de 75% das importações de frango da Arábia Saudita. Em segundo e terceiro lugares na lista de maiores embarques estão, respectivamente, o setor sucroalcooleiro, com US$ 377 milhões, e o complexo soja (soja em grãos), com US$ 149 milhões. Esse desempenho reafirma o resultado verificado, em 2013, quando as vendas para a Arábia Saudita registraram um total de US$ 2,49 bilhões em produtos agropecuários. A liderança ficou com a carne de frango (US$ 1,41 bilhão), seguida pelo complexo sucroalcooleiro (US$ 481 milhões). A relação comercial entre os dois países registra também a participação expressiva nas vendas de milho que, em 2013, fecharam em 1,1 mil de tonelada. A delegação liderada pelo ministro Geller é composta também pelo secretário de Relações internacionais do Mapa, Marcelo Junqueira, pelo diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (DIPOA), Leandro Feijó, técnicos do ministério e representantes de entidades do setor, com a Associação Brasileira da Indústria de Exportação de Carnes (Abiec) e Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Depois da Arábia Saudita, a missão seguiu para a China e Malásia.
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Refrigeração
Capa Por Gerson Brião da Silva
Infraestrutura de armazenagem e transporte da
cadeia do frio A
segurança alimentar e integridade dos alimentos e de produtos perecíveis são algumas das maiores preocupações do gestor da cadeia do frio, das autoridades públicas locais e da comunidade internacional, das associações de fabricantes e entidades ligadas à defesa do consumidor. Com o aumento populacional, principalmente nos países em desenvolvimento, acentua-se a preocupação com
o desequilíbrio em termos de acesso a tecnologias capazes de proteger a integridade das propriedades nutricionais dos alimentos. De acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), em relatório publicado, em 2009, a desnutrição atinge atualmente cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo. Tanto a falta da comida quanto a perda das propriedades nutri-
tivas dos alimentos são causas de desnutrição. Em estudo divulgado pelo Instituto Internacional de Refrigeração (IIR), menos de 10% de alimentos produzidos mundialmente são refrigerados (resfriados ou congelados) e cerca de 30% desse total seriam beneficiados com a conservação pela refrigeração. A ampliação do alcance da cadeia do frio, para alimentos perecíveis, principalmente em países com alto índice de desnutrição, pode contribuir para redução significativa de desperdício de comida e garantir a integridade nutricional, mesmo em condições climáticas tropicais. O potencial da cadeia do frio em países em desenvolvimento está baseado no novo cenário econômico e mercadológico, onde o domínio comercial passa dos grandes volumes extrativistas de matéria-prima, para pedidos de produtos manufaturados de alto valor agregado. Esse fenômeno cria condições de desenvolvimento de tecnologias para refrigeração e métodos de conservação de produtos perecíveis. Alguns estudos sobre refrigeração indicam que rodovias, portos, tecnologias da informação, sistema de energia elétrica confiável e leis e regulamentações estão no nível superior que determina o ambiente completo da cadeia do frio em um país. Contêineres refrigerados, instalações de armazenagem fria e veículos refrigerados são equipamentos usuais e obrigatórios na cadeia do frio cujo avanço tecnológico impõe um diferencial logístico na rede de distribuição. Instalações e infraestrutura na cadeia do frio representam um dos fatores que diferencia uma empresa e permite competir com outras compa-
nhias. É necessário para o profissional da cadeia do frio ter uma compreensão geral sobre como essas instalações funcionam para manter uma cadeia do frio eficiente e econômica. ARMAZÉNS FRIGORIFICADOS Armazéns frigorificados são instalações providas de sistema de controle de temperatura ambiente, destinadas a receber, acondicionar, embalar, armazenar, manusear, preparar, paletizar, fracionar, unitizar, movimentar e embarcar produtos sensíveis a temperatura, seja congelado, resfriado ou fresco. Esses prédios são divididos em câmaras frigoríficas, salas totalmente isoladas termicamente, dotadas de sistema de refrigeração dimensionado para o tamanho da sala e para a temperatura que se deseja manter. O Brasil possui algo em torno de 5 milhões de m² de câmaras destinadas para armazenagem frigorificadas, sendo que 90% são utilizadas pela iniciativa privada, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Armazenagem Frigorificada (ABIAF). O desenvolvimento dessas instalações se deu com a necessidade de fabricantes e produtores para armazenar grandes quantidades de produtos, sejam para atender o mercado em épocas de alta demanda, e com a mesma aplicação dos armazéns de carga seca, sejam para gerar mais equilíbrio entre os volumes da demanda e da produção, e até mesmo para criar um pulmão estratégico e especulativo, visando melhores preços na entressafra. Atualmente, com o domínio da rede varejista sobre a distribuição, os fabricantes passaram a operar a armazenagem através de serviço terceirizado especializado. O mesmo aconteceu com as redes varejistas que passaram a montar seus próprios “hubs” e localizá-los no baricentro de sua rede logística. O armazenamento frigorífico de alimentos é necessário para prevenção ou retardamento de sua deterioração que pode ocorrer devido
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à ação microbiana e para manter sua conservação por um período de tempo maior. Para centros de distribuição, deve haver uma flexibilidade para operar com múltiplas temperaturas. Nesse caso, essas câmaras devem estar preparadas para trabalhar com as seguintes capacidades térmicas: congelados a -25°C e refrigerado a 0°C. No Brasil, observa-se uma tendência de armazéns frigorificados com bom nível para uma operação com várias temperaturas, alto nível de mecanização da movimentação interna, utilizando empilhadeiras, paleteiras e transelevadores, controle automatizado e informatizado de endereçamento, alto índice de verticalização com estruturas porta-paletes. Essa tendência de uso da tecnologia para movimentar cargas de forma rápida e segura dentro do armazém é acompanhada pela necessidade da manutenção do rigor nos registros de entrada e saída em cada etapa do trânsito pelo armazém, o que requer recursos de sistemas especialistas de Tecnologia da Informação (TI). O projeto de um sistema frigorífico tem por objetivo fornecer condições adequadas para o processamento ou estocagem do produto a determinada temperatura. Devido os altos custos para construção, manutenção e de capital, o
projeto deve conceber o maior rendimento por m² possível, o que envolve condições ótimas para dimensionamento de corredores, verticalização, isolamento e área útil de armazenagem. Os armazéns frigoríficos possuem armazenagem frigorífica, para a qual toda a movimentação é mecanizada com a utilização de paletes e outros sistemas, onde as empresas operam as cargas e descargas em áreas climatizadas, pois muitas mercadorias são submetidas a processos de pré-resfriamento, congelamento ou de descongelamento controlado, recebendo também serviços adicionais como pesagens, vistorias, embalagem, etiquetagens e controles de qualidade da mercadoria no recebimento e na expedição. Sendo assim, o produto que for enviado ao mercado interno e externo terá provavelmente excelente nível de qualidade. Algumas instalações também prestam serviços às exportações como a preparação dos lotes, marcações, colocação em paletes one-way, vistorias, carregamento de contêineres, acompanhamento e supervisão de embarques. Os armazéns frigoríficos públicos, em geral, prestam serviços aditivos de fornecimento de energia elétrica a caminhões e contêineres reefers, assim como, vistorias, lavagem, desinfecção e forração de veículos.
