ano XXi • nº 257 abril de 2014
VALOR ESTABELECIDO
Em meio ao aumento da inflação e à alta do dólar, CMED autoriza reajuste médio de 3,5%, menor que o de 4,5% concedido no ano passado, e divide opiniões CAPA257OK.indd 175
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EDITORIAL
Preços reajustados
Ainda que tenham o objetivo comum de vender cada vez mais medicamentos, varejo e indústria não necessariamente têm a mesma expectativa quanto ao valor
DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Flávia Corbó EDITORA DE ARTE Larissa Lapa ASSISTENTES DE ARTE Junior B. Santos e Rodolpho A. Lopes DEPARTAMENTO COMERCIAL EXECUTIVAS DE CONTAS Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br)
A movimentação e a especulação do setor em torno da porcentagem fixada pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) para o reajuste dos preços de medicamentos são grandes. Todos esperam saber o valor exato. Pois bem, no último dia 26 de março o reajuste médio foi determinado em 3,5%, menor que o de 4,5% concedido no ano passado. O percentual ficou ligeiramente abaixo da média de reajustes nos últimos cinco anos, que é de 5,78%, e inferior à média da taxa de inflação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) do mesmo período – 5,69%. Ainda que tenham o objetivo comum de vender cada vez mais medicamentos, varejo e indústria não necessariamente têm a mesma expectativa quanto ao valor. A inflação e a alta de dólar impactam a todos, de um jeito ou de outro, mas os custos de operação e os reflexos do aumento dos preços não são os mesmos. Acompanhe na íntegra as opiniões que dividem o setor na reportagem de capa desta edição, feita com maestria pela repórter Flávia Corbó. Outro grande destaque do mês fica por conta do evento realizado pela Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan), a Abradilan Farma & HPC. Na 10ª edi-
ASSISTENTES DO COMERCIAL Juliana Guimarães e Mariana Batista Pereira DEPARTAMENTO DE ASSINATURAS Morgana Rodrigues COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri DEPARTAMENTO FINANCEIRO Fabíola Rocha e Cláudia Simplício ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia e Antônio Gambeta MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira ANALISTA DE MARKETING Lyvia Peixoto
ção do evento, players do setor estiveram presentes no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, para relacionamento, efetivação de negócios e aquisição de conteúdo. Milhares de pessoas circularam pelos estandes para acompanhar todas as novidades. A Contento participou mais uma vez, com o Espaço do Conhecimento. Lá os visitantes puderam ver uma farmácia modelo e aprender na prática tudo o que é necessário para setorizar a loja e aplicar os conceitos do Gerenciamento por Categorias. Disseminar conteúdo e profissionalizar os varejistas são sempre os nossos principais objetivos. Eu estive na capital cearense cobrindo todos os acontecimentos. Quem também esteve presente foi o técnico da seleção brasileira de futebol, Luis Felipe Scolari, popularmente conhecido por Felipão. Ele causou frisson no público e falou sobre como devemos agarrar as oportunidades que a vida nos oferece com antecipação. E, em clima descontraído, ele afirmou que acredita no hexa! Boa leitura. Lígia Favoretto Editora-chefe
MARKETING DIGITAL Andrea Guimarães Noemy Rodrigues
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COLABORADORES DA EDIÇÃO Revisão Raquel Alves Textos Egle Leonardi, Kathlen Ramos, Raquel Sena, Tassia Rocha e Vivian Lourenço Colunistas Assumpto Saconelli, Gustavo Semblano, Leonardo Doro Pires, Luiz Carlos Silveira Monteiro IMPRESSÃO Abril Gráfica
Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes.
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SUMÁRIO #257 ABRIL 2014
132 10 > ENTREVISTA O gerente-geral da Abbott Brasil, Juan Carlos Gaona, conta como foi o processo de divisão da empresa em duas frentes de negócios distintas
CAPA
34 > DEBATE A política de reajuste de preços de medicamentos adotada pelo Governo causa insatisfação e é questionada por diferentes players do mercado
42 > NEGÓCIOS Pesquisa da Deloitte revela em que áreas de negócios os principais líderes empresariais pretendem investir e realizar novas contratações
66 > PESQUISA Como solução para a defasada política de saúde pública brasileira, a população defende a ampliação e consolidação da Farmácia Clínica no País
E MAIS 6 16 24 32 50 54 62 80 86
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ESPECIAL SAÚDE 92 100 108 116 122 124
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GRIPES E RESFRIADOS IMUNIDADE LESÕES MUSCULARES ANSIEDADE ARTIGO HIPERTENSÃO
132 140 148 152 160 166 174 178
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SORTIMENTO OPORTUNIDADE CATEGORIA MIX COMPORTAMENTO EVENTO SEMPRE EM DIA SERVIÇOS
COLUNAS 30 >
74 > PONTO DE VENDA Conhecer bem a legislação que rege as farmácias é a melhor maneira de evitar violações, proteger seu negócio e os consumidores
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GUIA ON-LINE ANTENA LIGADA ATUALIZANDO GUIA DA FARMÁCIA RESPONDE ATUALIDADE OPINIÃO CIÊNCIA GESTÃO TENDÊNCIA
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CENÁRIO Leonardo Doro Pires CONSULTOR JURÍDICO Gustavo Semblano COMPETITIVIDADE Luiz Carlos Silveira Monteiro
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OPÇÃO DE TRATAMENTO
ÍNDICES ALARMANTES
Descoberta de novo medicamento promove avanços em pacientes com Esclerose Múltipla.
Levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostra a expectativa dos números de câncer no Brasil para 2014.
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O QUE ROLA NAS REDES SOCIAIS
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MEDICAMENTOS PODEM SUBIR ATÉ 5,7%
SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE PARA NÓS Para fazer elogios, críticas ou dar sugestões ao Guia da Farmácia, escreva para a redação: Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010 ou ligia@contento.com.br. Queremos saber o que você pensa!
RESPONSABILIDADE DE QUEM?
Mais uma incompetência do Governo jogada às empresas privadas. O medicamento do pronto-socorro vai gerar despesa para farmácias. E, se nós não recebermos o lixo do Governo, teremos que pagar multa? Farmácia Profarma, em resposta à nota Estabelecimentos farão o recolhimento de medicamentos e cosméticos vencidos, publicada no dia 10 de março, no Facebook do Guia da Farmácia.
AUTOMEDICAÇÃO É PRÁTICA COMUM
OPINIÃO VÁLIDA
NOVA DROGA DIMINUI ABSORÇÃO DE SÓDIO PELO ORGANISMO
ALTERNATIVA DIVIDIDA
ESTATINA PODE SER MENOS AGRESSIVA DO QUE O RELATADO
DICIONÁRIO TRAZ DETALHES DE MAIS DE DEZ MIL SUBSTÂNCIAS
Concordo com o presidente do Conselho Federal de Farmácia (CFF), Dr. Walter Jorge João. Precisamos ter uma vigilância sanitária mais atuante e rígida. Se não tem farmacêutico e/ ou a drogaria não tem uma infraestrutura adequada, o correto é fechar, pois eles põe em risco a saúde do povo brasileiro. Rômulo Pereira, em resposta à nota Faltam farmacêuticos nas farmácias do Brasil, publicada em 31 de janeiro, no Portal do Guia da Farmácia.
Sou a favor da medida, mas não sou a favor de que a drogaria tenha sempre que arcar com os custos de tudo isso. Fer Rosset, em resposta à nota Estabelecimentos farão o recolhimento de medicamentos e cosméticos vencidos, publicada no dia 10 de março, no Facebook do Guia da Farmácia.
PERGUNTE E NÓS RESPONDEREMOS! Se você tem dúvidas ou qualquer tipo de curiosidade sobre o mercado, empresas ou sobre suas atribuições, escreva para nós! Nossos colunistas estão de plantão para atendê-lo na seção Guia da Farmácia Responde. Veja mais na pág. 32. 2014
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ENTREVISTA - ABBOTT
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FOTOS: AMANAJÉ FOTOGRAFIA
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Negócios
alinhados ABBOTT IDENTIFICA DUAS DIFERENTES CARACTERÍSTICAS DE INVESTIMENTO E CONSOLIDA SEPARAÇÃO EM NOVAS FRENTES. CADA UMA DAS ÁREAS POSSUI SENSOS DE URGÊNCIA DISTINTOS
A
POR LÍGIA FAVORETTO
A Abbott Brasil completou a separação do negócio de farmacêuticos baseados em pesquisa no Brasil, que passa a se chamar AbbVie, uma nova empresa biofarmacêutica independente. A atuação da AbbVie será baseada em pesquisa, que oferece um amplo portfólio de tratamentos, principalmente em imunologia e virologia, além de terapias inovadoras em fase de desenvolvimento para suprir necessidades médicas ainda não atendidas. Já a Abbott se destaca com um portfólio de mercado liderado por produtos de diagnósticos, dispositivos médicos, nutricionais e medicamentos de marca. A empresa acredita que esse foi o ato mais transformador dos seus 126 anos de história. O gerente-geral da Abbott Brasil, Juan Carlos Gaona, concedeu uma entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia sobre a importância da reinvenção para acompanhar as mudanças de mercado, a partir da criação de novos caminhos para servir milhões de pacientes, clientes, comunidades e acionistas da companhia. Ele é nascido na Colômbia, engenheiro graduado pela Universidad de los Andes e tem dois filhos. Desenvolveu sólida carreira em mais de 15 anos na indústria farmacêutica. Liderou equipes
e projetos nas áreas de vendas, comercial, marketing, desenvolvimento de produtos e operações, tendo atuado na Colômbia, Brasil, França e Argentina. Nos países da América do Sul, foi presidente e gerente-geral. Guia da Farmácia • Por que a Abbott decidiu separar os negócios de farmacêuticos baseados em pesquisa no Brasil? Juan Carlos Gaona • A separação foi uma estratégia global da empresa, já que seus negócios evoluíram em duas diferentes características de investimento. Cada uma das áreas possui sensos de urgência diferentes, no que diz respeito ao modelo de negócio, à abordagem com o mercado e ao foco no consumidor. Nosso principal objetivo com a separação é criar novos caminhos para melhor servir milhões de pacientes, clientes, comunidades e acionistas que dependem de nós. Com a separação, a Abbott no Brasil planeja um crescimento orgânico que vai além dos mercados do Rio de Janeiro e São Paulo – as duas principais capitais brasileiras, buscando fortalecer sua presença em cidades de menor tamanho, onde as demandas por saúde ainda são deficitárias. Essa estratégia está alinhada com a nova situação econômica do País, desenhada pela ascensão das classes C e D. Ascensão esta que significa cerca de 40 milhões de brasileiros que, se antes não tinham 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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ENTREVISTA - ABBOTT
acesso a serviços e produtos de saúde, agora têm. Nosso objetivo é levar soluções médicas e inovadoras a todos, contribuindo para o desenvolvimento dos cuidados com a saúde no Brasil. Gu a • A operação começou em outubro de 2011 e foi finalizada em janeiro deste ano. Por que demorou tanto? Gaona • A decisão da empresa de separar os negócios foi realizada em outubro de 2011 e, globalmente, se concretizou em janeiro de 2013. No Brasil, por questões legais, regulatórias e operacionais inerentes ao nosso mercado, a cisão foi concluída no início de 2014. Gu a • Que tipos de negócios fazem parte, de fato, “dos negócios farmacêuticos baseados em pesquisa no Brasil”? Gaona • A divisão de farmacêuticos patenteados passa a se chamar AbbVie, uma companhia biofarmacêutica, baseada em pesquisa, que oferece um amplo portfólio de tratamentos, principalmente em imunologia e virologia, além de terapias inovadoras em fase de desenvolvimento para suprir necessidades médicas ainda não atendidas. AbbVie e Abbott já operam de forma totalmente independente no Brasil desde janeiro de 2014. Gu a • Esse foi um dos atos mais transformadores da Abbott em 126 anos? Por quê? Gaona • Nós temos sucesso contínuo principalmente em função do que estamos fazendo agora: nos reinventando para acompanhar as mudanças e criando novos caminhos para servir milhões de pacientes, clientes, comunidades e acionistas que dependem de nós. Essa reinvenção passa principalmente pela mudança da nossa identidade corporativa como empresa, tendo mais foco no consumidor e mais agilidade para atender às necessidades dos nossos públicos. Gu a • Como será a forma das duas empresas atuarem, a partir de agora, separadamente? Gaona • A nova Abbott é uma empresa que apresentou vendas de 22 bilhões de dólares em 2013, está presente em 150 países e possui 70 mil colaboradores em todo o mundo, e permanece como uma das maiores e mais vastas empresas globais de cuidados para saúde, com diversidade por meio de suas tecnologias, negócios e geografias. Está posicionada para competir, 12
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liderar e crescer em mercados globais, assegurando um futuro promissor para pacientes e consumidores. As divisões de negócios que compõem a nova Abbott são Diagnósticos, Farmacêuticos Estabelecidos, Nutricionais e Dispositivos Médicos, que desenvolvem produtos líderes, baseados em ciência, indo ao encontro das necessidades de pacientes e consumidores, em um mercado global de cuidados para saúde em constante evolução. Vale destacar que, hoje, a presença da nova Abbott nos mercados emergentes, como Brasil, Índia, China e Rússia, é uma das maiores entre as empresas de cuidados para saúde diversificadas, representando 40% do faturamento global da empresa. A AbbVie é agora a empresa responsável pelo negócio de medicamentos patenteados, com planejamento e estratégia próprios para cumprir seus objetivos. Gu a • O foco de atuação da Abbott continuará sendo produtos de diagnósticos, dispositivos médicos, nutricionais e medicamentos de marca? Gaona • Sim. As divisões de negócios que compõem a nova Abbott são Diagnósticos, Farmacêuticos Estabelecidos, Nutricionais e Dispositivos Médicos. Produzimos, por exemplo, glicosímetros para o controle glicêmico do diabetes, produto que é vendido em farmácias; suplementos nutricionais adequados a crianças, adultos e idosos; plataformas de diagnósticos para laboratórios e hospitais; na área vascular, desenvolvemos e comercializamos stents cardíacos diversos; na área oftalmológica, oferecemos tecnologia para a correção de problemas como a catarata. No caso específico de medicamentos, a Abbott possui um portfólio de medicamentos de marca, que são aqueles que se encontram nas farmácias. Nossas principais áreas de atuação são: gastroenterologia, saúde da mulher, cardiologia, distúrbios metabólicos, sistema nervoso central e cuidados de saúde primários. Nós também queremos estar mais presentes nas farmácias, realizaremos diversos lançamentos de produtos em 2014 em todos os segmentos de atuação da empresa, além de buscarmos um trabalho mais forte de identidade de marca. Com isso, reforçaremos a nossa marca para o consumidor final, que hoje representa 50% do nosso público, além de divugarmos a nova postura da empresa para os demais stakeholders. Gu a • Quanto a Abbott investe em P&D? Gaona • Nos últimos cinco anos, a Abbott vem investindo mais de 600 milhões de dólares em pesquisa
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cada área poderá seguir seu modelo de negócio e abordagem com o mercado e paciente de forma mais efetiva, apresentando resultados promissores para o futuro. Gu a • Qual a representatividade dos negócios farma para a Abbott? Gaona • As vendas são uniformemente divididas entre os nossos negócios: Nutricional (30%); Farmacêuticos Estabelecidos (24%); Dispositivos Médicos (26%); Diagnóstico (20%).
e desenvolvimento e em instalações produtivas para suportar o crescimento nos mercados emergentes. Gu a • Qual foi o crescimento da Abbott no último ano e quais as expectativas para 2014? Gaona • A Abbott apresentou vendas globais de aproximadamente 22 bilhões de dólares em 2013, oriundas de 150 países, e permanece como uma das maiores e mais vastas empresas globais de cuidados para saúde, com diversidade por meio de suas tecnologias, negócios e geografias. As vendas da Abbott estão bem balanceadas geograficamente, sendo 30% delas geradas nos Estados Unidos, 30% na Europa Ocidental, Canadá, Japão e Austrália, e 40% nas economias de rápido crescimento, incluindo Brasil, Rússia, Índia e China. Em 2013, apesar de alguns desafios, atingimos nossas expectativas para o crescimento dos lucros, incluindo mais de 100 pontos básicos de expansão da margem operacional. Em 2014, estamos visando outro ano de crescimento de dois dígitos de lucros por ação. A Abbott reportou ganhos por ação de 0,58 dólar no quarto trimestre e US$ 2,01 para o ano inteiro, o que reflete um crescimento de dois dígitos. Gu a • Os resultados sofrerão alguma alteração com a separação dos negócios? Gaona • A separação foi uma estratégia global da empresa para que os negócios pudessem se desenvolver e crescer de maneira adequada, já que evoluíram em duas diferentes características de investimento. Com isso,
Gu a • Qual a importância do Brasil para a Abbott? Gaona • O Brasil é um país-chave para a nossa estratégia global de negócios em função dos nossos negócios locais, talentos, oportunidades de desenvolvimento e investimento, e pelo crescimento futuro do País. A Abbott está presente no Brasil há 76 anos e nosso crescimento, bem como nossa estratégia de longo prazo, estão focados em prover aos brasileiros melhor acesso a soluções médicas inovadoras e, mais ainda, contribuir para o desenvolvimento dos cuidados com a saúde no Brasil. Seguindo essa linha, a Abbott adquiriu, em julho de 2013, a Vistatek, que atuou como distribuidora de produtos para catarata e tecnologia de correção da visão a laser da Abbott por mais de 12 anos. Esse negócio permite que a Abbott esteja mais próxima dos pacientes e expanda a sua base de clientes locais, oferecendo um vasto portfólio de opções de tratamentos oftalmológicos. Nós entendemos que nossa estrutura, foco e presença precisam ser locais, adequados ao mercado. A Abbott está apta a atender às necessidades locais de forma customizada, com o respaldo de uma empresa global. Gu a • Como se dá o relacionamento da Abbott com o varejo nesse momento em que produtos para o consumidor final passam a ganhar maior importância para a empresa? Gaona • Estamos muito próximos do varejo e queremos, cada vez mais, estar presentes nas farmácias em todo o Brasil. Este ano os investimentos da unidade brasileira estarão voltados para o reforço da presença da empresa nas farmácias, em lançamentos de produtos e no reforço da nossa marca corporativa. Vamos continuar desenvolvendo e comercializando produtos nutricionais com base científica para apoiar o crescimento, a saúde e o bem-estar de pessoas de todas as idades. Marcas reconhecidas internacionalmente fazem parte do nosso portfólio e serão cada vez mais fortalecidas no Brasil. 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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EXPANSÃO ATRATIVA
SETOR FARMACÊUTICO EVOLUI E INVESTE INDISTINTAMENTE EM TODOS OS SEGMENTOS. AS INDÚSTRIAS FECHAM NOVAS PARCERIAS E O VAREJO INOVA PARA ATRAIR CONSUMIDORES. CRESCIMENTO SE CONSOLIDA COMO UM DOS MAIORES DA ECONOMIA BRASILEIRA MERCADO TÍPICO
A comercialização de medicamentos fechou 2013 com resultados significativos. De acordo com dados do IMS Health, empresa de consultoria em marketing farmacêutico, o setor alcançou o faturamento de R$ 57,15 bilhões, o que significa um crescimento de 18,45% em relação ao faturado no ano anterior. Já a Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan) obteve um aumento de 34% comparado ao ano de 2012, com um faturamento de R$ 8,05 bilhões. Em relação ao número de unidades vendidas no geral, o crescimento foi de 13% e as unidades vendidas pelos distribuidores regionais associados à entidade cresceram 28%. • www.abradilan.com.br 16
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VAREJO DE MEDICAMENTOS
Poucos segmentos da economia brasileira passaram por um processo de consolidação tão intenso nos últimos anos quanto ao varejo de medicamentos. As paulistas Droga Raia e Drogasil anunciaram fusão em 2011 e se tornaram a maior rede do País, com faturamento de R$ 5,6 bilhões e 931 lojas. No mesmo ano, foi a vez da também paulista Drogaria São Paulo e da carioca Pacheco formarem a segunda no ranking. No ano seguinte, nasceu a Brasil Pharma, fruto da união das redes Farmais, Guararapes, Mais Econômica e Rosário. Em meio a esse processo de consolidação, a cearense Pague Menos, a despeito do assédio das rivais, como foi o caso da paulistana Ultrafarma, resolveu continuar caminhando sozinha. • www.abrafarma.com.br FOTOS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO
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MAIS UMA LOJA
NOVO NICHO
A Rede de Farmácias Nissei inaugurou em fevereiro deste ano sua terceira loja na cidade de Presidente Prudente, interior de São Paulo. A instalação de uma nova unidade na região faz parte do plano de expansão da rede no estado paulista. Localizada na Rua Barão do Rio Branco, próxima ao calçadão e ao centro financeiro da cidade, a ampla loja oferece um variado mix de produtos, passando por medicamentos, perfumaria, fitoterápicos, nutracêuticos e dermocosméticos. A previsão da unidade, que é climatizada e tem estacionamento próprio, é de atender 15 mil clientes por mês. • www.dro aria ni i.com.br
Neste ano, quando comemora 45 anos de existência, a Apsen Farmacêutica inicia uma nova etapa em sua trajetória. Nadando entre gigantes mundiais, o laboratório nacional reforça sua aposta em novos nichos de mercado. Após consolidar produtos como Labirin, para vertigem, e Donaren, para depressão, a companhia agora investe no segmento de insuficiência venosa com o Dobeven. Com isso, a farmacêutica brasileira avança em sua estratégia, iniciada na década de 1990, de explorar novos mercados. Segundo a empresa, os itens lançados entre 2013 e 2014 contribuirão para o crescimento de 16% projetado para este ano. No período anterior, ela registrou uma receita de R$ 448 milhões. • www.a n.com.br
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RESULTADOS SATISFATÓRIOS
Lanolina anidra pura do Aché Laboratórios, indicada para proteção da mama no período pré-natal e durante a amamentação, fechou em fevereiro parceria com a rede Raia Drogasil. Agora as gestantes e mães poderão comprar on-line o produto por meio do site millarhidrata. com.br, que faz link direto com a rede Raia Drogasil. O mercado trade de produtos indicados para fissuras mamárias movimentou R$ 11,8 milhões e apresentou evolução de 10% em 2013. Millar é líder em demanda nesse segmento, com 41% de market share e líder em receituário, com 53% de participação. • www.ac .com.br • www.dro araia.com.br
OUTROS NEGÓCIOS
A ePharma, empresa nacional líder na gestão de programas de medicamentos, acaba de adquirir a In Health, jovem empresa brasileira, criada em 2012, e especializada no desenvolvimento de estratégias para ampliação do acesso aos mercados dos produtos biológicos e de alta complexidade das indústrias farmacêuticas. A companhia é reconhecida ainda pela oferta inovadora na gestão de programas de adesão e monitoramento de pacientes com necessidades de tratamento de patologias de alta complexidade e doenças raras. • www. arma.com.br
ANO DE ACORDOS
O ritmo quente de negócios nos setores farmacêutico e de biotecnologia de 2013 não deve arrefecer este ano, graças às novas tecnologias direcionadas às necessidades médicas que ainda não são atendidas. Entre 2011 e 2016, patentes em mercados desenvolvidos vão expirar sobre medicamentos de marca que, de outro modo, gerariam vendas de 127 bilhões de dólares, segundo dados do IMS Health. • www.im al .com 18
SITE REESTRUTURADO
Com layout mais moderno e atrativo, o site da Biolab Farmacêutica foi renovado. A mudança, que engloba novo visual e conteúdo mais amplo e dinâmico, garante leveza por meio de suas linhas e cores suaves, contribuindo para a visualização das informações e facilidade de acesso ao conteúdo disponível. A nova plataforma também dispõe de um canal voltado para a imprensa, com as informações relevantes para esse público, inclusive os releases e notícias divulgadas sobre a companhia, que é uma das 10 maiores empresas brasileiras no ranking de medicamentos vendidos sob prescrição médica. • www.biolabfarma.com.br
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REDUÇÃO DE IMPOSTOS
O presidente da Câmara dos Vereadores, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), receberam, em fevereiro deste ano, os cadernos com assinaturas de mais de 2,6 milhões de pessoas que querem a redução de impostos sobre medicamentos no País. O abaixo-assinado é resultado da campanha “Sem imposto, tem remédio”. O movimento – criado em outubro do ano passado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) e pela Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) – coletou nomes pela internet e em listas distribuídas em 6 mil farmácias do Brasil. • www.abrafarma.com.br
CICLO RENOVADO
Quando o laboratório francês Sanofi pagou R$ 1,5 bilhão pela farmacêutica brasileira Medley, em março de 2009, o negócio foi saudado como símbolo de uma nova fase para a companhia. A Sanofi se armava para repor as receitas que seriam perdidas com o fim de patentes de seus campeões de vendas, como o medicamento para colesterol Plavix. A Medley era líder do mercado brasileiro de genéricos — setor que mais crescia em um dos países que mais compram medicamentos no mundo. Mas, para ficar numa metáfora médica, foi como tomar um produto que, de tantos efeitos colaterais, acaba piorando a situação do paciente. A compra da Medley só deu problemas para a Sanofi. Nos últimos quatro anos, a Medley teve três presidentes. • www. ano .com.br
EFICIÊNCIA PRODUTIVA
O Traksys, um sistema desenvolvido pela HSI, em São Paulo, em parceria com o Departamento de Tecnologia da Informação do Teuto, disponibilizará na indústria indicadores que auxiliem no gerenciamento e na dinamização das linhas de produção. A iniciativa também é resultado do trabalho dos setores de produção, otimização e manutenção. Na avaliação do analista de otimização industrial do laboratório, Alex Vieira, o sistema garantirá ainda maior confiabilidade nos índices de produção. Ele explica que a companhia utiliza, desde 1999, um programa para mensuração de resultados, o Pamco, evoluído em 2005 para o OEE, que avalia a eficiência produtiva, levando em conta a disponibilidade dos equipamentos, a qualidade do que é produzido e a performance. • www. o.com.br 20
RASTREABILIDADE DE MEDICAMENTOS
A implantação da rastreabilidade de medicamentos no Brasil será acompanhada por um comitê especialmente formado para essa função. O Comitê Gestor da Implantação do Sistema Nacional de Controle de Medicamentos conta com representantes do governo, conselhos profissionais, representações da indústria e entidades das diferentes áreas da cadeia de medicamentos. As matérias aprovadas pelo Comitê que resultem em aspectos normativos dependerão de deliberação da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). • www.an i a. o .br
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CENÁRIO VAREJISTA
Nos dias 12 e 13 de fevereiro, a Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar) reuniu, em São Paulo, os dirigentes das redes associadas e executivos de algumas empresas parceiras, dentre as quais o IMS Heath, líder global em informações, tecnologia e serviços para o mercado farmacêutico. Durante apresentação da respeitada consultoria, que há 55 anos audita o mercado farmacêutico em mais de 100 países, o diretor de relacionamento com provedores de informações, Eduardo Rocha, anunciou que o Brasil está a caminho de ser o 4º mercado farma do mundo nos próximos anos. • www.f brafar.com.br
VENDAS EM ALTA
A venda de tranquilizantes da classe dos benzoadiazepínicos (como Rivotril, Valium e Lexotan) aumenta a cada ano no Brasil, na contramão do que acontece em países europeus, como Inglaterra e Alemanha, onde o comércio caiu cerca de 30% na última década. Entre 2009 e 2013, o número de caixinhas vendidas desses psicotrópicos saltou de 12 milhões para 17 milhões, um aumento de 42% , segundo levantamento da consultoria IMS Health. • www.im al .com
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INVESTIMENTOS NACIONAIS
CONGRESSO EM SÃO PAULO
De 23 a 25 de abril, será realizado o 1° Congresso Brasileiro do Profissional de Farmácia, no Palácio de Convenções Anhembi, em São Paulo. O evento reunirá as principais entidades da indústria e do varejo farmacêutico, a principal escola de marketing do País, a ESPM, e mais de seis mil profissionais de farmácias e drogarias em um evento exclusivo. Dirigido especialmente aos profissionais responsáveis pelo atendimento direto aos consumidores de farmácias e drogarias, esse congresso tratará de temas diferenciados que vão atualizar os conhecimentos, reciclar e aprimorar as habilidades desse público, que é o importante elo entre as marcas e os consumidores e, assim, maximizar os resultados do segmento. • www.cbfarma.com
Com o Brasil posicionado entre os sete países mais relevantes em seus negócios globais, a multinacional Novartis tem a meta de dobrar de tamanho no País em cinco anos. Para isso, a matriz na Suíça planeja investimentos de R$ 1,5 bilhão na unidade brasileira neste ano. Após o remanejamento na área de produtos maduros anunciado em março, os recursos serão direcionados principalmente para tocar a estratégia de expansão em inovação: ampliar presença em medicamentos biológicos e vacinas, trazer com mais agilidade os produtos desenvolvidos no exterior, além de aprofundar as parcerias com o governo brasileiro. • www.no ar i .com.br
PROJETOS EM EXPANSÃO
O Grupo Natulab e a Fundação Baiana de Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico, Fornecimento e Distribuição de Medicamentos (Bahiafarma) anunciaram que estão em negociação para o desenvolvimento e a pesquisa de novos medicamentos. A novidade foi anunciada durante a visita da presidente da Bahiafarma, Julieta Palmeira, às instalações da Natulab, acompanhada do governador do estado, Jaques Wagner. A Natulab passa pela implantação de um projeto de expansão fabril, o que deve impulsionar parcerias com o laboratório estatal. As instituições têm dois projetos em processo de negociação: um para implantação de um laboratório compartilhado no Parque Tecnológico da Bahia, junto à Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), e uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP), submetida ao Ministério da Saúde. • www.na lab.com.br 22
FAIXA ETÁRIA
Uma portaria do Ministério da Saúde, de novembro do ano passado, está sendo questionada pela comunidade médica em todo o Brasil. O documento prevê mudanças na oferta de um exame bastante importante para o sexo feminino, a mamografia. A portaria 1.253, de 12 de novembro de 2013, estabelece que a faixa etária prioritária para a realização do exame no Sistema Único de Saúde (SUS) agora é de mulheres entre 50 e 69 anos. Até então, todas, acima de 40 anos, tinham a mesma prioridade para se submeter à mamografia. • www. a d . o .br
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PREVENÇÃO E
CONTROLE
EM BUSCA DE PRODUTOS QUE POSSIBILITAM PREVENIR DOENÇAS E AJUDAR NA QUALIDADE DE VIDA, O CONSUMIDOR ESTÁ CADA VEZ MAIS ANTENADO COM OS LANÇAMENTOS DO MERCADO FARMACÊUTICO
NEBACETIN E NEBA-SEPT TAKEDA
KWELL
ASPEN PHARMA
O tradicional Kwell, atualmente comercializado pela Aspen Pharma, é um medicamento eficaz no combate à infestação por piolhos e lêndeas. Tendo como princípio ativo a permetrina, Kwell atua na célula nervosa do piolho desregulando o canal de polarização da membrana e provocando paralisia e morte do parasita. O produto deve ser aplicado nos cabelos e no couro cabeludo ainda úmidos, de modo a encharcar toda a região, especialmente na nuca e atrás das orelhas. Deve-se deixar a substância agir por 10 minutos. Uma dose única é recomendada, podendo, em caso de persistência dos piolhos, repetir a aplicação após sete dias. MS 1.0107.0244 www.aspenpharma.com.br 24
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As marcas Nebacetin, pomada com ação antibiótica, e Neba-Sept, antisséptico do laboratório Takeda, lançam as embalagens mais práticas e inovadoras. Além do novo layout, itens como bisnaga de plástico e tampa flip top são as novidades desenvolvidas pelas marcas. As tampas de Nebacetin eram em formato de rosca. Agora, em busca da praticidade, a marca aderiu à tampa flip top oferecendo mais facilidade para manusear o produto. Assim como Nebacetin, as embalagens de Neba-Sept também terão em seu layout o ícone da família Neba (a seta), criando uma identidade visual para a dupla de produtos. MS 1.0639.0252 (Nebacetin) MS Produto isento de registro, de acordo com a RDC 199/2006 (Neba-Sept) www.takedabrasil.com FOTOS: DIVULGAÇÃO
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SENAN
ASPEN PHARMA
O fitoterápico Senan (Senna alexandrina Mill), indicado no tratamento de quadros de constipação intestinal, chega ao mercado em nova embalagem. Agora, a apresentação do medicamento está mais moderna e traz a logomarca Aspen Pharma, laboratório responsável por sua promoção e comercialização atualmente. Na prática, a qualidade e a confiabilidade do produto permanecem inalteradas. MS 1.3764.0138 www.aspenpharma.com.br
CLORIDRATO DE MEMANTINA TEUTO
O Laboratório Teuto disponibiliza ao mercado o seu mais novo genérico para o tratamento da Doença de Alzheimer, de moderada a grave. Tratase do medicamento cloridrato de memantina, um antagonista não competitivo dos canais iônicos associados ao receptor NMDA. Cloridrato de Memantina genérico do Laboratório Teuto está disponível em caixas com 30 e 60 comprimidos de 10 mg. O comprimido pode ser partido e a dose inicial recomendada é de 5 mg/dia, não podendo exceder a dose de manutenção de 20 mg diárias. MS 1.0370.0595.012-5 (com 30 comprimidos) MS 1.0370.0595.014-1 (com 60 comprimidos) www.teuto.com.br
ROSUCOR TORRENT
NOTUSS TSS ACHÉ
O Aché traz ao mercado o antitussígeno oral Notuss TSS, que tem como princípio ativo a dropropizina, inibidor de ação periférica no alívio da tosse seca (improdutiva). A marca Notuss carrega mais de 20 anos de tradição e retorna oferecendo segurança e eficácia no tratamento da tosse seca. Como diferenciais, Notuss TSS não apresenta corante em sua formulação, oferecendo mais segurança contra reações alérgicas, além da seringa dosadora na apresentação pediátrica, facilitando a adesão do pequeno paciente ao tratamento, assegurando também comodidade posológica em todas as suas apresentações. MS 1.0573.0449 www.ache.com.br 26
