Edição 244

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ano Xx • nº 244 março de 2013

Olhar

revelador

Pesquisa inédita do ICTQ em parceria com o Datafolha, divulgada com exclusividade ao Guia da Farmácia, revela a visão que o consumidor tem do farmacêutico e das farmácias no Brasil. Os dados oferecem subsídios para que estabelecimentos invistam em imagem e capacitação profissional


editorial

Importância unânime Ir à farmácia é um hábito tão comum e antigo, que quase nunca paramos para pensar na importância que esses estabelecimentos têm para a comunidade. Mas quem já não se dirigiu até uma loja de confiança para perguntar qual pode ser o melhor caminho para o tratamento da sua patologia, para aferir a pressão ou até mesmo para entender o que diz a receita médica? Essa importância do canal farma se fortalece a cada dia, tanto no mercado quanto aos olhos do consumidor, passando da antiga imagem de ‘local para tratar doenças’, para a visão contemporânea de ‘espaço para tratamento de saúde’. E junto com o crescimento das lojas, cresce também a importância do farmacêutico como um verdadeiro agente de saúde pública. Uma pesquisa realizada pelo Datafolha, em parceria com o Instituto de Pós-Graduações para Farmacêuticos (ICTQ), di-

DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-chefe Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) assistente de redação Flávia Corbó EDITORas de arte Mariana Sobral e Larissa Lapa Assistente de arte Junior B. Santos DEPARTAMENTO COMERCIAL executivas de contas Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) 4

vulgada com exclusividade ao Guia da Farmácia, trouxe os entrevistados a essa reflexão, e as respostas sobre a importância desses profissionais foi praticamente unânime: 95% dos brasileiros acreditam ser fundamental a presença do farmacêutico na farmácia; e 90% afirmam que esses profissionais têm um papel de destaque na saúde da população. Tendo em vista essa relevância, é necessário estar pronto para atender às demandas dos consumidores, que esperam uma loja atrativa e farmacêuticos aptos a sanar suas dúvidas. É imprescindível também estar de olho na concorrência, cada vez mais acirrada, para ter destaque nesse novo momento por que passam as farmácias do País. E toda a equipe do Guia da Farmácia estará sempre aqui, para ajudar nessa tarefa. Boa leitura. Lígia Favoretto Editora-chefe

assistentes do Comercial Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE assinaturas Morgana Rodrigues coordenador DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia e Antônio Gambeta Marketing e Projetos Luciana Bandeira

Colaboradores da edição Edição Kathlen Ramos Revisão Maria Stella Valli Textos Adriana Bruno, Claudia Dall’Ovo, Egle Leonardi, Kathlen Ramos, Natalia Kfuri, Raquel Sena e Rodrigo Rodrigues Colunistas Alberto Stein, Amanda Rossi, Gustavo Semblano, João Sabino, Marcus V. de Andrade e Silvia Osso IMPRESSÃO IBEP capa Shutterstock

O resgaste da atuação do farmacêutico é perceptível. Afinal, são esses os profissionais que estão em contato direto com os usuários de medicamentos

> www.guiadafarmacia.com.br Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.

analista de marketing Lyvia Peixoto

guia da farmácia março 2013

foto: shutterstock


sumário #244 março 2013

e mais

38 10 > Entrevista O presidente-fundador da Prati-Donaduzzi, Luiz Donaduzzi, revela em entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia os motivos da ascensão da empresa no setor de medicamentos fracionados

32 > concorrência Em tempos de forte competitividade, saber como encantar o cliente e ganhar sua preferência é uma questão estratégica

38 > perfil Estudo do Advantage Group Brazil avalia o desalinhamento entre as prioridades da indústria e do varejo farmacêutico, e indica como ajustar as necessidades das duas pontas da cadeia

CAPA

58 > pesquisa A presença de farmacêuticos no ponto de venda é apontada como fundamental por 95% dos entrevistados, segundo mostra estudo divulgado exclusivamente para o Guia da Farmácia e desenvolvido pelo Datafolha/ICTQ

77 > debate Especialistas apontam qual a melhor forma para estipular a precificação de produtos e mostram como conceder descontos em medicamentos sem ter prejuízos

08 16 18 26 52 86 92 98

> Cartas > guia on-line > Antena Ligada > Atualizando > mix – protetor solar > desafios > gestão > ponto de venda

Caderno Saúde 104 > tabagismo 110 > menopausa 118 > depressão 126 > azia e má digestão 132 > olhos – lágrimas artificiais 138 > alergia pele – herpes 142 > colesterol 148 > artigo 151 > lesões musculares 160 166 172 176 180 186 194

> mix – analgésicos e antitérmicos > categoria – anti-inflamatórios > categoria – inaladores > oportunidade > consumo > sempre em dia > serviços

colunas 24 > varejo Silvia Osso 56 > competitividade Marcus Vinícius de Andrade 159 > consultor jurídico Gustavo Semblano 174 > logística Amanda Regina Corsini Rossi

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ca r ta s Para fazer elogios, críticas ou dar sugestões ao Guia da Farmácia, escreva para a redação: Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010 ou ligia@contento.com.br. Queremos saber o que você pensa!

sua opinião é muito importante para nós

Preços abusivos

Normalmente não se aumentam os preços fora do caderno. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deveria se preocupar com os descontos abusivos, porque uma drogaria consegue vender um produto a R$ 1,50, enquanto todas as outras pagam mais do que isso, comprando do próprio laboratório. Concorrência desleal pode; agora, trabalhar com o preço do caderno, pagando um absurdo de tributação e ainda sendo punido... Ora, vão procurar o que fazer, porque com certeza irão encontrar. Marcelo Eduardo Borges Rodrigues opinou sobre ‘O risco do abuso’, matéria publicada na edição 242 do Guia da Farmácia, através do Facebook.

Controle na venda de antibióticos

Eu só vejo aumentar o trabalho e a responsabilidade para nós, farmacêuticos, mas ganhar um salário digno está difícil. Sem contar o estresse de trabalhar em uma farmácia. É muita responsabilidade para pouco lucro. Sergio Romano opinou sobre a nota “Anvisa prorroga prazo para adequação à venda de antibióticos”, publicada no Portal Guia da Farmácia (http://www. guiadafarmacia.com.br/regulatorio/anvisa/anvisaprorroga-prazo-para-adequacao-a-venda-deantibioticos), através do Facebook. 8

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Combate à automedicação

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai ter trabalho, hein?! Começando pelo acesso à saúde, que aliás é um dos nossos direitos. Está na Constituição do País, mas passa longe de acontecer! No mínimo 100 anos para eles conseguirem essa glória! Ane Carolina Oliveira opinou sobre a nota “Anvisa quer combater a automedicação no País”, publicada no Portal do Guia da Farmácia (http://www.guiadafarmacia.com.br/ varejo-noticias/anvisa-quer-combater-automedicacaono-pais), através do Facebook. fotos: shutterstock


entrevista - Luiz Donaduzzi, Prati-Donaduzzi

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fotos: fotos: felipe DIVULGAÇão mariano


Foco

estabelecido Prestes a completar 20 anos no mercado, a farmacêutica que começou com investimento de US$ 100 anuncia faturamento de US$ 500 milhões em 2012

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Por lígia favoretto

Pioneiro na fabricação de fracionados, o laboratório Prati-Donaduzzi, com sede em Toledo (PR), está instalado em uma área de 100 mil metros quadrados, emprega mais de 3,5 mil funcionários e investe em novas moléculas com o objetivo de disponibilizar opções acessíveis à população brasileira. O presidente e fundador da empresa, Luiz Donaduzzi, defende o uso racional de medicamentos e sem desperdiço. Em entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia, ele revela como conquistou esse nicho de mercado e comenta sobre o interesse da indústria em lançar produtos de marca.

Guia da Farmácia • Em 1999, quando a aprovação da Lei dos Genéricos (nº 9.787) expandiu-se em direção ao incipiente mercado, a Prati-Donaduzzi voltou seus investimentos para o segmento, um dos que mais crescem hoje no País. Que tipo de oportunidades foram identificadas? Luiz Donaduzzi • Os medicamentos genéricos são produtos de qualidade inquestionável e de preço acessível, ou seja, a fatia da população que não tinha acesso a medicamentos, ou que tinha acesso restrito, passou a ter acesso integral a produtos de eficácia 2013 março guia da farmácia

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entrevista - Luiz Donaduzzi, Prati-Donaduzzi

comprovada, por um preço muito mais razoável. O segmento continuará avançado. No futuro vejo dois tipos de produtos no mercado: os de marca, inovadores; e os genéricos, que conquistam patentes importantes, sem o custo da pesquisa embutido. Isso se manterá por muitos anos, trata-se de um mercado consolidado. Guia da Farmácia • O objetivo da Prati é continuar trabalhando com medicamentos que já tiveram queda de patentes? Como os senhores encaram o desenvolvimento de novos produtos? Donaduzzi • Quando começamos éramos muito pequenos, um dos menores laboratórios do País, e fomos desenvolvendo moléculas que exigiam um investimento menor, moléculas que todos faziam e que se tornaram rapidamente comoditizadas. Hoje estamos procurando moléculas de maior valor agregado que são mais difíceis de desenvolver, que tenham maior custo de desenvolvimento, dentro de genéricos. Ao mesmo tempo, estamos tentando obter tecnologia de produtos inovadores, que se destinam ao receituário médico, o que seria um outro ramo do nosso trabalho. Guia da Farmácia • Dessa forma, colocar produtos de marca no mercado seria uma nova forma de atuação da Prati? Donaduzzi • Sim, mas ainda é incipiente. Quando acontecer, poderemos importar o produto pronto, ou produzir aqui, mas nosso foco é produzir aqui sempre, porque gera empregos e conseguimos ter um controle maior do produto também. Guia da Farmácia • A Prati-Donaduzzi é uma das únicas indústrias farmacêuticas brasileiras que produz medicamentos fracionáveis, com portfólio de 36 apresentações comercializadas, além de oferecer toda a estrutura obrigatória para a comercialização desses produtos. Por que investir em um segmento tão novo e pouco consolidado? Donaduzzi • A Prati é a principal produtora de medicamentos fracionados. Começamos a trabalhar com isso porque há interesse do governo nessa área, há incentivo no sentido de entregar à população produtos mais baratos e de não haver desperdiço do produto. Como já produzíamos medicamento hospitalar fracionado, produzi-lo para o varejo foi um upgrade. Para baixar custos ao longo dos anos, verticalizamos a produção; hoje fazemos nossa própria embalagem. Se dependês12

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Credito o sucesso a uma série de fatores intangíveis como, por exemplo, a fabricação toda dentro da prati, pois no momento em que fazemos a embalagem, o transporte, nossas obras, instalações, passamos a ter o controle da qualidade com custo melhor e prazo de entrega menor semos de terceiros, o custo seria muito alto e o tempo muito alto também. Como estamos migrando do hospitalar para farmácias, foi um bom nicho, nicho pequeno, mas importante no que diz respeito à transição, que deixou de ser difícil e custosa. Guia da Farmácia • Por que os fracionados ainda “engatinham” no Brasil? Por que alguns laboratórios começaram e desistiram no meio do caminho? Donaduzzi • Porque o custo de desenvolvimento desses produtos é extremamente alto e eles vão concorrer dentro da própria empresa com os medicamentos tradicionais. Então não compensa. Isso faz com que a gente ganhe essa fatia do mercado, com nossas marcas aparecendo através desse segmento. Estamos desenvolvendo também fracionados líquidos, pomadas e cremes. O objetivo é fornecer doses únicas, como se fosse em um sachê. A separação já vem de fábrica, sem a necessidade de manipulação dentro da loja. Guia da Farmácia • Hoje a população conhece os medicamentos fracionados? Ela busca por esse tipo de produto? Donaduzzi • Os medicamentos fracionáveis, com produção e comercialização permitidas no Brasil desde maio de 2006 em atendimento à Resolução da Diretoria Colegiada, ou RDC 80, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), são aqueles que podem ser vendidos em doses estabelecidas pela prescrição médica, com a finalidade de promover o seu uso racional. Utilizado em grande escala em países da Europa e nos Estados Unidos, os fracionáveis evitam o descarte de medicamentos na natureza; permitem a sua rastreabilidade; facilitam a identificação e sugerem menor risco de intoxicação. Ademais, os fracionáveis possibilitam ao paciente economizar com a compra de medicamentos. Se lhe foi prescrito 20 unidades de determinado produto ele pode comprá-las em momentos distintos e não despender de uma só vez a quantia total para a sua aquisição. Assim, com o dinheiro economizado, é possível comprar outros

medicamentos, porque muitas vezes o consumidor chega à farmácia e leva a medicação não em função de sua necessidade, mas em função do dinheiro que tem no bolso. A partir do momento em que oferecemos produtos de preço mais baixo, fica fácil adquirir outros itens, até mesmo dos concorrentes. O fracionado é muito bem aceito, mas ainda falta conhecimento e entendimento. Assim foi com os genéricos também; demorou 12 anos para que se consolidassem no mercado. Com os fracionados é a mesma coisa – levará alguns anos para se consolidarem. Guia da Farmácia • Que tipo de parceria existe entre a Prati e as farmácias para a comercialização dos fracionados? Donaduzzi • Há uma necessidade de adequação das farmácias e sozinhos conseguimos implantar os fracionados em 14 mil estabelecimentos ao longo dos últimos dois anos. O varejo precisa de conhecimento e espaço adequado. Nós fornecemos esse conhecimento e a estrutura física para isso. Fazemos isso em forma de comodato e, em troca, a farmácia compra nosso fracionado, ou seja, os estabelecimentos não têm custo nenhum para a implantação. Isso tem funcionado muito bem. Guia da Farmácia • O senhor começou com US$ 100 e em 2012 teve faturamento de US$ 500 milhões. Como isso é possível? Donaduzzi • Com trabalho, trabalho, trabalho, trabalho. Toda a tecnologia foi desenvolvida dentro da empresa e as pessoas também. Credito o sucesso a uma série de fatores intangíveis, como, por exemplo, a fabricação toda dentro da Prati, pois no momento em que fazemos a embalagem, o transporte, nossas obras, instalações, passamos a ter o controle da qualidade com custo melhor e prazo de entrega menor. Essa flexibilidade permitiu que fizéssemos os fracionados, além disso, por ser farmacêutico, tenho essa visão do negócio. Na dúvida, um produto nunca vai para a rua; o foco é qualidade, o resto é consequência. 2013 março guia da farmácia

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ANTENA LIGADA

unindo forças parcerias e aquisições entre empresas farmacêuticas visam o fortalecimento do setor

Cobrança de receita

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou um grupo de especialistas interessados em discutir as novas regras de cobrança da receita dos medicamentos de tarja vermelha. A chamada “força de trabalho” deve, até o segundo semestre, mapear o atual cenário de venda desses medicamentos e apresentar medidas. De acordo com o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, a ideia é que um conjunto de medidas seja desenhado até o final do ano. • portal.anvisa.gov.br

Em solo brasileiro

A norte-americana CVS adquiriu o controle da rede de drogarias Onofre, a oitava maior do País em receita. A operação envolveu a venda de 80% das ações da Onofre, fundada pela família Arede, por R$ 600 milhões. Essa negociação marca a entrada do primeiro grupo estrangeiro no varejo farmacêutico brasileiro. A CVS é o maior grupo de varejo e serviços farmacêuticos dos Estados Unidos. • www.cvs.com • www.onofre.com.br 18

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Lucro da Johnson dispara

No quarto trimestre de 2012, a Johnson & Johnson obteve lucro líquido de US$ 2,57 bilhões - bem acima dos US$ 218 milhões obtidos no mesmo período do ano anterior. A divisão de produtos farmacêuticos da empresa obteve crescimento de 8,5% nas vendas durante o trimestre, ante os mesmos três meses de 2011. Em comunicado, a empresa destacou o bom desempenho em seus principais produtos, bem como o sucesso dos lançamentos realizados. • www.jnjbrasil.com.br fotos: shutterstock


Novo comando

Lançamento de genérico

A Medley lançou o primeiro genérico de uma linha de hormônios, composto de drospirenona + etinilestradiol, uma das substâncias mais conhecidas no mercado de contraceptivos orais. O consumidor poderá adquirir o produto com um preço 35% menor que o medicamento referência, Yasmin da Bayer. A Medley espera conquistar uma grande fatia do mercado de contraceptivos, tendo em vista que essa substância teve um crescimento no último ano de 23% em unidades. • www.medley.com.br

Adib Jacob assumiu a posição de presidente do Grupo Novartis no Brasil. O executivo também acumula o cargo de diretor-geral da divisão farmacêutica da empresa, função que ocupa desde 2011. Em sua nova posição à frente do Grupo, o executivo tem como prioridade consolidar a empresa como parceira estratégica da saúde no Brasil. Para isso, planeja expandir as parcerias com entidades públicas, aumentar os investimentos em estudos clínicos locais e ingressar em novos mercados. • www.novartis.com.br

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ANTENA LIGADA

Canal farma em ascensão

De janeiro a setembro do ano passado, a receita das farmácias com a venda de medicamentos genéricos foi de R$ 2,2 bilhões, um aumento de 28,1% na comparação com o mesmo período de 2011, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que reune 31 associadas. Os medicamentos comuns representaram R$ 12,8 bilhões, alta de 16,3%. E as vendas de não medicamentos, cujas margens são bastante atrativas para essas varejistas, foram de R$ 5,6 bilhões, crescimento de 18,6%. • www.abrafarma.com.br

Planos de expansão

A Brazil Pharma planeja encerrar em 2013 o processo de integração das redes adquiridas desde 2010. A integração da área operacional, a mais demorada, deve levar aproximadamente mais um ano, segundo o presidente da empresa, André Sá. A companhia foi a que mais comprou negócios no setor de varejo nos últimos anos e hoje é a maior rede de drogarias do País em número de pontos, com 1.050 lojas, e a quarta em receita. Foram seis redes compradas em menos de 30 meses, desde julho de 2010. • www.brph.com.br C

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Indústria quer preço mais alto

Crescimento em 2014

Em todo o ano passado, o lucro da Novartis atingiu US$ 9,6 bilhões, alta de apenas 4%. A companhia afirmou que a forte concorrência levou ao fraco desempenho de vendas em 2012. Para este ano, a expectativa é de que a companhia sofra o efeito de expiração de patentes, voltando a obter crescimento de “ao menos um dígito” em 2014 e 2015. • www.novartis.com.br 20

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Levantamento apontou que, desde que a atual regra de precificação entrou em vigor, em 2004, os valores autorizados foram, em média, 35% menores do que os requeridos pelas companhias. A maioria absoluta dos pedidos de registro de preço acabam rejeitados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mesmo quando não há altos graus de inovação no produto. Dos mais de 1,1 mil processos já analisados pelo órgão, apenas 33% dos casos tiveram os valores aprovados conforme sugerido pela indústria. • portal.anvisa.gov.br

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Países emergentes

Nova aquisição

Por R$ 104 milhões, a distrbuidora Profarma adquiriu 50% da rede carioca de farmárcias Tamoios. Dona de 57 lojas principalmente no interior do Rio de Janeiro, a rede faturou R$ 312 milhões no ano passado. Com a conclusão do negócio, a Profarma soma agora um total de 142 lojas e R$ 700 milhões de faturamento com a divisão de varejo. A distribuidora é a terceira maior do País com receita líquida estimada em 3,1 bilhões de reais em 2012. • www.profarma.com.br • www.drogariastamoio.com.br

Dentro de pouco tempo a indústria farmacêutica será completamente diferente da atual, de acordo com pesquisa feita pela Roland Berger no Brasil. A saída para mercados emergentes, que combinam maiores taxas de crescimento e necessidades mais simples de serem atendidas, é um dos principais caminhos encontrados pelas companhias para enfrentar a atual “crise estrutural”. Hoje, apenas 24% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento são realizados nesses países. Dentro de 10 anos, o número deve saltar para 43%. • www.rolandberger.com.br

Guia de Farmácia copy.pdf 1 04/02/2013 09:50:01

PRODUTOS Medicamentos Cosméticos Saneantes Alimentos Produtos para Saúde

PREFIXO ANVISA 1 2 3 4,5 ou 6 1 ou 8

Os produtos da linha Vitgold, de acordo com a determinação da ANVISA (RDC- 44/2009), são registrados como suplementos alimentares (classe de alimentos começando com os numerais 4, 5 e/ou 6), portanto, podem ficar expostos no autoatendimento das farmácias e drogarias ao alcance do consumidor, ao contrário dos medicamentos.

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Gestantes, nutrizes e crianças até 3 (três) anos, somente devem consumir estes produtos sob orientação do nutricionista ou médico. Consumir os produtos conforme a ingestão diária constante na embalagem. NÃO CONTÉM GLÚTEN

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ANTENA LIGADA

Dentro do controle O Projeto de Lei 500/12, do deputado Marco Aurélio de Souza (PT), aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo, obriga farmácias e drogarias a disponibilizarem cartelas de controle aos consumidores de medicamentos de uso contínuo de ingestão única diária. Caso a lei seja sancionada pelo governador, além das farmácias e drogarias, a obrigatoriedade se aplica à Farmácia Dose Certa, da Fundação para o Remédio Popular, que distribuiria as cartelas gratuitamente. • www.al.sp.gov.br

Grandes redes Dados divulgados pela IMS mostram que 50% das vendas do setor farmacêutico estão nas mãos das grandes redes de drogarias brasileiras, 3% pertencem aos supermercadistas e 47% das vendas acontecem nas farmácias médias e pequenas, classificadas pelo setor como “independentes”. Em 2008, as grandes redes tinham taxa inferior, cerca de 42% do mercado, os supermercados, 3% e as independentes, mais da metade (55%). • www.imshealth.com

Produção nacional

O laboratório público Biomanguinhos iniciará neste ano a produção nacional de cristais de insulina, segundo anúncio do Ministério da Saúde. O produto é um princípio ativo da insulina, medicamento utilizado no tratamento de diabetes. O governo federal acredita que a escala industrial na produção do medicamento será atingida em 2016. A tecnologia será transferida do laboratório ucraniano Indar, que fornecerá o insumo até que o Brasil seja capaz de produzi-lo em quantidade suficiente. • www.bio.fiocruz.br • www.saude.gov.br 22

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Novidade no mercado

Os medicamentos Naldecon, Dermodex e Luftal agora serão vendidos pela multinacional britânica Reckitt Benckiser no Brasil. A companhia comprou, por US$ 482 milhões, o segmento de medicamentos cuja venda não requer receita médica da norte-americana Bristol-Myers Squibb. Além do Brasil, a britânica controlará a operação no México e em outros mercados da América Latina. A Reckitt Benckiser já atua no mercado brasileiro, mas no segmento de produtos de limpeza. • www.rb.com/br • www.bristol.com.br


AF_Anúncio_GuiadeFarmácias_FEV_19.pdf

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Teuto oferece treinamento Pelo segundo ano consecutivo, o programa ‘Seu Negócio Mais Lucrativo’, realizado pelo Laboratório Teuto/Pfizer, percorre o País oferecendo treinamentos e consultorias, com o objetivo de otimizar o negócio e contribuir para o destaque do setor. O primeiro módulo do treinamento será ministrado nas cidades que ainda não receberam uma etapa do programa. Nas regiões em que o evento acontece pela segunda vez, é apresentado o segundo módulo, que aprofunda questões como tributação e precificação estratégica. • www.teuto.com.br

Medicamento liberado

O Ministério da Saúde começou a distribuir um dos medicamentos de uma série que estará disponível na rede pública de saúde ainda no primeiro semestre deste ano. O primeiro medicamento distribuído foi o oncológico Trastuzumabe, usado para tratar o câncer de mama. O medicamento faz parte dos 29 novos procedimentos e tecnologias aprovados pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec). • www.saude.gov.br

Concorrência acirrada

Estudo da Roland Beger apontou que as vendas de medicamentos no Brasil devem ter um crescimento anual médio de 9,5% até 2016. O número é alto, mas está bem atrás dos 19,1% esperados para os chineses, dos 15,2% que devem ser atingidos pelo mercado indiano e dos 12,3% da Rússia. Questões estruturais e problemas fiscais causam insegurança para quem já atua aqui e desestimula quem quer entrar, segundo o sócio da Roland Berger no Brasil, Jorge Pereira da Costa. • www.rolandberger.com.br 2013 março guia da farmácia

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conteúdo extra no portal

Relevante ao setor Acompanhe, durante os dias 20, 21 e 22 de março, a cobertura completa, em tempo real, da Abradilan Farma & HPC 2013, através de vídeos no Portal.

Cuidado redobrado Reduzir o colesterol no sangue pode parecer uma tarefa difícil, porém há alimentos que ajudam a amenizar o problema, assim como também existem os que devem ser evitados. Saiba quais são eles.

Respire melhor O outono está chegando! É nessa época que a procura por aparelhos inaladores aumenta. Conhecer as diferenças entre eles pode tornar o produto mais atrativo.

Conjuntivite x Olho Seco Por apresentarem alguns sintomas parecidos há quem confunda o diagnóstico. Reconhecer e distinguir um quadro do outro é importante. Conheça as diferenças.

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fotos: shutterstock


varejo

Fidelização essencial

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O objetivo deve sempre ser uma visão única de que seu cliente é fundamental para aumentar a oportunidade de vendas e, consequentemente, atingir as metas da empresa

silvia os s o Palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo. É autora dos livros Atender Bem Dá Lucro, Programa Prático de Marketing para Farmácias e Administração de Recursos Humanos para Farmácias E-mail siosso@uol.com.br 24

No mês anterior, falamos sobre a importância de fidelizar os clientes e desenvolver relacionamentos duradouros com eles. O objetivo deve sempre ser uma visão única de que seu cliente é essencial para aumentar as oportunidades de vendas e, consequentemente, atingir as metas da empresa. Entretanto, acreditar que isso pode ser feito apenas com um software ou sistema de gestão de relacionamento com o consumidor é um engano. As farmácias devem ter objetivos claros e importantes como: o que buscar e o que evitar.

obstáculos que devem ser evitados Saiba como calcular o retorno sobre investimento (ROI): muitos erros ocorrem pela falta de uma estratégia clara e entendimento de como calcular o ROI. Além disso, inúmeras estratégias de gestão de relacionamento geralmente são estruturadas por profissionais de Tecnologia da Informação (TI), que estão desconectados com as necessidades e metas da empresa, fazendo com que o objetivo pelo qual o sistema foi feito para dar suporte não verifique o que a empresa deseja para si, na prática. Comece com dados de qualidade: dados incorretos geralmente são provenientes daqueles que o próprio consumidor insere no banco. Há também casos em que os dados são antigos e desatualizados e não refletem mais uma relação existente com o consumidor. Não deixe que o nome Gestão de Relacionamento ou Customer Relationship Management (CRM) lhe engane: há muitos sistemas de gestão que deixam de lado o elemento

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principal: o cliente. É preciso ideias e ferramentas que ajudem a engajar o consumidor em uma ação, caso contrário a interação se tornará uma via única entre a marca e o cliente.

Algumas maneiras para obter o sucesso Informações úteis em tempo real: o sistema é uma parte crucial para que possa ser executada qualquer estratégia da gestão de clientes, pois apresenta um número elevado de funcionalidades. Quando organizado de maneira correta, com dados de qualidade e estratégia apropriada de ROI, ele irá traçar um perfil excepcional de cada cliente. Se usados apropriadamente, sistemas de CRM providenciam à matriz informações críticas e em tempo real sobre as atividades em campo, para que dessa maneira a empresa desenvolva uma relação melhor com o consumidor. Enriquecendo os dados do sistema: os dados armazenados no seu sistema desempenham um importante papel em entender a influência do seu consumidor, suas características e a força de sua relação com ele. Trazendo benefícios sociais para a relação com o consumidor: vivemos hoje em um ambiente cada vez mais social, que permite maior colaboração, transparência e engajamento. Suporte e experiência são componentes importantes para conseguir manter uma relação com o cliente. Em vez de bombardeá-lo com mensagens, as marcas podem conversar e ajudá-lo a chegar à melhor solução para seus problemas. foto: DIVULGAÇãO


atualizando

ação

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A Abbott Nutrition lançou o PediaSure Complete no Brasil, um suplemento nutricional infantil completo e balanceado que ajuda no crescimento e desenvolvimento de crianças que não comem bem. O novo produto possui 30 vitaminas e minerais, Ômega-3 e Ômega-6, prebióticos e probióticos, que auxiliam no desenvolvimento dos pequenos. O suplemento infantil oferece todos os nutrientes de que as crianças precisam até que aprendam a comer corretamente, evitando que elas tenham algum déficit nutricional. O produto pode ser encontrado nos sabores chocolate, morango e baunilha e já está disponível em redes de farmácias, supermercados e lojas especializadas de todo o Brasil. MS 4.7432.0342 (Baunilha) MS 4.7432.0341 (Chocolate) MS 4.7432.0343 (Morango) www.abbottbrasil.com.br

calminex hot mantecorp

O Calminex Hot é uma almofada térmica adesiva que autoaquece em contato com o ar e se mantém quente por até oito horas. É indicado para dores articulares, musculares, dores nas costas, distensões e cólicas indesejadas. O produto não tem cheiro. MS 1.00093.00005 www.linhacalminex.com.br

2013 março guia da farmácia

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atualizando

Dersani Baby Daudt

opti-free pure moist alcon

A Alcon traz ao mercado brasileiro o Opti-Free PureMoist. A Solução de Desinfecção Multipropósito garante 16 horas de conforto e é a única solução de manutenção de lentes de contato que reduz o depósito de proteínas. Além disso, aumenta a eficácia de desinfecção, protegendo a lente da ação de bactérias e fungos. O produto foi desenvolvido especialmente para lentes de contato hidrófilas e de silicone hidrogel. As soluções de desinfecção multipropósito são os únicos produtos indicados para limpeza e conservação de lentes de contato.

A loção oleosa Dersani Baby, indicada para prevenção e tratamento de assaduras, está de cara nova. O frasco atual tem design mais moderno, arrojado e conta com tampa dosadora, que permite um maior rendimento do produto. Além disso, a nova tampa abre fácil é muito mais prática e segura para as mamães, uma vez que o produto é utilizado nos momentos de troca de fralda. MS 80219190001 www.daudt.net

MS 80147540182 www.alcon.com

after vibe nutritec

O After Vibe é um alimento funcional, indicado para pessoas que gostam de curtir a noite, mas trabalham, fazem esportes, estudam e precisam estar 100% no dia seguinte. Concentra fosfatidilcolina em cápsulas translúcidas de um tipo especial de lecitina de soja fabricada exclusivamente na Alemanha. O produto chega ao País trazido pela Nutritec. MS Produto isento de registro conforme RDC 27/10 http://nutritecweb.com.br 28

guia da farmácia março 2013

Nutren Kids Nestlé

O Nutren Kids é o único complemento do mercado a trazer leite Ninho em sua composição (para preparar, basta adicionar água). Possui 26 vitaminas e minerais importantes para a alimentação da criança, é rico em ferro, cálcio e zinco e oferece níveis adequados de açúcar e gordura em sua composição. Nutren Kids é indicado para crianças acima de quatro anos com seletividade alimentar. Em embalagens de 350 g, é encontrado nos sabores Chocolate, Baunilha e Morango. MS Produto isento de registro www.nestle.com.br


atualizando

CAPRELSA

Disfor

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprova Caprelsa® (vandetanibe), medicamento produzido pela AstraZeneca e indicado para o tratamento do câncer medular da tireoide que não pode ser removido cirurgicamente ou que já se disseminou para outras partes do organismo. O medicamento é indicado para uso específico em pacientes com câncer medular da tireoide avançado, sendo este o primeiro medicamento desenvolvido pela AstraZeneca para ser comercializado com a designação de medicamento órfão no Brasil. A expectativa é que esteja disponível no mercado brasileiro em breve, após a aprovação do preço.

Biolab

MS 1.1618.0246.001-5 (Comprimidos 100 mg) MS 1.1618.0246.002-3 (Comprimidos 300 mg) www.astrazeneca.com.br

MS Produto isento de registro www.biolabfarma.com.br

AstraZeneca

Agir na prevenção e no controle da osteoartrite é o principal objetivo do Disfor. O mais novo lançamento da área musculoesquelética da Biolab Farmacêutica foi desenvolvido com a molécula Peptan, produzido sob exclusividade para a indústria no País. O grande diferencial é a ação efetiva dos peptídeos de colágeno de sua fórmula na matriz produtora das cartilagens, os condrócitos, e também nas proteínas de ligação da cartilagem, os proteoglicanos.

Calman Aspen Pharma

DERMOVAGIN Teuto

O Dermovagin chega ao mercado farmacêutico. O produto possui uma associação dos princípios ativos Tinidazol e Nitrato de Miconazol e está disponível na forma farmacêutica de Creme Vaginal, na concentração de 30 mg/g + 20 mg/g. Dermovagin é indicado no tratamento tópico das vulvovaginites sensíveis aos componentes da fórmula. O produto é comercializado em embalagens com bisnaga de 40g + 7 aplicadores.

