The Canary in the Mine: Wildfires and Rural Communities in the Mediterranean Hinterland

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Landscape design: an experience of co-creation at Municipality of Arganil

Arganil is a territory characterized by a vast number of family farming and smallholdings properties. It is also characterized by the presence of extensive communal lands, the baldios. During the second half of the 20th century, the State Forestry Services implemented a wide plantation program in the baldios with undeniable impact in this territory. This program included the introduction of forestry production. In these communities, the use of fire as a tool for landscape management was common, including the renewal of pastures or for the clearing of new arable land. Collection of wood for fuel or harvesting non-woody forest resources were vital for families. The introduction of large areas dedicated to forest production forced these uses to change in many ways. In this context, free grazing, and the use of extensive burning for pastures, was no longer an option. Thus, the rebalancing of these different perspectives of fire was, and still is, difficult and complex to manage. The progressive abandonment of agricultural and pastoral activities is both a cause and an effect of the rural exodus and emigration. This populational flux caused important changes at the ecological level leading to the evolution of spontaneous vegetation and a consequent challenge that forest management could no longer solve. Forest fires grow every year and their consequences have changed over time. And as these fires have grown, so have the tools and resources used to combat them, such as bigger fire-fighting devices, additional firefighters, machinery and airplanes. But these tools and resources have proven increasingly costly and ineffective. This reality persists, constituting what we called the “Fire Paradox”, the greater the success of combat today, the greater the destruction potential of tomorrow’s fire. The tragic events that took place in June and October 2017 in Central Portugal severely hit the municipality of Arganil. It burned 69% of the municipality’s area, around 23,000ha, and

Nuno Santos*, Abel Simões*, Érica G. Castanheira* *Câmara Municipal de Arganil

O desenho da paisagem: a experiência do processo de co-criação no concelho de Arganil “Canário numa mina de carvão” (“canary in the coal mine”) é uma expressão idiomática utilizada para se referir a qualquer sinal que indique a iminência de um perigo. Arganil é um território caracterizado por muitas e pequenas propriedades rústicas (minifúndio) e simultaneamente, por extensas áreas de terrenos comunitários, os baldios. Durante a segunda metade do século XX, os baldios foram alvo de trabalhos significativos por parte dos Serviços Florestais do Estado, que tiveram uma presença e uma importância indiscutível neste território, nomeadamente na introdução da produção florestal. Uma vez que os incêndios florestais já eram uma preocupação, esta introdução de grandes áreas dedicadas à produção florestal provocou uma alteração naquilo que era o uso do fogo na agricultura familiar e na pastorícia, quer para o arroteamento de novas terras aráveis ou para renovação de pastagens. O reequilíbrio das diferentes perspetivas sobre o fogo foi, e é até hoje, um problema difícil e complexo de gerir. O abandono progressivo das atividades agrícolas e pastoris, simultaneamente causa e efeito do fenómeno demográfico da emigração causaram também alterações importantes ao nível ecológico, com a evolução da vegetação espontânea a criar problemas que a gestão florestal já não conseguia solucionar. Os incêndios iam acontecendo, as suas consequências iam-se alterando, os seus impactos iam-se agravando e o seu combate foi sendo feito com cada vez mais recursos, homens, maquinaria, aeronaves, aumentando gradualmente os custos e as perdas. Esta realidade perdura, constituindo o que chamamos hoje de “Paradoxo do Fogo”, quanto maior o sucesso do combate hoje, maior o potencial de destruição do incêndio de amanhã.


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