Hellen Cristina Pinheiro dos Santos

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CÂMPUS SÃO ROQUE

Hellen Cristina Pinheiro dos Santos

Levantamento da mastofauna em fragmento de Mata Atlântica, São Roque– SP

São Roque 2015


INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SÃO PAULO CÂMPUS SÃO ROQUE

Hellen Cristina Pinheiro dos Santos

Levantamento da mastofauna em fragmento de Mata Atlântica, São Roque– SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do título de Licenciatura

em

Ciências

Biológicas

do

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo- Câmpus São Roque sob orientação da Professora Glória Cristina Marques Coelho Miyazawa e Coorientação da Professora Eleonore Zulnara Freire Setz.

São Roque 2015



FOLHA DE APROVAÇÃO

Nome: Hellen Cristina Pinheiro dos Santos Título: Levantamento da mastofauna em fragmento de Mata Atlântica, São Roque– SP

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito para obtenção do título de Licenciatura em Ciências Biológicas sob orientação da Professora Glória Cristina Marques Coelho-Miyazawa e Co-orientação da Professora Eleonore Zulnara Freire Setz.

Aprovado em:___/___/___

Banca Examinadora

Prof. Dr. Fernando Santiago dos Santos

Instituição IFSP - SRQ

Julgamento ____________________________________________________ Assinatura ____________________________________________________

Prof. MSc. Vanderlei José Ildefonso Silva

Instituição IFSP - SRQ

Julgamento ____________________________________________________ Assinatura ____________________________________________________

Prof. MS. Maurício de Mattos Salgado

Instituição IFSP - SRQ

Julgamento ____________________________________________________ Assinatura ____________________________________________________


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, porque até aqui tem me ajudado e não me desemparou, por sua força que se renovou a cada manhã para que até aqui eu pudesse chegar. Agradeço a meus pais e familiares que me proporcionaram a oportunidade de seguir este curso, que me apoiaram em minha escolha e em cada luta me ergueram e me deram suporte e compreenderam cada vez que precisei me ausentar por causa de afazeres do curso. Amo muito vocês! Agradeço a meus amigos que foram companheiros de lutas e vitórias, choros e risos, pois vocês são a família que eu encontrei, só desejo o melhor desse mundo para vocês! Amo muito cada um, vocês são muito especiais! Agradeço a meu grande amigo, que tem estado junto, que se preocupou comigo e está ao meu lado sempre que preciso e entendeu também minhas ausências e sonhou comigo cada passo que dei (logo mais daremos muitos outros passos juntos!). Te amo! Agradeço aos mestres professores que acreditaram que podíamos chegar longe, que nos ensinaram a mirar a lua, porque alcançaríamos as estrelas! Vocês realmente fizeram toda a diferença nessa caminhada! Agradeço também às minhas orientadoras, que tiveram o grande trabalho de me orientar pelos caminhos das pedras, que tiveram paciência e me ergueram os braços me mostrando a luz no fim do túnel! Vocês são sensacionais!

Porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; Glória, pois, a Ele eternamente. Amém. Romanos 11:36


RESUMO Este estudo foi realizado num fragmento periurbano de Mata Atlântica, no Parque Municipal Natural “Mata da Câmara”, São Roque-SP. O objetivo do estudo foi realizar o levantamento da mastofauna no fragmento, representando o primeiro da área neste Parque. Os mamíferos são um grupo de animais que desempenham importante papel na manutenção da diversidade e sofrem com a fragmentação das matas. O levantamento foi realizado no período de março a novembro de 2015. Para a realização deste, foram usados métodos de visualização, vocalização, pegadas e armadilhas fotográficas. Nos métodos de visualização, vocalização e pegadas, utilizou-se a exploração direta das trilhas. As armadilhas fotográficas foram instaladas em cinco pontos diferentes do parque, fora das trilhas, porém próximas à elas. Foram registradas seis ordens de mamíferos terrestres, 14 famílias e 18 espécies. Das espécies registradas, oito representam alguma categoria de vulnerabilidade de acordo com o Decreto Estadual de São Paulo 42.838/1998, IUCN e CITES 2007. Por meio do método de visualização, vocalização e pegadas as espécies com maior ocorrência foram Canis lupus familiaris (cão doméstico), Dasypus novemcinctus (tatu galinha), Guerlinguetus ingrami (caxinguelê) e Mazawa gouazoubira (veado catingueiro). Já com o método de armadilha fotográfica as espécies com maior ocorrência foram Didelphis sp. (gambá) e Cuniculus paca (paca). Por serem animais de distribuição restrita em virtude da fragmentação de seus habitats, fazem-se necessários trabalhos de conservação, monitoramento ambiental e fiscalização da área.

Palavras-Chave: mastofauna, Mata da Câmara, Fragmento de Mata Atlântica, São Roque.


ABSTRACT This study was carried out on a peri-urban fragment of Atlantic Forest, in the Natural Municipal Park “Mata da Câmara”, São Roque-SP. The objective of the study was to survey the mammals in the fragment, representing the first survey of the area in this Park. Mammals are a group of animals that play an important role in maintaining diversity, and suffer with the fragmentation of the forests. The survey was conducted in the period March to November 2015. To complete it, viewing, vocalization, tracks and camera trap methods were used. In the viewing, vocalization and tracking methods, trails were explored directly. The camera traps were installed at five different points in the park, away from the trails, although close to them. Six orders of land mammals were recorded, 14 families and 18 species. Of the species recorded, eight represent a category of vulnerability according to São Paulo State Decree 42m838/1998, IUCN and CITES 2007. Using the viewing, vocalization and tracking methods, the species occurring in greatest number were the Canis lupus familiaris (domestic dog), Dasypus (armadillo), Guerlinguetus ingrami (Brazilian squirrel) and Mazawa gouazoubira (brocket deer). With the camera trap method meanwhile, the species occurring in greatest numbers were the Didelphis sp. (skunk) and Cuniculus paca (paca). As they are animals restricted in distribution due to the fragmentation of their habitats, work related to conservation, environmental monitoring and protection of the area is required.

Keywords: mammals, Mata da Câmara, Atlantic Forest Fragment, São Roque.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 17 2.1 Objetivo Geral............................................................................................................................... 17 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................................................. 17

3 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 18 3.1 Área de estudo ............................................................................................................................. 18 3.2 Coleta de dados ........................................................................................................................... 19 3.2.1 Registro indireto ........................................................................................................................ 20 3.2.2 Visualização .............................................................................................................................. 21 3.2.3 Armadilha Fotográfica .............................................................................................................. 21 3.3 Análise de dados ......................................................................................................................... 22

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 24 4.1 Inventário das espécies encontradas ....................................................................................... 31 4.1.1 Nasua nasua Linnaeus, 1766 (Carnívora, Procyonidae) ................................................... 31 4.1.2. Procyon cancrivorus Cuvier, 1798 (Carnivora, Procyonidae) .......................................... 33 4.1.3 Leopardus wiedii Schinz, 1821 (Carnivora, Felidae) .......................................................... 35 4.1.4 Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 (Carnivora, Felidae) .................................................. 37 4.1.5 Puma yagouaroundi É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803 (Carnivora, Felidae)...................... 39 4.1.6 Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 (Carnivora, Canidae) .................................................... 41 4.1.7 Canis lupus familiaris Linnaeus, 1758 (Carnivora, Canidae)............................................. 43 4.1.8 Lontra sp Olfers, 1818 (Carnivora, Mustelidae) ................................................................... 44 4.1.9 Cuniculus paca Linnaeus, 1766 (Rodentia, Cuniculidae) .................................................. 46 4.1.10 Guerlinguetus ingrami Thomas, 1901 (Rodentia, Sciuridae) .......................................... 47 4.1.11 Dasyprocta aguti Linnaeus, 1758 (Rodentia, Dasyproctidae) ......................................... 49 4.1.12 Coendou spinosus F. Cuvier, 1823 (Rodentia, Erethizontidae) ...................................... 51


4.1.13 Mazama gouazoubira G. Fischer [Von Waldheim], 1814 (Artiodactyla, Cervidae)...... 53 4.1.14 Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 (Didelphimorphia, Didelphidae) ......................... 55 4.1.15 Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 (Cingulata, Dasypodidae) ............................... 57 4.1.16 Callithrix penicillata É. Geoffroy, 1812 (Primates, Callitrichidae).................................... 59 4.1.17 Callithrix geoffroyi Humboldt, 1812 (Primates, Callitrichidae) ......................................... 60 4.1.18 Alouatta sp............................................................................................................................... 62

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 63 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64


LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO DA MATA DA CÂMARA RETIRADA DO GOOGLE EARTH. FONTE: CALVANESE ET AL. (2014) ..................................................................................................................................................... 18 FIGURA 2. SISTEMA CLIMÁTICO DE KÖPPEN-GEIGER PARA A AMÉRICA DO SUL. RETIRADO DE PEEL ET AL., 2007. MARCAÇÃO EM VERMELHO, DESTAQUE DE SÃO PAULO: GRIFO NOSSO. ................................... 19 FIGURA 3. ESBOÇO DA TRILHA PRINCIPAL DA MATA DA CÂMARA. FONTE: ESCANHOELA, 2014. ................. 20 FIGURA 4. DETALHE DA CÂMARA FOTOGRÁFICA UTILIZADA E DE UM DOS LOCAIS ONDE FOI COLOCADA....... 22 FIGURA 5. NASUA NASUA. A) NASUA NASUA FONTE LUIS. B) REGISTRO VISUAL DE NASUA NASUA; C) REGISTRO DE ARMADILHA FOTOGRÁFICA DE NASUA NASUA. ................................................................ 31 FIGURA 6. PEGADA DE NASUA NASUA (BECKER; DALPONTE, 2013). ..................................................... 32 FIGURA 7. PROCYON CANCRIVORUS. A) MÃO- PELADA, FONTE: PETE OXFORD; B) PEGADA DE PROCYON CANCRIVORUS; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA...................................................................... 33

FIGURA 8. A) PEGADA DE PROCYON CANCRIVORUS SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013); B) PEGADA DE PROCYON CANCRIVORUS REGISTRADA NO PARQUE MATA DA CÂMARA, SÃO ROQUE-SP. ................. 34 FIGURA 9. LEOPARDUS WIEDII. A) GATO MARACAJÁ, FONTE: NICK GORDON; B) PEGADA DE LEOPARDUS WIEDII; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. .................................................................................. 35

