Especial
Fito
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ano XXII | nº 268 | março de 2015
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Editorial
Vendas de R$1,44 bi expediente DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-chefe Lígia Favoretto assistente de redação Vivian Lourenço EDITOR de arte Junior B. Santos Assistentes de arte Rodolpho A. Lopes e Flávio Cardamone DEPARTAMENTO COMERCIAL executivas de contas Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) assistentes do Comercial Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE assinaturas Morgana Rodrigues e Marcos Oliveira
A busca por terapêuticas menos agressivas e hábitos de vida mais saudáveis tendem a ampliar o número de consumidores de medicamentos fitoterápicos que, a cada ano, buscam por mais produtos inovadores e sustentáveis. Aliam-se a isso a grande biodiversidade e o vasto conhecimento popular do uso tradicional das espécies vegetais brasileiras, que servem de subsídio para as hipóteses de pesquisa. Em 2014, o mercado farmacêutico brasileiro de fitoterápicos cresceu 6,1% em faturamento, evoluindo de R$ 1,35 bilhão para R$ 1,44 bilhão. Já em unidades, a elevação atingiu 5,4%, passando de 49,6 milhões de unidades comercializadas para 52,3 milhões, resultado positivo, mesmo com o cenário de instabilidade econômica mundial que desaqueceu vários setores da economia. Em termos globais, do total de US$ 320 bilhões em vendas anuais de produtos farmacêuticos, o mercado de fitoterápicos movimenta cerca de US$ 20 bilhões todos os anos e está em ascensão, principalmente pelo interesse das pessoas por mais qualidade de vida. Laboratórios tradicionais têm investido no potencial de consumo dos medicamentos fitoterápicos no Brasil. Empresas de capital nacional e até mesmo estrangeiras 4 • Especial Fito • MARÇO 2015
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têm investido no desenvolvimento de fitoterápicos. Isso se explica pelo fato de que o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico demanda menos recursos e menos riscos, se comparado aos produtos de síntese química. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2050, o mercado global de fitoterápicos atingirá US$ 5 trilhões, por isso, investir nessa classe medicamentosa passa a ser uma alternativa rentável ao seu negócio. Veja, nas reportagens deste Especial, o potencial da flora brasileira, as novas especificações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a fabricação e comercialização de fitoterápicos, bem como a forma correta de dispensá-los e suas mais diversas propostas de apresentação. Boa leitura.
Coordenador de circulação Cláudio Ricieri DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício Marketing e Projetos Luciana Bandeira Assistente de marketing e projetos Lyvia Peixoto MARKETING DIGITAL Andrea Guimarães Noemy Rodrigues Colaboradores da edição Textos Marcelo de Valécio Revisão Maria Elisa Guedes Diagramação Suelen Gregorio IMpRESSão Abril
> www.guiadafarmacia.com.br Suplemento Especial Fito é uma publicação anual da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.
Lígia Favoretto Editora-chefe Foto Shutterstock
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Sumário
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06 Panorama O mercado de fitoterápicos movimenta cerca de US$ 20 bilhões todos os anos e está em ascensão, principalmente pelo interesse das pessoas por mais qualidade de vida. Sendo assim, as perspectivas para 2015 são boas para o setor
14 Cenário Ao longo dos séculos, a fitoterapia ganhou adeptos e aperfeiçoamento. Contudo, os fitoterápicos, no Brasil, ainda esbarram na desinformação, burocracia e dificuldade de acesso
22 saúde Os fitoterápicos ganham terreno também no Brasil. A demanda por esse tipo de medicamento no País acompanha o interesse internacional por uma alternativa mais saudável, ou menos danosa, de tratamento
26 mercado Reconhecidos em todo o mundo como elementos importantes na prevenção, promoção e recuperação da saúde, os fitoterápicos ganham terreno em diversas fatias da população brasileira. Inovar nas pesquisas e abrir o leque para novos tratamentos estão entre os objetivos do setor
30 Apresentação A eficácia e a segurança dos fitoterápicos são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, publicações tecnocientíficas ou estudos farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos e clínicos
32 dispensação
26
Os fitoterápicos desempenham papel importante nos cuidados contra dores, inflamações, disfunções e outros incômodos, ampliando as alternativas de tratamento para várias enfermidades
34 Serviços
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Panorama
Vendas de fitoterápicos
crescem 6% em ano de retração Segmento mantém crescimento da receita em 2014, mesmo com cenário de instabilidade econômica mundial e desaquecimento no Brasil. Perspectivas para 2015 são boas Textos Marcelo de Valécio 2015 6 • Especial Fito • MARÇO 2015
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No Brasil, com os avanços da economia da última década, que permitiu a incorporação de cerca de 30 milhões de novos consumidores – oriundos de faixas de renda inferiores que ascenderam economicamente, o que fez com que a classe média brasileira saltasse perto de 50% desde 2005, atingindo aproximadamente 93 milhões de pessoas –, o setor de saúde teve um boom, ampliando os negócios em diversas áreas. Estimativas da Confederação Nacional de Saúde (CNS) indicam que o setor movimenta cerca de R$ 510 bilhões por ano. Tal montante leva em consideração toda a cadeia do segmento, incluindo a indústria médico-hospitalar, as operadoras de planos de saúde e a indústria farmacêutica. Apenas a produção farmacêutica nacional abocanha aproximadamente 13% do total do setor de saúde. Em 2014, o segmento fechou com faturamento de R$ 65,7 bilhões, de acordo com levantamento do IMS Health.
Na contramão da economia
A indústria de medicamentos está entre os segmentos que conseguiram passar ao largo da crise internacional e dos percalços da economia brasileira do último ano, sustentando crescimento na casa dos dois dígitos – saltou 13% de 2013 para o ano passado. Ao longo dos últimos anos, a taxa de elevação das vendas de medicamentos no Brasil tem sido seis vezes superior ao desempenho dos mercados desenvolvidos, segundo a Federação Internacional da Indústria Farmacêutica. A taxa média de expansão gira em torno de 13% ao ano, enquanto, nos países ricos, não chega a 2%. Em 2014, as vendas unitárias de
medicamentos no País subiram 8% em relação ao ano anterior, segundo dados do IMS Health. Laboratórios tradicionais têm investido no potencial de consumo dos medicamentos fitoterápicos no Brasil. “Empresas de capital nacional e até mesmo estrangeiras têm investido no desenvolvimento de fitoterápicos. Isso se explica pelo fato de que o desenvolvimento de um medicamento fitoterápico demanda menos recursos e menos riscos, se comparado aos produtos de síntese química”, afirma o professor de pós-graduação nas áreas de Fitoterapia e Farmacoterapia do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), Lincoln Marcelo Lourenço Cardoso. “Aliam-se a isso a grande biodiversidade e o vasto conhecimento popular do uso tradicional das espécies vegetais brasileiras, que servem de subsídio para as hipóteses de pesquisa”, completa. Para o professor, a indústria de fitoterápicos, incluindo a pesquisa de fitomedicamentos, pode ser vista como a grande alternativa para o crescimento e a modernização da indústria farmacêutica brasileira, que ainda hoje é muito dependente de tecnologias e processos oriundos de empresas internacionais aqui instaladas. “As próprias políticas públicas do governo federal demonstram essa visão estratégica, no sentido de fortalecer toda a cadeia produtiva farmacêutica nacional”, observa Cardoso. Para o presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, o potencial do País no setor é enorme. “Vide a oferta de serviços e produtos fitoterápicos no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e da rede pública, e o incentivo do Ministério da Saúde à pesquisa e ao desenvolvimento de plantas medicinais e fitoterápicos, em parceria com outros órgãos de fomento”, afirma.
A indústria de fitoterápicos pode ser vista como a grande alternativa para o crescimento e a modernização da indústria farmacêutica brasileira, que ainda hoje é muito dependente de tecnologias e processos oriundos de empresas internacionais aqui instaladas MARÇO 2015 • Especial Fito • 7
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ALCATOSS XAROPE, GUACO EDULITO HERBARIUM, IMUNOFLAN, RINOSPRAY E XAROPE DE GUACO HERBARIUM SÃO MEDICAMENTOS. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA. • ALCATOSS XAROPE - Glycyrrhiza glabra 108 mg/ml. Apresentação: Frasco com 120 mL. USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 4 ANOS. Indicações: Tratamento de bronquite e tosse com catarro. Contraindicações: Gravidez, lactação, diabéticos, crianças menores de 4 anos de idade, pacientes que apresentam pressão alta, desordens cardíacas, renais ou hepáticas, neoplasias hormônio-dependentes, glaucoma, rigidez muscular e diminuição dos níveis de potássio no sangue. Advertências: O produto não deve ser administrado em altas doses e por mais de 6 semanas, visto que pode ocorrer aumento da pressão sanguínea, desequilíbrio eletrolítico e inchaço. Estes sintomas desaparecem após a descontinuação do uso. M.S.: 1.1860.0091. • IMUNOFLAN - Pelargonium sidoides 307,39 mg/mL - APRESENTAÇÃO: Frasco com 120 ml. Uso Adulto e Pediátrico. Indicações: Tratamento de infecções agudas e crônicas do trato respiratório e ouvido, infecções de nariz e garganta como rinofaringites, amigdalites, sinusites e bronquites. Contraindicações: Pacientes com tendência a sangramentos, doenças renais e hepáticas. Pacientes com diabetes. Gravidez e lactação. Advertências: Em caso de hipersensibilidade ao produto, recomenda-se descontinuar o uso e consultar o médico.
