PARTE INTEGRANTE DO
GUIA DA FARMÁCIA ANO XXVI | Nº 316 | MARÇO DE 2019
OPÇÃO SAUDÁVEL E LUCRATIVA
REVISTA DIRIGIDA AOS 1 25/02/19 PROFISSIONAIS DE SAÚDE
19x19-seakalm.pdf
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Origem natural, preços competitivos, efeitos colaterais reduzidos, além da qualidade e eficácia garantidas pelos órgãos reguladores. Essas são algumas das vantagens dos fitoterápicos, que se fortalecem no mercado entre especialistas e consumidores, independentemente do cenário
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A ERA DA Diretoria Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo contento@contento.com.br Diretora de Conteúdo Lígia Favoretto ligia@contento.com.br Assistente de Redação Carine Pessoas Editor de Arte Junior B. Santos Comercial (executivas de contas) Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) e Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) Colaboradores da Edição Textos Kathlen Ramos Revisora Maria Elisa Guedes Impressão BMF Gráfica e Editora
> www.guiadafarmacia.com.br Suplemento Especial Fito é uma publicação anual da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino São Paulo (SP), CEP 04039-010 Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.
SAUDABILIDADE
V
ocê sabia que a Aspirina® (Ácido Acetilsalicílico – AAS) teve sua descoberta a partir de uma planta, a Salix alba? Mesmo com o avanço dos medicamentos de síntese, há uma fonte inesgotável daqueles oriundos da natureza e que sofrem uma síntese química a partir deles em laboratório. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 89% da população mundial recorre às plantas medicinais para suas enfermidades. A legislação de fitoterápicos no Brasil, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é extremamente bem-vista no mundo inteiro. Embora não se tenha dados oficiais sobre quantos por cento das prescrições, hoje, são constituídas por fitoterápicos, pode-se dizer que, dependendo da doença e da idade do paciente, os médicos preferem a utilização desse tipo de medicamento. Há ainda uma forte demanda por produtos saudáveis, dentro de uma busca cada vez maior por produtos naturais, que proporcionem efeitos colaterais menores. Afinal, os extratos botânicos são utilizados para a fabricação de medicamentos nas indústrias farmacêuticas e, aqui no Brasil, passam pelo mesmo controle de qualidade dos medicamentos compostos por substâncias sintéticas. Se pensarmos que a tolerabilidade é extremamente relevante em pacientes idosos, que são polimedicados, por exemplo, o uso da fitoterapia nesta faixa etária assume um papel relevante e preponderante. O suplemento Especial Fito deste ano mostra que em 2018, os medicamentos fitoterápicos movimentaram R$ 1,253 bilhão em valor, praticamente mantendo os mesmos resultados de 2017, que contabilizou R$ 1,254 bilhão com a categoria. Boa parte deles é classificada como isenta de prescrição médica. Portanto, o primeiro passo para que o varejo farmacêutico obtenha bons resultados é garantir o livre acesso dos consumidores a esses produtos. Eles seguem as mesmas regras de exposição de qualquer medicamento. Assim, os fitoterápicos livres de prescrição podem ser mantidos na área de autosserviço, enquanto os de venda sob prescrição médica devem ser colocados atrás do balcão. Importante fazer uma boa exposição dos itens para ter visibilidade, colocando-os em evidência, inclusive, considerando oportunidades no checkout e de vendas casadas. Boa leitura! Lígia Favoretto Diretora de Conteúdo
MARÇO 2019
EXPEDIENTE
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SUMÁRIO
16 > DESAFIOS
Os medicamentos sintéticos ainda são os mais prescritos pelos profissionais de saúde. Porém, a tendência é de que esse cenário mude à medida que a comunidade científica acessa publicações da área em revistas renomadas, respaldando o uso das plantas medicinais em algumas doenças
ESPECIAL FITO 2019
18 > PONTO DE VENDA
4
Grande parte dos medicamentos fitoterápicos é classificada como isenta de prescrição médica, portanto, os consumidores devem ter fácil acesso a estes produtos. Entenda o perfil dos consumidores e saiba como escolher o modelo de exposição ideal para o segmento
24> ATENDIMENTO
O uso de medicamentos fitoterápicos está, a cada dia, mais comum. Porém, muitos questionamentos ainda podem surgir no ponto de venda (PDV). Conheça as dúvidas mais recorrentes dos consumidores e esteja apto a prestar um bom atendimento
28> SAÚDE
Os medicamentos fitoterápicos, que hoje têm sua eficácia comprovada, são uma alternativa para o tratamento de diversas patologias. Saiba como identificar cada enfermidade e indicar o produto específico
E MAIS 06 > Cenário 22 > Atualidade
CENÁRIO
ESTABILIDADE APESAR DA CRISE Mesmo com a realidade ainda incerta do cenário político e econômico de 2018 no País, o mercado de fitoterápicos se manteve estável, comprovando sua força
ESPECIAL FITO 2019
POR KATHLEN RAMOS
6
rigem natural, preços competitivos, efeitos colaterais reduzidos em relação aos alopáticos, além da qualidade e eficácia garantidas pelos órgãos reguladores. Essas são algumas das vantagens dos fitoterápicos, que se fortalecem no mercado entre especialistas e consumidores, independentemente do cenário.
O
“O uso desses produtos tem crescido substancialmente no Brasil, embora ainda muito aquém a países desenvolvidos. Hoje, é bastante comum notarmos a busca da população por alimentos mais saudáveis e naturais, e assim também acontece quando o assunto é medicamento, ou seja, uma opção mais saudável e/ou menos agressiva que os produtos sinImagens Shutterstock
téticos”, analisa a gerente de produto da Momenta, Cristina Nalini. A coordenadora de marketing Consumo da Herbarium, Natana Martins, também destaca o fato de que o grupo de produtos e serviços envolvendo fitoterapia vem se destacando nos últimos anos, especialmente pelo novo estilo de vida da população, que passa a dar cada vez mais importância à saúde e ao bem-estar. “Esse novo perfil lifestyle abrange desde a alimentação e os cosméticos utilizados, até o uso de suplementos e medicamentos que sejam seguros, eficazes e mais naturais. O mercado demonstra estar se preparando para atender a essa demanda, e algumas farmácias já têm uma área exclusiva para produtos relacionados a este estilo”, comenta. Dessa maneira, como oportunidade, reforça-se que o canal farma precisa “surfar esta onda” e se preparar para oferecer opções que são interpretadas como mais naturais pelo cliente.