FIGURA 10. A) PEGADA DE L. WIEDII REGISTRADA NO PARQUE MATA DA CÂMARA, SÃO ROQUE; B) PEGADA DE L. WIEDII SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013). ........................................................................... 36

FIGURA 11. LEOPARDUS PARDALIS. A) JAGUATIRICA, FONTE: KEN COLE; B) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. ..................................................................... 37

FIGURA 12. PEGADA DE L. PARDALIS, SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013). .......................................... 38 FIGURA 13. PUMA YAGOUARONDI. A) GATO MOURISCO, FONTE: KEN COLE; B) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA.......................................................................................................................................... 39

FIGURA 14. COMPARAÇÃO ENTRE PEGADA DE L. WIEDII E PUMA YAGOUAROUNDI. A) PEGADA DE L. WIEDII; B) PEGADA DE P. YAGOUAROUNDI. ......................................................................................................... 40

FIGURA 15. CERDOCYON THOUS. A) CACHORRO DO MATO, FONTE: PIPER MACKAY; B) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. .................................................. 41

FIGURA 16. PEGADA DE CERDOCYON THOUS SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013). .............................. 42 FIGURA 17. CANIS LUPUS FAMILIARIS. A) CANIS LUPUS FAMILIARIS FONTE: MORPHART CREATION; B) PEGADA DE CANIS LUPUS FAMILIARIS; C) PEGADA DE CANIS LUPUS FAMILIARES NO PARQUE MATA DA CÂMARA. ................................................................................................................................................. 43 FIGURA 18. LONTRA SP. A) LONTRA, FONTE: ZOOVIRTUAL; B) PEGADA DE LONTRA SP.; C) PEGADA DE LONTRA SP DETALHADA; D) CORPO D’ÁGUA. ......................................................................................... 44 FIGURA 19. A) PEGADA DE LONTRA SP; A) AMPLIAÇÃO DA PEGADA DE LONTRA SP; C) CORPO D’ÁGUA ONDE FORAM ENCONTRADAS AS PEGADAS. FOTO E GRIFO NOSSO. FONTE: A AUTORA (2015)..................... 45

FIGURA 20. A) PEGADA DE LONTRA SP SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013); B) PEGADA DE LONTRA SP REGISTRADA NO PARQUE MATA DA CÂMARA, SÃO ROQUE- SP (2015). FONTE: A AUTORA. ............. 45


FIGURA 21. CUNICULUS PACA. A) CUNICULUS PACA, FONTE: ZOO SAN DIEGO; B) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA DE CUNICULUS PACA; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA DE CUNICULUS PACA. 46

FIGURA 22. PEGADA DE CUNICULUS PACA SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013) .................................... 47 FIGURA 23. GUERLINGUETUS INGRAMI. A) G. INGRAMI FONTE: JARBAS MATTOS; B) GUERLINGUETUS INGRAMI REGISTRO ATRAVÉS DE VISUALIZAÇÃO; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. ................ 47

FIGURA 24. PEGADA DE G. INGRAMI SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013). ............................................ 48 FIGURA 25. A) FRUTO ABERTO; B) FRUTO POSSIVELMENTE MORDIDO POR ROEDOR; C) G. INGRAMI SE ALIMENTANDO EM MEIO OS GALHOS. FONTE: A AUTORA (2015). .......................................................... 48

FIGURA 26. DASYPROCTA AGUTI. A) CUTIA FONTE: TOMAS MAY; B) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA............................................................................................... 49 FIGURA 27. PEGADA DE DACYPROCTA AGUTI SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013) ............................... 50 FIGURA 28. COENDOU SPINOSUS. A) C. SPINOSUS. B) PELO DE C. SPINOSUS. C) REGISTRO DE COENDOU SPINOSUS NAS ARMADILHAS FOTOGRÁFICAS. ........................................................................................ 51

FIGURA 29. REGISTRO DE PELO DE C. SPINOSUS ENCONTRADO NO PARQUE MATA DA CÂMARA, SÃO ROQUE, SP. FONTE: A AUTORA (2015). ................................................................................................ 52 FIGURA 30. PEGADA DE COENDOU VILLOSUS SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013) ............................... 52 FIGURA 31. MAZAMA GOUAZOUBIRA. A) VEADO CATINGUEIRO FONTE: JOE KOLOWSKI; B) PEGADA DE MAZAMA GOUAZOUBIRA. C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. ..................................................... 53 FIGURA 32. A) PEGADA DE M. GOUAZOUBIRA FOTOGRAFADA NO PARQUE MATA DA CÂMARA. B) PEGADA DE M. GOUAZOUBIRA SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013) ............................................................. 54

FIGURA 33. DIDELPHIS AURITA. A) GAMBÁ-DE-ORELHA-PRETA FONTE: CARLOS PRUDENTE; B) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA.................................................. 55 FIGURA 34. PEGADA DE DIDELPHIS SP SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013). ......................................... 56 FIGURA 35. DASYPUS NOVEMCINCTUS. A) D. NOVEMCINCTUS FONTE: JEFF FOOT; B) PEGADA DE D. NOVEMCINCTUS; C) REGISTRO ARMADILHA FOTOGRÁFICA. .................................................................. 57 FIGURA 36. A E B) PEGADA DE DASYPUS NOVEMCINCTUS SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013); C) REGISTRO FOTOGRÁFICO DE PEGADA DE DASYPUS SP NO PARQUE MATA DA CÂMARA (2015). ........ 58 FIGURA 37. A) PEGADA DE DASYPUS NOVEMCINCTUS; B) PATA POSTERIOR (P.P) E PATA ANTERIOR (P.A) DE D. NOVEMCINCTUS; C) DESCRIÇÃO DETALHADA DA PEGADA (DÍGITOS). FOTO E GRIFO NOSSO.

FONTE: A AUTORA (2015). ..................................................................................................................... 58 FIGURA 38. CALLITHRIX PENICILLATA. A) CALLITHRIX PENICILLATA FONTE: TIAGO DEGASPARI; B E C) VISUALIZAÇÃO DE C. PENICILLATA NO PARQUE MATA DA CÂMARA. ..................................................... 59 FIGURA 39. CALLITHRIX GEOFFROYI. A) CALLITHRIX GEOFFROYI FONTE: LEONARDO R. CIANCA; B E C) VISUALIZAÇÃO DE C. GEOFFROYI NO PARQUE MATA DA CÂMARA. ....................................................... 60 FIGURA 40. PEGADA DE CALLITHRIX SP SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013) ........................................ 61 FIGURA 41. ALOUATTA FUSCA. A) ALOUATTA FUSCA FONTE: CYRIL RUOSO. ............................................... 62 FIGURA 42. PEGADA DE ALOUATTA SP SEGUNDO BECKER E DALPONTE (2013). ......................................... 62


LISTA DE QUADROS QUADRO 1. ESPÉCIES INVENTARIADAS NESSE TRABALHO COM CLASSIFICAÇÃO, NOME VULGAR, LOCAL DE REGISTRO, FORMA DE REGISTRO, CATEGORIA TRÓFICA E STATUS DE AMEAÇA. .......................................................................

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LISTA DE TABELAS TABELA 1. ESPÉCIES DE MAMÍFEROS, NÚMERO DE REGISTROS, ESFORÇO DE AMOSTRAGEM (ARMADILHA-DIA) E SUCESSO DE CAPTURA DAS ESPÉCIES REGISTRADAS NO PARQUE MATA DA CÂMARA- SÃO ROQUE/SP................... 29



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1 INTRODUÇÃO A Mata Atlântica, segundo definição aprovada pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, em 1992, e incorporada ao Decreto Federal 750/93, corresponde

às

áreas

primitivamente

ocupadas

pelas

formações

vegetais

constantes do Mapa de Vegetação do Brasil (IBGE, 1988). À exceção dos enclaves do Nordeste, estas formações formavam originalmente uma cobertura florestal praticamente contínua nas regiões sul, sudeste e, parcialmente, nordeste e centrooeste. Compreende a Floresta Ombrófila Densa Atlântica, a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta Ombrófila Aberta, a Floresta Estacional Semidecidual, a Floresta Estacional Decidual, os manguezais, as restingas, os campos de altitude, os brejos interioranos além dos enclaves florestais do Nordeste (CONAMA, 2003). Na época da chegada dos portugueses ao Brasil, estima-se que a Mata Atlântica cobria cerca de 1,3 milhões de quilômetros quadrados, em áreas hoje pertencentes a quinze estados. Restam atualmente 95 mil quilômetros quadrados, cerca de 7% da cobertura original – uma fração descontinuada que exige cuidados de preservação, reconstituição, fiscalização e educação ambiental (ALCÂNTARA, 2008). Desde as primeiras etapas da colonização do Brasil, a Mata Atlântica tem passado por uma série de fases de conversão de florestas naturais para outros usos. O resultado atual consiste em paisagens fortemente transformadas e dominadas pelo homem. A maior parte dos ecossistemas naturais foi eliminada, ao longo de diversos ciclos desenvolvimentistas, nem sempre bem planejados, resultando na destruição de habitats extremamente ricos em recursos biológicos. A Mata Atlântica foi tradicionalmente a principal fonte de produtos agrícolas para populações litorâneas e, atualmente, abriga os maiores polos industriais e silviculturais do Brasil, além dos mais importantes aglomerados urbanos de todo o país (CONAMA, 2003). Os fragmentos remanescentes da Mata Atlântica original continuam a sofrer degradações devido à retirada de lenha, ao corte ilegal de madeira, à captura ilegal de plantas e animais e à introdução de espécies exóticas. Além disso, a construção de represas para a produção de energia hidrelétrica contribuiu substancialmente


