Tiragem Extra
Dia mundial do leite Adiamento do Minas Lรกctea
Foto: Depositphotos / Capa: Raphael Inácio
Expediente
Diretora Jussara F. S. Rocha jussara@editorarocha.com Editor Cauê Vizzaccaro caue@editorarocha.com Gerente de Contas Clécio Laurentino (11) 9 8225.4355 clecio@editorarocha.com Administrativo / Financeiro administrativo@editorarocha.com financeiro@editorarocha.com Conselho Editorial Carlos Ramos, Christian Oest Möller, Ludmila Couto Gomes, Luiza Carvalhaes de Albuquerque, Marion Ferreira Gomes, Nelson Luiz Tenchini de Macedo e Rodrigo de Souza Assinatura/Subscription Brasil: R$ 130,00 USA, Latin America, Europe and Africa: US$ 150,00 Produção Gráfica Raphael Inácio (11) 9 9804.0962 rr.inacio@uol.com.br
Tiragem: 9000
Sumário
Capa
Divulgação
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Especial
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Cenários do Brasil
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Especial Queijos
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Minas Frescal: A melhor opção para manter a boa forma
Rio de Janeiro: governo cria decreto para beneficiar setor
As causas e consequências da prorrogação do Minas Láctea
Dia mundial do leite: leite pode ser patrimônio mundial da Unesco
Outros Destaques 03 Expediente 04 Sumário 06 Editorial 08 Lançamento 14 Mercado 34 Especial 46 Opinião 51 Saúde 52 Pesquisa 63 Empresas 64 Caderno Internacional 65 Empresas
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Editorial
Protelamento do Minas Láctea
A
cadeia produtiva do leite está pulsante. Tudo por causa da prorrogação da data do Minas Láctea, evento que abrange, em Juiz de Fora (MG), a Expomaq, o Congresso Nacional de Laticínios e o Concurso Nacional de Produtos Lácteos, entre outros. O evento, que sempre ocorreu em julho, foi transferido para os dias 18, 19 e 20 de novembro. Quase todos os agentes do setor foram pegos de surpresa e terão que alterar suas programações, seja na parte de logística, publicidade, produtos, importações e lançamentos. Nesta edição temos uma reportagem sobre o episódio. Fora isso, fica aquele sentimento de nostalgia, uma vez que não encontraremos nossos amigos de longa data neste ano. Com esse cenário, a Editora Rocha, na tentativa de incentivar o segmento de leite, publicará a revista Mais Leite com uma tiragem extra, assim, teremos nove mil exemplares no total.
se nosso líquido cândido for escolhido. Esperamos também que as ações criadas no Brasil ajudem a classe política a olhar para o nosso setor com mais cuidado. Nesta edição, temos a entrevista especial sobre ETE, saneamento, políticas públicas e tabus do setor com o engenheiro Mateus Stefanello, diretor técnico da Hidrozon. Há também a aposta da Tetra Pak no mercado de queijo frescal, com uma nova solução de processo e envase para a produção em embalagens longa vida. A nova tecnologia fará com que o produto apresente o triplo do prazo de validade (90 dias). Por fim, ainda temos diversos lançamentos e outras reportagens muito interessantes. Boa leitura!
Indo por outro caminho, todos nós comemoramos o Dia Mundial do Leite. A data, oficializada há 13 anos, pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, é comemorada todo dia 1º de junho. Em todo o mundo foram realizadas diversas campanhas. Na Itália, Associação Italiana de Lácteos fez a indicação para que o leite seja um patrimônio mundial junto a Unesco, que a protegerá
Jussara F. S. Rocha Diretora
Divu lgaç ão
Lançamentos
Embaquim aperfeiçoa embalagem
de 1.000 litros A Embaquim, empresa especializada na produção do sistema de embalagem bag-in-box (BIB), apresenta ao mercado uma nova versão de sua bolsa de 1.000 litros. A 1000L Solution foi desenvolvida para eliminar possíveis problemas durante a etapa de envase. Renata Canteiro, diretora da empresa, explica que “durante o envase das bolsas em caixa de papelão, há pontos chaves que exigem interferência do operador, caso contrário pode haver risco do conjunto não ser preenchido em sua capacidade máxima, ou mesmo ocorrer alguma avaria na bolsa plástica”. A Bolsa 1000L Solution associa os benefícios das bolsas tradicionais, quadrada e octogonal. “Seu formato final é quadrado, porém as soldas inclinadas impedem o produto ou mesmo o ar de ocupar as pontas da embalagem. Esse desenho permite ao operador fixar as pontas da bolsa na caixa de papelão antes
do início do envase, utilizando fitas dupla-face, que já se encontram nas pontas da bolsa”. De acordo com a empresa, essa nova configuração aperfeiçoa todo o processo. Durante o envase da nova embalagem não é mais necessário o manuseio da bolsa pelo operador. Ele inicia o processo e só retorna para tampar a embalagem e arqueá-la. “Com isto, a economia com mão de obra pode chegar a 50% em relação ao processo de envase convencional. As chances de acidente por falha no manuseio também são eliminadas”. A diretora lembra que as vantagens da bolsa octogonal são mantidas, ou seja, há redução do ar em contato com produto e o volume do conjunto é otimizado, possibilitando o envase de até 100 litros a mais de produto. Essa embalagem é especialmente indicada para as indústrias de química, alimentícia, cosmética e farmacêutica, para transporte e armazenamento de produtos líquidos e pastosos.
Lançamentos
Aurora lança lasanha presunto e queijo com 650g A Cooperativa Central Aurora Alimentos apresenta ao mercado brasileiro o novo sabor para pratos prontos: a lasanha presunto e queijo 650 gramas. O lançamento é parte da estratégia da Aurora para ampliar sua participação neste crescente mercado. A criação da Aurora pode ser considerada um aperfeiçoamento em um dos pratos mais amados pela humanidade e que deu origem a expressão: “Gosto mais que lasanha” – usada para manifestar que apreciamos muito algo. De origem italiana, esse prato preparado em
camadas, resultado da junção de massa de macarrão em formatos de folhas com queijos e molhos diferentes, ganhou o nome de lasana, lasanum ou lasagna. A história dessa receita tem suas raízes nos tempos do Império Romano e tornou-se um prato internacional depois que alguns restaurantes de Bolonha, na Itália, criaram a famosa lasanha à bolonhesa no início do século XX. A nova Lasanha Presunto e Queijo Aurora já possui a nova gramatura da linha de lasanhas, ou seja, 650 gramas. O novo layout da linha
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também já estará presente para esse sabor. Cada uma das lasanhas Aurora possui cores bem diferenciadas para facilitar a escolha do consumidor no ponto de venda. Vendida congelada e com validade para 180 dias, a lasanha vem em embalagens (caixas) de 5,2 kg, com oito caixetas de 650 g cada uma. Nessa linha de massas, a Aurora possui outras sete protagonistas da mesma família. Os outros produtos da Aurora são as lasanhas à bolonhesa familiar 1,5 kg, à bolonhesa 650 g, lasanha verde à bolonhesa 650 g, quatro queijos 650 g, lasanha de frango 650 g, toscana 650 g e lasanha de vegetais 650 g. “O novo produto atenderá a expectativa e necessidade dos consumidores que desejam produtos práticos e convenientes, e que pre-
ferem este tipo de variedade com duas paixões presentes no cotidiano do brasileiro, o presunto e o queijo. Além de aumentar a exposição da marca Aurora, ganhar espaço e participação no segmento, e fortalecer o mix de pratos prontos Aurora”, resume o diretor comercial, Leomar Somensi.
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Lançamentos
Piracanjuba lança bebida à base de iogurte grego Quem resiste ao sabor e à cremosidade do iogurte Grego? Sensação em todo Brasil, o produto conquistou até o paladar dos consumidores mais exigentes. Atenta a isso, a Piracanjuba inova ao apresentar ao mercado uma bebida à base de iogurte grego, oferecendo ao consumidor ainda mais praticidade. “É saudável, saboroso, de fácil manuseio e indicado para qualquer ocasião de consumo”, afirma Lisiane Guimarães, gerente de marketing da Piracanjuba. Nos sabores limão siciliano, maracujá, morango com romã e também na versão original, o Piracanjuba Grego é consistente, fonte de proteína, possui suco natural de fruta, além de ser fonte de fibras. “Estamos trazendo alguns sabores diferenciados para o mercado, que prometem cair no gosto dos nossos consumidores. Nosso objetivo é trazer opções saudáveis e saborosas para colaborar com a dieta nutricional dos brasileiros”, diz a gerente. E não é só o consumidor que vai ganhar com esse lançamento. Para o setor atacadista, o produto também é um grande atrativo, já que não precisa ser refrigerado e tem um tempo de validade maior. “Muitos distribuidores e atacadistas não comercializam iogurtes porque eles precisam ser refrigerados e tem validade curta, o que impossibilita a revenda para supermercados. Com
o Piracanjuba Grego isso não acontece, uma vez que se trata de uma bebida láctea tratada termicamente após fermentação e acondicionada em embalagem longa vida”, explica Lisiane. Antes de trazer a novidade para as gôndolas, a empresa realizou pesquisas para avaliar o posicionamento do produto no mercado e as reais necessidades dos consumidores. “Nossos estudos apontaram um mercado em crescimento, especificamente no Brasil. Adaptamos a demanda à realidade de nossa empresa e oferecemos o produto em embalagem longa vida, de 200 ml com tampa de rosca, prático, saudável e com alto padrão de qualidade. O Grego vai agregar ainda mais valor à nossa marca, que, com quase 60 anos de mercado, já é conhecida pelas inovações no segmento lácteo e pela qualidade dos produtos oferecidos. Nossa prioridade continua sendo satisfazer os desejos nos nossos consumidores”, reforça a gerente. O Piracanjuba Grego é indicado para todos os públicos e poderá ser encontrado, a partir do mês de junho, em atacados, supermercados, hipermercados, padarias, lojas de conveniência, academias e empórios de todo o Brasil. A identidade visual do produto foi idealizada pela Guepa, agência de design especializada na gestão de marcas.
Lançamentos
Alispec apresenta Festa Já
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Brigadeiro pronto para consumir possui textura cremosa A Alispec, indústria brasileira atuante no mercado de alimentos de food service e varejo, pensando em diversificar seu portfólio e oferecer praticidade aos seus consumidores, acaba de lançar o Festa Já, produto que contém três brigadeiros enrolados e passados no granulado. De fácil abertura, o produto já vem pronto para consumir. O brigadeiro Festa Já possui uma fórmula caseira com mais sabor de chocolate e uma textura cremosa. Sua embalagem é segura, prática e vem com um cartão na base com informações nutricionais sobre o produto. Segundo a empresa, a Alispec é a primeira a oferecer um produto neste formato.
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Mercado
CEPEA:
Em entressafra, preço se sustenta; setor espera queda em junho
O
preço bruto do leite pago ao produtor (inclui frete e impostos) teve alta de 1,92% em maio, passando para R$ 1,1046/litro na “média Brasil” (que pondera o volume captado nos estados de BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP), segundo pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP. A média de maio superou em 5,9% à do mesmo mês de 2013, em temos reais (valores deflacionados IPCA de abril/14). O preço líquido médio (sem frete em impostos) foi de R$ 1,0203/ litro em maio, alta de 2,08% frente a abril/14. O aumento no preço médio nacional em maio foi influenciado pela valorização no Sul do País, principalmente no Paraná e em São Paulo. Essa alta no preço, que é típica em período de entressafra, por conta da menor produção de leite, não deve se sustentar nos próximos meses, segundo expectativas de agentes do mercado consultados pelo Cepea. Segundo indústrias e cooperativas, em muitos estados, a demanda pela matéria-prima se desaqueceu, devido às elevadas cotações dos derivados no atacado e no varejo. De fato, em maio, o Cepea observou queda nos preços dos derivados, o que pode estreitar a margem da indústria, que tem registra-
do aumento nos preços da matéria-prima desde março/14 – nesses três últimos meses, o preço bruto do leite acumula aumento de 11,1%. De acordo com levantamento do Cepea, 49,6% dos agentes entrevistados (que representam 50,8% do volume amostrado) acreditam em queda nas cotações em junho. Outros 31,2% (que respondem por 30,6% do leite amostrado) esperam estabilidade, enquanto apenas 19,2% (que representam 18,7% do leite) têm expectativa de alta para o próximo mês. Dentre os estados acompanhados pelo Cepea, o preço do leite subiu com força (5,6%) no Paraná em maio, indo para R$ 1,1051/litro. Além da menor produção no estado, a alta esteve atrelada à maior competição pela matéria-prima entre as empresas da região. Apesar disso, agentes relatam que o mercado de derivados está desaquecido no Paraná e, com isso, a intensificação das compras de matéria-prima esteve relacionada à estratégia de laticínios em não perder fornecedores. Quanto à produção, o Índice de Captação do Leite (ICAP-L) teve queda de 2,25% em abril, considerando-se os sete estados que compõem a “média Brasil” (BA, GO, MG, PR, RS, SC e SP). A região
Gráfico 1: ICAP-L/Cepea - Índice de Captação de Leite - ABRIL/13. (Base 100=Junho/2004) 180 dez-13: 170,50 nov-13: 167,94 out-13: 162,24
170 160
fev-14: 165,31 mar-14: 158,95
155,36
150 140
jan-14: 169,99
Patamar de Abril2013
abr-13: 135,89 mai-13: 134,24
130 120 110 100
jul/04 out/04 jan/05 abr/05 jul/05 out/05 jan/06 abr/06 jul/06 out/06 jan/07 abr/07 jul/07 out/07 jan/08 abr/08 jul/08 out/08 jan/09 abr/09 jul/09 out/09 jan/10 abr/10 jul/10 out/10 jan/11 abr/11 jul/11 out/11 jan/12 abr/12 jul/12 out/12 jan/13 abr/13 jul/13 out/13 jan/14 abr/14 jul/14 out/14
90
ICAP-L/CEPEA-Esalq/USP - Estadual
PTL-IBGE
Fonte: Cepea-Esalq/USP
Mercado Gráfico 2: Série de preços médios pagos ao produtor deflacionada pelo IPCA MÉDIA BRASIL PONDERADA (BA, MG, GO, PR, SC, SP, RS) VALORES REAIS - R$/LITRO (Deflacionados Base “Abr/14”) 1,20 2013
1,15 1,10
2014
1,05
2011
1,00 R$/Litro
Sul teve queda significativa na produção, de 7,07% em Santa Catarina, de 3,81% no Rio Grande do Sul e de 2,98% no Paraná. Para os próximos meses, a captação deve começar a se recuperar no Sul do País, devido às forragens de inverno. Os demais estados também tiveram redução na produção leite, por conta da entressafra, com exceção de Minas Gerais, onde a produção se manteve praticamente estável, com ligeiro aumento de 0,5% em abril. Apesar da queda do ICAP-L, o Índice ainda superou em 14,3% o do mesmo período de 2013. No mercado atacadista de derivados do estado de São Paulo, o desaquecimento da demanda enfraqueceu as cotações do leite UHT em maio (até o dia 29). A média desse derivado foi de R$ 2,12/litro, 2,58% inferior à de abril. Já quanto à mussarela, a média de maio, de R$ 12,73/kg, superou em 1,33% à do mês anterior. No geral, os preços desse derivado estiveram praticamente estáveis no correr de
2012
0,95 Média 2003 a 2013
0,90 0,85
2009
0,80 0,75 0,70
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
JUL
AGO
SET
OUT
NOV
DEZ
Fonte: Cepea-Esalq/USP
maio, com pequenas altas pontuais. Esta pesquisa de derivados do Cepea é realizada diariamente com laticínios e atacadistas e tem o apoio financeiro da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e da Confederação Brasileira de Cooperativas de Laticínios (CBCL).
