Revista Keyboard Brasil número 12

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Um dos festivais mais importantes da música clássica da América Latina!

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Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão:

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Música e espírito: A música e sua importância na evangelização do SER!

Educação: Perspectivas profissionais dos bacharéis em piano!

Neurociência: Criatividade, Improvisação e o cérebro musical!

Colunas: Exercícios para solos de Rock, Pop, Progressivo e Metal, com Mateus Schanoski Ponto de Encontro, com Luiz Bersou Técnicas do Jazz, com Marcelo Fagundes

Stevie Wonder

5 décadas de elegância musical!

Revista

Keyboard ANO 2 :: 2014 :: nº 12 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil

www.keyboard.art.br



NEUROCIÊNCIA: Criatividade, improvisação e o cérebro musical.

Suas Compras: Cds, DVDs e Livros

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ANÁLISE: Coleção para Teclado

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MÚSICA E ESPÍRITO: Importância na evangelização do ser.

TOQUE E APRENDA NAS TÉCNICAS DE JAZZ-BLUES Parte 9 Por Marcelo Fagundes

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Índice DICA TÉCNICA: Parte 3 - Por Mateus Schanoski

MATÉRIA DE CAPA: Stevie Wonder

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SOBRE OS SONS: Bandas geniais e seus instrumentos inusitados!

EDUCAÇÃO: Perspectivas profissionais dos bacharéis em piano

PERFIL: Mestre Camarão, Patrimônio Vivo de Pernambuco!

EVENTO: 45º Festival de Inverno de Campos do Jordão

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FALANDO SOBRE NOSSA MÚSICA - Parte 11

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PONTO DE ENCONTRO - por Luiz Bersou

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Em Ponto final, o jornalista Mikal Gilmore, um dos principais críticos norteamericanos de música popular, traça o perfil da geração que transformou os anos 1960 num mundo de sexo, drogas e Rock'n'Roll. O livro monta um painel diversificado da sociedade e da música nos Estados Unidos e na Inglaterra num período em que a influência da cultura jovem foi particularmente forte. Radical na arte e na vida, essa nova geração de músicos e escritores muda costumes, polariza a sociedade, tenta reinventar o mundo, e tudo isso é captado pelas antenas atentas do autor. A loucura hippie do Verão do Amor na Califórnia, a fulminante ascensão e queda de Jim Morrison, a Liverpool dos Beatles, o Pink Floyd na estrada - não há personagem ou evento relevante da época que tenha escapado ao olhar de Gilmore. Embora trabalhe com personagens emblemáticos, o autor consegue dizer algo de novo sobre cada um deles, proeza que se deve ao método de investigar a vida à luz da obra, e vice-versa, no melhor estilo do jornalismo cultural americano. Mesmo escrevendo como integrante do mundo que retrata em suas crônicas, do qual às vezes chega a ser personagem (quando Timothy Leary, doente terminal, transformou a própria morte num happening lisérgico, lá estava Gilmore ao lado do leito), Gilmore é, antes de tudo, um admirador crítico, cuja honestidade intelectual não lhe permite fugir de temas difíceis, como o fato de tantos heróis da época terem sucumbido às drogas. Sem um pingo de moralismo ou adjetivação vazia, Ponto final está repleto de narrativas sobre o lado sombrio dos astros do rock, alguns dos quais nunca voltaram da descida ao inferno.

Suas compras

LIVRO: PONTO FINAL AUTOR: MIKAL GILMORE EDITORA: COMPANHIA DAS LETRAS - 432 PÁGINAS


CRIATIVIDADE, improvisacão e o cérebro musical

Esquerdo Hemisfério

Neurociência

Eu sou o hemisfério esquerdo. Sou um cientista. Um matemático. Adoro o que reconheço. Eu classifico, sou exato, linear, analítico. Eu sou prático, estrategista. Sempre no controle. Um mestre das palavras e linguagem. Realista! Eu calculo equações e brinco com números. Eu sou a ordem. Sou lógico. Eu sei exatamente quem eu sou!

06 / Julho / 2014


A MÚSICA, POR SE TRATAR DE ALGO ARTÍSTICO É, GERALMENTE, TRADUZIDA COMO EXPRESSÃO DE CRIATIVIDADE!

Heloísa C. G. Fagundes

Direito Hemisfério

Eu sou o hemisfério direito. Sou a criatividade. Um espírito livre. Sou paixão, sou saudade. Sensualidade. Eu sou o som de gargalhadas. Eu sou o gosto. A sensação da areia nos pés descalços. Sou movimento. Cores vivas. Sou o anseio de pintar a tela em branco. Sou a imaginação sem limites. Arte. Poesia. Eu percebo. Eu sinto. Eu sou tudo o que eu queria ser.

07 / Julho / 2014


PRIMEIRAS CONSIDERAÇÕES Fotos: Divulgação

Ao trabalhar com jovens solistas de Jazz, Miles Davis disse certa vez: “Toque o que você ouvir, não o que você sabe”. Prática, expe-

riência e talento puro ensinaram Davis que um show espetacular ocorre quando as ideias entram na imaginação do músico e são desenvolvidas através de suas próprias improvisações, ao invés de ignoradas em favor de padrões impostos.

Grandes improvisadores da atualidade: Chick Corea e Bobby McFerrin.

Em termos simples, ninguém quer pagar e ouvir um desempenho artificial. Tanto que o fascínio que temos com a arte da criação momentânea e o valor que damos a ela continua a florescer. Artistas contemporâneos tão variados como os pianistas Keith Jarrett e Chick Corea, o vocalista Bobby McFerrin e o rapper Eminem ganham a vida improvisando e lotando casas de shows. O que nos leva para as principais questões subjacentes baseadas em trabalho teórico e empírico acerca da criatividade: O que é e como podemos realizá-la?

CONCEITOS Conceitos de criatividade e improvisação por vezes se confundem.

A criatividade é a capacidade de criar coisas novas, inventar, realizar obras originais que levam a marca de seus sentimentos, pensamentos e sua personalidade. E, como uma característica proeminente

Em meados de 1960, Bill Evans já argumentava sobre o tema ‘‘Criatividade Musical’’.

08 / Julho / 2014

da inteligência humana, a criatividade é uma atividade fundamental do processamento de informação humana. A principal diferença entre nosso cérebro e o de outros animais é a nossa capacidade de envolver-se em habilidades


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Toda criação pressupõe, em sua origem, uma espécie de apetite provocado pela antevisão da descoberta. Esse gosto antecipado do ato criativo acompanha a captação intuitiva de uma entidade desconhecida já possuída, mas ainda não inteligível, uma entidade que só tomará forma definitiva pela ação de uma técnica constantemente vigilante.

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– Ígor Fiódorovitch Stravinsky (1882 - 1971) compositor, pianista e maestro russo considerado, por muitos, um dos compositores mais importantes e influentes do século XX.

cognitivas como raciocínio, representação, associação, memória de trabalho e autorreflexão.

A improvisação pode ser entendida como uma fase de exploração e experimentação do músico, originando desafios que são especifícidades da prática criativa. A improvisação parte da audição e estabelece um relacionamento imediato entre as imagens auditivas e os mecanismos motores da performance. O processo de criação musical pode ser sistematizado em três etapas: improvisação (que abarcaria os processos de exploração, experimentação, seleção e ensaio); composição (que envolveria os processos de improvisação estruturada, estruturação performática e estruturação gráfica); e, por fim, a etapa de interpretação.