O laboratório farmacêutico Torrent do Brasil está atualizando a bula do produto Rosucor (rosuvastatina cálcica), medicamento que reduz o LDL-colesterol, na qual se prevê a possibilidade de partir os comprimidos de 10 mg na metade. A nova bula teve a devida aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deverá facilitar o tratamento dos pacientes que precisam de apenas 5 mg/dia. As caixas atuais permanecerão no mercado até serem vendidas paralelamente à colocação das novas – mas médicos, farmacêuticos e pacientes podem consultar a nova bula no site da Torrent. MS 1.0525.0043 www.torrent.com.br
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CEFALEXINA NEO QUÍMICA
ZINFORO®
ASTRAZENECA ECA
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou a aprovação do antibiótico Zinforo® (ceftaroline fosamila), medicamento que será comercializado pela AstraZeneca, indicado para o tratamento de infecções complicadas de pele e tecidos moles, patologias que frequentemente requerem hospitalização para o tratamento adequado, e pneumonias adquiridas na comunidade. Zinforo® é a primeira cefalosporina com atividade anti-MRSA, superbactéria que causa infecções potencialmente fatais, principalmente em pacientes hospitalizados. MS 1.1618.0247.001-0 www.astrazeneca.com
A cefalexina é indicada para o tratamento das seguintes infecções, causadas por bactérias sensíveis à cefalexina: sinusites (inflamação dos seios da face), infecções do trato respiratório, otite média (inflamação do ouvido médio), infecções da pele e tecidos moles, infecções ósseas, infecções do trato geniturinário e infecções dentárias. As embalagens contêm oito comprimidos revestidos. MS 1.5584.0002 www.neoquimicagenericos.com.br
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CLORIDRATO DE PROMETAZINA TEUTO
O Laboratório Teuto, pioneiro na fabricação de medicamentos genéricos, disponibiliza ao mercado mais uma novidade. Trata-se do lançamento do Cloridrato de Prometazina na forma farmacêutica comprimido revestido. O produto é utilizado para o tratamento de reações alérgicas e anafiláticas, na prevenção de vômitos do pós-operatório e enjoos de viagens, entre outras indicações. O item, que é de uso adulto, está disponível na concentração de 25 mg em caixa com 20 comprimidos revestidos. MS 1.0370.0601.001-0 www.teuto.com.br
UMIDIFICADORES DE AR INCOTERM
A Incoterm – Soluções em Medição, de Porto Alegre, lança a nova linha de umidificadores de ar. Disponíveis nas cores branco, preto, verde, azul, lilás e laranja, os umidificadores de ar da Incoterm são os únicos do mercado nacional que possuem diversidade de cores. A linha possui modelos com capacidade de armazenamento de 3 e 4,5 litros. Com abrangência de até 30 metros, o umidificador possibilita a visualização da quantidade de líquido no interior do equipamento. Outro diferencial é a regulagem da intensidade do vapor que, no nível mais baixo, produz uma névoa menos densa. O equipamento também possui um sensor que o desliga automaticamente quando a água acaba. MS Produto declarado isento de registro pela Anvisa/MS. Portaria Inmetro número 371, de 29 de dezembro de 2009 www.incoterm.com.br 28
DOPPELHERZ® AKTIV QUEISSER PHARMA GMBH
Acaba de chegar ao mercado brasileiro a linha Doppelherz®aktiv de suplementos alimentares de vitaminas e minerais da indústria alemã Queisser Pharma GmbH. Entre os lançamentos, destaca-se o Doppelherz®aktiv DiaVit, fórmula que não contém açúcar, portanto pode ser utilizada por diabéticos. Também apresenta em sua composição o cromo, que contribui para a manutenção de níveis normais de glicose no sangue. A linha inclui ainda o Doppelherz®aktiv BelVit desenvolvido para mulheres e composto por nutrientes ajustados aos limites diários de vitaminas e minerais recomendados por médicos. MS Produtos isentos de registro, de acordo com a RDC 27/10 http://queisser.com
CARBOCIN
ONE FARMA (GRUPO CIMED)
Sempre em busca de atender com agilidade às necessidades dos consumidores brasileiros, o Grupo Cimed apresenta a One Farma, a primeira farmacêutica a disponibilizar produtos de marca (similar) com alta qualidade e preços mais competitivos, sobretudo em relação ao mercado de genéricos. Entre os lançamentos da linha One Farma está o Carbocin, xarope que auxilia no tratamento de problemas respiratórios para uso adulto e infantil. MS 1.4381.0037.002-9 (Pediátrico) MS 1.4381.0037.001-0 (Adulto) www.grupocimed.com.br
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CENÁRIO
Sinal amarelo para o
pequeno empreendedor O AUMENTO DA EFICIÊNCIA DA CADEIA DE SUPRIMENTOS E O ALTO GRAU DE COLABORAÇÃO ENTRE AS INDÚSTRIAS E GRANDES VAREJISTAS POTENCIALIZAM CADA VEZ MAIS A EXPANSÃO DAS REDES
A
LEONARDO DORO PIRES Professor de pós-graduação do ICTQ e consultor farmacêutico 30
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Artigo Cenário257.indd 30
Atualmente, o mercado varejista de redes de farmácias no Brasil vem passando por um acelerado processo de expansão. De janeiro a setembro de 2013, as vendas do setor apresentaram crescimento de 13,21% comparado ao mesmo período do ano anterior. Durante muito tempo, o varejo farmacêutico vem sendo campo próspero para os pequenos empreendedores da área. O setor encontra-se otimista e são grandes as expectativas relacionadas ao varejo farmacêutico, mas, apesar de toda a euforia e os bons resultados, um sinal amarelo se acende para as micro e pequenas empresas do ramo. O motivo dessa sinalização de alerta para os pequenos empreendimentos é o aumento da eficiência da cadeia de suprimentos das maiores redes de drogarias e o alto grau de colaboração entre as indústrias e esses grandes varejistas, potencializando cada vez mais a expansão dessas “mega” empresas e dando-lhes maior agressividade nas políticas de precificação de seus produtos. Do outro lado desse campo de batalha encontram-se as drogarias e farmácias independentes, na maioria das vezes administradas pelo próprio proprietário, geralmente sem formação ou experiência adequada para tal. A maioria desses pequenos empreendimentos encontra-se na periferia de grandes cidades e em cidades menores, principais eixos de expansão das maiores redes do ramo, que se estabelecem nessas localidades promovendo uma concorrência implacável frente à gestão empírica de algumas pequenas farmácias e drogarias. Uma pesquisa publicada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ) em parceria com o Datafo-
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lha elencou quais são, para os clientes, os principais critérios de escolha da farmácia ou drogaria na hora da compra. Os resultados foram: preço (77%), localização (64%) e atendimento (33%). É notória a importância do fator preço nos dados apresentados, e a enfática preocupação relatada em nossa análise conjuntural deriva desse resultado. Para fazer frente à administração empresarial de alta performance praticada pelas grandes redes, é preciso que o pequeno empresário aprimore sua gestão, pois sua ineficiência com uma administração ineficaz do estoque (perdas de produtos e rupturas nas vendas), falta de controle no fluxo de caixa e falta de planejamento são fatores limitantes para que esses pequenos empreendimentos tenham competitividade. Temos de lembrar que todas essas falhas administrativas vão impactar diretamente na formação de preço de seus produtos. Somente com a profissionalização da gestão o pequeno empresário terá condições de olhar para os dados apresentados pelo ICTQ e perceber que existem oportunidades de fidelização do cliente que podem ser exploradas, seja no atendimento ou em confortos logísticos derivados da localização da loja. Ao empreendedor preparado, as ameaças tornam-se oportunidades de antecipação de estratégias para reestruturação e reafirmação do seu negócio. Temos certeza absoluta de que o pior cenário é aquele que não conhecemos. Chegou a hora de o pequeno empresário arregaçar as mangas, estudar o mercado e planejar o futuro do seu negócio. Temos certeza de que o caminho a ser seguido passa pela diferenciação e humanização dos serviços prestados. FOTO: DIVULGAÇÃO
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GOSTARIA DE SABER COMO DEVE SER O TRANSPORTE DE INSULINA DA FARMÁCIA À RESIDÊNCIA DO CLIENTE. É NECESSÁRIO COLOCAR GELO NO ISOPOR? 3 32 2 G GU UI AI A D DA A F FA AR RMMÁ ÁC CI AI A A AB BR RI LI L 2 20 01 14 4
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FOTOS: SHUTTERSTOCK/LEANDRO KENDY
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EnViE SuA pErguntA, nóS rESpOndEmOS!
M A R I A A PA R E C I D A N IC O L ET T I
PERGUNTA ENVIADA POR MÁRCIA MARVOULLO, FARMACÊUTICA, DE AVARÉ (SP)
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O estudo de estabilidade de medicamentos é uma área do controle de qualidade na qual se verificam as condições adequadas para o transporte e armazenamento do produto. Portanto, para que o medicamento seja eficaz e seguro, é necessário que sejam observadas as orientações descritas pelo fabricante. As insulinas fazem parte de uma categoria de produtos que são suscetíveis a fatores externos que influenciam a estabilidade de medicamentos, mais especificamente a exposição a temperaturas diferentes das indicadas pelo fabricante e a presença de luz (fotossensíveis). Situações especiais: • Se a aquisição do medicamento é em pequena quantidade (por exemplo, um refil ou uma caneta descartável, de 3 mL), não é necessário ter um isopor com gelo ou uma bolsa térmica, desde que o medicamento não seja submetido a condições de temperatura elevada ou à luz. • Se a aquisição é para estoque (compra de 5 refis ou canetas descartáveis de 3 mL ou frasco de 10 mL), é necessário levar o isopor com gelo ou a bolsa térmica. Na bolsa, não é preciso incluir gelo. Armazenamento doméstico: • O local ideal para armazená-la é em geladeira, na gaveta de legumes. A porta da geladeira é local proibido, em razão da grande variação de temperatura a que está submetida por conta da movimentação constante. Cuidado para não colocar o frasco no fundo da geladeira, pois a insulina congelada deve ser descartada imediatamente. Mantenha-a sempre na embalagem original.
Farmacêutica responsável pela Farmácia-Escola do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP) e professora titular do curso de Farmácia da Universidade Guarulhos (UnG)
• A insulina em uso pode ser transportada em temperatura ambiente se forem evitadas as variações de temperaturas e a presença da luz. Já a insulina de reserva deve ser transportada como mencionado anteriormente, em bolsa térmica ou caixa de isopor com gelo, de forma a assegurar que o gelo presente não submeta a insulina a uma temperatura igual ou menor que 2 °C. Em caso de viagem: • Se possível, é recomendado que o paciente viaje à noite, devido ao fato de as temperaturas serem mais amenas nesse período. • Ele deve carregar sempre a bolsa térmica ou o isopor com gelo. Em viagens de carro, tomar cuidado com a exposição ao sol. Em ônibus ou aviões, a insulina deve sempre fazer parte da bagagem de mão. • Colocar a insulina de reserva na geladeira, no local apropriado, assim que chegar de viagem. • Vale ressaltar que a bolsa térmica conserva a temperatura por menos tempo que o isopor com gelo. Por isso, em viagens longas, é preferível o isopor com gelo (nunca utilize gelo seco). • As insulinas de uso podem ser deixadas à temperatura ambiente, evitando sempre a exposição a grandes variações de temperatura, mas, por esse motivo, ela tem a sua data de validade alterada para 30 dias após o início do uso. • Vale lembrar que, se a insulina estiver em geladeira, para ser utilizada deverá ser retirada com antecedência a fim de evitar dor no momento da administração. 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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DEBATE
Guerra
de preços COMO PARTE DE UM SETOR REGULADO, TODOS OS ANOS OS MEDICAMENTOS SOFREM REAJUSTE DE PREÇOS ESTIPULADO PELO GOVERNO. MAIS UMA VEZ, O PERCENTUAL DEFINIDO CAUSOU POLÊMICA
E
POR FLÁVIA CORBÓ
Em todo mês de março a movimentação do mercado farmacêutico é a mesma. Os diferentes players do setor especulam de quanto será o reajuste do preço dos medicamentos, autorizado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), do Ministério da Saúde, e expõe o que julgam que seria o percentual mais adequado. Ainda que tenham o objetivo comum de vender cada vez mais me-
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dicamentos, varejo e indústria não necessariamente têm a mesma expectativa quanto ao reajuste. A inflação e a alta de dólar impactam a todos, de um jeito ou de outro, mas os custos de operação e os reflexos do aumento dos preços não são os mesmos. Neste ano, o índice máximo de reajuste dos preços foi fixado em 5,68%, menor do que o 6,31% imposto no ano passado. O percentual ficou ligeiramente abaixo da média de reajustes nos últimos cinco anos, FOTOS: SHUTTERSTOCK
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DEBATE
DE 2006 A 2013, O REAJUSTE DO MEDICAMENTO DO NÍVEL 3, CONSIDERADO A FAIXA EM QUE HÁ MAIS INVESTIMENTO EM INOVAÇÃO, FOI DE 25,91%. NO MESMO PERÍODO, O CRESCIMENTO DO INPC FOI DE 49,13% E O SALÁRIO AUMENTOU 67,77% que é de 5,78%, e inferior à média da taxa de inflação registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) do mesmo período – 5,69%. A regulação abrange mais de nove mil medicamentos. O reajuste mais alto é para os medicamentos da classe em que a participação de genéricos no faturamento é igual ou superior a 20%. Já os medicamentos cujos genéricos têm penetração de 15% a 20% receberão reajuste de 3,35%, enquanto os demais fármacos terão 1,02% de aumento, pois possuem menor influência de genéricos – abaixo de 15%. O reajuste definido para 2014 foi classificado pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma) como “catastrófico”. Há anos, a firme opinião tem sido a mesma. O órgão reclama que, no momento de definir o percentual de reajuste, muitas variáveis do mercado são deixadas de fora, como a alta do dólar, o aumento da renda do trabalhador brasileiro, crescimento dos custos operacionais e elevação no preço de matérias-primas. De acordo com a entidade, em 2013, as empresas do setor sofreram um aumento de custo de 13% a 18%, dependendo do grau de necessidade de importacão. “Na hora em que você olha o reajuste médio de 3,5% e compara com o aumento de custo na ordem de 15%, você vê que o futuro não é nada promissor, porque está se gastando muito mais e ganhando muito menos”, destaca o presidente do Sindusfarma, Nelson Mussolini. O órgão nota tal discrepância há anos. De 2006 a 2013, o reajuste do medicamento do nível 3, considerado a faixa em que há mais investimento em inovação e que traz maior quantidade de produtos novos ao mercado, foi de 25,91%. No mesmo período, o crescimento do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – indicador oficial para orientar os reajustes de salários dos trabalhadores – foi de 49,13% e o salário aumentou 67,77%. “Ou seja, praticamente o reajuste de salário foi três vezes o reajuste de preço. Fala-se que a folha de pagamento não tem um impacto tão grande na pro36
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dução, sem dúvida, no passado era assim. Mas hoje, com a defasagem, começa sim a ter impactos importantes no custo de uma empresa”, afirma Mussolini. Um dos fatores que pode explicar esse desequilíbrio entre reajuste e custos operacionais é o índice de produtividade, que leva em consideração a mão de obra e é utilizado pelo Governo no cálculo do reajuste. Para o diretor da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Pedro Bernardo, esse não é o índice mais adequado a ser aplicado, já que o setor farmacêutico não é forte em mão de obra. “Já tem quatro anos que sai um índice de produtividade muito alto. No acumulado de quatro anos, são 18% de crescimento. No cenário brasileiro e, na verdade, no de qualquer país, é um percentual muito alto para esse período de tempo. É uma aposta muito elevada.”
IMPACTO NO VAREJO De acordo com especialistas de mercado, a política adotada acaba por beneficiar médios e pequenos varejistas, já que um aumento mais significativo nos preços poderia impactar o bolso do consumidor, gerar uma queda nas vendas e uma consequente diminuição na rentabilidade do empresário. No entanto, o presidente da Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar), Edison Tamascia, discorda. “A gente gostaria de um aumento, no mínimo, no mesmo nível que a inflação. Essa ideia de que o pequeno ou médio varejista vai perder isso ou aquilo, que se difere dos demais, é uma besteira. Se o mercado perde, nós perdemos também. Isso não é bom para ninguém.” O Sindusfarma também não enxerga as vantagens apontadas pelos especialistas de mercado. “Para o varejista, o aumento de preço, em termos percentuais, pouco importa, porque a rentabilidade dele está garantida por lei. O que acontece de fato é que, quando há um reajuste maior, você tem uma quantidade maior de reais no bolso”, explica Mussolini. Com um ganho maior nas vendas, o empresário varejista poderia pagar melhor seus custos operacionais, que também estão sendo pressionados por fatores como
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DEBATE
o aumento do custo da energia Percentual e da folha de pagamento. “Ou de reajuste seja, não vejo essa política de ficou abaixo da inflação preços como positiva nem para os varejistas, na medida em que eles também não estão conseguindo cobrir os custos de maneira condizente.”
MOVIMENTAÇÃO ESPERADA Ainda que os players sigam debatendo a melhor política de reajuste, a posição adotada pelo Governo já era mais do que esperada, principalmente em ano de eleição. Diante dos inúmeros fatores que impactam os custos de produção e que se esperava que fossem repassados ao preço final, os aspectos que são realmente levados em consideração no momento do cálculo são poucos e simples. “Primeiro, agradar a população e, em segundo lugar, segurar a inflação. Neste ano a definição do índice foi tomada com base em interesses políticos e não em análise técnica”, garante o professor do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação Continuada (Cpdec), Rodnei Domingues. Por isso, o reajuste acaba sendo bem próximo da inflação e não vai além disso. Os varejistas também não se surpreenderam, apesar de não concordarem com o percentual. De acordo com Tamascia, da Febrafar, essa política de reajuste é seguida há pelo menos dez anos e não só no setor farmacêutico. “A gente já esperava, pois é a maneira como o Governo consegue segurar para não causar impacto na inflação. O mesmo ocorre em outros setores regulados como o petróleo.” Apesar de já durar uma década essa política de reajuste de preços dos medicamentos, há quem tenha expectativas de que o cenário mude em um período próximo. “Acho que o próprio Governo já vem há algum tempo querendo alterar esse número. Acredito que este ano teremos de discutir isso e partir para uma situação mais realista. Este é o ano para se debater este fator”, aposta Pedro Bernardo, da Interfarma.
POSSÍVEIS CONSEQUÊNCIAS A princípio, o reajuste enxuto não trará consequências imediatas aos players do mercado. Tanto a indústria quanto o varejo não preveem impactos no crescimento para o ano de 2014. O Sindusfarma trabalha com a expectativa de aumentar em 12% o número de unidades vendidas. O varejo apresenta números ain38
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LEGISLAÇÃO – NOVO CÁLCULO Na segunda quinzena de março, a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo publicou a Portaria CAT 35/2014, que alterou a forma de apuração da base de cálculo do Imposto sobre a Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) de medicamentos. A medida determina a utilização da lista de Preço Máximo ao Consumidor (PMC), divulgada em revistas especializadas do setor farmacêutico, como base para a fixação da tributação dos produtos realizada pela sistemática de substituição tributária. Os descontos praticados pelas farmácias também serão considerados para se estabelecer a base de cálculo do ICMS. A Portaria CAT 35/2014 traz os percentuais de descontos médios adotados pelas drogarias sobre o preço máximo ao consumidor – que determina o valor de comercialização do medicamento sobre o qual deve incidir o ICMS. Os percentuais foram apresentados pelo próprio setor farmacêutico, que contratou a pesquisa e apontou descontos que vão de 8,31% até 39,03% sobre o PMC. A alteração foi realizada a pedido de entidades do setor e entrou em vigor no dia 1º de abril. A utilização do PMC foi definida após estudos da Secretaria da Fazenda para verificar sua eficiência no cálculo do tributo a ser recolhido sobre o preço dos medicamentos. A publicação do PMC é obrigatória. A indústria farmacêutica deve dar ampla publicidade aos preços dos medicamentos por meio de publicações especializadas de grande circulação, nos termos da Resolução 2/2013 da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED). Os estabelecimentos varejistas também são obrigados a manter a lista à disposição do público.
da mais otimistas. “Estamos trabalhando com o percentual de 15%. Esse foi o crescimento apresentado em janeiro e esperamos manter esse patamar no restante do ano”, indica Edison Tamascia, da Febrafar. 40
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Mas o fato de não causar impactos imediatos no crescimento não anula os efeitos futuros que a política de cálculo do reajuste de medicamentos pode trazer ao mercado. Para o varejo, a palavra de ordem é adaptação. Não há como fugir da regulação, então cabe ao empresário buscar alternativas para manter a rentabilidade, como diminuir o lucro próprio e reduzir custos operacionais. Já a indústria afirma que os impactos que serão sofridos são sérios e muito prejudiciais ao futuro da saúde no País. “Brinco que entramos em uma fase em que estamos vendendo o almoço para comprar o jantar. Ainda estamos tendo bons jantares, mas já estamos começando a ficar bem preocupados quando olhamos essa defasagem”, avalia Mussolini. Para compensar o desequilíbrio entre reajuste e custos de produção, o caminho é de redução de gastos. Em tempos de mercado aquecido, nenhuma empresa está disposta a sacrificar a produção. Logo, os cortes e as adaptações que terão de ser feitos devem sacrificar áreas como inovação e investimentos em melhorias. “Necessariamente, você precisa tirar o pé do acelerador da inovação, porque ela custa caro. Então, infelizmente, a política de reajuste de preço que o Governo tem adotado para a indústria farmacêutica, em que todos os nossos insumos – diretos e indiretos – não sofrem qualquer controle de preço e os nossos produtos sofrem, está fadada a gerar uma estagnação do setor na área de desenvolvimento de novos produtos”, alerta Mussolini. Na visão do professor do Cpdec, Rodnei Domingues, o reajuste realmente não é suficiente para cobrir o aumento de custos, mas a indústria tem condições de suprir essa defasagem. A saída é recuperar na escala de vendas, sem prejudicar outros setores da empresa. “Na minha opinião, as indústrias que se empenharem em vender mais compensarão as perdas com o aumento do volume e as que mantiverem os investimentos em inovação se tornarão mais competitivas no futuro.” Para Mussolini, o caminho não é tão simples. Apesar da venda por volume apresentar bons resultados, o crescimento do mercado já apresenta sinais de uma futura desaceleração. Neste cenário, a solução passa pela redução tributária, que ampliaria o acesso farmacêutico. “Quando você tem uma melhora na saúde da população e o aumento de consumo, gera uma riqueza geral”. Mas essa é outra polêmica que diverge opiniões e não parece ter uma definição próxima.
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NEGÓCIOS
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Intenção de investimentos para 2014 SEGUNDO LÍDERES EMPRESARIAIS, OS CAMPOS QUE DEVEM RECEBER APLICAÇÕES SÃO TREINAMENTO PARA CAPITAL HUMANO, LANÇAMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS, MARKETING, COMUNICAÇÃO E NOVAS TECNOLOGIAS
Com o objetivo de retratar o que pensam e esperam os líderes empresariais em relação ao desenvolvimento do ambiente econômico e de negócios do Brasil e da América Latina neste ano, a Deloitte lançou o Panorama Empresarial – Uma perspectiva das empresas para 2014 – pesquisa que demonstra as expectativas para a região, as perspectivas de novas contratações e a intenção de investimentos em 2014. Essa nova edição do estudo teve a participação de 509 líderes de negócios de todos os portes. Ela mostra que o empresariado nacional prefere avançar em decisões de investimento ligadas às questões de produtividade e receita, de atuação geográfica e do melhor posicionamento de mercado. O estudo aponta para um reforço às estratégias de competitividade das organizações. Segundo os participantes, os principais campos que devem ser foco de investimentos são treinamento para capital humano (67% dos entrevistados), lançamento de produtos e serviços (55%), ações de marketing e comunicação (51%) e novas tecnologias (51%). Respectivamente, os investimentos nesses campos devem ser 11%, 13%, 14% e 13% maiores em relação ao praticado ao longo de 2013. Para o sócio-líder da área de Financial Advisory da Deloitte, José Paulo Rocha, os setores que se destacam estão atrelados à cadeia do consumo interno – base do crescimento do País nos últimos anos:
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POR EGLE LEONARDI
“A relação mostra a intenção das organizações em ainda aproveitar um movimento que foi importante para a economia brasileira, mas que já aponta sinal de esgotamento e a necessidade de o País focar uma fonte diferente para estruturar o seu novo ciclo de crescimento.” Diante da perspectiva de investimentos assinalada pelos líderes empresariais, Rocha indica a necessidade de uma guinada rumo aos investimentos em infraestrutura e inovação como a próxima linha determinante do desenvolvimento brasileiro. “O Brasil e as empresas que aqui atuam precisam focar em uma nova era de crescimento baseada nos investimentos em infraestrutura e bases produtivas modernas. Nesse movimento, a participação do setor privado é fundamental, já que ele executa grande parte dos investimentos realizados no País”, destaca. Rocha também aponta o papel do Governo, que deve agir como um facilitador para apoiar a transição de eras. “Os projetos de investimento existem e muitas empresas querem executá-los. Porém, para esse movimento ganhar maior proporção, o Governo deve agir em pontos críticos do ‘custo Brasil’ e apoiar a concretização de negócios. A esfera governamental não precisa ser o executor, mas o facilitador a partir de ações que deixem a taxa de retorno mais atrativa ao investidor que vai capitanear o projeto.”
NOVAS CONTRATAÇÕES Em termos de perspectivas para novas contratações, 52% dos entrevistados afirmaram no estudo da Deloitte que as empresas que eles representam aumentarão seus FOTO: SHUTTERSTOCK
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quadros neste ano. Desse montante, 64% são representantes do comércio. Importante salientar que, quando perguntados se a taxa de reajuste dos salários neste ano será maior que a taxa de crescimento do faturamento de 2013, 64% dos executivos responderam negativamente. Nesse universo, a totalidade dos players do setor de perfumaria e cosméticos e da área farmacêutica afirmou que a taxa de reajuste dos salários no próximo ano não excederá o crescimento do faturamento. Avaliando a questão dos investimentos de maneira mais macro, 64% dos entrevistados consideram a situação econômica atual da América Latina como regular e apenas 27% a consideram boa ou muito boa. Do universo que mantém negócios na América Latina (33%) e dos que não têm, mas que pretendem investir na região (13%), 80% atribuem como razão de investimento as expectativas de crescimento do mercado e 41% à forte demanda interna. De acordo com o presidente executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Tada, as perspectivas de investimentos assinaladas pelos líderes empresariais contribuem para o crescimento brasileiro: “O desenvolvimento de um país (não só do Brasil) acontece quando as quatro premissas são realizadas, ou seja,
EXPECTATIVAS PARA A AMÉRICA LATINA Planos de investimentos Razões para investir Sim.................................................................... 33% Não, mas penso em investir............................13% Não, e não há planos para investir.................52% Não sei responder..............................................2% Taxa de respostas: 97%
Razões pelas quais sua empresa investiu/ investirá em outro país da América Latina As expectativas de crescimento do mercado.....80% Forte demanda interna....................................41% Margem de rentabilidade elevada.................27% Cultura compartilhada.............................................22% Redução nos custos de produção..................15% Subsídios e incentivos fiscais...........................11% Panorama institucional seguro e estável.......10% Os baixos custos trabalhistas............................9% Outros................................................................13%
PREMISSAS DA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA Segundo o presidente executivo da Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Nacionais (Alanac), Henrique Tada, a indústria farmacêutica vive do desenvolvimento, da produção e da venda de produtos. Segundo ele, o investimento na produção envolve, de forma ampla, as quatro premissas abaixo, também citadas na pesquisa da Deloitte: • Treinamento para capital humano: é essencial e muito realizado, pois em todas as áreas de funcionamento da indústria farmacêutica é necessária mão-de-obra superespecializada. • Lançamento de produtos: essa premissa tem grande relevância, pois o mercado farmacêutico é altamente competitivo, ou seja, a indústria farmacêutica que não lançar novos produtos está fadada a perder mercado para os laboratórios concorrentes. Para tanto, temos grande expectativa de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publique regulamento específico para medicamento com inovação incremental. • Ações de marketing e comunicação: seja diretamente para a população nos casos de Medicamento Isento de Prescrição (MIP), ou restrita somente para aos profissionais da saúde quando o produto for de prescrição, o marketing e a comunicação são ferramentas essenciais para promoção e venda do produto. Contudo, o marketing tem menor relevância para as empresas farmacêuticas que atuam mais na venda pública (licitação e concorrência pública) de medicamentos. • Novas tecnologias: a indústria farmacêutica é, por natureza, voltada para novas tecnologias, seja para pesquisar e desenvolver novos medicamentos, seja para produzir em volume cada vez maior a um custo menor. Por isso, a indústria farmacêutica está sempre desenvolvendo e adquirindo novas tecnologias (exemplo: no ano passado o Grupo EMS inaugurou nova fábrica robotizada de embalagem de medicamentos sólidos. Outro exemplo foi a inauguração da nova unidade fabril da Hypermarcas em Goiás, com capacidade de produzir 70 milhões/mês). 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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NEGÓCIOS
CENÁRIO DOS INVESTIMENTOS EM CAPITAL HUMANO Expectativas para a América Latina Situação para investimentos
Perspectivas para novas contratações Sim 52% Nã
ei os
% 18
Sim
Taxa de respostas: 88%
A empresa aumentará os benefícios dos funcionários em 2014?
Não 48%
Não 68%
A empresa irá aumentar o quadro de funcionários em 2014?
Sim Tecnologia da informação ... 74% Agrobusiness ...................... 71% Comércio ............................ 64% Não Mineração ........................ 100% Têxtil e calçados.................. 86% Açúcar e álcool ................... 83% Químicos ............................ 78% Não há grandes diferenças por porte de empresa
14 %
im Ru
m
22 %
Clima para investimentos atualmente na América Latina
Regular 53%
Segmentos otimistas Químicos ............................ 39% Atividades financeiras ......... 37% Veículos e autopeças .......... 36%
A taxa de reajuste dos salários no próximo ano será maior que a taxa de crescimento do faturamento de 2013? Sim Borracha e plástico ............. 50% Telecomunicações ............... 46% Não Açúcar e álcool ................. 100% Petróleo e gás ................... 100% Perfumaria e cosméticos ... 100% Farmacêutica .................... 100% Energia elétrica ................... 87% Agrobusiness ...................... 86%
Investimentos que serão realizados em 2014 Treinamento para capital humano Lançamento de produtos e/ou serviços Marketing e comunicação Novas tecnologias Ampliação das unidades já existentes Recursos Humanos Pesquisa e desenvolvimento (P&D) Substituição de máquinas e equipamentos Ampliação de novas unidades (expansão geográfica) Aquisição de nova marca Aquisição de uma nova unidade fabril
Bo
% 25
67% 55% 51% 51% 38% 38% 37% 35% 33% 6% 5%
Segmentos pessimistas Energia elétrica ................... 47% Papel e celulose .................. 44%
Não há grandes diferenças por porte de empresa
Taxa de aumento estimada sobre 2013 11% 13% 14% 13% 15% 10% 12% 13% 19% 18% 34%
Taxa de respostas: 86%
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NEGÓCIOS
PERFIL DAS EMPRESAS PARTICIPANTES A pesquisa da Deloitte, intitulada Panorama Empresarial – Uma perspectiva das empresas para 2014, contou com 509 respondentes, sendo 57% das empresas sediadas em São Paulo; 15% na região Sudeste (sem São Paulo); 19% na região Sul, 6% na região Nordeste e 3% nas regiões Norte e CentroOeste. No total, 15% delas possuem 3% receita de mais de R$ 1 bilhão; outros 15%, entre R$ 300 milhões a R$ 1 bilhão; 29% DISTRIBUIÇÃO contam com receita GEOGRÁFICA entre R$ 50 milhões a R$ 300 milhões e 41% têm receitas menores que R$ 50 milhões. A metodologia envolveu a aplicação de questionários eletrônicos no período de setembro a outubro de 2013.