Tabela 1. Preços pagos pelos laticínios (brutos) e recebidos pelos produtores (líquidos) em MAIO referentes ao leite entregue em ABRIL.
Fonte: Cepea-Esalq/USP
Tabela 2. Preços em estados que não estão incluídos na “média nacional” – RJ, MS, ES e CE.
Fonte: Cepea-Esalq/USP
Mercado
Tetra Pak aposta no mercado de queijo frescal Fotos: Divulgação
C
om o objetivo de desenvolver o mercado de queijo frescal no Brasil, a Tetra Pak® apresentou uma nova solução de processo e envase para a produção em embalagens longa vida. Durante a Fispal Tecnologia, a empresa apresentou, com workshop e degustação, as oportunidades para este segmento que consome atualmente mais de um bilhão de litros de leite por ano. De acordo com Eduardo Eisler, vice-presidente de Estratégia de Negócios da Tetra Pak® para Américas, embora o Brasil destine cerca de 34% de todo leite produzido à fabricação de queijos, o consumo per capita ainda é bastante baixo. “Segundo a ABIQ (Associação Brasileira das Indústrias de Queijo), o brasileiro consome cerca de quatro quilos de queijo por ano, enquanto os argentinos consomem 11 quilos e os franceses 27 quilos”, afirma Eisler. Segundo o vice-presidente, o queijo frescal em embalagens da Tetra Pak® agrega uma série de benefícios à indústria, ao varejo e aos con-
sumidores. Além de mais segurança alimentar, o produto pode oferecer até o triplo do prazo de validade (90 dias). De acordo com Pedro Gonçalves, diretor de Marketing de Processing, hoje a produção de queijo frescal, por exemplo, é artesanal, demanda muita mão-de-obra, com muitas perdas, além das dificuldades logísticas do transporte e da pouca diferenciação entre os produtos. “O processo produtivo do queijo em caixinha proporciona total controle e padronização do peso e do formato dos produtos, flexibilidade dos tipos e das receitas, ganho de escala, além de um rendimento até 25% maior, com o aproveitamento máximo dos sólidos do leite”, explica Pedro. NOVA TECNOLOGIA Diferente da produção tradicional, com o novo sistema, o leite recebe o coalho para formar o queijo somente quando já está sendo envasado. Isso proporciona uma redução de 85% na utilização do coalho. Dependendo da configu-
ração produtiva, o processo ainda tem a vantagem de utilizar até 90% menos mão-de-obra, já que a produção não permite nenhum contato manual, o que também aumenta a segurança do alimento. Em diversos tamanhos e formatos, as embalagens cartonadas da Tetra Pak® ainda permitem a impressão em toda a superfície, proporcionando maior impacto para a marca e flexibilidade para a indústria. Já para os consumidores, os benefícios da novidade se traduzem em comodidade e segurança. DESENVOLVIMENTO Com diversos clientes ao redor do mundo, a Tetra Pak® possui experiência na oferta de soluções completas para o processamento e o envase de queijos. Para apoiar as indústrias de alimentos no Brasil, a Tetra Pak® mantém uma parceria com o Ital (Instituto de Tecnologia dos Alimentos), onde podem ser realizados testes de formulação e produção.
MERCADO NO ORIENTE MÉDIO Segundo a empresa, as embalagens da Tetra Pak® provocaram uma grande revolução no mercado de queijos do Oriente Médio. No Egito, por exemplo, até o final dos anos 80, grande parte do volume era comercializado a granel. Hoje são consumidos 260 mil toneladas de queijo branco por ano e 72% deste total já está disponível em embalagens da Tetra Pak®. Além da conveniência, segurança alimentar, disponibilidade e diversificação de tipos, os consumidores contam com diferentes tamanhos que variam entre 70 até 1.100 gramas.
Fotos: Depositphotos
Especial Queijos
minas frescal
Especial Por Cauê Vizzaccaro e Fernando Rodrigues
Boa forma O Minas Frescal é a melhor opção para manter o corpo enxuto, pois, entre os queijos contém menos gordura, colesterol e sódio
P
ara a saúde humana, os queijos são alimentos essenciais na formação e manutenção dos ossos, além de serem importantes fontes de cálcio, proteínas e vitaminas. Desse modo, alguns tipos de queijos apresentam melhores qualidades em vitaminas, sais minerais, proteínas e gordura. Se o interesse do consumidor for manter a boa forma, o queijo tipo Minas Frescal é uma das melhores opções entre os queijos porque contém menos gordura, colesterol e sódio. Apesar disso, os outros tipos de queijos, mais gordu-
rosos, têm maior quantidade de cálcio, mineral que afasta o risco de osteoporose. Assim, o ideal é mesclar e sempre consumir diversos tipos de queijos e nunca retirá-los da dieta alimentar. O Minas Frescal é um queijo típico do Brasil. Sua origem está registrada nos primórdios da introdução do gado de leite em Minas Gerais, na época das minas de ouro e diamantes. Atualmente é elaborado em todo país, com inúmeras receitas e tecnologias próprias. É apresentada a seguir uma tecnologia industrial utilizada vastamente por grandes fabricantes.
Especial QUEIJO MINAS FRESCAL Características Formato: cilíndrico. Sabor: levemente ácido e salgado. Peso: 250 gramas a três quilos. Massa: crua (denomina-se massa crua, a massa cujo aquecimento não ultrapasse a temperatura de 38°C). Tecnologia Leite: filtrado, padronizado, pasteurizado, acidez entre 15 a 18°D (demais provas físico-químicas conforme regulamento técnico). Gordura: 3 a 3,4%. Cloreto de cálcio (sol. 40% m/m): 40 a 50 ml para 100 litros de leite. Adição de ácido lático 85% na dosagem de 20 a 25 ml para cada 100 litros de leite (diluídos em dois litros de água). Aumentar 2°D. Adicionar o ácido lático diluído sob constante agitação e preferencialmente com o leite mais “frio”. Temperatura adição do coagulante: 38°C. Coagulante Quimase na dosagem de 20 ml para cada 100 litros de leite. Tempo de coagulação: 20 a 40 minutos. Corte: lento. Grão: 1 (2 a 2,5 cm de aresta) com lira horizontal no sentido transversal ou longitudinal seguido da lira vertical no sentido longitudinal e sentido transversal. Repouso: três a cinco minutos. Mexedura: mexer lentamente por cinco minutos e intervalos de repouso de 5 minutos. Ponto: 20 a 30 minutos após o corte. Enformagem: sem efetuar dessoragem (ou efetuar dessoragem parcial em torno de 50 a 60% de soro). Coletar com as formas apropriadas. Maturação: não há. Consumo: imediato normalmente a partir do dia seguinte (estacionado em câmara fria com temperatura máxima entre 3°C e 5°C). Salga na massa na dosagem de 1,5% com relação ao volume inicial.
QUEIJO MINAS FRESCAL LIGHT Características Formato: cilíndrico. Sabor: levemente ácido e salgado. Peso: 250 gramas a três quilos. Massa: crua. Tecnologia Leite: filtrado, padronizado, pasteurizado, acidez entre 15 a 18°D (demais provas físico-químicas conforme regulamento técnico). Gordura: 2,2% (redução do teor de gordura). Cloreto de cálcio (sol. 40% m/m): 40 a 50 ml para 100 litros de leite. Adição de ácido lático 85% na dosagem de 20 a 25 ml para cada 100 litros de leite (diluídos em dois litros de água). Aumentar 2°D. Adicionar o ácido lático diluído sob constante agitação e preferencialmente com leite mais “frio”. Concentrado proteico de soro: 500 gramas para cada 100 litros de leite (pode ser previamente diluído ao leite antes da pasteurização). Temperatura adição do coagulante: 38ºC. Coagulante Quimase na dosagem de 20 ml para 100 litros de leite. Tempo de coagulação: 20 a 40 minutos. Corte: lento. Grão: 1 (2 a 2,5 cm de aresta) com lira horizontal no sentido transversal ou longitudinal seguido da lira vertical no sentido longitudinal e sentido transversal. Repouso: 3 a 5 minutos. Mexedura: mexer lentamente por cinco minutos e intervalos de repouso de 3 minutos. Ponto: 20 minutos após o corte. Enformagem: sem efetuar dessoragem (ou efetuar dessoragem parcial em torno de 50 a 60% de soro). Coletar com as formas apropriadas. Maturação: não há. Consumo: imediato, normalmente a partir do dia seguinte (estacionado em câmara fria com temperatura máxima entre 3°C e 5°C). Salga no leite na dosagem de 2% com relação ao volume inicial.
Fotos: Depositphotos
CENÁRIOS DO BRASIL
Rio de Janeiro
Cenários do Brasil
Indústria Alimentícia em Expansão no RJ Governo fluminense criou decreto para beneficiar setor, que já tem cerca de R$ 3 bilhões em investimentos anunciados
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egundo maior mercado consumidor de alimentos e bebidas do País, o Estado do Rio de Janeiro voltou a atrair empresas do setor, 20 anos após o segmento ter abandonado os municípios fluminenses. O governo estadual decidiu conceder incentivos tributários para incentivar produtores de alimentos a se instalar, especialmente na Região Metropolitana. O decreto 44.636, publicado no Diário Oficial, em 7 de março deste ano, prevê que, em algumas operações, o ICMS passará a ser recolhido somente no momento da venda de produtos finais. A Secretaria Desenvolvimento Econômico já oferecia ações diretas de atrações de investimentos feitas por técnicos de suas empresas vinculadas. A Companhia de Desenvolvimento Industrial (Codin) auxilia na localização de áreas ideais para novos empreendimentos e a Agência Estadual de Fomento (AgeRio) concede
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financiamentos ao setor com juros abaixo do mercado. O Estado criou ainda incentivos setoriais para o setor de laticínios – medidas que foram eficientes para manter a Vigor, que estava prestes a sair do Rio de Janeiro, e para trazer de volta a Nestlé. No total, cerca de R$ 3 bilhões de investimentos já foram anunciados na cadeia de alimentos e bebidas no Estado, desde 2010, gerando quase seis mil empregos diretos. “Mesmo assim, percebemos que os incentivos setoriais e mesmo os regionais não eram suficientes para atrair mais indústrias de peso e reverter definitivamente o quadro de estagnação da indústria alimentícia no Estado, assim, precisávamos dar uma tacada final e um incentivo específico para a indústria de alimentos”, explicou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno, referindo-se ao novo decreto. A publicação inclui a importação, aquisição interna ou interestadual de máquinas, equipamentos, peças, partes e acessórios destinados ao seu ativo fixo; a importação de insumos destinados ao processo industrial, exceto material de embalagem; e a aquisição interna de insumos para o processo industrial, exceto energia e água. O decreto também concede um crédito presumido para reduzir o ICMS a 4% nas operações internas e interestaduais, tributadas respectivamente em a 12% e 7%. O decreto tomou como base levantamento feito pelo Sindicato das Indústrias de Alimentos do Município do Rio de Janeiro (Siarj), a pedido da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico. “Pelo menos duas empresas de grande porte já nos procuraram desde então e estão avaliando áreas para se instalarem em Volta Redonda. Ambas tem capacidade para gerarem, juntas, 700 empregos na cidade já a partir de 2015”, afirmou o secretário. O volume de negócios que vem sendo gerado no setor, desde 2010, trouxe reflexos diretos na geração de empregos. De acordo com dados do IBGE, a cadeia de alimentos registrou aumento de 7,9% na geração de empregos no Estado do Rio de Janeiro em 2013 sobre o ano anterior, enquanto no Brasil cresceu apenas 1,2% no período. No ano anterior, já havia registrado crescimento de 3,1%, enquanto no Brasil cresceu 0,5%. O maior crescimento foi em Queimados, que em 2010 possuía apenas 15 empregados no setor e hoje possui em torno de 4.000. Em Queimados, além de pequenas empresas que estão se instalando, a Piraquê está investindo R$ 100 milhões em sua primeira unidade.
