Edição 310 - Tecnologia a um clique

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GUIA DA FARMÁCIA DEBATE O AVC é a principal causa de incapacidade em adultos e a segunda maior causa de morte no Brasil, desde 2011

ANO XXV • Nº310 SETEMBRO DE 2018

EVENTO Contento e Sindusfarma apresentam ao mercado o Summit de Inovação em Saúde com o objetivo de alinhar ecossistemas e melhorar a aplicabilidade no canal farma

TECNOLOGIA A UM CLIQUE A Inteligência Artificial faz com que as máquinas aprendam com o usuário. Ou seja, ela é capaz de processar múltiplas fontes de dados estruturados e não estruturados e ajudar no processo decisório, além de aprender com a experiência e o uso, podendo ser aplicada a vários processos do varejo


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EDITORIAL

Tecnologia aplicada ao varejo Smartphones, realidade virtual, dispositivos conectados, big data, computação em nuvem, blockchain e outras tecnologias mudam a percepção da população sobre sua vida e a maneira como as pessoas se relacionam com as empresas. Dentro desse universo, a Inteligência Artificial (IA) chama a atenção. Ela faz com que as máquinas aprendam com os usuários. A capacidade de entender infinitos dados e transformá-los em informações úteis é o que faz, e fará cada vez mais, a diferença em um atendimento personalizado e na melhor experiência do consumidor, e é exatamente essa a abordagem da reportagem de capa desta edição do Guia da Farmácia. Ter dados sobre o consumidor no ponto de venda (PDV), no e-commerce, no mobile e em quaisquer outros canais disponíveis, e usá-los para entendê-lo melhor, será a chave do sucesso. Diferentemente do que se pensa, a tecnologia não acabará com a estrutura física das lojas, mas causará uma transformação para melhor atender o público-alvo.

DIRETORIA Gustavo Godoy, Marcial Guimarães e Vinícius Dall’Ovo EDITORA-CHEFE Lígia Favoretto (ligia@contento.com.br) ASSISTENTE DE REDAÇÃO Laura Martins EDITOR DE ARTE Junior B. Santos ESTAGIÁRIA DE ARTE Sara Helena COMERCIAL (EXECUTIVAS DE CONTAS) Jucélia Rezende (jucelia@contento.com.br) e Luciana Bataglia (luciana@contento.com.br) 4

Outro destaque fica por conta do evento Summit de Inovação em Saúde, promovido pela Contento Comunicação em parceria com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma). Durante um dia inteiro, os participantes puderam conhecer o que está sendo desenvolvido ao redor do mundo e sua aplicabilidade no Brasil a partir da apresentação, análise, compartilhamento e desenvolvimento de ideias e projetos de inovações em saúde, em especial no setor farmacêutico. O evento reuniu investidores, executivos, empreendedores e líderes na área de saúde e inovação no Brasil. Foi uma grande oportunidade não somente de se atualizar, mas de fazer networking e conhecer possíveis parceiros que poderão auxiliar na evolução desses mercados. Acompanhe a cobertura completa!

A capacidade de entender infinitos dados e transformá-los em informações úteis é o que faz, e fará cada vez mais, a diferença em um atendimento personalizado e na melhor experiência do consumidor

Boa leitura! Lígia Favoretto Editora-chefe

COORDENADOR DE CIRCULAÇÃO Cláudio Ricieri

COLABORADORES DA EDIÇÃO Textos Adriana Bruno, Flávia Corbó, Kathlen Ramos e Laura Martins Revisão Cristina Balerini Colunistas Dra. Amanda Araujo, João de Oliveira e Silvia Osso

FINANCEIRO Cláudia Simplício e Misleine Brito

IMPRESSÃO Abril Gráfica

ASSESSORIA TÉCNICA E LISTA DE PREÇOS Kátia Garcia

CAPA Shutterstock

ASSISTENTE COMERCIAL Mariana Batista Pereira ASSINATURAS Morgana Rodrigues

MARKETING E PROJETOS Luciana Bandeira ASSISTENTES DE MARKETING Leonardo Grecco e Noemy Rodrigues

GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

> www.guiadafarmacia.com.br Guia da Farmácia é uma publicação mensal da Contento. Rua Leonardo Nunes, 198, Vila Clementino, São Paulo (SP), CEP 04039-010. Tel.: (11) 5082 2200. E-mail: contento@contento.com.br Os artigos publicados e assinados não refletem necessariamente a opinião da editora. O conteúdo dos anúncios é de responsabilidade única e exclusiva das empresas anunciantes. O Guia da Farmácia é uma revista vendida e distribuida ao varejo farmacêutico, dirigida principalmente ao profissional farmacêutico, mas também aos demais profissionais de saúde: médicos, odontólogos, prescritores e dispensadores de medicamentos.

IMAGEM: SHUTTERSTOCK


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SUMÁRIO #310 SETEMBRO 2018

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E MAIS 38

>

EVENTO

A primeira edição do Summit Inovação em Saúde, realizado pela Contento Comunicação em parceria com o Sindusfarma, discutiu a relação da tecnologia com o setor

46 > DEBATE O AVC pode deixar sequelas ou levar a óbito. Por isso, é essencial que as pessoas saibam como se prevenir e reconheçam os sintomas da doença

56

>

ESTRATÉGIA

CAPA

Inteligência Artificial e outras tecnologias podem parecer um futuro distante, mas elas já fazem a diferença no varejo e poderão ser cruciais na experiência de compra dos clientes

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ESPECIAL SAÚDE 74 82 88 96

> > > >

DOR CONTUSÕES ESPORTIVAS ALERGIA MICOSES

> ATUALIDADE

Apesar de ser uma das doenças crônicas mais presentes na vida dos brasileiros, o diabetes ainda é desconhecido para a maior parte da população

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08 > GUIA ON-LINE 10 > ENTREVISTA 16 > ANTENA LIGADA 24 > ATUALIZANDO 30 > GUIA DA FARMÁCIA RESPONDE 62 > PESQUISA

GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

100 110 114 118

> ESPECIAL CABELOS > OPORTUNIDADE > CATEGORIA > SEMPRE EM DIA

ARTIGOS 32 > VAREJO Silvia Osso 34 > OPINIÃO João de Oliveira 36 > REGULATÓRIO Dra. Amanda Araujo

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GUIA ON-LINE INFORMAÇÕES NA INTERNET

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CONTEÚDO NO PORTAL ÁLCOOL X MEDICAMENTOS

Uma das principais dúvidas entre os pacientes, a combinação entre bebidas alcoólicas e fármacos pode ser mais perigosa do que parece. Orientação é fundamental.

DIFERENTES PONTOS DE VENDA

Apesar de parecidas, drogarias e farmácias têm características diferentes. Em geral, as farmácias podem desenvolver atividades mais amplas, enquanto as drogarias somente vendem medicamentos.

PARCERIA PARA INOVAÇÃO A Libbs se juntou ao Bradesco e à Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein para fomentar novos projetos na área de saúde.

O QUE ROLA NAS REDES SOCIAIS A tosse é uma reclamação bastante recorrente e que leva o paciente a buscar xaropes. Mas, antes, é preciso saber se o incômodo é uma tosse seca ou produtiva.

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Entenda a diferença entre esofagite, gastrite e refluxo para informar corretamente os clientes que chegam à farmácia com queixas estomacais.

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ENTREVISTA-ASPEN PHARMA

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Ações bem definidas

ESTÁ NO DNA DA ASPEN PHARMA PROMOVER SAÚDE E ACESSO POR MEIO DE SEUS PRODUTOS OU PELA INICIATIVA DE APOIAR CAUSAS SOCIAIS

O

POR LÍGIA FAVORETTO

O câncer infanto-juvenil é considerado uma das principais causas de morte entre crianças e adolescentes. Só perde para os acidentes domésticos, que estão em primeiro lugar. Pensando nisso, o laboratório sul-africano Aspen Pharma e o Instituto Ronald McDonald fecharam uma parceria em prol dos acometidos pela doença. Desde maio último, diversas atividades estão sendo desenvolvidas pela farmacêutica para engajar seus funcionários à causa e difundir mais informações sobre o câncer infanto-juvenil no País. Para falar sobre a iniciativa e demais projetos da empresa, o CEO da Aspen Pharma no Brasil, Alexandra França, concedeu uma entrevista exclusiva ao Guia da Farmácia. O executivo lembra que ações sociais fazem parte do DNA da Aspen mundialmente e que essa nova parceria envolve uma grande causa, que é difundir o combate ao câncer infanto-juvenil e gerar conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce por meio de diversas iniciativas que envolvem os colaboradores. “As atividades que vamos desenvolver esse ano não só ajudam a manter o Instituto financeiramente,

como também estimulam a propagação do tema e do trabalho desenvolvido em prol de crianças e adolescentes com a doença.” A Aspen Pharma do Brasil é subsidiária da Aspen Pharmacare, marca líder no continente africano e uma das 20 maiores do segmento de branded generic no mundo. A Aspen Pharmacare possui 18 plantas produtivas em 14 países, nos seis continentes, e fornece medicamentos para mais de 150 países. O Grupo entrou oficialmente no mercado brasileiro de medicamentos em 2009, após adquirir 100% da Cellofarm, com sede no Rio de Janeiro. A missão da Aspen do Brasil é abastecer o mercado interno, além de garantir a expansão do Grupo na América Latina, com foco em crescimento através de aquisições globais com outras multinacionais. Para isto, tem recebido investimentos que conferem maior competitividade em infraestrutura e em seu portfólio de produtos. A Aspen possui uma linha abrangente que engloba medicamentos de marca, similares, genéricos, fitoterápicos, biológicos, alimentos e cosméticos que fazem parte do dia a dia dos consumidores brasileiros. A grande estratégia de crescimento vem sendo as aquisições de grandes marcas. Como mais recente exemplo, 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ENTREVISTA-ASPEN PHARMA

desde agosto de 2012, a Aspen Pharma passou a comercializar o Leite de Magnésia de Phillips, Kwell e Nedax, anteriormente da GlaxoSmithKline (GSK). Além de expandir o leque de atuação no mercado através de aquisições, a empresa também planeja lançamentos próprios.

ou humano. Vai depender de cada situação, de cada evento. A gente quer participar ativamente de tudo, não só com dinheiro, mas com pessoas.

Guia da Farmácia • Por que a Aspen Pharma escolheu o Instituto Ronald McDonald para a parceria e qual a importância de se realizar ações sociais como essa?

França • De certa forma sim, porque envolve o público que o Instituto cobre, as crianças e suas famílias. Envolve indiretamente os colaboradores da Aspen, os personagens que vão participar, as famílias em torno disso. Esse é nosso maior objetivo.

Alexandre França • A Aspen Pharma já tem um histórico de ações sociais. Queremos que isso fique como DNA da empresa e, até então, não tínhamos uma ação que entrasse na nossa estratégia e que tivesse um planejamento de longo prazo. Começamos a procurar, a olhar no mercado algo que coubesse no nosso objetivo e aí veio o Instituto Ronald McDonald. Tivemos uma primeira conversa com o presidente do Instituto, Francisco Neves, e já nesse primeiro encontro podemos dizer que "deu um clique". Percebemos que existiam visões em comum, objetivos muito semelhantes e decidimos rapidamente que seria uma parceria. A segunda conversa já foi muito mais para desenhar como seria essa parceria, como seria esse planejamento, porque a decisão já estava tomada. Teremos ações em datas específicas, marcantes, que signifiquem algo ou para o Instituto ou para a Aspen Pharma. Acho que essa é a grande diferença de tudo o que a gente vinha fazendo no passado. Antes eram ações mais pontuais, mas agora, além do coração, a gente tem a razão. A gente tem a visão de longo prazo e, hoje, se o Alexandre França sair da Aspen Pharma, tenho a absoluta certeza de que o projeto continua, porque agora não é mais um DNA individual, é um DNA da corporação.

Guia • Isso envolve a população também?

Guia • Quantas crianças são atendidas? França • Na casa do Instituto Ronald McDonald do Rio de Janeiro são 100 crianças. Guia • Mudando um pouco de assunto e falando sobre perspectivas de atuação no canal farma, como a Aspen Pharma avalia 2018, até agora? França • Se a gente comparar com 2017, está bem melhor. E não só no sentido de números, mas no sentido de espírito de confiança, de comportamento. Você vê o mercado mais disposto a crescer, mais aberto a negócios, a parcerias, a iniciativas. Em 2017, você tinha redes de farmácias e distribuidores bem conservadores – com razão –, bastante reticentes em assumir riscos. Agora, vemos pessoas dispostas a conversar novamente sobre propostas do passado. Pela minha experiência, os números são consequência desse comportamento. A partir do momento que as pessoas aceitam conversar, aceitam riscos de novos negócios, os números vêm. Então acho que 2018 será muito melhor que 2017.

Guia • Quais são as ofertas da Aspen Pharma para o projeto?

Guia • Você percebe uma tendência maior para alguma classe medicamentosa, para um nicho específico de mercado?

França • Essa é a coisa mais bacana da parceria, ela não é engessada. Ela não diz: "você tem que fazer todo mês um depósito", ou outra coisa. O grande lance da parceria é a flexibilidade. Então, pode tanto ser umsuporte financeiro, como pode ser um suporte material

França • No caso da Aspen, a nossa linha de anestésicos está indo muito bem. Na verdade, é fácil explicar, porque todo dia tem alguém sendo operado. E à medida que a situação econômica começa a melhorar, essas atividades começam a ser retomadas. E o mais

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ENTREVISTA-ASPEN PHARMA

importante é que antigamente a linha de anestésicos era muito atrelada ao governo. As nossas estratégias recentes se descolaram do governo; temos agora negócios privados. Até porque o negócio público é sempre o último a se recuperar, quando você vem de uma recessão. Guia • E no varejo farmacêutico? França • Os negócios de OTC [Over The Counter – Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs)] estão indo muito bem e eles são medicamentos extremamente ligados à recuperação econômica. São quase produtos de consumo, ainda que sejam medicamentos. Se a economia começa a reagir, os MIPs seguem essa tendência. Mas se você olhar o setor farmacêutico como um todo, ele está mostrando sinais de recuperação – genéricos, medicamentos de prescrição etc. Guia • Essa tendência faz parte de um movimento de autocuidado? França • Exatamente. A gente tem um cuidado muito grande de explicar a diferença da autoprescrição para o autocuidado. Nenhuma indústria farmacêutica séria incentiva a autoprescrição, até porque é perigoso. O autocuidado é mais amplo e seguro, é fazer os exames regularmente, ter uma vida saudável, cuidar da alimentação e, se necessário, tomar o medicamento adequado baseado em uma orientação médica. Se é uma coisa pequena, em 24 horas tem que passar; se não passou, não insiste, vai ao médico. Guia • Existe uma máxima no mercado de que algumas doenças crônicas poderiam ser evitadas se fossem tratadas com o uso de MIPs. A Aspen acredita nisso? França • A gente acha exatamente isso. Se for falar de um paciente que tem hipertensão, ele não precisa ir ao médico toda vez que vai tomar o medicamento; ele sabe que vai tomar o medicamento o ano todo. Ele vai ao médico, é diagnosticado, o médico prescreve o medicamento, depois disso entra em uma rotina.

"SE A GENTE COMPARAR COM 2017, ESTÁ BEM MELHOR. E NÃO SÓ NO SENTIDO DE NÚMEROS, MAS NO SENTIDO DE ESPÍRITO DE CONFIANÇA, DE COMPORTAMENTO. VOCÊ VÊ O MERCADO MAIS DISPOSTO A CRESCER" Isso facilita até os processos no Sistema Único de Saúde (SUS). Você tem uma fila imensa para tratar dor de cabeça, diarreia, enjoo – sem querer minimizar o problema, mas essas doenças ocupam a hora do médico, que deveria ser investida em pessoas com sintomas ou doenças muito mais graves. Se você tem o autocuidado, você evita essa ida desnecessária ao médico. Guia • Como vocês determinam o que vêm da África para o Brasil? França • Esse é um ponto bem bacana. Primeira coisa: a Aspen não trabalha com expatriados, ou seja, diferente das multinacionais nas quais você tem presidente suíço em uma empresa suíça, um alemão em uma empresa alemã, a Aspen Pharma entende que quem conhece o mercado local, são os locais. Se você encontrar alguém de nacionalidade diferente é porque a gente contratou a pessoa aqui, não foi imposição da matriz. Por conhecer o mercado, a gente tem mais liberdade de dizer o que funciona ou não no Brasil. Claro que às vezes tem discussões, não é perfeito. E aí, acabam um pouco as semelhanças com a África do Sul. Lá, tem alguns medicamentos que vendem muito e eles acham que aqui venderiam tremendamente. Mas o Brasil é um país com características bem diferentes de consumo de medicamentos quando comparado à África do Sul. Lá, fitoterápicos são produtos de primeira linha. Eu acho que é uma questão de maturidade de mercado. O mercado brasileiro é mais maduro, é mais criterioso, ele não acredita em qualquer “receitinha de vovó”.

A editora-chefe do Guia da Farmácia, Lígia Favoretto, viajou ao Rio de Janeiro (RJ) para o evento de lançamento da parceria Aspen Pharma e Instituto Ronald McDonald, quando realizou esta entrevista, a convite da Aspen Pharma 14

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ANTENA LIGADA

DNA RENOVADO NÃO É APENAS NA APRESENTAÇÃO DE NOVOS SERVIÇOS OU PRODUTOS QUE UMA EMPRESA PODE MOSTRAR QUE É INOVADORA. BUSCAR OUTRAS COMPANHIAS PARA CRESCER E MUDAR SUA CULTURA PODEM SER TÃO POSITIVOS QUANTO POR LAURA MARTINS

PARCERIA PARA INOVAÇÃO

A Libbs farmacêutica firmou contratos com a incubadora Eretz.bio, da Sociedade Beneficente Israelita Albert Einstein, e com o inovaBra habitat, do Bradesco. A parceria com o inovaBra habitat começou há poucos meses, quando a farmacêutica passou a ter um espaço de inovação colaborativa no espaço de coinovação do Bradesco. Já a colaboração com a Eretz.bio, fechada em junho último, permite à Libbs acesso e conexão a startups voltadas para a área da saúde. • www.libbs.com.br

IGUALDADE SOCIAL

A Bristol-Myers Squibb (BMS) é a primeira empresa farmacêutica a assinar a carta de adesão à iniciativa empresarial pela igualdade racial junto ao Instituto Afro Brasileiro de Ensino Superior (Afrobras). Com esse acordo, a empresa incluiu à sua agenda dez compromissos relacionados à promoção da igualdade. São iniciativas como a inclusão de negros em seu quadro de colaboradores ainda este ano, aumentando a representatividade desta população que, atualmente, está em 12% do total de funcionários da companhia. • www.bms.com/br

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CVS ABRE PRIMEIRA LOJA NO BRASIL

Cinco anos após ser comprada pela CVS Health, a Drogaria Onofre começará a carregar o nome da marca de seu controlador. Nas próximas semanas, a empresa abre as portas de uma loja modelo, localizada na Avenida Paulista com a Rua Pamplona – na capital paulista – com uma nova assinatura: Onofre CVS Pharmacy. A unidade será a mais automatizada da rede, com robôs, self check-out e farmacêuticos voltados para a prestação de serviços. Além de fixar a nova marca, a companhia deverá apostar pesado no e-commerce, de acordo com a presidente da empresa no Brasil, Elizangela Kioko. O plano vai de encontro aos concorrentes, que têm um ritmo intenso de abertura de lojas e até da própria matriz. A decisão de dar prioridade ao varejo eletrônico foi tomada após avaliações de que, com a abertura de estabelecimentos em ritmo muito acelerado, cresce o risco de perdas por encalhe ou falta de produto. Para isso, a empresa trocou sua plataforma de comércio eletrônico, investiu em logística e em novos centros de distribuição (CDs). Em novembro próximo, inaugurará dois novos CDs, localizados em regiões centrais para atender mais rápido aos consumidores que comprarem pela internet. Em São Paulo, o espaço será no bairro da Mooca. No Rio, em São Cristóvão. Acompanhe a cobertura completa sobre a inauguração na próxima edição do Guia da Farmácia. • www.dci.com.br

GENÉRICOS EM ALTA

Os medicamentos genéricos estão em crescimento. De acordo com a Pesquisa Alelo Hábitos Financeiros dos Brasileiros, realizada pela Alelo em parceria com o IBOBE Conecta, 27% dos brasileiros substituíram medicamentos de marca por genéricos. Porém a maior parte (61%) não buscou métodos alternativos de tratamento para economizar com a compra de fármacos. O levantamento apurou que 62% dos brasileiros não tiveram que cortar gastos para comprar medicamentos, mas 25% tiveram que usar o dinheiro que estavam economizando. • www.alelo.com.br

NOVO GALPÃO

A Drogarias Pacheco possui, agora, um galpão de 28 mil m² no GLP Irajá, no Rio de Janeiro (RJ). Com localização estratégica e acesso pela Rodovia Presidente Dutra, o espaço tem pé-direito de 12 m e alta eficiência de armazenagem sobre a área locada. O galpão foi climatizado para o armazenamento adequado dos medicamentos. Além disso, a Drogarias Pacheco terá um dos melhores processos de distribuição intralogística instalado no País para abastecer os estabelecimentos de forma inteligente, conforme a demanda. • www.drogariaspacheco.com.br

MIORRELAX EM NOVA AÇÃO

Miorrelax, analgésico e relaxante muscular, apresenta nova campanha: “A dor para. Você conquista”. O filme mostra cenas de pessoas que desbravam o mundo e vão atrás de suas conquistas, mas são surpreendidas pela dor física. O medicamento apresenta-se como uma solução para elas. A campanha, que foi desenvolvida pela My Agência, mostra o diferencial do produto reforçando os três ativos de Miorrelax: orfenadrina, dipirona e cafeína, que fazem com que o relaxante muscular aja direto no músculo, aliviando a dor e aumentando a potência analgésica. • www.miorrelax.com.br

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ANTENA LIGADA

NEXCARE LANÇA CAMPANHA

A Nexcare está com um novo posicionamento global. Antes focada em superproteção, agora a marca se alinha ao conceito de resiliência e superação de desafios, sempre contando com os produtos Nexcare para ajudar em caso de machucados e feridas, alcançando a melhor cicatrização e cura possível. O vídeo da campanha é marcado pela frase “Para os que não desistem” e possui ritmo forte, mostrando crianças e adultos em atividades físicas. O slogan “Incentive. Cuide” resume bem a mudança na estratégia da marca, baseada em uma pesquisa mundial que mostra que os pais não querem criar seus filhos em bolhas superprotetoras. • www.nexcare.com.br

ABRAFARMA MOVIMENTA MAIS DE R$ 20 BILHÕES

As 24 redes de farmácias e drogarias da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) movimentaram R$ 22,78 bilhões no primeiro semestre de 2018, uma alta de 7,54% em relação ao mesmo período de 2017. Embora representem 9,2% do total de 76 mil farmácias no País, as redes associadas à entidade concentram mais de 45% do faturamento do setor. Os Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs) foram os principais impulsionadores desse resultado. Com faturamento superior a R$ 3,5 bilhões, a categoria cresceu 15,42% e representou 16% das vendas totais. • www.abrafarma.com.br

