Edicao 253 - Trabalho colaborativo

Page 1

ano XX • nº 253 dezembro de 2013

ATUAÇÃO CONJUNTA

Pesquisa inédita da Advantage Group Brazil revela que indústria e varejo começam a unir forças colaborativas para definir metas comerciais de produto e conquista do shopper CAPA253_ok.indd 177

19/11/13 08:56


EDITORIAL

Ano colaborativo

Uma pesquisa inédita realizada pela Advantage Group Brazil revela que o momento atual do mercado farmacêutico é de construção da confiança e do relacionamento sustentável entre indústria e varejo. Cada vez mais as decisões são tomadas de forma conjunta, ou seja, esses players passam a perceber que unir forças traz resultados mais rapidamente e de forma eficaz. O estudo mostra a percepção que os fabricantes têm de seus clientes e os varejistas de seus fornecedores em diferentes níveis hierárquicos e áreas funcionais. Com base nos resultados, é possível desenvolver planos de ação com parceiros, atendendo às respectivas necessidades e prioridades e assegurando, dessa forma, o uso mais eficiente dos recursos. O grande destaque fica por conta da performance das empresas no que se refere a sete atributos: relacionamento de negócios, equipes, trade marketing, marketing ao consumidor, logística, customer service e desenvolvimento de categorias. Outro ponto importante, é o atendimento com excelência ao shopper. Atrair, reter e fidelizar esses consumidores é um desafio para todos.

DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Flávia Corbó EDITORA DE ARTE Larissa Lapa ASSISTENTES DE ARTE Junior B. Santos e Rodolpho A. Lopes DEPARTAMENTO COMERCIAL EXECUTIVAS DE CONTAS Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) 4

Sempre antenado às principais movimentações do setor, o Guia da Farmácia não poderia encerrar o ano sem abordar uma questão difícil de ser solucionada e que se arrasta há pelo menos quatro anos: rastreabilidade. Segundo apurou a repórter Flávia Corbó, diante de um número maior de brasileiros consumidores habituais de medicamentos, cresce a preocupação com a segurança da população. A intenção da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é criar um sistema de acompanhamento do produto, em toda a cadeia produtiva. O plano, no entanto, ainda não saiu do papel. Agora, a promessa de implantação foi prorrogada para 2016. Acompanhe a reportagem na íntegra. Agradecemos seu companheirismo durante este ano e desejamos que continue sendo um leitor sempre fiel. Nossa programação para 2014 está repleta de assuntos que o manterão atualizado e conectado com os principais fatos e acontecimentos do canal farma. Feliz Natal e um novo ano cheio de bons negócios! Lígia Favoretto Editora-chefe

ASSISTENTES DO COMERCIAL Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE ASSINATURAS Morgana Rodrigues

MARKETING DIGITAL Andrea Guimarães Noemy Rodrigues

DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício

COLABORADORES DA EDIÇÃO Revisão Helder Profeta Textos Egle Leonardi, Kathlen Ramos, Marcelo de Valécio, Rodrigo Rodrigues e Vivian Lourenço Colunistas Gustavo Semblano, Silvia Osso, Vicente Sevilha Junior e Walter Takahashi

ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia e Antônio Gambeta

IMPRESSÃO Abril Gráfica

MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira

CAPA Shutterstock

COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri

> www.guiadafarmacia.com.br Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.

ANALISTA DE MARKETING Lyvia Peixoto

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

EDITORIAL 253.indd 4

O momento atual do mercado farmacêutico é de construção da confiança e do relacionamento sustentável entre indústria e varejo. Cada vez mais as decisões são tomadas de forma conjunta

FOTO: SHUTTERSTOCK

19/11/13 14:08


SUMÁRIO #253 DEZEMBRO 2013

E MAIS

34 38 > CENÁRIO Os players do setor farmacêutico preparam-se para instalar o sistema nacional de rastreabilidade dos medicamentos, que deve entrar em vigor dentro de três anos, segundo projeções da Anvisa

46 > SUSTENTABILIDADE A Anvisa voltou a promover audiências públicas para debater a implantação de uma política nacional de descarte de medicamentos. Varejo e indústria discutem a melhor forma de colocar o plano em prática

CAPA

66 > TENDÊNCIA Diante de um consumidor cada vez mais exigente e um mercado de concorrência acirrada, indústria e varejo perceberam que unir forças é o melhor caminho para conquistar a confiança do shopper

100 > PLANEJAMENTO Conheça os processos fundamentais para executar um bom planejamento de gestão de uma farmácia. A ação envolve muita estratégia, medição e correção de rumo

114 > PESQUISA Por mais que as farmácias venham aumentando os investimentos em produtos de higiene pessoal e beleza, uma pesquisa realizada pela Nielsen aponta que as perfumarias são o canal de compra preferido para essas categorias

6

sumario.indd 6

08 12 16 24 34 56 58 78 84 90 94 108 124

> > > > > > > > > > > > >

GUIA ON-LINE ENTREVISTA ANTENA LIGADA ATUALIZANDO DEBATE GUIA DA FARMÁCIA RESPONDE NEGÓCIOS PANORAMA EMPREENDEDORISMO TECNOLOGIA PONTO DE VENDA GESTÃO ATUALIDADE

CADERNO SAÚDE 132 138 144 146 154 158 164

> > > > > > >

PELE HIPERTENSÃO ARTIGO DOR DE CABEÇA HPV AIDS CONTRACEPÇÃO

172 186 192 196 202

> > > > >

VERÃO OPORTUNIDADE EVENTO SEMPRE EM DIA SERVIÇOS

COLUNAS 32 > FINANÇAS Vicente Sevilha Junior 54 > CONSULTOR JURÍDICO Gustavo Semblano 106 > VAREJO Silvia Osso ERRATA Diferentemente do que foi publicado na edição 252, seção Sempre em Dia, pág. 208, o Vodol Prevent é um cosmético destinado a eliminar odores e transpiração dos pés. Já o Vodol (nitrato de miconazol) é um medicamento de uso tópico destinado a tratar micoses e frieiras, agora disponível também na versão aerossol.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 20:27


GU IA ON- L I NE WWW.GUIADAFARMACIA.COM.BR INFORMAÇÕES EXCLUSIVAS NA INTERNET

NTEÚDO

E

XT

AL

CO

ESTE SELO NOS ARTIGOS DA REVISTA INDICA CONTEÚDO EXTRA. ACESSE O PORTAL E CONFIRA

RA N O POR

T

Acesse o Portal e confira as informações complementares do conteúdo editorial da revista, além de textos exclusivos a cada edição.

CONTEÚDO EXTRA NO PORTAL (A PARTIR DO DIA 15 DE CADA MÊS)

AÇÃO NO ORGANISMO

Do que são compostas as fórmulas infantis e como elas colaboram para manter a boa nutrição das crianças?

EXEMPLOS DE SUCESSO

Alguns países já contam com sistema de rastreabilidade de medicamentos e podem ajudar o Brasil a elaborar um projeto eficiente

8

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

online 253.indd 8

FARMÁCIA X PERFUMARIA Conheça a percepção do shopper sobre as categorias de higiene e beleza. Quais produtos ele compra em qual canal?

FOTOS: SHUTTERSTOCK

19/11/13 20:29


O QUE ROLA NAS REDES SOCIAIS

Acompanhe o Facebook do Guia da Farmácia

SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS Para fazer elogios, críticas ou dar sugestões ao Guia da Farmácia, escreva para a redação: Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010 ou ligia@contento.com.br. Queremos saber o que você pensa!

Siga-nos no Twitter @guiada_farmacia

SUS OFERECERÁ MAIS QUATRO MEDICAMENTOS

VACINA GRATUITA CONTRA HPV EM 2014

POLÊMICA SOBRE TESTE EM ANIMAIS

Muito triste essa realidade: Brasil, um País onde quem sabe passa por agressor, um País onde se defende a corrupção, um País onde quem manda são os malandros analfabetos, onde os estudos e vontade de ajudar os outros são apenas lixo. Um luto para a ciência. Diana Fenalli, em resposta à nota “Instituto Royal anuncia fechamento”, publicada na página do Facebook do Guia da Farmácia, no dia 7 de novembro.

A FAVOR DA CIÊNCIA

Quantas pessoas perderam a chance de cura! Luto. Brasil, o País da inversão de valores em todos os sentidos. Solange Artesani, em resposta à nota “Instituto Royal anuncia fechamento”, publicada na página do Facebook do Guia da Farmácia, no dia 7 de novembro.

RAIA DROGASIL MANTÉM DESEMPENHO DE VENDAS

RECEITA SUSPEITA

Mas me parece que não é só a Johnson que faz isso, pois vejo médicos receitando medicamentos de apenas um laboratório. Larissa Azevedo, em resposta à nota “Empresa pagará multa por promoção indevida”, publicada na página do Facebook do Guia da Farmácia, no dia 5 de novembro.

HIPERTENSÃO ATINGE UM QUARTO DOS BRASILEIROS 2013

online 253.indd 9

DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

9

19/11/13 20:29


ENTREVISTA - MOKSHA8

12

entrevista2_253.indd 12

GUIA DA FARMテ,IA DEZEMBRO 2013

FOTOS: FELIPE MARIANO

18/11/13 16:15


Especialização inovadora A MOKSHA8 CONTINUA EXECUTANDO COM SUCESSO SUA ESTRATÉGIA DE NEGÓCIOS, TRAZENDO AO MERCADO PRODUTOS EXCLUSIVOS E OFERECENDO AOS PACIENTES MEDICAMENTOS DE ALTA QUALIDADE COM PREÇOS ACESSÍVEIS POR LÍGIA FAVORETTO

H

Há cinco anos no Brasil, com uma cultura baseada em oito pilares: alta qualidade, inteligência, diversão, paixão, intrepidez, fazer o bem, pioneirismo e empreendedorismo, a moksha8 pretende ser a companhia farmacêutica líder na América Latina. A multinacional de origem norte-americana, fundada em dezembro de 2006, preocupa-se em reunir um time de excelência com gestão de pessoas como diferencial competitivo. A companhia entende perfeitamente e está preparada para atender às necessidade dos parceiros, médicos, farmácias, distribuidores e pacientes. Cobre o Brasil todo com aproximadamente 70 representantes. O diretor-geral da moksha8 no Brasil, Josiel Florenzano, 52 anos, casado, pai de dois filhos, natural de Belo Horizonte, com mais de 28 anos de indústria farmacêutica, conversou com exclusividade com o Guia da Farmácia e revelou, durante o bate-papo, o principal caminho da empresa no Brasil.

GUIA DA FARMÁCIA • A moksha8 não produz produtos no Brasil, trabalha com a distribuição e importação de medicamentos. Como podemos classificar essa atuação? JOSIEL FLORENZANO • A moksha8 atua como distribuidora e importadora, trabalha com produtos licenciados de outras empresas. Comercializamos no Brasil produtos em parceria com outros laboratórios, essa é uma prática comum de mercado, principalmente para as empresas que chegam no Brasil. Nenhum dos produtos que comercializamos são fabricados pela moksha8. São todos licenciados, ou seja, comercializados sob o registro do fabricante, mas com a exclusividade de distribuição sob o nome moksha8. Só temos produtos licenciados com os quais trabalhamos com exclusividade. GUIA • Por que investir nesse modelo de negócio e de que forma ele se diferencia de outros modelos já consolidados no Brasil? 2013

entrevista2_253.indd 13

DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

13

18/11/13 16:15


ENTREVISTA - MOKSHA8

FLORENZANO • Para a empresa se estabelecer no Brasil, inicialmente, é mais fácil começar o trabalho como distribuidora, como se fosse uma representação, com o passar do tempo vamos crescendo e nos estabelecendo para começar a ter os próprios produtos, desenvolver pesquisas, dar início à produção. Esse é um modelo de negócio bastante utilizado por empresas que estão se estabelecendo no Brasil.

tratamento e, além disso, trabalharemos com algumas moléculas para doenças chamadas de “órfãs”, que são doenças que atingem um percentual muito pequeno da população, com um custo de tratamento altíssimo e com um alto comprometimento da qualidade de vida dos pacientes. A intenção é prolongar o tempo de vida do paciente. A Forest tem alguns produtos nessa área que provavelmente traremos para o Brasil.

GUIA • Os produtos licenciados são comercializados com preços mais acessíveis? FLORENZANO • Atualmente sim, trabalhamos com produtos similares de marca com alto padrão de qualidade e que, em geral, atendem uma parcela da população com maior poder de acessibilidade ao medicamento. Fechamos uma parceria com a Forest, que é uma empresa americana, para trazer produtos inovadores, ou seja, vamos intensificar nosso negócio apostando também em moléculas inovadoras.

GUIA • São todos importados dos EUA? FLORENZANO • Hoje temos como nosso principal parceiro a Forest, que está sediada nos EUA, e as importações no futuro serão feitas de lá. Os produtos que comercializamos com exclusividade são produzidos em laboratórios localizados no Canadá e na Índia.

GUIA • O principal foco da moksha8 é o sistema nervoso central (SNC), por quê? FLORENZANO • O posicionamento da empresa hoje é ser uma companhia focada em doenças de distúrbios mentais. Trata-se de uma população que sofre muito e parte da nossa missão é contribuir para a melhoria da qualidade de vida desses pacientes. GUIA • A concorrência nessa área é grande? FLORENZANO • Existe bastante concorrência, mas existem poucas empresas especializadas em sistema nervoso central. Existem empresas que possuem linhas de SNC, mas que também possuem outras linhas. Com especialização somente nessa área são pouquíssimas. GUIA • E o foco será sempre esse? FLORENZANO • Queremos ser a melhor empresa farmacêutica de SNC. GUIA • Dentre as parcerias que firmaram, todas estão relacionadas às patologias mentais. Como obter essa expertise? FLORENZANO • Buscamos produtos focados em SNC com maior índice de eficácia e o melhor perfil de tolerabilidade, o que facilita a adesão do paciente ao 14

entrevista2_253.indd 14

GUIA • Ao trazer um produto americano para o Brasil, o que é preciso fazer, ou seja, quais as etapas de aprovação para que, de fato, possa ser comercializado? Quanto tempo demora? FLORENZANO • Hoje a demora é de dois anos, esse é o tempo médio. GUIA • No que diz respeito aos custos, importar será sempre mais viável do que desenvolver e fabricar? FLORENZANO • O desenvolvimento de uma molécula nova envolve milhões de dólares e você precisa pesquisar cem moléculas para chegar a uma, então o custo é altíssimo, e é por isso que temos a Lei de Propriedade Industrial, para proteger o produto por certo período, para que ele possa se pagar. GUIA • Durante dois anos de espera, muitas pessoas poderiam estar fazendo uso de produtos que estão parados na fila da aprovação? FLORENZANO • A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem demonstrado esforços no sentido de melhorar esse processo, como, por exemplo, com a implementação recente do sistema eletrônico de registros, o que deverá reduzir este prazo. Certamente teremos mais pessoas se beneficiando não só das novas drogas, para poder melhorar a qualidade de vida. Quanto mais se estimula a concorrência, mais se têm benefícios em termos de preços.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 16:15


“HÁ DEZ ANOS ATRÁS, IR AO PSIQUIATRA ERA SINÔNIMO DE LOUCURA, HOJE NÃO, FALAR QUE TEM DEPRESSÃO É ALGO NORMAL. ISSO FEZ COM QUE AS PESSOAS PROCURASSEM MAIS AJUDA MÉDICA, O QUE AUMENTOU O DIAGNÓSTICO” Quanto mais produtos são registrados, mais produtos passam a estar disponíveis e, consequentemente, a concorrência é maior. Dessa forma, você faz com que drogas novas cheguem aos pacientes com preços mais interessantes. GUIA • Como se consegue ter o preço mais atrativo? Como cumprir essa proposta? FLORENZANO • Os produtos com os quais trabalhamos são produtos já bem estabelecidos no mercado. Para entrar nesse mercado, onde já existe uma gama de produtos mais baratos, você tem que ter preço competitivo, então você tenta ganhar em volume. GUIA • Como se dá o relacionamento da moksha8 com o varejo farmacêutico? FLORENZANO • Nossos produtos todos são da Portaria 344/98 da Anvisa, ou seja, são produtos controlados que requerem a retenção de receita. A Anvisa tem uma regulamentação de propaganda e publicidade bastante restrita para o público leigo, no qual o balconista se inclui, então nossa relação com o varejo é principalmente garantir que o produto esteja disponível no ponto de venda com a informação básica necessária. GUIA • A moksha8 tem a intenção de se tornar líder na América Latina, qual o processo? FLORENZANO • O projeto da moksha8 é se tornar líder de mercado em SNC em dez anos, trazendo um portfólio de produtos, tanto em número quanto

em qualidade científica para a classe médica, em termos de opção de tratamento. GUIA • A alta do dólar atrapalha de alguma forma as negociações? Por que o mercado farmacêutico nunca é abalado? FLORENZANO • A variação cambial interfere no mercado brasileiro como um todo, principalmente no farmacêutico, no qual boa parte dos insumos são importados. GUIA • As doenças relacionadas ao SNC têm aumentado nas últimas décadas? FLORENZANO • Sim, possivelmente devido a fatores como o aumento da expectativa de vida do brasileiro, entretanto com uma baixa qualidade de vida, com o aumento do estresse e da competitividade. Tudo o que é relacionado aos fatores emocionais do dia a dia das grandes cidades, desde trânsito até insegurança, fatores que aumentam as paranoias da vida da população. Outro aspecto importante é o aumento do acesso aos serviços de saúde em geral e os de saúde mental em especial, o que permite que mais casos sejam reconhecidos. Sem dúvida, também o acesso a informações e, nesse contexto, em especial a redução dos estigmas às doenças mentais. Por exemplo, há dez anos atrás, ir ao psiquiatra era sinônimo de loucura, hoje não, falar que tem depressão é algo normal. Isso fez com que as pessoas procurassem mais ajuda médica, o que aumentou o diagnóstico, ou seja, não aumentou o índice de doença, mas o índice de diagnóstico. 2013

entrevista2_253.indd 15

DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

15

18/11/13 16:15


ANTENA LIGADA

SETOR EM

DESENVOLVIMENTO OS PRÓXIMOS ANOS DEVEM SER AGITADOS PARA O MERCADO FARMACÊUTICO DEVIDO À CHEGADA DE NOVOS GENÉRICOS E AO ALTO INVESTIMENTO EM PESQUISA DE DROGAS INOVADORAS NOVIDADES À VISTA

Levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos, a Pró Genéricos, revela que, até o final do ano, dez novos medicamentos de referência (inovadores) devem ter suas patentes vencidas. Esses produtos registraram receita acumulada nos últimos 12 meses de R$ 761,6 milhões no varejo farmacêutico brasileiro, segundo o IMS Health. Além de significar uma oportunidade de negócios para os laboratórios fabricantes de genéricos, a entrada de novos medicamentos beneficia toda sociedade. •  www.progenericos.org.br 16

Antena Ligada.indd 16

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

SEAKALM SE CONSOLIDA COMO LÍDER DE MERCADO

O fitoterápico Seakalm comprimidos (Passiflora incarnata de 260 mg), do Laboratório Natulab, já lidera a categoria. As vendas do produto representam 25,7% das unidades comercializadas no mercado de calmantes herbais à base de passiflora, segundo dados do IMS Health YTD 2013/08. Em algumas regiões do País, a presença do fito está acima de 35%. “O produto possui uma série de diferenciais competitivos, como concentração, apresentação e marca”, destaca o gerente de marketing de produto e mercado do Grupo Natulab, Kal Rodrigues. •  www.natulab.com.br FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

18/11/13 21:07


MEDICAMENTO SUSPENSO

A lorcaserina, substância suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é uma droga para emagrecer considerada segura, segundo a endocrinologista diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (Abeso), Maria Edna de Melo. A preocupação da entidade, no entanto, era em relação à procedência do princípio ativo, que vinha sendo comercializado por algumas farmácias, mesmo sem o registro da Agência. •  http://portal.anvisa.gov.br •  www.abeso.org.br

RÁPIDO CRESCIMENTO

Lançada no varejo brasileiro há pouco mais de um ano, a Rede de Drogarias UltraPopular, associada à Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), já inaugurou a 100ª loja da franquia. A rede iniciou atividades em maio de 2012 com apenas três lojas. Quase um ano depois, reunia um grupo de 50 unidades. •  www.drogariasultrapopular.com.br •  www.farmaefarma.com.br •  www.febrafar.com.br 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Antena Ligada.indd 17

17

11/19/13 3:07 PM


ANTENA LIGADA

PROJETO SOCIAL

A Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) lançou o blog Geral na Saúde, primeiro projeto institucional de responsabilidade social da organização. Adolescentes de todo o País podem contar com um espaço colaborativo para debater temas ligados à saúde e explorar as necessidades das comunidades em que moram. Os “redatores” do Geral na Saúde podem escrever sobre os problemas de saúde que enfrentam no dia a dia, como gravidez na adolescência, alcoolismo, más condições de higiene, entre outras. •  www.interfarma.org.br

BOM DESEMPENHO

O mercado confirmou as boas expectativas a respeito do desempenho de vendas da Raia Drogasil, a maior rede de farmácias do País. A empresa apresentou receita bruta de R$ 1,7 bilhão no terceiro trimestre, o que representa um crescimento de 15,9% em relação ao ano anterior. No mesmo período, a rede abriu 29 lojas, totalizando 931, que venderam lucro líquido ajustado de R$ 42,6 milhões. Para o lucro, a previsão é de uma elevação de 8,2%, em média, com base em projeções do Banco do Espírito Santo (BES), da Brasil Plural e da Fator Corretora. No segundo trimestre, o lucro caiu 18,5%. •  www.raiadrogasil.com.br

INVESTIMENTO EM ANTIBIÓTICO

A fabricante suíça de medicamentos Roche pagará até 500 milhões de francos suíços (US$ 548 milhões) por um antibiótico experimental, marcando uma rara investida de uma gigante farmacêutica na batalha contra as chamadas infecções por “superbactérias”, encontradas em hospitais. A Roche afirma que assinou um acordo de licenciamento global exclusivo para desenvolver e comercializar o antibiótico experimental POL7080, da Polyphor, contra certas infecções por superbactérias encontradas em hospitais. •  www.roche.com.br

CANAL ON-LINE

A linha de preservativos Preserv quer estreitar ainda mais o contato com os balconistas e, para 2014, tem a meta de lançar um canal virtual exclusivo para este público. A ideia é oferecer informações que possam ajudar no desenvolvimento deste profissional. O contato com os balconistas será feito periodicamente pelas redes sociais Preserv e newsletters. •  www.preserv.com.br

18

Antena Ligada.indd 18

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 17:04


ANTENA LIGADA

MULTA BILIONÁRIA

A multinacional Johnson & Johnson e uma de suas subsidiárias chegaram a um acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos para pagar uma multa de mais de US$ 2,2 bilhões por promover três medicamentos para usos diferentes daqueles para os quais foram autorizados. O Risperdal, por exemplo, foi receitado, entre 2002 e 2003, para casos de ansiedade, depressão e hostilidade, quando a FDA não tinha credenciado a validade nesses casos, algo que a filial da Johnson & Johnson, Janssen, omitia ou escondia entre suas recomendações. •  www.jnjbrasil.com.br

INICIATIVA VERDE

Para neutralizar a emissão de gases expelidos por sua frota de carros, o laboratório de medicamentos homeopáticos Boiron pretende plantar, ao longo de três anos, um total de 1.584 árvores. A iniciativa faz parte do Programa de Compensação de CO2 , uma parceria entre a Boiron, a ADL (empresa que faz a gestão de frotas do laboratório) e o Instituto Brasil Florestas. De acordo com cálculos da Fundação Getulio Vargas (FGV), são necessárias seis árvores para neutralizar uma tonelada de dióxido de carbono por ano. A Boiron estima que seus veículos emitam, aproximadamente, 3,82 toneladas ao ano. •  www.boiron.com.br •  www.ibflorestas.org.br •  http://portal.fgv.br

NOVA INDÚSTRIA

A Secretaria de Estado Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) pretende implantar um laboratório de medicamentos fitoterápicos em Santarém (PA), no oeste do Estado. O projeto está autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e aguarda aprovação do Ministério da Saúde. O polo produzirá os fitoterápicos receitados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e aquecerá a produção de agricultura familiar, gerando emprego e renda. •  www.secti.pa.gov.br •  http://portal.anvisa.gov.br

NEGÓCIOS INTERNACIONAIS

A fabricante dinamarquesa de medicamentos Novo Nordisk projetou um alto crescimento percentual de um dígito nas vendas e no lucro para o próximo ano, após divulgar um crescimento menor que o esperado, de 1,7% no ano a ano, no lucro operacional no terceiro trimestre. O lucro operacional no terceiro trimestre cresceu para 7,99 bilhões de coroas dinamarquesas (US$ 1,48 bilhão), comparado com uma projeção média de 8,19 bilhões de coroas dinamarquesas em uma pesquisa da Reuters com analistas. •  www.novonordisk.com.br 20

Antena Ligada.indd 20

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 17:04


ANTENA LIGADA

CONSUMIDOR SATISFEITO

O presidente da Ultrafarma, Sidney Oliveira, recebeu o Prêmio Época Reclame Aqui - As Melhores Empresas para o Consumidor 2013 realizado no Ranaissance São Paulo Hotel. Na categoria farmácia, a Ultrafarma foi eleita pelos consumidores a melhor pela excelência no atendimento e por atingir alto índice de eficiência na solução de problemas. •  www.ultrafarma.com.br

MELHORES DO ANO

Os profissionais do setor farmacêutico conheceram as empresas ganhadoras do Prêmio Destaque Ascoferj 2013 e prestigiaram o evento com novo formato, realizado no Rio de Janeiro. O tradicional jantar cedeu lugar a um coquetel pré e pós-cerimônia de premiação. Os organizadores também investiram na variedade das atrações: boate, lounge, botequim com grupo de chorinho tocando ao vivo, performance com uma dupla de palhaços do Doutores da Alegria. •  www.ascoferj.com.br

TRABALHO RECONHECIDO

A Biolab Farmacêutica foi destaque no Prêmio Empresarial SBC 2013, que qualifica e reconhece as empresas parceiras da cardiologia brasileira. A farmacêutica venceu nas categorias Estande – Criatividade e Inovação e Peças Publicitárias, Criatividade e Informação Inovadora. A noite foi ainda mais celebrada com a conquista dos dois reconhecimentos especiais: Parceria Estratégica, categoria que abriu as premiações da noite, e O Amigo da Cardiologia, conquistado pelo CEO da companhia, Cleiton de Castro Marques. O resultado foi conquistado por meio da avaliação de um júri composto por 2.820 cardiologistas. •  www.biolabfarma.com.br

LIVRE DE OBRIGAÇÃO

Pelo menos duas associações da área de saúde conseguiram medidas judiciais contra norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que exige inspeções nas fábricas de produtos importados por empresas brasileiras. As decisões obrigam o órgão a conceder o registro para importação antes da fiscalização, exigida desde maio de 2010 com a edição da Resolução RDC nº 25. As informações mostram que, em média, eram feitos 37 novos pedidos por mês, mas a Anvisa realizava apenas 18 inspeções mensais fora do Brasil. •  http://portal.anvisa.gov.br 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Antena Ligada.indd 23

23

19/11/13 17:04


ATUALIZANDO

SAUDABILIDADE

RENTÁVEL DE OLHO NO AUMENTO DE INTERESSE DO BRASILEIRO EM INVESTIR NO BEM-ESTAR, LABORATÓRIOS CRIAM COMPLEXOS VITAMÍNICOS, NUTRACÊUTICOS E MEDICAMENTOS QUE VISAM AUMENTAR A QUALIDADE DE VIDA

COLLAGEN MAX BARRAS DE CEREAIS NATURALE

A Naturale apresenta ao mercado quatro novos sabores de barras de cereais: 7 Grãos, Granola, Doce de Leite com Cobertura de Chocolate e Doce de Leite. Grande aposta da marca para este ano, os produtos lançados serão fabricados com ingredientes especiais, ricos em vitaminas e fibras, como aveia, quinua, chia e mel de abelha. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.cereaisnaturale.com.br 24

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Atualizando_anuncio.indd 24

NATU BELL

Além do uso de cosméticos adequados, é preciso investir também na alimentação e na suplementação de nutrientes para garantir a força e a beleza do corpo. Pensando nisso, o Grupo Natu Bell aposta nas cápsulas gelatinosas Collagen Max – únicas no mercado com este formato –, que combinam colágeno com vitamina C e óleo de girassol, para garantir elasticidade e firmeza à pele e aos cabelos. MS 6.6569.0038.001-9 www.gruponatubell.com.br FOTOS: DIVULGAÇÃO

19/11/13 17:11


ARTROLIVE

NEPEZIL

ACHÉ

ASPEN PHARMA

O Aché Laboratórios lança Artrolive na versão sachê, uma nova apresentação que irá facilitar a adesão ao tratamento com tomada única diária e agradável sabor laranja. Artrolive Sachê atua na cartilagem que reveste as articulações, desacelerando o processo de degradação em pacientes com osteoartrite. Como consequência indireta, o medicamento ainda promove a diminuição da dor e da limitação dos movimentos comuns à patologia. MS 1.0573.0286 www.ache.com.br

Mais um medicamento passa a fazer parte da linha SNC da Aspen Pharma, o Nepezil. Com o lançamento, a companhia tem por objetivo oferecer um medicamento de primeira linha no tratamento da doença de Alzheimer a um custo acessível, democratizando o acesso da população à saúde. Nepezil é 82% mais barato que o medicamento referência. O medicamento permite administração em dose única diária de 5 mg ou 10 mg, proporcionando comodidade posológica ao paciente. MS 1.3764.0127 www.aspenpharma.com.br

L–ENEMA NATULAB

A constipação intestinal ou prisão de ventre é um problema causado por uma alimentação pobre em fibras, não beber água, falta de exercícios físicos e estresse. A Natulab Laboratório lança no mercado o L-enema, com apresentação de 130 mL. O produto é indicado como laxante para tratamento da constipação/ obstipação intestinal, esvaziamento do cólon no pré e pós-parto, pré e pós-operatório e para preparação de exames proctológicos e radiológicos. MS 1.3841.0054 www.natulab.com.br

ÓLEO DE FÍGADO DE BACALHAU FOLLIUM

TEUTO

O Óleo de Fígado de Bacalhau Follium é um suplemento rico em vitaminas A e D e ômega 3, os quais ajudam na manutenção da pele saudável e na absorção de cálcio pelo organismo, atuando, assim, na boa formação de ossos e dentes. O produto não possui glúten e apresenta baixo valor calórico, sendo ideal para complementar a dieta e manter a saúde do organismo. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.teuto.com.br 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Atualizando_anuncio.indd 25

25

19/11/13 17:14


ATUALIZANDO

NUTRIGER LICOGOLD GERMED PHARMA

Em parceria com o MonteResearch, laboratório italiano de pesquisa, a Germed Pharma desenvolveu o Nutriger LicoGold – cosmético em cápsulas. Sua composição fornece modernos nutrientes e proporciona aumento das defesas da pele contra os danos causados pelo sol, previne manchas e vermelhidão causadas pela exposição solar, reduz o estresse oxidativo e a perda da elasticidade. MS 5.7949.0677.001-7 www.nutriger.com.br

DOSED ACHÉ

Estima-se que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo tenham deficiência de vitamina D. Pensando nisso, o Aché lança o DoseD, suplemento alimentar que contribui para o alcance da ingestão diária necessária de vitamina D de forma fácil, agradável e com preço mais acessível. O produto terá apresentações em gotas, de 10 mL e 20 mL, com o sabor maçã-verde. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.ache.com.br

EPALIV

NATULAB

ÓLEO DE COCO FOLLIUM TEUTO

O Laboratório Teuto lança o mais novo integrante da Família Follium. Tratase do Óleo de Coco Follium, um óleo extravirgem extraído do coco, rico em ômega 9, vitamina E e ácidos graxos. O produto encontra-se disponível na apresentação com 60 cápsulas gelatinosas moles e não contém glúten. MS 6.6969.0002.001-1 www.teuto.com.br

Conhecido pela folhagem densa, aroma forte e propriedades curativas, o boldo estimula as funções digestivas do organismo e é diurético. Com o objetivo de aproveitar as propriedades dessa planta, o Grupo Natulab acaba de lançar o Epaliv (Peumus boldus), um fitoterápico indicado para facilitar a digestão de alimentos gordurosos, aliviando a sensação de desconforto estomacal. O produto tem apresentações de 14 mg/mL em 150 mL de solução oral e 300 mg em 30 cápsulas. MS 1.3841.0055 www.natulab.com.br

2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Atualizando_anuncio.indd 29

29

18/11/13 20:13


ATUALIZANDO

TIRAS DE E GLICOSE LINHA CONFIRME FI FIRME

DOPCOR HCT

ASPEN PHARMA

O medicamento, uma associação das substâncias valsartana e hidroclorotiazida, é altamente eficaz no controle da hipertensão arterial e chega ao mercado com preço bastante competitivo. Dopcor HCT possui cinco apresentações em 30 comprimidos revestidos, que proporcionam segurança e praticidade para médicos e pacientes. São elas: 80 mg + 12,5 mg; 160 mg + 12,5 mg; 160 mg + 25 mg; 320 mg + 12,5 mg; 320 mg + 25 mg. O medicamento é ainda uma alternativa para os casos nos quais o efeito anti-hipertensivo da terapia com apenas uma das duas substâncias não for suficiente. MS 1.3764.0130 www.aspenpharma.com.br

Monitorar o diabetes através do exame destro pode assustar as crianças, pois é preciso furar o dedo anelar e colher uma gota de sangue para verificar a quantidade de glicose no organismo. Foi pensando nisso que a Linha Confirme desenvolveu as tiras de glicose. De uma maneira rápida e indolor, o autoteste permite controlar o nível de açúcar no sangue. Sem o incômodo de agulhas e jejum prolongado, o teste caseiro detecta na hora a quantidade de glicose. MS 0.252.080.009.0 www.confirme.com.br

VODOL (NITRATO DE MICONAZOL) UNIÃO QUÍMICA

ROSUSTATIN 5 MG NOVA QUÍMICA

A Nova Química acaba de lançar o Rosustatin de 5 mg com 60 comprimidos, indicado para o tratamento de redução do colesterol. Estudos mostram que a rosuvastatina de 5 mg, uma vez ao dia, reduz em 39% o LDL-C em 12 semanas e em 42% o LDL-C após 52 semanas de tratamento, sendo sua eficácia muito superior à pravastatina e sinvastatina na dose de 20 mg ao dia. Além disso, a apresentação de 60 comprimidos tende a aumentar a adesão ao tratamento. MS 1.2675.0140.014-0 www.novaquimicafarma.com.br 30

Líder no mercado de micoses e frieiras, Vodol acaba de lançar a exclusiva apresentação aerossol. É o primeiro nitrato de miconazol do mercado nesta apresentação prática e moderna. Fácil de aplicar e com fragrância suave. Indicado no tratamento de pé de atleta, micose na região da virilha, micose nas unhas, micose de pele. MS 1.0497.1155.0024 (Creme 20 mg/g X 28 g) MS 1.0497.1155.0016 (Pó 20 mg/g X 30 g) MS 1.0497.1155.0091 (Spray 20 mg/mL X 60 mL) MG 1.0497.1357.0014 (Aerossol FR 120 mL (75 g)) www.uniaoquimica.com.br

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Atualizando_anuncio.indd 30

18/11/13 20:13


REDOXITOS BAYER

Uma novidade que acaba de chegar às gôndolas auxiliará os pais e responsáveis que desejam oferecer a suplementação alimentar com vitamina C para crianças. A Bayer acaba de lançar Redoxitos, uma vitamina C em goma com a dose diária adequada desse nutriente para crianças de 4 a 10 anos. Além de possuir um formato inovador, o suplemento de vitamina C possui um agradável sabor laranja, que facilita a aceitação das crianças para o consumo do produto. MS Produto isento de registro, conforme RDC 27/10 www.redoxitos.com.br

2013 DESEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Atualizando_anuncio.indd 31

31

18/11/13 20:13


FINANÇAS

Contabilidade:

um santo remédio A FERRAMENTA PODE OFERECER A VOCÊ E AO SEU NEGÓCIO VANTAGENS MUITO SIGNIFICATIVAS. CHEGOU A HORA DE UTILIZÁ-LA A SEU FAVOR

V IC ENT E S E V I LHA J UNIOR CEO da Sevilha Contabilidade

Site www.sevilha.com.br 32

É

É muito interessante observar a mudança que ocorreu nas últimas décadas no setor farmacêutico. O avanço da ciência permitiu o surgimento de novos medicamentos e outros produtos que levam alívio para milhões de pacientes. No varejo, os pontos de venda nem se assemelham ao que eram algum tempo atrás. Hoje é possível encontrar todo tipo de item de conveniência em uma farmácia, e quem saiu ganhando com essa mudança foram os consumidores. Mas hoje eu escrevo para lembrar outro segmento que mudou fortemente nas últimas duas décadas e que, talvez, você do setor farmacêutico não tenha analisado o quanto lhe afeta. Falo da contabilidade. Vamos pensar um pouco mais no setor farmacêutico. A chegada dos genéricos aumentou o número de produtos e fabricantes, acirrando a disputa entre eles. Ao mesmo tempo, as grandes redes de farmácias estão presentes em todas as cidades, e é possível encontrar um ponto de varejo ao lado do outro. Apenas esses dois aspectos já indicam com clareza que a concorrência aumentou, e muito, e como resultado ou a sua empresa se torna mais competitiva, ou não consegue manter-se no mercado. No segmento farmacêutico, todos buscam aumentar sua competitividade e olham para os mesmos pontos: comprar bem, gerir os estoques eficientemente, melhorar o marketing, aumentar os canais de venda etc. Este mercado está sujeito a vários aspectos tributários especiais, entre eles, para citar apenas dois: PIS e Cofins monofásicos

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Artigo Financas.indd 32

e substituição tributária no ICMS. Apenas nesses casos, se a sua empresa não conseguir administrar bem o impacto tributário, vai pagar mais impostos do que o necessário e vai perder espaço no mercado. Além da questão tributária, o processo de formação de preços de venda deve resultar em uma quantia que permita comprar e vender com margem suficiente para sustentar o negócio e gerar lucros. Mas aqui existem muitas armadilhas. Determinar o preço de venda não pode significar simplesmente repassar todos os custos da sua empresa, mas, sim, analisá-los e buscar reduções para diminuir o repasse e atingir um preço de venda competitivo. A má notícia é que ninguém consegue isso sem uma contabilidade eficiente em análise de custos. O terceiro ponto é que, com as taxas de juros praticadas no Brasil, o custo financeiro das operações é elevado. A falta de planejamento pode levar o seu negócio a absorver custos financeiros inviáveis, prejudicando fortemente o desempenho. Apenas a correta gestão financeira, com base em relatórios contábeis bastante confiáveis, pode lhe indicar o caminho a seguir para evitar esse risco. Como você pode ver, atualmente, a contabilidade pode oferecer a você e ao seu negócio vantagens muito significativas. Chegou a hora de utilizá-la a seu favor. Muito mais do que mera emissora de guias de impostos, é necessário usar as informações gerenciais. Fale com o seu contador. Ele pode lhe oferecer um santo remédio: aumentar a competitividade do seu negócio. FOTO: DIVULGAÇÃO

18/11/13 20:19


DEBATE

Perdas

e ganhos DESCUMPRIR AS NORMAS DO PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR TEM GERADO CADA VEZ MAIS DESCADASTRAMENTOS E PREJUÍZOS PARA OS VAREJISTAS DESAVISADOS

C

POR RODRIGO R ODRIGUES

Copiado por vários países da América Latina, o programa Aqui tem Farmácia Popular já corresponde hoje por cerca de 8% de todos os medicamentos consumidos anualmente no País. Desde quando iniciou as atividades, o programa já atendeu mais de 20,4 milhões de brasileiros. De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as vendas relacionadas ao programa atingiram R$ 245,4 milhões em vendas no primeiro semestre de 2013, com crescimento de 11,86% em relação ao ano passado.

