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Universidade Federal do Ceará Centro de Tecnologia Departamento de Arquitetura, Urbanismo e Design Curso de Arquitetura e Urbanismo
Trabalho Final de Graduação apresentado como requisito para obtenção do título de Arquiteto e Urbanista pela Universidade Federal do Ceará
Guilherme Batista Ferraz
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Alexandre Paiva Fortaleza 2014 3
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GUILHERME BATISTA FERRAZ
PARQUE CULTURAL LAGOA DA PARANGABA
Trabalho Final de Graduação, submetido à Coordenação do Curso de Arquitetura e Urbanismo, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Arquiteto e Urbanista, outorgado pela Universidade Federal do Ceará e encontra-se à disposição dos interessados na biblioteca da referida universidade.
Aprovado em: ___ /___ / ___ BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Ricardo Alexandre Paiva Orientador
Prof. Dr. Renan Cid Varela Leite Membro da banca examinadora
Arq. José Geraldo Duarte Pinto Junior Membro da banca Examinadora
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Agradecimentos Aos meus pais e irmãos, sem o suporte dos quais nada teria sido possível. À Alazne, pelo seu apoio, amor e eterna motivação. Ao corpo docente desta faculdade, que proporcionou todas as condições necessárias para que eu alcançasse o sucesso desejado nessa jornada cansativa, mas repleta de momentos felizes. Às amizades que tive a oportunidade de construir durante a faculdade, tão ou mais importantes que o aprendizado adquirido, por adicionarem a alegria e o companheirismo imprescindíveis à conclusão do curso. Dentre estas, cito principalmente Emily, Carolyne, Manuel, Pedro Elias, Liana, Camila Cirino, dentre outros, os quais, além de me apoiarem nos momentos de dificuldade, me instruíram em cada dúvida que tive durante o processo. Aos meus amigos de longas datas, Wilson e Leonardo, que me trouxeram grandes momentos de felicidade e companheirismo ao longo dos anos. Ao meu orientador, professor Ricardo Paiva, pelo suporte e correções prestadas, sempre que solicitados. Ao professor Renan e ao arquiteto José Geraldo, pela atenção e disponibilidade desde o momento em que foram convidados a comporem esta banca avaliadora. Por fim, a todos os que, de alguma forma, apesar de não citados, contribuíram para a conclusão desta etapa. 7
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Sumário Introdução
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Justificativa
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Legislação e Entorno - - - 39
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Legislação - - - - 41
Porque um Centro Cultural?
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O Bairro da Parangaba
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Objetivo Geral - - - - 15
O Terreno - - - - 44
Objetivos Específicos
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O Entorno - - - - 45
Metodologia - - - - 15
Programa de Necessidades - - 49
Conceitos
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Memorial Descritivo - - - 55
Revitalização Urbana - - - 19
Biblioteca - - - - - 62
Amenidades Urbanísticas - - 21
Edifício Educativo - - - 64
Edifícios em Waterfront
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Teatro Blackbox - - - - 66
Centros Culturais no Mundo
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Edifício de Exposições e Administrativo
Centros Culturais no Brasil
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Café - - - - - 70
Centro Cultural | Conceito
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Recepção - - - - 71
Estudos de Caso - - - - 29
Quadros - - - - 72
Centro George Pompidou
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Imagens Renderizadas - - - 73
Parque Explora - - - - 33
Considerações Finais - - - 81
Centro Cultura de São Paulo
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Bibliografia - - - - 82
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura
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Caderno de Pranchas - - - 83
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Introdução 11
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Introdução O tema abordado por este Trabalho Final de Graduação será o desenvolvimento de um projeto para um Centro Cultural na Parangaba, localizado no entorno da Lagoa homônima, voltado para a Rua Pedro Muniz, no terreno pertencente atualmente a Irmandade Beneficente da Misericórdia de Fortaleza. O desenvolvimento deste projeto englobará tanto conhecimentos adquiridos na área de Arquitetura, quanto noções da área de Urbanismo, mostrando-se assim apropriado à escala do tema em questão.
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Justificativa A escolha deste tema reflete-se no desejo de uma temática que englobe os ensinos das áreas de Arquitetura e Urbanismo, além do interesse pessoal no tema da Cultura, já que o programa de um Centro Cultural é um edifício público com alta relevância para o seu contexto urbanístico. A região da Parangaba está em fase de crescimento acelerado devido a diversos fatores, como investimento na infraestrutura de transportes, como o terminal de conexão intermodal do bairro Parangaba, que conectará e integrará as redes de ônibus, metrô e VLT da cidade de Fortaleza, além de intervenções privadas na área, como o Shopping Parangaba. Este crescimento está evidenciado no aumento da verticalização da área, gerando um crescimento na densidade habitacional da região, constituindo-se também uma centralidade urbana em relação às atividades de comércio e serviços. Apesar do aumento da densidade populacional e do capital investido na área, a região carece de equipamentos culturais. Além disso, a área da Lagoa da Parangaba possui um potencial urbanístico e paisagístico a ser preservado e explorado como espaço público e de lazer, atualmente, visivelmente subaproveitado. 14
Possui uma área verde considerável, embora esteja demasiadamente maltratada e com ocupações indevidas em sua margem. Essa área possui potencial para se tornar um grande ponto de encontro e de lazer para a população, e a ideia de um projeto arquitetônico para fins de uso coletivo e integrado ao espaço público, funcionaria não exclusivamente como espaço de referência, mas como um centro para o aprendizado e a cultura de todos os usuários da região.
Por que um Centro Cultural? A cidade de Fortaleza, como um todo, possui um déficit de equipamentos culturais. Os grandes centros culturais multiuso de Fortaleza atualmente não servem a toda a população. O bairro da Parangaba possui uma densidade populacional e de usuários em crescimento vertiginoso, e não possui nenhum grande equipamento cultural para servir a essa demanda, justificando-se, portanto, a escolha deste equipamento para essa região.
Objetivo Geral
Metodologia
Elaboração do projeto de um Centro Cultural Multiuso para a região da Parangaba e para a cidade de Fortaleza.
O processo de concepção de um projeto arquitetônico envolve diversas etapas de análises a fim de racionalizar as atividades criativas. As etapas envolvem analogia antropométricas, que se baseiam no corpo humano e nos limites dimensionais; análises literais, que se utilizam de elementos naturais como inspiração da forma; relações ambientais, que se utilizam dos princípios de relação entre o indivíduo e o espaço, considerando o clima, a região, a tecnologia e recursos disponíveis; análise tipológica, onde aplica-se o conhecimento adquirido em outros projetos concluídos, analisando-se as tipologias organizacionais e construtivas; e, por fim, análise da linguagem formal, formulada ao decorrer da formação acadêmica, amparada por escolas e estilos de projetistas.
Objetivos Específicos Realizar estudo da importância e necessidade de um equipamento cultural para a área escolhida. Elaborar um programa de necessidades para equipamento cultural apropriado para as demandas da região. Propor um projeto que proporcione a valorização da paisagem e a integração entre o espaço público e o privado, com supostos desdobramentos na melhoria da qualidade ambiental urbana.
Após amplo estudo teórico, foram analisados diversos fatores físicos, sociais e ambientais, para então começar a elaborar o projeto. Dentre estes fatores, temos fluxo de pedestres e veículos, incidência solar, ventos predominantes, uso do espaço por meio dos pedestres, dentre muitos outros. Após inúmeras propostas, foi elaborado um projeto arquitetônico síntese de todos os fatores estudados seguindo as diretrizes definidas após todas as análises e estudos.
Inicialmente, foi pesquisado sobre temas de relevância para o projeto para embasamento teórico. Temas estes tais qual a revitalização urbana por meio da arquitetura, a importância de amenidades urbanísticas de diversas escalas para o desenvolvimento de uma região, a aplicação de edifícios públicos em região de frente d’agua, e, por fim, um estudo sobre centros culturais, abrangendo de suas origens às suas funções.
