ano XIx • nº 238 setembro de 2012
reforma lucrativa Uma nova apresentação do layout gera resultados imediatos. Os objetivos vão além do ganho expressivo nas vendas. Buscam sobretudo a satisfação do consumidor
editorial
Tira, põe... deixa ficar Foram mais de dois anos de muitos debates e batalhas jurídicas. Depois de muita polêmica, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) resolveu alterar o artigo da RDC 44/09 e passou a permitir a exposição de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) na área de autosserviço. Seguindo sua postura paternalista, a Anvisa, ao publicar a RDC 44/09, visava inibir o uso indiscriminado de MIPs e promover uma dispensação consciente. O resultado não foi nada do esperado. Durante o tempo de vigência da resolução, o IMS Health detectou que a venda de embalagens maiores de MIPs cresceu: se antes o consumidor comprava uma cartela com apenas quatro comprimidos para resolver sua dor de cabeça, passou a levar 12 pra casa. Para o Conselho Federal de Farmácia (CFF), a medida é um retrocesso quando o assunto é automedicação. Já para os representantes da cadeia produtiva do setor, a RDC 41/12 corrige um erro. Sob a alegação de minimizar possíveis riscos do uso desses medicamentos, a resolução anterior induzia o cliente à compra, com al-
DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA Tânia Longaresi (tania@contento.com.br)
guém decidindo por ele – algo que está longe de representar segurança. A prática também demonstra que outras medidas paternalistas da Agência são desnecessárias. É o caso dos antibióticos. A venda dessa categoria apresenta crescimento nas vendas, mesmo com a exigência da retenção de receita. Cenário indica que nunca houve uma forte automedicação. A venda de antibióticos voltou ao patamar anterior às novas regras. No primeiro momento, houve um impacto nas vendas, mas hoje já se normalizou. Os volumes retornaram a 90% dos valores pré-retenção de receita. Talvez esse resultado demonstre que a venda sem receita de antibióticos nunca foi tão alta como se temia. Mesmo com índices em mãos, uma nova proibição pode entrar na lista da Anvisa. A Agência pretende proibir a venda de medicamentos de tarja vermelha (como anticoncepcionais, anti-inflamatórios e medicamentos para hipertensão) sem prescrição médica. Acompanharemos de perto mais essa polêmica. Boa leitura. Tânia Longaresi Editora
DEPARTAMENTO COMERCIAL executivas de contas Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br)
Marketing e Projetos Luciana Bandeira
assistentes do Comercial Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira
Colaboradores da edição Revisão Maria Stella Valli Textos Camila Guesa, Egle Leonardi e Rodrigo Rodrigues Colunistas Ariovaldo da Silva Júnior, Gustavo Semblano, João Franco de Godoy Filho, Sérgio Mena Barreto, Silvia Osso e Sonja Helena Macedo Foto capa Shutterstock
Editora Assistente Lígia Favoretto
DEPARTAMENTO DE assinaturas Morgana Rodrigues
assistente de redação Ludmilla Pazian
coordenador DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri
estagiária de redação Thaís Bueno EDITORa de arte Mariana Sobral Assistentes de arte Agatha Sanvidor e Larissa Lapa 4
Medicamentos Isentos de Prescrição voltam às gôndolas das farmácias e drogarias
DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Rosângela Oliveira e Antônio Gambeta
guia da farmácia setembro 2012
analista de marketing Lyvia Peixoto
> www.guiadafarmacia.com.br Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.
IMPRESSÃO IBEP
foto: shutterstock
sumário #238 setembro 2012
e mais 08 16 18 28 40 44 52
> Cartas > Guia on-line > antena ligada > atualizando > atualidade > gestão > mix
Especial Idosos 94 100 106 110 116 122 127 130
110
> > > > > > > >
panorama pdv automedicação coração alimentação diabetes sexualidade beleza
133 Caderno Saúde 136 > alergias 142 > endometriose 146 > cefaleia 152 > artigo
10 > Entrevista A diretora de assuntos corporativos da Lilly no Brasil, Regiane Salateo, fala com exclusividade ao Guia da Farmácia, sobre inovação, novos produtos e biotecnologia
66 > ponto de venda Público-alvo do setor, as mulheres compram por impulso, são exigentes e bem informadas. Elas preferem lojas clean, bem iluminadas, modernas e amplas
154 158 166 170
colunas 37 > Em debate João Franco de Godoy Filho 60 > varejo Silvia Osso 63 > competitividade Sérgio Mena Barreto 83 > consultor jurídico Gustavo Semblano 92 > cenário Sonja Helena Macedo
CAPA
74 > layout A reformulação de layout deve levar em conta a estratégia da empresa e o comportamento de compra do consumidor. Através dele, farmácias e drogarias podem estruturar a ambientação da loja com foco no aumento do tíquete médio
84 > conjuntura A recente aquisição de 45% das ações da Alliance Boots pelo grupo Walgreens reacendeu a discussão no Brasil sobre a entrada de players estrangeiros no varejo farmacêutico nacional
> debate > beleza – cabelos > sempre em dia > serviços
Errata
• Diferente do que foi informado na série de reportagens do Suplemento Genéricos, encartado no Guia da Farmácia de agosto, edição 237, a patente da rosuvastatina não está expirada. A fabricante do produto, AstraZeneca, continua convicta de que os direitos de exclusividade de comercialização de medicamentos à base de rosuvastatina são válidos até 2020. • O crédito da foto publicada na pág. 57, da matéria Estratégia de 6 líderes do varejo farmacêutico (edição 237), é de Felipe Mariano.
2012 setembro guia da farmácia
5
c a r ta s Para fazer elogios, críticas ou dar sugestões ao Guia da Farmácia, escreva para a redação: Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010 ou ligia@contento.com.br. Queremos saber o que você pensa!
sua opinião é muito importante para nós
estratégia que guia
Gostei muito da matéria Estratégia de 6 Líderes , do Guia da Farmácia 237, página 46. Podemos acompanhar exemplos de perfis de sucesso e aproveitar suas dicas no dia a dia. Aparecida Santos, Barretos (SP)
cores fundamentais Sempre utilizo as dicas de matérias do Guia da Farmácia, como a Observação e Atração , de agosto, que fala sobre aplicação das cores no ponto de venda, foi positiva para mostrar o que pode ser feito, na prática, para aumentar as vendas. Marcelo Souza, Santa Rita do Passa Quatro (SP)
8
guia da farmácia setembro 2012
novos destinos
Achei bem bacana a reportagem Ritmo chinês , publicada na última edição do Guia da Farmácia. Ela mostra o crescimento intenso brasileiro – e como a indústria farmacêutica aproveita as tendências. Mário Pereira, Diamantina (MG)
fotos: shutterstock
entrevista - regiane salateo, lilly
1 0 gguui a i a ddaa f faarrmmáácci a i a s se et te emmb br roo 2 20 01 12 2
fotos: divulgação
No caminho
da inovação Ao se pautar em pesquisa e inovação, Lilly prepara-se para um futuro que será marcado pela segmentação Por tânia longaresi
N
“Não pretendemos ser uma gigante do setor. Nosso objetivo é continuar no caminho da inovação e desenvolvimento.” A afirmação é da diretora de assuntos coporativos da Lilly no Brasil, Regiane Salateo. Em entrevista exclusiva para o Guia da Farmácia, a médica pediatra, que resolveu investir na carreira corporativa, falou sobre o atual momento da empresa. Hoje, a Lilly colhe os frutos da sua escolha estratégica com um dos pipeline mais robustos do setor: são 66 moléculas, sendo que 12 já em fase final de pesquisa. Ao longo dos últimos 19 anos, a Lilly lançou 20 medicamentos, entre os quais alguns líderes em vendas em todo o mundo: Prozac, Cialis, Zyprexa, Cymbalta. Em linha com esta trajetória de inovação, a empresa está gerando potenciais soluções de biotecnologia. Aliás, ela é uma das pioneiras nesse setor, já que a insulina humana também é um produto biotecnológico. São medicamentos biotecnológicos do laboratório o Fortéo, Reopro, Byetta, Humalog e Humulin. No Brasil, a Lilly está presente há mais de 67 anos. Além da fábrica em São Paulo, a empresa investe forte em pesquisas clínicas no País. 2012 setembro guia da farmácia
11
entrevista - regiane salateo, lilly
çar um paralelo do nosso orçamento doméstico: posso cortar a TV a cabo, parte do entretenimento, mas mantenho a educação e o investimento em saúde. Nesse período de crise, nós incrementamos nosso investimento em inovação e desenvolvimento. Guia • No pipeline da Lilly constam 66 produtos em desenvolvimento e seis novas indicações. Este é o grande pilar da empresa? Regiane • Sem dúvida. Graças a essa escolha, ao foco estratégico em inovação, hoje temos o pipeline mais robusto da nossa história. São 63 produtos em desenvolvimento, sendo que 12 dessas moléculas já se encontram na fase 3 da pesquisa (fase final, quando se compara a eficácia da nova molécula com o melhor tratamento disponível no mercado). Guia da Farmácia • O setor farmacêutico no Brasil vive um bom momento. Segundo projeções da IMS Health, enquanto os países desenvolvidos registram queda no faturamento de medicamentos. A expectativa é que o setor dobre de tamanho até 2015. Como a Lilly no Brasil analisa este atual momento do setor? Regiane Salateo • O País está entre as dez maiores afiliadas da Lilly do mundo. Temos um polo de fabricação que atende toda a América do Sul. Em 2017, a expectativa é que o Brasil passe a ser o quarto mercado farmacêutico do mundo e nós estamos preparados para isso. Há dois anos reformulamos nossa fábrica, que está mais produtiva e com processos otimizados. Guia • Para assegurar o ritmo de crescimento da Lilly, faz parte dos planos da empresa investir na compra de novas empresas? Regiane • Nosso principal foco é não perder o foco. Sempre fomos pautados em inovação e desenvolvimento. Hoje, estamos entre os 15 maiores laboratórios do mundo. Mas não temos a pretensão de ser uma gigante do setor. Nosso foco é e sempre será a inovação.
Guia • As projeções de envelhecimento da população brasileira evidenciam a importância desse grupo de consumidores para o cenário econômico dos próximos anos. Estamos nos preparando para receber um bônus demográfico. Os brasileiros na faixa de idade mais ativa (entre 15 e 64 anos) já são dois terços da população. Essa é uma proporção inédita na história. Até 2040, o Brasil terá mais de 30 milhões de pessoas nessa faixa etária. Essa nova realidade também trará uma nova demanda para a área de saúde. Você acredita que ao definir seu foco estratégico pautado em inovação a Lilly já esteja preparada para atender a esse novo cenário? Regiane • Com o envelhecimento da população há uma evolução natural das doenças. Acredito que fizemos a decisão certa. Ou melhor, fizemos uma ótima escolha ao focar a inovação. Empresas do mesmo setor tomam decisões diferentes, o que é crucial para haver uma complementação de serviços e produtos. Mas não tenho dúvida de que a decisão em inovação é importante, pois vem nos preparando para um futuro que será marcado pela segmentação.
Guia • Uma pesquisa da Delloite revela uma queda no investimento em pesquisa no setor farmacêutico. Como a Lilly avalia esses dados? Regiane • Com a crise econômica na Europa e também nos Estados Unidos, o investimento em pesquisa caiu. Mas a Lilly resolveu adotar uma outra estratégia. Fizemos vários cortes, menos em pesquisa. É como tra-
Guia • A pesquisa da Delloite também aponta o aumento nos custos nas pesquisas. Por que isso acontece: erros no processo ou novas necessidades a serem pesquisadas? Regiane • Hoje, para lançar uma nova molécula é necessário investir mais de 1,2 bilhão de dólares. Para analisar os custos em pesquisas é necessário avaliar o atual
12
guia da farmácia setembro 2012
“O entendimento da doença cresce, com isso cresce a necessidade de tratamentos específicos, o que aumenta necessariamente os custos da pesquisa” momento da saúde no mundo. Vivemos uma fase interessante, uma fase de migração. Até pouco tempo atrás as pesquisas eram focadas em necessidades básicas. Hoje os mecanismos são mais sofisticados e há uma tendência de individualização do tratamento. Com isso, as chances de lançar um novo blockbuster estão cada vez menores. Guia • Mas por que isso acontece? Regiane • Porque focamos grupos específicos, o que aumenta a complexidade da pesquisa. Não queremos lançar simplesmente uma nova opção para o tratamento da esquizofrenia, mas sim uma opção para os pacientes esquizofrênicos que apresentam determinada característica. O entendimento da doença cresce, com isso cresce a necessidade de tratamentos específicos, o que aumenta necessariamente os custos da pesquisa. Guia • Entre as diversas especialidades, a Lilly concentra seus investimentos em alguma área? Regiane • Boa parte do nosso desenvolvimento está direcionada para a linha oncológica. Cerca de 30% a 35% do nosso pipeline vem da linha oncológica, com 33 moléculas em estudo. Seguida por Diabetes (12 moléculas), Neurociência (10), Cardiologia (5), Osteometabolismo (2), Reumatologia (3) e Urologia (1). Guia • No ano passado, patentes de vários blockbusters chegaram ao fim. Alguns medicamentos da Lilly, como o Cialis (patente termina em 2013), são campeões de venda. Como a empresa se prepara para o final das patentes desses produtos, já que o histórico dos genéricos demonstra que o faturamento dos medicamentos de referência chegou a cair mais de 50%? Regiane • Quando lançamos uma nova molécula já calculamos o tempo de domínio da patente. Esse é um processo natural do setor. Alguns dos nossos medicamentos, como o Prozac, são referências no seu segmento e, mesmo com a entrada dos genéricos, nossa perda não atingiu a média do mercado. Temos marcas fortes e estabelecidas. Guia • Como a Lilly avalia as ações governamentais, como o Farmácia Popular, que visam aumentar
o acesso à saúde da população brasileira? Quais caminhos poderiam ser seguidos no País? Regiane • São iniciativas extremamente válidas e que temos todo o interesse em participar e apoiar. Veja o exemplo do Farmácia Popular. A Lilly é pioneira no fornecimento de insulinas ao programa. Quando o governo estabeleceu a regra do Saúde não tem Preço, fomos a primeira empresa a atender e se adaptar às novas regras (antes o governo pagava 90% do valor do medicamento e o paciente 10%. Com o Saúde não tem Preço, o governo continuou pagando 90% e o restante teve de ser absorvido pela cadeia produtiva). Nesse período, registramos um aumento considerável na venda de insulinas. Guia • O que representa hoje a venda no canal farmacêutico no Brasil para a Lilly? Como analisa o relacionamento da sua empresa com as farmácias e drogarias? Regiane • Temos uma lista de medicamentos fortes que tem como foco a venda no canal farma. Mantemos uma equipe especializada no ponto de venda. O farmacêutico ocupa uma posição estratégica no tratamento de qualquer doença. Investimos em programas de treinamento e relacionamento para manter esse profissional preparado, pois o sucesso do tratamento também depende da qualidade do ato da dispensação. Guia • Analise a atuação da Lilly em biotecnologia. Como a empresa avalia o mercado de biomedicamentos? Regiane • A biotecnologia já faz parte da nossa história. Nossa insulina humana é um produto biotecnológico. Temos vários produtos no mercado. Boa parte do nosso pipeline também é voltado a produtos biotecnológicos. Para reforçar nossa atuação nesse segmento, há três anos compramos a empresa ImClone, focada em biotecnologia. Guia • Fale um pouco sobre esse investimento em pesquisas no Brasil. Quanto o grupo investe em pesquisa local e quais os planos para os próximos anos? Regiane • Atualmente temos 160 centros de pesquisas (em parceria com universidades, hospitais públicos, entre outros) em todas as regiões do País. O Brasil tem qualidade excelente de profissionais de pesquisa clínica. O investimento em pesquisa no País será progressivo. 2012 setembro guia da farmácia
13
gu ia on- l i ne www.guiadafarmacia.com.br Informações exclusivas na internet AL
E CO N TEÚDO
Este selo nos artigos da revista indica conteúdo extra. Acesse o Portal e confira
XT T RA NO POR
Acesse o Portal e confira as informações complementares do conteúdo editorial da revista, além de textos exclusivos a cada edição.
Siga-nos no Twitter @guiada_farmacia
Acompanhe o Facebook do Guia da Farmácia
conteúdo extra no portal Mobiliário para o ponto de venda MDF ou metal? Conheça as vantagens e desvantagens de renovar os móveis de sua loja com cada uma destas opções.
IBGE comenta
Mal evitável
A entrevista com o técnico em geografia do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Gabriel Borges, revela mais informações do aumento da população idosa no Brasil e o que deve ser repensado em um país com as características futuras.
A dor de cabeça atinge 90% da população mundial. Muitas vezes pode se tornar crônica, sobretudo quando os pacientes fazem uso excessivo de medicamentos. Conheça as causas do problema e medidas simples para o seu alívio.
Guia da Farmácia ENTREVISTA No Portal do Guia da Farmácia você pode conferir diversas entrevistas feitas pela repórter Lígia Favoretto. No último mês ela conversou com o presidente-executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto, que comentou o crescimento do setor.
16
guia da farmácia setembro 2012
Capa do leitor Você sabia que a capa deste Guia da Farmácia foi escolhida pelos curtidores da Fanpage da revista? Eles puderam votar na preferida entre duas opções. A vencedora estampa a abertura desta edição.
fotos: shutterstock
ANTENA LIGADA
receita para
Tarja vermelha anvisa pode tomar medidas regulatórias para venda de medicamentos como anticoncepcionais, anti-inflamatórios e para hipertensão sem receita bom momento dos nutricosméticos
Com a proibição da venda de inibidores de apetite, pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), houve indiretamente um incentivo à venda dos nutricosméticos, que prometem controlar o peso. No primeiro semestre de 2012, o volume de vendas cresceu 63%. O principal uso está vinculado ao tratamento de pele, unhas e cabelo. “A tendência de obesidade é crescente e o nutricosmético funciona como um complemento ao tratamento”, diz a gerente do laboratório FQM Derma, Cinara Oliveira. De acordo com a Euromonitor, os nutricosméticos integram o mercado de suplementos alimentares, que cresceu 22% em 2011, atingindo US$ 517 milhões no Brasil. • http://portal.anvisa.gov.br • www.fqmderma.com.br • www.euromonitor.com 18
guia da farmácia setembro 2012
possível proibição
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende proibir a venda de medicamentos de tarja vermelha sem prescrição médica, embora comum, a prática é ilegal. “Estamos preparando um esforço para informar as ações que as vigilâncias sanitárias devem fazer”, afirma o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano. Para ele, é possível resolver este problema sem a nova lei, apenas com a sensibilização das vigilâncias e farmácias. “Vamos dar um tempo para o segmento se sensibilizar. Se não funcionar, a Anvisa pode tomar medidas do ponto de vista regulatório.” • http://portal.anvisa.gov.br fotos: shutterstock/divulgação/leandro kendy
Premiação no Rio de Janeiro
Fórum de varejo para a América Latina
A consultoria GS&MD – Gouvêa de Souza realizou em agosto a 15ª edição do Fórum de Varejo da América Latina. O encontro reúne anualmente os principais nomes do varejo para discutir as tendências de consumo. No fórum foram debatidos os temas: “Classes em movimento: o consumidor mais por menos redefine o varejo”, “O consumidor no epicentro de tudo”, “Repensando produtos e serviços na nova realidade”, “As transformações dos formatos e canais no novo cenário” e “O momento para desenvolver e incorporar novos negócios no varejo”. • www.gsmd.com.br Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1 Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1 Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1 Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1 Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1 Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1 Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf Anúncio_GuiadeFarmácias.pdf 1
1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01 1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01 1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01 1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01 1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01 1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01 1 14/08/12 14/08/12 14:01 14:01
A DKT do Brasil, detentora da marca Prudence, conquistou, pelo segundo ano consecutivo, o prêmio POPAI Expositor Destaque na 32ª Convenção Anual do Atacadista e Distribuidor (Abad), no Rio de Janeiro (RJ). Este ano, a marca ficou com o primeiro lugar na categoria “Melhor Exposição de Produto e Campanha”. Na edição de 2011 da feira, a vitória foi em “Melhor Design”. Na Abad, a DKT ainda apresentou duas novidades a linha de preservativos femininos Prudence L’amour e a edição comemorativa Prudence Vintage, que celebra os 21 anos da primeira venda da marca no Brasil. • www.dkt.com.br
2012 setembro guia da farmácia
19
ANTENA LIGADA
Smart open office da Stiefel
Os Laboratórios Stiefel, uma empresa GSK, implementaram um escritório inovador em São Paulo, concebido a partir do conceito smart open office. O objetivo principal é oferecer um ambiente corporativo que promova a colaboração e agilidade nos processos e na tomada de decisão. As mudanças implementadas têm como objetivos encorajar a inovação e interação, facilitar a comunicação interna, o compartilhamento de informações e o trabalho em equipe e adaptar as futuras necessidades da empresa a um custo mínimo. • www.stiefel.com.br
Atuação social
Crescimento, parceria e aquisições
A influência das marcas na vida das pessoas deve ultrapassar as estratégias de marketing e focar também as necessidades diárias. A praticidade social deve ser levada em conta na hora de estabelecer contato com o público. O purificador de água Pureit, lançado no ano passado pela Unilever, é um exemplo. A marca, em parceria com a Pastoral da Criança, doou os produtos a uma comunidade carente no Paraná, que tinha sofrido com as enchentes. A parceria entre a Unilever e a comunidade não se fez de maneira forçada e se torna fonte de possibilidades para ambas.
O Zambon Laboratórios Farmacêuticos apresentou um crescimento nas vendas de 8% no primeiro semestre de 2012, comparado a 2011, faturando R$ 81,4 milhões. Neste ano, a empresa já investiu por volta de R$ 7 milhões em ações de marketing como a Campanha de Inverno para a Linha Respiratória e o programa de educação continuada para a farmácia, PEC Farmatm Zambon. Outra estratégia adotada pela companhia para alavancar os números é o estabelecimento de novas parcerias e a aquisição de novos medicamentos.
• www.unilever.com.br
• www.zambon.com.br
C C C M
Novidade na rede
A Mantecorp Skincare acaba de lançar o seu portal na internet. O espaço promete ser um dos aliados dos consumidores, dermatologistas e especialistas da área na busca por informações seguras sobre cuidados com a pele. O site conta ainda com uma área exclusiva para médicos e especialistas, onde é possível ter acesso a estudos e pesquisas sobre a saúde da pele. A marca também tem como objetivo estreitar relacionamento com seu público-alvo e permitir acesso ao seu portfólio. • www.mantecorpskincare.com.br
20
guia da farmácia setembro 2012
M M Y Y Y CM CM CM MY MY MY CY CY CY CMY CMY CMY K K K
v v v C SA C SA S AC
Direitos sobre medicamento Nexium
Prática oftalmológica Médicos oftalmologistas de todo o País estarão reunidos a partir do próximo dia 12 de setembro para debater inúmeros assuntos de relevo para a prática da medicina oftalmológica. Temas como a importância das campanhas de conscientização na prevenção do glaucoma, a influência de novas tecnologias na prevenção da cegueira e o impacto da campanha nacional de catarata na quantidade de cirurgias fazem parte da programação. O evento será realizado no Palácio das Convenções do Parque Anhembi, em São Paulo, até 15 de setembro. • www.cbo2012.com.br
Guia de Farmácia.pdf 3 01/08/2012 11:21:41 Guia de Guia Farmácia.pdf de Farmácia.pdf 3 01/08/2012 3 01/08/2012 11:21:41 11:21:41 Guia de Guia Farmácia.pdf de Farmácia.pdf 3 01/08/2012 3 01/08/2012 11:21:41 11:21:41 Guia de Guia Farmácia.pdf de Farmácia.pdf 3 01/08/2012 3 01/08/2012 11:21:41 11:21:41
A Pfizer pagará US$ 250 milhões para ter direitos globais exclusivos do medicamento de azia Nexium, versão sem prescrição médica, da AstraZeneca. A AstraZeneca também abastecerá a Pfizer com a versão sem prescrição médica do Nexium, sob aprovação de marketing. As empresas pretendem criar uma parceria estratégica, que pode incluir acordos semelhantes para as marcas sob prescrição da AstraZeneca, para as quais versões sem prescrição podem ser apropriadas. A Pfizer reduziu sua previsão de lucro do ano para entre 2,12 e 2,22 dólares por ação, ante estimativa anterior de 2,14 e 2,24 dólares. • www.pfizer.com.br • www.astrazeneca.com.br
PRODUTOS PRODUTOS PRODUTOS PRODUTOS PRODUTOS Medicamentos Medicamentos Medicamentos Cosméticos PRODUTOS PRODUTOS Cosméticos Cosméticos Medicamentos Medicamentos Saneantes Saneantes Saneantes Cosméticos Cosméticos Alimentos Medicamentos Medicamentos Alimentos Alimentos Saneantes Saneantes Produtos para Saúde Cosméticos Cosméticos Produtos Produtos para Saúde para Saúde Alimentos Alimentos Saneantes Saneantes Produtos Produtos para Saúde para Saúde Alimentos Alimentos Produtos Produtos para Saúde para Saúde
C C C M M M Y Y Y CM CM CM MY MY MY CY CY CY CMY CMY
Os produtos da linha Vitgold, Os produtos Os produtos da linha da linha Vitgold, Vitgold, de acordo com a determinação produtos Os produtos linha da linha Vitgold, Vitgold, deOs acordo de acordo comda com a determinação a determinação produtos Os da linha da linha Vitgold, Vitgold, daprodutos ANVISA (RDC44/2009), deOs acordo acordo com a determinação a44/2009), determinação dadeANVISA da com ANVISA (RDC(RDC44/2009), de de acordo com acomo determinação a44/2009), determinação sãoacordo registrados suplementos ANVISA da com ANVISA (RDC(RDC44/2009), são registrados sãodaregistrados como como suplementos suplementos daregistrados ANVISA da ANVISA (RDC(RDC44/2009), 44/2009), alimentares (classe de alimentos são registrados são como como suplementos suplementos alimentares alimentares (classe (classe de alimentos de alimentos são registrados são registrados como como suplementos suplementos começando com os alimentos numerais 4, 5 alimentares alimentares (classe (classe de de alimentos começando começando com com os numerais os numerais 4, 5 4, 5 alimentares alimentares (classe (classe de alimentos de alimentos e/ou 6), portanto, podem começando começando os numerais os numerais 4, 5ficar 4, 5 e/ou e/ou 6), com portanto, 6), com portanto, podem podem ficar ficar começando começando com com osnonumerais os numerais 4, 5ficar 4, 5 expostos autoatendimento e/ou e/ou 6), portanto, 6), podem podem ficar expostos expostos no portanto, autoatendimento no autoatendimento e/ou e/ou 6), portanto, 6), portanto, podem podem ficarficar das farmácias e drogarias expostos expostos no autoatendimento no autoatendimento das farmácias das farmácias e drogarias e drogarias expostos expostos nofarmácias autoatendimento nodoautoatendimento ao alcance consumidor, ao das farmácias das drogarias e drogarias ao alcance ao alcance do consumidor, do econsumidor, ao ao das farmácias dasdo farmácias econsumidor, drogarias e drogarias contrário dos medicamentos. ao alcance ao alcance consumidor, do ao ao contrário contrário dos medicamentos. dos medicamentos. ao alcance ao alcance do consumidor, do consumidor, ao ao contrário contrário dos medicamentos. dos medicamentos. contrário contrário dos medicamentos. dos medicamentos.
C C C M C M M Y M Y Y CM Y CM CM MY CM MY MY CY MY CY CY CMY CY CMY
CMY K
CMY K CMY K
K
K
K
K
PREFIXO PREFIXO PREFIXO ANVISA ANVISA ANVISA PREFIXO PREFIXO 1 ANVISA PREFIXO PREFIXO 1 ANVISA 12 ANVISA 12 ANVISA 132 312 4,5 132ou 6 4,5 32ou4,5 61 ou 32ou86 1 ou 4,5 61 ou 3ou84,5 3ou86 1 ou 4,5 ou84,5 61 ou ou86 1 ou 81 ou 8
. bb.. rrbbb oo m m cc m . o d c . b. rb l . . om . . tt ogg llooddll .dd cc. oocc m i m m g v t o i i v ivt i gt oog loodl .d . v ivt i gt g v v 330 300553399555 999 8 0 3 8 8 0 0 0 0 30 3 0 80 0 C S CA C00 880088000 000 88003388 330 305395 9 A SA S 0site e nos acompanhe nas redes sociais 0nosso 8 0nossopara 80participar SA SCA CAcesse Acesse Acessesite nosso e nossite nos acompanhe acompanhe nas redesnas redes sociais sociais deeconcursos e concorrer a brindes especiais. S ASCA C0para para participar de deeconcursos e concorrer e concorrer a brindes aespeciais. brindes especiais. Acesseparticipar Acessesite nosso nosso econcursos nossite nos acompanhe acompanhe nas nas redes redes sociais sociais para para participar de deeconcursos e concorrer e concorrer a brindes aespeciais. brindes especiais. Acesseparticipar Acessesite nosso nosso econcursos nossite nos acompanhe acompanhe nas nas redes redes sociais sociais Vitgold para participar paraVitgold participar de concursos de concursos e concorrer e concorrer a@vitgoldbrasil brindesa@vitgoldbrasil brindes especiais. especiais. @vitgoldbrasil Vitgold
VitgoldVitgold VitgoldVitgold
@vitgoldbrasil @vitgoldbrasil @vitgoldbrasil @vitgoldbrasil
rr r r
CONHEÇA NOSSA LINHA COMPLETA CONHEÇA CONHEÇA NOSSA NOSSA LINHA LINHA COMPLETA COMPLETA CONHEÇA CONHEÇA NOSSA NOSSA LINHA LINHA COMPLETA COMPLETA CONHEÇA CONHEÇA NOSSA NOSSA LINHA LINHA COMPLETA COMPLETA
DISPONÍVEIS NAS PRINCIPAIS REDES DE FARMÁCIAS, DROGARIAS DISPONÍVEIS DISPONÍVEIS NASNAS PRINCIPAIS PRINCIPAIS REDES REDES DE FARMÁCIAS, DE FARMÁCIAS, DROGARIAS DROGARIAS E LOJAS DEREDES PRODUTOS DISPONÍVEIS DISPONÍVEIS NAS NAS PRINCIPAIS PRINCIPAIS REDES DENATURAIS. FARMÁCIAS, DENATURAIS. FARMÁCIAS, DROGARIAS DROGARIAS E LOJAS E LOJAS DE PRODUTOS DE PRODUTOS NATURAIS. DISPONÍVEIS DISPONÍVEIS NAS NAS PRINCIPAIS PRINCIPAIS REDES REDES DENATURAIS. FARMÁCIAS, DE FARMÁCIAS, DROGARIAS DROGARIAS E LOJAS DE PRODUTOS Gestantes, nutrizes e crianças atéE 3LOJAS (três)DE anos,PRODUTOS somente devem consumir estesNATURAIS. produtos sob orientação nutricionista ou médico. 2 0nutricionista 1 2do s eou tmédico. em bro Gestantes,Gestantes, nutrizes enutrizes criançase crianças atéE 3LOJAS (três) até anos, 3 (três) somente anos, somente devem consumir devem consumir estes produtos estes produtos sob orientação sob orientação do do ou médico. E LOJAS PRODUTOS DE PRODUTOS NATURAIS. Consumir osDE produtos conforme a ingestãoNATURAIS. diária constante na embalagem. nutricionista Consumir os ossomente produtos conforme conforme a NÃO ingestão a ingestão diária constante diária constante naprodutos embalagem. nasob embalagem. Gestantes,Gestantes, nutrizes enutrizes criançaseConsumir crianças até 3 (três) atéprodutos anos, 3 (três) anos, somente devem consumir devem consumir estes produtos estes sob orientação orientação do nutricionista do nutricionista ou médico. ou médico. CONTÉM GLÚTEN. NÃOsomente CONTÉM CONTÉM GLÚTEN. Consumir os ossomente produtos conforme conforme a NÃO ingestão aGLÚTEN. ingestão diária constante diária constante naprodutos embalagem. nasob embalagem. Gestantes,Gestantes, nutrizes enutrizes criançaseConsumir crianças até 3 (três) atéprodutos anos, 3 (três) anos, devem consumir devem consumir estes produtos estes sob orientação orientação do nutricionista do nutricionista ou médico. ou médico. NÃO CONTÉM NÃO CONTÉM GLÚTEN. GLÚTEN. ConsumirConsumir os produtos os produtos conformeconforme a ingestão a ingestão diária constante diária constante na embalagem. na embalagem. NÃO CONTÉM NÃO CONTÉM GLÚTEN.GLÚTEN.
guia da farmácia
21
ANTENA LIGADA
Literatura na contento Programa prático de marketing para farmácias Apresenta, de forma prática e objetiva, informações básicas para melhor utilização do marketing em farmácias. Silvia Osso 90 págs./R$ 24,90
na farmácia
Conhecimentos essenciais para orientação do consumidor
Segundo a legislação brasileira, os produtos cosméticos são preparações constituídas por substâncias naturais ou sintéticas, de uso externo em
cosméticos e dermocosméticos na farmácia
cosméticos e
dermocosméticos
cosméticos e
dermocosméticos
na farmácia
Conhecimentos essenciais para orientação do consumidor
diversas partes do corpo humano com o objetivo exclusivo de limpá-las, perfumá-las, alterar sua aparência e/ou corrigir seus odores corporais e/ou protegê-las ou mantê-las em bom estado.