POTENCIALIZANDO AS VENDAS NO VAREJO FARMACÊUTICO 1. Exposição: o produto precisa estar com fácil acesso e bem sinalizado. Não ter ruptura é premissa básica para garantir uma boa exposição. Uma ferramenta muito importante para este segmento é a gestão de categoria para fitoterápicos, em que, além da exposição, também é avaliado o potencial das subcategorias e o que é possível ser feito para que o crescimento ocorra de forma mais rápida e consistente. 2. Capacitação dos atendentes e farmacêuticos: os medicamentos fitoterápicos apresentam algumas particularidades. Portanto, quanto mais os colaboradores das farmácias souberem sobre eles, mais natural será a venda e, consequentemente, o crescimento da categoria. 3. Atendimento clínico: outra possibilidade que vem sendo muito explorada é o atendimento clínico farmacêutico. Hoje, esse profissional está apto a prescrever vários fitoterápicos e isto acaba sendo uma ótima oportunidade para melhorar o relacionamento do cliente com a loja e, ainda, orientar a compra de produtos que podem ser prescritos por estes profissionais. Fonte: coordenadora de marketing Consumo da Herbarium, Natana Martins
FABRICANTE
Soma de Unidades MAT* 11/2018
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2018
Natulab
8.336.340,85
R$ 63.207.844,35
Kley Hertz
4.902.889,83
R$ 50.828.118,73
Cimed
4.197.915,00
R$ 18.679.693,16
Catarinense Pharma
3.592.864,21
R$ 45.800.536,02
FQM Grupo
3.392.911,00
R$ 136.366.777,05
Aché
2.516.817,00
R$ 104.293.947,27
Takeda Pharma
2.176.880,20
R$ 106.491.958,70
Marjan
2.153.443,00
R$ 91.450.545,15
Aspen Pharma
1.802.100,55
R$ 36.776.208,40
Sobral
1.712.215,00
R$ 10.360.928,64
*MAT (significa Moving Annual Total – em português, Movimento Anual Total) Fonte: Close-Up
“A categoria de fitoterápicos como um todo tende a crescer. O grande desafio para os pontos de venda (PDVs) fica para se prepararem para atender este cliente, o que inclui uma exposição eficaz e o conhecimento do atendente sobre os produtos”, resume Natana, estimando que as vendas de fitoterápicos devam aumentar mais de 5% em 2019. Segundo dados do Close-Up, em 2018, os medicamentos fitoterápicos movimentaram R$ 1,253 bilhão em valor, praticamente mantendo os mesmos resultados de 2017, que contabilizou R$ 1,254 bilhão com a categoria. “Dois mil e dezoito foi mais um ano difícil para a economia do Brasil. Mesmo assim, o segmento de fitoterápicos manteve-se estável se comparado ao ano anterior”, pondera a executiva da Herbarium.
MARÇO 2019
RANKING COM OS DEZ MAIORES LABORATÓRIOS EM VOLUME (UNIDADES)
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CENÁRIO
FATURAMENTO EM VOLUME E VALOR NOS QUATRO ÚLTIMOS ANOS E REPRESENTATIVIDADE DENTRO DO MERCADO TOTAL DE MEDICAMENTOS Mercado
Soma de Unidades MAT* 11/2015
Soma de Reais Desconto MAT*11/2015
Soma de Unidades MAT* 11/2016
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2016
Soma de Unidades MAT* 11/2017
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2017
Soma de Unidades MAT* 11/2018
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2018
Geral
3.488.072.853,68
Fito
59.202.145,16
R$ 1.172.913.300,43
56.105.450,59
R$ 1.165.894.810,62
57.194.633,97
R$ 1.254.298.753,25
56.270.858,88
R$ 1.253.586.393,53
Representatividade
1,70%
2,14%
1,52%
1,91%
1,47%
1,82%
1,38%
1,70%
R$ R$ R$ R$ 3.696.749.216,06 3.883.874.665,27 4.071.921.876,16 54.769.586.446,93 73.853.052.363,30 61.031.630.062,77 68.767.667.088,50
*MAT (significa Moving Annual Total – em português, Movimento Anual Total) Fonte: Close-Up
RANKING COM OS DEZ MAIORES LABORATÓRIOS EM VALOR (REAIS) FABRICANTE
Soma de Unidades MAT* 11/2018
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2018
FQM Grupo
3.392.911,00
R$ 136.366.777,05
Takeda Pharma
2.176.880,20
R$ 106.491.958,70
Aché
2.516.817,00
R$ 104.293.947,27
Marjan
2.153.443,00
R$ 91.450.545,15
Momenta
1.685.327,00
R$ 76.673.538,41
Herbarium
1.276.564,00
R$ 64.141.721,38
Natulab
8.336.340,85
R$ 63.207.844,35
Kley Hertz
4.902.889,83
R$ 50.828.118,73
Sanofi
1.494.406,53
R$ 49.634.773,44
Abbott
374.071,00
R$ 47.218.863,17
*MAT (significa Moving Annual Total – em português, Movimento Anual Total) Fonte: Close-Up
ESPECIAL FITO 2019
FALTA DE CONHECIMENTO AINDA É BARREIRA
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No último estudo realizado pela Herbarium junto ao instituto Simone Terra em 2018, foi possível identificar que os brasileiros sabem mais do que pensam sobre os fitoterápicos. Ao serem questionados se sabiam o que era fitoterapia, a maioria deles de-
PLANTAS MEDICINAIS E FITOTERÁPICOS NO SUS Um dos princípios orientadores da Política e do Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PPNPMF), do Ministério da Saúde (MS), é a ampliação das opções terapêuticas e melhoria da atenção à saúde aos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Outra importante política que institui a fitoterapia no SUS é a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC). Atualmente, há registro de 2.160 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) que disponibilizam fitoterápicos ou plantas medicinais, sendo que 260 UBSs disponibilizam planta in natura; 188, a droga vegetal; 333, o fitoterápico manipulado; e 1.647 UBS disponibilizam o fitoterápico industrializado. Os dados apresentados também indicam que a fitoterapia é praticada por 1.457 equipes de saúde. Em 2017, foram registrados 66.445 atendimentos de fitoterapia, em 1.794 estabelecimentos da Atenção Básica, distribuídos em 1.145 municípios, segundo dados do Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (SISAB).
monstrava falta de conhecimento. Porém, na hora de responder o que eles achavam que era, a grande maioria arriscava corretamente. “Podemos dizer que a população entende o conceito – terapia baseada em plantas –, o que não quer dizer que ela saiba identificar o que é ou não um fitoterápico. Falta ter um olhar crítico sobre os produtos, identificar se aquele item é um fitoterápico, enten-
RANKING COM AS DEZ CLASSES DE MEDICAMENTOS MAIS VENDIDAS EM VALOR (REAIS)
RANKING COM AS DEZ CLASSES DE MEDICAMENTOS MAIS VENDIDAS EM VOLUME (UNIDADES) CATEGORIA
Soma de Unidades MAT* 11/2018
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2018
SEDANTES HIPNÓTICOS
14.350.958,77
R$ 192.509.470,86
EXPECTORANTES
11.945.291,44
R$ 202.361.133,13
COLERÉTICOS E COLAGOGOS
5.214.695,21
R$ 114.263.850,97
TERAPIA VARICOSA SISTÊMICA
4.140.232,00
R$ 112.131.359,41
LAXANTES ESTIMULANTES
3.153.390,00
R$ 93.475.241,58
VAS.CER/PER EX.AN.C/A.C
3.149.615,00
R$ 56.844.048,09
LAXANTES SUAVIZANTES
2.149.614,00
R$ 11.509.453,43
OUT.A/TUSSIG.A/ GRIP.
1.790.484,00
R$ 18.432.659,71
CATEGORIA
Soma de Unidades MAT* 11/2018
Soma de Reais Desconto MAT* 11/2018
ANTIREUMÁTICOS – ANALGÉSICOS TÓPICOS
1.541.012,00
R$ 46.954.941,62
EXPECTORANTES
11.945.291,44
R$ 202.361.133,13
SEDANTES HIPNÓTICOS
1.323.425,00
R$ 37.791.273,37
14.350.958,77
R$ 192.509.470,86
TODOS OS OUTROS PRODUTOS TERAPÊUTICOS
COLERÉTICOS E COLAGOGOS
5.214.695,21
R$ 114.263.850,97
TERAPIA VARICOSA SISTÊMICA
4.140.232,00
R$ 112.131.359,41
OT.PROD.SIST.MUSC. ESQ.
1.175.364,00
R$ 107.365.089,75
LAXANTES ESTIMULANTES
3.153.390,00
R$ 93.475.241,58
HEPATOPROTEICOS/ LIPOTROP.
