Revista Keyboard Brasil número 39

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Revista

Keyboard ANO 3 :: 2016 :: nº 39 ::

:: Seu canal de comunicação com a boa música!

Brasil

www.keyboard.art.br

PROJETO ACALANTO: Uma conversa através da música

ALAN FLEXA Músico e produtor da Zarolho Records

ARI BORGER TRIO: A música de alto nível no Jazz nos Fundos

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO: E a visão equivocada da formação global do brasileiro

E MAIS: Violeta de Outono, Os Figurantes, Thiago Pospichil Marques e Maurício Pedrosa


Av. Jorge Amado, Rua Jaime Simas 26 Imbui Salvador - BA (71) 9-9901-5383



Editorial Salve apreciadores da boa música! É com muito pesar que inicio nossa conversa lamentando o falecimento de nosso colaborador Luis Bersou - um apreciador da boa música que, acreditando em nossa proposta, tornou-se um dos primeiros colaboradores de nossas publicações. Não posso deixar de falar também sobre a Expomusic 2016, com seus prós e contras. Novo endereço e condução gratuita até o local. Porém, para quem chegasse conduzindo, os valores cobrados nos estacionamentos eram para lá de exorbitantes! Atraindo mais de 42 mil pessoas, creio eu que a prefeitura fez um grande trabalho de arrecadação. Já nossos bolsos... As mudanças no formato da feira atraíram quem nunca expôs e isso, sem dúvida, foi tiro certo. Porém, expositores lado a lado, disputavam qual som tocava mais alto chamando maior atenção do público. Aliás, o barulho foi a grande atração, esse ano não tivemos fiscalização do volume de som, então muitos expositores aproveitaram. Foi o caso daqueles próximos ao estande da Yamaha, que este ano trouxe, nada menos que Ivan Lins para tocar literalmente no corredor, alegrando o público e, mesmo sendo um dos maiores músicos do país, não foi poupado: quanto mais Ivan cantava, mais alto ficava o barulho dos concorrentes. Educação zero... Grandes novidades espero que tenham vindo para ficar. É o caso da venda diretamente aos visitantes da feira, através do Music Store. O Rock Lounge recebeu uma multidão de pessoas: palco flutuante e muitas atrações, grande sacada dos organizadores! Sem contar o Arena Expomusic, o Expomusic Talks, o Rockshow Experience, e uma programação exclusiva para as crianças. Que seus organizadores possam estar mais atentos no próximo ano e que mantenham as novas atrações. Na edição desse mês, trazemos do Amapá, o músico e produtor Alan Flexa, falando sobre a área da produção musical. Um complemento para a coluna sobre Home Studio de Murilo Muraah. Amyr Cantusio Jr. apresenta a terceira parte dos músicos de vanguarda. Maestro Osvaldo Colarusso escreve sobre a equivocada reforma do ensino médio e maestro

s rigo Aquile Capa: Rod

Expediente

Outubro / 2016

Heloísa Godoy Fagundes - Publisher

Marcelo Fagundes sobre a importância da iniciação musical. Single: solução ou um tiro no pé? Antonio Carlos da Fonseca Barbosa tira a dúvida! Última parte da coluna de Sergio Ferraz sobre nacionalismo na Música Erudita agora com VillaLobos. Muito bem vindos são os trabalhos incríveis de músicos nacionais. É o caso de Thiago Pospichil Marques, Maurício Pedrosa, Ari Borger e seu trio e as bandas Os Figurantes e Violeta de Outono. Desejo a todos uma excelente leitura!

Revista

Keyboard Brasil

Editora Musical

Revista Keyboard Brasil é uma publicação mensal digital gratuita da Keyboard Editora Musical.

Diretor: maestro Marcelo D. Fagundes / Publisher: Heloísa C. G. Fagundes Capa: Rodrigo Aquiles / Caricaturas: André Luiz / Marketing e Publicidade: Keyboard Editora Musical Correspondências / Envio de material: Rua Rangel Pestana, 1044 - centro - Jundiaí / S.P. CEP: 13.201-000 / Central de Atendimento da Revista Keyboard Brasil: contato@keyboard.art.br

As matérias desta edição podem ser utilizadas em outras mídias ou veículos desde que citada a fonte. Matérias assinadas não expressam obrigatoriamente a opinião da Keyboard Editora Musical.

04 / Revista Keyboard Brasil


Espaço do Leitor Prezada Heloisa, agradeço o carinho e a atenção que me foi dispensada. O Maestro Angelino Bozzini foi muito atencioso e é um colega e amigo muito querido. Aproveito o ensejo para enviar meus cumprimentos à direção e aos leitores da Revista Keyboard. Maestro Edmundo Villani-Côrtes – via email A Revista Keyboard é a maior e mais importante revista de entretenimento e uma das mais conhecidas e bem sucedidas publicações de boa música para todos os jovens. Musiquins Musiquins – via Facebook Acredito que haja soluções sim. Em meu trabalho tenho conseguido um bom desempenho de meus alunos, com a simples fórmula de traçar objetivos de aprendizagem, não baseando-se apenas nos fatídicos teóricos e práticos do instrumento, mas sim trabalhar desde o início dos estudos o domínio sobre esses dois estudos (teoria e prática),mas sim acrescentar á esses estudos a interpretação, isto é traçar um aprendizado trabalhando as emoções contidas nas partituras. Fazer com que o aprendiz formule uma nova música, que ele CRIE e se transporte para esse mundo, és evidente que ele praticamente (crie uma nova música em sua mente, com o seu jeito de tocar e interpretação das emoções, expressões que serão apenas dele, mais ninguém poderá fazer daquela maneira, daquele jeito, é como uma digital, somente ele a contém. Assim, descobrimos que há uma entrega do aluno concentrado, pois as coisas feitas pelas outras pessoas podem ser maravilhosas, mas quando feita pela própria pessoa, ai estamos falando de AMOR PELO QUE SE FAZ. Assim, nossos

resultados tem alcançado os objetivos, uma vez que os nossos aprendizes SE APAIXONAM pelo estudo que realizam e assim, conjugamos a DISCIPLINA e o INTERESSE e a FIDELIDADE consigo mesmo sempre ativos junto aos nossos aprendizes. Este é o nosso pensamento sobre o assunto. Obrigado pela atenção. Qualquer coisa, teremos o prazer em debatermos mais sobre o assunto. (Referente ao artigo Por que as pessoas não se interessam mais por música, de Luiz Carlos Rigo Uhlik, edição de agosto, numero 37). Pedro Paulo Avelino – via facebook Banda muito malhada atualmente e que, na época, ganhou fama com o disco Toto IV (1982) e músicas como "Rosanna", "I'll be Over You", "I Won't Hold you Back" e a emblemática "Africa". (Referente ao artigo A Extraordinária Banda Toto, de Hamilton de Oliveira, edição de Agosto, número 37). Igor Maxwel – via G+ Minha bio saiu na edição de setembro da Revista Keyboard Brasil e ficou bem bacana! Quem quiser dá uma sacada pode ver a edição OnLine pelo link que tá aqui no final da postagem. Ou também tem o app onde você pode baixar as edições anteriores, e tudo grátis. Fiquei muito feliz em poder contar um pouco do que sou, carreira e família, e como surgiu a ideia do @toptecladistas. Eu não poderia deixar de agradecer ao cara que tornou isso possível, meu irmão de fé e teclas Rafael Sanit que todo mês traz a bio de grandes tecladistas na sua coluna PERFIL, e é isso q me deixa mais honrado, poder dividir espaço com grandes ídolos. Dá uma olhada lá galera! Carlinhos Fofao – via Instagran

A Revista Keyboard Brasil agradece a todos os comentários e lança uma pergunta: o que desejam que a Revista publique? Queremos saber o que nossos leitores pensam! Deixem sua opinião em nossa página do facebook, no site da editora Keyboard, no blog da Revista ou mande um e-mail para contato@keyboard.art.br

Revista Keyboard Brasil / 05


Índice

08 MATÉRIA DE CAPA: Alan Flexa - Por Heloísa Godoy Fagundes

30

DIVULGAÇÃO: Violeta de Outono Por Mateus Schanoski

MUSICALIZAÇÃO: A importância da iniciação musical - Por Marcelo Fagundes

50 A VISTA DE MEU PONTO: Por que as pessoas não se interessam mais por música? - parte 2 - Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

62 APRENDA AGORA: Home Studio - Outros equipamentos - Por Murilo Muraah 06 / Revista Keyboard Brasil

ENFOQUE: A reforma do ensino médio e o sepultamento da formação cultural - Por maestro Osvaldo Colarusso

36

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MERCADO: Single é a solução ou um tiro no pé do músico - Por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa

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18

PERFIL: Thiago Pospichil Marques - Por Heloísa Godoy Fagundes

66 PIONEIRISMO: O mestre erudito do Classic Rock: Jon Lord Por Amyr Cantusio Jr.

PAPO DE MÚSICO: Você só toca ou trabalha também? - Por Hamilton de Oliveira

42 SOBRE OS SONS: Nacionalismo na Música Erudita - parte final - Por Sergio Ferraz

56

54 MUSICANDO: Marcel Costa - Por Rafael Sanit

26

REVOLUÇÃO MUSICAL: Psycothronic III - Por Amyr Cantusio Jr.

72 EXPOMUSIC 2016: Expomusic vende 240 milhões e oferece 320 horas de música para o público - Redação

46 ACONTECEU: Ari Borger Trio no Jazz nos Fundos Por Heloísa Godoy Fagundes

60 LANÇAMENTO: Maurício Pedrosa - Por Mateus Schanoski & Ricardo Alpendre

78 VIVÊNCIAS: Projeto Acalanto - Por Heloísa Godoy Fagundes


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MatĂŠria de Capa

08 / Revista Keyboard Brasil


Fotos: Rodrigo Aquiles

ALAN FLEXA O MÚSICO E PRODUTOR AMAPAENSE ALAN FLEXA É UM DOS PROPRIETÁRIOS DA ZAROLHO RECORDS E UM DOS POUCOS MÚSICOS DO ESTADO DO AMAPÁ A LEVAR A MÚSICA DE VANGUARDA NO PEITO. * Por Heloísa Godoy Fagundes

N

ascido em Macapá, capital do Estado do Amapá, Alan Flexa é produtor e músico. É

conhecido na cena musical por suas trilhas no estilo New Age e por suas produções com bandas. Como músico, Flexa tem lançado até o

momento, 8EPs. Seu trabalho tornou-se notório dentro do estilo New Progressivo por conta de vários álbuns voltados à meditação, relaxamento e trilhas produzidos ao longo de sua carreira. Entretanto, as músicas de Flexa possuem elementos de vários outros estilos, tais como: Rock, Jazz, Clássica, World, Eletrônica e Minimalismo. Suas influências passam por Luciano Alves, Rick Walkeman, Patrick Moraz,Vangelis, kitaro a Jam Corcioli.

Fascinado pelas possibilidades sonoras dos sintetizadores eletrônicos, aos 13 anos iniciou seus estudos musicais no instrumento passando, em Revista Keyboard Brasil / 09


seguida, para a música popular e o Jazz.

