Pasquim dos Bancários n.º 4 (NOV-DEZ/2014)

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EDIÇÃO Nº 4 - NOV/DEZ/2014 INFORMATIVO BIMENSAL DO SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE PASSO FUNDO E REGIÃO - CUT CONTATO, DÚVIDAS, IDEIAS, OPINIÕES: (54) 3601-2785 — SECRETARIA@BANCARIOSPASSOFUNDO.ORG.BR

EDITORIAL

No retorno do nosso Pasquim dos Bancários, após mais um setembro/outubro de lutas, oportunizamos às bancárias e bancários, um breve histórico da categoria bancária nos últimos 20 anos destacando os índices de reajustes conquistados pela categoria. Não desconectados do que se passa pelo nosso país, também oferecemos um artigo escrito pelo diretor da Secretaria de Saúde do Sindicato, Gustavo Marques, que aborda e uma questão muito atual, da ética relacionada à prática da política. Também atual, nesse mundo de alta velocidade e muita ansiedade, é o tema abordado por Fábio Riva,

estudante de Psicologia no IMED e que realiza estágio na nossa entidade. Riva discorre sobre o transtorno obsessivo compulsivo (TOC). E, fechando a última edição deste ano de 2014, trazemos as já tradicionais frases de personagens que se destacam ou se destacaram ao longo da história da humanidade e, na seção Para Rir e Refletir, os vídeos curtos aos quais o leitor ou leitora pode assistir tanto no celular quanto em seu PC. Boa leitura.

Conselho Editorial

CAMPANHA NACIONAL DOS BANCÁRIOS

REAJUSTES SALARIAIS DA CATEGORIA BANCÁRIA NOS ÚLTIMOS 20 ANOS

REAJUSTES SALARIAIS NO PERÍODO DE 1995 A 2002 Este período, iniciado imediatamente após a implantação do Plano Real caracteriza-se por grandes perdas salariais. A tabela nos mostra que os bancários em geral perderam seu poder de compra, notadamente, os dos bancos públicos, do Banrisul, BB e CEF, com ênfase bem maior nos federais. Nessa época, além do duro ataque governamental aos direitos dos trabalhadores, implementado em prol dos lucros do grande empresariado, pesou para essa grande perda a drástica redução da capacidade de mobilização da categoria; apenas nos bancos privados houve mobilização significativa. REAJUSTE SALARIAL NO ANO DE 2003 O ano de 2003 pode ser considerado um ano de transição, uma vez que os bancários dos bancos públicos retomaram a mobilização, voltaram à luta. Mesmo que incipiente, a retomada da mobilização se fez notar no fechamento do acordo, após uma greve de curta duração. A perda salarial diante da inflação ainda foi significativa, porém ela foi compensada, digamos assim, com ganhos em outros quesitos. Por exemplo, os chamados funcionários pós-1998, do BB e da CEF, conquistaram o abono assiduidade de 5 dias anuais. Por determinação governamental, este direito havia sido suprimido a esse segmento de funcionários, que dele não desfrutara nos anos 1998 a 2002. REAJUSTES SALARIAIS NO PERÍODO DE 2004 A 2014 O ano de 2004 foi marcado pela adoção de uma nova estratégia de luta pela categoria bancária. Pela primeira vez, a categoria conseguia entrar de forma unificada em uma Campanha Salarial. O objetivo dessa estratégia era fortalecer a capacidade de barganha na mesa da Fenaban. A tabela que mostra os reajustes salariais conquistados nos anos 2004 a 2014 evidencia que a estratégia foi correta; de lá para cá, os bancários acumulam onze campanhas salariais em que vêm conquistando índices de reajuste superiores à inflação. Nesse período, o piso da categoria cresceu mais de 40% acima da inflação.

