Brasil em Código - 19ª edição

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EDIÇÃO 19

BRASIL EM

Um dos pilares da economia brasileira, o agronegócio aposta em soluções de rastreabilidade para assegurar a qualidade dos alimentos

BRASIL EM CÓDIGO • GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação

Uma publicação da GS1 Brasil – Associação Brasileira de Automação • jan/fev/mar 2016 • www.gs1br.org

EDIÇÃO 19

CÓDIGO

INOVAÇÃO

HACKATHON É APOSTA PARA SOLUÇÕES E PROFISSIONAIS CRIATIVOS



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AO LEITOR

Consolidação de resultados Apesar de tantas adversidades neste momento complexo da economia e da política nacional, alguns segmentos do mercado conseguem obter resultados positivos. É o caso do agronegócio, que tem se consolidado como um pilar fundamental para o País nos últimos anos, resistente às intempéries da conjuntura econômica. Uma das razões que explica o bom desempenho do setor é o expressivo ganho de produtividade ocorrido na última década, em virtude de fortes investimentos em pesquisa, automação e novas tecnologias. Nesse sentido, as soluções de rastreabilidade têm ganhado grande destaque, pois atendem, de um lado, à necessidade das empresas por melhorias de gestão e, de outro, à crescente demanda dos consumidores em identificar a procedência dos alimentos. As ferramentas de rastreabilidade permitem registrar todo o manejo do produto e as etapas na cadeia produtiva até chegar à mesa do consumidor. A GS1 Brasil tem papel importante nesse cenário, auxiliando as empresas com soluções de rastreabilidade, como mostram os exemplos da matéria de capa desta edição. São ferramentas com grande potencial de adoção no mercado brasileiro e disponíveis para companhias de quaisquer portes, com benefícios comprovados. Falando em resultados positivos, a pesquisa “O Uso do Código de Barras no Brasil: Consumidores e Empresas”, realizada pela GS1 Brasil, mostrou que o brasileiro está bastante familiarizado com o código de barras e começa a perceber que sua utilidade vai além de consultar preços, com possibilidades de um uso mais amplo num futuro próximo. O levantamento está na segunda fase e os principais números podem ser conferidos nesta edição. Essa é uma importante conquista da entidade, que passa a desenvolver um estudo inédito e periódico, construindo uma série histórica para acompanhar o comportamento do consumidor e do empresário com relação ao uso do código de barras e tecnologias de automação. A iniciativa só reforça o trabalho da GS1 Brasil, que passou por várias transformações, em especial nos últimos três anos, como a mudança para a nova sede, as inaugurações do Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) e do Espaço do Conhecimento e a criação do Programa Sustentabilidade em Código. Além disso, a entidade conquistou maior visibilidade, com uma colocação mais proativa na comunidade da qual participa. Inclusive, a partir deste ano, a cada edição da Brasil em Código, os principais executivos da entidade apresentarão tendências e temas relevantes do setor na coluna Padrão de Qualidade. A CEO Virginia Vaamonde estreia a seção abordando a importância do consumidor na era digital. Todos esses passos são importantes para a GS1 Brasil oferecer soluções adequadas a diversos setores e portes de empresas, que se beneficiam com o uso da automação em seus negócios. Esse é o caminho que nossa gestão seguirá nos próximos anos, consolidando um trabalho tão importante no mercado brasileiro.

Foto: Paulo Pepe

Um forte abraço, João Carlos de Oliveira presidente


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comunicação

Rastreabilidade rende bons frutos ao agronegócio

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SUMÁRIO

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50 6 CURTAS 13 TENDÊNCIA 14 INSTITUCIONAL 32 PERFIL 38 GESTÃO 40 DIGITAL 44 PERDAS & GANHOS 46 RECURSOS HUMANOS 56 JOGO RÁPIDO 58 VAREJO 60 RADAR

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CAPA A rastreabilidade torna-se uma importante ferramenta para o agronegócio, setor que tem sustentado a economia brasileira nos últimos anos

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ENTREVISTA A professora da ESPM, Flávia Ávila, explica o conceito de Economia Comportamental

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INOVAÇÃO Empresas apostam em hackatons, as maratonas tecnológicas, para criar produtos e soluções diferenciados

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PESQUISA Estudo da GS1 Brasil mostra que o código de barras ganha novas utilidades no dia a dia das pessoas

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EVENTO Confira a cobertura

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CONSUMO Compras mais

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PADRÃO DE QUALIDADE

do XVIII Prêmio Automação, que está com nova identidade visual

racionais, alimentação saudável e pechincha são alguns dos novos comportamentos do consumidor

A nova seção da revista traz insights da GS1 Brasil para os negócios


CURTAS

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Acordo de cooperação Uma visita de representantes do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP) ao Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), realizada em novembro último, na sede da GS1 Brasil, celebrou o convênio entre as entidades para cooperação na divulgação de conhecimento sobre os padrões globais. A partir de agora, associados do CIESP têm livre acesso a informações, cursos e treinamentos para aproveitar, da melhor maneira, os padrões de automação baseados em soluções da GS1.

Diretoria renovada

Foto: Paulo Pepe

A GS1 Brasil acaba de renovar o mandato de sua diretoria e presidência para os próximos três anos. Em virtude dos avanços e inovações promovidos em gestões anteriores, João Carlos de Oliveira continua como presidente no triênio 2016-18, tendo como vice-presidentes Carlos Eduardo Severini, José Humberto Pires de Araújo, José Roberto Prado, Maria Eugenia Proença Saldanha, Wanderlei Saraiva Costa e Pedro Zidoi. No comando executivo da associação, Virginia Vaamonde segue como CEO, apoiada pelos diretores Charles Sampaio (financeiro); Roberto Matsubayashi (inovação e tecnologia); e Silveraldo Mendes (processos e atendimento). O conselho fiscal da entidade será formado por Eber Almeida Martins, Eliseu Scorsim e Sussumu Honda, que terão como suplentes Giampaolo Buso, Ivair Kautzmann e Nilson Malta.

A partir desta edição, a Brasil em Código trará as atualizações sobre a rotina do nadador paralímpico Daniel Dias, patrocinado pela GS1 Brasil. O atleta preparase para os Jogos Paralímpicos Rio-2016, comemorando várias conquistas. Entre elas, inúmeras vitórias nas etapas nacionais do Caixa Loterias, sete medalhas de ouro e uma de prata no Mundial de Glasgow (Escócia) e oito medalhas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (Canadá). Além disso, Daniel Dias recebeu o troféu de melhor atleta da natação paralímpica no Prêmio Paralímpicos 2015, promovido pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). E o calendário esportivo 2016 já começou para o nadador, que participou do Training Camp de Tenerife (Espanha). Por lá, competiu e ganhou duas medalhas de ouro e uma de prata em torneio local. Confira a história do atleta, campeão dentro e fora das piscinas, em www.gs1br.org/danieldias. 6 jan/fav/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Daniel Zappe/MPIX/CPB

Vitórias de Daniel Dias


Visita ilustre Fotos/Imagens: Thinkstock

No dia 19 de novembro, os alunos da 37ª turma dos Cursos de Capacitação em Práticas Administrativas e Práticas no Varejo, realizados pela Associação Nova Projeto em parceria com a GS1 Brasil, visitaram o Espaço do Conhecimento, apresentado pelo ex-aluno Uilliam Santos de Mello, que já foi colaborador temporário da GS1 Brasil. Também tiveram a oportunidade de conhecer o Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), finalizando a visita com um momento de confraternização. Vale lembrar que, no dia 16 de dezembro, ocorreu a formatura da 37ª turma dos cursos na sede da GS1 Brasil.

Reunião global Os CEOs da GS1, representando cerca de 20 países, estiveram reunidos com os líderes da entidade para discutir e revisar as estratégias globais da instituição no encontro denominado Advisory Council Meeting. Em 2016, a reunião, que ocorre anualmente, foi realizada em Nova York (Estados Unidos) entre os dias 12 e 15 de janeiro. A CEO da GS1 Brasil, Virginia Vaamonde, esteve presente, representando as visões da instituição no País.

Rastreabilidade na saúde O professor titular de automação da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e coordenador do Grupo de Automação Elétrica em Sistemas Industriais (GAESI), Eduardo Mario Dias, está desenvolvendo um projeto-piloto de rastreabilidade de medicamentos no Hospital das Clínicas (HC), na capital paulista. “A ideia é mostrar, na prática, como funciona a rastreabilidade, apontando dificuldades e desafios, para que outros hospitais possam utilizar essa experiência”, conta Dias. Segundo ele, a principal meta é evitar o desvio de medicamentos e garantir a autenticidade. O projeto teve início em 2015 e envolve fornecedores, distribuidores e redes de farmácias. O laboratório Libbs também assinou um protocolo de cooperação, representando, assim, as necessidades da indústria. A GS1 Brasil, por sua vez, auxiliará na escolha dos padrões de identificação e comunicação utilizados. “O processo ainda está em discussão e esperamos escolher a melhor forma para uma comunicação única entre os players envolvidos”, finaliza Dias. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 7


CURTAS

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Cientes dos riscos

Troca de experiências Todos anos, a GS1 promove o Global Forum com o objetivo de alinhar a estratégia da organização, inspirar e fortalecer as equipes que trabalham na entidade em todo o mundo. A próxima edição do evento ocorre de 22 a 26 de fevereiro, em Bruxelas, na Bélgica, e representa uma boa oportunidade para os 600 participantes trocarem experiências e conhecerem as melhores práticas mundiais de padronização. A equipe da GS1 Brasil marca presença no Global Forum, desta vez compartilhando resultados sobre a implantação do CRM e a crescente exposição de suas iniciativas na mídia brasileira.

O Brasil está no caminho certo na cultura de gerenciamento de riscos. É o que aponta a Pesquisa Global da Zurich, feita com 200 executivos de pequenas e médias empresas (PMEs) instaladas no País. Com relação ao ano anterior, reduziu-se pela metade o número de gestores que não acreditam que a empresa corra algum risco – 11% contra 22% em 2014. “O empresariado está se tornando mais consciente de que danos involuntários podem acontecer a qualquer momento, e a tendência é que se tornem mais precavidos”, analisa o diretor de linhas comerciais da Zurich Brasil, Paulo Alves.

Executivos do setor supermercadista reuniram-se para um brunch no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT), da GS1 Brasil, no dia 11 de novembro. “Nosso objetivo foi o de apresentar o CIT, bem como o Espaço do Conhecimento, para esses profissionais”, conta a assessora de comunicação da entidade, Sabrina Savioli. Estiveram presentes supermercadistas ligados a associações de vários locais do País: Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Acre, Brasília, Sergipe, Paraíba e Tocantins. Além deles, compareceram profissionais representantes de redes associativistas, como a Bom Dia, Nordeste, Parceria e RedeCen.

8 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Fotos: Divulgação

Encontro de supermercadistas


De olho na origem Uma pesquisa realizada pela iCabelos, e-commerce do setor de beleza, aponta que 96% de suas consumidoras preocupam-se com a origem dos produtos que utilizam, desde os ingredientes que constituem a fórmula até mesmo a maneira como eles são testados. “Diante da grande oferta de produtos e da facilidade de se adquirir informação sobre eventual dano ao meio ambiente ou a animais testados, além do possível risco à saúde por usar determinados produtos ofensivos ao cabelo ou pele, as consumidoras estão cada vez mais exigentes”, afirma a CEO da iCabelos, Danielle Fernandes.

Desafios da indústria da moda A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) promoverá seu primeiro congresso internacional, nos dias 1º e 2 de junho, no WTC Events Center/Sheraton São Paulo, na capital paulista. No evento, serão discutidos temas, como perspectivas de macroeconomia para o Brasil e o mundo, tendências de varejo, cases de sucesso do setor de moda, inovação em materiais, processos e modelos de negócios. Em continuidade à parceria com a ABIT, a GS1 Brasil participará de um dos painéis do congresso, contribuindo com informações sobre como a automação pode auxiliar nos processos das empresas do segmento têxtil.

Tendências no consumo O Consumer Goods Forum (CGF) e a Capgemini divulgaram os resultados do relatório “Repensando a Cadeia de Valor: Novas Realidades da Colaboração nos Negócios”. O levantamento destaca três prioridades para o setor de bens de consumo: engajamento do consumidor (participar de um diálogo honesto com o público, fortalecendo sua confiança em nosso setor); transparência (manter o público informado sobre o tipo e rastreabilidade dos ingredientes, nutrientes e origem dos produtos); e distribuição (reconsiderar a premissa de que a distribuição para lojas e consumidores seja uma área na qual as empresas operam independentemente umas das outras). [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 9


CURTAS

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Caminho para capacitação O programa Trilha do Conhecimento é uma experiência de aprendizado diferenciada que a GS1 Brasil proporcionará aos seus associados. “O projeto tem início neste ano. Em 2015, ouvimos as percepções dos associados e, a partir daí, fizemos todo o planejamento”, comenta a gerente de educação da GS1 Brasil, Flávia Costa. Com base nesse levantamento, serão desenvolvidas ações envolvendo múltiplos temas e formas de aprendizagem, como cursos, palestras e ações pela web. Os conteúdos serão transmitidos por colaboradores da GS1 Brasil e especialistas do mercado, reconhecidos em suas áreas. “Assuntos como gestão, inovação, internet das coisas e tendências serão incorporados aos temas técnicos referentes aos códigos de barras, EPC/RFID e rastreabilidade. Queremos fazer a diferença para o associado, contribuindo com a sua capacitação profissional”, finaliza Flávia.

Conexão Portal GS1 Brasil Programa Sustentabilidade em Código

Em 2015, para fortalecer a atuação dos seus associados no mercado, a GS1 Brasil lançou o Programa Sustentabilidade em Código, que agrega valores e práticas sustentáveis aos negócios por meio dos padrões globais. Agora, no portal da entidade, há um espaço exclusivo e dedicado ao tema. “Esse será um canal estratégico de comunicação e divulgação para todos os nossos stakeholders sobre as iniciativas relacionadas ao programa”, destaca o analista de sustentabilidade da GS1 Brasil, Herbert Kanashiro. As páginas são segmentadas por temas que compõem o conceito da sustentabilidade, como governança, desenvolvimento social, ambiental e econômico. “Com esse espaço, esperamos reforçar ainda mais nossos valores, cultura organizacional e compromisso com o aperfeiçoamento contínuo da nossa gestão e o desenvolvimento sustentável da sociedade”, finaliza Kanashiro. Para mais informações, acesse www.gs1br.org/sustentabilidade.

Fique conectado no

www.gs1br.org

10 jan/fav/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


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CURTAS

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Pagamento móvel O Gartner Inc., empresa que atua na área de pesquisa e aconselhamento sobre tecnologia, afirma que os pagamentos móveis estão conquistando cada vez mais a aceitação entre os consumidores na América do Norte, Japão e em alguns países da Europa Ocidental. De acordo com o Instituto, espera-se que, até 2018, metade dos consumidores dos mercados maduros use smartphones ou tecnologias wearables (vestíveis) para realizar pagamentos.

Na era digital Todos os anos, quase 20% dos trabalhadores em todo o mundo mudam de emprego. E 55% dessas pessoas encontram novas posições por meio de sites de busca de emprego na internet. Essa é a conclusão do novo relatório produzido pelo The Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o Recruit Works Institute, que ressalta as mudanças radicais que a internet trouxe para o mercado de recrutamento. No Brasil, a maioria (cerca de 34% dos entrevistados) também aponta a internet como o melhor caminho na hora de procurar uma nova vaga.

Acesso ilimitado O número de pessoas que usa o smartphone com acesso à internet no Brasil chegou a 76,1 milhões no terceiro trimestre de 2015. O ritmo de crescimento da posse de smartphones em 2015 foi de mais de 1 milhão de pessoas por mês, segundo a Nielsen IBOPE. De acordo com a pesquisa, 51% dos usuários têm o aparelho há mais de um ano. E, dos 76,1 milhões que atualmente já usam a internet no smartphone, 5% querem trocar o aparelho dentro de um mês e 12% desejam um novo entre um e três meses.

Cartão de crédito em alta Segundo pesquisa da Nielsen “O Consumidor e as Formas de Pagamento no Brasil – Oportunidades para o Mercado de Cartões”, no primeiro semestre de 2015, o uso de cartões de crédito no Brasil ganhou 2,5 milhões de novos lares. Já a utilização de cartões de débito também merece destaque, visto que mais de 3 milhões de novos lares usufruem dessa forma de pagamento devido à praticidade oferecida pelas operadoras. Hoje, o uso de cartões de débito e crédito já representa 23,7% do valor total gasto com compras de alimentos, bebidas, produtos de limpeza e higiene em todo o Brasil. 12 jan/fav/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Foto/Imagem: ABRAS/Nicola Labate/ThinkStock

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[ TENDÊNCIA

A evolução do varejo Da Redação

Phil Lempert, o guru dos supermercados, aponta as tendências para o setor em 2016 Há quase três décadas, o norte-americano Phil Lempert dedica-se ao estudo do comportamento do consumidor, tendências de marketing e de varejo. Autor de livros e palestrante, esteve no Brasil em 2015, em evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS). Nos Estados Unidos, ele colabora com várias publicações da mídia impressa, rádio e televisão, sempre com foco no segmento alimentício. Além disso, divulga suas análises no portal www.supermarketguru.com. Todos os anos, Lempert escreve suas previsões para ajudar os varejistas a compreender as oportunidades futuras. Recentemente, ele falou com a Brasil em Código sobre as principais tendências para 2016. Confira a seguir:

Geração Y Os jovens da geração Y iniciaram suas carreiras profissionais mais tardiamente do que os baby boomers (nascidos entre as décadas de 1940 e 1960), mas, agora, começaram a ganhar seu próprio dinheiro e a sair da casa dos pais. Esses jovens consomem de maneira peculiar. Por exemplo: para eles, não há diferença entre a compra on-line e na loja física. Nove entre dez preparam o jantar em casa três ou mais vezes por semana. Quase três quartos dizem que querem ser um melhor cozinheiro e estão de olho na internet e nas redes sociais em busca de inspiração para as receitas. Esse cenário representa uma oportunidade aos supermercados, que podem construir um relacionamento com esse público fornecendo informação por meio de aulas de culinária, vídeos on-line, etc.