Estudou com grandes mestres que contribuíram para o seu desenvolvimento musical, tais como Israel Cardoso, Aluísio Laurindo Jr, Jurandy Poty, Mauricio e André Garcia. Estudou no Conservatório de Música Walkiria Lima onde aprendeu a disciplina e os conceitos para se tornar um bom músico. Em 1997, começou a tocar em diversas bandas de Rock, Pop e MPB, ocasionalmente apresentando-se como tecladista e guitarrista em bares e casas noturnas. Em 1998, Flexa desligou-se do grupo Afro-mururé (música experimental amazônica). No ano de 2002, ingressou na Orquestra Primavera (a primeira orquestra do Estado do Amapá) regida por Carmelo Marino, fundador, juntamente com o professor Jurandy Poty. Nessa orquestra, Flexa exerceu a função de tecladista, guitarrista e violonista. Ao mesmo tempo, como sócio fundador, exerceu a função de Diretor Musical da Associação Musical Primavera. 10 / Revista Keyboard Brasil

Em 2004, Flexa participou da trilha de Abertura da novela Mãe do Rio, música e letra de Osmar Jr., acompanhando a orquestra Primavera. Influenciado por George Martin, produtor dos Beatles e Mayrton Bahia, produtor de grandes nomes como 14 bis, Elis Regina, Legião Urbana entre tantos artista de magnitude, o músico criou

no ano de 2008, o selo independente chamado Symphony Music, vindo a iniciar suas produ-ções com bandas produzindo, neste mesmo ano, 22 bandas do cenário local viabilizando para as mesmas, material para divulgação de seus trabalhos. Entre elas, destacam-se as bandas Nova Ordem e Villa Vintém. Em 2010, Flexa produziu o primeiro EP da banda Desiderare (caleidoscópio de forma Lo-fi) Nos anos seguintes, Flexa precisou ausentar-se de seus trabalhos para ampliação e reformas de seu estúdio reformulando, juntamente com seu irmão João Flexa (diretor executivo e sócio) toda a estrutura do antigo Symphony Music,


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Recebo ondas que são mandadas pelo universo, absorvidas pelos chacras, transformando-as em canções. – Alan Flexa

agora Zarolho Records. Atualmente, Alan Flexa

trabalha produzindo artistas da nova safra da música brasileira, entre eles: João Batera – músico altamente conhecido no Brasil e que está lançando seu primeiro disco; Brenda Zeni – com uma vasta experimentação em suas letras e arranjos; Lara Utzig – poetiza e compositora de altíssimo nível. Todos produzidos com todo o carinho e experiência que uma produção exige.

Entrevista Revista Keyboard Brasil: O que te fez entrar para o mundo da produção musical e quanto tempo está na área? Alan Flexa: Foi na época em que eu participei da Orquestra Primavera (primeira orquestra do Estado do Amapá), em 2004. Lembro-me que a primeira vez que eu entrei em estúdio, foi para gravar guitarras na trilha de abertura da novela Mãe do Rio (novela local), com trilha produzida pelo poeta, compositor, cantor e produtor Osmar Jr. No ano de 2008, montei meu home studio, para iniciar minhas produções com pequenos trabalhos. Na época, o nome era Symphony Music, ficou bastante conhecido no circuito undergroud amapaense. Produzi, de cara neste período, 22 bandas. Algumas seguiram estrada, outras apenas deixaram seu material como registro. De fato, foi uma época gostosa de se trabalhar. De lá

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para cá, já foram 8 anos de aprendizado. Absorvi conhecimentos, ampliei meus horizontes dentro da produção e resolvi, juntamente com meu irmão e sócio, ampliar a estrutura do antigo estúdio. Resolvemos mudar o nome para Zarolho Records, um estúdio baseado em uma estrutura americana, no estilo retrô. Trabalhamos com uma estrutura analógica e digital, unindo o melhor dos dois mundos. Revista Keyboard Brasil: Quais foram suas influências, quais profissionais que lhe inspiram? Alan Flexa: Certamente, com todos os louros, George Martin - produtor dos Beatles. Sua personificação em transformar a simplicidade em ousadia era incrível, isto ficou visível na obra produzida por ele Sgt. Pepper´s Lonely Hearts club Band. Possuía um conhecimento de arranjo e produção arrojados para sua época. Estava anos luz à frente. Outro que posso citar seria o grande Mayrton Bahia que produziu grandes nomes como 14 bis, Elis Regina, Legião Urbana entre tantos artista de magnitude. Revista Keyboard Brasil: O que é preciso estudar para ser um produtor musical? Alan Flexa: Antes de tudo é preciso gostar do que você faz. Trabalhar com produção requer tempo disponível, certa habilidade e agilidade para resolver alguns problemas que surgem no decorrer do processo que envolve uma produção. O produtor musical precisa ter um vocabulário extenso, ou seja, ouvir vários estilos, nunca 12 / Revista Keyboard Brasil

julga-los e, sim, saber entender o propósito daquele arranjo e a que público alvo aquele artista quer alcançar. Precisa estar antenado no que se ouve no mundo e dominar os estilos. Conhecer teoria musical e tocar um instrumento. Acredito que não precisa ser virtuoso, mas que tenha segurança no seu instrumento. Há produtores que dominam mais instrumentos e, desta forma, possuem um tempero a mais auxiliando com mais ênfase na obra do artista. É importante dominar a tecnologia para criar e manipular música, precisa também conhecer e aprender a usar a mesa de som e o máximo de softwares e processadores de música que puder. Trabalhar com sistema analógico é importante. Existem artistas que gostam de uma produção mais delicada e você precisa estar de acordo com este mercado. O sucesso do produtor é a informação, comprar discos e ler ficha técnica. Estar sempre informado é muito importante para que se crie uma visão delineada do mundo musical. Revista Keyboard Brasil: O que o produtor musical faz e o que ele não faz? Alan Flexa: Antigamente, o produtor musical tinha apenas uma função especifica: ser o responsável por organizar a sessão de gravação do artista. Hoje, esta função é mais além. Hoje, o produtor musical participa de todo o processo do artista, desde a elaboração de arranjos até a masterização da obra. Ele organiza o processo de criação de repertório, incluindo letra e arranjo. O produtor precisa tirar o melhor do artista, tentar entender a


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proposta do mesmo e não fazer falsas promessas. Existem produtores que prometem uma ilha de oportunidades e, para segurança do artista, seria bom um contrato onde o produtor tenha de arcar com todas as suas promessas. RKB: Fale sobre o processo envolvido na produção musical. AF: A primeira fase é a da pré-produção. Nela, se desenvolvem todos os processos prévios para a execução do projeto artístico que o transformarão, enfim, em um produto fonográfico. É uma etapa fundamental para o bom andamento de um projeto, onde o trabalho começa a tomar forma. Basicamente, um estúdio precisa ter os equipamentos, o ambiente e o técnico adequados à realização do projeto ou de uma de suas fases. Projetos de música eletrônica, de música pop, de rock, de jazz ou de música erudita necessitam de equipamentos e salas diferenciadas. Além disso, para um mesmo projeto, podem ser utilizados vários estúdios diferentes. A préprodução deve considerar os recursos orçamentários disponíveis, bem como definir os prazos de realização, lançamento, distribuição, divulgação e vendas. O mercado trabalha a partir de uma coordenação de diversos setores e profissionais e, para que tudo funcione bem, este planejamento deve ser feito e seguido da forma mais precisa e objetiva possível. No processo de gravação, a execução musical será transferida para a máquina de gravação. O mais importante é fazer uma captação do som com a melhor qualidade 14 / Revista Keyboard Brasil

técnica e musical possíveis. Bons equipamentos, ambiente adequado e um bom técnico são essenciais. Também é fundamental conseguir que os músicos tenham uma boa performance, o que se consegue realizando um bom trabalho de préprodução, a escolha adequada dos músicos e a criação de um ambiente favorável. A fase da gravação pode ser realizada, hoje, de três maneiras diferentes: ao vivo, em overdub e através de computadores ou sequenciadores. Diversos fatores devem ser levados em consideração ao se optar por uma delas. Entre eles, a instrumentação e os arranjos, a qualidade dos ambientes de gravação, a disponibilidade dos músicos e a própria concepção musical do projeto. RKB: Em algum momento sentiu decepção pela escolha da profissão? Como é o mercado em Macapá? AF: Quando inicie minha carreira musical, trabalhei bastante este lado das metas, um lado de altos e baixos na carreira de qualquer profissional. Como havia mencionado, você tem que gostar do que faz. Abraçar sua profissão, seja ela qual for. Talvez isso fizesse com que eu me armasse psicologicamente. Existem momentos que você fica fadigado com algo que poderia dar uma lógica. Mas aí você respira, coloca a grade para funcionar e tudo volta ao normal. Com esta crise econômica no Brasil, de fato, tudo levou para uma decadência DE VALORES. Em meu Estado existem excelentes profissionais da área do áudio, porém esta crise nos afetou bastante. Certamente, é preciso criar


formas e planejamentos e tentar driblar fatos catastróficos. Mas, falando de produtividade, o Estado do Amapá é bastante rico cultural e musicalmente. A cena musical local produz bastante, desde as bandas de garagem até o artista mais conceituado, do âmbito musical amapaense. Então, dificilmente você vai ver um estúdio ou produtor parados. Estamos sempre trabalhando para que a cena cresça e alcance o alicerce musical e rico que nosso Brasil possui. RKB: Que estilos você produz? AF: Um produtor precisa ter conhecimentos e não gerar nenhum tipo de préconceito musical. Escuto todos os estilos existentes. Procuro conhecer a música mundial. Então, produzo todas as manifestações de estilos existentes. Isso me enriquece profissionalmente, você aprende a expandir seus conhecimentos. RKB: Não precisa citar nomes, mas já gravou gente complicada/difícil no estúdio? AF: Sim, várias situações desconfortáveis são existentes neste mundo da música. Coisas espalhafatosas que você acha que não existe neste mundo da produção musical. Chegou a ter situações que o artista chegou a dizer: tem algo errado com o teu metrônomo (risos). O que acontece é que o artista não estuda sua música, não se preocupa em executar de forma homogênea a sua própria música. E, de certa forma, acaba culpando o produtor ou o técnico de áudio por um descuido dele próprio.

RKB: Além de produtor, você também é músico e compositor. Fale sobre esse seu lado profissional. AF: No início, comecei minha carreira musical tocando heavy metal. Foi uma época de muito aprendizado e muito importante para minha vida. Sempre quando me perguntam, eu tenho que mencionar esta escola da qual tenho orgulho. Também sou um dos poucos em meu Estado que leva a música de vanguarda no peito. Hoje, tenho meu projeto solo que desenvolvo entre uma ou outra produção. Tenho 8 trabalhos lançados virtualmente, 2 coletâneas, uma delas lançadas pela Keyboard Brasil, organizada pelo grande músico de vanguarda Amyr Cantusio Jr., dono do projeto ALPHA III, minha maior influência musical. Tenho um trabalho em andamento para lançamento virtual. Neste trabalho, tenho a participação do violinista Sergio Ferraz; de Aluisio Laurindo Jr., na guitarra e violão; de João Fernandes Monteiro na bateria; e a participação do tecladista Otto Ramos. RKB: Quais estilos lhe agradam mais na hora de compor? AF: Não tenho um estilo específico. Geralmente, quando vou compor trabalho antes a meditação. Ela, por vezes, me faz entrar em sintonia com o cosmos, recebo essas energias que são canalizadas e transformadas em canções. Por isso, existem músicas que componho nos sintetizadores, flautas ou percussões ou mesmo usando afinações em comas, para chegar próximo ao meu inconsciente Revista Keyboard Brasil / 15


musical. Tem músicas que simplesmente sento ao piano, fecho os olhos e vou tocando até criar o ambiente proposto, ou quando desafino as cordas do violão tentando chegar ao experimentalismo que me envolve. RKB: Projetos futuros? AF: Estou produzindo atualmente novos artistas, artistas como a Banda Steriovitrola, que já é bastante conhecida no cenário do Norte. Estamos produzindo um álbum maravilhoso. Acredito que será lançado no início de 2017. É uma banda que me deixou livre para trabalhar em suas músicas. Isso me deixou muito feliz, pela confiança que eles estão depositando em meu trabalho. Outros grandes artistas como a Brenda Zeni, um lindo trabalho e bastante rico em estilos. Não posso deixar de mencionar a banda Novos e usados, excelente banda na veia Rock And Roll. Estamos produzindo seu trabalho de

forma analógica. Estou produzindo uma cantora, poetiza e compositora chamada Lara Utzig com suas canções no estilo folk, e o grande João Batera, músico renomado no Brasil e que já gravou com grande nomes da música amapaense, tocou com Nilson chaves entre outros grandes músicos. E, agora, foi sua vez de registrar seu trabalho fonográfico. Esses são meus planos futuros produzindo grandes artistas e sei que cada um tem um futuro promissor e um trabalho completamente rico na música brasileira e, porque não mundialmente falando? RKB: Muito obrigada pela entrevista e sucesso Alan! AF: Agradeço a Revista Keyboard Brasil pela oportunidade e o apoio ao cenário brasileiro musical, por sempre mostrar novos e excelentes artistas, instrumentistas, produtores e compositores!

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil.

