Patricia Maria Ferreira Pinto

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Patricia Maria Ferreira Pinto

Aplicação de artesanato colaborativo como instrumento para sustentabilidade

SĂŁo Roque - SP 2016


Patricia Maria Ferreira Pinto

Aplicação de artesanato colaborativo como instrumento para sustentabilidade

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do título de Tecnólogo em Gestão Ambiental.

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – IFSP Campus São Roque Curso Superior em Tecnologia em Gestão Ambiental

Orientador: Clenio B. Gonçalves Junior

São Roque - SP 2016


Agradecimentos A Deus, e a meu namorado Gerdimar Pires pelo apoio incondicional, dedicação, carinho e paciência. Aos meus pais Isabel e Benedito pelo incentivo e apoio. Ao meu orientador Professor Clenio B. Gonçalves Junior pelo apoio. Às escolas que permitiram a aplicação do projeto, aos professores e alunos que participaram voluntariamente das atividades. Aos amigos da faculdade, em especial a Sarah Barreto Peixoto pela parceria e amizade. A todos o meu muito obrigada!


Resumo A educação ambiental nos dias atuais é de fundamental importância no tocante a preservação ambiental do nosso planeta. É importante começar pelas crianças e jovens, pois o futuro do planeta são eles. A escola, como uma organização que concentra informações e transmite conhecimento aos alunos, deve cumprir o papel de conscientizar sobre os problemas ambientais e deixar claro como amenizá-los ou evitá-los. O presente trabalho teve como objetivo promover a educação ambiental sobre o consumo consciente dos recursos naturais, separação e coleta seletiva de lixo e dessa forma alertar os alunos sobre a importância da preservação do meio ambiente para proporcionar qualidade de vida para a população. A metodologia utilizada foi a aplicação de uma oficina de artesanato colaborativo com produtos reciclados em escolas municipais, com a participação de crianças na reciclagem dos materiais para a construção de seu próprio brinquedo ou objeto. Os alunos realizaram um trabalho criativo, resultando em um brinquedo produzido por eles mesmos, que ganharam por esse motivo, um valor afetivo diferenciado. A criança brincará com outros “olhos” com aquilo que puder construir. Foi avaliado o conhecimento sobre assuntos ambientais dos alunos, antes e depois da participação da oficina de artesanato. Os resultados buscados são alunos mais conscientes e que a partir da realização desses trabalhos, irão transmitir o conhecimento adquirido para a sua comunidade, adotando um estilo de vida mais sustentável. Palavras-chaves: reciclagem, educação ambiental, artesanato, lixo.


Abstract Environmental education today is of fundamental importance in the concerning the environmental preservation of our planet. It is important to start with children and young people, because the future of the planet is them. The school, as an organization that concentrates information and transmits knowledge to students, must fulfill the awareness of environmental problems and make it clear how to soften them or avoid them. The objective of this study was to promote environmental education on the conscious consumption of natural resources, separation and selective garbage collection and thus to alert students about the importance of preserving the environment to provide quality of life for the population. The methodology used was the application of a collaborative handicraft workshop with recycled products in municipal schools, with the participation of children in the recycling of materials for the construction of toys or objects. Students will carry out creative work, resulting in a toy produced by him, which will thus gain a differentiated affective value. The child will play with other "eyes" with what he can build. The students knowledge about environmental issues will be evaluated, before and after the participation of the handicraft workshop. The results sought are more conscious students and from the realization of these works will transmit the knowledge acquired to their community, adopting a more sustainable lifestyle. Key-words: recycling, environmental education, crafts, trash.


Lista de ilustrações Figura 1 – Atividades de artesanato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Figura 2 – CEMPRE.2016 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura

3 – Jogo de dama . . . . 4 – Jogo de garrafa PET 5 – Porta lápis . . . . . 6 – Porta lápis . . . . . 7 – Porta lápis . . . . . 8 – Porta lápis . . . . . 9 – Porta lápis . . . . . 10 – Cofre porquinho . . 11 – Cofre porquinho . . 12 – Cofre porquinho . . 13 – Cofre porquinho . . 14 – Cofre porquinho . . 15 – Cofre porquinho . . 16 – Cofre porquinho . . 17 – Cofre porquinho . . 18 – Cofre porquinho . . 19 – Vai e Vem . . . . . . 20 – Vai e Vem . . . . . 21 – Vai e Vem . . . . .

Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura

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– Alunos preenchendo o questionário 1. . . . . . . – Alunos confeccionando o brinquedo - pintura. . . – Alunos confeccionando o brinquedo - colagem. . . – Brinquedos já montados, aguardando secagem. . . – Alunos brincando com os brinquedos que fizeram. – Alunos preenchendo o questionário 2. . . . . . . . – Alunos preenchendo o Questionário 1. . . . . . . – Alunos com as garrafas PETs recebidas. . . . . . – Manual passo a passo - bilboquê. . . . . . . . . . – Alunos com seus brinquedos. . . . . . . . . . . .

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Figura 32 – Gráfico - questionário professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 Figura 33 – Gráfico - questionário professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Figura 34 – Gráfico - questionário professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45


Figura Figura Figura Figura Figura Figura Figura

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– Gráfico - questionário professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – Questionário 1 - EMEI Níssia de Oliveira Bastos. . . . . . . . . . . – Gráfico - questionário 1 alunos - EMEI Níssia de Oliveira Bastos. . – Questionário 2- EMEI Níssia de Oliveira Bastos . . . . . . . . . . . – Gráfico - questionário 2 - alunos - EMEI Níssia de Oliveira Bastos. – Questionário 1 - EMEF Alabama. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . – Gráfico- questionário 1 - EMEF Alabama . . . . . . . . . . . . . .

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Figura 42 – Questionário 1 - EMEI Níssia O. Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 43 – Questionário 1 - EMEI Níssia O. Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 Figura 44 – Questionário 2 - EMEI Níssia O. Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Figura 45 – Questionário 2 - EMEI Níssia O. Costa . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 Figura 46 – Questionário 1 -Alabama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 47 – Questionário 1 - Alabama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 Figura 48 – Questionário 2 - Alabama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 Figura 49 – Questionário 2 - Alabama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58


Lista de abreviaturas e siglas EA

Educação Ambiental

ABNT

Associação Brasileira de Normas Técnicas

EMEI

Escola Municipal de Educação Infantil

EMEF

Escola Municipal de Ensino Fundamental

CEMPRE

Compromisso Empresarial para Reciclagem

PET

Polietileno Tereftalato


Sumário 1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

I PREPARAÇÃO DA PESQUISA 2 Metodologia . . . . . . . . . . . . 2.1 Problemática . . . . . . . . . 2.2 Justificativa . . . . . . . . . . 2.3 Hipótese . . . . . . . . . . . . 2.4 Objetivos . . . . . . . . . . . 2.4.1 Objetivo Principal . . 2.4.2 Objetivos Secundários

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3 Fundamentação Teórica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.1 Educação Ambiental e Sustentabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Educação Ambiental para o Consumo Sustentável . . . . . . . . . . 3.3 Práticas Sustentáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4 Momento da Aprendizagem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4.1 Atividades Lúdicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.4.2 Importância do Trabalho Colaborativo . . . . . . . . . . . . 3.5 O Problema do lixo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5.1 Coleta Seletiva no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.5.2 Coleta Seletiva e Reciclagem no Ambiente Escolar . . . . . .

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II DESENVOLVIMENTO 4 Materiais e Métodos . . . . . . 4.1 Modelos de artesanatos . . . 4.1.1 Jogo de dama . . . . 4.1.2 Jogo de garrafa PET 4.1.3 Porta lápis . . . . . . 4.1.4 Cofre Porquinho . . 4.1.5 Vai e Vem . . . . .

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5 Aplicação do Artesanato e Oficinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 5.1 Seleção de Artesanatos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36


5.2 5.3 5.4 5.5

5.1.1 Avaliação dos brinquedos . . . . Os Questionários . . . . . . . . . . . . Escolas Selecionadas . . . . . . . . . . Materiais Utilizados . . . . . . . . . . . Desenvolvimento da Oficina . . . . . . 5.5.1 EMEI Níssia de Oliveira Bastos 5.5.2 Dragão gospe fogo . . . . . . . 5.5.3 EMEF Alabama . . . . . . . . . 5.5.4 Bilboquê . . . . . . . . . . . . .