O fitomedicamento é indicado para tratar irritabilidade e distúrbios do sono. Formulado à base de Passiflora incarnata L., Crataegus oxyacantha L. e Salix alba L, não interfere no desempenho das atividades diárias e não causa dependência. O produto pode ser usado por lactentes, crianças, adolescentes, adultos e idosos. Calman também pode ser um aliado nos casos de enurese noturna e atuar como coadjuvante nos casos de hipertensão leve. M.S 1.1861.0017 www.aspenpharma.com.br

M.S 1.0370.0575.001-0 www.teuto.com.br 2013 março guia da farmácia

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concorrência

O desafio de não ser mais um

Vender sempre foi uma conquista. Em tempos de forte competitividade, saber como encantar o cliente e ganhar Por adriana brun o a sua preferência é uma questão estratégica

G

Ganhar destaque entre as inúmeras farmácias e drogarias que existem no Brasil não é tarefa fácil. A concorrência é algo inevitável, por levar o varejo a reduzir margens e lucratividade. Ao mesmo tempo que estimula o empresário a buscar meios de melhorar sua atuação, as lojas precisam encontrar formas de diferenciação. Nos últimos cinco anos o varejo brasileiro viu uma verdadeira revolução acontecer bem a sua frente. Os canais de vendas se diversificaram, o comércio eletrônico ganhou força e amplitude, as redes varejistas do canal alimentar lançaram suas farmácias e o consumidor se tornou multicanal. Para as farmácias não bastava mais ape-

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guia da farmácia março 2013

nas vender medicamentos, foi preciso introduzir novos itens ao mix e aprender a trabalhar com eles, como os cosméticos e dermocosméticos, que ganham mais e mais espaço nas gôndolas do canal. Também foi preciso adequar-se às novas resoluções da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e principalmente adotar uma postura diferente diante de seu público: a de um estabelecimento que vende saúde e bem-estar. Grandes mudanças em pouco tempo. Mas ainda há muito o que fazer. Traçar estratégias de marketing e posicionamento, investir na profissionalização de toda a equipe, estudar cada vez mais o perfil do consumidor e estar atento às mudanças e necessidades do mercado são algumas das tarefas de quem busca sucesso entre a concorrência. Para o diretor de atendimento da Nielsen, Olegário Araújo, foto: shutterstock


o varejo farmacêutico no brasil ainda é muito pulverizado, mas mesmo as redes independentes vêm se profissionalizando para atender melhor o consumidor de um setor que cresce na casa de dois dígitos/ano o canal farma vem ganhando espaço e conquistando os consumidores de produtos de higiene pessoal e cosméticos, porém, ele destaca que não há mais espaço para o improviso. Portanto para ter sucesso, as empresas precisam, de fato, conhecer o seu consumidor. “É a velha história dita, porém não praticada. O varejo deve entender que o cliente tem o poder nas mãos e ele o exerce trocando o produto que iria comprar ou o ponto de venda. A concorrência veio para ficar e vai se destacar aquele que tiver maior capacidade de atrair o seu cliente. Para isso, é preciso saber quem é ele, o que está comprando, por quê está comprando, quais os itens de sua preferência, o que compra em outras lojas e por quê”, comenta. Araújo acrescenta que a concorrência beneficia a sociedade como um todo e que ela permite oferecer melhores produtos e serviços para o consumidor com a melhor relação custo X benefício. “Ela propicia condições de desenvolvimento e crescimento das empresas e pessoas. Além disto, não é uma alternativa, é uma característica inerente ao capitalismo. As redes conquistaram uma maior participação de mercado nos últimos anos, ou seja, a preferência de mais consumidores. A concorrência é inevitável e o comportamento do consumidor, sendo dinâmico, está sempre em transformação. O desafio é compreender a demanda e promover mudanças no negócio que atendam às necessidades e desejos dos consumidores. O varejo deve acompanhar essas transformações da sociedade, promovendo mudanças em seu negócio, levando em consideração sua missão, visão e valores, o que podemos resumir como o seu DNA, ou seja, sua essência, que transformou o empreendedor em um empresário de sucesso”, diz.

Redes e independentes A gerente de projetos da GS&MD – Gouvêa de Souza, Paula Warick, lembra que as maiores redes (Raia, Drogasil, Pacheco e São Paulo) anunciaram fusões nos últimos anos e o Brasil se tornou alvo de entrada de internacionais. “Porém, ainda assim, em

dez razões que levam o cliente a comprar na concorrência

1. 2.

Preço

Atendimento

3. 4.

Variedade

Localização

5. 6.

Ambiente

Layout desatualizado

7. 8. 9. 10.

Falta de estacionamento

Ruptura

Ausência de ofertas

Produtos mal expostos

Fontes: Dicas de 1 a 5 – Paula Warick e de 6 a 10, Marcelo Cristian Ribeiro

2013 março a da farmácia

33


concorrência

dez fatores que fidelizam o cliente

1. 2.

Preço competitivo

Variedade no mix de produtos

3. 4.

Atendimento

Layout moderno e com autosserviço

5. 6. 7. 8. 9. 10.

Lojas amplas

Atendimento personalizado

Estacionamento

Conhecimento do perfil do cliente

Crédito facilitado

Convênio com empresas

Fontes: Dicas de 1 a 6, Edison Tamascia. De 7 a 10, Marcelo Cristian Ribeiro

34

guia da farmácia março 2013

um mercado com mais de 6.000 pontos Apostar na diversificação de venda, a participação das grandes é e olhar para as muito pequena se compararmos com classes sociais outros mercados, como os Estados Uniemergentes são alguns dos dos (cerca de 60% do mercado está concaminhos centrando nas quatro maiores empresas do setor, enquanto no Brasil as quatro maiores dominam apenas 25%). Ou seja, o varejo farmacêutico no Brasil ainda é muito pulverizado, mas mesmo as redes independentes vêm se profissionalizando para atender melhor o consumidor de um setor que cresce na casa de dois dígitos/ano”, diz. Ainda de acordo com a executiva, o fato mais importante que indica o aumento da concorrência entre redes e independentes é a profissionalização, já que o empresário de farmácias e drogarias independentes é carente de informações do setor, de treinamento, de gestão empresarial. “O que muitas independentes têm feito é se unir sob uma mesma bandeira, criando uma única marca, com padronização de layout e organização de compras em conjunto – as chamadas centrais de negócios, muito fortes nesse setor e no de materiais de construção (em que a pulverização também é uma característica). Unindo forças, o empresário pode profissionalizar-se, investir mais em comunicação e promoções, fortalecer sua imagem e ser lembrado pelo consumidor no momento da compra. Além disso, organizando a central de compras, o poder de barganha com a indústria farmacêutica aumenta, possibilitando às farmácias da rede maior margem de lucro e preços mais atraentes, tornando-as mais competitivas”, avalia. As experiências ao redor do mundo demonstram que as empresas independentes se fortaleceram e cresceram quando atuaram conjuntamente dentro de uma filosofia de central de negócios. Olegário Araújo, da Nielsen, comenta que a central de compras é o primeiro estágio. Após superarem as barreiras de confiança, as empresas avançam na integração de sistemas e, por fim, na construção de uma única empresa. “Isto demanda uma nova forma de ver o negócio e passa pela implementação de um conceito que podemos definir como coopetição, ou seja, vamos cooperar e competir”, comenta. Ainda segundo Araújo, o primeiro passo para que as farmácias independentes ganhem mais espaço é compreender o que os consumidores que frequentam a loja valorizam. Isso inclui avaliar se compram por conveniência pelo fato de a loja estar em um ponto de alto fluxo de pessoas ou se é por estar perto de casa, o que ajuda nas primeiras definições. “Depois, é compreender o que não compram na loja e compram na concorrência e quais são as razões. Esta é a base para


passo a passo para ajustar o mix e o sortimento De uma forma estruturada e simples, a construção da diferenciação passa pela resposta às seguintes perguntas: Forças que impactam o negócio 1. Quem são meus concorrentes? 2. Quais são os possíveis entrantes? Quem pode entrar neste negócio de drogarias? 3. Quem pode ser o meu substituto? Considerando que o consumidor é multicanal, onde mais ele compra as mesmas categorias? (Aqui é preciso considerar o e-commerce). 4. Quais são as forças dos consumidores? Que tipo de pressão podem fazer no meu negócio? 5. Como os fornecedores podem influenciar positiva ou negativamente o meu negócio? 6. No caso das drogarias, precisa ser avaliado de que forma o governo pode impactar o negócio. (Nesse quesito, a Farmácia Popular é apenas um tópico. Aqui também pode-se avaliar atividades como controle de itens vendidos, impacto nas vendas e maior presença de farmacêuticos. É um exercício que deve ser feito pela diretoria da empresa) Análise do negócio (tendo em conta a avaliação das forças citadas anteriormente) 1. Quais são as minhas forças? (Avaliar as vantagens competitivas relacionadas com a história da empresa, fundação e pontos fortes, como relacionamento com a comunidade, força logística ou com fornecedores). 2. Levando em conta as minhas fortalezas (interno), quais são as oportunidades (externo)? (Em relação aos diferenciais internos, levar em conta a equipe, processos capazes de reduzir custos ou imóveis que permitam a expansão da empresa. No quesito ‘forças externas’, avaliar as alianças; e fornecedores e regiões a serem desenvolvidas) 3. Quais são as minhas fraquezas (interno)? (Avaliar custo de estoques, processos não automatizados e turn over que compromete os resultados, por exemplo) 4. Levando em conta as minhas fraquezas (interno), quais são as ameaças (externo)? (As ameaças podem ser perda da competitividade, novos entrantes no mercado e perda de vendas para outros canais, por exemplo) Com base nestas informações, os executivos devem montar um plano de ação que responda às seguintes questões: 1. O que precisa ser feito? (Após as análises anteriores, deve-se definir quais são as prioridades em termos de ação) 2. Quem é o responsável? (Após definir as prioridades, precisa-se elencar quais pessoas se envolverão em cada área) 3. Como será feito? 4. Qual é o prazo de conclusão? Lembre-se de colocar fases intermediárias (grandes marcos) para monitorar a execução do plano. Como e o que fazer? Da perspectiva pragmática: 1. Quais categorias atraem os consumidores para a loja? (Avaliar as categorias de destaque de acordo com seu giro e posicionamento de mercado.) 2. Quais categorias vendem, acima da média em sua loja? (Aponta seu ponto forte para atrair clientes.) 3. Quais categorias vendem abaixo da média? (Isto aponta seus pontos fracos) Analisar o papel das categorias compradas e não compradas 1. Que tipo de necessidades as categorias mais compradas atendem? (Entender o que a empresa faz diferente da concorrência e que vai ao encontro das necessidades do consumidor/shopper. Entram na análise a exposição, melhor comunicação no PDV, melhor sortimento ou preço, por exemplo) 2. Que tipo de necessidade não estamos atendendo (categorias menos vendidas)? (Verificar falhas, como as de exposição.) 3. Mix: quais ajustes tenho de fazer no meu sortimento em termos de categorias, produtos e preços (grade de preços)? (O ideal é comparar com o desempenho do mercado e verificar se sortimento e preços estão competitivos) 4. Há um equilíbrio entre categorias que geram fluxo (trazem pessoas para loja) e categorias que geram rentabilidade? (Há categorias em que o varejista opera menor margem para trazer clientes para a loja e gerar a percepção de preço baixo. Há outras categorias que contribuem mais para o lucro) 5. Como é a composição do tíquete dos consumidores que compram na minha loja? Compram apenas um produto, compram produtos complementares? (Avaliar se quem compra fraldas, também compra produtos para assadura e outros que complementam a mesma compra, por exemplo) 6. Rentabilidade? (Além do mix em termos de sortimento, o varejo também precisa oferecer um sortimento de preço que influenciará na rentabilidade). 7. Os produtos que são comprados garantem uma boa rentabilidade ou apenas são adquiridos produtos com baixa margem? (Se o consumidor/shopper só compra promoção, a loja não está conseguindo vender categorias mais rentáveis) Fonte: Olegário Araújo, diretor de atendimento da Nielsen

2013 março a da farmácia

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concorrência

a concorrência é inevitável e o comportamento do consumidor, sendo dinâmico, está sempre em transformação. o desafio é compreender a demanda e promover mudanças no negócio que atendam às necessidades e desejos dos consumidores a tomada de decisões. O passo seguinte é definir o que a empresa quer ser e para quem. Sem esta definição a empresa não terá identidade e consequentemente não terá uma estratégia para implementar”, orienta. Cidades com menor número de habitantes, antes território apenas de farmácias independentes, hoje também estão recebendo lojas de rede, que vêm ampliando a penetração de suas marcas pelo Brasil. Para o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, a concorrência deixa o empresário mais alerta e, para não perder espaço, é preciso se reciclar e fazer diferente. “Hoje a concorrência se dá por inúmeros fatores, entre eles, o número de lojas e a competitividade pelo preço. Por isso, devemos ter em mente que se você for pior do que o seu concorrente seu cliente vai migrar para ele e comprar lá. O canal tem um grande desafio pela frente: saber que o que nos trouxe até aqui não nos leva para o futuro; é preciso entender que o mercado muda e nós precisamos mudar com ele”, comenta.

Estratégias para vencer Apostar na diversificação e olhar para as classes sociais emergentes são alguns dos caminhos para colocar a empresa em uma trajetória de lucratividade. “As classes C e D têm mostrado o rumo para o varejo se destacar. Além disso, não há como fugir da internet e redes sociais; a farmácia precisa estar conectada, ao menos mostrando suas promoções e interagindo com o cliente. Outra forma de se destacar no mercado é ter mix diversificado, que atenda ao cliente de forma mais ampla, além de kits, produtos de precificação e outros que estejam na mídia, o que implica estar atento aos lançamentos e, por fim, oferecer condições de pagamento facilitadas”, orienta o diretor da Desenvolva Consultoria e Treinamento, Marcelo Cristian Ribeiro. De acordo com o consultor, o atendimento é algo que pode diferenciar, e muito, uma loja da outra. “Pensar em atendimento só pelo ato de atender é um erro, da mesma forma um bom atendimento só por pessoas também não é satisfatório. Atendimento envolve a loja, a climatização, a oferta de produtos, o estacionamento, a iluminação, o layout, bem como as pessoas que prestam o 36

guia da farmácia março 2013

atendimento. Pensando nos colaboradores, percebemos que quanto mais estiverem satisfeitos com a empresa, mais serão fiéis e fidelizarão o cliente”, avalia. O consultor organizacional da AD Consultores, Adriano Arthur Dienstmann, conta que antigamente dizia-se que a “clientela vai sendo formada”. “Este tipo de raciocínio era válido quando o cliente não tinha opção de compras. A diversificação pode ser uma estratégia vencedora se o empreendedor estiver capitalizado para sustentá-la e operar um PDV com área de vendas adequadas para expor o mix com qualidade”, orienta. Dienstmann ressalta que as estratégias de diferenciação devem ser baseadas em três fatores: necessidades não atendidas do público-alvo; posicionamento da concorrência – pontos fracos dos concorrentes são oportunidades para os entrantes; e capacidade da empresa de sustentar a estratégia de diferenciação no longo prazo. Para o consultor, o atendimento também é uma arma importante no objetivo de vencer algumas batalhas na guerra entre a concorrência. “A presença do proprietário no PDV é um dos diferenciais que devem ser mais bem explorados/comunicados pelos operadores independentes. A atuação direta gera mais confiança e tende a fidelizar a clientela. Esta presença também garante um padrão de atendimento personalizado e qualificado acima da média das grandes redes.” A lista de desafios a serem vencidos pelas farmácias é grande, mas não impossível de ser cumprida. Para Olegário Araújo, ela parte da premissa de que é preciso compreender que o consumidor é multicanal e que a concorrência ficará mais acirrada. “Além disso, podemos listar outros fatores, como atuar de acordo com os direcionadores do crescimento, que estão pautados na praticidade (conveniência), sofisticação, fazer bem e indulgência; ter estratégias claras para aumentar o tíquete médio, dado que a área de influência da loja poderá ser reduzida e uma opção é ampliar o seu tíquete médio; melhorar a gestão do negócio para garantir a melhor rentabilidade e rever sua forma de precificação para não perder dinheiro; fazer uma melhor gestão de estoques para que não ocorra superestocagem (capital de giro comprometido) ou subestocagem (a ruptura causa insatisfação no consumidor e troca de loja)”, orienta.


perfil

Pesquisa avalia relacionamento entre indústria e varejo farmacêutico O estudo mostra o desalinhamento entre as prioridades das duas pontas da cadeia e indica as melhores oportunidades de negócio e como ajustar essas necessidades P o r E g l e Le o na r di

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guia da farmácia março 2013

O

O mercado farmacêutico presencia uma queda de braços entre os players das indústrias e o varejo. Pesquisa da Advantage Group Brazil avaliou a visão que o canal farma tem dos fabricantes e, na contrapartida, a visão que estes têm do varejo, ou seja, um ponto avaliou a performance do outro, numa via de mão dupla. De modo geral, as avaliações feitas pelos varejistas do canal farma sobre a indústria foram mais críticas, especialmente, em função de temas relacionados à logística e serviço a clientes e foram mais favoráveis nos quesitos consumer e marketing. Já os balanços da indústria também foram cruciais e ressaltaram principalmente os temas relacionados à colaboração no canal, planos de negócios e exefotos: shutterstock


perfil

Principais resultados encontrados • Indústria e varejo buscam um relacionamento de negócios de longo prazo como forma de diminuir riscos, criar relações de maior confiabilidade e gerar negócios lucrativos para ambos os lados. • O estudo revelou haver importância no envolvimento das empresas como um todo, e não somente focado na figura vendedor-comprador. Isso se dá por meio de aproximação maior das empresas e do entendimento de que suas realidades e prioridades podem ser corrigidas, alteradas, implementadas e, dessa maneira, trazer benefícios para os dois lados. • Temas relacionados à logística e customer service também aparecem como uma demanda importante. A complexidade do Brasil, a necessidade de utilizar serviços de vários parceiros somados à maior demanda nos últimos tempos e temas como rupturas e estoques virtuais, por exemplo, trazem um maior foco para essa área. As empresas têm investido em equipes multifuncionais, criado momentos de aproximação dos times de ambos os lados e buscado entender as especificidades dos negócios como forma de minimizar os impactos.

cução em lojas, como ruptura e processos de logística e informações para gestão (sell in e sell out). Os resultados gerais indicam que ambos os lados buscam um relacionamento de negócios de longo prazo como forma de diminuir riscos, criar relações de maior confiabilidade e gerar negócios lucrativos. Além disso, há a necessidade de envolvimento mais amplo e não somente focado nas figuras vendedor-comprador. Os temas relacionados à logística e customer service são igualmente fundamentais. Para isso devem-se criar equipes multifuncionais que entendam as especificidades dos negócios como forma de minimizar os impactos. O estudo traz informações sobre a performance da empresa no que se refere a cinco atributos: relações comerciais, pessoas e organização, execução nas lojas, desenvolvimento de negócios e categorias e logística. Oferece também o benchmarking da avaliação da empresa versus a média das avaliações de um determinado grupo de companhias da indústria de distribuição. Além disso, fornece um sumário de comentários dos fornecedores e sugestões para melhorias. De acordo com a diretora da Advantage Group Brazil, Ana Fioratti, o objetivo do programa é oferecer aos vare40

guia da farmácia março 2013

jistas e fabricantes um acompanhamento factual de seu relacionamento, levando-lhes informações objetivas de como seu trabalho e estratégias são percebidos pelos parceiros de negócios e, principalmente, quais as prioridades e oportunidades de aprimoramento no relacionamento colaborativo. “Nossos programas trabalham na construção do relacionamento no médio e longo prazos, propiciando aos nossos clientes avançar em seus relacionamentos de negócios a partir dos pontos críticos para os parceiros comerciais”, comenta ela. A metodologia do estudo é considerada uma visão 360 graus segmentada, mostrando a percepção que os fabricantes têm de seus clientes e os varejistas de seus fornecedores em diferentes níveis hierárquicos e áreas funcionais. Isso tudo é feito simultaneamente. Em outras palavras, o varejo que receber o relatório de como é visto pelos seus fornecedores entenderá se é uniforme a avaliação pelos diretores e gerentes da indústria, nas áreas comercial, trade marketing e logística, e quais são as oportunidades de melhora, com opiniões baseadas em fatos. “Com os resultados em mãos, fabricantes e varejistas têm um instrumento que lhes permite desenvolver planos de ação com seus parceiros, atendendo às respectivas necessidades e prioridades e assegurando, assim, o uso mais eficiente dos recursos”, diz Ana. Como a pesquisa é repetida anualmente, é possível também avaliar o impacto das mudanças implementadas, dispondo de uma bússola bastante precisa que permita realizar os ajustes de percurso ao longo do tempo.

Quesitos avaliados Esse estudo é patrocinado por indústrias com atuação em Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) e perfumarias. Do outro lado, são convidadas as mais representativas redes de farmácias nacionais e essas participantes recebem os relatórios gratuitamente. Segundo o superintendente da ECR Brasil (empresa apoiadora do projeto), Claudio Czapski, os quesitos avaliados são representativos. “Quem responde às perguntas são pessoas de diferentes níveis hierárquicos, como diretores, gerentes, compradores e todos os que tenham contato de negócio”, esclarece. O levantamento é desenvolvido em duas etapas. A


sobre a pesquisa A Advantage é uma empresa criada no Canadá há 23 anos especializada na condução de programas de benchmarking da indústria e varejo e que se expandiu internacionalmente. Esse programa de pesquisa é desenvolvido anualmente e é intitulado Advantage Mirror.

primeira é quantitativa, sendo um estudo de benchmarking comparativo. Depois desse primeiro processo são selecionados alguns participantes para uma entrevista pessoal, quando se inicia a fase qualitativa de coleta de dados. Baseadas nessas avaliações, as indústrias e os varejistas podem desenhar um plano de ação para reforçar ou melhorar seus procedimentos. “Neste caso, as empresas podem solicitar aos fornecedores uma contribuição para melhorar seu plano de negócios. Com o estudo, são demostrados os pontos fortes e fracos de cada um”, destaca Czapski.

Descompasso O resultado da pesquisa aponta, entre outras coisas, certo desacordo entre os anseios da indústria e do varejo, o que resulta em frustração de expectativas e em muitos esforços e investimentos com retorno aquém do ideal. Há oportunidades dos dois lados, indústria e varejo, ambos com expectativas de um relacionamento mais próximo e customizado com seus parceiros. Eles buscam preservar a identidade de suas empresas, princi-

Participantes As indústrias que participaram da pesquisa da Advantage Group Brazil em 2012 foram: Johnson&Johnson, L’Oréal, Unilever, SC Johnson, Nivea, Boehringer Ingelheim, Procter&Gamble, Kimberly-Clark , Sanofi Aventis, Reckitt Benckiser, GlaxoSmithKline, Colgate Palmolive, Bayer, entre outras. As redes de farmácias participantes foram: Drogasmil, Pague Menos, Big Ben, Droga Raia, Maxxi Econômica, Catarinense, Nissei, Moderna, São Bento, Farmalife, Araújo, Sant’Ana, Angélica, Drogasil, São João, Mais Econômica, Onofre, Rosário, Extra Farma, Drogal, o grupo integrado por São Paulo, Drogão e Pacheco, entre outras

palmente por meio do trabalho das marcas no ponto de venda para a indústria, e os diferenciais de comunicação visual, sortimento, atendimento e estratégias de varejo para as redes. “Enquanto a indústria trabalhar com modelos genéricos, muitos dos quais trazidos do segmento supermercadista, e os varejos não atualizarem seus processos e não profissionalizarem seus times, muitas oportunidades serão desperdiçadas, e todos perderão competitividade”, alerta Ana, da Advantage Group Brazil. Ela destaca que a dinâmica do varejo é muito acelerada, e as oportunidades perdidas por alguns rapidamente são capitalizadas por outros, e quem não estiver à frente de seu mercado perde rapidamente o valor do negócio. Para a diretora, a pesquisa permite uma visão holística e dinâmica da posição competitiva de cada empresa comparada a seus principais concorrentes, ajudando a manter o foco estratégico e a agilidade nesse ambiente de jogo rápido.

Vantagens da pesquisa para as indústrias De posse do conhecimento sobre a visão do varejo, a indústria tem a oportunidade de entender melhor cada um de seus clientes, e suas necessidades específicas, de modo a poder oferecer soluções sob medida, coerentes com a estratégia e foco de mercado de cada empresa e canal.“Atualmente observamos muitas propostas genéricas por conta do conhecimento pouco profundo da indústria sobre a operação de cada cliente, o que gera um baixo 2013 março guia da farmácia

41


perfil

atributos avaliados

Relações Comerciais

Pessoas/Organização

É uma boa empresa para se fazer negócios

As pessoas são qualificadas, habilitadas e experientes

Tem uma abordagem estratégica de negócios Trabalha produtivamente para construir negócios lucrativos para ambas as empresas Comunica claramente os objetivos e estratégias da companhia Implementa o plano de negócio acordado conosco

As pessoas estão prontamente disponíveis, seja por telefone ou e-mail Os profissionais têm autoridade e a utilizam para execução imediata das estratégias e planos acordados A organização tem um sistema de compras ágil A organização oferece rápido acesso à gerência sênior, quando necessário

Desenvolvimento de Negócio/Categoria

Cria demanda de produtos através de programas de marketing focados no cliente/ consumidor É ágil na introdução de novos itens ou programas de cobertura regional/ nacional Utiliza uma abordagem eficiente de Gestão de Categorias/Itens Compartilha informações como parte do processo de Gerenciamento/ Desenvolvimento de Categorias

Execução do Varejo

Os planos e programas acordados são executados apropriadamente em todas as lojas As lojas mantêm um alto padrão de exposição nas prateleiras As lojas executam os planos de promoção e vendas de acordo com o acordado Trabalha colaborativamente conosco para estimar vendas e necessidades de estoques para evitar rupturas

Pessoas/Processos de Gestão de Logística

Possui um eficiente processo de gestão de logística Trabalha de maneira colaborativa para otimizar a eficiência da cadeia logística Investe/utiliza processos e tecnologias de supply chain Compartilha informações suficientes para permitir um efetivo planejamento de produção Possui um eficiente processo de pagamento

Busca lucratividade Comunicação efetiva entre seus departamentos

índice de satisfação e o desencontro de agendas e atividades”, ressalta a executiva. Enquanto a indústria prioriza o foco comercial e a construção de planos de ação, percebe-se que o foco do varejo está na busca de efetividade logística, ou seja, entrega 100% satisfatória é o primeiro objetivo a ser atingido. Ana diz que esses são caminhos que, somados, podem levar à satisfação dos shoppers dessas farmácias: “No final, a busca é a mesma: que as farmácias obtenham a preferência dos clientes e que estes repitam a compra das marcas nos mesmos pontos de venda”. Dessa forma, os resultados da pesquisa trazem valiosas informações e insights 44

guia da farmácia março 2013

para alinhar os esforços e potencializar os resultados. Baseados nos dados do estudo, indústria e varejo devem analisar as oportunidades de aprimoramento no relacionamento com cada parceiro, de acordo com suas próprias estratégias e expectativas de resultado, segundo a opinião de Ana, que vai além: “Essa análise deve gerar uma proposta concreta, resultados desejados e meios para atingi-los. Deve ser compartilhada com cada parceiro em reuniões top-to-top, com vistas ao estabelecimento de agendas comuns, projetos estruturados e com resultados alinhados. Com isso se ganha tempo, foco e, principalmente, trabalha-se em conjunto na conquista da preferência e da compra repetida”.


prioridades para varejo farma Avaliadas por Executivos/Gerência Sênior e Gerentes de Categoria/Compradores no canal Farmácias) Ranking de prioridades 2011

Prioridades

Importância (1)

2012

7

1

Trabalha com senso de urgência adequado para atender prazos acordados

2

2

Entende e responde às estratégias, objetivos e necessidades específicas da nossa empresa e bandeiras

3

3

Qualidade do contato com as pessoas do fornecedor

75

17

4

Fornece e executa adequadamente ações de suporte ao merchandising nas lojas

74

14

5

Efetivamente colabora e executa de modo eficiente as ações que asseguram o sucesso na introdução de novos produtos

72

10

5

Gerencia as promoções eficazmente

72

1

7

Fornece um investimento apropriado e flexível, que nos permite atingir os objetivos planejados

4

8

Trabalha bem conosco/fácil de fazer negócios

69

21

9

É um líder na inovação de produtos e embalagens

68

16

10

Oferece um suporte eficiente de marketing para as marcas

67

82 77

71

(1) Média da importância para cada atributo baseada nas avaliações dos respondentes. Menos importante = 0, Essencial = 100.

Análise dos resultados Claudio Czapski, da ECR Brasil, comenta que, das cinco dimensões avaliadas, o varejo está insatisfeito com a logística e o serviço ao cliente, já que as operações de entrega e apoio ao ponto de venda (PDV) estão aquém do desejado pelo canal. “Há a queixa de falta de acompanhamento do pedido e de informações, o que naturalmente gera ruptura no varejo”, explica ele. “Acredito que essa performance ruim na logística se

deva à leva de fusões que exigiu profundas adaptações de processos. Além disso, a indústria investiu em marketing de consumo e teve excesso de demanda, o que também pode ter gerado ruptura, e isso explicaria a insatisfação do varejo na logística’’, complementa. As avaliações do canal farma em 2012 foram mais críticas que as realizadas pelos canais super e atacado. O ano de encantamento para o canal farma foi 2011. Já em 2012, o segmento se apropria do seu papel de cria2013 março guia da farmácia

45


perfil

prioridades para varejo farma Conforme avaliado por Responsáveis por Inventário e Logística no canal Farmácias Ranking de prioridades

Prioridades

Importância (1)

2011

2012

14

1

Trabalha com senso de urgência adequado para atender prazos acordados

5

2

Entrega os pedidos no prazo solicitado

4

3

Entrega pedidos precisos

85

14

3

Qualidade do contato com as pessoas do fornecedor

85

17

3

7

6

2

7

Entrega pedidos completos com alta porcentagem de fill rate

79

12

7

Tem autoridade para tomar decisões

79

6

7

Entende e se alinha às nossas métricas de supply chain

79

9

10

O serviço de atendimento a seus clientes é eficiente e de fácil acesso

100 86

Tem um sistema de embalagem e carga que evita avarias durante todo o processo de armazenagem e distribuição Possui um prazo de processamento de pedidos que consistentemente atende as nossas necessidades

85 80

76

(1) Média da importância para cada atributo baseada nas avaliações dos respondentes. Menos importante = 0, Essencial = 100.