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A seguir, listamos alguns cuidados necessários para que o sistema de armazenagem seja considerado ideal: • Desinfecção do ar, paredes e tetos das câmaras: Muitos produtos, principalmente os alimentícios são suscetíveis a bactérias de diversos tipos. Portanto é necessário cuidado com as câmaras nas quais os produtos serão armazenados. • Compatibilidade entre produtos: Alguns produtos expelem odores característicos próprios, que podem ser absorvidos facilmente por outros, portanto é necessário cuidados ao estocar diferentes produtos, ou grandes variedades do mesmo produto. • Queimadura pelo frio: Para alimentos congelados, o dano mais comum é a queimadura pelo frio, que consiste na degradação dos tecidos superficiais do produto, resultando na rejeição do produto pelo mercado consumidor, sendo necessário seu descarte. • Refrigeração prévia: É importante ressaltar que um armazém frigorífico não serve para congelar ou resfriar um produto como acontece como uma geladeira doméstica, mas serve com o intuito de manter a temperatura necessária para acondicionamento do produto. • Empilhamento: Nunca deve impedir a circulação do ar na câmara frigorífica, ou impedir o fácil acesso para a posterior verificação dos produtos, sendo que o produto nunca
pode tocar as paredes, piso ou teto, no caso de se empilhar as mercadorias com volume maior que o comum, é necessário que haja uma refrigeração prévia a armazenagem. • Embalagem: Na armazenagem frigorífica é necessário que as embalagens do produto sejam propícias para esse tipo de processo, para que não afete o produto por queimadura ou desconfiguração das suas propriedades de consumo. Uma boa embalagem não permite a desidratação do produto através da evaporação dos vapores produzidos pelo mesmo. • Risco de condensação das mercadorias na saída das câmaras frias: É preciso tomar cuidado para que, na saída das câmaras frias, não se forme condensação na parte externa dos produtos. Essa condensação se dá pela diferença de temperatura entre o produto e o ar do ambiente em que o produto se encontra. Essa diferença entre temperaturas de ambientes por períodos prolongados, resultando em condensação nas paredes da embalagem do produto, constitui a chamada “quebra da cadeia do frio”, termo que sugere a perda das propriedades qualitativas do produto devido às características cumulativas e comutativas – mesmo que haja posterior redução da temperatura, os efeitos sobe o produto não são regenerados. Controle de estoques Basicamente todas as funções de controle de estoques são similares ao de um armazém convencional, exceto por: a) Método de rotação de estoque: PEPS/ FIFO (Primeiro a Entrar, Primeiro a Sair), PVPS/FEFO (Primeiro a Vencer, Primeiro a Sair), etc; b) Controle de lote: Garantindo a rastreabilidade, inventário segmentado e atendendo a normas de Boas Práticas de Armazenamento; c) Controle de avaria e segregação de devolução: Produtos perecíveis quando avariados
ou devolvidos devem passar por tratamento especial, envolvendo avaliação e triagem no recebimento e destinação padronizada; d) Controle de compatibilidade: O sistema de controle de estoque deve ser capaz de bloquear possíveis combinações danosas entre produtos que absorvem odor de outros. e) Controle de temperatura e umidade: A maioria dos produtos são muito sensíveis às variações de temperatura e umidade. Esses parâmetros devem ser controlados de forma sistemática. As movimentações de entrada e saída devem ser controladas por sistema especialista e com o maior índice de aderência possível à realidade operacional a ser monitorada. Quando as condições de instalação são ideais, os modelos atuais assumem que a manutenção da qualidade é afetada pelas interações entre produtos e pelo manuseio. A embalagem é um fator favorável à manutenção da qualidade, apresentando pelo menos quatro grandes vantagens para a manutenção da qualidade: • Equilíbrio da umidade relativa; • Escudo do produto contra odores e hormônios liberados no ambiente; • Proteção contra contaminação por microrganismos; • Redução do efeito do choque e da vibração durante manuseio. O controle de estoque passa também pela análise de fatores externos como a sazonalidade. Os grandes lotes gerados em épocas sazonais reduzem o controle sobre fatores críticos como o nível de ocupação de uma câmara, quantidade e frequência de manuseio, quantidade e frequência de acidentes e avarias, aumento da variabilidade da temperatura das câmaras e relaxamento do rigor sobre condições de higiene e limpeza, aumentando a chance de contaminação física ou biológica.
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TRANSPORTES FRIGORIFICADOS O transporte de produtos refrigerados ou congelados deve ser entendido como operações envolvendo o deslocamento de cargas perecíveis, de temperatura controlada, de um ponto de estoque para outro. A operação envolve uma cadeia de eventos na qual o deslocamento de mercadorias, através de carrocerias baús em veículos rodoviários, contêiner de uso intermodal, vagão ferroviário, navio ou aeronave é somente uma etapa dessa cadeia. A manutenção da temperatura através de todas as etapas da cadeia é fundamental para o sucesso e o equipamento mais eficiente de refrigeração no transporte não compensa perdas durante manuseio no carregamento, má qualidade do processo de resfriamento e embalagem inadequada. Os maiores riscos para a segurança dos produtos perecíveis ocorrem durante as interfaces entre fases de transporte e os pontos de entrega em função da falta ou da sobreposição de responsabilidades. O próprio termo “transporte de produtos refrigerados” pode ser corrigido para transporte de produtos de temperatura controlada. Em geral, unidades de refrigeração no transporte são usadas para manter a temperatura
e não para resfriamento da carga. Por isso, é particularmente importante que a carga esteja na temperatura correta antes do embarque. Práticas de pré-resfriamento de baús de caminhões e de contêineres são cada vez mais indicadas para reduzir o impacto da troca de calor nessas interfaces. Transporte rodoviário na cadeia do frio A necessidade de transporte refrigerado é extremamente variada e diversificada. Cada vez mais produtos perecíveis são introduzidos na cadeia do frio e, em função disso, a utilização de veículos providos de unidades de refrigeração para o transporte é crescente e intensa. O Brasil possui uma concentração muito grande do transporte sobre o modal rodoviário, em função da pouca disponibilidade de outras modalidades de transportes. Nesse caso, o transporte rodoviário alcança praticamente todo o território nacional. O transporte refrigerado rodoviário na cadeia do frio geralmente está associado em pelo menos duas fases: 1) Transferência para estoque (Full Truck Load – lotação completa): geralmente em grandes volumes e distantes do ponto
de destino, essas cargas são embarcadas após a produção e processo de congelamento. Esse tipo de transporte também é praticado para abastecimento dos estoques de grandes varejistas e atacadistas, a partir de um centro de distribuição ou da própria unidade de produção. Seguem em carretas de grande porte, de capacidade acima de 20 toneladas. Essa etapa, por ter característica ponto-a-ponto, possui mais facilidade de rastreamento e a temperatura durante a viagem não sofre a influência de trocas de calor devido abertura de portas. Há pelo menos três vantagens nesse tipo de transporte: em geral o veículo é maior e com custo por unidade transportada mais baixa; por ser mais homogênea, a carga é mais bem arrumada dentro do caminhão, com melhor aproveitamento do espaço, reduzindo assim o custo unitário; e eliminam-se inúmeras operações intermediárias, como o manuseio que altera as propriedades físicas e, portanto, qualitativas do produto; 2) Distribuição (Less Than Truck Load – cargas fracionadas): normalmente atuando em escala local, com baixa quilometragem entre origem e destino. É uma etapa crítica para o controle da temperatura devido grande influência de fatores de diversas naturezas, especialmente logísticos. Essa técnica envolve duas exigências do mercado: reduzir o estoque dos clientes (o que significa entregas mais frequentes) e a pulverização dos pontos de destino, com lotes de pedido cada vez menores. Geralmente esse transporte é executado por veículos