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para a perda de hábitats e para mudanças ecológicas na região (GALINDO-LEAL; CÂMARA, 2005). O desmatamento e a fragmentação da Mata Atlântica produziram graves consequências para a biota nativa, em função da drástica redução de habitats e isolamento genético das populações (MENDES, 2004). Apesar da devastação, a Mata Atlântica permanece um dos mais importantes biótopos do planeta (ALCÂNTARA, 2008). Mesmo com extensas áreas ainda pouco conhecidas do ponto de vista biológico, acredita-se que a região abrigue de 1 a 8% da biodiversidade mundial. A considerável diversidade ambiental do bioma Mata Atlântica pode ser a causa da diversidade de espécies e do alto grau de endemismo (SILVA; CASTELLI, 2005). Galindo-Leal e Câmara (2005) apontam que a Mata atlântica é um dos 25 hotspots de biodiversidade reconhecidos no mundo, classificada assim por serem áreas que perderam pelo menos 70% de sua cobertura vegetal original, mas que, juntas, abrigam mais de 60% de todas as espécies terrestres do planeta. O Brasil é o líder entre os países detentores de megadiversidade, e a Mata Atlântica dentre seus biomas é um dos cinco hotspots prioritários de biodiversidade mundial (CARVALHO, 2005). O bioma Mata Atlântica no estado de São Paulo contava, em 1962, com 29,26% de sua cobertura vegetal original, passando para 17,72% em 1971-73 e 13,43% em 1993. Atualmente, a cobertura vegetal natural do Estado é de 3.457.301 ha, o que corresponde a 13,94% de sua superfície (NALON et al., 2008). Além de existirem poucos remanescentes naturais no Estado de São Paulo, estes remanescentes ainda têm a função de conservação da biodiversidade comprometida, pela intensa fragmentação e por perturbações oriundas das áreas agrícolas e urbanizadas do entorno (RODRIGUES; BONONI, 2008). Calcula-se que existam aproximadamente 5.000 espécies de mamíferos no mundo (NOWAK, 1999). São conhecidos para o Brasil 701 espécies de mamíferos, sendo Rodentia e Chiroptera as ordens com maior diversidade específica, com respectivamente 34,7% e 24,8% das espécies de mamíferos brasileiras (PAGLIA et al., 2012). Na Mata Atlântica, ocorrem cerca de 250 espécies de mamíferos, sendo cerca de 22% endêmicas a este bioma (REIS et al., 2006). De acordo com Kierullf et al. (2008, p. 73):


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Os mamíferos são um dos grupos mais afetados pela fragmentação em função de sua necessidade de grande área de vida e seu uso restrito de zonas agrícolas ou urbanas. Além disso, várias espécies de mamíferos ainda sofrem com a caça predatória em São Paulo.

Alguns estudos têm buscado caracterizar a fauna de mamíferos em remanescentes florestais do estado de São Paulo, como Pardini e Umetsu (2006), na Reserva Florestal do Morro Grande, São Paulo; Negrão e Valladares-Pádua (2006), no mesmo local; Alves et al. (2012) em Botucatu, dentre outros. Para o Parque Natural Municipal de São Roque, Mata da Câmara, não há levantamentos precedentes sobre a mastofauna. Diante desse contexto, a realização dessa pesquisa é de grande importância, por ser o primeiro levantamento sistemático para caracterizar a comunidade de mamíferos existentes no Parque Natural Municipal Mata da Câmara, São RoqueSP. Para Iwanaga (2004, p. 196), “a caracterização de uma comunidade de mamíferos, além de fornecer uma ideia melhor da importância biológica da área, fornece subsídios para avaliar o status de conservação das espécies” e pode também, ser utilizado em trabalhos de educação ambiental. Como essa unidade de conservação está a três quilômetros do centro da cidade, enfrenta ameaças contínuas, reforçando ainda mais a necessidade da realização de trabalhos como esse para contribuir na elaboração de estratégias de manejo para a conservação dos remanescentes de vegetação e da fauna no local. Sem um conhecimento mínimo sobre a distribuição e a presença dos organismos que ocorrem em um determinado local, é praticamente impossível desenvolver qualquer projeto de preservação (SANTOS, 2003). Para Cardoso-Leite (1995, p. 2): (...) mesmo sendo extremamente complexa a preservação e a recuperação dos fragmentos florestais remanescentes, deve-se lutar para que sejam atingidas, pois estas “ilhas” de tamanho variado representam os últimos redutos da biodiversidade, além de constituírem uma imensurável fonte de recursos genéticos, como também oferecem uma opção de lazer e educação, uma possibilidade de uso racional e do relacionamento homemnatureza ser reaprendido de forma saudável e sustentável.


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2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Realizar levantamento das espécies de mamíferos em um fragmento de Mata Atlântica, no Parque Natural Municipal Mata da Câmara, São Roque- SP, visando a identificar a mastofauna ocorrente ao parque.

2.2 Objetivos Específicos - Contribuir para o conhecimento da mastofauna do Parque Natural Municipal Mata da Câmara e pontuar os principais impactos que as espécies de mamíferos sofrem na área, criando subsídios para o seu manejo e conservação. - Realizar um inventário das espécies de mastofauna catalogadas, que possa servir para estudos futuros na região e para trabalhos de educação ambiental.


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3 MATERIAIS E MÉTODOS A parte experimental foi desenvolvida no Parque Natural Municipal Mata da Câmara, entre março e novembro de 2015, utilizando registros indiretos de identificação de mamíferos, como pegadas, vocalização e pelos; e registros diretos, como visualização e armadilhas fotográficas.

3.1 Área de estudo O Parque Natural Municipal Mata da Câmara (23º31’26S, 47º06’45W), localiza-se na Estância Turística de São Roque, a cerca de 50 km da cidade de São Paulo, na região Sudeste do Brasil (LEITE; RODRIGUES, 2008). Possui aproximadamente 128 ha, e há cerca de 100 anos é tido como área de conservação, tendo se transformado, em 1999, em Parque Natural Municipal de São Roque (Lei Municipal nº 2.499, de 19 de março de 1999). Sua delimitação pode ser observada através da Figura 1, numa foto retirada do Google Earth (Calvanese et al, 2014).

Figura 1. Localização da Mata da Câmara retirada do Google Earth. FONTE: Calvanese et al. (2014)

De acordo com a classificação de Köppen (2007) o clima da região é Cfb (Figura 2), com temperatura média de 18ºC e precipitação anual de 1.100 a 1.400 mm (SETZER, 1966). A vegetação é classificada como Floresta Estacional Semidecidual (RIZZINI, 1997). Geologicamente, a região é classificada como "Grupo


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São Roque", que se caracteriza por sua composição granítica e calcária (ALMEIDA et al., 1981).

Figura 2. Sistema climático de Köppen-Geiger para a América do Sul. Retirado de Peel et al., 2007. Marcação em vermelho, destaque de São Paulo: Grifo nosso.

O relevo é do tipo montanhoso, com altitudes variando de 850 a 1.025 m (PONÇANO et al., 1981). O principal tipo de solo da região é Podzólico (PRADO, 1993) ou Argissolo (EMBRAPA, 1999), sendo esta unidade circundada por pastos, plantações comerciais e estradas.

3.2 Coleta de dados Para a coleta de dados deste trabalho, foram utilizadas diferentes técnicas para registrar as espécies, aumentando, assim, a probabilidade de identificação da mastofauna ocorrente no parque. Entre os mamíferos, existe uma variação muito grande de tamanho corpóreo, hábitos de vida e preferências de hábitat. Por isso, pesquisas e inventários de mamíferos requerem a utilização de metodologias específicas para diferentes grupos de espécies (VOSS & EMMONS, 1996 apud LUIZ, 2008). As técnicas abordadas foram registros indiretos, visualização e instalação de armadilhas fotográficas. Estas técnicas são descritas com detalhes, a seguir.


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A coleta de dados foi feita na trilha principal do Parque Natural Municipal “Mata da Câmara” que, segundo o trabalho de Escanhoela (2014), pode ser dividida em quatro setores: Setor I – Entrada (S 23º31’630” W047º06’870” até S 23º31’607” W047º06’694”); Setor II – Cerca(S 23º31’588” W047º06’640” até S 23º31’517” W047º06’478”); Setor III – Bosque (S 23º31’487” W047º06’403” até S 23º31’802” W047º06’161”); e Setor – IV – Riacho (S 23º31’798” W047º06’141” até S 23º31’653” W047º06’858”). A figura 3 é um esboço da trilha principal do parque, retratando a divisão em setores, o mapa é um desenho hipotético da trilha principal.

Figura 3. Esboço da trilha principal da Mata da Câmara. Fonte: Escanhoela, 2014.

3.2.1 Registro indireto Esse registro foi feito utilizando a exploração direta das trilhas com a coleta dos dados de fezes, pegadas, pelos, restos de alimentação, fuçadas e tocas. Métodos indiretos, especialmente a identificação de pegadas, têm sido amplamente utilizados em estudos sobre mamíferos de médio e grande porte, sobretudo para as espécies que são de difícil visualização em seus habitats nativos (SCOSS et al., 2004; ROCHA; DALPONTE, 2006). Para o rastreamento das pegadas, percorreu-se transectos pré-existentes, no período entre 08h30 e 11h30, em dias variados entre os meses de março a novembro, observando locais com terra argilosa, nas trilhas e próximo ao corpo d’água, onde os animais passaram e deixaram seus rastros. Ao encontrar as pegadas, fez-se o registro fotográfico para posterior identificação baseada no tamanho, quantidade de dígitos, presença de unha, forma da almofada, comparadas


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à literatura de Becker e Dalponte (2013); Rios-Moros et al. (2008); Carvalho Jr e Luz (2008).

3.2.2 Visualização Esse método consiste na identificação visual do indivíduo. Percorreu-se a trilha principal da Mata da Câmara, passando por todos os setores (Escanhoela, 2014) no período de 08h00 às 11h30 em dias variados entre os meses de março à novembro de 2015. Para observação, foram utilizados binóculos Nikon 8 X 40 e câmera fotográfica digital NIKON COOLPIX L820. Quando avistado um animal, registrou-se hora, local e número de indivíduos.

3.2.3 Armadilha Fotográfica As armadilhas fotográficas foram instaladas no setor IV- Riacho, em cinco pontos diferentes, no período de julho a novembro de 2015, num total de 108 dias. As áreas contempladas com os equipamentos foram escolhidas devido às características do ambiente, estando localizadas próximas ao corpo d’água, para aumentar a possibilidade de registro de mamíferos, uma vez que muitos têm o hábito de usar locais como esse, para beber água. Cada armadilha era constituída por uma câmera fotográfica automática, Trap Bushnell®, munida de um sensor infravermelho projetada para detecção de movimento quando houver interrupção do feixe do sensor. As câmeras foram fixadas ao tronco de árvores eretas com a fivela de amarração da câmera e cabo de aço para impedir a oscilação da câmera, o solo em frente à câmera foi o mais plano possível, e a área foi limpa, retirando galhos, folhas, pedras, cortando os galhos que poderiam interromper o feixe do sensor (Fig. 4). As câmeras se mantiveram ligadas 24 horas/dia no decorrer de todo o período de amostragem e ajustadas para detecção de cinco minutos entre um movimento e outro, disparando três vezes a qualquer movimento, o que totalizou 1601 registros fotográficos.