Encontram-se indícios de práticas criativas ligadas à improvisação em praticamente todos os períodos da história da música. Desde as improvisações vocais medievais, passando pelo baixo contínuo barroco até as cadências clássicas e românticas, sempre houve o lado da prática musical que dava vazão à capacidade criativa dos músicos na forma da criação no ato da execução. Tais manifestações musicais instantâneas vinham sempre integradas dentro de um universo estilístico e de um conjunto de regras em constante confronto e diálogo com a liberdade e a inventividade dos músicos improvisadores. Era isso o que Miles

Davis queria dizer: criação e improvisação não andam juntas com regras e padrões impostos. 09 / Julho / 2014


CRIATIVIDADE E OS HEMISFÉRIOS CEREBRAIS A literatura sobre criatividade e seus relacionados tópicos intuição, conhecimento especializado, resolução de problemas, realização e estudos de casos excepcionais é vasta, com perspectivas provenientes de campos tão diversos como filosofia, psicologia, ciência cognitiva, musicologia e história da arte. A neurociência da criatividade começou a abrigar interesse e pegar ritmo só muito recentemente. O mesmo aconteceu com pesquisas sobre a criatividade, do ponto de vista psicológico, sendo consideradas uma ciência jovem. Segundo estudos, as pessoas criativas discriminam dois aspectos: um relacionado a como o problema que está sendo trabalhado é subitamente percebido sob um novo ângulo e, o outro, referente à elaboração, confirmação e comunicação da ideia original. Identificam-se, portanto, dois padrões de pensamento distintos – um deles capaz de reestruturar conceitos e, o outro, de avaliá-los. Tais pensamentos ocorrem em partes distintas do cérebro: o primeiro no hemisfério direito e, o segundo, no esquerdo. Cada hemisfério cerebral tem sua especialidade: o esquerdo seria mais eficiente nos processos de pensamento descrito como verbais, lógicos e analíticos, enquanto o hemisfério direito, seria especializado em padrões de pensamento que enfatizam percepção, síntese e o rearranjo geral de ideias. 10 / Julho / 2014

Para a criatividade musical e artística, o hemisfério direito seria especialmente importante, facilitando o uso de metáforas, intuição e outros processos geralmente relacionados à criação. Há que se considerar, entretanto, o papel fundamental do hemisfério esquerdo em avaliar a adequação do que foi intuído – se a ideia atende aos requisitos da situação. Os estudos relacionados à neurociência da criatividade apontam, até agora, que não há apenas uma área ou um único processo ligado à criatividade musical. Ou seja, o que há por trás do que consideramos “inspiração” não é uma explosão de aleatoriedade e caos, mas uma série coordenada de processos cognitivos corriqueiros. Bill Evans (aqui com Miles Davis): ‘‘A improvisação é a maior prova da criatividade adquirida com anos de dedicação ao estudo musical’’.


Assista Bob McFerrin, músico excepcional, direcionando o público em uma demonstração criativa do poder da escala pentatônica no World Science Festival ( F e s t i va l M u n d i a l d a C i ê n c i a ) d e 2 0 0 9 .

Fotos: Divulgação

Para finalizar nosso tema tão interessante, fiquemos com dois vídeos espetaculares. O primeiro, é um documentário genial da década de 60 com o legendário pianista Bill Evans, que levantava uma enorme placa escrita “Eu já sabia!” para as informações recém-descobertas pela neurociência, já naquela época. O segundo traz, de maneira criativa, o músico Bobby McFerrin direcionando o público em uma demonstração do poder da escala pentatônica no World Science Festival (Festival Mundial da Ciência) de 2009, intitulado Notes Neurons: In Search of the Common Chorus. Assista e mande seu comentário para contato@keyboard.art.br

Assista ao documentário ‘‘O Processo Criativo e a Autoaprendizagem’’, com Bill Evans. Legendas em espanhol.

3523/ /Abril Maio/ /2014 2014


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TECLADO VOLUMES 1, 2, 3 e 4 AUTOR: PROF. maestro Marcelo Fagundes Da Redação

Análise

Disponíveis no site: www.keyboard.art.br A coleção completa em 4 volumes do Método Prático para Teclado, possui

intuito de colocar o estudante em contato com os mais variados gêneros musicais.

cerca de 120 páginas cada livro, e acom-

A coleção fartamente ilustrada,

panha um CD de áudio para os mesmos.

com esquemas explicativos e escrita

Nos métodos para teclado são colocados

numa linguagem extremamente dinâ-

todos os conceitos da escrita musical

mica e de fácil compreensão, torna pos-

formal utilizada internacionalmente e a

sível o atalho para o desenvolvimento

forma correta de interpretar partituras,

musical mais rápido e dinâmico.

ou seja, a forma pela qual os músicos de todo o mundo escrevem e lêem música.

Tudo o que é necessário saber para interpretar partituras cifradas está

Em cada livro é apresentado uma

explanado da forma mais simples

fase de desenvolvimento, com um

possível, além de muitos outros aspectos

repertório de apoio atualizado e comple-

importantes como, por exemplo: escalas,

to, contendo músicas de sucesso

intervalos, harmonia, formação de acor-

nacionais e internacionais, incluindo

des e suas inversões, interpretação de

algumas peças do próprio autor, criadas

cifras, improvisações, arranjos, etc.

com objetivos didáticos.

Com o apoio do CD de áudio, é

O repertório eclético, composto

possível verificar a execução das lições

por dezenas de partituras, que vão desde

práticas e, progressivamente, desenvol-

temas de filmes, MPB, clássicos, serta-

ver a habilidade musical.

nejo, internacionais entre outras, tem o

12 / Julho / 2014



Matéria de Capa

De criança prodígio a gênio multiinstrumental – a lenda viva

14 / Julho / 2014


STEVIE WONDER TEM UMA CARREIRA ILUMINADA. SEJA COMO CANTOR, C O M P O S I T O R , I N S T R U M E N T I S TA , PERFORMER OU ATRAVÉS DE SEUS COMPROMISSOS HUMANITÁRIOS. José Cunha

15 / Julho / 2014


evoluiu de criança prodígio ou superestrelato marcando uma série de enormes sucessos, sendo cercado por alguns dos melhores professores na história da música Pop: Smokey Robinson e Diana Ross. E, com uma série progressiva de sucessos envolvendo mais e mais suas habilidades de escrita, musicalidade e produção, Wonder construiu uma base sólida para, aos 21, separar-se da gravadora Motown, tornando-se independente. Assista a Little Stevie Wonder aos 14 anos de idade, em 1964.

Steveland Hardaway Judkins, mais conhecido como Stevie Wonder nasceu prematuro em 13 de maio de 1950 e precisou ser colocado em uma incubadora. No entanto, o excesso de oxigênio resultou na cicatrização e descolamento de sua retina levando a uma condição conhecida como Retinopatia da Prematuridade. Mesmo totalmente cego e, antes de atingir a adolescência, Wonder já demonstrava seu amor pela música. Participava do coral na igreja local cantando e dominando o piano, a gaita, a bateria e o baixo. Aos onze anos de idade, Stevie deixou o fundador da Motown Records, Berry Gordy, sem palavras ao realizar um teste para a gravadora. Durante os anos 60, sob o controle da gravadora Motown, Little Stevie, como era conhecido, 16 / Julho / 2014

Ao exigir o controle artístico completo para criar e produzir suas próprias músicas, no início dos anos 1970, Stevie tornou-se pioneiro no uso de sintetizadores, incorporando perfeitamente sons eletrônicos com sons acústicos. Este empreendimento influenciou extremamente a cara da música popular e do desenvolvimento de gêneros musicais eletrônicos. Os resultados da fusão da música eletrônica e acústica com ritmos e melodias Stevie é vencedor de 25 prêmios Grammy, um prêmio honorário, um Globo de Ouro e um Oscar.


Stevie Wonder é, sem dúvida, uma das grandes personalidades da história da música. Sua presença vocal poderosamente expressiva, juntamente com a sua elegância musical, o torna uma pessoal irresistível.

COMPROMISSO HUMANITÁRIO Por trás da cena musical, Wonder tem um compromisso humanitário que muitos não conhecem como a luta contra a discriminação racial, a angariação de fundos para pesquisas de cura para a AIDS, arrecadação de brinquedos e fundos para crianças menos favorecidas das instituições de crianças com câncer e para a caridade. Além de ganhar, através das Nações Unidas, os direitos para publicar trabalhos com direitos autorais em formatos acessíveis para deficientes visuais do mundo todo. (1) Assista Get Lucky com Stevie Wonder tocando harpejji com Pharrell, Daft Punk e Nile Rodgers. (2) Stevie Wonder canta Garota de Ipanema no Rock in Rio 2011 no Brasil.