NOVARTIS TEM NOVO CEO NO BRASIL

ENCONTRO FARMARCAS REÚNE PLAYERS

O Encontro de Associados Farmarcas 2018, que aconteceu entre os dias 9 e 10 de agosto último, na capital paulista, foi dividido em dois momentos. No primeiro dia, foi realizado um encontro de negócios, com a participação de 61 expositores da indústria farmacêutica e distribuidoras de medicamentos, que aproveitaram para fortalecer o relacionamento com os empresários associados. Já no dia 10, foi realizado um ciclo de palestras nas quais foram apresentadas novidades para as redes associadas e os principais projetos da companhia para este e o próximo ano. Outro destaque da Farmarcas fica por conta da abertura de sua 800ª loja no Brasil com a unidade de Poços de Caldas (MG). Com isso, a rede dá um importante passo para atingir sua meta, de mil estabelecimentos em 2019, se posicionando como um dos maiores grupos farmacêuticos do País. • www.farmarcas.com.br

A Novartis anunciou Alexandre Gibim como novo CEO no Brasil. O executivo assume a liderança do grupo e chega com foco em potencializar as oportunidades do negócio, com o lançamento de aproximadamente 50 produtos nos próximos cinco anos, aumentar o acesso a medicamentos inovadores e trabalhar para criar um ambiente de colaboração entre os vários negócios da empresa no País. Ele acumulará o cargo de diretor-geral da área de Oncologia Brasil, função que ocupa há mais de três anos. Nesse período, ele teve como missão levar acesso a medicamentos inovadores e diferenciados à população. • www.novartis.com

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CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE NEUROPATIA PERIFÉRICA

Pelo terceiro ano consecutivo, a campanha “Escute seus Nervos”, da Merk, ajuda a alertar a população sobre os sinais da neuropatia periférica, doença que compromete os nervos. Entre os principais sintomas da patologia estão pontadas e agulhadas, dormência, sensação de queimação nos pés, tontura e fraqueza muscular. Apesar de o diagnóstico precoce ser essencial, um sinal ou sintoma relacionado ao problema pode não parecer relevante no início. Por isso, é importante que os pacientes sejam bem orientados sobre a importância de buscar um médico. Os grupos de maior risco são os idosos, alcoólatras, fumantes, diabéticos e pessoas com deficiência de vitamina B. • www.merck.com.br

NATULAB EM RANKING DE MIPS

A Natulab tornou-se a quinta colocada na categoria dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs). A empresa atingiu recordes em market share nos três principais indicadores: unidades (1,87%), reais (1,19%) e Pharmacy Purchase Price – PPP (0,60%). Entre maio de 2017 e maio deste ano, a empresa apresentou alta de 30,8%. Se considerados o comportamento em vendas em reais e PPP, a alta foi de 35,9% e 36,9%, respectivamente, para estes indicadores. • www.natulab.com.br

BRASIL SEM ESTUDOS CLÍNICOS

Pesquisadores estão deixando de fazer estudos clínicos no Brasil, privando o País de investimentos expressivos e prejudicando a qualificação dos profissionais de saúde. Além disso, os tratamentos mais modernos e inovadores só passam a ser acessíveis depois de seu lançamento, sendo que os estudos clínicos poderiam ser benéficos à população. Esses são dados da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), coletados junto a 21 companhias. No total, as farmacêuticas deixaram de incluir o Brasil em 246 estudos clínicos entre 2012 e 2018, o que poderia beneficiar 12.844 pacientes antes do lançamento oficial dos tratamentos. Foram perdidos R$ 490 milhões em investimentos no período. Em média, a aprovação de um pedido de pesquisa clínica no Brasil é de 12 meses – o dobro da média mundial. Em países como os Estados Unidos e a Coreia do Sul, o tempo de análise raramente passa dos três meses. • www.interfarma.org.br

GRUPO NC ADQUIRE MULTILAB

A Novamed, pertencente ao Grupo NC (também detentor da EMS), assumiu oficialmente a totalidade dos negócios do laboratório Multilab, em São Jerônimo (RS). Com a decisão, o Grupo NC passa a ser responsável pela unidade fabril e incorpora todo o portfólio de produtos da Multilab. A fábrica pode produzir medicamentos sólidos, semissólidos e líquidos. Como parte da estratégia de crescimento e consolidação de liderança no segmento farmacêutico, o Grupo NC mais que dobrará a produção da planta adquirida que, atualmente, é de quatro milhões de unidades (caixas de medicamentos) por mês. A produção deverá chegar, em um ano, a dez milhões de unidades mensais. • www.gruponc.net.br

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SAÚDE FEMININA A INTIMIDADE DAS MULHERES MERECE CUIDADO E ATENÇÃO. PARA SUPRIR SUAS NECESSIDADES, LABORATÓRIOS FARMACÊUTICOS BUSCAM SOLUÇÕES PARA QUE INCÔMODOS NÃO FAÇAM PARTE DO DIA A DIA POR LAURA MARTINS

LUBRINAT

MANTECORP FARMASA

A Mantecorp Farmasa está com um novo produto em sua linha de ginecológicos para oferecer cada vez mais opções de tratamento. Lubrinat é um gel hidratante intravaginal à base de ácido hialurônico indicado para tratamento de secura vaginal. Anteriormente, o produto era comercializado pela Merck S.A e a partir do segundo semestre de 2018 passará a ser distribuído pela Hypera Pharma, com novas embalagens. MS 80288610005 • www.hyperapharma.com.br

HYALUFEM ABBOTT

Recomendado para mulheres que sofrem com o ressecamento da região íntima, também conhecido como secura vaginal, especialmente as que estão no climatério e na menopausa, no período pós-parto ou em tratamento quimioterápico, Hyalufem é um hidratante intravaginal desenvolvido para restaurar a umidade na região, melhorando os sintomas da atrofia vaginal e restaurando o pH (acidez) local. Hyalufem é composto por uma bisnaga com 24 g de gel e oito aplicadores de uso único, sendo indicada uma aplicação a cada três dias. Anvisa 80225209001 • www.abbottbrasil.com.br

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DOISKA

BIOLAB FARMACÊUTICA

A Biolab Farmacêutica traz ao Brasil o suplemento DoisKa. O produto é à base de vitamina K2, sob a forma de MENAQ7®, sendo atualmente a única vitamina K2 patenteada com benefícios cardiovasculares clinicamente comprovados. A vitamina K2 exerce importante papel para a saúde do coração por meio da recuperação das propriedades elásticas das artérias. DoisKa é encontrado em embalagens com 30 comprimidos. MS Produto isento de registro conforme a RDC 27/10 • www.biolabfarma.com.br

NESTLÉ MATERNA PFIZER E NESTLÉ

A Pfizer e a Nestlé apresentam o Nestlé Materna, suplemento vitamínico indicado para grávidas, que chega ao mercado reformulado, vendido como suplemento alimentar. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que as gestantes adotem a suplementação diária de ácido fólico, como forma de prevenir malformações neurológicas no feto, e também de ferro. Esses são alguns dos 22 nutrientes que compõem o produto. O comprimido possui também a tecnologia de três camadas, desenvolvida especialmente para que a liberação dos nutrientes ocorra de forma controlada no organismo materno, facilitando sua absorção e digestão. MS Produto isento de registro conforme a RDC 27/10 • www.pfizer.com.br • www.nestle.com.br

UMIDIFICADOR SONICLEAR ULTRASSÔNICO SONICLEAR

A Soniclear acaba de lançar o Umidificador Soniclear Ultrassônico, cujo reservatório tem capacidade para três litros de água. O equipamento umidifica ambientes fechados de até 30 m² por um período de oito a 15 horas, dependendo da intensidade da névoa, sem molhar os móveis ou danificar os eletrodomésticos existentes no local. O produto agrega ainda um novo conceito de fabricação que permite ao usuário fazer a completa higienização do reservatório, evitando a proliferação de fungos e bactérias. Produto sob regime de certificação compulsória INMETRO certificado de conformidade Nº UL-BR 16.0821 • www.soniclear.com.br

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VITA E ACHÉ

Apesar de causar desconforto para muitas mulheres, a displasia mamária não é doença. Ocasionada por hormônios, especialmente no período pré-menstrual, seus sintomas estão relacionados com dor e inchaço nas mamas. Mas a vitamina E pode contribuir para reduzir esses incômodos. Além de amenizar os sintomas da displasia mamária, a suplementação de vitamina E oferece outros benefícios, como ajudar o organismo a manter o aporte adequado para que haja um equilíbrio entre substâncias oxidantes e antioxidantes, evitando o dano celular. O medicamento Vita E, do Aché Laboratórios Farmacêuticos, contém vitamina E concentrada (400 mg), atuando na redução dos radicais livres do organismo. MS 1057301370029 • www.ache.com.br

DOUTOR SAN SANFARMA

Conhecido popularmente como “Doutorzinho”, para alívio das dores musculares, a linha Doutor San, da Sanfarma, conta com arnica e copaíba em sua fórmula. As plantas possuem substâncias ativas anti-inflamatórias, aliviando dores musculares e articulares, auxiliando na melhoria dos músculos cansados, doloridos e sobrecarregados. A versão creme pode ser usada em massagem corporal e não deixa resíduo oleoso na pele. Já o aerossol é recomendado para uso em contusões, pancadas e torções. MS 25116002700-5 (Doutor San Creme) Anvisa 25351.345947/2017- 00 (Doutor San Aerosol) • www.sanfarma.com.br

FINN

HYPERA PHARMA

A linha de adoçantes Finn está com novas embalagens. O bordô, cor proprietária da marca, ganha protagonismo nas embalagens e o desejo de comer provocado pela imagem é representado com ilustrações botânicas, feitas em aquarela, para transmitir suavidade e uma linguagem natural. Já as cores predominantes nas embalagens – verde para stévia e azul para sucralose – destacam a substância de cada adoçante, facilitando a identificação para o consumidor e reforçando os códigos da categoria. MS Produto isento de registro conforme a RDC 27/10 • www.finn.com.br

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GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

SYSTANE UL® ALCON

A Alcon tem em seu portfólio Systane UL®, uma lágrima artificial que cria uma barreira protetora elástica e reconstrói o filme lacrimal, sendo similar ao líquido que o corpo produz para manter os olhos lubrificados, proporcionando conforto, melhora da lubrificação, proteção prolongada, alívio do ressecamento, da irritação e da sensação de corpo estranho nos olhos. MS 80153480163 • www.br.alcon.com


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MINHA MÃE, COM 85 ANOS DE IDADE, TEM ALZHEIMER E TOMA MEDICAMENTOS DE USO CONTÍNUO PARA MEMÓRIA, PRESSÃO, DIABETES, CIRCULAÇÃO E CORAÇÃO. GOSTARIA DE SABER SE É POSSÍVEL ADMINISTRAR TAMBÉM UM LAXANTE, POIS ELA CHEGA A FICAR ATÉ 45 DIAS SEM EVACUAR. PERGUNTA ENVIADA POR ANTONIO CARLOS SIMÕES – CRUZEIRO (SP)

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Uma situação em que um idoso sadio apresente, por exemplo, duas evacuações ao dia e passa a ter três ou quatro na semana, não deve ser considerada normal para a idade. Apesar de essa diminuição da frequência de evacuação não ser normal ao idoso, as múltiplas doenças que são prevalentes nessa população e muitos dos medicamentos frequentemente usados por esses indivíduos têm como característica deixar mais lento o funcionamento do intestino. Considera-se um quadro típico de obstipação intestinal quando ocorrem duas ou menos evacuações por semana e/ou o esforço para evacuar é grande demais e pouco produtivo. Os restos da digestão podem se acumular no reto e no sigmoide e, em presença de certo volume, estimulam o reflexo que gera o desejo da defecação. O mecanismo da eliminação do bolo fecal envolve o peristaltismo intestinal (sistema nervoso autônomo) e o relaxamento do esfíncter anal. Se esse mecanismo não

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GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

está funcionando, as fezes não serão eliminadas, vão endurecer e impedir a evacuação, gerando o fecaloma, que pode ser desencadeado por inúmeros fatores. A diminuição crônica de evacuações, se não tratada, pode acarretar perda substancial de qualidade de vida, ou seja, aumentar significativamente o sofrimento de um idoso acamado por levar à distensão gasosa das alças intestinais e à formação de fezes endurecidas, de difícil expulsão. É importante salientar que essa manifestação poderá ser, inclusive, em decorrência de uma obstrução intestinal (física ou funcional) que poderá trazer consequências sérias ao idoso. Saliente-se que são imperativos a investigação e o conhecimento das razões da redução da defecação para que sejam estabelecidas as estratégias para sua regularização, considerando que inúmeros fatores poderão estar presentes para o desencadeamento desse problema e que eles poderão ser extremamente graves. O diagnóstico da lentificação do funcionamento do intestino do idoso deve ser estabelecido para que as causas se-

IMAGENS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO


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BAIXE O APP QR CODE OU ENVIE SUA PERGUNTA DIRETAMENTE NO E-MAIL: COMUNICACAO@CONTENTO.COM.BR NÓS RESPONDEMOS!

MARIA APARECIDA NICOLETTI

Farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP)

jam controladas, portanto, a sua avaliação clínica se faz necessária. Nesse contexto, são avaliados alguns fatores que poderão contribuir, como deambulação (imobilidade ou mobilidade reduzida, falta de atividade física), dieta (baixo consumo de fibras e ingestão insuficiente de líquidos), enfermidades (diabetes, hipotireoidismo, entre outras) e inúmeros medicamentos. Como a falta de defecação pode ser originada por obstrução intestinal total ou parcial, o quadro poderá variar de acordo com a localização e a gravidade dos sintomas e deve ser sempre feito no hospital, para evitar o surgimento de complicações, que podem ser agravadas com as medidas domésticas. Esse período de 45 dias que o leitor menciona poderá causar problemas como desidratação, perfuração intestinal, infecção generalizada, morte de parte do intestino, entre outras consequências. A utilização de laxantes (se forem indicados), conforme mencionado na pergunta, deve ser feita por prescrição do médico que trata da paciente, considerando que eles poderão desencadear efeitos drásti-

cos no idoso. Portanto a paciente, com a situação do período mencionado, deveria ser encaminhada a uma unidade médica com urgência para que seu estado seja avaliado quanto aos procedimentos necessários que poderão ser utilizados. Os medicamentos mencionados na pergunta são citados a seguir com a indicação de uso: Alois® (cloridrato de memantina: tratamento do Alzheimer), Vazogard® (cilostazol: tratamento de doença vascular periférica), Trayenta® (linagliptina: tratamento de diabetes tipo 2), Brasart® (valsartana: tratamento de hipertensão arterial sistêmica) e atenolol (tratamento de hipertensão arterial sistêmica, angina e arritmias cardíacas). Segundo consulta em base de dados (Truven Health Analytics. MICROMEDEX®Solutions, Greenwood Village, Colorado, USA), a utilização do atenolol e da linagliptina apresenta interação medicamentosa de gravidade moderada, considerando que o uso concomitante de agentes antidiabéticos e betabloqueadores pode resultar em hipoglicemia ou hiperglicemia. O betabloqueador pode mascarar os sintomas de hipoglicemia.

2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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VAREJO

As tecnologias que vieram para ficar OS MESES FINAIS DO ANO DIRECIONAM AÇÕES PARA O QUE DEVE SER FEITO EM 2019

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SILVIA OSSO Palestrante e consultora de empresas. Especialista em varejo e autora dos livros destinados ao varejo e serviços denominados ATENDER BEM DÁ LUCRO; ADMINISTRAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS EM FARMÁCIA, PROGRAMA PRÁTICO DE MARKETING EM FARMÁCIAS; LIDERANÇA PARA TODOS; PÍLULAS DE GESTÃO. Para adquirir os livros, acesse: www.lojacontento.com.br E-mail siosso@uol.com.br 32

Vem aí o último trimestre de 2018 e, mesmo com todas as incertezas do mundo e do Brasil, a vida segue e o varejo também. O conceito de big data já é um ativo básico para alavancar negócios, mas ainda vamos assistir a mais um “round” do varejo tentando compreender o consumidor que requer dose extra de atenção para ser conquistado. Precisamos estar atentos, pois o próximo ano será de consolidação de algumas tecnologias com as quais estamos começando a nos acostumar e que terão impacto no dia a dia do varejo farma, como, por exemplo: • Dispositivos móveis: isso já é praticamente uma realidade. O uso tem aumentado em função da comodidade e da praticidade para o consumidor. A popularização dos aplicativos simplificou a aquisição de bens e serviços pelo celular e o consumidor anda mais propenso a fechar negócios, demonstrando que os investimentos em segurança e logística das empresas estão sendo recompensados. • “Apps”: o que já foi uma dificuldade econômica para os empresários está se tornando uma possibilidade. Esse empecilho não é mais barreira: há mais empreendedores criando programas com valores acessíveis e mais consumidores comprando on-line, o que significa que o investimento tem mais chance de retorno hoje do que tinha ontem. O desafio ainda é desenvolver um “app” que ofereça ao cliente uma experiência de compra rica o suficiente para convencê-lo a manter o programa instalado em seu celular e usá-lo com frequência.

GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

• Realidade virtual e aumentada: graças a elas, o consumidor poderá, por exemplo, “ver” como um móvel novo ficaria em sua sala, ou a maquiagem em seu rosto. Com auxílio dos óculos de realidade virtual, o cliente pode, virtualmente, caminhar por uma loja e escolher diretamente nas gôndolas. • Inteligência Artificial (IA): o reconhecimento vocal ou facial, as impressões digitais, a pressão aplicada ao tocar a tela, todos serão combinados em um mix com enorme potencial de segurança e conforto para os usuários. Isso fará com que as experiências de pagamento gerem maior prazer e alegria para os clientes. • Lojas tecnológicas: poderemos ter algumas experiências de lojas sem caixas e com um número mínimo de atendentes, mas é principalmente na área da mercadoria que a tecnologia será importante, onde as gôndolas estarão conectadas a sistemas que “entendem” quais produtos foram retirados, quem está comprando e quanto os itens comprados custam. Basta o cliente colocar o que quer levar em uma sacola e sair da loja. • Mobilidade Urbana: os “drones” ainda são uma realidade remota no País, mas o conceito de “levar a loja até sua casa” vem ganhando terreno de várias formas. São tempos interessantes estes em que vivemos. O importante é manter a mente aberta aos novos e instigantes cenários para trabalhar. IMAGEM: DIVULGAÇÃO


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OPINIÃO

Lugar de medicamento é na drogaria UM SIMPLES COMPRIMIDO DE DIPIRONA, DEPENDENDO DO PACIENTE, PODE LEVAR A SÉRIAS COMPLICAÇÕES

JOÃO DE OLIVEIRA Trade marketing no Grupo de Drogarias Americana 34

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Ainda não foi aprovado o projeto de lei nº 9.482/2018, que permite a venda de medicamentos em supermercados, mas essa questão nos leva a uma séria reflexão. Quando falamos em faturamento, receita e lucro, a saúde pode ser deixada de lado? Como propõe o PL, parece que sim. O Brasil apresenta mais de 80 mil pontos de vendas (PDVs) de drogarias, sendo um mercado altamente competitivo. Os descontos oferecidos no PDV agridem as margens de lucro do empresário de farmácia. Por qual motivo criar mais concorrentes para os donos de farmácias e drogarias? A proposta do deputado federal Ronaldo Martins (PRB-CE) deve ser questionada, principalmente por ele estar totalmente fora do âmbito de saúde – o deputado é radialista e músico. Suas justificativas para este projeto de lei são infundadas. E como sabemos, um simples comprimido de dipirona, dependendo do paciente, pode levar a sérias complicações. É bom lembrar que estamos falando de drogas e de seus possíveis efeitos colaterais, por isso lugar de medicamento deve ser sempre na drogaria! Não podemos deixar de lado a importância do profissional farmacêutico. É imprescindível a assistência farmacêutica nas drogarias na prestação de serviços de saúde, na dispensação e na orientação do uso de medicamentos. Caso essa proposta seja aceita, o profissional farmacêutico poderá ser desvalorizado.

GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

O Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP), em nota, afirma que se trata de um retrocesso para a saúde e um ato de irresponsabilidade, pelo projeto de lei, tratar os medicamentos isentos de prescrição como inofensivos. Sem acesso à informação e orientação, a população será prejudicada, pois utilizará de forma indiscriminada os medicamentos. Medicamentos, isentos ou não de prescrição médica, continuam sendo medicamentos, e sua administração deve ser acompanhada por um profissional de saúde. Em maio de 2012, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) vetou a venda de medicamentos em supermercados. A presidente justificou o veto em razão da dificuldade de controle sobre a comercialização dos produtos em questão. “Ademais, a proposta poderia estimular a automedicação e o uso indiscriminado, o que seria prejudicial à saúde pública”, informou Dilma no texto do veto, enviado então ao Congresso. Já o atual presidente da República, Michel Temer (PMDB), estuda o pedido recebido do setor supermercadista para venda de medicamentos que não exigem prescrição médica. Enfim, as ideias foram lançadas. Agora, só resta nos mobilizarmos e torcermos para que haja bom senso e respeito para com as drogarias, farmacêuticos e, principalmente, com a saúde da população. IMAGEM: DIVULGAÇÃO


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REGULATÓRIO

Marco importante: saudabilidade e suplementação alimentar ALTERAÇÕES POSSIBILITAM A FÁCIL IDENTIFICAÇÃO E O ENTENDIMENTO DO CONSUMIDOR SOBRE A EFETIVA FUNCIONALIDADE DOS SUPLEMENTOS

N DRA. AMANDA ARAUJO

Gerente executiva jurídica e responsável pelo Programa de Compliance Fini 36

Na era atual, a preocupação com a alimentação, com os hábitos de vida saudáveis e com os benefícios associados ao consumo de suplementos alimentares ganha cada vez mais espaço nas gôndolas e displays de farmácias, supermercados e lojas de conveniência. Volta-se a olhar para o conceito de alimentação “natural” e para a associação com ingredientes diferenciados em busca de uma vida mais ativa e saudável. Com a mudança crescente nos hábitos de consumo, um trabalho inédito publicou novas normas, que foram cuidadosamente revistas pela Agência Nacional de Vigilância Sa-

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nitária (Anvisa) e pelo setor regulado, que culminaram com a criação da categoria de “Suplemento Alimentar” no Brasil. As mudanças reduzem drasticamente a “zona cinzenta” do que é ou não permitido com relação à suplementação alimentar. A nova regulamentação, ao padronizar as alegações funcionais, possibilitará que não existam mais informações destoantes no mercado, especialmente em relação à veiculação de alegações funcionais sem comprovação científica, ao passo que impõe produtos seguros e de qualidade aos consumidores. Suplementos permanecem na categoria IMAGEM: DIVULGAÇÃO


de alimentos e não estão associados a medicamentos e fins medicinais. De forma abrangente, a regulamentação trata da composição de suplementos, qualidade, segurança e rotulagem dos produtos. As principais alterações podem ser assim classificadas: Identificação da categoria: deverão ser indicados nas embalagens como “Suplemento Alimentar”, bem como ter a definição clara da forma de apresentação desses produtos, que devem ser comercializados sob formas farmacêuticas. A forma de apresentação dos produtos deve seguir o vocabulário farmacêutico da Anvisa (sólidas, líquidas, semissólidas e gasosas), tais como cápsulas, pastilhas, granulado efervescente, goma de mascar, entre outras. Composição e rotulagem: a Anvisa traz listas positivas que contemplam 383 ingredientes fontes de nutrientes, substâncias bioativas ou enzimas, 249 aditivos alimentares e 70 coadjuvantes de tecnologia autorizados na composição dos suplementos. Diante da definição de ingredientes autorizados, o registro torna-se dispensável, pois a segurança alimentar está comprovada. Destaca-se que para enzimas e probióticos permanece a exigência de comprovação de segurança e alegações funcionais, mas o que se espera é uma maior agilidade nos processos de análise e aprovação pela agência. Importante destacar que as alegações funcionais (“claims”) deverão ser feitas em conformidade com as descrições aprovadas pela Anvisa. Há um rol taxativo de alegações previstas com o fim de consolidar as mensagens destinadas ao consumidor. Como exemplo, podemos citar: Fibras alimentares: as fibras alimentares auxiliam no funcionamento do intestino. Vitamina C: a vitamina C auxilia no funcionamento do sistema imune. Outro aspecto essencial é a segregação expressa da utilização de substâncias por idade. De acordo com as novas regras, determinadas substâncias, mesmo que aprovadas, não deverão ser indicadas para lactentes (zero a 12 meses) e crianças na primeira infância (um a

três anos). É o caso da caseína hidrolisada (proteína do leite) e do soro de leite, que não poderão ser utilizados para este público infantil, uma vez que a norma também visa evitar a substituição da alimentação por produtos de suplementação alimentar. Cada suplemento deverá indicar em sua rotulagem o grupo populacional e a faixa etária recomendada. PRINCIPAIS REGRAS DE TRANSIÇÃO De forma inédita, as empresas que trabalham com suplementação alimentar terão cinco anos para adaptação de seus produtos. Esse prazo tem como justificativa a manutenção da comercialização de produtos registrados considerando que, quando da aprovação da nova normativa, muitos registros encontravam-se com aprovação recente. Tal medida visa possibilitar a exploração comercial em prazo compatível à adaptação do mercado. Com as novas regras, que também trazem requisitos e exigências de qualidade sob o aspecto sanitário, as normas do sistema de Vigilância Sanitária nas esferas estadual e municipal deverão ser revistas para adequação e estruturação dos processos de autorização de licenciamento da atividade das indústrias e fiscalização. Em um mercado cada vez mais regulado e preocupado com o conceito de saudabilidade, as alterações promovidas com este marco regulatório possibilitam a fácil identificação e o entendimento do consumidor sobre a efetiva funcionalidade dos suplementos alimentares, tendo como foco evitar o consumo indiscriminado de substâncias que não tenham a efetiva comprovação de benefícios à saúde. Por certo, as alterações ainda gerarão questionamentos e dúvidas no mercado, sobretudo no período de transição, mas é inegável que são benéficas ao consumidor, estimularão a inovação pelas indústrias, a segmentação da categoria e as boas práticas nutricionais. 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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EVENTO

Tecnologias que salvam vidas SUMMIT INOVAÇÃO EM SAÚDE REUNIU PROFISSIONAIS PARA DEBATER NOVOS RECURSOS QUE AUMENTAM O ACESSO, PROMOVEM MAIOR QUALIDADE DE VIDA E SE ALINHAM COM O NOVO COMPORTAMENTO DOS PACIENTES POR FLÁVIA CORBÓ 38

GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

IMAGENS: FABIANO VIANA


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Atualmente, a tecnologia está presente em todas as esferas da vida em sociedade. Não poderia ser diferente nos cuidados com a saúde. São inúmeros recursos, ferramentas e aplicativos (apps) que podem ser utilizados para aumentar o acesso à saúde, melhorar a adesão a terapias, aprimorar a precisão dos diagnósticos e tornar mais assertiva a gestão dos negócios do setor. Para debater as novidades que devem causar impacto na área nos próximos anos, profissionais de tecnologia e da saúde se reuniram no Summit Inovação em Saúde, evento realizado pela Contento Comunicação em parceria com o Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo (Sindusfarma), com patrocínio do Guia da Farmácia e da Accera, na Digital House, em São Paulo (SP). Já na abertura das palestras e debates, o diretor de inovação e assuntos tecnológicos do Sindusfarma, Jair Calixto, deixou claro o quanto considera importante trazer inovação tecnológica para o dia a dia do profissional do setor de saúde. “É muito fácil falar com engenheiros e técnicos sobre Tecnologia da Informação (TI); já para a área farmacêutica é mais complicado, pois temos que entender como tudo funciona, respeitar toda uma regulamentação. Há muitas aplicabilidades para a indústria farmacêutica e todas as demais áreas da saúde. Modelos tradicionais de negócio serão sepultados. Não é possível estancar a velocidade das mudanças; logo, é preciso acompanhar o ritmo. Quem for lento, ficará para trás”, destacou. O primeiro passo para se inteirar das possibilidade tecnológicas para a área da saúde é entender o momento atual. Não há mais espaço para o uso do termo transformação digital. Isso porque o mundo não está atravessando um período de mudanças, ele já mudou. “Estamos na era da digitalização da informação, em que todas as velocidades de mudanças são mais rápidas, porque as informações são manipuláveis de maneira mais fácil”, afirmou o gerente de open innovation do Grupo Dasa, Thiago Julio, um dos palestrantes convidados. Tentar estar a par das mudanças, ou melhor ainda, estar à frente delas, é fundamental para seguir relevante em qualquer mercado. “A tecnologia avança em velocidade ex-

ponencial, enquanto nosso dia a dia ainda é linear. Neste intervalo, está a disrupção. Você não consegue prever.”

PARA ONDE ESTAMOS INDO? Para evitar que o setor de saúde fique para trás nas tendências e demandas atuais, é preciso conhecer as tecnologias que vêm ganhando espaço e devem modificar o modelo de negócios em saúde em âmbito global em um futuro próximo. De acordo com os especialistas convidados, existem alguns pontos que merecem maior atenção. São eles: Medicina personalizada: nos primórdios da medicina, os diagnósticos e a prescrição de tratamentos eram dados por um indivíduo que detinha certo conhecimento e experiência no cuidado à saúde. Com o avanço da ciência, estudos clínicos realizados com grandes grupos populacionais passaram a servir de base para detectar o comportamento de uma doença ou definir a eficácia de uma terapia. Exames diagnósticos foram criados e passaram a utilizar parâmetros médicos para distinguir o que é saudável ou não. Agora, com mais um largo passo científico, o setor da saúde começa a trilhar um caminho de maior precisão, em que o diagnóstico, a indicação de tratamento e o acompanhamento posterior são feitos pensando no indivíduo e não mais em uma massa populacional com características semelhantes. Muitas tecnologias já são realidade e devem ser aprimoradas nos próximos anos, como a imunoterapia, a terapia celular e o mapeamento genético. “A combinação de ciência com dados ajudou a compreender as doenças, a ponto de se começar a falar em cura do câncer. É um guarda-chuva gigante. Antes, a medicina era um misto de percepções apoiadas em exames padrão que trabalhavam com valores médios. Agora, será tudo voltado a cada indivíduo, para o histórico dele, para o seu DNA”, disse o diretor de inovação e gestão do conhecimento do Hospital Israelita Albert Einstein, Claudio Terra. As pesquisas clínicas, que hoje demandam bilhões por ano das indústrias farmacêuticas em pesquisas globais de massa, também poderão ser simplificadas. Ferramentas digitais, como o Apple Watch, já permitem que cada indivíduo monitore uma série de parâmetros do seu organismo. Esse deve ser o futuro. “Realizar estudos de ampla escala é muito caro. Temos que mudar o jeito de fazê-los. Uma pessoa que coleta dados de si mesma coleta me2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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EVENTO

lhor do que em um centro multidados”, acredita o diretor de inovação e linhas de serviço da Optum Brasil, Felipe Rizzo. Revolução digital: em 2013, somente 13% dos altos executivos falavam que inovação digital era importante para a indústria farmacêutica. Em 2015, esse número já havia saltado para 84%. O percentual ainda é baixo, considerando que a digitalização da saúde já é um processo em curso. “Para sobreviver, empresas de saúde vão ter que ser mais inovadoras, elas não têm outra escolha. O DNA do negócio e as formas como se enxerga a saúde vão ter que mudar. Se o mercado virar e você não fizer parte da realidade, vai ter que buscar um novo emprego. Uma vez que uma inovação pega tração, já fica muito difícil alcançá-la”, alertou o médico e fundador do Health Innova HUB, Fernando Cembranelli. Quando se fala da digitalização da saúde, um dos pontos mais debatidos é a adoção de um prontuário eletrônico único para cada paciente. Assim, todo o histórico dele seria unificado em um mesmo documento, que poderia ser acessado por qualquer profissional de saúde e, inclusive, pelo paciente. Isso é possível com a construção de um banco de dados desestruturado e livre de códigos, onde informações sobre as condições do paciente, medicamentos que ele toma e exames anteriores estarão disponíveis e padronizadas. Para garantir a segurança dos dados, já são consideradas algumas medidas possíveis. “O documento deverá ser editável apenas por players da saúde, quando necessário. E o sistema mantém registrado o responsável pela alteração. Somente pessoas capacitadas vão escrever sobre o que o paciente tem e o próprio doente não terá que contar de médi-

Gerente de open innovation do Grupo Dasa, Thiago Julio

co para médico seu histórico”, defendeu a sócia da HCO advogados, Ane Chang. Atualmente, só 10% a 20% da população utiliza o sistema de saúde da forma esperada e condizente com seu estado clínico. Há quem use em excesso e quem use menos do que deveria. Todos os anos, varejo e indústria têm US$ 1 trilhão de perdas relacionadas apenas com a não aderência medicamentosa. Isso também pode ser resolvido por meio de soluções digitais, com o acompanhamento virtual de um profissional de saúde ao tratamento, esclarecimento de dúvidas por chat, entre outras possibilidades. “A tecnologia e a inovação vêm para quebrar chatices, vem para transformar os processos que têm interação cansativa. O paciente acha difícil agendar um exame, por exemplo. Tem que fazer preparo, ficar de jejum. Precisamos achar ferramentas que facilitem isso e aumentem a adesão aos cuidados com a saúde. Tecnologia é só o meio”, reforçou o product owner que atua na VR Benefícios, Rômulo Aguiar.

CASES PRÁTICOS

Summit Inovação em Saúde teve adesão total do mercado 40

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A jornada de transformar a saúde por meio de conhecimento e tecnologia começou em 1990 para o cofundador & CEO da Pixeon, Roberto Cruz. Quando o computador ainda era uma invenção re-


A sócia-diretora da HCO Advogados, Ane Chang; e a advogada e gerente de produtos do Dr. Consulta, Lara Garcia

cente, ele ajudou a desenvolver um software para consultórios médicos que, ainda por meio de arquivos em disquete, ajudava a organizar os prontuários dos pacientes. Em seguida, a empresa promoveu a digitalização das chapas de raios-x e demais exames de imagem. Agora, trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia capaz de auxiliar o médico na detecção de possíveis lesões de câncer em uma tomografia. Hoje, a Pixeon tem dois mil clientes que utilizam ferramentas capazes de fazer a diferença na vida de mais de 40 milhões de pacientes por ano. Com a experiência de mais de quase três décadas no setor de tecnologia para saúde, Cruz não se arrepende de ter escolhido trilhar o caminho da inovação. “Estima-se que um empreendedor ganhe, ao longo da vida, de 30% a 50% menos do que um executivo. Mas o poder de transformar, de ver as coisas mudando, é o que me move.” Pensamento semelhante é o que fez a sócia-fundadora da Fofuuu, startup da área de saúde e educação, Ligia Cardoso, a largar uma carreira promissora no mercado financeiro para se dedicar ao desenvolvimento de um software que utiliza recursos lúdicos para aumentar a adesão de crianças aos exercícios de fonoaudiologia. Dentro do consultório, a prática das atividades necessárias para o desenvolvimento da fala geralmente é realizada com sucesso. O problema é que o treino deve ser repetido em casa, nos demais dias da semana. Ao realizar pesquisas junto a entidades de fonoaudiologia, a Fofuuu levantou que 95% das crianças não fazem a repetição dos exercícios de maneira desejada e 95% dos pais não conseguem engajar os filhos na terapia.

Dessa dificuldade, nasceu a ideia de reinventar a experiência do tratamento. Com recursos de neurociência, inteligência artificial e reconhecimento de som, o app da Fofuuu busca engajar as crianças por meio de jogos. A fonoaudióloga pode personalizar o jogo de acordo com a necessidade de cada paciente, definindo quais sons devem ser trabalhados. “Lançado em abril, o app já teve mais de oito mil downloads e os usuários relatam um aumento de engajamento de 70% por parte das crianças”, comemora Ligia.

ECOSSISTEMA BRASILEIRO Apesar de já existirem iniciativas de sucesso, o ambiente de inovação no Brasil não é dos mais fáceis, quando comparado a outros países. No Vale do Silício, região perto de São Francisco, nos Estados Unidos, considerado berço da inovação no mundo, a mentalidade disruptiva é lei. Os profissionais que ali atuam não se conformam com o modelo atual das coisas. E eles têm apoio para pensar além do óbvio. “Duas grandes universidades da região, Stanford e Berkley, são voltadas a formar pessoas interessadas em novos modelos de negócios. Além disso, há um investimento farto em novas ideias porque os empreendedores que já tiverem sucesso voltam a investir em startups da região. O dinheiro retroalimenta esse sistema de inovação”, descreveu o médico e sócio da I9MED Point of Care, Carlos Ballarati. Já no Brasil, o cenário é bem diferente. Inovar ainda é difícil e o ecossistema é imaturo. “Existe dinheiro, mas faltam bons projetos. Além disso, somos avessos ao fracasso. O capital tem medo do risco e procura startups mais estruturadas. A educação falha e as universidades com mentalidade retrógrada fazem 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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EVENTO

com que tenhamos pouca afinidade com a disrupção”, complementou o especialista. Quando se trata de inovação em saúde, a dificuldade em inovar é ainda maior. Isso porque os profissionais do setor são treinados para minimizar riscos, enquanto que inovar funciona em lógica oposta. Trata-se de tentativa e erro. Além de combater essa mentalidade, é preciso ainda ficar atento às questões regulatórias que envolvem as novas tecnologias. De acordo com a advogada e gerente de produtos do Dr. Consulta, Lara Garcia, tecnicamente não há nenhuma lei que fale sobre telemedicina ou e-saúde, mas diversas entidades já se pronunciaram sobre o tema. “Em 2015, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um documento em que reconhece o mobile health como o futuro da saúde. Publicou também um pacote de estratégias com o passo a passo que os países deveriam seguir para inserir a tecnologia na saúde”, conta. Pelo menos 32 nações seguiram as recomendações e lançaram documentos com estratégias, inclusive o Brasil, que, em 2014, divulgou o documento Estratégia de e-saúde para o Brasil. “Ali, recomenda-se que o Sistema Único de Saúde (SUS) incorpore o acompanhamento a distância para gestantes e doentes crônicos. Não é lei, nem política pública, é manifestação de vontade”, destacou Lara.

MUDANÇA URGENTE Através dos séculos, o mundo experimentou diversas eras de mudanças tecnológicas. A primeira delas foi no século XVIII, quando a mecanização à vapor foi adotada. “Agora, nos encontramos na 4ª revolução industrial, em que falamos de inteligência artificial, robótica, internet das coisas. Ainda não sabemos dizer onde tudo isso vai parar”, disse o sócio-diretor na SPI Integração, Élcio Brito. Fato é que a mudança está em curso e o setor de saúde ainda se encontra estacionado. Mesmo as indústrias farmacêuticas, tidas como o setor que mais investe em Pesquisa e Desenvolvimento entre todos as áreas da economia, ainda não está se movimentando como deveria. De acordo com dados apresentados pelo diretor líder do time de consultoria em Operações e Indústria 4.0 da PwC Brasil, Rodrigo Damiano, apenas 7% das farmacêuticas são digital champions. ‘Uma parcela muito pequena trabalha com gestão de 42

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dados, cultura de inovação e soluções digitais. E nenhuma das que trabalham é brasileira.” No varejo farmacêutico, a distância das novas tecnologias parece ser ainda maior. Muito porque o empresário acredita que investir em novos recursos é caro e uma realidade ainda muito distante. No entanto, os especialistas convidados pelo Summit Inovação em Saúde mostraram não ser necessário investir montantes vultosos em recursos mirabolantes. Muitas vezes, mudanças simples em uma rotina que causa atrito na experiência com o consumidor é o suficiente para ser inovador. “Antes, era muito difícil romper barreiras de entrada em modelos de negócio tradicionais. Hoje, pequenas ideias vêm para fazer isso. O Nubank não criou o sistema financeiro, apenas eliminou a necessidade de um cartão de crédito físico”, pontuou o sócio da Quantum4 Soluções de Inovação Consultoria, José Duarte.

RELEVÂNCIA DAS INICIATIVAS Cabe ao varejista se informar, se abastecer do máximo de informações possíveis e filtrar aquelas que se encaixam na sua realidade. O publicitário e professor da ESPM, Cesar Bentim, responsável pela mediação dos debates do Summit Inovação em Saúde, acredita que eventos desse tipo são importantes para abrir a mente e fazer brotar ideias. “Tivemos aqui a visão de profissionais de diferentes áreas, o que nos permitiu ter um panorama amplo do que é tecnologia em saúde. Agora, é preciso refletir, debater com os colegas e focar no que pode ser feito efetivamente, senão a inovação fica etérea”, provocou. Independentemente do tamanho da inovação, ficou claro, ao final do debate, que o paciente deve ser o grande beneficiado pelos avanços tecnológicos. “A gente tem que entrar na vida das pessoas, e não fazer as pessoas saírem da vida delas para entrarem no nosso aplicativo”, pediu a médica e fundadora da LifeDoc, Andressa Gulin. Números da IQVIA mostram que o paciente brasileiro já indica que caminho deseja seguir quando se trata de cuidados pessoais. “Uma em cada vinte pesquisas feitas no Google é a respeito de saúde. Mais de 60% das pessoas monitoram seus problemas de saúde e 60% se medicam antes de ir ao médico. O paciente está mudando e está se tornando mais ‘inteligente em saúde”, revela o gerente sê-


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EVENTO

CDOX digital officer da Digital Farma Labs, Daniel Balado; diretor de inovação e assuntos tecnológicos do Sindusfarma, Jair Calixto; sócio-diretor na SPI Integração, Élcio Brito; diretor líder do time de consultoria em Operações e Indústria 4.0 da PwC Brasil, Rodrigo Damiano; diretor da Contento Comunicação, Gustavo Godoy; gerente sênior de marketing Consumer Health Care no Brasil da IQVIA, Rodrigo Kurata; e publicitário e professor da ESPM, Cesar Bentim

nior de marketing Consumer Health Care no Brasil da IQVIA, Rodrigo Kurata. Esse movimento de se tornar mais responsável e interessado pela própria saúde vem do avanço da tecnologia. Com um celular em mãos, o paciente tem acesso a uma série de informações que antes eram restritas ao médico. “É preciso avaliar a mudança de comportamento desse cliente. Precisamos buscar hipereficiência, desmaterialização para democratizar e personalizar”, afirma o CEO e fundador da GROW +, Paulo Beck. Para alcançar essas novas demandas do consumidor, o profissional do setor farmacêutico precisa estar mais aberto às novidades e observar o que já está sendo feito em outros setores e que pode ser aplicado na sua realidade. “Em viagens e missões internacionais que fiz, percebi que o setor farmacêutico

está um pouco distante dessa inovação e está correndo o risco de sofrer com disrupções, principalmente o varejo, que lida diretamente com o consumidor final”, comentou o diretor da Contento Comunicação, Gustavo Godoy. Para aproximar o setor das práticas que já estão ocorrendo em outros campos, surgiu a ideia de criar o Summit Inovação em Saúde. “É preciso aproximar o setor farmacêutico dos outros ecossistemas e estar muito atento ao comportamento do consumidor. Entre todos os estabelecimentos de saúde, a farmácia é o que o paciente mais visita ao longo de sua vida e pode se proporcionar muito mais em serviço e inovação. Existem diversas formas de integração onde todos podem ganhar muito com isso. Estamos num momento de realizar essa transformação”, finalizou o executivo.

APOIO:

24ª edição

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REALIZAÇÃO:

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DEBATE

Impacto do AVC isquêmico AVALIAR OS IMPACTOS DA DOENÇA E ADOTAR NOVOS PROCEDIMENTOS É A SAÍDA PARA CONTER O AVANÇO NO BRASIL E NO MUNDO

O

POR LÍGIA FAVORETTO

O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é um problema de saúde que cresce em todo o mundo e também uma das principais causas de mortalidade e incapacidade. Estima-se, a cada ano, que 17 milhões de pessoas sofram da doença e a cada seis segundos uma pessoa morra por conta de um AVC, o que significa mais de seis milhões de mortes por ano em todo o planeta. No Brasil, os números também são alarmantes. Por aqui, são mais de 400 mil novos casos todos

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os anos e a cada cinco minutos uma pessoa morre, totalizando mais de 100 mil mortes/ano. A doença é a principal causa de incapacidade em adultos e já foi a principal causa de morte no País, passando a ser a segunda maior causa de morte desde 2011. Para debater o assunto, foi realizado, em Gramado (RS), o XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares. O evento teve início com o Encontro Ministerial Latinoamericano de AVC, com a participação de gestores, profissionais da saúde e especialistas IMAGENS: DIVULGAÇÃO


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TROMBÓLISE X TROMBECTOMIA Trombólise: primeiro tratamento para o Acidente Vascular Cerebral (AVC), aprovado em 1995 no mundo, como efetivo. Trata-se de uma medicação intravenosa que desentope a circulação cerebral. No Brasil, é paga desde 2012 pelo Sistema Único de Saúde (SUS). São 17 anos de gap. Trombectomia: é o tratamento que desobstrui o vaso entupido do cérebro por cateterismo. Abre-se um stent ou se faz uma aspiração. Utilizado quando o trombolítico não apresentou resultados ou quando há um AVC hemorrágico (30% dos casos). Existe no sistema privado, mas no SUS ainda não é pago. As evidências existem desde 2015 para que ele siga incorporado. O Ministério da Saúde (MS) está fazendo um estudo, chamado Resilient, para avaliar sua exequibilidade no SUS, se é possível fazer a logística; ter a hemodinâmica disponível; o neurointervencionista, que é um especialista a mais; e a angiotomografia para poder tratar o paciente. Fonte: neurologista e presidente do XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares, fundadora da Rede Brasil AVC e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, Dra. Scheila Martins

de 13 países, além do encontro de pacientes, conferências, simpósios satélites e workshops. O objetivo do evento foi elaborar propostas e iniciativas que melhorem a prevenção e aumentem a rede de atenção de urgências em casos de AVC para a região. De acordo com o secretário da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares e coordenador do centro de AVC do Hospital Geral de Fortaleza (CE), João José Carvalho, na grande maioria dos casos, os quadros de AVC são atendidos pelas Uni48

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dades de Pronto Atendimento (UPAs), que não estão preparadas para situações complexas, apenas emergenciais. As pessoas precisam ser encaminhadas para hospitais de referência. “O AVC não é um acidente. Ele acontece em decorrência de fatores de risco preveníveis, em 99% dos casos. Como fazer com que um paciente saudável tenha acesso às campanhas e cuide de sua saúde?”, questionou. Ele ressaltou que o ideal seria uma rápida identificação, pelos familiares, de um quadro de AVC, o contato com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), o encaminhamento para os hospitais de referência e a devolução desse paciente para casa, com o menor déficit neurológico possível, mas não é isso o que acontece. “Somente 12% da população aciona o SAMU. Na capital cearense, por exemplo, o serviço só consegue atender a 7% dos chamados.” Para o professor do National Institute for Stroke and Applied Neuroscienses, School of Public Health and Psychosocial Studies, da Auckland University of Technology, da Nova Zelândia, Valery Feigin, quatro milhões de pacientes afetados ficam com alguma incapacidade e 200 mil pessoas vão a óbito todo ano por AVC. “O que é mais impressionante é que o AVC deixa de ser uma doença que acomete apenas idosos. Pessoas cada vez mais jovens estão sujeitas a ele. Existe uma explosão de tecnologias hoje e nós precisamos fazer uso delas para que a lista de sinais seja mais disseminada.” A neurologista e presidente do XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares, fundadora da Rede Brasil AVC e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, Dra. Scheila Martins, explica que existem dois tipos de ataques cerebrovasculares: o primeiro e mais comum (85% dos casos), do tipo isquêmico, ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro fica bloqueado devido a um coágulo ou trombo; o segundo, do tipo hemorrágico, ocorre quando um vaso sanguíneo se rompe, o que produz extravasamento sanguíneo e representa de 15% a 20% dos casos. “Além dos óbitos causados pelo AVC, sem tratamento, cerca de 40% a 50% dos sobreviventes passam a ter sequelas, que levam à dependência parcial ou total, e até 30% desenvolvem algum tipo de demência nos meses seguintes”, disse.