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Cenários do Brasil “A geração de empregos antecede os dados da produção, para apontar o desenvolvimento econômico de uma região, porque os trabalhadores na maior parte das vezes são contratados antes mesmo do início da operação de uma empresa”, explicou o secretário, destacando que os dados positivos decorrentes dos investimentos que estão vindo para o Rio de Janeiro deverão ser evidenciados nos futuros dados de produção industrial do Estado. Além do Noroeste Fluminense, que se tornou um polo voltado para laticínios, a Região Metropolitana é considerada destino natural para a chegada de novos empreendimentos no setor alimentício e de bebidas em geral, por conta, principalmente, de suas facilidades logísticas que serão exponencialmente ampliadas com a inauguração do Arco Metropolitano. Esforço da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico junto aos municípios cortados pelo Arco já identificou pelo menos 58 quilômetros quadrados de áreas potenciais para a instalação de novos distritos industriais nos próximos anos. A área de alimentos será certamente uma parcela representativa das empresas que vão ocupar esses distritos. RIO RURAL MELHORA A PRODUÇÃO DE PEQUENOS PRODUTORES DE LEITE Em pequenas propriedades rurais é essencial investir na qualidade da produção para aumentar a renda familiar. Quem trabalha no segmento da pecuária leiteira, como o produtor Heitor Mazorque, de Itaperuna, no Noroeste Fluminense, tem como desafios melhorar a qualidade do pasto e dos animais, o manejo do gado e a ordenha. O produtor vive com sua esposa, Dalva, numa propriedade de 14 hectares localizada na microbacia Córrego Campinho/Marambaia e, desde 2011, vem sendo apoiado pelo Programa Rio Rural, da Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária, para o aprimoramento contínuo do sistema de produção. Com assistência técnica e incentivos financeiros não reembolsáveis, ele já comprou equipamentos, melhorou as instalações da propriedade e adotou práticas ambientalmente sustentáveis. Desde que o programa iniciou os trabalhos na microbacia, o pecuarista ampliou sua produção de aproximadamente 40 litros de leite por dia para 100 litros, em média. Esse resultado foi obtido graças a três projetos implantados com incentivos do Rio Rural. Em um primeiro momento foram instalados um sistema de pastoreio rotacionado, que permite administrar a pastagem de
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modo mais racional, e uma esterqueira, que produz adubo utilizado para a melhoria do pasto. “O projeto está sendo ótimo, ajuda muito a aproveitar melhor o capim e isso aumentou muito a produção”, conta o produtor. Este ano, o produtor obteve recursos do Rio Rural para compra de uma ordenhadeira mecânica. Segundo o coordenador de Relações Institucionais do Rio Rural, Ueber Said, que vistoriou a propriedade, o leite, que antes era tirado manualmente, hoje vai diretamente para um latão isolado, por meio de um sistema de tubulações. Isso elimina o risco de contaminação e aumenta a qualidade do produto, que é vendido para um laticínio da região, sempre acima de R$ 1,00 o litro. Durante a execução dos projetos, Mazorque recebeu assistência do técnico Luiz Gustavo Marques, da Emater-Rio. Animado com os resultados, o produtor adquiriu animais de melhor qualidade e hoje já faz novos planos. Ele pretende implantar em breve um sistema de irrigação do pasto e assim aumentar ainda mais a produtividade das 16 vacas que possui. Bom para o bolso e para o meio ambiente As técnicas utilizadas na propriedade de Mazorque, além de contribuírem para o aumento da renda familiar e da qualidade dos produtos, ajudam a preservar o ambiente. Com a instalação da esterqueira, os dejetos dos animais recebem uma destinação adequada, evitando a contaminação de córregos. O esterco volta sempre para a área de pastagem e para a capineira, incorporando matéria orgânica ao solo. Já o pastoreio rotacionado evita o acesso de animais às áreas de preservação permanente, como rios e matas ciliares. Depois da instalação do pastoreio, isso deixou de acontecer. O produtor instalou também um bebedouro, abastecido pela água de suas nascentes, que desce por um cano até o local. Além disso, a rotação da pastagem com uso de piquetes possibilita que o capim cresça de forma planejada, evitando a degradação do solo. RIO GENÉTICA REFORÇA REBANHO LEITEIRO DO ESTADO COM MAIS DE 11 MIL ANIMAIS DE QUALIDADE O Rio Genética, programa da Secretaria Estadual de Agricultura do Rio de Janeiro para melhoramento do rebanho e aumento da produção leiteira do estado, já é responsável pela introdução de 11 mil animais de alto padrão genético nos planteis fluminenses. Implantado em 2009, o programa vem democratizando o acesso de
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Cenários do Brasil pequenos produtores aos reprodutores e matrizes com aptidão leiteira, financiados através de linha de crédito, com recursos do Tesouro Estadual e juros de 2% ao ano. De acordo com o secretário estadual de Agricultura, Alberto Mofati, o volume de investimentos através do Rio Genética já chega a R$ 50 milhões. Desse total, R$ 30 milhões são oriundos de recursos do Tesouro Estadual e o restante de linhas de crédito para a pecuária do Banco do Brasil, beneficiando mais de dois mil produtores. Estreando em feiras Rio Genética, o pequeno produtor Juarez Gomes de Paiva, de Barra do Piraí, tomou conhecimento do programa através da Emater-Rio, empresa de extensão rural vinculada à secretaria estadual de Agricultura, e decidiu aproveitar a oportunidade. “É muito bom poder ter animais como estes no meu sítio. Minha vontade era comprar todos”, afirmou Paiva, entusiasmado com a qualidade dos animais oferecidos e com a aquisição de quatro vacas girolando, que irão reforçar a produção atual de 60 litros de leite/dia, comercializada para um laticínio local. SEROPÉDICA ADERE À CAMPANHA DA PESAGRO-RIO PARA CONTROLE DA BRUCELOSE Seropédica, na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro, é o mais recente município a integrar a campanha de controle da Brucelose realizada pela Pesagro-Rio, empresa de pesquisa agropecuária vinculada à Secretaria Estadual
de Agricultura. Já foram vacinadas as primeiras novilhas de três a oito meses de uma propriedade rural do município. A imunização foi feita por médico veterinário habilitado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A estimativa é que sejam vacinadas anualmente 1.500 bezerras. A ação integra o projeto Leite Limpo, com recursos da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), que visa o controle de zoonoses, disponibilizando vacinas para secretarias municipais de agricultura, que são aplicadas sem ônus para os produtores familiares. Participantes do projeto desde 2012 e 2013, respectivamente, os municípios de Carmo e Cantagalo, na Região Serrana, já apresentam resultados. Em Carmo esta localizada a primeira propriedade no estado certificada como livre de Brucelose e Tuberculose. Nesse trabalho, cerca de cinco mil animais já foram vacinados. Miracema e Santo Antônio de Pádua, no noroeste fluminense, também solicitaram suas inclusões neste ano no projeto, que também conta com o apoio do Programa Rio Leite e da Defesa Agropecuária da Secretaria Estadual de Agricultura e acontece em parceria com os municípios. A pesquisadora da Pesagro-Rio e coordenadora do projeto, Leda Kimura explica que o trabalho consiste em diferentes etapas. Uma delas é a analise dos animais das propriedades dos municípios participantes, verificando suas condições de saúde. “Coletamos amostras de sangue dos bovinos durante nove meses para detectar a brucelose e proceder a exames imunológicos para testes de tuberculose. Isso é feito em intervalos de três meses, com os testes realizados em laboratórios credenciados pelo Mapa. Após três resultados negativos, a propriedade recebe a certificação de livre de brucelose e tuberculose”, explica Leda. A pesquisadora acrescenta que a medida é importante, pois, essas doenças causam prejuízos econômicos, uma vez que as fêmeas produzem pouco leite e abortam com facilidade. Essas enfermidades também podem ser contraídas pelo homem e causar infecções graves. A segunda etapa do projeto tem como objetivo promover a identidade de derivados lácteos com um selo de qualidade para o produto. “Oferecemos todo o maquinário necessário para que a cooperativa produza queijos a partir do leite dessas propriedades certificadas. Inicialmente, o selo está sendo atribuído apenas ao queijo minas tipo frescal, mas a ideia é expandir para os demais laticínios”, destacou Leda. Fonte: Governo do Estado do Rio de Janeiro
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Divulgação
Especial
Epamig completa 40 anos de fundação A
Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) completa 40 anos dedicados ao desenvolvimento e difusão de tecnologias para a mesa dos mineiros. A data foi marcada com uma sessão solene, homenagens a funcionários, parceiros, reuniões especiais, mostra de produtos e exposição do Ciência Móvel, uma espécie de laboratório ambulante. “Nesses 40 anos, a Epamig desenvolveu tecnologias importantíssimas para o avanço do agronegócio em Minas Gerais, propiciando aumento de produtividade, melhoria nos sistemas de produção e diversificando os produtos. Hoje Minas, além de café e leite, extrai azeite. A pesquisa está sempre tentando antecipar cenários, e com isso se prepara para enfren-
tar novos desafios que permitam a convivência em harmonia da agropecuária com o meio ambiente. Mas eu gostaria de destacar ainda o processo de modernização de gestão pelo qual a empresa vem passando. Acho que isso é estratégico e fundamental para que a Epamig trabalhe com celeridade, organização e transparência e assim continue tendo excelência nas pesquisas que promove”, afirma o presidente da Epamig, Marcelo Lana. Em quatro décadas, a Epamig se tornou pioneira em diversas frentes de pesquisa, como o sistema de produção de gado de leite a pasto, com vacas mestiças (Gado F1), além da tradicional produção da raça Gir Leiteiro, no Triângulo Mineiro.
Mostra Tecnológica Epamig 40 anos Produtos com tecnologia da Epamig foram degustados durante a Mostra Tecnológica Epamig 40 anos que foi realizada na sede da empresa. Os participantes conheceram cafés de diferentes regiões do estado, azeite extravirgem da Serra da Mantiqueira, frutas tropicais do Norte de Minas e produtos lácteos com tecnologia do Instituto de Laticínios Cândido Tostes. Outra atração foi o ônibus itinerante “Ciência Móvel” da Epamig, que traz um pequeno laboratório para demonstração de pesquisas, no qual são apresentados resultados de estudos com produtos para a cafeicultura produzidos a partir de micro-organismos, entre outros. História da Epamig A Epamig foi criada, em 8 de maio de 1974, com o objetivo de reformulação institucional da pesquisa agropecuária no Brasil, iniciado anteriormente, com Programa Integrado de Pesquisas Agropecuárias do Estado de Minas Gerais (Pipaemg). A partir de 6 de agosto de 1974, por meio do convênio celebrado entre o Governo do Estado, Ministério da Agricultura, Secretaria de Agricultura, Embrapa, começou a funcionar a Epamig, com atribuição de executar e coordenar a pesquisa agropecuária em Minas Gerais vinculada às demandas dos produtores rurais. Vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento/Governo de Minas, a Epamig é uma empresa pública presente em todas as regiões de Minas Gerais. No total são cinco Unidades Regionais (Sul de Minas, Triângulo e Alto Paranaíba, Centro-Oeste, Zona da Mata, Norte de Minas), coordenando 28 fazendas experimentais, três unidades especiais - em implantação (Governador Valadares, Teófilo Otoni e Unaí), duas estações experimentais (Lavras e Uberaba) e dois núcleos de ensino (Instituto de Laticínios Cândido Tostes e Instituto Técnico de Agropecuária e Cooperativismo). A empresa conta com 176 pesquisadores. Para apoiar o produtor rural em diversas regiões de Minas Gerais, a Epamig estabeleceu este ano oito programas de pesquisa relacionados aos principais produtos de Minas Gerais: processamento de leite e derivados, cafeicultura, floricultura, fruticultura, grandes culturas, olericultura, produção animal, silvicultura/ meio ambiente, e o programa especial de agroecologia e produção orgânica.