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Fitoterápico é Herbarium. Pioneiro em divulgar o conceito de Fitoterapia no Brasil, o Herbarium tornou-se referência em qualidade e inovação neste segmento. Além de fitomedicamentos prescritos pela classe médica, o Herbarium também atua no mercado com fitoterápicos tradicionais, suplementos nutricionais e cosméticos. Tradição e confiança há 30 anos no mercado!
Interações Medicamentosas: Não utilizar com anticoagulantes, anti-inflamatórios não-esteroidais (como o ácido acetilsalicílico e paracetamol) e medicamentos inibidores da agregação plaquetária. Posologia: Adultos e crianças maiores de 12 anos: ingerir 7,5 mL, 2 vezes ao dia. Crianças entre 6 e 12 anos: ingerir 5 mL, 2 vezes ao dia. Crianças entre 2 e 6 anos: ingerir 2,5 mL, 2 vezes ao dia. Crianças menores de 2 anos: ingerir 2,5 mL, 1 vez ao dia. Reações Adversas: Raramente pode ocorrer manchas vermelhas na pele, falta de ar, espasmos intestinais, falta de apetite, vômitos e inquietude. M.S: 1.1860.0089. • ÓLEO DE ALHO - Allium sativum - 45 cápsulas - NÃO CONTÉM GLÚTEN. O Ministério da Saúde adverte: não existem evidências científicas comprovadas de que este alimento previna, trate ou cure doenças. M.S.: 4.8697.0017. • RINOSPRAY - Solução de cloreto de sódio 0,9% estéril. Apresentação: Frasco com 100 ml. USO ADULTO E PEDIÁTRICO. Indicação: Fluidificante e descongestionante nasal. Contraindicação: Pacientes com hipersensibilidade aos componentes da fórmula. Advertências: Em bebês, o tempo de administração deve ser curto, de modo a não prejudicar a sua respiração. MEDICAMENTO DE NOTIFICAÇÃO SIMPLIFICADA RDC ANVISA N°199/2006. AFE n° 1.01860.6. • XAROPE DE GUACO HERBARIUM* - Mikania glomerata 0,5 ml/5 ml - 120 ml. Indicação: Possui ação broncodilatadora e expectorante, o que torna o produto indicado para o tratamento de tosses persistentes e tosses com expectoração. Contraindicações: Gravidez, lactação, diabéticos e crianças menores de 2 anos. M.S.: 1.1860.0039. • GUACO EDULITO HERBARIUM* - Mikania glomerata 81,5 mg/ml - Solução oral (isento de açúcar) -120 ml. Indicação: Elaborado com o extrato de guaco, auxilia no tratamento de afecções do trato respiratório, como tosses persistentes e tosses com expectoração. Contraindicações: Gravidez, lactação e crianças menores de 2 anos. M.S.: 1.1860.0078. *USO ADULTO E PEDIÁTRICO ACIMA DE 2 ANOS. *Advertências: Pacientes com problemas hepáticos podem apresentar toxicidade com o uso prolongado. Recomendase maior critério na administração de guaco em pacientes com quadros respiratórios crônicos não diagnosticados, devendo-se afastar a hipótese de tuberculose e câncer. Fevereiro/2015.
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O Brasil, atualmente, está alinhado com as tendências mais modernas em termos de regulamentação de medicamentos fitoterápicos, sendo sua legislação baseada principalmente no modelo europeu, considerado o mais avançado no segmento Além disso, acrescenta Mussolini, a nova regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cria a categoria de Produtos Tradicionais Fitoterápicos, ampliando a lista de produtos com segurança e eficácia comprovadas. “Com a medida, é provável que os laboratórios farmacêuticos aumentem a oferta de medicamentos fitoterápicos”, estima. Assim como vem fazendo ao longo dos últimos anos, o setor de fitoterápicos acompanha o crescimento da indústria farmacêutica como um todo. Apesar de ter registrado crescimento mais tímido em 2014, os negócios se mostram promissores, na visão dos empresários da área.
tração é ainda bem positivo”, assinala o executivo, que se mostra otimista para este ano. “Mesmo com uma esperada instabilidade do mercado brasileiro devido a questões político-econômicas, esperamos para 2015 um melhor desempenho nas vendas de produtos fitoterápicos. A busca por terapêuticas menos agressivas e hábitos de vida mais saudáveis tende a ampliar o número de consumidores do segmento que a cada ano buscam por mais produtos inovadores e sustentáveis.” A Herbarium tem em linha 30 medicamentos fitoterápicos, os quais receberão intensos investimentos em 2015, segundo Oliveira. “Historicamente, o ritmo de crescimento do mercado de fitoterápicos é mais lento que o da indústria farmacêutica em geral”, assinala a sócia e di-
Resultados de quem faz
“Nos últimos três anos, o segmento de fitoterápicos cresceu aproximadamente 20% em unidades vendidas e 24% em valores, resultado muito positivo mesmo com o cenário adverso na econômica global que influiu em vários setores”, analisa o gerente de produtos Over the Counter (OTC) da Herbarium, Eduardo Cristiano P. de Oliveira. “Mesmo com crescimento mais discreto em 2014, deve-se destacar que vender 6% a mais em ano de re-
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Comparativo de crescimento das vendas
Mercado farmacêutico total, genéricos e fitoterápicos (% anual – faturamento)
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Geral Fito
Genérico
Geral Fito
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Genérico
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Fontes: IMS Health/Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa)
retora de novos negócios da Brasterápica, Adriana Schulz. “Isso é natural, uma vez que a maior parte dos investimentos em lançamento de produtos, desenvolvimento de novas moléculas, além do volume de recursos direcionados às ações promocionais, são realizados em medicamentos sintéticos”, explica a executiva, lembrando que mesmo com crescimento menor do que o restante da indústria, os fitoterápicos têm trazido produtos importantes para o tratamento de males bastante prevalentes no mundo moderno. “Grandes empresas têm voltado suas atenções para esse mercado, que não deixa de ser atraente, e a Brasterápica é uma delas. Então, as expectativas para 2015 são boas, e deve ocorrer um ritmo um pouco mais acelerado de crescimento daqui em diante”, observa Adriana. Sedativos, expectorantes, laxantes e produtos para terapia vascular estão entre as classes terapêuticas mais importantes e também as que têm apresentado crescimento acima da média, segundo a executiva.
Com grande potencial de crescimento no Brasil, os fitoterápicos avançam mais do que os sintéticos, adiciona o gerente de marketing da Aspen Pharma, Jackson Figueiredo. “Os fitoterápicos possuem alto potencial de mercado e deverão ter um ótimo crescimento em 2015”, acredita. A empresa vai continuar a apostar no segmento, incluindo o lançamento de um novo fitoterápico até o fim do ano. “Cerca de um terço da receita da Aspen no Brasil vem dessa categoria. O crescimento médio nos últimos três anos tem sido de aproximadamente 15%”, diz o executivo. Atualmente, a empresa possui dez marcas de fitoterápicos em seu portfólio, tendo como destaque neste segmento o Calman, líder de venda há dois anos, segundo Figueiredo. “A companhia registrou aumento de 10% com esse produto mantendo a liderança de mercado e participação de 49%. Outro item que atingiu a liderança do mercado em que atua foi a Alcachofra, responsável por 58% de market share”, acrescenta. MARÇO 2015 • Especial Fito • 11
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Comparativo de crescimento das vendas em unidades Mercado farmacêutico total e fitoterápicos
Mercado Total
Fitoterápico
3.120 (8%*)
52,3 (6%*)
2014 Mercado Total
Fitoterápico
2.983
49,6
2013 * Percentual de crescimento entre 2013 e 2014 Fontes: IMS Health/Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa)
A linha de fitoterápicos da Natulab cresceu 42% em unidades comercializadas e 45% em receita em 2014, se comparado com os números do ano anterior. Segundo a farmacêutica analista de inteligência de mercado e marketing de produto do Natulab, Valnizia Mendes, produtos que atuam no sistema nervoso central, expectorantes e sistema digestivo são os mais vendidos. O grupo possui cerca de 20 medicamentos fitoterápicos no portfólio, sendo que vai continuar a investir na expansão e introdução de novos fitos, sobretudo em produtos diferenciados. “A expectativa para 2015 é de que o mercado continue a crescer a taxas de dois dígitos”, acredita Valnizia. “Quando comparamos os números do mercado de medicamentos fitoterápicos do Brasil com os da Europa, verificamos o quanto existe de oportunidade para o setor se desenvolver”, diz, destacando que produtos que atuam no sistema nervoso central ainda constituem as áreas mais promissoras, em virtude das mudanças que vêm ocorrendo na sociedade e a busca por tratamentos mais alternativos. “Vamos apostar no crescimento, pa-
ra tanto, temos cerca de dez novos produtos previstos para ser lançados ao longo do ano, a exemplo do Seakalm, que se consolidou como o fitoterápico mais vendido do Brasil em unidades comercializadas, segundo o IMS Health.”