Já dermocosméticos ou cosmecêuticos não têm definição oficial, porém, são produtos de marcas cujo apelo é a saúde e tratamento da pele.
Em geral, são cosméticos diferenciados, vendidos principalmente em farmácias, drogarias e lojas especializadas.
São cada vez maiores os esforços em pesquisas para o desenvolvimento de cosméticos mais eficazes. Além disso, o mercado de cosméticos tem grande importância em nossa economia – e o Brasil é, atualmente, o terceiro País que mais consome os itens no mundo.
Diante do quadro, o ponto de venda precisa se informar. O conhecimento sobre os produtos cosméticos e dermocosméticos, formulações, ativos
e mecanismos de ação facilita a orientação ao consumidor sobre qual o
11 5082 2200 contento@contento.com.br www.contento.com.br
TaTiana FERRaRa BaRRos
produto mais adequado para sua pele e qual a melhor forma de utilizá-lo.
TaTiana FERRaRa BaRRos
cosméticos e dermocosméticos na farmácia Conhecimentos para o ponto de venda sobre uma categoria fundamental para o varejo. Tatiana Ferrara Barros 50 págs./R$ 15,90
Ranking credencia Pague Menos como uma das maiores
Da periferia de Fortaleza (CE) ao reconhecimento continental. As Farmácias Pague Menos estrearam no ranking das 500 maiores empresas da América Latina, divulgado pelo instituto AméricaEconomía Intelligence e referente ao ano de 2011. A companhia aparece na 402ª colocação geral e na 57ª entre as companhias especializadas em comércio. Criado em 1993, o estudo levou em conta indicadores financeiros como faturamento, lucro líquido e Ebitda obtidos no ano anterior, a partir de consultas a balanços, bolsas de valores ou, no caso de empresas fechadas, solicitações de dados em questionários. A rede também figurou com destaque entre as empresas que mais se capitalizaram, ficando na 18ª posição e à frente de gigantes como Lojas Americanas, Siemens e Braskem. • www.paguemenos.com.br
BOAS PRÁTICAS DE ARMAZENAGEM, DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE DE MEDICAMENTOS
Gustavo Franco de Godoy
BOAS PRÁTICAS DE
ARMAZENAGEM, DISTRIBUIÇÃO E TRANSPORTE DE MEDICAMENTOS 2ª Edição Revisada e Ampliada
Boas Práticas de Armazenagem, Distribuição e Transporte de Medicamentos Métodos necessários para compreender e implementar as Boas Práticas de Armazenagem, Distribuição e Transporte de Medicamentos no Brasil. Gustavo Franco de Godoy 114 págs./R$ 39,90 Atualmente os medicamentos
percorrem um longo caminho
desde sua fabricação, passando
pelo distribuidor e pelas farmácias e drogarias, até chegar às mãos do consumidor final. É justamente ao longo desse processo de
abastecimento que os medicamentos estão sujeitos a condições diversas
que podem alterar suas propriedades, comprometendo então seus efeitos. Em comemoração aos 73 anos
do Sincamesp, este livro oferece os métodos necessários para
compreender e implementar as
Boas Práticas de Armazenagem, Distribuição e Transporte de
Medicamentos no Brasil. Fruto de uma adaptação baseada na
legislação vigente, a obra é pautada na manutenção da qualidade dos
medicamentos, desde o recebimento do fornecedor até a entrega ao
varejista, servindo também como
Gustavo Franco de Godoy
CONTENTO COMUNICAÇÃO LTDA. Rua Leonardo Nunes, 198 – Vila Clementino TEL (11) 5082 2200 CEP 04039-010 – São Paulo, SP – Brasil www.contento.com.br | contento@contento.com.br
referência para empresas que
distribuem e comercializam, inclusive
no varejo, produtos de higiene pessoal, perfumaria, cosméticos e correlatos
Colaboradores Saulo de Carvalho Jr. e Sonja Helena M. Macedo
em suas embalagens originais.
Informações e vendas: www.lojacontento.com.br 22
guia da farmácia setembro 2012
Inovação em barbeadores e depiladores BIC
A BIC – empresa que atua nas categorias de barbeadores, papelaria, acendedores, pilhas, colas instantâneas e artigos esportivos aquáticos – apresenta as novas embalagens das linhas de barbeadores e depiladores BIC Comfort 3 e BIC Comfort 2 (antigo BIC Comfort Twin, alterado para aumentar o entendimento do consumidor e reforçar o padrão de nomenclatura da linha). A empresa tomou essa decisão para tornar o produto ainda mais atrativo no ponto de venda, facilitando a escolha do consumidor e destacando a qualidade, modernidade e jovialidade dos produtos. • www.bicworld.com
Abmapro lança manual
A Associação Brasileira de Marcas Próprias e Terceirização, após completar seis anos de existência, lança o Manual ABMAPRO 2012. O material foi produzido com o intuito de contribuir para a ampliação e expansão do conhecimento tanto dos envolvidos na cadeia de Marca Própria, como dos demais interessados. O manual apresenta diversas informações sobre o setor, cujos produtos e serviços ganham cada vez mais participação. Além disso, o material traz um pouco da história e evolução, oferecendo um panorama completo com os principais dados relevantes do mercado mundial e brasileiro de Marca Própria. • www.abmapro.org.br
Medicina antienvelhecimento
Em resposta à reportagem veiculada no programa Fantástico, da Globo, no dia 5 de agosto, e ao parecer publicado pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), a Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD) vem a público para informar que apoia o posicionamento do CFM e condena as práticas da Medicina Antienvelhecimento. O parecer do CFM explicita que não se reconhece no Brasil a especialidade médica de antienvelhecimento, assim como também não há registros na União Europeia e nos Estados Unidos. A SBCD repudia a oferta de terapias sem respaldo científico, que se proponham a interromper um processo inerente ao desenvolvimento humano. • www.cfm.org.br • www.sbcd.org.br
2012 setembro guia da farmácia
23
ANTENA LIGADA
CPhI South America firma grandes alianças
Principal plataforma B2B para o setor e espaço ideal para que os fornecedores de matéria-prima para a indústria farmacêutica e de farmoquímica possam expor suas novidades em tecnologias e produtos, a CPhI South America, realizada nos dias 21, 22 e 23 de agosto no Expo Transamérica, em São Paulo (SP), está em sua quinta edição. O evento contou com mais de 250 marcas expositoras e apresentou dois Congressos Internacionais, o Pharma Trends e o Pharma Forum sob o patrocínio da Interfarma – Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. • www.cphi-sa.com.br
Nova promessa para câncer colorretal
A Sanofi anuncia a aprovação pela Agência Americana FDA (Food And Drug Administration) do medicamento Zaltrap® (ziv-aflibercept) para pacientes com câncer colorretal metastático resistentes à terapia com oxaliplatina ou que tenham demonstrado progressão da doença após o tratamento à base de oxaliplatina. Trata-se de um medicamento biológico, antiangiogênico. Ele impede a formação de novos vasos sanguíneos, que nutrem as células tumorais. Segundo a Sociedade Americana de Câncer, estima-se que mais de 143.000 novos casos de câncer colorretal serão diagnosticados em 2012, provocando a morte de mais de 51.000 pessoas. Cerca de 60% dos casos são diagnosticados na fase localmente avançada ou metastática. Apesar de a sobrevida no estágio inicial da doença ser relativamente alta, uma vez que o câncer colorretal provoca metástases, a sobrevida em cinco anos é estimada em 12%. • www.sanofi.com.br • www.fda.gov • www.cancer.org 24
guia da farmácia setembro 2012
Estomazil lança campanha para versão pastilhas
Estomazil, marca de antiácidos da Hypermarcas, lança a campanha de Estomazil Pastilhas, novo produto mastigável que alivia a azia, queimação e má digestão. O filme de Estomazil Pastilhas foi gravado em stop motion e destaca a praticidade do produto, que pode ser consumido a qualquer hora e em qualquer lugar. Foram capturadas mais de 400 imagens com 11 atores e em mais de seis ambientes. Para compor o clipe musical, foi produzido um jingle com o conceito “Tá na mão”. • www.hypermarcas.com.br
Divisão farma da hypermarcas sustenta crescimento
A companhia Hypermarcas teve a quarta maior alta da bolsa, de 2,8% cotadas a R$ 14,15. A receita líquida da empresa aumentou 11% para 957 milhões de reais e o Ebitda atingiu o melhor resultado desde 2010 com R$ 224 milhões. Entretanto, houve um prejuízo líquido de R$ 30 milhões no segundo trimestre. O que sustentou o bom resultado da companhia foi a divisão farma, que cresceu 21% e foi responsável por 55% da receita líquida do trimestre. Com a integração de produtos e distribuição de cada divisão, há um pico de investimentos em ativos previsto para terminar o primeiro semestre de 2013. A partir disso, a empresa irá desacelerar os investimentos. De acordo com o presidente, Claudio Bergamo, projeta-se um montante de R$ 150 milhões para 2013 e de R$ 100 milhões para 2014. Nos próximos anos, deve ficar entre R$ 80 e R$ 100 milhões. • www.hypermarcas.com.br
Dr. Hollywood em unidade Bifarma O médico das celebridades, Doctor Rey, esteve, no último mês, na unidade de Franco da Rocha (SP), da farmácia Bifarma, para anunciar a comercialização de seu redutor de gordura, Tak Gold, pela rede de drogarias. No evento, os participantes puderam interagir com o cirurgião durante uma hora e meia. • www.bifarma.com.br
Diarreia Aguda?
Para um resgate efetivo, conte com a ação integrada de probiótico e prebióticos
•
Eficaz no controle da diarreia aguda infecciosa e associada a antibióticos
•
Regenera a flora1-3
•
Ampla eficácia probiótica4-12
•
Aumenta a quantidade de bifidobactérias e lactobacilos
•
Contribui para uma flora bacteriana saudável
•
Intenso efeito prebiótico13-15
•
Reduz o tempo de duração da diarreia em associação com a Terapia de Hidratação Oral
•
Aumenta a absorção de H2O e sódio via geração de AGCC**
•
Aumenta a consistência do bolo fecal através da formação de gel13-18
O NOV
*Goma Guar Parcialmente Hidrolisada. **Ácidos Graxos de Cadeia Curta.
Referências bibliográficas: 1. Liu Y et al. Human-derived probiotic Lactobacillus reuteri strains differentially reduce intestinal inflammation. Am J Physiol Gastrointest Liver Physiol 2010 (299). 2. Cimperman L et al. A randomized, Double-blind, placebo controlled pilot study of lactobacillus reuteri for the prevention of antibiotic-associated diarrhea in hospitalized adults. Clinical Nutrition Week 2009 - Scientifc abstracts and scientifc posters. JPEN 2009; 33:181. 3. Correa NB et al. A randomized formula controlled trial of Bifidobacterium lactis and Streptococcus thermophilus for prevention of antibiotic-associated diarrhea in infants. J Clin Gastroenterol 2005; 39:385-389. 4. Bartosch S et al. Microbiological effects of consuming a synbiotic containing Bifidobacterium bifidum, Bifidobacterium lactis, and oligofructose in elderly persons, determined by real-time polymerase chain reaction and counting of viable bacteria. Clin Infect Dis 2005; 40:28-37. 5. Hamilton-Miller JM. Probiotics and prebiotics in the elderly. Postgrad Med J 2004; 80:447-451. 6. Valeur N et al. Colonization and immunomodulation by Lactobacillus reuteri ATCC 55730 in the human gastrointestinal tract. Appl Environ Microbiol 2004; 70:1176-1181. 7. Savino F et al. Lactobacillus reuteri (American Type Culture Collection Strain 55730) versus simethicone in the treatment of infantile colic: a prospective randomized study. Pediatrics 2007; 119:e124-e130. 8. Tubelius P, Stan V, Zachrisson A. Increasing work-place healthiness with the probiotic Lactobacillus reuteri: a randomized, double-blind placebo-controlled study. Environ Health: A Global Access Science Source 2005; 4:25 p://www.ehjournal.net/content/4/1/25). 9. Jacobsen CN et al. Screening of probiotic activities of forty-seven strains of Lactobacillus spp. By in vitro techniques and evaluation of the colonization ability of five selected strains in humans. Appl Environ Microbiol 1999; 65:4949-4956. 10. Talarico TL et al. Production and isolation of reuterin, a growth inhibitor produced by Lactobacillus reuteri. Antimicrob Agents Chemother 1988; 32:1854-1858. 11. Casas IA, Dobrogosz WJ. Validation of the probiotic concept: Lactobacillus reuteri confers broad-spectrum protection against disease in humans and animals. Microb Ecol Health Dis 2000; 12:247-285. 12. Lionetti E et al. Lactobacillus reuteri therapy to reduce side-effects during anti-Helicobacter pylori treatment in children: a randomized placebo controlled trial. Aliment Pharmacol Ther 2006; 24:1461-1468. 13. Patrick PG et al. Effect of supplements of partially hydrolyzed guar gum on the occurrence of constipation and use of laxative agents. J Am Diet Assoc 1998; 98(8):912-4. 14. Kolida S et al. Prebiotic effects of inulin and oligofrutose. British J of Nutrition 2002; 87(2):193-197. 15. Kaur N et al. Applications of inulin and oligofrutose in health and nutrition. J Biosci, 2002; 27(7):703-714. 16. Alam N.H., Ashraf H., Sarker S.A., et al.: Efficacy of partially hydrolyzed guar gum-added oral rehydration solution in the treatment of severe cholera in adults. Digestion 2008; 78:24-29. 17. Velazquez M et al. Effect of oligosaccharides and fibre substitutes on short-chain fatty acid production by human faecal microflora. Anaerobe, 2000; 6:87-92. 18. Takahashi H et al. Influence of partually guar gum on constipation in women. J Nutr Sci Vitaminol 1994;40:251-259.
O Lactobacillus reuteri (probiótico) contribui para o equilíbrio da flora intestinal. Seu consumo deve estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis. Recomendação de uso: de 1 a 3 sachês ao dia. 1 sachê contém 1x108 UFC. Não contém glúten.
2012 setembro guia da farmácia
25
atualizando
Diferencial
competitivo
laboratórios farmacêuticos apresentam novos formatos, embalagens e terapêuticas. inovações objetivam praticidade nas vendas e eficácia dos tratamentos
anador
boehringer ingelheim
Farmacêuticos e consumidores já podem conferir o novo blíster de Anador. Agora com quatro unidades (em substituição à cartela de oito comprimidos com picote), formato arredondado e sem o incômodo picote que exigia o corte da cartela ao meio. A novidade faz parte da evolução da marca, que sempre busca a modernização para acompanhar as necessidades do mercado. Desde 2010, Anador assumiu seu posicionamento focado em dor de cabeça, reforçando definitivamente sua atual proposta de valor: ser a marca para o alívio das dores de cabeça de primeira escolha entre os consumidores das classes emergentes no Brasil, entregando uma equação de valor. MS 1.0367.0076 www.boehringer-ingelheim.com.br 28
guia da farmácia setembro 2012
aristab aché
O laboratório Aché lança o primeiro similar da molécula aripiprazol do mercado brasileiro. Aristab chega para atender aos médicos e pacientes que precisam tratar a esquizofrenia ou transtorno bipolar. O medicamento é um antipsicótico e o primeiro de uma nova categoria, a dos estabilizadores dos sistemas dopaminérgico-serotoninérgico, por isso, é frequentemente chamado de antipsicótico de terceira geração. Está disponível nas apresentações em cartuchos com 10 mg com 10 comprimidos, 10 mg com 30 comprimidos, 15 mg com 30 comprimidos, 20 mg com 30 comprimidos e 30 mg com 30 comprimidos. MS 1.0573.0425 www.ache.com.br fotos: divulgação
aceclofenaco nova química
A Nova Química continua lançando a cada mês vários produtos em sua linha de genéricos. Neste mês, o Aceclofenaco entra para o portfólio. O medicamento possui potentes efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos. Seu mecanismo de ação está baseado, em grande parte, em sua ação inibitória dos principais agentes dos processos inflamatórios. É indicado no tratamento de diversos tipos de inflamações e dores causadas por processos inflamatórios. Trata-se de um produto com mercado de mais de dois milhões de unidades vendidas por ano, o que movimenta cerca de R$ 50 milhões em vendas. MS 1.2675.0156.003-2 (100 mg com 12 comprimidos) MS 1.2675.0156.007-5 (100 mg com 24 comprimidos) www.novaquimicafarma.com.br
2012 setembro guia da farmácia
29
atualizando
telmisartana nova química
A Nova Química acaba de lançar um produto exclusivo: a Telmisartana. É o primeiro genérico do Micardis (Boehringer Ingelheim) a ser comercializado. Este medicamento é utilizado no tratamento da pressão alta, em pacientes que já sofreram infarto, aqueles que têm problemas cardíacos (insuficiência cardíaca), e pacientes diabéticos com doenças nos rins. É uma substância que demanda quase 800 mil unidades por ano, sendo mais de 60 mil unidades por mês. Este montante representa, em valor, mais de R$ 50 milhões em vendas no último ano. MS 1.2675.0158.005-1 (40 mg com 30 comprimidos) MS 1.2675.0158.012-2 (80 mg com 30 comprimidos) www.novaquimicafarma.com.br
Yes Naturals Shot Lifenergy
A Lifenergy fez uma parceria sólida com uma indústria americana de fitoterápicos e produtos naturais para o desenvolvimento de suas linhas. O objetivo é trazer ao mercado itens com design inovador, embalagens diferenciadas, de alta eficácia, fabricados dentro de rigorosos padrões, que tenham alta possibilidade de giro e pulverização. Yes Naturals Shot faz parte de uma linha de energéticos para conveniência. O produto é uma fonte de vitaminas e tem o objetivo de proporcionar a obtenção de energia com muito sabor e praticidade, através de matérias-primas naturais e que não geram efeito colateral. Mulheres e homens, de 16 a 60 anos de idade, podem consumir o produto. A apresentação é em shot de 60 ml (displays com 12 unidades). Em embalagem prática, que pode ser ingerido com o mesmo nível de satisfação tanto Natural quanto Gelado. A indicação é de uso diário para atividades rotineiras, trabalho, esporte e lazer. MS produto isento de registro de acordo com a RDC 27/10 http://lifenergy.com.br
sedalex gotas teuto
masferol
O já conhecido Sedalex do laboratório Teuto chega ao mercado em nova forma farmacêutica. A novidade é que Sedalex está disponível em gotas, na forma de solução oral. O medicamento, que possui citrato de orfenadrina, dipirona e cafeína como princípios ativos, apresenta ação analgésica e relaxante muscular. O produto é indicado para o alívio da dor associada a contraturas musculares decorrentes de processos traumáticos ou inflamatórios e em dores de cabeça tensionais. Está disponível em solução oral, com embalagem contendo um frasco de 20 mL.
O laboratório Natulab, a fim de completar sua linha, lança no mercado o Masferol em comprimido revestido. Medicamento tendo como princípio ativo o sulfato ferroso, na concentração de 199,13 mg/com, disponibilizando 40 mg de ferro elementar e sendo indicado para o tratamento de anemias carenciais.
MS 1.0370.0179.014-1 www.teuto.com.br
MS 1.3841.0004 www.natulab.com.br
30
guia da farmácia setembro 2012
natulab
sun c
sundown naturals
Na estação mais fria do ano as pessoas ficam mais expostas, com a imunidade mais baixa e é aí que os vírus se aproveitam e tomam conta do corpo. A DIVINA (Distribuidora de Vitaminas Naturais), distribuidora da Sundown Naturals, apresenta ao mercado a vitamina Sun C, composta por ácido ascórbico puro, mais conhecido como vitamina C, ideal para ajudar a proteger o sistema imunológico, evitando assim gripes e resfriados. O produto funciona também como um antioxidante e auxilia na formação de colágeno dos tecidos da pele, resultando na melhora da sua cicatrização e nos processos póscirúrgicos. Além disso, estimula a fotoproteção, prevenindo manchas e rugas, ajuda no aumento da absorção do ferro no organismo. Sun C vem apresentado em tabletes, nas versões Sun C 500 mg e Sun C 1000 mg e deve ser ingerido uma vez ao dia junto com as principais refeições. MS 1.3795.0017/005-2 (Sun C 1000 mg com 100 tabletes) MS 1.3795.0017/002-8 (Sun C 500 mg com 100 tabletes) www.sundownvitaminas.com.br
2012 setembro guia da farmácia
31
atualizando
stabil aché
O Aché coloca na mercado o primeiro medicamento de seu portfólio para tratar a Doença de Parkinson. Stabil (dicloridrato de pramipexol) é uma molécula de perfil único e age como agonista de receptores de dopamina, oferecendo certa proteção aos neurônios. Stabil promove estabilidade motora e preço acessível desde o início dos sintomas da doença e chega ao mercado em três apresentações (0,125 mg, 0,250 mg e 1 mg). Pode ser usado como monoterapia ou em associação com a levodopa, o tratamento mais tradicional para Doença de Parkinson. O uso de Stabil no início do aparecimento dos sintomas prorroga o uso da levodopa, o que traz benefício ao paciente
acnefin teuto
O laboratório Teuto disponibiliza o Acnefin ao mercado farmacêutico. Trata-se de um medicamento que possui o Peróxido de Benzoíla como princípio ativo na concentração de 5%. O produto é indicado no tratamento tópico da acne, ou seja, trata cravos e espinhas. É de uso externo, está disponível em gel, com embalagem contendo uma bisnaga de 20 g. MS medicamento de Notificação Simplificada. RDC Nº199/2006. AFE nº 1.00370-7. www.teuto.com.br
MS 1.0573.0429 www.ache.com.br
óleo de coco herbarium
nutriger germed
Em parceria com a Monteresearch, a Germed Pharma traz um novo conceito de saúde, beleza e tecnologia: a linha de nutricosméticos Nutriger, composta por nutriconcentrados de vitaminas e minerais de uso oral, indicados para o fortalecimento de cabelos e unhas; firmeza, rejuvenescimento e proteção da pele contra os efeitos oxidativos causados por fatores externos e internos. Nutriger reúne ativos selecionados e 100% minerais quelatos de alta absorção, tornando os resultados visíveis em menos tempo. MS 5.7949.0677.001-7 (Nutriger LicoGold) MS 5.7949.0678.001-2 (Nutriger Anti-Oxi) As apresentações: Nutriger BetaMelani e Nutriger Fissità são produtos de notificação dispensados de registro conforme RDC 27/10 www.nutriger.com.br 32
guia da farmácia setembro 2012
O Herbarium acaba de lançar o Óleo de Coco Herbarium (Cocos nucifera). Cada embalagem é composta de 60 cápsulas com 1000 mg cada. O grande diferencial é a comercialização em blíster. O produto contribui no aumento da sensação de saciedade e também na termogênese, favorecendo o aumento do gasto calórico, já que utiliza a gordura armazenada na região abdominal como fonte de energia. É composto predominantemente de um grupo especial de gorduras saturadas conhecido como Triglicerídios de Cadeia Média (TCM). A recomendação de consumo é de quatro cápsulas ao dia, 45 minutos antes das duas principais refeições. MS 6.6969.0002 www.herbarium.com.br
gerovital phytus ems
carb up bcaa plus super fórmula probiótica
Chega ao mercado brasileiro o novo suplemento da Probiótica Laboratórios, líder na América Latina no segmento de suplementos alimentares, o Carb Up BCAA plus super fórmula, em duas apresentações, em pó, com embalagem de 800 g, e gel em sachês, com 30 g cada. Os produtos são ricos em carboidratos com índice glicêmico, que contribuem para uma rápida recuperação muscular. MS Produto isento da obrigatoriedade de registro www.probiotica.com.br
A EMS, por meio da Divisão EMS Marcas, lança o Gerovital Phytus, um polivitamínico e polimineral com fitoesterol que, aliado a uma rotina de exercícios físicos e a uma alimentação equilibrada, auxilia na redução da absorção do colesterol pelo organismo. O fitoesterol presente no Gerovital Phytus é um ativo de origem vegetal, não produzido pelo organismo, muito semelhante estruturalmente ao colesterol. Atua fixandose nas paredes do intestino e impedindo a absorção do colesterol ruim (LDL), que acaba sendo eliminado pelas fezes e, consequentemente, diminuído na circulação sanguínea. Além do fitoesterol, sua fórmula é composta por vitaminas e importantes minerais, entre eles, o selênio, que possui ação antioxidante. Apresentação em 60 cápsulas. MS 5794906760011 www.ems.com.br
bioland - monitor de frequência cardíaca f502 controller
alektos takeda
A Takeda, uma das 12 maiores indústrias farmacêuticas do mundo, traz para o Brasil, Alektos (bilastina), um antialérgico de última geração, indicado para o tratamento da rinite alérgica e da urticária. O medicamento está disponível no Brasil com o mesmo preço mundial da bilastina, o que representa um custo mais baixo em relação aos principais concorrentes de marca e competitivo em relação aos genéricos. Com essa estratégia, a Takeda pretende consolidar sua atuação na área respiratória e reforçar a linha de prescrição. MS 1.0639.0259 www.nycomed.com.br
A Controller apresenta ao mercado nacional seu mais novo produto, Monitor de Frequência Cardíaca F502. Com o lançamento, a Controller consolida sua presença no mercado de produtos para cuidados pessoais. Buscando com este tornar-se a empresa com o mix de produtos mais completo do segmento. O Monitor de Frequência F502 é ideal para o uso em exercícios físicos (caminhadas, corridas, esportes) de todos os níveis. Com ele o usuário poderá acompanhar seu desempenho. Interface amigável facilitando o acesso aos recursos do monitor. Com sua cinta transmissora o usuário fará o acompanhamento da frequência cardíaca e queima de calorias sem interrupções. MS Produto isento de registro de acordo com a IN 07/10 da Anvisa www.controller.com.br 2012 setembro guia da farmácia
33
Em debate
Mais responsabilidade
para as farmácias
É
É consenso que o sistema público de saúde vive uma crise que prejudica o atendimento à população brasileira, especialmente às classes menos favorecidas, que não têm acesso à rede privada. Isso não se limita a um ou outro estado, mas a todo o território nacional. Essa crise não é causada apenas pela escassez de recursos financeiros destinados à saúde, mas pela falta de estrutura e gestão de todo o sistema. É comum o usuário do sistema público nacional achar que saúde é ser atendido num pronto-atendimento por um médico quando houver uma doença. Na verdade, saúde é algo mais amplo. O atendimento em hospitais e em prontos-socorros é apenas a ponta do iceberg. O País precisa de medicina preventiva e de maior capacidade de diagnosticar preventivamente os problemas da sociedade e, com isso, começar uma nova cultura de saúde. O Brasil mantém índices elevadíssimos de pessoas portadoras de diabetes e hipertensão, doenças que causam acidente vascular cerebral e problemas cardíacos, entre outros. Grande parte dos portadores dessas doenças sequer conhece sua condição e, portanto, não cuida da saúde. Às vezes, as pessoas só sabem que são portadoras dessas doenças quando têm uma crise grave. Falta uma política de prevenção. É claro que isso não é novidade para ninguém. No primeiro trimestre deste ano o Ministério da Saúde divulgou um levantamento dos problemas de atendi-
foto: fábio franci
mento em hospitais conveniados ao SUS. Com esses dados, o governo fez um indicador que mede o acesso da população a todo tipo de serviço e a eficiência da saúde no Brasil. E a nota nacional foi 5,4. O índice de desempenho do SUS mostrou que o maior problema no País é o acesso. Os pacientes têm dificuldade em conseguir atendimento, principalmente nos hospitais, e para os procedimentos mais complexos. Cerca de 27% da população vive em cidades com nota abaixo de 5. Entre os municípios mais ricos, com boa estrutura, o Rio de Janeiro tem a pior nota: 4,3. O mais difícil na capital fluminense, segundo o ministério, são as consultas especializadas nos hospitais e ambulatórios. Por essas e outras é que o papel das farmácias chega a ser cada vez mais relevante para a população brasileira, especialmente nas pequenas cidades. Vale lembrar que há localidades que nem oferecem um posto de saúde à disposição. Mas uma farmácia sempre há e, neste caso, ela cumpre seu papel de Assistência Farmacêutica e pode melhorar a qualidade de vida dessas pessoas com uma importante prestação de serviço. A responsabilidade da farmácia aumenta ainda mais a cada dia em que percebemos a falência do sistema público de saúde nacional, por isso elas devem se empenhar, cada dia mais, no sentido de atender seus usuários e oferecer a eles pronta atenção farmacêutica.