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Fotos: Divulgação

únicas, cobertas com letras pungentes fez de Wonder uma figura absolutamente central na música moderna. A longevidade de sua música é tão evidente que ele ganhou o respeito da indústria do entretenimento, fazendo parte de inúmeros filmes. Outra façanha foi ser introduzido no Hall da Fama do Rock and Roll em 1989, como o mais jovem artista solo. Em recente entrevista ao jornal inglês The Guardian Wonder diz gostar de Frank Ocean (membro do ultra-violento grupo de Rap californiano Odd Future e autor de um dos mais belos álbuns recentes: “Channel Orange”), que sempre está experimentando novos ritmos e instrumentos como o harpejji e feliz em retornar às turnês mundiais (sua última vinda ao Brasil foi às vésperas da festa de Ano Novo, no Rio de Janeiro, reunindo 500 mil pessoas na Praia de Copacabana em um show de quase quatro horas, junto a Gilberto Gil).

PARA CONHECER MAIS SOBRE STEVIE WONDER ACESSE:

ou www.steviewonder.net 17 / Julho / 2014


A MÚSICA e sua importância na evangelização do SER A ARTE É DOM DE DEUS E A MÚSICA, POR ATINGIR A ALMA HUMANA, É COLOCADA A SERVIÇO DA FÉ E DA EVANGELIZAÇÃO ATRAVÉS DA IGREJA.

Música e Espírito

Júnior Rodrigues A música procura levar uma mensagem que é absorvida pelo ser humano através das emoções e é entendida, de maneira geral, como uma linguagem universal, um meio de comunicação entre pessoas e povos, uma forma de expressão da sensibilidade humana. Uma forma de diálogo que aproxima as pessoas. Desde tempos remotos, a ação evangelizadora da Igreja tem a música como um grande auxílio na sua missão, favorecendo a fé em Deus: Lutero usou a música popular de sua época para comunicar o evangelho; Davi considerou a realidade hebraica no ministério musical e da adoração; Santo Agostinho, um dos pais da Igreja, foi influenciado pela escuta dos salmos e hinos das celebrações eucarísticas presidida por Santo Ambrósio, homem de grande sensibilidade musical, no período da sua conversão ao Cristianismo. A ciência da musicoterapia aponta inúmeras vantagens que justificam a

adoção da música como ferramenta valiosa no contexto da evangelização. Dentre elas: atenua a inércia, acalma a ansiedade e as tensões, libera a raiva, eleva os sentimentos, concentra o pensamento, enriquece amizades, fortalece o caráter e expande a consciência em Deus. No mundo de constante violência em que vivemos, esse é um dos papéis fundamentais da Igreja, ao utilizar a música como meio de evangelização: tornar o homem sensível para o entendimento do Evangelho, educando o Espírito e a mente, direcionando o homem para o Bem.

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Quem tem o dom do canto pode fazer cantar o coração de tantas pessoas nas celebrações litúrgicas. Pela música, recebemos a Palavra com os sentidos e com o Espírito!

– Bento XVI (foi Papa católico de 2005 à 2013).

Batismo de Santo Agostinho, afresco de Benozzo Gozzoli.

18 / Julho / 2014



Mestre

Camarão Patrimônio Vivo de Pernambuco!

COMEMORANDO AINDA AS FESTAS JUNINAS E JULINAS, VAMOS CONHECER UM POUCO SOBRE O MESTRE CAMARÃO – APADRINHADO POR LUIZ GONZAGA E AMIGO DE DOMINGUINHOS.

Reginaldo Alves Ferreira, mais teclado, e uma de suas bandas desta fase conhecido como Mestre Camarão nasfoi a Los Marines, com quem chegou a ceu em Fazendo Velha, no município de gravar um disco. “Naquela época, tocávaBrejo da Madre de Deus, agreste mos muito em bailes, tanto no interior, como pernambucano, em 23 de junho – nas capitais”, conta o sanfoneiro. véspera de São João. Talvez este seja o Entretanto, o marco dessa história motivo por sua foi aos 18 anos, quando estrela abrilhantar conheceu Luiz Gonzaga. o período junino. O que falta nos dias atuais “Eu trabalhava na Rádio Acordeonisé vontade de ensinar e de Jornal do Commércio, em ta de primeira, sua aprender com os antigos, Caruaru, e ele me ouviu geração deixou de se aprimorar. tocando com uma banda de uma marca prometais. Já o admirava, – Mestre Camarão. funda na música mesmo antes de conhecê-lo popular brasileira, e, por estarmos no mesmo mostrando para o Brasil e, para o mundo, meio, a amizade fluiu mais facilmente”, a simplicidade complexa do Forró. lembra Camarão. Foi observando o pai, Antônio Apadrinhado pelo Rei do Baião, o Neto, que Camarão aprendeu o ofício. sanfoneiro conta que Gonzagão colocava Desde menino, seu interesse sempre foi os músicos que ele achava promissores pela sanfona e outros instrumentos de 'embaixo da asa' e que a sombra de Luiz fole. Porém, houve um período em tocou Gonzaga é tão grande e forte que até hoje

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20 / Julho / 2014

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Perfil

Carol Dantas


Mestre Camarão e o saudoso Dominguinhos. Fotos: Divulgação

as festas usam o nome dele. Em 1961, a convite do então prefeito de Brasília, Paulo de Tarso, Camarão e mestre Vitalino representaram Pernambuco no aniversário do Distrito Federal. No período, fizeram uma turnê pelas cidades satélites da capital federal. O mestre sanfoneiro conta que, durante a viagem, o engraçado era a reação das pessoas que estavam a tanto tempo longe de casa, que sentiam como se fossem vizinhos dos representantes do seu Estado de origem. Contemporâneo de Dominguinhos, Arlindo dos 8 baixos e outros grandes acordeonistas, Camarão toca de tudo com sua sanfona: Xote, Xaxado, Baião, Forró e Frevo. E mantém, na frente de casa, a Escola Acordeão de Ouro – para os sanfoneiros que querem aprimorar sua técnica, perdendo as contas de quantos músicos já passaram por ali. Dentre esses alunos está Cezzinha que fala sobre o mestre: “Fui criado ouvindo os discos dele, que sempre incluiu os metais e o Frevo em seu repertório. Eu tive a honra de ser amigo, conviver e estudar com Mestre Camarão. Ele é muito importante para a sanfona e ainda tem muito o que ensinar”. Outro aluno aplicado é seu filho Salatiel, que é cantor. Pai e filho já tiveram a oportunidade de se apresentar juntos inúmeras vezes. Sobre o filho, Camarão conta que “É um dos maiores batalhadores que conheço. Baterista, cantor, aluno”. O acordeonista mostra estar indignado apenas quando o assunto é a falta de organização da classe e do egoísmo de muitos músicos, que não ajudam os mais novos ou os menos conhecidos. “O que falta nos dias atuais é

Mestre Camarão: Patrimônio Vivo de Pernambuco!

vontade de ensinar e de aprender com os antigos, de se aprimorar”, lamenta o mestre. Em maio de 2002, Camarão recebeu o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, através da Lei Estadual n° 12.196.

FONTE: www.saojoao.leiaja.com

21 / Julho / 2014


Toque e Aprenda

Continuação

09 Aprenda ou melhore seu desempenho nas técnicas do Maestro Marcelo Fagundes

Estilo - Jazz - Rock / Fusion / Jazz Contemporâneo (1960-70 até a atualidade)

Para terminarmos esse estilo, falaremos de alguns expoentes (que utilizam também as teclas) entre brasileiros e estrangeiros admirados no mundo todo.

Jazz - Blues Aos 78 anos de idade e reconhecido internacionalmente, o brasileiro Hermeto Pascoal é conhecido como “o bruxo” ou “o mago”. Considerado por boa parte dos músicos, como um dos maiores gênios em atividade na música mundial, além de compositor e arranjador, Hermeto é poliinstrumentista (toca acordeom, flauta, piano, saxofone, trompete, bateria, bombardino, escaleta, violão e diversos outros instrumentos musicais). Famoso por sua capacidade de extrair música boa de qualquer coisa, desde chaleiras, brinquedos de plástico, barrigas de porco vivo, abelhas e sons da natureza.