III RESULTADOS E DISCUSSÃO

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6 Resultados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 6.1 Análise dos professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 6.2 Análise dos alunos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 7 Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Anexos

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ANEXO A

Questionário Professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

ANEXO B

Questionário 1 - EMEI Níssia de Oliveira Bastos . . . . . . . . . 55

ANEXO C Questionário 2 - EMEI NÍssia de Oliveira Bastos . . . . . . . . . . 56 ANEXO D Questionário 1 - EMEF Alabama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 ANEXO E Questionário 2 - EMEF Alabama . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58


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1 INTRODUÇÃO O mundo atualmente vive num processo extremamente acelerado e competitivo, vivemos numa sociedade em que a mídia nos leva a consumir cada vez mais. Todos os dias são colocados novos produtos no mercado criando novas necessidades de consumo, quanto mais se fabrica mais se consome, aumentam a utilização dos recursos naturais e o volume do lixo enviado aos aterros cresce cada vez mais. Dentre os diversos problemas ambientais mundiais, a questão do lixo é das mais preocupantes e diz respeito a cada um de nós. Abordar a problemática da produção e destinação do lixo no processo de educação, é um desafio, cuja solução passa pela compreensão do indivíduo como parte atuante no meio em que vive. (LEMOS; LIMA; ALVIM, 1999) A palavra lixo costuma ser usada de modo equivocado. A maior parte dos materiais que chamamos de lixo são resíduos que podem ser reutilizados ou reciclados. Para que o reaproveitamento seja possível, é preciso que a separação dos resíduos sólidos e orgânicos seja feita de modo adequado podendo se tornar matéria-prima no processo artesanal. Há inúmeras técnicas de como fazer coisas simples, transformando a matéria-prima que não é mais utilizada, em outra que terá um novo uso ou outra finalidade. (DIDONET et al., 1992) A reutilização do lixo em atividades educativas não é somente para fazer economia. Ao usar o lixo, devemos ter em mente o valor do trabalho com as mãos, a consciência de fazer para aprender, o estudo de nossa realidade, a criatividade, a criticidade e a reflexão sobre o material que está sendo trabalhado. Usar o lixo como atividade educativa deve ser uma maneira de transformar aquilo que nos incomoda em algo que contribua para transformar a nossa realidade. (DIDONET et al., 1992)

Para tratar os problemas referentes a produção de lixo, devemos refletir sobre a estrutura do consumo, sobre os indivíduos movidos pelos estímulos originários da cultura que todos preservam e reproduzem se preparando ao longo da vida para consumir, competir e atingir o progresso. Sendo assim, a Educação Ambiental é apresentada como um instrumento de minimização e/ou de solução dos problemas ocasionados pelo lixo. Sustentabilidade é um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro. Seguindo estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável. Por isso, sustentabilidade tornou-se assunto quase obrigatório para quem busca uma forma de vida que reduza o impacto em nosso planeta.(JACOBI et al., 2003)


Capítulo 1. INTRODUÇÃO

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Num mundo em que os recursos naturais estão cada vez mais escassos e o meio ambiente sofre processos de degradação, a sustentabilidade nas escolas é de extrema importância. Os alunos (crianças e adolescentes) de hoje serão os responsáveis pelas ações econômicas, políticas e administrativas do futuro (JACOBI et al., 2003). Logo, é importante que estes conheçam a importância de preservar o meio ambiente e de usar os recursos naturais de forma racional. Aprender a aproveitar materiais descartáveis é uma forma de enriquecer o conhecimento, além de mostrar que o lixo precisa ser transformado. Além disso, é uma matéria prima sem custo para quem sabe reaproveitá-la. Com o lixo descartado, pode-se levar para a sala de aula técnicas que estimulem o saber, o aprender, pois o resultado aparece quase que instantaneamente, de forma rápida, e é isso que os alunos gostam. Montar uma mini fábrica de artesanato é uma boa opção (TRINDADE, 2011). Os produtos construídos podem ir para o acervo da escola ou serem doados para uma instituição que atende crianças carentes. Comercializá-los levará os alunos a aprenderem que seu trabalho tem valor e que é possível iniciar as primeiras atividades lucrativas, que podem garantir o sustento de suas famílias. O ambiente escolar é um dos primeiros passos para a conscientização dos futuros cidadãos para com o meio ambiente, portanto, esse trabalho buscou sensibilizar professores e alunos, sobre a importância da educação ambiental, através de confecções de artesanato, frisando a sustentabilidade. Uma oficina de artesanato com material reciclado foi aplicada para alunos de escolas Municipais de Ensino Infantil e Ensino Fundamental da cidade de São Roque. O aprimoramento de técnicas para os alunos é o foco desta atividade, que busca trabalhar para que a consciência ambiental sustentável formada nessas crianças possa chegar até as famílias e outros grupos sociais e ambientes frequentados por estes estudantes, fortalecendo também sua identidade cultural e o potencial criativo.


Parte I PREPARAÇÃO DA PESQUISA


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2 Metodologia 2.1 Problemática Atualmente, a maioria das escolas não se preocupa em trabalhar o tema “Educação Ambiental” em seu dia a dia, tampouco servem de exemplo para seus alunos, ouvimos muito sobre sustentabilidade, mas vários educadores não se mobilizam para o desenvolvimento de práticas educativas que garantam a continuidade dos aspectos culturais, sociais, econômicos, físicos e ambientais do planeta. Outro problema é a mídia, o marketing, incentivando o consumo exagerado e sem necessidades, impondo o desejo de consumir cada vez mais.

2.2 Justificativa Este trabalho torna-se importante devido o tema Educação Ambiental ser hoje uma ferramenta indispensável no combate a destruição ambiental no qual todos os seres vivos estão inseridos. Professores e alunos tornam-se os principais agentes de transformação e conservação do meio ambiente, pois é na escola onde mais se conversa sobre esse assunto, e se tenta melhorar as condições do planeta. A criação de brinquedos estimulam a criatividade das crianças e é uma ótima opção para se trabalhar o conceito de sustentabilidade, preservação ambiental, o que pode ou não ser reciclado, etc. Com uma diversidade de materiais como garrafas PETs, tintas, fitilhos, tampinhas de garrafa, latinhas, entre outros, é possível aguçar a criatividade das crianças e assim, educar para um futuro melhor.

2.3 Hipótese Quando a criança observar que o lixo pode virar seu próprio brinquedo através de artesanato com material reciclado feito na escola, isso proporciona reflexões individuais e coletivas, um novo olhar sobre o consumismo, os valores da separação e reciclagem do lixo, seu custo para o meio ambiente e os benefícios da reutilização do lixo. Durante o desenrolar das atividades observa-se em cada criança o prazer do conhecimento sobre Educação Ambiental e do contato com a natureza. Elas entendem o que é a coleta seletiva e percebem que é extremamente benéfico que o lixo tenha um destino correto, pois muito do que é jogado fora pode ser aproveitado e se tornar fonte de renda para alguns. (TRINDADE, 2011)


Capítulo 2. Metodologia

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Muitos profissionais que constroem o fazer pedagógico precisam de uma formação completa que envolva valores, ética, cidadania, amor à vida e ao próximo, pluralidade cultural, racionalização do consumo, higiene e saúde e outros, que infelizmente ainda não foram contemplados nos currículos de licenciatura e com isso, esses profissionais juntamente com representantes de todos os segmentos da sociedade, devem se envolver mais nas questões sociais e ambientais.

2.4 Objetivos 2.4.1 Objetivo Principal ∙ Implantar atividades colaborativas de artesanato com produtos reciclados para os alunos e professores de escolas Municipais de Ensino Infantil e Ensino Fundamental da cidade de São Roque, focando na sustentabilidade.

2.4.2 Objetivos Secundários ∙ Promover educação ambiental aos alunos e professores de uma Escola Municipal de Ensino Infantil e Ensino Fundamental e/ou centros comunitários em São Roque, sobre a consumo consciente dos recursos naturais, separação e coleta seletiva de lixo e dessa forma alertá-los sobre a importância da preservação do meio ambiente para proporcionar qualidade de vida para a população. ∙ Promover conhecimento ou aperfeiçoamento de técnicas para confecção dos produtos; ∙ Promoção dos princípios da responsabilidade ambiental; ∙ Aprimorar e promover as práticas voltadas ao desenvolvimento sustentável entre os alunos e seus familiares; ∙ Incentivar a redução do consumo, a reutilização e a coleta seletiva do lixo produzido na escola e ainda propiciar geração de renda com material reciclado.