Frente à iminente falência do sistema público de saúde, as farmácias são fundamentais na assistência à população
Joã o F r anc o d e G od oy F il h o Presidente do Sindicato do Comércio Atacadista de Drogas, Medicamentos, Correlatos, Perfumarias, Cosméticos e Toucador no Estado de São Paulo (Sincamesp). Conselheiro-Executivo da Câmara do Comércio de Produtos Farmacêuticos da CNC Site www.sincamesp.com.br
2012 setembro guia da farmácia
37
atualidade
Opiniões
divergentes A revisão de um artigo da RDC 44/09 – referente à livre exposição dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) – gerou mudanças físicas nos pontos de venda e debate entre os órgãos do setor. Confira o que muda e o que pensam os profissionais sobre a medida
D
Por ludmilla pazian
Depois de mais de dois anos de polêmicas e batalhas judiciais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) resolveu alterar o artigo da RDC 44/09 e passa a permitir a exposição de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) em prateleiras e gôndolas na área de autosserviço de farmácias e drogarias. A revisão foi con-
40
guia da farmácia setembro 2012
foto: shutterstock
cluída e faz parte da RDC número 41/12, publicada no dia 27/07 no Diário Oficial da União (DOU) e que altera o artigo 40 da RDC 44/09. Segundo a nova norma e informações do órgão regulador, a Anvisa, os medicamentos de venda livre devem ficar em área separada da destinada aos produtos correlatos (como cosméticos e produtos dietéticos) e devem ser organizados por princípio ativo para permitir a fácil identificação pelos usuários. Além disso, segundo a revisão, na área destinada aos medicamentos, cartazes devem ser posicionados com os seguintes dizeres: “MEDICAMENTOS PODEM CAUSAR EFEITOS INDESEJADOS. EVITE A AUTOMEDICAÇÃO: INFORME-SE COM O FARMACÊUTICO”. A revisão, entretanto, causou opiniões diversas
ções altamente relevantes, como o risco de possíveis alergias, e informaA revisão foi concluída ções sobre interações com outros e faz parte medicamentos. O formato de balcão da RDC 41/12 facilitava uma conversa com o farmacêutico, o que poderia elucidar possíveis dúvidas quanto às formulações ou quanto à dose ingerida. “Já a cartelinha jogada na gôndola não traz mais informações”, alerta Menegasso: “o farmacêutico é responsável, por lei, por tudo o que acontece na farmácia e fica muito mais difícil para ele (farmacêutico) ter um controle se os medicamentos ficarem expostos nas gôndolas. Por isso, estamos realizando um trabalho de conscientização”. Além disso, segundo o órgão, os dados obtidos pela fiscalização do CRF-SP no Estado de São Paulo conflitam com os divulgados pela Anvisa: “a gente não concorda com os dados da Agência”, avalia Menegasso. Um levantamento realizado em abril de 2012 pelo CRF-SP, com 638 farmacêuticos paulistas, apontou que 70% deles perceberam alteração no comportamento dos usuários após a entrada em vigor da RDC 44/09. Segundo os farmacêuticos ouvidos, muitos pacientes passaram a adquirir apenas os medicamentos de que de fato necessitavam. “Os farmacêuticos entenderam que houve um uso mais correto, que os consumidores estavam se habituando a comprar com orientação”, define Menegasso. Na opinião do CRF-SP, o direito de se tratar, de tomar medicamentos nunca foi tirado do consumidor. “A Anvisa está querendo diminuir a importância da revisão, mas agora a discussão deve ser como vai acontecer a orientação, para que o paciente faça uso racional de medicamentos, que não compre uma fórmula que um amigo ou vizinho indicou, que não tenha vergonha de perguntar e que, principalmente, não se medique de maneira inadequada”, opina Menegasso. Para o profissional do Conselho, a medida faz com que o maior prejudicado seja o próprio consumidor. “O principal objetivo do Conselho sempre foi o de defender a sociedade. Nós não queremos, de alguma forma, atrapalhar as vendas das empresas, isso não nos interessa. O que interessa é o consumo seguro de medicamentos, a saúde da população”, define.
os medicamentos de venda livre devem ficar em área segregada à destinada aos produtos correlatos (como cosméticos e produtos dietéticos) e devem ser organizados por princípio ativo para permitir a fácil identificação pelos usuários entre associações de farmacêuticos e profissionais da indústria. Para o Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) a medida é um retrocesso e estimula a automedicação. O Conselho avalia que a resolução “passou por cima” de uma série de manifestações da categoria farmacêutica, inclusive do CRF-SP, que sempre alegou que a medida estimularia a automedicação, tendo em vista o fácil acesso. Para o presidente do Conselho, Pedro Menegasso, trata-se de um retrocesso que leva em conta apenas interesses econômicos e não a saúde dos pacientes. “Nós sempre nos posicionamos contrários à RDC 44/09, pelo modo como ela surgiu, como uma solução que veio para tentar resolver emergencialmente uma situação: a falta de informações nas embalagens dos medicamentos isentos de prescrição”, define o profissional, que acredita que a embalagem deveria dispor de informa-
2012 setembro guia da farmácia
41
atualidade
Histórico RDC 44/09 segundo a Anvisa Em 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a Resolução RDC 44/09, que determinou que os medicamentos isentos de prescrição fossem posicionados atrás do balcão. O objetivo era reduzir a automedicação e evitar o uso irracional de medicamentos pela população. A RDC 44/09 foi amplamente questionada pelo setor produtivo e rendeu à Anvisa cerca de 70 processos judiciais. A incerteza no ambiente regulatório motivou a Anvisa a fazer uma reavaliação da Resolução RDC 44/09. Um Grupo de Trabalho (GT) da Agência apresentou à Diretoria Colegiada da Anvisa estudo que avaliou o marco regulatório dos medicamentos isentos de prescrição. De acordo com o estudo apresentado pelo GT, a RDC 44/09 não contribuiu para reduzir o número de intoxicações no País. O estudo apontou, também, uma maior concentração de mercado, o que evidencia o predomínio da prática da “empurroterapia” e prejuízo ao direito de escolha do consumidor no momento da compra desses produtos. Em abril de 2012, a Agência submeteu a questão à apreciação da população por meio da Consulta Pública 27/2012, que ficou aberta a contribuições durante 30 dias. A maioria das contribuições recebidas apontava para a alteração da RDC 44/09. A partir das evidências de que a RDC 44/09, no que diz respeito ao posicionamento dos medicamentos isentos de prescrição, não trouxe benefícios ao consumidor, a Diretoria Colegiada da Anvisa decidiu alterar a norma e permitir que os medicamentos de venda livre sejam posicionados ao alcance do consumidor nas gôndolas das farmácias e drogarias do País. Fonte: Anvisa
42
guia da farmácia setembro 2012
Já a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), que congrega redes do varejo farmacêutico nacional, liberou um documento mostrando sua posição a favor da medida da Anvisa que revisou a RDC 44/09. Segundo a Abrafarma, infelizmente, sob a alegação de minimizar possíveis riscos do uso desses medicamentos, a resolução anterior induzia o cliente à compra, com alguém decidindo por ele – algo que está longe de representar segurança. “Vale lembrar que esses medicamentos visam a resolver pequenos males que dispensam atenção médica por sua própria natureza. Essa categoria de medicamentos isentos de prescrição existe em muitos países, e estes produtos são classificados assim exatamente por serem seguros, de fácil uso e baixo risco”, afirma o comunicado. Ainda de acordo com Abrafarma, a nova diretoria da Agência estaria de parabéns por dar um passo à frente, muito além da ideologia e do tradicional corporativismo reinante no setor de saúde brasileiro. A Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico (Abafarma) também se posicionou a favor da revisão da RDC 44/09, quanto à exposição dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). Na opinião da entidade, com a decisão, a Anvisa se alinhou ao que acontece no mundo. Se o produto é classificado como isento de prescrição, ele deve ficar livre ao acesso do consumidor. A nova medida não trouxe prejuízo para ninguém (varejista, farmacêutico ou consumidor) – apenas o consumidor passa a exercer o seu direito de escolha. O principal na nova regra é a exposição de classes terapêuticas lado a lado, facilitando assim a melhor avaliação do custo pelo consumidor. O consumidor também conseguiria entender as diferentes mudanças, para o executivo. O que foi tirado ontem foi devolvido hoje, ele (consumidor) se adapta facilmente. A função do ponto de venda diante do quadro seria, porém, de também facilitar a informação, esclarecendo dúvidas e disponibilizando o maior mix possível ao consumidor. A Abafarma diz ainda que, a disposição dos medicamentos conforme as antigas regras da RDC 44/09 delimitava o poder de escolha do consumidor. Ele tinha de se reportar ao balconista, que de certa forma poderia interferir na sua escolha. Porém, a nova medida não deve afetar o consumo: mesmo porque, isento de prescrição ou não, o consumidor adquire medicamento pela sua necessidade no momento e não por essa ou aquela razão diversa disso.
gestão
Compras
de verão
Para acertar o mix da nova temporada, varejistas devem avaliar a evolução das vendas e o giro dos estoques, além do mercado como um todo, o que facilita a identificação de oportunidades P o r l í g i a fav o r etto 44
guia da farmácia setembro 2012
O
O término do inverno e a chegada da primavera são determinantes para as compras da próxima estação. Ao trabalhar com a sazonalidade que o verão propicia, o varejo farmacêutico pode e deve se adequar à nova demanda. Para começar, ter um planejamento bem definido é fundamental. O primeiro aspecto que deve ser levado em consideração é analisar onde a loja está inserida e qual o público-alvo a ser atendido. De acordo com o superintendente da fotos: shutterstock/divulgação/leandro kendy
gestão
não existe um momento certo padronizado para renovação do mix em farmácias e drogarias. trata-se, em verdade, de um processo contínuo, avaliando-se a evolução das vendas e o giro dos estoques, além do mercado como um todo, para identificar oportunidades em termos de expansão de determinadas categorias e/ou inclusão de novas A partir do histórico de Associação ECR Brasil, Claudio Czapski, os vacom os fornecedores. Por exemplo: produtos vendas, as lojas rejistas devem avaliar o que muda para o necom margem de contribuição maior, o nível de conseguem o fator de sazonalidade gócio no verão. “O segundo ponto é ter em negociação será menor. Não se pode comprar mente qual o perfil do público. Regular fiel ou demais, nem de menos, se comprar demais os variável? Mais idosos ou mais jovens? Qual o relagastos não serão supridos; se comprar de menos, o varejista pode perder clientes.” cionamento que os clientes têm com o hábito de consumo no verão?” A partir daí, o executivo diz Segundo informa o sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa que é possível definir o que será mudado no sortide Souza, Alexandre Horta, sem sombra de dúvidas uma mento, se vai fazer campanhas ou se vai manter o adequada previsão de vendas deverá preceder esse procesque está em linha e comprar o que tem mais saíso de planejamento, pois a eventual expansão do mix de da. “Cada categoria deve ser pensada individualprodutos deve ser balizada pelo volume de vendas, evitanmente, bem como os correlatos da ocasião de condo um desbalanceamento que pode implicar uma redução sumo, responsáveis por alavancar as vendas.” no giro das mercadorias, com perdas de rentabilidade. O coordenador do Programa de Administração “Quanto mais tempo de antecedência, melhor, uma vez de Varejo da Fundação Instituto de Administração que, mais do que avaliar o sortimento adequado para a (Provar/FIA), Nuno Fouto, afirma que o planejatemporada em si, isso pode (e deve) resultar em alterações mento precisa sempre ser feito na estação anteno projeto de exposição das mercadorias e no layout da rior. “No verão a sazonalidade é alta, deve-se penloja, além de exigir ações promocionais específicas para sar mais em Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméapresentar produtos e tendências novas aos consumidoticos (HPC) e menos em medicamento.” Ele comres, e parte desse esforço irá requerer negociações com plementa dizendo que um planejamento geral pode fornecedores para garantir apoio para tais eventos.” ser feito no início do ano e outro mais detalhado O executivo comenta que não existe um momento cerno final do primeiro semestre. “É importante monto padronizado para renovação do mix em farmácias e drotar como e quais serão os pedidos.” garias. Trata-se, em verdade, de um processo contínuo, A partir do histórico de vendas do ano anterior, avaliando-se a evolução das vendas e o giro dos estoques, as lojas conseguem obter o fator de sazonalidade. além do mercado como um todo, para identificar oportuFouto ressalta que fatores positivos e negativos, nidades em termos de expansão de determinadas categoalém das condições climáticas, são imprescindíveis rias e/ou inclusão de novas. “Todavia, é perigoso ficar unipara o bom planejamento. “Os positivos ocorrem camente reagindo ao consumo e ao mercado, pois é imquando há um crescimento além da média. A diportante que o varejista tenha uma proposta de valor bem ferença do que foi vendido e do que seria vendidefinida de forma a se diferenciar de seus concorrentes, o do sem a sazonalidade gera uma estimativa que que implica priorizar determinadas categorias em relação provoca as compras.” a outras, e isso orientará esse processo de revisão do mix.” Ele lembra que variabilidade das vendas pode Outro aspecto que deve ser levado em consideração são existir, para mais ou para menos. “Esse ajuste preas sazonalidades específicas de cada segmento. Horta rescisa ser feito agora, para que tudo seja acertado salta que elas determinam o calendário promocional do 46
guia da farmácia setembro 2012
gestão
negócio e definem momentos específicos para revisão do mix de categorias e produtos. “Quanto ao momento de compra, isso está diretamente relacionado aos prazos requeridos pelo fornecedor para realizar as entregas do período, assim como os tempos envolvidos na negociação das condições comerciais e no apoio de trade (material de ponto de venda, expositores, promotores, etc.).”
Lançamentos e renovação de mix O comportamento de compra no inverno não é o mesmo no verão. As necessidades são específicas em cada época do ano, assim como os produtos. A diretora-executiva do POPAI, Ana Costa, comenta que a própria indústria prepara lançamentos específicos para estas estações, de forma que as compras também seguem essa tendência. Alexandre Horta, da GS&MD – Gouvêa de Souza, aponta que é preciso ter um limitante de sortimento, o que é feito de forma natural através da capacidade de exposição que os equipamentos e a área da loja impõem. No entanto, na maioria das vezes, o maior limitante deve ser o volume de vendas estimado para cada categoria ou grupo de produtos, pois, dependendo das condições de compra e de entrega dos fornecedores e distribuidores (compra mínima, lote de compra, pack mínimo, etc.), cada item adicional ao sortimento pode implicar um incremento do estoque padrão e comprometer o giro do estoque, aumentando excessivamente o capital de giro empregado e comprometendo a saúde financeira do negócio. “É interessante sincronizar o momento de mudança do sortimento com alterações no layout da loja, como sinal aos consumidores de que existem novidades disponíveis e caracterizar a importância relativa adicional que determinada categoria está recebendo a partir desse momento.” Ele afirma que se trata de um instrumento poderoso de estimulação da demanda, mas que, como tudo, deve ser bem planejado e (principalmente) bem executado, para não ficar parecendo uma mera adaptação. “Como esse tipo de interferência representa um investimento substantivo, cabe também uma boa negociação com os fornecedores das marcas e produtos que passariam a ser privilegiados no novo projeto de exposição para que colaborem nesta iniciativa.” Para se diferenciar dos concorrentes, o varejista 48
guia da farmácia setembro 2012
toma uma posição ativa em relação às categorias que serão privilegiadas, garantindo o adequado destaque em termos de amplitude do sortimento (itens e marcas) e espaço/posição para a exposição. “Obviamente, a escolha de tais categorias ‘chave’ para o negócio deve levar em conta o grau de importância Ana Costa, do POPAI, que o consumidor confere acredita que as aos grupos de produtos, uma mudanças na loja se vez que, se não houver essa fazem necessárias. Lançamentos vinculados ‘cumplicidade’ do consumià nova estação devem dor, não se justificaria eleger ficar na frente do PDV determinada categoria como sendo aquela por meio da qual se pretende ser referência no mercado”, diz Horta. O fluxo de pessoas não aumenta, a não ser que a farmácia esteja localizada em um balneário ou cidade turística que recebe um contingente adicional. O que ocorre, de acordo com informações do executivo da GS&MD – Gouvêa de Souza, é que existe um maior fluxo de pessoas em busca dos produtos específicos da temporada: protetores solares, hidratantes, xampus especiais para proteger e tratar os cabelos, cremes contra queimaduras, etc.; e é esse o fenômeno para o qual o proprietário de farmácias e drogarias tem de estar preparado. “Como são produtos adquiridos mais concentradamente em uma época específica, aumentar o esforço de orientação e de apresentação de alternativas torna-se uma prestação de serviço importante para os consumidores, de forma que vale a pena o esforço de ampliar a comunicação no ponto de venda sobre os produtos de proteção e cuidados, aumentando a presença de promotores para esse fim.” Nuno Fouto diz que o nível de inovação é muito grande no setor. Para mudar o mix , é preciso identificar os produtos que são específicos, os que garantem rentabilidade e os que são iguais, com uma nova roupagem. “A gestão de categorias pode ser trabalhada junto do fornecedor. Como o espaço é limitado, muitas vezes haverá diminuição de espaço para alguns, com a possibilidade de exclusão do mix , abrindo espaços para outros.” Ele acrescenta: “Esta é oportunidade de trabalhar com espaços sazonais, quando o layout pode sofrer alterações”. Fouto recomenda dispor de opções por faixas de preços, sobretudo para atender à nova classe consumidora, a C/D.
gestão
planejando as compras de verão Veja a seguir dicas práticas que otimizam processos e garantem melhores resultados: • Levantar o histórico de vendas do ano anterior. • Definir o perfil do público-alvo e da região na qual a loja está inserida. • Analisar quais são os produtos que têm vendas garantidas, os que são sazonais e os que devem ser excluídos do sortimento. • Estar atento às tendências de mercado. • Analisar se o fornecedor trabalha com novidades. • Levar em consideração as condições climáticas. • Prever campanhas da estação, além de ações de marketing. • Negociar novos espaços para exposição. • Trabalhar com estoques reduzidos. Fonte: Juliana Nappo, VP executiva da Agência Shopper
Outra alternativa, que garante bons resultados e gera economia para o negócio, é adquirir os lançamentos em quantidade experimental, com boas condições de reposição. “Se vender mais do que esperava, aumenta um pouco, mas sem exageros; a boa gestão trabalha sempre com números verdadeiros.” No que diz respeito ao estoque, propriamente dito, a VP executiva da Agência Shopper, Juliana Nappo, garante que os varejistas devem seguir os históricos anteriores para comprar. “Podem tentar negociações melhores, utilizar dados de giro e de vendas para aumentar a margem. Os lançamentos já vêm com sobrepeso; sensibilidade é importante para sentir a adequação do público.” Ela sugere tentar similares. “Por exemplo: se a fragrância de um produto que já existe foi alterada, ou seja, é um produto complementar, faz-se uma estimativa de quanto de consumo traria para a nova categoria.” Juliana adverte ainda não apostar somente nas estimativas das indústrias, porque o varejista é o único que conhece os números reais da loja. “Indústrias facilitam, dão vantagens para conseguir cadastros ao mesmo tempo que procuram, cada vez mais, ter uma 50
guia da farmácia setembro 2012
existe um maior fluxo de pessoas em busca dos produtos específicos da temporada: protetores solares, hidratantes, xampus especiais para proteger e tratar os cabelos, cremes contra queimaduras, etc.; e é esse o fenômeno para o qual o proprietário de farmácias e drogarias tem de estar preparado relação mais íntima com o varejo. Estar mais vezes no ponto de venda agrega mais valor; é preciso ir lá, atender, mudar o layout, conseguir mais visibilidade, além da técnica.” Ana Costa complementa dizendo que a alimentação dos estoques costuma ser muito rápida. Com o histórico de vendas em mãos, já se tem uma boa noção de como as coisas funcionam. “Compra a mais se sabe que é venda garantida do produto; os novos, compra-se o suficiente para experimentação. Monitorando o estoque constantemente consegue-se evitar rupturas.” Claudio Czapski considera ser melhor comprar e optar pela entrega parcelada do produto, de acordo com a demanda, o que otimiza a logística e custos. “O ritmo de recebimento passa a funcionar de acordo com o fluxo de caixa. Ao manter um estoque mínimo, aproveita-se o potencial de ter condições melhores de pagamento.”
Campanhas e ações de marketing Ana Costa, do POPAI, acredita que mudanças na loja se fazem necessárias. “Produtos de lançamentos, que estão vinculados à chegada da nova estação vão para a frente da loja, o que é um chamariz para que o consumidor perceba que há novidades.”
Nas campanhas de marketing pode-se trabalhar com festival de verão
Claudio Czapski, da ECR, diz que as pequenas farmácias podem aproveitar o produto no ponto de venda para realizar campanhas em parceria com o fabricante. “É preciso definir quais são os produtos que têm mais apelo e relevância para o público-alvo. O que de fato atrai o consumidor? A loja tem algo a mais a oferecer, não só preço, mas um brinde, ou um kit, por exemplo?” Já nas grandes redes, o executivo explica que é maior, dessa forma, elas conseguem gerar divulgação em larga escala. “Uma prática comum é a realização de campanhas únicas, quando se instala uma guerra de preços e a margem vai embora. Os clientes querem um diferencial, seja no atendimento, seja na oferta de produtos, como dispor de uma linha exclusiva de marcas importadas, ou ainda, sair do conceito da doença para entrar no conceito de saúde
e bem-estar que a estação propicia.” Juliana Nappo ensina que nas campanhas de marketing pode-se trabalhar com festival de verão, cesta de produtos sazonais, correlatos, compre 3 pague 2. “O shopper precisa perceber que terá uma vantagem. O lojista quer ter aumento do tíquete médio, incrementando a cesta de compras do consumidor com produtos complementares, por exemplo: hidratante mais protetor (item complementar e não item duplicado), porque uma vez que já vai bem tende a continuar indo bem.” Ela lembra que o ponto de venda já tem espaços na frente de loja, adequados para os produtos de verão, mas os varejistas podem ainda criar novas áreas, com outros tipos de expositores. “Ao sinalizar que há produtos de verão, o shopper se dá conta de que precisa fazer a compra, se questiona se tem algo vencido em casa, ou seja, ele consegue visualizar, muitas vezes, o que nem estava procurando.” 2012 setembro guia da farmácia
51
mix
Renovação, manutenção ou exclusão O varejo e a indústria têm o grande desafio de gerenciar o sortimento de forma eficiente, avaliando se os lançamentos de produtos são inovadores e coerentes com o plano da loja Por lígia favo re t to
N
No varejo como um todo, foram lançados 15.813 itens, em 2011, ao mesmo tempo que 12.140 foram retirados do mercado, segundo dados Nielsen. Esta dinâmica natural do varejo é justificada pelas novas demandas de consumo, que surgiram em resposta aos hábitos dos consumidores que têm maior poder de compra, ao vencimento de patentes de medicamentos e ao envelhecimento da população.
52
guia da farmácia setembro 2012
fotos: shutterstock
Os itens que apresentam maior movimentação de mercado são os de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC). São 20 mil itens ativos, sendo que 37% estão rodando, 20% são novos no mercado e 17% saíram do mercado. Dessa forma, se os pontos de venda não atualizam o sortimento, em dois anos, no máximo, a categoria, em loja, fica velha. A gerente de consultoria analítica da Nielsen, Juliana Carnicelli, apresenta os percentuais acima e comenta que muitas categorias vivem da renovação de suas linhas, seja no aroma, no visual, na textura ou na embalagem. A renovação de portfólio pode atender aos anseios da população ou determinar uma ação estratégica de marketing das empresas fabricantes. Para a diretora-geral da Mind Shopper (consultoria especializada em soluções estratégicas para o ponto de venda), Alessandra Lima, o número de lançamentos no mercado de bens de consumo acontece por diversos fatores, que variam em função de cada categoria. “As categorias de cuidados com o cabelo e cuidados com a pele, por exemplo, são movidas a novidades. O próprio consumidor busca inovação e performance.” A executiva explica ainda que uma outra estratégia pode estar por trás de lançamentos: a defesa de território. “É natural que uma marca que possua grande extensão de linha queira garantir presença maciça no ponto de venda. Um bom exemplo são os produtos de perfumaria infantil: a preferência da farmácia é trabalhar com menos marcas e todas as variantes, assim, quem tiver um portfólio mais completo garante um share spacing maior e mais visibilidade na gôndola.” No que diz respeito às readaptações de linhas, Alessandra acredita que seja uma ação estratégica feita para gerar experimentação, criar novas necessidades no consumidor e ampliar a participação no ponto de venda. “Vale ressaltar que essa estratégia estimula o
GERENCIAMENTO EFICIENTE Veja a seguir instruções para gerir seu sortimento: • Agrupar os produtos correlatos e substituíveis em um único banco de dados. • Classificar corretamente sua estrutura mercadológica (categoria, subcategoria e marca). • Analisar o giro e a rentabilidade de todos os itens e fazer um ranking deste resultado (por marca e SKU). • Definir, de acordo com a estratégia traçada para cada categoria, uma cobertura ideal (por exemplo, categorias destino na loja terão 90% de cobertura e somente 10% dos itens serão cortados do sortimento). • Definir o corte com base na cobertura estabelecida para a categoria. • Avaliar os novos entrantes que poderão substituir os itens que saíram. • Definir uma periodicidade para reavaliar a categoria e acompanhar o desempenho das vendas constantemente. • Avaliar se dentro do segmento existe o número ideal de formatos que atenda o consumidor. Sim ou não? • Averiguar se há motivos para ter, em seu portfólio, o novo item, ou se o líder continua, já que tem saída, bom giro. Fontes: Alessandra Lima e Cristiane Osso
consumidor a buscar constantemente as inovações, criando um ciclo movido pelo desejo de compra.” Ela exemplifica: “o número de lançamentos na categoria de esmaltes é altíssimo e a dinâmica criada conferiu à categoria um status de moda, assemelhando-se à dinâmica do mercado de moda têxtil”. Ao mesmo tempo que há lançamentos, muitos itens são retirados do mercado, às vezes, na mesma proporção. Isso acontece, primeiro, porque seria impossível manter os produtos existentes e ainda acatar novos itens, o que acabaria sendo um dos principais desafios do gerenciamento de mix. Em todos os pontos da cadeia comercial, não haveria condições para receber os lançamentos e manter os itens que já estão em loja. A diretora da Mind Shopper diz que muitos itens que entram acabam canibalizando naturalmente os produtos que já existem, suprindo a mesma neces-
decidir o que dispor e o que retirar de circulação é uma iniciativa que tem o mesmo grau de importância e relevância nas atribuições dos gestores. é preciso avaliar se o produto é inovador, coerente com o plano da loja e adequado às necessidades dos compradores
2012 setembro guia da farmácia
53
mix
cesta de compras O sortimento no Brasil sofre constantes alterações com saldo positivo, incrementando a quantidade de itens disponíveis ao consumidor
Cesta Total Lançamentos: 15.813 Mortalidade: 12.140 86.578 SKUs ativos
higiene Lançamentos: 20% Mortalidade: 17% 20.213 SKUs ativos
Fonte: Nielsen/Scantrack – Análise de lançamentos 2012/Base: 140 categorias
sidade de consumo; além disso, a gôndola é limitada e não comporta tantos itens. “A exceção fica por conta dos lançamentos que criam uma nova categoria, como o caso dos sabonetes íntimos. Este novo segmento despertou uma necessidade de consumo nas mulheres, além de forçar um espaço extra na gôndola.”
O que entra e o que sai Decidir o que dispor e o que retirar de circulação é uma iniciativa que tem o mesmo grau de importância e relevância nas atribuições dos gestores. Alessandra Lima recomenda ter todos os novos itens, para as principais categorias da loja, com o objetivo de passar a imagem de um estabelecimento atual, para que o shopper possa sempre considerá-lo ao buscar o que há de novo no mercado. “Para as marcas intermediárias ou de primeiro preço – a não ser que seja estratégia da loja atender especificamente este tipo de demanda – o lojista tem de avaliar o que sairá do mix para a entrada de novos 54
guia da farmácia setembro 2012
produtos. Exceto lançamentos que agreguem valor à categoria, tragam inovação ou gerem imagem.” De acordo com a executiva, os demais têm de entrar no lugar de itens já cadastrados – se isto não acontece, a farmácia não consegue gerir seu sortimento, ocorrendo rupturas, excesso de estoque e gôndola confusa, de tal modo que os produtos mais lucrativos são prejudicados na exposição pelo excesso de itens, enfim, o resultado de acatar todos os lançamentos pode ser desastroso. Neste momento, é preciso avaliar também se o produto é inovador, coerente com o plano da loja e adequado às necessidades dos compradores. Para isso, é preciso testá-lo no ponto de venda, avaliar se a marca é relevante à categoria e/ou para loja, se canibaliza ou não algum produto já existente e se terá investimento extra para ser alavancado no mercado. “Se estes requisitos são atendidos, a marca é expressiva, não canibaliza produtos que já existem e tem apoio no lançamento, as chances de sucesso são bastante grandes e vale a pena cadastrar o produto”, afirma Alessandra, que complementa: “mesmo com todos
mix
esses fatores positivos, é necessário acompanhar o desempenho das vendas mês a mês para constatar se, de fato, o item agregou valor”. Juliana Carnicelli, da Nielsen, lembra que, algumas vezes, o varejo recebe o produto mas não tem orientação do que é preciso retirar de circulação, o que prejudica até o desenho do planograma. “Retirar produtos do sortimento é tão importante quanto definir os que entram.” Ao identificar uma performance ruim, a grande maioria dos varejistas acaba tendo a impressão de que retirou um produto errado, mas, segundo ela, o que acontece é que o que entrou é ruim. “Tudo isso pode ser avaliado com estudos de potencial de venda para cada categoria, quando será avaliado o que pode entrar, permanecer e sair, sem prejudicar o rendimento das vendas.”
gestão de inclusão e exclusão A administração de exclusões é tão importante quanto a de inclusões
É essencial, para a categoria, incluir as inovações relevantes. Mas excluir SKUs também é essencial
Perfil do shopper: principal determinador O maior desafio disso tudo é que o varejo consiga entender o que o consumidor espera do ponto de venda e dos produtos. É recomendado que o profissional faça suas análises do ponto de vista de quem vai comprar. Juliana, da Nielsen, comenta que um comprador de fósforo, por exemplo, não espera lançamentos, nem inovação, desta forma, não é necessário que o fabricante renove suas linhas constantemente, pois qualquer palito de fósforo atenderá às necessidades de uso; mas talvez o consumidor precise de um xampu para cabelos escuros e outro para cabelos claros. “Ao entender o que o shopper deseja, o varejista irá determinar o que inclui e o que não inclui no sortimento.” Para conhecer o cliente a fundo, a tarefa é fácil. Os profissionais do varejo estão em contato com o consumidor na loja e podem realizar pesquisas no caixa ou no balcão. “Eles têm o shopper dentro do PDV e precisam aproveitar esta oportunidade para realizar todas as identificações. Esta ação é uma das formas mais eficazes de o varejista abastecer suas prateleiras com o que seu consumidor deseja”, afirma Juliana. Alessandra Lima, da Mind Shopper, acrescenta que é imprescindível ter clara a definição da estratégia da loja (loja especializada, generalista, com foco no público A, no público C, loja de passagem, loja de abastecimento etc.) e conhecer quem é o shopper que a frequenta. A partir da clareza destas duas in56
guia da farmácia setembro 2012
O ponto de partida é o conhecimento do shopper Fonte: Nielsen/Scantrack – Análise de lançamentos 2012/Base: 140 categorias
formações é que o mix deverá ser definido. “Por exemplo, se a farmácia está localizada em um bairro nobre, fica dentro de uma galeria, ou de um grande supermercado e atende somente ao público A, seu mix será reduzido e focado em produtos de conveniência e alta lucratividade. As categorias de rotina deverão ter apenas os itens necessários para compras emergenciais, sem onerar o estoque da loja. Isto porque a compra principal será feita no hipermercado e a farmácia dificilmente conseguirá competir em preço. Em contrapartida, a loja poderá trabalhar um mix mais atrativo nas categorias em que o supermercado não atua, como suplementos alimentares e dermocosméticos. “Já itens como fraldas e absorventes, basta ter o básico para atender àqueles shoppers que não querem enfrentar filas, nem andar por todo o hipermercado para comprar um único produto.” Alessandra acredita que o gestor precisa saber o perfil socioeconômico do público (homens, mulheres, faixa etária, classe social), precisa saber se as compras são de abastecimento ou de reposição – em geral, a própria lo-
mix
calização da loja dita isto. “Estas informações básicas ele tem somente por observar o fluxo da loja; se quiser incrementar, poderá analisar seu tíquete e já conseguirá definir o sortimento, o layout e o tipo de atendimento de que a loja necessita. Ter uma boa base de dados, corretamente classificada, é o ponto de partida.” Em seguida, definir uma estratégia para cada categoria e uma periodicidade de análise do seu sortimento são requisitos que ajudam o ponto de venda a saber se cadastra itens de primeiro preço ou premium, se terá um mix completo ou reduzido e de quanto em quanto tempo irá reavaliá-lo. Alessandra ressalta que o desafio extra do canal farma é a limitação do espaço, que em geral é menor, se comparado ao de um supermercado, ou seja, a farmácia tem, literalmente, menos espaço para errar. A sócia-diretora da GS&MD – Gouvêa de Souza, Cristiane Osso, afirma que uma boa alternativa é identificar categorias e subcategorias de lojas “espelho”, com perfil de consumidores parecidos.
uma boa alternativa é identificar categorias e subcategorias de lojas “espelho”, com perfil de consumidores parecidos. pesquisas de mercado são sempre bem-vindas para ver o que a concorrência oferece “Pesquisas de mercado são sempre bem-vindas para ver o que a concorrência oferece, isso ajuda a determinar o sortimento pelo espaço.” Segundo ela, basta fazer um conta simples: multiplicar os espaços de frente pelas unidades de produtos. “A partir disto, o gestor começa a ficar atento a como o portfólio age, como é o seu próprio sell out.” O auxílio da indústria faz parte de todo o pro58
guia da farmácia setembro 2012
cesso. O varejo é visitado pelos fabriO auxílio cantes, para que seja decidido o que da indústria entra no portfólio e isso depende faz parte de todo muito da rotina e especificidades da o processo loja. “A indústria faz um trabalho importante de pesquisa e orienta os lojistas, em contrapartida, o varejista fornece informações do comportamento de compra do shopper, ou seja, há uma troca de experiências que possibilita definir ações de divulgação, para que o produto não fique sem garantia de venda – componente que mistura eficiência do varejo e reconhecimento da marca.” Cristiane aponta que as gôndolas não são elásticas. De acordo com a profissional, o problema não é só ter espaço disponível par alocar o produto, mas a logística e distribuição precisa ter facing. “Se mais produtos são cadastrados além do que o espaço comporta, alguma coisa vai ficar escondida na gôndola, o que pode mascarar o resultado do novo item.”
varejo
Você acompanha Todos os funcionários necessitam de estímulo e reconhecimento para se sentirem motivados a continuar se aprimorando, seja em vendas ou em outro tipo de trabalho
silvia os s o Palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo. É autora dos livros Atender Bem Dá Lucro, Programa Prático de Marketing para Farmácias e Administração de Recursos Humanos para Farmácias E-mail siosso@uol.com.br 60
O
sua equipe?