O multiinstrumentista (toca flauta, clarinete, violão, sintetizador e piano), compositor, cantor e arranjador brasileiro Egberto Amin Gismonti é, certamente, dono de uma das obras mais vastas e coerentes dentro da música brasileira. Aos 66 anos de idade é considerado um virtuoso da música instrumental, destacando-se pela sua capacidade de experimentação que o fez ser levado a procurar refúgio em selos europeus, pelos quais lançou vários álbuns, tornando-se um grande sucesso, especialmente na Europa. A música de Egberto Gismonti abrange uma vasta gama de paletas sonoras, texturas, dialetos musicais e estados de espírito. Pode soar grandiosa ou introspectiva, dramática ou lúdica, nostálgica ou futurista, brasileira ou oriental. Suas composições são concebidas para os mais variados efetivos instrumentais, desde o violão solo até a orquestra sinfônica, passando pelos instrumentos étnicos e os teclados eletrônicos.

22 / Julho / 2014


Estilo - Jazz - Rock / Fusion / Jazz Contemporâneo Grosso modo, poderíamos situar os pianistas surgidos no Jazz, a partir dos anos 60, num aspecto que tem num dos pólos Keith Jarrett e, no outro, Chick Corea. Jarrett tem preferência por tocar como solista ou em pequenas formações e, ao contrário de Chick Corea, nunca abandona o som acústico. Além de compositor e pianista, o indiscutível mestre do piano jazzístico contemporâneo norteamericano Jarret, de 69 anos, também toca cravo, clavicórdio, órgão, saxofone soprano, bateria e outros instrumentos musicais. Suas técnicas de improvisação conjugam o Jazz a outros gêneros e estilos, como a música Erudita, o Blues, o Gospel e outros. O fato de Jarrett propor várias de suas execuções como improvisos livres tem um lado simpático, na medida em que cada peça é única, não só na "interpretação" (o que, de resto, ocorre com todo o Jazz), mas na própria concepção da peça, que acaba sendo resultado irrepetível de um lugar, um momento e uma plateia específica.

Herbert Jeffrey Hancock, juntamente com Chick Corea e Keith Jarrett, forma o triunvirato dos pianistas mais influentes da era pós-Bill Evans. De estilo camaleônico, o pianista e compositor norteamericano, de 74 anos de idade, é considerado um dos mais ousados experimentadores do Jazz, além de ser o pioneiro do Funk eletrônico, do Hip-Hop e da música eletrônica.

Chick Corea é, sem dúvida, um dos mais versáteis nas técnicas pianísticas da atualidade. Aos 73 anos de idade, o compositor norteamericano Armando Anthony "Chick" Corea tem um estilo multifacetado, adaptando-se aos diferentes tipos de instrumento que utiliza - piano acústico, piano elétrico, teclados portáteis de tessitura reduzida e sintetizadores com muitos recursos. Corea é bastante conhecido por seu trabalho no gênero chamado Jazz Fusion, apesar de ter contribuições significativas para o jazz tradicional, além de ter participado da criação do movimento Electric Fusion. Entre os pianistas de Jazz, Corea é considerado um dos mais influentes, desde Bill Evans (junto com Herbie Hancock, McCoy Tyner e Keith Jarrett). Numa tentativa de fazer um balanço da carreira de Corea, duas constatações, de caráter geral, são certas: primeiro, independente do estilo que estiver adotando num dado momento, ele sempre se cerca de músicos altamente competentes. Segundo, quer se esteja junto com aqueles que preferem o seu lado mainstream, quer com aqueles que preferem o lado fusion, a obra de Chick Corea é tão extensa e bem desenvolvida que inclui material mais do que suficiente para agradar fãs de ambos os lados.

Em nossa primeira coluna, vimos que o Jazz e o Blues são tão interligados que é impossível traçar uma linha divisória entre eles. Pudemos entender um pouquinho que, ao mesclá-los, fundiram-se criando estilos maravilhosos ao longo dos tempos! 23 / Julho / 2014


O OVO - Hermeto Pascoal e Geraldo Vandré

Fotos: Divulgação

(Baião)

(...Continua na próxima Revista Keyboard Brasil).

*Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (Associação Brasileira de Música). 24 / Abril / 2014



45º

FE TIVA

DE INVERNO

Evento

CAMPOS DO JORDÃO

EM MAIS DE 40 ANOS DE HISTÓRIA, O FESTIVAL INTERNACIONAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO SE CONSOLIDOU COMO O MAIOR E MAIS IMPORTANTE FESTIVAL DE MÚSICA CLÁSSICA DA AMÉRICA LATINA. A 45ª EDIÇÃO DO EVENTO ACONTECERÁ ENTRE OS DIAS 05 E 27 DE JULHO. Carol Dantas

26 / Julho / 2014


Assista aos comentários dos professores de piano Gilberto Tinetti e Pedro Burmester e dos bolsistas sobre o Festival de Inverno de Campos do Jordão.

Fotos: Divulgação

Conhecido e respeitado internacionalmente, o Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão é passagem obrigatória de conceituados artistas de todo o mundo. Ao longo de sua história, nomes do porte de Eleazar de Carvalho, Magda Tagliaferro, Yehudi Menuhin, Hugh Ross, Mstislav Rostropovich, Michel Philippot, Kurt Masur, Dame Kiri Te Kanawa, Trio Beaux Arts, Ysaÿe Quartet e Le Poème Harmonique, entre muitos outros, brilharam nos palcos e classes do Festival. Nas mais recentes edições, fizeram parte da programação os regentes Marin Alsop, Carlos Kalmar, Cláudio Cruz, Giancarlo Guerrero, entre outros; os pianistas Nelson Freire, Ewa Kupiec e Nelson Goerner, o trompetista Ole Edvard Antonsen, os violoncelistas Antonio Meneses e Johannes Moser, os violinistas Boris Brovtsyn, Sarah Chang, Hagai Shaham, além de grupos como Aulus Trio, Trio Smetana e muito mais. Além da apresentação em concertos, esses grandes artistas também fazem parte da programação pedagógica do Festival, dando aulas e masterclasses a jovens músicos. Anualmente, estudantes de música de diferentes partes do mundo - sobretudo do Brasil, América Latina e América do Norte - escolhem o Festival de Campos do Jordão para se aperfeiçoarem. Renomados artistas brasileiros foram bolsistas do Festival de Campos do Jordão em edições anteriores, e reconhecem a sua importância no caminho para a profissionalização de jovens músicos.

Assista ao pianista Nelson Freire tocando as Bachianas Brasileiras nº 4 Prelude (Villa-Lobos) no Festival de Inverno de Campos do Jordão.

Hoje, o Festival tem público direto de dezenas de milhares de pessoas. Por seus palcos passam mais de 3 mil artistas, e suas aulas são ministradas por mais de uma centena de músicos do primeiro escalão mundial. O Festival de Campos do Jordão é uma realização do Governo de Estado de São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Osesp.

NOTA: Para esse ano e, até agora, a programação do evento ainda não foi divulgada.

27 / Julho / 2014


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Exercícios para Solos de Rock, Pop, Metal e - Parte 3 Progressivo

Dica Técnica

* Mateus Schanoski

Bem vindos à nossa terceira aula. Se você é novo por aqui, é importante que leia e estude as aulas anteriores nas edições de maio e junho. Na aula anterior, trabalhamos os grupos rítmicos básicos. Nesta aula, vamos usar os mesmos grupos rítmicos com diferentes acentuações, não só na primeira nota de cada grupo. Assim, você terá possibilidades, swings diferentes e trabalhará melhor sua técnica. Para este primeiro exercício, vamos começar com a tercina. Então, vamos cantar. Marque a pulsação com o metrônomo e comece lento. Cante: 1-2-3 várias vezes seguidas, cantando mais forte o numeral 1 que está em destaque, dessa forma: 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3... Agora, cante mais forte, na mesma rítmica, o número 2: 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3... E, por fim, o número 3: 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3... Vamos misturar essas acentuações: 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3, 1-2-3...

