PARTE INTEGRANTE DO
GUIA DA FARMÁCIA
ANO XXV | Nº 304 | MARÇO DE 2018
Opção considerável
REVISTA DIRIGIDA AOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
O Brasil tem contribuído para a produção de novos medicamentos fitoterápicos, devido à sua enorme biodiversidade. Esse mercado vem se desenvolvendo com consistência e, assim, muitos tratamentos já podem ser feitos com base única nesses produtos e com resultados satisfatórios.
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EDITORIAL ESPECIAL FITO – MARÇO DE 2018
NICHO ESPECÍFICO
A
utilização de plantas como base para tratar doenças é um hábito milenar, seja por meio de chás, outros preparos caseiros ou até, mais recentemente, os medicamentos fitoterápicos. Entretanto, é importante que se esclareça de que forma as plantas in natura se diferenciam dos medicamentos. As plantas medicinais são as espécies vegetais, cultivadas ou não, em geral, tradicionalmente utilizadas com o propósito de aliviar sintomas e/ou promover a cura de afecções, além de identificá-las e prepará-las corretamente. Normalmente, a população faz uso por meio de infusões, decocções, macerados, alcoolaturas, tinturas, constituindo exemplos derivados de vegetais. Já os medicamentos fitoterápicos são aqueles obtidos a partir das plantas medicinais (drogas ou derivados vegetais), as quais passam por operações farmacotécnicas ou de tecnoDiretoria logia farmacêutica para ser inseridas em uma forma farmacêutica. Gustavo Godoy, Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada por meio de ensaios farmacológicos e toxicológicos, Marcial Guimarães que garantam eficácia, segurança e qualidade, para ser registrados e utilizados com o fim profilático. e Vinícius Dall’Ovo A preferência pelo seu uso tem crescido bastante, principalmente porque as pessoas estão buscando contento@contento.com.br mais qualidade de vida e produtos menos agressivos ao organismo. Editora-chefe Uma grande força desse mercado está na busca por uma vida mais saudável e, acima de tudo, o moviLígia Favoretto mento de “volta ao natural”, contemplando a saúde de forma integral, holística e com foco em prevenção. ligia@contento.com.br Para que se alcancem boas vendas, é essencial que os fitoterápicos garantam visibilidade no ponto de Assistente de Redação venda (PDV) junto aos demais Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Aliás, esse é, justamente, o Laura Martins primeiro ponto a se pensar na hora de expor a categoria. Editor de Arte Acompanhe na íntegra o Especial Fito 2018 e conheça o potencial dessa classe medicamentosa, que Junior B. Santos pode gerar boas margens para o seu negócio. Assistente de Arte Giulliana Pimentel
Boa leitura!
Comercial (executivas de contas) Jucélia Rezende (jucelia@contento. com.br) e Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br)
Lígia Favoretto Editora-chefe
Colaboradores da Edição Textos Kathlen Ramos Revisora Maria Elisa Guedes Impressão AR Fernandez Gráfica
SUMÁRIO Cenário................................. 06
Emagrecimento..................... 22
Legislação..............................10
Estresse e Insônia................. 24
Atendimento......................... 14
Menopausa............................28
Saúde.....................................18
Memória................................30
Depressão e Ansiedade........ 20
Prisão de Ventre....................32
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CENÁRIO
TERAPIAS ALTERNATIVAS
EM ALTA
BUSCA DE SOLUÇÕES EFICAZES, PORÉM, MENOS AGRESSIVAS E MAIS SUSTENTÁVEIS PARA OS TRATAMENTOS DE SAÚDE, FAZ COM QUE MEDICAMENTOS FITOTERÁPICOS CRESÇAM FORTEMENTE NO MERCADO TEXTOS KATHLEN RAMOS 6
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H
omeopatia, medicina tradicional chinesa, acupuntura, musicoterapia, naturopatia, quiropraxia, reflexoterapia, reiki, yoga... São diversas as modalidades de recursos terapêuticos que têm sido procuradas pelos brasileiros para a busca da cura ou prevenção das mais diversas doenças. E nesse hall de opções, estão os medicamentos fitoterápicos, obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. Este Suplemento Especial Fito apurou onde estão as principais forças dos medicamentos fitoterápicos no País. Acompanhe: IMAGENS: SHUTTERSTOCK
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MATÉRIA-PRIMA NATURAL
“A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) também impulsionou o acesso a esses tratamentos”, reforça Rodrigues. A PNPMF, desenvolvida em 2006 pelo Ministério da Saúde (MS), vem garantindo à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Tanto que chegou a 12 o número de medicamentos disponíveis atualmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre eles: Alcachofra, Aroeira, Babosa, Cáscara Sagrada, Hortelã, Garra-do-Diabo, Guaco, Espinheira-Santa, Plantago, Salgueiro, Soja e Unha-de-Gato. Segundo o MS, seguem sendo estudados mais insumos para melhor atender a população. Ao todo, já foram investidos mais de R$ 35 milhões em 93 projetos de plantas medicinais e fitoterápicos no âmbito do SUS e, em 2016, foram registrados 89.037 atendimentos individuais de fitoterapia. “Entre 2013 e 2016, a busca por tratamentos à base de plantas medicinais e medicamentos fitoterápicos mais que dobrou: o crescimento foi de 161%, segundo dados do MS. No ano passado, essa procura chegou a quase 16 mil. Cerca de 3.250 estabelecimentos de 930 municípios brasileiros oferecem os produtos”, comenta o gerente de marketing da Aspen Pharma, Jackson Figueiredo. A membro do Conselho de Administração para a Área Médico-Científico da Herbarium, Dra. Jackeline Barbosa, lembra, ainda, que a Organização Mundial da Saúde (OMS) também vem estimulando o uso de recursos da medicina tradicional e integrativa nos sistemas de saúde. “Em seu documento Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional, preconiza o desenvolvimento de políticas, observando os requisitos de segurança, eficácia, qualidade, uso racional e acesso universal. A fitoterapia está inserida neste conjunto de recursos”, conta.
O fato de terem origem em ativos vegetais faz com que os medicamentos fitoterápicos sejam considerados menos agressivos quando comparados às versões sintéticas. “A preferência pelo seu uso tem crescido bastante, principalmente porque as pessoas estão buscando mais qualidade de vida e produtos menos agressivos ao organismo”, justifica o diretor presidente da Bionatus Laboratório Botânico e diretor vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Setor de Fitoterápicos, Suplemento Alimentar e Promoção da Saúde (Abifisa), Elzo Velani.
MENOS CONTRAINDICAÇÕES E EFEITOS ADVERSOS Parte da população usuária de medicamentos fitoterápicos dá preferência a estes medicamentos pelas fórmulas com menos aditivos, menor industrialização e volume cada vez mais reduzido de substâncias artificiais. “Ainda que fitoterápicos não estejam isentos de contraindicações ou efeitos adversos, a priorização da prevenção em lugar do tratamento e, em último caso, de terapias curativas mais brandas e naturais já é um caminho desejado pelo consumidor”, analisa o superintendente de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) e Assuntos Regulatórios da Natulab, Olavo Rodrigues. Para ele, uma grande força desse mercado está na busca por uma vida mais saudável e, acima de tudo, o movimento de “volta ao natural”, contemplando a saúde de forma integral, holística e com foco em prevenção.
POLÍTICAS PÚBLICAS Mesmo que com menor impacto ou com resultados mais lentos, políticas públicas também têm sido importantes para o setor.
EVOLUÇÃO DO MERCADO DE FITOTERÁPICOS Demanda de Mercado – Produtos Fitoterápicos – Últimos cinco anos MAT * 12 /2014
MAT 12 /2015
CANAL
Unid.
R$ Desc.
Unid.
R$ Desc.
Unid. (% Cres.)
R$ Desc. (% Cres.)
FARMÁCIAS
56.189.548
1.067.838.724,69
56.524.455
1.134.913.445,85
0,60
6,28
MAT 12 /2016 Unid.
R$ Desc.
53.593.772
1.173.997.896,13
MAT 12 /2017
Unid. (% Cres.) R$ Desc. (% Cres.) -5,18
3,44
Unid.
R$ Desc.