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Figura 4. Detalhe da câmara fotográfica utilizada e de um dos locais onde foi colocada

3.3 Análise de dados As análises de dados relacionados aos registros obtidos pelos métodos usados nesse trabalho, para pegada, foram identificadas e comparadas com a literatura para confirmação da espécie. Os registros de espécies pelo método de armadilha fotográfica foram divididos por mês em campo, e para cada período foi contada a quantidade de registros para cada espécie por armadilha fotográfica, no intervalo de 5 minutos, intervalo préprogramado para disparo. Para Jannelle et al. (2002 apud SRBEK-ARAÚJO; CHIARELLO, 2006), esta é mais uma ferramenta da verificação de presença ou ausência de espécies em uma determinada área. O período de obtenção dos registros (diurno, vespertino e noturno) foi estabelecido da seguinte forma: manhã (04h01/12h00), vespertino (12h01/20h00) e noturno (20h01/04h00) para cada espécie de acordo com as armadilhas fotográficas. Dados obtidos dessa forma têm se mostrado uma ferramenta muito importante no levantamento de mamíferos, pois se obtêm informações sobre espécies noturnas e esquivas (SANDERSON, 2004; ROVERO et al., 2005) o que permite fazer o inventário de espécies, comportamento e determinação de horário de atividade (TOMAS; MIRANDA, 2003 apud GOULART, 2008). As armadilhas foram identificadas com a numeração AF1, AF2, AF3, AF4 e AF5, representando os cinco pontos onde foram instaladas. O esforço de captura foi definido por: [número de armadilhas fotográficas X número de dias de amostragem], onde cada dia corresponde a um período de 24 horas e, o sucesso de amostragem foi expresso em porcentagem, sendo calculado através da relação: [(número de


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registros/esforço de captura) X 100], com base no trabalho de Srbek-Araújo & Chiarello (2007).


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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Este trabalho apresenta o levantamento de mamíferos encontrados no local de estudo baseado em identificação por registros de pegadas, visualização e armadilhas fotográficas. Como apresenta Reis et al. (2006) os mamíferos brasileiros, em sua maioria, são de pequeno porte e de difícil visualização, pois sua pelagem ajuda na camuflagem e também pelo fato de suas atividades terem início no começo da noite e se recolherem ao amanhecer. No total das ordens de mamíferos terrestres existentes no Brasil, encontraram-se representantes de seis ordens, 14 famílias e 18 espécies. No período de coleta, encontraram-se rastros de mamíferos dos seguintes animais: mão-pelada (Procyon cancrivorus Cuvier, 1798), lontra (Lontra sp Olfers, 1818), tatu galinha (Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758), cão doméstico (Canis lupus familiaris Linnaeus, 1758), gato maracajá (Leopardus wiedii Schinz, 1821), jaguatirica (Leopardus pardalis Linnaeus, 1758), gato mourisco (Puma yagouaroundi É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803), cutia (Dasyprocta aguti Linnaeus, 1758) e veado catingueiro (Mazama gouazoubira G. Fischer [von Waldheim], 1814). Foram também registradas a vocalização de bugio (Alouatta sp Lacèpéde, 1799); visualização de quati (Nasua nasua Linnaeus, 1766), sagui-de-tufo-preto (Callithrix penicillata É. Geoffroy, 1812), sagui-de-cara-branca (Callithrix geoffroyi Humboldt, 1812), caxinguelês (Guerlinguetus ingrami Thomas, 1901), gambá-deorelha-preta(Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826) e roedor (R1), estes dois últimos mortos na estrada de acesso ao parque; além de pelo de ouriço cacheiro (Coendou spinosus F. Cuvier, 1823). A representação das ordens (Quadro 1) foi estabelecida da seguinte maneira: Carnivora, com quatro famílias (Procyonidae, Canidae, Mustaliedae e Felidae); Rodentia, com cinco famílias (Cuniculidae, Cricetidae, Sciuridae, Dasyproctidae e Erithizontidae); Cingulata, com uma família (Dasypodidae); Artiodactyla, com uma família (Cervidae); Didelphimorphia, com uma família (Didelphidae) e Primates, com duas famílias (Atelidae e Callithrichidae). A Ordem mais representativa em termos de espécies foi Rodentia, com oito espécies (Cuniculus paca (paca), Guerlinguetus Ingrami (caxinguelê), Dasyprocta


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aguti (cutia), Coendou spinosus (ouriço cacheiro), R1, R2, R3 e R4) e depois a Ordem Carnivora com oito espécies (Nasua nasua (quati), Procyon cancrivorus (mão pelada), Leopardus wiedii (gato maracajá), Leopardus pardalis (jaguatirica), Puma yagouaroundi (gato mourisco), Cerdocyon thous (cachorro do mato), Lontra sp. (lontra), e Canis lupus familiaris (cachorro doméstico). Os dados obtidos através dos métodos de visualização, vocalização, pegadas e armadilha fotográfica, permitiu identificar as espécies e a partir de comparação com a literatura categorizá-las de acordo com a categoria trófica e nível de ameaça (Quadro 1). Para categorizar as espécies por seus hábitos alimentares foram utilizados os trabalhos de Brandt (2004), Miranda e Passos (2004), Antunes (2005), Santos (2005), Silva (2006), Graipel & Filho (2006), Martins et al. (2008), Caes (2009), Ribeiro et al. (2010), Zucaratto et al. (2010), Duarte et al. (2012), Beisiegel et al. (2013), Beisiegel & Campos (2013), Frigeli (2013), Oliveira et al. (2013), Tortaro et al. (2013), trabalhos estes que caracterizam os hábitos alimentares de cada espécie encontrada pelos métodos adotados por esse trabalho. Os carnívoros são animais que se alimentam de outros animais, como anfíbios, peixes, lagartos, aves e pequenos mamíferos (BEGON et al., 2007). As espécies categorizadas como carnívoros foram Lontra sp. (BRANDT, 2004), Leopardus wiedii (TORTARO et al., 2013), Leopardus pardalis (MARTINS et al, 2008; CAES, 2009; OLIVEIRA, 2013) e Cerdocyon thous (BEISIEGEL et al., 2013; CAES, 2009). Os herbívoros são animais que se alimentam de folhas, frutos, ramos de arbustos e gramíneas (BEGON et al., 2008). As espécies categorizadas como herbívoros foram Mazama gouazoubira (CAES, 2009; DUARTE et al., 2012), Guerlinguetus ingrami (RIBEIRO, 2010), Coendou spinosus (REIS et al., 2006), Cuniculus paca (ZUCARATTO et al., 2010), Dasyprocta aguti (SANTOS, 2005), Alouatta sp (MIRANDA & PASSOS, 2004), Callithrix penicillata e Callithrix geoffroyi (REIS, 2006).


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Quadro 1. Espécies inventariadas nesse trabalho com classificação, nome vulgar, local de registro, forma de registro, categoria trófica e status de ameaça.

Entende-se por onívoro os animais que se alimentam tanto de outros animais quanto de vegetais, participando de mais de um nível trófico (BEGON et al., 2008). As espécies categorizadas como onívoros foram Nasua nasua (BEISIEGEL & CAMPOS, 2013; CAES, 2009), Procyon cancrivorus (CAES, 2009), Canis lupus familiaris (FRIGELI, 2013), Dasypus novemcinctus (SILVA, 2006; CAES, 2009) e Didelphis aurita (GRAIPEL & FILHO, 2006; ANTUNES, 2005). A presença de alimento abundante permite que os animais permaneçam no ambiente, pois influencia em sua reprodução e criação de sua prole (ORR, 2009). Outro fator relevante é que todos os seres interagem entre si, e são


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interdependentes, ou seja, dependem um do outro para sua manutenção no ambiente (TOWNSEND et al., 2010). A relação planta-herbívoro-predador, não afeta apenas diretamente uma espécie, mas também afeta indiretamente outras espécies, pois a diminuição ou aumento de uma espécie pode ser o fator importante para que haja o desequilíbrio na teia alimentar (TOWNSEND et al., 2010). De acordo com Chiarello et al. (2008), no Brasil, cerca de 69 espécies de mamíferos encontram-se oficialmente ameaçadas, o que representa 10,6% das 652 espécies nativas de mamíferos que ocorrem no país, segundo a compilação de Reis et al. (2006). O livro classifica as espécies ameaçadas em criticamente em perigo (CR), quando corre risco extremamente alto de extinção na natureza em futuro imediato, em perigo (EN), quando corre risco muito alto de extinção na natureza em futuro próximo, e vulnerável (VU), táxon que não se enquadra nas categorias criticamente em perigo ou em perigo, mas corre risco alto de extinção na natureza em médio prazo (DRUMMOND, 2008). No presente trabalho, foram categorizadas com status de vulnerabilidade ou ameaçadas, oito espécies, de quatro ordens, de acordo com os Decreto Estadual de São Paulo 42.838/1998, IUCN e CITES 2007 que são: Cuniculus paca (paca), Leopardus wiedii (gato maracajá), Leopardus pardalis (jaguatirica), Callithrix penicillata

(sagui-do-tufo-preto),

Callithrix

geoffroyi

(sagui-da-cara-branca),

Dasyprocta aguti (cutia), Lontra sp. (lontra) e Alouatta sp. (bugio). Devido ao expressivo aumento da perda do bioma Mata Atlântica, restando apenas 7% do total deste, que se deve principalmente ao progressivo domínio biogeográfico derivados do modelo econômico e da ocupação territorial pela população humana (DRUMMOND, 2008), há cada vez mais perda da biodiversidade pela fragmentação de hábitat e degradação deste. Quanto a isso, faz-se necessária a preservação e uso sustentável de recursos naturais, para que se mantenha o equilíbrio ambiental e, assim, possam ser garantidos os serviços ecossistêmicos (ANDRADE; ROMEIRO, 2009; BALLERINI; GALHARDI, 2014). Mesmo que não categorizadas como ameaçadas, em perigo ou vulneráveis, todas as espécies desempenham papel importante no ambiente, seja pela dispersão de sementes, controle populacional como também contribuição para a manutenção deste. Espécies de carnívoros, por exemplo, são identificadas como espécies


