Anuário 2013

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Guia da Farmácia

ANUÁRIO Anuário Farmacêutico 201 3

Farmacêutico


carta do editor

Crescimento de dois dígitos

A

As projeções do setor de comércio indicam que 2013 manterá as elevadas taxas de crescimento dos últimos anos, que oscilaram entre 7% e 9%. Segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, no acumulado de janeiro a outubro de 2012, a atividade varejista cresceu 9,5% frente ao mesmo período do ano anterior, com previsão de fechar o exercício em 10%. Dessa forma, as expectativas para o varejo são otimistas. O setor deve manter bom desempenho em 2013, crescendo acima do Produto Interno Bruto (PIB), ancorado na baixa taxa de desemprego e no crescimento da renda. O varejo farmacêutico incorpora esse otimismo e deve obter números ainda mais expressivos do que o comércio em geral. A taxa de crescimento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos. A média de expansão gira em torno de 13% ao ano, enquanto nos países ricos não chega a 2%, fazendo com que o Brasil mantenha o sétimo lugar no ranking global, segundo o IMS Health. As estimativas revelam ainda que o mercado farmacêutico deve dobrar em cinco anos, movimentando R$ 87 bilhões em 2017. Além do aumento da renda dos consumidores, do envelhecimento da população e da ampliação do acesso a planos privados de saúde, programas oficiais como o Farmácia Popular são apontados como responsáveis pelo impulso que o setor tem apresentado e continuará apresentando nos próximos anos. Os resultados são positivos também para as redes de farmácias e independentes. Apesar da crise internacional e do desaquecimento interno, os laboratórios estão entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos. As indústrias apostam em novos nichos de atuação como referência. Com o objetivo de apresentar a evolução do setor e oportunidades de investimento, o Guia da Farmácia preparou o Anuário Farmacêutico 2013. Você poderá fazer uma análise dos números de 2012 para direcionar seus investimentos durante o novo ano. Boa leitura.

Lígia Favoretto Editora DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-chefe Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br)

DEPARTAMENTO COMERCIAL executivas de contas Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br)

Marketing e Projetos Luciana Bandeira

assistentes do Comercial Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira

Colaboradores da edição Revisão Maria Stella Valli Textos Egle Leonardi e Marcelo de Valécio

assistente de redação Karina Dacol

DEPARTAMENTO DE assinaturas Morgana Rodrigues

EDITORa de arte Mariana Sobral

coordenador DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri

Assistentes de arte Larissa Lapa e Junior B. Santos

DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício

analista de marketing Lyvia Peixoto

IMPRESSÃO Prol

> www.guiadafarmacia.com.br Anuário Farmacêutico é uma publicação anual da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora.

Anuário Farmacêutico 2013 3


sumário

Primeira Parte Análise Setorial 06 Panorama

Ancorado pela baixa taxa de desemprego e pelo crescimento da renda, setor prevê manter os bons resultados de 2012

10 Conjuntura

País deverá crescer entre 3% e 4% em 2013, superando o baixo resultado do ano anterior

14 Setorial

A indústria farmacêutica está entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos

segunda Parte projeções 22 Desafios

Multinacionais farmacêuticas estão investindo em P&D nos países emergentes

26 Cenário

Atacadistas e distribuidores de medicamentos compartilham os bons resultados do varejo

29 Pesquisa

Veja os fatos que marcaram 2012 e o desenrolar dos principais assuntos polêmicos

A cesta de higiene e beleza é a segunda maior em crescimento. Shopper é multicanal e deseja experiência de compra diferenciada

terceira Parte laboratórios

quarta Parte distribuidores

34 AstraZeneca 36 Bausch + Lomb 38 Besins 40 EMS 42 Hypermarcas 44 Medquímica 46 Natulab 48 Takeda 50 Teuto/Pfizer

53 Dislab 54 Elite e Stockfarma 56 Navarro 57 Prosper 58 Baiana Medicamentos/ GAM 59 Meditem/MedSul 60 Neosul/Potiguar 61 Servimed/Utildrogas

17 Retrospectiva

4 Anuário Farmacêutico 2013


Parte 1

Análise setorial

A

Ainda que lenta e timidamente, a economia brasileira se recuperou no segundo semestre de 2012. O Produto Interno Bruto (PIB), que apresentou crescimento perto de zero no primeiro semestre, voltou a crescer. Pode-se considerar que a elevação da produção industrial no início do segundo semestre de 2012, após queda de 3,6% no primeiro, foi consequência das medidas de estímulo ao consumo adotadas pelo governo. A indústria farmacêutica está

Foto: Shutterstock

entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos apesar da crise internacional e do desaquecimento interno. Ao longo dos últimos anos, a taxa de crescimento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos. Em 2011, o faturamento da indústria farmacêutica apresentou forte elevação – 18,7% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 44 bilhões. Em 2012, cresceu per-

to de 10%, atingindo R$ 48,4 bilhões. Em unidades, o setor movimentou 2,5 bilhões de caixas, contra 2,3 bilhões vendidas em 2012. Apesar da queda nas margens de rentabilidade, o saldo foi positivo. No que diz respeito ao varejo, a média de expansão gira em torno de 13% ao ano, enquanto nos países ricos não chega a 2%, fazendo com que o Brasil mantenha o sétimo lugar no ranking global. A seguir, confira os principais indicadores do setor. Anuário Farmacêutico 2013 5


panorama

Varejo crescerá

acima do PIB

Ancorado pela baixa taxa de desemprego e pelo crescimento da renda, setor prevê manter os bons resultados de 2012. Segmento farmacêutico deve acompanhar tal movimento, com projeção na casa dos dois dígitos Por Marcelo de Valécio

A

s expectativas do setor de comércio indicam que 2013 manterá as elevadas taxas de crescimento dos últimos anos, que oscilaram entre 7% e 9%. Segundo o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, no acumulado de janeiro a outubro de 2012, a atividade varejista cresceu 9,5% frente ao mesmo período do ano anterior, com previsão de fechar o exercício em 10%. “O varejo brasileiro mostrou bom dinamismo em 2012, influenciado pelo crescimento da massa real de salários, da estabilidade do mercado de trabalho, da expansão do crédito e da redução da taxa de juros”, destaca a assessora de econo6 Anuário Farmacêutico 2013

mia da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio), Simone Bernardino, lembrando que as desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em alguns setores da economia, como na linha branca (fogões, geladeiras, máquinas de lavar e freezer), móveis, veículos e materiais de construção favoreceram o comércio. Para a assessora, o setor de varejo deve manter bom desempenho em 2013, crescendo acima do Produto Interno Bruto (PIB), ancorado na baixa taxa de desemprego e no crescimento da renda. Mas ela ressalva que se percebe uma queda de demanda por bens duráveis, amplamente dependentes do crédito,

o que pode impactar no resultado final do setor como um todo. “Espera-se crescimento de 6% do varejo em 2013. O mercado de crédito expandiu-se fortemente em 2012 e deve fechar o ano com alta de 15%, desempenho que não deve se repetir em 2013. Ainda assim há espaço para expansão do crédito, porém em ritmo mais moderado. Além disso, os empresários terão de lidar com as incertezas do cenário internacional e a volatilidade, bem como os riscos inflacionários no Brasil e possível retomada de elevação dos juros em meados de 2013”, acredita a economista. Na opinião de Simone, o PIB deve crescer cerca de 3% em 2013, “avanço não representativo Foto: Shutterstock


tomando como base o resultado fraco de 2012”, diz. Segundo ela, a política econômica expansionista adotada pelo governo pode ajudar a economia a crescer, mas por outro lado impõe desafios que terão de ser enfrentados, como o controle da inflação e o aumento dos investimentos. “Novas desonerações de impostos vão depender também do superávit primário, uma vez que o governo tem um limite para deixar de arrecadar e para diminuir este superávit. Acredita-se que na média do governo Dilma Rousseff o PIB brasileiro deve apresentar crescimento entre 2,5% e 3% ao ano, resultado do estímulo ao consumo, que não se sustenta no médio e longo prazo sem investimentos”, avalia Simone.

Índices inflacionários

As taxas de inflação não devem preocupar no curto prazo, segundo a economista. “A recente aceleração da inflação corrente está associada, em boa medida, à alta dos preços dos alimentos, que já ensaiam reversão visto o processo de diluição dos efeitos das adversidades climáticas registradas em várias regiões produtoras de grãos como EUA, Argentina e Brasil. Prova disso é que a aceleração da inflação, embora tenha pressionado as expectativas inflacionárias de curto prazo, não contaminou as projeções de mercado para a inflação de médio e longo prazo, que seguem um pouco acima do centro da meta de 4,5%, mas dentro de uma zona de conforto. A inflação de 2013 deve ficar próxima de 5% a 5,5%”, salienta, lembrando que os riscos de inflação podem ser mais fortes a partir do segundo semestre de 2013, quando pode ocorrer melhora um pouco mais consistente do ambiente externo, principalmente nos EUA e China, e redução da ociosidade da capacidade produtiva doméstica, ampliando assim os riscos de descompasso entre oferta e demanda.

Crise europeia

Para o mercado europeu não há perspectiva de melhora rápida e consistente. “Mesmo com o cenário na Europa ainda bastante anuviado, as perspectivas para as duas maiores economias do mundo

(EUA e China) estão se tornando, gradativamente, mais favoráveis”, aposta Simone. A China deverá ganhar fôlego depois de completada a transição política, enquanto nos EUA a recuperação do setor imobiliário e da construção civil, em um contexto em que os fundamentos econômicos seguem preservados, reforça expectativas positivas. Qual o impacto disso tudo no Brasil? “As incertezas do cenário externo devem implicar o menor crescimento doméstico nos próximos anos. Mas a política monetária doméstica dependerá também dos efeitos das medidas tomadas pelo Fed (banco central dos EUA). A partir do segundo semestre de 2013, com uma melhora consistente do ambiente externo, é possível que a política econômica brasileira passe a ficar menos focada em acelerar o crescimento, passando a promover gradual reversão das condições atualmente expansionistas das políticas fiscal e monetária”, acredita a consultora da Fecomercio.

Números do setor

O Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), uma das pesquisas da Fecomercio, mostra elevação do nível de otimismo dos empresários brasileiros em relação ao presente. “O índice de expectativa se mantém elevado e ascendente. Em termos gerais, há uma visão mais positiva do futuro, assim como um cenário atual mais favorável”, sustenta Simone. O varejo farmacêutico incorpora esse otimismo e deve obter números ainda mais expressivos do que o comércio em geral. A taxa de crescimento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos, segundo a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica. A média de expansão gira em torno de 13% ao ano, enquanto nos países ricos não chega a 2%, fazendo com que o Brasil mantenha o sétimo lugar no ranking global, segundo o IMS Health. “Os números finais de crescimento de 2012 serão divulgados em fevereiro ou março de 2013, mas é certo que cresceremos cerca de 15% em relação ao faturamento do ano an-

O PIB deve crescer entre 2,5% e 3% em 2013, avanço não representativo tomando como base o resultado fraco de 2012. Novas desonerações de impostos vão depender também do superávit primário, uma vez que o governo tem um limite para deixar de arrecadar e para diminuir este superávit terior”, afirma o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia. “Vale ressaltar que isso representa, pelo menos, 700% mais do que tem sido o crescimento do PIB brasileiro”, completa. Em 2011, as vendas atingiram, de acordo com a IMS Health, R$ 40 bilhões, com crescimento de 18% em relação ao ano anterior. Estimativa da entidade indica que o mercado farmacêutico brasileiro de varejo dobre em cinco anos, devendo movimentar R$ 87 bilhões em 2017. Além do aumento da renda dos consumidores, do envelhecimento da população e da ampliação do acesso a planos privados de saúde, programas oficiais como o Farmácia Popular são apontados com responsáveis pelo impulso que o setor tem apresentado e continuará a ter nos próximos anos. Apenas o Farmácia Popular representa em torno de 7% do volume de doses do mercado nacional, da ordem de 90 bilhões de doses. Entre janeiro de 2011 e agosto de 2012, o programa registrou aumento acima de 300% no número de beneficiados, saltando de 1,2 milhão para 5 milhões de pessoas. Em termos Anuário Farmacêutico 2013 7


panorama

Faturamento

Número de lojas

Ranking de drogarias no Brasil

Ranking de drogarias no Brasil

Estado

Posição em 2010

Posição em 2011

Estado

Posição em 2010

Posição em 2011

Pague Menos

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1

1

Pague Menos

CE

1

1

São Paulo

sp

2

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Raia

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Drogasil

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3

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4

São Paulo

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RJ

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Araújo

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6

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Walmart

SP

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Panvel

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Nissei

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Mais Econômica

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Onofre

sp

11

10

Imifarma

pa

8

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Rede

Ranking dos maiores grupos do Brasil

Rede

Ranking dos maiores grupos do Brasil

Estado

Posição em 2010

Posição em 2011

Estado

Posição em 2010

Posição em 2011

Raia/Drogasil

sp

2

1

Raia/Drogasil

sp

1

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SP/Pacheco

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1

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SP/Pacheco

sp/RJ

2

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Pague Menos

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BR Pharma

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Araújo

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6

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Walmart

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Drogasmil

rj

10

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Rede

Rede

Fonte: Abrafarma

Perspectivas para o novo ano

Espera-se que o varejo cresça 6% (haverá queda).