tipo caminhões médios e pequenos, vans e utilitários com capacidade de carga limitada a oito toneladas. O principal atributo desse tipo de entrega é a rapidez e confiabilidade, visto que o cliente passa a trabalhar com o estoque do fornecedor. Aspectos construtivos Mais pesados do que os veículos convencionais e consumindo mais combustível para suportar o peso extra, os veículos refrigerados representam o principal equipamento para transportar produtos perecíveis, de temperatura controlada, principalmente em áreas urbanas e densamente habitada, alcançando os pontos de consumo em vários canais de distribuição. Para o projeto de um veículo refrigerado, três fatores devem ser considerados: custo, produtividade e eficiência. Para que o projeto seja econômico, inovações estruturais utilizando materiais como o alumínio, ao invés do aço, têm sido progressivamente desenvolvidas. Além disso, o isolamento térmico é projetado de acordo com a necessidade da aplicação. Em termos de especificação e padronização são significativas as contribuições da ATP (Agreements on the International Carriage of Perishable Food-stuffs) e da Norma NBR 15457 (Norma Brasileira Regulamentadora), que especifica parâmetros necessários para desempenho de carrocerias termicamente isoladas. Na sua forma mais simples, o baú isolado termicamente poderia conter gelo para resfriar o ar confinado do interior e na forma mais complexa, uma unidade de refrigeração autogerenciável, baseada em placa eutética ou sis-
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tema criogênico, de reduzido impacto ao meio ambiente, capaz de manter a estabilidade térmica e o controle da atmosfera mesmo para grandes distâncias e variações da temperatura ambiente, suportada por tecnologia de monitoramento remoto com atualização de registros de tempo e temperatura online. A maioria das novas unidades de refrigeração para transporte usa o sistema de refrigeração por compressão de vapor, através de gases refrigerantes tipo HFC. Unidades de refrigeração para veículos rodoviários podem operar independente do motor do veículo ou podem operar acoplados ao motor do caminhão, durante a fase de deslocamento do veículo. Também na fase estática do veículo, a unidade de refrigeração pode operar por meio de energia elétrica, enquanto aguarda para descarregar. Para obter o melhor desempenho do transporte de produtos congelados, os fatores abaixo devem ser considerados: • Adequação do porte do equipamento de refrigeração com as dimensões da carroceria, temperatura desejada e tipo de produtos transportados; • Pré-resfriamento da atmosfera da carroceria para reduzir o impacto da diferença de temperatura entre produtos e do meio ambiente, conforme norma NBR14701; • A carga não pode bloquear o fluxo de ar, tanto das paredes quanto do piso. É importante manter um vão livre entre paredes de um baú para que o ar quente retorne para o evaporador. Nesse sentido é importante o papel do palete e do piso com canaletas próprias para o escoamento e distribuição do ar; • A utilização de um duto para conduzir o ar insuflado por ventilador é também um aspecto construtivo relevante; • O sistema de vedação das portas; • Utilização de cortinas reduz a quantidade de ar quente do meio externo para o interior da carroceria;
• O desligamento do aparelho de refrigeração enquanto as portas estiverem abertas; • Utilização de divisórias para entregas com múltiplas temperaturas; • A utilização de prateleiras reduz avarias provocadas por vibrações e choques quando a carga não é paletizada e muito fracionada. Muitos fatores estão envolvidos em um projeto de unidade de transporte refrigerado: condições climáticas extremas, acabamento do interior da carroceria, propriedade de isolamento, infiltração de ar, efeito compensatório (trade-off) entre custo da operação e da construção e deterioração física por choques e vibrações. Normalmente, uma carroceria do tipo baú, usada para o transporte refrigerado, é construída com isolamento de poliuretano expandido ou extrudado, revestido com placas de fibra de vidro laminadas ou chapas de alumínio – ver figura 1. A primeira característica medida em termos de veículos refrigerados ou frigoríficos é a qualidade isotérmica da carroceria que pode ser normal (0,7 W/m².K) ou reforçada, com condutividade térmica de 0,4W/m².K. Figura 1: Exemplo de semirreboque com baú frigorífico e unidade de refrigeração
A figura 2 ilustra um sistema de distribuição de ar dentro de um semirreboque frigorífico.
O ventilador à frente do evaporador insufla o ar frio através de um duto no teto. O ar infiltra pelas paredes, pelo piso, entre os vãos dos paletes e entre as caixas da carga retirando o calor, conduzindo o ar quente de volta para o evaporador e recomeçando o ciclo. Figura 2: Sistema de distribuição de ar para carga compacta paletizada em um semirreboque
Outro desenvolvimento importante no transporte refrigerado refere-se ao uso de múltiplos compartimentos em um baú frigorífico. A demanda por produtos congelados em um único pedido (no caso de alimentos) requer flexibilidade no transporte refrigerado com a utilização de painéis móveis isolados termicamente. Essas divisórias móveis possibilitam a separação de produtos de diferentes temperaturas durante o transporte. Apesar de vantajoso para o cliente e, portanto representar um diferencial competitivo, o uso de baú multitemperatura resulta em maior complexidade para o arranjo da carga, portanto envolvendo maiores custos, além da necessidade de maior treinamento dos entregadores. Também podem confinar a carga em espaço reduzido (no caso de carga menor do que a capacidade) resultando em redução de energia para a manutenção do
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frio interior. As figuras 3 e 4 ilustram carrocerias multicompartimentadas graças a ação de evaporadores específicos para cada espaço independente (compartimento), alimentado por uma única unidade de condensação. O projeto de ambientes multitemperatura para o transporte rodoviário é complexo, pois envolve a combinação de muitos fatores, como a taxa de transferência de calor entre os ambientes, eficiência do material de isolamento (divisórias), capacidade da unidade de refrigeração com múltiplos evaporadores, entre outros. Figura 3: Carroceria de transporte rodoviário multicompartimentado
Figura 5: Fontes de calor e transferência de massa atuantes em transporte refrigerado
As principais fontes de calor são: 1. Calor transferido para dentro do espaço refrigerado através de sua superfície; 2. Carga de radiação solar; 3. Carga do produto: resultante do calor produzido pelos produtos embarcados e mantido em espaço refrigerado; 4. Carga de ar infiltrado: é o ganho de calor associado à entrada de ar no espaço refrigerado (devido à abertura de portas); 5. Carga do pré-resfriamento: é devido à retirada de temperatura do ar confinado dentro do espaço refrigerado.
Figura 4: Baú de transporte de cargas refrigeradas e congeladas com sistema multitemperatura
Isolamento térmico As principais fontes de calor e transferência de massa atuantes sobre uma carroceria isolada termicamente são ilustradas na figura 5:
O poliuretano é o mais utilizado isolante térmico de baús frigoríficos, com espessuras entre 50 mm e 100 mm, de acordo com a aplicação. A limitação da espessura está relacionada com a restrição das dimensões externas e internas da largura da carroceria, regulamentada por lei para veículos de carga. O desempenho do material de isolamento cai à base de 3% a 5% ao ano, o que resulta em considerável aumento da condutividade térmica. Após nove anos de operação, a perda de isolamento pode acarretar aumento de 50% em consumo de energia e CO2. Se for considerada a grande quantidade de veículos e contêineres refrigerados mundialmente, a perda das propriedades de isolamento torna-se bastante relevantes.
Sistemas de refrigeração O sistema de refrigeração por compressão de vapor é o mais comum utilizado atualmente pela frota de veículos dedicados ao transporte frigorífico. Entretanto, há outras formas de obtenção de frio para o transporte. As unidades de refrigeração podem ser classificadas da seguinte maneira: • Movida a motor diesel; • Movida a motor elétrico; • Acoplada ao motor do caminhão; • Criogenia; • Placas eutéticas. As unidades de refrigeração movidas a motor diesel e a motor elétrico operam autônomas, ou seja, funcionam independentes do veículo. Enquanto a unidade movida a motor
diesel é mais aplicada para veículos de médio e grande porte para jornadas de longo curso, a unidade movida a motor elétrico funciona estacionária. A unidade acoplada ao motor do caminhão opera exclusivamente conectada ao veículo e sua aplicação é comum em vans e pequenos caminhões, de excursão urbana local com turnos de entregas de curta duração. Os três primeiros sistemas de refrigeração são obtidos a partir da compressão de vapor, o mesmo princípio de um refrigerador doméstico comum, utilizando um fluido refrigerante. Combinações desses três sistemas de refrigeração e outros arranjos híbridos têm sido cada vez mais demandadas pela necessidade diversificada do mercado. A figura 6 exemplifica uma unidade de refrigeração.
