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Cabeça Errante
Essa personagem do folclore nacional tem três histórias bem diferentes. Na região Norte, as pessoas contam que a Cabeça Errante era a cabeça de um homem que foi cortada e colocada dentro de um saco. Só que a cabeça parecia ter vida própria: mal a colocavam no saco, ela caía. Colocavam de novo e novamente ela se jogava no chão. A história foi ficando complicada, pois os homens tentavam se safar da Cabeça Errante e nada: por onde eles iam, ela os seguia. Tentaram se esconder em cima de uma árvore e a Cabeça ficou lá embaixo, esperando por eles. Esconderam-se dentro de casa, fecharam as portas, e Cabeça Errante mandou que abrissem. Mas ninguém abriu nenhuma portinha, por puro medo, é claro. A Cabeça Errante, então, pensou no que ia se transformar: não podia ser em água porque os homens a beberiam. Nem em terra, porque eles pisariam nela. E muito menos em boi, porque a matariam para comer sua carne. Foi aí que teve uma ideia: “Vou ser Lua!”. E pronto, mandou que os homens jogassem dois carretéis de linha pela janela da casa estavam escondidos. Eles atenderam ao pedido e Cabeça Errante atirou os dois carretéis em direção ao céu e São Pedro (que é o santo que manda em tudo lá em cima) que jogasse para baixo uma varinha para com ela ir enrolando, linha e subir ao céu, devagarinho. Assim, chegou ao céu e lá acabou virando Lua. Os homens, cá embaixo, que acompanharam a aventura da Cabeça Errante mal acreditaram que viram, ficando com mais medo ainda desse ser esquisito. Mas em Pernambuco a história da Cabeça Errante é outra. Conta-se que havia um menino que passava todos os dias pela mesma estrada, para lá e pra cá. Toda vez ele dava de cara com uma caveira que ali ficava e lhe dava uma chibatada. Batia sem dó! Certo dia a caveira, indignada com a maldade do pequeno, foi, só com a sua cabeça, se queixar à mãe do menino dizendo, com sua voz muito fanhosa, algo assim:x
Minha senhora Veja seu filho; Se ele vai, se ele vem. Pau no nariz;
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Se ele passa pra lá, Pau no nariz; Se ele passa pra cá, Pau no nariz.
Diante da ameaça da tal Cabeça, a mãe logo cuidou para que seu filho nunca mais mexesse com a caveira, dona da Cabeça Errante. Afinal de contas, a mãe queria que seu filho voltasse para casa com o nariz inteiro, e não quebrado por um pau atirado por uma cabeça enfurecida! Entre os índios Tupari e Tarupá, conta-se uma outra história sobre a Cabeça Errante: havia uma mulher que enquanto o marido dormia, ia comendo sua cabeça. Um vizinhos viram o que estava ocorrendo ali e colocaram fogo no corpo do homem; a cabeça sentiu dor e foi rolando até a fogueira, enquanto o corpo ficou inteiro, mas todo queimado... e virou um Bacurau, aquele pássaro que, quando canta, alguém morre. Essa lenda tem a ver com a da Cumacanga, que também trata do nascimento da Lua.
REGIÃO DO PAÍS: Nordeste (PE) e Norte (AC) ORIGEM: Europeia, hindu e indígena PERSONAGEM RELACIONADA: Bacurau, Cumacanga