Edição 251 - Prescrição Farmacêutica

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ano XX • nº 251 outubro de 2013

PRESCRIÇÃO

AMEAÇADA

Pesquisa do ICTQ revela que a maioria da população não concorda com a prescrição farmacêutica. Percepção errada da atuação profissional e falta de comunicação geram medo e receio

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EDITORIAL

Posicionamento surpreendente A intenção para que os farmacêuticos possam ser autorizados a prescrever medicamentos para os pacientes começou a ganhar fôlego no Brasil depois que o Conselho Federal de Farmácia (CFF) resolveu abrir uma consulta pública sobre o assunto. Mesmo apresentando grande insatisfação com a saúde no Brasil, a maioria da população não concorda com a prescrição farmacêutica. É o que revela uma pesquisa inédita do ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos, cedida com exclusividade ao Guia da Farmácia. De acordo com os dados obtidos, identifica-se que a população desconhece plenamente as políticas de saúde propostas pela classe farmacêutica em todas as esferas. Dessa forma, não tem uma definição clara do perfil farmacêutico, não sabendo distinguir, inclusive, o farmacêutico do atendente do balcão. Em geral, ações inovadoras assustam em um primeiro momento porque a divulgação realizada não atinge o entendimento pleno, o que poderá gerar desvirtuamento da informação real. Apesar do posicionamento contrário, observa-se também que a popu-

DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Flávia Corbó EDITORA DE ARTE Larissa Lapa ASSISTENTE DE ARTE Junior B. Santos DEPARTAMENTO COMERCIAL EXECUTIVAS DE CONTAS Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) 4

lação mostra-se extremamente favorável à orientação farmacêutica. Confira os resultados na íntegra e veja também que, para que a prescrição farmacêutica aconteça de fato, ética e capacitação profissional são requisitos imprescindíveis. Outro destaque desta edição fica por conta do atendimento prestado por dermoconsultoras, consultoras de vendas ou perfumistas. Nossa equipe de reportagem foi a campo e apurou que farmácias e drogarias estão investindo nas áreas de beauty care e dermocosméticos, o que exige profissionais capacitados, que possam realizar vendas personalizadas, respeitando e entendo as particularidades de cada cliente. A partir do conhecimento sobre determindada linha, indicam os produtos que se fazem necessários, além de demonstrar a ação, a composição, os resultados, o modo de aplicação, bem como indicar produtos complementares. Depois da implantação do serviço, os resultados não poderiam ser diferentes: aumento de cerca de 50% no tíquete médio.

Lígia Favoretto Editora-chefe

ASSISTENTES DO COMERCIAL Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE ASSINATURAS Morgana Rodrigues COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia e Antônio Gambeta MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira ANALISTA DE MARKETING Lyvia Peixoto

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Boa leitura.

MARKETING DIGITAL Andrea Guimarães Noemy Rodrigues COLABORADORES DA EDIÇÃO Revisão Helder Profeta Textos Adriana Bruno, Egle Leonardi, Marcelo de Valécio, Rodrigo Rodrigues e Vivian Lourenço Colunistas André Ferreira, Gustavo Semblano, Márcio Leocádio, Odilon Martins, Silvia Osso e Thais Domingues IMPRESSÃO Abril Gráfica

Mesmo apresentando grande insatisfação com a saúde no Brasil, a maioria da população não concorda com a prescrição farmacêutica, é o que revela uma pesquisa inédita do ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos

> www.guiadafarmacia.com.br Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.

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SUMÁRIO #251 OUTUBRO 2013

E MAIS

108 56 > OPORTUNIDADE Conheça os municípios inclusos no Brasil sem Miséria e veja como é possível se cadastrar no programa Aqui tem Farmácia Popular, para aumentar os ganhos da sua loja

66 > PESQUISA CAPA

Pesquisa do ICTQ revela que, na contramão dos planos do CFF, a população brasileira rejeita a proposta de regulamentação da prescrição farmacêutica

74 > CENÁRIO O varejo farmacêutico já sente os reflexos da alta do dólar e da instabilidade econômica. Especialistas avaliam se o panorama é permanente e se deve prejudicar a política de descontos entre indústria e pontos de venda

96 > INOVAÇÃO Ainda que seja vista como o futuro dos medicamentos, a biotecnologia enfrenta falta de investimento em pesquisa e desinteresse do capital privado, o que impede o desenvolvimento da produção nacional

116 > CONSULTORIA Atentos ao crescimento das vendas de dermocosméticos nas farmácias, indústria e distribuidores se unem para dar suporte ao varejista na exposição dos produtos e atendimento ao cliente

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> GUIA ON-LINE > ENTREVISTA > ANTENA LIGADA > ATUALIZANDO > GUIA DA FARMÁCIA RESPONDE > NEGÓCIOS > PERFIL > PRODUÇÃO > MERCADO > INVESTIMENTO > ATENDIMENTO > ATUALIDADE

CADERNO SAÚDE 148 154 160 168 174 176

> OBESIDADE > APARELHO GASTROINTESTINAL > CEFALEIA > TPM > ARTIGO > BUCAL

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> MIX > CATEGORIA > BELEZA > CASE > SEMPRE EM DIA > SERVIÇOS

COLUNAS 34 62 65 83

> VAREJO Silvia Osso > CONSULTOR JURÍDICO Gustavo Semblano > RECURSOS HUMANOS Márcio Leocádio e Odilon Martins > SUSTENTABILIDADE André Ferreira

ERRATA Diferente do que foi publicado na edição 249 (agosto), seção Atualizando, página 26, o produto Espinheira Santa é da empresa Natulab, e não da Naturelife, e não é isento de registro, conforme RDC 27/10. Seu número de registro no MS é 1.3841.0053.001-5.

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ATENÇÃO PROFISSIONAL

Os cuidadores de idosos e de doentes crônicos e graves são fundamentais na evolução do tratamento. Para isso, eles precisam de informação certeira e treinamentos especializados. Conheça os principais conteúdos ministrados

ENTENDA A DIFERENÇA Você sabe explicar por que os dermocosméticos têm preço mais elevado? Conheça os atributos da categoria que justificam o valor mais alto que cosméticos comuns 8

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GÔNDOLA COMPLETA

Mesmo com a adoção de softwares de gestão, a ruptura de estoque é uma realidade comum do varejo farmacêutico brasileiro. Confira dicas essenciais para evitar o problema

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O QUE ROLA NAS REDES SOCIAIS

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SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS Para fazer elogios, críticas ou dar sugestões ao Guia da Farmácia, escreva para a redação: Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010 ou ligia@contento.com.br. Queremos saber o que você pensa!

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ASSOCIADOS À FEBRAFAR SE REÚNEM EM EVENTO EM SÃO PAULO

CONTRA A AUTOMEDICAÇÃO

A prescrição farmacêutica existe para tentar educar o povo, com um monitoramento mais adequado. O farmacêutico tem papel crucial nessa questão, por isso precisa de coerência e apoio político. Joseh da Rocha, em resposta à nota “Medicamento causa 30% das intoxicações no Brasil”, publicada na página do Facebook do Guia da Farmácia, no dia 5 de setembro.

FALTA DE RECURSOS

ANVISA DETERMINA APREENSÃO DE LOTE FALSIFICADO DE MEDICAMENTO

MEDICAMENTO CAUSA 30% DAS INTOXICAÇÕES NO BRASIL INTERAÇÕES PERIGOSAS DE COLÍRIOS DOBRAM NO FRIO

Tanto se fala do aumento do poder aquisitivo da classe C, mas a falsificação de medicamentos continua ocorrendo em larga escala porque boa parte dos brasileiros não consegue comprar medicamentos. Ou então, começam um tratamento, mas são obrigados a abandonar no meio por falto de recursos. Marília Almeida, em resposta à nota “Medicamentos caros impulsionam o mercado ilegal”, publicada no Portal do Guia da Farmácia , no dia 10 de setembro.

PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA

É triste! Nós somos os profissionais que mais entendem sobre medicamentos e a população não sabe o valor que temos. Mas a maior culpa disso é nossa, pois somos uma categoria desorganizada. Só estamos mudando isso agora. Marcos Carvalho, em resposta à nota “Maioria é contra farmacêutico receitar medicamento”, publicada na página do Facebook do Guia da Farmácia, no dia 12 de setembro.

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ENTREVISTA - DELOITTE

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Menos preço, mais inovação ESSE É O PRINCIPAL DESAFIO DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA PARA OS PRÓXIMOS ANOS, AS OPORTUNIDADES SURGIRÃO PARA AQUELES QUE TIVEREM FLEXIBILIDADE DE AJUSTE E ADAPTAÇÃO

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POR MARCELO DE VALÉCIO

O futuro do setor de produção de medicamentos promete oferecer produtos inovadores, com preços menores ao consumidor e com foco nos mercados locais. Essas são algumas das conclusões do sócio da área de life science e healthcare da consultoria Deloitte, Enrico de Vetori. A base das análises do executivo está no estudo Healthcare reform and life sciences: threat, opportunity or both?, realizado recentemente pela consultoria. “A inovação ocupa lugar de destaque no novo cenário”, afirma Vetori, que já foi empresário da área de hotelaria e executivo em administração hospitalar antes de entrar para a Deloitte. “Já a redução de custos se dá pela necessidade e clamor pelo acesso de mais pacientes ao sistema”, revela o executivo, que assegura: “A nova ordem é pagar menos por mais. Essa postura permanecerá mesmo quando a economia global retornar aos patamares pré-crise. Não

veremos mais liberdade de preços, nem para as novas drogas.” Para Vetori, as oportunidades surgirão para aqueles que tiverem flexibilidade de se ajustar e se adaptar o mais rápido possível de forma global. “Não há mais espaço para (as multinacionais) lançarem blockbusters, implantarem áreas de vendas e marketing locais, acreditando que o canal de visitação a médicos será a salvação.” Para o Brasil, o executivo se mostra otimista, sobretudo pela pujança da classe emergente, que tem entrado no sistema à base de crescimento real da ordem de 4% ao ano. Mas se diz preocupado com os problemas recentes da economia (inflação e câmbio), sem contar as clássicas deficiências nacionais – carga tributária elevada, logística deficiente, falta de incentivo para pesquisa e desenvolvimento. Leia a seguir a entrevista completa de Enrico Vetori concedida com exclusividade ao Guia da Farmácia. 2013

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ENTREVISTA - DELOITTE

necessário a redefinição dos modelos comerciais nas diferentes geografias políticas e de mercado.

Guia da Farmácia • Fomentar a inovação, reduzir custos, ampliar o acesso ao mercado e redefinir os modelos de vendas estão entre os desafios do setor farmacêutico mostrados na pesquisa Healthcare reform and life sciences: threat, opportunity or both? O que levou a essa conclusão? ENRICO DE VETORI • O setor foi impactado pelo foco no paciente, no qual o modelo de remuneração passa a ser a real necessidade de comprovação do valor que a nova molécula traz. Assim, a inovação ocupa lugar de destaque no novo cenário. A redução de custos se dá pela necessidade e clamor pelo acesso de mais pacientes ao sistema. Desde a simples redução de preços, como na Alemanha, às listas de medicamentos com valores fixos, como no Brasil e na China, a nova ordem é pagar menos por mais, e mais importante: essa postura permanecerá mesmo quando a economia global retornar aos patamares pré-crise. Não veremos mais liberdade de preços, nem para as novas drogas, que terão que comprovar a sua eficácia em relação às existentes no mercado para alcançarem valores diferenciados. Por fim, quanto ao modelo de vendas, podemos afirmar que o alinhamento da estratégia local deve ser complementado com tática local. Cada mercado tem suas especificidades, com maiores desafios e oportunidades, até porque as próprias agências reguladoras muito incipientes em alguns países, ainda estão se adaptando e buscando os meios de como operar. Portanto, se faz 14

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GUIA • Quais mercados estão mais preparados para enfrentar esses desafios? VETORI • Entendo que são desafios diferentes, e as oportunidades surgirão para aqueles que tiverem a flexibilidade de se ajustar e se adaptar o mais rápido possível de forma global, mas com respeito aos sinais de cada mercado local. Logicamente, as notícias da Europa são, em sua maioria, piores porque era um mercado de preços mais livres e agora há uma política de congelamento de preços e aumento do desconto pago pelo setor público, como na Alemanha, que passou de 6% para 16%. Já nos EUA, embora haja uma reforma fortíssima para redução de preços e maior acesso, existe a expectativa de inclusão de 27 milhões de pessoas no sistema na próxima década, o que gera oportunidades. Diria até, tanto quanto na China, que, embora gaste apenas US$ 52 per capita ao ano com medicamentos, incluiu mais de 700 milhões de pessoas no seu sistema entre 2006 e 2012. Portanto, vejo desafios e oportunidades em todos os mercados. GUIA • Para 74% dos entrevistados na pesquisa, o Brasil é muito atrativo para a conquista de novos consumidores e, para 57%, muito atraente também para vendas. Isso indica o potencial que o País possui. Ao mesmo tempo, temos muitas carências, sobretudo em relação à saúde e formação de mão de obra. Além disso, apenas 7% dos empresários do setor acreditam que haverá uma reforma ampla em saúde nos próximos cinco anos no Brasil que contemple questões regulatórias mais estáveis. As bases que estão sendo montadas são suficientes para fazer o País acompanhar as tendências globais? VETORI • Nosso desafio tem nuances básicas, como a importação de 85% dos insumos dos medicamentos genéricos, carga tributária elevada, logística deficiente, fragmentação do varejo, marco regulatório incompleto. Sem contar a falta de incentivo para pesquisa e desenvolvimento, ausência de políticas públicas para maior interação entre as universidades e a indústria, além de crescimento baixo, descumprimento de contratos pelas autoridades governamentais e, mais recentemente, o risco político e institucional do atual governo, acrescido de uma deterioração da economia,

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com a volta da inflação e pressão no câmbio. Todos esses fatores são negativos para uma grande indústria farmacêutica definir uma política estratégica de investimentos. No entanto, embora as margens dos genéricos estejam em patamares já alarmantes, temos quatro vezes o consumo per capita por ano da China, possuímos uma classe emergente que tem entrado no sistema à base de crescimento real da ordem de 4% ao ano e, cada vez mais, as indústrias multinacionais entendem que, a despeito do custo elevado, da falta de incentivo e da alta burocracia governamental, devem levar suas áreas de pesquisa e desenvolvimento para os mercados consumidores. Por tudo isso, sou otimista com o setor, embora tenha aumentado a minha preocupação com a economia, o que dificulta novos investimentos de curto e longo prazos. GUIA • Os executivos ouvidos na pesquisa acreditam que podem colher bons resultados caso se adaptem às novas tendências. Em contrapartida, muitos ainda agem reativamente e creem que as mudanças trazem alto risco para o negócio. As empresas estão se preparando para a nova fase ou ainda são espectadoras e vão a reboque dos acontecimentos? VETORI • A grande maioria tem dificuldade de leitura das mudanças e, na maior parte, por serem estruturas globais com uma cultura muito arraigada, tendem a ter uma velocidade menor para as mudanças. Algumas ainda tentam o lobby ou aproximação das agências como forma de enfrentar os desafios, mas a arena competitiva global não dará espaço para meias medidas. As mudanças já estão em curso, e quem não se ajustar vai ser alvo de aquisições. GUIA • Inovação continua sendo um dos principais planos para as empresas que participaram do levantamento da Deloitte. O governo brasileiro investiu US$ 3 bilhões no desenvolvimento de biotecnologia. Desta vez o Brasil está no jogo da inovação? VETORI • A China reservou US$ 300 bilhões para cinco anos, iniciados em 2011. Perdemos algumas oportunidades e agora queremos trazer a biotecnologia sem antes dominarmos o básico. Sou otimista, mas mais pelo esforço do empresário e do pesquisador do que pela mão governamental. GUIA • Como a indústria de medicamentos pode contribuir para fomentar a inovação e aumentar 16

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‘‘CADA MERCADO TEM SUAS ESPECIFICIDADES, ATÉ PORQUE AS PRÓPRIAS AGÊNCIAS REGULADORAS AINDA ESTÃO SE ADAPTANDO E BUSCANDO OS MEIOS DE COMO OPERAR‘‘ o acesso à saúde, sobretudo de países em desenvolvimento como o Brasil? VETORI • Trazendo suas áreas de pesquisa e desenvolvimentos para entenderem as necessidades locais, a fim de lançarem produtos com apelo local ou regional a partir de uma base de exportação para os países circunvizinhos. Não há mais espaço para lançarem blockbusters, implantarem áreas de vendas e marketing locais, acreditando que o canal de visitação a médicos será a salvação. O modelo se esgotou. Há de se incluir a fonte pagadora e o consumidor na equação e, para tal, a inovação local será essencial. GUIA • Dentro de um cenário de reformas, qual a participação da indústria farmacêutica? Onde estão as melhores oportunidades de negócios? VETORI • Depende do mercado. Sabemos que os segmentos de OTC e de genéricos de baixo preço devem ceder espaços, cada vez mais, para as empresas locais. Mas, com amplo mercado de baixo custo, as companhias de patentes têm oportunidades de buscar nichos em um mercado já consolidado. Em cada mercado há suas especificidades, mas as doenças órfãs, crônicas e genéricos de marca estão entre boas oportunidades a serem perseguidas. GUIA • A população está vivendo mais. Sendo assim, a demanda de pacientes de doenças crônicas deve aumentar. Como as empresas têm acompanhado esse indicador? VETORI • De perto e tirando proveito disso. O que inclui o abandono de outras drogas menos rentáveis, pois o consumo é pontual. Isso acarreta menos investimentos em áreas importantíssimas, deixando descoberto o que outrora a humanidade já havia considerado conquista consumada.

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ANTENA LIGADA

CONHECIMENTO

APLICADO

DIVERSOS ÓRGÃOS DO SETOR FARMACÊUTICO ORGANIZAM EVENTOS PARA OFERECER AOS PROFISSIONAIS DO SETOR A OPORTUNIDADE DE CAPACITAÇÃO E RECICLAGEM DE INFORMAÇÃO

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CONGRESSO FARMACÊUTICO

Entre os dias 5 e 8 de outubro ocorrerá o XVII Congresso Paulista de Farmacêuticos, no Transamérica Expo Center, em São Paulo (SP), organizado pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP). O tema desta edição é “Conhecimento, prática e atitude: essência do farmacêutico”. Os participantes terão à disposição uma programação científica com profissionais do Brasil e exterior, visando o aperfeiçoamento técnico e acesso às inovações. • http://portal.crfsp.org.br/congresso 18

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ENCONTRO ENTRE ESPECIALISTAS

Profissionais da área de saúde terão a oportunidade de participar da 11ª edição do Grande Encontro de Psoríase e Vitiligo, que será realizado no dia 26 de outubro, em São Paulo, e trará novidades discutidas em congressos nacionais e internacionais. Paralelamente ao evento, os farmacêuticos poderão participar do 1º Curso de Farmacologia, no qual será oferecida oportunidade para capacitação. • www.clinicasabbag.com.br • www.anggulo.com.br

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Gestantes, consumir Gestante Consumir consumo na embala Consum na emb

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MARCAS COMERCIAIS

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizou, em setembro, audiência pública para discutir os critérios que serão utilizados para a formação dos nomes comerciais dos medicamentos no Brasil. A proposta da Agência tem como objetivo minimizar ou eliminar a possibilidade de interpretação falsa, erro ou confusão quanto à origem, procedência, natureza, composição ou qualidade desses produtos farmacêuticos. Os interessados puderam apresentar sugestões e contribuições ao tema. • http://portal.an isa.go .br

BOAS EXPECTATIVAS

Durante o 2º Encontro Febrafar 2013, realizado no mês de setembro, o consultor sênior do IMS Health, Maurício Cepeda, apresentou um estudo que revela estatísticas sobre a situação atual do setor e as perspectivas para os próximos anos. De acordo com estudos realizados pela consultoria, a expectativa é a de que o setor farmacêutico brasileiro chegue a faturar R$ 100 bilhões em 2018 e torne-se o quarto maior mercado mundial. • www.febrafar.com.br • www.imshealth.com

REVISTA REVISTA GUIA DE GUIA FARMÁCIA DE FARMÁCIA 20,5x13,5.pdf 20,5x13,5.pdf 1 13/09/2013 1 13/09/2013 15:58:30 15:58:30 REVISTA GUIA DE FARMÁCIA 20,5x13,5.pdf 1 13/09/2013 15:58:30

LEVE LEVEPARA PARASUA SUAFARMÁCIA. FARMÁCIA. LEVE PARA SUA FARMÁCIA.

Vit. A Vit. A Vit. Vit. B1 Vit. A B1 Vit.Vit. B2 B1 Vit. B2 Vit.Vit. B5 B2 Vit. B5 Vit.Vit. B6 B5 Vit. B6 Vit. Vit. B12Vit. B6 B12 Vit.Vit.C B12 Vit. C Vit. D3 Vit. Vit. C D3 Vit.Vit. E D3Vit. E Vit. K1 Vit. Vit. E K1 ÁCIDO FÓLICO ÁCIDO Vit. K1 FÓLICO BIOTINA BIOTINA ÁCIDO FÓLICO CÁLCIO CÁLCIO BIOTINA COBRE COBRE CÁLCIO CROMO CROMO COBRE FERRO FERRO CROMO IODO IODO FERRO MAGNÉSIO MAGNÉSIO IODO MANGANÊS MANGANÊS MAGNÉSIO MOLIBDÊNIO MOLIBDÊNIO MANGANÊS NICOTINAMIDA NICOTINAMIDA MOLIBDÊNIO SELÊNIOSELÊNIO NICOTINAMIDA ZINCO ZINCO SELÊNIO ZINCO

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Os produtos Os produtos da linha da Vitgold, linha Vitgold, de acordo de acordo com acom a PRODUTOS PRODUTOS determinação da ANVISA (RDC-44/2009), (RDC-44/2009), são asão Os determinação produtosda daANVISA linha Vitgold, de acordo com PRODUTOS Medicamentos registrados registrados na classe na classe de alimentos de alimentos começando começando determinação da ANVISA (RDC-44/2009), são Medicamentos Cosméticos Cosméticos com os com numerais os numerais 4, 5 e/ou 4, 6, e/ou portanto, 6, portanto, podempodem Medicamentos registrados na classe de5alimentos começando Saneantes Saneantes ficar expostos ficar expostos no autoatendimento no das farmácias daspodem farmácias Cosméticos com os numerais 4, autoatendimento 5 e/ou 6, portanto, Alimentos Alimentos e ficar drogarias eexpostos drogarias aonoalcance ao alcance do consumidor, do das consumidor, ao ao Saneantes autoatendimento farmácias Produtos Produtos para Saúde para Saúde contrário contrário dos medicamentos. dos medicamentos. Alimentos e drogarias ao alcance do consumidor, ao Produtos para Saúde contrário dos medicamentos.

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DISPONÍVEL DISPONÍVEL NAS PRINCIPAIS NAS PRINCIPAIS REDESREDES DE FARMÁCIAS, DE FARMÁCIAS, DROGARIAS DROGARIAS E LOJAS E LOJAS DE PRODUTOS DE PRODUTOS NATURAIS. NATURAIS. DISPONÍVEL NAS PRINCIPAIS REDES DE FARMÁCIAS, DROGARIAS E LOJAS DE PRODUTOS NATURAIS. Gestantes, Gestantes, nutrizesnutrizes e crianças e crianças até 3 (três) até anos, 3 (três)somente anos, somente devem devem consumir consumir estesnutrizes produtos esteseprodutos sob orientação sob do nutricionista do somente nutricionista ou médico. ou médico. Gestantes, crianças até 3orientação (três) anos, devem Consumir Consumir os produtos produtos conforme aorientação ingestão a ingestão diária constante diária constante consumir estesosprodutos sobconforme do nutricionista ou médico. na embalagem. na embalagem. NÃO CONTÉM NÃO CONTÉM GLÚTEN GLÚTEN Consumir os produtos conforme a ingestão diária constante na embalagem. NÃO CONTÉM GLÚTEN Produto isento Produtodaisento obrigatoriedade da obrigatoriedade de registro deconforme registro conforme RDC nº 27/2010. RDC nº 27/2010. Produto isento da obrigatoriedade de registro conforme RDC nº 27/2010.

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OPORTUNIDADE PARA TRAINEE

A Brasil Pharma abriu inscrições para o Programa de Trainee 2014. Os candidatos devem ter concluído o nível superior nas áreas de exatas ou humanas entre dezembro de 2011 e dezembro de 2013 e ter disponibilidade para viagens e mudança de local de trabalho. Os aprovados vão atuar em duas divisões: administração corporativa e operações e vendas. A seleção tem o objetivo de atrair jovens movidos por desafios e com grande vontade de fazer a diferença no mercado de varejo. As inscrições podem ser feitas até 10 de outubro. • www. i atalentos.com.br/brasilpharma

PLATAFORMA ON-LINE

A EMS lançou o canal EMS Genéricos – o genérico da caixa azul na internet. A ferramenta traz entrevistas com médicos de diferentes especialidades, abordando temas relevantes à população em uma linguagem simples e acessível a todos os públicos – jovens, adultos e idosos. Em vídeos curtos, que não ultrapassam quatro minutos de duração, o laboratório procura orientar as pessoas oferecendo dicas de como preservar a saúde a partir da prática esportiva, alimentação equilibrada, além de dar informações sobre a prevenção de doenças. • www.emsgenericos.com.br

FALSIFICAÇÃO DE MEDICAMENTOS Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde detectou a existência de 1,2 mil sites ilegais de venda de medicamentos no País. No mundo todo, cerca de 10% dos medicamentos vendidos são falsos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Os altos preços aliados à falta de recursos para comprar medicamentos de boa procedência são considerados os principais motivos dessa prática perigosa. • www.opas.org.br 20

REESTRUTURAÇÃO INTERNA Depois de mais de um ano à frente da operação do laboratório Multilab, empresa de genéricos do Grupo Takeda, Jun Eguti passa a responder pela diretoria da unidade de negócios de prescrição/ hospitalar da companhia no Brasil. O executivo assumiu o lugar ocupado anteriormente por Renata Campos, que recebeu o desafio de presidir a subsidiária da Turquia a partir de 1º de setembro. O executivo Eduardo Martins assumirá a recém-criada diretoria executiva comercial da Multilab, deixando a área de unidade de negócios OTC da Takeda. Laís Rosin assumirá novas responsabilidades em setembro, quando passou a responder pela diretoria da unidade de negócios OTC da empresa deixando o cargo de diretora de marketing OTC. • www.ta e abrasil.com.br • www.multilab.com.br

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RATING ELEVADO

A agência internacional Fitch Ratings anunciou a elevação do rating (classificação) nacional de longo prazo das farmácias Pague Menos. A rede passou da nota A para a AA. O avanço reflete o desempenho operacional sólido apresentado pela rede nos últimos anos. De acordo com a Fitch, a empresa tem se beneficiado de sua relevante posição no mercado do varejo farmacêutico, particularmente no Nordeste, cujas taxas de crescimento conferem importantes vantagens competitivas. • www.fitchratings.com • www.paguemenos.com.br

NOVA PARCERIA

A InterPlayers, empresa especializada em e-marketplace de saúde, anunciou a entrada da DLM Invista como participante minoritária (25%) no grupo. Gestora especializada em fundos multimercados, de ações e de participações, a DLM investe pelo seu fundo de private equity, o DLM Brasil TI. Para este ano, é esperado um volume de transações de aproximadamente R$ 4 bilhões em medicamentos por meio da plataforma Pharmalink, uma das unidades de negócio da InterPlayers, que reúne cerca de 50 mil farmácias e os maiores laboratórios do País. • www.pharmalin online.com.br • www. lmin ista.com.br

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Cresça. Lucre. Desenvolva. A Desenvolva Consultoria e Treinamento acredita que são as pessoas que fazem o sucesso de um negócio. Por isso, levamos aos profissionais de farmácias, distribuidores e indústrias projetos de capacitação sob medida para cada negócio. A Desenvolva presta consultoria em diversas áreas profissionais:

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ANTENA LIGADA

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA

A Novartis foi homenageada como uma das empresas relevantes para o desenvolvimento do Estado da Bahia e do Brasil. O reconhecimento é fruto do acordo de transferência de tecnologia da farmacêutica para a Fundação Bahiafarma, laboratório público vinculado à Secretaria Estadual da Saúde da Bahia, firmado em dezembro de 2012. O acordo contempla a produção do micofenolato de sódio e everolimo, dois medicamentos indicados para reduzir a rejeição de rim e coração transplantados. O everolimo é ainda indicado para tratamento oncológico. • www.no artis.com.br

BULAS APROVADAS

CONFIANÇA GARANTIDA

A Medley Indústria Farmacêutica venceu pelo quarto ano consecutivo o prêmio Marcas de Confiança Seleções/Ibope, na categoria Laboratório de Medicamento Genérico, com 29% de preferência. O estudo, que está em sua 12ª edição, revela a confiança dos leitores em marcas, instituições e personalidades brasileiras. A pesquisa Marcas de Confiança 2013 contou com 1,5 mil respondentes e a análise dados foi realizada em conjunto com o Ibope Inteligência. • www.me le .com.br • www.selecoes.com.br • www.ibope.com.br 22

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) avaliou 17 medicamentos de uso comum, cuja nova bula já passou pelo aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e concluiu que apenas cinco estão em total conformidade com as exigências. Dos demais, três oferecem bulas no modelo antigo — totalmente irregular — e nove, embora tenham o novo padrão, não cumprem integralmente a regra. A impressão em letra de tamanho maior, o uso de linguagem simples e em formato de perguntas e respostas, como requer a Anvisa desde 2009, aparece em 313 bulas, das quais apenas 94 são de medicamentos alopáticos. • www.i ec.org.br • http://portal.an isa.go .br

NOVO COMANDO Roberto Alvarenga é o novo diretor-geral da farmacêutica da Alemanha Merck Serono para o Brasil, que registrou faturamento de 11,2 bilhões de euros no mundo. O executivo é formado em farmácia e bioquímica pela Universidade de São Paulo, com especialização em finanças e administração por Harvard. A nova liderança terá o papel de ampliar os investimentos, parcerias e desenvolvimento de novos conhecimentos no segmento biofarmacêutico no Brasil. • www.merc .com.br

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TREINAMENTO CONSTANTE

O Conselho Regional de Farmácia do Estado do Paraná (CRF-PR), o Conselho Federal de Farmácia (CFF) e as Associações de Farmacêuticos do Paraná estão promovendo um calendário com cursos que percorrerão diversas cidades do Estado em 2013, buscando promover a atualização do profissional farmacêutico. O objetivo dos treinamentos é promover a capacitação e atualização do profissional farmacêutico em relação à administração básica para farmácias e drogarias, assuntos necessários na rotina do profissional. • www.crf pr.org.br • www.cff.org.br

COMEMORAÇÃO NO COMÉRCIO

Fundada em 1938, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) completou 75 anos em setembro. A entidade oferece apoio a 154 sindicatos patronais filiados, que representam 1,8 milhão de atividades empresariais e respondem por 11% do PIB paulista (4% do PIB brasileiro) e por 5 milhões de empregos. A Federação atua na implantação do Código de Defesa do Consumidor e pelo fim da cobrança da Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira (CPMF). • www.fecomercio.com.br

FATURAMENTO APURADO

NEGÓCIO FECHADO

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, por unanimidade, a aquisição da rede de drogarias do grupo Big Ben pela BR Farma – do Grupo BTG Pactual. Além do varejo e distribuição de produtos farmacêuticos, parte das unidades do Grupo Big Ben oferece serviços de correspondente bancário, comércio de telefones celulares e chips, acessórios de telefonia, alimentos, papelaria, informática e produtos diversos. • www.ca e.go .br • www. rogariasbigben.com.br • www.btgpactual.com 24

O faturamento dos laboratórios nacionais já representa 50% das vendas totais do setor farmacêutico no País, de acordo com dados do IMS Health. É a primeira vez que a receita das fabricantes brasileiras de medicamentos alcança essa participação. No acumulado dos últimos 12 meses até junho, a receita do setor totalizou R$ 47 bilhões. Em 2000, quando os genéricos começaram a despontar no Brasil, as multinacionais reinavam soberanas, com fatia de 75% no mercado brasileiro. • www.imshealth.com

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VALIDADE CLARA A Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados aprovou projeto do Senado (PL 3956/12) que obriga fabricantes e importadores de medicamentos a tornar mais claras as informações sobre data de fabricação e prazo de validade dos medicamentos. A proposta define de que forma essas informações devem estar impressas nas embalagens e rótulos para evitar que produtos vencidos sejam vendidos e consumidos. O texto, que tramita em regime de prioridade e em caráter conclusivo, ainda precisa ser votado em outras comissões. • www.sena o.go .br

RANKING NACIONAL

Segundo levantamento realizado pela IMS Health Brasil entre abril de 2012 e março de 2013, a Prati-Donaduzzi é a indústria farmacêutica que mais vende doses de medicamentos genéricos no Brasil. O estudo mostra ainda que os genéricos representaram 26,3% de todos os medicamentos comercializados no País nesse período, com R$ 11,1 bilhões em vendas e cerca de 28 bilhões de doses vendidas, representando crescimento de mais de 26% em relação às vendas de 2011. Ainda segundo o IMS, os medicamentos genéricos têm apresentando crescimento duas vezes maior que os demais fármacos. • www.imshealth.com • www.prati ona u i.com.br

ALTO POTENCIAL De acordo com o ranking das 250 empresas que mais cresceram no País entre 2010 e 2012, publicado pela Revista Exame, o Grupo Natulab aparece em 23º lugar, sendo a companhia mais bem colocada da Bahia e a segunda do Nordeste, com um crescimento de 173%. O presidente do grupo, Marconi Sampaio, destaca a importância dos colaboradores nesse resultado. “A colocação é fruto do empenho de toda nossa equipe. Conquistamos o respeito de todos e ainda temos muito para crescer. Parabéns a cada colaborador”, ressalta. • www.natulab.com.br

FABRICANTE DE PESO

A Fundação para o Remédio Popular (Furp) “Chopin Tavares de Lima”, laboratório farmacêutico oficial do governo, é o maior fabricante público de medicamentos do Brasil e um dos maiores da América Latina. Em suas unidades – uma em Guarulhos, na Grande São Paulo, e outra na cidade de Américo Brasiliense (SP) –, a empresa produz mais de 70 produtos, entre antibióticos, antirretrovirais, anti-hipertensivos, dermatológicos, imunossupressor, diuréticos e medicamentos para transplantados e controle da diabetes. • www.furp.sp.go .br 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ATUALIZANDO

CATEGORIA

FORTE

ENTRE OS LANÇAMENTOS DO SEGUNDO SEMESTRE, OS GENÉRICOS APARECEM EM GRANDE NÚMERO. ALÉM DISSO, SUPLEMENTOS E PRODUTOS DE NUTRIÇÃO INFANTIL SURGEM COMO ALTERNATIVA DE QUALIDADE DE VIDA

ACETATO DE CIPROTERONA + ETINILESTRADIOL MELCON

ESPINHEIRA SANTA NATULAB

O Grupo Natulab lançou recentemente a Espinheira Santa Natulab ( Maytenus Ilicifolia ), fitoterápico indicado no tratamento de úlceras, má digestão e gastrite. Com apresentação de 380 mg em 45 cápsulas, o medicamento possui um conjunto de substâncias ativas que compõem um fitocomplexo. Esses compostos promovem um efeito protetor da mucosa gástrica, por meio da redução de secreção de ácido no estômago. MS 1.3841.0053.001-5 www.natulab.com.br 28

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Com a política de ampliação da linha de produtos, o laboratório Melcon traz ao mercado o genérico do Diane – 35. Acetato de ciproterona 2 mg + etinilestradiol 0,035 mg é um medicamento indicado para prevenir a gravidez, tratar a acne, distúrbios hormonais e excesso de pelos na mulher. O produto genérico poderá ser encontrado nas apresentações com 21 e 63 comprimidos revestidos. MS 1.5589.0004.001-6 (caixa com 21 compridos) MS 1.5589.0004.003-2 (caixa com 63 compridos revestidos) http://melcon.com.br FOTOS: DIVULGAÇÃO

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VALERATO DE BETAMETASONA + SULFATO DE GENTAMICINA + TOLNAFTATO + CLIOQUINOL NEOQUÍMICA

O medicamento é indicado para o alívio das manifestações inflamatórias das dermatoses (doenças da pele) responsivas aos corticosteroides, quando complicadas por infecção secundária causada por micro-organismos sensíveis aos componentes de sua formulação ou quando há suspeita da possibilidade de tal infecção. MS 1.5584.0009 www.neoquimica.com.br

VITERSOL D

MARJAN FARMA

A vitamina D da Marjan Farma está de cara nova. A marca D-FORT foi substituída por ViterSol D. Outra novidade é o lançamento da apresentação gotas (200ui cada gota), com 20 ml no sabor exclusivo de baunilha com avelã. O grande diferencial de ViterSol D gotas está em sua formulação, que elimina riscos de alergias e utiliza o óleo de arroz. A nova apresentação em gotas também traz o benefício da maior flexibilidade nas doses e um sabor muito agradável facilitando a adesão do consumidor. MS Produto isento de registro, conforme resolução RDC 27/10 www.marjan.com.br

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ATUALIZANDO

FISH OIL PREMIUM ODORLESS SUNDOWN NATURALS

O analgésico contra dores de cabeça do laboratório Teuto agora está disponível em nova apresentação. A novidade é a nova embalagem de Sedalgina com 30 drágeas. O produto, que possui mucato de isometepteno, dipirona sódica e cafeína como princípios ativos, é indicado como analgésico, antiespasmódico e no tratamento de enxaquecas leves.