METODOLOGIA E AMOSTRA Setor primário ......................................4,3% Agrobusiness .......................................... 1,8% Extrativa mineral ..................................... 2,5% Transformação ...................................39,2% Alimentos e bebidas ............................... 3,5% Veículos e autopeças .............................. 2,8% Máquinas e equipamentos ...................... 2,5% Metalurgia e produtos de metal .............. 6,3% Demais manufaturas ............................. 15,5% Energia elétrica e saneamento ................ 3,8% Construção .............................................4,8% Serviços ..............................................29,8% Tecnologia da informação e internet ..... 14,5% Atividades financeiras ............................. 5,0% Comércio ................................................ 3,5% Telecomunicações ................................... 3,0% Demais serviços ...................................... 3,8% Não categorizados .............................26,8% Taxa de respostas .................................... 79%
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treinamento de recursos humanos, lançamento de produtos e serviços, marketing e comunicação e novas tecnologias.” Ele afirma que os investimentos no País são de centenas de milhões de reais em produção industrial: “Muito desses recursos vêm de financiamentos pelo BNDES e FINEP, o que tem propiciado o aumento dos investimentos para aquisição de mais infraestrutura, principalmente para aumentar a capacidade produtiva.” Ainda segundo Tada, atualmente as indústrias farmacêuticas de capital nacional têm 49% do mercado farmacêutico brasileiro, sendo que há 12 anos as nacionais detinham menos de 30%, o que demonstra claramente a pujança dos laboratórios locais frente às multi6% nacionais nesse mercado altamente competitivo. Para se modernizar e acompanhar as tendências, as empresas farmacêuticas têm investido muito na 15% ampliação dos meios produtivos, em 57% pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores e também buscando parcerias para internacionalizar seus produtos. Já para o professor do Instituto de Pesquisa e 19% Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ), Robert Frederic Woolley M. Filho, o Brasil já está atrasado no desenvolvimento de novos produtos, sejam inovações radicais, incrementais ou de processos incluindo marketing e infraestrutura. “As necessidades verificadas são medidas reativas e não proativas. Isso justifica a intenção de investimentos em processos e lançamentos de produtos ser menor que em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), o que indica medida de curto prazo (se P&D fosse proativo visaria longo prazo)”, alerta ele. As empresas que atuam no País precisam focar em uma nova era de crescimento baseada nos investimentos em infraestrutura e bases produtivas modernas. “Todas as atuais necessidades passam por pilares básicos da indústria contemporânea: planejamento estratégico e gestão de projetos. P&D de produtos e processos são consequências dos conceitos básicos que infelizmente não aprendemos até entrar no mercado de trabalho”, ressalta o especialista. O professor afirma que as empresas nacionais têm se aliado ao Governo em busca de investimentos e financiamentos de longo prazo para acompanhar o mercado de forma reativa. “São poucas as companhias nacionais que investem em inovações radicais. Isso porque a indústria nacional farmacêutica é forte em genéricos”, finaliza ele.
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CONSULTOR JURÍDICO
O termo de visita do CRF e o Ministério Público
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O PROCEDIMENTO DE FISCALIZAÇÃO DOS CRFS SE LASTREIA NA LEI FEDERAL Nº 3.820/60, NO DECRETO FEDERAL Nº 85.878/81 E NA RESOLUÇÃO DO CFF Nº 579/13
GUSTAVO S E M BLANO Advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj) e da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), regional Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, cursa pós-graduação em Direito da Farmácia e do Medicamento na Faculdade de Direito de Coimbra (Portugal) 48
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Um dos documentos emitidos pelos fiscais dos Conselhos Regionais de Farmácia (CRFs) é o Termo de Inspeção, definido como sendo “o documento preenchido manual ou eletronicamente pelo farmacêutico fiscal, destinado à verificação do exercício profissional nos estabelecimentos, conforme descrito no anexo VIII, sendo obrigatório seu preenchimento em todas as inspeções efetuadas pelo fiscal” – art. 5º, I, da Resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF) nº 579/13. Não se pode confundir o Termo de Inspeção com outros dois documentos emitidos por tais fiscais: o Auto de Infração e o Termo de Intimação. Pelo fato de o Termo de Inspeção apenas servir como constatação de fatos comprovados no momento da fiscalização, e não como instrumento de autuação (auto de infração) ou de fixação de prazo para cumprimento de alguma exigência (termo de intimação), muitos empresários e farmacêuticos não dão o devido valor a ele. No entanto, o Termo de Inspeção é de grande valia, sobretudo pela implicação que ele pode gerar em caso de irregularidades ou ilegalidades no estabelecimento farmacêutico. É que os CRFs são obrigados a denunciar o funcionamento de empre-
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sas ou estabelecimentos irregulares ao Ministério Público, e essa denúncia normalmente se alicerça no Termo de Inspeção anteriormente emitido (art. 14 da Resolução do CFF nº 579/13). Dessa forma, quando os fiscais dos Conselhos Regionais de Farmácia (CRF) visitam uma farmácia ou uma drogaria, preenchem o Termo de Inspeção, mencionando diversas situações, entre as quais: se há farmacêutico em horário integral (se não houver, há irregularidade), se há farmacêutico no momento da fiscalização (se não houver, há irregularidade), se a empresa ou o estabelecimento estão registrados no CRF (se não houver, há ilegalidade), entre outros. De posse desse Termo de Inspeção, o Presidente do CRF envia uma denúncia ao Ministério Público e este, por praxe, instaura um Inquérito Civil Público contra a farmácia ou drogaria e estas deverão comprovar que não estão irregulares ou ilegais, ou que resolveram essas situações. Não comprovando a regularidade e legalidade, o Ministério Público ingressa no Poder Judiciário com uma Ação Civil Pública, visando à condenação da empresa ou do estabelecimento a cumprir integralmente a legislação. Portanto, a dica é “andar na linha”. FOTO: DIVULGAÇÃO
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ATUALIDADE
Proteção
falha
CERCA DE 79% DOS USUÁRIOS DOS PLANOS DE SAÚDE PRIVADOS ENFRENTAM PROBLEMAS COM O SERVIÇO. OS ÓRGÃOS REGULAMENTADORES PROPÕEM INICIATIVAS DE MELHORA, COMO A INCLUSÃO DE MEDICAMENTOS DE COBERTURA OBRIGATÓRIA POR FLÁVIA CORBÓ
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Mau atendimento, demora para agendamento de exames, hospitais com pouca infraestrutura, longas filas de espera e descaso com a saúde do paciente. Tal cenário poderia ser vivido exclusivamente por milhões de brasileiros que dependem do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS), mas não. Por vezes, as mesmas dificuldades se estendem aos consumidores que pagam por um serviço de saúde privada. Mais de 48,6 milhões de brasileiros reservam boa parte da renda aos gastos com planos de saúde, na esperança de obterem melhor tratamento, mas
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nem sempre é o que ocorre. “Cerca de 20 milhões de brasileiros – ou 45% dos usuários – possuem planos de saúde considerados ruins ou medianos. Mais de 700 planos, de 105 operadoras, já foram suspensos por irregularidades. Além disso, 79% dos usuários alegam terem problemas com seus convênios”, enumera o advogado da LTSA Advogados e especialista em direitos do consumidor e fornecedor, Dori Boucault. O estudo de qualidade foi realizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), com 1.103 planos, sendo que 743 tiveram pontuação inferior a 0,60, numa escala que vai até 1, outros 437 apresentaram FOTO: SHUTTERSTOCK
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nota entre as duas faixas mais baixas de pontuação e 306 planos registraram a pontuação média. A avaliação levou em conta a qualidade da assistência prestada ao cliente, estrutura de atendimento oferecida, situação econômico-financeira e atendimento. Essa falta de qualidade faz com que o setor privado de saúde esteja entre uns dos mais reclamados em órgãos de defesa do consumidor, atrás apenas de grandes categorias como bancos e telecomunicações. De acordo com dados do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), somente em 2013, o órgão recebeu mais de 12,8 mil reclamações. Os principais motivos que levam os consumidores a buscarem seus direitos são: problemas com contrato (4,534 mil reclamações); negativa de cobertura (1,7 mil) e não cumprimento à oferta (1,053 mil). O problema está concentrado nos contratos porque boa parte deles são antigos e contêm cláusulas abusivas que, posteriormente, foram banidas com a criação da Lei 9.656/98, que dispõe sobre os planos e seguros privados de assistência à saúde. “Não são contratos de fácil leitura e compreensão para o consumidor, mas a lei padronizou as coberturas. Antigamente, os planos faziam restrições quanto ao número de dias de internação e às doenças que seriam cobertas. Hoje em dia, isso não é mais permitido”, explica a diretora de atendimento do Procon-SP, Selma do Amaral.
DESAFIOS A SEREM SUPERADOS Mesmo diante de um contrato em acordo com as normas atuais, os entraves continuam. “No plano legal houve melhoras, porque já não são permitidas uma série de restrições, mas as pessoas ainda têm muita dificuldade em acessar o serviço na prática. Os planos desenvolvem uma série de mecanismos que dificultam que o consumidor tenha acesso ao agendamento de exames e outros serviços. Além disso, planos antigos sofrem com a queda de qualidade da rede credenciada. Ao longo dos anos, hospitais e clínicas são descredenciados sem serem substituídos à altura.” A culpa para um serviço de saúde de má qualidade, tanto na esfera pública quanto na privada, pode ser explicada por um desequilíbrio do cenário brasileiro. “Cerca de 55% dos gastos com saúde são de âmbito privado, que beneficiam 48 milhões de conveniados. Enquanto isso, os recursos públicos somam apenas 45% dos gastos, que devem ser suficientes para atender mais de 190 milhões de brasileiros.“
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA Ciente da importância da adesão ao tratamento para a recuperação da saúde, no final de 2012 a ANS publicou a Resolução Normativa nº 310, que estabelece princípios para a oferta de medicação de uso domiciliar aos beneficiários de planos de saúde portadores de patologias crônicas. A medida tem como objetivo o abandono de tratamento de doenças com grande prevalência entre a população, como Diabetes Mellitus, Asma Brônquica, Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), Hipertensão Arterial, Insuficiência Coronariana e Insuficiência Cardíaca Congestiva. No entanto, o oferecimento de medicação por meio do convênio médico não é obrigatório, pois a legislação atual permite a exclusão dessa oferta. Além disso, como se trata de um contrato acessório, poderá ter custo para os beneficiários. Fonte: Agência Nacional de Saúde (ANS)
AÇÕES CONCRETAS Com a intenção de promover melhorias contínuas nesse setor problemático, a ANS regula as práticas das empresas e, a cada dois anos, atualiza o rol de procedimentos que devem ter cobertura obrigatória de todos os planos de saúde. A última atualização entrou em vigor em janeiro deste ano. Para debater as inclusões mais urgentes a serem feitas, a ANS conta com um comitê permanente para a discussão do rol de procedimentos, formado por representantes da sociedade, da ANS, especialistas em saúde e outros profissionais interessados no tema. O órgão ainda mantém um espaço para o recebimento de sugestões on-line. Para a definição desse último rol de procedimentos, foram analisadas 7.340 contribuições on-line e também recebidas por outros meios. Cerca de 50% das considerações foram feitas por consumidores, mas houve também a colaboração de operadoras, gestores, prestadores e servidores públicos. Do montante de demandas recebidas, 2.374 já eram procedimentos que constavam no rol, 152 eram elogios ou comentários e outras se tratavam de solicitações que, pela Lei 9656/98, podem ser excluídas. Ao final, 4.275 contribuições foram realmente analisadas quanto ao mérito. 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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ATUALIDADE
TERAPIA ANTINEOPLÁSICA ORAL PARA TRATAMENTO DO CÂNCER Acetato de Abiraterona
Exemestano
Mitotano
Anastrozol
Fludarabina
Nilotinibe
Bicalutamida
Flutamida
Pazopanibe
Bussulfano
Gefitinibe
Malato de Sunitinibe
Capecitabina
Hidroxiuréia
Citrato de Tamoxifeno
Ciclofosfamida
Imatinibe
Tegafur – Uracil
Clorambucila
Ditosilato de Lapatinibe
Temozolamida
Dasatinibe
Letrozol
Tioguanina
Dietiletilbestrol
Acetato de Megestrol
Cloridrato de Topotecana
Cloridrato de Erlotinibe
Melfalano
Tretinoína (ATRA)
Etoposídeo
Mercaptopurina
Vemurafenibe
Everolimus
Metotrexato
Vinorelbina
TRATAMENTOS GARANTIDOS Após estudos e discussões, foram incluídos 87 novos procedimentos obrigatórios. Uma das mudanças mais significativas foi a inclusão de 37 novos medicamentos orais para o câncer. Após uma discussão entre profissionais de importantes organizações como Instituto Nacional do Câncer (Inca), operadoras de planos de saúde e o Ministério da Saúde, 15 tipos de cânceres passam a contar com novas medicações obrigatórias. Além de promoverem o aumento sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, as medicações orais permitem que o tratamento dos pacientes seja realizado em casa, sem a necessidade de locomação e internação em clínicas e hospitais. A medida, que traz conforto e diminui os riscos de infecção, deve beneficiar cerca de 42,5 milhões de pessoas que contrataram planos de saúde e assistência médica depois do dia 1º de janeiro de 1999 e os beneficiários de adaptações à Lei 9.656/98, segundo o governo. “Nesse mesmo rol de procedimentos foram incluídas outras medidas, além de medicamentos, como radioterapia, pet scan e demais procedimentos que os pacientes com câncer utilizam. O atendimento multidisciplinar com fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psciólogos, 52
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psicoterapeutas também foram acrescentados”, detalha a gerente de assistência à saúde da ANS, Karla Coelho. Logo quando anunciadas as novas inclusões, a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que reúne 31 operadoras de planos de saúde, manifestou-se por meio de nota oficial, dizendo que a medida causaria “impactos financeiros representativos, que não podem ser medidos previamente, mas apenas com o acompanhamento da execução dos novos procedimentos, principalmente em relação a medidas mais abrangentes, como a inclusão de medicamentos orais contra o câncer para uso em domicílio”. Mesmo com a resistência dos planos de saúde, a ANS tem sido rígida na fiscalização e já suspendeu planos de 47 operadoras desde o início do ano, devido ao descumprimento de prazos para realização de exames, internação e atendimento médico e negativas ilegais de cobertura. Mas a forte regulamentação não resolve todos os problemas. “Cerca de 80% dos contratos atuais são de planos de saúde coletivos, que não têm reajuste controlado pela ANS. Seria muito importante que os direitos que as pessoas têm nos individuais fossem estendidos para os coletivos”, ressalta Selma, do Procon.
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OPINIÃO
Desconhecimento
perigoso PESQUISA REALIZADA PELO ONCOGUIA REVELA QUE O BRASILEIRO IGNORA ALGUNS DOS FATORES DE RISCO MAIS PREVALENTES NO SURGIMENTO DOS CASOS DE CÂNCER POR FLÁVIA CORBÓ
T
Talvez pelo fato de muitas pessoas terem histórias para contar sobre pessoas próximas que lutaram contra o câncer, nem sempre saindo vitoriosos, o brasileiro tem muito medo da doença. A constatação foi provada pela pesquisa Conhecimento sobre o câncer, desenvolvida pelo Instituto Oncoguia em parceira com o Datafolha, para investigar o conhecimento da população brasileira sobre a doença, seus fatores de risco e prevenção. Das 2.571 pessoas entrevistadas, em 159 municípios do País, 59% declararam considerar o câncer a principal causa de morte no Brasil, seguida de Aids (17%) e infarto (12%), entre outras. Os índices revelam, ao mesmo tempo, um temor da fatalidade do câncer e um desconhecimento a respeito de outras doenças muito mais
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perigosas. Ao contrário do que pensa a maioria dos participantes do estudo, são problemas no aparelho circulatório os responsáveis pela maior parte da mortalidade de brasileiros – 31%. Em segundo lugar, aparecem as neoplasias (tumores), que causam 17% das mortes. Causas externas (13%) e complicações no aparelho respiratório (11%) vêm em seguida. A falta de informação de muitos brasileiros foi mais uma vez revelada quando os entrevistados foram questionados a respeito dos tipos mais comuns de câncer. Para 60% das pessoas, o câncer de mama é o mais comum, seguido pelos de próstata (30%) e pulmão (26%). O câncer de pele aparece apenas em quinto lugar, citado por 16% dos participantes, sendo que, segundo os órgãos de saúde, esse é o câncer com mais registros no País. Na realidade, a doença na próstata ocupa a segunda posição e, nas mamas, a terceira. FOTO: SHUTTERSTOCK
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DAS 2.571 PESSOAS ENTREVISTADAS, EM 159 MUNICÍPIOS DO PAÍS, 59% DECLARARAM CONSIDERAR O CÂNCER A PRINCIPAL CAUSA DE MORTE NO BRASIL, SEGUIDA DE AIDS (17%) E INFARTO (12%), ENTRE OUTRAS CAUSAS APURADAS Quando analisados os principais fatores de risco de câncer, equívocos entre as crenças da população e a realidade da doença mais uma vez são detectados. Apesar de estarem corretos em colocar o cigarro como um dos mais importantes causadores do câncer, outros fatores muito prejudiciais à saúde foram quase ignorados. A má alimentação foi apontada como prejudicial apenas por 11% dos participantes da pesquisa, enquanto a obesidade e a falta de exercícios físicos só foram lembradas por 2% das pessoas. A explicação para que importantes fatores de risco sejam ignorados é simples. Assim como diversos países no mundo, o Brasil há anos investe em massivas campanhas antitabagismo, que envolvem a proibição de publicidade e o aumento do imposto sobre o cigarro. Devido a essa movimentação, a população tem consciência dos malefícios causados pelo consumo de cigarro e faz pressão sobre os governos para que as políticas de combate sejam mantidas. “Já a obesidade ninguém diz que, aliada ao sedentarismo e à má alimentação, pode causar câncer. Mas, no momento em que a população começar a entender isso, haverá uma pressão social que vai exigir ações neste sentido”, acredita o diretor científico do Instituto Oncoguia, Dr. Rafael Kaliks. A ignorância a respeito dos perigos da associação da tríade excesso de peso, ingestão de produtos industrializados e sedentarismo é muito alarmante, já que 30% dos cânceres são causados por essa combinação característica do estilo de vida atual. Outra descoberta preocupante é que a infecção pelo vírus HPV é apontada como um fator de risco por apenas 3% dos respondentes. Mas o fato é que o vírus é responsável pelo câncer de colo de útero – o terceiro mais incidente entre as mulheres e o mais comum na região Norte do País. Ao contrário do que imaginava o diretor científico do Instituto Oncoguia, Dr. Rafael Kaliks, antes de obter os resultados da pesquisa, o desconhecimento a
respeito das causas do câncer é geral, variando muito pouco entre classes sociais, regiões do País e faixa etária. “Apenas alguns subgrupos pequenos se destacam. Por exemplo, pessoas das classes C, D e E têm maior consciência sobre a relação entre bebida e câncer, porque entre esses grupos o alcoolismo é mais recorrente e eles veem mais gente morrendo de cirrose e câncer de fígado”, detalha. “Mas, em geral, vimos que não existe diferença do conhecimento, o que é muito preocupante.”
URGÊNCIA NA PREVENÇÃO A mesma confusão de informações é percebida quanto se trata de prevenção. Mais uma vez, a importância das atividades físicas foi neglicenciada pela maioria como uma maneira eficiente de se prevenir câncer. Enquanto não ter o hábito de fumar é apontado como importante na prevenção por 26% dos entrevistados, apenas 3% consideram o exercício físico relevante. Já a boa alimentação recebeu 35% das respostas, sendo que 68% delas foram dadas pelas mulheres, que parecem ser mais atentas ao consumo de alimentos saudáveis. Apesar de os exames de rotina terem sido citados por 58% dos entrevistados como uma importante ação de prevenção, muita gente anda deixando as visitas ao médico de lado. O exame que tem maior procura é a mamografia – 74% das mulheres garantiram fazer o exame rotineiramente. Em seguida, vem o papanicolau, que é feito com periodicidade regular por 67% das entrevistadas. A pesquisa constatou que a adesão aos exames é mais intensa entre 39 e 59 anos de idade e é ainda maior em parcelas com grau de escolaridade e classe econômica elevadas. A região Sudeste registra índices maiores de realização dos exames. A participação longe do ideal reflete-se diretamente na qualidade de vida da brasileira e em suas chances de sobreviver ao surgimento de um câncer. No Brasil, a incidência de câncer de colo de útero é de 25 a cada 100 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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OPINIÃO
DOENÇAS QUE PROVOCAM MAIS MORTES NO BRASIL (ESPONTÂNEA E ÚNICA) Não sabe 2% Realidade: 1º: aparelho circulatório ................ (31%) 2º: neoplasias ............................... (17%) 3º: causas externas ....................... (13%) 4º: aparelho respiratório................ (11%)
Outras 12%
Infarto 10%
Aids/HIV 17%
Fonte: MS/SVS-Sistema de informação sobre mortalidade 2010
CITAÇÕES EM 1º LUGAR
Base: Total da amostra (2.571 entrevistas) / Na sua opinião, qual é a doença que mais provoca mortes no Brasil, em primeiro lugar?
Câncer 59%
FATORES DE RISCO DO CÂNCER (ESTIMULADA EM %) Dentre uma série de itens estimulados (12), os entrevistados destacaram os que consideram como principais fatores de risco do câncer 1º lugar única
1º + 2º + 3º lugares múltipla
Fumo/tabagismo
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75
Tomar muito sol, sem proteção
9
33
Casos de câncer em parentes próximos
12
32
Alimentação industrializada
11
29
Uso exagerado de bebidas alcoólicas
4
27
Produtos químicos
3
21
Infecção pelo vírus do HPV
3
18
Tristeza, depressão, estresse
4
17
Anemia
4
14
Falta de exercícios físicos
2
11
Obesidade
2
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Telefone celular
0
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CAUSAS
Câncer de pele é o mais comum
HPV causa o terceiro câncer mais incidente em mulheres, primeiro no Norte Falta de exercícios físicos, alimentação inadequada e obesidade são responsáveis por até 30% dos cânceres
Base: Total da amostra (2.571 entrevistas) / Dentre esses itens que estão no cartão, qual é o principal fator de risco do câncer, ou seja, o fator que mais influencia uma pessoa a desenvolver a doença? E em segundo lugar? E em terceiro lugar? Fonte: Instituto Oncoguia
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OPINIÃO
TIPOS DE CÂNCER MAIS COMUNS (ESPONTÂNEA E MÚLTIPLA, EM %) Índice de multiplicidade: 2 respostas por entrevistado 5
Não sabe Outros
Realidade: 1º: pele não melanoma 2º: próstata 3º: mama 4º: traqueia, brônquios e pulmão 5º: cólon e reto 6º: estômago 7º: colo de útero
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Rim
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Boca
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Pâncreas
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Tireoide
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Laringe
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Esôfago
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Fígado
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Jovens até 24 anos: 21%
Leucemias
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Intestino
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Cérebro Estômago
Mulheres: 37%; de 35 a 59 anos: 32%; região N/NE: 34% 10 12
Pele
Homens (34%); 60 anos ou mais: (37%); Superior (40%)
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Útero
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Pulmão
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Próstata
Mulheres: 71% Superior: 69% 30
Mama
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Quais tipos de câncer você acha que são mais comuns entre a população brasileira? Quais mais? Fonte: Instituto Oncoguia
mil mulheres, e a taxa de mortalidade chega a 45%. Nos Estados Unidos, onde o exame é mais difundido, o câncer atinge 6 em cada 100 mil mulheres, com uma taxa de mortalidade de 28%. Confirmando pesquisas que apontam que os homens se cuidam menos que as mulheres, o índice de realização do exame de próstata é menor – chega a 55%. Mas as características dos que afirmam fazer os exames são semelhantes às do perfil feminino: predominam os 58
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homens com maiores níveis de escolaridade e social e moradores de regiões metropolitanas. Ainda em relação aos exames disponíveis para a prevenção de câncer, a pesquisa descobriu que a adesão à colonoscopia, que detecta problemas no intestino, é muito baixa. Apenas 29% dos entrevistados afirmam realizar o exame de maneira rotineira, o que indica uma subestimação do perigo e grau de incidência dos cânceres colorretais.
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OPINIÃO
HÁBITOS MODERNOS
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De acordo com dados da OMS, os casos de câncer devem aumentar cerca de 50% nos próximos 20 anos, chegando a 22 milhões de pacientes em 2030. Para o Dr. Tiago Kenji, o combate a esse aumento deve ser feito a partir de várias medidas. “Temos que reduzir os fatores de risco já conhecidos, como o tabagismo, buscar uma alimentação equilibrada, usar protetor solar, controlar o peso e evitar exposição à radiação solar em horários inadequados.” Também é recomendado ter acompanhamento médico regular e realizar exames clínicos de rotina para que o médico decida se há indicação para receber vacinas ou realizar exames de prevenção, como mamografia, papanicolau e colonoscopia. Os entrevistados da pesquisa do Oncoguia também têm suas sugestões. Para 98% deles, o caminho para frear essa projeção desanimadora é investir em campanhas de esclarecimento sobre o câncer. Para 62%, a melhor maneira de fazer essa divulgação é pela televisão. O trabalho junto com crianças e adolescentes nas escolas também foi lembrado por 23% dos respondentes. “É preciso desenvolver uma política pública, informar os reais riscos, a mortalidade. Mas não basta publicar livretos. As campanhas devem atingir o público-alvo e começar com as crianças, incentivando a prática de atividade física e a boa alimentação”, concorda o Dr. Rafael.
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QUAL É A SOLUÇÃO?
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A grande causa de mortalidade ao redor do mundo não se resume a um fator, mas a três. Obesidade, sedentarismo e má alimentação. As teorias que tentam explicar por que a associação desses comportamentos aumenta a incidência de alguns tipos de câncer são muitas, mas até hoje não existe uma resposta certa sobre por que a obesidade está associada a diversos tipos de câncer. “Há mais uma observação de um fenômeno do que um conhecimento do processo que leva a isso, mas existem algumas explicacões. Por exemplo, produzimos um hormônio chamado Insuline like Grow Factor (fator de crescimento semelhante à insulina). Este fator é um estimulante do crescimento tumoral. Acredita-se que pessoas obesas tenham mais propensão a produzi-lo, o que estimularia o crescimento de células malignas e impediria a sua eliminação pelo organismo”, explica Dr. Rafael. O oncologista do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula (IOSP), Dr. Tiago Kenji, apresenta outra tese. “O excesso de peso e o sedentarismo estão associados a diversos tipos de câncer de mama e do endométrio, devido ao aumento da produção de estrógeno pelo tecido adiposo. A obesidade predispõe a doença do refluxo gastroesofágico, aumentando o risco de câncer de esôfago.” O fato é que a combinação desses fatores é comprovadamente perigosa. No início deste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um relatório sobre o câncer no mundo, em que deixa clara a necessidade de os países começarem a sobretaxar o açúcar, o sal e tudo aquilo que leva à obesidade, porque esses alimentos estão causando câncer. Da mesma forma que o tabagismo começou a ser combatido há alguns anos, os alimentos ricos em conservantes e sódio estão entrando na mira dos órgãos de saúde. Controlar o consumo dessas substâncias
e criar alternativas para alguns pratos pode ser uma das saídas para desacelerar o aumento do número de casos de câncer. “Tudo começa pelo conhecimento da população. Quanto mais se divulgar que a obesidade causa câncer, mais a população tomará consciência e iniciará uma pressão sobre o governo. Com isso, cresce a probabilidade de que comecem a ser feitas legislações que aumentem os impostos sobre produtos industrializados e impeçam que as escolas sirvam produtos processados, que engordam e são menos saudáveis”, ressalta o Dr. Rafael.
Saiba quais são as perspectivas sobre o câncer no Brasil em 2014. AL
Os casos de câncer devem aumentar cerca de 50% nos próximos 20 anos, chegando a 22 milhões de pacientes em 2030
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CIÊNCIA
Vitórias
consolidadas OS AVANÇOS OBTIDOS PELA MEDICINA FIZERAM COM QUE DOENÇAS FATAIS PUDESSEM SER CONTROLADAS, GARANTINDO MAIOR QUALIDADE DE VIDA AOS PACIENTES
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POR FLÁVIA CORBÓ
Desde a Idade Média, epidemias como a Peste Negra e a Gripe Espanhola se espalharam pelo mundo causando mortes e preocupação. No último século, mais precisamente na década de 1980, o grande vilão foi a Aids. A doença entrou para o vocabulário médico e popular como sinônimo de morte certa. Leves gripes e infecções comuns evoluíam rapidamente, atingido os pacientes de maneira simultânea e agressiva. Diversas personalidades e milhares de anônimos foram contaminados, já muito magros, com rosto encovado e fracos. “Se o diagnóstico era precoce, o indivíduo podia viver muitos anos. Mas, se era tardio, morria-se
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rapidamente, em meses ou poucos anos. Dependendo da gravidade, em dias. Praticamente, assistia-se ao desenvolvimento de doenças oportunistas e à deterioração do estado de saúde frente à severa imunossupressão”, relata o médico da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Dr. Francisco Hideo Aoki. Até hoje não foi encontrada a cura para a infecção pelo vírus da Aids, mas ainda assim existem motivos para comemorar. Na primeira década dos anos 1980, surgiram os medicamentos pioneiros no combate. Com um coquetel que, normalmente associa de três a quatro drogas, os médicos visam impedir a multiplicação do vírus no corpo humano. FOTO: SHUTTERSTOCK
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de incidência da doença, que é de 18 pessoas infectadas para cada 100 mil habitantes, permanece estável. “Hoje em dia, é possível ter uma vida normal, com necessidade de periódicas monitorizações da carga viral, dos linfócitos TCD4 e de outros exames subsidiários para observar se há algum efeito colateral possível do tratamento antiretroviral”, explica o Dr. Aoki. Outra grande vitória da medicina em cima da Aids foi o sucesso no tratamento da transmissão. O uso do medicamento AZT ou de outras drogas combinadas por gestantes, associado à indicação de cesareanas antecipadas para evitar a microtransfusão de sangue da mãe para o filho que ocorre durante o trabalho de parto, reduziu de 40% para 1% ou 2% o índice de transmissão materno-fetal, inclusive em países de extrema pobreza e alto índice de mulheres infectadas.