28 / Julho / 2014

Assista ao vídeo clicando no link e faça esse exercício cantando, junto comigo:

Agora vamos tocar esse exercício usando a escala de Am, mas é importante que você também estude em todas as escalas da primeira aula (edição de maio). Usaremos apenas nossos dedos mais fortes 1, 2 e 3. É importante usar a sensibilidade do seu teclado mas, também, fica muito interessante com um timbre de Synth Lead usando aftertouch. A acentuação na partitura é representada pelo símbolo “>”. Então, a nota que tiver o símbolo acima deve ser tocada mais forte. Para se ter maior efeito e controle, pense ao contrário: as notas sem acento, toque mais leve. Na última parte do exercício, usaremos essas variações de acentuação em toda a escala de Am. Para terminar, na última nota que é uma semínima, use o controle de modulation do seu teclado. Bons estudos e divirta-se!


Aula 3

Mateus Schanoski

* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. CONTATOS DE MATEUS SCHANOSKI:

www.espacojam.com 29 / Julho / 2014


Bandas geniais e seus instrumentos inusitados ARTISTAS CRIATIVOS QUEBRAM AS REGRAS DE MANEIRA FENOMENAL E CRIAM MÚSICA COM A PRESENÇA DE INSTRUMENTOS INUSITADOS E RITMOS EXÓTICOS.

Sobre os sons

José Cunha

30 / Julho / 2014

Devotchka


Rock lembra agressividade, revolta, quebra de tabus e de regras. A galera a seguir sabe fazer poesia enquanto toca e quebra as regras de forma fenomenal. Não somente pela

Um dos fatores interessantes da banda DeVotchKa é a mistura de vários gêneros, como mariachi, romana, ritmos gregos, ciganos, eslavos, sulamericanos e o bolero, formando um ritmo singular com instrumentos inusitados como acordeom, violino, tuba, bazouki, sousafone, violoncelo entre outros. Formada por um quarteto multiinstrumentista de Denver, Colorado (EUA), há 17 anos na estrada, os músicos Nick Urata (vocais, theremin, guitarra, violão, bazouki, piano e trompete), Tom Hagerman (violino, arcordeom e piano), Janie Schroder (vocais, sousafone e violoncelo) e Shawn King (percussão e trompete), tornaram-se conhecidos quando foram escolhidos para compor a trilha sonora do sucesso de bilheteria Pequena Miss Sunshine, em 2006, com a música “Little Miss Sunshine”. Em consequência, foram indicados ao Grammy e ao Oscar. Muitos não sabem, mas anterior ao reconhecimento, a banda fazia turnês em shows burlescos (os mais notáveis, com certeza, eram realizados com a artista Dita von Teese).

Pequena Miss Sunshine (2006) foi aclamado pela crítica e indicado a quatro Oscars, vencendo como melhor roteiro original e melhor ator coadjuvante. O filme também venceu o Independent Spirit Award de melhor filme além de vários outros prêmios. Ouça a trilha sonora de ‘‘Little Miss Sunshine’’ composta por Michael Danna e a banda Devotchka.

A banda DeVotchKa e seu vocalista Urata (terceiro da esquerda para a direita) percorreram um longo caminho até alcançarem o sucesso atual. Assista ao clipe ‘‘The Man from San Sebastian’’.

Fotos: Divulgação

música, mas às vezes pelo visual ou pela presença de instrumentos que o velho e bom rock'n'roll não admitiria anos atrás. Nessa turma, a guitarra é apenas coadjuvante. Aqui imperam artistas maduros e criativos que utilizam instrumentos inusitados e ritmos exóticos. Vamos conhecê-los?

A norteamericana Dita Von Teese é responsável pela reinvenção da estética pin-up dos anos 40 e 50 e do termo ‘‘burlesco’’ associado à arte ancestral do strip-tease, protagonista de espetáculos que incluem banhos num copo de martini gigante. Clique e assista.

31 / Julho / 2014


Beirut

Alguns a consideram uma banda irmã do Devotchka no sentido de que se você conhece uma, tem que conhecer e gostar da outra, apesar dos sons não serem tão parecidos. O Beirut é melancólico de forma diferente, talvez mais suave e menos pungente do que a banda de Nick Urata, possivelmente porque o vocalista e líder, Zach Condon, possui uma bela e aveludada voz cujo timbre lembra a de Jim Morrison (The Doors). A banda, com absoluta ausência de guitarra, também possui influências do leste europeu (mesmo o vocalista tendo nascido em Santa Fé, Novo México). A marca registrada do Beirut é o ukelele, instrumento tocado por Zach em quase todos os temas. Porém, a banda também utiliza acordeom, órgão, metais e cordas dedilhadas exóticas. São bandas diferenciadas como estas que todos precisam conhecer! NOTA: Que tal mandar a sua sugestão para

contato@keyboard.art.br

?

Fotos: Divulgação

Ouça a inebriante “Elephant Gun”.

32 / Julho / 2014

Ouça ‘‘Vagabond’’.



Educação

DOS BACHAREIS EM PIANO A ESCOLHA PROFISSIONAL DOS PIANISTAS REFLETE SUA IDENTIFICAÇÃO COM A MÚSICA E O DESEJO DE CONTINUAR SUA FORMAÇÃO MUSICAL, EVIDENCIANDO O PRAZER EM TOCAR. O ESTUDO ERUDITO, COMO PARTE DA EDUCAÇÃO DADA AOS PIANISTAS, É FUNDAMENTAL PARA A PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA ARTÍSTICA DA SOCIEDADE, POIS TRABALHA COM O REPERTÓRIO DE TODAS AS ÉPOCAS, ESTABELECENDO UM DIÁLOGO ENTRE A MEMÓRIA – PASSADO E PRESENTE. PORÉM, SER BACHAREL EM PIANO, NOS DIAS DE HOJE, É SER UM PROFISSIONAL VERSÁTIL, QUE ATUA EM DIVERSAS ÁREAS ALÉM DE SUA HABILITAÇÃO. POR ISSO, TORNA-SE NECESSÁRIO ADICIONAR CONHECIMENTOS QUE AMPLIEM OS HORIZONTES DO CURSO, VISANDO À FORMAÇÃO DE PIANISTAS DOS MAIS VARIADOS PERFIS. MUITAS SÃO AS OPORTUNIDADES DE TRABALHO PARA O BACHAREL EM PIANO, MAS É PRECISO TER EM MENTE QUE QUEM ESCOLHE ESSA CARREIRA, DEVERÁ ESTUDAR, SE APERFEIÇOAR PARA O RESTO DA VIDA, SEMPRE. * Baseado no texto “Perspectivas profissionais dos bacharéis em piano”, escrito por Daniel Lemos Cerqueira para Revista eletrônica de musicologia - Volume XIII Janeiro de 2010. 34 / Julho / 2014


O piano é um instrumento musical de fundamental importância para a música. É detentor de um repertório incontável, sendo contemplado por importantes compositores da música erudita ocidental com peças para solo, câmara e concertos, além de peças

provindas da música popular. Se considerarmos suas peculiaridades idiomáticas, é possível adicionar a seu repertório, arranjos e transcrições de obras escritas para outras formações, graças às suas possibilidades anatômicas, de tessitura e combinações de elementos musicais.

EXPLORANDO O INSTRUMENTO O piano foi alvo de exploração comercial pela indústria do entretenimento, com a finalidade de obter lucros a partir de sua significação cultural. Cons-

trutores de pianos criaram a turnê do pianista virtuose, enquanto seus publicitários desenvolveram a editoração musical, ditando o repertório que os pianistas apresentavam. Dessa forma, o piano foi transformado em um símbolo de

comportamento e distinção social. Logo, questões sociológicas, culturais e comerciais tem influência direta sobre a vivência de um pianista. Como sua formação baseia-se na aquisição das habilidades necessárias para a prática do instrumento, tais influências podem não ser questionadas. Contudo, é necessário observá-las para que hajam conclusões mais concretas a respeito do bacharelado em piano.