Ano

INPC (IBGE)

BANCOS PRIVADOS

BB

CAIXA

BANRISUL

Reajuste

Reajuste

Reajuste

Reajuste

1995

25,80%

30%

25%

20,94%

30,00%

1996

14,28%

10,80%

Zero

Zero

10,80%

1997

4,30%

5%

Zero

Zero

5%

1998

3,59%

1,20%

Zero

1%

1,20%

1999

5,25%

5,50%

Zero

Zero

Zero

2000

6,96%

7,2

1,70%

Zero

7,20%

2001

7,31%

5,50%

2%

Zero

5,50%

2002

9,16%

7,00%

5%

5%

7%

TOTAL EM 8 ANOS

104,83%

95,40%

36,15

28,26%

85,21%

BANCOS PRIVADOS

BB

CAIXA

BANRISUL

Ano

INPC (IBGE)

Reajuste

Reajuste

Reajuste

Reajuste

12,60%

12,60%

12,60%

12,60%

BANCOS PRIVADOS

BB

CAIXA

BANRISUL

Reajuste

Reajuste

Reajuste

Reajuste

2003

17,52%

Ano

INPC (IBGE)

2004

6,64%

8,5% a 12,77%

8,5% a 12,77%

8,5% a 12,77%

8,50% a 12,77%

2005

5,01%

6%

6%

6%

6%

2006

2,90%

3,50%

3,50%

3,50%

3,50%

2007

4,82%

6%

6%

6%

6%

2008

7,15%

8,15% a 10%

8,15% a 10%

8,15% a 10%

8,15% a 10%

2009

4,44%

6%

6% a 9% no VP

6%

6%

2010

4,29%

7,5% a 16,33%

7,5% a 12,99%

7,5% a 10,19%

7,5% a 16,33%

2011

7,40%

9% a 12%

9% a 10%

9% a 11,55%

9% a 12%

2012

5,38%

7,5% a 8,5%

7,5% a 8,5%

7,5% a 8,5%

7,5% a 8,5%

2013

6,18%

8,0% a 8,5%

8,00%

8,0% a 8,5%

8,0% a 8,5%

2014

6,35

8,5% a 9%

8,5% a 9%

8,5% a 9%

8,5% a 9%

TOTAL em 11 ANOS

80,15%

113,50% a 155,63%

113,50% a 149,61%

113,50% a 141,18%

113,50% a 155,63%


COMPORTAMENTO

ÉTICA NA POLÍTICA OU ÉTICA DA POLÍTICA?

PARA RIR E REFLETIR

Precisamos fazer uma reforma política, sair dessa ética na política, que é apenas um moralismo vazio, para uma efetiva ética da política, onde esta é consequência de contingências democráticas e republicanas.

Nos tablets e celulares utilize os QR-CODES

Gustavo Marques

Coordenador de Saúde e Políticas Sociais do SEEB-PF Existem duas possibilidades de se analisar a ética referente à política: a ética na política e a ética da política, conforme a filósofa Marilene Chauí. A primeira defende uma transposição de valores privados para o contexto público, tendo um viés moralista. Já a ética da política possibilita a criação de instituições baseadas em valores verdadeiramente democráticos e republicanos. Como defendeu a filósofa, é mais interessante defender a ética da política, reestruturando as nossas instituições viciosas, assim dificultando a corrupção. Por isto estamos propondo uma reforma política. Nós, brasileiros, herdamos do governo militar Ernesto Geisel, no pacote de 1975, a divisão de Mato Grosso, do Piauí, do Pará, com a finalidade de garantir maioria para o partido da Arena e barrar a política do MDB. Além disso, deste período carregamos o sistema eleitoral e a desproporcionalidade da representação dos estados da federação, que não leva em conta a densidade demográfica. Este pacote que dita até hoje a forma de ser dos sistemas partidário e eleitoral, impede que o governante eleito ao poder executivo possa governar com o seu partido, com sua plataforma de governo, motivo pelo qual foi eleito. Este é obrigado a fazer coalizões que destroem a coerência partidária e ideológica afetando diretamente a sua atuação. Para minimamente conseguir governar, nossos políticos atuais estão sempre sujeitos a negociatas no legislativo, com coalizões e troca de cargos com partidos. E caso consiga aproSAÚDE