MAIS UMA BATALHA
O HIV é um organismo minúsculo, composto por nove genes, e revestido por estrutura externa em que são localizadas as proteínas que o ajudam a ligar-se à célula que vai infectar. Em apenas uma célula cabem milhões de partículas virais. O papel dos medicamentos é destruir enzimas para impedir que elas se liguem às proteínas e completem o processo de multiplicação do vírus. O tratamento se mostrou muito eficaz no aumento da sobrevida e no ganho de qualidade de vida dos pacientes. Ainda que a cura definitiva não tenha sido descoberta, os resultados obtidos pelos coquetéis de drogas já são muito satisfatórios. De acordo com o relatório “Together we will end Aids” (Juntos vamos acabar com a Aids, em inglês), realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o número de mortes causadas pela Aids caiu 24% de 2005 a 2011 no mundo. Há oito anos, 2,2 milhões pessoas morreram por causa da doença. Em 2011, o número de mortes caiu para 1,7 milhão. No Brasil, a redução dos casos de morte foi mais tímida – em torno dos 11,1%. No entanto, há mais de uma década o índice
Nos anos 1990, surgiu um novo desafio para a ciência. Combater o vírus HCV, causador da Hepatite C. A doença, altamente transmissível por contato sanguíneo, proliferou-se muito em decorrência de processos de transfusão de sangue. O contato sexual e a transmissão da gestante para o bebê também são maneiras de contágio, mas menos comuns. Depois que foi criado o teste para identificar os portadores do vírus, as infecções por meio de transfusão caíram de um para cada dois milhões de transfusões. Atualmente, o grande risco está no uso de alicates e cortadores de unha, aparelhos de barbear e outros instrumentos cortantes contaminados. O grande perigo da Hepatite C é que, ao contrário dos tipos A e B, ela pode tornar-se crônica, como é observado em 80% dos casos. Nesse estágio, a infecção pelo HCV pode causar alterações estruturais no fígado. Outra diferença para os demais tipos de hepatite é que o tipo C ainda não possui vacina. Mesmo sem uma cura ou prevenção disponível, a medicina fez bons progressos no tratamento da doença. Logo que foi descoberta, no início dos anos 1990, notou-se que a substância interferon tinha capacidade de reduzir a quantidade de vírus no sangue. No entanto, o tratamento era injetável e apresentava baixos índices de resposta, apesar dos diversos efeitos colaterais. Mais tarde, em 1995, um estudo clínico mostrou que a administração do antiviral ribavirina, associado ao interferon, aumentava o período de remissão da atividade viral e melhorava as funções hepáticas. Após a administração desse combo por 48 semanas, a resposta positiva surgia em 40% a 50% dos casos, quase três vezes mais que com o uso único do interferon. 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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CIÊNCIA
ESPERANÇA CONTRA O CÂNCER
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anos de vida. “Hoje não, o tratamento atual permite que o paciente tenha uma vida normal, não tem baço grande, os lecócitos são normais, não há alteração molecular. Tudo é controlado. Isso não existe em câncer nenhum”, ressalta a hematologista do Hemorio, Dra. Carla Bomaquipani. A guinada contra a LMC ocorreu com o lançameto do imatinibe, desenvolvido pela Novartis em 2000. A substância é capaz de interromper a progressão da doença ainda na fase crônica. Os medicamentos antigos destruíam as células, mas o mal permanecia lá e ia avançando. “Era como se apenas podássemos as folhas da árvores, mas os galhos voltariam a crescer. A doença então chegava à fase adulta e o paciente morria”, relembra. Com o imatinibe, mudou-se a história da doença, por isso foi chamado pelo jornal New York Times de “pílula mágica”. O último estudo a respeito dos efeitos do medicamento mostram que, em oito anos de doença, 95% dos pacientes continuam vivos. A diferença entre o tratamento antigo e com o imatinibe é que o medicamento atual oferece uma resposta hematológica completa, em vez de somente podar os galhos. O tratamento atual promove hemograma normalizado, fim da produção exagerada de células e destruição da proteína causadora da proliferação. “Um terço dos pacientes que faziam uso do imatinibe tiveram de mudar de tratamento, porque, por algum motivo, não responderam ao tratamento. Aí surgiram outros dois grandes heróis – o nilotinibe e dasatinibe –, que são os inibidores de segunda geração. O objetivo desses tratamentos é resgatar aqueles pacientes que não responderam ao tratamento de primeira linha”, conta a Dra. Carla.
O tratamento de Esclerose Múltipla também obteve avanços. Confira!
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Milhares de estudos e bilhões de dólares são gastos em pesquisas que buscam a erradicação do câncer. Ainda não se chegou a uma resposta definitiva, mas os avanços são inegáveis. “Felizmente, hoje a maior parte dos cânceres tem perspectiva de cura quando diagnosticada em estágios iniciais. Além disso, diversas medicações têm sido lançadas, levando a melhora na sobrevida. Algumas doenças tiveram grande avanço com o advento de algumas drogas, denominadas drogas-alvo, que atuam de uma forma menos tóxica e mais precisa”, afirma o oncologista do Instituto de Oncologia do Hospital Santa Paula (IOSP), Dr. Tiago Kenji. Um exemplo muito bem-sucedido de combate ao câncer é o tratamento da Leucemia Mieloide Crônica (LMC). Há pouco tempo atrás, a doença era fatal; hoje, é crônica e controlável. Esse agressivo câncer atinge as células sanguíneas alojadas na medula, que funciona como a fábrica do sangue. Na leucemia, há um aumento exagerado dessas células, que resulta na formação de um tumor líquido. Mais especificamente na LMC, o problema ocorre nos cromossomos 9 e 22, que se quebram e trocam de material entre si. A combinação de uma meta do cromossomo 9 com a outra metade do 22 gera uma ordem para o organismo produzir a proteína BCR+ABL, que leva a uma profileração desordenada de células. O perigo é que a doença é assintomática em 20% e 50% dos casos, sendo descoberta apenas em exames de saúde rotineiros, como hemogramas. Quando a doença está em estágio mais avançado, os sintomas tendem a surgir. São eles: cansaço, mal-estar, emagrecimento, sudoreses e desconforto abdominal, devido ao crescimento do baço. Antes dos avanços obtidos no tratamento da LMC, o paciente vivia de cinco a sete anos na fase crônica – e mais branda – da doença. Em seguida, progredia para a fase acelerada, que durava entre um e dois anos. A fase aguda era o último estágio, no qual a expectativa de vida não ultrapassava seis meses. Ou seja, no máximo o paciente com LMC durava dez
DOENÇAS COMO AIDS, HEPATITE C E, INCLUSIVE, ALGUNS TIPOS DE CANCÊR ESTÃO PERDENDO A BATALHA PARA MEDICAMENTOS CADA VEZ MAIS EFICAZES
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Sete anos depois, surge o interferon peguilado – apresentação com menos efeitos colaterais e com administração uma vez por semana. Em alguns subtipos da doença, apenas 24 semanas de tratamento associado à ribavirina eram suficientes para resultados positivos em 70% a 80% dos casos. A última promessa é o novo antiviral, o telaprevir, desenvolvido especificamente para bloquear a ação de uma enzima necessária para a replicação do vírus. Artigos apontam que a substância, também associada à combinação de interferon peguilado e ribavirina, aumenta de maneira significativa os índices de supressão viral.
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37 milhões querem farmácia clínica no Brasil POPULAÇÃO ENTENDE QUE FARMÁCIAS E DROGARIAS SÃO OPÇÕES CONFIÁVEIS PARA A MELHORIA DA SAÚDE NO PAÍS
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POR EGLE LEONARDI
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ) descobriu que 29% da população brasileira aponta que uma das ações que podem ser tomadas pelos próximos governos, para a melhoria da saúde pública, é a criação de programas sistematizados de prevenção à saúde. Desse universo, 25% (37,2 milhões de brasileiros) acreditam que esses programas de prevenção da saúde devem ser desenvolvidos especificamente dentro das farmácias e drogarias. Eles defendem o desenvolvimento da farmácia clínica com atendimento especializado por um farmacêutico, com ambiente separado e apropriado para consultas, sistemas de imunização e campanhas de orientação sobre cuidados de rotina sobre a saúde.
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O estudo se chama Saúde, Medicalização e Qualidade de Vida (2ª etapa), e foi desenvolvido pelo ICTQ com base em pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional. Para isso, foram realizadas 2.061 entrevistas em 135 municípios, de forma a representar todas as regiões geográficas do País. “Acredito que os dados levantados pelo estudo demonstram o anseio da sociedade brasileira por soluções que amenizem os problemas da saúde nacional. Nesse caso, a população vê nas farmácias e drogarias a possibilidade ideal de assistência básica à saúde, ou seja, a farmácia clínica passaria a ser o ponto de atendimento mais próximo e acessível à população”, ressalta o diretor de pesquisa do ICTQ, Marcus Vinicius de Andrade. De acordo com o farmacêutico e professor dos cursos de Pós-Graduação do ICTQ, Leonardo Doro Pires, com a ineficiência do Sistema Único de Saúde (SUS), que em teFOTOS: SHUTTERSTOCK
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É PRECISO CRIAR MECANISMOS FORMAIS QUE COLOQUEM AS FARMÁCIAS E DROGARIAS COMO LINHA DE FRENTE NO SISTEMA DE ATENDIMENTO BÁSICO À SAÚDE E TRIAGEM PARA ENCAMINHAMENTO A SISTEMAS MAIS ESPECIALIZADOS
se possui o princípio constitucional da universalidade de acesso, grande parte da população enfrenta muita dificuldade para usufruir a atenção básica formal ou precisa recorrer a um plano de saúde suplementar para ter esse serviço disponível. “Podemos dizer que a porta de entrada do SUS, a atenção básica, está emperrada. De acordo com o IMS Health existem, no Brasil, mais de 65 mil farmácias e drogarias, com uma proporção de 3,34 estabelecimentos para cada 10 mil habitantes, número três vezes maior que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)”, comenta. Com toda essa capilaridade, ele afirma ser óbvio que é necessário utilizar essa estrutura das farmácias para lubrificar as portas da assistência básica e colocar definitivamente a farmácia e o farmacêutico como agentes de intervenção primária na saúde. O Governo precisa oficializar e sistematizar o que já vem sendo praticado por grande parte da população brasileira.
ENVOLVIMENTO NECESSÁRIO Já o presidente do Conselho Científico do ICTQ e ex-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Raposo, afirma que o Governo não tem a direção de como usar a farmácia em favor da saú-
de pública. Um exemplo que ele cita é o da Farmácia Popular: “Quando o Governo distribui sem custo o medicamento, ele abre mão de exigir a contrapartida do estabelecimento, ou seja, no caso de um diabético, ele abre mão de o paciente retornar à farmácia para se certificar de que o medicamento está correto, se há feridas etc. O mesmo ocorre para a hipertensão e outras doenças.” Ele afirma que a Anvisa introduziu, com os serviços farmacêuticos, medidas simples para esse controle, cadastrando o paciente, marcando visitas para a fidelização e montando um banco de dados importante para a saúde pública. “Os governos (federal, estaduais e municipais) pensam a farmácia como mero estabelecimento comercial e, com isso, não se avança no cuidado com a população”, dispara. Para ele, os brasileiros estão cansados de não receber atendimento no serviço de saúde. “Acredito que o resultado da pesquisa do ICTQ revela que a população pede que o Governo apoie as medidas nas farmácias. No entanto, para isso, é necessário que a farmácia seja inserida dentro do sistema de saúde”, destaca Raposo. Em sua atuação à frente da Anvisa, Raposo visitou estabelecimentos de diversos países com forte atuação em farmácia clínica e tem muito claro o que ele considera ideal nessa atividade. “O Brasil ainda está muito aquém. Há muito ainda por fazer, e os desafios são enormes. É preciso que o Governo assuma a farmácia clínica como obrigação e os empresários como oportunidade. Para ter ideia do descaso, basta analisar que há postos de saúde que dispensam medicamentos sem a presença de um farmacêutico”, polemiza. Raposo também admite que é preciso que haja uma capacitação dos profissionais para atender à população e os governos têm de se envolver nessa questão. Já houve um início, em 2009, com a introdução da RDC 44. 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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PERFIL DOS INDIVÍDUOS QUE DESEJAM PROGRAMAS DE PREVENÇÃO À SAÚDE Porcentagem dos que desejam em cada local e/ou grupo, com base em 100%.
ATIVIDADE
ESCOLARIDADE
31%
25% o sin n E
37%
l ta n e m a nd fu
o sin n E
o sin n E
io éd m
r io r pe su
31%
28%
economicamente inativos
economicamente ativos
CLASSE SOCIOECONÔMICA
A
B
36%
33%
C
D/E
28%
26%
IDADE
30% 32% 15 anos
20 anos
29% 25 anos
30 anos
29% 35 anos
40 anos
28% 45 anos
50 anos
55 anos
28% 60 anos
Fonte: ICTQ
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IZ LOC AL AÇ ÃO
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residem em regiões metropolitanas
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SAÚDE PREVENTIVA
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(53,6 milhões de brasileiros) defendem a criação de programas mais eficientes de tratamento e combate preventivo às drogas, como crack e cocaína
REGIÃO
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SEXO
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32% do gênero feminino desejam
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do gênero masculino desejam
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METODOLOGIA O estudo Saúde, Medicalização e Qualidade de Vida (2ª etapa) baseou-se em pesquisa quantitativa, com abordagem pessoal em pontos de fluxo populacional, mediante aplicação de questionário estruturado. O desenho amostral foi elaborado com base em informações do Censo 2010/Estimativa 2013 (Fonte: IBGE) e contempla os seguintes estágios: • • • • A checagem foi pessoal (in loco) e também telefônica (posterior à coleta de dados), cobrindo no mínimo 20% do material de cada pesquisador. O universo incluiu a população brasileira com 16 anos ou mais, pertencente a todas as classes econômicas. Foram realizadas 2.061 entrevistas por todo o Brasil, distribuídas em 135 municípios, de modo a representar as regiões geográficas do País. A margem de erro máxima para essa amostra é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, dentro de um nível de confiança de 95%.
BOAS PRÁTICAS Os participantes da pesquisa mencionaram a necessidade do desenvolvimento da farmácia clínica com atendimento especializado por um farmacêutico, ambiente separado e apropriado para consultas, sistemas de imunização e campanhas de orientação sobre cuidados de rotina sobre a saúde. “No entanto, um sistema parecido já pode ser implantado em muitos estabelecimentos. A resolução que trata das Boas Práticas Farmacêuticas já preconiza a utilização de uma sala de serviços farmacêuticos para oferecimento da atenção básica, e 70
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a Resolução 586, de 29 de agosto de 2013, expande para os profissionais farmacêuticos maior responsabilidade no manejo clínico dos pacientes, autorizando a prescrição de alguns medicamentos”, destaca Andrade. Já Pires vê as inciativas com bastante entusiasmo. “No entanto, percebo que falta uma nítida centralização de ações, de criação de diretrizes, de padronização de métodos e do envolvimento formal do Estado.” Ele convida a algumas reflexões: Como as farmácias e os serviços farmacêuticos serão auditados? Os farmacêuticos que são colocados no mercado estão prontos pa-
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A POPULAÇÃO VÊ NAS FARMÁCIAS E DROGARIAS A POSSIBILIDADE IDEAL DE ASSISTÊNCIA BÁSICA À SAÚDE, OU SEJA, A FARMÁCIA CLÍNICA PASSARIA A SER O PONTO DE ATENDIMENTO MAIS PRÓXIMO E ACESSÍVEL À POPULAÇÃO ra essas novas responsabilidades? Os currículos implantados nas escolas de farmácia são capazes de preparar os profissionais para essa nova realidade? Eles sentem-se motivados a enfrentar esse desafio? Passa por essa motivação a implantação de um piso salarial nacional? “Enfim, no cerne dessa discussão está um profissional que ainda possui muitas demandas pessoais para serem resolvidas. A grosso modo, vejo o desenvolvimento da farmácia clínica em farmácias comunitárias como um projeto de longo prazo que ainda demanda questões estruturais mais básicas a serem trabalhadas”, pondera o professor. Ele acredita que há a necessidade do resgate da farmácia clínica no Brasil. Mas salienta que a realidade brasileira é muito diversa, o País tem proporções continentais, cujas diferenças econômicas e sociais são fatores importantes a serem observados nas políticas públicas. “Sempre que se propõe uma estratégia para melhoria de serviços em saúde no Brasil caímos no mesmo erro, oferecemos um serviço sem uniformidade, onde as regiões mais pobres são negligenciadas”, fala. Antes de discutir a implantação da farmácia clínica, é preciso colocar na pauta o básico: a presença do farmacêutico, com condições dignas de trabalho e formação compatível com as necessidades da profissão, em todas as farmácias e drogarias do País. Caso contrário, seria dado apenas mais um passo no caminho da elitização do acesso à saúde.
COMO FAZER A implantação de programas de prevenção da saúde, especificamente dentro das redes de farmácias e drogarias, promovendo o resgate da farmácia clínica brasilei72
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ra, tem de fazer parte de uma reforma mais ampla, em que toda a estrutura do SUS deve ser revista. É preciso criar mecanismos formais que coloquem as farmácias e drogarias como linha de frente no sistema de atendimento básico à saúde e triagem para encaminhamento a sistemas mais especializados. A operacionalização desse processo, segundo Pires, é algo muito complexo. “Precisamos que o sistema único de saúde brasileiro estenda sua bandeira nas farmácias e drogarias e sistematize processos robustos de atenção primária. É impossível imaginar esse cenário sem o uso intensivo de tecnologia de informação integrando todo o arcabouço de saúde por meio de uma rede efetiva de comunicação”, ressalta. É preciso pensar também no treinamento contínuo dos operacionalizadores do sistema, o profissional farmacêutico. Antes de se preocupar com o atendimento, é preciso se ocupar com a gestão. Em saúde pública pode-se dizer que a otimização das partes não leva, necessariamente, à otimização do todo. É preciso criar interfaces para aproveitar a sinergia entre as várias esferas de atendimento e evitar redundâncias no sistema. Ele acredita que qualquer movimento que não reveja todo o processo vai resultar, como sempre, em mais gasto e menos eficiência: “Temos que parar de construir uma colcha de retalhos e enfrentar a complexidade do problema”. O principal benefício da implantação de farmácias e drogarias como unidade de atenção básica à saúde seria a capilaridade que o sistema ganharia. A atenção básica estaria presente, simultaneamente, nas esquinas dos grandes centros e na grande maioria dos rincões do País. Mas quantidade não é sinônimo de qualidade. Uma política simplista, de curto prazo, sem preparar os estabelecimentos e os profissionais para o exercício de tal atividade pode trazer mais risco para a saúde brasileira. “Antes de delegarmos a atribuição de parte da atenção primária aos estabelecimentos farmacêuticos, precisamos desenvolver nessas entidades a competência para tal, além de criar mecanismos eficazes de auditoria e investigação que impeçam desvios das condutas desenhadas na estratégia inicial”, diz Pires. Andrade acredita que, ao iniciar essa discussão, a sociedade está dando o primeiro passo para a inclusão das farmácias e drogarias, oficialmente, como operadores da atenção básica à saúde. “É preciso que essa discussão saia das dependências das universidades e entidades de classe e chegue à sociedade organizada”, finaliza o diretor.
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PONTO DE VENDA
Faltas graves ALGUMAS INFRAÇÕES PODEM COLOCAR TANTO A ATUAÇÃO DA FARMÁCIA COMO A SAÚDE DOS CONSUMIDORES EM RISCO. CONHEÇA AS PRINCIPAIS VIOLAÇÕES E SAIBA COMO REGULARIZAR SEU ESTABELECIMENTO
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POR KATHLEN R AMO S
Ausência de farmacêuticos durante todo o período de funcionamento da farmácia, dispensação de medicamentos tarjados sem receita médica e prestação de serviços farmacêuticos sem as devidas licenças são algumas das irregularidades cometidas pelo setor no Brasil. Segundo especialistas, em alguns estados do País, o índice de irregularidades é alto, e o que mais chama a atenção são as infrações relacionadas à obrigatoriedade da presença de profissionais com formação em farmácia dentro da loja. “Sem sombra de dúvidas, a infração mais comum que torna o estabelecimento irregular é funcionar sem possuir, enquanto aberta, a presença física de um farmacêutico. Essa é uma exigência contida no artigo 15 da Lei Federal nº 5.991/73 há mais de 40 anos e, ainda assim, muitos empresários agem como se esta nor-
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PONTO DE VENDA
CASO A FARMÁCIA SEJA AUTUADA POR INFRAÇÃO, A LEGISLAÇÃO SANITÁRIA, DE UMA FORMA GERAL, ADMITE A POSSIBILIDADE DE APRESENTAÇÃO DE DEFESA, CUJO PRAZO PODE VARIAR DE 5 A 30 DIAS ma não existisse”, lamenta o advogado e consultor jurídico da Associação do Comércio Farmacêutico do Estado do Rio de Janeiro (Ascoferj) e da Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais do Estado do Rio de Janeiro (Anfarmag-RJ), Gustavo Semblano. De acordo com o Censo Demográfico Farmacêutico 2014, estudo desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ), hoje o Brasil apresenta apenas 1,76 farmacêutico para cada 2 mil habitantes. E esse número se destaca novamente quando se vê a distribuição de profissionais graduados nas farmácias do País. Segundo o levantamento, o Brasil tem 97.031 estabelecimentos registrados em conselhos regionais, sendo que, destes, 76.483 são drogarias e farmácias. Desse contingente, 34% das farmácias (aproximadamente 26.613 estabelecimentos), em um determinado momento do dia ou da semana, podem funcionar sem a presença de um farmacêutico técnico responsável. Destas, 4.852 farmácias e drogarias no Brasil funcionam sem a presença integral de um farmacêutico técnico responsável. Dados do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP) apontam que 7% dos estabelecimentos do estado são irregulares, sendo 1% clandestino (sem registro no CRF-SP) e 6% sem responsável técnico farmacêutico perante o Conselho. Das regulares, 90% contam com farmacêutico presente.
ATENÇÃO ÀS AUTORIZAÇÕES PARA PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS Além da irregularidade relacionada à presença do farmacêutico, as farmácias também podem cometer outras infrações que as tornam irregulares, conforme enumera o advogado Gustavo Semblano. São elas: • sanitária emitida pelo órgão de vigilância sanitária local; • 76
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ENTENDA O TERMO DE AJUSTE DE CONDUTA (TAC) A RDC 44/09 não permite a presença parcial do farmacêutico técnico responsável nos estabelecimentos. No capítulo 2º, artigo 3º, a resolução deixa claro que “as farmácias e as drogarias devem ter, obrigatoriamente, assistência de farmacêutico responsável técnico, ou de seu substituto, durante todo o horário de funcionamento do estabelecimento, nos termos da legislação vigente”. No entanto, essa realidade é diferente em algumas regiões do País, conforme explica o diretor de pesquisa do ICTQ, Marcus Vinicius Andrade. “Em alguns estados onde a ausência do farmacêutico e a má distribuição desses profissionais é mais impactante, o Ministério Público expede um Termo de Ajuste de Conduta (TAC). Esse é um documento utilizado pelos órgãos públicos para a autorização de situações que estão contrárias à legislação vigente. É o caso de estados como Paraíba, Pará, Pernambuco e Alagoas”, explica. No entanto, a ausência do farmacêutico nos estabelecimentos, mesmo mediante os TACs, mostra-se danosa tanto ao consumidor quanto ao estabelecimento. “Hoje, 84% dos brasileiros veem as farmácias como uma loja de conveniência, minimercado ou loja de cosméticos”, diz Andrade.
rização de Funcionamento de Empresa (AFE) emitida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); • terial, perfuração do lóbulo auricular, verificação de temperatura corporal, aplicação de injetáveis etc.) sem prévia inclusão na licença sanitária e na AFE; • profissional graduado em Farmácia. Outra infração que os estabelecimentos podem cometer é dispensar medicamentos tarjados sem a devida receita médica. “Com essa ação, a farmácia corre todos os riscos jurídicos possíveis, inclusive na área indenizatória e criminal, uma vez que o pressuposto legal da dispensação de um medicamento tarjado é a prescrição médica”, alerta Semblano.
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PONTO DE VENDA
COMO REGULARIZAR A SUA FARMÁCIA Contrate um farmacêutico que efetivamente vá prestar assistência farmacêutica e não um que apenas queira “assinar”. Não fique sem um farmacêutico enquanto a drogaria estiver aberta ao público, a não ser quando o profissional estiver no seu devido intervalo para almoço e descanso (intervalo intrajornada). Antes de abrir uma drogaria, verifique se terá condição de pagar tantos farmacêuticos (de um a três) quantos forem necessários para atender aos horários de funcionamento do estabelecimento. Lembre-se de que as farmácias precisam da licença sanitária e da AFE para funcionar. Para regularizá-las, deve-se seguir os requisitos legais previstos na Lei Federal nº 5.991/73 e na Resolução RDC nº 17/13 da Anvisa, apresentando, entre outros itens, a comprovação da presença de um farmacêutico durante o horário de funcionamento e o contrato social ou estatuto social, além do pagamento da taxa devida. Para se regularizar no CRF-SP, recorra ao registro de empresa. O interessado deverá apresentar o contrato social de constituição da empresa e demais alterações (se houver), assim como o número do CNPJ. Deverá comprovar, ainda, que possui farmacêuticos suficientes para garantir assistência farmacêutica integral, apresentando o comprovante do vínculo empregatício desses profissionais. Busque assessoria técnica com um advogado ou farmacêutico especializado. Fontes: advogado da Ascoferj e Anfarmag-RJ, Gustavo Semblano e CRF-SP
COMO PROCEDER EM CASO DE AUTUAÇÃO? Caso a farmácia seja autuada por infração, a legislação sanitária, de uma forma geral, admite a possibilidade de apresentação de defesa, cujo prazo pode variar de 5 a 30 dias. “A defesa não precisa ser feita por advogado, mas deve ser realizada por alguém que tenha conhecimento da legislação sanitária”, afirma o advogado Gustavo Semblano. O CRF-SP explica que, conforme previsto em resolução do Conselho Federal de Farmácia (CFF), “a empresa tem cinco dias para protocolar recurso ou regularização no CRF do seu estado, os quais serão devidamente analisados pelo plenário do regional, de acordo com a Lei 3.820/60”.
O QUE PODE VIR JUNTO COM O AUTO DE INFRAÇÃO? Por vezes, juntamente com a lavratura do Auto de Infração, pode ser feito um Auto de Interdição do Estabelecimento. “Nesse caso, um agente de fiscalização 78
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sanitária ingressa na farmácia e constata a dispensação de um medicamento controlado sem que o farmacêutico esteja presente. De imediato, o fiscal pode interditar o local, lavrando um Auto de Interdição do Estabelecimento”, adverte Semblano. Pode ser expedido, ainda, o Auto de Apreensão de Produto, nos casos em que um agente de fiscalização sanitária constata que medicamentos termossensíveis se encontram fora da geladeira. “De imediato, o fiscal pode apreender esses produtos para uma perícia, lavrando um Auto de Apreensão de Produto”, explica o advogado. Algumas infrações também podem fazer com que as farmácias percam sua licença de funcionamento. “A Lei Federal nº 6.437/77 considera infrações sanitárias que permitem o cancelamento da autorização de funcionamento e/ou cancelamento da licença sanitária mais de 15 hipóteses, como a dispensação de um medicamento tarjado sem a devida receita médica (art. 10º, XII)”, mostra Semblano.
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GESTÃO
Estreitando
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PARA SUPERAR A CONCORRÊNCIA E GARANTIR A FIDELIDADE DO CONSUMIDOR, OS VAREJISTAS PRECISAM RETOMAR O PAPEL ANTIGO DO FARMACÊUTICO, QUE CONHECIA O PERFIL E OS HÁBITOS DOS CLIENTES
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POR FLÁVIA CORBÓ
Por muitos anos, o farmacêutico foi um importante agente da comunidade, que exercia um papel semelhante ao de um médico da família. Com uma clientela pequena e fiel, o profissional conhecia cada um, sabia o histórico de sua saúde e conseguia sugerir tratamentos de maneira individualizada. A partir da década de 1970, o desenvolvimento da indústria farmacêutica no País trouxe muitas empresas multinacionais e medicamentos industrializados. Ao mesmo tempo, as cidades se expandiram e o
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elo de cumplicidade entre o farmacêutico e o cliente foi se perdendo. A relação essencialmente comercial é a que prevalece nos tempos atuais, mas muitos profissionais já perceberam que, para conquistar a fidelidade do consumidor, bombardeado constantemente com informações da concorrência, é preciso voltar a conhecê-lo. Nas farmácias localizadas em cidades menores, é possível trabalhar essa proximidade da maneira tradicional, com conversa e ‘‘olho no olho’’. Mas, nos estabelecimentos situados em grandes centros, onde a circulaFOTO: SHUTTERSTOCK
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GESTÃO
ção de clientes é enorme, a tarefa é mais complicada. A solução é armazenar o perfil do cliente de maneira automatizada – e não mais somente na memória, como acontecia com os profissionais de antigamente. A melhor forma de fazer isso é utilizando um software de cadastro de clientes capaz de cruzar informações de perfil e hábito de compras. Para os que possuem pouca intimidade com o universo digital, pode parecer algo difícil, além de caro para ser implementado, mas especialistas garantem que não é. As opções de softwares são muitas e algumas, inclusive, são gratuitas. Farmácias que já possuem instalados no computador programas como Excel e Access podem montar um banco de dados usando uma dessas ferramentas. Dependendo do nível de conhecimento dos programas, talvez seja necessário contratar um programador para montar o cadastro e gerir os relatórios. Apesar de esses recursos serem opções válidas, os especialistas em gestão de varejo são unânimes ao afirmar que softwares específicos para banco de dados de clientes têm mais opções, podem trazer melhores resultados e são gerenciados mais facilmente. Os chamados programas de Customer Relationship Management (CRM) – Gestão de Relacionamento com o Cliente, em inglês – não são gratuitos, mas apresentam custos viáveis. “Há muito programador, muitas empresas, muita oferta... Então ficou mais acessível obter um software. Tem muitos programas voltados para o próprio setor de varejo farmacêutico, muitos deles patrocinados por laboratórios”, garante o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Fabiano Nagamatsu. Farmácias que já contam com softwares de gestão de estoque podem verificar com o próprio fornecedor do sistema se há alguma ferramenta voltada para o cadastro de clientes. Independentemente da opção escolhida, é preciso checar se ela atende às necessidades do empreendimento. “Às vezes, o cadastro solicita informações que você não utiliza. São tantas coisas, que o sistema trava toda hora. Aí o funcionário deixa de utilizá-lo”, alerta Nagamatsu.
TRAÇANDO O PERFIL Um bom cadastro de clientes deve conter informações básicas, que facilitem a identificação ou o contato com aquele consumidor, como telefone, e-mail, endereço, CPF e RG. Mas serão as informações adicionais que colaborarão para um atendimento mais persona82
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AS OPÇÕES DE SOFTWARES SÃO MUITAS E ALGUMAS, INCLUSIVE, SÃO GRATUITAS. FARMÁCIAS QUE JÁ POSSUEM INSTALADOS NO COMPUTADOR PROGRAMAS COMO EXCEL E ACCESS PODEM MONTAR UM BANCO DE DADOS USANDO UMA DESSAS FERRAMENTAS lizado. Saber que um cliente tem uma doença crônica, por exemplo, é bastante útil. No caso de farmácias de manipulação e homeopáticas, guardar um histórico de fórmulas solicitadas e o contato do médico responsável pela prescrição também são práticas relevantes. As farmácias e drogarias convencionais também devem investir em um banco de dados contendo um histórico de compras, que envolve não só medicamentos, mas produtos de higiene e beleza. “Também é importante saber qual a maneira que cada cliente deseja receber informações sobre a farmácia. Tem pessoas que ainda preferem mala direta; outras, e-mail ou até SMS, no caso do público mais jovem”, informa o professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV-EAESP), Adalberto Belluomini. “Perguntar com que frequência se deseja receber essas informações também é importante para não causar desconforto. Há softwares que já conseguem fazer esse controle de envio.” Para obter esses dados do consumidor, o varejista precisa cumprir uma etapa delicada: o preenchimento do cadastro. A pressa do dia a dia e até a desconfiança em relação ao que será feito com as informações desencorajam muitos clientes a fornecer os dados solicitados. Cabe aos atendentes, portanto, ter a sensibilidade de abordar o cliente no momento mais oportuno. “É preciso observar. Uma pessoa que está fazendo uma compra maior provavelmente não está com pressa, então estará mais disposta a ceder esse tempo. O cadastro não precisa ser muito extenso. É possível ir otimizando as informações ao longo do
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GESTÃO
CONHEÇA O CRITÉRIO DE PONTUAÇÃO RFVC Um dos recursos mais utilizados pelas farmácias e drogarias para tentar fidelizar a clientela é o programa de pontos com descontos progressivos. Para que a política promocional seja feita com eficiência, é preciso seguir alguns critérios. Um dos modelos existentes é chamado de score RFVC.
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RECÊNCIA:
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CESTA DE PRODUTOS:
Avalia o quão recente é o cliente. Um novo consumidor ganha pontos por ter realizado a primeira compra, mas o cliente antigo também deve ser beneficiado. A cada ano de fidelidade, pode ganhar pontos.
A periodicidade com que o cliente faz compras naquela loja. A cada compra, o cliente pode acumular um ponto.