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Figura 6: Exemplo de equipamento de
Figura 7: Exemplo de sistema
refrigeração instalado em baú para transporte
de refrigeração criogênico-mecânico
rodoviário. Visão interna, do evaporador com duto de ar (a) e sem duto de ar (b)
(a)
(b)
A unidade de refrigeração criogênica baseia-se na utilização de gás, normalmente CO2 na forma líquida, armazenado em um tanque a vácuo, a cerca de -190°C. Esse gás segue para um evaporador, onde se expande, resfriando a serpentina do evaporador, que por sua vez recebe ventilação forçada, insuflando o ar frio para o ambiente que se deseja resfriar. Por sua vez, ao transferir toda a energia para a atmosfera, o gás se esgota. É também chamado de sistema de perda total, devido à completa exaustão do gás. Esse sistema, com vantagem de rápida queda de temperatura e de baixo ruído, se aplica ao transporte de produtos de grande valor agregado, pois apresenta alto custo. Não é economicamente viável para transporte de longo curso, mas é considerada uma alternativa híbrida de sistema de refrigeração criogênico-mecânica (figura 7).
Outro importante sistema de refrigeração largamente utilizado no transporte de produtos congelados, principalmente para sorvetes e produtos que exigem temperaturas muito baixas na distribuição física, é o eutético. Fisicamente, o sistema eutético consiste em uma estrutura de tubos ou placas com cavidades internas, construídas com material de boa condutividade térmica (figura 8). O princípio de funcionamento é o seguinte: 1. Com o veículo vazio (geralmente à noite) um fluido ou gás refrigerante é injetado (ou expandido) por um motocompressor movido por motor elétrico para o circuito de serpentinas das placas eutéticas; 2. Através da propagação por convecção, a solução eutética (salmoura, por exemplo) congela, podendo chegar a -40°C; 3. No espaço confinado da carroceria, a carga e o sistema eutético trocam calor resultando em temperatura estabilizada por volta de -25°C. O sistema de refrigeração através de placas eutéticas tem a vantagem do funcionamento silencioso, de prover frio por um período de 10 a 20 horas, dependendo da intensidade da troca de calor, baixo risco de contaminação e custo razoável. O projeto e dimensionamento de placas, tipo e volume de solução eutética deve considerar a aplicação. Aplicações comuns para esse sistema são transportes e distribuição urbana de sorvetes e outros alimentos com múltiplas entregas. Nor-
malmente, associa-se o sistema de refrigeração eutético a um sistema de compressão de vapor, buscando prolongar as condições ótimas de operação, compensando as perdas por trocas de calor através de abertura de portas, efeito de calor externo extremo e viagens de longa duração. Figura 8: Equipamento de refrigeração eutética em carroceria baú
Perfil da frota de veículos refrigerados no Brasil O Brasil possui cerca de 1,5 milhão de caminhões, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Desses, 38% são de empresas e 62% são de autônomos. A frota de caminhões dotados de carrocerias baús frigorificadas representam 1,6% do total. O modal rodoviário é o mais importante no Brasil, com cerca de 60% de participação. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (ANFIR), o mercado de baús frigoríficos sofreu uma retração nas vendas desde 2007, quando foram emplacadas 1996 unidades. Em função das características construtivas desses implementos que incentiva reformas estruturais, o mercado de baús usados está aquecido. Outra importante análise desse segmento fica por conta do nível de adequação da carroceria
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em função da aplicação do transporte. Ainda é prática comum no Brasil o transporte de produtos refrigerados e até congelados em baús inadequados em termos de isolamento ou em termos de unidade de refrigeração. Outros modais de transporte frigoríficos A utilização de modal ferroviário para escoamento de produtos perecíveis de temperatura controlada, principalmente alimentos, é prática recente no Brasil. No Brasil, a iniciativa de dois provedores de serviços logísticos selou operação inédita de movimentação de carga de alimentos congelados de pontos de origem produtiva para terminais portuários de carga através de vagões frigoríficos. Enquanto a América Latina Logística (ALL) entrou com o transporte ferroviário, com vagões dotados de isolamento térmico e unidade de refrigeração, reativando uma malha que já existia, a Standard ficou responsável pelo manuseio e estocagem dos produtos em seus terminais multimodais. Essa inovação logística já conta com um movimento mensal de cerca de 500 contêineres reefers (denominação para contêiner dotado de isolamento térmico e unidade de refrigeração) para exportação de alimentos industrializados e produtos derivados de carnes bovinas, suínas e de aves pelos portos de Paranaguá (PR) e Rio Grande (RS). Muitos produtos perecíveis são transportados via aérea, como flores, medicamentos e vacinas, órgãos para transplante e alimentos. O modal aéreo, apesar de apresentar limitações para o transporte de grandes cargas, é uma importante e estratégica via para o comércio exterior. O modal aéreo, apesar de mais rápido, também é o mais caro. Sendo assim, é comum a aplicação desse modal para produtos de alto valor agregado. O frete aéreo é regulado pela IATA (International Air Transport Association), uma associação de empresas aéreas que definem valores
referenciais máximos para as tarifas cobradas para o transporte de cargas de acordo com os destinos. A composição das taxas de frete considera o valor dos produtos e a quantidade mínima a ser transportada. A padronização da carga aérea é feita a partir de paletes específicos ou ULD (Unit Load Device), que tem as seguintes configurações: • P1P com dimensões externas: 3180mm x 2240mm x 1625mm (altura); • PMC com dimensões externas: 3180mm x 2438mm x 1625mm (altura); • P6P com dimensões externas: 3180mm x 2438mm x 2438mm (altura). A utilização do transporte aéreo para produtos perecíveis, no Brasil, ainda demanda aprimoramentos principalmente em procedimentos e infraestrutura. Por exemplo, o segmento ainda conta com muitos gargalos operacionais, incluindo a ausência de câmaras frias nos terminais aeroportuários para melhor acondicionamento dos produtos de proteína animal. A temperatura nos compartimentos de carga pressurizados pode ser controlada. As aeronaves têm capacidade de manter temperaturas controladas. A renovação do ar também pode ser feita com muita eficiência nesses locais, tornando o transporte aéreo mais recomendado do ponto de vista técnico. Historicamente, o desafio de transportar alimentos frescos para mercados longínquos através do mar, intensificou os esforços para o desenvolvimento da engenharia mecânica e de avanços da refrigeração. Recentes descobertas no controle de temperatura, confiabilidade dos equipamentos, tecnologia de embalagens e controle de atmosfera promoveram uma escalada em volume de transportes de produtos sensíveis à temperatura através do modal marítimo. O modal marítimo é a principal via de es-
coamento das exportações brasileiras. A principal vantagem desse tipo de transporte está relacionada à aplicação de um dos principais conceitos da gestão logística: a consolidação e unitização de cargas. As grandes embarcações, com autonomia para viagens de longo curso, possuem capacidade de carga e possibilidade para embarques de produtos diversos. Um dos grandes desafios para o desenvolvimento desse meio de transporte é o contínuo aprimoramento dos acessos e da infraestrutura de portos, como a utilização de técnicas de multimodalidade e atualização tecnológica dos recursos de movimentação de cargas. Contêiner isotérmico e refrigerado A invenção e início de seu uso se deram na Inglaterra em 1830, após a construção dos primeiros trechos das ferrovias. Usado como um padrão de unitização e consolidação de cargas, através das normas ISO (International Standardization Organization), o contêiner é transportado em todos os modais (rodoviário, aquaviário, marítimo, aéreo e ferroviário). Para o transporte de produtos perecíveis em longas distâncias, utilizam-se contêineres isotérmicos e refrigerados. O contêiner isotérmico é utilizado para transportar cargas sensíveis às variações bruscas de temperatura e danos por condensação (umidade), possuindo aberturas para ventilação. O contêiner refrigerado é uma caixa, de seis ou 12 metros de comprimento, isolada termicamente e dotada de equipamento de refrigeração. Um contêiner dotado de equipamento para o controle de atmosfera e de monitoramento da integridade da carga dispõe de sensores de CO2 e de O2, de temperatura, de vibração, de abertura de portas e de umidade, conectados a uma unidade local microprocessada. Em termos de monitoramento, o contêiner conta com uma unidade de comunicação integra-
da, incluindo GPS (Sistema de Posicionamento Global), telefonia baseada em rádio, possibilidade de comunicação local telefonia celular e módulo de acesso por satélite via GPS. Toda essa funcionalidade fornece dados primários para um módulo local que possui algumas instruções residentes e também se comunica com um sistema central de monitoramento. A maioria dos produtos perecíveis transportados por via marítima é acondicionada em contêineres refrigerados ou isotérmicos. No navio, esses contêineres são posicionados em local próprio, geralmente coberto, longe do convés, protegido da ação dos raios solares e de condições climáticas extremas. A unidade de refrigeração do contêiner pode ser energizada em uma fonte de energia dentro de um terminal de cargas, no navio e a partir de um gerador adaptado a um semirreboque, na fase de transporte terrestre desse contêiner. O sistema de refrigeração para contêineres não pode reduzir a temperatura dos produtos, mas apenas mantê-las. Por isso, é fundamental que ambos, contêiner e carga, estejam na mesma temperatura antes do carregamento. Devido às longas durações envolvendo o transporte de contêineres, além do controle da temperatura, o desenvolvimento da tecnologia de atmosfera controlada permitiu preservar o frescor de produtos que tem características de respiração. O sistema mantém uma atmosfera equilibrada em relação aos níveis de oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, além de outros gases, minimizando os efeitos danosos da respiração. Além disso, essa tecnologia pode evitar o ataque de insetos, perda de água e de peso. A temperatura interna do contêiner depende do tipo do produto, considerando o tempo que estará confinado e compatibilidade com outros produtos em função da respiração.