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3 Fundamentação Teórica 3.1 Educação Ambiental e Sustentabilidade A definição de educação ambiental é dada no artigo Primeiro da Lei no 9.795/99 como: “Os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. (BRASIL, 2007)

. A questão ambiental está presente no cotidiano da sociedade contemporânea e tem representado um novo desafio para preservação da qualidade de vida da humanidade. A crise ambiental que o planeta vive, pela exploração indevida, e as consequências a que estamos sujeitos, têm mobilizado vários setores da sociedade, como autoridades civis, instituições governamentais e não governamentais. Esta preocupação mundial com o meio ambiente tem motivado a realização de vários encontros internacionais e locais, visando a discussão e a elaboração de propostas de soluções para o assunto (ABREU et al., 2008). A Conferência da Organização das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, que ocorreu em Estocolmo em 1972, é tida como marco internacional para criação de políticas ambientais. A referida conferência marcou a necessidade de políticas ambientais, reconhecendo a Educação Ambiental (EA) como uma necessidade para a solução dos problemas ambientais. No Brasil, a EA atingiu primeiro o âmbito administrativo, e só depois o sistema educativo. A oficialização da EA aconteceu por meio da Lei Federal de no 6.938 de 1981, que criou a Política Nacional do Meio Ambiente (CARVALHO, 2004). No âmbito educativo, em 1996, foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (Lei 9.394/96), que aponta a necessidade de uma formação mais ampla do estudante da escola básica e sugere a abordagem de temas que propiciem a reflexão sobre questões como a ética, a responsabilidade e a cidadania, incluindo a percepção e compreensão do meio ambiente numa perspectiva interdisciplinar. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, a EA deve ser desenvolvida com o objetivo de auxiliar os alunos a construírem uma consciência global das questões relativas ao meio ambiente. Ainda que em 1999 tenha sido aprovada a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795, regulamentada pelo decreto 4.281 em 2002), que torna obrigatória a EA em todos os níveis de


Capítulo 3. Fundamentação Teórica

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ensino, incluindo o ensino superior, é comum encontrar na maioria dos trabalhos sobre EA referência à escola básica. Com frequência as ações de EA são reduzidas a atividades pontuais: no dia do meio ambiente, do índio, da árvore, ou simples visitas a parques e reservas (ABREU et al., 2008). E o que dizer do meio ambiente na escola? Pode-se dizer que um processo de reconstrução interna (dos indivíduos) ocorre a partir da interação com uma ação externa (natureza, reciclagem, efeito estufa, ecossistema, recursos hídricos, desmatamento), na qual os indivíduos se constituem como sujeitos pela internalização de significações que são construídas e reelaboradas no desenvolvimento de suas relações sociais(JACOBI et al., 2003). A educação ambiental, como tantas outras áreas de conhecimento, pode assumir, assim, “uma parte ativa de um processo intelectual, constantemente a serviço da comunicação, do entendimento e da solução dos problemas” (VYGOTSKY, 1991). Tratase de um aprendizado social, baseado no diálogo e na interação em constante processo de recriação e reinterpretação de informações, conceitos e significados, que podem se originar do aprendizado em sala de aula ou da experiência pessoal do aluno. Assim, a escola pode transformar-se no espaço em que o aluno terá condições de analisar a natureza em um contexto entrelaçado de práticas sociais, parte componente de uma realidade mais complexa e multifacetada (JACOBI et al., 2003). O mais desafiador é evitar cair na simplificação de que a educação ambiental poderá superar uma relação pouco harmoniosa entre os indivíduos e o meio ambiente mediante práticas localizadas e pontuais, muitas vezes distantes da realidade social de cada aluno. Cabe sempre enfatizar a historicidade da concepção de natureza (CARVALHO, 2001), o que possibilita a construção de uma visão mais abrangente (geralmente complexa, como é o caso das questões ambientais) e que abra possibilidades para uma ação em busca de alternativas e soluções. “O desafio político-ético da educação ambiental, apoiado no potencial transformador das relações sociais, encontra-se estreitamente vinculado ao processo de fortalecimento da democracia e da construção de uma cidadania ambiental. Nesse sentido, o papel dos educadores e professores é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assume um compromisso com a formação de uma visão crítica, de valores e de uma ética para a construção de uma sociedade ambientalmente sustentável. A necessidade de uma crescente internalização da questão ambiental, um saber ainda em construção, demanda um esforço de fortalecer visões integradoras que, centradas no desenvolvimento, estimulam uma reflexão em torno da diversidade e da construção de sentidos nas relações indivíduos-natureza, nos riscos ambientais globais e locais e nas relações ambiente-desenvolvimento. Nesse contexto, a educação ambiental aponta para a necessidade de elaboração de propostas pedagógicas centradas na conscientização, mudança de atitude e práticas sociais, desenvolvimento de conhecimentos, capacidade de avaliação e participação dos educandos (JACOBI, 2005).”

A relação entre meio ambiente e educação assume um papel cada vez mais desafi-


Capítulo 3. Fundamentação Teórica

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ador, demandando a emergência de novos saberes para apreender processos sociais cada vez mais complexos e riscos ambientais que se intensificam. Nas suas múltiplas possibilidades, abre um estimulante espaço para um repensar de práticas sociais e o papel dos educadores na formação de um “sujeito ecológico”(CARVALHO, 2004). O ambiente escolar é muito importante para a aplicação da educação ambiental, a qual deve ser inserida não só nas áreas biológicas mas em todas as áreas do conhecimento a fim de proporcionar outra percepção do mesmo problema sobre a ótica de outra disciplina. Sendo assim, a educação ambiental deve ser vista como um assunto interdisciplinar (REIGOTA, 2001). Outro aspecto é enfatizar o estudo do meio ambiente onde vive o aluno, abordando os problemas existentes e como eles podem ser resolvidos, podendo envolver a comunidade para a solução e melhoria do próprio meio. Um exemplo contido no livro em relação a essa dinâmica, foi o caso de uma turma de alunos que visitou uma pedreira próxima a escola e levantou os problemas que ela trazia. Além desse exemplo, há diversos relatos de metodologias utilizadas pelos professores a fim de realizar a educação ambiental (REIGOTA, 2001). “os problemas ambientais foram criados por homens e mulheres e deles virão as soluções. Estas não serão obras de gênios ou políticos, mas sim de cidadãos e cidadãs” (REIGOTA, 2001).

3.2 Educação Ambiental para o Consumo Sustentável Muitos dos grandes problemas ambientais que enfrentamos podem ser relacionados, direta ou indiretamente, com a apropriação e uso de bens, produtos e serviços, suportes da vida e das atividades de uma sociedade historicamente construída sobre uma perversa lógica de mercado. Afinal, desde que alguns dos primeiros economistas afirmaram que produção tem como finalidade o consumo, a economia estabeleceu como objetivo aumentálo, e o consumo, transmutado em consumismo, passou a ser entendido como sinônimo de bem-estar e de felicidade. A questão é que vemos esse consumo se tornar também o causador de uma série de problemas sociais, ambientais e até psicológicos. O desafio proposto para a educação ambiental é compor uma concepção crítica que aponte para a descoberta conjunta de qualidade de vida para as pessoas e, ao mesmo tempo, de cuidar do nosso pequeno planeta. Essa concepção não é apenas uma posição ingênua de respeito à natureza, mas está apta a intervir na atual crise de valores a partir do meio ambiente. Ela propõe a formulação de novos valores na construção de sociedades sustentáveis, que sai do campo único da economia e envolve a sustentabilidade social, ambiental, política e, principalmente, ética (BRASIL, 2007).


Capítulo 3. Fundamentação Teórica

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Trata-se de efetivar mudanças políticas e estruturais na forma de organização da produção, distribuição e consumo bem como nas relações sociais decorrentes desse modo de produção. No momento em que reconhecemos a existência de um sistema de valores mais amplo, distante das motivações individualistas e competitivas inspiradas pelo desejo provocado por agentes como o marketing e a publicidade, podemos exercer outra dimensão profundamente humana: a da responsabilidade (BRASIL, 2007).