TEMPO É VIDA O protocolo de atendimento ao acometido pelo AVC preconiza que o paciente seja atendido em até qua-


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APP AVC BRASIL O aplicativo (app) AVC Brasil foi criado para auxiliar a população na rapidez do encaminhamento do paciente que apresente sinais de Acidente Vascular Cerebral (AVC) para hospitais de referência. Ele apresenta os sintomas, tem discagem direta para o número do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) a um clique, pode cadastrar um familiar para socorro e pode, de qualquer lugar do Brasil, clicar nos hospitais e visualizar, por ordem de distância, os que estão mais próximos (públicos ou privados). Pode ser baixado gratuitamente na Apple Store ou no Google Play.

Fonte: neurologista e presidente do XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares, fundadora da Rede Brasil AVC e membro da Diretoria da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, Dra. Scheila Martins

tro horas e meia após o evento. Se o paciente chegar dentro dessa janela de quatro horas e meia ao hospital, receberá um trombolítico (medicamento injetável por via venosa, administrado no hospital, quando a possibilidade de AVC hemorrágico é excluída), que é um medicamento que atua para reverter o trombo. “Se ultrapassa esse tempo ou se o trombolítico falha, uma alternativa é o uso da 50

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trombectomia mecânica, e daí existem diversos tipos de dispositivos”, esclareceu o especialista de produto da Unidade de Negócios Neurovasculares da Medtronic, Gabriel Lopes. Segundo informou o executivo, o dispositivo é recomendado para ser utilizado entre seis e oito horas após a ocorrência do AVC. “Hoje em dia, existem alguns estudos que mostram que eles podem ser utilizados em até 24 horas, se tiverem critérios bons de seleção por imagem e se conseguirem determinar que o paciente tem características no cérebro que favorecem uma taxa de sobrevivência de tecido cerebral por mais tempo.” Lopes lembrou que as pessoas não conhecem os sintomas do AVC e isso dificulta muito o processo de se salvar e de salvar alguém. No que diz respeito ao tratamento medicamentoso, a Dra. Scheila comentou alguns avanços. Ela lembra que o ácido acetilsalicílico ainda é o medicamento mais utilizado como prevenção secundária para evitar um novo AVC. “A varfarina foi um anticoagulante utilizado por muito tempo para evitar a evolução de quadros com fibrilação atrial, por exemplo, mas nos últimos anos foram lançados três novos anticoagulantes, mais modernos, mais fáceis de usar, mais efetivos que a varfarina e com menos riscos de sangramento: dabigatran, rivaroxiban e apixaban. Os três estão disponíveis no Brasil, mas não estão disponíveis no sistema público de saúde.” Segundo ela, o mais importante que precisa ser difundido é que a doença pode ser prevenida em 90% dos casos, se as pessoas controlarem seus próprios fatores de risco, que são: pressão alta, diabetes, colesterol elevado, fibrilação atrial e tabagismo. “As pessoas precisam entender que essas doenças não apresentam sintomas e, quando surge um sinal, muitas vezes, já é um AVC grave, então a gente tem que agir muito antes.”

CARTA DE GRAMADO Na abertura dos trabalhos do XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares foi anunciada a assinatura da Carta de Gramado, que visa reduzir, até 2030, a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis e promover a saúde mental e o bem-estar. De acordo com o técnico da Coordenação Geral de Atenção Especializada SAS, do Ministério da Saúde do


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DEBATE

SINTOMAS DO AVC

Assimetria facial

Hemeparisia (paralização ou perda de força de um lado do corpo)

Dificuldade de fala

PEÇA PARA A PESSOA:

Levantar um braço ou apertar a mão (não consegue) Sorrir (sorriso estranho)

Cantar “Atirei o pau no gato” (erra a letra ou canta fora do ritmo)

Se a pessoa tiver um dos sintomas, qualquer um, deve ser encaminhada para o hospital!

Fonte: especialista de produto da Unidade de Negócios Neurovasculares da Medtronic, Gabriel Lopes

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DEBATE

O XXI Congresso Iberoamericano de Doenças Cerebrovasculares recebeu especialistas do mundo inteiro

Brasil (MS), o panorama não tende a ser mudado da noite para o dia, mas estabelecendo esse compromisso cria-se um argumento para que seja discutida a importância da implementação de uma linha de cuidados em cada território. Dezesseis itens foram elencados: 1. Proporcionar educação da população quanto aos sinais de alerta, urgência no tratamento e controle dos fatores de risco. 2. Promover ambientes seguros e saudáveis para estimular a realização de atividade física. 3. Implantar políticas para o controle do tabaco e estimular a alimentação saudável para reduzir o consumo de sal, o uso prejudicial de álcool e controlar o peso, visando diminuir a incidência de doenças cardio e cerebrovasculares. 4. Estabelecer estratégias de detecção de fatores de risco tratáveis como hipertensão, fibrilação atrial, diabetes e dislipidemias. 5. Promover a atenção, visando ao controle dos fatores de risco tratáveis. 6. Organizar o atendimento pré-hospitalar priorizando o paciente com AVC. 7. Priorizar a estruturação de centros de AVC, organizar unidades de AVC com área física definida e equipe multidisciplinar capacitada, disponibilizar tratamentos de fase aguda baseados em evidência, disponibilizar exames para investigação etiológica mínima, 54

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promover alta hospitalar para prescrição de prevenção secundária, estimular o uso de telemedicina nos hospitais sem acesso e disponibilizar especialista em tempo integral para orientação do tratamento agudo. 8. Ampliar o acesso à reabilitação hospitalar e pós-hospitalar. 9. Capacitar profissionais de saúde envolvidos na atenção ao AVC. 10. Estabelecer o monitoramento nacional da prevalência dos principais fatores de risco no País e dos indicadores assistenciais do atendimento ao AVC. 11. Estabelecer diretrizes nacionais e regionais baseadas em evidências científicas para o tratamento padronizado do AVC, com atualizações periódicas. 12. Priorizar a estruturação de redes assistenciais integrais de cuidados continuados ao paciente com AVC ou com fatores de risco para o AVC que englobem todos os níveis de atenção, estabelecendo uma linha de cuidado. 13. Destinar recursos humanos e financeiros para estruturação da linha de cuidado com o AVC. 14. Estabelecer planos nacionais de atenção completa ao AVC. 15. Promover a troca de experiências entre os países para preparar a atenção ao AVC. 16. Estabelecer pesquisas em AVC baseadas nas prioridades e realidades de cada país. A editora-chefe do Guia da Farmácia, Lígia Favoretto, viajou a Gramado (RS) a convite da Medtronic


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ATUALIDADE

O que os brasileiros sabem (e não sabem) sobre o diabetes? PESQUISA INÉDITA MAPEIA O CONHECIMENTO E O COMPORTAMENTO DE 1.050 BRASILEIROS - COM E SEM A DOENÇA - SOBRE UM DOS PROBLEMAS MAIS IMPACTANTES DO PAÍS

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Embora esteja ligado à principal causa de morte em todo o mundo e à quinta em maior incidência no Brasil – as doenças cardiovasculares¹ – o diabetes ainda é motivo de dúvidas para os brasileiros. A maioria da população desconhece conceitos básicos sobre a doença, especialmente os relacionados às complicações cardiovasculares. É o que aponta a pesquisa inédita “Diabetes: o que os brasileiros sabem e não sabem sobre a doença”², realizada pela Abril Inteligência com apoio da AstraZeneca e do Curso Endodebate.

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O levantamento mostra que a população, no geral, relaciona o diabetes principalmente a problemas de visão e amputação, sendo que as doenças cardiovasculares são condições muito mais graves e que podem levar à morte. Apenas 43% dos diabéticos e 27% dos não diabéticos acreditam que o diabetes pode ter relações com a incidência de um Acidente Vascular Cerebral (AVC). A pesquisa mostra ainda que alguns mitos associados à doença são vistos como corretos por boa parte dos entrevistados: 50% dos diabéticos acreditam que o diabetes é hereditário e 35% acreditam que o IMAGENS: SHUTTERSTOCK


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ATUALIDADE

QUAIS FRASES VOCÊ ACREDITA QUE SE APLICAM CORRETAMENTE AO DIABETES? 1/4 dos respondentes não enxerga o diabetes como causa de morte • O diabetes é uma doença emocional, ligada ao estresse. 35% 29% • O diabetes é a elevação crônica da glicose no sangue, podendo gerar problemas em longo prazo. 98% 96% • O diabetes é uma doença hereditária, ou seja, a pessoa nasce com ela e pode manifestá-la ao longo da vida. 50% 43% • Existem três tipos de diabetes: tipo 1, tipo 2 e gestacional. 89% 91% • Pessoas com diabetes nunca podem comer açúcar. 31% 25% • Pessoas com diabetes são sempre dependentes de insulina. 6% 16% • É possível curar o diabetes somente com a dieta. 26% 31% • Pessoas com diabetes nunca podem tomar bebida alcoólica. 22% 30% • O diabetes é uma doença de início silencioso. 96% 97% • O diabetes pode ser considerado causa de morte. 76% 78% Diabéticos

diabetes é uma doença emocional, ligada ao estresse. O mito de que diabéticos nunca mais podem comer açúcar é considerado verdadeiro para 31% dos diabéticos e para 26% dos não diabéticos, o que mostra o desconhecimento de grande parte deles sobre os cuidados com a doença. 58

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Não diabéticos

Para o endocrinologista pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) e médico responsável pela pesquisa, Dr. Carlos Eduardo Barra Couri, os dados revelam resultados preocupantes. “O desconhecimento do paciente com relação às complicações da doença é real e precisa ser combatido em diversas frentes. Possibilitar que o


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ATUALIDADE

NA SUA OPINIÃO, QUAL O LIMITE NORMAL PARA O EXAME DE GLICOSE? Praticamente, 1 em cada 4 diabéticos não conhece o limite normal de glicose GLICOSE

DIABÉTICOS

NÃO DIABÉTICOS

Menor que 100 mg/dL

77%

68%

Menor que 126 mg/dL

17%

14%

Menor que 140 mg/dL

3%

4%

Menor que 200 mg/dL

1%

1%

Não sei

2%

13%

paciente alcance a meta glicêmica ideal, o mais rápido possível, após o diagnóstico, é essencial para diminuir o risco de complicações futuras, e para isso o paciente precisa estar empoderado e informado sobre os impactos do diabetes mal controlado”. O levantamento também mostrou que o brasileiro entende a importância da adoção de hábitos saudáveis para o controle da doença. Mas, do conhecimento à atitude, há um longo percurso. Apenas 58% dos

DADOS DO ESTUDO A pesquisa “Diabetes: o que os brasileiros sabem e não sabem sobre a doença” foi realizada de forma on-line nas cinco regiões brasileiras (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) entre os dias 23 de março e 19 de abril de 2018, com participação de 1.050 entrevistados, sendo 387 diabéticos (53% mulheres) e 663 não diabéticos (52% homens), e contemplou as classes A, B e C.

diabéticos disseram ter uma alimentação balanceada e só 23% afirmaram praticar atividade física de três a quatro vezes por semana. Para 35% dos diabéticos, a restrição alimentar é o que mais incomoda no tratamento. Já quando o assunto é a realização de exames, 46% deles não realizam check-ups a cada seis meses, período considerado ideal pela classe médica. Ainda segundo os dados, pouco mais da metade dos pacientes (56%) já realizaram o exame para medir a curva glicêmica, um teste oral que mede a tolerância à glicose e é utilizado para investigação do diagnóstico do diabetes. Já o exame de hemoglobina glicada, que avalia a média glicêmica do paciente, é bem mais popular entre os diabéticos: 91% afirmaram já ter realizado o exame ao longo da vida, ainda que 24% deles não saibam definir qual seu objetivo. Para o Dr. Barra Couri, a chave para o bom controle da doença está na descoberta precoce e na adesão ao tratamento. “É comprovado que o tempo dispendido entre o diagnóstico e o início do tratamento terá relação direta com uma melhor ou pior qualidade de vida do paciente diabético”, finaliza o especialista.

Referências: 1 OMS: http://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds). 2 Pesquisa “Diabetes: o que os brasileiros sabem e não sabem sobre a doença” realizada pela Abril Inteligência, com apoio da AstraZeneca, entre os dias 23 de março e 19 de abril de 2018. Coleta de dados via web com 1.050 respondentes, sendo 387 diabéticos e 663 não diabéticos. 60

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PESQUISA

Destaques do setor ESTUDO UTILIZA COMPILAÇÃO DE DADOS E ENTREVISTAS COM STAKEHOLDERS DAS MAIORES EMPRESAS DO PAÍS PARA DEFINIR QUAIS COMPANHIAS GERAM MAIS VALOR PARA O MERCADO E PARA A SOCIEDADE POR FLÁVIA CORBÓ

H

Há cinco anos, a consultoria nacional DOM Strategy Partners publica o ranking Mais Valor Produzido (MVP), que avalia quais são as melhores empresas do País pela ótica dos stakeholders – colaboradores, acionistas, fornecedores, entre outros. São 26 setores econômicos avaliados, entres eles o farmacêutico. O mais recente ranking divulgado aponta a Roche como a farmacêutica melhor avaliada pelos seus agentes internos e externos, com nota 8,23, enquanto a operação brasileira da Pfizer ficou em segundo lugar, com 8,05. Já a Bristol-Myers Squibb obteve pontuação de 8,04 e ficou com a terceira colocação. Completam o ‘top 5’ a Eurofarma (8,03) e a Libbs (8,01).

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IMAGENS: SHUTTERSTOCK


Para chegar a esse resultado, um longo caminho de pesquisa é realizado. A primeira medida é levantar quais são as mil maiores empresas do País – todas as holdings são excluídas da relação. Com a base de análise definida, 18 consultores passam a monitorar o desempenho das companhias em 62 ativos pré-definidos. Aqui, são levados em conta atributos tangíveis, como faturamento e crescimento, e intangíveis, entre eles inovação, valor de marca e gestão de talentos. O acompanhamento das empresas é feito com o suporte de ferramentas de inteligência e softwares de varredura de informações, media tracking, redes sociais etc. “Temos um filme gerenciado diariamente. A qualquer momento, podemos obter um ranking atualizado. O que divulgamos é a fotografia anual consolidada”, afirma o coordenador do ranking MVP Farmacêutica e CEO da DOM Strategy Partners, Daniel Domeneghetti. Paralelamente a essa monitoração, a consultoria promove uma pesquisa primária junto aos principais públicos de cada uma das empresas. Clientes, funcionários, acionistas e membros da cadeia positiva são convidados a avaliar o trabalho das companhias nos 62 ativos monitorados. Nesta quinta edição do ranking, um grupo de 3.850 pessoas deu nota de zero a dez para as farmacêuticas. As entrevistas foram feitas de forma presencial, por telefone ou por e-mail, a depender do público respondente. Para chegar ao resultado final do estudo, um terceiro método de avaliação é acrescentado 60 dias antes da publicação da pesquisa. A equipe de analistas da DOM Strategy Partners coleta rankings setoriais divulgados para cada um dos 62 ativos. Ou seja, para o atributo governança corporativa, além das informações monitoradas diariamente e da avaliação dos stakeholders, é considerado o resultado do Índice Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e outros. Já para o ativo gestão de talentos, é levado em conta o ranking da publicação Great Place to Work. “Para a análise do setor farmacêutico, ainda consideramos relatórios do IQVIA e outras entidades que monitoram e auditam esse mercado”, lembra Domeneghetti. As empresas também têm a oportunidade de responder a um questionário, mas as informações fornecidas por elas têm menos peso no resultado final. “Um advogado sempre defende em causa

própria. Quando queremos saber da qualidade de um serviço prestado por uma empresa, não perguntamos a ela, e sim a quem fez uso do serviço. O MVP é feito pela visão dos stakeholders”, garante Domeneghetti.

ANÁLISE DE RESULTADOS Ao ganhar uma posição em relação ao ranking anterior, a Roche conquistou a primeira colocação da 5ª edição do MVP Farmacêutica. De acordo com o estudo, esse avanço se deve, principalmente, à capacidade de inovação da companhia dentro do ramo farmacêutico, com produção de moléculas e novas linhas de tratamento. O posicionamento de priorizar a criação de medicamentos inovadores, ao invés de apenas brigar por espaço nas gôndolas das farmácias com moléculas copiadas à exaustão por diversas empresas, também contou muitos pontos. “A Roche saiu da briga no varejo farmacêutico e se posicionou quase como um centro de pesquisa”, avalia o executivo. Por fim, outro ponto de destaque foi a solidez das operações e a perenidade dos investimentos históricos. “Inovação é importante para qualquer indústria farmacêutica, mas o que se destaca na Roche é o modo consistente de inovação ao longo do tempo. E são inovações que fazem diferença nos processos farmacêuticos, principalmente em doenças complexas como o câncer”, complementa. Quando questionado sobre a primeira colocação no ranking MVP, o presidente da Roche Farma Brasil, Rolf Hoenger, atribuiu a vitória a pontos semelhantes aos que se destacaram na apuração dos resultados. “Investimos cerca de 20% da receita global em pesquisa e desenvolvimento, o que nos torna a farmacêutica que mais aplica recursos financeiros em inovação no mundo, segundo o ranking Global Innovation 1000, da Strategy&/PwC. Visamos sempre apresentar informações, pesquisas e ferramentas inovadoras que ampliem a tomada de decisão do público com o qual interagimos. Temos também um grande foco em acesso. Acreditamos que uma inovação deve chegar para todos os pacientes do Brasil, independentemente de eles terem acesso ao sistema privado ou ao Sistema Único de Saúde (SUS)”. Os vultuosos investimentos têm gerado resultados não só em âmbito global, mas especificamente no Brasil. A filial instalada no País representa mais de 40% das vendas na região da América Latina e alcançou, em 2017, um crescimento positivo de 18,5% – acima do esperado pela própria companhia e da média do setor – atingindo faturamento de R$ 3,1 bilhões. No ano passado, um terço do total de vendas ocorreu para o setor público e 70% 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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PESQUISA

EMPRESAS DISRUPTIVAS Neste ano, a DOM Strategy Partners criou uma nova categoria dentro do ranking Mais Valor Produzido (MVP) e passou a avaliar as empresas mais disruptivas do mercado. De acordo com o coordenador do ranking MVP Farmacêutica e CEO da DOM Strategy Partners, Daniel Domeneghetti, para ser considerada disruptiva uma empresa deve atender a um de três critérios: • Mudar a lógica de um setor: “como a Dell fez com a manufatura de computadores, quando, ao invés de comprar um computador pronto, ela comprava peças separadas, montava-o e o vendia por telefone. Assim, virou líder com um modelo de negócio diferente”; • Criar um setor que não existia: como fizeram os fundadores da ferramenta de busca Google e da rede social Facebook; • Revisitar a estrutura física do setor: “você passa a fazer diferente uma coisa que o mercado todo fazia de uma determinada maneira. Você não cria um setor, mas de alguma maneira muda uma lógica de estrutura. Todos os casos de empresas disruptivas no MVP caem nesse terceiro tipo, porque no Brasil não temos uma inovação de raiz. Temos inovações radicais, mas não de ruptura”, afirma Domeneghetti. Para chegar ao resultado de empresa mais disruptiva, foram selecionadas 200 companhias que obtiveram algum destaque durante o período avaliado, seja por modelo de negócio, crescimento expressivo ou por relevância de marca. No setor farmacêutico, o vencedor foi o laboratório Silvestre Labs, com 7,67 de pontuação. “Eles fazem pedaços do processo de maneira diferente. A forma como eles endereçam a produção do portfólio, o modelo produtivo e a exploração de elementos naturais, além da construção de alternativas terapêuticas e do trabalho Business to Business (B2B) para outros laboratórios, são os pontos de destaque”, explica o executivo.

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para o mercado privado. “Vale comentar que o Grupo Roche adquiriu recentemente empresas que são referência em tecnologia voltada à saúde, tais como a Foundation Medicine (FMI) e a Flatiron. A expertise dessas entidades e a sobreposição dos dados obtidos por elas nos permitem um alcance único e bastante profundo de informações relevantes aos nossos negócios e ao uso de tecnologias a favor da saúde”, complementa Hoenger.