Empresas Por Cauê Vizzaccaro
Solução
especializada A Quimicryl atende a área de embalagens, rótulos e etiquetas com resinas acrílicas e a base de água
A
Quimicryl foi fundada, em 1987, direcionando o trabalho para os mercados de adesivos e construção civil. Especificamente para o mercado de embalagens, a empresa possui uma linha de termosselantes. No mercado de adesivos atende a área de embalagens, rótulos e etiquetas, sempre com a matéria-prima para a cadeia produtiva com resinas acrílicas e a base de água. De acordo com Cláudia Fernandes, gerente de marketing da Quimicryl, o trabalho da empresa é obter resinas prontas com fornecedores e formular estas resinas de acordo com a solicitação das empresas que fazem etiquetas para que o maquinário receba melhor a cola, tenha maior velocidade, entre outros fatores. Se o cliente pede uma etiqueta com as propriedades necessárias para as baixas temperaturas é preciso que tenha uma formulação. Agora se é preciso uma etiqueta para colocar em contato direto com um alimento, ela preci-
sa ter duas características: atóxica e indelével. Desse modo, a Quimicryl tem a preocupação em desenvolver esse produto ao cliente. Assim, a empresa visita o cliente, descobre quais são as necessidades e a partir disso formula o produto com a solução. “Nosso produto é resultado de uma co-criação com o cliente. Temos colas básicas e personalizamos de acordo com a necessidade do cliente, com diversos tipos de características, viscosidade, gramatura, entre outras coisas. Temos colas básicas que, depois de consultar o cliente, personalizamos com as solicitações de características, viscosidade, gramatura etc. Depois da fabricação do produto personalizado, o cliente faz um teste piloto e se for aprovado, começa a produção”, afirma a gerente de marketing. Segundo Cláudia, o principal diferencial da Quimicryl é referente à co-criação. A empresa faz produtos específicos e personalizados. Exis-
te uma série de adesivos que várias empresas fabricam, mas existem adesivos com características especiais. “É por esses adesivos que a Quimicryl se diferencia. E há também o nosso corpo técnico especializado. Pode parecer simples, mas dependendo da embalagem precisa ter velocidade de aplicação e é necessário o ajuste do maquinário. Assim, nós temos especialistas em maquinário e produtos para tudo funcionar corretamente. E se der algum problema nas aplicações, nós temos a equipe de apoio”, garante. No setor de adesivos, a empresa tem cola para etiquetas e rótulos para produtos alimentícios, que ficam em contato com o alimento por ter baixa toxicidade, inclusive para embalagens com etiquetas de código de barras encontradas em supermercados. Também há colas específicas para baixas temperaturas, que são fornecidas ao fabricante da etiqueta. A Quimicryl fornece cola para a indústria, sejam resinas acrílicas ou com base de água. Outra linha de negócio é referente à distribuição do liner: silicone que é descartado do adesivo e que ajuda a não rasgar o material. Para área de frigoríficos a Quimicryl tem outra divisão de negócios chamada Construção. Nessa área há linhas de impermeabilizantes e outros produtos. “Para um frigorífico do Rio de Janeiro e outro na Bahia fabricamos o Baucryl UV Branco, que possui um alto índice de reflexão solar e é indicado para a aplicação em telhados. O produto é uma resina acrílica que tem uma função de tinta e atende ao Green Building Council para a redução das ilhas de calor, já que o frigorífico, ao pintar o telhado de branco, terá um conforto térmico por causa da reflexão dos raios solares. Assim, o produto
reduz o consumo do ar condicionado. A diferença desse produto para outros é que apresentamos um laudo com a medição da absorção de calor e reflexão solar e que atende ao Green Building Council. Além disso, o produto possui um baixo nível emissão de compostos orgânicos voláteis”, afirma. Para a aplicação de pisos vinílicos ainda se utiliza cola de sapateiro, tóxica, e a Quimicryl tem um projeto para substituir por colas a base de água. “A empresa que tiver de aplicar a cola com base de solvente terá que fazer a noite, fora do horário de trabalho. Já a cola a base de água pode ser aplicada em horário comercial e possui baixa emissão de compostos orgânicos voláteis para a atmosfera. Enquanto que as principais colas do mercado emitem acima de 250 gramas por litro, a nossa cola emite sete gramas por litro de compostos orgânicos voláteis. Essa é uma preocupação da Quimicryl. Temos até um projeto com uma tabela ambiental, onde colocamos no rótulo dos produtos químicos uma tabela parecida com a nutricional, onde se inserem os valores ambientais, como se usar e reciclar os produtos etc”, diz. Conforme a gerente de marketing, a Quimicryl está sempre preocupada com a sustentabilidade, inovação e materiais que agregam valor ao cliente. A empresa possui vários indicadores de qualidade: para tratamento de efluentes, emissões de gases de efeito estufa e resíduos sólidos. “Temos uma grande preocupação com a linha de cola com água. Então há o desafio de fazer com que as empresas que usam colas a base de solventes troquem para a base de água”, completa. A empresa atende todos os estados do Brasil com uma equipe técnica especializada.