3.3 Práticas Sustentáveis O artesanato é uma forma de geração de renda com baixo custo para as comunidades, pois os materiais utilizados em sua grande maioria são oriundos da reciclagem/reutilização. O artesanato tem como característica principal a produção manual de objetos e artefatos predominantemente utilitários. Esses produtos são únicos e contém marcas de uma cultura determinada, atestando a ligação do homem com o meio social em que vive. Criar peças artísticas a partir de materiais que iriam para o lixo é uma prática que oferece oportunidade para geração de renda, assim como inúmeros outros materiais podem ser aplicados, com baixo custo e resultados surpreendentes, transformando o que era visto como “lixo” em peças de decoração e utilidade doméstica.

3.4 Momento da Aprendizagem Como a aprendizagem começa na escola, trabalhar com a produção artística estimula a criatividade do aluno, além de se mostrar como uma alternativa para avaliação de aprendizagem sobre o conteúdo já discutido em sala de aula, uma vez que os discentes exploram o conteúdo, aqui, de uma forma mais dinâmica. É possível perceber, também, que a realização de oficinas promove uma maior interação aluno-aluno e aluno-professor, onde estes passam a “socializar” o conteúdo entre si. Espera-se que a partir da realização desses trabalhos, os alunos passem o conhecimento adquirido para a sua comunidade e adotem um estilo de vida mais sustentável, estimulando também os sujeitos que compõem a escola como um todo. E que esta por sua vez, tome iniciativas como a criação de novos projetos e retomada de outros sobre questões ambientais que foram desativados.

3.4.1 Atividades Lúdicas Pesquisas e estudos têm provado que “o brincar” na Educação Infantil é importante para o desenvolvimento da criança, pois ela assimila valores, adquire comportamentos e


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socializa-se. A brincadeira faz parte da vida da criança e o brinquedo é como um suporte que ajuda, de maneira saudável, o desenvolvimento de várias áreas importantes da criança, entre as quais podemos destacar a emocional e a intelectual. Para a criança todo brinquedo tem uma significação que a leva, durante sua manipulação a agir, imaginar e a representar, estimulando o processo criativo (NUNES, 2013). Com a ajuda dos educadores, conforme a Figura 1, podemos inserir o tema reciclagem na sala de aula, mostrando alguns materiais que podem se transformar em brinquedos como, por exemplo, as garrafas PET. Cem anos é o tempo médio que a garrafa plástica PET leva para se decompor na natureza, jogá-las nas ruas, portanto, traz grandes prejuízos ao meio ambiente, sendo que as crianças podem ser estimuladas a preservar o meio ambiente brincando.

Figura 1 – Atividades de artesanato.

3.4.2 Importância do Trabalho Colaborativo Um estudo realizado na Inglaterra, apresenta evidências de que escolas em que predominam culturas colaborativas são mais inclusivas, isto é, apresentam menores taxas de evasão e formas mais efetivas de resolução de problemas dos estudantes. Ilustrando também os benefícios de uma cultura escolar colaborativa, apontando para o bom desempenho de uma escola pública municipal, que investe nesse tipo de cultura há alguns anos. Essa escola apresenta baixos índices de repetência e evasão entre seus estudantes (quando comparada com as médias das escolas da cidade) e alto grau de satisfação e investimento em formação continuada de seus docentes.

3.5 O Problema do lixo A questão ambiental tem se tornado uma situação corriqueira diante das agressões que a natureza vem sofrendo ao longo dos tempos. Sabe-se que um dos maiores problemas, atualmente, é a superprodução do lixo que, em geral, é depositado nos “lixões”. O


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acúmulo dos resíduos sólidos nestes locais inapropriados tanto acarreta prejuízos para o meio ambiente, quanto para a qualidade de vida da população (ALVES et al., 2012). É fácil perceber a dimensão do problema apenas imaginando as quantidades de lixo produzidas em cada casa ou unidade industrial. Por isso, é necessário ter em mente que o lixo é um problema também político, sendo necessário o desenvolvimento de ações em vários níveis como local, regional, nacional e internacional.

3.5.1 Coleta Seletiva no Brasil Definida como a separação prévia de materiais passíveis de reaproveitamento, ou como coleta de material reciclável previamente separado, a coleta seletiva teve um considerável desenvolvimento em vários países, sendo iniciada nos Estados Unidos, no início do século. Como ocorreu em grande número de países, também no Brasil, a coleta seletiva ganhou considerável desenvolvimento, em função da crescente consciência da necessidade da reciclagem. No Brasil, a coleta seletiva foi iniciada na cidade de Niterói, no bairro de São Francisco, em abril de 1985, como o primeiro projeto sistemático e documentado. A partir daí, um número cada vez maior de municípios passou a praticá-la, tendo sido identificados 82 programas de coleta seletiva em 1994, iniciados, de um modo geral a partir de 1990 (JARDIM et al., ). A coleta porta a porta tem sido o sistema mais utilizado tanto na coleta do lixo domiciliar misturado, como na coleta seletiva. Os coletores correm em média oito horas por dia atrás dos caminhões, carregando sacos de lixo, que podem chegar a pesar até 50kg. Da quantidade de resíduos coletados em nosso país, apenas 1,7% recebe algum tipo de tratamento antes de ser conduzido para disposição final (RIBEIRO; LIMA, 2006). Em São Paulo capital, uma tímida iniciativa da ex-prefeita Luiza Erundina de introduzir a coleta seletiva de lixo em 1989 foi abandonada por seus sucessores. O descaso chegou a ponto de misturar aquilo que a população separava e levava voluntariamente aos postos de coleta, em meados de 1995. O fato da mão-de-obra e equipamentos utilizados serem da prefeitura, tornou o programa difícil de administrar, onde as falhas operacionais constituíram um importante fator de desestímulo para a população (RIBEIRO; LIMA, 2006). Para melhorar a taxa do índice de transformação do lixo coletado é preciso adotar um conjunto de medidas que favoreçam o desenvolvimento para a educação ambiental, a geração de emprego e renda e a formalização de boa parte das empresas do ramo. As prefeituras têm a maior responsabilidade pela coleta e destinação do lixo, mas, em geral, são omissas diante da necessidade de instituir a coleta seletiva (NALINI, 2008). O gráfico da Figura 2, mostra a porcentagem dos municípios por região do Brasil com coleta seletiva.


Capítulo 3. Fundamentação Teórica

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Figura 2 – CEMPRE.2016

3.5.2 Coleta Seletiva e Reciclagem no Ambiente Escolar A Coleta Seletiva é um dos principais instrumentos de intervenção na realidade sócio-ambiental. “A coleta seletiva constitui processo de valorização dos resíduos, em que estes são selecionados e classificados na própria fonte geradora, visando seu reaproveitamento e reintrodução no ciclo produtivo”. Destaca-se pelo seu caráter educativo, pela possibilidade de mobilizar a comunidade na busca de alternativas para melhoria de seu ambiente de vida, transformando os cuidados com o lixo em exercício de cidadania, devendo ser implantada em todo e qualquer ambiente, seja na área educacional como na profissional (DIDONET et al., 1992).

Uma pesquisa realizada na Escola Municipal de Itarantim mostrou o quanto os alunos possuem consciência e criatividade para o destino correto do lixo e como escola e professores podem contribuir para ampliar o conhecimento de todos a respeito desta temática. Os professores desenvolveram essa mentalidade, trabalhando em continuidade os conceitos de Educação Ambiental e, consequentemente estão ajudando suas turmas a formar uma cultura em defesa do planeta com tarefas multidisciplinares, construindo assim, novas formas de se relacionar com a realidade à sua volta (TRINDADE, 2011). O estudo analisou que as atividades proporcionaram reflexões individuais e coletivas, um novo olhar sobre o consumismo, os valores da separação e reciclagem do lixo, seu custo para o meio ambiente e os benefícios quando o lixo é reutilizado. Durante o desenrolar das atividades observou-se em cada criança o prazer do conhecimento sobre Educação Ambiental e do contato com a natureza. Entenderam o que é a coleta seletiva e perceberam que é extremamente benéfico que o lixo tenha um destino correto, pois muito do que é jogado fora pode ser aproveitado e se tornar fonte de renda para alguns (TRINDADE, 2011).