8 Anuário Farmacêutico 2013

Entre janeiro e outubro de 2012, a atividade varejista cresceu 9,5%.

Os índices inflacionários devem ficar em torno de 5%.

As vendas de medicamentos devem crescer 15% em faturamento.

A média de crescimento do PIB ficará entre 2,5% e 3%.


de valor de compra, o programa movimentou perto de R$ 1,5 bilhão em vendas, crescimento de 500% sobre 2011, que fechou em R$ 300 milhões. Aliado a isso, deve-se incluir nas planilhas de elevação do varejo farmacêutico o crescimento dos genéricos, com o fim da patente de medicamentos importantes, e a chegada dos biológicos.

Redes e independentes

No Brasil, existem cerca de 65 mil drogarias, sendo que as farmácias independentes representam perto de 40% do total. Já as grandes redes dominam 36% do faturamento do setor. Um dado a se destacar é que as redes se nacionalizam em grande velocidade, atingindo cidades abaixo de 100 mil habitantes. Isso resulta também da consolidação do setor, com grandes redes de drogarias unindo forças e comprando grupos regionais. Nos últimos anos, houve a junção da Drogasil com Droga Raia, da Drogaria São Paulo que incorporou o Drogão e depois se uniu à Pacheco, entre outras. O setor tem sido alvo também de outros segmentos. O banco BTG Pactual criou a holding BrazilFarma para atuar no ramo, arrematando redes regionais de drogarias. Atualmente, o grupo possui 1.050 lojas, entre próprias (681) e franqueadas (369), espalhadas por todas as regiões brasileiras. No Norte, sob a bandeira Big Ben, são 109 lojas, no Nordeste, 244 (com as marcas Big Ben, Guararapes e Sant’Ana), no Centro-Oeste, sob a bandeira Drogaria Rosário, 121 unidades, e na região Sul são 207 lojas da grife Mais Econômica. Já no Sudeste, o grupo conta com as unidades franqueadas da rede Farmais, com 369 lojas, incluindo também as localizadas no Sul e no Centro-Oeste. Com as operações, o grupo ocupa a terceira posição em número de lojas e a quarta em faturamento no ranking nacional de drogarias. No levantamento, realizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Raia/Drogasil é o primeiro colocado em faturamento e em número de lojas. Em seguida, aparece Drogaria São

As farmácias se encontram em processo de consolidação no varejo. Em 2013, continuará havendo aporte no comércio varejista, exatamente porque ele cresce em níveis satisfatórios há anos, e certamente os planos de expansão preveem atuação nas mais variadas localidades de todas as regiões do País Paulo/Pacheco. Já a rede Pague Menos, do Ceará, aparece na terceira posição em faturamento e em quarto em número de lojas. Outras redes regionais como Araújo (de Minas Gerais, quinta no ranking de faturamento), Panvel (do Rio Grande do Sul, sexta em faturamento) e a própria Pague Menos são constantemente apontadas como potenciais alvos de futuras investidas de redes nacionais e até estrangeiras. Porém, elas negam interesse na venda e seguem firme investindo para ampliar sua atuação. Com 110 unidades espalhadas por várias cidades mineiras e faturamento na casa de R$ 1 bilhão, a Araújo está consolidada em seu estado e segue o conceito que mais se aproxima de drugstore, com um catálogo de produtos dos mais ecléticos, que vão de alimentos diet a ração para animais domésticos. Suas lojas têm 500 metros quadrados e o programa de investimentos do último ano previa inauguração de 20 pontos de venda. Já o grupo Panvel, detentor da maior rede de farmácias da Região Sul (são mais de 300 lojas, espalhadas pelos três estados – PR, SC e RS) e proprietário de laboratórios de medicamentos e cosméticos, anunciou investimento de R$ 200 milhões em projetos de expansão para os próximos cinco anos. Desse montante, R$ 60 milhões estão sendo aplicados na construção de uma nova sede, em Eldorado do Sul, que agrupará as várias unidades do grupo. A Pague Menos, maior rede de farmácias do Nordeste, com mais de 500 lojas, previa abrir 100 novas lojas ao longo de 2012 e 2013 e está com planos de abertura de capital. Segundo analistas do setor, o plano está pronto e só não foi colocado em prática

ainda porque a diretoria aguarda os desdobramentos da crise internacional. “As farmácias se encontram em processo de consolidação no varejo. Em 2013, continuará havendo aporte no comércio varejista, exatamente porque ele cresce em níveis satisfatórios há anos, e certamente os planos de expansão preveem atuação nas mais variadas localidades de todas as regiões do País”, afirma Edison Tamascia, da Febrafar. “Nossa expectativa é boa, devemos continuar crescendo dois dígitos. Não há nenhum cenário que possa alterar isso, independentemente das crises internacionais, até porque o consumo dos produtos farmacêuticos é interno.” Os bons resultados do varejo farmacêutico e o potencial desse mercado – o Brasil é o sétimo mercado de consumo de medicamentos no mundo, devendo chegar à quinta posição em 2015 – têm despertado o interesse de grupos estrangeiros. De acordo com analistas de mercado, a chegada de um operador estrangeiro ao País é questão de tempo. Especula-se que a Walgreens, maior cadeia de farmácias dos EUA, seja uma das primeiras a aportar no Brasil, por meio de parcerias locais. A rede segue o conceito americano de drugstore, tendo suas unidades o formato de loja de conveniência, e as parcerias com empresas brasileiras devem ajudá-la a modular suas lojas ao conceito aceito no Brasil, mais focado em saúde. Entre os itens que mais têm crescido nas farmácias brasileiras estão os produtos de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos (HPC). Dermocosméticos e nutracêuticos vêm ganhando espaço cada vez maior nas gôndolas das farmácias e drogarias. Anuário Farmacêutico 2013 9


conjuntura

Crescimento moderado em 2013 País deverá crescer entre 3% e 4% no ano, superando o baixo resultado de 2012. Indústria poderá acompanhar o ritmo, atingindo algo em torno de 3,5% de elevação, variando segundo o segmento. As expectativas são de que o canal farma tenha aproximadamente 10% de aumento Por Marcelo de Valécio

D

epois de um primeiro semestre patinando, a economia brasileira abriu a segunda metade de 2012 com crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB), que apresentou crescimento perto do zero no primeiro semestre, voltou a crescer no segundo, devendo fechar o ano entre 1,5% e 1,6% de aumento. O Boletim Focus, do Banco Central, que reúne projeções do mercado, aponta crescimento de 1,52%. Seja qual for a variação decimal do índice, é pouco pelas necessidades brasileiras, mas sugere certo alívio, segundo alguns economistas, tendo em vista o cenário econômico mundial adverso, provocado, sobretudo, pela crise da União Europeia e reação ainda tímida 10 Anuário Farmacêutico 2013

da economia dos EUA e pelo crescimento econômico muito reduzido ou negativo nos países desenvolvidos em geral. Some-se a isso, no âmbito interno, a concorrência forte com os produtos importados, estimulada pela taxa de câmbio reduzida no primeiro semestre, e o baixo nível de investimento, problema crônico do Brasil. “Deveríamos receber, pelo menos, entre 20% e 25% de investimento em relação ao PIB, mas o índice está na casa dos 17%, 18%. É muito pouco para as nossas necessidades”, afirma o presidente do Conselho do Programa de Administração do Varejo (Provar), da Fundação Instituto de Administração (FIA), Claudio Felisoni de Angelo. Como consequência desse cenário, a indústria encolheu em

2012. No balanço geral, deve fechar o ano com retração de 0,5%, passando a representar 14% do PIB, contra 14,6% que figurava em 2011.

Incentivo à economia

Para reverter a tendência de queda, acentuada em determinados setores industriais, o governo lançou mão de uma série de medidas de estímulo à atividade econômica. Adotou uma política monetária expansionista, por meio da redução de 5,25% na taxa de juros Selic entre agosto de 2011 e outubro de 2012. Nesse período, a Selic caiu de 12,5% para 7,25%. Aliado a isso, adotou a redução dos spreads bancários das instituições financeiras públicas federais, bem como a desoneração tributária de alguns setoFoto: Shutterstock


res. Houve reduções de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) no crédito para pessoa física, desoneração da folha de pagamentos, diminuição de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos e zeragem da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), além de desonerações sobre encargos da eletricidade e sobre material de construção e bens de capital. Isso tudo proporcionou um estímulo ao consumo. Pode-se considerar que a elevação de 1,5% da produção industrial no início do segundo semestre de 2012, após queda de 3,6% no primeiro, foi consequência das medidas adotadas pelo governo. Segundo analistas econômicos, as políticas adotadas têm apresentado resultados pontuais, mas que não se sustentam no longo prazo. “Apostar apenas no consumo das famílias não resolve, mesmo porque ele já apresenta sinais de não ter tanto fôlego assim”, avalia. “É preciso estimular os investimentos na produção visando o desenvolvimento sustentável e não apenas tópico.” A política adotada diz respeito ao reaquecimento da economia via demanda – consumo das famílias –, mas isso pode provocar problemas, salienta o professor da Fundação Instituto de Administração (FIA), José Carlos Luxo. “A desvantagem dessa postura é que a desoneração tributária provocará uma renúncia fiscal estimada em R$ 35 bilhões anuais, e isso pode induzir o governo a fazer uma redução do superávit primário, que é a diferença entre a arrecadação tributária (receitas) e as despesas primárias (gastos do governo).” O superávit primário é utilizado para pagamento dos juros da dívida pública. Como consequência, a relação dívida pública sobre o PIB terá elevação, ou seja, a dívida pública deve subir. O consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Daniel Keller, acredita que as medidas oficiais adotadas são muito tímidas para os desafios de um crescimento sustentável, mas destaca que a redução da taxa de juros na intensidade em que ocorreu foi importante. “Talvez esse seja

o grande mérito do governo. Pode contribuir de forma significativa para a criação de um mercado de crédito com prazos mais longos, que vai além do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da Caixa”, avalia.

Empregabilidade no Brasil

Outro dado positivo diz respeito aos números do mercado de trabalho. Apesar da queda da economia, o desemprego não se elevou nos últimos anos, tendo fechado 2011 com uma das taxas mais baixas já registradas, 6%. Melhorou também a distribuição de renda e o rendimento do trabalhador. “Contudo, caso não haja uma expectativa positiva de demanda por parte dos empresários, a influência da taxa de juros sobre o produto pode não ser substancial. O mesmo pode ser dito acerca das reduções específicas de impostos. Cabe ressaltar que, neste caso, também existe uma contribuição no sentido de reduzir a taxa”, pontua Keller. A projeção de inflação para 2012 do Boletim Focus, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu, passando de 5,46% para 5,45%, ainda assim longe do teto da meta, de 4,5%. Alguns economistas alertam que a política expansionista do consumo e do crédito aliada à baixa taxa de desemprego podem pressionar a inflação. “Pode ocorrer esse aumento. Porém, a pressão sobre os preços deve ser relativa, tendo em vista a estagnação mundial, o baixo crescimento brasileiro e a folga no grau de utilização da capa-

cidade instalada”, opina o consultor do Iedi. Já a previsão para a Selic de 7,25% em 2012 é a mesma projetada para o ano seguinte. Para 2013, espera-se um crescimento maior, mas nem tanto: cerca de 4%, nas previsões otimistas do governo ou na casa dos 3% na visão do mercado e de alguns economistas, como Daniel Keller. “O Brasil deve permanecer entre os países emergentes que menos avançam. Produção industrial deve expandir pouco, algo em torno de 3,5% ao longo do ano. Já a taxa de desemprego deve se reduzir de forma suave e manter os baixos patamares. O consumo estará um pouco aquecido e a inflação em torno de 5%.”