ção de valor para a indústria. “Houve também mais profissionalização, o que exige mais segurança e eficiência nos processos”, comenta o superintendente da ECR. A fase qualitativa da pesquisa envolveu entrevistas pessoais. Naquele momento, a Advantage colheu alguns depoimentos que ilustram bem as expectativas do varejo. Um deles é: “A indústria tem de entender que o nosso papel não é o de gerador de volume, mas o de criação de valor para as marcas. Devemos ter um papel diferenciado na estratégia das empresas”. O varejo reclama também que a ruptura é um problema inevitável, muitas vezes causado por situações 48

guia da farmácia março 2013

que fogem ao alcance da indústria ou do comércio. Outro depoimento diz: “O desafio é ter as informações que rupturas irão ocorrer com maior antecedência possível, para que possamos tomar medidas que permitam diminuir o impacto. Para isso seria necessário um fluxo de informações contínuo e atualizado em tempo real entre a indústria, o transportador e o varejo”. Czapski comenta que, por outro lado, a indústria também tem suas expectativas, especialmente no que se refere ao trabalho em conjunto e à oferta das informações do varejo para que possam traçar estratégias. A fase qualitativa desse público também gerou


perfil

atributos mais importantes para a indústria Ranking de prioridades

Prioridades

Importância (1)

2011

2012

1

1

Os planos e programas acordados são executados apropriadamente em todas as lojas

78

7

1

As lojas mantêm um alto padrão de exposição nas prateleiras

78

8

1

As lojas executam os planos de promoção e vendas de acordo com o acordado

78

1

4

Implementa o plano de negócio acordado conosco

4

5

É ágil na introdução de novos itens ou programas de cobertura regional/nacional

20

6

As pessoas são qualificadas, habilitadas e experientes

70

5

7

Possui um eficiente processo de gestão de Logística

70

9

8

Trabalha colaborativamente conosco para estimar vendas e necessidades de estoques para evitar rupturas de produtos em promoção

70

3

9

Trabalha produtivamente de forma a construir negócios lucrativos para ambas as empresas

69

6

10

Compartilha informações como parte do processo de Gerenciamento/ Desenvolvimento de Categorias

69

77 71

(1) Média da importância para cada atributo baseada nas avaliações dos respondentes. Menos importante = 0, Essencial = 100.

depoimentos elucidativos, como: “Planejamento de longo prazo em conjunto é uma grande oportunidade com os PDVs. Se tivéssemos essas informações, poderíamos ter mais sensibilidade dos negócios dessas empresas e desenvolver negócios de maneira mais efetiva, mais customizada”. Outro depoimento colhido durante os trabalhos de pesquisa: “É importante que os varejistas entendam que as grandes empresas estão interessadas em ajudar e todos podem trabalhar em conjunto. Temos a certeza de que isso vai dar resultados positivos e melhorar a rentabilidade do varejo. As empresas deveriam usar 50

guia da farmácia março 2013

mais as equipes da indústria. São poucos os clientes que pedem ajuda. Temos um know-how muito grande e já fizemos projetos com muitas companhias de diferentes portes”. Para Czapski, há certo desalinhamento entre as prioridades do varejo e da indústria. Esse estudo mostra quais as melhores oportunidades de negócio e como alinhar essas necessidades. “Esse alinhamento entre as empresas é fundamental para que ambos evoluam e possam ganhar dinheiro. Nesse movimento, um dos maiores beneficiados, certamente, será o consumidor”, finaliza o especialista da ECR.


mix – protetor solar

Em todas as estações O uso do protetor solar deve fazer parte da rotina diária da população, até mesmo na temporada de outono e inverno. Todos os produtos são registrados como cosméticos, mas existem os que, além de proteger, possuem ingredientes Por Lígia fav o re t to agregados: são os protetores dermocosméticos

H

Há algum tempo, o protetor solar tornou-se uma questão de saúde para a vida das pessoas. O produto é muito importante, em especial para três situações: proteção contra o fotoenvelhecimento (processo que acelera o envelhecimento natural da pele), prevenção na formação de manchas escuras como o melasma, e fundamental para prevenir o câncer de pele. Os fotoprotetores atuam contra as radiações UVA e UVB. Mesmo que não haja uma exposição prolongada ao sol, devem ser usados todos os dias, em qualquer estação do ano, e reaplicados a cada duas horas. Segundo explica a gerente médica da Medical Affairs Advisor MCC–Brazil, Dra. Glaucimar Baságlia, os raios UVB são aqueles que causam queimaduras solares e que têm maior incidência entre 10h00 e 16h00. Eles não atravessam os vidros das janelas. “Por outro lado, os raios UVA têm incidência uniforme 52

guia da farmácia março 2012

efeitos nocivos A radiação pode ocasionar diversos males na pele, como: • Envelhecimento precoce. • Rugas. • Linhas de expressão. • Manchas. • Sardas. • Alergias e irritações. • Câncer de pele. Fonte: Sundown

fotos: shutterstock/divulgação


durante o dia todo e ultrapassam os vidros. Além os radicais livres, promovida pela radiação disso, as luzes artificiais emitidas pelas lâmpadas de UV, e hidratantes que ajudam a uniformizar a textura da pele.” iluminação, das telas dos computadores e de outros equipamentos podem emitir raios UV. Assim, é muiGiselle Barros, da comunicação científica to importante utilizar produtos com proteção equie marketing da FQM Derma, diz que várias librada contra os raios UVB e UVA.” características podem diferenciar um protetor A diretora de La Roche-Posay, Caroline Collier, solar comum de um dermocosmético, como lembra que mesmo no inverno ou em dias nublaos tipos de filtros, o veículo, o tipo de condos e chuvosos ainda há incidência de raios UV. servantes e algumas substâncias adicionais. “As nuvens, por exemplo, filtram parte da radiação “Os dermocosméticos utilizam filtros mais UVB, mas não filtram a radiação UVA. No verão, modernos com baixo poder de irritação esWagner Falci, da Futura quando a Terra está próxima do Sol, os índices de peciais para peles sensíveis. Além disso, esses Biotech, explica que a principal diferença entre radiação chegam ao máximo.” produtos trazem uma cosmética mais leve, um protetor comum e De olho nesta demanda, a indústria de Higiene toque seco, oil free e não são comedogênium dermocosmético Pessoal, Perfumaria e Cosméticos disponibiliza uma cos. Por fim, não utilizam parabenos como está nos benefícios agregados infinidade de produtos. Antes, a população fazia uso conservantes e podem ser enriquecidos com dos protetores apenas em ocasiões de exposição substâncias antioxidantes como vitamina E, solar, ou seja, quando frequentava praias ou clubes. Hoje, o uso chá verde, canola, etc.” A executiva revela que, indepené diário e faz com que cada pessoa tenha uma necessidade esdente do tipo, os dermocosméticos são compostos, na maioria das vezes, por: filtros orgânicos e/ou inorgânicos pecífica, de acordo com o tipo de pele e rotina. Surgiram, então, os protetores solares dermocosméticos. que protegem contra as radiações, solubilizantes, emolientes e conservantes. “No caso dos dermocosméticos, antes, a população fazia uso dos protetores apenas podem ser acrescentadas em ocasiões de exposição solar, ou seja, quando substâncias antioxidantes e frequentava praias ou clubes. hoje, o uso é diário e faz modificadoras de sensorial com que cada pessoa tenha uma necessidade específica, como os silicones, por exemplo, e se apresentam em gel, de acordo com o tipo de pele e rotina. Surgiram, então, loção, creme ou musse.” Para o gerente-geral da Fuos protetores solares dermocosméticos tura Biotech, Wagner Falci, a Todos os protetores são registrados como cosméticos. Há proprincipal diferença entre um protetor solar comum e um dutos que além da proteção solar adicionam ingredientes com dermocosmético está nos benefícios agregados ao produalguma função cosmecêutica, na fórmula. Estas características to. “Atender às necessidades do consumidor é uma regra vêm acompanhadas de elevação de preço, ou seja, são mais básica do mercado. As indústrias nacionais conquistaram espaço exatamente por compreender essas necessidades caros. “Os dermocosméticos são produtos que complementam e as multinacionais estão se adaptando rapidamente.” tratamentos dermatológicos e trazem alternativas na prevenção e controle de efeitos nocivos causados na pele. Eles se diferenciam dos cremes comuns por serem produtos compostos por Necessidade típica princípios ativos em maiores concentrações, que agem em As loções estão cada vez mais fluidas e livres de óleo. camadas mais profundas da pele e promovem modificações Essa é uma necessidade dos brasileiros. A população fisiológicas, abalizadas por estudos clínicos”, explica a gerente busca por produtos mais leves e capazes de diminuir ou de Eucerin no Aché Laboratórios, Thais Mattar Costa. disfarçar a oleosidade da pele. Apresentar produtos que Caroline, de La Roche-Posay, comenta que esses itens são atendam à necessidade do “mais seco melhor” é uma busca crescente e constante no setor de cosméticos. formulados com modernas tecnologias e moléculas fotoproteNa indicação de uso do protetor solar dermocosmétitoras de última geração, que permitem associar proteção contra a radiação UVA e UVB a uma textura mais leve, adequada à pele co, deve-se levar em conta o tipo de pele. “Quanto mais brasileira. “Podem ainda ser associados a outros ativos como, clara é a pele, mais alto deve ser o fator de proteção. A por exemplo, antioxidantes que potencializam a proteção contra textura do produto também deve ser levada em consi2012 abril guia da farmácia

53


mix – protetor solar

veículos Loção: textura leve, toque seco e fácil aplicação. Creme: melhor para a pele seca e rosto. Spray: fácil de aplicar e alcança todos os ângulos do corpo. Gel: esta versão é boa para áreas pilosas, como couro cabeludo ou no peito masculino. Musse: formato leve, que se espalha rapidamente na pele. Os consumidores devem sempre se certificar de usar a quantidade suficiente destes produtos, para cobrir completamente toda a superfície do corpo a ser exposta ao sol. Há filtros feitos para fins específicos: para a pele sensível ao sol, como a de bebês e crianças, ou ainda para peles oleosas. Há ainda as versões sport que são resistentes ao suor ou à água. Fonte: Medical Affairs Advisor MCC-Brazil e FQM Derma

deração. Para facilitar o uso, as brasileiras podem investir, por exemplo, em fotoprotetores com textura fluida/ultrafluida (que tem absorção mais rápida), com propriedades de controle do brilho ou com efeito matificante”, recomenda Giselle, da FQM Derma. Ela diz que como nenhuma pele é igual a outra, é preciso que a consumidora experimente alguns produtos até encontrar a textura ideal. “Muitas vezes o que é bom para uma pessoa não é tão bom para outra. Não há uma regra geral.”

Informação no ponto de venda

o mais importante é que o paciente consiga aderir ao uso. Cada tipo de protetor depende do tipo da pele, idade e necessidade. Com os dermocosméticos, se a pessoa escolhe uma alta proteção para a sua pele oleosa, ela poderá usá-lo tanto no escritório como em uma praia ou piscina que estará protegida. “As pessoas que trabalham expostas ao sol geralmente necessitam de um protetor com fator de proteção mais alto. Além disso, devem seguir a recomendação de repassar o produto a cada duas horas, devido a maior interferência dos fatores climáticos, como vento, suor, poluição. Já quem trabalha em ambientes fechados está menos exposto às radiações, porém outros fatores devem ser levados em consideração, como presença de melasma, fototipo, patologias cutâneas”, diz Giselle Barros, da FQM Derma. Ela fala ainda que para auxiliar o paciente a encontrar um produto que atenda às necessidades da prescrição médica, muitas vezes o dermatologista prescreve duas ou três opções. No ponto de venda, os profissionais, munidos das informações, podem ajudar na decisão da compra.” A diretora de La Roche-Posay, Caroline Collier, diz que as dermoconsultoras devem tirar as dúvidas do shopper e informar sobre as diferenças dos produtos, como textura, FPS, indicação de uso. “Para mulheres que trabalham ao ar livre, por exemplo, em que a exposição ao sol é grande, o ideal é investir em um FPS maior e reaplicá-lo mais vezes. Já quem tem uma rotina corrida pode investir em um fotoprotetor com cor.” A executiva complementa: “o mínimo recomendado é o uso do FPS 30 diariamente. A partir daí, a consumidora pode avaliar suas necessidades e ver se precisará de uma fotoproteção maior ou não”. Falci, da Futura Biotech, aponta que os protetores são feitos para qualquer tipo de exposição solar. “O que diferencia é a forma como essa exposição acontece. No caso de prática de esportes, uso diário e praia. “Há um protetor desenvolvido especialmente para cada circunstância.” A Dra. Glaucimar Baságlia ressalta que as fórmulas

A farmácia é o local de escolha para aquisição deste tipo de produto, visto que o perfeito entendimento do modo de uso e mecanismo de ação, por parte dos balconistas, farmacêuticos e dermoconsultores, dá confiança e suporte na pós-prescrição aos consumidores, que por vezes têm dúvidas de como aplicar corretatodos os hábitos de vida do cliente devem ser mente. De acordo com Thais investigados no momento da compra, para que a Mattar, do Aché, o papel dos atendentes é de extrema impororientação seja a melhor possível; o mais importante tância para a farmácia e para o é que o paciente consiga aderir ao uso. cada tipo de consumidor. “Os treinamentos protetor depende do tipo da pele, idade e necessidade sobre como as substâncias e princípios ativos dos produtos agem no organismo, por parte da indústria, também são fundamentais dedicadas ao rosto costumam ser mais leves, menos para que as informações sejam repassadas de forma correta.” oleosas, com textura “mais cosmecêutica”, o que faTodos os hábitos de vida do cliente devem ser investigados no cilita o uso diário e com maquiagem, para as mulheres momento da compra, para que a orientação seja a melhor possível; modernas, que trabalham fora. 54

guia da farmácia março 2012


competitividade

O valor do farmacêutico Uma reflexão sobre a atuação farmacêutica no Brasil se faz necessária para que se possa identificar a importância desse profissional na sociedade

R

Mar cus V inici us de Andr ad e Empresário e administrador de empresas. É fundador e diretor executivo do ICTQ – Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade

Site www.ictq.com.br 56

guia da farmácia março

no Brasil

Recordo-me que o ano de 2012 foi muito intenso para quem é do setor ou trabalha para a cadeia produtiva. Os conselhos regionais e federal trabalharam intensamente na busca pela valorização do farmacêutico; houve veto da presidente Dilma Rousseff na proposta de lei sobre a venda de medicamentos em supermercados – o que representou um ganho dos estabelecimentos de saúde gerenciados pelos farmacêuticos. Há, ainda, destaque do farmacêutico em grandes veículos de comunicação, sendo reconhecidos como uma das profissões mais promissoras no Brasil em 2013. Observei, ainda, farmacêuticos próximos realizando sonhos como o aumento na renda, a promoção ao cargo almejado na empresa, o primeiro emprego, a primeira viagem ao exterior, o primeiro título de especialização. Enfim, fatos que fizeram parte de minha rotina de trabalho no ano que passou. Terminei minhas reflexões me perguntando: o que seria de mim sem aqueles profissionais que passaram anos de suas vidas pesquisando e desenvolvendo fórmulas que me garantiram, em determinado momento, a continuação de minha vida? Como eu poderia confiar em qualquer medicamento se não houvesse aqueles profissionais que certificam sua qualidade? Será que eu obteria sucesso e eficácia em meu tratamento sem a atenção e orientação daquele profissional presente em mais de 60.000 estabelecimentos de saúde espalhados pelo meu país?
 Estas perguntas e muitas outras que vieram como relâmpagos em minha mente me

2013

fizeram refletir e concluir: “Estou certo: o farmacêutico é muito importante e especial para minha saúde e na minha qualidade de vida!” Tenho a certeza de que não penso sozinho a esse respeito. Afinal, quem nunca precisou de um medicamento e consequentemente de um profissional farmacêutico?
 No último mês de novembro de 2012, uma pesquisa sobre a opinião do consumidor de medicamentos no Brasil, executada pelo Datafolha, idealizada pelo ICTQ – Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, perguntou aos brasileiros de todas as regiões do País: “Usando uma escala de 1 a 5, em que 1 é “nada importante” e 5 é “muito importante”, qual é o grau de importância que o profissional farmacêutico tem para a sua saúde?” O resultado da pesquisa foi expressivamente positivo: 90% dos brasileiros entrevistados afirmaram que “o farmacêutico é importante para nossa saúde.” Destes, 68% apontaram o profissional farmacêutico como “muito importante” e outros 22% indicaram-no como “importante”. Muito além de minha reflexão, opinião e respeito pessoal que tenho pelo profissional farmacêutico, os índices dessas estatísticas inéditas que a pesquisa nos apresenta refletem uma verdade: nós, brasileiros, acreditamos na importância e no valor de um farmacêutico como profissional que também cuida de nossa saúde. Esta claro que o farmacêutico, que tem um compromisso com a sociedade brasileira, é provedor de cura, um amigo que orienta, um profissional que trabalha todos os dias em prol de nossa qualidade de vida. foto: DIVULGAÇãO


pesquisa

Importância

inquestionável Pesquisa inédita realizada pelo Datafolha/ICTQ revela a visão que o consumidor tem do farmacêutico e da farmácia no Brasil. A presença de farmacêuticos no PDV é apontada como fundamental por 95% dos entrevistados Por Egl e Le onardi

S

Setenta e nove por cento dos consumidores das farmácias nacionais consideram a presença de um farmacêutico nesses estabelecimentos muito importante; enquanto 16% afirmam que a presença de

58

guia da farmácia março 2013

um profissional responsável é imprescindível na loja. Somados esses resultados, conclui-se que 95% dos consumidores brasileiros de farmácias consideram essencial a presença de um profissional farmacêutico nesses pontos de venda. Esse é um dos resultados que fotos: shutterstock/leandro kendy/divulgação


pesquisa

o objetivo principal dessa pesquisa foi o de contribuir com o desenvolvimento e a evolução do mercado farmacêutico no brasil, já que ela evidenciou aspectos cruciais sobre as características do consumidor de medicamentos e mapeou o perfil dos estabelecimentos de saúde (farmácias e drogarias)

IMPORTância do profissional farmacêutico Esse estudo mostra o grau de importância dado à presença do farmacêutico na farmácia e em como ele atua na manutenção da saúde dos consumidores. Na primeira coluna, observa-se que 79% dos entrevistados acreditam que a presença do farmacêutico na farmácia é muito importante, e 16% acham que é importante, o que soma 95% dos entrevistados que acreditam ser essencial a presença desses profissionais no estabelecimento. Na segunda coluna, observa-se que 68% dos entrevistados dizem que o farmacêutico é muito importante para sua saúde, e 22% acreditam ser importante de modo geral. Constata-se, então, que 90% dos entrevistados acreditam que o farmacêutico tem um papel importante na saúde.

metodologia Os idealizadores do estudo Datafolha/ ICTQ – PósGraduações para Farmacêuticos entrevistaram 1.611 homens e mulheres com 18 anos ou mais, que costumam realizar compras em farmácias ou drogarias. As praças escolhidas foram 12 capitais brasileiras: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife, Fortaleza, Campo Grande, Goiânia, Belém e Manaus. A pesquisa é quantitativa e foi realizada com abordagem pessoal e individual dos entrevistados em pontos de fluxo populacional, mediante aplicação de questionário com cerca de 18 minutos de duração. A checagem foi simultânea (in loco) e também posterior à coleta de dados (telefônica), cobrindo, no mínimo, 20% do material de cada pesquisador.

o Datafolha, em parceria com o Instituto de Pós-Graduações para Farmacêuticos (ICTQ), extraiu do estudo Datafolha/ ICTQ – Pós-Graduações para Farmacêuticos, que teve o objetivo de verificar qual a visão que os consumidores brasileiros têm do profissional farmacêutico e dos pontos de venda onde atuam. Divulgada exclusivamente para o Guia da Farmácia, a pesquisa também indicou que 68% dos entrevistados acham que o farmacêutico é muito importante para sua saúde, e 22% reforçam que ele é importan60

guia da farmácia março 2013

68%

79% Muito importante (5)

Importante 95% 90%

Importante (4) Mais ou menos importante (3) Pouco (2) + nada importante (1)

22% 16% 3% 2%

Na farmácia Média: 4,7

6% 4% Para sua saúde Média 4,5

te. Dessa forma, constata-se que 90% dos consumidores acreditam que o farmacêutico tenha um papel de destaque na saúde da população. De acordo com o diretor executivo do ICTQ, Marcus Vinicius de Andrade, o objetivo principal dessa pesquisa foi o de contribuir com o desenvolvimento e a evolução do mercado farmacêutico no Brasil, já que ela evidenciou aspectos cruciais sobre as características do consumidor de medicamentos e mapeou o perfil dos es-


pesquisa

Importância da presença do profissional farmacêutico na farmácia entre as capitais brasileiras Porto Alegre

Salvador

Fortaleza

Recife

Goiânia

Campo Grande

Belém

Manaus

Pouco importante (2) Nada importante (1) Média

Curitiba

somatório resp. desfavoráveis (2 + 1)

Belo Horizonte

MAIS OU MENOS IMPORTANTE (3)

Rio de Janeiro

Muito importante (5) Importante (4)

São Paulo

somatório resp. favoráveis (5 + 4)

TOTAL

Praças

95 79 16 3

94 87 7 4

97 83 14 1

98 79 19 -

87 79 8 4

99 67 32 1

97 73 24 2

94 67 27 6

98 76 22 2

94 80 14 5

98 70 27 2

96 76 20 4

92 60 32 5

2

2

1

2

9

-

1

-

-

1

-

-

3

1 4,8 210

4,7 110

5 4 4,5 110

4,7 107

1 4,7 108

4,6 110

4,8 111

1 4,7 102

4,7 112

4,7 108

3 4,5 103

1 1 1 1 4,7 4,8 1611 320

O quadro apresenta o grau de importância dado à presença do farmacêutico na farmácia, desta vez com a informação segmentada pelas capitais nas quais houve entrevista. Considerando os extremos, em Porto Alegre 67% dos entrevistados consideram muito importante a presença do farmacêutico na farmácia e, somando-se aos 32% que consideram sua presença importante na farmácia, há 99% dos entrevistados com a mesma opinião nessa capital. Já em Curitiba, 79% consideram muito importante a presença do farmacêutico na farmácia e, somando-se aos 8% dos que a consideram importante, há 87% da população avaliando como importante, valor este abaixo da média de 95% dentre as 12 capitais. Em relação ao estado de São Paulo, a pesquisa indica um dado positivo no que diz respeito à percepção do consumidor sobre a importância do farmacêutico para a saúde e a importância da presença do profissional nas farmácias na região, conforme constata o presidente do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo (CRF-SP), Pedro Eduardo Menegasso. “Pode-se observar que em uma escala de 1 a 5, no estado de São Paulo, tivemos um índice de 4,6 na avaliação sobre a importância do profissional farmacêutico para a saúde e um índice de 4,8 no grau de importância da presença do farmacêutico na farmácia. Isso demonstra que a população confia no trabalho exercido por esse profissional e conta com ele”, diz.

62

guia da farmácia março 2013


pesquisa

Importância da presença do profissional farmacêutico para a saúde, por sexo, idade, classe social, escolaridade e remuneração Sexo

De 41 a 59 anos

60 anos ou mais

A

Fundamental

Médio

Superior

Trabalha

Não trabalha

atividade remunerada

De 26 a 40 anos

escolaridade

De 18 a 25 anos

classe

Feminino

Idade

Masculino

TOTAL

A importância da presença do profissional responsável para a saúde é, tendencialmente, mais expressiva nas classes menos favorecidas somatório resp. favoráveis

90

89

91

87

89

92

92

89

89

90

95

91

90

88

90

91

Muito importante (5) Importante (4)

68 22

67 22

69 22

64 24

66 23

72 20

71 21

72 18

66 23

69 21

68 27

69 22

69 21

65 23

68 21

67 24

MAIS OU MENOS IMPORTANTE (3)

6

7

5

6

7

5

5

5

7

6

2

5

6

7

6

5

somatório resp. desfavoráveis

4

4

4

6

4

3

2

6

3

4

3

3

4

5

4

4

2 2 4,5 566

1 1 4,6 490

1 1 4,6 230

2 2 4,5 722

3 2 4,5 353

2 2 4,5 1126

3 1 4,5 484

Pouco importante (2) Nada importante (1) Média

2 2 2 4 2 2 2 2 4,5 4,5 4,6 4,4 1611 727 884 325

B

C

D/E

4 2 2 2 1 1 1 2 1 2 4,5 4,5 4,5 4,6 4,6 69 618 788 136 536

Esse grupo analisa o grau de importância do farmacêutico para a saúde, desta vez com a informação segmentada pelas características da população entrevistada (sexo, idade, classe, escolaridade e atividade remunerada). Sexo: homens e mulheres dão o mesmo grau de importância para o farmacêutico. Idade: a população acima de 41 anos considera o profissional muito mais importante para a saúde do que a população mais jovem. Classe: classes menos favorecidas dão mais importância ao farmacêutico. Escolaridade: pessoas com menor grau de instrução dão mais valor ao farmacêutico. Atividade remunerada: neste caso, o fator emprego não interfere na importância dada ao farmacêutico na saúde. Atenção especial para idosos e classes menos favorecidas

tabelecimentos de saúde (farmácias e drogarias). “Com o estudo, promovemos um olhar real sobre as demandas do mercado farmacêutico e alcançamos o desafio de atuar como promotores de mudanças no cenário nacional – quer para os profissionais que atuam na área da indústria, quer no varejo”, comenta Andrade. O executivo do ICTQ acredita que as circunstâncias mercadológicas evidenciadas por meio dos números encontrados no estudo podem ser consideradas oportunidades. Ele defende que, cada vez mais, existe a necessidade de o profissional farmacêutico se qualificar, a fim de saber como explorar melhor as oportunidades nesse mercado em constante expansão. “Esse é um desafio, por remeter à necessidade de mudança de comportamento e atuação profissional, em todas as esferas do mercado 64

guia da farmácia março 2013

farmacêutico”, constata o especialista, ressaltando que outro desafio a ser encarado é o combate à automedicação e a qualificação das farmácias e drogarias, fazendo com que esses estabelecimentos sejam vistos como de promoção à saúde, na percepção do consumidor.

Momento de ascensão dos farmacêuticos A pesquisa traduz um momento importante do profissional farmacêutico atuando no segmento de farmácia e drogaria, na visão da professora titular e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti. Para ela, o estudo evidencia claramente que a população entende a importância do farmacêutico como profissional da saúde. A especialista ressal-


pesquisa

Importância da presença do profissional farmacêutico na farmácia por sexo, idade, classe social, escolaridade e remuneração

De 41 a 59 anos

60 anos ou mais

A

Fundamental

Médio

Superior

Trabalha

Não trabalha

atividade remunerada

De 26 a 40 anos

escolaridade

De 18 a 25 anos

classe

Feminino

Idade

Masculino

TOTAL

Sexo

somatório resp. favoráveis

95

95

95

93

95

96

96

94

94

96

97

96

95

94

96

94

Muito importante (5) Importante (4)

79 16

78 17

80 15

78 15

79 16

81 16

80 16

82 12

78 16

79 17

84 13

79 17

80 15

80 14

80 16

79 15

MAIS OU MENOS IMPORTANTE (3)

3

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2

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1

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3

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5

somatório resp. desfavoráveis

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2

2

2

1

2

2

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1

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2

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1 1 4,7 566

1 1 4,7 490

1 1 4,8 230

1 4,7 722

2 1 4,7 353

1 1 4,7 1126

1 1 4,7 484

Pouco importante (2) Nada importante (1) Média

1

1 1 1 1 1 1 4,7 4,7 4,7 4,7 1611 727 884 325

B

C

D/E

2 1 1 1 1 1 2 4,7 4,7 4,7 4,8 4,7 69 618 788 136 536

Os gráficos apontam o grau de importância desse profissional na farmácia, agora com a informação segmentada por características da população (sexo, idade, classe, escolaridade e atividade remunerada). Sexo: homens e mulheres possuem relativamente a mesma visão quanto à importância do farmacêutico na farmácia, com o valor de 95% de cada população reconhecendo tal importância. Idade: quanto maior a idade dos entrevistados, maior é o grau de importância dado à presença do farmacêutico. Enquanto na faixa de 18 a 25 anos o valor é de 93%, na população com 41 anos ou mais este valor sobe para 96%. Classe: quanto menor a classe social, maior o grau de importância dado à presença do farmacêutico na farmácia. Escolaridade: quanto menor a escolaridade, maior o grau de importância dado ao farmacêutico. Atividade remunerada: os entrevistados que possuem um emprego consideram mais importante a presença do farmacêutico do que aqueles que não o possuem.

ta que o regaste desta atuação foi conseguido, mais intensamente, a partir dos últimos quinze anos, momento em que as legislações se tornaram mais exigentes e aprimoradas, além da intensificação da fiscalização. “Acredito que esse painel exibe uma forte tendência ao aumento de participação e à solidificação da atuação do farmacêutico, na medida em que a população está cada vez mais participativa na solicitação de cuidados com a saúde.” Ela convida a uma breve reflexão histórica para entender que o profissional tinha um papel privilegiado nos serviços farmacêuticos prestados antes da maciça industrialização de medicamentos. No período em que houve o crescimento da indústria farmacêutica, o profissional farmacêutico perdeu o foco dessa atuação e tornou-se um dispensador, e essa relação anteriormente estabelecida com o usuário do 66

guia da farmácia março 2013

medicamento ficou bastante fragilizada. “Atualmente, esse resgate da atuação do profissional é perceptível e requerido pela população. É ele, o farmacêutico, que está em contato direto com o usuário de medicamento e poderá exercer um trabalho de excelência na melhoria da saúde pública”, conclui. A população idosa considera, fortemente, a presença do farmacêutico importante no ponto de venda, bem como o farmacêutico importante para a saúde, conforme afirma o farmacêutico especialista em assuntos regulatórios pelo ICTQ e professor de pós-graduação nos cursos do Instituto, Vitor Brandão. “Eles veem, com maior facilidade, que a farmácia é um estabelecimento de saúde. Com isso, pode-se considerar que o farmacêutico precisa estar preparado para receber e atender bem essa população, prestando a atenção farmacêutica”, diz o


pesquisa

especialista, complementando que essa é uma ótima oportunidade para melhoria no atendimento, pois o tratamento do paciente será acompanhado de perto pelo farmacêutico, o que poderá gerar tanto benefícios à saúde do paciente quanto a fidelização desses clientes à farmácia. “É importante salientar que a população idosa, de modo geral, é psicologicamente carente, no entanto, muitas vezes é tratada com descaso. Dessa maneira, um atendimento que faça o idoso se sentir valorizado, mostrando que o farmacêutico se preocupa com a saúde e com a vida daquela pessoa, pode fazer toda diferença no tratamento”, destaca Brandão. 68

guia da farmácia março 2013

O professor explica que os idosos têm muita dificuldade na adesão às recomendações principalmente em se tratando de doenças crônicas, pois assim que os sintomas desaparecem, normalmente eles acreditam estar curados. Nesse momento, o acompanhamento do farmacêutico é de extrema importância para que o tratamento não seja abandonado. E é com atitudes como essa que se consegue conquistar a confiança dos pacientes. Para Vitor Brandão, outro público que deve merecer atenção especial do farmacêutico são as classes menos favorecidas que, na mesma linha dos idosos, dão muita importância a ele e à farmácia.


Imagem das farmácias Minimercados

31%

Loja de cosméticos, de perfumaria

28%

Lojas de conveniência

25%

Estabelecimentos de saúde

16%

Aqui é atribuída à farmácia a imagem de estabelecimento de saúde. A maior parte da população vê o local como um minimercado (31%) ou como uma loja de cosméticos ou perfumaria (28%). Além disso, 25% a consideram uma loja de conveniência.

A farmacêutica da USP, Maria Aparecida Nicoletti, acredita no resgate da atuação do farmacêutico

Por conta das dificuldades de atendimento no sistema público de saúde, procuram a orientação do farmacêutico como forma de amenizar os seus problemas de saúde. “Esse tipo de população também precisa de um atendimento diferenciado”, defende. “A atuação do farmacêutico nessa classe so-

cial é vital para a melhoria da qualidade de vida da população, além de poder fazer um trabalho bastante edificante em relação ao uso racional de medicamentos”, reforça a professora titular e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da USP, Maria Aparecida Nicoletti.

Estabelecimento de saúde ou loja de conveniência? Um dado preocupante da pesquisa diz respeito à imagem que o consumidor tem das farmácias, conforme avalia o presidente do CRF-SP, Pedro Eduardo Menegasso. “Apenas 16% da população as en2013 março a da farmácia

69


pesquisa

xerga como estabelecimentos de saúde. No estado de São Paulo, a maioria as vê como lojas de cosméticos e perfumaria e o número de pessoas que acham que a farmácia parece um minimercado ou uma loja de conveniência é excessivamente elevado, com 28% e 24% da população, respectivamente”, lamenta. Ele acredita que as pessoas que não veem a farmácia como um estabelecimento de saúde também podem ter a falsa impressão de que o medicamento pode ser tratado como uma mercadoria comum, que não requer cuidados especiais, quando, na verdade, são produtos que precisam de completo cuidado dos profissionais envolvidos, já que, como se sabe, até mesmo os medicamentos isentos de prescrição (MIPs) podem trazer mais prejuízos do que benefícios se não utilizados de forma correta. “Considero crítica a percepção do consumidor sobre as farmácias, visto que corremos o risco de as pessoas também tratarem o medicamento como um bem de consumo qualquer e não terem os devidos cuidados ao utilizá-lo”, pondera Menegasso, reforçando que o ambiente adequado para o farmacêutico exercer plenamente sua profissão é um estabeleci-

mento de saúde e não um minimercado ou uma loja de conveniência. “Acredito que essa é uma forma de desvalorização e desrespeito à profissão. Mudar essa percepção é um desafio, e o CRF-SP espera contar com todos os atores envolvidos na Marcus Andrade, cadeia de medicamentos do ICTQ, diz que a pesquisa visa para isso”, preconiza, recontribuir com o forçando que o CRF-SP desenvolvimento do tem trabalhado incessanmercado farmacêutico temente para mudar essa realidade no estado, por meio de várias ações, como a realização de campanhas de educação em saúde, campanhas publicitárias, ações de fiscalização e orientação. “Temos adotado todos os meios para que essa percepção do consumidor sobre a farmácia seja alterada e, para isso, contamos também com a atuação do profissional farmacêutico”, ressalta o presidente.

Importância do profissional farmacêutico para a saúde entre as capitais brasileiras Salvador

Fortaleza

Recife

Goiânia

Campo Grande

Belém

Manaus

Pouco importante (2) Nada importante (1) Média

Porto Alegre

somatório resp. desfavoráveis

Curitiba

MAIS OU MENOS IMPORTANTE (3)

90 90 68 71 22 19 6 6 4 4 2 2 2 2 4,5 4,6 1611 320

Belo Horizonte

Muito importante (5) Importante (4)

Rio de Janeiro

somatório resp. favoráveis

São Paulo

TOTAL

Praças

89 72 17 5 4 3 1 4,6 210

94 64 29 5 1 1 4,6 110

83 69 13 6 11 5 6 4,4 110

98 64 34 2 4,6 107

86 60 26 10 4 3 2 4,4 108

86 66 20 13 1 1 4,5 110

93 67 26 5 2 2 4,6 111

90 62 27 3 7 3 4 4,4 102

94 54 40 4 1 1 4,5 112

90 71 18 7 4 3 1 4,6 108

95 58 37 2 3 3 4,5 103

Neste gráfico é tratada a importância do farmacêutico para a saúde, e não mais simplesmente a presença dele na farmácia. Observando os extremos, em Porto Alegre, 64% dos entrevistados consideram o farmacêutico muito importante para a saúde e, somando-se aos 34% que o consideram importante para a saúde, vê-se que, nessa capital, 98% reconhecem essa relevância desses profissionais para a saúde. Já em Curitiba, 69% consideram o farmacêutico muito importante para a saúde e, somando-se aos 13% dos que o consideram importante, tem-se 83% da população com essa opinião, valor abaixo da média de 90% dentre as 12 capitais. 72

guia da farmácia março 2013


pesquisa

Imagem das farmácias segmentada por sexo, idade, classe social, escolaridade e remuneração

De 41 a 59 anos

60 anos ou mais

A

Fundamental

Médio

Superior

Trabalha

Não trabalha

atividade remunerada

De 26 a 40 anos

escolaridade

De 18 a 25 anos

classe

Feminino

Minimercado Loja de cosméticos, de perfumaria Lojas de conveniência Estabelecimentos de saúde

Idade

Masculino

TOTAL

Sexo

31

31

31

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33

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31

31

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26

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23

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26

30

28

27

28

29

29

25

25 28 22 28 16 19 15 17 1611 727 884 325

25 12 566

24 17 490

21 25 230

32 29 23 10 16 17 13 16 29 23 69 618 788 136 536

29 12 722

31 15 353

26 15 1126

22 20 484

B

C

D/E

O gráfico trata a imagem que o consumidor tem da farmácia, com a informação segmentada pelas características da população entrevistada (sexo, idade, classe, escolaridade e atividade remunerada). Sexo: a população feminina tem mais destacada a visão da farmácia como uma loja de cosméticos e perfumaria. Já os homens, em sua maior parte, as veem como minimercados. Idade: quanto maior a idade, maior é a visão da farmácia como um estabelecimento de saúde. Classe: quanto menos favorecida é a população, mais a farmácia é vista como um estabelecimento de saúde. Escolaridade: quanto menor a escolaridade, mais as farmácias são consideradas minimercados. Em contrapartida, a população com nível médio ou superior de escolaridade a considera como loja de conveniência. Atividade remunerada: as diferenças entre a população que trabalha e a que não trabalha são muito sutis.