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18 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 19


Violeta de Outono possui

O

uma trajetória bastante sólida dentro do rock brasileiro. Lide-

rado pelo guitarrista Fabio Golfe i (atualmente também guitarrista da lendária banda psicodélica GONG), único integrante da formação inicial de 1984, o grupo continua com sua proposta original, fazendo um som psicodélico de influências progressivas, com uma boa dose de improvisação – receita essa que os mantém em atividade criativa, produzindo sempre novas ideias ao longo dos anos. ‘Spaces’, classificado como o 9º álbum de estúdio, completa uma trilogia iniciada em 2007 com o álbum Volume 7, e consolida a segunda fase da banda, agora um quarteto, em contraste com o trio psicodélico pós-punk dos anos 1980. Fabio Golfe i, integrante original, mantém a unidade sonora da banda, com sua guitarra psicodélica e atmosférica, reminiscente da vertente "space rock", e seu vocal etéreo de paisagens atemporais. Gabriel Costa, na banda desde 2005, desenha linhas de baixo inquietas, em movimento constante. José Luiz Dinola, que se juntou ao grupo em 2011, traz um aprimoramento rítmico com excelência técnica, e Fernando Cardoso, o primeiro a integrar essa nova formação, em 2005, tece as texturas de órgão, piano e sintetizadores com sofisticação erudita. O novo álbum conta com 7 composições e tem como destaque duas longas

'Spaces' Violeta de Outono Gravadora: Voiceprint Formato: CD digipak Lançamento: Outubro 2016

faixas: Imagens, composta em grupo como uma suíte em 4 movimentos, e Cidade Extinta, que reúne elementos temáticos do trio original transportados para o panorama de composição da atual fase. A balada Kevinland traz a simplicidade melódica e lírica, enquanto a instrumental Parallax T-Blues proporciona uma viagem através de camadas de pianos e glissandos sobre base rítmica hipnótica. Flowers On The Moon é uma composição de Fernando Alge, de quem o grupo já gravou outras músicas nos álbuns anteriores, e traz a participação de Alge e sua guitarra de harmonias inesperadas. A Painter Of The Mind transita pelo universo do artista suíço Paul Klee, com letra constituída por extratos de seus poemas. De Paul Klee veio também a inspiração para o conceito visual do álbum, que usa um de seus desenhos. Spaces foi gravado e mixado no Estúdio Mosh em São Paulo, por Alex Angeloni; masterizado por Andy Jackson, no Tube Mastering, em Londres, e produzido por Fabio Golfe i.

* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 20 / Revista Keyboard Brasil



Enfoque

A REFORMA DO ENSINO MÉDIO E O SEPULTAMENTO DA FORMAÇÃO

CULTURAL IDEALIZADORES PRETENDEM PIORAR O QUE JÁ ERA PÉSSIMO COM UMA VISÃO TÃO

EQUIVOCADA

FORMAÇÃO

GLOBAL

DA DO

BRASILEIRO.

** Por Maestro Osvaldo Colarusso 22 / Revista Keyboard Brasil


A

formação cultural dos jovens, que engloba uma formação humanística e artística nos

desconhecem outros modos de pensar e refletir e que desconhecem expressões artísticas.

estudantes brasileiros, acaba de receber um forte revés na recente medida provisória que trata da “Reforma do ensino médio”. Por si só considero um absurdo deixar de ser obrigatório o estudo de filosofia, artes, literatura e sociologia e de serem desprestigiadas matérias fundamentais como história e geografia. Mas, além destas importantes matérias, que são essenciais na formação cultural do jovem não serem mais obrigatórias, correm o sério risco de serem eliminadas de vez no ensino médio. Além da formação humanística ser desprezada pelos idealizadores desta reforma (idealizadores, diga-se a verdade, vindos do antigo e do novo governo) o arcabouço da propalada reforma do ensino médio sacramenta um grupo bem restrito de opções. A primeira impressão que temos é que o mundo se resumiria, segundo eles, a médicos, engenheiros e advogados. Quem idealizou esta Reforma, imagino eu, parece pensar assim. No entanto, perguntaria: o que adianta termos excelentes médicos, engenheiros e advogados se são pessoas toscas em sua formação cultural? Eu diria que são

O ideal, penso eu, é tentarmos até o ensino médio, formarmos um ser humano completo e um enfoque mais objetivo se daria no Ensino Superior. Nele, no ensino superior, o jovem chegaria com um embasamento cultural muito melhor do que aquele que lhe é oferecido num projeto que o distancia de uma formação global. É importante notarmos que

muito limitados os profissionais, de qualquer área, desprovidos de qualquer consciência de seu momento histórico e geográfico, que estão alheios à organização social em que se inserem, que

esta reforma atinge estudantes numa faixa etária que vai dos 14 até os 18 anos, idade de grande importância na vida futura do cidadão. A calamitosa situação do pífio número de leitores entre os brasileiros e a ausência de uma porcentagem expressiva que se envolva em eventos culturais em nossa sociedade, ao que parece, só levam a uma piora frente a uma visão tão equivocada da formação global do brasileiro. Neste sentido, esta Reforma consegue piorar o que já é péssimo. Penso mesmo que qualquer modificação curricular deveria vir após uma exaustiva discussão e só deveria ser implantada de vez quando toda a estrutura do ensino se tornasse realmente eficiente. Nossas escolas públicas, em geral, apresentam condições de funcionamento sofríveis, e o reconhecimento do importante papel do professor na sociedade é simplesmente desconhecido, sobretudo pelos governos que oferecem aviltantes salários. E, quando penso na minha área de Revista Keyboard Brasil / 23


atuação, a música, o ensino médio, através desta reforma, se afasta ainda mais de uma provável fonte de aprimoramento da formação individual de um futuro artista ligado à música ou mesmo às artes plásticas ou ao teatro. O divórcio que todo adolescente interessado em uma carreira artística sente entre seus anseios e sua escola de ensino médio se aprofundará ainda mais. Estamos muito distantes de termos escolas com ateliers de pintura ou instrumentos musicais (nem lousa direito temos) mas omitir filosofia, história e sociologia prejudica de forma ainda mais acentuada a formação de um futuro artista. Nosso país, que é tão carente em

questões culturais, mais uma vez aparenta dar um passo para trás. Não há dúvida de que tudo o que coloquei aqui abre espaço para mais discussões a respeito do que poderia ser uma formação cultural do jovem em geral, e do quanto uma escola de ensino médio poderia dar de suporte a um jovem que se interessa em um dia ser músico, pintor, ator ou outra atividade artística. Mas algo que é encaminhado através de uma antipática medida provisória parece abrir pouco espaço para discussões. Os “catastrofistas” de plantão

falam a todo momento que há uma deliberada intenção de “emburrecer” o cidadão. Chego a crer que eles estão certos. * Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil. ** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo. 24 / Revista Keyboard Brasil



Papo de músico

VOCÊ SÓ TOCA OU TRABALHA TAMBÉM?

26 / Revista Keyboard Brasil


QUANTOS MÚSICOS JÁ OUVIRAM ESSA PERGUNTA TÃO CONHECIDA NO NOSSO MEIO MUSICAL? PENSANDO NISSO, A BANDA DA CIDADE DE SOROCABA “OS FIGURANTES” COMPÔS UMA CANÇÃO FALANDO EXATAMENTE SOBRE ESSA PROFISSÃO QUE EXIGE MUITO MAIS QUE CONHECER 3 OU 4 ACORDES. * Por Hamilton de Oliveira

Revista Keyboard Brasil / 27


C

riada em Sorocaba, no ano de 2011, a banda Os Figurantes tem como tema central a música

como protagonista. Suas letras, sempre com temas atuais e mensagens que falam de amor, música, situações do cotidiano, entre outros, tem como interprete a cantora Danny Caruso com sua voz potente e timbre único. As composições são feitas, em sua maioria, pelo guitarrista Xexel Vieira, um dos idealizadores do projeto. A formação conta, ainda, com o baterista Titico Roque, o baixista Daniel Serra e o tecladista Hamilton de Oliveira. O grupo tem em seu currículo um álbum com 07 faixas, além de 02 clipes (Eu faço música e Ninguém é perfeito) que podem ser vistos no canal da banda no youtube. Nesse mês de outubro, a banda lança seu mais novo EP, mais maduro e experiente, produzido por ninguém menos que Rodrigo Castanho, que já trabalhou com Cpm 22, o qual foi vencedor do Grammy latino, além de NX0, Charlie Brown Junior e Tijuana. Composições de Xexel Vieira, Danny Caruso e Tom Soares, arranjos de Rodrigo Castanho, Daniel Serra e Hamilton de Oliveira. O EP intitulado “Entre o céu e o asfalto” mostra a maturidade da banda com um repertório que fala de amor, medo, dúvidas, da antítese dos sentidos,

EP “Entre o céu e o asfalto”, da banda Os Figurantes: Danny Caruso, Xexel Vieira, Titico Roque, Daniel Serra e Hamilton de Oliveira.

das escolhas, entre outros. Frases como “Acorda que a corda tá pra arrebentar” e “A ciência explica explica e prova não saber” convidam o ouvinte a refletir sobre a vida e suas relações com o mundo. Nas gravações do EP foram usados loops e samplers que se misturam com os teclados atuais Fantom G da Roland e o vintage DX7 da Yamaha, bateria acústica e pads eletrônicos, guitarra Ibanez S-470, Fender Strato, violão Takamine e baixo Fender Jazz bass. Os vocais contam com a participação especial de Hugo Rafael (vocalista do Sambô). SERVIÇO: Show de lançamen to do novo EP. Data: 21 de outubro Local: Kapitan Bar em Sorocaba (SP) Horário: A partir da s 21h.

* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. 28 / Revista Keyboard Brasil


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A Keyboard Editora em parceria com Criança Esperança e Abrinq pede sua ajuda para a doação de cadernos de música (Pautados) para os projetos Musicais em andamento. É simples basta clicar no botão e fazer sua doação, cada caderno custa R$15,00 (valor mínimo para doar), você também pode doar valores maiores, assim que recebermos os valores enviaremos os cadernos e informaremos aos doadores as quantidades e projetos beneficiados. Vamos lá, com este simples gesto você pode tornar um jovem carente em um Músico de Sucesso.

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Mercado

SINGLE É A SOLUÇÃO OU UM TIRO NO PÉ DO

M Ú S I CO ? 30 / Revista Keyboard Brasil


POR QUE TER UMA OBRA MUSICAL PODE SER MAIS IMPORTANTE QUE UM SINGLE? É O QUE VOCÊ VAI LER A SEGUIR!

U

* Por Antonio Carlos da Fonseca Barbosa

m single é uma canção considerada comercial pelo músico e pela gravadora para ser lançada individualmente. No passado, podia aparecer em um álbum. Era tida como uma música de divulgação para ser lançada em rádios. A expressão é originada nos EUA. No final da década de 1950, com o Rock, o single experimentou uma “explosão” em vendas e passou bem a frente do Long Play (LP) de 78 RPM. O foco do single era o freguês que temia gastar muito dinheiro comprando um álbum Long Play (LP) de um artista desconhecido. Se o single fosse bom, o freguês ficaria interessado em comprar o LP. O single era uma estratégia de

marketing das gravadoras por uma questão de custo e benefício de um novo lançamento. Naquela época, o custo de gravação e prensagem de um álbum era muito alto. O single também era uma indicação do produtor do artista para as rádios, como um teste-marketing de uma audição feita pelos ouvintes. Com a era digital, é comum o single ser lançado em diversos formatos, ou apenas no formato digital em serviços online de venda de música para download. Hoje, o custo de gravação e a prensagem não são os grandes obstáculos.

E, como pagar para tocar em rádios não faz parte da realidade do músico independente, deixar uma obra musical que não seja engolida pelo tempo é o desafio. Hoje, o single tanto pode ser como um bilhete premiado ou considerado um tiro no pé, pois a estratégia pode aparentar amadorismo. Com muitas opções musicais para o público ouvir, conseguir que alguém escute a sua música pela primeira vez passou a ser o grande desafio. A oferta está quase igual à procura.