55.156.076
1.248.562.705,35
Unid. (% Cres.) R$ Desc. (% Cres.) 2,92
6,35
*MAT (Moving Annual Total, em português: Movimento Anual Total) Fonte: Close-Up Retail Market RM® – Banco MAT 12/2017 – unidades e reais com desconto
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CENÁRIO
EFICÁCIA COMPROVADA Enquanto medicamentos, os usuários podem ter a tranquilidade de uso de produtos seguros e eficazes. “Eles contam com rigorosos estudos de toxicologia e eficácia terapêutica; são submetidos à avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e somente são produzidos por laboratórios com Certificação de Boas Práticas de Fabricação e Controle”, descreve Velani. A médica geriatra e responsável pelo Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari, afirma, inclusive, que o Brasil possui uma legislação superior a muitos países no mundo quando se tratam de produtos fitoterápicos. “Nossa legislação sanitária é comparável e, em alguns aspectos, é até mais avançada do que a legislação europeia, principalmente a da Alemanha, onde se encontra o berço da fitoterapia científica. Os produtos fitoterápicos brasileiros possuem Controle de Qualidade de medicamentos constituídos por ativos sintéticos e têm de possuir alguma comprovação de eficácia e segurança, seja por meio de estudos clínicos, seja pelo uso tradicional”, garante.
PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL Outro atrativo desses medicamentos para os usuários é o fato de serem considerados sustentáveis. Segundo explica o consultor médico da Herbarium, Dr. Cezar Jones, o produto sustentável é aquele que apresenta o melhor desempenho ambiental ao longo do ciclo de vida, com função, qualidade e nível de satisfação iguais, ou melhor, se comparado com um produto-padrão. “Considerando-se a origem vegetal dos fitoterápicos, fica evidente que a preservação e a renovação das fontes utilizadas na fabricação desses produtos são renováveis e, portanto, sustentáveis”, justifica. 8
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ENTRE OS P ON T OS F UND A ME N TA IS A SE R E X P L OR A DOS E S TÁ O FAT O DE QUE O PA ÍS , UM A SUP E R P O T Ê NCI A A GR ÍCOL A , DISP ÕE D A M A IOR BIODI V E R SID A DE DO MUNDO PERFIL ETÁRIO DA POPULAÇÃO Com o aumento da expectativa de vida da população, o número crescente de idosos acima de 65 anos de idade, usualmente polimedicados, faz com que haja a necessidade de opções terapêuticas que sejam consideradas eficazes e com uma melhor tolerabilidade, conforme analisa a Dra. Rita de Cássia. “Muitos fitoterápicos se encaixam nesse conceito por terem eficácia comprovada e um bom perfil de eventos adversos”, sinaliza.
DESAFIOS E OPORTUNIDADES PARA O CRESCIMENTO O Brasil é o País com maiores características naturais para se tornar celeiro de insumos farmacêuticos do planeta, porque tem terra, sol e água em abundância. Além disso, em território nacional, encontram-se universidades com pesquisadores de alta qualidade, além da Empresa Brasileira
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ALGUMAS NOVIDADES E APOSTAS DA INDÚSTRIA As principais apostas da Natulab no mercado de medicamentos fitoterápicos estão nos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Entre os últimos lançamentos da empresa, estão os fitoterápicos Cardomarin, que tem como princípios ativos as silimarinas (cuja função terapêutica é de proteção hepática, sendo indicada como coadjuvante em casos de esteatose hepática e lesões do fígado); e Pausefemme, à base de isoflavonas da soja, que trata os sintomas indesejados da menopausa. Já a Aspen Pharma aposta no mercado de calmantes fitoterápicos. Um dos medicamentos do portfólio nesse segmento é o Calman, que traz (extrato seco de Passiflora incarnata L., extrato seco de Crataegus oxyacantha L. e extrato seco de Salix alba L.). “Ainda este ano, lançaremos um novo fitoterápico no mercado”, revela o gerente de marketing da empresa, Jackson Figueiredo. Na Bionatus, os investimentos da empresa estarão focados, principalmente, nas compras governamentais, por meio de licitações públicas. “Temos praticamente todos os medicamentos fitoterápicos listados na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME) e um departamento de Licitações que atua em todas as unidades da federação, divulgando o conceito dos medicamentos fitoterápicos junto à classe médica”, afirma o diretor presidente da Bionatus Laboratório Botânico e diretor vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Setor de Fitoterápicos, Suplemento Alimentar e Promoção da Saúde (Abifisa), Elzo Velani. “Acreditamos que o fortalecimento das compras públicas trará como consequência um crescimento das prescrições nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), aumentando o conhecimento dos prescritores e da população, e este fato pode contribuir para uma migração para farmácias e drogarias”, analisa. Além disso, a empresa também está firmando parcerias estratégicas com redes de farmácias para a produção de medicamentos fitoterápicos clones com marca própria. Segundo Velani, os medicamentos clones têm o mesmo conceito dos similares, com a única diferença de que é necessário apontar um laboratório parceiro. “As marcas próprias, hoje, são uma realidade de mercado e, recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma resolução autorizando a produção de clones de medicamentos fitoterápicos pelas indústrias farmacêuticas com a marca própria da rede de farmácia”, diz. Entre os últimos lançamentos da empresa está o Isoclin (isoflavonas de soja).
de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que é uma referência mundial em tecnologia agrícola. Apesar de todas essas vantagens capazes de fortalecer o mercado de medicamentos fitoterápicos, o setor ainda enfrenta alguns desafios. Entre eles, é a falta de capacitação do médico prescritor. “Infelizmente, as universidades de Medicina não possuem, na grade curricular, as disciplinas que abordem os medicamentos fitoterápicos, as plantas medicinais, os processos de fabricação, a farmacologia, etc., o que restringe a prescrição destes medicamentos para a população brasileira”, pontua Velani. O superintendente de P&D e Assuntos Regulatórios da Natulab também acredita que o maior desafio do setor é o desconhecimento por parte dos prescritores. “As escolas de formação superior não estão prontas e sequer dispõem de disciplinas específicas sobre o tema em suas grades curriculares. Além disso, há desconhecimento por
parte da população em geral e dos profissionais do ponto de venda (PDV) sobre as técnicas de produção de medicamentos fitoterápicos, que permitam distingui-los dos sintéticos e de outras categorias, como homeopáticos e florais”, diz. Apesar desses grandes desafios, também há diversas oportunidades no Brasil em relação aos fitoterápicos. Entre os pontos fundamentais a ser explorados está o fato de que o País, uma superpotência agrícola, dispõe da maior biodiversidade do mundo. Assim, tem potencial para desenvolver internamente os próprios medicamentos fitoterápicos, sejam eles inovadores ou clássicos, tornando-se menos dependente de empresas estrangeiras e despontando como exportador de produtos e tecnologia nessa área, segundo comenta a diretora de marketing da Natulab, Ivana Marques. “Também há espaço para melhorar o treinamento e desenvolvimento do PDV, já que farmacêuticos podem prescrever estes produtos, com balconistas auxiliando na orientação a respeito dos fitoterápicos”, finaliza.
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RESÍDUOS AVERIGUADOS REGULAÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA PRETENDE ESTIPULAR REGRAS PARA QUE A INDÚSTRIA DE FITOTERÁPICOS APRESENTE UMA ANÁLISE SOBRE OS AGROTÓXICOS QUE PODEM ESTAR PRESENTES EM SEUS MEDICAMENTOS
A
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) havia estabelecido que os fabricantes de fitoterápicos teriam até 1º de janeiro deste ano para apresentar a análise de resíduos de agrotóxicos para os seus produtos. “Os objetivos são conhecer o perfil de contaminantes comumente empregados no cultivo de plantas medicinais e permitir que não sejam comercializados fitoterápicos que 10
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contenham resíduos de agrotóxicos acima de limites considerados seguros. Assim, o objetivo está focado na avaliação dos resíduos de agrotóxicos e não na comprovação de sua presença”, esclarece o gerente da gerência de Medicamentos Específicos, Notificados, Fitoterápicos, Dinamizados e Gases Medicinais (GMESP), da Anvisa, João Paulo Silverio Perfeito. Entretanto, como esses testes são de difícil implementação e custos elevados, a diretoria da Anvisa suspendeu, por meio da Resolução de Diretoria Colegiada IMAGENS: SHUTTERSTOCK
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(RDC) 196/17, o prazo para a apresentação dos testes enquanto as empresas ainda estão se adequando. A publicação suspende os prazos estabelecidos nos § 4º e § 6º do Art. 13 e § 4º e § 7º do Art. 15 da RDC 26/14 e estão relacionados à apresentação dos resultados das análises de ocratoxinas, fumonisinas, tricotecenos e resíduos de agrotóxicos em fitoterápicos. Embora os prazos tenham sido suspensos, várias empresas já protocolaram os resultados das análises de resíduos de agrotóxicos de seus fitoterápicos registrados. “A dificuldade de implementar essa análise não quer dizer que os produtos que estão no mercado estejam contaminados com resíduos de agrotóxicos. Ela está mais relacionada à dificuldade de adequação das empresas à realização das análises necessárias devido à sua complexidade”, reforça Silverio Perfeito. Vale lembrar que, para a análise de aflatoxinas (tipo de toxina produzida por fungos), não houve alteração. Isso porque a exigência já fazia parte da norma anterior que tratava do registro de medicamentos fitoterápicos – a RDC14/10. Desta forma, os resultados das análises de aflatoxina continuam a ser exigidos pela Anvisa como parte do relatório de controle de qualidade de fitoterápicos.