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Conceitos 17
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Revitalização Urbana Em todo projeto arquitetônico de caráter público, pode-se notar uma influência da região no qual foi implementado. Essa influência, no caso do projeto em questão, seria devido a revitalização de uma área hoje subutilizada, o entorno da Lagoa da Parangaba. Mas antes de entrar em uma discussão sobre os efeitos desse edifício para a região, deve-se tentar definir alguns termos-chave relacionados com os objetivos almejados nesse projeto, como revitalização, renovação e até mesmo requalificação. A revitalização é definida, na Carta de Lisboa (1995), como uma intervenção urbana que engloba operações destinadas a relançar a vida econômica e social de uma parte da cidade em decadência, podendo ser aplicada em todas as zonas da cidade, com ou sem identidade e características marcantes. Segundo Schicchi apud Pasquotto (2010), o termo revitalização também pode ser empregado quando se pretende oferecer nova função e forma às arquiteturas e contextos urbanos constituídos, porém, respeitando e incorporando a paisagem existente e os valores históricos, de identidade, de memória e de estética neles presente.
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Renovação, segundo Portas apud Pasquotto (2010), é definida pelos modernistas através dos paradigmas da Carta de Atenas (1933), na qual, o termo é definido como “a substituição pura e simples das estruturas físicas existentes como condição apriorística da adaptação das cidades herdadas às ‘necessidades da vida moderna’”. Na Carta de Lisboa (1995), o conceito de renovação é reafirmado como uma intervenção aplicada em tecidos urbanos degradados, onde há demolição de estruturas morfológicas e tipológicas, sendo substituídas por tipologias arquitetônicas contemporâneas. Esse tipo de intervenção gera grandes mudanças estruturais, que constituem-se em três dimensões: a funcional, que consiste na mudança da base econômica e de suas funções originais; a morfológica, que consiste na forma da cidade e de sua paisagem; e a social, que consiste na esfera sociológica, com mudança dos residentes e visitantes do local. Uma requalificação busca a melhoria das condições de vida das populações, promovendo a construção e recuperação de equipamentos e infraestruturas, valorizando o espaço público com medidas de dinamização social e econômica. Um dos seus objetivos é a criação de qualidades urbanas, de acessibilidade ou centralidade de uma determinada área, provocan20
do a mudança do valor da área ao nível econômico, cultural, paisagístico e social, através de seu caráter mobilizador, acelerador e estratégico voltado para o estabelecimento de novos padrões de organização e utilização dos espaços, e para uma melhoria econômica. Um fenômeno que se observa uma direta relação com os processos de revitalização, renovação e requalificação é o fenômeno da gentrificação. Este, por sua vez, é o enobrecimento de determinada área da cidade, causado pelo movimento habitacional da classe média e a expulsão da população original, produzindo assim uma nova paisagem. Ele pode ser provocado tanto pelas intervenções de melhorias urbanas aqui expostas, de forma intencional ou não, quanto por agentes externos, denominados “gentrificadores”, como artistas, boêmios ou até mesmo o poder público.
Fig. 01 | Cais do Porto - Recife, PE, Brasil
Fig. 02 | Puerto Madero - Buenos Aires, Argentina
Fig. 03 | Porto Maravilha - Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Amenidades Urbanísticas Segundo Clark (2011), o desenvolvimento de uma região está diretamente ligado às suas amenidades urbanísticas. Estas são fatores físicos que estimulam o desenvolvimento econômico e o uso de uma área. Eles dividem-se em diversas categorias: físicas naturais, como condições climáticas, humidade, temperatura, acesso a água e atratividade natural em geral; amenidades construídas, como instituições como livrarias, museus, teatros e pequenos empreendimentos, como cafés e restaurantes; e composição e diversidade sócio econômica, como o tipo racial de habitantes e seus costumes, seus valores, hostilidade ou amabilidade de habitantes e usuários.
Fig. 04 | State Street - Santa Barbara, CA, EUA
Fig. 05 | Pier 39 - São Francisco, CA, EUA
Através de melhorias na educação e em treinamento profissional, a cidade obtém elevado interesse de investimentos, de empreendimentos de pequeno e grande porte, e melhorias na vida dos habitantes da região (Clarke e Gaile apud Clark, 1998). Pode-se ver direta relação entre o desenvolvimento de uma região, ou até mesmo de uma cidade, com a melhoria do nível educacional da população trabalhadora e estudante da região (Glaeser apud Clark, 2000). O uso cultural, antes atribuído como um item de consumo de luxo ou atração turística, é mostrado como parte essencial na educação da população menos privilegiada, trazendo assim benefícios
para todos os usuários e habitantes da região de um equipamento de cultura. A atração de empreendimentos de uso público e semiprivado, devido à valorização e intensificação de mercado em uma região, atrai outros negócios para a mesma região, gerando assim um ciclo vicioso de desenvolvimento. Além de equipamentos educacionais, culturais e empreendimentos de lazer de grande porte, o estudo mostra que esforços para melhoria de qualidade de vida básica, como festivais, estruturas cicloviárias, praças, áreas esportivas e interconectividade, são diretamente relacionado com o desenvolvimento econômico e social da região. (Clark, 2011)
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Edifícios em Waterfront Dentre as amenidades físicas naturais, citadas por Clark (2011), podemos citar a proximidade de corpos d’agua, como o mar, rios e lagoas. Este condicionante, além de provocar uma situação climática mais agradável para um clima tropical, também influencia na valorização do capital humano e financeiro da região em que se insere. Essa valorização leva ao interesse de requalificação urbana dessas áreas em waterfront (frentes de água). A requalificação deste tipo de área, em específico, surgiu, no final da década de 50, e início da década de 60, na América do Norte, com a intervenção das docas de Baltimore, associada ao novo contexto econômico de desindustrialização do período pós-fordista, de alteração das rotas oceânicas mundiais e das alterações de transporte naval, que tornaram obsoletas as docas interiores , menos profundas ou mais antigas. Segundo Coelho e Costa (2006), durante esse período, alguns fatores contribuíram para uma alteração na atitude em relação às frentes de água, como as mudanças tecnológicas advindas pós-Segunda Guerra, a preservação étnica e o retorno à cidade, e a emergência da sociedade de lazer e do turismo.
Podem-se considerar intervenções em waterfront, qualquer frente de água (mar, rio ou lagoa), na qual a água desempenhe papel fundamental e protagonista do projeto, não somente relacionadas a áreas portuárias. Logo, intervenções em waterfront adquiriram um papel fundamental nas intervenções urbanas atuais, já que elas passaram a ter como objetivo primordial, trazer a água para o convívio urbano de forma sustentável.
Fig. 07 | Tate Modern, Londres, Inglaterra
Fig. 06 | Instituto de Arte Contemporânea, Boston, MA, EUA
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Fig. 08 | Cais das Artes, Vitória, ES, Brasil
Centros Culturais no Mundo Na tentativa de definir o termo Centro Cultural, nos deparamos com a necessidade de definir antecipadamente o termo “Cultura”. Podemos utilizar a definição de Tylor (1871, apud Milanesi, 2003, p 139140), “[cultura] é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, lei, moral, costume e quaisquer aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como um membro da sociedade”. A partir dessa definição, entende-se a necessidade do homem de criar espaços para a congregação de pessoas nessas práticas culturais, criando assim diversos precursores dos Centros Culturais modernos.
Fig. 09 | Centro George Pompidou , Paris, França
Esses espaços culturais, desenvolvidos pela necessidade do ser humano, passaram por transformações no decorrer dos séculos, como transformações espaciais e estéticas, condizentes com o período histórico ao qual pertenciam, e de funcionalidade, proveniente da época e local onde se encontrava. A partir da segunda metade do século XX, esses Centros de Cultura passaram a suprir as necessidades do homem pós-moderno, imerso no mundo da globalização e do consumo em massa, tornando-se um espaço para a produção, difusão e democratização da Cultura e da Arte.