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Especial Por Cauê Vizzaccaro
Adiamento do
Minas Láctea As causas e consequências da prorrogação do evento para o setor lácteo
U
ma agitação foi formada na cadeia produtiva de leite com a notícia do adiamento, para os dias 18, 19 e 20 no mês de novembro, do Minas Láctea 2014. O Minas Láctea abrange a Expomaq (Exposição de Máquinas, Equipamentos, Embalagens e Insumos para a Indústria Laticinista), o Congresso Nacional de Laticínios, o Concurso Nacional de Produtos Lácteos, a Expolaq (Exposição de Produtos Lácteos) e o Fino Paladar. Para todos do setor, que anotam a data em seu calendário e aguardam o mês de julho, em todos os anos e há várias décadas, para fazer negócios e reencontrar os amigos, não terão este ano aquela efervescência que aconteceria após a Copa do Mundo. Além disso, um dos efeitos da alteração da data está na programação dos participantes, sejam os laticínios ou as empresas de equipamentos, aditivos, embalagens, entre outras, que investiram em logística, produtos e lançamentos. Em carta ao público, a Epamig afirmou que o só ocorreu a alteração de data e o local onde acontecerá a Expomaq ainda será o Expominas, em Juiz de Fora (MG). Pavilhão onde aconteceram os últimos eventos. Ainda segundo a Epamig, a mudança no calendário sucedeuse por três motivos: a Copa do Mundo, as eleições nacionais e a inviabilidade de parceria com a iniciativa privada.
Sobre a Copa do Mundo, a justificativa foi a alta de preços, principalmente no setor de eventos. Desse modo, a Epamig não teria como arcar com a sobretaxa temporária e também não considerou correto repassar o valor aos expositores. A explicação sobre as eleições teve como base o entrave ao governo de Minas Gerais, desde 1º de julho, de utilizar os sites e a logomarca do governo sobre o Minas Láctea. Dessa forma, a Epamig identificou que o público seria reduzido sem a devida divulgação do evento. No ponto sobre a parceria com a iniciativa privada, a Epamig afirmou que busca uma gestão mais flexível e ágil para o evento. Assim, procurou um parceiro privado que se responsabilizasse pela operação e infraestrutura, enquanto a Epamig focaria na parte técnicocientífica. No entanto, os interessados não apresentaram os requisitos necessários de qualificação técnica ou aceitaram o valor determinado para se firmar a parceria. Com esse cenário, a Epamig decidiu por encontrar outro período no qual o Expominas estivesse desocupado e que não fosse concomitante com outro evento do segmento laticinista. Após a definição dessa ação, foram encaminhadas cartas aos expositores esclarecendo os motivos e a nova data. A Epamig ainda
Especial informou que todos os acordos feitos para o mês de julho (posicionamento do estande, valores, responsabilidades etc.) serão respeitados. Com o intuito de melhor informar o leitor, a equipe da Mais Leite procurou entrevistar alguns representantes da Epamig. As assessorias da Epamig e do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) foram muito atenciosas e prestativas, mas somente o chefe do Centro Tecnológico do ILCT, Leandro Viana, em alinhamento com a diretoria executiva da Epamig, pôde responder. Algumas das questões encaminhadas pela Mais Leite tratavam do impacto que o adiamento do Minas Láctea poderá infligir à cadeia produtiva do leite; se o público poderá ser reduzido se comparado ao mês de julho, já que
novembro é o período de safra do leite; se não deu tempo para fazer uma parceria com empresas de eventos, já que a Copa do Mundo no Brasil foi definida em 2007; o que mudou neste ano, já que o evento acontece há décadas e sempre ocorreram eleições; se o valor pedido pela Epamig, de R$ 600 mil, para o parceiro privado que se responsabilizasse pela operação e infraestrutura não estava muito acima do valor de mercado; se houve alguma reunião com as empresas expositoras para indagar o que elas achavam sobre o adiamento; e, por fim, se a Epamig foi informada sobre uma reunião entre as maiores empresas expositoras para discutir um boicote ao Minas Láctea. Segue o posicionamento da Epamig para a solicitação da revista Mais Leite:
Os motivos para adiar o Minas Láctea foram explicados aos expositores e representantes da sociedade civil de Juiz de Fora e, publicamente, à imprensa. Em ambas as ocasiões, a Epamig expõe com sinceridade que buscou um parceiro privado para operar a feira, uma vez que considera o modelo de concessão o mais adequado para assegurar agilidade e qualidade à logística do Minas Láctea e também para que os pesquisadores e acadêmicos foquem na troca de conhecimento tecnológico. Tal decisão foi tomada após a realização da última edição e, como é sabido, a Epamig é uma empresa pública que, por lei, depende de processos de licitação nos quais não cabem flexibilidade. Infelizmente a licitação não foi bem sucedida, surpreendentemente, nenhuma das empresas atendeu os requisitos técnicos pedidos. Afinal trata-se de um evento tradicional e de sucesso. Esse processo foi concluído no primeiro semestre deste ano, já muito próximo à Copa e, por questão de demanda e oferta, claramente, há uma elevação de preços no setor de eventos. Em seguida à Copa há o período eleitoral, e a legislação eleitoral em vigor limitaria a publicidade e divulgação do Minas Láctea, por isso foi sugerido que a data adequada seria novembro. Ainda não se sabe a opinião de todos, há divergências, mas vários concordam com a mudança de datas. A Epamig tem total interesse e disponibilidade para conversar com cada expositor e ouvir sugestões, observações e sempre estreitar relações e aprimorar os procedimentos. Nesse sentido, não se negará a continuar mantendo contatos com os expositores e entidades municipais envolvidas, visando a viabilizar a realização do Minas Láctea, conforme proposição anterior, com toda a qualidade de organização e realização que o evento merece.
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Dia mundial
do leite
Capa Por Cauê Vizzaccaro
Festa do leite Ao incentivar campanhas e ações comemorando o Dia Mundial do Leite, instituições fortalecem o setor e aumentam o consumo do produto pelo mundo
Raphael Inácio
H
á 13 anos, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicou a institucionalização, em 1º de junho, do Dia Mundial do Leite. A data serve para lembrarmos DE todas as particularidades que o leite possui e como o consumo do alimento é importante para a saúde humana em geral. A importância do leite para a nossa sociedade é tão grande, que a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ao comemorar o Dia Mundial do Leite deste ano, aceitou a candidatura do líquido cândido como um patrimônio mundial, e assim, será protegido pela Unesco. A ideia da indicação foi realizada pela Associação Italiana de Lácteos (Assolatte), poucos dias antes da solenidade em 1º de junho. Segundo relatoria da FAO, o leite é consumido por mais de seis bilhões de cidadãos, sendo que a população mundial, em 1º de janeiro de 2014, era de 7,2 bilhões de pessoas – dados das Organizações das Nações Unidas (ONU). O relatório ainda afirmava que
o número deve crescer e a demanda deve aumentar em 25%, até 2025, por causa do valor nutricional e da importância na vida econômica e social mundial. O porta-voz e presidente da Assolatte, Adriano Hribal, afirmou que o crescimento da demanda de leite irá confirmar uma melhor nutrição para a população e também demonstrar um imenso ensejo para o desenvolvimento em países com alto índice de pobreza, já que em pequenas fazendas a autossuficiência da família poderá acionar um circuito central de microeconomias, o que melhorará as condições de vida. Hribal ainda disse que a intenção com o lançamento da candidatura é conseguir um reconhecimento do leite e até protegê-lo de ataques de indivíduos e instituições que tentam “demonizar”, motivados por sensacionalismo, sem base científica e com o objetivo de substituí-lo por outra bebida no consumo
da população. No Brasil, o vereador Fernando Callfass (PSDB) apresentou, na Câmara de Xanxerê (SC), uma moção de apoio à candidatura do leite como patrimônio mundial da Unesco. AÇÕES PELO BRASIL O Dia Mundial do leite é festejado em distintos países pelo mundo e diversos governos, instituições e empresas comemoram com campanhas. No Mato Grosso do Sul, diferentes atividades aconteceram para celebrar a data, como a Semana Sul-Mato-Grossense do Leite. No período, ocorreu um café da manhã na Assembleia Legislativa, com deputados e lideranças políticas, para debater proteções para a cadeia produtiva do setor. No estado também teve o ciclo de palestras “Leite da Tarde”, realizado no Sindicato Rural de Campo Grande. As palestras tratavam de vários temas da cadeia produtiva, como o perfil do profissional
Capa
que trabalha no segmento, a armazenagem do produto, a análise da qualidade e produção do leite, e atributos benéficos à saúde com o consumo do líquido cândido. Além dessas atividades, segundo a assessoria da câmara setorial (uma das instituições provedoras das ações), foram realizadas palestras em escolas sobre o alimento, com o intuito de apresentar os benefícios dos lácteos para a saúde. Em Goiás, indústrias e produtores de leite comemoraram o Dia Mundial do Leite de forma solidária. O evento “Leite da Manhã” reuniu parte da cadeia laticinista do estado. Na oportunidade foram entregues 68 mil litros de leite para o governo do estado, que os remeterá a entidades filantrópicas e à Organização das Voluntárias de Goiás (OVG). A Piracanjuba participou do projeto pelo sétimo ano consecutivo e contribuiu com seis mil litros de leite. “É prioridade para a empresa participar de ações que promovam o consumo de leite, uma bebida saudável e nutricionalmente completa”, afirma Cesar Helou, Diretor de Relações Institucionais da Piracanjuba. Do total dos donativos, 12 mil litros de leite foram cedidos pela Cooperativa Central de Laticínios de Goiás (Centroleite). A Cooperativa Mista dos Produtores de Leite de Morrinhos (Complem) também fez sua doação, representada pelo presidente Joaquim Guilherme Barbosa de Souza, que também preside o Sindileite do estado. O Sindileite realiza doações à OVG, desde 2007, durante as comemorações do Dia Mundial do Leite. Representantes de todas as empresas e entidades participantes estiveram no evento para fazer a entrega ao governador, Marconi Perillo, e à presidente da OVG, Valéria Perillo. CONSUMO E AS PROPRIEDADES DO LEITE O consumo de leite é recomendado por profissionais da saúde, pois, é um alimento com alta complexidade nutricional, já que proporciona ótima relação de nutrientes essenciais. Um copo de leite de 250 ml apresenta 118 kcal. Além disso, tem sete nutrientes essenciais, que suprem as carências nutricionais do
corpo: proteínas, hidratos de carbono, lipídios, riboflavina (vitamina B2), potássio, cálcio e fósforo. Esse ponto é realçado se compararmos com outros tipos de bebidas, como o refrigerante, que possui uma quantidade semelhante de calorias, mas possui apenas um nutriente relevante: hidratos de carbono. As proteínas do leite possuem alto valor biológico porque todos os aminoácidos essenciais estão na sua constituição. Entende-se por aminoácidos essenciais aqueles que o nosso organismo não produz e só consegue por meio da alimentação. A parcela lipídica do leite abrange triglicerídeos, fosfolípidos, colesterol, diglicerídeos, monoglicerídeos, esteróis, ácidos gordos livres, esfingolípidos, plasmalogénios, escaleno, vitaminas E e A, carotenóides e vitaminas K e D. Já a lactose é o açúcar natural do leite formado por dois sacarídeos, a glicose e a galactose. Além da abundância de cálcio na composição do leite, o mineral é mais facilmente absorvido pelo nosso organismo do que em outros alimentos. Segundo dados da FAO, aproximadamente 70% do cálcio disponível na alimentação ocidental são derivados do leite e produtos lácteos. Desse modo, os nutricionistas recomendam o consumo de lácteos para uma dieta rica em cálcio. Além desse mineral, o leite contém outros em sua constituição, como o fósforo, o potássio e, em menor quantidade, zinco e magnésio. Na indústria, entre os produtos lácteos há o complemento de aditivos, culturas e ingredientes em iogurtes, bebidas lácteas, leites aromatizados ou enriquecidos. Entre esses nutrientes estão o ómega-3, fibras, cálcio e vitaminas. A importância dos lácteos atualmente na sociedade se faz cada dia mais presente, pois, com a falta de tempo e hábitos alimentares ruins pode ocorrer à incidência de desequilíbrios nutricionais ao indivíduo, gerando problemas para a saúde da população mundial e maiores gastos governamentais. Dessa forma, o leite, como alimento rico em nutrientes, se associa facilmente ao atual estilo alimentar, uma vez que, é versátil e pode ser prontamente consumido em qualquer momento e local.
Opinião
O futuro é o reuso
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1- Por favor, fale sobre sua palestra na Tecno Food Brazil*? A proposta da minha palestra, que foi indicada pela Jussara Rocha (diretora da Editora Rocha), era quebrar tabus e preconceitos. Querendo ou não, nós falamos: vamos pegar o esgoto que sai da indústria, passar pela ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) e fazer o tratamento. Depois disso, vamos fazer um pós-tratamento, para em seguida jogar na caixa d’água e a empresa utilizar na linha de produção. Mas muitas pessoas não veem isso com bons olhos. Uma das dificuldades da água de reuso é a falta de legislações.