Para o novo ano

Especialistas acreditam em crescimento modesto para 2013, porém os paradigmas podem mudar. “O aumento do PIB tende a ser na casa dos 3%, há espaço para atuação do governo, mas em menor medida se considerar as armas usadas até agora. O consumo vai continuar a crescer, mas de maneira mais modesta – ao invés dos 7,5% dos últimos anos, deve subir 6%, contido pela inadimplência. Talvez os estímulos possam vir mais orientados para o investimento”, analisa o professor da FIA. Apesar de perder um pouco o fôlego, de forma geral os analistas acreditam que o consumo doméstico continuará sendo o principal indutor da economia brasileira em 2013, mesmo porque o cenário externo não é dos mais promissores. A economia global ainda

Os efeitos totais sobre a economia brasileira não serão positivos, mas, por outro lado, não serão catastróficos. O Brasil pode crescer de forma razoável se concentrar esforços no mercado interno, na recuperação da produção industrial e no desenvolvimento efetivo de projetos de infraestrutura de grande porte Anuário Farmacêutico 2013 11


conjuntura

Representação em números -50

-40

-30

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50

40

Mercado farmacêutico (em R$ bilhões – período de 12 meses – set-set) 2008 2009 2010 2011 2012

25,7 28,9 34,6 41,1 48,2

Fonte: IMS Health

Mercado farmacêutico (em milhões de unidades – set-set) 2008 2009 2010 2011 2012

1,6 1,7 2 2,3 2,5

Fonte: IMS Health

Produção industrial (variação – % em relação ao mês anterior – 2011-2012) Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago.

0,2 1,9 0,1 -1,2 1,6 -1,2 0,3 -0,6 -1,8 -0,4 -0,2 0,5 -1,8 1,2 -0,7 -0,3 -0,8 0,3 0,5 1,5

Fonte: IBGE

Taxa de desemprego (Brasil – variação %) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

8,9 9,3 8,4 8,1 7,1 8,2 6,7 6

Fonte: IBGE

se ressentirá da crise europeia e da lenta recuperação dos EUA, com efeitos na América Latina e no Brasil. “Diversos países europeus devem permanecer em recessão ou estagnados. Os resultados, porém, serão melhores do que os obtidos em 2012, com tendência para a estagnação”, avalia Daniel Keller, que acredita que os EUA terão um crescimento econômico positivo, mas fraco. Já a China deve permanecer expandin12 Anuário Farmacêutico 2013

do de forma acentuada para padrões internacionais em 2013, por volta de 8%. “Os efeitos totais sobre a economia brasileira não serão positivos, mas, por outro lado, não serão catastróficos. O Brasil pode crescer de forma razoável se concentrar esforços no mercado interno, na recuperação da produção industrial e no desenvolvimento efetivo de projetos de infraestrutura de grande porte”, pondera.

Um oásis

A produção farmacêutica brasileira está entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos, apesar da crise internacional. Ao longo dos últimos anos, a taxa de crescimento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos, segundo a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica. A


Taxas de crescimento

de caixas comercializadas Brasil X mercados desenvolvidos Taxa de crescimento das vendas de medicamentos

6x maior

A expansão no Brasil foi de 13% contra 2% dos desenvolvidos

no Brasil comparadas ao desempenho dos mercados desenvolvidos

biu de 44,9%, em 2003, para 48,6%, em 2009, ano base do estudo. Segundo analistas do setor, a melhora da renda e o envelhecimento da população explicam essa elevação, sem contar as políticas públicas de distribuição de medicamentos em postos de saúde e no âmbito do programa Farmácia Popular. Em 2013, o desempenho da indústria farmacêutica vai depender de fatores internos e externos, na visão do presidente do Sindusfarma. “No front (frente) doméstico, dois aspectos fundamentais serão o nível de emprego e a continuidade do processo de aumento de renda da nova classe média. No cenário internacional, o desdobramento da crise será determinante. Se a economia global alcançar uma situação de relativa estabilidade, os laboratórios farmacêuticos terão mais confiança para realizar os investimentos necessários à evolução do mercado de medicamentos”, afirma Mussolini. No âmbito interno, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei) divulgado em setembro de 2012 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta-

44,9%

2003

≠ 3,7%

2009 48,6%

2,5 bilhões

X

Comparativo de gastos dos brasileiros com saúde (medicamentos e plano)

≠ 31,4%

2012 80%

Em unidades Em unidades 2012 2011 fechou em deve fechar com

2,3 bilhões

taxa média de expansão gira em torno de 13% ao ano, enquanto nos países ricos não chega a 2%. Em 2011, o faturamento da indústria farmacêutica brasileira apresentou forte elevação –18,7% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 44 bilhões. Em 2012, com a estagnação de boa parte da indústria, cresceu perto de 10%, atingindo R$ 48,4 bilhões (dados até setembro – os números fechados do ano ainda estão sendo consolidados). Em unidades, o setor deve atingir 2,5 bilhões de caixas comercializadas, contra 2,3 bilhões vendidas em 2011. Apesar dos bons resultados, houve uma queda na margem das empresas, lembra o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “O setor manteve a tendência de crescimento de mercado dos últimos anos, mas experimentou uma queda de rentabilidade, provocada pela elevação de custos em várias frentes, como o aumento dos gastos com matérias-primas, majoritariamente importadas, que subiram por causa da variação cambial e do reajuste de preços em dólar”, destaca Mussolini. Também entram na conta do presidente do Sindusfarma o reajuste de tarifas, como da eletricidade e de outros insumos, a concessão de reajustes salariais acima da inflação e os gastos maiores com a gestão fiscal resultantes da adoção de mecanismos como a substituição tributária. “De todo modo, o saldo foi positivo. Além de conquistar novos consumidores das classes C, D e E, a indústria farmacêutica se beneficiou do quadro de pleno emprego experimentado atualmente no País. Essa situação leva as pessoas a cuidar melhor da saúde e consultar médicos com mais frequência, o que naturalmente eleva o número de prescrições médicas, estimulando o mercado de medicamentos”, pondera Mussolini. De fato, Pesquisa de Orçamentos Familiares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada recentemente, mostra que medicamentos e planos de saúde respondem por 80% dos gastos com saúde do brasileiro. A parcela dos medicamentos nos gastos su-

Faturamento da indústria ... 2011

2012

elevação de 18,7% = R$ 44 bilhões

elevação de 10% = R$ 48,4 bilhões

va que o setor, de forma geral, apesar dos percalços recentes, mostrava-se otimista para o próximo ano, com índices superiores a 50 pontos. Em outubro, houve uma pequena queda, mas a maioria das indústrias esteve confiante. Já a indústria farmacêutica se mostrou a mais otimista de todos os segmentos consultados, com índice de 62 pontos. “O ramo farmacêutico é um dos segmentos industriais com melhor desempenho nos últimos anos. Este é um segmento distinto da média da indústria devido, entre outros fatores, à inclusão de milhões de novos consumidores”, avalia Daniel Keller, do Iedi. Já Mussolini relaciona esse dado com o potencial do mercado brasileiro, que é visto como ascendente no cenário mundial. “Diante da continuidade da crise nas principais economias – Europa e EUA registram números de crescimento muito pequenos –, que mercados crescem nesse contexto? China e Brasil, sendo que, ao contrário do país asiático, aqui existe um sistema universal de saúde que tem no Estado um grande comprador”, observa o executivo. Anuário Farmacêutico 2013 13


setorial

Abrangência da indústria

Empresas anunciam investimentos e acreditam na força do mercado interno Por Marcelo de Valécio

A

inda que lenta e timidamente, a economia brasileira vem se recuperando a partir da segunda metade de 2012. O Produto Interno Bruto (PIB), que apresentou crescimento perto do zero no primeiro semestre, voltou a crescer no segundo, devendo fechar o ano entre 1% e 1,5% de aumento. O índice é pouco pelas necessidades brasileiras, mas sugere certo alívio, segundo alguns economistas, tendo em vista o cenário econômico mundial adverso, provocado, sobretudo, pela crise da União 14 Anuário Farmacêutico 2013

Europeia, reação ainda tímida da economia dos EUA e pelo crescimento econômico muito reduzido ou negativo nos países desenvolvidos em geral. Pode-se considerar que a elevação da produção industrial no início do segundo semestre de 2012, após queda de 3,6% no primeiro, foi consequência das medidas de estímulo ao consumo adotadas pelo governo. Outro dado positivo diz respeito aos números do mercado de trabalho. Apesar da queda da economia, o desemprego não se elevou nos últimos anos, apresentando uma das taxas mais

baixas já registradas, 6%. Melhorou também a distribuição de renda e o rendimento do trabalhador. Para o consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), Daniel Keller, a produção da indústria deve expandir pouco, algo em torno de 3,5% ao longo do ano, e a taxa de desemprego deve manter os baixos patamares. “O consumo estará um pouco aquecido e a inflação em torno de 5%”, prevê o economista. Porém, nesse quadro em que a produção industrial como um todo tem recuperação lenta, o setor farmacêutico se destaca como Foto: Shutterstock


um ponto fora da curva. A indústria farmacêutica está entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos apesar da crise internacional e do desaquecimento interno. Ao longo dos últimos anos, a taxa de crescimento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos, segundo a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica. Em 2011, o faturamento da indústria farmacêutica brasileira apresentou forte elevação – 18,7% em relação ao ano anterior, atingindo R$ 44 bilhões. Em 2012, cresceu perto de 10%, atingindo R$ 48,4 bilhões. Em unidades, o setor movimentou 2,5 bilhões de caixas, contra 2,3 bilhões vendidas em 2011. “Apesar da queda nas margens de rentabilidade das empresas, o saldo foi positivo. Além de conquistar novos consumidores das classes C, D e E, a indústria farmacêutica se beneficiou do quadro de pleno emprego experimentado atualmente no País”, pondera o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. “Essa situação leva as pessoas a cuidar melhor da saúde e consultar médicos com mais frequência, o que naturalmente eleva o número de prescrições, estimulando o mercado de medicamentos.” Segundo Daniel Keller, do Iedi, este é um segmento distinto da média da indústria devido, entre outros fatores, à inclusão de milhões de novos consumidores.

Apostas industriais

As indústrias do setor estão apostando nesses fatores para manter os investimentos. “O mercado farmacêutico continua apresentando inúmeras oportunidades em face de outros segmentos. 2012 foi um ano de bastante crescimento para a Boiron no Brasil. Crescemos 92% no

A indústria farmacêutica está entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos apesar da crise internacional e do desaquecimento interno primeiro semestre do ano, seguindo a mesma tendência no segundo semestre”, revela o diretor da Boiron Brasil, Ricardo Ferreira. “Para 2013, esperamos consolidar a presença da Boiron em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e em outros estados, principalmente Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, além de Minas Gerais.” Segundo o executivo, existem três novos medicamentos em fase final de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a serem lançados. “Dentro do segmento de saúde, o setor farmacêutico tem razões para estar otimista com o potencial de crescimento do Brasil. De nossa parte, estamos nos preparando para investimentos que são compatíveis e alinhados com a estratégia de apostar em biofármacos”, afirma o presidente da Bristol-Myers Squibb Brasil, Gaetano Crupi. Em 2007, a empresa mudou de estratégia para focar em biofármacos, visando descobrir, desenvolver e disponibilizar medicamentos para suprir necessidades médicas não atendidas dos pacientes com doenças graves. Hoje a companhia afirma contar com mais de 60 moléculas em desenvolvimento, sendo um terço delas biológicas, e o Brasil é considerado um mercado estratégico para o grupo. O valor de investimento em P&D estimado para o Brasil até o final do ano superou US$ 5 milhões para o desenvolvimento clínico de 16 moléculas. “Nossos resultados nos últimos anos têm sido muito positivos e têm validado a decisão de investir com foco em inovação e o Brasil integra as principais pesquisas clínicas para

desenvolvimento de drogas inovadoras”, afirma Crupi. Outra empresa que aposta no desenvolvimento de produtos para crescer no Brasil é a EMS, líder de mercado há seis anos consecutivos e com portfólio composto por duas mil apresentações de medicamentos. Para 2013, a companhia espera continuar com crescimento acima do mercado, mantendo investimento de 6% do faturamento anual em P&D. “A EMS dobra de tamanho a cada três anos e tem o objetivo de continuar com esse expressivo desempenho, destacando-se em todos os segmentos de atuação”, afirma o vice-presidente corporativo da EMS, Mario Nogueira. A empresa investe atualmente R$ 600 milhões em um plano de expansão que contempla a construção de fábricas em Manaus, Brasília e Jaguariúna (SP), além de uma nova unidade de embalagens na sede, em Hortolândia (SP). Com as novas fábricas em funcionamento, o laboratório prevê aumentar a capacidade produtiva dos atuais 600 milhões de unidades (caixas de medicamentos) por ano para um bilhão de unidades anuais. Entre janeiro e setembro de 2012, a empresa registrou faturamento 30,3% maior em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o mercado faturou 16,6% a mais. Em termos de unidades comercializadas, houve crescimento de 20,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto o mercado cresceu 11,4%. A Hypermarcas acumulou nos primeiros nove meses de 2012 receita líquida de R$ 2,9 bilhões, com Anuário Farmacêutico 2013 15