Quanto o cliente gasta na farmácia ou drogaria. Cada real gasto pode ser revertido em pontos ou, em compras acima de determinado valor, acumula-se pontuação.
Clientes que compram produtos de diferentes setores – medicamentos com receita, medicamentos livres de prescrição, higiene e beleza – têm vantagens em pontos se comparados aos que fazem compras limitadas a uma categoria.
ATENÇÃO: O ideal é utilizar os quatro critérios para criar um sistema de pontuação mais justo e ponderado, mas, caso o varejista prefira, também é possível adotar apenas um ou alguns dos itens do RFVC.
tempo, com o estreitamento da relação”, afirma Belluomini. Outra tática que garante maior sucesso no preenchimento de cadastro é oferecer algum benefício em troca, como um cartão-fidelidade da loja, que dê direito a descontos e acúmulo de pontos. Uma vez preenchido o cadastro, é preciso garantir que os dados sejam atualizados periodicamente, ou a comunicação com o cliente poderá ser interrompida caso ele mude de residência ou telefone, por exemplo. Especialistas recomendam que a atualização seja feita a cada seis meses ou um ano. “O software pode avisar quando aquele cadastro expirou e você pode entrar em contato com o cliente, oferecer algum desconto pela fidelidade e aproveitar para confirmar se os dados permanecem os mesmos”, sugere Naga84
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matsu. Quanto ao hábito de compras, o ideal é que as informações sejam “recicladas” a cada novo gasto. “Existem softwares que são integrados aos caixas e armazenam o histórico do cliente”, conta o superintendente da ECR Brasil, Claudio Czapski.
RESULTADOS E GANHOS O maior benefício de manter um cadastro completo e atualizado é poder investir em uma comunicação mais assertiva com os clientes. Ao conhecer o perfil e o comportamento dos consumidores que frequentam a farmácia, é possível investir menos recursos em ações de marketing e, ao mesmo tempo, ter um retorno muito mais positivo. “Atendi um empresário que enviava quatro mil cartas e só conseguia atingir três clientes.
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SEGMENTAÇÃO DE CLIENTES Com base na pontuação mostrada, o farmacêutico pode categorizar os clientes por nível de importância, por meio de uma curva ABC. Ou seja, 20% dos clientes mais importantes são os clientes A; outros 30% são os clientes B; e os 50% restantes são clientes C. Com base nesses dados, o varejista pode montar programas de reconhecimento. Os clientes A podem ser surpreendidos com algum brinde ou um bom desconto. “Dessa maneira, você trabalha a fidelidade de clientes importantes, que trazem muita rentabilidade à farmácia”, ressalta Adalberto Belluomini, lembrando que, “para que um critério desses fique ‘redondo’ e o varejista sinta os efeitos do programa de fidelidade, são necessários cerca de dez anos. É um processo de gestão da empresa, a médio e longo prazo.”
50% 30%
20%
A
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tratamento contínuo, etc. De acordo com Adalberto Belluomini, da FGV, a criatividade é o limite. “A única coisa que precisa ser levada em consideração é que a ação não deve afetar a rentabilidade da loja. Mas fazer um investimento sempre é necessário. O cliente lhe dá lucro, então é preciso converter parte dos ganhos em um agrado.”
As ferramentas informatizadas também já chegaram ao estoque. Conheça.
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Isso porque ele estava mandando para as pessoas erradas ou da maneira errada”, exemplifica Nagamatsu. “Daí a importância de se trabalhar bem as ferramentas de Business Intelligence (BI), que são capazes de cruzar inúmeras informações e indicar o caminho para uma maior rentabilidade.” As possibilidades de ação a partir de um atualizado mailing de clientes são inúmeras e vão desde as mais tradicionais até as inovadoras. É possível mandar uma correspondência – impressa ou digital – no dia do aniversário do consumidor, enviar um cartão de Natal, promover campanhas com brindes, criar uma mensagem de boas-vindas a um cliente novo, oferecer descontos progressivos a clientes fiéis, divulgar ofertas ou lançamentos de medicamentos para pacientes que fazem
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TENDÊNCIA
O poder da venda agregada O ESTÍMULO DA COMPRA POR IMPULSO DE ITENS ASSOCIADOS AO PRODUTO PRINCIPAL PROVOCA VENDAS QUE NORMALMENTE SERIAM ESQUECIDAS PELOS CONSUMIDORES P O R E G L E LEONA R DI 86
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Ao entrar no autosserviço de uma farmácia, por exemplo, um consumidor procura por fraldas e vai diretamente à gôndola de artigos destinados aos bebês. No local, ele encontra também lenços umedecidos, já que são produtos relacionados e podem fazer com que o cliente o compre por impulso. Isso ocorre porque ele acaba se lembrando do produto na hora da compra. FOTO: FELIPE MARIANO
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Obviamente a função da venda agregada é aumentar a rentabilidade da loja, e esse conceito é importante principalmente para se escolher quais itens deverão ser utilizados. Conhecer as necessidades do cliente é um procedimento fundamental para agregar vendas. Existem inúmeros produtos que podem ser relacionados com outros, como: acetona com algodão, adoçantes com shakes de emagrecimento, antissépticos com curativos, tintura capilar com luvas e pincéis, algodão em disco com maquiagem, lubrificante íntimo com produtos masculinos e femininos, analgésicos com termômetros, xampus com cremes para cabelos, talco para pés com cortadores de unha, sabonete com esponjas etc. Se observarmos na farmácia, a maioria dos produtos pode ser relacionada com outros. É interessante perceber que quem toma qualquer tipo de medicamento tem as mesmas necessidades básicas: tomar banho, escovar os dentes, lavar os cabelos. Esses são os produtos que podem ser oferecidos para todos os clientes. Isso porque a venda agregada não se faz apenas na exposição nas gôndolas, mas na atitude do atendente. A técnica é simples: primeiro, é fundamental conhecer bem o cliente para ofertar o item correto para sua necessidade. Ao oferecer, deve-se considerar que a necessidade é dele, então é preciso perguntar: “O senhor tem termômetro em casa?”. Isso para o caso de ele estar procurando um antitérmico, por exemplo. Não se deve usar frases como “o senhor quer um termômetro?”, porque ele não quer, ele precisa desse item. Assim, a venda adicional começa quando o cliente chega à farmácia e a informação é o que agrega o maior e melhor valor à venda. De acordo com a consultora especialista em varejo, Silvia Osso, salvo na perfumaria que isso é permitido, para os medicamentos a legislação não recomenda e, em alguns casos, até impede essa venda agregada. “Para alguns Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) a técnica até é empregada, mas não é incentivada e muitas fiscalizações regionais reprovam. Na perfumaria funciona melhor com produtos populares das categorias de higiene oral, corporal, cabelos e alguns itens infantis”, comenta. Ela explica que essa prática dá ao cliente a sen-
É BOM SEPARAR A NOMENCLATURA • Venda extra: é aquela que se faz sem nenhuma associação com os outros produtos que o cliente está levando. Por exemplo, o cliente busca um medicamento para hipertensão e é oferecida a ele uma vitamina. No caso da Drogaria SP, eles simplesmente expõem em locais estratégicos em pilhas ou cestos enormes com ótima sinalização visual e eles vendem por si só. • Venda agregada, adicional ou associada: é aquela em que o item sugerido tem sempre a ver com o principal. Por exemplo, o cliente busca fio dental e é oferecido também enxaguatório bucal. O mesmo vale para sabonete íntimo com absorvente, esmalte com removedor de esmalte etc. Os produtos podem estar compostos em packs ou serem sugeridos pelos atendentes.
sação de vantagem no que diz respeito à economia e ajuda, de alguma forma, a divulgar a imagem de preço mais baixo, o que nem sempre é verdade. “A Drogaria SP faz isso há muito tempo com sabonetes, pastas dentais e outros nas cestas perto do caixa. O recall é tão forte que, quando se faz pesquisas perguntando que rede é mais barata, essa drogaria está sempre na frente”, ressalta.
PREÇOS COMPETITIVOS A professora do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para Farmacêuticos (ICTQ) e farmacêutica com especialização em marketing, merchandising aplicado, layout, neurolinguística, homeopatia e didática, Giovanna Dimitrov, comenta que atualmente as empresas de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC), em negociação com as grandes redes de farmácias, já fazem o que se chama de packing promocional. “São itens exclusivos (montados apenas para a rede ou grupo de empresas) e funcionam muito bem para agregar. Vale lembrar que falamos do não medicamento e de itens que têm uso comum”, diz. A especialista defende que o varejo farma das grandes redes atualmente possui preços bem competitivos nessas linhas e o consumidor do varejo alimentar (que adquire itens de HPC na 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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EXEMPLOS DE ITENS QUE PODEM TER VENDA AGREGADA • e pomada contra assaduras. • • shakes de emagrecimento. • • • • masculinos e femininos. • • • • • com lenço de papel. • com anticoncepcional. • antigripais e antidiarreicos. • • • aparelhos para aferição da pressão arterial. •
ESSA PRÁTICA DÁ AO CLIENTE A SENSAÇÃO DE VANTAGEM NO QUE DIZ RESPEITO À ECONOMIA E AJUDA, DE ALGUMA FORMA, A DIVULGAR A IMAGEM DE PREÇO MAIS BAIXO compra mensal) acaba comprando no canal farma quando vê algum benefício (preço melhor, item exclusivo, brinde promocional). Ela acredita que o pequeno varejo farmacêutico precisa se unir e negociar direto com as grandes empresas de HPC para ganhar alguns benefícios: 88
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“Geralmente as drogarias independentes não usam bem a ferramenta de agregar. Independentemente da patologia do cliente, ele é normal... toma banho, lava a cabeça, escova os dentes e quer pagar menos em todos estes itens. Se cada cliente da drogaria levasse um sabonete, já teríamos um aumento no tíquete médio.” Para isso é necessário criar uma lista de itens para auxiliar o atendente a oferecer os produtos corretos e adequados à necessidade dos clientes, mas é necessário muito treinamento da equipe. Assim, a técnica tem menos adesão no Brasil que em países cuja gestão do varejo é mais desenvolvida. “Quando o foco está nas necessidades dos clientes fica mais fácil agregar. As vantagens são para todos os lados (cliente, drogaria e fornecedor). Quando o proprietário coloca em primeiro lugar as próprias necessidades, os resultados dessa prática não são observados e ocorre o que chamamos de desserviço”, fala Giovanna. Esse desserviço acontece, por exemplo, quando os colaboradores acabam oferendo em todas as partes da loja (balcão, perfumaria e caixa) o mesmo item, sem observar as necessidades de cada cliente. Dessa forma, o consumidor acaba desconfiando de que esse produto deve ser melhor para quem vende do que para quem compra. A especialista defende que a técnica não gera desvantagem quando bem aplicada. Ela ressalta que, se o proprietário coloca itens que têm procura (básicos de HPC) a preços competitivos, não existiria prejuízo para nenhuma das partes. Como nem tudo ocorre em condições ideais, comprar errado (mais caro) e sem analisar a necessidade do cliente seria uma desvantagem e prejuízo na certa. Silvia Osso ensina que qualquer comprador e qualquer funcionário da área de vendas pode atuar na venda agregada, principalmente no que se refere à exposição: “Não há necessidade de cuidados especiais. A própria indústria muitas vezes já entrega os packs prontos”. No entanto, o treinamento da equipe é que faz a diferença. Já para Giovanna, independentemente do tamanho da drogaria, quando o foco é no cliente e no relacionamento com ele, a venda agregada acontece de modo mais fácil. “É só constatar esta teoria... vendemos mais para clientes amigos”, finaliza a especialista.
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COMPETITIVIDADE
Alternativa para o
mercado de medicamentos
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FOI DA ÁREA DE SIMILARES QUE SURGIRAM OS PRIMEIROS EMPRESÁRIOS DISPOSTOS A FABRICAR GENÉRICOS, CUJA EXPANSÃO FORTALECEU NOTAVELMENTE A PRESENÇA DE EMPRESAS NACIONAIS NA ÁREA FARMACÊUTICA
LUIZ CARLOS SILVEIRA MONTEIRO CEO da ePharma 90
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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou em consulta pública uma decisão que confere aos medicamentos similares o mesmo patamar dos genéricos. Essa mudança vai permitir aos pacientes com uma prescrição médica que escolham um produto de marca mais barato como substituto para o seu tratamento. A nova proposta, chamada de intercambialidade, tem o objetivo de ampliar a concorrência e reduzir os preços dos medicamentos. Os similares são aqueles que contêm os mesmos princípios ativos, mesma concentração, forma farmacêutica, via de administração, posologia e indicação farmacêutica, preventiva ou diagnóstica do medicamento de referência registrado no órgão federal responsável pela vigilância sanitária. Eles podem diferir apenas em características relacionadas a tamanho e forma do produto, prazo de validade, embalagem e rotulagem, devendo ser identificados por nome comercial ou marca. As embalagens dos similares também sofrerão mudanças. Elas terão de manter um padrão como o uso da faixa amarela e o símbolo EQ, que significa equivalente. O prazo para a alteração será de até 180 dias, a partir da publicação da resolução, que deve ocorrer em até 3 meses. Na época da implantação dos genéricos, a maior resistência partiu dos fabricantes de medicamentos de referência e dos produtores de similares. Esses últimos têm princípios ativos idênticos aos outros, mas até agora eles não eram submetidos aos exames de bioequivalência e
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biodisponibilidade. Com a nova política, até o final de 2014, os similares deverão passar por três testes que comprovem o mesmo efeito no organismo e as mesmas semelhanças de qualidade do medicamento de referência. Aqueles que não comprovarem a equivalência não poderão ser comercializados. Os testes serão de bioisenção, equivalência farmacêutica, biodisponibilidade relativa e bioequivalência. A Anvisa será a responsável pela aprovação dos medicamentos. A oposição inicial dos produtores de similares não se deveu a questões de preços, pois eles podiam vender até mais barato, mas ao receio de que fatias do seu mercado fossem capturadas pelos genéricos, cuja qualidade é testada. No entanto, foi da área de similares que surgiram os primeiros empresários dispostos a fabricar genéricos, cuja expansão fortaleceu notavelmente a presença de empresas nacionais na área farmacêutica. A proposta tem tudo para beneficiar o povo brasileiro, reduzindo gastos em medicamentos. O reajuste dos similares será feito de acordo com uma fórmula estabelecida pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) e com o Ministério da Saúde; eles terão uma redução de pelo menos 65% no preço em relação aos da marca. São passos importantes para o consumidor brasileiro, contribuindo para a manutenção do seu tratamento. O próximo é a ampliação do acesso por meio da consolidação do pagador institucional de medicamentos. FOTO: DIVULGAÇÃO
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GRIPES E RESFRIADOS
O PROBLEMA ACOMETE PARTE SIGNIFICATIVA DA POPULAÇÃO TODOS OS ANOS. ESSAS DOENÇAS SÃO PARECIDAS, MAS APRESENTAM PARTICULARIDADES P O R L Í G I A FAV O R ETTO
Semelhantes, mas diferentes
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O inverno está chegando e, com ele, as gripes e os resfriados. Essas são doenças respiratórias que aumentam cerca de 40% no período. Pode parecer difícil e confuso diferenciá-las, assim como entender as pequenas particularidades de cada uma. Muitas dúvidas e questionamentos surgem por parte da população, que deseja prevenir-se da melhor maneira possível. A gripe é contagiosa, acomete todos os anos de 10% a 30% da população, de qualquer idade, segundo dados da Organização
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Mundial da Saúde (OMS). Tanto a gripe quanto o resfriado são doenças virais. Ela é causada pelo vírus influenza e ele é desencadeado por vários tipos de vírus, como o rinovírus, o adenovírus, o parainfluenza, entre outros, conforme explica o infectologista do Hospital 9 de Julho, Dr. Gustavo Johanson. ”A gripe comum, ou sazonal, pode apresentar um quadro um pouco mais severo que o do resfriado. A principal diferença é que a gripe derruba o indivíduo, ele fica acamado, com febre alta (maior que 38º – de início súbito), tosse, dores no corpo, na cabeça, musculares e nas articulações, além de FOTOS: SHUTTERSTOCK
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ESPECIAL SAÚDE
GRIPES E RESFRIADOS
SINTOMAS QUE DIFERENCIAM A GRIPE DO RESFRIADO COMUM SINTOMAS Início Febre elevada e persistente Tosse produtiva Tosse seca Cefaleia Mialgia (dor muscular) Fadiga, mal-estar Espirros, obstrução nasal Dor de garganta Dor torácica Dor no peito Complicações
GRIPE Súbito Sim Não Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Comum Pneumonia
RESFRIADO Gradual Incomum Sim Não Incomum Não Não Sim Sim Sim Leve Sinusite
Fonte: Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
NOS PAÍSES INDUSTRIALIZADOS, O INFLUENZA É UMA DAS INFECÇÕES RESPIRATÓRIAS MAIS COMUNS EM ADULTOS. ESPECIALISTAS ACREDITAM QUE ELA ACOMETA, ANUALMENTE, DE 5% A 10% DA FORÇA DE TRABALHO. NO BRASIL, SERIA O EQUIVALENTE ENTRE 7 E 14 MILHÕES DE PESSOAS dificuldade respiratória. As corizas e os espirros ficam por conta dos resfriados”, explica. Os resfriados são infecções também respiratórias, porém menos graves, de menor repercussão sobre a saúde, sem febre ou com febre baixa, sem inca94
pacitação para as atividades diárias e que evolui sem complicações, de acordo com a vice-presidente da Associação Brasileira de Imunizações (SBIm), Dra. Isabella Ballalai.
VARIAÇÕES E CONTÁGIO “Os vírus da influenza, que em geral circulam entre os seres humanos, são divididos nos grupos A e B e sofrem modificações com facilidade e de modo imprevisível”, acrescenta a especialista da SBIm. As gripes estão entre as formas mais rápidas de disseminação, devido à alta contagiosidade. Mas o período de incubação é curto, em média três dias; no caso dos resfriados, esse período passa para cinco dias. “A gripe pode ser transmissível desde um dia antes do início dos sintomas até sete dias após, em adultos sadios; dez dias em crianças e até mais de 30 dias em imunodeprimidos”, diz. O principal meio de transmissão tanto das gripes quanto dos resfriados ocorre por meio de gotículas de saliva (tosse, espirro, fala, riso), de secreções respiratórias e dos fluídos corporais das pessoas infectadas.
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ESPECIAL SAÚDE
GRIPES E RESFRIADOS
VACINAÇÃO CONTRA INFLUENZA Embora a OMS recomende, de forma geral, a imunização com a vacina inativada a partir dos 50 anos de idade, limite etário variável, dependendo da epidemiologia da gripe em cada país, além dos profissionais de saúde e/ou contactantes domiciliares de pacientes com potencial risco de infecção complicada, como também devem ser vacinados os cuidadores domésticos, voluntários e crianças em domicílios de pacientes de alto risco, hoje a vacina é recomendada a partir dos seis meses de idade, já que é a forma mais eficaz e econômica de prevenção do influenza sazonal e pandêmico, capaz de reduzir a morbidade e mortalidade. A Dra. Isabella Balalai, da SBIm, comenta que a população só acredita naquilo que vê, por isso, quando aconteceu a pandemia da gripe A (H1N1), em 2009, muitas pessoas quiseram se imunizar. “Somente o pânico ou a obrigatoriedade faz com que as pessoas se previnam.” Ela diz que as pessoas precisam se vacinar também nos períodos sazonais e não só nos períodos pandêmicos, sobretudo quando muitos jovens trabalhadores são atingidos. “Muitas pessoas usam máscara, o que protege, mas se esquecem de que a transmissão acontece também pelas mãos.” Os especialistas garantem que a vacina é segura. É feita com o vírus morto e hoje já existe a trivalente que atua contra as duas cepas da gripe sazonal mais a H1N1.
Dra. Isabella Ballalai lembra que o contato com superfícies contaminadas também é fonte de infecção, principalmente quando as mãos são levadas à boca e aos olhos. “No inverno, as gotículas permanecem por mais tempo nos objetos, que estão alocados em estabelecimentos fechados, devido ao frio”, lembra o Dr. Johanson, infectologista do Hospital 9 de Julho. Manter os princípios básicos e mínimos de higiene pessoal, como lavar as mãos com água e sabão, é um meio eficaz de prevenir o contágio. De acordo com o especialista, limpar superfícies como mesas e maçanetas de portas é mais uma forma de prevenção, mas, quando há aglomerados, esses métodos de higiene são praticamente impossíveis. “Nos ônibus, metrôs e trens não tem como manter as superfícies de apoio limpas, por isso as gripes e os resfriados são doenças tão comuns”, fala.
ABSENTEÍSMO: UMA CONSEQUÊNCIA Nos países industrializados, o influenza é uma das infecções respiratórias mais comuns em adultos. Especialistas acreditam que ela acometa, anualmente, de 5% a 10% da força de trabalho. “No Brasil, seria o equivalente entre 7 e 14 milhões de pessoas, gerando um custo anual que, nos Estados Unidos, segundo estimativas conservadoras, é da ordem de um bilhão de dólares, mas que pode chegar até a cinco bilhões, como resultado do absenteísmo, da queda na produ96
tividade e do uso do sistema de saúde”, revela a vice-presidente da SBIm, Dra. Isabella Ballalai. Segundo a especialista, os números tornam-se ainda mais significativos quando se considera a cadeia de transmissão do vírus entre colegas. “Uma vez contaminados, têm sua capacidade produtiva afetada e podem comprometer os familiares, que, sendo crianças, passam a necessitar de mais cuidados dos pais”, comenta. A médica lembra ainda que as crianças são as que transmitem o vírus da gripe por mais tempo, o que reforça a importância de um programa de imunização, também, da família.
COMPLICAÇÃO POSSÍVEL Diversos estudos realizados em humanos e animais comprovam que o vírus influenza predispõe a superinfecção bacteriana. O pneumococo, causador da pneumonia, é responsável por até 30% das pneumonias decorrentes da gripe. Essa bactéria é difícil de ser isolada pela falta de recursos diagnósticos sensíveis e específicos e pelo uso prévio de antibióticos. De acordo com um boletim epidemiológico de março de 2009, do Ministério da Saúde, foram registradas aproximadamente 800 mil internações por gripe associada à pneumonia, das quais 39% em crianças até cinco anos, 24% em maiores de 60
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GRIPES E RESFRIADOS
MÉTODOS PREVENTIVOS Farmacêuticos e balconistas podem ensinar alguns hábitos que previnem gripes e resfriados aos clientes: • Procurar isolar-se das outras pessoas, de forma a diminur o contágio; • Espirrar e tossir contra o braço e não na mão; • Lavar as mãos após contato com superfícies; • Antissepsia das mãos com álcool em gel; • Usar lenços descartáveis, não utilizados previamente e descartá-los em locais apropriados; • Não permanecer em ambientes com poeira excessiva e com umidade antiga com mofo; • Evitar aglomerações; • Manter ambientes de convívio e transporte bem ventilados; • Ter acompanhamento médico.
As pessoas que vivem sozinhas, especialmente os idosos, devem pedir a alguém que lhes telefone, duas vezes por dia, para saber se estão bem e devem: • Descansar; • Ingerir muitos líquidos (água, sucos); • Manter uma alimentação balanceada; • Evitar mudanças bruscas de temperatura; • Garantir a umidificação do ambiente (bacia com água, umidificadores, inalação); • Procurar o especialista, se for portador de doença crônica, para instruções específicas; • Evitar uso de derivados de ácido acetilsalicílico. Os sintomas são semelhantes aos da dengue; • Não tomar antibióticos sem aconselhamento médico.
Fonte: pneumologista do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos, Dr. Hassan Ahmed Yassine Neto
anos, 23% de pessoas entre 20 e 59 anos e 13% na faixa de 5 e 19 anos. A vacinação contra a pneumonia é mais uma opção e disponível para doentes crônicos.
NO PONTO DE VENDA Normalmente os antitérmicos e os analgésicos são os medicamentos indicados para alívio dos sintomas de gripes e resfriados, que muitas vezes se curam sozinhos. “Outra recomendação é o repouso”, diz o Dr. Gustavo Johanson, do Hospital 9 de Julho. O uso de antibióticos só se dá para tratar complicações bacterianas secundárias, como otites, sinusites, pneumonia e meningite, além 98
de crises de asma, que também podem ser desencadeadas pelo vírus. A automedicação é muito comum no tratamento de gripes e resfriados. Ele revela que raramente as pessoas procuram o médico nesses casos. “O problema disso é que, se tratadas incorretamente, essas doenças podem evoluir para um quadro mais grave”. O infectologista confia no trabalho desempenhado pelos farmacêuticos e enaltece a responsabilidade que eles têm nesse momento. “O profissional sério deve orientar os clientes que o diagnóstico é uma atribuição médica”, afirma.
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Distúrbios
de defesa
ALIMENTAÇÃO CORRETA, ATIVIDADES FÍSICAS E NOITES DE SONO BEM DORMIDAS AUXILIAM NO FUNCIONAMENTO DO SISTEMA IMUNOLÓGICO E DIMINUEM AS CHANCES DE DOENÇAS INFECCIOSAS
D P O R TA S S IA R OC H A
Dicas de saúde são sempre bem-vindas, em qualquer hora e ocasião. Certo? Sim, correto! Quem nunca escutou a frase “Acho que estou com a imunidade baixa”? As pessoas ouvem esse tipo de afirmação quase todos os dias, em casa ou no trabalho, e aqueles que sofrem com o problema buscam uma resposta sobre o que fazer para melhorar a situação e ficar com tudo em dia.
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Mas nem sempre os farmacêuticos e balconistas estão preparados para responder às questões que podem surgir no que diz respeito aos mecanismos de proteção que o corpo tem contra as doenças, principalmente as infecciosas. É muito importante que o profissional de farmácia saiba avaliar e entender que o sistema imunológico é um conjunto de moléculas, células e tecidos e tem como função a defesa e proteção do organismo contra agentes FOTOS: SHUTTERSTOCK
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IMUNIDADE
SINAIS DE IMUNIDADE BAIXA
Boca: herpes, Sistema respiratório: amigdalite e estomatite gripes e resfriados
Ouvido: otites
Região genital: herpes
Pele: infecções recorrentes, abscessos, doenças gerais causadas por fungos, vírus e bactérias
presença de vômito, diarreia e herpes), infecções fúngicas (candidíase, “sapinho”) e bacteriana (pneumonia, infecção de garganta, infecção renal) são as consequências mais comuns da baixa imunidade. Os maiores problemas estão associados ao fato de o sistema imune não estar apto a reagir contra os agentes estranhos, até mesmo aqueles considerados de baixa patogenicidade ou virulência. Assim, esse consumidor poderá desenvolver uma infecção mais grave ou mais persistente daquela que desenvolveria se esse sistema estivesse competente. Os microrganismos entram em contato com o corpo, e o sistema imunológico inicia sua batalha, recrutando as células de defesa e produzindo substâncias para impedir que os invasores entrem na corrente sanguínea. Esse processo é chamado de resposta imunológica e tem como objetivo eliminar qualquer substância estranha ou microrganismo invasor. O intestino, por exemplo, possui 70% das células de defesa do organismo e do tecido epitelial, que reveste e protege o intestino e é a maior área de contato do organismo com o meio externo. Por isso, é muito importante que o intestino esteja saudável e a microbiota se mantenha equilibrada, para evitar que as bactérias nocivas superem as benéficas, o que poderia representar uma situação de risco.
POSSÍVEIS INTERFERÊNCIAS patogênicos, tais como vírus e bactérias, além da vigilância contra tumores e auto agressões.
COMO FUNCIONA O SISTEMA IMUNOLÓGICO? Existem doenças importantes com as quais as pessoas já nascem ou às quais têm predisposição genética, que causam defeitos nas células responsáveis pela defesa do organismo. Estas são causas primárias de imunodeficiência, e um exemplo é a imunodeficiência comum variável (distúrbios imunológicos). Existem, também, causas secundárias, nas quais as funções imunológicas podem ser alteradas por várias condições ou doenças em diferentes órgãos ou sistemas, acarretando o aumento da suscetibilidade a processos infecciosos, neoplasias ou doenças autoimunes. Quando se tem uma queda transitória da imunidade, abrem-se as portas para infecções virais. Viroses (gripe, relacionadas ao trato gastrointestinal com 102
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Vários são os fatores que interferem no sistema imunológico, como, por exemplo, o uso de medicamentos e problemas emocionais, como estresse, depressão e ansiedade, os quais podem, por meio de neurotransmissores, prejudicar o funcionamento do sistema nervoso. Além disso, variações hormonais intensas também podem alterar a imunidade. “Medicamentos como agentes quimioterápicos, corticosteroides e anticonvulsivantes, por exemplo, podem gerar uma alteração na imunidade, assim como desnutrição, gravidez, envelhecimento, retirada do baço, infecções bacterianas e virais, diabetes mellitus aetc.”, afirma a imunologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dra. Cristina Abud de Almeida. Para o fortalecimento do sistema imunológico, é necessário um conjunto de atitudes que vão desde o equilíbrio emocional e a alimentação saudável até a realização de atividades físicas. A vacinação também é uma forma de intervenção preventiva em saúde pública e tem o objetivo
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ALERTA IMPORTANTE Veja como identificar se a imunidade do corpo está baixa. Existem alguns sinais de alerta para investigação de imunodeficiência primária: • duas ou mais pneumonias no ltimo ano. • Estomatites de repetição ou monilíase (doença infectocontagiosa) por mais de dois meses. • Abscessos de repetição ou ectima. • Epis dio de in ecção sist mica grave (meningite, osteoartrite ou septicemia). • uatro ou mais novas otites no ltimo ano. • in ecções intestinais de repetição diarreia crônica. • Asma grave, doença do colágeno ou doença autoimune. • ist rico amiliar de imunode ci ncia. • en tipo clínico sugestivo de síndrome associada imunode ci ncia. Fonte: imunologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Dra. Cristina Abud de Almeida
de evitar surtos e epidemias de doenças contagiosas, como gripe, catapora, meningite, rubéola, hepatite e tuberculose, entre outras. A administração de vacinas, substâncias preparadas com uma forma atenuada ou morta de um microrganismo patogênico, serve para estimular a resposta imunológica especí ica a esse agente. “A vacina prepara o organismo para que, em caso de infecção, o sistema de defesa possa agir de forma mais rápida e efetiva. Assim, a doença não se desenvolve ou, em alguns casos, se desenvolve de forma mais branda”, afirma o médico alergista e professor adjunto de pediatria da Universidade do Estado do pará (uEpA , dr. runo paes arreto. As vacinas sensibilizam o sistema imunológico do organismo, prevenindo o surgimento de doenças causadas por vírus e bactérias. Assim, as vacinas ajudam o sistema imunológico a criar meios de defesa rápida e eficaz contra esses microrganismos, prevenindo infecções. No caso das vitaminas, são utilizadas de forma preventiva, já as vacinas seriam de forma corretiva. “Na prevenção de patologias sazonais, como adjuvante em processos inflamatórios ou infecciosos 104
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QUANDO SE TEM UMA QUEDA TRANSITÓRIA DA IMUNIDADE, ABREM-SE AS PORTAS PARA INFECÇÕES VIRAIS. OS MAIORES PROBLEMAS ESTÃO ASSOCIADOS AO FATO DE O SISTEMA IMUNE NÃO ESTAR APTO A REAGIR CONTRA OS AGENTES ESTRANHOS, ATÉ MESMO AQUELES CONSIDERADOS DE BAIXA VIRULÊNCIA (agudos ou crônicos) em estados de imunodeficiência para aumentar e/ou fortalecer a imunidade, há vacinas em gotas que podem ser administradas através de cinco gotas até duas vezes ao dia”, informou a farmacêutica da Orange Health, Lucinéia Rocha.