Entrevista com o engenheiro Mateus Stefanello, diretor técnico da Hidrozon, que discorreu sobre ETE, saneamento, políticas públicas e tabus do setor
2- Quais legislações existem atualmente? Nenhuma. Há apenas uma utopia e experiências externas. No interior do Brasil, no sertão nordestino, onde não tem água, mas têm indústrias que precisam funcionar, é necessário fechar o ciclo com um reaproveitamento de 100%. Para abolir os passivos ambientais, ao jogar o esgoto tratado no meio ambiente, fica um passivo grande. É uma dor de cabeça constante às empresas. Outro ponto: há a segurança que você não irá parar por falta de água. São Paulo está com esse problema. Hoje há indústrias com poços, que começam a crescer, mas depois param a produção porque não há água. Todo dia acontece isso em algumas empresas. O reuso é a saída. Fica muito mais fácil, pois, no processo há perdas. Principalmente na parte de resfriamento, onde eu tenho evaporação, mas também nas caldeiras, pelo vapor direto. Vamos fazer uma conta rápida. Eu puxo 100 mil litros de água por dia e uns quatro ou cinco mil litros eu perco no período. O que é melhor? Eu puxar cinco ou 100 mil litros. Detalhe: os 95 mil litros são jogados fora. Assim, nós eliminamos um passivo e diminuímos o impacto ambiental da captação dessa água. Às vezes o subterrâneo tem vácuo. Às vezes você pensa: do nada aparecem crateras. Simplesmente aparece? Alguma coisa estava segurando aquela terra. O pessoal da geologia
não gosta que falamos sobre isso, mas algumas vezes surgem algumas crateras porque puxamos muita água do solo, que vai se acomodando cada vez mais embaixo e quando vemos, o asfalto virou uma ponte e acaba tudo cedendo. Ou também tem a captação de rios. Se não retirar água do rio, a parte ambiental está ok. Em termos de publicidade, qualquer empresa gostaria de estampar em seu produto um selo de ecologicamente correto. 3- Ainda mais agora com a questão de racionamento de água, o consumidor está um pouco mais atento e cada vez ficará mais. Porque vai piorar. A população e as indústrias não param de crescer. É maior a demanda. Só que até agora não há legislação vigente. Em alguns estados, a fiscalização diz apenas: não. Eu posso ter um contaminante que contamine a produção inteira. Captação de poços também tem. Querendo ou não, eu tenho a contaminação de lençol freático pelo grande número de poços perfurados. Usa-se o poço e depois que não tem utilidade, ele é deixado para lá, sem ser selado e as pessoas jogam lixo. Às vezes é concretado, mas o concreto também é um contaminante. Mas hoje temos tecnologia no tratamento para assegurar que não haverá contaminação no reuso. 4- Afinal sabe-se qual água está se tratando. Sim. Vem de um laticínio? Então tem resquícios de leite e uma série de coisas. Vem de um frigorífico? Sabemos como tratar também. Em um frigorífico, às vezes o corante é a pior coisa. Para pós-tratamento, gosto de trabalhar com as membranas e osmose reversa. Assim, com a membrana correta e as pressões corretas, eu retiro qualquer coisa. Mesmo que seja uma molécula quebrada, é retirada. Mas precisa ter um controle. Hoje, mudam-se alguns conceitos. Quantas vezes você já ouviu falarem que água é um recurso não renovável? Água é renovável. Segundo ponto: quem disse que uma água suja não pode ficar limpa? No Brasil ainda temos água barata. Só que em alguns lugares, a água já é cobrada pela captação. Furou um poço, ok, será cobrado. 5- Em quais lugares? Paraná é o único que com certeza já está cobrando. R$ 0,01 por m³ da água subterrânea e R$ 0,02 por m³ da água superficial. Mas a empresa precisa informar o consumo ao ór-
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Opinião
gão fiscalizador. Mas por quê? Traçar perfis. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Goiás já estão traçando perfis e a empresa precisa ter um hidrômetro para marcar o consumo. É o primeiro passo para taxar. No Paraná, em 2016, terá aumento, mas ninguém disse quanto terá de aumento. De R$ 0,01 por m³ de água pode-se aumentar 100% e ir para R$ 0,02. Ou pode haver um aumento exorbitante. De R$ 0,01 por m³ vai para R$ 1,00. A empresa que retira 100 m³ por dia, em 30 dias, pagará R$ 3.000,00. Em um ano o custo é de R$ 36.000,00. E não estamos exemplificando uma empresa que retira um volume grande. Se pensarmos em uma empresa que retira 50 mil litros por hora, em 24 horas se tira 1,200 milhão de litros. 1.200 m³ por dia já são R$ 1.200,00 ao dia. Vezes 30 são R$ 36.000,00 e em um ano atinge o valor de R$ 432.000,00. Esse é só um exemplo. Já um investimento em um sistema de ETE, em dois já está pago. Assim, somente é captada água para repor perdas. Não para o consumo total. A justificativa do bolso é a melhor. A parte ambiental e de diminuição de passivos não é a primeira opção do empresário. É bonito de falar, mas conscientização no Brasil, me desculpe, mas não acredito. Eu acredito em educação ambiental para nossos filhos e netos. Hoje, meu filho, desde os quatro anos, já pensa em meio ambiente. É importante inserir a ideia de coleta seletiva neste momento. Se a criança, nessa idade, vê e pratica a coleta seletiva, aos 12 anos, ele fará. Agora, nós, homens já barbados, faremos coleta seletiva? Em Goiânia (GO), onde moro, tem 1,2 milhão de habitantes, e na Grande Goiânia tem dois milhões. Sabe quantos caminhões para a coleta temos para atender a região? Um. Não temos cultura de reuso, somente uma leve cultura de reciclagem. Reuso, reaproveitamento ou recuperação, nada. Tem uma proposta que falei em minha palestra e o publico ficou reticente. Eu pego a água que sai da minha ETE, trato e jogo na minha caixa d’água para usar normalmente. O pessoal as-
sustou. É uma proposta ousada. E é viável economicamente. Hoje a tecnologia e operação são baratas, e a manutenção não é cara. Ou seja, por que não fazemos? Preconceito. 6- É uma questão cultural? Isso. Esse é um ponto. Outra coisa, os frigoríficos consomem muita água. Muito mais que os laticínios. 7- Dá para fazer uma comparação? Um laticínio muito grande que consome 200 mil litros de leite por dia para fabricar queijo. Ele irá produzir 400 ou, no máximo, 500 mil litros de esgoto por dia. Se pegarmos os grandes frigoríficos e abatedouros, com cinco mil cabeças por dia, que abatem os animais, fazem a desossa e processamento da carne, chegam a utilizar até 1,5 mil litros de água por cabeça. Fazendo as contas, cinco mil vezes 1,5 mil, dá 7,5 milhões de litros consumidos de água por dia. Um número muito maior que de um laticínio. 8- É possível fazer uma comparação entre a contaminação e poluição das águas feitas por um laticínio e um frigorífico? Vamos ver os conceitos. Contaminação é feita por bactérias, quando há algum patógeno que irá contaminar. Poluição irá poluir e impactar o meio ambiente. Às vezes, um laboratório pequeno que lança um litro com bactérias concentradas contamina muito mais que qualquer outra coisa. Em termos de poluição, em um laticínio, cada mil litros de leite irão corresponder a 500 pessoas, se compararmos com a população. O frigorífico é um pouco mais agressivo, um animal equivale aproximadamente a umas 100 pessoas. Tanto o laticínio quanto o frigorífico têm cargas orgânicas muito altas. Um frigorífico retira 7,5 milhões de litros de água por dia de um rio, poço, represa. É um impacto muito grande. O que é melhor? Tratarmos e a água voltar ou descartar tudo. Pense no passivo ambiental. É preciso reutilizar a água para
podermos ter uma qualidade de vida melhor. E o meio ambiente não vai aguentar, extrapolamos. Precisamos rever conceitos. O trabalho que eu quero desenvolver irá sofrer resistência, principalmente, dos donos e diretores das empresas. Se eles não comprarem a ideia, não irá funcionar. A não ser que ele fique sem água e, assim, não consiga produzir. 9- E o papel dos governos e instituições? Primeiro os políticos precisam parar de pensar no ganho próprio. Na parte de reuso, mesmo o pessoal da engenharia, a ABES, Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, não consegue colocar em pauta no congresso, pois, é um tema muito polêmico e não há força política. Há o grande problema do custo. Como exemplo, um dono de um frigorífico no Mato Grosso veio falar comigo. Ele disse que gastava R$ 20 mil por mês na ETE e perguntou o que eu poderia fazer para ajudá-lo. Em um primeiro momento eu achei alto e perguntei qual era a vazão dele. No final das contas, saia R$ 0,185 por m³. O custo dele não é caro. Ele gastava R$ 0,185 para tratar mil litros de água. Tem esse investimento, mas em compensação a DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) dele era de 80 mg/L. É excelente. A eficiência dele estava acima de 98%. Ele precisa pegar essa água e fazer reuso. Precisa somente de um pós-tratamento e depois vai para a caixa. 10- Qual é a visão dos empresários sobre o setor? Veja que visão maravilhosa, você acorda, abre a janela e vê uma ETE. A estação não tem cheiro, a eficiência é alta, acima de 99%. Não é qualquer um que consegue. Eles só não reusam ainda, pois, falta a parte de legislação. A ideia é fechar o ciclo e a água voltar para caixa d’água. Você sabe por que funciona? O presidente de uma cooperativa disse, em reunião com os diretores, que a estação irá funcionar de qualquer jeito, pois, já foi gasto muito dinheiro. Pensei comigo: um já vestiu a camisa e os outros terão que vestir na marra. Há todo um trabalho de readequação do processo industrial para a estação. Diminuição do desperdício de água, padronização do sistema de limpeza, diminuição do descarte de produtos, e por aí vai indo. Essa empresa teve uma redução de consumo de água
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Opinião
de 40%. Conta comigo: de cada dez litros que eu gastava, agora são só seis. Veja quanto que é jogado fora. Acabou aquela história da compra programada, na qual se compra um produto para 30 dias e ele dura 18 dias. Também eles diminuíram o valor que gastavam com produtos de limpeza em 20%. E a parte mais importante é a de comunicação. A ETE faz parte do processo industrial e não apenas um adendo. Um exemplo: teve um derramamento de soro. A primeira coisa que fazem é ligar no ramal da ETE. Assim, o pessoal da ETE já sabe do problema e pode pensar no que fazer para consertar. Então, a parte de comunicação e mudança de visão da ETE é muito importante. Assim, terei estações que funcionam. 11- Esse é o grande ponto? Esse é o grande ponto. Se eu já tenho uma água limpa, fica fácil. Com o aumento do faturamento, o investimento que ele pagou no início já foi recuperado. 12- Com os problemas de falta de água, principalmente, em São Paulo, o governo poderá realizar alguma ação ou investimento, ou pior, criar taxas? Esquece o governo. Os industriais terão que comprar uma briga, pois, precisam crescer. Imagine se a cada vez que o industrial for ampliar sua produção, ele precisará se mudar de local. Inviabiliza qualquer ampliação. Se eu for abrir uma empresa, a primeira coisa que eu devo fazer é furar um poço e fazer um estudo de quanto de água eu consigo tirar de lá. Depois disso aparece a fiscalização dizendo que você não pode captar a água. Mas não há nada na legislação. Será necessária a criação de legislações dizendo que não posso. Mas tudo é questionável. Muitas vezes, a água de reuso é mais limpa que a do poço. Mas mesmo assim, chega um fiscal e fala que você não pode utilizar a água de reuso. Sem ter como captar mais água, você irá fechar as portas da fábrica? A briga está comprada. O empresário tem todo
o sistema de reuso montado, testado e funcionando, e a fábrica precisa desse sistema para funcionar. Aí, vem um fiscal e fala que está te fechando ou aplicando alguma multa porque você está usando água de reuso na sua produção. E qual a solução para isso? Ele não dá. Mas se não tem uma legislação sobre isso, só pode ser dada uma advertência. Vou colecionar advertências: uma, duas, três, trezentas. Mas não terei problemas de contaminação na minha fábrica porque há um controle rígido. Tudo isso só é possível com controle e monitoramento. O problema é a falta de legislação, onde é preciso pressionar para obter na marra, pois, nós não teremos água no futuro em alguns lugares e em outros será muito cara. Será mais barato montar o sistema de reaproveitamento de água. Hoje são cobrados valores irrisórios de água para traçar perfil. 13- Em São Paulo já estão usando a reserva morta para o abastecimento. Sabe o que eles estão fazendo? Puxando lama. Tirando água da lama. Na sua casa a água está com gosto de terra? Minha mãe mora em São Paulo e a água está com cheiro de terra. E se o Geraldo Alckmin (governador do estado de São Paulo) chegar e disser que não tem mais como puxar água? O que faremos? Vou pegar água da ETE, deixá-la potável e voltar para o abastecimento. Você, como morador de São Paulo, irá aceitar a água ou ficar sem? Mas essa é uma decisão política muito traumática e não teremos essa decisão neste momento. Falei sobre isso na palestra: quantos municípios hoje teriam a capacidade de realizar o trabalho de reaproveitamento? Somente 25% dos municípios do Brasil tem ETE. E não tratam tudo. Saneamento é um problema político. Se a indústria não comprar a briga, teremos um problema sério de crescimento industrial por falta de água. Se o Brasil já não cresce hoje, imagina sem água? * A palestra Reuso dos efluentes líquidos e industriais com uso nobre na linha de produção foi realizada na Tecno Food Brazil 2014.