var algo, ainda existe o Senado que ainda pode vetar propostas que levaram décadas para avançar. Esta câmara de senadores é um resquício do modelo inglês, da “Câmara de Lordes”, que estariam lá para defender o “interesse da pátria”, ou seja, barra qualquer mudança que altere o status quo. Entre tantos motivos, precisamos fazer uma reforma política, sair dessa ética na política, que é apenas um moralismo vazio, para uma efetiva ética da política, onde esta é consequência de contingências democráticas e republicanas. Agora, os que são contra a mudança desta ordem estabelecida são os que sempre se beneficiaram do poder: famílias oligárquicas da mídia, do latifúndio, conglomerados econômicos etc. Isto acontece há quinhentos anos, o poder não sai das mãos dos donos do poder econômico. Nos últimos anos tivemos uma evolução democrática, que, contudo, está se esgotando. Enfim, a limitação moralista está em não fazer uma análise a fundo de como o sistema eleitoral e partidário funciona, apenas do que deveria acontecer: “Fim da corrupção!”, “Transparência!”. Esta é uma concepção platônica de que os olhos físicos devem buscar a perfeição no mundo das ideias. Entretanto, não há como discordar destes adjetivos, mas temos que perceber que eles são entes metafísicos, linguísticos que por si só não são capazes de mudar a situação da política atual. Platão e seu “mundo das ideias” não nos servem. Aristóteles, com a “sabedoria prática” é muito mais adequado. Portanto, para haver ética da política, precisamos analisar a política e propor novas regras, democráticas e republicanas, para que tenhamos como produto a ética. Assim, claras as contingências do jogo, não seremos mais joguetes das motivações obscuras dos novos políticos.

0:00 / 6:01

Consumismo e Capitalismo O vídeo mostra a consequência visível e imediata, para nossa saúde, de um modelo de produção de alimentos implementado para atender a um consumismo desenfreado: a obesidade. Animais são apartados de seu ambiente natural para que possam crescer e engordar de uma forma acelerada e venham a servir de alimento para os seres humanos. As consequências desse processo de produção sobre a qualidade do alimento que chega a nossa mesa e sobre a saúde dos trabalhadores envolvidos, o vídeo não aborda, mas nos permite antevê-las.

http://goo.gl/bDxk1a

0:00 / 11:30

O TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

Respeito aos “Deficientes”

Para podermos diagnosticar um sujeito com TOC, o mesmo tem que ter uma série de sintomas e causar prejuízo na vida social.

Não existem “deficientes físicos”, existem portadores de necessidades especiais, pois todos temos “deficiências” em algum sentido. No quadro "Olho Por Olho", o repórter Felipe Andreoli contou com a ajuda de alguns cadeirantes para flagrar pessoas que não respeitam as vagas de deficientes

Fábio Riva

Estagiário de Psicologia-IMED no SEEB-PF O transtorno obsessivo-compulsivo, TOC, é um transtorno de ansiedade caracterizado por pensamentos persistentes, impulsos ou imagens que ocorrem de forma invasiva na mente da pessoa, gerando muita ansiedade e angústia. A pessoa portadora de TOC tenta ignorá-los ou eliminá-los através de ações que são intencionais e repetitivas. Esta geralmente reconhece que seu comportamento é excessivo ou que não há muita razão para fazê-lo. As obsessões ou compulsões acarretam grande estresse, consomem muito tempo ou interferem bastante na rotina normal, no trabalho ou nas atividades sociais e relacionamentos interpessoais. Para podermos diagnosticar um sujeito com TOC, o mesmo tem que ter uma série de sintomas. Para exemplificar os prejuízos sociais temos o personagem de Jack Nicholson no filme “Melhor é Impossível” e do investigador interpretado por Tony Shalhoub, no seriado “Monk”. E, possivelmente, seria diagnosticado com TOC o personagem Sheldon Cooper no seriado “The Big Bang Theory”. Vejamos os sintomas para obsessões: pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação são experimentados como intrusivos e inadequados e causam acentuada ansiedade ou