A banalização do mercado musical faz o público achar que toda música desconhecida é uma nota qualquer. É apenas mais uma “bandinha” ou cantorzinho (a) querendo ser celebridade instantânea. A arte musical passou a ser avaliada como simples mercadoria. A internet facilitou o acesso, mas nivelou por baixo a música. Talvez, um álbum com dez músicas possa ser considerado um bom portfólio musical. Ter uma obra musical pode ser mais importante que um single. Uma música de trabalho no passado enterrou carreiras promissoras. Cantor (a) ou banda de uma música só. A quantidade mais do que

nunca tem que andar de mãos dadas com a qualidade.

*Antonio Carlos Da Fonseca Barbosa é jornalista, músico, letrista e poeta paraibano criador da revista online Ritmo Melodia com o intuito de divulgar a música popular, regional, instrumental e erudita, além de músicos - brasileiros ou não. Revista Keyboard Brasil / 31


Musicalização

32 / Revista Keyboard Brasil


A

importância

da

iniciação musical MUSICALIZAR NÃO É APENAS TORNAR A CRIANÇA SENSÍVEL E RECEPTIVA AOS SONS. É MUITO MAIS DO QUE ISSO. MUSICALIZAR É RECEBER ESTÍMULOS IMPORTANTES PARA UMA VIDA ADULTA. * Por Maestro Marcelo Fagundes oucos nascem com habilidades musicais, o que chamamos de dom musical, mas isso acontece com

P

uma minoria que acaba por ganhar destaque ao longo de seu desenvolvimento, aliando o talento ao estudo e esforço diários para o aperfeiçoamento. E,

a iniciação musical, ou musicalização, é isso: a construção do conhecimento musical, despertando, desenvolvendo, estimulando e contribuindo para a formação do ser humano. A música voltou a ser uma matéria obrigatória em 2011 nas escolas do governo, e para todas as séries, graças a um projeto de Lei que demorou mais de 10 anos para ser aprovado. Isso garantiu a introdução ao universo musical já na pré escola, com atividades lúdicas que desenvolvem os diversos sentidos das crianças, tão importantes para a formação pessoal, como a percepção auditiva, imaginação, coordenação motora, memorização, socialização, expressividade,

percepção espacial, entre outros. Estudos também mostram que crianças a partir dos 2 anos de idade já têm a capacidade de participar de atividades desse tipo, apresentando progressos em seu desenvolvimento de forma muito nítida quando comparadas às crianças que não estão expostas e recebem pouco estímulo musical. O ideal é que as crianças vivenciem a musicalização antes de ingressar em um curso para a prática de um instrumento musical específico, pois é nesse momento que as mesmas tem contato com o universo da música de maneira mais ampla, passando pela fase da experimentação e descoberta, mostrando depois desse período, sua capacidade para expressar seus sentimentos através da música e instrumentos. A iniciação musical também permite que a criança, e não os pais, escolha com segurança o instrumento com o qual tem mais afinidade, tornando assim o aprendizado teórico mais fácil e intuitivo. Revista Keyboard Brasil / 33


A fase ideal para o início do aprendizado de um instrumento específico é juntamente com a fase final da alfabetização, por volta dos 6 ou 7 anos. Já para os adultos, sempre é tempo de

aprender! Lembre-se que faz parte do universo das crianças bater palma, marchar, dançar, cantar, tocar tambor, brincar com ritmo. Desde pequenas, as crianças são estimuladas pela musicalização, influenciadas positivamente em áreas como expressão, relacionamento social, cultural e raciocínio lógico matemático. Isso tudo é trabalhado na infância como se fossem brincadeiras. Porém, na verdade, são estímulos importantes para uma vida adulta, mesmo que a criança não venha a ter vontade de tocar um instrumento musical, este aprendizado inicial nunca será perdido. As aulas, em geral, trabalham alguns importantes ponto: 1-Levar a criança para brincar percebendo ritmo e timbres com muito movimento; 2-Levar a criança a ouvir o que os outros estão tocando; 3- Repetir a harmonia enquanto pessoas mais adiantadas executam a linha melódica com flautas, pianos, etc; 4- Iniciar a leitura musical e executar partituras mais simples em conjunto; Apresentar a música a uma criança é uma tarefa fácil e importantíssima. Por isso deve ser exigida na escola, já que os benefícios futuros serão percebidos. A seguir, coloco 10 motivos para se

estudar música: 1. A música provoca um forte impacto no cérebro e deve ser encorajada nas crianças desde cedo. 2. Tocar um instrumento musical fortalece e melhora a coordenação motora. 3. O estudo musical amplia o raciocínio das crianças. 4. Crianças que estudam música têm melhor comportamento em salas de aula e apresentam uma redução de problemas disciplinares. 5. Pessoas de mais idade envolvidas em fazer músicas têm melhorias significativas na saúde. 6. O fazer musical altera algumas regiões do cérebro para combater o mal de Alzheimer. 7. O desenvolvimento musical faz reduzir os sentimentos de ansiedade, solidão e depressão. 8. A música diminui o estresse e reforça o sistema imunológico. 9. Estudos comprovam que aulas de piano ou teclado para idosos provocam aumento do hormônio do crescimento, colaborando no aumento do nível de energia, das funções sexuais e da massa muscular, evitando osteoporose e rugas. 10. Em todas as idades, a músicas reforça o sentimento e convivência em grupo, proporcionando melhorias no relacionamento interpessoal. E, depois de tudo isso, há que se convir que nunca é tarde para começar. Por isso, traga a música para sua vi-

da. Seus benefícios são incríveis!

* Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (associação Brasileira de Música). 34 / Revista Keyboard Brasil



Perfil

Foto: Gustavo Cunha

COM FORTE BASE NO ROCK, O TECLADISTA E PIANISTA THIAGO POSPICHIL MARQUES ATUA COMO MÚSICO PROFISSIONAL DE PALCO E ESTÚDIO EM DIFERENTES GÊNEROS MUSICAIS, TRABALHANDO COM BANDAS E ARTISTAS DO MEIO POP, GOSPEL, HEAVY METAL E ELETRÔN I C O . D E S TA C A N D O - S E E M DIVERSAS BANDAS, PROJETOS E MINISTRANDO WORKSHOPS. SEU MAIS RECENTE FEITO FOI TER VENCIDO O CONCURSO GSD (GAMES, SÉRIES E DESENHOS) PROMOVIDO PELA EMPRESA SANTO ANGELO. CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE SUA TRAJETÓRIA E SEU MAIS RECENTE TRABALHO INTITULADO GRAN DENSE. * Por Heloísa Godoy Fagundes 36 / Revista Keyboard Brasil


N

atural de Porto Alegre, Thiago Pospichil Marques é tecladista, compositor, professor e produtor musical, formado em Música pelo Centro Universitário Metodista - IPA. O interesse pelas teclas surgiu com um pequeno pianinho de brinquedo, que o levou ao estudo do órgão elétrico aos 5 anos de idade. Como toda criança curiosa, começou a testar timbres e acompanhamentos - um resultado que surpreendeu até mesmo sua professora. Aos 13 anos, já dava os primeiros passos ao formar uma banda com os amigos. Desde lá já entendia que queria fazer daquilo, um dia, sua profissão. A partir de então, Thiago dedicouse ao aprimoramento de seu talento, realizando aulas com Nilson Ferreira e Alexandre Massena, dois grandes pianistas. Seu currículo ainda conta com cursos ligados à teclados, sintetizadores, produção e teoria musical, dentre eles o “Música e Tecnologia”, curso de extensão universi-

tária ministrado pelo Departamento de Música Eletrônica da UFRGS e o “Introduction to Music Production” Berklee College of Music/Cousera. Sua primeira experiência em estúdio e gravando um álbum, foi aos 16 anos com a banda P49, que estava preparando seu disco de estreia chamado “O Verbo”. Seu talento chamou a atenção de Michael Polchowicz (Hangar, Venus Attack, OSPA), que o convidou para fazer parte de um projeto chamado “Journey Night” - covers de grandes sucessos da banda Journey. Na época, Thiago e Michael iniciaram uma parceria, que lhes renderam composições marcantes, gravadas em seus projetos individuais. Na linha do heavy metal, Thiago Marques fez parte de uma banda emergente do estilo chamada “Katana” e junto com o grupo recebeu prêmios de escolha popular e escolha da crítica especializada na categoria "Banda Revelação" do website HeavyRS. Com a Revista Keyboard Brasil / 37


38 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 39

Foto: Shaiala Marques

Em parceria com o baterista Ébano Santos, Thiago formou o duo instrumental “GranDense”, onde explora a integração dos dois instrumentos em músicas de estilo híbrido. Nas composições estilos como o jazz, rock, heavy metal e música eletrônica. O duo de teclado e bateria tem recebido comentários muito positivos de diversos profissionais do meio musical e revistas especializadas no ramo. A dupla tem atuado em diversas apresentações e workshops na região sul e sudeste do Brasil.


Katana, Thiago gravou o single “Eyes in the Dark” e fez uma turnê de divulgação. Na mesma época, Thiago fez parte da banda “Castelo Forte” - um dos expoentes do rock cristão no Rio Grande do Sul - gravando o EP "Recomeçar" e, em um momento seguinte, criando arranjos acústicos de músicas da banda para uma mini tour. Thiago Marques também seguiu os estudos da música em sua carreira acadêmica, formando-se em 2009 no curso de Licenciatura em Música, no Centro Universitário Metodista - IPA. Diversas vezes foi convidado para acompanhar músicos de talento, como Luciano Manga (Oficina G3, Vineyard, solo) em 2008. Iniciou sua carreira como professor ministrando aulas particulares e, em 2006, foi convidado a dar aulas em uma das maiores escolas de música do Estado, Tio Zequinha, conhecida por ter sido fundada por um dos membros da Família Lima. A escola de música proporcionou a Thiago ainda a possibilidade de participar de apresentações anuais no Theatro São Pedro e no conhecido “Natal Luz” da cidade de Gramado. Thiago também tem uma rica experiência na música eletrônica, fazendo parte do projeto Sax & Phone in Concert, inclusive compondo e produzindo a música “Smile on Your Face”, que contou com a participação da cantora Nalanda. Com o Sax & Phone in Concert, Thiago

tocou em algumas das maiores casas noturnas do Estado, recebendo a oportunidade de fazer parte da apresentação da cantora norte-americana Julie Mcknight. Outro momento marcante de Thiago neste projeto foi a realização do show de abertura da banda Tears for Fears, no Pepsi On Stage em Porto Alegre. Ainda merece destaque a composição de Thiago Marques para homenagear o Sport Club Internacional em seu centenário - a música “Século de Vitórias”, que se aproxima da marca dos 50.000 acessos no YouTube. Thiago ainda segue carreira de músico em eventos diversos com um trabalho voltado para a “Lounge Music”. Neste formato, tocou para um público bastante seleto em restaurantes de alta gastronomia, hotéis de luxo da serra gaúcha, desfiles de moda, lojas de grife, jantares particulares e corporativos, com destaque para as recepções realizadas pela Fundação Bienal do Mercosul, Associação dos médicos da PUC-RS, Grêmio Náutico União e Grupo Austral Agency durante o Festival de Cinema de Gramado-RS. Em 2015 o músico organizou e ministrou o curso: TECLADO - Uma ferramenta para composição, gravação, produção e performance e em maio de 2016 o curso: Produção Musical e Teclado, juntamente com o tecladista e produtor Fábio Laguna (Hangar, Freakeys). Contatos: thiagomrqs@gmail.com (51) 9-9858-8603

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 40 / Revista Keyboard Brasil



Sobre os sons

NACIONALISMO NA

Música erudita 42 / Revista Keyboard Brasil

- Parte final


O Gigante

Heitor Villa-Lobos

O MAESTRO HEITOR VILLA-LOBOS DESTACA-SE POR TER SIDO O PRINCIPAL RESPONSÁVEL PELA DESCOBERTA DE UMA LINGUAGEM PECULIARMENTE BRASILEIRA EM MÚSICA. COMPUNHA OBRAS QUE ENALTECIAM O ESPÍRITO NACIONALISTA, INCORPORANDO ELEMENTOS DAS CANÇÕES FOLCLÓRICAS, POPULARES E INDÍGENAS. * Por Sergio Ferraz

S

obre Heitor Villa-Lobos (18871959), poderíamos escrever inúmeras páginas, ensaios aca-

dêmicos, uma boa quantidade de livros e ainda assim o assunto não seria esgotado.