Capítulo 3. Fundamentação Teórica

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Ao final da pesquisa pôde-se perceber que foi única cada experiência vivida, transformando a limpeza do ambiente em atitudes positivas e os alunos tornaram-se agentes multiplicadores desta atitude. As aulas ficaram dinâmicas, os alunos integrados, refletiram, questionaram e construíram com o saber do outro, descobrindo que ser um cidadão é tornar-se mais consciente de seu papel na sociedade, tendo o conhecimento de seus deveres em relação ao planeta (TRINDADE, 2011).


Parte II DESENVOLVIMENTO


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4 Materiais e Métodos A pesquisa qualitativa trabalha com o universo dos significados, motivos, aspirações e crenças, valores e atitudes, que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis. Desta forma, considerando-se o objeto de estudo deste trabalho, a metodologia utilizada apoiou-se principalmente na pesquisa qualitativa (BOGDAN et al., 1994). A presente pesquisa apresenta leituras e análises em diversas bibliografias para construção do referencial teórico que embasou todo o trabalho. Foi elaborado análise do material didático, análise de filmes e análise de objetos de aprendizagem, depois foi elaborado um pequeno manual passo a passo para a elaboração do artesanato, facilitando o entendimento dos alunos e condizentes com as idades das crianças. A partir dos 11 anos eles conseguem trabalhar sozinhos, mas antes dessa idade é importante adaptar o artesanato. Para os alunos da educação infantil foi realizado algo mais lúdico, de forma artesanal. O trabalho de campo, foi dividido em cinco etapas: 1. Na primeira etapa foi verificado como anda as aplicações dos temas Educação Ambiental e Sustentabilidade na escola. 2. Na segunda etapa foi aplicado um questionário para os professores (Anexo A), com questões básicas para verificar o conhecimento referente a educação ambiental e sustentabilidade e de que forma eles adquiriram e transmitem esse conhecimento para os alunos. 3. Na terceira etapa foi aplicado um questionário para os alunos,(Anexo B e D) antes da aplicação da oficina com perguntas simples, onde as respostas eram ilustrações, e o aluno circulava a resposta que ele considerava a correta. 4. Na quarta etapa foi realizada a oficina de artesanato colaborativo, focando sempre na importância da reciclagem e da preservação ambiental. 5. Na quinta etapa foi aplicado novamente outro questionário para os alunos (Anexo C e E) com questões parecidas com a do primeiro questionário, onde as respostas eram ilustrações, e o aluno circulava a resposta que considerava a correta, verificando se após a participação da oficina, os alunos tiveram alguma alteração nas respostas. Não foram aplicados questionários para alunos da série inicial da Educação Infantil e para os alunos do quarto ano do ensino fundamental. Nesses casos, a avaliação foi feita com observações na forma qualitativa.


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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No entanto, a proposta não é simplesmente responder os questionários e participar da oficina e sim apontar a importância da Educação Ambiental para a escola e executar práticas pedagógicas suficientes para que agentes sociais transformem o ambiente na direção do equilíbrio na relação homem e ambiente, trazendo melhoria da qualidade de vida.

4.1 Modelos de artesanatos Seguem abaixo alguns exemplos de projeto de artesanatos que foram estudados para a aplicação na oficina.

4.1.1 Jogo de dama Materiais Necessários: ∙ Papelão ou cartolina ∙ Tampinha de garrafa PET ∙ Tesoura ∙ Canetinha ∙ Tinta guache

Figura 3 – Jogo de dama

Modo de fazer: 1. Recortar um pedaço de papelão (ou cartolina) em um tamanho quadrado de 32 cm por 32 cm.


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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2. Riscar nele sete linhas na horizontal e sete na vertical para formar os quadradinhos do tabuleiro, deixando um espaço entre as linhas de 4 cm. 3. Pintar os quadradinhos que se formaram em duas cores diferentes. 4. Juntar 12 tampinhas de garrafa branca e 12 tampinhas de garrafa vermelha. Onde encontrar os materiais: Supermercados e restaurantes geralmente fornecem caixas de papelão e garrafas PET.

4.1.2 Jogo de garrafa PET Materiais Necessários: ∙ Garrafa PET com tampa ∙ Tesoura ∙ Marcador permanente ∙ EVA ∙ Fitilho de presente ∙ Tinta acrílica fosca ∙ Cola primer

Figura 4 – Jogo de garrafa PET

Modo de fazer:


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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1. Passar uma demão de Primer em cada garrafinha. Espere secar. 2. Pintar as garrafinhas com a tinta acrílica fosca (uma de cada cor). 3. Com o marcador permanente desenhar a sobrancelhas, boca e nariz. 4. Colar os olhinhos móveis. 5. Cortar pedaços de fitilho, encaracole com a tesoura e cole no topo da garrafa. 6. Cortar um círculo de EVA vazado no centro e encaixe no topo da garrafinha. 7. Colocar a tampinha. Como brincar (jogar)? 1. Tirar par ou ímpar para iniciar a brincadeira. Cada jogador arremessará 10 argolas, uma de cada vez, tentando sempre “capturar” os bonequinhos. 2. Cada bonequinho capturado valerá 10 pontos, portanto vence a brincadeira a criança que “capturar” mais bonequinhos.

4.1.3 Porta lápis

Figura 5 – Porta lápis

Materiais Necessários: ∙ 2 Tubos de papel alumínio ou papel toalha


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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∙ 1 Rolinho de papel higiênico ∙ Cola branca ∙ Tesoura ∙ Papel de presente ou papel contact ∙ Cola quente ∙ Papelão ∙ Fita de cetim Modo de fazer: 1. Separar dois tubos de papelão e cortar, com a tesoura, nos tamanhos 15cm e 12cm (Figura 6). 2. O rolinho de papel higiênico não precisa cortar. 3. Com um pedaço de papelão fazer três círculos no tamanho suficiente para forrar o fundo de cada rolinho.

Figura 6 – Porta lápis

4. Com ajuda de um pincel, passar cola branca no tubo de papelão e encapá-lo com papel presente ou papel contact (Figura 7). 5. Quando for colar o papel na parte de cima do tubo de papelão, fazer quatro cortes no papel com a tesoura e colar cada um dentro do tubo (Figura 8).


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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Figura 7 – Porta lápis

Figura 8 – Porta lápis

6. Depois de encapar, passar cola quente na lateral deles para montar o porta lápis. Para firmar o laço e ele não correr o risco de cair, passar um pouco de cola quente na parte de traz do porta lápis, colar a fita de cetim nele e dar um lindo laço (Figura 9).

Figura 9 – Porta lápis

4.1.4 Cofre Porquinho Materiais Necessários: ∙ Garrafa PET com tampa


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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∙ Tesoura ∙ EVA colorido ∙ Cola quente Modo de fazer: 1. Cortar a base da garrafa pet (Figura 10).

Figura 10 – Cofre porquinho

2. Cortar a parte superior da garrafa (Figura 11).

Figura 11 – Cofre porquinho

3. Unir as duas partes cordadas anteriormente (Figura 12).


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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Figura 12 – Cofre porquinho

4. Com o auxílio da tesoura, fazer um corte, onde será o espaço para colocar as moedas no cofrinho (Figura 13).

Figura 13 – Cofre porquinho

5. Cortar um pedaço de EVA para envolver a garrafa. As medidas desse pedaço devem ser de acordo com o tamanho e diâmetro do cofrinho que você está fazendo. 6. Colar o pedaço de EVA cortado no passo anterior em volta da garrafa. Não se esqueça de cortar o EVA no local de inserir as moedas. 7. Agora vamos fazer o acabamento da tampinha. Cortar um pedaço redondo de EVA seguindo o diâmetro da tampinha e colar na parte superior. Em seguida, cortar uma tira de EVA para fazer a lateral e colar em volta (Figura 14). 8. Cortar dois pedaços redondos de EVA, um maior e outro menor para fazer os olhinhos. Em seguida, cole-os. 9. Vamos agora fazer as orelhinhas. Nesse exemplo elas foram feitas em formato de coração, mas você pode fazer no formato que desejar (Figura 15).