MEDICAMENTOS E VITAMINAS É muito importante, para o fortalecimento da imunidade, que as pessoas não façam uso inadequado de medicamentos, como os corticoides que são agentes anti-inflamatórios e imunossupressores. “Seu uso inadequado causa depressão do sistema imune, predispondo o organismo a infecções. Igualmente, o uso inadequado de antibióticos, principalmente os de amplo espectro, pode induzir a resistência bacteriana e aumentar a gravidade de infecções” afirma a professora do curso de farmácia da Universidade Cruzeiro do Sul, Elaine Hatanaka. Segundo explica a médica, a indústria farmacêutica produz um extenso número de imunomoduladores, como: • enalidomida análoga talidomida com propriedades imunomoduladoras e antiangiogênicas, indicada para pacientes com anemia dependente de transfusões. • inter erons (inter eronas essas proteínas são responsáveis pela resposta antiviral do organismo, em particular para a proliferação de linfócitos T e B e para a liberação de imunoglobulinas.São indicadas para tratamento de tumores como melanomas, linfomas. Agentes que estimulam a produção de leucócitos. A
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baixa contagem de neutrófilos, ou neutropenia, resulta, com mais frequência, de uma interferência na divisão das células progenitoras (mielossupressão). Para pessoas saudáveis, apenas com hipovitaminose, pode-se também administrar: • Vitamina A atua no combate aos radicais livres, formação dos ossos, pele; funções da retina. • Vitamina C atua no ortalecimento de sistema imunológico, combate radicais livres e aumenta a absorção do ferro pelo intestino. • Vitamina E atua como agente antioxidante no combate aos radicais livres. • Vitamina atua no crescimento, proteção celular, metabolismo de gorduras e proteínas, produção de hormônios. “O fortalecimento do sistema imune, seja com multivitamínicos, exercícios ou estilo de vida regrada, deve ser feito de maneira preventiva tanto em indivíduos sadios quanto em situações onde se observa uma maior susceptibilidade a infecções (diabéticos, obesos, idosos), sem necessariamente ser diagnosticada uma imunossupressão , completa a dra. Elaine.
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL Uma alimentação saudável e equilibrada, que inclua todos os grupos alimentares em quantidade adequada, é importante para manter o bom funcionamento do sistema imunológico e, consequentemente, reduzir o risco de acometimento por doenças infectocontagiosas. Entre os alimentos que merecem destaque devido a uma relação mais estreita com o reforço da imunidade, estão os ricos em vitamina C, principalmente as rutas. A vitamina C tem um papel importante, uma vez que possui efeito imunoestimulatório dos linfócitos e protege as células contra o estresse oxidativo que ocorre durante os processos inecciosos , a irma o dr. runo, da uEpA. Outros alimentos relacionados com as defesas do organismo são os probióticos, como os lactobacilos 106
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ORIENTE O PACIENTE DA FARMÁCIA A MANTER A IMUNIDADE EM DIA • avar as mãos várias vezes ao dia. • ingerir litros de água ao dia. • Alimentar-se de maneira equilibrada, incluindo na dieta alimentos ontes de vitamina C e probióticos, como iogurtes e leites fermentados. • praticar atividade ísica regularmente. • Evitar o estresse. • manter uma rotina de sono saudável. • prevenir-se contra variações de temperatura.
presentes em alguns iogurtes e leites fermentados, que conseguem chegar vivos ao intestino e auxiliam no fortalecimento da microflora local, modulando o sistema imunológico desse órgão. Em estudo realizado com idosos, com idade superior a anos, que avaliou o e eito da ingestão regular de . casei dnsobre a ocorrência de infecções de inverno, a duração da doença oi menor no grupo que consumiu os lactobacilos em relação ao grupo que não os consumiu, permitindo concluir que a ingestão regular de alimentos probióticos pode estar associada a uma diminuição na gravidade das doenças de inverno”, explica.
A IMPORTÂNCIA DO SONO A privação de sono e o sistema imunol gico exercem e so rem in lu ncias m tuas. A privação de sono é considerada um estressor, uma vez que induz a elevação do cortisol em seres humanos, substância de potencial efeito imunossupressor. Dormir bem, além de contribuir para maior disposição física e mental, também é importante para o bom funcionamento do sistema imunológico.
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Contusão evitável
PRATICAR ATIVIDADES FÍSICAS ESPORADICAMENTE REQUER ATENÇÃO. MUITOS ATLETAS DE FIM DE SEMANA SÃO ACOMETIDOS POR LESÕES E RUPTURAS DOS MÚSCULOS. O TRATAMENTO É SIMPLES E DEPENDE EXCLUSIVAMENTE DO GRAU DO MACHUCADO
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POR VIV IAN LOURENÇO
Nem bem o expediente se aproxima e a maioria dos trabalhadores está em contagem regressiva para que o fim de semana comece logo. E os perigos que o rodam, também. São nesses dois dias de descanso que muitos resolvem se aventurar e praticar atividades físicas, para poder “compensar” o sedentarismo e a má alimentação tidos
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durante a semana. Porém, a boa intenção pode acabar se tornando um mau negócio. Os atletas de fim de semana são os que estão mais propensos a terem alguma lesão, seja por trauma ou rompimento dos músculos. Dentre os esportes mais praticados e apreciados pelos atletas amadores, estão a corrida, andar de bicicleta, natação, caminhada ou o famoso futebol. FOTOS: SHUTTERSTOCK
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LESÕES MUSCULARES
Segundo os médicos ortopedistas, a lesão pode ser tanto de grau leve ou mais intensa. E atenção, os atletas amadores se assemelham muito aos profissionais quando se machucam, as lesões são as mesmas em ambos os casos. O especialista do Núcleo de Ortopedia do Hospital Samaritano, Dr. Marco Antonio Ambrósio, explica que qualquer tipo de injuria que atinja o tecido muscular é considerada uma lesão muscular. Ela pode acontecer fundamentalmente de duas formas: trauma direto, tipo uma joelhada na coxa do adversário, ou trauma indireto, que são estiramentos e distensões que podem acontecer durante uma corrida, por exemplo. Para o ortopedista do Hospital Alvorada, Dr. Paulo Satiro, as lesões musculares costumam ser frequentes em atletas. “Quando o músculo ‘carrega’ uma carga acima de sua capacidade de resistência, podem surgir as lesões. Estiramento muscular (lesão grau I), rupturas (lesão graus II e III) ou hérnias musculares são alguns exemplos de como podem surgir os problemas musculares.” O presidente do Comitê de Traumatologia do Esporte da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT), Dr. Paulo Lobo, detalha que o paciente pode ter lesões que acometem as fibras musculares ou a própria fascia (camada que cobre o músculo) causando edema (inchaço), distensão dessas fibras e até rupturas. “A maioria dos traumas é direta.”
OS RISCOS DOS ATLETAS ESPORÁDICOS O maior problema do esporte irregular é o preparo inadequado para a realização da atividade desejada. A baixa resistência muscular pode gerar lesões musculares e expor o atleta a traumas. Há, também, possibilidade de surgirem riscos cardiovasculares por esforço acima da capacidade. “O indicado é que o indivíduo faça uma avaliação médica das condições cardiovasculares e realize um preparo físico progressivo, para que esteja apto a movimentar o corpo sem que haja danos à saúde”, ressalta o ortopedista do Hospital Alvorada. 11 0
EM AMADORES OU RECREACIONAIS, SEDENTARISMO, SOBREPESO E FALTA DE ALONGAMENTOS DESENCADEIAM O PROBLEMA. JÁ NOS PROFISSIONAIS AS LESÕES SÃO CAUSADAS POR FADIGA, EXCESSOS DE TREINOS E UM CALENDÁRIO ABSURDO Além disso, outros riscos aos quais esses atletas são expostos estão na falta de condicionamento físico adequado, aquecimento e alongamento. “Tais condições predispõem a musculatura, principalmente das coxas e pernas, a contraturas, estiramentos e distensões”, alerta Dr. Ambrósio. Por esses fatores é que o risco aumenta muito nos esportistas de fim de semana, pois, como eles não têm um preparo muscular, geralmente forçam além do limite, causando uma lesão.
LESÕES MAIS COMUNS Com tanto excesso de atividade, as lesões mais comuns dos esportistas esporádicos acabam sendo as mesmas, na maioria dos casos. Elas atingem mais as áreas dos joelhos, coxas e tornozelos. O especialista em coluna pelo Hospital das Clínicas de São Paulo e membro da SBOT, Dr. Rogério Vidal de Lima, destaca que as mais comuns são dos músculos dos membros inferiores. “Nesses atletas de fim de semana, as contraturas musculares e as lesões por fadiga são as mais frequentes e felizmente as de mais fácil recuperação”, detalha o especialista do Núcleo de Ortopedia do Hospital Samaritano, Dr. Marco Antonio Ambrósio. As lesões da região inguinal (virilha), coxa e panturrilha são a maioria dos casos de atendimento. A lesão número um no esporte é a distensão
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LESÕES MUSCULARES
TIPOS DE LESÕES
Lesões grau I afetam menos de 5% do músculo. Constituem um ponto doloroso e têm bom prognóstico com recuperação rápida
Lesões grau II afetam de 5 a 50% da musculatura. Exigem redução ou paralisação temporária das atividades com recuperação a médio prazo
Lesões grau III afetam acima de 50% da musculatura. Geram incapacidade funcional e o prognóstico é indeterminado, pois podem proporcionar sequelas. A recuperação é lenta
Fonte: ortopedista do Hospital Alvorada, Dr. Paulo Satiro
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(ruptura) do músculo bíceps femoral (região póstero lateral da coxa perto do joelho). Os especialistas revelam algumas poucas diferenças entre as lesões nos atletas profissionais e nos amadores. “Nos atletas profissionais estão entres as causas mais frequentes de afastamento das atividades físicas, pois têm evolução lenta e culminam com a incapacidade de exercer a profissão”, destaca o Dr. Satiro. Portanto, o objetivo é restabelecer de uma forma mais eficiente as lesões nestes atletas. Com relação aos amadores, a prevenção é quase prioritária, por conta da menor estrutura de reabilitação em relação aos atletas profissionais. O que é diferente, segundo Dr. Lobo, é a causa. Em amadores ou recreacionais, sedentarismo, sobrepeso e falta de alongamentos desencadeiam o problema. Já nos profissionais as lesões são causadas por fadiga, excessos de treinos e um calendário absurdo, obrigando competições sem intervalo para repousar o músculo. Por fim, o Dr. Ambrósio, do Hospital Samaritano, ressalta que geralmente as lesões em profissionais, por terem a musculatura mais forte e resistente, quando ocorrem são mais severas que nos amadores e necessitam – via de regra – de um tratamento mais agressivo e precoce. Porém, pode-se dizer que em termos anatômicos não existe diferença quando ocorre um edema ou uma ruptura da musculatura. “A única diferença é que nos profissionais o tratamento é muito mais intenso e começa rapidamente após a lesão. Nesses casos, a recuperação é muito mais rápida”, alerta o Dr. Rogério Vidal de Lima.
TRATAMENTO, RECUPERAÇÃO E ORIENTAÇÃO Passar o fim de semana com dor e encarar a semana de trabalho mancando não é a situação que os atletas amadores imaginavam passar; da diversão o esporte pode se tornar um martírio. Porém, como ressaltado pelos médicos, essa é uma situação mais comum do que se imagina, principalmente pela falta de condicionamento físico. Para cada tipo de lesão há um tratamento diferente. O presidente do Comitê de Traumatologia 11 4
As lesões mais comuns dos esportistas esporádicos acabam sendo as mesmas, na maioria dos casos. Elas atingem mais as áreas dos joelhos, coxas e tornozelos
do Esporte da SBOT, Dr. Paulo Lobo, detalha que aquelas lesões por contusão, o chamado “tostão”, têm como tratamento a crioterapia (gelo) e quanto antes voltar a se exercitar melhor. “Tem as lesões por rupturas e o tratamento, assim como o tempo de recuperação, variam de acordo com o grau: grau I (estiramento), grau II e o grau III, a mais grave que causa até grande edema e equimose (cor azulada na pele pelo sangramento).” Além disso, os tratamentos dessas lesões incluem: fisioterapia ou o uso de muletas como proteção e medicação analgésica e/ou anti-inflamatório. O especialista ainda observa que alguns serviços utilizam do PRP (plasma rico em plaquetas) aplicado dentro da lesão para acelerar a recuperação, mas isso não é um consenso. O especialista do Hospital Samaritano, Dr. Ambrósio, avisa que, na maioria das vezes, o tratamento a ser recomendado é bem conservador e é realizado usando gelo, analgésicos, repouso e retirada da carga inicialmente e, como já dito, medidas de fisioterapia. “O tempo de recuperação é muito variável dependendo do músculo acometido, do tipo de lesão e de sua gravidade. Lesões pequenas podem ficar boas em menos de uma semana, enquanto aquelas mais graves podem superar três meses.”
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ANSIEDADE
Controle natural das emoções O APARECIMENTO DA SENSAÇÃO DE APREENSÃO, NERVOSISMO OU MEDO ESTÁ RELACIONADO AO FUNCIONAMENTO DO CORPO E ÀS EXPERIÊNCIAS DE VIDA E PODE ATINGIR ATÉ 15% DOS ADULTOS. TRATAMENTO MENOS AGRESSIVO ESTÁ SENDO CADA VEZ MAIS BUSCADO PELOS CONSUMIDORES
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Trânsito, rotina, trabalho, transporte público, família, filho... a lista dos fatores que provocam o estresse e a ansiedade é quase infinita. Nos dias atuais, não é raro encontrar fatores que levam as pessoas a terem ansiedade. Ao contrário do que se possa pensar, o sentimento é uma reação natural e indispensável ao ser humano, que pode ser definido como um estado de tensão ou expectativa sobre o presente e o futuro. Pode surgir da percepção de que se está em perigo, ou seja, a partir de uma ameaça. E esse perigo, segundo o gerente médico ambulatorial do Seconci-SP, Dr. Horácio Cardoso Salles, pode ser mental ou físico. Sem a ansiedade, as pessoas certamente teriam grandes problemas ao lidar com situações de risco e ameaça, porque ela é a reação fisiológica
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POR VIV IAN LOURE N ÇO
que permite uma resposta rápida a diversas ocorrências. É o que se chama de reação de luta ou fuga. É considerada normal a ansiedade que se manifesta nas horas que antecedem uma entrevista de emprego, a publicação dos aprovados em um concurso, o nascimento de um filho, uma viagem a um país exótico, uma cirurgia delicada ou um revés econômico, por exemplo. Nesses casos, a ansiedade funciona como um sinal que prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida. O especialista explica que a ansiedade é desencadeada quando o estresse, o medo e a preocupação fazem com que o indivíduo fique inquieto e incomodado, sensações essas que podem desencadear a ansiedade e, também, em estágio mais elevado, outras doenças como o estresse e a depressão. FOTOS: SHUTTERSTOCK
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ANSIEDADE
Além disso, existem causas biológicas, como anormalidades químicas no cérebro ou distúrbios hormonais. “O Transtorno da Ansiedade Generalizada (TAG), segundo o Manual de Classificação de Doenças Mentais (DSM), é um distúrbio caracterizado pela ‘preocupação excessiva ou expectativa apreensiva’, persistente e de difícil controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração, tensão muscular e perturbação do sono.” De acordo com o farmacêutico e analista de marketing da Herbarium, Eduardo Cristiano P. de Oliveira, os transtornos ansiosos são os quadros psiquiátricos mais comuns tanto em crianças quanto em adultos, com uma prevalência estimada durante o período de vida de 9% e 15%, respectivamente. Por ser uma doença comum, Dr. Salles esclarece que os sintomas podem variar de uma pessoa para outra. Além de inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade de concentração e tensão muscular, existem outras queixas que podem estar associadas ao transtorno da ansiedade generalizada: “palpitações, falta de ar, taquicardia, aumento da pressão arterial, sudorese excessiva, dor de cabeça, alteração nos hábitos intestinais, náuseas, aperto no peito e dores musculares”.
NOVIDADES NO TRATAMENTO Para ajudar no combate da ansiedade, muitos medicamentos fitoterápicos e homeopáticos têm sido usados. Porém, é necessário cuidado, já que existe diferença entre essas duas classes de medicações. A diretora farmacêutica da Boiron para o Brasil, Maria Isabel de Almeida Prado, diz que a diferença está no fundamento das terapêuticas, isto é, a alopatia e a fitoterapia estão baseadas no princípio de cura pelos contrários e a homeopatia no princípio de cura pelos semelhantes. “O medicamento que desenvolve uma ação contrária ao sintoma a ser tratado será classificado de alopático. Se esse medicamento for preparado a partir de um vegetal, será classificado como fitoterápico, sendo que sua base terapêutica ainda é a alopatia”. Um exemplo simples é o uso da camomila, um fitoterápico, com ação antiespasmódica. Já para o tratamento homeopático utilizam-se medicamentos “semelhantes”: a substância é experimentada nos indivíduos sadios e observam-se os sintomas que ela desenvolve. Essa substância é preparada em doses mínimas e se transforma no medicamento homeopático. 11 8
A ANSIEDADE É CARACTERIZADA PELA IRRITABILIDADE, EXCITABILIDADE, EMOTIVIDADE E O NERVOSISMO E, DESSA FORMA, UM MEDICAMENTO FITOTERÁPICO PODERÁ SER BUSCADO EM UM VEGETAL COM PRINCÍPIOS ATIVOS CALMANTES E RELAXANTES O especialista do Seconci-SP, Dr. Salles, ressalta que as matérias-primas dos fitoterápicos são plantas (folhas, caule, flores, raízes ou frutos) com efeitos farmacológicos medicinais, alimentícios, coadjuvantes técnicos ou cosméticos. “Na homeopatia, os medicamentos são preparados a partir de substâncias provenientes dos reinos mineral, vegetal ou animal.” A diretora farmacêutica da Boiron completa dizendo que a ação do fitoterápico é contrária a alguns sintomas que o paciente apresenta. Já a utilização dos medicamentos homeopáticos em doses mínimas objetiva despertar a reação do organismo contra os sintomas levantados.
CONTROLE DA ANSIEDADE A atuação tanto dos fitoterápicos quanto dos homeopáticos no tratamento da ansiedade se dá por meio de ações no sistema nervoso central (SNC) que proporciona ao paciente um efeito sedativo e tranquilizante. A ansiedade é caracterizada pela irritabilidade, excitabilidade, emotividade e o nervosismo e, dessa forma, um medicamento fitoterápico poderá ser buscado em um vegetal com princípios ativos calmantes e relaxantes. “O maracujá, por exemplo, é um vegetal tradicionalmente utilizado por promover essa ação”, destaca Maria Isabel. Já o medicamento homeopático, ao ser ministrado em doses mínimas ao paciente ansioso, irá despertar uma reação curativa, individual e adaptada. Por isso, a diretora farmacêutica da Boiron ressalta que se diz que a homeopatia é uma terapêutica reacional, pois trata o desequilíbrio que gerou a doença.
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ANSIEDADE
OS TRANSTORNOS ANSIOSOS SÃO OS QUADROS PSIQUIÁTRICOS MAIS COMUNS TANTO EM CRIANÇAS QUANTO EM ADULTOS, COM UMA PREVALÊNCIA ESTIMADA DURANTE O PERÍODO DE VIDA DE 9% E 15%, RESPECTIVAMENTE INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS Não é por que os fitoterápicos e homeopáticos são produzidos a partir de compostos naturais que o farmacêutico não precisa ficar atento à orientação que vai passar ao consumidor. O gerente médico ambulatorial do Seconci-SP, Dr. Horácio Cardoso Salles, alerta sobre o que pode ocorrer com a associação, na maioria das vezes inadvertida, de dois ou mais medicamentos. “As interações são as mais diversas. O que nos chama a atenção é a que leva a um aumento do efeito de um deles, de todos ou mesmo o surgimento de um efeito que não acontece no uso individual de cada uma das substâncias.” O farmacêutico da Herbarium destaca ainda que, entre as interações mais preocupantes, no caso daqueles indicados para o tratamento da ansiedade, a interação mais comum é com bebidas alcoólicas, pois elas também têm ação no SNC e, por isso, seu uso associado não é seguro.
CATEGORIA RENTÁVEL Uma ampla distribuição nas farmácias e drogarias e, principalmente, pela qualidade na produção dos medicamentos, o que trouxe maior segurança na prescrição e utilização desses medicamentos, fazem da homeopatia e da fitoterapia uma das categorias mais procuradas no tratamento da ansiedade. A diretora farmacêutica da Boiron, Maria Isabel, ressalta que essa mudança nas vendas vem de uma padronização desses medicamentos, já que asseguram bons resultados. “Como todo medicamento alopático, 120
é preciso conhecimento para utilizar, inclusive levando em consideração os efeitos colaterais, as interações medicamentosas e alimentares, as restrições de uso em relação à idade e gravidez.” A homeopatia atravessou dois séculos desde sua criação e está presente na maior parte dos países, onde médicos e farmacêuticos comprovam sua eficácia. Ao longo desse tempo ela tem se mostrado uma excelente opção, como no tratamento de patologias virais e da ansiedade. “O medicamento homeopático, por não interagir com o medicamento alopático ou fitoterápico, pode ser a melhor opção.” Como cada vez mais o consumidor está buscando terapias medicamentosas menos agressivas, essa categoria se tornou popular entre pacientes e profissionais principalmente devido ao seu número reduzido de efeitos colaterais quando comparados com medicamentos sintéticos, revela o farmacêutico da Herbarium. “Os varejistas precisam investir principalmente em um bom mix de produtos e na reciclagem dos seus colaboradores para que estes possam informar adequadamente o paciente em caso de dúvidas.” Por isso, Maria Isabel ressalta que os varejistas devem saber identificar os medicamentos homeopáticos dentro do mix da loja. Além disso, a equipe deve conhecer bem os produtos homeopáticos que estão oferecendo e suas indicações. “Por último, saber reconhecer a oportunidade de oferecer esses medicamentos para atender as necessidades do seu cliente, promovendo saúde com responsabilidade e segurança.”
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ARTIGO
Endometriose: doença atrapalha a concepção?
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MULHERES QUE DESEJAM ENGRAVIDAR E NÃO CONSEGUEM PODEM SER DIAGNOSTICADAS COM O PROBLEMA. MEDICINA EVOLUI E APRESENTA NOVAS SOLUÇÕES PARA O CASO
DR. ASSUMPTO IACONELLI Especialista em Medicina Reprodutiva e diretor do Grupo Fertility 122
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A endometriose é uma das doenças femininas mais prevalentes, afetando entre 10% e 15% das mulheres em idade reprodutiva (de 25 a 35 anos). Trata-se da presença de tecido endometrial fora do útero, podendo se localizar na pelve ou em qualquer outra parte do corpo, além de induzir uma reação inflamatória crônica e muito dolorida. Considerada doença imunológica, há muita controvérsia, ainda, no papel da endometriose na infertilidade. Os mecanismos que explicam o problema em pacientes com a doença dependem da fase em que ela se encontra. Quando mínima ou leve, a endometriose pode prejudicar a função ovariana, peritoneal, as tubas uterinas e o endométrio (camada que reveste o útero), levando a uma fertilização ou implantação defeituosas. Quando a doença é moderada ou grave, pode provocar a infertilidade ou redução nas taxas de gravidez quando comparadas com mulheres com endometriose em estágio inicial. Também pode haver um esgotamento prematuro da quantidade de folículos ovarianos. Mas outros fatores também podem estar envolvidos no desenvolvimento
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de focos de endometriose e na infertilidade, devendo ser investigados detalhadamente. Vale ressaltar que, mesmo que as dores sejam muito intensas, não quer dizer que a infertilidade seja mais grave. Paralelamente aos sinais, sintomas e achados no exame clínico, o padrão-ouro no diagnóstico da endometriose é a videolaparoscopia. Além de promover uma avaliação minuciosa das mais variadas lesões, aderências e teste de permeabilidade tubária, permite estadiar a doença, fazer biópsia de lesões e tratá-las cirurgicamente. Por ser uma doença imunológica e, portanto, recorrente, o tratamento da endometriose consiste em impedir sua progressão e aliviar os sintomas. Os resultados dependem da idade da paciente, do nível de dor, da extensão do processo, da localização, dos tratamentos anteriores e do desejo de engravidar. Quando a paciente tem mais de 35 anos, geralmente indica-se a laparoscopia para eliminar os focos de endometriose e uma indução ovulatória. Se, num prazo de seis meses, a paciente não engravidar, sugerimos a reprodução assistida – mais especificamente a fertilização in vitro. FOTO: DIVULGAÇÃO
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HIPERTENSÃO
DADOS ESTIMAM QUE UM TERÇO DA POPULAÇÃO ADULTA BRASILEIRA APRESENTA ÍNDICES ALTOS. MUDANÇA DE HÁBITO É O MAIOR ALIADO DA PREVENÇÃO E DA CURA POR VIV IAN LO URE N ÇO
Pressão ajustada
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Uma doença assintomática e silenciosa. Muitos brasileiros podem ter os níveis da pressão sanguínea elevados e nem imaginar o risco aos quais estão sendo submetidos. Esse quadro é ainda pior em pessoas obesas. E, como a população mundial apresenta, a cada ano, números a mais na balança, a situação pede atenção. O peso elevado é cada vez mais frequente. De acordo com os cardiologistas, há uma relação entre o aumento de peso e da pressão, mas isso não significa que todo obeso é hipertenso, porém, nesses casos, as probabilidades são elevadas. Uma pessoa é considerada hipertensa quando a sua pressão arterial é acima de 13/8; ótima quando apresenta valor menor que 12/8 e normal é abaixo de 13/8,5. Os hipertensos têm maior propensão a apresentar comprometimentos vasculares, tanto cerebrais quanto cardíacos. A hipertensão é popularmente conhecida como “pressão alta”, está relacionada com a força que o sangue faz contra as paredes das artérias para conseguir circular pelo corpo. O estreitamento das artérias aumenta a necessidade de o coração bombear com mais força para impulsionar o sangue e recebê-lo de volta. Como consequência, a hipertensão dilata o coração e danifica as artérias. Obesidade e pressão alta estão intimamente relacionadas, sendo que a prevalência de hi-
BUSCA POR NOVOS MEDICAMENTOS O Brasil possui cerca de 32 milhões de hipertensos com mais de 20 anos de idade. A doença é responsável por 80% dos derrames, por 40% de doenças como infarto e 37% dos casos de insuficiência renal, que levam os pacientes à diálise. Apesar de não ter cura, com tratamento medicamentoso e mudanças no estilo de vida é possível controlar em 100% nas pessoas atingidas. Cerca de 80% dos hipertensos não conseguem controlar a pressão arterial apenas com uma terapia e, por isso, recorrem à terapia combinada. Um dos compostos mais usados em medicamentos, e que está sendo usado há 25 anos, é a Valsartana, que combate a hipertensão arterial. Um dos desafios da indústria farmacêutica em relação à hipertensão é trazer um novo conceito de tratamento, desenvolvendo terapias que tenham eficácia, combinando diferentes anti-hipertensivos com mecanismos de ação complementares, para menores efeitos colaterais, menos lesões nos órgãos-alvo e menos eventos cardiovasculares, ajudando, assim, a aumentar a taxa de adesão.
pertensão é de cerca de 50% maior nas pessoas obesas. Além disso, o ganho de peso pode causar aumento da pressão arterial e, consequentemente, ao contrário, a redução de peso pode diminuir a pressão arterial. Por esse motivo, os médicos salientam que qualquer pequena perda de peso pode trazer benefício ao paciente hipertenso obeso. Uma dieta pobre em sal e em calorias, rica em frutas e vegetais, utilizando alimentos com baixos teores de gordura saturada, também deve ser estimulada por propiciar a diminuição da pressão arterial, assim como a atividade física aeróbica. O coordenador do centro de hipertensão arterial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Luiz Bortolotto, destaca que existe uma forte associação entre obesidade e hipertensão, de tal forma que a prevalência de hipertensão entre indivíduos magros e normais atinge cerca de 17%. “Vários são os estudos mostrando o impacto da obesidade visceral e o desenvolvimento de 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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HIPERTENSÃO
RISCOS DA HIPERTENSÃO
ESTÁGIOS DE ALERTA
o primeiro é quando a pressão varia entre
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o segundo quando a pressão atinge até
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o último estágio é quando é igual ou maior a
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Não é porque a doença é silenciosa e sem sintomas, que ela deixa de ser perigosa. De acordo com o Dr. Jordão, conforme pesquisa do Ministério da Saúde, a hipertensão atinge, em média, 25% da população brasileira, chegando a mais de 50% nos idosos e 5% nas crianças e adolescentes. “A Sociedade Brasileira de Cardiologia tem dados com prevalência média de 30% na população. É mais comum entre as mulheres (26,9%) do que entre os homens (21,3%)”. O Dr. Munerato, do Lavoisier, esclarece que a HAS pode levar a lesões em diversos órgãos e sistemas do organismo, como coração, encéfalo, rins, vasos sanguíneos, retina etc. As principais complicações relacionadas com a HAS são o infarto do miocárdio e o acidente vascular encefálico. Ao ano estima-se que 7,6 milhões de mortes sejam atribuídas à HAS, sendo que a incidência de acidentes vasculares encefálicos está superior à de infartos do miocárdio. Se não tratada, os pacientes podem desenvolver insuficiência cardíaca e alterações de funções cognitivas cerebrais, alerta o especialista do Hospital Oswaldo Cruz, Dr. Bortolotto. Já a Dra. Cibele, da SBH, destaca que há dois tipos de hipertensos. “Os primários, que são 90% da população e precisam fazer o controle constante, e os secundários, 5%, que não terão cura.”
MUDANDO A ROTINA hipertensão, principalmente entre adolescentes e jovens, nos quais esse fator parece ser mais importante.” E a relação entre o aumento de peso e da pressão não atinge somente os adultos. O especialista do núcleo de cardiologia do Hospital Samaritano de São Paulo, Dr. Maurício Jordão, destaca que, mesmo em indivíduos mais jovens, a relação entre o aumento de peso e da pressão arterial é quase linear. Se avaliados os fatores para a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), alguns têm diminuído sua prevalência ao longo das décadas, como tabagismo. “Entretanto, a prevalência de obesidade tem aumentado e hoje vivemos uma pandemia de pessoas acima do peso ideal no mundo todo”, ressalta o cardiologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dr. Rafael Munerato. O perigo não é apenas com os adultos, como alertou a cardiologista e membro do Conselho Científico da Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), Dra. Cibele Isaac Saad Rodrigues. Segundo a especialista, o aumento de casos de pressão alta em crianças e adolescentes é preocupante. 126
Nos casos de hipertensão leve, tenta-se primeiro o tratamento não medicamentoso, que é muito importante e envolve mudanças nos hábitos de vida. A pessoa precisa praticar exercícios físicos, não exagerar no sal e na bebida alcoólica, controlar o estresse e o peso, ou seja, levar uma vida saudável. Se o indivíduo tem a pressão discretamente aumentada e não consegue controlá-la fazendo exercícios, reduzindo a ingestão de bebidas alcoólicas e perdendo peso, ou se já tem os níveis mínimos mais elevados, é necessário introduzir medicação para deixar os vasos mais relaxados. O cardiologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica destaca que a chamada MEV (Mudança do Estilo de Vida) tem importância fundamental no controle da HAS, porque a hipertensão é multifatorial e a abordagem da MEV atua sobre múltiplos aspectos. O controle de peso, por exemplo, é fundamental. A dieta adequada tem de ser incorporada ao tratamento com o controle do consumo de sal (máximo de 2 g de sódio por dia).
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Atividades físicas merecem a mesma atenção. Recomenda-se que todo adulto deva realizar, pelo menos cinco vezes por semana, 30 minutos de atividade física moderada. “O controle do estresse deve ser abordado sempre e individualmente. Alguns se beneficiam de atividades físicas, outros usam hobbies. O importante ao lidar com o estresse é identificar o que funciona individualmente e facilite a adesão a um novo hábito”, afirma o Dr. Jordão. Segundo Dr. Bortolotto, do Hospital Oswaldo Cruz, existe uma comprovação científica de que as mudanças no estilo de vida têm efeito significativo na redução da pressão e controle dos hipertensos, sobretudo quando são feitas juntas.
ATUAÇÃO DOS FÁRMACOS Caso o paciente não obtenha sucesso controlando a hipertensão com a mudança de hábitos de vida – ou apenas estes não sejam suficientes –, os cardiologistas recomendam o uso de medicamentos. É sempre importante lembrar que a hipertensão é uma doença crônica, logo seu tratamento é para a vida toda. As medicações regularizam os níveis de pressão para valores aceitáveis, o que pode minimizar os danos. Existem várias classes de medicamentos e cada uma atua de um modo diferente. As prescrições devem levar em conta uma série de fatores, como: idade, etnia, doenças associadas, entre outros. Geralmente, os medicamentos anti-hipertensivos atuam em sistemas que controlam a pressão arterial. “Assim, temos os diuréticos que diminuem a quantidade de sal e água, os betabloqueadores que diminuem ação da adrenalina no organismo, os vasodilatadores que dilatam os vasos por atuarem bloqueando a contração deles ou aumentando a dilatação diretamente”, salienta o cardiologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz. Apesar de ter vários medicamentos disponíveis no mercado, o cardiologista do Hospital Samaritano, Dr. Maurício Jordão, alerta que a escolha por qual utilizar deve ser individualizada, com base em características clínicas peculiares de cada paciente. Os especialistas também orientam que os farmacêuticos precisam salientar aos consumidores que as introduções medicamentosas, assim como a mudança dos hábitos saudáveis, são para toda a vida.