Saúde
Suplementos alimentares
aumentam vitamina E DSM destaca a ligação entre o uso de suplemento dietético e a prevalência de status de vitamina E abaixo do ideal
A
DSM continua a avançar a pesquisa em vitamina E, com uma nova análise dos dados para determinar a relação entre o uso de suplemento dietético e a prevalência de status de vitamina E abaixo do ideal entre adultos dos Estados Unidos (EUA). O estudo, que foi recentemente apresentado na Experimental Biology, em San Diego (EUA), concluiu que a maioria dos americanos têm status de vitamina E abaixo do ideal, embora a prevalência de insuficiência seja menor para aqueles que utilizam suplementos alimentares. Com mais de 90% da população dos EUA atualmente não atendendo as recomendações de ingestão de vitamina E, o estudo avaliou como o status de vitamina E difere por sexo, etnia, idade e uso de suplementos dietéticos. A análise descobriu que a prevalência de status deficiente e abaixo do ideal é mais elevado em adultos mais jovens e mais comum entre os afro-americanos e que não são hispânicos, com relação a outras etnias. A pesquisa também destacou que o status de vitamina E abaixo do ideal tem menos probabilidade de ser encontrado entre usuários de suplementos dietéticos. “Como um grande antioxidante lipossolúvel, a vitamina E é essencial para a saúde humana e protege as células, tecidos e órgãos dos danos devido a reações oxidativas. Manter o status ideal de vitamina E está associado à diminuição do risco de mortalidade. Infelizmente, a maioria dos americanos têm status
de vitamina E abaixo do ideal para sustentar cérebro, olhos e sistemas cardiovasculares.”, explica Michael McBurney, vice-presidente de ciência, nutrição e defesa da DSM. “A baixa ingestão de vitamina E é uma preocupação de saúde pública. Essa análise mais recente mostra que, apesar de uma baixa incidência em evidente deficiência de vitamina E, muitos adultos nos EUA têm status de a-tocoferol (AT) abaixo do ideal mesmo quando suplementam sua dieta. A DSM está envolvida no trabalho em andamento para avaliar as recomendações de ingestão de vitamina E, cujas orientações existentes normalmente se baseiam em dados históricos não publicados”, afirma McBurney. A vitamina E é um termo genérico para oito compostos lipossolúveis encontrados na natureza, dos quais o “alfa-tocoferol” tem a maior atividade biológica e é o mais abundante no corpo humano. O estudo avaliou os níveis de AT do soro e usou biomarcador e dados socioeconômicos do conjunto de dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHNES) (2003-06). Como uma das maiores fornecedoras de vitamina E no mundo, a DSM oferece um portfólio abrangente de formas secas e em óleo, que são adequadas para uma ampla gama de aplicações. Para acessar as últimas pesquisas sobre vitamina E e obter mais informações, acesse www.dsm.com/vitamin-e.
Pesquisa Por Raul Amaral Rego
Produtos:
Oportunidades para inovação
(parte 2)
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segunda parte da pesquisa sobre as possibilidades para o aperfeiçoamento de produtos, da Brasil Food Trends 2020 (BFT 2020), abordam as propostas de valor para o saudabilidade, bem-estar, conveniência, praticidade, confiabilidade, qualidade, sustentabilidade e ética. EXEMPLOS DE PRODUTOS COM PROPOSTAS DE VALOR PARA SAUDABILIDADE E BEM-ESTAR Um estudo da empresa XTC observou que alimentos com propostas direcionadas para a saudabilidade passaram a ser um importante
foco das inovações no Brasil, no período 20072008. O novo estudo poderá confirmar a consolidação dessa tendência que tem provocado mudanças nos hábitos alimentares de grande relevância para a indústria. Uma vez que continue a ganhar força no mercado brasileiro, deverá aumentar a demanda por alimentos frescos, naturais e mais nutritivos. Também deverá crescer o mercado dos produtos para dieta, tanto para o controle do peso como para os segmentos de consumidores diabéticos e idosos, que vêm se tornando mais numerosos. A exemplo do que já ocorre nos países desenvolvidos, deverão surgir diver-
EXEMPLOS DE PRODUTOS RELACIONADOS À TENDÊNCIA DE SAUDABILIDADE E BEM-ESTAR Benefícios relacionados à tendência de saudabilidade e bem-estar
Exemplos de propostas de valor para os consumidores
Produtos naturais, frescos, clean, mais simples; Produtos “menos” (isenção ou redução de sal, açúcar e gorduras); Produtos minimamente processados; Produtos fresh-cut (frutas, Alimentação saudável e mais nutritiva. hortaliças e verduras, cortadas e embaladas); Produtos veganos; Alimentos mais nutritivos: produtos fortificados; produtos com adição de frutas e grãos; Suplementos alimentares; Grãos integrais; “Superfrutas” (romã, noni, goji, açaí etc.). Alimentação controlada (dietas para redução e controle do Produtos diet; Produtos light; Produtos para dietas de repeso; dietas adequadas para diabéticos, idosos, grávidas, dução e controle do peso; Produtos para dietas específicas; alérgicos, celíacos etc.). Produtos com isenção ou redução de sal, açúcar e gorduras. Alimentação funcional para a saúde (benefícios para a saúde cardiovascular, gastrointestinal, dos olhos, do cérebro, comba- Produtos e alimentos funcionais; Probióticos, prebióticos e te à obesidade, redução de colesterol, fortalecimento do sis- simbióticos; Com antioxidantes; Produtos com selo de qualitema imunológico, prevenção de osteoporose, prevenção de dade de sociedades médicas; Produtos diet/light. câncer, prevenção de artrite, diminuição de hipertensão etc.). Alimentação funcional para o bem-estar (melhora do desempenho físico e mental, redução de estresse, melhora do Produtos energéticos; Relaxantes; Produtos mood; Produtos estado de ânimo, diminuição da fadiga, aumento da vitali- com propriedades cosméticas; Produtos com propriedades de dade, melhora da aparência física, da beleza e do equilíbrio retardar o envelhecimento. interior). Fonte: BFT 2020
sos tipos de produtos funcionais, isto é, com promessa de benefício direto para a saúde e o bem-estar. Alimentação integrada ao estilo de vida saudável Uma pesquisa da Mintel revelou que a nutrição consiste em tema importante em todos os segmentos de consumidores norte-americanos. Entre os entrevistados, 37% disseram ter procurado melhorar a saudabilidade de sua dieta com relação ao ano anterior. Nessa direção destacam-se o incremento do consumo de vegetais (64% dos entrevistados) e frutas (51%), aumento de alimentos com baixo teor de gordura saturada (22%), maior consumo de proteínas (22%), alimentos e bebidas com baixo teor de açúcar (10%), baixo teor de gorduras (19%), redução de sódio (18%), redução de colesterol (16%) e redução do valor calórico (15%). Mais de 51% dos entrevistados procuram comprar produtos naturais sempre que possível.
Portanto, a busca por uma alimentação mais saudável pode alterar significativamente as atitudes dos consumidores em relação à composição dos alimentos ou quanto à forma pela qual são processados, gerando várias oportunidades para inovações. Determinados itens oferecem alternativas para a redução de substâncias que os consumidores desejam evitar, tais como sal, açúcar e gorduras, ou versões de produtos com ingredientes vegetais, com destaque para os alimentos à base de soja. Numa linha mais radical, surgem produtos sem aditivos, uma vez que as características “natural”, “puro” e “integral” têm se tornado símbolos da saudabilidade para alguns consumidores. Um estudo da Business Insights constatou que existe a preocupação de consumidores, nos Estados Unidos e na Europa, com relação a quantidade elevada de corantes, flavorizantes e conservantes nos produtos alimentícios e, por esse motivo, têm valorizado os produtos naturais. Ocorre também um desejo de retor-
Pesquisa nar às origens, isto é, de consumir produtos mais simples e básicos, tidos como um hábito saudável do passado. Com apelo nutricional mais direto, alguns produtos alimentícios tradicionais, como macarrão, refrigerantes e água mineral, têm surgido em versões fortificadas com vitaminas e sais minerais. Por outro lado, têm ganhado evidência os produtos elaborados a partir dos denominados superalimentos (superfoods e superfruits), isto é, ingredientes “naturalmente” muito nutritivos, como romã, açaí, goji e acerola, além de outros produtos como as algas marinhas, a quinoa etc. Outra categoria que merece atenção é a dos produtos minimamente processados (segmento fresh-cut), tais como as saladas pré-lavadas e embaladas, que aparentam ser mais saudáveis sob a ótica dos consumidores. De acordo com as pesquisas, What, when, and where America Eats (tradução livre: O que, quando e onde a América come) e The new value equation (A nova equação de valor), publicadas na Food
Technology, o frescor representa atualmente um fator extremamente importante para dois terços dos consumidores estadunidenses. Constatam que também são valorizadas outras características, como a “isenção de hormônios e antibióticos”, o “natural” e o “orgânico”. Diante dessa tendência, identificam um novo termo, o functional fresh, criado para conceituar esse forte desejo por funcionalidade e pureza nos produtos alimentícios. Diante dessas tendências, torna-se estratégico para as empresas analisar se determinadas linhas de produtos poderão vir a ser rejeitadas pelos consumidores. A relevância desse tipo de ameaça pode ser avaliada pelos resultados de uma pesquisa do Natural Marketing Institute, na qual se identificou que dois terços dos norte-americanos estão evitando o consumo de determinados produtos, motivados pelo desejo de ter uma alimentação mais saudável. Essa pesquisa constatou também que um terço dos consumidores norte-americanos declara fazer confusão a respeito de como obter
uma alimentação mais saudável. Diante dessa situação, o estudo destaca algumas ações de empresas no sentido de usar tecnologias para fornecer informações sobre nutrição e saúde aos consumidores, por meio da internet e de telefones celulares. Mais alternativas e facilidades para as dietas Um estudo da Business Insights destaca a grande representatividade do mercado de produtos diet, observando que existe um grande potencial para os produtos destinados ao controle de peso e emagrecimento, como também para as versões diet dos produtos da categoria “indulgência sem culpa”. Nesse segmento de mercado (weight-management), conforme dados da Innova, uma categoria merecedora de atenção é a dos produtos com ingredientes com a função de saciar o apetite e queimar calorias. Tais produtos estariam sendo vistos como mais eficazes para controlar o peso do que simplesmente consumir alimentos sem ingredientes calóricos ou em menores porções.
Outra pesquisa constatou que os produtos com quantidade controlada de calorias (100cal, 90-cal), apesar de não serem mais novidade nos Estados Unidos, estão se difundindo para a Europa e outros países. Maior aproximação da alimentação com a saúde preventiva e os tratamentos clínicos De acordo com dados do Natural Marketing Institute, o desejo de prevenir doenças é um dos principais motivos para que os consumidores valorizem uma alimentação mais saudável. De acordo com a pesquisa, acima de 70% dos norte-americanos percebem ter carências nutricionais, principalmente com relação ao consumo insuficiente de determinados produtos e ingredientes, considerados importantes para a melhora da saúde e a prevenção de doenças, tais como: - Para a saúde do coração é valorizado o consumo de: ômega 3, aveia, óleo de peixe, antioxidantes, fibras, grãos integrais, chocolate amargo, vitamina E, soja e fitoesteróis.
Pesquisa - Fortalecimento do sistema imunológico: antioxidantes, ômega 3, vitamina E, probióticos, óleo de peixe, grãos integrais, fibras e proteínas. - Prevenção do câncer: antioxidantes, fibras, grãos integrais, ômega 3, aveia, óleo de peixe, vitamina E, chocolate amargo e soja. - Saúde do cérebro: ômega 3, antioxidantes, óleo de peixe, vitamina E, DHA (ácido docosa-hexaenoico) e proteínas. - Saúde e beleza da pele: vitamina E, antioxidantes, óleo de peixe, ômega 3 e cálcio. - Saúde gastrointestinal: fibras, grãos integrais, aveia, probióticos e antioxidantes. Com relação à saúde gastrointestinal, a percepção quanto aos benefícios proporcionados pelos probióticos tem aumentado desde 2002. No fórum Wellfood, em 2009, observou-se o crescimento do consumo de probióticos em vários países, com destaque para o aumento, nos Estados Unidos, de 85,6% da oferta de probióticos nas categorias iogurtes, suplementos alimentares, barras de cereais, queijos e bebidas à base de leite ou soja, com relação a 2008. Verificou-se também o aumento do consumo de produtos prebióticos, que contêm fibras. De acordo com análise da Innova, a preocupação com doenças contagiosas deve influenciar o crescimento de produtos probióticos e com antioxidantes, com apelo de aumento da defesa do sistema imunológico. Observa-se a existência de diversas bebidas compostas com as superfrutas, que representam uma fonte natural de antioxidantes. Em outro estudo da Innova, observa-se que, diante do ceticismo dos consumidores com relação aos benefícios efetivos dos produtos funcionais, vem crescendo o uso de frutas e outros ingredientes que oferecem naturalmente os mesmos princípios ativos. Destaca também o desejo dos consumidores de voltarem ao passado, quando os produtos eram mais simples, como outro fator que contribui para o forte crescimento do apelo “natural” como plataforma de inovação de diversos produtos. Nessa direção estão surgindo os produtos com formulações mais simplificadas, com eliminação de aditivos ou sua
substituição por ingredientes naturais, como é o caso do uso de adoçantes naturais extraídos de agave e estévia. A conexão da alimentação com as atividades cotidianas e os estados de ânimo Os produtos com promessa de redução da ansiedade e irritação, alguns dos sintomas do estresse, proporcionam relaxamento sem, no entanto, causar sonolência. Em outra direção estão os produtos destinados a melhorar o desempenho mental que atacam outros sintomas do estresse e da depressão, como o desânimo e a falta de concentração. É interessante observar a diversificação das bebidas com promessa de alterar o estado de ânimo. Desde aquelas com apelos mais subjetivos, tais como obter equilíbrio interior, encorajar ou alegrar, até as que oferecem funcionalidades mais concretas, como energia e relaxamento. Os energéticos continuam em pauta nos mercados, verificando-se mudanças como a segmentação para outros tipos de público, a utilização de ingredientes naturais (Ex: ginseng, gingko biloba, guaraná, chá verde) e também a extensão das linhas de produtos para o segmento de balas e confeitos. Um mercado a ser observado é o de alimentos “cosméticos”. Estudo da Business Insights estima uma taxa de crescimento acima de 7%, na primeira década deste século, para os suplementos alimentares relacionados à beleza, nos mercados da Europa e dos Estados Unidos. Identifica que esses produtos atualmente se concentram principalmente na categoria bebidas (soft drinks), mas são encontrados também na forma de sobremesas e iogurtes. As empresas têm desenvolvido inovações oferecendo benefícios específicos, como hidratação e bronzeamento da pele, ação anti-idade, fortalecimento das unhas e cabelos, e sensação de estar com o corpo em harmonia (“sentir-se bem por dentro”). No fórum Wellfood foram destacados os produtos associados ao envelhecimento: bebidas com colágeno para prevenir o envelhecimento da pele, produtos com antioxidantes, vitaminas C, D e E, e outros extratos de plantas. Identifica novos produtos com ingre-
dientes mais específicos, como o ácido hialurônico e a luteína, associados à proteção da pele contra a radiação UVB. De acordo com um estudo da Business Insights, o uso de ingredientes naturais deverá ser uma prática frequente para a exploração desse nicho de mercado que ainda está no início do ciclo de vida. Esse poderá ser um mercado promissor e já existem produtos brasileiros (com o ingrediente colágeno) explorando esse nicho junto ao público feminino.
