Exposição ESCAPA

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ESCAPA

Gustavo Torrezan



ESCAPA é a primeira individual do artista Gustavo Torrezan e é composta por trabalhos recentes e inéditos. Grande parte da exposição nos apresenta treze imagens de uma outra exposição, que por sua vez apresentam obras de arte modernas (mais especificamente, pinturas, gravuras e esculturas). É possível inclusive – ao menos aos mais atentos e/ou admiradores da arte brasileira – reconhecer algumas das obras ali expostas, como um Portinari ou a célebre escultura "O impossível", de Maria Martins. Além das obras, vemos alguns visitantes, em sua maioria senhores de terno e algumas mulheres de vestido: um rigor formal que hoje em dia só se vê em aberturas (também conhecidas como vernissages). É talvez na fotografia em que há um homem contemplando uma escultura e vestindo o que parece ser um uniforme de policial, é que não nos deixa dúvidas de que se trata de um registro de outra época. Mesmo que seja cada vez mais comum depararmo-nos com vídeos, instalações e performances em exposições, o tradicional espaço moderno com aparência de “salão de arte” – diferentes esculturas sob pedestais e quadros pendurados na parede branca – ainda não nos deixa de ser contemporâneo." Há alguns anos da sua trajetória artística abordando a ideia de exposição e os dispositivos de apresentação de uma obra de arte, Gustavo Torrezan encontrou tais imagens no arquivo Wanda Svevo, da Bienal de São Paulo, um dos poucos arquivos no Brasil no qual podemos encontrar registros que nos relatem um pouco sobre a história das exposições. Selecionou registros da I Bienal Internacional de São Paulo, quando a mostra, ainda sem sede específica, ocorreu fora do emblemático Pavilhão Ciccilo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera, hoje principalmente conhecido como “Pavilhão da Bienal” . Estamos então diante de um registro histórico. Mas é com dificuldade que conseguimos ver as imagens. O que pode parecer um engano, um erro de acabamento por parte do artista, é parte de uma estratégia: o vidro que integra a moldura das fotografias, e que originalmente iria protegê-las ao longo da sua exposição, torna-se obstáculo: ao invés de somente dar visibilidade à imagem pela sua transparência, acaba também por refletir seu entorno, o que inclui seu espectador. A palavra refletir tem duplo sentido: o de espelhar e o de pensar. Com o espelhamento do ambiente externo (a exposição atual da Galeria Vertente) sob as imagens apresentadas (a exposição da I Bienal de São Paulo), temos uma sobreposição de tempos. Nos vemos de repente dentro daquela mostra de arte de outrora, que por sua vez projeta-se para fora, se atualiza. A convergência de passado e presente nos obriga então ao exercício do pensamento: o que fazemos aqui? O fazíamos lá?. O vidro, portanto, é um entre: dispositivo de viagem pelo tempo-espaço. Torrezan também apresenta uma série de três trabalhos feitos com vidros temperados quebrados e emoldurados, acompanhados de diferentes frases retiradas de um livro do filósofo Friedrich Nietzsche e serigrafadas sob placas de alumínio. Mais uma vez o que teria que ser “invisível” na apresentação de uma obra de arte – o vidro – aqui é evidenciado e ativado. O simples gesto de quebrar um vidro temperado resulta em desenhos impactantes, criados pela soma do controle e do acaso, uma situação que o artista denomina de limite. Não no sentido de esgotamento ou proibição, pelo contrário, do que pode ser ultrapassado ou experimentado, ainda que aparentemente perigoso, inseguro e/ou desconhe-


cido, por aquele que se dispõe a possuir um “espírito livre”, como nos descrevem as frases. É quase como dessa vez o próprio artista desejasse romper com qualquer tradição ou tempo passado, para poder experimentá-los livremente ou de forma diferente do que a esperada. Por fim, o trabalho que dá titulo à individual – ESCAPA – reforça o interesse do artista em usar o texto cada vez mais como matéria na sua prática artística. O trabalho configura-se simplesmente num cartaz lambe-lambe branco e de grandes dimensões, onde se lê uma palavra em caixa alta. O artista opta por um rebaixamento formal, diferentemente do uso publicitário do lambe-lambe nos espaços urbanos. Aqui o branco do papel garante espaço para a força de única palavra: ESCAPA. Aparentemente estável, porém móvel, fugaz, que nos leva à distração. Escapa deste texto. Luiza Proença


Trabalhos


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40x50 cm. 2012. 16.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40x50 cm. 2012. 14.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40x50 cm. 2012. 12.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40x50 cm. 2012. 13.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40X60 cm. 2012. 7.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 60x40 cm. 2012. 3.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 60x40 cm. 2012. 5.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 60x40 cm. 2012. 2.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 60x40 cm. 2012. 6.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 60x40 cm. 2012. 4.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40x50 cm. 2012. 15.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 40x50 cm. 2012. 17.