34

DEBATE_3Pag.indd 34

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Mas a manutenção desse benefício, que já virou patrimônio adquirido dos brasileiros mais pobres e também das redes de farmácia, depende do bom uso e do cumprimento das regras estabelecidas pelas autoridades sanitárias. De acordo com o Ministério da Saúde, só neste ano, pelo menos 2,5 mil farmácias foram descredenciadas do DataSUS em virtude de problemas de renovação das concessões, fraudes ou má gestão do programa. A maioria dos descredenciamentos se deu em virtude de uma questão básica, mas que muitos varejistas FOTOS: SHUTTERSTOCK

19/11/13 20:33


DESDE O INÍCIO DO ANO, PELO MENOS 183 LOJAS FORAM DESCREDENCIADAS POR IRREGULARIDADES NA GESTÃO DO PROGRAMA. AS IRREGULARIDADES PASSAM POR FRAUDES NO USO DE CPF, VENDAS FALSAS, USO DE RECEITA IRREGULAR OU ALTERAÇÃO DE RECEITA MÉDICAS farmacêuticos não dão importância: a renovação no Requerimento do Termo de Adesão (RTA). Esse documento é uma espécie de alvará de acesso ao sistema DataSUS. A renovação dele precisa ser feita anualmente até o último dia do mês de abril. Mas muitos farmacêuticos não realizam o procedimento, causando a perda de acesso ao DataSUS e a impossibilidade de realizar vendas. O que pode refletir diretamente no caixa da loja, implicando em prejuízos óbvios para a empresa. Segundo a coordenação do Aqui tem Farmácia Popular, a renovação do RTA tem que ser feita junto à Caixa Econômica Federal. Primeiramente através do sistema eletrônico do banco, o chamado Sistema Farmácia Popular (Sifap), disponível pela internet e acessado apenas pelos estabelecimentos que já possuem o Número de Identificação Social (NIS). Trata-se de um procedimento simples, que até a Caixa disponibiliza um manual on-line sobre como essa renovação se dá. Após o recadastramento, o varejista precisa apresentar uma série de documentos que comprovem as informações realizadas através do sistema eletrônico. São certidões negativas de débito (CND), Autorização de Emissor de Cupom Fiscal e o cartão de CNPJ da loja atualizado. Outros documentos necessários são o Certificado de Regularidade Técnica (CRT) e a autorização de funcionamento emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Muitos varejistas reclamam desses e outros procedimentos burocráticos, mas essa é a forma de o Ministério da Saúde manter a lisura do programa, como estabelece a portaria que regulamentou o benefício”, disse o coordenador-geral de gestão do Ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira, durante uma palestra em São Paulo no mês anterior. “Importante que o farmacêutico se lembre de que, para o recadastramento os documentos, todos precisam estar atualizados”, lembrou Pereira.

De acordo com o Ministério da Saúde, os varejistas que perderem o prazo podem fazer o recadastramento posteriormente. Mas o problema é que até a regulamentação total, o sistema ficará fora do ar e novas vendas através do programa não poderão ser feitas. Após a regulamentação, a Caixa ainda pede um prazo de dez dias até o desbloqueio da senha nova de acesso ao DataSus. Esses prazos podem demorar de dias a semanas de regulamentação. Por isso a necessidade de manter documentações atualizadas e cumprimento de prazos.

FRAUDES Mas não são só a burocracia e o descumprimento de prazos os problemas do Aqui tem Farmácia Popular. Desde o início do ano, 183 lojas foram descredenciadas por irregularidades na gestão, que passam por fraudes no uso de CPF, vendas falsas, uso de receita irregular ou alteração de receita médicas. “Quem faz errado prejudica quem trabalha certo e coloca em risco todo o programa. Com o fim do programa toda a sociedade perde”, diz o presidente da Associação Brasileira dos Farmacêuticos Proprietários de Farmácia do Brasil (AFPFB) e do Grupo Farma&Farma, Rinaldo Ferreira. Em meados de março, por exemplo, o Ministério da Saúde e o Ministério Público de Alagoas descobriram uma série de irregularidades em farmácias credenciadas de cidades pequenas do Estado. Pelo menos 57 lojas eram acusadas de diversas fraudes, como uso de receita médica sem nome do responsável médico, adulteração de receitas com troca de medicamentos e quantidade e até uso de CPF irregular para efetuar vendas-fantasmas que não existiram. As 57 farmácias foram descredenciadas e seus proprietários processados na Justiça por crimes contra o erário, segundo o MP. “Qualquer crime contra o patrimônio e o erário gera um processo criminal que prejudica o empresário e a imagem da empresa. Dependendo 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

DEBATE_3Pag.indd 35

35

18/11/13 19:59


DEBATE

As vendas relacionadas ao programa atingiram

245,4

milhões em R$ vendas no primeiro semestre de 2013, com crescimento % em relação ao de ano passado. Só neste ano, pelo menos mil farmácias foram descredenciadas do DataSUS em virtude de problemas de renovação das concessões, fraudes ou má gestão do programa

11,86

2,5

da gravidade e situação do réu, o varejista pode ser até preso, além de condenado a devolver o dinheiro irregular que obteve”, diz a advogada criminal Fernanda Ortega. É o que aconteceu com a Drogaria Gusman, de Santa Rita do Passa Quatro, em Minas Gerais, que teve que devolver R$ 21 mil para o Ministério da Saúde, em virtude de desvios no Programa Aqui tem Farmácia Popular. Ela foi acusada de fazer vendas falsas para pessoas que não utilizavam o programa e usar indevidamente o CRM de médicos, assim como usar receitas médicas sem data de validade ou com data vencida. A devolução do dinheiro da Drogaria Gusman se deu por um acordo entre o proprietário da farmácia e o Ministério Público e evitou uma ação civil pública para o ressarcimento dos cofres públicos. Mas não evitou a ação penal por fraude, que foi estabelecida num inquérito investigado pela Polícia Federal. “A maioria das farmácias (aproximadamente 90%) está cada vez mais atenta e seguindo as regras, pois percebeu que ser negligente pode trazer prejuízos financeiros e macular a própria imagem”, diz Rinaldo Ferreira. “Entendo que cada vez mais as farmácias devem entender as regras, segui-las, procurar fazer auditoria interna e melhorar os processos para que o descredenciamento não ocorra”, completa.

CRIMES Além de todo o problema criminal, o estabelecimento que for descredenciado por motivo de irregularidades somente poderá aderir novamente ao programa após um 36

DEBATE_3Pag.indd 36

período superior a dois anos do cancelamento do contrato, segundo informações do Ministério da Saúde. Para que problemas como esse não aconteçam no seu estabelecimento, o melhor a fazer é estudar completamente as regras e orientar empregados a seguirem as normas, a fim de evitar inconsistências que possam levantar ocorrências no sistema de gestão do programa. E seguir as orientações de Ferreira, aproveitando esse benefício que até hoje só beneficiou menos da metade dos 65 mil pontos de venda que existem no País até agora. “O programa é importante para a sociedade, que tem o acesso ao medicamento facilitado pelo programa, para o governo, que permite que o medicamento chegue ao paciente com um baixo custo de logística, além de ser importante para as farmácias, que aumentam sua receita trabalhando com o que deveriam fazer bem, que é dispensar o medicamento. O programa é burocrático, mas os descredenciamentos têm ocorrido, de modo geral, por erros intencionais ou não. A redução da burocracia beneficiaria a todos, farmácias e pacientes. A otimização do sistema e dos processos internos pode agilizar o atendimento. Mas, acima de tudo, é preciso cumprir tudo que a lei prevê”, sentencia Rinaldo Ferreira.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:59


CENÁRIO

De ponta a ponta DENTRO DE E TRÊS ANOS, A ANVISA QUER TORNAR REAL OS PLANOS DE RASTREABILIDADE DOS MEDICAMENTOS, PREVISTOS NO SISTEMA NACIONAL DE CONTROLE DE MEDICAMENTOS. PLAYERS DO MERCADO APOIAM, MAS TÊM RESSALVAS

M

POR FLÁVIA CORBÓ

Mesmo quando analisado da perspectiva de apenas um elo da cadeia – como o varejo – já é possível ter ideia da magnitude que o mercado farmacêutico possui no Brasil. Mas somente quando visto de maneira mais ampla, analisando o papel de cada elo e como eles precisam se integrar a todos os outros para que o setor se desenvolva, é possível perceber a complexidade e as proporções desse mercado. A cada instante novas tecnologias são incorporadas aos processos, a produção é feita em larga escala, a distribuição de produtos alcança cada vez

38

cenario.indd 38

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

mais maiores distâncias, sem falar na globalização que amplia as possibilidades de mercados de atuação. E as perspectivas são que se exija cada vez mais eficácia e produtividade. A renda média da população vem aumentando, o que possibilita maior gasto com saúde, ao mesmo tempo em que essa população está envelhecendo e passará a consumir cada vez mais medicamentos de uso contínuo. Diante de um número maior de brasileiros consumidores habituais de medicamentos, cresce a preocupação com a segurança do consumidor e a minimização de riscos. A confiabilidade, inclusive, passa a ser vista como um diferencial e fator de decisão de compra. FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:08


Mas, mesmo com um mercado forte e profissionalizado, há batalhas que ainda estão longe de serem vencidas quando falamos de segurança. Por movimentar aproximadamente R$ 50 bilhões por ano no mundo e atender à demanda por medicamentos de 192 milhões de pessoas, a indústria farmacêutica tornou-se atrativa a olhos ambiciosos. Atualmente, esse setor da economia é um dos que mais sofre com falsificação de produtos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 16% dos medicamentos comercializados no mundo são ilícitos. A quantidade chega a 30% se considerado apenas a América Latina, o Sudeste da Ásia e África. No Brasil, além da falsificação, outro fator que prejudica o mercado e a segurança é o roubo de cargas de medicamentos, que é responsável por prejuízos que ultrapassam a casa do US$ 1 bilhão apenas em sonegação fiscal. No primeiro semestre, a de medicamentos roubados só não foi maior do que a de cigarros.

COMPONENTES DO SISTEMA DE RASTREAMENTO Identificação IUM – Identificador Único de Medicamento (RDC 59/09 – Art. 4º) • Para cada unidade comercializada. • Gerado conforme normas da Anvisa. Representação para captura automática Padrão de código de barras bidimensional: DataMatrix (RDC 59/09 – Art. 4º e 11)

ESTABELECENDO CONTROLE Além de fatores externos, como falsificação e roubo de carga, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lida, diariamente, com casos de medicamentos fabricados fora das normas exigidas ou que são comercializados sem a autorização da Agência. Nesses casos, o procedimento padrão é emitir uma nota oficial comunicando os lotes que devem ser tirados de circulação. Porém, com mais de 69 mil farmácias privadas, 2,9 mil atacadistas/distribuidores de medicamentos e 6,6 mil estabelecimentos hospitalares, a localização desses lotes torna-se um trabalho quase impossível. Cabe a cada elo da cadeia identificá-los e garantir a retirada de circulação – o que nem sempre ocorre e faz com que muitos produtos irregulares, que podem representar riscos à saúde, sigam circulando livremente. Essa série de problemas já foi detectada há tempo pela Anvisa. Desde 2009, vigora o Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, criado para monitorar todo medicamento produzido, dispensado e vendido no Brasil. A intenção era criar, dentro de três anos, um sistema de acompanhamento do medicamento, em toda a cadeia produtiva, desde a fabricação até o consumo pela população. O plano, no entanto, ainda não saiu do papel. Em 2011, após pressão da indústria farmacêutica, a Anvisa suspendeu a proposta, que previa o uso de selo da Casa da Moeda em todos os produtos farmacêuticos e foi criticada por encarecer o produto final.

• Alta capacidade de codificação de dados. • Autocorreção. • Leitura por imagem. • Aplicações em identificação e rastreabilidade de produtos. • Impressão direta (sem etiquetas).

Diante das reclamações, a Agência retomou a realização de audiências públicas para debater o tema com os diferentes players do mercado. Neste ano, a proposta ganhou injeção de ânimo e novas diretrizes, levando a Agência a estipular, novamente, um prazo de três anos para que as empresas se adaptem à rastreabilidade.

POR ONDE COMEÇAR? De acordo com a lei, o controle de medicamentos deverá ser realizado por meio de sistema de identificação, com o emprego de tecnologias de captura, armazenamento e transmissão eletrônica de dados. Por enquanto, foi decidido o código de identificação responsável por carregar as informações relativas ao lote e à data de validade, funcionando como um RG para o produto. A tecnologia adotada será o GS1 DataMatrix. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

cenario.indd 39

39

18/11/13 20:08


CENÁRIO

APLICAÇÕES/BENEFÍCIOS DA RASTREABILIDADE Segurança do alimento, produto e paciente

Qualidade preservada

Conformidade: legislações e regulamentações

Riscos de ações judiciais Custos: produção, gestão e volume de material impresso

Exigências, certificações e conformidades Proteção: marca e marketing Eficiência logística e controle de processo Visibilidade, sustentabilidade

Riscos à saúde do consumidor e do paciente

Publicidade negativa

RASTREABILIDADE Melhoria da imagem da organização

Gargalos de produção Falsificação

Fonte: Alexandre Fachinello – CheckPlant

Essa tecnologia consiste em um código, semelhante ao já conhecido código de barras, que, ao ser identificado por um leitor bidimensional, dá acesso a informações sobre o produto. “A diferença entre o EAN-13 – código de barras convencional – é a capacidade de suporte de dados. O GS1 DataMatrix comporta até cem informações diferentes, além de poder se impresso em superfícies pequenas sem perder a qualidade de leitura. Ideal para ser impresso em blisters e até doses unitárias de medicamentos”, explica assessora de negócios da GS1 Brasil, Patrícia Amaral. Outra vantagem é que o padrão de rastreabilidade de medicamentos da GS1 Brasil é global, adotado por 31 países. “Se existisse outro padrão, teríamos muitos problemas de comunicação no momento da exportação e importação”, complementa. Com a intenção de garantir essa padronização da identificação dos medicamentos, a GS1 Brasil foi uma das empresas que participaram das audiências públicas promovidas pela Anvisa. A empresa sugeriu a adoção de seu código e obteve sucesso, diante do desejo da cadeia de formar um sistema bem integrado. Depois de definido o tipo de código a ser aplicado nas embalagens dos medicamentos, é preciso criar o banco de dados em que a movimentação dos 40

cenario.indd 40

medicamentos será armazenada para a consulta dos players ou da Anvisa quando necessário. A exemplo do que ocorreu com a escolha do código de identificação, a indústria tem interesse em montar um sistema de software unificado. “Já fizemos um levantamento das tecnologias disponíveis e estamos apresentando possíveis fornecedores para o desenvolvimento desse banco de dados. A ideia é que haja um banco centralizado na indústria, pois isso vai diminuir os custos e ficar mais barato para todos. Mas para que isso seja possível, será necessário que sejam seguidas regras e padrões”, detalha o gerente de boas práticas e auditorias Farmacêuticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Jair Calixto. Quando definida a estrutura que terá esse banco de dados, será necessário comprar os equipamentos que tornarão a rastreabilidade possível, como o leitor bidimensional do código GS1 DataMatrix. “O leitor do código de barras convencional não ‘lê’ o DataMatrix, mas o leitor bidimensional consegue ler o código de barras convencional”, esclarece Patrícia. Ao contrário do ano de 2011, em que a indústria se mostrou insatisfeita com as exigências da Anvisa e pressionou o órgão por mudanças nas normas, agora o processo

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:08


CENÁRIO

parece correr de maneira mais harmoniosa. “Em um primeiro momento, a Anvisa criou muitos problemas e impôs uma série de padrões. Mas depois, de forma racional, entendeu os problemas que o sistema tem e deixou tudo mais aberto possível”, reconhece o vice-presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini. “Agora, somente o que a Anvisa quer é que, no momento em que desejar, possa saber onde está o produto. Não importa com que sistema e tecnologia. Isso nos facilitou porque deu responsabilidade a que tem responsabilidade”, enfatiza.

DÚVIDAS E RECEIOS Ainda que a indústria farmacêutica se mostre satisfeita com as atuais exigências e disposta a se enquadrar nas normas de rastreabilidade, ainda existem certos receios, principalmente com o prazo de três anos estipulado pela Anvisa. “O prazo preocupa. A gente quer que seja implementado por todas as empresas, independentemente do porte econômico. Gostaríamos que isso fosse considerado”, ponderou o diretor-executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Tada. Opinião semelhante é compartilhada por outra ponta da cadeia, representada pelo presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soluções Parentais (Abrasp), Carlos Maurício. “Acho um prazo muito curto, porque a responsabilidade está toda em cima da indústria ou detentor do produto, mas vários elos que vão ter que conversar. É preciso criar um sistema de TI responsável por captar as informações, há também a questão da impressão do código na linha de produção, a integração com fornecedores. Diante disso, não vejo como um prazo impossível, mas bem desafiador. Não é folgado”, avalia. Para o executivo, o ideal seria trabalhar com uma meta de pelo menos quatro anos, o que tornaria a adoção dos processos de rastreabilidade mais viáveis e factíveis de saírem do papel e efetivamente se tornarem uma prática real do setor. Mas ainda que mostre certa preocupação, o executivo mantém o otimismo. “Tenho certeza de que, se houver necessidade, por questões de dificuldade de implantação, a Anvisa vai rever este prazo, pois sempre foi sensível à indústria”, releva. Mas, por enquanto, o discurso do prazo de três anos é mantido. Em uma das audiências públicas, o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, contra-argumentou os mais receosos e afirmou que o prazo é “razoável”. Antes de efetivar a mudança, fabricantes 42

cenario.indd 42

O QUE MUDA PARA O VAREJO FARMACÊUTICO? Este é o elo da cadeia que sofrerá menos impacto financeiro. Especialistas acreditam que apenas as grandes redes terão interesse, ou condições, de arcar com os custos do leitor de código bidimensional. O código de barras tradicional continuará sendo impresso nos medicamentos, e nele já estão contidas todas as informações necessárias para o dia a dia da farmácia. No entanto, ainda sem a adoção desse leitor, será possível beneficiar-se indiretamente das melhorias trazidas pela rastreabilidade: O controle dos fabricantes e dos centros de distribuição serão melhorados, isso fará com que: • e a facilitada a identificação de medicamentos falsificados. • A udar a localizar lotes irregulares que precisem ser retirados de circulação. • vitar o roubo de carga e consequentemente o comércio ilegal de medicamentos. • er poss vel realizar um controle maior das datas de vencimento.

e importadores deverão disponibilizar à Anvisa o rastreamento de dois lotes de medicamentos. Esse teste deverá ser feito em até dois anos. “Se neste teste for tudo tranquilo, sem perdas de produtividade, a indústria não vai ter problemas. Mas, se ao implementarmos o sistema, encontrarmos dificuldades no meio do caminho, devemos sentar e redefinir prazos. Não vale a pena discutir agora. O que a Anvisa fixou está dentro daquilo que achamos que pode funcionar. Somente ao fazer a implementação vamos saber se teremos problemas ou não”, opina Jair Calixto, do Sindusfarma.

CONSEQUÊNCIAS À VISTA Os maiores receios quanto à adoção de um sistema de rastreabilidade estão ligados a custos e produtividade. Segundo estudo da Sindusfarma, só o gasto na compra de equipamentos para implantar o rastreamento seria de R$ 1,35 bilhão. E como os preços dos medicamentos no Brasil são controlados pelo governo, não há a possibilidade de repassar esse aumento de custo para o preço final ao consumidor. “Além disso, há a questão da concorrência, que não permite que se altere muito o preço. Temos uma trava artificial e natural de preços”, ressalta Mussolini.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:08


CENÁRIO

HIERARQUIA DE EMBALAGENS Códigos de barras que “carregam” o Número Comercial de Item Global, também conhecido como GTIN.

GS1 DataMatrix (GTIN + Lote + Validade)

GS1 DataMatrix (GTIN + Lote + Validade + Serial)

GS1-128 (GTIN + Lote + Validade + Serial)

GS1-128 (GTIN + Lote + Validade + SSCC)

5648945846541354685

5648945846541354685

GSi-128 (GTIN + Lote + Validade + SSCC)

5648945846541354685

Código de barras em detalhe

Conheça exemplos de países que já implantaram a rastreabilidade. AL

XT

E

cenario.indd 44

NTEÚDO

44

pode gerar grande dificuldade. No papel é simples, mas na prática não”, analisa. Patrícia Amaral, da GS1, confirma que existe a possibilidade de perda de produtividade, mas acredita que as consequências negativas da adoção de uma tecnologia de rastreabilidade podem ser minimizadas, ou até eliminadas, se a empresa investir em estudo. “Temos empresas que já possuem soluções para que a produtividade não seja afetada. Tudo vai depender do tamanho da empresa, em que segmento ela atua e os investimentos feitos.”

CO

O caminho, então, seria aumentar a produtividade. Mas aí reside o outro temor dos fabricantes. Ao observar modelos de rastreabilidade adotados em outras localidades do mundo, é possível notar que o sistema causa uma perda de cerca 10% de produção – percentual que pode ser fatal dependendo da empresa e da categoria de medicamentos. “Nos genéricos, por exemplo, em que a rentabilidade é menor, reduzir 10% da produtividade de uma fábrica é perigoso”, alerta Mussolini. Para Carlos Maurício, da Abrasp, a grande dificuldade está na exigência de repassar para a Anvisa as movimentações da carga em tempo real. A cada passagem por um elo da cadeia a informação tem que ser gerada, para que se saiba o paradeiro do medicamento. “As perdas de produtividade vão acontecer principalmente nos grandes atacadistas e operadores de logística, que trabalham com volume alto de mercadoria. A perda de alguns segundos na leitura de um código

Fonte: Alexandre Fachinello – CheckPlant

RA N O POR

T

www.guiadafarmacia.com.br

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:09


SUSTENTABILIDADE

Do discurso

à prática HÁ ANOS O BRASIL ENSAIA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA NACIONAL DE DESCARTE DE MEDICAMENTOS. INICIATIVAS VOLUNTÁRIAS ISOLADAS MOSTRAM QUE É POSSÍVEL TORNAR OS PLANOS REAIS POR FLÁVIA CORBÓ

46

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sustentabilidade253.indd 46

FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 19:00


D

Desde a implementação do Programa Descarte Consciente, em novembro de 2010, a Droga Raia coletou mais de 39 toneladas de medicamentos em 231 estações coletoras, posicionadas em lojas de 90 municípios e sete Estados do País, onde a rede está presente. Cada farmácia possui um display de descarte, fabricado pela empresa BHS, que fornece instruções no visor antes de o consumidor manuseá-lo. Estão disponíveis na máquina três espaços para descartar diferentes materiais: comprimidos e pomadas, líquidos e sprays, além de embalagens. Tudo o que é depositado fica armazenado no equipamento até que a coleta seja realizada e, em seguida, encaminhado para incineradora. Uma funcionalidade instalada e batizada de “preservômetro” mede o acúmulo de medicamentos descartados e mostra o que esse número equivale em termos preservação do meio ambiente. Em média, cada loja acumula cerca de 8 kg de resíduos por mês. Com o projeto implementado em 231 lojas, o sistema de coleta retira do meio ambiente mais de cinco toneladas por ano de resíduos, o que resulta em 2.250 milhões litros de água que deixam de ser poluídos. Quando analisado o exemplo aplicado pela Droga Raia, pode-se chegar à errônea conclusão de que as práticas de descarte de medicamentos e logística reversa no Brasil estão bem arraigadas no setor farmacêutico. Mas, considerando as proporções continentais do País, as poucas iniciativas voluntárias existentes estão longe de atender a toda demanda de resíduos. De acordo com a publicação Logística Reversa de Medicamentos, lançada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (Abdi) e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e elaborado por especialistas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a população brasileira é responsável por gerar mais de 10,3 mil toneladas por ano de resíduos em medicamentos, devido à falta de um sistema de descarte adequado. “Existem experiências no Brasil decorrentes de iniciativas de organizações individuais para o enfrentamento dessa importante questão do descarte adequado de resíduos pós-consumo de medicamentos. É importante, porém, atentar para alguns

aspectos que problematizam a eficiência e os custos associados para que seja implementado um programa nacional no Brasil”, afirma a especialista em projetos da Abdi, Cleila Guimarães. Entre os problemas citados estão a densidade populacional brasileira, muito menor do que a dos países da Europa, e as diferenças econômicas, sociais e culturais no Brasil, que tornam a implementação de um sistema de logística reversa de medicamentos mais complexo. Enquanto existe a necessidade de criar um programa que evite a fragmentação de padrões, normas e organização, é preciso, ao mesmo tempo, levar em consideração as diferenças regionais.

INICIATIVAS Apesar desses obstáculos inegáveis, especialistas garantem que é possível implementar uma política nacional de descarte de medicamentos. “Não existe nenhum impedimento técnico nem econômico. Não vai ser simples nem feito de uma hora para outra, mas é possível”, garante o professor da Universidade de Campinas (Unicamp) e coordenador do estudo Logística Reversa de Medicamentos, Celio Hiratuka. A opinião é endossada por Cleila, da Abdi. “Todas as pesquisas e experiências analisadas indicam que não há empecilhos ou limitações absolutas para a implementação de um sistema de logística reversa no País.” Mesmo diante de tanta certeza, a indústria faz ressalvas e expõe receios quanto à política nacio-

JÁ EXISTEM INICIATIVAS VOLUNTÁRIAS QUE MOSTRAM EXPERIÊNCIAS DE LOGÍSTICA REVERSA EM DIFERENTES FORMATOS. ELAS SÃO IMPORTANTES, MAS, COMO SÃO INDIVIDUALIZADAS, NÃO PERMITEM A REALIZAÇÃO DE UM BALANÇO DO QUANTO JÁ FOI AVANÇADO 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

sustentabilidade253.indd 47

47

18/11/13 19:01


SUSTENTABILIDADE

BONS EXEMPLOS Conheça algumas iniciativas de descarte de medicamentos e logística reversa que já estão em vigor e deram certo: • Programa de coleta especial da Prefeitura de Curitiba.

unicipal

• Programa de coleta da arm cia Popular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. • Programa estino erto da rede Panvel. • Programa escarte orreto de edicamentos da rede Pão de Açúcar em parceira com a Eurofarma. • Programa de evolução egura de edicamentos do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. • Programa escarte onsciente gerido pela

.

tários, o que é considerado um enorme desafio a ser superado. Além disso, boa parte dos municípios brasileiros não possui um sistema de coleta de lixo nem de tratamento de esgoto. “Como vamos implantar a coleta de medicamentos? Somos contra transportar esses resíduos de um Estado a outro, até um aterro sanitário homologado, pois vai ficar muito mais oneroso, além de poluir o ambiente com a emissão do dióxido de carbono dos veículos”, reflete Mussolini. O professor da Unicamp Celio Hiratuka rebate: “É claro que a implementação será mais fácil nos centros urbanos. Mas, em municípios menores, não é preciso manter uma coleta permanente de resíduos. Os consumidores ou as farmácias podem ir acumulando esses descartes e eliminá-los em uma campanha de coleta anual”, sugere.

nal de descarte de medicamentos. “Hoje, os resíduos produzidos dentro da indústria já obedecem a uma legislação e têm destino correto. Na maioria dos casos, vão para a incineração. Mas a logística reversa deve envolver toda a cadeia – consumidor, varejista e distribuidor –, e isso ainda não é realidade”, avalia o gerente de boas práticas e auditorias farmacêuticas do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Jair Calixto. “E por envolver todo o setor, esta é uma questão que deve ser abordada com cuidado, pois gera um custo alto e não podemos onerar a população. No caso do descarte de óleo, lâmpada e defensivos agrícolas, por exemplo, é possível repassar os custos com o descarte ao preço final da mercadoria. Já na indústria farmacêutica, os preços são controlados pelo sistema de saúde”, complementa o presidente-executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini. Quanto aos custos que a política de descarte trará à cadeia de medicamentos, a Abdi admite que ainda não há definições. “A repartição dos custos sobre a implantação do sistema de logística reversa dos medicamentos é um ponto crítico e ainda não se chegou a um consenso sobre as contribuições financeiras de cada elo da cadeia produtiva”, reconhece Cleila. E, além dos gastos, o setor da indústria farmacêutica questiona se a infraestrutura do País comportará uma política nacional de descarte de medicamentos. Até agosto do próximo ano, todos os municípios brasileiros terão que eliminar lixões e instalar aterros sani48

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sustentabilidade253.indd 48

18/11/13 19:01


SUSTENTABILIDADE

CADEIA PRODUTIVA FARMACÊUTICA: PRINCIPAIS ELOS E ATORES

Indústria gráfica e de embalagens

Drogarias da rede

Outras indústrias farmacêuticas

Farmácias de manipulação

Profissionais prescritores

Indústria química Drogarias independentes Disribuição Indústria farmoquímica nacional

Indústria farmacêutica nacional

Drogarias associadas Centrais de compras públicas

Indústria química global

Indústria farmoquímica global

Indústria farmacêutica global

Centros e postos públicos de saúde

Consumidor final

Hospitais e clínicas

Fonte: ABDI

NA PRÁTICA Para dar voz a todos os elos da cadeia e tentar encontrar soluções para os entraves existentes, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária lançou, no dia 10 de outubro deste ano, um edital de chamamento para a Implantação de Sistema de Logística Reversa. Com isso, espera-se que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de medicamentos elaborem e apresentem uma proposta de Acordo Setorial visando à implantação do sistema de logística reversa de medicamentos com abrangência nacional. O prazo para a apresentação da proposta é de 120 dias a partir da data da publicação do edital. Posteriormente, a proposta de Acordo será submetida à consulta pública, coordenada pelo Ministério do 50

Meio Ambiente, que também avaliará as contribuições. Após esse processo, o Acordo será apresentado e avaliado pelo Comitê Orientador para Implementação de Sistemas de Logística Reversa (Cori) e, se aprovado, será publicado no Diário Oficinal da União (DOU). “O formato de abrangência nacional das políticas de descarte de medicamentos possibilitará um planejamento de longo prazo e a criação de metas de impacto ambiental”, acredita Celio Hiratuka. “Já existem iniciativas voluntárias que mostram experiências de logística reversa em diferentes formatos. Elas são importantes, mas, como são individualizadas, não permitem a realização de um balanço do quanto já foi avançado”, completa.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sustentabilidade253.indd 50

18/11/13 19:01


SUSTENTABILIDADE

ESTIMATIVAS DE RESÍDUOS PÓS-CONSUMO DE MEDICAMENTOS, COM BASE NOS DADOS SINDUSFARMA SOBRE VENDAS NO VAREJO E ESTRUTURA DE GASTOS DA POPULAÇÃO COM MEDICAMENTOS (POF) IBGE/SINDUSFARMA – 2010 % PARTICIPAÇÃO REGIÕES NO GASTO

VENDAS EM UNIDADES PARA O VAREJO

11%

19%

11%

19%

Norte

4,3%

88.993.106

9.789.242

16.908.690

489.462

845.435

Nordeste

17,6%

364.250.854

40.067.594

69.207.662

2.003.380

3.460.383

Sudeste

52,9%

1.094.822.168

120.430.438

208.016.212

6.021.522

10.400.811

Sul

18,3%

378.738.104

41.661.191

71.960.240

2.083.060

3.598.012

Centro-Oeste

6,9%

142.802.891

15.708.318

27.132.549

785.416

1.356.627

Brasil

100%

2.069.607.123

227.656.784

393.225.353

11.382.839

19.661.268

REGIÃO

% DESCARTE

RESÍDUOS EM KG

(EM UNIDADES)

Fonte: ABDI

RESULTADOS DAS COLETAS DO PROGRAMA DESCARTE CONSCIENTE DESCRIÇÃO

VOLUME COLETADO

Resíduos de embalagens primárias e medicamentos

4.200 kg

Resíduos de bulas e embalagens secundárias (para reciclagem)

6.150 kg

Vidros e aerossóis

7.200 kg

Volume médio recolhido por ponto de coleta

14 kg/mês

Destinação à aterro sanitário classe I

8%

Destinação à incineração

92%

Periodicidade de coleta por ponto (loja)

1 a 3 vezes/mês

Custo mensal de coleta por ponto (loja)

R$ 60 a R$ 160

Fonte: BHS

RESPONSABILIDADE COMPARTILHADA Ainda que não estejam concluídos os papéis de cada elo da cadeia em relação à logística reversa e descarte de medicamentos, uma coisa é certa. Todos têm responsabilidades. Segundo o Decreto 7.404, os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes e titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos são responsáveis pelo ciclo de vida dos produtos. O consumidor também está incluso nessa força-tarefa e representa um elo essencial para o sucesso da implementação de um sistema nacional de descarte de medicamentos. “Os consumidores são obrigados, sem52

pre que estabelecido o sistema de coleta seletiva pelo plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou quando instituídos sistemas de logística reversa, a acondicionar, adequadamente e de forma diferenciada, os resíduos sólidos gerados e a disponibilizar, os resíduos sólidos reutilizáveis e recicláveis para coleta ou devolução”, alerta Cleila, da Abdi. Para que o consumidor crie o hábito de dar o destino adequado aos medicamentos vencidos ou que não serão mais utilizados, há que se investir em informação. As regras de acondicionamento, segregação e destinação final dos resíduos devem ficar bem claras. No início da implantação do programa, a Droga Raia enfrentou alguns problemas.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sustentabilidade253.indd 52

18/11/13 19:01


COMPOSIÇÃO DOS RESÍDUOS TÓXICOS DOMICILIARES COLETADOS NA CIDADE DE CURITIBA, 2008 OUTROS 12%

LÂMPADAS 43%

PILHA 12%

BATERIA 4% TINTA 16%

MEDICAMENTOS 13%

Fonte: Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos – Prefeitura Municipal de Curitiba, 2008

“Como era uma iniciativa ainda pouco vista, o consumidor não tinha a cultura de descartar o medicamento dentro de um display próprio. Então, eram jogados também muito papel e latinha. Hoje, orientamos o farmacêutico a prestar auxílio, informar as opções em caso de sobra ou perda da validade”, conta o farmacêutico responsável pelo Programa Descarte Consciente na Droga Raia e vice-coordenador da Comissão Assessora de Resíduos e Gestão Ambiental do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), Cleber Bernardes. Outro possível caminho para se conscientizar e engajar o consumidor a repensar a maneira que está

se desfazendo das sobras dos medicamentos seria informar o quanto este descarte inadequado pode ser prejudicial ao meio ambiente e à saúde. “Diversos estudos em âmbito internacional têm apontado para o fato de que o descarte incorreto de medicamentos vencidos ou sobras, feito pela população em geral, no lixo comum ou na rede pública de esgoto, traz diversas consequências.” Dentre os efeitos associados à presença de resíduos de certos medicamentos no meio ambiente, a literatura especializada aponta riscos como a contaminação da água, do solo, da flora e da fauna. Ao lado disso, há claramente o risco direto à saúde de pessoas que possam reutilizá-los por acidente ou mesmo intencionalmente”, destaca Cleila, da Abdi. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

sustentabilidade253.indd 53

53

18/11/13 19:01


CONSULTOR JURÍDICO

Exigências questionáveis A CERTIDÃO DE REGULARIDADE TÉCNICA É CONDIÇÃO ESSENCIAL PARA A EXPEDIÇÃO DA LICENÇA SANITÁRIA? O QUE PENSA O PODER JUDICIÁRIO

T

GUSTAVO S E MBLANO Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj) e da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), regional Estado do Rio de Janeiro. Atualmente cursa a pós-graduação em direito da farmácia e do medicamento na Faculdade de Direito de Coimbra (Portugal) 54

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO

Artigo Consultor juridico253.indd 54

Todos sabem que licença sanitária e certidão de regularidade técnica são documentos distintos, que consubstanciam atos administrativos emitidos por entes públicos distintos. A licença sanitária é um ato administrativo devidamente documentado que demonstra que uma farmácia ou uma drogaria preencheu os requisitos legais básicos dos artigos 22 e 23 da Lei Federal 5.991/73, bem como os requisitos legais específicos exigidos pelos órgãos de vigilância sanitária estadual ou local mencionado no artigo 21 da mesma norma. Já a certidão de regularidade técnica é um ato administrativo emitido pelo Conselho Regional de Farmácia (CRF) e definido no parágrafo primeiro do artigo 3º da Resolução CFF 579/13 como sendo o: “documento expedido pelo Conselho Regional de Farmácia, com valor probante de ausência de impedimento ou suspeição do profissional farmacêutico, para exercer a função de diretor técnico ou responsável técnico ou farmacêutico assistente técnico ou farmacêutico substituto, o exercício da responsabilidade técnica, respeitando os princípios legais, éticos e sanitários pelo profissional e pela empresa ou estabelecimento”. Como se vê, a licença sanitária é expedida pela vigilância sanitária, ao passo que a certidão de regularidade técnica é expedida pelo CRF, sendo ambos os documentos de porte obrigatório em farmácias e drogarias, inclusive devendo estar afixados em local visível ao público, como estabelece o caput e o parágrafo primeiro do artigo 2º da Resolução RDC 44/09 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, por desconhecimento, alguns municípios brasileiros e até mesmo 2013

Estados criaram normas locais (leis estaduais, distrital ou municipais, decretos, resoluções, portarias etc.) condicionando a expedição da licença sanitária à prévia apresentação da certidão de regularidade técnica emitida pelos CRFs o que, com todo o respeito, consiste em manifesta ilegalidade. Este assunto foi objeto de recente julgamento pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que é o tribunal que dá a última palavra em interpretação de legislação federal, tendo a decisão sido proferida por unanimidade. Em sessão de julgamento ocorrida no dia 10 de setembro de 2013, a 1ª Turma do STJ, ao julgar o Recurso Especial 1.397.251/RR, rejeitou o recurso apresentado pelo Município de Boa Vista (RR), mantendo as decisões judiciais anteriores, favoráveis ao Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Roraima. O relator do Recurso Especial 1.397.251/RR foi o então ministro Benedito Gonçalves, que estava acompanhado dos ministros Sérgio Kukina, Ari Pargendler, Arnaldo Esteves Lima e Napoleão Nunes Maia Filho. De acordo com a decisão do STJ – que agora servirá de importante precedente jurisprudencial para todos os juízes e tribunais do País –, se a Lei Federal 5.991/73 estabelece como uma das condições para a expedição da licença sanitária a comprovação da habilitação legal do responsável técnico da farmácia ou drogaria e a Lei Federal 3.820/60 diz em seu artigo 19 que o farmacêutico comprova sua habilitação por meio de sua carteira profissional, não poderia nenhuma outra norma (a não ser que fosse uma lei federal) exigir a apresentação da certidão de regularidade técnica. FOTO: DIVULGAÇÃO

19/11/13 17:46


COMO POSSO DESENVOLVER UM PROGRAMA DE TREINAMENTOS EM MINHA FARMÁCIA? 56

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Guia Responde 253.indd 56

FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

18/11/13 19:36


? ??