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guarda-chuva, ou seja, ao preservá-las, outras espécies também serão preservadas, visto que são animais de topo da pirâmide alimentar, precisando de grandes áreas para obter quantidade de presas considerável para sua sobrevivência (CHIARELLO et al. 2010), como por exemplo a Jaguatirica (OLIVEIRA et al., 2007). Dessa forma, é essencial que a Mata da Câmara seja transformada em unidade de conservação de forma efetiva, com plano de manejo e fiscalização, para garantir a proteção das populações de espécies de mamíferos, bem como todos os outros seres vivos existentes no local. As espécies com maior número de ocorrência pelo método de pegada foi a de Canis lupus familiaris, cão doméstico, o que se dá pela proximidade de residências próximas ao parque. Em segundo lugar encontram-se Dasypus novemcinctus, tatu galinha, um animal de grande distribuição geográfica, porém de baixo ato migratório regular, apresentando uma distribuição espacial restrita, se movendo num raio de 200m por ano (LOUGHRY & McDONOUGH, 1997), devido a essas condições, podese inferir a presença do animal na área e, assim, ter seu registro por meio de pegadas. Em terceiro, Mazawa gouazoubira, veado catingueiro, é a espécie mais abundante da sua família, apresentando extrema plasticidade ecológica e fácil adaptação à ambientes modificados (DUARTE, 2012). No método por visualização, o maior número de ocorrências foi de Guerlinguetus ingrami, caxinguelê, que é abundante na Mata Atlântica e está ligado fortemente à dispersão de sementes, como afirmam Ribeiro et al. (2010) e Costantin et al. (2013). Na vocalização, houve um único registro de Alouatta sp, sendo que este animal vocaliza com frequência para comunicar-se (ALBUQUERQUE & CODENOTTI, 2006). As armadilhas fotográficas registraram 86 mamíferos, com marcação de data e horário a cada disparo por movimento, possibilitando categorizar os animais de acordo com o período de atividade, matutino, vespertino e noturno. Foram registradas sete espécies no período matutino: Didelphis aurita (gambá-de-orelha-preta), Nasua nasua (quati), Leopardus wiedii (gato maracajá), Leopardus pardalis (jaguatirica), R1 (roedor 1), Callithrix penicillata (sagui-do-tufopreto) e Callitrix geoffroyi (sagui-da-cara-branca), sendo D. aurita o mais registrado nesse período; onze no período vespertino: Didelphis aurita (gambá-de-orelhapreta), Cuniculus paca (paca), Nasua nasua (quati), Procyon cancrivorus (mãopelada), Guerlinguetus ingrami (caxinguelê), R3 (roedor 3), Leopardus pardalis (jaquatirica) Mazama gouazoubira (veado-catingueiro), Leopardus wiedii (gato


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maracajá), R1 (roedor 1), Coendou spinosus (ouriço-cacheiro), com maior registro para D. aurita e Cuniculus paca; nove no período noturno: Didelphis aurita (gambáde-orelha-preta), Cuniculus paca (paca), R3 (roedor 3), R2 (roedor 2), Dasypus novemcinctus (tatu-galinha), Cerdocyon thous (cachorro-do-mato), R4 (roedor 4) e Dasyprocta aguti (cutia), também com o maior registro para Didelphis aurita e Cuniculus paca. A Tabela 1 apresenta as espécies de mamíferos registradas em cada armadilha fotográfica (AF1, AF2, AF3, AF4 e AF5) e o sucesso de captura. O esforço de amostragem variou de 50 armadilhas/dia (AF2) a 108 armadilhas/dia (AF1, AF3, AF4 e AF5). No ponto 2, o número de dias foi reduzido devido ao mau funcionamento da câmera em campo, que mesmo após a troca das pilhas e do cartão de memória continuou não funcionando, precisando ser substituída. Tabela 1. Espécies de mamíferos, número de registros, esforço de amostragem (armadilha-dia) e sucesso de captura das espécies registradas no Parque Mata da Câmara- São Roque/SP.

No ponto AF1 obteve-se 23 registros de quatro espécies: Didelphis sp., Procyon cancrivorus, Guerlinguetus ingrami e Nasua nasua. Dos 23 registros, a maior incidência de registros se deu para a presença de Didelphis sp.


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No ponto AF2 obteve-se sete registros para quatro espécies de roedores, cuja identificação não foi possível, sendo classificados como Roedor 1 (R1), Roedor 2 (R2), Roedor 3 (R3) e Roedor 4 (R4). Atribui-se o número reduzido de registros nessa armadilha fotográfica a menor quantidade de dias em funcionamento da câmera em campo. No ponto AF3 obteve-se 21 registros para oito espécies: Cuniculus paca, Didelphis

sp., Leopardus wiedii,

Leopardus pardalis,

Procyon

cancrivorus,

Guerlinguetus ingrami, R1, R3 e R4. Destes a maior incidência de registros foi a de Didelphis sp. No ponto AF4 obteve-se 14 registros para sete espécies: Mazaa gouazoubira, Nasua nasua, Coendou spinosus, Cerdocyon thous, R1, R2 e R3. Havendo maior incidência de registros de R2. No ponto AF5 obteve-se 20 registros para sete espécies: Didelphis sp., Leopardus wiedii, Leopardus pardalis, Cuniculus paca, Nasua nasua, Dasyprocta aguti, Procyon cancrivorus. Dos 20 registros a maior incidência se deu pela presença de Cuniculus paca. Por meio do método de armadilha fotográfica as espécies com maior número de ocorrência foram Didelphis sp., gambá e Cuniculus paca, paca. Algumas particularidades dessas espécies explicam esses resultados. Didelphis sp. são espécies generalistas e oportunistas, ou seja, possuem nichos não específicos e alimentação variada, apresentando-se em um ambiente quando há recursos disponíveis, sendo abundante em fragmentos florestais (OLIVEIRA et al., 2010) C. paca é uma espécie também de dieta generalista, alimentando-se principalmente de frutos disponíveis no decorrer das estações (PEREZ, 1992), com hábito noturno (ZUCARATTO et al., 2009). A paca é um animal que sofre não apenas com a fragmentação florestal, mas também com a caça ilegal, pois sua carne é apreciada para consumo e, segundo Carvalho et al. (2014), a presença de espécies sinegéticas em um ambiente atua como bioindicador de preservação de um ambiente, porém aumentam ainda mais a necessidade de conservação e proteção do ambiente para que essas espécies e assim outras também se mantenham. A partir dos registros obtidos no levantamento da mastofauna ocorrente ao parque foi elaborado o inventário das espécies, com suas características evidenciadas, assim como seus hábitos e formas de registros juntamente com os locais de registros.


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4.1 Inventário das espécies encontradas Atualmente, existem poucas listas regionais sobre riqueza de mamíferos associadas a limites políticos1 (VIVO et al., 2010). A seguir, apresenta-se um inventário das espécies identificadas, com base na literatura científica. 4.1.1 Nasua nasua Linnaeus, 1766 (Carnívora, Procyonidae)

Figura 5. Nasua nasua. A) Nasua nasua fonte Luis. B) Registro visual de Nasua nasua; C) Registro de armadilha fotográfica de Nasua nasua.

A distribuição desta espécie se dá por toda a América do Sul, ocorrendo em todos os biomas brasileiros, e no livro nacional de fauna ameaçada é classificada como menos preocupante (LC), com exceção do Estado do Rio Grade do Sul, onde foi considerada vulnerável (VU) (BEISIEGEL; CAMPOS, 2013). Apesar dessa classificação, a espécie encontra-se em declínio populacional devido à caça e perda de habitat.

1

Limite político é entendido como a divisão política geograficamente, como por exemplo País,

Estado, Cidade e etc.


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Possuem membros longos, com patas pentadáctilas. Os dígitos são separados e as garras podem ser semirretráteis ou não-retráteis (BECKER; DALPONTE, 2013). As pegadas anteriores (PA) e posteriores (PP) mostram impressão de cinco dígitos, mais curtos e aproximados, em comparação à Procyon cancrivorus, com garras mais finas e afiadas (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 6).

Figura 6. Pegada de Nasua nasua (BECKER; DALPONTE, 2013).

A coloração do corpo é cinzento-amarelado, com as regiões laterais e da barriga mais claras. A cauda é peluda, com anéis pretos e amarelados. Habitam áreas de mata fechadas, mas podem frequentar áreas antropizadas e florestas alteradas. Sua dieta alimentar está baseada na ingestão de larvas, minhocas, lesmas, insetos, aranhas, raízes, frutos, vegetais, lagartos, pequenos roedores, ovos, aves e rejeitos humanos (MOROS-RIOS et al., 2008), o que o classifica em onívoro (O). Nasua nasua utiliza uma ampla variedade de habitats com cobertura florestal, incluindo florestas decíduas, semi-decíduas e ombrófilas, florestas nebulares e de galeria, chaco xérico, cerrado e florestas secas (GOMPPER E DECKER 1998 Apud BEISIEGEL; CAMPOS, 2013) e até mesmo locais de mata modificados (BEISIEGEL; CAMPOS, 2013). Este animal foi contabilizado através de observação direta na estrada que dá acesso ao Parque no dia 11 de março de 2015 atropelado, e visual no Setor IVRiacho, assim como através das armadilhas fotográficas AF1 e AF4.


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4.1.2. Procyon cancrivorus Cuvier, 1798 (Carnivora, Procyonidae)

Figura 7. Procyon cancrivorus. A) Mão- Pelada, fonte: Pete Oxford; B) Pegada de Procyon cancrivorus; C) Registro armadilha fotográfica.

Essa espécie é frequentemente encontrada em Florestas Equatoriais e tropicais, sempre próximo à corpos d’água. Nos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica e Campos sulinos (EMMOS; FEER, 1990; CHEIDA et al.,2006; Apud MAGALHAES, 2007) é classificado como espécie não ameaçada (NA). Possui porte médio, 54,3 a 65 cm da cabeça à cauda e esta última pode chegar a medir de 25,2 a 38 cm (aproximadamente 50% do seu corpo) que dá a característica de ser longa e seu peso pode variar de 3,1 a 7,7 kg (EMMOS; FEER, 1990 apud MAGALHAES, 2007). A cauda é amarelada, com ponta negra e ornada, apresentando de cinco a dez anéis largos, escuros e amarelados. Sua característica marcante é a máscara negra ao redor dos olhos, que se destaca da face esbranquiçada (TEIXEIRA; AMBRÓSIO, 2007). É um animal arborícola, que às desce ao solo em busca de alimento, possuindo hábito solitário e noturno. Se alimenta de peixes, moluscos, crustáceos, anfíbios, insetos, sementes, frutos e pequenos mamíferos, sendo, portanto, classificado como insetívoro-onívoro


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(O). O registro para esse espécie se deu através de sua pegada e registro na armadilha fotográfica AF1, AF3 e AF5. A figura 8 mostra a pegada disponível na literatura (Fig. 8a) com a registrada no parque (Figura 8b).