1.167.905,00
R$ 61.925.177,16
VAS.CER/PEREX. AN.C/A.C
3.149.615,00
R$ 56.844.048,09
OUTROS PRODUTOS GINECOLÓGICOS
943.601,37
R$ 55.306.123,03
INCREM.BOLO INTESTINAL
1.287.061,12
R$ 50.561.787,05
*MAT (significa Moving Annual Total – em português, Movimento Anual Total) OT.PROD.SIST.MUSC.ESQ – outros produtos do sistema músculo esquelético HEPATOPROTEICOS/LIPOTROP – Hepatoproteicos e lipotrópicos INCREM.BOLO INTESTINAL – incremento do bolo intestinal Fonte: Close-Up
*MAT (significa Moving Annual Total – em português, Movimento Anual Total) VAS.CER/PER EX.AN.C/A.C – vaso terapêutico cerebral periférico excluindo antagonistas do cálcio OUT.A/TUSSIG.A/GRIP – outros antitussigênicos e antigripais Fonte: Close-Up
ao nome do produto é a do extrato, ou derivado vegetal. Para saber a concentração do fitocomplexo, que é aquele que entrega a ação terapêutica na grande maioria dos casos, ele precisa verificar, em outros campos da embalagem ou mesmo em bula, para aí, sim, saber qual produto é mais “concentrado”. “Diante dessa realidade, justifica-se a importância da capacitação dos atendentes, que poderão explicar aos clientes a melhor forma de avaliar os produtos”, diz Natana.
MARÇO 2019
der as associações e, principalmente, as concentrações, que são completamente diferentes de um medicamento sintético”, destaca Natana. Ela fornece um exemplo: ao comprar paracetamol, o cliente olha a miligramagem (mg) e sabe se o produto é mais ou menos concentrado. No fitoterápico, o pensamento é diferente: a concentração que aparece próximo
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DESAFIOS
ESPECIAL FITO 2019
OS SEGREDOS DA ADESÃO 14
Ampliar a comunicação e a educação entre especialistas da área da saúde é essencial para aumentar o número de prescrições e a segurança dos consumidores sobre a eficácia dos fitoterápicos Imagem Shutterstock
OS FARMACÊUTICOS TAMBÉM PODEM SER DISSEMINADORES DO CONCEITO CORRETO DA FITOTERAPIA, SABENDO SUAS VANTAGENS E DESVANTAGENS, E DESMISTIFICANDO
O CONCEITO EQUIVOCADO DE QUE FITOTERAPIA É IGUAL À HOMEOPATIA E DE QUE NÃO CAUSA
NENHUM EFEITO COLATERAL mação de qualidade ao profissional de saúde para poder prescrever os fitoterápicos com segurança”, considera a Dra. Rita de Cássia. Além disso, cada vez mais, os profissionais responsáveis pelas prescrições estão tendo conhecimento sobre a fitoterapia, seja em congressos médicos, seja na informação acessada pelas mídias. “Ainda não é como na Alemanha, por exemplo, mas estamos caminhando paulatinamente para uma maior informação. Muitas vezes, o próprio paciente chega ao consultório médico questionando a respeito de algum extrato vegetal sobre o qual ele teve acesso à informação pelas mídias sociais. Isso acaba fazendo com que o médico tenha interesse também em pesquisar a respeito daquele assunto. Dessa forma,
MARÇO 2019
A
o passar por uma consulta médica, é natural sair com a prescrição de um medicamento sintético, seja qual for o problema de saúde. Entretanto, essa realidade tende a mudar, segundo projeta a médica geriatra e responsável pelo Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari. “Mesmo com o avanço dos medicamentos de síntese, há uma fonte inesgotável daqueles oriundos da natureza e que sofrem uma síntese química a partir deles em laboratório”, diz. Ela lembra, por exemplo, que a Aspirina®, composta por Ácido Acetilsalicílico (AAS), teve sua descoberta a partir de uma planta, Salix alba. E assim, como esse produto, há diversos medicamentos sintéticos derivados de uma fonte natural (colchicina, digoxina, etc.). “A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 89% da população mundial recorre às plantas medicinais para suas enfermidades”, aponta a Dra. Rita de Cássia. Portanto, esse é um cenário que está mudando à medida que a comunidade científica acessa publicações da área em revistas renomadas, respaldando o uso das plantas medicinais em algumas doenças. “Nossa legislação de fitoterápicos no Brasil, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), é extremamente bem-vista no mundo inteiro.Tendemos a uma convergência regulatória com a legislação da Europa (EMA), por exemplo, onde há um país como a Alemanha, considerado o berço da fitoterapia”, pondera a especialista da Marjan. A indústria também age diretamente em contato com a classe médica, a fim de disseminar os benefícios dos fitoterápicos. “A Cimed atua fortemente no ponto de venda (PDV) e, em paralelo, está desenvolvendo um projeto para trabalhar juntamente aos médicos”, conta a gerente de produtos do Grupo Cimed, Nicole Arnais. A Marjan também procura trabalhar ao lado desses profissionais, por meio de programas de Educação Médica Continuada, como workshops ou simpósios, em que especialistas nacionais e internacionais discutem sobre as evidências científicas dos extratos botânicos. “ É uma maneira adequada de levar infor-
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DESAFIOS
GARANTIA DE QUALIDADE Os medicamentos fitoterápicos, assim como as demais categorias de medicamentos, são registrados junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Para tanto, cumprem todos os regulamentos técnicos da categoria, segundo explica a gerente de produtos do Grupo Cimed, Nicole Arnais. “A segurança e eficácia pode ser baseada em evidências clínicas ou em dados de uso seguro e efetivo, publicados em literatura técnico-científica”, diz. A médica geriatra e responsável pelo Departamento de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Marjan Farma, Dra. Rita de Cássia Salhani Ferrari, reforça, ainda, que o rigor brasileiro em relação aos fitoterápicos é maior do que em muitos países. “Nossa legislação não é igual a dos Estados Unidos, onde a maior parte dos fitoterápicos não passa pelo registro do Food and Drug Administration (FDA). Por isso, nossa legislação feita pela Anvisa é extremamente bem-vista ao redor do mundo”, justifica. A exigência por qualidade é tamanha que, para este ano, as indústrias do setor devem passar por um novo desafio. “A Anvisa passou a exigir as análises de pesticidas para todos os fitoterápicos registrados. Esse será um passo muito importante para melhorar ainda mais o rigor de qualidade dos nossos fitoterápicos, porém, existe uma fase de adaptação das indústrias, visto que não era algo regulado até então”, lembra a coordenadora de marketing Consumo da Herbarium, Natana Martins.
medicados, por exemplo, o uso da fitoterapia nesta faixa etária assume um papel relevante e preponderante”, justifica.
ESPECIAL FITO 2019
AUMENTANDO A ADESÃO ENTRE CONSUMIDORES
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dissemina-se cada vez mais informação de respaldo científico relacionado à fitoterapia”, pondera. Esse trabalho de disseminação de informações já começa a trazer frutos. Segundo a Dra. Rita de Cássia, embora não se tenha dados oficiais sobre quantos por cento das prescrições, hoje, são constituídas por fitoterápicos, pode-se dizer que, dependendo da doença e da idade do paciente, os médicos preferem a utilização de fitoterápicos. Afinal, os extratos botânicos são utilizados para a fabricação de medicamentos nas indústrias farmacêuticas e, aqui no Brasil, passam pelo mesmo controle de qualidade dos medicamentos compostos por substâncias sintéticas. “Se pensarmos que a tolerabilidade é extremamente relevante em pacientes idosos, que são poli-
Há alguns medicamentos fitoterápicos que são comercializados isentos de prescrição médica. Para eles, segundo a Dra. Rita de Cássia, a informação ao consumidor sobre as possibilidades terapêuticas pode ser útil, desde que haja sempre o respaldo científico daquele fitoterápico e sem se esquecer de apontar outras possibilidades terapêuticas, para que o consumidor tenha acesso a uma informação completa. Os farmacêuticos também podem ser disseminadores do conceito correto da fitoterapia, sabendo suas vantagens e desvantagens, e desmistificando o conceito equivocado de que fitoterapia é igual à homeopatia e de que não causa nenhum efeito colateral. “É papel desses profissionais orientar o consumidor sobre os benefícios de um medicamento fitoterápico e suas indicações”, reforça Nicole.