ENVIE SUA PERGUNTA, NÓS RESPONDEMOS!

Ação

M A R C E L O C R I S T I A N R IB EIR O

Sócio-diretor da Desenvolva Consultoria e Treinamento www.desenvolvaconsultoria.com.br contato@desenvolvaconsultoria.com.br

necessária

E

O TREINAMENTO DA EQUIPE DA FARMÁCIA PODE SER REALIZADO DENTRO DA LOJA POR MULTIPLICADORES

Existem enormes vantagens quando a farmácia possui um próprio programa de treinamento. Entre elas está o custo da ação, a ideia de ser ministrado pela própria equipe e sob medida. Neste caso, o treinador estuda, treina para multiplicar para outros. Para implantar esse modelo de treinamento interno, sua farmácia pode seguir as dicas abaixo: 1) Treinamento e necessidades da equipe: faça um levantamento de todas as necessidades de treinamento de sua equipe. Essas necessidades podem ser feitas através de pesquisas e levantamentos de necessidades (LNT – Levantamento de Necessidades de Treinamento). 2) Envolva à todas as áreas e atenda a necessidade de cada time: existem diversos times dentro de sua farmácia e cada um com uma necessidade. 3) Descubra treinadores: a) Farmacêuticos podem ministrar os treinamentos de farmacologia, ensinar sobre receituários e preenchimentos. b) Entregadores mais experientes podem treinar os novatos sobre como ser excelente no delivery. c) Farmacistas que gostam mais de vender HPC que outros podem fazer com que o conhecimento destes seja multiplicado.

d) Perfumistas podem ensinar outros profissionais repassando os lançamentos, técnicas de vendas. 4) Periodicidade: ausência de treinamentos é muito ruim, exagero é pior ainda. Entenda que é necessário ter uma periodicidade para os treinamentos. Mensal, quinzenal, mas o que importa é que esta periodicidade exista. 5) Lembre-se de que os funcionários são clientes internos: um treinamento bem planejado serve para corrigr rotas, comunicar estratégias, informar, capacitar, treinar e motivar. Para alcançar o último objetivo, é necessário: a) Tratar bem os funcionários. b) Preparar um lanche caprichado. c) Atentar aos horários. d) Distribuir brindes que fornecedores oferecem à equipe da loja. e) Ser objetivo em tudo o que for feito. f) Respeitar os profissionais que ali estão. 6) Agenda: entendendo que é uma estratégia, levantando as necessidades, monte um projeto anual de treinamento. Fixe em local visível para que todos façam seus respectivos planejamentos. 7) Outras formas: assine revistas do mercado, acesse sites pertinentes. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Guia Responde 253.indd 57

57

18/11/13 19:36


NEGÓCIOS

Saindo do

clichê

ALÉM DAS TRADICIONAIS LOJAS DE RUA, FARMÁCIAS PASSAM A APOSTAR EM NOVOS PONTOS COMERCIAIS, COMO POSTOS DE COMBUSTÍVEL, SHOPPING CENTERS E SUPERMERCADOS. CONHEÇA OS BENEFÍCIOS E RISCOS DESSES MODELOS P O R K AT H LEN RA M OS 58

negocios253.indd 58

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

E

Escolher um ponto comercial não é uma ciência exata. Optar por um local para abrigar os negócios é algo que envolve feeling, sorte e uma avaliação bastante cuidadosa do empreendedor. Nessa análise vale, inclusive, comparar o perfil da loja com perfil dos consumidores da região. “Quando você lida com o mercado popular, ter uma grande quantidade de pessoas passando na frente da loja é fundamental. Já quando o negócio é voltado para um público mais elitizado, ter carros passando, em alta velocidade, é um bom indicativo”, exemplifica o sócio-diretor da BG&H, empresa que faz parte do Grupo Gouvêa de Souza, Marcos Hirai, especializada em soluções para pontos comerciais. FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

19/11/13 20:37


Somado a todas essas variáveis, o varejista hoje também encontra a dificuldade dos preços dos aluguéis no Brasil. “O varejo vive um bom momento, no qual o consumo está em alta e existem mais investidores querendo abrir lojas do que fechar. Assim, o valor dos aluguéis e luvas nunca foi tão alto, e os considerados bons pontos vão ficando cada vez mais escassos. Dentro da lei da oferta e procura, o empresário acaba pagando mais do que pagaria normalmente por um ponto comercial”, pondera Hirai. Nesse boom do varejo imobiliário, muitos empresários acabam optando por pontos diferenciados dos tradicionais, que, no caso das farmácias, saem do modelo convencional das lojas de rua. Dessa forma, passa-se a encontrar esses estabelecimentos dentro de shopping centers, postos de combustível e áreas de conveniência de supermercados, por exemplo. Outras tendências também ficam para farmácias alocadas em strip centers (grande terreno, com ampla área de estacionamento, dividido entre supermercados, postos de combustível e outras lojas de conveniência e serviços), aeroportos e estações de trem e metrô. Seja qual for o modelo escolhido, é preciso ter alguns cuidados para reduzir os riscos. “Vale a pena conversar com os lojistas mais próximos e abordar os consumidores, para ter uma percepção de como é aquela região. É importante, ainda, que o ponto escolhido não represente mais do que 8% ou 10% do faturamento. No caso dos shoppings, esse valor sobe para 15% e aeroportos, 20%”, ensina o executivo. A palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo Silvia Osso também recomenda cautela. “Meu conselho é arriscar apenas se o empresário tiver realizado um estudo bastante seguro e um plano de negócios bem estruturado. Mesmo conse-

guindo pontos com baixo aluguel, eles devem ser muito estudados”, avisa. Em relação aos novos pontos comerciais, as lojas de rua, localizadas em bairros, ainda têm algumas vantagens, pelo relacionamento mais próximo do consumidor. “Como de modo geral se frequenta mais essas lojas, há um laço mais estreito entre farmacêuticos e consumidoMarcos Hirai, da BG&H, res, gerando fidelidade e diz que o varejo vive um acreditando-se que, naquela bom momento loja, ele será mais bem atendido”, explica a coordenadora de cursos de varejo da FIA/ Provar, Teresa Cristina Zanon.

ALVO: SHOPPING CENTERS Para participar de shopping centers tradicionais, o varejista precisa desembolsar de três a quatro vezes mais do que pagaria para uma loja de rua. “Os valores de luva e aluguel são muito altos para o custo-benefício. Apenas grandes redes, por causa de sua visibilidade, conseguem se manter nas lojas de shopping”, considera Silvia Osso. Além disso, as farmácias de shoppings também podem enfrentar o julgamento do consumidor que, por vezes, afirma que elas praticam preços mais altos do que as de bairro. “Os lojistas que trabalham em shoppings de cidades do interior enfrentam esse problema nos primeiros anos. Mas depois essa impressão perde a força”, comenta Hirai.

A Drogaria Nissei já possui 11 lojas instaladas em shopping centers 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

negocios253.indd 59

59

19/11/13 20:37


NEGÓCIOS

No entanto, especialistas do setor apontam muitas compensações e vantagens de estar dentro de shoppings, uma delas é o fluxo garantido e exclusividade. “Na maioria deles, a farmácia geralmente é única no espaço e passa, então, a ter um cliente cativo, só para ela”, diz Teresa Zanon, da FIA/Provar. Outras vantagens são estacionamento, segurança e horário de funcionamento, que vai das 10h às 22h.

ATRÁS DO CONSUMIDOR A Drogaria Nissei, que nasceu em 1986 no mercado paranaense, possui, hoje, 11 lojas em shopping centers. Até agora, os resultados têm sido bastante favoráveis. “O objetivo da rede é estar onde o nosso cliente estiver. Por isso escolhemos os shoppings com maior fluxo de pessoas de suas regiões. Nossas lojas em shopping centers alcançam um faturamento médio anual de R$ 5 milhões”, revela o diretor da Nissei, Alexandre Maeoka. Segundo o executivo, apesar do alto custo de locação, esses complexos tra-

Com o controle zem muitos benefícios. “Os custos de shopinflacionário, as lojas passam por pings são mais altos devido não apenas à uma redução de taxa de aluguel mas também ao condomímetragem nio e fundo de marketing. Por outro lado, se ganha em fluxo, segurança, tíquete médio e comodidade de estacionamento”, considera o diretor da Nissei. Para se adequar ao perfil do público, o mix de produtos da Nissei localizada nesses espaços é diferenciado. “Oferecemos as melhores marcas de medicamentos, fitoterápicos, nutracêuticos, perfumaria e conveniência. Na loja do Shopping Curitiba, por exemplo, o grande público é feminino. Portanto, vende-se muito dermocosméticos. Também temos bastante demanda por produtos de conveniência, como absorventes e desodorantes, e medicamentos de receituário”, conta Maeoka. Os shoppings não são os únicos pontos diferenciados que a Nissei deseja estar presente. “Já temos duas lojas no Mercadorama (supermercado), em Curitiba, e estudamos a abertura de unidades em aeroportos”, revela o executivo.

FOCO: SUPERMERCADOS

DISPUTA VAI AUMENTAR A estreia do grupo Ultra (detentor da Ultragaz e dos postos de gasolina Ipiranga) como operador de drogarias, a partir da compra da Extrafarma, adicionou mais complexidade ao tabuleiro de consolidação do setor de farmácias no Brasil. Com o novo dono, a rede paraense ganha impulso para se expandir pelo País. A corretora Brasil Plural vê mais implicações imediatas para a Brasil Pharma, que apresenta a maior sobreposição de lojas com a Extrafarma. “Um dos ativos mais rentáveis da Brasil Pharma, a Big Ben, pode encontrar competição com a Extrafarma, além da Pague Menos “, escreveu o analista de mercado da Brasil Plural, Guilherme Assis em relatório. No longo prazo, a Raia Drogasil e a Profarma também podem ser afetadas. “A Ultrapar tem o potencial de explorar cerca de 10 mil pontos de venda espalhados em todo o País e pode se tornar uma grande concorrente à Raia Drogasil e à Profarma”, disse Assis. O Espírito Santo Investment Bank considera o anúncio negativo para as redes de drogarias de capital aberto, do ponto de vista do preço das ações e da concorrência. Para o analista da Espírito Santo Investment Bank, Richard Cathcart, o acordo reitera a previsão de que o setor de farmácias deve sofrer uma baixa na classificação. A promessa é de que o grupo abra unidades também em postos de gasolina. Fonte: Valor Econômico

60

negocios253.indd 60

A área de atividade dos supermercados e hipermercados vem sendo reduzida ao longo dos anos e, para isso, há uma explicação. “Os supermercados grandiosos nasceram numa época de inflação alta, na qual os consumidores costumavam fazer uma despesa mensal já que, a cada dia, o preço dos produtos era mais alto. Assim, esses estabelecimentos eram obrigados a ter mais espaço, inclusive para estoque. Hoje, com o controle inflacionário, as lojas passam por uma redução de metragem, já que as compras tornaram-se diárias ou semanais, e muito do espaço que ficou ocioso passou a abrigar novos negócios”, explica o sócio-diretor da BG&H, Marcos Hirai. Assim, a área que antes era de vendas abriga galerias com lojas de serviços e alimentação. Essas galerias começaram pequenas e sem muitos cuidados, mas agora nota-se um grande crescimento nas operações. “Hoje o fluxo de consumidores nesses espaços não depende mais só do cliente do supermercado. Veem-se, inclusive, praças de alimentação e lojas-âncora aderindo a essa proposta”, conta Hirai. Outra vantagem é que, além do fluxo de pessoas garantido, o varejista também pode contar com preço de locação inferior aos praticados em shopping centers tradicionais ou lojas de ruas de grandes centros. No Brasil, presenciam-se dois modelos para farmácias que participam desses espaços. Um deles é o de empresas que pertencem à rede de supermercados e, nesse caso, busca-se a complementaridade do que é vendido entre os dois canais. O Walmart, que trabalha com as bandeiras de farmácias Bompreço, BIG, Nacional, Maxxi e Todo Dia, é um exemplo. De acordo com o diretor de farmácias do Walmart Brasil, Reinaldo Massini, a van-

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 20:39


NEGÓCIOS

A Drogaria Coop trabalha com medicamentos e correlatos e possui 28 farmácias localizadas nos supermercados da rede

tagem para farmácias dentro de supermercados está na conveniência. “Cada vez mais o conceito one stop shop será procurado pelos consumidores, com o objetivo de encontrar todas as facilidades em um único lugar. Além disso, os supermercados oferecem segurança e estacionamento, quesitos valorizados pelos clientes”, afirma. Para fidelizar seus consumidores, as Farmácias Walmart realizam, periodicamente, diversas ações para a população. Dentre elas, cafés da manhã, massagens, aferição de pressão, testes de glicemia, Dias da Saúde nas Farmácias Todo Dia e participação em campanhas de vacinação, além da Corrida Farmácia Walmart, que está em sua terceira edição. “Todos os eventos são voltados para o bem-estar e saúde das pessoas”, reforça Massini. Segundo ele, o mix de produtos é similar ao oferecido pelas farmácias de rua, sendo que a principal categoria é a de medicamentos. As despesas nessas lojas também são as mesmas das lojas de rua. “Apesar de operarmos dentro de um supermercado, as farmácias estão localizadas em uma área de lojas alugadas. Com isso, temos todas as despesas operacionais de uma farmácia de rua”, afirma. A Drogaria Coop tem operação similar e, hoje, são 28 lojas localizadas nos supermercados da rede. O mix de produto é pensado estrategicamente e não há dupla exposição de itens que poderiam ser vendidos tanto no supermercado quanto no canal farma. “Nas drogarias dentro do supermercado temos somente medicamentos e correlatos, o que nos exige atendentes bastante capacitados, já que são produtos nos quais os consumidores querem mais informações sobre utilização e os melhores para suas necessidades. As seções de perfumaria, puericultura, higiene e alimentação infantil só são en62

negocios253ok.indd 62

contradas dentro do supermercado”, explica a gerente de negócios da Drogaria Coop, Rosangela Prado. Ela também acredita que o grande benefício de ter farmácias nesses espaços está na conveniência. “Com a drogaria dentro do supermercado, a compra de um medicamento é facilitada. Em um mesmo local, o consumidor encontra o que quer. A alta frequência dos cooperados no supermercado também é uma vantagem”, avalia Rosangela, salientando que, no caso da Coop, outro benefício está na redução dos custos operacionais. “Dividindo o espaço com o supermercado, as despesas são rateadas entre os setores, que se torna bom para a empresa”, diz.

ESTRATÉGIA DIFERENCIADA A Farma&Cia também aderiu a supermercados, mas, diferentemente do que acontece nos modelos do Walmart e Coop, a empresa não tem vínculos com o supermercado. Instalada dentro do Supermercado Sonda, na região da Mooca, segundo o diretor vice-presidente da Farma&Cia, Marco Guerra, grande parte dos clientes é também clientes do supermercado. Para fidelizar e chamar a atenção dessa clientela, são diversas as ações realizadas. “Desenvolvemos as ações da rede, como tabloides e campanhas com desconto em genéricos e anticoncepcionais. Também disponibilizamos todos os programas de fidelização dos laboratórios, Farmácia Popular, entrega em domicílio e convênios com empresas”, enumera Guerra. Segundo ele, nessa unidade, os clientes são mais exigentes com relação a não disponibilidade dos produtos que procuram, especialmente na área de medicamentos. Também são exigências rapidez no atendimento e loja sem grandes filas. Nos produtos que são comuns no supermercado e na farmá-

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:32


NEGÓCIOS

Há cinco anos a Farma&Cia investiu em um novo modelo de negócios e inaugurou uma das unidades em um posto de combustível

cia, há uma preocupação em se manter preços competitivos. “Os consumidores costumam comparar preços de produtos específicos e de época, como tinturas, protetores solares, fraldas e leites, por exemplo”, enumera. Para Guerra, estar presente nas áreas de conveniência de supermercados traz muitas vantagens. “O custo de locação costuma ser inferior ao de outros centros comerciais, como shoppings. Além disso, no supermercado podemos oferecer segurança, estacionamento e conveniência aos clientes”, finaliza.

ALTERNATIVA: POSTOS DE COMBUSTÍVEL O modelo de negócios de farmácias em postos de combustível é bastante parecido com o desenvolvido em supermercados. Nesses casos, também está a vantagem de contar com um fluxo contínuo de pessoas. No entanto, é preciso tomar alguns cuidados, já que o processo de fidelização pode ser mais difícil. “Em postos de combustível, ou supermercados, apenas alguns casos são saudáveis para os negócios. A maioria são clientes de passagem e o investimento nem sempre compensa”, avalia a consultora Silvia Osso. Também é importante realizar algumas adaptações em relação ao mix de produtos. “Além do sortimento completo de medicamentos, sem rupturas, é fundamental que farmácias de postos tenham um sortimento que contemple as necessidades do consumidor que vai viajar e está de passagem, que demanda muito mais por produtos de conveniência do que de rotina”, lembra a coordenadora de cursos de varejo da FIA/Provar, Teresa Zanon. Há cinco anos, a Fama&Cia desenvolveu uma unidade dentro da área de conveniência do Posto de Gasolina BR, localizado na Vila Vera (São Paulo). Como trabalham com um público que está 64

negocios253ok.indd 64

O modelo de negócios de farmácias em postos de combustível é bastante parecido com o desenvolvido em supermercados de passagem, exige-se uma atuação diferenciada. “Para fidelizar esses consumidores, nossos funcionários fornecem o melhor atendimento possível, sempre agregando bom relacionamento e manutenção dos estoques, para evitar rupturas”, destaca a farmacêutica dessa unidade, Rória Krepe de Oliveira, salientando que a preocupação com rapidez no atendimento também é prioridade na loja. “A maioria dos clientes está de passagem e sempre com muita pressa, diferente do que acontece nas lojas de rua”, diz. E como existe preocupação na agilidade, é fundamental que o estacionamento contemple diversas vagas. “Nosso estacionamento é bem amplo e elogiado pelos clientes que dizem ter muita facilidade para parar”, conta Rória. Em relação ao sortimento de produtos oferecido, segundo a farmacêutica, ele é bem parecido com o que é comercializado em lojas de rua, mas alguns produtos ganham destaque, como energéticos e preservativos.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:33


TENDÊNCIA

A palavra é colaboração INDÚSTRIA E VAREJO COMEÇAM A TRABALHAR EM CONJUNTO PARA DEFINIR METAS COMERCIAIS, TANTO DE PRODUTO QUANTO DE CONQUISTA DO SHOPPER POR EGLE LEONARDI

66

tendencia2 66

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:31


O

O momento atual do mercado farmacêutico é de construção da confiança e do relacionamento sustentável entre indústria e varejo. Cada vez mais as decisões são tomadas com base em informação e fatos, e esses players passam a perceber que unir forças traz resultados mais rapidamente e de forma eficaz. Isso significa que trabalhar colaborativamente tem de ser um pilar das empresas. Este é um dos resultados verificados na pesquisa de 2013 da Advantage Group Brazil, Advantage Report que avalia, anualmente, a visão que o canal farma tem dos fabricantes e, na contrapartida, a visão que estes têm do varejo, ou seja, um ponto avalia a performance do outro, numa via de mão dupla. Essa metodologia mostra a percepção que os fabricantes têm de seus clientes e os varejistas de seus fornecedores em diferentes níveis hierárquicos e áreas funcionais. Isso tudo é feito simultaneamente. Assim, com base nos resultados, fabricantes e varejistas podem desenvolver planos de ação com seus parceiros, atendendo às respectivas necessidades e prioridades e assegurando, dessa forma, o uso mais eficiente dos recursos. Como a pesquisa é repetida anualmente, é possível também avaliar o impacto das mudanças implementadas, dispondo de um parâmetro bastante preciso que permita realizar os ajustes de percurso ao longo do tempo. Neste ano o estudo traz novas informações sobre a performance da empresa no que se refere a sete atributos: relacionamento de negócios, equipes, trade marketing, marketing ao consumidor, logística, customer service e desenvolvimento de categorias. Além disso, proporciona o benchmarking da avaliação da empresa versus a média das avaliações de um determinado grupo de companhias da indústria de distribuição. Fornece, ainda, um sumário de comentários dos fornecedores e sugestões para melhorias. De acordo com a diretora da Advantage Group Brazil, Ana Fioratti, os programas são realizados anualmente

O VAREJO FARMACÊUTICO PODE, POR MEIO DOS RESULTADOS DA PESQUISA DA ADVANTAGE, ENTENDER O ESTÁGIO DE COLABORAÇÃO DO CANAL E DE SUA EMPRESA ESPECIFICAMENTE. É POSSÍVEL ANALISAR, BUSCAR OPORTUNIDADES E IDENTIFICAR VANTAGENS COMPETITIVAS em 40 países, já que a avaliação da colaboração entre parceiros comerciais é um processo contínuo: sempre há novos aprendizados e formas de melhorar em aspectos de relacionamento. “Com o cenário atual do canal farma, com tantas mudanças estruturais (aquisições, novos modelos de lojas, novas categorias sendo negociadas no canal), é muito importante que indústria e varejo estejam sempre alinhados buscando resultados positivos para ambos os lados”, fala Ana. Ela ressalta outro ponto importante, que é atender com excelência o shopper, o consumidor das lojas de farmácias. Atrair, reter e fidelizar esses consumidores é o grande desafio para ambos os lados. “O Programa da Advantage analisa as principais cadeias de farmácias. Ele pode ser considerado novo perto de outros que fazemos no Brasil. Estamos, neste momento, ampliando o escopo do estudo para abranger, além de higiene pessoal, também os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), ou OTCs, como é conhecido entre os players do segmento. Buscamos atingir um maior número de varejistas 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

tendencia2 67

67

18/11/13 20:31


TENDÊNCIA

PRINCIPAIS RESULTADOS ENCONTRADOS 1. Contexto/cenário do canal farma • canal farma encontra se em um momento de muitas mudanças se a da pr pria configuração do canal (novos pla ers novos modelos de lo a) se a do grande foco dado pelas ind strias s lo as. canal farma percebido como um gerador de valor para o consumidor final que al m de comprar nas lo as busca nesta e peri ncia de compra informações e mais detal es sobre os produtos. • oram verificados ainda destaques em segmentos e categorias de produtos trabal adas pelo setor. segmento de dermocosm ticos por e emplo cresce numa proporção mais forte que o canal e os espaços destinados pelas farm cias a esses produtos tende a aumentar. • A volta dos produtos para as g ndolas traz um novo desafio para os vare istas a readequação dos espaços tendo em vista uma quantidade maior de categorias e produtos e postos. 2. A indústria de higiene pessoal no canal • A ind stria de igiene pessoal aumenta seus investimentos e sua presença no canal farma vista como um gerador de valor para o consumidor final. Por m um fato bastante mencionado pelos vare istas a necessidade de revisão dos sortimentos e de adequação do modelo de neg cio para o setor. om espaços restritos para e posição de produtos na maioria das vezes faz se cada vez mais necess ria a revisão do portf lio com vistas aos produtos que realmente encantam o s opper. A ind stria tem uma grande oportunidade neste tema aliar se ao vare o entendendo e au iliando o canal na mel or definição de sortimento. 3. Os produtos OTC • A Advantage desenvolveu neste ano com e clusividade para a Contento Comunicação uma avaliação do tema de volta s g ndolas. s maiores aprendizados que se obteve das entrevistas com vare istas e ind strias que durante o per odo de proibição de vendas nas g ndolas os vare istas em con unto com os laborat rios aprenderam novas formas de divulgar e vender os seus produtos garantindo resultados de vendas em alguns casos at superiores aos percebidos anteriormente. om a retomada das vendas nas g ndolas a maioria das empresas retornou os produtos para as g ndolas mantendo em muitos casos a e posição no balcão. ste um e emplo do trabal o colaborativo entre vare istas e laborat rios buscando um ob etivo comum que era vender o produto em um cen rio distinto de proibição de vendas nas g ndolas. 4. Canal farma vs. canal súper • omparando o est gio de maturidade do relacionamento da ind stria com o vare o farma verifica se que ainda e istem oportunidades em relação ao trabal o realizado em outros canais neste caso os supermercados. As maiores diferenças estão ustamente no plane amento colaborativo na confecção de planos de ação em con unto e no acompan amento desses planos e alin amento dos temas continuamente. sta de fato a grande oportunidade para o setor farma. 5. Expectativas do canal farma para a indústria/laboratório • s temas que mais apareceram na pesquisa deste ano falam de questões relacionadas log stica entrega de produtos no prazo pedidos completos e envolvimento das equipes de customer service buscando soluções para o canal al m de temas de trade mar eting e otimização do sortimento para o canal. 6. Notas 2013 vs. 2012

vs. ficaram praticamente est veis. m uma nota que vai de • As avaliações de a ind stria avalia o vare o como uma nota e o vare o avalia a ind stria com uma nota .

atuantes no setor para re etir cada vez mais os re sultados deste canal con ectura. ma das vantagens da metodologia empregada se gundo Ana a atuação global e a comparabilidade das informações entre os pa ses. essa forma as ind strias e vare os poderão entender por meio dos resultados de 68

tendencia2 68

a

outros locais as oportunidades para suas operações. segundo ponto importante trabal armos com o universo ou se a representamos não somente o comer cial mas tamb m a visão das empresas como um todo incorporando pessoas de reas de log stica diretoria e top management al m do comercial claro destaca.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:31


TENDÊNCIA

Os resultados apontam para oportunidades estratégicas e operacionais

Isso permite uma avaliação 360 graus dos resultados, apontando para oportunidades estratégicas e operacionais. O terceiro ponto relacionado pela executiva é o fato de a pesquisa refletir, simultaneamente, a visão da indústria e do varejo. Isso permite maior alinhamento das expectativas, entendimento das dissonâncias e busca de temas críticos para ambos.

RELEVÂNCIA PARA O MERCADO O varejo farmacêutico pode, por meio dos resultados da pesquisa da Advantage, entender o estágio de colaboração do canal como um todo e de sua empresa especificamente. “É possível analisar e buscar oportunidades em todos os temas abordados e também entender quais são as vantagens competitivas de sua empresa. Temos, por exemplo, varejistas que consideram os indicadores em seus planejamentos anuais e avaliação de suas equipes”, revela a diretora. Do outro lado, os programas são uma potente ferramenta também para a indústria em seu planejamento por canal e por conta especificamente. “Por meio do nosso estudo e o alinhamento com estratégias internas e reuniões com os clientes, é possível definir prioridades e ações vencedoras para ambos os parceiros”, ressalta Ana. É fundamental ter em mente que o objetivo final é atender, com excelência, ao shopper e ao consumidor e, dessa forma, garantir vendas sustentáveis.

OS PRIMEIROS PASSOS PARA UM TRABALHO COLABORATIVO SÃO DEFINIR OS PARCEIROS QUE TÊM ALINHAMENTO ESTRATÉGICO COM A EMPRESA E MANTER A VISÃO DE QUE O PLANEJAMENTO COLABORATIVO ENVOLVE A COMPANHIA COMO UM TODO Já os varejistas do canal têm acesso aos resultados individuais de sua empresa. Esses números são comparados com dados do setor e apontam para áreas de excelência e oportunidades para as empresas. Indústrias e varejistas investem em suas equipes de relacionamento que, em muitas empresas, já trabalham em conjunto para definir metas comerciais, tanto produto quanto de atingimento de shopper. Vale citar o depoimento de um varejista do canal farma neste ano: “A indústria começa a perceber que todos trabalhamos para o mesmo fim, o consumidor final. A indústria entende de suas marcas, categorias e consumidores… Nós entendemos do varejo e do nosso shopper. Trabalhando juntos potencializamos resultados.”

ATUAÇÃO COLABORATIVA

Trabalhando de forma conjunta é possível potencializar os resultados tanto para a indústria quanto para o varejo farmacêutico 70

tendencia2 70

Os primeiros passos para um trabalho colaborativo são definir os parceiros que têm alinhamento estratégico com a empresa e manter a visão de que o planejamento colaborativo envolve a companhia como um todo (não somente a relação comprador-vendedor). Dessa forma, trabalhar colaborativamente tem que ser um pilar da empresa, tem de estar na cultura da companhia, envolver o top management, e o pensamento não pode abranger apenas o próximo pedido. Há que se pensar também na relação de médio e longo prazos

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:31


e na busca da excelência do atendimento ao shopper e ao consumidor (onde tudo começa e termina). Segundo o superintendente da ECR Brasil (empresa apoiadora do projeto), Claudio Czapski, estão ocorrendo mudanças estruturais importantes, principalmente com as fusões de concorrentes. Nesse momento os aspectos culturais têm relevância. “Com consistentes projetos de colaboração, as empresas poderiam minimizar os traumas naturais do processo. Quando uma empresa compra outra, há períodos longos de incertezas. Ter um projeto de onde chegar e como chegar é um modelo valioso para minimizar problemas ao longo do processo de consolidação”, ele fala.

SAIBA MAIS Advantage é uma empresa canadense especializada na condução de programas de benchmarking da indústria e varejo e que se expandiu internacionalmente, com atuação em 30 países. Tem 23 anos de experiência em Programas de Benchmarking – Indústria e Varejo – e está presente no Brasil desde 2004. Esse programa de pesquisa é desenvolvido anualmente e é intitulado Advantage Report.

2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

tendencia2 71

71

18/11/13 20:31


TENDÊNCIA

RELACIONAMENTO ESTRATÉGICO 1. Confiança Conforme colocado no Spekman (1998), a confiança é o pilar central de uma parceria estratégica. Morgan e Hunt (1994) defendem que a confiança é o maior determinante de uma relação com compromisso. 2. Compromisso Morgan e Hunt definem compromisso como ‘‘parceiro acreditando que o relacionameto contínuo com o outro é tão importante que vale garantir os máximos esforços para manter esta relação”. 3. Colaboração A colaboração é definida como ações complementares e similares coordenadas pelas empresas em relações de interdependência cujo objetivo é atingir resultados mútuos ou eventualmente, para apenas uma das partes com recíproca ao longo do tempo (Anderson e Narus, 1990). Morgan e Hunt (1994) complementam a definição acima enfatizando um aspecto crítico da colaboração que seja uma relação ganha-ganha, na qual ambos os parceiros sejam beneficiados pela relação. 4. Interdependência e poder São importantes variáveis de relacionamento; a distribuição do poder define a relação entre as partes e está diretamente relacionada ao grau de dependência dos parceiros (Anderson e Narus, 1987).

Czapski destaca que não é possível colaborar com todos os parceiros de negócios. É preciso escolher aqueles que são estratégicos para cada processo, e a visão da colaboração não servirá para todos, indiscriminadamente. É ele quem exemplifica: no contato de uma das maiores redes de varejo com um dos mais importantes fabricantes do País, as duas partes devem avaliar como, conjuntamente, podem ter uma cadeia mais eficiente para entregar o máximo de valor ao consumidor. “Essa análise mais detalhada dos parceiros de negócios é importante. É fundamental ter um projeto estruturado entre os parceiros e definir aonde se quer chegar”, dispara Czapski. Outro aspecto citado pelos entrevistados do varejo na pesquisa foi o fato de que eles (varejistas), muitas vezes, não terem autonomia em suas tomadas de decisão, já que a indústria é que aporta os recursos. Com relação a isso, Ana ressalta que a autonomia do varejo 72

tendencia2 72

no processo de tomada de decisão passa por uma gestão com informações e envolvimento de todos os níveis hierárquicos na decisão. Na medida em que os varejistas têm informações detalhadas e contínuas de sua operação e de seu shopper, seu poder de argumentar de igual para igual com a indústria aumenta consideravelmente. A relação de poder se iguala e o foco passa a ser a melhor adequação para o shopper. “É muito importante que o varejista tenha muito claro os seus próprios objetivos: orientação do negócio, segmentos, foco, margem e sortimento esperados e parceiros estratégicos. Isso facilitará com certeza o relacionamento com a indústria em geral”, ela defende. “Para tanto, torna-se vital conhecer profundamente o cliente, suas necessidades, hábitos e comportamentos, bem como suas motivações e decisões, permitindo desenvolver ações mais assertivas e otimizar os investimentos para atraí-lo, engajá-lo, convertê-lo e

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:31


TENDÊNCIA

Transformações exigem postura mais colaborativa

retê-lo, oferecendo a ele uma melhor experiência de compra a ponto de encantá-lo.” Essa é a opinião da diretora-executiva da Connect Shopper (empresa parceira na pesquisa), Fatima Merlin. Ela destaca que o foco sai da venda de produtos e serviços para a solução de uma necessidade, para a oferta de uma melhor experiência de compra como maneira de diferenciar-se e criar vantagem competitiva. Mas, para promover a experiência de compra, são necessárias diversas ações e técnicas integradas. O primeiro passo é conhecer a fundo o cliente. Na sequência, ensinar o cliente a perceber o valor da sua oferta – o que você quer entregar a ele. Daí, dar informações adequadas e orientá-lo sobre a sua oferta de produtos e serviços na loja. “Deve-se ter coerência e consistência entre o que se diz ser e o que se é de fato, entregar efetivamente o que se promete para não frustrar as expectativas e gerar insatisfação”, fala a diretora. Para Fatima, inspirar os shoppers a comprar por meio de uma boa organização da loja, adequada apresentação dos produtos nas gôndolas, sinalização correta e informações sobre o uso e o consumo do produto são ações que contribuem para ajudar e estimular o cliente a tomar decisão. “Seguindo na busca por oferecer uma melhor experiência para o cliente, devemos promover novas combinações de exposição, a tão conhecida atividade de crossmerchandising”, explica. Para se criar uma experiência positiva e relevante, outra técnica é dar ao cliente a oportunidade para experimentar e interagir com os produtos e os serviços.

PARCERIA ENTRE INDÚSTRIA E VAREJO Todas as transformações recentes obrigaram os parceiros, até então meramente comerciais, a adotar uma postura mais colaborativa com uma real orientação para o cliente, sempre com o mesmo objetivo estratégico: atrair, converter e satisfazer ao shopper, para criar fidelidade à marca, ao ponto de venda e estimular a recompra. Dessa 74

tendencia2 74

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 14:15


TENDÊNCIA

AVALIAÇÕES INDÚSTRIA AVALIA O VAREJO estaques •A •

I A

I • •

A

IP

ALI A

A A

A

IL A

LI

G

I

A AL A PLA

A G

IA

•P

G A A •

IA I

A AL

PA A LA

PP

AI

•I

P

VAREJO AVALIA A INDÚSTRIA estaques •P

G A A PA A •P A •

IA

P

P

P

I I A

A

I I

•P

I

•P

I

P

I P A

• LI A •

ALI A

IL

• • PLA

P A A A

I A A

G A

I A GIA

LA

AI

Fonte: Advantage International – Strengthening Business Relationship

76

tendencia2 76

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:32


O QUE É MAIS MENCIONADO PELOS ENTEVISTADOS COMO PONTOS CRÍTICOS PARA QUE OCORRA A COLABORAÇÃO? • omprometimento da direção das empresas

• nvolvimento de todas as reas do neg cio

• redibilidade do parceiro cumprir o prometido

• oco no ob etivo comum s opper

• ontinuidade do trabal o

• Plane amento e controle formal do trabal o.

• enor foco na venda mensal concretização de ob etivos de curto prazo

A ideia é compartilhar estratégias e objetivos comuns, processos, tecnologias e dados, cooperando entre si para criar o maior valor para o grupo e seus clientes

forma vare istas e fornecedores passam a querer unir forças para traçar estrat gias con untas que permitam atender a esse ob etivo. para que isso aconteça o primeiro passo mapear e compartil ar con ecimentos e ob etivos segundo atima. A ideia compartil ar estrat gias e ob etivos comuns processos tecnologias e dados cooperando entre si para criar o maior valor para o grupo e seus clientes. Para que a colaboração aconteça isso deve ser parte da estrat gia missão e visão da empresa deve estar no seu A somado a uma s rie de comportamentos imprescind veis aos envolvidos direta ou indiretamente com o pro eto finaliza a e ecutiva. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

tendencia2 77

77

19/11/13 14:16


PANORAMA

PESQUISA INÉDITA DO DATAFOLHA/ICTQ REVELA QUE CÂNCER E AIDS SÃO AS DOENÇAS QUE MAIS ASSUSTAM E CAUSAM MEDO NA POPULAÇÃO BRASILEIRA POR LÍGIA FAVO RE T TO

Preocupação

O

nacional

O câncer, majoritariamente, e a Aids são as doenças que mais trazem medo ou assustam a população. Em segundo plano, situam-se algumas doenças crônico-degenerativas, como diabetes, problemas do coração e acidente vascular cerebral (AVC). Os dados são apresentados pela pesquisa inédita do Datafolha/ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos, Saúde, Medicalização e Qualidade de Vida. Com 76%, o câncer aparece em primeiro lugar. Aids/ HIV aparece em segundo lugar, com 53%. Na sequência: diabetes 18%), problemas cardiovasculares/infarto (16%), AVC (14%), dengue (11%), pressão alta/hipertensão (8%) e depressão/ansiedade (6%). Segundo o estudo, o câncer foi mais citado entre os que possuem ensino superior e, tendencialmente, é mais temido entre as mulheres. A Aids/ HIV é mais preocupante entre os jovens, de 18 a 24 anos. Problemas do coração e hipertensão são doenças que preocupam os mais velhos, especialmente a partir de 60 anos.

78

panorama.indd 78

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Doenças como câncer, diabetes e Alzheimer são mais temidas nas classes mais elevadas e entre as de maior renda familiar. No entanto, doenças contagiosas, como Aids e dengue, têm mais citações nos segmentos menos favorecidos de classe e renda. Para o diretor-executivo do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ), Marcus Vinícius de Andrade, o medo conceitualmente é uma sensação que proporciona ao indivíduo um estado de alerta demonstrado pelo receio, geralmente por se sentir ameaçado, tanto fisicamente quanto psicologicamente. “Baseados nesta premissa, nosso objetivo principal foi o de mapear as preocupações dos brasileiros em relação à qualidade de vida, para, a partir disso, discutir a saúde pública no País desde campanhas de conscientização a programas de prevenção de doenças. Debates estes que hoje já ocorrem em nossas salas de aula e imprensa nacional.” De acordo com o executivo, as porcentagens mais FOTO: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:27


elevadas para câncer e Aids estão diretamente relacionadas à estigmatização das doenças no inconsciente das pessoas, como esteve a lepra e a tuberculose em outros momentos históricos. “Nos últimos tempos, esse tabu foi diminuindo, mas ainda existe temor porque continua se falando muito sobre as doenças – e, às vezes, em um formato de comunicação equivocado.” Segundo ele, os homens, por exemplo, se preocupam menos do que as mulheres porque não existem tantas campanhas de alarde voltadas especificamente para este público – apesar do recente Novembro Azul. “Com certeza os medos e temores em relação às doenças têm como pano de fundo o perfil socioeconômico dos indivíduos. No entanto, este não é real quando consideramos o nível de ensino. Os índices de preocupação com o HIV e o câncer, quando analisado nos diferentes níveis de formação, são próximos, não ultrapassando a diferença de 10 pontos percentuais.”