Do jeito do consumidor Os conceitos de segmentação e personalização continuam crescendo, mas será preciso dar um passo além, pois os consumidores esperam que os varejistas consigam inspirá-los. Nos próximos anos, as pessoas se tornarão ainda mais seletivas e continuarão a buscar uma alimentação saudável, melhorando, inclusive, suas habilidades culinárias. Assim, os varejistas que trabalham com alimentos terão de oferecer uma espécie de curadoria de suas ofertas e entender, de fato, os desejos dos clientes. Isso é fundamental para permanecer nessa área e competir com as lojas on-line, que continuam a aprimorar as ofertas com base nos históricos de compras.

Comida em casa A tendência de pedir comida delivery só aumentará. Pessoas de todas as faixas etárias estão dispostas a pagar mais por esse serviço. Para se ter uma ideia, mais de US$ 500 milhões foram investidos em empresas startups de entrega de alimentos, em 2014, nos Estados Unidos. Chama a atenção o aumento de pedidos como kits de refeições que não geram resíduos e refeições em porções mais equilibradas e saudáveis. Os supermercadistas precisam ficar de olho nesse movimento.

Uma nova maneira de comer Hoje a internet tornou-se a principal fonte para as pessoas se informarem a respeito de dietas, nutrição e problemas de saúde. Quase 50% da população nos Estados Unidos acredita que sua alimentação poderia ser mais saudável. Essa tendência continuará. Em 2016, surgirão novos tipos de proteínas, mais sustentáveis e acessíveis do que produtos de origem animal, como algas, nozes, etc. A ênfase será em utilizar menos ingredientes e mais produtos livres de hormônios, de transgênicos ou de componentes artificiais.

Tecnologia para crescer A tecnologia continua a afetar o varejo alimentar, mas, com tantas soluções que inundam o mercado, algumas delas não são tão confiáveis. Assim, os varejistas devem ter certeza de que possuem informações precisas e relevantes em seus sites e aplicativos, de forma que os clientes não precisem ir buscá-las em outras fontes. A oportunidade de manter um relacionamento com o cliente virá por meio da informação, de serviços e de capacitação. Agora, mais do que nunca, é preciso preparar os funcionários da loja com informações e tecnologias que possam responder às perguntas dos clientes. A ideia é que a loja crie uma experiência na compra de alimentos, com degustações e aulas, por exemplo. 7 898357 410015

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INSTITUCIONAL

o ã ç uca Foto/Imagens: Thinkstock

Ed

Por Kathlen Ramos

Associados da GS1 Brasil podem beneficiar-se de programa gratuito que visa transmitir conhecimentos fundamentais para a gestão empresarial O programa de educação GS1 Vai até Você está de cara nova. No ano passado, essa ação foi reformulada, ganhando um novo nome – GS1 Atualiza. Junto com a nova denominação vieram mais benefícios, que devem se estender ao longo de 2016 para os associados. A essência do programa, que é a de oferecer mais conhecimento aos profissionais, foi mantida. E, com base em uma pesquisa realizada com as empresas associadas à entidade, foi definido um novo formato. Uma das mudanças marcantes está no conteúdo ainda mais assertivo para as necessidades dos participantes. “Antes, levávamos informações sobre o Sistema GS1, mas, no ano passado, inovamos com conteúdo de interesse do empreendedor. Para chegarmos aos melhores temas, fizemos uma pesquisa 14 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

para identificar as necessidades dos associados”, resume a assessora de comunicação e eventos da GS1 Brasil, Poliana Nogueira. Em 2015, foram promovidos cinco eventos ministrados por importantes profissionais. As palestras de gestão financeira, por exemplo, ficaram sob a responsabilidade do economista com mais de 20 anos de experiência, sócio da Investmate e membro do comitê de investimentos da More Invest, Marcelo de Libero D’Agosto. “A GS1 Brasil acertou nessa ação, pois os participantes, além de tirar dúvidas sobre as soluções relacionadas à automação, puderam aprimorar seus negócios sob diversas esferas”, resume D’Agosto, que também é autor da coluna e do blog “O Consultor Financeiro”, do jornal Valor Econômico. “Nas minhas palestras, além de esclarecerem ques-

tões sobre gestão financeira e terem a oportunidade de debater como o atual momento do País pode afetar suas empresas, os participantes tiveram um momento importante de networking”, avalia. O economista pondera que esses encontros são fun-

Alma Flora, da Trajetória RH Participantes puderam interagir e, assim, ampliar seu modo de pensar e agir


Marcelo D’Agosto, da Investmate

Foto: Cristine Pires

Palestras tiveram foco na gestão financeira e no momento econômico do País

Foto: Divulgação

Kleber Pinto, da GS1 Brasil Especialista apresentou tendências de comunicação e marketing digital, mostrando ideias simples e práticas

damentais para o pequeno empresário ter uma visão global do negócio e do mercado em que atua. Já o tema gestão de pessoas foi abordado pela psicóloga com mais de duas décadas dedicadas à área de recursos humanos e diretora da empresa Trajetória RH, Alma Flora. Ela acredita que o GS1 Atualiza foi extremamente importante, porque apresentou assuntos pertinentes ao negócio, considerando as tendências do mercado mundial. Assim, o programa estimulou a troca de experiências dos empreendedores, fazendo com que eles percebessem que as dificuldades e facilidades que

enfrentam no cotidiano são muito parecidas. “Nessa interação, puderam ampliar seu modo de pensar e agir”, analisa Alma. Por fim, o jornalista e assessor de comunicação digital da GS1 Brasil, Kleber Pinto, ministrou as palestras sobre marketing digital, área na qual é especialista. “Como nós da GS1 Brasil atuamos de forma multissetorial, pudemos compartilhar tendências de comunicação, levando ideias simples e práticas para que os associados possam aplicar em seus negócios e trabalhar a visibilidade de suas marcas e a geração de oportunidades.”

Outro diferencial do programa foi a transmissão das palestras via webinar para os profissionais que não puderam estar presentes no local dos eventos. No ano passado, cerca de 450 participantes acompanharam as palestras pela web e quase 100 pessoas no modo presencial, gerando um resultado bastante satisfatório. Para 2016, o GS1 Atualiza deve acontecer nas cidades de Campinas (SP), Porto Alegre (RS), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE). Os interessados em participar podem enviar um e-mail para eventos@gs1br.org. 7 898357 410015

Uma das associadas que se beneficiou com o GS1 Atualiza foi a gaúcha Gabriela Dias (foto), 32 anos, que sempre busca aprimoramento profissional para administrar sua empresa, a Tutti Temperos. “Fiquei encantada com a qualidade de informações, organização do evento e a simpatia como fui recebida. Me senti fazendo parte da família GS1 Brasil e presenciei a preocupação dos organizadores em trazer para minha cidade, Porto Alegre, um evento de qualidade em todos os sentidos. A quem ainda não frequenta os eventos da GS1 Brasil, sugiro que comece a participar”, aconselha a empreendedora. Ela criou a Tutti Temperos há menos de um ano para ajudar o pai hipertenso e vítima de um infarto a ter uma dieta menos restritiva e mais saborosa. Assim, desenvolveu uma linha de temperos com base no sal light (com baixo teor de sódio). Logo no início do empreendimento, hoje patenteado, Gabriela resolveu investir na automação. O primeiro passo foi associar-se à GS1 Brasil e adotar o código de barras. A partir daí, a Tutti Temperos ficou apta a atender grandes varejistas, a exemplo do Zaffari Supermercados, e também pontos de vendas menores. “Buscamos um investidor que queira apostar no negócio, especialmente na estrutura de produção e logística”, conta a empresária. Hoje, a produção da Tutti Temperos é de 10 mil unidades, com capacidade para chegar a 30 mil.

Foto: Cristine Pires

CAPACITAÇÃO GARANTE CRESCIMENTO


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[ENTREVISTA

Arquitetura da decisão Por Ticiana Werneck

Já ouviu falar em Economia Comportamental? Os estudos nessa área ajudam as empresas a entender os fatores conscientes e inconscientes que guiam as escolhas dos consumidores O ser humano toma decisões a todo momento, das mais simples – como qual caminho pegar para ir para casa – até as mais complexas – decidir fazer uma viagem internacional ou comprar um imóvel. O que muitos desconhecem é que existe um campo de estudo relativamente novo, a Economia Comportamental, que analisa as influências cognitivas, sociais, contextuais e emocionais na maneira como as pessoas fazem escolhas. Flávia Ávila, entusiasta do tema, é mestre em Economia Comportamental pelo CeDEx group (Centre for Decision Research and Experimental Economics), da Universidade de Nottingham, Inglaterra, um dos principais centros de pesquisa em ciências comportamentais e experimentais da Europa. Atualmente é professora da ESPM, consultora e doutoranda em Economia pela Universidade de Brasília (UnB). Possui mais de dez anos de experiência em estudos experimentais sobre o comportamento humano, individual ou em grupo, e vem dedicando-se a propagar o tema. Recentemente, coordenou, ao lado de outros professores, o primeiro Guia de Economia Comportamental e Experimental do País, disponível gratuitamente na web. Em 15 dias, a publicação alcançou mais de 2 mil downloads. O conceito, ainda pouco difundido no Brasil, usa experimentos controlados à neurociência e a outros métodos empíricos para testar e medir quais, como e quantos fatores psicológicos, sociais e contextuais afetam uma tomada de decisão. “Nosso objetivo é difundir a área e suas metodologias no Brasil, pois acreditamos que o País ainda tem muito

16 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

a se beneficiar com seus estudos e aplicações, em todas as esferas”, explica Flávia. Saiba mais sobre esse conceito na entrevista a seguir: BRASIL EM CÓDIGO O que é Economia Comportamental? FLÁVIA ÁVILA É uma ciência baseada, principalmente, em estudos empíricos controlados, que investigam as diversas questões que impactam o momento de uma escolha e suas consequências. É uma nova forma de olhar o comportamento humano, as nuances e fatores que guiam esse fluxo – muitas vezes inconsciente. Estudos têm fortalecido essa área ao mostrar, com dados reais, de que forma os detalhes que até então passavam despercebidos podem alterar, e muito, o resultado de uma escolha – seja de uma escova de dente, seja de um serviço financeiro. Essas são descobertas significativas. As pesquisas também apontam como a arquitetura de uma escolha, a forma como diferentes opções de produtos são posicionadas e o contexto ao seu redor são fatores importantes em uma decisão. Grandes empresas acham que precisam de soluções complexas para estimular consumidores, quando, na verdade, em muitos casos, basta um pequeno detalhe. As escolhas são feitas de forma muito simples e podem ser guiadas por uma sensação de benefício imediato, uma comparação rápida com outro produto ou uma lembrança nada relacionada com aquele momento. Esses fatores têm sido estudados de forma profunda na Economia Comportamental.


Fotos: Divulgação

“As escolhas são feitas de forma muito simples e podem ser guiadas por uma sensação de benefício imediato ou uma comparação rápida”


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ENTREVISTA

“No Brasil, projetamos uma maior adesão do conceito por parte do setor público, serviços financeiros, saúde, bens de consumo e agências de publicidade”

BC Como tem sido a aplicação dessa teoria no Brasil e no mundo? FA Após meu mestrado no Reino Unido, onde a Economia Comportamental é bastante difundida, retornei ao Brasil em 2013 e percebi o quanto essa área ainda era incipiente por aqui. Suas aplicações têm sido vinculadas, quase em sua totalidade, à área de educação financeira, na qual um belo trabalho tem sido feito. No entanto, poucos conhecem tudo que ela abrange e o impacto que pode ter em outros setores. Lá fora, os estudos estão adiantados. Desde 2010, o governo do Reino Unido mantém o Behavioural Insights Team, uma unidade especial dedicada a

aplicar a ciência comportamental a serviços públicos. Os Estados Unidos também já têm, há vários anos, um time de ponta com esse foco. A importância que tem sido dada à área é tão grande que, em setembro de 2015, o presidente Barack Obama assinou um decreto que institui a ciência comportamental como diretriz para políticas públicas e gestão governamental. No ano passado, a área teve outra conquista importante – o relatório anual do Banco Mundial foi exclusivamente sobre o tema. Além disso, hoje, as principais universidades norte-americanas e europeias possuem grupos de pesquisa e laboratórios dedicados a essa área e recebem investimentos enormes para aumentar o espectro de conhecimento. BC Poderia citar alguns exemplos práticos de como as empresas podem aproveitar esse conceito? FA Estudos realizados pelo governo dos Estados Unidos já renderam alterações, pequenas e grandes, em muitas estratégias. Um bom exemplo é a mudança feita no formulário para adesão à previdência privada. O texto do formulário foi mudado, alterando apenas uma palavra (“Marque X se quiser aderir o plano” para “Marque X se não quiser aderir o plano”) e a taxa de aceitação passou de algo em torno de 20% para 80%. Vemos repetidas vezes que uma simples reformulação na comunicação, ou uma diminuição da carga de informação, é capaz de alterar um

18 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

padrão de resposta, mudando a arquitetura usada para a decisão. BC O que já é possível saber sobre o processo de decisão? FA Temos uma tendência de tomar decisões que nem sempre maximizam o retorno. Por exemplo, mesmo querendo fazer uma escolha racional, baseada numa análise de custo e benefício, acabamos escolhendo em função do tempo e da praticidade. A Economia Comportamental mostra outros aspectos que agem no momento da definição e novos insights surgem. Pequenas nuances e fatores influenciam a decisão. Sempre que temos base de comparação de algo, fica a dúvida. Se o produto ao lado é parecido, mas o preço é diferente, a mente já traça uma comparação. Se há mais opções, a pessoa tende a ficar indecisa. Se há menos fatores influenciando a decisão, ela é tomada de forma mais confortável. Isso acontece em relação a um cartão de crédito, plano de saúde, geladeira ou xampu. A sobrecarga de informação desvia a atenção. Na Economia Comportamental, há quase um consenso de que, quando se facilita a decisão de um produto específico, dando poucas opções, as vendas tendem a aumentar. BC Lá fora, este conceito vem sendo aplicado em empresas de quais segmentos e portes? Como imagina a adesão aqui no Brasil? FA Vejo uma maior adesão por parte do setor público, serviços finan-


ceiros, saúde e bens de consumo. Sem contar as consultorias e agências de publicidade que têm aumentado de forma impressionante. Lá fora, é muito comum grandes empresas terem áreas dedicadas à Economia Comportamental, e algumas, inclusive, defendem a necessidade da criação do cargo CBO, Chief Behaviour Officer. Acredito que no Brasil a adesão aumentará bastante nos próximos anos em to-

dos esses setores, e esperamos que o Guia contribua significativamente para acelerar essa virada. BC Na sua visão, qual o principal benefício da Economia Comportamental? FA Ela é uma forma diferente de ver um problema, o que impacta diretamente nas possíveis soluções e estratégias que são implementadas. A Economia Comportamental também enfatiza

a cultura de “testar, medir e aprender” nas organizações. Ao conhecer melhor como funciona a arquitetura da decisão, suas causas e efeitos, a empresa pode se comunicar melhor, de forma mais intuitiva e com menos ruído. Os resultados obtidos com experimentos podem ser insumos importantes para a decisão de mudar o posicionamento estratégico de um produto, por exemplo, diminuir a carga de informação e as opções disponíveis. 7 898357 410015

O paradoxo da escolha A forma como lidamos com escolhas e decidimos a melhor opção também intriga o economista e psicólogo americano Barry Schwartz, que há mais de dez anos lançou o livro O Paradoxo da Escolha – Por Que Mais é Menos. “A variedade de escolhas em nossa cultura de consumo é positiva. No entanto, quando extrapola os limites da normalidade, deixa de ser fonte de libertação e autonomia e passa a ser fonte de fraqueza”, observa. Para ele, o crescimento do universo de escolhas tornou-se, paradoxalmente, um problema, e não uma solução. Ele trata das escolhas com que nos deparamos em todas as esferas da vida: educação, carreira, amizade, sexo, relações amorosas, criação dos filhos, práticas religiosas e consumo em geral. “Assim como poucas opções podem nos angustiar, muitas alternativas também. Uma sobrecarga de alternativas pode nos paralisar e reduzir nossa satisfação.” Isso porque há a angústia de não estar fazendo a “melhor escolha” e estar desperdiçando uma ótima oportunidade. O truque para evitar essa cilada para o consumidor é limitar o número de opções e focar no que é realmente importante – ressaltando os aspectos positivos, e não negativos, da escolha. O próprio Barry Schwartz não se considera um economista comportamental, mas, na visão de Flávia Ávila, os estudos e as análises do psicólogo americano corroboram com as descobertas desse campo de estudo.

O primeiro Guia de Economia

Comportamental e Experimental

lançado no Brasil está disponível gratuitamente no site www.economiacomportalmental.org. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 19


Fotos/Imagens: Thinkstock

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[ CAPA

Plantando automação, colhendo lucro s Por Kathlen Ramos

O agronegócio é um dos pilares da economia brasileira, até mesmo em tempos de crise. Nesse cenário, investimentos em tecnologia, produtividade e rastreabilidade têm feito a diferença para empresas que atuam no setor

20 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Em um momento de grande volatilidade econômica e política, realizar projeções para um setor tão complexo como o agronegócio não é tarefa simples. Aliás, estimativas num cenário de crise podem representar grandes riscos. Mas, dentro dessa realidade, há um fato incontestável: o segmento agrícola brasileiro tem se consolidado como um pilar fundamental para o País nos últimos anos, apesar das adversidades. Há números que comprovam essa força. Segundo dados do Ministério da Agricultura, o agronegócio representou 45,9% da balança comercial do País no acumulado entre dezembro de 2014 e novembro de 2015. O percentual é maior do que o registrado no ano anterior, quando a participação foi de 43%. Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA), da Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), aponta que o agronegócio responde por 22,54% do Produto Interno Bruto (PIB), considerando as áreas de insumos e máquinas, a produção propriamente dita, o beneficiamento e a industrialização, a distribuição e o transporte. O setor emprega cerca de 25 milhões de pessoas.