PONTO DE VENDA
ESPECIAL FITO 2019
HORA DA EXPOSIÇÃO
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A boa visibilidade dos medicamentos fitoterápicos, aliada ao atendimento capacitado, são pontos fundamentais para garantir conversão em vendas
Imagem Shutterstock
oa parte dos medicamentos fitoterápicos é classificada como isenta de prescrição médica. Portanto, o primeiro passo para que o varejo farmacêutico obtenha bons resultados com a categoria é garantir o livre acesso dos consumidores a esses produtos. “Os medicamentos fitoterápicos seguem as mesmas regras de exposição de qualquer medicamento. Assim, os fitoterápicos livres de prescrição podem ser mantidos na área de autosserviço, enquanto os de venda sob prescrição médica devem ser colocados atrás do balcão. Importante fazer uma boa exposição dos produtos isentos de prescrição para ter visibilidade, colocando-os em evidência, inclusive, considerando oportunidades no checkout e de vendas casadas com outros itens”, sugere a gerente de produtos do Grupo Cimed, Nicole Arnais. No autosserviço, segundo orienta a coordenadora de marketing Consumo da Herbarium, Natana Martins, antes de escolher o modelo de exposição, deve-se considerar o perfil dos clientes que, hoje, é dividido em dois grandes grupos. “O ‘grupo 1’ usa tanto fitoterápico quanto sintético e busca pela solução do seu problema. Este grupo compra o benefício, logo, procura pela categoria de produtos que irá responder à sua necessidade. Para atender este grupo, a melhor forma de exposição é colocar o fitoterápico dentro da sua categoria. Por exemplo, o Sene e a Cáscara Sagrada estariam dentro da categoria de laxantes”, ensina. Já o “grupo 2” é aquele que sempre tem preferência por algo mais natural. “Esse grupo já conhece as marcas e, normalmente, tem mais conhecimento sobre a linha. Para esse público, as farmácias já têm organizado um espaço onde reúnem os produtos por marcas e no qual a categoria não é o benefício, mas, sim, o tipo de medicamento: fitoterápico”, mostra Natana. Portanto, para facilitar a experiência dos consumidores que buscam por essa classe de medicamentos no ponto de venda (PDV), os fitoterápicos podem estar perto dos outros medicamentos, dentro das suas categorias, conforme reforça a especialista da Herbarium. “Se a farmácia tiver uma área mais voltada para práticas de saúde e bem-estar, o fitoterápico pode ter sua exposição (seu ponto natural dentro da loja) lá e uma exposição secundária dentro das categorias”, recomenda Natana.
MARÇO 2019
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PONTO DE VENDA
TIPOS DE MATERIAIS DE MERCHANDISING QUE PODEM SER UTILIZADOS • FAIXA DE GÔNDOLA: peça produzida em diversos materiais para ser colocada na parte frontal das prateleiras das gôndolas, servindo como delimitador de espaço dos produtos e/ou como aparador das embalagens, podendo conter mensagens e/ou imagens. • WOBBLER: display leve que é pendurado nas prateleiras, confeccionado em acetato ou papelão, com função semelhante à de um stopper. Possui uma haste de arame ou acetato, que faz com que se movimente com o deslocamento do ar. • DISPLAY: qualquer elemento destinado a promover, apresentar, expor, demonstrar e ajudar a vender o produto ou serviço, podendo ser colocado diretamente no solo, vitrine, balcão e gôndola. • STOPPER: peça publicitária que se sobressai perpendicularmente à prateleira ou gôndola. • BANNER: peça impressa em material rígido ou flexível, para ser fixada verticalmente. • TABLOIDE: pequeno jornal (metade do tamanho de um jornal convencional) destacando as promoções do período.
ESPECIAL FITO 2019
POTENCIALIZE AS VENDAS DE FITOTERÁPICOS
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EXPLORAR O AUTOSSERVIÇO: os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) apresentam alto índice de compra por impulso. Por conta disso, é fundamental deixar esses produtos expostos no autosserviço, pois, assim, o cliente irá se lembrar de comprar e abastecer a farmacinha de casa1. USAR A CRIATIVIDADE: como para qualquer outro produto, é preciso usar a criatividade para passar informação para o cliente. Os materiais podem ser desde faixas de gôndola até totens digitais para tirar dúvidas. Para os MIPs, a indústria ainda costuma identificar alguns espaços na gôndola e utilizar materiais que identifiquem a campanha que pode estar sendo trabalhada na mídia2. FAZER O BÁSICO BENFEITO: a melhor forma de gerar demanda para esses produtos ainda está em ter uma boa visibilidade, associada a um bom entendimento dos itens
por parte do atendente, ao fácil acesso às informações e ao preço e a não ruptura do produto2. GARANTIR UM ATENDIMENTO CAPACITADO: embora o advento da internet faça com que qualquer informação sobre os produtos esteja disponível a um clique, é consenso que o atendimento pessoal define a venda ou não de qualquer produto. Para o fitoterápico, não é diferente. É importante que o atendente conheça o produto, seus diferenciais e saiba orientar e indicar com confiança2. UTILIZAR MATERIAIS PROMOCIONAIS: a melhor exposição na gôndola da farmácia poderá ser feita com materiais promocionais, mas vale ressaltar que essas ações no PDV somente podem ser realizadas com os MIPS3. RESULTADOS GARANTIDOS EM TODAS AS PONTAS: com o correto gerenciamento da categoria, o varejo se beneficia com o aumento do volume de vendas, maior lucratividade, melhor aproveitamento dos espaços nas prateleiras, prevenindo perdas e rupturas. O processo de gerenciamento também auxilia no conhecimento sobre os hábitos de compra dos clientes. O consumidor se beneficia com a maior agilidade nas compras, com o sortimento mais adequado às suas necessidades e com a redução de itens em falta. A experiência de compra se torna um processo agradável e prático4. A qualidade na exposição dos MIPs aumenta o resultado da loja em até 30%1. APROVEITAR A SAZONALIDADE: dependendo da época do ano, mudam-se as necessidades dos consumidores em relação aos MIPs e isto pode ser explorado, estrategicamente, nas gôndolas. No inverno, por exemplo, período em que aumenta a procura de produtos para gripes e resfriados, pode-se fazer uso de folhetos de ofertas, folders orientadores e aproveitar de mídias sociais para conscientizar os clientes da importância de prevenção e de lembrar-se de abastecer a farmacinha. MIPs sazonais também podem ganhar novos pontos além do natural, passando pela área do balcão e checkout6.