DEMAIS COLOCAÇÕES Entre a quarta e a quinta edições do ranking MVP, houve uma alternância de posição entre Pfizer e Roche. Segundo Domeneghetti, a expectativa de performance comercial que a Pfizer vinha apresentando há alguns anos no Brasil acabou por não atingir o pico esperado neste ano. “O que não inviabiliza o esforço da companhia em se posicionar melhor no País, inclusive com revisão da estrutura da empresa, do sistema de gestão e do modelo de metas.” É bom lembrar que, atualmente, Roche e Pfizer têm posicionamentos de negócio distintos. “Enquanto a Roche se afastou do varejo e hoje é quase um centro de pesquisa, a Pfizer tem um portfólio misto. Possui produtos inovadores, mas ainda está muito presente nas farmácias, o que a deixa mais suscetível à crise econômica e à concorrência de preço acirrada nas gôndolas”, pondera Domeneghetti. Mesmo sofrendo as penalidades de estar inserida em um cenário mais competitivo, a aposta é que os investimentos realizados pela Pfizer vão surtir resultados, ainda que em um prazo maior que o esperado. Por isso, a empresa segue configurando entre as mais bem avaliadas pelo estudo MVP, agora na segunda colocação. Dentro da companhia, a confiança nos rumos e nas estratégias segue firme. “Estamos em uma fase de transição no Brasil. Vivemos, neste ano, um período de mudanças, com uma nova administração. Também estamos nos preparando para importantes lançamentos que vamos ter a partir de 2019. Tudo isso exige um trabalho minucioso e muitas conversas fora da companhia, porque vários tópicos que o Brasil vai discutir impactam diretamente a companhia e o setor, como sustentabilidade no sistema de saúde, incentivo à inovação, os meios necessários para trazer novos produtos em um ambiente regulatório imprevisível e instável e o caminho para fazermos parte da comunidade internacional de pesquisa e desenvolvimento. Tudo isso são tópicos que afetam a Pfizer. Precisamos nos preparar


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PESQUISA

5ª EDIÇÃO DO RANKING MAIS VALOR PRODUZIDO – SETOR FARMACÊUTICO

Fonte: DOM Strategy Partners

para um futuro com um pipeline muito rico que a Pfizer global vai trazer para o País”, conta o diretor de Assuntos Corporativos da Pfizer, Ciro Mortella. Globalmente, a Pfizer investe US$ 8 milhões em pesquisa de novos medicamentos, por isso a confiança de que resultados relevantes seguirão acontecendo na história da empresa. “Tamanho investimento significa ter produtos que fazem diferença na vida das pessoas, significa agregar para o País impostos com negócios gerados, significa, inclusive, muito para os acionistas – o que é importantíssimo para a continuidade do negócio. Cada funcionário, independentemente de onde ele esteja e qual seja sua função, sabe que, no final do dia, exerce algo de positivo para a sociedade”, complementa Ciro. Em relação ao terceiro colocado, Domeneghetti acredita que a Bristol-Myers Squibb ganhou novo fôlego quando montou um modelo de abordagem oncológica no decorrer dos últimos anos. “As apostas deram certo. Depois de perder patentes importantes e passar alguns anos sem inovações de destaque, a empresa mudou o modelo de negócio e seguiu um caminho semelhante ao da Roche, em termos de abordagem. Agora, está colhendo os frutos de descobertas importantes e novas moléculas terapêuticas.” 66

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A visão da consultoria é semelhante a do diretor de Strategy and Business Operations, Aldemir Cruz, que acredita que mudanças iniciadas em 2007 estão dando resultados importantes para a companhia agora. “A Bristol-Myers Squibb mudou a maneira como se posiciona para o mercado, para os pacientes e para os próprios colaboradores. Com a implementação da estratégia BioPharma, definimos um novo modelo de negócio que combinou a inovação e a agilidade de uma empresa de biotecnologia com o alcance e os recursos de uma grande empresa farmacêutica.” A nova estratégia adotada proporcionou uma guinada significativa diante do mercado, o que permitiu que os stakeholders olhassem com mais atenção o posicionamento da empresa, segundo Cruz. “Nós mudamos a maneira como as pessoas convivem com o HIV, ajudamos a descobrir a cura para a hepatite C e desenvolvemos um novo medicamento com benefícios comprovados para a fibrilação atrial. Também fomos pioneiros em direcionar o sistema imunológico para a pesquisa do câncer, abrindo novos caminhos na ciência da imuno-oncologia, que tratou mais de 250 mil pacientes em todo o mundo. Além disso, investimentos e inovamos em outras áreas terapêuticas como imunociência, cardiologia e fibrose cística”, enumera.


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ESTRATÉGIA

Tecnologia ao alcance de todos INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARECE TER SAÍDO DE FILMES DE FICÇÃO CIENTÍFICA, MAS, COM PLANEJAMENTO, O USO DESSA FERRAMENTA PODE FAZER COM QUE O VAREJISTA FARMACÊUTICO MELHORE SUA PRODUTIVIDADE E A EXPERIÊNCIA DO CLIENTE POR LAURA MARTINS

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IMAGEM: SHUTTERSTOCK


A

A transformação digital impacta a vida de todos. Smartphones, realidade virtual, dispositivos conectados, big data, computação em nuvem, blockchain e outras tecnologias mudam a percepção da população sobre sua vida e a maneira como as pessoas se relacionam umas com as outras e com as empresas. Dentro desse universo de inovação, um ponto chama a atenção: a Inteligência Artificial (IA). Ela é uma tecnologia que faz com que as máquinas aprendam com o usuário. Ou seja, ela é capaz de processar múltiplas fontes de dados estruturados e não estruturados e ajudar no processo decisório, além de aprender com a experiência e o uso. Não é uma coincidência que essa seja uma das tecnologias mais faladas atualmente. De acordo com o CEO da Pandora Digital e PhD em marketing digital, Alexandre Marquesi, a capacidade de entender infinitos dados e transformá-los em informações úteis é o que faz, e fará cada vez mais, a diferença em um atendimento personalizado e na melhor experiência do consumidor. Ter dados sobre o consumidor no ponto de venda (PDV), no e-commerce, no mobile e em quaisquer outros canais disponíveis, e usá-los para entendê-lo melhor, será a chave do sucesso. Diferentemente do que se pensa, a tecnologia não acabará com a estrutura das lojas físicas, mas a mudará para atender melhor o público-alvo. “Hoje, a IA pode ser aplicada a vários processos de varejo, como planejamento de demanda, precificação, abastecimento, sortimento, individualização na comunicação com o cliente, pós-venda, atendimento ao cliente, em melhorias em vários processos de desempenho do e-commerce, entre outros”, exemplifica o fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino. Com a ajuda de sistemas inteligentes voltados ao varejo, as empresas têm acesso a informações essenciais, como a saída – maior ou menor – de determinado produto ou categoria, o aumento da demanda por produtos específicos ou se um item está sendo mais vendido por causa de uma sazonalidade, como surtos de gripe. Para o diretor do Segmento de Farmácia da Linx, Rogério Vieira, de posse desses dados é possível abrir mais prateleiras dedicadas a um produto ou mesmo redimensionar o estoque, caso algum item esteja encalhado. Todos esses movimentos dependem de informação, melhor processada com a tecnologia. Mas antes de incorporar essa – ou qualquer outra – tendência, o varejista deve se perguntar o porquê do investimento. Serrentino explica que só faz sentindo adotar uma nova tecnologia se ela for capaz de melhorar a eficiência e a produtividade, dar agilidade a processos 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESTRATÉGIA

NA PRÁTICA Existem vários casos de sucesso no varejo de aplicação e adoção. O Magazine Luiza é um exemplo de empresa que está avançando na transformação digital, na mudança cultural e de modelo de negócio. Hoje, eles têm uma dinâmica de inovação muito forte, canais integrados, elevado peso de canais digitais, mobilidade aplicada tanto nos processos de retaguarda quanto de atendimento ao cliente, se comunicam de maneira pró-ativa e individualizada e promovem melhorias continuadamente. Dentro do varejo farmacêutico, a Panvel é um exemplo de transformação digital. O aplicativo da empresa é o eixo central de serviço, comunicação e relacionamento com o cliente e permite a consulta de estoque em várias lojas, reserva de produtos, consulta do saldo do programa de fidelidade, resgate de pontos, comunicação individualizada, identificação de lojas mais próximas e rotas, entre outros. Ou seja, vários serviços que podem ser percorridos dentro do aplicativo. Fonte: fundador da Varese Retail, Alberto Serrentino

e tomadas de decisão, elevar o nível de competitividade das empresas ou reduzir o atrito para o cliente, e melhorar a experiência e valor percebido por ele. “Se a incorporação de uma nova tecnologia não for justificada pelo impacto positivo na experiência do cliente, na diminuição do atrito, no valor percebido ou por um impacto significativo nos processos internos, ela não se justifica. As empresas precisam ficar atentas porque essas novas tecnologias muitas vezes são adotadas por startups ou companhias não convencionais, criando um modelo de negócio muito competitivo”, frisa o especialista.

INOVAÇÃO É OXIGÊNIO Antes de escolher uma tecnologia, é preciso que toda a organização passe por uma mudança de cultura. 70

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O processo de inovação não é um projeto que tem começo, meio e fim. É uma mudança cultural e uma jornada, uma forma diferente de entender a dinâmica dos negócios, a estrutura, o modelo de gestão e a maneira como as pessoas assumem riscos e experimentam. De acordo com Serrentino, o que vai criar uma empresa com uma dinâmica de inovação mais forte é a transformação cultural. Isso significa a incorporação da chamada cultura digital, que é ter uma empresa mais ágil, menos burocrática, mais descentralizada. Uma companhia que experimenta, testa, arrisca e erra em um ambiente controlado e em pouca escala, causando baixo impacto e risco para o negócio. Mas a experimentação gera permanentemente a análise de oportunidades. Ou seja, aquilo que funciona é processado e escalado e o que não funciona é descartado. Ao aceitar o erro, se aceita mais a colaboração, abre-se mais a empresa, delega-se mais responsabilidade para as pessoas e os testes são trazidos para dentro de uma rotina. É isso que faz com que a inovação passe a ser parte intrínseca da empresa e mais relevante para o negócio. “O varejo precisa repensar suas estruturas organizacionais, sua cultura e de fato embarcar nessa jornada de mudança cultural e digital. Precisa estar mais aberto à experimentação e à mudança, ter maior velocidade e agilidade na experimentação, nos testes e na identificação de oportunidades para crescimento e adoção acelerados de seus processos”, alerta o fundador da Varese Retail. Além disso, precisa avançar na agenda de transformação digital e pensar em uma empresa orientada aos clientes, na qual os canais convergem e a mobilidade tem um papel fundamental. Existe um ambiente de varejo muito desafiador, no qual as empresas têm que cuidar do básico bem-feito, fazer a operação funcionar de maneira cada vez mais eficiente e ter um olhar no futuro e na inovação. “O uso de chatbots (robôs que se comunicam como se fossem atendentes) é cada vez mais presente em canais digitais. Com eles, o cliente pode tirar dúvidas, ver ofertas, saber sobre uma compra e até escolher falar com um atendente”, diz Marquesi. O varejo também pode investir em maneiras de atender o cliente sem precisar de um caixa. Com novas tecnologias de pagamento, há a possibilidade de o consumidor pagar em qualquer local da loja, diminuindo as chances de ele desistir de um produto e aumentando o espaço disponível para a exposição de itens.


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ESTRATÉGIA

CANAL FARMA Entre as principais tendências do varejo farmacêutico estão os programas de fidelidade. “Eles fazem a diferença na jornada de compra do consumidor. São capazes de sugerir produtos específicos e promoções direcionadas de acordo com o perfil de cada cliente. Existem ferramentas que proporcionam integração com os principais programas de benefícios do mercado, controle de estoque, validade de medicamentos, cadastro do cartão fidelidade e gestão tributária e fiscal”, comenta o executivo da Linx. Já existem também plataformas que automatizam a conferência das transações de vendas por cartões de débito e crédito. Elas disponibilizam um painel com fácil visualização das informações, além de possibilitar a consulta e análise das transações por meio de gráficos e relatórios gerenciais com indicadores práticos, facilitando o dia a dia dos gestores, que podem analisar as informações em um curto período de tempo e tomar ações assertivas para a estratégia de venda. Esses dois exemplos são provas de que o canal farma, assim como todo o varejo, tem oportunidades ao olhar para novas tecnologias. “Todos os processos ligados à gestão de produtos podem ser muito melhorados pela aplicação de tecnologias, desde o planejamento de demanda e precificação até a definição de mix, sazonalidade, ciclo de vida dos produtos, entre outros”, revela Serrentino. Indo além, as tecnologias podem parecer um filme de ficção científica. O CEO da Pandora cita o Symphony Retail. A ferramenta simula uma loja antes de ser montada e permite que consumidores visitem o futuro estabelecimento com óculos de realidade aumentada para experimentação antes de o espaço ser realmente construído. Com outras tecnologias embarcadas, como câmeras que captam dados sobre a jornada de compra do cliente, a ferramenta também ajuda no desenvolvimento de categorias, indicando onde os itens devem ser expostos, em qual quantidade e quando devem ser repostos. Todo o potencial das farmácias é explorado ao colocar o consumidor em primeiro lugar. O diretor de negócios de Consumer Health da IQVIA, Rodrigo Kurata, comenta que o envolvimento do consumidor é maior e ele tem maior poder de compra. Não somente pelo aumento de renda disponível, mas pelo uso acelerado de plataformas digitais e maior envolvimento nos processos de empresas e produtos que consome. 72

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NOVOS NOMES A chegada das novas tecnologias faz com que novos serviços cheguem ao varejo, como, por exemplo: • Express scripts: quando um médico gera a prescrição em formato eletrônico e transmite para a farmácia ou para um centro de distribuição que entregará o produto ao cliente; • Click-and-collect: o cliente faz o pedido pela internet, mas opta por buscá-lo em outro lugar que não seja a sua casa; • Home delivery: a farmácia recebe o pedido e realiza entrega ao paciente em casa, sem usar uma transportadora (equipe exclusiva interna ou terceirizada); • Internet pharmacy: farmácias que recebem pedidos (via telefone, internet ou e-mail ) e entregam, via transportadora comum, em casa. Fonte: diretor de negócios de Consumer Health da IQVIA, Rodrigo Kurata

Segundo ele, o consumidor tem mais foco em sua saúde e bem-estar. Ele busca produtos que o façam se sentir bem e saudável e está mais preparado para o autocuidado, aumentando a demanda por soluções naturais dentro das farmácias. “O varejista só vai saber o que fazer, quais insights aproveitar ou quais estratégias seguir se estiver munido de melhores informações e de sistemas com 100% de disponibilidade, interface intuitiva e panorama de dados completos. Assim, será possível desenhar de A a Z toda a estratégia de vendas e manter-se à frente em um mercado extremamente competitivo”, afirma Vieira. Apesar dessa realidade parecer longe, existe uma revolução no mercado de tecnologia: a transformação da tecnologia de produtos para serviços. Com o cloud computing, as empresas deixam de comprar tecnologias para pagar pelo seu uso, viabilizando o acesso a tecnologias para empresas de quaisquer tamanhos.


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DOR

Estímulos que incomodam PARTE DO MECANISMO DO CORPO, AS DORES REVELAM SE EXISTE ALGO DE ERRADO COM O ORGANISMO. MAS, COM A ORIENTAÇÃO CORRETA, AS QUEIXAS PODEM SER PREVENIDAS E TRATADAS

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POR LAURA MARTINS

A dor é um mecanismo de defesa. O corpo humano possui inúmeros processos de controle de seu equilíbrio. Entre eles, a dor exerce uma função importante, pois seu papel fisiológico é alertar sobre possíveis ameaças ao bem-estar e à integridade do organismo, retendo a atenção do paciente até que a causa do incômodo tenha sido identificada e afastada. “Dessa forma, a dor é um sinal vital clinicamente importante para a detecção e avaliação de inúmeras doenças, bem como para induzir um comportamento de precaução e, consequentemente, limitação de danos. De acordo com a Associação Internacional para o Estudo da Dor, ela pode ser definida como ‘uma experiência emocional e sensorial desagradável associada ou relacionada à lesão real ou potencial do tecido’”, explica o fisioterapeuta esportivo da Clínica Fisio&Forma, Kalil Zipperer.

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Ela acontece de acordo com o estímulo dos nociceptores periféricos (receptores da dor), que fazem com que a informação nociceptiva (dor) seja levada, por meio das fibras aferentes, até o Sistema Nervoso Central (SNC), que interpreta o estímulo como dor, reagindo como se algo estivesse errado. Mas esse estímulo não é igual em todas as pessoas. O anestesiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Felipe Chiodini, revela que a dor é uma experiência muito subjetiva, que depende de cada pessoa. Apesar de o caminho ser o mesmo, cada um reage de uma maneira ao estímulo enviado ao SNC. Para medir a dor, são usadas escalas como a que vai de zero (sem dor) a dez (máximo de dor). “O profissional de saúde pergunta ao paciente qual seu nível de dor e, no acompanhamento, tenta entender se a dor melhorou ou IMAGENS: SHUTTERSTOCK


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ESPECIAL SAÚDE

DOR

piorou, de acordo com a percepção pessoal daquele que a sente”, afirma. Além disso, existem alguns pacientes que não conseguem dizer quanto sentem de dor, como crianças, pessoas com demência, entre outros. Nesses casos, o profissional analisa o comportamento da pessoa, como as reações ao mexer no local dolorido.

DOR DE DENTE Como surge As dores de dente têm inúmeros motivos e, geralmente, têm um início leve e gradativo. Intensidade As dores são leves, mas podem chegar a ser fortes se o problema não for tratado corretamente. Sintomas O incômodo acontece na região do dente, na gengiva ou, se não tratado, pode irradiar para outras regiões do rosto, chegando até à cabeça. Além disso, há dor ao ingerir algo muito frio ou muito quente. Como prevenir É essencial ter uma boa higiene bucal, com uso de fio dental todos os dias, escovação dos dentes após as refeições e finalização com enxaguante bucal. Visitas regulares ao dentista também ajudam a prevenir problemas e, consequentemente, a dor. Tratamentos mais indicados O tratamento imediato é feito com analgésicos, mas o paciente deve ir ao dentista para que seja realizado o diagnóstico da causa da dor e seu tratamento. Em quanto tempo desaparece As dores mais fortes somem em questão de horas, mas podem voltar caso o problema não seja resolvido com o tratamento correto.

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Em geral, os pacientes que vão à farmácia com alguma queixa de dor buscam por medicamentos analgésicos como a dipirona e o paracetamol. São comprados também anti-inflamatórios, mas em menor escala. Porém cabe ao farmacêutico orientar sobre as melhores maneiras de prevenir e tratar cada dor, de acordo com sua intensidade e local. Confira algumas das mais comuns:

DOR PONTUAL Como surge O corte é uma situação rotineira, principalmente, em algumas atividades laborais ou domésticas. A principal queixa é nas mãos ou após um trauma direto, como em esportes de contato. Já as queimaduras acontecem, na maior parte das vezes, em acidentes na cozinha – seja entre os que cozinham profissionalmente ou dentro de casa. Intensidade A dor é aguda no local do trauma, e bastante forte. Sintomas Normalmente, o único sintoma é a dor aguda e forte no local traumatizado. Como prevenir Além de ter cuidados nas tarefas domésticas, quem trabalha em locais de risco deve usar os equipamentos de proteção adequados para a atividade que realizará. Tratamentos mais indicados O tratamento para dor será feito por meio de medicação analgésica, mas o tratamento para a causa dependerá do tipo, da localização e do tamanho da lesão, como, por exemplo, com o uso de curativos. Em quanto tempo desaparece As dores mais fortes melhoram em pouco tempo, mas, de acordo com o tamanho e a localização da lesão, as dores podem persistir em menor grau por mais tempo.


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ESPECIAL SAÚDE

DOR

DOR ABDOMINAL CÓLICA MENSTRUAL Como surge A dor acontece devido à forte contração do útero durante a menstruação e varia bastante de pessoa para pessoa. Seu tratamento, na maioria das vezes, é simples e resolutivo. Porém é de extrema importância que as mulheres que sofrem com dores menstruais avaliem o motivo de uma dor ser muito intensa. Geralmente, ela começa lentamente e aumenta progressivamente. Intensidade As dores são consideradas medianas para forte, de quatro a oito pontos, do total de dez na Escala de Variação Analógica. Sintomas Surgem em forma de aperto, como se fosse uma sensação de câimbra. Como prevenir Ter uma vida saudável, com alimentação correta, sono regrado e realizar exercícios físicos ajuda a diminuir o problema. Quando a pessoa sofre com as dores todos os meses, é possível entrar com medicação para evitá-las. Tratamentos mais indicados O tratamento imediato é feito com analgésicos e, se as dores forem frequentes, há medicamentos de uso prolongado e, dependendo do caso, cirurgias. Em quanto tempo desaparece As dores mais fortes diminuem em horas e, em alguns casos, permanece uma dor leve por alguns dias.

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Como surge A dor no abdômen pode acontecer por vários motivos, desde uma diarreia até um tumor no intestino. É essencial saber a causa para não tratar somente a dor, mas investigar para saber o que está acontecendo. Intensidade As dores são medianas para forte, chegando a oito, em uma escala de zero a dez. Sintomas Os sintomas dependem do motivo que está causando a dor, mas podem aparecer como uma queimação ou uma sensação de câimbra. Como prevenir Ter uma alimentação saudável é essencial, ingerindo menos produtos gordurosos, doces e frituras e aumentando a ingestão de frutas, verduras e comidas fibrosas. Além disso, é essencial ter uma vida saudável, com atividades físicas regulares. Tratamentos mais indicados Há o tratamento imediato, com medicações gástricas para alívio da dor e, em casos de dores extremas, é necessário procurar um serviço médico de urgência para que sejam administradas medicações mais fortes, se necessário, por via endovenosa. Após a crise, o paciente deve procurar um médico para que seja realizada uma boa avaliação e diagnóstico para chegar a um tratamento específico e resolutivo para o problema. Em quanto tempo desaparece As dores mais fortes podem diminuir em horas ou, em alguns casos, permanecer por dias. Isso varia de acordo com o diagnóstico do porquê o paciente sente dor.


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ESPECIAL SAÚDE

DOR

DOR NAS COSTAS Como surge Dependendo do que causa a dor, acontece de maneira abrupta ou de forma lenta e progressiva. Intensidade Geralmente, são dores leves para fortes. Na Escala de Variação Analógica, de quatro a oito, em uma pontuação de dez. Mas varia muito de acordo com o diagnóstico que levou ao quadro. Sintomas Normalmente, são dores como pontadas e que levam à incapacitação de movimentos. Em alguns casos, existe a dor em queimação, que não é tão forte. Como prevenir Realizando atividade física de fortalecimento, correção postural, adequação do posto de trabalho e evitando carregar excesso de peso. É extremamente importante uma boa avaliação física para o diagnóstico clínico e funcional do quadro de dor. Tratamentos mais indicados O tratamento imediato é feito com medicações para alívio da dor e fisioterapia. Após a diminuição do sintoma mais agudo é preciso fazer o tratamento do diagnóstico clínico e funcional com medicações, fisioterapia, acupuntura, pilates e, em alguns casos, cirurgia. Além disso, nem sempre o mais indicado é ficar em repouso. Dependendo do diagnóstico, o paciente deve investir em reabilitação, melhorando sua postura, para que as dores sejam solucionadas. Em quanto tempo desaparece Em média, o paciente apresenta uma boa melhora de três a sete dias após o surgimento das dores mais fortes. Porém, em alguns casos, pode existir a persistência de uma dor mais leve por meses.

Fontes: anestesiologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Felipe Chiodini; e fisioterapeuta esportivo da Clínica Fisio&Forma, Kalil Zipperer 80

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DOR DE CABEÇA Como surge As dores de cabeça podem ser classificadas como primárias ou secundárias, sendo as primárias mais comuns. Elas acontecem por uma disfunção no organismo, como uma enxaqueca ou uma dor de cabeça tensional (que acontece quando a pessoa tem um problema ou está estressada). A cefaleia secundária ocorre quando há outra doença, como um tumor no cérebro. Essa é uma das dores mais conhecidas e comuns na população e pode acontecer por vários motivos, como uma enxaqueca que necessita de tratamento. Quando os quadros de cefaleia são prolongados ou recorrentes, é de extrema importância a avaliação da causa para que o tratamento seja o mais assertivo e eficaz possível, levando a uma melhora significativa na qualidade de vida do paciente. As dores surgem, normalmente, de forma súbita e sem causa aparente, salvo em traumas. Intensidade Dentro da Escala de Variação Analógica, as dores são medianas, com pontuação entre quatro a seis, de um total de dez. Sintomas A maior parte das queixas de dor de cabeça é de dores com pontadas e latejamento. Como prevenir Para prevenir as dores de cabeça é necessário reduzir o estresse e ter uma vida saudável, com alimentação e sono regrados, além de se exercitar regularmente. Tratamentos mais indicados O tratamento imediato é feito com analgésicos e, se as dores forem frequentes, o paciente pode usar medicações de uso prolongado ou fazer acupuntura. São usados, por exemplo, medicamentos basais para quem sofre de enxaqueca, mesmo quando não está em crise. Em alguns casos, são usados antidepressivos para acabar com as dores crônicas. Em quanto tempo desaparece Normalmente, as cefaleias sem causa melhoram em horas, mas dependendo da dor, o tempo pode variar.