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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Figura 14 – Cofre porquinho

Figura 15 – Cofre porquinho

Figura 16 – Cofre porquinho

10. Cortar um pedaço de EVA em forma de espiral, esse será o rabinho (Figura 16). 11. Colar o rabinho na parte de trás do porquinho. 12. Vamos fazer as patinhas. Para isso, cortar uma tira de EVA e enrole-a em volta de si mesma, colando com cola quente ao fim. 13. Fixar as patinhas na parte de baixo com o auxílio da cola quente (Figura 17).


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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Figura 17 – Cofre porquinho

14. Está pronto o porquinho!

Figura 18 – Cofre porquinho

4.1.5

Vai e Vem Materiais Necessários:

∙ 2 Garrafas PET ∙ Tesoura ∙ Barbante ∙ Durex colorido ( ou fita adesiva) Modo de fazer:


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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1. Separar duas garrafas pet limpas e sem rótulos, cortar com a tesoura 1/3 da garrafa pet a partir do fundo (o equivalente a um pouco mais que o meio da garrafa) conforme Figura 19.

Figura 19 – Vai e Vem

Figura 20 – Vai e Vem

2. Utilizar as partes de cima que sobraram das garrafas para fazer o “vai e vem”. Encaixar uma na outra, deixando os gargalos voltados para o lado de fora (Figura 20). 3. Separar dois fios de barbante (o comprimento do barbante vai depender da idade da criança, ou seja, do quanto ela consegue abrir os braços). Passe esses dois fios de barbante dentro das garrafas, em seguida amarre cada ponta do barbante em uma argola de plástico;


Capítulo 4. Materiais e Métodos

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4. Para decorar o “vai e vem” passe durex colorido ou fita adesiva em volta das garrafas (Figura 21). Quem quiser também pode pintar as garrafas que fica muito bacana.

Figura 21 – Vai e Vem


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5 Aplicação do Artesanato e Oficinas A análise de dados deste trabalho se caracteriza por uma análise qualitativa e descritiva, pois sua base está na verificação das respostas obtidas com os questionários (ver Anexos) e nas interpretações observadas durante o trabalho experimental.

5.1 Seleção de Artesanatos Foram confeccionados vários artesanatos para aplicação nas oficinas, mas devido o trabalho ser realizado com crianças, os artesanatos escolhidos foram brinquedos feitos de materiais reciclados.

5.1.1 Avaliação dos brinquedos Vários brinquedos foram confeccionados, verificando com cuidado o passo a passo para sua montagem e os materiais necessários que seriam utilizados. Nos brinquedos foram avaliados os seguintes itens: ∙ A segurança do brinquedo criado: Não podendo conter peças cortantes, tóxicas, sujas ou que apresentem qualquer risco às crianças que com eles forem realizar atividades; ∙ Todos os materiais necessários para a montagem dos brinquedos foram pré selecionados, evitando materiais cortantes, perfurantes e quentes, sendo estes, utilizados apenas pelos adultos. ∙ Os brinquedos foram selecionados de acordo com a série e a idade dos alunos e com o grau de dificuldade da montagem do brinquedo.

5.2 Os Questionários Durante as oficinas foram aplicados questionários para os alunos e professores. Além dos professores que fizeram parte da oficina, todos os outros que estavam presentes na escola preencheram os questionários. O objetivo dos questinários para os educadores era a avaliação de cada um referente ao conhecimento ambiental que teve durante a sua vida acadêmica e como isso está sendo transmitido para seus alunos durante o dia a dia. Já os questionários dos alunos foi desenvolvido de uma forma mais lúdica baseado em perguntas simples e respostas com imagens, onde o aluno poderia pintar, ligar


Capítulo 5. Aplicação do Artesanato e Oficinas

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ou circular a resposta que ele considerava correta e dessa forma tornar o questionário mais interessante para as crianças. Foram aplicados nas escolas dois questionários, um antes e outro depois das atividades, com perguntas sobre meio ambiente, coleta seletiva e consumo. Estas respostas foram agrupadas por tema/questão, tabuladas no programa Excel da Microsoft Office, e apresentadas sob forma de gráficos. Dessa forma foi possível perceber quais aspectos são dominantes e mais importantes para este público.

5.3 Escolas Selecionadas Previamente foi feito contato com a direção das escolas por meio de uma apresentação oficial do acadêmico e, por conseguinte, do trabalho para ter conhecimento da disponibilidade da instituição. As escolas selecionadas foram: ∙ Escola Municipal de Educação Infantil Níssia de Oliveira Bastos. Endereço: Rua Colibris, 20 Jardim Carambei - São Roque - SP. ∙ Escola Municipal de Ensino Fundamental - Alabama. Endereço: Rod. Raposo Tavares, km 52,7 - Mailasque - São Roque - SP.

5.4 Materiais Utilizados Os materiais utilizados durante a confecção da oficina na EMEI Níssia de Oliveira Bastos, como papel crepon, tinta guache, pincél e tesoura foram fornecidos pela escola. Na EMEF Alabama, as tesouras utilizadas também foram fornecidos pela escolas. As garrafas Pets utilizadas na EMEF Alabama, foram doadas por um restaurante da cidade de Alumínio - SP e os rolinhos de papel higiênico foram trazidos pelos próprios alunos da escola.

5.5 Desenvolvimento da Oficina 5.5.1 EMEI Níssia de Oliveira Bastos Os alunos da EMEI Níssia de Oliveira Bastos, são crianças com idade entre de 3 e 6 anos, divididas em quatro salas diferentes. As atividades foram separadas por idade formando dois grupos, um de alunos de 3 e 4 anos e outro grupo de 5 e 6 anos. A aplicação dos questionários foi feita apenas para os alunos do grupo com idade de 5 e 6 anos, por já estarem com a alfabetização avançada. No grupo das crianças menores foi avaliado seu comportamento e desempenho durante as atividades.


Capítulo 5. Aplicação do Artesanato e Oficinas

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A primeira etapa foi a apresentação da atividade para os alunos. Em seguida foi explicado a forma de preenchimento e aplicado o primeiro questionário (Figura 22).

Figura 22 – Alunos preenchendo o questionário 1.

Após o preenchimento do primeiro questionário, foi iniciado a oficina. O brinquedo escolhido foi um dragão, feito de rolinho de papel higiênico. Esse brinquedo foi escolhido devido a facilidade da montagem, envolvendo apenas etapas de pintura e colagem, ideal para crianças pequenas. Segue abaixo o passo a passo de como foi feita a montagem do brinquedo.

5.5.2 Dragão gospe fogo Materiais utilizados: ∙ Rolinho de papelão de papel higiênico ∙ Guache verde ∙ Pincel ∙ Bolinhas pequenas de isopor ∙ Canetinha preta ∙ Tubo de cola branca ∙ Tesoura sem ponta No primeiro passo, as crianças pintaram os rolinhos com tinta guache verde, conforme mostra a Figura 23. Após a secagem dos rolinhos, foram feitas as colagens dos olhos e do papel crepon, que faria o efeito do dragão cuspindo fogo, conforme mostra a Figura 24.


Capítulo 5. Aplicação do Artesanato e Oficinas

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Figura 23 – Alunos confeccionando o brinquedo - pintura.

Figura 24 – Alunos confeccionando o brinquedo - colagem.

Figura 25 – Brinquedos já montados, aguardando secagem.

A Figura 25 mostra o brinquedo na etapa da secagem, e a Figura 26 mostra as crianças brincando após a oficina. Após a confecção dos brinquedos os alunos preencheram o questionário 2 (Anexo C), sendo que as questões eram parecidas com o questionário 1 (Anexo B), ambos envolvendo o tema reciclagem e meio ambiente.


Capítulo 5. Aplicação do Artesanato e Oficinas

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Figura 26 – Alunos brincando com os brinquedos que fizeram.

Figura 27 – Alunos preenchendo o questionário 2.