BREVE HISTÓRIA DO PIANO A invenção do piano é atribuída ao italiano Bartolomeo Cristofori (16551732), construtor de instrumentos musicais, sendo o primeiro modelo construído em 1700. Curiosamente, não é possível atribuir a alguém o nascimento de outros instrumentos como o violino, por exemplo. Tal fato se deve à preocupação de Cristofori com a divulgação de seu trabalho. Tanto que escreveu um artigo em Viena comunicando detalhes sobre sua invenção. Uma das características do piano é a complexidade de sua construção, fator

Criado em Florença, no ano de 1722 por Bartolomeo Cristofori, este piano encontra-se no Museo degli Strumenti Mausicali, em Roma.

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máquina mais simples que podia ser produzida a baixos custos, levando o piano a ser o principal instrumento para uso profissional e doméstico na Europa desde o final do século XVIII. Assim, houve o surgimento do “piano público” (das salas de concerto) e do “piano doméstico” (acessível aos amadores). Criado por Johannes Zumpe, o Square Piano acima é de 1766.

que influencia diretamente o custo de sua produção e, naturalmente, a acessibilidade social. Assim, uma estratégia de publicidade adotada por Cristofori foi conquistar nobres e intelectuais, disseminando a presença do instrumento na sociedade. Mais tarde, em 1766, Johannes Zumpe, construtor inglês, elaborou uma

Com a crescente popularidade do instrumento, várias obras lhe foram destinadas, além de aumentar o comércio de partituras. Dessa maneira, o piano conquistou definitivamente seu espaço na cultura Ocidental, tornando-se presença necessária no lar e nas salas de concerto. Estas questões certamente contribuíram para o aumento de seu repertório, visado por compositores de todos os períodos seguintes.

O PRIMEIRO VIRTUOSE E SEUS CONHECIMENTOS Muzio Clementi: tanto sua técnica pianística quanto composicional foram estudadas por Ludwig van Beethoven. Clementi também chegou a disputar um duelo pianístico contra ninguém menos que Wolfgang Amadeus Mozart, que o considerou um mera ‘‘maravilha mecânica’’.

Muzio Clementi (1752-1832), pianista italiano, foi o primeiro “virtuose” da história do piano, no sentido tradicional do termo. Além de instrumentista e compositor, deixou diversos trabalhos pedagógicos sobre a técnica pianística. A partir de suas experiências, Clementi lançou diversos métodos de piano, conquistando projeção no mercado de editoração musical. Ainda, tornou-se vendedor de pianos a partir de 1802, realizando uma parceria com construtores que usufruíam de sua reputação como virtuoso. Sendo assim, Clementi pode ser

considerado um músico eficiente, pois não se dedicava apenas à execução do instrumento, mas à composição e ao 36 / Julho / 2014


ensino, além de estar atento ao movimento econômico e social que permitia o exercício de sua profissão. Logo, é interessante perceber que, a exemplo de Clementi, para ser um pianista não bastava se dedicar apenas ao estudo do instrumento. Era necessário

construir um espaço para inserção de seu trabalho na sociedade, atuando também como professor, escritor, administrador e publicitário. Transpondo este fato aos dias de hoje, percebemos que os cursos de bacharelado em piano da atualidade carecem de melhor orientação nesse sentido.

O PIANO NO BRASIL

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A presença do piano no país dependia, em princípio, dos investimentos da elite, pois os instrumentos eram importados.

Transporte de um piano no Rio de Janeiro por Auguste François Biard, datado de 1862.

O apreço pela cultura pianística nasceu juntamente com o país, no período próximo à sua independência. A prática da música sacra em igrejas e capelas, principal ambiente de produção musical até então, perdeu espaço para novas propostas musicais que chegavam da Europa, principalmente após o retorno de Dom João VI a Portugal. O ideal liberal disseminado neste período propiciou a entrada do piano na cultura, instrumento

símbolo de uma burguesia que buscava afirmação na sociedade. Em 1833 surgiu no Brasil a Sociedade Beneficência Musical – primeira organização política brasileira em defesa da classe dos músicos, criada pelo compositor, maestro e professor Francisco Manuel da Silva¹ (1795-1865) e que funcio-nou até 1890. Em 1841, Francisco Manuel da Silva fundou o Imperial Conservatório

¹Aluno do padre José Maurício Nunes Garcia e de Sigismund von Neukomm, Francisco Manuel da Silva aprendeu violino, violoncelo, órgão, piano e composição. Foi nomeado pelo príncipe Dom Pedro, a diretor musical da Capela Real. Tornou-se célebre como autor da melodia do Hino Nacional Brasileiro. 37 / Julho / 2014


1 de Música do Rio de Janeiro – primeira instituição nacional dedicada ao ensino formal de Música (atual Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ). Assim, as conquistas de Silva foram essenciais para a profissionalização dos músicos no país, que agora dispunham de uma escola à imagem do então moderno Conservatório de Paris.

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(1) Assista ao aluno Gabriel Otsuka ganhador do 2º lugar no XXII Concurso de Piano do Conservatório e Faculdade Souza Lima. (2) Assista ao documentário realizado pela TV Cultura sobre Magdalena Tagliaferro. (3) Assista ao trecho do documentário sobre Guiomar Novaes, a pianista brasileira que encantou Debussy, seguida da apresentação ao piano de José Henrique Vargas com Valsa em Dó# menor Opus 64 no 2, de Chopin.

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No início do século XX, com a entrada de capital no país devido à atividade cafeeira, houve uma melhora no padrão de vida da classe média, que passou a adquirir pianos. Assim, a presença deste instrumento na sociedade motivou a demanda por profissionais, abrindo portas para o professor particular, criação de lojas de música e organização de saraus, recitais e concertos. Nesta época, o ensino de piano era um elemento prioritariamente atribuído à educação feminina, providenciando prestígio social com a aquisição de um diploma provindo de instituição renomada. Ainda, poderia ser um recurso extra para dotes matrimoniais, contribuindo para a renda familiar através de aulas. Logo, o instrumento tornou-se um elemento de diferenciação social, com sua prática relacionada a classes sociais materialmente ricas e politicamente privilegiadas. Inúmeros pianistas internacionais passaram a se apresentar no Brasil contando com um público numeroso e interessado. E, pela primeira vez, o piano atingiu seu momento de maior reconhecimento no país, graças à carreira internacional das pianistas Guiomar Novaes (1896-1979) e Magda Tagliaferro (1893-1991). A repercussão de seu sucesso incentivou muitos jovens a estudar o instrumento, e esta demanda incentivou a criação de conservatórios em todo o país. Dessa forma, o piano tornou-se o instrumento mais presente nessas instituições.


IDEAIS DAS INSTITUIÇÕES TRADICIONAIS Para compreendermos a natureza do bacharelado em piano da atualidade, é necessário recorrer à formação pianística dos conservatórios, pois estes providenciaram a base dos cursos de piano na maioria das instituições de ensino superior da atualidade. Vários

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– GORDON, Stewart. Etudes for Piano Teachers. Nova York: Oxford University Press, 1995.

Fotos: Divulgação

departamentos e escolas de música provêm de conservatórios comprados por universidades. Historicamente, a proposta pedagógica dos conservatórios concentra-se na prática da música erudita, em especial, o repertório europeu dos séculos XVIII e XIX, com eventuais participações de obras brasileiras da música erudita, classificadas por níveis de dificuldade, além de enfatizar a técnica instrumental como requisito mais importante para a performance. Assim, a falta de um critério alicerçado em premissas científicas na escolha do material de estudo, faz com que o iniciante enfrente desde o começo – especialmente quando se trata de crianças de 7-8 anos de idade – uma série de problemas de tal envergadura, fazendo com que o aluno perca a motivação e o gosto pelo estudo do instrumento escolhido. Sem dúvida alguma, a ausência desse critério científico se constitui numa das principais razões do alto índice de desistência que é possível comprovar nas instituições encarregadas de ministrar esse tipo específico de ensino. É importante ressaltar que o repertório pianístico erudito não é o responsável por tal situação e, sim, a estratégia pedagógica adotada. É possível trabalhar criativamente a música erudita e a aprendizagem pianística. Outro fator: como a metodologia de ensino dos conservatórios continua alicerçada

Estabelecida uma divisão, muitos de nós se preocupam sobre o fato de que concertistas, pela natureza de sua atividade, ganham um público admirador, sendo considerados cidadãos de primeira-classe em nossa profissão, enquanto os professores precisam continuar quase que totalmente desvalorizados, secundários e sofridos.