setorial

Colocação Ranking laboratórios – unidades

Ranking laboratórios – faturamento

1

EMS Pharma

1

EMS Pharma

2

Medley

2

Medley

3

Neo Química

3

Aché

4

Aché

4

Eurofarma

5

Sanofi

5

Sanofi

6

Eurofarma

6

Neo Química

7

Teuto

7

Novartis

8

Bayer Pharma

8

MSD

9

Legrand

9

Pfizer

10

Boehringer

10

Teuto

Ranking produtos – unidades

Ranking produtos – faturamento

1

Neosoro AD

1

Dorflex

2

Ciclo 21

2

Neosaldina

3

Microvlar

3

Torsilax

4

Puran T4

4

Diovan HCT

5

Salonpas

5

Cialis

6

Dipirona sódica

6

Pantoprazol

7

Buscopan composto

7

Nexium

8

Rivotril

8

Diovan AMLO

9

Dorflex

9

Victoza

10

Neosaldina

10

Losartan Gotas

Fonte: IMS Health (set/2012)

expansão de 14,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A divisão farma, que respondeu por 55,6% da receita, cresceu 25,2% no período, em comparação com os meses equivalentes do ano anterior. Em setembro, a divisão atingiu nível recorde de produção, com mais de 45 milhões de unidades de medicamentos fabricadas, e registrou nível histórico de demanda trimestral por seus produtos – acima de R$ 1,1 bilhão, com crescimento de 24% em 16 Anuário Farmacêutico 2013

relação ao terceiro trimestre do ano anterior. Para 2013, a empresa terá como foco o investimento em inovação, marketing e no relacionamento com distribuidores e varejistas. Já a Natulab projeta lançar perto de 30 produtos em 2013. Com esses lançamentos a companhia pretende se consolidar como uma das referências nacionais em fitoterápicos e suplementos alimentares, sem contar o incremento da linha de Medicamentos Isentos de

Prescrição (MIPs) e o início no segmento de genéricos. A companhia registrou, entre janeiro e setembro de 2012, um dos maiores índices de crescimento do faturamento da história – 75%, se comparado ao mesmo período do ano anterior. A expectativa para 2013 prevê a ampliação das linhas de produção e inicia a construção de um novo parque fabril e de um centro de distribuição. Sem ainda ter os números de 2012 fechados, a Pfizer revela que no último ano pôde colocar em prática seu objetivo de expandir atuação em mercados emergentes, como o Brasil. Parte dessa estratégia envolveu a aquisição parcial do laboratório Teuto, que ao completar um ano em 2011, possibilitou lançamentos de genéricos importantes. Já a Teuto, entre 2011 e 2012, teve crescimento de 235,2% em lucro líquido e avançou 25% em geração de valor. A rentabilidade aumentou 22,9%. O laboratório investiu nesse período R$ 80 milhões na ampliação da capacidade produtiva. Apenas em 2011, foram lançados 70 produtos, entre eles, moléculas importantes, como sildenafila, atorvastatina e topiramato. Além dos aportes na ampliação do parque industrial e dos lançamentos, a companhia ampliou o investimento em mídia nacional e regional, promoveu fortalecimento do canal de distribuição e a aproximação com a classe médica. A Takeda do Brasil, controladora da Nycomed, estima em 15% o crescimento dos negócios em 2012. Segundo o presidente da Takeda Brasil, Giles Platford, os lançamentos bem-sucedidos ao longo do ano contribuíram para o resultado previsto. Em julho, o grupo adquiriu a Multilab, que, segundo Platford, irá acelerar o crescimento, permitindo à Takeda acesso a novos consumidores da classe C emergente. “Com esse movimento estratégico, passamos a figurar entre as dez principais farmacêuticas brasileiras”, salienta o executivo.


retrospectiva

O canal farma esteve aquecido durante todo o ano. Assuntos polêmicos provocaram grandes debates Por Lígia Favoretto

O que foi notícia em 2012 Fotos: Shutterstock

Anuário Farmacêutico 2013 17


retrospectiva

Isenção do ICMS sobr e medicamentos

receituário Obrigatoriedade de mentos tarja vermelha ica ed para venda dos m (Anvisa) busca fazer

a de Vigilância Sanitári A Agência Nacional atória a apresentação rig ob mo co ce ele ab est e qu , 70 19 entos de tarja valer a lei de da classe de medicam ra mp co na o dic mé A Agência dedo receituário s e anticoncepcionais. rio ató am infl tian mo lidade pública vermelha, co lizar campanhas de uti rea é te ba de do o ssã mi iscriminado de fende que a re os riscos do uso ind sob es açõ orm inf m tação médica. que dissemine a importância da orien re sob m rte ale e qu e spondem a medicamentos de tarja vermelha corre tos en am dic me os te, sificar a fiscaliAtualmen tos. A ideia não é inten en am dic me de do rca da população 65% do me estir na conscientização inv s ma , da ven de nto s adquiridos no zação no po que 35% dos produto do sen , ção ica ed tom amentos sujeicontra a au dado que inclui medic – mo su on toc au o ra os da medida, Brasil são pa . Os medicamentos, alv tos jei su o nã os e ão tos a prescriç feitos à Anvisa. s relatos de intoxicação respondem por 75% do

Cadastro de antibióticos

no SNGPC

Em 2013, a escrituração eletrônica dos antibiótico s será obrigatória para todas as farmá cias e drogarias do País. A data estipulada era 16 de janeiro, ma s a Anvisa prorrogou o prazo, que ainda está sem data definida . Na prática, todas as en tradas e saídas de antib ióticos deverão se registradas no Sistem a Nacional de Gerencia me nto de Produtos Controlados (SN GPC). A mudança já estava prevista na Resolução da Diretor ia Colegiada (RDC) 44/10, que tornou obrigatória a venda de antibióticos com reten ção da receita. A Agência não fornecer á o programa, tampouc o dará suporte técnico para as farmácia s implantarem o sistem a. Os estabelecimentos farmacêuticos devem buscar no merca do a solução que for mais conveniente pa ra a estrutura da farmácia . Há completo disponível no um manual Portal da Anvisa: http://po rtal.anvisa.gov.br.

18 Anuário Farmacêutico 2013

A carga tributária dos medicamentos de uso humano é de 33,87%, em butidos no preço fin al pago pelos consumidores bras ileiros. Um dos im postos que mais pesam sobre o valo r final é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Se rviços (ICMS). No Estado de São Paulo, por exempl o, esse imposto é de 18% e, no Rio de Janeiro, 19%. Es ses números fazem o Brasil figurar entre as nações que mais cobram impostos sobre medicamentos no mundo. Algumas propostas estão em andamento pe dindo alterações na tributação do setor. São elas: a Pr oposta de Emenda Constitucional (PEC), nº 115 de 2011, de autoria do senador Paulo Bauer, que isenta os medicamentos de uso humano de impostos; e o Pr ojeto de Lei do de putado federal José Antônio Mac hado Regufe, que propõe a isenção de impostos para medicamentos esse nciais. Não há expectativa para qu e estas medidas en trem em vigor.

Greve da Anvisa

ional de ViA greve dos servidores da Agência Nac o no dia 16 gilância Sanitária (Anvisa), que teve iníci ionamento de julho de 2012, comprometeu o func . Empresas de hospitais e laboratórios de todo o País das em portos ficam mais de 40 dias com cargas para e aeroportos aguardando liberação. ores de proCom a paralisação, as indústrias e forneced trar falta regis a dutos e insumos para a saúde começam entes paci em o de medicamentos destinados ao uso diári para kits ram de várias doenças. Além disso, também falta das bate com exames clínicos, antifúngicos destinados ao s. ético infecções hospitalares e insulina para diab ruplicou. O prazo de entrega de alguns exames quad s com ente Entre eles estão os diagnósticos de paci diabetes e câncer. ionários. Uma das causas da greve foi a falta de func s, o que mese A paralisação se estendeu por cerca de três o de vaçã apro causou também maior morosidade na . anos dois de medicamentos que estão na fila há mais


visão do 4 4 / 0 9 – re

a r ti g o 1 0

icas e bata de polêm s 0 o 1 n a o g is ti o r d lterar o a e mais de resolveu a exposição dos Depois d a is v n A a iais, a permitir sserlhas judic e passa a rea de auto í9 á /0 a 4 n 4 s la o d clu n n ô o g c da RDC se foi prateleira A revisão s. 27 a ri ia a d g MIPs em o s e dro ada n c ia c li á b u rm p , fa 2 ião. 41/1 viço de ial da Un c da RDC fi O te r a io p r z enda o Diá da e fa entos de v os e 2012 n d m a ro ic b d e m de sete rma, os m stinada a a nova no rea separada da de cos) Se g u n d o á s e dietéti a o ar em c c fi ti é m e sm v o e par mo c livre d io ativo, íp elatos (co c rr in o r c p s r to produ izados po elos usuários. ser organ s, carficação p e devem edicamento res: cil identi m fá s a o a ir a d it estina perm s dize s seguinte , na área d Além disso posicionados com o SAR EFEITOS CAU m ser : tazes deve S PODEM OMEDICAÇÃO O T N E M T A U A IC D “ME VITE A ICO”. JADOS. E O FARMACÊUT INDESE M E-SE CO INFORM

RDC

Crescimento do Farmácia

Popular

Lançado em 2004, o pro grama Farmácia Popular do Brasil, que fornece me dicamentos gratuitos ou com até 90% de desconto, am pliou significativamente a oferta de produtos à po pulação brasileira ao exp andir os pontos de retirada de medicamentos para além das unidades básicas de saúde do Sistema Único de Saú de (SUS). De janeiro de 20 11 a agosto de 2012, o crescimento do número de beneficiados foi de cerca de 300%. A principal respo nsável por esse salto foi a ação Saúde Não Tem Preço, ini ciada em fevereiro de 20 11, que oferta gratuitamente à população medicamen tos para diabetes, hipertensão e asma. O programa conta com mais de 20 mil drogarias credenciadas em todo o País, e as adesões nã o param. O crescimento mé dio dos últimos anos está na casa de cinco mil novas farmácias em 20 12. Deve-se chegar até o final de 2012 com 25 mil estabelecimentos crede nciados.

Investidores estrangeiros no Brasil A fusão entre as maiores redes dos Estados Unidos e da Europa eleva suspeitas de entrada dos estrangeiro s no mercado de varejo farmacêutico brasileiro. A recente aquisição de 45% das ações da Alliance Boots europeia pelo grupo Walgreens, maior rede varejista de farmácias dos Estados Unidos, reacendeu a discussão no Brasil sobre a entrada de players estrangeiros no varejo farmacêutico nacional. O negócio de US$ 6,7 bilhões sinalizou a disposição Walgreens de buscar novos merca dos em função da crise nos Estados Unidos e na Europa. Segun do analistas, a compra da Alliance Boots mostra a inten ção dos americanos de formar uma megabandeira mund ial, aportando consequentemente no Brasil, que tem um dos mercados farmacêuticos mais pujantes do planeta. A exemplo do que aconteceu com a Alliance Boots, especi alistas acreditam que a entrada dos investidores estran geiros no mercado brasileiro se dará por meio da aquisição de grandes bandeiras. A Boots, por exemplo, tem mais de 3.300 lojas espalhadas por 21 países da Europa. No último trimestre gerou faturamento no valor de 23 bilhões de libras. A Brazil Phama deve ser o primeiro alvo dos invest idores estrangeiros. Nos últimos dois anos a rede contr olada pelo banco de investimentos BTG Pactual saiu às comp ras e adquiriu várias redes médias e grandes. A holdin g passou a ter 998 pontos de venda espalhados pelo País e fatura mento mensal de R$ 245 milhões, superando a casa do R$ 1 bilhão anual. Mas quem foi procurada pela CVS, rede americana, entre novembro e dezembro de 2012 foi a Onofre. Pela segunda vez ao longo desse ano, a drogaria é alvo de especulações sobre uma possível venda. Notícias apont avam que as negociações envolveriam o montante de R$ 605 milhões e que no contrato o grupo norte-amer icano ficaria com 80% da operação de rede de drogarias, mas novam ente a diretoria da empresa nega as especulações. A CVS é a maior empresa de varejo de farmácias e serviç os de saúde nos Estados Unidos, com mais de sete mil lojas em operação nos EUA e em Porto Rico. De janeiro a setembro de 2012, sua receita foi de U$ 92 bilhões.