Chega ao mercado nacional a nova fórmula de Fish Oil Premium, com maior concentração do ômega 3 de cadeia longa – tipo de gordura polinsaturada encontrada em animais marinhos de água fria – e revestimento especial que minimiza a liberação de odor no estômago. O produto auxilia na manutenção dos níveis saudáveis de triglicerídeos no sangue, no desenvolvimento e funcionamento do sistema nervoso e, também, ajuda a prevenir inflamações, artrite e o envelhecimento precoce.

MS 1.0370.0480.003-0 www.teuto.com.br

MS 6.2097.0005 www.sundownvitaminas.com.br

SEDALGINA TEUTO

MOTORE ACHÉ

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o registro do fitoterápico Arpynflan (Harpagophytum procumbens), popularmente conhecido como Garra do Diabo. Com apresentação de 450 mg em 30 comprimidos revestidos, o medicamento é um anti-inflamatório indicado no tratamento de quadros reumáticos acompanhados de dores como: artrite, artrose e lombalgia (dor nas costas).

O Aché traz mais um medicamento inovador baseado na natureza: Motore, fitomedicamento voltado para tratamento osteoartrite (OA), cuja ação é antiinflamatória e antioxidante de longo prazo. Motore tem como princípio ativo a Curcuma longa, agente corante amarelo característico da raiz do açafrão da terra, sendo que seu extrato seco contém um conjunto de substâncias (chamados curcuminoides) que inibem a dor e inflamação. Com isso, Motore torna-se uma opção terapêutica eficaz e segura para ortopedistas e reumatologistas.

MS 1.3841.0057.001-7 www.natulab.com.br

MS 1.0573.0442 www.ache.com.br

ARPYNFLAN HARPAGOPHYTUM PROCUMBENS NATULAB

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PERMETRINA

PRATI-DONADUZZI

O portfólio de genéricos da PratiDonaduzzi acaba de ganhar mais um produto. Trata-se da Permetrina, cuja referência é o Kwell da Glaxosmithkline. O medicamento é indicado para combater a infestação de piolhos e lêndeas e está disponível na apresentação de 10 mg/g x 60 ml na forma de loção. Contraindicado para pacientes com hipersensibilidade conhecida aos componentes da fórmula. Não deve ser utilizado em crianças menores de 2 anos.

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NUTRIGER ANTI-OXI GERMED

Nutriger Anti-Oxi chegou para incrementar a linha de Nutricosméticos Nutriger. Com ativos selecionados e uma composição atrativa, o produto traz um novo conceito de tratamento antioxidante em cápsulas no Brasil. O produto reúne em sua composição modernos nutrientes antioxidantes que protegem a pele do envelhecimento celular, aumenta a hidratação e a elasticidade da pele, além de proteger contra os danos causados pela exposição solar. MS 5.7949.0678.001-2 www.nutriger.com.br

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ATUALIZANDO

TOPIT MEDLEY

ACETILCISTEÍNA TEUTO

O laboratório Teuto disponibiliza ao mercado farmacêutico mais um medicamento genérico. A novidade, que possui a acetilcisteína como princípio ativo, possui propriedade expectorante e está disponível na forma farmacêutica de xarope, nas concentrações de 20 mg/ml (uso pediátrico) e 40 mg/ml (uso adulto). O medicamento é indicado para fluidificar as secreções produzidas nos pulmões, facilitando sua eliminação das vias respiratórias.

Chega ao mercado nacional o anticonvulsivante Topit Topiramato. Com cartelas de 30 e 60 comprimidos revestidos e dosagens de 25 mg, 50 mg e 100 mg, o medicamento é indicado para o tratamento das crises de epilepsia e prevenção da enxaqueca. Conta com uma posologia cômoda em relação a outros anticonvulsivantes, sendo administrado em duas tomadas diárias. É indicado para adultos e crianças. MS 1.0181.0621.002-3 (24 meses/25 mg com REV CT BL AL/ALx30) www.medley.com.br

MS 1.0370.0580.013-1 (adulto) MS 1.0370.0580.003-4 (pediátrico) www.teuto.com.br

CARTOLIFE

BARIVIT

Um produto à base de óleo de cártamo, vitamina E e ácidos graxos essenciais – linoleico (70%) e oleico (20%). Ele acelera o metabolismo acarretando na perda de gordura, aumento da tonicidade muscular, auxílio na redução do apetite e na regularização do LDL (colesterol ruim) e triglicérides. É um antioxidante natural, que age em mulheres com tensão pré-menstrual.

A farmacêutica nacional traz com exclusividade o BariVit, suplementação vitamínico-mineral específica para os pacientes de pós-cirurgia bariátrica. A fórmula reúne as vitaminas e minerais que são recomendados pelos Guidelines das Sociedades Médicas Americanas, proporciona uma melhor adesão do paciente à suplementação nutricional e oferece conforto e comodidade posológica com apenas dois comprimidos ao dia.

NATURELIFE

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VAREJO

Profissionais

competentes?

T

SÓ PERMANECERÁ NO MERCADO QUEM ESTIVER PREOCUPADO EM TREINAR E ATUALIZAR SEUS COLABORADORES PERMANENTEMENTE

SILVI A O S S O Palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo. É autora dos livros Atender Bem Dá Lucro, Programa Prático de Marketing para Farmácias e Administração de Recursos Humanos para Farmácias E-mail siosso@uol.com.br 34

Tempos difíceis esses em que as vendas sofrem concorrência e o consumo não cresce como o mercado gostaria. Em uma recente pesquisa efetuada no varejo sobre o que os clientes esperam dos estabelecimentos comerciais, os consumidores definiram como quesito mais importante o preço (incluindo aqui as formas de pagamento e as facilidades que oferecem). Quando o poder aquisitivo é alto, o grau de importância muda, passando a qualidade e variedade do produto para o primeiro lugar; em segundo lugar, a conveniência, ou seja, a necessidade de se encontrar tudo num mesmo lugar. O terceiro foi para local agradável, bem iluminado e com segurança; o quarto, para atendimento; e o quinto, para promoções. Só permanecerão no mercado empresas (ainda que pequenas) administradas por profissionais empreendedores que estejam preocupados em treinar e atualizar seus colaboradores permanentemente. Para isso é preciso preparar e qualificar os profissionais da equipe, verificando, a princípio, se vale a pena investir neles ou substituí-los, analisando aspectos importantes como: Possuem talento? Têm uma dose de inconformismo diante das atividades rotineiras para transformar ideias simples em negócios efetivos e lucrativos. Conhecem ou se esforçam para conhecer o ramo? Quanto mais se domina o ramo, maiores serão as chances de êxito. Se eles não tiverem muito conhecimento sobre o ramo, mas tiverem vontade, deverão ser treinados. Têm disposição para

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assumir riscos? Os riscos fazem parte de qualquer atividade e é preciso aprender a administrá-los. Têm capacidade para aproveitar as oportunidades? É necessário estarem atentos, sendo capazes de perceber, no momento exato, as oportunidades de negócio que o cliente está exigindo. Sabem organizar? Têm senso de organização e capacidade de utilizar recursos humanos, materiais e financeiros de forma lógica e racional. A capacidade de organização facilita o trabalho e economiza tempo e dinheiro. São capazes de tomar decisões? Decidem acertadamente e no momento certo, estando bem informados, analisando friamente a situação, avaliando as opções e escolhendo a solução mais adequada. Têm liderança? Sabem definir objetivos, orientar a realização de tarefas, combinar métodos e procedimentos práticos, incentivar pessoas, produzir condições de relacionamento equilibrado entre a equipe de trabalho e a missão do empreendimento. Mantêm o otimismo? Têm sempre a vontade de ver seus próprios projetos realizados, porque possuem confiança no próprio desempenho profissional. São independentes? Sabem determinar seus próprios passos, abrir seus próprios caminhos, decidir o rumo de sua vida e, principalmente, sabem o que querem ser. Se você não identifica essas qualidades em seus colaboradores, prepare-se para fazer a substituição deles o quanto antes. Se identificar, comece imediatamente a treiná-los e a investir em suas carreiras. FOTO: DIVULGAÇÃO

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QUAL O LIMITE PARA SE DEMITIR UM FUNCIONÁRIO? 36

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? ??

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Equilíbrio

M A R C E L O C R I S T I A N R IB EIR O

Sócio-diretor da Desenvolva Consultoria e Treinamento www.desenvolvaconsultoria.com.br contato@desenvolvaconsultoria.com.br

é o ideal

E

POSSUIR UM LIMITE DE TOLERÂNCIA, SE ESFORÇAR, CRIAR PRÁTICAS DE TREINAMENTO, DESENVOLVIMENTO, CORREÇÃO, COACHING E, CASO NÃO HAJA RESPOSTA, REALIZAR A DEMISSÃO

Em relação à demissão de funcionários, existem dois modos de agir das empresas: algumas não demitem o funcionário por algum motivo, enquanto outras demitem por qualquer motivo. A demissão envolve diversos fatores, desde emocionais até os fatores ligados a gestão, custo e administração da empresa. Aquelas que demoram muito para tomar a decisão de se demitir baseiam-se no alto custo do cumprimento dos direitos daquele que será demitido, além do forte vínculo estabelecido com o profissional. Outras, no entanto, são práticas demais, fazendo com que o turnover na empresa seja elevado, não tolerando nenhum erro e demitindo a cada desagrado. Contudo, a prática diz que o equilíbrio é o ideal. Possuir um limite de tolerância, se esforçar, criar práticas de treinamento, desenvolvimento, correção, coaching e, caso não haja resposta, realizar a demissão. Para chegar nesse equilíbrio, o importante é fixar as regras, o que não é negociável, os limites de tolerância e em quais ocasiões serão possíveis recuperar o funcionário. Essas regras orientadoras são postas nos manuais operacionais, reuniões e comunicados aos funcionários. Veja a seguir, alguns exemplos que auxi-

liam na condução do limite da demissão. O que fazer quando: • Funcionário desrespeita regras da empresa (horários, uniforme, políticas empresa). • Desrespeito ao cliente ou desrespeito a outros colaboradores. • Quando não trabalham em equipe. • Discussões e caso de insubordinação. • Baixa performance. A advertência escrita é um excelente mecanismo e regulamentado dentro das empresas. A farmácia pode estipular que três advertências geram a demissão. Essa regra não serve para casos graves como roubo, que o proprietário pode até perdoar, mas a empresa necessita demitir. A farmácia deve transmitir toda essa cultura na contratação do novo colaborador. Ele ingressará na companhia sabendo das regras e sendo orientado que descumprir as regras gera consequências. Sendo assim, os fatores emocionais que são extremamente importantes estarão sujeitos a diretrizes, facilitando nos limites para se demitir o funcionário. Bem como, gerará na liderança um esforço para corrigir o funcionário que pode ser modificado para que produza mais. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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NEGÓCIOS

Parceria Público-

-Privada inédita

O GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO IRÁ AMPLIAR A OFERTA DE MEDICAMENTOS NA REDE PÚBLICA DE SAÚDE BRASILEIRA P O R L Í G I A FAV O R ETTO 38

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A

A empresa farmacêutica EMS venceu o processo de licitação para firmar uma Parceria Público-Privada (PPP) com a Fundação para o Remédio Popular (Furp) de Américo Brasiliense (SP). Com o acordo, a Furp projeta, dentro de dois anos, aumentar em 740% sua produção, partindo das atuais FOTOS: SHUTTERSTOCK

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NEGÓCIOS

FURP EM NÚMEROS • Inauguração: 9 de março de 1974 (39 anos). • Área construída: Guarulhos: 41 mil m2. Américo Brasiliense: 27 mil m2. • Portfólio: mais de 70 produtos. • Processo de transferência de tecnologia: 13 parcerias. • Produção: 1,5 bilhão de unidades farmacotécnicas (UFs)/ano. • Funcionários: 1.018 (Guarulhos) e 45 (Américo Brasiliense). • Programa Dose Certa: mais de 21 bilhões de UFs distribuídas (1995 – 2013). • Farmácia Dose Certa: 17 postos – mais de 170 milhões de UFs (2007 – 2012). • Logística SES: 837 toneladas de medicamentos armazenadas e distribuídas no ano de 2012. • Clientes: aproximadamente 6 mil.

150 milhões para 1,26 bilhão de unidades fabricadas anualmente. A parceria deverá ampliar, também, o número de princípios ativos (fármacos) de medicamentos produzidos. Estima-se que passe de 70 para 166 — um aumento de 140%. A contratação da PPP será na modalidade de concessão administrativa pelo prazo de 15 anos e com investimentos privados da ordem de R$ 130 milhões nos cinco primeiros anos. Com uma posição estratégica nas políticas públicas de saúde do Estado paulista, a Furp “Chopin Tavares de Lima” é o laboratório farmacêutico oficial do governo que se dedica ao desenvolvimento, produção, distribuição e fornecimento de produtos médicos para a população. A fundação, vinculada à Secretaria da Saúde, é o maior fabricante público de medicamentos do Brasil e um dos maiores da América Latina, produzindo antibióticos, antirretrovirais, anti-hipertensivos, dermatológicos, imunossupressores, diuréticos e medicamentos para transplantados e controle de diabetes.São duas unidades: uma em Guarulhos, na Grande São Paulo, e outra na cidade de Américo Brasiliense. Neste ano, a fundação assinou três novas parcerias com laboratórios privados por meio de Parcerias de Desenvolvimen40

to Produtivo (PDPs), que resultarão na transferência de tecnologia para produção de medicamento contra o mal de Alzheimer e dois produtos médicos para procedimentos no tratamento de AVC e deficiência auditiva. Segundo o presidente da Concessionária Paulista de Medicamentos (CPM), Jorge Coelho, se trata de um projeto inovador para a EMS, o que reafirma a posição de pioneirismo e ousadia da empresa. Além disso, enquadra-se na missão e perfil estratégico da EMS, que sempre foi o de possibilitar à população maior acesso a medicamentos de qualidade. A EMS é reconhecida em todo o mercado pelo seu pioneirismo e ousadia, principais características do laboratório. A empresa está constantemente em busca de novas soluções e desenvolvimento de melhores produtos, e assim tem sido desde a fundação do laboratório. A companhia foi pioneira na produção e comercialização de medicamentos genéricos no Brasil, em 2000, e a primeira farmacêutica brasileira a exportar medicamentos para a Europa, em 2005. Além disso, no início de 2013, criou a Brace Pharma, empresa com base dos Estados Unidos voltada para inovação radical. Com essa iniciativa, a EMS é a primeira companhia brasileira a apostar no merca-

CPM E A FURP ESTABELECERÃO UM CRONOGRAMA PARA OBTENÇÃO DOS REGISTROS DOS MEDICAMENTOS. APÓS A CONCESSÃO DOS REGISTROS, A FURP ESTABELECERÁ O PLANO DE PRODUÇÃO DE ACORDO COM A SUA DEMANDA. A PREVISÃO É DE QUE SEJAM PRODUZIDOS, NO MÍNIMO, 96 NOVOS REGISTROS

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A FURP RECEBERÁ TECNOLOGIA DA EMS, TORNANDO-SE MAIS COMPETITIVA E PODENDO ALCANÇAR SUA PLENA OPERAÇÃO, O QUE RESULTARÁ NA PRODUÇÃO ANUAL DE CERCA DE 1,26 BILHÃO DE UNIDADES FARMACOTÉCNICAS do de inovação radical nos EUA, que contribui com mais de 70% do desenvolvimento de medicamentos inovadores no mundo. De acordo com Coelho, uma das principais vantagens da PPP é a transferência de tecnologia da empesa parceira para a fábrica estatal, que tornará a Furp o laboratório público com a maior e mais abran-

gente lista de produtos genéricos do Brasil. “O processo de implantação da gestão seguirá as diretrizes fixadas no edital de licitação e terá início imediato. A gestão da fábrica seguirá padrões de uma indústria privada, mas com parâmetros de qualidade e desempenho definidos pela Furp.” 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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NEGÓCIOS

A FUNDAÇÃO, VINCULADA À SECRETARIA DA SAÚDE, É O MAIOR FABRICANTE PÚBLICO DE MEDICAMENTOS DO BRASIL E UM DOS MAIORES DA AMÉRICA LATINA, PRODUZINDO ANTIBIÓTICOS, ANTIRRETROVIRAIS, ANTI-HIPERTENSIVOS, IMUNOSSUPRESSORES, DIURÉTICOS E MEDICAMENTOS PARA TRANSPLANTADOS E CONTROLE DE DIABETES Segundo informa o executivo, a CPM é a empresa responsável pela gestão da produção, pelo desenvolvimento e obtenção dos registros, pelo investimento no parque fabril e pela venda dos medicamentos à Furp, que é responsável pela venda/distribuição dos medicamentos ao mercado (público ou filantrópico), inclusive para outros entre federativos (como Estados, municípios, governo federal, santas casas e sindicatos). “Sem dúvida, trata-se de um grande avanço para o País, porque ampliará o acesso da população a medicamentos de qualidade. A EMS está sempre atenta a movimentações de mercado que possam revelar sua grandeza e que ofereçam oportunidades de crescimento. A parceria com o governo brasileiro, em qualquer nível de jurisdição, será sempre analisada e aproveitada, caso esteja alinhada às estratégias da empresa”, revela Jorge Coelho.

OPERAÇÃO NA PRÁTICA A Furp receberá tecnologia da EMS, tornando-se mais competitiva e podendo alcançar sua plena operação, o que resultará na produção anual de cerca de 1,26 bilhão de unidades farmacotéc42

nicas. Os investimentos do novo parceiro serão em infraestrutura e equipamentos para os laboratórios de controle de qualidade e desenvolvimento farmacotécnico; registro dos produtos; instalação dos almoxarifados, áreas administrativas e rede de tecnologia da informação; validação e certificação da planta de produção; e, finalmente, a operação da planta de produção”, explica o superintendente da Furp, Dr. Flávio Vormittag. A expectativa é de que, no máximo, em dois anos de assinatura, a fábrica esteja funcionando sob essa nova modalidade. Jorge Coelho explica que a EMS constituiu uma nova empresa, a CPM, que será a companhia responsável pela gestão completa da unidade fabril, bem como responsável por investimentos em P&D. Há uma sequência de fases que deverão ser realizadas, haverá um Termo de Transferência de passe da unidade de Américo Brasiliense, um cronograma de obras a ser cumprido, adequações que serão realizadas na fábrica etc. “A CPM e a Furp estabelecerão um cronograma para obtenção dos registros dos medicamentos. Após a concessão dos registros, a Furp estabelecerá o plano de produção de acordo com a sua demanda. A previsão é de que sejam produzidos, no mínimo, 96 novos registros.” O executivo revela que, para apresentação da proposta na licitação, a EMS fez diversos estudos econômicos, financeiros e técnicos que demonstravam a viabilidade do percentual de descontos ofertados. Os colaboradores serão contratados pela CPM, que será responsável pela gestão da fábrica. Haverá geração de, aproximadamente, 500 empregos diretos e indiretos. “O prazo-limite para início da fabricação dos medicamentos na Furp, sob a gestão da CPM, é de dois anos, contados a partir da assinatura do Termo de Transferência de posse. Após essa data, a fabricação seguirá conforme determinação do plano de produção, anualmente elaborado pela Furp.” O superintendente da Furp comenta que, quando a fundação atingir seu nível máximo de produção, ou seja, três turnos, poderá oferecer medicamentos a outros Estados, e não mais apenas para São Paulo, sempre de forma gratuita.

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Ungido

da vez PRESTES A DEIXAR O MINISTÉRIO DA SAÚDE PARA CONCORRER AO GOVERNO DE SÃO PAULO, ALEXANDRE PADILHA GANHA NOTORIEDADE POR RODRIGO R ODRIGUES

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Alvo da maior polêmica envolvendo profissionais da saúde dos últimos anos no Brasil, Alexandre Rocha Santos Padilha foi declarado recentemente persona non grata pela Associação Médica Brasileira (AMB) e pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) por defen-

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der e executar a contratação de médicos estrangeiros por meio do programa Mais Médicos, do governo federal. Médico por formação, o atual ministro da Saúde há tempos anda em arranca-rabo com os profissionais do setor. O estranhamento começou depois que Padilha sugeriu à preFOTOS: SHUTTERSTOCK/ ERASMO SALOMÃO (ASCOM/MS)

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sidente Dilma Rousseff o veto parcial à Lei do Ato Médico. Pela proposta aprovada no Congresso Nacional, era de competência exclusiva dos médicos a aplicação de injeções, a indicação de próteses e órteses e o diagnóstico e tratamento de qualquer tipo de doença no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Entidades de representação de enfermeiros, psicólogos e fisioterapeutas defendiam o veto, que fora acatado pela presidente Dilma no ato da publicação da lei. Era a pá de cal que faltava para azedar as relações do ministro com a classe médica, que já clamava por mais recursos para o setor, melhores condições de trabalho e plano de carreira no SUS, além de considerar essencial a manutenção do artigo da lei que mantinha exclusivamente sob a égide dos médicos o diagnóstico, acompanhamento e indicação de tratamento para qualquer doença. A relação, que já era ruim, tornou-se ainda pior quando o governo enviou ao Congresso a proposta de Medida Provisória que autoriza a contratação e o registro de médicos estrangeiros para atuação emergencial no Brasil, sem a necessidade de realização do Revalida, que é a prova exigida pelo Conselho Federal de Medicina para que qualquer profissional médico possa atuar no Brasil. Mais uma vez as entidades médicas foram às ruas, organizaram protestos com fotos do ministro em caixões e promoveram intenso bate-boca nas TVs e rádios. Acabaram vencidos pela máquina de propaganda estatal, que ganhou corações e mentes e colocou a maioria dos brasileiros ao lado dos médicos estrangeiros – especialmente os cubanos, que foram alvo de hostilidade, frases de ódio e vaias, após desembarcarem em Fortaleza (CE).

DESAVENÇAS SUPERADAS Vencida a guerra midiática, Padilha transformou-se no nome preferencial do Partido dos Trabalhadores (PT) para disputar o governo do mais rico Estado do Brasil em 2014. Governado pelo PSDB há quase 24 anos, o Estado de São Paulo é considerado o último grande reduto eleitoral intransponível ao PT no País, mesmo depois de eleger Lula, Dilma Rousseff e Fernando Haddad. Mesmo antes do bate-boca público a respeito do Mais Médico e do Ato Médico, Padilha já contava com simpatia de setores do PT e do próprio ex-presidente Lula, de quem foi ministro das Relações Institucionais, o homem que dá a última 46

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O GRANDE TRABALHO DE PADILHA NA RETA FINAL DO GOVERNO LULA FORA O DE AJUDAR A VIABILIZAR OS PALANQUES DA FUTURA PRESIDENTE NOS ESTADOS E FORMAR UM GRANDE LEQUE DE ALIANÇAS. TAREFA QUE NÃO FOI DIFÍCIL ENFRENTAR, ESPECIALMENTE PELO MINISTRO TER UM CHEFE CARISMÁTICO, QUE GOZAVA DE POPULARIDADE ACIMA DE 80% palavra sobre todos os assuntos do partido hoje. “É um nome que sempre foi lembrado dentro do PT, mas que esbarrava na força dos outros candidatos internos e no desconhecimento da população”, diz o deputado estadual Antonio Mentor, membro da executiva estadual do PT em São Paulo. Acontece que, depois de eleger Dilma Rousseff a primeira presidente mulher do País, Lula e o marqueteiro do PT, João Santana, começaram a bater na tecla fixa da necessidade de apresentar nomes novos para a população, assim como fora a presidente Dilma, eleita mesmo sendo completa desconhecida dos brasileiros um ano antes da eleição e sem nunca ter encarado as urnas na vida. Na visão de Santana, que hoje impera no PT, o candidato tinha que ser alguém jovem, com boa formação e trânsito na classe média, fora da briga política e do “toma lá, dá cá” do parlamento, como fora Dilma antes de ser eleita. O balão de ensaio e a contraprova dessa nova fórmula implantada no Partido dos Trabalhadores aconteceu com a eleição do desconhecido Fernando Haddad a prefeito de São Paulo, no ano passado. Ex-ministro da Educação, ele saiu de 3% das intenções de voto no mês de janeiro e se tornou o grande vitorioso do segundo turno, travando uma guerra mortal com o então candidato do PSDB, José Serra, que tinha a

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seu favor o peso de ter sido candidato à Presidência duas vezes, prefeito e governador de São Paulo.

EXPANSÃO MIDIÁTICA Dadas as condições políticas e a exposição midiática, o nome de Alexandre Padilha como candidato ao governo de São Paulo emergiu quase naturalmente dentro do PT, já que, nas cinco últimas eleições, o partido não tem conseguido repetir um mesmo candidato no Estado sequencialmente (tentou Erundina, Marta, José Genoino e Aloizio Mercadante duas vezes). Além de estandarte de ouro da política, São Paulo é considerado o Estado-chave para decidir a eleição presidencial em 2014 e selar uma eventual reeleição de Dilma. “Padilha é novo, bem humorado e tem ideias arejadas. Mostrou coragem ao enfrentar a corporação dos médicos e pode ser uma boa alternativa para a turma do PSDB que está aí há tanto tempo, fazendo conchavos com empresas e montando cartéis à margem da lei”, diz o presidente estadual do PT de São Paulo, Edinho Silva. Porém, os obstáculos que podem atrapalhar o sonho do ministro em governar o Palácio dos Bandeirantes não são suas qualidades e ações, mas justamente a falta delas. “Durante o período que ele está no governo, o ministro não reajustou a tabela SUS, não melhorou a relação com as Santas Casas e Beneficências Portuguesas, não aumentou o programa Saúde da Família, porque jogou mais ônus para os Estados e municípios e tirou dinheiro da saúde. Quando o PT assumiu o poder, o governo federal bancava 55% do bolo da saúde, 45% de Estados e municípios. Hoje é o inverso, e o governo federal caiu fora com 10%. São atos de gestão que não foram bons para a saúde do Brasil e o atual ministro é diretamente responsável por isso”, argumenta o deputado federal e presidente estadual do PSDB-SP, Duarte Nogueira.

TRAJETÓRIA POLÍTICA Titular da pasta da Saúde desde o início do governo Dilma, Padilha foi alçado ao cargo por ser considerado um nome técnico e por já ter trabalhado como assessor da presidente durante a gestão dela como ministra-chefe da Casa Civil de Lula, na qual ele era sub-chefe de assuntos federativos da pasta. Habilidoso, sempre muito simpático e com bom trânsito no PT, foi transferido para a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do governo 48

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Luiz Inácio, na qual José Múcio era o titular. Em setembro de 2009, o então presidente da república indicou Múcio para assumir a vaga de conselheiro do Tribunal de Contas da União (TCU), abrindo vaga para o novato Padilha. O grande trabalho de Padilha na reta final do governo Lula fora o de ajudar a viabilizar os palanques da futura presidente nos Estados e formar um grande leque de alianças. Tarefa que não foi difícil enfrentar, especialmente pelo ministro ter um chefe carismático, que gozava de popularidade acima de 80%, “que nunca antes na história deste País” tinha tido relações tão boas com os caciques partidários e a base de apoio, e que só pensava em fazer a sucessora a qualquer custo. Com a vitória de Dilma Rousseff, Padilha foi anunciado ministro da Saúde na segunda leva, ao lado de Antonio Palocci (Casa Civil), Orlando Silva (Esporte) e Tereza Campelo (Desenvolvimento

Alexandre Padilha é alvo de críticas por coisas que deixou de fazer 50

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Social). O médico infectologista tinha agora a missão de administrar o maior orçamento da Esplanada dos Ministérios e substituir José Gomes Temporão, do PMDB, que foi o titular da pasta durante boa parte do governo Lula, ajudando a criar programas como Aqui tem Farmácia Popular e Farmácia Popular do Brasil. A poucos dias de deixar o Ministério da Saúde para alcançar solos mais altos, Padilha ainda é alvo de críticas por coisas que deixou de fazer no ministério. Entre os executivos do mercado de varejo farmacêutico, por exemplo, é criticado por não liderar mudanças importantes no setor. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira das Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto, o ministro não conseguiu conduzir adequadamente as discussões sobre a Emenda 29, que garantiria mais recursos para a saúde e foi regulamentada pela presidente Dilma com 15 vetos no projeto aprovado no Congresso Nacional. “Porém, a meu ver, o Brasil tem tanto recurso para a saúde quanto os vizinhos Chile, México ou Uruguai. O problema é que a gente gasta mal, porque tem uma estrutura mal costurada e mal definida. Uma estrutura que é tripartite, como eles dizem, na qual a União, os Estados e municípios participam, e, obviamente, que cada gestor, em cada município do País, tem uma visão diferente (do setor)”, argumenta Mena Barreto. “Não dá para culpar o Padilha pelo Brasil não ter avançado na saúde. É um ministro que tem boa intenção. Mas falta uma conversa nacional para que a saúde vire realmente prioridade nas três esferas de governo”, completa.

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VENCIDA A GUERRA MIDIÁTICA, PADILHA TRANSFORMOU-SE NO NOME PREFERENCIAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT) PARA DISPUTAR O GOVERNO DO MAIS RICO ESTADO DO BRASIL EM 2014. GOVERNADO PELO PSDB HÁ QUASE 24 ANOS, O ESTADO DE SÃO PAULO É CONSIDERADO O ÚLTIMO GRANDE REDUTO ELEITORAL INTRANSPONÍVEL AO PT NO PAÍS, MESMO DEPOIS DE ELEGER LULA, DILMA ROUSSEFF E FERNANDO HADDAD Apesar das críticas, o representante da Abrafarma aponta aspectos positivos da gestão de Alexandre Padilha no Ministério da Saúde. Na opinião do executivo, a pasta conseguiu avanços significativos na gestão do Programa Saúde da Família, na Saúde Oral e até em conquistas no programa Aqui tem Farmácia Popular. “É um legado tímido para o tamanho dos desafios que nós temos no Brasil. Enquanto não tiver uma conversa conjunta, com ações específicas e novo plano para atacar os problemas, não vai ter ministro ou governo novo que entre que faça o Brasil avançar mais nessa área”, pontua Mena Barreto. Na visão do diretor-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan), Geraldo Monteiro, o período que Padilha permaneceu até aqui à frente do ministério da Saúde não possibilitou fazer uma avaliação ampla da gestão, já que outros ministros que passaram pela pasta, como José Serra e José Gomes Temporão, ficaram pelo menos o dobro do tempo. Monteiro aponta, contudo, avanços no programa Aqui tem Farmácia Popular que foram importantes nos últimos anos para o mercado varejista. “Não sei se o ministro anterior deixou o plano pronto antes, mas a inclusão de novos medicamentos e o aumento da gratuidade beneficiaram muita gente. Nunca um governo atende todas as necessidades do mercado. De qualquer forma, foi um ministro que abriu as portas para avanços importantes no diálogo com o mercado”, afirma. “O programa está beneficiando muita gente, mas precisa melhorar muitos aspectos burocráticos”, sugere. O presidente da Associação Brasileira dos Farmacêuticos Proprietários de Farmácias do Brasil (AFPFB) e empresário do grupo Farma & Farma, Rinaldo Ferreira, lembra que a saúde é uma das principais reivindicações dos brasileiros que ocuparam as ruas nos protestos de junho no País e que, historicamente, os ministros que estão na pasta não conseguem resolver, a exemplo de Padilha. Na opinião dele, o 52

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ministro também não se empenhou o suficiente para um acordo nacional de desoneração dos medicamentos do Aqui tem Farmácia Popular, promessa que ele mesmo fez nos jornais. “É uma dívida que ele vai levar e que, caso ganhe, será cobrada dele como governador”, avisa Ferreira.

OBSTÁCULOS Para ser candidato de fato dentro do PT, Padilha ainda precisa vencer resistências dentro do partido, segundo o deputado Paulo Teixeira. Na visão do líder do partido, no cargo de ministro das Relações Institucionais, ele construiu um conjunto de boas relações com muitos prefeitos pelo Brasil e em São Paulo, o que o torna o nome mais forte nesse momento dentro da legenda, desbancando nomes fortes como os também ministros Aloizio Mercadante (Educação) e Marta Suplicy (Cultura). “Mas ele tem que vencer um estágio que ainda é colocar o Mais Médico na rua por completo. Isso ainda não aconteceu. Ele tem muitas qualidades, mas tem ainda essa questão muito séria para resolver antes de se discutir o nome dele”, aponta. Teixeira diz que o Mais Médicos é um legado positivo e uma marca que o ministro deixa na Saúde, mas afirma que a gestão de Padilha à frente da pasta deixou a desejar no que diz respeito a novas formas de financiamento para o setor: “Pensar como financiar a saúde não é um problema do ministro, mas um problema do País. O financiamento está aquém do que o Brasil precisa e é preciso pensar sobre isso”, argumenta o petista.

SUBSTITUTO Além do dilema de escolha do candidato, o PT tem ainda o problema de um substituto para o ministro da Saúde. Considerada uma pasta estratégica, o partido não quer abrir mão para outra legenda, justamente por conta do programa Mais Médico, que deve ser o carro-chefe de Dilma Rousseff em

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2014. O apetite do PMDB por cargos sempre quis reaver a pasta que antes fora de Temporão. “É uma escolha que cabe apenas a presidente Dilma. Mas o PT pretende defender o legado de Padilha e os projetos em andamento, porque sabemos que é uma questão estratégica de governo”, avisa o deputado Antonio Mentor. Nos bastidores não se sabe ainda quem será o substituto de Padilha. O nome mais forte que apareceu até agora é o de José de Fillipi Júnior, ex-prefeito de Diadema, em SP, e atual secretário de Saúde da gestão Haddad. Engenheiro civil de formação, ele tem grande trânsito no PT em virtude de ter sido tesoureiro de campanha de Dilma, em 2010, e de Lula, em 2006. “É uma decisão estratégica que a presidente vai tomar ouvindo seu conselho político e levando em consideração a conjuntura do momento”, relata o líder do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino. Nos bastidores, contudo, Padilha defende a substituição pela secretária-executiva da pasta, Marcia Aparecida do Amaral. Além de técnica, ela é a número dois do ministério e goza de grande conhecimento sobre os programas da pas-

ta. Mulher de confiança de Padilha, a apresentação do nome dela estaria intimamente ligada com um desejo antigo da presidente de colocar mais mulheres no comando dos ministérios. O que se fala, contudo, é que Padilha estaria fazendo lobby para indicar a substituta, a fim de assegurar o lugar caso não seja eleito em São Paulo e a presidente garanta mais quatro anos de mandato. “Como qualquer um que ocupa um cargo tão importante, ele não quer perder a vitrine para alçar novos voos”, diz uma fonte do PT. Pelo sim ou pelo não, o certo é que Alexandre Padilha é nome certo no PT porque é ungido e escolhido a dedo por Lula. “Dificilmente o ex-presidente erra nas escolhas. No PT temos ótimos quadros, mas as recentes vitórias nos fazem colocar as barbas de molho e ouvir com atenção o que Lula tem a nos dizer”, redime-se Antonio Mentor. Como na eleição para prefeito de São Paulo, quando Haddad ganhou o apelido de “poste do Lula”, agora chegou a vez de Padilha ganhar a alcunha. Mas não pense que isso no PT é um problema: “De poste em poste, nós estamos iluminando o Brasil”, brinca Mentor, repetindo uma brincadeira antiga repetida pelo próprio ministro da Saúde. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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Inclusão aberta PROGRAMA AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR ABRE CADASTRO PERMANENTE PARA MUNICÍPIOS MAPEADOS NO ÂMBITO DO BRASIL SEM MISÉRIA, DO GOVERNO FEDERAL. SAIBA ONDE ESTÃO ESSES MUNICÍPIOS E COMO É POSSÍVEL SE CADASTRAR P O R R O D R I G O RO DR I G U ES

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Quase sete anos depois de iniciar o primeiro lote de farmácias cadastradas no Brasil, fazer parte do programa Aqui tem Farmácia Popular ainda é um desafio para o varejista dono de farmácia no País. Além da burocracia e fiscalização rigorosa, o programa conta com um orçamento limitado, que impede muitas farmácias de aderirem ao programa. O prazo de cadastro terminou em junho deste ano. Segundo o Ministério da Saúde, nesse período, cerca de 9 mil farmácias deram entrada no pedido de cadastramento. Entre janeiro e julho, outras 750 novas lojas foram incluídas no programa DataSUS. Mas mesmo aqueles que conseguiram entrar com o pedido de inclusão no Ministério devem ficar fora FOTO: DIVULGAÇÃO

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OPORTUNIDADE

O ORÇAMENTO DO PROGRAMA EM 2013 CHEGOU A R$ 1,8 BILHÃO. NO ANO PASSADO, O NÚMERO FOI DE R$ 1,33 BILHÃO. INCLUÍDOS OS NÚMEROS DO FARMÁCIA POPULAR DO BRASIL, ESSE NÚMERO CHEGA A R$ 3,13 BILHÕES do sistema até a próxima leva, porque a meta do programa é ampliar a rede em apenas mais 5 mil lojas neste ano. A expectativa do governo federal é chegar até dezembro com 30 mil farmácias inscritas no DataSUS. Atualmente, esse número está em 25.624 farmácias. Embora o prazo tenha se esgotado para o restante do País, o governo abriu uma exceção para cerca de 2.365 municípios apontados pelo Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) como áreas de vulnerabilidade social e alvo do programa Brasil sem Miséria. “Por orientação da Presidência da República, esses municípios de pobreza extrema necessitam de atenção redobrada do Estado. Para essas cidades, a inclusão de novas farmácias no programa Aqui tem Farmácia Popular é permanente e não fecham”, diz o coordenador-geral de gestão do Ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira. Durante palestra em São Paulo, Pereira afirmou que a intenção do governo é colocar pelo menos uma farmácia em cada uma dessas cidades atendendo através do programa de distribuição de medicamentos. “São municípios que necessitam, mais do que qualquer outro, do benefício da gratuidade total de medicamentos”, comentou. Dos 2.365 municípios mapeados pelo Brasil Sem Miséria, 1.324 ainda não receberam nenhuma unidade do programa farmacêutico. Outros 1.041 já foram agraciados com a inclusão de uma farmácia, mas, segundo o ministério, qualquer outra concorrente nesses municípios podem requisitar, a qualquer momento, a inclusão no programa. “O que nós temos observado é que muitas dessas cidades sequer têm uma farmácia funcionando. É um desafio para nós tentarmos levar o medicamento gratuito para essas regiões. Qualquer farmácia nova que abrir as portas nos municípios do mapa da miséria pode requerer o cadastro imediatamente”, comentou Pereira. 58

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NÚMERO DE FARMÁCIAS INSCRITAS NO AQUI TEM FARMÁCIA POPULAR ANO

QUANTIDADE

2006

2.955

2007

5.052

2008

6.459

2009

10.790

2010

14.003

2011

20.101

2012

20.376

2013 (até julho)

25.624

Fonte: Ministério da Saúde

Para o presidente da Associação de Farmacêuticos Proprietários de Farmácia do Brasil (AFPFB) e do grupo Farma & Farma, Rinaldo Ferreira, essa nova ação do Ministério da Saúde abre oportunidade para novos empreendedores que queiram abrir farmácias ou expandir seus negócios. “O Brasil é grande. A renda ainda cresce e os municípios menores nem sempre são foco do interesse das grandes bandeiras. O farmacêutico que quiser realmente fazer um serviço em prol da saúde pública vai ter sempre espaço pra investir”, afirma. Os empresários que fazem parte dos municípios mapeados pelo Brasil sem Miséria precisam preencher um formulário específico no site do Ministério da Saúde. A lista dos 2.365 municípios mapeados pelo MDS também está disponível na página do programa. No total, são 20 Estados brasileiros que pertencem ao mapa. A maioria das cidades está, porém, em Estados das regiões Norte e Nordeste, como Bahia, Ceará, Paraíba, Amazonas, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte, Alagoas e Sergipe.