Entraves do setor
Em que pese o crescimento do setor registrado nos últimos anos, estima-se que apenas 10% dos brasileiros consumam regularmente medicamentos fitoterápicos. Em parte isso se explica pelo fato de o mercado local ser ainda recente em comparação aos europeu e asiático, que consomem o produto há muitos anos. Outro motivo está relacionado à desinformação sobre o produto. Para a Abifisa, uma faixa considerável da população brasileira ainda não tem conhecimento dos benefícios dos medicamentos fitoterápicos, principalmente em relação ao baixo índice de efeitos colaterais e reações adversas. Não por acaso, as prescrições médicas desses compostos ainda são inferiores às realizadas nos países desenvolvidos.
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Segundo a Abifisa, em países, como Alemanha, França, Reino Unido, Japão e Estados Unidos, não existe descrédito com relação aos medicamentos fitoterápicos, desde que produzidos sob os rigores da indústria farmacêutica, com boas práticas de fabricação e controle, e submetidos à apreciação dos órgãos reguladores. Mas esse cenário pode estar mudando no Brasil. “Houve avanço na preocupação, tanto por parte das empresas como das agências reguladoras, em produzir medicamentos fitoterápicos cientificamente validados, ou seja, disponibilizar para a população produtos fitoterápicos com sua eficácia cientificamente comprovada”, revela a coordenadora de pesquisa da Amazônia Fitomedicamentos, Denise Mollica Marotta. De acordo com a Anvisa, o Brasil, atualmente, está alinhado com as tendências mais modernas em termos de regulamentação de medicamentos fitoterápicos, sendo sua legislação baseada principalmente no modelo europeu, considerado o mais avançado no segmento. “A legislação dessa área vem sendo atualizada de forma a acompanhar o desenvolvimento do setor. Mais recentemente, por exemplo,
criamos os produtos fitoterápicos tradicionais, um novo segmento em que se encaixam aqueles extratos vegetais com uso tradicional e comprovado no País”, afirma a Agência. A profissionalização do setor pode se aproveitar de outro aspecto: a boa aceitação do brasileiro para produtos oriundos da natureza. “Tradicionalmente, o consumidor brasileiro tem grande apreço e aceitação pelos produtos ditos naturais”, observa Cardoso, do ICTQ. “Embora os fitoterápicos passem por importantes processos tecnológicos durante a sua concepção, o fato de possuírem extratos vegetais como constituinte ativo principal aproxima o usuário do produto”, diz. A Anvisa destaca ainda que as alterações mais recentes incluíram a criação do Produto Tradicional Fitoterápico e a publicação da lista de fitoterápicos de registro simplificado. “Isso traz grande benefício para a população por meio da oferta de opção terapêutica mais próxima do conhecimento do paciente, de sua história e tradição. Além disso, a norma amplia o elenco de tratamento de saúde com referência sólida ou consagrada pelo uso”, revela. MARÇO 2015 • Especial Fito • 13
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Evolução notável A plena ascensão dos medicamentos fitoterápicos no Brasil esbarra na desinformação, burocracia e dificuldade de acesso ao patrimônio genético da flora nacional
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Há muito tempo as plantas medicinais são utilizadas como recurso terapêutico para intervir no processo saúde/doença em diferentes sociedades, tanto pela população em geral, quanto por profissionais especializados. A mais antiga referência conhecida sobre o uso da flora data de mais de 60 mil anos. Na China, por volta de 3000 a.C., já se sistematizava a utilização de plantas para a cura de doenças. Época em que se tornaram conhecidas as propriedades do ginseng e da cânfora. No antigo Egito, também se usavam plantas como medicamento, e na Grécia, seu valor terapêutico ou tóxico ganhou muitos estudos. O “Pai da Medicina” Hipócrates (460-377 a.C.), em sua obra Corpus Hipocratium, compêndio dos conhecimentos médicos de seu tempo, dedicou vários tópicos para tratamento de doenças à base de plantas. E
ao longo dos séculos, a fitoterapia ganhou adeptos e aperfeiçoamento, sendo que seu auge ocorreu a partir do século 19, graças ao progresso científico na área da química, permitindo a análise, identificação e separação dos princípios ativos das plantas.
Auge contemporâneo
“Esquecidos” em sua forma natural por um tempo, por conta do boom dos medicamentos sintéticos, os fitoterápicos voltaram à tona nas últimas décadas, principalmente pelo interesse das pessoas por maior qualidade de vida e prevenção de doenças. “A busca por terapêuticas menos agressivas e hábitos de vida mais saudáveis tendem a ampliar o número de consumidores do segmento que, a cada ano, buscam por mais produtos inovadores e sustentáveis”, afirma o gerente de produtos Over the Count (OTC) da Herbarium, Eduardo Cristiano P. de Oliveira. Fotos Shutterstock
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Mais de 80% dos medicamentos vendidos no Brasil são de fora. Boa parte disso ocorre pela legislação restritiva e, principalmente, pela burocracia existente no País “Os medicamentos fitoterápicos evoluíram bastante nos últimos anos, pois dependendo do tipo e indicação terapêutica, os testes necessários para a sua aprovação no que se refere à qualidade, segurança e eficácia são praticamente os mesmos exigidos para os medicamentos sintéticos, tornando-os bastante seguros e eficazes”, sublinha o pesquisador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ricardo Tabach. Entre as novidades, o pesquisador destaca o uso medicinal de derivados da cannabis, aceito recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “A pesquisa de novas moléculas é objetivo da maioria das indústrias farmacêuticas e dos grandes centros de pesquisa localizados nos Estados Unidos e na Europa”, acrescenta o professor do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, Alexsandro Macedo Silva. Atualmente, perto de 80% da população europeia consome medicamento fitoterápico, assim como mais de 40% da dos países asiáticos. A responsável pelo Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, Rita de Cássia Salhani Ferrari, citando dados do IMS Health dos últimos dois anos, revela que o mercado mundial de medicamentos sintéticos cresceu, em média, 4% ao ano, versus 15% dos medicamentos fitoterápicos. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, em 2050, o mercado global de fitoterápicos atingirá US$ 5 trilhões. No Brasil, apesar do crescimento expressivo dos últimos anos, estima-se que apenas 10% das pessoas consumam esse tipo de produto regularmente. Em parte isso se explica pelo fato de o mercado brasileiro de fitoterápicos ainda ser recente em comparação aos europeus e asiáticos. Outro fator importante é que as prescrições médicas desses compostos ainda são inferiores às dos países desenvolvidos.
Qualidade e informação
Um passo importante para consolidar a credibilidade dos fitoterápicos já foi dado, que é a regula-
ção. “No Brasil, houve avanço na preocupação, tanto das empresas como das agências reguladoras, em produzir medicamentos fitoterápicos cientificamente validados, ou seja, oferecer para a população produtos com sua eficácia cientificamente comprovada”, afirma a coordenadora de pesquisa da Amazônia Fitomedicamentos, Denise Mollica Marotta. Em termos de regulação, o Brasil alcança nível internacional. Segundo a Anvisa, o País atualmente está alinhado com as tendências mais modernas em termos de regulamentação de medicamentos fitoterápicos, sendo sua legislação baseada principalmente no modelo europeu, considerado o mais avançado na área. Em 2014, a Agência publicou a RDC 26, com novas regras para o registro e notificação de medicamentos fitoterápicos. “Creio que essa norma representa um grande avanço para a indústria farmacêutica e aproxima o Brasil de ações desenvolvidas na Alemanha, por exemplo”, afirma o membro do Grupo de Práticas Integrativas e Complementares do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Nilton Luz Netto Junior. Chama atenção nessa nova regra, segundo o especialista, a criação da categoria de produto tradicional fitoterápico, um novo segmento onde se encaixam os extratos vegetais de uso tradicional e comprovado no País. Se a indústria optar por registrar ou notificar um produto por essa nova categoria, poderá considerar o uso tradicional da planta medicinal como critério de eficácia, ou seja, não será necessária a realização de estudos clínicos, desde que seja comprovado o uso seguro e efetivo para um período mínimo de 30 anos, revela Netto Junior. “Considero que, para os próximos anos, essa possibilidade favorecerá o surgimento de novos produtos em benefício do bem-estar individual e coletivo, sobretudo, a partir da biodiversidade brasileira”, acredita Netto Junior. “Nos últimos anos, a Anvisa tem reconhecido a importância e os benefícios dos fitoterápicos, o que certamente deve impulsionar o segmento e favorecer os investimentos”, adiciona a diretora de Novos Negócios da Brasterápica, Adriana Schulz. “Somado a isso, MARÇO 2015 • Especial Fito • 15
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Algumas indústrias de capital nacional têm investido em pesquisas em parcerias com universidades e centros de pesquisa no intuito de desenvolver novos fitomedicamentos e fitoterápicos a vigilância relativa à qualidade dos produtos também deve se estreitar, beneficiando o consumidor e o mercado como um todo.”