“Se não fosse o agronegócio, estaríamos com déficit na balança de pagamentos. Com a indústria e a mineração em baixa, estaríamos vivendo uma inviabilidade total do País”, avalia o coordenador do núcleo de agronegócio da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM/SP), José Luiz Tejon Megido. Na visão do presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG), Luiz Carlo Corrêa Carvalho, é possível afirmar que o agronegócio tem sustentado a economia brasileira nos últimos anos, com destaque para as exportações. “A desvalorização do real frente ao dólar ajudou sobremaneira, pois o custo de produção da safra 2014/2015 foi feito a um câmbio bem inferior”, justifica Carvalho. E, de fato, de acordo com o Ministério da Agricultura, as exportações brasileiras do agronegócio têm potencial de aumentar US$ 1,9 bilhão ao ano com a conquista e a reabertura de mercados alcançadas no ano passado, como Rússia, China, Argentina, Iraque, Irã, Japão, Arábia Saudita e Estados Unidos, por exemplo. A carne bovina foi o principal destaque nas vendas ao mercado externo. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 21


CAPA

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Uma das razões que explica o bom desempenho do agronegócio brasileiro na última década é o expressivo ganho de produtividade. Isso foi obtido graças ao trabalho de pesquisa conduzido, em especial, pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), que

teve início na década de 1970 e permitiu o desenvolvimento de uma genuína agricultura tropical. “Há casos de fazendas onde a produtividade de soja por hectare supera a dos Estados Unidos”, aponta Carvalho, da ABAG. “Em paralelo, em algumas culturas, como no caso do milho, obter

até duas safras por ano só fez aumentar a produtividade, impulsionando ainda mais o agronegócio”, complementa. TECNOLOGIA NO CAMPO O ganho de produtividade também foi alcançado por meio de investimentos em automação e

ENTENDA A RASTREABILIDADE NO AGRONEGÓCIO As soluções de rastreabilidade oferecidas pela GS1 Brasil garantem a visibilidade do produto de ponta a ponta, do campo ao consumidor final. Dessa forma, as empresas podem acompanhar a trajetória de seus produtos a qualquer momento. Os códigos e padrões que propiciam a rastreabilidade são o GS1 DataBar, aplicado para produtos frescos e processados; o GS1-128, que identifica uma unidade logística (caixa ou palete); e a RFID, para rebanhos. A rastreabilidade de produtos agrícolas não é mais complexa do que para outros itens, como muita gente acredita. Um dos grandes desafios é manter os registros e os históricos de tudo o que acontece no campo. “Um processo de rastreabilidade é eficiente quando possibilita identificar a origem de um problema”, reforça o assessor de soluções de negócios da GS1 Brasil, Nilson Gasconi. Segundo ele, a rastreabilidade pode ser aplicada tanto por pequenas quanto grandes empresas, porém, deve-se ana-

22 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

lisar a viabilidade e situação da organização. Isso porque o processo envolve o investimento em processos padronizados, a escolha da opção tecnológica mais adequada para a realidade da empresa e a utilização de padrões internacionais para identi-

ficação do produto. “O tempo e o custo de implantação variam de acordo com o item que será rastreado, com a velocidade que a empresa necessita das informações e complexidade da cadeia na qual a empresa está inserida”, pondera Gasconi.


RECALL DE ALIMENTOS

No Brasil, fala-se bastante em recall no setor automotivo, mas uma norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), em vigor desde o dia 6 de dezembro de 2015, promete aprimorar a segurança do consumidor com relação aos alimentos produzidos no País. A resolução RDC 24/2015, publicada em 9 de junho do ano passado, determina como as empresas produtoras de alimentos devem proceder em caso de identificação de risco e necessidade de realizar o recall de produtos no mercado. Uma das inovações é que a norma define que as empresas façam a rastreabilidade dos seus produtos para garantir o recolhimento de um alimento quando necessário. Para isso, é preciso manter registros que identifiquem a origem e o destino das mercadorias. De acordo com dados do Boletim Saúde e Segurança do Consumidor 2015, do Ministério da Saúde, no último ano foram realizadas 120 campanhas de recolhimento de produtos no Brasil, sendo apenas seis referentes a alimentos. No mesmo período, os Estados Unidos registraram 396 processos de recolhimento, sendo 278 somente de alimentos. “Um processo de recall eficiente transmite segurança para o consumidor. Num futuro próximo, este será um grande diferencial das organizações”, destaca Nilson Gasconi, da GS1 Brasil. Aliás, a entidade participou de todo o processo de discussões e apoia o cumprimento da legislação, já que seus padrões de identificação de produtos e soluções de

rastreabilidade de alimentos são os mais usados pelos produtores. Em novembro do ano passado, por exemplo, a GS1 Brasil promoveu, em sua sede na capital paulista, um seminário sobre o tema, que contou com a presença da gerente de Inspeção e Controle de Risco de Alimentos da ANVISA, Thalita Antony de Souza Lima. Na ocasião, ela frisou que a Agência busca modernização e melhorias nas práticas de regulação. “O recall de alimentos é uma prática adotada mundialmente e recomendada pela Organização Mundial da Saúde. Até então, no Brasil, não havia mecanismos nem controles de rastreabilidade na área de alimentos. Portanto, acreditamos que o principal ganho dessa norma é trazer medidas efetivas por parte das empresas para conseguir reduzir os riscos para os consumidores.” De acordo com Thalita, a RDC 24/2015 não especifica qual sistema de rastreabilidade as empresas devem adotar, mas considera os padrões GS1 uma possibilidade, por ser um sistema reconhecido internacionalmente. A ANVISA prepara um manual para esclarecer dúvidas sobre o assunto, que estará disponível no portal www.anvisa.gov.br.

Legislação traz mais responsabilidade para as empresas e menos riscos aos consumidores

Foto: Denise Turco

Thalita de Souza Lima, da ANVISA

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 23


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Foto: Paulo Pepe

Giampaolo Buso, da PariPassu Rastreabilidade gera impactos positivos no negócio, inspirando a busca por melhores resultados

Foto: Paulo Pepe

novas tecnologias. Uma delas é a utilização do sistema de gerenciamento de informações a partir do uso da tecnologia de referenciamento e posicionamento, como o GPS (do inglês, Global Positioning System), e de soluções de sensoriamento remoto. “Essas ferramentas permitem aplicar os insumos – fertilizantes, defensivos, água, etc. –, de acordo com as necessidades de pequenas áreas dentro da propriedade. Com isso, além de potencializar a produção e aumentar a produtividade, se reduz a utilização desnecessária de insumos”, explica Carvalho. Outras ferramentas que ganham destaque são aquelas que conseguem agregar indicadores para a empresa, como, por exemplo, automação dos controles de qualidade, rastreabilidade do fluxo do produto, controle dos manejos de campo integrados com informações de uso dos defensivos agrícolas, etc. “Essas informações são

coletadas por meio de softwares e hardwares adequados, e tratadas para a geração de inteligência”, diz o diretor comercial da PariPassu, empresa que desenvolve soluções para a rastreabilidade de alimentos, Giampaolo Buso. Desse modo, essas soluções têm impacto positivo no negócio, inspirando a busca de melhores resultados. Dentre essas alternativas, a rastreabilidade ganha destaque, pois atende, além de uma necessidade das empresas por melhorias de gestão e expansão, uma nova demanda dos consumidores que desejam, cada vez mais, identificar a procedência dos alimentos. As ferramentas que possibilitam fazer a rastreabilidade permitem registrar todo o manejo e origem do produto, desde o plantio/criação até o consumidor final, construindo, assim, um histórico robusto de informações sobre o alimento. “Entre as vantagens estão o aumento da ca-

Nilson Gasconi, da GS1 Brasil Um processo de rastreabilidade é eficiente quando é capaz de identificar a origem de um problema


AGRONEGÓCIO: CENÁRIO E PERSPECTIVAS SOJA

O País consolidou-se como um dos principais fornecedores mundiais do complexo soja (grão, óleo e farelo). A importância desta atividade agrícola está ligada à produção de carnes, uma vez que o farelo é a base para a formulação de ração animal. CANA-DE-AÇÚCAR, AÇÚCAR e ETANOL

As restrições na oferta mundial de açúcar, somadas à recuperação dos preços do produto, com um câmbio mais favorável às exportações, associado a um mercado de combustíveis ainda com uma boa demanda interna, propiciarão uma recuperação das condições de rentabilidade dos produtores.

MILHO

O País atende o mercado externo e interno com o produto. Em 2014, foi o segundo maior exportador de milho e terceiro maior produtor global do cereal. ARROZ

O hábito do brasileiro de se alimentar diariamente com arroz coloca o País na nona posição entre os países produtores e na décima, entre os consumidores. FEIJÃO

CAFÉ

A produção brasileira de café na safra 2015/2016 apresentou queda pelo terceiro ano consecutivo. Nos dois últimos anos, isso ocorreu devido à grave seca de 2014. Nos próximos dez anos, estima-se que a produção evolua à taxa de 2,8% ao ano.

Apesar de ser um produto voltado essencialmente para o mercado interno, as perspectivas econômicas pessimistas para o País nos próximos anos terão pouco impacto na demanda por esse alimento diário do brasileiro. ALGODÃO

CELULOSE

A indústria nacional é, historicamente, competitiva com relação aos concorrentes internacionais, pois o clima favorável e a tecnologia de ponta aqui desenvolvida permitem que o Brasil detenha a maior produtividade do mundo.

O Brasil figura entre os cinco maiores produtores mundiais e é o terceiro maior exportador. A produção ocupa, hoje, o Centro-Oeste e a região agrícola conhecida por MAPITOBA, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.

Fonte: Outlook FIESP 2025 – Projeções para o agronegócio brasileiro.

pacidade de gerenciar o risco por meio de uma rápida detecção e remoção de produtos, compartilhamento de informações exatas do alimento e recalls mais eficientes, propiciando, dessa forma, a segurança do alimento”, afirma o assessor de soluções de negócios da GS1 Brasil, Nilson Gasconi. O uso de padrões globais de identificação, como os códigos de barras disponibilizados pela

GS1, possibilita a rastreabilidade desde o campo até o consumidor final. Além disso, ajudam a organizar os processos e agregam eficiência logística. O segmento de carnes tem se destacado com o uso da identificação por radiofrequência (RFID) nos rebanhos. “Os frigoríficos, além de identificar os produtos com o código de barras EAN-13, começam a identificar as unidades logísticas

– ou seja, caixas e paletes – com a aplicação do GS1-128 com dados adicionais, como data de produção e validade, número de lote, etc.”, conta Gasconi. O setor de frutas, legumes e verduras (FLV) ainda carece de uma identificação única e global na origem de produção, dessa forma, o setor tem trabalhado muito para que essa prática torne-se realidade em um futuro próximo. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 25


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Emerson Oliveira, do Grupo MNS A rastreabilidade permite identificar por onde um alimento passou desde a produção até a mesa do consumidor

FOCO NA QUALIDADE O Grupo MNS, que atua na distribuição de frutas, legumes, verduras e cereais para grandes redes do varejo, investe na rastreabilidade desde 2008. A solução traz benefícios em várias esferas. “O resultado é a possibilidade de saber por onde uma fruta, verdura, legume ou hortaliça passou desde a produção até a mesa do consumidor. Por meio da rastreabilidade, todos os elos da cadeia produtiva são mapeados e seus registros podem ser acessados pelo produtor, varejista, além, é claro, do cliente final”, explica o gerente de marketing, Emerson Oliveira. Com matriz em Pilar do Sul (SP), a empresa também comercializa insumos agrícolas e possui cinco lojas de supermercados.

O processo de implementação envolveu uma equipe dedicada e devidamente capacitada para coletar, filtrar e inserir informações confiáveis no sistema de rastreabilidade. De setembro de 2008 até junho de 2014, o Grupo MNS registrou um total de 108 produtos, 919 produtores, 11.854 embarques e 153.226 toneladas de alimentos in natura rastreados. Atualmente, a empresa utiliza o código de barras EAN-13, mas, para os próximos anos, o desafio é implementar o padrão GS1-128, que garante, de forma simples e rápida, a comunicação entre os elos produtor-distribuidor-supermercado. “Queremos atender à legislação nacional, ofertar produtos seguros, com qualidade e visibilidade para o consumidor final.

A rastreabilidade é a espinha dorsal dos demais controles para a gestão do Grupo MNS”, resume o executivo. Segundo ele, de 2014 e 2015, a empresa cresceu 7% e, para 2016, as projeções seguem positivas. “Esperamos manter o crescimento dos últimos anos. Para isso estamos investindo na redução do desperdício de produtos e na melhoria de processos com automação”, reforça Oliveira. SEGURANÇA ALIMENTAR A Citrícola Lucato, com sede em Limeira (SP), é outro exemplo de empresa que aposta na rastreabilidade para garantir sua expansão. “Esse é um ponto no qual sempre estivemos engajados. Estamos comprometidos em vender, além de qualidade, segurança alimentar”, afirma o sócio e diretor comercial

A rastreabilidade atende à necessidade das empresas por melhorias de gestão e o desejo dos consumidores de saber a origem dos alimentos 26 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Fotos: Divulgação

Da esq. p / d i r. : os irmãos Carlos Alberto, Gilson e Paulo Henrique Lucato, da Citrícola Lucato A empresa está engajada na implementação da rastreabilidade e estimula produtores parceiros

da empresa, Gilson Lucato Júnior. Atuando na área de cítricos em geral – com destaque para laranjas, tangerinas e limões –, a companhia é reconhecida no mercado, especialmente, pelos produtos embalados, a exemplo das laranjas de sacola, que podem ser adquiridas em supermercados. Na Lucato, o processo de rastreabilidade começou com a solicitação de um dos clientes, o Grupo Pão de Açúcar, juntamente com a PariPassu. “Fomos chamados para uma conversa inicial, mas já acreditávamos na importância da segurança alimentar e nas informações que essa solução nos daria. Assim, nos engajamos na implementação e também encorajamos nossos parceiros produtores. Afinal, se uma das partes da cadeia não comprar a ideia, torna-se impossível a obtenção de sucesso”, analisa Lucato Júnior.

De 2014 para 2015, a empresa cresceu 11,2%. Para 2016, a expectativa é de expansão, embora com menos intensidade, dado o clima de incertezas que afeta o País. O desempenho satisfatório da companhia foi impactado pelas soluções de rastreabilidade. “Antes não conseguíamos comprovar o diferencial que tínhamos com relação à concorrência. Hoje, com essas soluções, temos meios que atestam nosso conhecimento sobre cada detalhe do nosso processo, desde a plantação até chegada do produto ao consumidor final”, diz o executivo. Hoje, a Citrícola Lucato utiliza o padrão EAN-13 e prepara-se

para utilizar também o GS1-128 em seus processos. Para completar o ciclo de visibilidade do produto, a empresa identifica os itens com código bidimensional, por meio do qual, com um aplicativo no smartphone ou tablet, o consumidor encontra as informações sobre as frutas, como origem, data de colheita e da embalagem, informações da empresa, etc. “Mostramos ao consumidor tudo o que ele precisa saber sobre o que está sendo consumido”, conclui Lucato Júnior. 7 898357 410015

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Fotos/Imagens: Thinkstock/Divulgação

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[INOVAÇÃO

Maratona de ideias Por Ana Paula Garrido

Empresas têm apostado nas competições tecnológicas, os chamados hackathons, para encontrar soluções inovadoras e – de quebra – profissionais criativos 28 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


Jovem, antenado e hiperativo. Esse é o típico perfil de quem participa dos chamados hackathons – espécie de maratona que reúne profissionais, entre eles programadores e designers, dispostos a desenvolver um software ou mesmo um hardware inovador. Geralmente o evento dura 24 horas, mas se engana quem imagina uma reunião particular de nerds, ávidos por decorar e decifrar mais códigos de computador. Qualquer um (mesmo) pode participar e ganhar. Foi o caso do médico Pedro Paulo Faria, que desenvolveu um aplicativo (appdropper.com.br) capaz de monitorar os pontos de vazamento, falta d’água, enchentes e focos de dengue. Ele foi o vencedor do hackathon da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRH) e MCI Brasil, realizado durante a Campus Party (o maior encontro de tecnologia do País), em 2015. Segundo Faria, que revelou ser superligado em tecnologia – tanto que criou o próprio site do seu consultório –, a participação de pessoas de diversas áreas ajuda a encontrar soluções. “Às vezes, o programador acaba restrito aos códigos e não enxerga fora da caixa”, analisa. Quem concorda com a ideia de que reunir diferentes profissionais em busca de uma solução inovadora traz resultados é o diretor do Comitê de Jovens Empreendedores da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP), Sylvio Gomide. “O perfil é bem variado, o que ajuda muito os grupos no geral, já que, muitas vezes, o programador tem dificuldade em traduzir a linguagem para a banca avaliadora. Cada pessoa contribui de alguma forma: o designer vai cuidar da estética do produto; o empreendedor, em saber quanto ele custa; e o mais ligado ao marketing, em apresentar para os investidores”, resume.