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nos mesmos pressupostos do século XIX, a motivação – aspecto importante do ensino-aprendizagem, presente em diversas teorias modernas da psicologia – não é levada em consideração. Sob o aspecto profissional, a formação dos conservatórios mostra-se deveras específica, restringindo as possibilidades de atuação no mercado de trabalho. Um exemplo disso é a impossibilidade de dar aulas, pois a grade curricular dos cursos técnicos e bacharelados em piano não providencia as disciplinas pedagógicas necessárias para tal. Somando-se a isso, existe um julgamento de valores que não é exclusiva do cenário nacional, ou seja, é mais uma herança provinda das instituições de influência europeia e que se dá entre instrumentista e professor: de um lado,

instrumentistas admirados pelo público; do outro, professores esquecidos e desvalorizados. Mas, quem ensinou esse instrumentista admirado? Considerando as questões expostas, é possível imaginar um pouco das questões que permeiam a vivência dos bacharéis em piano. Vamos ao que interessa:

Ao pensar numa formação profissional em piano, especificamente a profissão de bacharel, o

pianista deve ter ampla formação musical e experiência em estilos musicais variados. Pois, para ser aceito nessas instituições, o aluno deve passar por uma prova de aptidão. Um campo importante que devemos pensar é o campo da música popular. Por ser o tipo de produção musical mais presente na atualidade, a demanda profissional é grande, sendo uma boa opção para os bacharéis em piano. As universidades poderiam facilitar este caminho oferecendo saberes pertinentes à área, como produção musical, técnicas de gravação em estúdio, improvisação e repertório de música popular, entre outros. Assim sendo, tal realização contribuiria para diversificar a formação pianística, conhecida por ser tradicionalmente concentrada na música erudita. O cenário atual é favorável, pois instituições de ensino tradicionais realizam concursos para a contratação de músicos da área popular, um sinal das tendências de reformulação do ensino musical no Brasil. Outros tipos de conhecimento se mostram úteis aos futuros profissionais, tais como: administração, publicidade e legislação, uma vez que o pianista poderia elaborar projetos para as leis de incentivo à cultura, trabalhar como agente cultural, organizar eventos e divulgá-los.

PERSPECTIVA COMO PROFISSÃO Os bacharéis em piano podem atuar como solistas, participar de orques40 / Julho / 2014

tras, bandas, grupos de todos os gêneros, ou acompanhar cantores. Também podem


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Quanto à atividade de concertista, o mercado é escasso. É claro que há trabalho informal em shoppings, festas, recepções, mas diria que isso geralmente é um complemento da atividade central. Um país que não cresce muito não pode gerar demanda de trabalho por milagre, especialmente quando boa parte da atividade musical do país depende de projetos de captação de recursos por isenção de impostos.

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tocar ao vivo ou em estúdios e se tornar professores. Um pianista profissional deve ser capaz de ler, escrever e editar notação musical rápida e corretamente. Deve, também, ter amplo conhecimento ou interesse em todo tipo de gênero musical. Isso amplia sua oportunidade de emprego. Pianistas que executam ao vivo ou em conjuntos musicais devem possuir certa resistência física para aguentar horas e horas de ensaios e apresentações. Em relação ao mercado de trabalho para os professores de piano, a grande maioria exerce outras atividades além do ensino do instrumento. Poucos vivem unicamente com a renda relacionada a essa atividade, já que a profissão tornou-se desvalorizada. Esses dados demonstram que a docência do instrumento não é a principal fonte de remuneração desses professores.

– Ney Fialkow (professor de Música da UFRGS e pós graduado em Boston).

CONSIDERAÇÕES FINAIS Considerando o que fora exposto, podemos concluir que o bacharel em piano dos dias de hoje é um profissional versátil, que atua em diversas áreas, além de sua habilitação, tornando-se necessário adicionar conhecimentos que ampliem os horizontes do curso, visando à formação de pianistas dos mais variados perfis. Infelizmente, o caráter conservador acerca das

instituições de ensino tem sido um entrave para a reformulação desta formação, que ainda se concentra na educação de pianistas solistas. Entretanto, é importante reforçar que a profissão em questão é fundamental para a preservação da memória artística da sociedade, pois os instrumentistas trabalham com o repertório de todas as épocas, estabelecendo um diálogo entre a memória – passado e presente.

* Daniel Lemos Cerqueira é técnico em Piano pela Academia de Música Lorenzo Fernandez, Bacharel em Piano e Mestre em Performance pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Trabalha atualmente como professor assistente na Universidade Federal do Maranhão (UFMA), dedicando-se à docência em Piano e pesquisa em Performance, Educação Musical, Pedagogia do Piano, Computação Musical e Música Popular.

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Dos primórdios até os dias atuais - Parte 11 Heloísa C. G. Fagundes

O Movimento Música Nova Fotos: Divulgação

Falando sobre Nossa Música

Música Brasileira:

Gilberto Mendes: ‘‘Ao criarmos o Movimento Música Nova, queríamos dar um novo direcionamento à atrasada música brasileira daquela época, proporcionando uma revolução tecnológica’’.

Também de tendência internacionalista é o movimento Música Nova, de 1963, liderado por Gilberto Mendes¹ (1922) e Willy Correa de Oliveira (1938). As peças de Willy, como a série Phantasiestuck, Um movimento vivo e La flamme d'une chandelle refletem o pensamento dos serialistas da escola de Darmstadt e as ideias dos poetas concretistas Haroldo e Augusto de Campos e Décio Pignatari.

Destacam-se, ainda, Mário Ficarelli (1937), Aylton Escobar e novas gerações de compositores voltados para o teatro musical como Eduardo Álvares (1959), Luiz Carlos Czeko (1945), Carlos Kater (Tim Rescala) (1961) e Tato Taborda (1960). Na música instrumental, destacam-se compositores como Silvio Ferraz (1959), Lívio Tragtemberg (1963) e Eduardo Seincman (1955).

¹ Gilberto Mendes (1922- ) nasceu em Santos, São Paulo. Autodidata, foi um dos signatários do Manifesto Música Nova em 1963, que propunha uma nova música brasileira. Pioneiro no Brasil no campo da aleatoriedade, da música microtonal e concreta, valendo-se de novas notações musicais, visuais e teatrais. Fundou o Festival Música Nova de Santos, em 1962. é um dos pioneiros também do teatro musical no Brasil. Entre suas peças, destacam-se Santos Football Music, Beba Coca-Cola, Ulisses em Copacabana. 42 / Julho / 2014


Música Eletroacústica no Brasil 1

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(1) Jorge Antunes: maestro, compositor visionário e precursor da música eletroacústica no brasil. (2) Compositor, pesquisador e divulgador da música eletroacústica, Florivaldo Menezes Filho ou, apenas, Flo Menezes é considerado pela crítica dentro e fora do Brasil como um dos principais compositores de sua geração.