Sem dúvida, Villa-Lobos foi o maior fenômeno ocorrido na música erudita brasileira do século XX. Ele figura em grau de importância e grandeza a compositores como Debussy e Stravinsky. Com relação a seus predecessores brasileiros, enquanto estes estavam mais ligados a influencia de Wagner, Brahms, da Escola Russa e do romantismo, Villa-Lobos estava mais conectado a música da virada do século XIX e início do século XX, como o impressionismo de Debussy.

Também o tratamento que VillaLobos deu aos elementos de origem folclórica e popular difere bastante das gerações anteriores. Esses elementos são tratados de forma mais completa e livre, sendo assim um elemento assimilado ao seu estilo pessoal de compor, e não uma simples citação para conferir um colorido exótico à composição. Sobre isso, o músico José Maria Neves em seu livro Música Contemporânea Brasileira, diz o seguinte: “Mais do que seus predecessores, Villa-Lobos verá o folclore e a tradição popular como um todo, como um amálgama complexo do qual não se pode isolar este ou aquele elemento. Por isso mesmo, sua música não se prenderá às características negras ou indígenas, mas Revista Keyboard Brasil / 43


procurará refletir um clima sonoro que, como já disseram muitos autores, mostra mais a terra do que a raça.” As obras escritas a partir de 1917, como os Quartetos no. 3 e 4, os poemas sinfônicos Iara e Saci Pererê, e principalmente o balé Amazonas , inauguram uma nova fase estética, com notável enriquecimento de recursos técnicos e de um espírito essencialmente nacionalista. Porém esse nacionalismo villalobiano nada tem a ver com aquele nacionalismo impregnado do espírito romântico e ingênuo. O nacionalismo

de Villa-Lobos é pleno de um primitivismo violento, rude e direto, como a natureza tropical. É a partir do balé Amazonas que o nacionalismo ganha contornos claros e definitivos nas composições de Villa-Lobos. Um nacionalismo completamente pessoal, rico em texturas cores e sons, sendo também natural, vindo direto do espírito do compositor que soube como ninguém captar a alma da terra do povo e da natureza do Brasil. Destacamos também o balé Uirapuru, a Fantasia em Movimentos Mistos, os Quartetos de Cordas, a incrível série de Choros entre muitas outras.

Música para piano solo Villa-Lobos escreveu música para todos os tipos de instrumentação, de peças para instrumentos solo, música de câmara, música vocal e sinfônica, sempre de forma genial. Não poderia deixar de mencionar as composições de Villa-Lobos para piano solo, onde vemos uma incrível vitalidade rítmica, como na série Ciclo Brasileiro, Danças Características Africanas, outras com forte caráter impressionista onde se vê o uso de superposição de tons, utilização de blocos sonoros não explicáveis funcionalmente como a Suíte Floral, bem como singelas peças com temas extraídos de cantigas de roda como na série Brinquedos de Roda e também a 44 / Revista Keyboard Brasil


suíte para piano A Prole do Bebê , composta em 1918 e tocada pela primeira vez por Athur Rubenstein, em julho de 1922. É claro que o assunto do nacionalismo na música erudita brasileira não encerra-se em Heitor Villa-Lobos. Ao contrário, Villa-Lobos foi um divisor de águas

na história da música erudita brasileira, ao mesmo tempo que representa também o impulso para as gerações seguintes. Ele foi o compositor símbolo do movimento modernista liderado pelo escritor, pesquisador e mentor intelectual do movimento modernista e da Semana da Arte Moderna de 1922, Mário de Andrade. Um dos motivos para isso foi sua maturidade musical que sintetizava de forma grandiosa e original uma música que representava o espírito e a alma da terra e do povo brasileiro.

A tendência nacionalista de uma forma ou de outra esteve presente nas gerações pós VillaLobos, independentemente de qual seja a escola, como aqueles da Música Viva com tendência ao atonalismo, ou mais adiante o surgimento de movimentos de caráter mais regionalista como o Movimento Armorial, liderado pelo escritor Ariano Suassuna. O fato é que, em um país de dimensão e vasta diversidade cultural como o Brasil, a abundância de material rítmico e melódico de fontes folclórica e popular são praticamente inesgotáveis, tornando-se um atrativo valioso para a composição musical e possibilitando a abertura de ricas e criativas ideias musicais. Bibliografia pesquisada e indicada: GROUT & PALISCA. História da Música Ocidental. GRIFFITHS, PAUL. A Música Moderna. NEVES, JOSÉ MARIA. Música Contemporânea Brasileira. * Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento. Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 45


Aconteceu

ARI BORGER TRIO NO

JAZZ NOS FUNDOS

A MÚSICA DE ALTO NÍVEL 46 / Revista Keyboard Brasil


UM CLIMA INTIMISTA E CONFORTÁVEL. UMA MISTURA DE JAZZ, SOUL, GROOVE E BLUES. ESSE FOI O SALDO DE UMA NOITE REGADA A BOA MÚSICA COM ARI BORGER TRIO NO JAZZ NOS FUNDOS DO CENTRO CULTURAL DA MÚSICA INSTRUMENTAL. * Por Heloísa Godoy Fagundes

U

m dos espaços de jazz mais visitados em São Paulo e lugar para descolados, o Jazz nos Fundos – de início, um lugar despretensioso

onde mal cabiam seus clientes e com alma das chamadas speakeasy, bares americanos escondidos - após alguns meses de reformas voltou repaginado. Agora transformado em Centro Cultural da Música Instrumental (CCMI), passou a contar não apenas com shows e apresentações de artistas e grupos instrumentais e contemporâneos da música brasileira mas, também, com diversos eventos culturais como palestras, encontros e workshops, compondo dessa maneira uma programação de referência no cenário musical da cidade. Uma noite memorável: casa lotada e música de alto nível. Ari Borger Trio levantou o jovem público ali presente, com uma mistura de Jazz, Soul, Groove e Blues. Confesso que dancei e, muito, na cadeira. Releituras que ganharam uma roupagem jazzística moderna, como Beatles, também fizeram parte da apresentação. O primoroso trio formado há mais de dez anos por Humberto Zigler na bateria, Marcos Klis no baixo acústico e, é claro, Ari Borger ao piano, levou os espectadores a uma verdadeira viagem musical com um sabor de quero mais! Segui viagem ouvindo em meu carro Ari Borger - Live at Cincy Blues Fest. Recomendo! Serviço: Jazz nos Fundos Cardeal Arcoverde, 742 - Pinheiros, São Paulo - SP (11) 94311-2766

Revista Keyboard Brasil / 47


48 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 49


A vista do meu ponto

POR QUE AS PESSOAS NÃO SE INTERESSAM MAIS POR

CA?

MÚSI PARTE 2

TÁ AÍ O NOSSO DESAFIO: MUDAR A OPINIÃO DAS PESSOAS COM RELAÇÃO AO ENSINO MUSICAL. E NÃO ESTOU FALANDO DO ENSINO MUSICAL SOMENTE AQUI NO BRASIL, NÃO! ESTOU FALANDO DO ENSINO MUSICAL NO MUNDO. ISSO, MESMO! NO MUNDO TODO.

* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

50 / Revista Keyboard Brasil


O

desejo pelo aprendizado musical está praticamente desaparecendo. Se a pes-

soa não tem envolvimento, um certo “dom”, não se interessa mais em aprender um instrumento musical. Isto é um fato; não carece de opinião! Este fenômeno está acontecendo no mundo todo. Nos países ditos “civilizados” o ensino musical persiste porque é obrigação. Cessada a obrigação, abandona-se o estudo, e ponto final. Nada mais de música; a não ser para escutar e assistir espetáculos musicais. Nos países onde esta obrigatoriedade não existe, acabou. Acabou, mesmo! Um pequeno exemplo: as Escolas Musicais, no Brasil, estão desaparecendo. Agora, com o acirramento da crise, então, as portas estão se fechando em todos os lugares. Escolas

tradicionais, professores, todo mundo está desesperado. Nunca vi tanto anúncio, tanta postagem no Face, no sentido de incentivar as pessoas a se interessarem por música. Velho jargão: Agora é tarde! Se formos falar de números, então, o caos já está instalado. Este ano não vamos fechar o Setor de Ensino Musical com a cifra de R$ 500 milhões em todo o país, incluindo Escolas Tradicionais, Conservatórios e Universidades (somando, inclusive, as verbas destinadas às Instituições Públicas de Ensino de Música).... Revista Keyboard Brasil / 51


Pense! Ah! Você precisar clarear a matemática? Bom: em 2015, o PIB Brasileiro chegou a quase R$ 6 trilhões (e você ainda pensa que somos um país pobre e que não temos dinheiro!). Tenho batido e muito, na teoria de que o formato do ensino musical está completamente errado. As pessoas

começam o aprendizado com informações que só serão relevantes muito mais tarde; mas, muito mais tarde, mesmo. Isso, se a pessoa persistir na vontade de querer aprender música, O que está errado? A metodologia. Quem entra para uma escola de música, independente do desejo ou não, de se profissionalizar, passa pelos mesmos estágios. Teoria, Solfejo, pentagrama, livros e, dos mais engraçados: imagine um senhor de 60 anos, no ávido interesse em aprender a tocar piano, adquirir, nas melhores casas do ramo, um livrinho chamado “Leila Fetcher”, e passar a tocar “The Frog”? Piada, não? Ou então, adquirir o famoso Hanon? Ora, pois, amigos! O bom e velho amigo Hanon morreu no milênio passado... Caramba! Um verdadeiro inferno. Este material todo só tem sentido para o professor. Entenda isso! Somente o professor, o mestre, é que consegue entender o significado de tudo isso. O aluno, o interessado, não. Crie uma neces-

sidade e você tem o mundo nas mãos. Tenho insistido nisso.Se o aluno não tem necessidade de Leila Fetcher, 52 / Revista Keyboard Brasil

Hanon, Bona, etc, não vai se interessar por música. Portanto, sugiro uma boa reflexão. - Ah! Mas estou sem nenhuma ideia de como enfrentar este problema... Eu, não! Por isso vou sugerir uma reflexão sobre a metodologia do aprendizado musical. E, olha, você vai se surpreender com o que vou descrever. Tem aquela frase: “o que temos para hoje é saudade”. Pois, vou ousar nesta edição da nossa matéria. O que temos para hoje é o apontamento do que pretendo propor para o Ensino Musical. Que venham as pedras, que venham as críticas, que venham as sugestões. Aliás, você está preparado para este desafio? Vamos lá: O Ensino Musical, tal como se apresenta, é um "porre"! Somente

persiste quem tem muito desejo, muito interesse em aprender música. Então, vou sugerir mudanças. E as mudanças envolvem, claro, a metodologia. Sugiro você pensar, agora, já, neste momento, nos 7 passos que vou mencionar... “Somos o que fazemos repetidamente. Por isso, o mérito não está na ação e, sim, no hábito.” Para criar o hábito e o interesse pelo aprendizado musical você precisa: 1. Ouvir: ouvir música, ouvir música de todas as vertentes, do clássico ao popular; 2. Adaptação: transferir esta informação para o Instrumento Musical. (No meu entender, obrigatório


utilizar, nesta fase, o Teclado Arranjador) 3. Percepção: aguçar os ouvidos, ou seja, aprender a utilizar as mídias e os canais que envolvem música, música de todas as vertentes; 4. Repetição: repetir, repetir, repetir e repetir, várias vezes, trechos de temas simples que você escutou; 5. Criatividade: ousar na execução do que você escutou; uma espécie de “improviso”, onde a sua identidade fale muito mais alto do que o tema principal; 6. Simplicidade: apreciar a simplicidade, a

maneira fácil de entender música; 7. Falar Música: percepção e entendimento sobre as frases musicais. Depois disso, é claro, pode descarregar todos os Hanons, Bonas, e Fletchers da vida. A música já está incorporada em você e tudo o que for acrescentado só vai somar e fazê-lo entender, definitivamente, o sentido da revelação, da música. Simples, assim! Avante!