DADOS IMPORTANTES De acordo com a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), as vendas relacionadas ao Aqui tem Farmácia Popular cresceram 49% no ano passado, saltando de R$ 314 milhões, em 2011, para R$ 468 milhões em 2012. No primeiro semestre de 2013, esse crescimento já atingiu 11,86%, segundo a entidade. São mais de R$ 245,4 milhões em vendas contabilizadas. No

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VENDAS DO FARMÁCIA POPULAR NAS GRANDES REDES ITEM

2011

2012

2013 (ATÉ JULHO)

Vendas – Farmácia Popular (em R$)

313.903.684

468.258.659

245.423.466,00

Clientes atentidos – Farmácia Popular

13.456.163

19.694.010

10.226.863

Unidades vendidas – Farmácia Popular

31.819.147

48.409.955

25.225.565

Fonte: Abrafarma/Fipe

mesmo período do ano passado, esse valor foi de R$ 219,4 milhões. “A participação do Farmácia Popular tem crescido, mas o programa tem uma série de problemas burocráticos que precisam melhorar. Para você incluir uma farmácia nova de rede é um problema, porque, dos 12 meses do ano, oito o programa fica fechado para novas instalações. Tanto que algumas grandes redes pararam de divulgar o programa em panfletos porque elas abrem 50, cem novas lojas por ano, e a rede não consegue colocar aquelas novas lojas no programa. E o cliente final, o consumidor, não entende porque uma unidade da rede tem e a outra não”, critica o presidente da Abrafarma, Sergio Mena Barreto. “É preciso desburocratizar a entrada, se houver uma nova loja dentro da mesma empresa, plugar ela no mesmo guarda-chuva que já está autorizado”, sugere o executivo. Mena Barreto também reclama da falta de conversar do Ministério da Saúde em atender à demanda do setor em relação a esse problema do programa. Segundo o representante da Abrafarma, havia um comitê de acompanhamento do programa que se reunia mensalmente para discutir aperfeiçoamento do programa, mas os encontros foram esquecidos pelo Ministério da Saúde por conta de divergências nos preços de referência dos produtos incluídos na lista do programa. Outra antiga reclamação do mercado em relação ao programa é em relação à ampliação dos produtos e às doenças englobados pelo programa. O coordenador-geral de gestão do Ministério da Saúde, Marco Aurélio Pereira, responde todas as críticas falando sobre o orçamento limitado do programa. “Todo os anos o Ministério da Saúde batalha para ampliar o orçamento do programa. Mas não é possível abarcar 100% das reivindicações. Mas trabalhamos sempre nesse objetivo”, disse em palestra. O orçamento do programa em 2013 chegou a R$ 1,8 bilhão. No ano passado, o número foi de R$ 1,33 bilhão. Incluídos os números do Farmácia Popular do Brasil (unidades

próprias do governo federal), esse número chega a R$ 3,13 bilhões. Desde quando iniciou as atividades, o Aqui tem Farmácia Popular já atendeu mais de 20,4 milhões de brasileiros. Pesquisa realizada pelo governo federal aponta que o programa é o mais bem avaliado entre os usuários. Mais de 73% dos brasileiros que usam o serviço dizem que o programa é ótimo ou bom, outros 13% avaliam como regular.

INCLUSÕES SIGNIFICATIVAS Só no ano passado, quando os medicamentos para hipertensão, asma e diabetes passaram a ter gratuidade, o governo registrou 457% a mais de usuários atendidos. Foram mais de 14 milhões de usuários. O Ministério da Saúde também comemora os reflexos do programa no número de internações no Sistema Único de Saúde (SUS). Entre 2010 e 2011, houve queda de 2.756 casos de internações por diabetes, que passaram de 148.625 para 145.869. Entre 2012 e 2013, segundo o ministério, os números caíram ainda mais e chegaram a 139.296. Entre os casos de hipertensão, a queda foi ainda mais acentuada: 113.734 internações, em 2010, para 85.240 casos em 2012. “É um programa que, acima de tudo, ajuda na melhoria das condições de vida dos brasileiros. É um case de sucesso reconhecido internacionalmente, que está sendo copiado por dois países latino-americanos, entre eles o Peru, que já visitou o Brasil para saber como o programa funciona”, comemora o representante do Ministério da Saúde. “É uma conquista que precisa ser ampliada sempre e mais, para melhorar ainda mais a vida dos que precisam”, justifica Pereira.

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CONSULTOR JURÍDICO

Vendas pela

internet

É PRECISO CUIDADO COM A AÇÃO QUE ENVOLVE REGRAS DA ANVISA E ATENDIMENTO PONTUAL DA DEMANDA

N

Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj) e da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), regional Estado do Rio de Janeiro. Atualmente cursa a pós-graduação em direito da farmácia e do medicamento na Faculdade de Direito de Coimbra (Portugal)

Não é nenhuma novidade que a rede mundial de computadores (internet) constitui, atualmente, um dos principais canais de venda do varejo de uma forma geral. O varejo farmacêutico, é óbvio, não ficaria de fora. O que muitos se esquecem – ou talvez nem saibam – é que há restrições na comercialização realizada pela internet, também chamada de comercialização por meio remoto. A primeira restrição que apresento é a contida no art. 52 da Resolução RDC 44/09 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que assim dispõe: “Somente farmácias e drogarias abertas ao público, com farmacêutico responsável presente durante todo o horário de funcionamento, podem realizar a dispensação de medicamentos solicitados por meio remoto, como telefone, fac-símile (fax) e internet.” Observem que esse artigo trata, especificamente, da dispensação de medicamentos, e não da dispensação de drogas, insumos farmacêuticos e correlatos. De qualquer forma, o parágrafo 2º do art. 52 proíbe a comercialização de controlados solicitados por meio remoto. Essa informação é necessária por causa do conceito legal do que vem a ser a dispensação (art. 4º, inciso XV, Lei 5.991/73), que é o “ato de fornecimento ao consumidor de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não”. Pois bem. O art. 6º da Lei 5.991/73 informa que a dispensação de medi-

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GUSTAVO S E M BLANO

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camentos é privativa de “farmácia, drogaria, posto de medicamento e unidade volante”. Considerando que o art. 52 da Resolução RDC 44/09 da Anvisa não permite a dispensação por meio remoto ao posto de medicamentos e à unidade volante, apenas à farmácia e drogaria, posso afirmar que a dispensação de medicamentos solicitados por meio remoto somente pode ser feito a farmácias e drogarias. Mas, por qual razão estou apresentando esses esclarecimentos? Para explicar que problemas nas vendas feitas pela internet pelo varejo farmacêutico têm gerado um tipo peculiar de ação indenizatória. O Código de Proteção e Defesa do Consumidor (Lei 8.078/90) diz, no inciso I de seu art. 101, que demandas judiciais envolvendo direito do consumidor podem ser propostas no Poder Judiciário mais próximo do domicílio do consumidor. Alguns consumidores entram em sites de farmácias ou drogarias localizadas em Estados longínquos para comprar, por exemplo, correlatos (sabonetes, cremes, xampus, loções etc.) já esperando que a entrega não venha a ser feita por problemas de logística e, logo após, ingressam na Justiça pedindo indenizações por danos materiais e por danos morais contra tais estabelecimentos farmacêuticos. Por essa razão, aconselho as farmácias e drogarias que possuem sites para realizar vendas que, expressamente, condicionem a área geográfica de entrega dos produtos, evitando, assim, dores de cabeça e custos. FOTO: DIVULGAÇÃO

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RECURSOS HUMANOS

Desconhecimento

A

prejudicial

A saúde suplementar no Brasil vem crescendo anualmente, atingindo mais de 48 milhões de usuários de planos privados de assistência médica, em todo o território nacional, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Saúde (ANS). Concomitantemente, cresce a quantidade de reclamações recebidas no órgão contra as operadoras dos planos de saúde, o que mostra uma clara fragilidade na relação entre consumidor e operadora. A falta de conhecimento a respeito da Lei de Planos de Saúde (9656/98), em especial por parte das pessoas que decidem pela contratação de um plano familiar ou corporativo, é o ponto crucial do relacionamento entre segurado e operadora. Consequentemente, esse desconhecimento também é o principal motivo de as pessoas não lutarem por seus direitos. Na maioria dos casos, as divergências ocorrem quando os segurados necessitam de determinado tratamento que exija um custo oneroso ao convênio. Normalmente, as negativas de custeio das operadoras são pautadas por ausência de procedimento junto ao rol da ANS ou por restrições contratuais, especialmente naqueles contratos anteriores a 1999, quando a Lei 9656/98 entrou em vigor. Vale ressaltar que nem mesmo aqueles tratamentos mais modernos, e que FOTOS: DIVULGAÇÃO

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não constam do rol de procedimentos da ANS, desobrigam as operadoras a prover serviço aos pacientes e custeá-los. Isso porque o rol da ANS é restrito – uma lista de procedimentos que serve como guia e apresenta os procedimentos minimamente obrigatórios. Da mesma forma, aquelas restrições expressamente destacadas nos contratos de plano de saúde devem ser questionadas junto ao poder judiciário, uma vez que geram uma flagrante contradição no objeto daquela contratação. Ora, se um contrato prevê a cobertura para determinada doença, o meio para se atingir a cura não pode ser um impedimento imposto pela operadora. Ao avaliar as opções de plano, os consumidores precisam estar atentos aos detalhes do contrato, como o rol de procedimentos, o período de carência, a rede de atendimento, o reembolso e o mecanismo de autorização, entre outros pontos relevantes. E, finalmente, as pessoas precisam também levar em consideração os índices de reclamação dos diferentes planos de saúde junto aos órgãos de defesa do consumidor e à ANS. Essa pesquisa rápida facilitará a compreensão das principais divergências e reclamações vigentes, e a avaliação individual se determinado contrato está alinhado ou não às necessidades pessoais de cada um.

DIVERGÊNCIAS ENTRE PLANOS DE SAÚDE E SEUS BENEFICIÁRIOS, PRINCIPALMENTE EM MOMENTOS DE URGÊNCIA, SÃO RESSALTADOS

ODILON MARTINS

MÁRCIO LEOCÁDIO Advogados da Saúde - Martins e Leocádio possuem atuação específica na área da saúde privada, que visa sanar os principais conflitos vivenciados entre os planos de saúde e seus usuários Site: www.advogadosaude.com.br/site/

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PESQUISA

Ação que

gera receio

A

A ideia prevista pela Lei 11.903/2009 refere-se à criação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos, ou seja, estabelece a criação de uma lista de medicamentos de venda “sob responsabilidade do farmacêutico”, além das listas de Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) e de venda sob prescrição e retenção de receita médica. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é obrigada a criar uma lista de medicamentos sob responsabilidade do farmacêutico. A intenção para que os farmacêuticos possam ser autorizados a prescrever medicamentos para os pacientes começou a ganhar fôlego no Brasil depois que o Conselho Federal de Farmácia (CFF) resolveu abrir uma consulta pública sobre o assunto. Desde o início de julho, o CFF promove palestras e debates sobre a proposta de prescrição farmacêutica.

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POPULAÇÃO BRASILEIRA SE MOSTRA CONTRÁRIA QUANTO À PROPOSTA DE REGULAMENTAÇÃO DA PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA POR LÍGIA FAV O RE T TO

De acordo com o projeto, os farmacêuticos passariam a ter liberação para indicar os medicamentos que não precisam de receita médica, como analgésicos, antigripais e relaxantes musculares. No total, são 35 grupos de medicamentos que seriam autorizados. No próprio balcão, os profissionais fariam uma avaliação do paciente e escolheriam o melhor tratamento. O objetivo do projeto é promover o uso racional do medicamento e com orientação, ao contrário do uso indiscriminado que ocorre hoje, colocando em risco a vida da população. Por mais que se diga que os MIPs têm a compra liberada, esses medicamentos têm efeitos colaterais, às vezes muito graves, mas que a população desconhece. Diante do projeto exposto pelo CFF, o ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos realizou uma pesquisa que revela a opinião da população brasileira sobre FOTOS: SHUTTERSTOCK

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a regulamentação da prescrição farmacêutica. O estudo foi feito com homens e mulheres, com 18 anos ou mais, residentes nas cinco principais regiões do Brasil, entre os dias 5 e 10 de agosto de 2013. Duas mil seiscentos e cinquenta pessoas foram ouvidas, sendo 53% do gênero feminino e 47% do gênero masculino. No que diz respeito à escolaridade dos entrevistados, 29% têm ensino fundamental, 45% ensino médio e 26% ensino superior.

DADOS ALARMANTES Mesmo apresentando grande insatisfação com a saúde no Brasil, tendo consciência da falta de leitos hospitalares e da má distribuição de médicos em ambulatórios e postos de saúde, a maioria da população não concorda com a prescrição farmacêutica, fato que facilitaria o acesso à saú-

de, sem longas esperas. O estudo do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ) mostra que: 39% concorda com a prescrição e 61% não concorda com a proposta que diz que o farmacêutico vai poder receitar medicamentos. A pesquisa revela ainda que 42% confiam e 58% não confiam em um farmacêutico para receitar medicamentos e, por fim, 35% acreditam que a prescrição farmacêutica facilitaria e 65% acreditam que a prescrição farmacêutica não facilitaria o tratamento de doenças. De acordo com o diretor do ICTQ, Marcus Vinícius de Andrade, os dados da pesquisa nos sugerem que a população desconhece plenamente as políticas de saúde propostas pela classe farmacêutica em todas as esferas. “Acredito que falta presença efetiva das entidades farmacêuticas junto à população com informações e posicionamentos esclarecedores sobre o papel do profissional farmacêutico na sociedade e suas propostas.” O executivo comenta que no trabalho de campo dessa pesquisa foi muito comum observar brasileiros de norte a sul do País receosos com a ideia do farmacêutico ocupar o lugar do médico, muitos ainda receosos com a possibilidade de farmácias se tornarem um consultório de diagnósticos. “Esses receios e medos são resultados da falta de comunicação junto à sociedade sobre o que é a proposta de prescrição farmacêutica. O brasileiro desconhece a proposta, logo, como confiar?” A professora titular e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti, lembra que, por séculos, o médico e o dentista foram os únicos detentores legais da prescrição de medicamentos para uso humano. “A possibilidade de prescrição farmacêutica é uma situação nova e a população precisa ter o entendimento da capacitação do profissional farmacêutico, bem como de sua área de competência. A população ainda não tem uma definição clara do perfil farmacêutico, não sabendo distinguir, inclusive, o farmacêutico do atendente do balcão. Em geral, ações inovadoras assustam em um primeiro momento porque a divulgação que é realizada não atinge o entendimento pleno, o que poderá gerar desvirtuamento da informação real.” Ela explica que a definição da prescrição farmacêutica pode se dar como: “ato pelo qual o farmacêutico seleciona e documenta terapias farmacológicas e não farmacológicas e outras intervenções relativas ao cuidado da saúde do paciente, visando promoção, proteção, recuperação da saúde e prevenção de doenças”. Segundo a professora, tal defini2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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PESQUISA

ção vai ao encontro da Política Nacional de Medicamentos e do Uso Racional de Medicamentos no Brasil e, portanto, torna-se mais um recurso para melhorar a saúde pública do País. “Acho que as pessoas se mostraram contrárias à prescrição farmacêutica por entenderam que o farmacêutico estaria habilitado para fazer qualquer tipo de prescrição, em substituição ao médico, o que não é verdade. Reitero que essa informação precisa estar muito bem colocada junto à população; o entendimento do tipo de medicamento que o farmacêutico poderá prescrever não está claro, assim como não haverá substituição do médico.”

VISÃO DETURPADA O estudo apresenta que 58% dos entrevistados não confiam na prescrição farmacêutica, fato que mostra que a população tem, ainda, uma percepção errada do profissional farmacêutico, ou seja, entende como sendo um dispensador apenas, e não um profissional que tem sua formação generalista, o que o direciona para o entendimento de medicamentos, bem como do seu uso além de outras áreas. Maria Aparecida Nicoletti acredita que, como o resgate da atuação efetiva do farmacêutico junto ao usuário do medicamento nas farmácias e drogarias foi intensificado a partir da década passada, a imagem real da atuação do farmacêutico poderá ainda estar em formação, considerando que é demorado o processo de estabelecimento de uma relação de entendimento e confiança nas ações prestadas. “Em um passado não muito distante, o farmacêutico não estava presente diariamente para atuar junto à população nas farmácias e drogarias, o que lamentavelmente foi uma grande perda da atuação do farmacêutico e que talvez tenha tido impacto nas avaliações realizadas.” A especialista enfatiza que, atualmente, esse quadro felizmente mudou radicalmente com a pre-

sença efetiva da atuação do farmacêutico junto ao usuário de medicamento. O executivo do ICTQ, Marcus Vinícius de Andrade, diz que, apesar da população se postar contrária à prescrição farmacêutica, por falta de conhecimento, observa-se também que a população mostra-se extremamente favorável à orientação farmacêutica. “Muitos entrevistados afirmaram que o diagnóstico e prescrição das patologias devem ser realizados pelo médico e que a orientação acerca dos medicamentos deve vir de um farmacêutico, evidenciando que a população, em sua visão simplista, vislumbra uma divisão entre as capacitações técnicas médicas e farmacêuticas de maneira bem distinta e teme que aquela seja transposta.”

CONHECIMENTO TÉCNICO As ações que sejam realizadas por profissionais que não estejam devidamente capacitados poderão resultar em risco ao indivíduo, assim como, nas inúmeras outras profissões, relacionadas ou não à área da saúde. Qualquer produto ou serviço de qualidade, em qualquer área, necessita de um profissional ético e plenamente capacitado para tal. A professora Maria Nicoletti concorda com a prescrição farmacêutica desde que o profissional tenha conhecimento técnico-científico baseado em evidências científicas para fazê-la. “Acho que, se realizada dentro da ética e com conhecimento, será um ganho para todos.” Marcus Vinícius afirma que todos os profissionais designados a prescrever e/ou dispensar medicamentos devem buscar por programas educacionais para aprimoramento e novos conhecimentos.” 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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PESQUISA

PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA Prescrição farmacêutica Você concorda com a proposta que diz que o farmacêutico vai poder “receitar” remédios?

61% 39% Concorda

Não concorda

Confiança na prescrição farmacêutica Você confiaria em um farmacêutico para “receitar” remédios para você?

42% Confiam Tratamento de doenças

58%

Não confiam

Você acredita que a prescrição farmacêutica facilitaria o tratamento de doenças?

65% 35% Facilitaria

Não facilitaria

Fonte: ICTQ – Pós-Graduação para Farmacêuticos

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A POSSIBILIDADE DE PRESCRIÇÃO FARMACÊUTICA É UMA SITUAÇÃO NOVA E A POPULAÇÃO PRECISA TER O ENTENDIMENTO DA CAPACITAÇÃO DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO. A POPULAÇÃO AINDA NÃO TEM UMA DEFINIÇÃO CLARA DO PERFIL FARMACÊUTICO, NÃO SABENDO DISTINGUIR, INCLUSIVE, O FARMACÊUTICO DO ATENDENTE DO BALCÃO A imagem de o farmacêutico estar ligada simplesmente à entrega do medicamento, e não a realização da dispensação com todas as informações que são pertinentes e necessárias para a orientação do usuário do medicamento é um grande entrave. “Outro aspecto que deve ser intensificado, e que não é verificado em grande parte do País nas farmácias e drogarias, é a prática da Atenção Farmacêutica a ser realizada pelo farmacêutico por meio do seguimento farmacoterapêutico, para a obtenção da meta terapêutica traçada, entre outras inúmeras ações, para assegurar a efetividade e a segurança no uso do medicamento, bem como prevenir/minimizar Problemas Relacionados a Medicamentos (PRM) e evitar suas consequências denominadas de Resultados Negativos Relacionados a Medicamentos (RNM). Grande parte da população ainda não tem acesso a esse tipo de seguimento e desconhece a formação e a capacitação do profissional farmacêutico. Talvez seja essa a razão para o resultado obtido.” A pesquisa do ICTQ revela que 61% dos entrevistados não concordam com a prescrição farmacêutica. Os que aprovam, por desconhecerem a proposta, deixam muito claro a necessidade de se ter problemas mais simples de saúde resolvidos de maneira mais ágil, sem para tal, enfrentar filas de hospitais e ficar à espera pelo agendamento dos atendimentos, levando, muitas vezes ao agravamento de uma doença de simples resolução, refletindo muitas vezes na automedicação, no uso incorreto de medicamentos, mascarando sinais e sintomas apresentados, causando resistências a medicamento, gerando um ciclo autoalimentado pelos problemas estruturais do sistema de saúde contemporâneo brasileiro. “

INSATISFAÇÃO CONTRADITÓRIA Ao mesmo tempo acreditam ser mais fácil encontrar farmacêuticos do que médicos para solucionarem algum pro-

blema de saúde, a população não confia nesse profissional para prescrever um medicamento. “Há contradição, pois, de maneira geral, a primeira busca em solicitar a orientação é realizada em farmácias e drogarias com o farmacêutico. Como, normalmente, o indivíduo não tem o conhecimento de sua real condição de saúde, a resolução do problema passa pela situação mais facilitada em acesso ao profissional da saúde, que é a procura do farmacêutico”, conta maria Aparecida. Segundo ela, é nessa contextualização que o farmacêutico poderá, em muito, colaborar como um profissional prescritor para doenças menores que fazem uso de medicamentos isentos de prescrição médica, além de coibir a prática da automedicação e de identificar possíveis problemas de saúde que demandem encaminhamento médico. A professora da USP acredita que a insatisfação da população com a saúde esteja relacionada a diferentes aspectos, como falta de infraestrutura, recursos humanos e acesso a um número maior de medicamentos essenciais, além da ausência de mecanismos que possibilitem um melhor atendimento no que se refere a agendamento de consultas, exames e internações, considerando os diferentes níveis de complexidade de atendimento em saúde. “A assistência farmacêutico no Brasil está fragilizada decorrente de orçamentos reduzidíssimos para o atendimento de um número elevadíssimo de cidadãos que buscam o Sistema Único de Saúde. A medicina preventiva não é praticada satisfatoriamente em nosso País, e, por essa razão, há um impacto financeiro diferenciado nos gastos públicos em saúde, o que poderia ser evitado se tivéssemos uma política pública de prevenção estruturada e uma formação capacitada e efetiva de gestores que trabalham com as questões de orçamentos público nos diferentes níveis de atuação.” Até o fechamento desta edição (19/9/2013), o CFF preferiu não se posicionar, já que prefere falar somente depois que houver alguma publicação oficial, até porque ainda podem ocorrer mudanças. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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CENÁRIO

Cotação

preocupante ALTA DO DÓLAR E INSTABILIDADE ECONÔMICA JÁ DIMINUEM EXPECTATIVAS DE GANHOS DO VAREJO E PODEM REFLETIR NA POLÍTICA DE DESCONTOS. SERÁ QUE ESSA É UMA TENDÊNCIA QUE VEIO PARA FICAR? P O R R O D R I G O RO DR I G U ES

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E

Embora a economia brasileira tenha dado sinais de retomada, com a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre crescendo 1,5% frente ao primeiro trimestre, o horizonte ainda desperta preocupação nos analistas financeiros. A principal apreensão é com a valorização do dólar, que nos últimos 12 meses subiu cerca de 20,68%. A moeda americana, que era cotada em R$ 2,03 no último dia de agosto de 2012, encerrou o mês de agosto de 2013 cotada a R$ 2,41. Essa desvalorização do real diante da moeda dos Estados Unidos já afeta diretamente a indústria farmacêutica, grande dependente de insumos importados. No mercado internacional, a média de preços dos insumos farmacêuticos FOTOS: SHUTTERSTOCK

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CENÁRIO

cresceu 30% diante do avanço do dólar e já se refletem no dia a dia das empresas brasileiras. Nos balanços divulgados no final do segundo trimestre pelas principais companhias do setor, como EMS, Eurofarma, Aché, Teuto e União Química, as receitas somadas cresceram 12%. Porém, os custos de produção chegaram a quase R$ 2 bilhões, cerca de 15% mais caro que no mesmo período de 2012, segundo comparação do serviço Valor Data.

FATORES PREOCUPANTES Outro fator que assusta são as despesas com a venda de medicamentos, que no caso da EMS cresceram 37% em relação ao ano passado, ajudando a encarecer ainda mais o valor do produto final. “O Brasil produz quase nenhuma matéria-prima para a produção de medicamentos e o setor é muito dependente das importações. Por isso, essa alta do dólar piora a competitividade das companhias e pode se refletir diretamente nos preços do medicamento vendidos para o varejo”, diz o diretor-executivo da Associação Brasileira de Redes de farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sergio Mena Barreto. “Estamos observando de perto essa variação cambial, porque se as companhias têm perspectiva de prejuízos, elas podem rever as ofertas comerciais e descontos dados ao varejista, que não tem condições de aguentar isso e vai acabar repassando o preço para o consumidor”, avalia. A política de descontos oferecidos pela indústria está diretamente relacionada ao sucesso e a competição do setor varejista farmacêutico. Dependendo da quantidade de lotes adquiridos, do acordo comercial entre redes e independentes e da concorrência de produtos entre fabricantes, o varejista pode conseguir até 50% de desconto no produto final. Através desses descontos, os varejistas compõem seus preços, custos e lucros. “O preço único dos medicamentos não mudará no curto prazo, porque é controlado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), que já autorizou reajuste de 6,31% no último mês de abril. O próximo só daqui sete meses. Mas as políticas de descontos são a arma dos fabricantes para recompor margens, e isso nos preocupa um pouco”, conta o presidente da Associação de Farmacêuticos Proprietários de Farmácia do Brasil (AFPFB) e do grupo Farma & Farma, Rinaldo Ferreira. De acordo com Sergio Mena Barreto, algumas companhias farmacêuticas já iniciaram esse movimento de redução de descontos, e isso pode impactar no preço final para o consumidor em breve. “Algumas empresas fabricantes de genéricos já estão tentando recom76

ESSA DESVALORIZAÇÃO DO REAL JÁ AFETA DIRETAMENTE A INDÚSTRIA FARMACÊUTICA. A MÉDIA DE PREÇOS DOS INSUMOS CRESCEU 30% DIANTE DO AVANÇO DO DÓLAR E JÁ SE REFLETE NO DIA A DIA DAS EMPRESAS por custos, reduzindo a condição de quem compra. Obviamente, o consumidor acaba sendo impactado com isso porque o varejista deixa de conceder o desconto na hora da venda”, afirma. O executivo da Abrafarma diz ainda que essa nova realidade deve afetar, inclusive, as previsões de crescimento do setor varejista para 2013. Segundo Mena Barreto, a alta do dólar vem se somar a outros fatores conjunturais para arrefecer a força do mercado varejista em 2013. “Tem sido um ano bom até aqui. Não há motivo para pessimismo. Até junho, a Abrafarma cresceu 16%, comparando com os últimos 12 meses. Mas já é possível perceber que junho foi pior do que abril. Talvez por causa das manifestações, um pouco da inflação no setor de alimentos e agora o dólar. O consumidor médio faz as contas e prioriza isso ou aquilo na hora de gastar o ordenado do mês. Então a gente já está sofrendo certo impacto. Não vou ser pessimista em dizer que o crescimento vai ser nulo. Mas talvez as projeções que fizemos no início do ano que eram de 16%, agora fiquem entre 12% ou 11%”, revela o executivo. O diretor-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan), Geraldo Monteiro, endossa a opinião de que não há motivos para desespero. Mas reforça a percepção de repasse de custos para o varejo. “Embora o mercado ainda esteja muito volátil, é transparente de que a indústria não tem como absorver sozinha essa disparada da moeda americana. Cerca de 80% da matéria-prima dos fabricantes é importada, e não há garantia de que lá na frente, no próximo mês de março, quando a CMED autorizar os novos aumentos, eles absorvam esses prejuízos causados pelo aumento do custo de produção. Sendo assim, a única forma de os fabricantes amenizarem as perdas é mexendo na política de descontos e acordos comerciais”, analisa Monteiro.

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CENÁRIO

NÚMEROS ATUALIZADOS O auge da disparada do dólar no último mês foi de R$ 2,45, no dia 21 de agosto. Isso obrigou o Banco Central a tomar medidas de precaução e anunciar leilões diários de US$ 500 milhões futuros, os chamados swaps. Somada às boas notícias do PIB, a desaceleração da inflação e a retomada do crescimento forte da economia chinesa, a medida deu certo e diminuiu a cotação da moeda, que só neste ano teve valorização de 19% desde janeiro. Não se sabe, contudo, se, ao final de 2013, a moeda voltará aos patamares de dezembro do ano passado, quando estava cotada abaixo de R$ 2,05. Muitos analistas de mercado acreditam que o valor próximo acima de R$ 2,20 veio para ficar, porque é de interesse do governo e bom para a balança comercial brasileira, uma vez que o dólar mais alto torna as commodities brasileiras mais competitivas lá fora e equilibram as exportações, que hoje estão deficitárias em torno de US$ 3,4 bilhões (no mesmo período do ano passado, o superávit era de US$ 14,7 bilhões).

GENÉRICOS PUXAM PARA BAIXO Muitos especialistas pregam que a indústria farmacêutica pode entrar num período de acomodação e crescimento menor, puxada, inclusive, pelo arrefecimento do mercado de genéricos, que já não cresce num ritmo tão acelerado quanto no passado. Nos últimos cinco anos, as vendas de genéricos subiram sempre acima de 20%, totalizando um crescimento de 169,52%. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos), só em 2011, as vendas de genéricos no Brasil chegaram 32,3% de alta. Já em 2012, esse valor caiu, chegando a 17% de crescimento no volume e vendas, de acordo com a entidade. As incertezas da economia brasileira fizeram, contudo, que o crescimento médio no primeiro semestre de 2013 despencasse para 11%, na com78

paração com igual período do ano passado, segundo apurou ao IMS Health. Em unidades vendidas, isso significa 1,382 milhão de medicamentos, que somam a receita de R$ 27,3 bilhões entre janeiro e junho deste ano. A presidente-executiva da Pró Genéricos, Telma Salles, atribui esse arrefecimento do mercado de genéricos ao aumento dos custos de produção, o menor número de patentes expiradas de 2012 para cá e às fortes pressões do varejo por descontos. “É um período de ajustes. Mas nós continuamos com a meta de chegar a 45% de participação no mercado até 2020. Temos muito espaço para crescer ainda no Brasil, considerando que o genérico existe em outros países há muito mais tempo. Nos EUA, os genéricos representam 70% do mercado nacional. Na Alemanha, 60%. Aqui estamos ainda na casa dos 30% e as perspectivas de crescimento são muito positivas”, avalia a executiva. Na análise do diretor-executivo da Abrafarma, Sergio Mena Barreto, o período é de fato de ajustes, mas ainda é muito positivo. “O mercado está refletindo a instabilidade da economia brasileira. O PIB cresceu no segundo trimestre, mas não se sabe ainda se vai se manter no trimestre seguinte. Mesmo crescendo um pouco abaixo da expectativa, o setor ainda tem um desempenho surpreendente, considerado os outros setores. Basta lembrar que a expectativa de crescimento do PIB neste ano é de 2,5%. Esperamos que o crescimento seja quatro vezes maior que o do restante do País. É motivo para comemorar, não reclamar da vida”, brinca Mena Barreto. Para Geraldo Monteiro, da Abradilan, o crescimento do setor está sustentado no potencial do poder de compra dos brasileiros das classes C e D. “O poder de compra

Nos últimos cinco anos, as vendas de genéricos subiram sempre acima de, %,totalizando um crescimento de %

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169,52

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ÍNDICES DÓLAR COMERCIAL 11/9/2013 – 15H19

2,305 2,300 2,295 2,290 2,285 2,280 2,275

16h

15h

14h

13h

12h

11h

10h

9h

2,270

Fonte: www.uol.com.br

O mercado está refletindo a instabilidade da economia brasileira desses brasileiros ainda é considerável. Os cuidados com a saúde por essa parte da população só crescem e isso nos anima muito, porque tende a elevar e valorizar as vendas do setor”, comenta. “É um mercado que vai dobrar em cinco anos, apesar de todas as dificuldades da economia brasileira. A hora é de lutar por diminuição da carga tributária e da burocracia sanitária, não de fazer previsões sombrias”, completa Monteiro.

CORTES DE GASTOS Na avaliação de Rinaldo Ferreira, da Farma & Farma, o período é de ajustes também no varejo independente. “Na medida em que os descontos da indústria diminuem, o empresário também precisa reduzir o 80

desconto no balcão para não alterar suas margens. Hoje não se justifica ainda os repasses para o consumidor, mas nos próximos meses é preciso fazer uma avaliação do comportamento do mercado. O empresário tem que ter em mente que é preciso, antes de simplesmente repassar o aumento ao consumidor, fazer uma gestão mais apurada do negócio e tentar cortar custos antes. Essa gangorra de preços não é boa para o consumidor e pode espantá-lo da loja”, adverte o presidente da AFPFB. Com 40 anos de experiência no mercado de farmácias e dono da terceira maior rede de farmácia do País, o presidente da Pague Menos, Deusmar Queirós, diz que a indústria ainda tem margens para manter os valores como estão para os grandes varejistas e não deve fazer os repasses com facilidade. “A indústria já mensurou o aumento dos custos com mão de obra e produção em torno de 9% para este ano. Não acredito em grandes ajustes daqui para frente. Não há pessimismo exagerado nem otimismo ingênuo entre os varejistas, e acredita-se que o crescimento no volume de negócios seja em torno de 12%. É menor do que o ano passado, mas o lucro deve se manter em torno de 3%”, avalia. Segundo Queirós, os planos de abertura de capital da

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CENÁRIO

PRINCIPAIS ÍNDICES DO SETOR - COMPARAÇÃO DO 1º SEMESTRE ENTRE 2012 E 2013 2012

2013

VARIAÇÃO

VENDAS

R$ 12.066.268.417

R$ 13.518.806.127

12,04%

MEDICAMENTOS

R$ 8.377.336.428

R$ 9.209.314.920

9,93%

NÃO MEDICAMENTOS

R$ 3.688.931.990

R$ 4.309.491.206

16,82%

GENÉRICOS

R$ 1.509.038.247

R$ 1.689.048.259

11,93%

UNIDADES VENDIDAS

956.272.589

995.152.559

4,07%

CLIENTES ATENDIDOS

362.477.270

377.529.815

4,15%

VENDAS – FARMÁCIA POPULAR

R$ 219.409.382

R$ 245.423.466

11,86%

CLIENTES ATENDIDOS – FARMÁCIA POPULAR

9.254.267

10.226.863

10,51%

UNIDADES VENDIDAS – FARMÁCIA POPULAR

22.845.510

25.225.565

10,42%

TOTAL DE LOJAS

4.519

4.858

7,50%

TOTAL DE COLABORADORES – FARMACÊUTICOS

11.477

12.929

12,65%

Fonte: Abrafarma – Banco de Dados FIA/USP

Pague Menos foram adiados por conta da nova conjuntura. Mas devem se manter para 2015. “Nós continuamos na expectativa de fazer a abertura de capital. Apenas o mundo mudou. E não é só no Brasil. No mundo, todas as empresas que planejavam fazer um IPO tiveram que adiar os planos e estão aguardando o momento propício. Vender agora seria vender por um preço que não condiz com a nossa realidade. Como temos facilidade de financiamento e fluxo de caixa muito positivo, nós vamos aguardar para talvez 2015 ou 2016”, diz. “O fato de não abrir capital agora não influi nos nossos planos de crescimento e de chegar a mil lojas até 2017, com investimentos de R$ 800 milhões”, destaca o dono da Pague Menos. Nos números da Abrafarma, as vendas do mercado brasileiro de farmácia atingiram R$ 13,5 milhões no primeiro semestre deste ano. Cerca de R$ 9,2 bilhões dizem respeito diretamente a venda de medicamentos, 82

As vendas do mercado brasileiro de farmácia atingiram no R$ 13,5 milhões primeiro semestre deste ano que atingiu 9,9% de crescimento no período. Os números mostram evolução das vendas de produtos de higiene pessoal e beleza e uma não dependência apenas das receitas de medicamento. “Cada vez mais, o consumidor brasileiro vê o canal farma como uma opção atraente para compras de produtos de higiene e beleza e de conveniência. Essa é uma tendência mundial que nos anima e ajuda a elevar as receitas do setor”, comemora Sergio Mena Barreto, da Abrafarma.