AVALIAÇÃO VÁLIDA Para o gerente de marketing da Aspen Pharma, Jackson Figueiredo, essa medida da Anvisa vem como uma proteção a mais para o consumidor, uma vez que todos os medicamentos fitoterápicos já são submetidos a um alto rigor de fabricação. “A nova regra garante que não há presença de agrotóxicos nos medicamentos fitoterápicos e, caso haja, assegura que a quantidade apresentada no medicamento não faz mal à saúde”, diz. “No Brasil, só é permitido o uso de agroquímicos em plantas medicinais quando o produto é registrado para aquela cultura específica, mas como até hoje não acontecia um acompanhamento deste processo, será um passo importante para o mercado”, conclui. Para o diretor presidente da Bionatus Laboratório Botânico e diretor vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e Promoção da Saúde (Abifisa), Elzo Velani, a medida da Anvisa é válida, mas pondera que o País ainda não possui laboratórios qualificados para realizar esses testes em insumos farmacêuticos, e os estu-
O OB JE T I V O E S TÁ F OC A DO N A AVA L I A Ç Ã O DOS R E SÍ DUOS DE A GRO T ÓX IC OS E N Ã O N A C OMP RO VA Ç Ã O DE SU A P R E SE NÇ A
dos preliminares para se chegar a essas respostas são caríssimos e poderiam prejudicar o setor. “Temos um grande impasse: não existem empresas capacitadas e auditadas pela Anvisa em número suficiente para realizar todas as análises, e a terceirização com empresas internacionais não está prevista na legislação. De qualquer forma, essa matéria merece um estudo mais profundo, porque os impactos no setor serão muito fortes e podem culminar no desaparecimento de produtos e empresas no médio prazo”, considera Velani, prevendo que a nova norma só será publicada quando esse problema tiver uma solução.
EXISTEM RISCOS DE CONTAMINAÇÃO ENTRE OS USUÁRIOS? Segundo o especialista da GMESP, não se espera que haja contaminação nos fitoterápicos comercializados no País, porém, não se pode afirmar com certeza, pois essa análise não é obrigatória até o momento. “A Anvisa vem discutindo desde 2009, com diversos órgãos e com as empresas, o processo de implementação da análise de resíduos de agrotóxicos em fitoterápicos. Caso venha a ser descoberta alguma contaminação não esperada, o risco irá variar de acordo com o resíduo de agrotóxico encontrado”, pondera. A Anvisa também abriu a possibilidade de dispensar de tal análise as plantas medicinais que compõem os fitoterápicos e que são produzidas pelo sistema de agricultura orgânica. Espera-se, com isso, estimular a produção de plantas medicinais pelo sistema orgânico. “Internacionalmente, não são relatadas muitas contaminações em produtos regularizados pelas diferen-
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DE QUE FORMA A SEGURANÇA E EFICÁCIA DOS FITOTERÁPICOS É COMPROVADA? A legislação brasileira atual divide os fitoterápicos em duas categorias, os Medicamentos Fitoterápicos (MFs), que têm sua segurança e eficácia baseada na apresentação de estudos não clínicos e clínicos; e os Produtos Tradicionais Fitoterápicos (PTFs), que comprovam sua segurança e eficácia por meio da comprovação do uso tradicional em seres humanos. Em relação aos medicamentos, segundo explica o diretor presidente da Bionatus Laboratório Botânico e diretor vice-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e Promoção da Saúde (Abifisa), Elzo Velani, boa parte deles tem origem estrangeira e foi registrada a partir de estudos internacionais ou utilização tradicional em países da comunidade europeia há mais de 30 anos. O executivo explica que, para um medicamento fitoterápico novo ser registrado no Brasil, deve ter estudos de toxicidade e testes de eficácia terapêutica até a fase IV (estudos executados após a comercialização do medicamento). “Muitas empresas optam por lançar produtos de registro simplificado ou de origem internacional porque um estudo completo pode demorar mais de dez anos para ser aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”, diz. Segundo explica o gerente da gerência deMedicamentos Específicos, Notificados, Fitoterápicos, Dinamizados e Gases Medicinais (GMESP), da Anvisa, João Paulo Silverio Perfeito, a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 26/14 traz todos os requisitos, tanto para a apresentação dos testes, como para a comprovação da tradicionalidade. “Essa RDC é complementada por meio da Instrução Normativa (IN) 4/14, que é um guia contendo cerca de cem páginas que detalham toda a regulação de registro de fitoterápicos no Brasil. A segurança e a eficácia de um fitoterápico também estão diretamente relacionadas à sua qualidade”, reforça o executivo, salientando que tanto os MFs quanto os PTFs devem seguir os mesmos requisitos detalhados de qualidade e boas práticas de fabricação presentes nas normas supracitadas e que são harmonizadas internacionalmente, a fim de possibilitar o monitoramento da qualidade dos medicamentos.
tes agências de referência. O que se conhece, normalmente, são contaminações em produtos não regulares, que são comercializados sem controle”, esclarece Silverio Perfeito. Para o vice-presidente da Abifisa, todo resíduo de agrotóxico pode trazer prejuízos aos usuários, como 12
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ocorre também com os alimentos. Entretanto, os casos poderiam ser reportados de outra forma. “Existe uma diretoria de Fármaco na vigilância da Anvisa que poderia reportar casos de não conformidade, quando houver, e apontar a extensão e o número desses casos”, avalia.
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PLANTAS MEDICINAIS OU FITOTERÁPICOS: SAIBA DIFERENCIÁ-LOS EMBORA ESTEJAM ASSOCIADOS, OS CONCEITOS SÃO DISTINTOS E É IMPORTANTE SABER EXPLICAR AO CONSUMIDOR NO PONTO DE VENDA
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utilização de plantas como base para tratar doenças é um hábito milenar, seja por meio do uso de chás, outros preparos caseiros ou até, mais recentemente, os medicamentos fitoterápicos. Entretanto, é importante que se esclareça de que forma as plantas in natura se diferenciam dos medicamentos. Segundo explica a farmacêutica com habilitação em indústria, especialista em Gestão Far14
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macêutica, Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica, doutora em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (área Farmacologia) e professora adjunta da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Dra. Camila de Albuquerque Montenegro, as plantas medicinais são as espécies vegetais, cultivadas ou não, em geral, tradicionalmente utilizadas com o propósito de aliviar sintomas e/ou promover a cura de afecções. “Para que o uso das mesmas seja racional, recomenda-se que se saiba onde a planta foi cultivada e coletada, IMAGENS: SHUTTERSTOCK
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PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DE UM FITOTERÁPICO 1º. SELEÇÃO DA PLANTA, COLHEITA, IDENTIFICAÇÃO, ESTABILIZAÇÃO DA PLANTA (SECAGEM, CONGELAMENTO, LIOFILIZAÇÃO, ETC.) E DEPÓSITO NO HERBÁRIO. Também fazem parte desse processo a moagem; a análise qualitativa dos extratos; o isolamento dos componentes ativos; e a purificação. 2º. ESTUDOS DE CARACTERIZAÇÃO FITOQUÍMICA. Que apontam quais são as substâncias e os metabólitos secundários (flavonoides, taninos, terpenos) existentes na planta. O objetivo é o de estipular qual classe de metabólitos é a marcadora da espécie e, assim, atribuir a ela o efeito farmacológico constatado nos testes. 3º. ENSAIOS NÃO CLÍNICOS PARA DETERMINAR TOXICIDADE E INVESTIGAR EFEITOS BIOLÓGICOS FARMACOLÓGICOS ( IN VITRO E IN VIVO ). Por exemplo, se in vitro (com cultura de células ou microrganismos), o extrato da planta foi capaz de matar ou inibir a bactéria Staphilococcus aureus, atribui-se um efeito farmacológico chamado de antimicrobiano; quando há a morte da bactéria, cita-se que a espécie apresenta um efeito bactericida; se inibe o crescimento, é bacteriostática. Os ensaios in vivo, por sua vez, são realizados em animais (camundongos, ratos, coelhos...). 4º. DETERMINAÇÃO DA FORMA FARMACÊUTICA (PADRONIZAR E VALIDAR). Esta é a etapa em que uma matéria-prima precisa ser inserida em uma forma farmacêutica (comprimido, cápsula, solução, emulsão, suspensão, xarope, pomada, gel, etc.). Para isso, é necessário pesquisar qual é a forma mais adequada, bem como os adjuvantes (veículos). 