Para a especialista da Farmácia Escola da USP, Maria Aparecida Nicoletti, a imagem de farmácias como minimercados ou de lojas de cosméticos e perfumaria das drogarias está ligada à facilidade de aquisição, pelas mulheres, de produtos de higiene pessoal, além da preocupação dos proprietários em criar uma imagem esteticamente diferenciada como marketing da empresa. Já a imagem de estabelecimento de saúde, especialmente para a população idosa, para a especialista da USP, pode ser facilmente explicada. “Com o envelhecimento da população, surgem as doenças crônicas e a farmácia se torna essencialmente um estabelecimento de saúde”, explica.

Nova base para mudanças e reflexões Este foi o primeiro levantamento nacional que buscou conhecer o mercado farmacêutico de maneira holística, sob o olhar do consumidor brasileiro, segundo afirma diretor executivo do ICTQ, Marcus Vinicius de Andrade. “Trata-se de 74

guia da farmácia março 2013

uma iniciativa inédita e inovadora, que visa colaborar na ação estratégica de todo o mercado, que tende a se basear nessas informações para a busca por soluções, evolução e desenvolvimento.” O presidente do CRF-SP, Pedro Eduardo Menegasso, acredita que os empresários desse ramo que querem tratar a farmácia com a seriedade merecida poderão utilizar os referidos dados para mudar algumas estratégias, como, por exemplo, investir em profissionais qualificados que possam atender às demandas dos consumidores que entendem a importância do farmacêutico para a sua saúde. Menegasso lembra que a população brasileira está envelhecendo, e a terceira idade foi justamente a faixa etária que mais atribuiu importância ao profissional. Essas pessoas utilizam grande quantidade de medicamentos e necessitam da orientação de um profissional especializado para ter segurança e alcançar a eficácia desejada em seu tratamento. O diretor executivo do ICTQ percebe, também, que dentro do mercado nem sempre há profissionais preparados em termos técnicos e mercadológicos, ao mesmo tempo. Dessa forma, os dados do estudo devem ser ferramentas de base para que os players atuem com discernimento, ponde-


pesquisa

atualmente, esse resgate da atuação do profissional é perceptível e requerido pela população. é ele, o farmacêutico, que está em contato direto com o usuário de medicamento e poderá exercer um trabalho de excelência na melhoria da saúde pública Farmácias - hábitos de consumo (estimulada e única, em %) Belo Horizonte

Curitiba

Porto Alegre

Salvador

Fortaleza

Recife

Goiânia

Campo Grande

Belém

Manaus

31 28 28 32 25 24 16 15 1611 320

Rio de Janeiro

Minimercados Loja de cosméticos, de perfumaria Lojas de conveniência Estabelecimentos de saúde

São Paulo

TOTAL

Praças

35 32 16 16 210

35 15 36 13 110

49 10 34 6 110

4 28 29 38 107

31 30 21 15 108

40 15 26 17 110

32 39 21 9 111

17 44 15 22 102

36 28 24 12 112

28 21 32 18 108

17 20 45 18 103

Aqui se mostra a imagem que o consumidor dá à farmácia, com os resultados segmentados pelas capitais entrevistadas. Em Curitiba quase metade da população considera a farmácia um minimercado, já em Goiânia são vistas como lojas de cosméticos e perfumaria, enquanto em Manaus a população considera as farmácias como lojas de conveniência. Em Porto Alegre, boa parte da população, apesar de ainda ser minoria, considera o local como um estabelecimento de saúde.

ração e assertividade em realidades de mercado. “As informações da pesquisa Datafolha/ICTQ, como balizadores nas ações em busca da excelência, podem representar o fim de ações empíricas no mercado farmacêutico, em diversos aspectos”, finaliza Andrade. Esse levantamento também dá indícios sobre o que o consumidor busca, em termos de produtos e marcas, e fornece conhecimentos sobre qual o tipo de atendimento que os clientes valorizam na loja. Segundo diretor executivo do ICTQ, a pesquisa deve auxiliar nas estratégias a serem definidas, trazendo à tona dados qualitativos e quantitativos sobre o mercado consumidor e suas peculiaridades. O professor Brandão avisa, ainda, que para farmácias há uma oportunidade única para se 76

guia da farmácia março 2013

mudar a imagem dos estabelecimentos e focar a importância do profissional farmacêutico, pois foi observado na pesquisa que, apesar de na maioria das capitais entrevistadas esse profissional ser considerado importante, em outras esta importância não é tão grande. “Problemas como insucesso no tratamento de doenças crônicas, reações adversas ou intoxicações pelo uso incorreto de medicamentos, e até mesmo mortes, podem ser evitados com a orientação do farmacêutico. A farmácia possui um papel importante na saúde pública, papel este que muitas vezes não é cumprido”, finaliza. Confira, nas próximas edições, outros dados da pesquisa Datafolha/ICTQ que mostra a importância da farmácia e do farmacêutico no Brasil


debate

O passo a passo

da rentabilidade

Especialistas e empresários dão dicas sobre qual a melhor forma de precificar os produtos e dar descontos em medicamentos para não ter prejuízos P o r R o d r i g o R odr i g u es

fotos: shutterstock

E

Embora a precificação de produtos obedeça a uma fórmula matemática simples, a diferenciação entre varejistas e setores está, justamente, na forma como ela é aplicada e na estratégia adotada pelo comerciante. Segundo os especialistas, o importante é entender que quanto menores os custos fixos e variáveis da loja, maior o espaço para conceder descontos e atrair mais clientes, gerando faturamento e lucro. O desafio, porém, é: como reduzir esses custos, já que muitos estabelecimentos de pequeno e médio porte trabalham frequentemente no limite do fluxo de caixa e dos investimentos em infraestrutura? De acordo com o presidente da Sociedade Brasileira de Far2013 março guia da farmácia

77


debate

Gestão nos detalhes Para ter sucesso, o comerciante precisa atentar-se a detalhes importantes: • Praticar preço baixo e percebido pelos clientes. • Seu ponto comercial deve ser adequado. • Ter produtos em quantidade, qualidade e variedade. • Nunca deixar faltar itens da curva A no estoque. • Adotar layout adequado para facilitar o tráfego e a compra por impulso. • Oferecer bom atendimento. • Trabalhar as formas de pagamento, pois elas aumentam o tíquete médio. • Criar campanhas com itens de alta lucratividade. • Trabalhar o marketing para aumentar o número de tíquetes (clientes). • Cuidar da imagem externa da farmácia (fachada). • Fazer merchandising eficaz. • Aderir a campanhas educativas em saúde. • Ter uma equipe “enxuta”, com perfil adequado e produtiva. • Desenvolver estratégias de remuneração variável atrelada ao desempenho da farmácia. • Saber precificar corretamente. • Conhecer a linguagem do mercado. • Estar ciente das tributações estadual e federal. Fonte: Arani Schroeder - presidente da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária – Regional Santa Catarina (SBFC–SC)

mácia Comunitária – Regional Santa Catarina (SBFC–SC) e professor de Pós-Graduação em Varejo Farmacêutico, Arani Schroeder, a solução passa pelo controle dos processos e gestão profissionalizada das contas da empresa. “Gestão é um componente fundamental. A formação do farmacista e do farmacêutico deve ser completa; eles devem ter noções de gestão administrativa, de estoque, compras, finanças, tributação, marketing e recursos humanos. De posse de informações econômico-financeiras, o gestor estará apto para tomar decisões adequadas e, assim, prosperar no mercado”, avalia. Outro conselho dado pelos especialistas é a diversificação dos itens de venda e da carteira de clientes, que também contribuem para a formação do preço final e na atração. Para os especialistas, a rota mais segura é subs78

guia da farmácia março 2013

tituir gradativamente a venda de medicamentos de marca, por exemplo, que são mais caros na hora da compra, por similares ou genéricos, que custam menos também na hora da compra. Em um exemplo prático hipotético, o varejista que fatura R$ 100 mil mensais com medicamentos vai pagar R$ 80 mil para o fabricante do produto de marca. Caso ele escolha genéricos ou similares, essa proporção cai para R$ 70 ou R$ 60 mil, dependendo do caso e da negociação com o fornecedor. “É uma economia de custo variável que faz diferença na elaboração do preço final e na redução dos custos”, aponta o pesquisador do curso de Farmácia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e gerente farmacêutico de uma grande rede da região de Araraquara (SP), Eduardo Freitas. Dentro dessa estratégia de comprar bem e melhor, o varejista também pode apostar na negociação coletiva para conquistar mais poder de negociação diante dos fabricantes. Nesse caso, integrar-se a uma bandeira associativista ou a um modelo independente coletivo é uma ótima forma de usar mais esse “curinga” de otimização de gastos e pagamentos. “Invariavelmente a indústria dá mais descontos na hora da venda para quem compra em grande escala e tem poder de renovação de estoque mais rápido. E o modelo associativista pode ser um bom caminho para isso”, diz Freitas. O presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, alerta, contudo, que não é possível fazer milagres dentro do associativismo se o empresário não estiver disposto a seguir as orientações e dicas coletivas. “O associativismo não é uma solução para nada. O máximo que podemos fazer é apontar um caminho. Mas a operacionalização depende do empresário e ele nem sempre está disposto a fazer as coisas conforme nós orientamos”, pontua.

em pesquisas feitas com consumidores, preços atrativos estão no topo da pirâmide de consumo do brasileiro. Contudo, cada vez mais eles têm destacado a necessidade de bom atendimento


debate

Outra dica está na diversificação da carteira de clientes e pagamentos da loja. Alguns consultores defendem que o desconto só deve ser dado para quem compra à vista e muitas vezes no dinheiro (cash) ou cartão de débito. Acontece que esses clientes são menos frequentes em determinadas lojas e, portanto, o desconto pode ser cancelado ou diminuído para os que compram a prazo, seja no crediário, no cartão convênio ou no cartão de crédito. “Quanto mais clientes a prazo ou conveniados, menos descontos concedidos. É uma lógica simples, mas que não pode desprezar obviamente o cliente à vista, porque o desconto é uma realidade do mercado e veio para ficar. Tem sucesso aquele que sabe se adaptar e diversificar”, destacou Arani Schroeder durante curso de precificação para varejistas independentes do grupo Farma&Farma, da região Sul do País.

Higiene pessoal e cosméticos Por serem geradores de tráfego e não terem o preço tabelado pelo governo, os itens de HPC têm se tornado cada vez mais a vedete do pequeno e médio varejista, estabelecendo uma espécie de “contrapeso” da política de descontos nos medicamentos. Os produtos dessa linha podem estabelecer uma espécie de compensação em relação aos medicamentos, ajudando a operação final a fechar no azul. Schroeder sugere que o varejista trabalhe com uma segmentação dentro da categoria de HPC, estabelecendo uma média de 15% a 40% de margem de lucro para produtos geradores de alto tráfego, e de 70% a 120% entre os produtos geradores de lucros. Essa divisão depende da realidade da loja e dos produtos que mais movimentam o caixa, por isso a necessidade do acompanhamento detalhado do tíquete médio de compras dos clientes. Para os mais leigos em gestão, produtos geradores de tráfego são aqueles de alto giro, que têm alto volume de vendas na farmácia. Já os geradores de lucro são aqueles de margem agregada e também de volume expressivo de vendas, como tinturas, cosméticos, etc. A esse grupo, o professor sugere acrescentar os produtos chamados 80

guia da farmácia março 2013

“oficinais e de primeiros socorros”, que podem ter margem de 60% a 200%; os fitoterápicos, com margem de 60% a 100%; e a linha ortopédica, cuja margem segura gira em torno de 40% a 80%. “Venda de perfumaria é por impulso. Por isso a necessidade de uma loja ampla, com layout sugestivo à circulação nos corredores, para estimular esse processo. Na minha opinião, loja boa tem no mínino 100 metros quadrados para possibilitar ao cliente comprar e estabelecer uma relação de consulta e consumo”, diz. O empresário Giuliano Trindade é dono de uma rede de sete farmácias na cidade de Campo Belo (MG) e deu uma guinada nos negócios ao resolver transformar uma das lojas em modelo popular com foco nas classes C e D, através da bandeira Ultrapopular. Nesse modelo, as lojas da rede são menores que as normais e só trabalham com produtos e marcas de curva A, que indicam alta rotatividade. Com foco em genéricos e similares e permitindo pagamento parcelado no cartão de crédito ou no cheque, ele deu uma virada nos negócios ao adotar a nova estrutura de baixo custo fixo e negociação coletiva sob o guarda-chuva associativista da bandeira Ultrapopular. Ao contrário do modelo das demais lojas, Trindade consegue oferecer os medicamentos genéricos com até 30% de desconto, graças ao modelo de negociações coletivas da rede, e os similares com no mínimo 55% de desconto no preço de tabela. Com o novo modelo de atendimento das classes C e D e controle absoluto das finanças, o executivo viu o faturamento saltar de R$ 40 mil para R$ 300 mil apenas no


debate

margens

média de margem de lucro para produtos geradores de alto tráfego

15% a 40% média de margem de lucro entre os produtos geradores de lucros

70% a 120% média de margem de lucro em produtos oficinais e de primeiros socorros

60% a 200% média de margem de lucro dos fitoterápicos

60% a 100% média de margem de lucro na linha ortopédica

40% a 80% primeiro mês. Ele conta que usa a estratégia de markup (remarcação) para precificar os produtos do segmento farmacêutico. O método é bastante conhecido do mercado e acrescenta uma taxa padrão de lucro ao custo do produto para chegar ao preço final, acrescido dos 84

guia da farmácia março 2013

ganhos. “No caso dos correlatos, faço uma segmentação por grupos, com critérios de procura espontânea, necessidade, rotatividade, produtos com formação de preços, etc. Cada grupo com uma precificação diferente”, revela o empresário.

Guerra de preços Apesar de todas essas dicas, os consultores alegam, contudo, que não é possível abrir mão de outros fatores que ajudam na sobrevivência do negócio, além da questão financeira. Na maioria das pesquisas feitas com consumidores, preços atrativos estão no topo da pirâmide de consumo do brasileiro. Contudo, cada vez mais eles têm destacado a necessidade de bom atendimento, organização e modernidade, como bem destaca o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, de São Paulo (Sebrae-SP), Fabiano Nagamatsu: “O preço é apenas um fator essencial. Porém, não é só ele que determinará o sucesso do empreendimento. O preço faz parte de um conjunto de fatores essenciais em um negócio. Para buscar o sucesso da empresa é importante que se atente a outros itens essenciais: excelência no atendimento, ambiente agradável, layout bem organizado, qualidade dos produtos e serviços, entre outras palavras, uma boa definição da identidade ou composição do valor da empresa”, diz. O varejista Giuliano Trindade concorda com a opinião do consultor e afirma que a precificação não é o fator determinante para o sucesso do negócio. Para ele, preço ainda é decisivo na compra do cliente, mas não deve ser encarado como única fonte de atração e fidelização. “É importante ressaltar que preço sempre foi um fator essencial, mesmo contrariando alguns estudiosos. Mas alguns itens estão no seu ponto de equilíbrio, com efeitos insignificantes na dimensão do negócio. Indo além da rentabilidade, é possível uma saída mais produtiva, educando clientes e colaboradores”, avalia. Arani Schroeder ressalta que o empresário não pode ter medo de operar no vermelho em algumas linhas e ter uma estratégia agressiva de negócio. “Podemos operar com prejuízo em um pequeno grupo de medicamentos. Entretanto, que no “frigir dos ovos” se tenha um resultado positivo, ou seja, que o Demonstrativo de Resultados do Exercício (DRE) indique lucro”, pontua. Com o desconto praticado no mercado, pode-se observar que o único grupo que poderia dar prejuízo é o grupo de medicamentos de marca. “Porém, devemos ter estratégias para minimizar o prejuízo na venda dessa linha de medicamentos por meio de estratégia nas compras; parceria com a indústria; novas formas de pagamentos, tais como crediário, convênios e parcelamento”, explica.


desafios

Quanto vale o show? dar Descontos corretos aos produtos é um dos grandes desafios do varejista farmacêutico e reflete diretamente nas finanças da empresa. Saiba quais são as armadilhas mais comuns e como solucioná-las

C

Por rodrigo rodrigues

Com a concorrência cada vez mais acirrada e presente na vizinhança, a precificação correta dos produtos postos à venda tem se tornado um enorme desafio para o pequeno e médio comerciante do varejo farmacêutico. Mesmo com o atual aquecimento do mercado e o crescimento surpreendente das vendas nas farmácias em todo o País, muitos comerciantes têm reduzido as margens de lucro para enfrentar a guerra de preço, chegando até mesmo a vender medicamentos abaixo do preço de custo para equiparar-se ao valor oferecido pelos grandes varejistas. Apesar de a prática ser muito comum, os especialistas alertam para possíveis prejuízos à saúde fi-

86

guia da farmácia março 2013

nanceira da empresa. “Para precificar os produtos da loja, o empresário deve atentar ao planejamento financeiro, que consiste em analisar a estrutura de custos fixos e variáveis, sempre relacionada às médias de vendas. O empresário que não faz essa análise estará assumindo um prejuízo no seu faturamento”, diz o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, de São Paulo, (Sebrae-SP), Fabiano Nagamatsu. A prática de venda abaixo do preço de custo não é nova e é exercida no mundo todo, especialmente pelas grandes empresas que desejam entrar num determinado mercado, ganhando parte consideráfoto: shutterstock


desafios

O desconto maior tem de ser dado para clientes de uso contínuo. ele vai levar várias unidades com alto desconto e vai retornar no mês seguinte para continuar o tratamento. o ganho do empresário nesse caso está na venda por escala vel de participação em rápido período. No entanto, essas empresas têm altíssimo capital de giro para manter a estratégia e andam na fronteira da ilegalidade, já que a venda perversa abaixo do custo é considerada pela Organização Mundial do Comércio (OMC) como prática de dumping, palavra derivada do inglês que significa “esvaziar” e sugere justamente uma prática desleal de comércio para prejudicar os operadores menores. No Brasil, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) costuma punir rigorosamente essa prática. Contudo, o varejo farmacêutico não se enquadra nesse perfil, porque os grandes varejistas são bastante diversificados (existem várias bandeiras fortes no País, como Drogasil/Raia, Drogaria SP, Onofre, Pague Menos, etc.) e pulverizados, representando cerca de 50% do mercado nacional total apenas. Em outros países, como Estados Unidos e Canadá, por exemplo, essa razão é de quase 90%. Com o livre comércio, entretanto, essas redes impõem uma dinâmica de preços de difícil acompanhamento pelos concorrentes menores, obtendo descontos consideráveis junto aos fabricantes, vendendo produtos muito mais baratos e obrigando o varejista independente a entrar numa guerra de preços sem fim, em busca de lucro e sobrevivência. Antes de entrar nessa batalha, contudo, Nagamatsu pede atenção também para os danos que a venda distorcida pode causar à imagem da loja: “Em alguns segmentos, vender produtos com preços baixos pode gerar a imagem de algo “sem valor” ou “falsificado”, o que, além do prejuízo, pode levar a empresa a contrair uma imagem negativa”, ilustra. A opinião é compartilhada pelo pesquisador do curso de Farmácia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e geren88

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Fatores para a boa precificação • Mercado • Concorrência próxima • Perfil dos clientes • Fluxo de caixa e metas financeiras • Tipos de produtos • Imagem de sua empresa no mercado • Demonstrativo de resultados e ponto de equilíbrio Fonte: Desenvolva Consultoria e Treinamento

te farmacêutico de uma grande rede da região de Araraquara (SP), Eduardo Freitas. Segundo ele, a guerra de preços é considerada uma cilada para o comerciante. “O varejista inicia a venda abaixo do custo para atrair clientes. A loja fica cheia, mas quando os preços voltam à realidade, os clientes somem e ele amarga o prejuízo. É um ciclo viciante e de extrema vulnerabilidade para as contas da loja. O desconto deve sempre ser dado ao cliente, mas dentro de uma estratégia financeira e de marketing”, avalia. Para o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, há uma confusão no mercado acerca da venda a preços baixos. Segundo ele, o varejista não tem o costume de efetuar venda abaixo do preço de custo, mas sim conceder descontos de acordo com cada linha de produtos e considerando a negociação com a indústria. “Os medicamentos em geral têm seus preços tabelados pelo governo. Por consequência, nós não precificamos. O máximo que fazemos é conceder descontos, e obviamente os descontos levam em consideração uma série de fatores tais como: valor do desconto na compra do produto, frequência de compra pelo paciente, preço do medicamento, se é de uso contínuo ou não, categoria (genéricos, similares ou de referência), etc.”, exemplifica Tamascia. “Não há necessariamente uma consequência única em vender tudo abaixo do custo. Vender determinados produtos sem lucro ou até com prejuízo pode ser uma estratégia. O que importa é quanto sobrou na última linha da operação e não quanto sobrou em cada operação”, opina. A dica do presidente da Febrafar para os comerciantes é sempre considerar o custo unitário do pro-


desafios

Equação simples

VALOR DO PRODUTO

VALOR DO CUSTO OPERACIONAL

duto, acrescido do custo operacional e do lucro desejado, formando uma equação simples: Custo do produto + Custo operacional + Lucro = Preço final. “O sucesso da precificação está em ser competitivo”, diz ele. “Sempre digo que não existe muito ou pouco desconto, existe o desconto necessário para que o estabelecimento seja competitivo na área em que ele atua. Quem quiser ter muito lucro, quem tiver um custo operacional alto ou ainda quem comprar errado vai ter sempre um preço alto e, por consequência, vai perder competitividade”, completa.

Precificação correta Os especialistas ouvidos pelo Guia da Farmácia defendem a política de descontos dos pequenos empresários como legítima e extremamente necessária para a sobrevivência no mercado. Mas essa política deve ser agregada a valores da loja, estratégias de fidelização e posicionamento da marca. Na prática, o que eles defendem é o uso inteligente desse curinga financeiro chamado “desconto”, “promoção” ou “oferta”. “O desconto maior tem de ser dado para clientes de uso contínuo, por exemplo. Ele vai levar várias unidades e com o alto desconto vai retornar no mês seguinte para continuar o tratamento. O ganho do empresário nesse caso está na venda por escala (geralmente eles levam três ou quatro caixas) e na certeza do retorno do cliente no mês seguinte”, detalha Eduardo Freitas, da Unesp. Outra estratégia muito usada no mercado está no desconto através de itens associados. Ou seja, quando o cliente compra um medicamento de aplicação de injetáveis, por exemplo, ele recebe descontos em escala a partir do momento em que leva a seringa, agulha, algodão ou qualquer outro item associado àquele medicamento. 90

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LUCRO

PREÇO FINAL

Na opinião do consultor Fabiano Nagamatsu, do Sebrae-SP, a precificação correta depende da realidade de cada estabelecimento, do fluxo de vendas dos produtos, da sazonalidade e das características do ponto de venda. Mas passa, sobretudo, por um atento planejamento financeiro e conhecimento detalhado da realidade da loja. “O empresário deve atentar-se ao planejamento financeiro, que consiste em analisar a estrutura de custos fixos e de variáveis sempre relacionadas às médias de vendas. A fórmula da composição do preço de venda deve considerar obviamente o preço, que tem de estar nivelado ao do mercado – ou seja, deve acompanhar a média de preço que está sendo praticado pelo mercado concorrente; mas também analisar a capacidade da empresa (custos e capacidade produtiva ou serviços); e a cultura regional onde o produto vai ser comercializado”, detalha. Outra orientação importante sobre o assunto diz respeito às diferentes estratégias de precificação dentro da loja, especialmente no que se refere à separação entre produtos de HPC e medicamentos. Os produtos de higiene pessoal e beleza vêm ganhando importância dentro das lojas justamente por terem maior poder de compra por impulso e possibilitar ao farmacêutico a composição maior de lucros e a divulgação de anúncios e ofertas, sem restrições sanitárias por parte das agências de controle. A partir disso, a orientação dos especialistas é usar essa margem de manobra para compensar as perdas nos descontos dados nos medicamentos. Com isso, o empresário precisa adotar estratégia


O varejista inicia a venda abaixo do custo para atrair clientes. a loja fica cheia, mas quando os preços voltam à realidade, os clientes somem e ele amarga o prejuízo

diferente de precificação, não necessariamente distinta, porém casada ou conjunta. “A precificação não é a mesma entre as várias categorias, mas tem similaridade quanto a produtos de uso comum e produtos mais conhecidos do público. Ou seja, em produtos que os usuários mais compram, invariavelmente os descontos são maiores”, explica Edison Tamascia, da Febrafar. “Com uma estratégia eficaz de comunicação e um programa de desconto em cascata, os abatimentos de preço podem ser dados com base no volume de vendas e na similaridade de produtos. Para tanto, o empresário precisa planejar e planejar. Além de conhecer o próprio negócio como conhece as digitais dos dedos”, avalia Eduardo Freitas, da Unesp. Mas mais importante que ofertas e descontos é a imagem da farmácia, segundo avaliação do diretor da Desenvolva Consultoria e Treinamento, Marcelo Cristian. Especialista em gestão de farmácias, ele diz que o ideal é que a percepção de preço por parte do consumidor contribua com a imagem do estabelecimento, mostrando que a loja tem preços justos e abaixo do mercado, sem se desligar do atendimento personalizado, limpeza e mix diversificado. “Produtos de baixo giro ou baixo valor agregado não precisam seguir as mesmas regras de precificação. Pesquise sempre o preço de seu concorrente, principalmente em produtos de cujo valor o cliente tenha alta percepção, e mostre que você tem o preço justo do mercado”, indica. “Montar uma cesta de produtos que favoreçam a imagem de ‘barateira’ da farmácia é importantíssimo”, completa.

De olho na concorrência Muito além das estratégias de preço, o varejista farmacêutico deve estar atento também à competitividade da loja e à redução dos custos fixos e operacionais. A maioria dos consultores diz que a competitividade é o ponto central de uma estratégia de precificação, porque permite ao empresário espaço para conceder mais descontos e atrair clientes. A redução de custos passa pela economia de ener-

gia, a padronização de processos, o controle de estoque item a item e a redução de turnos de operação, caso não seja necessário manter um turno a mais. “Quando o empresário está em dificuldade, a primeira coisa que ele pensa é aumentar os turnos e abrir aos fins de semana, feriados e madrugadas, a fim de atrair mais gente. Mas ele fica com a loja aberta a madrugada inteira e vende R$ 100. O dinheiro gasto com horas extras, energia, segurança complica mais a vida dele. É preciso planejar e analisar os passos antes de se precipitar”, diz Eduardo Freitas. Um dos principais mandamentos do Sebrae-SP para os micro e pequenos empresários para reduzir custos operacionais está na elaboração de um plano de redução de despesas que elevam o valor do produto final, em sintonia com um plano de ação para agregar valor aos serviços e produtos oferecidos pela loja. Além de tudo isso, o empresário precisa aprender a comprar bem e saber negociar com o fornecedor o momento ideal de adquirir os produtos que serão revendidos. A compra em grandes volumes ajuda na redução do preço. Mas ela só deve acontecer em produtos de alta rotação e saída, segundo análise dos especialistas. Comprar produtos de baixa operação só para aproveitar o valor baixo é um erro comum entre os comerciantes e ajuda a encalhar o produto na prateleira e gerar mais prejuízos ao empresário. “Item a item, o empresário tem de saber o que vende e o que não vende para não cair no canto da sereia dos fornecedores. O que não vende tem de ser reposto apenas ao final do último lote. Já os produtos de alta rotatividade têm urgência e vão ajudar a balancear a vida financeira da loja”, aponta Freitas. “Comprar bem, dar desconto nos produtos certos e gerenciar custos constituem o caminho seguro para evitar a guerra de preços”, complementa Edison Tamascia, da Febrafar. 2013 março guia da farmácia

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Prepare-se. O inverno se aproxima Especialistas do varejo dão dicas sobre como definir o mix e aproveitar a nova estação para aumentar as vendas Por Cláudia D all’ O vo

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A mudança de clima provoca alterações nos padrões de consumo. Para o canal farma, o inverno é uma das épocas de maior procura tanto de medicamentos quanto de produtos de higiene e cuidados pessoais. O clima frio e seco na maior parte do País é responsável por tais mudanças. O mais importante para se obter os lucros desejáveis é estar preparado para a demanda, conhecer seu consumidor, ouvir fornecedores e, principalmente, antecipar tendências. Segundo especialistas do varejo, vários fatores precisam ser pensados para a composição e apresentação do mix de produtos, sobretudo para que não haja perdas. A sazonalidade é uma condição de mercado que tem de 92

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ser explorada. A começar pelo abastecimento de estoque, que deve ser feito de forma colaborativa com os fornecedores, distribuidores ou diretamente com fabricantes. Como eles trabalham com diversos pontos de venda, conseguem dimensionar melhor a demanda de cada um dos produtos de acordo com a região. Segundo o professor do Programa de Administração do Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração (FIA) da Universidade de São Paulo (USP), Nuno Fouto, a partir do histórico e controle de estoque do estabelecimento é possível calcular os fatores de sazonalidade e oferecer mix em quantidade de produtos adequados às necessidades de seus clientes. fotos: shutterstock


gestão

A operação deve saldar os gastos As reservas feitas durante todo o ano são resultado de uma boa administração de caixa e só devem ser utilizadas em casos essenciais. Os produtos de inverno e as ações promocionais e de marketing devem ser pagos preferencialmente com o dinheiro da operação. O professor do Programa de Administração do Varejo (Provar), Nuno Fouto, aconselha planejar o volume anual de despesas, ratear mês a mês e ir corrigindo os valores durante o ano de acordo com a capacidade de caixa. Dessa forma, é possível fazer reservas para os picos de demanda. No entanto, trabalhar o caixa significa também saber aplicar o dinheiro quando sobra e pagar pouco por ele quando falta. “Se houver planejamento e um bom relacionamento com os bancos, a farmácia pode conseguir capital de giro para compor seu mix a custos mais baixos e, dessa forma, manter seu caixa com liquidez”, afirma o professor. Para o superintendente da ECR Brasil, Cláudio Czapski, o ideal seria negociar com fornecedores condições comerciais que permitam pagar com as vendas para que não haja uma descapitalização. “O recomendável é que o máximo dos custos para a organização da farmácia nessa nova estação seja financiado pelo fornecedor, para que se empenhe o mínimo de capital próprio nessas ações”, aconselha. No entanto, como pequenos varejistas costumam fazer suas compras em distribuidores, muitas vezes conseguem preço, mas não têm prazo. Nesse caso, o conhecimento de sua clientela pode definir o investimento. “Depois de fazer uma análise, se ele achar que vale a pena investir uma parte de seu capital de giro em campanhas promocionais ou ações de PDV, deve ir em frente.” O relacionamento com o cliente é valor agregado e pode ser o diferencial do estabelecimento, por isso, vale o esforço extra para aumentar as vendas.

O diálogo com fornecedores e distribuidores é benéfico para se ampliar a porcentagem de acerto. “Quanto mais pontos tiver para colher informações, mais precisa ela será. A farmácia tem uma flutuação de demanda e, quando se juntam informações de vários pontos de venda (PDVs), a porcentagem de erro de aumento ou redução de compra de determinado produto diminui”, explica. Para o vice-presidente do Instituto Brasileiro e Executivos do Varejo (Ibevar), Eduardo Terra, a quantidade de produtos deve ser determinada com base em uma série histórica dos últimos cinco anos, do apelo promocional de cada item em vendas passadas, principalmente da mesma semana e mês do ano anterior. Além disso, é preciso ter as informações de como será esse inverno, no que diz respeito ao clima (se será mais ou menos rigoroso). Com isso é possível fazer uma previsão de vendas e, como consequência, um planejamento de compras. Negociar preços nem sempre é tarefa fácil. Segundo Fouto, os fornecedores têm propostas prontas, normalmente limite de prazos e descontos, como se fossem regras do varejo, mas não é impossível negociar. A seu favor o varejista tem algumas armas. O prazo de pagamento e o volume de compra podem mudar o preço. O espaço que será dado ao pro94

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duto, o esforço de comunicação e a exclusividade são ferramentas que podem ajudar a barganhar valores, mas para isso é preciso ter certeza de que o esforço valerá a pena. Prazos de pagamento também podem ser negociados. Segundo Terra, apesar de cada fornecedor ter uma política de prazos preestabelecida, o ideal é tentar o pagamento casado, ou seja, que pague o fornecedor apenas quando receber de seu cliente, ou o mais próximo disso, para que não seja necessário fazer uso do capital de giro.

Clima: trabalho de futurologia O varejo vive de sazonalidade; não há venda linear. Segundo Terra, é preciso reconhecer que isso faz parte da atividade. Ao mesmo tempo, é preciso ter um entendimento do segmento de atuação e da região. “Verão e inverno têm conceitos diferentes em cada região do País. No Sul e Sudeste, inverno é sinal de frio, no Norte e Nordeste é sinal de chuva; o varejista precisa ter isso em mente, principalmente se atua em diversos lugares”, afirma. Para o executivo da ECR Brasil, Cláudio Czapski, a mudança climática provoca comportamento diferenciado ou necessidades especiais no consumidor – o consumo desejado e o


forçado. O ideal é que um planejamento seja feito no início do ano. “Hoje as empresas têm condições de saber quais serão as condições climáticas das próximas estações, se o inverno será mais frio ou mais ameno. Empresas têm investido muito em previsão do tempo para não errar”, diz. Segundo Ângela Ruiz, do departamento de Comunicação da Climatempo, previsões de clima podem ser feitas com até um ano de antecedência por meio de modelos matemáticos. Diferente de previsões, conhecidas por todos, o clima pode ser antecipado com base em análises do clima local, dados meteorológicos e modelagens numéricas. A previsão climática é desenvolvida para uma região específica, descrevendo a tendência da chuva e da temperatura e discutindo as anomalias dessas variáveis. Essas análises são capazes de definir se o inverno, por exemplo, será mais frio ou mais ameno, acima ou abaixo da média por localidade. A própria Climatempo criou uma consultoria específica para a indústria farmacêutica. Entre outros serviços, a empresa oferece uma projeção de consumo baseado em parâmetros de correlação do histórico de vendas com as variáveis do clima.