Fontes: 1. Portal Farmarcas; 2. Coordenadora de marketing Consumo da Herbarium, Natana Martins; 3. Gerente de produto da Momenta, Cristina Nalini; 4. E-Book Gerenciamento por Categoria, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae); 5. Portal da consultora Regina Blessa; 6. Portal Guia da Farmácia
ATUALIDADE
PARÂMETROS INTERNACIONAIS
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Apesar de terem a flora bem menos rica do que a brasileira, países como Alemanha e Japão são muito mais desenvolvidos no mercado de fitoterápicos
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Imagem Shutterstock
para essa realidade. Ela explica, por exemplo, que a Alemanha possui a mais desenvolvida indústria de medicamentos à base de vegetais e, além disto, as regras de registro e produção permitem condições competitivas similares entre os produtos fitoterápicos e os farmoquímicos. Já no Japão, grande parte dos médicos prescreve produtos fitoterápicos embasados na tradicional medicina japonesa. “Outro ponto que acreditamos ser um fator que colaborou para o desenvolvimento dos mercados alemão e japonês está relacionado ao fato de grandes farmacêuticas desses países terem adquirido pequenas empresas de fitoterápicos, visando dar mais destaque a esses produtos em um mercado que, na época, centrava as atenções nos medicamentos sintéticos”, afirma Cristina.
ESCOLHA PELO TRADICIONAL A Resolução de Diretoria Colegiada (RDC) 26, de 13 de maio de 2014, destaca que os produtos tradicionais fitoterápicos não podem se referir a doenças, distúrbios, condições ou ações consideradas graves. Portanto, limita-se a possibilidade de indicação do produto, conforme comenta Cristina. “Como o uso de fitoterápicos em outros países é mais estabelecido e mais antigo, existem mais opções de medicamentos e, consequentemente, mais indicações para tratamento de patologias”, afirma. Assim, no mercado brasileiro, o que se observa é o uso de medicamentos fitoterápicos para tratamentos de doenças leves e mais comuns e, de acordo com a especialista da Momenta, essa concentração se deve a maior facilidade de registrar ou notificar os produtos tradicionais. “Os produtos tradicionais fitoterápicos são aqueles obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança e efetividade sejam baseadas em dados de uso seguro e efetivo publicados na literatura técnico-científica e que sejam concebidos para serem utilizados sem a vigilância de um médico para fins de diagnóstico, de prescrição ou de monitorização”, acrescenta.
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a disputa pelo mercado externo de medicamentos fitoterápicos, o Brasil ainda precisa conquistar muito espaço. Apesar de toda a riqueza da flora nacional, reconhecida mundialmente, o País ainda fica atrás de outras nações, como Alemanha e Japão, no uso da fitoterapia. De acordo com a gerente de produto da Momenta, Cristina Nalini, são diversos os motivos que levaram
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ATENDIMENTO
MITOS E VERDADES SOBRE OS FITOTERÁPICOS
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Embora esses medicamentos sejam cada vez mais buscados como alternativas que apresentam menos efeitos colaterais, ainda são muitas as dúvidas em relação à sua eficácia, qualidade e resposta do organismo
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s medicamentos fitoterápicos são 100% naturais? Precisam de prescrição médica? São muitos os questionamentos relacionados a esse tratamento que podem surgir no balcão. Acompanhe, a seguir, questões recorrentes e esteja apto a prestar um bom atendimento ao consumidor.
1. O resultado dos medicamentos fitoterápicos é mais lento quando comparado ao dos alopáticos1. Falso. Assim como em medicamentos sintéticos, a velocidade de ação dos fitoterápicos é variável e depende do tipo de tratamento realizado, dos mecanismos de funcionamento Imagens Shutterstock
2. Os fitoterápicos não passam por processo fabril1. Falso. Os fitoterápicos são, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), medicamentos obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais, cuja segurança e eficácia são baseadas em evidências clínicas e são caracterizados pela estabilidade de sua qualidade. Os fitoterápicos, assim como outros medicamentos, passam por todas as provas de segurança e eficácia necessárias, incluindo estudos clínicos e científicos, princípios de Boas Práticas de Fabricação farmacêutica e rigoroso controle de qualidade da produção. 3. Os fitoterápicos não surtem efeito1. Falso. Todo e qualquer medicamento fitoterápico só é aprovado pela Anvisa mediante a comprovação de suficiente evidência clínica e científica de segurança e eficácia ou efetividade. 4. Os fitoterápicos só tratam doenças relacionadas ao sistema nervoso1. Falso. Existem diversas doenças e sintomas que podem ser tratados com fitoterápicos. Entre eles, prisão de ventre e constipação; varizes, hemorroidas e insuficiência venosa; tosse, gripes e resfriados; sintomas da menopausa e Tensão Pré-Menstrual (TPM); dispepsia (má digestão); problemas articulares, lombalgia e inflamações; cólicas abdominais; entre outros. 5. Os efeitos colaterais com tratamentos por fitoterápicos são menores quando comparados aos alopáticos1. Parcialmente verdadeiro. Os fitoterápicos não são isentos
de efeitos adversos. Em alguns tratamentos e em determinadas condições, podem apresentar riscos assim como as drogas sintéticas e isoladas. No entanto, há uma tendência de que, para alguns tratamentos, o complexo fitoterápico ocasione menos efeitos adversos comparativamente. 6. Os fitoterápicos não estão sujeitos a interações medicamentosas1. Falso. Como qualquer outro medicamento ou substância com ação sobre o organismo humano, os fitoterápicos podem interferir e ou ser influenciados por outras substâncias ativas. É muito importante que o paciente sempre informe ao médico ou farmacêutico sobre todos os tratamentos de que faz uso, sejam eles fitoterápicos ou não. Existem, sim, interações medicamentosas entre fitoterápicos e outros fármacos, de maneira que é recomendada a leitura da bula com atenção e o uso dos medicamentos de forma racional. 7. Por serem naturais, os medicamentos fitoterápicos não têm contraindicações1. Falso. Semelhantes a quaisquer outros medicamentos ou substância com ação sobre o corpo humano, a utilização de alguns fitoterápicos é contraindicada, principalmente para populações específicas ou que sejam mais sensíveis. Entre elas, crianças pequenas, gestantes, lactantes, idosos, pacientes com deficiência hepática ou renal – que já estariam com a capacidade de metabolização e eliminação de substâncias comprometidas. Em geral, quando não há estudos suficientes de segurança e eficácia nessas populações, os medicamentos já são classificados pela Anvisa e pelas empresas como contraindicados ou proibidos para uso dos grupos especiais. 8. Fitoterápicos, homeopáticos e plantas medicinais são similares1. Falso. As plantas medicinais ou drogas vegetais são espécies das quais se produzem os extratos padronizados que são os Ingredientes Farmacêuticos Ativos (IFAVs) dos medicamentos fitoterápicos. Já os homeopáticos ou dinamizados são preparações que podem conter ingredientes vegetais, mas com princípio
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do fármaco no organismo e também da forma farmacêutica. A impressão de uma ação mais lenta ocorre pela própria característica de um fitoterápico, cuja ação advém de um complexo de substâncias – o complexo fitoterápico – que proporciona uma ação sinérgica de vários compostos em quantidade menor do que a de um produto sintético. Essa característica básica, além de proporcionar menos efeitos adversos, permite uma ação mais branda e com efeitos mais evidentes no médio e longo prazo.
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ATENDIMENTO
terapêutico diferente. O medicamento fitoterápico é considerado um medicamento alopático, como os sintéticos e os isolados. 9. Por serem naturais, os fitoterápicos não apresentam riscos de efeitos colaterais1. Falso. Não se pode dizer que o fitoterápico é isento de efeitos adversos e alguns tratamentos podem trazer risco em determinadas condições. 10. Fitoterápicos podem ter apenas ativos vegetais1. Verdadeiro. Os fitoterápicos são medicamentos obtidos com emprego exclusivo de matérias-primas ativas vegetais. Produtos que, em sua composição, apresentem extratos vegetais associados com substâncias isoladas ou sintéticas já não podem ser considerados fitoterápicos e, sim, medicamentos específicos. 11. Medicamentos fitoterápicos não precisam de registro da Anvisa1. Falso. Todo medicamento fitoterápico precisa de registro e aprovação ou mesmo de notificação prévia da Anvisa para ser comercializado.