Flora nacional
Outro ponto importante para que o mercado de fitoterápicos deslanche no País está ligado ao aproveitamento dos nossos recursos naturais. Apesar de contar com uma biodiversidade genética espantosa – apenas em plantas superiores, possuímos cerca de 60 mil espécies, correspondente a aproximadamente 22% do total aproximado de 250 mil existentes em todo o planeta, sendo mais de 7% delas endêmicas –, o Brasil usa pouco deste potencial. A maioria dos extratos vegetais que originam os fitoterápicos brasileiros ainda é proveniente de patentes da Europa e da Ásia. Existem milhares de sais medicamentosos, dos quais, em torno de 60% são de origem natural, moléculas naturais modificadas (semissintéticos) e compostos inspirados em moléculas naturais. Se a biodiversidade brasileira abrange 20% do total mundial, ao menos 12% dos medicamentos produzidos no planeta têm origem ou são inspirados em moléculas encontradas na flora brasileira. Mas oficialmente o País não participa dessa conta. A dificuldade de oferta contínua de matéria-prima de qualidade no País, com escala e preços competitivos, leva à importação de insumos para fitoterápicos. Mais de 80% dos medicamentos vendidos no Brasil são de fora. Boa parte disso ocorre pela legislação restritiva e, principalmente, pela burocracia existente no País. “Antes a biopirataria não era combatida como se devia, permitindo a ocorrência de situações como a da pilocarpina (substância oriunda da planta brasileira jaborandi, utilizada mundialmente no tratamento do glaucoma, que tem patente alemã) ou a da espinheira santa, que foi estudada aqui e patenteada no Japão”, afirma Tabach. Com a finalidade de coibir esse tipo de situação, o governo decretou, em 2001, a Medida Provisória 2.186-16/01, determinando que o acesso ao conhecimento tradicional associado e ao patrimônio genético existente no País, bem como a sua remessa
para o exterior somente sejam efetivados mediante autorização da União, e instituiu como autoridade competente para esse fim o Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN). Mas a Medida Provisória (MP) acabou criando dispositivos que causam empecilhos à realização de pesquisa no País. Desde a dificuldade de interpretação do conceito de “acesso e remessa de amostra de componente do patrimônio genético”, passando pela necessidade de apresentar a anuência prévia do titular da área e de indicar antecipadamente os locais de coleta como requisitos à obtenção de autorização de acesso, chegando à obrigação de depósito da subamostra de componente do patrimônio genético em instituição credenciada. Devido aos impasses gerados pela MP, muitos pesquisadores não conseguem autorização do CGEN para acesso e coleta de amostras de nossa biodiversidade. Pelas regras atuais, é necessário obter autorização específica para acessar conhecimento tradicional ou componente do patrimônio genético para as finalidades de pesquisa científica, bioprospecção e desenvolvimento tecnológico. Pessoas físicas, pesquisadores sem vínculo institucional, por exemplo, não podem pleitear autorizações. Isso também é válido para instituições estrangeiras, as quais necessitam associar-se a entidades nacionais de pesquisa e desenvolvimento para participar de pesquisas que envolvam acesso. “Entre 1990 e o começo da década seguinte, houve grande avanço na pesquisa de fitoterápicos, com interesse crescente da indústria. Depois, com as dificuldades de acesso ao patrimônio genético brasileiro, veio o retrocesso”, observa o professor de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e diretor do Centro de Farmacologia Pré-Clínica do Sapiens Parque, João Batista Calixto. “A lei desestimulou a indústria e a inovação. É preciso uma nova legislação, de forma a facilitar as pesquisas e atrair as indústrias. Sem essa parceria com a iniciativa privada, o setor não avança”, esclarece, lembrando que não faltam pesquisas de qualidade no País. “Pesquisamos muito, existem estudos brilhantes, mas eles não geram patentes, pois não saem da academia.”
Processos retrógrados
É preciso vencer também a burocracia, um mal que atinge quase todos os setores no País. A lentidão no processo de análise e concessão de patentes é um exemplo evidente. Segundo o Instituto Nacional de
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Realidade X estimativas
2 anos, o mercado
No Brasil, estima-se
Estima-se que em
mundial de medicamentos
que apenas
sintéticos cresceu, em média,
10%
2050, o mercado global de
das pessoas consumam
fitoterápicos atingirá
fitomedicamentos
US$ 5 trilhões.
Nos últimos
4% ao ano, versus 15% dos medicamentos fitoterápicos.
regularmente.
Fontes: IMS Health/OMS
Propriedade Industrial (INPI), em 2013, foram realizados 33.989 depósitos de pedidos de patentes, mas somente 3.326 foram concedidas. A distância entre a geração de conhecimento e sua transformação em produtos de valor para a sociedade (inovação) contribui para os baixos índices de competitividade no País, destaca a Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa). Especialistas pregam que é necessário um pouco de desregulamentação para acelerar o processo. A proteção tem de ser natural, não bloquear tudo. Dá para proteger a biodiversidade, explorando com cuidado e garantindo os royalties para o Brasil. “No último ano, houve um ligeiro avanço no que diz respeito à legislação e à burocracia, com uma pequena flexibilização em relação às exigências para se trabalhar com a biodiversidade brasileira”, adiciona Tabach. “Mas esses fatores ainda permanecem como um entrave para a pesquisa e produção de fitoterápicos no Brasil.” Denise é mais cética. “Não acho que houve avanços de um ano para cá. Na melhor das hipóteses, o cenário continua o mesmo, ou seja, quem realmente faz pesquisa com a biodiversidade brasileira são as multinacionais. Existe um confronto entre um He-
misfério Norte rico em tecnologia e pobre em recursos genéticos, em oposição ao Sul pobre em tecnologia, mas riquíssimo em diversidade biológica. Estima-se que um gene potencialmente útil originado da biodiversidade do Hemisfério Sul pode representar negócios de US$ 1 bilhão no Norte, e que o germoplasma vegetal do Sul contribua com valores estimados em US$ 66 bilhões por ano, somente na economia dos Estados Unidos”, diz a pesquisadora. A boa notícia pode estar na aprovação do Projeto de Lei (PL) nº 7735/2014 em tramitação no Congresso Nacional. A proposta pretende simplificar a dinâmica de autorização, utilização do conhecimento tradicional associado e repartição de benefícios, temas que são um dos principais gargalos da indústria farmacêutica. “Essa simplificação da regulamentação junto ao CGEN trará um ganho de tempo para o início das pesquisas. Outro ponto importante do PL é o acesso ao conhecimento tradicional associado, que vem sendo motivo de discussão e incerteza para as empresas, pois, até o momento, o valor pago às comunidades deve ser decidido antes do início da pesquisa, ou seja, as indústrias se comprometem a repartir os benefícios sem mesmo saber se conseguirão desenvolver algum produto a partir da amostra. Com a aprovação do novo projeto, os critérios MARÇO 2015 • Especial Fito • 17
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para repartição de benefícios ficarão mais claros e adequados à realidade das atividades de pesquisa e desenvolvimento de produtos oriundos da biodiversidade brasileira”, prevê Denise. “É preciso que se aprove uma nova lei logo, de forma a atrair o interesse da indústria e permitir ao setor de fitoterápicos deslanchar em sintonia com o potencial do mercado nacional”, completa Calixto. Algumas indústrias de capital nacional têm investido em pesquisas em parcerias com universidades e centros de pesquisa no intuito de desenvolver novos fitomedicamentos e fitoterápicos a partir da biodiversidade nacional, revela Cardoso, do ICTQ.