Os balconistas de sua farmácia muitas vezes fazem vendas espetaculares e nem sempre são reconhecidos. Todos os funcionários necessitam de estímulo e reconhecimento para se sentirem motivados a continuar se aprimorando, seja em vendas ou em outro tipo de trabalho. Assim, faça com que o feedback em sua loja seja uma ação permanente e apropriada. A equipe da farmácia deve saber sempre de forma clara as áreas específicas desejáveis de seu desempenho profissional que tenham valor significativo para a empresa e não apenas para o gerente. Por isso, antes de dar um feedback , pense no que é realmente importante. Se o gerente dá um “tapinha nas costas” de seus vendedores após uma grande venda ou gasta cinco minutos para discutir um atendimento, o que ele diz pode ser percebido como uma informação proveitosa. Por isso, ele deve considerar a importância de dar um retorno de maneira eficaz. Infelizmente, poucas vezes o gerente tem o hábito de realizar essa ação. Na maioria dos casos, o feedback que a equipe recebe das chefias é inadequado ou não existe. Esse processo nem sempre é tão simples quanto parece. Para aumentar a produtividade, é essencial que o gerente seja capaz de fornecer à equipe informações relevantes sobre seus desempenhos tanto positivos quanto negativos. É importante lembrar que as pessoas devem
guia da farmácia setembro 2012
saber quando erram e se precisam melhorar em alguma área específica, mas também necessitam saber quando estão se saindo bem. Se o gerente age assim, pode estimular e conseguir que seus colaboradores se sintam satisfeitos dentro do ambiente de trabalho. Quando alguém está aprendendo alguma coisa e não percebe o resultado positivo de imediato, em geral se desestimula. O mesmo acontece quando se retarda o fornecimento de feedback. O feedback imediato é muito mais eficaz do que o atrasado. A importância de o gerente estar na área de vendas da farmácia para observar de perto suas condutas e procedimentos é muito grande, pois só assim é possível flagrar seus funcionários realizando tarefas certas ou erradas. Quando observa um procedimento deve agir sobre ele imediatamente. O trabalho burocrático pode esperar, mas o feedback não. Vale ressaltar que as pequenas melhoras no desempenho também devem ser reconhecidas e reforçadas. Como os progressos no desempenho ocorrem em etapas, é indispensável reconhecê-los logo que acontecem. Por exemplo, se um vendedor está tendo dificuldades em iniciar uma conversa com os clientes, um cumprimento já significa um progresso em comparação a uma atitude mais passiva que ele adotava anteriormente. Assim, reforçar imediatamente esse progresso irá incentivá-lo a atingir o objetivo maior de quebrar a resistência do cliente por meio da conversa. foto: DIVULGAÇãO
competitividade
Desafios e oportunidades
para o setor farmacêutico
O
O setor farmacêutico é um dos mais pujantes do mundo. No Brasil, a situação não é diferente, observando-se evolução vigorosa desde 2008 e possibilidade real de dobrar de tamanho até 2017. O mercado brasileiro de medicamentos movimentou em vendas R$ 24 bilhões em 2008, passando para R$ 43,9 milhões no ano passado, uma evolução de 82,91%. Esse forte crescimento tem sido influenciado pela expansão econômica brasileira, com estabilidade nos principais índices, como inflação e Produto Interno Bruto (PIB); aumento do emprego formal; melhoria na distribuição de renda e ascensão social; envelhecimento da população; queda de patentes; migração de volumes do institucional para o varejo por meio do programa Aqui tem Farmácia Popular. A inovação do mercado, criando novos formatos de lojas que atendem às características específicas de cada região, também tem sido fator preponderante. Para o setor, os próximos anos são extremamente promissores, reflexo dos fatores econômicos, do aumento da renda, além do incremento da idade média da população. A redução da desigualdade, acompanhada da expansão do público consumidor entre a classe C, criou um segmento responsável por 42% do movimento de vendas neste mercado. São números que nos animam, e muito, pois a perspectiva de aumento no volume de
foto: DIVULGAÇãO
negócios é ainda mais positiva. Para se ter ideia, em 2017 devem ser comercializados 135 bilhões de unidades de doses, impulsionando o faturamento do mercado total brasileiro para R$ 87 bilhões. Para garantir o crescimento futuro, o grande desafio é explorar melhor os pontos de venda, principalmente as categorias de higiene e beleza. Os executivos também devem atentar para as necessidades dos clientes, considerando que a maioria opta por farmácias e drogarias que funcionam 24 horas, entregam em domicílio e oferecem serviços ambulatoriais, além da assistência farmacêutica. E, além disso, 75% dos consumidores percebem na farmácia um local de conveniência e oferta de serviços de utilidade pública, até mesmo como correspondentes bancários – realidade muito comum em pequenas cidades do interior. Além de considerar a opinião do consumidor, também precisamos cuidar do entorno do negócio. Uma das iniciativas é aprofundar a discussão para a desoneração dos impostos sobre medicamentos: é inconcebível que incida sobre bens essenciais uma carga tributária de 36%. O desafio agora é olhar adiante, e a evolução deverá estar sustentada em três pilares: viabilidade econômica, capacidade de operação e marcos legais claros. Mas, acima de tudo, precisamos avançar na eficiência da cadeia, unindo os representantes do setor de todo o Brasil.
Estima-se que o País salte da sétima colocação para a condição de quinto maior mercado mundial ainda em 2015, mas, para alcançar tal feito, é necessário planejar o futuro
S é r g i o m e n a bar r eto Presidente-executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma)
2012 setembro guia da farmácia
63
ponto de venda
Farmácias
para mulheres Absolutas nas compras desse segmento, elas esperam encontrar mix diversificado e sofisticação no layout, diferenciais que atraem as consumidoras e elevam o tíquete médio P o r l í g i a fav o r etto 66
guia da farmácia SETEMBRO 2012
D
Desde a Primeira Guerra Mundial, quando as mulheres tiveram de sair de casa e procurar trabalho, muita coisa mudou na sociedade. A população feminina mostrou que tinha capacidade para ganhar seu próprio dinheiro e isso se evidencia cada vez mais. Outro marco foi o advento do anticoncepcional, que permite que as mulheres escolham quando e quantos filhos terão. Atualmente elas têm a renda vinda de seu próprio trabalho e estão demorando mais tempo para constituir uma família. Todos esses fatores corroboram para que a mulher ganhe poderes, como o poder da decisão de compras. O diretor comercial da FlexSide/Buzatto’s, Renato Diniz, comenta que as mulheres vêm galgando cargos expressivos na sociedade, nunca alcançados antes. “Em busca da igualdade com o sexo masculino, elas assumem novas funções, como motoristas de táxi, ônibus e caminhão, mecânicas, CEOs de grandes fotos: shutterstock/divulgação
empresas públicas e privadas e até mesmo a presidência da República. Isso não somente traz a mulher para o mercado consumidor por aumento de renda, como também faz com que elas decidam o que comprar.” O executivo afirma que elas são público-alvo do setor, visto que têm uma maior preocupação com a saúde e a beleza. “Pesquisas mostram que 75% do público consumidor em farmácias é de mulheres. Elas compram para os filhos, maridos e para elas mesmas.” Outra característica feminina é comprar por impulso, ou seja, a mulher sai para comprar um item planejado e volta com mais de três. Diniz ressalta que, na grande maioria das vezes, o valor agregado, destes itens não planejados, costuma ser maior do que o planejado. As consumidoras são exigentes e bem informadas. “Esperam encontrar um atendimento exemplar em um ambiente de saúde e beleza, com o mix que não dá a impressão de falta de produtos e sim de fartura. Elas desejam encontrar o que precisam com facilidade e ainda ter acesso a novidades e promoções.” O comportamento de compra da mulher moderna determina as ações que devem ser tomadas no ponto
as mulheres são detalhistas, conseguem observar muitas coisas ao mesmo tempo no ambiente e o layout deve proporcionar espaço amplo entre os corredores, que permitam análise do produto com tranquilidade, além de transmitir limpeza e aconchego, ou seja, é premissa básica fazer com que a cliente se sinta em casa de venda, como layout, mix de produto e atendimento, para que as consumidoras se sintam satisfeitas. A farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioni, Consultoria e Treinamento, Tatiana Ferrara Barros, afirma que as mulheres têm como característica selecionar mui-
O que é uma loja buticalizada? As lojas chamadas de buticalizadas são aquelas que proporcionam uma exposição dos produtos de forma diferenciada, conferindo a eles um valor especial, fazendo com que o cliente se sinta em um ambiente de saúde e beleza, agradável, com excelentes mobiliários e mix de produtos de acordo com a sua clientela. Em farmácias, é comum esse tipo de exposição para os produtos dermocosméticos, que têm um valor mais alto e um mobiliário diferenciado, com iluminação específica, que mostra o valor para o cliente e faz com que ele se sinta mais sofisticado ao comprar esses itens. Fonte: Renato Diniz, da FlexSide/Buzatto’s
to bem os produtos e se orgulhar de saber fazer compras. Para isso, elas leem rótulos de produtos, avaliam preços, experimentam, para poder efetuar a melhor compra para sua família ou para si. “Dessa forma, elas exigem cada vez mais competências da farmácia, como: agilidade, novidades na loja e nos produtos, para poder analisar tranquilamente os produtos, ler os rótulos, desfrutar de um ambiente de loja agradável, que estimule todos os seus sentidos e proporcione uma experiência de compras diferenciada.” A consultora conta que as mulheres são detalhistas, conseguem observar muitas coisas ao mesmo tempo no ambiente e o layout deve proporcionar espaço amplo entre os corredores, que permitam análise do produto com tranquilidade, além de transmitir limpeza e aconchego, ou seja, é premissa básica fazer com que a cliente se sinta em casa. “O layout ideal para a mulher é aquele que permite que ela circule pela loja e olhe os produtos. Elas estão buscando cada vez mais itens relacionados a perfumaria, como cosméticos, perfumes e dermocosméticos no ambiente de farmácia. Oferecer esses itens com uma exposição diferenciada é uma boa opção. Atendimento personalizado é outro quesito que não pode passar despercebido pelos varejistas. A consultora es2012 SETEMBRo guia da farmácia
67
ponto de venda
trajeto dos clientes com circulação
Infográfico: Larissa Lapa
ENTRADA DA FARMÁCIA (CAIXA)
70%
As pessoas geralmente estão no trajeto do balcão de medicamentos até o caixa, que deve estar ao lado oposto da linha de medicamentos, formando um X para gerar circulação
das pessoas que entram na drogaria têm como produto planejado o medicamento, mas acabam levando
+2
itens não planejados ao trafegar pela loja
BALCÃO DE MEDICAMENTOS Fonte: FlexSide/Buzatto’s
pecializada em varejo farmacêutico Silvia Osso revela que as pessoas passaram a ter mais poder aquisitivo, mais informação, mas continuam com a dificuldade de identificar qual o produto ideal para uma necessidade específica. “A melhoria do poder aquisitivo exige diferencial. E qual é o diferencial? Saber o que é melhor para ela. Quem tem menor poder aquisitivo quer comprar sem erros, ou seja, quer saber se a base é para pele oleosa ou seca; e quem tem mais poder aquisitivo quer fazer a coisa certa com diferencial, ou seja, quer saber se a loja tem uma base personalizada.” Ela constata que existirá um trabalho de atenção da beleza, no futuro, como o de atenção farmacêutica. “As lojas precisam de profissionais que saibam fazer isso, sem competir com os dermatologistas, mas que saibam escolher, naquela imensidão de coisas, o que é adequado para cada um.” Trata-se de um trabalho de longo prazo. “O varejo ainda não quer gastar com o desenvolvimento da mão de obra, tem turn over alto e não oferece nada mais atraente. A própria indústria não está totalmente preparada para essa demanda, não tem volume de gente para ir ao ponto de venda e trabalhar lá.” Silvia avalia que as consumidoras gostam de procurar, gostam de saber que existe a disponibilidade 68
guia da farmácia SETEMBRO 2012
existirá um trabalho de atenção da beleza, no futuro, como o de atenção farmacêutica. as lojas precisam de profissionais que saibam fazer isso, sem competir com os dermatologistas, mas que saibam escolher, naquela imensidão de coisas, o que é adequado para cada cliente de questionar, mas não gostam de ser questionadas. Elas querem ir até a farmácia e perguntar: entre este e aquele produto, qual é o melhor para mim? Elas gostam de manusear, de mexer. Esses dois parecem que são iguais, quais as diferenças, fora o preço?”.
Ambientação específica Diante de necessidades tão peculiares, os varejistas devem se adaptar para que o atendimento seja primoroso do início ao fim, o que requer, também, que a loja esteja impecável. Renato Diniz sugere um layout buticalizado (similar ao
ponto de venda
Mobiliário para mulheres O mobiliário de uma farmácia direcionado ao público feminino deve ser sofisticado e clean ao mesmo tempo, com a flexibilidade de colocar cestos, ganchos e prateleiras em qualquer lugar da loja para favorecer a exposição de produtos que facilitem a busca. Deve ser setorizado, iluminado e humanizado nos setores de produtos de maior valor agregado, buscando-se assim o direcionamento dos olhos para produtos de alta qualidade. Fonte: Tatiana Ferrara, da Ferrara Soluzioni
de uma butique), onde se prima por um ambiente clean, agradável, de fácil circulação e visibilidade dos produtos. “As gôndolas de centro devem ter altura que possibilitem à mulher ter a loja toda em seu campo de visão. As laterais das lojas devem ser bem setorizadas e os produtos correlatos bem dis-
Se colocarmos em uma linha do tempo, temos a farmácia primeiramente toda montada em madeira maciça, o que mostrava a robustez do segmento da época. Logo após, começaram a ser inseridos os vidros com conectivos, e espelhos no fundo. Foi uma febre nas montagens de drogarias por vários anos. O espelho ampliava o ambiente e a loja aparentava ter mais estoque do que realmente tinha, mas ainda os balcões eram a linha de frente e não havia espaço para o autosserviço.” Diniz comenta que os vidros foram trocados por ferro e aço, o que fez a maioria das farmácias se adaptarem novamente ao novo estilo de montagem, desta vez com algumas áreas direcionadas. “E agora, na década atual, temos um profissionalismo no que tange à montagem de drogarias e farmácias, onde os layouts são baseados em cima de estudos, fazendo com que as lojas sejam buticalizadas, trabalhando-se com padrões madeirados, vidros, iluminações e humanizações, todos bem direcionados somente para o segmento farma, com a sofisticação que ele pede, o que proporciona o aumento do tempo médio em uma farmácia, que hoje é de cinco minutos. É por isso que aumenta o número de itens comprados, que hoje são três por venda e logicamente aumenta-se o tíquete médio, hoje na faixa de R$ 12,00.”Ele resu-
uma loja buticalizada é sinônimo de aumento de faturamento, além disso, os funcionários que trabalham em um ambiente bonito têm melhor rendimento, que transparece no bom atendimento ao cliente. elas exigem um ambiente clean e flexível, que ofereça prazer. estes sentimentos estão no consciente e no inconsciente e geram vontade de consumir tribuídos para gerar a lembrança inconsciente do que falta em casa, além de estimular a compra por impulso.” Ele recomenda ainda que os produtos de receitas médicas fiquem alocados ao fundo da loja, visto que 70% das pessoas que entram em uma drogaria têm como produto planejado para compra o medicamento, e acabam levando mais dois produtos não planejados, que geralmente estão no trajeto do balcão de medicamentos até o caixa, que deve estar ao lado oposto da linha de medicamentos, formando um X para gerar circulação. “Historicamente vemos mudanças e adaptações. 70
guia da farmácia SETEMBRO 2012
me: “Uma loja buticalizada é sinônimo de aumento de faturamento, além disso, os funcionários que trabalham em uma loja bonita têm melhor redimento, que transparece no bom atendimento ao cliente.”O executivo ressalta que as lojas buticalizadas não têm como ser montadas somente em ferro devido à imagem grosseira passada pelo material. Elas exigem um ambiente clean e flexível, que ofereça prazer ao cliente. Estes sentimentos estão no consciente e no inconsciente e geram vontade de consumir. Segundo informa o diretor comercial da Metalfarma, Régis Rodero, quando se trata de uma loja em um shopping ou um local estratégico, cai bem um layout butique, per-
evolução dos materiais utilizados no mobiliário de farmácias e drogarias De 1980 a 1990
Até 1980
+
Madeira (robustez do segmento)
De 1990 a 2005
+
Vidros com conectivos e espelhos no fundo (ampliação do ambiente e sensação de estoque maior – não havia espaço para autosserviço)
A partir de 2005
Ferro e aço (característica de ambiente pesado) Mistura de madeira, vidro, iluminação + humanização e sofisticação (lojas buticalizadas)
Aumento do tempo médio de permanência, que hoje é de 5 minutos – o que consequentemente aumenta o tíquete médio que é de R$ 12 Fonte: FlexSide/Buzatto’s Infográfico: Larissa Lapa
AL
nos acessórios que alguns materiais não oferecem.” Rodero diz ainda que o aço oferece melhores recursos na hora de setorizar ou departamentalizar adequadamente uma loja. “Mas alguns produtos como dermocosméticos, perfumes, maquiagem ficam muito bem em módulos menores em MDF, até mesmo por facilitação na hora de negociar com seus fabricantes o direito de usar no painel superior o nome de sua marca com exclusividade.”
E CO N TEÚDO
mitindo assim que se trabalhe com marcas conceituadas e de valores agregados, mas ele observa que é importante conhecer bem o público e o local escolhido para pôr em prática esse conceito. “Nas lojas buticalizadas, trabalha-se com uma linha de móveis geralmente confeccionada em MDF (painel de média densidade produzido a partir de madeira reflorestada de pinus e/ ou eucalipto. A sigla vem do inglês Medium Density Fiberboard), composta por acabamentos em acrílico, lâmpadas em leds e vidros de espessura.” Rodero considera que nas principais lojas do País são utilizadas linhas de aço. “Chegamos à conclusão de que, além de um bom visual, é muito importante proporcionar a facilidade de encontrar produtos sem que se tenha de separar blisters, produtos encartelados por falta de opção
XT T RA NO POR
Saiba as especificidades de cada tipo de mobiliário e os prós e contras do MDF e do metal. www.guiadafarmacia.com.br
2012 SETEMBRo guia da farmácia
71
layout
Renovação
básica
Uma boa ambientação faz o cliente circular por toda a loja, além de atrair novos consumidores através da exposição correta de produtos, o que eleva o tíquete médio e gera experiência de compra agradável Por lígia favore t to
O
O primeiro passo para estruturar ou reestruturar o layout de uma loja é definir para quem se fala, ou seja, quem é o público-alvo do negócio. Não adianta fazer uma reforma, deixar a loja supersofisticada se esta não atenderá às necessidades dos clientes. A reformulação de layout deve levar em conta dois fatores: a estratégia da empresa e o comportamento de compra do consumidor. Analisando o layout de farmácias e drogarias, pode-se estudar qual é a melhor disposição para o mobiliário e as categorias trabalhadas de acordo
74
guia da farmácia SETEMBRO 2012
com o comportamento do consumidor. É possível prever, ainda, quais áreas terão maior ou menor fluxo e desenvolver estratégias para que os espaços sejam utilizados da melhor maneira possível, a fim de contribuir positivamente com as vendas. Em alguns casos, o shopper espera apenas uma loja limpa, clean, com corredores amplos; outros desejam tudo isso, mais sofisticação. De acordo com a farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioini, Consultoria e Treinamento, Tatiana Ferrara Barros, um bom layout consegue fidelizar os clientes, pois eles se sentem mais à vontade para fotos: shutterstock/divulgação
layout
realizar suas compras. “Quando dispomos as categorias de uma forma lógica, ocorre o impulso e o cliente acaba gastando mais.” A especialista explica que o layout precisa estar adequado ao comportamento do consumidor e passar por reformulações ao longo do tempo para dar sempre uma sensação de novidade. “O ideal é que toda e qualquer mudança leve em consideração objetivar a maior permanência do consumidor no ponto de venda, não porque está perdido, mas sim porque é estimulante olhar a loja inteira. Uma alteração bem feita do layout resulta no aumento do tíquete médio da empresa e na fidelização de consumidores, principalmente porque através dessa ferramenta conseguimos aumentar o volume de itens comprados por cliente, além de fazer com que eles se sintam bem no ambiente, a ponto de retornar.” Para o diretor comercial da FlexSide/Buzatto’s, Renato Diniz, o layout de uma farmácia é o primeiro passo para o sucesso, sendo de total im-
samos em mix e exposição, é sempre bom lembrar que dá para melhorar a rentabilidade por metro quadrado de loja, por meio de um layout profissional.”
O que fazer e como fazer A reformulação de um layout é mais do que trocar móveis de lugar. É dispor de mobiliário flexível, de alta qualidade, que garanta a mobilidade nas alterações de regras e/ou hábitos direcionados ao segmento farma. Diniz, da FlexSide/Buzzato’s, lembra que não se pode “colocar um brinco de ouro em uma orelha de porco”. “Ou seja, pouco adianta instalar um mobiliário buticalizado (leia sobre a escolha do mobiliário na matéria Lojas para mulheres – página 66), se não ‘passarmos o batom’, que é a troca de piso, do gesso, do luminotécnico. É importante lembrar que tudo isso deve ser feito com a loja em funcionamento, não dá para parar.” Quando se pensa financeiramente em um investimento no negócio, buscam-se alternativas de viabilização. Hoje existem linhas de crédito que possibilitam a troca de toda a loja com pagamento em prazos alongados e taxas extremamente baixas como o cartão BNDES e Proger. Diniz revela que, nestes casos, o lucro do aumento de venda proporcionado pela mudança do layout paga a prestação e ainda sobra, fazendo com que toda a reforma se pague sozinha, sem que o varejista tenha de investir algum centavo. Tatiana Ferrara Barros ressalta que se o empresário não puder realizar uma grande alteração, mudanças menores são fundamentais. “Dessa forma é importante que, quinzenalmente, ocorram pequenas alterações como em pontas de gôndola, produtos no caixa e no balcão. Também se pode efetuar, a cada três meses, alguma alteração na disposição do mobiliário. Essas alterações são perceptíveis e fazem com que o consumidor consiga se localizar e encontrar os produtos com os quais está acostumado.” O investimento depende do que será feito. Se envolver troca ou compra de mobiliário, será maior; se a alteração for só de posicionamento, o custo será mais baixo. Os resultados são imediatos. “Tem-se um aumento real de 30% a 50% no faturamento, motivado pela mudança do layout, mix de produtos, reinaugurações e treinamento dos funcionários”, conta Diniz. O diretor comercial da Metalfarma, Régis Rodero, acres-
o layout precisa estar adequado ao comportamento do consumidor e passar por reformulações ao longo do tempo para dar sempre uma sensação de novidade portância optar por sua reformulação. “Ele é capaz de trazer lucros e retorno de investimento, pois é a partir dele que são direcionados os produtos e subprodutos dentro de uma loja.” O executivo afirma que existem algumas variáveis que precisam ser analisadas antes de se decidir pela reforma. “Dependemos diretamente das regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que historicamente sofrem alterações com frequência; das mudanças do hábito de consumo; e do mix de produtos trabalhados pelo empresário no segmento farma.” Diniz comenta que o momento certo de renovar o layout é quando o varejista precisa de algum resultado diferente daquele já alcançado, seja em aumento de faturamento, mudança no sortimento, aumento de tempo médio de permanência do cliente na loja, e/ou aumento de itens por tíquete. “Quando pen76
guia da farmácia SETEMBRO 2012
layout
a reformulação de um layout deve começar pela pintura, pela definição de uma identidade visual interna mais modernizada e oxigenada, para depois chegar ao mobiliário
centa: “Os resultados vão além de um ganho expressivo nas vendas. Ganha-se em maior satisfação do consumidor e dos profissionais que ali trabalham.”
Novas tendências As equipes de farmácias e drogarias precisam estar sempre antenadas com o que acontece no mundo, para analisar as tendências, que primeiro podem ser observadas no setor de moda e no varejo alimentar, depois seguem para o farma. A consultora empresarial Silvia Osso considera que essas tendências podem ser observadas três, quatro anos antes da aplicação. Ela revela que as grandes redes já têm isso de forma bem estruturada, mas as pequenas só se mexem quando percebem que as grandes estão se movimentando. “Quando as redes chegam à cidade das independentes, acontece um choque de identidade: as lojas são tão diferentes que os pequenos se veem obrigados a mudar.” A especialista recomenda que a reformulação de um layout comece pela pintura, pela definição de uma identidade visual interna mais modernizada e oxigenada, para depois chegar ao mobiliário. “Piso e iluminação são prioridade, mas os empresários fazem o inverso. Querem fazer mobiliário e não fazer o resto. Às vezes, apenas trocando o piso e acertando a iluminação, a loja consegue se reinventar.” A concorrência tem feito com que muitas farmácias e drogarias modernizem o visual, tornando-se mais clean, iluminadas e com menor espaço para os medicamentos. Esta é uma tendência certa, pois, com exceção dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), os demais não são vendidos, mas sim comprados pelos clientes mediante prescrições médicas, fato que gera a necessidade da minimização 78
guia da farmácia SETEMBRO 2012
do espaço de exposição desses produtos. “Não se tem compra por impulso na área de medicamentos, ninguém olha para a prateleira e diz ‘olha, uma fluoxetina, que legal, me dê cinco’. Mas isso vai acontecer com frequência no salão de vendas, que deve ser bem explorado pelos colaboradores e arquitetos, pois aí sim a farmácia venderá os medicamentos isentos de prescrição (MIPs), além dos produtos de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC).” Régis Rodero, da Metalfarma, comenta que um produto novo, de um mesmo grupo, proporciona ao cliente ter condições de conhecer e levar determinado produto que dificilmene compraria. “As drogarias com os maiores faturamentos do País fazem questão de dar destaque a sua linha de medicamentos, para isso, criamos formatos que otimizam a área de medicamentos sem tirá-los de cena, afinal, uma loja que vende muito medicamento tem tudo para ter o mesmo sucesso na linha de HPC.” Silvia Osso diz que quando são reformadas, layoutizadas, os varejistas conseguem tirar os produtos que não giram há mais de 120 dias, ou seja, que estão encalhados. “Essa ação faz com que haja a abertura de espaço para que a arrumação da gôndola fique mais atraente. Faz ainda com que os que já têm boa margem fiquem mais bem alocados, o que gera visibilidade e consequentemente melhor atratividade.
Na prática A Drogaria Marcelo, de Itatiba (SP), tem o layout como uma cultura da empresa. O objetivo é proporcionar ao cliente uma loja confortável, atraente, de fácil acesso aos produtos, com boas opções de mix e atendimento personalizado. O presidente da rede, Marcelo Prado Fonseca, pontua que todas as unidades seguem
layout
A Drogaria Marcelo, de Itatiba (SP), tem o layout como uma cultura da empresa. O objetivo é proporcionar ao cliente uma loja confortável, atraente, de fácil acesso aos produtos, com boas opções de mix e atendimento personalizado. A rede trabalha com gôndolas novas, design inovador, acabamentos arredondados e clean
o mesmo padrão. “Claro que o quesito físico influi muito. Temos lojas com mais espaço e, com isso, um layout mais bem elaborado, mas temos também lojas que sofrem com pouco espaço, e por isso não conseguimos melhorar sua layoutização.” Para manter um padrão, Fonseca diz que algumas técnicas são aplicadas, como: exposição dos produtos na gôndola de forma mais vertical, gerenciamento por categorias. “Isso é fundamental para trazer ao shopper tudo o que ele precisa em um só local ou próximo do momento da decisão de compra.” Atenção especial a quem toma as maiores decisões, por exemplo: mães com filhos.
os resultados são imediatos. tem-se um aumento real de 30% a 50% no faturamento, motivado pela mudança do layout, mix de produtos, reinaugurações e treinamento “Expomos produtos em que o shopper é a mãe, na altura de sua visão, e produtos em que o shopper é o filho, na parte mais baixa da seção, respeitando a altura da criança. Além disso, minha equipe não aloca produtos para idosos ou para contusões na parte inferior da gôndola. Exploramos ainda pontos quentes e frios da loja, etc.” 80
guia da farmácia SETEMBRO 2012
As lojas da Drogaria Marcelo estão em frequente mutação. As mudanças são fruto da busca de informações do que há de mais atual no mercado. O executivo informa que a prática de benchmarking (aferição) também possibilita que eles tenham ideias de novas tendências de mercado. “Sinceramente, não temos um planejamento, daqueles feitos no papel. O que temos é a convicção da importância de uma loja bonita, inteligente e moderna. Isso tudo com um único objetivo: dar o melhor ao cliente para que, com isso, as vendas ocorram sempre naturalmente.” Ele lembra que existem as mudanças de sazonalidade, ou seja, inverno e verão. “De seis em seis meses com certeza algo muda, porém, o layout em si sempre sofre ajustes de melhoria. Para se decidir o momento certo de alteração, números são analisados. Vejo se estão agradando, se as vendas estão crescendo, para não ter de ficar mexendo na loja radicalmente.” Fonseca relata que com informações sobre a loja, sobre o perfil do cliente – idade, sexo, classe econômica – e com conhecimentos de técnicas de merchandising, a renovação do layout será um sucesso. “Trabalhamos com gôndolas novas, com design invador, acabamentos arredondados e clean. Nossos paredões de perfumaria estão localizados do lado esquerdo de quem entra na loja e são personalizados com módulos iluminados e com testeiras, indicando a marca do produto exposto. O sucesso é tão grande que estamos implantando os mesmos princípios do lado direito de nossas lojas.” Noventa por cento da exposição é de perfumaria e de não medicamentos, além dos MIPs. A rede entende que medicamentos precisam de uma atenção farmacêutica
layout
A Drogaria Arraial, de Diamantina (MG), também investe em layout. A loja passou por uma grande reformulação, em 2009. O objetivo era ampliar o espaço. Ela não segue um padrão predeterminado, está na busca por uma loja diferenciada. Após a revitalização, foi possível observar que os clientes gostam de espaços com ar de modernidade e conforto. O público cresceu consideravelmente
Se não puder e, com isso, devem ser vendidos no balcão, com o layout e ampliamos o espaço físico.” realizar uma todas as orientações necessárias. Eles não seguem um padrão predetermigrande alteração, mudanças menores nado pelo mercado, estão na busca incesAs seis unidades estão localizadas, preferencialsão fundamentais sante por uma loja diferenciada, que pormente, em esquinas e avenidas movimentadas. “Esquinas são escolhidas pelo ângulo de visão do cliente porcione mais comodidade ao cliente. “Após na rua. Ruas e avenidas movimentadas é o que todo muna revitalização realizada, foi possível observar do procura, pois são rotas de fuga, onde todos os clientes que os clientes de todas as classes sociais gostam passam; além dos clientes da cidade, conseguimos tamde espaços com ar de modernidade e conforto; bém, clientes de cidades vizinhas.” nosso público cresceu consideravelmente.” No planejamento, todo o mix foi definido. Os Ele afirma que os números têm de ser mensurados e se um novo layout não der certo, será refeito. “Quanempresários afirmam que esse é o primeiro pasdo ocorre a reforma de uma loja, chego a um cresciso para cuidar da setorização do ponto de venmento, em vendas, de 23% no primeiro mês. Em dois da. Medicamentos ocupam cerca de 20% da área meses, obtenho 30%.” da loja e não houve perda de faturamento com A Drogaria Arraial, de Diamantina (MG), também ineles. “Cuidamos da parte de HPC, evitando a falveste em layout. A loja passou por uma grande reforta de produtos e mantendo uma constante romulação, em 2009. Os sócios-gerentes, Guilherme Coetatividade de itens. Um bom layout renova, aulho Neves e Sheila Marcinco de Oliveira, revelam que o menta o fluxo de clientes, mas, sem dúvida, o objetivo era ampliar o espaço. “Buscamos parceria com maior benefício é o aumento do tíquete médio.” o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas EmOs sócios-gerentes comentam que as vendas presas (Sebrae), pelo programa Sebratec, quando conaumentaram cerca de 40% após a reformulação, seguimos excelentes orientações sobre a disposição do mas creditam isso às diversas ações tomadas, mix, marketing visual, etc. A partir desta consultoria e como cursos de formação da equipe e trabalhos de visitas a diversas empresas do segmento redefinimos de marketing. 82
guia da farmácia SETEMBRO 2012
consultor jurídico
A importância da
notificação de receita
D
De acordo com o artigo 35 da Portaria SVS/MS nº 344/98, a Notificação de Receita “é o documento que acompanhado de receita autoriza a dispensação de medicamentos à base de substâncias constantes das listas “A1” e “A2” (entorpecentes), “A3”, “B1” e “B2” (psicotrópicas), “C2” (retinoicas para uso sistêmico) e “C3” (imunossupressoras), deste Regulamento Técnico e de suas atualizações”. Como ainda existem empresários do varejo farmacêutico e farmacêuticos que acreditam que podem continuar livremente comercializando medicamentos controlados a seu livre alvedrio, lembro que a violação do disposto no artigo 35 da Portaria SVS/MS nº 344/98 caracteriza crime de tráfico de drogas. Recentemente um simples dono de farmácia foi preso pela Polícia Civil, juntamente com sua farmacêutica responsável técnica, por ter permitido/tolerado a venda de medicamento controlado (DUALID S) sem a apresentação da Notificação de Receita acompanhada, logicamente, da receita médica. Uma postura que no entender de
foto: DIVULGAÇãO
muitos é deveras simplória ou até corriqueira levou à prisão e condenação de um pequeno proprietário de uma farmácia pelo crime de tráfico de drogas. Como se sabe, o medicamento DUALID S pode acarretar graves distúrbios psicóticos, semelhantes à esquizofrenia, razão pela qual se encontra controlado e com seu princípio ativo insculpido na Portaria SVS/MS nº 344/98. Interessante a postura do empresário em informar ao juiz que a única que poderia ser punida, presa e condenada seria a farmacêutica responsável técnica, pois foi quem efetivamente dispensou o produto, como se uma empregada não cumprisse as ordens recebidas de seu empregador. Como pode ? O juiz, ao contrário, absolveu a farmacêutica neste caso e condenou o dono da farmácia a mais de três anos de prisão por tráfico de drogas. Este é mais um alerta ao varejo farmacêutico do zelo que deve ter com os medicamentos controlados. Fique atento e tenha o controle de tudo o que entra e sai da sua farmácia.