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12. Um fitoterápico pode ser composto por uma ou inúmeras plantas1. Verdadeiro. Um medicamento fitoterápico pode ser derivado de uma única planta medicinal ou produzido com extratos de várias plantas em associação. Para produzir uma associação de extratos, é preciso comprovar a racionalidade, segurança e eficácia dela, além de todas as provas de qualidade necessárias.
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OS FITOTERÁPICOS, ASSIM COMO OUTROS MEDICAMENTOS, PASSAM POR TODAS AS PROVAS DE SEGURANÇA E EFICÁCIA NECESSÁRIAS,
INCLUINDO ESTUDOS CLÍNICOS E CIENTÍFICOS, PRINCÍPIOS DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO FARMACÊUTICA E RIGOROSO
CONTROLE DE QUALIDADE DA PRODUÇÃO torizadas pela vigilância sanitária e, neste caso, não precisam de registro sanitário, mas devem ser prescritos por profissionais habilitados.
13. Fitoterápicos não precisam de indicação médica1. Falso. Existem muitos fitoterápicos que são isentos de prescrição, mas nem todos. E mesmo os isentos de prescrição médica devem ser utilizados, sempre que possível, com a devida orientação do farmacêutico, médico ou nutricionista.
15. Alguns medicamentos fitoterápicos já estão disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS)3. Verdadeiro. A Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF), desenvolvida em 2006, pelo Ministério da Saúde (MS), vem garantindo à população brasileira o acesso seguro e o uso racional de plantas medicinais e fitoterápicos. Tanto que chegou a 12 o número de medicamentos disponíveis atualmente no SUS. Entre eles: Alcachofra (Cynara scolymus); Aroeira (Schinus terebinthifolius); Babosa (Aloe vera); Cáscara-sagrada (Rhamnus purshiana); Espinheira-santa (Maytenus officinalis); Guaco (Mikania glomerata); Garra-do-diabo (Harpagophytum procumbens); Hortelã (Mentha x piperita); Isoflavona de soja (Glycine max); Plantago (Plantago ovata); Salgueiro (Salix alba); e Unha-de-gato (Uncaria tomentosa).
14. Fitoterápicos podem ser manipulados2. Verdadeiro. Fitoterápicos também podem ser manipulados em farmácias de manipulação au-
Fontes: 1. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento(P&D) da Natulab, Olavo Rodrigues, 2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e 3. Ministério da Saúde (MS)
SAÚDE
O QUE OS FITOTERÁPICOS
PODEM TRATAR? Produzidos seguindo as Boas Práticas de Fabricação atuais e submetidos aos registros e ao controle da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, esses medicamentos podem ser usados no tratamento de uma série de doenças
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s medicamentos fitoterápicos, que, hoje, contam com diversas indicações terapêuticas e eficácia reconhecida, têm atraído médicos e usuários para inúmeros tratamentos. Acompanhe alguns deles a seguir.
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Imagens Shutterstock
ESTRESSE E ANSIEDADE Taxas de incidência Globalmente, os brasileiros ocupam o segundo lugar em relação às pessoas com alto nível de estresse, segundo pesquisa do International Stress Management Association (Isma – Brasil). O País ficou atrás apenas do Japão. Ainda de acordo com o relatório do Isma, 70% dos brasileiros sofrem com estresse e, nesta fatia, 30% desenvolvem a Síndrome de Burnout, que está relacionada aos altos níveis de estresse relacionado ao trabalho. O Brasil também é campeão mundial no índice de ansiedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% da população manifesta o quadro. Grupos de risco O sexo feminino é o mais acometido pela ansiedade. De acordo com a OMS, 7,7% das mulheres são ansiosas e 5,1% são depressivas. Quando se trata dos homens, a porcentagem cai para 3,6% em ambos os casos. Em relação ao estresse, pessoas envolvidas com o ambiente de trabalho costumam ser as mais acometidas pelo problema, segundo o Isma. Geralmente, as maiores reclamações estão relacionadas a longas jornadas e sobrecarga de tarefas, por exemplo. Sintomas característicos Os sinais mais marcantes do estresse são sensação de desgaste constante; alteração de sono; tensão muscular; formigamento (na face ou nas mãos, por exemplo); problemas de pele; hipertensão; mudança de apetite; alterações de humor; perda de interesse pelas coisas; problemas de atenção, concentração e memória; ansiedade e depressão1. Já a ansiedade é caracterizada por preocupações, tensões ou medos exagerados; sensação contínua de que um desastre ou algo muito ruim vai acontecer; preocupações exageradas com saúde, dinheiro, família ou trabalho; medo extremo de algum objeto ou situação em particular; medo exagerado de ser humilhado publicamente; falta de controle sobre os pensamentos, imagens ou atitudes, que se repetem independentemente da vontade; e pavor depois de uma situação muito difícil2. Evolução das doenças Diante de tantas alterações físicas e emocionais que o estresse pode causar, algumas doenças acabam sendo desenvolvidas, como problemas cardíacos e de hipertensão; asma; enxaqueca; problemas na pele, vitiligo e psoríase; alergias; úlcera, derrame e infarto; infecções; herpes; e crises de pânico3. Já a ansiedade deixa de ser natural e passa a ser motivo de preocupação quando o acometido apresenta sintomas de mais de um tipo de transtorno ao mesmo tempo (como Transtorno Obsessivo-Compulsivo ou Síndrome do Pânico, por exemplo) ou passa a ter depressão4.
Fontes: 1. Hospital Israelita Albert Einstein; 2. Biblioteca Virtual em Saúde [Ministério da Saúde (MS)]; 3. Portal Zenklub; 4. Hapvida; 5. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Natulab, Olavo Rodrigues
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Fitoterápicos indicados Passiflora incarnata Tem ação relaxante do Sistema Nervoso Central (SNC) ocasionada pelos flavonoides da planta. A resposta de ação é rápida, com efeito entre 45 minutos a uma hora do uso. A passiflora não deve ser usada em combinação com outros calmantes, ansiolíticos ou depressores do SNC, como os antiepilépticos barbitúricos, nem com anticoagulantes5.