Nesse contexto, a importância da Cultura cresceu nas cidades, tornando-se fator de desenvolvimento e de identidade. Em decorrência dessa elevação da situação da Cultura, os edifícios culturais ganharam bastante importância na sociedade, fazendo com que seja necessário, hoje em dia, a criação de espaços específicos para a produção e disseminação da Cultura e da Arte. A princípio, os edifícios culturais possuíam programas específicos, conforme o tipo de atividade cultural que estava previsto em seu espaço, como teatros, museus, cinemas etc. Então, na década de 70, foi-se pensado, pela primeira vez, um projeto que integrasse diversos tipos de usos culturais em apenas um edifício. O primeiro edifício projetado e construído com o programa Centro Cultural foi o Centro Cultural George Pompidou, em Paris, França. Apesar da elaboração deste edifício ter sido feita na década de 70, locais específicos para práticas culturais já existiam desde a Antiguidade. De acordo com Ramos (2007), o primeiro edifício que poderia ser considerado como um centro de cultura seria a Biblioteca de Alexandria.
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A biblioteca de Alexandria ou ‘museion’, constituía um complexo cultural formado por palácios reais que agregavam diversos tipos de documento com o objetivo de preservar o saber existente na Grécia Antiga nos campos da religião, mitologia, astronomia, filosofia, medicina, zoologia, geografia, etc. O espaço funcionava como um local de estudos junto a um local de culto às divindades e armazenava estátuas, obras de arte, instrumentos cirúrgicos e astronômicos. O complexo também dispunha de um anfiteatro, um observatório, salas de trabalho, refeitório jardim botânico e zoológico. Os centros culturais contemporâneos significavam, assim, uma retomada desses antigos modelos. (RAMOS, 2007, p. 4)
O desenvolvimento de equipamentos culturais sofreu uma pausa na idade média devido ao monopólio das ideologias exercido pela igreja, que controlava o ensino e as obras escritas. As escolas pertenciam às paróquias ou às abadias e seus professores eram clérigos que difundiam, através do ensino, uma visão do mundo teocêntrica. O exercício do poder da igreja era diretamente vinculado ao domínio do saber, o que dificultava qualquer elaboração em grande escala de debates e de cultura, levando assim a uma pausa no desenvolvimento nos edifícios de cultura popular.
Quando o domínio ideológico da igreja acabou, com o período do renascimento, a volta dos edifícios culturais educacionais se deu através dos teatros e museus abertos ao público. Com o desejo de conhecimento em crescimento da época, nota-se um aumento no interesse em edifícios culturais e educacionais por parte da população, consequentemente gerando um interesse maior em desenvolvimento em edifícios que englobem essas funções, que voltam a evoluir com o passar do tempo.
Além da biblioteca da Alexandria, podem-se citar diversas tipologias com funções voltadas à cultura no decorrer da história. Na Grécia antiga, existiam as Ágoras, espaços livres com edificações de caráter público, com mercados e feiras em seu entorno, gerando assim um espaço de congregação dos habitantes da cidade. Dentre esses edifícios, podem-se citar os banhos, teatros e repartições públicas, sendo grande parte destes edifícios com valor escultórico artístico em sua fachada para todos os pedestres que se reuniam defronte estes edifícios, servindo assim como um espaço de exposição e congregação. Fig. 10 | Ruínas Antiga Biblioteca da Alexandria
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Segundo Teixeira Coelho apud Ramos (2007), a criação de centros multifuncionais se dá no século XIX, com os primeiros centros de cultura ingleses, chamados de centros de arte. Esses espaços já assumiam a prática de ação sociocultural dos países socialistas europeus no século XX. Mas somente no final da década de 50, na frança, foram lançadas as bases de ações culturais.
Além da valorização do lazer acima citada, outra causa do surgimento dos centros culturais foi a necessidade provocada pelas novas tecnologias de um modelo de instituição informacional que substituísse as antigas bibliotecas. Ao mesmo tempo que os centros culturais surgiam como um modelo capaz de substituir as bibliotecas, estas se modernizavam englobando mais funções e novos espaços físicos.
Os centros culturais na França surgem como uma opção de lazer criada para atender aos operários franceses. A valorização do lazer por parte das industrias e empresas francesas gerou novas relações de trabalho e a preocupação de se criar áreas de convivência, quadras esportivas e centros sociais. Segundo Silva apud Ramos (2007), esta ideia refletiu-se nos espaços de bibliotecas e centros dramáticos, transformando-os assim em casas de cultura.
Por isso, desde a década de 90, o caminho que se afigura é o do espaço polivalente, que integra o acesso ao conhecimento às ações de discussão, criação de novos conhecimentos e difusão de novas informações. (Ramos 2007, p. 5 e 6)
Diante dessa nova noção, foi desenvolvida a ideia de fundir espaços e funções, de forma a conseguir essa interpenetração das mesmas num só lugar, originando assim os centros culturais como conhecemos hoje.
Este movimento culminou com a elaboração do projeto do primeiro centro cultural, Centro Nacional de Arte e de Cultura Georges-Pompidou, que difundiu esse tipo de espaço para muitos outros países.
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Centros Culturais no Brasil No Brasil, a história dos centros culturais se inicia apenas na década de 80, com projetos pioneiros como o SESC Pompéia e o Centro Cultural de São Paulo, ambos inaugurados no ano de 1982, nitidamente influenciados pela instalação do Centro George Pompidou em termos de conceito. Depois da construção dos primeiros, pode-se notar um aumento vertiginoso no aumento do número de centros culturais criados pelo país, provavelmente associada às diversas políticas de incentivo à cultura que proporcionavam mais investimentos nessa área por parte de grandes empresas privadas, concedendo assim, benefícios fiscais.
Essas políticas de incentivo do governo deram às organizações empresarias a oportunidade de investir recursos que seriam previamente destinados ao pagamento de impostos para investimento em ações culturais. Ao investir na cultura e no lazer para o público, a empresa conseguiria receber um retorno econômico apenas com esse incentivo. Diversas instituições aderiram a essa política, utilizando-se dela como marketing cultural, trazendo uma ideia de responsabilidade social da empresa para com o público, de forma que a sua aceitação no mercado é melhorada, gerando assim um retorno para a empresa.