CÂNCER: O GRANDE VILÃO Embora, em muitos casos, sejam reversíveis por meio de terapias, os cânceres são mais temidos que as doenças contagiosas e adquiridas (HIV), pois fogem, muitas vezes, do controle de prevenção. Andrade revela que o medo e a preocupação com o câncer vêm em primeiro lugar devido à popularização da doença. “É mais comum junto à população do que o HIV. O que ocorre é que a preocupação com o HIV não preocupa a classe A tanto quanto preocupa as classes B, C, D/E. Concluímos, em muitos pontos de nosso estudo, que é clara a evidência de que existe uma preocupação maior com uma determinada doença em função da posição socioeconômica do indivíduo, e, ao mesmo tempo, uma preocupação menor com doenças de maior incidência e causa de morte no Brasil e no mundo.” Para a professora-adjunta do departamento de pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e oncologista pediátrica do Hospital das Clínicas da UFMG, Dra. Karla Emília de Sá Rodrigues, o diagnóstico de câncer sempre foi associado a uma sentença de morte ou de muito sofrimento, tanto pela própria doença quanto pelos efeitos do tratamento (queda de cabelo, vômitos etc). “Talvez seja o fato de se tratar de uma doença que ameaça a nossa existência, que nos coloca diante da nossa finitude. Acredito que o medo é do todo, da incerteza da cura e dos efeitos que o tratamento possa ocasionar, que é sublimado pela esperança e pelo sentimento de bravura, resistência ao sofrimento pelo bem maior que seria a cura. Os pacientes que enfrentam doenças graves e crônicas desenvolvem uma capacidade de lidar com

O MEDO E A PREOCUPAÇÃO COM O CÂNCER VÊM EM PRIMEIRO LUGAR DEVIDO À POPULARIZAÇÃO DA DOENÇA. É MAIS COMUM DO QUE O HIV, QUE NÃO INCOMODA A CLASSE A TANTO QUANTO AS CLASSES B, C, D/E essa “pressão” que é o que nós chamamos de resiliência.” A especialista explica que o câncer, na verdade, não é uma única doença, são vários tipos de neoplasias malignas agrupadas num único diagnóstico devido ao fato de todas apresentarem uma proliferação desordenada das células, mas cada uma delas com um comportamento e prognóstico variável. “O tratamento oncológico passou por grande evolução ao longo dos últimos 30 anos, hoje temos um melhor entendimento sobre o controle da dor, cirurgias mais conservadoras e menos mutiladoras, tratamento de suporte para reduzir os efeitos adversos do tratamento (controle de náuseas e vômitos, suporte nutricional, analgesia, antibióticos de amplo espectro, hemoderivados, dispositivos para infusão da quimioterapia reduzindo as picadas para acesso venoso etc). Ela lembra que nos últimos 20 anos alcançou-se uma evolução muito grande no que diz respeito ao diagnóstico e ao tratamento, sendo possível citar o advento da ressonância magnética, que permitiu o diagnóstico mais rápido de tumores do sistema nervoso; os reagentes de imuno-histoquímica permitiram um diagnóstico histopatológico bem mais acurado, possibilitanto o tratamento mais adequado da doença; a biologia molecular, permitindo não somente o diagnóstico diferencial das neoplasias mas também o conhecimento de fatores prognósticos, podendo indicar tratamento mais/menos agressivos; a evolução dos antibióticos, da hemoterapia e da terapia intensiva, permitindo o tratamento agressivo dos tumores etc. “Os desafios são muitos. Entre eles, o custo elevado, além disso, ainda enfrentamos o desconhecimento da doença, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto pela população em geral, atrasando o diagnóstico. Infelizmente também há a dificuldade de acesso ao sistema de saúde e aos especialistas (as filas de espera para iniciar o tratamento).” A oncologista da UFMG revela que, dependendo do 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

panorama.indd 79

79

19/11/13 20:44


PANORAMA

ESPECIFICIDADES DA PESQUISA NATUREZA DO MUNICÍPIO

1º + 2º + 3º lugares

NORDESTE

NORTE/CENTRO-OESTE

REGIÃO METROPOLITANA

INTERIOR

FEMININO

MASCULINO

18 A 24 ANOS

25 A 34 ANOS

35 A 44 ANOS

45 A 59 ANOS

60 ANOS OU MAIS

FUNDAMENTAL

MÉDIO

SUPERIOR

ESCOLARIDADE

SUL

FAIXA ETÁRIA

SUDESTE

SEXO

TOTAL

REGIÃO GEOGRÁFICA

TEMEM CONTRAIR ALGUMA DOENÇA

96%

95%

95%

98%

97%

95%

97%

96%

96%

98%

98%

97%

96%

92%

95%

97%

97%

Câncer

76%

76

74

75

79

76

76

72

79

81

77

82

74

64

70

80

82

AIDS/HIV

53%

52

47

51

65

52

54

54

52

67

64

61

42

24

47

60

50

Diabetes

18%

17

18

24

12

19

18

16

20

15

17

19

22

20

19

18

17

Problemas do coração, cardiovascular, infarto

16%

13

23

16

16

13

18

17

15

9

15

15

19

23

17

14

17

AVC - acidente vascular cerebral

14%

10

21

16

17

15

14

15

14

9

10

17

19

17

15

13

15

Dengue

11%

12

6

10

11

10

11

11

10

14

13

10

8

7

12

11

7

Pressão alta, hipertensão

8%

5

11

9

10

8

8

6

9

3

5

8

11

14

10

6

6

Depressão, ansiedade

6%

5

6

7

8

5

7

5

8

4

7

6

8

6

7

6

7

Alzheimer, esclerose múltipla

5%

6

9

2

3

7

3

5

5

2

3

4

8

9

4

4

9

Tuberculose

5%

5

5

6

4

5

5

4

5

7

5

3

5

4

5

5

4

Hepatites

4%

3

4

6

4

5

4

4

4

7

4

7

2

2

3

5

5

Base

1.923

832

255

554

282

785

1.138

922

1.001

326

481

396

416

304

842

752

329

Fonte: Datafolha/ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos Obs.: Confira demais doenças no Portal (www.guiadafarmacia.com.br)

tipo de câncer e de seu estágio inicial de apresentação, o gasto médio mensal em um tratamento particular poderá ser por volta de R$ 10 mil a 20 mil, sem contar as internações que podem ser necessárias para tratamento de complicações como infecções. “Os hospitais que atendem os pacientes oncológicos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) recebem um pacote mensal para o custeio do tratamento, que também varia conforme o diagnóstico, a intenção do tratamento (curativo, paliativo etc.), em geral, cerca de R$ 2 mil por mês. Ao todo, os gastos no Brasil com tratamento do câncer estão por volta de R$ 2,2 bilhões.”

CARACTERÍSTICA UNIFICADA Os tipos mais frequentes variam principalmente conforme 80

panorama.indd 80

o gênero e a idade. Mas outros fatores, como a região, também podem influenciar. De modo geral, no Brasil os cânceres mais frequentes são os de pele (não melanoma) e, de acordo com o gênero, entre os homens adultos, os mais frequentes são cânceres de próstata e pulmão e entre as mulheres, os de mama e do colo do útero. A Dra. Karla conta que, de modo geral, os homens são os mais acometidos, a exceção dos tumores de ovário, mama, colo de útero e outros. O câncer pediátrico corresponde de 1% a 3% de todos os casos de câncer diagnosticados. “O processo de formação do câncer é chamado de carcinogênese e sempre será decorrente de uma alteração genética (mutação). Todo

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

20/11/13 11:02


PANORAMA

DOENÇAS QUE MAIS ASSUSTAM Projeção (aproximada)*

EM %

EM MILHÕES

Câncer

76

103,9

Aids/HIV

53

72,3

Diabetes

18

24,6

Problemas cardiovasculares, infarto

16

21,9

AVC – acidente vascular cerebral

14

19,1

Dengue

11

15

Pressão alta, hipertensão

8

10,9

Depressão, ansiedade

6

8,2

Alzheimer, esclerose múltipla

5

6,8

Tuberculose

5

6,8

Hepatites

4

5,4

* População brasileira, a partir de 18 anos: 136.734.056 Fonte: Censo 2010/Estimativa 2012/DataFolha/ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos

câncer é genético, mas nem todo câncer é hereditário (herdado de pai para filho). A carcinogênese pode ser determinada pela exposição a agentes carcinógenos que facilitam a instalação do dano celular (mutação genética) e, nesse caso, em geral, acontece lentamente, podendo levar anos até que uma célula cancerosa se prolifere e dê origem a um tumor. Por exemplo, o hábito de fumar que leva ao câncer de pulmão após 15 ou 20 anos de exposição. Mas a mutação também pode ocorrer durante a embriogênese e o indivíduo desenvolver o câncer precocemente (neoplasias da infância).” Segundo ela, as campanhas para incentivo de hábitos saudáveis de vida (combate ao tabagismo, sedentarismo, obesidade, consumo excessivo de alimentos industrializados, etc.) e para alertar sobre os sintomas/sinais iniciais da doença são fortes aliados para o esclarecimento da população.

CONCLUSÃO FUNDAMENTADA Marcus Vinícius de Andrade, do ICTQ, acredita que 82

panorama.indd 82

uma pesquisa como esta pode fornecer subsídios e informações que sinalizam equívocos generalizados e perigos à saúde pública no Brasil. “Um olhar crítico sobre estes equívocos pode reavaliar nosso modelo de orientação, conscientização e prevenção de doenças. Por exemplo: nosso estudo aponta claramente que as preocupações com a saúde e qualidade de vida no Brasil têm um forte vínculo com o perfil socioeconômico dos indivíduos. No entanto, sabemos que, apesar de um brasileiro da classe D e E se preocupar essencialmente com a dengue, ele também está sujeito a problemas cardiovasculares que preocupam predominantemente a classe A.” Segundo Andrade, conclui-se em muitos pontos do estudo que é clara a evidência de que existe uma preocupação maior com uma determinada doença em função da posição socioeconômica do indivíduo e, ao mesmo tempo, uma preocupação menor com doenças de maior incidência e causa de morte no Brasil e no mundo.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:27


EMPREENDEDORISMO

Erros + acertos =

lucros

COM O EMPREENDEDORISMO EM ALTA NO BRASIL, COMERCIANTES PRECISAM APRENDER COM OS ERROS A FÓRMULA PARA VENCER NO MERCADO. INSISTIR NO SONHO, APESAR DAS FALHAS E PERCALÇOS, É A DICA DOS ESPECIALISTAS COM EXPERIÊNCIA NO ASSUNTO POR RODRIGO RODRIGUES

O

Os manuais de empreendedorismo sempre destacam apenas os cases de sucesso quando tentam narrar e estimular a ação empreendedora no Brasil. Mas o próprio Thomaz Edson, inventor da lâmpada e da primeira central elétrica movida a carvão, já dizia que “antes de inventar, inventei mais de mil formas de como não inventar a lâmpada”. A frase do gênio norte-americano é quase um resumo do que acontece na vida real de um empreendedor em qualquer país do mundo: os projetos falham. As chances de falhar são maiores que as de acertar. E que bom que é assim. O pensamento é muito simples: alguém que falha é modelo para que o seguinte não falhe. Ou seja, se alguém falhou, já se sabe que

84

empreendedorismo 84

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

aquele não é o melhor caminho para seguir. Logo, os manuais do sucesso existem porque os do fracasso já foram testados. Para o consultor e professor de inovação e empreendedorismo da GM Consultoria e Inovação, Gustavo Machado, a chave do sucesso em qualquer ramo de atuação não está na determinação, mas, sim, no medo de não errar ou falhar: “Nenhum empreendedor acerta de primeira, principalmente se não tiver experiência anterior de gestão. É com os erros que ele vai se adaptando e moldado o sonho do negócio próprio à realidade do mercado. O importante não é não falhar, mas é falhar rápido, a tempo de corrigir os erros e não inviabilizar o negócio”, afirma Machado. O Brasil ocupa hoje a terceira colocação mundial FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

19/11/13 20:47


em número de empreendedores no planeta, com aproximadamente 27 milhões de empresas abertas, segundo pesquisa feita em 54 países pela Global Entrepreneurship Monitor (GEM). O País só perde para a China e para os Estados Unidos, que reúnem, respectivamente, 370 milhões e 40 milhões de empresas. A vocação para o negócio próprio, segundo o consultor Gustavo Machado, vai desde a vocação para a gestão até os baixos salários dos empregos formais e a busca pela qualidade de vida, passando pelo senso de oportunidade do mercado. O importante no ramo é saber persistir e ler as mudanças do mercado, qualquer que seja ele: uma escola, um bar, uma doceria, uma fábrica de peças ou uma farmácia. “O aprendizado é mãe de todas as invenções. Nietzche já dizia que ‘o que não mata, fortalece’. O empresário precisa estar atento às falhas, para agilizar a solução sem perder tempo, dinheiro e recursos. O empreendedor determinado em ser o próprio patrão não desiste fácil e faz do limão uma saborosa limonada”, aponta Machado.

É o que aconteceu com o empresário Luis Carlos Stanganelli Júnior, da UltraPopular Marechal Deodoro. Durante oito anos ele teve duas farmácias na região de Perdizes e Pompeia, em São Paulo, que não davam o retorno necessário e fechavam constantemente no vermelho. Há cerca de um ano e meio atrás, ele resolveu vender as duas lojas e apostou num modelo mais popular. Stanganelli mudou de região, apostou num público de mais baixa renda e numa loja menor, que vende produtos apenas de alta rotatividade, indicados nas curvas A, B e C, que tanto se comenta. O resultado já começa a aparecer, menos de dois anos depois de abrir as portas na região da Barra Funda: “Com apenas uma loja, já faturo 30% mais que as duas outras lojas anteriores. É uma satisfação grande poder colher resultados positivos depois de até ter pensado em desistir de tudo”, comemora o comerciante. Exemplo de dedicação e tino para avaliar as mu danças do mercado, Luis Carlos Stanganelli atribui

Para promover a mudança e o posicionamento dos negócios, foram investidos R$ 300 mil na UltraPopular Marechal Deodoro, em layout, fachada, iluminação, equipe e mix de produtos 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

empreendedorismo 85

85

18/11/13 20:04


EMPREENDEDORISMO

O IMPORTANTE NO RAMO É SABER PERSISTIR E LER AS MUDANÇAS DO MERCADO, QUALQUER QUE SEJA ELE: UMA ESCOLA, UM BAR, UMA DOCERIA, UMA FÁBRICA DE PEÇAS OU UMA FARMÁCIA. O APRENDIZADO É MÃE DE TODAS AS INVENÇÕES a recuperação dos negócios à persistência e à coragem para mudar: “Antes de abrir essa loja, cometi muitos erros que hoje considero primários. Errei na escolha do ponto, na remuneração dos empregados, na escolha da equipe, na precificação e até nas compras que eu fazia. Ouvindo a experiência de outros colegas do mercado, através da bandeira associativista que me cadastrei, consegui enxergar que o melhor era promover uma mudança geral de rumo”, conta. Engenheiro agrônomo de formação, Stanganelli conta que enveredou para o ramo de varejo farmacêutico em virtude do pai, que já tinha uma farmácia na cidade. Para promover a mudança e o posicionamento dos negócios, ele investiu mais de R$ 300 mil, mudando layout , fachada, iluminação, equipe e mix de produtos. “Foi uma mudança tão radical que eu ficava apreensivo, achando que ia ter que começar tudo de novo. Do zero. Mas a experiência anterior me fez entender que os erros do passado não podiam mais acontecer. Os resultados estão aí e já me ajudam a sonhar com a possibilidade

DEZ ERROS QUE O EMPREENDEDOR TEM QUE FUGIR: • Perder o foco • omprar e vender errado • ão compor uma boa equipe • Avaliar mal o ponto • ecidir crescer pelo camin o errado • ão se preparar com agilidade • rocar o trabal o pela fam lia e trabal ar além da conta • er medo e não ter pai ão • Perder o pique • esistir (ou quase) Fonte: Sebrae/Guia da Farmácia

86

empreendedorismo 86

de abrir uma nova loja ano que vem, em outra região”, diz o empresário. O segredo do sucesso, segundo ele, foi mudar o posionamento da loja, escolher um ponto movimentado, compor uma boa equipe e se aliar a uma bandeira associativista. “Aliar-se a um grupo me ajudou a comprar melhor, aplicar ações de marketing eficazes e trocar experiência com outros empresários que passam ou passaram por problemas semelhantes”, aponta Stanganelli. As dicas do empresário paulistano são bem parecidas com a da sul-matogrossense Denise Cristiane de Souza, formada em bioquímica e hoje dona de duas lojas da bandeira Farma&Farma, em Mato Grosso do Sul. O tino comercial veio da família, que já foi dona de vários tipos de comércio no Estado. Apoiada pelo irmão, eles abriram a primeira loja na cidade de Ivinhema, com apenas 23 mil habitantes e, pelo menos, 15 farmácias para concorrer com a deles. “No início as pessoas diziam que não ia dar certo, que a cidade não precisava de mais farmácias. Mas a gente sentia que podia oferecer algo diferente e tomamos coragem para investir”, conta a empresária. “Nós fomos nos estabelecendo aos poucos, observado o comportamento dos clientes, oferecendo atendimento personalizado e tentando agradá-los de todas as maneiras possíveis, caso a caso. Ao poucos eles foram voltando e já completamos três anos na praça”, comemora Denise Souza. O projeto deu tão certo que os irmãos abriram há quatro meses uma nova unidade da Drogaria Cristo Rei na cidade de Deodápolis, cujo número de habitantes é ainda menor: 15 mil moradores, para uma oferta de outras 12 farmácias dividindo o mesmo público consumidor. “Como da primeira vez, agora também muitas pessoas alertaram para o perigo de arriscar um negócio numa cidade tão pequena. Deu um frio na barriga maior, mas resolvemos abrir porque analisamos que o mercado e vimos que havia uma carência de serviços exclusivos

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 20:47


EMPREENDEDORISMO

Na nova unidade da Cristo Rei – Farma&Farma, foram investidos R$ 250 mil em 130 metros quadrados, maior que a unidade matriz, que têm 90 metros quadrados

e bom atendimento em Deodápolis. Daí para frente foi pensar que eram os concorrentes que deveriam correr atrás de nós, não a gente correr atrás deles”, conta a otimista empreendedora. Para fazer barulho e conquistar a simpatia dos moradores da pequena Deodápolis, os irmãos Souza investiram R$ 250 mil numa drogaria de 130 metros quadrados, maior que a unidade matriz, que têm 90 metros quadrados. “Uma vez tomada a decisão de abrir uma filial, o objetivo era criar impacto. As pessoas da cidade entenderam e têm correspondido ao nosso chamado. Somos a maior loja da cidade. Era um município carente de produtos de qualidade, mix diferenciado e serviços”, comenta. Com a nova unidade, os irmãos sul-matogrossenses esperam faturar 35% mais que a rentabilidade da loja. Para atingir o objetivo, eles dizem que vão usar a mesma estratégia da primeira loja: serviços de Atenção Farmacêutica, marketing através de tabloide bem produzido e, sobretudo, atendimento 88

empreendedorismo 88

O Brasil ocupa hoje a terceira colocação mundial em número de empreendedores no planeta, com aproximadamente milhões de empresas abertas

27

personalizado e atenção com o cliente. “Na nossa bandeira se discute muito o valor real do atendimento individual. É um dos poucos diferenciais do pequeno comerciante. Quem entende isso tem tudo para construir um modelo de negócio de sucesso”, sentencia Denise Souza.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:05


TECNOLOGIA

Consultor e

aliado eletrônico

CONHECER E SABER ESCOLHER BEM O SOFTWARE A SER ADOTADO NO PONTO DE VENDA É FUNDAMENTAL PARA AUXILIAR NA GESTÃO DO NEGÓCIO PRÓPRIO. SAIBA COMO USAR ESSA FERRAMENTA PARA ALAVANCAR AS VENDAS DA LOJA P O R R O D R IG O R O DR I G U ES

90

tecnologia 253.indd 90

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

N

Nos dias de hoje, a tecnologia é a melhor aliada do comerciante na hora de gerir os recursos de suas lojas. No passado, era comum ouvir do varejista que a informatização era um luxo desnecessário, que só impactava em custos e poucos benefícios para a saúde financeira do negócio. Com as margens de lucro cada vez mais apertadas, essa realidade felizmente mudou. O avanço da tecnologia e a proliferação das empresas de softwares trouxeram mais dinâmica para o mercado, diminuindo valores e se adaptando melhor à realidade do pequeno negócio. Os softwares disponíveis hoje no Brasil possibilitam não só que o comerciante faça a gestão do estoque de medicamentos, a gestão de caixa e a impressão de notas fiscais mas também ajudam a entender os FOTO: SHUTTERSTOCK

18/11/13 18:52


A SUGESTÃO DOS ESPECIALISTAS DO MERCADO É, SOBRETUDO, PESQUISAR, OUVIR OPINIÃO DE GENTE QUE JÁ UTILIZA O SISTEMA E REALIZAR TESTES PRÉVIOS, ALÉM DE AMARRAR UM CONTRATO QUE GARANTA O SUPORTE ADEQUADO PARA EVENTUAIS FALHAS informatizado na loja. “Os varejistas ainda acham que o preço é a única preocupação na hora de instalar um software. Ele opta pelo mais barato, sem saber a qualidade do produto ou se ele dará conta ou não das necessidades da loja”, comenta o gerente comercial da Texs Brasil, Raphael Crodelino, empresa especializada em informatização de farmácias. “É comum clientes baterem na nossa porta querendo fazer a substituição de um software, comprado pela metade do preço médio do mercado, e depois se arrepender. Por querer adquirir as coisas na pressa e gerar economia a qualquer custo, ele acaba ganhando duas despesas desnecessariamente”, diz Crodelino.

MODELOS DISPONÍVEIS

movimentos e a sazonalidade dos produtos, auxiliando na tomada de decisão de estratégias de marketing e gerenciamento de crises e pessoas. Ao escolher o sistema que vai implantar na loja, o pequeno comerciante precisa justamente entender qual a melhor ferramenta para isso. Muitos sistemas existentes no mercado geram relatório de todos os medicamentos que foram vendidos, em que data, mês e ano ele saiu mais, quantos ainda existem no estoque, qual a data de vencimento e quanto tempo o gerente ainda tem antes que o produto se converta em prejuízo. Essas informações servem para o comerciante poder oferecer o produto em liquidação, a fim de diminuir os impactos desses movimentos na conta final. Acontece que pouquíssimos comerciantes levam esses pontos em consideração na hora de implantar um sistema

É possível encontrar hoje no mercado brasileiro softwares que vão de R$ 2 mil a R$ 15 mil, dependendo muito do tamanho da loja, o tipo de ponto de venda, a quantidade de terminais instalados ou a variedade de recursos que o comerciante quer disponível para a gestão de recursos. São preços muito dispares para uma tomada de decisão apressada. A sugestão dos especialistas do mercado é, sobretudo, pesquisar, ouvir opinião de gente que já utiliza o sistema e realizar testes prévios, além de amarrar um contrato que garanta o suporte adequado para eventuais falhas, inadequações ou mesmo falta de entrega dos recursos prometidos. “Muito além de investir, o bom varejista de farmácia tem que saber investir bem e com qualidade”, sentencia o presidente da Associação Brasileira dos Farmacêuticos Proprietários de Farmácia do Brasil (AFPFB) e do grupo Farma&Farma, Rinaldo Ferreira. Outra questão importante a se observar sobre o assunto é a falta de uso dos recursos adquiridos no pacote tecnológico. É comum observar no mercado que um comerciante não utiliza completamente os recursos disponíveis no software instalado na loja. Seja pela inabilidade, pela concentração das atividades nas mãos de uma única pessoa ou a falta de entendimento sobre o manejo correto do 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

tecnologia 253.indd 91

91

18/11/13 18:52


TECNOLOGIA

Muitos programas produto: “É preciso, sobretudo, uma mudança de gerenciar num comércio. O controle é essencial para ajudam também no relacionamento não se permitir entrar no canto da sereia dos vencultura. É normal nas empresas menores o dono com os clientes concentrar tudo nas mãos dele e utilizar as funções dedores, que oferecem diariamente todo tipo de básicas por pura falta de tempo. Comum também os ‘negócios da China’, que, às vezes, só ajudam a afunempregados ensinarem uns aos outros, em virtude do dar a empresa”, avalia Rinaldo Ferreira. turn over alto. Quando o empregado ensina o colega, ele, Além das ferramentas de gestão de recursos, muitos na verdade, está passando os vícios e dificuldades dele, que, softwares disponíveis hoje no mercado ajudam também no às vezes, já foram terceirizados de outro emprego. Por isso relacionamento com os clientes. Através de cadastro, é o treinamento e reciclagem, seja do proprietário ou os empossível se comunicar com o cliente e alertá-lo sobre o fim pregados, é extremamente importante para o domínio da dos medicamentos comprados no mês anterior, promoções ferramenta”, avalia Raphael Crodelino. de produtos de higiene pessoal e cosméticos, palestras, A Texs Brasil é a distribuidora de um dos softwares mais entre outros assuntos. populares de São Paulo, onde a empresa já informatizou mais de mil pontos de venda, através da ferramenta chaALTERNATIVA SEM CUSTOS mada Mediator. A companhia existe há 12 anos e seu rePara os comerciantes que desejam investir pouco, a presentante afirma que é comum encontrar clientes que Federação Brasileira das Redes de Farmácias Associativistas não utilizam 100% das ferramentas de gestão disponíveis (Febrafar) tem uma opção sem custos, disponível apenas pelos softwares. Na visão dele, o problema se dá basicapara os associados. O chamado Painel de Aferição de mente pela falta de investimentos na formação dos empreIndicadores (PAI) é uma ferramenta de gestão que já é usada gados. “O operador prefere ligar para a empresa dona da em mais de 1,5 mil lojas das 7,5 mil associadas Febrafar. licença para tirar dúvidas, gastando recursos em pacotes Além do diferencial dos custos, que é gratuito por de manutenção 24 horas do que investir na formação. Isso conta do patrocínio dos laboratórios Medley, a ferramenta acontece por conta do estresse inicial que a implantação possibilita ao comerciante comparar os indicadores da de um sistema se dá. Toda mudança tem transtornos iniciais. loja dele com as demais lojas das redes que usam o mesMas é preciso compreender que aquele produto caro é um mo software. “Nós dividimos as lojas em faixas de fatugestor ligado à energia. Que só tem a contribuir para o bom ramento e o farmacêutico pode comparar o desempenho, equilíbrio das contas e o aumento das vendas”, diz os gastos, os valores de salários que ele paga com os Crodelino. Os custos dos softwares da Texs variam de demais. Isso possibilita que ele faça ajustes e correções R$ 4 mil a R$ 6 mil por licença adquirida. de rotas, tendo uma noção de como a média das farmáA maioria dos softwares oferecidos pelo mercado nacias como a dele operam”, conta o gerente financeiro e cional é capaz de emitir relatórios que mostram os produde produtos da Febrafar, André Costa. tos de curva A, B ou C, indicando onde o empresário deve O PAI começou a ser desenvolvido em 2007 e é usado investir prioritariamente na hora de fazer novas compras. em 20% das lojas associativistas Febrafar. O único custo “O gastar mal está entre os pontos mais difíceis de que o comerciante tem é o de treinamento dos funcionários, no qual a entidade desloca um capacitador até a cidade e a rede precisa arcar com os custos de traslado e hospedagem do capacitador. A intenção da ferramenta, segundo Costa, é dar subsídios para os comerciantes na hora de elaborar estratégias de marketing, compras e enxugamento de custos. “Para tornar um software aliado incondicional, é preciso saber usá-lo bem. Por isso a importância da capacitação. Um dos maiores problemas para os comerciantes é tentar tomar decisão sem saber como anda o mercado. Ao fornecer esse subsídio, nós mostramos em tempo real para ele como estão os níveis de estoque, o fluxo de caixa e as despesas fixas e variáveis. Toda estratégia de mudança fica melhor e é mais eficaz quando se tem informações para subsidiar as decisões”, avalia.

A MAIORIA DOS SOFTWARES OFERECIDOS PELO MERCADO NACIONAL É CAPAZ DE EMITIR RELATÓRIOS QUE MOSTRAM OS PRODUTOS DE CURVA A, B OU C, INDICANDO ONDE O EMPRESÁRIO DEVE INVESTIR PRIORITARIAMENTE NA HORA DE FAZER NOVAS COMPRAS

92

tecnologia 253.indd 92

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 18:53


PONTO DE VENDA

Consumidor

onipresente ACOMPANHANDO OS AVANÇOS DA TECNOLOGIA, O VAREJO SE REIVENTOU E HOJE PRECISA ESTAR EM TODOS OS CANAIS EM QUE O SHOPPER SE FAZ PRESENTE

F

POR FLÁVIA CORBÓ

Foi-se o tempo em que a maior preocupação do varejista era a loja concorrente do outro lado da rua. Agora, a disputa ocorre não só no ambiente físico mas também no virtual. Os consumidores estão por toda a parte atrás das melhores oportunidades de compra. Smartphones, tablets, redes sociais, computadores, televisão, rádio, catálogo. Como não poderia deixar de ser, a concorrência também marca presença nesses diversos canais de venda, tornando a tarefa de se destacar perante os demais um desafio enorme. Além de oferecer poder de escolha, essa gama de canais off-line e on-line empodera o consumidor de informação. Ao chegar a uma loja física ou acessar um espaço de compras on-line, muitos deles já sabem o que desejam, pesquisaram as

94

pdv.indd 94

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

funcionalidades dos produtos e conhecem onde estão as melhores condições de pagamento. Segundo dados do Google, 55% dos usuários de smartphones nos Estados Unidos fazem uso deles para comparar preços em lojas. “Os consumidores têm o controle sobre o que querem, como lhes é conveniente e com a personalização que esperam”, destaca a palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo Silvia Osso. Esse preparo do consumidor e a prática de pesquisar em diversos canais antes de efetuar uma compra, obrigou o varejo a ampliar os canais de venda e, mais do que isso, a integrá-los de forma que se tornassem um só sob a percepção do shopper. Esse conceito é resumido por especialistas como varejo omni-channel. Em outras palavas: “A empresa voltada ao cliente, que integra de forma sinérgica canais para FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 19:15


interagir, informar, vender, trocar e relacionar-se onde, como e quando o cliente quiser”, define o sócio sênior da GS&MD – Gouvêa de Souza, Alberto Serrentino. Aos interessados em investir nessa tendência – que já está consolidada em mercados mais maduros –, cabe um ponto de atenção. Para tornar-se um varejo omni-channel, não basta criar novos canais de compra e de contato com o consumidor. O mais importante é que esses canais devem interagir entre si, transparecendo ao consumidor a ideia de uma marca única. “As empresas mais inteligentes sabem que não adianta apenas adicionar canais. Manter a competitividade e reter

O QUE É OMNI-CHANNEL? É a evolução do varejo multicanal, focada numa múltipla e perfeita experiência do consumidor por meio de todos os canais de compras disponíveis para ele, como, por exemplo: • Canais mobile – produtos podem ser oferecidos por smartphones, tablets, site de uma loja virtual ou redes sociais. • Canais multimídia não mobile – computadores, TV e rádio. • Canais off-line – catálogos enviados pelo correio ou disponibilizados via promotoras de vendas e lojas físicas. • Canais alternativos – QR Code e prateleiras virtuais.

clientes significa proporcionar uma experiência sensorial de compra perfeita, através de todos os pontos de contato: web, loja, mobile, social, call center, representantes e equipe. O conceito de omni-channel traz uma perspectiva mais evoluída do multicanal. É uma visão de integração total, na qual, para o consumidor, não importa qual o meio de compra, e sim a experiência que está tendo com a marca como um todo”, aleta Silvia Osso. A mesma opinião é compartilhada pela presidente do Instituto de Estudos em Varejo (IEV), Regina Blessa, que destaca a importância de se manter uma ligação visual e logística entre os canais físicos e virtuais de uma marca. “Esse negócio de site que vende uma coisa e loja que vende outra não anda funcionando bem. Elas devem fazer parte de um mesmo negócio para ter uma imagem forte. Os consumidores sempre confiaram mais nas lojas físicas e, quando estas têm sites de compra, aí ganham em confiança”, acredita.

Fonte: Silvia Osso, especialista em varejo

2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

pdv.indd 95

95

18/11/13 19:15


PONTO DE VENDA

A FALTA DE COMPETITIVADE QUANDO SE FALA DE PREÇO SE DEVE AO FATO DE QUE AS LOJAS FÍSICAS PRECISAM ARCAR COM ALTOS CUSTOS FIXOS, QUE ENVOLVEM DESDE ALUGUEL ATÉ MOBILIÁRIO, FUNCIONÁRIOS E MANUTENÇÃO DA LOJA. DIANTE DESTE OBSTÁCULO, É PRECISO FICAR CLARO QUE NÃO É PELO BOLSO QUE O AMBIENTE FÍSICO GANHARÁ A DISPUTA COM O UNIVERSO ON-LINE EXEMPLO PRÁTICO Para que o conceito de omni-channel seja mais bem compreendido, Silvia Osso propõe o exercício de imaginar a seguinte cena: uma consumidora sai de casa disposta a comprar um creme anti-idade. Ao chegar à loja, recebe no smartphone uma mensagem de boas-vindas e um aviso de que seu esmalte preferido chegou e está em promoção. No balcão, há um provador com uma tela indicando que há também um hidratante que vai ajudar o efeito do anti-idade, e a compra pode ser finalizada num tablet, fora da longa fila do caixa. As compras pelo celular continuam durante a volta para casa. Na estação de metrô, essa consumidora adquire frutas numa prateleira virtual, que são entregues horas depois em sua residência. “Apesar de soar futurística, essa experiência de compra já é real, e não só no exterior – com exceção da prateleira virtual no metrô, por enquanto disponível apenas em alguns países asiáticos”, garante Silvia. Para comprovar a afirmação e ilustrar o conceito de omni-channel, a especialista em varejo cita alguns exemplos bem-sucedidos de convergência das atividades no ponto físico com as do mundo digital. “No shopping Rio Design Leblon, no Rio de Janeiro, o cliente que tem o aplicativo do shopping no smartphone é reconhecido ao entrar no estabelecimento e recebe mensagens de ofertas. Nas lojas da Billabong (marca de moda surfista), tablets mostram as peças disponíveis em estoque e são usados para fechar a compra. Uma das unidades da rede, em Barueri (SP), tem um “provador inteligente” que sugere looks”, conta.

O FIM DA LOJA FÍSICA? Diante de tanta informação e tantas opções de canais de compra, muitos deles que podem ser acessados do sofá de casa ou do escritório, os consumidores continuarão frequentando as lojas físicas ou este modelo de negócio está fadado 96

pdv.indd 96

a sumir? Especialistas garantem que os espaços físicos de compra continuarão existindo, no entanto, deverão passar por reformulações para se manterem atrativos a olhos tão antenados. “As pessoas não precisarão comprar em lojas físicas, elas vão escolher comprar nesses locais. Para isso, é preciso que a loja se mantenha relevante e gere valor percebido na experiência de compra”, define Serrentino. A primeira e principal mudança já está em curso. Sem que os varejistas tomassem nenhuma providência, apenas em decorrência do perfil do novo consumidor, as lojas físicas vêm sendo tomadas por um conceito chamado de showrooming. Ou seja, pela internet, os consumidores pesquisam os produtos, leem sobre as funcionalidades, elegem a marca preferida e comparam os preços. Mas, para experimentar, tocar e interagir, recorrem à loja física. Encontrado o produto com o qual mais se identifica, a compra é efetuada, muitas vezes, nos canais virtuais, já que os preços costumam ser mais atrativos. A falta de competitivade quando se fala de preço se deve ao fato de que as lojas físicas precisam arcar com altos custos fixos, que envolvem desde aluguel até mobiliário, funcionários e manutenção da loja. Diante deste obstáculo, é preciso ficar claro que não é pelo bolso que o ambiente físico ganhará a disputa com o universo on-line. “Os canais têm papéis complementares e permitem oferecer experiências distintas. A loja tem que ser conveniente, funcional, envolvente, estimular o contato físico com produtos e a interação com pessoas”, destaca Serrentino. Entre os diferenciais que podem ser trabalhados, o consultor elege os principais: “localização conveniente, layout funcional, processos eficientes, incorporação de tecnologia, equipes bem treinadas, bom atendimento, sortimento bem editado e disponível e loja estimulantes.” Dentre estes atributos, Silvia Osso acredita que o capital humano deva ser o mais bem explorado e trabalhado como um diferencial dentro de uma loja física. “O consumidor, quando entra na loja, já sabe todas as

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:15


PONTO DE VENDA

características do produto, por isso é fundamental que os colaboradores estejam muito bem treinados e que a loja ofereça muitas experiências agradáveis ao mesmo tempo. Para sobreviver, os varejistas devem encantar o cliente não só com a organização do ponto de venda mas também por meio da capacitação dos funcionários.” O mesmo ponto de vista é compartilhado por Regina Blessa, que acredita que nada é mais valioso do que entrar em uma loja apático e sair sorrindo. “São poucas as lojas que conseguem disponibilizar o sortimento, entregar uma cestinha sem perturbar, acompanhar de longe e de perto os clientes, ter estoque suficiente, ser rápida e sorridente no balcão, dar desconto e ter um caixa super-rápido. Quando nossa experiência de compra é suave e agradável, nossa mente nos leva a querer sentir aquele prazer outras vezes.” Além disso, a especialista acredita que o varejista deve apostar na experimentacão, grande trunfo em relação ao universo virtual. “O único jeito de não perder mais clientes para as compras pelo celular ou pelo computador é apresentando algo que o virtual não consegue apresentar, ou seja, aguçar os sentidos múltiplos que temos durante uma compra real”, ressalta. “Quando você não tem tempo e sabe exatamente o que quer, uma loja virtual pode ser a solução. Mas, se você não está certo do que quer, não conhece as opções e precisa de uma ajudinha, a loja física é o único caminho. Então temos que entender que existem esses dois ou mais tipos de públicos que agem diferentemente”, finaliza Regina Blessa.

98

pdv.indd 98

FUTURO Quais são as próximas tendências do varejo? A próxima edição da National Retail Federation (NRF), evento em que são debatidas as principais tendências do varejo mundial, está se aproximando. Especialistas adiantam as novidades que deverão ser apresentadas: • obilidade como meio de personalização da experiência dos consumidores, conquista da lealdade. • oluções de I inovadoras voltadas para a nova era de consumidores sempre conectados. • ig ata conceito de armazenamento de dados baseado em 5 Vs: velocidade, volume, variedade, veracidade e valor.