Anuário Farmacêutico 2013 19


retrospectiva

Desenvolvimento de medicamentos Biológicos e Biossimilares

que interagem com proteínas Produzidos a partir de organismos vivos têm sido chamados de medicahumanas, os medicamentos biológicos tífica e pelos players farmacêumentos do futuro pela comunidade cien mais indicados para tratamento ticos globais, sobretudo por serem os er, esclerose múltipla, artrite terapêutico de doenças graves como cânc éstias. reumatoide, hepatite C, entre outras mol via moderna da biotecnologia pela s ento O desenvolvimento de medicam as, impossíveis de serem obtidas permite a produção de moléculas complex os anticorpos monoclonais. por via sintética e o melhor exemplo são aos medicamentos biológicos as ciad As infinitas possibilidades asso fichas no segmento. Alguns têm estimulado a indústria a apostar suas produtos biotecnológicos passem estudos preveem que, a partir de 2014, acos mais vendidos em todo o a representar quase a metade dos fárm de biomedicamentos movimenta mundo. Atualmente, o mercado global ce em média 12% ao ano. cerca de US$ 160 bilhões anuais e cres 10 bilhões por ano em bioR$ ente O Brasil importa aproximadam desse montante é desembolsado medicamentos, sendo que cerca de 60% das grandes promessas é a aposta diretamente pelo governo federal. Uma enta o acesso. em biossimilares, que reduz custos e aum

Fusões e aquisições Após um ano das primeiras fusões anunciadas entre redes de farmácias e drogarias no Brasil, os resultados apurados são positivos. O que faz com o setor amadureça e perceba a importância desta movimentação para a economia nacional. O Grupo Raia Drogasil é o primeiro colocado em faturamento e em números de lojas. Em seguida, aparece o Grupo Drogaria São Paulo/Pacheco. A Farmácias Pague Menos está na terceira posição em faturamento, mas quando as redes são avaliadas individualmente, permanece na liderança, e o Grupo BR Pharma ocupa o quarto lugar em vendas e terceiro em número de lojas.

Importância do Ce ntro-O este

industrialização regional e, Impulsionada pelo avançado processo de nfreado, a região Centroprincipalmente pelo agronegócio fértil e dese umo no Brasil. cons do -Oeste tem se tornado o novo Eldorado tamento do Inslevan um s, No que diz respeito aos medicamento pe) divulgado (Ibo a tístic tituto Brasileiro de Opinião Pública e Esta um potencial tem bém tam em março de 2012 aponta que a região na região ente exist do imo de desembolso médio anual muito próx a um Cad es. tant habi de Sudeste, a mais rica e com maior número ,34 402 R$ r gasta deve este dos 13 milhões de pessoas do Centro-O com medicamentos até o fim do ano.

20 Anuário Farmacêutico 2013

MIPs campeões de vendas

A ascensão das classes sociais C, D e E, soma da ao crescimento nos índices de emprego no País foram fatores importantes para a prosperidade, tanto da indú stria quanto do varejo farmacêutico em 2012. Com poder aquisitivo maior, a população passa, gradativam ente, a cuidar mais da saúde, consultando médicos e, consequentemente, aumentando o número de presc rições, o que reflete, diretamente na aquisição de medicame ntos. Até 2017, a projeção é que este comércio cresç a, em média, 13% em volume e 12% em receita ao ano. Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) estão acompanhando o desempenho do mercado farm acêutico. O crescimento de 2012 deve fechar em 8%. Veja a seguir, os mais vendidos, de acordo com dado s de uma pesquisa feita pelo IMS Health e pela Asso ciação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isent os de Prescrição (Abimip): Top 10 geral Medicamentos mais vendidos entre agosto de 2011 e agosto de 2012 no País, segundo número de unid ades: 1. Neosoro (descongestionante nasal) 2. Ciclo 21 (anticoncepcional) 3. Microvlar (anticoncepcional) 4. Salonpas (emplastro para dor muscular) 5. Puran T-4 (hormônio da tireoide) 6. Dipirona sódica (analgésico e antitérmico) 7. Buscopan composto (analgésico) 8. Rivotril (anticonvulsivante) 9. Dorflex (analgésico) 10. Hipoglós (pomada contra assaduras) Top 8 em volume de vendas Entre os medicamentos vendidos sem prescrição médica no ano passado destacam-se: 1. Dorflex (analgésico) 2. Gerovital (multivitamínico) 3. Benegrip (contra os sintomas da gripe) 4. Neosaldina (analgésico) 5. Buscopan composto (analgésico) 6. Renu plus (soro para lentes de contato) 7. Engov (contra sintomas de ressaca) 8. Targifor C (multivitamínico)


Parte 2

Projeções

A

A produção farmacêutica brasileira está entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos, passando ao largo da crise internacional e do desaquecimento interno. A taxa de aumento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos. Com pouco espaço para expansão em mercados mais maduros, as multinacionais farmacêuticas veem nos países emergentes uma saída para expandirem seus negócios e aplicarem em inovação. O Brasil é a na-

Foto: Shutterstock

ção que mais investe em pesquisa biofarmacêutica na América Latina. Apesar de ter apenas um centro de pesquisa, conseguiu liderar junto a China – que tem 12 centros – o número de testes clínicos realizados nos países de renda média. Já os investimentos privados em pesquisa farmacêutica no Brasil saltaram de US$ 44 milhões, em 2005, para US$ 255 milhões em 2008. Atacadistas e distribuidores de medicamentos compartilham os bons resultados e preveem crescimento em 2013. Os bons números impactam de forma substancial os resultados

do segmento, que fatura cerca de R$ 40 bilhões por ano. Os destaques ficam por conta do crescimento da participaçãoo dos genéricos e similares. E na área de não medicamentos, o destaque vai para o crescimento da participação dos produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC). Dados da Nielsen revelam que desde 1994 a cesta de higiene e beleza é a que mais cresce no Brasil, ocupando a segunda posição do ranking. O canal farma/perfumaria obteve 42,9% do faturamento desses produtos. Anuário Farmacêutico 2013 21


desafios

Aumento de pesquisa Multinacionais farmacêuticas estão investindo mais em P&D nos países emergentes. Brasil, que ocupa a 17ª colocação, precisa aproveitar essa onda Por Marcelo de Valécio

22 Anuário Farmacêutico 2013

A

produção farmacêutica brasileira está entre os segmentos que têm conseguido sustentar crescimento na casa dos dois dígitos, passando ao largo da crise internacional e do desaquecimento interno. A taxa de aumento das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos, segundo a Federação Internacional da Indústria Farma-

cêutica. Com pouco espaço para expansão em mercados mais maduros, em particular na zona do euro, as multinacionais farmacêuticas veem nos países emergentes uma saída para expandirem seus negócios e aplicarem em inovação. Entre 2003 e 2010, as empresas investiram perto de US$ 116 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D) nos países emergentes, especialmente nos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Fotos: Shutterstock


Sul), que juntos receberam mais de 90% dos recursos (US$ 106,4 bilhões), sendo que o Brasil ficou com 10% (US$ 13,3 bilhões) e a China com a maior parte (US$ 49,5 bilhões) do montante aplicado. Os Brics se tornaram alvo principal das empresas pela força de seus mercados internos, principalmente China, Índia e Brasil. Desde 2005, o fluxo de investimentos em inovação aumentou 15% para os países da América Latina e 10% para a Ásia, enquanto caiu 32% na Europa. O Brasil é a nação que mais investe em pesquisa biofarmacêutica na América Latina. Apesar de ter apenas um centro de pesquisa, conseguiu liderar junto com a China – que tem 12 centros – o número de testes clínicos realizados nos países de renda média (15% do total). Já os investimentos privados em pesquisa farmacêutica no Brasil saltaram de US$ 44 milhões, em 2005, para US$ 255 milhões em 2008. O número de testes clínicos passou de 198, em 2007, para 346 em 2010. Além disso, o País avançou três dígitos em publicações científicas entre 2000 e 2010, com mais de 12 mil artigos publicados. Segundo o Ministério da Saúde, 33% das publicações científicas brasileiras são relacionadas à saúde. Apesar de todos esses avanços, o Brasil, sexto mercado consumidor de medicamentos do mundo, ainda ocupa apenas a 17ª posição em pesquisa clínica de medicamentos, que é a aplicação assistida das drogas em pacientes. Estudo do ViS Research Institute aponta que a participação do Brasil em estudos clínicos no mundo atinge 1,2%. A indústria farmacêutica instalada no País aplica somente 10% do faturamento em pesquisa – cerca de R$ 4 bilhões anuais –, a metade do que é colocado nos países desenvolvidos, como os EUA, que aplicam 20% todos os anos em P&D. “As ‘big pharmas’ investem no Brasil de 10% a 15% do faturamento em P&D, enquanto os laboratórios nacionais

O excesso de burocracia é o que impede o Brasil de ter pesquisas e estudos clínicos em profusão. O País leva três vezes mais tempo do que outras nações para analisar e aprovar pedidos de novos medicamentos estão investindo de 5% a 7% do faturamento, um aporte expressivo, mas muito menor. O mercado brasileiro não viabiliza investimentos em pesquisa na escala das grandes empresas”, aponta o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini. O executivo lembra que no ranking mundial de investimentos em P&D, divulgado recentemente pela consultoria Booz & Company, quatro laboratórios farmacêuticos (Novartis, Roche, Pfizer e Merck da Alemanha) estão nas dez primeiras posições. “Somente esses laboratórios

aplicaram US$ 36,6 bilhões (R$ 65,8 bilhões) em P&D em 2011 – muito mais do que toda a receita gerada pelo mercado brasileiro de medicamentos”, enfatiza Mussolini.

Legislação burocrática

O excesso de burocracia é o que impede o Brasil de ter pesquisas e estudos clínicos em profusão. Para o presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Antônio Britto, pesquisas que poderiam ser realizadas aqui acabam no exterior pela dificuldade de aprovar os estudos no País, com prejuízo para Anuário Farmacêutico 2013 23


desafios

Investimento das multinacionais farmacêuticas em P&D nos países emergentes (US$ bilhões) 50

49,5

45 40 35

28,9

30 25 20

13,3

15

12,5

10 5 0

China

Índia

Brasil

Rússia

4,7

3,6

Malásia

Coreia do Sul

2,2

1,4

África Colômbia do Sul

Fonte: Federação Internacional da Indústria Farmacêutica

os pacientes e cientistas brasileiros. “O Brasil leva três vezes mais tempo do que outros países para analisar e aprovar pedidos de novos medicamentos.” Em média, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demora 640 dias para autorizar a comercialização de medicamentos, segundo a Interfarma. Dados divulgados em novembro apontavam que existiam perto de 1.900 itens à espera de autorização da Agência. Por lei, a autorização tem de ser concedida em 90 dias para novos medicamentos e em 120 dias para similares. Um medicamento leva, em média, dez anos para ser desenvolvido e apenas um em cada 10.000 compostos chega até os pacientes. Qualquer atraso no processo afeta a rentabilidade das empresas e desestimula novos investimentos no País. “Uma meta importante é a ampliação e modernização da estrutura administrativa da Anvisa, para que a análise dos pedidos de registro dos produtos seja mais ágil, permitindo que a população tenha acesso rápido a medicamentos inovadores”, observa Mussolini. Já o tempo gasto para aprovação de uma pesquisa clínica no Brasil gira em torno de 10 a 14 meses, enquanto em países desenvolvidos o período é de três a quatro meses. 24 Anuário Farmacêutico 2013

“Os testes clínicos são realizados ao mesmo tempo em vários países. Como no Brasil eles demoram mais, em alguns casos, o País acaba ficando de fora dos testes”, salienta Britto. Isso faz com que o Brasil fique atrasado em relação a outras nações, argumenta o executivo da Interfarma, fazendo com que a importação de tecnologia continue aumentando. “De forma geral, há um descompasso entre o tamanho do mercado brasileiro e o volume de pesquisa realizado e os recursos envolvidos. “É ridículo o investimento na casa de US$ 250 milhões em pesquisa em relação ao tamanho do Brasil”, acentua. “Além de dinheiro, o Brasil precisa montar o mesmo tripé que sustenta os polos farmacêuticos dos países desenvolvidos, baseado na estreita colaboração entre iniciativa privada, centros de pesquisa das universidades e programas governamentais de incentivo”, acrescenta Nelson Mussolini. Para Britto, é fundamental essa união entre a pesquisa acadêmica, apoio do Estado e a iniciativa privada. “Alemanha, EUA, Coreia agem assim, com bons resultados. Existem ilhas de excelência científica no Brasil, mas elas não se conversam e nem se integram com a iniciativa pri-

vada”, explica o executivo. Outro aspecto apontado por Mussolini que onera as empresas e acaba prejudicando o desenvolvimento de P&D no Brasil diz respeito à legislação que fixa preços e reajustes dos medicamentos. “Não podemos continuar convivendo com uma lei que penaliza os ganhos de produtividade. Os investimentos em P&D dependem de uma correta remuneração da inovação”, salienta Mussolini, lembrando que também estão em pauta medidas de fortalecimento do Complexo Industrial da Saúde, especialmente as parcerias para a produção no País de medicamentos e vacinas. “Pouco importa a origem de capital dos parceiros, se são nacionais ou estrangeiros; o importante é que a pesquisa e o desenvolvimento dos produtos sejam feitos no Brasil.” Some-se a isso a necessária e urgente reversão da alta carga tributária que incide sobre os medicamentos, que, segundo o executivo, continua sendo um dos principais desafios do setor. “É um completo absurdo que os impostos representem mais de um terço do preço final dos medicamentos (33,9%), enquanto a média mundial de tributação do produto é de 6,3%”, afirma o presidente do Sindusfarma.