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CONTUSÕES ESPORTIVAS

Fatores que levam a lesões FALTA DE ORIENTAÇÃO E EXAGEROS FAZEM COM QUE ATLETAS SE MACHUQUEM E ACABEM DEIXANDO DE PRATICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS. GELO E REPOUSO PODEM AJUDAR NO CASO DE INCÔMODOS, MAS A PREVENÇÃO É A MELHOR SAÍDA

A

POR LAURA MARTINS

A prática de exercícios é benéfica para todas as pessoas e é indicada como uma das ações para ter uma vida mais saudável. Mas, em busca de saúde ou de um corpo mais bonito, as pessoas exageram e acabam se colocando em risco. Uma modalidade praticada sem a orientação de um educador físico, com excesso de peso ou de intensidade e movimentos errados, pode causar lesões e contusões que acabam com a saúde do atleta, seja amador ou profissional.

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“A contusão é uma lesão inerente ao esporte, principalmente aqueles de contato. Ela é uma lesão sem fratura dos tecidos moles do corpo, gerada pelo impacto mecânico de um agente externo sobre uma parte do corpo”, esclarece o fisioterapeuta esportivo da Clínica Fisio&Forma, Kalil Zipperer. Ou seja, pode ser uma pancada, uma batida ou uma lesão por um movimento brusco ou por desaceleração do movimento. As lesões podem ser divididas, ainda, em dois grandes grupos: traumáticas ou por sobrecarga. “As leIMAGENS: SHUTTERSTOCK


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ESPECIAL SAÚDE

CONTUSÕES ESPORTIVAS

ESPORTES X LESÕES Natação As lesões por trauma direto são muito raras, sendo as por sobrecarga mais comuns. A articulação mais afetada é o ombro, que pode apresentar lesões nos tendões do manguito rotador (conjunto de tendões internos do ombro). As principais medidas preventivas são o fortalecimento muscular, incluindo exercícios específicos para os ombros e a técnica de movimento adequada. Além disso, pode haver contusões ao bater as mãos ou a cabeça na borda da piscina, causando dor, edemas ou cortes leves.

Crossfit O crossfit é um treino de alta intensidade que envolve muito peso, muito movimento rotacional e muita força. Devido à sobrecarga, os atletas sofrem com lesões em todo o corpo. O problema é que, normalmente, quem pratica a modalidade antes era sedentário, e os professores incentivam a aumentar a intensidade rapidamente, para que o resultado aconteça mais rápido. Porém a orientação deve ser ao contrário: começar devagar. É importante respeitar os limites individuais, sempre iniciar uma nova série de exercícios com carga leve e ir aumentando progressivamente. Atividades de alongamento e flexibilidade são indicadas, porém não devem ser realizadas antes do treino, pois diminuem a eficiência da contração muscular. O ideal é realizar um treino de alongamento separadamente.

Futebol Podem ocorrer tanto lesões por trauma direto (pancadas) quanto indireto. Nas lesões por trauma indireto, as mais comuns são as musculares. As entorses também são comuns, principalmente nos tornozelos e joelhos. Merecem destaque as lesões do ligamento cruzado anterior, que causam instabilidade do joelho e, muitas vezes, requerem tratamento cirúrgico. A canela, o joelho, o tornozelo e a cabeça são os que mais sofrem com o trauma direto. Como medidas preventivas, são recomendados o jogo limpo, evitar faltas ou jogadas agressivas, exercícios de fortalecimento muscular e alongamento e sempre realizar aquecimento antes de jogar.

Fontes: fisioterapeuta esportivo da Clínica Fisio&Forma, Kalil Zipperer; ortopedista do Núcleo de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital SírioLibanês, Dr. Adriano Marques de Almeida; e ortopedista do Hospital Santa Catarina, Dr. Emerson Garms

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Lutas Assim como no futebol, a prática de lutas pode causar lesões por trauma direto ou indireto. Podem ocorrer entorses e até mesmo fraturas ou luxações (deslocamentos articulares). No judô, são mais comuns as lesões relacionadas à entorse de ombro, de joelho e tornozelo. Já os praticantes de boxe sofrem mais com lesões nas mãos e nos ombros. Os atletas de MMA podem ter lesão em qualquer parte do corpo. Ou seja, as lutas de solo têm mais riscos de lesões por entorse e as lutas com mais golpes têm mais contusões. Para prevenir as lesões é preciso ter a técnica adequada, praticar dentro das regras estabelecidas, fazer exercícios de fortalecimento muscular e alongamento e se alongar antes de treinos e lutas.

Musculação Apesar de poder ser prejudicial, a musculação é um esporte indicado para todo atleta. Independentemente de qual a modalidade praticada, é preciso que os músculos estejam bem preparados para o esforço físico. Se bem orientada e sem exageros, a musculação é um esporte que auxilia todos os atletas. As lesões estão relacionadas ao excesso de carga e movimentos inadequados. Por isso, em caso de dor durante ou após os exercícios, os educadores físicos devem ser consultados e, na persistência dos sintomas, buscar avaliação médica.

2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

CONTUSÕES ESPORTIVAS

sões traumáticas ocorrem devido a um acidente, como quedas, torções ou pancadas (trauma direto). Já as lesões por sobrecarga ocorrem devido ao esforço excessivo, que pode ocorrer rapidamente (aguda) ou de forma cumulativa (crônica)”, explica o ortopedista do Núcleo de Medicina do Exercício e do Esporte do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Adriano Marques de Almeida. Entre os principais responsáveis pelo problema estão o aquecimento mal feito, a falta de alongamento e o exagero na intensidade do exercício.

O NÍVEL DE CADA LESÃO As lesões musculares acontecem, geralmente, devido a uma contração muscular súbita que causa estiramento ou ruptura do músculo. Existem diversas classificações de lesões musculares, mas a mais comum as divide em três tipos: • Tipo I: ocorre um estiramento do músculo, mas não ocorre ruptura significativa das fibras musculares; • Tipo II: ocorre uma ruptura parcial dos músculos, acometendo algumas fibras; • Tipo III: ocorre uma ruptura total do músculo. A dor ocorre em todos os graus de lesão, mas pode variar de intensidade. Nas lesões do tipo III, a perda de força é maior.

TRATAMENTOS DISPONÍVEIS É essencial que o atleta se alongue antes e após as atividades físicas, além de realizar fortalecimento muscular, manter uma alimentação saudável e praticar as atividades de forma progressiva, para evitar as lesões. Logo após se machucar, é recomendado que a pessoa pare o exercício praticado e faça repouso com aplicação de gelo por aproximadamente 20 minutos. De acordo com a farmacêutica responsável pela Farmácia Universitária da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP), Maria Aparecida Nicoletti, há a possibilidade também de usar o aerossol “ice”, que deve ser aplicado sobre uma toalha e, em seguida, no local machucado. As bolsas de gelo instantâneo, tipo “icebag”, são descartáveis, de uso imediato, e podem ser usadas por até 40 minutos. Depois de ativadas, diminuem a temperatura em até -3ºC. 86

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“A utilização de bolsas de gelo aplicadas no local, principalmente após a ocorrência dos eventos, por um tempo restrito e repetidamente três vezes ao dia, nos dois primeiros dias, reduz o inchaço e a dor, além de limitar a extensão da lesão”, diz ela. Por outro lado, as bolsas de água quente nunca devem ser utilizadas imediatamente após a lesão, pois se o local apresentar sinais de inflamação, o calor poderá piorar o quadro. Elas são indicadas no caso de alguma tensão muscular crônica, ou seja, algum músculo tenso, pois o calor alivia a contração muscular excessiva temporariamente. Há ainda medicamentos de uso tópico com fármacos como: salicilato de metila, extrato de beladona, cânfora e arnica para o alívio de dores localizadas em articulações e músculos. Os adesivos térmicos, por exemplo, fornecem calor que poderá manter aquecido o local por aproximadamente oito horas. Além disso, pode ser necessária a proteção do membro com um imobilizador, compressão com esparadrapagem ou faixa e elevação. Se mais sérias, é preciso o acompanhamento com um profissional de saúde para fazer fisioterapia com analgesia, alongamentos, fortalecimento e posterior retorno aos movimentos do esporte. Fora os cuidados feitos diretamente no local, o atleta pode precisar também de medicamentos tópicos. Maria Aparecida explica que a inflamação é uma resposta do sistema imunológico a uma infecção ou lesão nos tecidos, aumentando o fluxo sanguíneo na região atingida para facilitar o transporte das células do sistema imunológico contra o agente agressor. Os anti-inflamatórios atuam diminuindo ou acabando com as manifestações do processo inflamatório, como calor, rubor e dor. Os mais utilizados no caso de lesões e contusões são os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs). Já os analgésicos, usados para sanar a dor, são classificados como não opioides, opioides (narcóticos) e adjuvantes (administrados por outra razão que não dor, mas que podem contribuir para minimizá-la). Os mais usados no caso de lesões musculares são os não opioides, como o ácido acetilsalicílico, parecetamol, ibuprofeno e dipirona sódica.


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ALERGIA

Pequenos vilões AS PICADAS DE INSETOS PODEM CAUSAR ALGUNS MALES AOS SERES HUMANOS, O QUE OCASIONA SINTOMAS COMO COCEIRAS, INCHAÇOS, VERMELHIDÃO E ERUPÇÕES POR RENATA MARTORELLI

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Atualmente, existem cerca de dez milhões de tipos de insetos no mundo, mas, aproximadamente, apenas um milhão de espécies já foram descritas, segundo consenso entre entomologistas e biólogos especialistas em insetos. Besouros, moscas, baratas, formigas, mosquitos, entre outros, representam cerca de dois terços das espécies animais existentes no planeta. Muitas das picadas dessa população enorme de insetos podem causar alergias na pele do ser humano. A alergia é causada pela sali-

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GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018

va do bicho, o que ocasiona sintomas como coceiras, inchaços, vermelhidão e erupções. “Os insetos formam um dos maiores grupos de seres do reino animal. Desta forma, seu contato com os seres humanos é inevitável. A exposição à picada pode causar desde lesões imperceptíveis até reações graves. Podemos observar reações de hipersensibilidade a antígenos presentes na saliva de insetos, que é conhecida como urticária papular ou prurigo estrófulo, e reações ao veneno de Hymenoptera (classe de insetos que inclui as abelhas, vespas e formigas), que conIMAGENS: SHUTTERSTOCK


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ALERGIA

tém proteínas alergênicas, bem como componentes não alergênicos, incluindo toxinas, aminas vasoativas, acetilcolina e cininas”, explica a médica pediatra, alergista e imunologista, Dra. Vanessa Cristina Estevão Soares de Ávila Orso. Segundo a médica assistente do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMUSPRP) e alergista do Instituto de Alergia de Ribeirão Preto (IARP), Dra. Janaína Melo, as diferentes reações na pele após uma picada dependem da predisposição genética do indivíduo, ou seja, se ele é alérgico ou não, e de como seu sistema de defesa, o sistema imunológico, vai responder a uma agressão. “Cada inseto, no ato da picada, libera enzimas que, por sua vez, liberam diversas substâncias como a histamina, causando os sintomas de alergia, com proporções diferentes para cada pessoa”. Já para a médica especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e especialista em clínica médica, Dra. Giselle Sanches, alguns insetos têm ferrão cortante que penetra profundamente na pele, enquanto outros liberam toxinas perigosas na picada. “Além disso, a resposta do hospedeiro pode ser alérgica, ou seja, exagerada. Também pode haver contaminação do local por bactérias oportunistas, gerando uma infecção secundária”. Existem basicamente dois tipos de alergia a insetos: a alergia aos insetos sugadores de sangue, como mosquitos, pernilongos e borrachudos, também conhecida por estrófulo, e as alergias aos insetos que injetam venenos, também chamados de himenópteros, como as abelhas, vespas e formigas.

QUEM ESTÁ MAIS SUSCETÍVEL ÀS PICADAS? As crianças ainda não apresentam seu sistema imune completamente desenvolvido e na faixa etária de dois a dez anos de idade é comum a manifestação de urticária. “O estrófulo pode apresentar-se com o surgimento na pele de pápulas (pequenas lesões elevadas) avermelhadas e vesículas (pequenas bolhas), principalmente nas áreas expostas, como as pernas e os braços, mas que podem se disseminar também pelo tronco, sempre acompanhadas de coceira intensa. As lesões permanecem por vários dias e é comum o aparecimento de novas le90

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EXISTEM REAÇÕES DE HIPERSENSIBILIDADE A ANTÍGENOS PRESENTES NA SALIVA DE INSETOS, QUE É CONHECIDA COMO URTICÁRIA PAPULAR OU PRURIGO ESTRÓFULO, E REAÇÕES AO VENENO DE HYMENOPTERA (CLASSE DE INSETOS QUE INCLUI AS ABELHAS, VESPAS E FORMIGAS), QUE CONTÉM PROTEÍNAS ALERGÊNICAS sões mesmo sem a ocorrência de novas picadas. Crianças com dermatite atópica têm maior predisposição para esta patologia”, revela a Dra. Janaína. A alergia ao veneno de himenópteros é um importante problema de saúde, e os acidentes com eles são comuns na infância, provavelmente pelo fato de as crianças estarem mais expostas ao ar livre. “A incidência exata dos acidentes não é conhecida, mas estima-se que entre 56% a 94% dos adultos tenham sido picados ao longo da vida. As reações sistêmicas na infância são incomuns, atingindo menos de 1% dos casos. Dados do Ambulatório de Reações a Venenos de Insetos do Serviço de Imunologia Clínica da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) observaram que 73,8% dos pacientes que apresentaram reações ao veneno de formiga tinham menos de 20 anos, e mais de 50% dos pacientes que apresentaram reações aos venenos de abelha e vespas eram adultos. Neste mesmo serviço, observou-se que há maior frequência de reações sistêmicas cutâneas isoladas e menor frequência de sintomas vasculares e reações mais graves em crianças do que em adultos”, conta a Dra. Vanessa.

TIPOS DE PICADAS E REAÇÕES O quadro de urticária papular ou prurigo estrófulo pode ser desencadeado por qualquer tipo de inseto que pique uma criança ou um adulto suscetí-


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ESPECIAL SAÚDE

ALERGIA

TIPOS DE REPELENTES E DIFERENÇAS NAS FORMULAÇÕES

Os repelentes testados contam com três princípios ativos reconhecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pelo seu papel de proteção: o DEET, a icaridina e o IR3535. O que costuma mudar de uma fórmula para a outra é a concentração do ativo. Quanto mais o produto tiver o ativo, mais tempo ele tende a proteger. Existem fórmulas em aerossol com mais DEET, por exemplo, que resguardam a pessoa por até 6 horas.

• R3535 – duração de até quatro horas. É o mais recomendado para crianças de seis meses a dois anos de idade por sua segurança e baixa toxicidade; • Icaridina 20%-25% – duração de dez horas. Repelente mais potente disponível no Brasil e mais eficaz contra o Aedes aegypti; • DEET infantil 6%-9% ou adulto 10%-15% – duração de quatro a seis horas. Quanto maior a sua concentração, mais tempo é a duração da proteção. • Repelentes elétricos (que liberam inseticidas) − são úteis para reduzir a entrada dos mosquitos. Coloque-os próximo de portas e janelas.

Existem produtos que podem ser aplicados em roupas e telas, como a permetrina 0,5%. Neste caso, não pode ser aplicada na pele. Os aparelhos ultrassônicos ou que emitem luz não possuem eficácia comprovada até o momento. Óleos naturais são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável, porém, por serem altamente voláteis, se evaporam muito rápido. As pulseiras de citronela têm eficácia baixa e podem causar alergia no local do contato com a pele. Fontes: médica assistente do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMUSPRP) e alergista do Instituto de Alergia de Ribeirão Preto (IARP), Dra. Janaína Melo; médica especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e especialista em clínica médica, Dra. Giselle Sanches; e médica pediatra, alergista e imunologista, Dra. Vanessa Cristina Estevão Soares de Ávila Orso

vel. “Entre os insetos mais comuns estão os dípteros (mosquitos), sinópteros (pulgas) e ixodídeos (carrapatos), além de outros que utilizam sangue para sua alimentação. Durante a picada desses insetos, substâncias potencialmente antigênicas são introduzidas nos tecidos humanos e causam reações locais. Raramente, o prurigo estrófulo terá início antes dos seis meses de vida, pois para que ocorra a sensibilização várias picadas são necessárias. No entanto, quando falamos de reação à picada de himenópteros, pode92

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mos listar quatro tipos: locais, locais extensas, sistêmicas ou anafiláticas. Para que ocorra a reação de hipersensibilidade dependente de IgE é necessária uma exposição prévia ao veneno do inseto, seja diretamente, através de picadas anteriores, ou indiretamente, pela exposição antigênica a himenópteros por via inalatória ou digestiva”, diz Dra. Vanessa. Ela afirma ainda que em indivíduos previamente sensibilizados, após contato com o alérgeno do veneno ocorrerá degranulação de mastócitos e ba-


Dicas de uso de repelentes que podem ser repassadas aos consumidores: O efeito dos repelentes se dá pelo “efeito de nuvem”, ou seja, após a aplicação, o produto se evapora e forma uma “nuvem” de aproximadamente 4 cm em volta da pele que repele o inseto. Assim, não é recomendado usar o repelente por baixo das roupas, mas por cima dos tecidos e apenas na pele exposta (braços, colo, pernas, pés).

• Não aplicar mais do que três vezes ao dia. Pode causar intoxicação e aumentar os riscos de efeitos colaterais; • Se for usar hidratante ou filtro solar, esperar secar e aplicar o repelente 15 minutos após o uso destes produtos. O repelente sempre é o último a ser aplicado; • Não aplicar próximo das mucosas (olhos, nariz, boca). Lavar as mãos após o uso. Não aplicar nas mãos das crianças, pois elas podem levar o produto à boca; • Não dormir com repelente.

Crianças de até seis meses de idade não podem usar repelentes. Crianças de seis meses a dois anos podem utilizar repelentes contendo IR3535 ou icaridina 20%-25%. Crianças maiores de dois anos, além dos anteriores, também podem usar repelente à base de DEET infantil 6%-9%. Já os adultos e gestantes podem usar repelentes que contenham na sua fórmula icaridina 20%-25% ou DEET 10%-15% ou IR3535.

sófilos, com liberação de histamina e outros mediadores pré-formados, como serotonina e fatores quimiotáticos, e neoformados, como prostaglandinas e leucotrienos. “As reações locais menores são associadas às propriedades farmacológicas do veneno. Por exemplo, o veneno da formiga tem um componente alcaloide que gera a formação de pústulas na pele. Para o desenvolvimento de uma reação grave sistêmica ao veneno de himenóptero, alguns fatores têm sido descritos: idade – quanto maior a ida-

de, mais grave será a reação, sobretudo em adultos; tempo – quanto menor o tempo decorrido entre as picadas, maior o risco de reação sistêmica grave futura; se a picada for de abelha, os níveis séricos elevados de triptase sérica basal; uso de betabloqueadores, pois esses medicamentos reduzem a eficácia da adrenalina durante o tratamento da anafilaxia; e uso de inibidores da enzima de conversão da angiotensina, porque eles podem agravar a hipotensão que ocorre durante a anafilaxia”, conclui. 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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ESPECIAL SAÚDE

ALERGIA

COMO AGEM AS POMADAS ANTIALÉRGICAS E COM CORTICOIDE? As pomadas antialérgicas e com corticoide agem no local da picada diminuindo a inflamação. Os anti-histamínicos tópicos podem ser usados em casos de urticária com o objetivo de aliviar a coceira, porém essas medicações podem desencadear dermatite de contato e até mesmo fotossensibilização, por isso não é indicada a exposição à luz solar. Os anti-histamínicos orais podem reduzir o prurido, principalmente, quando houver maior número de lesões. Já o uso de corticoide tópico melhora a reação inflamatória local e reduz a coceira. É sempre importante observar sinais de infecção bacteriana associados. O tratamento das reações a venenos vai depender da gravidade do quadro. Para a maioria das ferroadas isoladas, a aplicação de gelo, compressa fria, o uso de analgésicos e de anti-histamínicos são suficientes para aliviar o edema e desconforto local. No entanto, quando a lesão é extensa, pode ser necessário acrescentar corticoide tópico ou oral. Nas reações sistêmicas, tóxicas e anafiláticas, o tratamento de emergência será necessário.

Orientação aos pacientes sobre o que fazer no local das lesões: • Manter o local limpo, lavando com água e sabonete; • Não aplicar substâncias caseiras; • Nunca usar cremes ou pomadas antialérgicas sem indicação médica, porque alguns desses produtos podem desencadear reações locais, especialmente quando há exposição solar; • Nas reações graves como anafilaxia deve-se procurar imediatamente o pronto-socorro, onde será realizado tratamento de suporte, com administração de medicações endovenosas e adrenalina; • A prevenção vai desde medidas simples, porém fundamentais, como telas em janelas, dedetização, ventiladores e repelentes, a medidas mais complexas, como uso de imunoterapia com vacinas que têm em sua composição venenos de insetos que induzem a criação de anticorpos capazes de bloquear a ação dos alérgenos.

Fontes: médica assistente do Serviço de Alergia e Imunologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMUSPRP) e alergista do Instituto de Alergia de Ribeirão Preto (IARP), Dra. Janaína Melo; médica especialista em dermatologia pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e especialista em clínica médica, Dra. Giselle Sanches; e médica pediatra, alergista e imunologista, Dra. Vanessa Cristina Estevão Soares de Ávila Orso

A alergia a picadas de insetos é responsável por mais de 10% dos casos de anafilaxia. “Insetos do grupo Hymenoptera (abelhas, vespas, marimbondos e formigas), além de terem uma picada muito dolorosa, têm um veneno que pode provocar complicações mais graves, co94

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mo anafilaxia. O choque anafilático, ou anafilaxia, é uma reação alérgica, de hipersensibilidade imediata e grave, que afeta o corpo todo. Nas crianças e nos idosos as reações podem ser mais graves, mas a anafilaxia pode acometer qualquer idade”, comenta a Dra. Janaína.