QUAL O FUTURO DO VAREJO? Para quem acha que o varejo já está passando por mudanças suficientes, é melhor se preparar para outras tendências que devem surgir em breve. Em janeiro, especialistas e varejistas de todo o mundo deverão se encontrar em mais uma edição da National Retail Federation (NRF). O evento debate as movimentações e rumos do setor para os próximos anos. A julgar pela análise dos temas das palestras principais e das sessões paralelas do evento, o destaque deve ser o paradoxo entre o uso cada vez mais eficaz da mobilidade e as perspectivas de crescimento dos varejistas no século 21. “A mobilidade será mencionada nos aspectos de personalização da experiência dos consumidores, conquista da lealdade, nível de resposta por parte dos clientes, tecnologias emergentes e o futuro dos pontos de venda”, avalia Silvia, que acredita que este tema é de grande interesse dos empresários nacionais. “Num país como o nosso, onde o número de celulares supera o de habitantes, é estratégico conhecer as melhores práticas ou tentativas de uso dessa importante ferramenta para gerar vendas.” O lado não digital do varejo também deve entrar em debate, por meio das lições aprendidas na expansão global, das estratégias para superar a concorrência e nas oportunidades existentes na América Latina para os varejistas globais. “Será possível perceber se a legião de estrangeiros que aportará por aqui aumentará ou não. Então, poderemos nos preparar com a devida antecedência”, complementa Silvia.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:15


PLANEJAMENTO

Disciplina

decisória O PROCESSO DE PLANEJAR REQUER PESQUISA, ESTRATÉGIA, IMPLANTAÇÃO, MEDIÇÃO E CORREÇÃO DE RUMO. ISSO TOMA TEMPO, MAS NÃO PODE SER NEGLIGENCIADO P O R E G L E LEONA R DI

100

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

PLANEJAMENTO.indd 100

É

É fato que, por deficiência de gestão ou falta de planejamento, 30% dos empreendimentos fecham as portas no primeiro ano e 56% encerram atividades em cinco anos. Para minimizar o problema, o empresário precisa planejar, ou seja, determinar os objetivos e metas do empreendimento, além de coordenar os meios e recursos para atingi-los. “Invariavelmente as pequenas empresas não fazem planejamento e, por isso, muitas vezes, são pegas de surpresa na estratégia comercial ou até mesmo nas suas finanças. Quem não planeja não sabe para onde ir e não consegue determinar metas para a equipe”, destaca o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia. FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 19:19


É fato que, por deficiência de gestão ou falta de % dos planejamento, empreendimentos fecham as portas no primeiro % encerram ano e atividades em cinco anos

30

56

Assim, é fundamental que o varejista trace os rumos que apontam o caminho a ser seguido na previsão de vendas, do estoque, de compras e da margem desejada para o período. O planejamento consiste na construção dessas estratégias e de suas ações, que devem estar integradas entre si, garantindo a adequação dos resultados esperados para o período. Com isso, o varejo consegue controle ajustado do negócio, garantia de atendimento adequado aos clientes, antecipação dos possíveis problemas e subsídios para a tomada de decisão. De acordo com o farmacêutico professor dos cursos de pós-graduação do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ), Leonardo Doro Pires, com o aumento da competitividade no varejo farmacêutico e a expansão de grandes redes para as regiões não metropolitanas, é fundamental que os empresários adotem um planejamento de longo prazo. Ele explica que nesse planejamento deve-se levar em consideração o público-alvo da empresa (se ela pretende focar algum nicho específico, como hipertensos e diabéticos, por exemplo), a estratégia de diferenciação dos concorrentes, plano de marketing e planejamento financeiro. “É fundamental que uma drogaria defina uma visão, que é uma meta de longo prazo, e crie condições para que esta meta seja atingida. É por meio da elaboração de um planejamento estratégico que a drogaria irá conhecer suas capacidades e limitações e definir onde quer chegar como empresa”, fala o professor.

AÇÃO BEM PENSADA Vale lembrar que muitos planejamentos são voltados somente para a área de venda, a fim de obter um aumento significativo no faturamento, mas outros aspectos in-

PASSO A PASSO Um filósofo chamado Sêneca disse: “Não há vento favorável para aquele que não sabe aonde vai.” Este é o primeiro passo e, com certeza, o mais importante: saber para onde a empresa quer ir. Leonardo Doro Pires, do ICTQ, resume o passo a passo da seguinte forma: 1. Definir a missão e os objetivos de longo prazo da drogaria. 2. Avaliar os pontos fortes e fracos da empresa. 3. Analisar as condições externas da empresa, objetivando avaliar oportunidades e ameaças. 4. Após uma análise cuidadosa dos pontos fortes, fracos, ameaças e oportunidades, o empresário deve rever os objetivos inicialmente traçados no início do planejamento. 5. Planejar a estratégia no tempo, fixando marcos a serem atingidos. 6. Realizar a estratégia. 7. Confrontar o realizado com o planejado, considerando inclusive a curva de mudanças e, se necessário, promover as ações corretivas e as adequações.

fluenciam os resultados finais, como o controle financeiro, análise de concorrentes, treinamentos dos funcionários e informações sobre o mercado. Para estabelecer um planejamento consistente, o gestor da farmácia não deve economizar tempo. Quanto mais bem elaborado, melhor o plano irá contemplar e administrar os fatores controláveis, os imprevisíveis e os inesperados. Assim, a dedicação ao desenvolvimento do projeto é vital para evitar problemas na fase de implementação. O objetivo central dele é diminuir a necessidade de revisões durante a execução. Para Tamascia, primeiramente é necessário efetuar um estudo do mercado passado e do atual para, posteriormente, fazer exercícios que auxiliem a prever alguns acontecimentos quanto ao mercado futuro. Para isso, deve-se planejar em consonância com o que o mercado aponta. “A partir daí devemos determinar quais serão os tipos de estabelecimentos que terão mais chances de prosperar neste mercado futuro e, somente após essa reflexão, é que iremos determinar quais produtos ou serviços serão necessários para a empresa estar presente neste futuro”, ressalta. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

PLANEJAMENTO.indd 101

101

19/11/13 20:50


PLANEJAMENTO

INDICADORES É importante analisar os números do negócio no momento de fazer o planejamento. Assim, se for identificado um problema, ele poderá ser corrigido. É fundamental que haja controles mínimos para perceber mudanças negativas (contando sempre com um suporte de informática). Alguns aspectos devem servir como sinal de alerta ao gestor: • queda de faturamento • afastamento de clientes • margem de lucro diminu da • aumento de custos • dificuldade com fornecedores devido à inadimplência

É FUNDAMENTAL QUE O VAREJISTA TRACE OS RUMOS QUE APONTAM O CAMINHO A SER SEGUIDO NA PREVISÃO DE VENDAS, DO ESTOQUE E DE COMPRAS. O PLANEJAMENTO CONSISTE NA CONSTRUÇÃO DESSAS ESTRATÉGIAS, QUE DEVEM ESTAR INTEGRADAS ENTRE SI

• aus ncia de capital de giro • aumento no n mero de reclamações dos clientes por deficiência de atendimento ou falta de produtos Fonte: Sebrae

De forma geral, o empreendedor deve iniciar o planejamento pela definição dos objetivos de cada área do negócio: vendas, compras, estoque, mix, recursos humanos, treinamentos, atendimento, automação e layout. Com base nessas informações, deve-se programar os meios físicos e financeiros para alcançar os resultados desejados de cada setor. A fase seguinte exige a elaboração de um cronograma de execução. Antes de partir para a ação, o gestor deve fazer um importante exercício que prevê todos os pontos que poderiam dar errado no processo e, para cada um deles, desenvolver um plano de contingência, ou seja, desenhar o plano B. A última etapa é a implementação, que deve ser acompanhada de perto para que o empreendedor possa corrigir eventuais erros.

QUAL O MELHOR MOMENTO O planejamento estratégico deve ser feito já na concepção da empresa, antes mesmo de sua abertura, pois o projeto vai impactar até mesmo no ponto escolhido para instalação da drogaria, verificando a proximidade de empresas concorrentes e área de abrangência para entrega. “As empresas que já estão inseridas no mercado também devem fazer o seu planejamento estratégico criando cenários para o futuro e incrementando o seu negócio com a agregação de serviços e produtos”, fala Pires. Uma dica do professor é planejar a sistematização da Atenção Farmacêutica (AF), que 102

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

PLANEJAMENTO.indd 102

18/11/13 19:19


PLANEJAMENTO

O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DEVE SER FEITO JÁ NA CONCEPÇÃO DA EMPRESA, ANTES MESMO DE SUA ABERTURA, POIS O PROJETO VAI IMPACTAR ATÉ MESMO NO PONTO ESCOLHIDO PARA INSTALAÇÃO DA DROGARIA, VERIFICANDO A PROXIMIDADE DE EMPRESAS CONCORRENTES E ÁREA DE ABRANGÊNCIA PARA ENTREGA é uma atribuição exclusiva do farmacêutico e que precisa do apoio do proprietário para fornecer recursos, como sala específica, computadores e equipamentos para ser operacionalizada. “Uma drogaria que incorpora a cultura da AF observa na prática uma melhoria da qualidade de vida dos seus clientes e um aumento na taxa de fidelização, gerando um importante diferencial competitivo”, alerta. Vale lembrar que o planejamento deve conter todos os pontos fracos da empresa. É importante que o empresário saiba quais são suas desvantagens em relação ao concorrente, como, por exemplo, capacidade de negociação com fornecedores. O empresário deve reconhecer também seus pontos fortes, como o relacionamento estreito com a popula-

É por meio da elaboração de um planejamento estratégico que a drogaria irá conhecer suas capacidades e limitações e definir onde quer chegar como empresa 104

ção, mão de obra qualificada, capital de giro e localização. Segundo Pires, além de fatores inerentes à empresa, o gestor deve preocupar-se com fatores externos, que devem ser encarados como ameaças e oportunidades. Neste ponto é preciso dar uma atenção especial à expansão de concorrentes e possíveis mudanças na legislação que rege o setor. “Uma drogaria de menor porte deve fazer um projeto que leve em consideração um dos seus principais pontos fracos, a dificuldade de oferecer os preços praticados por grandes redes. Este ponto fraco deve ser compensado por seus pontos fortes, ou seja, pequenas drogarias tendem a ter maior capacidade de personalização do atendimento, maior proximidade com a população e facilidade de controlar a qualidade do serviço ofertado”, pondera Pires. O empresário deve concentrar-se no que consegue fazer de melhor e entender que, quanto mais qualidade ele agregar ao seu atendimento, maior será sua capacidade de fidelizar sua clientela. Além disso, é preciso dar atenção especial à execução do planejamento estratégico. Deve-se implementar mecanismos que permitam um controle periódico dos objetivos traçados, a fim de se avaliar a necessidade de mudanças durante a execução do planejamento inicial. “Como o planejamento estratégico vislumbra o longo prazo, mudanças podem ser necessárias durante a sua execução, e a percepção da necessidade dessas mudanças só se dá com o acompanhamento diário do desempenho da empresa”, finaliza Pires.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

PLANEJAMENTO.indd 104

18/11/13 19:27


VAREJO VAREJO

Integração

entre canais

A PADRONIZAÇÃO DOS SERVIÇOS OFERECIDOS DEMANDA AÇÕES SOBRE AS PESSOAS QUE TRABALHAM NAS LOJAS

C

SILVIA O S S O Palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo. É autora dos livros Atender Bem Dá Lucro, Programa Prático de Marketing para Farmácias e Administração de Recursos Humanos para Farmácias E-mail siosso@uol.com.br 106

Cena 1 – “Vendedor, eu vi este dermocosmético mais barato ali na farmácia do outro quarteirão, no seu concorrente! É o mesmo, e lá eu pago menos!”, diz uma cliente após alguns minutos dentro da loja. Esse tipo de cena acontece com frequência. E o pior de tudo é o vendedor que, além de perder a oportunidade de vender, passa o resto do dia reclamando dos altos preços com que a empresa marca os produtos ali vendidos. Cena 2 – O cliente entra na loja e diz: “Eu vi pela internet que nesta farmácia o preço do dermocosmético é mais caro que o da farmácia vizinha! É o mesmo produto, o mesmo tamanho, e lá eu pago mais barato. E ainda posso receber sem sair de casa!” A história se repete. Perda de venda e reclamações sobre a empresa! “Assim não dá! Tudo é mais barato no concorrente!” Na primeira cena o cliente sai da loja e compra no concorrente. Na segunda, o cliente sai e não compra no site da empresa, pois a percepção dele é que loja e site são uma coisa única e que ambos falharam. Ele se decepcionou com a marca escolhida. O vendedor, que não tem competência para argumentar com o cliente e segue acreditando que o e-commerce vai acabar com as lojas de varejo tradicionais, é o mesmo que adorava ter os clientes reféns da escassez e da pouca variedade de produtos e empresas oferecidos no mercado. Esses vendedores

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Artigo Varejo 253.indd 106

que não estão percebendo a evolução do mercado não percebem que a tecnologia vem para melhorar a relação marca/consumidor. Não percebem que, em quanto mais canais a marca estiver presente, maior a possibilidade de atrair o cliente para a farmácia. A questão é que muitos vendedores ainda se consideram apenas funcionários de uma única unidade operacional. Nessa limitada visão, até outras lojas da empresa passam a ser concorrentes. É fato que os consumidores estão cada vez mais digitalizados, buscando informações na internet antes de irem às compras. Estudos mostram que a maioria dos clientes já pesquisa preço antes de visitar lojas tradicionais e mais da metade dos pesquisados se desaponta se suas lojas preferidas não oferecem o canal internet. Os canais de venda eletrônicos ocupam cada vez mais espaço na rotina de consumo dos clientes modernos. O desafio de integrar os canais e alcançar resultados ainda melhores passa pelo fortalecimento e aumento dos pontos de contato com o consumidor. A padronização dos serviços oferecidos nos diversos canais demanda ações sobre as pessoas que trabalham nas lojas; a formação de equipes cruzadas (preparadas para atuar em diversas áreas); a melhoria das habilidades de comunicação; a atuação com foco no consumidor e suas demandas permitem à empresa entregar aos clientes o que e como eles querem. FOTO: DIVULGAÇÃO

18/11/13 20:16


GESTÃO

Próspero e lucrativo AS FESTAS DE FINAL DE ANO ESTÃO AÍ. COM ELAS CHEGAM O 13O SALÁRIO E AS OPORTUNIDADES DE LUCRAR MAIS NESTE PERÍODO

O

POR RODRIGO RODRIGUES

O Natal é a data do ano mais lucrativa para o comércio brasileiro. Segundo dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), até o final de dezembro, o pagamento do 13º salário deve injetar cerca de R$ 143 bilhões na economia. O valor eleva as expectativas do comércio para um final de ano gorducho. Nas previsões da Confederação Nacional do Comércio (CNC), as vendas do setor no Brasil devem aumentar 4,5% nesse período, apesar dos sinais de arrefecimento da economia brasileira. Nos cálculos do Dieese, o Natal de 2013 deve ficar marcado por um maior poder de compra dos brasileiros, já que o 13º deste ano é um dos mais altos já pagos para os trabalhadores, seguindo a tendência de elevação da renda

108

gestao.indd 108

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

mensal dos brasileiros. A média do 13º pago do setor formal de trabalho no País é de R$ 2.029. Considerando o setor informal da economia, a média de salário deve chegar a R$ 1.740. O valor total médio previsto pelo Dieese é 9,8% maior que o estimado no ano passado. São cerca de 82,3 milhões trabalhadores beneficiados pelo salário extra, segundo a entidade. O número é 2,9% superior ao do ano passado, incorporando cerca de 2 milhões de novos empregados que chegaram ao mercado de trabalho ou solicitaram aposentadoria e pensão formal, que também dá direito ao benefício previsto em lei. Os números do Dieese informam, ainda, que a maioria dos recursos do 13º salário (51%) está nos Estados do Sudeste. Na sequência, vêm a região Sul (15,6%), Nordeste (15,4%), Centro-Oeste (8,4%) e Norte (4,7%). Os beneficiários do regime próprio da União respondem por 5% do montante. “Mesmo com a inflação no período, a expectativa FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 19:42


GESTÃO

para este fim de ano é de boas vendas, visto que, segundo o Serasa Experian, os consumidores estão renegociando suas dívidas e tendo novamente acesso aos créditos”, aponta o consultor de varejo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Fabiano Nagamatsu. Porém, de acordo com a pesquisa do DataPopular, a classe C pretende gastar 53,9% do pagamento do 13º salário na quitação de dívidas. Na opinião da professora do curso de marketing do varejo da ESPM, Heloisa Omine, o Natal de 2013 será diferente dos outros porque, além de mais renda disponível, os brasileiros estão em busca de produtos de maior qualidade e de atendimento diferenciado: “Tudo indica que será um Natal em que os consumidores estarão em busca de boas compras e, portanto, de propostas de produtos de preço competitivo e que façam a diferença na hora de presentear”, avalia. Para se dar bem e elevar o faturamento, contudo, o empresário não pode usar o velho método de apenas decorar a loja com enfeites de Natal, esperando que os consumidores se atraiam pelas luzes coloridas. Nas palavras de Fabiano Nagamatsu, a ordem para essa época do ano é planejamento.

INÍCIO IMEDIATO Para facilitar a vida do varejista farmacêutico, o Guia da Farmácia preparou uma série de dicas sobre como aproveitar as oportunidades do Natal. Antes, contudo, é necessário esclarecer umas das principais dúvidas dos comerciantes nessa época do ano: contratar ou não um trabalhador temporário para o final de ano? É fato que muitos compradores deixam de adquirir um produto quando demoram a ser atendidos ou encontram filas enormes no caixa. Como nessa época do ano o fluxo de compradores é maior, dependendo do ponto e do movimento da loja, os empreendedores podem, sim, apostar num trabalhador temporário para suprir a necessidade sazonal, segundo os especialistas. “Em termos legais, o empresário deve se atentar à Lei 6.019/74, regulamentada pelo Decreto 73.841/74, no qual prevê que o empresário só poderá contratar o colaborador temporário através de uma empresa de trabalho temporário, que deve estar registrada no Ministério do Trabalho”, adverte o consultor do Sebrae-SP. 11 0

gestao.indd 110

O NATAL DE 2013 SERÁ DIFERENTE DOS OUTROS PORQUE, ALÉM DE MAIS RENDA DISPONÍVEL, OS BRASILEIROS ESTÃO EM BUSCA DE PRODUTOS DE MAIOR QUALIDADE Para avaliar a necessidade ou não dessas contratações, Nagamatsu afirma que é preciso planejar com cuidado e traçar uma estratégia de metas. Os pontos que devem ser levados em consideração, segundo ele, são a demanda estimada de crescimento em vendas nesse período sazonal; verificar a capacidade de produção e/ou atendimento atual dos colaboradores da empresa e treinamento para os trabalhadores temporários, entrosando-os com os demais funcionários; e se adequar a cultura e clima organizacional da empresa. “Muitos estabelecimentos, sejam de comércio, prestação de serviços ou indústria, preparam-se no final de ano para aproveitar a alta demanda de consumidores que vão às compras. Para isso, é importante destacar que o empreendedor deve fazer um planejamento baseado nessa demanda temporária, visando compras adequadas, calcular o capital de giro necessário, decorar a empresa de acordo com a festividade e realizar a programação e plano de trabalho para atendimento ao cliente”, diz o consultor. A opinião é compartilhada por Heloisa Omine, da ESPM, que destaca também a necessidade de se contratar um temporário que esteja dentro do perfil dos demais empregados, recebendo treinamento de adequação, caso necessário. “É uma oportunidade selecionar pessoas com perfil para o seu negócio, que conheça os produtos, que consiga fazer boas sugestões de compras para o consumidor e, principalmente, que queira atender bem e estabelecer relacionamentos, com o objetivo de reter os consumidores e aumentar a conversão”, ela diz. Resolvida a questão dos empregados, hora de iniciar as ações para melhorar a performance de vendas da farmácia durante o período de festas.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:42


GESTÃO

Faça um planejamento da empresa. Entenda como funciona o comportamento da sua loja durante esse período, se possível buscando até modelos de anos anteriores para saber os produtos que mais saem, dias da semana mais lucrativos e de maior movimento, possíveis vendas conjuntas. Essa análise e planejamento serão importantes para a tomada de decisão sobre onde investir mais e ajuda a diminuir prejuízos, alertam os consultores.

Elabore uma programação de trabalho para a equipe (horários e tarefas). Esse é o caminho mais correto para garantir a participação efetiva dos empregados, para que ninguém também fique sobrecarregado. Os horários de saída e entrada bem definidos e respeitados ajudam no comprometimento maior dos empregados e estimulam o empenho para vender.

Capacite bem seus funcionários efetivos e temporários. O conhecimento dos produtos e serviços oferecidos e a proatividade fazem toda diferença na hora da experiência de compra, segundo os consultores ouvidos. “Preparar ação de motivação para a equipe alcançar metas também é um aliado importantíssimo para incentivar, pelo menos nesta época do ano, o empenho dos empregados na reta final”, diz Heloisa Omine.

Decore a vitrine com um diferencial através de questões inovadoras (iluminação e tecnologias que chamem a atenção). As divulgações devem sempre estar na altura do olhar dos clientes (em média 1,60 m), segundo dicas do Sebrae-SP. “Ao criar um clima de Natal na loja, a decoração sempre despertará o consumidor para os eventos que se aproximam”, diz a professora da ESPM.

Definir, organizar e expor os produtos para gerar atratividade e que sejam vistos pelos consumidores como presentes. Essa é uma estratégia bastante conhecida e que até agora tem dado resultados. Muitos distribuidores já sabem como funciona a demanda e até auxiliam na formação de um Gerenciamento por Categorias, especialmente para dadas especiais.

11 2

gestao.indd 112

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:42


Estabelecer faixas de preço para todos os “bolsos”. Esse é um dos pontos que menos tem chance de errar. Preparar gôndolas especiais de produtos mais populares e de preço mais acessível também. “Os consumidores entenderão que sempre encontrarão bons presentes do tamanho de suas possibilidades”, comenta Heloisa Omine.

Divulgar as ações dentro e fora do PDV. Tabloides, encartes, faixas, folders e tudo mais de instrumento que estiver à disposição são importantes para apresentar os diferencias de preços e serviços da sua loja ao cliente. Dependendo da relação do farmacêutico com o distribuidor, essas ações podem ser feitas em parceria, muitas vezes, a custo zero para o pequeno negócio. A indústria tem total interesse de fazer marketing direto no ponto de venda.

Desenvolver ou estabelecer parcerias com fornecedores e dar pequenos presentes, “brindes”, ao consumidor junto com as compras ou como degustação, afinal ele também merece ser presenteado. Em virtude do grande fluxo de compras, a própria indústria tem ações de merchandising próprias para o período. Dependendo da relação que o comerciante tem com o fornecedor, ele pode até negociar essa ação totalmente grátis.

A regra de ouro: lembrar que este planejamento deve ser feito com antecedência, pois este é o perío período para ser implantado. Ações de última hora, sem planejamento, costumam dar mais dores de ca cabeça que resultados concretos. O planejamento é alma da sobrevivência de muitas empresas.

Monitoramento periódico das ações realizadas no período festivo. Quem já não chegou ao final de um período planejando algo que não virou? O monitoramento periódico serve para detectar problemas antes que eles acabem em prejuízos. Ele ajuda a corrigir rotas, investir em ações que estão dando certo e otimizar custos. “É importante realizar ações que contribuam para o aumento das vendas, porém, também é relevante analisar qual o percentual de retorno sob os investimentos em divulgação”, afirma o consultor do Sebrae-SP, Fabiano Nagamatsu.

2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

gestao.indd 113

11 3

19/11/13 21:00


PESQUISA

De olho

na concorrência PESQUISA DA NIELSEN REVELA QUE PRODUTOS DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS ESTÃO GANHANDO ESPAÇO E CONQUISTANDO A PREFERÊNCIA DAS CONSUMIDORAS POR FLÁVIA CO RBÓ

N

Números que indicam que os produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) são a bola da vez não faltam. O desempenho obtido pela categoria nos últimos 17 anos é de fazer inveja aos demais setores da economia, visto que o faturamento líquido sobre vendas passou de R$ 4,9 bilhões em 1996, para R$ 34 bilhões em 2012, segundo dados a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). Neste mesmo período, o setor apresentou um desempenho bem mais vigoroso que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e o restante da indústria. O crescimento médio composto foi de 10%, contra 3% do PIB total e 2,2% da indústria geral. Esses números atrativos fizeram com que as farmácias aumentassem o portfólio de HPC e cedes-

11 4

Pesquisa253.indd 114

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

FOTOS: SHUTTERSTOCK

19/11/13 20:52


PARA CONSOLIDAR-SE COMO UM CANAL CADA VEZ MAIS RELEVANTE, A PERFUMARIA TEM QUE SUPERAR ALGUNS DESAFIOS. O SETOR AINDA É INSIPIENTE E NÃO TÃO PROFISSIONALIZADO, POIS NÃO SOFRE A INFLUÊNCIA DE GRANDES REDES sem cada vez mais espaço a esse sortimento nas lojas. Somente nas redes ligadas à Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), os produtos de higiene e beleza cresceram 17% no primeiro semestre de 2013 e sustentaram o desempenho das grandes redes, diante de uma desaceleração das vendas de medicamentos. Mas ainda que as farmácias já tenham percebido há tempos a excelente fonte de faturamento que se tornou a cesta de higiene e beleza, outros canais de venda também pegam carona no bom momento e vêm se expandido, criando uma concorrência a ser respeitada. Devido ao nível de especialização, as perfumarias representam hoje uma grande ameaça no terreno de HPC. De acordo com a pesquisa Entendendo as Dinâmicas e Interações de Cada tipo de Canal para a Compra de Produtos de Higiene e Beleza, realizada pela Nielsen, sob encomenda da Beauty Fair e apresentada no evento deste ano, considerando mais de 13 tipos de produtos de higiene e beleza e comparando oito locais de compras, os shoppers elegeram a perfumaria como o canal com a melhor nota – em média 8,7 – em uma escala de 0 a 10. O resultado colocou as perfumarias à frente da internet, que teve uma média de 7,9, e das farmácias, que juntamente com catálogos, súper e hipermercados e lojas de departamento, teve notas intermediárias, entre 7,5 e 7,7. O salão de beleza obteve nota 7, enquanto o minimercado foi o local com menor nota (6,3). Para chegar ao resultado, a Nielsen entrevistou 600 compradoras em quatro capitais do País (São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Recife). A elas, fez uma pergunta direta: “Em qual canal você prefere comprar produtos de higiene e beleza?” Em uma próxima etapa, apresentou alguns atributos e pediu que citassem o nível de relação dessas características com cada canal. “Conveniência, novidade, atendimento e experiência de compra agradável foram alguns dos atributos mais relacionados à perfumaria”, conta a

analista de mercado da Nielsen, Stephanie Biglia. Mas o que garantiu mesmo o bom desempenho do canal foi ter conquistado uma boa nota em todos os quesitos. “Não foi a melhor em preço, mas não recebeu uma nota ruim. Mostrou-se um canal bem completo. Os quesitos menos bem avaliados foram relacionados à comunicação, como propaganda e recomendação de outras pessoas.”

CONCORRÊNCIA Apesar de mostrar-se o canal “queridinho” dos shoppers, as perfumarias representam apenas 8% de todo o faturamento da cesta de Higiene e Beleza no Brasil. De acordo com a analista da Nielsen, a razão desta aparente contradição está no nível de especialização do canal, focado somente em produtos de higiene e beleza. Os shoppers só entram na loja para realizarem compras específicas, enquanto podem aproveitar a compra da semana no supermercado para também adquirir produtos de cuidados pessoais. “Além disso, esse canal não é tão desenvolvido quanto supermercados ou farmácias. Por enquanto as perfumarias são mais fortes em algumas regiões do País”, ressalta Stephanie. A pesquisa da Nielsen, encomenda da pela Beauty Fair, mostra que as perfumarias são mais fortes no Nordeste e no Estado de São Paulo, regiões que representam juntas mais de 50% de todo o faturamento do canal. No entanto, isso não é motivo para os concorrentes relaxarem. Esse canal de compras já chega a 30% dos lares brasileiros e deve conquistar cada vez mais espaço. Somente nos últimos dois anos, ganhou mais de 1 milhão de novos lares compradores, além de começar a atrair também os níveis socioeconômicos mais baixos, que incrementaram em 25% o tíquete médio do canal, segundo o painel de domicílios da Nielsen. E a tendência é que os números relacionados à perfumaria sejam cada vez mais expressivos e que a quantidade de lojas aumente. As regiões do Grande Rio de Janeiro e do Sul são as que mostraram maior 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Pesquisa253.indd 115

11 5

18/11/13 19:25


PESQUISA

ONDE O CONSUMIDOR PRETENDIA REDUZIR OS GASTOS NA CRISE (2009)

45%

44%

MANTER TROCAR POR MARCA MAIS BARATA

LIMPEZA

HIGIENE E BELEZA

84% 80% 86%

25%

Abastacimento do lar

17% Lazer

Automóveis

Eletroeletrônicos ALIMENTOS

28%

Roupas

30%

Telefonia móvel

Alimentação fora do lar

37%

16% 20% 14%

Fonte: Nielsen – Consumer Research

crescimento no primeiro semestre, 22% e 27%, respectivamente, em relação ao ano anterior. No entanto, para consolidar-se como um canal cada vez mais 11 6

Pesquisa253.indd 116

relevante, a perfumaria tem que superar alguns desafios. “O setor ainda é insipiente e não tão profissionalizado, pois não sofre a influência de grandes

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:25


PESQUISA

CATEGORIAS EM DESTAQUE 18,3%

13,7%

9,5% 7,7%

7,5%

7,4% 7,3% 4,7%

3,8%

Finalização

Depilação

-2,2% Esmalte

Absorvente

Barbear

ACESSO Maior acesso da população, com redução de preço dos kits e entrada em mais lojas

Creme para pele

MADURAS TRADE-UP Crescimento de produtos de maior valor agregado: desodorante aerossol e sabonete líquido e antibacteriano

Coloração

Creme dental

Xampu

Sabonete

Tratamento capilar

-2,8% Desodorante

6,8%

JAN-JUN/2012 vs. JAN-JUN/2013 Fonte: Nielsen – Retail Index

redes. A maioria é de propriedade de micro e pequenos empresários. Mas a tendência é que melhore bastante nos próximos anos, com aumento do conhecimento do shopper e de noções de gestão e trade marketing”, analisa Stephanie. 11 8

Pesquisa253.indd 118

PERFUMARIA X FARMÁCIA Ainda que em volume de venda a perfumaria não seja páreo para as farmácias, na percepção dos shoppers que estão em busca de produtos de HPC, o canal perfumaria sai disparado à frente. A pesquisa da Nielsen mostra algumas razões para a preferência pelas perfumarias em de-

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:25


O CONSUMO ESTÁ CADA VEZ MAIS MULTICANAL

97%

dos lares compram em mais canal

de 1

55%

compram, em

3 canais

16%

compram em

4 ou mais canais

Só há 2,7% compradores exclusivos de súper/hiper Não há compradores exclusivos de nenhum outro canal

Fonte: Nielsen – Homescan

CONSIDERANDO MAIS DE 13 TIPOS DE PRODUTOS DE HIGIENE E BELEZA E COMPARANDO OITO LOCAIS DE COMPRAS, OS SHOPPERS ELEGERAM A PERFUMARIA COMO O CANAL COM A MELHOR NOTA – EM MÉDIA 8,7 – EM UMA ESCALA DE 0 A 10 trimento das farmácias. Os principais pontos estão ligados a sortimento e competitividade. Cerca de 49,2% dos produtos vendidos na perfumaria são distribuídos exclusivamente nesse canal, o que faz com que as consumidoras só os encontre lá. Além disso, 62% dos itens vendidos nesse canal são, em média, mais baratos que nas farmácias. A diferença de preço gira em torno de 10%. Em um plano secundário, outros diferenciais, como distribuição de amostra grátis e brindes, possibilida-

de de experimentação e demonstração de uso dos produtos, também mostraram ter peso na decisão da consumidora e indicam pontos em que o varejista interessado em fazer frente a essa concorrência deve investir. O importante é nunca deixar de lado os atributos pelo qual o canal farmácia já é reconhecido, como conveniência, variedade e bom atendimento. Manter-se fiel aos pontos fortes do canal é essencial, porque o consumidor atual é bem informado, sabe onde buscar o que necessita e não hesita em flutuar entre diferentes locais de compra, de acordo com a necessidade do momento. Segundo o levantamento da Nielsen, 97% dos shoppers compram itens de higiene e beleza em mais de um lugar, sendo que mais da metade deles costumam frequentar três locais e 16% compram em quatro ou mais. “Por isso, é preciso reforçar bem o diferencial que se tem em relação a outros canais. Não adianta ser generalista,o consumidor tem bem definido onde deve ir em cada situação. E, além dos espaços físicos, há competição com outros canais, como catálogo e internet. Diferenciar-se é importante”, ressalta Stephanie. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

Pesquisa253.indd 119

11 9

18/11/13 19:25


PESQUISA

A PERFUMARIA APARECE COMO MELHOR CANAL PARA COMPRAS DE BELEZA

NOTA GERAL (0 A 10)

PERFUMARIA 8,7 INTERNET 7,9

82%

CATÁLOGO 7,7 FARMÁCIA 7,7

SÚPER/HIPER 7,6 LOJA DE DPTO. 7,5

SALÃO 7 MINIMERCADO 6,3

Recife tem a segunda pior avaliação da perfumaria (8,3) também com internet à frente do ranking (8,7)

17% 1%

ALTA (8, 9 E 10) MÉDIA (4 A 7) BAIXA (1, 2 E 3) São Paulo segue o ranking com perfumaria com 8,9

Rio de Janeiro tem a mesma nota de Recife – internet (8,7), mas com salão bem à frente no ranking (9,5)

Porto Alegre tem a avaliação mais baixa da perfumaria (7,9), com internet à frente (8) Fonte: Nielsen – Consumer Research – Beauty Fair

CESTA DE BELEZA E HIGIENE E a principal razão para existirem tantos canais que disputam a venda de HPC é porque a categoria, há anos, é sinônimo de lucro garantido. Ainda que tenha sofrido uma desaceleração, junto com o restante da 120

Pesquisa253.indd 120

economia, conseguiu alcançar 8,1% de crescimento entre os primeiros semestres de 2012 e 2013. Apesar de esses anos terem sido marcados por baixo crescimento do PIB e perspectivas econômicas ruins, o setor de higiene e cosméticos

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:25


PESQUISA

manteve-se em um patamar invejável. Muito desse panorama positivo deve-se à fidelidade do consumidor à cesta desses produtos. Quando questionados onde os consumidores pretendiam reduzir gastos em caso de crise, o abastecimento do lar foi o último item a ser escolhido. E dentro dessa cesta de compras, os produtos que tinham menos chan-

HPC Confira os motivos pelos quais não se deve deixar de investir na categoria: • Acesso das classes aos produtos do setor devido ao aumento de renda. Os novos integrantes da classe C passaram a consumir produtos com maior valor agregado. • Participação crescente da mul er brasileira no mercado de trabalho. • A utilização de tecnologia de ponta e o consequente aumento da produtividade, favorecendo os preços praticados pelo setor, que tem aumentos menores do que os índices de preços da economia em geral.

ce de não serem comprados ou de serem substituídos por outras de marcas mais baratas eram os de cuidados pessoais. “O consumidor prefere comer menos fora, gastar menos com lazer, com roupa. Corta todo o resto e, por último, o xampu”, brinca Stephanie. Em todas categorias, nota-se a tendência de crescimento do consumo mais qualificado por duas razões diferentes. Algumas categorias crescem porque mais gente compra, outras porque um número maior de pessoas pode comprar itens de maior valor agregado. Desodorante já está presente nos lares brasileiros há tempos, mas agora nota-se uma migração para o tipo aerossol, que é mais caro. O mesmo movimento ocorre com os sabonetes, que têm crescido nas versões antibacteriana e líquida. Já com as tinturas, o panorama é um pouco diferente. Muita gente que não comprava agora ganhou condições de passar a consumir. “Esse cenário é reflexo do aumento da renda e do conhecimento do consumidor, que tornou-se mais exigente e sai em busca de produtos que atendam a necessidades específicas”, explica Stephanie.

• Lançamentos constantes de novos produtos atendendo cada vez mais às necessidades do mercado.

Pesquisa253.indd 122

AL

XT

E

122

NTEÚDO

Fonte: Abihpec

Conheça a percepção do shopper em relação as categorias de beleza e higiene.

CO

• Aumento da e pectativa de vida o que traz a necessidade de conservar uma impressão de juventude.

RA N O POR

T

www.guiadafarmacia.com.br

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 20:57


ATUALIDADE

Posição

privilegiada A INCLINAÇÃO DO BRASIL NO PLANETA TERRA FAVORECE O RECEBIMENTO DE UMA GRANDE QUANTIDADE DE RAIOS UVA E UVB, O QUE AUXILIA NA OBTENÇÃO DA VITAMINA D, MAS TAMBÉM PODE CAUSAR MALEFÍCIOS POR VIV IAN LOURENÇO

124

atualidade253.indd 124

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:15


A

A radiação solar atinge cada região do Brasil de forma diferente. Dependendo da localização do Estado e da estação do ano, os níveis do índice ultravioleta (IUV), no País, são um dos mais fortes do mundo, mesmo em horários tidos como “seguros” (antes das 10h e depois das 16h). Porém, o sol que pode causar problemas, como o fotoenvelhecimento e o câncer de pele, também se torna essencial para a manutenção da saúde. Saber a dose certa pode evitar problemas e trazer benefícios. Segundo o especialista em meteorologia física e coordenador da Universidade Federal de Itajubá (MG), Marcelo Corrêa, os valores máximos de IUV observados no Brasil ocorrem no Sudeste do País durante o verão, dentro de uma escala, de 0 a 14, na qual: de 3 a 5 é considerado médio; de 6 a 7, alto; e de 9 a 11, extremo. Isso se deve ao fato de a posição geográfica (em torno de 23° de latitude) coincidir com o ângulo de inclinação do planeta, portanto os fluxos de radiação são mais intensos, chegando a 14. No Nordeste, este índice cai para 11, o que ainda assim é considerado muito alto e inspira cuidado redobrado caso a pessoa se exponha ao sol. Temperatura alta não é sinônimo de radiação forte. Segundo Corrêa, os níveis de radiação UV são muito elevados na maior parte do ano e em quase todo território brasileiro. Quanto maior a latitude, maior o efeito da sazonalidade. De acordo com o especialista, a pele é mais sensível aos raios UVB do que ao UVA, que é o causador do envelhecimento. No Brasil, os índices se alternam entre 9 e 13, sendo que a maior incidência é no Sul do País, por conta da posição geográfica.

CUIDADOS COM O SOL Com índices altos de radiação, a população brasileira precisa ter alguns cuidados com a exposição solar. Porém, apesar dos riscos, não se deve deixar de tomar sol, já que ele é importante e benéfico para a saúde.

A IMPORTÂNCIA DO SOL SEM PROTEÇÃO A vitamina D é importante para o organismo e para a manutenção da saúde dos ossos. De acordo com a Dra. Natasha Slhessarenko, a vitamina também pode ser adquirida por alimentação, porém não se consegue a quantidade necessária diária que o organismo precisa, causando a hipovitaminose. “As crianças pequenas ainda não conseguem ter a ingestão por alimentos (peixes). A recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria é que as crianças de até 2 anos devem ser levadas ao sol, diariamente, sem proteção solar e de preferência só de fralda por dois minutos. Se estiver vestida, esse tempo pode aumentar para 20 minutos.” A pele é a responsável pela absorção dos raios UVB e consequente transformação em vitamina D. “Nas cidades sem muito sol, é preciso fazer a reposição com medicamentos. Mas no Brasil isso não é necessário”, ressalta a Dra. Natasha. A pediatra explica ainda que a cor de pele da pessoa também influencia. “As de cor mais escura têm menor absorção de vitamina e podem ter uma exposição maior.” A vitamina D é importante para o metabolismo do cálcio que ajuda na musculatura e na constituição óssea. “O intestino é afetado também pela deficiência de absorção do cálcio. É preciso que haja um equilíbrio entre a absorção e afixação do cálcio nos ossos.” A falta de cálcio causa o popular “osso fraco”. Além disso, a pediatra relaciona a falta da vitamina com várias doenças, como o raquitismo e alguns tipos de câncer. “Ao longo dos anos, a proteção contra o sol se intensificou e ele foi tido como um vilão.” A pediatra termina alertando que, por conta dessa proteção, há um surto de hipovitaminose. “Exames feitos internacionalmente mostram isso e há uma preocupação com os danos que podem ser causados. Por isso a importância do esclarecimento.”