Linha de produção

O Brasil precisa avançar rápido na vanguarda da produção farmacêutica, apontam os analistas do setor. “Como se sabe, a indústria farmacêutica internacional está investindo pesadamente nos produtos biotecnológicos, com alteração celular, que demandam pesquisas ainda mais caras. E o Brasil, que já ‘perdeu o bonde’ da síntese química nos anos de 1970, não pode deixar a oportunidade escapar desta vez”, sustenta Nelson Mussolini. Nesse aspecto, houve algumas sinalizações positivas do Executivo federal. O financiamento de P&D na


indústria farmacêutica, via recursos oficiais como Profarma, Finep e Fapesp, tem aumentado. Estima-se que cerca de R$ 2 bilhões já tenham sido investidos no setor por meio do Profarma. Em 2012, como parte do Plano Brasil Maior, o governo anunciou um novo pacote de incentivos para produção local de biossimilares. Ele prevê que os biossimilares brasileiros possam ser comprados pelos órgãos e empresas do governo federal com valores 25% acima do custo previsto nos primeiros anos de produção. Já o Programa de Investimento no Complexo Industrial da Saúde deverá receber R$ 2 bilhões até 2014 para desenvolvimento e produção de medicamentos. Além desses pacotes, o governo assinou no final de outubro cerca de 20 parcerias com laboratórios privados para produzir 19 medicamentos e duas vacinas (tetraviral, contra sarampo, caxumba, rubéola e catapora, e outra contra hepatite A) que devem ser oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS). Os acordos envolvem transferência de tecnologia e abrangem 17 laboratórios privados e 12 públicos, que vão fabricar medicamentos para 11 tratamentos diferentes, desde

câncer, asma, mal de Parkinson, esclerose múltipla, endometriose, enfermidades psiquiátricas, até doenças imunológicas (como a Aids) e sanguíneas (como a hemofilia). As parcerias preveem também a produção de produtos biológicos, usados para combater problemas crônicos. Com os acordos, o governo acredita que poderá haver redução de quase cinco vezes no preço dos medicamentos praticado atualmente pelo mercado.

Atuação no Brasil

As empresas também estão apostando na inovação e na vanguarda farmacêutica. É o caso da Bristol-Myers Squibb, que desde 2007 mudou de estratégia para se tornar uma empresa biofarma, focada em pesquisa e desenvolvimento em seis áreas terapêuticas principais – oncologia, virologia, cardiologia, imunologia, diabetes e sistema nervoso central. Entre as áreas promissoras de pesquisa está o campo da imuno-oncologia, que representa uma abordagem inovadora para os tratamentos de câncer, buscando aproveitar o próprio sistema imunológico do corpo para combater as células tumorais. Um exemplo nesta área é o medicamento Yer-

voy (ipilimumabe) para melanoma metastático e inoperável. O medicamento, comercializado nos EUA, União Europeia e Austrália, já está aprovado pela Anvisa e deve ser lançado no Brasil no início de 2013, segundo a Bristol. “A estratégia focada em biofármacos nos posiciona muito bem para o futuro”, afirma o presidente da Bristol-Myers Squibb do Brasil, Gaetano Crupi. “Hoje a empresa conta com mais de 60 moléculas em desenvolvimento, sendo um terço delas biológicas. Em 2011, 14 novas moléculas entraram em desenvolvimento pré-clínico e quatro passaram para o estágio intermediário de estudos clínicos, com investimento total de US$ 3,8 bilhões. Cerca de 30% dos nossos 27 mil funcionários em todo o mundo se dedicam a pesquisa e desenvolvimento.” Considerado um mercado estratégico para a Bristol, o Brasil integra as principais pesquisas clínicas para desenvolvimento de drogas inovadoras, com a participação de 131 instituições de saúde em cerca de 40 estudos em 2012. O valor de investimento em P&D para o Brasil até o final de 2012 atingia mais de US$ 5 milhões para o desenvolvimento clínico de 16 moléculas. Anuário Farmacêutico 2013 25


cenário

Otimismo também no atacado Atacadistas e distribuidores de medicamentos compartilham os bons resultados do varejo farmacêutico e preveem 2013 com crescimento Por Marcelo de Valécio

P

ara 2013, a expectativa no setor de comércio em geral é de que serão mantidas as elevadas taxas de crescimento dos últimos anos, que oscilaram entre 7% e 10% ao ano. 26 Anuário Farmacêutico 2013

Para o atacado e distribuição, os bons números impactam de forma substancial os resultados do segmento, que fatura cerca de R$ 40 bilhões por ano, segundo a Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacio-

nais (Abradilan). Projeções de crescimento dos associados para 2012 indicavam que para 45% deles o crescimento deve ultrapassar 30% em relação a 2011. Associados da Abradilan atendem 77% das farmácias e drogarias do Brasil. “No geFotos: Shutterstock


ral, tivemos um ano bom em 2012. Acreditamos que os destaques foram o crescimento da participação dos medicamentos genéricos e similares. E na área de não medicamentos o destaque vai para o crescimento da participação dos produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC), com previsão de crescimento de 25%. Ainda não temos a projeção para 2013, mas, de fato, estamos projetando um crescimento importante”, afirma a Associação. “O Brasil vem em uma onda de crescimento muito forte”, acrescenta o presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas, Medicamentos, Correlatos, Perfumarias, Cosméticos e Artigos de Toucador no Estado de São Paulo (Sincamesp), Reinaldo Mastellaro. “No setor de medicamentos somos impactados diretamente pelo aumento de renda dos consumidores, pela ampliação do acesso a planos de saúde e o envelhecimento da população. Tudo isso ainda potencializado com o forte crescimento da nova classe média, que está consumindo muito. Considerando o setor de medicamentos como um todo, espera-se crescimento da ordem de 13% em vendas unitárias e 12% de aumento em valores. A perfumaria puxa um pouco mais, com algo em torno de 15% a 16%.” O setor farmacêutico é formado por uma cadeia de serviços interdependentes, que determinam a trajetória dos medicamentos, desde sua produção até a venda para a população. Assim, são interligados indústria, distribuição e varejo. No Brasil, existem cerca de 70 mil drogarias, sendo que as farmácias independentes representam perto de 40% do total. O País possui uma das maiores médias mundiais de farmácias por pessoa: 3,4 farmácias para cada 10 mil habitantes. Até chegar ao consumidor final, são as distribuidoras de medicamentos que fazem a ponte entre os labora-

Considerando o setor de medicamentos como um todo, espera-se um crescimento da ordem de 13% em vendas unitárias e 12% de aumento em valores. A perfumaria puxa um pouco mais, com algo em torno de 15% a 16% tórios farmacêuticos e grandes compradores como farmácias, drogarias, hospitais, clínicas, consultórios e órgãos públicos. Elas abastecem quase a totalidade das farmácias e drogarias espalhadas pelo País, em uma conta que envolve o transporte de aproximadamente dois bilhões de unidades de medicamentos por ano. A operação não se restringe apenas à entrega de medicamentos. O atacado farmacêutico recebe os produtos da indústria, faz a armazenagem e os distribui nas quantidades solicitadas, sob as condições sanitárias estipuladas pelos órgãos competentes. Segundo informa a Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Abafarma), as entregas diárias giram em torno de quatro milhões de unidades, que atendem todos os municípios brasileiros, sendo que boa parte deles tem menos de 30 mil habitantes. “Nas cidades menores as grandes redes do varejo farmacêutico nacional não fincam as suas bandeiras pela inviabilidade comercial. O varejo independente sobrevive pela atuação dos distribuidores de medicamentos e produtos de higiene pessoal, que os abastecem em mais de 90% por via terrestre”, afirma. A associação comenta ainda

que, não raro, o atacado recorre ao transporte fluvial e aéreo para atender a localidades mais distantes. São essas regiões, carentes de tudo, inclusive da presença do Estado, que mais dependem de um serviço eficiente para o abastecimento de suas pequenas drogarias. Graças a uma logística permanente e de alcance regular, o pequeno comerciante organiza racionalmente seu estoque, faz pedidos diários e os recebe de maneira pontual. Entre as principais novidades tecnológicas que devem influenciar no desenvolvimento do setor de atacado e distribuição de medicamentos no Brasil estão os meios eletrônicos, que já tomam importância na comercialização de medicamentos há algum tempo. “Vendas on-line, controles de estoque eletrônicos e as projeções de negócios ganham importância pela via eletrônica, o que melhora o abastecimento e evita rupturas”, observa Reinaldo Mastellaro, do Sincamesp. O executivo diz ainda que a logística no segmento do atacado é beneficiada por esse monitoramento que ajuda a diminuir custos e a melhorar as margens.” Entre os desafios do setor farmacêutico como Anuário Farmacêutico 2013 27


cenário

Entre as principais novidades tecnológicas que devem influenciar no desenvolvimento do setor de atacado e distribuição de medicamentos no Brasil estão os meios eletrônicos, que já tomam importância na comercialização de medicamentos há algum tempo um todo, Mastellaro aponta a urgente necessidade de redução da carga tributaria dos medicamentos. “Essa medida é de grande impacto na renda das famílias e para a economia do País. O medicamento mais barato, aliado ao grande número de pontos de acesso, sejam eles farmácias ou postos de saúde, contribui para a não proliferação de epidemias e também de doenças mais simples. Além disso, acaba por minimizar outro problema: a superlotação de hospitais públicos, que acabariam atendendo apenas casos de maior atenção”, diz o presidente do Sincamesp. Mastellaro aponta que programas governamentais, como o Farmácia Popular, têm contribuído para o acesso a medicamentos. “No último ano, aumentou quatro vezes 28 Anuário Farmacêutico 2013

o número de beneficiados, em um contingente de mais de cinco milhões de pessoas. Já existem mais de 20 mil drogarias credenciadas, com expectativa de chegar a 25 mil pontos até o final de 2012. O programa oferece à população medicamentos essenciais, como analgésicos, anti-hipertensivos, para controle de diabetes, colesterol, e acredito que para o próximo ano mais medicamentos serão incluídos nessa oferta”, diz o executivo. “Esse tipo de iniciativa favorece diretamente o consumidor e, por reflexo, há o aporte financeiro ao varejista no atendimento à demanda reprimida”, acrescenta a Abafarma. Analistas do setor farmacêutico apontam outra decisão acertada, tomada em 2012, desta vez pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): a revoga-

ção da restrição de venda de medicamentos isentos de prescrição médica. “No decorrer do tempo em que a medida vigorou, estudos demonstraram que a decisão de posicionar os medicamentos de venda livre atrás do balcão não contribuiu para reduzir o número de intoxicações no Brasil. Outros estudos apontaram maior concentração de mercado e prejuízo ao direito de escolha do consumidor. A volta foi benéfica”, pontua Mastellaro. “A decisão foi muito acertada, uma vez que se o medicamento é isento de prescrição, o consumidor tem o direito de acesso direto a ele. Além do que no período em que prevaleceu a proibição não foram constatadas mudanças significativas em função da alteração da regra vigente”, finaliza a Abafarma.