“Com ele, é possível compreender de forma detalhada o impacto das condições do tempo e do clima na lucratividade da empresa, possibilitando tomadas de decisões estratégicas na produção e no marketing”, afirma Ângela.

Ação promocional “O varejo brasileiro é muito promocional”, afirma Eduardo Terra. Ele explica que não se deve achar que um produto que estava em superpromoção e vendeu muito no ano passado irá vender mais ou na mesma quantidade neste inverno sem uma ação promocional mais agressiva. Não basta ter vitamina C para ser sucesso de vendas; tudo tem de estar casado: o calendário e as ações promocionais. Segundo Cláudio Czapski, essas campanhas e ações no PDV também podem ser negociadas com os fornecedores. Elas devem informar que tipo de comunicação será feita para que o consumidor deseje fazer aquela compra, mas ainda assim é preciso conhecer a clientela para não errar no produto a ser exposto e acabar tendo prejuízos. A vice-presidente executiva e sócia da ShopperAge, Juliana

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Quando o produto ainda é desconhecido, é preciso potencializar a comunicação e saber qual o desejo do consumidor para se comunicar corretamente com ele. valem displays, totens, e outros materiais que chamem a atenção na entrada da loja Nappo, explica que, quando o produto é específico para aquela época, a própria indústria prepara a ação promocional. Cabe ao varejista escolher dentro do pacote oferecido aquelas que são mais interessantes para o seu negócio e avaliar, com base nessas escolhas, a relação investimento/benefício.

Lançamentos As novidades devem movimentar as vendas na farmácia, pois os compradores, segundo informa a consultora de varejo e shopper insights Fátima Merlin, são movidos a inovação. Porém, é preciso que eles tenham conhecimento do produto. A dica, nesse caso é comunicar-se com o consumidor com alguma antecedência, deixar que ele se acostume com o produto e comece a pensar na compra. “É como ir dizendo ao seu cliente ‘você precisará disso ou vai ter de ter esse produto na sua cesta de compras’”, explica Fouto, do Provar. No entanto, os lançamentos trazem outra preocupação: a quantidade. Para saber o que ter no estoque, Eduardo Terra, do Ibevar, sugere usar o conceito de proxy, que significa fazer a análise baseado no histórico de um produto semelhante ou parecido. O resultado não será exato, mas evita perdas maiores. Quando o produto ainda é desconhecido, é preciso potencializar a comunicação e saber qual o desejo do consumidor para se comunicar corretamente com ele. Valem displays, totens, e outros materiais que chamem a atenção na entrada da loja, mas isso também depende do pú96

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blico e do espaço disponível em loja. Alguns estabelecimentos podem Quando o produto é específico para preferir expor o lançamento no fiaquela época, a nal da loja, ou bem no centro; o própria indústria prepara a ação importante é que ele saiba que o promocional produto está disponível. Segundo Juliana, o lojista tem de definir o critério a partir de histórico de vendas e de consumidores. Por isso, é preciso estar cada vez mais atento a quem está entrando na loja, quais seus anseios e como são suas compras.

Exposição do mix Planejamento feito, estoque garantido, ações promocionais definidas, mas qual o momento certo de expor o novo mix nas gôndolas? Segundo Eduardo Terra, do Ibevar, na primeira onda de frio, que normalmente acontece em maio nas regiões Sul e Sudeste do Brasil. “Antes disso não faz sentido ocupar as gôndolas com produtos sem apelo”, diz. A exposição nas gôndolas também é muito relevante para que aumentem as vendas. Fátima Merlin explica que o varejista deve trabalhar orientado pelo cliente e para isso tem de pensar como consumidor em todas as etapas de sua jornada de compras. A executiva define essa jornada em quatro estágios. O primeiro deles é a pré-compra, isto é, os chamarizes para levar o consumidor à farmácia, seguidos de sinalização e organização da loja, passando pelo relacionamento com o cliente na exposição do produto e finalizando com conversão de todas as ações na compra do produto. Para que isso aconteça, o varejista deve tomar alguns cuidados simples. Segundo Juliana, da ShopperAge, os chamarizes podem ser produtos próprios para o inverno. A chamada categoria destino, nesse caso, são pastilhas, chás, hidratantes ou as promoções. Alguns varejistas preferem trabalhar a categoria destino no final da loja, para que o consumidor possa conhecer todo o estabelecimento e o seu mix. Essa é uma estratégia que pode funcionar, mas novamente, é preciso conhecer seu público. Além das promoções, pontas de gôndola, ilhas e displays, o cliente também deve encontrar o produto em seu ponto natural, que deve ser bem sinalizado. Nas prateleiras é importante que o consumidor ache soluções completas. “Um exemplo simples para isso e que se aplica a algumas categorias de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) é o xampu. O consumidor vai procurar um xampu para cabelos secos. Na mesma gôndola ele deve achar o condicionador, um tratamento para aquele tipo de cabelo, o creme para pentear e assim por diante”, conta Juliana.


ponto de venda

Estoque em dia A falta de produtos é uma falha recorrente e grave que, além de inibir as vendas, prejudica o relacionamento com o consumidor

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A ruptura de estoque, ou seja, a falta de um produto à venda na loja é extremamente prejudicial para o varejo. Um estudo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) mostra que ao chegar ao ponto de venda e não encontrar o que procura 17% dos shoppers adiam a compra e 11% desistem dela. Mais importante, porém, é que 37% buscam outro estabelecimento, com sérias consequências para a fidelização. No varejo farmacêutico o prejuízo pode ser ainda maior. “Naturalmente, não encontrar o que se procura, seja em uma farmácia ou em qualquer outro segmento do mercado, gera insatisfação. No caso de me-

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Por Natáli a Kf uri

dicamentos, entretanto, a reação é acompanhada da preocupação pela saúde do paciente, o que é muito mais grave”, avalia a gerente sênior da área de Life Science e Healthcare da Deloitte, Ângela Morais Lopes. Ela explica que a ausência de um item do receituário pode gerar a desistência da compra dos demais medicamentos prescritos, comprometendo ainda mais clientes e empresas. Mas, além de inibir vendas, o problema pode prejudicar – de maneira irreparável – o relacionamento com o consumidor. Isso porque há um fator que em geral não está nas estatísticas: quantos desses clienfotos: shutterstock


para atender à demanda de um consumidor cada vez mais exigente, os pontos de venda contam, em média, com seis mil medicamentos éticos, três mil vendidos sem receita (otcs/mips) e entre dois e três mil artigos de higiene pessoal e beleza tes insatisfeitos resolvem trocar definitivamente o ponto de venda? “Alguns aspectos são mais difíceis de mensurar. A substituição de marcas, por exemplo, ou mesmo a mudança do local da compra deve ser observada e, em casos mais críticos, chega a ser uma decisão categórica”, afirma Ângela. Por isso, uma gestão eficaz do estoque é fundamental para garantir a saúde do negócio. É necessário, de acordo com o perfil da loja e características dos shoppers, adotar estratégias para minimizar a ruptura e seus efeitos. O setor responsável pela movimentação dos produtos deve realizar um monitoramento detalhado, já que, segundo os especialistas, as faltas são geradas não apenas por um fato isolado, mas por um conjunto de situações que percorrem processos, pessoas, fornecedores e tecnologias.

Gestão do estoque Para o professor e chefe do Departamento de Operações e Logística da Fundação Getulio Vargas (FGV), Orlando Cattini Junior, os erros de controle e de perdas são os principais motivos das deficiências. “Somente as perdas são estimadas em até 1% do faturamento para farmácias e drogarias”, aponta. E, ao contrário do que normalmente se imagina, os maiores problemas não decorrem da falha de suprimento pelos fornecedores. Estudos indicam que isso ocorre somente 28% das vezes. O professor comenta que “em 72% dos casos o artigo está na prateleira errada e o cliente não o acha ou o produto não foi reposto, apesar de disponível no ponto de venda. Outro deslize comum é o item estar em outra unidade ou no centro de distribuição e não ser enviado à loja que dele necessita”. Entretanto, esses aspectos podem ser identificados pelo gestor da farmácia. “Além de manter contato direto com o consumidor, ele é o responsável pelo treinamento e acompanhamento da equipe de vendas. Esta, aliás, quando bem preparada, ajuda muito. É fundamental também investir em sistemas inteligentes e integrados, de fácil navegação e compreensão pelos operadores, sejam eles vendedores, repositores ou estoquistas, para que registrem o histórico de saídas e sugiram compras e reposições de ma-

Um neira correta”, pondera Cattini Junior. monitoramento De acordo com a gerente da Depermanente e loitte, Ângela Lopes, os processos assertivo pode medir a dimensão das devem ser mapeados e seguidos para falhas em cada garantir a eficiência da operação da setor empresa. “Quando isso não ocorre, temos, por exemplo, divergências no recebimento e conferência de mercadorias, entrada errada de notas fiscais e armazenamento ou abastecimento inadequado.” O coordenador do Núcleo de Estudos e Negócios de Varejo da ESPM, Ricardo Pastore, lembra ainda que o problema é consequência de uma dificuldade de gestão característica do setor. “É um segmento que trabalha com uma variedade muito grande, o que resulta em um alto grau de ruptura, algo em torno de 8% a 10%, dependendo do produto de consumo. Mas é possível adotar ações para diminuir ao máximo esse percentual”, diz. No caso das farmácias, para atender à demanda de um consumidor cada vez mais exigente e acompanhar as inovações do mercado, os pontos de venda contam com um mix crescente e diversificado. Estima-se que uma loja tenha, em média, seis mil medicamentos éticos, três mil medicamentos isentos de prescrição (MIPs) e entre dois e três mil artigos de higiene pessoal e beleza. Mas um monitoramento permanente e assertivo pode medir a dimensão das falhas em cada setor, além de permitir adequações. “Um aspecto a ser considerado, que muitas vezes não é observado, é o perfil dos clientes. Isso também definirá a variedade de itens”, orienta Ângela. É uma dica importante inclusive para as lojas menores, acrescenta. “As farmácias de bairro, por exemplo, costumam atender clientes residentes ou frequentadores da região onde estão instaladas. Nesse sentido, estabelecer um relacionamento mais próximo e conhecer a necessidade desses consumidores é relevante para manter os produtos disponíveis para a venda.” Pastore concorda com a especialista sobre a necessidade de fazer uma adequação. “O estoque é, sem dúvida, o custo mais elevado de um negócio. Mais da metade do que se fatura é gasto com ele. Por esse motivo, o responsável pela reposição precisa alcançar o maior nível de equi2013 março guia da farmácia

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ponto de venda

líbrio possível, ou seja, não comprar em excesso, onerando a loja, mas em quantidade suficiente para que não se tenham faltas”, diz. Segundo o profissional, um fator importante é calcular corretamente o tempo de reposição. “Se eu levo dez dias para receber um determinado artigo e o compro uma vez por mês, então eu devo considerar que o meu período de reposição é de 40 dias”, exemplifica.

Nível de serviço Outra medida para minimizar ao máximo as rupturas é determinar quais são os níveis de serviço que a empresa quer alcançar. “Deve ser estabelecido o percentual em que se atende integralmente à primeira solicitação do consumidor. Um nível de serviço de 95%, ou seja, em que 95% dos clientes são atendidos em seus pedidos iniciais, é muito bom”, explica o professor da FGV, Orlando Cattini Junior. Após essa avaliação, o próximo passo é procurar atuar dentro desses parâmetros preestabelecidos. “Mas vale ressaltar que em uma farmácia os índices para medicamentos éticos com certeza devem ser diferentes daqueles vendidos sem receita e de artigos de higiene pessoal.” Em relação aos controlados, por exemplo, o consumidor não adquire os medicamentos se não for atendido em todos os tópicos da receita, que deverá ser retida no ponto de venda. “Neste caso, para manter a meta de 95%, cada item de uma receita, que tem em média três itens, deverá ter um nível de serviço de 98,4%”, completa.

Fornecedores O gerenciamento dos produtos à venda não fica limitado apenas à farmácia. Depois de uma avaliação cuidadosa das possíveis ingerências e melhorias nos processos, é necessário alinhar as demandas com os fornecedores, que também têm papel importante. Sem eles, de nada adianta todo o esforço para aperfeiçoar os estoques. As compras precisam chegar com os prazos e padrões de qualidade estabelecidos para que toda a gestão seja realizada de maneira apropriada. Apesar de estudos apontarem que somente em 28% dos casos a ruptura ocorre por dificuldades 100

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como otimizar estoques para evitar a ruptura • Conheça a sua farmácia e cuide da correta exposição dos produtos. • Conte e organize regularmente o estoque. • Confira o histórico de vendas diariamente. • Crie uma rotina para a análise das categorias que a sua loja possui. • Confira se o fornecedor realmente tem o produto ofertado. • Mantenha um histórico completo dos fornecedores e desenvolva parcerias. • Não deixe a mercadoria acabar para realizar novas compras. • Promova treinamentos periódicos com vendedores, estoquistas e repositores. • Reforce a importância da correta reposição de mercadorias. • Sempre apresente os novos produtos para a sua equipe. Fontes: ESPM, FGV e Desenvolva Consultoria e Treinamento


ponto de venda

de suprimento pelos fornecedores, é essencial estabelecer parcerias éticas com a cooperação desses profissionais e dos serviços que oferecem. “Os fornecedores fazem parte da cadeia e influenciam diretamente na garantia da manutenção dos estoques. Por isso, desenvolver e homologar parceiros são ações importantes para ter o cumprimento de prazos de entrega e a qualidade dos itens comprados, minimizando as faltas e avarias. Além disso, nas negociações de preços e prazos de pagamento é imprescindível avaliar o histórico dos fornecedores no mercado, o mix e os serviços ofertados”, recomenda a gerente da Deloitte, Ângela Lopes. Ao mesmo tempo, é possível ajustar os processos de aquisição de acordo com as necessidades da loja. “Hoje, as compras são mais frequentes. Há estabelecimentos que compram toda semana ou mesmo todos os dias. No caso, desodorantes e cremes dentais têm um giro alto e implicam uma reposição constante, mas se realizada de maneira frequente, evita a necessidade de grandes reservas e, eventualmente, algum tipo de capital parado”, sugere Ricardo Pastore, da ESPM. Ainda, de acordo com professor da FGV, Orlando Cattini Junior, parte do trabalho do fornecedor é compreender e atender às particularidades do ponto de venda. “O parceiro deve conhecer as demandas do es-

necessário fazer o pedido. Quando as reservas atingem o ponto de segurança, o sistema dispara um pedido automaticamente, o que sem dúvida evita riscos”, revela Pastore.

Cuidados essenciais É consenso entre os profissionais que um gerenciamento eficiente requer um trabalho conjunto e implica um diagnóstico completo dos processos operacionais e administrativos seguidos pela empresa. Desde a escolha dos parceiros até a adoção de softwares de controle, o gestor da farmácia precisa estar atento às necessidades de seus clientes e à saúde financeira do negócio, garantindo, assim, estoques apropriados ao giro mensurado no mês e o bom desenvolvimento das vendas. Cuidados como o treinamento constante das equipes, reforçando a importância da correta reposição de mercadorias, são imprescindíveis. Além disso, é recomendado sempre comunicar os funcionários sobre a chegada de novidades, já que alguns atendentes, muitas vezes, informam que não têm o item, mas na verdade não o conhecem. A correta disposição dos produtos é outro fator que merece atenção especial. Um layout bem organizado não só ajuda a identificar com maior facilidade as faltas como evita que o cliente não encontre o artigo que procura. Os itens devem ser dispostos de acordo com a categoria e com o volume de vendas. A adoção destas ações permite evitar a ruptura, afastando as perdas financeiras. Ainda não há números conclusivos so-

o estoque é, sem dúvida, o custo mais elevado de um negócio. mais da metade do que se fatura é gasto com ele. por esse motivo, o responsável pela reposição precisa alcançar o maior equilíbrio possível, ou seja, não comprar em excesso, onerando a loja, mas em quantidade suficiente para que não se tenham faltas tabelecimento, assegurar rapidez na reposição e sugerir, com base em sua experiência e em casos semelhantes que estejam ocorrendo, possíveis compras e estocagens. Não adianta ele priorizar as suas metas de venda no mês se o produto não tiver giro comercial naquela loja, o que acaba inviabilizando as próximas compras do varejista.” O uso de tecnologias e softwares especializados também é uma boa opção. Já existem, inclusive, sistemas que interligam as farmácias com a reposição. “Não é 102

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bre o prejuízo causado pelo erro no varejo farmacêutico, mas estimativas apontam que, para uma margem bruta de 30% do faturamento e compras de três tópicos por receita, a perda seja de 10%. De acordo com Cattini Junior, isso corresponde a aproximadamente 3,5% do faturamento da loja. Em contrapartida, reforça Pastore, as vantagens de uma gestão eficaz de estoque podem ser rapidamente percebidas. “Normalmente, alguns ajustes básicos no gerenciamento podem oferecer um crescimento de 10% a 15% nas vendas”, estima o especialista.


tabagismo

Cortina de

fumaça Os riscos do cigarro já não são segredo para ninguém, mas mesmo assim cinco milhões de pessoas morrem todos os anos devido a doenças relacionadas ao vício. Força de vontade, aliada a tratamentos medicamentosos, é a melhor saída

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P o r f l áv i a c o r b ó

Quem vê a farmacêutica Maria Aparecida Nicoletti, responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), falar com firmeza sobre os perigos do cigarro não imagina que ela um dia já foi fumante. “Comecei a fumar quando jovem, em uma época que o cigarro tinha algumas representações simbólicas para a minha geração, como status, liberdade, sensualidade, e não se tinha a divulgação de seus malefícios como temos atualmente”, relata a farmacêutica, que abandonou o vício ao ver uma entrevista esclarecedora com o Dr. Adib Jatene. Hoje, o cigarro já não possui mais uma aura de charme e glamour, apenas o estigma de um produto prejudicial à saú-

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de, que possui forte odor e fumaça incômoda. Mas ainda assim, 1,2 bilhão de pessoas carregam o vício ao redor do mundo. Desse total, 23,8 milhões são brasileiros, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca). Assim como Maria Aparecida, a maioria dos brasileiros começa a fumar regularmente no início da vida adulta, em média por volta de 18 anos. No entanto, a experimentação ocorre em idades mais jovens. “O acesso facilitado aos cigarros e o fato de poder comprá-los de forma avulsa podem estar contribuindo para a experimentação e o início do fumo entre os adolescentes”, alerta o técnico epidemiologista da Divisão de População do Inca, Andre Sklo. Outro dado notado nas pesquisas sobre tabagismo é que o percentual de fumantes diminui à medida que cresce o número de anos completos de estudo. Pessoas com 11 anos de escolaridade ou mais apresentaram cerca de metade do percentual de usuários de tabaco quando comparadas às pessoas sem instrução. “Uma relação igualmente inversa foi observada entre o consumo dos produtos de tabaco e a renda (menos de 1/4 de salário mínimo, 23,1% de fumantes; dois ou mais salários mínimos, 13,3%)”, explica Sklo. Mas independentemente da classe social ou escolaridade, o cigarro é implacável. Todos os anos cerca de cinco milhões de pessoas morrem em decorrência do uso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A cada hora, 23 brasileiros perdem a vida devido a uma das 52 doenças associadas ao tabagismo. E o perigo ronda inclusive quem nunca colocou um cigarro na boca. Ainda de acordo com a OMS, são estimadas cerca de 600 mil mortes anuais entre os indivíduos não fumantes expostos à fumaça do cigarro.

Melhora à vista Apesar de o número de consumidores de cigarro ser alto, considerando o tamanho da população brasileira e o número absoluto de fumantes atuais, os estudos são unânimes em apontar que o vício vem perdendo adeptos a cada ano que passa. Em 1989, uma pesquisa do governo federal que cobriu as áreas urbanas e rurais do País (com exceção da área rural da região Norte) encontrou uma prevalência geral de tabagismo entre indivíduos com 18 anos ou mais de idade de 33,4%, o que representava, na época, aproximadamente 27,7 milhões de fumantes. Após quatorze anos, uma outra pesquisa com a mesma cobertura do estudo realizado em 1989, a prevalência de tabagismo, entre indivíduos de faixa etária semelhante, já havia caído para 21,9%. Em 2008, quando foi realizada o último estudo de tamanha abrangência, o percentual chegou a 17,9% da população total. 106

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farmacêuticos podem ajudar? O constante contato com o consumidor deixa o farmacêutico em uma posição relevante na campanha de combate ao cigarro. O profissional pode lançar mão de diversas ferramentas que auxiliem na educação em saúde, bem como na divulgação dos malefícios do fumo. “As possibilidades são inúmeras e a criatividade poderá desencadear uma enormidade de ações inovadoras no combate ao tabagismo”, incentiva a farmacêutica Maria Aparecida Nicoletti. Confira algumas dicas da farmacêutica: • Por meio de parcerias com os centros de saúde ou hospitais próximos, o farmacêutico pode desenvolver campanhas específicas antitabagistas e com a orientação ao fumante. • Cartilhas com a representação dos principais malefícios da utilização do cigarro podem orientar as crianças, que, por terem uma frequência respiratória mais elevada, são as mais atingidas pela inalação da fumaça. • Televisores dispostos próximos aos caixas permitem que o consumidor assista a vídeos relacionados às campanhas antitabagistas, enquanto aguarda na fila. As perspectivas otimistas também foram confirmadas em uma publicação recente da revista Lancet, que comparou os resultados de 16 países que conduziram a Global Adult Tobacco Survey. O Brasil foi o que apresentou a menor estimativa pontual de consumo de produtos derivados de tabaco que emitem fumaça entre os homens. Já entre as mulheres, o País foi o sétimo maior consumidor. No total, apresentou a terceira menor proporção de fumantes (abaixo apenas da Índia e do México).

Esforços conjuntos A queda do número de fumantes brasileiros está principalmente relacionada a políticas públicas que afetam o bolso do consumidor. Já as campanhas de conscientização parecem não surtir efeito tão significativo, segundo levantamento da SimSmoke, organização que tenta entender as políticas públicas de saúde e controle do tabagismo na prevalência de fumantes.


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tabagismo

cigarro x saúde

Infográfico: Mariana Sobral

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1. A fumaça do cigarro contém cerca de 4,7 mil substâncias químicas. A nicotina é a única que provoca dependência, mas outros diversos componentes são cancerígenos e aumentam as chances de doenças cardiovasculares. 2. Quando uma pessoa traga um cigarro, a fumaça percorre a boca e a garganta, até chegar aos pulmões. 3. A fumaça se espalha pelos brônquios e se distribui no interior do pulmão até alcançar os alvéolos, que passam as substâncias rapidamente para a circulação sanguínea. 4. Na corrente sanguínea, os componentes do cigarro se espalham pelo corpo inteiro e atingem o cérebro, onde exercem sua ação viciante. O tabagismo é responsável por 30% das mortes por câncer, 90% das mortes por câncer de pulmão, 25% das mortes por doenças coronarianas, 85% das mortes por doença pulmonar obstrutiva crônica e 25% das mortes por doença cerebrovascular.

Fontes: Dr. Oliver Nascimento, da Unifesp e OMS

Dados apontam que 50% da redução da proporção de fumantes, observada entre 1989 e 2008, foi devida à política de preços e impostos, 14% da queda da prevalência ocorreu pela restrição do marketing (como a proibição da propaganda nos meios de comunicação), 14% pela proibição em determinados ambientes, 10% devido aos programas de tratamento, 8% às advertências e 6% às campanhas de conscientização. “Tivemos grandes avanços nas campanhas antitabagismo. A proibição de fumar em lugares fechados foi uma iniciativa de vanguarda e que merece ser enaltecida. Mas acredito que algumas outras medidas deveriam ser intensificadas como, por exemplo, campanhas nas escolas desde o maternal, passando pelo ensino fundamental e médio”, opina Maria Aparecida Nicoletti. E apesar de todo brasileiro ter direito a um tratamento antitabagista pela rede do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo o consumo gratuito de medicamentos, o pneumologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dr. Oliver Nascimento, julga que o programa apresenta falhas. “A dispensação realizada nos municípios é insuficiente e ainda falta medicamento para dar continuidade ao tratamento”. 108

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Ajuda extra O desejo de parar de fumar é muito importante para que o abandono do vício seja efetivo; algumas vezes, o uso de medicamentos é fundamental. De acordo com o Dr. Oliver, quando uma pessoa tenta parar de fumar sozinha, a taxa de êxito é de 5%. Com medicamento, as chances aumentam em 30% – seis vezes mais. A combinação entre força de vontade e medicação é o caminho menos árduo. O tratamento mais difundido é a reposição de nicotina. São adesivos, gomas de mascar ou pastilhas que substituem a nicotina do cigarro. Em vez de ingerir as 4,7 mil substâncias nocivas contidas no cigarro, o indivíduo troca apenas pela nicotina. Com duração de 12 semanas, o tratamento faz com que a pessoa perca a sensibilidade ao cigarro e o hábito de fumar. A rede pública de saúde também disponibiliza o tratamento com Buprobriona, um antidepressivo que age no cérebro, aumenta a produção de dopamina e diminui a sensação de dependência. “Há ainda a opção do uso da vareniclina, substância que se liga a um receptor de nicotina do cérebro e faz o cigarro perder sabor, diminuindo o prazer em fumar”, relata o Dr. Oliver.


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Climatério: inicia-se uma nova fase na vida da mulher

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Com a transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva, mulheres podem apresentar algumas queixas, como ondas de calor ou queda da libido. Entenda esse período e saiba orientar para uma melhor qualidade de vida

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P o r k at h len r a m os

De modo geral, as mulheres que estão chegando à fase do climatério têm uma série de receios e dúvidas a respeito desse período. Mesmo porque um mito muito grande está solidificado em relação à queda da qualidade de vida quando se chega a esse estágio ou à menopausa. Ouve-se falar que é a ‘porta de entrada’ para o envelhecimento, culminando na perda da atratividade e o comprometimento da sexualidade, obesidade e até para o risco maior de câncer, em especial o de mama. Mas, felizmente, a ciência comprova que é possível, sim, entrar nesse período com saúde e bem-estar. Basta entender o momento pelo qual o corpo está passando e ter a orientação de um médico que mostrará o melhor caminho, caso algum sintoma desagradável apareça. “É importantíssimo que a mulher entenda o que vai acontecer. Quando essa fase se inicia, começa o sentimento de achar que está tudo anormal, o que provoca ansiedade. Por conta disso é fundamental realizar consultas de rotina com um especialista”, explica a ginecologista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-CAMP) e especialista em ginecologia e obstetrícia com título reconhecido pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Dra. Denise Gomes. O climatério é o período de transição na vida da mulher entre a fase reprodutiva e a perda da capacidade de reprodução, na qual os ovários não conseguem mais liberar óvulos para concepção. Ele tem início alguns anos antes do final da menstruação, que é o período compreendido por menopausa. “Não há uma idade

predefinida para o início do climatério. Porém a idade pode ser a partir de 40 anos, culminando com a suspensão do fluxo menstrual (menopausa) entre 48 e 52 anos”, constata o ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Assunção, Dr. Luis Henrique Silva. Com a falência dos Dra. Rosa, do Centro de Endometriose ovários na produção dos São Paulo, explica hormônios estrógeno e que a menopausa progesterona, a mulher causa alterações pode apresentar alguns hormonais sintomas, conforme explica a diretora do Centro de Endometriose São Paulo, Dra. Rosa Maria Neme. “Os principais sintomas que podem ocorrer são os fogachos (ondas de calor), insônia, alteração da textura da pele e cabelos, queda de cabelo, alterações de humor (principalmente depressão) e dores articulares”, revela, complementando que também podem ocorrer mudanças na vida sexual da mulher, como diminuição da libido e da lubrificação vaginal. “Essas alterações ocorrem porque, além da ausência de produção de estrógeno e de progesterona, há também queda da produção de testosterona, responsável pelo desejo sexual. Além disso, a lubrificação vaginal fica bastante comprometida pela falta de estrógenos, causando dor na penetração principalmente durante o ato sexual”, explica a Dra. Rosa. De modo geral, os sintomas do climatério tendem a diminuir de intensidade após a menopausa, mas alguns deles persistem, como o ressecamento vaginal, que pode ser tratado. “Nesse caso, é necessária a utilização de cremes vaginais ou lubrificantes amenizadores da sintomatologia”, destaca o Dr. Luis Silva.

Reposição hormonal: prós e contras A Terapia de Reposição Hormonal (TRH) surgiu como um modo de tratamento para mulheres que apresentam os sintomas do climatério de maneira mais intensa. Além de ser usada para combater os sintomas vasomotores (que afetam a temperatura corporal), também pode ser usada para tratamento da atrofia gênito-urinária (que traz dor durante a relação sexual ou ressecamento vaginal, por exemplo) ou até a prevenção à osteoporose. O professor 2013 março guia da farmácia

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menopausa

Menopausa saudável e livre de sofrimento É recomendado às mulheres: • Realizarem todos os exames solicitados pelo médico, incluindo controle de glicemia, colesterol, vitamina D e cálcio, bem como mamografias e exames pélvicos (ultrassom, colpocitologia oncótica). • Evitarem alimentos industrializados e manterem uma dieta rica em verduras e gorduras saudáveis como as que vêm do salmão, do abacate e do azeite de oliva. • Começarem a praticar exercícios físicos para evitar o ganho de peso no período. Andar é um excelente exercício. • A prática regular de sexo também aumenta o desejo sexual e faz com que a lubrificação aumente. Caso prefiram utilizar algum produto lubrificante, deve-se conversar com o médico, que indicará a opção mais adequada. • Conversarem com o médico sobre os prós e contras do uso da terapia de reposição hormonal, para melhorar os sintomas. • Dormirem o suficiente, já que a falta de sono pode contribuir para a confusão mental e baixa libido, problemas frequentemente associados à menopausa. • Desenvolverem e manterem bons hábitos de sono, a fim de combater potenciais problemas de insônia causados por quedas nos níveis de estrogênio. • Desafiarem o cérebro com leituras, exercícios de memória, palavras cruzadas e outros tipos de jogos de raciocínio, pois isso pode ajudar a diminuir o risco de perda de memória durante a menopausa. Fonte: Dra. Angela Fonseca, professora associada da clínica Ginecológica do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade e Medicina da USP

titular da ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC e presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp), Dr. César Eduardo Fernandes, lembra que as atuais recomendações da classe médica e científica sugerem que a TRH siga alguns critérios. “Essa terapêutica deve ser iniciada tão logo a mulher apresente os sintomas da menopausa; é indicada para tratar fogachos, irritabilidade, alterações menstruais, atrofia urogenital, ressecamento vaginal e pre11 4

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venção da osteoporose; deve ser individualizada de acordo com as necessidades de cada paciente; e recomenda-se utilizar a menor dose eficaz”, enumera. Apesar de todos os seus benefícios, a TRH pode trazer, sim, alguns riscos. Um deles Dra. Denise, dá conta de que seu da PUC-CAMP, uso continuado pode aconselha a busca de orientação de aumentar as chances especialista de se desenvolver câncer de mama. No entanto, esses riscos são menores do que se imagina. “Estudo recente mostrou que depois de cinco anos as usuárias de terapêutica combinada (estrogênio com progesterona) têm um incremento de incidência de câncer de mama de oito excedente de 30, que naturalmente existem em cada 10 mil mulheres por ano”, explica o presidente da Sogesp. No entanto, é preciso investigar o histórico da paciente. “É necessário efetuar uma boa avaliação do custo-benefício dessa paciente potencialmente candidata a TRH, pois está formalmente contraindicada para antecedentes familiares ou pessoais de câncer de mama ou que apresentam alto risco para tromboses”, alerta o Dr. Luis Silva, do Hospital e Maternidade Assunção.

Acompanhamento médico e hábitos saudáveis Após a menopausa é essencial que a mulher continue a realizar visitas regulares ao ginecologista. “Com o acompanhamento médico, é possível melhorar a qualidade de vida dessa mulher no período de transição ou mesmo identificar algumas doenças mais prevalentes nessa fase”, diz o especialista do Hospital e Maternidade Assunção, destacando que os exames preventivos mais comuns nessa fase da vida da mulher são o papanicolau e a mamografia. Também podem ser necessárias as dosagens hormonais e densitometria óssea, como forma de prevenir uma fratura prematura. “No período do climatério e com a chegada da menopausa, a mulher precisa ter um acompanhamento mais próximo do que antes. Mas, infelizmente, aquelas


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A ciência comprova que é possível, sim, entrar nesse período com saúde e bem-estar. basta entender o momento pelo qual o corpo está passando e ter a orientação de um médico que mostrará o melhor caminho, caso algum sintoma desagradável apareça

que se tratam no sistema público de saúde costumam não ter o acompanhamento devido nessa fase e só procuram o médico quando se instaura um quadro irreversível”, adverte o Dr. Domingos Mantelli. Também é essencial que a mulher se mantenha ativa e com hábitos saudáveis. “A prática de atividades físicas reduz a ansiedade e restabelece o humor, prevenindo o aumento de peso e a perda de massa óssea, por exemplo. Mas é importante que se procure uma atividade que dê prazer. Vale ainda ter uma alimentação rica em cálcio, com vitaminas diversas, com frutas, saladas e proteínas magras, além de evitar bebidas alcoólicas, cigarro e café em excesso. Também é importante deixar a mente trabalhando sempre”, orienta a Dra. Denise Gomes.

