Pequena Fábula

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“Ah”, disse o rato, “o mundo torna-se a cada dia mais estreito. A princípio era tão vasto que me dava medo, eu continuava correndo e me sentia feliz com o fato de que finalmente via à distância, à direita e à esquerda, as paredes, mas essas longas paredes convergem tão depressa uma para a outra que já estou no último quarto e lá no canto fica a ratoeira para a qual eu corro”. – “Você só precisa mudar de direção”, disse o gato, e devorou-o.

Franz Kafka


A

encenação coreográfica se alimentou de interpretações da atualidade apresentando o Estado como fomentador principal do aniquilamento do corpo. Por conta da sua necessidade de manutenção da ordem para exercer seu projeto de cancelamento do cidadão reflexivo, os detentores do poder, historicamente, vêm criando estratégias perversas de supressão intelectual para que o indivíduo perca a capacidade de compreender a sua real situação. E assim emerge o exemplar cidadão bos taurus, típico amante de deus/pátria/família, orgulhoso da sua ignorância e convicto cumpridor dos seus deveres para ser conduzido a um labirinto sinistro que o levará ao encontro do seu abate civilizatório. Levando em consideração estas questões, a encenação coreográfica se inspirou na potente energia emanada da obra Pequena Fábula, de Franz Kafka, a fim de criar códigos corporais cênicos que aproximem o espectador do ambiente sombrio e fatídico do universo kafkiano.


Sobre a Cia

C

riada em 1997, a cia desenvolve pesquisas e criações em dança, tendo em seu repertório 27 peças coreográficas. O percurso do Grupo é pautado por uma dança teatralizada, seus trabalhos criativos tem a intenção de gerar uma potência que possa provocar reflexão na plateia e não a deixar apenas na superfície do entretenimento. Os espetáculos do seu acervo discutem a urgente resistência à massificação dos indivíduos, se contrapondo à transformação da vida em mercado e do homem em mercadoria. Por conta disso, trafega na contramão do Shopping Center cultural, muito preocupado com cifras, público e pouco inquieto com as relações sócio-políticas. Para a Cia Carne Agonizante, a cena deve ser preponderantemente o lugar de uma poderosa manifestação poética de guerra com corpos bélicos sob seu comando. Sendo assim, de nada adiantará buscar novos sentidos e olhares para uma construção cênicacoreográfica, sem que com eles não sejam produzidas metamorfoses capazes de ao menos impactar o público presente, convidando-o à emoção e à reflexão. Sob as energias apolíneas e dionisíacas, uma constante pulsão de vida e morte.


Você é um idiota insignificante, mate-se, ou aceite que te matem para liberar espaço para o próximo estúpido que irá te suceder.

Sandro Borelli



Ficha Técnica

Programação Dias

29, 30 e 31 de outubro de 2021

Sexta e sábado_21h Domingo_20h Centro Cultural São Paulo – Sala Jardel Filho R. Vergueiro, 100 – Liberdade – São Paulo/SP

De

19 a 28 de novembro de 2021

Sextas e sábados _ 21h Domingos _ 19h Kasulo Espaço de Cultura e Arte R. Sousa Lima, 300 – Barra Funda – São Paulo/SP

Dia

25 de novembro de 2021 _ 15h

Transmissão ao vivo online para Unicamp

Dia

30 de novembro de 2021 _ 21h

Transmissão ao vivo online para Unicamp

Dia

01 de dezembro de 2021 _ 21h

Transmissão ao vivo online para Unicamp


Cia Carne Agonizante www.ciacarneagonizante.com.br Rua Sousa Lima, 300 – Barra Funda – São Paulo/SP


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