Fig. 11 | SESC Pompéia , São Paulo, SP, Brasil
Fig. 12 | Centro Cultural São Paulo, São Paulo, SP, Brasil
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Centro Cultural | Conceito Devido a sua criação recente, os centros culturais ainda não possuem um conceito completamente definido. O que pode ser feito para definir uma espécie de conceito é falar sobre suas características, papeis desempenhados para a sociedade e a cidade e os objetivos que ele se propõe a realizar. Em essência, centros culturais são espaços que agregam múltiplas formas de arte, que até então possuíam um espaço específico e exclusivo. O objetivo desses espaços é tornar todo tipo de cultura mais acessível ao cidadão. Então, o centro cultural não é apenas um local para exibições e deposito e proteção de bens culturais para se tornarem produtores e difusores da cultura. De acordo com Milanesi (2003, p 172), os centros culturais devem ser regidos por três ações: informar, discutir e criar. Ao propor-se a informar, o centro cultural acaba por ter uma função de teor educativo. Esse informar deve ser difundido de forma livre e democrática. Somente através do acesso indiscriminado às informações, os cidadãos podem se conscientizar do seu papel na sociedade e, a partir daí, podemos construir um processo de
desenvolvimento social. A partir do momento em que as pessoas são informadas, começam a ocorrer questionamentos, que levam à discussão. Entende-se como discussão uma busca por novas possibilidades para um conhecimento, tanto novas resoluções como explicação as já existentes. O conhecimento se valida apenas após posto em discussão, com a criação de uma consciência em torno da realidade em que se vive. Milanesi (2003, p. 180) descreve essa atividade de debater como sendo de fundamental importância nos centros de cultura, pois dá dinâmica a ele. Essa dinâmica é fruto dos conflitos de ideias que ocorrem, os quais, por sua vez, incitam os indivíduos a buscarem mais informação, gerando um ciclo saudável. O terceiro termo, criar, é o foco principal dos centros culturais, e é a ação que dá conclusão aos dois outros termos citados. Disseminar e discutir o conhecimento em sequência permanente que leva as pessoas a desvelarem as aparências, desmontar os engodos, fazer a sua própria cabeça, para se cegar a outra etapa de um circuito perpétuo, não esgota a ação cultural. Além da renovação constante dos discursos registrados (livros novos, jornais do dia, filme etc.) é necessário que as pessoas, articulando o
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seu próprio discurso, possam expressá-lo por meio de escrita, da fala, do gesto, das formas, dos sons, e, sempre que possível, registrá-lo. (Milanesi, 2003, p. 180)
O principal objetivo dessas instituições deve então ser a criação, uma vez que a existência da ação cultural é diretamente vinculada à criatividade. Os estímulos à criação, por sua vez, são delineados a partir da configuração do meio social. Para que isso ocorra, deve haver um diálogo intenso entre vida social e centro cultural. Além disso, atividades culturais não são simplesmente feitas para pessoas, e sim por elas e com elas. O usuário é a peça chave de toda a funcionalidade do edifício. De acordo com Milanesi (2003, p. 185), “o centro de cultura deve atuar como uma antena sensível, captando o que possa interessar a coletividade e transformando os sinais em ações em que o protagonista é público”. Nesse momento, podemos mencionar a definição de outros autores: O centro cultural como lugar público e político, que serve de ponto de encontro, onde as pessoas podem ir para trocar idéias, debater sobre temas atuais, emergentes e polêmicos. Um espaço onde a liberdade de expressão se faça presente, sem ser tendencioso. (EDUARDO; CASTELNOU, 2007 p.9)
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Outra característica vital para os centros culturais é o dinamismo desses espaços culturais, que é o que diferencia eles das demais instituições. Assim, esse espaço se torna o centro gerador e irradiador de ideias e formações, que abrange e possibilita manifestações culturais de diferentes naturezas, trabalhando com todo tipo de suporte físico e atendendo a diversos públicos. Resumindo, segundo (EDUARDO; CASTELNOU, 2007, p.9), um espaço democrático onde a liberdade de expressão se faz presente. A partir do que foi mencionado, podemos afirmar que o centro cultural é mais que apenas um lugar para apresentações e criação de obras de artes das mais diversas formas. O centro cultural é um lugar agregador de múltiplas formas de arte e elemento disseminador do conhecimento, um lugar de criação, que também é um lugar de preservação da memória, da cultura e da arte. Além disso, se propõe a ser um espaço para a troca de idéias, aberto e democrático. Logo, a comunidade se torna uma peça fundamental para o seu funcionamento em harmonia com a cidade, necessitando assim, fazer um espaço que a população seja convidada a utilizar e, assim, produzir produtos interessantes, tanto no contexto social quanto cultural.
Estudos de Caso 29
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Dentre diversos estudos realizados de Centros Culturais, foram escolhidos quatro projetos como Estudos de Caso para este trabalho, sendo eles das mais diversas escalas. Indo do precursor internacional francês Centro George Pompidou para o símbolo local da cidade de Fortaleza, Centro Cultural Dragão do Mar. Todos os projetos dos estudos de caso foram relevantes para a elaboração do projeto final em certo aspecto, como a integração do projeto com o entorno do Parque Explora, em Medellín, e o Centro Cultural São Paulo, na cidade de São Paulo.
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Centro George Pompidou Como modelo de revitalização de um região através de um edifício cultural, podemos citar o resultado de uma das várias ações do governo francês em prol da cultura, o Centro Cultural George Pompidou, que veio para gerar uma regeneração urbana do bairro Marais, em Paris. O centro cultural foi idealizado em 1971, com um concurso internacional para a escolha de um projeto de arquitetura para região, vencido por Richard Rogers e Renzo Piano. Em 1975, foi assinada a lei que instituía o Centro Cultural George Pompidou (também conhecido como Beaubourg), que garantia recursos para o funcionamento e a animação do Centro. Apesar da lei estimulando o desenvolvimento do centro, apenas em 1977 houve a inauguração da instituição.
Fig. 13 | Fachada Principal George Pompidou
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Devido a diversos fatores, entre eles sua estética bem peculiar e seu destoamento com a paisagem local, o edifício foi alvo de polêmicas. Sua imagem foi difundida mundo afora, ganhando destaque devido a sua forma arquitetônica ousada. O Centro George Pompidou se firmou na França e no mundo como um lugar de provocação, caraterística que, de acordo com Arantes (2000), define cultura em si. Os grandes edifícios culturais da antiguidade eram caracterizados pela sua austeridade e monumentalidade impenetrável. O Centro George Pompidou se mostra revolucionário por ter como uma de suas premissas a sua arquitetura transparente, amigável e penetrável.
A construção ‘comunica’, permitindo ao visitante ou usuário envolverem-se com estímulos variados e simultâneos: cada espaço tem um sentido. Tudo é informação e toda a informação é mutante: livros, discos, vídeo, telas, esculturas, objetos, a paisagem externa, formam um complexo que se inter-relacionam. ................................................................. Na concepção nova do Beaubourg não há passividade de atender à demanda rotineira de rotineiros cidadãos; não há simples oferta dos produtos diversos da inteligência humana identificados como ‘Cultura’, mas no espaço criam-se situações permanentes de debates, de busca de novas formas de expressão e reflexão. A provocação, o estímulo são frequentes e estão presentes no percurso do visitante. (XXXXX)
O edifício é constituído por cinco pavimentos, sendo três deles subterrâneos, abrigando, em seu interior, o Museu Nacional de Arte Moderna, o Centro de Criação Industrial, a Biblioteca Pública de informação, o Instituto de Pesquisa e Coordenação de Som e Música.
Fig. 14 | Pátio Centro George Pompidou
Parque Explora O uso do seu espaço está diretamente associado à criação de espaço público para a cidade de Paris. O seu átrio é local para diversas manifestações artísticas e conglomerado de pessoas. Esse fator favorece o conteúdo interno ao edifício, convidando as pessoas a entrar e explorar o seu edifício, estabelecendo uma relação entre seu interior e exterior, promovendo assim o espraiamento do centro cultural para além dos limites físicos do seu edifício.
O Beaubourg se destaca por, além de abrigar diversos equipamentos de importância para a cena cultural francesa, ser um exemplo paradigmático desse tipo de instituição, cultivando e produzindo arte através da congregação de pessoas. Podemos colocar como fator de suma importância, além de seus princípios de transparência e penetrabilidade, a sua arquitetura, que, apesar de ousada e polêmica, se coloca como espaço catalizador e fomentador de ideias, transformando-se assim um símbolo para o contexto urbano de Paris e no contexto cultural mundial.