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MICOSES

Gatilhos estão no calor e na umidade COM A APROXIMAÇÃO DOS DIAS MAIS QUENTES DO ANO, OS CUIDADOS PRECISAM SER REDOBRADOS. COCEIRA, VERMELHIDÃO E DESCAMAÇÃO NA PELE OU NAS UNHAS PODEM SER SINAIS DA DOENÇA, QUE TAMBÉM É CAPAZ DE COMPROMETER OUTROS ÓRGÃOS DO CORPO

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POR KATHLEN RAMOS

O Brasil é um país tropical e, como tal, se torna marcante o verão quente e chuvoso, que permite um ambiente ideal para a proliferação dos fungos causadores da micose. “Ambientes úmidos, pouco ventilados e imunidade baixa propiciam a proliferação desses microrganismos”, constata a dermatologista do Hospital Santa Cruz, Dra. Cassiana Okada. Nesse sentido, o suor do corpo provocado pelo calor pode ser um gatilho para a doença. “Os fungos se alimentam de matéria orgânica em decomposição e, durante os meses quentes, proliferam-se mais”, explica a coordenadora do Departamento de Micologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Regina Schechtman.

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Os fungos responsáveis pela micose, geralmente, são encontrados no solo, em animais (como cachorros e gatos) e, inclusive, na própria pele humana. “A infecção acontece pelo contato direto com a fonte contaminada ou de forma indireta, por meio de materiais contaminados”, esclarece a dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo, Dra. Ana Flávia Nogueira Saliba, acrescentando que os principais fungos responsáveis pelo problema são os dermatófitos e as candidas. Os sintomas da micose variam de acordo com a parte do corpo infectada. Na pele, o quadro mais comum é o conhecido popularmente como “tinha do corpo”, representado por lesões avermelhadas, descamativas, rendilhadas ou desenhadas, isoladas ou confluentes. “A lesão tende a crescer centrifugamente, ocorrendo a cura IMAGENS: SHUTTERSTOCK


TRATAMENTOS DISPONÍVEIS E FORMAS DE AÇÃO PROBLEMA RECORRENTE: algumas pessoas apresentam uma facilidade em se reinfectar pela micose. Isso pode acontecer por uma predisposição genética ou mesmo por hábitos de vida que favoreçam a contaminação, como contato mais intenso com água, manipulação de terra ou higiene precária. Algumas condições médicas, como doenças que cursam com diminuição da imunidade e o uso de medicações imunossupressoras também aumentam as chances de recorrência. Outra situação que pode ocorrer é de o mesmo fungo permanecer dormente por longo período dentro do organismo e a doença reaparecer anos mais tarde.

PRINCIPAIS ATIVOS ENVOLVIDOS: as principais classes de antifúngicos utilizadas são os derivados azólicos (fluconazol, cetoconazol, itraconazol) e um derivado da alilamina (terbinafina). Existem, ainda, os antifúngicos poliênicos, imidazólicos, triazólicos e triazóis, além das equinocandinas, amorolfinas e ciclopiroxolaminas. Todos agem por meio de ação fungistática (interrompendo o metabolismo do fungo sem matá-lo) e/ou fungicida (eliminando o fungo).

APRESENTAÇÕES: os medicamentos usados no tratamento das micoses são os antifúngicos tópicos e também os antifúngicos dados por via oral, intramuscular ou endovenosa, dependendo da gravidade e da extensão da doença. Vale lembrar que as mesmas medicações utilizadas para o tratamento sistêmico também são empregadas para o tratamento tópico, na forma de creme, loção, pomada, solução, spray ou esmalte.

TEMPO DE TRATAMENTO: nas micoses superficiais, pode variar de sete a 20 dias. Nas micoses subcutâneas ou sistêmicas, o tratamento pode levar de três meses a dois anos. Fontes: coordenadora do Departamento de Micologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Regina Schechtman; dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo, Dra. Ana Flávia Nogueira Saliba; e dermatologista do Hospital Santa Cruz, Dra. Cassiana Okada

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ESPECIAL SAÚDE

MICOSES

na porção central à medida que há progressão pela periferia. Na maioria das vezes, essas lesões são acompanhadas de coceira”, pontua a médica. Há ainda a pitiríase versicolor, popularmente conhecida como “pano branco”, que se apresenta clinicamente em forma de manchas brancas e descamativas, que podem estar agrupadas ou isoladas. “Esse tipo de micose acomete, principalmente, a parte superior dos braços, tronco, pescoço e rosto. Ocasionalmente, as manchas podem ser escuras ou avermelhadas, daí o nome versicolor”, explica a dermatologista do São Camilo.

CORPO SUSCETÍVEL Não é somente a pele que pode ser comprometida pela micose. “A doença pode afetar os pulmões, as articulações, o coração, o cérebro, os ouvidos e, em situações extremas, é capaz de provocar infecção generalizada e levar ao óbito”, adverte a Dra. Regina, da SBD. De maneira superficial, no couro cabeludo, por exemplo, a forma mais comum é o surgimento de uma placa descamativa, única ou múltipla, avermelhada. “Existe também uma variante inflamatória, chamada quérion, que se apresenta como placa elevada, geralmente única, bem delimitada, com pústulas e microabscessos na superfície e que causam dor”, comenta a Dra. Ana Flávia. A especialista do Hospital São Camilo mostra que a micose também pode aparecer sob a forma de candi-

ORIENTE PARA A PREVENÇÃO • Ao ir à manicure, levar sempre o próprio material, como alicate, espátula, lixa e esmalte; • Após o banho, secar muito bem a pele, principalmente as dobras, como axilas, virilhas e os dedos dos pés (considere o uso de secador de cabelos após o banho); • Evitar o contato prolongado com água e sabão e, de preferência, usar luvas nas atividades de limpeza, como ao lavar louças; • Evitar andar descalço em locais que sempre estão úmidos, como saunas e lava-pés de piscinas; • Não vestir roupas molhadas por muito tempo; • Não compartilhar toalhas, roupas, escovas de cabelo e bonés; • Não usar calçados fechados por longos períodos e trocá-los todos os dias, mantendo-os sempre arejados; • Evitar roupas muito quentes, justas e de tecidos sintéticos; • Dar preferência para meias e roupas íntimas de algodão; • Evitar contato com animais que apresentam qualquer alteração na pele ou pelo; • Não mexer na terra sem usar luvas. Fonte: dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo, Dra. Ana Flávia Nogueira Saliba

DIFERENCIE PELA GRAVIDADE De forma simplificada, as micoses podem ser classificadas entre superficiais e profundas. As superficiais são causadas por fungos que apresentam afinidade pela queratina, logo, podem infectar qualquer parte da pele, couro cabeludo/cabelos e unhas. São exemplos de micoses superficiais a pitiríase vesicolor (“pano branco”), as tinhas, a candidíase e as onicomicoses. Já as micoses profundas são menos comuns, porém mais graves. O acometimento vai além da pele, podendo atingir diversos órgãos. Fonte: dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo, Dra. Ana Flávia Nogueira Saliba

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díase. Neste caso, se manifesta de diversas maneiras, como placas esbranquiçadas na mucosa oral (comum no recém-nascido e conhecida como sapinho), lesões fissuradas no canto da boca (queilite angular) e placas vermelhas e fissuras localizadas nas dobras naturais (inframamária, axilar e inguinal). “Pode acometer também a região genital feminina (vaginite) ou masculina (balanite), provocando coceira, manchas vermelhas e secreção vaginal esbranquiçada”, aponta. Por fim, há também as micoses das unhas. “Elas são raras na infância, com predomínio no adulto maior de 55 anos de idade. Geralmente, a unha se descola do leito e se torna mais espessa. Pode também haver mudanças na coloração e no formato, sendo comum a formação de estrias amareladas na superfície e de uma ‘massa’ que se acumula embaixo dela”, descreve a médica.


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Especial Cabelos

Um reflexo da moda e da autoestima ALÉM DE CONSTITUÍREM UMA FORMA DE ESTAR POR DENTRO DAS TENDÊNCIAS QUE DOMINAM AS PASSARELAS PELO MUNDO, OS CABELOS TAMBÉM EXPRESSAM A ATITUDE E A PERSONALIDADE DE HOMENS E MULHERES

O

POR KATHLEN RAMOS

Os cabelos sempre estiveram relacionados à moda, seja ela nacional ou internacional, afinal, os fios têm sido uma força cada vez mais expressiva para demonstrar a atitude do momento, apontando, assim, as últimas tendências. “Atualmente, o mood é autenticidade, e as madeixas seguem esse mesmo caminho, com cada vez mais pessoas assumindo os cachos, os fios brancos e o corte que melhor combi-

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na com cada uma”, aponta a diretora de marketing da área de Beleza da P&G no Brasil, Isabella Zakzuk. E mais do que ser uma forma de estar sempre na moda, os cabelos também refletem a autoestima. Segundo uma pesquisa encomendada pela Head&Shoulders e conduzida pelo IBOPE Conecta no ano passado, 59% das entrevistadas concordaram que o cabelo influencia totalmente a autoestima e 85% das brasileiras entre 18 e 35 anos acreIMAGENS: SHUTTERSTOCK


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Especial Cabelos

TENDÊNCIAS EM TINTURAS E COLORAÇÕES PARA A TEMPORADA DE PRIMAVERA-VERÃO 2019 Tons mais escuros: depois de alguns anos com os tons claros em alta, como os loiros, os tons mais escuros voltaram a ganhar força e são grandes apostas para 2019. As tendências serão tons escuros com toques diferenciados, como, por exemplo, o preto acinzentado, entre outras variações do tom. Marsala: é um tom que já ganhou força em 2018, mas deve continuar em 2019, com suas variações. Rosê: acompanhando as tendências de moda e beleza, os tons de rosê também serão apostas para 2019 nas colorações. São exemplos os tons de loiros e marrons com reflexos nesta cor.

Já para os homens, a queda e o cuidado com o couro cabeludo são os grandes temores. “Acreditamos que os homens passaram a assumir mais que se preocupam com a saúde dos cabelos e com os cuidados com a barba. Existe uma nova consciência entre eles de que é importante ter essas preocupações na rotina diária de higiene”, indica Isabella. Quanto aos problemas capilares mais comuns, de longe – tanto entre homens quanto entre mulheres – a dermatite seborreica é o maior deles, de acordo com a dermatologista da Rede de Hospitais São Camilo, Dra. Ana Célia Xavier. “A doença está associada ao estresse, à mudança de temperatura ambiente e, principalmente, ao uso de produtos impróprios no couro cabeludo. Nas mulheres, procedimentos repetidos ou o uso inadequado de tinturas e alisamentos também podem levar à dermatite irritativa”, esclarece. A queda de cabelo é outra queixa frequente em ambos os sexos. “Existem vários motivos para esse problema e, entre os mais comuns, destacam-se o eflúvio telógeno, que pode ocorrer por diferentes causas: nutricionais, desequilíbrio de hormônios tireoidianos, tabagismo, febres, infecções pós-cirúrgicas, pós-parto, anemias ou estresse. Outra causa comum de alopecia entre homens e mulheres é a herança genética”, enumera a tricologista da Clínica Valéria Marcondes, Dra. Mabe Gouveia.

GASTOS EXPRESSIVOS Fonte: gestor de marketing e produto da Embelleze, Vinicius Ribeiro

ditam que as madeixas interferem em algum nível nesse quesito. Diante dessa importância, os cuidados com os fios tornam-se cada vez maiores. Entre as mulheres, o maior cuidado em relação aos cabelos, segundo a especialista da P&G, é garantir que estejam saudáveis e, em segundo lugar, se estão bonitos. Entre elas, a hidratação também é uma preocupação recorrente, assim como o controle da oleosidade. Aliás, segundo dados do estudo Cuidados com o Cabelo – Xampu, Condicionador, Tratamentos e Coloração, desenvolvido pela Mintel, hidratação, reparação dos danos e realce do brilho estão entre os principais benefícios que os brasileiros buscam em seus produtos para os cabelos. 102

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Apesar de o Brasil ter perdido posições no ranking dos maiores consumidores de produtos de Higiene & Beleza (H&B) do mundo – atualmente é o quarto colocado da lista, ficando atrás dos Estados Unidos, da China e do Japão –, a indústria brasileira cresceu mais do que a economia do País nos últimos anos. Em 2017, o setor registrou um faturamento de R$ 102 milhões, uma alta de 3,2% em relação a 2016, quando faturou R$ 99 milhões. “Para 2018, a expectativa é de um aumento de 3,8%, atingindo uma receita R$ 106 milhões, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec)”, comenta Isabella. Prova disso são alguns números específicos do setor de cabelos, que contribuem para esses resultados. Os gastos dos brasileiros com tinturas e colorações, por exemplo, mostram-se altos e frequentes, variando de canal para canal. “Nas perfumarias, a média


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Especial Cabelos

CUIDADOS ESPECÍFICOS PARA CADA TIPO DE CABELO

CABELOS LISOS Costumam ser bem sedosos, pois a oleosidade natural do couro cabeludo consegue atingir as pontas dos fios. No entanto, por conta disso, é preciso ter cuidado para que não se tornem oleosos. Do contrário, o uso constante de chapinha ou babyliss pode torná-los secos. Necessidades: para evitar o ressecamento, os cabelos lisos precisam ser hidratados a cada quinze dias. Ademais, é preciso sempre utilizar protetores térmicos antes de usar secador ou chapinha. Para controlar a oleosidade, é importante lavar os fios todos os dias – ou quase todos – para retirar a sujeira acumulada. É igualmente importante evitar o uso de cosméticos na raiz, banhos com água muito quente e o uso de lenços, chapéus ou qualquer acessório que não deixe o couro cabeludo “respirar”. Ativos para mantê-los saudáveis: máscaras com óleos essenciais, antioxidantes e vitaminas podem garantir a vitalidade e força para esse tipo de fio.

CABELOS CACHEADOS Tendem a ser mais secos. Por conta disso, uma dica é evitar o uso de tinturas nesse tipo de fio, para não o deixar ainda mais ressecado. Necessidades: o ideal é lavar somente duas vezes por semana, sempre utilizando xampus antifrizz. Além disso, a cada lavagem é importante a hidratação com cremes ou máscaras. Por fim, após a lavagem é necessário aplicar um leave-in (que ajuda a dar forma e definir os cachos) e deixar os fios secarem naturalmente, pois o uso de secador deixa as madeixas mais ressecadas. Ativos para mantê-los saudáveis: nos cremes antifrizz podem estar presentes ativos siliconados, muito eficazes para esse tipo de cabelo.

CABELOS BRANCOS Aparecem em decorrência da queda natural da produção de melanina. Normalmente, eles começam a surgir com o envelhecimento, mas não estão relacionados apenas ao avanço da idade, afinal, o que define a quantidade dos fios brancos são os fatores genéticos. Necessidades: por serem fios mais fracos e menos nutridos, eles tendem a ser mais ásperos e rebeldes, já que a melanina interfere não só na cor, mas em aspectos relacionados à sua elasticidade e maciez. Logo, quem resolve assumi-los precisa redobrar os cuidados. Ativos para mantê-los saudáveis: a recomendação é de, pelo menos, uma hidratação por semana, usando xampus e condicionadores com ingredientes altamente nutritivos e específicos para evitar o efeito amarelado e compostos por óleos essenciais e queratina. Além disso, as rinsagens (tonalizantes de cor acinzentada) têm a missão de envernizar os fios. Como não têm amônia, removem todo o aspecto amarelado do cabelo.

Fonte: médico dermatologista, pós-graduado em Tricologia e Transplante Capilar no Instituto e Hospital da Pele, em São Paulo, e membro da Academia Europeia de Dermatologia e da Sociedade Brasileira do Cabelo, Dr. João Gabriel Nunes

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CABELOS QUIMICAMENTE TRATATOS Por serem processos que agridem a fibra capilar, as progressivas, os relaxamentos ou qualquer outro tipo de alisamento podem ocasionar em frizz, porosidade, ressecamento, opacidade, quebra dos fios e até mesmo na queda dos cabelos, quando os mesmos não são tratados corretamente. Necessidades: após o alisamento, deve-se respeitar o prazo de pausa entre uma química e outra, o que evita a quebra e o enfraquecimento do fio. Além disso, a utilização de produtos indicados para fios quimicamente tratados é muito importante, pois eles possuem componentes que auxiliam na recuperação do cabelo que passou por esses processos agressivos. Ativos para mantê-los saudáveis: as indicações anteriores ao procedimento são de uso de injeção de proteína, para que eles fiquem mais fortes, e no dia da química utilizar protetor capilar. Nesses casos, também é importante manter a coesão da fibra capilar. Para essa finalidade, existem produtos com óleos como argan e jojoba, que criam uma camada protetora em volta dos fios. Outra dica é o uso de leave-in com proteção solar para manter os fios hidratados e saudáveis. Por fim, utilizar um bom silicone ajuda a protegê-los e deixá-los mais brilhantes.

CABELOS COM LUZES/MECHAS/TINGIDOS A tintura pode danificar as fibras de queratina presentes no fio, alterando sua resistência. Por causa disso, o cabelo tingido costuma ser ressecado e sem brilho. Necessidades: é importante usar xampus e condicionadores específicos para cabelos tingidos em todas as lavagens. Também é preciso evitar banhos com temperaturas muito altas e garantir um enxágue bem feito, eliminando todo o resíduo do couro cabeludo. Ademais, o ideal é realizar uma hidratação profunda quinzenalmente, explorando também as máscaras caseiras. Por fim, vale lembrar que secador e chapinha junto com cabelo tingido não são uma boa opção. A alta temperatura agride muito o cabelo, que já está enfraquecido. Ativos para mantê-los saudáveis: a queratina pura está presente na maioria dos leave-ins e das máscaras capilares e é uma recomendação, pois ela atua na reconstrução do dano causado pelas luzes ou tinturas. Em ocasiões especiais, onde há a necessidade de alisar ou secar os fios, o ideal é o uso de produtos finalizadores à base de silicone, pois promovem uma película protetora em torno da cutícula capilar.


Especial Cabelos

QUAIS PRODUTOS SÃO USADOS PARA TRATAR O CABELO DAS BRASILEIRAS?

81% das mulheres usam cremes hidratantes/máscaras.

75% das mulheres usam xampu específico para a condição do cabelo (coloração, químicas etc.).

54%

A média nacional é de para o uso de leave-in (creme para pentear).

50% das mulheres entrevistadas usam xampus de cuidados com o couro cabeludo. Fonte: pesquisa encomendada pela Head&Shoulders e conduzida pelo IBOPE Conecta – 2017

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GUIA DA FARMÁCIA SETEMBRO 2018


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Especial Cabelos

CATEGORIAS DE PRODUTOS PARA OS CABELOS MAIS VENDIDAS EM FARMÁCIAS

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª

Xampu Condicionador Tintura para cabelo Produtos para tratamento capilar Produtos de nutrição para unhas e cabelos Modeladores de cabelo Fixadores Tônico capilar Pré-xampu

Fonte: IQVIA PMBMix Junho/18 – NEC Nível 1 – Produtos para Cabelo – Valor à R$ Preço Consumidor

é de R$ 19,33 por mês; nas drogarias, R$ 21,05 por mês; e R$ 18,88 nos supermercados”, mostra a gerente de desenvolvimento de Coloração da Divisão de Produtos de Grande Público da L’Oréal, Delane D’Azevedo. Outros dados, da Kantar Worldpanel, fornecidos pela Coty, revelam que um lar consome, em média, cerca de R$ 50,32 em coloração por ano (fechamento 2017), valor 11% maior que no ano anterior. “Os produtos mais consumidos, em valor, são os kits de coloração permanente. Em volume, temos um grande destaque para o formato coloração minikit (kit econômico)”, acrescenta a diretora de marketing da Coty Consumer Beauty, Regiane Bueno. Já a frequência de compra das linhas de xampu e condicionadores é relativamente alta, uma vez que os consumidores adquirem esses produtos uma vez por mês, no mínimo. “O segmento de maior penetração é o xampu, porém a categoria de pós-xampu é a que mais cresce no Brasil. Por isso, as lojas devem garantir o abastecimento e sortimento correto desses produtos, isto é, 45% do volume em xampus e 55% em pós-xampus (divididos em 35% 108

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condicionador e 20% tratamentos)”, sugere a especialista da P&G.

EXPOSIÇÃO IDEAL “A farmácia é, para nós, uma grande vitrine, além de um ponto de venda (PDV) bastante importante”. É assim que Isabella define a importância desses canais para as vendas de produtos de hair care da empresa. “É comum aos shoppers de farmácias não irem até o local especificamente atrás de produtos para cabelo, mas acabam comprando-os por uma questão de oportunidade, na maioria das vezes”, comenta. Portanto a exposição se torna um passo fundamental para garantir boas vendas e, para esta categoria, a recomendação é a de que o consumidor visualize os produtos para cabelos nas gôndolas logo ao entrar na loja. “A recomendação é a de expor as marcas na vertical, separando os formatos diferentes e priorizando os produtos com maior valor agregado sempre à altura dos olhos. Isso facilita o caminho do shopper até a seção de novidades, incentivando a migração para formatos que tragam maior desenvolvimento para a categoria”, Isabella. A consultoria Mind Shopper recomenda ainda que xampu adulto fique posicionado ao final da categoria de cuidados com os cabelos, após as colorações e os itens de pós-xampu. Com essa estratégia, a ideia é atrair o fluxo e fazer com que o shopper passe por todas estas outras subcategorias. Já os pós-xampus devem ficar localizados entre as tinturas e os xampus. E seja com xampus ou pós-xampus, deve-se procurar posicionar os itens/marcas em uma sequência que passe dos itens de maior valor agregado (e menor giro) para os de menor valor agregado (e maior giro), a fim de estimular a venda dos que podem gerar mais retorno. Por fim, no caso das tinturas e colorações, para facilitar a experiência na hora de encontrar a nuance é importante expor as colorações em ordem crescente dos números, segundo orienta Delane, da L’Oréal. “Os lançamentos devem estar bem expostos, sempre na altura dos olhos, para a shopper conhecer as novidades da categoria. Também é fundamental o bom abastecimento da gôndola e a reposição, para que a cor escolhida esteja sempre à disposição. Além disso, os materiais de comunicação bem expostos ajudam muito no relacionamento com o consumidor sobre os benefícios de cada tintura”, ensina.


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OPORTUNIDADE

Primeiros socorros BATIDAS, ARRANHÕES E PEQUENOS CORTES OCORREM COM FACILIDADE E PODEM SER DEVIDAMENTE TRATADOS EM CASA, DESDE QUE AS PESSOAS TENHAM OS PRODUTOS CORRETOS. CABE À FARMÁCIA TRABALHAR BEM ITENS COMO CURATIVOS E ANTISSÉPTICOS

A

POR ADRIANA BRUNO E LAURA MARTINS

Acidentes acontecem. E, quando pequenos, podem ser facilmente remediados dentro de casa. Por isso, muitas pessoas decidem montar uma maleta de primeiros socorros com produtos que ajudem no caso de pequenos cortes, batidas ou outros incidentes. De acordo com o presidente da Sanfarma, Jaime Luciano de Biagi, itens como esparadrapo, compressas, curativos, soluções antissépticas, entre outros, são utilizados para escoriações

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ou ferimentos mais leves ou até mesmo ferimentos maiores ou imobilização, até que se preste o atendimento médico. “Os principais produtos que fazem parte do kit de primeiros socorros são: curativos, fitas, gazes e antissépticos. Dentro da categoria de curativos, podem ser divididos por tamanho: pequenos, médios e grandes, dependendo do tamanho da ferida. E também por tipo de curativo: à prova d´água, superflexíveis, feitos de Micropore, plásticos, para IMAGENS: SHUTTERSTOCK


bolhas e curativos decorados”, complementa o responsável pela comunicação e branding da Divisão de Cuidados Pessoais da 3M, Emerson Mota. Porém, apesar de útil em algum momento da vida de todas as pessoas, a representatividade de venda ainda é pequena para o canal farma. Por outro lado, a rentabilidade é muito grande, sendo uma ótima oportunidade para aumentar o tíquete médio das farmácias. Para isso, é preciso entender que existem dois tipos de vendas: as de caráter preventivo (para que o consumidor tenha os produtos em casa antes que um acidente aconteça) e as de caráter emergencial (para as trocas dos curativos que serão feitas na casa do paciente, sob orientação médica). O consumidor prevenido mantém sempre uma caixinha de primeiros socorros em casa com os principais itens para eventuais emergências. Normalmente, esse shopper é mais atencioso aos diferenciais de cada produto e tenta entender cada um deles. Já o cliente emergencial segue a recomendação do médico ou especialista para adquirir um produto mais adequado. Na compra para um ferimento mais leve, geralmente, o cliente não entende muito bem a categoria e age por impulso.