sofrimento; os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas com problemas da vida real; a pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação; a pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens obsessivas são produto de sua própria mente. E p ar a as compulsões temos os s eguin tes cr i tér ios : comportamentos repetitivos (por ex.: lavar as mãos até o ponto de machucá-las; organizar exaustivamente objetos; verificar várias vezes se a porta do carro está fechada) ou atos mentais (por ex.: contar ou repetir palavras em silêncio) que a pessoa se sente compelida a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas. Os comportamentos ou atos mentais visam a prevenir ou reduzir o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida. Entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam a neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. Apesar do apelo cômico na televisão, o TOC nata tem de engraçado na vida real. As pessoas que estão em sofrimento devem procurar a ajuda de um profissional para diagnóstico e tratamento.

http://goo.gl/rWJTSP

0:00 / 6:56

Estudante vítima do PIG Inglês Este vídeo mostra a “discussão” entre um estudante da Universidade de Oxford, que se acha informado pela mídia tradicional, e George Galloway, político britânico, que descontrói a falácia vendida ao estudante. Se você tem certeza da verdade que ouve pelos jornais, há grandes chances de estar sendo enganado.

http://goo.gl/pHfcFE “Democracia é o governo do povo, pelo povo e para o povo.” Abraham Lincoln(1809-1865) político estadunidense

“Estamos numa situação em que uma democracia que, segundo a definição antiga, é o governo do povo, para o povo e pelo povo, nessa democracia precisamente está ausente o povo.” José Saramago (1922-2010) Escritor uruguaio

“Não é a consciência do homem que lhe determina o ser, mas, ao contrário, o seu ser social que lhe determina a consciência.“ Karl Marx (1818-1883) Economista, filósofo, historiador, teórico político e jornalista alemão

“Para nascer um novo Brasil, humano, solidário, democrático, é fundamental que uma nova cultura se estabeleça, que uma nova economia se implante e que um novo poder expresse a sociedade democrática e a democracia no Estado.” Herbert José de Souza, “Betinho” (1935-1997) Sociólogo, ativista dos direitos humanos brasileiro

“Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.” Paulo Henrique Amorim (1942-), Jornalista, blogueiro e empresário

EXPEDIENTE: CONSELHO EDITORIAL: Gustavo Marques, Nelson Antônio Fazenda e Setembrino Dal Bosco. CONSELHO POLÍTICO: Setembrino Dal Bosco, Carlos José Marcos, Dalva Neide Soccol, Júlio César Montenegro, Vânia Márcia Ceolin Argenta, Jacqueline Cordeiro de Almeida. Dário Sidnei Delavy, Idília Ribeiro da Costa, Carlos Dall Agnol, Marco Aurélio Moretto, Gustavo Marques, Antônio Carlos Nunes Maciel, Marlon Roberto Monteiro de Andrade, Rúbia Moraes dos Santos, Carlos Henrique Niederauer, Guilherme Matias Dalla Lana, Katia Cristina Pereira Barreto, Laura Soares Sobucki, Nelson Antônio Fazenda, Cátia Britto, Adriane Aparecida Franklin da Silva, Antônio Amarildo Dalbosco, André Ricardo Mendes Madruga, Diego Francisco Pulga, Luiz Carlos Della Méa, Iloci Silvia Doebber, Evelise Regina Bertoni Vieira, Vlademir Batistella, João Carlos de Oliveira, Jorge Cival Baptista Nunes, Elisabeth Bonenberger da Silva e Paulo César Kunzler. DIAGRAMAÇÃO: Gustavo Marques.

0:00 / 1:53

Jornal Sensacionalista Um professor acusado de atentar ao pudor em sala de aula é preso. Está é a chamada da matéria do Jornal Sensacionalista, do canal Multi Show. Mas, este é um jornal satírico, não se engane. Esta foi sugestão do colega do Banrisul, Fernando Henrique Machado.

http://goo.gl/QYDE9d


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