EXEMPLOS DE PRODUTOS COM PROPOSTAS DE VALOR PARA CONVENIÊNCIA E PRATICIDADE Diante da vida atribulada e das novas gerações de consumidores, com poucas habilidades culinárias, identifica-se uma demanda sem precedentes por produtos convenientes. Vários desses produtos foram destacados anteriormente, como exemplos para as tendências de sensorialidade e saudabilidade. De forma
EXEMPLOS DE PRODUTOS RELACIONADOS À TENDÊNCIA DE CONVENIÊNCIA E PRATICIDADE Benefícios relacionados à tendência de conveniência e praticidade
Exemplos de propostas de valor para os consumidores
Pratos prontos e semiprontos; Alimentos de fácil preparo; Embalagens de fácil abertura, fechamento e descarte; ProduFacilidade e praticidade para o preparo de refeições no lar; tos para forno e micro-ondas; Kits para preparo de refeições; Economia de tempo, eliminação de tarefas cansativas. Produtos que eliminam a necessidade de utensílios para o preparo. Snacks; Produtos em pequenas porções (snacking, fi nger food); Produtos embalados para consumo individual (moSnacking; Satisfação de vontade ou saciar a fome fora do nodoses); Produtos adequados para comer em trânsito; horário das refeições; Regular o apetite; Substituir refeições; Produtos adequados para consumo em diferentes lugares e Preparar lanches; Preparar merenda escolar; Levar alimentos situações; Produtos on-the-go; Produtos que eliminam necespara comer em outros lugares. sidade de utensílios para consumo; Produtos para comer em trânsito ou enquanto trabalha. Fonte: BFT 2020
Pesquisa complementar é conferido foco a duas amplas e promissoras categorias de produtos de conveniência: as refeições prontas e os snacks. Indústria de alimentos: a futura grande chef de cozinha dos lares As tendências de sensorialidade e saudabilidade têm provocado transformações nas refeições preparadas nos lares, com destaque para uma culinária de melhor qualidade e variedade, como também quanto ao desejo de ter uma dieta mais nutritiva e saudável. Essas exigências, ao ocorrerem nos serviços de alimentação, têm prestigiado os chefs de cozinha que, com suas técnicas, talento e criatividade, se tornam estratégicos para o upgrade dos cardápios nos restaurantes. Da mesma forma, espera-se que a indústria de alimentos monte equipes de profissionais capazes de desempenhar essa mesma tarefa na criação de refeições prontas ou semiprontas. De acordo a Business Insights, as refeições prontas representam a categoria mais importante para a economia de tempo dos consumidores. Esse estudo observa que existe a tendência de lançamento de maior variedade de refeições para micro-ondas, com destaque para as diferentes marcas de arroz lançadas nos Estados Unidos, a partir de 2006, que, além de ficarem prontas em poucos minutos, eliminam as tarefas de preparo e a necessidade de utilização e posterior lavagem de panelas. Sobre esses produtos, o estudo ressalta que, mesmo sendo muito receptivos à economia de tempo e esforço na cozinha, os consumidores desejam uma boa comida, ou seja, querem que as refeições prontas tenham também qualidade e sejam saudáveis. Outro nicho destacado é o de refeições prontas, preparadas com receitas caseiras, ou de produtos que facilitem o preparo de refeições tradicionais no próprio lar. Tais produtos, além de convenientes, permitiriam aos consumidores uma experiência similar às refeições feitas em casa. Nessa mesma direção, outro trabalho constata que os consumidores desejam soluções saborosas e balanceadas para esse tipo de refeição.
Nesse contexto, o mercado de refeições prontas possui um grande potencial de crescimento, uma vez que possam oferecer produtos mais saborosos, saudáveis, de fácil e rápido preparo, a preços acessíveis. Estudo do The South Australian Food Centre identifica que os consumidores estão buscando produtos que sejam saudáveis, convenientes e que ofereçam uma boa relação benefícios-preço. A necessidade de conveniência tem levado ao crescimento de categorias de produtos, como as refeições e as saladas prontas para consumo. A indústria tem potencial para se revelar ainda mais versátil e criativa do que os grandes chefs de cozinha. Por exemplo, pode oferecer kits completos e pratos leves para quem deseja fazer dieta de emagrecimento, refeições étnicas como paella ou receita tailandesa de frango com curry, ou ainda uma tradicional torta de frango, como a norte-americana potpie. Por outro lado, pode atuar como personal chef, fornecendo molhos prontos e temperos sofisticados, que poderão trazer elogios dos amigos e parentes após a refeição. Snacks: as peças saborosas e saudáveis de um quebra-cabeça para montar as refeições Os snacks representam uma categoria que abrange uma grande variedade de produtos, entre lanches, refeições leves, petiscos, salgadinhos, salgados e frutas em pedaços, entre outros, que possibilitam o consumo em diferentes lugares e momentos, e proporcionam redução do tempo de consumo ou eliminação da necessidade de utensílios tradicionais, permitindo a individualização do consumo, já que podem ser consumidos com as mãos no lar, no trabalho ou mesmo em trânsito. De acordo com a análise da importante especialista em tendências, os consumidores norte-americanos estão redefinindo seus conceitos de alimentos de conveniência, incorporando a saudabilidade como o critério mais importante, seguido do fator facilidade de preparo. Portanto, considera que os produtos convenientes à base de frutas reconhecidamente saudáveis, tais como as blueberries, deverão apresentar o maior crescimento nas vendas nos próximos
anos. Destaca ainda que os produtos que atendam às necessidades nutricionais diárias para alguns nutrientes (shots) estão formando uma nova categoria de snacks nos mercados dos Estados Unidos e no Reino Unido. Em outro trabalho considera-se que o segmento better-for-you tem apresentado um maior crescimento nos últimos anos, em relação aos snacks tradicionais, devido à maior preferência por produtos em versões sem açúcar, baixo teor de gordura, baixo teor de sódio, com grãos integrais, light, fortificados, porções reduzidas (mini-snacks), porções com calorias controladas (100-cal), adição de frutas etc. O snack está para a indústria assim como o finger food está para os serviços de alimentação. Da maneira pela qual costumam ser utilizados pelos consumidores, tendem a “quebrar” os ritos tradicionais das refeições. Isso porque tendem a modificar o hábito da alimentação diária na sequência “café-almoço-jantar”, uma vez que as rotinas modernas costumam obrigar as pessoas a “pularem” uma ou outra refeição, buscando a compensação pelo consumo de snacks. Esses produtos, amplamente comercializados, oferecem liberdade para satisfação da necessidade de alimentação em diversos horários e lugares, proporcionando flexibilidade e multiplicidade de escolha para que cada consumidor possa compor a dieta conforme suas necessidades e desejos específicos. O crescimento do consumo de snacks sugere que tais produtos poderão concorrer bastante com as refeições tanto no lar como em restaurantes ou lanchonetes. Os snacks parecem estar perdendo suas características de junk food, permitindo ao consumidor substituir uma refeição sem, no entanto, sacrificar sua saúde, a forma física ou o prazer de uma boa comida, como pôde ser notado nos tópicos anteriores. Em síntese, têm a capacidade de incorporar diferentes benefícios às dietas diárias, aumentando o valor percebido pelos consumidores. Os snacks têm condições de adquirir um novo status perante o consumidor, passando a ser percebido como forma de “comida-ingrediente”, ou seja, pequenas porções de diferentes benefícios
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Pesquisa que o consumidor pode compor conforme suas necessidades e desejos particulares. Sendo assim, os produtos alimentícios da categoria snacks desempenhariam um papel similar ao das peças de um quebra-cabeça, deixando para o consumidor o trabalho criativo de arquitetar sua alimentação conforme suas diferentes tendências. Nessa direção, os snacks parecem ter um potencial enorme a ser explorado por diferentes segmentos da indústria de alimentos. EXEMPLOS DE PRODUTOS COM PROPOSTAS DE VALOR PARA CONFIABILIDADE E QUALIDADE Essa tendência é caracterizada pelo gradativo interesse das pessoas pela procedência dos produtos alimentícios e de seus sistemas de processamento. Dessa forma, esses aspectos passam a ser importantes para as empresas obterem a confiança dos consumidores. Na análise das tendências anteriores, de modo geral, identificou-se o valor dos produtos nas suas características intrínsecas, isto é, nos benefícios presentes na composição dos mesmos. No caso específico da tendência de confiabilidade e qualidade, o valor de um produto é avaliado pelos consumidores quando estes contemplam os processos produtivos e as credenciais do fabricante, podendo então perceber os benefícios da compra. Dois aspectos da confiabilidade e qualidade são destacados no BFT 2020. O primeiro trata da evolução do mercado de produtos, que costumam ser valorizados pela sua origem, forma de fabricação e rastreabilidade. Em seguida, é feita uma breve menção aos sistemas de garantia de qualidade e segurança, que costu-
mam ser destacados para o consumidor por meio de selos estampados nos rótulos. A evolução do mercado de produtos naturais e orgânicos De acordo com a Mintel, o mercado norte-americano de alimentos orgânicos cresceu 142% de 2003 a 2008, atingindo vendas no valor de US$ 5,2 bilhões em 2008. No entanto, observa que o crescimento deverá ser menor nos próximos anos, em parte por causa da concorrência dos produtos naturais, que também têm conquistado a preferência dos consumidores. Outro estudo também constata que, nos Estados Unidos, os alimentos orgânicos têm reduzido sua atratividade relativamente a outros aspectos mais valorizados atualmente pelos consumidores, estando, em ordem de importância, após os fatores “frescor”, “sem hormônios” e “natural”. Por outro lado, pesquisa da Mintel considera que, por ser maior o consumo de orgânicos pelo público jovem, deverá haver a sustentação das vendas no futuro, pois, além de manter esse hábito, deverão incentivar os filhos a também consumir tais produtos. O mesmo estudo considera que existe sobreposição dos conceitos de “orgânico” e “natural”, e que, apesar de serem categorias diferentes, os consumidores costumam ficar confusos a respeito do significado de cada um. Os “orgânicos” estão relacionados ao modo de produção, que assegura produtos sem antibióticos, sem hormônios de crescimento, sem pesticidas e fertilizantes sintéticos, não irradiados e não geneticamente modificados. Por sua vez, os “naturais” (produtos com apelo all natural) representam produtos sem conservantes, coran-
EXEMPLOS DE PRODUTOS RELACIONADOS À TENDÊNCIA DE CONFIABILIDADE E QUALIDADE Benefícios relacionados à tendência de confiabilidade e qualidade Garantia de que os produtos foram elaborados com ingredientes isentos de substâncias não orgânicas e de melhor qualidade (características naturais, frescor). Qualidade percebida pela forma de processamento (tecnologia moderna, manutenção de padrão). Garantia de qualidade e segurança dos alimentos (processos seguros de distribuição, produção e armazenagem segura; redução de riscos). Produtos adequados e seguros para necessidades específicas (diabéticos, vegetarianos, celíacos etc.). Alimentos em bom estado de preservação.