Como exemplo, ele cita o Acheflan, do laboratório Aché, um anti-inflamatório tópico elaborado a partir das folhas de erva-baleeira (Cordia verbenaceae DC.), e o Kios, do Hebron, desenvolvido das cascas da aroeira (Schinus terebinthifolius Raddi), indicado para o tratamento sintomático da gastrite leve a moderada. “A indústria de fitoterápicos, incluindo a pesquisa de fitomedicamentos, pode ser vista como a grande alternativa para o crescimento e a modernização da indústria farmacêutica brasileira, que ainda é muito dependente de tecnologias e processos oriundos de empresas internacionais aqui instaladas”, completa Cardoso.
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Fitoterápicos
buscam novas opções
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Dos tratamentos tradicionais às doenças de maior complexidade, medicamentos à base de plantas tencionam ganhar novos nichos de mercado
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Reconhecidos em todo o mundo como elementos importantes na prevenção, promoção e recuperação da saúde, os fitoterápicos ganham terreno também no Brasil. Ainda que mais tímida do que em países europeus – os maiores consumidores desse tipo de produto –, a demanda por esse tipo de medicamento no País acompanha o interesse internacional por uma alternativa mais saudável, ou menos danosa, de tratamento. Produzidos a partir de plantas frescas ou secas e de seus derivados que ganham diferentes formas farmacêuticas, como xaropes, soluções, comprimi-
dos, pomadas, géis e cremes, os fitoterápicos desempenham papel importante no cuidado contra dores, inflamações, disfunções e outros incômodos. São particularmente indicados para o alívio sintomático de doenças de baixa gravidade e por curtos períodos de tempo. Com a ampliação do consumo, cresce a demanda por novos compostos, inclusive como coadjuvantes no tratamento de doenças mais complexas. E, no futuro, como protagonistas de tratamentos mais específicos. Definidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como medicamentos obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, os fitoteráFotos Shutterstock
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picos não devem ser confundidos com fitomedicamentos, termo não oficialmente definido pela Agência, mas utilizado no mercado para definir qualquer medicamento cujo princípio ativo, ou fármaco, tenha sido obtido por isolamento de alguma fonte vegetal. Não se enquadra na classificação de fitoterápico qualquer medicamento que inclui na sua composição substâncias ativas isoladas, sintéticas ou naturais, nem as associações dessas com extratos vegetais. Segundo o professor de pós-graduação nas áreas de Fitoterapia e Farmacoterapia do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), Lincoln Marcelo Lourenço Cardoso, entre as duas classificações, a que mais evolui no mercado farmacêutico é a de fitoterápicos, uma vez que sua pesquisa e desenvolvimento tendem a ser mais baratos. Já os fitomedicamentos envolvem, muitas vezes, processos de hemissíntese ou modelagem molecular de substâncias ativas isoladas das fontes vegetais, o que torna o processo ainda mais caro. Segundo o professor coordenador do curso de Farmácia do Centro Universitário São Camilo, Alexsandro Macedo Silva, a pesquisa de novas moléculas é objetivo de maioria das indústrias farmacêuticas e dos grandes centros de pesquisa localizados nos Estados Unidos e Europa. “É mais interessante estudar as moléculas naturais do que planejar novos fármacos ao acaso”, afirma o professor, lembrando que o mercado de fitoterápicos mudou significativamente nos últimos anos, justamente em função das regulamentações. “Vários fitoterápicos surgiram baseados em estudos científicos, o que dá mais credibilidade e torna possível acompanhar o seu uso de forma racional”, salienta, acrescentando que, por definição de legislação, o fitoterápico seria elaborado por apenas uma planta. Mas o que se verifica é a misturas de outras plantas ou fármacos sintéticos. “Isso mostra a evolução no uso de plantas na terapêutica medicamentosa, algo bem positivo, sinalizando que novos caminhos poderão surgir com a oferta à comercialização de fitoterápicos.”
Definições específicas
A coordenadora de pesquisa da Amazônia Fitomedicamentos, Denise Mollica Marotta, destaca que os medicamentos fitoterápicos podem ser equivalentes aos sintéticos, com espectros de ação mais adequados e com indicações terapêuticas complementares às medicações convencionais já existentes, além de ser mais baratos. “O uso de fitoterápico deve seguir o mesmo raciocínio do medicamento com princípio-ativo sintético, explica Silva. “Muitas vezes, pode-se utilizar o fitoterápico em situação inicial de certa doença ou quando um paciente não responde adequadamente a um fárma-
co específico. Mas isso deve ser feito de acordo com a proposta terapêutica do médico”, pondera.
Depressão e ansiedade, um capítulo à parte
Os fitoterápicos, para o sistema digestório, estão entre os mais comuns e mais conhecidos do mercado, “contudo, há cerca de dez anos, iniciou-se o uso de fitoterápicos para casos de ansiedade e depressão, resultando em medicamentos que associam mais de uma planta para esse fim”, diz o professor do São Camilo. “Existe um grande número de produtos fitoterápicos para o tratamento da ansiedade e da depressão”, concorda o pesquisador do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ricardo Tabach. “Isso ocorre devido ao fato de que os medicamentos tradicionais para a ansiedade (benzodiazepínicos) provocam diversos efeitos colaterais, como diminuição dos reflexos, sonolência, prejuízo de memória e, mais grave, um potencial de tolerância ou dependência. Em função disso, estudos foram feitos com a finalidade de se obter um produto fitoterápico que apresentasse um efeito semelhante aos benzodiazepínicos, porém sem seus efeitos colaterais. Em consequência, foi descoberto um grande número de plantas ansiolíticas, como a passiflora, valeriana, Lipia alba. No caso da depressão, o hypericum (erva de São João) tem um efeito bastante significativo para os casos de depressão leve a moderada”, aponta o professor. “Transtornos de ansiedade ou depressão são distúrbios do sistema nervoso central muito frequentes e que podem apresentar etiologia multifatorial”, explica a responsável pelo Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, Rita de Cássia Salhani Ferrari. “Assim, é interessante supor que medicamentos que atuem por diversos mecanismos de ação e não somente por um único possam ser efetivos nessas patologias. Devido à característica inerente dos fitoterápicos de apresentar em sua composição o fitocomplexo, são utilizados com eficácia e segurança em ambas as doenças, e com enorme sucesso.” De fato, entre as doenças tratadas com fitoterápicos mais reconhecidos pela população nos últimos anos estão os indicados para casos de ansiedade e depressão. Não por acaso, os medicamentos para essas moléstias estão entre os mais vendidos do segmento. “É um mercado bastante estável, com produtos amplamente reconhecidos por consumidores e profissionais de saúde, como o Hipérico (erva de São João), a Valeriana, a Kava Kava e a Passiflora (maracujá)”, observa o MARÇO 2015 • Especial Fito • 23
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gerente de Over the Counter (OTC) da Herbarium, Eduardo Cristiano P. de Oliveira. Além desses princípios ativos, estão em andamento várias pesquisas com outros compostos, como o mulungu (Erythrina mulungu Mart ex Benth), a ser utilizado como ansiolítico, revela a professora de Farmacognosia da Faculdade Oswaldo Cruz, Nilsa Sumie Yamashita Wadt. “A Natulab possui três produtos destinados ao tratamento da ansiedade e distúrbios do sono, sendo que outros medicamentos estão em desenvolvimento”, adiciona a farmacêutica analista de inteligência de mercado e marketing de produto da Natulab, Valnizia Mendes. Também a Aspen Pharma conta com dois produtos fitoterápicos para ansiedade e insônia, Calman e Ansiopax, e agora está finalizando o desenvolvimento de uma Passiflora incarnata pura para lançamento ainda este ano. “Dificilmente os fitoterápicos poderão ser utilizados em doenças em que é necessário um controle rigoroso da dose como, por exemplo, em insuficiência cardíaca”, salienta a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Elfriede Marianne Bacchi. “Os glicosídeos cardiotônicos, que são substâncias utilizadas nessa enfermidade, são administrados em quantidades muito baixas, sendo que a dose terapêutica é muito próxima à tóxica. Como o fitoterápico é composto por uma série de substâncias ativas e inativas e até tóxicas, que podem interagir, causando sinergismo ou antagonismo, verifica-se que se torna impossível um controle da dose ideal”, sustenta.