5.5.3 EMEF Alabama A EMEF Alabama tem alunos do primeiro ao quinto ano do ensino fundamental, a série escolhida para as oficinas foram as duas turmas do terceiro ano, com idade entre 8 e 9 anos. A primeira etapa foi a apresentação da atividade para os alunos. Como o principal material utilizado na confecção dos brinquedo era a garrafa PET, foi feito uma pequena palestra sobre os problemas do descarte inadequado e a importância da reciclagem desse material. Em seguida foi explicado a forma de preenchimento e aplicado o primeiro questionário, como mostra a Figura 28. Após o preenchimento do primeiro questionário foi iniciado a oficina. O brinquedo escolhido foi um bilboquê, feito de garrafa PET. Esse brinquedo foi escolhido para mostrar para os alunos as várias utilidades da garrafa PET vazia e a importância da reciclagem desse material para o meio ambiente. Segue abaixo o passo a passo de como foi feita a montagem do brinquedo.


Capítulo 5. Aplicação do Artesanato e Oficinas

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Figura 28 – Alunos preenchendo o Questionário 1.

5.5.4 Bilboquê Materiais utilizados: ∙ Garrafa PET ∙ Tampinhas de garrafas PET ∙ Tesoura ∙ Barbante ∙ Adesivos para decorar ∙ Durex colorido

Figura 29 – Alunos com as garrafas PETs recebidas.

Foram entregues para cada aluno uma garrafa PET e um pequeno manual passo a passo, conforme Figura 30 da montagem do bilboquê. Toda a atividade foi supervisionada, orientando e ajudando as crianças na confecção do brinquedo.


Capítulo 5. Aplicação do Artesanato e Oficinas

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Figura 30 – Manual passo a passo - bilboquê.

Figura 31 – Alunos com seus brinquedos.

Após a confecção dos brinquedos, os alunos preencheram o questionário 2, sendo que as questões eram parecidas com o questionário 1, ambos envolvendo o tema reciclagem e meio ambiente.


Parte III RESULTADOS E DISCUSSÃO


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6 Resultados Essa pesquisa possui um cunho qualitativo. Para a análise dos dados, o foco não é na quantificação, mas sim na qualidade do próprio dado obtido, através dos questionários.

6.1 Análise dos professores Foram aplicados questionário para os professores que participaram da oficina junto com seus alunos e professores que estavam presentes na escola. Esse questionário teve como objetivo mostrar: ∙ Se a temática Educação Ambiental foi abordada durante sua formação acadêmica; ∙ Como e onde busca conhecimento para realizar as atividades relacionadas com o Meio Ambiente; ∙ As questões ambientais são tratadas com regularidades na escola; ∙ Existe material didático adequado, para trabalhos sobre as questões ambientais; Segue abaixo alguns resultados gráficos referentes as respostas das principais perguntas do questionário:

Figura 32 – Gráfico - questionário professores

Na Figura 32, o gráfico mostra que 83% dos professores que responderam os questionários tiveram em sua formação acadêmica a abordagem da temática Educação Ambiental, mas 17% disseram que não tiveram essa abordagem. De acordo com as características específicas da Educação Ambiental, tanto em nível temático como metodológico, exigem processos específicos de capacitação dos professores, a fim de a EA ser implementada na escola (CARVALHO, 2000).


Capítulo 6. Resultados

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Figura 33 – Gráfico - questionário professores

Figura 34 – Gráfico - questionário professores

De acordo com (CARVALHO, 2000), capacitar em Educação Ambiental os professores do Ensino Fundamental, na nossa perspectiva, implica principalmente fazer com que eles vivam, no próprio curso de capacitação, uma experiência de EA. Ou seja, dar-lhes os instrumentos necessários para serem os agentes de sua própria formação futura. Na Figura 33, o gráfico mostra que 35% do professores buscam informações na internet, seguido por 24% que disseram que buscam informações em outras fontes, como troca de experiências com outros professores, 23% disseram que buscam em livros e outros 18% assistiram palestras para realizar atividades relacionadas ao meio ambiente com seus alunos.


Capítulo 6. Resultados

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Figura 35 – Gráfico - questionário professores

Na Figura 34, o gráfico mostra que 67% dos professores disseram que existe material didático adequado e disponível na escola para trabalhar o tema Educação Ambiental com os alunos, já 33% disseram que esse material não é adequado para esse tipo de trabalho. Mas mesmo assim, na Figura 35 o gráfico mostrou que 100% dos professores que responderam as perguntas responderam que as questões ambientais são tratadas constantemente nas escolas.

6.2 Análise dos alunos Na EMEI Níssia de Oliveira Bastos, a pergunta do primeiro questionário que mais chamou atenção foi : "O que a mamãe faz com o lixo em casa?"(Figura 36) Nessa pergunta os alunos deveriam ligar a figura do lixo com a figura que correspondia como era feito o descarte de lixo em sua casa, as três opções eram a imagem de um caminhão de lixo, um cesto de lixo misturado e um cesto de coleta seletiva .

Figura 36 – Questionário 1 - EMEI Níssia de Oliveira Bastos.


Capítulo 6. Resultados

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Na Figura 37 o gráfico mostra que 15% dos alunos ligaram a imagem do lixo com o caminhão, 85% ligaram a imagem do lixo com o cesto de lixo misturado, sendo que nenhum dos alunos ligaram o lixo com o cesto de coleta seletiva.

Figura 37 – Gráfico - questionário 1 alunos - EMEI Níssia de Oliveira Bastos.

Após a oficina, foi aplicado o segundo questionário, com a pergunta: "Circule o devemos e podemos fazer com o lixo", conforme Figura 38.

Figura 38 – Questionário 2- EMEI Níssia de Oliveira Bastos

Figura 39 – Gráfico - questionário 2 - alunos - EMEI Níssia de Oliveira Bastos.

De acordo com a Figura 39, o gráfico mostra que 90% dos alunos ligaram o lixo com o brinquedo feito de material reciclado, sendo que apenas 5% ligaram no lixo misturado e


Capítulo 6. Resultados

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5% ligaram no caminhão do lixo, mostrando uma grande evolução dos alunos nas respostas entre os dois questionários e como as crianças tem capacidade de aprender rápido com o lúdico. Na EMEF Alabama, a pergunta principal do questionário 1 era: "Marque um X, em como é feito o descarte do lixo em sua casa."(Figura 40), tendo duas opções como respostas: a imagem da coleta seletiva e a imagem do caminhão de lixo.

Figura 40 – Questionário 1 - EMEF Alabama.

Na Figura 41, o gráfico mostra que 95% dos alunos responderam que a coleta do lixo em casa é feita pelo caminhão de lixo e 5% responderam que em sua casa é realizada a coleta seletiva.

Figura 41 – Gráfico- questionário 1 - EMEF Alabama

Após a oficina, foi aplicado o segundo questionário para os alunos onde uma das questões perguntava "O que é mais legal fazer com a garrafa PET". Nas respostas haviam vários tipos de reciclagem de garrafa PET e um descarte inadequado, sendo que 100% dos alunos circularam as várias ideias de reciclagem de garrafa PET.


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7 Considerações Finais É sabido que a educação é um elemento chave na construção de uma sociedade, e quanto antes se inicia este processo, mais cedo se podem atingir os objetivos, assim, as crianças apresentam-se como o público ideal para desenvolver a educação ambiental que conscientiza as pessoas e forma cidadãos que se interessam pelo meio ambiente desenvolvendo boas práticas ambientais. (ANCHIETA, 2009) De acordo com os resultados deste trabalho, pode-se afirmar que o lúdico na educação se torna um facilitador do ensino e contribui para a aprendizagem dos conteúdos propostos pelos professores. Nesta pesquisa utilizou-se o lúdico relacionado à temática da Educação Ambiental, tão importante para a sociedade, devido à necessidade de buscar diferentes formas de trabalhar os conteúdos da EA, para que ela realmente surta efeito. Assim verifica-se que a aplicação de atividades lúdicas em educação é uma alternativa eficaz e pode ajudar na compreensão da importância da EA nos níveis de ensino. No entanto, requer um envolvimento maior do professor com a turma e, principalmente, com o conceito a ser explorado, neste caso, a EA. Contudo, para que se possam reduzir os impactos no meio ambiente, tanto na acumulação de lixo, como na questão do esgotamento das fontes de recursos naturais, de nada adianta trabalhar e incentivar a reciclagem e os programas de coleta seletiva do lixo, se não houver um trabalho de internalização de novos hábitos e também de atitudes para que, em um futuro próximo, não haja mais lixo excessivo e a sua causa, o consumo desmedido, controlado. Observou-se uma melhora significativa em relação à consciência ambiental das crianças com a reciclagem de material reciclado para construção de brinquedos, e como elas ficaram satisfeitas em ver aquilo que para elas era considerado lixo, se transformando em um brinquedo que elas próprias produziram, oportunizando a criatividade das crianças que já apresentam novas idéias para o uso de materiais recicláveis. Muito ainda há de ser feito, tanto na escola quanto nas comunidades, pois ainda o que vemos são atos e ações ambientais isoladas. O trabalho desenvolvido até o presente momento serviu apenas para disparar, tornar visíveis, muitos aspectos que devem ser aprofundados, como a aplicação de artesanato colaborativo. Temos que entender a EA como algo necessário e urgente para termos cidadãos mais engajados e preocupados com o ambiente que o cerca.