Especial
A importância do
piso ideal
na indústria frigorífica
U
m dos grandes desafios de uma indústria frigorífica para se tornar reconhecida com excelência na qualidade é atender a alguns requisitos exigidos por órgãos responsáveis em manter a segurança alimentar, como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), por exemplo. Entretanto, o que os consumidores também não sabem é que por trás de todos esses processos existe uma infraestrutura ampla e decisiva para a empresa manter a qualidade do produto final. Não se trata somente da matéria-prima ou do maquinário envolvido, e sim do revestimento aplicado nas áreas de produção, fator importante em vários níveis, desde a fabricação ao manuseio do alimento. A Miaki Revestimentos, empresa direcionada para a industrialização e comercialização de revestimentos monolíticos, presente no mercado há 21 anos, adquiriu técnicas e conhecimentos para desenvolver revestimentos de alto desempenho, e conciliou as tendências mundiais em
pisos às carências das empresas e criou uma linha de produtos que tem ganhado fãs em todo o país. Trata-se do revestimento MMA (Metil Metacrilato) e o PU-CIM (Poliuretano), seja pela sua durabilidade superior, extrema resistência ou mesmo pela estética diferenciada e personalizável que esta tecnologia oferece. O MMA é uma resina utilizada para composição de revestimentos monolíticos (sem juntas), e dentre todas as características são destacáveis a sua extrema resistência química, mecânica e térmica, a durabilidade, facilidade de higienização (não poroso evitando a proliferação de fungos e bactérias), impermeabilização, antiderrapância, resistência UV, e o mais sugestivo: possui o tempo de cura de apenas duas horas. O PU-CIM é um revestimento monolítico robusto formulado para resistir às elevadas solicitações mecânicas, químicas, térmicas e a choques térmicos, e é aplicado principalmente em áreas de produção seca. A linha PU-CIM
da Miaki oferece proteção contra ataques de substâncias químicas agressivas, como agentes oxidantes, ácidos, orgânicos e solventes aromáticos. Com tempo de cura de 12 horas, o PU-CIM pode ser aplicado em temperaturas acima de 10°C e operação entre -40°C e 120°C. SISTEMA MMA Ideal para ambientes internos com operação molhada, que necessitem de facilidade de limpeza, antiderrapância duradoura e assepsia. É a solução recomendada para áreas molhadas da indústria de alimentos. Esteticamente a MIAKI oferece também o Full Flake, sistema decorativo e personalizável em MMA. Sua estética diferenciada se dá a partir da customização das cores dos flocos (flakes), que é feita conforme preferência do cliente. Além de aparência refinada, exclusiva e moderna, este sistema possui alto desempenho em termos de resistência, durabilidade e higienização, isso porque ao utilizar resina MMA em sua composição, há garantia para este sistema como a maior resistência possível à abrasão e raios UV, além do baixo custo de conservação e manutenção. Principais características do MMA • Monolítico • Antiderrapante • Fácil limpeza e higienização • Não proliferam fungos e bactérias • Impermeável • Cura rápida: o piso pode ser exposto a cargas normais depois de 2 horas • Elevada resistência química, à abrasão e ao desgaste • A operação é possível em temperaturas ambientes de -30°C a 35°C • Suporta temperaturas de operação de -50°C a 120°C • Espessura de 4-6 mm • 3 níveis de textura: fina, média e grossa
Fotos: Juliana B. Gigo
Eventos
TECA III
N
esse momento no Brasil, o futebol deixou de ser uma das principais referências. Entretanto, a cada dia outras áreas se tornam mais imponentes, caso do segmento de proteína animal. Líder mundial, o setor cresce a cada ano com a união entre todos os elos da cadeia produtiva nacional. Para estreitar a relação entre as empresas fornecedoras de equipamentos, aditivos, envoltórios e outros serviços especializados foi criado o TECA (Tecnologia de Embalagens e Conservação de Alimentos) em 2012. O evento, que chegou a sua terceira edição, ocorreu nos dias 13 e 14 de novembro, no Centro de Tecnologia de Carnes do Instituto de Tecnologia de Alimentos (CTC-Ital), em Campinas (SP). O TECA III foi organizado pelas empresas Multivac e Handtmann (especializadas em equipamentos), Intercasing (tripas) e Ibrac
(condimentos e receitas cárneas) e foi promovido para receber, em grande parte, frigoríficos de todos os estados do país. Dividido em duas partes, a primeira, em 13 de novembro, contou com palestras realizadas por técnicos das empresas organizadoras e, entre as palestras, visita à planta piloto do CTC, onde foram aplicadas na prática as informações apresentadas. Já o segundo dia contou com uma rodada comercial, onde os clientes puderam tirar dúvidas com os fornecedores, e degustação dos produtos fabricados no dia antecedente. O intuito do evento é constituir parcerias entre as empresas Multivac, Handtmann, Intercasing, Ibrac e frigoríficos para que possa ocorrer a troca de conhecimento. Por causa do enorme sucesso, já há lista de espera para o próximo evento.
Especial Por Cauê Vizzaccaro
Expectativa para o setor de
proteína animal A pesar da força da cadeia produtiva da carne, muitos fatores tendem a criar uma atmosfera volátil no setor, sejam pelas influências da exportação, políticas governamentais, alterações no mercado acionário das grandes indústrias, falta de mão de obra qualificada, entre outros fatores. Com referência à exportação, mercados como o da China, Rússia e Indonésia voltaram a se abrir para o Brasil e este é o momento para as empresas brasileiras mostrarem toda a qualidade dos produtos. João Stelmockas, diretor da Stelka, afirma que é necessário “abrir mais fronteiras para a exportação de carnes e embutidos, e que haja maior rigor na fabricação de máquinas e produtos embutidos”.
Ricardo Barakat, representante de vendas da Ashworth, afirma que a produção brasileira de carne tem crescido de maneira expressiva nos últimos 20 anos e assim espera “que a exportação brasileira de carne e o consumo interno aumentem e tragam benefícios ao país com novas tecnologias que melhorem a produção e que aconteçam grandes investimentos no setor”. Já para Juliano Farina, do departamento de marketing da Tecmaes, o seguimento cárneo está crescendo e com o aumento das exportações para países como a China, a expectativa é de um impulso grande no mercado nacional. No caminho do crescimento, o setor vive a expectativa de aumentar as vendas internamente e as exportações para outros países.
Especial
Eduardo Gualtieri, diretor comercial da Dal Pino, aborda essa ideia: “Vivemos um momento de crescimento, visto que o Brasil oferece tudo de melhor no setor, desde a produção animal até o produto final acabado para o consumidor com altíssima qualidade. Isso porque as empresas do Brasil estão utilizando tecnologias de ponta, só vistas em países de primeiro mundo, como os da Europa e Estados Unidos”. Mayron Eliton dos Santos, da Spot Light, concorda sobre o desenvolvimento do setor e afirma que “hoje o consumo de carne vem aumentando e a tendência é de se expandir, seja pela relativa melhora na renda familiar brasileira como na crescente exportação. A expectativa é de que cada vez mais consigamos aumentar a produção e industrialização da carne brasileira e que cada vez mais os frigoríficos expandam seu portfólio de produtos e também das plantas físicas”. Com grande influência sobre a economia do setor de proteína animal, as políticas governamentais precisam ser mais atentas com a indústria, já que grande parte dos empresários está descontente com as ações do governo que não privilegiam a área. Algumas das dificuldades encontradas pelos empresários são relativas aos altos impostos e no momento de obter crédito. Bernardo Ronchetti, da Termoprol, reflete sobre o tema: “A política governamental dos grandes do Brasil, com as gigantes empresas criadas com financiamentos expressivos do governo para fomentar a exportação, findará. Assim, elas terão que andar com suas próprias pernas e isso trará à tona as plantas de produção “média”, que sustentarão a produção de produtos refinados e para o mercado interno. Essas plantas, por vezes até familiares, exigem competitividade, o que significa investimento para reduzir custos na operação e evitar perdas”. Segundo José Roberto Martins, da Protervac, a política adotada pelo governo atual fez