ADESÃO AO TRATAMENTO Por ser uma doença crônica e de tratamento para a vida toda, os especialistas concluem que a melhor for128
Obesidade e pressão alta estão intimamente relacionadas, sendo que a prevalência de hipertensão é de cerca de 50% maior nas pessoas obesas ma de aumentar a aderência é o conhecimento sobre a doença e a consciência de que todos os hábitos dos pacientes representam um papel central no sucesso do controle. “Os benefícios da MEV são muito significativos e atingem praticamente todos os sistemas do nosso organismo”, salienta Dr. Munerato. A melhor forma de aumentar a adesão ao tratamento é realizar a conscientização. Saber o que é a hipertensão, suas consequências e os benefícios do tratamento tanto com medicamentos quanto com mudanças nos hábitos de vida são o primeiro passo para o tratamento e prevenção. A Dra. Cibele alerta que medir a pressão com profissional de saúde treinado para utilizar a técnica e o aparelho adequado dá medidas importantes. “A medição deve ser feita a cada seis meses e com aparelhos apropriados, principalmente para os obesos.” A docente de enfermagem do Senac Tiradentes, Marilucia Moreira Silva Marcondes, revela que, para aderir ao tratamento da hipertensão, é necessário promover o diálogo por meio de encontros que envolvam a comunidade e a equipe de saúde (farmacêuticos). A orientação deve ser a partir do momento no qual o profissional conheça os hábitos de saúde do consumidor. Assim, a busca por informações sobre como o cliente tem seguido a terapêutica prescrita, e se tem apresentado melhora dos hábitos de saúde, se torna mais eficiente. “Outro fator que também pode contribuir para a adesão terapêutica, e a consequente mudança de hábitos, está relacionado à confiança depositada pelo paciente no profissional, que deve informá-lo, de forma eficiente e eficaz, acerca de tudo o que estiver diretamente ligado à hipertensão.” A docente termina explicando que o sucesso na prevenção e orientação depende do diálogo. Por se tratar de uma doença que envolve múltiplos fatores, a orientação à população hipertensa deve estar baseada na
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HIPERTENSÃO
promoção da saúde e prevenção das doenças. “Para tanto, é necessário conhecer os seus hábitos de vida, correlacionando-os aos casos de sedentarismo, obesidade, estresse e doenças vasculares, fatores estes que predispõem o desenvolvimento da hipertensão e de outras doenças, devendo-se orientar, igualmente, acerca do tratamento destas, bem como dos efeitos dos medicamentos em uso.”
INSTABILIDADE DA PRESSÃO AO LONGO DO DIA A pressão arterial não é um valor estável e fixo do sistema cardiovascular. O que ocorre é exatamente o contrário: a Pressão Arterial (PA) varia a cada segundo e é influenciada por inúmeras variáveis, como sono, alimentação, hidratação, atividade física, estresse, hormônios etc. “Por isso o paciente que realiza a Monitorização Residencial da Pressão Arterial (MRPA) deve seguir uma agenda e anotar a PA medida sempre nos mesmos horários. Em geral, deve ser orientado que os pacientes façam a medição da PA pela manhã, cerca de 2 horas após o almoço e antes de dormir”, orienta o cardiologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dr. Rafael Munerato. O ideal, segundo o coordenador do centro de hipertensão arterial do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Luiz Bortolotto, é manter abaixo de 140/90 durante o dia e menor que 120/80 durante o sono. Essas variações, segundo o médico, são reações normais frente à liberação de hormônios 130
que controlam a pressão e o fluxo de sangue para os órgãos nobres do organismo (cérebro, coração e rins). Muitos fatores influenciam nos níveis de pressão. Um deles é o sistema nervoso simpático, que controla a contração dos vasos que, consequentemente, elevam a pressão. “Esse sistema tem maior atividade em situações de estresse tanto físico (exercícios) quanto mental (ansiedade, nervosismo) e não obedece nossa vontade. É um mecanismo fisiológico que pode ser deletério, depende dos nossos hábitos de vida”, destaca o especialista do Núcleo de Cardiologia do Hospital Samaritano de São Paulo, Dr. Maurício Jordão. Nos diferentes momentos do nosso dia são necessárias as variações da PA para manter esse fluxo sanguíneo para todos os nossos órgãos. Por exemplo, se estamos deitados em repouso, o sistema cardiovascular regula nossa frequência cardíaca e resistência vascular periférica a fim de que a pressão seja suficiente para garantir o fluxo adequado nesse momento em que nosso organismo está num estado basal. “Quando estamos realizando alguma atividade, a necessidade de energia (e, portanto, de sangue, oxigênio e nutrientes) aumenta e a frequência cardíaca e a resistência dos vasos se alteram para atender a essa demanda. Isso leva as alterações frequentes da pressão arterial”, finaliza o Dr. Munerato.
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Crescimento na medida COM MAIS E MAIS CASOS DE HIPERTENSOS NO BRASIL, A PROCURA POR APARELHOS QUE MEDEM A PRESSÃO ARTERIAL TENDE A AUMENTAR. POR ISSO, UMA BOA EXPOSIÇÃO E ORIENTAÇÃO NO PDV SÃO GARANTIAS DE BOAS VENDAS
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POR RAQUEL SENA E VIVIAN LOURENÇO
Até 2025, o número de hipertensos nos países em desenvolvimento, como o Brasil, deverá crescer 80%, segundo estudo conjunto da Escola de Economia de Londres, do Instituto Karolinska (Suécia) e da Universidade do Estado de Nova York. A vida agitada e estressante da maior parte da população faz com que os cuidados com a saúde não aconteçam de forma adequada. Segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (SBH), a pressão alta é uma doença democrática e muito comum, acomete uma em cada quatro pessoas adultas, chegando a mais de 50% após os 60 anos no Brasil. É responsável
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por 40% dos infartos, 80% dos derrames e 25% dos casos de insuficiência renal terminal. As graves consequências da pressão alta podem ser evitadas, desde que os hipertensos conheçam sua condição e mantenham-se em tratamento com adequado controle. O acompanhamento dos valores da pressão arterial é fundamental para evitar problemas graves, como o infarto e o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, no País, são cerca de 30 milhões de pessoas que sofrem com a hipertensão. Por isso, medir a pressão arterial em casa é extremamente útil, já que auxilia o médico a acompanhar FOTOS: SHUTTERSTOCK/FELIPE MARIANO
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de elas fazerem o procedimento em suas residências, aumentando, assim, a procura por aparelhos medidores de pressão. Existem no mercado dois modelos: de braço e de pulso. O primeiro se aproxima do tradicional (aneroide), não possuindo tantas restrições ao uso e sendo mais preciso que a outra versão. O modelo de pulso é considerado mais prático e portátil, porém é preciso seguir as recomendações do fabricante com relação às instruções de uso para não haver distorções no resultado. Por ser uma versão automática, geralmente são os mais procurados pelos consumidores. De acordo com as indústrias do setor, independentemente do medidor de pressão que o consumidor use, não existe um horário específico para ter uma medição precisa, basta apenas que o usuário esteja em repouso e siga as orientações técnicas, encontradas no manual do produto.
O MODELO DE PULSO É CONSIDERADO MAIS PRÁTICO E PORTÁTIL, PORÉM É PRECISO SEGUIR AS RECOMENDAÇÕES DO FABRICANTE COM RELAÇÃO ÀS INSTRUÇÕES DE USO PARA NÃO HAVER DISTORÇÕES NO RESULTADO. POR SER UMA VERSÃO AUTOMÁTICA, GERALMENTE SÃO OS MAIS PROCURADOS PELOS CONSUMIDORES a evolução da doença a longo prazo, além de avaliar a eficácia do tratamento e ajustá-lo, se necessário. Para isso, os medidores portáteis são uma importante ferramenta de controle. Diante de tal cenário, fazer o controle da pressão tornou-se essencial. Antigamente as pessoas tinham por hábito recorrer a hospitais ou farmácias para aferi-la, porém, hoje, há a possibilidade
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Uma simples pergunta ao cliente que compra um produto para tratamento da hipertensão arterial faria o varejista perceber o tamanho desse mercado, garantem as indústrias do setor. Hoje o mercado farmacêutico cresce de 7% a 10% e essa categoria de equipamentos para saúde varia entre 20% e 30%. Diante desses dados, é impossível não acreditar no aumento do faturamento. Para a gerente comercial saúde e marketing da Incoterm, Ana Paula Marquioretto, o canal farma passa a ser um ponto de venda extremamente importante para esse tipo de produto. É nesse canal que os clientes buscam esses aparelhos e também apresentam curiosidades sobre essa doença comum e crônica, já que a hipertensão é uma doença assintomática e muitas pessoas que são hipertensas acham que não têm a doença. “Os balconistas, assim como os nossos promotores, auxiliam os clientes com informações, dão dicas saudáveis e orientam na compra de um aparelho específico, seu funcionamento e maneira correta de medir em casa.” Ela acrescenta que a saída dos medicamentos isentos de prescrição da área livre de circulação fez com que os espaços de perfumaria, não medicamentos e correlatos, como os medidores de pressão,
A MAIORIA DOS CLIENTES BUSCA PRODUTOS DE QUALIDADE, FUNCIONAIS, FÁCEIS DE OPERAR E QUE DÃO GARANTIAS. SE O PRODUTO POSSUI CERTIFICAÇÕES COMO O SELO DO INMETRO E DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, TAMBÉM REFORÇA O ATRIBUTO DE QUALIDADE EXPOSIÇÃO ADEQUADA Como parte fundamental do controle da hipertensão, os medidores de pressão devem estar expostos de maneira adequada para que o shopper possa encontrar o sortimento de maneira fácil. Além disso, a orientação do farmacêutico é fundamental na hora da escolha. Apesar de serem úteis para o controle da pressão do paciente, ficam, por muitas vezes, esquecidos no meio de categorias às quais nem sempre são similares, ou seja, não têm sido trabalhados como merecem no PDV. As oportunidades de vendas para esses produtos são muitas e ocorrem todos os dias, basta comparar as vendas em unidades de anti-hipertensivos e o número de vendas de monitores. O que se percebe é que há muito espaço para crescimento. 136
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passassem a ser tendência de consumo entre os brasileiros. “Então, nós da Incoterm orientamos que os medidores de pressão passem a estar expostos de preferência na altura dos olhos do consumidor, especialmente em displays atrativos com o objetivo de facilitar a visualização.” Ela ainda ressalta que, como indústria, há a obrigação de apresentar peças de merchandising que facilitam a visibilidade ao consumidor e ajudam também o farmacista a mostrar os produtos aos seus clientes. Para dar maior visibilidade no PDV e alavancar as vendas, o produto deve ser exposto nas gôndolas, em prateleiras visíveis, ou seja, na altura dos olhos do cliente, que assim saberá da existência dele. Não se pode, ainda, esquecer a exposição no balcão, pois, além de o consumidor visualizar de perto o produto, tem o balconista à sua frente para sanar as dúvidas com relação ao equipamento. Além do produto para demonstração no balcão, o ideal é ter também pelo menos dois modelos na vitrine, já que isso gera a lembrança de estimular o cliente a adquirir o produto e também de chamar a atenção quanto ao hábito de verificação da pressão arterial, recomendado pelos médicos. 138
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AJUDA PROFISSIONAL O farmacêutico tem um papel importante para a categoria de medidores de pressão. Ele deve ter conhecimento sobre as características e funcionalidades dos produtos, sobre a empresa que comercializa, sua credibilidade, se segue normas, se tem certificações, enfim saber tudo sobre os atributos do produto. “Damos total importância ao treinamento e à capacitação, pois queremos que os nossos clientes conheçam muito bem nossos produtos e nossa forma de trabalhar. Também oferecemos aos varejistas promotores que auxiliam na exposição do PDV e orientam tanto os balconistas como os consumidores sobre dúvidas da doença, dicas, hábitos saudáveis e informações sobre os nossos produtos, seu uso correto e atributos”, ressalta a gerente da Incoterm. A maioria dos clientes busca produtos de qualidade, funcionais, fáceis de operar e que dão garantias. Se o produto possui certificações como o selo do Inmetro e da Sociedade Brasileira de Cardiologia, também reforça o atributo de qualidade, pois estamos nos referindo a produtos voltados à saúde.
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Uso livre de riscos CONHEÇA AS PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE SUPLEMENTOS ALIMENTARES E VITAMÍNICOS E ORIENTE OS CONSUMIDORES NA HORA DA DISPENSAÇÃO
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POR KATHLEN RAMOS
A busca pelo corpo perfeito tornou-se prioridade para uma parcela significativa da população brasileira e, por vezes, essas pessoas não medem esforços nem consequências quando o assunto é perda de peso, definição muscular ou aumento da massa muscular corpórea. Nesse cenário, as farmácias assumem papel fundamental na prestação de informações aos consumidores. “O grande segredo para uma orientação adequada nos estabelecimentos farmacêuticos é o conhecimento sobre o assunto. Só a informação adequada se comporta, verdadeiramente, como a melhor ferramenta e orientação precisa. É fundamental que os farmacêuticos estejam atentos aos efeitos indesejados, presença de ativos proibidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), bem
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como diversas interações desses produtos com medicamentos”, aconselha o ministrante do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRFSP), André Luis Rotolo Silva. Segundo definição da Anvisa, os suplementos vitamínicos e minerais “são alimentos compostos exclusivamente por nutrientes vitamínicos e/ou minerais, que servem para complementar a dieta diária de uma pessoa saudável, em casos em que sua ingestão, a partir da alimentação, seja insuficiente ou quando a dieta requerer algum suplemento. Devem conter, no mínimo, 25%, e, no máximo, até 100% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) de vitaminas e/ou minerais, não podendo substituir os alimentos nem serem considerados dieta exclusiva”. O especialista do CRF-SP diz que é com base nessa definição que os farmacêuticos devem fazer suas avaliações e recomendações no ponto de venda. FOTOS: SHUTTERSTOCK
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OS RISCOS POTENCIAIS DA INTERAÇÃO ENTRE MEDICAMENTOS TRADICIONAIS E SUPLEMENTOS, DE MODO GERAL, RESULTAM EM SITUAÇÕES BRANDAS “A avaliação feita pelo profissional durante a assistência para tais produtos deve levar em consideração tudo o que o paciente ingere, o número de refeições que ele realiza no período de 24 horas, do que essas refeições são compostas, a atividade desempenhada no trabalho e o tipo de atividade física realizada, levando em consideração o número de vezes”, explica Silva, que faz outras recomendações importantes. “Deve-se verificar a dosagem do produto, obedecendo a recomendação da embalagem. E, no caso dos novos alimentos, eles devem trazer, no rótulo, informação do Ministério da Saúde advertindo sobre a não existência de evidências científicas comprovadas de que esse alimento previna, trate ou cure doenças”, avisa. Compostos orgânicos presentes na alimentação, as vitaminas são fundamentais para o funcionamento do metabolismo do corpo. Sua disfunção pode levar a doenças graves, por isso é fundamental ter uma dieta equilibrada. Quando não é possível, essa reposição pode ser feita via suplementação, com vitaminas sintéticas. “Atualmente, podemos encontrar suplementos de fibras, vitaminas, minerais, aminoácidos, carboidratos, proteínas, prebióticos, probióticos, enzimas digestivas e óleos, que são destinados a estados fisiológicos específicos, estados patológicos e alterações metabólicas”, descreve a mestre na área de nutrição e pediatra pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp/ EPM) e coordenadora científica dos cursos de nutrição clínica funcional e nutrição esportiva funcional da VP Consultoria Nutricional/Divisão Ensino e Pesquisa, Dra. Valéria Paschoal. A nutricionista da rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Cristiane Oliveira, mostra exemplos 142
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OPORTUNIDADE
A AVALIAÇÃO FEITA PELO PROFISSIONAL DURANTE A ASSISTÊNCIA PARA TAIS PRODUTOS DEVE LEVAR EM CONSIDERAÇÃO TUDO O QUE O PACIENTE INGERE, O NÚMERO DE REFEIÇÕES, A ATIVIDADE DESEMPENHADA NO TRABALHO E O TIPO DE ATIVIDADE FÍSICA REALIZADA práticos de como a ausência de vitaminas pode ser prejudicial e, por vezes, ocasionar doenças graves. “O prolongamento da deficiência de vitamina A resulta no prejuízo parcial ou total da visão; a falta de vitamina C pode causar o escorbuto, que gera, entre outros sintomas, sensação de fraqueza, dores musculares e articulares; e a falta de vitaminas do complexo B pode levar à pelagra, que provoca vermelhidão, espessamento e descamação da pele e também pode provocar lesões nas mucosas, principalmente a intestinal, ou desordens neurológicas”, descreve. Alguns produtos agem para suprir essas deficiências, como os multivitamínicos ou polivitamínicos. Eles são complementos alimentares que fornecem vitaminas (e minerais) para complementar a 144
alimentação quando a ingestão alimentar está insuficiente. São indicados para a recuperação e manutenção do estado nutricional. Esses produtos também podem agir como preventivos para algumas doenças. Segundo dados fornecidos pela Pfizer, detentora do multivitamínico Centrum, um estudo clínico realizado por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Harvard acompanhou mais de 10 mil médicos durante 12 anos, avaliando o impacto na saúde com o uso contínuo de multivitamínicos. A pesquisa concluiu que o consumo diário apontou uma redução estatisticamente significativa de 8% na ocorrência de todos os tipos de câncer. No entanto, para que se faça o melhor uso desses produtos, é necessário procurar o especialista que recomendará o que é ideal para cada indivíduo. O suplemento alimentar é a oferta de um ou mais micro ou macronutrientes, utilizados de modo suplementar, conforme explica a nutricionista do Hospital Santa Marcelina, Priscila Aparecida da Silva. “Eles ultrapassam as recomendações nutricionais diárias para um indivíduo, podendo agir com ganho de massa muscular ou recuperação de uma carência nutricional. Encontramos a apresentação em pó, cápsula, chá, sachês, entre outros”, explica. Já o complemento nutricional é a oferta de um ou mais micro ou macronutrientes, utilizados para atingir as recomendações nutricionais e não ultrapassá-las. A nutricionista do Santa Marcelina fornece alguns exemplos. “Temos pacientes inapetentes, que
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EFEITOS ADVERSOS
não atingem as necessidades nutricionais diárias, ou atletas de alta performance, que, somente com a alimentação, não conseguem atingir a meta nutricional.”
PRODUTOS SUJEITOS A INTERAÇÕES Os riscos potenciais da interação entre medicamentos tradicionais e suplementos, de modo geral, resultam em situações brandas, como dores no peito, abdominais e de cabeça. “Mais de 42% das interações são causadas porque os suplementos alteraram a farmocinética dos medicamentos, que é o processo pelo qual a droga é absorvida, distribuída, metabolizada e eliminada pelo corpo”, avisa o ministrante do CRFSP. Ainda de acordo com o especialista, a utilização de suplementos que possuam ativos termogênicos – que muitas vezes vinculam seu mecanismo de ação ao aumento da síntese de neurotransmissores estimulatórios – pode causar sinergismo e/ou inibição de algumas classes de antidepressivos. A nutricionista do Herbarium, Natana Martins, fornece outros exemplos práticos de interações. “A quitosana reduz a absorção de gordura, e o óleo de cártamo aumenta a atividade termogênica, auxiliando na perda de peso. Os dois são muito utilizados como auxiliares em dietas de emagrecimento. Porém, o óleo de cártamo é uma cápsula oleosa (óleos são fontes de gordura) e, se o consumidor utilizar a cápsula oleosa e a quitosana ao mesmo tempo, a quitosana reduzirá a absorção do óleo de cártamo, não trazendo o resultado desejado”, diz. 146
O uso excessivo de suplementos e vitaminas pode culminar em efeitos indesejáveis, conforme mostra o coordenador do curso de farmácia do Centro Universitário São Camilo (SP), professor Alexsandro Macedo. “O uso em excesso de minerais pode favorecer o aparecimento de cálculo renal; de carboidratos, pode levar ao aumento de peso; de proteínas e aminoácidos, há risco de sobrecarga renal; de creatina, ocasiona o acúmulo de líquidos; e de cafeína, pode levar a arritmia, insônia, irritabilidade”, enumera. Outro problema que pode ocorrer está relacionado ao uso excessivo de vitaminas, doença denominada hipervitaminose. “Quando as vitaminas são consumidas acima da quantidade recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), há riscos que vão do surgimento de pedras nos rins ao aumento nos índices de mortalidade. No caso da vitamina C, por exemplo, é indicada a ingestão de 90 mg ao dia para homens e 75 mg para mulheres (ambos acima dos 19 anos).” A consultora médica da Marjan, pediatra e nefrologista formada pela Escola Paulista de Medicina (Unifesp), Dra. Helena Dias Meziara Nogueira, mostra mais alguns casos de efeitos indesejáveis. “Os possíveis efeitos adversos que suplementos e vitaminas podem causar passam por dor de estômago, desequilíbrio das outras vitaminas e minerais e desequilíbrio do funcionamento dos órgãos quando em doses tóxicas. O uso de zinco, por exemplo, pode atrapalhar a absorção de cobre. Já o excesso de vitamina D causa desequilíbrio do paratormônio, e o excesso de potássio pode levar a uma parada cardíaca”, avisa. Além disso, esses produtos podem ter algumas contraindicações, conforme explica a gerente de produtos da Nutracom, empresa do Grupo Cimed, Mariana Espindola. “Alguns produtos, como a cafeína, têm contraindicações para hipertensos e cardíacos, por exemplo. Nesse caso, é indicado sempre o consumo com o acompanhamento de um médico ou nutricionista”, finaliza a especialista.
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Produto relevante
A VITAMINA C É UMA DAS MAIS IMPORTANTES PARA O ORGANISMO E A QUE APRESENTA MAIOR RENTABILIDADE AO VAREJO. É FUNDAMENTAL PARA A FORMAÇÃO DE COLÁGENO, PROTEÍNA QUE AJUDA A CICATRIZAR FERIMENTOS E MANTER ÍNTEGRAS AS PAREDES DOS VASOS SANGUÍNEOS
Q
POR VIV IAN LOURENÇO
Quando o quadro de gripes ou resfriados é iminente, logo se recomenda ingerir vitamina C para aplacar os sintomas. O que pode parecer receita popular, na verdade, funciona na prática. Até porque alimentos ricos em vitamina C são tão poderosos que podem diminuir o risco de alguns tipos de câncer, como de mama, boca, esôfago e estômago.
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Apesar de muitos considerarem mito, os médicos garantem que a vitamina C realmente afasta problemas no trato respiratório por estimular a formação de macrófagos, células que englobam e depois eliminam as bactérias do mal. Porém, o gerente médico ambulatorial do Seconci-SP, Dr. Horácio Cardoso Salles, alerta que não adianta investir no nutriente com o quadro já instalado. Para deixar o sistema imune tinindo, o FOTOS: DIVULGAÇÃO/SHUTTERSTOCK
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correto é consumir as fontes da vitamina regularmente. O médico explica que a vitamina C é fundamental para a formação de colágeno, proteína que ajuda a cicatrizar ferimentos, manter íntegras as paredes dos vasos sanguíneos e formar a base dos ossos, dentes, músculos e articulações. A dose recomendada, de acordo com o clínico-geral do Lavoisier Medicina Diagnóstica, Dr. Fábio Gabas, é de 90 mg/dia para não fumantes e 125 mg/dia para fumantes. “No entanto, muitos estudos clínicos recomendam hoje doses acima de 400 mg/dia pelos inúmeros benefícios em diversos órgãos e sistemas do nosso corpo. A dose para prevenir a deficiência de vitamina C, ou seja, o escorbuto, é de 90 mg.” A ação da vitamina C é ainda mais eficaz para os casos de indivíduos expostos com maior frequência aos riscos oxidativos, como: cigarro, prática de exercício físico acentuado, exposição à poluição, alta carga de estresse, entre outros. “Só para se ter uma ideia, alguns animais, como a cabra, produzem sua própria vitamina C a partir da glicose. Nós, seres humanos, não produzimos. O animal chega a produzir o equivalente a 20 g de vitamina C por dia e os que sintetizam a vitamina C vivem de 8 a 10 vezes o tempo para atingir sua idade adulta, enquanto nós, que não sintetizamos, atingimos a idade adulta próximo aos 20 anos e vivemos 4 a 5 vezes dessa taxa no máximo”, aponta o Dr. Gabas.
BENEFÍCIOS AGREGADOS Por ser um potente antioxidante, a vitamina C atua em todos os passos do processo de aterosclerose, desde a prevenção da disfunção do endotélio (camada que reveste as artérias), como alterando o perfil dos lipídios e dos fatores de coagulação, o que evita o derrame, o infarto e as doenças vasculares importantes. “Ela reduz os danos oxidativos ao DNA, que é o primeiro passo para a iniciação do câncer. Ela também reduz a inflamação que permite o crescimento das células cancerosas; reduz o dano oxidativo; participa da síntese de colágeno e fortalece e estimula a ação das nossas células de defesa imunológica.” Além desses benefícios, Dr. Salles salienta que uma pequena dose extra de vitamina C a longo prazo pode prevenir o desenvolvimento de catarata. Em doses normais, a vitamina C ajuda a formar substâncias essenciais para o bom funcionamento do cérebro, como a serotonina.
A VITAMINA C É INDICADA PARA: • • • • • • Fonte: gerente de produto Família Redoxon, da Consumer Care da Bayer HealthCare, Marta Wermelinger
O OUTRO LADO Se os benefícios são inúmeros, a deficiência pode trazer graves problemas à saúde. A falta da vitamina C leva ao desenvolvimento de uma síndrome conhecida como escorbuto. Ela é caracterizada por fragilidade capilar, hemorragia (especialmente de pequenos vasos sanguíneos e as gengivas), anemia normocítica ou macrocítica, lesões de cartilagem e osso e cicatrização lenta de feridas. A vitamina C inverte completamente os sintomas de deficiência e geralmente é administrada por via oral como ácido ascórbico. Essa falta de vitamina C, de acordo com o Dr. Salles, pode se manifestar pela presença de pequenos pontos avermelhados (petéquias) ou manchas arroxeadas (equimoses) na pele e nas mucosas, causadas pelo extravasamento de sangue. Ambas as lesões refletem o comprometimento da integridade dos vasos sanguíneos. “Em pessoas saudáveis, esses sinais costumam aparecer passados seis meses de uma dieta pobre em vitamina C (valores menores que 10 mg/dia). Hoje em dia, o escorbuto, principal doença associada à deficiência de vitamina C, é raramente observado em países desenvolvidos”, explica.
REPRESENTATIVIDADE DA CATEGORIA Dados do IMS Health apontam que a categoria está em ascensão. De fevereiro de 2012 a janeiro de 2013, foram comercializadas 28.774.582 unidades, totalizando R$ 306.958.212. De fevereiro de 2013 a janeiro de 2014, esses números saltaram para 32.515.635, somando R$ 373.143.820 em vendas. A gerente de produto Família Redoxon, da Consumer Care da Bayer HealthCare, Marta Wermelinger, afirma 2014 ABRIL GUIA DA FARMÁCIA
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que o mercado de vitamina C representa 18% das vendas do mercado de multivitamínicos e minerais. Esses números, segundo a gerente de marketing da Sundown Naturals, Mariana Dacal, são explicados pelo fato de o sortimento ser um produto maduro, e o mercado está dividido entre efervescentes, comprimidos revestidos e gummys voltados ao público infantil. “Existem diferentes apresentações e concentrações de vitamina C no mercado. Produtos voltados para crianças, adolescentes, adultos e pessoas em situações
BENEFÍCIOS DA VITAMINA C • Auxilia o sistema imunológico: reduz a duração e a gravidade dos sintomas do resfriado comum. • Ação antioxidante: a vitamina C é um antioxidante que ajuda no combate aos radicais livres, que danificam as células sadias do nosso corpo. • Ajuda na absorção de ferro: a vitamina C contribui para a absorção de ferro dos alimentos. • Auxilia o processo de cicatrização: a vitamina C e o zinco são fundamentais para a produção de colágeno – exercendo um papel muito importante em períodos pós-cirúrgicos. Fonte: gerente de produto Família Redoxon, da Consumer Care da Bayer HealthCare, Marta Wermelinger
de maior carência dessa vitamina”, detalha Marta. Além disso, existem apresentações que são vitamina C associada a outras vitaminas e minerais, como o zinco, que é uma opção de proteção mais completa. As empresas do setor orientam que, como o corpo não produz vitamina C, mas consegue armazená-la quando ingerida, ela deve ser consumida diariamente de alguma fonte externa, seja essa fonte a alimentação ou suplementos vitamínicos.