O Parque Explora, localizado na cidade de Medellín, na Colômbia, foi um projeto de um centro educativo cultural elaborado por Alejandro Echeverri. Este projeto foi comissionado através de concurso da prefeitura de Medellín como parte do Plano de Ordenamento Territorial, que demarcava a região, anteriormente composta de um conjunto de fábricas e armazéns industriais abandonados, como área para implementação de um equipamento urbano público. A escolha de um centro cultural multifuncional como programa neste concurso faz parte da iniciativa de reformulação da área norte da cidade de Medellín. A principal objetivo deste projeto foi a criação de um espaço temático para a difusão e a prática de ciência e tecnologia, associada com a recreação. Este objetivo nasceu baseado no conceito de lazer e educação equitativa para a cidade. Este projeto buscou o seu posicionamento acessível ao cidadão, além de prover mais fluxo e permanência na área dos bosques vizinha ao projeto, que, devido ao falta de acesso e fluxo de pedestres, era considerado perigoso pelos moradores locais. O Parque Explora se formalizou como uma corporação concessionada pela prefeitura e por empresas privadas, que ad-
Fig. 15 | Cortes Centro George Pompidou
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ministram e mantém o parque como um todo de maneira autônoma. O Parque Explora é um centro de ciência e tecnologia interativo, sede do maior aquário de água fresca da América Latina. O centro engloba mais de 300 atividades, dentre elas, um espaço 3D, um estúdio de televisão, um centro infantil, salas interativas, um viveiro e outras. O museu também possui um espaço aberto no qual possibilita experiências físicas ao ar livre, fomentando a interação da natureza com o indivíduo.
Fig. 16 | Paisagismo Entorno Parque Ventura
O projeto faz uso de uma combinação de quatro cubos vermelhos, contendo o programa principal do museu, as salas de neurociência, física e comunicação. O projeto está distribuído em 21,3 mil m2 construídos e 15,2 mil m2 de área aberta à paisagem. Sua concepção parte de uma sequência de espaços e níveis abertos, ao longo dos quais a circulação leva a espaços fechados contendo experiências científicas. O movimento de circulação das pessoas entre o aberto e o fechado, e a relação de ambos com a paisagem urbana definiu os princípios do projeto. Houve uma preocupação com a oscilação entre os espaços e suas limitações, com o uso do fundo urbano e da paisagem como elementos constantes. Fig. 18 | Implantação Parque Ventura
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Fig. 17 | Vista Aérea Parque Ventura
Centro Cultura de São Paulo O Centro Cultura São Paulo está localizado em um terreno onde se encontrava uma sobra de lote pertencente à Prefeitura Paulistana. O projeto nasceu a partir da demanda, advinda do Departamento de Bibliotecas Públicas do estado de São Paulo, de criação de uma biblioteca neste terreno, de forma que essa pudesse abrigar os volumes excedentes na Biblioteca Mário de Andrade. A prefeitura então abriu um concurso público para o desenvolvimento do projeto.
Fig. 19 | Implantação CCSP
Fig. 20 | Vista Interior CCSP
Fig. 21 | Detalhe Coberta CCSP
O escritório PLAE Arquitetura e Engenharia, ganhou esse concurso, desenhando uma proposta para o edifício, proposta essa que, após recusada, se adaptou de uma biblioteca multiuso para um centro cultural. Essa transição não provocou grandes mudanças em grande maioria dos espaços já existentes da biblioteca original. Mesmo com essa mudanças de programa, a biblioteca ainda era o ponto central do centro cultural, ocupando a maior área do projeto. A proposta do projeto, então, era de criar um espaço que dialogasse com a cidade, sendo uma espécie de continuação da rua que se mimetizava na paisagem. Organizado em torno de uma grande circulação central, que funciona como uma rua interna, na qual as atividades vão sendo distribuídas ao longo deste passeio, 35
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura trazendo assim uma proposta de que as pessoas utilizem do espaço em meio as suas caminhadas. Este tipo de organização espacial, bem como a adoção de diversos espaços multiuso, ou seja, que não possuem características de espaços especializados em uma ou outra atividade e dão liberdade ao usuário de se sentir a vontade para apropriá-lo como quiser, faz com que, em um mesmo local ocorram diversas manifestações artísticas, culturais e sociais diferentes, promovendo, assim, encontro, troca e diversidade.
É o maior equipamento vinculado ao Instituto de Arte e Cultura do Ceará (IACC), também conhecido como Instituto Dragão do Mar, responsável também por gerenciar o Porto Iracema das Artes, o Centro Cultural Bom Jardim e a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. Possui 14,5 mil m2 de área voltados para a vivência da Arte e da Cultura. O Centro possui museus, dentre eles o Museu da Cultura Cearense e o Museu de Arte Contemporânea, teatro, salas de cinema, anfiteatro, auditório e planetário. A maior parte de sua programação tem acesso
gratuito ou com preços simbólicos, facilitando o acesso da população de todos os níveis sociais. A arquitetura do Centro Dragão do Mar é caracterizada por linhas arrojadas projetadas pelos arquitetos cearenses Delberg Ponce de Leon e Fausto Nilo. O projeto foi construído em uma antiga área portuária e possui em seu entorno bares, restaurantes, lojas de artesanato e teatros.
Essa característica em seus espaços enriquece a vida do centro cultural, pois oferece um espaço livre, que é transformado a partir das necessidades dos usuários e dos seus usos. Em termos formais e conceituais, o princípio por trás da tectônica do edifício é a mimetização da topografia do sítio através do uso de taludes. Além dos aspectos de contextualização com o sítio, o entorno e a cidade, é importante destacar também a expressão de arquitetura paulistana que nele se encontra, como o uso de rampas, ênfase em sua estrutura, aberturas zenitais, horizontalidade e introspecção. 36
Fig. 22 | Implantação do CDMAC
Fig. 24 | Estrutura Metálica de Circulação CDMAC
Dentre os espaços do Centro, podemos identificar a Biblioteca de Artes Visuais Leonilson, único espaço especializado em artes visuais no Estado do Ceará, localizada no piso inferior do Museu de Arte Contemporânea do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Podemos também reconhecer a Praça Verde Historiador Raimundo Girão, espaço multiuso, destinado a acomodar 4,5 mil pessoas em eventos de grande porte. Anexo a Praça Verde, está o Ateliê de Artes, um espaço para a realização de cursos, oficinas, debates e outras atividades. O Centro possui um auditório com capacidade para 108 pessoas sentadas, numa área total de 860 m2, possibilitando confer6encias, palestras, congressos, apresentações, aulas e seminários, assim como shows e outros eventos artísticos. O Anfiteatro Sérgio Motta tem capacidade para 650 pessoas sentadas, numas área total de 860 m2, sendo 320 m2 de plateia. Estes projetos que foram estudados possuem, em sua concepção, conceitos ou idéias que ajudaram a levar à progressão do projeto do Parque Cultural da Lagoa da Parangaba ao seu estado final apresentado ao final deste trabalho.
Fig. 23 | Planetário CDMAC
Fig. 25 | Mapa CDMAC
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Legislação e Entorno 39
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Legislação As propostas apresentadas nesse projeto são amparadas por dois documentos responsáveis por regulamentar intervenções na cidade de Fortaleza: o Plano Diretor Participativo (PDP) e a Lei de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) do município. De acordo com o PDP o terreno em questão está classificado, quanto ao zoneamento urbano, como parte da Macrozona de Proteção Ambiental. Em relação ao zoneamento ambiental, o sítio está inserido em Zona de Recuperação Ambiental (ZRA), devido a sua proximidade com a lagoa da Parangaba. Segundo o PDP, os índices urbanísticos para a Zona de Recuperação Ambiental são: Índice de Aproveitamento Básico: 0,6 Índice de Aproveitamento Máximo: 0,6 Índice de Aproveitamento Mínimo: 0,0 Taxa de Permeabilidade: 50% Taxa de Ocupação: 33% Taxa de Ocupação de Subsolo: 33% Altura Máxima da Edificação: 15m
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Quanto às dimensões para novos lotes, de acordo com o PDP de Fortaleza, não é permitido novos parcelamentos do solo na ZRA.
sideraremos o projeto como um edifício da categoria de equipamentos de cultura e lazer de grande porte, como teatro e biblioteca.