com que empresas tradicionais se tornassem potências mundiais, fator este não tão apreciado pela oposição: “Acredito que com a vitória da situação nas eleições teremos um mercado muito centralizador, onde nós, transformadores, teremos muito, mas muito trabalho para obter melhores custos e habilidades para sobrevivermos. Se a oposição tivesse vencido, a expectativa seria de um mercado mais pulverizado e justo para os transformadores. O mercado está sofrendo uma grande transformação, principalmente para os fornecedores de embalagens. Grandes, como Unipac, não existem mais e concorrentes que eram fortes estão estremecidos financeiramente. O mercado de alimento em geral está se unificando, grandes comprando grandes para terem poder de negociação. Acredito que dentro de dois anos teremos novas empresas e potências para este mercado, que no espaço de dez anos mudou drasticamente”. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Wagner Weirich, da área de marketing da Frinox, também considera as alterações do mercado: “Algumas alterações no mercado acionário das grandes indústrias desse segmento (uniões, segmentações e expansão) são fatos que geram grandes expectativas em função de alterações e adequações do fluxo produtivo destas grandes indústrias. Para a Frinox, a parceria existente com essas indústrias é muito importante, e por isso buscamos neste momento, além de ofertar produtos de linha, atuar no desenvolvimento de novas soluções para o segmento, confirmando assim esta ligação e o comprometimento para atender as mudanças deste mercado, e futuramente estar atendendo com a mesma força o mercado externo”. Atualmente a falta de mão de obra operacional nas indústrias frigoríficas, seja na parte de abate e desossa como no setor de processamento, é fator chave para o crescimento. Umas das formas para contornar esse problema é a
automação, como pondera Fernando Baldini, gerente de tecnologia e engenheiro de alimentos da Poly-clip: “A maioria das indústrias encontram sérias dificuldades de contratação de pessoal. Vários fatores têm contribuído para isso, seja pela maior oferta de empregos em outros setores da economia, onde as condições do ambiente de trabalho são mais atrativas do que aquelas encontradas no piso fabril dos frigoríficos (trabalho manual, repetitivo, baixas temperaturas, umidade, horários diversos etc.) como também pela melhoria do grau de instrução da população jovem de baixa renda, que acaba por procurar fontes de rendas em outros setores. Somam-se a isso as características e particularidades regionais, que às vezes não são totalmente compatíveis com a atividade frigorífica no local onde a planta está instalada. Dessa forma, as indústrias de abate e processamento de carnes têm procurado soluções em automação nas várias etapas do processo para assegurar que o trabalho seja concretizado. Anteriormente se justificava a compra de um determinado equipamento pela redução de custos de mão de obra empregada na produção. Hoje em dia, o investimento no equipamento é necessário para que o trabalho específico seja feito, assim não há alternativa. Felizmente, os fabricantes de equipamentos vêm conseguindo atender essa demanda cada dia maior pela automação das várias etapas do processo. Algumas etapas podem ser realizadas de forma tão eficiente ou melhor do que o processo manual tradicional e ainda com maior produtividade, higiene, padronização e consistência desta operação. O desenvolvimento contínuo da automação dentro do setor frigorífico tem trazido progressos excepcionais. A oferta de máquinas automáticas programáveis e braços robóticos para trabalhos pesados ou específicos nas áreas de abate, desossa, processamento e embalagem deixou de ser ficção para se tornar cada dia mais usual”.
Empresas Por Cauê Vizzaccaro
Iluminando
o seu caminho Spot Light desenvolve produtos com o sistema inovador de automanutenção
L
ocalizada em Toledo (PR), a Spot Light surgiu da necessidade de se fabricar produtos que aliem qualidade, durabilidade e preço. Atualmente, atende a todo o território nacional com produtos desenvolvidos pela própria empresa, cujo sistema inovador de automanutenção é patenteado. Além disso, é um dos poucos fabricantes de luminárias de emergência que possuem relatório de ensaio fotométrico de um laboratório credenciado pelo Inmetro. Os produtos da empresa para indústrias frigoríficas resistem à troca constante de temperatura, umidade, condensação e jatos de água, conforme relata Mayron Eliton dos Santos, da Spot Light: “Nas grandes indústrias existe uma ampla quantidade de luminárias de emergência, porém elas precisam de constante manu-
tenção, pois em uma queda de energia ou em um sinistro as luminárias não funcionam. Assim, os produtos Spot Light revolucionaram o mercado ao apresentar uma solução inovadora que é a automanutenção, onde nós, por meio da eletrônica desenvolvemos um sistema que simula a falta de energia em nossos produtos a cada quinze dias durante vinte minutos. Ou seja, a cada quinze dias proporcionamos para a bateria uma descarga parcial da carga, trabalho que em outras luminárias precisa ser feito manualmente ao desligar e religar os circuitos elétricos em que se encontram instaladas e que se não for executado leva a falha da bateria, e consequentemente a luminária não irá funcionar”. Segundo Santos, as luminárias de emergência da Spot Light possuem alta potência de ilumina-
Os produtos da empresa para indústrias frigoríficas resistem à troca constante de temperatura, umidade, condensação e jatos de água
Nas grandes indústrias existe uma ampla quantidade de luminárias de emergência, porém elas precisam de constante manutenção, pois em uma queda de energia ou em um sinistro as luminárias não funcionam.
ção em led; autonomia entre 2 a 9 horas (dependendo do modelo); maior vida útil da bateria e da luminária, pois são resistentes a jatos de água, poeira, trocas de temperatura e possui sistema eletrônico que realiza automanutenção (a cada quinze dias simula uma falta de energia descarregando a bateria por 20 minutos e tornando a carregar, fazendo com que a bateria seja realmente usada e prolongando sua vida útil por mais de dois anos); invólucros IP65 resistentes a jatos de água e fonte eletrônica IP67 resistente à imersão temporária em água; bateria inclusa; todos acessórios metálicos em inox e já vem acompanhada de suportes e parafusos para fixação; bivolt automático (de 90~240V e suporta picos de tensão até 270V); garantia de 1 ano, inclusive da bateria; e são leves e fáceis de instalar. Os produtos mais requeridos pelos frigoríficos são: - Luminária Hermética de Emergência 2x60 led’s IP65 Autônoma 90~240v: a Luminária Hermética de Emergência é fabricada em invólucro IP65 de 60 cm de comprimento com difusor em policarbonato. Possui duas lâmpadas tubulares T5 12Vcc com 60 led’s de alto rendimento. Podem ser instaladas no teto, parede ou perfilados, e chega a iluminar até 120 m² se instalada em um pé direito convencional de frigorífico (4 a
6 metros de altura) e com uma autonomia superior a 2 horas. - Luminária 2 e 3 Faróis Led’s IP65 Autônoma 90~240v: substitui os modelos que utilizam bateria de carro. Possui surpreendente autonomia de mais de 9 horas no bloco de 2 faróis e pesa 1,8 kg. - Luminária Box 60 Led’s Autônoma 90~240v: A luminária box 60 led’s possui um design leve e sofisticado juntamente com todas características de durabilidade que um frigorífico precisa. Possui a função de iluminar menores áreas ou ainda sinalizar rotas de fuga e equipamentos de emergência. De acordo com Santos, para continuar com o constante processo de inovação, a Spot Light lançou a Luminária de Emergência Box 60 Led’s com 3 Faróis. É um modelo diferenciado no Brasil, porém, muito comum nos Estados Unidos e em países europeus, pois, o produto possuiu três faróis para a iluminação da área e ainda um elemento de sinalização que também se acende no caso de interrupção de energia elétrica. Outros lançamentos são a linha de refletores led’s para iluminação externa, interna e de câmaras frias, e a linha de luminárias de emergência decorativa, que é um equipamento de segurança que não agride o design do ambiente.
Economia
Convênio de estímulo à
agregação de valor O
presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), Mauricio Borges, e o presidente-executivo da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, realizaram negociações junto à Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para a construção de um convênio de estímulo para a agregação de valor na avicultura e na suinocultura do Brasil.
O encontro aconteceu durante o Salão Internacional de Alimentos (SIAL), em Paris (França). Juntamente com o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, e representantes da Apex-Brasil, Turra e Borges debateram com o presidente da FINEP, Glauco Arbix, sobre a criação de um convênio para estímulo de pesquisa e inovação nas empresas brasileiras produtoras de aves, suínos e ovos.