Os medicamentos fitoterápicos podem ser equivalentes aos sintéticos, com espectros de ação mais adequados e com indicações terapêuticas complementares às medicações convencionais já existentes, além de ser mais baratos
Outras Patologias importantes
“Áreas terapêuticas importantes, como laxantes, antigripais, dermatológicos, anti-inflamatórios, antidepressivos e tratamento de Tensão Pré-Menstrual (TPM) e dismenorreia, têm sido bem atendidas pela fitoterapia”, afirma a diretora de Novos Negócios da Brasterápica, Adriana Schulz. Entre as especialidades médicas que mais se destacam no mercado brasileiro de fitoterápicos, está a ginecologia, na opinião de Oliveira. “O Brasil é composto em sua maioria por mulheres [51,5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)]
e existe um grande número de plantas medicinais já estudas e utilizadas tradicionalmente no tratamento de enfermidades ginecológicas. Um bom exemplo é o Cranberry (Vaccinium macrocarpon), utilizado na prevenção de infecções urinárias, que têm uma maior incidência em mulheres do que em homens.” Denise destaca entre as novidades do mercado produzidas a partir da flora brasileira, o Acheflan, do Laboratório Aché, que teve seu registro e lançamento entre 2004 e 2005. “Desenvolvido a partir do extrato da Cordia verbenacea e resultado de sete anos de pesquisa, é considerado o primeiro medicamento fitoterápico cientificamente validado, com Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) 100% nacional. De uso tópico, na apresentação creme e aerossol, é indicado para o tratamento de traumas, dores musculares e tendinites. Esse fitoterápico, uma planta encontrada na Mata Atlântica conhecida popularmente como erva-baleeira, quebrou um paradigma na indústria farmacêutica nacional, e acredito ser o maior exemplo para as empresas que fazem pesquisa e desenvolvimento de produtos a partir de plantas medicinais brasileiras”, diz a pesquisadora. Em que pese a enorme burocracia para o desenvolvimento de fitoterápicos inovadores, têm surgido algumas parcerias promissoras entre o setor privado e instituições públicas, lembra a professora Nilsa. “Pode-se citar como exemplo desses encontros produtivos o realizado entre o laboratório Kyolab, do Dr. Luiz Francisco Pianowski, com o Dr. Amílcar Tanuri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que descobriram uma substância da planta avelós (Euphorbia tirucalli), eficaz no combate ao vírus do HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana, em português). Essa substância consegue um feito inédito, que é o de retirar o vírus do reservatório celular, facilitando a ação de antirretrovirais. Tal substância está em fase de testes avançados em macacos Rhesus nos Estados Unidos e a mesma possui baixa toxicidade. Um grande avanço na busca da cura da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids)”, sustenta a professora. Nos testes realizados na Universidade Johns Hopkins, de Baltimore, após a administração do medicamento produzido a partir do Ingenol-B, os animais tiveram sua carga viral indetectável. Com os resultados promissores, os pesquisadores passaram a uma análise aprofundada dos tecidos, para comparar os índices de carga viral. Trata-se de um grande avanço rumo aos testes em humanos, segundo os cientistas.
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Metas para
os fitoterápicos Consolidar a imagem frente à população, inovar nas pesquisas e abrir o leque para novos tratamentos estão entre os objetivos do setor 26 • Especial Fito • MARÇO 2015
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Dados da consultoria Global Industry Analysts indicam que o mercado de produtos que utilizam plantas como matéria-prima, sejam medicamentos, alimentos ou cosméticos, deve atingir US$ 93 bilhões até o fim deste ano em todo o mundo. Do total de US$ 320 bilhões movimentados pelo mercado farmacêutico global, cerca de US$ 20 bilhões correspondem ao movimento do setor de fitoterápicos. No Brasil, a ascensão desse mercado é evidente. Em 2014, as vendas de medicamentos fitoterápicos cresceu 6,1%, evoluindo de R$ 1,35 bilhão para R$ 1,44 bilhão. Já em unidades vendidas, o crescimento saltou de 49,6 milhões para 52,3 milhões, uma alta de 5,4%. Reconhecidos em todo o mundo como elementos importantes na prevenção, promoção e recuperação da saúde, os fitoterápicos ganham terreno em faixas da população brasileira. Segundo estudo realizado em 2013 pelo Instituto Simone Terra, o público que consome fitoterápicos atualmente é composto principalmente por mulheres acima de 35 anos que trabalham fora. Um público qualificado e que influencia os demais componentes da família. Estudos da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa) indicam, contudo, que para incentivar o consumo de produtos fitoterápicos a um número maior ainda de pessoas, é necessário transmitir mais informações ao público sobre o benefício e a segurança na utilização do produto. Isso inclui o desenvolvimento de medicamentos para moléstias mais complexas, que deve constar nos projetos de desenvolvimento de longo prazo, dizem os especialistas do setor. “Primeiro é necessário desmistificar o uso de fitoterápicos pela maior parte da população, além de promover uma ampla campanha junto aos médicos prescritores, tanto nos consultórios quanto nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs)”, revela a Abifisa.
Avanço proporcional
Com o salto da pesquisa e do desenvolvimento voltados a essa classe de medicamentos, surgiram, nos últimos anos, produtos eficazes e seguros, possibilitando aos médicos e usuários a opção terapêutica de tratar e prevenir várias doenças com menos agravos à saúde que medicamentos sintéticos similares.
Entre os benefícios dos fitoterápicos, podem-se destacar também indicação anti-inflamatória, expectorante, cicatrizante, analgésica, ansiolítica, no tratamento da fragilidade capilar, da insuficiência venosa, de distúrbios do sono, de estados depressivos leves a moderados e como coadjuvantes no tratamento da hiperlipidemia, da hipertensão arterial leve, de úlceras gástricas e duodenais, entre outras. Enquanto medicamentos sintéticos atuam normalmente com um único ativo, a ação terapêutica do fitoterápico está ligada a um conjunto de ativos chamados de fitocomplexo. Por ser produzidos exclusivamente com matéria-prima ativa vegetal, agem no organismo como alopáticos, sendo que todas as substâncias presentes na planta medicinal utilizada na sua preparação atuam em conjunto em um órgão ou sistema do organismo. A principal diferença com os sintéticos é que nestes existe uma agregação de elementos químicos
Princípios ativos mais utilizados no Brasil • Valeriana ( Valeriana officinalis) – indicada para insônia crônica e como calmante. • Guaco (Mikania glomerata) – funciona como broncodilatador e expectorante, sendo utilizado no combate a doenças respiratórias, dor de garganta e bronquite. • Espinheira-santa (Maytenus ilicifolia) – auxilia no tratamento de gastrite e úlcera duodenal e em sintomas de dispepsias. • Gingko (Gingko biloba) – reduz tonturas, melhora a memória, alivia as dores nas pernas e nos braços e elimina o zumbido no ouvido. • Castanha-da-índia ( Aesculus hippocastanum) – usada contra problemas de circulação sanguínea, varizes, hemorroidas e como anti-inflamatório.
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Etapas até chegar ao consumidor final • Captação de oportunidades. • Avaliação preliminar (screening), com testes fitoquímicos ou farmacológicos da planta em potencial. • Estudos mais detalhados para definição de um marcador químico para realização de testes de controle de qualidade. • Definição do melhor derivado vegetal (extrato, tintura, óleos). • Prospecção de produtores da planta e fornecedores do derivado que sigam as boas práticas exigidas pela legislação vigente. • Execução de testes para avaliação da segurança. • Desenvolvimento do produto final, com testes de produção e de controle de qualidade. • Realização de estudos clínicos para garantia da sua eficácia. • Elaboração do dossiê de registro contendo as informações dos itens acima para comprovar a segurança, eficácia e qualidade do produto para submissão à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). • Anuência da Anvisa atestando que o produto pode ser comercializado.
Fonte: Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa)
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Dados Relevantes O mercado de produtos que utilizam plantas como matéria-prima, sejam medicamentos, alimentos ou cosméticos, deve atingir
US$ 93 bilhões até o fim deste ano em todo o mundo. No Brasil, a ascensão desse mercado é evidente. Em
2014, as vendas de medicamentos fitoterápicos cresceu
6,1%, evoluindo de
R$ 1,35 bilhão para
R$ 1,44 bilhão.
O público que consome fitoterápicos atualmente é composto principalmente por mulheres acima de 35 anos que trabalham fora. Um público qualificado e que influencia os demais componentes da família para isolar a molécula principal, enquanto os fitoterápicos utilizam o fitocomplexo, ou seja, todos os componentes do extrato seco padronizado ou da tintura interagem para a obtenção do efeito terapêutico desejado.
Do total de
US$ 320 bilhões movimentados pelo mercado farmacêutico global, cerca de
US$ 20 bilhões correspondem ao movimento do setor de fitoterápicos.
Já em unidades vendidas, o crescimento saltou de
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52,3 milhões, uma alta de
5,4%.