Essa diversidade no perfil do público ajuda a explicar o aumento exponencial de interessados em participar de eventos desse tipo. O primeiro hackathon realizado em 2012 pela FIESP, por exemplo, teve apenas 25 concorrentes, enquanto que, na última edição, houve mais de mil inscritos, tanto que foi necessário realizar uma seleção de 250 pessoas, que acamparam no prédio da fundação. Os números da Campus Party são ainda mais impressionantes. Na última edição, foram realizados 120 hackathons. “É bastante, sem contar os eventos ‘informais’ organizados pelos próprios campuseiros”, conta o diretor-geral da Campus Party, Tonico Novaes. Entre os participantes dessas maratonas, há desde veteranos em virar a noite pensando em soluções tecnológicas até quem cai de paraquedas e aproveita essa experiência para mudar de vida, ou, pelo menos, começar a traçar novos planos, como tem feito a jornalista Bruna Gomes. Pelo fato de a empresa onde trabalha estar planejando um hackathon, ela e mais quatro colegas inscreveram-se no quarto evento da FIESP, realizado ano passado, para ver como funcionava. Eles tinham de sábado de manhã a domingo à noite para ter ideia, modelar e fazer um protótipo, além de apresentar o produto em apenas dois minutos e convencer os jurados de como a solução resolveria o problema e geraria dinheiro. “Estávamos tão agitados que ficamos acordados a madrugada toda”, lembra Bruna. O resultado, porém, valeu a pena. O grupo da jornalista ganhou o prêmio na categoria social com o projeto Bem Infinito, que utiliza a plataforma dos e-commerces para conectar doadores e instituições beneficentes. Funciona assim: antes de finalizar uma compra, aparece uma sugestão para doar algum

Bruna Gomes e Carla Cardoso, do Bem Infinito Projeto para conectar doadores e instituições beneficentes foi criado em um fim de semana

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 29


INOVAÇÃO

produto simples, como um sabonete, para uma ONG. Se a pessoa aceitar a inclusão de mais um item, a instituição recebe um voucher para retirar o produto. O modelo foi pensado para contribuir com todos os envolvidos, já que, além de a ONG receber o que precisa, o e-commerce ganha com o aumento de vendas com a ação de marketing, isso tudo em um clique. “O ambiente do hackathon é de muita pressão e cansaço, mas a sensação de que é capaz de fazer é incrível. Você percebe como se perde tempo na rotina de desenvolvimento dentro de uma empresa e como é possível transformar ideias em produtos de maneira mais rápida”, comenta Bruna, que, ao lado da sócia Carla Cardoso, continua desenvolvendo a ideia criada no hackathon, seu novo projeto de vida. COMO COMEÇAR Essa realização instantânea que Bruna sentiu ao chegar, rapidamente, num produto final é a explicação por que essas maratonas estão ganhando espaço no Brasil. Segundo Gomide, o primeiro hackathon surgiu da necessidade de um grupo de jovens empresários, que participavam de congressos e palestras, mas que queriam uma experiência mais real e uma proposta final mais produtiva. Porém, ele alerta que os benefícios de um hackathon dependem, muitas vezes, do porte e perfil da empresa organizadora. Para o diretor da FIESP, é mais vantajoso para as pequenas empresas participarem de algum hackathon por causa do custo zero. “Você oferece a oportunidade ao funcionário, que, inclusive, pode compartilhar o

Pensando no futuro Ambev criou seu primeiro hackathon em 2015, reunindo 80 jovens selecionados de um total de 2 mil inscritos 30 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

problema da própria empresa (se o evento permitir) e criar soluções. De qualquer forma, o colaborador será impactado e voltará diferente e cheio de ideias”, aponta Gomide. Já para as de médio e grande porte, vale a pena começar criando um departamento interno de inovação para estudar a viabilidade e eficiência de se montar uma maratona tecnológica. Foi o que fez a Ambev, antes de criar seu primeiro hackathon no ano passado, que reuniu 80 jovens selecionados em um total de 2 mil inscritos. “A área de TI é dividida em uma equipe mais voltada para o suporte, que seria o presente, e outra voltada para pensar no futuro. Queremos melhorar a experiência para nossos consumidores na era digital e vimos nas maratonas de desafios uma grande oportunidade”, explica diretor de TI da Ambev, Sérgio Vezza. O cuidado prévio em realizar um hackathon é importante primeiro pela dificuldade em organizar uma rede de possíveis participantes, que possam, de fato, contribuir com o projeto. Depois, para se ter clareza com relação aos objetivos, que também devem estar muito bem explicados no regulamento. Com relação à atratividade do evento, Novaes, da Campus Party, defende que a propriedade intelectual das ideias permaneça com quem criou. “Um hackathon de sucesso não pode vincular a ideia à marca da empresa. Até porque, além do prêmio, a pessoa vai se interessar em participar pela satisfação pessoal ou profissional de ter seu nome ligado ao produto”, completa Novaes.


Sérgio Vezza, da Ambev Hackaton é a oportunidade para criar soluções que melhorem a experiência dos consumidores na era digital

Fotos: Divulgação

Seja qual for o nível, a presença de mentores, ligados aos organizadores do evento, é fundamental, tanto que a influência positiva no resultado é consenso entre os ganhadores. “Mentores de várias áreas nos deram dicas e nos questionaram sobre o trabalho. Isso ajuda muito a não perder o foco e a melhorar o protótipo”, comenta Bruna. DIFERENTES NÍVEIS Apesar de a proposta ser a mesma – desenvolver uma solução ou um produto inovador durante um tempo determinado e geralmente curto –, há diferentes tipos de hackathon. Normalmente, eles acontecem como um acampamento de fim de semana, mas também podem durar meses. Cada maratona tecnológica tem um nível tanto de dificuldade do problema a ser resolvido quanto na organização e divulgação do evento, conforme explica Novaes. “Há três tipos de hackathon: o casual, mais fácil, que pode envolver aplicativos de geolocalização e games, por exemplo; o normal, de nível intermediário, que já requer um desafio maior; e o destinado a veteranos, exigindo conhecimento técnico avançado.” Segundo o diretor da Campus Party, duas semanas são suficientes para a divulgação dos eventos de nível básico, que costumam durar 24 horas. Já os outros precisam de cerca de um mês para organização, até porque geralmente contam com inscrição prévia e demandam uma maratona de 48 horas para resolver problemas mais complexos.

O “DIA” SEGUINTE Depois de passar o fim de semana “quebrando a cabeça” feito louco atrás da melhor ideia, o que fazer na segunda-feira? Os próprios prêmios dos eventos ajudam a levar adiante os projetos campeões. Os vencedores da maratona da Ambev, por exemplo, ganharam uma viagem para os Estados Unidos a fim de conhecerem os centros da empresa no Vale do Silício e startups da região. Já o grupo da jornalista Bruna ganhou assessoria contábil, voucher para criar site e e-mail marketing, além de participar do Comitê Acelera FIESP, um acelerador de startups, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE), que oferece capacitação especializada sobre como captar recursos e apresentar o projeto para investidores. O médico Pedro Faria, por sua vez, aproveitou os insights do aplicativo de monitoramento de águas para criar outro programa, por conta própria, mais ligado à sua área de atuação. O chamado appdemia (cuja fonética tem ligação com epidemia) tem uma parte educativa que explica, de maneira simples, as principais enfermidades e

visa identificar os casos de epidemia na cidade. “Ao informar a doença, a pessoa vira um ponto vermelho no mapa. Desse modo, a vigilância sanitária tem condições de monitorar e fazer vistorias para solucionar as doenças nas áreas em destaque”, explica o médico. O exemplo proativo de Faria tem sido cada vez menos exceção, segundo Gomide, da FIESP. Essa disposição em pensar soluções, aliás, é o que explica o crescimento de eventos como o hackathon. “O que faz a pessoa virar a madrugada não é a hora extra, mas a chance de poder criar solução e transformar a vida das pessoas. Tanto que as empresas mais cobiçadas hoje, como a Apple e a Google, conseguem atrair e reter talentos por oferecer um ambiente inovador, que provoca os funcionários a melhorar”, analisa o representante da FIESP. O próximo hackathon da FIESP será realizado durante a Olimpíada do Rio e buscará inovações de aplicativos para os jogos, assim como soluções para o legado da competição, como os centros esportivos construídos. Seguindo essa tendência, a GS1 Brasil também prepara um hackaton, que será realizado neste ano. 7 898357 410015

Tonico Novaes, da Campus Party Cada maratona tecnológica tem um nível de dificuldade diferente do problema a ser resolvido [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 31


[PERFIL

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Cozinhar tudo o que vende, vender tudo o que cozinha Por Kathlen Ramos

Esse é o conceito de sucesso da Eataly, mercado gastronômico que começou sua história pelo mundo em 2007

Imagem/Foto:Thinkstock/Divulgação

Reunir comida e produtos italianos de boa qualidade – mesclados com artigos artesanais locais – e fazer com que o cliente possa, num mesmo espaço, comer, comprar e aprender. Essa é a filosofia do Eataly, que inaugurou, em 2015, sua primeira unidade na América Latina, em São Paulo, no número 1.489 da Avenida Presidente Juscelino Kubitschek. Desde então, ela já se tornou um dos locais obrigatórios de visita da cidade. Um dos pontos altos do Eataly, que recebe, em média, 6 mil pessoas aos finais de semana, são os diversos restaurantes espalhados pela loja, capazes de agradar a diferentes paladares. São sete espaços temáticos (peixes crus e ostras; vegetariano; queijos e embutidos; carnes;

peixes e frutos do mar; massas; e pizzas) e também há um restaurante com bar, que é exclusivo para São Paulo. Os chefs que estão à frente desse trabalho, José Barattino e Ligia Karasawa, têm vasta experiência em renomados restaurantes nacionais e internacionais. O La Pizza é um dos locais mais disputados da casa. Por lá, são oferecidas pizzas feitas ao estilo napolitano e preparadas na frente dos clientes. Há, ainda, duas cafeterias, uma gelateria, uma pasticceria, uma chocolateria e um bar de sucos de frutas que são feitos na hora, além do balcão de Nutella, o tradicional creme de avelãs italiano. PARA COMPRAR Além dos restaurantes, o Eataly também é reconhecido pela sua mercearia ampla e diversificada, dividida em 22 departamentos, com um total de 7 mil produtos comercializados. Nela, os clientes podem encontrar hortifrúti, açougue, peixaria, queijos, laticínios, doces, geleias, conservas, azeites, molhos, temperos, condimentos, massas, bebidas não alcoólicas, vinhos, destilados, livros, utilidades, etc. O espaço ainda dispõe de cinco laboratórios de fabricação artesanal de produtos de confeitaria, pães, massa, cerveja e muçarela fresca. Dessa forma, quase todos os ingredientes usados nos restaurantes podem ser encontrados no mercado. “O Eataly cozinha tudo o que vende e vende tudo o que cozinha”, destaca o gerente-geral da empresa, Luigi Testa. Ele conta que, desde 2004, a empresa se associou a pequenos pro-

Luigi Testa e Tito Paolone, do Eataly Proposta é que clientes possam comer, comprar e aprender no local


Sabores sofisticados Desde massas, passando por doces e até uma ampla mercearia estão à disposição para quem visita o espaço dutores de alimentos e bebidas de alta qualidade, que fornecem cerca de 25% dos produtos italianos que podem ser encontrados na loja, como bebidas, carnes, queijos, massas, doces, etc. “Os outros 75% são fornecidos por mais de 2 mil produtores, todos alinhados com a filosofia da marca, que é privilegiar o pequeno produtor e a grande qualidade”, acrescenta Testa. O Eataly também agrada pela sua arquitetura, inspirada nos mercados municipais e valorizando a iluminação natural. “Nosso projeto arquite-

tônico foi concebido com um grande vazio central que integra todos os restaurantes e setores da loja. A fachada reforça a linguagem contemporânea, a fluidez da linha vermelha caracteriza o edifício, traduzindo a harmonia do espírito Eataly”, resume Testa. PARA APRENDER Seja no Brasil, seja no mundo, o Eataly é reconhecido, principalmente, pelos clássicos italianos. Nos 100 primeiros dias de funcionamento da unidade paulistana, foram servi-

dos mais de 40 mil crepes de Nutella, 10 toneladas de focaccia, 30 mil pizzas, 50 mil cafés expressos e 80 toneladas de pães variados. Aos dois pilares “comer” e “comprar”, a empresa soma outro importante valor: “aprender”. Por isso, o espaço possui escola de culinária com infraestrutura para receber cursos ligados ao universo da gastronomia, como degustação de vinhos ou cervejas, prática de cozinha, aulas sobre queijos, encontros com chefs renomados, entre outras atividades – inclusive para crianças, afirma o gerente-geral do Eataly, Tito Paolone. 7 898357 410015

ORIGEM ITALIANA A loja paulista, a exemplo de todas as unidades do mundo, foi inspirada no primeiro Eataly em Turim, na Itália, fundado por Oscar Farinetti, em 2007. Aqui no Brasil, o empreendimento foi viabilizado pela parceria entre o Eataly Itália (do sócio Luca Baffigo, além do próprio Farinetti); os americanos do B&B Hospitality Group (dos chefs Mario Batali, Joe e Lidia Bastianich); os irmãos Adam e Alex Saper; e o grupo brasileiro St Marche (que opera o Empório Santa Maria e 18 unidades do St Marche Supermercados). Pelo mundo há 15 unidades do Eataly na Itália, nove no Japão, duas nos Estados Unidos, uma em Dubai (Emirados Árabes), uma em Istambul (Turquia), uma em Seul (Coreia do Sul) e uma em Munique (Alemanha), somando 31 estabelecimentos. A empresa emprega cerca de 4 mil pessoas, e fatura, anualmente, 400 milhões de euros. “Todas as lojas obedecem ao mesmo conceito, no entanto, os cardápios dos restaurantes variam de acordo com os

fornecedores e sazonalidade dos ingredientes”, comenta o gerente-geral do Eataly, Tito Paolone. Nos próximos três anos, planeja abrir mais lojas na Itália, Estados Unidos, além de Inglaterra, França, Rússia e Canadá.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 33


[

[PESQUISA

O que seu cliente deseja?

Da Redação

Pesquisa da GS1 Brasil mostra que o código de barras começa a ganhar novas utilidades no dia a dia do consumidor

34 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]


PRODUTOS COM CÓDIGO DE BARRAS VENDIDOS PELAS EMPRESAS NO BRASIL

O QUE O CONSUMIDOR DESEJA SABER PARA COMPRAR SEU PRODUTO 1º Preço 2º Qualidade 3º Data de validade 4º Prazo de entrega (e-commerce) 5º Referências 6º Reclamações 7º Procedência 8º Informações nutricionais/composição

Em continuidade ao estudo “O Uso do Código de Barras no Brasil: Consumidores e Empresas”, a GS1 Brasil acaba de divulgar os resultados da segunda etapa da pesquisa, realizada em novembro de 2015. O levantamento, que se tornou periódico, tem o objetivo de verificar o alcance e a influência do código de barras junto ao consumidor e como o uso da tecnologia impacta seu cotidiano. Além disso, acompanha a adoção dessa solução pelas empresas. Um dos destaques é que o consumidor brasileiro, que já tem bastante familiaridade com o código de barras, começa a perceber que este não é necessário apenas para consultar preços mas também pode ter um uso ampliado no futuro. O consumidor enxerga novas funções, como,

HOJE, O CONSUMIDOR USA O CÓDIGO DE BARRAS PARA:

80,65% Junho/2015

86,33% Novembro/2015

por exemplo, saber a validade de um produto e rastrear a origem de um alimento. Somadas a elas, novas tecnologias, como a internet das coisas, estão no radar do brasileiro, que se sente confortável para testá-las. Já do lado corporativo, aumentou o percentual de produtos com código de barras vendidos pelas empresas no Brasil, passando de 80,65%, em junho de 2015, para 86,33%, em novembro do ano passado. O estudo detectou também que mais da metade das companhias (63%) pretende fazer investimento em inovação, resultado um pouco abaixo do período anterior (66%)

NO FUTURO, UTILIZARÁ PARA:

92% Consultar preços

88% Saber a validade dos produtos

91% Efetuar pagamentos

83% Identificação pessoal em

84% Fazer compras no supermercado 74% Realizar compras em lojas 45% Identificação do cadastro do consumidor em lojas

hospitais para dosagem correta de medicamentos

80% Obter informações sobre produtos (ex.: informações nutricionais)

73% Rastrear o produto consumido 68% Ler rótulo de produtos para

direcionar a sites e promoções

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 35


[

[

PESQUISA

OMNICHANNEL

Junho 2015

86%

Consumidores que compram em lojas físicas e on-line

10%

Compram apenas pessoalmente

4%

Compram somente pela internet

Novembro 2015

87% 9% 4%

INTERESSE POR NOVAS TECNOLOGIAS 88% acreditam que as novas tecnologias facilitam tarefas cotidianas 78% sentem-se confortáveis para testar coisas novas 46% procuram descobrir o quanto antes a utilidade das novas tecnologias 35% preferem experimentar o quanto antes novas tecnologias

INTERNET DAS COISAS

62% dos entrevistados

acreditam que, no futuro, a internet das coisas mudará seus hábitos de consumo

76% dos consumidores

FATURAMENTO DAS COMPANHIAS ATRELADO AOS PRODUTOS COM CÓDIGO DE BARRAS

81,29%

87,24%

têm computadores conectados a celulares

Jovens de 18 a 24 anos percebem mais facilmente o fenômeno da internet das coisas

Junho/2015 36 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Novembro/2015


IMPORTÂNCIA DO CÓDIGO DE BARRAS PARA AS EMPRESAS 72,15%

Gestão de estoque

75,2%

Rastreabilidade

77%

Logística

79,15%

Utilização na nota fiscal

85,75%

Acesso ao varejo

– o que pode ser um reflexo da instabilidade econômica e política do País. “A importância da aplicação da pesquisa em diferentes momentos demonstra a consistência do estudo. Por meio dele, a associação passa a ter uma série histórica que demonstra o comportamento do empresário e do consumidor com relação ao uso do código de barras e tecnologias de automação no País”, afirma o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira. Para realizar o levantamento, feito em parceria com a consultoria H2R Pesquisas, foi definida a metodologia quantitativa e coleta de dados on-line. Foram entrevistadas 477 pessoas, maiores de 18 anos, com acesso a smartphone, entre os dias 20 e 29 de outubro de 2015, nos Estados de São Paulo, Pernambuco,

Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Sergipe e do Distrito Federal. A margem de erro é de 4,5% pontos para mais ou para menos. Na parte sobre as empresas, foram consultadas companhias que atuam com produtos acabados e destinados ao consumidor final, dos setores da indústria, comércio e do agronegócio, de todo o País. As entrevistas foram realizadas de 26 de outubro a 6 de novembro de 2015 com 159 organizações, sendo 87 associadas à GS1 e 72 não associadas. Nesse caso, a margem de erro é de 7,8%. Com esses estudos, o propósito da GS1 Brasil é fornecer informações relevantes e insights sobre o comportamento do consumidor e segmento de automação para associados e parceiros. 7 898357 410015

INTENÇÃO DAS EMPRESAS PARA INVESTIR EM INOVAÇÃO

do faturamento Junho/2015

do faturamento Novembro/2015

SOLUÇÕES GS1

71%

das companhias acreditam na contribuição de novas tecnologias GS1 para a inovação

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2015 37


[GESTÃO

Por Juliana Jadon

Plataforma on-line gratuita ajuda empreendedores de todo o País a gerirem suas empresas de maneira eficiente Ser dono de uma empresa é o sonho de uma parcela representativa de brasileiros. No entanto, esse é um enorme desafio. Afinal, é preciso adequar-se a uma série de regulamentações e enfrentar uma burocracia grande para levar o negócio adiante. Para se ter ideia, a cada ano, 500 mil novas empresas são incorporadas à economia (150 mil somente em São Paulo), sendo 99% de pequeno porte. Juntas, elas respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB), 52% dos empregos formais e 40% da massa salarial. Apesar da representatividade desse mercado, mais da metade (58%) não consegue atravessar a barreira dos cinco anos de atividades e apenas 2,9% são consideradas de alto crescimento, de acordo com o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE). Nesse contexto, uma das principais dificuldades é organizar a gestão para ter um controle efetivo dos resul-

38 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

tados. Mas uma plataforma on-line e gratuita promete auxiliar empresas de diversos segmentos do mercado nessa tarefa: o MarketUP (www.marketup.com). “O brasileiro tem uma forte cultura e desejo empreendedor. Mas empreender é um enorme desafio em função dos altos custos para se criar e manter uma empresa”, afirma o CEO da MarketUP, Carlos Azevedo. Fundada em meados do ano passado, a plataforma dispõe de ferramentas para analisar a saúde financeira de uma empresa. A MarketUP criou uma comunidade de empreendedores, que cresce a cada mês. São mais de 20 mil empresas no sistema. “Essas empresas sugerem novos recursos e colaboram para o aprimoramento da plataforma”, diz Azevedo. O funcionamento da plataforma é simples. Basta cadastrar-se e utilizar recursos para a gestão financeira em tempo real, como fluxo de caixa e contas a pagar e a receber. Há ainda

Imagem: ThinkStock

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Solução para os negócios


Foto: Divulgação

Carlos Azevedo, CEO da MarketUP Solução ajuda a cuidar da gestão e vendas de micro e pequenas empresas

um módulo para gestão de estoque, no qual é possível controlar as movimentações de produtos e gerar relatórios. As compras também são contempladas na ferramenta, possibilitando gerenciar orçamentos, devoluções e fornecedores. O sistema também conta com recurso para emissão de Nota Fiscal do Consumidor Eletrônica (NFC-e) e loja virtual, que possibilita comercializar produtos e serviços por meio de um dos canais de vendas disponíveis no MarketUP. Em tempos de recessão econômica, é importante ter uma visão ampla da empresa para conseguir identificar possíveis gargalos e áreas que podem ser otimizadas, segundo a analista do SEBRAE Nacional, Carolina de Almeida Baptista Moraes. “A utilização de sistemas de gestão possibilita organizar

a empresa e, assim, ter em mãos informações importantes para a tomada de decisões estratégicas”, diz. Com a operação organizada, o empresário pode focar o tempo em assuntos estratégicos, não apenas operacionais, e, assim, tornar-se mais competitivo no mercado. DE OLHO NO CRESCIMENTO Os sócios da MarketUP são profissionais com grande experiência e conhecimento do mercado de internet e tecnologia. Azevedo é fundador da empresa de projetos e-business Tesla e do site Guia da Semana. Também compõem o time: Alexandre Hohagen, ex-vice-presidente do Facebook para América Latina e ex-vice-presidente do Google Brasil; Romero Rodrigues, fundador do Buscapé Company; e

Hélio Rotenberg, presidente e sócio da Positivo Informática. Olhando para o futuro da plataforma, os sócios já traçaram os planos de expansão da solução. “Lançaremos um marketplace B2B para ligar o atacado e a indústria com a micro e pequena empresa, para que estas tenham condições de comprar diretamente nesses canais”, descreve o CEO da empresa. Segundo Azevedo, o projeto conta com patrocinadores como Bradesco, Grupo Martins e Certisign. Se depender do apoio e do esforço da MarketUP, as empresas brasileiras terão vida longa. “Estamos focados em ser a melhor plataforma de gestão e vendas, e, com isso, ajudar a diminuir a mortalidade dessas organizações”, conclui Azevedo. 7 898357 410015

NFC-e: UMA REVOLUÇÃO NO VAREJO A Nota Fiscal do Consumidor Eletrônica (NFC-e) está promovendo uma grande transformação no varejo, pois esse modelo possibilita inúmeros benefícios para as empresas. Entre eles, está a facilidade de ampliar ou reduzir o número de checkouts em uma loja conforme a demanda, sem qualquer burocracia ou grandes investimentos. O MarketUP funciona como um emissor gratuito de NFC-e, a partir de desktops, notebooks, tablets e celulares. No caso do celular, há um aplicativo para iOS e Android em que o lojista pode realizar a venda usando a câmera do aparelho para ler o código de barras, emitir a NFC-e e enviá-la por e-mail para o consumidor. Tudo de maneira prática e em tempo real. Durante o evento Inova NFC-e, promovido em dezembro, no Rio de Janeiro (RJ), e patrocinado pela GS1 Brasil, um dos principais painéis tratou exatamente do tema “Tendências da NFC-e”. Na ocasião, o diretor de marketing da MarketUP, Luiz Fernando Gracioli, apresentou o case da companhia, que foi recebido com bons olhos pelos participantes. Outro ponto alto desse encontro foi o painel em que se discutiu o tema “Lojas do Futuro” e foram apresentadas iniciativas inovadoras que estão mudando a experiência de compra do consumidor, como o uso de equipamentos móveis que aperfeiçoam esse momento no ponto de venda. Para saber mais sobre o evento, acesse inovanfce.wordpress.com.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 39


[DIGITAL

[

Imagens/Fotos: Thinkstock

Conectadas para lucrar mais

Por Epaminondas Neto

Estudo correlaciona intensidade (e qualidade) da presença digital a melhores resultados corporativos Todo mundo que você conhece, provavelmente, está no Facebook: sua família, amigos, conhecidos e, claro, concorrentes. E o WhatsApp? Ande pela rua e constate que mesmo o mais humilde carreto possui uma placa com o ícone verde característico do aplicativo ao lado de seu telefone de contato. Visite o website de uma empresa que você admira: com certeza, essa companhia mantém um canal no YouTube, expõe centenas de imagens no Instagram e publica, religiosamente, em suas

40 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

contas do Facebook e Twitter. Em alguns casos bem-sucedidos, os vídeos terão milhares de visualizações, e os posts, outros milhares de compartilhamentos e centenas de comentários. Esses investimentos dão resultados? Estudiosos da presença digital das empresas no Brasil, e nos Estados Unidos, acreditam que sim. E procuram definir quais as melhores estratégias para aperfeiçoar os esforços em tempo e dinheiro para impulsionar uma “vantagem digital” aos negócios.


LÍDERES DIGITAIS Nas redes sociais estão os antigos e futuros clientes das empresas, buscando informações sobre seus produtos, serviços e reputação. “Parece uma afirmação radical, mas não ter presença nos ambientes digitais já é considerado sinônimo de não ser lembrado no mundo físico”, afirma o especialista em marketing digital pela BSP Business School São Paulo, Tércio Strutzel. Nos Estados Unidos, a consultoria de estratégia global Capgemini e a prestigiosa universidade Massachusetts Institute of Technology (MIT) fizeram uma pesquisa de profundidade sobre a “maturidade digital” das empresas e seu retorno financeiro. Vasculharam os resultados de 400 grandes companhias mundiais, levando em conta o uso de tecnologias, como as redes sociais, entre outros. A conclusão foi que os “líderes digitais” tiveram um desempenho financeiro muito superior aos seus pares menos avançados na adoção inteligente dessas tecnologias. Em média, segundo a pesquisa, essas empresas apresentaram receitas 9% maiores e lucratividade 26% superior. “Não são necessariamente as empresas que têm sido tradicionalmente líderes de tecnologia, mas são companhias em que suas lideranças despertaram para as oportunidades de transformação digital e fizeram acontecer”, afirma o pes-

quisador da Capgemini que coordenou o estudo, Didier Bonnet. SEM MODISMOS Colocar a empresa nas redes sociais ou oferecer um aplicativo para telefone celular com o logotipo do negócio é apenas a primeira etapa da transformação dos negócios (ou de sua adaptação ao século 21, como alguns preferem). A chamada “maturidade digital” significa casar, verdadeiramente, essas ferramentas com a estratégia de negócios que guia o crescimento da empresa. Empresas que usam as ferramentas da tecnologia da informação sem o apoio de uma estratégia mais ampla são “fashionistas”, na classificação da Capgemini/MIT. Adotam algumas iniciativas que podem até criar valor, mas cujo desempenho é inferior ao de seus pares com melhor planejamento. No outro extremo estão os “digerati”, os líderes, os que realmente enxergaram como criar valor das ferramentas digitais. “Os ‘digerati’ possuem um forte planejamento e alinham suas iniciativas digitais com a estratégia de negócios. Suas ações estão perfeitamente integradas com os processos da empresa, aumentando as chances de resultado do projeto”, comenta o professor e pesquisador do ESPM Media Lab, Cláudio Oliveira. “Por exemplo, uma empresa ‘digera-

ti’ lança a página no Facebook já integrada com o atendimento ao consumidor. Assim, se houver algum comentário, há uma resposta rápida”, acrescenta. No Brasil, a ESPM Media Lab conduziu uma pesquisa com centenas de empresas com base nos conceitos acima, testando as conclusões do estudo americano com a realidade nativa. A pesquisa brasileira confirmou as descobertas mais importantes de sua contraparte americana. E também revelou seus próprios achados sobre a melhor maneira de aprimorar a presença digital das empresas. RETORNO FINANCEIRO Os pesquisadores brasileiros consolidaram os dados de 560 empresas de 15 indústrias diferentes. Apuraram os respectivos resultados financeiros dessas companhias, junto com as estatísticas geradas por sua presença digital, tais como visitas ao site da empresa, buscas pela marca no Google, seguidores no Twitter, entre outros indicadores. Para os pesquisadores da ESPM Media Lab, há uma relação entre desempenho das mídias digitais e resultados financeiros para todos os setores analisados, porém com maior intensidade para alguns. “Para as montadoras, notamos que o total de visitas ao site é o mais relacionado com as vendas”, afirma o professor Cláudio Oliveira.

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 41


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DIGITAL

“No setor bancário, verificamos que visitas ao site e o número de buscas pelo nome dos bancos no Google têm alta relação com lucros.” Já “na indústria de eletroeletrônicos, as mídias sociais possuem alta relevância: as métricas de seguidores no Twitter, inscritos e views no YouTube se relacionam com resultado finan-

ceiro. E, em menor proporção, o número de visitas ao site”, acrescenta. A partir dessas conclusões, os pesquisadores estão refinando os instrumentos para auxiliar as empresas a aprimorar sua presença digital nas mídias que realmente importam. Algumas delas já estão conscientes da importância das ferramentas para

seu faturamento e entendem muito bem qual o papel dessas ferramentas na estratégia do negócio. “Nossas redes são canais de relacionamento que têm como objetivo nutrir a paixão pelos estilos e os carros da Mitsubishi Motors”, afirma o diretor de marketing da empresa Fernando Julianelli. 7 898357 410015

A Mitsubishi Motors publica, regularmente, vídeos com lançamentos e eventos esportivos em seu canal no YouTube, interage com os consumidores na página do Facebook e mantém sua conta no Instagram regularmente abastecida. Nas redes sociais, a estratégia é fornecer informações para os consumidores aficionados por veículos para competições off-road e esportivos, segmento em que a empresa comercializa seus principais produtos no Brasil. Confira a entrevista com o diretor de marketing da Mitsubishi Motors, Fernando Julianelli.

na internet antes de comprar um veículo, fazendo pesquisas no Google, assistindo vídeos no YouTube, conversando com pessoas em grupos no Facebook e acessando o site da montadora. Isso já é realidade e trabalhamos para estar presentes em todos esses momentos. Além disso, o digital tem nos ajudado a compreender melhor o nosso cliente, saber o que eles pesquisam antes de fechar um negócio, o que consideram mais antes de escolher um carro, etc. Essas informações têm ajudado cada vez mais na nossa estratégia de vendas.

Qual é a importância das redes sociais para a estratégia de comunicação da companhia? Trabalhamos com dois tipos de conteúdos, principalmente no Facebook e no Instagram. O primeiro é mais institucional, levando informações úteis e novidades aos clientes. O segundo é produzido pelos nossos clientes: são vídeos e fotos que mostram as experiências que eles estão vivendo junto com um Mitsubishi. Esse tipo de conteúdo já é compartilhado por eles nas suas timelines e dentro de grupos fechados. O que acabamos fazendo é dando mais visibilidade e reconhecendo esse hábito. Nesse segundo grupo de conteúdo, podemos incluir também nossos atletas que viajam o mundo sempre na companhia de um Mitsubishi. No YouTube, as pessoas estão cada vez mais recorrendo a vídeos para entender mais de um produto antes de comprá-lo. Por isso, publicamos vídeos explicativos sobre os nossos carros para oferecer a informação clara e correta.

A Mitsubishi prioriza algum indicador para ponderar a eficácia de sua comunicação digital? Investimento versus acessos ao site e/ou geração de leads [contatos de negócios] sempre foram as métricas principais para definirmos o sucesso de uma comunicação, tanto digital quanto off-line. Aos poucos, estamos ampliando essas métricas para responder aos diversos estágios de uma pessoa, desde a consideração até a conversão.

A empresa considera que sua presença digital tem impacto significativo nas vendas? O digital é o principal canal para quem quer vender ou comprar um carro, sendo que 93% das pessoas pesquisam

Fernando Julianelli, da Mitsubishi Ambiente digital ajuda a compreender o cliente 42 jant/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Divulgação

Como cultivar consumidores



[perdas & ganhos

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Fotos/Imagem: Divulgação/Thinkstock

Aprendendo a empreender

Por Claudia Manzzano

Trabalhar em uma área na qual nunca se cansa de buscar um novo patamar de desenvolvimento é o que move o mineiro Eduardo Pacheco, da Park Idiomas

A escola de inglês e espanhol Park Idiomas é composta de 42 unidades, em diversas cidades brasileiras, que atendem 8 mil alunos. Em 2014, faturou R$ 16 milhões – com expectativa de crescimento de 18% em 2015. Para chegar a esse patamar, o fundador da franquia, Eduardo Pacheco, de Uberlândia (MG), teve de enfrentar desafios mais do que profissionais. Ele tinha seu destino traçado pelo pai, dono de um pequeno comércio na área de lubrificantes automotivos. Dar continuidade ao estabelecimento da família podia ser algo confortável e certeiro. Mas, desde a adolescência, tinha sonhos que iam além do triângulo mineiro: queria estudar fora do País e criar algo diferente de tudo o que já existia.