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SAÚDE
INSÔNIA Taxas de incidência Na América Latina, as pessoas estão conscientes do impacto do sono sobre sua saúde e bem-estar geral, no entanto, a maioria delas dorme menos do que a quantidade recomendada, e sem obedecer a um horário fixo para ir para a cama. Essas constatações foram reveladas no estudo “Dormir bem, bom para a saúde: um olhar global sobre a nossa persistente falta de sono”, da Royal Philips, divulgado em 2018. No levantamento, o sono é mencionado como um hábito que afeta enormemente a saúde geral e o bem-estar no Brasil (68%). Grupos de risco Alguns grupos têm maior propensão para a insônia: pessoas do sexo feminino, principalmente por causa de mudanças hormonais durante o ciclo menstrual, menopausa e gravidez; pessoas acima dos 60 anos de idade, devido principalmente às alterações nos padrões de sono e a problemas de saúde; distúrbio de saúde mental, como depressão, ansiedade, transtorno bipolar e o transtorno de estresse pós-traumático; estresse; dor crônica, dificuldade para respirar ou necessidade frequente de urinar; condições pontuais, como trabalhar à noite, viajar a trabalho ou diferenças de fuso horário; maus hábitos, como dormir e acordar em horários diferentes todos os dias, dormir em ambientes inapropriados e desconfortáveis, em frente à TV ou com a luz acesa; uso de medicamentos; ingestão de café, chá, refrigerantes à base de cola e outras bebidas que contenham cafeína; e alimentação exagerada demais antes de dormir1. Sintomas característicos Os principais sinais de insônia podem incluir dificuldade para adormecer à noite; despertar durante a noite ou muito cedo; não se sentir descansado após uma noite de sono; cansaço ou sonolência diurna; irritabilidade, depressão ou ansiedade; dificuldade para prestar atenção, concentrar-se em tarefas ou se lembrar de coisas importantes; dores de cabeça localizadas; e problemas gastrointestinais1. Evolução da doença Sofrer de insônia pode ocasionar uma série de complicações, como ter menor desempenho no trabalho ou nos estudos; tempo de reação e reflexo mais lento, acompanhado de maior risco de acidentes; problemas psiquiátricos, como depressão ou transtorno de ansiedade; excesso de peso ou obesidade; irritabilidade; aumento do risco de adquirir doenças de longo prazo (hipertensão, doenças cardíacas e diabetes); e abuso de substâncias, como cigarro, álcool, cafeína e outras drogas1. Fitoterápicos indicados Valeriana officinalis Sedativo moderado, hipnótico e no tratamento de distúrbios do sono associados à ansiedade por mediação das vias de neurotransmissão do GABA, pela ação dos ácidos valerênicos e valpotriatos. Observa-se resposta já no primeiro uso, pico de concentração sanguínea em uma a duas horas após o uso, ação já percebida em 30 minutos a uma hora de ingestão. Desaconselha-se a combinação com barbitúricos, anestésicos, benzodiazepínicos e outros fármacos depressores do Sistema Nervoso Central (SNC)2.
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Fontes: 1. Portal do Instituto de Psiquiatria Avançada e Neuromodulação (IPAN); 2. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Natulab, Olavo Rodrigues
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AZIA E MÁ DIGESTÃO Taxas de incidência Pelo menos 7% de todas as visitas ao médico em ambulatório estão relacionadas a eventos de dispepsia (má digestão ou indigestão)1. Estima-se que exista uma incidência de, aproximadamente, 10% da população brasileira adulta, para a dispepsia funcional (aquela em que não há doença pré-existente). Entretanto, estudos internacionais mostram que esse número atinge até 30%. Cerca de 70% da população terá um evento de dispepsia ou má digestão no intervalo de um ano. Dados de pesquisas internas realizadas pela GSK também apontam que, aproximadamente, 38 milhões de pessoas sofrem de azia, totalizando, 24,4% da população ABCDE com mais de 18 anos de idade1. Grupos de risco Idosos, obesos e gestantes estão mais propensos a ter azia e má digestão, pois este grupo de pessoas apresenta uma digestão mais lenta. Sabe-se, ainda, que as mulheres são mais acometidas do que os homens e que fumantes, adultos entre 40 e 50 anos de idade e pessoas que fazem uso de alguns anti-inflamatórios também estão propensos a esses problemas1. Sintomas característicos A azia, geralmente causada pelo refluxo do conteúdo ácido presente no estômago para o esôfago, leva à sensação de queimação na região abaixo do peito. Já a má digestão compila sintomas de náuseas, distensão abdominal, cólicas, sensação de estômago cheio e regurgitação alimentar1. Evolução das doenças O refluxo ocasionado pela azia ou má digestão pode gerar sintomas mais incômodos e outras complicações mais sérias. Essa condição mais grave é conhecida como Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE), que pode demandar um tratamento contínuo, inclusive para alívio dos sintomas e das complicações. A azia, quando não tratada, pode provocar dor torácica não cardíaca, tosse noturna crônica e dor de garganta, o que acaba afetando a qualidade de vida do paciente. Da mesma forma, a má digestão diminui o bem-estar por conta da dor crônica2. Fitoterápicos indicados Maytenus ilicifolia Indicada para o tratamento de sintomas de má digestão relacionados à azia e queimação e como coadjuvante no tratamento de gastrite e úlcera gastroduodenal. Começa agir logo após o uso. Vários compostos participam do efeito protetor da mucosa gástrica. A administração concomitante de M. ilicifolia com bebidas alcoólicas e outros medicamentos não é recomendada, pois não existem estudos disponíveis sobre as interações medicamentosas deste fitoterápico3.
Cynara scolimmus Facilita a digestão e alivia o desconforto abdominal. Gases e náuseas resultantes de deficiência na produção e eliminação da bile ou da dificuldade de digerir comidas pesadas e gordurosas; seus principais componentes ativos são ácido cafeico, ácido clorogênico e cinarina. Pode reduzir a eficácia de anticoagulantes, como Ácido Acetilsalicílico (AAS) e varfarina. O uso concomitante desse medicamento com diuréticos em presença de hipertensão ou cardiopatias deve ser realizado sob estrita supervisão médica3.
Fontes: 1. Revista Guia da Farmácia, edição julho 2018; 2. Portal Guia da Farmácia; 3. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Natulab, Olavo Rodrigues
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Peumus boldus O boldo apresenta atividades colerética e antiespasmódica associada ao alcaloide boldina, presente no extrato. Indicado para o tratamento de distúrbios digestivos leves, na redução de espasmos intestinais e tratamento de distúrbios hepatobiliares, atua como estimulante digestivo, auxiliando a digerir os alimentos gordurosos3.
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SAÚDE
PERNAS CANSADAS OU INSUFICIÊNCIA VENOSA CRÔNICA (IVC) Taxas de incidência Estudos internacionais apontam que entre 20% a 33% das mulheres e de 10% a 20% dos homens vão apresentar algum grau da Insuficiência Venosa Crônica (IVC) ao longo da vida1. Grupos de risco A principal origem da IVC é hereditária. Nesse sentido, quando se tem parentes próximos, como pais e avós com varizes, há um risco maior de se apresentar o problema. Entre 70% e 80% das pessoas que têm histórico familiar acabam apresentando o mesmo quadro. As mulheres também costumam ser mais acometidas, em especial por questões hormonais. A alta concentração de progesterona e estrógeno na mulher favorece o aparecimento de veias doentes. Esses hormônios também estão presentes nos anticoncepcionais orais, aumentando o risco de aparecimento de varizes. A gravidez também torna o público feminino mais suscetível. Afinal, a cada gestação, as mulheres passam por alterações hormonais e o retorno do sangue das pernas é prejudicado, seja pelo aumento de peso inerente à gestação, seja pelo aumento uterino. A obesidade e sedentarismo também são comuns entre os acometidos2,3. Sintomas característicos A doença pode trazer sinais mais comumente sentidos na panturrilha e que tendem a aumentar no fim do dia e durante os dias mais quentes. Entre eles: sensação de peso nas pernas, especialmente no fim do dia; inchaço, principalmente ao redor da panturrilha e dos tornozelos; formigamento ou dormência; cãibras musculares; e coceira e irritação4. Evolução da doença Por ser uma doença crônica e evolutiva, entre 3% e 11% das pessoas com varizes podem chegar a estágios mais avançados da doença, provocando alterações irreversíveis na pele da região afetada. Assim, é fundamental procurar um médico para o diagnóstico precoce, já que a falta de tratamento pode levar ao escurecimento, descamação e ressecamento da pele, geralmente acompanhados de piora dos sintomas, como dor, queimação e inchaço. Em quadros mais graves, o paciente pode apresentar feridas locais ou ter a trombose como consequência1,2.