“Os fitoterápicos podem ser equivalentes com espectros de ação mais adequados e com indicações terapêuticas complementares às medicações convencionais já existentes, além de ser mais baratos”, revela a coordenadora de pesquisa da Amazônia Fitomedicamentos, Denise Mollica Marotta, destacando que eles também são indicados para cólicas, dores musculares, tosse, gripe e resfriado, bronquite e outras doenças inflamatórias, cansaço, fadiga. “Além disso, os fitoterápicos podem ser usados para melhorar a qualidade de vida de pacientes acometidos por doenças mais graves, até mesmo para aliviar os efeitos colaterais que um tratamento anticancerígeno causa nos pacientes”, afirma Denise. MARÇO 2015 • Especial Fito • 29
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Apresentação
Fitoterápicos têm
normas rígidas de apresentação O fato de serem à base de plantas não significa que esses medicamentos tenham regras mais simples. Testes também seguem os mesmos preceitos de outros tipos de medicação regulados pela Anvisa
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Produzidos a partir de plantas frescas ou secas e de seus derivados que ganham diferentes formas farmacêuticas, como xaropes, soluções, comprimidos, pomadas, géis e cremes, os fitoterápicos seguem rigorosos testes pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) antes de ser liberados ao consumo. Eles são obtidos empregando-se exclusivamente derivados de droga vegetal como constituintes ativos, considerando o conhecimento da eficácia e dos riscos de seu uso, assim como pela constância de sua qualidade. A eficácia e a segurança são validadas por meio de levantamentos etnofarmacológicos de utilização, publicações tecnocientíficas ou estudos farmacológicos e toxicológicos pré-clínicos e clínicos. Segundo a Anvisa, a segurança também é determinada pelos ensaios que comprovam a identidade da planta e a ausência de contaminantes. A qualidade deve ser alcançada mediante o controle das matérias-primas, do produto acabado e dos materiais de embalagem, além da formulação farmacêutica e dos estudos de estabilidade. Sua apresentação segue as mesmas regras de controle exercidas para outros tipos de medicamentos. O processo de pesquisa e desenvolvimento de um fitoterápico é bastante complexo, como explica o professor de pós-graduação nas áreas de Fitoterapia e Farmacoterapia do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), Lincoln Marcelo Lourenço Cardoso. Envolve etapas que vão desde a seleção e a identificação botânica da espé-
cie em estudo, passando pela obtenção e avaliação química de seu extrato bruto, até o estudo detalhado de seus constituintes químicos e suas propriedades toxicológicas e farmacológicas. De modo geral, todo o processo dura, em média, de dez a quinze anos, e requer uma soma significativa de investimento financeiro. Existem aproximadamente 400 medicamentos fitoterápicos registrados na Anvisa, sendo que estão na prateleira nove pedidos de registros aguardando análise da Agência. Em 2014, a Anvisa criou uma nova classificação, a do Produto Tradicional Fitoterápico. Nela, se encaixam os extratos vegetais de uso tradicional e comprovado no País. Se a indústria optar por registrar ou notificar um produto por essa nova categoria, poderá considerar o uso tradicional da planta medicinal como critério de eficácia, ou seja, não será necessária a realização de estudos clínicos, desde que seja comprovado uso seguro e efetivo para um período mínimo de 30 anos. “Atualmente, esses produtos estão divididos em medicamentos fitoterápicos, em que a comprovação de segurança e de eficácia é realizada por meio de estudos clínicos, e produto tradicional fitoterápico, por demonstração de tempo de uso. A tentativa é aproximar as normas brasileiras com as internacionais que, muitas vezes, são mais flexíveis do que as nacionais”, afirma a professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Elfriede Marianne Bacchi. Ilustrações Shutterstock
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Principais apresentações de fitoterápicos Comprimidos Apresentação farmacêutica, necessariamente industrializada, de uso oral, com absorção sistêmica, ou seja, os princípios ativos oriundos da droga vegetal e/ou extrato seco presentes na formulação, após a desintegração e dissolução nos fluidos corporais, atingirão a circulação sanguínea para então chegar ao sítio-alvo, onde exercerão sua atividade terapêutica.
Cápsulas Apresentação farmacêutica industrializada ou manipulada em farmácias magistrais, geralmente de uso oral, com absorção sistêmica. O tempo de ação é relativamente mais rápido do que o do comprimido.
Chás Referem-se à apresentação aquosa, constituída de uma infusão ou de cocção da droga vegetal em água fervente, que consegue extrair os princípios ativos para ser tomados por via oral a fim de obter também absorção sistêmica, porém em menor magnitude que os comprimidos e cápsulas por ser menos concentrada em princípios ativos.
Semissólidos Muitas vezes chamados genericamente de pomadas, são subclassificados em: • Pomadas Apresentações pastosas e gordurosas nas quais os derivados vegetais (extratos hidroalcoólicos, tinturas) estão dispersos numa base farmacêutica, constituída de matérias-primas gordurosas, como lanolina, vaselina, etc. São de ação epidérmica, ou seja, ficam retidas na superfície da pele com pouca ou nenhuma absorção dos princípios ativos pela camada cutânea. São indicadas, sobretudo, para proteção física ou mecânica da pele, quando esta se encontra fisicamente fragilizada. • Géis hidrofílicos – Apresentações com alguma consistência, porém de natureza aquosa, nas quais os derivados vegetais estão dispersos em uma base farmacêutica constituída por matérias-primas gelificantes, como carbômeros e hidroxietilcelulose. São de ação epidérmica, mas se concomitantemente utilizados com alguma prática fisiátrica (sonoforese, iontoforese), podem promover absorção nas camadas interiores da pele, chegando a uma ação endodérmica. • Cremes – Apresentações emulsificadas, constituídas de uma parte aquosa e outra oleosa, intimamente misturadas, nas quais os derivados vegetais estão dispersos nesta base farmacêutica anfifílica. Esta característica faz com que seja o semissólido de maior afinidade à pele, promovendo uma excelente permeação cutânea, o que permite muitas vezes uma ação endodérmica (nas camadas mais profundas da pele) e também diadérmica (podendo chegar à circulação sistêmica).
Fonte: membro do Grupo de Práticas Integrativas e Complementares do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Nilton Luz Netto Junior
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Dispensação
Uso correto dos fitoterápicos
C
Consumidor precisa ser bem informado. Mesmo tendo base natural, classe medicamentosa não é isenta de interações ou efeitos adversos
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Com o avanço da pesquisa e desenvolvimento voltados aos fitoterápicos, surgiram, nos últimos anos, produtos eficazes e seguros, possibilitando aos médicos e usuários a opção terapêutica de tratar e prevenir várias doenças com menos agravos à saúde que medicamentos sintéticos similares. “Os medicamentos fitoterápicos evoluíram muito em qualidade”, afirma a professora de Farmacognosia da Faculdade Oswaldo Cruz, Nilsa Sumie Yamashita Wadt. “O problema da sua prescrição é que muitos médicos não acreditam ou não sabem bem sobre os fitoterápicos, visto que eles não têm fitoterapia na graduação. Daí a importância da inclusão desses medicamentos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) [lista do Sistema Único de Saúde (SUS) em que constam medicamentos que devem atender às necessidades de saúde prioritárias da população brasileira]. Mesmo que sejam poucos itens disponíveis, já é um avanço”, acredita. Um exemplo é a espinheira santa, utilizada no tratamento de gastrites, revela a professora, lembrando que a vantagem dos medicamentos fitoterápicos é sua menor toxicidade em relação aos sintéticos. “Fitoterápicos disponíveis hoje podem ser utilizados em substituição aos alopáticos sem diminuição da eficácia medicamentosa, pois são pa-
dronizados e seguem parâmetros de qualidade iguais àqueles”, explica Nilsa. “Além disso, a escassa divulgação de pesquisa na área nos últimos 30 anos e alguns falsos paradigmas criados por pessoas desorientadas ou com interesses em prejudicar o setor, afastaram de forma significativa o interesse de boa parte da classe médica dessa categoria. Ensinamentos sobre a prática da fitoterapia há tempos já não são mais incluídos nas faculdades de Medicina, podendo ser alcançados apenas em cursos de especialização”, esclarece o professor de pós-graduação nas áreas de Fitoterapia e Farmacoterapia do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), Lincoln Marcelo Lourenço Cardoso. “Um dos grandes desafios do setor para a expansão do mercado é a aproximação dos profissionais prescritores da informação técnica e da evidenciação científica que justifique a utilização desses produtos por meio da demonstração de segurança e eficácia terapêutica.”