“Existe uma luta pela exposição das crianças aos raios solares. Tudo em excesso faz mal, porém essa falta de sol causa deficiência de vitamina D”, explica a médica pediatra do Lavoisier, Dra. Natasha Slhessarenko. De acordo com a médica, o sol recomendado, aquele que não oferece riscos as crianças, é a partir das 6h (horário de verão), até as 10h, ou depois das 16h. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

atualidade253.indd 125

125

19/11/13 20:58


ATUALIDADE

ESCALA DO ÍNDICE ULTRAVIOLETA • m termos de dose acumulada de radiação, as regiões Norte e Nordeste superam o Sul e Sudeste.

• o ordeste os n veis de radiação UV são altos ou extremos durante praticamente o ano todo.

Extremo: 9 a 11

Médio: 3 a 5

Alto: 6 a 7

• o verão o sol de ão Paulo mais forte que o do Nordeste. • o entanto os recordes (valores máximos de IUV) observados no Brasil ocorrem no Sudeste. Fonte: Johnson & Johnson

A dermatologista e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Carolina Marçon, ressalta que os raios UVB são mais estimulados no horário das 10h às 16h. “É ele que produz a vitamina D para o organismo. Mas, para isso, o índice deve ser acima de 8. Em São Paulo, por exemplo, é 11.” 126

atualidade253.indd 126

Para garantir a produção da substância no organismo, a dermatologista diz que a exposição não precisa ser prolongada, mas ela deve ser realizada sem o uso de protetor solar. “Na média, tomar o sol às 12h, por dez minutos, três vezes na semana, na região de um braço, por exemplo, já é o suficiente”, explica Carolina.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 09:42


ATUALIDADE

DIFERENÇAS E CURIOSIDADES SOBRE O SOL NAS DIVERSAS REGIÕES DO BRASIL O Brasil é um país enorme e bastante diversificado, até quando se trata de sol, calor e hábitos de proteção solar. O sol é um único astro, mas, o que nem todos sabem, é que a sua radiação atinge de forma diferente cada região do País, dependendo da localização e da estação do ano

NORTE

noRdeSte

• A sombrinha um dos modos de se proteger do sol em Belém e Manaus. • As manauaras gostam da sensação de pele seca. • Fragrância fator determinante para a população do orte.

Sul

• m Porto Alegre as consumidoras se e põem ao sol em m dia menos de uma ora dia. • Porto Alegre uma das praças onde as mul eres citam mais o uso do protetor solar diariamente (35%). • a cidade onde tendencionalmente o uso do protetor solar específico de vs. rosto mais alto ( do total de entrevistadas).

SudeSte

• As cariocas são as que mais se locomovem a p ( ) e de nibus ( ) diariamente o que resulta em cerca de uma hora/dia de e posição ao sol para a maioria. • São Paulo a nica praça em que a quantidade de mul eres que usa na praia um protetor diferente de que usa diariamente aumenta um pouco mas ainda de forma ine pressiva ( ).

• Andar a p ( ) e de nibus ( ) são as principais formas de se locomover em Recife diariamente o que resulta em cerca de uma ora dia de e posição ao sol para a maioria. • Recife uma das praças onde as mul eres mais usam protetor solar no rosto diariamente ( vs. no total). • m algumas cidades do rasil como ortaleza a proteção tamb m acontece com luvas (no braço inteiro) vendidas de todos os tipos cores tecidos e estampas • ecife se destaca por 77% da população usar protetor solar o ano todo. centRo-oeSte

• m algumas cidades do rasil como Goiânia a proteção tamb m acontece com luvas (no braço inteiro) vendidas de todos os tipos cores tecidos e estampas • ntre as regiões mais quentes do Pa s a entro este uma das que mais usa protetor solar o ano inteiro. • verão no entro este começa em julho, e Araguaia um destino importante nessa poca.

Fonte: Johnson & Johnson

128

atualidade253.indd 128

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:15


ATUALIDADE

TEMPERATURA ALTA NÃO É SINÔNIMO DE RADIAÇÃO FORTE. OS NÍVEIS DE RADIAÇÃO UV SÃO MUITO ELEVADOS NA MAIOR PARTE DO ANO E EM QUASE TODO TERRITÓRIO BRASILEIRO Esse tempo de exposição ao sol não é importante para causar queimaduras ou malefícios. “Porém, o sol em excesso pode causar de envelhecimento cutâneo a câncer de pele, muito comum no Brasil. A frequência da doença é muito alta, já que o brasileiro criou o hábito de passar o protetor solar, mas não de reaplicar. Então ele acha que está protegido, quando, na verdade, não está. Por isso há o abuso e, como consequência, a manifestação da doença, que vem crescendo ao longo dos anos”, alerta Dra. Carolina. Isso acontece, geralmente, segundo a 130

atualidade253.indd 130

dermatologista, pela falta de informação da população, principalmente na dose correta de protetor solar a ser usado, caso seja aplicado menos, a proteção pode chegar a ser 50% menor. “O fator mínimo de proteção precisa ser o 30, porém, não se deve esquecer a reaplicação, feita a cada duas horas. A quantidade adequada de produto é: para o rosto, uma colher de chá, e para o corpo, meia xícara de chá”, detalha a dermatologista da SBD. A maior parte dos danos causados pelo sol, cerca de 70%, acontece no dia a dia. “O uso diário da proteção solar é importante para ter uma pele saudável por mais tempo.”

ORIENTAÇÃO PRECISA Os especialistas alertam para o papel do farmacêutico na hora da prevenção dos malefícios do sol, bem como a importância da exposição correta por conta da obtenção da vitamina D. “A orientação deve ser feita na hora da compra do protetor solar por parte do consumidor. É importante alertar sobre os benefícios do sol e a importância da vitamina D para o organis-

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

19/11/13 21:00


EXPOSIÇÃO SOLAR:

30%

2h30

é o tempo necessário de exposição ao sol, para receber 50 vezes mais raios que o recomendado

1h30

é o tempo de exposição diário do brasileiro

25% dos consumidores não se expõem ao sol

dos municípios brasileiros compram protetor solar, sendo que:

31%

usam protetor solar

44%

da classe A/B usa protetor

78%

usam todo o ano, independentemente da estação do ano

75% declararam que gostam do sol

Fonte: Johnson & Johnson

O FATOR MÍNIMO DE PROTEÇÃO PRECISA SER O 30, PORÉM, NÃO SE DEVE ESQUECER A REAPLICAÇÃO, FEITA A CADA DUAS HORAS. A QUANTIDADE ADEQUADA DE PRODUTO É: PARA O ROSTO, UMA COLHER DE CHÁ, E PARA O CORPO, MEIA XÍCARA DE CHÁ

mo”, explica a médica pediatra do Lavoisier, Dra. Natasha Slhessarenko. Além da explicação dos benefícios da exposição solar sem proteção, há a necessidade de ressaltar o fator de proteção mínimo a ser usado, assim como a quantidade do produto a ser aplicada. “A reaplicação é muito importante para diminuir os danos causados pelo sol. Atenção também para ao tipo de protetor solar, já que existem diferentes formulações para o rosto, por exemplo. Sempre indicar o mais adequado ao tipo de pele do consumidor”, finaliza a dermatologista Dra. Carolina. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

atualidade253.indd 131

131

18/11/13 20:15


PELE

Problemas da

alta estação

T

Temperaturas quentes, sol, praia, viagens e cuidados especiais para manter a pele saudável. O verão é a época do ano em que a atenção com a saúde deve ser redobrada, não somente por conta da exposição ao sol mas também pelas doenças comuns da estação, como a herpes labial, larva migrans, micoses, fotoalergias e alergias, que podem ser causadas por interações medicamentosas.

132

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - pele.indd 132

Por exemplo, as fezes de cães e gatos nas areias das praias causam o “bicho geográfico” (larva migrans). A brotoeja está relacionada com o aumento do suor nesta época do ano, já as micoses, com os fungos que se proliferam em ambientes úmidos, e as alergias, com picadas de insetos. As doenças mais comuns dessa estação podem acometer desde crianças a idosos, por isso os especialistas recomendam cuidados com cada uma das enfermidades FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 16:32


ORIENTAÇÃO PRECISA

AS TEMPERATURAS ELEVADAS FAVORECEM O SUOR E O DESENVOLVIMENTO DE ALERGIAS CAUSADAS POR FUNGOS OU BACTÉRIAS. CUIDADOS SIMPLES PODEM EVITAR OS PROBLEMAS MAIS COMUNS DESSA ÉPOCA POR V I V I A N L OURENÇO

para evitar complicações. Para todos os casos, a prevenção básica é sempre usar filtro solar (no mínimo 30), repelentes e tentar hidratar tanto o organismo quanto a pele, como, por exemplo, borrifando água termal durante a exposição solar.

HERPES “O herpes, que nem sempre é labial, pode surgir pela imunodepressão causada pelo sol. Temos, ainda, a

Além da orientação na aquisição do protetor solar, o papel do farmacêutico é alertar para os riscos, sintomas e prevenção das doenças mais comuns no verão. No caso das fotoalergias, os dermatologistas pedem atenção redobrada. “O farmacêutico deve desencorajar a automedicação para evitar que esse tipo de reações ocorram, visto que o uso indiscriminado de anti-inflamatórios é o líder em fotoalergias”, ressalta a dermatologista do Hospital 9 de Julho, Dra. Caroline Semerdijan. Isso porque o especialista precisa saber qual o medicamento que causou a alergia, o motivo e os riscos futuros. “Orientar quanto a levar repelentes e um kit de medicamentos que podem ser importantes para essas situações. Recomendar também que não se deve exagerar em nada, tomar bastante água, alimentar-se bem”, finaliza o presidente da Asbai, Dr. Fábio F. Morato Castro.

pitiríase versicolor (micose), pitiríase alba, fitofotodermatose, entre outras”, explica a dermatologista e membro efetiva da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Mônica Aribi. O dermatologista Dr. Roberto Barbosa Lima explica que o herpes é uma infecção causada pelo Herpes simplex virus. “Ele atravessa a pele e, percorrendo um nervo, instala-se no organismo de forma latente, até que venha a ser reativado.” A reativação do vírus pode ocorrer devido a diversos fatores desencadeantes, tais como exposição à luz solar intensa, fadiga física e mental, estresse emocional, febre ou outras infecções que diminuam a resistência orgânica. “Algumas pessoas têm maior possibilidade de apresentar os sintomas do herpes. Outras, mesmo em contato com o vírus, nunca apresentam a doença, pois sua imunidade não permite o seu desenvolvimento”, relata Dr. Lima. De acordo com o dermatologista, os primeiros sintomas do herpes são a coceira e ardência no local onde surgirão as lesões. A seguir, formam-se pequenas bolhas agrupadas sobre área avermelhada e inchada. “As bolhas rompem-se liberando líquido rico em vírus e formando uma ferida. É a fase de maior perigo de transmissão da doença. A ferida começa a secar formando 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - pele.indd 133

133

18/11/13 16:32


ESPECIAL SAÚDE

PELE

O VERÃO É A ÉPOCA DO ANO EM QUE A ATENÇÃO COM A SAÚDE DEVE SER REDOBRADA, NÃO SOMENTE POR CONTA DA EXPOSIÇÃO AO SOL MAS TAMBÉM PELAS DOENÇAS COMUNS DA ESTAÇÃO uma crosta que dará início à cicatrização. A duração da doença é de cerca de cinco a dez dias.” O tratamento é feito com antivirais (por via oral). “O mais comum, nesses casos, é ministrar medicamentos como aciclovir, por exemplo”, explica dermatologista da Clínica Fares, Dra. Juliana Carvalho. Outras duas doenças que já estão presentes no sistema imunológico são a pitiríase versicolor e a pitiríase alba. “A pitiríase versicolor (pano branco), por vezes, já está presente, mas o paciente só percebe quando se bronzeia. Já a pitiríase alba (aquelas manchas brancas circulares), pode ocorrer nos braços ou na face e é acarretada pela desidratação que o sol promove na pele”, explica Dra. Mônica da SBD.

LARVA MIGRANS Popularmente conhecida como bicho geográfico é uma doença causada por parasitas intestinais do cão e do gato. Ao defecar na terra ou areia, os ovos eliminados nas fezes transformam-se em larvas. Estas penetram na pele do homem causando a doença. “Mais comum em crianças, as lesões são geralmente acompanhadas de muita coceira. Os locais mais comumente atingidos são os pés e as nádegas. Devido ao ato de coçar, é frequente uma infecção secundária advinda das lesões”, detalha o Dr. Lima. Como forma de prevenção, a dermatologista do Hospital 9 de Julho, Dra. Caroline Semerdijan, explica que se deve evitar contato direto da pele com a areia 134

das praias. “Utilizar cadeiras e toalhas na hora de sentar ou deitar, principalmente com as crianças.” O dermatologista Dr. Roberto Barbosa Lima comenta que o tratamento depende de qual é a extensão da doença. “O tratamento pode ser feito por via oral, para os casos mais extensos, ou com o uso de medicação tópica, nos casos mais brandos.”

MICOSES São caracterizadas pela pele avermelhada e descamada, que causa coceira. Nas micoses superficiais, a pele, unhas e cabelos são agredidos, dando origem a dermatofitose, pitiríase versicolor, candidíase cutânea, onicomicose, entre outras. Assim como o herpes, a incidência da micose está diretamente relacionada a pessoas que estão com as defesas do organismo deficientes. Os fungos responsáveis pelas micoses superficiais dão preferência a locais úmidos e quentes, onde encontram as condições propícias para o seu desenvolvimento. Por isso, os dermatologistas recomendam que as dobras do corpo devam ser bem secas. “Ao mergulhar no mar ou piscina, se secar bem e trocar as roupas de banho molhadas por secas”, recomenda a dermatologista do Hospital 9 de Julho.

MILIÁRIA Popularmente conhecida como brotoeja, é uma erupção cutânea relacionada com as glândulas sudoríparas.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - pele.indd 134

18/11/13 16:32


ESPECIAL SAÚDE

PELE

O VERÃO É UMA DAS ÉPOCAS MAIS PROPÍCIAS PARA O APARECIMENTO DE DIVERSAS ALERGIAS, COMO AS PROVOCADAS POR INSETOS, URTICÁRIAS ADVINDAS DOS ALIMENTOS COM CORANTES ARTIFICIAIS E DERMATITES DE CONTATO OU FOTODERMATITES Afeta principalmente as crianças, mas também pode atingir os adultos. “A localização mais comum é o tronco e a região cervical. As lesões geralmente são acompanhadas por coceira. Formam-se vesículas sobre pele avermelhada, podendo, em alguns casos, formar lesões mais exuberantes”, detalha o dermatologista Dr. Roberto Barbosa Lima. Para evitar a miliária, a recomendação é usar roupas frescas, tomar banhos frios e se proteger do calor, evitando o excesso de suor. O ar condicionado é um grande aliado no combate à doença.

FOTOALERGIAS No verão também é comum o aparecimento de fotoalergias, provocadas pela combinação de certos medicamentos com a exposição ao sol. Nesse caso, os adultos, com mais de 30 anos, são mais atingidos, segundo os dermatologistas. “Alguns tipos de medicamentos, como anti-inflamatórios e anti-hipertensivos, podem causar reações cutâneas se o indivíduo se expuser ao sol. Pessoas que utilizam esses medicamentos sempre devem utilizar protetor solar antes da exposição, seja ela na praia, seja no dia a dia”, recomenda a dermatologista do Hospital 9 de Julho, Dra. Caroline Semerdijan. A Dra. Mônica Aribi, da SBD, explica ainda que o paciente pode ter uma reação imediata ou mais tardia, principalmente de inchaço e vermelhidão na face, mas podendo pegar todo o corpo. Nesses casos, o tratamento é baseado em anti-histamínicos ou corticoides orais, dependendo da gravidade, explica a Dra. Juliana Carvalho, da Clínica Fares.

ALERGIAS EM GERAL Além das doenças, os dermatologistas também indicam que o verão é uma das épocas mais propícias para 136

o aparecimento de diversas alergias, como as provocadas por insetos, urticárias advindas dos alimentos com corantes artificiais e dermatites de contato ou fotodermatites, por cosméticos e protetores solares. “E reações alérgicas por alimentos, como o camarão ou frutos do mar. Os medicamentos ingeridos também podem provocar alergias”, explica o presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), Dr. Fábio F. Morato Castro. As alergias no verão podem ser provocadas por dois grupos: alimentos e insetos. A ingestão de sucos e sorvetes com corantes artificiais (tartrazina) podem provocar placas vermelhas no corpo e desencadear a coceira. “Dois grupos de insetos são importantes: os que sugam nosso sangue (pernilongos e borrachudos) e os que injetam o veneno (formigas, vespas e abelhas). Esses últimos podem provocar reações bem graves, como a anafilaxia e até a morte.” O médico indica que, na suspeita de uma sensibilidade a um desses alérgenos, a primeira coisa a fazer é recomendar que os pacientes procurem um especialista em alergia para obter uma orientação ou tratamento. “No caso de alguns insetos, o uso de repelentes pode ajudar, além de evitar a exposição a produtos de risco.”

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - pele.indd 136

18/11/13 16:32


ESPECIAL SAÚDE

HIPERTENSÃO HIPERTENSÃO

Controle

inevitável CERCA DE 25% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA TEM A PRESSÃO ARTERIAL ELEVADA. POR NÃO APRESENTAR SINTOMAS, A PREVENÇÃO É FUNDAMENTAL E CABE AO FARMACÊUTICO AJUDAR O PACIENTE A SEGUIR COM O TRATAMENTO P O R V I VI A N LOU R ENÇ O

138

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - hipertensao.indd 138

S

Segundo o levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2011), realizado pelo Ministério da Saúde, a hipertensão arterial atinge 22,7% da população adulta brasileira. O diagnóstico em mulheres (25,4%) é mais comum do que entre os homens (19,5%). A capital com menor proporção de pessoas com hipertensão arterial é Palmas (12,9%), enquanto a frequência mais elevada foi encontrada no Rio de Janeiro (29,8%), onde é maior a proporção de idosos. O coordenador do Centro de Hipertensão Arterial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Luiz Bortolotto, explica que o estilo de vida influencia muito no desenvolvimento da hipertensão. “A população brasileira consome em média, segundo dados do Instituto Brasileiro de FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 19:53


ATUAÇÃO CERTEIRA O farmacêutico pode colaborar de várias maneiras: • Promover educação em saúde com a divulgação de informações importantes sobre a hipertensão arterial. • Promover interesse da população quanto à mudança de hábitos e sua importância na prevenção, detecção e cuidado da hipertensão. • Promover campanhas contra tabagismo com exemplos reais da condição de saúde das pessoas. Geografia e Estatística (IBGE), 12 gramas de sal por dia, o dobro do que é recomendado. Pessoas mais idosas, obesas, diabéticas, alcoólatras e sedentárias têm mais chance de ter a doença. Além disso, o médico explica que há o fator genético, já que pessoas com pais e parentes diretos com pressão alta têm mais propensão a ter a doença.” A hipertensão aumenta ao longo dos anos devidos aos fatores de risco, de acordo com o cardiologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dr. Rafael Munerato. “Em 2006, era de aproximadamente 20% e, atualmente, é de 25%. Isso ocorre pelo aumento à exposição da população aos fatores de risco, como sobrepeso e obesidade; ingestão abusiva de sal e álcool; sedentarismo e tabagismo.” Como fator predominante para a obesidade, a especialista da Clínica Fares, Dra. Iramara Silvério de Jesus, aponta a má alimentação. “O principal motivo do crescimento desacelerado de casos de hipertensão é a alimentação inadequada (fast-food).” Apesar de ser silenciosa, a médica alerta que o principal sintoma de atenção é a cefaleia. “A hipertensão não dá sintomas nas suas fases iniciais. Somente em fases avançadas da doença quando já ocorreram lesões de órgãos-alvo, os pacientes tornam-se sintomáticos. Ou seja, a população não deve aguardar o aparecimento de sintomas para se preocupar com a hipertensão”, ressalta Dr. Munerato. O cardiologista Dr. Bortolotto explica que a hipertensão arterial se desenvolve por alterações de alguns sistemas que controlam a pressão arterial, fazendo com que aumente a tensão na parede dos vasos, prejudicando o bombeamento de sangue pelo coração. “É diagnosticada quando as medidas feitas pelo aparelho adequado estão igual ou acima de 140/90 mmHg (ou 14 por 9). Se não tratada, causa alterações nos vasos, podendo causar infarto, derrame e insuficiência renal.”

AÇÕES IMPORTANTES Os médicos ressaltam que o tratamento sempre começa com medidas não farmacológicas, ou seja, com mudanças no estilo de vida como reeducação alimentar, atividade física, controle do peso, abandono do tabagismo, entre outros. “Em alguns casos, estas medidas são suficientes para que os níveis de pressão arterial (PA) retornem ao normal. Entretanto, alguns pacientes precisam somar a essas ações o tratamento com medicamentos”, ressalta o cardiologista Dr. Rafael Munerato. Existem vários tipos de fármacos usados para tratar a hipertensão e a sua indicação varia de acordo com as características de cada indivíduo. “Alguns destes medicamentos são diuréticos, bloqueadores do sistema nervoso, vasodilatadores, entre outros”, informa o Dr. Bortolotto. Como principal método de prevenção, a mudança de hábitos de vida é novamente ressaltada. “A principal orientação é manter uma dieta alimentar equilibrada e a constante prática de atividade física”, diz Dra. Iramara. As mudanças devem começar com a alimentação, já que o consumo de sal deve ser de 5 g ou 3 colheres de café rasas por dia. “Evitar alimentos com maior quantidade de sal (enlatados, congelados, embutidos, sopas e macarrão prontos), evitar o excesso de álcool e administrar melhor o estresse do dia a dia”, alerta Dr. Bortolotto. A diretora científica da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Dra. Frida Plavnik, ressalta que, além de mudar os hábitos, medir a pressão arterial, pelo menos uma vez ao ano, é essencial. “Com indícios que ela esteja maior que 14 por 9, já se torna necessário a intervenção médica.”

O PAPEL DO FARMACÊUTICO Uma vez iniciado o tratamento da hipertensão, a continuidade é essencial para prevenir o aparecimento de outras doenças decorrentes do aumento da pressão. “O papel do farmacêutico é importante, até para orientar o paciente e estimulá-lo a continuar o tratamento e mudar os hábitos de vida”, ressalta a Dra. Frida. O profissional pode auxiliar tanto na detecção quanto no controle da pressão arterial, como já ocorre em alguns países desenvolvidos, como a Espanha, por exemplo. “Após um treinamento adequado, o farmacêutico pode realizar aferições de pressão arterial e auxiliar no encaminhamento ao médico para confirmação diagnóstica e já orientar o paciente a adotar hábitos saudáveis”, comenta o Dr. Luiz Bortolotto, do Hospital Oswaldo Cruz. Em relação às medicações, o farmacêutico pode auxiliar e trabalhar em conjunto com o médico, orientando o paciente 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - hipertensao.indd 139

139

18/11/13 19:54


ESPECIAL SAÚDE

HIPERTENSÃO

DIAGNÓSTICO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL

18 a 24

25 a 34

35 a 44

45 a 54

4

55 a 64

65 e mais

2

9

23 25

20

18

19

27 10 3

26

5 24

21

7 8

5,9

5,4

9

11,4

10,2

35 A 44

18,8

21,3

20,1

45 A 54

31,8

38,3

35,5

55 A 64

44,6

55,1

50,5

65 E MAIS

52,4

64,3

59,7

FEMININO (%)

TOTAL (%)

21,1

25,1

23,3

2) BELÉM

19,5

20,2

19,9

3) BELO HORIZONTE

19,1

25,3

22,4

4) BOA VISTA

15,6

18,4

17

5) CAMPO GRANDE

23,9

24,1

24

6) CUIABÁ

21

21,8

21,4

7) CURITIBA

19,5

24,2

22

8) FLORIANÓPOLIS

16,3

20,8

18,7

9) FORTALEZA

14,3

19,8

17,3

10) GOIÂNIA

20,1

21,9

21,1

11) JOÃO PESSOA

18,1

23,4

21

12) MACAPÁ

16,8

21

19

13) MACEIÓ

19,1

24,8

22,2

14) MANAUS

15,4

21,6

18,6

15) NATAL

20,8

28,2

24,9

13

16) PALMAS

13,1

12,7

12,9

17) PORTO ALEGRE

23,6

27,4

25,7

18) PORTO VELHO

12,9

20,6

16,8

19) RECIFE

21

30,3

26,1

20) RIO BRANCO

19,6

22,2

21

21) RIO DE JANEIRO

23,9

34,7

29,8

22) SALVADOR

18,1

23,8

21,2

23) SÃO LUÍS

16

19,1

17,7

24) SÃO PAULO

19,6

24,9

22,5

25) TERESINA

19,6

21,5

20,7

26) VITÓRIA

22,6

27,1

25

27) DISTRITO FEDERAL

16,9

23,2

20,2

17

sobre os efeitos adversos das medicações, o jeito correto de tomar e até na “fiscalização” do uso dos fármacos. “A possibilidade de interações medicamentosas deve ser sempre colocada, principalmente, em doenças crônicas e, particularmente, no caso da hipertensão, considerando que, normalmente, o paciente faz uso de mais de um medicamento”, alerta a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola, do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti. 140

4,9

25 A 34

GERAL (%)

MASCULINO (%)

22

6

18 A 24

FEMININO (%)

1) ARACAJU

15 11

1

16

MASCULINO (%)

POR CAPITAIS

12

14

POR IDADE

A grande diferença em relação à conscientização é o contato direto do farmacêutico com o usuário de medicamento. “Esta atuação precisa ser cada vez mais intensificada na dispensação de medicamentos para que a educação em saúde seja uma prática disponibilizada como rotina nas farmácias/ drogarias e, dessa maneira, possa contribuir para o entendimento da população quanto ao uso racional de medicamentos”, finaliza.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - hipertensao.indd 140

18/11/13 19:54


ESPECIAL SAÚDE

HIPERTENSÃO

ATENÇÃO FARMACÊUTICA AOS HIPERTENSOS O hipertenso é um paciente que fará uso frequente da farmácia, por isso, promover um atendimento diferenciado, esclarecendo as dúvidas e fornecendo a orientação correta, pode trazer a fidelização do cliente. “Esta ‘relação terapêutica’, fundamentada em educação em saúde, deve ser o diferencial no atendimento ao indivíduo”, explica Maria Aparecida. Quanto aos equipamentos que possam ser utilizados no controle da hipertensão, é importante que eles sejam calibrados e, caso o paciente faça uso em casa, ele necessita ter um treinamento adequado para a sua utilização. “No ponto de atendimento é necessário um trabalho minucioso para que se saiba a real condição de entendimento do indivíduo, quais as informações serão necessárias e de como serão transmitidas, objetivando a segurança e a eficácia do medicamento. A dispensação de medicamentos está associada ao serviço farmacêutico diretamente dirigido ao usuário.” A especialista explica que, normalmente, os conselhos regionais elaboram cartilhas, folders e outros materiais 142

A população brasileira consome, em média, 12 gramas de sal por dia, o dobro do que é recomendado para orientação da população e disponibilizam para as farmácias e drogarias. A profissional resssalta que outra ação que gera ótimos resultados é a monitoração de como o desfecho terapêutico está acontecendo e qual é o grau de interação do paciente com a adesão ao tratamento. “Na verdade, a grande diferença em relação à conscientização é o contato direto do farmacêutico com o usuário de medicamento, considerando que cada paciente tem necessidades individuais, o que torna a atuação do farmacêutico uma ação de abrangência única no preenchimento das lacunas de falta de informação.”

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - hipertensao.indd 142

18/11/13 19:54


ARTIGO

Como prevenir

a hipertensão arterial DOENÇA É “SILENCIOSA” E ACABA SENDO DIAGNOSTICADA POR CONTA DE ALTERAÇÕES NOS ÓRGÃOS-ALVO

DR. R IC AR DO PAVANE LLO Supervisor do setor de cardiologia clínica do Hospital do Coração (HCor) 144

O

O coração é um órgão vital e suscetível ao impacto de fatores de risco como a hipertensão arterial. Um bilhão de pessoas no mundo podem ser portadores da doença. No Brasil, entre os adultos com mais de 18 anos, 23% das mulheres e 20% dos homens sofrem de hipertensão arterial, de acordo com dados do Ministério da Saúde. A hipertensão arterial é uma doença crônica e se caracteriza pelos elevados níveis de pressão sanguínea nas artérias. Essa condição exige um esforço maior do coração para que o sangue circule corretamente pelo corpo, o que é prejudicial para o paciente e pode provocar doenças mais sérias, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio e insuficiência renal. Existem duas formas de apresentação da doença: hipertensão arterial essencial e hipertensão arterial secundária. A essencial é o tipo mais comum, correspondendo a mais de 90% dos casos diagnosticados, e tem caráter genético, podendo ser agravada por fatores de risco já conhecidos, como obesidade, diabetes, além do sedentarismo e estresse.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Artigo saude 253ok.indd 144

Consumo excessivo de sal e bebidas alcoólicas também pode contribuir para o agravamento da doença. Já a secundária é rara e aparece principalmente em decorrência de doenças das artérias renais ou do próprio rim. O grande problema é que a hipertensão arterial é “silenciosa” e acaba sendo diagnosticada por conta de alterações nos órgãos-alvo da doença, como cérebro, coração e rins. Entre os sintomas estão dor de cabeça, tontura e, em casos mais sérios, o próprio AVC. Quando relacionada ao coração, o paciente pode apresentar desde dor no peito e insuficiência cardíaca até o próprio infarto. Já nos rins, os sintomas manifestam-se por meio de quadros de inchaço e diminuição do volume urinário. Devido à característica de ser uma doença silenciosa e de caráter progressivo de poucos sintomas, é recomendado que a população faça consultas regulares, para que os fatores de risco sejam reconhecidos e estejam sempre controlados e o diagnóstico não seja realizado tardiamente, após a ocorrência de algo mais grave. FOTO: DIVULGAÇÃO

18/11/13 20:18


ESPECIAL SAÚDE

DOR DE CABEÇA DOR DE CABEÇA

30 milhões

acometidas HÁ MAIS DE 200 TIPOS DE DORES DE CABEÇA QUE PODEM AFETAR A POPULAÇÃO. OS MAIS COMUNS SÃO ENXAQUECA, CEFALEIA TENSIONAL E CEFALEIA EM SALVAS P O R E G L E LEONA R DI 146

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - dor de cabeca.indd 146

E

Estima-se que a prevalência da queixa de dor de cabeça, ao longo da vida, seja de 93% nos homens e 99% nas mulheres e que 76% do sexo feminino e 57% do masculino tenham pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC). Segundo o departamento de cefaleia da Academia Brasileira de Neurologia (ABN), cerca de 30 milhões de pessoas sofrem com dores de cabeça no Brasil. FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 19:56


de pessoas

no Brasil

Com relação à enxaqueca (que é um tipo específico de dor de cabeça), a prevalência geral ao longo da vida é de aproximadamente 12% (18% entre as mulheres, 6% nos homens e 4% nas crianças). De acordo com a médica neurologista e membro da SBC Dra. Célia Roesler, 93% da população em geral já teve dor de cabeça em alguma época da vida, sendo que 31% precisariam de tratamento médico adequado em razão da incapacidade funcional que as crises causam. “Vale lembrar que dor de cabeça e

cefaleia são sinônimas. Existem mais de 200 tipos de dor de cabeça, entre eles, a enxaqueca, a cefaleia tensional, a cefaleia em salvas, entre outros”, fala a médica. A doença é definida como a presença da sensação dolorosa na cabeça, pescoço e face. Ela pode ser primária ou secundária, sendo que as mais comuns são as primárias, ou seja, aquelas causadas por distúrbios bioquímicos do próprio cérebro que levam à dor por mau funcionamento de neurotransmissores ou de seus receptores. Portanto, as 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - dor de cabeca.indd 147

147

18/11/13 19:56


ESPECIAL SAÚDE

DOR DE CABEÇA

OS TIPOS DA DOENÇA • Cefaleia tensional: entre as dores primárias, a do tipo tensional é a mais frequente. Ao contrário de que muitos pensam, esse tipo não tem relação direta com a tensão emocional, mas com a contração exagerada, anormal e mantida de grupos musculares dos ombros, pescoço, couro cabeludo e até da face. Apesar de ser a dor de cabeça mais comum, por não ser tão intensa e incapacitante, faz com que os portadores, mesmo crônicos, não procurem ajuda médica. Há estudos que sugerem que essas dores, quando em caráter crônico, são decorrentes de anomalias bioquímicas de áreas do cérebro envolvendo o sistema analgésico do órgão. Esse sistema produz endorfinas e é inervado por neurônios que utilizam a serotonina como neurotransmissor químico. A deficiência de serotonina levaria à hipofunção do sistema analgésico, desencadeando a dor de cabeça. Existem basicamente dois tipos de dor de cabeça tensional: as episódicas e as crônicas. • Cefaleia em salvas: considerada rara se comparada aos outros tipos primários, a cefaleia em salvas é responsável por 6% do total de casos. É mais comum em homens, numa razão em torno de três para um, e pode iniciar-se em qualquer idade, sendo mais comum na segunda ou terceira décadas de vida. A doença é caracterizada por dor intensa, unilateral, geralmente em torno da órbita, durando de 15 a 180 minutos, se não tratada. Pode ser acompanhada de vermelhidão no olho, lacrimejamento, congestão nasal e queda da pálpebra do mesmo lado da dor. Acredita-se que essa dor tenha origem no hipotálamo, estrutura cerebral responsável por

alguns mecanismos para a regulação do corpo humano, incluindo controle de temperatura, balanço hormonal e sono. • Enxaqueca: a crise de enxaqueca pode durar de 4 a 72 horas e os sintomas incluem ataque de dor de cabeça intensa, geralmente unilaterais, acompanhada de náuseas, vômitos, intolerância a sons e luz. Incômodos de luz no campo visual, dormência nos braços e perda da linguagem podem antecipar a enxaqueca. Os fatores desencadeantes em pessoas predispostas a este mal variam, porém os mais comuns são: ingestão de certos alimentos, como chocolate, laranja, comidas gordurosas e lácteas; estresse; jejum; traumas cranianos; uso de medicamentos vasodilatadores; exposição a ruídos altos, odores fortes ou temperaturas elevadas; mudanças súbitas da pressão atmosférica, como as experimentadas nos voos em grandes altitudes; alterações climáticas; exercícios intensos; e queda dos níveis hormonais que ocorre antes da menstruação. • Cefaleias secundárias: quase 90% das dores de cabeça crônicas ou recorrentes não têm causas graves. No entanto, elas podem ser sintomas de outras doenças, o que deve ser investigado, principalmente se as características da cefaleia pré-existente se alteram, tornando-se mais frequentes e intensas. De acordo com a SBC, as cefaleias secundárias em geral são acompanhadas de vômitos, tonturas, alterações de consciência e convulsão e, neste caso, deve-se procurar imediatamente um profissional qualificado para o tratamento. Ponto fundamental é estabelecer as prováveis causas da cefaleia que podem ser desde sinusites, faringites, amidalites (doenças do trato respiratório), passando por ressaca alcoólica, até chegar a meningites, tumores cerebrais e hematomas intracranianos.

Fonte: Sociedade Brasileira de Cefaleia

148

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - dor de cabeca.indd 148

18/11/13 19:56


ESPECIAL SAÚDE

DOR DE CABEÇA

dores primárias são elas próprias, a doença e o sintoma. As mais comuns são do tipo tensional e em salvas, além da enxaqueca, também conhecida como migrânea, que é uma doença neurovascular, caracterizada por crises repetidas de dor. As cefaleias secundárias são causadas por problemas em quaisquer regiões do corpo e podem ter inúmeras causas: tumores cerebrais, meningites, aneurismas, problemas dos olhos, ouvidos, garganta e até um simples resfriado. Grande parte dos portadores de cefaleia acaba se acostumando com esse mal e o incorporando ao cotidiano, encarando-o como inevitável. Dessa forma, é importante a população ter conhecimento de que a maioria das dores exige tempo longo de tratamento para se chegar ao resultado satisfatório. “Devemos chamar a atenção das pessoas para que não façam uso abusivo de analgésicos nem se automediquem, pois, além de complicar uma dor que era esporádica, isso pode mascarar um quadro de uma dor de cabeça mais grave”, ressalta a Dra. Célia. O quadro pode ter outros agravantes: “As mulheres que têm enxaqueca, tomam anticoncepcional e fumam possuem os três fatores que, quando associados, aumentam muito o risco de um acidente vascular cerebral (derrame)”, alerta.

GRANDE PARTE DOS PORTADORES DE CEFALEIA ACABA SE ACOSTUMANDO COM ESSE MAL E O INCORPORANDO AO COTIDIANO, ENCARANDO-O COMO INEVITÁVEL

ENXAQUECAS O neurologista e acupunturista da Clínica Fluyr Saudável, Fabio Sawada Shiba, destaca que a principal classificação das enxaquecas baseia-se na existência ou não de aura (sintoma decorrente de uma disfunção neurológica focal, transitória, que precede as crises de enxaqueca). “Mais comumente as auras são oftálmicas, ou seja, com sintomas eminentemente visuais (visão de áreas escuras ou de pontos ou linhas brilhantes). Outras

115500

GGUUI IAA DDAA FFAARRMMÁÁCCI IAA DDE EZZE EMMBBRROO 22001133

especial saude - dor de cabeca.indd 150

18/11/13 19:57


ESPECIAL SAÚDE

DOR DE CABEÇA

OS MEDICAMENTOS VARIAM PARA CADA TIPO DE DOR DE CABEÇA E TAMBÉM DO PERFIL DO PACIENTE. PODEM SER UTILIZADOS DESDE ANALGÉSICOS ATÉ ANTIDEPRESSIVOS E ANTI-HIPERTENSIVOS AS DORES NA INFÂNCIA Engana-se quem pensa que crianças não têm dores de cabeça. De acordo com a médica e membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia (SBC) Célia Roesler, tanto a enxaqueca como a cefaleia tensional podem aparecer desde a infância, adolescência até a idade adulta. “Quando tem enxaqueca, a criança para de brincar e, involuntariamente, procura um lugar silencioso e com pouca luz na intenção de melhorar das dores”, comenta. Na maioria das vezes, as primeiras crises de enxaqueca coincidem com a puberdade. No caso das mulheres, pode começar na menarca (primeira menstruação), piorar nos períodos pré, intra ou pós-menstruais, melhorar na gravidez e até parar na menopausa. Crianças podem ter enxaqueca e é o caso mais frequente quando o assunto é dor de cabeça crônica, diz o autor do livro Cefaleia da Infância e Adolescência (Editora Instituto Glia), Marco Antônio Arruda. O resultado de sua pesquisa, feita em 417 crianças entre 6 a 16 anos para checar frequência e a causa da dor de cabeça, foi que 94% das crianças com dor de cabeça tinham enxaqueca, 3% cefaleia tensional, 1% por causa ocular e 1% tinha dor de cabeça grave vinda de um aneurisma ou tumor. 151

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - dor de cabeca.indd 151

auras menos comuns são as da enxaqueca do tipo basilar (com tonturas, parestesias faciais, perda de consciência) e as hemiplégicas”, explica o especialista. Uma crise de enxaqueca pode durar entre 4 e 72 horas. Nesses casos, o médico explica que os medicamentos utilizados dividem-se em sintomáticos (para controle mais imediato das crises) e profiláticos (visando a prevenção). Entre os sintomáticos compreendem-se analgésicos (dipirona, paracetamol), anti-inflamatórios não esteroidais para crises de leve intensidade (ou de leve para moderada) e medicamentos com ação vasoconstritora, como os derivados do ergot e os triptanos em casos de crises mais intensas. “Os medicamentos com ação profilática têm sido utilizados empiricamente, sendo os principais os betabloqueadores, como o propranolol, antiepilépticos, como o ácido valproico e o topiramato, antidepressivos tricíclicos, como a amitriptilina, e o uso tópico de toxina botulínica”, fala Shiba.