5º. ESTUDOS DE ESTABILIDADE. Que submetem o medicamento a alterações, como, por exemplo, aumento de temperatura, expondo-o por vários dias ou meses. Observa-se o quanto ele resiste ou se degrada, com o intuito de determinar o prazo de validade do produto. 6º. ESTUDO FARMACOCINÉTICO. Para verificar quanto tempo, após a administração daquele medicamento, o princípio ativo atinge a corrente sanguínea pelo processo farmacocinético de absorção e como será distribuído pelo organismo até o sítio/local de ação dessa substância. Avalia-se, ainda, como se interage com esse sítio (proteína = receptor, canal iônico, enzima, transportador), para então ser metabolizado (geralmente no fígado) e ser excretado do organismo (pela urina, principalmente, mas também podendo ser eliminado pelas fezes, suor ou leite materno). 7º. ENSAIOS CLÍNICOS DE FASE 1 A 3. Os ensaios da fase 1 consistem em testar pacientes sadios para identificar reações adversas; da fase 2, os pacientes são acometidos com a doença para a qual o medicamento está sendo desenvolvido para constatar efetividade; e, na fase 3, amplia-se o número de pacientes submetidos a este teste. 8º. REALIZAÇÃO DO CONTROLE DE QUALIDADE DO PRODUTO E DO PROCESSO. 9º. DESENVOLVIMENTO DE BULA E EMBALAGEM. 10º. CREDENCIAMENTO DA EMPRESA NA VIGILÂNCIA SANITÁRIA E NAS BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO. 11º. REGISTRO FITOTERÁPICO NA AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (ANVISA) E PATENTE. 12º. APROVAÇÃO DO REGISTRO. 13º. COMERCIALIZAÇÃO, ENTRANDO NA FASE 4 DO ENSAIO CLÍNICO. Que consiste na farmacovigilância e comercialização do produto. Fonte: farmacêutica com habilitação em indústria, especialista em Gestão Farmacêutica, Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica, doutora em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (área Farmacologia) e professora adjunta da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Dra. Camila de Albuquerque Montenegro
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ATENDIMENTO
DÚVIDAS FREQUENTES OS FITOTERÁPICOS SÓ TÊM VEGETAIS NA SUA COMPOSIÇÃO? Por definição, fitoterápico é um produto composto exclusivamente com substâncias de origem vegetal. Quando se acrescentam outras substâncias (inclusive substâncias químicas de origem vegetal, mas isoladas quimicamente), deixam de ser assim considerados. O TRATAMENTO COM FITOTERAPIA TEM CONTRAINDICAÇÃO? Pode ter. Dessa forma, faz-se necessário observar o paciente: quais tipos de hipersensibilidade ele apresenta, idade, enfermidades crônicas e comprometimento fisiológico dos sistemas para poder atribuir contraindicação. QUAIS FITOTERÁPICOS PODEM SER CONTRAINDICADOS? São exemplos Aesculus hippocastanum L . (castanha-da-índia), que tem contraindicações para gestantes, nutrizes, crianças; Piper methysticum G. Forst (Kava-Kava), que não deve ser utilizada por mulheres grávidas ou amamentando e crianças, em pacientes com doença de Parkinson, psicose ou depressão; Centella asiática, que não deve ser usada por grávidas e por lactantes, pessoas com insuficiência renal ou hepática, pessoas com gastrite e úlcera; e Ginkgo biloba, que é contraindicado no uso concomitante com aspirina, ticlopidina, antiagregante plaquetário e anticoagulantes, por apresentar um risco potencial de provocar uma hemorragia. QUAIS AS DIFERENÇAS ENTRE A FITOTERAPIA E A HOMEOPATIA? A fitoterapia só utiliza plantas, enquanto a homeopatia usa também elementos de origem mineral ou animal, considera o indivíduo como um todo e o seu tratamento para restabelecimento da saúde visa ao equilíbrio de energias. Para isso, utilizam-se medicamentos com princípios ativos diluídos e dinamizados, usados segundo o princípio de que semelhante cura semelhante. Por exemplo: para um paciente com febre, será administrado um medicamento com uma substância que ocasione febre. Já o tratamento por meio da fitoterapia segue a alopatia, com o princípio dos contrários: se alguém está com febre, utiliza-se um antitérmico. PODE-SE TOMAR UM FITOTERÁPICO SEM RECEITA MÉDICA, SÓ LENDO A BULA? Pode-se utilizar um medicamento fitoterápico sem prescrição médica, desde que a espécie vegetal que componha o produto conste na lista das isentas de prescrição [Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 10, de 9 de março de 2010]. Mesmo que o medicamento seja isento de prescrição médica, é recomendado e necessário o acompanhamento de um profissional da área da saúde para garantir a utilização correta e segura, ao eliminar as dúvidas do usuário e para que o objetivo terapêutico seja alcançado. Fontes: farmacêutica com habilitação em indústria, especialista em Gestão Farmacêutica, Atenção Farmacêutica e Farmacoterapia Clínica, doutora em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (área Farmacologia) e professora adjunta da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), Dra. Camila de Albuquerque Montenegro; farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti; e vice-presidente da Associação Médica Brasileira de Fitomedicina (Sobrafito), Dra. Ceci Mendes de Carvalho Lopes
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além de identificá-la e prepará-la corretamente. Normalmente, a população faz uso por meio de infusões, decocções, macerados, alcoolaturas, tinturas, constituindo exemplos de derivados vegetais”, esclarece. Já os medicamentos fitoterápicos são aqueles obtidos a partir das plantas medicinais (drogas ou derivados vegetais), as quais passam por operações farmacotécnicas ou de tecnologia farmacêutica para ser inseridas em uma forma farmacêutica. “Todo fitoterápico deve ter sua ação comprovada por meio de ensaios farmacológicos e toxicológicos, que garantam eficácia, segurança e qualidade, para ser registrados e utilizados com o fim profilático, curativo ou paliativo”, mostra a Dra. Camila. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reforça que quando a planta medicinal é industrializada para se obter um medicamento, tem-se como resultado o fitoterápico. “O processo de industrialização evita contaminações por microrganismos e substâncias estranhas, além de padronizar a quantidade e a forma certa que devem ser usadas, permitindo uma maior segurança de uso. Os fitoterápicos industrializados devem ser regularizados na Anvisa antes de ser comercializados”, explica a agência.
CUSTO ELEVADO O processo de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de um medicamento fitoterápico leva, em média, de dez a quinze anos para se concluir e, assim, exige-se uma quantia significativa de investimento, tempo, disposição e equipe competente. “Não é um processo rápido e simples porque a planta apresenta inúmeros componentes que poderão ser necessários para a produção da resposta farmacológica e será preciso identificá-los e isolá-los.
Esse estudo demanda concentração de esforços no sentido das dificuldades normalmente presentes para o isolamento do(s) ativo(s), sua comprovação farmacológica, segurança e eficácia terapêutica, e quais os benefícios adicionais estariam vinculados à sua utilização”, aponta a farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti. Como a planta se constitui em um complexo de substâncias presentes, o estudo é moroso, considerando todo o processo necessário para identificar quais ativos e em quais ações estão relacionados. “Essa é uma situação diferente de quando o pesquisador está trabalhando com uma molécula única e estruturalmente elucidada. Nesses casos, o que é obtido como resposta diz respeito somente a essa molécula e, portanto, muito diferente da situação de uma planta, que contém inúmeros componentes presentes”, comenta Maria Aparecida. Portanto, todo o processo envolve custo elevado e, no País, a disponibilidade de recursos financeiros para todas as fases que envolvem o desenvolvimento de medicamento, particularmente no que diz respeito às pesquisas científicas realizadas nas universidades, está muito prejudicada. “O custo de estudos envolvendo plantas deve ser estimulado e entendido em relação à sua importância, considerando que a nossa biodiversidade, ainda, em sua grande parte, não está estudada em relação às propriedades farmacológicas, além do que, a cultura indígena sobre o conhecimento do uso de plantas medicinais está sendo perdida porque as novas gerações querem viver em cidades e não mais em aldeias, onde as tradições poderiam ser perpetuadas”, pondera a especialista da USP.