Sem título Imagem pertencente ao arquivo histórico Wanda Svevo da Fundação Bienal de São Paulo impresso em papel algodão colada s/ foan board, vidro, película. 65x90 cm. 2012. 1.


Sem título vidro temperado, película e serigrafia s/ placa de alumínio. 30x40 cm. 2012.


Sem título vidro temperado, película e serigrafia s/ placa de alumínio. 30x40 cm. 2012. 8.


Sem título vidro temperado, película e serigrafia s/ placa de alumínio. 30x40 cm. 2012. 9.


Sem título vidro temperado, película e serigrafia s/ placa de alumínio. 30x40 cm. 2012. 10.


ESCAPA

Escapa Impress達o jato de tinta s/ papel colado s/ parede. 170x120 cm. 2012. 11.


TOCA

Toca Impress達o jato de tinta s/ papel colado s/ parede. 170x120 cm. 2012.


SOA

Soa Impress達o jato de tinta s/ papel colado s/ parede. 170x120 cm. 2012.


ADIANTE

Adiante Impress達o jato de tinta s/ papel colado s/ parede. 170x120 cm. 2012.



Montagem e Registro


8

9 10 11

7 6 5 4 3

12 13 14

2 1

15 16 17

Planta baixa da exposição









Gustavo Torrezan www.gustavotorrezan.com ghtorrezan@gmail.com (19) 9205-3126

Piracicaba, 1984. Vive e trabalha entre Piracicaba e Campinas-SP. Mestre (2012), Bacharel e Licenciado (2007) em Artes Plásticas pela Universidade Estadual de Campinas, Unicamp. Intercâmbio (2008) no Mestrado em História da Arte e Cultura Latinoamericada da Universidad Mayor Nacional de San Marcos, Lima – Peru. Pesquisador do Laboratório de Estudos Audiovisuais, OLHO-FE/Unicamp. Em seus trabalhos há o interesse por questões do espaço, da memória, do lugar e dos discursos da linguagem, usa de diversos materiais e procedimentos para a produção.


Exposições “Tecidades”. Ateliê Aberto. Campinas - SP. 2011. “43o Sãlão de Arte Contemporânea de Piracicaba”. 2011. Prêmio Leitura e Análise de Portfólio. 2011. “e...”. Espaço Cultural Casa do Salgot. Piracicaba – São Paulo. 2010 “Residência”. Galeria de Artes da Unicamp. Campinas – São Paulo. 2010 “79-09” Panorama de 30 anos da arte contemporânea em Campinas. Museu de Arte Contemporânea de Campinas. Campinas – São Paulo. 2009 “Rio das artes.” SESC Piracicaba. Piracicaba – São Paulo. 2009 “Identidade Caipira.” SESC Piracicaba. Piracicaba – São Paulo. 2009 “Situ.” SESC Ribeirão Preto. Ribeirão Preto – São Paulo. 2009 8˚ Salão de artes Visuais de Guarulhos. Guarulho – São Paulo. 2008 9˚ Território das Artes de Araraquara. Araraquara – São Paulo. 2008. Premiado “Idéias em trânsito para circulação balanceada e sobrevivência”. Americana – São Paulo. 2008 “Casa na Cidade” Projeto de exposição e residência artística. Campinas – São Paulo. 2008 19˚ Mostra de Arte da Juventude do SESC. Ribeirão Preto – São Paulo. 2008. Premiado “Entre_Linhas”. Museu de Arte Contemporânea de Campinas. Campinas – São Paulo. 2008 “4 Ventos”. Piracicaba – São Paulo. 2008 14˚ Salão de Arte Contemporânea de Campinas. Campinas – São Paulo. 2008. Premiado 39˚ Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Piracicaba – São Paulo. 2007 1˚ Bienal do Triângulo Mineiro. Uberlândia – Minas Gerais. 2007 1˚ Salão Universitário de Artes da Unicamp. Campinas – São Paulo. 2007 Coletiva na galeria ARAGEM Contemporânea. Piracicaba – São Paulo. 2007 2˚ Technology: Diálogos entre a música eletrônica e a arte contemporânea. Americana – São Paulo. 2007 38˚ Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Piracicaba – São Paulo. 2006 1˚ Technology: Diálogos entre a música eletrônica e a arte contemporânea. Americana – São Paulo. 2006 6˚ Festival do Instituto de Artes da Unicamp. Campinas – São Paulo. 2005 37˚ Salão de Arte Contemporânea de Piracicaba. Piracicaba – São Paulo. 2005:


Galeria Vertente www.galeriavertente.com.br Endereço 19 - 3043 7778 Rua Dr. César Bierrembach, 170 . Centro Campinas . SP

Abertura 10 de maio de 2012 Visitas de 11 de maio à 16 junho 2012


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