OUTROS MÉTODOS DE TRATAMENTO Os medicamentos variam para cada tipo de dor de cabeça. No caso de cefaleia tensional, são usados analgésicos comuns geralmente associados à cafeína. “Quando o uso de analgésicos fica muito frequente ou abusivo, é necessário fazer um tratamento preventivo, usando uma medicação diariamente para evitar as crises. Nesse caso, o medicamento vai depender não só do tipo de dor mas também do perfil do paciente“, lembra a especialista da SBC. Podem ser usados medicamentos antidepressivos, anti-hipertensivos, para labirintite e, até mesmo, para epilepsia. Todos, porém, em doses pequenas. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

151

18/11/13 19:57


HPV

Cerca de 80% das mulheres

são infectadas no mundo DOS MAIS DE 100 TIPOS DE PAPILOMAVÍRUS HUMANO, PELO MENOS 13 SÃO CONSIDERADOS CAUSADORES DE CÂNCER, PORTANTO, TODO CUIDADO É POUCO POR EGLE LE O N ARD I

D

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ligado ao Ministério da Saúde, estudos no mundo comprovam que 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Essa percentagem pode ser ainda maior em homens. Estima-se que entre 25% e 50% da população feminina e 50% da população masculina mundial já estejam infectadas pelo HPV. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, regredindo entre seis meses a dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens. HPV é a sigla em inglês para papilomavírus humano. Existem mais de cem tipos diferentes de HPV que são capazes de infectar a pele ou as mucosas, sendo que cerca de 40 tipos podem infectar o trato ano-genital.

154

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - hpv.indd 154

No pequeno número de casos nos quais a infecção persiste, especialmente naqueles causados por um tipo viral oncogênico (com potencial para causar câncer), pode ocorrer o desenvolvimento de lesões precursoras, que, se não forem identificadas e tratadas, podem progredir para o câncer, principalmente no colo do útero e também na vagina, vulva, ânus, pênis, orofaringe e boca. Pelo menos 13 tipos de HPV são considerados oncogênicos, apresentando maior risco ou probabilidade de provocar infecções persistentes e estar associados a lesões precursoras. De acordo com a ginecologista e obstetra Barbara Murayama, os tipos de HPV mais comuns entre os brasileiros, e que são de alto risco para câncer, são os tipos 16 e 18, que estão presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero no mundo. “Já os HPVs 6 e 11, encontrados em 90% dos condilomas genitais (verrugas) e papilomas laríngeos, são considerados não relacionados ao câncer”, fala a médica. FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 16:30


Ainda segundo o Inca, aproximadamente 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos. Comparando-se esse dado com a incidência anual de aproximadamente 500 mil casos de câncer de colo do útero, conclui-se que o câncer é um desfecho raro, mesmo na presença da infecção pelo HPV, ou seja, a infecção pelo HPV é um fator necessário, mas não suficiente para o desenvolvimento do câncer do colo do útero.

USO INDISPENSÁVEL “Sempre recomendada a utilização de preservativo (camisinha) durante todo contato sexual, com ou sem penetração, inclusive para prevenção de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), o produto não protege totalmente da infecção pelo HPV, pois não cobre todas as áreas passíveis de serem infectadas”, alerta Barbara. Na presença de lesões, até mesmo microscópicas na vulva, na região pubiana, perineal e perianal ou na bolsa escrotal, o HPV poderá ser transmitido mesmo com o uso do preservativo. Apesar disso, fazer uso do preservativo é uma atitude que pode reduzir, e muito, o contágio. A médica comenta que a camisinha feminina, que cobre também parte da vulva, evita mais eficazmente o contágio, desde que utilizada a partir do início do ato sexual, seja vaginal ou oral. A transmissão do vírus se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada. A principal forma de contágio é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Assim sendo, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. Não está comprovada a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas íntimas. Fazer o exame preventivo (papanicolaou ou citopatológico), que pode detectar as lesões precursoras, é fundamental para as mulheres. Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir a doença em 100% dos casos. O exame deve ser feito, preferencialmente, pelas mulheres entre 25 e 64 anos, que têm ou já tiveram atividade sexual. Os dois primeiros exames devem ser feitos com intervalo de um ano e, se os resultados forem normais, o exame passará a ser realizado a cada três anos.

SINTOMAS EXISTENTES A maioria das infecções por HPV é assintomática ou inaparente e de caráter transitório, ou seja, regride espontaneamente. Tanto o homem quanto a mulher podem

NÃO HÁ TRATAMENTO ESPECÍFICO PARA ELIMINAR O VÍRUS. O TRATAMENTO DAS LESÕES CLÍNICAS DEVE SER INDIVIDUALIZADO, DEPENDENDO DA EXTENSÃO, NÚMERO E LOCALIZAÇÃO estar infectados pelo vírus sem apresentar sintomas. Habitualmente as infecções pelo HPV se apresentam como lesões microscópicas ou não produzem lesões, o que se chama de infecção latente. Quando as lesões não são vistas, não é possível garantir que o HPV não está presente, mas apenas que não está produzindo doença. De acordo com dados do Inca, as lesões clínicas se apresentam como verrugas ou lesões exofíticas, são tecnicamente denominadas condilomas acuminados e popularmente chamadas crista de galo, figueira ou cavalo de crista. Têm aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres podem aparecer no colo do útero, vagina, vulva, região pubiana, perineal, perianal e ânus. Em homens podem surgir no pênis (normalmente na glande), bolsa escrotal, região pubiana, perianal e ânus. Essas lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos. As infecções subclínicas (não visíveis a olho nu) podem ser encontradas nos mesmos locais e não apresentam nenhum sintoma ou sinal. No colo do útero são chamadas de lesões intraepiteliais de baixo grau/neoplasia intraepitelial grau I (NIC I), que refletem apenas a presença do vírus, e de lesões intraepiteliais de alto grau/neoplasia intraepitelial graus II ou III (NIC II ou III), que são as verdadeiras lesões precursoras do câncer do colo do útero.

CUIDADO EFICAZ Não há tratamento específico para eliminar o vírus. O tratamento das lesões clínicas deve ser individualizado, dependendo da extensão, número e localização. Podem ser usados laser, eletrocauterização, ácido tricloroacético (ATA) e medicamentos que melhoram o sistema de defesa do organismo. As lesões de baixo grau não oferecem maiores riscos, tendendo a desaparecer mesmo sem tratamento na maioria das mulheres. A conduta recomendada é a repetição do exame preventivo em seis meses. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - hpv.indd 155

155

18/11/13 16:23


ESPECIAL SAÚDE

HPV

O tratamento apropriado das lesões precursoras é imprescindível para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo uterino. As diretrizes brasileiras recomendam, após confirmação colposcópica ou histológica, o tratamento excisional (intervenção cirúrgica) das lesões intraepiteliais de alto grau, por meio de exérese (retirada de uma parte ou a totalidade) da zona de transformação (EZT) por eletrocirurgia.

COMBATE IMPORTANTE Segundo a ginecologista e obstetra Barbara Murayama, existem duas vacinas para prevenção contra o HPV aprovadas e registradas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que estão comercialmente disponíveis: a vacina quadrivalente, da empresa Merck Sharp & Dohme (nome comercial Gardasil), que confere proteção contra HPV 6, 11, 16 e 18, e a vacina bivalente, da empresa GlaxoSmithKline (nome comercial Cervarix), que confere proteção contra HPV 16 e 18. As vacinas são eficazes e preventivas, tendo como objetivo evitar a infecção pelos tipos de HPV nelas

156

O Ministério da Saúde aumentará a faixa etária beneficiada pela vacinação contra HPV no sistema público para meninas a anos, em de , e de a anos, em

11 13 2014 9 11 2015

contidos. A vacina quadrivalente está aprovada no Brasil para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas de colo do útero, vulva e vagina; câncer do colo do útero em mulheres; e verrugas genitais em mulheres e homens relacionados aos HPVs 6, 11, 16 e 18. A vacina bivalente está aprovada para prevenção de lesões genitais pré-cancerosas do colo do útero e câncer do colo do útero em mulheres relacionados aos HPVs 16 e 18. “No entanto, nenhuma das vacinas é tratamento, portanto o ideal é tomar a vacina preventivamente, antes do início de qualquer contato sexual”, alerta a médica. O Ministério da Saúde anunciou em setembro deste ano que aumentará a faixa etária beneficiada pela vacinação contra HPV no sistema público para meninas de 11 a 13 anos, em 2014, e de 9 a 11 anos, em 2015. O programa Nacional de Imunizações (PNI) adotará um esquema vacinal estendido, em que as mesmas três doses a serem administradas pela posologia aprovada pela Anvisa em bula (0, 2 e 6 meses) serão realizadas em um intervalo de tempo diferente, aos 0, 6 e 60 meses. O PNI brasileiro, que chega aos seus 40 anos em 2013, citado como referência mundial pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), completa com a introdução da vacina quadrivalente contra o HPV, um dos calendários públicos de vacinação mais amplos no mundo. No Brasil, estima-se que ocorram por ano 1,9 milhão de novos casos de verrugas genitais e 17 mil novos casos de câncer de colo do útero. O câncer de colo do útero é a segunda maior causa de morte na população feminina em idade reprodutiva (dos 15 aos 44 anos), sendo que 5 mil brasileiras morrem dessa doença a cada ano no País.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - hpv.indd 156

18/11/13 16:23


AIDS

PROGRAMA BRASILEIRO DE COMBATE A AIDS É MODELO PARA O MUNDO, MAS ESPECIALISTAS ALERTAM PARA A NECESSIDADE DE AJUSTES E MODERNIZAÇÃO. SAIBA COMO SUA FARMÁCIA PODE ENTRAR NESSA REDE NACIONAL P O R R O D R IG O R ODR I G U ES

Perigo que

ainda preocupa 158

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - aids.indd 158

FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 16:19


O

O Brasil tem hoje cerca de 656 mil portadores do vírus HIV registrados pelo Ministério da Saúde (MS), que representam cerca de um terço de todos dos doentes da América Latina. Embora os números sejam altos, o País tem se destacado mundialmente pelo programa nacional de combate a doença, que virou referência no mundo inteiro e destaque na Organização Mundial de Saúde (OMS). Essa política é ancorada basicamente pela distribuição de medicamentos antirretrovirais, preservativos e incentivos aos testes rápidos. De acordo com o MS, todos os anos são investidos cerca de R$ 1,2 bilhão nos programas de combate as DSTs/Aids. Mais da metade do dinheiro (R$ 780 milhões) é gasta na compra de medicamentos antirretrovirais. Cerca de 217 mil pacientes recebem periodicamente a medicação gratuitamente. Apesar do esforço das autoridades, cerca de 30 mil novos casos da doença são registrados todos os anos em território nacional. A maior preocupação continua ainda sendo os homossexuais, profissionais do sexo e usuários de droga, cujo índice de prevalência da doença é, em média, de 20% somados. Contudo, esse panorama tem mudado. O que preocupa as autoridades agora são os altos índices de crescimento da prevalência do HIV em jovens heterossexuais. De acordo com relatório divulgado no ano passado durante a semana da Aids, na faixa etária acima de 13 anos de idade, 15.411 novos casos foram registrados no Brasil entre os homens, 24,1% eram homossexuais, 8,2% bissexuais e 42,6% heterossexuais. Entre as mulheres da mesma faixa etária o caso é ainda mais grave. Dos 8.147 casos notificados pelo Ministério da Saúde em 2011, 87,9% eram heterossexuais. “Há anos que a Aids se tornou uma doença fora do grupo de risco e se tornou presente na sociedade. É próprio da idade que os jovens sejam mais propensos a correr riscos, principalmente porque eles são de uma geração que não viu as pessoas padecendo pela doença. É para essa faixa etária que os programas de controle precisam centrar esforços”, diz

O MAIOR VILÃO DO PROGRAMA BRASILEIRO SÃO AS MILHARES DE PESSOAS QUE ESTÃO POR AÍ SEM SABER QUE TÊM AIDS. É PRECISO FACILITAR OS EXAMES E ESTIMULAR QUE ELES SEJAM FEITOS POR TODOS, PARA QUE SAIBAM A SUA ATUAÇÃO SOROLÓGICA E SE INSIRAM NA REDE DE TRATAMENTO a médica infectologista do Instituto Emílio Ribas e professora da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, Marinella Della Negra. Segundo a especialista, outra parcela da população que inspira cuidados é a terceira idade, porque é um grupo que não aprendeu a praticar sexo com segurança e está extremamente exposta à infecção. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo, a incidência da Aids em idosos aumentou 26% nos últimos dez anos só nesse Estado. “A presença da pílula azul prolongou a vida sexual deste grupo. Mas trata-se de um grupo que não aprendeu a usar a camisinha e não tem o hábito de utilizar. As campanhas precisam chegar a esse grupo, que é mais difícil de conversar porque não está o tempo todo plugado na internet ou nos meios de comunicação”, aponta. Dados da Organização Mundial de Saúde apontam a existência de cerca de 33,5 milhões de pessoas no mundo com o vírus HIV. São cerca de 10 mil novos casos registrados por dia ao redor do globo. O continente africano é o mais abalado pela doença, com mais de 25 milhões de casos registrados. São cerca de 1,6 milhão de novos casos por ano e outras 1,2 milhão de mortes. “O programa de Aids brasileiro impediu que nos tornássemos uma África. Ganhamos prêmios e fomos copiados por diversos países. Precisamos nos modernizar e entender a linguagem e hábitos dos pequenos grupos, para diminuir os nossos índices, que ainda não são nada orgulhosos”, comenta Marinella Della Negra. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - aids.indd 159

159

18/11/13 16:19


ESPECIAL SAÚDE

AIDS

OS PROPRIETÁRIOS DE FARMÁCIAS DEVEM ABRAÇAR A CAMPANHA E TRANSFORMAR A LOJA EM LEGÍTIMOS ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE. ALÉM DE CARTAZES, O FARMACÊUTICO PODE ORIENTAR OS JOVENS QUE VÃO EM BUSCA DE TESTES RÁPIDOS DE GRAVIDEZ OU ANTICONCEPCIONAIS A BUSCAREM UM POSTO DE EXAME PARA IDENTIFICAR A REAL SITUAÇÃO SOROLÓGICA DADOS ALARMANTES De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas pela Aids (Unaids), o Brasil aparece como o país que mais gasta dinheiro com o combate a doença entre os países chamados emergentes. São cerca de US$ 745 milhões por ano, mais do que emprega a China (US$ 497 milhões) ou a Tailândia (US$ 200 milhões), por exemplo. Para o pesquisador do Instituto de Saúde do Estado de São Paulo, Renato Barboza, o desafio do Brasil está agora na ampliação do acesso aos medicamentos e na agilidade na identificação dos infectados. “O maior vilão do programa brasileiro são as milhares de pessoas que estão por aí sem saber que têm Aids. É preciso facilitar os exames e estimular que eles sejam feitos por todos, para que saibam a sua atuação sorológica e se insiram na rede de tratamento. Quanto mais cedo a infecção é identificada, maior a qualidade de vida do infectado e menores os riscos da doença ser transmitida para outras pessoas”, adverte. Barboza atua diretamente na estratégia de atuação do programa paulista de combate à doença. Ele defende ampliação das formas de comunicação com os grupos de maior exposição à doença, como homossexuais, por exemplo. Na opinião dele, fatores sociais, como desigualdade, orientação,

160

escolaridade e raça, interferem diretamente na percepção da doença e dos riscos que ela gera, por isso os programas de prevenção precisam de maior diversificação. “Uma brecha muito importante é atuação com a sociedade civil e a comunidade. É fundamental contar com o nível de organização desses segmentos na orientação por pares. Ou seja, pessoas da própria comunidade ou grupo ajudando na orientação, longe das dificuldades linguísticas ou das diferenças sociais de um agente de saúde, por exemplo. É uma estratégia que tem se colhido resultados positivos em outros países e também aqui no Brasil”, conta Renato Barboza. Informações do Ministério da Saúde afirmam que, anualmente, o Brasil distribui cerca de 460 milhões de preservativos gratuitamente e coloca à disposição da população cerca de 2,9 milhões de testes rápidos anti-HIV no País. O número é considerado alto pelo ONU e, por isso, foi motivo de destaque na Organização das Nações Unidas, vencendo, inclusive, o prêmio da Fundação Bill & Mellinda Gates, em 2003. Para a infectologista do Centro de Referência de DST/Aids do Estado de São Paulo, Rosa Alencar, porém, é preciso ir além na logística de distribuição já existentes no País. “A camisinha gratuita não pode estar disponível apenas nos hospitais ou casas de saúde, ela precisa estar acessível em qualquer ponto da cidade. Nos banheiro das baladas, nas escolas ou nos clubes onde se pratica esporte”, sugere a médica. Para Rosa Alencar, a vulnerabilidade das novas gerações a doença se deve à banalização do assunto na mídia e a uma “ressaca” no uso do preservativo. “Essa nova geração cresceu longe da divulgação na mídia sobre os efeitos da Aids, a morte de famosos e os reflexos físicos da doença, que hoje controlada pode dar uma vida saudável e duradoura para os

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - aids.indd 160

18/11/13 16:19


ESPECIAL SAÚDE

AIDS

REALIDADE MUNDIAL E BRASILEIRA Cerca de

30 mil

novos casos da doença são registrados todos os anos em território nacional.

O continente africano é o mais abalado pela doença, com mais de

25 milhões

de casos registrados. São cerca de

1,6 milhão de novos casos por ano e outras

O Brasil tem hoje cerca de

656 mil

portadores do vírus HIV registrados pelo MS, que representam cerca de um terço de todos os doentes da América Latina.

1,2 milhão de mortes anualmente.

A incidência da Aids em idosos aumentou

26% 10 anos. nos últimos

Na faixa etária acima de

13 anos de idade, 15.411 novos casos foram registrados no Brasil entre os homens,

24,1%

eram homossexuais,

8,2%

bissexuais e

42,6%

Entre as mulheres da mesma faixa etária, o caso é ainda mais grave.

Dos

8.147

87,9%

eram heterossexuais.

casos notificados pelo Ministério da Saúde em 2011,

heterossexuais.

162

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - aids.indd 162

18/11/13 16:20


infectados. Junto disso, as atitudes homofóbicas transformaram de maneira errada a doença em um problema apenas dos homossexuais. Isso diminui a percepção dos riscos entre os jovens. A Aids está longe de ser uma doença banal como uma gripe. É um problema sério de saúde pública. Os medicamentos têm toxicidades perigosíssimas, que afetam todas as áreas do corpo. Por isso é preciso retomar com força o alerta público para isso”, alerta a infectologista. Em dezembro de 2012, o Ministério da Saúde divulgou uma pesquisa preocupante, que apontava que quatro em cada dez jovens brasileiros acham que não precisam usar camisinha em um relacionamento estável. A pesquisa revela ainda que três em cada dez jovens ficariam desconfiados do parceiro caso ele repentinamente propusesse sexo seguro de uma hora para outra. Outro dado preocupante diz respeito à procura de serviços médicos. Só 9,4% dos 1.208 jovens entrevistados pela pesquisa disseram ter procurado um centro de saúde nos últimos 12 meses para obter informações, fazer exames ou algum tratamento de DST. “São números preocupantes que mostram que a prevenção tem que estar nas ruas”, opina Marinella Della Negra, infectologista do Instituto Emílio Ribas.

PARCERIAS DE PESO Para diminuir a gravidade do problema, os especialistas ouvidos pelo Guia da Farmácia defendem parcerias com a sociedade civil e a transformação de escolas, centros comunitários e farmácias em locais de orientação para os cuidados com a doença. Por serem gratuitos e muito caros, os medicamentos antirretrovirais não são vendidos nas farmácias do País. Mas isso não impede que esses pontos de venda não possam ser utilizados para orientar os pacientes, diz Rosa Alencar. Para a médica infectologista, os proprietários de farmácias devem abraçar a campanha e transformar a loja em legítimos estabelecimentos de saúde. “Além de cartazes, o farmacêutico pode orientar os jovens que vão em busca de testes rápidos de gravidez ou anticoncepcionais a buscarem um posto de exame

Os farmacêuticos também podem distribuir panfletos de orientação e guias de endereço

para identificar a real situação sorológica, já que no ato da compra fica claro que houve uma relação desprotegida”, sugere. Os farmacêuticos também podem distribuir panfletos de orientação e guias de endereço, para auxiliar a busca pelos postos de coleta de exames. “A natureza da farmácia é, sem dúvida, a vocação para a orientação e a preservação da saúde”, diz Renato Barboza. Outra dica está no destaque dos preservativos e na importância de oferecer opções diversificadas de tamanho, cores e sabores, a preços convidativos. A busca de parceria com a indústria para ofertar preservativos junto com produtos de lubrificação e absorventes também pode ser uma boa solução para os farmacêuticos. Muitas marcas novas do mercado têm interesse em oferecer a degustação unitária para conquistar os clientes e podem auxiliar o varejista nessa empreitada. Nos Estados Unidos já estão em testes um exame de saliva raspada da gengiva que poderá ser vendido em farmácia e dizer se o paciente é ou não soropositivo. A venda depende da liberação da Food and Drug Administration (FDA), que responde pelos testes no país. Caso seja liberado, o produto será o mesmo que um exame de gravidez e, em 20 minutos, o paciente poderá saber sua situação sorológica. Tudo pelo custo de US$ 400. Para os médicos, a entrada em vigor do teste vai preservar a privacidade do doente sem expor a pessoa, além de possibilitar maior acesso dos doentes ao tratamento disponível na rede pública, que hoje já conta com 20 tipos de remédios antirretrovirais para a distribuição nos postos de atendimento. “Quanto mais democrático, mais controle as autoridades sanitárias têm da doença e dos pacientes em tratamento”, avalia Renato Barboza. Contra o exame em teste, a FDA tem a precisão do produto na detecção do problema. Enquanto os exames de laboratório dão 99,8% de certeza do vírus no organismo, o exame testado nos EUA dá apenas 93% de certeza. 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - aids.indd 163

163

18/11/13 16:20


CONTRACEPÇÃO

QUASE 25% DAS JOVENS, ENTRE 15 E 19 ANOS, NO BRASIL, ENGRAVIDAM SEM PLANEJAMENTO. A PÍLULA, POR SER MAIS ACESSÍVEL, É O MÉTODO CONTRACEPTIVO MAIS USADO E SUA EFICÁCIA CHEGA A 98% P O R V I VI A N LOU R ENÇ O

Entre a curiosidade

e a falta de informação 164

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - contracepcao.indd 164

FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:02


O mercado disponibiliza pílulas com baixíssimas concentrações hormonais, com até dez vezes menos estrogênio e 164 vezes menos progestagênio, em diferentes apresentações com 21, 22, 24 e 28 comprimidos

D

De acordo com o Ministério da Saúde, os casos de gravidez em mulheres com menos de 20 anos diminuíram em todo o Brasil entre 2000 e 2012. No início da década, cerca de 750 mil adolescentes brasileiras foram mães. Em 2012, o número caiu para 536 mil. A maior parte das grávidas precoces, como aponta o relatório anual Situação da População Mundial do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), organismo da Organização das Nações Unidas (ONU), ocorre entre populações vulneráveis, ou seja, entre pessoas que têm pouco sem acesso à informação. O editorial publicado na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, de 2006, relata que, nos Estados Unidos, ocorreu um aumento de gestações em adolescentes de 8,8%, em 1980, para 9,6%, em 1990, na população de 15 a 19 anos, e de 7,4%, em 1980, para 8,4% em 1990, na po-

pulação com menos de 15 anos. “No Brasil acontece esse referido aumento da incidência da gravidez, nesta faixa etária, com cifras que vão de 14% a 22%”, detalha o ginecologista e especialista em medicina fetal do Delboni Auriemo Medicina Diagnóstica Dr. Jurandir Piassi Passos. O médico coloca como principal responsável por esses números a sensação de “imunidade”, ou seja, as adolescentes dificilmente acham que serão mães. “E não estamos só falando de gravidez mas também da questão de doenças sexualmente transmissíveis e, principalmente, da Aids também.” Os casos de gravidez acidental são mais comuns em classes sociais mais baixas. “Isso tem ligação direta quanto à oportunidade de orientação e assistência básica à saúde. Com o acesso à informação cada vez mais facilitada pela internet, a curiosidade em ter relação, a cobrança do meio social em que vive, o ser aceita em certa ‘turma’, enfim, são vários fatores que acabam interferindo no pensamento da jovem adolescente e que acabam facilitando que engravide mais frequentemente do que há algum tempo atrás.” A gravidez não planejada pode levar a vários tipos de influência na saúde da mulher, bem como na questão social. “Quando não esperada, principalmente na adolescência, aumenta riscos de maior incidência de anemia materna, doença hipertensiva específica da gravidez, desproporção céfalo-pélvica, infecção urinária, prematuridade, placenta prévia, baixo peso do bebê ao nascer, sofrimento fetal agudo intraparto, complicações no parto (lesões no canal de parto e hemorragias) e puerpério (endometrite, infecções, deiscência de incisões, dificuldade para amamentar, entre outros).” De acordo com o ginecologista, esse quadro pode ser mudado com a orientação correta das jovens. “Conversar abertamente sobre a questão, não achar que uma jovem de 10 anos hoje em dia não saiba o que é sexo. Ao conversar sobre sexo, as pessoas não estão incentivando a curiosidade das meninas e a busca pela relação sexual. Dar todo apoio e orientação, discutir as questões sem apresentar repressões, pois, caso con2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

especial saude - contracepcao.indd 165

165

18/11/13 20:02


ESPECIAL SAÚDE

CONTRACEPÇÃO

trário, elas acabarão indo ter orientação de conhecidas que, muitas vezes, não prezam pelo melhor conselho.”

MÉTODOS CONTRACEPTIVOS Apesar da falta de informação das jovens, o que levaria a uma gravidez acidental, existem inúmeros maneiras de prevenção. De acordo com Dr. Passos, existem os métodos de barreira que impedem a entrada do espermatozoide no trato genital feminino por agir como uma verdadeira barreira à progressão do espermatozoide. São exemplos a camisinha, o diafragma etc. Depois vêm os anticoncepcionais hormonais, que podem ser em forma de pílulas, injeções mensais ou trimestrais. Os dispositivos intrauterinos (DIU) podem ser utilizados por um período de três a dez anos, com base de cobre ou hormonal. Há ainda os implantes dérmicos que são de base hormonal e liberam lentamente os seus hormônios e, com isso, impedem a gravidez, e, por último, os métodos ditos definitivos, que são a laqueadura e a vasectomia. “Nesses dois últimos, há necessidade de um procedimento cirúrgico para a oclusão da estrutura que na mulher é a trompa de falópio e no homem o deferente.” De acordo com o médico ginecologista e consultor em saúde da Medley, Dr. Odair Albano, dados internacionais mostram que até 20% das prescrições de anticoncepcionais não são iniciadas e apenas 50% das mulheres man-

168

têm o uso por mais de seis meses. “A principal queixa, que justifica a descontinuidade, continua sendo os efeitos adversos.” É importante salientar que, apesar dos diferentes métodos, não existe um contraceptivo 100% efetivo. Sempre que há relação sexual existe um risco de gravidez, por menor que seja. “É muito importante que a mulher procure orientação para planejamento familiar com médico e que, mesmo utilizando anticoncepcionais hormonais, nunca abandone o uso do preservativo.”

PREFERÊNCIA NACIONAL Entre os métodos contraceptivos, a pílula anticoncepcional é a mais usada pelas mulheres. “É preferida pela facilidade com que é conseguida, pelo baixo preço, pela venda sem necessidade de receituário médico e pela sua ótima eficácia”, explica o ginecologista Dr. Jurandir Piassi Passos. O médico salienta que, como qualquer medicamento, a pílula anticoncepcional tem seus efeitos colaterais, que podem ser desde uma leve dor de estômago ou cabeça até quadros bem graves de trombose, que acabam deixando sequelas na mulher. O consultor em saúde da Medley, Dr. Odair Albano, explica que a primeira pílula anticoncepcional

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - contracepcao.indd 168

19/11/13 14:20


ESPECIAL SAÚDE

CONTRACEPÇÃO

COM A EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA, A DOSAGEM FOI SENDO REDUZIDA CADA VEZ MAIS E, ATUALMENTE, AS PÍLULAS CAUSAM POUQUÍSSIMOS EFEITOS COLATERAIS, COM DIVERSAS OPÇÕES NO MERCADO, POSSIBILITANDO QUE SUA UTILIZAÇÃO VÁ ALÉM DA CONTRACEPÇÃO. ATUALMENTE EXISTEM PÍLULAS QUE MELHORAM A PELE E REDUZEM OS SINTOMAS DA TPM surgiu em 1961, nos Estados Unidos. “Continha 150 mcg de mestranol e 9.850 mcg de noretinodrel. Combinava os dois hormônios femininos, um estrogênio e um progestagênio sintético, em altas concentrações.” Já no ano seguinte, em função dos efeitos adversos, principalmente cardiovasculares, foi lançado outro medicamento, com metade da concentração dos hormônios. Nos anos seguintes a concentração de etinilestradiol foi sendo progressivamente reduzida e, hoje, existem pílulas com apenas 15 mcg do hormônio. “Hoje o mercado disponibiliza pílulas com baixíssimas concentrações hormonais, com até dez vezes menos estrogênio e 164 vezes menos progestagênio, em diferentes apresentações com 21, 22, 24 e 28 comprimidos e, ainda, com possibilidade de uso estendido e que foram agregando eficácia contraceptiva, segurança e benefícios extracontraceptivos”, detalha Dr. Albano. De acordo com o ginecologista da Bayer Dr. José Bento, com a evolução da indústria farmacêutica, a dosagem foi sendo reduzida cada vez mais e, atualmente, as pílulas causam pouquíssimos efeitos colaterais, com diversas opções no mercado, possibilitando que sua utilização vá além da contracepção. “Atualmente existem pílulas que promovem melhorias na pele, reduzem o fluxo sanguíneo, melhoram os sintomas da TPM.” Com a mudança do papel da mulher na sociedade, as pílulas anticoncepcionais também evoluíram. “A eficácia continua sendo importante, mas outros aspectos são considerados. A prescrição da pílula pelo médico deve ser individualizada, observando-se os critérios de elegibilidade da Organização Mundial da Saúde (OMS) e as necessidades de cada paciente.” Como regra, o anticoncepcional moderno deve oferecer uma boa eficácia contraceptiva, benefícios extracontraceptivos (regularização do ciclo menstrual, redução de sintomas pré-menstruais e dos efeitos androgênicos), poucos efeitos adversos (manutenção do peso, sexualidade e baixos riscos metabólicos e tromboembolismo), segurança e boa tolerabilidade. Muitas mulheres também não desejam menstruar todos os meses, com suspensão da pausa e, neste caso, a pílula deve manter a mesma eficácia, segurança e tolerância para ter o seu uso estendido. 170

Os médicos esclarecem que existem estudos indicativos de que a pílula anticoncepcional protege a fertilidade da mulher, uma vez que diminuem os riscos de endometriose, cisto no ovário, aparecimento de mioma e pólipo uterino. “Além disso, ela também protege a mulher contra o câncer do ovário e câncer de endométrio”, ressalta Dr. José Bento. A pílula anticoncepcional não é somente usada como método contraceptivo. “Entre as adolescentes e mulheres sem vida sexual é comum o uso da pílula para o tratamento de diversas condições clínicas”, detalha Dr. Albano.

JUSTIFICATIVA PLAUSÍVEL O baixo custo, o acesso fácil e o desconhecimento mais amplo das opções também têm contribuído para esta popularização. A distribuição não é uniforme no mundo, mas oscila entre 24% e 26% da população feminina. Na Europa, o preservativo masculino aparece com 23%; outros métodos não hormonais, 13%; o DIU hormonal, 8%; a esterilização feminina e masculina, 5%; outros métodos hormonais, 5%; e sem método contraceptivo, 25%. “No Brasil, pelas dificuldades de informação e acesso aos outros métodos, o número de mulheres esterilizadas em idade fértil supera o de usuárias de pílula”, alerta o ginecologista da Medley. Para a eficácia, os ginecologistas dizem que a pílula anticoncepcional tem 98% de resultado positivo, desde que seja tomada corretamente, sempre no mesmo horário. “Sempre que a mulher se esquece de tomar ou toma em horários diferentes, reduz a eficácia do medicamento”, alerta o ginecologista da Bayer. A eficácia é medida pelo Índice de Pearl, que confere a taxa de falha do método e é calculada pelo número de gestações por 12 meses por cem mulheres. “A taxa de falha dos contraceptivos hormonais orais é muito baixa, oscila entre < 1% por ano com uso perfeito e < 10% por ano pelo uso típico (erros no uso). Segundo a OMS, os índice de falha são ainda menores, na média 0,3% e 3% respectivamente”, finaliza o Dr. Albano

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

especial saude - contracepcao.indd 170

18/11/13 20:02


VERÃO

Categorias típicas PDVS DEVEM INVESTIR NOS ITENS COM MAIOR DEMANDA, COMO REPELENTES, PROTETORES, PÓS-SOL, ENERGÉTICOS E DEPILATÓRIOS P O R E G L E LEONA R DI

172

verão.indd 172

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

A

Ao trabalhar com a sazonalidade que o verão propicia, o varejo farmacêutico pode e deve se adequar à nova demanda. Para começar, ter um planejamento bem definido é fundamental. O primeiro aspecto que deve ser levado em consideração é analisar onde a loja está inserida e qual o público-alvo a ser atendido. Cada categoria deve ser pensada individualmente, bem como os correlatos da ocasião de consumo, responsáveis por alavancar as vendas, FOTOS: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:34


alavancam vendas como produtos depilatórios, energéticos, protetor solar e produtos pós-sol e repelentes. De acordo com a gerente de marketing da DepiRoll, Tatiana D’Alessio Sombra, o mercado de produtos depilatórios é de R$ 168 milhões, sendo a farmácia um dos principais canais de distribuição, com 36% em valor. Ela aconselha aos lojistas explicar aos shoppers que os cremes e loções são práticos, pois podem ser aplicados pelas próprias consumidoras a cada sete dias, além de serem indolores. As folhas, lenços

prontos e refis roll-on devem ser aplicados a cada 20 dias e têm como principal vantagem a remoção do pelo pela raiz, o que possibilita o espaçamento entre as depilações. “Esses itens devem ficar expostos no ponto de venda ao lado das lâminas. É indicado expor duas ou três linhas de produtos e pelo menos um produto de cada segmento: cremes, lenços e folhas e refis roll-on”, explica a executiva. Ela acrescenta que no verão deve-se também expor a linha de depilatórios ao lado 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

verão.indd 173

173

18/11/13 20:34


VERÃO

NO ALTO VERÃO, DEIXAR OS PRODUTOS BEM VISÍVEIS PODE ALAVANCAR AS VENDAS, PORQUE A PROCURA É ESPONTÂNEA. MONTAR ILHAS DE PRODUTOS, COM LAYOUT ATRATIVO E PANFLETOS INFORMATIVOS, TAMBÉM AUXILIA O CONSUMIDOR A ENCONTRAR O ITEM de protetores, uma vez que o consumo dessa categoria é alto no período. Com relação ao calor, a diretora-comercial da Depilart, Nilva Esper, explica que não há sazonalidade, uma vez que a depilação não visa apenas resultados imediatos e a maioria das pessoas a faz sempre. Por isso, o varejista deve dar atenção à categoria o ano todo. “Obviamente que, em épocas mais frias, a frequência da depilação diminui, mas nunca deixa de ser feita. Por exemplo, o que no verão acontece a cada 20 dias, dependendo do método utilizado, no inverno passa a ser feita uma vez por mês. No alto verão, deixar os produtos bem visíveis pode alavancar as vendas, porque a procura é espontânea. Montar ilhas de produtos, com layout atrativo e panfletos informativos, também auxilia o consumidor a encontrar o item”, defende. A gerente de marketing da Veet, Samantha Biagi, ressalta que um ponto importante nesta categoria é investir em materiais de ponto de venda (PDV) que sejam educativos, auxiliando a consumidora a escolher dentre os diversos métodos e variantes existentes. “Idealmente, a categoria deve ficar exposta em um único bloco, próximo à higiene pessoal. O que ocorre, atualmente, é que, devido ao reduzido espaço disponível em gôndola, ela fica em diferentes seções, variando de rede para rede. Isso dificulta a identificação da categoria por parte do consumidor, inibindo as vendas”, destaca a especialista. A categoria também engloba as lâminas. A gerente de marketing de Gillette Venus, Juliana Moretti, comenta que este mercado para mulheres movimenta cerca de R$ 208 milhões por ano (Nielsen Retail/2013). Ela acredita que a depilação com lâminas é o método mais prático dentre todas as opções atuais. Prova 174

verão.indd 174

disso é a porcentagem de brasileiras que se depilam com elas, cerca de 90%, o que representa 49 milhões de mulheres. Em geral, as consumidoras aproveitam a hora do banho para remover os pelos das diversas áreas do corpo, o que acaba poupando tempo, além de ser um método mais econômico e indolor. “No caso de Venus, os aparelhos foram desenvolvidos especialmente para atender às necessidades do corpo feminino, o que proporciona uma depilação mais suave e confortável para as mulheres”, ela fala. No Brasil, 70% da população feminina que faz uso do método utiliza lâminas masculinas. Por isso Juliana diz que os produtos devem estar bastante visíveis na gôndola de lâminas masculinas para que tenham a opção de um item desenhado especialmente para elas. Além disso, as brasileiras tendem a utilizar diferentes métodos depilatórios dependendo da área do corpo, por isso, Gillette Venus também deve estar na seção de depilatórios femininos, junto com os demais produtos, como ceras e cremes. “Dentro do PDV, expor lâminas femininas próximas a outros produtos de beleza tende também a melhorar as vendas, pois aumenta a probabilidade de compra cruzada. Além disso, o checkout é outro lugar estratégico para Gillette Venus, pois é onde ocorrem as compras por impulso”, recomenta a gerente.