Figura 8. a) Pegada de Procyon cancrivorus segundo Becker e Dalponte (2013); b) Pegada de Procyon cancrivorus registrada no Parque Mata da Câmara, São Roque-SP.

A espécie mão-pelada, assim como todos os Procyonidae são plantígrados, possuem cinco dedos em cada uma das patas, e, como suas mãos são móveis possuem habilidade para cavar, além de serem ótimos escaladores (SANTOS, 2010).


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4.1.3 Leopardus wiedii Schinz, 1821 (Carnivora, Felidae)

Figura 9. Leopardus wiedii. A) Gato Maracajá, fonte: Nick Gordon; B) Pegada de Leopardus wiedii; C) Registro armadilha fotográfica.

O gato maracajá é encontrado em todo território brasileiro, com exceção do Estado do Ceará e metade meridional do Estado do Rio Grande do Sul (EMMONS & FEER, 1997 apud TORTATO et al., 2013) em alguns Estados, como Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Sergipe é encontrado apenas na Mata Atlântica costeira (Oliveira, 2008). Apesar da sua vasta distribuição pelo território brasileiro, estima-se que nos próximos 15 anos, correspondente a três gerações, a população de L. wiedii, tenha um declínio de 10% devido à perda e fragmentação de seu habitat (TORTATO, 2013). Devido essas características, essa espécie é categorizada como vulnerável (VU). L. wiedii possui características semelhantes à do Leopardus pardalis (Jaguatirica), porém seu porte é menor, o comprimento da cabeça e corpo varia entre 70,5 e 97,0 cm para machos, a cauda varia de 30,5 a 44,5 e para as fêmeas, da cabeça ao corpo varia entre 45,5 e 78,0cm e cauda varia de 33,0 a 47,0 cm (NASCIMENTO, 2010 Apud TORTATO, 2013). A coloração é amarelo-acinzentado e castanho-amarelado, com tonalidades intermediárias. O padrão de manchas é variável, de pintas sólidas a bandas longitudinais. Seus olhos são grandes e


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protuberantes, focinho saliente, patas grandes e cauda bastante comprida (TORTATO, 2013) Os hábitos são solitários e noturnos (OLIVEIRA & CASSARO, 2005; DI BITTETI et al. 2010 Apud TORTATO, 2013). Possui grandes habilidades arborícolas, entretanto sua locomoção é tipicamente no solo. Assim como as pegadas de outros pequenos felinos brasileiros, a pegada de L. wiedii pode ser confundida com a de L. tigrinus e Puma yagouaroundi, sendo de difícil identificação (Fig. 10).

Figura 10. A) Pegada de L. wiedii registrada no Parque Mata da Câmara, São Roque; B) Pegada de L. wiedii segundo Becker e Dalponte (2013).

Sua dieta alimentar está baseada em pequenos mamíferos, como roedores e marsupiais, inclui também mamíferos de médio porte (> 1,5 kg), aves e lagartos, sendo, portanto, categorizado como carnívoro (CA).


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4.1.4 Leopardus pardalis Linnaeus, 1758 (Carnivora, Felidae)

Figura 11. Leopardus pardalis. A) Jaguatirica, fonte: Ken Cole; B) Registro armadilha fotográfica; C) Registro armadilha fotográfica.

Leopardus pardalis é de ampla distribuição no território brasileiro, com exceção da região dos Pampas no Estado do Rio Grande do Sul. Ocorrem em áreas de floresta úmida e seca, campos, planícies inundadas e florestas de coníferas (OLIVEIRA, 2012). Seus padrões de movimento estão associados a ambientes com cobertura vegetal densa, ficando restritos à essas áreas e por conta disso, é considerado como uma espécie em vulnerabilidade, de forma que conforme a degradação do ambiente aumenta, mas sua população sofre pressão (OLIVEIRA, 2013). É uma das espécies de felinos de maior porte, chegando a medir aproximadamente 77 cm, com média entre 67 a 101,5 cm, e sua cauda representa quase 46% do seu corpo, de 30 a 44,5 cm. A coloração desse animal é bastante variada, mas como afirma Oliveira e Cassaro (2005) apud Oliveira (2013), tendem a apresentar manchas negras formando rosetas que coalescem, formando as bandas longitudinais laterais características da espécie. A pegada de L. pardalis é semelhante à de Panthera onca (onça-pintada), porém é bem menor (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 12).


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Figura 12. Pegada de L. pardalis, segundo Becker e Dalponte (2013).

Sua dieta alimentar é bastante variada e consiste de lagartos, serpentes, pequenos roedores, ouriços, cutias, pacas, tatus, marsupiais, macacos, pequenos veados, aves, ovos e carcaças, sendo classificada como carnívora (CA). Seu padrão de atividade é tipicamente noturno-crepuscular, com hábito terrestre, mas, de habilidades arbóreas bem desenvolvidas. Os registros dessa espécie se deram na armadilha fotográfica AF5.


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4.1.5 Puma yagouaroundi É. Geoffroy Saint-Hilaire, 1803 (Carnivora, Felidae)

Figura 13. Puma yagouarondi. A) Gato Mourisco, fonte: Ken Cole; B) Registro armadilha fotográfica.

Essa espécie tem ampla distribuição, ocorrendo na América do Norte, Central e Sul. No Brasil sua distribuição se dá em todo território, porém ocorrem em baixa densidade populacional (ALMEIDA et al., 2013). Habita florestas de planícies e matas, utiliza ambientes florestais primários e secundários, restingas, cerrado, manguezais e plantações de eucalipto (SANTOS et al. 2004). Pela lista da IUCN é considerada como menos preocupante (LC) e em São Paulo também, porém em outros estados brasileiros é considerada como vulnerável (VU). Uma das maiores ameaças, a essa espécie, é a fragmentação de seu habitat, através da expansão agrícola, desmatamento e etc. O gato mourisco é um felino diferente dos outros, começando por sua coloração escura, geralmente marrom-acinzentada, avermelhada ou quase preta, e na região da barriga é mais clara. Suas pernas são curtas, os olhos são castanhos, sua orelha é grande e arredondada (MAGALHÃES, 2007). As pegadas são frequentemente confundidas com a de L. wiedii. Porém podem ser distinguidas com a ajuda de literatura especializada (Fig. 14).


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Figura 14. Comparação entre pegada de L. wiedii e Puma yagouaroundi. a) pegada de L. wiedii; b) pegada de P. yagouaroundi.

Por estar associado à habitats abertos e ter hábitos diurnos, muitas vezes é avistado, e isso por muito tempo, caracterizou-a como uma espécie abundante, porém trabalhos populacionais afirmam que sua distribuição é menos abundante do que se acreditava (OLIVEIRA, 2011; apud OLIVEIRA et al, 2013). Foi registrada na armadilha fotográfica AF3. Sua dieta alimentar consiste de mamíferos de pequeno e médio porte, aves, cobras, lagartos e anfíbios (MAGALHÃES, 2013), sendo categorizado como carnívoro (CA).


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4.1.6 Cerdocyon thous Linnaeus, 1766 (Carnivora, Canidae)

Figura 15. Cerdocyon thous. A) Cachorro do Mato, fonte: Piper Mackay; B) Registro armadilha fotográfica; C) Registro armadilha fotográfica.

A distribuição dessa espécie se dá por todo o Brasil, com exceção do bioma Amazônico, sendo comum em florestas ombrófilas, decíduas e semidecíduas, florestas de galeria, várzeas, encraves de áreas abertas na Amazônia, florestas de altitude até 3.000m e restinga, campos e cerrado (COURTENAY & MAFFEI, 2004; GATTI et al., BEISIEGEL et al., 2013). Pela IUCN é considerado como espécie menos preocupante (LC), porém tem-se aumentado a preocupação devido à ameaça do tráfico silvestre, por isso encontra-se no apêndice II da convenção sobre o comércio internacional de espécies ameaçadas de fauna e flora silvestres (CITES, 2007). Este canídeo possui coloração dorsal marrom acinzentada, com as orelhas e ponta da cauda pretas (MAGALHÃES, 2007). Podem medir 95,5 cm e pesar 5,8 kg. A pegada desta espécie pode ser facilmente confundida com pegadas de cachorros domésticos pequenos, pelo padrão semelhante das almofadas intermediárias, porém ao contrário dos cães domésticos, os C. thous possuem pegadas mais alongadas, com marcas digitais elípticas e bem próximas uma das outras (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 16).


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Figura 16. Pegada de Cerdocyon thous segundo Becker e Dalponte (2013).

É um animal solitário, monogâmico e só anda em grupo na época de reprodução. Seu hábito é diurno, porém seus registros foram contabilizados no período noturno e com parceiro. Essa espécie foi registrada através da armadilha fotográfica AF4. Sua alimentação consiste em pequenos vertebrados, ovos, crustáceos, insetos, animais mortos e frutas, sendo categorizado como onívoro (O).


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4.1.7 Canis lupus familiaris Linnaeus, 1758 (Carnivora, Canidae)

Figura 17. Canis lupus familiaris. A) Canis lupus familiaris fonte: Morphart Creation; B) Pegada de Canis lupus familiaris; C) Pegada de Canis lupus familiares no Parque Mata da Câmara.

A distribuição desse gênero pelo mundo é bem diversificada devido a sua domesticação e, como afirma Frigeri (2013), essa espécie é a mais comum na invasão à fragmentos florestais. Ferreira et al. (2011 apud RANGEL & NEIVA, 2013) afirmou que cães domésticos tem atuado como espécie exótica invasora, perturbando e modificando ecossistemas nativos de diferentes maneiras. Estudos com cães domésticos mostram que mamíferos, principalmente de médio porte, são os animais mais predados por eles (BUTLER et al., 2004; GALETTI & SAZIMA, 2006; Campos et al., 2007 Apud RANGEL & NEIVA, 2013). Encontraram-se pegadas dessa espécie por várias vezes na trilha principal do parque e, sua presença se deve ao fato de ao lado do parque haver moradias, alto trânsito de pessoas para diversos fins e acesso livre ao parque.