Exemplos de propostas de valor para os consumidores
Produtos naturais; Orgânicos; Produtos com rastreabilidade e identificação da origem; Tecnologia de ponta. Processos de gerenciamento de riscos; Sistemas de certificação de qualidade e segurança (HACCP, ISO 22000 etc.) e selos na rotulagem; Embalagens ativas e inteligentes; Credibilidade de marca; Rotulagem informativa e outros canais de comunicação com os consumidores. Fonte: BFT 2020
tes, adoçantes ou flavorizantes artificiais, sem aditivos químicos, sem gorduras hidrogenadas, minimamente processados e não irradiados. Esse estudo identificou o preço como o fator de maior preocupação dos entrevistados, que consideram que não há justificativa plausível para os preços dos produtos orgânicos serem tão elevados. Esse pode ser um dos principais fatores que tornam esse mercado bastante elástico, isto é, sensível às variações de preço. Pesquisas verificaram, no passado, que a compra de alimentos orgânicos cresce proporcionalmente ao aumento da renda e que, atualmente, a recessão econômica tem provocado à mudança nos hábitos de 40% dos consumidores de orgânicos nos Estados Unidos. De acordo com a Mintel, o mercado de alimentos orgânicos atingiu a maturidade nos Estados Unidos, compreendendo produtos em mais de 50 segmentos. Essa ampla variedade de produtos orgânicos é verificada pelo USDA Economic Research Service, que identifica o lançamento de versões orgânicas de marcas convencionais e também o crescimento das vendas nos canais tradicionais de varejo. De acordo com a Organic Trade Association, os orgânicos representam 3,47% das vendas totais de alimentos nos Estados Unidos, e que 73% das famílias compram produtos orgânicos pelo menos ocasionalmente. Estudo da Business Insights identifica que os consumidores, na Europa e nos Estados Unidos, estão mais interessados em saber de onde vêm os produtos e o que estes contêm, devido ao receio quanto à segurança dos alimentos consumidos. Diante disso, os fabricantes de alimentos e bebidas têm investido no lançamento de produtos naturais, sem ingredientes artificiais. Além desse tipo de iniciativa, o estudo observa a necessidade de ter transparência e manter estreita comunicação para que os consumidores possam conhecer seus processos produtivos, destacando a internet como um instrumento estratégico para essa finalidade. Um estudo da empresa XTC identifica produtos que fornecem um código na rotulagem, para que o consumidor possa checar a rastreabilidade no site do fabricante.
Qualidade e segurança: garantias estampadas nos produtos Um trabalho do USDA considera a dificuldade que os consumidores têm de discernir quais produtos são mais ou menos seguros, destacando a importância da rastreabilidade e da rotulagem informativa como instrumentos para que a qualidade e a segurança existentes nos processos das empresas possam ser percebidas pelas pessoas e, dessa forma, representar um fator de diferenciação dos produtos no mercado. Nesse ponto, têm ganhado relevância os processos de certificação. São diversos os sistemas de certificação, os quais podem ser regidos por normas técnicas ou legislações definidas no âmbito de cada país (exemplo: certificação de orgânicos); por organismos internacionais, como é o caso das normas ISO, International Organization for Standardization (sistemas de qualidade e segurança); ou por organizações mais específicas, como as certificações para produtos vegetarianos, kosher etc.
Pesquisa EXEMPLOS DE PRODUTOS COM PROPOSTAS DE VALOR PARA SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Todas as tendências anteriormente apresentadas referem-se às características dos produtos que proporcionam benefícios para os consumidores, seja pelo prazer de comer, em busca de uma alimentação saudável, seja pela necessidade de conveniência ou pela preferência por alimentos saudáveis e de qualidade. Em relação à sustentabilidade e à ética, o consumo ganha outras dimensões, que transcendem as necessidades e os desejos individuais, valorizando aspectos como o consumo solidário, a preocupação com os impactos sobre o meio ambiente, a preocupação com o bem-estar animal e com o comportamento ético das empresas, entre outros. De acordo com Sloan, as questões éticas, o movimento de formação de redes sociais e os desafios quanto à segurança e sustentabilidade são temas-chave em todo o mundo. O BFT 2020 analisa, particularmente, dois tipos de estratégias que as empresas têm adotado para aumentar a atratividade dos produtos: o apelo ao consumo solidário e à sustentabilidade ambiental.
tos de fairtrade, produtos que estabeleçam vínculos com organizações humanitárias, que permitam ao consumidor participar de causas sociais, bem como de produtos que destinam uma porcentagem da receita para determinadas causas.
Comer bem fazendo o bem Gradativamente, os consumidores estão percebendo que podem exercer sua cidadania também por meio do consumo de alimentos. Por isso tem crescido o consumo de produ-
Fontes: Brasil Food Trends 2020, Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Instituto de Tecnologia de Alimentos e Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
PERSPECTIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM 2020 Em 2020, o mercado de alimentos será mais complexo, com os consumidores buscando um pacote mais amplo de benefícios a preços mais acessíveis. Além disso, deverá constituir um mercado de grandes dimensões, com muitas oportunidades tanto no mercado interno como para as exportações. Mas, para explorar esse futuro promissor, é recomendável que as empresas procurem dominar tecnologias para a criação de produtos agregando benefícios nas cinco categorias de tendências abordadas. Isso porque os consumidores poderão demandar produtos posicionados conforme uma tendência específica, mas também valorizar produtos que apresentem combinações de benefícios, contemplando duas ou mais categorias de tendências.
EXEMPLOS DE PRODUTOS RELACIONADOS À TENDÊNCIA DE SUSTENTABILIDADE E ÉTICA Benefícios relacionados à tendência de sustentabilidade e ética
Exemplos de propostas de valor para os consumidores
Produtos de sistema de fairtrade; Produtos vinculados a causas sociais, organizações filantrópicas; Produtos de empresas sustentáveis; Empresas com programas avaliados e certificaExercício da cidadania; Contribuição para causas sociais; dos de responsabilidade socioambiental; Sistemas de certifiConsumo solidário; Respeito a valores éticos. cação de ética empresarial; Produtos que não sejam associados a maus-tratos aos animais; Produtos que não ameacem a preservação de espécies; Rotulagem social. Produtos com redução de “pegadas” de carbono (carbon footprint); Produtos de baixo impacto ambiental; Embalagens recicláveis e recicladas; Certificações e selos ambientais; Produtos vinculados a causas ambientais; Produtos e embalagens racionaContribuição para a preservação do meio ambiente. lizados; Processos produtivos sustentáveis; Processos eficientes; Revalorização de materiais; Processos com utilização de fontes renováveis; Gerenciamento de resíduos e emissões; Produtos de empresas sustentáveis; Empresas com programas avaliados e certificados de responsabilidade social socioambiental. Fonte: BFT 2020
Empresas
Qualiterme: experiência em resfriamento Divulgação
C
om 15 anos de experiência em sistema de resfriamento, a Qualiterme Equipamentos de Refrigeração Ltda. está situada em Novo Hamburgo (RS) e possui, atualmente, 40 funcionários. A linha atual de produtos e serviços oferecidos pela Qualiterme possui chiller, unidades de água gelada e torres de resfriamento. A empresa fabrica chiller com gás refrigerante ecológico ou fréon, ou seja, não utiliza amônia por esta ser tóxica. Isso se dá, pois, as fábricas que operam com chiller sem amônia conseguem a liberação de alvará mais facilmente e o sistema possui instalação mais simplificada e é muito compacto. Entre os lançamentos, o gerente de vendas da Qualiterme, Neimar Holz, apresenta a linha com gás fréon: “na linha de chiller, temos uma nova linha de produtos que são os chillers fabricados com gás refrigerante ecológico ou como chamamos habitualmente, a linha verde, que possui maior rendimento e o mais importante: o equipamento é ecologicamente correto”. A empresa atende de forma personalizada e atua em todo território nacional e América do Sul, com representantes em quase todas as regiões e seguimentos de mercado. A assistência técnica é em todo o território nacional, além do suporte técnico ser diretamente realizado pela a Qualiterme. De acordo com o gerente de vendas, a empresa está acompanhando o desenvolvimento do segmento e afirma que “hoje o setor esta cada vez mais exigente, por isso a Qualiterme
vem tendo um crescimento de em torno de 30% ao ano. No setor devemos trabalhar com um projeto que torne o trabalho mais fácil e seja viável economicamente, mas também não podemos deixar de pensar na parte ecológica”. “Hoje, para quem necessitar de resfriamento em plataformas de recebimento de leite temos um sistema muito viável, que trabalha com cálculos de carga térmica por hora e não diária. Ou seja, o equipamento só trabalha quando é necessário o frio. Não precisa de armazenagem e isso gera economia de energia e também não deixa o laticínio engessado nas temporadas de alta produção de leite. Simplesmente são trabalhadas algumas horas a mais e consegue-se aumentar o volume de resfriamento com o mesmo equipamento”, finaliza Holz.
Internacional
Recuperação lenta no Uruguai Produção de leite se restabelece devagar devido a problemas de mastite e ataques de lagarta
A
produção de leite vem se recuperando muito lentamente no Uruguai, pois, ainda há problemas de mastite e ataques de lagarta, que restringem a produção de forragem nas fazendas leiteiras, complicando os produtores locais. “O clima foi auspicioso nas últimas semanas, permitindo que culturas de pastos fossem plantadas mais cedo, mas ainda estão ocorrendo problemas de saúde nas patas e úberes. A produção de leite está se recuperando ‘muito lentamente’, porque além dos problemas com as vacas, a grama não possui a mesma qualidade do sorgo e alfafa”, disse o presidente da Associação Nacional de Produtores de Leite (ANPL), Eduardo Vieira. Já o assessor técnico da ANPL, Daniel Zorrilla, disse que “a queda na produção de leite foi maior para os animais que estavam no final da lactação e que não puderam se recuperar. Foi acelerado o processo de secagem abruptamente”. Zorrilla também disse que em diferentes áreas tradicionais de fazendas e laticínios, “há um segundo ataque de lagarta. Aconteceu, principalmente, em regiões como Flórida e San José, onde por vezes locais relativamente próximos registram situações opostas”. Por sua vez, o presidente da Sociedade de Produtores de Leite da Flórida (SPLF), Alfredo Morales, disse que sua região não pode, desde o início do ano, ter uma boa produção de leite. “As vacas não alcançam o seu potencial”, disse Morales.
O presidente afirmou que os produtores de leite precisam aumentar a captação de leite para diluir os “custos elevados, especialmente os fixos. A rentabilidade é baixa, apesar dos bons preços. Os custos, tanto para produzir, como os de vida, são muito importantes. Acendeu uma luz amarela”. As chuvas que aconteceram nas últimas semanas trouxeram consequências muito negativas para o setor lácteo uruguaio. Dependendo da área, a baixa produção atingiu 20%, enquanto os casos de infecções nos úbere (mastite), que ocorrem no verão, aumentaram significativamente. Quanto aos preços do leite, Gabriel Bagnato, secretário-executivo do Instituto Nacional de Leite (Inale), estimou que a baixa acontecerá no segundo semestre do ano: “No final de 2014, os valores atingiriam entre US$ 4.000 e US$ 4.200 por tonelada de leite em pó integral”. Na opinião de Bagnato, “há uma discrepância entre oferta e demanda, em favor da última, que causa uma queda nos preços internacionais”. O secretário-executivo também disse que o Uruguai está bem posicionado e que o custo de produção de um litro de leite no Uruguai está entre US$ 0,30 e US$ 0,32, enquanto que em outros países é mais alto. Fonte: El País Digital
Raphael Inácio
Por Pablo Beson
Empresas
Shiguen: sinônimo de qualidade A empresa tem como valores na sua gestão empresarial a tradição, idoneidade, transparência e constante busca da perfeição de seus produtos e serviços
Fotos: Divulgação
F
undada em 14 de março de 1995, a Shiguen nasceu da necessidade em atender um mercado emergente e que está em constante expansão, e desse modo oferece um know-how de quatro décadas no ramo de refrigeração. A Shiguen está localizada no polo industrial da cidade de Araras (SP), com 12.000 m² de área construída em uma área total de 20.000 m², onde se encontra sua unidade de produção e administração. A instalação no município trouxe oportunidades de emprego e crescimento econômico para a região, oferecendo perfeita logística aos clientes e fornecedores, ao facilitar o acesso por estar próxima às grandes rodovias, como a Anhanguera, Bandeirantes e Washington Luís. Especialista e referência na refrigeração industrial brasileira, a empresa afirma ter como objetivo alcançar a excelência na fabricação de máquinas e aparelhos de refrigeração e ventilação de uso industrial, incluindo peças e adjacentes, e também possui uma ampla linha de produtos e serviços. A empresa atua nas áreas de frigoríficos, abatedouros (bovinos, suínos, aves e pescados); indústrias alimentícias em geral; indústrias de bebidas; cervejarias; indústrias químicas e farmacêuticas; indústrias de fabricação de gelo; armazéns frigorificados; empresas de
logística; indústrias de polpa de frutas; indústrias de sucos; laticínios; indústrias de fundição, entre outras. A automação é composta com softwares para instalações frigoríficas de indústrias pesqueira, avícola, suína e bovina.
Índice de Anunciantes
Bonesi.................................................................................................................. 33 BR Quality............................................................................................................ 49 Brascon................................................................................................................ 17 Casa das Desnatadeiras........................................................................................ 45 Cold Air........................................................................................................4ª capa DSM...................................................................................................................... 9 Entelbra............................................................................................................... 30 Fibrav................................................................................................................... 31 Food Ingredients.................................................................................................. 39 Guarani Plast....................................................................................................... 25 Hidrozon.............................................................................................................. 23 Hiper Centrifugation............................................................................................ 29 Injesul.................................................................................................................. 13 Ionix.................................................................................................................... 43 Isterm.................................................................................................................. 47 Jandaplast............................................................................................................ 11 Josmaq................................................................................................................ 57 Meta.................................................................................................................... 37 Milainox............................................................................................................... 10 MMC................................................................................................................... 59 Nyroplast......................................................................................................3ª capa Padroniza..................................................................................................... 54 e 55 Perfor.................................................................................................................. 15 Plásticos Dise....................................................................................................... 53 Poly-clip........................................................................................................2ª capa Qualiterme........................................................................................................... 61 Reepack............................................................................................................... 35 Rool..................................................................................................................... 19 Sahave................................................................................................................. 32 Tetra Pak................................................................................................................ 7