*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil, além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 53


Musicando

MARCEL COSTA MÚSICO AUTODIDATA, AINDA JOVEM DESCOBRIU QUE SEU CAMINHO ERA A MÚSICA. E, DESDE ENTÃO, NÃO PAROU MAIS. * Por Rafael Sanit 54 / Revista Keyboard Brasil


V

Foto: Luiz Henrique

ocalista e tecladista, o paulistano Marcel Costa iniciou na vida musical aos cinco anos de idade. Aos 13 anos realizou seu primeiro show com cache – um baile de Réveillon. O ano era 1997. Desde então tocou em várias bandas, todas tendo que pedir autorização ao próprio pai para poder participar, pois ainda era menor de idade. Contudo, a companhia do pai em todos os shows era um grande incentivo. Músico autodidata não teve contato algum com qualquer sistema de ensino musical, costumando dizer a todos, simplesmente ser “dom de Deus”. Atuante como músico tecladista dos músicos: Léo Chaves, Luana Camarah e Ana Cigarra (todos participantes do programa de TV The Voice Brasil) e Banda Baile Aula Waga. Durante um tempo, foi responsável pela área comercial da Nexo no Brasil – marca da caixas acústicas francesa considerada como as melhores caixas do mundo em qualidade e precisão – tendo contato direto no meio musical com grandes nomes como Chitaozinho e Xororó, Bruno e Marrone, entre outros e grandes nomes da locação de equipamentos como Ricardo Sá, XUXA GORGEUS EVENTOS, Apple Produções, entre outros. Atualmente é produtor do CD e DVD do Padre Elimar Azevedo, participa de sua comunidade católica como técnico de áudio e vídeo e também como diretor musical. Proprietário da empresa de sonorização para Igrejas, bares e restaurantes MS Áudio e Tecnologia. Marcel Costa é endorsee e artista das Marcas Stay Music – Nord Keyboards – Mogami Cables – Shure Brasil.

* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 55


Fotos: Divulgação

Revolução Musical

PSYCOTHRONIC III BRASILIAN ELECTRONIC MUSIC INCLUSO CD LINK

TERCEIRA PARTE DO UNDERGROUND BRASILEIRO. OUÇA

E

BAIXE

COM

CARINHO

PSYCOTHRONIC III. HARE!! * Por Amyr Cantusio Jr.

56 / Revista Keyboard Brasil

O

CD


N

esta terceira edição/compilação trago ao público limitado de ouvintes, coisas muito

preciosas e raras do rock de vanguarda nacional. Incluindo faixas de LPS que foram lançados em edição limitada nos anos 80 e 90, pouco conhecidos e bem “underground”. Bandas e músicos que vieram à tona por alguns segundos, marcaram presença e voltaram ao ostracismo habitual de nossas vidas obstaculadas pela ignorância de um povo analfabeto e corrupto, sem cultura e politicamente nefasto.

sons incríveis e grandes músicas, e se indagar: – Fuck!!! Como é que estes caras não tocam, fazem sucesso e vendem na mídia??? Porque aqui é o país dos degredados, do povo gado (como aquela música do Zé Ramalho: “[...] Êh, oô, vida de gado. Povo marcado, êh, povo feliz! ”) que se curva aos grandes “Generais dos Pastos” e “Bispos”. São governados por bandidos, por uma mídia obsoleta e degenerada, um povo que se acomodou no lixo de gerações. Aqui está sua salvação!! Ouça e baixe com carinho! Hare!!

Aqui você vai se deleitar com

FABIO RIBEIRO Produtor, consultor de tecnologia musical, tecladista da banda REMOVE SILENCE e escritor de artigos sobre música e tecnologia musical em mídias especializadas, o paulistano Fábio Ribeiro estudou piano erudito, deste muito jovem. Seu ingresso no meio artístico foi no início dos anos 80, tocando guitarra na banda Annubis, assumindo os teclados somente em 1985. Participou de inúmeras bandas e lançou seu primeiro projeto solo em 1991, com o álbum Blezqi Zatsaz - Rise and Fall Of Passional Sanity.

LOCH NESS A banda obscura de neo-progressivo carioca Loch Ness, lançou seu único álbum capa dupla chamado Prologue. A gravação original é de fim dos anos 70, mas a prensagem só ocorreu nos anos oitenta. Sua linha era derivada de bandas como Marillion ou I.Q. (neo progressivo inglês) e possuía fortes influências de Eloy e Pink Floyd. Piano, Hammond, Synth e vocais ficavam a cargo de Alexandre Cpah. Revista Keyboard Brasil / 57


FABIANO NEGRI Natural de Campinas (SP), Fabiano Negri já conta com mais de 20 anos de carreira, divididos em trabalhos solo e a frente da banda de hard rock Rei Lagarto. Versando pela soul music, balada, rock e pop music, Fabiano se mostra um músico eclético. Seus principais ídolos são Ozzy Osbourne, Black Sabbath, Led Zeppelin, Deep Purple, David Bowie, The Doors, The Who, Pink Floyd, Marvin Gaye, Michael Jackson, Stevie Wonder, Zakk Wylde, Beatles…

ANDRE MELLO O carioca André Mello é compositor, tecladista e vocalista da banda de rock progressivo Tempus Fugit. Estudou como autodidata até os 22 anos quando conheceu a professora Lydia Nogueira. Com ela estudou técnica, solfejo, leitura de partituras e harmonia. Suas principais influências são Rick Wakeman, Yes, Supertamp, Genesis entre outros. Em seu trabalho ‘THE PURE AZURE OF THE SKY’, Andre Mello tocou todos os instrumentos.

ANNO lUZ Anno Luz é um dueto brasileiro formado pelo tecladista e vocalista Guilherme Orcutt e o violonistapercussionista e vocalista Paulo Loureiro. Seu álbum autointitulado "Duo de Petrópolis" foi registrado pela primeira vez entre 1987 e 1989, num momento em que a música eletrônica e o Rock Progressivo não foram especialmente bem recebidos. 58 / Revista Keyboard Brasil


IGOR OLIVEIRA AZAMBUJA Vindo do sul do país, o músico arranjador, compositor, professor de teoria, violão, guitarra e vocal Igor Oliveira Azambuja estudou Licenciatura Plena em Música na Universidade Federal de Santa Maria, a UFSM. Possui atualmente somente 1 CD oficial independente chamado Racional.

GARGULA VALZER

O nome Gargula Valzer foi criado em 2004 quando Getulio Silenzio adquiriu um pequeno teclado e externou suas idéias. É difícil comparar com alguma outra banda; para servir de parâmetro aos internautas interessados. O trabalho desenvolvido por 'Gargula Valzer' é um portal para o universo gótico.

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 59


Lançamento

Mauricio Pedrosa apresenta...

HARD ROCK

Summit

Devotion and Surrender TECLADISTA, VOCALISTA, COMPOSITOR E PRODUTOR – MAURÍCIO PEDROSA APRESENTA SUA NOVA BANDA HARD ROCK SUMMIT, E SEU MAIS RECENTE TRABALHO DEVOTION AND SURRENDER. * Por Mateus Schanoski & Ricardo Alpendre

60 / Revista Keyboard Brasil


M

aurício Pedrosa é um

tecladista identificado com o rock e com o blues. Sua identidade “blueseira”, nos últimos tempos, é tão marcante que na divulgação deste trabalho ele pede desculpas ao pessoal do estilo por querer matar saudades do bom e velho rock. Como aquele escritor que se desculpa com os leitores na introdução de seu novo livro por este não ser mais um romance policial e, sim, um drama familiar. O nome da nova banda, Hard Rock Summit, pode nos dar a ideia de um projeto muito mais preso a um estilo do que ele realmente é. O rock instrumental contido no álbum é variado, contendo, sim, alguns trejeitos do hard rock, mas tem muito mais, incluindo jazz-rock, algo de progressivo e (adivinha!) blues. Tendo integrado bandas de artistas do naipe de Rita Lee e Walter Franco, além do Made in Brazil e o Telex (com o qual

emplacou o hit “Só Delírio” na década de 80), o tecladista tem a companhia de uma “cozinha” segura e criativa: Victor Busquets na bateria e Marco Augusto, o baixista e co-produtor ao lado do próprio Mauricio. E aí vêm as participações. Robson Fernandes, um dos melhores gaitistas brasileiros, é um dos fatores que trazem a linguagem do blues para o disco. O guitarrista Luiz Carlini toca lapsteel, instrumento no qual também é fera, e as guitarras ficam com Lou Alves e Denfire. Devotionand Surrender, disponível em CD e em plataformas digitais, é um álbum de um artista que está à vontade, livre de qualquer redoma de estilos. Parece ser o disco que o músico sempre quis fazer. Não por ter características típicas de um disco instrumental, mas por ser bem-sucedido em uma coisa principal, que nem todos os álbuns têm: ele passa a certeza de que todo mundo ali está se divertindo.

* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil. * Ricardo Alpendre é cantor da banda Tomada e de Gaspa & os Alquimistas, além de locutor publicitário e jornalista. Revista Keyboard Brasil / 61


Aprenda agora

HOME STUDIO

OUTROS EQUIPAMENTOS COMPUTADORES, INTERFACES DE ÁUDIO, MICROFONES, MONITORES... NAS ÚLTIMAS COLUNAS PUDEMOS CONHECER UM POUCO MELHOR ESTES EQUIPAMENTOS. MAS EXISTEM MUITOS OUTROS QUE OS PROPRIETÁRIOS DE HOME STUDIOS PODERÃO UTILIZAR EM SUAS PRODUÇÕES. NA COLUNA DE HOJE, VEREMOS INFORMAÇÕES BÁSICAS SOBRE ALGUNS DELES. * Por Murilo Muraah 62 / Revista Keyboard Brasil


FONES DE OUVIDO

E

xistem

diferentes

tipos de fones de ouvido para uso no estúdio e ressalto aqui a impor-

tância de escolher o tipo correto para cada situação. Os fones de ouvido profissionais para estúdio costumam ser circumaurais (também chamados de over-ear) e são abertos, semi-abertos ou fechados. A parte que fica atrás dos alto-falantes dos fones, mais fechada ou mais aberta, é que determina essa classificação. Em geral, os fones de ouvido fechados são utilizados pelos músicos durante a gravação, pois ajudam a minimizar o vazamento do som dos fones nos microfones. Já durante a mixagem, precisamos de fones de ouvido com resposta de frequência transparente, com

boa resposta de graves, boa extensão de agudos e bastante confortáveis, pois provavelmente passaremos horas e horas com eles durante nossas produções. Por isso, fones abertos costumam ser a melhor escolha durante a mixagem. Em home studios, onde a acústica da sala costuma ser muito problemática, fones de ouvido de qualidade são fundamentais no momento da mixagem. É muito comum vermos home studios que contam apenas com fones de ouvido, não possuindo monitores de referência. Lembre-se de não utilizar os fones de ouvido com volume muito alto e de fazer uma pausa de cerca de 10 minutos a cada hora de uso dos fones.

CONTROLADORES MIDI Equipamentos que utilizam o protocolo MIDI para controlar instrumentos virtuais, plugins e diferentes funções dos softwares de produção musical. Podem conter teclados, pads, faders, knobs, botões diversos e outras formas de controlar uma variedade imensa de parâmetros. O uso de controladores MIDI com samplers e sintetizadores vai muito além do simples controle de quais notas estão sendo tocadas e com qual intensidade - o próprio processo criativo musical atual é bastante influenciado pelo desenho dos timbres e de inúmeras possibilidades de execução sonora oferecidos por estas tecnologias.

APC40 mkII, controladora da Akai para Ableton Live.

Revista Keyboard Brasil / 63


INTERFACES MIDI Permitem conectar diferentes equipamentos MIDI ao seu computador. Algumas interfaces de áudio já contêm interfaces MIDI embutidas e muitos controladores MIDI atualmente

dispensam a necessidade de uma interface MIDI, pois podem ser conectados diretamente ao computador, geralmente a partir de uma porta USB.

MESAS DE SOM Podem ser analógicas, digitais ou híbridas. As mesas de som digitais ou híbridas podem conter interfaces de áudio embutidas, ou mesmo funcionar como controladoras MIDI através de faders motorizados, knobs e botões inteligentes, permitindo sua completa integração com o computador para operação do seu software de produção musical. Em home studios de pequeno porte, não é incomum a utilização de uma interface de áudio com apenas duas entradas para a gravação em tempo real de múltiplos canais. Isso é possível graças ao uso de uma mesa de som que possibilitará a mixagem dos múltiplos

canais e fornecerá apenas uma saída estéreo a ser gravada pela interface. Nesses casos, é importante lembrar que a mixagem dos instrumentos deve ser feita na mesa de som durante a gravação, pois os instrumentos não ficarão disponíveis individualmente para edição e mixagem no software - apenas o arquivo estéreo já com a mixagem feita na mesa. Da mesma forma, é muito comum encontrarmos home studios que sequer contam com mesas de som. Isso é possível pois a gravação dos instrumentos pode ser feita diretamente pela interface de áudio e a mixagem pode ser realizada no software.