A dieta ideal O controle do peso das mulheres na pós-menopausa deve ser feito por meio de orientação nutricional, na prática regular de exercícios e, muitas vezes, no tratamento medicamentoso. “A orientação nutricional baseia-se no controle das calorias ingeridas, ou seja, na reeducação alimentar. As mulheres devem vencer a inatividade e praticar exercícios regularmente, sempre orientadas pelo médico. Finalmente, quando necessário, o médico prescreverá medicamentos concomitantes”, explica o Dr. Fernandes. O ginecologista e obstetra Luis Henrique Silva, do Hospital e Maternidade Assunção, faz apenas uma ressalva em relação à dieta e 11 6

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medicamentos para emagrecer. “É importante melhorar a ingestão de alimentos que contenham cálcio, além de diminuir a ingestão de elementos que dificultem a sua absorção pelo organismo como, por exemplo, o café, com máximo de duas xícaras por dia. Além de outras práticas saudáveis como manter a mente sempre ocupada, não fumar, evitar bebidas alcoólicas em demasia, principalmente destilados, e diminuir a ingestão de alimentos gordurosos. Atenção às fórmulas para emagrecer que aceleram o metabolismo, e aos corticosteroides em excesso, muito utilizados como anti-inflamatórios, mas que diminuem a qualidade dos ossos”, avisa. Para evitar a osteoporose, o consumo de cálcio é fundamental e mostra-se ainda bastante enfraquecido entre as mulheres. “Admite-se que menos de 25% da população adulta apresente consumo adequado de cálcio. A maioria das mulheres recebe 500 mg ou menos de cálcio por meio de suas dietas, quantidade que está abaixo dos requisitos nutricionais diários recomendados para mulheres na transição menopáusica ou no período da pós-menopausa, que necessitam de cerca de 1.000 a 1.500 mg de cálcio ao dia”, alerta o presidente da Sogesp, destacando que esta quantidade de cálcio pode ser obtida por meio de fontes nutricionais, especialmente de leite ou derivados, ou através de suplementos.


depressão

Tristeza

sem fim

Cura pode ter diversas frentes, passando por psicólogos, psiquiatras e medicamentos. Saiba orientar os clientes sobre os principais sinais e riscos na falta de tratamento P o r k at h len r a m o s 11 8

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Ouve-se dizer que a depressão é uma doença diretamente relacionada à vida moderna, mas isso é uma inverdade. O fato é que algumas características do mundo contemporâneo podem deixar as pessoas mais suscetíveis ao desenvolvimento dessa patologia, que sempre existiu. “A depressão é descrita desde a Grécia antiga, quando recebeu o nome de ‘melancolia’. Hoje o que é visto é que a doença tem início cada vez mais cedo e que fatores como estresse, violência urbana, guerras e pobreza extrema aumentaram a sua incidência”, afirma a psiquiatra coordenadora científica do Programa de Reconhecimento e Intervenção em Estados Mentais de Risco (PRISMA), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Dra. Elisa Brietzke. “As pessoas relacionam a depressão com a vida moderna, mas, na verdade, donas de casa do século XVII podiam sofrer com essa doença, mesmo sem ter de conciliar o trabalho externo com os afazeres fotos: shutterstock


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Como se dá o diagnóstico? Segundo as Diretrizes da Associação Médica Brasileira (AMB, 2001), identifica-se a depressão, de forma prática, por meio de respostas afirmativas às questões: Durante o último mês: • Você se sentiu incomodado por estar “para baixo”, deprimido (ou desanimado) e sem esperança? • Você se sentiu incomodado por ter pouco interesse ou pouco prazer em fazer as coisas? Completam essa identificação as questões: • Tem se sentido com pouca energia? • Tem notado perda de interesse pelas atividades? • Tem tido menos autoconfiança? • Tem se sentido desanimado ou descrente quanto ao futuro? • Tem dificuldade de concentração? • Tem pouco apetite ou está emagrecendo? • Tem acordado mais cedo que o habitual? • Está mais lento? • Sente-se pior pela manhã? Fonte: Dra. Carmita H. N. Abdo

da casa e família. O que ocorre é que hoje há mais informação sobre como a depressão se manifesta e também maneiras melhores e mais rápidas de se diagnosticá-la. O estresse e as exigências altas da vida moderna podem facilitar o aparecimento da depressão em uma pessoa que tenha tendência genética”, reforça a psicóloga clínica e neuropsicóloga, coautora do livro Treinamento de atenção e memória em esquizofrenia (Editora Artmed), Lívia Pontes. As causas da depressão são diversas. “Ela é uma grande síndrome que desenvolve uma série de sintomas. Pode ser causada por medicamentos; por uma perda muito grande, como a dos pais ou filhos; por trauma no cérebro; ou por disfunção da tireoide, por exemplo. Daí a importância da avaliação médica para que se identifique a origem e a diferencie de uma tristeza passageira”, afirma o assessor da presidência da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Dr. Paulo Roberto Repsold. “Uma pessoa normal fica chateada e triste com algo que lhe aconteceu, mas a vida volta à sua rotina. Embora não esqueça, consegue superar esse momento. Já na depressão, os sintomas são mais fortes e persistentes, fazendo com que a pessoa não saia de casa ou não consiga dormir, por exemplo”, explica. De acordo com o psiquiatra especializado em hipnose dinâmica e medicina psicossomática, Dr. Leonard Verea, vale observar por quanto tempo os sintomas persistem. “Sinais de tristeza e desânimo por mais de duas semanas, de forma contínua, podem caracterizar a depressão”, avisa. 120

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Os sintomas da depressão Humor depressivo ou instável, sensação de falta de energia e incapacidade para sentir prazer nas atividades cotidianas, bem como sofrimento psíquico acentuado, são alguns dos sintomas da depressão, conforme explica a psiquiatra, livre-docente do departamento de psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Dra. Carmita H. N. Abdo, reforçando que, além dos sintomas psíquicos, sintomas físicos também acompanham a depressão. “O paciente pode apresentar alterações de sono (insônia mais frequentemente que sono em excesso), do apetite (perda mais que aumento) ou do interesse sexual (geralmente redução), fadiga crônica e dores generalizadas ou localizadas”, descreve a médica. “Em casos graves, podem ocorrer ideias de que seria melhor estar morto ou pensamentos de suicídio”, alerta a Dra. Elisa Brietzke, do PRISMA. A doutora em psicologia do desenvolvimento humano pela Universidade de São Paulo (USP), Cristiane Moraes Pertusi, cita alguns sinais de alerta. “O paciente pode passar a apresentar agressividade, irritação, oscilação de momentos de tristeza e desânimo. Perda do interesse em realizar atividades diárias, com dificuldade excessiva de levantar pela manhã e cuidar dos afazeres, dificuldade de manter autocuidado e higiene pessoal também podem acontecer”, descreve. “Pode ocorrer ainda que os acometidos não reconheçam uma causa emocional para seu sofrimento. Sendo assim, nesses casos, a queixa predominante é de dores pelo corpo,


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dor de cabeça, sintomas físicos vagos e sem uma causa identificável”, observa a Dra. Elisa Brietzke. Todos esses sintomas costumam se desenvolver de maneira lenta e gradual. “A depressão não aparece abruptamente, a não ser que o paciente tenha uma perda grave”, avisa o Dr. Paulo Repsold. O papel da família para o reconhecimento desses sinais de alerta pode ser fundamental. “Pessoas com depressão podem ou não ter a percepção da doença. Algumas vezes, notam que algo está errado, mas atribuem os sintomas ao estresse ou ao clima ou ao trabalho, por exemplo. Nesses casos, o papel da família é muito importante em apontar para o paciente o que está sendo percebido como diferente do normal e estimulá-lo a buscar auxílio de um profissional”, adverte a psiquiatra coordenadora científica do PRISMA. É importante ainda que, se a pessoa ou família tiver algum preconceito ou medo de buscar ajuda de um psiquiatra, o que ainda é comum, que pelo menos busque um psicólogo com experiência. “Esse profissional fará o diagnóstico e encaminhará o paciente para complementar o tratamento que, além da psicoterapia, pode necessitar de medicamentos”, aconselha a psicóloga Cristiane Pertusi.

Doença é limitadora São muitos os motivos que fazem os pacientes com depressão reduzirem sua qualidade de vida. “A doença limita a vida dessas pessoas devido ao humor deprimido na maior parte do dia, ou quase todos os dias, provocando sensação de ‘vazio’, ‘tristeza’ ou ‘choro’; perda do interesse ou do prazer por todas ou quase todas as atividades; prejuízo à qualidade do sono; agitação, irritabilidade ou lentidão de movimentos e pensamento; sensação de fadiga ou perda de energia; sensação de inutilidade ou culpa inexplicável; e capacidade de concentração reduzida”, enumera a Dra. Carmita. Essa limitação depende do grau da depressão na qual o indivíduo está, mas mesmo em graus leves a doença traz uma diminuição da autoestima e da autoconfiança e ideias de culpa, o que, por si só, já é bastante limitante. De acordo com a psicóloga Lívia Pontes, a doença torna difícil manter a motivação para trabalhar, estudar e investir na vida social. A pessoa tende a ir se isolando. Além disso, a depressão interfere muito nas funções cognitivas, especialmente atenção e memória. “Isso agrava ainda mais a dificuldade de manter as atividades no trabalho e nos estudos. Por fim, podem ainda estar presentes consequências somáticas ou físicas como a perda de peso (devido à diminuição do apetite), dores no corpo ou de cabeça, maior suscetibi122

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lidade a infecções, gripes, resfriados e alergias, agitação ou lentidão psicomotora”, constata.

Múltiplas frentes de tratamento Tendo em vista todo o prejuízo que a depressão traz aos acometidos, afirma-se, então, que a doença não é apenas um momento ruim ou uma tristeza profunda. É um problema sério e merece ser tratado como tal. E o tratamento da depressão visa a remissão (desaparecimento total dos sintomas) da doença. Segundo a Dra. Carmita Abdo, considera-se que os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), os inibidores seletivos da recaptação da noradrenalina (ISRN) e os inibidores da recaptação da dopamina (IRDA) têm eficácia semelhante aos da primeira geração (tricíclicos e inibidores da monoamino-oxidase – IMAO), com a vantagem de menos efeitos adversos. A psiquiatra e livre-docente do departamento de psiquiatria da FMUSP explica, ainda, que o tratamento da depressão divide-se em três fases, cujos objetivos são: • Remissão dos sintomas e reinserção psicossocial do paciente – fase aguda (seis a 12 semanas). • Prevenção de recaídas e recuperação, com retorno ao funcionamento psicossocial anterior à depressão – fase de continuação (quatro a nove meses). • Prevenção de recorrências (novos episódios) – fase de manutenção (um ou mais anos, dependendo do histórico da depressão). Além disso, deve haver mudança de estilo de vida (prática de esportes, alimentação saudável e regular), convívio social e tratamento psicoterápico. A psicoterapia constitui-se em importante diferencial. “Estudos científicos mostram que a melhor abordagem é a cognitiva-comportamental. Essa abordagem ensina os pacientes a identificarem as possíveis fontes da depressão, como lidar com seus sintomas e evitar uma recaída no futuro. Também costuma trazer resultados mais rápidos do que outras abordagens”, destaca Lívia Pontes.


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cundários (aumento de peso, diminuição da libido, prejuízo da função cognitiva), são responsáveis por alto índice de abandono e baixa adesão ao tratamento. Por outro lado, garantem a ausência de risco de dependência. “Além disso, o fato de não haver alívio imediato dos sintomas (já que os antidepressivos agem por ‘acúmulo’) afasta o risco de dependência psíquica”, diz. E para que não haja dependência física, são necessários alguns cuidados. “Esse tipo de dependência pode ocorrer quando o corpo se ressente se a medicação for retirada bruscamente, levando a sinais como inquietação, tremor, insônia, alterações intestinais etc. Por esta razão, a retirada da medicação deve ser gradativa, ao longo de algumas semanas”, avisa a Dra. Carmita. Vale lembrar, ainda, que dificilmente um paciente depressivo alcança a remissão da doença sem o tratamento adequado. “A depressão não é uma doença que tem um curso autolimitado. Portanto, não regride espontaneamente. É muito difícil alguém conseguir se curar sozinho”, frisa a psicóloga clinica e neuropsicologa Lívia Pontes.

Perfil do público mais propenso “Terapia medicamentosa e psicoterapia não se excluem, mas se complementam no tratamento da depressão”, acrescenta a Dra. Carmita Abdo. Todo o tratamento indicado deve ser seguido à risca, até a total recuperação do paciente. “Quando não tratado adequadamente pode se tornar mais grave e se cronificar”, alerta o Dr. Leonard Verea.

Riscos de dependência e efeitos colaterais De acordo com a psiquiatra coordenadora científica do PRISMA, Dra. Elisa Brietzke, os medicamentos antidepressivos são eficazes para a maioria dos pacientes. Eles produzem melhora ou remissão em cerca de 70% dos casos”, afirma a médica, destacando que as medicações disponíveis hoje são muito mais bem toleradas do que as disponíveis no passado, ocasionando poucos efeitos colaterais. No entanto, reforça-se que, para ter sucesso no tratamento, é imprescindível a orientação médica. “Existem diversos tipos de antidepressivos e só o médico pode avaliar qual é o melhor para cada caso. Esses medicamentos podem trazer enxaqueca, tontura, perda de libido... Portanto, é fundamental a orientação médica para que se ministre a dosagem correta”, afirma o Dr. Leonard Verea. Os efeitos adversos (boca seca, náusea, sudorese, cansaço, tremor, constipação, sonolência, vertigem), bem como os se124

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Ao longo da vida, o risco de depressão é de 10% a 25% para mulheres e de 5% a 12% para homens, segundo constata a Dra. Carmita Abdo. “Essa diferença é atribuída ao fato de que homens se queixam menos e mulheres expressam mais facilmente seus sentimentos. A depressão feminina está relacionada ao ciclo reprodutivo, como período pré-menstrual, gravidez/puerpério, menopausa, uso de contraceptivos, terapia de reposição hormonal e tratamento da infertilidade, que podem se constituir em desencadeantes hormonais dos episódios depressivos femininos”, destaca, revelando que mulheres entre 25 e 45 anos estão entre os maiores grupos de risco. A psiquiatra e livre-docente do departamento de psiquiatria da FMUSP afirma, ainda, que a doença é mais frequente entre divorciados/separados que entre casados e solteiros. Por outro lado, as mulheres solteiras são menos acometidas que as casadas, ao contrário do que acontece com os homens. Entre viúvos e viúvas, a prevalência é alta. Apesar da maior suscetibilidade das mulheres, a depressão pode afetar indivíduos de todas as faixas etárias (incluindo crianças e idosos) e pessoas de vários níveis educacionais, sociais e econômicos, conforme afirma a psiquiatra Elisa Brietzke. “Alguns indivíduos são especialmente vulneráveis ao surgimento da doença, como pessoas com histórico familiar da doença, indivíduos que sofreram abuso, negligência ou maus-tratos na infância ou mulheres em período de gravidez ou pós-parto”, finaliza.


azia e má digestão

Sensação

indigesta

Alguns maus hábitos alimentares, aliados ao consumo do cigarro e ao estresse, podem sobrecarregar o aparelho digestivo. Até os cardápios mais apetitosos podem deixar más lembranças P o r F l áv i a C or b ó 126

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Mesmo os mais fiéis à dieta não resistem a certas tentações: uma pizza com os amigos, uma porção de batata frita acompanhada de cerveja no quiosque da praia ou um churrasco no domingo. Mas esses momentos prazerosos podem causar muito desconforto algumas horas depois. O consumo de alimentos gordurosos, frituras e bebidas alcoólicas é um dos motivos mais comuns para a ocorrência de azia e má digestão. Apesar de causarem incômodos semelhantes, os processos que geram esses dois problemas do aparelho digestivo são diferentes. A sensação de queimação no estômago, conhecida como azia, é causada pelo ácido acumulado no estômago e ocorre, com maior frequênfotos: shutterstock/divulgação


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mocinhos

anti-inflamatórios não esteroides

bloqueadores do receptor de histamina derivados do ácido acetilsalicílico ou IBP

Veja quais substâncias podem agravar o quadro de azia e má digestão e quais podem atenuar as sensações incômodas

café, chá preto, refrigerantes e bebidas alcoólicas manga, laranja, abacaxi, tangerina e morango

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condimentos picantes, pimenta, catchup, mostarda, cebola, alho, gorduras e frituras

cia, quando a pessoa já tem uma inflamação no local. Já a má digestão pode ocorrer sempre que houver uma dificuldade de esvaziamento do estômago. Toda vez que o alimento é ingerido, ele permanece mais do que deve no órgão, surgindo aí a sensação ruim. “É importante lembrar que o termo má digestão não reflete falta de digestão, mas é usado para descrever lentidão do processo motor do órgão”, ressalta o gastroenterologista do Hospital Israelita Albert Einstein, Flavio Steinwurz. E essa lentidão tem duas causas: orgânica ou funcional. No primeiro caso ocorre devido ao estreitamento (estenose) do canal do estômago e/ou a um câncer no órgão. Já a funcional está relacionada ao espasmo desse canal, aliada a situações conflitivas emocionais e também aos maus hábitos alimentares, tais como comer rápido, e em excesso, ou tomar muito líquido durante as refeições. É preciso diferenciar, porém, a má digestão eventual da sistemática. “Os sintomas são bem diferentes e podem desaparecer com a mudança dos hábitos ali-

chá de hortelã, alecrim, erva-cidreira e camomila banana, uva-passa, mamão e melão couve, gengibre e azeite

mentares ou após ingestão de antiácidos. Mas, se permanecem por mais de uma semana e são seguidos de dores abdominais ou fezes escuras, é importante procurar um médico para avaliar a gravidade do problema”, destaca a nutróloga Liliane Oppermann.

Hábitos de vida Além dos mais comuns agentes causadores de doenças no aparelho digestivo como consumo de alimentos irritantes gástricos, o cigarro e a bebida, processos infecciosos, tais como a infecção pelo Helicobacter pylori , e uso de anti-inflamatórios não esteroides, são outros fatores que podem acarretar azia e/ou má digestão. Para atenuar os sintomas desagradáveis, a nutróloga Liliane Oppermann dá algumas dicas que podem ser repassadas aos clientes da farmácia.“Ao final da refeição, é recomendável optar por uma banana como sobremesa. A fruta é composta por um amido que contribui para o funcionamento do intestino. Além disso, a banana madura ajuda a reverter os quadros de diarreia”, explica. 2013 março guia da farmácia

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Especial saúde

azia e má digestão

a automedicação pode mascarar doenças sérias e provocar intoxicações. Os sintomas geralmente não são suficientes para detectar qual é o problema Consumir um quarto de mamão papaia, após uma refeição rica em proteínas, como o churrasco, também ajuda na digestão.
Já o gengibre auxilia na secreção gástrica, atuando na digestão e nos quadros de gastrite. Chá de hortelã, alecrim, erva-cidreira e camomila
 são digestivos, pois ajudam na diluição dos alimentos e na sensação de barriga estufada. “É recomendado beber o chá entre 30 e 40 minutos após a refeição”, diz Liliane.

Na farmácia Além de alimentos, é possível fazer uso de medicamentos para combater tanto a azia quanto a má digestão. “Desde os antiácidos até os bloqueadores do receptor de histamina (ranitidina, famotidina, etc.) e os mais modernos e eficazes Inibidores de Bomba Protônica (IBP)”, relata Flavio Steinwurz. Mas vale o alerta: a automedicação é sempre negativa para a saúde do paciente, pois pode fazer com que sérias doenças sejam mascaradas e intoxicações apareçam. “Os sintomas geralmente não são suficientes para detectar uma doença – e é por isso que a visita médica é fundamental. Só o profissional consegue avaliar, com base em exames clínicos, do que sofre o paciente e a melhor forma de tratá-la”, analisa o gastroenterologista do Hospital Assunção, Dr. Leonardo Benatti. Já o gastroenterologista do Hospital 9 de Julho, Dr. Evandro Pinheiro, avalia que a prática pode ser 130

guia da farmácia março 2013

grave porque, apesar de aliviar a dor ou desconforto no momento, traz a chance de ocorrerem interações medicamentosas prejudiciais ao organismo e à saúde em geral. “Existem várias doenças – algumas graves – cujos sintomas são parecidos. Por isso, não é tão difícil que um leigo se confunda”, avalia.

E a gastrite? Outro problema gástrico muito comum é uma inflamação do estômago, que pode ser aguda ou crônica, mais conhecida como gastrite. “As causas da doença passam por uso prolongado ou abusivo de anti-inflamatórios chamados não esteroides, ácido acetilsalicílico, corticosteroides, abuso de bebidas alcoólicas, cigarro, intoxicações alimentares, infecções por bactérias ou vírus e intoxicações alimentares. Mas questões emocionais, como estresse, também podem acarretar o problema. “O estresse favorece a diminuição da imunidade da parede estomacal, levando a uma perda da barreira de proteção. Ao perder essa proteção, o estômago fica suscetível à inflamação pelo contato com o ácido produzido pelas células do órgão e que são responsáveis pelo início da digestão”, descreve a cirurgiã do aparelho digestivo do Hospital 9 de Julho, Dra. Paula Volpe. O tratamento das disfunções do aparelho gastrointestinal provocadas por fatores emocionais depende fundamentalmente da situação de cada paciente. Em um primeiro momento, a pessoa apresenta um problema psicológico. Mas, depois de um certo tempo, pode desenvolver um quadro inflamatório, uma doença.


Olhos-lágrimas artificiais

Por um olhar mais saudável

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A síndrome do Olho Seco pode ser provocada por doenças crônicas, distúrbios oftalmológicos ou condições do ambiente. A utilização de lágrimas artificiais pode ser a solução P o r R a q u el Sena

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Olhos irritados, sensação de ardência e sensibilidade à luz são alguns dos sintomas da Síndrome do Olho Seco. Trata-se de uma doença crônica, caracterizada pela diminuição da produção da lágrima ou ausência em alguns de seus componentes, ou seja, pouca quantidade ou má qualidade da lágrima, causada por alterações sistêmicas, hormonais, medicamentosas, ambientais ou a combinação de alguns desses fatores. Estimativas do Instituto Kantar Health revelam que aproximadamente sete milhões de pessoas adultas tenham sintomas do olho seco e, destes, 65% já tenham recebido diagfotos: shutterstock


Especial saúde

Olhos-lágrimas artificiais

Por dentro da lágrima Produzida por glândulas específicas (glândulas lacrimais), a lágrima é um líquido composto por água, sais minerais, vitaminas, eletrólitos, proteínas (albumina, imunoglobina, lisozima) e gordura. Ela tem como principais funções lubrificar os olhos e protegê-los contra substâncias estranhas e infecções. Há três tipos de secreção lacrimal: • secreção basal – 1 ml por dia – é responsável pela lubrificação dos olhos e diminui com o passar da idade; • secreção reflexa – produzida para eliminar substâncias irritantes; • secreção emocional – desengatilhada pelo hipotálamo e tem uma composição diferente. É a lágrima do choro.

O filme lacrimal é composto por três camadas: • oleosa ou lipídica – mais externa, espalha-se sobre a camada aquosa durante o piscar, diminuindo a evaporação da lágrima; • aquosa – intermediária, contém água, sais minerais e outras substâncias como a enzima lisozima (bactericida) e imunoglobina (proteína que constitui os anticorpos que impedem a aderência de bactérias). É responsável pela hidratação, oxigenação e proteção da superfície ocular; • mucosa – adere à superfície ocular, permitindo que a lágrima se distribua homogeneamente até o próximo piscar; dissolve-se também na camada aquosa, tornando o filme lacrimal mais estável, e mantém a superfície ocular úmida. Na Síndrome do Olho Seco, a sensação de corpo estranho se dá porque, quando a camada aquosa do filme lacrimal evapora, o muco seca e se acumula causando irritação na superfície dos olhos.

Em condições normais, piscamos, em média, 20 vezes por minuto. Quando estamos concentrados, piscamos apenas quatro vezes por minuto. Isso normalmente acontece em tarefas que exigem muita atenção, como uso contínuo de computadores e dirigir veículos. As funções do piscar são: • espalhar a lágrima; • uniformizar o filme lacrimal na superfície ocular; • limpar a superfície ocular, removendo detritos; • proteger a superfície ocular. Fonte: Pfizer

nóstico. As queixas mais comuns são ardor, olho vermelho, coceira, sensação de areia e cansaço nos olhos. “No entanto, poucos sabem que, se não tratado adequadamente, o problema pode causar alterações na superfície ocular”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Lentes de Contato, Córnea e Refratometria (SOBLEC), César Lipener. Isso porque a Síndrome do Olho Seco, além de provocar sintomas de desconforto e distúrbios visuais, traz instabilidade ao filme lacrimal, comprometendo a lubrificação adequada da córnea. 134

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O diagnóstico é feito por meio do exame clínico e de testes simples realizados por um especialista. É ele quem irá avaliar o que causou o desequilíbrio na formação e produção da lágrima. Para a oftalmologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Erika Silvino Rodrigues, todo caso deve ser avaliado separadamente, porque as etapas do tratamento podem envolver desde oclusão do ponto lacrimal até cirurgias de pálpebra (em casos mais complexos). Além disso, o quadro ainda pode ser confundido com outras doenças, como conjuntivite, que é infecciosa e, ao


Especial saúde

Olhos-lágrimas artificiais

A importância da lágrima

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É comum as pessoas se automedicarem sempre que sentem um algum tipo de irritação ou ardência nos olhos. É possível encontrar diversos tipos de colírios de acordo com a finalidade. Existem os antibióticos, os anti-inflamatórios com hormônio (corticoides) e sem hormônio. Também há as lágrimas artificiais, os colírios vasoconstritores, os antiglaucomatosos e os anestésicos. O uso inapropriado da medicação representa sérios riscos à saúde ocular. “A maioria dessas formulações (dos colírios de venda livre) possui substâncias com atividade vasoconstritora, como o cloridrato de nafazolina, cujo uso abusivo pode trazer complicações em curto e em longo prazo”, considera a coordenadora do Curso de Farmácia das Faculdades Oswaldo Cruz, Marisa Veiga. Os danos causados variam de acordo com o colírio utilizado, mas vão desde vermelhidão sem cura ao desenvolvimento de glaucoma ou catarata precoce.

E CO N TEÚDO

contrário do olho seco, pode contagiar outras pessoas. O tratamento, em geral, é realizado com a aplicação de lágrimas artificiais, ou seja, de lubrificantes oculares, sob a forma de colírio ou pomada. Eles ajudam a aliviar os sintomas e, geralmente, não costumam ter efeitos adversos. De acordo com a gerente de marcas da unidade de negócios farma da Alcon, Patricia Pera, cada lágrima artificial possui um componente e um mecanismo de ação. Os produtos sem conservantes são indicados para pacientes com olho seco severo, que necessitam instilar o produto várias vezes ao dia, ou pacientes com alergia ao conservante. “Hoje existem lágrimas artificiais que possuem conservantes mais seguros e que, portanto, oferecem um menor risco para a superfície ocular. Além disso, ele age tanto na qualidade quanto na quantidade de lágrima”, garante.

Uso indiscriminado

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a maioria dos colírios de venda livre possui substâncias com atividade vasoconstritora, como o cloridrato de nafazolina, cujo uso abusivo pode trazer complicações em curto e em longo prazo

A lágrima A lágrima tem um papel essencial na tem um papel saúde ocular. O filme lacrimal, que reessencial na cobre e auxilia a umidade adequada nos saúde ocular tecidos da superfície ocular, contém substâncias bactericidas, impede a aderência de micro-organismos e ainda desempenha papel importante na oxigenação da córnea. De acordo com Erika, ela é constituída de três camadas: água, óleo e muco, cada uma delas sendo importante para a manutenção do conforto e saúde ocular. Quando qualquer uma dessas partes é produzida de forma desequilibrada, surge a Síndrome do Olho Seco. Um exemplo de situação que desequilibra a equação dos três componentes que constituem a lágrima (água, óleo e muco) é o excesso de oleosidade na pele, que pode aumentar a porção de óleo das lágrimas ou ainda causar um entupimento de glândulas da borda palpebral, levando à alteração da parte gordurosa da lágrima. A ausência, por qualquer motivo, de água ou óleo no organismo ainda aumenta a porção de muco na lágrima, o que gera por sua vez a sensação de areia típica do olho seco.

XT T RA NO POR

Acompanhe no Portal a diferença entre conjuntivite e Síndrome do Olho Seco. www.guiadafarmacia.com.br


alergia pele-herpes

Perigo iminente O Herpes é o vírus responsável por uma variedade de infecções na pele e mucosas, assim como em outros órgãos. O diagnóstico precoce pode amenizar os sintomas P o r R a q u el Sena 138

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O Herpes é uma doença mais comum do que muitos possam imaginar. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que mais de 500 milhões de pessoas no mundo estão infectados com o vírus. Contagiosa, infecciosa e geralmente benigna, a doença é causada por dois vírus: o herpes Tipo 1 e Tipo 2. O primeiro é conhecido como herpes labial, aparece após contato íntimo com uma pessoa que tenha contraído a doença, seja por meio da saliva, do compartilhamento do mesmo copo, etc. Já o herpes Tipo 2, urogenital, é causado pelo contato indireto, como uso de banheiros públicos, ou pelo contato íntimo sexual. Ambos são chamados de Herpes Simplex. fotos: shutterstock


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alergia pele-herpes

Outro vírus, da mesma família, porém mais traumático, é o Herpes Zoster. Trata-se da reativação do vírus da varicela (catapora) que a pessoa já havia adquirido, provavelmente na infância. “Tanto o vírus como o do Herpes Zoster ficam latentes, isto é, ‘adormecidos’ nos glânglios linfáticos. Quando há uma queda da imunidade (pós-febre, trauma, quimioterapia, estresse, luz solar, desnutrição, etc.), o vírus volta a se multiplicar, dando origem a um novo surto. O Herpes Simplex tende a ter recorrências frequentes, enquanto o Herpes Zoster raramente ocorre”, detalha o infectologista do Hospital São Camilo, Dr. José Ribamar Branco. Esse vírus é o que causa mais desconforto, pois provoca uma inflamação no nervo, que é extremamente dolorosa. De acordo com Dra. Glaucia Soares, infectologista do Hospital Vitória, ela pode persistir por meses e até mais de um ano. “Os sintomas e as dores são minimizados apenas com o tratamento da doença desde o início”, garante. A única maneira de prevenir e evitar o contágio é não manter contato com pessoas que têm lesões ativas. “Deve-se evitar o contato íntimo com pessoas que adquiriram a herpes labial e genital e utilizar preservativos quando um dos parceiros tiver lesão ativa. As pessoas que nunca contraíram catapora ou que não foram vacinadas devem ficar longe de cidadãos com Herpes Zoster”, alerta Dra. Glaucia.

Diagnóstico Um exame clínico é suficiente para detectar a doença, pois os sinais costumam ser característicos e reconhecidos rapidamente pelo médico. Apesar de não ter cura, é possível minimizar os efeitos do herpes. Segundo Dr. José Ribamar, o tratamento é realizado por meio de medicamentos antivirais orais e pomadas, além de analgésicos. As doses e o tempo de tratamento variam conforme o tipo de herpes. “Se o tratamento for iniciado em até 72 horas, há possibilidade de encurtar o surto e reduzir os sintomas da doença.” Se não tratado, o problema pode evoluir para outras doenças mais graves. No caso de herpes ocular, pode ocasionar perda parcial da visão ou cegueira permanente. Já o herpes genital pode gerar um estreitamento da uretra e infecções genitais recorrentes. As complicações do Herpes Zoster são ainda mais graves, podendo ocorrer nevralgia pós-herpética (dor e danos no nervo mesmo após as bolhas de140

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Fique por dentro! Existem três tipos de herpes que causam lesões corporais. Saiba como identificar a doença. Herpes Simplex Tipo 1: provoca dor, ardor, formigamento ou coceira de seis a 48 horas após o aparecimento das lesões, que são similares a um cacho de uva; Herpes Simples Tipo 2: dor, coceira, sensação de queimação e, na sequência, aparecimento de microvesículas em base eritematosa (vermelhidão na pele). Nas mulheres a região mais afetada é a vulva (partes genitais externas) e o períneo. No homem, a incidência é maior na cabeça e no corpo do pênis; Herpes Varicela Zoster: provoca duas doenças distintas: • A varicela ou catapora, que é o primeiro contato com o vírus em indivíduos não imunes ou que não foram vacinados e que causa febre, mal-estar e perda de apetite. É comum na infância, em 90% dos casos nas crianças de até três anos de idade e ocorre, na maioria das vezes, no final do inverno e início da primavera. • Cobreiro, que é a reativação da doença e ocorre em aproximadamente 10% da população que tenha tido varicela. Causa dores em uma área cutânea inervada por uma raiz nervosa, que precede as lesões em 48 a 72 horas. Provoca uma neurite aguda (lesão inflamatória de um nervo) e uma neuralgia (dor aguda) pós-herpética.