A violação do disposto no artigo 35 da Portaria SVS/ MS nº 344/98 caracteriza crime de tráfico de drogas
G u s tav o S emb l ano Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Rio de Janeiro (Ascoferj), OAB/RJ 113655 E-mail gustavo@semblano.com.br
2012 setembro guia da farmácia
83
conjuntura
Invasão
ianque
O anúncio da fusão entre as maiores redes de farmácia dos Estados Unidos e da Europa eleva suspeitas de entrada dos estrangeiros no mercado de varejo farmacêutico brasileiro P o r r o d r ig o r o dr i g u es 84
guia da farmácia setembro 2012
A
A recente aquisição de 45% das ações da Alliance Boots europeia pelo grupo Walgreens, maior rede varejista de farmácias dos Estados Unidos, reacendeu a discussão no Brasil sobre a entrada de players estrangeiros no varejo farmacêutico nacional. O negócio de US$ 6,7 bilhões sinalizou a disposição Walgreens de buscar novos mercados em função da crise nos Estados Unidos e na Europa. Segundo analistas, a compra da Alliance Boots mostra a intenfotos: shutterstock/divulgação fgv
conjuntura
ção dos americanos de formar uma megabandeira mundial, aportando consequentemente no Brasil, que tem um dos mercados farmacêuticos mais pujantes do planeta. De acordo com o consultor Maurício Morgado, professor do Centro de Excelência em Varejo da Fundação Getulio Vargas (FGV), o movimento da Walgreens coincide com a onda de fusões e aquisições farmacêuticas que acontecem no Brasil desde o ano passado. Para Morgado, o mercado brasileiro tem se adaptado ano a ano para a chegada dos estrangeiros. “Do jeito que estava, o varejo farmacêutico gerava pouco interesse para os investidores externos. As redes eram muito pequenas e as grandes bandeiras internacionais teriam de fazer compras picadas. Com a formação de megabandeiras nacionais pela Raia/Drogasil, Brazil Pharma e Drogaria SP/Pacheco, por exemplo, o mercado se tornou mais atrativo para esse tipo de negócio”, avalia. A exemplo do que aconteceu com a Alliance Boots, o consultor Cadri Awad também acredita que a entrada dos investidores estrangeiros no mercado brasileiro se dará por meio da aquisição
gabandeiras internacionais no Brasil se dará após uma segunda rodada de aquisições no mercado brasileiro. “Algumas fusões ocorridas no ano passado ainda não se adaptaram às questões de governança, ponto fundamental para o aporte de recursos estrangeiros. Outro ponto é que algumas redes de médio porte continuam na mira dos grandes players e podem ser adquiridas a qualquer momento. Isso significa que as fusões ainda não se consolidaram suficientemente. Isso deve retardar um pouco a chegada dos estrangeiros, o que, a meu ver, é questão apenas de tempo”, analisa. O diretor de Investimentos da Brazil Pharma, Felipe Albuquerque, nega que a holding controlada pelo BTG Pactual tenha a intenção de vender os ativos conquistados até aqui para um grupo estrangeiro. Segundo ele, o banco se interessou pelo mercado de varejo farmacêutico por suas perspectivas futuras de crescimento. Segundo as projeções da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), até 2015 o Brasil deve passar de sétimo para quinto maior mercado mundial de medicamentos, gerando R$ 87 bilhões em faturamento até 2017, valor quase o dobro do registrado em 2011. “Não existe país nenhum no mundo onde esse movimento esteja tão forte e o mercado interno vai praticamente dobrar em cinco anos. Quer motivo melhor para um banco focar seus investimentos?”, ressalta o representante da Brazil Pharma. Albuquerque acredita, contudo, que a entrada de investidores estrangeiros no Brasil é inevitável e diz que há pelo menos cinco anos a Alliance Boots e Walgreens analisam a entrada no mercado brasileiro. “Essa fusão deve atrasar um pouco o fechamento de novos negócios, mas o tamanho do mercado brasileiro torna essa possibilidade cada vez mais real, seja um estrangeiro comprando um brasileiro, ou um brasileiro comprando um estrangeiro. A CVS americana, aliás, já faz operação de PBM no Brasil. Pode ser a primeira a desembarcar de fato no País”, conta Felipe Albuquerque. A CVS é a segunda maior rede de farmácias norte-americana, operando quase oito mil pontos de venda nos Estados Unidos e Porto Rico. A marca foi eleita ano passado como a quinta maior marca do varejo do país, calculada em US$ 16,5 bilhões. A companhia ficou à frente até da principal concorrente, a Walgreens, que vale US$ 14,4 bilhões, mas tem 8.300 pontos de ven-
leis locais e liminares trouxeram uma insegurança jurídica que prejudicou a intenção dos investidores de entrar no brasil. é preciso saber se eles estariam dispostos a abrir mão do modelo deles para ingressar no país de grandes bandeiras. A Boots, por exemplo, tem mais de 3.300 lojas espalhadas por 21 países da Europa. No último trimestre gerou faturamento no valor de 23 bilhões de libras. “É comum as empresas estrangeiras entrarem no varejo fazendo barulho e adquirindo companhias já enraizadas e que lhes garantam fatia significativa do mercado. Foi assim com os supermercados, com as teles, entre outros setores. O varejo farmacêutico deve passar pelo mesmo processo em breve”, comenta. Na opinião do professor Maurício Morgado, a Brazil Phama deve ser o primeiro alvo dos investidores estrangeiros. Nos últimos dois anos a rede controlada pelo banco de investimentos BTG Pactual saiu às compras e adquiriu várias redes médias e grandes como Big Bem (Norte e Nordeste), Guararapes (Norte e Nordeste), Rosário Distrital (Centro-Oeste) e Farmácia Santana (Nordeste). A holding passou a ter 998 pontos de venda espalhados pelo País e faturamento mensal de R$ 245 milhões, superando a casa do R$ 1 bilhão anual. “É no mínimo estranho um banco se interessar em administrar farmácias por um longo período sem estar preparando terreno para fazer operação com algum outro grupo”, adverte Morgado. O professor da FGV aposta, contudo, que o embarque das me86
guia da farmácia setembro 2012
conjuntura
No modelo americano, as farmácias têm tamanho de megastores brasileiras e vendem muitos produtos fora do catálogo farmacêutico. Walgreens e CVS são praticamente minimercados nos EUA, onde se encontram alimentos instantâneos, salgadinhos, doces, leite, sucos, bolachas, entre outros alimentos industrializados
da nos Estados Unidos e acaba de expandir as operações para a Europa com a Alliance Boots. Segundo notícias divulgadas na imprensa brasileira, executivos da CVS estiveram no Brasil para iniciar tratativas com a Drogaria Onofre e até com a própria Brazil Pharma. Ambas negam o encontro.
dimento e a aplicação prática das normas nas empresas. As regras são claras: Lei 5991/73, Lei 6360/76, Decreto 74.170/74, Decreto 79.0947/77. “O mercado estava meio nebuloso e ainda está, até que algumas decisões sanitárias sejam tomadas em caráter definitivo, não apenas por meio de liminares. A farmácia no Brasil tem muito menos liberdade que nos Estados Unidos. O nível de informalidade dos pequenos também torna a concorrência quase desleal ao venderem medicamentos controlados sem receita. Nesses aspectos nosso mercado precisa evoluir bastante e isso deve atrasar um pouco a chegada dos grandes grupos transnacionais a curto prazo”, argumenta Morgado. No modelo americano, as farmácias têm tamanho de megastores brasileiras e vendem muitos produtos fora do catálogo farmacêutico. Walgreens e CVS são praticamente minimercados nos EUA, onde se encontram alimentos instantâneos, salgadinhos, doces, leite, sucos, bolachas, entre outros alimentos industrializados. Até produtos de limpeza para casa, como detergente e desinfetante, é possível encontrar nas megastores americanas, que além
A farmácia no Brasil tem muito menos liberdade que nos Estados Unidos
Diferenças de modelo A chegada dos estrangeiros foi impedida até agora também pela intensa regulação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre comercialização de produtos fora do catálogo farmacêutico, diferente do que acontece nos Estados Unidos. Fato que provoca muitas restrições, além da confusa política fiscal e tributária, que dificulta o enten-
o movimento da walgreens coincide com a onda de fusões e aquisições farmacêuticas que acontecem no brasil desde o ano passado 88
guia da farmácia setembro 2012
conjuntura
disso têm imensa gama de produtos de higiene pessoal, beleza e medicamentos. A venda dos chamados produtos de conveniência nos Estados Unidos representa quase 30% do faturamento das empresas. No Brasil, o modelo foi vetado pela Anvisa em 2009, através de uma portaria que entrou em vigor no ano seguinte. A resolução autoriSegundo Felipe Albuquerque, da Brazil zava apenas a venda de aliPharma, o banco BTG mentos dietéticos. Contudo, as Pactual se interessou 25 grandes redes brasileiras lipelo mercado do varejo farmacêutico gadas à Abrafarma conseguipor suas perspectivas ram liminar na Justiça autorifuturas de crescimento zando as vendas, mas a decisão ainda não foi julgada em caráter definitivo pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Por outro lado, estados como Minas Gerais e municípios como Goiânia aprovaram leis locais que autorizam a prática. Isso tornou a situação confusa e nebulosa. A palavra final sobre se a Anvisa tem ou não autoridade para legislar e proibir esse tipo de prática será dada pelo STF, que até novembro julga o caso do mensalão e não deve se ocupar tão cedo do assunto. “Essas leis locais e liminares trouxeram uma insegurança jurídica que prejudicou a intenção dos investidores de entrar no Brasil. É preciso saber se eles estariam dispostos a abrir mão do modelo deles para entrar no País. Dadas as últimas movimentações do mercado, contudo, acho que isso não deve ser um obstáculo. A tributação do nosso mercado e a informalidade, na minha opinião, devem pesar mais para os estrangeiros que a atual situação dos produtos de conveniência”, pontua Cadri Awad.
Impactos do capital estrangeiro Na opinião dos especialistas ouvidos pelo Guia da Farmácia, a chegada do capital estrangeiro ao Brasil deve causar alguns impactos no varejo nacional, especialmente no acirramento da concorrência, na mudança do modelo de atendi-
mento e no tamanho dos pontos de venda das áreas urbanas. Esse impacto, contudo, não deve pressionar demasiadamente o pequeno e o médio varejista, segundo o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia. De acordo com ele, o capital apenas mudará de mãos e não afetará a correlação de forças do mercado. “Sinceramente, os pequenos e médios não devem se preocupar com isso. Acho difícil os estrangeiros chegarem em curto prazo ao Brasil porque não têm o que comprar. As grandes redes por hora não estão dispostas a vender e, caso isso aconteça, o capital só vai mudar de mãos. Eles comprarão alguém que já é grande e mesmo que tenham um plano de expansão, continuarão concorrendo com a mesma relação de forças de hoje. Se até agora poucos foram os independentes que quebraram com as megafusões, por que isso iria mudar?”, questiona Tamascia. O presidente da Febrafar lembra que o mercado brasileiro praticamente dobra a cada cinco anos. Até 2017, deve gerar o dobro de negócios de 2011, passando de R$ 45 bilhões para R$ 87 bilhões, segundo projeções do IMS Health. O número de doses vendidas passará de 90 bilhões para 135 bilhões, de acordo com o mesmo instituto. “Sejam estrangeiros ou as megabandeiras, elas crescerão sob um mercado que também vai crescer. Vejo mais oportunidades dos pequenos, médios e independentes de crescerem em cima do bolo deles, por meio de profissionalização e gestão controlada, do que o contrário”, comenta Edison Tamascia. A opinião é compartilhada pelo consultor Cadri Awad, que diz que o maior desafio do pequeno e médio varejista está dentro da própria loja. “Os pequenos e médios estão quebrando do balcão para dentro. Não o contrário. Falta gestão fiscal e tributária, plano de negócios e controle básico de caixa para muitos comerciantes do setor. Se o amadorismo continuar imperando, o fim de alguns empresários é tão ou mais inevitável que a chegada dos estrangeiros”, conclui.
Para maiores informações entre em contato: mail@infocastevents.com - tel: +1(818)888-4444 - www.infocastinc.com 90
guia da farmácia setembro 2012
cenário
A importância da qualidade nos serviços logísticos é preciso garantir o controle dos processos, diminuir as falhas, investigar as causas quando estas acontecerem, estabelecer ações corretivas e preventivas
N
Sonj a H e le na Madeir a M ace d o Gerente farma da Ativa Logística www.ativalog.com.br 92
guia da farmácia setembro
Nos últimos anos tenho observado que a logística farmacêutica é um tema presente em vários fóruns de discussão por todo o País. No entanto, com o avanço dessas discussões o principal foco hoje é a ausência da qualidade na prestação de serviços logísticos ofertados pelo mercado. Mas o que seria verdadeiramente a qualidade requerida pela indústria para garantir a segurança e integridade do produto até o usuário final? Outra pergunta importante: o que é qualidade? Para o segmento farmacêutico este conceito inicia-se nas Boas Práticas de Fabricação e finaliza nas Boas Práticas de Dispensação, no varejo ou hospital, de forma a garantir a eficácia do uso do medicamento pelo paciente. Qualidade em logística farmacêutica significa atender aos requisitos voltados ao controle de processos logísticos incluindo expedição, armazenamento e transporte em todas as suas etapas até a entrega do produto ao destinatário final. Para efetuar esses controles, temos a base da qualidade do segmento farmacêutico que são as Boas Práticas de Fabricação (BPF), preconizadas pela RDC n° 17/10 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estas diretrizes estabelecem e esclarecem como compor o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) de uma empresa que deseja implementar ou implantar as Boas Práticas de Armazenagem, Distribuição e Transporte, filosofia resultante das BPF aplicadas às empresas importadoras, distribuidoras, armazenadoras e transportadoras. De acordo com as características de suas atividades, cada empresa deve adequar suas estruturas físi2012
cas, de equipamentos e de equipe seguindo a BPF, porém é importante para um resultado efetivo que se estabeleça primeiramente uma Política da Qualidade e que esta contemple os requisitos das BPF. Isto não impede a empresa de seguir também os requisitos de outras entidades certificadoras complementarmente; o importante é garantir o controle dos processos, diminuir as falhas, investigar as causas quando estas acontecerem, estabelecer ações corretivas e preventivas quando necessário, principalmente nas etapas mais críticas. O processo de implantação do SGQ requer principalmente a vontade da alta direção da empresa, planejamento a curto, médio e longo prazo, e o comprometimento dos seus gestores. Veja a seguir itens necessários para implantação do SGQ efetivo: 1. Equipe técnica qualificada, coordenada por um profissional farmacêutico; 2. Documentos da Qualidade que descrevam e registrem efetivamente o que é realizado nas etapas operacionais e nas consideradas etapas críticas, entre os quais Manual de Boas Práticas e Procedimentos Operacionais Padrão; 3. Programa Anual de treinamento dos colaboradores em todos os níveis voltado às Boas Práticas; 4. Infraestrutura Física de acordo com as Boas Práticas; 5. Manutenção preventiva e qualificação dos equipamentos utilizados na guarda e manuseio dos produtos farmacêuticos; 6. Qualificação de fornecedores de produtos e serviços pertinentes ao cumprimento das BPF; 7. Auditoria Interna da Qualidade. foto: DIVULGAÇãO
Especial Idosos
pa n oram a
Brasil:
um país de idosos
Estatísticas apontam que, pela primeira vez na história do País, o número de nascimentos será menor que a mortalidade. Políticas públicas e o desenvolvimento de novos medicamentos possibilitam que a população envelheça de maneira ativa, inclusive economicamente P o r l u d mi lla pa zi a n 94
guia da farmácia setembro 2012
T
Todos os meses, ao redor do mundo, cerca de um milhão de pessoas cruza a barreira dos 60 anos de idade. Até 2025, a população idosa mundial crescerá 2,4% ao ano, contra 1,3% de crescimento anual da população terrestre em sua totalidade. A tendência do envelhecimento da população, global, é ainda mais acentuada no Brasil. Dados do Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelaram um panorama inédito para a população brasileira: a expectativa de vida aumentou 25,4 anos no período entre 1960 e 2010, passando de 48 anos para 73,4 anos. Seremos, ainda, em um futuro próximo, um país de idosos, já que essas mudanças vêm alterando a pirâmide etária nacional, com estreitamento da base e alargamento do topo fotos: shutterstock
pirâmides etárias Um dos fatores que explica o envelhecimento da população, além da maior expectativa de vida, é a queda na taxa de natalidade do brasileiro. Ainda de acordo com o IBGE, desde os anos 1960 a taxa de crescimento da população brasileira vem experimentando paulatinos declínios, intensificando-se juntamente com as quedas mais pronunciadas na fecundidade. No período de 1950-1960, a taxa de crescimento da população recuou de 3,04% ao ano para 1,05% em 2008. Além disso, de acordo com o órgão, em 2050, a taxa de crescimento cairá para -0,291%. O chamado “crescimento zero” seria atingido em 2039. A partir daí, entramos em um processo de taxas de crescimento negativas (exemplo de 2050), quando ocorre a queda no número da população.
1960
2050
80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 45 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos
80 anos ou mais 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 45 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos
8,5 7,5 6,5 5,5 4,5 3,5 2,5 1,5 0,5 0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 (em % da população)
HOMENS
8,5 7,5 6,5 5,5 4,5 3,5 2,5 1,5 0,5 0,5 1,5 2,5 3,5 4,5 5,5 6,5 7,5 8,5 (em % da população)
MULHERES
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
– características típicas de uma população mais envelhecida, comum em países desenvolvidos. O Brasil é também, pela primeira vez, um país cuja maior parcela da população é predominantemente adulta e em idade ativa. Isto significa que por pelo menos duas décadas terá condições propícias para se desenvolver – já que apresenta grande força produtiva –, um evento chamado “bônus demográfico”. De acordo com estatísticas do IBGE, o crescimento da parcela idosa da população brasileira é contínuo e derivado de diversos fatores, um deles é a taxa de mortalidade da população, que vem caindo desde 1940. Segundo o Instituto, até 2040, a esperança de vida do brasileiro deverá girar em torno de 80 anos – índice invejável. No Censo passado, realiza-
do em 2010, o número total de idosos constituía 8% da população total de brasileiros. Hoje, o Brasil apresenta um total de 12% da população com mais de 60 anos. E o número deve continuar crescendo. De acordo com expectativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025 o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas, com cerca de 35 milhões de adultos com 65 anos ou mais. O IBGE também constatou que a população economicamente ativa (de 15 a 64 anos de idade) passou de 54,6% para 68,5% (de 1960 a 2010). Quando avaliamos a parcela da população economicamente ativa dentre idosos, a mudança é mais expressiva: de 2,7% para 7,4% no mesmo período analisado, o que representa uma importante participação dos idosos na economia brasileira. 2012 setembro guia da farmácia
95
Especial Idosos
pa n oram a
Embasando a tese, vem ainda um estudo do Global Enterpreneurship Monitor (GEM) de 2011, que mede o empreendedorismo entre pessoas de mais de 60 anos em 59 economias do mundo. A pesquisa revelou, dentro de um número de 21,1 milhões de empreendedores no Brasil – sendo que 3,1% são idosos – algo em torno de 650 mil empreendedores seniores. Para a presidente da Hmelillo, Grupo de Articulação Social que promove o evento Expo Sênior, Heloísa Melillo, o idoso é um consumidor ativo, que faz suas escolhas com informação, com critérios próprios e que exige seus direitos. “Portanto, empresas e governo precisam estar atentos para oferecerem serviços e produtos à altura das exigências deste público”, avalia. “No Brasil precisamos voltar o olhar para questões de consumo, pois ao viver mais e com mais qualidade de vida, o público vai demandar mais novidades e criatividade por parte daqueles que se propuseram a abastecer essa fatia de mercado”, opina. Dois momentos essenciais geraram a maior expectativa de vida do brasileiro: as pesquisas e conquistas da medicina – principalmente da medicina preventiva –, e o acesso democrático à informação, proporcionado pela grande rede da internet. “As telecomunicações em geral também permitiram que a informação chegasse a lugares remotos, e outro fator que contribuiu e continuará contribuindo para a longevidade do brasileiro são os crescentes
dados do consumo da terceira idade De acordo com o último Índice de Preços ao Consumidor da Terceira Idade (IPC-3I), que mede a variação da cesta de consumo de famílias majoritariamente compostas por indivíduos com mais de 60 anos de idade, no segundo trimestre de 2012 houve variação de 1,39%. Em 12 meses, o IPC-3i acumula alta de 5,41%. Com este resultado, a variação do indicador superou a taxa acumulada pelo IPCBR, que foi de 5,37% no mesmo período. Dados do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da Fundação Getulio Vargas (FGV), confirmam que na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2012 a taxa do IPC-3i registrou acréscimo de 0,06 ponto percentual. Contribuíram para o acréscimo da taxa grupos como Saúde e Cuidados Pessoais (1,40% para 2,21%). Já a categoria de medicamentos em si apresentou um crescimento de 0,45% para 3,60% no período. Fonte: IBRE/FGV
Futuro
“A geração de seniores tem muita história viva na memória, que pode ajudar as gerações futuras a aproveitar as oportunidades do Brasil frente ao mundo”, avalia Heloísa Melillo. A nova geração de idosos brasileiros ainda é formada por pessoas que amadureceram na Era da Globalização, mas que viram o Brasil democrático virar ditadura e depois retomar a demoque hoje de acordo com estatísticas do ibge o crescimento da cracia, ainda passa por parcela idosa da população brasileira é contínuo e ajustes. “O sênior tem muito conhederivado de diversos fatores, um deles é a taxa de cimento e não mortalidade, que vem caindo desde 1940. até 2040, a está mais disposto esperança de vida deverá girar em torno de 80 anos a terminar seus dias em uma lendária cadeira de projetos de responsabilidade social que tambalanço. O novo sênior quer e merece participar das bém levam esclarecimento às populações memudanças do dia a dia, com muita propriedade e nos favorecidas e impactam, transformando conhecimento sobre diversas áreas. Para tanto, o a vida de comunidades inteiras e livrando Brasil precisa repensar as políticas públicas para a muitos adultos de doenças antes irreversíveis”, terceira idade, de uma maneira que promova a inavalia a executiva. serção”, enfatiza. 96
guia da farmácia setembro 2012
Especial Idosos
pa n oram a
idosos no brasil
Infográfico: Mariana Sobral
expectativa de vida
taxa de crescimento da população
80 anos (2040) 73,4 anos (2010) 48 anos (1960)
3,04% (1960) 1,05% (2008) 0% (2039) -0,29% (2050)
número de idosos
14,5 milhões
18 milhões
64 milhões
8% da população brasileira
2000
12% da população brasileira
2010
22,7% da população brasileira
2050
Fonte: Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
98
guia da farmácia setembro 2012
AL
sistema único de Saúde do País está pronto para atender a essa nova demanda? Quais os principais males que afligem o público? A indústria já pensa no idoso como consumidor em potencial? O que pensa e o que quer este novo perfil de idoso economicamente ativo? Nas próximas páginas, o Guia da Farmácia realizou um levantamento em diversas esferas para responder às indagações. Confira e tente visualizar as necessidades do dia de amanhã.
E CO N TEÚDO
De acordo com o IBGE, o novo panorama da população brasileira impacta pelo menos três áreas: saúde, previdência social e cuidados com idosos. No caso da previdência social, atualmente, a aposentadoria por tempo de contribuição exige 35 anos de pagamento ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), no caso do homem, e 30 anos no caso da mulher. O possível perigo do aumento da expectativa de vida é que, com o segurado recebendo o benefício da aposentadoria por mais tempo, a conta não feche. Para evitar o quadro negativo, é preciso planejamento de diversas esferas públicas. Além da questão da previdência social, é necessário se atentar para outras indagações quanto ao envelhecimento da população brasileira: O
XT T RA NO POR
Confira no Portal do Guia entrevista exclusiva com técnico do IBGE que avalia as consequências de uma maior parcela de idosos no Brasil. www.guiadafarmacia.com.br
Especial Idosos
PDV
Futuro imediato Envelhecimento da população brasileira gera novas demandas para as áreas de saúde e varejo. É hora de se preparar para atender corretamente às necessidades desse público – e enxergar nele diversas oportunidades P o r l u d mi lla pa zi a n 100
guia da farmácia setembro 2012
O
O varejo farmacêutico atual pode melhorar significativamente o modo como enxerga as possibilidades e oportunidades geradas pelo público idoso. Esse é um consenso entre os especialistas do canal farma “As farmácias ainda não se deram conta do alto potencial de vendas para essa população. Fixam-se apenas nos idosos carentes, com pouco dinheiro e baixa qualidade de vida, em vez de mirar os com saúde bem cuidada e com um potencial financeiro estável”, considera a palestrante, consultora de empresas e especialista em varejo Silvia Osso. fotos: shutterstock
Especial Idosos
PDV
“O varejo ainda não faz ações focadas para esse segmento, seja no atendimento, seja na exposição de produtos e layout das lojas, o que é um erro”, define a farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioni Consultoria e Treinamento, Tatiana Ferrara Barros. O idoso significa um público que frequenta assiduamente as farmácias e com um grande poder de consumo, pois tem renda garantida (aposentadoria). “O gestor deve elaborar estratégias para atingir esse público e atender suas necessidades, aproveitando assim a oportunidade de mercado. Precisamos conhecer o comportamento desses consumidores e definir ações específicas para conquistá-los, pensando tanto no layout da loja quanto no treinamento de equipe para atendê-los adequadamente”, orienta Tatiana. O primeiro passo para a melhora do quadro é mudar a forma de encarar o público e focar o atendimento. A busca pela fidelização é importante e começa pela qualidade de atendimento, que compreende quesitos como atenção, saber cuidar e confiabilidade. Se os idosos são fiéis a uma farmácia e têm confiança na empresa, a marca se localiza a um passo da boa imagem e do sucesso de vendas, desde medicamentos de uso contínuo – que exigem a visita frequente do idoso à loja –, até vitaminas, dermocosméticos, produtos de perfumaria e 102
guia da farmácia setembro 2012
Tato nas vendas O comércio de algumas categorias para idosos, como as fraldas geriátricas, pode causar embaraço em alguns perfis de consumidores. É papel do profissional da farmácia se posicionar de maneira a evitar o quadro. A palestrante, consultora de empresas e especialista em varejo Silvia Osso dá a dica: “atenção, confiança e cuidado são palavras mágicas”. Segundo Silvia, há hoje muitas opções de fraldas e calças para incontinência urinária – e o tema não é mais tabu entre a maioria dos idosos e seus cuidadores. “Eles precisam mesmo é de orientação e conhecimento por parte dos vendedores. Querem saber qual a melhor escolha e em que situação usá-la, o que a maioria dos funcionários não sabe explicar”, avalia. O segredo, então, continuaria sendo os farmacistas treinarem suas equipes a respeito de produtos para idosos, suas qualidades e benefícios.
Especial Idosos
PDV
outros itens – além de uso de serviços como aferição de pressão e medição de glicemia. No mais, a fidelização vem em conjunto com a percepção de que o idoso – assim como as pessoas portadoras de necessidades especiais –, deseja ser tratado como uma pessoa igual às demais, já que os produtos comprados normalmente são os mesmos. “Há um tempo organizei um foccus group com idosos de 65 a 93 anos que disseram coisas como ‘Quem oferece condicionador para uma idosa de cabelos brancos?’; ‘Quem oferece sachê de divulgação de hidratantes corporais para idosos homens ou mulheres? – Será que eles acham que não usamos, que não nos cuidamos?’. Diante do quadro, o segredo é o mesmo de sempre: treinar. Treinar comportamentos, treinar atendimento e treinar em vendas”, alerta Silvia Osso.
Informação além dos números Além de analisar o idoso como potencial de bons negócios, a farmácia apresenta uma importante função social a favor da saúde desse público, que costuma visitar o ponto de venda com assiduidade em busca de medicamentos ou informações. Na opinião da farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, atualmente, o mercado de serviços e produtos para idosos está bastante aquecido, considerando que a população cada vez mais está consciente de suas necessidades e solicita que o segmento farmacêutico supra seus anseios. Quanto à posição do profissional farmacêutico diante do quadro, ela diz que são essenciais as orientações à população idosa em relação à manutenção e/ou recuperação da saúde. “Já estão disponíveis inúmeros tratamentos específicos para os idosos, bem como prevenções de problemas de saúde”, ressalta e completa: “o farmacêutico, então, precisa estar sempre atualizado em relação à terapêutica destinada aos idosos (como novos medicamentos e tratamentos), bem como os problemas comuns a este grupo populacional para que a orientação possa ser realizada com qualidade. Não podemos generalizar sobre a qualidade do atendimento dispensado ao idoso nas farmácias brasileiras, porque o quadro depende unicamente da qualificação e sensibilidade de cada dispensador”, analisa a farmacêutica. “Para que a população idosa seja atendida satisfato104
guia da farmácia setembro 2012
Ponto de venda acessível Atualmente, existem regras para o ponto de venda acessíveis a diversos públicos. Confira se a sua farmácia apresenta as principais delas: • Pisos claros; • Corredores largos; • Iluminação eficaz; • Bancos para espera de atendimento; • Estacionamento com vagas especiais demarcadas; • Corrimão e rampas em caso de elevações. Fonte: Silvia Osso
riamente, há a necessidade de treinamento dos dispensadores a respeito das características que normalmente os idosos apresentam como, por exemplo, dificuldade na audição, na visão, no entendimento e na memória”, orienta. O profissional do ponto de venda deve estar muito atento a estas características para assegurar que o medicamento será utilizado adequadamente. Quando se percebe uma deficiência, por exemplo, pode-se lançar mão de ferramentas que facilitem o entendimento do idoso – como cores para identificação de diferentes medicamentos ou símbolos que facilitem a assimilação do horário em que a fórmula deve ser ingerida – “como um sol/xícara para café da manhã ou lua para a noite”, elucida. Consensual é também a opinião das especialistas sobre a sensibilidade exigida no trato com o público. “Além dela (sensibilidade), é preciso adequar a linguagem em função das características daquele idoso específico”, define Maria Aparecida. Isso significa também entender as limitações que a idade impõe: “é imprescindível que o profissional tenha uma conduta que permita ao idoso ser ouvido com calma e que ele se sinta acolhido dignamente, porque é um público essencialmente carente e normalmente desprestigiado pela família e pela sociedade. Muitas vezes, o idoso procura um atendimento somente para se sentir ouvido e ter importância para alguém, mesmo que por poucos momentos”, conclui.