44 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Pacheco conta que não tinha competência para assumir o negócio do pai. “Se tivesse continuado, certamente um concorrente mais talentoso e disciplinado do que eu naquela área de conhecimento teria vencido a corrida em um mercado competitivo. Eu precisava empreender em uma área na qual nunca me cansasse de buscar um novo patamar de desenvolvimento. Como o grande economista da década de 1930 e 1940, Joseph Schumpeter, dizia: ‘a economia capitalista promove uma destruição criativa’”, diz. Assim, contrariando a vontade do pai, aos 19 anos, Pacheco conseguiu uma bolsa de estudos para o curso de business na universidade Middle Georgia College, nos Estados Unidos. Esse foi o


Eduardo Pacheco, da Park Idiomas O mais importante é errar menos do que os concorrentes

primeiro passo para desenvolver um método de estudo e criar a Park Idiomas. Ao voltar para o Brasil, iniciou sua carreira como professor de inglês. Nas salas de aula, percebeu deficiências no ensino da língua e começou a pesquisar o que poderia utilizar para fomentar um aprendizado diferente. Foi então que conheceu o Quality Function Deployment (QFD), um método japonês criado nos anos 1970 utilizado por quem deseja desenvolver produtos inovadores com foco nas necessidades dos clientes. A ferramenta permite descobrir e quantificar, nas etapas do desenvolvimento do produto, os vários requisitos para atender às demandas do consumidor. O empreendedor inspirou-se nesse método como base para os processos de ensino, priorizando que os alunos aprendam falar primeiro e, depois de absorvido o vocabulário, a ler e a escrever. Assim como ocorre na aquisição da língua materna. E foi com essa ideia que, aos 23 anos, Pacheco abriu sua primeira escola de inglês. BAGAGEM ESSENCIAL Tudo foi feito de maneira empírica – com muita vontade e pouca técnica. Naquele momento, a experiência com o negócio do pai não foi em vão, pois Pacheco aprendeu bastante sobre atendimento a clientes, gestão de fluxo de caixa, relações trabalhistas, liderança e, principalmente, saber ver-

dadeiramente a importância do espírito missionário dentro de uma organização, trabalhando em prol da satisfação do cliente. “Considero que essa etapa da minha vida foi importantíssima para que pudesse partir para uma trajetória que considero, até então, vencedora.” Mas para que o negócio decolasse, foi preciso estruturá-lo de forma mais profissional. Isso aconteceu, alguns anos depois, com a entrada do sócio Paulo Arruda, que agregou sua experiência em grandes corporações e muita bagagem conceitual ao negócio. Atualmente, a cada ano os sócios renovam e reestruturam o plano de negócios da franquia. “O primeiro valor compartilhado da Park Idiomas é inovação, porque sabemos que temos de mudar para vencer. Então, tudo sempre mudou, exceto a busca essencial: satisfazer o desejo de nosso cliente”, reflete o empreendedor. Outro aprendizado importante para Pacheco foi transformar a escola em uma franquia. Afinal, precisou lidar com a dificuldade de replicar algo que funciona e, ao mesmo tempo, aprender com os franqueados e gestores de unidades próprias o que não dão certo. “É uma tarefa árdua para nós e para eles, e, nesse sentido, união, confiança e trabalho em equipe passam a ser fundamentais, pois só assim podemos dar velocidade ao nosso crescimento.” Nesse universo de desafios, Pacheco lembra que as falhas também fazem parte do sucesso. “Cometemos erros todos os dias, porém, com eles aprendemos a ter humildade e a apontarmos o nosso navio para uma direção melhor, mais próxima do cliente.” Para ele, o mais importante é errar menos do que os concorrentes. 7 898357 410015

Plano de negócios Com o passar do tempo, a escola foi estruturada com uma gestão profissional e transformou-se em franquia

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 45


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[RECURSOS HUMANOS

Programa de trainee: por onde começar?

Por Ticiana Werneck

O objetivo é recrutar, desenvolver e reter mentes brilhantes e com capacidade gerencial para assumir posições estratégicas no futuro. Um trunfo para empresas de qualquer porte


O trainee é, por definição, jovem, ainda cursando o ensino superior ou recém-formado, com domínio de, pelo menos, um idioma e bons cursos de capacitação no currículo (muitos já chegam à empresa com vivência no exterior). Ele tem alta expectativa com relação à sua vida profissional e busca plano de carreira. “O trainee é um jovem bem formado, mas ainda sem experiência profissional”, resume a consultora da Vogs Consultoria de Recursos Humanos, Valéria Gomes. Muitas empresas enxergam nessa posição a possibilidade de contar com um funcionário de alto potencial e capaz de atuar como curinga, já que possui conhecimento e pode ser preparado de acordo com os valores da companhia. Um programa de trainee é a chance de garimpar jovens diferenciados, proativos, com espírito de liderança, orientação nata para resultados e intensa energia competitiva. Uma verdadeira injeção de “sangue novo”. É importante destacar que a função de estagiário é bem diferente da do trainee, que é um colaborador que participará de um programa estruturado de treinamento e desenvolvimento para que, em um determinado espaço de tempo, possa assumir um cargo de liderança. Enquanto um programa de estágio ensina o estudante a trabalhar, um programa de trainee ensina-o a gerenciar uma empresa. Antes de definir diretrizes e etapas desse tipo de iniciativa, é necessário ter objetivos claros. “Um programa de trainee é válido desde que a empresa entenda a razão de sua implantação”, destaca Valéria. Por exemplo, se a intenção é oxigenar sua estrutura, a empresa se beneficiará de jovens com uma nova forma de pensar, com ideias “fora da caixa” e uma ampla aptidão para os meios digitais. O processo também pode ser vantajoso se a pretensão é desenvolver pessoas internamente para ocupar vagas de destaque, pois contará com jovens engajados e com grande capacidade de entrega a desafios. Há, ainda, o caso das companhias que estão passando por um processo de crescimento rápido e precisam pensar na possibilidade de ter à disposição profissionais capacitados para gerenciar novos departamentos, coordenar projetos que ainda estão para nascer ou supervisionar o desenvolvimento de novos produtos. O consultor da Crescimentum, empresa de desenvolvimento e treinamento de líderes empresariais, Renato Curi, ressalta que é preciso ter retorno financeiro do investimento realizado nesse tipo de programa. “Caso contrário, não vale a pena”, frisa. Nas empresas menores, a recompensa precisa ser rápida. “As multinacionais têm mais tempo, até

anos, para formar um trainee, fazendo com que ele circule em várias áreas e até fora do País para, só depois, exigir uma entrega. No caso das empresas pequenas e médias, não há essa necessidade. O trainee pode fazer uma integração de um mês pelos departamentos e, então, seguir para a vaga específica para a qual foi contratado”, comenta Curi. Mesmo que a empresa tenha apenas uma vaga de trainee, é interessante estruturar um programa, pois os benefícios são significativos, destaca Valéria. PRIMEIROS PASSOS Definida a razão pela qual a companhia precisa implantar o programa, é hora de traçar o perfil desejado do trainee. Se a ideia é oxigenar a empresa, por exemplo, esse profissional deve ter capacidade de implementar mudanças, convicção, poder de argumentação e não fraquejar diante das reclamações – que certamente ouvirá em sua cruzada para movimentar a organização. “É preciso elencar as competências específicas que ele deve ter para cumprir o objetivo definido”, observa a consultora Valéria. O ideal é que, na primeira edição do programa, pequenas e médias empresas tenham ajuda de um consultor ou companhia fornecedora de soluções de recursos humanos, que será capaz de traçar um plano sólido e detalhado. O programa, assim, é desenhado em parceria, levando em consideração os custos por candidato, o processo de seleção, além de detalhes e etapas do desenvolvimento das competências desejados pela organização. Vencida a primeira edição, e com o aprendizado conquistado, a empresa pode dar continuidade ao programa. Fazer benchmarking também é importante. “As empresas menores precisam ficar de olho no mercado, verificando como funcionam programas de trainee em concorrentes de setor e porte parecido, para observar as melhores práticas”, acrescenta Curi. VISÃO DO TRAINEE Desde o processo seletivo, o candidato precisa saber sobre a proposta de desenvolvimento que a empresa traçou para ele. É necessário expor, de forma transparente, o plano de carreira e a previsão de tempo para a evolução de cada etapa. Curi lembra que “esse jovem se desmotiva quando percebe que a empresa não vai oferecer a aceleração da carreira ou o aprendizado que esperava, e vai embora”. O profissional também se desanima quando verifica que

[ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 47


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RECURSOS HUMANOS

TIRE SUAS DÚVIDAS

O que é um programa de trainee? Ele é a ponte que liga jovens promissores a cargos estratégicos nas empresas. A remuneração de um trainee é alta para um profissional sem experiência, entretanto, é preciso lembrar que a empresa estará colocando dentro de sua dinâmica profissionais diferenciados e com potencial retorno de escala.

Quais são as atribuições de um trainee? Todas as de caráter gerencial. Melhor ainda se forem em formato de projeto, com início e fim. Alguns exemplos: controle de processo de vendas; elaboração e análise de contratos; implementação de estratégias promocionais; e elaboração de planos de redução de custos.

É preciso escolher gestores para dar atenção aos trainees? Sim, os gestores que tutelam trainees durante seus programas de imersão têm a responsabilidade de construir um profissional preparado para lidar com pressões, ter respostas rápidas, coragem no processo de decisão e alto conhecimento sobre a realidade da empresa e do mercado. Supervisão permanente é fundamental! Fonte: Endeavor Brasil

Quais os benefícios desse tipo de iniciativa? A primeira vantagem é recrutar e treinar profissionais sem vícios e com extrema energia para o alcance de resultados. Além disso, trazer para dentro da empresa os melhores talentos do mercado e preencher vagas futuras com profissionais já treinados. Outro benefício é que a empresa consegue se mostrar ao mercado como uma companhia proativa e dinâmica.

E se o trainee tiver desempenho aquém do esperado? Em muitas companhias, diversos jovens são selecionados para o programa e são avaliados constantemente por meio de indicadores de performance. Os que não alcançam as metas são eliminados. Já os aprovados, ao final do processo, são incorporados na dinâmica estrutural da organização, destinados às áreas de opção no início do processo ou em departamentos em que se destacaram.

Há alguma desvantagem em contratar trainees? Depende do perfil e dos objetivos da empresa. A alta remuneração desse profissional pode ser, por exemplo, um entrave difícil de ser contornado. Outro problema é uma possível resistência contra esses jovens por parte dos funcionários que trabalham há muitos anos na empresa (sensação de desprestígio). Assim, antes de implementar um programa como esse, é necessário caprichar na comunicação com a equipe para não provocar desequilíbrios no clima organizacional.


ETAPAS DE UM PROGRAMA DE TRAINEE

01 02 03

Já ouviu falar nas peneiras feitas em clubes de futebol, realizadas com o objetivo de encontrar as “joias” do futuro? Pois, assim como nesses testes descobrem-se grandes craques para o futebol mundial, um processo seletivo bem feito para trainee irá agregar à equipe profissionais de raro talento. Os programas costumam ter de cinco a sete etapas, dentre das quais, vale a pena destacar:

Inscrição: avaliação do perfil do candidato, considerando quesitos básicos para o posto, tais como currículo, cursos realizados, vivência no exterior, fluência em língua estrangeira, etc.

Avaliações on-line: testes prévios de inglês e, às vezes, de português. Dinâmicas de grupo: um dos mais importantes filtros para mensurar a postura social e a capacidade técnica de um aspirante a trainee. Personalidade, capacidade de trabalho em equipe, criatividade e comunicação são observados nesse momento do processo.

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Prova oral de inglês: avaliação da capacidade de comunicação em língua

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Painel de negócios: em geral, é o primeiro momento em que os candidatos serão observados pelos diretores. Um case bastante complexo será apresentado aos candidatos, com tempo limitado para solução.

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Entrevista (com diretores): muitas vezes, essa fase entra como critério de desempate. Aqui será observado o nível de consciência do candidato acerca da organização, do mercado, bem como das funções que irá exercer.

inglesa e nível de complexidade do raciocínio em língua estrangeira.

Fonte: Endeavor Brasil

a companhia não lhe dá espaço nem voz ou quando está envolvido em projetos de baixa relevância. É nesse aspecto que pequenas e médias empresas devem ter um cuidado especial para não frustrar o candidato com promessas que, depois, não poderão cumprir. “A capacidade de atração de grandes companhias é inegável, e com elas não é possível competir. Mas as menores podem se diferenciar, se houver uma sintonia entre os princípios e valores da empresa e do candida-

to e quando ele enxerga o potencial da vaga”, explica Valéria. Além disso, Curi salienta que o jovem deseja também aprender com seus superiores e chefes diretos. “Em qualquer tamanho de empresa, ele precisa sentir que o líder é inspirador e que agrega algo à sua carreira”, diz. O ponto-chave de um programa de trainee está na atração de bons candidatos. E, para isso, é preciso tornar o projeto conhecido. “Mostre-se no mercado!

Aproxime-se das faculdades que mais se encaixam no perfil de profissional que procura, ofereça ajuda, convide alunos para conhecer a empresa, divulgue e comunique boas ideias”, aconselha a consultora Valéria. A ideia é ficar sempre de olho em jovens capazes de fazer a diferença. Afinal, em um momento em que não basta ter apenas uma boa base de dados, é preciso de mentes pensantes capazes de transformar obstáculos em oportunidades! 7 898357 410015

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[EVENTO

Por Denise Turco

Com nova identidade visual, Prêmio Automação celebra os esforços das empresas que conseguem se antecipar às demandas do mercado por meio da inovação Na última edição do Prêmio Automação, realizada em 11 de novembro, no Tom Brasil São Paulo, a GS1 Brasil apresentou a imagem da harpia para representar a premiação, que já se tornou uma referência em inovação, gestão e empreendedorismo no mercado nacional. A harpia, uma das maiores aves de rapina do mundo, é sinônimo de visão, força, ousadia, grandeza e agilidade. Fazendo uma analogia com o mundo dos negócios, pode-se dizer 50 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

que essas são qualidades semelhantes às das empresas que investem em projetos de automação. São companhias inovadoras capazes de antecipar-se ao futuro. Essa ideia motivou a entidade a criar uma nova e definitiva identidade para o Prêmio Automação, a exemplo de grandes premiações mundiais, como o Oscar, cuja estatueta é amplamente conhecida. A noite foi marcada pela presença de grandes líderes e empresas, que, mesmo em um ano de retração econô-

mica, contribuíram para o crescimento da automação no País e prestigiaram também essa nova fase do Prêmio. “É grande a satisfação de chegarmos ao XVIII Prêmio Automação com a certeza de que nosso trabalho vem apresentando resultados muito produtivos para toda a cadeia de abastecimento”, afirmou o presidente da GS1 Brasil, João Carlos de Oliveira, na ocasião. Os jornalistas Luís Ernesto Lacombe e Rosana Jatobá foram os mestres de cerimônia que conduziram o evento. O

Fotos: Casa da Photo

Visão de futuro


“É grande a satisfação de chegarmos ao XVIII Prêmio Automação com a certeza de que nosso trabalho vem apresentando resultados muito produtivos para toda a cadeia de abastecimento” João Carlos de Oliveira, presidente da GS1 Brasil

nadador paralímpico Daniel Dias, atleta patrocinado pela GS1 Brasil, também esteve na premiação. A celebração, que contou com mais de 780 convidados, foi finalizada com jantar e show da banda mineira Skank. “Parabéns à GS1 Brasil! A premiação é uma iniciativa brilhante para incentivar e reconhecer o talento de profissionais que inovam por meio da tecnologia. Vida longa ao Prêmio Automação, criterioso e abrangente!”, disse Rosana Jatobá. ATITUDE SUSTENTÁVEL O Prêmio Automação deu mais um passo em direção a um dos pilares estratégicos da GS1 Brasil com a criação das categorias Educação, para reconhecer estudantes e instituições de ensino que tenham um projeto de disseminar o padrão GS1; e Sustentabilidade, com o objetivo de valorizar as empresas associadas e parceiras que se destacam em projetos sustentáveis e relevantes para a sociedade. Outra iniciativa é que a organização fez a neutralização das emissões de carbono geradas durante o

evento. Foram analisadas, de perto, as fontes de emissão desse gás e, assim, contabilizada, de maneira mais segura e precisa, a quantidade a ser compensada. Esse processo será feito por meio da aquisição de créditos de carbono originados em projetos socioambientais brasileiros certificados pela Organização das Nações Unidas (ONU). A ação ajuda a combater o aquecimento global, pois incentiva o uso de tecnologias mais limpas, além de uma série de recomendações para otimizar a emissão nas próximas edições do Prêmio. Iniciativas como essas reafirmam o compromisso da GS1 Brasil com as melhores práticas sustentáveis e estão no escopo do Programa Sustentabilidade em Código, lançado em 2015 pela entidade para conectar as suas várias ações socioambientais, integrando-se ao negócio principal da GS1 Brasil – a automação.

COMITÊ AVALIADOR Para avaliar os cases inscritos no Prêmio Automação, a GS1 Brasil sempre preza pela neutralidade, um dos mais importantes valores da organização. Por isso, mais uma vez, a equipe de jurados que avaliou os projetos foi composta por importantes profissionais de mercado e representantes da entidade, como: Silvio Nápoli, da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT); Marcos Manea, da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS); Rogério Oliva, da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD); José Roberto Prado, Eber Martins e Eliseu Scorsim, conselheiros da GS1 Brasil; Silveraldo Mendes, diretor da entidade; e João Carlos de Oliveira, presidente. 7 898357 410015

...que contou com jantar e show do Skank

Celebração Rosana Jatobá e Luís Ernesto Lacombe comandaram o evento...

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EXEMPLOS DE SUCESSO Conheça as empresas vencedoras do XVIII Prêmio Automação que investiram em soluções nessa área para incrementar os negócios e, com criatividade, alcançaram resultados produtivos: Categoria: Controle Logístico com EPC/RFID | MC3 Tecnologia A empresa dedicada à gestão de documentos desenvolveu projeto, em conjunto com a iTAG - que oferece soluções para projetos RFID - para melhorar o controle de transporte e armazenagem de documentos de terceiros. Para isso, foi adotado o código de serialização de unidade logística SSCC dentro de uma etiqueta RFID. Da esq. para dir.:

Mario Celso Paladino, da MC3; Wanderley Saraiva Costa e Virginia Vaamonde, da GS1 Brasil; e Sérgio Gambim, da iTAG Categoria: Identificação Têxtil com EPC/RFID | Mackvanny Para ganhar eficiência, a empresa, que atua no segmento de jeans wear, passou a fazer a conferência dos produtos, cruzando as informações da leitura por radiofrequência com a nota fiscal no momento do recebimento de mercadorias. O projeto foi conduzido em parceria com a iTAG. À esquerda:

Samir Abdayem, da Mackvanny

Categoria: Identificação Serializada para a Saúde | Roche A indústria farmacêutica que se destaca pelos medicamentos para câncer, transplantes e outras doenças fez a serialização da embalagem secundária, de acordo com a legislação em vigor, utilizando o padrão GS1 Datamatrix. As empresas TraceLink, provedora de soluções de rastreabilidade, e SPI, que atua na área de sistemas e automação industrial, foram parcerias neste projeto. À esquerda:

Rafael Schimer, da SPI; Hamilton Nogueira, da Roche À direita:

Lucca Gabrieli, da TraceLink


Categoria: Produtividade na Frente de Caixa | Extra O Grupo Pão de Açúcar (GPA), por meio da bandeira de hipermercados Extra, realizou estudo sobre o impacto da qualidade de impressão do código de barras nos produtos na loja da Avenida Santa Catarina, na capital paulista. O levantamento teve o objetivo de evitar que o consumidor deixe de comprar um produto por causa de problema na leitura do código de barras, além de melhorar a produtividade na frente do caixa. Da esq. para dir.:

Silveraldo Mendes, da GS1 Brasil; Rodrigo Ribas e Carlos Alberto Silva, da loja Extra Santa Catarina; Paulo Pennacchi, da GS1 Brasil; e Paulo Pompílio, do GPA Categoria: Educação | Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) O projeto de ensino a distância “Inovando com o Código de Barras” passou a fazer parte da Universidade Corporativa SEBRAE. Assim, funcionários e consultores da entidade têm acesso ao tema em qualquer lugar do Brasil e podem passar informações corretas aos empreendedores atendidos. Ao centro:

Elias Santos, do SEBRAE

Categoria: Identificação de Produtos para Frutas, Legumes e Verduras (FLV) | H2Orta A empresa gaúcha que produz alimentos pela técnica de hidroponia adotou o código de barras para identificação e distribuição de seus produtos. A partir daí, conseguiu fortalecer a expansão de sua marca por meio do modelo de franquias.