DI Um DI, também chamado de Direct Box, permite realizar o balanceamento de sinal, minimizando os ruídos induzidos por interferências eletromagnéticas no cabo, além de realizar a conversão de impedância, permitindo ligar equipamentos com alta impedância de saída em entradas de microfone de

64 / Revista Keyboard Brasil

baixa impedância. Por exemplo: se quisermos ligar uma guitarra em uma entrada de microfone de nossa interface de áudio, precisaremos utilizar um DI. Fique atento: algumas interfaces já possuem entradas específicas para instrumentos de alta impedância, dispensando o uso de um DI externo.


DSP Pré-amplificadores, equalizadores, processadores de dinâmica (compressores, gates, limiters, expanders, etc.), reverbs, delays, chorus e tantos outros processadores de efeitos... Hoje estamos acostumados a encontrar uma grande variedade de plugins de áudio diretamente em nossos softwares ou através de diversas empresas fabricantes de plugins. O limite de uso destes plugins geralmente será dado pela capacidade de processamento do nosso computador. Um DSP (Digital Signal Processor) é um hardware que permite processar plugins fora do computador, economizando o processamento do computador. Existem também interfaces de áudio que já contam com DSPs embutidos, como as da série Apollo, da Universal Audio.

Apollo Twin, interface de áudio com DSP da Universal Audio..

´ PERIFERICOS (HARDWARE) É importante sabermos que muitos plugins que usamos hoje são inspirados nos equipamentos hardware que eram amplamente utilizados antes que essa tecnologia se tornasse disponível. Isso quando não são cópias

(muitas vezes autorizadas) de equipamentos clássicos! Mas apesar da ótima qualidade de muitos destes plugins, os equipamentos hardware não deixaram de ser utilizados nem se tornaram obsoletos.

´ CABOS DE AUDIO

Muitas vezes subestimados, os cabos de áudio são extremamente importantes para a qualidade do seu sistema. Por isso, tenha à disposição cabos de qualidade não apenas para ligar seus

monitores, mas também bons cabos de microfone, de instrumentos e para ligar qualquer equipamento durante suas produções.

*Murilo Muraah é Bacharel em Comunicação Social pela FAAP e proprietário da Muraah Produções, onde atua como professor de áudio analógico e digital, produtor musical, compositor de trilhas sonoras e músico. É também supervisor dos cinco estúdios de gravação e mixagem das Fábricas de Cultura das zonas norte e sul de São Paulo além de colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 65


Pioneirismo

O Mestre Erudito do Classic Rock

JON LORD 66 / Revista Keyboard Brasil


Jon Lord, em 1969, gravando com o Deep Purple e a Royal Philharmonic Orchestra.

CONSIDERADO POR MUITOS COMO UM DOS MAIORES E MAIS INFLUENTES MÚSICOS DO ROCK EM TODOS OS TEMPOS, JON LORD FOI INCENTIVADO DESDE MUITO CEDO A DESENVOLVER SUAS HABILIDADES MUSICAIS. PIANISTA E ORGANISTA, VIRTUOSO E PROLIXO, ALÉM DO DEEP PURPLE E WHITESNAKE, TOCOU NAS BANDAS PAICE, ASHTON & LORD, THE ARTWOODS E THE FLOWER POT MEN. PERSISTENTE, IMPEDIA QUE IDEIAS FOSSEM DEIXADAS DE LADO NOS PROCESSOS DE COMPOSIÇÃO. UM MÚSICO QUE GOSTAVA DE OUVIR O QUE SEUS COMPANHEIROS TINHAM A APRESENTAR. E, CORDIALMENTE TRABALHAVA PARA QUE CADA ÁLBUM GRAVADO FOSSE SUPERIOR AO ANTERIOR TESTEMUNHANDO SUA GRANDEZA. UM VERDADEIRO LORD. * Por Amyr Cantusio Jr.

Revista Keyboard Brasil / 67


J

onathan Douglas Lord, mais conhecido como Jon Lord nasceu em plena Segunda Guerra Mundial, em Leicester, na Inglaterra, em 9 de junho de 1941. Aos 5 anos, começou a ter aulas de piano clássico incentivado principalmente por seu pai que era saxofonista. Rapidamente, aprendeu o repertório de Bach e também temas pop. Aos 19 anos, sonhando se tornar um ator, recebeu uma bolsa de estudos em Londres, para onde se mudou. Ao mesmo tempo, começou a tocar em pubs, apresentando um repertório que misturava jazz e rhythm and blues, influenciado por músicos como Jimmy Smith e Jerry Lee Lewis. A carreira de ator foi ficando para trás enquanto Lord ia fazendo currículo com bandas como The Artwoods e Santa Barbara Machine Head, nas quais o órgão Hammond (instrumento que adotara como o seu preferido) já se destacava, conduzindo as músicas.

68 / Revista Keyboard Brasil


Cofundador da banda Deep Purple...

Deep Purple foi uma banda visionária, onde John Lord teve papel fundamental. Além de fundir o rock a sons clássicos que marcaria o chamado som progressivo dos anos 1970, a banda ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath, se consagraria naquela década também como um dos precursores do heavy metal.

O Deep Purple teve início em 1968, com o nome Roundabout. A banda se apresentava na América a início como acompanhantes do artista Chris Curtis. A primeira for-mação, que lançou três discos de pouca repercussão (Shades of Deep Purple, The Book of Taliesyn e o álbum homônimo Deep Purple) contava com o vocalista Rod Evans, o guitarrista Ritchie Blackmore, o baixista Nick Simper, e o baterista Ian Paice, além do próprio Jon Lord nos teclados. O nome Deep Purple foi sugerido por Ritchie Blackmore, e retirado de uma música que a sua avó gostava. Em 1969, resolveram arriscar uma mudança no direcionamento musical da banda, convidando o vocalista Ian Gillan (ex-Episode Six) e o baixista Roger Glover (ex-Episode Six), passando a buscar um estilo que misturasse música clássica europeia ao hard rock, que surgia na Inglaterra. Coisas como Procol Harum, The Nice e Van Der Graaf Generator. Desta forma lançaram o LP Concerto for Group and Orchestra que foi recebido com respeito (e com um pouco de estranheza) pela crítica. Não foi, todavia, um grande sucesso de público. Dariam uma virada de 180 graus em 1970, com o álbum Deep Purple in Rock, um clássico petardo, um dos mais impactantes álbuns do rock setentista. Vide em detalhes as performances alucinantes de Lord, Blackmore e Gillan em especial, transformando imediatamente o Deep Purple em uma banda muito conhecida e influente. São deste disco alguns dos primeiros grandes clássicos da banda, "Speed King", "Child in Time" e "Black Night". Revista Keyboard Brasil / 69


Membros da banda Deep Purple (da esquerda para a direita): Rod Evans, Jon Lord, Ritchie Blackmore, Nicky Simper and Ian Paice. Photo: PA

Mais além, citaria LPS clássicos com a presença marcante de Jon Lord na estrutura musical (acho-os principais e mais relevantes) holística do grupo como: Shades of Deep Purple (1968); The Book of Taliesyn (1968); Deep Purple (1969); Concerto for Group and Orchestra (1969, ao vivo); In Rock (1970); Fireball (1971); Machine Head (1972); Made In Japan (1972, ao vivo); Who Do We Think We Are (1973); Burn (1974); Stormbringer (1974); Come Taste the Band (1975); Perfect Strangers (1984); The House of Blue Light (1987); Slaves and Masters (1990); The Battle Rages On... (1993); e Purpendicular (1996). 70 / Revista Keyboard Brasil

Jon Lord como compositor, pianista, formação erudita sólida, virtuose nos teclados, em especial o órgão Hammond e o Grand Piano (sua marca registrada!) faria ainda álbuns solos deslumbrantes e marcantes, dos quais nos anos 70 eu furei os LPS de tanto ouvir. Cito estes em especial, com certeza, os melhores: Gemini Suite (1972); Windows (1974), com este cast estupendo: Jon Lord teclas, piano David Coverdale - vocais Ray Fenwick - guitarra Tony Ashton piano Glenn Hughes - baixo, vocais Pete York - bateria; Sarabande (1976), este considero a “masterpiece” um trabalho


realizado com a Munich Chamber Opera Orchestra conduzida pelo maestro Eberhard Schoener e o grupo, com temas de J. S. Bach, solos e melodias esmagadoras, permanece 100% magnífica!; Before I Forget (1982), em especial gosto de 2 faixas neste LP, uma versão da Toccata em Dm de Bach com o virtuose batera Simon Phillips e Tender Babes com o falecido batera Cozy Powell. Lord ainda seria o tecladista de base do famoso grupo de David Coverdale “WHITESNAKE” junto ao qual registraria inúmeras outras obras primas. De grande contribuição à música, Lord foi condecorado em 2010 como membro honorário da Stevenson College, nos Estados Unidos. Em 2011, também foi homenageado com o título de doutor honorário em música na Universidade de Leicester, cidade onde nasceu. Em 2009, 3 anos antes de sua morte, Lord se apresentou no Brasil com a Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, na Virada Cultural paulistana.

Uma brilhante carreira! Prolífera, bela, pomposa e marcante, tanto na história do Classic Rock quanto no Erudito de vanguarda!!

*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil. Revista Keyboard Brasil / 71


EXPOMUSIC 2016

VENDE R$ 240 MILHÕES E OFERECE 320 HORAS DE MÚSICA PARA O PÚBLICO

72 / Revista Keyboard Brasil


NOVAS INICIATIVAS PARA AMPLIAR A REALIZAÇÃO DE NEGÓCIOS E CENTENAS DE ATRAÇÕES ATRAÍRAM 42 MIL PESSOAS PARA O EVENTO. * Redação

Q

uarto maior evento profissional da música no mundo, a

Expomusic 2016 – Feira

Quarto maior evento profissional da música no mundo, a Expomusic 2016 – Feira Internacional da Música foi encerrada no Anhembi, em São Paulo, dia 25 de setembro passado. Nos cinco dias do evento, as 130 empresas expositoras – que representam mais de 300 marcas nacionais e estrangeiras – venderam em torno de R$ 240 milhões em instrumentos musicais, equipamentos eletrônicos, acessórios, tecnologia e outros produtos e serviços. “A Expomusic representou o fim de um ciclo de queda e o início da retomada das vendas. A Música tem poder!”, comemora Synésio Batista da Costa, presidente da Abemúsica – Associação Brasileira da Música, promotora do evento junto com a Francal Feiras. As novas iniciativas para ampliar a realização de negócios entre expositores e lojistas e as centenas de atrações musicais da programação oficial e dos estandes atraíram 42.087 pessoas para o evento, número 17,2% maior que o da edição anterior. Desse total, 5.258 foram compradores que visitaram a feira atrás das novidades para abastecer seus estabelecimentos.

Segundo Abdala Jamil Abdala, presidente da Francal Feiras, a mudança no formato da Expomusic foi estratégica e deixa a feira alinhada com os eventos internacionais do setor. “É uma tendência mundial que as feiras de negócios ofereçam mais conteúdo aos visitantes, e numa feira de música esse conteúdo passa obrigatoriamente pelo entretenimento”.

Rodada de Negócios Somente as Rodadas de Negócios, iniciativa inédita criada para ampliar a realização de negócios na feira, renderam em torno de R$ 3 milhões. Nos três primeiros dias da Expomusic (21, 22 e 23), foram realizados 218 encontros préagendados entre 35 empresas expositoras e 30 pequenos lojistas. Márcio Parente, proprietário da loja Songs, de Araguaína/TO, esteve entre os lojistas que participaram das Rodadas, onde conversou com oito empresas, fechou quatro pedidos e deu início a outros. Ele elogiou o formato de atendimento: “É fundamental um espaço que favoreça a aproximação do lojista com as marcas, ainda mais para aqueles de regiões distantes dos grandes centros”.