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SUSTENTABILIDADE

Luz eficiente

E

Existe um conceito bastante difundido, e equivocado, de que melhorar a iluminação significa aumentar a conta de luz. Tal afirmativa só reflete negativamente no desempenho econômico do estabelecimento, já que investir na infraestrutura significa usar os recursos de forma mais inteligente. No caso da iluminação, existem novas tecnologias que utilizam espelhos refletores capazes de utilizar 95% dos raios luminosos da lâmpada, potencializando ao máximo a iluminação, além de reduzir significativamente os gastos com a conta de energia, afinal, quando se obtém um sistema eficiente de iluminação, diminui-se a necessidade de utilizar uma grande quantia de luminárias. Uma vez que o consumo de energia das farmácias é alto, pois ficam cerca de 12 horas ou até 24 horas por dia com as lâmpadas acesas, o projeto de iluminação deve considerar a necessidade de uma iluminação de alta eficiência, sem perder o foco na redução de custos. Por exemplo, é muito comum as lojas usarem duas lâmpadas de 40W, que são antigas, menos eficientes, consomem 88W/lum e com vida útil de 5 mil a 7 mil horas. Se realizarmos a troca de 16 lâmpadas desse modelo por 16 lâmpadas modelo TL5 de 28W, com uma tecnologia mais moderna e com vida útil de 25 mil horas, essa simples troca gera, em termos de economia, 65% na redução do consumo mensal de energia, isso porque o consumo da tecnologia antiga chega a 1.408W e, com as lâmpadas TL5, esse valor será reduzido para 448W. Além de melhorar 133% na iluminação, o retorno do investimento acontece de um a dois anos. FOTO: DIVULGAÇÃO

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Outro ponto positivo a ser considerado é que, de acordo com estudos luminotécnicos, a boa iluminação pode interferir no nível de conforto psicocomportamental no processo de compra, gerar visibilidade estética dos produtos, criar a sensação de bem-estar, explicitar, simbolicamente, o conceito de honestidade comercial expresso no “nada a esconder”, propiciar uma escolha consciente e bem informada do produto na transparência com que são apresentadas suas características. Com isso, o potencial de venda aumentará muito nas lojas que cumprirem os requisitos de iluminamento corretos, além de poderem gerar uma economia de até 50% a 80% no gasto mensal com energia elétrica. Evidentemente, quando refletimos sobre o significado de cada um dos conceitos acima, associados às farmácias, isso é, a venda de medicamentos e produtos de higiene, teremos uma potencialização dos efeitos descritos, o que certamente se expressará nos incrementos de vendas e na preferência dos consumidores, acrescendo-se que a imagem da saúde está sempre associada à limpeza e higiene, qualidades que ficam realçadas em um local bem iluminado. Para isso, é necessário desenvolver um projeto de iluminação específico para avaliar cada detalhe da farmácia, identificando o melhor modelo de luminária a ser utilizado, onde serão posicionadas, a temperatura de cor da lâmpada ideal para o ambiente, realizar o estudo técnico para melhorar a distribuição dos raios luminosos, preocupando-se em não causar sombras, deixando toda a loja homogeneamente iluminada.

O POTENCIAL DE VENDA AUMENTARÁ MUITO NAS LOJAS QUE CUMPRIREM OS REQUISITOS DE ILUMINAMENTO CORRETOS, ALÉM DE PODEREM GERAR UMA ECONOMIA DE ATÉ 50% A 80% NO GASTO MENSAL COM ENERGIA ELÉTRICA

ANDRÉ FERREIRA Diretor-executivo da Luminae Site www.luminae.com.br

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PRODUÇÃO

Primeiro

passo

A GARANTIA DE SEGURANÇA E EFICÁCIA DE UM MEDICAMENTO SE INICIA PELO INSUMO FARMACÊUTICO, MAS, MESMO TENDO TAMANHA IMPORTÂNCIA, A PRODUÇÃO DESSAS SUBSTÂNCIAS AINDA É BAIXA NO BRASIL POR FLÁVIA CORBÓ

FOTOS: SHUTTERSTOCK

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O

O caminho para que um medicamento chegue às mãos do consumidor, embalado e pronto para ser consumido com segurança, é longo. E todo o processo tem início com os insumos farmacêuticos. Considerados a matéria-prima dos medicamentos, são eles os responsáveis por dar a capacidade terapêutica e também por garantir que possam ser comercializados no formato e tamanho mais adequado. Todas as etapas do processo produtivo são fundamentais para a elaboração de um medicamento seguro, mas a qualidade da matéria-prima é 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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PRODUÇÃO

COMO REGISTRAR UM INSUMO FARMACÊUTICO? O cadastro de insumos farmacêuticos é realizado de forma eletrônica no portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O sistema é voltado para empresas que exerçam as atividades de fabricar, importar, exportar, fracionar, armazenar, expedir, embalar e distribuir. Para acessar o peticionamento eletrônico, é necessário utilizar o e-mail e a senha do gestor de segurança. Em seguida, será necessário realizar a impressão da guia de isenção de pagamento e o preenchimento de formulário com alguns dados sobre o insumo. Confira algumas das informações solicitadas: • • • • sendo cadastrado). • humana ou não, ou vegetal). • • Ao finalizar o preenchimento ou alteração do formulário, selecione o item “gravar dados” ou “alterar dados”. No site da Anvisa, é possível ter acesso a um passo a passo detalhado do cadastramento por meio do link

que o fabricante é responsável pela qualidade do produto intermediário e insumo farmacêutico por ele produzido e que deve haver uma evidência completa do cumprimento das boas práticas de fabricação, a partir da etapa na qual o processo, a matéria-prima ou o produto intermediário utilizado possuam influência crítica na qualidade do insumo farmacêutico final.

vital para garantir que toda a cadeia a seguir resulte em um produto eficaz. Não é possível a elaboração de um medicamento de qualidade se o início for duvidoso. Apesar de representarem a essência dos medicamentos, os insumos farmacêuticos produzidos no Brasil estão longe de suprirem a demanda de consumo do mercado interno. As 50 fabricantes que atuam no País conseguem produzir apenas 350 das 2,2 mil moléculas necessárias para a fabricação de todos os medicamentos consumidos pela população, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Farmoquímica e de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi). Essa produção nacional é capaz de suprir apenas 20% da necessidade total de insumos farmacêuticos no País. O restante é comprado de outros países, o que fez com que o governo federal gastasse R$ 2,6 bilhões com importações de matérias-primas farmoquímicas no ano passado. “Convém lembrar que nenhum país no mundo é autossuficiente na produção de insumo, todos importam uma quantidade razoável. Mas, no 88

Brasil, o percentual é muito alto. Se dependêssemos 50% já seria um avanço, que nos colocaria próximo aos índices internacionais”, analisa o presidente-executivo da Abiquifi, Onésimo Ázara Pereira. E engana-se quem pensa que a dependência externa está relacionada a grandes potencias econômicas. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), 48% dos insumos farmacêuticos ativos utilizados no Brasil entre 2010 e 2012 foram fabricados na China e 30%, na Índia. Os países em desenvolvimento se destacam na produção de matérias-primas mais comuns e de uso em larga escala, enquanto as nações consideradas de primeiro mundo se aperfeiçoam em moléculas inovadoras, com alto grau de tecnologia. A dependência externa fez que com o deficit da área de saúde no ano passado ficasse em US$ 11 bilhões, segundo dados do Ministério da Saúde. Mas, além de causar um forte impacto na balança comercial, a baixa produtividade de medicamentos e insumos importados também fragiliza a saúde pública. “Não são in-

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PRODUÇÃO

XXXXXXXXXX CADEIA PRODUTIVA FARMACÊUTICA – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES DE

EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE INSUMOS FARMACÊUTICOS

US$ FOB* Milhões – 2002 a 2012 1.000

904

800 600 400

178

200

421

351

286

273

256

189

441

857

596

0 03

02

04

05

06

07

08

09

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11

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* Free on board – comprador assume os riscos do transporte da mercadoria Fonte: Abiquifi

IMPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE INSUMOS FARMACÊUTICOS US$ FOB* Milhões – 2002 a 2012 2.800 2.600

2.421

2.400 2.200

2.086

2.561

2.612

2.108

2.000 1.800

1.648

1.600 1.400

1.000

1.156 1.135

1.085

1.200 863

886

800 600 400 200 0 02

03

04

05

06

07

08

09

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* Free on board – comprador assume os riscos do transporte da mercadoria Fonte: Abiquifi

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MEDICAMENTOS E INSUMOS FARMACÊUTICOS

US$ FOB* Milhões – 2008 a 2012 8.800 8.400 8.000 7.600 7.200 6.800 6.400 6.000 5.600 5.200 4.800 4.400 4.000 3.600 3.200 2.800 2.400 2.000 1.600 1.200 800 400 0

8.726

8.413 8.036

6.158

6.009

2.079 1.386

1.285

Exportações:

2008

2009

Insumos farmacêuticos

2.089

1.697

2010 Medicamentos

Importações

2011 Insumos farmacêuticos

2012 Medicamentos

* Free on board – comprador assume os riscos do transporte da mercadoria Fonte: Abiquifi

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PRODUÇÃO

AINDA QUE A CAPACIDADE PRODUTIVA NACIONAL SEJA BEM MENOR QUE A DEMANDA, O BRASIL TEM POTENCIAL DE EXPORTAÇÃO. SOMENTE NO ANO PASSADO, FORAM FABRICADOS R$ 1,3 BILHÃO EM INSUMOS FARMACÊUTICOS, SENDO QUE R$ 857 MILHÕES FORAM RECUPERADOS COM A VENDA PARA PAÍSES ESTRANGEIROS comuns as situações em que há falta de medicamentos ou de fármacos para a produção de determinados medicamentos”, alerta a professora titular e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti. Os exemplos utilizados pela professora são recentes e causaram preocupação entre a classe médica e, principalmente, entre os usuários dos medicamentos. Em 2012, o problema foi verificado com a L-asparaginase, utilizado no tratamento de leucemia linfoide aguda, e, nos primeiros meses deste ano, com a ocorrência da falta de ritalina, prescrita para pacientes com deficit de atenção ou hiperatividade. 92

PRODUÇÃO NACIONAL Ainda que a capacidade produtiva nacional seja bem menor que a demanda, o Brasil tem potencial de exportação. Somente no ano passado, foram fabricados R$ 1,3 bilhão em insumos farmacêuticos, sendo que R$ 857 milhões foram recuperados com a venda para países estrangeiros. “E o trabalho feito para exportação é, praticamente, todo destinado a nações de economia de primeiro mundo. Nossa qualidade é muito alta e nos permite concorrer de igual para igual”, garante Pereira, da Abiquifi. Desde os anos 1990, após a abertura de mercado, a associação trabalha para potencializar a produção nacional de insumos farmacêuticos. E, apesar de orgulhar-se do quanto o setor avançou nas últimas duas décadas, o executivo reconhece que há ainda um campo muito extenso a ser explorado. Para Pereira, o maior pecado cometido por empresários e governo é não enxergar as oportunidades que se escondem pelo País. Nas milhões de cabeças de gado criadas em pastos Brasil afora, por exemplo, está uma vantagem competitiva ignorada. Da mucosa intestinal dos chamados bois verdes, advindo de um sistema de criação basicamente em pasto sem agrotóxico, pode ser retirado o insumo para a produção de heparina, um poderoso anticoagulante. “Se temos a fonte, devemos explorar essa possibilidade que demais

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PRODUÇÃO

países não têm. Essa matéria-prima tem um preço unitário relativamente alto. O quilo pode ser vendido entre US$ 5 mil e US$ 6 mil”, ressalta Pereira, para, logo em seguida, dar outro exemplo. “Somos um dos maiores produtores mundiais de açúcar, que é amplamente usado na cultura e fermentações de vários princípios ativos, como no caso dos antibióticos. Temos que ficar atentos e preocupados em procurar onde estão nossas possibilidades”, alerta o executivo. Outro assunto polêmico quando se trata de insumos farmacêuticos é o processo e o prazo necessários para obter o registro e a autorização de uso de uma determinada substância. Especialistas concordam que, por se tratar de um produto voltado à saúde, todo o cuidado é pouco, mas, ainda assim, questionam os trâmites dos órgãos brasileiros. “Varia de empresa para empresa e de caso para caso. Se o fabricante apresentar uma documentação sem nenhum tipo de erro ou pendências, o processo de regularização do insumo pode ser resolvido em até seis meses. Contudo, pode variar conforme a documentação apresentada pelo fabricante”, alega a Anvisa, em resposta oficial. Mas o processo citado refere-se a moléculas já conhecidas e utilizadas em outros países. Quando descobre-se um novo insumo, o trâmite de autorização pode variar entre cinco a oito anos, o que desestimula o investimento em inovação no País. “A melhor saída é estabelecer o Marco Regulatório que estabelecerá normas claras ao setor. Quando insumos forem importados lá de fora, as fábricas estrangeiras terão que seguir a mesma lista de exigências locais. Não pode haver um controle mais frouxo”, propõe Pereira. “O trabalho da Anvisa é garantir a saúde do consumidor. Os insumos farmacêuticos representam o início da cadeia produtiva da indústria farmacêutica, se durante o produção de um insumo for acrescentado uma substância proibida para o consumo humano, põe em risco a saúde do consumidor, daí o rigor na produção de insumos, manter a qualidade para que o consumidor não corra riscos”, explica a Agência.

E O FUTURO? Algumas medidas estão sendo tomadas pelo governo federal na área de pesquisa e desenvolvimento por meio de Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP),

AS 50 FABRICANTES QUE ATUAM NO PAÍS CONSEGUEM PRODUZIR APENAS 350 DAS 2,2 MIL MOLÉCULAS NECESSÁRIAS PARA A FABRICAÇÃO DE TODOS OS MEDICAMENTOS CONSUMIDOS PELA POPULAÇÃO possibilitada por investimentos do Ministério da Saúde e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Entretanto, o planejamento público de ações que envolvem o segmento deve ser estruturado racionalmente para que políticas tenham continuidade e assegurem o desenvolvimento satisfatório das necessidades da área”, afirma a farmacêutica Maria Nicolleti. Dentro da Abiquifi, o otimismo é grande, motivado, principalmente, por alguns fenômenos pelos quais a sociedade brasileira passou recentemente. A grande adesão da população aos genéricos foi o grande impulsionador na produção dos insumos, pois garantiu maior acesso e o aumento de consumo de medicamentos por parte da população. Outra questão é o aumento da expectativa de vida do brasileiro, que representa, pelo menos, 20 anos a mais de consumo de medicamentos de uso contínuo. “Isso tudo representa demanda e produção. É uma construção lenta, mas estamos com muito entusiasmo de que estamos a caminho da evolução”, avalia Pereira. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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INOVAÇÃO

Janela de

oportunidades

O

A BIOTECNOLOGIA PODE SER O CAMINHO PARA O DESENVOLVIMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL DE MEDICAMENTOS. O QUE FALTA É CONVENCER OS INVESTIDORES DESSE POTENCIAL ADORMECIDO POR FLÁVIA CORBÓ

Os primeiros ensaios a respeito da biotecnologia ocorreram há dois séculos durante experimentações do químico francês Louis Pasteur sobre a função dos micro-organismos na fermentação das cervejas. Os estudos revelaram que a fermentação dos vinhos e das cervejas estava associada à

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atuação de micro-organismos específicos e que a estagnação desse processo era consequência da contaminação das bebidas por outros micro-organismos. Anos após as primeiras constatações, o químico fez um importante avanço. Em 1885, Louis Pasteur teria curado uma criança atacada por um cão raivoso a parFOTOS: SHUTTERSTOCK

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INOVAÇÃO

tir de soro produzido em um sistema biológico vivo. Mas foi no século 20, quando o cientista Herbert Boyer introduziu o gene responsável pela fabricação da insulina humana em uma bactéria, para que ela passasse a produzir a substância, que teve início a biotecnologia moderna. Agora, quase 130 anos depois, os biofármacos tornaram-se a grande inovação na área da indústria farmacêutica. Atualmente, apenas 30% do portfólio farmacêutico global é composto por medicamentos biológicos, mas a previsão é que, em 2017, sete dos dez principais produtos farmacêuticos de maior receita em todo o mundo sejam biológicos. Enquanto se estima que o governo federal brasileiro deva gastar R$ 35 bilhões na compra de medicamentos biológicos até 2016, países com produção de biotecnologia bem desenvolvida já ganham muito dinheiro com isso. Somente Estados Unidos, Europa, Canadá e Austrália tiveram lucro de US$ 89,8 bilhões em vendas no ano de 2012, um crescimento de 8% em relação ao ano anterior, segundo o 27º relatório anual Beyond borders: matters of evidence, produzido pela multinacional de auditoria e consultoria EY.

PREVALÊNCIA DO SUSBSÍDIO Em uma tentativa de reduzir os gastos com a importação de medicamentos biológicos, o Ministério da Saúde vem investindo em parcerias entre laboratórios públicos e privados para o aumento da produção nacional. Neste ano, foram formados 27 acordos para a produção de 14 medicamentos biológicos em território brasileiro. A iniciativa promoveria uma economia anual de R$ 200 milhões, além de aumentar para 25 o número de medicamentos biológicos produzidos no País. Durante o período de transferência de tecnologia dos laboratórios privados para laboratórios públicos, o governo se compromete a comprar os medicamentos. As empresas que fazem a transferência são beneficiadas porque, durante um período, têm mercado garantido. Laboratórios públicos, por sua vez, recebem a capacitação para produção do medicamento. Em outra tentativa de correr atrás dessa oportunidade de expandir a capacidade da indústria farmacêutica nacional, o Ministério pretende investir R$ 170 milhões na construção da primeira fábrica nacional de produtos bio98

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EM UMA TENTATIVA DE REDUZIR OS GASTOS COM A IMPORTAÇÃO, O MINISTÉRIO DA SAÚDE VEM INVESTINDO EM PARCERIAS ENTRE LABORATÓRIOS PÚBLICOS E PRIVADOS PARA O AUMENTO DA PRODUÇÃO NACIONAL. NESTE ANO, FORAM FORMADOS 27 ACORDOS DE TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIA lógicos feitos a partir de célula vegetal. Mas o processo é vagaroso. O polo começará a ser construído em 2014, no município de Eusébio, perto de Fortaleza (CE), e o início da produção está previsto para 2016. Esses investimentos confirmam os dados divulgados pelo Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que revelam que 78% das empresas de biotecnologia contam com financiamento público, enquanto apenas 14% têm apoio de firmas ou fundos de capital de risco.

PROCURA-SE CAPITAL O desenvolvimento de um medicamento biológico requer anos de pesquisa e dispêndio de recursos. E é nesse ponto que se encontra um dos maiores obstáculos enfrentados pelas empresas de biotecnologia atualmente. Em todo o mundo, o corte de investimento em estudos é uma realidade. Em 2012, os gastos com pesquisa e desenvolvimento em empresas de capital aberto aumentou 5%, menos do que os 9% alcançados em 2011, segundo o relatório Beyond borders.

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INOVAÇÃO

VEJA QUAIS SÃO OS PAÍSES QUE MAIS INVESTEM EM BIOTECNOLOGIA NO MUNDO:

10 6

2

3

9

7

1 8

1. Estados Unidos

US$ 22 bilhões

2. França

US$ 2,8 bilhões

3. Alemanha

US$ 1,2 bilhão

4. Japão

US$ 1,2 bilhão

5. Coreia do Sul

US$ 1,1 bilhão

6. Canadá

US$ 944 milhões

7. Suíça

US$ 922 milhões

8. Espanha

US$ 794 milhões

9. Bélgica

US$ 574 milhões

10. Suécia

US$ 534 milhões

Fonte: Organization for Economic Co-operation and development

Empresas de biotecnologia na América do Norte e na Europa levantaram US$ 28,2 bilhões em 2012, ante US$ 33,3 bilhões em 2011. Essa queda se dá pela redução dos empréstimos como fonte de financiamento no ano passado, com volume um terço menor do que no período anterior. A oferta de IPOs permaneceu fraca, com procedimentos agregados de apenas US$ 805 milhões, abaixo dos US$ 857 milhões de 2011. O capital de inovação – 100

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definido como a quantia de capital levantado por companhias com US$ 500 milhões ou menos em resultados – apenas oscilou entre 2011 e 2012, de US$ 15,2 bilhões para US$ 15,3 bilhões. Enquanto que para empresas multinacionais a possibilidade de novos investimentos não se mostra tão favorável como em outros anos, para pequenas empresas a situação é ainda mais adver-

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sa. E são os pequenos negócios que prenominam no mercado brasileiro de biotecnologia. Segundo os dados do Cebrap, 56% das empresas instaladas no País são de pequeno porte, com faturamento anual de até US$ 140 mil. Além de tamanho reduzido, boa parte delas é nova no mercado – 63% delas foram fundadas a partir do ano 2000, 40% delas depois de 2005. Os poucos anos de atividade fa-

5

zem com que 20,6% das empresas brasileiras não tenham lucro, uma vez que seus produtos ainda estão em fase de desenvolvimento e pesquisa.

VALOR Como se as dificuldades econômicas globais no setor de pesquisa já não fossem barreiras grandes o bastante para impedir a chegada do capital privado 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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INOVAÇÃO

PARCERIAS PÚBLICO-PRIVADA POSSIBILITARÃO A PRODUÇÃO NACIONAL DE 14 NOVOS MEDICAMENTOS BIOLÓGICOS: INDICAÇÃO

ONCOLÓGICO

ONCOLÓGICO/ARTRITE REUMATOIDE

ARTRITE REUMATOIDE

PRODUTO

PARCEIROS PÚBLICOS

PARCEIROS PRIVADOS

Trastuzumabe

Bahiafarma, Biomanguinhos e IVB

Libbs, Mabxience, Orygen, Alteogen e Bionovis

Cetuximabe

IVB, Biomanguinhos e Butantan

Bionovis, Libbs e Mabxience

L-asparaginase

Fiocruz

NT Pharma e United Biotec

Filgrastima

Biomanguinhos

Eurofarma

Rituximabe

IVB, Biomanguinhos e Butantan

Bionovis, Libbs e Mabxience

Adalimumabe

Biomanguinhos, IVB e Bahiafarma

Orygen, Alteogen, PharmaPraxis, Libbs e Mabxience

Certolizumab

Biomanguinhos

UCB Pharma e Meizler

Etanercepte

IVB, Biomanguinhos, Butantan e Bahiafarma

Bionovis, Libbs, Mabxience, Orygen e Alteogen

Infliximabe

IVB e Biomanguinhos

Bionovis

DIABETES

Insulina

Farmanguinhos

Biomm e Indar

HORMÔNIO DO CRESCIMENTO

Somatropina

Biomanguinhos e Funed

Cristália e Pfizer

ONCOLÓGICO/ DEGENERAÇÃO MACULAR RELACIONADA À IDADE

Bevacizumabe

Tecpar, Butantan, Biomanguinhos e IVB

Biocad, Libbs, Mabxience, Orygen, Alteogen e Bionovis

CICATRIZANTE

Cola de fibrina

Hemobrás e IBMP

Cristália

IMUNOTERAPIA

Vacina alergênica

Bahiafarma

Biocen e Salundinvest

TOTAL

14

8

17

Fonte: Ministério da Saúde

até as pequenas empresas, há ainda um crônico excesso de modéstia instalado em boa parte das empresas de biotecnologia brasileira. Isso é, existe uma dificuldade de mostrar o valor do negócio, que justifique o investimento a longo prazo em pesquisa e desenvolvimento de um medicamento biológico. Uma das explicações para essa incapacidade em buscar recursos está no fato de que a maioria das pesquisas em biotecnologia realizadas pelas pequenas empresas tem sua origem ligada às incubadoras de universidades, nas quais o foco está mais no estudo e menos na venda da ideia. “É necessário uma visão de negócios, e não somente técnica. É preciso evidenciar como a sua tecnologia vai ter impacto na saúde da população”, ressalta o diretor de consul102

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toria da EY, Caspar Vanrijnbach. A opinião é compartilhada pelo diretor administrativo e financeiro da Associação Mineira de Empresas de Biotecnologia e Ciências da Vida (Ambiotec) e diretor da empresa Bioclin/Quibasa, Silvio Wandalsen Arndt. Para o empresário falta a cultura de busca de recursos e conhecimento dessa relação com o capital externo. “Nossos pesquisadores são professores, não têm a vivência econômica. Com isso, não conseguem apresentar o projeto com uma linguagem mais atrativa, ou então, têm medo de entrar nessa área de empréstimo”, acredita. Para os especialistas, a dificuldade poderá ser superada quando os pesquisadores brasileiros passa-

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INOVAÇÃO

O Ministério pretende investir R$ 170 milhões na construção da primeira fábrica nacional de produtos biológicos feitos a partir de célula vegetal. Mas o processo é vagaroso rem a injetar foco em negócio para conseguir investimentos de firmas e fundos de capital de risco ou para fazer parcerias com empresas de grande porte. E, mesmo assim, o caminho será difícil. “Nos últimos anos, o ambiente financeiro mundial tem sido complicado e os financiadores de pesquisa buscam cada vez mais certeza na sua carteira de investimentos. Especialmente as empresas pequenas têm sofrido com isso”, ressalta Caspar Vanrijnbach, da EY. Outras barreiras a serem levadas em consideração são a burocracia e os altos custos para se financiar pesquisa e desenvolvimento no Brasil. Somado a isso, há uma questão cultural que impede o empresário de enxergar um investimento a médio e longo prazo como rentável. Os olhos estão sempre voltados aos empreendimentos que prometem um retorno mais imediato, ainda que menor. O comportamento imediatista ainda é reflexo das ca104

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racterísticas nada favoráveis da economia brasileira antes da abertura de mercado nos anos 1990. “Até pouco tempo atrás, era difícil para as empresas olharem para um futuro mais distante do que dois ou três anos pela frente, por causa da instabilidade econômica. Além disso, o empresário no Brasil sempre teve um mercado grande e fechado à sua disposição e, assim, não precisava inovar. Os esforços estavam concentrados em crescer rapidamente, ocupar espaço no mercado e ficar mais eficiente”, complementa Vanrijnbach.

DEPENDÊNCIA EXTERNA Para Silvio Wandalsen Arndt, da Ambiotec, a falta de insumos farmacêuticos de produção nacional é outro problema enraizado no setor farmacêutico brasileiro. A afirmação é confirmada pelo relatório da EY, que revela que o setor é altamente dependente de importações: 76,9% das empresas brasileiras importam reagentes, 64,3% importam equipamentos e 20% importam serviço. “Para importar matérias-primas é preciso ter uma licença da Anvisa, e isso, muitas vezes, cai em restrições de exportação, por questões de registro. Nesse processo, às vezes, demora seis meses para a vigilância sanitária liberar um insumo para ser pesquisado, o que atraso muito”, reclama. A dependência externa também provoca uma con-

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INOVAÇÃO

78% DAS EMPRESAS DE BIOTECNOLOGIA CONTAM COM FINANCIAMENTO PÚBLICO, ENQUANTO APENAS 14% CONTAM COM APOIO DE FIRMAS OU FUNDOS DE CAPITAL DE RISCO PARA FINANCIAR PROJETOS centração de desenvolvimento de tecnologia apenas nos grandes centros do País, por conta da logística necessária para receber suprimentos estrangeiros. A maioria das empresas (77,4%) está no Sudeste – 40% em São Paulo, 24% em Minas Gerais e 13% no Rio de Janeiro. De acordo com o empresário, o problema existe, em parte, por falta de visão das indústrias. “Ninguém visualizou ainda as fabricantes de biotecnologia como um mercado consumidor interno. Além disso, nossa indústria não tem visão de exportadores, está acostumada a comprar tudo pronto, ao contrário do que ocorre nos Estados Unidos e na Europa”, afirma Ardnt.

VISÃO OTIMISTA Ainda que os entraves não sejam poucos, nem simples de serem solucionados, há quem acredite no potencial brasileiro no setor de biotecnologia. “Quando olhamos para os valores investidos no Brasil, comparado ao potencial que o País tem, vemos que ainda existem muitas oportunidades a serem exploradas. Esperamos que isso mude em um futuro breve, com as joint-ventures que foram formadas recentemente”, afirma Caspar Vanrijnbach, da EY. Os investimentos citados pelo empresário são referentes a duas grandes empresas criadas a partir da união de 106

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esforços entre diferentes farmacêuticas instaladas no País. A Bionovis promete ser um superlaboratório, com fábrica e centro de pesquisa para fazer medicamentos biotecnológicos, criado em conjunto pela EMS, Aché, Hypermarcas e União Química. Já a Orygen é uma iniciativa que conta com apoio do governo federal e das farmacêuticas Eurofarma, Cristálias e Biolab, também visando a produção de biológicos e biossimilares. Para o presidente-executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), Nelson Mussolini, essas iniciativas já vêm dando bons resultados, no sentido de ampliar a produção nacional de farmoquímicos. Em primeiro lugar, porque têm alavancado uma importante atividade industrial, com desenvolvimento de tecnologias, criação de empregos e geração de riquezas para o País. Em segundo lugar, porque essa ação contribui para o esforço exportador brasileiro. “A indústria farmacêutica e farmoquímica vêm conquistando novos mercados a um ritmo acelerado na última década, graças à intensa movimentação das empresas no exterior e à alta qualidade de medicamentos e insumos fabricados aqui”, acredita. A Sandoz, por exemplo, líder global em biossimilares, há tempos decidiu que medicamentos biológicos seriam um investimento certeiro para o futuro. A empresa iniciou as atividades de pesquisa na área em 1996. Nove anos mais tarde, colocou no mercado seu primeiro biossimilar. Atualmente, a multinacional possui 50% de market share no mercado global, mas não está satisfeita com a posição e enxerga que é possível ir além. A grande oportunidade de crescimento está em países como o Brasil, que possuem alto mercado consumidor, baixa produção de biossimilares e extrema dependência de importação.

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MERCADO

Varejo

integrado

A RELAÇÃO ENTRE COMPRADORES E FORNECEDORES TORNOU-SE MUITO MAIS SIMPLES E ÁGIL COM A ADOÇÃO DE SOFTWARES DE GESTÃO DE ESTOQUE QUE SE COMUNICAM ENTRE SI POR FLÁVIA CORBÓ

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Em uma análise macro, os números do varejo farmacêutico seguem apresentando índices muito positivos já há alguns anos. Entre o primeiro semestre de 2012 e 2013, o número de lojas em operação aumentou 7,5% e, consequentemente, houve expansão de 12,6% no número de farmacêuticos contratados, segundo dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Com um maior número de pontos de venda, o faturamento do setor também apresentou alta. Apenas no primeiro semestre, o varejo de farmácias vendeu R$ 13,5 bilhões em medicamentos e não medicamentos, registrando alta de 12% sobre o mesmo intervalo de 2012. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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MERCADO

NÃO É PRECISO TER UM COMPUTADOR DE ÚLTIMA GERAÇÃO NEM MUITOS CONHECIMENTOS DE INFORMÁTICA PARA MANUSEAR O SISTEMA, QUE FOI ELABORADO PARA SER SIMPLES E PRÁTICO Mas em meio a tantos números positivos, há um índice alarmante, que ainda se faz presente mesmo em um setor cada vez mais forte e profissionalizado. O varejo farmacêutico brasileiro apresenta um percentual médio de ruptura de estoque que gira em torno de 10% do total de itens da loja, sendo que especialistas definem que o percentual aceitável de falta de produtos em uma farmácia ou drogaria não deva ultrapassar 3%. Não encontrar o que se deseja é sempre frustrante, mas, quando se trata de farmácia, a ruptura de estoque causa um efeito ainda mais desagradável. Na maioria das vezes, o consumidor entra na loja já em busca de um produto específico ou com uma necessidade em mente. “Em geral, a busca por aquele item é urgente, então, diante de uma falta, cabe ao consumidor ir buscá-lo na loja vizinha. Nesse momento, além de perder a venda, corre-se o risco de perder o cliente de vez, caso o outro estabelecimento se mostre atrativo”, alerta o superintendente do ECR Brasil – entidade que desenvolve e dissemina melhores práticas visando a eficiência do varejo –, Claudio Czapski. Quando analisadas somente as grandes redes, o índice de ruptura sofre uma redução, ficando na casa dos 5% – quase próximo ao ideal apontado pelos especialistas em varejo. O aumento da eficiência pode ser atribuído ao uso de avançados sistemas de gestão de estoque, presentes em todas as grandes lojas. O grande trunfo dessa tecnologia está na possibilidade de integrar as informações armazenadas no sistema de cada loja com os softwares de redes de distribuição e fabricantes de medicamentos e produtos de Higiene, Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC). Em outros ramos do varejo, como o supermercadista, a utilização dessa ferramenta tecnológica já é uma realidade consolidada há tempos em lojas dos mais diferentes portes. Já no ramo farmacêutico, ainda se concentra em pontos de venda de grande e médio porte e nos grandes centros. Mas, diante das facilidades que oferece, deveria ser integrada também ao dia a dia das pequenas lojas. Quanto menor o espaço de retaguarda versus o amplo sortimento encontrado em uma farmácia e drogaria, mais útil tornam11 0

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-se os recursos tecnológicos de gestão de estoque. “Diante de um espaço restrito de armazenamento e de um número elevado de itens, é preciso ter poucas unidades de cada produto. Se forem vendidos três itens, provavelmente não terão outros três em estoque, portanto é preciso substitui-los rapidamente. A reposição eficiente é essencial nesse momento”, descreve Czapski.

SOLUÇÃO TECNOLÓGICA É para atender a essa demanda por agilidade que foram criados softwares que realizam a integração entre as informações de estoque de uma loja diretamente com o distribuidor ou fabricante. O mercado de tecnologia da informação (TI) disponibiliza diferentes produtos, formatados para atender aos variados modelos de processo de compra e venda adotados por cada estabelecimento. “Algumas lojas possuem setores de compras centralizados, em que a própria rede se encarrega de dispensar o material em todas as filiais. Em outros casos, a compra é feita de maneira individualizada, loja a loja, nos quais cada unidade contém estoque próprio. É preciso respeitar as características de cada modelo”, explica o diretor comercial da Pharmalink, Fernando Cascardo. Uma das soluções criadas pela empresa é chamada de Eletronic Data Interchange (EDI), que possibilita a troca de dados entre comprador e fornecedor. Por meio do software de gestão da farmácia, é possível integrar-se ao sistema do distribuidor ou fabricante e solicitar a reposição de um determinado produto. Cabe ao responsável pelo estoque apenas acompanhar o timing desse pedido feito eletronicamente, para checar se não haverá nenhuma ruptura no processo. “Quando uma compra é feita, preciso saber se vou ter a mercadoria sendo reposta, ou não, pelo meu fornecedor. A gestão desses processos requer um acompanhamento do status do produto, semelhan-

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MERCADO

REPOSIÇÃO DE ESTOQUE

Processo antigo Cada produto vendido era anotado em um caderno, chamado ponteiro.

Muitas vezes, os pedidos eram fracionados entre diversas empresas, e a farmácia recebia diversas remessas ao longo do dia seguinte.

te ao rastreamento oferecido pelas empresas de comércio eletrônico”, explica Cascardo. Os sistemas são elaborados para fornecerem esse feedback de maneira rápida, pois a maioria das farmácias tem nível de estoque baixo e repõe mercadorias diariamente. Caso o pedido não seja atendido ou haja falta de produto no estoque do fornecedor, a informação é enviada rapidamente, o que possibilita uma nova tomada de decisão. “No mesmo momento em que vejo que meu pedido não poderá ser atendido, tenho a possibilidade de encaminhar a solicitação para outros fornecedores”, explica. Outros sistemas disponibilizados no mercado dispensam, inclusive, o controle de estoque, pois o próprio 11 2

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No final do dia, era feito o levantamento de quais produtos precisavam ser repostos.

O responsável pelas compras entrava em contato com diversos fornecedores para cotar o melhor preço.

software de gestão identifica quando determinado produto atingiu o nível mínimo e gera, de forma automatizada, um pedido de reposição ao fornecedor. “A insulina, por exemplo, é um produto de cadeia de frio, pois precisa ser mantida em geladeiras, então a quantidade armazenada é pequena. É preciso ter a calibragem ideal de estoque para, quando for feita a reposição, se tenha a garantia de que aquela quantidade irá atender à demanda que eu tenho na loja”, exemplifica Cascardo. Há ainda softwares que permitem que o fornecedor acompanhe via sistema a movimentação dos produtos das lojas que abastece, segundo informa Claudio Czapski, da ECR. Quando um produto passa pelo caixa, a informação é enviada, ao mesmo tempo, para o controle de gestão

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Processo atual Quando um produto é vendido e registrado pelo caixa, o software de gestão já dá baixa no estoque da loja e comunica o sistema integrado ao distribuidor e fabricante.

Dispositivos avisam quando o nível de estoque de determinado produto chegou ao nível mínimo e já comunicam o sistema do fornecedor.