A música eletroacústica esteve no país presente nos principais eventos de música de vanguarda e representa parte significativa da produção musical contemporânea brasileira. O movimento reflete as tendências da música eletrônica europeia e americana e ganha vitalidade, apesar das limitações de infraestrutura e defasagem com relação aos grandes centros de produção musical. Grande parte dos compositores envolvidos com essa música revelaram especial preocupação com a situação político-social do país e sintomaticamente enfrentaram diversas dificuldades. Utilizaram o meio eletrônico a partir de uma visão marcadamente pessoal, abrindo uma diversidade de caminhos havendo, portanto, um pluralismo quanto às linhas de trabalho. Esse aspecto constitui a principal característica da música eletroacústica brasileira e representa, também, sua riqueza. O termo música eletroacústica é uma forma de expressão – aparentemente sem autoria, que utiliza meios eletrônicos transformando-os em energia sonora, e vice-versa, com diferentes tipos de música compostas para fita magnética como, por

exemplo, a música eletrônica e a música concreta. Aliás, essas são as duas vertentes que precederam a música eletroacústica. A princípio, elas se antagonizavam no que dizia respeito à procedência e manipulação do material sonoro a ser utilizado nas composições. Os compositores que aderiram à música concreta, utilizavam material prégravado e manipulado eletronicamente em suas composições; e aqueles que aderiram à música eletrônica pura, trabalhavam exclusivamente com sonoridades sintetizadas em aparelhos eletrônicos. Entre seus compositores estão Jorge Antunes (1942), Conrado Silva e Rodolfo Coelho de Souza (1952), Flo Menezes (1962), Rodolfo Caesar (1950), Paulo Chagas, Paulo Álvares (1960), Augusto Valente, Aquiles Pantaleão (1965) e José Augusto Mannis (1958). Somente em 1994 foi fundada, em Brasília, a Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica http://www.sbme.com.br para unir a comunidade de artistas inovadores e promover encontros internacionais de música eletroacústica. (Continua na próxima Revista Keyboard Brasil...) 43 / Julho / 2014


Que tipo de união podemos

Foto: Arquivo Pe

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ter em torno da

colaborador Luiz Bersou: board Brasil. da Revista Key

MÚSICA? ESCREVEMOS, HÁ ALGUM TEMPO, QUE A MÚSICA PODE SER UM IMPORTANTE FATOR DE UNIÃO ENTRE NÓS, EM PARTICULAR, NOS AMBIENTES FAMILIARES. QUEREMOS AGORA IR UM POUCO MAIS À FRENTE NA QUESTÃO DESSE PODER DE UNIÃO.

da Música, Arte, Beleza, Educação, Cultura, Rigor,

Ponto de Encontro... Prazer e Negócios

* Luiz Bersou

MÚSICA COMO FATOR DE UNIÃO O ser humano é por natureza um ser gregário. Foi assim que se formaram as famílias, os agrupamentos, as aldeias, as cidades e os países. Foi natural, então, a formação de entidades de classe que nasceram com o ideal de defesa dos interesses de segmentos da população e

das profissões. No Brasil, como em outros países, aconteceu a mesma coisa, ocorrendo a constituição natural de entidades representativas na defesa dos interesses de classe. A questão que se coloca agora é se esse posicionamento é suficiente.

O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O BRASIL Estamos vivendo uma evolução em que o ambiente de negócios, a forma pela qual vivemos nossas profissões, nossa vida profissional, está cada vez mais complicada. Tudo está mais complicado pela presença cada vez mais intensa do governo, nas suas diferentes instâncias que, por meio de entidades reguladoras, quer

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controlar a tudo e a todos. O que era para ser recursos de orientação e aperfeiçoamento da profissão, das atividades, virou instrumento de controle não inteligente, muitas vezes, inútil e burocracia lenta. Controle pelo controle. Cito aqui duas frases famosas (de An Ryan, filósofa e Caio Márcio Rodrigues) que dizem muito do que acontece atualmente:


, ra produzir a p , e u q r e ocê perceb o ‘‘Quando v de quem nã o ã ç a iz r to u raa que o precisa obte comprovar o d n a u q ; a om produz nad gocia não c e n m e u q a i par e dinheiro flu perceber qu o d n a u q ; s om favore or bens, mas c suborno e p lo e p s o ic r m s muitos fica lho, e que a a b a tr lo e p mais que elo influência, eles, mas, p d m e g te o r sp de leis não no protegidos o tã s e e u q ão eles ão é contrário, s e a corrupç u q r e b e c r e do p rte você; quan de se conve a d ti s e n o h da, e a mar, sem recompensa poderá afir o tã n e ; io crifíc de está em autossa tua socieda e u q r, a r r e temor de . condenada’’

Então, o que notamos, particularmente, entre os profissionais e empresários é que passamos a perder algo muito importante: a liberdade.

‘‘A fórmula d a prosperidad e, da estabilidade e do progresso econômico dos cidadãos sempre foi e se rá: liberdade de a ssociação, lib erdade de contrato, liber dade de empre ender e assumir o risc o, liberdade d e comprar e vender no pa ís e fora dele sem penalidades, moeda verdad eira (com valor real, nã o apenas lega l), propriedade p rivada, salári os e preços regidos pelo m ercado conform e seu valor, respeito e equilíbrio fi scal e, finalmente, es trutura legal que sustente essa s instituições em vez de regulá-las e so lapá-las’’.

POSICIONAMENTO DAS ENTIDADES DE CLASSE E EXPERIÊNCIA NAS DEFESAS DA QUESTÃO COMPETITIVIDADE As entidades de classe empresariais sempre se posicionaram no Brasil pela ação para defesa dos seus representados. Nesse jogo, ficou faltando a questão da condição competitiva do país, dos setores empresarias e de cada uma das empresas e profissionais liberais. Coloco aqui que, para mim, a questão de competi-

tividade e liberdade são duas faces de uma mesma moeda. Disso tudo resulta algo que impacta: que temos pouca experiência, história e tempo de diálogo para a sustentação do discurso competitividade. Agora com defesa de liberdade. Luta contra a burocracia lenta. Não sabemos conduzir essa questão.

COMO FORAM FORJADOS OS GRANDES LÍDERES Os grandes líderes, sempre apresentaram características bem semelhantes. Têm um sonho, uma proposta de valor estratégico. Dessa proposta nasce uma promessa. Consistente. A partir do momento em que eles têm a promessa, consistente, o que vem

em seguida é um projeto de comunicação para construir as bases de sua liderança. Consolidada essa base, partem para a realização. Como qualquer entidade, tipo de atividade, vivemos todos os momentos de transição. Tudo está em crise no Brasil. O 45 / Julho / 2014


país está se desmanchando pela falta de governo. Vem, então, uma questão crucial: em quê acreditam as entidades de classe? Quais são suas propostas de valor estratégico? Quais são as promessas que vão alimentar o caminho dos líderes?

Em que acreditam os associados das entidades de classe? Que tipo de proposta está sendo base da união entre as partes? E, aqui, a pergunta final: o que as entidades de classe deveriam fazer em prol dos associados? No que vamos todos acreditar?

INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO As entidades de classe têm, em geral, sistemas de informação para com os seus associados. Contam o que fazem para que eles se sintam envolvidos. Não tem sido suficiente. Nada eficiente. Em que medida trabalhamos o envolvimento da sociedade como um todo nos objetivos de valor estratégico das entidades de representação? Fundamentos de competitividade, crescimento e liberdade?

Sabemos que a opinião pública é sempre uma questão importante para os governantes. Por outro lado, as entidades de classe são sempre importantes fontes de informação, que sempre alimentam as entidades de mídia. Logo, o grande desafio dessas entidades é fazer com que a opinião pública exista. Que envolvam os objetivos de valor estratégico das entidades de classe e de seus representados.

O QUE É MAIS IMPORTANTE NESSE MOMENTO Quando tudo está em crise, o que mais se necessita é o diálogo. Por outro lado, sem propostas consistentes não existem bases para diálogo. Há necessidade de construí-las. Coerentes, consistentes, viáveis. “Pé no chão”. O que se requer, em seguida, é um plano de trabalho de comunicação para sustentar credibilidade e avanço consistente da presença na opinião pública.

Em relação ao mundo musical, em particular, um diálogo com propostas coerentes, consistentes, também se faz necessário entre aqueles que lidam ou trabalham com música, para que crianças e adultos recebam ensinamentos consistentes, mas prazerosos e sintam-se envolvidos com os benefícios que a música a todos proporciona. Vamos lembrar que na língua chinesa, o termo “crise” significa também oportunidades.

* Atualmente dirigindo a BCA Consultoria, Luiz Bersou possui formação em engenharia naval, marketing e finanças. É escritor, palestrante, autor de teses, além de ser pianista e esportista. Participou ativamente em mais de 250 projetos de engenharia, finanças, recuperação de empresas, lançamento de produtos no mercado, implantação de tecnologias e marcas no Brasil e no exterior. 46 / Julho / 2014




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