Conforme o anexo 5 da Lei de Uso e Ocupação do Solo, temos os seguintes indicadores urbanos de ocupação para o bairro da Parangaba:
O edifício possui limitantes diretas com duas vias locais, a Rua Pedro Muniz e a Rua João Capote, sendo a primeira destas o acesso principal do projeto. Apesar da condição atual de Via Local, está previsto no projeto uma reestruturação urbana do entorno da lagoa que elevaria a sua condição à de Via Coletora, que será considerada para a elaboração deste projeto.
Índice de Aproveitamento: 1,5 Taxa de Permeabilidade: 40% Taxa de Ocupação: 50% Taxa de Ocupação do Subsolo: 50% Altura Máxima: 48m
Índice de Aproveitamento Básico: 0,6 Índice de Aproveitamento Máximo: 0,6 Índice de Aproveitamento Mínimo: 0,0 Taxa de Permeabilidade: 50% Taxa de Ocupação: 33% Taxa de Ocupação de Subsolo: 33%
Testada Mínima: 5,00m
Altura Máxima da Edificação: 15m
Profundidade Mínima: 25,00m
Recuo Frontal: 10m
Área: 125,00m
Recuo Lateral: 10m
Segundo o Título III, Art. 160 da LUOS, esse projeto se enquadraria na categoria de Projetos Especiais, o que requisita uma avaliação pelo Instituto de Planejamento do Município, IPLAM, para definição de parâmetros, tais quais número de vagas e recuos. Para elaboração de projeto, con42
Considerando as características supracitadas, temos que todos os recuos mínimos necessários para o projeto são de 10 metros.
Em função da hipótese mais restritiva para o projeto, dos dois documentos citados, temos como parâmetros definitivos, os indicados pelo Plano Diretor Participativo, com adição dos recuos mínimos necessários definidos pela Lei de Uso de Ocupação do Solo, mostrados abaixo:
Recuo de Fundo: 10m
Bairro da Parangaba O bairro da Parangaba está em processo de crescimento econômico e social devido ao projeto de expansão dos modais de transporte e outros fatores. Este crescimento evidenciado pela verticalização de seus edifícios e maior investimento em equipamentos públicos que ocorre na região. Apesar dos novos equipamentos públicos, como o Shopping Parangaba e o North Shopping Jóquei, a área ainda está com deficiência de equipamentos de cultura e de empreendimentos de lazer ao ar livre, apesar do potencial paisagístico urbanístico subutilizado do entorno da Lagoa da Parangaba.
Fig. 26 | Localização Bairro Parangaba
Fig. 27 | Mapa Sistema de Metrô e VLT de Fortaleza
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O Terreno O terreno escolhido para elaboração deste projeto está localizado na margem nordeste da Lagoa da Parangaba, limitando-se, na sua frente, a Oeste, com a Rua Pedro Muniz, ao norte, com residências unifamiliares, ao leste, com o Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paula, e, ao sul, com a escola da Federação das Industrias do Estado do Ceará (FIEC). Com uma área total de 20.878,57 m², num formato trapezoidal, o terreno apresenta um desnível de 6 metros, no sentido Leste-Oeste, em direção a lagoa, da cota de 26.00 a 20.00, em relação ao nível do mar. O desnível mostra-se bastante regular, não apresentando grandes declives, algo comum às margens de um recurso hídrico deste padrão.
Fig. 30 | Localização do Terreno no Entorno
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Fig. 28 | Terreno para Projeto
Fig. 29 | Terreno para Projeto
O Entorno Para a escolha da implantação deste equipamento na região da Parangaba, foise realizado um estudo de campo a fim de melhor justificá-lo. A ideia principal do projeto é a implantação de um equipamento público cultural na região do entorno da Parangaba como parte de um plano de revitalização da área hoje subutilizada. Em um projeto harmônico com as áreas verdes de seu entorno, integrando assim a natureza e o construído. A região do projeto possui um imenso potencial paisagístico não aproveitado, além de estar sofrendo um crescimento populacional vertiginoso e de possuir acessibilidade via diversos modais. Mas um dos maiores motivos para a escolha desse programa para a região é a criação de uma opção cultural de lazer e educação, já que atualmente a região é desprovida de opções do gênero, assim como muitos outros pontos da cidade. Com a inserção deste equipamento na proximidade do maior terminal intermodal de Fortaleza, propõe-se servir a cidade como um todo, provocando uma valorização do entorno imediato da lagoa.
Fig. 31 | Tipos de Uso Bairro da Parangaba
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Através do mapa de usos do solo do entorno, observamos que o bairro da Parangaba é eminentemente residencial, com a recente implantação de diversos equipamentos públicos de grande escala. O mercado imobiliário indica que este é um dos bairros de maior crescimento da cidade, com a verticalização de seus residências, criação de condomínios multifamiliares e aquisições de terrenos por grandes construtoras. Essa situação favorece a implantação de um centro cultural na região, e em uma cidade com escassez desse tipo de equipamento. Em termos de acesso ao equipamento, o centro cultural possuirá seus acessos principais a partir da Rua Pedro Muniz e da extensão da Rua João Capote, a primeira sendo parte do conjunto de ruas que contorna a Lagoa da Parangaba. Esse conjunto de ruas passa próximo de dois terminais de ônibus, uma futura estação de VLT e uma de metrô, gerando assim um acesso facilitado para o pedestre.
LEGENDA Educativo $
Comercial de Grande Porte
Religioso Hospitalar Esportivo Transportes 46
Fig. 32 | Mapa de Usos Relevantes Parangaba
Numa escala da cidade, o bairro da Parangaba está recebendo um fluxo crescente de veículos, sejam esses particulares ou coletivos. Este aumento no fluxo se dá devido à disposição das vias arterias na cidade que gera um confluência entre diversas vias arteriais e coletoras da cidade. Com o desenvolvimento da áreas livres de lazer na região da lagoa, pode-se incentivar uma estadia de curta duração por parte dos transeuntes da região, o que geraria um aumento no fluxo e no uso da mesma, consequentemente aumentando o capital da região.
LEGENDA VLT
Via Arterial
Via Coletora
Via Local
Fig. 33 | Sistema Viário Bairro da Parangaba
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Programa de Necessidades 49
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O programa de necessidade de um Centro Cultural abrange uma variedade de escalas e de atividades essenciais para um bom funcionamento. Diante da gama diversificada de programas existentes ao redor do mundo, foi-se definido um programa através do estudo de outros centros culturais e de concursos públicos de centros culturais e projetos afins, adaptados aos condicionantes físicos, sociais e legislativos do local onde o projeto se encontra. Além de reunir as funções de um centro cultural usual, o programa propõe-se a trazer uma abordagem do edifício cultural, que prioriza a integração com o seu entorno natural e o incentivo à socialização entre os usuários. Pelo seu caráter polarizador de atividades diversas, os programas contidos no centro cultural não necessariamente possuem atividades com ligações físicas diretas. Então, o seu programa foi dividido em diversos polos, listados na tabela XX do programa de necessidades. O programa divide-se em quatro núcleos principais: a biblioteca, a área de exposições, a área educativa, e o teatro blackbox. 51
Programa de Necessidades Núcleo Ambiente
Social
Terreo Biblioteca
Pavimento Superior
Terreo Teatro BlackBox
Pavimento Superior
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Entrada / Recepção WC Recepção Café Cozinha Pátio Café Coberto WC Masculino WC Feminino Recepção Periódicos Circulação Esudo em Grupo Estudo Individual Informática WC Masculino Wc Feminino Guarda Volumes Brinquedoteca Acervo Estudo Individual Sala Bibliotecários WC Masculino WC Feminino Recepção WC Masculino WC Feminino Teatro Blackbox Recepção Serviço Camarim Masculino WC Masculino Camarim Feminino WC Feminino Circulação Depósito Apoio Sala Técnica Circulação Urdimento
Área (m²) 25,48 2,25 15,12 17,64 50,02 9,17 9,17 104,97 17,96 55,60 147,22 17,60 35,26 8,80 8,80 25,81 80,63 139,42 17,60 35,26 8,80 8,80 107,74 10,70 10,70 327,80 16,60 8,40 8,12 8,40 8,12 4,12 8,12 16,80 8,12 6,60 327,80
Programa de Necessidades Núcleo Ambiente
Térreo
Educativo
Pavimento Superior
Térreo Exposições Pavimento Superior
Administrativo
Recepção / Circulação Secretaria Escultura Multiuso 1 Multiuso 2 WC Masculino WC Feminino Informática WC Masculino WC Feminino Cerämica Expressão Corporal Artes Visuais Circulação Exposição Temporária 1 Exposição Permanente Pátio Exposição Temporária 2 Exposição Multimidia Circulação Recepção Secretaria Copa WC Masculino WC Feminino Diretor Financeiro Diretor Geral Sala Curador Sala Reuniões Circulação Interna
Área (m²) 155,66 36,60 49,00 49,00 49,00 15,25 15,25 36,60 15,25 15,25 49,00 49,00 49,00 41,80 142,42 117,05 132,62 112,89 90,32 31,12 49,31 35,93 16,01 6,50 7,07 12,67 17,26 16,05 28,14 43,82
Tabela 01 | Programa de Necessidades
Teatro Blackbox
Biblioteca
Edifício Educativo
Também conhecido como teatro de palco flexível, o teatro blackbox consiste em uma sala de espetáculos que pode adaptar-se a diversas tipologias teatrais, como palcos italiano, elisabetano, de arena total, entre outros. Neste tipo de teatro, a plateia e o espetáculo não possuem lugar fixo. O espaço, por sua vez, é uma grande caixa vazia com pé direito duplo e com urdimento em sua porção superior, para manejo de luz e acessórios da teatralidade. Pela sua flexibilidade espacial e funcional, este espaço acaba sendo utilizado para diversas outras funções, como auditório, espaço para debates, salão livre, dentre outros.