EXPOSIÇÃO EFICIENTE Por ser uma categoria rentável, a exposição correta do sortimento é o diferencial na hora das vendas. Mariana, da Sundown, explica que uma exposição adequada influencia a decisão de compra do consumidor. “A vitamina C é um medicamento isento de prescrição, e novos produtos entram no mercado com frequência. Infelizmente, alguns fabricantes registram o produto como alimento, com dosagens menores e, por serem alimentos, podem ocupar um espaço destinado a produtos de melhor qualidade.” Marta, da Bayer, explica que três maneiras são utilizadas com frequência para expor os produtos nas gôndolas: alinhamento vertical; alinhamento horizontal ou por agrupamento. “Em qualquer alinhamento ou agrupamento, é importante dividirmos os produtos classificando-os por subcategoria ou segmentos para que o consumidor possa localizá-los facilmente.” 150
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Entrando na
‘‘meia estação’’ AS TEMPERATURAS COMEÇARAM A BAIXAR, FAZENDO COM QUE A LOJA PRECISE ADAPTAR SORTIMENTO E EXPOSIÇÃO ÀS DEMANDAS DOS CONSUMIDORES NO OUTONO/INVERNO. PREPARE-SE PARA O NOVO PERÍODO
N
No varejo farma, a chegada do outono/inverno não implica apenas a mudança da temperatura. As novas estações que surgem também são responsáveis por alterações importantes no setor, que precisa se adaptar às demandas vindas com a mudança do tempo. Aliás, essa época do ano costuma ser o ponto alto para os negócios. “Quase 70% do faturamento da indústria farmacêutica acontece nessa época do ano, quando se dá o grande boom das vendas”, destaca a coordenadora de cursos MBA e Pós-Graduação do Programa de Administração de Varejo, Fundação Instituto de Administração (Provar/Fia), professora Teresa Cristina Zanon. Nesse sentido, as farmácias podem desenvolver algumas ações para aproveitar as oportunidades reservadas ao período. “O caderno de ofertas e tabloides devem focar o início da temporada. A farmácia em si não precisa ser mudada em sua arrumação; apenas alguns produtos de mais saída devem ter maior destaque
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POR KATHLEN R AMO S
em ponta de gôndolas e em alguns lugares do balcão e do checkout. A indústria e as farmácias também costumam desenvolver promoções incentivando cuidados com a saúde e destacando a prevenção de doenças como gripes e resfriados”, ensina a palestrante e consultora especializada em treinamento, desenvolvimento e marketing de varejo, Silvia Osso. A professora Teresa acrescenta que, para medicamentos, poucas são as ações que as farmácias podem desenvolver por conta das exigências da RDC 44/09, mas outros produtos podem ser trabalhados. “Vale a pena explorar itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos (HPCs) em alta, utilizando técnicas como cross merchandising, ou destacando-os com displays de balcão ou folhetos ao consumidor, por exemplo”, mostra. Caso a farmácia decida investir numa decoração especial para a loja, que remeta às novas estações do ano, vale ter cautela com os exageros. “O público brasileiro é cultural: farmácia é um local ético e não muito bem visto quando explora a decoração estimulando o consumo”, avisa a consultora Silvia Osso. FOTOS: SHUTTERSTOCK
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DEMANDAS SAZONAIS A chegada do outono/inverno também implica o planejamento de um novo sortimento de produtos para atender as demandas da estação. “A mudança de temperatura torna mais frequente doenças como gripes e resfriados, problemas respiratórios e desidratação, além de ressecamento da pele. Dessa forma, vale destacar os produtos que ganham importância no período, como antigripais, soros fisiológicos, vitaminas C, antitérmicos e equipamentos como umidificadores e inaladores. Na área de higiene e beleza,
vale explorar a rotina de hidratação corporal e facial, especialmente para peles ressecadas”, enumera a diretora da Connect Shopper e especialista em comportamento de compra, Fatima Merlin. Essa lista pode ser acrescida, ainda, por outros itens como xaropes, pastilhas, lenços de papel e protetores labiais. Vale ressaltar que os produtos sazonais precisam de atenção constante dos gestores. Estando ciente das categorias que devem ter a demanda aumentada numa determinada época do ano, é importante agir previamente, com planejamento. Agir apenas rea-
MEDICAMENTOS LÍDERES EM VENDAS DURANTE O OUTONO/INVERNO
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MAIO 2013 (OUTONO)
JUNHO 2013 (OUTONO)
JULHO 2013 (OUTONO)
AGOSTO 2013 (INVERNO)
SETEMBRO 2013 (INVERNO)
MICROVLAR® 0,15/0,03 MG 21 DRÁGEAS (SCHERING)
LOSARTANA POTÁSSICA 50 MG C/ 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS
LOSARTANA POTÁSSICA 50 MG C/ 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS
LOSARTANA POTÁSSICA 50 MG C/ 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS
LOSARTANA POTÁSSICA 50 MG C/ 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS
NEOSORO SOLUÇÃO NASAL ADULTO® 30 ML (NEOQUÍMICA)
ATENOLOL® 25 MG C/ 30 COMPRIMIDOS (MEDLEY)
MICROVLAR® 0,15/0,03 MG 21 DRÁGEAS (SCHERING)
MALEATO DE ENALAPRIL 10 MG ENVELOPE AL X 30 COMPRIMIDOS
ATENOLOL® 25 MG C/ 30 COMPRIMIDOS (MEDLEY)
CICLO 21® BL C/21 COMPRIMIDOS (UNIÃO QUÍMICA)
MICROVLAR® 0,15/0,03 MG 21 DRÁGEAS (SCHERING)
MALEATO DE ENALAPRIL 10 MG ENVELOPE AL X 30 COMPRIMIDOS
MICROVLAR® 0,15/0,03 MG 21 DRÁGEAS (SCHERING)
MICROVLAR® 0,15/0,03 MG 21 DRÁGEAS (SCHERING)
LOSARTANA POTÁSSICA 50 MG C/ 30 COMPRIMIDOS REVESTIDOS
MALEATO DE ENALAPRIL 10 MG ENVELOPE AL X 30 COMPRIMIDOS
NEOSORO SOLUÇÃO NASAL ADULTO® 30 ML (NEOQUÍMICA)
NEOSORO SOLUÇÃO NASAL ADULTO® 30 ML (NEOQUÍMICA)
MALEATO DE ENALAPRIL 10 MG ENVELOPE AL X 30 COMPRIMIDOS
GLIFAGE XR® 500 MG C/ 30 COMPRIMIDOS DE AÇÃO PROLONGADA (MERCK)
NEOSORO SOLUÇÃO NASAL ADULTO® 30 ML (NEOQUÍMICA)
ATENOLOL® 25 MG C/ 30 COMPRIMIDOS (MEDLEY)
ATENOLOL® 25 MG C/ 30 COMPRIMIDOS (MEDLEY)
NEOSORO SOLUÇÃO NASAL ADULTO® 30 ML (NEOQUÍMICA)
Fonte: performance reflete a realidade de 7.400 farmácias e drogarias integradas às redes associadas à Federação Brasileira das Redes Associativistas de Farmácias (Febrafar). Representam as vendas do distribuidor para as farmácias (sell in). Os medicamentos genéricos representam o compilado de todos os fabricantes da mesma substância
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HPCS LÍDERES EM VENDAS (EM VOLUME/UNIDADES) NO CANAL FARMA NO OUTONO/INVERNO CATEGORIA
MARÇO/ABRIL 2013 (OUTONO)
MAIO/JUNHO 2013 JULHO/AGOSTO 2013 (OUTONO/INVERNO) (INVERNO)
1º
Fralda descartável
391.744,0
429.956,6
458.312,9
2º
Absorvente higiênico
246.586,4
258.605,1
265.862,4
3º
Fralda para incontinência
65.629,4
67.000,7
69.396,9
4º
Esmalte para unha
27.616,8
26.209,8
25.081,6
5º
Lâmina de barbear
21.935,9
22.174,7
22.449,7
6º
Tintura e rejuvenescedor para cabelos
19.530,2
19.298,1
18.985,3
7º
Escova dental
11.587,4
11.612,3
12.596,5
8º
Pós-xampu
8.254,7
7.726,5
7.652,4
9º
Xampu
5.428,4
5.548,6
5.713,6
10º
Sabonetes
3.530,4
3.414,3
3.450,2
11º
Desodorante
1.807,8
1.726,0
1.549,7
12º
Fórmulas infantis
1.162,6
1.194,5
1.198,9
13º
Cremes para pele
829,4
886,7
972,4
14º
Bronzeador
347,6
216,2
260,2
Fonte: Nielsen
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tivamente para suprir a demanda pode trazer riscos aos negócios. “O planejamento do ano passado deve ser revisto para servir de base para o ano em curso. Com pelo menos 60 dias de antecedência os estoques devem ser ajustados para cima e acompanhados com cautela para evitar rupturas”, adverte Silvia Osso. A especialista do Provar/Fia também reforça a importância do planejamento que, segundo a especialista, precisa ser feito com base no histórico dos dois últimos anos de vendas. “Com a entrada dessas estações, a indústria desenvolve campanhas em diversas mídias para os seus produtos sazonais e, quando veem esses anúncios, muitos consumidores buscam essas novidades no ponto de venda. Portanto, o abastecimento é fundamental para não perder vendas”, alerta Cristina Zanon. Outro risco é o de o consumidor abandonar outras compras por conta de não encontrar o medicamento que procura. “Se o consumidor está acostumado a tomar determinado medicamento para o seu tratamento e esse medicamento deu certo, dificilmente ele trocará por outro”, alerta.
PENSAMENTO VAREJISTA Embora seja um segmento diferenciado dos outros varejos por lidar com a saúde da população, as farmácias também precisam se preocupar em manter um bom índice de vendas. E entre o outono/inverno a atenção precisa ser redobrada. “No inverno, os próprios clientes fazem os vendedores se tornarem ativos, porque se consultam muito mais na farmácia do que nos pronto-socorros ou médicos. E as farmácias podem ser beneficiadas por balconistas que são bons de indicação, principalmente nos sazonais de inverno”, acredita Silvia Osso. Precisa-se apenas ter cuidados com os limites éticos daquilo que se oferece. “A proatividade dos vendedores é sempre bem-vinda em qualquer segmento, mas no canal farma nem tudo é permitido. O que os balconistas podem fazer é perguntar se o consumidor está precisando de algum item para completar a ‘farmacinha’ de inverno, se há algum produto que não encontrou, sempre de forma genérica, mas sem focar em marcas ou medicamentos específicos”, aconselha Cristina Zanon.
FIQUE ATENTO AO CLIMA Para compor o melhor sortimento, é fundamental que o varejista também esteja atento às condições 158
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PRODUTOS COMO ANTIGRIPAIS, SOROS FISIOLÓGICOS, VITAMINAS C, ANTITÉRMICOS E EQUIPAMENTOS COMO UMIDIFICADORES E INALADORES MERECEM DESTAQUE. NA ÁREA DE HIGIENE E BELEZA, VALE EXPLORAR A ROTINA DE HIDRATAÇÃO climáticas da sua região. Afinal, hoje, estar no inverno não significa que teremos apenas baixas temperaturas e o verão não significa apenas calor e muitas chuvas. “A partir da previsão da tendência para as próximas estações o varejo pode se programar tanto em relação ao sortimento, quanto em relação à veiculação de propaganda e marketing e ações de venda”, diz o meteolorolista do Climatempo, Alexandre Nascimento, que antecipa como deve ser o clima em 2014. “O ano de 2011 foi muito frio, mas em 2012 quase não tivemos inverno. Em 2013 voltou a fazer muito frio, inclusive com registro de neve em Curitiba depois de décadas. Mas tudo indica que o próximo inverno será ameno”, prevê o especialista. Segundo Nascimento, existe a possibilidade de formação de um El Niño fraco, que deve deixar a temperatura mais alta do que o normal. “Poderemos ter um inverno com menos frio do que a média, mas o outono (principalmente os meses de maio e junho) será mais frio do que o normal”, revela, salientando que, com a contratação de serviços da empresa, é possível antecipar, com até um ano, a previsão climática. Segundo a especialista do Provar/Fia, ficar atento ao clima da região é fundamental para chegar ao mix ideal. “Enquanto o Sudeste e o Sul podem ter inverno mais rigoroso, as regiões Centro-Oeste e Nordeste podem registrar verão contínuo. Portanto, não dá para adotar o mesmo sortimento e campanhas em todas as regiões”, avisa.
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COMPORTAMENTO
Jovens e sedentos
por novidades A PREOCUPAÇÃO COM A APARÊNCIA COMEÇA CADA VEZ MAIS CEDO. POR ISSO, AS EMPRESAS DE HIGIENE E BELEZA PLANEJAM INVESTIR ATÉ 15% PARA ESSE PÚBLICO
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POR VIV IAN LOURENÇO
Influenciados por tendências da moda, hábitos de consumo dos pais, propagandas e, principalmente, pelas redes sociais, os adolescentes já são responsáveis por uma boa fatia de consumo do mercado de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (HPC), e a indústria vem investindo maciçamente em produtos voltados para esse público.
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Como prova da ascensão desse mercado, dados divulgados pela Kantar Worldpanel apontam que casais com pré-adolescentes e adolescentes representam 16% e 7% de importância em compradores, respectivamente. A psicóloga graduada pela Universidade Mackenzie, com especialização em orientação familiar, Dra. Renata Yamasaki, explica que a influência dos pais é um dos fatores que mais contribuem paFOTO: SHUTTERSTOCK
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COMPORTAMENTO
ra que os filhos se tornem consumistas cada vez mais cedo. Na maioria dos casos, esse comportamento está associado a uma sensação de culpa – a prática seria uma espécie de “compensação” do carinho que os pais não podem oferecer a seus filhos por estarem ausentes ou trabalhando demais – ou ao fato de que, quando eram crianças, esses pais não tinham tantas oportunidades de acesso. “Atualmente, a criança começa a consumir aos seis anos de idade. Nessa fase, ela já consegue convencer os responsáveis a comprarem tudo o que desejam”, destaca. A atenção ao consumo, de acordo com a psicóloga, começa quando os jovens imitam o comportamento dos pais. O cientista social e doutorando em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), Cristiano das Neves Bodart, explica que, em uma sociedade marcada por hierarquias sociais, o consumo e sua ostentação acabaram sendo eleitos socialmente como elementos fundamentais para a distinção social, sobretudo entre os jovens. “As estruturas de relações são marcadas por elementos objetivos”, ressalta. O consumo é considerado o termômetro da economia, e, quanto mais rica a população for, mais poder de consumo ela terá. Hoje, no Brasil, a parcela que mais consome é a classe média. Esses consumidores são jovens, na faixa etária entre 16 e 24 anos, e as multinacionais fazem de tudo para agradá-los, inclusive contratando profissionais para estudar seus comportamentos, seus desejos e suas formas de comunicação. Esses jovens, segundo a psicóloga membro da Sociedade Brasileira de Psicologia e pós-graduada em psicologia clínica pela USP, Dra. Triana Portal, são provenientes da nova classe média e de um passado sem tanta privação quanto o de seus pais. Esse grupo tem força e poder de compra. A facilidade de crédito ainda faz com que fiquem mais ávidos para adquirir produtos que lhes tragam gratificação. Querem pertencer, ascender socialmente, afirmar sua personalidade e satisfazer a vontade de ter produtos de ostentação que os diferenciem e os destaquem dentro da sociedade. “O mercado publicitário dispensa atenção especial para os jovens porque sabe que eles são ávidos consumidores”, acrescenta.
INVESTIMENTO NO PÚBLICO A indústria de higiene e beleza, associada ao poder do marketing, é responsável direta por usar a publici162
TENDÊNCIA DE USO A higiene íntima das jovens também recebe atenção da indústria. Voltada para o público de 12 a 16 anos, a marca Lucretin lançou uma linha exclusiva para adolescentes. Trata-se do Lucretin Shiny Star. De acordo com a marca, a necessidade dessa separação veio pelo fato de que, durante a fase da adolescência, as meninas passam por grandes mudanças em todos os aspectos, especialmente depois da primeira menstruação.
dade a seu favor, sobretudo para promover a venda de produtos que lhes tragam maior rentabilidade. “Não é apenas a qualidade do item que o torna desejável, mas o que ele pode proporcionar: distinção e pertencimento a um determinado grupo do qual se deseja fazer parte ou ser visto como pertencente a ele”, ressalta o cientista social, Bodart. O especialista salienta que os jovens não possuem um padrão de hábitos. Há elementos que provocam tal variação, como a classe social à qual pertencem, o acesso a determinados meios de informação, a faixa etária e a região em que residem. “Nota-se que os jovens sofrem forte influência da mídia e, mais recentemente, das redes sociais. Nesses espaços midiáticos, configuram e fortalecem seus estilos de vida próprios, os quais serão perseguidos por outros jovens”, complementa. A Dra. Renata Yamasaki diz que, quando ficam mais velhos, eles procuram se identificar com os grupos, com a escola, com o que está na moda. “É importante ensiná-los a cuidar da boa aparência e da higiene pessoal, mas é preciso ficar alerta para que o exagero no que diz respeito à preocupação com a beleza não se torne um vício”, ressalta.
TODOS QUEREM O MESMO Devido à necessidade de se autoafirmar e pertencer a um grupo, esse público geralmente se anula individualmente. O interesse pela beleza também é um fenômeno socialmente construído. “O que temos notado é o maior acesso das crianças, ainda em tenra idade, ao mundo social dos adultos, maximizando esse fenômeno. O desejo pelo belo, que outrora era basi-
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COMPORTAMENTO
camente apreendido pela observação do embelezamento de seus pais, agora está sendo cada vez mais potencializado”, afirma Bodart. Todo esse contexto faz com que haja uma supervalorização da estética. Os especialistas ressaltam que em uma sociedade tão visual quanto a brasileira, não poderia ser diferente. O desejo pelo belo é encorajado pelas campanhas de marketing.
ATUAÇÃO DA INDÚSTRIA Com um mercado em crescente expansão e mostrando potencial, os fabricantes de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos têm investido em pesquisas e desenvolvimento de produtos que atendem às necessidades e aos desejos desses consumidores mais jovens. O estilo de vida, os hábitos e a rotina dos adolescentes são muito observados no momento da seleção dos seus produtos. Esse público se importa cada vez mais com moda e estilo, e 60% dos jovens se preocupam com a beleza, o que aponta um direcionamento da escolha de produtos que enalteçam tais sentidos. De acordo com a gerente das marcas Dermacyd e Cepacol, da Sanofi, Deborah Goldkorn, esse grupo também busca marcas divertidas e inovadoras, embalagens coloridas, rótulos bem informativos e produtos em tamanhos menores. Esses parâmetros norteiam a escolha do tipo de produto e da linguagem por meio da qual a marca vai falar com o público. A executiva afirma que o mercado teen contribui para a liderança brasileira em cosméticos de massa. “É uma fatia ampla e em crescimento.” Somente em 2013, mais de 12% dos investimentos realizados pela Bonyplus em pesquisa e desenvolvimento de produtos das categorias Home Beauty Care (HBC), por exemplo, foi direcionado para os jovens, segundo informa o diretor de marketing da Beauty Color, Amaury Daguano. “No ano de 2014, devemos direcionar 15% dos nossos investimentos para o público juvenil. Para fortalecer nossa presença nesse mercado, apostamos também em produtos licenciados que representam o público mais jovem e se identificam com esses consumidores.” Os licenciamentos ganham cada vez mais espaço entre os jovens. Como se trata de uma área com grandes players, a competitividade é extremamente alta e, como consequência disso, a busca por diferen164
ADOLESCENTES GANHAM, EM MÉDIA, MESADA DE R$ 408 E GASTAM EM TORNO DE 40% DELA COM A APARÊNCIA – 37% COM ROUPAS E ACESSÓRIOS E 7% COM ITENS DE SAÚDE E BELEZA ciais é uma constante. “Dessa forma, o uso de personagens como ferramenta de diferenciação dos produtos passa a ser uma excelente alternativa para chamar a atenção dos consumidores”, destaca o gerente-geral da Warner Bros. Consumer Products no Brasil, Marcos Bandeira de Mello. Como a mãe ainda é a principal compradora, mesmo que fortemente influenciada pelos jovens, quando se depara com um produto que tem um personagem estampado na embalagem, cria-se uma combinação perfeita para a efetivação da venda, já que agrada os dois públicos, dado que ambos os targets têm uma relação positiva e emocional. A embalagem é realmente um diferencial na hora de oferecer os produtos para o público jovem. A diretora de marketing da NY. Looks, Regiane Bueno, diz que o visual dos produtos reforça o posicionamento da marca com foco no jovem. Amaury, da Beauty Color, explica que a indústria busca inspiração nos mais diversos meios de pesquisa para identificar, primeiramente, as reais necessidades desses consumidores, que são exigentes e antenados, possuem grandes referenciais de imagem e têm personalidade, “ou seja, não aceitam mais a ideia de ter de dividir os produtos de higiene e beleza com os pais ou responsáveis”. Esses jovens querem ter sua própria linha de beleza. Após esse primeiro mapeamento, cruzam-se os dados com análises de tendências de mercado da moda, com foco em estilos e cores. O resultado disso é o desenvolvimento de produtos que respondem diretamente às necessidades e desejos desses jovens consumidores. Segundo pesquisa da TNS Research International, os adolescentes ganham, em média, mesada de R$ 408 e gastam em torno de 40% dela com a aparência. Aproximadamente 37% da renda é destinada a roupas e acessórios e 7% a itens de saúde e beleza.
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EVENTO
10º edição da Abradilan Farma & HPC FEIRA TEVE COMO PÚBLICO-ALVO VISITANTES DO NORTE E NORDESTE DO PAÍS
M
POR LÍGIA FAVORETTO
Milhares de pessoas, entre representantes de laboratórios farmacêuticos, fabricantes de produtos de higiene, beleza e correlatos, empresas de logística e varejistas estiveram presente na 10ª edição da Abradilan Farma & HPC, realizada entre os dias 19 e 21 de março, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. Este é um dos maiores e mais importantes eventos do canal farma. Na solenidade de abertura, o presidente da Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais (Abradilan), Jony Sousa, falou sobre a importância da feira para o setor e lembrou que, há dez anos, quando aconteceu sua primeira edição, coincidentemente na capital cearense, muitos achavam que era um sonho impossível. “Passada uma década, temos hoje a maior feira do setor, com 18 mil metros quadrados, mais de 100 expositores mostrando mais de 200 marcas”, comemorou.
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O executivo comentou que alguns especialistas do mercado afirmam que o papel do distribuidor será cada vez menor, já que existe a tendência de negociação direta entre varejo e fabricante e que o varejo será formado somente por grandes empresas, mas, segundo Sousa, isso está longe de acontecer. “Há espaço para todos.” De acordo com o diretor executivo da Abradilan, Geraldo Monteiro, a feira é um grande canal para ampliar o leque de contatos e ficar por dentro das últimas novidades e tendências do canal farma. Este ano, o evento contou com um mix maior de produtos e serviços. “Em 2013, participaram do evento 200 marcas, recebemos 19.300 visitantes, entre eles empresários e diversos profissionais de laboratórios farmacêuticos, redes de farmácias e drogarias, distribuidores, farmácias e drogarias independentes, indústria de HPC e associações do setor farmacêutico”, afirma. Monteiro afirmou que, este ano, a feira está muito mais bonita esteticamente, o conteúdo está mais rico e, FOTOS: DIVULGAÇÃO/LÍGIA FAVORETTO
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EVENTO
SAIBA MAIS A primeira edição da feira, que ocorreu em 2005, foi na cidade de Fortaleza. Nos anos seguintes, o palco do evento foi montado nas cidades de Salvador (2007), Florianópolis (2009), Belo Horizonte (2011) e São Paulo (2006, 2008, 2010, 2012) e, no ano passado, no Rio de Janeiro. Em 2015, o evento acontecerá na capital paulista.
além disso, os expositores estão trazendo diversas oportunidades de negócios. Sobre a realização do evento no Nordeste, ele disse que a região teve sim empecilhos logísticos, já que dificulta a ida de um maior número de pessoas. “Observamos visitantes de todo o Brasil, mas, obviamente, o maior público é oriundo do Norte e do Nordeste, até porque um evento como este se torna uma atratividade na região.” Uma das maiores preocupações da Abradilan é com o conteúdo da feira. O grande desafio é ser inovador e apresentar novos nomes a cada ano. “Primeiro, precisamos levantar o nome de algumas pessoas que tenham a ver com o momento vivido pelo País; depois, essas pessoas precisam ter agenda.” O Felipão veio pela proximidade da Copa e pela atratividade que ele proporcionaria, mesmo sendo distante do mercado, fora do contexto farma. “Sabíamos que ele não tem nada a ver com o negócio, mas causaria impacto, e foi o que aconteceu, um impacto extremamente positivo. Trazer um cara diferente torna o evento diferente.”
INICIATIVA DE SUCESSO A Contento esteve presente no evento com o Espaço do Conhecimento. Lá, os visitantes puderam observar uma farmácia modelo e conferir ao vivo como uma loja deve ser setorizada. Além disso, palestras foram ministradas, para que todos adquirissem informações relevantes para o bom funcionamento do negócio. Fruto de uma parceria com a Abradilan, a iniciativa veio para concretizar o desejo que a associação tinha de realizar um encontro voltado para gestão, sobretudo para a capacitação do profissional varejista. Com gôndolas, sortimento, checkout e todos os outros elementos de uma farmácia real, o espaço foi criado para 168
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O técnico da seleção brasileira de futebol, Felipão, circulou pelo evento e causou frisson entre os visitantes
estimular o varejista a pensar em oportunidades que possam aumentar o tíquete médio da farmácia como um todo, não somente pensando em preço e promoção. O projeto permite mostrar ao farmacista como buscar o aumento do lucro por metro quadrado da loja. A construção da Farmácia Conceito foi realizada pelo Grupo Buzzato’s/Flexside, empresa especializada em montagem de drogarias. As gôndolas utilizadas são totalmente flexíveis, para permitir que, em qualquer lugar, fosse possível colocar cesto, gancho ou prateleira. A altura dos materiais pode ser regulada, de acordo com a necessidade do produto, o que melhora a exposição, facilita a venda e ainda estimula eventuais compras por impulso. O ambiente trouxe novidades como o DermoShow e o checkout inteligente, que prometem alavancar até 75% as vendas de dermocosméticos e aumentar as compras por impulso. Além disso, o diretor comercial da empresa, Renato Diniz, ressaltou um lançamento importante: o gaveteiro que acomoda medicamentos. Segundo ele, essa é uma tendência europeia que chegou com força total no Brasil, já que proporciona um ganho expressivo de espaço para itens de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, além de correlatos. O executivo foi um dos palestrantes do Espaço do Conhecimento e falou sobre o impacto do layout nas vendas. De acordo com Diniz, não há espaço para amadores e o canal farma precisa, a todo instante, aumentar seu faturamento. “O produto dentro de uma farmácia deve gerar circulação, fluxo. Uma farmácia não vende medicamento, quem vende medicamento é a receita médica. O grande trabalho de uma farmácia é vender HPC, ou seja, os varejistas precisam manter o valor dos medicamentos e aumentar o valor de higiene e beleza.” Ele ressaltou que as mulheres são as grandes consumidoras do canal. “Elas entram na loja, olham para a esquerda,
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EVENTO
MOMENTO ATUAL A comercialização de medicamentos fechou 2013 com resultados significativos. De acordo com dados da IMS Health, empresa de consultoria em marketing farmacêutico, o setor alcançou o faturamento de R$ 57,15 bilhões, o que significa um crescimento de 18,45% em relação ao faturado no ano anterior. Já a Abradilan obteve um aumento de 34% comparado ao ano de 2012, com um lucro de R$ 8,05 bilhões. Em relação ao número de unidades vendidas no geral, o crescimento foi de 13% e as unidades vendidas pelos distribuidores regionais associados à entidade cresceram 28%. O crescimento obtido em 2013 ficou muito próximo ao percentual projetado pelos associados da Abradilan. Segundo as projeções, 9,1% apostaram em um crescimento de até 10%, acompanhados de 36,4% que acreditavam em um aumento de 11% a 20%. Entre os otimistas, mais de 30,3% projetaram um crescimento acima de 30%.
mas vão para a direita e não consultam preço. A estratégia, diante dessa constatação, é saber posicionar o produto mais rentável dentro da movimentação feminina.” O executivo da Nexium Customer Solutions, Henrique Bragança, também palestrou para o Espaço do Conhecimento e disse que os varejistas precisam saber como aplicar os conceitos do Gerenciamento por Categorias (GC) em suas lojas. “No estande, diversas pessoas interagiram, isso permitiu identificar uma necessidade muito grande de evangelizar as pessoas sobre o GC, porque nem todo mundo consegue enxergar que a importância da ação gera de fato uma fidelidade muito maior quando se tem um cliente que chega na loja e consegue ver exatamente o que pensa de acordo com seu raciocínio e hábitos.” O consultor da Desenvolva, Consultoria e Treinamento, Marcelo Cristian Ribeiro, falou, em palestra, sobre os 12 passos para aumentar a venda e a rentabilidade na farmácia. O tema foi elaborado com base na necessidade do mercado, dos clientes, das farmácias pequenas, médias e grandes. “O foco foi contornar e encontrar uma saída para a queda de rentabilidade vivida nas farmácias no momento atual.” Segundo ele, o setor busca informações que auxiliem na busca por soluções práticas aos problemas vividos no mercado, como: aumento da 170
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O Espaço do Conhecimento gerou efetivação de negócios e relacionamento
rentabilidade, gerenciamento do negócio, práticas gerenciais, desenvolvimento de pessoas, fidelização de clientes, ações para perder menos clientes, vender mais para os clientes atuais e como angariar novos clientes. A Softpharma esteve pela primeira vez na Abradilan como expositora e foi uma das patrocinadoras do Espaço do Conhecimento. De acordo com a consultora comercial, Larissa Kroprochinski, essa primeira experiência trouxe ótimo retorno. “A feira superou todas as nossas expectativas. O número de clientes que nos procuraram foi surpreendente e, através disso, víamos uma necessidade de mercado real, comprovamos que é necessário sim apresentar softwares em eventos, não dá para ficar de fora.” O consultor de vendas, Marcio Evangelista, comentou que os lançamentos foram vendidos aos novos clientes, mas o grande objetivo era apresentar a empresa e não fechar negócios. “Mesmo assim, acabamos avançando bastante em negociação.” Também foram patrocionadores do Espaço do Conhecimento as empresas Kley Hertz, Sanfarma, Cless e Santher, que expuseram suas marcas e produtos. A ação teve início em 2013 e, nesta segunda edição, fica a certeza de que é uma iniciativa que veio para ficar.
PRESENÇA MARCANTE Carismático e com muitas histórias para contar, o técnico da seleção brasileira de futebol, Luiz Felipe Scolari, popularmente conhecido por Felipão, participou como palestrante do evento e conquistou a todos com seu bom humor e jeito simples de ser. Ao chegar ao Centro de Eventos do Ceará, conversou com executivos no estande da Abradilan, fez um tour pela feira e falou para um auditório repleto de espectadores. O objetivo da palestra foi mostrar aos visitantes que todos devem estar preparados para agarrar as oportunidades que a vida ou os negócios oferecem antes de elas acontecerem e não depois.
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EVENTO
A CONTENTO ESTEVE PRESENTE NO EVENTO COM O ESPAÇO DO CONHECIMENTO. LÁ, OS VISITANTES PUDERAM OBSERVAR UMA FARMÁCIA MODELO E CONFERIR AO VIVO COMO UMA LOJA DEVE SER SETORIZADA Ele destacou a importância do líder e da amizade no ambiente de trabalho. “Quanto mais amizade existir nas empresas, mais elas progredirão. Amizade sincera é difícil, mas é o que temos de melhor.” Felipão disse ainda que, para se obter sucesso, é preciso subir um degrau de cada vez e, em algumas situações, retroceder. “Na nossa carreira, não temos de olhar para quem está lá em cima e querer ter simplesmente o mesmo salário. Você não sabe o que aquela pessoa passou para estar lá. Eu comecei ganhando um salário mínimo e meio e percorria mais de 200 quilômetros diariamente para cumprir todos os compromissos. Quando a gente quer, não são 200 quilômetros que farão a diferença, mas a vontade, a persistência de buscar e fazer aquilo que queremos.”
PELA FEIRA A Cimed apresentou lançamentos da sua divisão cosmética, Nouvelle, e uma nova unidade de negócios, a One Farma. A gerente de produto, Márcia Cezar, apresentou a linha Bomb, xampu e condicionador que prometem 4 cm de crescimento dos cabelos ao mês. O outro grande destaque ficou por conta da apresentação de uma nova divisão de negócios, dentro da área de medicamentos, que é a One Farma. O gerente divisional de vendas, Rogério Mercês, disse que um canal em que a Cimed não é tão forte ainda é com os distribuidores, pois tem 23 CDs no Brasil inteiro e equipe própria de vendas. “Atendemos o varejo de forma direta e precisamos ser fortes em toda a cadeira. Dessa forma, pensamos em uma linha de produtos commodities, que é formada basicamente por genéricos, disponibilizada com exclusividade aos distribuidores. São itens da Cimed que migraram para o One Farma, com embalagens reformuladas, e elegemos os 50 maiores distribuidores do Brasil para isso.” O laboratório Teuto esteve presente no evento, pela décima vez, ou seja, participa desde a primeira edição da 172
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Projeto visa promover conhecimento e capacitação dos varejistas
feira. A grande novidade do momento é o treinamento Seu Negócio + Lucrativo, em novo formato, com novos conteúdos. Esse projeto teve início em 2012, agora existe o módulo de imersão, ou seja, o segundo módulo do projeto cujo objetivo é fazer com que os varejistas prosperem em um mercado de alta competitividade. São três opções de módulos, em 8, 16 ou 24 horas. A Boiron participou da feira, pela primeira vez, justamente em um momento em que buscava negociações no Norte e Nordeste. Segundo o executivo Ricardo Ferreira, sair do eixo tradicional São Paulo e Rio de Janeiro foi de extrema importância para conversar com parceiros da região. “As pessoas estão ávidas por encontrar novas oportunidades, produtos diferentes, que tragam conceitos novos, inovadores. Expusemos alguns produtos no Espaço do Conhecimento, o que gera visibilidade de marca e é isso o que buscamos.” O CEO da Nano Labs, Bruno Ancona Lopes, contou que a empresa lançou operação no Brasil no evento. A empresa é europeia, com atuação basicamente no comércio on-line. “Ao ingressar no País, identificamos, além do varejo virtual, uma oportunidade de negócios no canal farma. Fizemos uma entrada mais rápida e mais feliz do que esperávamos, somos bem otimistas e conseguimos falar com diversos distribuidores. O canal farma é muito maior que o on-line, porque as pessoas podem conversar sobre formulação e porque existe recomendação e prescrição médica.” Segundo ele, expondo os produtos também no Espaço do Conhecimento, as pessoas interessadas em representar nossa marca conseguem visualizar o diferencial de design que o produto tem. “Obter a visibilidade em um estande que tem um fluxo de pessoas muito maior do que o da própria empresa e que, eventualmente, nem estejam procurando pelo nosso produto, mas veem que existe vantagem e, a partir daí, visitam nosso estande para conversar de forma mais próxima.”
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S SANOFI www.sanofi.com.br SBD www.sbd.org.br SBH www.sbh.org.br SBIM www.sbim.org.br SBOT www.portalsbot.org.br SEBRAE www.sebrae.com.br SECONCI-SP www.seconci-sp.org.br SENAC www.sp.senac.br SINDUSFARMA www.sindusfarmacomunica.org.br SHOPPERAGE http://shopperage.com.br SOFTPHARMA http://portal.softpharma.com.br SUNDOWN NATURALS www.sundownvitaminas.com.br
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PFIZER www.pfizer.com.br
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PROVAR/FIA http://provar.org
UNIFESP www.unifesp.br
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