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Fonte: Dra. Glaucia Soares, infectologista do Hospital Vitória

saparecerem), perda de visão, problemas neurológicos e infecções cutâneas. Como a maioria das doenças virais, o herpes não tem cura. Atualmente, as vacinas existentes ainda não são completamente eficientes. É preciso ficar atento, pois uma vez adquirida a doença, a possibilidade de contraí-la novamente não é descartada. “Caso surjam sinais do vírus, o paciente deve sempre buscar auxílio médico, pois o tratamento pode impedir ou minimizar os sintomas”, garante Glaucia.


colesterol

Perigo

silencioso

Fatores externos podem alterar o colesterol e desencadear doenças cardiovasculares. Uma boa alimentação aliada à atividade física pode ser a solução P o r r a q u e l sena 142

guia da farmácia março 2013

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É comum ouvir falar que o colesterol é uma doença, porém trata-se de uma afirmação incorreta. O colesterol é uma espécie de lipídio, uma reserva energética que as células do corpo humano produzem. Na quantidade ideal, a molécula protege as células, formando uma espécie de membrana em torno delas, e ainda serve de reserva energética para momentos de metabolismo acelerado. No entanto, o desequilíbrio na produção desse tipo de gordura pode ter sérias implicações no organismo. fotos: shutterstock/divulgação


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colesterol

Pessoas acima de 20 anos devem medir seus níveis de colesterol a cada cinco anos. a partir dos 30 anos, o controle deve acontecer a cada dois anos e, na terceira idade, a cada ano ou seis meses

De acordo com o Ministério da Saúde, 30% da população brasileira tem uma alta dose de colesterol. A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) afirma que 32% dos óbitos no Brasil todo ano ocorrem devido ao problema. Existem dois tipos de transportadores de colesterol: LDL (lipoproteína de baixa densidade) e HDL (lipoproteína de alta densidade). Segundo o diretor da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), Andrei Carvalho Spósito, o LDL é responsável por transportar o colesterol do fígado até as células de vários outros tecidos. Já o HDL absorve os cristais de colesterol, que são depositados nas artérias, removendo-o e transportando-o de volta ao fígado para ser eliminado. “Apesar de ser considerado um vilão, o colesterol é essencial para o nosso organismo, sem ele não viveríamos. O problema está relacionado aos agressores externos, como tabagismo, que modificam as moléculas e desencadeiam doenças, como infarto, acidente vascular cerebral (AVC), doença renal, entre outros”, afirma. Os níveis de colesterol podem se elevar basicamente por dois motivos: genético e alimentar. Por isso, caso o paciente tenha histórico familiar é importante o acompanhamento de um médico. Em média, 70% do colesterol é fabricado pelo nosso próprio corpo e sintetizado pelo fígado. Somente os outros 30% são provenientes da alimentação. De forma geral, recomenda-se muita atenção com alimentos de origem animal, pois são eles que contêm mais colesterol. Além disso, evitar alimentos ricos em sal. Já os vegetais são recomendados, pois têm pouco colesterol.

Sintomas Apesar de a maioria das pessoas saberem quais hábitos de vida são prejudiciais à saúde, muitos esperam que os sintomas apareçam para, depois, combater as 144

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causas, porém a única forma de descobrir se tem ou não colesterol alto é por meio de exames, pois age silenciosamente. O cardiologista do Hospital TotalCor, Antonio Calvilho, explica que o ideal é iniciar o quanto antes o acompanhamento dos níveis de colesterol e da pressão arterial, para mantê-los controlados. “A partir dos 20 anos de idade já se aconselha a realizar medidas sanguíneas do colesterol. Em alguns países são feitas até mesmo na infância”, garante. A Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda ainda que pessoas acima de 20 anos meçam seus níveis de colesterol a cada cinco anos. A partir dos 30 anos, o controle deve acontecer a cada dois anos e, na terceira idade, a cada ano ou seis meses. Se for diagnosticado, dependendo da intensidade das manifestações, é preciso corrigir, primeiramente, os hábitos alimentares e realizar atividade física. “Caso não exista resposta ou esteja insatisfatória, medicamentos serão utilizados, geralmente pelo resto da vida”, explica o Dr. Calvilho.

Automedicação Existem soluções para controlar o colesterol alto, porém deve-se evitar a busca por medicamentos sem orientação médica. O Dr. Spósito, da Socesp, explica que os valores de referência que saem dos laboratórios não são adequados. “Não existe nível de colesterol igual para todos. Existe, sim, um nível adequado conforme as características clínicas de cada paciente. E não tem como saber isso sem a avaliação de um médico. Por mais que


dieta saudável e atividades físicas para prevenção Confira 10 dicas para auxiliar no combate a esse inimigo da saúde cardiovascular:

Coma mais frutas e vegetais

inclua peixe grelhado ou assado e menos carnes fritas em suas refeições

priorize alimentos ricos em fibras, como aveia, pães integrais e maçãs. as fibras ajudam a reduzir as taxas de colesterol

pratique exercícios físicos

deixe de fumar

limite a ingestão de gorduras saturadas, como as existentes nos derivados de leite

evite lanches rápidos como cachorro-quente e sanduíches gordurosos. evite também frituras

E CO N TEÚDO

seja seguro, tomar uma medicação sem necessidade é um risco desnecessário. Os redutores de colesterol são medicamentos muito seguros, porém, mesmo estando em uma margem de segurança, o uso incorreto pode acarretar problemas.” Dentre as possíveis doenças desencadeadas pelo uso inadequado do medicamento estão: lesão muscular, do rim e do fígado, que podem, inclusive, levar à morte.

limite os alimentos ricos em colesterol, como gema de ovo e fígado

AL

Fonte: Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC)

utilize derivados de leite pobres em gordura, leite desnatado, iogurte desnatado e sorvetes light

XT T RA NO POR

Confira os alimentos que ajudam a amenizar o colesterol e quais representam um risco à saúde. www.guiadafarmacia.com.br

2013 março guia da farmácia

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artigo

Mitos e verdades da fertilidade

Q

Questionamentos comuns entre casais que apresentam demora para engravidar

Alb erto S te in

J oão Sab ino da C unha Fi lh o Especialistas em fertilidade 148

Quando o assunto é dificuldade para a chegada do tão sonhado bebê, muitos casais ficam cheios de dúvidas sobre o que de fato pode interferir na fertilidade. O uso de notebook no colo ou carregar celular no bolso pode prejudicar a fertilidade masculina? VERDADE. O homem que usa frequentemente o notebook no colo pode ter alteração da qualidade dos espermatozoides, devido ao calor e à frequência das ondas emitidas dos aparelhos. Da mesma forma, o uso do celular no bolso da calça com fone de ouvido pode também alterar as formas, aumentar a taxa de fragmentação do DNA espermático (estresse oxidativo), e dificultar as chances do casal de ter filhos. É muito raro um casal, em idade fértil, ter dificuldade para ter filhos? MITO. Estima-se que 20% da população em idade reprodutiva precisa de acompanhamento em um centro de reprodução humana. Além disso, 15% da população masculina sofre com problemas como a varicocele, dilatações das veias que causam interferência na formação do espermatozoide, a causa mais comum de infertilidade masculina. Praticar muito esporte pode interferir na fertilidade? VERDADE. Homens que praticam esporte com muita frequência e intensidade, como os triatletas, por exemplo, podem prejudicar a formação e qualidade dos espermatozoides. As mulheres que

guia da farmácia março 2013

se exercitam excessivamente param de menstruar, pois pode existir uma diminuição da produção hormonal e alteração inclusive no ciclo menstrual. O uso de álcool e outras drogas, mesmo quando realizado na adolescência, pode dificultar a fertilização? VERDADE. A droga interfere diretamente na fertilidade, principalmente para os homens, que registram uma redução da produção de espermatozoides. O tabagismo, por exemplo, antecipa em dois anos a idade da menopausa, por um aumento da deterioração da reserva ovariana. Pessoas obesas têm maior dificuldade para engravidar? VERDADE. O obeso por definição tem problema de metabolismo e, consequentemente, terá dificuldade de engravidar. A obesidade, em muitos casos, está associada ao ovário policístico ou problemas da tireoide, bem como nos homens a diminuição da qualidade dos espermatozoides. A qualidade da alimentação interfere na fertilidade? VERDADE. A reposição de vitaminas C e E, ácido fólico, zinco aos homens que desejam ter filhos pode estar associada a uma melhora da qualidade do sêmen. No caso da fertilidade feminina, existem alguns estudos mostrando que a falta de vitaminas E e B podem associar-se com infertilidade. Por isso a boa dieta e uma adequada orientação nutricional podem ajudar muitos casais que desejam gestar. fotos: divulgação


lesões musculares

Mantenha

o equilíbrio Não é apenas a prática exagerada de exercícios físicos que pode gerar uma lesão muscular. Fatores do dia a dia também influenciam, portanto, prevenir-se é a melhor saída P o r r a q u el sena fotos: shutterstock

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A correria do dia a dia costuma resultar em estresse e cansaço, sobretudo nos grandes centros urbanos. E quem sofre com isso é o corpo, com as dores musculares. As dores são um mecanismo de proteção do corpo, ativado diante da possibilidade de aparecimento de lesões. Os receptores da dor são terminações nervosas livres suscetíveis a estímulos mecânicos, térmicos e químicos, que avisam quando o músculo pode ser danificado. A dor muscular está mais relacionada a tensão, uso excessivo ou lesão muscular, por exercício ou trabalho fisicamente desgastante. Nessas situa2013 março guia da farmácia

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Especial saúde

lesões musculares

as lesões ocorrem em estado de fadiga do músculo que, nesse caso, acumula toxinas e tem menor irrigação. isso acontece normalmente em pessoas que se exercitam com o corpo cansado, sem fazer alongamento ou se aquecer, e sem respeitar seus limites, praticando atividades em excesso ções, os sintomas tendem a envolver músculos específicos e começam durante ou logo após a atividade. Quedas, pancadas ou torções também podem desencadear lesões musculares quando há impacto direto e dano na estrutura. De acordo com o especialista em medicina desportiva e membro titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Dr. Lafayette Lage, a lesão da fibra muscular pode ocorrer no corpo do músculo, na transição músculo X tendão, ou somente no tendão (“corda” que faz o osso se movimentar). “As lesões ocorrem em estado de fadiga do músculo que, nesse caso, acumula toxinas e tem menor irrigação. Isso acontece normalmente em pessoas que se exercitam com o corpo cansado, sem fazer alongamento ou se aquecer, e sem respeitar seus limites, praticando atividades em excesso.” As lesões podem ser classificadas em traumas diretos (contusões – trauma do músculo); traumas indiretos (estiramentos ou distensões – ruptura de fibras da musculatura); ou necrose e feridas abertas (causadas por agentes lacerantes que rompem inclusive a pele). Além disso, são separadas entre leves, moderadas e graves, a partir dos aspectos clínicos revelados.

Prevenção para evitar riscos Não existe uma fórmula definida sobre o que fazer para evitar completamente a ocorrência das lesões musculares, já que elas podem aparecer a qualquer momento. Porém, existem alguns métodos que diminuem o risco da sua frequência. A atividade adequada de toda a musculatura, seguida de exercícios de alongamento, são condições que fazem com que o músculo se prepare eficientemente e ajudam a evitar contusões. Os sintomas de uma lesão podem variar, mas os principais são enrijecimento do músculo, sensibilidade ao toque e dor quando se movimenta a região afetada. Algumas pessoas também podem apresentar inchaços locais. Portanto, antes de qualquer atividade física, é fundamental recomendar aos atletas ou iniciantes alguns cuidados para evitar lesões ortopédicas, ou até mesmo problemas cardíacos. Confira as orientações do 152

guia da farmácia março 2013

cardiologista e responsável pelo Sport Check-up do HCor, Dr. Nabil Ghorayeb: • Preparar a musculatura, fazendo um aquecimento com trote, por cerca de 5 a 10 minutos, antes de iniciar uma atividade física; • Fazer um alongamento na parte posterior da coxa, panturrilha, quadríceps e músculos anteriores da perna, em três séries para cada grupo muscular, de 30 segundos cada uma; • O tênis precisa proteger, primordialmente, os membros inferiores contra os impactos de repetição. As necessidades podem variar de acordo com a intensidade da atividade, mas sistemas de amortecimento de ar ou gel são importantes; • A roupa, embora não interfira diretamente nas lesões, pode gerar desconforto durante a atividade e prejudicar o desempenho. Portanto, deve-se dar preferencia aos tecidos que permitam uma transpiração mais livre; • Manter a postura ereta, com balanço harmônico dos braços a passadas suaves, garantem a estabilização de toda a estrutura do corpo, evitando o tensionamento e lesões; • Qualquer sintoma deve ser valorizado. Caso surjam palpitações, falta de ar, dores no peito ou tonturas durante os exercícios, deve-se parar imediatamente e procurar auxílio médico.

Tratamentos variam de acordo com o tipo de trauma Após a constatação de uma lesão leve (onde menos de 5% das fibras musculares foram lesionadas) ou moderada (quadro no qual mais de 5% das fibras sofreram lesão), a conduta inicial, de acordo com especialistas da área, deve ser o P.R.I.C.E. (Proteção, Repouso, Gelo – ice, em inglês –, Compressão e Elevação). Se o paciente apresentar dor importante, pode ser necessária a terapia medicamentosa, conforme orienta o ortopedista e traumatologista, chefe do grupo de medicina do esporte do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (INTO), Dr. João Alves Grangeiro Neto*. Segundo ele, nesses casos, podem-se receitar relaxantes musculares e analgésicos. Ativos como o clonixinato de lisina podem ser indicados em casos de le-


Especial saúde

sões leves ou moderadas, em situações onde a dor é o sintoma principal ou secundário, qualquer que seja seu tipo, intensidade e localização. O Dr. Grangeiro ressalta, ainda, que após 72 horas com essa conduta, a abordagem terapêutica deverá ser reavaliada. Aliás, para aliviar as dores, muitos pacientes chegam às farmácias e drogarias buscando alternativas rápidas e acabam se automedicando. Os medicamentos anti-inflamatórios atuam aliviando a dor, o edema e a inflamação. Segundo informa a gerente médica da franquia músculo-esquelética do Aché, Eliana Ogassavara Setani, farmacêutico e balconistas devem orientar os clientes a buscarem ajuda médica. “Caso o paciente já tenha passado por consulta, devem auxiliá-lo no uso do medicamento prescrito pelo especialista, seguindo a prescrição, como horários, doses e duração do tratamento”, esclarece. O mercado também passa a contar com tratamentos alternativos. Com o intuito de auxiliar no tratamento de diversos tipos de dor, acelerando resultados, a FQM, por exemplo, oferece o Tanyx. Trata-se de um dispositivo que, quando aplicado sobre a pele, libera pequenas descargas elétricas que estimulam mecanismos fisiológicos analgésicos. De acordo com o gerente de produtos da empresa, Fernando Martins, a intensidade e frequência dessas descargas são eficazes contra a dor e totalmente inócuas. “Para tratamento da dor são prescritos diversos medicamentos que podem causar efeitos colaterais e prejuízos em curto e longo prazo. A utilização do Tanyx constitui um método seguro, eficaz e sem efeitos colaterais, sendo um importante aliado no controle da dor”, afirma. *Orientação extraída do artigo “Condutas iniciais no trauma muscular leve e moderado”, publicado no suplemento Especial Atividades Esportivas do Guia da Farmácia (outubro/2012)

lesões musculares

Crianças merecem atenção especial para evitar lesões Praticar esporte, seja o passeio de bicicleta ou a “pelada”, ensina à criança o valor do esporte e da disciplina. No entanto, a prática esportiva em crianças e adolescentes requer cuidados especiais, para que não sofram fortes lesões. A coordenação motora infantil, ainda em desenvolvimento, implica menor velocidade de reação física em comparação com a dos adultos. Conforme as crianças crescem e se fortalecem, os riscos de lesões também aumentam. Geralmente, as menores de 10 anos se machucam em playground. Já os adolescentes tendem a se lesionar por meio da prática de esportes, além das quedas de bicicleta. Nas práticas esportivas, as lesões podem ocorrer como resultado de quedas, batidas, boladas, torções, entre outros. Assim, todos os esportes e exercícios físicos implicam riscos e a única solução é a prevenção. Estima-se que mais da metade das lesões ocorridas durante atividades esportivas envolvendo crianças e adolescentes poderiam ser prevenidas se os pais tivessem tomado os devidos cuidados e tido orientação. “A utilização de equipamentos corretos, como calçados apropriados, treinamento com técnica adequada, supervisionado por treinadores e técnicos, exercícios de alongamento muscular ou de flexibilidade, além de avaliação médica e multiprofissional, estão entre as principais medidas preventivas”, esclarece o ortopedista e responsável pelo Instituto do Joelho HCor, Dr. Rene Abdalla. A escolha do calçado, tamanho e tipo adequado é muito importante. Esportes como o futebol exigem o uso de chuteira, pois os cravos de plástico facilitam a aderência ao gramado. O mesmo calçado, no entanto, não serve para bicicleta ou skate. “O uso de um calçado apropriado é importante para a prática esportiva, por isso os pais não devem permitir que as crianças joguem ou pratiquem esportes descalças ou com sandálias, para evitar lesões mais sérias nos pés”, alerta o ortopedista. Outra orientação importante para prevenir lesões com 2013 março guia da farmácia

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Especial saúde

lesões musculares

dores musculares podem provocar zumbido O zumbido é um sintoma que atinge, aproximadamente, 17% da população brasileira, sendo que suas consequências podem apresentar grande repercussão na vida de 20% das pessoas que sofrem com o problema. “O zumbido é caracterizado como um som que não existe no meio externo. São mais de 200 causas e que geralmente se sobrepõem”, explica a coordenadora do Grupo de Apoio a Pessoas com Zumbido de Curitiba (GAPZ), otorrinolaringologista e otoneurologista, Rita de Cássia Cassou Guimarães. Esse é um problema que deve ser tratado de forma interdisciplinar e especialistas de diversas áreas podem ser necessários para descobrir as causas e tratá-las. Até mesmo dores musculares podem levar a esse problema. “A fisioterapia é uma das áreas da saúde que trata o zumbido. Alguns pacientes relacionam alterações na intensidade ou qualidade do zumbido durante manobras de contração dos músculos, em especial os da região da cabeça e pescoço”, esclarece a fisioterapeuta e membro do GAPZ Vivian Domit Pasqualin. Segundo a especialista, dores que surgem em um lugar e se refletem em outro, chamadas de somatossensoriais, estão entre as origens do zumbido. “Em alguns indivíduos existem pontos bem definidos de dor nos músculos. Quando essas áreas são pressionadas, a dor é irradiada para outras partes do corpo, incluindo o ouvido. Nesses casos a fisioterapia é indicada, já que contribui na redução da intensidade do zumbido, da dor e dos pontos doloridos”, destaca. 156

guia da farmácia março 2013

o zumbido é um problema que deve ser tratado de forma interdisciplinar e especialistas de diversas áreas podem ser necessários para descobrir as causas e tratá-las. até mesmo dores musculares podem levar a esse problema as crianças durante as atividades físicas, de acordo com o Dr. Abdalla, é avaliar a dificuldade de cada esporte para ver se eles são compatíveis com a idade. Por exemplo: uma bicicleta de adulto não serve para uma criança. Vale ainda: garantir que, ao andar de bicicleta, patins ou skate, use roupas adequadas e proteção apropriada, como capacete, joelheiras e cotoveleiras; praticar as atividades em locais próprios e seguros; passar por um exame médico completo antes de praticar qualquer esporte; e verificar se o responsável pelo treinamento das crianças está capacitado a prestar um serviço de primeiros socorros em caso de acidentes. Além disso, as crianças devem ter um tempo adequado de intervalo entre as atividades e não devem continuar a jogar se estiverem machucadas.


consultor jurídico

Funcionamento

O

O varejo farmacêutico é regulado, de uma forma geral, pela Lei Federal 5.991/73. Esta norma refere-se a pontos que podem trazer certa confusão. Muitos profissionais dizem que farmácias e drogarias nunca podem funcionar sem a presença física do farmacêutico responsável técnico, nem por um minuto. O primeiro argumento dessas vozes se baseia no fato de que, sem a presença física do profissional, não seria prestada a assistência farmacêutica e, assim, a população estaria sendo prejudicada. O segundo argumento é o de que o Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei Federal 8.078/90), ao prever que as informações sobre produtos eliminem quaisquer dúvidas, já indica que a ausência do farmacêutico implicaria a violação da legislação do consumidor. O terceiro e último argumento é o de que o artigo 15 da Lei Federal 5.991/73, textualmente, exige a presença física do farmacêutico durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento. Mas toda regra possui exceção. A Lei Federal 5.991/73 prevê em seu artigo 17 que a farmácia ou drogaria pode funcionar sem o farmacêutico responsável técnico por até 30 dias; mas não poderá manipular fórmulas magistrais nem oficinais, muito menos dispensar controlados. O motivo dessa exceção é simples: todos os farmacêuticos que exercem a direção técnica ou a responsabilidade técnica no varejo farmacêutico são proprietários? Não; ao contrário, a maioria absoluta é composta de empregados, com con-

foto: DIVULGAÇãO

legal

tratos de trabalho e submetidos à Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O farmacêutico pode pedir demissão de seu emprego? O empresário pode demitir o farmacêutico? As respostas são positivas. A CLT diz que, a rigor, empregado e empregador têm de conceder um aviso prévio de 30 dias um ao outro. Então, se um farmacêutico pede demissão hoje e informa que não quer cumprir o aviso prévio de 30 dias, no dia seguinte a farmácia pode abrir, desde que atente àquelas duas restrições já mencionadas. O artigo 11 da Resolução CFF 357/01 e o artigo 8º da Resolução CFF 556/11 também são bem diretos, dizendo que farmácias e drogarias podem, sim, funcionar sem farmacêutico por até 30 dias, contando este prazo a partir do protocolo da baixa da responsabilidade técnica junto ao CRF. A mesma discussão ocorreu sobre o farmacêutico substituto: uns dizendo ser obrigatória sua presença; outros, dizendo ser facultativa. O próprio CFF defendeu a opção (e não a obrigação) da presença do farmacêutico substituto no estabelecimento farmacêutico, se utilizando desde 2001 da Resolução CFF 357/01 e a partir de 2011 da mesma Resolução CFF 556/11. Ou seja, não apenas a Lei Federal 5.991/73, mas também as Resoluções CFF 357/01 e CFF 556/11, permitem o funcionamento de farmácias sem o farmacêutico por até 30 dias, bem como informam que o farmacêutico substituto não é obrigatório no varejo, mas uma opção para melhor atender aos usuários de medicamentos.

Afinal, por quanto tempo pode uma farmácia ou drogaria atender sem um farmacêutico?

Gu s tav o S emb l ano Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Rio de Janeiro (Ascoferj), OAB/RJ 113655 Blog gustavosemblano.blogspot.com E-mail gustavo@semblano.com.br

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mix – analgésicos e antitérmicos

Risco à vista A automedicação e o uso indiscriminado de medicamentos são ações perigosas e podem trazer consequências graves P o r R a q u el Sena

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Q

Quando aquela dor de cabeça aparece, ou mesmo uma gripe indesejada, já é de costume ir à farmácia mais próxima e comprar um analgésico ou antipirético. Muitas vezes, nem é preciso se deslocar, basta abrir a caixa de medicamentos da “farmácia de casa”. Esse é o perfil da população brasileira, que tem por hábito recorrer aos medicamentos sem a orientação de um profissional de saúde e, inclusive, não lê a bula do produto, portanto desconhece as contraindicações e o risco do uso de doses excessivas. fotos: shutterstock


mix – analgésicos e antitérmicos

Importância Conhecer o produto que se está vendendo é de extrema importância. Saiba quais são as diferenças e como agem os princípios ativos dos analgésicos e antipiréticos e esclareça com segurança a dúvida dos clientes Principais ativos

analgésicos não opioides

Reações adversas

Ácido acetilsalicílico

Pode provocar irritação da mucosa gástrica e sangramento Apresenta ação analgésica, antidigestivo, sobretudo em dose alta e inflamatória, antipirética e antiplaquetária. tratamento prolongado. Controla a febre, alivia a dor e reduz a Embora pouco comuns, podem inflamação, por isso, é utilizado para alívio ocorrer casos de hipersensibilidade dos sintomas de várias doenças como manifestada por broncoespasmo, gripes, resfriados e outros tipos de infecções. asma, rinite, urticária e outras manifestações cutâneas.

Paracetamol

Apresenta ação analgésica e antipirética. Normalmente utilizado no combate à dor leve e febre. A suscetibilidade à hepatotoxicidade é variável e está relacionada ao indivíduo, entretanto, esse efeito é intensificado pelo consumo de álcool.

Embora rara, a reação mais preocupante é a hepatotoxicidade. Podem ocorrer reações de hipersensibilidade, como erupções cutâneas, urticária, eritema pigmentar fixo, broncoespasmo, angioedema e choque anafilático.

Ibuprofeno

Mais utilizado para dores de origem inflamatória de intensidade moderada (dor de dente, muscular, cabeça, costas e outras). Este fármaco pode ser comparado ao paracetamol em crianças febris quanto aos aspectos de início de efeito, efeito antipirético e tolerabilidade.

As reações mais comuns são de origem gastrintestinal, ou seja, náusea, vômito, dor epigástrica, desconforto abdominal, diarreia, constipação intestinal. Além destas, poderão ocorrer também reações de hipersensibilidade, ambliopia tóxica, , retenção de líquidos, edema, depressão, insônia e insuficiência renal em pacientes desidratados.

Dipirona sódica

Raramente pode causar reações anafiláticas/anafilactoides, entretanto, elas podem ocorrer mesmo após a Apresenta ação analgésica e antipirética. dipirona sódica ter sido previamente Medicamentos contendo este fármaco utilizada sem qualquer complicação não estão disponíveis em vários países em decorrente. Essas reações razão dos efeitos adversos que, embora manifestam-se na forma de sintomas raros, justifica-se seu uso com restrição pela cutâneos ou nas mucosas (prurido, gravidade e imprevisibilidade das reações. ardor, rubor, urticária e inchaço), dispneia e em menor frequência sintomas gastrintestinais.

Fonte: Maria Aparecida Nicoletti , farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade de Guarulhos (UnG)

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mix – analgésicos e antitérmicos

Perfil dos consumidores / compradores de medicamentos isentos de prescrição

35% 45%

60%

70%

85%

têm mais de 45 anos

são das classes AeB

têm ensino superior completo ou incompleto

vão às farmácias sozinhas

65%

Fonte: Élio Dilburt, gerente da marca OTC da Takeda

os medicamentos mais vendidos no brasil são os analgésicos. entre 2011 e 2012, o segmento movimentou mais de r$ 2 bilhões e vendeu mais de 166 milhões de caixas Dados divulgados pelo IMS Health a pedido do jornal Estado de Minas mostram que, em valor, os três medicamentos mais vendidos no Brasil são os analgésicos Dorflex, Torsilax e Neosaldina. Entre novembro de 2011 e 2012, o segmento movimentou mais de R$ 2 bilhões e vendeu mais de 166 milhões de caixas. Segundo a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade de Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, os analgésicos podem ser classificados como não opioides, opioides (narcóticos) e adjuvantes (que são administrados por outra razão que não dor, mas podem contribuir com a minimização 164

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da dor). Os princípios ativos de analgésicos mais comuns (não opioides) são: dipirona, paracetamol, ácido acetilsalicílico, cafeína e ibuprofeno. No caso específico de Neosaldina, temos como componentes a dipirona, mucato de isometepteno e cafeína. De acordo com o gerente da marca OTC da Takeda, Élio Dilburt, os analgésicos comuns são utilizados principalmente para atenuar dores de leve a moderada intensidade. Eles podem ter ação local (ação periférica) ou ação via sistema nervoso central. No entanto, é preciso cuidado com a automedicação e uso abusivo desses medicamentos, pois escondem riscos graves à saúde do corpo. Quando ingeridos acima da dose posológica indicada poderão comprometer a vida do indivíduo em diferentes níveis de acordo com o fármaco; muitos dos procedimentos a serem tomados não serão possíveis de serem realizados na farmácia ou drogaria e, portanto, o médico deverá ser consultado imediatamente. “Deve-se considerar que todo medicamento, seja ele analgésico ou antipirético, poderá promover reações indesejáveis e, às vezes, não controláveis, além de mascarar sintomas importantes para um diagnóstico preciso, dependendo de como são utilizados em dosagem, finalidade e as possíveis interações que poderão ocorrer”, afirma Maria Aparecida. A seleção e a prescrição de medicamentos estarão


veiculadas à avaliação de vários fatores, como: intensidade de dor do paciente, origem, localização, se é uma dor aguda ou crônica, intermitente ou constante, generalizada ou localizada, latejante ou não, entre outros.

Legislação Em 2009, entrou em vigor a RDC 44/2009 que obrigava todas as farmácias e drogarias a manterem os medicamentos livres de prescrição atrás do balcão, fora do alcance dos consumidores. O objetivo era que o uso desses produtos se tornasse mais racional, com a necessária orientação do farmacêutico para adquiri-los, garantia ao paciente de segurança e eficiência no tratamento de suas doenças. Porém, em 2012, a RDC 44/2009 passou por atualização, sendo esses medicamentos liberados para alcance dos consumidores. Maria Aparecida, do departamento de Farmácia da USP, não concorda com essa nova norma. A farmacêutica acredita que a colocação dos medicamentos isentos de prescrição atrás do balcão não impede que o usuário adquira, mas possibilita que ele conheça as principais implicações do uso daquele

medicamento para o problema selecionado, através das orientações fornecidas pelo farmacêutico. “As pessoas não têm informação adequada sobre as vias de administração e a possibilidade de uma utilização indevida é muito grande, dentre outros inúmeros aspectos de desconhecimento da terapêutica medicamentosa. Se o medicamento ficar fora do alcance, temos a oportunidade de promover a educação em saúde das pessoas atendidas, uma atividade extremamente necessária à população brasileira, considerando o uso racional de medicamentos”, garante. Por outro lado, Élio Dilburt, da Takeda, acredita que estar atrás do balcão significa sofrer mais influência da recomendação do balconista, que pode querer vender algum medicamento cuja margem seja melhor, por exemplo. “Já na prateleira, permite uma maior comparação de embalagens, tamanho, preço, etc., aumentando a concorrência”, afirma. Divergências à parte, o cliente deve estar ciente dos riscos e procuar sempre a orientação de um especialista.

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categoria – anti-inflamatórios

Consumo

irresponsável A venda de antibióticos já é bem controlada no Brasil. Mas os anti-inflamatórios, que também podem causar reações adversas quando mal utilizados, ainda são vendidos livremente nas farmácias do País P o r f l á v ia c or b ó 166

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C

Casos como o de uma jovem que combinou uma caipirinha com o uso de um anti-inflamatório e chegou ao hospital com falência do fígado, ou de um engenheiro que ao fazer uso constante desse tipo de medicamento precisou fazer um transplante parecem irreais. Infelizmente, são mais comuns do que muito pensam, segundo relatos do clínico da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Dr. Paulo Olzon. Ambos foto: shutterstock


categoria – anti-inflamatórios

tanto os de venda livre quanto os de venda controlada podem causar reações adversas. por isso, a orientação do farmacêutico é essencial no ponto de venda os pacientes citados colocaram a saúde em perigo devido à automedicação. Apesar de terem presença obrigatória na caixa de medicamentos da casa de quase todos os brasileiros, os anti-inflamatórios só deveriam ser consumidos, em sua maioria, com prescrição médica, em função dos seus efeitos adversos, que comprometem a saúde do paciente. Segundo regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), apenas alguns tipos de anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como ibuprofeno, naproxeno e cetoprofeno, podem ser vendidos livremente. “Mas tanto os de venda livre quanto os de venda controlada podem causar reações adversas”, ressalta o coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, Alexsandro Macedo Silva. Por isso, a orientação do farmacêutico é essencial no ponto de venda.

Riscos possíveis O uso indiscriminado do anti-inflamatório aliado à falta de informação dos consumidores pode ter consequências perigosas. “As pessoas tomam medicamento para dor de cabeça como se fosse água com açúcar. Mas se esse sintoma estiver relacionado à dengue, por exemplo, o consumo de um ácido acetilsalicílico pode piorar o quadro e gerar um sangramento grave e levar até à morte”, alerta o Dr. Paulo Olzon. A possibilidade de hemorragia existe porque, de forma geral, os anti-inflamatórios inibem a função 168

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benefícios x malefícios Alguns exemplos de doenças que podem ser controladas com o uso de anti-inflamatórios: doenças reumatológicas; artrite reumatoide; osteoartrite; atrofias inflamatórias: espondilite anquilosante; artrite psoriásica; síndrome de Reiter; gota em estados agudos; dor menstrual; dor de cabeça e enxaqueca; dor pós-cirurgia; dor óssea metastática; dor leve e moderada por inflamação ou lesões; febre; cólica nefrítica; síndrome dolorosa da coluna vertebral; osteoartrose. Porém, se mal utilizados, os anti-inflamatórios podem causar algumas reações adversas: • Dispepsia • Hemorragia gástrica • Em administração prolongada, risco de úlcera gástrica • Náuseas • Vômitos • Alergias como urticária na pele, eritemas e até raros casos de choque anafilático • Insuficiência renal reversível com a suspensão da medicação • Nefropatia associada ao uso de analgésicos e antiinflamatórios: por vezes irreversível, em função do uso contínuo de aspirina, paracetamol, indometacina, ibuprofeno, diclofenaco. O consumo crônico (por mais de três anos) pode levar a formas irreversíveis de nefrotoxicidade. • Síndrome de Reye – grave condição causada raramente pela aspirina em crianças. • A overdose de aspirina causa acidose metabólica. Fonte: Coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, Alexsandro Macedo Silva


categoria – anti-inflamatórios

classificação Os anti-inflamatórios podem ser divididos em dois tipos: • não esteroidais – têm a capacidade de controlar a inflamação e a dor, bem como a febre. Esses fármacos caracterizam-se pela inibição a atividade de subtipos da ciclo-oxigenase, diminuindo a síntese de eicosanoides oriundos da cascata do ácido araquidônico, responsáveis pelos efeitos do processo inflamatório. • esteroidais – são fármacos que agem de forma semelhante ao cortisol endógeno, hormônio responsável pelo metabolismo da glicose, da proteína e da ação antagonista das respostas imunológicas e inflamatórias. Portanto, esses fármacos também têm ação imunossupressora. Fonte: Coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, Alexsandro Macedo Silva

das plaquetas e, consequentemente, a coagulação. Outra reação comum da automedicação é o surgimento de gastrite e úlcera, relacionadas à diminuição das prostaglandinas.