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SAÚDE
DIVERSAS APLICAÇÕES OS FITOTERÁPICOS SE EXPANDIRAM NO MERCADO E, HOJE, PODEM SER DIRIGIDOS PARA UMA SÉRIE DE TRATAMENTOS. CONHEÇA, A SEGUIR, ALGUNS DELES
O
medicamento fitoterápico consiste em toda preparação farmacêutica (extratos, tinturas, pomadas e cápsulas) que utiliza como matéria-prima partes de plantas, como folhas, caules, raízes, flores e sementes, com conhecido efeito farmacológico. Ao longo dos anos, seu uso tem provado ser capaz de auxiliar no combate a doenças infecciosas, disfunções metabólicas, doenças alérgicas e traumas diversos. Acompanhe, na sequência, algumas das situações em que essa classe de medicamentos tem se mostrado eficaz e com efeitos satisfatórios. IMAGENS: SHUTTERSTOCK
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SAÚDE DEPRESSÃO E ANSIEDADE
A
depressão se difere das flutuações usuais de humor e das respostas emocionais de curta duração aos desafios da vida, segundo explica o Ministério da Saúde (MS). Especialmente quando de longa duração e com intensidade moderada ou grave, pode se tornar uma séria condição de saúde, causando um grande sofrimento e disfunção, seja no trabalho, na escola ou na família. “Esta é uma doença que se constitui como a maior causa de suicídio no mundo”, constata a psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria Cristina Oda, acrescentando que, entre os principais sintomas, estão alterações de humor, apatia, solidão, isolamento social, falta de vontade de agir e fadiga. As causas podem ser diversas e irem além das genéticas. “O individualismo e a carência das relações pessoais – em que há trocas afetivas – são fatores que contribuem para o aumento de depressão e da ansiedade na população”, comenta a psicanalista e mestre em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e integrante do quadro do Zenklub, Claudia Livingston Ades. Já a ansiedade, quando se dá de maneira generalizada, as manifestações não ocorrem na forma de ataques, nem se relacionam com situações determinadas. Estão presentes, na maioria dos dias e por longos períodos, de muitos meses ou anos.
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Valeriana (Valeriana officinalis L.)
Usado como sedativo moderado, hipnótico e no tratamento de distúrbios do sono associados à ansiedade.
Maracujá, flor da paixão ou maracujá doce (Passiflora incarnata L.)
Ansiolítico e sedativo leve.
Erva-de-são-joão ou hipérico (Hypericum perforatum L.)
Indicado para o tratamento dos estados depressivos leves a moderados.
Kava-kava (Piper methysticum G. Forst)
Indicado para o tratamento sintomático de estágios leves a moderados de ansiedade e insônia, em curto prazo (1-8 semanas de tratamento).
Camomila, matricária e maçanilha (Matricaria chamomilla L.)
Antiespasmódico, ansiolítico e sedativo leve. Anti-inflamatório em afecções da cavidade oral.
Fontes: psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria Cristina Oda; e Memento Fitoterápico – Enciclopédia Brasileira – 1ª Edição – da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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DEPRESSÃO E ANSIEDADE INFORMAÇÕES ADICIONAIS QUAIS SÃO AS ESTATÍSTICAS PARA ESSES PROBLEMAS? O número de pessoas que vivem com depressão aumentou 18% entre 2005 e 2015, segundo aponta um novo relatório global Depressão e outros distúrbios mentais comuns: estimativas globais de saúde, divulgado, no início de 2017, pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a depressão atinge 11,5 milhões de pessoas (5,8% da população), enquanto distúrbios relacionados à ansiedade afetam mais de 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população).
QUEM SÃO OS MAIORES ACOMETIDOS? No cenário mundial, as mulheres são as principais afetadas: 5,1% são depressivas. Entre os homens, a taxa é de 3,6%. A variação hormonal e o acúmulo de responsabilidades que as mulheres exercem hoje em dia são alguns dos fatores que podem contribuir para essa incidência.
Fontes: Portal ONUBR – Nações Unidas do Brasil; psicanalista e mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e integrante do quadro do Zenklub, Claudia Livingston Ades; e psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria Cristina Oda
OS ACOMETIDOS RECEBEM O TRATAMENTO ADEQUADO? Embora existam tratamentos eficazes conhecidos para depressão, menos da metade das pessoas com a doença no mundo (em muitos países, menos de 10%) recebe tratamento. Os obstáculos incluem falta de recursos e de profissionais capacitados e o estigma social associado aos transtornos mentais. Outra barreira ao atendimento eficaz é a avaliação imprecisa.
O sintoma principal é a expectativa apreensiva ou preocupação exagerada. Dessa forma, o acometido está, a maior parte do tempo, excessivamente preocupado*. “Falta de concentração, irritabilidade, falta de sono ou até comer muito para descarregar as emoções na alimentação são sintomas característicos”, descreve Maria Cristina. Segundo analisa Claudia, a ansiedade é um importante sinal de alerta diante do perigo; porém, quando crônica, torna-se preocupante. “No País, especificamente, estamos passando por mudanças em diversas esferas e o brasileiro desenvolveu um estado de alerta porque vive constantemente com medo. Medo da violência, do desemprego, das incertezas e de outros fatores”, lamenta. Seja qual for o caso, para quadros mais leves de depressão ou ansiedade, os medicamentos fitoterápicos têm mostrado ação bastante satisfatória, segundo comenta a especialista da BP. “Ativos como valeriana, passiflora e erva-de-são-joão têm mostrado ótimos resultados. Mas é importante que esses fitoterápicos provenham de laboratórios que tenham selo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que sejam usados com supervisão médica, inclusive para evitar o risco de interação com outros medicamentos”, adverte a psicóloga. *Projeto Diretrizes – Transtornos de Ansiedade: Diagnóstico e Tratamento, desenvolvido pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP).
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SAÚDE EMAGRECIMENTO
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oje, são inúmeros os brasileiros que procuram fórmulas para o emagrecimento. “Muitas pessoas querem soluções rápidas para o excesso de peso, mas sem alterações de comportamento. Elas querem continuar com uma alimentação pobre em fibras e em vegetais, mas rica em gorduras, açúcares livres, bebida alcoólica, e com ausência de exercício físico. Então, esse público costuma procurar fórmulas milagrosas para obter resultados”, comenta a nutricionista e presidente da Associação Paulista de Fitoterapia (APFit), Vanderli Marchiori. Entretanto, a nutricionista esclarece que não há milagres. Existe uma gama de medicamentos que podem ajudar a alcançar esses objetivos, mas a mudança no estilo de vida é fundamental para resultados satisfatórios. “Junto com os medicamentos, os usuários devem praticar a reeducação alimentar e aliar à prática de atividades físicas”, reforça. Entre os medicamentos que podem auxiliar pessoas que precisam de redução de peso estão os fitoterápicos. “Temos grupos específicos de fitoterápicos para cada ação que se deseja ter. Os mais usados são os lipolíticos, que trazem ativos capazes de quebrar as moléculas de gordura presentes no corpo. Nessa categoria, pode-se citar a erva-mate; e a casca da laranja amarga, por exemplo”, explica.
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Erva-mate (Ilex paraguariensis)
Tem ação voltada para a perda de peso.
Casca da laranja amarga (Citrus aurantium)
Pode proporcionar um melhor apetite, sendo essa uma das causas para justificar os benefícios para a perda de peso.
Laranja vermelha (Citrus sinensis)
Pode ser usada no tratamento e prevenção de diferentes doenças crônicas, como a obesidade e a resistência à insulina.
Extrato de feijão branco (Phaseolus vulgaris L.)
Estudos têm apontado para a propriedade de aumento de saciedade e, com isto, diminuição do peso corporal, devido ao alto poder de fibras, proteínas e à capacidade de inibição da alfa-amilase.
Extrato de chá verde (Camellia sinensis)
Estudos mostram que pode aumentar a taxa metabólica e a queima de gorduras, além de ser capaz de reduzir as taxas de açúcar no sangue.
Fontes: nutricionista e presidente da Associação Paulista de Fitoterapia (APFit), Vanderli Marchiori; Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde (MS); Portal Mundo Boa Forma; pesquisa Red Orange: Experimental Models and Epidemiological Evidence of Its Benefits on Human Health, da University of Catania; e Revista Brasileira de Nutrição Esportiva
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EMAGRECIMENTO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS COMO TEM SIDO O CRESCIMENTO DA OBESIDADE NO PAÍS? Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde (MS), em 2017, revela que, em dez anos, a obesidade no País aumentou cerca de 60%, indo de
11,8%, em 2006, para 18,9%, em 2016. A obesidade é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos maiores problemas de saúde pública da atualidade. De acordo com o levantamento Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe, o problema já atinge 20% das pessoas adultas no Brasil, enquanto mais da metade da população nacional está com sobrepeso.