pesquisa

A cesta de higiene e beleza é a segunda em crescimento há mais de dez anos. Veja a seguir o comportamento do shopper, que é multicanal, e saiba em que categorias investir Por Lígia Favoretto

Desenvolvimento expressivo

D

esde 1994 a cesta de higiene e beleza é a que mais cresce no Brasil, ocupando a segunda posição do ranking, atrás de perecíveis. Ela só perde para os produtos de alto giro que são o básico dos supermercados. Para a venda da categoria, o canal autosserviço é o mais importante, com representação de 51,6%. No comparativo 2012 X 2011, o crescimento da cesta foi de 5,6% e o canal farma/perfumaria obteve 42,9%. O consumo das classes C, D e E é o grande responsável pelos números. A melhoria da renda faz com que novos consumidores tenham acesso a itens antes nunca experimentados, além do movimento da recompra, ou seja, da consolidação de determinadas categorias na cesta de compras. O que todos querem é conhecer novos conceitos e atender aos desejos mais profundos da vaidade típica do brasileiro. Diante desses resultaFotos: Shutterstock

Anuário Farmacêutico 2013 29


pesquisa

Categorias mais representativas no Farma Total ranking farma

Higiene & beleza

vendas em valor (R$ 000)

independente

cadeia (redes)

YDT11

YTD12

5.648.455,3

6.399.768,9

1

Fralda descartável

1

1

832.757,8

917.510,8

2

Desodorante

4

4

476.811,4

551.425,0

3

Bronzeador

7

2

424.459,5

494.430,0

4

Tintura e Rejuvenescedor para cabelos

2

8

430.698,6

480.793,3

5

Pós-xampu

3

7

401.053,3

470.681,0

6

Cremes para pele

11

3

363.155,3

385.673,5

7

Xampu

6

6

302.947,1

360.420,2

8

Sabonete

8

5

324.029,4

358.815,8

9

Fralda para incontinência

5

12

233.106,8

298.250,4

10

Absorvente higiênico

9

9

240.922,7

268.311,7

11

Lâmina de barbear

10

13

200.378,8

227.884,6

12

Escova dental

13

11

179.806,6

186.438,4

13

Creme dental

16

10

149.999,0

179.407,8

Fonte: Nielsen

dos, o varejista do canal farmacêutico precisa conhecer o comportamento do shopper das grandes redes e das lojas independentes para organizar o sortimento de acordo com o público do seu negócio.

Redes versus independente

De acordo com dados exclusivos da Nielsen para este Anuário, a participação de farma cadeia (redes) e farma independente é equilibrada. Independente fica com 41,1% e cadeia com 38,9%, com crescimento de 8%. A participação do canal farma independente teve crescimento de 7,2% em vendas; e cadeia 8%. Segundo revela a executiva de atendimento da Nielsen, Fernanda Nakazaki Gomes Corrêa, a proporção em termos de lojas é bem diferente. Farma independente está mais pulveriza30 Anuário Farmacêutico 2013

do, mas o cadeia se desenvolve em termos de loja. “Hoje a gente fala de 5.134 cadeias no Brasil frente a 54.853 independentes. Dessa forma, o canal farma independente é muito mais pulverizado, mas se você pegar a proporção, o farma cadeia é muito mais representativo por conta do menor número de pontos de venda no Brasil.”

Características regionais

Os estados brasileiros têm comportamento típico e específico, os consumidores não se comportam da mesma forma em todas as regiões. Na Grande Rio, por exemplo, o autosserviço perde importância e canal farma perfumaria assume a liderança, com 62,7% das vendas e ambas: farma + independente têm 56% de participação dessas vendas. Fernanda comenta que no Nordes-

te, o desenvolvimento do canal é menor, trata-se de um canal subdesenvolvido. “Tem 24,6% das vendas de higiene e beleza, frente a 38,3% no Brasil. Se aprofundarmos mais, falando de farma cadeia e independente, hoje a independente tem uma concentração grande no Centro-Oeste. A maneira como as regiões se distribuem é mais relevante para independente. Por outro lado, a Grande São Paulo é mais importante para o farma cadeia e vice-versa, ou seja, farma cadeia não está tão presente no Centro-Oeste enquanto farma independente não está tão presente na Grande São Paulo.” Em termos de loja, a executiva revela que a consolidação de farma cadeia se dá no Sudeste, mas ainda há muito o que expandir. “Espera-se o crescimento das 5.134 lojas, dada a repercussão dessa cesta.”


TOP Categorias na Farma Cadeia (Redes) e Independente Farma cadeia

vendas em valor (R$ 000)

contribuição em vendas

YDT11

YTD12

delta

%

2735002,6

3110248

375.245,4

Fralda descartável

370371,1

389104,6

18.733,5

5,0

Bronzeador

270801,6

325736

54.934,4

14,6

Cremes para pele

267606,3

296337,9

28.731,6

7,7

Desodorante

221389

262159,2

40.770,2

10,9

Sabonete

179540

202683,4

23.143,4

6,2

Xampu

146976,9

177134,8

30.157,9

8,0

Pós-xampu

144770,6

173713,9

28.943,3

7,7

Tintura e Rejuvenescedor para cabelos

148065,6

156529,8

8.464,2

2,3

Absorvente higiênico

105784,7

113751,1

7.966,4

2,1

Creme dental

87322,1

106274,8

18.952,7

5,1

Higiene & beleza

Fonte: Nielsen

Por que a cesta de higiene e beleza está crescendo?

Alguns movimentos de ascensão da economia brasileira e consequentemente da população, como aumento da renda e crescimento das classes C, D e E fortaleceram o potencial de consumo no País. Pelo aumento da renda, o shopper de higiene e beleza se qualifica de diferentes formas. Hoje é possível ver uma preocupação na compra de eletrodomésticos, veículo próprio, viagens, gastos com saúde e jantar em restaurantes, tudo isso é um símbolo de status. “Se você perguntar à população: se tivesse 10% a mais em sua renda, com o que gastaria? No geral, o consumidor ao redor do mundo todo escolheria, em terceiro lugar, jantar fora, então, esse passa a ser um símbolo de ascensão social.” Essa sofisticação de consumo observada de forma ampla também é notada dentro do contexto de higiene e beleza. Fernanda conta que existem dois movimentos. “Temos 130 categorias que em linhas gerais não vão crescer tanto em

volume, mas vão crescer em valor.” Ela explica que algumas são determinadas como acesso. “São categorias que têm base de loja menor, mas crescem de forma acelerada. Ainda precisam expandir sua presença no Brasil todo. Por outro lado, há um grupo de categorias chamadas de maduras, que são bem mais importantes em termos de relevância. Estamos falando aí de 13% no acesso e 87% na madura.” O que chama atenção, de acordo com a especialista da Nielsen, é que as maduras, embora não cresçam tanto, apresentam dentro delas algumas categorias que se destacam, porque souberam investir em trade-up, sofisticação de consumo em novos segmentos ou em novas marcas por categoria. “Seguramente mais de 60% dessas categorias estão no trade-up ou no acesso, ou seja, são categorias que têm potencial de atração diferenciado das demais, onde a indústria investe muito em inovação, então, tanto o acesso: tintura, bronzeador, creme para pele, como maduras: xampus e condicionadores, por exemplo, evoluem.

Ao olhar as dez categorias mais representativas de farma cadeia e farma independente, não há tanta diferença. O que se nota de forma expressiva é a sofisticação do consumo. No farma independente, por exemplo, os consumidores de fraldas migram para embalagens econômicas, atreladas à marca premium (referência da categoria). Em tinturas, existe um movimento de acesso, o shopper experimenta um produto mais caro, de preço médio elevado. “Para atrair a base da pirâmide, que são as classes D e E, a indústria investe justamente em embalagens menores que vão ter redução do preço, além de otimização dos minikits. Pós-xampus e xampus apresentam movimentos de marca de maior valor agregado; em desodorantes há a segmentação do aerossol; e um grande destaque fica por conta das fraldas para incontinência urinária, porque existe maior comunicação no ponto de venda, que é justamente o conceito do acesso, sem falar no envelhecimento da população, que tem perspectiva de vida maior e novas necessidades surgem.” Anuário Farmacêutico 2013 31


pesquisa

No que diz respeito a bronzeadores, sabonetes líquidos e absorventes, o público migra para embalagens maiores. As lâminas de barbear vêm de um movimento de trade-up com algumas marcas puxando esse desempenho com packs promocionais. “Essas categorias mencionadas fazem 76,3% das vendas e concentram o crescimento desse canal. Essas mesmas dez categorias representam 83% do crescimento do canal, então, ainda é um canal que tende a buscar um desenvolvimento maior. Quando falo das dez categorias do farma cadeia, elas contribuem para 63% do crescimento, o que mostra a diferença entre elas”, pontua Fernanda. A executiva acredita que a grande diferenciação do farma cadeia é a profissionalização, já que está dentro de um sistema de compra de várias lojas e investimento cada vez maior em diferenciais. “Investimento em termos de produtos, serviços agregados, sortimento premium e exclusivo, mas também oferece um pós-venda dentro da loja, tem negociações melhores e consegue repercutir isso no preço dele frente ao autosserviço. No farma cadeia, 58% dos itens de higiene e beleza são mais baratos.”

Shopper multicanal

100% dos lares compram no autosserviço e fazem complementos em outros canais; eles não são leais a um único canal. Segundo dados da Nielsen, 62% dos lares compram no porta a porta, 60% compram na farmácia, 43% na perfumaria, 21% no atacarejo. “A partir do momento em que o shopper se sofistica ele também quer escolher onde comprar, não só em termos de produtos, mas em ponto de venda.” Fernanda ressalta que quando se destina ao supermercado, o momento de compra é focado no abastecimento. “Falamos de 72% de mulheres que tomam as decisões. Essa consumidora tem um papel de abastecer o domicílio, prover a alimentação necessária para a família, não está, necessariamen32 Anuário Farmacêutico 2013

A farmácia tem o apelo de conveniência muito mais forte e nesse ambiente não existe a pressão de dividir o momento da compra com a compra de arroz, feijão, que são os alimentos básicos do domicílio

te, comprando para ela. Quando vai ao canal farma, o momento é outro, então, ela tem mais uma experiência de compra atrelada à missão desse canal, que é um canal conveniente, diferente do supermercado. A farmácia tem o apelo de conveniência muito mais forte e nesse ambiente não existe a pressão de dividir o momento da compra com a compra de arroz, feijão, que são os alimentos básicos do domicílio, dessa forma, ela tende a ter um momento de experiência, de conhecer novos produtos, de sentir as texturas, de ver os lançamentos, de ouvir uma consultora conversando exclusivamente com ela.” Fernanda lembra que um creme para pele tem preço muito elevado, é difícil competir com mercearia básica, pois é um item de maior valor agregado, então, essa decisão acaba sendo mais facilitada dentro do canal farma cadeia. De acordo com ela, o supermercado tenta fazer esses movimentos, com espaços diferenciados, áreas de higiene e beleza, com iluminação específica e forma de circulação diferenciada, com gôndolas mais baixas. O objeti-

vo é criar o movimento store in store, para promover justamente uma melhor experiência dentro do supermercado, para essa cesta. “Mas é tudo diferente, porque no supermercado o consumidor tem de parar o carro, andar uns cinco minutos para chegar até a seção de higiene e beleza. Se não houver um checkout naquela área exclusiva vai ter de enfrentar a fila para pagar junto de uma pessoa que tem uma compra muito maior. No canal farma, não; é possível fazer a compra e passar pelo checkout em 15 minutos, ou seja, a pessoa pode investir mais tempo e ter uma experiência maior, mais agregadora do que no supermercado.” 63% dos lares compram também no porta a porta. A alta penetração vai ao encontro do diferencial competitivo que é a conveniência. O shopper compra de casa e na grande maioria das vezes a interlocutora é alguém conhecido, ou seja, o conselho é confiável, sem falar do sortimento exclusivo frente ao farma. As duas principais categorias, chamadas de fortalezas para o porta a porta, são: protetor solar e creme para pele.


Parte 3

Patrocinadores

L

Laboratórios anunciam investimentos e suas estratégias para manter o ritmo de crescimento para o próximo ano. Setor aposta em pesquisa e amplia a infraestrutura. Conheça os detalhes do planejamento das principais empresas no canal farmacêutico, patrocinadoras deste Anuário 2013.

Foto: Shutterstock

Anuário Farmacêutico 2013 33


Parte 4

Distribuidores

D

Distribuidores de medicamentos e produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) revelam inovações e expectativas para o novo ano. Conheça o planejamento de cada um deles.