Especial Idosos
automedic ação
Público em risco A automedicação e o uso indiscriminado e excessivo de medicamentos são ações perigosas em qualquer faixa etária. Na terceira idade, as consequências são maiores P o r l u d mi lla pa zi a n
106
guia da farmácia setembro 2012
A
“A automedicação é um grande problema na população idosa”, afirma a farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioni Consultoria e Treinamento, Tatiana Ferrara Barros. Para ela, em primeiro lugar, a preocupação com o fato ligado ao público deve existir porque o corpo humano envelhece e já não possui a mesma resposta aos medicamentos, como nas pessoas mais jovens – o que impõe um ajuste de dosagem específica ao público idoso. Em segundo lugar, os idosos têm mais chances de desenvolver doenças causadas pelo próprio envelhecimento. “Assim, aumenta a probabilidade de os medicamentos apresentarem contraindicações”, avalia. Em terceiro lugar, por fazerem uso constante de medicafoto: shutterstock
mentos para tratamentos diversos, a interação medicamentosa pode ocorrer com maior frequência nessa população. “Concluindo: os idosos necessitam da orientação do farmacêutico para ingerir qualquer medicamento”, segundo Tatiana. Já a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, lembra que muitas vezes as embalagens apresentam características muito semelhantes – o que pode gerar a dificuldade de visualização e identificação no público. A dosagem ingerida também é outro aspecto comprometedor quando, em geral, a população idosa apresenta problemas em relação à acuidade visual: “a confusão entre medicamentos é um fato muito corriqueiro”. Além disso, a memória medicamentosa também pode já não ser a mesma, o que vai gerar transtornos na administração errônea de medicamentos, assim como a possibilidade de serem administrados em duplicidade. “A automedicação é um problema existente independentemente da idade. Porém, particularmente no idoso, por se encontrar sozinho em grande parte do dia e ter disponibilidade de se automedicar, o fato poderá gerar um grande problema”, afirma Maria Aparecida. Para evitar o quadro, a profissional recomenda atenção redobrada de cuidadores, que precisam sempre estar alertas às possíveis características e rotinas de medicamentos que vão estar presentes no dia a dia da população idosa. O contexto é avaliado também pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia. Segundo o médico geriatra e
Lista de Beers A lista de Beers é um estudo que classifica as principais fórmulas potencialmente perigosas para o uso na terceira idade. A primeira versão do documento foi publicada em 1991 e realizada por uma junta de médicos. Em 2012, a Sociedade Americana de Geriatria revisou o documento e, dentre outras conclusões, avaliou os riscos das classes de medicamentos apontadas como mais ingeridas pelos idosos. A recente avaliação completa das fórmulas e seus efeitos no organismo, assim como o estudo podem ser acessados pelo link: http://www.americangeriatrics.org/files/ documents/beers/2012BeersCriteria_JAGS.pdf. As informações estão em inglês.
no efeito nocivo de doses exageradas de medicamentos. “Além disso, o uso aleatório de medicamentos representa um gasto desnecessário, principalmente por aqueles que já possuem dificuldades financeiras”, diz o profissional. A automedicação em idosos – público que sofre os efeitos do tempo e das doenças crônicas em maior escala –, ainda traz o risco de se adotar fórmulas que não combinam serem ingeridas concomitantemente. “Quando isso acontece, os efeitos podem variar A automedicação é um problema existente desde constipações intestinais até independentemente da idade. porém, particularmente insuficiência renal. Esse é um prono idoso, por se encontrar sozinho em grande parte blema que poderia ser evitado se os idosos procurassem apenas um do dia e ter disponibilidade de se automedicar, médico especialista, no caso o o fato poderá gerar um grande problema geriatra. O que ocorre muitas vezes é a procura por diversos esdiretor da comissão de Comunicação da Sociedade Brasipecialistas, que prescrevem de forma redundante leira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Dr. Salo Buksman, os medicamentos”, avalia o geriatra. o uso excessivo de medicamentos em pessoas da terceira Na opinião dos especialistas, o índice de automedicação idade é mais regra que exceção. “Não só a população idoem idosos é maior do que em pessoas de outras faixas sa, mas também os próprios médicos que não possuem etárias, principalmente pelo maior número de problemas experiência em geriatria acabam utilizando medicamentos de saúde decorrentes do envelhecimento. “Normalmenda forma errada, ou recomendam aqueles que não possuem te, as fórmulas mais ingeridas pelo público são aquelas benefícios cientificamente comprovados.” sem necessidade de prescrição médica, como polivitamiO consumo indiscriminado de medicamentos na terceira nas e as ‘antienvelhecimento’ – como vasodilatadores, idade acarreta grandes riscos de iatrogenia, que consiste aminoácidos e energéticos”, avalia Buksman. 2012 setembro guia da farmácia
107
Especial Idosos
co ração
Mais idade
com mais saúde Além de viver ainda muitos anos, o idoso de hoje quer envelhecer com bem-estar e qualidade de vida em alta. Entenda qual o perfil do paciente da terceira idade de hoje, as consequências de um maior número de idosos para a saúde pública e os principais problemas de coração que eles enfrentam
O
P o r l u d mi lla pa zi a n
O aumento da expectativa de vida é uma situação vivenciada no mundo. No Brasil, especialistas avaliam que isso está ligado diretamente a fatores como o maior acesso à assistência médica e hospitalar pelo estabelecimento de um Sistema Único de Saúde (SUS),
11 0
guia da farmácia setembro 2012
pela disponibilização de medicamentos gratuitos, pela prática da medicina preventiva e pelas melhorias das condições de saneamento básico, por exemplo. Para a farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioni Consultoria e Treinamento, Tatiana Ferrara Barros, a tecnologia sofreu grandes avanços nos últimos anos, o que possibilitou que a área da saúde também evoluísse. “Isso, por sua vez, permitiu diagnósticos precoces de doenças. As pessoas, além disso, estão mais informadas e têm acesso a um arsenal de medicamentos maior, bem como à tecnologia aplicada a eles – o que gera como consequência que as pessoas vivam mais tempo.” Porém, buscar saúde para os idosos hoje não é só interesse do público da terceira idade – também passa a ser preocupação da sociedade como um todo e dos governantes. “O Brasil (tanto o governo quanto o setor privado) deve se preocupar com a prevenção de doenças no público idoso e, quando elas ocorrem, no tratamento e no controle, que evitam internações e procedimentos mais onerosos”, opina. A tese da farmacêutica tem fundamento no fato de que, quanto maior o número de idosos do País, maior o custo para o sistema com o tratamento de doenças. “Nesse caso, a ideia para reduzir custos é manter o fotos: shutterstock
Especial Idosos
co ração
percentual de brasileiros com ao menos uma das deficiências investigadas, segundo os grupos de idade Infográfico: Mariana Sobral
23.9% da população total brasileira, têm ao menos uma deficiência: visual, auditiva, motora, mental ou intelectual. Acompanhe a divisão por faixa etária:
7,5%
0 a 4 anos de idade
24,9%
público em uma condição que proporcione qualidade de vida, ou seja, quadros de doenças controlados para que não ocorra sobrecarga no sistema, o que gera grandes custos”, revela. Quando analisamos o quesito saúde, segundo pesquisas, a maior causa de morte entre idosos são as doenças crônicas, como diabetes e hipertensão – ao contrário do passado, quando os principais vilões entre idosos eram as doenças infectocontagiosas. Além disso, dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que 45,6 milhões de brasileiros – 23,9% da população geral – possuem ao menos uma deficiência (visual, auditiva, motora, mental ou intelectual) e que o nicho mais afetado é o de idosos. Quando avalia-se por idade, 7,5% dos portadores de alguns dos tipos das deficiências citadas possuem de 0 a 4 anos de idade, 24,9% de 15 a 64 anos, e a maior parcela – 67,7%, 65 anos ou mais. Ou seja: 20,8% de todas as pessoas com certo tipo de deficiência no Brasil são idosas. O número indica uma situação de limitações trazidas pela própria idade. Dentre as ocorrências, uma das mais marcantes é a perda da audição. De acordo com o estudo do IBGE, 28,2% dos homens com mais de 65 anos têm problemas auditivos, enquanto 23,6% das mulheres também o têm.
Doenças do coração
15 a 64 anos de idade
67,7%
65 anos ou mais de idade Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010 11 2
guia da farmácia setembro 2012
Para o cardiologista e diretor científico do XXXIV Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), Dr. Maurício Wajngarten, uma das maiores necessidades para manter a saúde na terceira idade é a prevenção de doenças cardíacas, como a hipertensão e quadros de insuficiência cardíaca, assim como diabetes e sobrepeso. O estudo Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2011, pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde, avaliou que 49% dos brasileiros apresentam sobrepeso e 16% dos habitantes são obesos. “À medida que a pessoa envelhece, o coração também envelhece e se modifica. Além disso, com a passagem dos anos o paciente dá mais tempo para os fatores de risco aparecerem. O tempo acaba conspirando contra nós – e acabamos sofrendo com as consequências de tudo que já aconteceu na nossa vida”, define o cardiologista da Socesp. Segundo o profissional, quando avaliamos a hipertensão, por exemplo, cerca de 50% a apresentam. O cardiologista do Hospital São Camilo, Dr. Humberto Freitas, concorda e completa: “ao longo do tempo, o coração também envelhece. Cresce, então, o risco de insuficiências cardíacas e doenças degenerativas da válvula aórtica”. Para o profissional, porém, o idoso de hoje está se cuidando mais. “Ele (idoso) tem ido mais ao médico e assumido hábitos ali-
Especial Idosos
co ração
mentares melhores, assim como vem cuidando mais do coração. Em resposta, a saúde melhora”, define. Quanto à prevenção dos quadros cardiológicos, quanto mais cedo melhor. “Para envelhecer com saúde, deve-se começar os cuidados preventivos cedo: boa alimentação – o que mantém os níveis de colesterol ruim baixos –, prática regular de atividade física e acompanhamento frequente da pressão arterial”, orienta o Dr. Freitas. “Sabe-se que a hipertensão é um dos principais fatores de risco para outras doenças. E, diante do percentual, tem-se a certeza de que é essencial, na idade, saber controlar os fatores de risco, ou seja, monitorar a pressão arterial”, ensina o diretor científico da Socesp. Para ele, o mundo atual enfrenta os mesmos problemas dos brasileiros quanto aos cuidados com a saúde cardíaca de idosos. Segundo os especialistas, muitas vezes, o paciente não trata corretamente a doença (hipertensão), apesar de o governo disponibilizar medicamentos de forma gratuita. A função do profissional de saúde seria, então, tentar reverter o quadro e entender por que isso acontece. “É preciso mudar a cultura da saúde, mexer na raiz da árvore – e principalmente fazer entender que é muito melhor preservar a saúde de maneira geral,
farmacêutico possui conhecimento para avaliar em conjunto os medicamentos ingeridos pelo paciente. “O farmacêutico tem um contato muito importante com o público de idosos. Ele pode, por exemplo, passar dicas de boa alimentação, com muitos grãos e pouca gordura, para manter as taxas de colesterol saudáveis”, lembra o Dr. Freitas.
Farmácia: multiplicador de saúde na terceira idade Para a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, a informação é uma necessidade de todos e, com os avanços das ferramentas de comunicação, a orientação à saúde deve ser imprescindível a qualquer grupo da população, considerando as necessidades específicas que cada um apresenta. “No caso da população idosa atual, ela se apresenta mais ativa e interessada no seu bem-estar – e a inclusão social do idoso pode ser vista em vários momentos”, opina e completa: “o idoso apresenta como característica, de uma maneira geral, ser usuário de polifarmácia, o que é uma condição compreensível, uma vez que poderá apresentar inúmeras doenças crônicas além da limitação física que se faz presente”. A farmacêutica Tatiana Ferrara concorda e completa: “a
estudos provam que a posição atuante do farmacêutico reduz significativamente erros de medicação entre pacientes idosos. ele pode, por exemplo, passar dicas de boa alimentação, com muitos grãos e pouca gordura, para manter as taxas de colesterol saudáveis envelhecer de maneira participativa e ativa, já que a sociedade ainda paga um preço tremendo pelas consequências da não prevenção, como hospitais e cuidadores”, opina o Dr. Maurício. Nesse sentido, para os especialistas, a função do farmacêutico é fundamental para elevar a saúde do idoso. “Existem estudos que provam que a posição atuante do farmacêutico reduz significativamente erros de medicação entre pacientes idosos. Na minha opinião, esse apoio do farmacêutico durante o atendimento ajuda e muito. Considero que o modelo de profissional ideal é aquele que segue os preceitos ‘de antigamente’, que conhece os pacientes a fundo e que quer muito ajudar. Portanto, o trabalho do farmacêutico só pode fazer bem ao paciente”, avalia o Dr. Maurício, lembrando que o 11 4
guia da farmácia setembro 2012
população idosa, em maioria, faz uso diário de algum tipo de medicamento – ou, às vezes, de vários medicamentos em conjunto –, o que aumenta o risco de reações adversas e interações medicamentosas”. Para a profissional, uma das maneiras de evitar o quadro é a informação de que o público necessita, tanto sobre o uso de medicamentos quanto sobre as próprias doenças. Já em relação aos problemas de coração mais frequentes na terceira idade, a farmacêutica avalia como fundamental a presença do farmacêutico. “No combate à hipertensão, por exemplo, é interessante estimular o paciente a praticar atividades físicas e, no caso de fumantes, a necessidade de superar o vício. Além disso, os cuidados com a alimentação deverão sempre estar presentes, assim como os exames clínicos rotineiros necessários e o controle diário da pressão arterial.”
Especial Idosos
a l ime ntação
Ingredientes balanceados O público da terceira idade possui necessidades específicas quanto a nutrientes obtidos pela alimentação P o r l u d m i lla pa zi a n
11 6
guia da farmácia setembro 2012
A
A partir dos 40 e 50 anos, modificações expressivas acontecem no organismo. As defesas orgânicas e fisiológicas se alteram e o corpo passa por diminuição na produção e perda natural de células e enzimas. “Nesta fase, a capacidade de renovar as células fica de certa forma comprometida e, além disso, ocorre uma menor absorção de nutrientes, com a massa magra dando espaço para a gordura no corpo”, define a Ph.D. em Nutrição e coordenadora do Centro de Pesquisas Sanavita, Dra. Andrea Frias. fotos: shutterstock
Especial Idosos
a l ime ntação
no que investir Confira alguns dos principais nutrientes de que os idosos necessitam no dia a dia e suas respectivas funções no organismo
Cálcio Vitamina D Zinco Antioxidantes Betacaroteno Vitaminas com selênio O QUE FAZEM • Combatem os radicais livres (que podem por sua vez danificar células sadias do organismo); • Aumentam a resistência imunológica; • “Limpam” o organismo.
Fibras
O QUE FAZEM • Auxiliam no correto funcionamento do intestino; • Agem na redução dos níveis de colesterol e glicose no organismo; • Promovem sensação de saciedade.
O QUE FAZEM • Essenciais para o desenvolvimento normal dos ossos e dentes; • A deficiência da vitamina D pode precipitar e aumentar a osteoporose em adultos e idosos.
guia da farmácia setembro 2012
O QUE FAZEM • Previnem a fadiga; • Evitam a anemia; • Defendem o organismo contra outras doenças.
Proteínas de Alto Valor Biológico (ex.: soja, arroz + feijão, ovos, leite, carne, peixe e aves)
Ômega 3
O QUE FAZEM • Contêm aminoácidos essenciais em quantidades e proporções ideais para atender às necessidades orgânicas.
O QUE FAZ • Auxilia na diminuição dos níveis de triglicerídeos e colesterol “ruim” (LDL); • Favorece o aumento do colesterol “bom” (HDL).
Fonte: Dra. Andrea Frias, Ph.D. em Nutrição e coordenadora do Centro de Pesquisas Sanavita
11 8
Ferro Ácido fólico Vitamina B12
Especial Idosos
a l ime ntação
o ponto de venda é um local privilegiado que permite uma interação muito interessante com o idoso, porque ele se “sente cuidado” com o interesse do dispensador em questionar sobre medicamentos que toma e se apresentou algum evento adverso. além disso, o profissional pode descobrir quais problemas atualmente o idoso relaciona como importantes e a alimentação que está fazendo Para balancear todos os efeitos naturais da soas já sabem que comem de uma maneira inadequaEm alguns casos, da. É aí que entram os suplementos. Com relação ao idade no organismo, o público pode apostar a suplementação cálcio e ao leite, por exemplo, a gente percebe que em uma dieta saudável. “Assim como acontealimentar se faz necessária os idosos, principalmente, não consomem o quanto ce nas crianças, os idosos têm o sistema imuprecisam”, revela. nológico mais enfraquecido. Ninguém está livre A porção ideal de cálcio por dia para idosos seria de deste processo, mas pode-se retardá-lo, apostando 1.000 mg – e de 1.500 mg para mulheres que passam pela em uma rotina de hábitos saudáveis e cuidados, especialmente com a alimentação. Quem não souber se fase de reposição hormonal. Um copo de leite possui, em mécuidar envelhecerá da pior forma”, explica. dia, 300 mg de cálcio. “Além da grande quantidade de copos necessários por dia, é comum que pessoas da terceira A partir dos 50 anos, por exemplo, a produção de radicais livres é mais intensa, assim como as alterações idade apresentem intolerância à lactose. Por isso, a reposição hormonais. Além disso, nessa faixa é comum que o se torna positiva”, completa a Dra. Andrea. corpo perca mais massa muscular e absorva nutrienDicas de alimentação tes de forma diferenciada. Os cuidados com a alimenno ponto de venda tação nessa faixa, portanto, são essenciais. Para a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Em alguns casos, a suplementação alimentar se faz Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo necessária. Estudos comprovam que a prática não deve ser feita apenas como meio de reposição de (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, o ponto de energia e nutrientes, mas como uma maneira de provenda é um local privilegiado que permite uma interação muiteger o organismo contra doenças. “Quando falamos to interessante com o idoso, porque ele se “sente cuidado” em reposição de nutrientes para o corpo, não devecom o interesse do dispensador em questionar sobre medimos pensar apenas em energia, mas em formas de camentos que toma e se apresentou algum evento adverso. combater agressões de agentes externos, como a po“Além disso, o profissional pode descobrir quais problemas luição e a mudança brusca de temperatura”, enfatiatualmente o idoso relaciona como importantes e a alimentaza a coordenadora. Para ela, lidamos hoje com um quadro de necessidades específicas, uma gama de ção que está fazendo”, completa a profissional. Este momento, então, é de extrema importância para melhorar a informaproblemas associados à alimentação. “Algumas pesção sobre a rotina medicamentosa e alimentar dos pacientes, além de passar informações sobre os tópicos considerados necessários para a manutenção da integridade do idoso, como a correta rotina alimentar. Um problema que está sendo verificado no Brasil é o aumento de peso da população em geral, problema que em países como os Estados Unidos é muito sério. “Com o aumento da idade há um ganho natural de peso, porque o metabolismo está mais lento. Então, se faz necessário um maior cuidado com o controle da alimentação e a prática de atividade física”, avalia.
a partir dos 50 anos, por exemplo, a produção de radicais livres é mais intensa, assim como as alterações hormonais. além disso, nessa faixa é comum que o corpo perca mais massa muscular e absorva nutrientes de forma diferenciada 120
guia da farmácia setembro 2012
Especial Idosos
dia b e tes
Perigo
iminente
O diabetes em idosos acarreta sérios problemas para a saúde. Confira como o farmacêutico pode atuar de maneira expressiva no controle do quadro P o r l u d mi lla pa zi a n
122
guia da farmácia setembro 2012
O
O diabetes é uma doença metabólica que pode ser definida como a elevação da taxa de glicose no sangue, a chamada hiperglicemia, resultado de distúrbios na secreção ou absorção da insulina. A insulina, por sua vez, é um hormônio que atua na absorção, pelo organismo, da glicose presente nos alimentos. Quando há uma deficiência no hormônio da insulina, a glicose ingerida pode ter dois resultados: ser eliminada naturalmente na urina ou se acumular no sangue. Em idosos, o maior risco do diabetes é o óbito. foto: shutterstock
No ponto de venda, o paciente diabético deve ser esclarecido da importância da avaliação médica periódica porque poderão ocorrer intercorrências com os medicamentos utilizados até então, o que por sua vez poderá exigir mudança de medicamentos ou mesmo ajuste da dose, assim como, se necessário, a prescrição de um número maior ou menor de medicamentos O idoso vai apresentando alterações físicas e metabólicas durante o processo de envelhecimento
“Eles correm mais esse perigo, porque a doença nessa faixa etária costuma estar associada à hipertensão, podendo causar doenças cardiovasculares e insuficiência renal”, avalia o endocrinologista do Hospital e Maternidade Brasil, Dr. Rolandi Plínio Jr. Segundo o profissional, o diabetes acomete idosos em sua maioria, e grande parte dos adultos desenvolve a doença após os 40 anos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a doença acomete 18% dos idosos brasileiros – e 50% dos diabéticos têm mais de 60 anos. Existem dois tipos de diabetes. O primeiro acontece quando o organismo não produz insulina. Já o segundo é caracterizado pela soma da deficiência de produção do hormônio com alguma resistência do organismo à correta ação da insulina. “O tipo 2, que é mais comum em pessoas em geral, também o é em idosos, até por conta do estilo de vida desse público. Ele costuma se desenvolver a partir da obesidade e do colesterol alto”, define o Dr. Plínio. Isso acontece porque, em função das mudanças típicas do envelhecimento, acontece a diminuição da massa magra, o aumento de massa gorda e a diminuição da atividade física. A Sociedade Brasileira de Diabetes avalia que o tema diabetes em idosos é fundamental em virtude do envelhecimento populacional intenso, previsto por organizações como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, a SBD esclarece que a doença nesse público está relacionada a um maior risco de morte prematura e principalmente às grandes síndromes geriátricas. A posição atuante do profissional de saúde no controle da doença, então, é fundamental. Para a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do
curso de Farmácia da Universidade de Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti, no contato inicial do farmacêutico com o paciente, é importante descobrir qual a última vez que ele se submeteu a uma consulta médica. “Muitas vezes as pessoas são portadoras de doenças crônicas e, por anos, não voltam ao médico – o que pode ser um grande problema porque não há um acompanhamento ou controle do desempenho dos medicamentos prescritos anteriormente”, avalia. No ponto de venda, portanto, o paciente diabético deve ser esclarecido da importância da avaliação médica periódica porque poderão ocorrer intercorrências com os medicamentos utilizados até então, o que por sua vez poderá exigir mudança de medicamentos ou mesmo ajuste da dose, assim como, se necessário, a prescrição de um número maior ou menor de medicamentos. “Por outro lado, é importante considerar que o idoso vai apresentando alterações físicas e metabólicas durante o processo de envelhecimento, o que demanda um entendimento da condição atual da pessoa e o ajuste da medicação”, avalia a farmacêutica. Além disso, poderão ainda estar presentes outras enfermidades que demandam maiores cuidados na utilização de medicamentos considerando a segurança da pessoa e as possíveis interações decorrentes. Já a farmacêutica e diretora da Ferrara Soluzioni Consultoria e Treinamento, Tatiana Ferrara Barros, lembra que o paciente de diabetes necessita de orientações práticas sobre o dia a dia no ponto de venda. “São informações quanto à mudança de hábitos de vida, como prática de exercícios físicos, alimentação saudável e acompanhamento terapêutico, já que a doença não é passível de cura.” Outro ponto importante que deve ser abordado é a utilização de medicamentos que podem interagir entre si e com alimentos e agravar as condições da doença. “Esses pacientes necessitam de muita orientação para saber como lidar com a doença e controlá-la e, principalmente, acompanhamento do farmacêutico para que não abandonem o tratamento”, conclui Tatiana. 2012 setembro guia da farmácia
123
sexualidade
Especial Idosos
Intimidade garantida Apesar de ainda ser considerado tabu, o sexo na terceira idade é fato. Confira como agir no ponto de venda diante do público que busca produtos contra impotência sexual
P
P o r l u d m i lla pa zi a n
Presente na vida de jovens e de pessoas maduras, o sexo ainda é tabu na terceira idade. Porém, devido ao recente lançamento de fórmulas contra impotência sexual, a expectativa para o futuro não é a mesma. “Não podemos deixar de considerar, na atualidade, o advento dos fármacos que auxiliam no processo de ereção, pois esta era uma grande queixa dos senhores de outrora”, avalia a psicóloga e professora na Escola de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Dra. Luciene Miranda. Para a profissional, o tabu se revela pelo fato de que muitas pessoas ainda acreditam que a velhice é sinônimo de incapacidade, doença e dependência – o que está errado. “Se envelhecer significa ficar doente e a sexualidade se relaciona à saúde, dentro dessa mentalidade errônea sexo e terceira idade não combinam”, avalia. Desde que desejado por ambos, o casal da terceira idade possui, atualmente, todas as condições para manter uma vida sexual ativa em idades mais avançadas – o que inclui, além do ato sexual em si, uma rotina de carinho entre as pessoas. “Para muitos senhores que
foto: shutterstock
preocupação em foco Segundo especialistas e pesquisas recentes, as Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) têm se manifestado e contagiado um novo público: a terceira idade. “Como os idosos não mais se preocupam com a contracepção e devido à maior liberação sexual imposta pela mídia, por nossa cultura – diferente de quando eles eram jovens –, essas pessoas começaram a se relacionar com múltiplos parceiros sem se proteger, o que chega a se tornar um sério problema”, avalia a psicóloga e professora na Escola de Enfermagem da Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora, Dra. Luciene Miranda.
2012 setembro guia da farmácia
127
Especial Idosos
s e x ua l idade
a sexualidade pode ser benéfica se proporcionar aos parceiros melhora na autoestima, na autoconfiança, na qualidade de vida. o desenvolvimento de medicamentos para impotência sexual foi um divisor de comportamento da população masculina apresentavam sérios problemas de ereção antes das pílulas contra impotência, isso (vida sexual ativa) não era possível, o que neles gerava sentimentos de incapacidade, baixa autoestima, isolamento da parceira e, consequentemente, afastamento de quaisquer outras atividades relacionadas à sexualidade”, diz a psicóloga. Hoje, o idoso pode levar uma vida sexual mais ativa, se assim o desejar. Já as mulheres, com o climatério e a menopausa, costumam relatar dificuldades para relacionar-se sexualmente devido às mudanças em seu corpo, ocasionadas pela diminuição das taxas hormonais. Cabe ao profissional de saúde, como o farmacêutico, esclarecer as possíveis dúvidas das pacientes. Para a psicóloga, avaliando as questões biológicas, o sexo na terceira idade é completamente possível. Na opinião dos especialistas, assim como acontece nas outras faixas etárias, a sexualidade pode ser benéfica se proporcionar aos parceiros melhora na autoestima, na autoconfiança, na qualidade de vida, dentre outros benefícios. “Há uma relação direta entre sexo e autoestima, visto que o sexo é algo prazeroso, um indicativo de saúde física e mental. Quando não se tem saúde, não se faz sexo. Desta forma, o idoso sente-se bem consigo mesmo quando tem condições de exercer sua sexualidade de maneira saudável – independentemente de utilizar ou não fármacos que auxiliem nisso”, acredita.
Medicamentos contra impotência e suas consequências no mercado Certamente, o desenvolvimento de medicamentos para impotência sexual foi um divisor de comportamento da população masculina. “Trabalhos abordam a importância da utilização de medicamentos 128
guia da farmácia setembro 2012
Como atender pacientes da terceira idade? Com a postura mais ética e discreta possível. “O profissional da farmácia deve estar preparado para lidar com consumidores que chegarão até ele pretendendo comprar medicamentos com as mais diferentes finalidades, algumas das quais podem gerar, principalmente no profissional mal preparado, estranheza ou deboche”, alerta a psicóloga Luciene Miranda. O profissional deve atender o idoso de forma discreta, visto que muitos que irão comprar esses produtos (medicamentos contra impotência sexual) ainda sentem vergonha. “É comum deixarem de buscar uma orientação farmacêutica por medo de serem motivo de chacota – o que pode gerar ainda riscos de graves interações medicamentosas”, completa. Para a psicóloga, cabe à farmácia investir na formação continuada de suas equipes, priorizando sempre a postura ética de seus profissionais.
para disfunção erétil no caso dos homens que começaram a apresentar uma vida sexual ativa mesmo com o avançar da idade”, comenta a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti. A farmacêutica e diretora-proprietária da Ferrara Soluzioni Consultoria, Assessoria e Treinamento, Tatiana Ferrara, concorda e alerta: “os medicamentos contra impotência possibilitaram, sim, que o idoso retomasse sua vida sexual. Porém, é importante ressaltar que houve um aumento de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs) entre idosos, mostrando que essa população também necessita da orientação sobre sexo seguro”. Para Maria Aparecida Nicoletti, a retomada da atividade sexual do idoso desencadeou também a preocupação com a estética, o que é visivelmente perceptível no aumento da aquisição de cosméticos para uso masculino – um mercado em franca ascensão – e na freqüência às academias de ginástica e clínicas de estética. “O cuidado com o corpo tomou uma posição de destaque, considerando que a virilidade voltou a ter uma participação decisiva no comportamento do homem idoso”, avalia a farmacêutica.
Especial Idosos
beleza
Sem mostrar
a idade Os cosméticos que prometem soluções contra a ação do tempo fazem sucesso entre a terceira idade, que não encara mais a passagem dos anos de uma maneira negativa. A intenção, agora, é envelhecer bem e com beleza Por ludmilla paz i an
F
Foi-se o tempo em que a figura que representava a mulher idosa era aquele perfil de senhora com cabelos brancos e com diversas marcas de expressão pelo rosto. A idosa de hoje aposta como nunca em cosméticos. Em números: 92% das mulheres na terceira idade consomem cosméticos atualmente. Além disso, 57% costumam comprar frequentemente produtos de maquiagem.
130
guia da farmácia setembro 2012
Os dados, que são do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), deixam clara a importância do público para o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) e, consequentemente, para as farmácias que comercializam as categorias, já que a visão de que o idoso só frequenta o ponto de venda em busca de medicamentos é errônea. Atualmente, o Brasil conta com cerca de 19 milhões de idofoto: shutterstock
Investimento baseado em rendimento Não é à toa que a terceira idade atual está investindo expressivamente em cosméticos e dermocosméticos. Um estudo do Data Popular avaliou que o total do rendimento dos idosos brasileiros em 2012 deve atingir R$ 402,3 bilhões – divididos em R$ 229,77 bi de rendimento masculino e R$ 172,53 bi de feminino. Confira outros dados: • Sete em cada dez brasileiros acima dos 60 anos pertencem à classe media. A alta renda é representada por 17,8% e a baixa renda por 11,8%; • Cerca de 3,3 milhões de idosos aposentados ainda exercem algum tipo de trabalho, sendo a maioria (2,2 milhões) de homens e 1,1 milhão de mulheres; • Como chefes de família, os homens também são predominantes, correspondendo a 55,4% e as mulheres a 44,6%; • As idosas são maioria no quesito morar só, com 1,8 milhão contra 938 mil homens; • Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida dos brasileiros subiu para 73 anos. As mulheres, porém, geralmente vivem sete anos mais do que os homens, pois se cuidam mais e lançam mão de recursos cada vez mais disponíveis para sua qualidade de vida e beleza; • Estimativas do Instituto ainda apontam que, em 2020, o País terá quase 30 milhões de pessoas nessa faixa etária com rendimento acima dos R$ 25 bilhões; • Em 2050, calcula-se que os idosos serão cerca de 64 milhões de pessoas, podendose prever um potencial de consumo superior a R$ 58 bilhões. Fonte: Data Popular, Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC), Nielsen e IBGE
sos, faixa etária que mais cresce no País. Eles despontam ainda como um forte potencial de mercado para empresas de produtos e serviços, já que 80% recebem benefícios como aposentadorias e pensões. O envelhecimento da população influencia no desenvolvimento e direcionamento do setor industrial. É normal, por exemplo, que a expansão tecnológica acom-
panhe as necessidades temporais da população, o que resultará na disponibilização de produtos mais específicos para o idoso. Além disso, as populações economicamente ativas são exigentes e seletivas em relação às suas necessidades e obviamente este fato se refletirá nos produtos e serviços disponíveis. “As necessidades direcionam o mercado de produtos e serviços”, avalia a farmacêutica responsável pela Farmácia Escola do Departamento de Farmácia da Universidade de São Paulo (USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG), Maria Aparecida Nicoletti. Para a profissional, essa situação pode ser claramente vista na área cosmética, na qual os produtos são desenvolvidos considerando as necessidades específicas de cada faixa etária da população. A representatividade do público mais idoso está bem marcada na sociedade. Os lares com donas de casa maduras, por exemplo, representam 30% das casas da América Latina. No Brasil, o número seria de 29%. Os dados são de um estudo da Nielsen (Homescan Brasil, Chile, Colômbia, México e Porto Rico) que avaliou lares com mulheres com mais de 50 anos. A estrutura destes habitats maduros refletiria um padrão típico: famílias pequenas, sem crianças e com nível socioeconômico acima da média. O estudo ainda avaliou que, apesar de serem lares menores, mostram um nível de gasto per capita superior à média, tornando-se um grupo atraente. E não é só isso. Além de consumir em grande escala, o público da terceira idade é exigente – o que se reflete na preocupação da indústria e do varejo em bem atendê-lo. Segundo a Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC), apesar de dispor de um poder aquisitivo elevado e sólido, as pessoas desse grupo são mais rigorosas na escolha de seus produtos, podendo mudar facilmente de marca se eles não atenderem às suas expectativas.
cosméticos – o fim do cabelo branco O presidente da ABC, Alberto Keidi Kurebayashi, define que o mercado de cosméticos para a terceira idade está vivendo um “boom”, um momento de aquecimento intenso – que deverá ainda perdurar em ascensão por muito tempo, já que a parcela idosa da população brasileira tende a crescer nos próximos anos. A mulher brasileira, na concepção do profissional, sempre buscará novas fórmulas com ingredientes diferenciados, próprios para aumentar sua autoestima e para continuar sendo mundialmente reconhecida como sinônimo de beleza. O fim do cabelo branco, por exemplo, é um marco da população. Segundo o estudo da Nielsen, dentro da cesta de produtos para beleza, a categoria de tintura ou colorantes para cabelos tem maior preferência por parte dos lares maduros. “Em nosso segmento de cuidados pessoais, sempre tra2012 setembro guia da farmácia
131
Especial Idosos
beleza
balhamos a autoestima, a busca do bem-estar e do prazer em utilizar cosméticos. Assim, a palavra idoso não é encarada como uma conotação negativa, mas como uma linda etapa da vida de todos que, se acompanhada de saúde, bem-estar e autocuidado, será tão aproveitada quanto outras fases da vida”, avalia. Nesse conceito, o idoso se torna uma pessoa ultrapassada não pelo passar dos anos, mas quando perde a vontade de se cuidar, de se maquiar, de manter a beleza tanto interna quanto externa. É isso que a indústria de cosméticos quer atingir. “Uma pesquisa realizada no Japão mostrou que uma simples ação em algumas casas de repouso, como o hábito de se maquiar, pentear e perfumar, resultou num aumento da qualidade de vida e principalmente do ânimo dos idosos. Enquanto as pessoas se preocuparem em usar os cosméticos, podemos dizer que o espírito continuará jovem”, opina Alberto. Outra tendência que fica clara no segmento é a de que a terceira idade deixou de ser uma fase que tinha como foco adquirir somente produtos para recuperação da saúde. “Hoje,
Além de consumir em grande escala, o público da terceira idade é exigente – o que se reflete na preocupação da indústria e do varejo em bem atendê-lo. Apesar de dispor de um poder aquisitivo elevado e sólido, as pessoas desse grupo são mais rigorosas na escolha de seus produtos além de possuirmos uma medicina que nos permite chegar a esta fase em plena saúde, encontramos idosos com um excelente poder financeiro, assim como conhecimento a respeito de cuidados pessoais. Aliando estes pontos, vemos que é um grupo de consumidor que sabe o que quer, o que busca e o que espera de serviços e produtos – o que se estende aos cosméticos”, avalia o presidente da ABC.