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4.1.8 Lontra sp Olfers, 1818 (Carnivora, Mustelidae)

Figura 18. Lontra sp. A) Lontra, fonte: ZooVirtual; B) Pegada de Lontra sp.; C) Pegada de Lontra sp detalhada; D) Corpo d’água.

A distribuição populacional de Lontra sp., se dá desde o México até a Argentina, podendo ser encontrada em uma variedade de habitats: florestas, matas ciliares, lagos, rios e regiões litorâneas associadas a lagoas costeiras (BLACHER, 1987). As ações antrópicas como destruição do habitat e caça tem contribuído para a diminuição da população dessa espécie (TEIXEIRA et al., 2008), sendo considerada em estado vulnerável (VU) pelo livro vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção (BRANDT, 2004). Possuem hábitos noturnos e diurnos, permanecendo em locais próximos à corpos d’água, sendo encontrada em todo o território brasileiro, com exceção das regiões mais áridas da região nordeste. Sua pelagem é curta e uniformemente marrom, podendo pesar de 5 a 14,75 kg e medir de 53,2 cm a 80,9 cm, sendo a cauda responsável por 36 a 50cm (EMMONS; FEER, 1990 apud MAGALHÃES, 2007). Uma espécie de lontra bem adaptada à vida semiaquática é Lontra longicaudis, solitária, de hábito noturno e diurno, que alimentam-se de peixes,


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moluscos e crustáceos (PARDINI, 1999 apud Magalhães, 2007), sendo classificada como carnívora (CA). A pegada desse indivíduo foi encontrada próximo ao corpo d’água existente no parque (Fig. 19), sendo bem semelhante àquela contida na literatura (Fig. 20).

Figura 19. A) pegada de Lontra sp; A) ampliação da pegada de Lontra sp; C) corpo d’água onde foram encontradas as pegadas. Foto e grifo nosso. Fonte: A autora (2015).

Figura 20. A) Pegada de Lontra sp segundo Becker e Dalponte (2013); B) Pegada de Lontra sp registrada no Parque Mata da Câmara, São Roque- SP (2015). Fonte: A autora.

A presença de pegada de lontra na área do parque ainda está em estudo, pois para a permanência dessa espécie no local há a necessidade que o corpo d’água seja de maior extensão para deslocamento e alimentação, que haja maior diversidade de peixes, o que não é o caso do corpo d’água do parque, uma vez que este é estreito.


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4.1.9 Cuniculus paca Linnaeus, 1766 (Rodentia, Cuniculidae)

Figura 21. Cuniculus paca. A) Cuniculus paca, fonte: Zoo San Diego; B) Registro armadilha fotográfica de Cuniculus paca; C) Registro armadilha fotográfica de Cuniculus paca.

Sua distribuição se dá preferencialmente por florestas tropicais úmidas, ocorrendo em uma variedade de habitats, incluindo manguezais, florestas decíduas, semidecíduas e frequentemente procuram áreas próximas a corpos d’água (ZUCARATTO et al. 2010). É um animal de médio porte, de cor castanho-avermelhado, cor que lhe confere proteção no ambiente em que vivem. Possui hábito noturno, abriga-se em tocas, geralmente situadas entre rochas e raízes, onde passam a maior parte do dia, saindo à noite para se alimentar (GLOVER 1940; LEKAGUL & MCNEELY, 1977 apud ISOLA et al. 2013). Seu deslocamento ocorre em trilhas fixas e próprias do indivíduo, que leva diretamente ao local de sua alimentação, que consiste em frutos, sementes e vegetais suculentos diversos disponíveis no decorrer das estações (PEREZ, 1992), sendo classificada como herbívora (H). O registro dessa espécie se deu pelas armadilhas fotográficas AF3 e AF5. As pegadas anteriores (PA) mostram quatro dedos, sendo os laterais menores e arredondados e as pegadas posteriores (PP) possuem cinco dígitos, dos quais apenas três centrais imprimem o solo, sendo mais longos e delgados do que


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as pegadas anteriores. As marcas de unhas estão presentes tanto na PA quanto na PP, porém nessas últimas as marcas são mais reveladas e normalmente à extremidade de cada impressão digital (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 22).

Figura 22. Pegada de Cuniculus paca segundo Becker e Dalponte (2013)

4.1.10 Guerlinguetus ingrami Thomas, 1901 (Rodentia, Sciuridae)

Figura 23. Guerlinguetus ingrami. A) G. ingrami fonte: Jarbas Mattos; B) Guerlinguetus ingrami registro através de visualização; C) Registro armadilha fotográfica.


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A distribuição de Guerlinguetus ingrami no território brasileiro, conhecido como caxinguelê ou serelepe, se dá desde a Amazônia até o Rio Grande do Sul (RIBEIRO, 2004). Vivem em florestas e, apesar de serem arborícolas, muitas vezes descem ao solo em busca de alimento ou como estratégia de fuga de predadores (BECKER; DALPONTE, 2013). De acordo com o IUCN é classificado como não preocupante (NA). Em média, da cabeça a cauda pode medir até 202 mm e pesar 300g. É um animal solitário e diurno. Possuem nas patas anteriores quatro dígitos e na pata posterior cinco dígitos, sendo o quarto mais alongado (BECKER; DALPONTE, 2013, Fig. 24).

Figura 24. Pegada de G. ingrami segundo Becker e Dalponte (2013).

Este animal foi registrado enquanto se alimentava nos galhos de árvores, possivelmente se alimentando de frutos e sementes (Fig. 25), sendo classificado como herbívoro (H).

Figura 25. A) Fruto aberto; B) Fruto possivelmente mordido por roedor; C) G. ingrami se alimentando em meio os galhos. Fonte: A autora (2015).


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O registro visual dessa espécie se deu no início da trilha do SETOR II-Cerca, no SETOR IV- Riacho e nas Armadilhas fotográficas AF1 e AF2. O animal não se assustou com a presença da pesquisadora deste trabalho, continuou sua atividade livremente.

4.1.11 Dasyprocta aguti Linnaeus, 1758 (Rodentia, Dasyproctidae)

Figura 26. Dasyprocta aguti. A) Cutia fonte: Tomas May; B) Registro Armadilha fotográfica. C) Registro Armadilha fotográfica.

É uma espécie de vasta distribuição pelo Brasil, ocorrendo em regiões densas e no Cerrado, aparecendo também em áreas florestais perturbadas (EMMONS & FEER, 1997 Apud MAGALHÃES, 2007). De acordo com Santos (2005) são animais de porte avantajado, adaptados à vida terrestre por uma redução de dedos funcionais e um polegar vestigial, possuindo quatro nas patas anteriores e três nas patas posteriores, o que permite ao animal saltar (Fig. 27).


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Figura 27. Pegada de Dacyprocta aguti segundo Becker e Dalponte (2013)

É um animal de porte médio de 60 cm de comprimento e pode pesar até 4kg, sua coloração é oliváceas acinzentada na cabeça e patas dianteiras, com dorso vermelho escuro para laranja brilhante (SANTOS, 2005). São animais de hábitos diurnos, porém podem mudar seu período de atividade para horários noturnos ou crepusculares, em virtude muitas vezes da caça (CHIARELLO, 1997; EMMONS & FEER, 1997; MOREIRA & MAcDONALD, 1997; EISENBERG, 1981; SMYTHE, 1978 Apud SANTOS, 2015). Está classificada como espécie vulnerável (VU). Sua alimentação consiste em sementes, frutos e vegetais suculentos, sendo classificada como herbívoro (H). Essa espécie foi registrada na armadilha fotográfica AF 5.


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4.1.12 Coendou spinosus F. Cuvier, 1823 (Rodentia, Erethizontidae)

Figura 28. Coendou spinosus. A) C. spinosus. B) Pelo de C. spinosus. C) Registro de Coendou spinosus nas armadilhas fotográficas.

Habita florestas da Amazônia, cerrado e mata atlântica, sendo comumente arborícolas, podendo descer ao solo em casos de vegetação escassa. Mede aproximadamente 75 cm da ponta do focinho à extremidade da cauda, e pesa em torno de 1,5 quilos. O corpo é coberto por duas formas de pelo, sendo um em forma de longos espinhos cilíndricos, amarelos com extremidades alaranjadas e o outro é um pelo mais fino que o primeiro (Magalhães, 2007) podendo alcançar até 10 centímetros de comprimento (EMBRAPA, 2015). O registro dessa espécie no Parque Natural Municipal Mata da Câmara se deu pelo registro de pelos encontrados no início do Setor II - cerca da trilha principal do parque (Fig. 29). Essa espécie também foi registrada através da armadilha fotográfica AF3.


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Figura 29. Registro de pelo de C. spinosus encontrado no Parque Mata da Câmara, São Roque, SP. Fonte: A autora (2015).

Sua alimentação consiste em frutos, sementes, cascas de árvores e até folhas, sendo classificado assim em herbívoro (H). Utiliza sua cauda longa e preênsil para se deslocar nos galhos de árvores e se prender a eles (CARVALHO Jr; LUZ, 2008). É uma espécie de hábitos noturnos. Em geral suas pegadas são compostas unicamente pela marca das amplas almofadas, levemente alongadas, com forma pouco definidas, e pela impressão de quatro garras bastante afastadas, com a pata anterior (PA) levemente menor que a pata posterior (PP) (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 30).

Figura 30. Pegada de Coendou villosus segundo Becker e Dalponte (2013)


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4.1.13 Mazama gouazoubira G. Fischer [Von Waldheim], 1814 (Artiodactyla, Cervidae)

Figura 31. Mazama gouazoubira. A) Veado catingueiro fonte: Joe Kolowski; B) Pegada de Mazama gouazoubira. C) Registro Armadilha fotográfica.

Mazama gouazoubira é uma espécie encontrada em todo território brasileiro, em áreas de floresta densa e em campos, mas particularmente próximo ao corpo d’água. Estão adaptadas à terras cultivadas, desde que possam ter abrigo disponível como pequenas áreas florestadas (PINDER & LEEUWENBERG, 1997 apud DUARTE et al., 2012). Apesar de considerado como espécie não ameaçada, tem sido ameaçado com o avanço de rodovias, sofrendo atropelamentos; desmatamento, queimadas e caça, pois sua carne é apreciada. A coloração deste animal é marrom-acinzentado por quase todo o corpo, sendo que na área posterior, no dorso é mais escuro. Mede de 97 cm a 1,40 de comprimento e pode pesar até 23 kg. Apenas os machos possuem chifres e as fêmeas possuem duas pequenas manchas brancas, ao invés do chifre. As pegadas são pequenas e os rastros mais fracos em comparação com outros membros da família Cervidae (BECKER; DALPONTE, 2013, Fig. 32).