Orientação responsável Para o farmacêutico Alexsandro Macedo Silva, é preciso haver uma mudança no setor e no hábito do consumidor. “O abuso da automedicação e da venda desnecessária de medicamentos (sem prescrição) geram mais problemas de saúde, tornando o paciente vulnerável e onerando o sistema de saúde”, opina. Já para o Dr. Paulo Olzon, o maior problema está no baixo rigor da fiscalização da venda dessa classe de medicamentos. “Falta uma lei que seja cumprida, como ocorre com os antibióticos”, afirma. 170

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Como age no organismo? Para oferecer um bom atendimento, é essencial estar ciente de como os anti-inflamatórios agem no corpo e quais as possíveis reações diante da medicação. Em geral, esses medicamentos devem ser utilizados para controlar os efeitos do processo inflamatório como a dor, a febre, o rubor. Mas há duas classes de anti-inflamatórios que agem de maneiras diferentes no organismo para atenuar esses males. Os anti-inflamatórios não esteroidais inibem a atividade de subtipos da ciclo-oxigenase, diminuindo a síntese de eicosanoides oriundos da cascata do ácido araquidônico, responsáveis pelos efeitos do processo inflamatório. Já os anti-inflamatórios esteroidais agem de forma semelhante ao cortisol endógeno, hormônio responsável pelo metabolismo da glicose, da proteína e da ação antagonista das respostas imunológicas e inflamatórias.


categoria categoria– –desodorantes inaladores

Apoio

à respiração A chegada do outono requer ainda mais cuidados com a saúde, sobretudo com as vias respiratórias. Por essa razão, a procura por inaladores em farmácias e drogarias aumenta significativamente Por Raque l S e n a

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foto: shutterstock


No conforto da casa Ter um aparelho inalador em casa proporciona diversas vantagens ao consumidor, como a facilidade de poder realizar o tratamento indicado pelo médico, sem a necessidade de se deslocar até um posto de saúde ou ao hospital para fazer o procedimento. “Este é um hábito que tende a aumentar entre os brasileiros, pois o custo dos equipamentos é bastante acessível. Assim que o médico prescreve o uso de inalador, o consumidor procura uma farmácia”, garante o coordenador de marketing da Accumed, Pedro Henrique Abreu. O sócio-gerente da Soniclear, Roberto Luiz de A. Haushahn, concorda e acredita também ser mais higiênico. “O risco de contaminação para o usuário é maior em locais que prestam serviços, devido à alta rotatividade, sobretudo nos que não utilizam micronebulizadores (reservatórios onde se coloca a medicação) descartáveis. Pela pressa, nem sempre fazem a limpeza e assepsia corretas.”

Maior visibilidade

Os consumidores gostam de atendimento especializado e de informações exclusivas. Recomende que: • Desliguem o aparelho da rede elétrica ao término do uso. • Desencaixem todos os acessórios e retirem os resíduos de líquidos e medicamentos. • Lavem todas as partes e peças com água e sabão neutro. • Após a lavagem, sempre que possível, coloquem os acessórios numa solução germicida durante 20 minutos. • Limpem o reservatório do inalador com papel toalha – nunca utilizem álcool. Fonte: Soniclear

lização. Segundo o executivo da NS, a melhor maneira de divulgar os produtos é através de exposição destacada no ponto de venda, em locais de maior visibilidade e circulação da loja para chamar a atenção do cliente. “Devem ficar próximos de produtos como soro fisiológico, acessórios para inalação e aparelhos para prevenção de doenças respiratórias. Com isso, o consumidor tem acesso aos aparelhos, suas funcionalidades e acaba conhecendo as opções de produtos disponíveis”, afirma. Roberto Luiz de A. Haushahn, da Soniclear, lembra que eles podem ser expostos também em prateleiras próximas aos caixas ou nos balcões de atendimento, pois são produtos que possuem maior valor agregado para a farmácia e ajudam a compor o faturamento. “Muitas vezes os inaladores, por ficarem mal expostos, não são visualizados pelos consumidores, que acham que o produto não está disponível na loja. No período do inverno, indicamos que as lojas façam exposições em pilhas de caixas e ações em tabloides para incentivar as vendas.” A qualidade do atendimento também é um item importante, afinal existe uma variedade de produtos no mercado e o balconista precisa manter-se informado, a fim de sanar as dúvidas dos consumidores quando necessário.

E CO N TEÚDO

A mudança climática faz com que o momento seja propício à comercialização de produtos voltados à cura e prevenção de doenças respiratórias. É uma grande oportunidade para o varejista explorar a categorização e aproveitar a sazonalidade para alavancar as vendas. Atualmente, farmácias e drogarias já podem ser consideradas uma referência em local de aquisição desse tipo de equipamento. Porém, não basta ter o produto no mix, os aparelhos têm de ser expostos em área de boa visua-

Orientação no ponto de venda

AL

O

O surgimento de folhas amareladas e secas nas árvores indica o início de uma nova estação: o outono. Nessa época, as variações de temperatura e o tempo seco são constantes e acabam causando preocupação. Afinal, é um período propício para ocorrer um aumento na incidência de doenças respiratórias. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 600 milhões de pessoas sofrem deste tipo de problemas ao ano em todo o planeta. Entre os casos mais comuns no período estão as gripes e resfriados, além de asma, bronquite e infecções das vias aéreas superiores, como rinite, sinusite, faringite e laringite, entre outras. Para desobstruir as vias e proporcionar alívio, um dos tratamentos mais prescritos é a inalação. De acordo com o gerente de vendas da NS Aparelhos Médicos, Maurício Parizi, a demanda pelos aparelhos aumenta em aproximadamente 60% durante o período das estações mais frias. “Esse mercado tem crescido, em média, entre 5% e 8% ao ano dentro do canal farma”, garante.

XT T RA NO POR

Confira no Portal as diferenças entre os modelos de inaladores existentes no mercado farmacêutico www.guiadafarmacia.com.brIbus

2013 março guia da farmácia

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Logística

Transporte de

medicamentos termolábeis Seguir as Boas Práticas de Transporte é fundamental em todo o processo logístico, para que seja garantida a segurança e qualidade dos medicamentos

Amanda Regina Corsini Rossi Farmacêutica responsável pela filial da Ativa Logística, em Ribeirão Preto 174

M

Medicamentos termolábeis são produtos sensíveis a condições extremas de temperatura cuja exposição a essas condições pode danificar suas propriedades farmacológicas, e logo seu efeito desejado. Enquadram-se nesse grupo os medicamentos utilizados na prevenção e curas de doenças crônicas como vacinas, oncológicos, insulinas, entre outros. A etapa logística de armazenagem e transporte de medicamentos termolábeis deve ser rigorosamente monitorada e seguir o sistema de gestão da qualidade definido pelas Boas Práticas de Transporte. O monitoramento da carga termolábil precisa ser realizado pelo farmacêutico em conjunto com os funcionários da operação para garantir que a estabilidade dos medicamentos e o controle das Boas Práticas de Fabricação sejam realizados anteriormente à entrega do medicamento ao usuário final. Sendo assim, a transportadora deve atentar-se aos seguintes fatores: Prazo de entrega X temperatura: a embalagem térmica deve ser entregue dentro do prazo estabelecido pelo embarcador. Atraso, reentrega e devolução: caso o volume de termolábil permaneça no terminal de carga por motivo de força maior, este deve ser guardado devidamente lacrado em sala de ambiente controlado, até sua reentrega ou devolução ao embarcador.

guia da farmácia março 2013

Supervisão da operação: é importante observar diariamente se ocorre a chegada de produtos termolábeis e se estes sairão em tempo hábil para entrega. O uso de embalagens térmicas qualificadas é hoje comum no mercado porque garante a manutenção da temperatura adequada até o momento final do transporte. Por isso, a transportadora deve sempre contatar o cliente (embarcador) para obter essas informações. Todos os medicamentos podem sofrer com temperaturas extremas, porém os mais sensíveis são os que necessitam manter a temperatura entre 8°C e 25°C e de 2°C a 8°C. Fabricante, distribuidor, armazenador e transportador são responsáveis conjuntamente pelo seu acondicionamento adequado. Para que este controle seja seguido, o farmacêutico padroniza e implanta, junto aos envolvidos no processo, a forma mais adequada para transportar e manusear os medicamentos, treinando e supervisionando as atividades operacionais. Os mesmos cuidados e procedimentos devem ser tomados para a logística reversa dos produtos. Portanto, seguir as Boas Práticas de Transporte é fundamental em todo o processo logístico, para que sejam garantidas a segurança e a qualidade dos medicamentos, principalmente os termolábeis. foto: DIVULGAÇãO


OPORTUNIDADE

Novo

recorde Para o inverno de 2013 surgem novas nuances baseadas nos vermelhos e nos tons com fundo avermelhado e dourado. Para os loiros, os tons acinzentados estão em alta P O R E g l e Leo na rdi

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E

Em 2011 o mercado de coloração faturou cerca de R$ 1,5 bilhão com crescimento de 3,28% sobre o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). O aumento do consumo de tinturas para os cabelos ficou em torno de 14,2% nos últimos cinco anos. O presidente da entidade, João Carlos Basílio, ressalta que o Brasil é o maior mercado do mundo em tinturas. Colorir os cabelos vai além de cobrir fios brancos. O ato responde à moda. Por isso, a coloração entra na vida da mulher cada vez mais cedo. De acordo com a Abihpec, as brasileiras são as que mais tingem fotos: shutterstock


OPORTUNIDADE

Quanto mais informação, melhor Para realizar uma venda consultiva de tinturas e colorações em farmácias e drogarias a gerente de marketing de Garnier Nutrisse, Michelle Pineiro, explica que é necessário haver uma demonstradora específica de coloração que entenda de todos os produtos disponíveis e que possa ajudar a consumidora no momento da escolha, explicando qual a nuance ideal de acordo com a cor do cabelo e o seu objetivo. A gerente de produto da Niely, Delane D´Azevedo, ressalta que as vendas no canal farma representam quase 70% do total de coloração, segundo dados da Nielsen. A farmácia é um canal destino, isto é, é o local preferido das consumidoras para a compra de coloração, pois é nele que o seu tempo é dedicado para a compra de produtos para consumo próprio, para os cuidados que ela precisa. “Devido ao pouco espaço de que esse canal dispõe, nós oferecemos o mix mínimo que representa 70% da gama de nuances. Além disso, a Niely oferece às farmácias promotoras treinadas para apresentar todos os benefícios, ações e manuseio do produto”, enfatiza Delane. Ela acrescenta que a empresa desenvolve também materiais diferenciados para o canal, facilitando a identificação rápida da consumidora e para dar mais destaque, como a moldura de gôndola.

os fios. O índice de penetração de tinturas entre o público feminino chega a 98%, um recorde mundial. Os números da Nielsen diferem um pouco, mas seguem a mesma linha de crescimento: o mercado de coloração está acelerado com 20,2% de ascensão em valor e 13,4% em volume (setembro e outubro de 2012 versus setembro e outubro de 2011). Em todas as estações do ano, esta categoria sempre é aquecida pela tendência, pela moda e também pelo que a consumidora deseja. Para renovar, as empresas costumam investir em campanhas que trazem as animações de cores e que são utilizadas tanto para promover novas cores quanto as atuais, que já constam no portfólio. De acordo com a gerente de produto da Niely, Delane D´Azevedo, as promessas para o inverno estarão focadas nas tonalidades de castanho, chocolate e marrom, que são cores que aquecem e destacam a beleza da mulher brasileira. Além disso, os vermelhos e os tons com fundo avermelhado também serão grandes apostas para a estação. E para as loiras, os tons acinzentados continuam super em alta. Já a gerente de marketing de Garnier Nutrisse, Michelle Pineiro, explica que durante todo o ano a empresa estuda as tendências e as necessidades das mulheres, buscando desenvolver cores que atendam aos seus desejos e que ao mesmo tempo inovem o mercado. “Com a chegada do inverno, os reflexos mais quentes voltam com tudo; acobreados, avermelhados e os próprios dourados 178

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prometem fazer sucesso na estação”, diz ela. Michelle comenta que as maiores inovações são no produto e não nas nuances, pois essas variam bastante. “O novo Nutrisse 8 semanas antirressecamento é um excelente exemplo de inovação no mercado, já que 67% das reclamações das mulheres que colorem o cabelo recaem exatamente sobre o ressecamento.” Ela conta ainda que a empresa se baseia nas tendências da moda nacional para as nuances desenvolvidas especificamente para as necessidades da mulher brasileira, e na moda internacional para as nuances desenvolvidas no exterior que são adaptadas para o mercado nacional. Já Delane destaca que o ambiente brasileiro passou a ditar sua própria tendência: “Se no mercado internacional as cores fortes são os castanhos, marrons e os vermelhos, aqui no Brasil seguimos as mesmas cores, porém, utilizando técnicas mais ousadas como ombré hair, as luzes californianas e reflexos. Isso traduz mais a personalidade da brasileira, que adora ousar e abusar nas cores de seus cabelos”.

Como alavancar as vendas Algumas dicas são fundamentais para os pontos de venda (PDVs) terem sucesso na comercialização de coloração. “A princípio é necessário treinamento para os balconistas sobre colorimetria (ciência e conjunto de tecnologias envolvidos tanto na quantificação quanto na investigação física e psicológica do fenômeno de percepção de cores pelos seres humanos) para que façam a indicação correta para a consumidora”, comenta Delane D´Azevedo, da Niely. Além disso, deve-se expor sempre a cartela de mechas em perfeito estado e em local de fácil acesso. Por fim, é indis-


Para os pontos de venda (PDVs) terem sucesso na comercialização de coloração é necessário treinamento para os balconistas sobre colorimetria, para que façam a indicação correta à consumidora. além disso, deve-se expor sempre a cartela de mechas em perfeito estado e em local de fácil acesso

pensável ter uma iluminação adequada a cada tipo de PDV. “É preciso analisar a estrutura da loja, perfil dos clientes e também acompanhar as vendas e entregas para que não ocorra ruptura. No PDV a ausência dos produtos na gôndola diminui a venda e inibe uma possível venda casada”, ressalta a especialista. Ela acrescenta que, normalmente, as estratégias e recursos usados pelos varejistas são acordados diretamente com a indústria, que conhece sua consumidora e sabe o que ela deseja em termos de informação. “É fundamental o papel da demonstradora no PDV, ela deve estar treinada e capacitada para esclarecer todas as dúvidas e questionamentos das consumidoras”, destaca Delane. Os investimentos em mídia impressa e TV também são importantes, mas sempre pensando em ações diferenciadas, tais como anúncio-editorial, onde podem ser oferecidas algumas dicas de aplicação, o que fazer e o que não fazer quando for alisar os cabelos. No caso da TV, as ações de merchandising funcionam melhor que um comercial de 30 segundos, por exemplo. “O famoso quadro Antes e Depois é muito bem percebido pela consumidora”, finaliza.

Exposição A organização das gôndolas de maneira a facilitar a escolha da shopper é imprescindível. “Para isso, é preciso seguir um planograma que inicie com as cores

especiais na primeira prateleira e depois continuar, de cima para baixo, com as nuances mais escuras para as mais claras em ordem numérica crescente”, revela Michelle Pineiro, da Garnier Nutrisse. É também fundamental ter no ponto de venda os materiais de comunicação para atrair a consumidora a conhecer e comprar o produto, além de uma precificação correta e visível. “Cartelas de mechas também são indispensáveis, pois tangibilizam como são as cores reais da coloração nos cabelos, colaborando muito com a decisão de compra”, diz a especialista. A executiva defende ainda que para aumentar as vendas da categoria de coloração é fundamental que a loja sempre tenha um sortimento completo de nuances disponível, o que aumenta as chances de a consumidora encontrar o produto e efetuar a compra. Em casos de lojas com mix reduzido é primordial ter ao menos as 20 nuances mais vendidas de cada coloração. “Também para conquistar novas consumidoras é muito importante oferecer a embalagem minikit. É um formato que vem crescendo e ajuda a alavancar a categoria, trazendo novas consumidoras, principalmente da classe C, para comprar coloração no PDV. Mas nunca exponha junto os kits com os minikits”, aconselha. Para finalizar, Michelle lembra que é essencial ter qualidade de exposição com a organização da gôndola. 2013 março guia da farmácia

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consumo

Mercado de fralda cresce 12,3% A fralda faz parte da categoria destino. Seu principal shopper, a mãe, vai ao ponto de venda especificamente para comprá-la. Portanto, atenção especial ao produto Por Egl e Le o n ard i

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fotos: shutterstock


S

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o mercado de fraldas descartáveis movimentou, em 2011, cerca de R$ 2,5 bilhões, com crescimento de 12,3% comparado ao ano anterior. Estudo do Popai Brasil indica que as farmácias não são mais utilizadas apenas para a compra de medicamentos. Quase metade dos visitantes objetiva a aquisição de outros itens, dando destaque para seções de higiene pessoal. Algumas categorias já são típicas do canal, como as fraldas. Os consumidores reconhecem que esse varejo é uma alternativa de compra devido à comodidade, localização e preço atrativo. A categoria de fraldas é tida como destino em farmácias e drogarias. Dessa forma, as mães, principais shoppers do produto, vão a determinada loja exclusivamente para comprá-lo. Se não o encontram, mudam de estabelecimento, pois são fiéis à marca. A gerente de Huggies Turma da Mônica, Ana Claudia Bandle, explica que, segundo informações de Homescan – Nielsen, o shopper possui um rol de duas marcas, entre as quais transita na hora da compra. Ela comenta que esse mercado movimenta cerca de cinco bilhões de unidades anualmente. “Em termos do potencial da categoria, vale destacar que a taxa de natalidade não aumenta (está em 1% ao ano), porém, existe uma grande movimentação dos segmentos econômicos para os premium (fraldas de melhor qualidade e performance)”, diz a executiva. Por conta disso, a evolução da categoria aponta para um crescimento em volume de 1% e em valor de 6,5% no último ano. De acordo com a coordenadora de atendimento a varejistas da Nielsen, Fernanda Gomes, as fraldas descartáveis estão entre as categorias consideradas TOP 10 nas farmácias. Essas categorias representam 74% nas vendas do segmento no ponto de venda (juntamente com desodorante, bronzeador, tintura, xampu, pós-xampu, creme para pele, corpo e face, sabonete, absorvente higiênico e lâmina de barbear). É essencial que o produto esteja sempre disponível em todos os tamanhos, já que, caso a mãe não encontre o procurado, ela vai buscá-lo em outra loja.

Inovações De acordo com o pediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Fábio Ancona, cuidar da pele dos bebês deve ser uma das prioridades de toda mãe para que eles se sintam confortáveis e protegidos. “O con-

Exposição correta • Mantenha o grupo de produtos próximo ao setor de perfumaria infantil. • Coloque a categoria no final do fluxo da seção de infantis para estimular o shopper a percorrer todo o corredor. • Ao expor os itens na gôndola, comece pela segmentação de marcas (premium, intermediária, baixo preço). • Na sequência, separe as fraldas por tipos (noturnas, diurnas e básicas). • Dentro dessa segmentação, organize por tamanho: do menor para o maior. Fonte: Alessandra Lima, diretora-geral da Consultoria Mind Shopper

tato prolongado com as fezes e a urina deixa a pele avermelhada, com fissuras e até edema nas camadas superficiais”, explica. “Escolher uma fralda adequada e fazer a higienização sem esfregar o local fazem parte de uma correta rotina de cuidados”, afirma o médico. O pediatra ressalta que crianças que não recebem a higienização certa podem desenvolver pápulas (lesões avermelhadas) devido à candidíase, doença causada por fungos e que deve ser tratada por um especialista. Considerando essas necessidades, a Pampers desenvolveu sua versão Premium Care, que combina proteção ultrassuave a um sistema de absorção. De acordo com a empresa, sua nova camada externa ajuda a proteger a pele do bebê, fazendo com que ele se sinta como se não estivesse usando fralda. O produto oferece uma loção com aloe vera, que cria uma camada protetora na pele, ajudando a prevenir irritações.

Gerenciamento da categoria Para a gerente de Huggies e Turma da Mônica, o gerenciamento da categoria de fraldas descartáveis nas farmácias deve ser conduzido por meio da exposição correta e ações diferenciadas. “A ação mostra os diferentes níveis de qualidade e seus atributos, educando o shopper a comprar produtos de maior valor agregado”, acrescenta ela. Uma das características mais marcantes do segmento infantil é a evolução, tanto em termos de produtos como de conhecimento do shopper e do consumidor. O mercado revela a busca por itens customizados, que atendam à necessidade de cada tipo de pele e de cada rotina do bebê. A tendência atual é pela procura dos pacotes maio2013 março guia da farmácia

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consumo

res e mais econômicos, com melhores preços por tira. O uso de cestões é bastante comum, porém é importante que o ponto natural das fraldas seja a gôndola, para que o shopper compare os tipos, os tamanhos e os preços de todas as marcas. A executiva da Huggies Turma da Mônica diz que a exposição no ponto de venda deve ser ajustada ao tamanho da loja, sempre priorizando todos os tamanhos de fraldas. O ideal é separar cada linha de acordo com sua performance e preço. Os produtos com maior giro devem ficar em prateleiras privilegiadas, de fácil acesso pelo shopper. É importante facilitar o momento da compra, separando os tamanhos das fraldas e pacotes.

Atenção ao layout e exposição A fralda deve estar bem exposta, com todas as versões. O índice de falta de produto no segmento é bastante elevado. “Outra dica é a exposição próxima de categorias complementares, como lenços umedecidos, creme preventivo de assaduras, sabonete líquido, dentre outras categorias, gerando compra por impulso”, ressalta Ana Claudia. A diretora-geral da Consultoria Mind Shopper, Alessandra Lima, explica que, em termos de fluxo, é também importante abrir a exposição com cuidados bucais infantis; na sequência, colocar banho, pós-banho, troca de fraldas e terminar a exposição com fraldas, que é geradora de fluxo de pessoas pelo corredor. Vale colocar absorventes de seio e cremes para rachadura junto com a rotina de troca de fraldas, para que a mãe possa ver os itens e se lembrar de comprá-los. Ela aconselha a posicionar categorias correlatas em um único espaço: higiene, alimentos, acessórios, brinquedos, têxtil. Esta tática, além de facilitar a compra do consumidor, estimula a experimentação de novos produtos e a compra por impulso de categorias que não constam na lista de compras. Também é preferível ter poucas marcas que atuam em vários segmentos (xampu, condicionador, sabonete, colônia, lavanda) a ter muitas marcas e uma em cada segmento diferente. Essa tática passa ao consumidor a sensação de loja completa. É aconselhável manter na loja materiais de sinalização e ambientação que complementam o clima de compra diferenciado, principalmente com testeiras, faixas de gôndola e materiais lúdicos, como adesivos de chão no formato de amarelinhas e régua para acompanhar o crescimento da criança, entre outros. 182

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institucional abradilan

Está chegando a hora

www.abradilan.com.br

da maior feira do setor farmacêutico

A ABRADILAN FARMA e abradilan hpc acontece há oito anos, com o objetivo de aproximar e tornar possível o relacionamento e a realização de negócios entre empresas expositoras e visitantes P o r J U L I A N O C U NHA V I NHA L - pr es i de nte do Co n se lh o Di ret iv o d a Abr ad ilan

É

É com satisfação que convido a todos para participarem da 8ª ABRADILAN FARMA e HPC, que acontecerá de 20 a 22 de março de 2013, no Riocentro - Rio de Janeiro-RJ. A ABRADILAN FARMA e HPC chega à 9ª edição e consolida a sua posição de maior feira do setor farmacêutico. A entrada no evento é gratuita, porém, restrita a profissionais do setor farmacêutico. Nessa oportunidade esperamos contar com pelo menos 16 mil visitantes durante os três dias de evento e muitas realizações de parcerias e negócios. A ABRADILAN FARMA e ABRADILAN HPC acontece há 8 (oito) anos, com o objetivo de aproximar e tornar possível o

relacionamento e a realização de negócios entre empresas expositoras e visitantes. Paralelamente à Feira, os participantes poderão assistir a palestras com profissionais renomados nas suas áreas de atuação. Para essa edição já estão confirmadas as palestras com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e também os experientes consultores: Sergio Almeida, Cesar Souza e Gilson Coelho. A ABRADILAN FARMA e ABRADILAN HPC vem superando expectativas a cada edição e demonstrando, aos nossos expositores e visitantes, que o evento possibilita excelente forma de relacionamento e negócios, enriquecido pelo compromisso com a difusão de um conjunto de prin-

cípios voltados ao desenvolvimento do setor de distribuição e varejo de produtos farmacêuticos e HPC no Brasil. Já temos vários expositores de grande porte confirmados, tais como: laboratórios farmacêuticos, empresas de produtos para a saúde, empresas de cosméticos e empresas de serviços. Para sua maior comodidade sugerimos que faça o cadastramento pelo site: www.abradilan.com.br ou, se preferir, poderá fazê-lo na entrada do evento, ao apresentar o convite distribuído pela organização do encontro, pelos expositores e associados da ABRADILAN. Conto com a presença e participação de todos.

Empresas sócias colaboradoras da Abradilan 184

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sempre em dia

margens maiores

Apostar em itens de higiene e beleza, como dermocosméticos e produtos com formulação tecnológica, gera rentabilidade incremental ao ponto de venda Oleosidade sob controle

A Linha Skan, composta pelo Gel Creme e o Mousse de Limpeza da Biolab Farmacêutica, foi desenvolvida com nanotecnologia para o cuidado da pele oleosa. A composição desobstrui os poros, evita o surgimento de lesões acneicas e possui ação calmante. Preço sugerido: R$ 69,00 (Gel) e R$ 54,00 (mousse) Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.depilart.com.br 186

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RENOVAÇÃO tecnológica

A Dove renovou sua linha de hidratantes corporais com tecnologia DeepCare Complex. O lançamento chega com novidades: a variante Creamy Comfort, com manteiga de karité, que une a nutrição da pele à fragrância intensa do ingrediente, e Nutrição Essencial, que age de maneira profunda na pele deixando-a macia e suave. Além da nova formulação, as loções são produzidas com o uso do equipamento Sonolator associado a uma tecnologia exclusiva, que permite que o produto espalhe melhor na pele. Preço médio: R$ 6,49 (200 ml) e R$ 10,99 (400 ml) Na gôndola: pele Site: www.dove.com.br fotos: shutterstock/divulgação


sempre em dia

Proteção avançada A Mantecorp Skincare lança no mercado brasileiro o primeiro protetor solar que protege contra os raios infravermelhos, vilões do envelhecimento precoce. Com o exclusivo C-MIT, o Episol MIT preserva as estruturas e funções da pele, prevenindo o fotodano. O resultado é uma pele livre das lesões típicas do fotoenvelhecimento como flacidez, manchas e rugas. Por isso se torna um aliado como potencializador no tratamento com rejuvenescedores.

Tecnologia nas prateleiras

A nova linha feminina de antitranspirantes da Rexona chega ao mercado com tecnologia motionsense: uma fórmula ativada pelo movimento, através de microcápsulas que atuam na superfície da pele. O atrito das axilas, como resultado dos movimentos, causa a ruptura das cápsulas e a liberação da fragrância ao longo do dia.

Preço médio: Episol MIT 30 - R$ 68,30 e Episol MIT 50 – R$ 79,30 Na gôndola: pele/proteção solar/ dermocosméticos Site: www.mantecorpskincare.com.br

Preço médio: R$ 9,40 (aerossol) e R$ 6,30 (roll-on) Na gôndola: desodorantes/checkout Site: www.rexona.com.br

NOVA FRAGRÂNCIA Os perfumes Giovanna Baby chegam em nova versão, a Lilac. Além da fragrância, há três opções de desodorante. O perfume é uma colônia floral baby, com frasco que remete ao formato de um corpo de bebê. A embalagem já vem em formato de presente. Os desodorantes são dermatologicamente testados e oferecem proteção diária por 24 horas, além de não mancharem as roupas. Preço médio: R$ 35,00 (perfume), R$ 4,50 (spray), R$ 8,50 (aerossol) e roll-on (R$ 5,50) Na gôndola: bebês/checkout/perfumes Site: www.giovannababybr.com 188

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Maquiagem de destaque

O néon está dominando as tendências de cores no universo dos cosméticos. Pensando nisso, a Bi Company lançou a sombra iluminadora Sea e Orange Shine Kreati, que por meio de um processo de ultramicronização de talco e pigmentos, confere mais luminosidade ao olhar, além de uma longa duração. Já o batom Radiante Sheer possui cores que vão do efeito mate ao extrabrilho. Preço médio: R$ 5,30 Na gôndola: maquiagens/checkout Site: www.biocompanyonline.com.br


sempre em dia

Toque macio

Preparar a pele é essencial para uma depilação segura e saudável. Para auxiliar as mulheres durante esse processo, a DepiRoll indica o Preparador Loção Pré Depilatória. O produto foi desenvolvido com alta tecnologia e contém extrato de hortelã. Higieniza e mantém a pele livre de oleosidade ou suor, auxiliando a remoção total dos pelos. Além disso, facilita a fixação da cera e pode ser utilizado em todos os processos depilatórios.

Preço médio: R$ 9,24 Na gôndola: pele/depilatórios Site: www.depiroll.com.br

Pele renovada

A La Roche Posay lançou o Substiane + UV, creme anti-idade que recupera a densidade da pele e ainda possui fator de proteção. O extrato é rico em ômega 3 e age em duas frentes: protege e estimula a produção das fibras de colágeno. A associação de Pro-XylaneÒ com Linactyl confere uma ação mais completa no tratamento do envelhecimento cutâneo.

Linha jovem

A Kimberly-Clark criou uma nova linha de cuidados pessoais unissex, com a chancela da Turma da Mônica Jovem. São diversos itens, entre xampu, condicionador, sabonete e desodorante. A linha foi desenvolvida a partir de três personagens: Mônica e Magali para as meninas e Cebolinha para os garotos. Cada personagem tem uma fragrância exclusiva. Preço sugerido: Xampu – R$ 7,28 Condicionador e sabonete – R$ 8,95 Desodorante – R$ 6,41 Na gôndola: infantil Site: www.kimberly-clark.com.br 190

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Preço sugerido: R$ 154,90 Na gôndola: pele Site: www.laroche-posay.com.br

HIDRATAÇÃO E frescor

A Depilart apresenta o Gel Hidratante Corporal com aloe vera, que conta com propriedades suavizantes que protegem e hidratam a pele. O produto é indicado para uso após a depilação e como pós-sol, pois proporciona sensação de frescor. A fragrância e a textura com rápida absorção deixam a pele levemente perfumada e macia.

Preço médio: R$ 6,90 Na gôndola: pele/depilatórios Site: www.depilart.com.br


sempre em dia

Conforto extra Silhouette, marca de absorventes externos, acaba de relançar sua completa linha de produtos, com o objetivo de atender às diferentes necessidades e preferências das mulheres durante o período menstrual. As linhas Silhoutte Única Super Gel e Sillhouette Única contam com canais e barreiras protetoras, neutralizador de odores e extrato de camomila, o que garante segurança e suavidade no toque. Já o protetor diário Silhouette Discret protege a região íntima, permitindo que a mulher tenha uma agradável sensação de limpeza e frescor. Preço médio: R$ 2,00 Na gondola: hygiene íntima/checkout Site: www.hypermarcas.com.br

FRALDAS CLÁSSICAS

A Baby Roger apresenta a linha de fraldas descartáveis Clássica. Disponível nos tamanhos P (32 unidades), M (28 unidades), G (24 unidades) e XG (20 unidades), o produto tem formato anatômico e um ultragel absorvente, que retém o xixi, evitando que ele entre em contato com a pele do bebê. As barreiras impermeáveis nas laterais impedem vazamentos, permitindo o uso prolongado. Já o aloe vera deixa o bumbum macio e hidratado. As fraldas são dermatologicamente testadas.

Preço médio: R$ 9,48 Na gôndola: bebês/checkout Site: www.babyroger.com.br

EXTRATOS VEGETAIS

Rosto colorido

A coleção de pincéis criada pela Vult Cosmética auxilia a consumidora nas produções que exigem mais detalhes e sofisticação. No total, são 11 tipos de pincéis, um para cada função na execução da maquiagem. Os itens são vendidos separadamente e oferecem alta precisão, devido ao formato ergonômico do cabo e cerdas, além de possuírem um visual elegante e moderno. Preço médio: entre R$ 9,06 e R$ 32,54 (varia de acordo com o tipo de pincel) Na gôndola: maquiagens Site: www.vult.com.br 192

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A Phytoervas lança três opções de tratamento: Ultra Reparação, Nutrição Total e Controle de Cachos. Os novos xampus e condicionadores, que fazem parte da linha clássica da marca, apresentam uma combinação de extratos como óleo de argan, ômega 3 e 6, e cálamo, que garantem regeneração, controle do volume e hidratação profunda dos fios, além de brilho e maciez. Com pH balanceado, os novos produtos são livres de ingredientes ou testes animais e podem ser utilizados diariamente. Preço médio: R$ 12,00 (xampu) e R$ 14,00 (condicionador) Na gôndola: cabelos Site: www.nasha.com.br/phytoervas


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