Oportunidades para a indústria Segundo Alberto Keidi, desde a década de 90 o mercado de produtos que mantêm a qualidade de vida tem chamado a atenção de vários setores, especialmente dos cosmé132
guia da farmácia setembro 2012
Atendimento focado Dicas práticas para trabalhar o atendimento a consumidores da terceira idade que chegam ao ponto de venda buscando linhas de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC): • Conhecer os produtos oferecidos no ponto de venda e saber reconhecer os benefícios de cada linha; • Reconhecer claramente os produtos com benefícios específicos para idosos (como linhas anti-idade); • Possuir consultoras de beleza ou profissionais que possam esclarecer dúvidas sobre os produtos; • Realizar sessões de experimentação. Fonte: Associação Brasileira de Cosmetologia (ABC)
ticos que são específicos para a terceira idade. “As empresas cosméticas que desejam atender a todos os anseios do mercado necessariamente devem considerar em seu portfólio uma linha própria para essa categoria”, avalia. As maiores consumidoras das linhas ainda são as mulheres, que buscam maquiagens, produtos faciais e perfumes. “Esses produtos, quando destinados ao público idoso, devem ter alguns cuidados, como ser de fácil aplicação. Além disso, com relação ao tratamento da pele – que é o segmento em que mais se observam lançamentos –, os produtos devem manter e principalmente repor a hidratação da pele, trabalhar a parte de tônus facial e, quando avaliamos produtos para cabelos, apostar em cuidados com os cabelos grisalhos e tinturas”, ensina. A performance e o cumprimento da promessa dirigida na comunicação (propaganda) são os atributos mais procurados pelo público nos cosméticos, para Alberto. “Além disso, o resultado muitas vezes é associado ao custo de um produto, o que nem sempre é verdade. Podemos encontrar produtos com um custo atrativo e muito eficientes, assim como produtos com alto valor agregado e sem muita performance”, acredita. O importante, no ponto de venda, é identificar o benefício que o consumidor procura e conhecer a fundo os produtos trabalhados na loja.
Cerca de 90% da população mundial sofre ou já sofreu de dor de cabeça pelo menos uma vez na vida. No Brasil, 15% dos indivíduos sofrem de enxaqueca, o que corresponde a 30 milhões de pessoas. Automedicação piora o quadro
crônica e impactante
alergias
ABC da
alergia
Segundo a Organização Mundial da Saúde, 30% da população é alérgica. ajude seus clientes a diferenciar alergias de outras doenças e entenda por que algumas pessoas desenvolvem o problema e outras não Por lígia favoretto e ludmilla paz i an
A
A alergia é, basicamente, uma reação de hipersensibilidade que atua como uma resposta imunológica exagerada à exposição a um determinado antígeno que, por sua vez, é um corpo incomum ao organismo. Quem explica é a diretora da Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI) e pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, Dra. Ana
136
guia da farmácia setembro 2012
Paula Moschione: “alergias são disfunções imunológicas, respostas exacerbadas a um agente estranho”. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 30% da população apresenta algum tipo de alergia. E, segundo a World Allergy Organization (WAO), o número deve aumentar: a instituição acredita que está ocorrendo um aumento de 30% a 40% da prevalência das fotos: shutterstock/divlugação
tratamento medicamentoso Alguns casos de alergias devem ser tratados à base de medicamentos, que podem possuir bases de antihistamínicos ou corticosteroides, por exemplo. Confira a ação de cada um: Anti-histamínicos A histamina é uma substância liberada naturalmente no organismo pelas células do sistema imunológico (mastócitos e basófilos) após a interação com o anticorpo produzido devido a uma reação alérgica, tendo uma reação rápida (de 5 a 15 segundos). Os medicamentos anti-histamínicos atuam como estimuladores dos receptores da própria histamina, o que acarreta a menor liberação desta. Assim, diminui os efeitos alérgicos provocados por sua ligação a seu receptor. Os medicamentos à base da substância ainda bloqueiam o aumento da permeabilidade capilar e formação de “placa de urticária”, levando à diminuição dos efeitos de inchaço, vermelhidão e coceira. Corticosteroides São utilizados para alterar a resposta imune dos linfócitos. Possuem ação anti-inflamatória e também podem ser utilizados para supressão do sistema imunológico. Atuam como bloqueadores da formação de agentes inflamatórios, como prostaglandinas e leucotrienos, levando à diminuição dos efeitos inflamatórios e alérgicos, como vermelhidão, calor, inchaço e dor. Fonte: Alexsandro Macedo Silva, do Centro Universitário São Camilo-SP
doenças alérgicas nos últimos 20 anos. As doenças alérgicas mais comuns, como rinite e urticária, acometem mais de 10% das crianças e mais de 20% dos adolescentes em todo o mundo. O vice-presidente da Asbai, Dr. Fábio Fernandes Morato Castro, concorda: “o dado da OMS pode se aplicar ao Brasil, evidentemente, se considerarmos as variações de região para região e de alergia para alergia. De forma geral, o dado se aplica ao mundo todo ou é, provavelmente, ainda maior”. Um dos motivos que explicam a tendência, para o Dr. Cícero Matsuyama, otorrinolaringologista do Hospital Cema, é o modo de vida da sociedade moderna. “Em sua maioria, as alergias atuais são respiratórias e estão ligadas diretamente com o pó e a poluição típicos das grandes metrópoles. O meio está ruim”, opina. A Dra. Ana Paula concorda: “a poluição não dá alergia, mas desencadeia reações do sistema imunológico, que provocam a alergia”. De acordo com a Dra. Andrea Cohon, médica assistente do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP), a hipótese da higiene preconiza que a falta de estímulos infecciosos levaria ao desequilíbrio do sistema imunológico que passaria a produzir anticorpos para substâncias inócuas do meio ambiente. A falta de exposição solar e a poluição têm sido aventadas como cofatores dos casos alérgicos.
Ela explica que no início da vida a dermatite As alergias atópica e a alergia alimentar são mais frequenatuais estão ligadas diretamente com tes. Durante o crescimento elas dão lugar à rio pó e a poluição nite e à asma, que são mais persistentes, fato típicos das grandes metrópoles conhecido como marcha atópica. “A remissão da alergia alimentar e em parte da dermatite atópica está relacionada à indução de tolerância imunológica natural, pois o sistema digestivo foi moldado para ter contato com substâncias estranhas ao organismo.” A especialista pontua que o diagnóstico de doenças alérgicas baseia-se na história clínica do paciente e em exames laboratoriais com os quais se pesquisa a presença de anticorpos IgE específicos, in vivo, como testes cutâneos de puntura (utilizados para confirmação diagnóstica da alergia induzida por grande variedade de substâncias inalantes e alimentos), de provocação e espirometria, no caso de asma. “Em caso de dermatite de contato o teste indicado é o de contato alérgico.” Segundo ela, até 40% da população brasileira pode ter alergia. Porém, nem todas as pessoas podem desenvolver uma alergia – ela só ocorre em indivíduos suscetíveis geneticamente e previamente sensibilizados. “Costuma-se dizer que não tem alergia quem quer, mas quem pode”, cita a alergista. Isso explica também por que não tem cura, já que não é possível mudar o código genético. A porcentagem da população alérgica aumenta para 50% se um dos pais for alérgico e, se ambos forem, este risco aumenta ainda mais. 2012 setembro guia da farmácia
137
Especial saúde
alergias
A mais comum
10 dicas para uma casa saudável Uma das principais medidas para aliviar e evitar as alergias é o controle do ambiente domiciliar. Confira, a seguir, algumas dicas de como estabelecer uma casa saudável para alérgicos e recomende a seus clientes: • Manter o ambiente limpo constantemente. • Evitar o uso de tapetes, cortinas e carpetes (que costumam acumular poeira e ácaros). • Usar panos úmidos na limpeza, pois vassouras e espanadores espalham a poeira. • Utilizar máscaras e luvas durante a limpeza. • Assegurar ventilação adequada do ambiente. • Evitar travesseiros e almofadas de penas e cobertores de lã. • Evitar odores fortes como perfumes, cigarro, produtos de limpeza e inseticidas. • Evitar materiais que acumulem pó facilmente. • Lavar todas as roupas de cama com água quente. • Lavar as proteções do colchão e dos travesseiros frequentemente. Fonte: Dra. Ana Paula Moschione, da ASBAI e HC
138
guia da farmácia setembro 2012
A rinite alérgica é, atualmente, a alerAo contrário da rinite, as gripes gia mais comum no mundo. Estima-se e os resfriados que 10% a 20% da população mundial são causados por vírus sofra do processo inflamatório da mucosa nasal decorrente de uma reação exagerada a uma ou mais substâncias. A doença é tão frequente que pode ser analisada como problema de saúde pública; 49% dos latino-americanos com rinite alérgica têm sua qualidade de vida prejudicada pela doença. Além disso, estima-se que na América Latina 67% da população que sofre com o problema apresenta o quadro de forma persistente – crônica – enquanto 33% são afetados pela sazonalidade – como mudança de temperaturas. A doença ainda afeta diretamente a economia; segundo a mesma pesquisa, 52% dos latino-americanos que têm rinite alegaram queda de desempenho na escola e no trabalho devido aos sintomas da alergia. No Brasil, dados do International Study of Asthma and Allergies (ISAAC) levantam que a rinite atinge 26% das crianças e 30% dos adolescentes brasileiros. Os Estados do norte e nordeste do País são os que apresentam maior prevalência da doença. A Dra. Ana Paula Moschione comenta que a rinite alérgica não é uma infecção, mas um processo inflamatório de hipersensibilidade da mucosa que reveste o nariz. “Não é contagiosa, não causa febre, não compromete o estado geral do paciente e costuma ter duração variável, dependendo da intensidade e frequência de exposição aos alérgenos.” Ao contrário da rinite, o resfriado e a gripe são causados por vírus. A médica explica que o primeiro é uma infecção que pode ser causada por inúmeros vírus, o mais comum é o Rhinovírus, que desencadeia obstrução nasal, coriza, espirros e febre baixa. “Já a gripe é ocasionada pelo vírus Influenza, que costuma provocar sintomas mais intensos que o resfriado como febre alta e dores no corpo, além da obstrução nasal, tosse e espirros.” Ela diz que a rinite alérgica cursa com uma série de comorbidades associadas. “Pacientes com rinite apresentam mais chances de desenvolver asma, sinusite, distúrbios do sono, entre outros sintomas.” Os alérgenos mais comuns para a rinite são os ácaros da poeira, pelos, saliva, urina e fezes de animais domésticos, fungos e pólens. Já os perfumes fortes, cigarros, produtos de limpeza, tintas e fumaça, entre outros, são irritantes das vias aéreas que agravam a inflamação e os sintomas causados pelos alérgenos. O fator que mais contribui para o desenvolvimento da rinite é o familiar: segundo análise da empresa farmacêutica global MSD (Merck Sharp & Dohme e Schering Plough), cer-
Especial saúde
alergias
como diferenciar rinite alérgica x resfriado x gripe
mal-estar/dor no corpo
Infográfico: Mariana Sobral
O2
riscos de contágio
febre
coceira nos olhos ou no céu da boca
duração da doença variável 4-7 dias
coriza (nariz escorrendo)
1-2 semanas ícones
espirros
pode aparecer
gripe
coceira obstrução nasal
resfriado rinite alérgica
Fonte: Dra. Ana Paula Moschione, da ASBAI e HC
ca de 40% das pessoas com rinite alérgica possuem pais com a mesma alergia. Assim como as outras alergias, o controle do ambiente no qual o alérgico vive e trabalha exerce grande importância no tratamento. Os sintomas das alergias são totalmente controláveis. “A primeira etapa para o controle da alergia respiratória, por exemplo, é a mudança no ambiente, ou seja: tirar da casa pelúcias, carpetes, mofo e tapetes. Além disso, para aliviar os sintomas o alérgico pode realizar limpezas nasais com soro fisiológico e, se necessário e recomendado por um médico, realizar tratamento medicamentoso, que vai depender muito do tipo de alergia, mas de forma geral baseia-se em três pilares: controle ou higiene ambiental, tratamento medicamentoso (sintomático e anti-inflamatório) e imunoterapia específica (vacina)”, orienta o Dr. Matsuyama.
Farmacêutico e tratamento A prevenção e o tratamento das doenças alérgicas são temas de controvérsias. Até há pouco a recomendação absoluta era evitar o contato com substâncias potencialmente alergênicas. Mais recentemente, algumas publicações observaram que talvez haja, especialmente no início da vida, uma janela 140
guia da farmácia setembro 2012
imunológica, onde seria possível induzir tolerância a esses alérgenos inalados ou ingeridos. A Dra. Andrea Cohon justifica que o tratamento medicamentoso da rinite alérgica tem como objetivo diminuir a inflamação alérgica com aplicação de corticosteroides tópicos nasais, e amenizar os sintomas através de anti-histamínicos e antileucotrienos, que bloqueiam a ação desses mediadores, que são eliminados pelas células quando em contato com os alérgenos. “Na asma, corticosteroides inalados associados ou não a broncodilatadores de longa duração são capazes de controlar 95% dos casos.” Ela conta que o tratamento da rinite é negligenciado tanto pelos pais como pelo adulto portador da doença, muito embora vários estudos demonstrem a diminuição da qualidade de vida dos portadores. O que ocorre muitas vezes é a automedicação, fator de risco. “A automedicação mais frequente no caso de rinite é com gotas nasais vasoconstritoras que, além de apresentar efeito rebote, induzem a uma rinite medicamentosa de difícil controle. No caso da asma, o que se observa é o uso abusivo de broncodilatadores sem o acompanhamento de medicação anti-inflamatória.” Outro aspecto que deve ser observado, segundo aponta a Dra. Ana Paula, é que muitas vezes o indivíduo permanece assintomático, mesmo sem utilizar medicações. “Se o paciente apresenta rinite, mas acha que é resfriado, pode se tratar
casos prevalentes no brasil Asma X bronquite: a asma é uma doença crônica dos pulmões e acomete 10% da população brasileira, sendo responsável, anualmente, por 400 mil internações hospitalares, dois mil óbitos e um número incontável de atendimentos ambulatoriais. O termo bronquite muitas vezes é atribuído de forma errônea nos casos de asma. Antes dos três anos de idade, o diagnóstico de asma é incerto. Atualmente utiliza-se o termo bebê chiador nesta fase da vida. A asma alérgica geralmente tem histórico familiar e seu início é precoce e, como diz o nome, tem origem na sensibilização alérgica a agentes inalantes. Dermatite atópica: é um distúrbio cutâneo crônico, caracterizado por recaídas frequentes e de caráter imunológico. O principal sintoma é a coceira que aparece antes das erupções cutâneas e lesões como bolhas. A pessoas que também sofrem de dermatite alérgica podem apresentar asma ou rinite. Urticária: reação alérgica da pele que se caracteriza por placas avermelhadas e muita coceira. A pele se torna avermelhada e quente. As manchas podem desaparecer em algumas horas. Conjuntivite alérgica: é um processo inflamatório da conjuntiva (fina membrana que envolve o olho), decorrente da alergia a uma ou mais substâncias estranhas (alérgenos). Caracteriza-se por vermelhidão ocular e coceira, podendo ser acompanhada por inchaço nas pálpebras. Geralmente está associada a outras alergias e à presença de sintomas nasais. Fontes: Dra. Ana Paula Moschione, da ASBAI e HC e Dra. Andrea Cohon, do HC-FMUSP
de maneira inadequada. Outra grande preocupação é o paciente, mesmo sabendo que tem alergia, automedicar-se tratando apenas a crise e não realizando a adequada prevenção. Ele pode aferir sua gravidade de maneira inadequada e correr sérios riscos.” Para o coordenador do curso de Farmácia do Centro UniDra. Ana Paula versitário São Camilo-SP, AlexMoschione, da Asbai e do HC, afirma que a sandro Macedo Silva, o farmapoluição não dá alergia, cêutico pode identificar pronmas desencadeia reações tamente os sinais e sintomas de do sistema imunológico, que provocam a alergia alergia nos pacientes que procuram a farmácia ou drogaria. “Com isso, ele pode orientar o paciente a procurar o pronto atendimento caso a alergia seja intensa e necessite de uma intervenção rápida. Além disso, ele pode ajudar a identificar a possível causa da alergia e orientar o paciente a procurar um médico para diagnóstico clínico e identificação das substâncias agravadoras do quadro no paciente”, opina. O Dr. Fábio Fernandes concorda: “o farmacêutico pode contribuir muito com a orientação ao paciente sobre a doença e a importância de evitar a automedicação”. Segundo Alexsandro, o profissional tem ainda o papel de explicar o tratamento ao paciente, o uso correto do medicamento e de alertar quanto aos cuidados que se deve ter ao tomar medicamentos antialérgicos, para que não ocorra nenhum evento adverso ao tratamento, além de orientar sobre a importância de manter o tratamento: “deve-se manter o tratamento durante as crises para minimizar os efeitos da reação alérgica, que pode causar danos aos tecidos e órgãos do próprio corpo. Além disso, o edema gerado pelo processo alérgico pode levar ao fechamento da glote, causando asfixia e óbito”, orienta. “A interrupção demasiado rápida do tratamento com corticosteroides pode gerar insuficiência renal aguda. Entretanto, o tratamento prolongado e com doses altas também pode gerar outros efeitos, como hipertensão e hiperglicemia”, completa. Em alguns tipos de alergia, uma das fases mais importantes do tratamento é a adequação do domicílio (confira box 10 dicas para uma casa saudável). “A adequação, que se torna fundamental em casos de alergia respiratória, depende do tipo de alérgeno, mas é importante de qualquer modo afastá-lo com medidas de limpeza ou através de aparelhos”, opina o Dr. Fábio Fernandes. 2012 setembro guia da farmácia
141
endometriose
O medo do desconhecido a Maioria das mulheres não sabe o que é endometriose, uma das principais causas da infertilidade e perda da qualidade de vida feminina P o r tâ n i a lo ng a r esi 142
guia da farmácia setembro 2012
D
De modo geral, as mulheres não estão bem informadas sobre a endometriose. A maioria não sabe quais são os principais sintomas da doença, nem como é feito o diagnóstico. Esta é a conclusão da pesquisa realizada em junho deste ano pela Sociedade Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Infotos: shutterstock
O diagnóstico da endometriose pode levar anos, o que dificulta apresentar um número mais próximo das mulheres com o problema vasiva (SBE) – com apoio da Bayer HealthCare. O estudo ouviu cinco mil mulheres de oito capitais brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Belo Horizonte, Goiânia e Manaus). “A endometriose é uma doença crônica que afeta a qualidade de vida da população feminina. Uma das principais causas da infertilidade, traz sofrimento físico e psicológico”, resume o Dr. Francisco Carmona, da Universidade de Medicina de Barcelona e chefe do Serviço de Ginecologia na Clínica e Hospital de Barcelona, Espanha. Metade das mulheres com endometriose tem dores durante as relações sexuais e apresenta um alto índice de absenteísmo no trabalho. Embora os registros apontem que cerca de 10% das mulheres brasileiras sofram com o problema, acredita-se que esse índice seja bem superior. De acordo com a Organizações das Nações Unidas (ONU), a endometriose afeta 176 milhões de mulheres no mundo todo “O diagnóstico da endometriose pode levar anos, o que dificulta apresentar um número mais próximo das mulheres com o problema”, alerta o Dr. Maurício Simões Abrão, responsável pelo Setor de Endometriose da Clínica Ginecológica do Hospital das Clínicas de São Paulo. Mesmo sendo considerável (37%) o índice de entrevistadas que disseram conhecer alguém que sofra com essa doença, o problema é desconhecido para 55% delas. A pesquisa revela que, quando separados por localidade, os dados são ainda mais alarmantes. Quando perguntadas sobre o que é endometriose, 71% das mulheres em São Paulo e 68% em Salvador e Fortaleza souberam
responder à pergunta. Rio de Janeiro e Curitiba somaram 59% e 28% de acertos. No entanto, em Goiânia, por exemplo, 89% das mulheres não sabiam o que era endometriose, seguida de Manaus e Belo Horizonte, com 87% cada. Quando questionadas sobre a quais fatores a endometriose estaria associada, as entrevistadas disseram: cólicas menstruais (34%), alteração hormonal (18%), genética (15%), anemia (11%), doenças sexualmente transmissíveis (5%) e 13% afirmaram que a doença não se associa a nenhum desses fatores. O meio de diagnóstico definitivo mais usado para detectar a endometriose é a laparoscopia, apontada por apenas 8% das entrevistadas. “Resultados como esses mostram como é urgente que as mulheres sejam mais bem informadas e conscientizadas sobre a endometriose”, conclui o Dr. Abrão.
O que é endometriose A endometriose é caracterizada pela presença do endométrio – tecido que reveste o interior do útero – fora da cavidade uterina, ou seja, em outros órgãos da pelve: trompas, ovários, intestinos e bexiga. Todos os meses, o endométrio fica mais espesso à espera de um bebê e quando a mulher não engravida, ele descama e desce a menstruação. Acontece que, em alguns casos, um pouco desse sangue migra no sentido oposto e cai nos ovários ou na cavidade abdominal. A doença acontece quando há um acúmulo de sangue menstrual na cavidade do abdome e no ovário e aparece em mulheres a partir da primeira menstruação, podendo se estender até o último ciclo menstrual. A patologia pode causar fortes dores abdominais e é uma das principais causas de infertilidade. Ela é crônica, mas pode ser tratada, permitindo uma melhor qualidade de vida para as mulheres e que fiquem grávidas. As causas da doença ainda não são conhecidas, mas sabe-se que há um risco aumentado de desenvolver endometriose se a mãe ou irmã sofre com a doença.
A doença aparece em mulheres a partir da primeira menstruação, podendo se estender até o último ciclo menstrual
2012 setembro guia da farmácia
143
Especial saúde endometriose
sintomas
Os sintomas da endometriose podem variar de acordo com cada pessoa. Entre os mais comuns estão: • Cólicas menstruais intensas e dor durante a menstruação; • Dor pré-menstrual; • Dor durante as relações sexuais; • Dor difusa ou crônica na região pélvica. Outros sintomas: • Fadiga crônica e exaustão; • Sangramento menstrual intenso ou irregular; • Alterações intestinais ou urinárias durante a menstruação; • Dificuldade para engravidar e infertilidade.
Geralmente, o diagnóstico acontece quando a paciente tem em torno dos 30 anos. “Infelizmente, o diagnóstico não costuma ser tão rápido por falta de informação e acesso aos serviços de saúde, o que se torna um problema para as mulheres”, reforça o Dr. Abrão. Sintomas como cólicas menstruais fortíssimas, relações sexuais dolorosas, dor pélvica e 144
guia da farmácia setembro 2012
ainda não há cura para a doença e não existe atualmente uma única abordagem ideal para o tratamento da endometriose, portanto, ele deve ser adaptado para cada paciente para urinar ou evacuar e dor na É importante parte inferior das costas ou do abque as mulheres conheçam mais dome são sintomas da endomesobre os sintomas triose e prejudicam a saúde emoda endometriose cional e a qualidade de vida das pacientes em vários aspectos. “Uma vez diagnosticadas, as pacientes com endometriose devem utilizar um tratamento para lidar com a dor causada pela doença”, explica o Dr. Abrão. “É importante as mulheres conhecerem mais sobre os sintomas da endometriose, em vez de apenas ficarem pensando que a dor pélvica é ‘normal’. Elas precisam saber que a dor da endometriose é real e pode ser tratada. Por isso, é importante que falem com seus médicos”, alerta o Dr. Abrão.
Tratamento No momento, ainda não há cura para a doença e não existe atualmente uma única abordagem ideal para o tratamento da endometriose, portanto, ele deve ser adaptado para cada paciente. A remoção cirúrgica das lesões de endometriose é uma opção. A outra é a medicação. Os medicamentos são prescritos para tratar os sintomas dolorosos da endometriose. Depois de 25 anos sem nenhuma inovação no tratamento da endometriose, a Bayer, apoiadora da pesquisa, lançou um tratamento hormonal, com posologia simples, exclusivamente desenvolvido para endometriose. O Allurene ® (dienogeste) é o primeiro tratamento clínico de longo prazo, ministrado por via oral com dose única diária, especificamente para aliviar a dor em mulheres com endometriose.
Cefaleia
Regra e não exceção C Sempre impactante e algumas vezes incapacitante, a dor de cabeça gera a automedicação. A ação cronifica o problema, além de mascarar outras doenças P o r l í g i a fav o r etto
146
guia da farmácia setembro 2012
Cerca de 90% da população mundial sofre ou já sofreu de dor de cabeça pelo menos uma vez na vida. No Brasil, 15% dos indivíduos sofrem de enxaqueca, o que corresponde a 30 milhões de pessoas. Existem mais de 150 tipos de diagnósticos para o problema. Quando se fala das formas mais comuns, é possível citar a enxaqueca e a cefaleia (dores de cabeça tipo tensional, que são primárias, ou seja, dores que não apresentam lesão estrutural, mas alterações bioquímicas cerebrais). fotos: shutterstock
Especial saúde
cefaleia
quadros mais graves Há uma lista de indícios de quando uma dor de cabeça pode ser sintoma de uma doença mais grave, e portanto deverá ser investigada: • Primeiro episódio de cefaleia de início súbito ou pior cefaleia da vida. • Acompanhada por distúrbio de consciência, febre, rigidez de nuca. • Alterações na frequência, na intensidade, ou nas características clínicas da crise de cefaleia. • Exame neurológico anormal (acompanhada por sintomas/sinais neurológicos irritativos ou deficitários). • Cefaleia progressiva ou nova diária persistente. • Sintomas neurológicos que não preenchem os critérios para migrânea com aura típica (exaqueca com distúrbios visuais). • Déficit neurológico persistente. • Alteração na pele ou órbita sugestivas de malformação arteriovenosa. • Comorbidade (quando duas ou mais doenças estão relacionadas por suas causas) de crises epiléticas parciais. • Acompanhada de distúrbios endócrinos ou HAS. • Relacionada à tosse ou esforço físico. • Desencadeada por atividade sexual, durar horas e com vômitos. • Mudança de padrão; nova cefaleia superposta à antiga. • Início após 50 anos de idade. Fonte: Dra. Eliana Meire Melhado, da Unicamp/SBCe
De acordo com a Dra. Eliana Meire Melhado, doutora em Neurologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), membro da Sociedade Brasileira e Internacional de Cefaleia (SBCe), docente de Neurologia na Faculdade de Medicina de Catanduva, existem diversos fatores que podem desencadear principalmente a enxaqueca: sol, jejum prolongado, alguns alimentos – queijos, vi148
guia da farmácia setembro 2012
a dor de cabeça é, na verdade, um sintoma para fazer diagnósticos. existem mais de uma centena e meia deles, cada um tem uma variabilidade relacionada a fatores físicos, ambientais e psicoambientais. de forma geral, 30% da população apresenta dor crônica nhos, frutas cítricas, chocolate –, menstruação na mulher, falta de sono, distúrbios ansiosos e depressivos. “É preciso destacar que cada indivíduo apresenta um fator desencadeante que deve ser relatado em consulta médica, lembrando que os alimentos só são desencadeantes em pacientes que notam essa relação direta, e que portanto em pacientes que não apresentam dor ao comer chocolate, por exemplo, a dieta de exclusão desse alimento seria desnecessária. A dor tipo tensional pode ser desencadeada por falta de sono ou estresse.” A enxaqueca causa incapacitação porque o acometido não tem apenas uma dor, mas uma síndrome completa com náuseas, mal-estar, aversão à luz e ao barulho, levando-o a ficar muitas vezes acamado. Segundo informa a Dra. Eliana, a própria dor incapacita o indivíduo ao trabalho ou ao lazer por ser uma dor forte. “Há também pródromos (primeiros indícios) de enxaqueca que são sintomas como mal-estar geral, bocejos, dificuldade de raciocínio, tristeza, e outros que antecedem a dor de minutos a dias e que muitas vezes incapacitam o indivíduo ou limitam suas atividades.” A neurologista revela que a enxaqueca acomete muito mais as mulheres. “Elas sofrem de duas a três vezes mais que os homens. O motivo para esse predomínio não é totalmente explicado, mas variações hormonais ao longo da vida da mulher, e durante o ciclo menstrual, explicam parte dessa preponderância.” Ela diz ainda que outras formas de cefaleia, como a hemicrania paroxística e a cefaleia por hipertensão arterial, também acometem mais as mulheres. O Dr. Deusvenir de Souza Carvalho, neurologista e professor de Neurologia Clínica e chefe do setor de Cefaleia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), considera que a dor de cabeça é, na verdade, um sintoma para fazer diagnósticos. “Existem mais de uma centena e meia deles, cada um tem uma variabilidade relacionada a fatores físicos, ambientais e psicoambientais.” O especialista aponta que, de forma geral, 30% da popula-
ramificações da dor Há mais de 150 tipos de dores de cabeça. Veja a descrição por grupos: • Cefaleias primárias (sem lesão estrutural): enxaqueca, cefaleia do tipo tensional, cefaleia em salvas (fortes dores de cabeça, extremamente dolorosas e de ocorrência rara, que ocorrem em grupos ou em salvas – de um lado da cabeça – pode causar lacrimejamento e congestão nasal). • Cefaleias secundárias: cefaleias por traumatismo craniano, cefaleia em decorrência de acidentes vasculares cerebrais, cefaleias devido a alterações na pressão arterial, cefaleia por excesso ou abstinência de substância, cefaleia por infecções, cefaleia por alterações da face, pescoço, olhos, cefaleias devido a transtornos psiquiátricos, cefaleias por alterações metabólicas, cefaleia por hipertensão e hipotensão intracraniana. • Cefaleias das nevralgias: nevralgia do trigêmeo (síndrome da dor facial). Elas são divididas também por graus de intensidade: • Grau 1: não atrapalha a vida do indivíduo. • Grau 2: atrapalha a vida do indivíduo. • Grau 3: incapacita o indivíduo. Fontes: Dra. Eliana Meire Melhado, da Unicamp/SBCe, e Dr. Deusvenir de Souza Carvalho, da EPM/Unifesp
ção apresenta dor crônica. “É muita gente com dor, sendo que há tratamento e controle.” Ele revela ainda que a dor crônica é responsável por muitos casos de suicídio, divórcios e problemas profissionais. “Uma pessoa que sofre de enxaqueca pode ter desde uma crise por ano até dores nos 30 dias do mês. Se for esporádica – até 14 dias por mês e enxaqueca crônica – 15 dias ou mais dias por mês.” O neurologista explica que quando uma pessoa tem uma dor forte, por vários dias, logo pode pensar que seja aneurisma. “Quando um personagem de uma novela morre de aneurisma, os consultórios ficam lotados, mas apenas de 1% a 3% dos casos de dor de cabeça são investigados com indícios de outras doenças. Cada uma merece um tipo de apuração, mas os riscos são mínimos.” De acordo com o Dr. Deusvenir, os indivíduos devem procurar ajuda do profissional da saúde quando há impacto. “Por 2012 setembro guia da farmácia
149
cefaleia
formas de tratamento Não medicamentoso: pode sempre ser indicado e inclui fisioterapia, biofeedback, técnicas de relaxamento, atividade física, alimentação saudável. Medicamentos: sintomático (para crises de dor de cabeça aguda) e profilático ou preventivo (tratamento contínuo para prevenir a dor). O tratamento medicamentoso sempre deve ser prescrito por orientação médica. Fonte: Dra. Eliana Meire Melhado, da Unicamp/SBCe
exemplo, o estudante não foi estudar, o atleta não foi se exercitar, o trabalhador não foi trabalhar. A cefaleia não mata, mas causa impacto, que deve ser diminuído com ajuda adequada. Provoca impactos até maiores do que o diabetes, hipertensão, epilepsia, que são quadros que assustam. Na Alemanha, 20% da população sofre de enxaqueca, e menos de 7% procura ajuda.”