Edifício com a maior concentração do movimento diário do Centro Cultural. O foco dele é a troca e o desenvolvimento do conhecimento através de estudo, seja em grupo ou individual. A biblioteca necessita de espaços silenciosos, assim como, espaços para confraternização e interação entre as pessoas, além de outros espaços comuns ao programa de bibliotecas, como acervo, sala de informática etc.
O edifício em questão oferece cursos de formação tanto para nível profissional como para iniciantes. Esses cursos contemplam diversas vertentes artísticas, como expressão corporal, escultura, pintura, fotografia, dentre outros. Estes cursos são responsáveis por grande parte da fomentação cultural dos usuários do centro, através de reuniões, discussões e aprendizados. O formato usual dos cursos ofertados são em blocos de 6 aulas de duas horas cada. Algumas salas possuem usos próprios, por necessitar de estrutura específica, e outras possuem usos flexíveis. Dentre essas, podemos citar as oficinas de escultura, cerâmica, informática, expressão corporal, artes visuais, e duas salas multiuso que podem ser incorporadas por meio de esquadrias que se recolhem.
Exposições Temporárias
Exposição Permanente
Exposição Multimídia
Conjunto formado por duas salas conectadas por uma circulação vertical, com a intenção de receber exposições de trabalhos diversos, internacionais, nacionais e locais, além de levar o transeunte através do percurso de todas as exposições do edifício, guiando-o através dos outros espaços expositivos.
Salão que contará com a exposição de obras de artes e fotografias retratando a história do bairro da Parangaba e sua lagoa. Esse espaço está em conexão direta com o pátio central que liga às outras áreas expositivas.
Esta sala foi concebida baseado no conceito de que atualmente, os acervos de exposição de arte visual não se limitam aos objetos de arte reais e tangíveis, mas se expressam também através de meios digitais e tecnológicos. Por isso, foi-se pensada uma planta livre com função flexível, para que se pudesse adaptá-la a diversas atividades e tipos de materiais expositivo. 53
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Memorial Descritivo 55
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O conceito inicial da elaboração do projeto foi definido após estudo de diversos centros culturais existentes na atualidade, além de considerações acerca de diversos outros fatores de grande relevância, como a localização do terreno e seu entorno, da legislação vigente de Fortaleza para a região, e do programa a ser desenvolvido. A partir de todos esses fatores, foram definidas diretrizes que nortearam a elaboração deste projeto. Um dos principais objetivos na elaboração deste projeto é a adequação do programa de centro cultural à sua localidade, no entorno da lagoa da Parangaba. Com o atual crescimento da região da Parangaba dentro da cidade de Fortaleza, este edifício foi pensado com a intenção de suprir a deficiência de equipamentos culturais na região, em paralelo a reformulação do uso do entorno da Lagoa homônima como um todo.
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O entorno da Lagoa da Parangaba está atualmente subutilizado apesar de seu imenso potencial urbanístico e paisagístico. Nesse projeto, se considera como se houvesse uma reurbanização de todo o entorno, removendo as edificações irregulares do entorno que, além de estarem em zona de recuperação ambiental, estão construídos obstruindo passagens pelo entorno da lagoa, impedindo, assim, o uso apropriado da Lagoa pelos pedestres. Com a remoção das edificações e a sugerida implementação de um parque linear no entorno da lagoa, a proposta do edifício se mostra viável para utilização da população da região e aumenta a valorização e a utilização do terreno, como mostrado no estudo de amenidades urbanísticas, mencionado na seção XX.
LEGENDA
Remoções Sugeridas
Relocações Sugeridas
Terreno do Projeto
Novo Entorno Viário Sugerido
Fig. 34 | Remoções e Relocações do Entorno
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O terreno está em uma área densamente arborizada, com suave inclinação em sua topografia. Em visita ao terreno, tentou-se fazer um levantamento das árvores, que pelo seu tipo, e por serem de grande porte, são de difícil relocação. Com o levantamento estimado em mãos, se definiu como uma das premissas do projeto, a preservação do máximo possível destas.
Fig. 35 | Terreno e Arborização Original
LEGENDA
Árvores Mantidas
Árvores Removidas
Residências Reformuladas
Fig. 36 | Levantamento Árvores
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Após essas diretrizes estipuladas, definiu-se o desejo de associar o uso de um parque com o de um centro cultural, para tirar aproveito do potencial paisagístico da região. Com essas considerações e com a intenção de aumentar a permeabilidade dos transeuntes e integrá-los a arborização do terreno, decidiu-se criar um edifício em formato de complexo permeável, dividindo-o em núcleos, de acordo com sua função. Dessa maneira, além de resultar numa maior integração e articulação entre o complexo e o ambiente em que se insere, o projeto reforça o conceito da integração com a arborização através da compatibilidade de gabaritos entre edificações e o meio natural.
Os quatro grandes núcleos se espalham pelo terreno para melhor se encaixar na disposição das árvores de grande porte e na orientação da incidência solar e dos ventos, e para criar um espaço de pátio interno semiaberto. A ligação entre os edifícios é feita através de rampas e caminhos cobertos por uma estrutura metálica. Essa cobertura circunda todos os núcleos do complexo, provendo uma circulação coberta entre todos os edifícios.