QUAIS SÃO OS RISCOS DA OBESIDADE? Considerado fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e problemas cardiovasculares – responsáveis por mais
de 70% das mortes no Brasil –, o excesso de peso impacta, também, na expectativa de vida. De acordo com um estudo publicado na revista The Lancet, em 2016, estar acima do peso diminui cerca de um ano da expectativa de vida. Esse período sobe para cerca de dez anos em casos de obesidade severa.
COMO ESTÃO OS ÍNDICES DA OBESIDADE INFANTIL? A obesidade e o sobrepeso vêm aumentando no Brasil com uma tendência de crescimento
entre as crianças. Estima-se que 7,3% dos menores de cinco anos de idade estão acima do peso, sendo as meninas as mais afetadas. São vários os fatores que geram obesidade infantil, desde propensão genética, fatores alimentares, sedentarismo e doenças hormonais e metabólicas.
Fontes: endocrinologista no SPA Estância do Lago e membro da Associação Brasileira para Estudo da Obesidade (Abeso), Dr. Fabiano Lago; pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) Brasil 2014; Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na América Latina e Caribe
Além disso, a nutricionista afirma que essas substâncias também agem na redução da absorção de glicose ou na redução da resistência à insulina. “Outras substâncias que podem ajudar nessa ação são o extrato de chá verde, que diminui a absorção de glicose no corpo; o extrato do feijão branco, que inibe a absorção do carboidrato e então pode ser um grande adjuvante”, diz, acrescentando que os resultados dos medicamentos fitoterápicos no emagrecimento dependem muito do diagnóstico correto que levou à obesidade. Assim, acertar a substância depende de corrigir a causa do ganho de peso. “Esses medicamentos devem ser usados com orientação de um médico ou de um nutricionista”, conclui.
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SAÚDE ESTRESSE E INSÔNIA
E
stresse todo mundo tem. Afinal, esta é uma reação natural do corpo a alguma ameaça externa, segundo comenta o especialista em administração de tempo e produtividade e CEO da TriadPS, Christian Barbosa. “Desde o tempo das cavernas, o estresse atua em benefício do ser humano, já que, quando o homem precisava caçar, o estresse preparava o seu corpo para que tivesse mais foco e mais reflexos. Assim, nos momentos certos, o estresse é positivo. O grande problema é que, atualmente, ocorre com tamanha frequência que acaba sobrecarregando o organismo e prejudicando a saúde”, pondera. Quando sai do controle, o estresse pode trazer uma série de reações negativas. “O estresse é um mal comum da população atual, que vive no ritmo incessante da correria e da competição. De modo geral, o problema se consolida em pessoas com sobrecarga de atividades e pressões e se acentua entre os perfeccionistas, que querem ter o controle de tudo, seja na vida pessoal e profissional”, afirma a psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria Cristina Oda. Outra situação que pode levar ao estresse é a qualidade do sono. “A insônia não é uma doença. É um distúrbio que prejudica a qualidade de dormir. Quando não se consegue descansar a mente durante o sono, o acometido tende a se sentir cansado, com fadiga, irritado, sem energia e foco, reduzindo a produtividade e qualidade de vida. Os efeitos são cumulativos”, adverte. De acordo com o Instituto do Sono, a insônia pode ocorrer de três formas. A chamada inicial, que faz com que a pessoa tenha dificuldades para pegar no sono; a intermediária, responsável pelo sono interrompido de forma constante; e a insônia terminal, que provoca o despertar muito antes da hora de acordar. Segundo a psicóloga da BP, seja em quadros de estresse ou de insônia, o tratamento inicial pode se dar por meio de fitoterápicos. “Logo que são detectados os sintomas, especialmente em pacientes que têm resistência ao uso de medica-
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Valeriana (Valeriana officinalis L.)
Usado como sedativo moderado, hipnótico e no tratamento de distúrbios do sono associados à ansiedade.
Kava-kava (Piper methysticum G. Forst)
Indicado para o tratamento sintomático de estágios leves a moderados de ansiedade e insônia, em curto prazo (1-8 semanas de tratamento).
Maracujá, flor da paixão ou maracujá doce (Passiflora incarnata L.)
Ansiolítico e sedativo leve.
Fontes: psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria Cristina Oda; e Memento Fitoterápico – Enciclopédia Brasileira – 1ª Edição – da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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ESTRESSE E INSÔNIA INFORMAÇÕES ADICIONAIS QUAIS SÃO AS ESTATÍSTICAS PARA O ESTRESSE? Entre 2012 e 2016, transtornos mentais e comportamentais, como altos níveis de estresse, foram a terceira maior causa de afastamento dos trabalhadores brasileiros. Mais de 17 mil casos de concessão do auxílio-doença e da aposentadoria por invalidez foram registrados no período com esse motivo, segundo o Boletim Quadrimestral sobre Benefícios por Incapacidade, divulgado pelo governo federal. Dados da International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR) mostram que 89% da população sofre de estresse e que o País é o segundo no mundo que mais padece pelo problema.
QUAIS OS PREJUÍZOS DO ESTRESSE PARA OS ACOMETIDOS? O estresse elevado ou crônico é responsável pela manifestação de sintomas desconfortáveis e pelo desencadeamento de doenças gástricas, intestinais, cutâneas, respiratórias, cardiovasculares e psiquiátricas. Além disso, influencia vínculos e relacionamentos afetivos, profissionais e familiares, interação social, autoconfiança e autoestima.
E PARA A INSÔNIA? Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o distúrbio do sono atinge 45% da população. Pela Associação Brasileira do Sono, 36,5% dos brasileiros sofrem com esse problema. Hoje, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 11 milhões de brasileiros tomam medicamentos para dormir.
E O QUE A INSÔNIA PODE CAUSAR? Durante o sono, ocorrem vários processos metabólicos que, se alterados, podem afetar o equilíbrio de todo o organismo a curto, médio e, mesmo, em longo prazo. Estudos provam que quem dorme menos do que o necessário tem menor vigor físico, envelhece mais precocemente, está mais propenso a infecções, à obesidade, à hipertensão e ao diabetes.
Fontes: Agência Brasil – EBC; Portal do Hospital Alemão Oswaldo Cruz; Portal do Instituto do Sono; Portal Sono Paulista; e psicóloga da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Maria Cristina Oda
mentos sintéticos, os fitoterápicos, como valeriana e passiflora, podem trazer ótimos resultados, reduzindo a irritabilidade, por exemplo”, comenta. Entretanto, para melhores resultados, é fundamental consultar um médico. “Esse profissional irá avaliar o histórico do paciente, outros medicamentos já administrados e dar a orientação correta sobre efeitos e interações”, aconselha.
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SAÚDE MÁ CIRCULAÇÃO
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termo “má circulação” é usado quando se deseja fazer referência a problemas de circulação venosa e linfática dos membros inferiores. Entre esses problemas, o de varizes é o mais comum, segundo afirma o médico vascular do Hospital Santa Paula, Dr. Flávio Duarte. De acordo com o especialista, as causas que levam a uma insuficiência venosa em membros inferiores ainda não estão totalmente esclarecidas. “O que temos é a identificação de algumas alterações dos tecidos biológicos identificadas nas veias varicosas. A principal delas é uma do colágeno, presente na camada média da parede das veias. Essa fraqueza é transmitida geneticamente, podendo pular algumas gerações. No entanto, para que leve a uma dilatação da parede venosa, com o aparecimento de varizes, outros aspectos são importantes como o estilo de vida da paciente”, lembra. Assim, fatores, como sedentarismo, obesidade, uso de anticoncepcionais e até mesmo gravidez, enfraquecem ainda mais a parede venosa, precipitando o aparecimento das varizes. Quando o problema está na fase inicial, a dilatação inicial dos vasos na pele dos membros inferiores faz com que haja um incômodo estético
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Castanha-da-índia (Aesculus hippocastanum L.)
Age no tratamento da insuficiência venosa e fragilidade capilar.
Centela (Centella asiática)
Tratamento e profilaxia da insuficiência venosa dos membros inferiores.
Fontes: médico vascular do Hospital Santa Paula, Dr.Flávio Duarte; e bula Centella (Herbarium)
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MÁ CIRCULAÇÃO
INFORMAÇÕES ADICIONAIS QUANTOS POR CENTO SÃO ACOMETIDOS? Até 33% da população brasileira sofre por problemas de varizes, segundo estudo publicado pela Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista de Botucatu (UNESP). No mundo, existem diversos trabalhos sobre este distúrbio sanguíneo, que mostram números variáveis de 5% a 40% de pessoas afetadas, dependendo da população estudada.