Cronificação da dor
150
guia da farmácia setembro 2012
o uso excessivo de medicação para cefaleia é uma prática comum, pois o indivíduo sente a dor e toma um analgésico ou combinações e não percebe que está usando demasiadamente, o que faz com que a dor passe a ser crônica mento devem utilizar para a fibromialgia, por exemplo. “Elas encontram a resposta, porém, não há resposta se o indivíduo está, de fato, com fibromialgia.” Ele condena a automedicação. “Se o paciente se automedicar em quantidade excessiva, mantém a dor que já tinha e sobrepõe um segundo diagnóstico. Tudo bem tomar um analgésico quando a dor é eliminada e não volta. Agora, se tomar durante 15 dias e não solucionar, vai desenvolver uma dor maior ainda – é o que se chama de cefaleia rebote. Para os que fazem uso excessivo, o primeiro passo do tratamento é iniciar uma desintoxicação; só fazendo isso, a melhora é de 60% a 70%.” Ele completa: “O médico ocupa o quarto lugar como prescritor. Em 1º está a automedicação, em 2º amigos/parentes, em 3º o balconista da farmácia e em 4º o médico.”
E CO N TEÚDO
A cefaleia pode se tornar crônica diária no caso de ser geneticamente determinada assim, mas fatores externos contribuem para a cronificação, como: ansiedade, estresse e uso excessivo de medicação para dor de cabeça. “O uso excessivo de medicação para cefaleia é uma prática comum, pois o indivíduo sente a dor e toma um analgésico ou combinações e não percebe que está usando demasiadamente, o que faz com que a dor passe a ser crônica”, alerta a Dra. Eliana. A médica explica que os medicamentos levam à expansão de receptores ávidos por mais medicação e isso se torna um círculo vicioso. “Abuso de medicamentos é caracterizado por uso de analgésicos ou anti-inflamatórios, ou outro tipo de medicação para dor, duas vezes por semana ou mais, ou dez vezes por mês ou mais. Outros fatores como trauma de crânio, apneia do sono e obesidade são fatores de cronificação da dor de cabeça.” Ela ressalta que a automedicação pode mascarar, por exemplo, a hipertensão intracraniana idiopaica. “Medicamentos podem melhorar a dor, mas é preciso verificar se a pressão intracraniana realmente baixou. Quando a dor está cronificada, torna-se diária e difícil de tratar. São pacientes que acabam indo a serviços de pronto-atendi-
mento para tomar medicação injetável. Essa prática dificulta os efeitos dos medicamentos preventivos, acomete ainda órgãos como rim e estômago e até o sistema sanguíneo.” A neurologista comenta que várias são as categorias medicamentosas que podem ser usadas como preventivas: betabloqueadores (atenolol, metoprolol, propanolol); antidepressivos tricíclicos (amitriptilina e nortriptilina); neuromoduladores (ácido vaproico, divalproato, gabapentina); toxina butolínica (botox) para a enxaqueca crônica; bloqueadores de canais de cálcio (flunarizina e verapamil); magnésio, riboflavina e outras. “As doses devem ser ministradas corretamente, e o objetivo desses tratamentos é diminuir a frequência, a intensidade e a duração das crises de enxaqueca.” O Dr. Deusvenir de Souza Carvalho, da EPM/Unifesp, diz que as pessoas procuram na internet, que tipo de medica-
AL
Especial saúde
XT T RA NO POR
Confira no Portal quais as principais causas da dor de cabeça e por que ela incapacita o acometido. www.guiadafarmacia.com.br
artigo
Transtorno de ansiedade e humor leva à enxaqueca
Estudo revela que mais de dois terços dos pacientes com enxaqueca crônica apresentam transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão
Ariovaldo da Silva Júnior Neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia 152
C
Constantes dores de cabeça que se repetem há mais de três meses e os sintomas perduram por mais de 15 dias em um mês são sinais de enxaqueca crônica. No entanto, o tipo mais comum de enxaqueca é a episódica, quando há um grande intervalo livre de dor entre as crises. Já a cefaleia crônica, diagnosticada em 3% a 5% da população, é caracterizada pelas crises diárias e, geralmente, está associada aos sintomas de ansiedade e humor. Mais de dois terços dos pacientes que têm cefaleia crônica diária apresentam também transtornos psiquiátricos, principalmente de ansiedade e de humor, como a depressão. A incidência desses transtornos psiquiátricos em pacientes com enxaqueca crônica era atribuída à forte influência do estilo de vida urbano dos pacientes. Contudo, pessoas com enxaqueca crônica que vivem longe das grandes cidades também têm, na maioria das vezes, os mesmos transtornos mentais dos que moram nos centros urbanos. Dessa forma, é possível concluir que a causa da doença está mais ligada à herança genética do que a fatores ambientais. Um estudo realizado com pessoas da comunidade e do centro urbano teve como objetivo comparar os dados demográficos e os distúrbios psiquiátricos na incidência de cefaleia. Entre os indivíduos da comunidade, 65,9% foram diagnosticados com algum transtorno psiquiátrico, em relação a 83,7% do centro. Os distúrbios mais presentes no centro urbano foram: fobia simples
guia da farmácia setembro 2012
(41,9%), transtorno de ansiedade generalizada (34,9%) e depressão (32,6%). Já na comunidade, os mesmos transtornos também foram os mais comuns, sendo que 39% sofrem de ansiedade, 29,3% de fobias e 29,3% de depressão. A ansiedade, segundo um estudo publicado pela revista Headache Medicine, é o primeiro estágio da progressão dos sintomas, seguida da enxaqueca episódica, do transtorno da depressão e, por último, do tipo mais grave da enxaqueca, a crônica. As pessoas que têm dor de cabeça quase diariamente merecem atenção especial na investigação de transtornos de humor e de ansiedade para que tenham um tratamento adequado e melhora na qualidade de vida. As mulheres apresentam mais dores de cabeça em comparação com os homens, tendo como principais causas as alterações hormonais e o uso de contraceptivos, segundo estudo populacional realizado pela Sociedade Brasileira de Cefaleia. Além da maior incidência de dor de cabeça, pesquisas mostram que biologicamente o estresse é maior no sexo feminino. Noites maldormidas, má alimentação e fatores emocionais – como ansiedade, nervosismo, irritação e alto grau de exigência – são alguns dos fatores que causam ou agravam as dores de cabeça. Para que o tratamento seja eficiente, é necessário identificar todos os transtornos, pois o diagnóstico de apenas um dos distúrbios representará uma melhora parcial. Os pacientes precisam de atendimento com escuta ampliada, que inclua a investigação dos fatores ansiedade e humor e a avaliação do impacto no diagnóstico de cefaleia crônica. foto: DIVULGAÇãO
debate
Uso é
consciente
antibióticos apresentam crescimento nas vendas, mesmo com a exigência da retenção de receita. Cenário indica que nunca houve uma forte automedicação Por Tânia Lon gare s i e que não há motivo para medidas paternalistas
O
O consumidor está a cada dia mais consciente, conhece seus direitos e tem como foco ações que visam à qualidade de vida e ao bem-estar. Este novo perfil do shopper brasileiro é detectado por diversos institutos de pesquisas, como a Nielsen e a Kantar Worldpanel. Só as esferas governamentais ainda não perceberam o fato. Aplicando medidas tutelares, principalmente quando se trata de compra de medicamentos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lança mão de novas resoluções. Foi o caso da venda de antibióticos com a RDC 44/10, que passou a exigir a retenção de receitas na dispensação de antibióticos a partir de novembro de 2010. O objetivo da medida era reduzir a automedicação e o risco de resistência bacteriana. A prática comprovou que medidas paternalistas como essa não têm o resultado esperado. A venda de antibióticos voltou ao patamar anterior às novas regras. “No primeiro momento, houve um impacto nas vendas, mas
154
guia da farmácia setembro 2012
hoje já se normalizou. Os volumes retornaram a 90% dos valores pré-retenção de receita. Talvez esse resultado demonstre que a venda sem receita de antibióticos nunca foi tão alta como se temia”, analisa o diretor da IMS Health do Brasil, Paulo Paiva. A pedido do Guia da Farmácia, o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), com dados da consultoria IMS Health, consolidou o desempenho da venda de antibióticos de outubro de 2010, quando a RDC 44/10 foi publicada, a maio deste ano. Com a obrigatoriedade da retenção de receita, que começou a valer em 28 de novembro de 2010, a venda de antibióticos caiu de 9,12 milhões de unidades em novembro daquele ano para 6,88 milhões no mês seguinte, uma queda superior a 32%. Essa queda imediata permaneceu durante os seis meses seguintes, quando o segmento começou a foto: shutterstock
debate antibióticos e anti-inflamatórios 11.394 10.025 7.946
8.938 6.275
dez 2011
8.644
10.057
nov 2011
6.471
7.917
set 2011
7.720
7.955
ago 2011
7.389
7.837
jul 2011
9.203
11.398
11.116
10.638
9.972
10.736
10.018
9.980
7.973
jun 2011
7.101
8.154
9.047
10.115
10.875 8.654
7.827
9.914
9.133 6.452
mai 2011
6.029
6.000
6.885
8.000
9.123 9.760
10.000
8.707 9.253
Mil unidades (caixas)
12.000
11.054
anti-inflamatórios
antibióticos
8.042
14.000
4.000 2.000 0
Out nov dez jan fev mar 2010 2010 2010 2011 2011 2011 Fonte: IMS Health Elaboração: Sindusfarma/Gerência de Economia
abr 2011
se recuperar. “Nos últimos meses, porém, o crescimento da saída de antibióticos foi maior que o total do mercado”, revela o vice-presidente executivo do Sindusfarma, Nelson Mussolini. Os dados consolidados do sindicato mostram que em maio deste ano a venda de antibióticos atingiu 9,2 milhões de unidades, o mesmo patamar registrado antes da resolução da Anvisa. O estudo também aponta que a saída de antibióticos desde fevereiro de 2011 cresceu 43,4%, contra 35,5% do mercado total de medicamentos. Outro dado analisado é o desempenho de anti-inflamatórios nesse período, que registrou um crescimento abaixo do total do mercado. A obrigatoriedade da retenção de receita foi defendida pelo governo e por médicos como uma forma de reprimir o uso indiscriminado. “Mas esses dados demonstram que a preocupação de que a população poderia substituir os antibióticos por anti-inflamatórios era infundada. A pesquisa também deixa claro que ninguém toma medicamento se não precisa”, analisa Mussolini. Nos dois primeiros meses após o anúncio da Anvisa, houve um aumento da venda de anti-inflamatórios ligeiramente superior ao do mercado, mas não se manteve. O aumento nas vendas é resultado do crescimento natural do mercado farmacêutico e da melhora da economia: o brasileiro tem mais acesso a planos de saúde, vai mais ao médico e, consequentemente, compra mais medicamento. 156
guia da farmácia setembro 2012
Out 2011
jan 2012
fev 2012
mar 2012
abr 2012
mai 2012
Uma nova batalha Mesmo com índices em mãos, uma nova proibição pode entrar na lista da Anvisa. A Agência pretende proibir a venda de medicamentos de tarja vermelha (como anticoncepcionais, anti-inflamatórios e medicamentos para hipertensão) sem prescrição médica. Na prática, a dispensação desses medicamentos sem receita já é ilegal. De acordo com a lei de 1977, estabelecimentos que vendem medicamentos tarjados sem a prescrição médica estão sujeitos a interdição, advertências, multas, e até cancelamento de licença. “Estamos preparando um esforço para informar as ações cabíveis às vigilâncias sanitárias”, afirma o diretor-presidente da Anvisa, Dirceu Barbano. “Se existe a lei, ela deve ser cumprida. Mas não adianta baixar uma norma do dia para a noite. É preciso dar tempo para o mercado se adaptar. Além da regulamentação, é necessário racionalizar algumas regras. O tempo de validade de uma receita de anticoncepcional ou de um medicamento para hipertensão, por exemplo, deve ser revisto”, opina Mussolini. O presidente da Anvisa espera resolver este problema sem a nova lei, apenas com a sensibilização das vigilâncias e farmácias. “Vamos dar um tempo para o segmento se sensibilizar. Se não funcionar, a Anvisa pode tomar medidas do ponto de vista regulatório.”
beleza - cabelos
Vendendo
autoestima
Com crescimento médio de 2,5% em faturamento, categoria de coloração e transformação tem grande representatividade em farmácias e drogarias. Vale o investimento e a oferta de tendências para a próxima estação
A
Por camila guesa
A vaidade faz parte da natureza brasileira. Mudar o visual, estar sempre jovem e elegante é, para a mulher, um investimento necessário em sua autoestima. E dentro disso, colorir os cabelos não é mais ato que visa apenas disfarçar os fios brancos, mas sim uma autoafirmação, uma forma de mudar, de se atualizar e se destacar frente ao seu grupo. “A cor de cabelo reflete o estado de espírito da mulher”, afirma a diretora de marketing da Hypermarcas, detentora da marca Biocolor, Daniella Brilha. E as cores são muitas e muito consumidas. “Para quem quer se destacar, o glamour dos loiros.
158
guia da farmácia setembro 2012
Para despertar a atenção alheia, tons ruivos e acobreados. Para inspirar um ar clássico, nada como os castanhos”, pontua. Em reflexo, o mercado de coloração cresce ano após ano. Conforme dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), em tinturas para cabelos houve um crescimento médio nos últimos anos de 14,2%, com alta de 2,5% em faturamento. E, apesar de a cesta de higiene e beleza ter apresentado desaceleração em 2011, a categoria de coloração cresceu 2,1% em volume, segundo dados fotos: shutterstock
Verão 2013 Com a primavera e o verão se aproximando, chega a hora de repensar o ponto de venda, mais uma vez, e preparar a loja com novas cores e exigências. Segundo Delane D’Azevedo, da Niely, a tendência para os cabelos na primavera/verão 2013 será retratada por toda luminosidade do verão com luzes e mechas, cores claras com muitas tonalidades e nuances douradas e acinzentadas fazendo sucesso. “Nos cabelos é tempo de surgirem os efeitos ensolarados e alegres das luzes e mechas. Esse é sempre um grande hit das estações mais alegres do ano. Os cabelos monocromáticos saem um pouco de cena para dar espaço a tonalidades de louro, cuja base pode variar de um marrom, aos castanhos e acobreados”, diz Daniella Brilha, da Biocolor. Aos varejistas e farmacistas, cabe preparar o ponto de venda e as atendentes, orientando a consumidora sobre nuances das colorações que irão esquentar os próximos meses e que podem servir de base para as luzes e mechas, que são: para pele morena o castanho natural, chocolate ou o marrom e para as mulheres com pele mais clara e bronzeadas, a moda será tons acobreados, louros dourados, louros acinzentados, louros beges e a famosa nuance mel ou caramelo.
da Nielsen (YTD11 x YTD10 – total Brasil). De acordo com o presidente da entidade, João Carlos Basílio, “somos o maior mercado do mundo em tinturas”, com índice de penetração da categoria entre o público feminino chegando a 98% – “um recorde mundial”. Para a diretora de marketing da Hypermarcas, são muitos os fatores que contribuem para esse resultado. “Por exemplo, a vaidade precoce entre as jovens e a ascensão da classe C, que tem à sua disposição uma quantidade enorme de opções acessíveis”, pontua. “Com o aumento do poder aquisitivo das classes emergentes, surgem novas oportunidades de produtos que oferecem propostas adequadas às necessidades dessa nova consumidora”, completa o gerente de Grupo Hair Color Garnier, Danilo Pacagnella. O analista de mercado da Nielsen, Luiz Gaspar, comprova a tendência. “Esse crescimento se nota principalmente em níveis socioeconômicos mais baixos (classe C, D e E), enquanto nas classes A e B o índice de penetração tem até caído”, diz. E a importância desse aumento se reflete também nas gôndolas de farmácias independentes e per-
fumarias – os canais representam 28% cada um na venda desses itens, seguidos pelo autosserviço (16%), farmácia de cadeias (14%) e mercearias (tradicional) com 13%.
Preferências E para atender à demanda crescente, a categoria vem se reinventando através de tecnologias diferenciadas de aplicação e tempo de ação reduzido. “Outra coisas que percebemos ao longo dos últimos três anos foi uma maior movimentação das marcas em lançar marcas populares e de combate, atendendo ao público das classes mais baixas que antes não consumiam o produto”, opina o gerente de produtos colorações e esmaltes Beauty Color, Bonyplus, Victor Munhoz. Mas, apesar das variações em espuma, cremes, xampus e outros, dos formatos, a gerente de produto na categoria de coloração e transformação cabelos da Niely, Delane D’Azevedo, afirma que a apresentação em creme é a favorita da consumidora brasileira, pois não escorre durante a aplicação, facilitando a distribuição do produto nos fios. Vale lembrar que segundo a U&A (Usage & Atitudes) L’Oréal, as brasileiras colorem os cabelos para mudar o tom (58%) e apenas 17% buscam exclusivamente cobertura de brancos. “Com isso, ela tem maior segurança quanto à uniformidade da cor também”, lembra. Dados da Nielsen compravam: a coloração creme permanente é a mais consumida pelas brasileiras, seguida pela coloração em pós-temporária e em terceiro, os tonalizantes na versão creme.
Formatos e funções A segurança na aplicação e a melhor decisão do formato de acordo com a necessidade também devem ser de corresponsabilidade da atendente, que pode orientar a consumidora e ajudar nesta escolha, lembrando que não existe uma regra e sim um resultado diferente para cada tipo de coloração. “A permanente normalmente é indicada por quem tem cabelos brancos ou por quem deseja clarear, escurecer ou mudar radicalmente a cor dos fios, pois proporciona maior fixação devido à combinação de amônia e oxidante em sua fórmula, que penetram na cutícula (estrutura interna) do cabelo e depositam os corantes da nova 2012 setembro guia da farmácia
159
beleza - cabelos
Ao gerenciar a categoria, além de ter o mix mais adequado ao perfil dos shoppers (compradores) e ter uma exposição lógica de cores e marcas, a disponibilidade de informações na gôndola e o suporte de uma consultora podem garantir uma melhor compra para a consumidora
cor”, explica Daniella Brilha. Por ser permanente, tem o benefício de durar mais e não sair nas lavagens. Já as colorações temporárias (conhecidas como henna, tonalizantes e rinsagens) devem ser indicadas para quem deseja intensificar ou escurecer a cor natural dos cabelos, como, por exemplo, os chocolates, acobreados e avermelhados. Para essa orientação, a primeira coisa que a dermoconsultora deve ter em mente é se atentar ao cabelo da consumidora: o que ela já tem aplicado no cabelo faz diferença, pois progressiva, permanentes e outros processos químicos podem ter alterado a estrutura do fio e podem dar reações não desejáveis com a aplicação de coloração permanente, indica Victor Munhoz. Com essa informação, é preciso perguntar qual tonalidade a cliente espera, pois tinta não clareia tinta, só os descolorantes. Pontos sanados, vale oferecer as marcas e produtos que o ponto de venda disponibiliza para a finalidade identificada. “A melhor forma de evitar erros e desagrados no momento da aplicação da coloração é lendo e seguindo as instruções que se encontram na bula do produto, visto que cada marca possui sua forma de aplicação, que são diferentes entre si”, recomenda o gerente da Bonyplus. 160
guia da farmácia setembro 2012
Gerenciamento da categoria Na hora de escolher o mix de coloração, o varejista deve então dispor de marcas de segmentos de preço variado e um sortimento mínimo para atender às diferentes necessidades das consumidoras-alvo. Na exposição, o local ideal é no ponto natural próximo à seção de higiene e beleza e cuidados capilares. “A presença de uma dermoconsultora bem treinada passa confiabilidade e credibilidade na loja e nas marcas, melhorando seu nível de conhecimento e alavancando as vendas”, pontua a diretora da Hypermarcas. Ao gerenciar a categoria, além de ter o mix mais adequado ao perfil dos shoppers (compradores) e ter uma exposição lógica de cores e marcas, a disponibilidade de informações na gôndola e o suporte de uma consultora podem garantir uma melhor compra para a consumidora. “Em estabelecimentos menores, onde não se tem muito espaço para a categoria, é muito importante dar atenção ao processo de abastecimento para que não haja rupturas”, lembra a gerente de categoria da Divisão de Produtos de Gran-
beleza - cabelos
de Público da L’Oréal Brasil, Cristina Saito. Luiz Gaspar, da Nielsen, lembra que os minikits são também o novo fenômeno no mercado de coloração no Brasil, pois são mais acessíveis por só conter água oxigenada e a bisnaga de aplicação do produto – sem luva e aplicadores diferentes. “Por demandar menor valor, têm ganhado adeptos”, reforça. “Para o shopper desta categoria, as cores e marcas são os grandes direcionadores no processo de compra. Por isso, a exposição dos produtos deve ter uma lógica em sua organização”, diz Cristina. Para gôndolas maiores, sempre é melhor organizar as marcas na vertical e as cores na horizontal, considerando um degradê de cores, das mais escuras (menor numeração) para as mais claras (maior numeração). Para as gôndolas menores, buscar evitar a exposição com apenas uma frente de cada SKU. Isso ocorre muito quando se verticaliza a exposição das marcas.
Cuidados pós Segundo a diretora de marketing da Hypermarcas, a coloração dos cabelos envolve um processo químico que exige cuidados, pois, se realizado de forma incorreta, pode acarretar resultados indesejados. “Cabelos coloridos necessitam de tratamento e manutenção semanal para que permaneçam sempre brilhantes, macios e hidratados”, lembra. Considerando essa necessidade, algumas marcas de coloração oferecem tratamento em seus kits e outras ofe162
guia da farmácia setembro 2012
recem opções para mulheres que, de acordo com a gerente de marketing de Wella Pro Series, Vanessa Silva, buscam tratamentos que protejam os cabelos contra os danos causados pela coloração e que ao mesmo tempo ofereçam brilho intenso. E a oferta se reflete em faturamento para a indústria e para o ponto de venda. Dados da Nielsen Retail Índex MA’12 mostram que as vendas de produtos para tratamento dos cabelos cresceram 44% nos últimos três anos, mostrando a busca crescente por produtos que protejam os cabelos contra os danos. “Os produtos pós-tintura normalmente trazem ingredientes específicos para selar e proteger os fios contra os danos causados pela coloração. Na versão Color de Wella ProSeries, por exemplo, os sufactantes catiônicos presentes nessa linha são ‘magneticamente’ atraídos para superfície dos fios coloridos, preenchendo a camada de proteção natural do cabelo, comprometidos pelo processo da coloração e reduzindo a carga negativa dessa superfície capilar”, explica Vanessa Silva. Para alavancar as vendas, é importante que esses produtos tenham exposição e ofertas conjuntas, sendo duplamente expostos no PDV: na gôndola de cuidados com o cabelo e de coloração.
institucional abradilan
O impacto da
www.abradilan.com.br
alta carga tributária no Brasil A Abradilan apoia a proposta que beneficiará de imediato toda a população brasileira em função da redução dos gastos com a saúde P o r J U L I A N O C U NHA V I NHA L - pr es i de nte do Co n se lh o Di ret iv o d a Abr ad ilan
É evidente e indiscutível que no Brasil a tributação é realmente muito alta até mesmo superior à de países desenvolvidos. Tal fato aponta para que haja uma mudança drástica, nos três níveis de governo. Cresce a arrecadação, correlatamente, cresce o gasto público, mas a situação social do País continua em crise. No Brasil, o imposto muitas vezes é cobrado antes da produção de um bem, dificultando o investimento. Nosso sistema tributário torna-se cada vez mais caótico e a promessa dos governantes à sua simplificação é somente figura de retórica, principalmente durante as campanhas eleitorais. Assim, enquanto os países ditos de primeiro mundo reduzem a carga tribu-
tária sobre as atividades produtivas ou simplificam o seu sistema tributário, o Brasil vai à contramão, penalizando os que trabalham e produzem para o País. Fato concreto é que, sem uma reforma tributária de verdade, as empresas continuam sendo duramente atingidas, principalmente as de menor porte. Por isso, a Reforma do Estado deveria preceder a Reforma Tributária, mesmo que não o consigamos na sua totalidade mas que ao menos comecemos nos pontos de maior necessidade. Alguns parlamentares apresentam Projetos de Lei, para diminuir o impacto, como é o caso do senador Paulo Bauer, de Santa Catarina, que apresentou no Senado a PEC nº 115/2011, que propõe a extinção da
carga tributária sobre os medicamentos de uso humano. Nós, da Abradilan, apoiamos a proposta, que beneficiará de imediato toda a população brasileira, também diminuindo muito o impacto nos cofres públicos em função da redução dos gastos com a saúde. Alguns exemplos de impacto imediato à população são: menor grau de reincidência nas consultas médicas e menos motivos e tempo das internações hospitalares. Cabe ainda ressaltar a maior capacidade de acesso ao medicamento nas classes sociais com menor poder aquisitivo, pois teremos um valor menor a ser praticado ao consumidor, já que medicamentos são de preços máximos tabelados.
Empresas sócias colaboradoras da Abradilan 164
guia da farmácia setembro 2012
sempre em dia
Prontas para a nova temporada indústria cosmética apresenta gama de cores para o verão 2013. na linha de maquiagem, a aposta está nos tons de frutas
Gloss a mais
Lábios para o verão
• www.frajo.com.br
• www.dailus.com.br
A Revlon amplia sua gama de cores de ColorBurst Lipgloss, com dois novos tons: Strawberry e Hot Pink. ColorBurst Lipgloss é formulado com hidratantes, antioxidantes e óleo de amêndoas, além do ativo elasticolor, que tem a função de distribuir uniformemente os pigmentos de cores. As demais tonalidades disponíveis são: Crystal Lilac, Peony, Bordeaux, Fire, Sunset Peach e Rose Gold.
Inspirada em cores internacionais, a linha Matte, da Dailus Color, reuniu os tons de batons mais procurados e desejados pelas mulheres. Para completar a linha, a empresa apresenta três novas cores: Lichia, Romã e Pitaia. Os novos batons foram inspirados nos tons das frutas e prometem dar cor para os lábios no Verão 2013.
Corretivos coloridos
Pensando em oferecer mais opções para cobrir manchas na pele, a Vult Cosmética lança corretivos coloridos para a correção de olheiras, manchas de sol, cicatrizes e espinhas. São quatro cores: amarelo, que esconde olheiras arroxeadas e hematomas; Lilás, que corrige tons amarronzados e amarelo-alaranjados, como espinhas inflamadas, manchas de sol e de gravidez; verde, que neutraliza as manchas de acne, vasinhos e cicatrizes e o vermelho, ideal para quem tem vitiligo, manchas brancas ou mais claras que a pele. O produto deve ser aplicado após o primer em movimentos ascendentes e em uma única direção. • www.vult.com.br
166
guia da farmácia setembro 2012
fotos: shutterstock/divulgação
sempre em dia
Tom & Jerry Baby Sabonete Líquido
A linha Tom & Jerry Baby da Cremer ganha uma nova versão de sabonete infantil, o Sabonete Líquido Tom & Jerry Baby. Com proteínas do leite, garante suave hidratação, proteção e limpeza para a pele sensível do bebê. Testado dermatologicamente e com pH ideal para a pele sensível da criança (entre 5,0 e 6,0), ele auxilia na prevenção de irritações de pele e assaduras, além de ter uma suave fragrância e espuma cremosa. • www.topztomejerry.com.br
Óleo multifuncional O óleo sempre foi um componente essencial nos rituais e tratamentos de beleza. Nos dias de hoje, ele integra os cosméticos para o cuidado da pele e, agora também hidrata, protege e embeleza os cabelos. L’Oréal Paris inova mais uma vez com o produto Elseve Óleo Extraordinário. O produto é recomendado para utilização diária; tratamento do cabelo; finalização; antes de lavar com o xampu; pré-escova; aplicado no cabelo molhado antes de secar; e penteado sem frizz. • www.loreal.com.br
Hidratantes oil-free
Cuidados simples no dia a dia podem transformar a pele, devolvendo a ela luminosidade, beleza e, principalmente, proteção contra agressões externas. Os Laboratórios Stiefel, uma empresa GSK, apresentam as novas embalagens de dois produtos: Hidrafil® Loção Facial e Hidrafil® Gel Facial. Ambos são hidratantes oil-free para uso diário. Contêm na formulação o complexo NMF, formado por substâncias hidratantes. Dois filtros solares fator de proteção solar UVB (FPS) 20 e UVA++. Hidrafil não contém parabenos, vaselina, lanolina e seus derivados. • www.linhahidrafil.com 168
guia da farmácia setembro 2012
Aroma renovado
A nova fragrância da marca francesa Roger&Gallet, Lavande Royale, desperta uma viagem ao coração dos campos de lavanda e traz um perfume rico em lembranças e emoções. A nova fragrância tem propriedade aromática relaxante e integra o grupo de fragrâncias florais. O lançamento da nova fragrância marca também o retorno da tradicional embalagem cartonada para os sabonetes individuais da marca. Lavande Royale tem na composição: bergamota, lavanda e gerânio e cedro e baunilha. •www.roger-gallet.com
serviços
A
e
Abafarma www.abafarma.com.br Abihpec www.abihpec.org.br Abrafarma www.abrafarma.com.br Agência Shopper www.agenciashopper.com.br Alliance Boots www.allianceboots.com Anvisa http://portal.anvisa.gov.br Asbai www.sbai.org.br Associação Brasileira de Cosmetologia www.abc-cosmetologia.org.br Associação ECR Brasil www.ecrbrasil.com.br
b Beauty Color www.bonyplus.com.br Brazil Pharma www.brph.com.br BTG Pactual www.btgpactual.com
c Centro Universitário São Camilo www.saocamilo-sp.br CRF-SP www.crfsp.org.br CVS www.cvs.com
EPM/Unifesp www.unifesp.br
f Faculdade de Medicina de Catanduva www.fameca.br Febrafar www.febrafar.com.br Ferrara Soluzioni Consultoria e Treinamento www.ferrarasoluzioni.com.br FGV www.portal.fgv.br FlexSide/Buzatto’s www.flexside.com.br FMUSP www.fm.usp.br
g Garnier www.garnier.com.br
Data Popular www.datapopular.com.br
Instituto Brasileiro de Economia (IBRE) www.portalibre.fgv.br
Santa Casa de Misericórdia de Juiz de Fora www.santacasajf.org.br
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) www.ibge.gov.br
Sociedade Brasileira de Cefaleia www.sbce.med.br
ISAAC www.isaac.auckland.ac.nz
k kantar worldpanel www.kantarworldpanel.com
l lilly do brasil www.lilly.com.br L’Oréal www.loreal.com.br
m
GS&MD – Gouvêa de Souza www.gsmd.com.br
MSD www.msdonline.com.br
n
hmelillo www.hmelillo.com.br
Nielsen http://br.nielsen.com
hospital e maternidade brasil www.hospitalbrasil.com.br
Niely www.niely.com.br
Hospital das Clínicas de São Paulo www.hcnet.usp.br
Hypermarcas www.hypermarcas.com.br
Drogaria Arraial (38) 3531 5512 Drogaria Marcelo www.drogariamarcelo.com.br
170
Sanavita www.sanavita.com.br
Metalfarma www.metalfarma.com.br
h
guia da farmácia setembro 2012
s
IMS Health www.imshealth.com
Global Enterpreneurship Monitor (GEM) www.gemconsortium.org
Hospital São Camilo www.saocamilo.com
d
i
o OMS www.who.int
p Popai www.popaibrasil.com.br Provar/FIA www.provar.org
sociedade brasileira de dermatologia www.sbd.org.br Sociedade Brasileira de Gestão de Conhecimento www.sbgc.org.br Sebrae www.sebrae.com.br Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo www.socesp.org.br Supremo Tribunal Federal www.stf.gov.br Sistema Único de Saúde www.saude.gov.br
u Universidade de Guarulhos www.ung.br Universidade Estadual de Campinas www.unicamp.br Universidade de São Paulo www.usp.br
v Vigitel www.portal.saude.gov.br
w Walgreens www.walgreens.com World Allergy Organization www.worldallergy.org Wella www.wella.com