A 1ª opção em medicamentos

52 Anuário Farmacêutico 2013

Foto: Shutterstock


distribuidoras estado

empresa

telefone

AC

KAMPA COMÉRCIO IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA

(68) 3223 7676

AM

SB COMERCIO LTDA.

(91) 2123 3535

AL

EXCLUSIVA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(82) 3338 4660

AL

GALINDO DISTRIBUIDORA E REPRESENTAÇÃO LTDA

(82) 3373 4140

BA

ADVANCE BAHIA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(75) 3626 7260

BA

BAIANA MEDICAMENTOS LTDA

(71) 3289 9900

BA

CENTRAL FARMA COMERCIAL LTDA

(75) 3616 5237

BA

CORDEIRO COMÉRCIO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(75) 2101 8300

BA

D&A DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA E LOGÍSTICA LTDA

(71) 3024 9256

BA

DIPA – DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA PACHECO LTDA

(71) 3377 1817

BA

GOLFARMA DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA

(75) 3322 3400

BA

J.S. GUIMARÃES COMERCIAL DE MEDICAMENTOS LTDA

(75) 2101 8300

BA

LUFARMA DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA

(77) 3422.9500

BA

METAPHARMA DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA

(75) 2101 8300

BA

MSR FARMA COMERCIAL LTDA

(75) 2102 2450

BA

SOMA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(85) 3533 7760

CE

EMMARKA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(85) 3878 9060

CE

DS MEDICAMENTOS LTDA

(85) 3066 4994

CE

NAZARIA (GRUPO JORGE BATISTA)

(85) 3392 3100

CE

NORDESTE COMERCIAL DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(85) 3311 4000

CE

NOVA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(85) 3066 8316

CE

NOVA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA (FILIAL)

(88) 3311 0707

CE

PLUSFARMA PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(85) 3533 7760

CE

RIOSFARMA COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS LTDA

(85) 4005 4888

CE

TOTAL COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA

(85) 3311 2350

DF

CENTRAL MED DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(61) 3456 0882

DF

LINK MED DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(61) 3456 9500

DF

DF GENÉRICA COMÉRCIO PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(61) 3451 3400

DF

FARMA SERVICE DISTRIBUIDORA LTDA

(61) 3356 5527

DF

LINK MED DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(61) 3456 9500

DF

MULTFAR DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(61) 3456 9900

DF

NR DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(61) 3363 9280

62 Anuário Farmacêutico 2013


estado

empresa

telefone

DF

PLANALTO DISTRIBUIDORES DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(61) 3451 3400

ES

DISTRIBUIDORA BARATELA LTDA

(27) 3320 5550

ES

DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARM. E HOSP. MOURA LTDA

(27) 3397 1600

ES

MEDMIX DISTRIBUIDORA LTDA

(28) 2102 5600

ES

MILLENIUM COMERCIAL LTDA

(27) 3182 1500

ES

NATCOFARMA DO BRASIL LTDA – EPP

(27) 3268 2275

GO

DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA PANARELLO LTDA (GRUPO PANPHARMA)

(62) 4013 2000

GO

GÓIAS LOGÍSTICA DE MEDICAMENTOS LTDA

(62) 3089 8900

GO

JC DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(62) 3219 9999

GO

MEDCENTRO DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(62) 3278 8081

GO

PHARMA DISTRIBUIDORA LTDA

(62) 3095 2002

GO

SATÉLITE DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(62) 3598 2677

GO

TOTAL LOGÍSTICA FARMACÊUTICA LTDA

(62) 3249 6111

GO

UTILDROGAS DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(62) 3092 9100

MA

ALTO MIUDEZAS COMERCIAL LTDA (GRUPO JORGE BATISTA)

(99) 3529 8800

MA

EMMARKA MA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(98) 3313 2500

MA

INVICTA PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(99) 3541 6333

MA

UNIFARMA DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA

(99) 2101 3000

MG

COMERCIAL VC SANTOS SILVA LTDA

(31) 2112 8804

MG

DISTRIAM DISTRIBUIDORA LTDA

(34) 3293 3900

MG

DISTRIBUIDORA CENTRO OESTE DE MEDICAMENTOS LTDA

(37) 3324 1244

MG

DIVINÓPOLIS MEDICAMENTOS LTDA

(37) 3512 6800

MG

EMIS MINAS DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(31) 3408 8008

MG

FARMIX DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(37) 3249 5400

MG

GENÉRICOS E SIMILARES UNIÃO LTDA

(31) 3393 6444

MG

GILDROGAS LTDA

(33) 2101 4400

MG

HOSPIDROGAS LTDA

(31) 3452 2364

MG

MEDITEM COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA

(34) 3823 2000

MG

MEDWAY LOG COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA

(35) 2105 3999

MG

MG MEDICAMENTOS ATACADISTA LTDA

(31) 3419 0000

MG

ORIENTE (IPATINGA)

(31) 2109 3300

MG

ORIENTE (UBERLÂNDIA)

(31) 2101 4324 Anuário Farmacêutico 2013 63


distribuidoras estado

empresa

telefone

MG

ORGAFARMA – ORGANIZAÇÃO FARMACÊUTICA LTDA

(31) 3272 8480

MG

REZENDE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(31) 3036 8044

MG

STOCKFARMA LTDA

(35) 3697 4500

MG

UTILFARMA

(31) 2105 3300

MS

DISTRIBUIDORA BRASIL DE MEDICAMENTOS LTDA

(67) 3316 5100

MS

MORENA COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS LTDA

(67) 3346 1550

MT

PONTUAL DISTRIB. DE MEDICAMENTOS LTDA

(66) 3425 1009

MT

METTA DIST. DE MEDICAMENTOS E PERFUMARIA LTDA

(65) 2121 9696

MT

DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS NATURAIS LTDA

(65) 3634 6697

PA

AMERICAN FARMA LTDA

(91) 3210 3800

PA

IMIFARMA PRODUTOS FARMACÊUTICOS E COSMÉTICOS S/A

(91) 3215 4000

PB

DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS BRASIL LTDA

(83) 4009 2222

PB

EMMARKA PB DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(83) 3015 4100

PB

FARMAUM DOS MEDICAMENTOS LTDA

(83) 3245 1051

PE

ACRIPEL DISTRIBUIDORA PERNAMBUCO LTDA

(81) 3267 1350

PE

AMERICAN FARMA DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA (GRUPO PANPHARMA)

(81) 3072 7100

PE

EMMARKA PE DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(81) 3414 6910

PE

GALINDO DISTRIBUIDORA LTDA

(81) 3343 8999

PE

MAIS DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(81) 3343 8986

PI

DELTA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(86) 3228 4800

PI

DISTRIBUIDORA PARNAÍBA DE MEDICAMENTOS LTDA

(86) 3133 8100

PI

DISTRIBUIDORA PIAUIENSE DE MEDICAMENTOS LTDA

(86) 3218 5364

PI

JORGE BATISTA & CIA LTDA. (GRUPO JORGE BATISTA)

(86) 3216 4600

PI

PLUSFARMA COMERCIAL DO PIAUÍ LTDA

(86) 3233 0211

PR

DIMEBRÁS DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS BRASIL LTDA

(45) 3224 1834

PR

DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS ANB FARMA LTDA

(41) 3072 8000

PR

FOCO DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(41) 3286 3626

PR

JCLOG DISTRIBUIÇÃO E LOGÍSTICA LTDA

(41) 3382 2002

PR

KARIMED COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS LTDA

(45) 3223 3033

PR

NEOBRÁS DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(41) 3276 5000

PR

PENIEL DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(44) 4009 3000

RJ

BODY CARE PRODUCT DO BRASIL LTDA

(21) 2123 5100

64 Anuário Farmacêutico 2013


estado

empresa

telefone

RJ

EMEFARMA RIO REPRESENTAÇÕES LTDA

(21) 2187 8900

RJ

JOMARGIL DISTRIBUIDORA LTDA

(22) 2737 7150

RJ

MEGAMED DIST. DE MEDICAMENTOS, PERF. E CORRELATOS LTDA

(21) 2751 4701

RJ

PROFARMA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS S/A

(21) 4009 0200

RJ

PROSPER MEDICAMENTOS LTDA

(21) 2173 1900

RJ

RIO DROG’S DIST. DE PROD. FARM. E PERF. LTDA

(21) 2104 9900

RJ

SUPRAFARMA

(21) 3865 0071

RJ

TRIÂNGULO DE BARRA MANSA COMERCIAL LTDA

(24) 3323 5334

RJ

VALE SUL

(24) 2453 9520

RN

DROGUISTA POTIGUARES REUNIDOS LTDA

(84) 4008 4500

RN

IDEAL FARMA COM. E REP. DE PROD. FARMACÊUTICOS LTDA

(84) 3272 2145

RN

MEIRELLES FARMA LTDA ME

(84) 3223 1410

RN

NAZARIA (GRUPO JORGE BATISTA)

(84) 4006 4000

RN

NORDESTE POTIGUAR FARMACÊUTICA LTDA

(84) 3605 9953

RN

RDF – DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS PARA SAÚDE LTDA

(84) 3092 8000

RO

CENTRO FARMA COMÉRCIO DE IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO LTDA

(69) 3225 5100

RO

RONDOMED DISTRIBUIDORA E COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS LTDA

(69) 3217 3388

RO

TRIÂNGULO COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS LTDA

(69) 3423 3800

RS

AL DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(55) 3211 1333

RS

DALMEDSUL MEDICAMENTOS LTDA

(54) 3544 1500

RS

DIFREMEL DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(55) 3744 4377

RS

NEOSUL DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(51) 3061 8000

SC

FLORIFARMA DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA

(48) 3381 0700

SC

GENESIO A. MENDES & CIA LTDA

(48) 3621 8000

SC

JC DISTRIBUIDORA FARMACÊUTICA LTDA

(47) 3281 4200

SC

MACROMED DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(48) 3431 8600

SC

MEDMAIS DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(48) 3954 0202

SC

MULTIMED DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(47) 3334 1818

SC

NEOBRÁS DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(45)3224 1834

SC

RIO MED

(47) 3531 8000

SC

SULMEDICAMENTOS DISTTRIBUIDORA DE PROD. FARMACÊUTICOS LTDA

(48) 2101 7000

Anuário Farmacêutico 2013 65


distribuidoras estado

empresa

telefone

SE

GALINDO E JD DISTRIBUIDORA LTDA

(79) 3257 1058

SP

ANDORINHA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA

(19) 3739 9663

SP

AUDIFAR COMERCIAL LTDA

(11) 3164 9750

SP

DISLAB DIST. DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(16) 3516 2100

SP

DISMED – DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS OLÍMPIA LTDA

(17) 3279 2222

SP

DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS GRAMENSE LTDA

(19) 3646 7000

SP

DISTRIBUIDORA NAVARRO DE MEDICAMENTOS LTDA

(11) 3948 0881

SP

DIVACONTROL – COMÉRCIO DE MEDICAMENTOS LTDA EPP

(14) 3405 5511

SP

DIVAMED DIST. IRMÃOS VALOTTO DE MEDICAMENTOS LTDA

(14) 3405 5500

SP

DROGACENTER DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA (D. CENTER)

(16) 3603 0111

SP

ELITE COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO DE PROD. FARMACÊUTICOS LTDA

(11) 4469 4400

SP

JULIFARMA DISTRIBUIDORA DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS E PERF. LTDA

(19) 3646 7400

SP

JOSÉ AGUINALDO ALCARDE/FARMAGUDOS

(14) 3262 9900

SP

MAXIFARMA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(17) 2136 3888

SP

MERCANTIL FARMED LTDA

(11) 3839 5600

SP

NÚCLEO FARMA COMÉRCIO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(17) 2138 2500

SP

PAZMED MEDICAMENTOS LTDA EPP

(18) 3222 4278

SP

PRIFARMA DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA EPP

(12) 3608 7057

SP

DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS SANTA CRUZ LTDA

(11) 3040 7500

SP

SERVIMED COMERCIAL LTDA

(14) 2106 2000

SP

STI COMÉRCIO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(11) 3766 4147

SP

T FARMA COMÉRCIO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(17) 3279 2222

SP

VIAN COMÉRCIO DE PRODUTOS FARMACÊUTICOS LTDA

(19) 3646 7850

TO

MULTFAR DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS LTDA

(63) 3213 2043

66 Anuário Farmacêutico 2013


Rua Leonardo Nunes, 198 • Cep 04039-010 • Vila Clementino • São Paulo • SP www.contento.com.br • www.eutenhoconteudo.com.br


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