Ao centro:

Ricardo Rotta, da H2Orta


Categoria: Sustentabilidade | Amigos do Bem A nova categoria do Prêmio Automação teve como primeira vencedora a entidade que realiza programas de inclusão social e geração de renda para 60 mil pessoas nos Estados de Alagoas, Pernambuco e Ceará. Os produtos fabricados pelas comunidades são feitos a partir de castanhas e utilizam o código de barras para viabilizar a comercialização. Da esq. para dir.:

Alexandre Carrega, da Amigos do Bem; e Daniel Dias, nadador paralímpico

Categoria: Controle de Ativos com EPC/RFID | Lupo A indústria implementou a identificação por radiofrequência no processo produtivo. O projeto, feito em parceria com a JN Moura Informática, possui três fases: controle de ativos, identificação de embalagens coletivas e identificação do produto unitário. A primeira etapa já foi concluída. Da esq. para dir.:

José de Moura, da JN Moura Informática; Wanderley Saraiva Costa e Virginia Vaamonde, da GS1 Brasil; e Luiz Begotti, da Lupo

Categoria: Rastreabilidade | PariPassu

A empresa, que desenvolve soluções em tecnologia de informação para o segmento de alimentos perecíveis, adotou o uso do modelo de etiqueta GS1-128 em seu sistema de rastreabilidade para o segmento de frutas, legumes e verduras (FLV).

À esquerda:

André Donadel, da PariPassu; À direita:

Giampaolo Buso, da PariPassu


Categoria: Imprensa A GS1 Brasil reconhece os jornalistas que ajudam a divulgar os padrões globais. Conheça os vencedores: Diário do Nordeste (CE), com a reportagem “Seguir Caminho dos Produtos Traz Tranquilidade e Custo Menor”, elaborada pelos jornalistas Raone Saraiva e Murilo Viana. Revista Empreendedor (SC), com a reportagem “No Rastro da Qualidade”, de Marlon Aseff. Revista Agas (RS), com a reportagem “A Reinvenção dos Supermercados”, escrita por Marina Schmidt. Da esq. para dir.:

Pedro Zidoi, da GS1 Brasil; Raone Saraiva, do Diário do Nordeste; Marlon Aseff, da Revista Empreendedor; Marina Schmidt, da Revista Agas; e Charles Sampaio, da GS1 Brasil

HOMENAGENS

Além das premiações, a GS1 Brasil prestou uma homenagem às empresas e aos profissionais que contribuíram e apoiaram a disseminação dos padrões globais em diferentes segmentos de mercado. Confira:

Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), consultoria Agenttia e Grupo MATCON

Realização de pesquisa sobre automação no setor de materiais de construção.

Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (ABICALÇADOS)

Incentivo do uso dos padrões GS1 no setor coureiro-calçadista.

Eudaldo Almeida e Álvaro Bahia, membros do Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais (ENCAT)

Incentivo do uso dos padrões GS1 em documentos fiscais eletrônicos.

Júlio César Narciso, Auditor Fiscal

Monografia: Concepção de um Sistema de Rastreabilidade para Controle Fiscal através dos Projetos do Sistema Público de Escrituração, apresentada no 2º Concurso de Monografias do Sindicato dos Fiscais da Fazenda do Estado de Santa Catarina (SINDIFISCO).

Ceitec S.A.

Alcance de um novo patamar de excelência por meio da conquista da Certificação GS1 EPC.

Antônio Galvão

Primeiro presidente da Associação Brasileira de Automação Comercial (ABAC), entidade que se tornaria a GS1 Brasil.

INSCRIÇÕES ABERTAS Se você é associado GS1 Brasil, jornalista ou estudante e investiu em algum projeto de automação utilizando nossos padrões, acesse www.premioautomacao.com.br e inscreva seu case de sucesso no XIX Prêmio Automação. [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 53


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[JOGO RÁPIDO

Em 2016,

descomplique!

Por Ticiana Werneck

Consultor analisa o comportamento do varejo nacional e dá dicas para ajudar empresas a pensar simples em um ambiente complexo O ambiente externo com o qual as empresas de varejo confrontam-se na formulação de sua estratégia e execução é de crescente complexidade. Consumidores digitalizados, diversidade de formatos, canais e fronteiras fluidas entre segmentos e mercados desafiam cada vez mais os varejistas. Para ajudar o empresário a enxergar esse cenário de maneira mais simples e clara, o consultor Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, butique de estratégia de varejo, reuniu sua experiência de 30 anos no livro Varejo e Brasil: Reflexões Estratégicas, recheado de casos reais, nacionais e internacionais. “Mais do que nunca, é preciso definir as prioridades da gestão”, diz ele. Para o executivo, a busca pela inovação e a diferenciação só pode ser iniciada após a certeza de que o básico está funcionando. “Acredito em foco, disciplina estratégica, no básico bem feito e em equilíbrio entre segurança no presente com ousadia para o futuro, em empresas movidas por propósito e lideradas de forma exemplar. Acima de tudo,

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acredito no poder da simplicidade, que menos é mais e que o grande desafio dos negócios e de seus líderes é descomplicar”, pontua Serrentino. Acompanhe o bate-papo com o autor: Em sua pesquisa para o livro, quais aspectos do varejo brasileiro você mais quis se aprofundar? Foram dois principais: de um lado, a análise de evolução do varejo brasileiro a partir de ciclos, que permitem visualizar o progressivo amadurecimento do mercado com aumento de competividade. De outro, um melhor entendimento do setor, seus desafios e oportunidades. E quais foram as suas conclusões? Em relação à evolução do nosso varejo, cada ciclo foi marcado por transformações econômicas e mudanças estruturais. Aos ciclos, podem-se associar o grau de internacionalização, formalização, concentração, adoção de novas


tecnologias e expansão, que mudaram o patamar de competitividade e maturidade desse setor. Já sobre os desafios e oportunidades, é preciso considerar que nosso mercado é plural e possui elevadas concentrações demográficas e geográficas, além de significativas diferenças regionais, em que o posicionamento das redes define o potencial de expansão. Para alcançar escala, capilaridade e cobertura de mercado, é preciso pensar em alternativas de canais, formatos e modelos de negócio. Enfatizo a crença no Brasil, no potencial do mercado, nos espaços e oportunidades que existem e que surgirão, na capacidade criativa e de execução dos talentos e no empreendedorismo que marca nossa cultura. Simplicidade, clareza, foco, disciplina e renúncias são premissas para definição de estratégia e execução consistente. Como definiria o ciclo de evolução que vivemos atualmente? De maturidade, complexidade e grandes desafios em termos de competitividade e produtividade. Em 2013, entramos em um novo ciclo, que teve, em 2015, um período muito ruim, com retração após 11 anos de crescimento vigoroso do varejo. O cenário pode melhorar, mas não voltará ao quadro que tivemos até 2012. As empresas terão de fazer ajustes, aumentar

o rigor em relação a investimentos, custos, despesas, produtividade e eficiência. O grau de competição e internacionalização vai aumentar, e os negócios serão desafiados a entregar mais valor. Você afirma que hoje é crucial “pensar simples em ambiente complexo”. Como o varejista executa isso? O varejo torna-se complexo porque, entre o produto e a venda, há muita gente interagindo com muita gente. O aumento de escala, a amplitude e a cobertura de mercado nem sempre trazem ganhos de eficiência e competitividade, pois distanciam a empresa dos clientes e aumentam a complexidade do negócio. Simplificar é imperativo para os negócios de varejo. Isso começa ao se ter clareza do público-alvo, proposta de valor da marca e capacidade de fazer renúncias. E, acima de tudo, na tradução do posicionamento em execução diária e consistente em todas as lojas. É preciso simplificar estruturas organizacionais, processos, controles, lojas e comunicação. Se a empresa pensar, decidir e comunicar de forma simples, conseguirá executar de forma ágil. Os colaboradores e clientes vão entender isso. Para qual tendência atual o pequeno e médio varejista precisam estar mais atentos? A necessidade de fazer escolhas e consequentes renúncias – ter foco, disciplina e entregar a promessa de sua marca e loja de forma consistente aos clientes todos os dias. Se uma marca não conseguir definir o que deveria motivar os clientes a escolherem e voltarem a sua loja, corre um sério risco de sobrevivência.

Foto:Divulgação

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“Acredito em foco, disciplina estratégica, no básico bem feito e em equilíbrio entre segurança no presente com ousadia para o futuro” Alberto Serrentino, da Varese Retail

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VAREJO

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Jornada de conhecimento

Por Frederico Bellini*

NRF Retail’s BIG Show 2016 é uma vitrine que antecipa as tendências do varejo e do comportamento do consumidor

Varejo em foco Evento apresenta tendências do setor e novidades tecnológicas 58 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

relação do consumidor é com a marca e sua proposta de valor, e não com o canal. A jornada de compra transita em todos os lugares. Por isso, as empresas estão buscando, cada vez mais, entender de que forma o cliente compra para criar soluções mais assertivas e encantá-lo. Outro tema bastante explorado durante o evento foi o perfil da geração Y. É interessante notar que, até pouco tempo, a discussão sobre o comportamento desse público era apenas teórica, mas agora passou a ser realidade. Com o multiculturalismo, os jovens valorizam mais a experiência e menos a posse. Além disso, é alto o índice de compras pelas plataformas digitais. Nesse aspecto, as lojas físicas têm um desafio extra: precisam vender mais que produtos, mas boas experiências. A internet das coisas e os equipamentos wearables (vestíveis) também já estão mudando a maneira como o varejo se posiciona. Há, inclusive, um movimento para transformar os wearables em itens com design, como as marcas Tag Heuer,

Fotos: Divulgação NRF

Conhecer novos modelos e desafios do varejo, além de conferir as novidades tecnológicas que vão levar a experiência de compra a um patamar diferente. Durante a NRF Retail’s BIG Show 2016, realizada de 17 a 20 de janeiro, em Nova York, nos Estados Unidos, foi possível vivenciar esse ambiente de inovação. Mais uma vez, a equipe da GS1 Brasil participou do evento, que é anual e considerado o mais importante do setor no mundo, para conferir as tendências dessa área com a qual a entidade sempre teve uma parceria tão importante. No caldeirão de informações que é o congresso, muitas palestras enfatizaram a importância de se antecipar à necessidade do cliente e criar novas formas de se relacionar com ele em todos os pontos de contato (lojas físicas e plataformas on-line). Mais uma vez, o conceito do omnichannel apareceu com força, mas com uma nova denominação: all-channel, reforçando, assim, que não há mais fronteiras entre os mundos físico e digital. Hoje, a


Novas experiências Equipe da GS1 Brasil marcou presença na NRF Retail’s BIG Show 2016: (da esq. para dir.) o diretor de processos e atendimento ao associado Silveraldo Mendes; o gerente de produtos, Paulo Crapina; a CEO Virginia Vaamonde; o presidente João Carlos de Oliveira; e o gerente de comunicação e eventos, Frederico Bellini

famosa pelos relógios de luxo, e Rebecca Minkoff, de moda feminina, já vêm fazendo. Um case interessante apresentado no evento foi o da loja de artigos esportivos Under Armour, que pretende utilizar o conceito de internet das coisas nos produtos que comercializa. Aqui no Brasil, pesquisa da GS1 realizada em 2015 (os resultados completos estão nesta edição), indica que 76% dos entrevistados já possuem computadores interconectados com celulares. Já com relação às novidades tecnológicas, uma das soluções de maior destaque apresentada na NRF Retail’s BIG Show é a que possibilita a impressão do código de barras na embalagem, permitindo a passagem do produto no caixa dos supermercados com rapidez e confiabilidade. Em termos de equipamentos, as impressoras 3D continuam oferecendo muitas possibilidades de trabalho. Provadores eletrônicos também tiveram destaque na exposição, assim como balanças com visor de LED, que permitem a escolha do produto por meio de foto em alta definição. RFID NA MODA A equipe da GS1 Brasil aproveitou a oportunidade para conhecer o varejo de Nova York e notou que as lojas de moda, em especial, conseguem en-

Interatividade Lojas da Polo Ralph Lauren e da Rebecca Minkoff apostaram em espelhos inteligentes com tela sensível ao toque e baseados em RFID

cantar o cliente utilizando a tecnologia de identificação por radiofrequência EPC/RFID. Na Polo Ralph Lauren da 5ª Avenida, os provadores de roupas possuem espelhos inteligentes, com tela sensível ao toque e baseados na RFID. Leitores embutidos nos provadores identificam a etiqueta inteligente de cada peça levada ao local. É assim que começa uma experiência de interatividade. O cliente pode provar roupas de diferentes cores e tamanhos que aparecem como sugestão na tela – basta selecionar o item desejado e o software transmitirá o pedido a um vendedor equipado com um iPad. Da mesma forma, a loja Rebecca Minkoff, no bairro do Soho, implementou espelhos inteligentes touchscreen com RFID nos provadores para identificar os itens e sugerir peças adicionais, acessórios ou tamanhos diferentes ao cliente. Por sua vez, a G-Star Raw, localizada na Broadway e focada em moda urbana, usa a RFID para gestão e obtenção de eficiência logística, fazendo o controle de estoque, inventário, além de localização de peças na loja. PROPOSTAS DIFERENCIADAS Outra visita interessante foi ao supermercado de vizinhança Trader Joe’s. Fundado em 1958, começou como uma pequena rede de lojas de conveniência. Hoje, a proposta é ofe-

recer apenas o essencial aos consumidores, mas de um jeito despojado. As lojas têm decoração com tema de praia e os funcionários são atenciosos e simpáticos. O Trader Joe’s trabalha em parceria com pequenos produtores e, apesar do mix reduzido, investe na qualidade dos produtos e no visual das embalagens. Nas lojas, o cliente encontra alimentos frescos, lanches para consumir na hora e pratos prontos congelados com cara de comida caseira. A rede norte-americana de supermercados Stew Leonard’s também tem uma proposta diferenciada, destacando-se pela venda de alimentos prontos para consumo. Uma das características mais fortes desse varejista é expor uma grande quantidade de produtos naturais – plantados nas fazendas próprias da rede. Assim, em vez dos tradicionais corredores, o que se encontra é um caminho que começa na entrada da loja e leva o cliente por todos os setores até o caixa. Outro diferencial é oferecer entretenimento aos clientes com bonecos, música e degustação. Também foram paradas importantes do grupo da GS1 Brasil o Costco Wholesale, o maior clube de compras do mundo; e a varejista de livros Barnes & Noble. *Gerente de comunicação e eventos da GS1 Brasil 7 898357 410015

Fotos: GS1 Brasil

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[RADAR

Por Ana Paula Garrido

Lugares desconhecidos, ou não tão famosos, atraem pela tranquilidade dos roteiros pouco badalados, mas sem deixar de lado a exuberância das belezas naturais e relíquias culturais Viajar sempre é bom, mas, se for para destinos inusitados, parece que o prazer é ainda maior, talvez pela sensação de desbravar o desconhecido. A reportagem da Brasil em Código fez um levantamento desses locais surpreendentes e, agora, é só anotar as dicas e arrumar as malas. Como a ideia era fugir do convencional, a especialista em turismo e autora do blog com dicas de viagens e roteiros Sundaycooks.com, Natalie Soares, indicou várias opções, dentre as quais escolhemos três delas, abrangendo o Centro-Sul do Brasil, como forma de evitar os destinos paradisíacos – e manjados – do Nordeste. Preparados? A primeira parada é em Corumbá (MS), que desmistifica a associação do Pantanal como destino apenas de pesca. “A cidade tem muitas atrações para quem não gosta de pescar. Há fortes do Exército, o Museu de História do Pantanal, além da feira, aos domingos, que tem um pastel maravilhoso na barraca da Dona Jô”, comenta Natalie. Há duas fortalezas na cidade – o Forte Junqueira e o Coimbra –, que foram importantes durante a guerra do Paraguai. Já o museu abre de terça a sábado, mas num período curto, das 13h às 18h, enquanto que a famosa feira de domingo acontece no centro (Rua Ladário), das 7h às 11h, e conta com mais de 180 barracas. Também há opções para quem busca atrações naturais. Uma delas é o passeio de barco pelo Rio Paraguai. A saída é sempre à tarde (16h30) para contemplar 60 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

o pôr-do-sol. O próprio Porto Geral, de onde saem os barcos, é uma boa pedida para observar o rio e a arquitetura histórica do entorno. A trilha pela Estrada Parque Pantanal é imperdível para os amantes de ecoturismo. A apenas 15 minutos do centro urbano de Corumbá, o parque abriga as belezas naturais do