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Fitoterápicos indicados Aesculus hypocastanum Proporciona alívio dos sintomas característicos da insuficiência venosa e varizes, como a sensação de dor e de peso nas pernas, edema, câimbras e coceira. As sementes de Aesculus hippocastanum (Castanha-da-índia) contêm aproximadamente de 3% a 10% de escina, uma mistura de 30 saponinas triterpênicas, às quais são atribuídas atividades antiedematogênica, anti-inflamatória e venotônica da espécie. A escina é rapidamente absorvida após administração oral, apresenta meia-vida de absorção de aproximadamente uma hora e os efeitos são expressivos em tratamentos de pelo menos quatro a seis semanas. Esse medicamento não deve ser administrado juntamente com anticoagulantes orais, pois pode potencializar o efeito anticoagulante. Entre 86% e 94% de escina ligam-se às proteínas plasmáticas, podendo interferir com a distribuição de outras drogas5.
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Fontes: 1. Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV); 2. Presidente do departamento científico de angiologia e cirurgia vascular periférica da Associação Paulista de Medicina (APM), Dr. Marcelo Rodrigo de Souza Moraes; 3. Cirurgiã vascular, angiologista e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Dra. Aline Lamaita; 4. Portal do Cedraflon; 5. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Natulab, Olavo Rodrigues 5. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Natulab, Olavo Rodrigues
BAIXA IMUNIDADE Grupos de risco Pessoas com baixa imunidade têm maior probabilidade de ficarem doentes a partir de microrganismos presentes nos alimentos – gestantes, crianças, recém-operados e idosos fazem parte do grupo com mais risco1. Sintomas característicos Os sinais de imunidade baixa são infecções, febre e calafrios; cansaço excessivo; diarreia, náuseas e vômitos2. Evolução da doença A baixa imunidade do corpo causa doenças frequentes. Se o indivíduo sente sintomas de resfriado, gripe, etc., com certa frequência, isto quer dizer que o corpo não está produzindo organismos defensores dessas doenças. Fitoterápicos indicados Echinacea purpurea O extrato de E. purpurea atua como imunomodulador por meio de vários mecanismos, confirmados por estudos científicos: ativação da fagocitose, estímulo dos fibroblastos e aumento da mobilidade dos leucócitos. Foram também relatadas inibição da atividade da hialuronidase, estimulação do córtex adrenal onde são produzidos os glicocorticoides (como a corticosterona e a hidrocortisona), entre outros benefícios3. Fontes: 1. Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO); 2. Portal Unimed Fortaleza; 3. Memento Fitoterápico da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
INFECÇÃO URINÁRIA Grupos de risco Na vida adulta, a incidência de infecção urinária se eleva e o predomínio no sexo feminino se mantém, com picos de maior acometimento no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa, de forma que 48% das mulheres apresentam pelo menos um episódio de infecção urinária ao longo da vida. Na mulher, a susceptibilidade à infecção urinária se deve à uretra mais curta e à maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra1. Sintomas característicos Os principais sintomas da infecção urinária são ardência e dor ao urinar, dor na região mais baixa do abdome, aumento do ritmo para urinar, sangue e odor fétido na urina2. Evolução da doença Se as bactérias causadoras da infecção urinária não alcançarem os rins, o problema, conhecido como cistite, fica apenas concentrado na bexiga. Mas se seguirem para os rins, a infecção, nomeada de pielonefrite, se torna mais grave. Nesse estágio, é comum vir acompanhada por febre alta (acima de 37,8°C), calafrios e dor na região lombar3.
Fontes: 1. Portal do Hospital Sírio Libanês; 2. Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; 3. Blog da Saúde, do Ministério da Saúde (MS); 4. Livro Manual de Fitoterapia, de Volker Fintelmann e Rudolf Fritz Weiss, da Editora Guanabara
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Fitoterápicos indicados Arctostaphylos uvae ursi (Uva-Ursi) Para a cistite aguda e não complicada, a bacteriúria assintomática e terapia adjuvante durante uma cateterização transuretral, particularmente de longa duração, são as principais indicações para a utilização de fitoterápicos. Nesse caso, a Arctostaphylos uvae ursi destaca-se como representante de maior eficácia entre as plantas antissépticas de vias urinárias. Ensaios apontam que o uso dessa substância é capaz de inibir o crescimento de até cinco espécies de bactérias e uma levedura (Candida albicans)4.
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SAÚDE
TOSSE Taxas de incidência A tosse pode ter diversas causas, mas quando tem origem no trato respiratório, ela costuma ocorrer por quadros de rinite alérgica sazonal ou perene, rinite vasomotora, rinite pós-viral, sinusites, rinite medicamentosa e rinites secundárias a agentes irritativos do ambiente. Dentro do espectro das doenças que cursam com gotejamento pós-nasal, as sinusites representam aproximadamente 30% das causas de tosse não produtiva e 60% das produtivas1. Grupos de risco Fumantes, pessoas expostas a poluição e alérgicos formam alguns dos grupos que estão mais suscetíveis a doenças do trato respiratório que têm a tosse como um dos sintomas2. Além desse grupo, crianças, idosos e pacientes de doenças crônicas, como bronquite, asma, rinite e sinusite, e imunodeprimidos também são bastante afetados3. Sintomas característicos Cada doença do trato respiratório tem sintomas específicos, que só o médico pode avaliar. Contudo, nesses casos, a tosse pode ser acompanhada por rouquidão, nariz entupido, dores no peito, dores de garganta, garganta irritada, corrimento nasal, dificuldade em respirar quando não se está realizando esforço (subir escadas, andar, fazer exercício), dispneia, entre outros3. Evolução da doença A ocorrência de inflamações e infecções das vias aéreas, tanto superiores quanto inferiores, são muito mais frequente nas estações mais frias do ano. Desse modo, quadros de resfriado ou de gripe – ambas infecções virais – e complicações infecciosas bacterianas oriundas destes dois problemas, como rinite, sinusite, faringite, laringite, bronquite e pneumonias, também se tornam bem mais comuns4. Fitoterápicos indicados Mikania glomerata É indicado para o tratamento de doenças do trato respiratório, promovendo o relaxamento da musculatura lisa dos brônquios, auxiliando na eliminação das secreções brônquicas e no combate à tosse. Contém substâncias expectorantes e broncodilatadoras, como a cumarina. Produção de ação rápida. Produtos contendo guaco não devem ser empregados concomitantemente com anticoagulantes, pois as cumarinas podem potencializar seus efeitos e antagonizar o efeito coagulante da vitamina K5.
Hedera helix Tratamento da tosse, especialmente quando acompanhada de hipersecreção de muco viscoso nas vias respiratórias. Indicado também para tratamento sintomático de doenças inflamatórias crônicas, como bronquite, asma brônquica e enfisema. Possui ação expectorante e espasmolítica, levando à diminuição da tosse e da hipersecreção de muco pelas vias aéreas. O complexo fitoterápico do extrato de Hedera helix inclui os glicosídeos de hederagenina, sendo o principal constituinte o hederacosídeo C. A administração dessa substância de forma concomitante com antibióticos, antipiréticos, anti-inflamatórios não esteroidais e antialérgicos pode levar a um aumento de reações adversas5.
ESPECIAL FITO 2019
Fontes: 1. Artigo Tosse Crônica na Rotina Otorrinolaringológica, do Centro de Otorrinolaringologia do Pará; 2. Portal São Francisco; 3. Portal Unimed Vitória; 4. Portal do Hospital do Coração (HCor); 5. Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da Natulab, Olavo Rodrigues
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