Fig 37 | Esquema de Divisão em Edifícios Conectados
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Essa disposição possibilita que cada parte do programa tenha sua função exercida de forma independente, sem interferências dos outros núcleos. As funções de serviço são divididas de maneira que cada edifício possui um pequeno setor administrativo, enquanto no edifício do núcleo de exposições se encontra um setor que administra o centro cultural como um todo, e onde se localizam as diretorias das atividades dos complexos. O complexo é formado por seis edifícios, contendo os quatro núcleos de funções, o café, na área central, e uma recepção para informações, na fachada leste. Cada edifício possui uma forma distinta para melhor atender a sua função, sendo necessária uma análise de cada edifício em específico. LEGENDA Biblioteca
Exposições e Administrativo
Entrada Café Teatro Educativo Fig 38 | Situação com Edifícios e Circulação
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Biblioteca Tem como objetivo a integração do interno com o externo, do construído com o natural. Essa característica se dá através da permeabilidade da visão, através de uma fachada predominante de vidro, e da presença de um elemento externo na área interna, como a árvore que foi preservada dentro do edifício pelo projeto. Na sua fachada poente, foi colocado o bloco monolítico de concreto aparente onde se encontram as áreas molhadas e de serviço do edifício. Em outros trechos da fachada poente, optou-se pela disposição de fachadas de vidro para permitir a contemplação da lagoa, com o uso de brises horizontais, ou com deslocamento da fachada de vidro, fazendo uso do bloco de serviço como elemento de proteção vertical, para preservar o edifício da incidência solar direta. Além desses elementos, o edifício possuiu uma empena em concreto de cimento branco que serve como coberta secundária para o edifício, protegendo-o assim da incidência em horários próximos ao meio-dia em grande parte de sua fachada de vidro.
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Fig 39 | Biblioteca - Planta Baixa - Térreo
O seu programa foi dividido de maneira que, no pavimento térreo, fossem colocadas áreas de atividades em grupo, como brinquedoteca e espaço para estudo em grupo, enquanto no pavimento superior, fosse feito um uso restrito, como a área de consulta ao acervo e estudo individual. A estrutura é formada por um sistema de pilar e viga de concreto, com painéis de vidro autoportantes e apoio em vidro estrutural transversal. Na área da brinquedoteca, o painel de vidro é sacado da estrutura dos pilares, enquanto na área da recepção, os painéis de vidro estão embutidos na modulação dos pilares. Estes painéis contêm colunas onde as folhas de vidro possuem abertura pivotante, para assim garantir uma ventilação cruzada nas áreas de maior uso do edifício. Fig 40 | Biblioteca - Planta Baixa - Pav. Superior
Fig 41 | Biblioteca - Corte
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Edifício Educativo Seguindo os mesmos princípios de permeabilidade e interação entre o interno e externo citados na biblioteca, possui, como elemento externo no interno, uma árvore margeando a circulação vertical do edifício. Na sua fachada poente, optou-se por faces praticamente cegas, em seus dois blocos monolíticos de concreto aparente, onde se encontram todas as oficinas, salas e banheiros, distribuídos entre o nível térreo e o pavimento superior. Para separar os dois blocos monolíticos, utiliza-se um painel de vidro de estrutura autoportante, recuado para evitar a incidência direta do sol.
Fig 42 | Edifício Educacional - Planta Baixa - Térreo
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O princípio deste edifício é criar uma área livre central para convívio e circulação, mantendo a entrada de todas as salas visível e acessível, gerando assim, maior interação entre os usuários, seja no pátio interno ou no pátio externo logo a frente do edifício. Cada sala foi pensada para o seu propósito, tendo entre os seus usos oficinas de escultura, cerâmica, artes visuais, expressão corporal, laboratório de informática, além de duas salas multiusos que podem ser integradas para diversos usos.
Fig 43 | Edifício Educacional - Planta Baixa - Pav. Superior
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Teatro Blackbox Neste edifício, que possui uma empena inclinada em balanço de concreto de cimento branco, encontra-se o espaço do teatro blackbox, com pé-direito de 9,00 metros, antecedido por uma área de recepção, servida por uma área de bilheteria e banheiros para uso público. O volume do teatro é composto por uma caixa cega de concreto aparente cortada pela coberta da empena inclinada.
Fig 44 | Teatro - Planta Baixa - Térreo
Fig 45 | Teatro - Corte
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Ao lado poente, encontra-se um painel de vidro, que se utiliza da coberta, que contorna todo o complexo e de vegetação densa em sua fachada, para assegurar o bloqueio da incidência solar direta em sua fachada. No setor nascente do edifício, encontra-se todo o apoio ao teatro, além do depósito de cenografia, que também comporta a área de carga e descarga do complexo. Neste setor, pode ser visto um painel de vidro na entrada de serviço do teatro. Todo esse bloco está situado abaixo da continuação da coberta de cimento branco inclinada.
Fig 46 | Teatro - Planta Baixa - Pav. Superior
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Edifício de Exposições e Administrativo Neste edifício curvo, pode ser visto uma coberta em concreto de cimento branco, que se estende por dois elementos, fechados por painéis de vidro e ligados por uma ponte no pavimento superior. Entre essas caixas de vidro, por sua vez, encontra-se um rasgo na laje de piso, para comportar uma árvore preservada, que se localiza no pavimento inferior.
Cada caixa de vidro possui dois pavimentos, suportados por um sistema de pilares e vigas de concreto. Os pavimentos são ligados por uma circulação vertical, que une o térreo, o pavimento superior e o pavimento inferior, onde se encontra a área administrativa.
Fig 47 | Edifício Exposição Administrativo - Corte
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Fig 48 | Edifício Exposição Administrativo - Planta Baixa - Térreo
Neste edifício curvo, pode ser visto uma coberta em concreto de cimento branco, que se estende por dois elementos, fechados por painéis de vidro e ligados por uma ponte no pavimento superior. Entre essas caixas de vidro, por sua vez, encontra-se um rasgo na laje de piso, para comportar uma árvore preservada, que se localiza no pavimento inferior.
Fig 49 | Edifício Exposição Administrativo - Planta Baixa - Pav. Superior
Cada caixa de vidro possui dois pavimentos, suportados por um sistema de pilares e vigas de concreto. Os pavimentos são ligados por uma circulação vertical, que une o térreo, o pavimento superior e o pavimento inferior, onde se encontra a área administrativa.
Fig 50 | Edifício Exposição Administrativo - Planta Baixa - Pav. Inferior
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Café Uma estrutura simples, composta de pilares revestidos em pedra cortada, que apoiam externamente uma estrutura de madeira. Esta estrutura comporta dois banheiros, abertos para o complexo, além da cozinha e o café, que servem a área de convivência externa central do complexo.
Fig 51 | Café - Planta Baixa
Fig 52 | Café - Corte
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Recepção Este edifício, localizado na região nascente do complexo, é composto por uma empena de concreto de cimento branco, com um bloco de recepção sob esta. Este bloco é composto por duas paredes estruturais revestidas de pedra cortada, que suportam uma coberta de concreto que se projeta um pouco a frente do bloco, criando assim uma marquise de marcação na entrada.
Fig 53 | Recepção - Planta Baixa
Fig 54 | Recepção - Corte
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Quadros
Tabela 02 | Quadro de Áreas
Tabela 03 | Índices Urbanísticos
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Imagens Renderizadas 73
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Fig 55 | Vista Pátio a partir de Edifício Educacional
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Fig 56 | Vista Pátio a partir do Café
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Fig 57 | Vista Biblioteca a partir de CafĂŠ
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Fig 58 | Vista EdifĂcio Adminstrativo Expositivo a partir de Biblioteca
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Fig 59 | Vista AĂŠrea Lado Leste
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Considerações Finais No decorrer do desenvolvimento deste trabalho, constatou-se a capacidade de melhoria através de intervenções urbanas, e, a partir desta constatação, buscou-se através de um projeto de arquitetura, aprimorar a vida dos habitantes da região da Lagoa da Parangaba. Por meio de um projeto de um edifício de caráter público, cultural e educativo, buscou-se gerar um espaço de lazer para a população local com funções educativas, para que, não só a curto prazo, mas ao longo dos anos, a qualidade de vida dos habitantes do bairro da Parangaba cresça. Outro objetivo do projeto que acredito ter sido alcançado, foi o incentivo para uso constante da lagoa como local de lazer e outras atividades. Ao final desse trabalho, concluiu-se que a elaboração de um projeto de arquitetura de teor público condizente com sua realidade urbanística, pode aprimorar não só o ambiente em que se insere, como a vida dos usuários desse local. 81
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Caderno de Pranchas 83
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