QUAL A IMPORTÂNCIA DO TRATAMENTO PRECOCE? A evolução dos problemas venosos é lenta. À medida que aparecem os sintomas, o paciente deve procurar tratamento para evitar atingir estágios mais avançados, que alteram a nutrição e conservação da pele e causam úlceras de difícil cicatrização. A trombose também é um risco, devido à diminuição da velocidade da circulação em pacientes com estágios avançados.
QUAIS OS PREJUÍZOS DA MÁ CIRCULAÇÃO AOS ACOMETIDOS? A insuficiência venosa crônica é a sétima causa de afastamento do trabalho no Brasil. Todos os estudos mostram uma queda da qualidade de vida à medida que o grau de comprometimento venoso avança e uma melhora significativa após o início do tratamento adequado.
Fonte: médico vascular do Hospital Santa Paula, Dr. Flávio Duarte
devido ao aparecimento de pequenos vasos avermelhados ou veias azuladas. Entretanto, com o avanço do quadro, outros problemas podem surgir. “Podem aparecer sintomas, como edemas (principalmente no período vespertino e perimenstrual), sensação de peso ou cansaço, coceira e até mesmo, em casos mais avançados, alteração da pigmentação da pele (dermatite ocre), fibrose e úlceras”, enumera o Dr. Duarte, acrescentando que os sintomas de má circulação podem levar à perda de produtividade dos acometidos, por não conseguirem ficar em pé ou parados com os membros inferiores para baixo por longos períodos. Para o tratamento desses quadros, os fitoterápicos são aliados dos médicos, conforme indica o vascular do Hospital Santa Paula. “Esses medicamentos são utilizados para melhora dos sintomas, prevenção de complicações em situações de risco e durante os períodos pré e pós-operatórios dos tratamentos cirúrgicos para acelerar a recuperação dos pacientes”, diz. Segundo ele, os fitoterápicos têm diminuído os sintomas, como edema, peso, cansaço e, em menor grau, a coceira relatada por alguns pacientes, principalmente em temperaturas menores. Há, ainda, um efeito adjuvante importante no tratamento e fechamento de úlceras venosas dos membros inferiores; e melhora de fatores de inflamação na parede venosa.
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SAÚDE MENOPAUSA
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limatério e menopausa não são expressões semelhantes. Climatério é uma fase marcada pela transição do período reprodutivo para o não reprodutivo da mulher. Já a menopausa, ao contrário, tem data para começar: a da última menstruação. Ainda no climatério, segundo explica a gerente de Medicina Preventiva da NotreDame Intermédica, Dra. Daniela Leanza, a menstruação pode ficar irregular, com ciclos mais frequentes ou mais espaçados, com ou sem aumento do fluxo. Esse período de transição pode durar alguns anos, até a menstruação cessar completamente. “São comuns, nessa fase, sintomas, como ondas de calor, sudorese, calafrios, insônia e ansiedade. Com o passar do tempo, devido à falta do estrogênio, a mulher também pode passar a sofrer por ressecamento vaginal, alterações urinárias, ganho de peso, aumento do risco cardiovascular e dos níveis de colesterol. Perda de massa óssea, favorecendo a osteopenia e osteoporose são igualmente característicos”, enumera a especialista, reforçando que
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Soja (Glycine max)
É usada como coadjuvante no alívio dos sintomas do climatério, como ondas de calor e sudorese. É considerada modulador seletivo de receptores estrogênicos.
Trevo-vermelho (Trifolium pratense L.)
Age no alívio dos sintomas da menopausa (principalmente fogachos), mastalgia e síndrome pré-menstrual.
Cimicifuga (Actaea racemosa L. ou Cimicifuga racemosa)
Atua no alívio dos sintomas do climatério, como rubor, fogachos, transpiração excessiva, palpitações, alterações do humor, ansiedade e depressão.
Erva-de-são-joão ou hipérico (Hypericum perforatum L.)
Indicada para o tratamento dos estados depressivos leves a moderados.
Valeriana (Valeriana officinalis L.)
Usada como sedativo moderado, hipnótico e no tratamento de distúrbios do sono associados à ansiedade.
Melissa (Melissa officinalis)
Auxilia no tratamento da ansiedade e insônia, assim como em alguns sintomas gastrointestinais.
Fontes: gerente de Medicina Preventiva da NotreDame Intermédica, Dra. Daniela Leanza; e Memento Fitoterápico – Enciclopedia Brasileira – 1ª Edição – da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
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MENOPAUSA INFORMAÇÕES ADICIONAIS QUANDO OCORREM? O climatério começa por volta dos 40 anos de idade e se estende até a menopausa. O período de maior desconforto, caracterizado pelos sintomas clássicos de ondas de calor, suores noturnos, insônia e sensação de fadiga, começa por volta dos 45 ou 47 anos de idade e só termina dois a três anos após a última menstruação, aos 53 ou 54 anos de idade1.
QUANTOS POR CENTO SOFREM PELOS SINTOMAS? O climatério é um fenômeno natural, que ocorre com todas as mulheres e, cerca de 80%, apresentam sintomas em menor ou maior intensidade1.
SEGREDOS PARA A QUALIDADE DE VIDA NO PERÍODO: praticar atividades físicas, principalmente exercícios aeróbicos e de fortalecimento da musculatura; conversar com o médico sobre o consumo diário de cálcio; exercitar o cérebro em jogos de raciocínio e palavras cruzadas, reduzindo o risco de perda de memória; e ter bons hábitos de sono2.
Fontes: 1. Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp); 2. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)
esses sintomas podem gerar bastante desconforto, insegurança, diminuição da libido e repercussão na vida sexual feminina, prejudicando a qualidade de vida. Os fitoterápicos podem ser usados com segurança para reduzir os sintomas do climatério, conforme sinaliza a Dra. Daniela. “Eles auxiliam no controle dos principais desconfortos, como fogachos, ansiedade, insônia e até na atrofia vaginal”, diz, acrescentando que esses medicamentos podem, inclusive, ser a principal fonte de tratamento para esses casos. Eles podem ser indicados até mesmo às mulheres que podem ter riscos no uso da Terapia de Reposição Hormonal (TRH). “A TRH deve ser criteriosamente avaliada, principalmente o risco cardiovascular e neoplásico, sendo indicada em situações particulares e de forma individualizada. Os fitoterápicos proporcionam um bom controle dos principais sintomas climatéricos”, sinaliza a médica. Entretanto, assim como qualquer medicamento, eles também podem apresentar contraindicações e efeitos colaterais. “O uso deve ser sempre acompanhado e recomendado por um médico ginecologista”, finaliza a especialista da NotreDame.
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SAÚDE MEMÓRIA
É
difícil encontrar alguém que esteja plenamente satisfeito com a própria memória. Embora o esquecimento faça parte do dia a dia, não há quem deixe de ficar decepcionado com essa espécie de traição do cérebro, que pode ocorrer nas horas mais inconvenientes. Entretanto, é preciso analisar o quanto esse esquecimento é uma falha normal do corpo e quando se torna algo patológico. “Problemas de memória devem sempre ser acompanhados e observados para avaliar se consiste em um esquecimento pontual por momentos de estresse, medo ou ansiedade, como o popular ‘branco’ em uma prova, por exemplo, ou se os lapsos de memória já estão afetando a capacidade de realizar atividades diárias ou aumentam o risco do indivíduo se perder, por não lembrar seus dados pessoais”, alerta a nutricionista do Departamento Científico da VP Centro de Nutrição Funcional, Neiva Souza, acrescentando que sinais como esses podem ser indicativos de doenças degenerativas, como a Doença de Alzheimer, por exemplo. Os medicamentos fitoterápicos podem ser usados para alguns tipos de problemas de memória. Entretanto, a prescrição deve ser feita de forma individual e realizada após uma análise minuciosa de cada caso, que será determinante na indicação, com escolha do melhor princípio ativo, dosagem e tempo de tratamento, ou contraindicação. “Em casos de problemas de memória associados a estresse, ansiedade e medo, os fitoterápicos podem apresentar um bom resultado, auxiliando a controlar essas condições e, ao mesmo tempo, melhorando a capacidade da memória”, destaca Neiva.
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Maracujá, flor da paixão ou maracujá doce (Passiflora incarnata L.); Camomila, matricária ou maçanilha (Matricaria chamomilla L.)
Atuam em sistemas neurais relacionados à ansiedade, melhorando a capacidade de concentração (que também é essencial para a memória) a qual muitas vezes é prejudicada em pacientes com esse perfil.