SOB O HOLOFOTE O grande protagonista no mundo dos primeiros socorros é, sem dúvida, o curativo adesivo. Ele serve para quase tudo, de um arranhão à cobertura de um ferimento maior e, com o passar dos anos, ganhou novas cores, formatos, desenhos, licenciamento de personagens famosos, além de novos materiais e tamanhos. Segundo a Johnson & Johnson, existe uma vasta gama de curativos adesivos, entre eles: tradicionais; decorados, para facilitar a aplicação no público infantil; resistentes à água, muito usados por esportistas; ultraflexíveis, para serem aplicados em regiões mais complexas do corpo; ultrarresistentes, muito usados para proteger os pés de calçados desconfortáveis; e formatos variados para se adaptarem a diferentes partes do corpo e formatos de ferida. Atualmente, o mercado de curativos adesivos vende, em média, R$ 100 milhões ao ano, com crescimento consistente acima da inflação nos últimos anos, segundo dados do Close-Up International. O canal farma, de acordo com a Johnson & Johnson, possui mais de 60% das vendas de curativos adesi-

vos, sendo que a sua rentabilidade é superior a dos Medicamentos Isentos de Prescrição (MIPs), podendo chegar a até 80%. Mas a categoria ainda pode crescer. Nos Estados Unidos, por exemplo, são vendidas 12 tiras por habitante/ano, enquanto no Brasil, apenas duas tiras/ano. Mas, por se tratar de uma compra por conveniência, tanto a exposição quanto a oferta dos itens são essenciais para atender às necessidades do shopper e estimular a compra de um sortimento maior do produto. O aumento das vendas está diretamente ligado à exposição dos produtos, que devem estar visíveis ao consumidor, com toda a categoria de primeiros socorros ativada na mesma seção. “Para aumentar as vendas da categoria é crucial trabalhar o mix de produtos, contemplando as diversas necessidades do cliente (diferentes tamanhos, localização e gravidade das feridas), e uma exposição de maneira adequada, ou seja, visando o posicionamento de curativos nas prateleiras mais quentes da seção e seguindo a pirâmide de valor (privilegiar produtos premium que aumentam o tíquete médio da categoria)”, destaca Mota, da 3M.

DENTRO DA LOJA Para que o varejo consiga aumentar as vendas da categoria é necessário que os produtos estejam visíveis, com todos os itens colocados na mesma seção. “É muito importante o produto estar bem exposto por categoria de utilização. Uma boa variedade de itens com a mesma indicação ajuda o cliente a ter opções”, comenta Biagi, da Sanfarma. De acordo com Mota, a exposição é um ponto essencial para educar o consumidor a entender a diferenciação e o valor dos produtos mais inovadores. A tendência do shopper é ir para os itens mais comuns por não conhecer bem a categoria. Uma vez que é apresentada alguma diferenciação (prova d’água, flexível, permite a pele transpirar) o consumidor, em geral, aceita e realiza o trade up na categoria. Além disso, é essencial que a exposição dos produtos esteja de acordo com a pirâmide de valor de mercado, mantendo sempre os produtos de maior valor agregado na área quente da gôndola. Os mark-ups da categoria giram em torno de 45% a 60%. A consultora especializada em varejo farmacêutico, Silvia Osso, explica que na maior parte das farmácias, a categoria de primeiros socorros – também chamada de Cuidados da Saúde – está próxima aos 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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OPORTUNIDADE

MALETA DE PRIMEIROS SOCORROS Os produtos de primeiros socorros servem para o pronto atendimento, para pequenos ferimentos ou acidentes que causem dor, como pancadas. Para isso, a pessoa deve ter à mão os seguintes itens:

Esparadrapo Curativo adesivo

Gaze

Solução antisséptica Atadura Compressa

Fonte: presidente da Sanfarma, Jaime Luciano de Biagi

produtos isentos de prescrição em prateleiras laterais. Em alguns casos, está em gôndolas. A exposição de curativos adesivos deve valorizar as vantagens de cada tipo de item disponível. Primeiro, a organização deve ser feita por marcas e, então, iniciar pelos formatos especiais (ultraproteção, ultraflexíveis, resistente à água, pequenos ferimentos e tamanhos variados), seguidos dos tradicionais e fechando com os kids. O varejista pode aproveitar, também, técnicas de cross-merchandising para aumentar suas vendas. “Além de ser uma prática pontual em si, acima de tudo é uma filosofia e um conjunto de melhores práticas. A ideia é aproximar fisicamente itens que não ficam na mesma gôndola ou prateleira. O objetivo é lembrar o cliente que ele pode precisar desse outro produto e gerar venda adicional. O ideal é expor 11 2

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Algodão

Aerossol para pancadas

categorias de baixo giro e alto lucro com as de alto giro. Além disso, ele pode ser intensificado em algumas épocas do ano”, diz a consultora. São opções de cross-merchandising os curativos adesivos decorados destinados ao público infantil expostos na categoria de baby toiletries, assim como os curativos adesivos resistentes à água expostos na categoria de suplementos esportivos, e os adesivos curativos de alta resistência organizados junto à seção de cuidados femininos. Tão importante quanto as técnicas de exposição é a presença de um atendente que possa ajudar o consumidor. “A importância desse profissional na venda é essencial. Além de aumentar o tíquete médio do PDV, ele também pode atender o cliente em sua total necessidade e não apenas na necessidade aparente”, finaliza Biagi.


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CATEGORIA

Irradiando bons negócios JUNTO COM O SOL E A TEMPORADA DE PRIMAVERA-VERÃO QUE SE APROXIMA, CHEGA A HORA DAS FARMÁCIAS ABASTECEREM OS ESTOQUES COM FILTROS SOLARES E PRODUTOS PÓS-SOL A FIM DE EVITAR RUPTURAS DURANTE O PICO DE VENDAS POR KATHLEN RAMOS

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IMAGENS: SHUTTERSTOCK


O

O próximo período de calor está próximo e, com ele, alguns produtos passam a ganhar destaque na cesta dos consumidores, como os filtros solares e os pós-sol. As farmácias, em especial, precisam estar atentas para esse mercado, já que se destacam entre as preferências dos usuários quando o objetivo é adquirir esse tipo de produto. “O shopper tem preferência em realizar a compra no canal farma, pois tem a percepção de ter mais opções, principalmente para o rosto”, sinaliza o gerente de projetos da Mind Shopper, Cristiano Samara. Mas para que essas lojas tenham bons resultados, é fundamental não perder o timing das compras. Segundo orienta a consultora especializada em varejo farmacêutico, Silvia Osso, farmácias maiores ou de rede devem iniciar as correções das compras 30 dias antes do início da estação (no caso, a primavera) em, no mínimo, 25% do estoque máximo. Já para produtos de grande apelo na mídia, ou farmácias com espaço reduzido do ponto de venda (PDV)/independentes, a recomendação é iniciar em 50% a correção sobre o estoque máximo, visto que essas lojas têm mais dificuldade para se abastecer nas distribuidoras. “Depois dessa ação, o varejista deve fazer o acompanhamento e corrigir o estoque de acordo com a saída até o início do verão”, orienta, destacando que a primeira grande saída, geralmente, ocorre no feriado de sete de setembro, se acentuando com a chegada do verão. Na hora de escolher o sortimento, vale estar atento aos filtros que garantem benefícios extras ao consumidor, como a hidratação da pele. “Na hora de escolher o mix, a recomendação é de que cada farmácia possua, no mínimo, cinco indústrias fornecedoras e toda a sua gama de Fatores de Proteção Solar (FPSs)”, aconselha Silvia.

RECOMENDAÇÕES AOS USUÁRIOS Quando utilizar: costuma-se associar o uso do protetor solar ao verão, mas ao contrário do que muitos imaginam, esses produtos devem ser usados diariamente, independentemente da estação. Assim, dias frios e nublados também pedem aplicação, já que os raios ultravioleta também estão presentes nessas situações. O uso de guarda-sol na praia, igualmente, não exclui a necessidade de uso dos filtros. A radiação pode atravessar o tecido ou se refletir na areia, entrando em contato com a pele. Tipo de proteção: a recomendação para o Fator de Proteção Solar (FPS), que protege a pele contra os raios ultravioleta B (UVB) e, portanto, contra as queimaduras solares, é de, no mínimo, 30. Já a recomendação 2018 SETEMBRO GUIA DA FARMÁCIA

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CATEGORIA

do Persistent Pigment Darkening (PPD – em português, pigmentos persistentes de pigmentação), que protege contra os raios ultravioleta A (UVA), responsáveis pelo fotoenvelhecimento e pelo câncer de pele, é que seja da metade do valor do FPS. Forma e quantidade para aplicação: os filtros devem ser aplicados 30 minutos antes da exposição solar. A quantidade recomendada é de uma colher de chá rasa para o rosto e três colheres de sopa para o corpo,

de forma bastante uniforme, para não deixar nenhuma área desprotegida. Pessoas calvas devem usar o filtro solar também no couro cabeludo. Tempo de reaplicação: o produto deve ser reaplicado conforme orientações na embalagem. Hoje, o mercado disponibiliza filtros de longa duração, que podem fazer efeito em até 12 horas. Mas se houver muita transpiração e exposição solar prolongada, a recomendação é de reaplicação a cada duas horas.

ORIENTAÇÕES PARA CADA NECESSIDADE

DICAS DE EXPOSIÇÃO • Separar os protetores solares por tipo de usuário e função do produto. Nesse sentido, a melhor orientação fica para iniciar a exposição segmentando os itens infantis dos adultos, assim como os pós-sol e protetores faciais. • A exposição da categoria de solar deve ser feita por marca, facilitando a identificação. Dentro de cada marca, agrupar por segmentos (facial, infantil, pós-sol, regular e bronzeadores). • Também vale destacar as linhas de maior valor agregado (itens de proteção com bronzeamento e/ou com aplicadores diferenciados, como spray/ aerosol, por exemplo). • Por fim, pode-se agrupar por Fatores de Proteção Solar (FPSs) – do maior para o menor – e seus respectivos tamanhos de embalagem. Ao seguir este padrão, consegue-se facilitar a identificação da missão de compra do shopper e gerar conhecimento/estimular a venda de itens diferenciados.

Fontes: diretor comercial da Johnson & Johnson Consumo do Brasil, Fernando Bueno; e Mind Shopper

Corporais: existem diversos veículos para os filtros solares, que, hoje, estão disponíveis em creme, sprays e loções. A escolha vai depender do tipo de pele. Pessoas com pele seca tendem a usar os cremes. Já para aquelas com pele oleosa ou com acne, o ideal é o uso de apresentações em gel ou loções livres de óleo (oil free) ou spray. Outra recomendação na hora da escolha é optar por produtos que tenham, na formulação, substâncias antioxidantes, que evitam o envelhecimento precoce, e com agentes hidratantes, capazes de melhorar a qualidade da pele. Faciais: para essa necessidade, uma das novidades da indústria são os filtros solares com efeito de base, que além de terem o poder de camuflar imperfeições, também protegem mais a pele contra manchas. São bastante recomendados para uso diário, pela praticidade de fazerem o efeito de proteção e maquiagem. Caso a pele do rosto seja acneica, a preferência fica para os veículos oil free. Praia e piscina/esportistas: usuários de piscinas ou atletas que frequentem a praia, nadem ou transpirem muito, precisam de um filtro solar com maior aderência à pele. Se o filtro não for à prova d’água, na hora em que se entra na piscina, o produto sai de forma fácil e acaba deixando a pele desprotegida. Pessoas que praticam atividades aquáticas ou corredores devem evitar os veículos gel, por que evaporam mais rapidamente. Crianças: com esse público, o ideal é usar filtros que tenham aplicação no rosto em bastão, porque corre-se menos risco de escorrer para os olhos. Outra preferência são pelos que trazem substâncias de ação física (e não química), a fim de evitar o risco de alergias, principalmente entre crianças com a pele muito sensível.

Fontes: consultor e pesquisador em Cosmetologia, farmacêutico, diretor científico da Consulfarma e pesquisador em Fotoproteção na Universidade de Campinas (Unicamp), Lucas Portilho; e médica dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Dra. Aline Pinheiro 11 6

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SEMPRE EM DIA

Pele bem cuidada DIRETAMENTE LIGADA À BELEZA E À JUVENTUDE, A CÚTIS DEVE ESTAR BEM CUIDADA PARA QUE A MAIOR PARTE DAS PESSOAS SE SINTA BONITA. EXATAMENTE POR ISSO, A INDÚSTRIA APRESENTA SEMPRE MUITAS NOVIDADES POR LAURA MARTINS

RENOVAÇÃO TOTAL

As máscaras faciais possibilitam um tratamento intensivo, com penetração maior dos ingredientes. Por isso, a Mentholatum acaba de lançar as Perfecta Masks, com sachês que rendem duas aplicações. No total, são cinco produtos: Diamond Lift 4D (suaviza a aparência das rugas, disfarça as imperfeições e matifica a pele), Gold 24k Illuminé (rejuvenesce e minimiza a flacidez), Multi-Hyaluron (indicada para o rosto, pescoço e colo. Promove a hidratação profunda e o alívio das irritações, previne contra os radicais livres e reduz a aparência das linhas de expressão), Pell-Off (possui ação anti-inflamatória e cicatrizante, remove impurezas e proporciona efeito de pele aveludada) e Thermal Pure (ajuda a secar as espinhas, matifica e suaviza a cútis). • www.mentholatum.com.br

MAIS JOVEM

NIVEA apresenta o NIVEA Q10 Antissinais Plus C para o rosto. Com a combinação de dois antioxidantes, a coenzima Q10 e a vitamina C pura, o produto aumenta em 50% a oxigenação para uma pele renovada, além de reduzir rugas e linhas de expressão. Com uma fórmula leve e hidratante, é indicado para uso noturno, período em que a cútis absorve mais nutrientes. O resultado, percebido em quatro semanas, é uma pele revigorada, sem aspecto de cansaço e com redução dos sinais da idade. • www.nivea.com.br

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IMAGENS: SHUTTERSTOCK/DIVULGAÇÃO


CANDIES SAUDÁVEIS

A Fini aposta em duas novas versões de seus produtos: Berri-OX e Açaí + Vit. B. A primeira opção é feita com suco de cranberry e aromas naturais, tem zero adição de açúcares e não contém glúten. Possui baixo valor calórico e oferece 100% da Ingestão Diária Recomendada (IDR) de vitamina E. Já o Açaí + Vit B. possui 100% da IDR de vitamina B12 e 50% do Complexo B. É feita com suco de açaí e aromas naturais de fruta com guaraná. Sem adoçantes artificiais e zero adição de açúcares, não contém glúten e tem baixo valor calórico. • finibr.com

CÍLIOS MAIS EXPRESSIVOS

PROTEÇÃO COM COR

• www.vult.com.br

• www.mantecorpskincare.com.br

A máscara de cílios virou um item indispensável na maquiagem diária da brasileira. Pensando nisso, a Vult lança dois novos produtos. O 5UP! proporciona cinco efeitos – aumenta o volume, alonga, curva, separa e define os cílios graças ao seu aplicador arqueado que deposita a máscara de maneira uniforme da raiz às pontas. O Lift&Go deixa os cílios alongados e separados por ter um aplicador diferenciado, com cerdas mais longas, que separa e alonga até mesmo os cílios mais curtos.

Episol, linha de fotoproteção da Mantecorp Skincare, está com novos tons para a linha Episol Color, que já conta com as versões Pele Clara, Pele Morena e Pele Morena Mais. As novas cores, Pele Extra Clara e Pele Negra, chegam para proporcionar mais opções de cobertura aos diferentes tons de pele. Além de proteger contra os raios UVA, UVB e infravermelho-A, o produto possui filtros físicos que garantem alta proteção também contra a luz visível – como a luz das lâmpadas artificiais e das telas de computadores.

CUIDADO COM A CONSCIENTIZAÇÃO

A Mustela® criou três personagens para seus novos produtos: o elefante Dante, a baleia Leia e a ovelha Ofélia. As criações ajudam a conscientizar as crianças sobre a importância de proteger os animais e as florestas por meio de jogos educativos, brinquedos de papel reciclado para montar e desenhos para colorir. Os lançamentos, em edição limitada, contemplam itens de higiene e cuidados diários já existentes no portfólio da marca. O elefante está presente no Mustela® Gel Lavante, a baleia no Mustela® Shampoo Suave e a ovelha no Mustela® Hydra Bébé. • www.mustela.com.br

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SEMPRE EM DIA

PARA TODAS AS HORAS

Com diversas opções de quantidade e sabores, Mentos Gomas se renova sem deixar de lado a qualidade do produto e o cuidado com a saúde de quem o consome, por isso toda a linha de gomas de mascar é sem açúcar. Mentos Garrafinha: a garrafinha está há mais de dez anos no mercado e é a opção com melhor custo-benefício da linha. Com 56 g, a embalagem contém 28 gomas e pode ser encontrada nos sabores fresh mint, wintergreen, morango, menta e combinado menta e tutti-frutti. Mentos 3 Camadas: o clássico Mentos 3 Camadas também dispensa o açúcar em suas embalagens de 8,5 g, com cinco unidades, e conta com três opções de sabores mentolados: fresh mint, spearmint e strongmint. Além dos frutados mix de morango, maçã verde e framboesa, melancia e o refrescante tutti-fresh. Sachê: embalagem prática para os consumidores mais contidos, o sachê de 6 g possui quatro unidades de goma de casquinha crocante também nos sabores fresh mint, wintergreen e tutti-frutti. Monopeça: a versão unitária da goma de mascar mais famosa da marca é perfeita para qualquer ocasião e cabe, em todos os sentidos, em qualquer bolso. A unidade tem 1,5 g de refrescância nos sabores fresh mint, wintergreen e menta. • www.mentos.com.br

SEM CONSTRANGIMENTO

O FreeCô, bloqueador de odores sanitários, está com uma nova fragrância: Tutti Frutti. O produto deve ser borrifado cinco vezes na água do vaso sanitário antes de sua utilização. A formulação tem óleos essenciais que formam uma película na água e “bloqueiam a saída” do mau cheiro. É um produto preventivo, que bloqueia completamente o mau odor dentro do vaso sanitário. • www.freeco.com.br

DETOX NOS FIOS

A nova linha Detox da Raiz chega ao mercado para complementar o portfólio de produtos de Head&Shoulders. Composta por xampu e condicionador, a linha garante limpeza profunda e proteção para o crescimento de fios fortes e saudáveis. Ao contrário de outros antirresíduos, os produtos Head&Shoulders Detox da Raiz podem ser usados em todas as lavagens, pois tratam e hidratam o couro cabeludo e os fios, deixando-os com uma agradável fragrância e proporcionando sensação de frescor. • www.headandshoulders.com.br

NO MUNDO DAS MAQUIAGENS

Além de esmaltes, a Impala oferece, agora, uma coleção de maquiagem. No total, são mais de 80 itens que compõem a linha em quatro grandes segmentos: Pele, Olhos, Sobrancelha e Boca. Entre os produtos desenvolvidos estão base, corretivo, iluminador, sombras, máscara para cílios, lápis de sobrancelha, batons, entre outros. • www.impala.com.br

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INSTITUCIONAL – ABRADILAN

Comunicação nas organizações

A

www.abradilan.com.br

P O R M A R I A C R I S T I N A A M OR IM - DIR ETOR A -EXECUTIVA DA ASSO C IAÇ ÃO B RASILEIRA D E D ISTRIB UIÇ ÃO E LO GÍSTIC A D E P R O D U TO S F A R M A CÊUTICOS ( A BR A DILA N )

A comunicação nas organizações pode e deve ser usada para facilitar o trabalho e as relações entre pessoas. Como fazer isso? Conhecendo melhor o fenômeno e ajudando as pessoas a melhorar suas capacidades. A comunicação eficaz tem várias particularidades. Primeiro, compreender que seu significado é ação em comum, ou seja, sua função é coordenar pessoas para a ação. Segundo, o principal desafio da comunicação é a interpretação; cada ouvinte está condenado a interpretar tudo quanto lhe chega aos sentidos: imagens, palavras, sons, odores e texturas. E cada um interpreta de acordo com seu contexto, experiências e circunstâncias. Não é possível eliminar a interpretação, mas é possível reduzi-la. Para reduzir a interpretação entre quem fala e quem escuta é preciso apresentar pedidos e declarações claras e fazer juízos apenas quando estes contribuírem para resolver problemas reais ou potenciais. Um pedido é uma categoria impor-

tantíssima, expressa o desejo de alguém de que algo seja feito e conduz à ação. O primeiro cuidado de quem pede é esclarecer o melhor possível o que pede; o segundo, como deseja que o pedido seja executado; e o terceiro, quando deve ser entregue. Sem essas três condições, a chance de os pedidos não serem atendidos é muito maior. Uma ordem é um tipo de pedido que supõe autoridade de quem pede. Quando a promessa é cumprida, há o primeiro passo para a construção da confiança entre duas ou mais pessoas. Não é por acaso que se diz: quando desejar que algo seja feito, peça a alguém ocupado. Ora, o “ocupado” é o tipo que sempre entrega o prometido, as pessoas confiam nele. Os juízos são aquelas falas que expressam nossos valores, preferências e desejos. Desde sou “contra a pena de morte”, passando por gostar mais de amarelo do que de azul ou desejar que chova só à noite. Os juízos nunca são falsos ou verda-

deiros, certos ou errados. Primeira lição: só discutimos juízos quando for necessário, do contrário, pura perda de tempo. Os juízos são categorias importantíssimas, todas as decisões relevantes dão-se também sobre os juízos. Por exemplo, para contratar um funcionário há as informações objetivas do currículo – experiências, cursos etc. Ainda assim, o ideal é também poder ouvir de um antigo empregador o que ele pensa desse candidato, ouvir seu juízo sobre o profissional. O juízo é poderoso, pode abrir ou fechar possibilidades de negócios, de contratação, de relacionamentos. Por isso devemos ser cuidadosos ao usá-lo. Sempre que desejar emitir um juízo, pergunte-se: para que? Para ajudar ou apenas para ouvir o som da minha voz, chamar a atenção, sentir-me importante? É simples desenvolver pessoas na competência comunicacional dos pedidos claros. É complexo sensibilizá-las para emitir apenas juízos construtivos. Ainda assim, é possível e conveniente.

GUIA DA FARMÁCIA

Inovando para o seu bem-estar.

Indústria Farmacêutica

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Empresas sócias colaboradoras da Abradilan


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