Baseado em um acordo prévio sobre condições de preço e quantidade, o fornecedor já entrega os produtos que necessitam ser repostos.

da loja e para o sistema do fornecedor. Em uma negociação realizada previamente, já fica definido em que nível de estoque o fornecedor está autorizado a realizar uma nova reposição na quantidade e preço acertados. Nesses casos, não é necessário manter um funcionário na farmácia controlando a saída do estoque. “Antigamente, os farmacêuticos mantinham um caderninho, no qual faziam uma lista de tudo que fora vendido. Em seguida, tinham que entrar em contato com o fornecedor, que, por sua vez, verificava se o item estava disponível em estoque, para, então, o pedido ser efetuado. Isso tudo representa custos e tempo que podem ser minimizados ou desaparecerem da cadeia por meio de um sistema automático”, relembra Czapski.

INFORMAÇÕES CORRETAS Antes de adquirir um software que integre o ponto de venda à indústria e distribuidoras, é preciso ter a consciência de que o sistema é eficiente, mas não faz milagres. Para que se tire melhor proveito do software e ele entregue todas as facilidades que promete, é preciso conhecer bem o sortimento da loja, o giro médio de cada produto e as deficiências de entrega de cada fornecedor. Sem essas estatísticas, fica difícil tomar decisões e garantir um processo de reposição eficiente. Ao lidar com um sistema de gestão de estoque, o mais importante é a qualidade de informação e a atualização da base de dados. Mesmo com tecnologias avançadas, é comum ocorrerem discrepâncias entre o estoque virtual 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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MERCADO

CUSTOS OPERACIONAIS

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Além de tecnologia, é possível contar com dicas básicas para evitar a ruptura de estoque através dos sistemas.

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Por entregar tamanha facilidade, pode-se pensar que os custos para manter um software integrado com as indústrias seja muito alto, mas a verdade é que, para o varejista, os gastos são baixos. Cabe a ele ter um sistema informatizado de gestão de estoque, mas a integração com distribuidoras e fabricantes é oferecida pelas próprias empresas aos clientes. “Principalmente as distribuidoras que abastecem farmácias disponibilizam a base de informática de gestão de estoque e pedidos para seu cliente, em troca de fidelidade. Ao comprar de tal empresa, ela garante que

ajudará na automação do sistema de gestão para que não ocorram rupturas e os processos sejam vistos de maneira mais eficiente”, afirma Czapski. E concordar em integrar-se a uma indústria não significa ficar refém de uma mesma distribuidora ou laboratório. Atualmente, todas as grandes empresas oferecem essa possibilidade aos clientes varejistas. Somente a Pharmalink, por exemplo, trabalha com 11 indústrias, entre elas Sanofi/Medley, Bayer, Takeda, Hypermarcas. Por sua vez, esses fabricantes estão integra dos com 50 mil farmácias e 200 centros de distribuição nacional, regional e local. A taxa de uso do software de integração é pago pelas indústrias, a medida que vão integrando mais lojas ao seu sistema. E, apesar de não ter vínculo direto com o varejista, a Pharmalink oferece suporte, geralmente gratuito, para o manuseio e manutenção do sistema. Mas, de acordo com os especialistas, não é preciso ter um computador de última geração nem muitos conhecimentos de informática para manusear o sistema, que foi elaborado para ser simples e prático. “Quando há integração, podemos utilizar melhor as pessoas da equipe de uma farmácia. Posso direcioná-las a pontos mais importantes. Tirá-las do operacional para que possam auxiliar na gestão e no bom atendimento ao consumidor. O varejo caminha na direção da integração para que possa elevar o nível de exigência dos colaboradores e permitir que eles se dediquem mais ao negócio”, afirma Fernando Cascardo.

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e os produtos que estão fisicamente na loja. Por algum tipo de deficiência de fornecimento de dados, a quantidade de produtos descrita no sistema não bate com a quantidade que efetivamente está lá. “Por exemplo, caiu um frasco no chão e quebrou. O produto é descartado, mas não passou pelo caixa. Alguém precisa avisar o sistema que aquele produto não está mais disponível. Também temos que considerar os furtos ou itens muito próximos ao prazo de validade, que são descartados pela farmácia. Isso precisa ser repassado para o sistema”, explica o executivo da ECR. Outro problema recorrente são falhas na conferência dos produtos entregues pelas distribuidoras. Caso a loja tenha pedido cinco unidades, a informação constará no sistema, já que a compra foi feita de maneira automatizada. Mas, ao receber o material, nota-se que o fornecedor entregou apenas três unidades. Essa contabilização deve ser precisa e a informação repassada ao software, para que não haja descompassos futuros. “É um sistema perfeito, mas precisa estar bem alimentado. A acuracidade dos dados físicos em relação aos dados do sistema é fundamental para que ele possa funcionar de maneira satisfatória”, afirma Czapski.

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CONSULTORIA

Orientação

lucrativa OS ATRIBUTOS ESPECIAIS CONTIDOS NOS DERMOCOSMÉTICOS DEMANDAM QUE O ATENDIMENTO AO CONSUMIDOR SEJA PERSONALIZADO. ASSIM, VAREJO E INDÚSTRIA SE UNEM PARA DISSEMINAR TREINAMENTO E INFORMAÇÃO P O R F L Á V I A C O R B Ó E LI G I A FAV OR ETTO 11 6

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A categoria de dermocosméticos está em constante crescimento e tem vantagem competitiva, já que os produtos são de alto valor agregado. Esse mercado é estimado em R$ 1 bilhão, com crescimento de 15% registrado nos últimos cinco anos. Hoje a porcentagem marca 20%, mas a expectativa é de que esse índice cresça ainda mais, pois novas marcas sugem no Brasil e as indústrias estão especializando suas linhas. FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO E FELIPE MARIANO

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O MERCADO DE DERMOCOSMÉTICOS TEM FATURAMENTO ESTIMADO EM R$ 1 BILHÃO COM CRESCIMENTO DE 15% NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS As farmácias são um canal em que as consumidoras confiam, sobretudo para adquirir produtos premium. Esses estabelecimentos investiram e continuam investindo nas áreas de beauty care e dermocosméticos, o que exige equipe capacitada, que possa realizar vendas consultivas, respeitando e as particularidades de cada cliente. As dermoconsultoras ou consultoras de beleza são as profissionais mais adequadas para realizar esse tipo de serviço. Elas estão capacitadas para ouvir as necessidades das consumidoras que chegam ao ponto de venda buscando produtos espontaneamente ou através de prescrição dermatológica ou nutricional. A partir dos conhecimentos sobre determinada linha, indicam os produtos que se fazem necessários, além de demonstrar a textura, a ação, a composição, os resultados, o modo de aplicação, bem como indicar produtos complementares. O trabalho consiste em orientar e/ou aconselhar os clientes que chegam à farmácia procurando produtos com eficácia comprovada para tratamentos de pele, tais como excesso de oleosidade, anti-idade e hidratação. Sensibilidade é requisito para a atuação das dermoconsultoras, já que precisam saber identificar as necessidades das consumidoras, ouvindo-as e perguntando o que mais incomada. A abordagem deve ser sempre sutil com o intuito de se apresentar como uma pessoa que pode ajudá-la e tirar dúvidas. Daniela Alves, da Servimed, As informações prestavisita lojas do interior de São Paulo levando das por essas profissionais informações sobre são decisivas para as complanograma e produtos pras. Quando existe uma

atendente especializada na loja, metade dos shoppers interage com as consultoras e, através dessa interação, o índice de conversão da categoria sobre para 50%.

PROPOSTA DIFERENCIADA As segundas-feiras são os dias mais agitados na semana da consultora de vendas e marketing da Servimed, Daniela Alves. É nesse dia que ela sai da cidade de Bauru, no interior de São Paulo, onde trabalha, para visitar farmácias independentes situadas em outros municípios da região. O papel da consultora é garantir que as lojas atendidas pela distribuidora estejam seguindo uma exposição correta e atrativa de produtos diferenciados, como os dermocosméticos. O trabalho foi iniciado em 2003, fruto de parcerias entre a distribuidora e algumas indústrias, que estavam insatisfeitas com os espaços dedicados aos cosméticos de alto valor agregado nas gôndolas das farmácias. Para atender a essa demanda, a Servimed passou a treinar uma equipe responsável por oferecer consultoria in loco, seguindo os planogramas e lançamentos dos fabricantes. “Iniciamos o projeto com objetivo de avaliar os nossos clientes no desenvolvimento das categorias de consumo no autosserviço e, ao mesmo tempo, propor às indústrias um trabalho de extensão de suas marcas”, explica o diretor comercial da Servimed, Emerson Visnadi. A consultoria foi iniciada de maneira pioneira e experimental, mas firmou-se e, até hoje, segue como um case de sucesso única no mercado de dermocosméticos. Os esforços da Servimed são concentrados em farmácias independentes de todo o interior e capital de São Paulo. “Nós não atendemos grandes redes porque, nelas, é a própria indústria que atende, por meio dos visitadores de ponto de venda (VPs). Então, os fabricantes consideram a Servimed como uma extensão de suas empresas, já que atendemos os pequenos varejistas que eles não conseguem alcançar”, garante Daniela. Atualmente, a base de clientes que recebe esse serviço soma 90 lojas. A consultoria não pode ser expandida a todas as farmácias que utilizam a distribuição da Servimed, pois, quando se fala de dermocosméticos, é preciso respeitar o perfil do consumidor frequentador de cada ponto de venda (PDV).“Não dá para colocar essa categoria de produto em qualquer farmácia. Em lojas pequenas, com frequentadores de bairro, que não compram com indicação, 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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POR SE TRATAR DE UMA CATEGORIA COM PREÇO MAIS ELEVADO, É ESSENCIAL QUE O VENDEDOR TENHA UMA BASE DE CONHECIMENTO PARA JUSTIFICAR O VALOR ACIMA DA MÉDIA

É IMPORTANTE SABER

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CONSULTORIA

COMO REALIZAR UMA VENDA DE DERMOCOSMÉTICOS?

ETAPA 1 ACONSELHAMENTO Esse é o momento da apresentação, do “quebra-gelo”. O objetivo da abordagem é gerar empatia com o cliente, deixá-lo à vontade para que ele possa expressar suas necessidades.

ETAPA 2 DIAGNÓSTICO Agora, cabe ao vendedor consultivo descobrir as necessidades desse cliente, fazendo as perguntas corretas. É preciso perguntar qual é a rotina de cuidados com a pele, se tem características oleosas ou secas. Ou se o cliente já possui preferência por alguma marca ou produto.

ETAPA 3 RECOMENDAÇÃO Após a sondagem, o vendedor deve apresentar para o cliente os produtos mais indicados para as suas necessidades, destacando os diferenciais de cada marca e produto, a durabilidade, a textura, entre outros atributos.

Fonte: L’Oréal

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As dermoconsultoras da Drogaria São Paulo recebem curso de técnica de vendas oferecido pela L’Oréal

mos notar o resultado de vendas pelo aumento de pedidos de dermocosméticos feitos a Servimed. Lojas que faziam pedidos pequenos e não vendiam quase nada, hoje fazem pedidos maiores e com alta frequência”, diz Andréia Pittoli.

PROFISSIONAIS ESPECIALIZADOS Diferente das farmácias independentes, que dispõem de poucos colaboradores e menos recursos, as grandes redes investem pesado no treinamento de profissionais especializados em vendas consultivas de dermocosméticos, sempre em parceria com a indústria. Uma das maiores aliadas das farmácias nesse processo é a L’Oréal, que realiza treinamentos desde que a divisão cosmética ativa (DCA) chegou ao Brasil, há 13 anos. A partir daí, milhares de profissionais já receberam capacitação e reciclagem. No ano passado, cerca de 14 mil pessoas foram treinadas pela empresa, e, em 2013, o objetivo é atingir 19 mil contatos. “A intenção é treinar as dermoconsultoras, passando o conhecimento sobre as marcas, os produtos, além de informação sobre técnicas de vendas. Com isso, queremos promover uma melhoria constante no aperfeiçoamento desses profissionais, para que o atendimento aos clientes de dermocosméticos seja cada vez melhor”, explica o diretor comercial da DCA, Fernando Ferreira. Uma das principais razões que estimularam a criação 122

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A DIVISÃO COSMÉTICA ATIVA DA L’ORÉAL JÁ CAPACITOU MAIS DE 14 MIL PESSOAS DESDE QUE CHEGOU AO BRASIL HÁ 13 ANOS de cursos a respeito da venda dessa categoria de produtos é a falta de conhecimento sobre os diferenciais de um dermocosmético para um produto de beleza comum. “Existem muitas dúvidas a esse respeito, muitas pessoas ainda não sabem diferenciar um do outro. Nossos treinamentos sempre abordam esses atributos, para que a dermoconsultora possa esclarecer com tranquilidade as dúvidas das clientes”, conta Fernando. Ciente da necessidade de um atendimento diferenciado quando se trata de produtos de alto valor agregado, a Drogaria São Paulo é uma das redes que treina os colaboradores com a ajuda de fabricantes. Atualmente, 135 lojas da rede possuem um profissional voltado para a venda consultiva de dermocosméticos. A definição de quais lojas irão contar com um profissional especializado é realizado pelo departamento comercial da rede. Quando definidos os pontos de venda, o próprio gerente da unidade irá escolher a pessoa que receberá o

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CONSULTORIA

MUDANÇAS NOTÓRIAS Desde 2003, a Servimed realiza um trabalho de consultoria junto a redes independentes. Em parceria com a indústria, a empresa oferece orientação quanto a exposição e sortimento de dermocosméticos. Veja a seguir alguns exemplos de pontos de venda que receberam o serviço e tiveram uma melhora significativa na apresentação de seus produtos.

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treinamento. “Orientamos que sejam selecionadas pessoas com boa dicção, desenvoltura ao falar, ótimo relacionamento com o cliente e que tenha interesse em aprender e facilidade em buscar novos conhecimentos, pois o treinamento de venda consultiva exige a absorção de muito conteúdo”, avalia a coordenadora de treinamento e desenvolvimento da Drogaria São Paulo, Michele de Lima Passos. Em seguida, o escolhido passa por um treinamento chamado de Intensivo, no qual recebe todas as informações sobre pele, cabelo, ativos farmacológicos e a ação dessas substâncias dentro do corpo. Nesse momento, também são passados alguns conceitos sobre as principais linhas de produto. Ao longo do ano, outros treinamentos a respeito de lançamentos de produtos são realizados com os profissionais de venda consultiva e também gerentes de lojas e balconistas, para garantir que o atendimento ao consumidor seja bem realizado, mesmo em lojas sem dermoconsultoras ou na ausência dessas profissionais. “Nesse dia, reunimos diversas linhas, como La Roche Posay, Galderma, Pfizer, e cada um passa o conteúdo próprio, já validado por nós para garantirmos um alinhamento de informação”, detalha.

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Entenda as diferenças entre cosméticos e dermocosméticos.

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Apenas o treinamento intensivo de uma semana é ministrado por uma profissional da própria Drogaria São Paulo. Todos os outros referentes a novos produtos contam com consultores dos fabricantes. “Essa parceria é negociada pelo setor de compras. Quando vamos adquirir uma linha nova, o comprador nos avisa e já entramos em contato para agendarmos um treinamento”, explica Michele. As indústrias possuem profissionais voltados para visitação loja a loja, mas a possibilidade de reunir ven-

dedores de diversos pontos de venda em um mesmo espaço representa redução de custos e ganho de agilidade. E, além disso, todos os participantes do treinamento são orientados a multiplicar o conhecimento obtido com os demais funcionários da loja em que trabalha, o que proporciona um alMichele de Lima Passos, da cance maior ainda das inDrogaria São Paulo, ressalta que o conhecimento deve formações passadas pelo fazer parte da rotina de fabricante. “Hoje temos todos os funcionários, desde uma rotina grande de lano balconista até o gerente çamentos em todas as marcas. São novos produtos com novas tecnologias e novos ativos. Por isso há uma necessidade de treinamento constante”, diz Fernando Ferreira, da L’Oréal. Ainda que a Drogaria São Paulo não tenha a intenção imediata de posicionar um vendedor consultivo em todas as unidades, a empresa entende a importância de aprimorar o atendimento ao consumidor interessado em produtos de alto valor agregado, que, muitas vezes, são consumidos por meio de prescrição médica. “Independentemente se tenha uma dermoconsultora ou não, o importante é que os funcionários tenham conhecimento, desde o balconista até o gerente. Nosso foco está no desenvolvimento de todos”, garante Michele. E por se tratar de uma categoria com preço mais elevado, é essencial que o vendedor tenha uma base de conhecimento sobre o diferencial e os atributos dos produtos que justificam o valor acima da média. Saber reconhecer as necessidades do consumidor e fazer as indicações corretas, que garantirão a fidelidade e satisfação do cliente, também é essencial. “Não há nada mais bem visto por um consumidor do que um bom atendimento. A atenção, informação e a simpatia são características que todo cliente de dermocosméticos procura quando vai às farmácias”, acredita Fernando Ferreira.

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AS DERMOCONSULTORAS OU CONSULTORAS DE BELEZA ESTÃO CAPACITADAS PARA OUVIR AS NECESSIDADES DAS CONSUMIDORAS QUE CHEGAM AO PONTO DE VENDA BUSCANDO PRODUTOS ESPONTANEAMENTE OU ATRAVÉS DE PRESCRIÇÃO

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INVESTIMENTO

Consumo típico

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ATENTOS AOS DESEJOS E PODER DE CONSUMO DA MULHER BRASILEIRA, FABRICANTES DE PRODUTOS PARA BELEZA INVESTEM PESADO EM PRODUTOS DE SKIN CARE POR FLÁVIA CORBÓ

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Há bem pouco tempo, boa parte das brasileiras olhava os produtos de beleza e cosméticos de maneira aspiracional. A renda baixa, ou, inclusive a ausência dela, no caso das inúmeras donas de casa, permitia apenas o acesso aos bens essenciais. Hoje, a mulher virou o jogo. Adentrou no mercado de trabalho, ascendeu junto a milhões de pessoas para a classe C e ganha o suficiente para ter um consumo de qualidade, com poder de escolha. A brasileira típica ainda sonha em ter uma família, mas também quer fazer uma faculdade, sair com as amigas e se dá direito a certos luxos. Aliás, em boa parte dos lares do País, quem dá a palavra final a respeito dos gastos e compras são as muFOTO: SHUTTERSTOCK

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PERFIL Na hora de escolher o sortimento de produtos de cuidados faciais e realizar uma venda certeira, é essencial conhecer as necessidades das consumidoras. Veja algumas características comuns entre a maioria das brasileiras: • creme anti-idade. • do País usam protetor solar diariamente. • excesso de oleosidade na pele. • mulheres costumam usar uma média de três a quatro produtos por dia na região do rosto. • tradicionalmente usados no cotidiano estão o sabonete, citado por 73% delas, e os hidratantes (56%). Fonte: Pesquisa Hábitos e Atitudes de Face Care, divulgada no mês de agosto de 2013 pela Johnson & Johnson

lheres. Com a ajuda da internet e das amigas, elas detêm muita informação e sabem bem o que querem. Em meio a tantas mudanças, o setor de higiene e beleza saiu ganhando. O poder de consumo e a vaidade características das brasileiras fizeram delas potentes consumidoras. Atualmente, o Brasil configura como terceiro maior mercado consumidor de itens de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos (HPC) do mundo. Em 2003, as brasileiras gastaram R$ 26,5 bilhões com serviços de beleza e produtos. Dez anos depois, a previsão é de que a cifra alcance R$ 60 bilhões em 2013, de acordo com dados do Instituto Data Popular. E entre os produtos mais desejados estão os de cuidado com a pele. O mercado de skin care soma R$ 2 bilhões no Brasil, sendo R$ 1,2 bilhão somente em produtos com foco em mãos e corpo. Outro dado expressivo é que o mercado de produtos para corpo representa 60% do total da categoria de skin care e cresceu 15% entre 2009 e 2012, no Brasil, segundo dados fornecidos pela Unilever.

Somente a categoria de hidratantes movimentou aproximadamente R$ 450 milhões em 2012 e a de sabonetes, aproximadamente, R$ 2,6 bilhões, segundo pesquisa da Nielsen. E nessa onda de consumo estético, até os produtos dermocosméticos, característicos por terem um preço mais elevado, conseguiram angariar consumidoras fiéis. Segundo a fabricante Dermage, atualmente, o mercado de dermocosméticos responde pela cifra de R$ 1,5 bilhão e cresce a dois dígitos por ano.

ARSENAL DE INFORMAÇÕES Acompanhar essas diversas mudanças pela qual passou a mulher brasileira nos últimos anos não foi fácil. Para não perder o foco das necessidades dessa nova consumidora, as empresas lançaram mão de inúmeras pesquisas. Para desvendar os hábitos das mulheres brasileiras nos cuidados com a pele do rosto, a Johnson & Johnson entrevistou 1,5 mil mulheres entre 14 e 65 anos. “O estudo foi muito abrangente e elucidativo, pois ofereceu para a empresa um entendimento completo e profundo sobre os cuidados da brasileira com a pele do seu rosto”, afirma o gerente de marketing de beauty da Johnson & Johnson, Marcus Savoi. A pesquisa reforçou a crença de que a mulher brasileira é uma das mais vaidosas com sua aparência. Uma das descobertas levantadas pela pesquisa é que, de segunda a sexta, as mulheres costumam usar uma média de três a quatro produtos por dia na região do rosto. Sabonetes e hidratantes são os produtos mais consumidos, mas 39% das mulheres já revelam preocupação em utilizar creme anti-idade. A preferência da brasileira pelo uso de sabonetes e hidratantes também é fortemente percebida dentro da Unilever. Com campanhas que visam desmitificar o padrão de beleza vigente, a Dove se tornou a maior marca de cuidados pessoais do mundo e a sétima marca mais valiosa do mercado de beleza global, segundo levantamento Kantar Worldpanel. O estudo do instituto internacional também revelou que o volume médio de consumo da categoria é de 1,031 litro por ano, o que equivale a um consumo diário de aproximadamente 2,8 ml. Dessa forma, a embalagem padrão de 200 ml duraria cerca de 360 dias, com o nível de consumo atual. Nesse cenário, as embalagens superiores a 400 g ganham importância entre as consumidoras que procuram melhor custo-benefício. A preocupação em antecipar as necessidades das consumidoras também permeia o cotidiano da Hypermarcas. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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INVESTIMENTO

Para estabelecer uma relação mais próxima o possível com as potenciais clientes da marca, a empresa investiu R$ 10 milhões na construção de um Centro de Estudo do Consumidor e Inovação (CECI), em Barueri, na Grande São Paulo. No mesmo espaço, pesquisadores desenvolvem produtos nos laboratórios, enquanto as salas de testes recebem entre 50 e 100 pessoas diariamente para provar os itens desenvolvidos. “É o único o lugar do mundo que eu conheço onde o pesquisador pode desenvolver o produto e ver o consumidor testando. Fazemos isso porque precisamos falar a língua da consumidora e vê-la interagindo com o produto”, explicou o presidente da divisão de consumo da Hypermarcas, Nicholas Fischer, durante palestra realizada 10ª edição na Beauty Fair. Esse movimento em busca das necessidades das consumidoras se deve tanto a necessidade de manter-se à frente da concorrência quanto ao fato de as brasileiras terem se tronado mais exigentes quanto à qualidade do que consomem a partir do momento que conquistaram maior independência e poder de compra e de escolha. “Nos últimos anos, um número cada vez maior de consumidoras tem exigido produtos que ofereçam alta tecnologia, cosmética superior e resultados comprovados”, garante Marcus Savoi, da Johnson & Johnson. Para atender a essa demanda, a multinacional faz questão de criar produtos exclusivamente produzidos no Brasil. “Na maioria dos casos, o que se exporta/importa é a tecnologia, e a fórmula é criada ou adaptada para o consumidor local. Também trabalhamos no Brasil a cosmeticidade de alguns dos nossos produtos internacionais (textura e fragrância), atendendo em cheio a necessidade do público-local, mesmo com o que vem de fora”, complementa. Ainda que a procura por produtos de maior tecnologia e valor agregado sejam uma realidade, Nicholas Fischer, da Hypermarcas, acredita que não se deve descuidar de detalhes que podem trazer alguma vantagem competitiva. “O portfólio de produtos tem que trazer benefícios desejados por ela, mas nem sempre elas querem uma revolução tecnológica. Às vezes, uma tampa que abre mais fácil ou uma fragrância que seja mais agradável já são mudanças relevantes.”

POR QUE INVESTIR? Apesar de o Brasil ser um mercado maduro e forte no setor de beleza, a fonte de possibilidades não secou. De acordo com a Unilever, o mercado global de loções corporais tem apenas 70% de penetração, ou seja, merece investimentos, pois possui espaço para franca expansão nos próximos anos. No Brasil, isso não é diferente. 130

O MERCADO DE PRODUTOS DE SKIN CARE SOMA R$ 2 BILHÕES NO BRASIL, SENDO R$ 1,2 BILHÃO SOMENTE EM PRODUTOS COM FOCO EM MÃOS E CORPO Aspectos comportamentais da consumidora brasileira, como não ter o hábito de utilizar hidratantes diariamente e a lacuna existente no mercado por produtos que atendam suas necessidades reais, foram pontos que deram impulso para a companhia voltar a investir na marca Vasenol no Brasil, que atua no segmento há mais de 140 anos em todo o mundo. “Ainda há muito a ser desenvolvido. Atualmente, a penetração de Vasenol nos lares brasileiros é de 2,2%, com frequência de compra de 1,5 ao ano”, revela a Unilever. O investimento na marca envolve a renovação dos produtos atuais, a expansão do portfólio com a linha premium – segmento que tem ganhado grande participação no mercado de hidratantes – e a grande aposta, a Geleia de Vaselina Original, que tem 30 usos possíveis além da hidratação da pele. Já a Hypermarcas prefere seguir apostando na classe social da vez – a C – como público-alvo dos principais lançamentos. Por isso, investiu na reformulação da linha Monange e em uma campanha de marketing voltada a homenagear as mulheres. “Nós acreditamos que a mulher brasileira é nossa razão de existir. Decidimos criar um filme publicitário para dizer que ela é o máximo”, conta Nicholas Fischer. E se um primeiro movimento de ascenção social já conseguiu causar tamanha revolução no mercado de beleza no Brasil, a expectativa da Dermage é que o quadro torne-se cada vez mais positivo. “O boom da classe C deixou mais de 40 milhões de pessoas com bolso de classe média, mas ainda com o comportamento de consumo antigo. Isso é temporário e, em breve, essas pessoas passarão a comprar produtos de alto valor agregado, já que a indústria investe muito e conta com empresas grandes que fazem uma excelente comunicação com o consumidor”, acredita a diretora comercial e de marketing e demanda da Dermage, Mônica Branco.

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ATENDIMENTO

Atenção redobrada

SER CUIDADOR DE UM IDOSO, DOENTE CRÔNICO OU GRAVE É UMA TAREFA DESGASTANTE E DE MUITA RESPONSABILIDADE. O APOIO A ESSAS PESSOAS É FUNDAMENTAL NESTE MOMENTO P O R F L Á V I A C OR B Ó

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S

Segundo levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Data Popular, do total de 23 milhões de idosos no Brasil, apenas 2,7 milhões vivem sozinhos. A grande maioria mora na companhia de familiares e uma pequena parcela vive junto de um cuidador profissional. O número de trabalhadores responsáveis por acompanhar idosos e portadores de doenças crônicas ou graves no País é incerto, já que a profissão não é regulamentada. Muitas carteiras de trabalho são preenchidas com o cargo de trabalhador doméstico, mas estimativas do ramo consideram que há, pelo menos, 220 mil cuidadores no Brasil, lembrando que o número pode ser ainda maior pela falta de registro. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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PALAVRA AO CUIDADOR • de uma etapa bastante complexa e importante da vida de alguém. Nesse momento, o paciente vivencia diversos sentimentos, pois se sente impotente. Isso pode gerar, muitas vezes, um alto grau de ansiedade e/ou irritabilidade, sem motivos aos olhos dos outros. • para os mais próximos. É extremamente importante para quem cuida cuidar de si mesmo. Dividir seus problemas com outras pessoas, parentes ou não, pode ajudar. Nas conversas, o cuidador tem noção de que o mundo não está contra ele, como imaginava, observando que outras pessoas também podem estar passando por questões iguais ou piores que a sua. • cuidados, mesmo que só para tomar um ar, faz-se necessário também. Dessa maneira, a sobrecargas sentidas se diluem para todos. • direito e dever de quem cuida, por isso converse com o profissional responsável pelo paciente. Informar-se sobre a questão ajudará a diminuir a tensão e a ansiedade. Fonte: Associação Paulista para o Desenvolvimento de Medicina

O fato é que a população vem envelhecendo – o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que, até 2025, os brasileiros com mais de 60 anos somarão 33 milhões de pessoas –, e o número de responsáveis pelo cuidado de um idoso aumenta na mesma proporção, sejam profissionais, familiares ou cônjuges. E tanto a tarefa de acompanhar um idoso quanto prestar os cuidados a um portador de doença crônica ou grave pode ser bem desgastante. A dependência física e, muitas vezes, psicológica do assistido, a resistência ao tratamento, constantes visitas a médicos das mais variadas especialidades e o trabalhoso controle e administração dos diversos medicamentos prescritos exigem tempo e dedicação. Para encarar a jornada, é fundamental contar com o apoio de profissionais da saúde, capacitados para fornecer orientação e suporte técnico. Dentre os problemas estão: diabetes, hiper-

tensão, acidente vascular cerebral (AVC), esclerose, mal de Alzheimer, mal de Parkinson e câncer. Mais presente no cotidiano de um cuidador que o próprio médico, o farmacêutico tem um papel fundamental na rotina desse profissional ou familiar, pois as visitas à farmácia são constantes. Para prestar um bom atendimento, é importante mostrar-se solidário e disposto a solucionar eventuais dúvidas a respeito do tratamento prescrito. “Não é simples o nível de cuidado que deverá ser dispensado aos doentes crônicos, graves e/ou idosos. A orientação deve estar relacionada a todos os inúmeros aspectos que envolvem a terapêutica medicamentosa. Normalmente, os pacientes idosos apresentam comprometimento em diferentes sistemas, como, por exemplo, sistemas digestório e geniturinário, além de sensoriais, motores e/ou auditivos. A transmissão de informação tem que se fundamentar na capacitação de quem fornece e na certeza do entendimento pelo cuidador, seja ele um familiar ou não”, orienta a professora titular e farmacêutica responsável pela Farmácia Escola da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti.

IMPROVISO PERIGOSO O fato da grande maioria de cuidadores no Brasil não ser um profissional treinado para exercer a função faz com que o nível de Atenção Farmacêutica tenha que ser ainda maior, para tentar compensar o nível de despreparo e fragilidade emocional causada pela situação. De acordo com o presidente da Associação de Cuidadores de Minas Gerais (Aciminas), Jorge Roberto de Souza Silva, que há 12 anos atua na profissão, a falta de treinamento adequado para tratar de idosos e/ou portadores de doenças faz com que muitos erros básicos, porém de consequências perigosas, sejam cometidos. “Erros como transferência do doente do sofá para a cama, no posicionamento de um paciente e, principalmente, na administração do medicamento, às vezes fora de horário ou na quantidade errada, ou pior, dado por conta própria, são detalhes que fazem toda a diferença no tratamento”, descreve Silva. Dependendo da condição do paciente, são vários os riscos inerentes ao uso irracional de medicamentos, desde a dificuldade de deglutição, fazendo com que a dose terapêutica não seja administrada por comple2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ATENDIMENTO

to, até as interações medicamentosas. “Normalmente, essas pessoas já são usuárias da polifarmácia e falhas ou supressão/compensação de doses de medicamentos em horários estabelecidos poderão comprometer o estado de saúde do paciente”, alerta Maria Aparecida. Doentes crônicos muitas vezes precisam do ajuste do perfil terapêutico do medicamento de acordo com as características individuais. Considerando as situações de polifarmácia, há aumento de chances de surgirem reações adversas, falha na administração e o mau uso do medicamento. “Aspectos como estado nutricional e fisiológico também devem ser observados constantemente para que possíveis alterações sejam identificadas”, complementa.

FAMILIARES TAMBÉM SÃO CUIDADORES Ao deparar-se com a possibilidade de ter um familiar doente em casa, as pessoas passam a conviver com a dolorosa possibilidade da morte. O diagnóstico de uma doença orgânica, muitas vezes, é recebido pela pessoa e por sua família como uma agressão, pois, com o advento de uma doença, seja ela grave ou não, a pessoa tem seus planos e sua própria vida interrompida, perde seus sonhos e sua esperança depositada no futuro e vê-se totalmente diante de sua própria finitude. Segundo informa o Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic), normalmente, não é só o paciente que adoece, mas todo o complexo familiar é abalado, vê-se a dissolução de um de seus mitos: “de que doenças fatais só acontecem com os outros”. 134

A incerteza do sucesso de um tratamento, a admissão em uma unidade que requer isolamento, a realização de procedimentos médicos invasivos e o uso excessivo de medicação para o tratamento e controle de efeitos colaterais ameaçam a segurança do paciente. Esses aspectos, somados à complexidade de alguns procedimentos, tornam comum o aparecimento de preocupações sobre a recaída da doença, dores, entre outros fatores, fazendo com que o paciente e seu cuidador fiquem ansiosos diante do menor evento. Ou seja, ambos ficam em estado de alerta sobre qualquer ocorrência, às vezes interferindo na interpretação dos fatos, provocando mudanças de humor, alterações do sono e utilizando estratégias de enfrentamento mal adaptadas. De acordo com informações fornecidas pela International Association for the Study of Pain, ver uma pessoa amada sofrer é uma demanda emocionalmente difícil. Quando os cuidadores são os próprios familiares, esses passam a conhecer a dor em níveis muito mais elevados de tensão, de depressão e de outros distúrbios emocionais. Cuidar envolve frequentemente tarefas múltiplas e não familiares. Pode-se incluir monitorar a dor e outros sintomas, dar medicações, tratar os efeitos secundários, ajudar o posicionamento e comunicar-se com os profissionais de saúde. Além de tratar das demandas de cuidados emocionais e físicos, os parceiros e os cuidadores devem ajustar-se e lidar com as interrupções de seus compromissos diários, ou seja, quando chegam à farmácia para comprar os medicamentos e outros produtos para um familiar que está acamado, esses clientes estão completamente fragilizados e acabaram de assumir uma rotina de cuidados que não fazia parte da sua rotina, ou seja, toda orientação será de extrema

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ATENDIMENTO

VEJA ALGUMAS ORIENTAÇÕES QUE O FARMACÊUTICO PODE REPASSAR AO CLIENTE CUIDADOR:

No médico: •

Ao tomar o medicamento: • • • •

Como guardar o medicamento: •

Na farmácia: •

• • • •

• •

NA PRÁTICA

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ATENDIMENTO

NO PONTO DE VENDA

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NTEÚDO

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Conheça os principais conteúdos ministrados nos cursos de cuidadores.

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Na farmácia, a cuidadora acha válido levar anotações que constem todas as medicações tomadas pelo paciente, além de informações como o valor da última medição da pressão arterial e histórico hospitalar. “Também se deve comprar exatamente o medicamento recomendado pelo médico. Mesmo os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) que não exigem receita podem ser um veneno”, alerta. É importante que o cuidador tenha bem definido o esquema terapêutico do seu paciente para que o farmacêutico possa dar as informações seguras sobre os medicamentos que são administrados, sempre assegurando a eficácia e a segurança no uso. Os esquemas posológicos, períodos de utilização, frequência, possíveis reações adversas e interações (tanto em relação a medicamentos quanto a alimentos, ou mesmo em testes laboratoriais) e outras manifestações clínicas que poderão ser observadas na utilização dos medicamentos adquiridos devem ser esclarecidos.

Para que essa relação entre cuidador e farmacêutico flua bem, Jorge Silva, da Aciminas, acredita na importância de se criar um vínculo com um mesmo profissional. “Com o tempo, o farmacêutico acaba nos reconhecendo, indicando algum medicamento de uso contínuo que, eventualmente, estamos nos esquecendo de comprar, sabe orientar sobre como guardar o medicamento, a forma correta de se ministrar, como deve ser ingerido com água ou leite. Além disso, nos ajuda a entender a letra de médico, que sozinhos não conseguiríamos”, comenta. A utilização de mais de um medicamento pelo indivíduo requer um estudo detalhado sobre as possíveis interações que possam ocorrer, considerando também a periodicidade que devam ser tomados e o conforto do indivíduo. De acordo com Maria Aparecida, da USP, o farmacêutico pode elaborar planilhas individualizadas com orientações de fácil entendimento para que o indivíduo faça um regime posológico correto dos medicamentos que estão em uso. “Para que isso ocorra de maneira adequada, é necessária uma interlocução bem dirigida ao usuário ou ao seu cuidador para que o plano de regime posológico estabelecido esteja adequado às necessidades de cada medicamento para que sejam eficazes e seguros”, explica a farmacêutica.

AL

tos que devem ser administrados, ela faz uso de uma lista, na qual relaciona as datas, horários e doses de cada medicamento. As embalagens são colocadas em um caixa com divisórias, separando os remédios entre os que devem ser ministrados em jejum, após o almoço ou à noite. Num caderno, faz anotações sobre o dia a dia do paciente, fazendo referências ao estado emocional e físico, citando alguma ocorrência fora do comum. “Quando o cuidador ou familiar é substituído por outra pessoa, é preciso deixar tudo bem anotado e estipulado para que o tratamento siga normalmente”, explica. A tecnologia também é aliada e Lídia utiliza o despertador do celular para não se perder nos horários.