A FORÇA DOS ENERGÉTICOS Segundo o gerente comercial da Midway, Valdir S. Oliveira, as vendas de energéticos no Brasil tiveram um crescimento de 152% entre 2008 e 2012. “O desempenho deste segmento deve-se à aceitação do consumidor brasileiro, que está incorporando cada vez mais o produto em sua cesta de compras. Nos últimos anos, mais pessoas tiveram a oportunidade

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:34


O mercado de energético cresce e as opções aumentam a cada ano

de conhecer o produto e aprovaram”, fala o executivo. Ele acrescenta que, no verão, o potencial é de um crescimento de 30%. Se o marketing for bem trabalhado, o nicho ainda tem potencial de crescimento em todas as classes de consumidores. “O consumo per capita ainda é muito baixo. Dados indicam que o consumo brasileiro de energéticos é de 0,45 litros por ano por habitante. No Nordeste, o consumo anual de cada pessoa é ainda menor, de 0,27 litros”, destaca. Oliveira acredita que, atualmente, há várias marcas no mercado com apelos de preços diferentes. O cuidado que se deve ter, por exemplo, é com relação à quantidade de sódio que há no energético. O Brasil é um dos únicos países onde há esses produtos em PET (de 2L). É uma categoria com mais de 30 marcas nacionais, além de marcas regionais e, no mercado nacional, os varejistas de qualquer tamanho têm grande facilidade de compra dessa categoria, desde um produto de primeiro preço até um item premium. Já o diretor de marketing e novos negócios da Bionatus, Fernando Tales Rossini, comenta que o período de maior consumo das bebidas energéticas vai de dezembro a fevereiro, culminando com o Carnaval. Assim, nesse período é importante ter as apresentações que envolvam cápsulas, comprimidos e líquidos em locais privilegiados dentro do PDV, de forma a atingir todos os perfis de consumo. “É um segmento que a cada ano tem aumentado as opções pelos fabricantes e o consumo tem ampliado o período, não se restringindo somente de dezembro a fevereiro. A Bionatus está lançando um produto que tem o café verde como matéria-prima, associado a outros ativos e ingredientes voltados ao emagrecimento com saúde”, lembra o executivo. Uma das bebidas pioneiras nessa categoria no Brasil é a Red Bull. A empresa chegou ao País em 1999 e, atualmente, detém a liderança no mercado de energéticos, desenvolvendo e impulsionando a categoria. Em 2012, a Red Bull superou a marca de 191 milhões de latas vendidas, graças a um crescimento de 10% 2013 DEZEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

verão.indd 175

175

18/11/13 20:34


VERÃO

NOS ÚLTIMOS SETE ANOS, O USO DE FOTOPROTETORES COM FPS ACIMA DE 30 DUPLICOU E A POPULAÇÃO BRASILEIRA ESTÁ CADA VEZ MAIS CONSCIENTE DA IMPORTÂNCIA DO USO DO PROTETOR SOLAR NO DIA A DIA no sell-out em relação ao ano anterior. De acordo com a última pesquisa Nielsen de 2012, a Red Bull detém quase 50% de market share em valor e é líder nas sete áreas Nielsen. A empresa possui 100% de conhecimento estimulado no seu público-alvo. O sucesso do produto no Brasil é resultado de uma inovadora estratégia de marketing, sustentada por ações diferenciadas que aproximam o público de experiências novas. De acordo com o criador da Red Bull, Dietrich Mateschitz, o segredo está no posicionamento da marca, completamente fora dos padrões: “Nós não levamos o produto para o consumidor, nós trazemos o consumidor para o produto”, diz. Já o produto Targifor não é propriamente considerado um energético, mas, segundo especialistas, é um forte aliado contra o cansaço. Segundo o professor titular da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Nutrição e Metabolismo Aplicados à Atividade Motora, Lancha Junior, na batalha entre o cansaço e a necessidade de vigor para realizar todas as tarefas está em uma alimentação equilibrada, a prática regular de exercícios, o cuidado com a estabilidade da mente e o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal.

PROTETOR SOLAR E PÓS-SOL Para a diretora de marketing de Cenoura & Bronze, Regiane Bueno, é fundamental o varejista investir no verão porque é a época do ano em que o mercado de protetores e bronzeadores solares fica mais aquecido, e o mesmo acontece com os produtos pós-sol. O período que vai de setembro a fevereiro, que corresponde ao alto verão, é responsável por cerca de 176

verão.indd 176

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:34


VERÃO

Dentro dos segmentos e linhas, deve-se separar primeiramente por aplicador

60% das vendas em volume, segundo dados da Nielsen Retail, Total Brasil. “Como a categoria ainda possui uma baixa penetração junto aos consumidores, comparada a outras de higiene pessoal, acreditamos que este mercado possui um grande potencial de crescimento”, fala Regiane. “Os lojistas devem sempre se preparar para o verão e reforçar os estoques com os produtos de fator de proteção solar (FPS) mais procurados. Mensurar os dados do ano anterior é uma excelente alternativa para planejar a previsão de estoque”, diz Regiane. Outra dica muito importante de planejamento é avaliar os produtos sazonais com base em históricos e nas ações de PDV que estarão vigentes no período. “Também recomendamos possuir sempre um bom estoque de produtos prioritários, ou seja, aqueles que são procurados em qualquer época do ano”, ressalta.

178

verão.indd 178

Já o gerente-geral da Futura Biotech, Wagner Falci, comenta que, apesar de as vendas de protetores e pós-sol acontecerem prioritariamente no alto verão, há um potencial enorme nos protetores solares de uso diário, que são comercializados durante todo o ano. “No verão é importante focar em produtos para piscina, praia e atividades ao ar livre. Essa é a maior demanda do período”, diz o especialista. Segundo o gerente-comercial de DCA da L’Oréal, Raphael Simões, uma pesquisa recém-divulgada pelo Instituto Euromonitor revelou que o Brasil já é o segundo mercado mundial em proteção solar. O País está à frente da Coreia do Sul, Espanha e China e fica atrás apenas dos Estados Unidos. “Nos últimos sete anos, o uso de fotoprotetores com FPS acima de 30 duplicou e a população brasileira está cada vez mais consciente da importância do uso do protetor

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:35


VERÃO

As promoções têm um período de duração, o que permite ao lojista fazer uma programação prévia solar no dia a dia. Ela sabe que o processo de envelhecimento está atrelado à exposição solar e, por isso, protege-se diariamente, e não só quando vai à praia. Para se ter uma ideia, atualmente o Brasil é o primeiro País em vendas para Anthelios, linha de fotoprotetores de La Roche-Posay”, fala o executivo. Ele aconselha aos varejistas montar o mix levando em conta as diversas texturas e FPS: “A pele do brasileiro geralmente é oleosa e mista, então os filtros mais populares são os fluidos e géis, e o ideal seria garantir um estoque mais robusto dessas referências. Mas é importante oferecer toda a gama, que vai desde os FPSs mais baixos até as texturas gel, creme, protetores labiais, autobronzeadores, sem se esquecer do filtro solar específico para crianças.” A aquisição dos produtos deverá ser avaliada de acordo com o fluxo e volume de venda de cada PDV específico. É importante também não se esquecer de reforçar o estoque dos itens correlatos, como os hidratantes corporais para o pós-sol e a água termal, para hidratar e acalmar a pele. A gerente de gerenciamento por categoria da Johnson & Johnson, Patrícia Gimenes, diz que o verão reúne dois tipos de consumidoras que alavancam as vendas e movimentam o volume das linhas de proteção solar e cuidado pós-sol no Brasil: as regulares, que compram a categoria durante todo ano e buscam performance além da proteção (cuidados estéticos e de vida saudável); e as recreacionais, que compram apenas nas temporadas – maior parte do volume do mercado. Como no verão grande parte das compras é realizada por impulso, é interessante explorar pontos extras e ambientação e decoração diferenciada, 180

verão.indd 180

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:35


VERÃO

COMO EM QUALQUER MEDIDA PROFILÁTICA, INFORMAÇÃO É PODER. ISSO É MAIS IMPORTANTE QUE AS PROMOÇÕES NO CASO DOS REPELENTES: É OBRIGAÇÃO DE TODA CORPORAÇÃO MANTER SEUS FUNCIONÁRIOS TREINADOS PARA ORIENTAR DA MELHOR FORMA SEUS CLIENTES que dão visibilidade à categoria e criam um ambiente de compra chamativo. Assim como em outras categorias sazonais, ações promocionais são fundamentais para alavancar a compra não planejada. “Para trabalhar a exposição da categoria de forma estratégica, recomenda-se blocar os produtos primeiramente por marca, facilitando a identificação da categoria. Dentro de cada marca, agrupar os segmentos e linhas de maior valor agregado, que devem ser posicionados na altura dos olhos. Exemplo: facial, labial, esporte e bronzeadores. Em seguida, agrupar as linhas regulares mais procuradas (geradoras de tráfego), na parte inferior da gôndola”, fala a executiva. Ela continua dizendo que, dentro dos segmentos e linhas, deve-se separar primeiramente por aplicador, iniciando a exposição com spray e terminando com bisnaga. Dentro disso, os produtos devem ser expostos em ordem decrescente de FPS, conforme o fluxo do corredor. Nos períodos de pré-verão e verão, é muito importante dar destaque à categoria, garantindo sua presença na loja em locais de alto fluxo, por meio de pontos extras e crossmerchandising para facilitar a lembrança e decisão de compra. Mesmo durante o inverno, deve-se manter um bom sortimento da categoria, principalmente do segmento facial (cosméticos ou dermocosméticos). Isso é importante para promover o uso das linhas fora da sazonalidade e fidelizar as consumidoras regulares. 182

verão.indd 182

REPELENTES: UMA NECESSIDADE O mercado brasileiro de repelentes cresceu mais de 20% nos últimos dois anos, segundo a Nielsen, e é fortemente influenciado pelo consumo nas regiões onde se confirmam as epidemias de dengue. “Embora seja sazonal, picos de demanda ocorrem mais nos Estados onde as estações do ano são mais acentuadas. As regiões Norte e Nordeste experimentam variações menores que o Sul, por exemplo”, diz o diretor-geral da Osler, Paulo Castejón Guerra Vieira. Ele observa uma mudança do comportamento do consumidor que passa a considerar os produtos repelentes como artigos de primeira necessidade, e não apenas para evitar o desconforto das picadas. “Isso imprimiu um crescimento muito maior no segmento dos repelentes de alta eficácia, desenvolvidos com base em evidências médicas. Se o assunto é dengue, principalmente pais e mães praticamente invadem os consultórios dos pediatras com questões sobre segurança e eficácia dos produtos”, fala o diretor. Ele comenta que a grande importância do item na proteção das crianças motivou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a restringir imagens de apelo infantil nas embalagens desses produtos, bem como o uso do ingrediente ativo DEET em concentrações maiores para crianças menores de 12 anos. Esse é um assunto médico e assim deve ser abordado: dengue, malária, febre amarela, leishmaniose e febre maculosa podem levar à morte. Para o executivo, 2014 é um ano especial, pois se espera uma circulação maior dos quatro tipos de vírus da dengue por conta da Copa do Mundo, o maior evento mundial da Terra, e as farmácias devem se preparar com antecedência. Com relação à exposição em farmácias, o diretor da ADVFarma, Sergio de Vivo, comenta que se deve pensar em duas principais áreas: junto aos produtos infantis (principalmente os repelentes que podem ser usados por bebês a partir dos 6 meses) e também próximo a protetores solares, por se tratarem de produtos com forte sazonalidade no verão. Algumas farmácias costumam comercializar inseticidas e, neste

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:35


VERÃO

É FUNDAMENTAL O VAREJISTA INVESTIR NO VERÃO PORQUE É A ÉPOCA DO ANO EM QUE O MERCADO DE PROTETORES E BRONZEADORES SOLARES FICA MAIS AQUECIDO, E O MESMO ACONTECE COM OS PRODUTOS PÓS-SOL caso, junto desse produto pode ser considerado um terceiro ponto de exposição. “É importante ter um frasco provador para que o consumidor possa verificar os aspectos sensoriais do produto, como a espalhabilidade, fragrância e absorção na pele”, ressalta. Vivo reforça que é importante que os atendentes das farmácias conheçam essas principais diferenças entre as formulações e entendam qual é o período de proteção de cada produto, que está diretamente ligado à concentração do ingrediente.

COMO OFERECER KITS E PROMOÇÕES As promoções e os kits são fundamentais para alavancar as vendas. A diretora-comercial da Depilart, Nilva Esper, explica que essas ferramentas entram como itens adicionais à linha, cuja finalidade é fortalecer a venda da linha toda, assim como dar destaque para um determinado produto. As promoções têm um período de duração, o que permite ao lojista fazer uma programação prévia. O gerente-comercial da Midway, Valdir S. Oliveira, dá algumas ideias para os energéticos: “Temos várias formas para trabalhar kits e promoções, podemos fazer ações em lojas com degustações, campanhas em redes sociais, sample em bares e restaurantes etc., dependendo do foco que queremos atingir o consumidor final.” Ele lembra que bebidas energéticas é um segmento com excelente desempenho no mundo e que deve ultrapassar ganhos de US$ 9 bilhões, com previsão de crescimento no Brasil até 2016 e um aumento de 116%. Já o diretor de marketing e novos negócios da Bionatus, Fernando Tales Rossini, destaca que é útil fazer a exposição diferenciada no período de maior consumo, principalmente dos itens que têm apresentações 184

verão.indd 184

compatíveis com os checkouts, além de divulgação em encartes para as farmácias e cross-selling, oferecendo os itens dessa categoria para os consumidores que adquiram produtos como antiácidos e digestivos, por exemplo. “Como o perfil dessa categoria, às vezes, envolve a compra por meio de uma só pessoa para um grupo, uma boa oportunidade é oferecer uma proposta de levar um produto grátis a partir de um determinado volume de itens (da categoria), aumentando consideravelmente o tíquete de compra”, sugere Rossini. A gerente de gerenciamento por categoria da Johnson & Johnson, Patrícia Gimenes, fala sobre a categoria de protetores solares e hidratantes pós-sol: “Especialmente durante o verão, é importante trabalhar bem o sortimento de kits e promoções. Esse tipo de ação pode gerar antecipação de compra, estocagem ou mesmo experimentação de novos produtos. Na exposição desses itens é importante que eles estejam sempre ao lado dos produtos regulares, para que a consumidora possa fazer a comparação direta do custo-benefício.” Com relação aos repelentes, o diretor-geral da Osler, Paulo Castejón Guerra Vieira, pondera que, como em qualquer medida profilática, informação é poder. Isso é mais importante que as promoções no caso dos repelentes: “É obrigação de toda corporação manter seus funcionários treinados para orientar da melhor forma seus clientes. A participação da classe médica (pediatras, dermatologistas, infectologias e também alergistas) é primordial na orientação ao paciente, mas um ponto de venda bem treinado pode gerar resultados surpreendentes tanto no atendimento à necessidade do consumidor quanto na propagação da informação correta.”

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:35


OPORTUNIDADE

Fórmula mágica A IMPORTÂNCIA DO ALEITAMENTO MATERNO É UMA UNANIMIDADE ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE. MAS, EM CASOS EM QUE A AMAMENTAÇÃO NÃO É POSSÍVEL, OS COMPLEMENTOS ALIMENTARES INFANTIS SE MOSTRAM EXCELENTES OPÇÕES PARA A BOA NUTRIÇÃO

O

POR FLÁVIA CORBÓ

Organizações médicas e de saúde em todo o mundo afirmam que o aleitamento materno é a melhor forma de nutrição infantil e que deve ser a primeira opção para os bebês, pelo menos até os 6 meses de vida. No entanto, nem sempre é possível seguir à risca as recomendações, devido a variados fatores alheios à vontade que a grande maioria das mães tem de amamentar o filho até quando houver leite suficiente. Depois que a mulher conquistou seu espaço no mercado de trabalho, muitas delas passaram a ter um papel de extrema importância na renda familiar, o que as impede de ficar afastada por muito tempo da vida profissional para priorizar a amamentação dos filhos. E mesmo entre as mães que podem dispor de tempo integral aos cuidados do bebê, a prática do aleitamento materno pode não ser tão simples.

186

oportunidade.indd 186

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

“Muitas mulheres não conseguem produzir a quantidade necessária de leite para alimentar de maneira satisfatória o bebê, às vezes por questões genéticas”, explica o pediatra da Universidade Federal do Estado de São Paulo (Unifesp), Dr. Sérgio Eiji Furuta. “Em outros casos, a criança possui problemas como intolerância à lactose e refluxo, que dificultam a digestão do leite e absorção dos nutrientes”, complementa. Nessas situações, as mães devem procurar um pediatra ou nutricionista infantil. A resposta dos especialistas, na maioria dos casos, é o uso de fórmulas infantis para substituir o leite materno. Por muitos anos, apenas uma marca comercializava o produto no Brasil. Hoje em dia, pelo menos quatro multinacionais atuam no mercado de nutrição infantil, o que ampliou as opções de escolha do médico, da mãe e, consequentemente, do varejo farmacêutico. “Há fórmulas infantis para atender às necessidades específicas de cada bebê. Com o uso delas, a criança ficará FOTO: SHUTTERSTOCK

18/11/13 20:25


OPORTUNIDADE

HÁ FÓRMULAS INFANTIS PARA ATENDER ÀS NECESSIDADES ESPECÍFICAS DE CADA BEBÊ. COM O USO DELAS, A CRIANÇA FICARÁ BEM ALIMENTADA AINDA QUE NÃO POSSA SER AMAMENTADA POR ALGUMA DIFICULDADE PERMANENTE OU PROBLEMA DE SAÚDE DA MÃE bem alimentada ainda que não possa ser amamentada por alguma dificuldade permanente ou problema de saúde da mãe”, afirma o diretor-médico da Divisão Nutricional da Abbott no Brasil, Dr. Ricardo Rosenfeld.

NUTRIÇÃO INFANTIL Assim como as atribulações da vida cotidiana podem atrapalhar o processo do aleitamento materno, a rotina corrida das famílias nos dias de hoje pode ter consequências por toda a infância. Após os 6 meses de vida, os pediatras liberam a introdução de outros alimentos na dieta da criança e, aí, inicia-se um novo problema. Por falta de tempo, muitas famílias optam por alimentos industrializados e de baixo valor nutricional. “Hoje em dia, a criança brasileira é alimentada como um miniadulto, o que pode trazer problemas de gente grande, como obesidade, anemia, diabetes, alergias ou até mesmo atraso no desenvolvimento”, alerta a nutricionista e mestre em nutrição pela Universidade de São Paulo, Tamara Lazarini. A afirmação foi confirmada em um estudo realizado pela Danone Baby no Brasil, que identificou que as crianças não estão recebendo a alimentação apropriada para essa fase tão importante do crescimento. O estudo apontou que, ainda na primeira infância, 7% das crianças já apresentam obesidade e sobrepeso e mais de 20%, anemia. Esse cenário é consequência de um baixo consumo de frutas, vegetais e carnes em detrimento do alto consumo de frituras, salgadinhos e doces. Esses hábitos são responsáveis pela carência de nutrientes importantes, como ferro, cálcio, vitaminas A e D e fibras e, ainda, um consumo excessivo de carboidratos, proteínas e sódio. A amplitude da situação é grande. De acordo com Dr. Ricardo Rosenfeld, mais de 50% das crianças brasileiras têm algum problema de alimentação. Estudos mostram que isso pode ser prejudicial à sua saúde e 188

oportunidade.indd 188

DICAS DE EXPOSIÇÃO Qual a melhor forma de posicionar as fórmulas infantis dentro das farmácias? Investir em um bom sortimento de baby care é uma ótima estratégia de negócios, já que, segundo dados da Nielsen, a categoria movimentou cerca de R$ 817 milhões em 2012, alta de 16,4% em relação a 2011 nas vendas. No entanto, para que se obtenha sucesso nas vendas é aconselhável seguir algumas dicas: • anter um espaço reservado aos produtos de bebê dentro da loja deixa as mães mais à vontade no momento da compra. • ães estão mais preocupadas com qualidade do que com preço, por isso invista em produtos de marcas conhecidas e que transmitam credibilidade. • fereça opções tanto para a rotina dos bebês quanto para as mamães. • As f rmulas infantis devem ser posicionadas no mesmo ambiente que outros itens essenciais relacionados à alimentação, como colheres, canecas, copos, pratinhos, mamadeiras, funis e coadores.

ao desenvolvimento, tanto físico quanto mental. Esses problemas podem ser de redução de peso e estatura, problemas de aprendizado, atenção e percepção em comparação com crianças sem dificuldades alimentares e problemas na dinâmica familiar, como conflito durante as refeições, pressão dos pais para que a criança se alimente agravando a má alimentação. “A importância de uma boa nutrição é justamente garantir que a criança se desenvolva recebendo os nutrientes necessários e assegurando que crescerá de acordo com os requisitos de crescimento da sua idade”, explica Rosenfeld. E, além de causar problemas no desenvolvimento da criança, a alimentação ruim também pode prejudicar o futuro, principalmente quando relacionado ao excesso de calorias na dieta. Nesses casos, o problema costuma estar instalado nos hábitos alimentares da família. “Recentemente assisti a uma palestra sobre obesidade infantil na qual foi dito que, se um dos pais da criança for obeso, as chances de ela também vir a ser é de 40% a 50%. Se o casal for obeso, esse percentual sobe para 80%. E, se ninguém na família estiver acima do peso, o índice cai para 8% a 9%”, conta Dr. Eiji Furuta, da Unifesp.

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:25


OPORTUNIDADE

7

20

Essa tendência representa um enorme risco aos pequenos. A orientação dietética nos primeiros anos de vida é fundamental, porque é muito determinante no futuro da criança. “A má nutrição, para mais ou para menos, vai gerar adultos com problemas, com doenças. A prevenção começa na infância”, alerta o Dr. Furuta que complementa dizendo que: “criança obesa, adulto obeso. E, com avançar da idade, a obesidade representa muitos riscos, inclusive pode levar à morte.”

OUTRA UTILIDADE

O rótulo do produto também pode ser consultado para informar a forma correta de preparo da fórmula infantil: número de medidas, quantidade de água, temperatura da água e condições de armazenamento. Fonte: Dr. Ricardo Rosenfeld, da Abbott

numa ingestão elevada de proteínas e sais”, orienta Dr. Eiji Furuta. “Tanto que, nos casos em que o leite integral de vaca é a única alternativa, costumamos pedir que a mães diluam a bebida com água.” O mais importante é que todas as decisões referentes à alimentação do bebê sejam tomadas junto ao pediatra. No caso de crianças já com problemas de alimentação, seja obesidade, seja baixo peso, os especialistas recomendam que o acompanhamento seja feito por uma equipe multidisciplinar, com o auxílio de um nutricionista, por exemplo. O farmacêutico pode prestar orientações quanto aos produtos vendidos na loja e auxiliar na compreensão das informações contidas nos rótulos, mas deve sempre aconselhar a indicação médica para o consumo de um produto.

XT

E

oportunidade.indd 190

0-2 semanas: 8 a 10 2 semanas-2 meses: 6 a 7 2 meses-6 meses: 5 a 6 6 meses ou mais: 4 a 5

NTEÚDO

190

Como ajudar? O farmacêutico deve sempre aconselhar a procura de um médico antes da escolha de uma fórmula infantil, mas pode prestar orientação caso haja dúvidas na administração do produto. O número de mamadeiras varia conforme a idade do bebê, mas a recomendação geral sempre consta no rótulo das fórmulas infantis. Normalmente, o recomendado num período de 24 horas é:

Saiba qual a composição das principais fórmulas infantis disponíveis no mercado.

CO

Além de um excelente aliado em casos em que o aleitamento materno não é possível, as fórmulas infantis também podem ajudar nesse combate à desnutrição e obesidade infantil. Mesmo após os 6 meses de vida, a criança ainda necessita de leite – cerca de meio litro por dia. A cultura brasileira tende a introduzir o leite de vaca na dieta da criança a partir desse momento. Mas especialistas discordam da prática. Em primeiro lugar, caso a mãe ainda esteja disponível para dar leite materno, deve-se manter a prática até quando for possível. Mas quando o aleitamento já não for viável e houver condições financeiras, especialistas acreditam que é melhor optar pelas fórmulas infantis em vez de leite de vaca e outras bebidas mais calóricas e açucaradas, pelo menos até os 3 anos de idade. “Os leites das fórmulas infantis são maternizados, ou seja, são feitos a partir de proteínas não humanas, mas que são proporcionadas para se assemelharem ao leito materno. Já o consumo de leite de vaca pode acarretar

ATENDIMENTO

AL

As crianças não estão recebendo a alimentação apropriada para essa fase tão importante do crescimento. Ainda na primeira infância, % das crianças já apresentam obesidade e sobrepeso e %, anemia mais de

RA N O POR

T

www.guiadafarmacia.com.br

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 20:25


EVENTO

Foco farmacêutico COM A INTENÇÃO DE DISSEMINAR AS ÚLTIMAS NOVIDADES A RESPEITO DAS TERAPIAS MEDICAMENTOSAS, EVENTO CONTOU COM CURSO DE FARMACOLOGIA

N

POR FLÁVIA CORBÓ

No dia 26 de outubro, a Câmara Municipal de São Paulo recebeu mais de 1,8 mil pessoas para a realização do 11º Encontro de Psoríase e Vitiligo. O evento reuniu profissionais da área de saúde para a troca de experiências entre pacientes e a população em geral. Com a realização de diversas palestras, os presentes puderam ter acesso a informações de qualidade e corretas a respeito das últimas novidades apresentadas nos congressos nacionais e internacionais. Os profissionais presentes aprimoraram os conhecimentos, visando oferecer um atendimento melhor ao público. Além de protocolos de enfermagem, fisioterapia, nutrição, podologia e os cursos de capacitação em psoríase para médicos e estudantes de medicina e odontologia, a grande a novidade da edição 2013 foi o 1º Curso de Farmacologia. “Em toda a mídia, inclusive nas redes sociais, a psoríase e o vitiligo não têm muito espaço de debate. Então, acho importante divulgarmos que existem novas opções de tra-

192

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

evento 11encontro 253.indd 192

tamento e que é possível melhorar a qualidade de vida do paciente”, afirma a gerente de farmácia do Centro de Infusões do Pacaembu (CIP), Marta Antônia da Silva, responsável por iniciar o curso. E o conhecimento a respeito dessas doenças é essencial a todo farmacêutico, independentemente do campo de atuação, segundo a farmacêutica. “A área de farmácia é muito grande, então é importante fazer cursos, buscar manter-se informado, inclusive quem trabalha em drogaria, já que existem medicamentos, como corticoides e cremes, que são vendidos em farmácia.” Em meio a tanta informação e conhecimento, os presentes também puderam desfrutar de alguns momentos de lazer, prevenção e bem-estar. Música ao vivo, massagista, campanha para doação de calçados, coleta de amostra de saliva para estudos sobre psoríase e vitiligo, danças, ginástica, meditação e dinâmica completaram o evento. FOTO: DIVULGAÇÃO

18/11/13 19:43


INSTITUCIONAL – ABRADILAN

O poder

das mulheres

www.abradilan.com.br

NOS ÚLTIMOS ANOS OBSERVA-SE QUE A PARTICIPAÇÃO FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO CRESCEU E, COM ISSO, O PODER DE COMPRA TAMBÉM EVOLUIU, TRAZENDO NOVAS E EXCELENTES PERSPECTIVAS PARA O COMÉRCIO BRASILEIRO

N

P O R J ON Y S OU SA , PR ES I DENTE DO C O NSELH O DIRETIVO ABRA DILAN

No Brasil, segundo a PNAD (2011), dos 195,2 milhões de brasileiros, 51,5% (100,5 milhões) são mulheres e 48,5% (94,6 milhões) são homens. Só na classe C, ou a nova classe média brasileira, temos mais de 50 milhões de mulheres e 41% da renda vem desta fatia da população. Diante disso, tende aumentar o consumo dos serviços de saúde e beleza, pois a mulher se cuida mais do que o homem. Para as farmácias e drogarias, com certeza, essa é mais uma excelente oportunidade de planejar suas ações para atrair o público feminino e concretizar sua marca ou produto em mercado que sempre será bastante competitivo. Para ajudar na formação do plano de vendas, consolidação da marca ou

produto, apresentamos algumas informações que podem fazer a diferença na hora de traçar a melhor estratégia. No mercado de trabalho, cada vez destaca-se a participação das mulheres, principalmente, em cargos de liderança. A mulher que já tem grande influência nas decisões de compras da família ganha um destaque na classe C. Isso porque, nesse extrato de renda social, cerca de 70% delas são responsáveis pela família. Elas tomam mais decisões e exercem maior responsabilidade sobre a família, tendo mais autonomia social, econômica e de consumo. Em relação a alimentação, vestuário, beleza, cuidados pessoais, produtos de limpeza, decoração e bens e serviços ligados à

educação dos filhos, o percentual de decisão das mulheres chega a 83%. Já no e-commerce, as mulheres representam 51% dos consumidores on-line. As mulheres da nova classe média têm ambições diferentes das do topo da pirâmide. As consumidoras desta faixa de renda buscam a independência financeira, por isso estão entrando no mercado de trabalho e aumentando seu grau de escolaridade, enquanto as mulheres da elite social diminuíram a sua participação no mercado e nos estudos. Diante desse contexto, cabe a cada gestor das farmácias e/ou drogarias analisar as oportunidades e adotar suas respectivas estratégias para atrair cada vez mais o público feminino.

Empresas sócias colaboradoras da Abradilan 194

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

Institucional Abradilan.indd 194

18/11/13 19:35


SEMPRE EM DIA

GÔNDOLAS FESTIVAS O FIM DE ANO VEM CHEGANDO JUNTO COM AS FÉRIAS E O VERÃO. POR ISSO, A INDÚSTRIA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOS TRAZ AO MERCADO LANÇAMENTOS IDEAIS PARA A ÉPOCA FESTIVA

NOVA TECNOLOGIA OLOGIA

PRESENTE IDEAL PRESE

O Kit Natal Vintage Granado é composto por uma linda lata com ilustração do Papai Noel Granado, assinada por Nilton Ramalho. Contém sabonete em barra, sabonete líquido e hidratante nas fragrâncias Salomé ou Um Sonho. Os produtos têm base vegetal e não possuem corantes. Preço sugerido: R$ 60 Na gôndola: checkout Site: www.granado.com.br 196

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sempre em dia_3pgcerto.indd 196

A Oral-B Professional Care 5000, primeira escova digital do Brasil, rasil, proporciona uma limpeza de altíssimo nível, dente por dente, com 8,8 mil movimentos de rotação e 40 mil movimentos de pulsações por minuto, graças à tecnologia 3D:: oscilante, rotatória e pulsante, que ajuda a remover até 100% mais placa bacteriana do que escovas de dente manuais. A escova ainda guia os consumidores a escovar os dentes no tempo correto e com a pressão apropriada. Preço sugerido: R$ 349 Na gôndola: oral care Site: www.oral-b.com.br FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO

18/11/13 19:12


SEMPRE EM DIA

PELE PROTEGIDA

Para tornar o ritual de proteção do sol mais completo e eficaz, a La Roche-Posay lança o Anthelios AE Serum FSP 30. Trata-se de um protetor solar com ação antienvelhecimento reforçada em uma textura sérum com toque imperceptível. Após a aplicação, a pele torna-se imediatamente fresca, hidratada e protegida, graças a um acabamento leve, que deixa a pele sem brilho ou manchas brancas. Preço sugerido: R$ 69,90 Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.laroche-posay.com.br

PROTEÇÃO ANTICÁRIE

Chega ao mercado brasileiro o creme dental Colgate Máxima Proteção Anticáries Mais NeutrAçúcarTM, desenvolvido para revolucionar o futuro da saúde bucal no mundo graças à sua fórmula exclusiva, que neutraliza a ação dos ácidos do açúcar da placa nos dentes evitando o surgimento da cárie. A tecnologia patenteada NeutrAçúcarTM ajuda a diminuir a incidência da doença que atinge mais de 80% da população mundial. Preço sugerido: R$ 3,29 Na gôndola: oral care Site: www.colgate.com.br

PARA AS CRIANÇAS

A Phisalia criou opções de kits que soam como presentes. Voltados para as meninas, os kits da linha Ni Hao, Kai-Lan aliam xampu e condicionador em caixas coloridas e alegres com imagens da simpática personagem chinesinha da Nickelodeon. A embalagem é reutilizável e se transforma em um prático porta-multiúso para guardar canetas, lápis, presilhas e outras coisas de meninas. Preço sugerido: kit xampu + condicionador – R$ 14 Na gôndola: infantil/checkout Site: www.phisalia.com.br 198

HIDRATAÇÃO LABIAL

A Mentholatum lançou no Brasil uma de suas linhas de Lip Care. Além do alto poder de hidratação, Lip Ice Sheer Color, que não é testado em animais, realça a cor dos lábios em diferentes tons. Com embalagem diferenciada, o produto é rico em ingredientes emolientes e vitamina E que hidratam, protegem do frio e vento, além de auxiliar na prevenção do envelhecimento precoce dos lábios. Preço sugerido: R$ 15 Na gôndola: maquiagem/checkout Site: www.mentholatum.com

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sempre em dia_3pgcerto.indd 198

18/11/13 19:13


SEMPRE EM DIA

MAIS BRONZEADO

O verão está chegando e, para ficar com um bronzeado de arrasar, a marca inglesa Weitnauer trouxe novos produtos da linha solar Cabana Sun. Sucesso na Europa, a marca inspirada no bronzeado das brasileiras reduz os danos da exibição solar, ajudando a proteger contra o envelhecimento precoce, além de evitar a vermelhidão. Sua fórmula previne contra os raios UVA e UVB, contém vitamina E, poderoso antioxidante. Preço: Moisturising Sun Lotion Cabana Sun – loção em spray – R$ 33 Moisturising Sun Lotion Cabana Sun – loção em pump – R$ 34 Sun Lotion High Protection Cabana Sun – loção de alta proteção – R$ 54 Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.weitnauer.com

HIGIENE BUCAL Sanifill lança o primeiro fio dental sustentável do País, o Comfort Plus com Eco Refil. Com uma tecnologia exclusiva, o consumidor pode trocar o refil do fio dental sem descartar o estojo. Com isso, a marca espera reduzir o descarte de materiais, contribuindo para a preservação da natureza. Estarão disponíveis aos consumidores a versão regular com 50 m e versão somente com o refil, que possui duas unidades de 50 m cada, permitindo a reutilização do estojo. Preço sugerido: Estojo com fio de 50 m – R$ 4,40 Eco Refil (2 refis de 50 m cada) – R$ 6,15 Na gôndola: oral care Site: www.hypermarcas.com.br

PELE MORENA

A marca de dermocosméticos Mantecorp Skincare lança o Episol Color Morena Mais, que é a combinação perfeita entre a proteção do FPS 30 e a base corretiva. O produto tem efeito foundant, toque seco e textura matificante (antibrilho). Além disso, traz uma inovadora tecnologia de dispersante de pigmentos minerais, o que impede a formação de aglomerados, oferecendo uma dispersão homogênea e disfarçando as imperfeições cutâneas. Preço sugerido: R$ 60 Na gôndola: pele/dermocosméticos Site: www.mantecorpskincare.com.br

LINHA AMPLIADA

Os apaixonados pelos pés e admiradores de Vodol Prevent agora poderão encontrar uma linha completa de produtos para os cuidados com os pés. Vodol Prevent elimina os odores da transpiração e mantém os pés secos, frescos e limpos, além de ser hipoalergênico. Pode ser encontrado em forma de pó, creme ou desodorante jato seco nas farmácias de todo o Brasil. Preço sugerido: a consultar Na gôndola: cuidados podológicos Site: www.uniaoquimica.com.br Obs.: Os preços sugeridos são informados pela indústria fabricante de cada produto.

200

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

sempre em dia_3pgcerto.indd 200

18/11/13 19:13


SERVIÇOS

A

D

I

S

ABBOTT www.abbottbrasil.com.br

DANONE BABY www.danonebaby.com.br

IBGE www.ibge.gov.br

SBD www.sbd.org.br

ABDI www.abdi.com.br

DELBONI AURIEMO MEDICINA DIAGNÓSTICA www.delboniauriemo.com.br

ICTQ www.ictq.com.br

SEBRAE www.sebrae.com.brr

IEV www.iev.net.br

SHOPPING CURITIBA www.shoppingcuritiba.com.br

INSTITUTO DE SAÚDE DO ESTADO DE SÃO PAULO www.isaude.sp.gov.br

SIFAP https://sifap.caixa.gov.br

ABIHPEC www.abihpec.org.br ABN www.abn.com.br ABRAFARMA www.abrafarma.com.br ABRASP www.abrasp.com.br ADVANTAGE GROUP BRAZIL www.advantagegroup.com/brazil ADVFARMA www.advfarma.com.br ALANAC www.alanac.org.br ANVISA http://portal.anvisa.gov.br

DEPILART www.depilart.com.br DEPIROLL www.depiroll.com.br DIEESE www.dieese.org.br DROGARIA COOP www.portalcoop.com.br DROGARIA GUSMAN (19) 3582 5253 DROGARIA NISSEI www.drogariasnissei.com.br DROGA RAIA www.drogaraia.com.br

E

B BAYER www.bayer.com.br BEAUTY FAIR www.beautyfair.com.br BG&H http://bgeh.com.br BHS www.bhs.com.br BILLABONG www.billabong.com/br BIONATUS www.bionatus.com.br

C CAIXA ECONÔMICA FEDERAL www.caixa.gov.br CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO www.camara.sp.gov.br CENOURA & BRONZE www.cenouraebronze.com.br CENTRO DE INFUSÕES DO PACAEMBU www.infusoes.com.br

ECR BRASIL www.ecrbrasil.com.br ESPM www.espm.br EXPOSIS www.exposis.com.br

F FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO www.fcmscsp.edu.br FARMA&CIA www.farmaecia.com.br

L’ORÉAL www.loreal.com.br

M MEDLEY www.medley.com.br MERCADORAMA www.mercadorama.com.br MIDWAY www.midwaylabs.com.br

FIA/PROVAR http://provar.org FUTURA BIOTECH www.futurabiotech.com.br

G

CNC www.cnc.org.br

GS1 BRASIL www.gs1br.org

GILLETTE VENUS www.gillettevenus.com.br

H HOSPITAL ALEMÃO OSWALDO CRUZ www.hospitalalemao.org.br

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CEFALEIA www.sbce.med.b SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA www.sbp.com.br

U UFMG www.ufmg.br UNAIDS www.unaids.org.br UNFPA www.unfpa.org.br UNICAMP www.unicamp.br UNIFESP www.unifesp.br

MINISTÉRIO DA SAÚDE www.saude.gov.br

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ www.unifei.edu.br

MOKSHA8 www.moksha8.com/pt

USP www5.usp.br

N

NRF www.nrf.com

GOUVÊA DE SOUZA www.gsmd.com.br

servicos_1pag.indd 202

LAVOISIER www.lavoisier.com.br

FDA www.fda.gov

CLÍNICA FLUYR SAUDÁVEL www.fluyrsaudavel.com.br

202

L

NIELSEN www.nielsen.com/br/pt

GEM www.gemconsortium.org

CRF-SP www.crfsp.org.br

JOHNSON & JOHNSON www.jnjbrasil.com.br

FARMA&FARMA www.cooperfarma.com.br

CENTRO DE REFERÊNCIA DE DST/AIDS DO ESTADO DE SÃO PAULO www.saude.sp.gov.br

CONNECT SHOPPER www.connect-shopper.com

J

SINDUSFARMA www.sindusfarmacomunica.org.br

O

V VEET www.veet.com.br

W WALMART www.walmart.com.br

OMS www.opas.org.br ONU www.onu.org.br

P POSTO DE GASOLINA BR www.br.com.br

R RED BULL www.redbull.com/br/pt REVISTA BRASILEIRA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA www.scielo.br/rbgo RIO DESIGN LEBLON www.riodesignleblon.com.br

GUIA DA FARMÁCIA DEZEMBRO 2013

18/11/13 19:03


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.