Atuação medicinal
Os fitoterápicos podem agir como profiláticos ou curativos em diversas doenças. Por ser produzidos exclusivamente com matéria-prima ativa vegetal, agem no organismo como alopáticos, sendo que todas as substâncias presentes na planta medicinal utilizada na sua preFoto Shutterstock
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Papel das farmácias na dispensação de fitos Farmácias e drogarias têm a missão de investir em ações de conscientização sobre o uso correto de medicamentos. A atenção ao consumidor pode incluir também a criação de folhetos explicativos sobre fitoterápicos, folders para públicos específicos (mulheres grávidas, lactantes, idosos, crianças) e até contratar consultores para dar palestra sobre o tema à população do entorno da farmácia, o que pode ser feito em parceria com a indústria, ensinam os especialistas em varejo. Além de contribuir para o uso responsável de medicamentos, essas ações trazem incremento à imagem da marca e se traduzem em resultados de vendas, com a fidelização da clientela. As empresas podem otimizar seus recursos e ampliar ganhos com medidas simples, como organizar os produtos de acordo com os interesses dos consumidores. No caso dos fitoterápicos, se possível, reservar a eles um local específico e próximo a produtos relacionados com o bem-estar, como os alimentos funcionais.
paração atuam em conjunto em um órgão ou sistema do organismo. A principal diferença com os sintéticos é que nestes existe uma agregação de elementos químicos para isolar a molécula principal, enquanto os fitoterápicos utilizam o chamado fitocomplexo, ou seja, todos os componentes do extrato seco padronizado ou da tintura interagem para a obtenção do efeito terapêutico desejado. O modo de ação dos medicamentos fitoterápicos está relacionado com sua composição, ou seja, às drogas vegetais que os compõem, pois há uma grande variedade de substâncias ativas presentes nessas drogas vegetais com atividade biológica, e que estão classificadas quimicamente. Essas classes de ativos podem apresentar mais de uma atividade e a droga vegetal apresenta mais de uma classe de ativos. As principais classes são os taninos, flavonoides, antraquinonas, saponinas, cardioativos, óleos essenciais, alcaloides, lignoides, entre outras. A opção pela utilização dos fitoterápicos deve ser sempre endossada por um profissional habilitado em prescrevê-los. “Em primeiro plano, os médicos. Porém, outros profissionais, como farmacêuticos e nutricionistas, já gozam de regulamentação que lhes permite prescrever fitoterápicos, desde que eles não requeiram prescrição médica”, revela o professor do ICTQ. “O farmacêutico pode indicar e prescrever um fitoterápico da mesma forma que um Medicamento Isento de Prescrição (MIP)”, revela o membro do Grupo de Práticas Integrativas e Complementares do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Nilton Luz Netto Junior. “Deve-se optar por aqueles que possam ser utilizados sem a vigilância de um médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitoramento, e não usá-los em doenças, distúrbios, condições ou ações consideradas graves”, salienta. “As reações adversas que possam ocorrer durante o tratamento, e que porventura não sejam previstas, devem se notificadas ao fabricante e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que sejam documentadas”, acentua o especialista. “Mesmo que o médico não prescreva um fitoterápico, ele ou o farmacêuti-
co devem perguntar ao paciente se ele está fazendo uso desse tipo de medicamento e alertá-lo para a possibilidade de interações, devido ao uso concomitante”, pondera a professora titular da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Elfriede Marianne Bacchi. Considerando que os fitoterápicos são compostos por várias substâncias, ou seja, todas aquelas presentes em um vegetal ou no extrato vegetal, não devem ser utilizados em doenças em que uma faixa muito estreita de dose é necessária, na opinião da professora da USP. Como exemplo, ela cita os glicosídeos cardiotônicos, que são substâncias que atuam aumentando a força de contração do coração. Nesse caso, a faixa terapêutica, isto é, o limite entre a dose terapêutica e a dose tóxica, é muito estreita. “Imaginando que, em vez de prescrever um glicosídeo cardiotônico, o médico prescreva um fitoterápico contendo glicosídeos cardiotônicos, várias outras substâncias, além dos glicosídeos cardiotônicos ou de um glicosídeo cardiotônico específico, estarão presentes, interferindo na atividade. Dessa maneira, o medicamento poderá causar intoxicação ou não ter efeito, lembrando que é impossível quantificar todas as substâncias presentes em um fitoterápico”, aponta. A principal indicação de um fitoterápico é para casos em que haja um sinergismo. “Duas ou mais substâncias presentes no fitoterápico atuam de modo sinérgico, de forma a podermos diminuir a dose, com o mesmo efeito e, ao mesmo tempo, diminuindo possíveis efeitos tóxicos.” Para a professora Nilsa, da Faculdade Oswaldo Cruz, é possível associar medicamento fitoterápico com sintético, porém as interações devem ser bem monitoradas. Ela lembra que os medicamentos à base de Gingko biloba, por exemplo, não podem ser utilizados no longo prazo, pois interferem em fatores de coagulação, consequentemente, não se deve tomá-los com anticoagulantes. “Esse é um erro muito comum, pois a população, principalmente os idosos, gosta de tomar ácido acetilsalisílico infantil, pois acredita que ‘afina o sangue’, mas esta ação é a mesma do Gingko biloba”, revela. MARÇO 2015 • Especial Fito • 33
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Serviços
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) http://portal.anvisa.gov.br
Amazônia Fitomedicamentos www.amazoniafitomedicamentos.com.br
Aspen Pharma www.aspenpharma.com.br
Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (Abifisa) www.abifisa.org.br
B
Brasterápica www.brasterapica.com.br
C
Centro Universitário São Camilo www.saocamilo-sp.br
Confederação Nacional de Saúde (CNS) www.cns.org.br
Conselho Federal de Farmácia (CFF) www.cff.org.br
F
H Herbarium www.herbarium.com.br
I ICTQ http://ictq.com.br
IMS Health www.imshealth.com
M
Marjan Farma www.marjan.com.br
N
Natulab www.natulab.com.br
S
Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) www.sindusfarma.org.br
U
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) http://ufsc.br
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) www.unifesp.br
Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo www.fcf.usp.br
Faculdades Oswaldo Cruz www.oswaldocruz.br
Federação Brasileira das Redes Associativistas e Independentes de Farmácias (Febrafar) http://febrafar.com.br
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VITATRAT: Aesculus hippocastanum L. - Reg. MS: 1.5400.0005 Apresentação: 250mg Indicações: Indicado para tratamento de sintomas da insuficiência venosa, como sensação de dor e peso nas pernas, inchaço, câimbras, prurido e fragilidade capilar. Contraindicações: Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes da fórmula, pacientes com insuficiência do fígado ou dos rins, crianças e mulheres grávidas. VITATRAT® É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.
CALMAVITA: Passiflora incarnata L. - Reg. MS: 1.5400.0047 Apresentação: 320mg Indicações: Indicado para tratar estados de irritabilidade, agitação nervosa, tratamento de insônia e desordens da ansiedade. Contraindicações: Pacientes com histórico de hipersensibilidade e alergia a qualquer um dos componentes da fórmula não devem fazer uso deste produto. Mulheres grávidas, ou em fase de amamentação, não deverão fazer uso deste medicamento sem orientação médica. Este medicamento não deve ser utilizado junto a bebidas alcoólicas. Também não deve ser associado a outros medicamentos com efeito sedativo, hipnótico e anti-histamínico CALMAVITA® É UM MEDICAMENTO. DURANTE SEU USO, NÃO DIRIJA VEÍCULOS OU OPERE MÁQUINAS, POIS SUA AGILIDADE E ATENÇÃO PODEM ESTAR PREJUDICADAS.
XAROPE BRONQUIVITA: Tintura de folhas de Eucalyptus globulus Labill - Reg. MS: 1.5400.0035 Apresentação: frasco 150 mL Indicações: Indicado como expectorante, ocasionando uma redução da viscosidade do catarro, o que auxilia em sua eliminação. Este produto também é indicado como antitussígeno Contraindicações: Contraindicado para menores de 2 anos. Durante a lactação, para pacientes com histórico de hipersensibilidade aos componentes da fórmula ou a outros óleos essenciais, nos casos de inflamação do trato gastrointestinal e das vias biliares ou nas doenças do fígado. Este medicamento não deve ser utilizado por mulheres grávidas sem orientação médica ou do cirurgião-dentista. BRONQUIVITA® É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.
REUMALIV: Harpagophytum procumbens - Reg. MS: 1.5400.0037 Apresentação: 350mg Indicações: Indicado como auxiliar no tratamento de processos inflamatórios articulares, como artrose e artrite reumatóide. Contraindicações: Este medicamento não deve ser utilizado por pacientes com alergia conhecida à raiz de Harpagophytum procumbens. Pacientes que apresentam úlceras pépticas e duodenais (lesões localizadas no estômago e intestino), mulheres grávidas ou que estão amamentando e menores de 12 anos. REUMALIV® É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.
XAROPE GUACOVITA: Mikania glomerata + ASSOCIAÇÃO - Reg. MS: 1.5400.0036 Apresentação: frasco 150 ml Indicações: Indicado como antitussígeno e expectorante. Contraindicações: Este medicamento não deve ser utilizado por pacientes com alergia conhecida aos componentes da formulação. Pacientes que apresentam úlceras (lesões) no estômago, intestino e doenças inflamatórias nos rins. GUACOVITA® É UM MEDICAMENTO. SEU USO PODE TRAZER RISCOS. PROCURE O MÉDICO E O FARMACÊUTICO. LEIA A BULA.
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