RA N O POR

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www.guiadafarmacia.com.br

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ATUALIDADE

Reflexos da

população brasileira PESQUISA VIGITEL, DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, REVELA QUE 51% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ESTÁ ACIMA DO PESO. EM 2006, PERCENTUAL ERA DE 43%. HOMENS SÃO MAIORIA, 54%. NAS MULHERES, O ÍNDICE CHEGA A 48% POR LÍGIA FAVORETTO

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FOTOS: SHUTTERSTOCK

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D

Dados inéditos do Ministério da Saúde revelam que, pela primeira vez, o percentual de pessoas com excesso de peso supera mais da metade da população brasileira. A pesquisa Vigitel 2012 (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) mostra que a obesidade cresceu no País, atingindo o percentual de 17% da população. Em 2006, quando os dados começaram a ser coletados pelo Ministério, o índice era de 11%. O aumento atinge tanto a população masculina quanto a feminina. Na primeira edição da pesquisa, 11% dos homens e 11% das mulheres estavam obesos. Atualmente, 18% das mulheres estão obesas. Entre os homens, a obesidade é de 16%. O estudo retrata os hábitos da população e é um importante instrumento para desenvolver políticas públicas de saúde e estimular os hábitos saudáveis. Nesta edição, foram entrevistados 45,4 mil pessoas em todas as capitais e no Distrito Federal, entre julho de 2012 a fevereiro de 2013. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que os números servem de alerta para que toda a sociedade se articule para controlar o aumento da obesidade e do sobrepeso no Brasil. “Os dados reforçam que a hora é agora. Se não tomarmos – o conjunto da sociedade, familiares, trabalho, agentes de governo – as medidas necessárias, se não agirmos agora, corremos o

O ESTUDO RETRATA OS HÁBITOS DA POPULAÇÃO E É UM IMPORTANTE INSTRUMENTO PARA DESENVOLVER POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE E ESTIMULAR OS HÁBITOS SAUDÁVEIS

DADOS DE EXCESSO DE PESO POR CAPITAL: CAPITAIS/DF

TOTAL MASCULINO FEMININO (%) (%) (%)

Aracaju

51,5

60

44,6

Belém

50,4

57,2

44,6

Belo Horizonte

48,1

52

44,7

Boa Vista

47,5

52,9

42,3

Campo Grande

56,3

61,4

51,6

Cuiabá

51,8

57,7

46,3

Curitiba

51,6

55,5

48,1

Florianópolis

48,6

50,2

47,2

Fortaleza

52,8

56,5

49,6

Goiânia

49,4

52

47

João Pessoa

50,9

55,3

47,3

Macapá

51,7

55

48,6

Maceió

52,4

56,4

49

Manaus

52

52,6

51,5

Natal

52,2

54,9

50

Palmas

45,3

53

38,1

Porto Alegre

54,1

59,9

49,3

Porto Velho

52,4

55,8

48,9

Recife

53,3

54,3

52,4

Rio Branco

53,9

57,8

50,3

Rio de Janeiro

52,4

54,7

50,4

Salvador

47,3

45,8

48,7

São Luís

45,3

52,3

39,5

São Paulo

52,1

56,1

48,6

Teresina

46,4

53,2

40,8

Vitória

48

55,2

42

Distrito Federal

46,6

49,3

44,2

risco de chegar a patamares de obesidade como os do Chile e dos Estados Unidos. Por isso, temos que agir fortemente”, disse. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ATUALIDADE

DADOS DE OBESIDADE POR CAPITAL: CAPITAIS/DF

TOTAL MASCULINO FEMININO (%) (%) (%)

Aracaju

18

19,5

16,8

Belém

16,1

17

15,3

Belo Horizonte

14,5

13,3

15,5

Boa Vista

15,1

14,9

15,3

Campo Grande

21

19,6

22,3

Cuiabá

19,2

19,5

18,9

Curitiba

16,3

16

16,6

Florianópolis

15,7

16,2

15,4

Fortaleza

18,8

18,7

18,8

Goiânia

14

11,8

15,9

João Pessoa

19,9

21,1

18,9

Macapá

17,6

15,7

19,3

Maceió

19,9

18,5

21,1

Manaus

19,6

19,1

20

Natal

21,2

19,9

22,3

Palmas

15,7

15

16,4

Porto Alegre

18,4

17,8

18,9

Porto Velho

18,9

18,3

19,6

Recife

17,7

16,8

18,3

Rio Branco

21,3

18,5

23,9

Rio de Janeiro

19,5

17,1

21,5

Salvador

14,1

9,8

17,7

São Luís

13,2

14,2

12,3

São Paulo

17,8

17,6

18

Teresina

15

16,3

13,9

Vitória

15,5

17

14,2

Distrito Federal

14,3

13,5

14,9

COMPORTAMENTO INFLUENCIADOR Apesar de a obesidade estar relacionada a fatores genéticos, há importante influência significativa do 142

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sedentarismo e de padrões alimentares inadequados no aumento dos índices brasileiros. Forte aliado na prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, o consumo de frutas e hortaliças está sendo deixado de lado por uma boa parte dos brasileiros. Apenas 22,7% da população ingerem a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de cinco ou mais porções ao dia. Outro indicador que preocupa é o consumo excessivo de gordura saturada: 31,5% da população não dispensa a carne gordurosa e mais da metade (53,8%) consome leite integral regularmente. Os refrigerantes também têm consumidores fieis – 26% dos brasileiros tomam esse tipo de bebida ao menos cinco vezes por semana.

FASES DA VIDA Se na faixa etária entre 18 e 24 anos, 28% da população está acima do peso ideal, a proporção quase dobra na faixa etária dos 35 anos aos 44 anos, atingindo 55%. O percentual de obesidade acompanha esse crescimento e mais que dobra se comparados os dois períodos: 7% para 19%, respectivamente. Com o passar dos anos, os brasileiros também tendem a diminuir a prática da atividade física: 47% dos jovens com idade entre 18 a 24 anos se exercitam regularmente. E entre 35 a 44 anos, o índice cai para 31%. O Vigitel 2012 mostra ainda que o envelhecimento da população reflete positivamente na alimentação do brasileiro. Se entre os 18 e 24 anos, quase a metade dos homens brasileiros come carne com gordura regularmente (48%), esse índice cai para 27% entre aqueles que já passaram dos 65 anos. O fenômeno se repete com o consumo de refrigerante. Entre os jovens com idade entre 18 e 24 anos, 36 % declararam tomar regularmente a bebida. Aos 65 anos, o percentual cai para menos de um terço, ficando em 12%. Em contrapartida, há aumento de consumo de frutas e hortaliças nas faixas etárias superiores. Entre os 18 e 24 anos, 17% comem cinco porções/dia e 24% cinco porções semanais. Aos 65 anos, os percentuais aumentam para 28% e 46%, respectivamente.

GUIA DA FARMÁCIA OUTUBRO 2013

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ATUALIDADE

Combate ao fumo PERCENTUAL CAI 20% EM SEIS ANOS NO BRASIL. CAMPANHAS DE PREVENÇÃO E CONTROLE SÃO RESPONSÁVEIS PELOS RESULTADOS

P

POR LÍGIA FAVORETTO

Percentual de brasileiros fumantes alcançou o menor índice: 12%. Em 2006, era de 15%. Pesquisa do Ministério da Saúde também revela que houve redução do número de fumantes passivos. A parcela da população brasileira acima de 18 anos que fuma caiu 20% nos últimos seis anos, de acordo com dados inéditos do Ministério da Saúde. A pesquisa Vigitel aponta que 12% da população brasileira fuma, enquanto que, em 2006, o índice era de 15%. Apesar da queda, a frequência maior permanece entre os homens: o número passou de 19% (2006) para 15% (2012). Entre as mulheres, o índice caiu de 12% (2006) para 9% (2012). “A queda

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do número de fumantes no País comprova que o Ministério da Saúde, em parceria com a sociedade, está no caminho certo ao investir em ações de prevenção e controle e também na oferta de tratamento para os fumantes. Estamos investindo cada vez mais na formulação de políticas públicas que promovam, continuamente, a melhoria da qualidade de vida da população brasileira”, completa o ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Outro bom motivo para comemorar é a redução na frequência de fumantes passivos no domicílio, que passou de 12% para 10% em 2012, conforme mostra a pesquisa. Também houve diminuição de fumantes passivos no local de trabalho. O índice passou de 12% para FOTOS: SHUTTERSTOCK

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ATUALIDADE

ÍNDICE DE REDUÇÃO DE FUMANTES

146

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UF

2006

2012

%

AC

20%

15%

25%

AL

14%

9%

36%

AM

13%

8%

38%

AP

17%

10%

41%

BA

9%

6%

33%

CE

16%

9%

44%

DF

16%

10%

38%

ES

15%

9%

40%

GO

13%

10%

23%

MA

12%

8%

33%

MG

16%

12%

25%

MS

14%

12%

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MT

15%

11%

27%

PA

15%

8%

47%

PB

14%

10%

29%

PE

15%

12%

20%

PI

15%

11%

27%

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18%

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BRASIL

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METODOLOGIA DA PESQUISA O Vigitel tem objetivo de medir a prevalência de fatores de risco e proteção para doenças não transmissíveis na população brasileira e subsidiar ações de promoção da saúde e de prevenção de doenças. O levantamento monitorou 45,4 mil adultos residentes em domicílios com telefone fixo em todas as capitais do País. Uma novidade nesta edição do Vigitel é a atualização dos dados da população de referência levantados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No estudo deste ano, foi utilizado o Censo Demográfico de 2010, e não de 2000. Ao utilizar informações mais atuais, os dados revelam uma população maior, mais escolarizada e também mais idosa. Em função disso, as análises de tendência foram refeitas para o período de 2006 a 2012 – para todas as variáveis, incluindo o tabagismo – o que explica as possíveis diferenças nos números impressos em anos anteriores.

10%. E continua em queda a frequência de homens que fumam 20 ou mais cigarros por dia: 6% para 5%. Em relação ao número de adultos fumantes por cidade, o levantamento mostra que a capital com a maior concentração é Porto Alegre (RS), com 18%, que também detém a maior proporção de pessoas que fumam 20 cigarros ou mais por dia (7%). Já a capital com o menor índice é Salvador (BA), onde 6% da população adulta diz ser fumante. A pesquisa revela que o hábito de fumar é maior entre pessoas com até oito anos de escolaridade (16%), quase o dobro da frequência observada entre as pessoas mais escolarizadas (12 anos ou mais), que atinge 9%.

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OBESIDADE

Não é estética,

é doença

NÚMERO DE OBESOS JÁ ULTRAPASSOU O DE DESNUTRIDOS. FATOR GENÉTICO CONTRIBUI PARA O AUMENTO DOS CASOS, E OS MEDICAMENTOS DEVERÃO SER USADOS POR TODA A VIDA P O R V I VI A N LOU R ENÇ O

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A

A obesidade é um problema crescente de saúde pública em todo o mundo, incluindo países de baixa e média renda. Essa doença complexa é uma das principais causas de morbidade e mortalidade. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 1,6 bilhão de adultos (com 15 anos ou mais) estava acima do peso e 400 milhões eram obesos em 2005. Em 2015, esses números estão previstos em 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso e mais de 700 milhões de adultos obesos. No Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde, 51% da população têm excesso de peso. A proporção de homens com o problema é maior do que a de mulheres. Esse aumento da obesidade em escala mundial acontece por conta da variação genética, que faz com que algumas pessoas sintam mais fome do que outras, o que aumenta em 70% as chances de um indivíduo desenvolver o problema ao longo da vida. FOTOS: SHUTTERSTOCK

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A FALTA DE ATIVIDADE E MÁ ALIMENTAÇÃO, MAIS A INFLUÊNCIA DOS GENES, É A COMBINAÇÃO PARA O AUMENTO DOS CASOS DE OBESIDADE NO MUNDO

Características do estilo de vida ocidental, como o consumo excessivo de energia e baixos níveis de atividade física, podem, em grande parte, influenciar o aumento da obesidade em todo o mundo. Um estudo da University College London (UCL): Association between a frequent variant of the FTO gene and anthropometric phenotypes in Brazilian children (Associação entre uma variante frequente do gene FTO e fenótipos antropométricos em crianças brasileiras), analisou o FTO, gene ligado à doença que é responsável pela produção do grelina, conhecido como “hormônio da fome”. O resultado mostrou que a presença, em excesso, da substância faz com que o portador sinta apetite, mesmo pouco tempo depois de comer. Além disso, constatou-se que pessoas com o gene de alto-risco têm mais atração por comidas gordurosas. Esse novo estudo sugere que os recém-nascidos com sobrepeso possam compartilhar o mesmo marcador

genético para um maior risco de obesidade na vida adulta, o que pode, eventualmente, permitir aos médicos identificar pessoas predispostas à obesidade, assim que elas nasçam. O endocrinologista pediátrico Reeti Chawla, juntamente com a equipe da University Feinberg School of Medicine Northwestern, foi capaz de identificar 45 marcadores genéticos que estão relacionadas tanto com a obesidade em adultos quanto em bebês que nasceram com aumento de peso. Além do FTO, existem mais de 500 genes associados. O estudo provou que, a partir do momento em que um deles se manifesta, seus efeitos são irreversíveis. “Todas as estatísticas do estudo mostraram o aumento da obesidade em crianças e adultos. A variação no gene combinada com o ambiente (o hábito de vida também influencia) faz com que os casos de obesidade aumentem”, explica a membro da Sociedade Brasileira de Genética e professora na Universidade Federal de Ciências e Saúde de Porto Alegre, Dra. Vanessa Suñé Mattevi. De acordo com a médica, a falta de atividade e má alimentação, mais a influência dos genes, é a combinação para o aumento dos casos de obesidade no mundo. “A variação genética já é discutida em outros países. Essa relação, aqui no Brasil, foi feita com crianças do Sul. Aos 4 anos, elas já demonstravam ter um ganho de peso elevado”, ressalta. Segundo a pesquisa desenvolvida pela Dra. Vanessa, o resultado mostrou que, no geral, as associações do gene FTO em uma população anteriormente inexplorada confirmam os dados mundiais sobre a influência desse gene na susceptibilidade genética para um aumento do Índice de Massa Corpórea (IMC). Além disso, a análise apontou que esse efeito começa em torno dos 3 ou 4 anos de vida. De acordo com o médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Dr. Durval Ribas Filho, é preciso acabar com o mito de que todo obeso come muito e todo magro come 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

OBESIDADE

CIRURGIA BARIÁTRICA Cerca de 70% das pessoas que fazem cirurgia bariátrica no País são mulheres entre 35 e 45 anos, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Atualmente, a cirurgia indicada para pacientes com IMC acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m² com, pelo menos, uma doença associada. No Brasil existem, atualmente, quatro tipos de cirurgias aprovadas: gastrectomia vertical, bypass gástrico, banda gástrica ajustável e duodenal switch. A cirurgia bariátrica é apenas o primeiro passo rumo à cura da obesidade, e o nutricionista tem papel fundamental no acompanhamento do paciente nessa jornada. Esse profissional vai dar toda a orientação necessária para a dieta líquida pós-operatória, sua evolução para a pastosa e, finalmente, sua transição definitiva para a alimentação normal. O paciente deverá aprender a comer pouco e bem, várias vezes ao dia, e optar por alimentos pouco calóricos e com alto teor vitamínico, abandonando hábitos nocivos. “É extremamente importante que haja a suplementação vitamínica no pós-operatório justamente pelo motivo de que, com a cirurgia, há uma redução na ingestão de alimentos e na absorção de nutrientes, podendo causar uma deficiência de vitaminas e minerais desde o pós-operatório imediato até a longo prazo”, explica a responsável pelo setor de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Marjan Farma, Rita de Cássia Salhani Ferrari. Recomenda-se que os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica façam um acompanhamento periódico multidisciplinar por meio de avaliação clínica, exames laboratoriais, avaliação psicológica e nutricional. “Atividades físicas também são recomendadas para acelerar e manter a perda de peso e também para evitar os problemas cardiovasculares. A cirurgia já auxilia no controle da diabetes e hipertensão. Mas as atividades físicas também serão necessárias”, ressalta. CIRURGIAS REALIZADAS POR ANO ANO 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

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REDES PARTICULAR, SUPLEMENTAR E SUS 16.000 18.000 22.000 29.500 33.000 38.000 45.000 (25% por videolaparoscopia) 60.000 (35% por videolaparoscopia) Mais de 70.000 (40% por videolaparoscopia) 72.000 (75% por videolaparoscopia)

REDE PÚBLICA (SUS) 1.778 1.872 2.266 2.528 2.974 3.139 3.731 4.489 5.332 6.029

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No Brasil, segundo informações do Ministério da Saúde, % da população têm excesso de peso

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pouco. “As pessoas que possuem um duplo gene FTO estão propensas a serem obesas, já que elas sentem mais fome depois de comer, pelo excesso de grelina na corrente sanguínea”, explica. A obesidade não tem relação com a quantidade de comida ingerida em cada refeição. “O componente genético é muito mais importante no sobrepeso e na obesidade. É a junção da genética mais o meio ambiente que forma o quadro que temos hoje”, ressalta o médico nutrólogo. “Os pais, desde cedo, já precisam estar preocupados com o peso das crianças. O fato de a pessoa ter a tendência genética não significa que ela vá descuidar; torna a questão muito mais delicada”, alerta Dra. Vanessa Suñé Mattevi.

EPIDEMIA MUNDIAL De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é um problema mundial e já ultrapassou a desnutrição. Na divulgação do relatório de Estatísticas Mundiais de Saúde 2012, mostrou-se que a obesidade é a causa de morte de 2,8 milhões de pessoas por ano e 12% da população mundial é considerada obesa. O relatório aponta ainda que, no continente americano, 26% dos adultos são obesos, sendo a região com maior incidência do problema. No extremo oposto está o Sudeste Asiático, com apenas 3% de obesos. Baseado em dados de 194 países, o departamento de estatísticas da OMS afirma que, em todas as regiões do mundo, a obesidade duplicou entre 1980 e 2008.

O sobrepeso é um dos maiores desafios de saúde pública do século 21. Todos os países são afetados em graus variados, particularmente nos grupos socioeconômicos mais baixos. Dados da Iniciativa de Vigilância da Obesidade Infantil, da OMS, mostram que, em média, um terço das crianças de 6 a 9 anos está obeso ou acima do peso.

CONTROLE E TRATAMENTO RECOMENDADO Para controlar o problema de forma eficaz, entre mudanças de estilo de vida, como alimentação balanceada e prática de exercícios físico, a administração de medicamentos se faz necessária. O Dr. Durval, da Abran, ressalta que a única maneira de se combater a obesidade é a prevenção. “Quando ela se manifesta não tem jeito. Por isso é importante usar os fármacos antiobesidade quando se tem essa predisposição.” Porém, a Dra. Vanessa alerta que não basta apenas usar o medicamento de forma correta. “São vários genes relacionados à obesidade. Não é só uma questão de consumir um medicamento específico, é preciso uma mudança de hábito.” “O medicamento precisa ser tomado para o resto da vida. Podem ser prescritos medicamentos anorexígenos, que tiram a saciedade, termogênicos etc.”, ressalta o nutrólogo. De acordo com a Dra. Vanessa, da Sociedade Brasileira de Genética e professora na Universidade Federal de Ciências e Saúde de Porto Alegre, as farmácias podem ter papel fundamental no controle dos altos índices de obesidade. “Seja para observar a tendência do ganho de peso, seja para alertar os pacientes. O ganho de peso pode trazer complicações como colesterol alto e pressão alta. E, para tratar, não basta apenas o simples fato de substituir uma refeição por um suplemento.” O nutrólogo ressalta que tratar a obesidade é como tratar os pacientes portadores de pressão alta, por exem2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

OBESIDADE

PANORAMA MUNDIAL

A obesidade é a causa da morte de

26%

dos adultos são obesos

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milhões por ano

O continente americano é a região com maior incidência do problema

12%

da população mundial é considerada obesa

Sudeste asiático tem apenas

3%

Em

194 países,

de obesos a obesidade duplicou entre

plo. “Precisa ter uma interação medicamentosa para o resto da vida. O desafio é justamente quebrar esse paradigma e fazer as pessoas entenderem que obesidade é uma doença e precisa ser tratada como tal.” A maior dificuldade encontrada pelos médicos e farmacêuticos é informar que obesidade é uma doença crônica e suas causas são variadas. “Começa no intrauterino. Uma mãe que engorda mais que 24 kg durante a gestação terá um filho obeso”, alerta Dr. Durval. “Essas descobertas mostram a ligação da obesidade com as questões genéticas. A etiologia da obesidade é maior do que se imaginava.”

CAMPANHAS DE COMBATE Tentando combater os altos índices de obesidade, a OMS aprovou uma resolução que recomenda esforços para evitar a progressão da obesidade no mundo até 2020. A resolução estabelece um plano de ação contra as doenças crônicas (cardiovasculares, câncer, respiratórias crônicas e diabetes), por intermédio do combate a uma série de fatores de risco, entre os quais a obesidade. 152

1980 e 2008

A estimativa é que há mais de 40 milhões de crianças com menos de 5 anos com excesso de peso. Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2009, 21,7% dos brasileiros na faixa de 10 a 19 anos estavam com excesso de peso. Em 1970, o índice estava em 3,7%. Uma portaria publicada pelo Ministério da Saúde redefiniu as diretrizes para a organização da prevenção e do tratamento do sobrepeso e obesidade como linha de cuidado prioritária da Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas. Na publicação, o Ministério reduziu a idade mínima para a realização da cirurgia bariátrica de 18 para 16 anos. As doenças relacionadas à obesidade custam R$ 488 milhões todos os anos aos cofres públicos. Aproximadamente 25% desse valor destinam-se a pacientes com obesidade mórbida, que, segundo o Ministério da Saúde, custam cerca de 60 vezes mais do que uma pessoa obesa sem gravidade.

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APARELHO GASTROINTESTINAL

Funcionamento

engrenado

ACREDITA-SE QUE CERCA DE 20% DA POPULAÇÃO BRASILEIRA APRESENTE ALGUM DISTÚRBIO QUE VÃO DESDE DORES ABDOMINAIS ATÉ A PERDA DA FUNÇÃO DIGESTIVA P O R V I VI A N LO U R ENÇ O 154

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O aparelho gastrointestinal – ou sistema digestivo – é o responsável pela obtenção e absorção de nutrientes que serão utilizados em diversas funções do organismo. Sua extensão começa na boca e termina no ânus. O mau funcionamento pode causar sintomas que vão desde dores até a perda da função digestiva. O médico hepatologista do Núcleo Avançado do Fígado do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Mário Kondo, explica que o aparelho é, na verdade, um tubo único, com vários estágios de desenvolvimento e diferenciação exFOTOS: SHUTTERSTOCK

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ESPECIAL SAÚDE

APARELHO GASTROINTESTINAL

DOENÇAS COMUNS • • • •

clusivos. Boca, esôfago, estômago, intestinos delgado e grosso; órgãos/glândulas acessórias, como as glândulas salivares; fígado e pâncreas. “Cada parte tem sua especialidade e função de modo atingir o objetivo final: digerir aos alimentos, absorver os nutrientes e expelir os excessos. Os alimentos são impulsionados por ondas peristálticas, que são resultado de contrações e relaxamentos dos segmentos adjacentes, respeitados tempos e funções de cada parte do trânsito”, ressalta. O aparelho digestivo de um adulto tem cerca de 30 metros de comprimento. Além da digestão, o sistema ainda auxilia na fome ou na saciedade. Segundo o médico nutrólogo da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), Fernando Bhdur Chueire, existem atualmente 30 estudos em andamento que ligam o funcionamento do aparelho à saciedade ou não do indivíduo. “Quando começamos a mastigar, o organismo libera uma enzima que facilita a quebra do alimento e, por isso, pode-se afirmar que a digestão começa na boca”, explica o nutrólogo Fernando. Dessa maneira, é fundamental que os alimentos sejam bem triturados antes de engolir, para que a enzima tenha tempo de agir e, assim, facilite o trabalho do estômago. Do contrário, o órgão ficará sobrecarregado, tornando a digestão mais lenta. 156

PRINCIPAIS DESCONFORTOS Por ser muito extenso, o aparelho gastrointestinal pode apresentar desarranjos. Os primeiros sinais de alerta de que algo não está funcionando corretamente são dor ou desconforto para engolir, dor na parte alta do abdômen e/ou sensação de má digestão, náuseas, vômitos, diarreia e prisão de ventre. “Por vezes, o paciente apresenta somente a perda de peso. Cada caso é um caso”, salienta o Dr. Kondo, do Sírio-Libanês. Acredita-se que cerca de 20% da população brasileira apresente algum distúrbio relacionado com o aparelho gastrointestinal. “De longe, os distúrbios do funcionamento, ou seja, da motilidade, estão entre os mais prevalentes. Dispepsia não ulcerosa e síndrome do intestino irritável são os mais comuns”, alerta o hepatologista.

FORMAS DE TRATAMENTO E PREVENÇÃO Como não há apenas uma doença que acometa o aparelho gastrointestinal, o tratamento vai de acordo com cada problema apresentado e suas causas. “Os pró-cinéticos e os bloqueadores da bomba de prótons são os mais usados, mas há também os antidiarreicos, os anti-inflamatórios tópicos e outros tantos que fazem parte do arse-

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ESPECIAL SAÚDE

APARELHO GASTROINTESTINAL

ESTRUTURA DEFINIDA

Boca: é o primeiro órgão do aparelho digestivo. Esôfago: tubo dotado de movimentos peristálicos que liga a faringe ao estômago. Intestino: é um tubo com cerca de 9 a 10 m de comprimento, onde ocorrem as transformações finais da digestão e a absorção dos alimentos. Intestino delgado: divide-se em duas partes: duodeno e jejuno-íleo. O duodeno tem um comprimento equivalente a 12 dedos. O restante do intestino delgado é formado pelo jejuno-íleo.

nal terapêutico dos gastroenterologistas”, diz o médico Dr. Mário Kondo, que ressalta que cada classe tem sua forma de ação específica. Nos casos de diarreias, a recomendação do nutrólogo Fernando é a hidratação e a consulta a um especialista para saber as causas da doença. “Aos farmacêuticos cabe orientar o paciente no uso correto do medicamento e sobre a alimentação”, ressalta. O Dr. Kondo lembra que não só aqui, mas em qualquer outra circunstância, quando se checa verdadeiramente o uso dos medicamentos prescritos em dose, frequência e duração, é espantoso 158

Faringe: é um órgão comum ao aparelho digestivo e ao aparelho respiratório.

Estômago: é onde ocorrem transformações químicas nos alimentos.

Intestino grosso: o intestino grosso divide-se em três partes: ceco, cólon e reto. Reto: é a região final do intestino grosso e que termina num orifício chamado ânus, pelo qual as fezes são eliminadas. constatar que a maioria das pessoas não faz uso correto do que foi recomendado. “Os médicos não são afeitos a esse controle, dessa forma, o profissional de farmácia teria a hercúlea tarefa de orientar esses aspectos do tratamento para que se garanta o sucesso. Há ainda a necessidade do esclarecimento quanto a possíveis efeitos colaterais e mais importante a conciliação medicamentosa, uma vez que, em diversas situações, os pacientes estão em uso de outras drogas, prescritas por outros profissionais, que podem causar conflitos com novos medicamentos prescritos”, finaliza.

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CEFALEIA

GRANDE PARTE DA POPULAÇÃO SOFRE OU SOFRERÁ DE DOR DE CABEÇA PELO MENOS UMA VEZ NA VIDA. OS ANALGÉSICOS SÃO OS MEDICAMENTOS MAIS CONSUMIDOS PARA SOLUCIONAR O PROBLEMA POR LÍGIA FAVO RE T TO

Irritante, impactante e incapacitante 160

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Prevalente em todo o mundo, a dor de cabeça, ou cefaleia, tem mais de 180 modalidades diferentes reconhecidas pela Sociedade Internacional de Cefaleia (IHS, sigla em inglês), podendo ser divididas em primárias, secundárias ou nevralgias cranianas. Elas acometem grande parte da população, por um longo período da vida, em vários dias do ano. As mulheres são as que mais sofrem com o problema. Estima-se que 76% delas tenham pelo menos um episódio registrado por mês e 99% sofrerão de dor de cabeça ao longo da vida, sendo mais frequente na faixa dos 18 aos 34 anos de idade. O que todos esperam é o alívio imediato e eficaz, sem reincidência da dor. Isso justifica o grande consumo de analgésicos isentos de prescrição. Alguns cuidados são primordiais, já que muitas vezes a automedicação pode mascarar ou desencadear outros tipos de doenças e até mesmo provocar o efeito contrário, quando o medicamento deixa de agir contra a dor, causando-a. Quando se fala das formas mais comuns, é possível citar a enxaqueca e a cefaleia (dor de cabeça tipo tensional, que são dores primárias, ou seja, uma dor que não apresenta lesão estrutural, mas alterações bioquímicas cerebrais). De acordo com a doutora em neurologia pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), membro da Sociedade Brasileira e Internacional de Cefaleia (SBCe), docente de neurologia na Faculdade de Medicina de Catanduva Eliana Meire Melhado, existem diversos fatores que podem desencadear principalmente a enxaqueca: sol, jejum prolongado, alguns alimentos – queijos, vinhos, frutas cítricas, chocolate –, menstruação na mulher, falta de sono, distúrbios ansiosos e depressivos. “É preciso destacar que cada indivíduo apresenta um fator desencadeante que deve ser relatado em consulta médica, lembrando que os alimentos só são desencadeantes em pacientes que notam essa relação direta. A dor tipo tensional pode ser desencadeada por falta de sono ou estresse.” A enxaqueca causa incapacitação porque o acometido não tem apenas uma dor, mas uma síndrome completa com náuseas, mal-estar,

DIFERENÇAS ENTRE ANALGÉSICOS Ibuprofeno: utilizado para alívio das dores leves a moderadas. Sua ação inicia de 10 a 30 minutos após a administração e possui duração de seis a oito horas. Ácido acetilsalicílico: proporciona o alívio sintomático de dores de intesidade leve a moderada e de febre nos resfriados e gripe. Sua ação inicia-se 20 minutos após ser ingerido e tem duração de seis horas. Devido às complicações gastrointestinais frequentes, sua utilização tem sido cada vez menor. É contraindicado em caso de suspeita de dengue ou em uso de outros anticoagulantes, já que ele inibe a agregação plaquetária e pode levar à hemorragia. Interfere diretamente na mucosa gástrica impedindo a produção da prostaglandina, que protege a mucosa do tubo digestivo. Dipirona sódica: tem ação analgésica para alívio de dores leves a moderadas sendo também indicado para febres. A ação analgésica dura, em média, seis a oito horas e tem início após 20 a 30 minutos da administração do medicamento. Paracetamol: promove o alívio de dores leves a moderadas, mas não possui ação antiinflamatória significativa. O analgésico tem duração de seis a oito horas. Os pacientes que utilizam de forma exagerada álcool ou que sejam portadores de doenças hepáticas agudas ou crônicas devem ter cautela em sua utilização. Além disso, é comum esse princípio ativo estar presente na fórmula de outros medicamentos, como antigripais, por exemplo. Usá-lo com outros medicamentos ao mesmo tempo pode levar ao consumo excessivo, o que pode comprometer o fígado. Fonte: Roberto Heymann, reumatologista da Sociedade Brasileira de Reumatologia

aversão à luz e ao barulho, levando o indivíduo a ficar muitas vezes acamado. Segundo informa a Dra. Eliana, a própria dor incapacita o indivíduo ao trabalho ou ao lazer por ser uma dor forte. “Há também pródromos (primeiros indícios) de enxaqueca, que são sintomas 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

CEFALEIA

QUADROS MAIS GRAVES Há uma lista de indícios de quando uma dor de cabeça pode ser sintoma de uma doença mais grave e, portanto, deverá ser investigada:

1. Primeiro episódio de cefaleia de início súbito ou pior cefaleia da vida.

3. Alterações na frequência, na intensidade ou nas características clínicas da crise de cefaleia.

5. Cefaleia progressiva ou nova diária persistente.

2. Acompanhada por distúrbio de consciência, febre, rigidez de nuca.

4. Exame neurológico anormal (acompanhada por sintomas/sinais neurológicos irritativos ou deficitários).

6. Sintomas neurológicos que não preenchem os critérios para migrânea com aura típica.

7. Deficit neurológico persistente. 8. Alteração na pele ou órbita sugestivas de mal formação arteriovenosa. 9. Comorbidade de crises epiléticas parciais. 10. Acompanhada de distúrbios endócrinos ou HAS. 11. Relacionada a tosse ou esforço físico. 12. Desencadeada por atividade sexual, durar horas e com vômitos. 13. Mudança de padrão, nova cefaleia superposta à antiga. 14. Início após 50 anos de idade.

Fonte: Dra. Eliana Meire Melhado, da Unicamp/SBCe

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ESPECIAL SAÚDE

CEFALEIA

RAMIFICAÇÕES DA DOR Veja a descrição por grupos: a) Cefaleias primárias (sem lesão estrutural): enxaqueca, cefaleia do tipo tensional, cefaleia em salvas. b) Cefaleias secundárias: cefaleias por traumatismo craniano, cefaleia em decorrência de acidentes vasculares cerebrais, cefaleias devido a alterações na pressão arterial, cefaleia por excesso ou abstinência de substância, cefaleia por infecções, cefaleia por alterações da face, pescoço, olhos, cefaleias devido a transtorno psiquiátricos, cefaleias por alterações metabólicas, cefaleia por hipertensão e hipotensão intracraniana. c) Cefaleias das nevralgias: nevralgia do trigêmeo (síndrome da dor facial). Elas são divididas também por graus de intensidade: • Grau 1: não atrapalha a vida do indivíduo. • Grau 2: atrapalha a vida do indivíduo. • Grau 3: incapacita o indivíduo. Fontes: Dra. Eliana Meire Melhado, da Unicamp/SBCe e Dr. Deusvenir de Souza Carvalo, da Unifesp/EPM

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como mal-estar geral, bocejos, dificuldade de raciocínio, tristeza e outros que antecedem a dor de minutos a dias e que, muitas vezes, incapacitam o indivíduo ou limitam suas atividades.” A neurologista revela que a enxaqueca acomete muito mais as mulheres. “Elas sofrem de duas a três vezes mais que os homens. O motivo para esse predomínio não é totalmente explicado, mas variações hormonais ao longo da vida da mulher e durante o ciclo menstrual explicam parte dessa preponderância.” Ela diz ainda que outras formas de cefaleia, como a hemicrania paroxística e a cefaleia por hipertensão arterial, também acometem mais as mulheres. O neurologista e professor de neurologia clínica e chefe do setor de Cefaleia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/EPM) Dr. Deusvenir de Souza Carvalho, considera que a dor de cabeça é, na verdade, um sintoma para fazer diagnósticos. “Existem mais de uma centena e meia deles, cada um tem uma variabilidade relacionada a fatores físicos, ambientais e psicoambientais.” O especialista aponta que, de modo geral, 30% da população apresenta dor crônica. “É muita gente com dor, sendo que há tratamento e controle.” Ele revela ainda que a dor crônica é responsável por muitos casos de suicídio, divórcios e problemas profissionais. “Uma pessoa que sofre de enxaqueca pode ter desde uma crise por ano até dores nos 30 dias do mês. Se for espo-

OS PACIENTES BUSCAM O DIAGNÓSTICO E MEDICAMENTOS QUE POSSAM ALIVIAR AS DORES, SEM EFEITOS COLATERAIS. EXISTEM DIFERENTES CLASSES DE ANALGÉSICOS. OS ISENTOS DE PRESCRIÇÃO, EM GERAL, INTEGRAM A CLASSE DOS AINES (ANTI-INFLAMATÓRIOS NÃO HORMONAIS) E SÃO VOLTADOS PARA O ALÍVIO DAS DORES TENSIONAIS

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CRISES DE ENXAQUECA

APRESENTAM-SE COMO Dor pulsátil e latejante, mais evidente de um lado da cabeça, mas, em alguns casos, ocorre nos dois lados.

SINAIS DE ALERTA

Bocejos.

Paciente costuma sentir náuseas, às vezes chega a ter quadro de vômito.

Alterações de humor.

A pessoa fica incapacitada para atividades de rotina.

Dificuldade de raciocínio.

Paciente costuma sentir maior sensibilidade a luz, ruídos e cheiros.

Pode ser com ou sem aura.

Uma pessoa que sofre de enxaqueca pode ter desde uma crise por ano até dores nos 30 dias do mês.

Se for esporádica, até 14 dias por mês. Se for crônica, 15 dias ou mais por mês.

rádica, até 14 dias por mês, e, se for enxaqueca crônica, 15 dias ou mais dias por mês.” De acordo com o Dr. Deusvenir, os indivíduos devem procurar ajuda do profissional da saúde quando há impacto. “Por exemplo, o estudante não foi estudar, o atleta não foi se exercitar, o trabalhador não foi trabalhar. A cefaleia não mata, mas causa impacto, que deve ser diminuído com ajuda adequada. Causa impactos, inclusive, maiores do que o diabetes, hipertensão e epilepsia, que são quadros que assustam.

Inchaço em alguma parte do corpo.

Paralisia do movimento ocular.

Formigamento (na cabeça, lábios, língua, braços, corpo).

Paralisia parcial (em poucos casos), dificuldade em falar e ouvir.

Na Alemanha, por exemplo, 20% da população sofre de enxaqueca, e menos de 7% procura ajuda.”

O FARMACÊUTICO E OS TRATAMENTOS Os pacientes buscam o diagnóstico e medicamentos que possam aliviar as dores, sem efeitos colaterais, como os que agridem o estômago. Existem diferentes classes de analgésicos que tratam as dores de cabeça, em suas diversas ocor2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

CEFALEIA

FORMAS DE TRATAMENTO

NÃO MEDICAMENTOSO

MEDICAMENTOS

Pode sempre ser indicado e inclui fisioterapia, biofeedback, técnicas de relaxamento, atividade física, alimentação saudável.