Gengibre (Zingiber officinale Roscoe); e Alho (Allium sativum L.)
Auxiliam na manutenção das estruturas neurais, ajudando a impedir que poluentes, toxinas e metais tóxicos causem danos aos neurônios, preservando, assim, suas funções, inclusive a formação e retenção da memória.
Ginkgo (Ginkgo biloba L.)
Atualmente, um dos fitoterápicos mais usados no mundo, devido às suas ações antioxidantes e seus alegados benefícios no tratamento de problemas de memória, falta de energia e de concentração, impotência sexual, entre outros.
Ginseng (Panax ginseng)
Auxilia em quadros de fraqueza, exaustão, cansaço e perda da concentração.
Fontes: nutricionista do Departamento Científico da VP Centro de Nutrição Funcional, Neiva Souza; MD Saúde; Natulab
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MEMÓRIA INFORMAÇÕES ADICIONAIS QUANTOS POR CENTO DA POPULAÇÃO É ACOMETIDA? Um estudo brasileiro, publicado em 2013, mostrou que a incidência de comprometimento cognitivo leve, que também envolve perda de memória, acomete 13,2 a cada mil pessoas com 60 anos de idade ou mais por ano. Em 2015, a estimativa de demência na população mundial foi de 46,8 milhões de pessoas, podendo chegar a 131,5 milhões em 2050.
RISCOS QUE AUMENTAM COM A IDADE. Na mesma proporção em que a população idosa aumenta no País, cresce, significativamente, a incidência de doenças crônicas, como o Alzheimer. A partir dos 65 anos de idade, o risco de desenvolvimento da doença duplica a cada cinco anos; sendo assim, uma pessoa de 70 anos de idade tem o dobro de chances de desenvolver Alzheimer em relação a uma de 65 anos de idade. No Brasil, o número de pessoas com a
DOENÇAS QUE AFETAM A MEMÓRIA. Entre as que afetam indiretamente o funcionamento do cérebro, estão a hipertensão arterial, diabetes, além de doenças cardíacas, da tireoide, respiratórias e oncológicas. Já entre as doenças que afetam diretamente o funcionamento do cérebro ocasionando problemas de memória, estão a doença de Alzheimer, demência vascular e demência frontotemporal, doença de Parkinson e esclerose múltipla.
doença já atinge cerca de 1,2
milhão.
FORMAS DE PREVENÇÃO. Exercitar o cérebro; fazer exercícios físicos; controlar o diabetes; não fumar; manter uma dieta saudável; controlar a pressão arterial; ter boas noites de sono; cultivar o apoio social; e considerar tomar vitaminas.
Fonte: médico vascular do Hospital Santa Paula, Dr. Flávio Duarte
Segundo ela, até mesmo em alguns casos de Alzheimer, determinados fitoterápicos também desempenham papel coadjuvante terapêutico interessante. Contudo, deve-se sempre avaliar as contraindicações pelo histórico pessoal. O uso de medicamentos que podem apresentar interações com alguns tipos de fitoterápicos também precisa ser considerado. “O nutricionista ou médico prescritor do fitoterápico deve ter profundo conhecimento da farmacocinética e farmacodinâmica do composto ativo da planta a ser prescrita, a fim de se avaliar todas as possíveis contraindicações”, adverte a especialista da VP.
GUIA DA FARMÁCIA
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SAÚDE PRISÃO DE VENTRE
A
constipação intestinal, também conhecida como prisão de ventre, pode ser definida pela mudança na frequência, tamanho, consistência ou facilidade de passagem das fezes. “A doença é causada por uma série de fatores, principalmente erros alimentares, hábitos sedentários e desvios de postura. Com maior ou menor frequência, também pode ocorrer nos indivíduos que não possuem uma regularidade de horário para esvaziamento intestinal, o que causa, ao longo dos anos, a perda do reflexo de evacuação, resultando na constipação”, afirma a nutricionista pós-graduada em Nutrição nas Doenças Crônico-Degenerativas pelo Instituto de Pesquisa e Ensino do Hospital Israelita Albert Einstein, Elaine de Pádua. Segundo a nutricionista e presidente da Associação Paulista de Fitoterapia (APFit), Vanderli Marchiori, em relação à alimentação, a falta de fibras e pouca hidratação são as principais causas do problema. “Ingestão de refeições com poucas fibras e pessoas que bebem menos de um litro ou 1,2 L de água por dia podem sofrer por prisão de ventre”, afirma, reforçando que muitos brasileiros têm sofrido esses sintomas. “A população tem se alimentado cada vez pior, com cardápio escasso de verduras, frutas e vegetais. Pessoas que não fazem exercício físico também tendem a ter prisão de ventre”, acrescenta. Segundo Vanderli, os acometidos podem ter comprometimento da qualidade de vida. “A sensação de desconforto é grande entre aqueles que sofrem por constipação. Podem-se notar quadros de alteração de comportamento, porque fica-se mais irritado e com o abdome distendido”, comenta.
FORMA DE AÇÃO DOS FITOTERÁPICOS NO CONTROLE DOS SINTOMAS PRINCÍPIO ATIVO
INDICAÇÕES TERAPÊUTICAS
Cáscara Sagrada (Rhamnus purshiana DC.)
Tratamento de curto prazo da constipação intestinal ocasional.
Sene (Senna alexandrina Mill.)
Tratamento de constipação intestinal ocasional.
Ruibarbo (Rheum rhabarbarum)
Pode ajudar a proteger a parede intestinal durante o aumento da secreção de hormônios intestinais.
Fontes: nutricionista e presidente da Associação Paulista de Fitoterapia (APFit), Vanderli Marchiori; Memento Fitoterápico – Enciclopédia Brasileira – 1ª Edição – da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e Portal Mundo Boa Forma
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SAÚDE PRISÃO DE VENTRE INFORMAÇÕES ADICIONAIS QUEM SÃO MAIS ACOMETIDOS? HOMENS OU MULHERES? A constipação é mais comum em mulheres após os 40 anos de idade, e após a menopausa. Embora a explicação exata para essa diferença permaneça incerta, existem fatores biológicos que podem servir como parâmetro. Sabe-se que, nesse período, acontecem mudanças anatômicas e fisiológicas que comprometem o assoalho pélvico e os esfíncteres, além das alterações hormonais próprias do sexo feminino, tal como o aumento dos níveis de estrogênio durante a fase lútea do ciclo menstrual. Isso tudo gera um tempo de trânsito intestinal mais prolongado. Outro fator importante diz respeito às diferenças comportamentais entre os sexos. Desde a infância, o cuidado por parte das meninas em utilizar banheiros desconhecidos pode contribuir para que estas se tornem mais propensas a ignorar o reflexo evacuatório normal.
QUAL A FREQUÊNCIA IDEAL PARA EVACUAÇÕES? O ideal é ir ao banheiro, no mínimo, quatro vezes por semana. Quando essa frequência não existe, pode-se evoluir para complicações mais graves, como o aparecimento de doença diverticular do cólon, ou alterações anatômicas e funcionais do cólon e reto.
QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS FORMAS DE PREVENÇÃO? A prisão de ventre pode ser tratada com consumo de líquidos em quantidade adequada, prática de atividade física sob orientação médica e, principalmente, pela ingestão de alimentos fontes de fibras. Para prevenir o problema, o consumo de frutas, verduras e legumes é o mais recomendado. O ideal é consumir de 20 a 35 gramas de fibras por dia. Além disso, é importante fracionar as refeições ao longo do dia e não deixar de realizá-las em horários regulares, visto que, o volume inadequado de alimentos para formar o bolo fecal pode diminuir o número de reflexos gastrocólicos e desestimular o peristaltismo intestinal.
Fonte: nutricionista pós-graduada em Nutrição nas Doenças Crônico-Degenerativas pelo Instituto de Pesquisa e Ensino do Hospital Israelita Albert Einstein, Elaine de Pádua
A especialista da APFit afirma, ainda, que os fitoterápicos podem ter ação bastante efetiva. “A Cáscara Sagrada, Sene e Ruibarbo são ativos que podem ser usados de um a dez dias com efeito laxativo. Eles têm ação citotóxica e agem irritando a mucosa intestinal e, como consequência, culminam em evacuações mais presentes. Entretanto, mudanças comportamentais devem acontecer para que a prisão de ventre não seja constante”, diz. Para serem usados com sucesso e sem riscos, é fundamental que esses produtos sejam utilizados com recomendação de um médico ou nutricionista, já que, em excesso, podem causar diarreia e comprometer, assim, a absorção de vitaminas e minerais pelo organismo.
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