“A agregação de valor é o caminho lógico para a expansão da pauta exportadora de aves e suínos do Brasil, e a Apex-Brasil é uma grande apoiadora dessa estratégia. Neste sentido, iniciaremos uma consulta às empresas interessadas para construir a viabilização desta proposta”, destacou Turra. Ainda no encontro com a Apex-Brasil, Borges confirmou ao presidente-executivo da ABPA a renovação do convênio para a promoção das exportações brasileiras da avicultura e da suinocultura. O convênio prevê recursos para a promoção de ações especiais em diversos mercados estratégicos para as empresas exportadoras de aves e suínos, como participação em feiras, realização de campanhas especiais junto ao público consumidor e aos importadores, workshops e outras iniciativas gerenciadas pela ABPA. “No último convênio, estes recursos da Apex-Brasil foram decisivos para a realização de ações quase mensais em mercados com os mais variados perfis como Japão, China, França, Alemanha, Emirados Árabes Unidos, Coreia do Sul, Singapura, México e diversos outros”, explicou Turra. UNIÃO EUROPEIA Turra e Santin participaram de outro encontro na SIAL, com a comissária da DG Sanco (Diretoria Geral para a Saúde e Consumidores da União Europeia), Berta Carol. Na reunião, os representantes da ABPA buscaram o apoio da representante do órgão para a abertura do bloco europeu às exportações de carne suína do Brasil. Para tanto, destacaram o país como grande parceiro da Europa na segurança alimentar em outros setores produtivos, como exemplo o da carne de frango.
“A suinocultura do Brasil é diferenciada não apenas pela qualidade, mas também pela excelência de seu status sanitário, sem ocorrências de problemas que têm afetado a produção internacional, como a Diarreia Suína Epidêmica (PED). Buscamos mostrar à comissária que temos potencial para consolidarmos esta parceria e que o apoio da DG Sanco beneficiaria os consumidores europeus, que teriam à disposição um produto com excelente qualidade e sanidade”, afirmou Turra. Outros temas de interesse dos exportadores brasileiros de carne de frango e dos consumidores europeus também foram abordados no encontro, como legislações e outras questões. AÇÕES NA SIAL Para o SIAL Paris – um dos maiores salões do mundo, com visitantes dos cinco continentes –, a Apex-Brasil e a ABPA estruturaram em parceria uma grande ação focada na divulgação e na busca de novos negócios para as agroindústrias brasileiras. Em um espaço com mais de 420 m², dezesseis empresas exportadoras de carne de aves e suínos prospectam clientes e fecharam negócios para mercados dos vários continentes pelo mundo. São elas: Cosuel-Dália, São Salvador, Globoaves, C Vale, Pif Paf, Coasul, Copacol, Lar, Agrogen, Alliz, GT Foods, Averama, Jaguafrangos, Big Frango, Alibem e JBS/Seara. Para cativar os importadores com a qualidade e o sabor do produto brasileiro, centenas de quilos de carne de frango, em receitas especiais preparadas pelo Chef Marcelo Bortolon, foram servidos no espaço reservado pela ABPA na feira. Materiais promocionais e livros de receita também foram distribuídos para os visitantes da feira.
Empresas Por Cauê Vizzaccaro
Desafiando
o pensamento
convencional F
undada em 1985, a Full Gauge Controls oferece ao mercado de frigoríficos uma linha completa de instrumentos digitais para automação da cadeia do frio. A empresa está presente nos cinco continentes, sendo reconhecida pela tecnologia para o controle e indicação de temperatura, umidade, tempo, pressão e tensão em sistemas de refrigeração, aquecimento, climatização e aquecimento solar. Para auxiliar o cliente, a Full Gauge Controls disponibiliza o Sitrad, software de gerenciamento remoto. O software é produzido e distribuído gratuitamente pela empresa. O equipamento permite acessar local e remotamente instalações dos mais diversos segmentos como supermercados, frigoríficos, restaurantes, hotéis, hospitais, laboratórios e residências. Além disso, possibilita obter gráficos e relatórios gerados a partir dos dados armazenados, enviar mensagens de alerta para celulares cadastrados caso as variáveis não estejam de acordo com os padrões estabelecidos, gerenciar os parâmetros dos equipamentos de qualquer lugar do mundo via celular ou computador, entre outras ações. De acordo com Anderson Machado, da Engenharia de Aplicação da Full Gauge Controls,
o controle de temperatura nos frigoríficos é muito importante para que os produtos armazenados não pereçam, perdendo sua qualidade, sabor ou validade. Uma vez estragados, os produtos frigorificados podem intoxicar os seus consumidores. Desse modo, equipamentos para evitar tais danos são importantíssimos na cadeia do frio. Com o intuito de apoiar a cadeia de proteína animal, a Full Gauge Controls lançou a geração de controladores da linha Evolution. Dois dos cinco primeiros modelos são destinados para o mercado de frigorífico: o TC-900 E power e o PhaseLOG E plus. - TC-900 E power: controlador para congelados, automatiza os processos de degelo de acordo com a necessidade da instalação (degelo inteligente). O controle de temperatura ambiente conta com um setpoint normal e um setpoint econômico, além da funcionalidade de congelamento rápido e funções de alarme indicando porta aberta. Seu relé de 16A comanda diretamente compressores de até 1HP e sua saída para degelo tem capacidade de corrente de 10A. - PhaseLOG E plus: registrador da qualidade
da energia elétrica usado em instalações industriais, comerciais e residenciais que monitora e protege equipamentos elétricos trifásicos contra falta de fase, inversão de fase, sub e “sobretensões” (flutuações da rede elétrica), assim como contra o “desbalanço” entre as fases (modular e angular). É também voltímetro sequencial e mede as tensões eficazes da rede elétrica (True RMS). Possui relógio em tempo real e, em sua memória interna (datalogger), armazena os valores de tensão de cada fase da rede elétrica durante até 97 dias. E, através do Sitrad, monitora a rede elétrica via internet, pelo celular ou computador, possibilitando a emissão de relatórios gráficos com o histórico da instalação. Para Machado, uma das principais evoluções do mercado está no uso de instrumentos digitais no lugar dos termostatos mecânicos. Além dessa, outra grande evolução foram os softwares de gerenciamento das instalações, os quais possibilitam obter gerenciamentos e relatórios dos comportamentos das temperaturas e casa de máquinas do sistema de re-
frigeração, inclusive enviando mensagens de alerta para celulares, caso as variáveis saiam do padrão estabelecido. Desse modo, o destaque fica por conta da automação da instalação, ou seja, o gerenciamento a distância das instalações, seja pelo computador ou por um telefone celular. Além das principais tecnologias criadas ao mercado, a qualidade do produto é outro ponto que Machado pondera e o qual os donos de frigoríficos precisam se ater. “Um termômetro ou controlador em más condições ou instalado de maneira incorreta pode acarretar em danos incalculáveis, pois se trata de uma peça chave na conservação de produtos perecíveis. Também existem no mercado muitas opções disponíveis de marcas, mas pouquíssimas com controles rígidos de qualidade na fabricação, certificações internacionais, acompanhamento técnico eficiente, suporte ao cliente, treinamentos para capacitações, possibilidade de gerenciamento à distância. É importante observar tudo isso na escolha do termômetro, além de ter um técnico capacitado realize avaliações periódicas nas instalações para evitar transtornos”, conclui.
Índice de Anunciantes
Brasilfrigo....................................................................45 Cold Air..........................................................4ª capa e 9 FiBrasil.........................................................................21 Handtmann.................................................................47 Isoeste.........................................................................13 Jamar...........................................................................33 Klainox........................................................................39 Metalúrgica Z...............................................................41 Montemil.....................................................................17 Nutri.com............................................................ 27 e 49 Nyroplast......................................................3ª capa e 11 Perfor..........................................................................15 Poly-clip.........................................................................7 Rool.............................................................................31 Stelka............................................................. 2ª capa / 3 Tripa-Rio......................................................................19 Unirons........................................................................25