Sintomático (para crises de dor de cabeça aguda) e profilático ou preventivo (tratamento contínuo para prevenir a dor). O tratamento medicamentoso sempre deve ser prescrito por orientação médica.

Fonte: Dra. Eliana Meire Melhado, da Unicamp/SBCe

O CONHECIMENTO SOBRE A ATUAÇÃO DOS ANALGÉSICOS NÃO É DE DOMÍNIO DA POPULAÇÃO EM GERAL, POR ISSO A ORIENTAÇÃO VINDA DO PROFISSIONAL FARMACÊUTICO SE FAZ TÃO NECESSÁRIA. É ELE QUE DETÉM O CONHECIMENTO SOBRE O MECANISMO DE AÇÃO DOS MEDICAMENTOS rências. Os isentos de prescrição, em geral, integram a classe dos AINES (anti-inflamatórios não hormonais) e são voltados para o alívio das dores tensionais. “Para o alívio das dores crônicas, participam outras classes terapêuticas”, diz Carvalho. Os principais analgésicos isentos de prescrição comercializados no mercado brasileiro são ibuprofeno, paracetamol, ácido acetilsalicílico e dipirona. Segundo informa o reumatologista membro da Comissão de Dor e Reumatologismo de Partes Moles da Sociedade Brasileira de Reumatologia Roberto Heymann, em pacientes portadores de enxaqueca, o uso de analgésicos em excesso pode favorecer o efeito rebote, quando o organismo, em vez de responder 166

ao tratamento aliviando a dor, responde gerando dor. A Atenção Farmacêutica prestada em farmácias e drogarias tem grande importância no tratamento, já que normalmente a maioria dos pacientes compra os analgésicos isentos por livre escolha. “Cabe ao profissional assegurar-se de que o paciente já fez uso, para verificar que não tenha tido nenhum efeito adverso importante”, aconselha Heymann. O especialista adverte que, em relação aos MIPs, é importante observar os cuidados descritos em bula, bem como se há alergia ou sensibilidade a algum componente da fórmula. Antes de tudo, o farmacêutico deve perguntar o motivo da compra, há quanto tempo o paciente sente a dor, se tem outros problemas de saúde, para, com isso, identificar se é cabível a indicação de um medicamento isento de prescrição. O conhecimento sobre a atuação dos analgésicos não é de domínio da população em geral, por isso a orientação vinda do profissional farmacêutico se faz tão necessária. É ele que detém o conhecimento sobre o mecanismo de ação dos medicamentos, bem como suas contraindicações e efeitos adversos. O uso inadequado pode mascarar doenças graves, atrasando o diagnóstico e ocasionando uma piora do paciente.Paralelamente ao uso de analgésicos, podem ser incluídos outros tratamentos, como fisioterapia, massagem, acupuntura.

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TPM

Tensão

mensal A APROXIMAÇÃO DO PERÍODO MENSTRUAL FAZ COM QUE ALGUMAS MULHERES SOFRAM COM SINTOMAS BASTANTE INCÔMODOS. SAIBA COMO ORIENTAR AS CONSUMIDORAS P O R A D R I ANA B R U NO E LÍ G I A F AV OR ETTO 168

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M

Mudança inexplicável de temperamento, inchaço, dor nas mamas e função intestinal desregulada são alguns dos inúmeros sintomas que as mulheres podem sentir todos os meses do período que antecede a menstruação. Trata-se da tensão pré-menstrual, mais conhecida como TPM. Caracterizada como uma síndrome, o problema é a união de perturbações que aparecem na fase pós-ovulatória do ciclo menstrual e apresentam resolução rápida quando se inicia. De acordo com o ginecologista, obstetra e coordeFOTOS: SHUTTERSTOCK

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NO GERAL, OS SINTOMAS COMEÇAM A APARECER APÓS A SEGUNDA SEMANA DO CICLO MENSTRUAL REGULAR (ENTRE OS DIAS 15º E 16º) E CESSAM APÓS A MENSTRUAÇÃO. NÃO EXISTE UMA CAUSA IDENTIFICÁVEL, MAS PARECE SER DEVIDA ÀS ALTERAÇÕES HORMONAIS QUE OCORREM NO PERÍODO PRÓXIMO DA MENSTRUAÇÃO nador do Departamento de Ginecologia do Hospital Bandeirantes, Rodrigo Castro, essa é uma doença sem etiologia estabelecida, cujo diagnóstico é clínico, baseado nos sintomas e sinais que melhoram o catamênio (fluxo sanguíneo periódico). Apesar de não existirem critérios diagnósticos ou definições universalmente aceitas, especialistas estimam que 75% das mulheres podem apresentar, mensalmente, um dos mais de 180 sintomas da TPM, sendo que apenas em 3% a 8% dos casos os sintomas seriam mais intensos, com a ocorrência da disforia pré-menstrual: um distúrbio que apresenta desequilíbrios de ordem psiquiátrica incluindo crises de irritabilidade, nervosismo e depressão que atrapalham relacionamentos pessoais e profissionais. No geral, os sintomas começam a aparecer após a segunda semana do ciclo menstrual regular (entre os dias 15º e 16º) e cessam após a menstruação. “Não existe uma causa identificável, mas parece ser devida às alterações hormonais que ocorrem no período próximo da menstruação, como baixos níveis de progesterona, altos níveis de estrogênio, alterações na relação estrogênio/progesterona, aumento na atividade da renina-angiotensina, aumento da atividade adrenal, queda nos níveis das catecolaminas, excesso na secreção das prostaglandinas e deficiências vitamínicas”, escla-

SINTOMAS • • • • • • • • • • • • • • • • •

rece o ginecologista coordenador do Ambulatório de Endometriose do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, Renato Ferrari. Cerca de 2% a 4% das mulheres que menstruam sofrem de TPM disfórica. São aqueles casos em que a mulher perde o controle das situações, age de forma extrema, às vezes agressiva, depois se arrepende de coisas que tenha feito e aí vem a depressão. Mulheres com histórico de depressão sofrem mais com a TPM, o que reforça teorias que indicam que o problema está mesmo relacionado com questões psíquicas e emocionais. Para o obstetra do Hospital e Maternidade Santa Catarina, Antonio Julio de Sales Barbosa, uma das teorias aceitas para definir algumas das causas do problema aponta para alterações na quantidade de serotonina que circula pelo cérebro. “Mulheres com histórico de depressão tendem a sentir mais os efeitos da TPM. Isso pode estar ligado às alterações da serotonina (um neurotransmissor que regula o humor, o ape2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

TPM

tite, o sono, a sensibilidade à dor, entre outros) no cérebro. Cada vez mais aceita-se que a TPM está ligada a aspectos psíquicos, físicos e genéticos. Pessoas tensas, por exemplo, apresentam os sintomas mais facilmente. Outras emocionalmente mais equilibradas sentem menos”, comenta. Ainda segundo o especialista, antes de iniciar qualquer tratamento, é preciso identificar se a TPM se manifesta em cada mulher. “Depois de classificar a TPM, há uma combinação de ações que resultam no tratamento. Exercícios físicos, mudanças alimentares e até medicamentos são indicados para tratar o problemas”, orienta Sales Barbosa.

CONTROLE E TRATAMENTO Não existe uma única causa que possa ser apontada como a vilã da TPM. O fato é que a sensibilidade aflora de várias maneiras e lidar e conviver com essa montanha russa hormonal não é tão simples assim. A boa notícia é que os sintomas da tensão pré-menstrual podem ser tratados tanto com medicamentos quanto com mudanças de hábitos. Os sintomas são tratados de acordo com a sua intensidade. Casos mais leves, que resultam em dores 170

de cabeça, por exemplo, são tratados apenas com medicamentos para aliviar os sintomas no período. Já a TPM disfórica deve ser tratada com antidepressivos. “Entre os medicamentos mais usados nesses casos estão a fluoxetina e a sertralina, mas outra forma de amenizar o problema é suprimir a menstruação, fazendo uso de pílula anticoncepcional de forma constante”, comenta o diretor-científico da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), Nilson Roberto de Melo. Na opinião do obstetra do Hospital Santa Catarina, Júlio de Sales Barbosa, há também outras indicações, como o óleo de prímula e o lêvedo de cerveja, que podem atenuar os sintomas. “Exercícios físicos colaboram para o bem-estar e, como os sintomas são ligados ao emocional, também ajudam no período. Quanto aos medicamentos, tomá-los alguns dias antes de entrar no período pré-menstrual ajuda, mas o ideal é que a mulher faça uso regular deles”, orienta o médico Sales Barbosa, do Hospital Santa Catarina. Alguns dos sintomas da síndrome, nervosismo e crises de choro, por exemplo, também podem estar ligados às baixas de vitaminas, como a B6 e cálcio, comuns no período pré-menstrual. “Du-

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ESPECIAL SAÚDE

TPM

CONTRACEPTIVOS HORMONAIS SÃO A FORMA MAIS SIMPLES E MAIS BARATA DE COMBATER ESSES SINTOMAS. CONTUDO, DEVE-SE LEVAR EM CONTA O DESEJO DA PACIENTE DE ADOTAR A CONTRACEPÇÃO E NÃO HAVER CONTRAINDICAÇÃO AO TRATAMENTO HORMONAL, SUGERE-SE O ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR rante a TPM, deve-se evitar dietas calóricas, gordurosas e ricas em sal. Além disso, praticar atividades físicas e de lazer são outros fatores que ajudam muito a melhorar a qualidade de vida das mulheres”, finaliza.

HOMEOPATIA Prevenir e tratar doenças e sintomas com medicamentos sem efeitos colaterais indesejáveis é possível através dos medicamentos homeopáticos. Hoje, com produtos disponíveis em grandes redes de drogarias e produzidos em largas escalas industriais, a opção terapêutica se consolida como alternativa eficaz entre pacientes e especialistas. A Boiron publicou os resultados de uma pesquisa clínica sobre o uso desse tipo de medicamento na prevenção e tratamento da tensão pré-menstrual. O estudo observacional contemplou mulheres com idades compreendidas entre 19 e 56 anos, e analisou 10 sintomas clínicos mencionados espontaneamente por elas, durante 3 a 6 meses. A avaliação incluiu sete centros médicos na França, através de sete ginecologistas especialistas em medicação homeopática. Foi baseada na prática clínica diária e nos sintomas declarados espontaneamente pelas pacientes, principalmente tensão, irritabilidade, agressividade, por 39,1% delas, ganho de peso e inchaço abdominal, 26,1%, mastodinia, 17,4%, além de sentimento de depressão, dor nas costas, dores de cabeça, e outros. Após o uso do medicamento homeopático, 91,3% das mulheres relataram que a TPM não era mais um problema significativo na vida diária. “A incidência dos sinais diminuiu consideravelmente, em um curto espaço de tempo. Podemos falar então que, se utilizado por um período maior, o medicamento homeopático pode172

ria ocasionar no desaparecimento total dos sintomas”, afirma o médico homeopata e diretor na Associação Paulista de Homeopatia, Dr. Sérgio Furuta. Estudos clínicos são realizados periodicamente para comprovar a eficácia desses tratamentos e mostram reduções significativas na incidência das patologias, bem como na frequência e na duração. Sabe-se que, ao invés de tratar momentaneamente um sintoma, os medicamentos homeopáticos evitam que ela reapareça depois da interrupção do uso. “A terapêutica costuma apresentar boa tolerância por parte das pacientes, com pouca possibilidade de efeitos colaterais”, completa o médico.

ORIENTAÇÕES ADICIONAIS No tratamento, o profissional farmacêutico pode recomendar à paciente psicoterapia de apoio, quando necessário, prática de exercícios físicos aeróbicos e regulares, além da mudança de estilo de vida. É preciso mostrar que elas têm uma doença, um quadro mórbido que precisa de orientação adequada. “Importante também não tentar sublimar a medicação que o médico receitou, minimizando o uso. Aqui, vale explicar a importância dessa medicação e oferecer suporte e sinergia com a orientação médica”, diz o presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia de São Paulo (Sogesp), Dr. César Eduardo Fernandes. “Contraceptivos hormonais são a forma mais simples e mais barata de combater esses sintomas. Contudo, deve-se levar em conta o desejo da paciente de adotar a contracepção e não haver contraindicação ao tratamento hormonal, sugere-se o acompanhamento multidisciplinar. Recomendamos também diuréticos para pacientes com retenção hídrica e anti-inflamatórios não hormonais para tratamento de cefaleia pré-menstrual”

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ARTIGO

Livre de mitos

É

MEDICAMENTOS CONTRACEPTIVOS NÃO SÃO RESPONSÁVEIS DIRETOS PELO INSUCESSO NA GRAVIDEZ

DR A. THA Í S D O MI NGUE S Médica especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington 174

É um equívoco pensar que a dificuldade para engravidar após a interrupção de muitos anos de uso das pílulas anticoncepcionais tenha relação direta com o medicamento. O que acontece é que, mesmo consumindo o produto, algumas mulheres já apresentam de antemão fatores que levam à infertilidade e que só os descobrem na hora em que param com a pílula para tentar engravidar. O anticoncepcional não prejudica a fertilidade, mas o tempo de vida da mulher agirá nas funções reprodutivas, independentemente do uso ou não. O fator idade é o principal vilão. O medicamento impede que os folículos ovarianos – “bolsas” que armazenam as células reprodutivas femininas – se desenvolvam e liberem o óvulo, impedindo a gravidez. Se a mulher parar de usar o contraceptivo, ela voltará a ovular normalmente e estará pronta para engravidar de novo. O anticoncepcional pode mascarar problemas que levam à infertilidade, como a menopausa precoce, fenômeno que faz cessar a menstruação e as ovulações de mulheres com menos de 40 anos. A doença atinge de 1%

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a 3% do sexo feminino e reduz as chances de gravidez a apenas 10%. Nesses casos, o medicamento faz com que os sintomas típicos da menopausa precoce se tornem praticamente imperceptíveis à mulher e, portanto, quando ela tenta engravidar, a reserva ovariana já está extremamente diminuída, limitando suas chances de ter um óvulo de boa qualidade. Por impedir a atividade menstrual, esses medicamentos também podem amenizar os sintomas de doenças como a endometriose e a síndrome dos ovários policísticos (SOP), causadoras da infertilidade. Isso não quer dizer, contudo, que a doença está controlada e não haverá mais problemas. É importante ressaltar que mulheres que desejam ter filhos e têm histórico familiar de menopausa precoce, endometriose e ovários policísticos, por exemplo, devem procurar um médico para checar seu potencial reprodutivo e dar uma estimativa de qual o limite etário ideal para que ela saiba até quando poderá engravidar sem grandes empecilhos, e como as técnicas de reprodução assistida podem ajudá-la. FOTO: DIVULGAÇÃO

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BUCAL

Incidências

corriqueiras

90% DAS PESSOAS TERÃO ALGUM PROBLEMA BUCAL, O QUE É CONSIDERADO UM NÚMERO EXTREMAMENTE ELEVADO. PARA EVITAR OS MALES QUE VÃO DESDE MAU HÁLITO ATÉ PERDA DOS DENTES, A PREVENÇÃO POR MEIO DA ESCOVAÇÃO É A MELHOR ALTERNATIVA P O R V I VI A N LO U R ENÇ O

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A

As doenças gengivais e as cáries estão entre as maiores causas das doenças bucais. Segundo os indicativos da Organização Mundial da Saúde (OMS), as cáries acometem 5 bilhões de pessoas no mundo, tornando-se a maior epidemia do planeta. A incidência de cárie só atingiu os níveis recomendados pela OMS na população na faixa entre 10 a 12 anos. Em relatório divulgado pela Federação Dentária Internacional (FDI), a OMS cita as doenças bucais como um sério problema de saúde pública e relaciona a doença periodontal, perda de dentes, lesões na boca, entre outras, com doenças crônicas, como o câncer bucal, HIV/ Aids e hábitos como o consumo de álcool e tabaco. A doença periodontal ou das gengivas é a grande vilã da saúde bucal. Sabe-se que a totalidade das pessoas terá, no mínimo, um surto de inflamação das FOTOS: SHUTTERSTOCK

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gengivas em alguma região ao redor dos dentes distribuídos pela boca. “As doenças gengivais são as maiores causas da perda de dente, já que o comprometimento é mais profundo e intenso”, segundo o professor, mestre e doutor em odontologia da Anhanguera Uniban, Dr. Hugo Lewgoy. No Brasil há uma grande incidência da doença periodontal, que é o agravamento da gengivite. Se negligenciada, essa inflamação da gengiva tem chance de evoluir ao osso de suporte dos dentes e levá-los a gradual perda da sustentação (periodontites)”, revela o consultor científico da Associação Brasileira de Odontologia (ABO), Dr. Rodrigo Bueno de Moraes. O Dr. Lewgoy revela ainda que são 55 milhões de pessoas que perderam os dentes por conta disso. Segundo uma pesquisa da FDI, de março de 2013, 90% das pessoas terão algum problema de boca, o que é considerado um número extremamente elevado pelos especialistas. Além das cáries e da doença periodontal, outros males acometem a saúde bucal. “Sintomas como a halitose, bruxismo e exagerada sensibilidade dos dentes atingem entre 15% a 40% das pessoas”, ressalta o Dr. Moraes. Tanto a halitose quanto outras doenças bucais têm a origem na falta de higiene dental. Apesar de muitas pessoas desacreditarem, a halitose não é causada no estômago, na maioria dos casos está associada à boca. “A halitose comum é aquela que praticamente todas as pessoas têm, e acontece pela manhã. Esse tipo de mau hálito não é considerado um problema sério, pois é fisiológico, ou seja, está relacionado com o metabolismo do corpo humano”, esclarece Dr. Hugo Lewgoy. O especialista observa que a halitose matinal, no entanto, deve desaparecer após a primeira refeição da manhã seguida da higienização dos dentes e gengivas, com escova interdental e escova dental com cerdas ultramacias. “Se, mesmo assim, o problema persistir, pode realmente ser considerado mau hálito patológico, o que requer um acompanhamento profissional. O Dr. Moraes explica que a negligência do fio dental e o desconhecimento sobre a alternativa

AS MELHORES ARMAS SÃO A EDUCAÇÃO E O USO DE BONS HÁBITOS DE ALIMENTAÇÃO E HIGIENE BUCAL – VALORIZANDO A HIGIENE LINGUAL E DOS VÃOS DOS DENTES, TANTO QUANTO A TRADICIONAL ESCOVAÇÃO. POR AÍ PASSA O CAMINHO DO SUCESSO da escova interdental são os fatores mais associados com esses problemas. “Aliás, o fio dental e/ ou a escova interdental ajudam também a prevenir a cárie, o amarelamento dos dentes e o mau hálito”, afirma.

FOCO NA PREVENÇÃO – A RESPONSABILIDADE DAS FARMÁCIAS Uma vez que doenças, como as das gengivas (periodontais), são associadas com risco bucal e influências maléficas ao estado geral por potencial 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

BUCAL

PDVS PODEM E DEVEM ORIENTAR NA COMPRA DA ESCOVA. ELA DEVE TER MUITAS CERDAS (EM TORNO DE 5 MIL) E PODE SER ULTRAMACIA, PARA NÃO TRAUMATIZAR A GENGIVA OU O ESMALTE DENTAL

colaboração para o aumento de outras enfermidades, como o descontrole do diabetes, partos prematuros, doenças respiratórias, do coração e da circulação – entre outras cogitadas, recomendar produtos corretos no ponto de venda e incentivar a higiene bucal é uma ação de responsabilidades para farmácias e drogarias. “As melhores armas são a educação e o uso de bons hábitos de alimentação e higiene bucal – valorizando a higiene lingual e dos vãos dos dentes, tanto quanto a tradicional escovação. Por aí passa o caminho do sucesso”, detalha o consultor da ABO. O odontologista Dr. Hugo Lewgoy alerta que a forma adequada da higiene é um diferencial. Os pacientes não precisam sofrer com tratamentos caros e complicados. “Orientar o consumidor na questão da venda, em não economizar na escova de dente e recomendar o hábito da escova interdental são medidas eficazes.” A escova comum é tão importante à saúde quanto o fio dental, escova interdental ou um limpador lingual, que pode ajudar muito a diminuir sinais e sintomas indesejáveis – caso do mau hálito. “Descrever o creme dental e sua gama de opções como coadjuvante importante a esses recursos mecâ178

nicos e orientar que o critério de escolha deve se basear nos sintomas relatados e na orientação do dentista que o acompanha”, salienta Dr. Rodrigo Bueno de Moraes. Os PDVs podem e devem orientar na compra da escova. Ela deve ter muitas cerdas (em torno de 5 mil) e pode ser ultramacia, para não traumatizar a gengiva ou o esmalte dental. “A escova dura estraga o esmalte dental, além de provocar lesões na gengiva”, alerta Lewgoy. O ideal é relacionar a escovação ao uso de fio dental e, principalmente, da escova interdental, que não é muito conhecida pelo consumidor. “É essa escova que diferencia os países desenvolvidos que erradicaram as doenças gengivais dos outros. O fio dental remove restos de alimentos, mas os dentes têm uma superfície côncava e a parte central não é alcançada pelo fio dental”, explica o odontologista. A complementação da higiene bucal deve ser feita por meio da raspagem da língua, sempre com o instrumento de plástico – o raspador de língua – e nunca com a escova, que pode causar ânsia. O ideal é repetir o processo uma vez ao dia. Já com relação ao enxaguante bucal, os especialistas recomendam atenção, já que cada pessoa necessita de um tipo específico de produto.

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MIX

Planejando

a nova temporada A ESTAÇÃO MAIS ESPERADA DO ANO ESTÁ CHEGANDO E, COM ELA, A NECESSIDADE DE ADAPTAÇÃO DE SORTIMENTO E AMBIENTAÇÃO DE LOJA P O R L Í G I A FAV OR ETTO

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O término do inverno e a chegada da primavera são determinantes para as compras da próxima estação. Ao trabalhar com a sazonalidade que a ocasião propicia, o varejo farmacêutico pode e deve se adequar à nova demanda. Para começar, ter um planejamento bem definido é fundamental. O primeiro aspecto que deve ser levado em consideração é analisar onde a loja está inserida e qual o público-alvo a ser atendido. De acordo com o superintendente da Associação ECR Brasil, Claudio Czapski, os varejistas devem avaliar o que muda para o negócio. “O segundo ponto é ter em mente: qual o perfil do públiFOTOS: SHUTTERSTOCK

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co? Regular fiel ou variável? Mais idosos, mais jovens e qual o relacionamento que os clientes têm com o hábito de consumo no verão?”. A partir daí, o executivo diz que é possível definir o que será mudado no sortimento, se vai fazer campanhas ou se vai manter o que está em linha e comprar o que tem mais saída. “Cada categoria deve ser pensada individualmente, bem como os correlatos da ocasião de consumo, responsáveis por alavancar as vendas.” O coordenador do Programa de Administração de Varejo da Fundação Insituto de Administração (Provar/FIA), Nuno Fouto, afirma que o planejamento precisa sempre ser feito na estação anterior. “No verão, a sazonalidade é alta, deve-se pensar mais em Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC) e menos em medicamento.” Ele complementa dizendo que um planejamento geral pode ser feito no início do ano e outro mais detalhado no final do primeiro semestre. “É importante montar como e quais serão os pedidos.” A partir do histórico de vendas do ano anterior, as lojas conseguem obter o fator de sazonalidade. Fouto ressalta que fatores positivos e negativos, além das condições climáticas, são imprescindíveis para o bom planejamento. “Os positivos ocorrem quando há um crescimento além da média. A diferença do que foi vendido e do que seria vendido sem a sazonalidade gera uma estimativa que provoca as compras.” Ele lembra que variabilidade das vendas pode existir, para mais ou para menos. “Esse ajuste precisa ser feito agora, para que tudo seja acertado com os fornecedores. Por exemplo: produtos com margem de contribuição maior, o nível de negociação será menor. Não se pode comprar demais nem de menos, se comprar demais os gastos não serão supridos, se comprar de menos, pode perder clientes.” Segundo informa o sócio-diretor da GS&MD – Gouvêa de Souza, Alexandre Horta, sem sombra de dúvidas uma adequada previsão de vendas deverá preceder esse processo de planejamento, pois a eventual expansão do mix de produtos deve ser balizada pelo volume de vendas, evitando um desbalanceamento que pode implicar em uma redução no giro das mercadorias, com perdas de ren-

COMPRAS DE VERÃO Veja a seguir dicas práticas que otimizam processos e garantem melhores resultados: • • qual a loja está inserida. • vendas garantidas, os que são sazonais e os que devem ser excluidos do sortimento. • • • • de marketing. • • Fonte: Juliana Nappo, VP executiva da Agência Shopper

tabilidade. “Quanto mais tempo de antecedência melhor, uma vez que mais do que avaliar o sortimento adequado para a temporada em si, é que isso pode (e deve) implicar em alterações no projeto de exposição das mercadorias e no layout da loja, além de ações promocionais específicas para apresentar produtos e tendências novas aos consumidores e parte desse esforço irá requerer negociações com fornecedores para garantir apoio para tais eventos.” O executivo comenta que não existe um momento certo padronizado para renovação do mix de um processo contínuo, avaliando a evolução das vendas e o giro dos estoques, além do mercado como um todo, para identificar oportunidades em termos de expansão de determinadas carigoso ficar unicamente reagindo ao consumo e ao mercado, pois é importante que o varejista tenha uma proposta de valor bem definida de forma a se diferenciar de seus concorrentes, o que implica em priorizar determinadas categorias em relação a outras, e isso orientará esse processo de revisão do mix.” Outro aspecto que deve ser levado em consideração são as sazonalidades específicas de cada segmento. Horta ressalta que 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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MIX

PRODUTOS A SEREM TRABALHADOS

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Protetor solar

Pós-sol

Repelentes

Cuidados tópicos

Hidratantes

Desodorantes

Cutelaria

Isotônico

Antiácido

Analgésicos

elas determinam o calendário promocional do negócio e definem momentos específicos para revisão do mix de categorias e produtos. “Quanto ao momento de compra, isso está diretamente relacionado aos prazos requeridos pelo fornecedor para realizar as entregas do período, assim como os tempos envolvidos na negociação das condições comerciais e no apoio de trade (material de ponto de venda, expositores, promotores etc.)”

LANÇAMENTOS E RENOVAÇÃO DE MIX O comportamento de compra no inverno não é o mesmo no verão. As necessidades são específicas em cada época do ano, assim como os produtos. A diretora-executiva do Popai, Ana Costa, comenta que a própria indústria prepara lançamentos específicos para essas estações, dessa forma, as compras também seguem essa tendência. Alexandre Horta, da GS&MD – Gouvêa de Souza, aponta que é preciso ter um limitante de sortimento, o que é feito de forma natural através da capacidade de exposição que os equipamentos e a área da loja impõem. No entanto, na maioria das vezes, o maior limitante deve ser o volume de vendas estimado para cada categoria ou grupo de produtos, pois, dependendo das condições de compra e de entrega dos fornecedores e distribuidores (compra mínima, lote de compra, pack mínimo etc.), cada item adicional ao sortimento pode implicar em um incremento do estoque padrão que pode comprometer o giro do estoque e aumentar excessivamente o capital de giro empregado, compromentendo a saúde financeira do negócio. “É interessante sincronizar o momento de mudança do sortimento com alterações no layout da loja, como sinal aos consumidores de que existem novidades disponíveis, e caracterizar a importância relativa adicional que determinada categoria está recebendo a partir desse momento.” Ele afirma que esse é um instrumento poderoso de estimulação da demanda, mas que, como tudo, deve ser bem planejado e (principalmente) bem executado, para não ficar parecendo uma mera adaptação. “Como esse tipo de interferência representa um investimento substantivo, cabe também uma boa negociação com os fornecedores das marcas e produtos que passariam a ser privi-

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MIX

PARA SE DIFERENCIAR DOS CONCORRENTES, O VAREJISTA TOMA UMA POSIÇÃO ATIVA EM RELAÇÃO ÀS CATEGORIAS QUE SERÃO PRIVILEGIADAS, GARANTINDO O ADEQUADO DESTAQUE EM TERMOS DE AMPLITUDE DO SORTIMENTO (ITENS E MARCAS) E ESPAÇO/ POSIÇÃO PARA A EXPOSIÇÃO legiados no novo projeto de exposição para que colaborem nessa iniciativa.” Para se diferenciar dos concorrentes, o varejista toma uma posição ativa em relação às categorias que serão privilegiadas, garantindo o adequado destaque em termos de amplitude do sortimento (itens e marcas) e espaço/posição para a exposição. “Obviamente, a escolha de tais categorias-chave para o negócio deve levar em conta o grau de importância que o consumidor confere aos grupos de produtos, uma vez que, se não houver essa ‘cumplicidade’ do consumidor, não se justificaria eleger determinada categoria como sendo aquela na qual se pretende ser referência para o mercado”, fala Horta. O fluxo de pessoas não aumenta, a não ser que a farmácia esteja localizada em um balneário ou cidade turística que recebe um fluxo adicional. O que ocorre, de acordo com informações do executivo da GS&MD – Gouvêa de Souza, é um maior fluxo de pessoas em busca dos produtos específicos da temporada: protetores solares, hidratantes, xampus especiais para proteger e tratar os cabelos, cremes contra queimaduras etc., e é esse o fenômeno para o qual o proprietário de farmácias e drogarias tem de estar preparado. “Como são produtos adquiridos mais concentradamente em uma época específica, aumentar o esforço de orientação e de apresentação de alternativas torna-se uma prestação de serviço importante para os consumidores, dessa forma vale a pena o esforço de ampliar a comunicação no 184

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ponto de venda sobre os produtos de proteção e cuidados, aumentando a presença de promotores para esse fim.”

OPORTUNIDADES INOVADORAS Nuno Fouto diz que o nível de inovação é muito grande no setor. Para mudar o mix, é preciso identificar os produtos que são específicos, os que garantem rentabilidade e os que são iguais, mas com uma nova roupagem. “A gestão de categorias pode ser trabalhada junto ao fornecedor, como o espaço é limitado, muitas vezes vai diminuir espaço para alguns, com a possibilidade de exclusão do mix, abrindo espaços para outros.” Ele acrescenta: “Essa é oportunidade de trabalhar com espaços sazonais, quando o layout pode sofrer alterações.” Ele recomenda dispor de opções por faixas de preços, sobretudo para atender à nova classe consumidora, a C/D. Outra alternativa, que garante bons resultados e que gera economia para o negócio, é adquirir os lançamentos em quantidade experimental, com boas condições de reposição. “Se vender mais do que esperava, aumenta um pouco, mas sem exageros, a boa gestão trabalha sempre com números verdadeiros.” No que diz respeito ao estoque propriamente dito, a VP executiva da Agência Shopper, Juliana Nappo, garante que os varejistas devem seguir os históricos anteriores para comprar. “Podem tentar negociações melhores, utilizar dados de giro e de vendas para aumentar a margem. Os lançamentos já vêm com sobrepeso, sensibilidade é importante para sentir a adequação do público.” Ela sugere tentar similares. “Por exemplo: se a fragrância de um produto que já existe foi alterada, ou seja, é um produto complementar, faz-se uma estimativa de quanto de consumo traria para a nova categoria.” Juliana adverte ainda não apostar somente nas estimativas da indústrias, porque o varejista é o único que conhece os números reais da loja. “Indústrias facilitam, dão vantagens para conseguir cadastros ao mesmo tempo que procuram, cada vez mais, ter uma relação mais íntima com o varejo. Estar mais vezes no ponto de venda agrega mais valor, é preciso ir lá, atender, mudar o layout, conseguir mais visibilidade, além da técnica.” Ana Costa complementa dizendo que a alimentação dos estoques costuma ser muito rápida. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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Com o histórico de vendas em mãos, já tem uma boa noção de como as coisas funcionam. “Compra a mais se sabe que é venda garantida do produto, os novos compram o suficiente para experimentação. Monitorando o estoque constantemente consegue evitar rupturas.” Claudio Czapski considera ser melhor comprar e optar pela entrega parcelada do produto, de acordo com a demanda, o que otimiza a logística e custos. “O ritmo de recebimento passa a funcionar de acordo com o fluxo de caixa. Ao manter um estoque mínimo, aproveita o potencial de ter condições melhores de pagamento.”

CAMPANHAS E AÇÕES DE MARKETING Ana Costa, do Popai, acredita que mudanças na loja se fazem necessárias. “Produtos de lançamentos, que estão vinculados à chegada da nova estação, vão para a frente da loja, o que é um chamariz para que o consumidor perceba que há novidades.” Claudio Czapski, da ECR, diz que as pequenas farmácias podem aproveitar o produto no ponto de venda para realizar campanhas em parceria com o fabricante. “É preciso definir quais são os produtos que têm mais apelo e relevância para o público-alvo. O que de fato atrai o consumidor? A loja tem algo a mais a oferecer, não só preço mas um brinde ou um kit, por exemplo?”. Já nas

grandes redes, o executivo explica que elas conseguem gerar divulgação em larga escala. “Uma prática comum é a realização de campanhas únicas, quando se instala uma guerra de preços e a margem vai embora. Os clientes querem um diferencial, seja no atendimento, seja na oferta de produtos, como dispor de uma linha exclusiva de marcas importadas, ou ainda, sair do conceito da doença para entrar no conceito de saúde e bem-estar que a estação propicia.” Juliana Nappo ensina que, nas campanhas de marketing, pode-se trabalhar com festival de verão, cesta de produtos sazonais, correlatos, compre 3 pague 2. “O shopper precisa perceber que terá uma vantagem. O lojista quer ter aumento do tíquete médio, aumentando a cesta de compras do consumidor com produtos complementares, por exemplo: hidratante mais protetor (item complementar e não item duplicado), porque, uma vez que já vai bem, tende a continuar indo bem.” Ela lembra que o ponto de venda já tem espaços na frente de loja adequados para os produtos de verão, mas os varejistas podem ainda criar novas áreas, com outros tipos de expositores. “Ao sinalizar que têm produtos de verão, o shopper se lembra que precisa fazer a compra, se questiona se tem algo vencido em casa, ou seja, ele consegue visualizar, muitas vezes, o que nem estava procurando.” 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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CATEGORIA

MEDIDORES DE PRESSÃO E BALANÇAS DE USO PESSOAL SÃO IMPORTANTES ALIADOS NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO E OBESIDADE. O PDV LUCRA COM ESSES ITENS DE ALTO VALOR AGREGADO POR EGLE LEONARDI

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Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a pressão alta é uma doença democrática e muito comum, acomete uma em cada quatro pessoas adultas, chegando a mais de 50% após os 60 anos no Brasil. É responsável por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle. Para isso, os medidores portáteis são uma importante ferramenta de controle.

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O mesmo pode-se dizer sobre as balanças para os obesos, que precisam controlar seu peso, já que o levantamento do Ministério da Saúde revela que 51% da população brasileira está acima do peso. Em 2006, esse percentual era de 43%. O gerente de marketing da Geratherm, Kleber Custódio, estima que o mercado de medidores de pressão gire em torno de R$ 40 milhões ao ano. “Em 2012, a Geratherm inaugurou a sua primeira linha de montagem de monitores de pressão em solo nacional, o que favoreceu a produção e massificação desses itens para que chegassem ao maior número de pessoas, incluindo as classes C e D”, FOTOS: SHUTTERSTOCK

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comenta o executivo. Nesse mesmo ano, vendeu 160 mil unidades de aparelhos de pressão e teve um faturamento de R$ 8,5 milhões somente nessa categoria, números que provam a capacidade produtiva da empresa. Vale citar que o mercado de monitores de pressão duplicou em relação a 2011. O gerente de marketing da Accumed – Glicomed, Pedro Henrique, explica que, em termos de inovação tecnológica, os aparelhos de pressão digitais são desenvolvidos para melhorar a acuracidade e facilitar a usabilidade por parte dos usuários. “Já as balanças mais modernas, atualmente, além do peso, medem uma série de outros números, como índices de composição corpórea, ingestão calórica ideal etc.”, ele explica. O mercado de balanças de uso pessoal movimenta algo em torno de 500 mil unidades ao ano, segundo o supervisor de marketing da Techline, Leandro Neves. Ele comenta que o produto é um forte aliado

no combate da obesidade, e o canal farma é de extrema importância para disponibilizar monitores de pressão e balanças ao usuário. “É na farmácia que o consumidor busca o controle no sentido mais amplo para o tratamento e monitoramento da pressão arterial e do peso”, ele lembra.