Corumbá - Mato Grosso do Sul

Fotos: Divulgação/Sagrilo/Tadeu Bianconi

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Discretos e encantadores


Foto: Jefferson Pancieri

Montanhas Capixabas - Espírito Santo

Treze Tílias - Santa Catarina

Pantanal e do Maciço de Urucum, a maior jazida de manganês e bauxita da América Latina. No entanto, o que mais surpreende é a variedade de animais que podem ser vistos: jacarés, tatus, araras-azuis e até onça-pintada. O ideal é ir durante o inverno, pois, com a cheia do Rio Paraguai, a fauna e a flora ficam ainda mais exuberantes. Sem contar que nesse período a temperatura é mais amena. TRANQUILIDADE Já na região Sudeste, a região das Montanhas Capixabas (ES) ainda é pouco explorada, apesar da boa infraestrutura. Formada por nove cidades (Brejetuba, Laranja da Terra, Afonso Claudio, Vargem Alta, Domingos Martins, Venda Nova do Imigrante, Castelo, Marechal Floriano e Conceição do Castelo), o destino é ideal para quem busca tranquilidade e comida boa. É possível conhecer uma cidade por dia – por isso, a dica é alugar um carro –, ou mesmo escolher duas para passar o fim de semana, o que já dará a noção da região serrana do Espírito Santo, repleta de influência da colonização e de visitas às fazendas produtoras de queijo e café. Um dos roteiros interessantes é o de Venda Nova do Imigrante até Domingos Martins. Com forte influência italiana, o local tem várias fazendas abertas à visitação – no posto de apoio ao turista, há informações sobre o trajeto para cada uma delas. Além de comprar os produtos in loco, essa viagem é uma oportunidade para con-

versar com as famílias e saber como é a produção e, principalmente, as histórias da cidade. Para quem gosta de bebida, a parada obrigatória é a fazenda da família Busato, onde fica a casa da cachaça Teimosinha, famosa na região. Já em Domingos Martins, considerada a cidade mais alemã do Espírito Santo, o ponto principal é o parque Pedra Azul, onde se pode fazer trilha e andar a cavalo. O próprio passeio pela cidade é interessante: dá para ver as típicas construções alemãs, conhecer o Monumento ao Imigrante Alemão e a Igreja Luterana, localizados um em frente ao outro na praça central e, ainda, aprender palavras em alemão por meio das placas espalhadas pelas ruas. CENÁRIO BUCÓLICO No Sul, por sua vez, é possível trocar os tradicionais roteiros de colonização italiana e alemã para conhecer a cultura austríaca, mais especificamente de Tirol, o maior Estado da Áustria. Com apenas 3 mil habitantes, Treze Tílias (SC) encanta pelo cenário bucólico e o ar de vilarejo europeu – ideal para se visitar durante um fim de semana ou feriado. A dica é escolher o feriado de 12 de outubro, quando acontece a Tirolerfest, a principal festa da cidade, que reúne apresentações de dança e música típicas, exposição de produtos locais e, principalmente, bierwagen – percurso de caminhões que oferecem chope para degustação dos visitantes.

Por falar em bebida, vale a pena conhecer algumas das 22 vinícolas na cidade de Pinheiro Preto, que fica a cerca de 40 km de Treze Tílias e oferece o serviço de degustação de vinhos, frisantes e doces locais. Já no centro de Treze Tílias, a dica é conhecer a Vinícola Kranz e emendar com o passeio até o Museu Municipal Ministro Andreas Thaler, conhecido como Castelinho, que mostra como os imigrantes tiroleses viveram nos anos 1930. Ainda na área central, uma dica é conhecer o parque municipal – a entrada é gratuita –, onde há um lago com uma ilha no formato da Áustria; e visitar as oficinas de artesanato, que são bem fortes na cidade. Há desde esculturas de madeira até bordados, sendo que o destaque é o bauernmalerei (pintura camponesa) e as guirlandas de sementes, as duas técnicas são típicas da cultura alpina. Outra opção é esticar o passeio até a loja Mundo Tirolês, repleta de suvenires e acessórios típicos da Áustria e também da Alemanha. Se sobrar um tempinho, agende um passeio pela área rural de Treze Tílias para conhecer a gruta na região de Babenberg, onde os primeiros colonos instalaram-se. Outra sugestão é visitar o sítio onde foi filmada a novela Ana Raio e Zé Trovão (sucesso na década de 1990), talvez mais conhecida que os três destinos turísticos juntos. 7 898357 410015

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Repense suas estratégias Por Katia Simões

Da valorização da pechincha à compra de produtos saudáveis, confira o que norteará o comportamento do consumidor brasileiro em 2016

Foto/Imagens: Thinkstock

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[CONSUMO


Não é de hoje que as empresas têm enfrentado grandes desafios para ganhar a confiança e o bolso do consumidor. Menos dinheiro em circulação, maior grau de exigência por parte dos clientes, concorrência exacerbada, facilidade de informação na tela do smartphone e a busca cada vez maior por conveniência, praticidade e ganho de tempo são alguns dos fatores que têm transformado o ato da compra em um exercício cada vez mais valioso (e cobiçado). Em São Paulo, Paris, Nova York ou Cingapura, a pergunta é a mesma: o que atrai o consumidor hoje? A resposta é o objeto de estudo de vários institutos de pesquisa, que analisam o comportamento de compra dos consumidores ao redor do mundo e apontam as principais tendências que nortearão o universo do varejo ano a ano. Algumas atravessam a barreira do tempo, como o uso da tecnologia para facilitar a rotina diária, a comparação de preços, a oferta cada vez mais personalizada de produtos e serviços. Outras parecem extremamente futuristas em um primeiro momento, como a internet das coisas, cujas plataformas aplicadas diretamente no corpo, a fim de monitorar a saúde e o bem-estar, deverão transformar-se nos novos dispositivos vestíveis em breve. Parece filme de ficção? Claro que não. Um ensaio aqui, outro acolá demonstram que isso já é realidade para alegria de 87% dos paulistanos que participaram do estudo feito pelo ConsumerLab, área da Ericsson que há 20 anos estuda o comportamento dos usuários. Todos revelaram que gostariam de usar a tecnologia para melhorar percepções sensoriais e habilidades cognitivas, como a visão, a memória e a audição. De acordo com o relatório “Top10 Global Consumer Trends for 2016”, da Euromonitor Internacional, o consumo neste ano será marcado por uma mistura de tendências, que vem desafiando as formas de viver e de comprar. Globalmente, segundo o estudo, um dos movimentos mais fortes é o dos compradores agnósticos, que são a síntese do cliente contraditório do momento. Envolvidos pela situação econômica, hiperinformados, zelosos com as compras e com as múltiplas oportunidades para comparar preços, estão menos preocupados com rótulos e marcas. “Esse grupo passeia entre lojas e produtos em busca de valor e novidades, transformando-se em um grande desafio para as marcas que querem se conectar com eles ou buscam sua lealdade”, afirma a autora do “Consumer Trends”, Daphne Kasriel Alexander. “Os agnósticos estão

divididos entre o desejo de serem econômicos e, ao mesmo tempo, terem o prazer de gastar em produtos que os inspiram”, diz. Outra tendência apontada pela Euromonitor que já mostra sinais de crescimento contínuo, apesar da crise econômica, é a do consumo de produtos mais naturais. O Brasil é o quarto maior mercado mundial de alimentos saudáveis e orgânicos, um segmento que cresceu 98% em cinco anos, contra 67% da demanda por alimentos tradicionais no mesmo período, movimentando US$ 35 bilhões no País. Os especialistas insistem em afirmar que, diferentemente das dietas da moda, a alimentação saudável é uma tendência irreversível, porque está enraizada em uma mudança de comportamento mais profunda, que inclui a preocupação com a longevidade e também uma nova forma de relacionar-se com o meio ambiente. PECHINCHAR NÃO É PECADO Com o bolso mais enxuto, a tendência é que o brasileiro racionalize mais suas compras, o que implicará em menos visitas aos pontos de venda e de menos produtos dentro do carrinho. “De janeiro a setembro de 2015, a compra de produtos de higiene pessoal, bebida, produtos de limpeza e alimentação caiu 8% em volume, mas não em valores, já que os preços dispararam com a inflação”, afirma a diretora de marketing e treinamento da Kantar, Maria Andrea Ferreira Murat. Segunda ela, a busca por promoções cresceu no mesmo período com tendência a aumentar ainda mais em 2016. De acordo com o levantamento da Kantar, no primeiro semestre de 2014, os alimentos comprados na promoção equivaliam a 13,2%, volume que saltou para 16% no mesmo período de 2015. O mesmo aconteceu com higiene pessoal, de 13% para 15%; limpeza, de 8% para 10%; e bebidas, de 7% para 9%. Também cresceram os combos que criam vantagem oferecendo três produtos pelo preço de dois. “O desafio está em incluir mais itens dentro da cesta de consumo por menos”, adverte o diretor da consultoria Inteligência de Varejo, Olegário Araújo. “Passamos mais de uma década experimentando coisas novas, viajando, agora fica difícil deixar para trás o que já se vivenciou. Assim, a tendência é termos um ano de eterna busca pela pechincha. Com certeza, continuará a sede do mais por menos.” E Araújo tem razão. Uma das principais tendências de consumo apontadas pela Mintel, empresa especializada

Em 2016, o consumo será marcado por uma mistura de tendências, que está desafiando as formas de viver e de comprar [ BRASIL EM CÓDIGO ] jan/fev/mar 2016 63


CONSUMO em pesquisa de mercado, é a batizada de ‘Heróis da Pechincha’. Segundo o estudo “Brasil 16”, os consumidores brasileiros já sofreram com o aumento da inflação e, por conta disso, estão explorando modelos de compra alternativos, como compartilhamento, aluguel e troca. “Em 2016, essas alternativas aos modelos de compra tradicionais permitirão que os consumidores continuem a usufruir de novos

produtos e serviços, sem a necessidade de gastar muito dinheiro”, declara a analista de tendências da Mintel, Graciana Méndez. Essa nova abordagem, segundo a especialista, mudou o significado de propriedade e oferece o acesso a produtos e experiências dentro de um orçamento mais favorável. O mercado já percebeu a mudança e começou a se adaptar. Um bom

exemplo é a varejista on-line brasileira Dress & Go, que aluga vestidos de grifes de luxo a preços que cabem no bolso. E para surpresa de muitos, já está com obras aceleradas, em São Paulo (SP), o primeiro empreendimento Home & Share do Brasil, o Santa Cecília Smart Home. O edifício, com entrega prevista para 2017, foi criado com a proposta de encorajar o compartilhamento entre

PARA COLOCAR EM PRÁTICA

Conheça as principais tendências de consumo para o mercado brasileiro em 2016 apontadas pela Mintel:

HERÓIS DA PECHINCHA CONCEITO – Os brasileiros estão explorando modelos de compras alternativos, como compartilhamento, aluguel e troca, permitindo, ainda, que aproveitem pequenos prazeres da vida. O QUE VIRÁ – É provável que, em 2016, as marcas invistam no compartilhamento peer-to-peer (pessoa a pessoa) para os planos de assinaturas e ofertas ilimitadas. No futuro, marcas de moda e acessórios devem se render à oportunidade e oferecerem esquemas de aluguel e trocas de tudo, desde joias e bolsas até óculos e sapatos. Projetos de compartilhamento ajudarão as empresas a fomentarem laços mais comunitários e significativos entre os consumidores.

FAMÍLIAS ALTERNATIVAS CONCEITO – A forma como os brasileiros vivem juntos e criam laços evoluiu significativamente, resultando no surgimento de novas formas de convivência. O QUE VIRÁ – Como os consumidores estão mais conscientes das famílias não tradicionais, buscarão marcas que apresentem características das várias dinâmicas do novo “normal”. Isso passa pela nova ideia de velhice, novo status dos animais de estimação no lar, abordagem mais inclusiva ao gênero neutro e troca dos papéis domésticos.


os moradores, já que oferecerá carros e bicicletas em copropriedade, bem como espaço para trabalho em conjunto e apartamentos totalmente mobiliados para convidados. ESCOLHA RACIONAL Outra tendência forte, segundo o levantamento da Mintel, é a Sede por Mais, que permeia a economia pelo viés da sustentabilidade. “Em 2016, nós veremos tanto indivíduos quanto empresas continuarem a explorar novas maneiras de economizar através da sustentabilidade e de práticas ecológicas”, afirma Graciana. “Mas, para que isso realmente aconteça, os benefícios pessoais das alternativas ecológicas têm de estar

bem claros.” Um bom exemplo disso é o trabalho desenvolvido pela startup brasileira Porto Leve, que oferece aos moradores de Recife (PE) um serviço de compartilhamento de carros elétricos por uma mensalidade de R$ 30. Muitos brasileiros também já reciclam lixo em troca de descontos em suas contas de energia e, desde outubro de 2015, já é possível trocar garrafas e latas por descontos nas máquinas de refrigerantes operadas pela Triciclo, conforme destaca o levantamento da Mintel. “Trata-se de um processo de enxugamento, de comprar na medida do desejo, mas não desperdiçar. É a chamada compra racional”, afirma o professor de ges-

tão de varejo da FAAP, Amnon Arnoni. “Muitos desses novos hábitos irão permanecer, mesmo quando a economia voltar a crescer, porque se aprende muito nos momentos de dificuldade.” Embora o peso econômico seja forte e supere o desejo de consumo típico do brasileiro, as tendências existem e não podem ser ignoradas, adverte o presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo, Eduardo Terra. “Será cada vez maior a participação do neoconsumidor digital, que tem a vida inserida na tecnologia; na força da sustentabilidade que impacta nas embalagens; na forma de se comunicar; e na relação que as novas gerações têm com o consumo”, afirma. 7 898357 410015

OCUPE BRASIL CONCEITO – Os consumidores denunciam tudo, desde a escassez de água à corrupção, passando pelo abuso das contas públicas e pelo aumento dos preços. As marcas estão se ajustando à busca por práticas justas. O QUE VIRÁ – Marcas progressistas irão se alinhar com as buscas dos consumidores por práticas justas, levando a responsabilidade social corporativa a outro nível, emponderando os consumidores e permitindo que eles sejam os condutores da mudança positiva dentro da comunidade e mais ativos no processo de criação e decisão das empresas.

SEDE POR MAIS CONCEITO – Enquanto o País luta contra a recessão, juntamente com problemas de clima, os brasileiros começam a descobrir que adotar práticas ecológicas pode ajudá-los a economizar dinheiro. O QUE VIRÁ – Em 2016, tanto indivíduos quanto empresas continuarão a explorar novas maneiras de economizar por meio da sustentabilidade e de produtos ecológicos. Desde que os benefícios pessoais das alternativas ecológicas continuem claros para os consumidores, ele serão amplamente adotados.


[

[ Padrão de qualidade

Somos todos consumidores Meta da entidade é fornecer informações de qualidade para melhorar a experiência de compra

‘ Virginia Vaamonde,

CEO da GS1 Brasil

Todos os anos, no mês de janeiro, a GS1 reúne um conselho estratégico, o Advisory Council, formado pelo staff executivo do escritório global da entidade e 20 CEOs das maiores GS1 no mundo. Como membro desse grupo, participei recentemente de mais um encontro, que sempre representa uma oportunidade para conhecer o que há de mais atual em automação de forma global. Além disso, o evento é uma possibilidade de mostrar o que fazemos no Brasil, já que somos, hoje, uma referência na América Latina, com iniciativas de automação altamente valorizadas. Em sintonia com o que acontece em mercados desenvolvidos e com as decisões estratégicas desse conselho, nosso foco em 2016, no mercado nacional, é olhar mais atentamente para o consumidor. Esse movimento é decorrente da evolução natural da GS1, que, na sua origem, era direcionada para questões técnicas de padronização e passou a promover melhorias da gestão dos negócios das empresas. Agora, além de tudo isso, também está preparada para os desafios do mundo digital, no qual o big data e o e-commerce, por exemplo, fazem do consumidor um elo integrado à cadeia de abastecimento. Por isso, estamos atentos às várias possibilidades para fornecer informação de qualidade por meio das soluções utilizando a padronização e a automação, com a meta de auxiliar o consumidor a ter uma melhor experiência de compras. Esse posicionamento está apoiado em uma tendência mundial, que é a preocupação crescente das pessoas em conhecer a origem e as características do que consomem. Por exemplo, nos países da União Europeia, a Regulamentação 1.169/2011 tornou obrigatório, desde dezembro de 2014, que fabricantes de produtos alimentícios informem no rótulo a quantidade de substâncias como lipídios, açúcares, proteínas, sal, etc. No Brasil, pela RDC 24/2015 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), toda a cadeia do alimento, incluindo produtores rurais, indústria, distribuidores e varejo, deve possuir métodos e procedimentos para realizar um recolhimento eficiente dos itens. A indústria farmacêutica também se prepara para adotar a identificação de medicamentos por meio do código GS1 Datamatrix, conforme exigência da ANVISA, visando fornecer informações seguras aos consumidores. Considerando esse cenário, a GS1 Brasil trabalha atualmente em várias frentes, como estimular o uso do código de barras para identificação única de produtos nas lojas virtuais. Além disso, a entidade está aprimorando o aplicativo InBar que, a partir da leitura do código de barras, pode ser uma fonte de informações confiáveis sobre as mercadorias nos pontos de venda. Neste ano, também focaremos na divulgação e adoção do GS1 Smart Search, um padrão que organiza os dados sobre os produtos na internet. E, para que as pessoas entendam a importância das soluções GS1, iniciamos uma campanha nos veículos da grande imprensa nacional. Estamos confiantes de que, com essas ações, toda a cadeia produtiva será impactada de maneira positiva. Os benefícios voltam para nós mesmos. Afinal, somos todos consumidores.

66 jan/fev/mar 2016 [ BRASIL EM CÓDIGO ]

Foto: Diego Rodarte

O foco da GS1 Brasil em 2016 é olhar mais atentamente para as necessidades do consumidor




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