Revista Keyboard Brasil / 73


Programa lojista VIP Para potencializar ainda mais os negócios durante a Expomusic, a Abemúsica e a Francal Feiras patrocinaram o Programa Lojista VIP, que trouxe 154 lojistas de 23 Estados do Brasil para a feira.

Novos Negócios Juntamente com as Rodadas, neste ano a Expomusic criou outros mecanismos de fomento ao mercado da música, como o “Minha Primeira Expomusic”, que reuniu empresas estreantes numa área coletiva e com montagem projetada especialmente para viabilizar financeiramente sua participação. O músico e proprietário Pithy Cajonero foi um dos expositores do espaço. Para ele, primeiro fabricante brasileiro de cajón (tradicional instrumento de percussão do Peru), a participação na feira foi estratégica para aquecer as vendas de final de ano. “Alcançamos todas as metas com um investimento acessível, que, inclusive, já foi pago com os pedidos tirados na própria feira”. Outra novidade desta edição, o “Music Store”, abriu espaço para lojas de instrumentos musicais e de acessórios venderem seus produtos diretamente aos visitantes da feira. Entre elas estava a X5 Music, que levou para a feira guitarras, palhetas e seu carro-chefe: uma variedade de ukulele. Márcio Ribeiro, proprietário do negócio, disse que se surpreendeu com a aceitação do público e o número de visitantes da feira. “A repercussão foi bastante positiva. Este espaço tem tudo para crescer nas próximas edições”, projeta. 74 / Revista Keyboard Brasil


Centenas de atrações O novo local da Expomusic, o complexo do Anhembi, possibilitou a oferta de uma ampla programação voltada ao entretenimento do público. No total, foram mais de 320 horas de música e tecnologia que se espalharam pelo pavilhão de exposições e pela Arena Expomusic, formada pelo auditório Elis Regina e a área externa que contempla o espelho d´água.

Rock Lounge O Rock Lounge recebeu uma multidão de pessoas que interagiram com tatuadores, exposições (de Lobo, Fernando Victorello e Man Project 33), live painting (com os artistas plásticos Carolina Saidenberg, Paula Jardim, Portman, Thiago VERDEEE, SUR e Fernando Berg), lojas temáticas de rock e música (vinis, camisetas de bandas, rockabília), food trucks temáticos de música, showcase e confraternização de bandas. No palco flutuante, 40 bandas independentes agitaram uma multidão que se aglomerou às margens do espelho d'água. Entre elas, Bula, Topaz, Toyshop, Instinto, FM Solo, Mattilha, Sioux 66, NDK e Kick Bucket. No domingo (25), o roqueiro Supla fez uma aparição surpresa e encerrou a Expomusic 2016 com show no palco flutuante.

Arena Expomusic A Arena Expomusic foi o palco para grandes shows. Nela se apresentaram as bandas convidadas (Kronix, Revista Keyboard Brasil / 75


Templo Soul, Big Time Orchestra e Dejavu), os músicos do tradicional Barkley Smooth Jazz Festival e a atração internacional Aaron Spears, que integrou a Zildjian Tour junto com o baterista e produtor brasileiro Fabiano Manhas. O local abrigou também as finais de dois festivais de música. Pelo “Music Hall Festival Get My Idol”, 30 bandas demonstraram seu talento para o público e o júri presidido pelo cantor e compositor Toni Garrido. A grande vencedora foi a Funk na Kombi, acompanhada pelas bandas Vibehouse e Dani Andrade no segundo e terceiro lugares. O outro festival, “São Paulo é

Tudo de Bom, a Expomusic Também”, teve shows das 14 finalistas e foi vencido pela banda paulista Labbers, com a música “Vem Curtir São Paulo”. “O Rock Lounge surpreendeu. As apresentações na Arena Expomusic encantaram o público, inclusive os shows sobre o lago, que atraíram uma multidão”, lembra Synésio. “Não tem pra ninguém!”.

Estandes No pavilhão do Anhembi, os expositores entretiveram o público com dezenas de pocket shows, sessões de autógrafos e workshops de artistas consagrados em seus estandes, como Ivan Lins, Pepeu Gomes, Sandra de Sá, Planta e Raiz, bandas Malta e Bula, e muitos outros.

Conhecimento Profissionais das mais diversas áreas ligadas à música – músicos, lojistas, 76 / Revista Keyboard Brasil

produtores musicais e de shows – e mesmo os apenas aficionados, ganharam uma programação especial de palestras e bate-papos. No Expomusic Talks, mais de 80 especialistas se revezaram nos cinco dias da feira em palestras e painéis de curta duração (cerca de 30 minutos) sobre comunicação, tecnologia, marketing digital, inovação e outros temas. Entre os palestrantes, estiveram representantes de startups e de grandes corporações, como Black Friday Brasil, Google, Reclame Aqui, Locaweb, Time For Fun, Ecad e muitos outros. O Rockshow Experience, no último dia da Expomusic (25), se converteu numa grande confraternização de bandas novas, com quase 20 palestras sobre motivação, produção, mercado, self marketing e a história de vida de renomados profissionais e artistas. Alguns dos convidados foram Marcão Brito, guitarrista do Charlie Brown Jr.; Fê Lemos, baterista do Capital Inicial; Paulo Vaz, produtor e tecladista da banda Supercombo; Catito Maia, criador da Chilli Beans; os premiados produtores musicais Lampadinha e Wagner Fulco; Junior Camargo, diretor da 89 Rádio Rock; Sérgio Hinds, guitarrista e produtor da banda O Terço; MRossi, apresentador do programa MRossi Rockshow e produtor de todas atrações do Rock Lounge; e outros.

Incentivo à música As crianças que visitaram a Expomusic também tiveram uma progra-


mação exclusiva – nesse caso, voltada à educação musical. As Oficinas de Iniciação Musical ofereceram orientação gratuita de especialistas e professores em quase 20 sessões de brincadeiras e exercícios que estimulam a vivência da música. Antes delas, nos dois primeiros dias da feira foram os professores, lojistas e demais interessados que puderam assistir a apresentações sobre as diversas formas de abordar a educação musical para crianças, um resumo de pedagogias e propostas e o uso de instrumentos construídos para iniciação musical. Numa outra atividade ligada ao incentivo à música, a Expomusic abrigou a performance do projeto “ForaDaCaverna”, grupo musical, formado por alunos e ex-alunos das bandas das EMEF Frei Francisco de Monte Alverne e Presidente João Pinheiro. Eles recepcionaram os visitantes em sessões musicais de 50 minutos, logo na entrada principal da feira, em três dias da feira. A já tradicional Visitação Escolar , programa da Abemúsica para incentivar o estudo da música, neste ano recebeu cerca de 2 mil alunos na Expomusic. Eles vieram de mais de 60 ONGs, projetos sociais e outras instituições de ensino para entrar em contato com os instrumentos musicais dos expositores e aproveitar a programação musical da feira.

No estande da Revista Keyboard Brasil: O músico Thiago Pospichil Marques, Heloísa e Marcelo Fagundes.

A próxima edição promete!

Revista Keyboard Brasil / 77


Foto: Kátia Rocha

Vivências musicais

PROJETO ACALANTO NO ACONCHEGO DO ÚTERO MATERNO, O SOM DE VOZES INVADE O SILÊNCIO. ACALANTO PROJETO CRIADO POR ISADORA CANTO PROPÕE UMA VIVÊNCIA ÚNICA E PROFUNDA, UMA CONVERSA ATRAVÉS DA MÚSICA QUE FORTALECE O VÍNCULO ENTRE MÃE, PAI E BEBÊ ANTES E DEPOIS DO NASCIMENTO. * Por Heloísa Godoy Fagundes

78 / Revista Keyboard Brasil


Revista Keyboard Brasil / 79


CANTO E VIVÊNCIA MUSICAL NA GESTAÇÃO E PÓS-PARTO

U

m dos fortes objetivos do Acalanto é fortalecer o vínculo afetivo mãe-bebê e facilitar a

comunicação ainda na barriga ou após o nascimento. Por meio de jogos musicais, composição de canções, visualizações, sensibilização instrumental, canto, relaxamento e outras atividades musicais, o

Acalanto ajuda a mãe a vivenciar de modo mais profundo sua experiência de maternidade e a aproximar-se do universo infantil ainda distante e imaginário. Nos encontros também são utilizadas as músicas trazidas pelas mães - do repertório diário, cantigas tradicionais, cantigas de ninar - para que possam trabalhar a voz cantada e as manifestações tradicionais da nossa cultura, compondo uma ferramenta riquíssima no processo de vivência da maternidade.
Além do CD do Projeto Acalanto “Vida de Bebê”, indicado ao Grammy Latino, também gravamos o CD (Meus Sons) contendo as músicas vivenciadas durante o curso e os sons dos ricos instrumentos sobre a barriga, além do coração do bebê e da mãe! Este CD, você leva para casa e usa durante a gestação, parto, pós parto e para o resto de suas vidas! No curso, a música e seus benefícios serão vivenciados de várias formas, são elas: 1. Breve conversa sobre a comunicação da mãe com seu bebê e os benefícios da 80 / Revista Keyboard Brasil

música nesse processo; 2. Sensibilização instrumental sobre a barriga e bebê; 3. Composição da própria canção e repertório gestacional; 4. Construção de um instrumento musical (útero materno) que será usado na gestação, parto e toda infância; 5. Vivências que trabalham o corpo, o novo ritmo de vida, a improvisação, já que nessa nova fase é importante saber improvisar; 6. Trabalhando medos e anseios através de movimentos e massagens no bebê; 7. Sensibilização auditiva para reconhecimento dos choros do bebê; 8. Relaxamento dirigido; 9. Técnica de canto e respiração, focando o períneo, preparando o corpo da mãe para o parto e vida. 10. Filme a respeito da gestação e mais...

MANEIRAS DE ACALANTAR Qualquer encontro tem a duração de uma hora que pode ser individual ou com o casal; - Acalanto semanal, quinzenal ou mensal, desde o início da gestação ou quando sentir vontade! Neste, apenas o Acalanto semanal dá direito também aos CDs Vida de Bebê e Meus Sons; - Acalanto intensivo, apenas quatro encontros FOCADOS, inclusos CDs Vida de Bebê e Meus Sons; - Aulas de violão na gestação e pós parto, Canto popular e apenas a gravação do CD Meus Sons.


Foto: Teatro de Santo André

Coral Materna em Canto: mães cantam para seus bebês estejam eles no ventre, no Sling, no colo, correndo pelo palco ou agarradinhos em suas pernas!

Revista Keyboard Brasil / 81


SOBRE ISADORA CANTO... Isadora Canto é nascida no Rio de Janeiro em uma família extremamente musical.

Se formou em

música pela Faculdade Santa Marcelina, quando nasceu seu primeiro filho, Theo. Essa gestação deu início a uma vivência extremamente sonora e criativa para Isadora, que juntou suas duas paixões: a música e a maternidade. Partindo da própria experiência de música com seu bebê ainda no ventre, ela realizou estudos e pesquisas por diversos países. Comprovando os benefícios da música para mães, pais e filhos durante a gravidez, fundou o “Projeto Acalanto” de música na gestação. Em 2005, lançou o CD Vida de Bebê, que foi indicado ao Grammy

Onde Acalantar? de São Paulo, no O Canto Acalanto fica na cidade bairro da Pompeia. nde um email Ligue para Isadora Canto ou ma (+5511) 9-8362 7202 contato@projetoacalanto.com.br

* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil. 82 / Revista Keyboard Brasil

Foto: Marcos Vilas Boas

Latino em 2007 na categoria Melhor CD infantil. Em 2008, teve sua segunda filha, Lia, e comprovou a força do vínculo musical para um novo ser. Além do Acalanto, Isadora coordena o único coral do mundo formado por mães com seus bebês, o "Materna em Canto”, completando 8 anos de mergulho nesse universo musical e maternal. Esse ano lançou seu segundo álbum Vida de Criança, já em turnê por todo país.


Isadora Canto: É mãe, loucamente apaixonada pelos filhos Theo e Lia. Vive de música, do Acalanto, é ativista do parto humanizado e doula.

01 / Revista Keyboard Brasil

Revista Keyboard Brasil / 83



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