INOVAÇÃO Embora a Geratherm tenha um departamento de pesquisa e desenvolvimento muito forte, continua atuando com as mesmas tecnologias no Brasil. “Na Alemanha, possuímos uma Doc Station, que é uma base com uma braçadeira, na qual se pode acoplar o iPhone e medir a pressão arterial, porém este contexto ainda não está fortemente estabelecido no País por questões de registros”, fala Custódio. A empresa possui o Desktop 2.0 em que atua com duas tecnologias de aferição de pressão, a Fuzzy Logic (convencional entre os aparelhos) e a Double Check, utilizada na Europa, cujo aparelho possui uma saída USB, dando a pos-

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CATEGORIA

sibilidade de o usuário descarregar as informações para um computador, utilizando um software específico. Para as balanças, atua com dois modelos, ambos para uso domiciliar: Winwin Scale, balança de vidro temperado, com capacidade de 180 kg, e Body Fat Scale, balança com bioimpedância, com capacidade de 180 kg. “Vale lembrar que nem sempre uma tecnologia inovadora irá atender às expectativas do consumidor que precisa de um produto que afira a pressão corretamente. Ele precisa confiar nas informações e levar ao seu médico, ou monitorar a pressão arterial, e é nisso que temos nos baseado”, comenta o executivo, que acrescenta dizendo que os produtos da Geratherm fazem o que realmente se propõem: “Nossos produtos são homologados pelo Inmetro, oferecemos a calibração gratuita e temos os melhores equipamentos para que a calibração seja feita.” Já os itens que compõem a linha de produtos da Techline são os monitores de pressão arterial de pulso Z-46 e Z-40, disponíveis na linha para o canal farma, e as balanças digitais de vidro temperado Bal-10 e Bal-20, dentre outros. Neves comenta que os diferenciais dos produtos da Techline estão no projeto específico para o biotipo do brasileiro, considerando as variações climáticas do País. “Também é feita checagem um a um dos produtos antes mesmo que cheguem ao consumidor, sem falar que a empresa detém, provavelmente, o maior estoque da América Latina”, diz. As opções ao consumidor são muito variadas. “A Omron possui cinco monitores de pressão arterial automáticos de pulso e de braço com muitos diferenciais no mercado e mais dois modelos de balanças. Os mo188

nitores têm cinco anos de garantia”, fala a analista de marketing da empresa, Jéssica M. B. Bernal. O modelo de monitor de pressão HEM - 6111 possui 30 memórias, indicador de hipertensão e de batimento cardíaco, tecnologia Intellisense e visor de LCD de fácil visualização. O HEM-6200 possui 60 memórias com data e hora, detecta arritmia cardíaca, tem indicador do nível da pressão arterial, tecnologia Intellisense e é prático e de fácil manuseio. O modelo HEM-7113 possui 30 memórias, detecta arritmia cardíaca, possui indicador de hipertensão e de batimento cardíaco, tecnologia Intellisense e visor de LCD de fácil visualização. O EM-7200 possui 60 memórias com data e hora detecta arritmia cardíaca e movimento corporal, tem indicador de aplicação correta da braçadeira e do nível da pressão arterial e tecnologia Intellisense. O HEM 4030 possui 21 memórias, indicador de hipertensão, é semiautomático, tem esvaziamento automático da braçadeira, válvula de liberação manual rápida de ar, visor de LCD e vem com acessórios opcionais, como braçadeira para obesos. Na categoria de balança, o modelo HN-289 possui plataforma fina, pesa até 150 g, com incrementos de 100 g, vidro temperado de alta qualidade e bateria de lítio de 3V (CR2032). O modelo HBF-214 possui sete indicadores de parâmetros corporais, avaliação do nível dos resultados (baixo, normal, elevado, muito elevado), quatro perfis de usuário mais um convidado, capacidade para 150 kg e está em plataforma de vidro temperado. Já Henrique, da Accumed – Glicomed, destaca que a marca possui ampla linha de medidores de pressão,

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divididos em duas marcas, Gtech e Premium. Os modelos Premium são dois aparelhos de pulso: RS380 e LP200. “Nossa empresa possui vasta experiência no desenvolvimento de produtos para saúde e bem-estar e conta com os mais modernos laboratórios de teste e aferição”, destaca o executivo. A Controller tem como foco a importação de produtos da linha radiológica, ortopédica, ultrassonografia e, em 2002, incluiu em seu mix os produtos para cuidados pessoais. Entre suas marcas está a Bioland, que disponibiliza medidores de pressão e balanças. Em seu portfólio está o Monitor de Pressão Digital Automático de Pulso Modelo 3001, que registra os batimentos cardíacos, com 128 memórias (data, hora, pulso e pressão arterial), aprovado e certificado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). O Monitor de Pressão Digital Automático de Pulso modelo 3005 tem cem posições de memória (data, hora, pulso e pressão arterial), sensor de arritmia cardíaca e classificação de pressão segundo a Organização Mundial da Saúde. O Monitor de Pressão Digital Automático de Braço Modelo 2005 é ideal para pessoas obesas e idosas (acima de 70 anos) e tem braçadeiras em tamanho M e G. É indicado tanto para uso residencial quanto para uso profissional. Já o Monitor de Pressão Digital Automático de Pulso Modelo 3002 tem visor jumbo, facilitando a leitura de pessoas idosas, 128 posições de memória (data, hora, pulso e pressão arterial) e registra os batimentos cardíacos. Na categoria de balanças, a empresa oferece a Balança Mecânica Modelo BR9012 (leve e prática, com regulagem de ponteiro para medições mais precisas), a Balança Digital de Vidro Modelo EB9015 (para uso pessoal de vidro, com um design moderno e fácil utilização), Balança Digital de Vidro Modelo EB9008H (com LCD iluminado e memória da última medição), Balança Digital de Vidro com análise corpórea Modelo EF912 (fornece, além do peso, também gordura, hidratação, músculo, osso e calorias recomendadas), Balança Digital Solar de Vidro Modelo EB9602 (totalmente ecológica, pois não utiliza pilha para seu funcionamento), Balança Digital Wireless de Vidro com análise corpórea Modelo EF934 (permite a portabilidade dos dados das medições) e a Balança Digital de Vidro Slim Modelo EB9010 (com tamanho reduzido).

GERENCIAMENTO DA CATEGORIA Para Custódio, da Geratherm, o primeiro passo para exposição dos itens nas farmácias é seguir o gerencia-

O PRIMEIRO PASSO PARA EXPOSIÇÃO DOS ITENS É SEGUIR O GERENCIAMENTO DA CATEGORIA DA REDE E IDENTIFICAR QUAL É O LOCAL DESTINADO A ELES. É FUNDAMENTAL VERIFICAR SE OS PRODUTOS ESTÃO NA ALTURA DOS OLHOS E AO ALCANCE DAS MÃOS mento da categoria da rede e identificar qual é o local destinado a eles. “É fundamental verificar se os produtos estão na terceira ou quarta prateleira, na altura dos olhos e ao alcance das mãos, fatores que facilitam na identificação e determinam o ato da compra”, ele avalia. Como são artigos de valor agregado, vale estar visíveis aos olhos dos funcionários em corredores de grande circulação, e nunca escondidos em pontos cegos da loja. Ele afirma que pontos extras e crossmerchandising sempre são aceitáveis, porém a linha precisa ter um local próprio no ponto de venda (PDV). “Esses produtos nunca devem ficar próximos ao chão, na entrada da loja, onde o público entra rapidamente.” O especialista aconselha colocar os itens nas pontas de gôndolas, onde há uma obrigação da passagem ao trocar de corredor, e próximo aos balcões de medicamento, onde o cliente aguarda o atendimento do balconista ou farmacêutico. Não havendo disponibilidade nesses locais, os meios das gôndolas seriam a melhor opção. “Vale ressaltar que toda ação de merchandising é bem-vinda. Materiais de PDV nunca devem estar em excesso, porém se fazem indispensáveis para que o consumidor identifique o melhor produto, campanhas que lhe interessam e demais fatores que só esses artigos proporcionam”, ensina Custódio. A organização dos produtos é fundamental. Embalagens nunca devem estar empoeiradas, sem preço, danificadas e mal posicionadas. É importante que haja um promotor ou consultor para dar orientações, já que, segundo o gerente, 80% das compras são definidas no próprio PDV. 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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BELEZA

Pílulas

promissoras OS NUTRICOSMÉTICOS PROMETEM COMPLEMENTAR OS TRATAMENTOS DE BELEZA DE FORMA PREVENTIVA P O R L Í G I A FAV OR ETTO

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Diante da constante busca pela beleza, novas promessas surgem no mercado. A necessidade de tratamentos rápidos e eficazes faz com que a indústria disponibilize itens que sejam capazes de tratar e prevenir ao mesmo tempo. Não basta somente um hidratante que atue nas camadas superficiais da pele, por exemplo, os desejos são ainda maiores. As consumidoras querem outros tipos de aliados. Os novos produtos são uma classe de cosmecêuticos ingeríveis. Ganham grande espaço na dermatologia, principalmente pelo avanço das pesquisas na área.“Eles não substituem o uso dos cremes, mas os complementam”, explica a dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, regional São Paulo (SBD-SP), Fabiana Salazar Posso. “Os nutricosméticos prometem nutrir, hidratar e até auxiliar no rejuvenescimento da pele de dentro para fora. São várias as substâncias usadas com essa finalidade”, diz. Segundo a profissional, sabe-se que a ação dos cremes é superficial, não atingindo as camadas mais profundas da pele, é aí que essa nova categoria de cosmético entra. Os nutriconcentrados de beleza são alimentos funcionais, ou seja, alimentos que trazem benefícios de saúde e beleza, como melhorar a qualidade da pele, cabelos e unhas. De acordo com a diretora de marketing de Innéov, marca L’Oréal, Roberta Rocha, cada fórmula é exaustivamente testada em termos de benefício e segurança antes de chegar ao mercado. “Para um rendimento ideal do consumo, deve ser associado a uma dieta equilibrada e hábito de vida saudáveis”, recomenda a executiva.

A L’Oréal é uma das fabricantes dos nutricosméticos, dentro da divisão ativa cosmética. “O mercado de bem-estar e beleza é fortemente impulsionado por novidades e a praticidade de uma pílula que resolvesse uma questão específica sempre foi uma abordagem sedutora”, revela a diretora de marketing de Innéov. Segundo explica Roberta, os nutricosméticos não precisam de receita médica para serem adquiridos, no entanto, é sempre aconselhável obter orientação médica ou nutricional. As contraindicações existem em casos de intolerância a algum dos componentes das fórmulas. “Existe um movimento crescente dos consumidores desse tipo de produto no mundo inteiro e também no Brasil. Innéov detém 8% das vendas do mercado europeu de nutriconcentrados, revela. Aliar mais de um tratamento cosmético passa a ser necessário, já que a via nutricional também aciona os mecanismos de beleza a partir do interior da pele, o que não dispensa o uso dos cométicos externos. “A associação deles resulta em otimização”, completa Roberta. A consumidora pode tomar vários deles ao mesmo tempo. Essa garantia está associada à boa margem de segurança das dosagens de vitaminas e minerais regulamentadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em alimentos industrializados, segundo informa a nutricionista e gerente de produtos da Nutricé, Aline Goettert. A Nutrilatina explica que, hoje, os nutricosméticos foram desenvolvidos para melhorar o suprimento e a penetração dos princípios ativos nos mecanismos metabólicos e fisiológicos orgânicos específicos a fim de beneficiar cada uma das fases da beleza. “Por exemplo: nutricosmético antiaging

É IMPORTANTE QUE SE DIGA ÀS CONSUMIDORAS QUE OS NUTRICONCENTRADOS SÃO ALIMENTOS FUNCIONAIS QUE PROMOVEM A INGESTÃO DE INGREDIENTES NUTRITIVOS E COM FUNÇÃO ESPECÍFICA PARA AUXILIAR O CORPO A REVELAR SAÚDE E BELEZA DE DENTRO PARA FORA 2013 OUTUBRO GUIA DA FARMÁCIA

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possui nutrientes que bloqueiam a ação de radicais livres e harmonizam a hidratação da pele através do equilíbrio natural de hormônios corporais.” Existem alguns questionamentos em relação à real eficácia e objetivo dos nutricosméticos. Por que fazer uso deles em vez de um polivitamínico? A empresa esclarece que os nutricosméticos são combinações completas e concentradas de nutrientes vitamínicos, minerais e outros bioativos que atuam diretamente no ponto bioquímico relacionado com sua função ativa, que podem beneficiar os processos fisiológicos do organismo, tratando dos fatores relacionados à retração da beleza, enquanto que um polivitamínico apresenta apenas combinações de vitaminas e minerais que suprem necessidades nutricionais. A gerente de marketing da FQM Derma, divisão da Farmoquímica, Cinara Oliveira, complementa a explicação: “Os nutricosméticos apresentam baixas concentrações de ativos se comparados com polivitamínicos ou medicamentos. Isso porque são registrados junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) como alimento e devem seguir a Ingestão Diária Recomendada (IDR), que difere da concentração dos polivitamínicos.”

NO PONTO DE VENDA Os concentrados de beleza demandam exposição diferenciada nos pontos de venda, pois são usados como complemento dermatológico e indicados por médicos especialistas. “A localização da categoria próxima ao balcão de medicamentos garante afinidade com o principal motor de giro, que é a prescrição dermatológica. Adicionalmente, podem estar junto aos espaços de dermocosméticos, já bem identificados nas lojas”, recomenda Roberta Rocha, diretora de marketing da Innéov, de L’Oréal. A executiva lembra que é importante que se diga às consumidoras que os nutriconcentrados são alimentos funcionais que promovem a ingestão de ingredientes nutritivos e com função específica para auxiliar o corpo a revelar saúde e beleza de dentro para fora. “A principal mensagem que deve ser passada às consumidoras é que todos sabemos que vamos envelhecer, mas se pudermos retardar esse evento, é lógico que o faremos. Aí se dá a importância 192

TRATAMENTO-CONCEITO Os nutricosméticos atuam como tratamento-conceito. Eles não resolvem um problema específico aparente. Eles agem prevenindo e melhorando gradativamente. A pessoa que decide tomar um nutricosmético irá tomá-lo antes que o problema apareça, ela fará uma correção geral daquilo que está faltando no organismo. O efeito é remissivo. Se a consumidora utilizar por seis meses, por pelo menos mais seis meses, ela terá efeito garantido.

de cuidados sem precisar utilizar procedimentos cirúrgicos ou medicamentos”, comenta Aline Goettert, da Nutricé. Em relação ao serviço de vendas realizados pelas dermoconsultoras, ele pode ser útil, principalmente na fase inicial de inserção do produto na loja. A L’Oréal se diferencia, pois possui dermoconsultoria que se destaca no treinamento, considerado um ponto estratégico. “As dermoconsultoras são treinadas pelas equipes das marcas, sendo essas equipes compostas por um time de profissionais com formação universitária em farmácia. No que diz respeito às técnicas de conselho (perfil dos consumidores, melhor abordagem, percepção das necessidades), desenvolvemos em parceria com o Senac um curso de dermocosmética focado no entendimento da categoria e no atendimento de alta qualidade”, explica Roberta Rocha. A executiva da L’Oréal revela que, além disso, nas farmácias que trabalham com Innéov, são feitas visitas constantes através da equipe comercial que trabalha o merchandising, buscando melhorar a visibilidade, mantendo a arrumação do lineário das marcas a partir de um mix atrativo de produtos. “Para os pontos de venda que possuem dermoconsultoras, são oferecidos treinamentos sistemáticos, para que os consumidores que chegam com dúvidas sejam bem atendidos e tornem-se fiéis ao estabelecimento, podendo gerar, inclusive, vendas complementares para a farmácia”, orienta. A executiva complementa dizendo que todas essas ações auxiliam na venda dos dermocosméticos em geral.

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Gestão própria REDE DE DROGARIAS ULTRAPOPULAR ASSUME NOVO POSICIONAMENTO NO MERCADO E GANHA CADA VEZ MAIS ESPAÇO NO VAREJO FARMACÊUTICO BRASILEIRO

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P O R L Í G I A FAV O R ETTO

Inaugurada há pouco mais de um ano, com o intuito de se tornar a rede de drogarias mais popular do País, a UltraPopular aposta no baixo custo de gerenciamento e na consequente prática de preço baixo para dar força a sua maior estratégia: conquistar a clientela. Atualmente com 105 lojas em 55 municípios, vem ganhando cada vez mais espaço no varejo farmacêutico brasileiro. O sucesso se dá em função do formato de trabalho adotado. “Procuramos criar um modelo que superasse, com gestão própria e maior redução de custos, os desafios enfrentados pelo associativismo”, revela o diretor-administrativo das drogarias UltraPopular, Paulo Roberto Oliveira da Costa. Na rede, preço e cadastro de medicamentos são controlados. “O cadastro é todo padronizado por

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uma farmacêutica que faz parte da nossa equipe. Temos estratégias de preços para cada característica de mercado: conservador, agressivo e superagressivo. De acordo com a necessidade local, cada empresário pode escolher a estratégia mais adequada.” O executivo complementa: “Além disso, temos o PAI (Painel de Aferição de Indicadores), que é uma ferramenta da Federação Brasileira de Redes de Farmácias Associativistas (Febrafar), a nossa Central de “Anjos” e os relatórios de acompanhamento.” Costa explica que por meio do PAI, todas as lojas efetuam os lançamentos das suas informações financeiras, como um DRE (Demonstrativo de Resultado) e o sistema indica como é a composição de seus gastos e seu resultado final – se obteve lucro ou prejuízo. A ferramenta também oferece indicadores importantes, como faturamento por colaborador, venda por m2, ponto de equilíbrio, dias de estoque, entre outros. Tudo de forma individualizada e consolidada. “Com base nessas informações, os nossos “Anjos”, que são supervisores (remotos) de lojas, analisam os FOTOS: DIVULGAÇÃO

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SERVIÇO Rede de Drogarias UltraPopular Av. Paulista, 777 – Bela Vista – São Paulo (SP) Informações: (11) 3283 3737 E-mail: comunicacao@drogariasultrapopular.com.br Site: www.drogariasultrapopular.com.br FanPage: www.facebook.com/ redededrogariasultrapopular

dados a partir de parâmetros que temos pré-estabelecidos e criam um plano de ação junto às lojas, com o intuito de promover correções às distorções identificadas nos indicadores. O PAI permite, ainda, que as lojas comparem seus indicadores com outras lojas da nossa rede e do mesmo grupo de faturamento que ela pertence para que tenha uma noção de como está seu próprio desempenho.”

PROCESSOS AZEITADOS Para que o sistema trabalhe em perfeita sintonia, é imprescindível ter a informação, processos e pessoas capacitadas. “Nosso sistema de retaguarda é o Plugpharma e temos dois softwares homologados na UltraPopular e integrados com nosso sistema de retaguarda que são os sistemas Big e Softpharma.” A UltraPopular é um projeto novo dentro da Febrafar e, como tudo que é novo, necessita de extremo cuidado.

Por isso, as informações são importantes para saber se o modelo adotado está progredindo, ou se precisa de correções em sua estratégia. Costa ressalta que, além disso, era preciso garantir o sucesso das lojas, através de uma gestão eficiente do ponto de venda em farmácias de pequeno e médio portes. “A partir Paulo Roberto Oliveira do momento que acompanhada Costa, diretor-administrativo das mos os números, podemos ter drogarias UltraPopular, uma noção do que está aconteafirma que o sucesso cendo em cada loja e, com isso, se dá em função do formato de temos plenas condições de ajutrabalho adotado dá-las a alcançar a eficiência operacional e a obter o lucro. Este gerenciamento nos dá mais segurança de que a rede está no caminho certo. Sem dúvida, o que nos direciona como rede é o resultado de nossas lojas”, afirma. A administração do negócio não abre mão dos processos obrigatórios, como, por exemplo, envio dos dados para o PAI, entrada correta de mercadorias garantindo a qualidade dos relatórios, layout padrão etc. Contudo, quanto à gestão da loja, especificamente, o papel é consultivo. “Ou seja, cabe a nós orientar os empresários e ajudá-los a traçar um caminho correto. Afinal, ele é o responsável pelo estabelecimento e respeitamos a decisão que vier a tomar, desde que não venha a ferir os preceitos e a integridade da rede.”

OBTENÇÃO DE INDICADORES

Os clientes encontram sempre o menor preço da região 196

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Os resultados conseguidos através do PAI e do Plugpharma auxiliam em todo processo de tomada de decisão. Costa comenta que o Plugpharma é um sistema que permite gerir o cadastro e os preços integrando-os com a loja. “Os sistemas das lojas enviam para o Plugpharma todas as informações de sell in, sell out e estoque. Assim, através do BI (business intelligence) do Plugpharma, podemos organizar essas informações e analisá-las da maneira que quisermos.” Segundo informa Paulo Roberto Oliveira da Costa, os principais desafios certamente são: possuir as informações com qualidade e de forma correta (consistente), ter pessoas capazes de analisá-las e criar uma estrutura que permita o acompanhamento das lojas, sem que as ações se percam ou entrem em conflito. “O investimento em tecnologia não é alto. O que é alto é o investimento relacionado a tempo e recursos humanos para se desenvolver a expertise necessária para o bom funcionamento da rede e para a operacionalidade de cada loja.”

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INSTITUCIONAL – ABRADILAN

Peças determinantes

www.abradilan.com.br

A IMPORTÂNCIA DO BALCONISTA/ATENDENTE, ESPECIALMENTE NAS FARMÁCIAS E DROGARIAS INDEPENDENTES

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P O R J ON Y S OU SA , PR ES I DENTE DO C O NSELH O DIRETIVO ABRA DILAN

Desde que existe comércio existe a profissão balconista. Os balconistas estão em todos os ramos. O balconista pode ser considerado um relações-públicas entre a farmácia e/ou drogaria e o cliente. Ele representa os dois lados. Sua capacidade de ouvir e escutar é um ponto central para atender bem o cliente. É o balconista que vai informar o dono da farmácia e/ou drogaria, em especial nas de pequeno porte, quais produtos e serviços são mais vendáveis, que novidades o consumidor espera ou não, a percepção do cliente quanto ao preço do produto ou serviço oferecido, a ocorrência de problemas numa venda malsucedida, a qualidade dos produtos e serviços, a limpeza do ponto de venda, material de divulgação e controle de estoque. Tudo isso executado com profissionalismo e seriedade.

Profissional que atua na linha de frente é um dos principais responsáveis pelo fechamento de negócios, fidelização dos clientes etc. no dia a dia das farmácias e drogarias no nosso País. Pois, atender o cliente com excelência nos dias de hoje deixou de ser algo secundário ou terciário e tornou-se um gênero de primeira necessidade. O mercado precisa mais do que pessoas que atendam com excelência, precisa de verdadeiros profissionais do atendimento. Atender bem o cliente, deixando-o satisfeito, é fundamental para o sucesso de um negócio. A atualização por meio de cursos é um dos segredos do sucesso da categoria, os quais, cada vez mais, ganham espaço no mercado e que são oferecidos pelas mais variadas instituições e entidades do setor. Por isso, é preciso que esse profissional

do balcão esteja preparado para oferecer facilidades e benefícios que superem a expectativa de quem está do outro lado, resolvendo seu problema com agilidade. O atendimento ao cliente precisa ser encarado como prioridade. Com isso, o balconista deve estar atualizado com informações dos produtos que comercializa, com as técnicas de vendas, boa visão do setor, entre outros. Pois, na atualidade, não podemos trabalhar com a possibilidade de perder clientes devido a erros no atendimento. Trabalhamos em um mercado altamente competitivo, em que atender bem não é mais simplesmente um diferencial competitivo, mas um pré-requisito. Ou atende bem, ou perde clientes para a concorrência. Se você não atende bem, outras empresas o farão, captando os clientes que poderiam ser fidelizados por sua empresa.

Empresas sócias colaboradoras da Abradilan 200

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INSTITUCIONAL – SERVIMED

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completa 40 anos DISTRIBUIDORA ESTÁ ENTRE AS QUATRO MAIORES DO PAÍS

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“Mais forte, mais próxima de você”, esse é o slogan estampando no selo comemorativo dos 40 anos da Servimed e que expressa a história da empresa, desde seu início em um pequeno depósito na cidade Bauru (SP), em 1973, até se transformar no quarto maior distribuidor de produtos farmacêuticos, hospitalares e supermercadistas do Brasil. “A área atual atende 24.295 mil clientes nos Estados de São Paulo, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro, Minas Gerais e no Distrito Federal”, afirma o presidente da empresa, Antônio Iachel Marques. A empresa tem como meta estar até 2017 entre os três o maiores atacadistas/distribuidores nos segmentos e em suas áreas de atuação. “Para que isso aconteça, deverá crescer algo em torno de 20% ao ano, nos próximos cinco anos”, diz o diretor-geral da Servimed, Edgar Theodoro. Atualmente, conta com cerca de 1,4 mil colaboradores diretos, além de 500 representantes e aproximadamente 13 mil itens em estoque. Com essa estrutura, consegue suprir 95% de toda a demanda de produtos de seus clientes, envolvendo OTC, perfumaria, cosméticos, genéricos, medicamentos, produtos hospitalares, higiene pessoal e doméstica. “O produto vendido pela Servimed é igual ao de todos concorrentes, mas o que nos diferencia é a fidelização do cliente e nossas equipes de vendas pre-

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paradas para oferecer todo suporte necessário para que eles consigam alavancar suas próprias vendas”, destaca Antônio Iachel Marques.

15 MILHÕES EM NOVO CENTRO DE DISTRIBUIÇÃO No ano em que a empresa completa 40 anos, a grande novidade é a inauguração do novo Centro de Distribuição em Bauru. O local, com uma área construída de mais de 10 mil metros quadrados, vai dispor de 12 mil posições de pallets e uma estrutura especial para movimentação e separação de produtos (esteiras transportadoras com sistema de roletes mecanizados e desviadores inteligentes). Isso vai dobrar a capacidade operacional, ou seja, a Servimed está preparada para o cumprimento do plano estratégico de crescimento de 20% em média para os próximos dois anos.

REESTRUTURAÇÃO Em 2011, a empresa criou um novo modelo de gestão, visando alinhar-se com a realidade do mercado, maximizar os resultados e ganhar competitividade. “Os diferenciais para esta mudança foram a gestão profissionalizada, o excelente relacionamento com os fornecedores, a qualificação e motivação dos colaboradores e a nossa força de vendas”, constata Edgar Theodoro. FOTO: DIVULGAÇÃO

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SEMPRE EM DIA

CONSUMIDORA

ESPECIAL

DIANTE DO PERFIL DA MULHER MODERNA, QUE ACUMULA DIVERSAS FUNÇÕES AO LONGO DO DIA, MAS NÃO QUER DEIXAR A VAIDADE DE LADO, A INDÚSTRIA PREPARA LANÇAMENTOS QUE FACILITAM A MANUTENÇÃO DA BELEZA PARA O DIA A DIA CORRIDO

EMBALAGEM PRÁTICA

Desenvolvido para mulheres modernas e ativas, o lançamento do lenço de papel Kleenex em formato tubo visa facilitar o cuidado pessoal diário ampliando as ocasiões de uso. Em função da nova forma, encaixa perfeitamente no porta-copos do automóvel, tornando-se ideal para ajudar a mulher em retoques de maquiagem, tirar a oleosidade da pele antes de adentrar para uma reunião ou encontro com amigas. Romero Britto assina a criação das embalagens. Preço médio: R$ 6,98 Na gôndola: cuidados tópicos/checkout Site: www.kimberly-clark.com.br 202

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LISO PROLONGADO

Manter os cabelos lisos, saudáveis e com um brilho espelhado nem sempre é uma tarefa fácil. Para atender a essas necessidades femininas e descomplicar a rotina de cuidados diários, a marca Neutrox lança a linha Lisos e Alisados, com óleo de argan orgânico e complexo de proteínas vegetais, direcionada para cabelos lisos naturais ou alisados quimicamente. Preço médio: Xampu – R$ 4,05 Condicionador – R$ 4,60 Creme de tratamento – R$ 9,60 Creme para pentear – R$ 4,09 Na gôndola: cabelos Site: www.neutrox.com.br FOTOS: DIVULGAÇÃO

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SEMPRE EM DIA

PERSONAGENS ANIMADOS

York relança as linhas de curativos Jura Korte e Palinetes Hastes Flexíveis. Agora, as embalagens dos produtos serão decoradas com os personagens principais do filme Universidade Monstros. Os curativos estão disponíveis em 18 estampas diferentes e em três embalagens sortidas, contendo imagens divertidas e exclusivas. Preço médio: a consultar Na gôndola: cuidados tópicos/ cantinho do bebê Site: www.yorksa.com.br

PELE JOVEM

SkinCeuticals traz para o Brasil o tratamento antienvelhecimento com grande eficácia e resultados visíveis em apenas 12 semanas. A linha é composta por dois produtos: A.G.E. Interrupter, para o rosto, e A.G.E. Eye Complex, para a área dos olhos. Formulados com a potente combinação de ativos que combatem a glicação para corrigir os sinais do envelhecimento da pele madura. Preço médio: CA.G.E. Interrupter – R$ 459 A.G.E. Eye Complex – R$ 279 Na gôndola: dermocosméticos Site: www.skinceuticals.com.br

PROTEÇÃO EM MOVIMENTO

Rexona traz mais uma inovação ao mercado: agora, toda a linha masculina de antitranspirantes contém a exclusiva tecnologia MotionSense System, composta por microcápsulas que são ativadas pelo movimento. Outra grande novidade é a embalagem desenvolvida e assinada pelo estúdio Pininfarina, ícone mundial no segmento de carros, que traz à Rexona Men um design exclusivo e maior praticidade no uso devido às alterações do frasco. Preço médio: R$ 9,98 Na gôndola: desodorantes Site: www.rexona.com.br 204

NOVAS SENSAÇÕES SAÇÕES

A Jontex acaba de lançar uma linha de produtos flavorizados. Com sabores e aromas exclusivos, as novidades vão atrair os consumidores que desejam experimentar novas sensações. Disponível nos sabores frutas vermelhas, frutas cítricas e maçã verde, os lançamentos também se destacam pela embalagem diferenciada dos demais produtos da marca. Preço médio: R$ 3,39 Na gôndola: seção masculina/checkout Site: www.jontex.com.br

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SEMPRE EM DIA

BELEZA LUXUOSA

LINHA INHA REFORMULADA

A marca Sapeka acaba de relançar sua linha de fraldas e lenços umedecidos com o objetivo de atender às principais necessidades das mamães e bebês, como absorção, conforto e proteção. A linha conta agora com nova embalagem, nova cobertura, frontal e tiras elásticas, além de personagens repaginados. Já os lenços umedecidos ganharam novo layout de embalagem.

O BB Cream Perle & Caviar que o Institut Arnaud Paris lança no mercado nacional promete ser um poderoso anti-idade, com efeito primer, além de uma base nude que dá acabamento perfeito. Sua fórmula exclusiva, composta de extrato de pérola e caviar, é um verdadeiro concentrado de energia que reforça o metabolismo celular e combate os sinais de envelhecimento. Possui FPS 15. Preço médio: R$ 150 Na gôndola: dermocosméticos/maquiagens Site: www.arnaud-institut.com

Preço médio: a consultar Na gôndola: cantinho do bebê/fraldas Site: www.fraldassapeka.com.br

INOVAÇÃO NA CABEÇA TRADIÇÃO NA GÔNDOLA

Além dos tradicionais sabonetes e desodorantes, Senador oferece agora uma linha completa de higiene, beleza e perfumação com os lançamentos da deo colônia, do body spray e da espuma de barbear. A marca também criou uma nova fragrância para a versão Senador Sport, mais refrescante e voltada para o homem que tem no esporte um estilo de vida. Preço médio: Sabonete – R$ 2,50 Desodorante spray – R$ 2,90 Desodorante roll-on – R$ 5,50 Desodorante aerossol – R$ 9,50 Na gôndola: seção masculina/checkout Site: www.memphisbr.com 206

A Phytoervas traz ao mercado uma nova concepção de tratamento capilar: a cosmética integral. Os produtos da nova linha são livres de sulfato, corantes e parabenos, além de contar o componente Phytocomplex, formado de trigo, linho e quinoa que garantem restauração, nutrição e evitam o envelhecimento precoce dos fios. A embalagem também foi reformulada, ganhando um visual moderno e feminino. Preço médio: Xampu – R$ 13 Máscara – R$ 16 Ampola – R$ 6 Condicionador – R$ 14 Na gôndola: cabelos Site: www.phytoervasbr.com

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SEMPRE EM DIA

MADEIXAS DOMADAS

DE CARA NOVA

A Phisalia preparou algumas novidades em suas linhas de produtos. A empresa lançou a fragrância Bem Estar na linha TRÁ LÁ LÁ Baby, que se junta às já conhecidas Hidrata e Suave. Além disso, a rotulagem da linha TRÁ LÁ LÁ Baby foi totalmente modernizada, sendo incorporado o conceito musical já presente na linha. O formato de um violão agora pode ser visto ao redor da palavra baby, e as notas musicais transmitem a sonoridade com delicadeza e alegria.

A Alfaparf Milano apresenta a linha completa Precious Oil Tradition, com ação disciplinante e anti frizz, que inclui xampu em óleo sem sulfatos, máscara intensiva disciplinante, Anti-frizz Fluid com efeito liso e Anti-frizz Eco-Mousse para cachos perfeitos. Os produtos possuem propriedades antioxidantes, reconstrutoras e hidratantes do óleo de figo-da-índia, e as protetoras e nutritivas do óleo de pequi. Preço médio: Anti-frizz Oil Shampoo – R$ 48,80 Anti-frizz Fluid – R$ 63,70 Anti-frizz Eco-Mousse – R$ 63,70 Na gôndola: cabelos Site: www.alfaparf.com.br

Preço médio: Xampu – R$ 8,00 Colônia – R$ 6,80 Pomada – R$ 9,50 Talco – R$ 7,50 Na gôndola: infantil/cantinho do bebê Site: www.phisalia.com.br

HIGIENE GARANTIDA

UNHAS ENCANTADAS

Os contos de fadas sempre fizeram parte da infância de qualquer menina. Para trazer um pouco dessa fantasia para as unhas, a Realce lança a nova coleção Era Uma Vez, nas tonalidades Príncipe Encantado, um lilás bem romântico, Pirlipimpim, um prateado cheio de personalidade, Abracadabra, um vermelho supermoderno e Felizes para Sempre, um rosinha bem delicado. Preço médio: R$ 8 Na gôndola: cutelaria/checkout Site: www.esmalterealce.com.br

Para tornar a hora de lavar as mãos muito mais divertida, Dettol No-Touch é equipado com um sensor de movimento automático. A simples aproximação das mãos ativa o dispenser com a quantidade exata do sabonete, evitando o contato e o desperdício do produto. O kit contém um Dettol No-Touch, quatro pilhas AA e um refil de sabonete líquido com 250 ml nas fragrâncias Chá Verde e Gengibre, Grapefrut e Pepino. Preço médio: R$ 150 Na gôndola: sabonetes/checkout Site: www.dettol.com.br

Obs.: Os preços sugeridos são informados pela indústria fabricante de cada produto. 208

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SERVIÇOS

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ABRADILAN www.abradilan.com.br ABRAFARMA www.abrafarma.com.br ABRAN http://abran.org.br ABO www.abo.org.br ACCUMED-GLICOMED www.glicomed.com.br ACHÉ www.ache.com.br ACIMINAS www.aciminas.com.br ACIRMESP www.facebook.com/Acirmesp AFPFB www.farmaefarma.com.br AGÊNCIA SHOPPER http://shopperage.com.br AMB www.amb.org.br AMBIOTEC http://ambiotec.org.br ANHANGUERA UNIBAN www.anhanguera.com ANVISA http://portal.anvisa.gov.br

B BIOCLIN/QUIBASA www.bioclin.com.br BRACE PHARMA www.bracepharma.com

C CEBRAP www.cebrap.org.br CFF www.cff.org.br CFM www.portalmedico.org.br

D DATAFOLHA http://datafolha.folha.uol.com.br DATA POPULAR www.datapopular.com.br DELOITTE www.deloitte.com.br DROGARIA SÃO PAULO www.drogariasaopaulo.com.br

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ECR BRASIL www.ecrbrasil.com.br EMS www.ems.com.br ESPM www.espm.br EY www.ey.com

F FACULDADE DE MEDICINA DE BOTUCATU www.fmb.unesp.br FARMA&FARMA www.farmaefarma.com.br FDI www.fdiworldental.org FEBRAFAR www.febrafar.com.br FIPE http://fipe.org.br FQM www.fqm.com.br FURP www.furp.sp.gov.br

G GERATHERM www.geratherm.com.br GS&MD www.gsmd.com.br

H HOSPITAL DAS CLÍNICAS www.hcnet.usp.br HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS www.hospitalsiriolibanes.org.br

I INDÚSTRIA DA IMAGEM DESIGN www.designdeembalagens.com.br INNEÓV www.inneov.com INTERNATIONAL ASSOCIATION FOR THE STUDY OF PAIN www.iasp-pain.org

J JOHNSON & JOHNSON www.jnjbrasil.com.br

K KIMBERLY-CLARK www.kimberly-clark.com.br

L L’ORÉAL www.loreal.com.br

M MARJAN FARMA www.marjan.com.br MINISTÉRIO DA SAÚDE www.saude.gov.br MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL www.mds.gov.br

N NUTRICÉ www.nutrice.com.br NUTRILATINA www.nutrilatina.com.br

O OMRON www.omron.org.br OMS www.opas.org.br

P P&G www.pg.com/pt_BR PAGUE MENOS www.paguemenos.com.br PEPSIC http://pepsic.bvsalud.org PHARMALINK www.pharmalinkonline.com.br PHISALIA www.phisalia.com.br POPAI www.popaibrasil.com.br PRÓ GENÉRICOS www.progenericos.org.br PROVAR/FIA www.provar.org PSDB www.psdb.org.br/ PT www.pt.org.br

S SANDOZ www.sandoz.com.br SBCE www.sbce.med.br SBH www.sbh.org.br SERVIMED www.servimed.com.br SINDUSFARMA www.sindusfarma.org.br SOCIEDADE BRASILEIRA DE COLOPROCTOLOGIA www.sbcp.org.br SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA www.sbd.org.br SOCIEDADE BRASILEIRA DE FLEBOLOGIA E LINFOLOGIA http://abfl.acamed.com.br SOCIEDADE BRASILEIRA DE GENÉTICA http://sbg.org.br SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA www.reumatologia.com.br

T TECHLINE www.techline.com.br TEUTO www.teuto.com.br TCU www.tcu.gov.br

U UCL www.ucl.ac.uk ULTRAPOPULAR UNIÃO QUÍMICA www.uniaoquimica.com.br UNICAMP www.unicamp.br UNIFESP www.unifesp.br UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS E SAÚDE DE PORTO ALEGRE www.ufcspa.edu.br UNIVERSITY FEINBERG SCHOOL OF MEDICINE NORTHWESTERN www.feinberg.northwestern.edu USP www5.usp.br

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