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Referências ABREU, D. d. et al. Educação ambiental nas escolas da região de ribeirão preto (sp): concepções orientadoras da prática docente e reflexões sobre a formação inicial de professores de química. Química. Nova, v. 31, n. 3, p. 688–693, 2008. Citado 2 vezes nas páginas 15 e 16. ALVES, A. T. J. et al. Reciclagem: educar para conscientizar. XVII Seminário Internacional de Ensino Pesquisa e Extensão; XV mostra de iniciação científica, 2012. Citado na página 20. ANCHIETA, B. R. L. R. Educação ambiental através do lúdico para o público infantil. 2009. Citado na página 49. BOGDAN, R. C. et al. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. [S.l.: s.n.], 1994. Citado na página 24. BRASIL, V. cuidar do. conceitos e práticas em educação ambiental na escola. Ministério da, 2007. Citado 3 vezes nas páginas 15, 17 e 18. CARVALHO, I. C. d. M. Educação ambiental: a formação do sujeito ecológico. [S.l.]: Cortez, 2004. Citado 2 vezes nas páginas 15 e 17. CARVALHO, I. d. M. A invenção ecológica: narrativas e trajetórias da educação ambiental no Brasil. [S.l.]: Ed. da UFRGS, 2001. Citado na página 16. CARVALHO, L. M. de. A educação ambiental e a formação de professores. da Educação Ambiental no Ensino Fundamental, p. 55, 2000. Citado 2 vezes nas páginas 44 e 45. DIDONET, M. et al. O lixo pode ser um tesouro: um monte de novidades sobre um monte de lixo. Livro do Professor. Rio de Janeiro: CIMA, 1992. Citado 2 vezes nas páginas 10 e 21. JACOBI, P. et al. Educação ambiental, cidadania e sustentabilidade. Cadernos de pesquisa, SciELO Brasil, v. 118, n. 3, p. 189–205, 2003. Citado 3 vezes nas páginas 10, 11 e 16. JACOBI, P. R. Educação ambiental: o desafio da construção de um pensamento crítico, complexo e reflexivo. Educação e pesquisa, SciELO Brasil, v. 31, n. 2, p. 233–250, 2005. Citado na página 16. JARDIM, N. S. et al. Lixo municipal: manual de gerenciamento integrado. são paulo: Instituto de pesquisas tecnológicas: Cempre, 1995. Publicação IPT, v. 2163. Citado na página 20. LEMOS, J. C.; LIMA, S. d. C.; ALVIM, N. M. C. Segregação de resíduos de serviços de saúde para reduzir os riscos à saúde pública e ao meio ambiente. Biosci. j, v. 15, n. 2, p. 63–77, 1999. Citado na página 10.


Referências

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NALINI, J. E. Mercado de reciclagem do lixo no brasil: entraves ao desenvolvimento. Programa de Estudos Pós Graduação em Economia Politica. Pontificia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). São Paulo, p. 1–120, 2008. Citado na página 20. NUNES, J. A. A produção de brinquedos com material reciclável, um material didático para o professor arte-educador. 2013. Citado na página 19. REIGOTA, M. O que é educação ambiental. [S.l.]: Brasiliense, 2001. v. 292. Citado na página 17. RIBEIRO, T. F.; LIMA, S. do C. Coleta seletiva de lixo domiciliar-estudo de casos. Caminhos de geografia, v. 2, n. 2, 2006. Citado na página 20. TRINDADE, N. A. D. consciência ambiental: coleta seletiva e reciclagem no ambiente escolar. Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer-Goiânia, v. 7, n. 12, p. 1–15, 2011. Citado 4 vezes nas páginas 11, 13, 21 e 22. VYGOTSKY, L. S. A Formação Social da Mente. Tradução José Cipolla Neto e outros. [S.l.]: São Paulo: Martins Fontes, 1991. Citado na página 16.


Anexos


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ANEXO A – Questionário Professores

O projeto “Oficina de brinquedos com materiais reciclados” visa proporcionar, através do lúdico, temáticas ambientais como “ O que é meio ambiente?”, “ consumo e lixo” e “degradação ambiental”, procurando tratar tais assuntos com crianças através da Educação não-formal (história, teatro, oficina de reciclagem etc.) O questionário a seguir traz algumas questões que serão utilizadas para corroborar com a pesquisa, que é parte do TCC desenvolvidos por aluna do IFSP – Câmpus São Roque. Contamos com sua participação! Obrigado!. 1. Cargo/função: PEB I ( ) PEB II ( ) Coordenador (a) ( ) Diretor(a) ( ) Outros ( ) 2. Trabalha com crianças/jovens de qual faixa etária? ∙ ( ) Educação Infantil ∙ ( ) Ensino Fundamental I ∙ ( )Ensino fundamental II ∙ ( )Ensino médio (regular ou supletivo) 3. Em sua formação Acadêmica, a temática Educação Ambiental foi abordada em algum momento? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 4. Como você adquiriu conhecimento para realizar atividades relacionadas com Meio Ambiente? (Assinale mais de uma se necessário). ( ) Internet ( ) Livros ( )Palestras ( ) Outros 5. Em sua opinião e com base em suas experiências, as questões ambientais são tratadas com regularidade nas escolas? Ou limita-se apenas a datas específicas, como o dia do meio ambiente? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente – apenas em datas e temas específicos 6. Já pode desenvolver algum projeto de Educação Ambiental na(s) Unidade(s) em que trabalha? Quais? ( ) Sim ( ) Horta ( ) Oficina de reciclagem ( )Outros ( ) Não


ANEXO A.

Questionário Professores

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7. Existe um material didático adequado para ser trabalhado o tema Educação Ambiental? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 8. Sobre o projeto, as dinâmicas desenvolvidas com os alunos são aplicáveis em sala de aula no dia a dia? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente 9. Em sua opinião os alunos atendidos pelo projeto demonstraram aprender algo sobre o tema? Foi uma experiência proveitosa? ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente


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ANEXO B – Questionário 1 - EMEI Níssia de Oliveira Bastos NOME: QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? 1. O que é meio ambiente? Circule e pinte o desenho que representa o MEIO AMBIENTE.

Figura 42 – Questionário 1 - EMEI Níssia O. Costa

2. O que a mamãe faz com o lixo em casa? Ligue.

Figura 43 – Questionário 1 - EMEI Níssia O. Costa


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ANEXO C – Questionário 2 - EMEI NÍssia de Oliveira Bastos 1. Circule o que podemos e devemos fazer com o lixo.

Figura 44 – Questionário 2 - EMEI Níssia O. Costa

2. A mãe natureza está muito triste! Marque o que não podemos fazer!

Figura 45 – Questionário 2 - EMEI Níssia O. Costa


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ANEXO D – Questionário 1 - EMEF Alabama NOME: QUANTOS ANOS VOCÊ TEM? 1. O que é meio ambiente? Marque o desenho que representa o MEIO AMBIENTE.

Figura 46 – Questionário 1 -Alabama

2. Marque um X, em como é feito o descarte do lixo em sua casa.

Figura 47 – Questionário 1 - Alabama


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ANEXO E – Questionário 2 - EMEF Alabama

1. Existe uma ligação entre estas imagens? Marque o que faz parte do meio ambiente?

Figura 48 – Questionário 2 - Alabama

2. Circule o que é mais legal fazer com a garrafa PET?

Figura 49 – Questionário 2 - Alabama


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