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Figura 32. A) Pegada de M. gouazoubira fotografada no Parque Mata da Câmara. B) Pegada de M. gouazoubira segundo Becker e Dalponte (2013)

Sua alimentação consiste em gramíneas, frutas e flores, sendo classificado como herbívoro (H). É um animal de hábito diurno e a noite esconde-se na vegetação mais densa. Este animal foi registrado por sua pegada no setor IV-Bosque, próximo ao corpo d’água e na armadilha fotográfica AF4.


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4.1.14 Didelphis aurita Wied-Neuwied, 1826 (Didelphimorphia, Didelphidae)

Figura 33. Didelphis aurita. A) Gambá-de-orelha-preta fonte: Carlos Prudente; B) Registro Armadilha fotográfica. C) Registro Armadilha fotográfica.

Didelphis aurita, é conhecido como gambá-da-orelha-preta, e sua distribuição se dá por todo território brasileiro, em florestas. Devido ao crescimento das cidades e diminuição dos fragmentos florestais, essa espécie, por muitas vezes é encontrada em residências em busca de alimento e abrigo, não sendo considerada uma espécie ameaçada (NA). Porém, tem sofrido com degradação ambiental de seu habitat. O que diferencia essa espécie de outras do seu gênero é a presença da coloração escura de suas orelhas. Sua coloração varia entre preto e preto acinzentado, sua cauda é preta com tons amarelados e com poucos pelos. As pegadas anteriores são marcadas por cinco dedos separados entre si e irradiando de um centro, podendo ou não evidenciar as garras. As pegadas posteriores mostram cinco dedos, dos quais o primeiro é fortemente oponível aos demais, robusto e destituído de garra (BECKER; DALPONTE, 2013, Fig. 34).


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Figura 34. Pegada de Didelphis sp segundo Becker e Dalponte (2013).

Sua alimentação é bastante variada desde insetos, cobras, frutas, roedores até galinhas, sendo assim classificado como onívora (O). Seus registros foram através das armadilhas fotográficas AF1, AF3 e AF5, apresentando grande distribuição pelos ambientes onde foram instaladas as armadilhas e em diferentes períodos. Na armadilha AF1 houve o maior índice de registros dessa espécie, característica atribuída a possível residência do indivíduo próximo ao local de instalação.


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4.1.15 Dasypus novemcinctus Linnaeus, 1758 (Cingulata, Dasypodidae)

Figura 35. Dasypus novemcinctus. A) D. Novemcinctus fonte: Jeff Foot; B) Pegada de D. Novemcinctus; C) Registro armadilha fotográfica.

Dasypus novemcinctus é uma das espécies de Dasypus mais conhecidas em termos ecológicos devido a sua ampla distribuição (MCBEE e BAKER, 1982), sendo classificado como espécie não ameaçada (NA). No Brasil, sua distribuição se dá nos biomas Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampas (BORGES, 2012). Possuem cinco dígitos assimétricos, sendo que em algumas espécies o dígito central é maior que os demais e as patas posteriores são plantígradas (BECKER; DALPONTE, 2013, Fig. 36).


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Figura 36. A e B) Pegada de Dasypus novemcinctus segundo Becker e Dalponte (2013); C) Registro fotográfico de pegada de Dasypus sp no Parque Mata da Câmara (2015).

Das quatro espécies do gênero Dasypus, duas ocorrem no bioma Mata Atlântica, D. novemcinctus (Tatu-galinha) e D. hybridus (Tatu-mulita). Geralmente são animais noturnos, mas podem ser vistos durante o dia (CABRERA & YEPES, 1960 apud BECKER; DALPONTE, 2013). Seu corpo é marrom-escuro e a região lateral é mais clara, medindo de 35,6 a 57,3 cm da cabeça à cauda, e de 24,5 a 45 cm de cauda (MAGALHÃES, 2007). Sua alimentação consiste em invertebrados, larvas, raízes, fungos, ovos, carcaças e frutos (MOROS-RIOS, 2008), sendo classificado como onívoro (O). Os rastros desse animal foram encontrados em dois pontos distintos na trilha: no início da trilha do SETOR IV-Riacho, ainda longe do rio (Fig. 37a) e, na trilha do SETOR III- Bosque, próximo ao filete do corpo d’água (Figs. 37b e c). Também foi registrada na armadilha fotográfica AF3.

Figura 37. a) pegada de Dasypus novemcinctus; b) Pata Posterior (P.P) e Pata Anterior (P.A) de D. novemcinctus; c) Descrição detalhada da pegada (Dígitos). Foto e grifo nosso. Fonte: A autora (2015).


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4.1.16 Callithrix penicillata É. Geoffroy, 1812 (Primates, Callitrichidae)

Figura 38. Callithrix penicillata. a) Callithrix penicillata fonte: Tiago Degaspari; b e c) Visualização de C. penicillata no Parque Mata da Câmara.

O gênero Callithrix apresenta ampla distribuição geográfica, abrangendo quase todo o nordeste e grande parte leste do Brasil (RYLANDS; FARIA, 1993). A espécie C. penicillata ocorre nos biomas Caatinga e Cerrado, no Brasil central, alcançando a costa Leste no estado da Bahia (HIRSCH et al., 2002 apud MAGALHÃES, 2007).


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4.1.17 Callithrix geoffroyi Humboldt, 1812 (Primates, Callitrichidae)

Figura 39. Callithrix geoffroyi. a) Callithrix geoffroyi fonte: Leonardo R. Cianca; b e c) Visualização de C. geoffroyi no Parque Mata da Câmara.

A ocorrência da espécie sagui-da-cara-branca se dá no bioma Mata Atlântica, desde o sul da Bahia até partes adjacentes de Minas Gerais e praticamente em todo o estado do Espírito Santo (MENDES, 1995; VIVO, 1991 apud ROCHA; PASSAMANI, 2009). Em virtude das espécies de C. penicillata e C. geoffroyi terem características morfológicas muito semelhantes serão descritas juntas. Podem medir da cabeça e corpo de 19 a 24,8 cm e de cauda 27 a 35 cm (EMMONS; FEER, 2009 Apud MAGALHÃES, 2007), pesando em média 276 g. C. penicillata possui coloração marrom-escuro na cabeça, com estrias de cor cinza ou negras e tufos na orelha, pretos. Já C. geoffroyi possui o corpo com estrias acinzentadas e negras, tufos pretos na orelha e rosto branco. O gênero se alimenta de frutos e seiva vegetal, fonte de carboidratos, no período da manhã e insetos são acrescentados durante o dia para complementar a dieta com proteínas (ROSSI Jr. et al., 2013). Os saguis são animais de hábito diurno e formam grupos familiares de dois a 13 indivíduos (MAGALHÃES, 2007).


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Possuem dedos finos, providos de garras agudas lateralmente achatadas. O hálux é forte oponível e dotado de unha romba. As unhas só aparecem se o substrato for bastante macio, porém suas pegadas podem ser confundidas com as do gênero Didelphis, devido sua semelhança (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 40).

Figura 40. Pegada de Callithrix sp segundo Becker e Dalponte (2013)

O C. penicillata não é endêmica no estado de São Paulo, sendo considerada espécie invasora, causando preocupação pela competição de habitat e hibridização com a espécie nativa (C. geoffroyi), além da possibilidade de transmissão de doenças (MAGALHÃES, 2007).


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4.1.18 Alouatta sp

Figura 41. Alouatta fusca. A) Alouatta fusca fonte: Cyril Ruoso.

A distribuição geográfica de bugio-ruivo se dá de forma ampla na região neotropical (GONÇALVES, 2008), sendo encontrado na Mata Atlântica, desde o sul da Bahia até Santa Catarina (MATIAS, 2003). É classificado como vulnerável (VU) de acordo com a IUCN (2015). Suas pegadas são semelhantes às de Cebus (macaco-prego), das quais se difere pelo hálux fortemente oponível (BECKER; DALPONTE, 2013; Fig. 42).

Figura 42. Pegada de Alouatta sp segundo Becker e Dalponte (2013).

O registro desse animal se deu por vocalização, feita por conhecimento prévio e pelo som característico, não sendo utilizado nenhum equipamento para a identificação.


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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O parque Natural Municipal Mata da Câmara desempenha um importante papel para a conservação da fauna de mamíferos da região. Porém o parque está aberto ao público, não possui segurança/vigilante o que permite a entrada livre de visitantes e a presença de cães, além de sofrer as consequências do crescimento da cidade, com residências no seu entorno e áreas que foram transformadas em pasto. Devido à essa pressão as espécies sofrem com ameaça de predadores, caça, e fragmentação do habitat. Os resultados desse estudo fornecem as primeiras informações sobre a comunidade de mamíferos da Mata da Câmara e poderá contribuir para futuros planos de manejo e conservação da mastofauna da região. Em vista dessas necessidades se propõe a transformação do parque municipal em uma unidade de conservação, para que as espécies possam ser preservadas, com maior investimento em segurança tanto para os visitantes como para a efetiva proteção da biodiversidade. Este projeto foi desenvolvido dentro das ações previstas no Acordo de Cooperação e Parceria entre o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo – Campus São Roque e a Prefeitura Municipal da Estância Turística de São Roque, firmado em dezembro de 2014, que atribui ao IFSP – SRQ o papel de coordenar ações e projetos no Parque Natural Municipal de São Roque, Mata da Câmara. Além disso, esses resultados foram apresentados em palestra para o público interno e externo da Instituição, promovida pelo Grupo de Estudo de Animais Silvestres, composto por alunos e professores do IFSP – SRQ, e servirá para elaboração de um inventário que poderá ser utilizado nas atividades de Educação Ambiental feitas na Mata da Câmara. Além disso, seus resultados serão publicados no capítulo de um e-book referente a fauna e flora da Mata da Câmara, servindo como referência para trabalhos na região. Estudos futuros de longa duração e mais aprofundados da mastofauna local são necessários, para que ocorra uma efetiva utilização dos dados até aqui obtidos para conhecer o total da diversidade e abundância de mamíferos que nele há, e através disso possam ser realizados planos de manejo, estudo de comunidades e população, estudos de comportamento e outros.


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